soronda - The Harriet Tubman Institute

Transcrição

soronda - The Harriet Tubman Institute
SORONDA
REVISTA DE ESTUDOS GUINEENSES
SUMARIO
.
'.
• Mario de Andrade: a grande ausencia
3
• Bolama: centro de interesses imperiaIislas africanos,
europeus, euro-africanos e americanos
George E. Brooks
5
• Uma perspectiva hist6rica
da coopera9ao tecnica em Africa
Carlos Lopes
39
• 0 programa de Ajustamento na Guine-Bissau
e a discussao de urn mode1o
Fernando Padovani
55
• Programas de Ajustamento E~truturaI e implica0es locais:
o caso dos pescadores artesanais na Guine-Bissau
Inger Tvedten
65
• Guine-Bissau: 0 impacto do Programa de Ajuslamento
EstruturaI sobre 0 bem-es:ar
dos pequenos proprictarios rurais
Magnus Alvesson e Mario Zejan
81
• Documentos
PoIfticas e instrumentos
Comissao Econ6mica para a Africa
105
• Notas de Ieitura
Naissance de Ia Guine. Portugais et Africains
en Senegambie (1841-1936), de Rene Pelissier,
George E. Brooks
133
• Hist6ria da Guine-Bissau. Portugueses e africanos
na Senegfunbia (1841-1936), de Rene Pelissier
Daniel A. Pereira
137
• Actividades do INEP
~ 145
que trilhou os caminhosda luta annada com uma canetae n~o com 0 f\1sil.
A sua anna eram capftulos e n~o cartucheiras. As suas preocupa~s e
inte1TOga~s perfuravam ideias estabelecidas e n~o corpos humanos.
mas ambas as ac~ eram necess4rias nesse combate pela noite adentro
em busca do sol independente.
Deixou de acred1tar no Homem Novo porque se deu conta que ele j4
existia: estavaescondido nas contradi~s do serpresente. no requinte da
nuance insistente. ml certeza do amanh~ sen~o vitorioso pela menos
ambicioso.
Seria radiante terM4rio de Andrade connosco na nova etapa da nossa
reflex~o. As suas inte1TOga~lles muito contribuiriam para propagar 0
v(rus liternrio ou investigativo.
Mas 0 v(rus que 0 matou foi outro.
Carlos Lopes, Dezembro de 1990.
·f
BOLAMA:
CENTRO DE INTERESSES
IMPERIALISTAS AFRICANOS,
EUROPEUS, EURO-AFRICANOS
E AMERICANOS(*)
o papel desempenhado individualmente
por euro-africanos e ajricanos durante a era do
imperialismo ainda esta por ser convenientemente
tratado.
George E. BROOKS
Introdu~ao
Ailha de Bolama, de largura irregular. estende-se por mais de 20 kIn
de comprimento. Encabe~a urn canal estreito de 4guas profundas que
oferece uma passagem estrategica aos marinheiros que viajam entre os
rios Grande e Geba e lugares mais distantes. Seculos antes das viagens
de reconhecimento europeias. nos meados do secuIo XV, os Biafadas que
habitavam ao longo do rio Grande tiImam montado uma rede comercial
costeira e ribeirinha que ligava os grupos Sape (Landum~es. Bagas.
Temenes. BuIlles/Sherbro) que viviam ao suI. aos Papeis e outros grupos
associados hrede mercantil dos Banb.uns-Bale ao norte do rio Geba. e aos
MVcrsio revista pelo autor da comunica9io apresen.rada ao CoI6quio Intemacional «Bolama•
Ciminbo Longe». realizado em Bissau c Bolama de 20 a 23 de Novembro de 1990.
5
mercadores mandes que frequentavam as zonas altas DOS rios Geba e
Corubal. Os Biafadas trocavam cola, malagueta e outros produtos
obtidos DOS Sapes, por sal, ferro, tecidos de algodlIo e outros generos
vindos das redes comerciais DOS Banhuns-Bak e Mlilldes.
A chegada DOS europeus na decada de 1440 favoreceu a expanslIo do
comercio da Africa Ocidental. Os portugueses e caboverdianos nlIo
tardaram em conhecer os meandros do comercio das costas e rios e
durante 0 seculo XVI ja competiam pelos mercados em coiabora91I0 elou
conco~ncia com os comerciantes africanos. Durante 0 sec. XVII, os
holandeses, franceses e ingleses substituiram os comerciantes portugueses e caboverdianos na Senegfunbia e passaram a desafia-Ios cada vez
mais ao longo da Costa da Alta Guine. Durante os sees. XVIH e XIX
Bolama tomou-se 0 centro de ,interesse de imperialismos concorrenciais
uma vez que africanos, euro-africanos, europeus e americanos procurayam controlar os seus ponos e recursos, quer reais quer imaginarios.
Bolama era cobi9ada devido 11 sua localiza91I0 estrategica em rela9 1I0
?S ro~as come~iais DOS rios Grande e Geba, que faziam a liga91I0 com 0
mtenor, e devtdo 11 reputada salubridade do ambiente e fenilidade do
solo, que contrastavam com as terras baixas e pantanosas da costa
adjacente e das ilhas do arquipelago DOS Bijag6s. Durante 0 sec. XVIH,
/)s comerciantes franceses escolheram Bolama como base da expanslIo
para 0 sui, a partir do Senegal. Uma sociedade colonizadora britiinica
estabeleceu sem sucesso uma col6nia em 1792, e entre 1820 e 1830 os
membros da American Colonization Society enalteceram as potencialidades de Bolama como pane de uma quimerica «na91I0 afro-americana.»
No entanto, os que mais lutaram pelo controle de Bolama e do
r.omercio DOS rios vizinhos foram os luso-africanos ecaboverdianos, que
~esde os anos 80 do sec. XVIII concorreram com os anglo-africanos e
mgleses que operavam desde os rios Nunez e Pongo, lIes de Los, e desde
F~to~,na Serra Leoa. A concorrencia intensificou-se a panir da
clecada de 1830 COm a chegada de crescente numero de comerciantes
J:~~s, franco-africanos e senegaleses vindos de Goree e de Saint,),,);. ,~~is.. <.>s gru~~comerciais concorrentes eram apoiados pelos fun;;><;t,~~o/lB~,~lonuus e pelos oficiais navais portugueses, britiinicos e
!.>,,);~~~ll~!ll~!ecidosna Africa Ocidental e,' 11 medida que a partilha do
"\i).i.;!ilI~IJ~~~~~~,al(ll!eraya! Plllo~ interessespr6-imperialistas exis>')ii ,.n!;~~m~~:q~resen~ lI'a~aIl10trata.as. evolu9t'les operadas ate
,eli
0~~I,~~j~"'.,,<.> destino,de· Bolama napartilha colonial foi
r~~£1~~9s.~ruJ82q~ra.pitragemamericana, durante 0
"ys~..,Oranl.
",
; 6
,
Bolama e a rede comercial biafada-sape
Talvez desde 0 sec. XII, os marinheiros biafadas desenvolveram urn
comercio costeiro e ribeiridto com os Sapes que viviam ao longo da
Costa da Alta Gume, obtc~dc cola, malagueta e outros produtos da
savana arborizada e das wnas fiorestais, os quais eram trocados por sal,
roupas e anefactos de ferro com os mercadores associados 11 cede
comercial DOS Banhuns-Bak que se estendia ao none do rio Geba. Os
mercadores mandes encontravam-se com os mercadores dos grupos
Biafada-Sape e Banhum-Bak nos mercados ao longo DOS rios Corubal,
Geba, Cacheu, Casamansa c Gfunbia, e as rotas das caravanas mandes
ligavam 0 terminal sui das rotas transarianas ao longo DOS rios Senegal
e Nfger (Brooks 1988: capftulos 4 e 5).
NlIo ha registos sobre as reia9t'les entre Biafadas e Bijag6s antes da
chegada DOS europeus. ProvaveImente 0 arquipelago DOS Bijag6s era
esparsamente habitado por grupos que pouco tinham a negociar com os
mercadores biafadas, com os quais mantinham apenas contactos esporadicos. Tais circunstiincias alteraram-se com a chegada DOS traficantcs europeus de escravos, que cncorajaram os homens do mar bijag6s a
empreenderem ataques predat6rios contra os Biafadas e outros grupos
que habitavam 0 continente. T~rl!o sido os ataques comerciais bijag6s
que provocaram uma expedi91I0 biafada contra os Bijag6s nos finais do
sec. XV,liderada por Famer.a, regulo DOS Biafadas de Gufnala (Donelha
1625/1977: 158-159). Ao que parece os Biafadas ganharam, ou consolidaram,ocontrolesobre asilbasdeBolamaedasGalinhas,para assegurar
uma passagem segura as embar~a9t'les comerciais biafadas que atravessavam 0 arquipelago DOS Bijag6s em direc91I0 aos mercados sapes
situados a sui, ao longo da Costa da Alta Guine. Apenas a investiga91I0
arqueol6gica nos podera direr se os Biafadas se estabeleceram nessas
ilhas ou apenas as usavam com/) ancoradouro.
Durante 0 sec. XVI,Ian9ados e tangomaos juntaram-se aos marinheiros biafadas e usaram navios de tipo europeu para transponar grandes
quantidades de cola e outros produtos, provocando ao longo DOS rios
Geba e Corubal uma expansllo do comercio biafada com os Papeis,
Banhuns e Mandes que faziam a Iiga91I0 com os mercados do none e do
leste. Os Biafadas podem ter encorajado uma desastrosa tentativa DOS
ponugueses de se estabelecerem em Canhabaque em 1538. NlIo se
conhecem muitos detalhes, mas sabe-se que a expedi9l!0 inclufa homens
DOS A9Qres e do arquipelago de Cabo Verde. Depois disso os Bijag6s
recusaram-se durante anos a comerciar e matavam as tripulageles das
7
sa de Cacheu para criar uma nova comunidade comercial em Bolama
(Hair 1990: 4-5). Lemos Coelho compara as vantagens de Bolama:
embarca~t'les
que encalhavam nos canais trai~iros do arquipeJago
(Almada c. 1594/1984: 99-100; Mota 1978: 18). Quando os Bijag6s
retomaram 0 comercio com os portugueses e caboverdianos, foi com 0
objectivo de venderem os cativos feitos nos seus raides.
o fracassado ataque dos ponugueses a Canhabaque podera ter dado
aos Bijag6s meios sem precedentes para atacar outros grupos, ja que as
espadas e outras armas e bens (incluindo pequenas embarca~s?)
capturados aos invasores devem terprovido as expedi~t'les que atacaram
as povoa~s entre os rios Cacheu e Cacine. As suas vitimas - Biafadas,
Papl!is, Diolas e outras etnias - recorreram a medidas desesperadas,
chegando ate a modificar a constru~ao das habita~oes na tcntativa de
melhor se defenderem contra os ataques bijag6s. Nos primeiros anos do
sec. XVII, os raides bijag6s for~aram os Biafadas e os lan~ados a
abandonarem as povoa~s ao longo dos bra~s inferiores do rio Grande.
Os comerciantesportuguesese caboverdianos acharam mais conveniente
abandonaros Biafadas asua sone e aliarem-se acausa dos Bijag6s, capturadores de escravos, enquanto os lan~ados aproveitavam-se da fraqueza dos Biafadas para os suplantarem no comercio costeiro da cola (Mota
1974: 260-265. e mapa frente a pag. 262; Brooks 1988: capitulo 11).
Apesar de durante estes seculos de comercio e conflito terem afluido
muitos marinheiros aos ponos e ancoradouros de Bolama, nem as
tradi~t'les africanas nem as fontes europeias registam 0 nome de qualquer
povoa~ao na ilha. Documentos europeus indicam que Bolama era uma
terra de ninguem, sem povoa~s permanentes quer dos Biafadas quer
dos Bijag6s. Ca~adores exploravam a ilha, atras de grandes manadas,
incluindo numerosos elefantes cujo marfim era urn imponante produto
decomercio. Os Bijag6s de Inorei, em Canhabaque, reivindicaram as
ilhas.de Bolama e das Galinhas. mas as suas tradi~oes reconhecem que
os Biafadas frequentemente lhes levavam vantagem nas guerras. Os
Bijag6s cultivavam arroz em Bolama durante a esta~ao das chuvas,
quando as tempestades e as perigosas condi~s de navega~aoimpediam
'exjJl:di~t'lesbelicas e os Biafadas estavam igualmente preocupados com
«Tem esta ilhahwn rio que ailevide da terradeGuinala.
o qual tem hii'a boca dentro do rio Grande, e outra saif-fora
defronte da ilhadeBissao.0 qual rio terade lar~~ra hu bom
tiro de escopeta, mas muito[undo. E eu entrel Ja por hila
boca e sahi pella outra, que como andava neste te"!p0 e~
lanchas que demandavaO pouca agoa a tudo me amscava,
se bem em 0 rio podem entrar e navegar por elle grandes
navios, e nesse rio podem os navios invernar ancorados
com amarras podres.
. _ .
Em esta ilha de Bulamafoi de parecer 0 ~apltao Ch;IStovao de Mello (homemuito pratico e antigo en Gume)
quando sefalava em se mudar apovoa,'!D ~e Cacheo, q~e
em nenhii'a parte convinha quef0c.e a p~mclpal fovoa,ao e
asistencia do capitaO mor, senao aqUl n~sta ll~, dando
muitas rezoes, mais lias que tenho dito, mUlto eIJUlvale?t~s,
e de home taO pratico de todo Guine, e de tao claro JUIZO
pera se seguir 0 seu parecer. £.u, por naO parecer perluxo.
as deixo, apontando s6 as malS for,osas.
. .
[Bolamal fica no meyo de toda a Cost~ de Gume. a
viagem da Serra Leoa maisperto, apovoa,ao de Gebapara
o negocio da Colla dentr? de Casa; o~ Bijagos defro,,!e, a
viagemda Costa eGambza 0.. mesma.vlagem, e.menos r1s:os
de baixos; os vesinhos case~ros 0 mllhor gentl.o, que sao os
Biafares, que tem todo 0Guine; esobre tudo livre de ~anto~
perigos como tem os baixos da barra de Cacheo. Aqul serao
logo os moradores senhares da terra e poderOO faser na
ilhafasendas grandiosas.
E em Cacheo naO somente naO tem hwn palmo da terra.
senaO nem agoa para beberem, que as vezes lhes ~usta
tanto e a comprlio too cara, como os soldados de DaVid na
ciste;na de Betlem. E como ja apontei gra~de aparelha
pera as fabricas de novios e rio bello pera mvernarem. e
prayas famosas pera darem monte»
(Lemos Coelho 1684/1953: 190).
.a~gti~ltura(Scantambur1o1990).
~.Z,;cy'f~?is?odeLeJn0s~oelhO, urn cabover<liano engajado no comercio
c
'.
":// cp~~eIi~·~~decadasde.l640e1660, descreveu Bolama como sendo
:i~;~;'< d~~!>!~<Ia,Jle~doll~sataques bijag6s e exaltou os seus recursos madei"",;~~l1l\tiiiJI.Con.stru~i().deembarca~s e as suas potencialidades como
'"yo ..•••.•.. CQtteP<J.~\9~erl:illy?i; ..••
r~g;.tllI~~<juena~e9l1l.1ade.1
~ (?)seu ptimo. 0 capitao
>'.,'. ., '.,. . • :;••,.•. . . .•. ,. •.,•
c• •' .
···~:Meloi~coll1,endouqueseabaildonasseafeitotiaportugue:<.:-('.'::::.',",':,::
.
·8..".
':':::',,-;i'::_~;'::~-::>'~">:
"'C";"<'
"
/
." ''"; .••,.
,
"l
Lemos Coelho e urn informante extraordinariO; nenhum dos relatos a
seguir citadDs revela tal conhecimento e perspectivas sobre Bolama e 0
comercio da Africa Ocidental.
:&
l.~'
\j~t~~;i.i>.~£I~i~~~~'IJi)~~/:1~. ~~k. ~., ~·~~~li4liil~~:
;•.
..
..;;.
sau
Bolama mas nlio criou uma feitor;a. A guami~ao p<'drtufinhguesa detJ3;s7 65
,
.
pessoal e a col6ma e ou a <;
,
recebia poucos manl1me~IOS eGrao Pa~a e Maranhao expediu refo~s
data em ~~e a comPanhi a d091O. 252-253' VI 1912: 217-218; Rodney
substanclals (Barcellos lV 1 .
,
1970: 244-248).
ta amentretantoosriosGebaeGrande.
Embarca<;bes francesas frequen v
.,
B I
.
dante de Goree na decada de 1750, VISltou 0 ama
Samt-Jean, coman
.
anente na ilha (Wadsvarias vezes e defendeu urn estabcleC;lme~~:::oram feitas porPoncet
trom, II Pane, 1795: 143).propos~~e 1763 e por Jean-Baptiste
de la Riviere~ comandante de ;:e:: livr~ publicado em 1767
Dcmanet, anlIg; calXf~~5?~3~132; 143; Machat 1906: 92-93; J~re
(Wadstrom, II ane, . . batadOrdeDamenetexaltavaopotenclai
1965: 47-48). opanegfncoalarre sua madeira este ultimo prevendo 0
agricola de Bolama e 0 v or da
utos afri~anos paracomplementar
interesseeuropeudosec. XIXporprod 'dos pela procura crescente da
ou substituir recursos europeus exaun
Bolama e a expansao comercial francesa
Durante as l1ltimas decadas do sec. XVII comerciantes franceses,
ingleses e holandeses expulsaram os portugueses e caboverdianos da
Senegambia e concorreram pelos mercados existentes ao longo da Costa
da Alta Guine. Os interesses comerciais franceses monopolizaram 0
comercio do rio Senegal, e ap6s tomarem a ilha de Goree aos holandeses
em 1677, dominaram 0 comercio da Petite Ct5te. Os ingleses concentraramose no comc!rcio e trocas no rio Gambia, ao longo da Costa da Alta
Guine, das nes de Los 11 ilha Sherbro. Os portugueses e luso-africanos
defenderam tenazmente os seus interesses comerciais entre os rios
Gambia e Serra Leoa.
Os comerciantes franceses esfo~aram-se durante decadas porsuplantar os portugueses em Bissau, ou - na impossibilidade de 0 conseguir
-, por criar urn entreposto competitivo. Repetidas vezes Bolama foi
considerada com este tim. Michel Jajolet de La Courbe, que visitou
Bolama em Setembro de 1687, refere que os Bijag6s viviam na ilha
durante a esta~lio das chuvas para cultivarem arroz (Cultru 1913: 226227). Viajando ao longodo rio Grande em direc~lio aGufnala. La Courbe
descobriu uma comunidade de comerciantes ponugueses e luso-africanos e urn navio ingles construfdo na Serra Leoa. 0 capitlio, urn cat6lico
ingles, era casado com uma mulher africana que possufa uma ilha no
estullrio da Serra Leoa. Cultru encontrou outros ingleses a comerciar em
Bissau, sob a direc~lio de John Booker (Cultru 1913: 228; 213). Uma
feitoria francesa criada em Bissau em 1688 foi abandonada no ano
seguinte devido 11 oposi~liO dos comerciantes ponugueses e luso-africanos. Emf 1700 os franceses regressaram, e em 1708 os comerciantes
portuguesesabandonaram Bissau. Andre Brut!, director da Companhia
das fndias nesse perfodo, possivelmente tenl visitado Bolama em 1700,
/:iou~eveter lido conhecimento da ilha a partir do relato feito por La
. ·So.url>e (Hair 1990: 5-6). Em qualquer dos casos, Brut! recomendou a
•. £ri~¢a9d~ u~~ntreposto comercial em Bolama, mas a sua proposta nlio
'" ·r~.a<7iteljc:ir: ~Oes que se prendem com exig~ncias financeiras (Jore
..1~6.Sc;?11)!:11¥;i~ght-Baylac 1970: 77). Duas decadas depois, os
S(' !'~re'cteJreS~~'~Illl\OUtra,C9mpanhia
comercial francesa resolveram criar
Urif,~l)tre~s.teJ.<;pIl).~I'Cial fortificad()em Bolama, mas 0 projecto foi
. "dll'~();q4ifu4()Ql)ayl()quetransponayao destaCamento de recon::'j~~~~~.cl!JnlriJjodl\ilha(B°Ul~gue.1990). ',', .
i,~~1~~~,9~.§()tl<>~aiorinstal()~.~l\~ami~liop()rtuguec
, . ·l<>.~alBr.l.aIp~lU ha~~ul\i~an<!ejraportuguesa em
10
industrializa~ao.
:~
,
«A Franr;a pode abrir af uma grande fei~oria para toda
aespec/e de comerc/o; ~qlle ailhaefertll, ~Iafor~:c:::a~
todo 0 necessario para VIVer, e grande qllantldadea
deira mesmo para grandes barcos. Esta ilha poder tr~­
for~r-se num bom emp6rio de produtos ellropellS e . rIcanos particularmentedaqueles qllepodem serI?!01uz
no lo;al nomeadamentear;ucar, rum, cacau, a~1 ,a ~o ,
eral todos os o~'ectos do riCO e Impor,
cate, IIrl1C~ e .em g
.
das nd' Oc/dentais; pois
tante comerclO com as IIhaS
las
a IIi todos esses produtoS cresceriam quase espon~ane.a­
m~nte osoloesurpreendentementetertil;oareaqlllmlllto
mais ;audavel do que em qualquer outra parte des~a c..0sta.
habitam sao uma parte deles crlstaos. e
Os negr~s ql'du~:tras e m:Wmetanos. Os nativos de Bissall,
olltros sao
'Ih
do xpulsado os
que sao actualmente os donos da I a, ten e
Bia~adas cooperarao de boa vontade com os europellS
".
, esta co16'
para
tornar
nra cond'Ig na • como deve ser dnesta
ilha. Em suma, tlldo concorreparafac/iitar0 sucesso ~:
dos ma.iores projectos que pode cO~f~~e~5: 1~1)
europela»
(Wadstrom,
.
. .
1
que potencial colomNlio sabemos se Demanet VISltOU Bo ama, mas
d'tava que os
zador poderia resistir a tal prospecto! Porqu~ Demanet acre 1
:f::
11
Papeis de Bissau controlavam Bolama e recebe . be
europeus, nllo e explicado' os Bija 6 "
d nam m os colonos
europeus que tentaram ti
g s lOam esenganar os primeiros
-1763), ou nos anos se. xar. Durante a Guerra dos Sete Anos (1756exorta~""'s de Dem segum~es, os franceses nao puderam atellder as
j
.
\"'"
anet, POlS 0 conflito pre' d'
1
Interesses comerciais frances
r
JU lCOU enormemente os
~.
'.
es na iUnca Ocidental
'
Samt-LoUIs
e Goree foram tom d
I
.
o Tratado de Paris restituiu Goree~ : pe as foryas ~ritllnicas em 1758.
ceu ocupada pelos britllnicos ate 1779 ~ya, mas Saint-Louis permanecos expandiram 0 seu comerci
. urante esse perfodo, os britllnidamente nos rios Pongo e ~ ao longo da Costa da Alta Guine, nomeaescravos capturados pelo alm u~e~, ~~de as caravanas fulas traziam
Os proprielanos ba as
,amla 0 a em expansao no Futa Djalon.
cantcs de escravos ;ri~~~:' i~~~s~s ~ la;;dumaes permitiram que tratinas ~uas povoa~s onde ei
um 0 ~ns da America, se tixassem
fundadas ex andi~
e~ e as famfltas anglo-africanas por eles
lUSO-african~s
M mUiio~:~lbev~~dnte 0 comercio a partirdas famflias
A, • "
•
eCI as.
nS IDiClaUVaS francesas na AfJ .
Oci
mente ap6s a recaptura de SaIn
. t n~a
dental aumentaram nOlOriana guerra de 1778-1783 N -LoUIS em 1779 e ?utros sucessos navais
COnhccedores do comerei~ d~s anos que se se.gurram va..;os franceses
de urn entreposto frances em ~osta da ~ta Gume ?efenderam a criayao
ry, que publicou urn relato das ~~a:a ..Silvere-Mell}rad-Xavier Golberi
1802, traduzido para 0 ingle
vlagens pela Africa Ocidcntal e m i
Castries, Ministro da Mari s no mesmo ~o refere que Marechal de
dade deimplantar uma C016~: ~ d~ iO'6mas, contemplou a possibili1
.'.
rou esteprojecto excelente e re m 0 ama em .1784. Golberry conside-j
;;
COsta!este de Bolama com suc col!!endou a ~t;Iayll~ de urna feitoria na
i
'if
e em Menterre, a p~ contine~~aIS ~merClaIS na ilha de Canhabaque
~ruma gWrnilha (1802 II: 224-2;6)~ este de Bolama, que ele julgava
i
l
. ASQpinlOes de Golberry eram rtilh
"gorge'I¢Sidente no Sene al
pa
adas por Pruneau de PommerSt> /Pllblica~()eIil1789 enal~ .nas decadas de 1730 e 1740, cujo Iivro
1
ns
J,f~~,,~coiISC1fulyaaFrany~ a cri ecla as;antage Comereiais de Bolama ~
!
;;;;n~~~\~~P789:133c13~.«sem emora» urn estabelecimento comer.•,.1.
" .• "pow~!llque Harcourt Lamirat
!
"~~1l'l!>I(:i,ifNaclonlil, tambe ... ' auto~omeado deputado por Senegal a
.,.
•.~;iumateli''< .
.m estava mteressado em Bolama e defen.,.,.•.' "' ". ', ••...•.. p.ans........ 0 COmerClal frallcesa parao. sul cara te'
...Il'Cl>RI'efuioport\igues· ' 1
'
, c nzand0 a s ."I
i~~if9)tffij.0~1;k!.),;..COIl10«
esp/usbellesparties
de I'Afrique»
~
"'"
..::,'.,i.:o:.-'.. ·,y' "'.'- -,' '. ....,' . " ,'.", ,....... ' ....., .... , ..
.'
" "',
j
p
•
!
1
.6; .
1
'1I" . ' .
···.:~
",'
/,':\,:,,/'
":"'-c",
12
Carl Berns Wadstrom, urn sueco defensor da colonizayao africana,
relata que em 1787 travou conhecimentocom urn ingles chamado Barber,
residente em Franya, que convencera 0 governo frances a criar uma
col6nia em Bolama. Segundo Wadstrom, nllo tivesse sido a eclosao da
Revoluyao Francesa, «certamente ter-se-ia empreendido uma expediyao
colonial» (parte 11: 132). Barber era provavelmente 0 comefuiante de
Uverpool John Barber, cuja feitoria nas nes de Los foi destrufda pelos
piratas americanos em 1778 (Golberry, 11, 1802: 237; Machat 1906: 120-128; Craig e Jarvis 1967: 25, registo 86).
Embora se possa ou nao dar credito as assery1les de Wadstrom, do
anterior rcsulta evidcnte que existia urn interesse frances consideravel
por Bolama nos anos que ante~ederam a Revoluyllo e a guerra que se
seguiu na Europa.
Luso-africanos vs. anglo-afrkanos
Nas I1ltimas decadas do sec. XVIII os comerciantes portugueses e
luso-africanos foram desafiados cada vez mais pelaexpansao para0 norte
de uma rede comercialinglesa e anglo-africanaque ate aaltura se estendia
do rioNunez ao Cabo Monte, tendoos seus entrepostosprincipais nas nes
de Los e na ilha de Bunce, no estuario do rio Serra Leoa.
Durante 0 sec. XVIII, 0 que mais atrafa os comereiantes na Costa da
Alta Guine era 0 trafico de escrav()s do estado fula em expansao no Futa
Djalon, que expedia caravanas essencialmente para os rios Nunez e
Pongo, onde os comerciantes \uso-africanos se encontravam ha muito
estabelecidosentre os Sussus, Landumaes, Nall1se Bagas. Famfiias luso-africanas tais como os Fernandez e os Gomez no rio Pongo, exerciam Ita
muito uma consideravel influencia econ6mica, social e polftica atraves
dos seus la90s com as principais fammas africanas. Sinal dessa influencia junto dos proprietanos africanos e 0caso de Jose Lopes, que em 1752-1753 tomou a liberdade de oferecer urn extenso territ6rio ao rei de
Portugal (Andrade 1970: 187).
As circunstfuIcias mudararn dv.rante a segunda metade do sec. XVIII,
sendo os luso-africanos gradualmente substitufdos por comereiantes
ingleses e por crescente nl1mero de anglo-amcanos. Na decada de 1770,
os luso-africanos nos rios Nunez e Pongo ja nao podiam competir com
os comerciantes ingleses e seus agentes na compra de escravos e marfim
(Andrade 1970: 192-193; Mouser 1973: 50-54; 1975: 429-430). No
entanto, os comerciantes luso-africanos e grumetes continuaram a efee13
tuar?ssuasviagensanuaisparaacolectadecolaaolongodaCostadaAIta
Guine (Matthews 1788: 60).
Embora 0 comercio do Nunez e do Pongo fosse progressivamente
monopolizado pelos comerciantes ingieses e anglo-africanos, 0 mais
preocupante para os portugueses e luso-africanos na regHlo da Guine
Bissau foi a sua intromissao na esfera comercial do Geba-Grande, no
comcrcio a bordo e na reorienta~ao do comercio proveniente do rio
Grande atraves de uma rota terrestre que ligava a Kakundy ao longo da
parte superior do rio Nunez.
o primeiro ingl~s a fundar uma feitoria no rio Grande foi provavelmente John Onnond Sr., urn traficante de escravos de Liverpool, nos
finais da decada de 1780. Onnond chegou aAfrica Ocidental em meados
do sec. XVIII e fixou-se em Boke, no rio Nunez. Depois de 1763 mudou-se para Bashia, no rio Pongo. Onnond era urn homem capaz de desafiar
os adversarios mais agressivos e perigosos e era conhecido pelo seu
comportamento cruel, inconstante e sadico (Wadstrom, If Parte, 1795:
87-88; Mouser 1973: 52).
A feitoria de Onnond no rio Grande era dirigida por urn anglo-africano cte nome John Bootie. Bootie e 0 seu innao William cresceram na
zona do rio Grande e nas nes de Los, e em 1788 frequentaram uma escola
proxima de Liverpool (Mouser 1983: 323). Eevidente que Bootie e os
seus subordinados eram protegidos pela temfvel reputa~ao de Onnond e
pela prontidao deste em retaliar os portugueses e luso-africanos que
residiam ou comerciavam nos rios Nunez e Pongo. Quando Onnond
morrell, no infcio de 1791, pouco depois de os seus escravos se terem
revoltado e destrufdo as suas propriedades durante a sua aus~ncia do
Pongo, Bootie deixou 0 rio Grande, para nao voltar durante mais de urn
ana. Quando regressou foi assassinado (Mouser 1973: 52; Beaver 1805:
95-96; t72):
" .EsBaelimina~ao cruel dos concorrentes reflecte 0 desespero dos
. . ." p?rtutuesesic~boverdianos e luso-africanos que comerciavam na regiao
<'d~'Guine~Bissau perante a crescente concorrencia dos ingleses e anglo············lIfri9~nOs.A situa~ao tomou-se mais diffcil para os primeiros depois da
.~~~~Iti.~ao~a Companhia do Grao Para e Maranhao em 1778, quando 0
"',igv:qvl'd··~~c·;Ii<?~gu€l; reduziu drasticamente as despesas na Guine e Cabo
·.~'?li)()fOtis.equ~nciadisso~frequentemente faltavam fundos para
'.
ilI;;~~~fiiI'iA()n3tios,()ficiai~~ soldados das guami~lles de Bissau e
. ;~t#9~~~tili::~~n¥>s.~e·fa, Geba,Farime Ziguinchor. Os
•.. :'~pg~UilJieS~iJllG~/I1e esta~amdll~.te decadas, e indicaatsillfYftiiqilezaeo
facto de .comerciantes
• rivais" e sociedades
<~:',",;,>,r:,;:,:",:'{-,"::
,.<.
_';
e·l'
,.. ,I!
0'':' ' , ' , , : ' : ' . : " : ' : , ' _,;.
.
.
pod rem pensar em estabelecer-se em Bolama
e r arte das autoridades locais ou dos
sem recelO de trnpedlmentos po ~ rtu al Com os luso-africanos e
fracos e .desatentos goved~os d~e poOis ~eiendiam resolutamente e por
. .
caboverdlanos 0 caso era heren,
todos os meios os seus interesses comerClals.
europela~ de co!omza~ao
Bolama e os projectos de coloniza~o inglesa
e d d 1780e 1790,osinglesesafavordacoloniz~~ao
Durante as d ca as e 16' E 1786 os defensores de urn proJecto
deAfricacriaram~uasco mas. ,m dUradorioSerraLeoaconseguiram
de reinstala~ao de hbertos na.e:~aA col6nia inicial fundada em Maio
obter 0 apo!o ?O go:e:~sb:os l~~PoiS pelos Temenes locais, mas foi
de 1,787 f01 ~hspers d 1791 Mais tarde no mesmo ano, outro g.rupo
refelta na Pnmav~ra e
ped'. ao para a cria~ao de urn col6ma de
come~ou a organlzar uma ex
l~
brancos em Bolama.
. d
I niza~ao de Bolama foi
o principal organizador da te~tat1va a~oa~ briHlnica de Goree na
Henry Hew Dalrymple, que servlU na ~oree~ ouviu relatos favoraveis
ctecada de 1780. Enq~aneImto:~~:~~ ~:gleses e euro-africanos que visitasobre Bolama, presumlv
.
ram a area.
I ro a ou relatos brilhantes sobre a
Na Gra-Bretanha, Dalrymp e p ~r~ uma col6nia europeia, relatos
convenicncia de Bolama como ~ugar ~'t por Andre Bm/! urn seculo
que complementa~ as de~cn9lles el as "ectos de coloniza~ao que
antes. Talera~entuslas~opubl.lcofc:~~i: Novembro de 1791 foi
uma companhla de capital SOCial 0 . estidores e candidatos a colorapidamente subscrita em excesso por mv ando em Abril de 1792 com
nos. Duas embarca~lles foram a~adas, larg . as (Wadstrom, II Parte,
275 colonos: 153 homens, 58705~u.he;te~~~: ~:\960: 359-383; Curtin
,
1795: 130- I36; Beaver 1 . cap . u
1964: capftul04; Galli l':O~. Bolama negligenciaram os interesses
Os membros ~a expe ..~ 0 a rimeira embarca~ao ancorar na Ponta
africanos. Nove dias depols de a p
. de Canhabaque atacou de
· wn grupo £uerreuo
.
M
d
Oeste em 25 e 310,
I>
u seis mulheres e cnan~as.
surpresa, matou ou feriu dez homens e levo
ines rado ataque
Estas 1iltimas foram posterionnente resgatadas, mas 0
~. a decidiu
.
al od os restantes colonos que a m310n •
atemonzou de t m 0
86(48homens 13muIherese25cnan~as),
regressara Inglat~rra..Apenas
te res~lveram ficar na ilha sob a
mais quatro marinheuos e urn grume ,
:.';-::
':·.:>':~L>'
j;1'f;t:lt~f"'>
14
:,. . "\' . ,'.<:.:';'. . j,:': ',":',;':.'
C";,
c.::':- :.. . ::.:.: , , ,'.
. ·"~~i~i~;tL".~::2e ~ .
15
mente guamecidas, assassinando ou tomando escrava a tripula~llo. Os
grumetes empregados por Beaver olhavam os europeus e euro-afrlcanos
com idl!ntico temor e aversllo, caracterlzando-os indiscrlminadamente
como «trapaceiros» (Beaver 1805: 190 e pp. segs. passim).
Urn exemplo notavel de «eliminayllo» de urn rival perlgoso <! 0 caso
do regresso ao rio Grande do anglo-africano John Bootie, a seguira morte
de John Ormond Sr.. Ebern possfvel que Bootie tivesse side encorajado
a regressar ao rio Grande pelo estabelecimento da col6nia inglesa em
Bolama e pelo tratado que Philip Beaver negociara com os regulos
biafadas de Gufnala. Quando Bootie voltou a Bolala em Agosto de 1793
aprocura de escravos para Fisher, urn traficante de escravos originanode
Liverpool e, na altura, residente no rio Nunez, urn comerciante de Bissau
de nome Gavine (Galvllo?) tentou scm sucesso incitar os Biafadas a
apoderarem-se do barco.
Quando posteriormente Bootie levou aescuna de Fisherailha de Jeta,
a oeste de Bissau, os «manjacos» (i.e., grumetes pap(\is) de Gavine
capturaram 0 barco e mataram Bootle e Ashley, 0 terceiro imediato de
Fisher, dois grumetes e tres escravos. Os homens de Gavine levaram a
escuna para Bissau, onde em Fevereiro de 1793 foi recapturada por uma
embarca~llo pertencente ao navio Nancy, de Liverpool, capitaneado por
William C. Moore. 0 capitllo Moore, como homem de confian~a de John
Ormond Sr., teve a ingrata tarefa de tentar recuperar grandes quantias
devidas a Ormond pelos comerciantes de Bissau, aMm de muitas outras
que Ihe deviam a ele pr6prio. num total aproximado de 2 ()()() f. Moore
confessou a Beaverter realizado «trl!s tentativas infrutfferas» paracobrar
as dfvidas (Beaver 1805: 472-475).
Nllo obstante a morte violenta de Bootie. ingleses e anglo-africanos
continuaram a comerciar no rio Grande. Entre estes I1ltimos encontrava-se David James Lawrence. filho de urn traficante de escravos ingll!s de
Deal, cujo principal local de com<!rcio era em Kissassi, na parte superior
do rio Nunez; tamb(\m tinha uma feitoria em Dominguia, no rio Pongo
(Mouser 1973: 53). Lawrence prestou consideravel auxfiio aos colonos
ingleses. Beaver regista que Lawrence levou a escuna William e a pin~a
Jane ao rio Grande em Outubrode 1793 (Beaver 1805: 262). Oseu filho
David. ap6s frequentar a escola em Inglaterra, sucedeu-o no com<!rcio ao
longo do rio Grande, tendo residido em Bolalana decada de 1820 (Owen,
II, 1833: 151-152).
Perante tllo feroz concorrl!ncia, pode-se especu1ar se os comerciantes
inglescs e anglo-africanos retaliavam contra os navios mercantes envolvidos nas viagens da cola anualmente organizadas pelos mercadorcs
17
luso-a~ricanos e feitas pelos grumetes.lngIesese anglo-africanos podiam
ter obttdo lucros coosidenlveis com 0 abastecimento de mercados na
regiao da Guine-Bissau, mas pareeem ter-se concentrado no lI1!fico de
escravos, mais lucrativo, ignorando 0 comercio da cola, 0 dimo de
Beaver faz referSncia a numerosas embarca~s nalus que passavam por
Bolama para irneg~ar e?J Biss~u (1805: passim e nota pp. 319-320),
e ~e ser que os mannhelros africanos estivessem a suplantar os luso-a.ncanos e grumetes no comercio da cola.
Nos finais de 1793, 0 mimero de colonos tinha-se reduzido a urn
punhado de g~nte; e~tretant?, a retomada das hostilidades anglo-francesas na Europa unpedlU 0 envlO de refo~os substanciais acol6nia quer em
colonos querem generos. Em fins de Novembro de 1793 Beaver e cinco
homens que restavl?Jl deixaram Bolama e navegaram para a Serra Leoa.
Duas semanas mlilS tarde chegava urn navio de Inglaterra trazendo
gen~ros, mas naO.COlonos (Beaver 1805: 275-276; Hair 1960: 377). 0
fortim e os mantImentos e produtos comerciais que restaram foram
~mprados por Francisco Correa Gomes, seguindo instru~i'les de Joao
Silva Ca~o.so e de Jose Ant6nio Pinto, comandante de Bissau. Gomes
era 0 pnnClpai comerciante luso-africano na area do Geba-Grande,
N~sceu nos arre~ores de Geba, tinha parte mandinga (do lado de sua
m~e), possu(a mUltas pequenas embarca~i'les, e viajou muitas vezes para
Cabo Verde e Portugal (Beaver 1805: 275-276; 407; Hair 1960: 377).
Consequencias dacol6nia de Bolama
,,'
:':. :'.
P!>uco depois de Beaver abandonar a col6nia, a Bulama Association
publicou urn trabalho intituladoA Geographical andHistoricalAccount
of the Island of.Bulama, 0 qu~ pretendia relatar as infonna~i'les dos
colonos sobre a ilha. Urn autennco corretor de im6veis nao teria conseguido elaborar urn prospecto mais atraente:
, "«[Bolamaj esta belamente cercada e entremeada de
bosques: i"!ponentes arvores de fruto eflorestais, ... for. mom. urn Clnto verdejante, nalguns s(tios de duas ou tris
',.:milhas de largura, oqual a envolve completamente ede tal
' 1rtt>do como sefosse.uma plantar;iiofeita artificialmente II
., ,'. ",volta.de ~l!arque. Dentro desta oscampos estiio regulari:::' it me.ntedivididospor tirvores quefazem lembrar asjileiras
:~,., "·~fle&.ercavlvaem lnglaterra.;. 0 solo eextremamente rico
~;;:':~:'M·l'rojU(UJoi»·(citado.em Teague 1958: 189).
';'i'?"~~>"'"'I";<~"'i~,~\i":"::<_;\',,-,:,,,,·:;,
":',':-:' :' .': '" ",,";' -,:", '. ',-,,' ;
, - "\i\;'- ',',
,,'.
'
Em contrapartida, urn artigo publicado numa revista academica
francesa no mesmo ano (1793) not.ciaYa urn inquietante rumor de que as
mulheres inglesas se tinham tornado ~stereis pouco depois de chegarem
a Bolama. 0 autor atribufa a infcrma:;ao ao comandante de Goree, que
travara conhecimento com as mulher::s (prelong 1793: 281).
.
IguaImente alarmantes para os potenciais colonos africanos da Nhca
OCidental, e de lange mais difundidos, foram os relatos de que al~ns dos
colonos regressados a IngIaterra num navio que pararanu~a da,s ilhas das
fndias Ocidentais eram responsaveis pelosurto de uma epldemlade febre
amarela que se espalhara pelas fnc!;as OCidentais e pelo continente norteamericano, chegando tao anorte como a Filadelfia. A«febre de Bull?Jla»
foi referida em relat6rios medicos americanos e europeus por mlilS de
meio seculo (Hair 1960: 381).
,
C. B. WadsIrom e alguns outros que em Inglaterra estavam mteressados em Bolama fomentaram outro plano de coloniza~ao em 1794-1795.
mas este projecto nao resultou (Wadstrom IParte, 1794:.capftulos 8 e 9).
Na Segunda Parle, editada em 1795, Wa~st:om. PUb~ICOU cartas que
Philip Beaver tinha escrito 11 Bulama ASSOCiatIOn, mclumdo uma datada
de 24 de Junho de 1794 na qual expunha as ra;;i'les do fracasso d~ C?16nia,
sendo a primeira delas que os colonos eram «homens do ~als mfame
caracter e de habitos depravados» (1795: 305-306), expltca~ao que
repetiria no seu Iivro publicado ~m 1805 (ver mais.ab,aixo).
Em 1796, 0 presidente da extInta 8ulama Assoclauon t~u correspondencia com 0 governo briHinico sobre uma proposta de ~mstalar em
Bolama os maroons jamaicanos enviados p<!!a aNova ES~la ne~se an?,
bern como os fndios carafbas da Ilha de S. VIcente, nas fndlas OCldenlaIs
(Hair 1964: 27). Em 1800 os maroons foram desembarcados em Freetown, onde deram uma notavel contribui~ao ao desenvolvimento da
col6nia de Serra Leoa.
Em 1802 0 interesse frances por Bolama foi reactivado pelo Iivro de
Golberry (ver acima) e pelo livro publicado por J. P: L, Du~d, que fora
director da Companhia Franco-Senegalesa em Samt-LoUIs em 1785 e
1786 mas nunca visitara a regiao da Guine-Bissau. 0 Iivro de Durand,
reeditado em tradu~ao inglesa em 1f06, e urn pastichede infonna~s d~
desigual qualidade, que mistura relatos publicados com boatos.e que Vlll
desde os tempos de Andre Bruij, no virar do sec. XVII, ate as dl~CU~Si'les
sobre a fracassada col6nia britfuJica de 1792-1793. Contudo, e slgmficativo que, alem da habitual ladainha elogiando 0 clima, os solos ~ .0
potencial agricola de Bolama, Durand inclua infonna~s come~llls
contemporfuleas sobre 0 potencial econ6mico de Bolama em madeira,
19
, 18 .
i:):::¥,::fi';~+tlfi~~;~~~"~:~i>:':<:;; ::'i,>::
",' ....,.
estopaecordame, de valorpara os annadores europeus- recursos navais
que ja estavam a ser explorados pelos portugueses e luso-africanos
(Durand 1806: 67-68). Travels in Africa, de Golberry, foi reeditado em
Inglaterra em 1808, testemunhando 0 interesse dos leilores pela Africa
Ocidental (Fage 1987: 87).
. En:' Agosto de 1802, Philip Beaver foi consullado pelo governo
bntfullco sobre a explora~no do rio Nfger e 0 desenvolvimento do
comercio da Africa Ocidental. Discordando dos que eram a favor do rio
Gfunbia, Beaver recomendou 0 pono Biafada de Bolala, no rio Grande,
como lugarde partida de caravanas comerciais. Uma col6nia em Bolama
serviria de base para as for~as brilftnicas em caso de conflito com os
afrlcanos (Robinson 1966: 24).
o relato de Beaversobre acol6nia de Bolama nno foi publicado senno
mais de uma decada ap6s 0 seu abandono da col6nia, a que se seguiu urn
perfodo de servi~o aclivo na Marinha Real. 0 perfacio do volume e
per:mpt6rio: «Ao homem que, qUalquerque seja a suana~no, com iguais
meJOs, fam mais por levar a civiIiza~o, alraves da agricuilUra e 0
co!lle~o, aos habilantes da costa ocidenlal de Africa, do que aquilo que
fOI felto pelo empreendimento de que estas paginas dno conta; estes
memorandos foram escritos por Philip Beaver.»
Beav~r nno linha perdido nada do seu entusiasmo peIa coloniza~o,
e defendla firmemente 0 reslabelecimento da col6nia desta vez como
col1nia de planla~no, empregando trabaIhadores afric~os remunerados
e servindo como uma base para 0 comercio com 0 rio Grande e rios
vizinhos. Beaverenumera os produtos cultivados com sucesso durante a
sua estadia em Bolama, e recomenda 0 cullivo em grande escala de
algodno, cafe,tabaco, anil e cana sacarina (Beaver 1805: capftulo 1I e
apendice 12). Considera iguaImente que 0 fracasso da col6nia se deveu
~() ~~~ ele caracteriza como a indole vergonhosa, e intemperan~a e a
m?ls~plina dos colonos, e ~ falta de abrigos adequados durante a
pnm~ra esta~no das chuvas. Menospreza os eSlragos provocados pela
?1aImiae outras doen~as que flagelaram os colonos, bern como a
unplacav¢I hostilidade dosbijag6s de Canhabaque (Beaver 1805: capitulo
lOellpassim e a¢ndice 16).
.
. .'." ~c.rflicas de Beave! aos seus colegas colonos, repetidas ao longo de
.;,.:}Q<iO()ltY,\"()isno excesslvas.e em parte sno desmenlidas pelo seu pr6prio
-" :t~~~dll~lec~0cJ: eventuais colonos, epela sua narraliva das privaX~Si(.~~n~ascr6rncas,.as mones ~umerosas e desanimadoras e a
~ns~~~~e~ran~aetn que~ vivia, s()frinten~os que teriam desmora·.,~()m*" inttepidogrupodeexploradores 011 de membros das fo~as
.~.'
~
N
•.~..
~
I.
'.~
il...
j
~
.~
.~
l
~
'I..
I
a.••!.•
.:.,
.~
.~:'.
:i
armadas, quanto mais civis, incluindo muilas ~uIheres ~ C?~~as, nno
preparados para tais perigos nem para 0 regtme de dlsclpltna naval
implantado por Beaver.
Os europeus que a seguir se fixaram em Bolama foram Jos~ph Scott
eurn grupo de comerciantes britanicos cos seusescravos domesltcOS, que
criaram uma feitoria em 1814 esti:nulados pelo ~ove~ador Cha~les.W .
Maxwell, da Serra Leoa. Maxwell procurou mcenltvar os subdltos
britfuticos do rio Nunez e Pongo a abandonarem 0 comercio de escravos
e irem para Bolama engajarem-se no comercio legal e cUlliv~m a terra.
0 grupo de Scoll incIufa John Pease, John Bateman, Fredenc Weatherhead, John Griggs e Joseph Golphin. 0 gov~rn~or Maxwell aconselhou-os a nno se envolverem, quer direcla ou mdlrectamente, no tra~co
de escravos, e ordenou-Iheso pagamentode uma renda anual d~ IOxelms
(l4deFevereirode 1814, inclufdoem Findlay aHay,6de~~riIde 1832,
F. O. 97/30SA, P. R. 0.). Scoll induziu os gove~a?tes blJag6s de Canhabaque a reconfirmarem a venda de Bolama a Phlltp Beaver (MacCarthy a Bathurst, 26 de Setembro de 1815, C. O. 267/40, P. R. 0.)...
0 sucessor do governador Maxwell, Charles ~acCanhy, S()ltCltOU
autoriza~no a Lord Bathurst, 0 Secretario Colomal, para envlar urn
pequeno destacamento de tropas para proteger a col6ma.
«Sou levado a crer, pelas injorma,6es que obtive, que
Bulam presta-se bempara uma nova col6nia possuindo um
bomporto, ricos solos eabundantemadeiraparaa constru,dode casas e embarcaqiJes. epres~oque empoucos a~s
algumas feitorias britanicas podmam obter um comerclO
consideravel dos rios adjacentes e p/)r Jim ao tr{ljiCO de
escravos levado a cabodiariamentepor navios sob bandeiraportuguesa e espanhola,propriedadeprincipalmente de
americanos»
(26 de Setembro de 1815, C. O. 267/40, P. R. 0.).
MacCanhy antecipou-se ~ objec~oes de Lord Bathurst prometendo
nno incorrer em despesas desnecessanas, mas sem proveito (Bathurst e
MacCarthy, 15 de Maio de 1816, C. O. 268/19).
.
Em M~O de 18 I6, Scolt e os membros do seu grupo ~oram eXJ?Oliados e expulsos de Bolama pelos Pa¢is de Biombo, na tlha de Bissau,
alegadamente incitados pelos traficantes de escravos. Urn dos t~cantes
brancos foi mono e outro ferido (urn homem que procurava madeira para
a marinha brilftnica), e dois africanos foram feilOs escravos (MacCarthy
·'L\.. . ,
21
20
',"<v,',',':,,·';
-~:,':;:,_:'
,
-"
-:;c!sf~.t:::~~~~;,t ~' J;l"~:i ::,;:3:>.}'
e Bathurst. 20 de Julho de 1816). C. 0.267/42. P. R. 0.; Barcellos III
1905:386).
• •
As guerras napole6nicas impediram a implementa~ao de novos
pianos de coloniza~ao europeia na Africa Ocidental. e ap6s a paz de Paris
em 1815 os interesses franceses e ingleses na colonjza~ao da Africa
Ocidental desviaram-se na GTa-Bretanhade Bolama pllra 0 desenvolvimentl~ da Serra Leoa. e em Fran~a para os fracassados pianos de
colomza~ao da peninsula de Cabo Verde e do vale do baixo rio Senegal.
Entretanto. os livros escritos por Beaver. Durand. Golberry. Pmneau de
P0lllll!egorge e Wadstrom conlinuavam a influenciar os promotores da
colomza~ao africana. A seguir seriam os americanos.
,
I
Dolama e os pIanos de coloniza~iio americana
seu regresso aos Estados Tfnidos. impediu outras aventuras. Apamr daf.
na ausencia de outros negro8 com a empresa e os recursos pnvados de
Cuffee. os negros americanos que <;uisessem emigrar para Africa estayam dependentes de grupos de C?lo~a~ao. organizados por brancos.
nomeadamente aAmerican Colomzatwn Society. fundada em Dezembro
de 1816 (Hams 1972; Thomas 1986).
.
A American Colonization Society come~u a reC?lher mfonna~~
sobre potenciais localidades afri;;anas ja em 1817. A dha de Sherbro fm
vivamente recomendadapelo enlUsiastacolonoingles Thomas Clarkson.
.~ e no fim de 18170 reverendo Samuel J. Mills e Ebenezer Burgess foram
destacados para inspeccionar a costa africana pr6x!ma da Serra Leoa.
,... com
especial incidencia na ilha de Sherbro. InfluenCiados pelo conselho
. interessado de Thomas Kizell. urn dos colonos de Cuffee na Serra Leoa•
Mills e Burgess foram levados a recomendar a ilha?e
como urn
• local adequado. Vma tentativa de povoamento fm fe.lta em Mar~o de
1820 apenas para ser abandonada poucas semanas malS tarde. quando a
".~ malaria dizimou os colonos. Os sobreviventes refugiaram-se na Serra
~ Leoa durante urn ano. ate que forlL'll reinstalados com exito em Cabo
~ Mesurado. na Liberia. na Primavera de 1822 (Staudenraus 1961: capftulos
~.l 4-6).As notfciassobra aprocurade urn lugaradequadona
.
'fl' O'd al
A nca Cl ent
por parte da American Colonization .S~ciety ch~g~ram atrasadas a
Samuel Hodges Jr.• que realizou COmerclO mtennedlano e ~esempenhou
o cargo de c6nsul dos Estados Unidos da America nas ilhas de.Cabo
Verde dos finais de 1818 ate it sua morte em 1827. Entre os papels que
Hodges deixou encontra-se urn es~o de um~ cm;ta diri~da a Bushrod
Washington. 0 presidente daAmerlcan Colonlzatwn ~oclety. datada de
Janeiro de 1821. escrita em seu nome e de outros cUJos nomes nao sao
mencionados. Hodges e os seus CC'legas recomendavam a «saudavel e
feml ilha de Bulama.»
.1..~".
~herbro
•i••
.'., .
0~i
.0 interesse americano pela coloniza~ao de Africa aumentou significatlvamente durante as duas Ililimas decadas do sec. XVIII. particularmente no que dizia respeito it possibilidade de instalarnegros libertos. Os
ad~ogados brancos da coloniza~ao de Africa eram molivados por uma
vanedade de razoos: como uma «solu~ao» para as consequ~ncias sociais
do crescente mlmero de negros libertos nos Estados Vnidos da America;
como urn meio de incenlivar a alfoma dos escravos e eventualmente a.
rem~ao de toda a popula~aonegra; como urn meio para a evangeliza~ao
de todo 0 conlinente africano; como uma safda para 0 desenvOlvimento
do comerc,Jo americano com ~rica; como urn empreendimento alegadamente no mteresse dos pr6pnos negros; e a combina~ao de todas estas
razCles. Vma serie de pianos foram aclivamente debatidos nos estados da
de 1780 e 1790. mas os fundos privados e
~~~~~~:~~=~as
i'i:·i
. Alguns dos negros libertos na Nova Inglaterra tomaram a iniciativa
;1:.1::i: 'porsuacontae risco. A Providence African Society enviou James
',;:;"i'
M,\c~~e como seu porta-voz it Serra Leoa no Invemo de 1794-1795.
)iSiS:
Mack.enzleregreSSo~ com a promessa de quintas e lotes urbanos para
'(;i:;sacolll~doze famillas; mas perdeu-se aoponunidade por falta de apoio
~t;;),·d()Sfi1l1l1tlt>PO~ brancoS(Brooks.l974: Wilson 1976: 379).
'1:i,:';t\:P~~!~PtI1~llia denegros • americanos em Africa surgiu. duas
;iiJ:iiiR~!\d~;llllUstlll'Cle.elll181~. qUlll1d0o. capitao Paul Cuffee. urn pro,:ft:!:;:pn~():'~~~l'p(Is'de;l\f~sachuset1Sde ascendencia mista india e
·;~rt~'~~flO.~~taec¥l()lill¢rtosparaa Serra Leoa. muitos deles
.
.
~grr~e~l18,~'~lll()rt¢deCuffee em 1817. poucodep<>is do
•.•.
.I:
...
«Estamos, com uma excepr;lio.pessoalmentejamiliarizados com a ilha. e podemos assegurar-lhe que 0 solo e
jertil. e a ilha mais saudavel do que qualquer outro lugar
do Senegal ao Equador. e acreditamosfirmemente que ela
seja mais saudavel do que 0 Estado de Virginia em gera/...
Para obter a posse do ilha de um modo pacfJico. sera
necessario tratar com 0 seu legitimo dono. 0 rei Kaneback.
o qual. embora hostil aos ingleses. sempre dem~nstra uma
disposir;lio amigavel para com outros estrangelros. e nIio
23
temos dUvidas de que estabeleceria termos muito moderados»
(citado em Brooks 1973: 15-16).
;;j:'/~
Acana de Hodges nllo faz referencia Amisslio de reconhecimento de
Mills e Burgess, nem Atentativa de estabelecimento na ilha de Sherbro
em Mar~ desse ano. Seria surpreendente que Hodges e seus companhei_
ros nlio tivessem recebido noticias ou ouvido rumores destes acontecimentos a partirdos bareos que paravam nas ilhas de Cabo Verde vindos
dos Estados Unidos, da Europa e das col6nias europeias na Africa
Ocidental. Nlio se sabe se a carta foi enviada e, nesse caso, se foi recebida; muita correspondilncia da American Colonization Society neste
perfodo nlio foi localizada,
Hodges atribui 0 fracasso da col6nia britfuJica em 1792-1793 aos
mesmos factores alegados por Philip Beaver, i, e" Aindisciplina e A
intemperan~a dos colonos; lorna-se evidente que Hodges conhecia bern
o livro de Beaver ou tinha lido extractos dele,
Que 0 «rei Kaneback» acolheria bern os colonos de qualquer nacionalidade c! duvidoso, nlio obstante a afirma~lio de que «cstamos,com uma
exce~lio, pessoalmente familiarizados com a ilha,» A exce~lio era
quase de certeza Hodges: nos seus volumosos papc!is nlio ha men~lio de
ter visitado alguma vez a costa de Africa durante os nove anos que residiu nas ilhas de Cabo Verde. Apenas se pode especular quem eram os
OUIros SUbscrilores da cana: Hodges tinha urn grande leque de companhei_
res de neg6cios, portugueses e caboverdianos, sendo0rnais nolllvel 0 seu
s6cio Manoe1 Ant6nio Martins, 0 homem mais poderoso no arquipc!lago
e que tambc!m possufa uma intluilncia considenlve1 na Guinc!. Hodges
podetanJbc!m estar a referir-se a americanos que faziam 0 comc!rcio nas
ilbas de cabo Verde e nascoslaS de Africa, Seja quem forem as pessoas,
as razl:les para recomendarem Bolama AAmerican Colonization Society
ap:naspodem ser conjecturadas, embora pare~a prov~vel que esperassemben¢ficiardos «objectivos comerciais» mencionados na cana.
!~t,;;! ~qo~ifa~9~~i~:'O;:~~~ete:~u q~t~~=~uV:~~:~:::
,'.".'r; 'i5/.'·~ pesSOd···a.Jm~9teb:<:omdi,P~di1'CCte ,lodcesSco?1ed'0 dm:esmoMfun.I]OhnafinnR
B.Latrobe,
~ ~" !i'Y/i;</!J!Il' ps,!DeW,l'll~Jlgen~ ,a C?Cl ,a ee!D ,ary)lII,'
ou que se
d
'~"i\i~i~o,tm~99~WHitg!>ll!D?-\,SObreB,olaJ1la an~sd~Pl'llPorem .1828que
·,g~!,l,1~g~\'!~~!fI.~.~~\l1f1.()Sd() .• 1l9~40SiEsllliJ()Sl.JllidOS fossem ,para
~~, . " 'i~k~;~4~J~g9~~o,!.'\~~ti§<>selllf<llp~I'IlM911f~'{ia.eOSdo SuI
·'-~'~Il!Da.~WIlIljC~~liOapCCAAII\l1~ai!<>:enC()I1ll'llanua1
,,','
. "<:' -',.
'~~:.::::
d
'Ao
,.",' "
,-,-, , . :' ',-
': ~ J,:'
. _'" . ,-,', :', ' ".' " -:
';,:'24
," ',. ::'." '; _<', _,: '0 . :_" .
. ': ',.:-: _-'i.",:-': ~:, ',.;:,; : '
\; ;'<:~:'\'\":\i:~:.;,;:.:; :, __:
da
;__ ',_
~~',2~rlll'(~.'G,;;c~iE, 'i~ff~;11~~~:
. , Society,
' Latrobe
Bolama
como 0
American ColomzatlOn
d caracterizava
grande «narllo
afro-amed Panslio para 0 norte e uma
T
•
•
ponto chave a e~
a1 C bo Palmas, a qual ele prevla Vlf a ser
ricana» indo do
no Seneg
ao a.
stransplantados, habituados ao
dcsenvolvida
pornegros
norte-amencano
cIima e As doen~as da Mea,
«Entre Bulama e Liberia, esta a col6nia ~e Serra Leoa,
,
'b'l'dade
de amanter senao
comb
grande
que na totallmpossl
II,
"a
;" '0 de vI'das levarafinalmente os bmtlmcos a
ansacn.l'cl
, ab ndonada devedonarem-na - e que, mesmo que seJa, a
I 'mo as
do qiio afro-amencana, ta co
-se tornar pa;~e, : Liberia e de Bulama incluem e
crescentes co mas fi ado
aguas do rio Grande,
admitem, Uma ve~ bem IX s nasdas do Senegal e do
d mo-nos cOn8lderar na posse
_
ffa/:wia;fazendodepender do nOssO comer:ioas naqoes no
alto do N(ger;.. ,» (citado em Brooks 1973, 18),
Em 1831, qU~do ~ Maryland Stat~2~~?~~~(~~~:~~~Zn~~~:::
fundar urna ~016~la afncana s.ob ~ su~ P Pobe, seu secrelllrio, come~u
dos principals s(llos a s~r~ons:de,adc ~'. LatrGorge R. McGill, urn negro
a reunirinforma~oes a?lClOna~~e::~~~~iaeem 1827.' 0 inquerito de
de Baltimore que emlgrara p
£'
de McGill que aproveitou a
Latrobe deu lugar a uma resrsta e:~:~~~fa~llo e Ade outros com as
ara
opo":unidade
condi~oes
de PMon r6da~
Vla,voez e/p~s~ar 0 seu vivo desejo de procurar
pastagens mais verdes.
,
«[Bolama] e mais Agradavel por Estar naJ:~tude
ndo lugar e mais saudUvel deY
sua
vinte,
emnosegu
' .~ urn local melhor para 0 comer't roo
mar tercelro
I I
Sl ua.
"
_
' ' ' I ' ados Dizem-mequeo
ocae
cio-osnatlvossaomalsclvllz.
amos
e muito produtivo; muito mais do ~~e:ar:::s o:e~ualq;er
~::::,:~ r~ u;;:(~~~;:t~ ~~mercio
fuller [fula;:
mandinga, tal como couros, maifun: ouro, ce:a d:~:~
borracha, cavalos e burros, Pelas lIlformaqoes q
do lugar e muito prejer(vel a este... »
ks 1973' 18-19).
.
(citado em Broo
.
.
inti0ilba
rma~es sobre Bolama,mas
MCGillnliOdizcomoc~nseguluesta~
do que Samuel Hodges
parece ter estado melhor informa.::lo so re a
25
,:,.::.:
.
;~,
>
wna decada antes A sua fonte ten! .d
capilllesou comandantes d
.
Sl .0 provavelmente urn dos vmos
':" tiveram COnhecimento d~':~:o amencanos que ?egociaram em Bissau
e Pongo. Possivelmente foi amaa~vesderesldentesdosriosNunez
despacho feito porMalavois own amencano a que se faz 'alusao num
Ele infonna que Bolama en:. n:n~dantede~reeem Agostode 1833.
tada de vez em quando
"
ente desabltada , embora frequenMalavois mencibna qU~BlJag~s 11 ca~a d~ elefantes e outras especies.
oeste da ilha foi assassinad~e~=quevlveuporunsteinposnaparte
(Malavois ao Govemador de~
Ja~2ao de portugueses em Bissau
A. A. O. F.).
eneg , 7 de Agosto de 1833, 4B6,
Urn mes mais tarde McGill envi
reiterava a sua convic~ao de que B ~u a Latrobe uma outra carta, na qual
uma nova col6nia. AIgum te
0 ama.era 0 1<l7a1 mais promissor para
adicionais sabre Bolama e ~: depOis McGill obteve infonna~1les
Maryland Colonization :SO:i~
.0 de 1832 escrev~u aos directores da
nao serviria os objectivos da s/:;o ~~n~o que, depois ?e tudo, Bolama
com ailha de BUlama, mas info~e a e. «Eu ~stava mUllo enlusiasmado
ela noo servin!, nem paden! ser ba~s posten?res levam-me adizerque
a fonte de McGill nao e revel dO ~ a sem mUlto custo.» Mais uma vez,
dos, McGill recomendava 0 ri~ S~~e ~an~ ;os oulros I~gares consideraordem. A Maryland Coloniz . ' a. almaseonoCestos,poresta
Palmas, onde foi fundada comati~n SocIety eSC:Olheu finalmente Cabo
(Brooks 1973: 20-21).
t!X110 uma col6ma em Fevereiro de 1834
Sem George McGill nem
d'
Society 0 saberem, 0 renovadoo~ t lrectore~ da .Maryland Colonization
autoridades portuguesas da G . ~ eresse ~ntamco por Bolama levou as
e Biafadas em 1828 e 1830 e urn I anegOCIarem acordos com os Bijag6s
n) ilha. Caetano Jose NO~~ ocarem um destacamento de soldados
posterionnente planta~s be1m e a 'f'wra Aurelia Correia criaram
al3llmas das afinna~s sob m sucedi~s, COnfinnando deste modo
frMceses, britanicos e ameri re 0 potenCial a~rfcola da ilha feita pelos
canos que defendlam a coloniza~ao da ilha.
i7rtuga'.e~iregiaO
da GUine-Bissau, decadas de 1820-1830
.;Jep~;i~~~~~a:~~tc;:ortug~viveu um long~perfodode
:\~~~i~'~Uj.i1e(ilS.i1bas<lec '. i..ye
a. e pol{~ca, e ~ PI:ovfncla de Cabo
~.•.,....
~~B.~CilUj.i1~"~isslill)f6ip·
ry:ie..lIl111 s as !eltonascomereiais na
'
.
..•.
,
.
•.....
'.
camente
esqueCldaquerpelospol{ti
'»::.;..,:%\;:.;~;\:.:1,:::'::'c:'::"2;".:',,:,,·,< '<"",
'.:",.
:,'
.
.
' . . cos
.... ,
,',",'
i:
.:26'
no govemo quer pelos cidadaos portugueses. Durante a maior parte do
sec. XIX, os govemadores nao receberam praticamentequaisquer fundos
ou oulro apoio da tesouraria ponuguesa, em bancarrota cr6nica, enos
melhores tempos apenas conseguiam obter rendimentos irris6rios. da
provincia- quando 0 arquipelagG de Cabo Verde nao era assolado pelos
seus frequentes perfodos de seca e fome. Condenados 11 impott!ncia pela
pemlria, os governadores habitua'.mente confiavam os postos de comandantes militares aos proprietarios maii; influentes de cada ilha, e na Guine
deixavam os assuntos enlregues a quem controlasse a maior parte do
comercio e tivesse comitivas pessoais de apoiantes. Nonnalmente,
embora nem sempre, estes individuos eram os comandantes das guami~lles militares de Bissau e Cacheu (Brooks 1983: 302).
Em frnais da decada de 18 IO e:nicios de 1820 a pessoa mais influente
na area do Geba-Grande era Joaquim Ant6nio de Mattos ([1788]-1843),
um portugut!s que subiu de funcionario das alftlndegas em 1805 para
comandante de Bissau em 1818. Aparentemente Matlos ficou a dcver
muito do seu sucesso a uma mulhcr africana ou luso-africana que exercia
consideravel influt!ncia enlre os Papeis locais.
o decHnio da influt!ncia de Matlos em Bissau parece datar do seu
casamento em 1820 (?) com Maria do Canno Pusich, filha do governador
da Provincia de Cabo Verde e Guine. 0 destino de Matlos mudou
adversamente quando, em Maio de 1821; 0 seu sogro foi depostopor uma
«revolta popular» na Praia a favor da revolucionaria Constitui~ao de
1820 em Portugal, revolta orquestrada por Manoel Ant6nio Martins, 0
agente do poder no arquipelago nas decadas de 1820 e 1830. Seguidamente Martins aliou-se com Mattos contra Caetano Nozolini e Mae
Aurelia Correia, mas ja era tarde p:l.fa impedir a consolida~ao do seu
poder em Bissau (Brooks 1983: 310-311).
Fracassadas iniciativas britanicas e francesas, 1826-1828
No inicio de 1826,0 govemadorem exercfcio na Serra Leoa, Kenneth
Macaulay, visitou Bo1ama a caminho do rio Gambia, e tal como outros
europeus antes dele, ficou cativado com aprimeira visao da ilha (<<a mais
bonita do mundo») e com as informa~s dadas sobre os seus recursos
pelos oficiais navais briulnicos. Macaulay exprimiu 0 seu enlusiasmo a
Lord Bathurst:
«Vimos manadas de gado ao longo da costa... Os nat/vos niio a cultivam dizendo que pertence ao rei Jorge da
27
Inglaterra.Noentanto soube
I
tuguesestiveramd'
que a /funs avemureirosporo n ~.
uranteanosohdlJltodefrequentO_lacom
p VP<lSlto de Cortarem e embarcarem _~..I •
Venho r
.
eml.
defunda e:Peltosamente sO/icitara V. Senh'Jria a honra
dos e afr~::';:':e~~~~n~~~~~dados negrosou /icenciacadores ecomerciantes'de totlas revemente qf[uir(am merda Costa.' Tal colOnia da'
as nossas outras c016nias
b '12 .
ria em pouco tempo a' ;'It mca tado 0 importante comircio do Rio G:::~ao
lssau e zonas vizinhas ricas em ado I '
e,
e oleo - formaria lima l' _g ,pe es, cera, ma1fim
[Freetown] d
19a,ao entre a Gdmbia e esta
escravos p;":C:::::/po~ totlas ,:est,:ingiria 0 tr4fico de
saque preparadas em B~r e e evltarlQ as expedi,oes de
paraoRioGrande N lssau e que passam por Bulama
os desgra,ados ~f unez, &c. com opropositode Capturar
Afertilidade do SOI~v~:;;~ev~:!:s da( p~ra a escravatura.
UVl
colOnia altamente a;r(coIa
dtornarla brevemente esta
,/io, estou em crer mostra:sase l·amesp~so;s;o.masuaforma,,"u. .
,
-
-
lrnSunas»
(28 de JUnho de 1826, C. O. 267(12)
Nos anos vinte do sec XIX oficiai d
.
!JIteresses comerciais fr~ceses ara:x ~ mannh~francesa aliaram-se a
mtemas de Ponugal na G .
p orar as distrac90es e fraquezas
comercio e a influ~ncia fra:: m lssau, com 0 lim de expandirem 0
G~ine. Um dos objectivos
1~ra 0 sui ao longo da Costa da Alta
C?samansa, incluindo as abundan~s c~~ ':Ont~ole ~o com~rcio do rio
tou. urn prolongado e dispendioso esC< eltas ~s Diolas, e ISto coJ.llporfranceses, franCO-africanos e s
aI or~ para Implantar Comerclantes
lB'
:sa
'U·
'ii
~:~> ·.~~:~~~~:~1:;~i~;io~}::f,~!~~:;:0~::;:::
... ' . 3§"1:~del!l1;C1ement- Victor Dan I
erclO f~~s. nos «RlVleres du
'.t.~ ",:inofi~~~~d~t~fri~~tra°tas·dVIo·sSIe·toduegse::mrilba~~
~~~6n~J~~~m~f~~
C·····'······· " "
'. ' .
arcarcomerciantes
·.•.•:!.• f..;.:; .•·.•'.:•. . ·•••••
.
. . ,.. lI:Sl\1IlllllSa. Dangles encontrou a····· .• '"
.firanceses no
.;';) ~~;d¢PQi$da aeVastli",lio"'p'"tad'• UZ!'•'d' .smargen~ do ri0Grande despovoa·.. ;·aif·;·····,;,·"
.""...
,; aporumainvasaofula ..,.
in.··.'..·fl$I·.··:.~an~
..;
.
,,9.S)~abItaJjtesque.
restaVllJ1I;da·
«tristi
,·,1i p.l~;,~q~lijuesmisetQblesJ> . '. . ..
. .VI'llaOl;O!Tidaalguns
ge» de Bulola
61 ;t{:t~~f~iiiu'por.qtieC>ll··.o~galsetunAflg/al~(Saulnier 1914:
!,"'y'll.c;,i.'.": ...'·.··.·.··.;,.·........; .Pfl!11!lIfOS efll1ll' IUSO-afncanos; enquanto
V~'"
C. O. 267/82, P. R. 0.)
Muito provavelmente 0 «rei de Bolala» e uma refer~ncia a David
Lawrence, pois 0 comandante Owen descreve-o como ocupando a maior
moradia da comunidade em 1826 e possuindo uma corveta que Ihe foi
posteriormente tomada pelos Bijagos oe Formosa e vendida em Bissau
(Owen. II, 1833: 152).
Dangles encontrou Bolama desabitada, embora fosse reivindicada
pclo regulo bijag6de Canhabaque. As florestas, aabundante ca~a eoutros
atributos da i1ha encantaram Dangles. que organizou urn plano para
estabelecerumacol6nia agro-comercial. Tambem propOs a instala~ao de
uma guami~ao militar ao longo do rio Grande para incentivar a recoloniza~ao africana e promover 0 comercio com 0 Futa Djalon. Segundo
Dangles 0 hito seria assegurado p0r 500 soldados e 200 colonos
devidamente abasteeidos (Saulnier 1914: 67-68).
o govemador Jubelin. do Senegal, adiou 0 seu parecer sobre estas
propostas ate que Dangles pudesse empreender urn segundo reconhecimento da area. Entretanto as iniciativas de Dangles receberam uma forte
adesao do govemo franci!s, que autorizou 0 uso de uma embarca~ao naval
a lim de aumentar as suas garantias.
A visita de Dangles a Bolama levou os funcionarios ponugueses a
agir. Em Julho de 1828 os regulos biafadas de Gumala e os regulos
bijag6s de Canhabaque foram persuadidos a visitar Bissau e assinar urn
tratado cedendo Bolama. Dais anos roais tarde. em 1830, urn destacamento de soldados foi colocado na i1ha. Alguns dos mantimentos foram
transportados para Bolamano brigue americano Transit, de Nova IOI'que.
"
29
.
\2:::/ . ...
~;.: '~ ·. i"'·.:i.~':;·.,~t.:·.',:~.':.L~i.~'. t~.·:; ~.· ~ ':~.:' ~.' ,.'~ :,'.·:;: _r~,_.:~ ·i~·.~,:.~:.' h:>:---,',;;:Xi;;1ii;"':,(,:::,e;:~
;:,'3.·:(\: :': : ~ ,':~\/S~; ,:;:; ".',-" _-',/. ':,h,~V:.':>;:'i j;:,'
s"
•. • .·•.
.t.,-:.;. ..,;.:.:"":.·.:
.•.:...._.•,..;.;.".,,'
. . :..•.•: '."•.•.•.• . •
• • •.•.:.•.:,•. •.,
": .:... II',,\,:)o;:,::""~::<;j,~.;:'.~.':_'r"'":
..,C-?<'?kt}
..,·..•...
«Ao cimo do rio Grande havia uma pequena corveta que
pertencia ao rei de Bolala, sem documentos nem bandeira
e pilotada por nativos. quefaz comercio costeiro anorteate
ao [rio] Senegal e a sui ate este local [Freetown]»
(Campbell a Goderich, 14 de Julho de 1827,
.'
'28
<:::>.',~'.,".,', -:,.::,-,.'>,';
.. ,.....•, ,:.:
. .••;..••.•.
\:
••.•..
•. .:•..•:.:.'...•;.••
·..•·.•.·
......:.·':.:
.•. •.·.;.·:·.'
•..
que 0 ultimo era David Lawrence, filho de David James Lawrence, que
dera apoio a Philip Beaver em 1792-1793.
Os comentarios deris6rios de Dangles sobre Bolala sao desmentidos
pelas informa9Oes comerciais recolhidas pelos oliciais da marinha britanica que faziam a patrulha anti-esclavagista ao longo da Costa da Alta
Guine. Num despacho do ano anterior Ii visita de Dangles, Neil Campbell, govemador da Serra Leoa, descfC.via Bolala como urn entreposto
dotado de uma 6rbitra comercial notllvel:
. .•.
;,~:~>g:;}::i;;0,\W:?~·;'
/",,:':j';'fb:',:' .,. .
",Z,~,:
_',
/,:.:"([,;:"
\
"
·c""
j;:!
;:1;;,
~·tl!i:
jjjl~
,,:{"
pe!o capitilo Charles Thomas (Mattos a Nowlini, 24 de Abril de 1830
CaIxa 23, A. H. U.).
'
,Dangles nunca mais regressou a Bolama. Em Agosto de 1828 visitou
o no Casamansa a bordo do brigue Bordelaise, onde soube, para sua
cons~ma~a:o. que os agentes deixados em M'Bering em Abril tinham
momdo e qu~ os luso-africanos tinham reafinnado a. ~ua influencia sobre
os re~los afncanos com os quais ele fizera tratados. Dangles e a maioria
dos tripulantes do Bordelaise contrairam mal~ria e foram obrigados a
regressar a Goree, onde Dangles morreu (Saulnier 1914: 70-72). S6 na
decada de 1830 ~ que os comerciantes franceses comeyaram a conquistar
a margem supenor do Casamansa e os oficiais navais franceses recuperaram a confianya no sui ao longo da Costa da Alta Guine (Esteves 1988:
49-65). Ent~tanto Caetano Nowiini e Mae Aurelia tinham-se tornado
~~s .comerclantes que dominavam nos rios Geba e Grande e tinham
mlCIado pl~tayOes ao longo da costa oeste de Bolama, realizando assim
as ex~.talivas agrfcolas de Philip Beaver- se exceptuannos 0 facto de
Nozohm e Mae Aurelia utilizarem trabalho escravo.
ll.l!
f~Jt
r,lt
'ilt
I'
I.ii
ql!
Iffij
;;111
;~~
j~lIt,,;
Bolama e Caetano Nozolini e Mae Aurelia, 1820.1840
ill
h Atemivel;l1ae Aurelia e-Ihe atribuida emicidade bijag6e as vezes era
c amada «Ramha d.e Orango~. mas elae asuainnilMae JUlia, igualmente
Jr ..
1ft;;
0,1'•.•..•.•.•.•.... .
Il,;;;
11 ft
;!"
;j~Ji>'
!;!?{y
ij;:};,>
~:;:;;~~~~~~~:ij:~~sq~~~:r~~:~~~~~~:r: ~~~~:~~::s~
parcelro comerc~a1 e mando de Mae Aurelia. Caetano Nozolini (I 800-1850), nasceu na tlha de Fogo. A sua vida coincidiu com a influencia
c~cente dos caboverdianos na regiilo da Guine-Bissau, a medida que 0
numero
peninsulares decaia no perfodo ap6s as guerras
~e portugue~e~
~~~~~I:d~~~o~~~~:a ~~li:~:ud:e~~~6~~~:~~~~~~eu~~
fo~ de ce~a ~e 60 grum~tes papeis. Uma grande comitiva de grumetes
annadosfOide lmpo~clacrucial para Nozolini eMae Aurelia durante
2;No~~:i~~~~~n:i~:=~~eO~~~~~i;:sB:::~~~tes
I.•·.•.
de
......< •• ~C~\TOSna~a do Geba.Gl'lI?de nos ~ais da decada de 1820. com uma
',I.',·.•. I.'.!.!.•.•.•.•.••.• .•.••.·.••. .. "., ;·.;·.•
i··fi·'''\l.~~<;()llIe~CIalqu: se estendlaate ao no Nunez. Ocomercio nas ilhas
;;;ii~~Jag~~fol por.multo teJ?lpodisputado por Joaquin!An16nio de Mattos.
iii·"·i.~~\l;~gellCIava d,: esttellos la~~pessoais ecomerciais COnt Damiilo. 0
·,Pc!,~I~~rt;~ObIJag6deCanhabaque.enquantoqueainfluenciadeMiie
~o
".,.;,
31
..
"t·;-"
""':';'.i.::';
Aurelia (e de Mae JUlia) centrav<:-se em Orango. E muito prov~vel que
tanto Mae Aurelia como Mattos encorajassem os Bijag6s a atacarem os
rivais, fazendo com que os comerciantes franceses, franco-africanos e
scnegaleses receassem comerciar no arquipelago (Brooks 1983: 298-303; 310-312).
Em 1825 Nozolini e Mae Aurelia levaram escravos para Bolama.
construiram ~ma residencia e comcyaram uma vasta planta~ilo (pelissier
1989: 58). No mesmo ano, experimentarant um severo golpe na sua
economia e influencia quando Now!ini foi implicado no assassinio de
urn comerciante frances estabelecido no Senegal, de nome Dumaigne.
que estava envolvido no comercio do sal ao lon;!l0 do rio Geba, quebrando deste modo 0 monop6lio que eles exerclam' Os comeJ'CIantes e
funcion~rios franceses do Senegal exigiram que Nowlini fosse entregue
11 justiya. mas Nozolini e Mae Aurelia bloquearam a investigayilo
instaurada pelo govemador da provincia. Nowlini fugiu para as ilhas de
Cabo Verde antes da chegada de urn barco frances, em Dezembro de
1835. 0 comandante frances pressionou Ant6nio de Mattos, comandante
de Bissau e rival de Nozolini havia muito tempo. a confiscar as propriedades de Nowlini e Mae Aurelia ;Jaracompensaros herdeiros de Dumaigne. Nowlini foi preso e encarcerodo por uns tempos na Praia pe~o
govemador da provincia, mas todas as queixas contra :Ie foram ?1aIS
tarde retiradas, e regressou a Bissau pouco depois da partida do navlo de
guerra frances. Nozolini e Mae Aurelia exer~ram poste~onnente tanta
influencia na Guine como antes do assassimo de Dumalgne, mas nilo
voltaria a haver mais «eliminay1les,. de concorrentes protegidos pela
marinha francesa (Brooks 1983: 312-313).
A medida que a marinha britftnica suprimia graduaImente a exportayllo de escravos da Costa da Altl Guine. Nozolini e Mae Aurelia
adaptavam-se as novas circunstlL'lcias. Eles estiveram entre os p~meiros
a empreender na regiilo da Guine-Bissau 0 cultivo do amendOim para
consumo local e exportayilo, abrindo plantay1les ao longo da ponta oeste
de Bolama. Ao fazerem isso seguiram o exemplo de outros traficantes de
escravos, ao utilizarem os cativos para 0 cultivo de amendoim e outras
culturas de renda, para <<legitimarem» os comerciantes ou para 0 consumo local. enquanto esperavam a Qportunidade de os venderem aos
traficantes (Brooks 1975a: 31-32; 46-47; Bowman 1987: 90-91).
Ironicamente. a localiza~ilo relativamente acessivel de Bolama permitiu aos navios de guerra do esquadrilo britfutico anti-esclavagista
atacarem os seus antagonistas de M muito. Em Dezembro de 1838. uma
facyilo terrestre do brigue de guerra Brisk Ievou 212 escravos de Ponta
.
,
.".:: i:~.~;_~~l~~\;/;£~~~, ~,~, ". .' '.' . :'.
Oeste, arreou a bandeira portuguesa e capturou a escuna Aurelia Felix ""
.antes":anceses franco-africanos e sene(que presumivelmente devia 0 nome a Mae Aurelia). A embarca~ao
de guerra france~s, ::O:~:~lvez m~:ior~s no'comercio luso-afric~o e
e~tava carregada de sal e foi eventuaImente libertada eGl Freetown por
gaIeses flZeram m~u
0sui an tonga da Costa da Alta Gume.
flllta de provas para a condenar por tnHico de escravos, mas os cativos a
caboverdianonono.Cas~ansaen . d~ eliminarcomerciantes rivais
bordo nao foram devolvictos nem foi paga qUalquer indemniza~ao. 0
A intimida~ao e a v~olenCla como r::.~~ode Dumaigue em 1835, de modo
Brisk atacou Bolama de novo em Abril de 1839, inflingindo novas
j~ nao eram pos~fvels ap6~ ~ as~ ldina devem ter decidido que os
perdas em bens, 0 que levou M de Aurelia e Nowlini a reduzir as suas
que Mae Aurc!ha, .No~lllU e lh po rvidos pela tradicional estrate!gia
o;JCra~lles na ilhaipor algum tempo (Brooks 1983: 314). Em 1842, a
interesses da familIa senam m~ ~ ~o optarem por urn comerciante
proprietario africano-estrangelro.e - t' onial
marinha britfuJica tomou posse formal da ilha, mas 0 govemo britfulico
recusou guamecl!-Ia com tropas (Pyfe 1962: 224).
cstrangeiro habil atravc!s ge;::a ~~~a:~~mayt~r sido por conveCaetano Nozolini morreuem Julhode 1850. Caetano NozoliniJr., que
Apesar do casamento e opo . rou e pode-se supor que os
foi educado em Fran~a, continuou os neg6cios da famflia sob 0 nome de
nicncia, 0 comercio '!C Demay p~~ ~m servidos. Dos bens de
Nowlini Jr. e Companhia, sob, pode-se calcular, a orienta~aoexperiente
interesses de Leopoldma tamMm ~
a ue recebeu do seu pai, 0
da sua mae. Tres filhas casaram-se com homens capazes e empreendedoLeopoldina nao era de ~::prezar '~i1:=:co~erciais exclusivos no rio
re~ e com os seus maridos COntribufram para a continuidade da prospecstabclecimento comercl e os P~lti
em 1843 do rc!gu1o biafada).
ridade e influl!ncia da familia durante os anos 50 e 60.
Corubal (Nozol~ni obte~e estes . ~o~bal Demaytinhaumafeitoria
EUgc!nia, a filha mais velha (?), casou com 0 Dr. Ant6nio Joaquim
Alem do comerclo em BIssau e no no. 0
da esfera
0 de tamMm parte urn
Ferreira, que em 1844 foi nomeado administrador do hospital de Bissau.
dcnominada «Monte NaJ?OleaO» n~.~~ D::ay'desempenhOU
papel
o dote de Eugc!nia incIufa a col6nia de Ametite, no extremo nordeste da
comercial de Mae Aurc!ha e Now I. I:
aI sesnosanos
llI:a dasgalinhas, no arquipc!lago dos Bijag6s. 0 Dr. Ferreira criou af urn
importante paraos interesse~ comerclals f~:r~~ ~ s~~~~s ~ssuntos aos
ce:Jtro de convalescl!ncia para doontes de Bissau que ficou conhecido por
50 e 60, facultando relat6nos SOb~ 0 ~ariOS coloniais do Senegal, e
Cesaria (<<grupo de casas»). Plantou coqueiros em Ametite, considerado
oficiais da marinha francesa e aDs nClO . a ente comercial para 0
o primeiro local onde foram cuItivados na Guinc!-Bissau. Tirando vantapor varios anos na decad~ de 50. act~ou ~= Jerde (Valdez, I, 1864:
gem dos conhecimentos da sua familia, 0 Dr. Ferreira tomou-se urn
cilnsul
americana
naV,pralal'I~2as701~~i
347; 353;
Barcellos,
19.
" ~~12'.62, 198; Brooks 1970: 197cornerciante influente em Bissau por volta dos anos 50, uma actividade
-198).
sec duvida muito mais remunerativa do que 0 exercfcio da medicina
(Barcellos, V, 1911: 25,156,264, 266; VI, 1912: 60, 226, 279).
Ap6s a. inOIte do seu marido em 1853-1854 (?), Eugenia Nowlini
Perspectivas sobre as decadas de 1850 e 1860
"ii!;;
Fer.reirarcsidiu em Ametite, gerindo uma col6nia comercial e planta~lles
F'
~rnOzeainendoim. Os seus escravos domc!sticos teciam e bordavam,
'.
..
contecimentos do perfodo
·.·. .'.H,!'j't:l'abalhandoemamPlascasas que haviam sido construfdas no passado
Numerosos acadc!mlCOS anallsaram oso::Ueadamenteomaisrecente
• '" ..... Pat,;!at°jarcatiyosAespera de serem embarcados. Eugc!nia tinha tambc!m
anteriorliarbitragemde~~lamaem~8??,nce de la Guinee (1989). As
:i\i ,<
11 entrada do rio Grande, onde
e autorizado, Rene PehsSler: em QlS~: a dois temas abordados neste
observa~s que se seguem dlzem respel
'hllyi"~d~~extensOes devaliosas madeiras. Os seus filhos continua;;\\ ;; ". ram,~eJ(pI~ a<:p16niaagro-colDercial em Ametitepelo menos ate! aos
texto.
.. d
-africanos e africanos ligados
llIl.Os@~~I1PS,YI.191 ~:26,42,60, 62; Thompson 1858/1969: 89).
Deve-se real~ar a ImportfulCla os.euro
rinheiros construtores de
;,;;jt~j~gtIpaa;~de~lIetan?1I10ZOlini e Mae;;Aurelia,. Leopoldina,
lis potl!ncias europeias em con~rrencl: .. O~:: franco-afncanos, anglo;~;~IJt'~!!Olp~e;~m;ly;lIll1.·c()mercian~ •. fI'lJDCO-africano ;de.. G()ree
embarca~lles e outros artesaos uso-a c
, merciantesportugueses,
pelo comc!rcio
africanos e africanos eram indispe~avels aos CO
·\~y~~pe~~~!;3!;~m;~i~lI~ps;~nlliS,!!?SllPps,"W"A.·re.sidl!ncia'de
mpetiam
.... ····~~~\li.f~'ffeii;l()$;tempps.de!mUdanCa.;.Prptegido.POrbarcos
caboverdianos, franceses e bntfull~os qu~~os
"Rivieres du Sud»ou
africano nos rios a suI de Bolama, enom
;, iii; ••.. '
'~af~itl>~aemBOa Esperan~a,localizada
r:
~i: :;,;C!j~..'~.".., ~".;.,•~". •:.,:.:.•".~..:.:,'•.'.;•...:,,:.':.:'.•. .''·,';"'k,~:2">.;
;;.
.:~ ,:':"::)'-;E,,,
c',,"',,',··.··
'-
C',',;".."
'.~
';::i.;:\,;::::,;/
. .,,'
'fT":,' ;:~~!;8Y;"!~{:, ":ii,';,
-,i[
".;:::~~\~:(;:::;j:::~&~~~f~:,;'jfff:z;t;::~~~2-!2i ;:t!z,'.i;~'1t~~:':~f8~~
33
'!'
iii>
;;
«Northern Rivers» segundo se tratasse da perspectiva do Senegal ou da
Serra Leoa. Entretanto, emigrantes caboverdianos estabelecidos ao longo do rio Grande e do rio Geba durante os anos de seca da decada de 60
e seguintes. conjuntamente com luso-africanos nascidos na GUin~.
reforcaram a influ€ncia «portuguesa» na regiaoda Guin~-Bissau (Carreira 1977: 113-114; Bowman 1987: 93-98).
o papel desempenhado individualmente por euro-africanos e africanos durante a era do imperialismo ainda esta por ser convenientemente
tratado. Porexemplo, a pessoa nomeada como administrador de Bolama
em Janeiro de 1859 pelo govemador da Serra Leoa era David James
Lawrence, que possufa uma feitoria em Bissassema, no rio Grande.
Lawrence foi descrito por Hon6rio Pereira Barreto como urn sussu do rio
Pongo, mas parece tersido filho (ou neto) do anglo-africano David James
Lawrence. que prestara assist€ncia a Philip Beavere acOl6nia inglesa em
1793 (Walter 1947: 178; Hargreaves 1963: 48; Pelissier 1989: 96).
Naturalizado sllbdilo britfulico por uma ordenan~a de Abril de 1859
(Hargreaves 1963: 48), Lawrence promoveu eficazmente os interesses
imperiais britfulicos. Em 1861, persuadiu osBiafadas de Bambadinea, Fa
e Ganjarra, ao longo do rio Geba, a hastear a bandeira britfuliea, e i~ou
pessoalmente a Union Jack na ilha de Pecixe (P~Iissier 1989: 101).
Devido em grande pane aos comerciantes franco-aJrieanos e senegaleses. 0 comercio precedeu a bandeira nas Rivieres du Sud. Na d~eada de
1850 os interesses eomerciais franceses monopolizaram as exporta~(les
de amendoim, preparando 0 eaminho para os tratados negociados pelos
ofieiais navais franceses (Brooks 1975b: 78-79).
Quanlo aquestao de que os aeontecimentos na regiao da Guin~-Bissau
vieram a ser cada vez mais integrados nos alargados parfunetros da
partilha do continente africano, urn factor importante respeitailte ao
destinode Bolamaface adivisao colonial pode ser alribufdo aos Ashantis
. da Costa do Oura, 0 actual Gana. 0 recom~o das hostilidades entre
~hantise brit4nicos emdl 864 'di~inaOcPti~ao militaringlesada e as numerosas
"",.xasentre astropas as n as
tdenlais provoc as por doen~a,
t
l!t~L22¥;;I;]~f~ut~~~~~e~':(~b:~e'C~;4~i~~~~~r:?y:
';;';";i~(~*I~soes(l~comiSSaoparIalIlentarEspeciaIde 1865 serviram
i;;)I'af!i\W!pedi~;0"cg-<>'vemarl°r da S~rra Leoade fazer novas anexa~
'i;;~~\l:l~s#'IiJ1a(;()njunlUraCrfti8a,·pennilittdO aogovemador do Sene" • .;';tRm~ti#!Q~tiY~deciSjyas;obten~otr~llIdosque reivindicav
a
.. :tai'liat'frililces'~n()rioMell1k:orlemNovenlbrode
1865 e, nosdois
",',.";> , /.; '".,
:>, '.
",.>
:C', --.'. .".' .' " _
,',' _
" .. c',
"
.'
.:.'
.'.'
"
am
guintes tratados nos rios Nunez e Pongo. a «patria» anglo-af~
anglo-afrieanos como David James Lawrendace'
..
B lama ficou irrevogavehnente separa da
a
sobre Bolama e zon:
rnese~~enumer~os
eana
gu:!~~O ~~:~ad~ue~clamava jurisdi~ao
~Zir:::;S~a rasegtb·aaOrradc~asG~~~pB;:~~~~
~~:~~~~ra~8;:~~~:ar~
•
destrUtu as su
nunea mais vOl~remd(Fyfe6::~~~:~'portUgai concordaram e~
Urn ano mals tar e, a
I
a arbitragem do Preslse realmente houve
subrneter as suas reivindica~s sobre Bo am:
s
ses
dente dos Estados Unidos. P?UC? dd?SIO~:~» de' 1870, compreendeal m que celebraram a «Vlt6 na Ip
..
.
q~anto 0 seu pafs a devia aeapacidade milttar ashanll.
ri:
NOTA
.
A
B' tti dos Padres PlME. Durante
Este texto~ dedlead? ao~.. ~~ ~~~d;de 1940 ade 1980.0 Padre
a sua longa perrna.nenela na um.. a nhecido adquiriu urn profundo
BiasUlli. ou Pa Pias como era mats e~ conlribuiu significativamente
conhecimento dos ~vos e ~as ::Ul~ral~nlribUi~(leS lingufsticas do Pe.
para 0 estudo e ensmo do enou o. d~S . os e 0 seu Vocabulari KriolBiasutti, a mais acessfvel aos aea "mlC
-Purtugfs (Bafal<!, 198~). C
'1 OF Learned Societies e ao Indiana
Agrade~o ao Amertcan ounci ,
Fund pelo apoio
.
.
th Overseas Conference
C 16quio lntemacional «Bolama,
UniverSity Commlttee?~ e..
financeiro que me perrnillu a:s~; ao 0 om 0 Sr Alexandre Marques
Cam!nho Lo~ge.». Esto~e; . v~a~;~a~eografi~ de Lisboa, pela sua
OCle.
s uisa das fontes portuPereira, da Blbhoteca
d ao e
valiosa assist€ncia, durante mU1to~ ~os, n~ pe q
guesas. E. C. Rivron conlribuiu slgnlfiea~vamente ~arad~ ~ aa~resa
edi~ao deste texto. Estou muito grato a Filomena Mlran
Montenegro pela tradu~ao do texto para 0 portugu€s.
Rejer€ncias
FONTES IN~Drr AS
. SOCIety
.
American Antiquanan
(A.A.S.), WQfCester• Massachuscw. Samuel Hodges,
Jr Papers. Cit. in Brooks 1973.
Co
ndcnee
Archives of Afrique Occidental Fran~isc (A: A. O. P.). Dakar. B rrespo
.
Arquivo Hist6rico Ultramarino (A. H. U.). Lisboa.
Gui~
.'.' 34
'\,~.:;
·~:fG~~.
35
Public Record Office (p. R. 0.), Londres.
C. O. 267 Sierra Leone, General Correspondence
C. O. 268 ColoniaJ Office. Dispatches to Sierra Leone
F. O. 97 Portugal: Island of Bulama
Boul~gue. J. 19~. «Unp~jet d'!Stablissement f~i8 aBolama et son 6chec c1724-1725)>>.
CoI6qwo IntemacJonaJ «Bolama. Caminho Longe».
Brooks, G. E. ~988; «Landlords and Strangers: A History of Western Africa, 1000-1630».
. Westview Press. 1991 (no prelo).
Galli, R. E. 1990: «Eighteenth Century Images of Bolama and its "Colonization",.. CoI6quio
.
Internaclonal «Bolama, Caminho Longe».
HaIr, P. E. H. 1990.•Some References 10 Bolama 1450-187n Col6 . 1 Ie
•
I
•
Vlt.
qwo n maClOna
«B0 Iama, Cam ·Inho Lo nge».
Knight-Bayla.c, M. -H. 19~O. «Goree et "Ia Petite COte"; Origines e: d6veloppement; Les
relall0n.s co~er~laIes avec les pays du sud (jusqu'au Rio Grande) 1677-1789».
Mem6na, Umversl(fade de Paris-Sorbonne
.
Robinson, R. L. 1966. «British Colonial Policy and'Trade on the Windward Coast of Africa,
1812--1832». Tese de dOutoramento, Duke University.
Scantamburlo, L. 1990. Comunieayio pessoal, 23.24 Novembro.
FONTES PUBLICADAS
Almada, A. A. c. 159411984. BrkfTreatise on the Rivers o~Guinea Trad de P E H H .
Liverpool.
'I
• • • • • air,
Andrade, A. A. de. 1970: «Bernardino Alvares de Andrade, um guineense esquecido». Boletim
Cultural da GUlM Portuguesa XXV, 98: 177-215.
Barcellos, C. J. de S. 1899-1913. Subsfdios para a Hist6ria de Cabo Verde e Guine 7 v I
Lisboa.
. 0 s.
Ikaver, P. 1805. African Memo,anda: Relative to an A//empt to Establish a Bruish Se//lemem
tM
Do
on
Island.o! B~ma on the Western Coos/ ofAfrica, in tM Year 1792. Londres.
ahen, A. 1974 «Pob~cs.Q1: Ghana. 18(X).. J874». In History of West Africa, Vol. II: 167-261.
Ed. 1. F. A. AJayl e M. Crowder. Londres.
Bowman,l. L. 1981. «"Legitimate Commerce" and Peanut Production in Portuguese Guinea.
1840-1880>. Journal ofAfrica. History 28: 87-106.
Brooks, O. E..l'970. Y~~kee Trade,s, Old Coosters, and African MiddJe""m: A History of
B· . American Leguunale T,ade with West Africa in /M Nineteenth Century. Boston.
rooks, G. E. ~973. «Bolama as a Prospective Site for American Colonization in the 1820'
Bolettm Cultural da auuu Po,/uguesa XXVIII, 109: 5-21
SIt.
Brooks, G. E. 1974. «The Providence Mrican Society'~ Sierra ~ne Emigration Scheme,
1794-~795: ~ol~ue to the African Colonization Movemenbt.lnte,na/ional Journal
E.
ofAfrICa. Hutor~ Studis., 7, 2, 183-202.
rooks, ,G. E..19?5a. «Peanu!' and CoJonization:Consequences of the Commercialization of
P...,uts m Wes'Afn.., 1831J.1870>.Journai ofAfrica. History 16 I' 29 54
,,~};:S~'t';~~~i/;:'::. :~~ ;;~~~~~~s:::ca- DUn4~i~;&~ys Us
. ....: ~~,(l,B;;I9S3••ANhara of the Guinea-Bissa. Resion: Mie Aut6l· Co . In ~
.....•,::;: . . ,,,.aNi SI",,<? Us Africa, 295::119. &l
Robenson e M. A KIlO. rrMadOl~"""'.
·,·,BiO.se!ard H1889 «LaG • .
c. c.
•..• ..
. etn_. .son.
etles POlsesslons fran(:4ises vo;s:nes.... Bulle/in de
;,f;>....!.. ?~ulltk/!.ografhi.tkLille·II;6:·381.434,
'. .
<:i'!,'::i>;'::;:,':,''';(';:.I;'\ •..~; :'•..;. , •... _. ..' .wn=f?rtu8lI
se
1¥'~~Jt,~I'T17.M'8~OfIiu1laS/iitas tkCab,> Yortk. LisbO..
('>:';
Coelho, F. de L. 1684/1985. Descriptio. of '''' Coast of Guin", (/684). Ed. P. E. H. Hair,
LivcJPOol.
Craig, R., e R. Jarvis 1967. Liverpool Registry ofMe,chan.t Ships. Manchester.
Cultru, P., ed. 1685/1913. P,emier voyage du SkUI' tU lJJ Courbefail a la coste tl Afriqw ell
1685. Paris.
Curtin, P. D. 1964. The Image ofAfrica: Bruuh Ideas andActioll.1780.1850. Madison.
Donelha, A. 1625/1977.AnAccount ofSierrauoM and 1M Rivers ofCape Ve,de (1625). Ed.
A. T. da Mota e P. E. H. Hair. Lisboa.
Durand, J. B. L. 1806. A Voyage to Senegal. Londre,.
. .
.
Esteves, M. L. 1988.A Ques/40doCasamansa ea delimilat;liodasfrontelTos do Gume. Llsboa.
Fage, J. D. 1987. A Guide to Original SOlUce.~ for Precolon.i4l Western Africa Published in
European Languages. Madison.
Fyfe, C. 1962 A History ofSierra uon.e. 1..on<1-:s.
GoIberry, S. ·M. ~X. de 1802. P,agmens d' un voyagt!IIAfrique,fail pendan./ les aMies 1785,
1786, 1787. 2 vols. Paris.
Hair, P. E. H. 1960. «Beaver on Bolama». Rolet:m CodtlUal da Guine Por'uguesa XV, 58: 360-383.
Hair, P. E. H. 1964. «"Sierra Leoneand Bulama"1792-4: Further Notes». Sierra Leone Bulletin
0/Religion6,1: U.31.
Hargreaves, J. D. 1963. P,elude. to /M Pa,tition. ofWest Africa. Londres.
Harris, S. H. 1CJ72 Paul Cuffe: Bkzck AfMrica and tM African Return. Nova Iorque.
Jore, L. 1965. Les EtablissefMn./S fra1Jfais SUT Ja cate occiden.taJe d' Afrique de 1758 a1809.
Paris.
Lamiral, D. H. 1791. Memoire SUT Ie Senegal. Pari".
Machat, J. 1906. DocU1tU!n.ts SUT les etablissefM."I/S fran~ais tk I'Afrique Occidentale auXVlJ1
siecle. Paris.
Mauhews, J. 1788. A voyage to /M Rive, Sierra·Leone... 1785, 1786, and 1787. Londres.
MOla, A. T. da 1974. «Actividade maritima dos Bijag6s nos seculos XVI e XVII». In In
Memoriam Antonio Jo,ge Dias, Vol. 3: 'JAJ-,);17.
Mota, A. T. da 1978. Some Aspects o/Portuguese Colonisation and Sea Trade in. West Africa
in the 15th and 16th Centuries. BlOOMington.
Mouser, B. L. 1973. «Trade, Coasters, and Conflict in the Rio Pongo from 1790 to 1808».
Journ.al ofAfrican History 14, 1: 45-64.
Mouser, B. L. 1975. «Landlords.Strangers: A Process of Accommodation and Assimilation».
International Journal ofAfrican Historical Studies 8, 3: 425-440.
Mouser, B. L. 1983. «Women Slavers of Guinea-Conakry». In Women and Slavery in Africa,
ed. C. C. Robertson e M. L. Klein. M?4ison.
Olaniyan, R. 1984. Guinea-Bissau inAng!0.PC'rt"8~Se Rekztion.s, 1860·1870; A Study in the
Diplomacy o/Colonial AcqwuiOll. ICe.
Owen, W. F. W. 1833. Na,rative of Voyages to E"plore tM Sho,es 0/ Africa, A,abia, and
Madagasca,.2 Vols. Nova Iorque.
Pelissier, R. 1989. Naissan.ce de kz Guine: portugaiv et africans en Sinlgambie (1841-1936).
Orgevai.
!>relong, C. 1793. «Memoires sur les TIes de Goree et du Senegal». AlUlales de Chimie 18: 241-309.
Pruneau de Pommegorge, J. 1789. Desc,iptiott de "" Nigritie par M. P. D. P. Paris.
Rodney, W. 1970. A History oft'" Upper Guinea Coast./545-/8QO. OxfoW:.
. .
Saulnier, E. 1914. «Les Fran~is en Casamance et dans I'archipel des BlssagOS (miSSion
Dangles), 1828». Rev," de r His/oire du Colonies Fraru;aises. 2: 41-76.
Staudenraus, P. J. 1961. The African Colonization. Movemenl, 1816-1865. Nova torque.
..."
,'-,;
",»;:<•. ;>;.~.
{';:';;i>f.'
37
.J;
Teague, ~: 1:':::1~~~1ama in the 18th Century». Boletim Cultural da Chultl Portuguesa XIII,
Thomas. L. D. 1986. Rise lobe aPeop/t: A Biographyo/PauJ C rffie Frban
Thomp'OI1. G. 1858/1969. ThePa/mLand; orWeslAlfrka, 2nd cd" C., , a:
Valdez, F T 1864 AIfr' 0 '
. mcUUUlU.
..
.
rca ccidental: NOlteias t ConsitUra'lJes 2 vols Lisboa
Wadstrom. C. B. 1794-1795/1968. An essay on Colonization. N~va Iorq~
.
:~Iter. J. 1947. HOnbrio Pereira Barreto. Bissau.
e.
.
I son, E. G. 1976. The Loyal Blacks. Nova lorque.
UMA PERSPECTIVA HISTORICA
DA COOPERA<;AO TECNICA
EM }\FRICA
Na Africa subsariana, subsiste aperpetuar;M dos rrwdelos e sistemas de depend~nciaforja­
dos na vespera das independ~ncias. Este fio condutor
torna-se mais visfvel se se tiver em conta uma perspectiva historica. Infelizmente as anfllises econ6micas
recorrem muito pouco a estas dimensoes.
Carlos LOPES
Efacto geralmente aceite que resulta diffcil tratar urn tema sem situii-10 no seu contextoe que. segundo anatureza do tema. 0 aspecto hist6rico
pode assumir maior ou menor importfuJcia. No que diz respeito a coopera~llo tecnica. e evidente que precis:unos da perspectiva hist6rica. por
raziles ligadas as imlmeras interpreta~iles outorgadas aos termos «coopera~llo» e «tecnica». mas tambem aos diferentes conceitos subjazentes a
esta conjun~llo de palavras.
Tenti1mos aqui passar em revista as principais etapas da evolu~llo da
ideia e da n~llo de coopera~llo tecnica. e para isso vimo-nos obrigados
a remontar ate as origens deste fen6meno: 0 perfodo colonial. A seguir
anaIisi1mos a integra~llo de Africa na economia mundial e a constnJ~llo
das justifica~s ideol6gicas que permitern a consolida~llo de diversas
formas de dependencia.
39
Jallon.
Landuman, Susu, Nalu, and Baga landlords permitted
British slavers, including some from America, to settle in their
communities, where they and the Anglo-African families they
founded progressively aggrandized commerce from the Luso-African
families long established there.
French initiatives in West Africa increased markedly following
the recapture of Saint-Louis in 1779 and other naval successes in
the war of 1778-1783.
In the years following several Frenchmen
knowledgeable about Upper Guinea Coast trade advocated founding a
French eBtBbLiGhmen~ un BulanJa.
Silv~re-MeinrBd-Xavier Golberry,
who published an 8ccount of his travels in West Africa in 1802,
/
translated into English the same year, relates that Marechal de
Castries, the Minister of Marine and Colonies, briefly
contemplated planting a settlement on Bolama in 1784.
Golberry
considered the project an excellent one,
and recommended
establishing a factory on the eastern shore of Bolama, with
subsidiary places of trade on Canhabaque Island and Menterre, the
mainland to the southeast of Bolama which he believed to be
another island (1802 II: 224-226).
Golberryls views were shared by Pruneau de Pommegorge,
a
resident of Senegal in the 1730s and 1740s, whose book published
in 1789 praised Bolama's commercial advantages and counseled that
France should found a trading establishment on the island
"without delay" (1789: 133-137).
Dominique Harcourt Lamiral,
self-styled deputy for Senegal in the-National Assembly, was also
interested in Bolama and advocated a southward French commercial
expansion, characterizing __the areas OI Portuguese trade as -lea
plus belles parties de l'Afrique" (1791: 49).
Carl Berns Wadstrom, a Swedish advocate ox A2rican
colonization, relates that in 1787 he made the acquaintance of an
Englishman named Barber living in France who had convinced the
French government to Iound a colony on Balama.
According to
Wadstrom, had i t not been for the outbreak of the French
Revolution, "a colonial expedition would certainly have been
undertaken" (Part 2: 132).
Barber was probably the Liverpool
trader John Barber whose Iles de Los factory was destroyed by
American privateers in 1778 (Golberry II 1802: 237; Machat 1906:
120-128; Craig and Jarvis 1967: 25, registry 86).
Whether
Wadstrom's assertion can be given credence or not, it is evident
from the foregoing that there was considerable French interest
Bolama in the years prior to the Revolution and the outbreak of
war in Europe that followed.
Luso-Africans vs. Anolo-Africans In the latter decades of
18th century Portuguese and Luso-Africans traders were
increasingly challenged by the northward expansion of an
and Anglo-A:frican commercial network that had hitherto extend",d>
:from the Nunez River to Cape Mount, with principal
the Iles de Los and on Bunce Island in the Sierra
estuary.
During the 18th century, the chie:f attraction for
the Upper Guinea Coast was the slave trade of the
6
state in Futa Jallon which dispatched caravans principally to the
Nunez and Pongo rivers where Luso-A£rican traders had been long
established among SUsu, Landuman, Nalu, and Baga groups.
LusoA£rican £amilies such as the Fernandez and Gomez £amilies in the
Pongo River had long exercised considerable economic,
social,
and
political in£luence through their ties with the leading A£rican
£amilies.
Indicative o£ their in£luence with A£rican landlords,
in 1752-1753 Jose Lopes presumed to ozier. an extensive territory
to the king of Portugal (Andrade 1970: 1871.
Circumstances changed during the second hal£ o£ the 18th
century, Luso-A£ricans gradually being displaced by English
traders and growing numbers o£ Anglo-A£ricans.
By the 1770s,
Luso-A£ricans in the Nunez and Pongo rivers could not compete
with English traders and their agents £or the purchase o£ slaves
and ivory (Andrade 1970: 192-193; Mouser 1973; 50-54; 1975: 4294301.
However, Luso-A£rican traders and grumetes continued their
annual voyages £or kola harvested along the Upper Guinea Coast
(Matthews 1788, 601.
I£ the Nunez and Pongo commerce was increasingly engrossed by
English and Anglo-A£rican traders, o£ more pressing concern to
Portuguese and Luso-A£ricans in the Guinea-Bissau region was
their encroachment in the Geba-Grande commercial sphere, in
shipboard trade and by redirection o£ commerce £rom the Grande
River via an overland route connecting Kakundy along the upper
Nunez River.
The £irst Englishman to £ound a establishment in the
River was probably the Liverpool slaver John Ormond Sr.
latter 1780s.
Ormond had arrived in West A£rica around the
middle o£ the 18th century and settled at Boke in the Nunez
River.
A£ter 1763 he moved to Bashia in the Pongo River.
Ormond
was a man c~pable o£ challenging the most aggressive and
dangerous competitors,
and was notorious £or his
capricious and sadistic behavior (Wadstrom Part 2 1795:
Mouser 1973, 521.
Ormond's £actory in the Grande River was managed by
A£rican named John Bootle.
Bootle and his brother
grown up along the Grande River and on the Iles de
1788 they had attended school near Liverpool (Mouser
It is evident that Bootle and his dependents were
harm by Ormond's £earsome reputation and readiness to
against Portuguse and Luso-A£ricans residing or
Nunez and Pongo.
When Ormond died early in 1791 soon
.....
slaves rebelled and destroyed his premises during an ab~~pg~
the Pongo, Bootle le£t the Grande River, not to return:t:~r;1llB:~'~'
than a year.
When he came back, he was murdered (Mouser· 1"173£.;;';'
52; Beaver 1805, 95-96; 4721.
Such ruthless elimination o£ competitors
desperation o£ Portuguese, Cabo Verdeans, and
trading in the Guinea-Bissau region
and Anglo-A£rican competition.
Circumstances
t.ii£i:1.cul t :Lv'· -Lh" :Corm",· :£ol.1.o-,,:1.r.g the dis",olt.;-l=.i
Par~ and Maranh~o Company in 1778, when thePo~~~Q4~~~b~
drastically curtailed spending in Guinea and Cabo Verde.
As a
consequence, there were frequently no funds available to pay
officials, officers and soldiers in the garrisons at Bissau and
Cacheu and the detachments at F~, Geba, Farim, and Ziguinohor.
Portuguese establishments in Guinea stagnated for deoades, and i t
is indicative of their weakness that rival traders and European
colonization sooieties could oontemplate founding settlements on
Bolama without fear of hindranoe from looal authorities or from
weak and distraoted governments in Portugal.
Luso-African and
Cabo Verdean traders were another matter, for they resolutely
defended their oommercial interests by any means.
Bolama and English Colonization Projects During the 1780s and
1790s, English advocates of Afrioan oolonization founded two
settlements.
In 1786, advocates of a soheme to settle blaok
freedmen at the mouth of the Sierra Leone River suooeeded in
gaining the support of the British government.
The initial
settlement made in May 1787 was dispersed two years later by the
looal Temni, but the oolony was refounded in the spring of 1791.
Later the same year,
another group began to organize an
expedition to found a white-settler oolony on Bolama.
The chief organizer of the Bolama oolonization attempt was
Henry Hew Dalrymple, who had served in the British garrison on
Goree in the 1780s.
While on Goree he had heard favorable
reports concerning Bolama, presumably from English and EurAfrioans who had visited the area.
In Britain Dalrymple
broadcast glowing reports about Bolama's suitability as a site
for European settlement, reports that oomplemented Andre Brue'
desoriptions a oentury earlier.
Such was publio enthusiasm . . . . ' .•.••.
conoerning oolonization schemes that a joint-stook oompany formed····
in November 1791 was qUickly oversubscribed by investors
would-be colonists.
Two vessels were fitted out, sailing
April 1792 with 275 oolonists, 153 men, 57 women and 65
(Wadstrom Part 2 1795' 130-136; Beaver 1805, Chapter 1;
1960, 359-383; Curtin 1964, Chapter 4; Galli 1990).
Members of the Bolama expedition were heedless of
concerns.
Nine days after the first vessel anohored off
Oeste on May 25, a Canhabaque war party struck without
killed or. wounded ten men, and oarried off six women
ohildren.
The latter were afterwards ransomed, but the
unexpeoted·attaok so terrorized the remaining oolonists that••mo~t
decided to return to England.
Only 86 (48 men, 13
ohildren), plus four seamen .and a ship's boy, resolved
the island under the leadership of Philip Beaver, a
Royal Navy lieutenant (Beaver 1805, ohapters 3 and 4
4) •
In the weeks following the attack Beaver
to purchase Bolama from both Bijago and· Biafada,
rulers of Canabaque, Bellohore and Jalorem,
Matohore and Niobana residing at Guinala in
t.ha lior lh ban.k a:! t.he Rio
C;:randl?'~
The
interest in attracting English traders,

Documentos relacionados