“Pareço legal, mas...”,“O Evangelho Tiro e Queda

Transcrição

“Pareço legal, mas...”,“O Evangelho Tiro e Queda
“Como palavras na aljava”
Palavras. Gosto delas. Juntas, podem fazer mais iluminado o dia de alguém que se ama.
Se acompanhadas de flores, então, eternizam momentos. De tão solícitas que são, permitem-se ser impressas no papel, na pedra, na madeira e até na alma. Sua cumplicidade
é tamanha que exige do outro o mesmo idioma, a mesma língua, o mesmo sentir. Sem isso, tudo se torna nublado e o desejo se perde em meio às línguas estranhas.
Palavras são poderosíssimas. Como flechas depois de lançadas, não podem mais voltar
para a aljava. Quando o arqueiro é experiente, somem de vista e ainda acertam o alvo.
Porém, de tão ingênuas que são, podem tornar-se armas nas mãos do vilão e destilar o
veneno em que foram mergulhadas. Já os inexperientes e tolos, simplesmente erram o alvo. Miram na maçã, mas acertam a garganta e nela dão um nó que só o perdão desata.
O alvo está cheio de buracos. Tentativas inúmeras que lembram as marcas de alguém que ouviu e não esquece, perdoou, mas está marcado. A remissão vem da última flecha. A
derradeira, a que sobreviveu ao tempo, a que foi embebida
no amor. Feliz é aquele que não teme lançá-la!
Mas ninguém faz melhor uso delas quanto o Eterno. Quando decidiu do nada, tudo
criar, foi com esta que chamou do caos à existência: “Haja!”. Ele poderia os dedos estalar ou simplesmente imaginar. Quem sabe, num sopro, tudo criar. Mas não… Talvez
quisesse uma dica nos dar: “Eis a resposta para tudo: minha Palavra declarar”.
Ao entrar em Cafarnaum, Jesus se depara com um oficial que lhe pede ajuda: “Meu empregado, paralítico, sofre terrivelmente”. Mas quando Cristo se oferece para ir à casa
daquele homem e curar seu empregado, o reconhecimento de que estava diante do Divino constrange o oficial. “Não sou digno de Te receber na minha casa!”. Certamente, a
gentileza e simplicidade de Jesus contornariam a situação, não fosse a inesperada expressão de fé daquele homem: “Senhor, basta uma palavra sua!”.
Quando sofremos, somos cercados por nuvens de temor. Fantasmas do passado assolam
nosso existir: “Outra vez, Senhor?”. Somos tomados por uma confusão mental tão
grande que nosso desejo é sair correndo e sumir. Mas como flecha lançada pelo Eterno,
a Palavra do Senhor, hoje, te alcançou e te atingiu em cheio! Lembre-se: basta uma
palavra.
Portanto, não sei se você esperava por vento, terremoto ou fogo, mas desta vez, o Senhor te fala no murmúrio de uma brisa suave: “Vai passar, Eu ainda não disse basta!”
No amor do Pai,
Roger
“Queime seus navios”
Responda sem pensar: o que as pessoas buscam? Talvez, “felicidade” seja a palavra que
nos vem à mente num primeiro momento. Mas permita-me lhe sugerir um outro prisma
de reflexão. Acredito que o que a maioria das pessoas busca é “segurança”. Penso isso
porque viver apenas momentos de felicidade pode esconder uma vida extremamente infeliz. Aliás, felicidade e segurança não caminham necessariamente na mesma via.
A Bíblia nos conta a história de uma viúva em Sarepta que estava à beira da morte preparando a última refeição para si e para seu filhinho. Porém, logo após a palavra profética de Elias, o Senhor lhe trouxe a segurança de que não faltaria azeite, nem farinha enquanto não chovesse novamente. Que alegria, não é? Ser salvo da morte pelo sobrenatural de Deus. Contudo, imagine comer bolo no café, bolo no almoço e bolo na janta por
cerca de 3 anos e meio. Por isso, é bom lembrarmos que, para esta vida, o Senhor nos
prometeu sustento, não mordomias.
A verdade é que as pessoas querem felicidade e segurança
como se estas fossem “um sonho de açúcar mascavo embrulhado num papel de seda azul”, para citar João Alexandre. Mas, creio firmemente que o Espírito Santo me inspira a lhe
dar um conselho que, de tão simples, pode até ser ignorado:
se o Senhor lhe der a segurança que você tanto busca, você
fatalmente irá desprezá-Lo.
A viúva estava tão convicta de que ela e seu filho haviam sido salvos da morte definitivamente pelo Deus de Elias que certamente sentia-se segura com a presença do profeta
ali. Ironicamente, seu filho adoeceu e morreu. Sabe o que ela disse ao profeta? “Qual é
que é, profeta? Você veio aqui esfregar meu pecado na minha cara e matar meu filho?”
Elias, por sua vez, não deixou por menos, virou para o Eterno e disse sem papas na língua: “Qual é que é, Deus? Até essa mulher que está me hospedando você resolveu maltratar?”
Sabe qual o nosso problema? Recebemos o sustento de Deus uma vez na vida e folgamos, relaxamos, deixamos de buscá-Lo, cessamos o clamor… E pior, depois de algum
tempo estamos reclamando que tudo o que temos nessa vida é “bolo”. É nesse momento
que Deus nos tira algo que amamos desesperadamente como se ama a um filho.
Portanto, pare de colocar toda a sua esperança em seu emprego atual, naquele amigo
que se comprometeu em te ajudar, na “blindagem” que te prometeram após aquela oferta ou na força do seu próprio braço. Tudo isso é passageiro! Creia que quem te colocou
onde você está foi O SENHOR!
Quando o conquistador Hernando Cortez chegou ao México, mandou que seus homens
queimassem os navios em que vieram da Espanha porque a missão era tão importante,
que Cortez não queria ter uma segunda opção, a não ser encontrar tesouros. Por isso,
queime seus navios, aqueles que lhe dão a falsa sensação de segurança. Deus lhe chamou para uma grande missão e você não pode voltar atrás. A insegurança pode ser, na
verdade, um instrumento do Senhor para que você dependa exclusivamente dEle e não
de suas forças.
No amor do Pai,
Roger
“How deep is your love”
…MAS AGORA ERA UM RIO QUE EU NÃO CONSEGUIA ATRAVESSAR, PORQUE A
ÁGUA HAVIA AUMENTADO E ERA TÃO PROFUNDA QUE SÓ SE PODIA ATRAVESSAR A NADO; ERA UM RIO QUE NÃO SE PODIA ATRAVESSAR ANDANDO. EZ.
47.5
Embora Calvin Harris esteja bombando no mundo todo com a voz da norueguesa Ina
Wroldsen, o Google ainda reverencia (mesmo que discretamente) os famosos Bee Gees
e as mais de 400 regravações de seu sucesso dos anos 70. Contudo, as duas canções
têm apenas o mesmo título. Quem se declarou à pessoa amada ao som da lendária banda inglesa, certamente não pode contar com a ajuda da versão dançante do DJ. Mesmo
assim, é perfeitamente compreensível existirem (inclusive) diversas outras canções mundo afora com o mesmo intrigante questionamento. Afinal, todo mundo ama. De uma forma ou de outra, ama. Contudo, a pergunta é: quão profundo é esse amor? Ina foi ainda
mais direta que os Bee Gees: “É como o oceano?”
Antes de voltar para o Pai, Jesus teve um último e inesquecível encontro com Pedro. O
discípulo, talvez ainda envergonhado e com seu espírito inquieto por ter negado o
Mestre, vê-se diante da tal pergunta que não quer calar: “Pedro, você me ama?” A
riqueza do idioma, neste caso, permitiu uma pergunta muito mais direta do que a retórica questão da profundidade, porque o grego utiliza quatro palavras distintas para amor.
Naquela refeição memorável, Jesus começa perguntando se Pedro o amava com o amor
ágape, o amor mais profundo, incondicional, que se doa, se entrega. Pedro, porém, ainda exposto por ter negado o Senhor publicamente, é honesto e reconhece: “Senhor, eu
te amo [filéo]” Parece-me que Pedro está dizendo: “Amo, Senhor, mas meu amor não é
tão profundo quanto o Seu…” – A palavra “filéo” está mais associada ao amor entre amigos.
Caminhei com você por toda essa reflexão apenas para dizer-lhe isto: você só saberá o
quanto ama o Senhor quando não puder mais sentir seus pés tocando o chão.
Dizer que somos dependentes de Deus enquanto temos água pelo tornozelo é no mínimo
precipitado, você ainda pode ir para onde quiser. Dizer que se vive pela fé enquanto a
água está batendo apenas na cintura é falácia, você ainda pode controlar seu corpo.
Porém, quando seus pés não sentem mais o chão e o oceano inundou tudo ao seu redor,
você pode finalmente parafrasear Paulo: “…agora não sou eu mais quem conduz, mas
Cristo que vive em mim”
Jesus não entristeceu-se com a resposta de Pedro, tampouco recriminou-o por sua falta
de amor incondicional, pelo contrário, Ele “desceu” – questionou-o usando a mesma
palavra que o discípulo havia usado, e disse mais ou menos assim: “Pedro, eu sei que
você ainda não me ama tão profundamente, mas faça minha obra, porque quando você
era menino você conduzia sua vida. Em breve, você será conduzido…”
Que possamos mergulhar definitivamente neste oceano de graça, certos de que o nosso
amor por Ele é profundo ao ponto de Lhe entregarmos o controle total de nossa vida. Entregue-se definitivamente a esse amor!
No ágape de Cristo,
Roger

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