açúcar - JM Madeira

Transcrição

açúcar - JM Madeira
A VIAJANTE
Da Madeira até... Atenas!
Por Sofia Vasconcelos
P. 8 e 9
BOCA DOCE
16 perguntas ao investigador
Paulo Esteireiro
P. 15
MAIS ESTÉTICA
Intervenções que podem
mudar vidas
açucar 18 | este suplemento não pode ser vendido separadamente do JM | ilustração capa - JM
P. 11
António Raminhos
«Não quis mais ser jornalista
porque sei o que vocês sofrem»
a
2 | açúcar | SÁB 11 JUNHO 2016
ideias de quase nada
Tortura de ponta
Três dias depois,
voltei à carga. CRÓNICA
Liguei a televisão Gonçalo T. Teixeira
num canal de [email protected]
música clássica,
preparei um
caneca de chá de
camomila e fiz um
curto exercício de
respiração antes
de me identificar
perante o burocra- por esta altura do ano,
o calor do sol se
ta digital. quando
decide a acordar as cores
Preenchimento e as andorinhas chegam
os seus impressioautomático com
nantes malabarismos aéescolhido, docu- reos, que o cidadão co— aquele que paga
mento verificado mum
impostos — se submete à
e completado, mais horripilante tortura
mundo moderno; o
anexos anexados do
preenchimento da declae validação feita. ração de impostos.
fundo — bem
Nada de erros. Respirando
fundo —, introduzi o nú-
é
mero pelo qual a máquina fiscal me conhece. Ainda nem vi a declaração e
já tenho que actualizar o
programa que lê o documento. Actualizado o dito
cujo, selecciono a opção
de preenchimento automático, na ingénua esperança de que o processo
seja fácil e rápido. Verifico o preenchimento, confirmo o que é de confirmar, completo o que está
por completar. Carrego
no botão de validação e
aparece-me uma lista de
erros comparável a um
discurso de Fidel Castro.
Toca a rever tudo, item
por item. É preciso juntar
mais um anexo. Junto o
anexo; preencho o anexo.
Valido de novo. Nova lista
de erros. Pelo meio aparece-me um ajuizado aviso
para que grave o que fiz
até ali. Carrego em gravar. Não dá para gravar —
ocorre um erro. Deixo a
testa cair na secretária.
Ligo para um familiar,
que também é trabalhador independente e compreende melhor a linguagem da burocracia. “Acalma-te, Gonçalo”, diz-me
logo à partida. Não sei
porquê; só estava a tremer da voz e a usar a
mais sublime adjectivação poética — perguntem
a Bocage — ao descrever o
que tinha feito até ali. Faltava-me ainda mais um
anexo, pelos vistos. Adicionado. Preenchido.
Também havia um conflito entre uma despesa e a
morada fiscal. Resolvido
como quem resolve uma
invasão por ervas daninhas. Nova validação.
Nada de erros. Submeto.
Afinal há erros. Sempre
de telefone na orelha, rosnando entredentes, corrijo. Valido. Não há erros.
Submeto. Há erros. Não
me lembro da minha
reacção imediata, mas
ouvi o meu familiar dizer
ao telefone: “Faz isso noutro dia, Gonçalo, com
mais calma”. Desliguei o
computador. O tipo que
uma vez me tentou assaltar não me quis torturar,
lembrei-me. Senti saudades dele.
Três dias depois, voltei à
carga. Liguei a televisão
num canal de música
clássica, preparei um caneca de chá de camomila
e fiz um curto exercício
de respiração antes de
me identificar perante o
burocrata digital. Preenchimento automático escolhido, documento verificado e completado, anexos anexados e validação
feita. Nada de erros. Submeto. Erro. Pausa. Flexões. Subo o volume da
música clássica. O erro é
uma sugestão; posso
mantê-lo e depois vê-se.
Ok. Submeto. Erro. A
mão já começa a tremer
de novo. Verifico tudo —
a mensagem que me
aconselha a gravar surpreende-me de novo, e,
de novo, ocorre um erro
e não dá para gravar —,
valido e submeto. De
novo a mensagem de que
a declaração não foi entregue; o tal erro que é
opção minha. Submeto
de novo. Uma luz! Desta
vez, e apenas desta, aparece um extra na caixa de
mensagem; uma opção
que me permite ignorar o
aviso. Não hesito. Entregue. Ufa! a
a
SÁB 11 JUNHO 2016 | açúcar | 3
feliz com mais
O Hambúrguer!
Basicamente é
uma discussão
mundial que nós
homens temos
todos os dias,
rabo ou mamas,
hambúrgueres
ou pizzas, Ferrari
ou Lamborghini,
Sagres ou Super
Bock, e por aí
fora...
SideDish Moustache
[email protected]
s
im, hoje, ou melhor, nesta edição iremos falar da
8ª/9ª maravilha do mundo, dependendo do que
prefere, hambúrguer ou
pizza. Basicamente é
uma discussão mundial
que nós homens temos
todos os dias, rabo ou
mamas, hambúrgueres
ou pizzas, Ferrari ou
Lamborghini, Sagres ou
Super Bock, e por aí
fora... Só nesta introdução acabei de estereotipar o sexo masculino,
isto começa bem. Retomemos o assunto principal.
Breve lição de história:
antes de mais, a resposta
à pergunta que está a
surgir na sua cabeça é
sim - estava a pensar se
isto tudo não estaria relacionado com alemães e,
sobretudo, com a cidade
de Hamburgo. Mas recuemos mais um pouco, a
história poderá ser levada até aos tempos do império Mongol e à sua invasão de Moscovo, que
nos trouxe o fantástico
bife tártaro (basicamente
um hambúrguer cru).
Yada, yada, yada, entre
frikadelles, labskaus e outros pratos de carne picada chegamos ao hambúrguer. Vindo de um dos
portos mais movimenta-
dos do século XIX, o de
Hamburgo, e com a emigração para o novo continente em alta, América,
mais precisamente para
os Estados Unidos, surgiu
nos restaurantes dos Estados Unidos, mais precisamente em Nova Iorque,
o bife ao estilo de Hamburgo, mais abreviação,
menos abreviação, como
quem diz, a seleção natural da coisa, ficamos com
Hambúrguer!
Desde esses tempos até
aos dias de hoje, o bife
passou a sandes e a sua é
mais do que mundial. Temos todos os tipos de
hambúrgueres, cheeseburgers, duplos, bacon,
hambúrguer de soja, com
salada, sem salada, etc,
etc. Variações são mais
que muitas, os toppings
infinitos e aqui fica a minha versão (sim, é a primeira vez que deixo aqui
um receita)!
HAMBÚRGUER
200 gr de carne
de vaca picada
1 pão de hambúrguer
ou outro qualquer
(como preferir, neste
usei pão tigre mas
o típico pão de hambúrguer também serve)
2 fatias de queijo
cheddar fatias de tomate,
alface, cebola
Pickles de pepino
Sal e pimenta qb
Ketchup e mostarda
Vamos por partes. Pegue
na carne (de boa qualidade, o hambúrguer irá saber melhor se fizer isso),
tempere com sal e pimenta e depois molde o
hambúrguer, faça uma
bola e depois esmague.
Numa frigideira quente
deite um pouco de gordura (manteiga de prefe-
rência), junto o hambúrguer. Observe ambos os
lados do hambúrguer,
quando um lado já estiver a ganhar cor, vire-o
(cerca de 4/5 minutos).
Fatie o tomate, alface e
cebola e tempere como
se de uma salada se tratasse.
Coloque uma fatia de
queijo em cima do hambúrguer e tape a frigideira, tirando-a do lume,
isto vai permitir criar vapor de modo a derreter o
queijo.
Seguimos agora para a
montagem da 8ª/9ª maravilha do mundo. Abra
o pão, coloque uma fatia
de queijo, seguindo do
hambúrguer. Molhos,
depois pickles e acabe
com a salada. A acompanhar um geladinha fica
sempre bem, independentemente de ser Super
Bock, Sagres, Coral ou
outras. a
4 | açúcar | SÁB 11 JUNHO 2016
«Para fazer comédia
é preciso ter tragédia
na vida»
a
a
©Martim Leitão
SÁB 11 JUNHO 2016 | açúcar | 5
Antes de entrar em palco,
António Raminhos pensa nas
«500 mil profissões»
que poderia ter, mas quis o destino que fosse comediante.
Porém, antes de descobrir
ao acaso que esta era a sua
“praia”, chegou a ser jornalista
no extinto jornal “A Capital”.
ENTREVISTA
Sandra S. Gonçalves
[email protected]
à
hora marcada para a entrevista, a Açúcar deslocou-se ao Centro de Congressos do Casino da Madeira, onde foi recebida
por Miguel Bello, agente
de António Raminhos,
que estava a fazer os últimos testes para o espetá-
culo “As Marias”. De seguida, curiosamente
com uma t-shirt de Conan O'Brien, chegou o comediante com um sorriso nos lábios que começou logo a mostrar a razão de ser considerado o
humorista do momento.
Ao subir as escadas, depois de acertarmos como
seria feita a sessão fotográfica, Raminhos disse
que esteve para não vir à
Madeira, porque a mulher, que está grávida da
terceira filha, estava com
contrações no dia anterior. Uma conversa normal, mas que vinda do
comediante teve piada,
aliás como em quase
tudo o que falou durante
a entrevista, onde foi inevitável não rir à gargalha-
da. O artista, que caiu de
paraquedas na comédia,
embora, desde sempre,
seja um consumidor acérrimo de tudo o que esteja
relacionado com o humor, começou a sua carreira como jornalista no
jornal “A Capital”, onde
esteve dois anos. E foi
após o órgão de comunicação social ter «falido»
que resolveu enveredar
por este tão apetecido
mundo. «Estive cerca de
um ano desempregado e,
durante esse período de
tempo, consumi muita comédia e conheci pessoas
que estavam ligadas ao
programa “Levanta-te e
Ri”, da SIC, onde tive a
oportunidade de experimentar, e correu muito
bem», afirmou.
Depois dessa experiência,
António Raminhos começou a escrever guiões para
vários programas, tornando-se uma referência no
mundo da comédia, deixando para trás a carreira
de jornalista, apesar de
ter recebido várias propostas para voltar a exercer a profissão.«Na altura
pensei que se era para ganhar mal, pelo menos que
não fosse como jornalista,
mas com pessoas que dessem valor àquilo que eu
fazia.», referiu, acrescentando: «Não quis mais ser
jornalista, porque sei o
que vocês sofrem» (risos).
«EU SEMPRE FUI
MUITO PARVO»
O humorista disse que
quando pensa na revira-
«Às vezes,
o Ronaldo está
à frente da baliza
e falha o golo, o
mesmo acontece
connosco.
É por isso que os
espetáculos que
fazemos nos
bares são
essenciais para
treinar
as piadas».
a
volta que a sua vida deu,
depressa lhe vem à cabeça uma explicação para o
seu destino ter sido traçado neste sentido: «Eu
sempre fui muito parvo e
estava sempre na palhaçada. Inclusive, ainda há
pouco tempo deu um documentário sobre o Jerry
Lewis, ator e comediante
norte-americano, que eu
via quando era miúdo, e
é engraçado que dou por
mim a questionar como é
que eu já tinha este gosto
e nunca o explorara».
Porque «para fazer comédia é preciso ter tragédia
na vida», confidenciou
que antes de entrar em
palco para realizar os
seus espetáculos costuma
pensar nas «500 mil profissões» que poderia ter
tido e questiona-se naqueles breves segundos: «Mas
porque é que não fui trabalhar para a Segurança
Social? Porque é que não
tenho um emprego das 9
às 17 horas ou um trabalho como o do meu irmão, que está tão bem na
Fundação Calouste Gulbenkian? Mas, obviamente que é isto que gosto de
fazer».
«Estive cerca
de um ano
desempregado
e, durante
esse período
de tempo, consumi muita comédia
e conheci pessoas
que estavam
ligadas ao
programa
“Levanta-te e Ri”,
da SIC, onde tive
a oportunidade
de experimentar
e correu muito
bem».
©Martim Leitão
6 | açúcar | SÁB 11 JUNHO 2016
CRÍTICAS A TODA
A HORA
O artista adiantou que
esta é uma profissão
«muito stressante», porque está sempre a ser julgado, sobretudo agora, depois das redes sociais estarem em voga. «Qualquer coisa que eu diga é
logo rotulada, principalmente com as redes sociais, em que eu posso fazer um comentário jocoso, que não pretende ser
hilariante, e as pessoas
vêm logo dizer que não
tem piada nenhuma,
quando na verdade não
passa de um “post”»,
exemplificou.
António Raminhos revelou que, no início, não lidava bem com as críticas
negativas, porque ficava a
pensar na razão pela qual
a
SÁB 11 JUNHO 2016 | açúcar | 7
©Martim Leitão
©Martim Leitão
«Na altura pensei
que se era para
ganhar mal,
pelo menos que
não fosse como
jornalista,
mas com pessoas
que dessem
valor àquilo
que eu fazia».
as pessoas não gostavam
das suas “intervenções”.
Situação que aconteceu
quando começou a fazer
“As Marias”, espetáculo
baseado nos vídeos que
faz com as suas filhas
(Maria Rita e Maria Inês) e
que coloca nas redes sociais. «Eu tinha uma senhora da Madeira que volta e meia ia à minha página me insultar a torto e a
direito, lembro-me que da
primeira vez que vim cá
apresentar o espetáculo,
fiz questão de lhe oferecer
um bilhete, mas, mesmo
assim, ela não veio», referiu, acrescentando que já
se habituou aos comentários negativos que agora
acontecem com «menos
frequência».
«Eu tinha
uma senhora
da Madeira
que volta e meia
ia à minha página
me insultar a
torto e a direito».
O artista, que esteve na
Região a 3 de junho para
um espetáculo solidário
em prol da Associação dos
Amigos de Pessoas com
Necessidades Especiais da
Madeira, revelou que foi
cá que descobriu o seu registo quando realizou, em
2007/2008, uma série de
espetáculos na antiga
RDP/Madeira, onde contracenou com Carlos
Moura e Pedro Miguel Ribeiro, sendo por isso que
a Região tem um lugar especial no seu coração.
Quando cá vem desgraçase sempre com a «boa comida e a poncha». «Por falar nisso, tenho de ir beber uma daqui a pouco»
(risos), disse, chamando o
agente para alertá-lo nesse sentido.
NEM SEMPRE
AS PIADAS “PEGAM”
Tal como todos os humoristas, nem sempre as
pessoas se riem das suas
piadas. Raminhos disse
que esta é uma realidade
que costuma acontecer
com alguma frequência e
contorna a situação rindo-se sozinho. Mas não há
drama, apesar de ser «das
piores coisas que podem
acontecer». «Às vezes, o
Ronaldo está à frente da
baliza e falha o golo, o
mesmo acontece connosco. É por isso que os espetáculos que fazemos nos
bares são essenciais para
treinar as piadas», vincou.
António Raminhos, que
tem como referências Jerry Lewis, Herman José,
Ricardo Araújo Pereira,
Bruno Nogueira, Nuno
Markl e Conan O'Brien,
assiste com “fair-play” aos
novos comediantes que
estão a surgir no panorama nacional, mas em jeito de brincadeira assume
que «os matava a todos»,
a começar pelo Nuno
Morna, de quem é amigo:
«Mas esse teria de matar
aos poucos, porque é muito grande e, sendo assim,
vou optar por fazê-lo aos
bocados sempre que cá
vier»(risos). a
a
8 | açúcar | SÁB 11 JUNHO 2016
a viajante
Diga SIM
a Atenas!
Sofia Vasconcelos
www.frommadeiratomars.com
[email protected]
https://www.facebook.com/
Frommadeiratomars
Instagram@frommadeiratomars
e
ste ano, quando planear
as suas próximas férias,
diga SIM a Atenas.
Atenas é inspiradora de
tantas formas … Pessoas
simpáticas, edifícios coloridos, ruas pedonais, comida incrível e claro, histórias magníficas para
contar. Além disso, faz
bom tempo, não é muito
caro e há muito para explorar. Para servir de inspiração, deixo-vos com alguns momentos atenienses:
1. Calce os seus sapatos
mais
confortáveis e explore
cada bairro de Atenas.
Desde o colorido Plaka
com casas antigas e monumentos até Kolonaki,
com lojas luxuosas e inúmeros restaurantes e cafés, para ver e ser visto.
2. Admire a Acrópole, a
antiga cidade construída
sobre uma colina. Sinta a
história, a beleza e imagine o que seria viver há
500 aC (vá cedo, antes das
multidões).
3. Descubra Anafiotika, a
jóia escondida de Atenas
e um dos meus bairros fa
O metro
é a melhor
maneira
de descobri
Atenas,
e é muito fácil.
voritos
da cidade.
Inspirada em Anafi, uma pequena ilha a
leste de Santorini, com
belos jardins, casas caiadas de branco com janelas azuis e muitos gatos
ao longo de ruas estreitas,
sob a Acrópole.
4. Aprecie a arte de rua
‘streetart’. Atenas foi descrito pelo New York times
como a “meca contemporânea de street art na Europa” com uma comunidade de mais de 2.000 artistas.
5. Suba a Philopappou
Hill, faça um piquenique
a
ou
simplesmente desfrute das vistas.
6. Caminhe ao longo da
famosa ‘Grand Promenade’ ou ‘Phanathenaic
Way’ em torno da Acrópole.
7. Veja o Museu da Acrópole e admire obras-primas do património mundial. A minha parte favorita foram as cariátides e
os mistérios que escondem.
8. Admire a Ágora Antiga, onde todos os filósofos, políticos, padres (e
prostitutas) viviam e conviviam no seu dia a dia.
9. Assista a um filme
num teatro ao ar livre
em Atenas como Cine Paris, 22 Kidathinanion,
Plaka
10. Vá para até à zona
costeira. Em cerca de 30
minutos de distância de
carro irá encontrar
praias incríveis e muito
marisco.
PARA FAZER COMPRAS
Compre as tipicas sandálias de couro artesanais
na Melissinos Art – O
poeta Criador. John Lenon, Sophia Loren e Sara
Jessica Parker também
por lá passaram.
Siga para a Praça Avyssi-
SÁB 11 JUNHO 2016 | açúcar | 9
nias ou o Mercado Monasteraki se é fã de compras vintage.
Há uma loja agradável de
design chamado ‘Forget
me not’ na Adrianou
Street.
PARA COMER
Elvis (Kerameikos): deliciosos Souvlaki
Seychelles Restaurante
(área de Keramikos): restaurante com boa comida
e porções generosas.
Kostas (localizado perto
da praça Syntagma) um
dos melhores snacks gregos comida que provei.
Kafeneion estilo Aegeon
(Centro da Cidade-Panepistimiou) deliciosos donuts locais (loukoumades) com mel e canela,
desde 1926.
Bios (área Gkazi): boas vibrações com os hipters
atenienses.
PARA TOMAR UM
COPO OU OUTRO
6 d.o.g.s (área de Monastiraki). Festa à noite e café
durante o dia, tudo lotado no centro do entrete-
nimento que
combina um
espaço para concertos, um bar e um ainda
um jardim!
Drunk Sinatra, Thiseos
16. banda sonora e cocktails incríveis.
PARA DORMIR
Cidade Circus Athens ,
bela pousada de luxo com
quartos duplos de banho
e grande projeto.
PARA CIRCULAR
O metro é a melhor maneira de descobrir Atenas, e é muito fácil.
Taxibeat é uma aplicação
onde poderá escolher o
seu taxista de acordo com
as classificações de passageiros anteriores, o modelo do carro, os serviços
adicionais oferecidos (por
exemplo, wifi) ou, alternativamente, pode apenas apanhar o carro mais
próximo. Basta descarregar a app taxibeat no seu
telemóvel.
Nota: Se tiver uma ou
duas noites extra, meta-se
num avião e visite Santorini .
E não se esqueça de experimentar OUZO, uma bebida com sabor a anis.
Saúde! a
a
10 | açúcar | SÁB 11 JUNHO 2016
feliz com menos
Crescer livre
Débora G. Pereira
www.simplesmentenatural.com
C
om menos às vezes se torna difícil fazer as coisas,
é certo. Nem
sempre dá para dar aso a
todas aquelas ideias que
salpicam a nossa mente
que nem gotas de chuva
em dia de tempestade.
Porém, a situação não
me impede de acreditar
naquele sítio que sei, seria um local feliz. Sinto,
ouço e vejo crianças que
correm livremente pelo
jardim sarapintado de
pequenas flores primaveris, alguns blocos empilhados e taças de água tépida enlameada que fazem as delícias dos mais
novos. Ali ao lado, juntam-se algumas crianças,
em roda, duas delas com
guitarras e começam a
cantar. Na ala das ciên-
cias, seis crianças estão a
fazer um projeto para
construir robots, outras
duas estão a investigar as
diferenças entre as células e uma outra bem
mais pequena, faz experiências com produtos da
cozinha. Na oficina de artes plásticas, uma criança está a cortar tecido
para fazer um vestido enquanto outra monta uma
maquete para construir
uma pequena garagem.
Existem muitas outras
oficinas, espaços para explorar, para criar ou para
simplesmente estar. Não
há gritos, as conversas
são conversas, não palestras para todos que, no final, não são p’ra ninguém. Há respeito mútuo, confiança, segurança
e uma aproximação da
realidade que nos rodeia.
Para estas crianças, a
vida não começa depois
da escola, não está estagnada para mais tarde
acontecer, elas vão decidir o que fazer agora,
no seu dia a dia.
Não. Contrariamente
ao que possam pensar,
não vejo crianças que
fazem tudo o que querem só porque sim, apenas porque não se lhes
pode contrariar as vontades, mas crianças que podem participar ativamente no seu próprio desenvolvimento e trilhar o seu
próprio percurso.
Se o futuro são as crianças, este local teria o objetivo de formar um futuro
melhor, de gente que pensa pela própria cabeça, de
gente criativa que se
adapta, que inventa, que
descobre, de gente que faz
aquilo que gosta e desenvolve o seu máximo potencial seja em qual for a
área de interesse, gente
de sucesso. Sim, de sucesso, mas não pego na palavra sucesso e fecho-a
numa diminuta caixa
quadrada em
que só lá cabe
o sucesso dos senhores
que conseguem ganhar
muitos euros ao final do
mês, olho o sucesso mediante uma nova forma
de o pensar, com outros
olhos, com a noção de ser
humano como um todo,
nas suas várias dimensões. Então, nesta perspetiva, o sucesso pode assumir várias formas para diferentes pessoas e são essas mesmas pessoas que o
vão definir nas suas próprias vidas, seja no que
diz respeito à sua vida
profissional,
é claro, mas
também à sua vida pessoal.
A liberdade de pensamento e de ação não é algo negativo, desregrado, bem
pelo contrário, é ela que
nos faz descobrir os nossos próprios limites. Assim, se cresce, assim se
aprende as artes, a matemática, as línguas, as
ciências, mas também a
empatia, a compaixão, a
disciplina, a responsabilidade, a autonomia e a solidariedade. Uma semana
feliz. a
saúde
Sol fonte de vida
Bruno Olim
Farmacêutico
[email protected]
O
Verão aproximase a passos largos e com ele o
aumento da exposição solar.
Este astro maravilhoso, e
que nos permite a vida, é
também o melhor antidepressivo natural. Sendo
assim, apesar de encerrar
em si vários riscos, na
realidade há que encarar
o sol como astro positivo,
e nós seremos responsáveis por lidar com as suas
vicissitudes, ou seja, parte
do nosso comportamento
perante o mesmo, a nossa
Saúde.
Em 2016 estimam-se 12
mil novos casos de cancro
de pele, sendo mil melanomas, forma mais severa e potencialmente fatal.
Logo, o nosso comportamento perante o astro é
primordial para afastar
este risco.
Os cuidados comportamentais são evitar a exposição solar entre as 11h e
as 17h, usar roupa clara e
fresca, óculos de sol com
lentes polarizadas e com
protecção UV, ingerir
muitos líquidos, perceber
que mesmo com nuvens a
radiação as atravessa e
que a exposição em altitude é pior (montanha é
mais perigoso que praia),
e por último o protetor
solar. Os protetores solares devem ser encarados
como uma ferramenta
útil para lidar com a exposição solar, durante
todo o ano. O protetor
deve ser sempre aplicado
30 minutos antes de sair
de portas e deverá ser
reaplicado no mínimo de
2h em 2h, a quantidade a
ser aplicada deverá ser
2mg cm2, ou seja, cerca
de 35g por aplicação.
Atenção aos nevos (sinais), existem protetores
em stick, específicos para
estas zonas, com eficácia
superior.
Desfrute do Sol, o astro
rei. a
a
SÁB 11 JUNHO 2016 | açúcar | 11
mais estética
Dermopigmentação
Técnica de
dermopigmentação, especializada
em dermopigmentação estética,
paramédica,
oncológica
e capilar,
em Barcelona.
o
Vânia Ramos
s tratamentos de dermopigmentação são utilizados para corrigir assimetrias do rosto, lábio leporino, vitiligo, cicatrizes de
queimaduras, cicatrizes
de cirurgia, estrias, falhas
de pêlo da barba, falhas
de cabelo, reconstrução
da auréola do mamilo, no
caso de mastectomias, diminuição ou aumento da
auréola do mamilo, entre
outros.
Eis os diferentes tipos de
dermopigmentação, para
que fins e a quem se destinam:
Dermopigmentação de sobrancelhas - no caso das
pessoas que sofrem de
alopécia universal ou par-
cial, ou até que têm vindo
a dar uma linha torta às
sobrancelhas e já não conseguem corrigir. É implantando pigmento, de acordo
com a cor do cabelo e da
pele, criando uma ilusão
de pêlo. Há também a dermopigmentação de eyeli-
ner, que serve para densificar a base das pestanas, no
caso de querer dar-se a notar mais pestanas para recuperar a vivacidade do
olhar, ou até uma linha de
eyeliner mais ampla para
reforçar a expressão dos
olhos. Efectua-se, também,
a dermopigmentação nos
lábios para corrigir o lábio
leporino, para camuflar cicatrizes de herpes, para
emendar a linha dos lábios no caso de assimetrias, ou até para dar um
tom naturalmente mais vibrante aos lábios. Nestes
três tipos, refiro-me à dermopigmentação de makeup que adorna a expressão e devolve a harmonia
ao rosto.
Dermopimentação paramédica e oncológica - já
com uma técnica mais
avançada, corrige leucodermias, cicatrizes de
acne, cicatrizes de cirurgias em geral, disfarça as
zonas despigmentadas
pela vitiligo e corrige a auréola do mamilo, no caso
de mastectomias ou outras
intervenções cirúrgicas.
Dermopigmentação capilar - não menos importante, é aplicada no caso das
alopécias universais e capilares ou até em casos oncológicos em que se passa
por uma quimioterapia e
dá-se a perda de pêlo e cabelo. Neste tratamento é
implantado pigmento que
simula a haste capilar a
crescer. Isto é feito tanto
no couro cabeludo, como
nas barbas com zonas sem
pêlo.
Devo salientar que esta técnica e os seus resultados
são ainda desconhecidos
por muitos, visto que chegou à Europa há poucos
anos. O equipamento, materiais e pigmentos estão
devidamente aprovados e
registados pelo INFARMED
e CIAV, respeitam a legislação ambiental vigente e
são ainda controlados pelo
programa de qualidade
mundialmente conhecido
TÜV. Os pimentos são antibacterianos, não têm conservantes e são anti-inflamatórios, sendo que a sua
composição e apresentação estéril estão conforme
a directiva 93/42/CEE, classe II b, respeitante aos implantes médicos e em conformidade com a legislação dos implantes de cor
de Julho de 2003. a
a
12 | açúcar | SÁB 11 JUNHO 2016
horas vagas
Sandra Sousa
http://estrelasnocolo.wordpress.com
A
ntónio Castro nasceu em Luanda
mas vive na Madeira desde 1982.
Em 2011 publica “A fogueira dorme na bruma ou o
tempo em ciclos de fogo”.
Neste livro conhecemos
Funcha, uma criança super
curiosa, muito inteligente e
Virgílio Jesus
[email protected]
E
[livro, filme, música]
livro
A fogueira dorme na bruma
ávida de conhecimento,
que questiona tudo e todos
ao seu redor. Ao longo dos
vinte e cinco capítulos do
livro conhecemos o percurso desta criança que vai em
busca do conhecimento,
desde os tempos inicias do
Planeta até ao presente. Vários são os intervenientes
que partilham este percurso com Funcha, e o leitor é
levado com eles nesta viagem através da história do
nosso planeta. Muitos são
os saberes que são transmitidos e assim vamos conhecendo um pouco da
ilha que viu Funcha crescer, a Ilha da Madeira. Este
António Castro
livro é de facto “um hino à
Ilha da Madeira” e às suas
particularidades tão belas e
tão curiosas. Não posso deixar de referir que adorei o
apelido da criança, “Funcha”, um nome maravilhoso e que talvez alguns de
vós consigam decifrar de
onde vem. a
televisão & cinema
tido poucos seguidores,
aos quais se ressalva apenas os irmãos Coen por Indomável (2010) e Quentin
Tarantino por Django: Libertado e Os Oito Odiados
- encontramos os seus protagonistas no período do
pós-guerra civil americana. Quando o destino do
jovem Jay Cavendish, que
não é nada corajoso, mas
que deseja encontrar a ra-
pariga por quem está
apaixonado, cruza-se com
Silas, a sua vida mudará
completamente. Para
além das interpretações,
que transpõem os conflitos de gerações distintas,
salve-se a direção da fotografia e a realização, que
em termos de enquadramento conseguem captar
o ambiente em todo o seu
esplendor. a
ngry Birds segue
as pisadas de
uma ave rejeitada, um ‘underdog’ da animação ao estilo
de Rocky Balboa, tendo
em conta o seu apetite por
luta. Esse protagonista, de
nome Red, apercebe-se da
ameaça de visitantes estrangeiros (rudes porquinhos verdes), ao contrário
dos outros habitantes do
remoto local onde vive, a
Ilha dos Pássaros. O filme,
baseado no jogo para
smartphones e que já foi
descarregado mais de 3
mil milhões de vezes, será
certamente um dos filmes
mais ricos do ano, do ponto de vista das referências
culturais, que não passarão despercebidas aos
mais velhos. Na verdade, o
jogo é dominado por essa
multiplicidade de universos (temos até uma versão
Star Wars) e, num sentido
lato, é através dos media e
da imagem cinemática
que nos lembramos de
determinadas experiências das nossas vidas, daí
que Angry Birds pareça
buscar uma herança das
nossas memórias infantis,
de outros tempos do cinema, para efetivar-se. a
Por E.V.
música
verão está à porta
o que é sinal de
duas coisas, praia
e festivais. Nesta
edição iremos falar dos
concertos que irão decorrer nos palcos mais obscuros e sombrios, os secundários, dos principais festivais portugueses. Mencionaremos também alguns
madeirenses, festivais,
pois não há palcos secun-
dários por cá.
Na Madeira, estamos hoje
no terceiro e último dia do
Raízes do Atlântico, o festival com organização da Secretaria Regional da Economia, Turismo e Cultura
e da Direção Regional da
Cultura apresentou-nos
ontem o músico vindo da
África do Sul, Petite Noir.
Também este fim de semana, mas na capital do Nor-
stará o género
western morto?
Depois de ver A
Caminho do Oeste, certamente pensará o
contrário. Vencedor do
Grande Prémio do Júri no
Festival de Cinema de Sundance, Slow West, no original, é protagonizado por
Michael Fassbender e Kodi
Smit-McPhee. Na reinvenção do género que tem
A
O
A Caminho
do Oeste
TV Cine 1
Sábado, 11 de junho - 21h30
Realizado por: John Maclean
Elenco: Kodi Smit-McPhee, Michael Fassbender,
Ben Mendelsohn
Género: Western
Angry Birds
(já nos cinemas)
Realizado por: Clay Kaytis, Fergal Reilly
Elenco: Eduardo Madeira, Manuel Marques,
Vasco Palmeirim e AGIR
Género: Animação
Não há música secundária... Só bons palcos
te, o NOS Primavera
Sound leva no dia 11 aos
seus palcos secundários,
Ty Segall, Shellac e os já falados neste espaço, Car
Seat Headrest.
Em julho, nos Big 2, NOS
Alive (7, 8 e 9 de julho) e
Super Bock Super Rock
(14, 15 e 16 de julho), temos John Grant no primeiro dia do Alive, enquanto no dia 8 o palco se-
cundário rivaliza com o
principal, com nomes
como Father John Misty,
Courtney Barnett, Jagwar
Ma e Two Door Cinema
Club. A fechar a edição de
2016 do Alive há mais resmas de qualidade, com
José González, Paus, Grimes, Four Tet. No Festival
da Cerveja, os destaques
mais que merecidos para
Kurt Vile e Jamie XX, no
arranque, Mac DeMarco,
Rhye e o já mencionado
Petite Noir enfrentam as
luzes a meio, terminando
com Fidlar.
Por cá, o Funchal Jazz
está à espreita (14 a 16 de
julho), trazendo Fred
Hersch Trio e Gregory
Porter, e haverá ainda o
NOS Summer Opening.
Música não irá faltar neste verão. a
a
SÁB 11 JUNHO 2016 | açúcar | 13
na moda
Vestidos compridos
Laura Capontes
lauracapontes@[email protected]
m; sapatos:
Vestido: topshop.co
om
r.c
rte
bolsa: net-a-po
zara;
s: Zara;
Vestido e sandália
.com
bolsa: accessorize
o
s: Zara;
Vestido e sandália
r.com
bolsa: net-a-porte
verão está aí e com o calor
aumenta a vontade de renovar o armário com roupas leves, coloridas e descontraídas. Esta é altura
ideal para abusarmos das
cores, para apostar em
roupas mais fluidas e confortáveis, é definitivamente a época das peças práticas, de fácil conjugação e
que se adaptem a diversas
circunstâncias.
Esta estação foi invadida
por imensas tendências,
mas neste artigo destaco
os vestidos compridos,
usam-se o verão inteiro e
nunca são demais. Todas
temos pelo menos um, e
sendo fã esta é a estação
perfeita para investir e
abusar desta tendência.
Peça super feminina, cool,
versátil, é a escolha perfeita para arrasar este verão,
dos lisos aos estampados e
em diversos materiais são
peça obrigatória.
Na hora de eleger um vestido comprido para o seu
look arrisque, aposte na
;
bolsa: bimba&lola
Vestido: mango;
m
sandálias: goop.co
lsa: mango;
Vestido: Zara; bo
rter.com
sandálias: net-a-po
Zara;
Vestido e cunha:
.com
bolsa: accessorize
diferenciação, dê o seu toque pessoal, personalize,
aposte nos acessórios, faça
conjugações de tons, padrões, marque pela diferença, sem exageros e com
bom senso, e criará um
look vencedor, afinal,
como em quase tudo o
que se vê de tendências, as
regras são poucas.
Os vestidos usam-se maioritariamente com sandálias, sejam de salto ou ra-
sas, mas sendo alta ficam
ótimos com alpercatas e
sapatilhas. As opções são
muitas e tudo dependerá
do seu gosto, estilo e estrutura física, e a grande
vantagem é que esta é
uma peça que se adequa a
todas as mulheres, de várias faixas etárias e de vários estilos.
Inspire-se nos looks e renda-se aos vestidos compridos! a
a
14 | açúcar | SÁB 11 JUNHO 2016
mais açúcar
Biscoitos de chocolate e baunilha
Joana Gonçalves
Chef Pasteleira - Eleven, Lisboa
[email protected]
ingredientes
modo de preparação
Para a massa de baunilha
300g de farinha
100g de açúcar em pó
225g de manteiga
4g de flor de sal
1 colher de extracto de baunilha
Para a massa de chocolate
250g de farinha
100g de açúcar em pó
50g de cacau em pó
225g de manteiga
4g de flor de sal
1 colher de extracto de baunilha
Amassar todos os ingredientes da massa de baunilha.
Separadamente, amassar todos os ingredientes da massa
de chocolate.
Estender a massa de chocolate. Estender a massa de
baunilha. Colocar uma sobre a outra. Dobrar em quatro.
Formar um rolo com a massa e torcer as pontas. Cortar
discos com 1 cm de espessura.
Colocar num tabuleiro sobre papel vegetal e levar a forno
pré-aquecido a 180º durante cerca de 10 minutos.
a
Muffins de ananás e maracujá
ingredientes
modo de preparação
300g de farinha
1 cc de fermento em pó
125g de manteiga
150g de açúcar
115g de ananás picado
60ml de polpa de maracujá
125ml de natas e 2 ovos
Para o creme de iogurte
200gr de iogurte grego
200gr de quark
20gr de açúcar em pó
Bater o açúcar com a manteiga. Adicionar os ovos,
natas, farinha e fermento. Envolver o ananás picado
e a polpa de maracujá.
Colocar em formas de queques untadas e levar a forno
pré-aquecido a 180º durante cerca de 15 minutos.
Para o creme, bater o iogurte com o quark e açúcar.
Colocar sobre os muffins quando arrefecidos.
a
Sentidos ao alto...
H
á espaços que
nos conquistam
além do estômago, que são de
comer, também, com os
olhos e sorver com todos os
sentidos. Há espaços que
têm sabor a morada sonhada. São poucos, são mágicos,
mas lá que os há... Há!
O Design Centre Nini Andrade Silva é um destes espaços. Na verdade, porque não
dizê-lo? É muito mais do
que um espaço, é um refúgio que nos enche de ilha.
Tanto de ilha.
Ao alto, no Molhe – Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, coabitam, em dois
No Design Centre Nini Andrade Silva
pisos, a cafetaria/bar, o museu, a loja, a magnífica esplanada e o restaurante
(este no 2º piso). Uma ilha
dentro da ilha, um oásis flutuante que nos devolve às
origens da terra ao mesmo
tempo que nos transporta
para uma atmosfera de sofisticação. A arte de Nini Andrade Silva fica incumbida
de ligar tudo isto, com o talento e o amor de quem corre o mundo, mas sabe bem
onde pertence.
Imitando a narrativa dos
grandes chefs, é ela quem
escolhe, junta, mistura e…
Cria! O resultado? Só mesmo vendo, para crer. E que-
rer. Muito! Sentei-me à
mesa num dia de sol, a brisa
temperava o ambiente, batendo ao de leve na vidraça,
única fronteira entre nós e o
mar. À mesa, como no resto,
requinte sem snobismo,
por Susana de Figueiredo
frescura e simplicidade sem
descura dos detalhes. Casa
que, num almoço, se fez minha.
Optei pela tempura de espada com risotto, que veio depois de um divinal creme de
ervilhas, e terminei com um
créme brulée. Tudo soberbo!
E o mar sempre em torno, a
brisa suave a teimar. E eu de
olhos na paisagem, no azul
imenso daquela cortina. Ao
fundo, a cidade a persistir,
tão perto e tão distante.
No final, senti-me qual marinheira de regresso ao porto,
com aquela angústia boa de
quem deixou para trás um
lugar doce. Fiquei presa a
cada pormenor, rendida de
paladar e alma.E dei por
mim a pensar: uma refeição
a sério é assim, só vale se o
palato se esticar até ao coração. Só vale se for viagem.
Como esta, de repetir!
a
a
SÁB 11 JUNHO 2016 | açúcar | 15
boca doce
1
Paulo Esteireiro
Investigador Integrado no Centro de Sociologia e Estética Musical
Três características
da sua personalidade
que melhor a definem?
Nas características positivas salientaria: persistente, argumentativo
e bem-humorado. Também há negativas…
13
2
A crítica mais
construtiva que já
lhe fizeram?
E a mais injusta
ou absurda?
“Mais vale cair em graça do que ser engraçado”. Ainda hoje, olhando à volta, acho uma
boa crítica construtiva.
Quanto às críticas injustas e absurdas tento
não relevar até porque
também as cometo...
3
A decisão mais
importante que teve
de tomar?
Sair de Lisboa, a minha
terra natal, e ir morar
para os Açores.
4
12
O que distingue um
madeirense de um
continental
(além do sotaque)?
Confesso que não vejo
culturalmente grandes
distinções.
Que opinião tem dos
madeirenses que
escondem o sotaque?
Não conheço um único
madeirense que esconda
o sotaque. É uma opção
de cada um.
14
5
Um arrependimento?
Gostava de ter feito o
programa Erasmus
em Salamanca e acabou por não ser possível por diversos
motivos.
6
Um ato de coragem?
Ter filhos nos dias que
correm. Sempre foi difícil, mas nos nossos
dias as exigências são
realmente bastantes.
A sua dúvida mais
persistente?
As minhas dúvidas têm
evoluído ao longo do
tempo e encontro o seu
reflexo na evolução das
minhas leituras. Tendo
passado a barreira dos
Uma atitude
40 anos, dou por mim a
imperdoável?
ler mais obras literárias Pessoas que abandodo que técnicas e livros nam os filhos, que não
de cariz mais espiritual os protegem ou que os
e emotivo.
maltratam.
7
8
A companhia ideal
para uma conversa
metafísica?
Tenho um conjunto de
filósofos, de escritores,
investigadores e artistas preferidos que seriam o ideal para isso:
Karl Popper, Philip
Roth, Milan Kundera,
Philip Kotler, Mark
Knopfler...
9
Qual é a sua maior
extravagância?
Com dois filhos pequenos diria que é ter tempo para certos projetos
pessoais!
10
Quem são os seus
heróis na vida real?
Tenho colegas e amigos que considero verdadeiros heróis, pela
defesa de causas artísticas difíceis ao longo
de décadas, contra
“ventos e marés. De
qualquer modo, os
meus heróis são sem
dúvidas os meus pais,
11
Uma doce memória
da infância?
Marcou-me o facto de
ter sido convidado
pelo padre da minha
paróquia, para tocar
na Igreja quando ainda era muito novo. Foi
um voto de confiança
que ajudou a que seguisse música.
Que expressões
madeirenses usa com
maior frequência?
“O rapaz está entaramelado!” Até fiquei surpreendido por depois ver
que esta palavra existia
no dicionário.
15
A quem gostaria
de pagar uma poncha?
Ao Rui Vitória. Grande
homem.
16
Segredos da Ilha…
Local: Teatro Baltazar
Dias e o Centro de Congressos do Casino.
Hotel: Pestana Porto
Santo
Restaurante: Quinta do
Furão
Atividade ao ar livre:
Passeios na Quinta dos
Prazeres
Loja: Bertrand.