Sobreviventes e heróis de Santa Maria

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Sobreviventes e heróis de Santa Maria
Nº 12
Sobreviventes e heróis de Santa Maria
A cirurgiã plástica Maria da Graça Costa, há 36 anos no GHC, é um exemplo entre as centenas de profissionais da
Saúde do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) que cuidaram e continuam cuidando dos sobreviventes da Boate Kiss.
Passados mais de cem dias a tragédia segue emocionando o Brasil e o mundo, pois o incêndio,
ocorrido em 27 de janeiro, causou a morte de 242 jovens.
Por Jorge Olavo de Carvalho Leite
A cirurgia plástica Maria da Graça Costa, 59 anos, responsável
técnica pela Unidade dos Queimados, estava em São Francisco de Paula
(há 112 km de Porto Alegre), em 27 de janeiro, quando ouviu a notícia da
tragédia de Santa Maria. Telefonou para o Hospital Cristo Redentor
informando que retornaria imediatamente para atender os primeiros
queimados da Boate Kiss.
Médica experiente e acostumada com o dia-a-dia de uma Unidade de
Queimados sofreu intensamente: “Eram meninos e meninas lindos, com a
idade de 20 anos, pouco mais, pouco menos. Nunca os esquecerei”.
Além das qualidades técnicas aperfeiçoadas ao extremo, Maria da
Graça tem a capacidade de colocar-se no lugar das pessoas. Um exemplo
foi ao escrever via facebook para uma das sobreviventes da tragédia de
Santa Maria, para consolá-la do desespero que a invadiu ao acordar numa
UTI e saber que seu noivo fora um das centenas que morreram na Boate
Kiss.
Maria da Graça contou para a jovem que entendia sua dor ao recordar
a perda do marido, em 1991, quando tinha pouco mais de 30 anos e três
filhos pequenos: Luís Felipe, 4 anos, Maithe, 9 anos e Iasmine,12 anos.
A médica mergulhou no trabalho. Foi a primeira a atender urgências no
Pronto Socorro de Canoas, na parte de cirurgia plástica, além do trabalho
diário na Unidade de Queimados do Hospital Cristo Redentor e do
concorrido consultório particular.
Seu nome como médica começou a ser reconhecido
internacionalmente, sendo convidada para congressos, inclusive, na China.
Participou na criação de remédios que são usados em todo o mundo para
tratamento em queimados. Por tudo isso, é uma mulher realizada em muitos
aspectos e consegue, além das milhares de pessoas que atendeu, atende e
atenderá ao longo de sua vida, transmitir muita paz e crença no futuro.
Expediente
Diretoria do Grupo Hospitalar Conceição
Carlos Eduardo Nery Paes (Diretor-Superintendente),
Gilberto Barichello (Diretor Administrativo e Financeiro)
Assessoria de Comunicação Social
Coordenador de Comunicação Social: Alexandre Costa (mtb - 7587)
Edição: Andréa Araujo
Redação e Reportagens: Jorge Olavo de Carvalho Leite
Designer Gráfico: Sulivam Gonçalves dos Santos
Equipe: Renata Rodrigues Lopes (Eventos), Lourdes Elisabete Tamiozzo (Administrativo),
Nathalie Evelyn Sulzbach, Francieli Valdez, Shaid William, Richard Borges, Maité Martin,
Karilson Mello Furtado, Lucas Behrends (Estagiários de Comunicação).
Como o fez com Juliano de Almeida da Silva, 21 anos, que,
permaneceu três meses internado na Unidade de Queimados do Cristo
Redentor, um dos hospitais do Grupo Conceição. Depois, uma vez por mês
viaja de Santa Maria para Porto Alegre, recebendo os cuidados médicos da
cirurgiã plástica, Maria da Graça.
Vida breve
Anna Carolina Soares, uma bonita jovem de 18 anos estava na Boate
Kiss na madrugada de 27 de janeiro, quando o vocalista da Banda Gurizada
Fandangueira acendeu um sinalizador atingindo o forro. Seu revestimento
acústico era de poliuretano, e o fogo gerou monóxido de carbono e cianeto
de hidrogênio, gases tóxicos que provocam pneumonia química causadora
de centenas de mortes. As chamas e a fumaça tomaram conta do ambiente.
Anna Carolina sentia-se segura com seu noivo Juliano de Almeida da
Silva, mas o casal foi separado por dezenas de jovens desesperados para
sair pela única porta disponível. Ali muitos morreram pisoteados. Outros
morreram de pé comprimidos uns contra os outros. Anna desmaiou e foi
retirada da Boate por um desconhecido, o mesmo acontecendo com
Juliano.
Ambos foram transportados para UTIs em Porto Alegre em aviões da
Força Aérea Brasileira (FAB). Anna para a Santa Casa, Juliano para o Cristo
Redentor, primeiro para a UTI e depois para a Unidade de Queimados,
sendo assistido pela médica Maria da Graça Costa.
A jovem foi a primeira a sair da Santa Casa. Em vez de retornar para
Santa Maria onde cursava Engenharia de Alimentos na Universidade
Federal, decidiu ficar em Porto Alegre, cuidando de seu noivo no Hospital
Cristo Redentor. Anna jurou que cuidaria de Juliano até sair do hospital e,
depois, casaria com ele, pois, apesar de ter apenas 18 anos, aprendera que
a vida pode ser breve.
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