escola gil vicente - Agrupamento de Escolas Gil Vicente
Transcrição
escola gil vicente - Agrupamento de Escolas Gil Vicente
BABEL Número 12 maio de 2015 Revista de Línguas Publicação Plurilingue Departamento Curricular de Línguas escola gil vicente | agrupamento de escolas gil vicente EDITORIAL DESTAQUE Vencedores do Concurso Literário Fazedores de Histórias SUMÁRIO Quando há cem anos a secção orien- Acredito que este tem sido o trabalho tal do Liceu Passos Manuel foi criada que ao longo deste século se tem feito nos claustros do Mosteiro de São Vi- neste espaço eminentemente humanis- cente de Fora, tornando-se pouco tem- ta, de relações duradouras, de aprendi- po depois autónoma com o nome de zagens, de razão e emoção, de constru- Editorial 1 Liceu Central de Gil Vicente, ninguém ção partilhada de saberes: o trabalho Textos em Português: 2 terá pensado que se celebraria, um dia, com a palavra que torna os nossos jo- o seu centenário. vens mais fortes, mais ousados, mais cu- Narrativas curtas Narrativa de 1ª pessoa Ensaios descritivos Textos expositivos Cartas à língua portuguesa Poemas Textos em Francês: riosos, mais seguros e sobretudo livres. O lema escolhido para o liceu, Enten9 Fan de... Je me présente La pub, ça me plaît! Pub vacances Blog de mode Voyage d’étude - Géographie Visite au Musée Arpad Szenes–Vieira da Silva Concours d’écriture Les 100 ans du Lycée Gil Vicente Textos em Inglês/Francês: E é com a(s) palavra(s) que se fazem longo dos tempos e foi, por isso, o pre- os textos que, ano após ano, publicamos ferido para as celebrações desta efe- na Babel, sempre com o mesmo prazer, o méride. mesmo entusiasmo e sobretudo um enorme orgulho em acompanharmos o Entendey minha verdade. E qual se- crescimento dos alunos. ria a verdade de Gil Vicente? O que foi 20 Gil Vicente - My first memories/Mes premières mémoires Gil Vicente - My school routine/Mon quotidien scolaire Gil Vicente - My school in the future/Mon lycée dans l’avenir Gil Vicente - The students – Who we are What makes a good school? To be ignorant of the past is to remain a child Meet a young volunteer We care about human rights 10º VAS Proverbs and sayings - 10º VAS Vencedores do Concurso Literário Fazedores de Histórias dey minha verdade1, acompanhou-o ao que nos transmitiu de tão importante? Há cem anos nasceu uma escola. Hoje Talvez a intemporalidade de uma ver- festejamos a sua longa vida. Amanhã dade nascida da análise perspicaz que outros recordar-se-ão dos que, antes de lhe permitiu fazer uma crítica minucio- si, ajudaram a transmitir a essência do sa da sociedade do século XVI? Talvez saber. Entendey minha verdade – a de Gil que, na realidade, seja mais fácil Vicente, ou a do Liceu Gil Vicente? “corrigir os costumes, sorrindo”? Talvez que a cultura seja indispensável ao 1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531 crescimento individual? Talvez que tu30 do isto seja possível apenas com o domínio da língua e um trabalho meticuloso com as palavras? Maria do Rosário Pinto Coordenadora do Departamento Curricular de Línguas BABEL Página 2 NARRATIVAS CURTAS A Aventura dos Três Numa tarde, dois jovens escuteiros foram acampar para a Praia das Maçãs. Quando já tinham montado a tenda foram passear para conhecer melhor o lugar. Quando se aperceberam estavam perdidos. Ouviram então um latido vindo de trás das dunas. Era um cão, um pouco velhote mas com um ar amigável e brincalhão que também parecia andar perdido. No pescoço trazia uma medalha com o seu nome: Sargento. O Sargento e os escuteiros, o Francisco e o Diogo, formaram logo nesse momento uma equipa. Depois de tanta brincadeira até se esqueceram que estavam perdidos! Quando deram por si, estavam novamente perto da tenda. desaparecido! Foi então que o Sargento começou a farejar, farejar, farejar... e de repente começou a correr em direção a uma gruta ao fundo da praia. O Francisco e o Diogo foram atrás. Para sua surpresa dentro da gruta estavam os seus pertences e muitas outras coisas. Ouviram um barulho e esconderam-se atrás de uma rocha: eram os ladrões!!! O Sargento saltou para a frente da gruta e mostrou os seus dentes de uma forma feroz. Foi quando o Francisco aproveitou para chamar a polícia. Quando esta chegou prendeu os ladrões. Mas o Sargento não parava de saltar de alegria pois, afinal os polícias eram seus velhos companheiros... Sim, porque afinal o Sargento era um deles, era um velho cão polícia! Matilde Froes, nº 16, 5º 1ª Mas algo estava errado, a tenda estava aberta e as suas coisas tinham [Supervisão: Dr.ª Ana Cristina Tavares] Como é que o gato Zorbas terá ensinado a gaivota a voar? Texto 1 Passados alguns meses, a gaivota já era adulta e queria deixar de viver com Zorbas e com os seus amigos. Só havia um pequeno problema, ela não sabia voar! E Zorbas também não, pois era um gato e os gatos não sabem voar. - Que hei de eu fazer, Colonello? Eu não sei voar, e a gaivota já quer aprender a voar! - disse Zorbas. - Porque é que não contratas alguém? - Não posso, prometi que era eu! Zorbas leu bastantes livros e ambos ensaiaram muito mas, mesmo assim, ele sentia-se nervoso. Até que um dia, subiram até ao telhado do prédio mais alto da cidade e Zorbas disse para a gaivota: - Não te esqueças, atiras-te e assim que chegares ao chão, começas a bater as asas. - Ok. – disse a gaivota, confiante. Ela atirou-se e, assim que chegou perto do chão, começou a bater as asas. Tinha conseguido! Bárbara Alves, nº 1, 7º 4ª [Supervisão: Dr.ª Manuela Nunes] Texto 2 onde ela pudesse bater as asas e planar. Era verão, estava um dia ensolarado e toda a gente parecia divertir-se. Quando chegaram à praia (cheia de gente, por sinal), encontraram Bem, toda a gente, não. Na verdade, um gato grande, preto e gordo, estava uma duna perfeita, a gaivota subiu lá para cima e Zorbas deu-lhe algumas nervoso, pois iria ensinar - ou tentar - uma gaivota a voar. indicações: ela deveria bater as asas fortemente mas, ao mesmo tempo, O gato (chamado Zorbas) pensava em como poderia ensinar uma gai- graciosamente. Depois de muito cair de bico no chão e de retirar o excesso vota a voar. Já tinha visto muitas aves a voar, mas nunca tinha pensado em de areia, a gaivotinha começou a bater as asas desajeitadamente e ia subin- ensinar uma ave a fazer o mesmo. do, depois começou a planar, chocando com muitas coisas, mas conseguiu Zorbas deu um longo miado chamando a gaivota, que apareceu a cor- manter-se no ar. Estava finalmente a voar! rer, caindo algumas vezes no chão. A gaivota já sabia para onde iriam. Iriam Fatou Fall, nº 6, 7º 4ª para a praia mais próxima. Talvez lá encontrassem uma duna de areia de [Supervisão: Dr.ª Manuela Nunes] Texto 3 Passado uma semana, Zorbas resolveu ensinar a pequena gaivota a voar (sem ajuda de qualquer outra ave). Foi ter com a pequena gaivota e disse-lhe: - Querida, chegou a hora de fazer aquilo que tinha prometido a tua mãe... Ensinar-te a voar. Zorbas levou a gaivota nas costas, para cima de um rochedo. Assim que chegaram, a pequena gaivota olhou para baixo e o medo apoderou-se dela. - Mamã tira-me daqui! Por favor!!! Texto 4 Depois da pequena gaivota nascer, Zorbas pôs mãos à obra. Foi logo estudar como é que se voava e ensinou à gaivota algumas coisas. Ela foi aprendendo mas mesmo assim não conseguia voar. Zorbas estava triste. Zorbas foi buscar um saco, amarrou-o nas asas da gaivota e disse: - Lança-te para a frente e bate as asas, depois deixa-te planar. O saco vai ajudar a moderar a intensidade do vento. Ela assim o fez e conseguiu. Zorbas disse então: - Na vida é preciso arriscar, cair e saber levantar. Só assim, nos é permitido olhar para o horizonte mais além e alcançar os nossos sonhos. Soraia Pinto, nº 19, 7º 4ª [Supervisão: Dr.ª Manuela Nunes] Dia a dia a gaivota evoluia e o gato também reparava que todos os dias ela estava com mais vontade de conseguir. Um dia a gaivota ia de novo tentar voar e o - Nunca vou conseguir ensiná-la a voar - disse Zorbas. que aconteceu é que ela começa a bater as asas A gaivota que ouviu respondeu: enquanto corria, depois saltou e bateu as asas - Claro que vais, tu és capaz de tudo, se quiseres. com tanta força que começou a voar. O gato, mais alegrado, voltou ao trabalho para explicar à gaivota como se voava. Construiu até umas asas com madeira e pano mas, como era de esperar, ela acabou estatelada no chão. O gato ficou tão contente que, quando ela regressou, lhe fez uma festa. Gonçalo Cardoso, nº 14, 7º 6ª [Supervisão: Dr.ª Manuela Nunes] Fonte: google.imagens BABEL Página 3 NARRATIVAS CURTAS A propósito de A Quinta dos Animais, de George Orwell - Estás errado. Em Napoleão estava numa das reuniões convocadas por Bola de Neve, às quais raramente assistia, e ouviu o seu companheiro defender a igualdade, igualdade entre os animais e a pronunciar-se contra uma política de bem e trabalhamos em privilégios, mais favorável a Napoleão. prol uns dos outros. – continuou Bola de Neve. agora proibida. Uns minutos depois, Bola de Neve ouviu um ruído e - Um dia ainda levantou-se para ver o que se passava. Era um som agudo, como o haverá privilégios só ranger de uma porta, irritante para os ouvidos. Viu Napoleão a entrar para os porcos, vais na mansão e seguiu-o secreta e sorrateiramente para não ser ouvido. ver! – exclamou Napo- Ao entrar na mansão, Bola de Neve observou a sala: era grande, leão. com troféus de animais, boa e cara mobília, que o Sr. Reis comprara Finda a discussão, com os lucros da quinta; mas tinha tudo um ar pesado de soberania. foram-se os dois embo- Sentado numa poltrona, viu Napoleão a deliciar-se com a comida que ra da casa e, naquela pertencera ao Sr. Reis: geleias e bebidas alcoólicas, proibidas pelos noite, Napoleão come- Sete Mandamentos do Reino Animal. çou planear o seu golpe - Napoleão, não devias entrar aqui! É proibido! – exclamou Bola de contra a igualdade. Neve. - Nós, porcos, mais inteligentes do que os outros animais, devía- João Carita, nº 12, 8º 1ª mos ter privilégios, como dormir aqui, em camas suaves, ter acesso a [Supervisão: Dr.ª Maria comida e a bebida de boa qualidade! – respondeu Napoleão. A propósito de D. Quixote Fonte: google.imagens Depois da reunião, Bola de Neve foi para o seu humilde recanto na quinta, enquanto Napoleão se dirigiu para a antiga mansão do Sr. Reis, vivemos João Queiroga] de la Mancha, de Cervantes As ovelhas Estava uma manhã radiosa quando D. Quixote e Sancho Pança acordaram. Na véspera, tinham enfrentado moinhos de vento e estavam agora preparados para seguir viagem. Puseram-se a caminho e ao fim de alguns minutos chegaram a um prado onde se via, ao fundo, um rebanho. D. Quixote exclamou: - Parece que temos companhia, meu caro Sancho! Quem havia de dizer que íamos encontrar aqui um tão bom número de soldados! Faz-te às armas, meu fiel Sancho, porque hoje a peleja vai ser dura. - Mas… onde estão os soldados, meu amo? A única coisa que vejo é um rebanho de ovelhas. - Não sejas tolo. Aqueles soldados têm uns casacos grossos de inverno e festejam aos gritos. Fonte: google.imagens - Mas, senhor… O que pensa serem soldados são, na verdade, ovelhas! Os casacos grossos são o seu pelo e os gritos são o seu balido! - Meu bom Sancho, não sabes o que dizes! Mas eu perdoo-te. Vinde provar o ferro da minha espada! - Meu amo, estais bem? – perguntou Sancho. Os soldados, com os seus fartos casacos, as suas pernas magras e - Estou melhor que nunca! Perdemos uma batalha, mas a guerra vozes finas, até tinham umas caras simpáticas, mas as suas atitudes não está perdida! Inimigos não faltam! Que não nos falte a nós a cora- eram ameaçadoras. Já as ovelhas, umas pretas e outras brancas, con- gem de os vencer. forme a sua raça, nada mais faziam do que balir. E foi assim que terminou mais uma terrível batalha do valoroso D. D. Quixote, com a espada em riste, avançou a galope sobre os Quixote e do seu criado Sancho Pança. Novos inimigos os esperavam soldados. Sancho Pança, logo atrás do seu amo, no passo picado do na sua longa caminhada. Unidos por uma especial amizade, seguiram seu burro, tentava evitar uma catástrofe. As ovelhas fugiam em ondas. viagem. De um lado, a firmeza e a coragem de quem quer ver o que D. Quixote desenhava círculos uns atrás dos outros. De repente, proje- não se vê, e do outro, uma boa dose de realismo. tado pelo seu cavalo, caiu com estrondo no solo. Reergueu-se e gritou: Bárbara Santos, nº 3, 8º 2ª - Estais a fugir, seus covardes?! Afinal onde está a vossa coragem? [Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga] BABEL Página 4 NARRATIVA DE 1.ª PESSOA Narrativa de 1ª pessoa, incluindo o motivo do fogo de «Mestre Poupa Bombeiro», de O Fogo e as Cinzas, de Manuel da Fonseca Embora os meteorologistas tivessem dito que aquele dia iria ser essa ilusão. As chamas tinham ocupado na verdade a casa de André quente, no interior da igreja, sentia-se uma clima ameno. Quando saí Juliano. Os bombeiros chegaram finalmente, e entre eles vinha mestre da igreja, andei poucos metros ao longo da Avenida Almirante Reis e Poupa, o herói bombeiro que entre tantos incêndios que havia comba- entrei na estação de metro dos Anjos. Saí na estação do Martim Moniz, tido e a que tinha sobrevivido era capaz de actos que até os mais atléti- onde passeei até escurecer. Já era noite, corri até ao Hotel Mundial cos considerariam sobrenaturais, esta sim é a definição de herói: é onde estava parado um elétrico da carreira vinte e oito e perguntei ao aquele que, com as mesmas bases que o homem comum, consegue ir maquinista se este iria seguir de volta para a Almirante Reis ou se ia além de todos os outros. para a Estrela. - Para a Estrela, disse-me, avancei até à paragem onde Os vizinhos que ainda não se haviam apercebido do incêndio co- aguardei cerca de sete minutos. Observava os pombos que por ali meçaram a vir para a rua para observar o desenrolar deste aconteci- passavam, que, com o cinzento do seu corpo, marca já de nascença mento desastroso que, mesmo depois de extinto, deixará pequenas que passava de geração em geração, contrastava com o branco dos brasas na memória dos espectadores. Entre eles estava Chico Biló, cuja edifícios à minha frente, construídos no tempo em que eu considerava expressão facial dava a entender que o grande mestre Poupa estava que os cães eram da minha altura mas que ainda estão por vender, vai- morto. se lá saber porquê. O elétrico avançou do Hotel Mundial até à paragem onde eu e Mestre Poupa avançou e chamou André Juliano, também o chamei e André Juliano dobrou-se e escondeu a face nas mãos papudas. outras tantas pessoas entraram, e milagrosamente havia lugares dispo- - Vá lá salvar o velho, disse a mestre Poupa. Então este avançou níveis, não havia crianças de colo aos berros a gritar: mãe quero leite, contra o fumo que saía da casa e desapareceu, os bombeiros tentavam bolachas, tenho sede, entre tantos outros defeitos que eles têm sem- domar as chamas que pareciam ter vida, a sua luminosidade demons- pre tendência a apontar aos pais; não existiam os velhos que ocupam trava o seu vigor. os lugares todos do elétrico todos os dias e que nem vão a lado ne- A velha que eu tinha visto no elétrico estava como que receosa e nhum, não, esta viagem era uma que acontecia muito raramente, em curiosa ao fundo da rua a observar o incêndio. Comecei a caminhar que os passageiros podiam descansar. Ia uma velha no elétrico que se para ir falar com ela, mas os vizinhos começaram a gritar quando viram assemelhava às bruxas dos contos infantis e que, como olhava para os bombeiros transportar uma velha na estreita cama de ferro e o pai mim de um modo estranho, eu fiz uma figa e repeti três vezes ‘leva o de André Juliano, ambos mortos. Fiquei transtornado e quase a cho- que deixas’ não fosse esta por artes mágicas desconhecidas rogar-me rar, a contrastar com a minha tristeza ouviam-se as chamas a enruga- uma maldição. rem a madeira e faziam-na estalar. O cheiro a pinho era o dos que mais O elétrico prosseguia a sua viagem sempre a parar a cada cinquen- predominava na atmosfera e poderia até ser de madeira a ser queima- ta metros que avançava, porque existiam sempre condutores que deci- da numa festa um num churrasco, porém tratava-se apenas deste diam parar os automóveis em cima da linha do elétrico, deveriam estes holocausto que era tudo menos alegre e que o cântico das chamas julgar que os elétricos eram apenas para lazer dos turistas, no entanto teimava em contrariar. enganavam-se, nós, os pobres que não tínhamos possibilidades de No meio dos gritos dos vizinhos, e das chamas, lembrei-me de que pagar automóveis, tínhamos de nos locomover neste transporte que já ia falar com a velha e voltei a olhar para onde ela estava e estava exac- havia chegado ao seu centésimo aniversário. tamente igual como se fosse uma estátua. Quando já me chegava par- Quando saí do elétrico, avancei até à casa da minha avó, mas esta to dela para lhe falar, ouvi novamente os vizinhos a gritar e só rezei estava à porta com uma expressão mista entre indignação e medo, para que quem viesse a seguir não fosse mestre Poupa, no entanto foi estava tão mergulhada nos seus pensamentos que só me viu quando já quem os bombeiros trouxeram já morto para o exterior, fiquei tão estava ao seu lado. triste, a minha avó não dizia nada apenas observava agora já não o - É fogo!, disse-me, e desceu a calçada do Menino de Deus até ao incêndio, pois o seu olhar e pensamento tinham-se concentrado na cruzamento com a Rua dos Cegos. Espreitou, no entanto nem uma velha que tanto me intrigava. Avancei, passei mesmo em frente à única chama se via, apenas o fumo que ascendia aos céus no pátio porta de entrada do edifício em chamas e o fumo instalou-se na minha Dom Fradique, que a qualquer homem que conhecesse as passagens garganta como uma lapa numa pedra, o incêndio extinguiu-se, e como bíblicas daria a entender que Deus parecia estar a gostar daquele holo- em todos os fogos desde pequenas fogueiras até incêndios florestais causto, pois o fumo de Abel também ascendeu aos céus quando o quando se extinguem produzem um enorme fumo branco que neste Senhor aceitou com bom grado as suas ofertas. caso se pôs entre mim e a velha e quando se dissipou esta havia desa- Decidimos avançar mais alguns metros e vimos que o incêndio não parecido. A nuvem de fumo que de certo modo salvou a velha era o se localizava no pátio Dom Fradique, pois embora o fumo subisse desse último suspiro em sentido figurado daquele incêndio que devorou lugar - que já havia visto tantas gerações e que agora não via nenhuma aqueles três. porque já todas partiram e não existiram nenhumas para voltar a habitá-lo - na verdade era empurrado pelo vento nessa direcção criando Henrique Sousa, nº 14, 10º C [Supervisão: Dr. Nuno Soares] BABEL Página 5 E N S A I O S D E S C R I T I V O S Eu sempre gostei da escola, de fazer amizades novas, de Ela tinha vários cães, uns pequenos, outros grandes. Era louca por aprender mais e melhor. Mas digamos que eu gostava ainda mais animais. Mas era ainda uma loucura maior quando ela os levava lá do meu colega André… à escola... Toda a gente queria pegar neles e fazer festinhas. Ele era alto, demasiado alto para a sua idade, parecia uma Nós tínhamos o nosso grupo de amigos. E sabem que mais? girafa. O seu cabelo era loiro como os raios do sol e via-se que era O André também fazia parte desse grupo. Quando estávamos sedoso e macio. A sua pele era morena, o que encantava qualquer todos juntos, éramos umas bombas atómicas. Toda a gente repa- um. Os seus lábios eram tão carnudos e vermelhos que mais pare- rava em nós. O André e a Marta tinham o mesmo tom de pele. Era ciam uma cereja já madura. Os olhos eram grandes e de um casta- incrível! nho esverdeado. Ele era uma caixinha de surpresas… Mas as pessoas crescem, seguem novos rumos e afastam-se. A Marta era, sem dúvida, uma das minhas melhores amigas. O seu cabelo era de meter inveja! Era preto, forte e muito compri- O grupo desfez-se e cada um de nós fez outros amigos. No entanto, guardá-los-ei para sempre na minha memória. do. O seu narizinho era do tamanho de um amendoim. Era boche- Catarina Grilo, nº 4, 8º 2ª chuda e cheiinha, mas era lindíssima, de uma beleza inexplicável. A escola do 1º Ciclo onde eu andei era grande, tinha dois [Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga] pouco se importava com isso. andares e várias salas. Os miúdos, e eu também, parecíamos bara- Eu e a Tânia éramos mais próximas. Claro que também gosta- tas tontas, sempre a correr de um lado para o outro. Eu era a mais va da Catarina, sem dúvida alguma, mas eu conhecia a Tânia há nova, tinha poucos amigos, mas estes já bastavam (mais vale só mais tempo. A Tânia era simpática, amiga de todos, inteligente e que mal acompanhado...). divertida. A Catarina era mais esgrouviada e maluca, mas no bom Tinha duas amigas que eram bastante responsáveis e solidá- sentido. Fazia-me rir e foi assim que ficámos amigas. rias. Eram mais velhas do que eu e muito mais extrovertidas. Uma Durante o intervalo, íamos sempre para o pátio correr feitas era a Tânia e a outra era a Catarina. A Tânia era magra, baixa, três baratas tontas, e jogávamos à apanhada e a outros jogos. tinha o cabelo liso e ondulado, louro e de um brilho reluzente. A Éramos amicíssimas! Ficámos amigas para sempre. Catarina era um pouco rechonchuda (como eu), mas com as maçãs do rosto mais bochechudas do que as minhas; o cabelo dela Daniela Santos, nº 7, 8º 2ª era curto e encaracolado, louro, e estava sempre em pé, mas ela [Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga] T E X T O S E X P O S I T I V O S A propósito da cena “O Fidalgo”, do Auto da Barca do Inferno , de Gil Vicente Na cena do Fidalgo do Auto da Barca do Inferno, apresentam- Na obra Auto da Barca do Inferno, composta por Gil Vicente, -se três personagens: o Diabo e o Anjo, que simbolizam o mal e o encontramos, relativamente à cena do Fidalgo, três personagens: bem, respetivamente, e um Fidalgo vaidoso e egocêntrico, acom- o próprio Fidalgo (usando uma capa e trazendo uma cadeira panhado pelo moço obediente, que carrega consigo uma cadeira “d’espaldas“), o Diabo e o Anjo. Estas três personagens encon- “d’espaldas”. As personagens encontram-se no cais de embarque, tram-se na margem de um rio onde estão presentes duas barcas. onde o Fidalgo, após morrer, se prepara para entrar numa das barcas. Nesta cena, o Anjo e o Diabo julgam o Fidalgo com base nos pecados cometidos por esta personagem em vida. As duas forças Para tentar convencer o Anjo a embarcar na barca do Paraíso, espirituais acusam o Fidalgo de vaidade, de exercer tirania sobre o o nobre defende-se, referindo que é “fidalgo de solar”, que tem povo e de levar uma vida cheia de prazeres. O Fidalgo protesta, uma mulher que reza por si e uma amante que se quer suicidar. afirmando que tem uma amante que se quer suicidar, uma mulher Porém, o Anjo e o Diabo acusam-no de tirania sobre o povo, da que reza por si e que provém de uma família nobre e antiga. vida de prazeres que vivera e da sua vaidade. O passageiro, contrariado, acaba por embarcar na barca do No final, o Anjo não aceita o Fidalgo na sua barca e, assim, ele dirige-se para a barca do Diabo. Diabo e, com esta condenação, Gil Vicente faz uma crítica ao mo- Com esta cena, Gil Vicente faz uma crítica a Nobreza, princi- do como a Nobreza exercia a sua autoridade e também às infideli- palmente à forma como esta classe exercia a sua autoridade sobre dades tão características na Corte. os mais desfavorecidos. Cláudia Esteves, nº 3, 9º 5ª Luís Carvalho, nº 11, 9º 5ª [Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga] [Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga] BABEL Página 6 T E X TO S E X P O S I T I V O S A propósito da cena “O Fidalgo”, do Auto da Barca do Inferno , de Gil Vicente O Fidalgo, o Diabo e o Anjo são as três personagens que parti- Na cena “O Fidalgo”, da peça Auto da Barca do Inferno, estão cipam nesta cena. O Fidalgo encontra-se na margem de um rio, presentes um nobre, que demonstra ser vaidoso, arrogante e enquanto o Diabo e o Anjo estão nas suas respetivas barcas. A presunçoso, o Diabo, que evidencia ser sarcástico, e o Anjo, que, personagem a ser julgada é vaidosa, arrogante, ingénua, presunçosa e exerce tirania sobre as pessoas que a rodeiam. O Diabo gosta de gozar com as pessoas, é persistente e recorre bastante ao uso da ironia e do sarcasmo. O Anjo é exatamente o oposto: calmo e justo são duas das suas características. tal como o nome indica, demonstra a sua serenidade. Esta cena decorre na margem de um rio, onde estão duas barcas: uma deslocar-se-á ao Inferno e a outra ao Paraíso. O Fidalgo é acusado de vaidade, de ter exercido tirania sobre A acusação que o Diabo utiliza contra o Fidalgo é o facto de o povo e de ter levado uma vida de prazeres. Perante estas acu- este ter vivido uma vida de prazeres. Já o Anjo acusa-o de ter sações, o Fidalgo defende-se, argumentando que a sua amante se exercido tirania sobre o povo e de ter sido bastante vaidoso du- quer suicidar e que a sua mulher reza por si. Defende-se ainda rante a sua vida. Para se defender destas acusações, o Fidalgo com o seu estatuto social, o que demonstra que o Fidalgo se acha- afirma que a sua amante se quer suicidar e que a sua mulher reza va superior aos outros. por si; utiliza também o seu elevado estatuto social como defesa. O destino do Fidalgo acaba por ser o Inferno e a crítica que o autor pretende fazer com esta condenação é direcionada à Nobreza e ao modo como esta classe exercia a sua autoridade sobre os Como consequência dos pecados cometidos ao longo da sua vida, a personagem é condenada ao Inferno. A crítica que Gil Vicente pretende fazer é à Nobreza e ao modo como esta classe social exercia a sua autoridade. mais fracos. Maria Mafalda Sousa, nº 13, 9º 5ª Sara Alves, nº 20, 9º 5ª [Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga] [Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga] A propósito da representação do Auto da Barca do Inferno , de Gil Vicente, pela Associação Cultural Kids No dia 6 de janeiro, todas as turmas do 9º ano da nossa escola visitaram o colégio Pedro Arrupe para assistirem à representação da peça Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, encenada por António Feio. Eu, pessoalmente, gostei da peça, achei-a engraçada, juvenil, interessante. Não conheço completamente a obra, mas considero uma ótima ideia ver a peça antes de a analisarmos na aula; é uma espécie de introdução à leitura e à compreensão do texto vicentino. Penso que os atores desempenharam bem o seu papel, mostraram paixão ao fazê-lo e nunca se enganaram. O cenário, a meu ver, era simples, fácil e rápido de mudar. Os figurinos não eram muito luxuosos, mas eram elaborados, ou seja, notava-se que foi preciso trabalho para os executar. Com o Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente faz uma crítica à sociedade da época. O dramaturgo critica a forma de viver das pessoas, apresentando-nos vários tipos sociais e várias profissões ou ocupações. As personagens, depois de mortas, deparam-se com duas barcas: a do Inferno e a do Céu. Como pecaram em vida, tiveram de partir na barca do Diabo, com destino ao Inferno. Gostei da peça, da encenação, do cenário, dos figurinos e da obra, a qual estou ansiosa para começar a estudar. Sofia Salvador, nº 21, 9º 5ª [Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga] Fonte: google.imagens BABEL Página 7 C A R TA S À L Í N G U A P O R T U G U E S A Cartas à língua portuguesa no âmbito Lisboa, 24 de setembro de 2014 Querida Língua Portuguesa, do dia europeu das línguas ber palavras como “Sim”, “Mãe” e tantas outras. Estavas comigo aí e estás comigo agora. Passaste por muito desde que nasceste, filha do latim. Neste Obrigada por me ajudares a perceber o que dizem os poetas, momento és grande e há tanta gente que te fala e se perde nas os professores e até os senhores do talho; obrigada pelos vários tuas conjunções, metáforas e sinónimos. Eu sou uma dessas pes- dialetos que nunca me deixam aborrecida; obrigada pelos provér- soas, e por isso te escrevo hoje esta carta. bios bons que tens para oferecer. A nossa relação só começou oficialmente em 1998, quando Desculpa pelas abreviaturas nos mails e mensagens; desculpa disse a minha primeira palavra, mas já tinha reparado em ti antes. por quando não estudo para a tua disciplina; desculpa quando Já estavas comigo mesmo antes de eu nascer, quando ouvia as recorro ao inglês no meio de frases em português. pessoas a falar lá fora. Língua Portuguesa, és a maior! Estavas comigo quando nasci e ouvi o médico dizer “Que bela Um abraço apertado, menina que aqui tem!”. Estavas comigo quando comecei a perce- Carlota Cardoso, nº 3, 12º C [Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto] Lisboa, 24 de setembro de 2014 Considera-te especial. Podes não estar habituada, o que eu Querida Língua Portuguesa, verdadeiramente lamento e culpo-me em parte por isso, mas Tenho andado ocupado com a Matemática, mas talvez deva percebo agora que te devo dar o mesmo valor que a Ciência tem gastar um bocadinho do meu tempo contigo. Sei que o fazes comigo desde o primeiro dia em que me lembro de falar. para mim. Não só me deves acompanhar nesta carta, mas sempre. Espe- Nestes últimos anos sei que me tens sempre acompanhado e ro que não seja tarde demais. Espero que ainda não tenhas desis- nunca me deixaste. Apesar de te ignorar e de, nos momentos em tido de mim. Espero também que estejas disposta a ensinar-me, que estou mais frio, talvez até mesmo te desprezar, não o faço para que possa vir a compreender-te. E, se um dia te tentarem por mal. derrubar ou trocar, vou fazer os possíveis para te manter presen- Pensando bem, acho que não mereces da minha parte uma carta de amor, mas sim uma carta de perdão. Escrevo. Pesam-me as palavras e percebo o quão cruel tenho sido para contigo. Cais no meu esquecimento, tropeço em ti. Sei que estás magoada, mas quero fazer esta carta contigo ao meu te, partilhando tudo o que estiveres disposta a ensinar-me. Mais do que isto não consigo dizer. Agradeço apenas que me tenhas dado um minuto da tua atenção, e que aceites o meu pedido de perdão. Querida Língua Portuguesa ajuda-me a ser melhor. lado. Deixo que me julgues, mas vou tentar não te dar motivos para isso. Não haverá “tempos verbais incorretos” ou “erros de Patrícia Afonso, nº 21, 12º C [Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto] pontuação”. Será apenas como tu gostas. Lisboa, 24 de setembro de 2014 teu passado, pois eras diferente e não gostei. O que importa é o Querida Língua Portuguesa, futuro, os dias que estão para vir. Prometo que vou tentar não te Em primeiro lugar, quero pedir-te desculpas. Eu sei que por magoar e tentar que os outros também não o façam, porque ape- vezes te trato mal, dou ‘’pontapés’’ na tua gramática, o que te sar de tudo o teu bem-estar é o mais importante. deixa bastante embaraçada. Mas eu juro que não é por maldade… Sabes uma coisa? Não te zangues comigo, mas eu conheci São aquelas coisas do momento que se fazem sem pensar duas outras línguas. A espanhola, a francesa e a inglesa… Até gostei da vezes e das quais depois me arrependo. inglesa, mas a verdade é que nenhuma delas é o que tu és, nenhu- É verdade que tu és importante para mim, estás sempre co- ma dela chega aos teus calcanhares. Só sei usar as tuas expres- migo. Não és só importante para mim, és importante para toda a sões. Só consigo ‘’pensar em ti’’ . Só tu és melodia no meu ouvido. gente… É estranho. Com tantas línguas no mundo porque é que fui logo Eu sei que não és só minha, sei disso, ninguém precisa de mo apaixonar-me por ti? A isso só tu me sabes responder. A verdade dizer. Mas sinceramente não me importo e até compreendo… Tu é que sem ti não saberia o que fazer. Talvez aprendesse outra és o elo de ligação de todos os portugueses e não só. És também língua, mas não seria a mesma coisa. Tu tornaste-me o que sou de todos os países nossos irmãos. Quando te conheci já assim era, hoje. E olha bem no que me tornaste… Numa apaixonada por ti, é por isso que eu te compreendo e não tenho ciúmes. Conheci--te que não sabe viver sem ti… quando nasci, apaixonei-me logo que te ouvi. Não quis saber do Sara Ferreira, nº 18, 12º LH [Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto] BABEL Página 8 P O Mudança E M A S Poe m as com vers os d e Alb erto Caeir o [ os al u nos f or am con vid ados a f azer p oe m as à m an eira d este p oet a com os se us pr óprios versos] Como a doçura amarga da vida vivida muda do canto, da esquina, para o canto dos pássaros. Quando me sento a escrever versos, Escrevo versos num papel que está no meu pensamento, E os meus pensamentos são todos sensações, Porque quem ama nunca sabe o que ama. Como fomos mudando de mala e de bagagem. Amar é a eterna inocência, E a única inocência é não pensar... Não me importo com as rimas. Raras vezes Como fomos mudando do Flamengo para a Contemporânea. Penso e escrevo como as flores têm cor. Sinto-me parte das cousas com o tato. Sempre que penso uma cousa, traio-a, Uma cousa que é visível existe para se ver, Como passámos de falcões a beija-flores. O tamanho ou a duração não têm importância nenhuma, São apenas tamanho e duração. Sei que a pedra é real, e que a planta existe, Como mudámos a forma de sentir e largámos emoções. Sei isto porque os meus sentidos mo mostram. Como andávamos de foguete e começámos a usar os binóculos enquanto andamos numa carroça. Para mim graças a ter olhos só para ver, Se a ciência quer ser verdadeira, Que ciência mais verdadeira que a das cousas sem ciência? Eu vejo ausência de significação em todas as cousas. Por isso, se morrer agora, morro contente, Porque tudo é real e tudo está certo. Fonte: google.imagens Sou fácil de definir, Como ficaram os limões e os cocos na árvore prontos a colher. Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma Além disso fui o único poeta da natureza. O que ouviu os meus versos disse-me: Que tem isso de novo? Como a mudança passa de mão em mão e de coração em coração. Tenho escrito bastantes poemas, E todos os meus poemas são diferentes. Beatriz Pinho, nº 10, 7º 6ª Ângela Correia, nº 2, 12º C [Supervisão: Dr.ª Manuela Nunes] [Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto] Aceita o Universo Como to deram os deuses. O que penso eu do Mundo? Sei lá o que penso do mundo! Há metafísica bastante em não pensar em nada. Pensar incomoda como andar à chuva. Não tenho pressa. Pressa para quê? Agora que sinto o amor Não quero incluir o tempo no meu esquema. Tenho escrito bastantes poemas Não sei o que é a Natureza canto-a. Todas as opiniões que há sobre a natureza Nunca fizeram crescer uma erva ou nascer uma flor. Se eu me interrogasse e me espantasse, Não nasciam flores novas nos prados. Se eu já estiver morto, As flores florirão da mesma maneira. Eu amo as flores por serem flores, diretamente. Eu amo as árvores por serem árvores sem o meu pensamento. Cada poema meu diz isto, Já não sei andar só pelos caminhos. O amor é uma companhia Penso em ti, murmuro o teu nome e não sou eu: sou feliz. Amar é a eterna inocência Amar é pensar. A realidade não precisa de mim. Sei a verdade e sou feliz. Carlota Cardoso, nº 3, 12º C [Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto] Márcia Veiga, nº 16, 12º C [Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto] BABEL Página 9 P O E M A S Poemas com versos de Álvaro de Campos [os alunos foram convidados a fazer poemas à maneira deste poeta com os seus próprios versos] Quando é que passará esta noite interna, o universo, O que há em mim é sobretudo cansaço Ó carinhosa do Além, senhora do luto infinito. Escuto-o, e no meu coração um grande pasmo soluça Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros Não sei: ao acordar já estava triste Afinal As estrelas pestanejam frio Que vida fiz eu da vida? Impossíveis de contar De nada me serviria sabê-lo E todos os países e todas as pessoas giram dentro de mim, Quem me dera que houvesse Um terceiro pra alma, se ela tiver só dois… Um quarto estado pra alma, se são três o que ela tem Pois o cansaço fica na mesma Fonte: google.imagens Sinto na minha cabeça a velocidade de giro da terra, Nunca serei nada Começo a conhecer-me. Não existo Quando olho para mim não me percebo Não sou nada Cada alma é uma escada pra deus Eu que me aguente comigo e com os comigos de mim! Cada alma é um corredor-universo para Deus, Cansaço… Boas maneiras da Alma… Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade Falhei em tudo Daniela Coelho, nº 6, 12º LH Estou cansado, é claro [Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto] Nunca serei nada O que há em mim é sobretudo cansaço Íssimo, íssimo, íssimo… Sara Ferreira, nº 18, 12º LH [Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto] F A N D E . Salut à tous! Je vous présente l’actrice et mannequin Sofia Bonjour! Je vais vous présenter l’actrice Ribeiro. Sofia est portugaise et elle a 30 ans. Physiquement, Sofia Rita Pereira. Elle est portugaise et elle a 33 ans. est grande et mince. Ses cheveux sont longs et bouclés. Elle a les Physiquement, Rita est de taille moyenne et yeux marron. C’est une jeune femme intelligente et elle est très mince. Elle a les cheveux longs, lisses et châ- belle. Sofia adore porter des robes blanches et des sandales à tains foncés. Ses yeux sont grands et marron. talons. Rita est une jeune femme sociable et calme. Ana Pereira, nº 2, 7º 5ª [Supervisão: Dr.ª Zelinda Pontes] Il s’appelle David Beckham. Il habite en Angleterre. C’est un footballeur anglais. Il est de taille moyenne et mince. Il a les cheveux châtains clairs et courts. Ses yeux sont marron et ronds. Actuellement, il porte une moustache et une barbe. Quand il ne joue pas, il a l’habitude de porter un costume noir, une chemise blanche et des chaussures de ville. David Beckham est sympathique, gentil et généreux. . . Habituellement, elle aime porter des robes noires et des chaussures à talons. Beatriz Loureiro, nº 3, 7º 5ª [Supervisão: Dr.ª Zelinda Pontes] Bonjour tout le monde! Nous allons vous présenter Kevin Durant. Kevin est un joueur de basketball américain. Il est né le 29 septembre 1988 à Washington, en Amérique. Il a 26 ans. C’est le troisième plus jeune joueur de la NBA. Physiquement, Kevin est grand et fort. Il a les cheveux noirs, courts et frisés. Il aime porter une barbe. C’est un jeune homme gentil et sympathique. Habituellement, il porte des baskets et le maillot de son équipe, l’Oklahoma City Thunder. Bruno Dionísio, nº 5, 7º 5ª David Santos, nº 6 e Diogo Santos, nº 7, 7º 5ª [Supervisão: Dr.ª Zelinda Pontes] [Supervisão: Dr.ª Zelinda Pontes] BABEL Página 10 F A N D E . . . Salut! Je vous présente José Adelino Barceló de Carvalho, plus Bonjour, je vais vous présenter Ricardo Filipe da Silva Braga. Il connu comme Bonga. Bonga est né le 5 septembre 1943 à Kipiri a 28 ans. Il est né le 3 septembre 1986 à Porto, au Portugal. Il a en Angola. Il a 72 ans. C’est un célèbre musicien angolais. Il a les été considéré comme le meilleur joueur de football en salle portu- cheveux noirs et frisés. Ses yeux sont grands et marron. Il porte gais. Il a été élu le meilleur joueur du monde en 2010. Ricardo une moustache et une barbe. C’est un homme grand et un peu Braga est le premier et le seul joueur portugais à être distingué enrobé. Quand il chante, il porte un manteau blanc et un pantalon avec ce prix. Il a commencé sa carrière au Gramidense. Il est passé noir. Bonga est amusant, gentil et sympathique. par d’autres clubs comme le Miramar, le Benfica, le Nagoya, au Ruben Afonso, nº 17, 7º 5ª [Supervisão: Dr.ª Zelinda Pontes] Japon, le C.S.K.A à Moscou. Actuellement, il joue à L’Inter Futbol Sala, en Espagne. Guilherme Conde, nº 19, 7º 5ª [Supervisão: Dr.ª Zelinda Pontes] J E M E P R É S E N T E Je m’appelle Inês et j’ai douze ans. J’habite à Lisbonne, au Je m’appelle Laura et j’ai douze ans. Je suis portugaise et Portugal, et je suis portugaise. Je suis sympa, courageuse, organi- j’habite à Lisbonne. Je suis enthousiaste, communicative et im- sée et amusante, mais je suis un peu bavarde et agressive. pulsive, mais je suis aussi impatiente et agressive. Dans ma famille, il y a ma mère, mon frère, moi, mes hamsters et deux poissons rouges. J’adore mon frère parce qu’il est gentil, il a 15 ans. Dans ma famille, il y a ma mère, mon père, mon frère, ma grand-mère et aussi mon chien. Ils sont fantastiques. J’aime le français et l’anglais parce que c’est intéressant et Dans ma classe, il y a 20 élèves, 9 filles et 11 garçons. Mon amusant. Je n’aime pas les maths parce que c’est difficile. Les école est grande et moderne. J’aime la géo et le français parce cours commencent à 8h10 chaque jour de la semaine. Je me lève que c’est marrant, mais je n’aime pas les maths et l’histoire parce à 7h00, après, je prends le petit déjeuner, je m’habille et je vais à que c’est ennuyeux. l’école. Je rentre à 14h10 et je déjeune à 14h30. Avant le dîner, je Je me lève tous les jours à sept heures et demie, après, je prends le petit déjeuner. Je vais à l’école à huit heures. Puis, je déjeune à la cantine. Je rentre à deux heures à la maison. Après les devoirs, je range ma chambre et, plus tard, je dîne avec ma mère et mon frère. Après le dîner, je me couche à onze heures du soir. regarde la télé et je me couche à 10h30. J’aime faire du skate, écouter de la musique et marcher avec ma famille. Je fais un sport que j’admire: l’équitation. Au revoir, à bientôt. Laura Marcelino, nº 12, 7º 1ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira] J’ai des loisirs sportifs, mais je préfère jouer au basket. Inês Fidalgo, nº 9, 7º 1ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira] Bonjour, je m’appelle Lara et j’ai 12 ans. Lara Cândido, nº 21, 7º 2ª Salut. Je m’appelle Muhammad Hussnain Majid. J’ai 14 ans. Je suis grand et mince. J’ai les cheveux courts et noirs et les yeux marron. Je suis pakistanais, mais j’habite à Lisbonne, au Portugal, avec ma famille. Je suis un bon élève à l’école. À l’école, j’aime l’anglais parce que c’est très important, mais je n’aime pas la physique-chimie parce que c’est très difficile. Mes loisirs sont jouer au football, écouter de la musique et regarder la télé. Je suis sympathique, bavard et gentil. Dans ma famille, il y a mon père, ma mère, mon frère et moi. Je m’entends très bien avec mon frère. Il s’appelle Moeez. Il a 8 ans. Son anniversaire est le 23 avril. Il est petit et mince. Il a les cheveux courts et noirs et les yeux marron. Il est bavard et amusant. Muhammad Majid, nº 9, 7º 3ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira] [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira] Je suis très grande. Je suis un peu bavarde, mais sympathique et gentille. J’habite avec ma mère, mon père et ma sœur. J’adore mon père, il est très cool et il parle français avec moi. Dans l’école, j’ai mes amis. Mes matières préférées sont le français et l’anglais. Dans mes temps libres, j’adore parler anglais, danser, faire du skate et regarder la télé. BABEL Página 11 J E M E P R É S E N T E Bonjour, tout le monde ! Je m’appelle Bárbara et j’ai 12 ans. Je suis portugaise et j’habite à Lisbonne avec mes parents et mon petit frère. Je suis un peu bavarde, calme et gentille, mais parfois je suis un peu jalouse. Je suis une bonne élève à l’École Gil Vicente. Mon école est très grande et belle. Elle a une belle vue sur le Tage et le Panthéon National où sont enterrées de grandes personnalités portugaises. Le mercredi après-midi, j’ai des cours d’arts plastiques. J’aime les arts plastiques parce que c’est très cool et j’adore dessiner, mais je déteste les maths parce que c’est très dur et ennuyeux. Le lundi, le mardi matin et le week-end, je n’ai pas cours. Pour aller à l’école, je me lève tous les jours à 7h00. Je prends une douche, je prends mon petit déjeuner et je fais mon lit. Puis, je vais à l’école. J’ai des cours de 8h10 à 17h30. Je rentre à la maison à 19h00. Je fais mes devoirs et j’étudie. À 20h30, je dîne avec ma famille. Je me couche à 22h30. Le week-end, je fais mon lit, je range ma chambre et je fais le déjeuner. Ma famille est très cool. Ma mère est très sympathique, mais parfois elle est sévère. Elle m’aide à faire les devoirs et participe aux tâches ménagères. Elle fait de merveilleux desserts. Mon père est très cool. Il fait la cuisine et parfois il fait son lit. Mon petit frère est très sympathique, mais jaloux. Il met la table. Dans mes temps libres, j’adore écouter de la musique, faire du ballet, faire des photos, nager et dessiner. Je n’aime pas jouer au football et faire du skate. Bárbara Alves, nº 1, 7º 4ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira] Bonjour, tout le monde. Je m’appelle Francisco, j’ai douze ans, mon anniversaire est le 11 avril. Je suis petit et mince, j’ai les cheveux courts, lisses et marron, et mes yeux sont verts. Je suis amusant, calme, intelligent et travailleur, mais aussi sérieux. Ma famille est super grande, mais j’habite avec ma mère, mon père et mon frère. Mon frère s’appelle Victor, il a sept ans. Son anniversaire est le 9 décembre. Il est amusant, extroverti et il est parfois paresseux; il est un bon frère. Mon école est grande et moderne. Elle a une cantine, un gymnase, deux cours, une bibliothèque, deux terrains de sport… mon école est fantastique! Le mercredi, le jeudi et le vendredi, je me lève à sept heures vingt parce que mes cours commencent à huit heures dix. J’adore les maths, la géographie et les arts plastiques, mais je n’aime pas l’histoire, pourtant, je suis un bon élève. J’adore aller au cinéma, jouer à des jeux vidéo, jouer aux cartes et faire du vélo, mais je n’aime pas faire du skate. J’adore ma vie. Francisco Lucas, nº 8, 7º 4ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira] Salut! Je m’appelle Fatou et je suis portugaise. J’ai douze ans et mon anniversaire est le 9 juillet. Je suis grande et mince et j’ai les yeux marron et les cheveux noirs et courts. Je suis amusante, sympathique et bavarde. J’adore ma famille et, dans ma famille, il y a mon père, ma mère, ma sœur et moi. J’aime ma petite sœur parce qu’elle est amusante, intelligente et sympathique. Mon école est grande et bien équipée et les cours commencent à 8h10. J’aime les arts parce que c’est intéressant, mais je n’aime pas les maths parce que c’est difficile. Pendant la semaine, je vais à l’école, je fais mes devoirs et je participe à des discussions. Le lundi et le jeudi, j’étudie la musique. Le week-end, je me repose et, parfois, je me promène avec ma famille. J’aime bien lire, écrire et dessiner. Fatou Fall, nº 6, 7º 4ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira] Fonte: google.imagens LA PUB, ÇA ME PLAÎT! Salomé Gonçalves, nº 21, 8º 4ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira] BABEL Página 12 LA PUB, ÇA ME PLAÎT! Maria Helena Correia, nº 13, 8º 4ª Rita Moreira, nº 19, 8º 4ª [Supervisão Dr.ª Inácia Pereira] [Supervisão Dr.ª Inácia Pereira] B L O G D E Mon style est tranquille. Habituellement je porte des vêtements confortables. Je n’aime pas porter des vêtements à la mode, je préfère avoir mon propre style. En été, je porte des robes, des sandales, des-t-shirts. En hiver, les vêtements sont plus chauds : les sweats à capuche, les pulls, les pantalons, les vestes et des chaussures. Je pense que le plus important c’est de se sentir bien dans sa peau! Madalena Pinto, nº 15, 8º 1ª M O D E Pour moi, la mode est amusante, parce que nous pouvons varier notre propre style. J’aime la mode, mais je suis décontractée, je n’exagère pas. En été, je porte des shorts, des tops et des sandales. En hiver, je préfère les jeans, les leggings avec un sweat ou un anorak. Je chausse toujours des bottes et, parfois, je mets un bonnet. Je ne suis pas une fan des robes mais, de temps en temps, je porte une robe. C’est un peu bizarre! Daniela Santos, nº 7, 8º 2ª [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira] [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira] Je n’aime pas la mode. Pour moi, la mode est ridicule, car Je pense que la mode n’est pas importante. Les vêtements de marque sont chers et, parfois, ils ne sont pas de bonne qualité. J'aime avoir mon propre style, un style décontracté. Habituellement je porte des jeans, un t-shirt, un gilet et des tennis. J’adore les accessoires ! Je porte souvent des bracelets, des colliers, des ceintures et une bague. En été, je choisis les vêtements les plus légers. En hiver, je préfère les pulls, le bonnet, l’écharpe et les bottes. Je me protège du froid! on doit avoir la liberté de choisir ses vêtements. Mon style est très simple et confortable. Je ne me préoccupe jamais avec les vêtements. En été, je porte un t-shirt, un jean et des baskets, c’est pratique ! En hiver, je choisis un sweat à capuche, un pantalon et des bottes. Être à la mode, ce n’est pas pour moi! Marina Costa, nº 11, 8º 3ª [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira] Rasmi Ranabhat, nº 16, 8º 3ª [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira] BABEL Página 13 V O YA G E D ’ É T U D E - G É O G R A P H I E Les grottes de Mira d’Aire, la source de l’Alviela, l’usine de Renova Nous avons fait un voyage d’étude. Nous sommes partis à huit heures du matin et nous avons voyagé en autocar avec notre classe et nos professeurs de Géo et de Français. Nous avons vu les grottes de Mira d’Aire et nous avons fait une visite guidée dans les galeries souterraines. Nous avons observé des stalactites et des stalagmites. L’après-midi, nous sommes allés à la source de l’Alviela et nous avons pris le déjeuner. Après, nous avons vu une plage fluviale et une cascade. Nous avons aussi observé le cours d’eau, l’affluent du Tage. Ensuite, nous sommes allés à l’usine de Renova. Nous avons observé le recyclage du papier et la fabrication de produits divers, comme le papier hygiénique, les serviettes et les lingettes. Nous avons aimé la visite parce que nous nous sommes amusés et nous avons fait des activités. Nous avons préféré la source de l’Alviela parce qu’elle est très belle et naturelle. Ana Loreti, nº 1, Neuza Amaral, nº 14 e Rita Moreira, nº 19, 8º 4ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira] Le 19 mars, à 8:00 du matin, nous sommes partis en autocar, en direction des grottes de Mira d’Aire. Quand nous sommes arrivés, les profs sont allés acheter les billets pour visiter les grottes. À l’intérieur des grottes, nous avons pu voir des stalactites, des stalagmites, des colonnes, des galeries souterraines et, bien sûr, les roches. Ensuite, nous avons vu la source de l’Alviela, certains petits cours d’eau à faible débit qui traversent quelques plages et qui s’écoulent vers le Tage. Après avoir visité les grottes et l’Alviela, nous sommes partis dans un parc où nous avons déjeuné. Après le déjeuner, nous sommes partis à l’usine de Renova où nous avons pu voir comment le papier est recyclé et comment produire toutes sortes de papier qui est utilisé dans notre hygiène personnelle. Après nos aventures, nous sommes rentrés dans l’autocar où nous avons dormi pendant tout le voyage de retour à Lisbonne. C’était un voyage d’étude inoubliable! Le 19 mars, nous sommes allés aux Grottes de Mira d’Aire avec toutes les classes de 8ème, et nous avons eu une visite guidée. Nous avons vu des roches, des stalagmites et des stalactites dans les galeries souterraines. Ensuite, nous sommes allés en autocar à la source de l’Alviela et nous avons vu un cours d’eau et les berges. Après, notre groupe est allé aux grottes cachées et nous avons joué. À l’heure du déjeuner, nous sommes allés au parc et nous avons déjeuné ensemble, j’ai beaucoup aimé. Notre professeur de Physique-Chimie a donné un chocolat à tout le monde à la fin. Après, nous sommes allés à l’usine de Renova et nous avons vu le recyclage du papier, les bureaux et les machines en train de travailler. Cela a été très intéressant. Ensuite, nous avons pu manger ou aller à un magasin de papier acheter du papier hygiénique et des mouchoirs avec toutes les couleurs. Après, nous sommes rentrés à Graça. Pendant le voyage, nous avons fait beaucoup de bruit, nous avons chanté, parlé, joué, cela a été très drôle. J’ai aimé la visite, parce que… je ne sais pas, c’était une visite différente, avec toutes les classes, cela a été drôle. J’ai adoré tout, parce que tout était nouveau, je n’étais jamais allé ni aux grottes, ni à la source de l’Alviela ni à l’usine de Renova. C’était une visite inoubliable. Vasco Bizarro, nº 22 e Willian Souza, nº 23, 8º 4ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira] Tatiana Almeida, nº 18 e Pedro Cerqueira, nº 16, 8º 5ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira] BABEL Página 14 VISITE AU MUSÉE ARPAD SZENES – VIEIRA DA SILVA Cette œuvre d’art était située au centre d’une salle au premier étage du musée Vieira da Silva. Son auteur est Andy Warhol. Elle est constituée par un groupe de boîtes en bois, peintes à la gouache. Elles ont toutes les mêmes couleurs : le blanc, le bleu, le rouge et un peu de noir. Ces boîtes représentent la société de consommation et la culture de masse populaire. L’oeuvre appelle notre attention à cause de son format, sa dimension et sa disposition dans la salle. J’ai adoré cette oeuvre d’art, car elle est vraiment surprenante et originale. Elle est un symbole du Pop art, un mouvement artistique des années 50, fortement influencé para la culture américaine. Ana do Mar, nº 3, 9º 2ª [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira] ‘Brillo boxes’, Andy Warhol (1964) Cette œuvre de Vieira da Silva est une peinture à l’huile qui a des formes geométriques juxtaposées telles que le rectangle, le carré et le cercle. Il y a des tonalités de bleu et de gris qui sont, à mon avis, sombres et tristes. Cette obscurité évoque une certaine nostalgie. Au centre, je vois un jouet pour un bébé qui contraste avec la multiplicité de lignes courbes. Cette peinture ne m’impressionne pas beaucoup, parce qu’elle passe une image triste. Pourtant le désir d’être enfant est aussi présent et, moi, j’aime ça. Beatriz Cardoso, nº 6, 9º 2ª [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira] ‘Composition’, Vieira da Silva (1936) Voilà le premier tableau que nous avons vu dans notre visite au musée Arpad Szenes-Vieira da Silva ! C’est une peinture de Vieira da Silva. Dans ce tableau, elle a utilisé l’huile sur toile. ‘Amsterdam’, Vieira da Silva (1955) Cette peinture m’a causé une impression à cause de la gestion de l’espace et de l’idée de profondeur. Il y a des groupes de carrés de différentes tailles et de différentes couleurs. Le jeu de formes et de couleurs multiplie les perspectives de l’œuvre d’art. À mon avis, le tableau est une bibliothèque ou une ville vue d’en haut. J’ai aimé cette toile, parce qu’elle est différente, originale et elle permet différentes interprétations. Little Aloha est une peinture en acrylique de Roy Lichenstein, un artiste du Pop art, un mouvement artistique des années 50/60. La peinture nous montre une belle femme avec une fleur blanche sur ses cheveux noirs. Ses lèvres sont rouges. Son regard est ‘Little Aloha’, Roy Lichenstein (1962) très séduisant. Dans cette peinture, l’artiste a utilisé une technique spéciale : il a peint la peau de la femme avec des points très petits pour évoquer l’aspect d’une bande dessinée. C’était une technique à la mode dans cette époque. À mon avis, Little Aloha est une belle peinture avec des couleurs fortes et attirantes. Daniel Fonseca, nº 7, 9º 2ª Sara Cruz, nº 27, 9º 2ª [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira] [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira] BABEL Página 15 VISITE AU MUSÉE ARPAD SZENES – VIEIRA DA SILVA Le 27 février 2015, mes copains, mes profes- - Vieira da Silva avec ma classe et mes professeurs de fran- seurs et moi, nous sommes allés au Musée Ar- çais, portugais et géographie. Quand nous sommes arrivés pad Szenes – Vieira da Silva. L’exposition que au musée, un homme très sympathique nous a montré le j’ai vue s’appelait "Sonnabend | Paris – New musée et j’ai vu une peinture très belle qui s’appelle simplement "Peinture". J’ai adoré cette œuvre d’art car il y a des couleurs froides, vives et lumineuses avec des lignes et des formes simples. Cette peinture est fantastique. J’ai adoré tout dans cette œuvre d’art et j’ai adoré cette visite Arpad Szenes, Peinture Le 27 février 2015, je suis allée au Musée Arpad Szenes – d’étude. York". Nous avons pris le métro pour aller au musée. L’espace était grand et bien organisé. Certaines œuvres étaient abstraites. D’autres avaient beaucoup de couleurs, mais quelquesunes étaient très simples et claires. Dullier Correia, nº 9, 9º 4ª J’ai aimé l’exposition parce que c’était édu- [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira] catif et ce n’était pas ennuyeux. J’ai aimé le plus les sculptures avec des objets du quotidien. Le 27 février 2015, je suis allée avec ma classe et mes professeurs de français, portugais et géographie au Musée Arpad Szenes – Vieira da Silva. Pour aller au musée, nous sommes allés à Santa Apolónia et nous avons pris le métro, à direction de Rato. Nous sommes allés à un jardin très agréable où nous avons mangé. Pour être honnête, je suis habituée à des musées très grands, mais ce musée était petit. Pourtant, l’homme qui nous a montré le musée était très sympathique et il a rendu cette visite très ‘Brillo boxes’, Andy Warhol (1964) amusante et agréable. À mon avis, cette visite était merveilleuse et j’ai adoré la sculpture qui représente des marques et qui prouve que les marques ne sont pas tout. Nuno Carvalho, nº 16, 9º 4ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira] Patrícia Sequeira, nº 18, 9º 4ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira] Fonte: google.imagens Fonte: google.imagens Fonte: google.imagens BABEL Página 16 CONCOURS D’ÉCRITURE “À LA MANIÈRE DE…” À l a m a n i è r e d e … C o r i n n e A l b a u t 1er prix 2e prix Mais à quoi jouent les crayons pendant les récréations ? Mais à quoi jouent les livres pendant les cours? Mais que font les cahiers pendant la récré? Le rouge dessine une souris, le vert un soleil, Les maths parlent français, Le français écrit en anglais, Le cahier d’anglais étudie le français, Celui de géographie voyage en Turquie. Le bleu dessine un radis, le gris une groseille. L’anglais étudie les sciences, Les sciences jouent avec l’histoire, Le cahier de musique va à la boutique, Celui de dessin dessine un dauphin. Le noir qui n’a pas d’idée fait des gros pâtés. L’histoire fait de la chimie, La chimie voyage avec la géographie. Le cahier d’histoire garde notre mémoire, Celui de sciences ne fait pas de sens. Voilà les jeux des crayons pendant les récréations. Voilà les jeux des livres pendant les cours. Voilà ce que font les cahiers pendant la récré. Les crayons Corinne Albaut Bárbara Alves, nº 1, Filipa Cortez, nº 7 e Francisco Lucas, nº 8, 7º 4ª João Soares, nº 16 e Laís Borges, nº 17, 7º 1ª 3e prix Mais à quoi joue le dictionnaire pendant les cours? Les adjectifs décrivent la neige, Les adverbes dessinent la mer. Les prépositions écoutent le vent, Les verbes observent les nuages. Les articles imaginent les étoiles, Les pronoms aiment les noms. Voilà les jeux du dictionnaire Pendant les cours. Inês Fidalgo, nº 15 e Laura Marcelino, nº 12, 7º 1ª Corinne Albaut | Fonte: google.imagens Sept jours sur sept 1er prix Sept jours dans la semaine, Sept jours dans la semaine. pour porter tout ce que j’aime. Pour m’imaginer comme j’aime. Lundi, mon bermuda gris, Lundi, millionnaire pour acheter le monde entier, mardi, mon pull canari, Mardi, astronaute pour voyager dans la lune, mercredi, mon polo fleuri, Mercredi, chanteur pour chanter comme Beyoncé, jeudi, mon T-shirt kaki, Jeudi, agriculteur pour manger mes légumes, vendredi, mon jean cramoisi, Vendredi, cuisinier pour faire un grand gâteau, samedi, mon jogging bleu nuit, Samedi, invisible pour voir et ne pas être vu, dimanche, ma casquette blanche. Dimanche, je suis tout ce que j’aime. Chic, des pieds à la tête, Et voilà mes sept jours sur sept! sept jours sur sept! Corinne Albaut Bruna Machado, nº 2, Maria Helena Correia, nº 13 e Rafael Alves, nº 16, 8º 4ª Corinne Albaut | Fonte: google.imagens BABEL Página 17 CONCOURS D’ÉCRITURE “À LA MANIÈRE DE…” À l a m a n i è r e d e … C o r i n n e A l b a u t 2e prix 3e prix Mention honorable Sept jours dans la semaine, Sept jours dans la semaine, Pour manger tout ce que j’aime. Lundi, du jambon avec du melon, Mardi, un gâteau, je ne bois pas d’eau, Mercredi, du poulet et un panaché, Jeudi, des champignons, c’est très bon, Vendredi, du poisson avec du citron, Samedi, du riz car c’est très petit, Dimanche, des raisins, mais je ne bois pas de vin. C’est tout ce que je prends Sept jours sur sept. Sept jours dans la semaine Pour manger tout ce que j’aime. Lundi, un croissant et c’est parti, Mardi, de la bolognaise à midi, Mercredi, des fraises à la chantilly, Jeudi, pizza avec Amélie, Vendredi, de la salade et des brocolis, Samedi, cinéma, popcorns et Pepsi, Dimanche, du fromage et du jambon en [tranches. Bien alimentés comme des vedettes, Sept jours sur sept! pour imaginer tout ce que j’aime. Lundi, la mer pour nager, Mardi, la montagne pour monter, Mercredi, les étoiles pour admirer, Jeudi, la voile pour voyager, Vendredi, le parc pour me promener, Samedi, la lune pour observer, Dimanche, le lit pour dormir. Content, de la mer à la montagne, Pendant toute la semaine. Inês Tavares, nº 11 e João Carita, nº 12, 8º 1ª Beatriz Carvalho, nº 17, Fábio Évora, nº 18, Tatiana Araújo, nº 31 e Tiago Santos, nº 32 Jaskaran Singh, nº 12 e Vasco Ferreira, nº 19, 8º 5ª À l a m a n i è r e Ce qui est comique d e … M a u r i c e C a r ê m e 1er prix Savez-vous ce qui est comique? Savez-vous ce qui est magnifique? Une oie qui joue de la musique, Un cygne qui mange une figue Un pou qui parle du Mexique, Un moustique qui boit une marguerite Un bœuf retournant l'as de pique, Une oie qui fait de la photographie Un clown qui n'est pas dans un cirque, Un chat qui fait des tours de magie Un âne chantant tout un cantique, Un escargot qui fait du cyclisme Un loir champion olympique. Un violoniste qui n’entend pas de la musique Mais ce qui est le plus comique, Un mouton dans un piquenique. C'est d'entendre un petit moustique Mais ce qui est le plus magnifique, Répéter son arithmétique. C’est de voir une personne honnête dans la politique. Maurice Carême 2e prix Savez-vous ce qui est détestable? L’hiver qui tue la belle nature, Le racisme qui sépare les personnes, Les catastrophes naturelles qui détruisent, La colère qu’il y a dans les personnes, Les enfants qui souffrent de l’esclavage, Les guerres qui dévastent l’union d’un peuple, Mais ce qui est le plus détestable, C’est quand il n’y a pas d’Internet, Oh! Que c’est pas chouette! Cátia Magalhães, nº 6 e Jéssica Cordeiro, nº 10, 10º LH Ana Ferreira, nº 1 e Sara Gomes, nº 23, 10º LH Maurice Carême Fonte: google.imagens 3e prix Savez-vous ce qui est magnifique? Une famille classique, Avec un père sympathique Et une mère qui fait de la gymnastique. Une fille antipathique, Qui aime les mathématiques, Un garçon dynamique, Qui est aussi romantique, Une tante très chic, Qui travaille dans une boutique. Enfin, une famille pratique, Où l’amour est automatique. Madalena Estefani, nº 11 e Maria Sousa, nº 13, 9º 5ª BABEL Página 18 LES 100 ANS DU LYCÉE GIL VICENTE L e c t u r e s d ’ h i e r / C r é a t i o n s 1 d ’ a u j o u r d ’ h u i 1 La serviette de cuir Le sac à dos coloré Quand pars Quand je pars pour le lycée, je porte je toujours mon sac à dos coloré. Il con- porte toujours ma tient les livres, les cahiers, les stylos, les serviette. Elle con- crayons, une calculatrice et tous les tient les livres et autres objets que j’utilise en classe. J’y tous les autres ob- mets aussi mon magazine préféré et jets dont je me sers mon portable! pour le je lycée en classe. J’y mets aussi mon goûter. Quand nous entrons dans la salle de classe, nous mettons nos livres, nos cahiers et notre trousse Aussitôt que nous entrons dans la classe nous sortons nos affaires, en plaçant nos crayons et nos gommes sur les sur la table avec un peu de bruit… Parfois, nous y mettons aussi notre portable, mais les profs ne le permettent pas. bancs-pupitres. Le livre et le cahier de français y sont aussi. Les autres livres sont en dessous. Après la dernière classe, nous serrons tout cela dans la Quand les cours terminent, nous gardons toutes nos affaires très rapidement dans notre sac à dos et nous sortons de la salle, en courant. serviette et nous retournons gaîment chez nous. Parfois, nous restons encore dix minutes à la récré pour - A demain, monsieur le professeur! parler un peu et pour dire au revoir avant de rentrer à la - A demain, mes chers enfants! maison! Anna Muninhas, nº 3, Débora Fonseca, nº 10 e Lara Cândido, nº LAPA, Rodrigues; REYS, Câmara,Le petit élève de Fran- 21, 7º 2ª çais,Lisbonne, Édition des auteurs [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira] 2 2 Mes camarades Mes camarades Notre classe a vingt-cinq élèves. J’aime tous mes cama- Notre classe a vingt élèves: six garçons et quatorze filles. rades et tous mes professeurs. Ceux-ci parfois me grondent Nous sommes bavards, amusants et très sportifs. Les pro- mais je les aime tout de même. Ils sont bons pour moi. fesseurs sont compréhensifs, gentils et tolérants. Ils aident Le premier de la classe, celui qui attrape toujours de bons les élèves quand ceux-ci ont des difficultés. points, est Georges. Il les mérite bien; c’est un écolier modeste et intelligent. Dans notre classe, il y a beaucoup d’élèves étrangers, de différentes nationalités: dix népalais, une chinoise et deux Le dernier de notre classe, au dire de messieurs les pro- africains. Nous sommes tous amis et nous nous entendons fesseurs, est Jules; il n’a jamais obtenu de note au-dessus bien, mais la communication est parfois difficile entre les de neuf. Il est toujours inquiet et n’est jamais attentif pen- élèves portugais et les étrangers. dant les leçons. Les élèves étrangers ont des problèmes avec la langue Le plus grand et le plus fort de toute la classe est Pierre. portugaise, alors ils n’ont pas les meilleures notes. Comme C’est un robuste garçon de treize ans, aux larges mains de ils apprennent le portugais cinq fois par semaine, ils vont campagnard. Dans la cour de récréation, il n’abuse pas de réussir. Les élèves portugais les aident à mieux comprendre sa force et protège surtout les plus faibles et les plus déli- les matières. cats. Le plus amusant de la classe est Rodrigo. Il est portugais, LAPA, Rodrigues; REYS, Câmara, Le petit élève de Français,Lisbonne, Édition des auteurs mais il essaie de parler népalais avec les élèves de cette nationalité. Quand il fait ça, c’est vraiment comique! Dejina Gurung, nº 5 e Rasmi Ranabhat, nº 16, 8º 3ª [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira] BABEL Página 19 LES 100 ANS DU LYCÉE GIL VICENTE L e c t u r e s d ’ h i e r / C r é a t i o n s d ’ a u j o u r d ’ h u i 3 3 Ce que l’on fait en classe Quand les élèves entrent dans la salle de classe ils souhaitent le bonjour à leur maître. Celui-ci se tient debout, près de la table. Après que tous les élèves sont entrés, le professeur leur fait signe de s’asseoir, en disant: - Asseyez-vous, mes enfants. La leçon commence. Les élèves sont attentifs, car monsieur le professeur n’aime pas les garçons distraits. On fait d’abord la lecture; puis le professeur interroge les élèves; le plus souvent on fait aussi des devoirs sur le tableau noir ou sur les cahiers. Ceux qui vont au tableau noir se servent d’un bâton de craie pour y écrire et d’un torchon ou d’une éponge pour effacer. Ils tiennent la craie de leur main droite, le torchon de leur main gauche. Le professeur corrige l’un après l’autre les devoirs de ses élèves. Ce que l’on fait en classe Quand les élèves entrent dans la salle de classe la plupart souhaitent le bonjour à leur professeur. Celui-ci commence à préparer le matériel, parfois l’ordinateur et le projecteur. Il écrit le sommaire pendant que les élèves entrent en discutant sur ce qui s’est passé à la récréation. Entretemps, le professeur leur répète trois ou quatre fois de s’asseoir et de se taire et il essaie de commencer la leçon. Elle commence finalement. Certains élèves sont attentifs, d’autres bavards… Et d’autres, dans la lune!... Parfois, le professeur ne fait pas attention et il essaie de continuer… On fait la lecture, des exercices, et les élèves peuvent participer s’ils le veulent. On corrige aussi les devoirs sur le tableau blanc (ou gris?). Ceux qui vont au tableau gris se servent d’un feutre pour y écrire et d’une brosse (ou des mains!!) pour effacer. Ils tiennent le feutre de leur main droite ou gauche, et pour effacer ils utilisent la brosse qui n’efface pas et qui joue à cache-cache avec eux. Enfin, ils écoutent la sonnerie et ils courent! LAPA, Rodrigues; REYS, Câmara, Le petit élève de Français,Lisbonne, Édition des auteurs Maria Ferreira, nº 11 e Melissa Silva, nº 13, 9º 4ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira] (Projeto J’kiffe le français!) 4 4 Le bon écolier Le bon écolier L’an passé, cela va sans dire, J’étais vraiment intelligent; Mais à présent, je suis distrait, Je comprends pas ce que je lis, C’est bien certain, j’suis super cool. L’an passé, cela va sans dire, J’étais petit; mais à présent Que je sais compter, lire, écrire, C’est bien certain que je suis grand. Maintenant je vais à l’école; J’apprends chaque jour ma leçon; Le sac qui pend à mon épaule Dit que je suis un grand garçon. Quand le maître parle, j’écoute, Et je retiens ce qu’il me dit ; Il est content de moi sans doute, Car je vois bien qu’il me sourit. CAUMONT LAPA, Rodrigues; REYS, Câmara, Le petit élève de Français,Lisbonne, Édition des auteurs Maintenant que je sèche les cours, La leçon? Je ne la sais pas! Le sac qui pend à mon épaule, Ça n’existe pas! On dit que je suis le garçon Le plus populaire de l’école. Quand le prof parle, je parle aussi, Quand il est distrait, je m’amuse. Quand il sèche le cours, c’est magique, J’suis super content, c’est parfait! Dullier Correia, nº 9, Marizette Ribeiro, nº 12 e Nadilene Rocha, nº 15, 9º 4ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira] (Projeto J’kiffe le français!) BABEL Página 20 LES 100 ANS DU LYCÉE GIL VICENTE Tableaux pour l’apprentissage des langues – Créations d’aujourd’hui L’été dernier, je suis allée avec deux amies à Biarritz, au sud-ouest de la France. Nous avons voyagé en avion pendant deux heures. Nous sommes restées une semaine dans un camping. Nous avons visité des monuments: une église et des grottes avec des sculptures en pierre. Nous nous sommes promenées au bord de la mer et dans un parc naturel. Nous avons pris un bateau, nous avons nagé et nous avons pêché un grand poisson. Ce jour-là, notre dîner a été délicieux: nous avons mangé du poisson grillé! Tous les jours, vers six heures de l’après-midi, nous allions aussi au café. Ce voyage a été très amusant et nous avons connu une ville très belle! Dejina Gurung, nº 5 e Rasmi Ranabhat, nº 16, 8º 3ª [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira] (Projeto J’kiffe le français!) Au bord de la mer Tableaux pour l’apprentissage des langues Núcleo Museológico - Escola Gil Vicente JEU - Observe l’illustration et corrige les six erreurs du texte. À la campagne Tableaux pour l’apprentissage des langues Núcleo Museológico - Escola Gil Vicente C’est samedi après-midi. À la campagne, il fait beau et tout le monde profite du plein air. Trois hommes travaillent, ils coupent le bois. Mais les autres se reposent ou jouent. Six enfants s’amusent à faire une ronde, mais deux garçons tombent par terre. D’autres enfants jouent aux gendarmes et aux voleurs. Ils portent des arcs et des flèches, un tambour, un fusil et une épée. Devant la maison, un garçon joue à la toupie et, à droite, deux hommes boivent du vin. Tout près, une femme prend des photos et deux garçons parlent sur le pont. Au fond, à gauche, un garçon grimpe sur un mur et une fille se balance sur une balançoire. On voit aussi une femme qui cueille des pommes et un homme qui creuse la terre. Au dernier plan, bien au fond, il y a un château et une tente de camping. Solutions: 1. un garçon tombe par terre / 2. D’autres enfants jouent aux cowboys et aux indiens / 3. deux hommes boivent de la bière / 4. un garçon grimpe à un arbre / 5. une femme qui balaye le sol / 6. un château et un moulin Dullier Correia, nº 9, Maria Ferreira, nº 11, Marizette Ribeiro, nº 12, Melissa Silva, nº 13 e Nadilene Rocha, nº 15, 9º 4ª [Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira] (Projeto J’kiffe le français!) GIL VICENTE - MY FIRST MEMORIES / MES PREMIÈRES MÉMOIRES “On my first day at school I got lost because I didn’t know where the classroom was. When I entered the classroom I felt very embarrassed because I didn’t know anyone. But soon I started making new friends.” Carolina Anacleto, nº 5, 10º LH “The teachers are the only memories that I have. Some teachers stay in our mind or in our hearts, others don’t. Some are always ready to teach us even if they have had a bad day. Today I regret some mistakes that I made in the past. However, we can learn from our own mistakes and turn them into a lesson. That is what I’m trying to do!” Jessica Cordeiro, nº 10, 10º LH [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto] “Je me rappelle d’un lycée en changement et d’assister aux classes dans des conteneurs. J’ai vu un lycée rempli d’histoires, mais un lycée en transformation pour continuer cette histoire séculaire.” Marta Alves, nº 18, 10º LH “Avant de venir au lycée, j’étais très enthousiaste et je voudrais commencer l’école le plus rapidement possible. Pour moi, l’école était énorme, et moi, j’étais très petite. Je me rappelle que le premier jour, j’ai joué au cachecache avec mes amis. Nous nous sentions vraiment heureux.” Raquel Silva, nº 21, 10º LH [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira] BABEL Página 21 GIL VICENTE - MY FIRST MEMORIES / MES PREMIÈRES MÉMOIRES “I remember when I started being part of the school’s orchestra. Despite my great love for music, the rehearsals were two hours long, just at the end of the day and a bit boring for a ten-year old me . However, all the hard-working hours of practise paid off: it became a big part of my life!” Sara Gomes, nº 23, 10º LH “Quand je suis entré, tout était nouveau pour moi. Le lycée était très différent de l’école primaire, il était grand, plus excitant, il y avait une autre dynamique. J’ai eu la perception que c’était le début d’une nouvelle étape. Le lycée était en reconstruction, tout était en désordre, il y avait une grande agitation. Mais, moi, je me sentais enthousiasmé.” Rodrigo Carvalho, nº 22, 10º LH [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira] GIL VICENTE - MY SCHOOL ROUTINE / MON QUOTIDIEN SCOLAIRE MY SCHOOL ROUTINE “A school routine that provides you a good learning environment, which allows the students to feel free to learn, to feel safe and to be themselves!” Andreia Silva, nº 3, 10º LH “A school which includes all the students and can MON QUOTIDIEN SCOLAIRE “Mon quotidien scolaire n’est pas très désagréable. Habituellement je suis avec mes amis et je joue au basket ou au volley avec eux dans nos terrains de sport. Le pire c’est que j’ai beaucoup de contrôles et ça me fatigue. Quand j’ai des devoirs à faire, je vais à la bibliothèque.” João Simões, nº 12, 10º LH deal with all the differences among us every day. At school we have a lot of Asian kids and many of them don’t eat meat. In the canteen when they ask just salad, a few lettuce leaves are put on their plates… A vegetarian menu would be important because of the variety of cultures. I think it would help students from other countries to be integrat- “Le quotidien scolaire n’a pas beaucoup changé depuis que je suis entré au lycée. Je connais les personnes et les espaces, tout devient plus facile. L’école a une bonne ambiance et je pense que tous les élèves, même les étrangers, se sentent bien intégrés.” Rodrigo Carvalho, nº 22, 10º LH ed in our routines.” Ana Ferreira, nº 1, 10º LH “Teaching the students how to learn, stimulating our natural curiosity and creating the love for knowledge inside every one of us”. “Mon quotidien me provoque la saturation. C’est une routine fatigante ! L’ambiance scolaire est toujours la même, calme et animée. Parfois il y a des disputes, mais après on s’entend.” Carolina Anacleto, nº 5, 10º LH Sara Gomes, nº 23, 10º LH [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira] [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto] GILVICENTE-MYSCHOOLINTHEFUTURE/MONLYCÉEDANSL’AVENIR “I imagine my school with lots of new technologies like robots and holograms. There will be new subjects and many extra-curricular activities that we can choose. I also imagine simple things like new ways of teaching and a safer school.” “Dans le futur, mon lycée aura des installations plus Andreia Silva, nº 3, 10º LH Sara Gomes, nº 23, 10º LH “I imagine my school with better conditions, better facilities, more technology, more extra curricular activities and more space for the students. The people will be funnier. In the future my school will be the school of dreams of the student in the present.” Marta Alves, nº 18, 10º LH [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto] modernes. J'espère que la technologie soit très présente à l'école: qui sait si les classes ne seront pas données par des robots? Je ne sais pas quoi dire, car il est étrange de penser comment sera le monde de nos petits-enfants quand nous sommes encore jeunes.” “Pour moi, la technologie commandera tout. L’ambiance au lycée sera bien plus moderne. Il y aura, par exemple, des escaliers roulants pour que ce soit plus facile et rapide de monter et de descendre. Il y aura aussi des agents de police pour protéger les élèves. Mais l’enseignement sera toujours le même...” Jessica Cordeiro, nº 10, 10º LH [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira] BABEL Página 22 GILVICENTE-MYSCHOOLINTHEFUTURE/MONLYCÉEDANSL’AVENIR “In the future I imagine a better school which will play a very important role in the community. It will continue to teach the same values that teaches today: freedom, equality, respect for human “Dans le futur, j’espère que ce lycée continue à fonctionner avec de bons professeurs et des surveillantes gentilles. Car je veux y revenir et affirmer, avec fierté, que j’ai fréquenté ce lycée.” Rodrigo Carvalho, nº 22, 10º LH [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto] Raquel Silva, nº 21, 10º LH [Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira] GIL VICENTE - THE STUDENTS – WHO WE ARE Entrevista ao Dr. João Cortes, Diretor do Agrupamento de Escolas Gil Vicente No âmbito das comemorações do centenário da Escola Gil Vicente, o Diretor do Agrupamento concedeu, amavelmente, uma entrevista às alunas Ana Patrícia Ferreira e Sara Gomes da turma LH do 10º ano. O que é que gosta mais nesta escola? O que é que eu gosto mais? Dos alunos. Como se costuma dizer os alunos são a base de uma escola. São a base e a essência da existência da escola, ela existe pois existem jovens que têm um projecto e que querem dar asas a esse projecto. É por isso que existe a escola: para além da questão mais complexa, tem a ver com a organização das pessoas em países que se impõem, digamos, às camadas mais jovens, uma coisa que a gente designa como ponto de formação. O homem desde que passou, enfim, da antiguidade para agora, vive em sociedade, e a sociedade coloca-nos vários desafios e um deles é a da formação, instrução e de educação. Não se aprende só na escola. A escola fundamentalmente deve dar ferramentas aos jovens para que depois eles possam com elas fazer o seu percurso, descobrirem coisas que se calhar nunca lhes tinham passado pela cabeça, aprender, isto é, enriquecer o seu conhecimento e desenvolver competências. Um dos grandes papéis da escola passa muito pelas aquisições da formação social, da socialização das pessoas, pois nós temos que aprender a viver em sociedade. Ora, numa escola com, imaginem, 1100 alunos, há 1100 pessoas diferentes. A variedade é sempre enriquecedora: imaginem que vocês tinham todos os mesmos interesses, as mesmas características, no ponto de vista da formação não era enriquecedor. E depois aparece isto dos professores, não é? O que é que fazem os professores? Os professores são mais do que pessoas que vão “acordar” os próprios alunos dos seus interesses, as suas próprias capacidades, orientá-los, dar-lhes algumas ferramentas, alguns saberes. Tudo se desenvolve aqui. Quantas das vezes milhares de jovens entram aqui com uma expectativa, aqui são abanados de várias maneiras e depois quando saem daqui já querem coisas completamen- te diferentes? As escolas são muito aquilo que os alunos são, isto no fundo é um microcosmos particular, não é igual à escola aqui mais próxima, esta escola tem condições muito particulares que advêm da população que ela serve. Há quanto tempo é diretor desta escola? Desde 2008, mas estas coisas não se devem perpetuar, a perpetuação das coisas muitas vezes perpetua os nossos defeitos e as nossas virtudes, a perpetuação não é uma boa estratégia, devem haver renovações, novas ideias. Quais são os maiores desafios desta escola, além das barreiras culturais? Desafios temos vários. Para já temos os desafios desta diversidade imensa de alunos e só isso é um desafio enorme. Depois há assim coisas mais concretas, como por exemplo no primeiro ciclo não haver as instalações e tecnologias que a nossa escola tem, com os alunos estrangeiros é complicado pois temos poucas ferramentas para aplicar e os alunos com necessidades especiais são uma população que ainda tem um peso grande. A ausência de funcionários também é um dos grandes problemas que enfrentamos, o que depois também afeta o funcionamento normal da instalação escolar. Serão sempre aqueles eternos desafios, mas que na verdade temos que fazer todos os possíveis para os ultrapassarmos. Ana Patrícia Fernandes, nº 1 e Sara Gomes, nº 23, 10º LH [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto] BABEL Página 23 GIL VICENTE - THE STUDENTS - WHO WE ARE T h I s I s o u r c l a s s We are Portuguese students from a Languages and Hu- Chemistry or Mathematics: they belong to the Science manities course, tenth grade. We are twenty five: seven- course. Our classes compete a lot: will the “C (Science) vs. teen girls and eight boys. Some of us come from different LH (Humanities)” ever end? countries, like India, Brazil, Cap Vert and Guinea-Bissau. Here we are! This is our class! Five different continents in our classroom: Europe, Africa Class 10º LH America and Asia. We are aged between fifteen and seven- [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto] teen years old. We even have a set of twins in our class! We’re all unique in our way: quiet and loud, tall and short, pale- skinned and dark-skinned, blue-eyed and brown-eyed, freckled, with braces, straight or afro-haired. But there’s one thing in common: we all dream. One of us wants to be a most famous DJ in the world, others want to become cellists or writers, and there’s even a girl who wants to be a housewife when she grows up. We study English, French, History, Geography, Philosophy and Physical Education. We don’t have subjects like We are Portuguese students, aged between 16 and 18 . Our school is named Gil Vicente (after the great Portuguese playwright). We attend a Science course, 11th grade. We have to study Math, Biology, Geology, Chemistry, Physics, English, Portuguese and Philosophy. We are twenty-eight students, five of us came from Nepal and India. They can’t speak Portuguese yet but they are learning! They must be very determined. We are a fun and smart group of students. However, we differ quite a lot! Some prefer math, others would rather spend the day questioning the sense of life or…the latest video games! Class 11º C [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto] BABEL Página 24 GIL VICENTE - THE STUDENTS - WHO WE ARE T h I s I s o u r c l a s s We are a 11grade class, 23 students, only 7 boys and 16 sonalities, some of us are very quiet and some are very talk- girls between 16 and 18 years old. Languages and Humani- ative, some are shy and others are very extroverted, basi- ties is our course and we have 7 subjects: Portuguese, Eng- cally we’re all very different. We are also a multicultural lish, Geography, History, Math, Philosophy and Physical class, some of us are from different countries like Mozam- Education. bique, Brazil, India and Russia. We get along pretty well although we have different per- Class 11º LH [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto] W H AT M A K E S A G O O D S C H O O L ? I never teach my students. I only attempt to provide the conditions in which they can learn | Albert Einstein A good school gives you a good learning environment. What I want to say is that a school, to be good, needs to allow students to feel free to learn and to be themselves. A good school is a place where we feel safe and secure. Andreia Silva, nº 3, 10º LH A good school is an organized school, which is concerned with its community. It should have a good library, good sports facilities and good equipment. A good school promotes human rights values. Rodrigo Carvalho, nº 22, 10º LH A good school is a school free of racism or religious discrimination and where the students have pleasure in learning. A good school has teachers that make the students love what they teach and take pleasure in learning. Jessica Cordeiro, nº 10, 10º LH [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto] A good school has music during the breaks, offers extracurricular activities. In a good school the student association keeps their promises. Marta Alves, nº 18, 10º LH A good school should have a good staff, new technologies, music during the breaks and these should be longer… Lara Costa, nº 15, 10º LH A good school must teach the students how to learn. It must stimulate our natural curiosity and create the love for knowledge inside everyone of us. A good school must have enough staff and modern technologies. It must teach important values: equality, knowledge and help students achieve success. Sara Gomes, nº 23, 10º LH [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto] BABEL Página 25 W H AT M A K E S A G O O D S C H O O L ? I never teach my students. I only attempt to provide the conditions in which they can learn | Albert Einstein People are the most important. Students, teachers, assistants, all the staff are what makes a good school. The relationships between the members are very important. A smile is very important. A good school provides a good integration in the world of work and stimulates our creativity and imagination. In a good school the students feel happy and they are not ashamed of their mistakes. André Santos, nº 5, 11º C Vasth Graça, nº 20, 10º VAS [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto] [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto] TO BE IGNORANT OF THE PAST IS TO REMAIN A CHILD The National Public English Speaking Competition, held at the British Council in Lisbon, is an event that enables talented young people to meet, demonstrate their command of English and learn more about other cultures. This year, the topic was: To be ignorant of the past is to remain a child. Contestants had to deliver a 5 minute prepared speech. Two students from Escola Gil Vicente participated in this competition. Here is the speech delivered by José Gustavo Duarte Fer- knowledge lingers on passing through generations, and it reira. grows more consistent, more refined with every man. Yes, The Unity that Comes from Knowledge humanity is old, white-bearded, and wise. To be ignorant of the past is to remain a child. To be igno- As I’ve said, to be ignorant of the past is to remain a child. rant of the others like us, that came before us is to remain a To be ignorant of the others such as us, that came before us child, for we will do the same mistakes, only to fall in the is to remain a child. I assure you that we would do the same same holes as they did, not going further into this adventure mistakes, only to fall in the same holes as they did, not going we all longed for. further into this adventure we all long for. I do not want to say, think of all those uninspiring, mo- Neo Darwinism taught me one important thing; we notonous ideas that people often say about knowledge. My matter not as one, but as a whole. We, whether you like it knowledge, is nothing but a mere sparkle of stardust, on a or not, are just hollow recipients made to carry this strange vivid planet that orbits endlessly around a fire coated sphere gift of life that was passed on, from generation to genera- in this immense galaxy. I can only see as far as where the tion, for eras on end. This is important, this gave me a pur- horizon is, I can only express myself with the small amount pose! I want to learn as swiftly as I breathe, gather all the of words I know, judge within the limits of my ideals. What knowledge I can possibly keep in my mind, to carry a part of would a tinny, ever wandering sparkle of stardust make of the human legacy, to have a part of all the human history on the immense universe around it? It would do nothing but to my shoulders as you all do. imagine other sparkles floating in the vast darkness we all Children do not know their obligations, and that is ok, reside in. I know nothing of this world, and I gasp for air eve- because they will learn them. In this very same way, a per- ry time I understand how fantastic it is. son that does not understand the minds and feelings and We humans are really amazing! Think about this: the un- discoveries of those who came before him, is destined to ending diversity of creatures that exist in this world is aston- remain nothing but a child, because he will never rise up to ishing. Reptiles, fish and birds, all dwell in these Great the challenge before him. What challenge? To carry on that Plains, deep oceans, and calm blue skies. There are millions knowledge, add something, anything to it, and pass it on… of species, some as small as ants, some as giant as whales, I’m sixteen years old. I can only dream about the discov- and despite all this, we humans came to be, we managed to eries and sapience that lies ahead along my path, but I can rule the lands with an iron fist, paving roads, building sky sleep safe and sound at night knowing that I know enough scrapers. Why? Lions are faster than us. Wolf fangs are history; I know enough lives lived to understand and cherish sharper than any of our gazes, and still we endure, because our collective future. we’ve grown, because we are intelligent, because our José Gustavo Duarte Ferreira, nº 13, 11º C [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto] BABEL Página 26 TO BE IGNORANT OF THE PAST IS TO REMAIN A CHILD The National Public English Speaking Competition, held at the British Council in Lisbon, is an event that enables talented young people to meet, demonstrate their command of English and learn more about other cultures. This year, the topic was: To be ignorant of the past is to remain a child. Contestants had to deliver a 5 minute prepared speech. Two students from Escola Gil Vicente participated in this competition. Here is the speech delivered by Miguel Graça. The Ignorance of Our Ways What is ignorance? Sophocles said once that “ignorance is generally the sister of evil”. What he meant with this is that being ignorant is the door from which our wicked ways prevail. He lived in the fifth century before Christ; yet, today, in 2015, in the twenty-first century, it’s as true as it was when he lived. As humans, we are volatile, self-destructive beings, who already made too many mistakes in the past. Those errors deeply influenced our society. We can find many examples of this in our history. The first one is deep within the economic world, the sphere that makes our world move. In 1929, this pillar of society suffered a blow with the Great Depression. People’s greed for money, for investments in the stock market, led to their own collapse. The creation of new laws for the control of the economy solved the problem. Yet, the next generation, that did not live to see the misery caused by the Great Depression, craved for power. They revoked the same laws that once saved the economic world. There’s a phrase in the Jewish texts that says “the insatiable greed is one of the sad events that rush to the self-destruction of man.” That same greed led again to a crash in stock market, in 2008, due to the ignorance of the new generations. The second example is tied to the social and political world. In the last century, we fought in two world wars, and that radically changed our society. We vowed to never commit the same horrors, to keep the peace among people. There goes the famous saying: “Make love, not war”. However, we are in 2015, and this motto seems to have produced no results. Since the Second World War, we had the Cold War – that could have put us back in a state of chaos – the Portuguese Colonial War, the war in Vietnam, and in more recent days, the war in Ukraine. People keep fighting in pointless conflicts, and keep drawing blood, while ignorant of its consequences and of what it did in the past. Will this always be a part of our history, or will we recognize our ignorance and stop it? Since our country was mentioned, it would be good to use it as a clear example of the human ignorance. In the beginning of the twentieth century, we got rid of the monarchy, because our society was in shambles. We decided that Portugal would be a republic. Our country remained a mess, due to inefficiency of our presidents. During almost fifty years, we lived under a dictatorship. It didn’t solve anything, it just made everything worse. Now, in the twenty-first century, we should ask: are we any better? In a way, yes, but it seems we haven’t learnt anything from the past. Instead of getting better, our country seems to be on the bottom of a pit. There are many other examples in which we can testify the ignorance of our ways. We ignore the past, because we think it won’t happen again. But is this correct? It isn’t. Looking away from the past just means making the same mistakes, again and again. How can we grow up if we don’t recognize our errors? In conclusion, if we are ignorant of the past, we are doomed to commit the same mistakes that once broke our society into pieces. And by doing that, we’ll never learn how to solve the problems of our world. Miguel Graça, nº 20, 10º C [Supervisão: Dr.ª Isabel Sequeira] MEET A YOUNG VOLUNTEER My name is Vasth Graça, I´m 18 years old and live in Lisbon. I am involved in the project Aproximar. I started when I was sixteen. We work with children in need. The aim of our project is to make children aware of the importance of values that we are losing nowadays: friendship, collaboration, sharing and humbleness. We play games, we talk and listen to the children. I believe we make a difference in these children’s lives. Vasth Graça , nº 20, 10º VAS | [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto] BABEL Página 27 WE CARE ABOUT HUMAN RIGHTS - 10º VAS [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto] BABEL Página 28 P R OV E R B S A N D S AY I N G S - 1 0 º VA S STOP DOMESTIC VIOLENCE LET’S CHANGE MENTALITIES Entre marido e mulher não metas a colher Never get between a man and his wife Quanto mais me bates mais gosto de ti The more you hit me, the more I love you love There is always a way out Mais vale só do que mal acompanhado It is better to be alone than in bad http://www.freewoodpost.com/2012/03/12/santorum-reaches-out-to-womenwith-know-your-place-campaign/ Longe de vista longe do coração Out of sight, out of mind [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto] A VISIT TO OUR SCHOOL On the 14April 2015, Titus Brandsma lyceum, a school from Oss, the Netherlands, visited Escola Gil Vicente. We got in contact through the eTwinning project European Schools in a Global World. As our school is celebrating its 100thanniversary,the aim of the project is to present our school, share its history, learn about other schools in Europe, differences and similarities, learn about other cul- tures, make new friends and, of course, get a good opportunity to use the English language. In the morning, at 9.00, our head teacher welcomed thirty-eight Dutch students and three teachers with a warm speech in José Saramago library, the old one which contains a valuable book collection. BABEL Página 29 A VISIT TO OUR SCHOOL The Dutch teacher thanked and offered a gift to our school. Then we started our visit. The teachers involved in the project and six students representing their classes guided the Dutch group. First we went to the laboratories. In the Biology lab, we watched the students doing an experiment. Then we showed the sports facilities. After that, we visited the library/resource centre and we saw the exhibition about the school´s patron, Gil Vicente, the most important Portuguese playwright, his works and epoch. The teacher who is in charge of the library guided us and gave us all the information we needed. After a short break, we went to visit the museum centre where we could see antique scientific instruments, maps and other objects. The teacher in charge of the museum guided us; the same happened to the exhibition about the history of our school along the corridor on 3rd floor. The Portuguese students from classes 10LH, 11C,LH,GI and the Dutch students joined together in the amphitheatre to get to know each other better, exchange experiences and learn more about each other’s culture and life. We asked questions about common stereotypes associated with the Dutch. It was great fun! We showed them a PowerPoint presentation made by the students about our coun- try and they showed us a video about their school. The Dutch students sang a popular song! At 12.30 we had lunch in the school canteen. On that day the food tasted better than usual. After lunch, the Portuguese teachers offered some gifts to the Dutch students and teachers. At 2.30p.m.we started our walk through the historic neighbourhoods. We visited Graça and Alfama, Castelo and Mouraria (we have strong bonds with our neighbourhoods); we ended our visit at Praça do Comércio, Lisbon downtown. We talked about our culture, Fado, the popular parades (Marchas Populares) and our history. We walked through medieval lanes, alleys and from different viewpoints we admired the magnificent view of the city. When we said goodbye, we promised to keep in contact. The Dutch students and teachers told us how much they had enjoyed the visit. It was possible thanks to the collaboration of everyone! We felt proud of our school, our city and our cultural identity. In the end, all of us were tired but very happy. Everybody had collaborated; we shared our culture, learned bout new things and, the most important, we have made new friends! 10º LH - Group work [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto] Visiting the library A short break after lunch In the Biology lab The Dutch and the Portuguese students A magnificent view from Portas do Sol viewpoint: This is our city! Página 30 BABEL CONCURSO LITERÁRIO FA Z E D O R E S D E H I S T Ó R I A S TEXTO VENCEDOR | ESCALÃO A - MODALIDADE 2 O Nervoso das Máscaras Nascia um dia de sol lindo na cidade. Bernardo tinha acabado de acordar. Estava agora a tomar o pequeno-almoço enquanto lia o jornal, entretido. Depois do duche, vestiu-se e correu feliz em direção à sua outra casa, sempre de portas abertas a quem quisesse entrar, o Teatro. Era ali, de facto, que Bernardo se sentia em casa, o teatro era a sua vida. Enquanto ator, tinha já representado vários papéis e usado inúmeras “máscaras” para compor as suas personagens. Ainda assim, sempre que estreava um novo papel não podia deixar de ficar nervoso, como se fosse uma nova pele que tinha de vestir, provocando-lhe comichão por todo o corpo. E comichão sobretudo na cabeça que ficava a pensar pensamentos sem fim, de tal forma que certas noites nem conseguia dormir. Ao chegar, cumprimentou André, João, Pedro e Francisco, seus companheiros naquele e no Grande Palco da Vida. – Olá, Bernardo – disse João – Estás pronto para a atuação desta noite? – Nem por isso – respondeu – Estou muito nervoso. – Posso ajudar-te? – perguntou André – É que eu sei como: basta pensares que a peça de hoje é como a própria vida, por vezes uma tragédia, por vezes uma comédia. Não interpretarás o papel de “filho” e nem o de “amigo”. Hoje serás “Mercúrio”, para os Romanos o Deus do Comércio, da Venda e do Lucro. Serás o ator principal. – Eu sei – disse Bernardo acanhado – é por isso que me sinto tão mal. Estou realmente nervoso com este novo papel. – Ora, ora! Todos nós, diariamente e consoante os contextos, interpretamos diferentes “papeis”, até mesmo os de “comprador” e “vendedor” – continuou Pedro desdramatizando o nervoso do amigo – Gil Vicente sabia-o bem, por isso escreveu o “Auto da Feira”, para demonstrar que tudo se compra e tudo se vende. – Sim – disse Bernardo hesitante – tudo se compra, tudo se vende... Mas, não correremos o risco de, usando todas essas máscaras, deixarmos de ser nós próprios? – Penso que não – respondeu o amigo – se usares as tuas “máscaras” na altura certa não cairás no ridículo nem na mentira. Serás tu próprio e não uma farsa. Não podes é esquecer-te que somos sempre atores, estamos sempre a entrar e a sair de cena. No fundo, é possível que tenhamos vários “eus”. – Estás a dizer, portanto, que o meu “eu” só estará completo na companhia dos seus “eus” – concluiu Bernardo meio a brincar meio a sério. – Sim, para concluir, penso que é isso! Os amigos riram-se com gosto, afinal, todos tínhamos vários “eus”. E ainda bem que os temos. Pois são esses “eus” que encenamos, que nos permitem encontrar a coragem e a confiança quando estas nos faltam. São esses “eus”, que nos levam a estabelecer rela- ções com os outros, que de outra maneira talvez ficassem para sempre estranhos e desconhecidos. Mais calmo, Bernardo e os seus companheiros começaram o ensaio daquela tarde. Ensaiaram, então, o “Auto da Feira” de Gil Vicente, uma crítica à sociedade renascentista, aos seus valores mercantilistas e consumistas, o palco onde tudo se podia trocar, até o bem, a paz e a verdade. Coincidência ou a realidade do presente? – “Muitos... presumem saber as operações dos ...céus, e ...que morte hão de ...morrer, e o que há de aconte....cer aos anjos e a Deus.” Declamou Bernardo, ainda nervoso e a gaguejar, no papel de Deus do Comércio, Mercúrio. – Um chá de camomila fazia-te bem – sugeriu finalmente Francisco – Para acabar de vez com esse nervosismo. E assim foi. Bernardo acabou por vestir a “máscara”. À noite, continuava nervoso, era certo, mas tinha ganhado coragem e entrou no palco a sentir-se confiante: – Olá a todos! – disse — Eu sou o Bernardo e eu e os meus companheiros vamos apresentar o “Auto da Feira” de Gil Vicente. Deu-se início ao espetáculo: – “Muitos presumem saber as operações dos céus, e que morte hão de morrer, e o que há de acontecer aos anjos e a Deus.” Bernardo parecia feliz. Ou, pelo menos, um dos seus “eus” estava certamente feliz - a peça que estreara tinha corrido bem. Na manhã seguinte, ao ler o jornal “A Gazeta da Cidade” como sempre fazia, ficou empolgado com a notícia de primeira página. Lia-se: “Melhor êxito de bilheteira, melhor espetáculo de 2015: “Auto da Feira” de Gil Vicente interpretado por Bernardo... ”. Estava em choque, quase que desmaiava: o contentamento e a vaidade que sentia eram imensos. Saiu sem escovar os dentes, tinha muita pressa para encontrar os amigos. – Leram o jornal? – perguntou-lhes eufórico – Estamos na primeira página! – Sim, sim. Mas agora de volta ao palco, temos ensaio à nossa espera. É que as “máscaras”, para serem eficazes, dão muito trabalho – avisou Pedro, sempre naquele seu estilo terra-a-terra. Todos desataram a rir, bem dispostos e orgulhosos do sucesso. – Vamos lá! – disse Bernardo. É que ele bem sabia o trabalho que tinha pela frente. Sabia que não podia ficar nervoso a cada novo papel. Que podia contar enfim com as suas “máscaras”, com os seus “eus”. David Peeters, nº 5, 6º 6ª [Revisão: Dr. Rui Pinto] BABEL Página 31 CONCURSO LITERÁRIO FA Z E D O R E S D E H I S T Ó R I A S TEXTO VENCEDOR | ESCALÃO C - MODALIDADE 1 A Encomenda para ser sincera, a confusão tomou conta de mim. Não espera- - Avô, avô!! - A minha voz soou pelo jardim enquanto as mi- va de todo que ele me fosse contar a história da sua vida, mas nhas pernas se deslocavam o mais rápido que conseguiam até ao decidi não intervir, e permanecer calada. O seu olhar, que se banco onde ele se encontrava sentado. Era véspera de Natal e o encontrava pousado sobre o álbum, acabou por viajar até ao meu entusiasmo era óbvio, visto que no dia seguinte, ou seja, dia meu, o que me fez de imediato esboçar um breve sorriso. vinte e cinco de dezembro, seria também a minha data de ani- - Mais um dia de trabalho. Estava cansado, mesmo cansado. versário. Todos os anos acontecia a mesma coisa. A família reu- Ansioso por chegar a casa, mas o meu pai tinha-me pedido para nia-se toda na antiga casa - que tinha sido construída na cidade ir fazer uma última entrega do dia e, por alguma razão, eu acei- de Potsdam pelos meus trisavós e que servia de lar ao meu avô tei. De bicicleta, fui até à morada que me tinha sido indicada, desde que este nascera - para festejarmos o Natal e também o com a caixa que continha pequenos quadros, e quando cheguei, meu aniversário. Estava prestes a fazer quinze anos e, no ano pensei que estava enganado. - Uma gargalhada, algo raro no anterior, o meu avô tinha-me prometido que, quando os fizesse, meu avô, escapou-se-lhe e, por momentos, pude sentir o seu me contava uma história. Sendo curiosa como sou, mesmo já entusiasmo ao contar tudo aquilo. - A casa era enorme, um tendo passado trezentos e sessenta e quatro dias, a promessa autêntico palácio. Um carro, considerado absolutamente luxuo- que o meu avô me tinha feito não tinha sido esquecida e, por so para a altura, estava estacionado no enorme jardim. Um lago isso, estava agora a sentar-me ao seu lado, depois de lhe dar um e uma casa de madeira pertenciam também àquela proprieda- abraço bem apertado, matando assim as saudades, para ouvir a de e confesso que antes de sair da bicicleta, verifiquei a morada tão esperada história. Depois de finalmente me instalar, pude que tinha sido apontada num papel. Achava estranho terem reparar que ao colo do meu avô estava um álbum ou, pelo me- encomendado algo ao meu pai, quer dizer, afinal de contas, nos, algo que se parecia com isso. Antes que pudesse dizer algo tudo o que ele fazia, eram simples quadros e havia pintores mais, o meu avô olhou rapidamente para mim com um sorriso muito melhores, que estariam dispostos a trabalhar para al- nos lábios. guém assim. Queria despachar-me, então acabei por pousar a - Sei que a tua vontade é pegar neste álbum e pedires-me bicicleta no chão, pegando antes na caixa que se encontrava que comece a contar a história, mas devo dizer que só no final um pouco mais pesada do que parecia ser. Subi as pequenas poderás ver as fotos que este álbum contém, está bem? - A sua escadas, acabando então por chegar ao alpendre da casa. Não gasta, no entanto bonita voz, soou no seu típico tom baixo. O tive sequer tempo de tocar à campainha, porque, quando es- meu avô era uma pessoa bastante calma e acho que era por isso tendi a minha mão para o fazer, uma rapariga abriu com algu- que gostava tanto de estar com ele. Todo o resto da minha famí- ma dificuldade a pesada porta, deixando assim que um agradá- lia passava a vida a falar, num volume que eu sempre considera- vel cheiro a comida preenchesse o ar. Era carne assada, se não ra alto demais. Era como se o silêncio fosse uma espécie de ame- me engano, pelo menos cheirava a isso. Vários risos de pelo aça para eles, e, com o meu avô, nada disto acontecia. Podíamos menos quatro raparigas podiam ser ouvidos naquela altura, simplesmente estar horas um ao lado do outro, calados, que mas apenas uma se encontrava à minha frente, a tua avó. - A nunca nos sentiríamos desconfortáveis ou sozinhos. Pessoas minha respiração prendeu-se por pequenos momentos ao ouvir capazes de fazer isto sempre me agradaram bastante e não havia aquela palavra. Avó. Nunca a conheci e nunca ninguém me ti- pessoa no mundo que eu estimasse mais do que o meu avô. De- nha explicado o que acontecera, algo que sinceramente me pois de deixar que uma pequena gargalhada escapasse pelos irritava. Sabia apenas que ela tinha falecido anos antes do meu meus lábios, assenti levemente, esperando então que o meu avô nascimento, mas mesmo assim, não sabia ao certo quantos. O começasse a falar. meu olhar cruzou-se com o do meu avô e as nossas expressões - Outono de mil novecentos e trinta e oito, não te sei precisar rapidamente se alteraram. Ele sabia que este assunto me deixa- o dia, tinha eu os meus dezoito anos. Mais uma, que eu pensava va meio que irritada, porque sempre que perguntava algo sobre ser simples e fria tarde em Potsdam, mas que acabou por se ela, ignoravam-me. tornar o começo da minha vida como homem que sou hoje. - - Continua, avô. Agora sim, não podes mesmo parar. Foram estas as primeiras palavras que o meu avô pronunciou e, - Era muito mais baixa do que eu. Cabelo loiro, não muito BABEL Página 32 CONCURSO LITERÁRIO FA Z E D O R E S D E H I S T Ó R I A S TEXTO VENCEDOR | ESCALÃO C - MODALIDADE 1 longo, mas também não muito curto, elegante e bonita. Muito bonita, na verdade. Nenhum de nós disse uma única palavra - Campos de concentração? - Interroguei, meio baralhada. Mas não eram só os judeus que iam para lá? durante o que pareceu ser uma eternidade. Os risos do que eu O silêncio do meu avô fez-me chegar finalmente à conclusão suponha serem as suas amigas continuavam a preencher aquele de que ele era judeu. Bastava um simples olhar para perceber constrangedor silêncio que se fazia entre nós, até que eu decidi que ele estava a afirmá-lo de forma silenciosa. Sabia muito bem quebrá-lo. Trocámos poucas palavras e entrei para pousar a cai- o que eram campos de concentração. Eu e o meu pai gostáva- xa onde ela me indicou. Voltámos depois para a porta e acabei mos de falar de história e ele sempre me explicou as coisas de por sair. Desejámos boa noite e, não sei como, consegui convidá- forma aberta, para que eu entendesse. Sinceramente, pensar la para sair comigo. Ela aceitou. A rapariga que vivia rodeada por que o meu avô poderia ter ido para lá foi algo que me deixou luxo aceitou sair com um simples rapaz que fazias as entregas do completamente arrepiada. Nunca percebi o objetivo de Hitler, pai. - Os meus ouvidos prestavam a máxima atenção a cada pala- quer dizer, perceber, até percebo, mas na minha cabeça, a mal- vra que o meu avô pronunciava, enquanto na minha mente, to- dade é algo que não vale a pena. O facto de um homem conse- dos aqueles cenários eram montados na perfeição. Era difícil guir matar tantas pessoas apenas pela sua escolha religiosa não para mim conseguir criar uma imagem da minha avó, porque me é aceitável. nunca a conheci e até hoje só tinha visto uma foto sua. No en- - Bem, acabei por receber a carta de recrutamento para tanto, ela já era mais velha e as suas feições não eram as mes- combater. Lembro-me que o meu primeiro pensamento foi mas da sua juventude. "como vou contar isto a Elizabeth?" - Elizabeth. O meu avô pro- Não sei quanto tempo se passou, mas quando menos esperá- nunciou pela primeira vez o nome da minha avó, que até hoje vamos, o meu pai veio chamar-nos para irmos jantar e, por isso, nunca soube qual era, até este momento. Tinha vontade de tivemos de fazer uma pausa. Durante o jantar, a minha mente interromper e começar a expressar o meu ponto de vista, algo viajava pelos vários cenários de todas as aventuras que o meu que gosto de fazer, ou então dizer que gostava realmente de a avô me tinha contado. O encontro no dia seguinte, as confusões ter conhecido, ou dizer também que o seu nome era um dos que a família da minha avó criou por ela andar com um "rapaz meus favoritos, mas, ainda assim, a minha curiosidade sobre o pobre", o pedido de namoro que o meu avô lhe fez numa tarde que iria acontecer a seguir impediu-me de o fazer. fria de inverno, os almoços divertidos, os dias e as noites que - Não contei. Decidi deixar uma carta e arrependo-me disso eles passavam juntos e muitas outras coisas. Eu tinha a perfeita até hoje, mas não sei até que ponto não terá sido melhor, de- noção de que a parte má, ou, pelo menos, a não tão agradável, testo despedidas. - Comecei a notar o olhar do meu avô a tor- ainda estava por vir. Estava a sentir-me meio ridícula, mas a his- nar-se mais triste, o que me incomodou, mas quando a história tória deixava-me ansiosa. É como quando estamos a ver um fil- acabasse, fazia planos de fazer chocolate quente, uma das nos- me e queremos que duas pessoas fiquem juntas e que corra tu- sas bebidas de eleição, que sabia que o animava sempre. do bem, mas, tal como sabemos, isso não vai acontecer, porque - Na noite anterior à minha partida, estive com ela até tarde nem nos filmes é assim, muito menos na vida real. Depois do e todas as semanas trocávamos cartas um com o outro, en- jantar, que pareceu demorar uma eternidade, eu e o meu avô quanto eu combatia. fomos para a sala e sentámo-nos os dois num pequeno sofá. Na Não sei realmente como me aguentei naquele momento. minha mão encontrava-se o álbum que o meu avô me tinha ago- Apetecia-me gritar, gritar até ficar sem voz. A vida consegue ser ra dado para eu ver as fotos que eles tiraram juntos. Enquanto mesmo má. O meu avô na guerra e a minha avó sozinha a levar eu passava as várias páginas, o meu avô continuava a contar com críticas dos seus pais a toda a hora. Que fantástico, melhor tudo o que aconteceu, até chegar finalmente ao ano de mil no- não podia ficar. Aproximadamente cinco anos depois, a guerra vecentos e trinta e nove. acabou. O meu avô voltou para casa e tudo voltou a ficar bem, - Sabia que brevemente seria chamado. O país tinha entrado ou pelo menos eu assim pensei. em guerra e eu estava na idade perfeita para ir combater, por- - Reencontrámo-nos. Ela estava igual, maravilhosa como que essa era também a única forma que eu tinha de fugir aos sempre, no entanto, as suas expressões não eram realmente as campos de concentração. melhores. Os pais tinham-na ameaçado que, se ela não deixas- BABEL Página 33 CONCURSO LITERÁRIO FA Z E D O R E S D E H I S T Ó R I A S TEXTO VENCEDOR | ESCALÃO C - MODALIDADE 1 se de estar comigo, eles iriam embora da Alemanha. Bem, como da, só queria tentar absorver todas aquelas palavras que ti- é óbvio, nenhum de nós cedeu à ameaça que eles tanto pensa- nham sido ditas de forma demasiado rápida. Ouvi a minha mãe vam que iria resultar. Dei-lhe uma semana para fazer a mala e a gritar da cozinha que faltavam dez minutos para a meia-noite arrecadar a maior quantidade de dinheiro que conseguisse. Dia e sabia que brevemente o sossego iria acabar, porque começa- sete de junho de mil novecentos e quarenta e cinco, partimos riam todos a cantar os parabéns e a abrir as prendas. Limitei- para Berlim. Arrendámos um apartamento, arranjámos trabalho me a soltar um suspiro bem pesado acabando de ver o álbum, e reconstruímos a nossa vida. pousando-o sobre uma pequena mesa que se encontrava no - Finalmente algo bom, depois de todo esse tempo! - Não meio da sala. resisti em dizer, animada com o facto de perceber que tudo estava a melhorar. - Não deites foguetes antes da festa, Anne. - Disse-me ele, - Ainda bem que contaste tudo de forma rápida, porque não me apetecia nada chorar dez minutos antes de fazer anos – disse, olhando para o meu avô, gargalhando levemente. mostrando-me o seu sorriso, que eu considerava como algo qua- - Agora já sabes quem foi a tua avó. Quando a maluqueira se sábio. - A situação económica da Alemanha estava um caos e passar, bebemos os dois um chocolate quente com marshmal- eu fiquei desempregado. Passámos dificuldades e vivemos assim lows, está bem? - Ele sussurrou como se de um segredo se tra- até eu arranjar trabalho. Até lá vivemos do ordenado da tua avó tasse. e de algum dinheiro que eu arranjava a consertar eletrodomésticos e carros. - Nem precisavas de perguntar. É óbvio que está mais do que bem! - respondi também baixo, vendo depois todo o resto O meu avô fez uma pausa, respirou fundo várias vezes como da família a entrar na sala. O típico cheesecake foi pousado em se possuísse dentro de si um enorme peso que necessitava de cima da mesa, as luzes apagadas e a tão conhecida canção foi expulsar ou controlar, para que este não desabasse e o aleijasse. cantada por todos ali presentes. Quando tudo já estava mais Nunca fui boa com atos, sempre preferi as palavras e sei que "os calmo, fui fazer o chocolate quente, ficando na cozinha a beber atos contam mais do que as palavras", mas para mim, as pala- com o meu avô aquele líquido com sabor a chocolate. vras são a única forma de eu demonstrar o quanto amo uma pessoa ou exprimir os meus sentimentos. Sou péssima a dar e a - Avô? - Murmurei, meio receosa sobre se perguntava ou não o que pretendia. receber carinhos, nunca sei como reagir, e nunca sei o que fazer, mas naquele momento não tinha lápis nem folha, e, por isso, a - Sim, Anne? – Respondeu ele, limpando a boca ao guardanapo, enquanto me encarava. única maneira que me veio à cabeça de demonstrar ao meu avô - Como conseguiste ultrapassar tudo isto? - Dei levemente que eu estava ali para ele foi agarrar-lhe na mão e sorrir-lhe de de ombros, mastigando um marshmallow, tentando parecer forma bem carinhosa, para que aquele peso dentro de si, de descontraída. algum jeito, não pesasse tanto. Estivemos alguns minutos assim - Acho que ao longo dos anos me fui mentalizando que a e à medida que ele ia ficando mais calmo, eu ia largando a sua vida é um palco de teatro que não admite ensaios 1, querida. - mão. Respondeu, acabando de beber o seu chocolate quente. - Em mil novecentos e quarenta e sete, a tua avó engravidou e teve o teu pai. Foram os anos mais felizes e estáveis da nossa E foi assim. Foi assim que terminou toda aquela história, que, no meio de muitas outras, se calhar não significa nada. vida. Dez anos depois foi-lhe diagnosticado cancro e não quero Maria Mafalda Sousa, nº 13, 9º 5ª estar com rodeios. Faleceu quando o teu pai tinha dez anos, e agora aqui estamos nós. Eu não queria chorar, não queria sorrir, não queria dizer na- [Revisão: Dr.ª Maria João Queiroga] 1 Charlie Chaplin BABEL Página 34 CONCURSO LITERÁRIO FA Z E D O R E S D E H I S T Ó R I A S TEXTO VENCEDOR | ESCALÃO C - MODALIDADE 2 Breve viagem à memória trar na sua sala. – Sim, no intervalo, encontramo-nos junto ao ‘Como será o dia de hoje?’ – sempre a mesma pergunta, a bar. – A Ana falou alto à medida que caminhava pelo enorme pergunta que invadia a minha mente todas as manhãs. E por- corredor, atrás do Filipe. Acenei-lhes de volta e bati levemente quê? Porque é que eu me dou ao trabalho de me questionar a à porta da sala 5, a sala onde iria ter a disciplina de Português. – mim mesma, em vez de...simplesmente aproveitar e desfrutar do Entre. – A voz fina da professora ecoou e eu pude abrir final- meu dia? Seria ele bom? Ou talvez mau? Afinal, o que poderá mente a porta, revelando então a minha turma nova. Desculpei correr mal? A verdade é que todos temos azares na vida. Mas -me pelo atraso, uma das coisas que era habitual fazer, e entrei, quem não começa o dia sem criar uma única expectativa do ‘dia dirigindo-me ao meu lugar. Assim que me sentei, retirei os ma- perfeito’? Sem preocupações, stresses ou qualquer tipo de pro- teriais necessários para a aula. Aproveitei então para olhar em blemas? redor, observar cada cara nova. Cheguei a esta escola há menos Hoje acordei sem perceber como me sentia. Não diria que de um mês e ainda não tive a coragem de falar com qualquer estou feliz, mas também não me sinto irritada. Talvez… um deles. Nem mesmo com a chata da minha colega do lado, aborrecida? Hum, não parece. A verdade é que cada dia que que não para de falar ‘sozinha’. Acho que ela ainda não perce- passa tem sido uma verdadeira tristeza. É como se, todos os dias, beu que não sou muito de conversas. Bom, espero que perce- cada pessoa, ao levantar-se da sua cama logo pela manhã, colo- ba, caso contrário, terei de pedir à DT para mudar de lugar. – casse uma ‘máscara’ diferente, dependendo de como se sente Será que me podias emprestar o teu caderno para passar al- no próprio dia. No meu caso, não vejo mais nenhuma máscara guns apontamentos? – Ela quebrou o silêncio. Confesso que já para além da ‘famosa’ máscara da tristeza. Bom, talvez todas as estava a demorar. – Claro, toma. – sussurrei, passando-lhe o outras máscaras estejam presentes, mas a verdade é que apenas meu caderno, sem nunca desviar a minha atenção da professo- consigo esticar o meu braço e apanhar aquela. ra, que apontava algo no seu bloco de notas. Fez-se novamente ‘Mais um dia.’ – pensei assim que me levantei da cama. Custa silêncio na sala. Encostei as minhas costas à cadeira e fitei o tanto ter de acordar cedo, sair do quente da cama e preparar- quadro por cerca de dez segundos, os quais devem ter parecido mo-nos para a escola, principalmente quando sabemos que tere- mais que cinco minutos para a professora, pois só ouvi a sua mos de ‘aturar’ gente que não queremos e que, cada dia que chamada de atenção e todos os olhos postos em mim. Pedi passa, só teremos mais e mais com que nos preocupar. Enfim, novamente desculpa, desta vez pela minha distração e senti sempre a mesma rotina. Preparo-me para a escola e sigo o meu uma leve cotovelada. – Estás bem? – A voz da miúda irritante caminho em direção à paragem do autocarro onde apanho al- voltou a ouvir-se. Preferi não lhe responder e fingir estar atenta guns dos meus amigos. – Olá. – murmuro assim que chego perto ao que a professora escrevia no quadro, pois não queria mentir- deles. É habitual cumprimentá-los com um ‘olá’, pois evito utili- lhe em relação à maneira como me sentia hoje. Gostaria de lhe zar o típico ‘bom dia’, visto que os dias não começam da melhor responder que sim, que realmente estava tudo bem comigo, forma. – Bom dia. – eles quase que respondem em coro. Esboço mas não estava. Para não a preocupar ou sequer dar-lhe um um pequeno sorriso e acabo por me sentar num dos lugares motivo para tentar ter uma conversa comigo, preferi não res- vazios daquele autocarro. – Vamos chegar atrasados se este au- ponder. Permaneci quieta e tentei concentrar-me apenas na tocarro não andar mais depressa. – ouvi o rapaz impaciente di- professora e no que esta explicava até ao final da aula. Assim zer, enquanto permanecia com o seu olhar fixo no relógio que que tocou, voltei a arrumar as minhas coisas e saí da sala. Tal trazia no pulso. Olhei para a Ana, a namorada do tal rapaz, cujo como combinado, fui ter com os meus únicos amigos ao bar da nome era Filipe. Vi-a revirar os olhos umas quantas vezes cada escola. vez que ouvia os resmungos do seu namorado, ao qual acabava O tempo passou a correr e neste preciso momento encontro- por esboçar um largo sorriso. Saímos apressadamente do auto- -me sentada no autocarro que me irá levar até à paragem perto carro assim que este parou em frente à paragem que se situava a de casa. No regresso a casa é costume vir sozinha, pois a Ana e menos de dois minutos da escola. Demos uma pequena corrida o Filipe ainda têm aulas e por isso ficam mais tempo na escola. até à escola, onde entrámos, e seguimos até às respectivas salas. A esta hora o autocarro vem quase sempre vazio. Quer dizer, – Bom, vemo-nos depois então! – O Filipe acenou antes de en- não vem totalmente vazio, pois um senhor já de alguma idade BABEL Página 35 CONCURSO LITERÁRIO FA Z E D O R E S D E H I S T Ó R I A S TEXTO VENCEDOR | ESCALÃO C - MODALIDADE 2 costuma vir sentado do lado da janela, num dos bancos ao pé da levantar-te e sentar-te quando te apetecer porque as tuas per- porta de saída do autocarro. Por incrível que pareça, ele hoje nas não vão permitir tal coisa. Não vais poder ouvir música alta não está cá. Entretive-me a ouvir música até duas paragens mais porque os teus ouvidos não aguentam, ou até mesmo passar à frente, quando avistei o tal homem de idade entrar. Tentei não horas a olhar para um desses aparelhos. – Ele apontou para o ligar muito ao facto de ele estar cada vez mais próximo de mim. telemóvel que se encontrava na minha mão. Ao início, pensei que fosse uma mera impressão, mas com o Baixei discretamente a cabeça e esbocei um pequeno sorri- passar do tempo apercebi-me de que este se dirigia a mim – Boa so. – Tenho de sair na próxima paragem, com licença. – Levan- tarde, posso sentar-me aqui ao teu lado? – O olhar dele encon- tei-me lentamente e passei pelo senhor, desejando-lhe um res- trou o meu por momentos e assenti levemente com a minha to de boa tarde. – Obrigado, igualmente, jovem. – ouvi-o mur- cabeça, retirando de seguida os fones dos meus ouvidos. O se- murar num tom quase impercetível. nhor sentou-se com alguma dificuldade e por fim deixou escapar Vários pensamentos invadiram a minha mente assim que me um pequeno suspiro. – Sabes o que eu te digo, filha…? Não des- despedi dele. Desci do autocarro e em alguns minutos já me perdices a tua vida dessa maneira. – Demorei cerca de cinco encontrava em casa. Não tenho bem a certeza se consegui ou segundos para perceber que o senhor acabara de falar comigo. – não dormir nessa noite, pois aqueles pensamentos ecoavam na O que quer dizer com isso? – Não me contive, por isso acabei por minha cabeça. Vários meses se passaram e todos os dias avista- lhe perguntar. – Eu sei como te sentes. Frequento este autocarro va aquele velho, sentado no mesmo lugar, que quase parecia todas as tardes e não há um dia em que não te vejo por aqui que lhe estava reservado. Tornou-se um hábito entrar no auto- sozinha, sempre sozinha. – Senti o olhar dele novamente sobre carro e sentar-me num dos lugares do fundo. Encolhia-me no mim. – Como sabe que me sinto assim? O senhor apenas me banco, colocava os fones e olhava pela janela, pois eu achava observa todas as tardes, tal como referiu. Não me conhece, nem que era uma boa maneira de evitar outra conversa com o ho- me lembro de alguma vez ter falado consigo. – Desviei a minha mem. atenção para ele. – Eu sei, tens toda a razão. Eu não quis ser Cerca de dois meses depois, vim a aperceber-me de que algo indelicado contigo, de jeito nenhum. Estou apenas a tentar aju- faltava naquele autocarro. O senhor não aparecera mais, tal dar-te, porque sabes uma coisa? Eu já fui jovem como tu e che- como eu não precisei de me encolher mais no banco. O que gando a esta idade percebo as oportunidades que desperdicei. O teria acontecido? Onde estará ele agora? Questionava-me to- ser humano deve aproveitar a vida que tem. E não desperdiçá-la dos os dias. Tinha de me habituar a esta ausência. sozinho ou triste com a vida. – Permaneci calada, sem saber o Não demorou muito para que eu percebesse que ele não que lhe responder. Ele continuou: – Todos os dias acompanho voltaria. Por estranho que pareça, senti saudades de me tentar cada sorriso, cada suspiro, cada lágrima de felicidade ou até tornar invisível naquele autocarro. Foi então que relembrei mesmo de dor que cada pessoa que costuma viajar neste auto- aquilo que me dissera há uns tempos atrás. carro carrega ou traz consigo. Nunca vejo ninguém assim como Ainda hoje guardo esta lembrança comigo. Sempre que viajo tu...que raramente sorri, mesmo quando vem acompanhada de de autocarro e vejo um idoso, recordo uma lição que alguém amigos. – Permaneci novamente em silêncio após o ouvir falar. me tentou dar. Gostaria de poder voltar atrás no tempo e retri- Apesar de aquele homem não me conhecer, ele estava correto. buir a atenção que me foi dada naquela altura. Embora não - Sabes, talvez passes muito tempo da tua vida assim. No futuro, quando tiveres a minha idade e fores bem velhinha, aí não vais poder aproveitar tanto a vida como agora. Não vais poder tivesse deixado transparecer, aquelas palavras fizeram-me despertar. Cláudia Esteves, nº 3, 9º 5ª [Revisão: Dr.ª Maria João Queiroga] BABEL Página 36 Fonte: google.imagens A correção linguística e a revisão dos textos produzidos pelos alunos são da inteira responsabilidade dos respetivos professores. BABEL - Publicação Plurilingue do Departamento Curricular de Línguas - Número 12 FICHA TÉCNICA CONCEÇÃO | EDIÇÃO | ARRANJO GRÁFICO: Maria João Queiroga SELEÇÃO DE IMAGENS: Professores que colaboraram neste número COLABORARAM NESTE NÚMERO: PROFESSORES - Ana Cristina Tavares, Inácia Pereira, Isabel Sequeira, Manuela Nunes, Maria da Paz Vieira, Maria do Rosário Pinto, Maria João Queiroga, Nuno Soares, Rui Pinto, Teresa Neto, Zelinda Pontes ALUNOS - Ana do Mar, Ana Ferreira, Ana Loreti, Ana Patrícia Fernandes, Ana Pereira, André Santos, Andreia Silva, Ângela Correia, Anna Muninhas, Bárbara Alves, Bárbara Santos, Beatriz Cardoso, Beatriz Carvalho, Beatriz Loureiro, Beatriz Pinho, Bruna Machado, Bruno Dionísio, Carlota Cardoso, Carolina Anacleto, Catarina Grilo, Cátia Magalhães, Cláudia Esteves, Daniel Fonseca, Daniela Coelho, Daniela Santos, David Peeters, David Santos, Débora Fonseca, Dejina Gurung, Diogo Santos, Dullier Correia, Fábio Évora, Fatou Fall, Filipa Cortez, Francisco Lucas, Gonçalo Cardoso, Henrique Sousa, Inês Fidalgo, Inês Tavares, Jaskaran Singh, Jéssica Cordeiro, João Carita, João Simões, João Soares, José Gustavo Duarte Ferreira, Laís Borges, Lara Cândido, Lara Costa, Laura Marcelino, Luís Carvalho, Madalena Estefani, Madalena Pinto, Márcia Veiga, Maria Ferreira, Maria Helena Correia, Maria Mafalda Sousa, Marina Costa, Marizette Ribeiro, Marta Alves, Melissa Silva, Miguel Graça, Muhammad Majid, Nadilene Rocha, Neuza Amaral, Nuno Carvalho, Patrícia Afonso, Patrícia Sequeira, Pedro Cerqueira, Rafael Alves, Raquel Silva, Rasmi Ranabhat, Rita Moreira, Rodrigo Carvalho, Salomé Gonçalves, Sara Alves, Sara Cruz, Sara Ferreira, Sara Gomes, Sofia Salvador, Soraia Pinto, Tatiana Almeida, Tatiana Araújo, Tiago Santos, Vasco Bizarro, Vasco Ferreira, Vasth Graça, Willian Souza, e alunos das turmas 10º VAS, 10º LH, 11º C , 11º LH TIRAGEM A PRETO E BRANCO (FOTOCÓPIA): 20 exemplares PREÇO: 1 € TIRAGEM A CORES: 14 exemplares PREÇO: 5 € PROPRIEDADE: Escola Gil Vicente | Agrupamento de Escolas Gil Vicente Fax: 21 886 88 80 E - mail: [email protected] Rua da Verónica, 37 - 1170-384 LISBOA Tel. 21 886 00 41 Web: http://www.esec-gil-vicente.rcts.pt