Manuel Alegre

Transcrição

Manuel Alegre
Manuel Alegre
Biografia
Filho de José de Faria e Melo Ferreira Duarte e de Maria Manuela Alegre de Melo Duarte,
a sua família tem referências na política e no desporto o seu trisavô paterno, Francisco da
Silva Melo Soares de Freitas, esteve nas revoltas contra D. Miguel I, foi fundador dos
caminhos de ferro do Barreiro e primeiro Visconde dessa localidade; o avô materno, Manuel
Ribeiro Alegre, pertenceu à Carbonária e foi deputado à Assembleia Constituinte em 1911,
bem como Governador Civil de Santarém; o avô paterno, Mário Ferreira Duarte introduziu,
com Guilherme Pinto Basto, várias modalidades desportivas em Portugal, e deu o seu
nome ao antigo Estádio de Futebol de Aveiro; o seu pai jogou na Académica e foi campeão
de atletismo o próprio Manuel Alegre sagrou-se campeão nacional de natação e foi atleta
internacional da Associação Académica de Coimbra nessa modalidade. A sua infância e
juventude encontram-se retratadas no romance Alma (1995).
À excepção dos primeiros estudos, feitos em
Águeda, o restante percurso escolar é marcado por
constantes mudanças de estabelecimentos de
ensino: fez o primeiro ano do liceu no Passos Manuel,
em Lisboa, no segundo esteve três meses como aluno
interno no Colégio Almeida Garrett, no Cartaxo, seis
meses no Colégio Castilho, em São João da Madeira e
depois foi para o Porto, concluindo os estudos
secundários no Liceu Alexandre Herculano. Aí fundou,
com José Augusto Seabra, o jornal Prelúdio.
Vai, em 1956, para a Faculdade de Direito da
Universidade de Coimbra. Pouco depois inicia o seu
percurso político, nos grupos de oposição estudantil
ao Estado Novo. Torna-se militante do Partido
Comunista Português em 1957. Enquanto membro da
Comissão da Academia, apoiou (em 1958) a
candidatura de Humberto Delgado à Presidência da
República. Não teve menor relevo na actividade
cultural: participou na fundação do Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra e
foi actor do Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra, deslocando-se para actuar
em Bruxelas (1958), Cabo Verde (1959) e Bristol (1960).
Em 1960 publica poemas nas revistas Briosa (que dirigiu), Vértice e Via Latina,
participando ainda na colectânea A Poesia Útil e Poemas Livres, juntamente com Rui
Namorado, Fernando Assis Pacheco e José Carlos Vasconcelos.
Em 1961 é chamado a cumprir serviço militar e assenta praça na Escola Prática de
Infantaria, em Mafra, de onde saía, pouco depois, para a Ilha de São Miguel. Aí desencadeia
o movimento de Juntas de Acção Patriótica de Estudantes, constituídas por militares e civis.
Além disso chega a traçar, com Melo Antunes e outros, um plano para tomar conta da ilha,
que não se concretiza. Em 1962 é mobilizado para Angola, onde é preso pela PIDE e
condenado a seis meses de reclusão na Fortaleza de S. Paulo, em Luanda, acusado de
tentativa de revolta militar contra à Guerra do Ultramar.
Manuel Alegre
Biografia
Na cadeia conhece escritores angolanos como
Luandino Vieira, António Jacinto e António
Cardoso. Regressa a Portugal em 1964. A ameaça
de nova detenção e de julgamento pelo Tribunal
Militar leva-o a passar à clandestinidade e a partir
para o exílio, tendo sido auxiliado pelo poeta João
José Cochofel, que o esconde no norte do país.
Chegado a Paris em Julho de 1964, participa na
Terceira Conferência e é eleito para a Direcção da
Frente Patriótica de Libertação Nacional (presidida por
Humberto Delgado). Isto dar-lhe-á a possibilidade de
depor, como representante dessa organização, perante
as Nações Unidas, sobre a sua experiência em Angola,
e contactar com os líderes dos movimentos africano de
libertação, como Agostinho Neto, Eduardo Mondlane,
Samora Machel, Amílcar Cabral, Mário Pinto de
Andrade e Aquino de Bragança. Entre 1964 e 1974 está
exilado em Argel, onde é locutor da emissora A Voz da
Liberdade. Entretanto, os seus dois primeiros livros,
Praça da Canção (1965) e O Canto e as Armas (1967),
circulam clandestinamente. Poemas seus, cantados
por Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira, tornamse emblemáticos da chamada resistência. Em 1968
entra em ruptura com o Partido Comunista Português,
em consequência dos acontecimentos da Primavera de Praga, em 1968, e da invasão das forças
do Pacto de Varsóvia naquele país.
Regressa a Portugal a 2 de Maio de 1974. Entra nos quadros da Radiodifusão Portuguesa, como
director dos Serviços Recreativos e Culturais, e é um dos fundadores (com Piteira Santos, Nuno
Bragança e outros) dos Centros Populares 25 de Abril, que pretendiam um papel cívico
complementar ao dos partidos. Ainda em 1974 adere ao Partido Socialista, de que foi dirigente
nacional, e é eleito deputado à Assembleia Constituinte, em 1975. É deputado à Assembleia da
República a partir de 1976, integrando também o I Governo Constitucional (de Mário Soares),
primeiro como Secretário de Estado da Comunicação Social, depois como Secretário de Estado
Adjunto do Primeiro-Ministro para os Assuntos Políticos. Também no Parlamento foi presidente da
Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros, vice-presidente da Delegação Parlamentar
Portuguesa ao Conselho da Europa, vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS e vicepresidente da Assembleia da República. Em 2004 foi candidato a secretário-geral do PS, perdendo
para José Sócrates e, em 2005, foi candidato independente às eleições presidenciais, obtendo
mais votos que Mário Soares, então candidato oficial do PS. É membro do Conselho de Estado e
das Ordens Honoríficas de Portugal. É coordenador do Movimento de Intervenção e Cidadania. É,
novamente, candidato à Presidência em 2011
Além da actividade política, salienta-se o seu proeminente labor literário, quer como poeta, quer
como ficcionista, sendo a sua obra dominada, tanto pelo espírito combativo, como pela amargura
da prisão. É o único autor português incluído na antologia Cent poemes sur l'exil, editada pela Liga
dos Direitos do Homem, em França (1993). Entre os seus inúmeros de poemas musicados contamse a Trova do vento que passa. Pelo conjunto da sua obra recebeu, entre outros, o Prémio Pessoa
(1999), sendo de mencionar também o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de
Escritores (1998). É sócio-correspondente da Classe de Letras da Academia das Ciências de
Lisboa, eleito em 2005.
Manuel Alegre
Biografia
Poesia
1965 - Praça da Canção
1967 - O Canto e as Armas
1971 - Um Barco para Ítaca
1976 - Coisa Amar (Coisas do Mar)
1979 - Nova do Achamento
1981 - Atlântico
1983 - Babilónia
1984 - Chegar Aqui
1984 - Aicha Conticha
1991 - A Rosa e o Compasso
1992 - Com que Pena Vinte Poemas para Camões
1993 - Sonetos do Obscuro Quê
1995 - Coimbra Nunca Vista
1996 - As Naus de Verde Pinho
1996 - Alentejo e Ninguém
1997 - Che
1998 - Pico
1998 - Senhora das Tempestades
2001 - Livro do Português Errante
2008 - Nambuangongo, Meu Amor
2008 - Sete Partidas
Ficção
1989 - Jornada de África
1989 - O Homem do País Azul
1995 - Alma
1998 - A Terceira Rosa
1999 - Uma Carga de Cavalaria
2002 - Cão Como Nós
2003 - Rafael
Outros
1997 - Contra a Corrente (discursos e textos políticos)
2002 - Arte de Marear (ensaios)
2006 - O Futebol e a Vida, Do Euro 2004 ao Mundial 2006 (crónicas)
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Alegre
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