O cenário cultural da Baixada Santista está entre os mais ricos e
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O cenário cultural da Baixada Santista está entre os mais ricos e
JORNAL-LABORATÓRIO DO QUARTO ANO DE JORNALISMO DA FACULDADE DE ARTES E COMUNICAÇÃO DA UNISANTA ANO XVIII - N° 142 - SETEMBRO /2013 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - SANTOS (SP) Arte e Cultura, referências da região O cenário cultural da Baixada Santista está entre os mais ricos e importantes do Brasil. A observação criteriosa de todos os recursos, projetos e pessoas envolvidas leva à constatação de quão bela e indispensável é a arte na região. Nesta edição, o Primeira Impressão apresenta uma série de reportagens sobre artistas da Baixada Santista, iniciativas e equipamentos culturais que oferecem diversas expressões e formas de arte. Música, dança, teatro, cinema, artes plásticas e outras manifestações traçam um interessante panorama da região por meio da cultura, o que pode ser verificado pelo expressivo número de artistas que surgiram por aqui e levaram sua arte para o mundo. Conheça o roteiro cultural de Santos nas páginas do Primeira Impressão. Editorial Coletiva Arte caiçara A Baixada Santista exala cultura e não é de hoje. Uma cultura rica e de personalidade forte. Talvez por isso a escritora Patrícia Galvão, a Pagu, que na década de 30 chocava os conservadores de São Paulo com a sua militância na literatura, da poesia e da arte, tenha escolhido a Cidade para viver em 1945. Dos anos 60 aos 90, o escritor caiçara Plínio Marcos apresentou peças teatrais com um tom visceral pouco antes visto, ganhando repercussão e renome. Mais recentemente, entre os anos 90 e 2000, a banda Charlie Brown Jr. fez sucesso nacional com um som que criticava a sociedade por meio de um olhar jovem, gerando identificação com a juventude brasileira, que rendeu mais de 5 milhões de discos vendidos para a banda. O Primeira Impressão deste mês aborda todos os aspectos da cultura da Baixada Santista, abrangendo desde o “underground”, com artistas, bandas e desenhistas representantes deste cenário, até a cultura popular, com reportagens sobre o Sesc e os projetos oferecidos pelas secretarias de Cultura da região. PRATA DA CASA A complexa nuance entre fotografia e fotojornalismo Onã Tolentino Cultura santista tem perdas significativas O jornalista e músico Julinho Bittencourt falou sobre o fim do Bar do Torto e a morte de Chorão e Champignon Rê Sarmento D aniel P aiva Jornalista, assessor, crítico musical, guitarrista, violeiro, fotógrafo, empresário, compositor, roteirista de teatro, entre outras funções. Analisando as inúmeras atividades que Julinho Bittencourt exerce, concluise que ele não tem muito tempo livre para ficar de luto. Porém, ele tem grandes motivos para estar emocionalmente abalado. Três motivos, para ser mais exato. A morte do cantor Chorão e o suicídio do baixista Champignon, ambos da banda Charlie Brown Jr, amigos de Julinho, e o fechamento do Bar do Torto, do qual ele é fundador. “Foi um golpe muito grande”, confessou ele sobre a morte dos músicos, dos quais era muito próximo. “Conhecia-os desde antes da fundação da banda. O Champignon era um jovem muito alegre e talentoso. Ele estava feliz na última vez que o encontrei, porque a banda estava recomeçando”, revelou. Segundo Bittencourt, as Bittencourt concedeu entrevista para alunos do 4º ano de Jornalismo mortes e o fim do Charlie após 29 anos de exBrown Jr não foram só uma istência, pela Prefeitura de grande perda para ele, mas Santos, também o deixou para toda a cidade de Santos. abalado. “Já passei da hora “Desde que começou a ban- de esbravejar, mas me senti da, eles são uma referência mal fisicamente”, disse. de Santos, um orgulho da ciO músico afirma que recedade. As letras falam do jeito ber a notícia pelo jornal foi que se fala aqui. Santos nun- um choque. “O Torto existia ca teve uma banda de tanto há quase 30 anos, era conhesucesso, por isso a dor é tão cido por muitos na cidade. grande”, explicou. Por isso e por nunca termos O fechamento do Bar do tido problema algum, achaTorto (ponto tradicional da Ci- mos que não aconteceria um dade, do qual ele é fundador) fechamento dessa forma”, contou. O caso mobilizou as redes Análise do professor Apesar do que dizem os manuais, o jornalismo também pode ser sociais e milhares de pessoas emoção. Ou seja, é possível escrever textos emotivos, sem perder o pediram a reabertura do bar. equilíbrio e a objetividade. É o que mostram estes textos de Daniel Bittencourt não descarta a Paiva e Vagner Lima, que puxaram para a ligação sentimental do hipótese de que o estabelecimento volte a funcionar. “Por entrevistado com o cantor Chorão e o baixista Champignon, desapa- trás do bar, tem um selo. Acho recidos prematuramente, mas que levaram com sua irreverência o que pode abrir de novo”. jeito santista de ser para todo o Brasil. (Adelto Gonçalves) fotojornalista. Ligado à arte desde pequeno, Por que um fotógrafo buscaria Justo sempre gostou de desenho e um curso superior de Jornalismo? de várias interpretações artísticas Para o ex-aluno da Universidade voltadas para o visual. Entrou Santa Cecília (UNISANTA), na fotografia produzindo fotos Marcelo Justo, foi para obter mais conceituais, antes mesmo de fazer conhecimentos gerais, base ética o primeiro curso de fotografia e aprimorar seu “olhar” para a básica. fotografia. Foi um professor de um curso Com quase 15 anos de de Fotografia da Universidade experiência como jornalista, Justo Católica de Santos, Eraldo Silva, tem em seu currículo a participação quem lhe sugeriu que voltasse na primeira equipe de fotógrafos seu trabalho para o jornalismo e do jornal Expresso Popular, uma buscasse conhecer mais a história passagem de dois anos pela AT do fotojornalismo. Após muito Revista, complemento dominical estudo e pesquisa, Justo conseguiu do jornal A Tribuna, e dois prêmios seu primeiro emprego na área no dos concursos fotográficos Energia jornal Diário do Litoral, em 1998. num Click (CPFL) e O Porto O jornalista, atualmente que eu Amo (site Porto Gente). assumiu que é pauteiro de Atualmente, é repórter fotográfico fotografia e editor-assistente de do jornal Folha de S. Paulo. fotografia dos cadernos especiais Durante o curso, Justo e da edição de domingo do jornal descobriu e iniciou sua carreira no Folha de S. Paulo durante um ano e fotojornalismo. “O conhecimento meio, planeja desenvolver projetos Vagner Lima sobre a ética no jornalismo, a pessoais nos próximos anos. Entre imparcialidade e se ‘despir’ dos os temas desses projetos, estão uma “Eu era muito próximo depreconceitos foram aprendizados polêmica na educação de índios e les. Essa sucessão de tragédias, essenciais durante os quatro o cenário do futebol de praia de a morte do Chorão e logo deanos da graduação”, comenta o Santos. pois do Champignon caiu como Arquivo pessoal uma nuvem negra. Eu vivi em várias cidades do Brasil e posso garantir que eles são uma referência de Santos. Eles são um orgulho para Santos. A postura e a atitude deles são nossas. As letras falam do nosso cotidiano, que a gente reconhece nos nossos filhos, na molecada que está por aí nas ruas”. A frase acima é de Júlio Bittencourt, crítico musical, músico e jornalista. Ele, que assina uma coluna semanal sobre música em A Tribuna, conversou sobre a cena cultural da Baixada Santista com os alunos do último ano de Jornalismo da UNISANTA. Bittencourt foi fundador do famoso Bar do Torto, em Santos. O local, fechado recentemente depois da onda de fiscaliMarcelo Justo optou por estudar jornalismo mesmo depois de estar trabalhando como fotógrafo zação provocada pela tragédia ‘Charlie Brown Jr. é um orgulho para Santos’ em uma boate em Santa Maria (RS), era frequentado por amantes do rock. E era lá o local onde o Charlie Brown Jr. se apresentava, muitas vezes, no início da carreira. Segundo Bittencourt, há músicos santistas que o público não sabe que são santistas, fato que não acontecia com a banda Charlie Brown Jr. “É difícil dizer se ter sido comparado ou colocado no lugar do Chorão foi o motivo para o Champignon ter se matado, mas com certeza mexeu com ele. Há um ano, o encontrei no shopping e ele parecia feliz por ter voltado ao grupo”, diz. Para o crítico musical, a perda seguida de dois integrantes, em tão pouco tempo, é lamentável. Além da dor dos fãs, a música santista também perde, porque entre tantos artistas regionais, a banda se destacou na multidão. “Você tem artistas do Brasil inteiro, que só acontecem em São Paulo. Os grandes centros de distribuição são um fenômeno mundial. Os grandes selos, estúdios e gravadoras trabalham nos grandes centros. No Pará, há um mercado regional forte, que tem lançado boas coisas, como a Gaby Amarantos, por exemplo. Mas é realmente difícil se destacar”, opina. E o legado da Charlie Brown Jr. se torna ainda mais importante por terem começado a carreira em uma cidade que, apesar de ter muitas bandas, principalmente de rock, não tem uma imprensa tão forte que possa divulgar esses talentos, como ocorre nos grandes centros. “Os jornais da região cobrem bastante a música regional. Sempre tive apoio de todos os veículos. Mas é muito difícil dar vazão a toda essa demanda quando você é editor em um jornal. A mídia começa a dar atenção quando a coisa começa a tomar um formato maior. A imprensa em Santos é menor que a cidade. Temos menos veículos de comunicação do que a Baixada mereceria”, finaliza. EXPEDIENTE - Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação da UNISANTA - Diretor da FaAC: Prof. Humberto Iafullo Challoub Coordenador de Jornalismo: Prof. Dr. Robson Bastos – Responsáveis Prof. Dr. Adelto Gonçalves, Prof. Dr. Fernando De Maria e Prof. Francisco La Scala Júnior. Design Gráfico e diagramação: Prof. Fernando Cláudio Peel - Fotografia: Prof. Luiz Nascimento – Redação, fotos, edição e diagramação: Alunos do 4º Ano de Jornalismo – Editora de foto: Rê Sarmento - Primeira página: Natacha Negrão - Ensaio: Thaigo Costa - Crédito das Fotos Primeira Página: Rê Sarmento - Coordenador de Publicidade e Propaganda: Prof. Alex Fernandes - As matérias e artigos contidos nesse jornal são de responsabilidade de seus autores. Não representam, portanto, a opinião da instituição mantenedora – UNISANTA – UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA – Rua Oswaldo Cruz, nº 266, Boqueirão, Santos (SP). Telefone: (13) 32027100, Ramal 191 – CEP 11045-101 – E-mail: [email protected] 2 Edição e diagramação: Hayza Ramos PRIMEIRA IMPRESSÃO w Setembro de 2013 Secretário promete resgatar cultura de rua Raul Christiano diz que a Secretaria está solidificando projetos, como a Virada Cultural, e tirando outros da gaveta Rê Sarmento Tatyane Brito O secretário de Cultura de Santos, Raul Christiano Sanchez, 54 anos, ganhou bagagem na área cultural nos anos 1970 e 1980, quando então era poeta e ativista cultural. Nessa época, Christiano, ao lado de outros poetas, fundou o grupo Picaré, que reunia jovens de Santos que gostavam de discutir sobre arte e literatura nas ruas da Cidade, criando movimentos de fortes expressões culturais. O objetivo do movimento era intensificar e caracterizar a arte na região. Para tanto, seus idealizadores escolheram o termo “picaré” – a rede de arrastão utilizada pelos pescadores. Desde então, Christiano se envolveu em diversas manifestações culturais que foram importantes para o amplo conhecimento dos assuntos de sua atual pasta. Em sua gestão, o secretário quer dar maior atenção aos artistas da Cidade e resgatar a cultura de rua. Com projetos já definidos para oferecer suportes para apresentações gratuitas em toda a Cidade, o jornalista e membro da Academia Santista de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Santos quer garantir o acesso democrático às fontes de cultura para toda a população. Um desses objetivos está se consolidando: é a Virada Cultural. Neste ano, Santos teve a maior programação. Grande parte dela abrangeu morros, Centro, orla e área continental. Composta por artistas da região, em segmentos como música, teatro, artes visuais e cinema, as intervenções estiveram mais presentes nas ruas santistas. Para o próximo ano, o secretário já estuda novidades para oferecer mais cultura para os moradores. Mas, para desenvolver esses trabalhos, a secretaria está solidificando projetos já existentes e tirando outros da gaveta. Primeira Impressão – Quantos eventos estão no calendário do município? Eles ocorrem em quais locais? Raul Christiano O Departamento de Eventos da Secretaria de Cultura de Santos (Secult) possui 25 eventos em seu calendário. São ações como a programação carnavalesca do Município, Música no Centro, Dia do Rock, do Samba, do Músico, Semana do Patriarca da Independência (José Bonifácio de Andrada e Silva), Festa Inverno, Virada Cultural Paulista, Aniversário da Zona Noroeste etc. As programações ocorrem durante todo o ano, como é o caso do Música no Centro, realizado sempre às sextas-feiras, das 12h30 às 14h, na Praça Mauá, ou em meses específicos, o caso do Festa Inverno, em julho. modalidades como dança, teatro, artes visuais e música, para as modernas instalações do Centro de Atividades Integradas de Santos (Cais) Milton Teixeira, à Avenida Rangel Pestana, 150. Antes, as aulas aconteciam em salas adaptadas, no Centro de Cultura Patrícia Galvão, à Avenida Senador Pinheiro Machado, 48. Também demos início, em abril, ao projeto Portos de Cultura, que trata da descentralização dos cursos para os bairros. Já temos três portos em operação: no Centro Turístico, Esportivo e Cultural do Morro São Bento; Centro da Juventude da Zona Noroeste; e na Biblioteca Plínio Marcos, no Caruara, na área continental de Santos. Ainda no setor de cursos, fechamos parceria com a Oficina Cultural Regional Pagu, por meio de acordo com a organização social Poiesis – Instituto de Apoio à Cultura, à Língua e à Literatura, que trata da gestão dos cursos oferecidos pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Com isso, a Oficina Pagu absorveu parte das oficinas ministradas pela Secult no Cais Milton Teixeira, agregando valor aos cursos, estendendo a importante parceria entre os governos municipal e estadual, além de promover economia aos cofres santistas. O Centro Cultural da Zona Noroeste, na Avenida Afonso Schimidt, inaugurado no fim de agosto, é outra conquista. O prédio abriga cinema, área de cursos da Secult, Museu do Carnaval e a biblioteca Silvério Fontes, que antes ocupava imóvel alugado na Avenida Hugo Maia, também Mastrângelo (fechado desde 2009), Museu da Imagem e do Som (Miss) e galerias de arte. Além disso, acompanha o trabalho de recuperação do Teatro Coliseu, que tem obras em estágio avançado devido a parceria de responsabilidade social/cultural firmada com empresas da iniciativa privada. Christiano diz que o formato do Carnaval será revisto para ampliar a segurança maior parte dela, que abrangeu morros, Centro, orla e área continental, foi composta por artistas da região, em segmentos como música, teatro, artes visuais e cinema. Outra ação pela qual batalhamos, uma das prioridades do governo Paulo Alexandre Barbosa, é a reativação da Concha Acústica Vicente de Carvalho. Testes de sonorização, acompanhados pelo Ministério Público, Cetesb, técnicos da Prefeitura e pela empresa Pollus Engenharia, já foram efetuados no local, um Além disso, trabalhamos na recuperação do estúdio de gravação do Museu da Imagem e do Som (Miss) buscando parcerias público-privadas. O local será utilizado para ensaios e gravações de músicas e CDs. PI - Para o Carnaval do próximo ano, o quê está sendo feito para evitar uma nova tragédia como a deste ano? Maior fiscalização? Por parte de quem? Todo o Christiano regulamento do Carnaval, que vigora há anos, está sendo revisto pela Prefeitura, agremiações e liga das escolas de samba. Também será exigida, a exemplo do que “Outra ação que beneficiará os artistas da é feito no Rio de Janeiro, a de Responsabilidade Cidade será a reforma de equipamentos Anotação Técnica (ART) para os carros alegóricos. Além disso, em como o Teatro Rosinha Mastrângelo” parceria firmada com o Serviço Nacional da Indústria (Senai), vamos capacitar pessoal das escolas, por meio de curso de Raul Christiano, titular da Secult mecânica, para a montagem dos carros alegóricos. Todo o formato do evento será revisto Bairro e Música no Centro. importante palco da Cidade, e para garantir o máximo de o processo de reativação, com a segurança. PI - Santos é um celeiro de reforma prevista para o espaço, PI - Como são desenvolvidos artistas independentes. Existe terá breve início. algum projeto voltado para eles? O trabalho, a ser efetuado os projetos culturais? Fale um Christiano – Estamos com verba do Departamento pouco sobre esse processo até abrindo cada vez mais espaço de Apoio ao Desenvolvimento chegar a sua fase final. Christiano - No início do para artistas da Cidade em das Estâncias (Dade), prevê eventos promovidos e apoiados a instalação de painéis de ano, foi realizada a Conferência pela Secult. No início do ano, vidro especial no entorno, Municipal de Cultura. No diversificamos a programação ampliação do palco de 25 m² evento, dividido em módulos e oferecida nas tendas da orla para 50 m², cabine de vidro aberto à participação popular, da praia, dando espaço para para monitoramento do som, são debatidas e votadas artistas dos mais variados refletores de palco por controle propostas para cada segmento segmentos musicais. remoto, rampa de acesso artístico. O resultado das O projeto Música no Centro, para cadeirantes, reforma dos reuniões define as metas a serem parceria entre a iniciativa camarins e dos sanitários (com trabalhadas pelo PP. Além privada e a Prefeitura, acessibilidade) e instalação de disso, propostas e ações para também se consolidou como arquibancadas com cadeiras de o segmento são discutidas em reuniões periódicas do Conselho um importante espaço para PVC. que músicos de Santos e região Outra ação que beneficiará Municipal de Cultura, composto divulguem seus trabalhos. os artistas da Cidade será a por integrantes da sociedade Outra forma de auxílio é o reforma dos teatros, com a civil e do PP. Minha sala na apoio a eventos que estimulam recuperação do Teatro de Arena Secult também permanece a criação artística, como o Rosinha Mastrângelo, que já aberta àqueles que querem Curta Santos, por exemplo. abrigou importantes shows de discutir cultura, assim como Vale ressaltar que neste ano artistas santistas e é um palco meus perfis no Facebook e tivemos a maior programação emblemático para o teatro Twitter. Boas ideias e sugestões são sempre bem-vindas. da Virada Cultural na Cidade. A amador. ‘ na Zona Noroeste. Outras secretarias também dispõem de atividades no Centro Cultural, como Educação (Seduc), com atividades do programa Escola Total -Jornada Ampliada, e Esportes (Semes), com quadras e atividades físicas gratuitas. Há, ainda, base da Guarda Municipal e espaço explicativo sobre o programa Santos Novos Tempos. Outra ação realizada no início do ano, em conjunto com outras secretarias municipais e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), da Capital, foi o detalhado diagnóstico da situação estrutural de todos os próprios da Secult. Com PI – Em nove meses de base na análise técnica, a governo, quais foram os projetos Prefeitura prepara projeto concretizados? executivo para a revitalização Christiano - Foram muitas do Centro de Cultura Patrícia as ações. Entre as principais, Galvão, que abriga o Teatro transferimos boa parte do Municipal Braz Cubas, Fábrica Cultural, área de cursos Hemeroteca Roldão Mendes da Secult, que contempla Rosa, Teatro de Arena Rosinha PI - A Santos, Capital da Leitura, está sendo concretizada? Qual a importância desse projeto para a Cidade? Christiano - Temos inúmeras ações em curso para o projeto que chamamos de Santos de Leitores. Ele inclui a revitalização das bibliotecas da Cidade, digitalização do acervo da Hemeroteca Roldão Mendes Rosa e a implantação, na temporada de verão, de bibliotecas móveis na orla e em pontos estratégicos da Cidade. Além disso, queremos ampliar a gama de livros e revistas disponíveis em cada equipamento. Já efetuamos, como disse anteriormente, a transferência da biblioteca Silvério Fontes para as modernas instalações do Centro Cultural da Zona Noroeste. Também transferimos a biblioteca de arte Cândido Portinari, que ocupava espaço precário no prédio da Sociedade Humanitária, no Centro, para ampla sala do Cais Milton Teixeira. A inauguração desse espaço ocorrerá em breve. Outra ação foi a continuidade do projeto Leia Santos - Um Incentivo à Leitura, que promove a distribuição de livros, revistas e gibis para a população em diversos bairros. Esta iniciativa também acompanha os projetos Viva o Edição e diagramação: Natacha Negrão PRIMEIRA IMPRESSÃO w Setembro de 2013 3 Ex-secretários destacam legado à Cidade Rê Sarmento Para Tanah Corrêa, primeiro titular da Secult, as produções culturais ajudam a desenvolver uma consciência pátria no cidadão Beatriz Lopez A existência de uma secretaria específica para cultura, em Santos, não é tão antiga quanto outras pastas. Ela foi criada em 1985, na gestão do então prefeito Oswaldo Justo, do PMDB. Até então, a cultura fazia parte da Secretaria de Educação. Em julho de 1984, pouco tempo depois de assumir o Paço Municipal, o prefeito nomeou Tanah Corrêa, ator e grande agitador cultural da Cidade, como assessor de cultura. No ano seguinte, então, é que foi criada a pasta e ele assumiu como secretário. Para Corrêa, fazer com que as pessoas tivessem um comprometimento com a arte e se envolvessem com a cultura foi um grande desafio. “Quando assumimos, a área cultural era bem limitada. Não existiam muitas atividades desenvolvidas para o setor. Era tudo basicamente voltado aos espetáculos que vinham de fora de Santos. O que tentamos fazer foi dar uma utilização plena aos espaços culturais da Cidade e aproveitar os grupos locais”, diz, lembrando que a Secretaria de Cultura (Secult) elaborou diversas iniciativas com atividades artísticas, especialmente no Circo Marinho, um espaço voltado para os grupos musicais. “Com o tempo, a produção cultural da região foi ganhando corpo”, acrescenta. Naquele momento, o teatro e a dança eram os movimentos que tinham mais força. Segundo Corrêa, depois da criação da Secult, o Centro de Cultura de Santos também cresceu. “Passamos de dois ou três grupos que realizavam espetáculos para mais de 50. Isso foi muito importante porque a cultura desenvolve uma consciência de cidadania nas pessoas. A formação da nação é feita a partir de uma cultura fortalecida”. Ao traçar um paralelo entre a Secult de 25 anos, quando ele encerrou a gestão, e a de hoje, Correa acredita que se vive um momento de adoração ao consumismo. Com isso, diz, há um distanciamento dos artistas regionais, que precisam lutar para conseguir espaço. “A mídia apoia a prática consumista em todas as áreas, inclusive na cultura. E as pessoas acabam valorizando mais os artistas conhecidos, que estão na televisão. Isso acontece principalmente nas cidades próximas às grandes metrópoles. Quem é o realizador cultural, hoje, acha que faz um favor aos artistas amadores, quando, na verdade, é o contrário”. Logo depois de Tanah Corrêa, em 1989, a pasta foi gerida pelo professor Reinaldo Martins, ex-vereador. Único secretário, até hoje, que não tinha nenhuma ligação com a Cultura, ele ficou na Secult até 1992, quando Telma de Souza, do PT, era prefeita. “Quando entramos, a pasta tinha sido criada havia pouco tempo e as coisas eram mais burocráticas. Nós éramos a oposição da Cidade e tínhamos ânsia por mudança”, diz Martins. Foi durante a gestão dele, inclusive, que foram criados equipamentos importantes que se mantêm até hoje. Na orla, por exemplo, nasceu a Gibiteca Marcel Rodrigues Paes, o CineArt Posto 4 e a Biblioteca do Posto 6. Segundo o ex-secretário, a leitura foi bastante estimulada. Foram criadas, ao todo, nove bibliotecas. “O segredo do nosso governo foi a união entre as secretarias. Eu queria fazer uma nova biblioteca e não gastava dinheiro para comprar ou alugar um espaço. Usávamos uma sala vazia nas policlínicas que estavam sendo construídas pela Secretaria de Saúde. Da mesma forma, o secretário nos pedia quadros de artistas locais para decorar o ambiente.” A Orquestra Sinfônica passou a ser do município e a Concha Acústica recebeu vários shows. O Teatro Municipal também passou por reforma geral e foi instalado o teatro Rosinha Mastrângelo, no Centro de Cultura Patrícia Galvão. Martins sente que privilegiou todas as áreas e deu espaço para os artistas locais e os de fora também. “Tínhamos uma concorrência muito saudável com o Sesc, que é um grande foco de agitação cultural. Quando as pessoas vinham para cá, ou estavam em um local, ou outro. Fizemos grandes intervenções na Praça Mauá, com grandes palcos, para o público em O diretor de teatro Tanah Corrêa foi o primeiro secretário de Cultura de Santos geral”. Apesar de ter participado ativamente da política nos últimos anos por ter sido vereador e por ter levantado a bandeira da cultura no mandato, ele prefere não opinar sobre como está hoje o setor. De 1997 até 1998, quem comandou a secretaria foi a professora Wilma Therezinha de Andrade, na gestão do prefeito Beto Mansur. Durante a gestão, ela procurou preservar os espaços culturais já existentes e criou eventos importantes para a arte santista. “Fizemos a Bienal de Artes Visuais, que ocupou a área de exposição da Secult e a Pinacoteca Benedito Calixto. Fizemos shows para o grande público na praia, com a participação de mais de 100 mil pessoas. As bibliotecas foram bem cuidadas e tentamos dar espaço também para o cinema. Tentei manter o que havia de bom e desenvolvi várias áreas”. Uma delas foi o teatro, quando o já falecido Toninho Dantas coordenou o Teatro Festa, um festival amador de arte. No balé, professora Wilma Therezinha passou a direção à professora Renata Pacheco. “A Secult tem cerca de 1,8% do orçamento municipal. Precisávamos realmente pensar o que era prioridade, para que o dinheiro não acabasse até o final do ano”, recorda. A professora ainda falou sobre o patrimônio cultural, citando como exemplo o artesanato das bordadeiras do Morro São Bento. “A função do governo não é produzir cultura, mas colocar meios para o artista, de qualquer setor, exercer sua arte e transmiti-la ao público. São Vicente aposta em projetos culturais Divulgação Juliana Sousa A cidade de São Vicente, no litoral de São Paulo, vem trabalhando para aumentar o incentivo à arte, cultura e conhecimento. A Secretaria de Cultura busca projetos que incentivem o envolvimento da sociedade. Segundo o secretário Amauri Alves, a cultura na cidade tem um importante papel. “ Se você quer mudanças no mundo, elas acontecem através da cultura. Todas as modificações boas que podem acontecer ao nosso redor, passam pelo meio cultural”. Entre os projetos da secretaria, destaca-se o “Viva Leitura Viva”, um programa de incentivo à leitura que se junta a todas as demais ações literárias do município. Dentro desse programa, a cidade tem ainda o projeto “Baú de Leitura”. São cerca de 20 baús contendo de 50 a 100 livros, que são distribuídos em diversas entidades de São Vicente. A cidade também tem um projeto de incentivo aos músicos. Para participar do Programa de Produção de Videoclipes basta a banda apresentar uma composição própria e uma solicitação para produção do clipe. Dentro do espaço musical, São Vicente ainda participa do Festival de Quadrilhas Juninas, um dos melhores do País, segundo avaliação do secretário. A pasta promove ainda os “Encontros Culturais”, realizados com diversos segmentos do setor. No último mês de agosto, São Vicente foi palco do Naha Matsuri, festival de cultura japonesa, evento que reúne folclore, artes marciais, algumas apresentações musicais e oficinas de gastronomia japonesa. No entanto, o evento mais tradicional realizado pela secretaria é a encenação da fundação da vila de São Vicente. Realizado todos os anos, envolve a sociedade e os segmentos de produção cultural. É considerado o maior espetáculo em areia de praia do mundo. Rê Sarmento A encenação de fundação da vila de São Vicente é considerada o maior espetáculo de areia em praia do mundo 4 Edição e diagramação: Natacha Negrão PRIMEIRA IMPRESSÃO w Setembro de 2013 Teatro Municipal Talvez o equipamento mais esperado pela população vicentina seja o futuro Teatro Municipal. A obra que deveria ser entregue em 2011 ficou parada até o meio deste ano, quando a construção foi retomada. Segundo o secretário, a empresa responsável – Termaq - garantiu que as obras serão concluídas até o fim do ano. As obras são fiscalizadas pela Codesavi, e só passarão a ser responsabilidade da secretaria de Cultura depois que o teatro for entregue. Mas, depois disso, a secretaria terá de lidar com outro impasse: a estrutura mal projetada do teatro que atualmente só comporta o palco e a plateia. “Existe um espaço equivocado. Será necessário construir um anexo depois que a obra estiver pronta, para que seja acrescentada a parte dos bastidores que está faltando. Isso inclui uma sala de suporte e apoio, uma sala administrativa e espaço para ensaio”, disse o secretário. Alves quer valorizar artistas vicentinos Alves conta que essa obra é do governo passado e tem se arrastado há muitos anos, ocasionando outros problemas. O secretário disse ainda que apesar do atraso, a empresa nada tem a ver com o projeto mal elaborado que já havia sido entregue na gestão anterior. O secretário acredita na importância do teatro para a cidade e quer investir ainda mais na cultura “Quando o teatro for entregue, será ocupado primeiramente pelos produtores locais. Vamos priorizar São Vicente e valorizar os artistas daqui e depois abrir espaço para recebermos produções da região e assim expandir. Com certeza a inauguração desse teatro irá fomentar a produção local”, finalizou. Obra de jornalista santista recupera história do Porto Cais de Santos é tema central do novo livro do jornalista Alessandro Atanes Gustavo de Sá A história do Porto de Santos relembrada por meio de poemas e contos. Fruto de mais de oito anos de pesquisa, os romances estão reunidos no livro Esquinas do Mundo: Ensaios sobre História e Literatura a partir do Porto de Santos (São Paulo, Editora Dobra, 2012), do jornalista santista e mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) Alessandro Atanes. Dividido em 11 ensaios temáticos, a publicação apresenta e analisa textos de grandes nomes da literatura universal que têm o porto como tema ou cenário. Entre esses escritores estão Guy de Maupassant, Pablo Neruda, Elizabeth Bishop, Blaise Cendrars e Jorge Amado, aos quais se unem autores como Rui Ribeiro Couto, Ranulpho Prata, Roldão Mendes Rosa, Narciso de Andrade e os contemporâneos Madô Martins, Alberto Martins, Ademir Demarchi, Flávio Viegas Amoreira e Marcelo Ariel, entre outros. Segundo o autor, os textos que desenvolve desde 2005 para a coluna Porto Literário, do site Portogente, foram a matériaprima para os ensaios do livro. “Neste espaço, pude criar as primeiras análises dos diversos temas reunidos nos 11 ensaios da obra. A diferença é que os textos foram retrabalhados para ficar com um tom mais ensaístico e reflexivo”, diz. “ Sem contar que colunas desenvolvidas ao longo dos anos com os mesmos temas foram editadas para formarem um texto único, mais denso”, completa. Atanes também é autor de História e Literatura no Porto de Santos: o romance de identidade portuária “Navios Iluminados”, dissertação de mestrado em História Social na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Este estudo contribui para a história da Cidade e do porto de Santos por meio do uso da literatura como documento histórico. Para isso, levantou as condições em que o romance Navios Iluminados (1937) foi escrito, destacou a obra entre outras ficções que têm o porto de Santos como tema e, por fim, interpretou os conteúdos Santos: avenidas de história literária Jéssica Branco Renan Belini Santos foi berço e inspiração para grandes nomes da literatura nacional. A memória deles é preservada por meio de suas obras, mas também por homenagens espalhadas pela Cidade, como monumentos e avenidas que levam seus respectivos nomes. Exemplos de Martins Fontes, Vicente de Carvalho e Rui Ribeiro Couto, que imortalizaram seus nomes na história da poesia e se tornaram famosos filhos da terra que ensinaram à Pátria a caridade e a liberdade, como expressa o brasão municipal. Todos os dias pessoas passam por avenidas movimentadas e, muitas vezes, não sabem a importância que o nome delas carrega. Um exemplo é a Avenida Martins Fontes, localizada na entrada da Cidade. Ela traz o nome do famoso escritor santista, considerado um dos dez maiores poetas da língua portuguesa, ao lado de nomes como Camões e Olavo Bilac. Patrono da cadeira número 17 da Academia Santista de Letras, ele se destacou por uma poesia exuberante, que exaltava a vida, de forma positivista. Autor de 59 títulos publicados entre poesia e prosa, como Verão (1901) e Marabá (1923), e colaborador de diários locais, Martins Fontes (1884-1937) também foi médico sanitarista, reconhecido por ser humanitário (atendia pacientes sem cobrar a consulta) e ficou marcado pela luta em defesa de melhores condições de vida para Santos. Outro grande literato santista e que denomina um dos trechos da avenida da praia é Vicente de Carvalho (1866-1924), que ficou conhecido como “O Poeta do Mar” graças aos inúmeros Vicente de Carvalho, o poeta do mar, acabou sendo eternizado em uma estátua localizada no bairro do Boqueirão poemas dedicados ao mar e, mais especificamente, à praia de Santos. Eleito ocupante da cadeira número 29 da Academia Brasileira de Letras (ABL) em 1909, o santista teve Poemas e Canções (1908) como obra marcante de sua carreira poética, na qual o prefácio foi feito pelo amigo Euclides da Cunha. A obra teve 17 edições, algo raro na literatura nacional. Vicente de Carvalho também atuou em diversas áreas, como no Jornalismo, onde até fundou o jornal (Diário da Manhã). Formado em Direito, também atuou na política e, curiosamente, acabaria sendo decisivo na futura criação dos jardins da orla da praia de Santos, já que em 1921 ajudou a escrever uma carta aberta ao presidente Epitácio Pessoa contra apropriações ilegais em frente à orla. Nesse mesmo jardim, o poeta ganhou um grande monumento em sua homenagem. também chegou a ocupar uma cadeira na ABL. Ficou marcado por seu estilo de tratar questões simples do cotidiano em seus romances, prosas, contos e crônicas, falando de pessoas humildes e da vida anônima nas estreitas ruas do subúrbio. Sua obra mais famosa é o romance Cabocla, de 1931, que foi adaptado duas vezes para a televisão. Além disso, publicou Ribeiro Couto dois livros de poemas em francês. Nome de uma escola no bairro Ribeiro Couto também atuou do Boqueirão, Rui Ribeiro Couto paralelamente no Jornalismo, (1898-1963) foi mais um grande colaborando em jornais como O escritor nascido em Santos, que Globo, e na diplomacia, chegando inclusive a embaixador do Brasil na antiga Iugoslasvia, em 1952. Mas a rica literatura santista teve ainda outros grandes nomes que já faleceram, como Roldão Mendes Rosa (1924-1988), que dá nome à Hemeroteca Municipal; Narciso de Andrade (1925-2007), que nasceu na capital e veio ainda pequeno para Santos onde se tornou jornalista e poeta; e o cronista Evêncio Martins da Quinta (1933-1991), que se tornou conhecido na região por sua crônica irreverente no jornal A Tribuna, como o colunista Zêgo. Edição e diagramação: Thaigo Costa PRIMEIRA IMPRESSÃO w Setembro de 2013 5 Poesia em Santos: uma arte carente de leitores mais variadas áreas. “Há poemas que se referem a Joseph Conrad, a Homero, Théophile Gautier, Nietszche, Drummond, Ribaud, Huidobro, Ana Cristina César, ou a artistas como Duchamp, Goeldi, Malevitch e Cartier-Bresson, entre outros”, diz. A primeira obra de Demarchi traduzida para o espanhol foi Do Sereno que enche o Ganges, publicada em 2011 no Peru. Arquivo Pessoal Embora tenham esse reconhecimento fora do Brasil, os dois não acreditam em uma importância da região para suas obras. Enquanto Toledo questiona se os frequentadores de livrarias da região realmente se interessam por poesia e compram livros, Demarchi vai mais a fundo. Ele categoriza a relação do cenário cultural santista com a literatura como medíocre. “As pessoas leem pouco, não se interessam e não vão a eventos de livros. A frequência na Tarrafa Literária (evento literário que acontece em Santos desde o ano de 2009) tem aumentado um pouco, mas é triste ver trinta pessoas em eventos com escritores importantes, como tem ocorrido no Sesc”, diz. A esperança dos poetas está nas propostas do atual secretário de cultura de Santos, Raul Christiano Sánchez, que prometeu transformar Paulo de Toledo, poeta santista: estilo influenciado por Fernando Pessoa e obra publicada no Peru a Cidade em uma capital da leitura. Em entrevista dada ao jornal A existem representantes da região, em que não me interessa fazer tem sido feita principalmente pelo Tribuna no início deste ano, ele como Paulo de Toledo e Marcelo Ariel. experimentalismos de linguagem, Facebook. Como sou meio ‘bicho-do- revelou que, entre os principais planos Mas na hora de apontar os melhores mas sim alcançar uma expressão mato’, é a melhor maneira de eu me em sua passagem pela Secretaria de Cultura de Santos (Secult), estão a poetas brasileiros atualmente, ele que se preza por ter um estilo claro expor”, explica. digitalização do acervo municipal e a não tem favoritismos: “Dizer que na utilização da língua portuguesa”, revitalização das bibliotecas. existem alguns principais entre diz. Reconhecimento fora de casa tantos seria um exagero. Prefiro lidar Dez anos mais jovem que Os dois poetas santistas Zéllus Machado com a pluralidade do que eleger meia Demarchi, o poeta santista conquistaram recentemente o Em fevereiro deste ano, dúzia, pois há muito mais do que isso Paulo de Toledo segue um estilo reconhecimento fora do Brasil completou-se um ano da morte do quando falamos de ótimos poetas em diferenciado. Influenciado desde a ao terem suas obras traduzidas e atuação hoje no Brasil”, diz. adolescência por obras de Fernando publicadas no Peru. Os livros 51 artista Zéllus Machado. Em seus Já em nível regional, Demarchi Pessoa, ele acabava imitando um mendicantos, de Toledo, e Passeios 53 anos de vida e 35 dedicados ressalta os trabalhos de uma série pouco o que lia quando começou na floresta, de Demarchi, foram à sua vocação artística, Zéllus de artistas, cada um especializado a escrever. “Hoje acredito que as lançados no último mês de julho atuou como contador de histórias, em um tipo de poesia. Além dos já características principais do meu durante a 18ª Feira Internacional do escritor, músico, ator e muitas outras atividades relacionadas à arte. citados Paulo de Toledo e Marcelo estilo poético são o humor e um Livro de Lima, no Peru. Ariel, que inclusive já tiveram desleixado rigor compositivo”, diz Em 51 mendicantos, escrito Embora seu trabalho cultural na trabalhos traduzidos em outros Toledo. Identificando o Concretismo por Toledo em 2004 e foi publicado região seja reconhecido, Demarchi países, Demarchi menciona Flávio - movimento artístico na poesia em 2007 pela editora Éblis, os não o considera um poeta. “Ele era Viegas Amoreira - que explora o em que existe a valorização da poemas possuem um teor de crítica um músico, compositor de músicas estilo barroco em seus poemas -, forma e da comunicação visual, à desigualdade social. “Acredito em um gênero entre o popular e Madô Martins e Regina Alonso - em sobreposição ao conteúdo (veja que naquele momento eu tinha a o regional, e se dava muito bem que têm uma forte vertente lírica exemplos no quadro) - como uma necessidade de falar do que eu via e cantando, era onde melhor ele se baseada na cultura japonesa -, além de suas atuais influências, Toledo que não era nada bonito. A arte não realizava, com um violão, no palco. de Danilo Nunes, que registra a encontra no ambiente virtual espaço pode ficar alheia à miséria e miséria Assisti a algumas apresentações memória da vida litorânea em suas para divulgar o seu trabalho. é o que não falta a nossa volta”, em que a performance dele foi marcante”, conta. obras. Dono de quatro blogs, o santista explica Toledo. Zéllus deixou como legado um Questionado sobre o próprio encontrou na internet uma forma Já Passeios na floresta, livro estilo, ele se classifica apenas como de vencer a timidez e expor para o de Demarchi, é sua segunda obra trabalho cultural que flertava com um escritor e que, com isso em mente, mundo suas obras. “Quando criei traduzida para o espanhol. O poeta a ecologia e a sociedade caiçara. É busca dominar as mais variadas meu primeiro blog, a intenção era apresenta poemas que se relacionam até hoje um dos principais nomes técnicas e estilos. “Talvez nisso justamente divulgar meu trabalho com suas predileções culturais que relacionados à cultura da Baixada possa existir um estilo, na medida como poeta. Hoje, essa divulgação vão de escritores, livros e artistas das Santista. Poetas da região que já foram traduzidos para o espanhol falam de seus trabalhos e queixam-se da falta de interesse por suas obras Gustavo Pereira É comum relacionar a figura do poeta com a de uma pessoa sonhadora e apaixonada, que se utiliza das palavras para expressar os seus sentimentos mais profundos. Essa associação popular não está errada, pois, afinal, poesia é a tradução das emoções através das palavras. Da mente do escritor nascem os poemas, textos construídos com base em sua imaginação, que utilizam recursos sonoros e visuais para apresentar e fazer arte, nas entrelinhas dos versos. Com início na época da colonização, a poesia brasileira passou por muitas fases até chegar aos dias de hoje. Já fez parte das categorias - conhecidas como escolas - existencialista, lírica e social, até chegar à atual, a pós-moderna. E os seus autores foram os mais diversos. Passando de Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e Ferreira Gullar a Vinícius de Moraes, Gonçalves de Araújo e Raimundo Correia. Mas o que costumava ser uma expressão artística bastante apreciada no País, encontra nos dias de hoje uma série de obstáculos. O principal deles, levantado pelo poeta paranaense que reside em Santos, Ademir Demarchi, está no número de leitores. Dos aproximadamente 200 milhões de brasileiros, apenas 25% são leitores - enquanto 7% deles são analfabetos e 68% analfabetos funcionais -, sendo que desse percentual pode-se afirmar que apenas 10% leem, de fato. “Sendo otimista, se hoje o País tem cinco milhões de leitores é muito, pois a gente não vê as pessoas lendo, nem nas cidades onde os livros chegam mais facilmente”, diz Demarchi, que é doutor em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). Demarchi trabalha como editor do selo Sereia Ca(n)tadora e, no período entre 2011 e 2013, fez um mapeamento da poesia contemporânea no País, que acabou se tornando conteúdo para as edições da revista Babel Poética, referência em poesia no território nacional. Dos 200 poetas escolhidos por ele para fazer parte das edições da revista, O legado cultural dos acadêmicos Raíssa Ribeiro Sonho de um grupo de poetas santistas, entre eles Martins Fontes, a Academia Santista de Letras tornou-se realidade em 1957. A instituição composta por 25 membros perpétuos tem entre os objetivos principais cultuar a língua e literatura nacional. A publicação de obras clássicas e materiais inéditos que estabeleçam um elo entre a produção dos acadêmicos e o público é prevista pelo capítuloV, parágrafo 2º, da ata de fundação. Veja alguns dos trabalhos publicados pela instituição: Revista da Academia Santista de Letras Com a primeira edição lançada em janeiro de 1995, a publicação foi concebida com dois objetivos: prestar homenagem à Academia pelos seus, então, quase quarenta anos e, “trazer a público um pouca de sua história, bem como divulgar a realidade cultural da Cidade em certo tempo” como consta no prefácio do 6 quinto volume da obra. Também prevista na ata de fundação, foi planejada para ser dividida em quatro partes: parte original - produção em prosa ou verso, ficção ou erudição, inédita; erudição, filológica, folclórica ou literária, exibida em sessão da Academia; parte noticiosa, relativa às letras nacionais, à produção acadêmica e discurso de recepção e solenidades acadêmicas. Embora repeite às seções pré-estabelecidas, suas páginas são basicamente uma seleção de conteúdos produzidos na Academia, os quais variam de edição à edição, de fixo só há o miniperfil dos autores dos textos e o prefácio, o qual é escrito pelo presidente da época de formatação dos exemplares. Nestes, o leitor terá acesso aos mais diversos gêneros textuais: poesias, contos, crônicas, elogios, evocações, trovas, memórias, panegíricos, narrativas de viagem, filosofia, homenagens póstumas, estudos biográficos, discursos de posse, apresentações de novos acadêmicos, pronunciamentos, Edição e diagramação: Natacha Negrão PRIMEIRA IMPRESSÃO w Setembro de 2013 Jéssica Branco Sede da Academia Santista de Letras: instituição procura cultuar a literatura nacional teses universitárias, etc. A segunda edição data de junho de Ao todo, já foram publicados cinco 1998, a terceira, de maio de 2002 e a volumes e o período de lançamento quarta de dezembro de 2005. entre uma publicação e outra é em média de três anos. O volume mais O Farol recente é o quinto, de junho de 2008. Intitulado O Farol, o jornal da Academia estreou em abril de 2006. Com publicação quinzenal, relata eventos realizados pela Academia Santista de Letras. É composto por editoria, galeria de fotos e quadro de notícias com a programação cultural. A arte de transformar jornalismo em cultura Ex-aluno da UNISANTA, fascinado pelo jornalismo cultural, mantém a Revista Capitu, além de trabalhar no Itaú Cultural e também no site Digestivo Cultural Vinícius Morales O que era para ser apenas um Trabalho de Conclusão de Curso virou coisa séria para Duanne Ribeiro. O jornalista, ex-aluno da UNISANTA, hoje colhe os frutos do trabalho desenvolvido ao longo de sua ainda breve carreira no ramo. Criador e editor da Revista Capitu, Ribeiro agora tem motivos para se orgulhar e continuar o projeto iniciado enquanto era apenas estudante de Jornalismo. A revista teve início durante o seu TCC. O então estudante optou por fazer a Capitu (www. revistacapitu.com), uma revista de arte e cultura online, como trabalho final do seu curso de Jornalismo. Ao fim de todo seu desdobramento para finalizar o projeto, eis a recompensa: premiações em âmbito estadual e nacional no Expocom. Após a formatura, Ribeiro continuou investindo no seu “filho”. “Reelaborei o design e fiz algumas edições mensais. Depois meu amigo Rafael Martins trabalhou a interface na versão que permanece até hoje. O site continua sendo atualizado, com um grupo móvel de colaboradores - e sempre aberto a novos participantes”, explica. Fascinado pelo mundo do jornalismo cultural, Ribeiro explica que seu objetivo sempre foi trabalhar com jornalismo, mas a predileção pela área de cultura sempre existiu. “A escolha do TCC nessa área indica isso”, afirma. O jornalista conta que a área cultural é diferente das demais na profissão. Segundo Ribeiro, o que difere o jornalismo cultural é a questão do tempo. A urgência não é tão grande no dia a dia, em comparação com as demais áreas. “O que não quer dizer que não exista e que outras editorias não deveriam se dar mais tempo”, diz. Entretanto, para ele, uma coisa é bem clara: jornalismo é sempre o mesmo, independente da editoria, veículo ou repórter. “Jornalismo é jornalismo e significa apuração, qualidade de texto, contextualização e reportagem”, ressalta. Atualmente, Ribeiro trabalha no Itaú Cultural, um instituto com atividade no campo cultural, em várias áreas de expressão, dentre elas literatura, artes visuais, jornalismo cultural, teatro, dança, música, educação etc. Ele, por sua vez, atua no setor de comunicação, junto à equipe do site, responsável por todos os produtos digitais do IC. “Atualizamos o site da instituição, produzimos hotsites e blogs especiais, com entrevistas em vídeo. Nesse sentido, um dos projetos de que me orgulho é o Ocupação (http://www. itaucultural.org.br/ocupacao). A arquitetura de informação do projeto é minha, as seções de alguns artistas também (Mário de Andrade, Nelson Rodrigues, Flávio Império, entre outros)”, diz. “Cada artista do Ocupação recebe uma grande reportagem multimídia”, acrescenta. Além disso, Ribeiro também é editor-assistente do portal Digestivo Cultural, um dos principais portais de cultura na internet brasileira. Arquivo pessoal Duanne Ribeiro sempre soube que a redação seria seu local de trabalho Projeto Café com Letras completa nove anos e traz programação cultural evento literário Café com Letras. O projeto, que completa nove No intuito de incentivar a anos, é coordenado pela escritora leitura e a produção de texto, a Regina Alonso e traz a proposta Associação dos Mantenedores e de melhorar a literatura de todos Beneficiários da Petros/Santos através de oficinas ministradas (Ambep) realiza anualmente o por escritores e artistas em geral. Giovanna Fornaro Café com Letras: projeto incentiva a leitura e produção de textos “Abrimos espaço para todos que tiverem algo para contar da arte. A turma que está presente na oficina tem apenas o dever de recriar tudo que foi dito em forma de poesia ou prosa. O nome Café com Letras se deu Thaigo Costa porque, ao final, oferecemos um café e debatemos tudo o que foi aprendido”, explica a coordenadora do Café, Regina Alonso. Entre as atrações deste ano, Regina destaca a oficina “Na selva de pedra, a paixão faz o traçado de Olga Savary e Milla Fernandes”. E lembra: “A obra Berço Esplêndido, de Olga Savary, que recebeu o prêmio internacional BrasilAmérica Hispânica 2007, é discutida sob a perspectiva das telas da Milla Fernandes. A junção dos dois trabalhos resulta em muita emoção. Fica algo muito forte”, revela. Além das oficinas que serão realizadas, o Café com Letras vai lançar no próximo ano um livro com a produção dos alunos deste ano. Essa é uma ideia mantida desde o início do projeto e que, se gundo a coordenadora Re gina Alonso, ajuda no desenvolvimento dos alunos. “Isso aumenta o leque de cada aluno e ainda os faz crescer muito”, conta Re gina. Outro grande incentivo para as turmas que frequentam o projeto é a 6 ª Mostra de Artes Café com Letras. A exposição vai acontecer em outubro no Clube 2004, em data a ser definida, e vai trazer todo o resultado do projeto desenvolvido por alunos deste ano. Para participar das oficinas, basta inscrever-se na Ambep, que fica na Avenida Ana Costa, 259, conjunto 53, tel 3221-7832. A entrada é franca. Programação das próximas oficinas: 7 de novembro: Análise da obra de Rembrandt (1606-1669) por Delfina Maria Garcia, que é formada em Letras e Artes Plásticas e fará trabalhos em cerâmica e desenho com os alunos. 28 novembro: Renoir torna-se um dos mais populares pintores do Impressionismo francês. Traz o som das valsas e a fútil e alegre despreocupação da Paris de fin-desiècle. A artista plástica Rosa Elias dará oficina baseada na arte de Renoir com cerâmica e óleo sobre tela. Outras oficinas ficam por conta de Denise Pampolini, bacharel e professora de História especialista em Brasil Colônia. 5 dezembro: Estrela de Natal. Trabalho artesanal com papel laminado e bola de Natal. Confecção de uma estrela para ser colocada na porta em época natalina. Com a artesã Rita D´Ascola Edição e diagramação: Thaigo Costa PRIMEIRA IMPRESSÃO w Setembro de 2013 7 Santos, a Califórnia brasileira A variedade de bandas combinada com o clima praiano transformou a Cidade em uma referência na música brasileira Divulgação Rodrigo Monteiro O clima tropical, a praia e a variedade de bandas rendeu a Santos o título de “Califórnia Brasileira” no meio cultural, no fim dos anos 90. O apelido ganhou força com o grande número de bandas de hardcore melódico, vertente californiana do rock, que surgiram na Baixada Santista. Apesar disso, como sua prima norte-americana, Santos conta com muitos artistas nos mais variados estilos. “Uma cidade musicada”. Dessa forma, a rapper Preta Rara define a principal Cidade da região. “Santos ficou mundialmente conhecida pelos caras do Charlie Brown Jr. e, com certeza, será conhecida pelos vários segmentos musicais de altíssima qualidade também”, completa. Antes mesmo da banda de Chorão ficar famosa, Santos já tinha uma forte tradição musical. Bandas como Blow Up e Vulcano (banda que trouxe o death metal ao Brasil) já faziam sucesso com suas canções autorais. O rock “entrou pelo Porto de Santos, junto com as mercadorias que eram comercializadas em todo o País”, como conta o programador de rádio Nicola Tanesi em entrevista ao UNISANTA Online. Apesar da forte influência das vertentes do rock, a “Califórnia Brasileira” é considerada importante em muitos outros gêneros musicais, dos mais simples aos mais complexos. O funk ostentação, enraizado na região, é um dos estilos que mais movimentam o cenário musical da Baixada Santista e no Brasil. “Eu acredito que o rock seja apenas a terceira ou quarta força na preferência do público. Vejo o funk e o pagode bem à frente em quantidade de eventos e público. Na ordem de maior representação, esses Zebra Zebra é uma das principais bandas da nova geração da Baixada Santista. Eles acumulam prêmios musicais, incluindo seus clipes, vários deles premiados dois estilos estão no topo”, explica o vocalista da banda Zebra Zebra e diretor de videoclipes, Kennedy Lui. Historicamente, a música santista está repleta de lutas. Durante a ditadura militar no Brasil, os artistas da região foram perseguidos e por isso era muito comum surgirem bandas de garagem, que não despontavam. Ainda hoje, alguns artistas carregam essas ideologias. “Temos e tivemos grandes ciclos de música com gente competente, e, também, temos artistas independentes em todas as frentes musicais, com gente que acredita no seu som próprio. O som autoral. Acredito na música que carrega uma ideologia, que ameaça a criação medíocre, que cria parâmetros de audição e apre- Música Autoral Independente Santista Rodrigo Monteiro Santos ganhou um novo movimento que lutará pelos direitos dos artistas independentes. O Música Autoral Independente Santista (MAIS) surgiu da reunião de artistas de variadas vertentes da música regional. Há mais de um ano movimentando os artistas para discutirem as pautas sobre condições dos músicos em Santos, o MAIS promove eventos que contam apenas com atrações regionais. A rapper Preta Rara faz parte do projeto e foi uma das atrações do primeiro evento realizado. “Não dá para ficar reclamando. Nós temos que partir para luta, e estamos reunindo artistas de vários ritmos musicais, que compõem o MAIS a fim de mostrar para a região que juntos somos fortes”, explica a cantora, que além de fazer parte da dupla Tarja Preta, está começando a trabalhar com o seu projeto solo. A cantora é forte ativista da música periférica e dos direitos femininos, e exalta a miscigenação de ritmos no MAIS. “Eu fiquei super feliz com o convite que eu recebi para compor o MAIS, e penso que esse é o lugar do rap, como qualquer outro ritmo. O legal de fazer música é essa troca com outros segmentos, pois dessa forma a música de cada um fica fortalecida e acaba criando uma identidade regional em nossas músicas”, conta Preta. A primeira apresentação do Música Autoral Independente Santista ocorreu na última semana de setembro, mas os artistas prometem novos shows em breve O legal de fazer música, é essa troca com outros segmentos. Dessa forma a música fica fortalecida.” Preta Rara, cantora 8 Edição e diagramação: Rodrigo Monteiro PRIMEIRA IMPRESSÃO w Setembro de 2013 ciação e é regeneradora no mais amplo sentido. Isso eu gostaria de ver mais na nossa região, seja qual for o estilo ou segmento musical”, explica o multi-istrumentista Ale Birkett, que já gravou cinco álbuns autorais de jazz brasileiro. Apesar de contar com artistas autorais, o cenário enfrenta um problema de desvalorização dos artistas. “Santos é uma região eclética, mas as casas noturnas valorizam por demais o trabalho cover. Assim temos um cenário de bons instrumentistas e compositores medianos”, avalia Kennedy. Ainda assim, os músicos acreditam que isso seja um fenômeno em nível nacional. “Isso não é um problema isolado de nossa região. Infelizmente, faz parte da nossa cultu- ra. Sempre gostar do que é de fora e não prestar atenção no que está perto”, pondera Preta, que completa: “Quando me apresento em São Paulo, percebo que é outro tratamento. As pessoas te tratam com respeito pelo seu trabalho. Aqui na região te tratam como se fosse uma esmola, em deixar você cantar nos eventos”. sejam eles ofertados pelo Poder Público ou pela iniciativa privada. Eu acredito na música para todos e que o nosso cenário possa melhorar com o tempo”, explica Birkett. A falta de espaço, segundo os artistas, não vêm apenas do poder público. Muitos produtores regionais não enxergam o potencial da música santista e as opções são escassas, Falta estrutura como conta o vocalista da Zebra A desvalorização do artista re- Zebra ao traçar um rápido panogional não é o único problema en- rama da região: “Existem os evenfrentado pelos músicos santistas. tos popularescos, como o pagode e Como acontece em outras manifes- funk. Existem os voltados para entações culturais, a cidade não com- tretenimento: covers na esmagadora porta a quantidade de artistas. maioria das casas. Existe apenas “Há gente muito boa na nossa uma grande produtora de shows de região que não tem onde tocar e rock: Rock Show Santos. E existem mostrar sua cara e seu trabalho au- artistas se promovendo de maneira toral. Precisamos de mais espaços, independente”, define Indicações de artistas Preta Rara Kennedy Lui Divulgação Divulgação Reggae Island - A banda mistura o ritmo jamaicano com hip hop e hardcore criando uma sonoridade única que representa muito bem o clima praiano de Santos, que reforça ainda mais o apelido de “Califórnia Brasileira” Zimbra - Os artistas trazem um pop rock com muitas influências de música brasileira e já participaram de importantes eventos, além de terem sido indicados para tocar no Rock in Rio 2014. Divulgação Divulgação Lulaman - O cantor é uma das revelações do rap na Baixada Santista. Com pouco tempo de estrada, ele tem levado seu nome e da região em shows pelo estado. Caio Bosco - Em carreira solo, o cantor conta com anos de experiência no meio musical e agora roda o País tocando soul funk com letras autorais. Cais da Vila Mathias contribui para melhorias Espaço proporciona conhecimento e interatividade para ajudar no desenvolvimento do cidadão Rê Sarmento Mônica Barreto Um misto de cultura e educação é oferecido pelo Centro de Atividades Integradas de Santos (Cais), conjunto arquitetônico com espaço para três prédios, que fica na Vila Mathias e possui uma infraestrutura atraente e confortável, capaz de abrigar a Secretaria de Cultura, Educação e Esportes (Secult). Segundo a coordenadora de Formação Cultural Edna Moura, responsável pelo projeto Fábrica Cultural, o Cais é um centro de formação que abriga os cursos oferecidos no local pela Secult: música, artes visuais e artes cênicas. O trabalho é desenvolvido com crianças a partir de 6 anos idade. Edna ressalta que adultos também podem participar das atividades oferecidas. Não há limite de idade entre os matriculados, Cais: centro de formação abriga os cursos de música, artes visuais e artes cênicas pois há pessoas de 29 a 30 anos e também há oficinas livres para pessoas acima dos 30 anos. Para a coordenadora, as oficinas artísticas sempre melhoram o desempenho escolar e a pessoa em si. “A arte é sensibilidade, amor e respeito. As pessoas sempre melhoram quando estão envolvidas com a arte”, garante. As atividades oferecidas pelo Cais são mantidas pela Prefeitura de Santos com a ajuda do Estado. De acordo com Edna, a parte pedagógica e didática foi reformulada há cerca de dois anos, para o melhor desenvolvimento dos projetos. As oficinas têm horários flexíveis, podendo ser realizadas no período da manhã, da tarde e à noite, inclusive aos sábados para os alunos que trabalham durante o dia e cursam o ensino médio e faculdade. No prédio de Educação, funciona o programa Total/Jornada Ampliada, para os alunos que freqüentam a escola municipal . São atendidos mais de 700 alunos, que participam de oficinas físicas (esportes em geral) e pedagógicas. Para maiores informações, o Cais fica à Rua Rangel Pestana, nº 184, Vila Mathias. Hemeroteca de Santos: um acervo de obras raras Rê Sarmento Gabriel Pereira Há 21 anos, a Cidade de Santos mantém viva a Hemeroteca Municipal Roldão Mendes Rosa, no térreo do Centro de Cultura Patrícia Galvão. O local ainda é um serviço desconhecido por boa parte da população santista, porém, nada impede dele ser movimentado e cobiçado por quem ama resgatar um belo pedaço da história da Cidade e do Brasil. O local conta com um acervo de cerca de 85 mil livros variados e mais de 150 mil recortes de jornais arquivados em pastas, separados por assunto. Mensalmente, cerca de três mil pessoas passam pelo local. Entre tantos arquivos em suas prateleiras, algumas raridades merecem destaque, como a Revista Comercial, o primeiro jornal de Santos fundado em 1849. Há também recortes e edições de O Diário, órgão da cadeia Diários Hemeroteca: acervo de 85 mil livros e mais de 150 mil revistas e jornais Associados, que circulou entre 1936 a 1977, e do Cidade de além da Revista da Semana, das coleções importantes de revistas e Isto É. Mas o local não possui Santos, do grupo Folhas, que décadas de 1920 e 1930. extintas como a Cruzeiro e apenas material antigo; muito circulou entre 1967 e 1987, É possível reler histórias de Manchete, além das atuais Veja pelo contrário, quem deseja colocar a cultura em dia pode ler as edições do dia de jornais como A Tribuna e Estado de S. Paulo. Para os amantes de revista, também é possível ler as eleições da Superinteressante, Exame e outras. Apesar dessas opções atuais, os itens mais procurados ainda são os jornais antigos, principalmente por historiadores. Alguns chegam a frequentar o equipamento meses seguidos. Também livros já foram escritos com base em pesquisas realizadas na Hemeroteca. Para quem deseja conhecer o local, a Hemeroteca funciona de segunda à sexta-feira, das 8h às 19h, na Av. Pinheiro Machado, 48. A casa não se limita a disponibilizar todo esse acervo. Ela participa de muitos eventos realizados pela Prefeitura, como o Espaço Leitura, e tem o programa Adote um Livro, em que os participantes ganham livros que foram doados por munícipes às bibliotecas municipais. Com isso, quem não pode comprá-los tem a chance de ler bons livros. Edição e diagramação: Natacha Negrão PRIMEIRA IMPRESSÃO w Setembro de 2013 9 Adolescentes descobrem o mundo cinematográfico Primeira turma formada no Instituto Querô foi premiada no Festival de Gramado deste ano A produção cinematográfica sempre pareceu estar muito distante dos jovens moradores das áreas mais periféricas na Cidade de Santos. Foi somente depois da implantação do Instituto Querô que muitos adolescentes santistas tiveram a oportunidade de entender o que havia por trás das câmeras e o processo de montagem dos filmes até então só vistos pela TV ou pelos telões do cinema. Cássio Santos, oficineiro no Instituto, fez parte da primeira turma das oficinas Querô, em 2006. Quando ainda tinha aulas na oficina, foi diretor no documentário “Carregadores do Monte”, premiado no Festival de Gramado, o principal festival brasileiro de cinema, com uma menção honrosa. Cássio é um dos quase 320 jovens que tiveram a oportunidade de aprender um pouco sobre a produção cinematográfica e hoje ele passa seu conhecimento adquirido durante um ano do curso aos adolescentes das escolas municipais da Cidade. Caroline Menezes Caroline Menezes Na Oficina Querô, jovens estudantes aprendem técnicas de produção, roteiro, edição e fotografia, além de noções de cidadania “Sempre tive curiosidade de conhecer os bastidores de um filme, o que havia por trás das câmeras. A gente pensa que é impossível, mas o Querô leva isso até nós”, conta. O curso oferecido pelo Instituto forma 40 adolescentes, estudantes de escolas públicas municipais todos os anos. Os interessados se inscrevem e é feita uma avaliação de cada um para saber se corresponde ao perfil da entidade. No caso de Cássio, ele não estudava mais, viu o anúncio na exescola quando buscava um histórico escolar e decidiu se inscrever. Produção, roteiro, direção, fotografia, entre outras áreas que envolvem a produção de curtas e longas metragens, além de cidadania, humanismo e política são ensinados aos estudantes. Ao longo do ano, eles desenvolvem dois trabalhos: um curta-metragem e um documentário, este último ao final do curso. Os filmes produzidos são inscritos em festivais como o Curta Santos. A conquista da premiação no Festival de Gramado com o curta-metragem de Cássio sobre os carregadores do Monte Serrat foi a maior em oito anos. As aulas são ministradas no Sesc, no Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte) e na sede do Querô. Os ex-alunos são os responsáveis pela divulgação nas escolas de Santos. Querô na Escola O projeto Querô na Escola surgiu há quatro anos e tem como objetivo levar o conhecimento do cinema para dentro das escolas. Os alunos já formados na oficina de produção ensinam um pouco sobre a montagem de curta-metragens aos estudantes do 8º ano das escolas municipais de Santos e de Cubatão. Eles também auxiliam na gravação e montagem de vídeos que, posteriormente, são usados pelos professores dentro da sala de aula. Esses ex-alunos que se tornam professores e multiplicadores de conhecimento são os chamados oficineiros, assim como Cássio. Nona arte com toque caiçara Daiane Zanellato Daiane Zanellato Em comum, eles têm a paixão pelos quadrinhos. Cada um no seu estilo, mas todos em busca da propagação da cultura na região. André Marques Ferreira Rittes é professor universitário e especialista em quadrinhos norte-americanos. Sua paixão pelos personagens dos gibis começou ainda na infância, com o lançamento dos livretos da Marvel, que traziam em suas páginas super-heróis, como Hulk e Capitão América. Rittes passou a colecionar e se deleitar com as leituras dos incansáveis heróis. Tempos depois, já na faculdade, resolveu estudar profundamente as tiras norte americanas para fazer um trabalho de conclusão de curso. Na época, o projeto acabou não saindo, mas com o passar dos anos e com a aproximação do fim do mestrado, Rittes mergulhou de cabeça nas histórias e assim concluiu sua pesquisa tornando-se especialista na área. Para ele, o cenário dos quadrinhos na Baixada Santista está crescendo cada vez mais. “Antigamente era difícil a aproximação entre empresas que lançavam quadrinhos e tiras com pessoas de outras localidades. Hoje, com as novas tecnologias ficou muito mais fácil. É possível que empresas como a Marvel cheguem até nossa cidade e conheçam o trabalho das pessoas da região”. Nomes como Hermes Tadeu, famoso cartunista, desenhista e ilustrador, que viveu boa parte de sua vida em Praia Grande e fez história pelo mundo tornando-se colorista exclusivo do personagem Hulk são inspiraçãões para o especialista. Além dele, Marcel Rodrigues Paes, que dá o nome à Gibiteca Municipal de Santos é personagem da história dos quadrinhos na Baixada. “A Gibiteca teve início com o saudoso Marcel, foi com a coleção dele que tudo começou. Hoje, nós chegamos à marca de 30 mil exemplares”. Rittes recebeu no início deste ano um convite para trabalhar na Gibiteca. Hoje, tem a função de consultor técnico, avaliador de gibis e é responsável pelos eventos que acontecem no espaço. “É a primeira vez que tenho a oportunidade de colocar em prática todo o trabalho de 10 Cenário de quadrinhos na Baixada Santista está em ascensão pesquisa e conhecimento em relação aos quadrinhos. Estar aqui, trabalhando com o que gosto, com uma vista privilegiada e com pessoas interessadas em diferentes tipos de conhecimento são gratificantes”, ressalta. Modesto, Rittes diz não fazer desenhos para quadrinhos, porém quando mostrou alguns de seus esboços, chamados de hacheira (treino de traços diferentes para desenhos) a impressão é de estar próximo a um desenhista nato. Bar Assim como André Rittes, Alexandre Barbosa, conhecido como Bar, é outro santista amante da nona arte. A paixão de Bar pelos quadrinhos também começou quando pequeno. Aos seis anos, já reproduzia desenhos vistos na televisão. Já no Ensino Fundamental, seu pai passou a lhe dar mesadas que eram gastas com revistas dos grandes ídolos, os super-heróis. Formouse em Publicidade e Propaganda. Trabalhou em jornais, foi crítico de quadrinhos, mas abandonou a carreira para lecionar. Mais do que um mero ilustrador, Bar é um dos grandes nomes dos quadrinhos na Baixada Santista. Criou o fanzine Barata, que virou marco nos anos 80, quando ainda estava na faculdade. Hoje, quando está do outro lado, quer que seus alunos sintam-se Edição e diagramação: Natacha Negrão PRIMEIRA IMPRESSÃO w Setembro de 2013 instigados a produzir trabalhos criativos, que não se limitem às cópias. A única crítica relacionada ao mercado de quadrinhos na Baixada, segundo Bar, é o preconceito. “As pessoas ainda têm certo preconceito com os quadrinhos, que eles são coisa de criança, quando na verdade ele é um facilitador de leitura. Com o quadrinho você tem texto e imagem em um lugar só. Por isso, a pessoa aprende a conhecer cenários e depois quando embarca no livro pode viajar em um próprio mundo que ela previamente conheceu com a ilustração dos quadrinhos”, explica. Pelas Cores Outro grande nome na Baixada, quando o tema é HQs, é Emílio Baraçal. Assim como Rittes e Bar sua paixão pelos gibis começou ainda na infância. Seu personagem favorito é o Superman. “Fui levado a uma banca e não tinha uma HQ do Superman, comecei a olhar as HQs de outros personagens que tinham ali. Creio que devido às cores serem as mesmas, um exemplar de “Capitão América” chamou minha atenção e levei para casa. Tenho essa HQ até hoje, com uma capa do lendário Jack Kirby, onde o Capitão atravessa uma janela, vidros por todos os lados. Daí comecei a ler quadrinhos, devorando tudo o que via pela frente. Nesse momento, eu sabia o que queria fazer da vida”, diz Baraçal. Apesar da vontade de trabalhar no meio dos quadrinhos, o jovem artista não sabia por onde começar, mas não desistiu. Aos 12 anos, viu um anúncio de um curso de quadrinhos no Sesc Santos e depois de muita insistência, seus pais o matricularam. “Ali é que, de fato, as coisas começaram para mim.” Mas como todo bom profissional, Baraçal não queria apenas desenhar. E foi a partir dessa vontade que mergulhou no mundo dos quadrinhos, estudando todos os passos para chegar ao produto final. Hoje, o roteirista especializado em HQs está em um novo projeto, a Supernova Produções, que tem parcerias com profissionais nacionais e internacionais. “Há um trabalho que se chama “Entropia”, que não é para ser série, mas uma história fechada com começo, meio e fim, que tem por base uma banda de rock sueca chamada Pain of Salvation.” Apesar de ter se distanciado um pouco da arte de desenhar, o roteirista continua, como ele mesmo fala, “treinando para ficar cada vez melhor”. Baraçal ressaltou a importância da leitura de quadrinhos. “Os benefícios são que desde cedo, quem é leitor, pensa melhor, mais rápido e tem muito mais cultura do que normalmente a pessoa que não lê. Isso acontece porque o volume de publicações mensais é imenso, então a carga de temas éticos e morais discutida é extremamente intensa. Muito do que sei hoje devo aos quadrinhos”. Para quem acha que quadrinhos são direcionados para crianças, Baraçal deixa um recado: “Convido a todos, principalmente pedagogos, políticos e comunicadores, voltarem a ler quadrinhos. Tomarão um choque. Novas maneiras de desenhar, pintar e afins foram desenvolvidas. Escolas de pintura clássica foram incorporadas. Linguagens diferentes também. E, obviamente, novas maneiras de contar histórias”. Serviço A Gibiteca funciona de segunda a sábado das 9 às 19 horas, e no domingo das 9 às 14 horas. Avenida Bartolomeu de Gusmão, s/ n°, Boqueirão, Posto de Salvamento nº 5. Telefone: (13) 3288-1300). Na Bienal de Dança, a arte toma as ruas Pela oitava vez em Santos, evento trouxe artistas nacionais e internacionais e bateu recorde Rê Sarmento Vagner Lima Estabelecer um diálogo com diferentes espaços urbanos, dos teatros mais tradicionais às ruas do Centro, foi um dos desafios da 8ª edição da Bienal Sesc de Dança, que aconteceu entre os dias 5 e 12 de setembro, em Santos. Ao caminhar pela Cidade, qualquer cidadão pôde virar espectador. Além da unidade do Sesc, ruas, museus e praças do Centro receberam apresentações durante o evento. Ao todo, foram 22 espetáculos, oito performances, instalações, workshops, debates, exposições e lançamento de livros. O evento reuniu artistas de oito cidades brasileiras e quatro atrações internacionais da Bélgica, França, Uruguai e Chile. Por ter menos opções de Espetácvlo na Praça Mauá: Bienal de Dança procura estabelecer diálogo direto com a população Rê Sarmento Balé da Cidade: uma escola de talentos Aline Barboza O Balé da Cidade de Santos, formado por ex-alunas da Escola Municipal de Bailado de Santos, completa 10 anos em 2014. Segundo a sua coordenadora , a ex-bailarina Renata Pacheco, o Balé da Cidade é uma companhia profissional e foi idealizada para dar continuidade ao trabalho das bailarinas que se formam na Escola Municipal de Bailado. “O Balé da Cidade é nosso topo de ensino e é formado por alunas que estão com a gente desde pequenas”, conta Renata. Entre as premiações de destaque do Balé, estão as primeiras colocações no Youth America Grand Prix, realizado em Nova York, no Festival de Dança de Joinville e no Passo de Arte. Balé da Cidade de Santos: em quase dez anos de atuação, acumula premiações no Brasil e exterior espaços fechados na Cidade, a arte foi parar na rua. “Não pudemos usar o Teatro Coliseu nem a Cadeia Velha, que estão em obras. As intervenções foram voltadas para ocupação do espaço público, para fazer as pessoas participarem dos espetáculos”, explica Matheus José Maria, um dos responsáveis pela organização da Bienal. As inovações se transformaram em um público de cerca de 70 mil pessoas. “Este ano também tivemos um aumento de 15% nas vendas de ingressos”, diz José Maria. Além do público local, visitantes de outras unidades do Sesc do Estado desceram a Serra para acompanhar os espetáculos. Nesta edição, pela primeira vez, a Bienal disponibilizou o serviço de audiodescrição, que permite às pessoas com deficiência visual acompanhar apresentações por meio de descrições de tudo o que ocorre em cena. Os espetáculos O Que o Corpo Não Lembra, A Sagração da Primavera e Carta de Amor ao Inimigo foram comentados e detalhados, incluindo cenários, figurinos, movimentação de palco e gestos, entre outras coisas. Como funciona A partir de sete anos de idade, a criança pode ingressar na Escola de Bailado Municipal de Santos (EBMS) para fazer um curso que tem a duração de nove anos e formação em balé clássico. “A criança passa por um teste de seleção em que é avaliada a sua aptidão para dança clássica e o seu estado físico. Se ela preencher os requisitos necessários, pode fazer parte da escola”, explica Renata, que está na direção há 17 anos. A EBMS é responsável por formar várias gerações de bailarinos na região e seu principal objetivo é preparar alunos com um alto nível técnico. A escola conta hoje com cerca de 400 alunos. Paralelamente à Escola de Bailado, existem Corpos de Baile, formados por alunas que se destacam dentro da escola e divididos por idade, explica a diretora. Para se inscrever, os responsáveis devem acompanhar o Diário Oficial do Município. “As inscrições ocorrem sempre no início de fevereiro e é importante ficar atento para não perder o prazo, pois as vagas são limitadas, cerca de 100 no máximo”, explica Renata. Outras informações também podem ser obtidas pele telefone 32322169. As inscrições são gratuitas. Fotos: Vera Aragusuku Jade, destaque do Balé Jovem de São Vicente Aline Barboza Um dos destaques da região é a bailarina Jade Sayuri Aragusuko de Oliveira, de apenas 14 anos. Jade ingressou no balé aos quatro anos de idade e hoje participa do Balé Jovem de São Vicente, onde está há oito anos. A bailarina já participou de várias apresentações em grupo e individualmente, levando o nome da região ao pódium por várias vezes. Para Jade, o importante é gostar do que faz: “Treino das 15h30 até às 21h30 todos os dias. Não me canso porque gosto do que estou fazendo. Tem que se dedicar se quiser crescer dentro da dança”. Além de balé, Jade também pratica jazz contemporâneo e ginástica rítmica. (A.B). Jade de Oliveira: 10 anos de dedicação ao balé Edição e diagramação: Natacha Negrão PRIMEIRA IMPRESSÃO w Setembro de 2013 11 Rê Sarmento Rê Sarmento Ensaio Dança, teatro, pintura, grafismo, música, café e poesia fazem parte desse painel de imagens que ilustra parte da produção artística e cultural da Baixada Santista. Artistas, jornalistas, professores, estudantes e produtores culturais contribuem para o desenvolvimento e aprimoramento do setor artístico regional e agregam valores ensinando aos jovens, crianças e adultos uma nova forma de ver a vida, com um olhar mais sensível e perceptível aos fatos do dia a dia. Jéssica Branco Jéssica Branco Rê Sarmento Rê Sarmento Rê Sarmento