escola gil vicente - Agrupamento de Escolas Gil Vicente

Transcrição

escola gil vicente - Agrupamento de Escolas Gil Vicente
BABEL
Número 12
maio de 2015
Revista de Línguas
Publicação Plurilingue
Departamento Curricular de
Línguas
escola gil vicente | agrupamento de escolas gil vicente
EDITORIAL
DESTAQUE
 Vencedores do Concurso Literário Fazedores de Histórias
SUMÁRIO
Quando há cem anos a secção orien-
Acredito que este tem sido o trabalho
tal do Liceu Passos Manuel foi criada
que ao longo deste século se tem feito
nos claustros do Mosteiro de São Vi-
neste espaço eminentemente humanis-
cente de Fora, tornando-se pouco tem-
ta, de relações duradouras, de aprendi-
po depois autónoma com o nome de
zagens, de razão e emoção, de constru-
Editorial
1
Liceu Central de Gil Vicente, ninguém
ção partilhada de saberes: o trabalho
Textos em Português:
2
terá pensado que se celebraria, um dia,
com a palavra que torna os nossos jo-
o seu centenário.
vens mais fortes, mais ousados, mais cu-
Narrativas curtas
Narrativa de 1ª pessoa
Ensaios descritivos
Textos expositivos
Cartas à língua portuguesa
Poemas
Textos em Francês:
riosos, mais seguros e sobretudo livres.
O lema escolhido para o liceu, Enten9
Fan de...
Je me présente
La pub, ça me plaît!
Pub vacances
Blog de mode
Voyage d’étude - Géographie
Visite au Musée Arpad Szenes–Vieira da Silva
Concours d’écriture
Les 100 ans du Lycée Gil Vicente
Textos em Inglês/Francês:
E é com a(s) palavra(s) que se fazem
longo dos tempos e foi, por isso, o pre-
os textos que, ano após ano, publicamos
ferido para as celebrações desta efe-
na Babel, sempre com o mesmo prazer, o
méride.
mesmo entusiasmo e sobretudo um
enorme orgulho em acompanharmos o
Entendey minha verdade. E qual se-
crescimento dos alunos.
ria a verdade de Gil Vicente? O que foi
20
Gil Vicente - My first memories/Mes premières mémoires
Gil Vicente - My school routine/Mon quotidien scolaire
Gil Vicente - My school in the
future/Mon lycée dans l’avenir
Gil Vicente - The students –
Who we are
What makes a good school?
To be ignorant of the past is to
remain a child
Meet a young volunteer
We care about human rights 10º VAS
Proverbs and sayings - 10º VAS
Vencedores do Concurso
Literário Fazedores de
Histórias
dey minha verdade1, acompanhou-o ao
que nos transmitiu de tão importante?
Há cem anos nasceu uma escola. Hoje
Talvez a intemporalidade de uma ver-
festejamos a sua longa vida. Amanhã
dade nascida da análise perspicaz que
outros recordar-se-ão dos que, antes de
lhe permitiu fazer uma crítica minucio-
si, ajudaram a transmitir a essência do
sa da sociedade do século XVI? Talvez
saber. Entendey minha verdade – a de Gil
que, na realidade, seja mais fácil
Vicente, ou a do Liceu Gil Vicente?
“corrigir os costumes, sorrindo”? Talvez
que a cultura seja indispensável ao
1 - Gil Vicente, Auto da Lusitânia, 1531
crescimento individual? Talvez que tu30
do isto seja possível apenas com o domínio da língua e um trabalho meticuloso com as palavras?
Maria do Rosário Pinto
Coordenadora do
Departamento Curricular de Línguas
BABEL
Página 2
NARRATIVAS CURTAS
A Aventura dos Três
Numa tarde, dois jovens escuteiros foram acampar para a Praia das
Maçãs. Quando já tinham montado a tenda foram passear para conhecer
melhor o lugar. Quando se aperceberam estavam perdidos.
Ouviram então um latido vindo de trás das dunas. Era um cão, um
pouco velhote mas com um ar amigável e brincalhão que também parecia
andar perdido. No pescoço trazia uma medalha com o seu nome: Sargento.
O Sargento e os escuteiros, o Francisco e o Diogo, formaram logo nesse
momento uma equipa. Depois de tanta brincadeira até se esqueceram que
estavam perdidos! Quando deram por si, estavam novamente perto da
tenda.
desaparecido! Foi então que o Sargento começou a farejar, farejar, farejar... e de repente começou a correr em direção a uma gruta ao fundo da
praia. O Francisco e o Diogo foram atrás. Para sua surpresa dentro da gruta
estavam os seus pertences e muitas outras coisas. Ouviram um barulho e
esconderam-se atrás de uma rocha: eram os ladrões!!! O Sargento saltou
para a frente da gruta e mostrou os seus dentes de uma forma feroz. Foi
quando o Francisco aproveitou para chamar a polícia. Quando esta chegou
prendeu os ladrões. Mas o Sargento não parava de saltar de alegria pois,
afinal os polícias eram seus velhos companheiros... Sim, porque afinal o
Sargento era um deles, era um velho cão polícia!
Matilde Froes, nº 16, 5º 1ª
Mas algo estava errado, a tenda estava aberta e as suas coisas tinham
[Supervisão: Dr.ª Ana Cristina Tavares]
Como é que o gato Zorbas terá ensinado a gaivota a voar?
Texto 1
Passados alguns meses, a gaivota já era adulta e queria deixar de viver
com Zorbas e com os seus amigos. Só havia um pequeno problema, ela não
sabia voar! E Zorbas também não, pois era um gato e os gatos não sabem
voar.
- Que hei de eu fazer, Colonello? Eu não sei voar, e a gaivota já quer
aprender a voar! - disse Zorbas.
- Porque é que não contratas alguém?
- Não posso, prometi que era eu!
Zorbas leu bastantes livros e ambos ensaiaram muito mas, mesmo
assim, ele sentia-se nervoso.
Até que um dia, subiram até ao telhado do prédio mais alto da cidade
e Zorbas disse para a gaivota:
- Não te esqueças, atiras-te e assim que chegares ao chão, começas a
bater as asas.
- Ok. – disse a gaivota, confiante.
Ela atirou-se e, assim que chegou perto do chão, começou a bater as
asas.
Tinha conseguido!
Bárbara Alves, nº 1, 7º 4ª
[Supervisão: Dr.ª Manuela Nunes]
Texto 2
onde ela pudesse bater as asas e planar.
Era verão, estava um dia ensolarado e toda a gente parecia divertir-se.
Quando chegaram à praia (cheia de gente, por sinal), encontraram
Bem, toda a gente, não. Na verdade, um gato grande, preto e gordo, estava
uma duna perfeita, a gaivota subiu lá para cima e Zorbas deu-lhe algumas
nervoso, pois iria ensinar - ou tentar - uma gaivota a voar.
indicações: ela deveria bater as asas fortemente mas, ao mesmo tempo,
O gato (chamado Zorbas) pensava em como poderia ensinar uma gai-
graciosamente. Depois de muito cair de bico no chão e de retirar o excesso
vota a voar. Já tinha visto muitas aves a voar, mas nunca tinha pensado em
de areia, a gaivotinha começou a bater as asas desajeitadamente e ia subin-
ensinar uma ave a fazer o mesmo.
do, depois começou a planar, chocando com muitas coisas, mas conseguiu
Zorbas deu um longo miado chamando a gaivota, que apareceu a cor-
manter-se no ar. Estava finalmente a voar!
rer, caindo algumas vezes no chão. A gaivota já sabia para onde iriam. Iriam
Fatou Fall, nº 6, 7º 4ª
para a praia mais próxima. Talvez lá encontrassem uma duna de areia de
[Supervisão: Dr.ª Manuela Nunes]
Texto 3
Passado uma semana, Zorbas resolveu ensinar a pequena gaivota a
voar (sem ajuda de qualquer outra ave).
Foi ter com a pequena gaivota e disse-lhe:
- Querida, chegou a hora de fazer aquilo que tinha prometido a tua
mãe... Ensinar-te a voar.
Zorbas levou a gaivota nas costas, para cima de um rochedo.
Assim que chegaram, a pequena gaivota olhou para baixo e o medo
apoderou-se dela.
- Mamã tira-me daqui! Por favor!!!
Texto 4
Depois da pequena gaivota nascer, Zorbas pôs mãos à obra. Foi logo
estudar como é que se voava e ensinou à gaivota algumas coisas. Ela foi
aprendendo mas mesmo assim não conseguia voar. Zorbas estava triste.
Zorbas foi buscar um saco, amarrou-o nas asas da gaivota e disse:
- Lança-te para a frente e bate as asas, depois deixa-te planar. O saco
vai ajudar a moderar a intensidade do vento.
Ela assim o fez e conseguiu.
Zorbas disse então:
- Na vida é preciso arriscar, cair e saber levantar. Só assim, nos é permitido olhar para o horizonte mais além e alcançar os nossos sonhos.
Soraia Pinto, nº 19, 7º 4ª
[Supervisão: Dr.ª Manuela Nunes]
Dia a dia a gaivota evoluia e o gato também
reparava que todos os dias ela estava com mais
vontade de conseguir.
Um dia a gaivota ia de novo tentar voar e o
- Nunca vou conseguir ensiná-la a voar - disse Zorbas.
que aconteceu é que ela começa a bater as asas
A gaivota que ouviu respondeu:
enquanto corria, depois saltou e bateu as asas
- Claro que vais, tu és capaz de tudo, se quiseres.
com tanta força que começou a voar.
O gato, mais alegrado, voltou ao trabalho para explicar à gaivota como
se voava. Construiu até umas asas com madeira e pano mas, como era de
esperar, ela acabou estatelada no chão.
O gato ficou tão contente que, quando ela
regressou, lhe fez uma festa.
Gonçalo Cardoso, nº 14, 7º 6ª
[Supervisão: Dr.ª Manuela Nunes]
Fonte: google.imagens
BABEL
Página 3
NARRATIVAS CURTAS
A propósito de A Quinta dos Animais, de George Orwell
- Estás errado. Em
Napoleão estava numa das reuniões convocadas por Bola de Neve, às quais raramente assistia, e ouviu o seu companheiro defender a
igualdade,
igualdade entre os animais e a pronunciar-se contra uma política de
bem e trabalhamos em
privilégios, mais favorável a Napoleão.
prol uns dos outros. –
continuou
Bola
de
Neve.
agora proibida. Uns minutos depois, Bola de Neve ouviu um ruído e
- Um dia ainda
levantou-se para ver o que se passava. Era um som agudo, como o
haverá privilégios só
ranger de uma porta, irritante para os ouvidos. Viu Napoleão a entrar
para os porcos, vais
na mansão e seguiu-o secreta e sorrateiramente para não ser ouvido.
ver! – exclamou Napo-
Ao entrar na mansão, Bola de Neve observou a sala: era grande,
leão.
com troféus de animais, boa e cara mobília, que o Sr. Reis comprara
Finda a discussão,
com os lucros da quinta; mas tinha tudo um ar pesado de soberania.
foram-se os dois embo-
Sentado numa poltrona, viu Napoleão a deliciar-se com a comida que
ra da casa e, naquela
pertencera ao Sr. Reis: geleias e bebidas alcoólicas, proibidas pelos
noite, Napoleão come-
Sete Mandamentos do Reino Animal.
çou planear o seu golpe
- Napoleão, não devias entrar aqui! É proibido! – exclamou Bola de
contra a igualdade.
Neve.
- Nós, porcos, mais inteligentes do que os outros animais, devía-
João Carita,
nº 12, 8º 1ª
mos ter privilégios, como dormir aqui, em camas suaves, ter acesso a
[Supervisão: Dr.ª Maria
comida e a bebida de boa qualidade! – respondeu Napoleão.
A
propósito
de
D.
Quixote
Fonte: google.imagens
Depois da reunião, Bola de Neve foi para o seu humilde recanto na
quinta, enquanto Napoleão se dirigiu para a antiga mansão do Sr. Reis,
vivemos
João Queiroga]
de
la
Mancha,
de
Cervantes
As ovelhas
Estava uma manhã radiosa quando D. Quixote e Sancho Pança
acordaram. Na véspera, tinham enfrentado moinhos de vento e estavam agora preparados para seguir viagem. Puseram-se a caminho e ao
fim de alguns minutos chegaram a um prado onde se via, ao fundo, um
rebanho.
D. Quixote exclamou:
- Parece que temos companhia, meu caro Sancho! Quem havia de
dizer que íamos encontrar aqui um tão bom número de soldados! Faz-te às armas, meu fiel Sancho, porque hoje a peleja vai ser dura.
- Mas… onde estão os soldados, meu amo? A única coisa que vejo
é um rebanho de ovelhas.
- Não sejas tolo. Aqueles soldados têm uns casacos grossos de
inverno e festejam aos gritos.
Fonte: google.imagens
- Mas, senhor… O que pensa serem soldados são, na verdade,
ovelhas! Os casacos grossos são o seu pelo e os gritos são o seu balido!
- Meu bom Sancho, não sabes o que dizes! Mas eu perdoo-te.
Vinde provar o ferro da minha espada!
- Meu amo, estais bem? – perguntou Sancho.
Os soldados, com os seus fartos casacos, as suas pernas magras e
- Estou melhor que nunca! Perdemos uma batalha, mas a guerra
vozes finas, até tinham umas caras simpáticas, mas as suas atitudes
não está perdida! Inimigos não faltam! Que não nos falte a nós a cora-
eram ameaçadoras. Já as ovelhas, umas pretas e outras brancas, con-
gem de os vencer.
forme a sua raça, nada mais faziam do que balir.
E foi assim que terminou mais uma terrível batalha do valoroso D.
D. Quixote, com a espada em riste, avançou a galope sobre os
Quixote e do seu criado Sancho Pança. Novos inimigos os esperavam
soldados. Sancho Pança, logo atrás do seu amo, no passo picado do
na sua longa caminhada. Unidos por uma especial amizade, seguiram
seu burro, tentava evitar uma catástrofe. As ovelhas fugiam em ondas.
viagem. De um lado, a firmeza e a coragem de quem quer ver o que
D. Quixote desenhava círculos uns atrás dos outros. De repente, proje-
não se vê, e do outro, uma boa dose de realismo.
tado pelo seu cavalo, caiu com estrondo no solo. Reergueu-se e gritou:
Bárbara Santos, nº 3, 8º 2ª
- Estais a fugir, seus covardes?! Afinal onde está a vossa coragem?
[Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga]
BABEL
Página 4
NARRATIVA DE 1.ª PESSOA
Narrativa de 1ª pessoa, incluindo o motivo do fogo de «Mestre
Poupa Bombeiro», de O Fogo e as Cinzas, de Manuel da Fonseca
Embora os meteorologistas tivessem dito que aquele dia iria ser
essa ilusão. As chamas tinham ocupado na verdade a casa de André
quente, no interior da igreja, sentia-se uma clima ameno. Quando saí
Juliano. Os bombeiros chegaram finalmente, e entre eles vinha mestre
da igreja, andei poucos metros ao longo da Avenida Almirante Reis e
Poupa, o herói bombeiro que entre tantos incêndios que havia comba-
entrei na estação de metro dos Anjos. Saí na estação do Martim Moniz,
tido e a que tinha sobrevivido era capaz de actos que até os mais atléti-
onde passeei até escurecer. Já era noite, corri até ao Hotel Mundial
cos considerariam sobrenaturais, esta sim é a definição de herói: é
onde estava parado um elétrico da carreira vinte e oito e perguntei ao
aquele que, com as mesmas bases que o homem comum, consegue ir
maquinista se este iria seguir de volta para a Almirante Reis ou se ia
além de todos os outros.
para a Estrela. - Para a Estrela, disse-me, avancei até à paragem onde
Os vizinhos que ainda não se haviam apercebido do incêndio co-
aguardei cerca de sete minutos. Observava os pombos que por ali
meçaram a vir para a rua para observar o desenrolar deste aconteci-
passavam, que, com o cinzento do seu corpo, marca já de nascença
mento desastroso que, mesmo depois de extinto, deixará pequenas
que passava de geração em geração, contrastava com o branco dos
brasas na memória dos espectadores. Entre eles estava Chico Biló, cuja
edifícios à minha frente, construídos no tempo em que eu considerava
expressão facial dava a entender que o grande mestre Poupa estava
que os cães eram da minha altura mas que ainda estão por vender, vai-
morto.
se lá saber porquê.
O elétrico avançou do Hotel Mundial até à paragem onde eu e
Mestre Poupa avançou e chamou André Juliano, também o chamei
e André Juliano dobrou-se e escondeu a face nas mãos papudas.
outras tantas pessoas entraram, e milagrosamente havia lugares dispo-
- Vá lá salvar o velho, disse a mestre Poupa. Então este avançou
níveis, não havia crianças de colo aos berros a gritar: mãe quero leite,
contra o fumo que saía da casa e desapareceu, os bombeiros tentavam
bolachas, tenho sede, entre tantos outros defeitos que eles têm sem-
domar as chamas que pareciam ter vida, a sua luminosidade demons-
pre tendência a apontar aos pais; não existiam os velhos que ocupam
trava o seu vigor.
os lugares todos do elétrico todos os dias e que nem vão a lado ne-
A velha que eu tinha visto no elétrico estava como que receosa e
nhum, não, esta viagem era uma que acontecia muito raramente, em
curiosa ao fundo da rua a observar o incêndio. Comecei a caminhar
que os passageiros podiam descansar. Ia uma velha no elétrico que se
para ir falar com ela, mas os vizinhos começaram a gritar quando viram
assemelhava às bruxas dos contos infantis e que, como olhava para
os bombeiros transportar uma velha na estreita cama de ferro e o pai
mim de um modo estranho, eu fiz uma figa e repeti três vezes ‘leva o
de André Juliano, ambos mortos. Fiquei transtornado e quase a cho-
que deixas’ não fosse esta por artes mágicas desconhecidas rogar-me
rar, a contrastar com a minha tristeza ouviam-se as chamas a enruga-
uma maldição.
rem a madeira e faziam-na estalar. O cheiro a pinho era o dos que mais
O elétrico prosseguia a sua viagem sempre a parar a cada cinquen-
predominava na atmosfera e poderia até ser de madeira a ser queima-
ta metros que avançava, porque existiam sempre condutores que deci-
da numa festa um num churrasco, porém tratava-se apenas deste
diam parar os automóveis em cima da linha do elétrico, deveriam estes
holocausto que era tudo menos alegre e que o cântico das chamas
julgar que os elétricos eram apenas para lazer dos turistas, no entanto
teimava em contrariar.
enganavam-se, nós, os pobres que não tínhamos possibilidades de
No meio dos gritos dos vizinhos, e das chamas, lembrei-me de que
pagar automóveis, tínhamos de nos locomover neste transporte que já
ia falar com a velha e voltei a olhar para onde ela estava e estava exac-
havia chegado ao seu centésimo aniversário.
tamente igual como se fosse uma estátua. Quando já me chegava par-
Quando saí do elétrico, avancei até à casa da minha avó, mas esta
to dela para lhe falar, ouvi novamente os vizinhos a gritar e só rezei
estava à porta com uma expressão mista entre indignação e medo,
para que quem viesse a seguir não fosse mestre Poupa, no entanto foi
estava tão mergulhada nos seus pensamentos que só me viu quando já
quem os bombeiros trouxeram já morto para o exterior, fiquei tão
estava ao seu lado.
triste, a minha avó não dizia nada apenas observava agora já não o
- É fogo!, disse-me, e desceu a calçada do Menino de Deus até ao
incêndio, pois o seu olhar e pensamento tinham-se concentrado na
cruzamento com a Rua dos Cegos. Espreitou, no entanto nem uma
velha que tanto me intrigava. Avancei, passei mesmo em frente à
única chama se via, apenas o fumo que ascendia aos céus no pátio
porta de entrada do edifício em chamas e o fumo instalou-se na minha
Dom Fradique, que a qualquer homem que conhecesse as passagens
garganta como uma lapa numa pedra, o incêndio extinguiu-se, e como
bíblicas daria a entender que Deus parecia estar a gostar daquele holo-
em todos os fogos desde pequenas fogueiras até incêndios florestais
causto, pois o fumo de Abel também ascendeu aos céus quando o
quando se extinguem produzem um enorme fumo branco que neste
Senhor aceitou com bom grado as suas ofertas.
caso se pôs entre mim e a velha e quando se dissipou esta havia desa-
Decidimos avançar mais alguns metros e vimos que o incêndio não
parecido. A nuvem de fumo que de certo modo salvou a velha era o
se localizava no pátio Dom Fradique, pois embora o fumo subisse desse
último suspiro em sentido figurado daquele incêndio que devorou
lugar - que já havia visto tantas gerações e que agora não via nenhuma
aqueles três.
porque já todas partiram e não existiram nenhumas para voltar a habitá-lo - na verdade era empurrado pelo vento nessa direcção criando
Henrique Sousa, nº 14, 10º C
[Supervisão: Dr. Nuno Soares]
BABEL
Página 5
E N S A I O S
D E S C R I T I V O S
Eu sempre gostei da escola, de fazer amizades novas, de
Ela tinha vários cães, uns pequenos, outros grandes. Era louca por
aprender mais e melhor. Mas digamos que eu gostava ainda mais
animais. Mas era ainda uma loucura maior quando ela os levava lá
do meu colega André…
à escola... Toda a gente queria pegar neles e fazer festinhas.
Ele era alto, demasiado alto para a sua idade, parecia uma
Nós tínhamos o nosso grupo de amigos. E sabem que mais?
girafa. O seu cabelo era loiro como os raios do sol e via-se que era
O André também fazia parte desse grupo. Quando estávamos
sedoso e macio. A sua pele era morena, o que encantava qualquer
todos juntos, éramos umas bombas atómicas. Toda a gente repa-
um. Os seus lábios eram tão carnudos e vermelhos que mais pare-
rava em nós. O André e a Marta tinham o mesmo tom de pele. Era
ciam uma cereja já madura. Os olhos eram grandes e de um casta-
incrível!
nho esverdeado. Ele era uma caixinha de surpresas…
Mas as pessoas crescem, seguem novos rumos e afastam-se.
A Marta era, sem dúvida, uma das minhas melhores amigas.
O seu cabelo era de meter inveja! Era preto, forte e muito compri-
O grupo desfez-se e cada um de nós fez outros amigos. No entanto, guardá-los-ei para sempre na minha memória.
do. O seu narizinho era do tamanho de um amendoim. Era boche-
Catarina Grilo, nº 4, 8º 2ª
chuda e cheiinha, mas era lindíssima, de uma beleza inexplicável.
A escola do 1º Ciclo onde eu andei era grande, tinha dois
[Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga]
pouco se importava com isso.
andares e várias salas. Os miúdos, e eu também, parecíamos bara-
Eu e a Tânia éramos mais próximas. Claro que também gosta-
tas tontas, sempre a correr de um lado para o outro. Eu era a mais
va da Catarina, sem dúvida alguma, mas eu conhecia a Tânia há
nova, tinha poucos amigos, mas estes já bastavam (mais vale só
mais tempo. A Tânia era simpática, amiga de todos, inteligente e
que mal acompanhado...).
divertida. A Catarina era mais esgrouviada e maluca, mas no bom
Tinha duas amigas que eram bastante responsáveis e solidá-
sentido. Fazia-me rir e foi assim que ficámos amigas.
rias. Eram mais velhas do que eu e muito mais extrovertidas. Uma
Durante o intervalo, íamos sempre para o pátio correr feitas
era a Tânia e a outra era a Catarina. A Tânia era magra, baixa,
três baratas tontas, e jogávamos à apanhada e a outros jogos.
tinha o cabelo liso e ondulado, louro e de um brilho reluzente. A
Éramos amicíssimas! Ficámos amigas para sempre.
Catarina era um pouco rechonchuda (como eu), mas com as maçãs do rosto mais bochechudas do que as minhas; o cabelo dela
Daniela Santos, nº 7, 8º 2ª
era curto e encaracolado, louro, e estava sempre em pé, mas ela
[Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga]
T E X T O S
E X P O S I T I V O S
A propósito da cena “O Fidalgo”, do Auto da Barca do Inferno , de Gil Vicente
Na cena do Fidalgo do Auto da Barca do Inferno, apresentam-
Na obra Auto da Barca do Inferno, composta por Gil Vicente,
-se três personagens: o Diabo e o Anjo, que simbolizam o mal e o
encontramos, relativamente à cena do Fidalgo, três personagens:
bem, respetivamente, e um Fidalgo vaidoso e egocêntrico, acom-
o próprio Fidalgo (usando uma capa e trazendo uma cadeira
panhado pelo moço obediente, que carrega consigo uma cadeira
“d’espaldas“), o Diabo e o Anjo. Estas três personagens encon-
“d’espaldas”. As personagens encontram-se no cais de embarque,
tram-se na margem de um rio onde estão presentes duas barcas.
onde o Fidalgo, após morrer, se prepara para entrar numa das
barcas.
Nesta cena, o Anjo e o Diabo julgam o Fidalgo com base nos
pecados cometidos por esta personagem em vida. As duas forças
Para tentar convencer o Anjo a embarcar na barca do Paraíso,
espirituais acusam o Fidalgo de vaidade, de exercer tirania sobre o
o nobre defende-se, referindo que é “fidalgo de solar”, que tem
povo e de levar uma vida cheia de prazeres. O Fidalgo protesta,
uma mulher que reza por si e uma amante que se quer suicidar.
afirmando que tem uma amante que se quer suicidar, uma mulher
Porém, o Anjo e o Diabo acusam-no de tirania sobre o povo, da
que reza por si e que provém de uma família nobre e antiga.
vida de prazeres que vivera e da sua vaidade.
O passageiro, contrariado, acaba por embarcar na barca do
No final, o Anjo não aceita o Fidalgo na sua barca e, assim, ele
dirige-se para a barca do Diabo.
Diabo e, com esta condenação, Gil Vicente faz uma crítica ao mo-
Com esta cena, Gil Vicente faz uma crítica a Nobreza, princi-
do como a Nobreza exercia a sua autoridade e também às infideli-
palmente à forma como esta classe exercia a sua autoridade sobre
dades tão características na Corte.
os mais desfavorecidos.
Cláudia Esteves, nº 3, 9º 5ª
Luís Carvalho, nº 11, 9º 5ª
[Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga]
[Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga]
BABEL
Página 6
T E X TO S
E X P O S I T I V O S
A propósito da cena “O Fidalgo”, do Auto da Barca do Inferno , de Gil Vicente
O Fidalgo, o Diabo e o Anjo são as três personagens que parti-
Na cena “O Fidalgo”, da peça Auto da Barca do Inferno, estão
cipam nesta cena. O Fidalgo encontra-se na margem de um rio,
presentes um nobre, que demonstra ser vaidoso, arrogante e
enquanto o Diabo e o Anjo estão nas suas respetivas barcas. A
presunçoso, o Diabo, que evidencia ser sarcástico, e o Anjo, que,
personagem a ser julgada é vaidosa, arrogante, ingénua, presunçosa e exerce tirania sobre as pessoas que a rodeiam. O Diabo
gosta de gozar com as pessoas, é persistente e recorre bastante
ao uso da ironia e do sarcasmo. O Anjo é exatamente o oposto:
calmo e justo são duas das suas características.
tal como o nome indica, demonstra a sua serenidade. Esta cena
decorre na margem de um rio, onde estão duas barcas: uma deslocar-se-á ao Inferno e a outra ao Paraíso.
O Fidalgo é acusado de vaidade, de ter exercido tirania sobre
A acusação que o Diabo utiliza contra o Fidalgo é o facto de
o povo e de ter levado uma vida de prazeres.
Perante estas acu-
este ter vivido uma vida de prazeres. Já o Anjo acusa-o de ter
sações, o Fidalgo defende-se, argumentando que a sua amante se
exercido tirania sobre o povo e de ter sido bastante vaidoso du-
quer suicidar e que a sua mulher reza por si. Defende-se ainda
rante a sua vida. Para se defender destas acusações, o Fidalgo
com o seu estatuto social, o que demonstra que o Fidalgo se acha-
afirma que a sua amante se quer suicidar e que a sua mulher reza
va superior aos outros.
por si; utiliza também o seu elevado estatuto social como defesa.
O destino do Fidalgo acaba por ser o Inferno e a crítica que o
autor pretende fazer com esta condenação é direcionada à Nobreza e ao modo como esta classe exercia a sua autoridade sobre os
Como consequência dos pecados cometidos ao longo da sua
vida, a personagem é condenada ao Inferno. A crítica que Gil Vicente pretende fazer é à Nobreza e ao modo como esta classe
social exercia a sua autoridade.
mais fracos.
Maria Mafalda Sousa, nº 13, 9º 5ª
Sara Alves, nº 20, 9º 5ª
[Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga]
[Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga]
A propósito da representação do Auto da Barca do Inferno , de Gil Vicente, pela Associação Cultural Kids
No dia 6 de janeiro, todas as turmas do 9º ano da nossa
escola visitaram o colégio Pedro Arrupe para assistirem à representação da peça Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, encenada por António Feio.
Eu, pessoalmente, gostei da peça, achei-a engraçada, juvenil,
interessante. Não conheço completamente a obra, mas considero
uma ótima ideia ver a peça antes de a analisarmos na aula; é uma
espécie de introdução à leitura e à compreensão do texto vicentino.
Penso que os atores desempenharam bem o seu papel, mostraram paixão ao fazê-lo e nunca se enganaram. O cenário, a meu
ver, era simples, fácil e rápido de mudar. Os figurinos não eram
muito luxuosos, mas eram elaborados, ou seja, notava-se que foi
preciso trabalho para os executar.
Com o Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente faz uma crítica à
sociedade da época. O dramaturgo critica a forma de viver das
pessoas, apresentando-nos vários tipos sociais e várias profissões
ou ocupações. As personagens, depois de mortas, deparam-se
com duas barcas: a do Inferno e a do Céu. Como pecaram em vida,
tiveram de partir na barca do Diabo, com destino ao Inferno.
Gostei da peça, da encenação, do cenário, dos figurinos e da
obra, a qual estou ansiosa para começar a estudar.
Sofia Salvador, nº 21, 9º 5ª
[Supervisão: Dr.ª Maria João Queiroga]
Fonte: google.imagens
BABEL
Página 7
C A R TA S À L Í N G U A P O R T U G U E S A
Cartas
à
língua
portuguesa
no
âmbito
Lisboa, 24 de setembro de 2014
Querida Língua Portuguesa,
do
dia
europeu
das
línguas
ber palavras como “Sim”, “Mãe” e tantas outras. Estavas comigo
aí e estás comigo agora.
Passaste por muito desde que nasceste, filha do latim. Neste
Obrigada por me ajudares a perceber o que dizem os poetas,
momento és grande e há tanta gente que te fala e se perde nas
os professores e até os senhores do talho; obrigada pelos vários
tuas conjunções, metáforas e sinónimos. Eu sou uma dessas pes-
dialetos que nunca me deixam aborrecida; obrigada pelos provér-
soas, e por isso te escrevo hoje esta carta.
bios bons que tens para oferecer.
A nossa relação só começou oficialmente em 1998, quando
Desculpa pelas abreviaturas nos mails e mensagens; desculpa
disse a minha primeira palavra, mas já tinha reparado em ti antes.
por quando não estudo para a tua disciplina; desculpa quando
Já estavas comigo mesmo antes de eu nascer, quando ouvia as
recorro ao inglês no meio de frases em português.
pessoas a falar lá fora.
Língua Portuguesa, és a maior!
Estavas comigo quando nasci e ouvi o médico dizer “Que bela
Um abraço apertado,
menina que aqui tem!”. Estavas comigo quando comecei a perce-
Carlota Cardoso, nº 3, 12º C
[Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto]
Lisboa, 24 de setembro de 2014
Considera-te especial. Podes não estar habituada, o que eu
Querida Língua Portuguesa,
verdadeiramente lamento e culpo-me em parte por isso, mas
Tenho andado ocupado com a Matemática, mas talvez deva
percebo agora que te devo dar o mesmo valor que a Ciência tem
gastar um bocadinho do meu tempo contigo. Sei que o fazes comigo desde o primeiro dia em que me lembro de falar.
para mim.
Não só me deves acompanhar nesta carta, mas sempre. Espe-
Nestes últimos anos sei que me tens sempre acompanhado e
ro que não seja tarde demais. Espero que ainda não tenhas desis-
nunca me deixaste. Apesar de te ignorar e de, nos momentos em
tido de mim. Espero também que estejas disposta a ensinar-me,
que estou mais frio, talvez até mesmo te desprezar, não o faço
para que possa vir a compreender-te. E, se um dia te tentarem
por mal.
derrubar ou trocar, vou fazer os possíveis para te manter presen-
Pensando bem, acho que não mereces da minha parte uma
carta de amor, mas sim uma carta de perdão.
Escrevo. Pesam-me as palavras e percebo o quão cruel tenho
sido para contigo. Cais no meu esquecimento, tropeço em ti. Sei
que estás magoada, mas quero fazer esta carta contigo ao meu
te, partilhando tudo o que estiveres disposta a ensinar-me.
Mais do que isto não consigo dizer. Agradeço apenas que me
tenhas dado um minuto da tua atenção, e que aceites o meu pedido de perdão.
Querida Língua Portuguesa ajuda-me a ser melhor.
lado. Deixo que me julgues, mas vou tentar não te dar motivos
para isso. Não haverá “tempos verbais incorretos” ou “erros de
Patrícia Afonso, nº 21, 12º C
[Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto]
pontuação”. Será apenas como tu gostas.
Lisboa, 24 de setembro de 2014
teu passado, pois eras diferente e não gostei. O que importa é o
Querida Língua Portuguesa,
futuro, os dias que estão para vir. Prometo que vou tentar não te
Em primeiro lugar, quero pedir-te desculpas. Eu sei que por
magoar e tentar que os outros também não o façam, porque ape-
vezes te trato mal, dou ‘’pontapés’’ na tua gramática, o que te
sar de tudo o teu bem-estar é o mais importante.
deixa bastante embaraçada. Mas eu juro que não é por maldade…
Sabes uma coisa? Não te zangues comigo, mas eu conheci
São aquelas coisas do momento que se fazem sem pensar duas
outras línguas. A espanhola, a francesa e a inglesa… Até gostei da
vezes e das quais depois me arrependo.
inglesa, mas a verdade é que nenhuma delas é o que tu és, nenhu-
É verdade que tu és importante para mim, estás sempre co-
ma dela chega aos teus calcanhares. Só sei usar as tuas expres-
migo. Não és só importante para mim, és importante para toda a
sões. Só consigo ‘’pensar em ti’’ . Só tu és melodia no meu ouvido.
gente…
É estranho. Com tantas línguas no mundo porque é que fui logo
Eu sei que não és só minha, sei disso, ninguém precisa de mo
apaixonar-me por ti? A isso só tu me sabes responder. A verdade
dizer. Mas sinceramente não me importo e até compreendo… Tu
é que sem ti não saberia o que fazer. Talvez aprendesse outra
és o elo de ligação de todos os portugueses e não só. És também
língua, mas não seria a mesma coisa. Tu tornaste-me o que sou
de todos os países nossos irmãos. Quando te conheci já assim era,
hoje. E olha bem no que me tornaste… Numa apaixonada por ti,
é por isso que eu te compreendo e não tenho ciúmes. Conheci--te
que não sabe viver sem ti…
quando nasci, apaixonei-me logo que te ouvi. Não quis saber do
Sara Ferreira, nº 18, 12º LH
[Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto]
BABEL
Página 8
P
O
Mudança
E
M
A
S
Poe m as com vers os d e Alb erto Caeir o [ os al u nos f or am con vid ados
a f azer p oe m as à m an eira d este p oet a com os se us pr óprios versos]
Como a doçura amarga
da vida vivida
muda
do canto, da esquina,
para o canto dos pássaros.
Quando me sento a escrever versos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
E os meus pensamentos são todos sensações,
Porque quem ama nunca sabe o que ama.
Como fomos
mudando
de mala e de bagagem.
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...
Não me importo com as rimas. Raras vezes
Como fomos
mudando
do Flamengo
para a Contemporânea.
Penso e escrevo como as flores têm cor.
Sinto-me parte das cousas com o tato.
Sempre que penso uma cousa, traio-a,
Uma cousa que é visível existe para se ver,
Como passámos
de falcões a
beija-flores.
O tamanho ou a duração não têm importância nenhuma,
São apenas tamanho e duração.
Sei que a pedra é real, e que a planta existe,
Como mudámos a
forma de sentir
e largámos emoções.
Sei isto porque os meus sentidos mo mostram.
Como andávamos
de foguete e
começámos a usar
os binóculos
enquanto andamos numa carroça.
Para mim graças a ter olhos só para ver,
Se a ciência quer ser verdadeira,
Que ciência mais verdadeira que a das cousas sem ciência?
Eu vejo ausência de significação em todas as cousas.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Fonte: google.imagens
Sou fácil de definir,
Como ficaram
os limões e os cocos na árvore
prontos a colher.
Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma
Além disso fui o único poeta da natureza.
O que ouviu os meus versos disse-me: Que tem isso de novo?
Como a mudança
passa de mão em mão
e de coração em coração.
Tenho escrito bastantes poemas,
E todos os meus poemas são diferentes.
Beatriz Pinho, nº 10, 7º 6ª
Ângela Correia, nº 2, 12º C
[Supervisão: Dr.ª Manuela Nunes]
[Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto]
Aceita o Universo
Como to deram os deuses.
O que penso eu do Mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Há metafísica bastante em não pensar em nada.
Pensar incomoda como andar à chuva.
Não tenho pressa. Pressa para quê?
Agora que sinto o amor
Não quero incluir o tempo no meu esquema.
Tenho escrito bastantes poemas
Não sei o que é a Natureza canto-a.
Todas as opiniões que há sobre a natureza
Nunca fizeram crescer uma erva ou nascer uma flor.
Se eu me interrogasse e me espantasse,
Não nasciam flores novas nos prados.
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira.
Eu amo as flores por serem flores, diretamente.
Eu amo as árvores por serem árvores sem o meu pensamento.
Cada poema meu diz isto,
Já não sei andar só pelos caminhos.
O amor é uma companhia
Penso em ti, murmuro o teu nome e não sou eu: sou feliz.
Amar é a eterna inocência
Amar é pensar.
A realidade não precisa de mim.
Sei a verdade e sou feliz.
Carlota Cardoso, nº 3, 12º C
[Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto]
Márcia Veiga, nº 16, 12º C
[Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto]
BABEL
Página 9
P
O
E
M
A
S
Poemas com versos de Álvaro de Campos [os alunos foram convidados a fazer poemas
à maneira deste poeta com os seus próprios versos]
Quando é que passará esta noite interna, o universo,
O que há em mim é sobretudo cansaço
Ó carinhosa do Além, senhora do luto infinito.
Escuto-o, e no meu coração um grande pasmo soluça
Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros
Não sei: ao acordar já estava triste
Afinal
As estrelas pestanejam frio
Que vida fiz eu da vida?
Impossíveis de contar
De nada me serviria sabê-lo
E todos os países e todas as pessoas giram dentro de mim,
Quem me dera que houvesse
Um terceiro pra alma, se ela tiver só dois…
Um quarto estado pra alma, se são três o que ela tem
Pois o cansaço fica na mesma
Fonte: google.imagens
Sinto na minha cabeça a velocidade de giro da terra,
Nunca serei nada
Começo a conhecer-me. Não existo
Quando olho para mim não me percebo
Não sou nada
Cada alma é uma escada pra deus
Eu que me aguente comigo e com os comigos de mim!
Cada alma é um corredor-universo para Deus,
Cansaço…
Boas maneiras da Alma…
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade
Falhei em tudo
Daniela Coelho, nº 6, 12º LH
Estou cansado, é claro
[Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto]
Nunca serei nada
O que há em mim é sobretudo cansaço
Íssimo, íssimo, íssimo…
Sara Ferreira, nº 18, 12º LH
[Supervisão: Dr.ª Maria do Rosário Pinto]
F
A
N
D
E
.
Salut à tous! Je vous présente l’actrice et mannequin Sofia
Bonjour! Je vais vous présenter l’actrice
Ribeiro. Sofia est portugaise et elle a 30 ans. Physiquement, Sofia
Rita Pereira. Elle est portugaise et elle a 33 ans.
est grande et mince. Ses cheveux sont longs et bouclés. Elle a les
Physiquement, Rita est de taille moyenne et
yeux marron. C’est une jeune femme intelligente et elle est très
mince. Elle a les cheveux longs, lisses et châ-
belle. Sofia adore porter des robes blanches et des sandales à
tains foncés. Ses yeux sont grands et marron.
talons.
Rita est une jeune femme sociable et calme.
Ana Pereira, nº 2, 7º 5ª
[Supervisão: Dr.ª Zelinda Pontes]
Il s’appelle David Beckham. Il habite en
Angleterre. C’est un footballeur anglais. Il
est de taille moyenne et mince. Il a les
cheveux châtains clairs et courts. Ses yeux
sont marron et ronds. Actuellement, il
porte une moustache et une barbe. Quand
il ne joue pas, il a l’habitude de porter un
costume noir, une chemise blanche et des
chaussures de ville. David Beckham est
sympathique, gentil et généreux.
.
.
Habituellement, elle aime porter des robes
noires et des chaussures à talons.
Beatriz Loureiro, nº 3, 7º 5ª
[Supervisão: Dr.ª Zelinda Pontes]
Bonjour tout le monde! Nous allons vous
présenter Kevin Durant. Kevin est un joueur de
basketball américain. Il est né le 29 septembre
1988 à Washington, en Amérique. Il a 26 ans.
C’est le troisième plus jeune joueur de la NBA.
Physiquement, Kevin est grand et fort. Il a les
cheveux noirs, courts et frisés. Il aime porter une
barbe. C’est un jeune homme gentil et sympathique. Habituellement, il porte des baskets et le maillot de son
équipe, l’Oklahoma City Thunder.
Bruno Dionísio, nº 5, 7º 5ª
David Santos, nº 6 e Diogo Santos, nº 7, 7º 5ª
[Supervisão: Dr.ª Zelinda Pontes]
[Supervisão: Dr.ª Zelinda Pontes]
BABEL
Página 10
F
A
N
D
E
.
.
.
Salut! Je vous présente José Adelino Barceló de Carvalho, plus
Bonjour, je vais vous présenter Ricardo Filipe da Silva Braga. Il
connu comme Bonga. Bonga est né le 5 septembre 1943 à Kipiri
a 28 ans. Il est né le 3 septembre 1986 à Porto, au Portugal. Il a
en Angola. Il a 72 ans. C’est un célèbre musicien angolais. Il a les
été considéré comme le meilleur joueur de football en salle portu-
cheveux noirs et frisés. Ses yeux sont grands et marron. Il porte
gais. Il a été élu le meilleur joueur du monde en 2010. Ricardo
une moustache et une barbe. C’est un homme grand et un peu
Braga est le premier et le seul joueur portugais à être distingué
enrobé. Quand il chante, il porte un manteau blanc et un pantalon
avec ce prix. Il a commencé sa carrière au Gramidense. Il est passé
noir. Bonga est amusant, gentil et sympathique.
par d’autres clubs comme le Miramar, le Benfica, le Nagoya, au
Ruben Afonso, nº 17, 7º 5ª
[Supervisão: Dr.ª Zelinda Pontes]
Japon, le C.S.K.A à Moscou. Actuellement, il joue à L’Inter Futbol
Sala, en Espagne.
Guilherme Conde, nº 19, 7º 5ª
[Supervisão: Dr.ª Zelinda Pontes]
J E
M E
P R É S E N T E
Je m’appelle Inês et j’ai douze ans. J’habite à Lisbonne, au
Je m’appelle Laura et j’ai douze ans. Je suis portugaise et
Portugal, et je suis portugaise. Je suis sympa, courageuse, organi-
j’habite à Lisbonne. Je suis enthousiaste, communicative et im-
sée et amusante, mais je suis un peu bavarde et agressive.
pulsive, mais je suis aussi impatiente et agressive.
Dans ma famille, il y a ma mère, mon frère, moi, mes hamsters et deux poissons rouges. J’adore mon frère parce qu’il est
gentil, il a 15 ans.
Dans ma famille, il y a ma mère, mon père, mon frère, ma
grand-mère et aussi mon chien. Ils sont fantastiques.
J’aime le français et l’anglais parce que c’est intéressant et
Dans ma classe, il y a 20 élèves, 9 filles et 11 garçons. Mon
amusant. Je n’aime pas les maths parce que c’est difficile. Les
école est grande et moderne. J’aime la géo et le français parce
cours commencent à 8h10 chaque jour de la semaine. Je me lève
que c’est marrant, mais je n’aime pas les maths et l’histoire parce
à 7h00, après, je prends le petit déjeuner, je m’habille et je vais à
que c’est ennuyeux.
l’école. Je rentre à 14h10 et je déjeune à 14h30. Avant le dîner, je
Je me lève tous les jours à sept heures et demie, après, je
prends le petit déjeuner. Je vais à l’école à huit heures. Puis, je
déjeune à la cantine. Je rentre à deux heures à la maison. Après
les devoirs, je range ma chambre et, plus tard, je dîne avec ma
mère et mon frère. Après le dîner, je me couche à onze heures du
soir.
regarde la télé et je me couche à 10h30.
J’aime faire du skate, écouter de la musique et marcher avec
ma famille. Je fais un sport que j’admire: l’équitation.
Au revoir, à bientôt.
Laura Marcelino, nº 12, 7º 1ª
[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]
J’ai des loisirs sportifs, mais je préfère jouer au basket.
Inês Fidalgo, nº 9, 7º 1ª
[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]
Bonjour, je m’appelle Lara et j’ai 12 ans.
Lara Cândido, nº 21, 7º 2ª
Salut. Je m’appelle Muhammad Hussnain Majid. J’ai 14 ans.
Je suis grand et mince. J’ai les cheveux courts et noirs et les yeux
marron. Je suis pakistanais, mais j’habite à Lisbonne, au Portugal,
avec ma famille. Je suis un bon élève à l’école. À l’école, j’aime
l’anglais parce que c’est très important, mais je n’aime pas la
physique-chimie parce que c’est très difficile. Mes loisirs sont
jouer au football, écouter de la musique et regarder la télé. Je
suis sympathique, bavard et gentil. Dans ma famille, il y a mon
père, ma mère, mon frère et moi. Je m’entends très bien avec
mon frère. Il s’appelle Moeez. Il a 8 ans. Son anniversaire est le 23
avril. Il est petit et mince. Il a les cheveux courts et noirs et les
yeux marron. Il est bavard et amusant.
Muhammad Majid, nº 9, 7º 3ª
[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]
[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]
Je suis très grande. Je suis un peu bavarde, mais sympathique et gentille.
J’habite avec ma mère, mon père et ma sœur. J’adore mon
père, il est très cool et il parle français avec moi.
Dans l’école, j’ai mes amis. Mes matières préférées sont le
français et l’anglais.
Dans
mes
temps
libres,
j’adore parler anglais, danser,
faire du skate et regarder la télé.
BABEL
Página 11
J E
M E
P R É S E N T E
Bonjour, tout le monde !
Je m’appelle Bárbara et j’ai 12 ans. Je suis portugaise et j’habite à Lisbonne avec mes parents et mon petit frère. Je suis un
peu bavarde, calme et gentille, mais parfois je suis un peu jalouse.
Je suis une bonne élève à l’École Gil Vicente. Mon école est
très grande et belle. Elle a une belle vue sur le Tage et le Panthéon National où sont enterrées de grandes personnalités portugaises. Le mercredi après-midi, j’ai des cours d’arts plastiques.
J’aime les arts plastiques parce que c’est très cool et j’adore dessiner, mais je déteste les maths parce que c’est très dur et ennuyeux. Le lundi, le mardi matin et le week-end, je n’ai pas cours.
Pour aller à l’école, je me lève tous les jours à 7h00. Je
prends une douche, je prends mon petit déjeuner et je fais mon
lit. Puis, je vais à l’école. J’ai des cours de 8h10 à 17h30. Je rentre
à la maison à 19h00. Je fais mes devoirs et j’étudie. À 20h30, je
dîne avec ma famille. Je me couche à 22h30. Le week-end, je fais
mon lit, je range ma chambre et je fais le déjeuner.
Ma famille est très cool. Ma mère est très sympathique, mais
parfois elle est sévère. Elle m’aide à faire les devoirs et participe
aux tâches ménagères. Elle fait de merveilleux desserts. Mon
père est très cool. Il fait la cuisine et parfois il fait son lit. Mon
petit frère est très sympathique, mais jaloux. Il met la table.
Dans mes temps libres, j’adore écouter de la musique, faire
du ballet, faire des photos, nager et dessiner. Je n’aime pas jouer
au football et faire du skate.
Bárbara Alves, nº 1, 7º 4ª
[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]
Bonjour, tout le monde.
Je m’appelle Francisco, j’ai douze ans, mon anniversaire est
le 11 avril. Je suis petit et mince, j’ai les cheveux courts, lisses et
marron, et mes yeux sont verts. Je suis amusant, calme, intelligent et travailleur, mais aussi sérieux.
Ma famille est super grande, mais j’habite avec ma mère,
mon père et mon frère. Mon frère s’appelle Victor, il a sept ans.
Son anniversaire est le 9 décembre. Il est amusant, extroverti et il
est parfois paresseux; il est un bon frère.
Mon école est grande et moderne. Elle a une cantine, un
gymnase, deux cours, une bibliothèque, deux terrains de sport…
mon école est fantastique! Le mercredi, le jeudi et le vendredi, je
me lève à sept heures vingt parce que mes cours commencent à
huit heures dix. J’adore les maths, la géographie et les arts plastiques, mais je n’aime pas l’histoire, pourtant, je suis un bon
élève.
J’adore aller au cinéma, jouer à des jeux vidéo, jouer aux
cartes et faire du vélo, mais je n’aime pas faire du skate. J’adore
ma vie.
Francisco Lucas, nº 8, 7º 4ª
[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]
Salut!
Je m’appelle Fatou et je suis portugaise. J’ai douze ans et
mon anniversaire est le 9 juillet.
Je suis grande et mince et j’ai les yeux marron et les cheveux
noirs et courts. Je suis amusante, sympathique et bavarde.
J’adore ma famille et, dans ma famille, il y a mon père, ma mère,
ma sœur et moi. J’aime ma petite sœur parce qu’elle est amusante, intelligente et sympathique.
Mon école est grande et bien équipée et les cours commencent à 8h10. J’aime les arts parce que c’est intéressant, mais je
n’aime pas les maths parce que c’est difficile.
Pendant la semaine, je vais à l’école, je fais mes devoirs et je
participe à des discussions. Le lundi et le jeudi, j’étudie la musique. Le week-end, je me repose et, parfois, je me promène avec
ma famille. J’aime bien lire, écrire et dessiner.
Fatou Fall, nº 6, 7º 4ª
[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]
Fonte: google.imagens
LA PUB, ÇA ME PLAÎT!
Salomé Gonçalves, nº 21, 8º 4ª
[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]
BABEL
Página 12
LA PUB, ÇA ME PLAÎT!
Maria Helena Correia, nº 13, 8º 4ª
Rita Moreira, nº 19, 8º 4ª
[Supervisão Dr.ª Inácia Pereira]
[Supervisão Dr.ª Inácia Pereira]
B L O G
D E
Mon style est tranquille. Habituellement je porte des
vêtements confortables. Je n’aime pas porter des vêtements
à la mode, je préfère avoir mon propre style. En été, je porte
des robes, des sandales, des-t-shirts. En hiver, les vêtements
sont plus chauds : les sweats à capuche, les pulls, les pantalons, les vestes et des chaussures. Je pense que le plus important c’est de se sentir bien dans sa peau!
Madalena Pinto, nº 15, 8º 1ª
M O D E
Pour moi, la mode est amusante, parce que nous pouvons varier notre propre style. J’aime la mode, mais je suis
décontractée, je n’exagère pas. En été, je porte des shorts,
des tops et des sandales. En hiver, je préfère les jeans, les
leggings avec un sweat ou un anorak. Je chausse toujours
des bottes et, parfois, je mets un bonnet. Je ne suis pas une
fan des robes mais, de temps en temps, je porte une robe.
C’est un peu bizarre!
Daniela Santos, nº 7, 8º 2ª
[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]
[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]
Je n’aime pas la mode. Pour moi, la mode est ridicule, car
Je pense que la mode n’est pas importante. Les vêtements de marque sont chers et, parfois, ils ne sont pas de
bonne qualité. J'aime avoir mon propre style, un style décontracté. Habituellement je porte des jeans, un t-shirt, un
gilet et des tennis. J’adore les accessoires ! Je porte souvent
des bracelets, des colliers, des ceintures et une bague. En
été, je choisis les vêtements les plus légers. En hiver, je préfère les pulls, le bonnet, l’écharpe et les bottes. Je me protège du froid!
on doit avoir la liberté de choisir ses vêtements. Mon style
est très simple et confortable. Je ne me préoccupe jamais
avec les vêtements. En été, je porte un t-shirt, un jean et des
baskets, c’est pratique ! En hiver, je choisis un sweat à capuche, un pantalon et des bottes. Être à la mode, ce n’est
pas pour moi!
Marina Costa, nº 11, 8º 3ª
[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]
Rasmi Ranabhat, nº 16, 8º 3ª
[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]
BABEL
Página 13
V O YA G E D ’ É T U D E - G É O G R A P H I E
Les grottes de Mira d’Aire, la source de l’Alviela, l’usine de Renova
Nous avons fait un voyage d’étude. Nous sommes partis
à huit heures du matin et nous avons voyagé en autocar
avec notre classe et nos professeurs de Géo et de Français.
Nous avons vu les grottes de Mira d’Aire et nous avons fait
une visite guidée dans les galeries souterraines. Nous avons
observé des stalactites et des stalagmites.
L’après-midi, nous sommes allés à la source de l’Alviela et
nous avons pris le déjeuner. Après, nous avons vu une plage
fluviale et une cascade. Nous avons aussi observé le cours
d’eau, l’affluent du Tage.
Ensuite, nous sommes allés à l’usine de Renova. Nous
avons observé le recyclage du papier et la fabrication de
produits divers, comme le papier hygiénique, les serviettes
et les lingettes.
Nous avons aimé la visite parce que nous nous sommes
amusés et nous avons fait des activités. Nous avons préféré
la source de l’Alviela parce qu’elle est très belle et naturelle.
Ana Loreti, nº 1, Neuza Amaral, nº 14 e Rita Moreira, nº 19, 8º 4ª
[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]
Le 19 mars, à 8:00 du matin, nous sommes partis en autocar, en direction des grottes de Mira d’Aire.
Quand nous sommes arrivés, les profs sont allés acheter
les billets pour visiter les grottes. À l’intérieur des grottes,
nous avons pu voir des stalactites, des stalagmites, des colonnes, des galeries souterraines et, bien sûr, les roches.
Ensuite, nous avons vu la source de l’Alviela, certains petits cours d’eau à faible débit qui traversent quelques plages
et qui s’écoulent vers le Tage.
Après avoir visité les grottes et l’Alviela, nous sommes
partis dans un parc où nous avons déjeuné.
Après le déjeuner, nous sommes partis à l’usine de Renova où nous avons pu voir comment le papier est recyclé et
comment produire toutes sortes de papier qui est utilisé
dans notre hygiène personnelle.
Après nos aventures, nous sommes rentrés dans l’autocar
où nous avons dormi pendant tout le voyage de retour à
Lisbonne.
C’était un voyage d’étude inoubliable!
Le 19 mars, nous sommes allés aux Grottes de Mira d’Aire
avec toutes les classes de 8ème, et nous avons eu une visite
guidée. Nous avons vu des roches, des stalagmites et des
stalactites dans les galeries souterraines. Ensuite, nous
sommes allés en autocar à la source de l’Alviela et nous
avons vu un cours d’eau et les berges. Après, notre groupe
est allé aux grottes cachées et nous avons joué.
À l’heure du déjeuner, nous sommes allés au parc et nous
avons déjeuné ensemble, j’ai beaucoup aimé. Notre professeur de Physique-Chimie a donné un chocolat à tout le
monde à la fin.
Après, nous sommes allés à l’usine de Renova et nous
avons vu le recyclage du papier, les bureaux et les machines
en train de travailler. Cela a été très intéressant.
Ensuite, nous avons pu manger ou aller à un magasin de
papier acheter du papier hygiénique et des mouchoirs avec
toutes les couleurs.
Après, nous sommes rentrés à Graça. Pendant le voyage,
nous avons fait beaucoup de bruit, nous avons chanté, parlé, joué, cela a été très drôle.
J’ai aimé la visite, parce que… je ne sais pas, c’était une
visite différente, avec toutes les classes, cela a été drôle.
J’ai adoré tout, parce que tout était nouveau, je n’étais jamais allé ni aux grottes, ni à la source de l’Alviela ni à l’usine
de Renova.
C’était une visite inoubliable.
Vasco Bizarro, nº 22 e Willian Souza, nº 23, 8º 4ª
[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]
Tatiana Almeida, nº 18 e Pedro Cerqueira, nº 16, 8º 5ª
[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]
BABEL
Página 14
VISITE AU MUSÉE ARPAD SZENES – VIEIRA DA SILVA
Cette œuvre d’art était située au centre d’une salle au
premier étage du musée Vieira da Silva. Son auteur est Andy Warhol.
Elle est constituée par un groupe de boîtes en bois,
peintes à la gouache. Elles ont toutes les mêmes couleurs :
le blanc, le bleu, le rouge et un peu de noir. Ces boîtes représentent la société de consommation et la culture de
masse populaire. L’oeuvre appelle notre attention à cause
de son format, sa dimension et sa disposition dans la salle.
J’ai adoré cette oeuvre d’art, car elle est vraiment surprenante et originale. Elle est un symbole du Pop art, un
mouvement artistique des années 50, fortement influencé
para la culture américaine.
Ana do Mar, nº 3, 9º 2ª
[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]
‘Brillo boxes’, Andy Warhol (1964)
Cette œuvre de Vieira da Silva est une peinture à l’huile
qui a des formes geométriques juxtaposées telles que le
rectangle, le carré et le cercle.
Il y a des tonalités de bleu et de gris qui sont, à mon avis,
sombres et tristes. Cette obscurité évoque une certaine
nostalgie.
Au centre, je vois un jouet pour un bébé qui contraste
avec la multiplicité de lignes courbes.
Cette peinture ne m’impressionne pas beaucoup, parce
qu’elle passe une image triste. Pourtant le désir d’être enfant est aussi présent et, moi, j’aime ça.
Beatriz Cardoso, nº 6, 9º 2ª
[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]
‘Composition’, Vieira da Silva (1936)
Voilà le premier
tableau que nous
avons vu dans notre
visite au musée
Arpad Szenes-Vieira
da Silva ! C’est une
peinture de Vieira
da Silva. Dans ce
tableau, elle a utilisé l’huile sur toile.
‘Amsterdam’, Vieira da Silva (1955)
Cette peinture
m’a causé une impression à cause de la gestion de l’espace
et de l’idée de profondeur. Il y a des groupes de carrés de
différentes tailles et de différentes couleurs. Le jeu de
formes et de couleurs multiplie les perspectives de l’œuvre
d’art.
À mon avis, le tableau est une bibliothèque ou une ville
vue d’en haut. J’ai aimé cette toile, parce qu’elle est différente, originale et elle permet différentes interprétations.
Little Aloha est une
peinture en acrylique
de Roy Lichenstein, un
artiste du Pop art, un
mouvement artistique
des années 50/60.
La peinture nous
montre
une
belle
femme avec une fleur
blanche sur ses cheveux
noirs. Ses lèvres sont
rouges. Son regard est
‘Little Aloha’, Roy Lichenstein (1962)
très séduisant.
Dans cette peinture, l’artiste a utilisé une technique spéciale : il a peint la peau de la femme avec des points très
petits pour évoquer l’aspect d’une bande dessinée. C’était
une technique à la mode dans cette époque.
À mon avis, Little Aloha est une belle peinture avec des
couleurs fortes et attirantes.
Daniel Fonseca, nº 7, 9º 2ª
Sara Cruz, nº 27, 9º 2ª
[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]
[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]
BABEL
Página 15
VISITE AU MUSÉE ARPAD SZENES – VIEIRA DA SILVA
Le 27 février 2015, mes copains, mes profes-
- Vieira da Silva avec ma classe et mes professeurs de fran-
seurs et moi, nous sommes allés au Musée Ar-
çais, portugais et géographie. Quand nous sommes arrivés
pad Szenes – Vieira da Silva. L’exposition que
au musée, un homme très sympathique nous a montré le
j’ai vue s’appelait "Sonnabend | Paris – New
musée et j’ai vu une peinture très belle qui s’appelle simplement "Peinture". J’ai adoré cette œuvre d’art car il y a
des couleurs froides, vives et lumineuses avec des lignes et
des formes simples. Cette peinture est fantastique. J’ai adoré tout dans cette œuvre d’art et j’ai adoré cette visite
Arpad Szenes, Peinture
Le 27 février 2015, je suis allée au Musée Arpad Szenes –
d’étude.
York".
Nous avons pris le métro pour aller au musée. L’espace était grand et bien organisé. Certaines œuvres étaient abstraites. D’autres
avaient beaucoup de couleurs, mais quelquesunes étaient très simples et claires.
Dullier Correia, nº 9, 9º 4ª
J’ai aimé l’exposition parce que c’était édu-
[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]
catif et ce n’était pas ennuyeux. J’ai aimé le plus
les sculptures avec des objets du quotidien.
Le 27 février 2015, je suis
allée avec ma classe et mes
professeurs de français, portugais et géographie au Musée
Arpad Szenes – Vieira da Silva.
Pour aller au musée, nous
sommes allés à Santa Apolónia
et nous avons pris le métro, à
direction de Rato.
Nous sommes allés à un
jardin très agréable où nous
avons mangé. Pour être honnête, je suis habituée à des
musées très grands, mais ce
musée était petit. Pourtant,
l’homme qui nous a montré le
musée était très sympathique
et il a rendu cette visite très
‘Brillo boxes’, Andy Warhol (1964)
amusante et agréable.
À mon avis, cette visite était merveilleuse et j’ai adoré la sculpture qui
représente des marques et qui prouve que les marques ne sont pas tout.
Nuno Carvalho, nº 16, 9º 4ª
[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]
Patrícia Sequeira, nº 18, 9º 4ª
[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]
Fonte: google.imagens
Fonte: google.imagens
Fonte: google.imagens
BABEL
Página 16
CONCOURS D’ÉCRITURE “À LA MANIÈRE DE…”
À
l a
m a n i è r e
d e …
C o r i n n e
A l b a u t
1er prix
2e prix
Mais à quoi jouent les crayons
pendant les récréations ?
Mais à quoi jouent les livres
pendant les cours?
Mais que font les cahiers
pendant la récré?
Le rouge dessine une souris,
le vert un soleil,
Les maths parlent français,
Le français écrit en anglais,
Le cahier d’anglais étudie le français,
Celui de géographie voyage en Turquie.
Le bleu dessine un radis,
le gris une groseille.
L’anglais étudie les sciences,
Les sciences jouent avec l’histoire,
Le cahier de musique va à la boutique,
Celui de dessin dessine un dauphin.
Le noir qui n’a pas d’idée
fait des gros pâtés.
L’histoire fait de la chimie,
La chimie voyage avec la géographie.
Le cahier d’histoire garde notre mémoire,
Celui de sciences ne fait pas de sens.
Voilà les jeux des crayons
pendant les récréations.
Voilà les jeux des livres
pendant les cours.
Voilà ce que font les cahiers
pendant la récré.
Les crayons
Corinne Albaut
Bárbara Alves, nº 1, Filipa Cortez, nº 7 e
Francisco Lucas, nº 8, 7º 4ª
João Soares, nº 16 e Laís Borges, nº 17, 7º 1ª
3e prix
Mais à quoi joue le dictionnaire
pendant les cours?
Les adjectifs décrivent la neige,
Les adverbes dessinent la mer.
Les prépositions écoutent le vent,
Les verbes observent les nuages.
Les articles imaginent les étoiles,
Les pronoms aiment les noms.
Voilà les jeux du dictionnaire
Pendant les cours.
Inês Fidalgo, nº 15 e Laura Marcelino,
nº 12, 7º 1ª
Corinne Albaut | Fonte: google.imagens
Sept jours sur sept
1er prix
Sept jours dans la semaine,
Sept jours dans la semaine.
pour porter tout ce que j’aime.
Pour m’imaginer comme j’aime.
Lundi, mon bermuda gris,
Lundi, millionnaire pour acheter le monde entier,
mardi, mon pull canari,
Mardi, astronaute pour voyager dans la lune,
mercredi, mon polo fleuri,
Mercredi, chanteur pour chanter comme Beyoncé,
jeudi, mon T-shirt kaki,
Jeudi, agriculteur pour manger mes légumes,
vendredi, mon jean cramoisi,
Vendredi, cuisinier pour faire un grand gâteau,
samedi, mon jogging bleu nuit,
Samedi, invisible pour voir et ne pas être vu,
dimanche, ma casquette blanche.
Dimanche, je suis tout ce que j’aime.
Chic, des pieds à la tête,
Et voilà mes sept jours sur sept!
sept jours sur sept!
Corinne Albaut
Bruna Machado, nº 2, Maria Helena Correia, nº 13
e Rafael Alves, nº 16, 8º 4ª
Corinne Albaut | Fonte: google.imagens
BABEL
Página 17
CONCOURS D’ÉCRITURE “À LA MANIÈRE DE…”
À
l a
m a n i è r e
d e …
C o r i n n e
A l b a u t
2e prix
3e prix
Mention honorable
Sept jours dans la semaine,
Sept jours dans la semaine,
Pour manger tout ce que j’aime.
Lundi, du jambon
avec du melon,
Mardi, un gâteau,
je ne bois pas d’eau,
Mercredi, du poulet
et un panaché,
Jeudi, des champignons,
c’est très bon,
Vendredi, du poisson
avec du citron,
Samedi, du riz
car c’est très petit,
Dimanche, des raisins,
mais je ne bois pas de vin.
C’est tout ce que je prends
Sept jours sur sept.
Sept jours dans la semaine
Pour manger tout ce que j’aime.
Lundi, un croissant et c’est parti,
Mardi, de la bolognaise à midi,
Mercredi, des fraises à la chantilly,
Jeudi, pizza avec Amélie,
Vendredi, de la salade et des brocolis,
Samedi, cinéma, popcorns et Pepsi,
Dimanche, du fromage et du jambon en
[tranches.
Bien alimentés comme des vedettes,
Sept jours sur sept!
pour imaginer tout ce que j’aime.
Lundi, la mer pour nager,
Mardi, la montagne pour monter,
Mercredi, les étoiles pour admirer,
Jeudi, la voile pour voyager,
Vendredi, le parc pour me promener,
Samedi, la lune pour observer,
Dimanche, le lit pour dormir.
Content, de la mer à la montagne,
Pendant toute la semaine.
Inês Tavares, nº 11
e João Carita, nº 12, 8º 1ª
Beatriz Carvalho, nº 17, Fábio Évora, nº 18,
Tatiana Araújo, nº 31 e Tiago Santos, nº 32
Jaskaran Singh, nº 12 e Vasco
Ferreira, nº 19, 8º 5ª
À
l a
m a n i è r e
Ce qui est comique
d e …
M a u r i c e
C a r ê m e
1er prix
Savez-vous ce qui est comique?
Savez-vous ce qui est magnifique?
Une oie qui joue de la musique,
Un cygne qui mange une figue
Un pou qui parle du Mexique,
Un moustique qui boit une marguerite
Un bœuf retournant l'as de pique,
Une oie qui fait de la photographie
Un clown qui n'est pas dans un cirque,
Un chat qui fait des tours de magie
Un âne chantant tout un cantique,
Un escargot qui fait du cyclisme
Un loir champion olympique.
Un violoniste qui n’entend pas de la musique
Mais ce qui est le plus comique,
Un mouton dans un piquenique.
C'est d'entendre un petit moustique
Mais ce qui est le plus magnifique,
Répéter son arithmétique.
C’est de voir une personne honnête dans la politique.
Maurice Carême
2e prix
Savez-vous ce qui est détestable?
L’hiver qui tue la belle nature,
Le racisme qui sépare les personnes,
Les catastrophes naturelles qui détruisent,
La colère qu’il y a dans les personnes,
Les enfants qui souffrent de l’esclavage,
Les guerres qui dévastent l’union d’un peuple,
Mais ce qui est le plus détestable,
C’est quand il n’y a pas d’Internet,
Oh! Que c’est pas chouette!
Cátia Magalhães, nº 6 e Jéssica Cordeiro, nº
10, 10º LH
Ana Ferreira, nº 1 e Sara Gomes, nº 23, 10º LH
Maurice Carême
Fonte: google.imagens
3e prix
Savez-vous ce qui est magnifique?
Une famille classique,
Avec un père sympathique
Et une mère qui fait de la gymnastique.
Une fille antipathique,
Qui aime les mathématiques,
Un garçon dynamique,
Qui est aussi romantique,
Une tante très chic,
Qui travaille dans une boutique.
Enfin, une famille pratique,
Où l’amour est automatique.
Madalena Estefani, nº 11 e Maria Sousa, nº 13, 9º 5ª
BABEL
Página 18
LES 100 ANS DU LYCÉE GIL VICENTE
L e c t u r e s
d ’ h i e r
/
C r é a t i o n s
1
d ’ a u j o u r d ’ h u i
1
La serviette de cuir
Le sac à dos coloré
Quand
pars
Quand je pars pour le lycée, je porte
je
toujours mon sac à dos coloré. Il con-
porte toujours ma
tient les livres, les cahiers, les stylos, les
serviette. Elle con-
crayons, une calculatrice et tous les
tient les livres et
autres objets que j’utilise en classe. J’y
tous les autres ob-
mets aussi mon magazine préféré et
jets dont je me sers
mon portable!
pour
le
je
lycée
en classe. J’y mets
aussi mon goûter.
Quand nous entrons dans la salle de
classe, nous mettons nos livres, nos cahiers et notre trousse
Aussitôt que nous entrons dans la classe nous sortons
nos affaires, en plaçant nos crayons et nos gommes sur les
sur la table avec un peu de bruit… Parfois, nous y mettons
aussi notre portable, mais les profs ne le permettent pas.
bancs-pupitres. Le livre et le cahier de français y sont aussi.
Les autres livres sont en dessous.
Après la dernière classe, nous serrons tout cela dans la
Quand les cours terminent, nous gardons toutes nos
affaires très rapidement dans notre sac à dos et nous sortons de la salle, en courant.
serviette et nous retournons gaîment chez nous.
Parfois, nous restons encore dix minutes à la récré pour
- A demain, monsieur le professeur!
parler un peu et pour dire au revoir avant de rentrer à la
- A demain, mes chers enfants!
maison!
Anna Muninhas, nº 3, Débora Fonseca, nº 10 e Lara Cândido, nº
LAPA, Rodrigues; REYS, Câmara,Le petit élève de Fran-
21, 7º 2ª
çais,Lisbonne, Édition des auteurs
[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]
2
2
Mes camarades
Mes camarades
Notre classe a vingt-cinq élèves. J’aime tous mes cama-
Notre classe a vingt élèves: six garçons et quatorze filles.
rades et tous mes professeurs. Ceux-ci parfois me grondent
Nous sommes bavards, amusants et très sportifs. Les pro-
mais je les aime tout de même. Ils sont bons pour moi.
fesseurs sont compréhensifs, gentils et tolérants. Ils aident
Le premier de la classe, celui qui attrape toujours de bons
les élèves quand ceux-ci ont des difficultés.
points, est Georges. Il les mérite bien; c’est un écolier modeste et intelligent.
Dans notre classe, il y a beaucoup d’élèves étrangers, de
différentes nationalités: dix népalais, une chinoise et deux
Le dernier de notre classe, au dire de messieurs les pro-
africains. Nous sommes tous amis et nous nous entendons
fesseurs, est Jules; il n’a jamais obtenu de note au-dessus
bien, mais la communication est parfois difficile entre les
de neuf. Il est toujours inquiet et n’est jamais attentif pen-
élèves portugais et les étrangers.
dant les leçons.
Les élèves étrangers ont des problèmes avec la langue
Le plus grand et le plus fort de toute la classe est Pierre.
portugaise, alors ils n’ont pas les meilleures notes. Comme
C’est un robuste garçon de treize ans, aux larges mains de
ils apprennent le portugais cinq fois par semaine, ils vont
campagnard. Dans la cour de récréation, il n’abuse pas de
réussir. Les élèves portugais les aident à mieux comprendre
sa force et protège surtout les plus faibles et les plus déli-
les matières.
cats.
Le plus amusant de la classe est Rodrigo. Il est portugais,
LAPA, Rodrigues; REYS, Câmara, Le petit élève de Français,Lisbonne, Édition des auteurs
mais il essaie de parler népalais avec les élèves de cette
nationalité. Quand il fait ça, c’est vraiment comique!
Dejina Gurung, nº 5 e Rasmi Ranabhat, nº 16, 8º 3ª
[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]
BABEL
Página 19
LES 100 ANS DU LYCÉE GIL VICENTE
L e c t u r e s
d ’ h i e r
/
C r é a t i o n s
d ’ a u j o u r d ’ h u i
3
3
Ce que l’on fait en classe
Quand les élèves entrent dans la salle de classe ils souhaitent le bonjour à leur maître. Celui-ci se tient debout,
près de la table.
Après que tous les élèves sont entrés, le professeur leur
fait signe de s’asseoir, en disant:
- Asseyez-vous, mes enfants.
La leçon commence. Les élèves sont attentifs, car monsieur le professeur n’aime pas les garçons distraits.
On fait d’abord la lecture; puis le professeur interroge les
élèves; le plus souvent on fait aussi des devoirs sur le tableau noir ou sur les cahiers.
Ceux qui vont au tableau noir se servent d’un bâton de
craie pour y écrire et d’un torchon ou d’une éponge pour
effacer. Ils tiennent la craie de leur main droite, le torchon
de leur main gauche.
Le professeur corrige l’un après l’autre les devoirs de ses
élèves.
Ce que l’on fait en classe
Quand les élèves entrent dans la salle de classe la plupart souhaitent le bonjour à leur professeur. Celui-ci commence à préparer le matériel, parfois l’ordinateur et le projecteur. Il écrit le sommaire pendant que les élèves entrent
en discutant sur ce qui s’est passé à la récréation.
Entretemps, le professeur leur répète trois ou quatre fois
de s’asseoir et de se taire et il essaie de commencer la leçon.
Elle commence finalement. Certains élèves sont attentifs, d’autres bavards… Et d’autres, dans la lune!... Parfois,
le professeur ne fait pas attention et il essaie de continuer…
On fait la lecture, des exercices, et les élèves peuvent participer s’ils le veulent. On corrige aussi les devoirs sur le tableau blanc (ou gris?).
Ceux qui vont au tableau gris se servent d’un feutre pour
y écrire et d’une brosse (ou des mains!!) pour effacer. Ils
tiennent le feutre de leur main droite ou gauche, et pour
effacer ils utilisent la brosse qui n’efface pas et qui joue à
cache-cache avec eux. Enfin, ils écoutent la sonnerie et ils
courent!
LAPA, Rodrigues; REYS, Câmara, Le petit élève de Français,Lisbonne, Édition des auteurs
Maria Ferreira, nº 11 e Melissa Silva, nº 13, 9º 4ª
[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]
(Projeto J’kiffe le français!)
4
4
Le bon écolier
Le bon écolier
L’an passé, cela va sans dire,
J’étais vraiment intelligent;
Mais à présent, je suis distrait,
Je comprends pas ce que je lis,
C’est bien certain, j’suis super cool.
L’an passé, cela va sans dire,
J’étais petit; mais à présent
Que je sais compter, lire, écrire,
C’est bien certain que je suis grand.
Maintenant je vais à l’école;
J’apprends chaque jour ma leçon;
Le sac qui pend à mon épaule
Dit que je suis un grand garçon.
Quand le maître parle, j’écoute,
Et je retiens ce qu’il me dit ;
Il est content de moi sans doute,
Car je vois bien qu’il me sourit.
CAUMONT
LAPA, Rodrigues; REYS, Câmara, Le petit élève de Français,Lisbonne, Édition des auteurs
Maintenant que je sèche les cours,
La leçon? Je ne la sais pas!
Le sac qui pend à mon épaule,
Ça n’existe pas!
On dit que je suis le garçon
Le plus populaire de l’école.
Quand le prof parle, je parle aussi,
Quand il est distrait, je m’amuse.
Quand il sèche le cours, c’est magique,
J’suis super content, c’est parfait!
Dullier Correia, nº 9, Marizette Ribeiro, nº 12
e Nadilene Rocha, nº 15, 9º 4ª
[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]
(Projeto J’kiffe le français!)
BABEL
Página 20
LES 100 ANS DU LYCÉE GIL VICENTE
Tableaux pour l’apprentissage des langues – Créations d’aujourd’hui
L’été dernier, je suis allée avec deux amies à Biarritz, au sud-ouest de la
France. Nous avons voyagé en avion pendant deux heures. Nous sommes restées une semaine dans un camping.
Nous avons visité des monuments: une église et des grottes avec des sculptures en pierre. Nous nous sommes promenées au bord de la mer et dans un
parc naturel. Nous avons pris un bateau, nous avons nagé et nous avons pêché
un grand poisson. Ce jour-là, notre dîner a été délicieux: nous avons mangé du
poisson grillé! Tous les jours, vers six heures de l’après-midi, nous allions aussi
au café.
Ce voyage a été très amusant et nous avons connu une ville très belle!
Dejina Gurung, nº 5 e Rasmi Ranabhat, nº 16, 8º 3ª
[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]
(Projeto J’kiffe le français!)
Au bord de la mer
Tableaux pour l’apprentissage des langues
Núcleo Museológico - Escola Gil Vicente
JEU - Observe l’illustration et corrige les six erreurs du texte.
À la campagne
Tableaux pour l’apprentissage des langues
Núcleo Museológico - Escola Gil Vicente
C’est samedi après-midi. À la campagne, il fait beau et tout le monde profite
du plein air. Trois hommes travaillent, ils coupent le bois. Mais les autres se
reposent ou jouent. Six enfants s’amusent à faire une ronde, mais deux garçons
tombent par terre. D’autres enfants jouent aux gendarmes et aux voleurs. Ils
portent des arcs et des flèches, un tambour, un fusil et une épée. Devant la
maison, un garçon joue à la toupie et, à droite, deux hommes boivent du vin.
Tout près, une femme prend des photos et deux garçons parlent sur le pont.
Au fond, à gauche, un garçon grimpe sur un mur et une fille se balance sur
une balançoire. On voit aussi une femme qui cueille des pommes et un homme
qui creuse la terre. Au dernier plan, bien au fond, il y a un château et une tente
de camping.
Solutions:
1. un garçon tombe par terre / 2. D’autres enfants jouent aux cowboys et aux
indiens / 3. deux hommes boivent de la bière / 4. un garçon grimpe à un
arbre / 5. une femme qui balaye le sol / 6. un château et un moulin
Dullier Correia, nº 9, Maria Ferreira, nº 11, Marizette Ribeiro, nº 12, Melissa Silva, nº 13
e Nadilene Rocha, nº 15, 9º 4ª
[Supervisão: Dr.ª Inácia Pereira]
(Projeto J’kiffe le français!)
GIL VICENTE - MY FIRST MEMORIES / MES PREMIÈRES MÉMOIRES
“On my first day at school I got lost because I didn’t
know where the classroom was. When I entered the
classroom I felt very embarrassed because I didn’t know
anyone. But soon I started making new friends.”
Carolina Anacleto, nº 5, 10º LH
“The teachers are the only memories that I have. Some
teachers stay in our mind or in our hearts, others don’t.
Some are always ready to teach us even if they have
had a bad day. Today I regret some mistakes that I
made in the past. However, we can learn from our own
mistakes and turn them into a lesson. That is what I’m
trying to do!”
Jessica Cordeiro, nº 10, 10º LH
[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]
“Je me rappelle d’un lycée en changement et d’assister
aux classes dans des conteneurs. J’ai vu un lycée rempli
d’histoires, mais un lycée en transformation pour continuer cette histoire séculaire.”
Marta Alves, nº 18, 10º LH
“Avant de venir au lycée, j’étais très enthousiaste et je
voudrais commencer l’école le plus rapidement possible.
Pour moi, l’école était énorme, et moi, j’étais très petite.
Je me rappelle que le premier jour, j’ai joué au cachecache avec mes amis. Nous nous sentions vraiment heureux.”
Raquel Silva, nº 21, 10º LH
[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]
BABEL
Página 21
GIL VICENTE - MY FIRST MEMORIES / MES PREMIÈRES MÉMOIRES
“I remember when I started being part of the
school’s orchestra. Despite my great love for music, the rehearsals were two hours long, just at the
end of the day and a bit boring for a ten-year old
me . However, all the hard-working hours of practise paid off: it became a big part of my life!”
Sara Gomes, nº 23, 10º LH
“Quand je suis entré, tout était nouveau pour moi.
Le lycée était très différent de l’école primaire, il
était grand, plus excitant, il y avait une autre dynamique. J’ai eu la perception que c’était le début
d’une nouvelle étape. Le lycée était en reconstruction, tout était en désordre, il y avait une grande
agitation. Mais, moi, je me sentais enthousiasmé.”
Rodrigo Carvalho, nº 22, 10º LH
[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]
GIL VICENTE - MY SCHOOL ROUTINE / MON QUOTIDIEN SCOLAIRE
MY SCHOOL ROUTINE
“A school routine that provides you a good learning environment, which allows the students to feel
free to learn, to feel safe and to be themselves!”
Andreia Silva, nº 3, 10º LH
“A school which includes all the students and can
MON QUOTIDIEN SCOLAIRE
“Mon quotidien scolaire n’est pas très désagréable. Habituellement je suis avec mes amis et
je joue au basket ou au volley avec eux dans nos
terrains de sport. Le pire c’est que j’ai beaucoup
de contrôles et ça me fatigue. Quand j’ai des devoirs à faire, je vais à la bibliothèque.”
João Simões, nº 12, 10º LH
deal with all the differences among us every day.
At school we have a lot of Asian kids and many of
them don’t eat meat. In the canteen when they
ask just salad, a few lettuce leaves are put on their
plates… A vegetarian menu would be important
because of the variety of cultures. I think it would
help students from other countries to be integrat-
“Le quotidien scolaire n’a pas beaucoup changé depuis que je suis entré au lycée. Je connais les personnes et les espaces, tout devient plus facile.
L’école a une bonne ambiance et je pense que tous
les élèves, même les étrangers, se sentent bien intégrés.”
Rodrigo Carvalho, nº 22, 10º LH
ed in our routines.”
Ana Ferreira, nº 1, 10º LH
“Teaching the students how to learn, stimulating
our natural curiosity and creating the love for
knowledge inside every one of us”.
“Mon quotidien me provoque la saturation. C’est
une routine fatigante ! L’ambiance scolaire est toujours la même, calme et animée. Parfois il y a des
disputes, mais après on s’entend.”
Carolina Anacleto, nº 5, 10º LH
Sara Gomes, nº 23, 10º LH
[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]
[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]
GILVICENTE-MYSCHOOLINTHEFUTURE/MONLYCÉEDANSL’AVENIR
“I imagine my school with lots of new technologies like robots and holograms. There will be new
subjects and many extra-curricular activities that
we can choose. I also imagine simple things like
new ways of teaching and a safer school.”
“Dans le futur, mon lycée aura des installations plus
Andreia Silva, nº 3, 10º LH
Sara Gomes, nº 23, 10º LH
“I imagine my school with better conditions,
better facilities, more technology, more extra curricular activities and more space for the students. The people will be funnier. In the future my
school will be the school of dreams of the student
in the present.”
Marta Alves, nº 18, 10º LH
[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]
modernes. J'espère que la technologie soit très présente à l'école: qui sait si les classes ne seront pas
données par des robots? Je ne sais pas quoi dire, car
il est étrange de penser comment sera le monde de
nos petits-enfants quand nous sommes encore
jeunes.”
“Pour moi,
la technologie commandera tout.
L’ambiance au lycée sera bien plus moderne. Il y
aura, par exemple, des escaliers roulants pour que
ce soit plus facile et rapide de monter et de descendre. Il y aura aussi des agents de police pour protéger les élèves. Mais l’enseignement sera toujours
le même...”
Jessica Cordeiro, nº 10, 10º LH
[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]
BABEL
Página 22
GILVICENTE-MYSCHOOLINTHEFUTURE/MONLYCÉEDANSL’AVENIR
“In the future I imagine a better school which will
play a very important role in the community. It
will continue to teach the same values that teaches today: freedom, equality, respect for human
“Dans le futur, j’espère que ce lycée continue à
fonctionner avec de bons professeurs et des surveillantes gentilles. Car je veux y revenir et affirmer,
avec fierté, que j’ai fréquenté ce lycée.”
Rodrigo Carvalho, nº 22, 10º LH
[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]
Raquel Silva, nº 21, 10º LH
[Supervisão: Dr.ª Maria da Paz Vieira]
GIL VICENTE - THE STUDENTS – WHO WE ARE
Entrevista ao Dr. João Cortes, Diretor do Agrupamento de Escolas Gil Vicente
No âmbito das comemorações do centenário da Escola Gil Vicente, o Diretor do Agrupamento concedeu, amavelmente,
uma entrevista às alunas Ana Patrícia Ferreira e Sara Gomes da turma LH do 10º ano.
O que é que gosta mais nesta escola?
O que é que eu gosto mais? Dos alunos.
Como se costuma dizer os alunos são a base de uma escola.
São a base e a essência da existência da escola, ela existe
pois existem jovens que têm um projecto e que querem dar
asas a esse projecto. É por isso que existe a escola: para
além da questão mais complexa, tem a ver com a organização das pessoas em países que se impõem, digamos, às
camadas mais jovens, uma coisa que a gente designa como
ponto de formação. O homem desde que passou, enfim, da
antiguidade para agora, vive em sociedade, e a sociedade
coloca-nos vários desafios e um deles é a da formação, instrução e de educação. Não se aprende só na escola. A escola fundamentalmente deve dar ferramentas aos jovens
para que depois eles possam com elas fazer o seu percurso,
descobrirem coisas que se calhar nunca lhes tinham passado pela cabeça, aprender, isto é, enriquecer o seu conhecimento e desenvolver competências. Um dos grandes papéis da escola passa muito pelas aquisições da formação
social, da socialização das pessoas, pois nós temos que
aprender a viver em sociedade. Ora, numa escola com, imaginem, 1100 alunos, há 1100 pessoas diferentes. A variedade é sempre enriquecedora: imaginem que vocês tinham
todos os mesmos interesses, as mesmas características, no
ponto de vista da formação não era enriquecedor. E depois
aparece isto dos professores, não é? O que é que fazem os
professores? Os professores são mais do que pessoas que
vão “acordar” os próprios alunos dos seus interesses, as
suas próprias capacidades, orientá-los, dar-lhes algumas
ferramentas, alguns saberes. Tudo se desenvolve aqui.
Quantas das vezes milhares de jovens entram aqui com
uma expectativa, aqui são abanados de várias maneiras e
depois quando saem daqui já querem coisas completamen-
te diferentes? As escolas são muito aquilo que os alunos
são, isto no fundo é um microcosmos particular, não é igual
à escola aqui mais próxima, esta escola tem condições muito particulares que advêm da população que ela serve.
Há quanto tempo é diretor desta escola?
Desde 2008, mas estas coisas não se devem perpetuar, a
perpetuação das coisas muitas vezes perpetua os nossos
defeitos e as nossas virtudes, a perpetuação não é uma boa
estratégia, devem haver renovações, novas ideias.
Quais são os maiores desafios desta escola, além das barreiras culturais?
Desafios temos vários. Para já temos os desafios desta diversidade imensa de alunos e só isso é um desafio enorme.
Depois há assim coisas mais concretas, como por exemplo
no primeiro ciclo não haver as instalações e tecnologias que
a nossa escola tem, com os alunos estrangeiros é complicado pois temos poucas ferramentas para aplicar e os alunos
com necessidades especiais são uma população que ainda
tem um peso grande. A ausência de funcionários também é
um dos grandes problemas que enfrentamos, o que depois
também afeta o funcionamento normal da instalação escolar. Serão sempre aqueles eternos desafios, mas que na
verdade temos que fazer todos os possíveis para os ultrapassarmos.
Ana Patrícia Fernandes, nº 1 e Sara Gomes, nº 23, 10º LH
[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]
BABEL
Página 23
GIL VICENTE - THE STUDENTS - WHO WE ARE
T
h
I
s
I
s
o
u
r
c
l
a
s
s
We are Portuguese students from a Languages and Hu-
Chemistry or Mathematics: they belong to the Science
manities course, tenth grade. We are twenty five: seven-
course. Our classes compete a lot: will the “C (Science) vs.
teen girls and eight boys. Some of us come from different
LH (Humanities)” ever end?
countries, like India, Brazil, Cap Vert and Guinea-Bissau.
Here we are! This is our class!
Five different continents in our classroom: Europe, Africa
Class 10º LH
America and Asia. We are aged between fifteen and seven-
[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]
teen years old. We even have a set of twins in our class!
We’re all unique in our way: quiet and loud, tall and
short, pale- skinned and dark-skinned, blue-eyed and
brown-eyed, freckled, with braces, straight or afro-haired.
But there’s one thing in common: we all dream. One of us
wants to be a most famous DJ in the world, others want to
become cellists or writers, and there’s even a girl who
wants to
be a
housewife when
she grows up.
We study English, French, History, Geography, Philosophy and Physical Education. We don’t have subjects like
We are Portuguese students, aged between 16 and 18 .
Our school is named Gil Vicente (after the great Portuguese playwright). We attend a Science course, 11th grade.
We have to study Math, Biology, Geology, Chemistry, Physics, English, Portuguese and Philosophy.
We are twenty-eight students, five of us came from Nepal and India. They can’t speak Portuguese yet but they are
learning! They must be very determined.
We are a fun and smart group of students. However, we
differ quite a lot! Some prefer math, others would rather
spend the day questioning the sense of life or…the latest
video games!
Class 11º C
[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]
BABEL
Página 24
GIL VICENTE - THE STUDENTS - WHO WE ARE
T
h
I
s
I
s
o
u
r
c
l
a
s
s
We are a 11grade class, 23 students, only 7 boys and 16
sonalities, some of us are very quiet and some are very talk-
girls between 16 and 18 years old. Languages and Humani-
ative, some are shy and others are very extroverted, basi-
ties is our course and we have 7 subjects: Portuguese, Eng-
cally we’re all very different. We are also a multicultural
lish, Geography, History, Math, Philosophy and Physical
class, some of us are from different countries like Mozam-
Education.
bique, Brazil, India and Russia.
We get along pretty well although we have different per-
Class 11º LH
[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]
W H AT M A K E S A G O O D S C H O O L ?
I never teach my students. I only attempt to provide the conditions in which they can learn | Albert Einstein
A good school gives you a good learning environment.
What I want to say is that a school, to be good, needs to
allow students to feel free to learn and to be themselves. A
good school is a place where we feel safe and secure.
Andreia Silva, nº 3, 10º LH
A good school is an organized school, which is concerned
with its community. It should have a good library, good
sports facilities and good equipment. A good school promotes human rights values.
Rodrigo Carvalho, nº 22, 10º LH
A good school is a school free of racism or religious discrimination and where the students have pleasure in learning. A good school has teachers that make the students
love what they teach and take pleasure in learning.
Jessica Cordeiro, nº 10, 10º LH
[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]
A good school has music during the breaks, offers extracurricular activities. In a good school the student association keeps their promises.
Marta Alves, nº 18, 10º LH
A good school should have a good staff, new technologies, music during the breaks and these should be longer…
Lara Costa, nº 15, 10º LH
A good school must teach the students how to learn. It
must stimulate our natural curiosity and create the love for
knowledge inside everyone of us. A good school must have
enough staff and modern technologies. It must teach important values: equality, knowledge and help students
achieve success.
Sara Gomes, nº 23, 10º LH
[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]
BABEL
Página 25
W H AT M A K E S A G O O D S C H O O L ?
I never teach my students. I only attempt to provide the conditions in which they can learn | Albert Einstein
People are the most important. Students, teachers, assistants, all the staff are what makes a good school. The
relationships between the members are very important. A
smile is very important.
A good school provides a good integration in the world of
work and stimulates our creativity and imagination. In a
good school the students feel happy and they are not
ashamed of their mistakes.
André Santos, nº 5, 11º C
Vasth Graça, nº 20, 10º VAS
[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]
[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]
TO BE IGNORANT OF THE PAST IS TO REMAIN A CHILD
The National Public English Speaking Competition, held at the British Council in Lisbon, is an event that enables talented
young people to meet, demonstrate their command of English and learn more about other cultures.
This year, the topic was: To be ignorant of the past is to remain a child. Contestants had to deliver a 5 minute prepared
speech. Two students from Escola Gil Vicente participated in this competition.
Here is the speech delivered by José Gustavo Duarte Fer-
knowledge lingers on passing through generations, and it
reira.
grows more consistent, more refined with every man. Yes,
The Unity that Comes from Knowledge
humanity is old, white-bearded, and wise.
To be ignorant of the past is to remain a child. To be igno-
As I’ve said, to be ignorant of the past is to remain a child.
rant of the others like us, that came before us is to remain a
To be ignorant of the others such as us, that came before us
child, for we will do the same mistakes, only to fall in the
is to remain a child. I assure you that we would do the same
same holes as they did, not going further into this adventure
mistakes, only to fall in the same holes as they did, not going
we all longed for.
further into this adventure we all long for.
I do not want to say, think of all those uninspiring, mo-
Neo Darwinism taught me one important thing; we
notonous ideas that people often say about knowledge. My
matter not as one, but as a whole. We, whether you like it
knowledge, is nothing but a mere sparkle of stardust, on a
or not, are just hollow recipients made to carry this strange
vivid planet that orbits endlessly around a fire coated sphere
gift of life that was passed on, from generation to genera-
in this immense galaxy. I can only see as far as where the
tion, for eras on end. This is important, this gave me a pur-
horizon is, I can only express myself with the small amount
pose! I want to learn as swiftly as I breathe, gather all the
of words I know, judge within the limits of my ideals. What
knowledge I can possibly keep in my mind, to carry a part of
would a tinny, ever wandering sparkle of stardust make of
the human legacy, to have a part of all the human history on
the immense universe around it? It would do nothing but to
my shoulders as you all do.
imagine other sparkles floating in the vast darkness we all
Children do not know their obligations, and that is ok,
reside in. I know nothing of this world, and I gasp for air eve-
because they will learn them. In this very same way, a per-
ry time I understand how fantastic it is.
son that does not understand the minds and feelings and
We humans are really amazing! Think about this: the un-
discoveries of those who came before him, is destined to
ending diversity of creatures that exist in this world is aston-
remain nothing but a child, because he will never rise up to
ishing. Reptiles, fish and birds, all dwell in these Great
the challenge before him. What challenge? To carry on that
Plains, deep oceans, and calm blue skies. There are millions
knowledge, add something, anything to it, and pass it on…
of species, some as small as ants, some as giant as whales,
I’m sixteen years old. I can only dream about the discov-
and despite all this, we humans came to be, we managed to
eries and sapience that lies ahead along my path, but I can
rule the lands with an iron fist, paving roads, building sky
sleep safe and sound at night knowing that I know enough
scrapers. Why? Lions are faster than us. Wolf fangs are
history; I know enough lives lived to understand and cherish
sharper than any of our gazes, and still we endure, because
our collective future.
we’ve grown, because we are intelligent, because our
José Gustavo Duarte Ferreira, nº 13, 11º C
[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]
BABEL
Página 26
TO BE IGNORANT OF THE PAST IS TO REMAIN A CHILD
The National Public English Speaking Competition, held at the British Council in Lisbon, is an event that enables talented
young people to meet, demonstrate their command of English and learn more about other cultures.
This year, the topic was: To be ignorant of the past is to remain a child. Contestants had to deliver a 5 minute prepared
speech. Two students from Escola Gil Vicente participated in this competition.
Here is the speech delivered by Miguel Graça.
The Ignorance of Our Ways
What is ignorance? Sophocles said once that “ignorance
is generally the sister of evil”. What he meant with this is
that being ignorant is the door from which our wicked ways
prevail. He lived in the fifth century before Christ; yet, today,
in 2015, in the twenty-first century, it’s as true as it was
when he lived. As humans, we are volatile, self-destructive
beings, who already made too many mistakes in the past.
Those errors deeply influenced our society.
We can find many examples of this in our history. The
first one is deep within the economic world, the sphere that
makes our world move. In 1929, this pillar of society
suffered a blow with the Great Depression. People’s greed
for money, for investments in the stock market, led to their
own collapse. The creation of new laws for the control of
the economy solved the problem. Yet, the next generation,
that did not live to see the misery caused by the Great Depression, craved for power. They revoked the same laws
that once saved the economic world. There’s a phrase in the
Jewish texts that says “the insatiable greed is one of the sad
events that rush to the self-destruction of man.” That same
greed led again to a crash in stock market, in 2008, due to
the ignorance of the new generations.
The second example is tied to the social and political
world. In the last century, we fought in two world wars, and
that radically changed our society. We vowed to never commit the same horrors, to keep the peace among people.
There goes the famous saying: “Make love, not war”. However, we are in 2015, and this motto seems to have produced no results. Since the Second World War, we had the
Cold War – that could have put us back in a state of chaos –
the Portuguese Colonial War, the war in Vietnam, and in
more recent days, the war in Ukraine. People keep fighting
in pointless conflicts,
and keep drawing
blood, while ignorant
of its consequences
and of what it did in
the past. Will this
always be a part of
our history, or will we
recognize our ignorance and stop it?
Since our country was mentioned, it would be good to
use it as a clear example of the human ignorance. In the
beginning of the twentieth century, we got rid of the monarchy, because our society was in shambles. We decided that
Portugal would be a republic. Our country remained a mess,
due to inefficiency of our presidents. During almost fifty
years, we lived under a dictatorship. It didn’t solve anything,
it just made everything worse. Now, in the twenty-first century, we should ask: are we any better? In a way, yes, but it
seems we haven’t learnt anything from the past. Instead of
getting better, our country seems to be on the bottom of a
pit.
There are many other examples in which we can testify
the ignorance of our ways. We ignore the past, because we
think it won’t happen again. But is this correct? It isn’t.
Looking away from the past just means making the same
mistakes, again and again. How can we grow up if we don’t
recognize our errors?
In conclusion, if we are ignorant of the past, we are
doomed to commit the same mistakes that once broke our
society into pieces. And by doing that, we’ll never learn how
to solve the problems of our world.
Miguel Graça, nº 20, 10º C
[Supervisão: Dr.ª Isabel Sequeira]
MEET A YOUNG VOLUNTEER
My name is Vasth Graça, I´m 18 years old and live in Lisbon.
I am involved in the project Aproximar. I started when I was sixteen. We work with children in
need.
The aim of our project is to make children aware of the importance of values that we are losing
nowadays:
friendship, collaboration, sharing and humbleness. We play games, we talk and listen to the children.
I believe we make a difference in these children’s lives.
Vasth Graça , nº 20, 10º VAS | [Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]
BABEL
Página 27
WE CARE ABOUT HUMAN RIGHTS - 10º VAS
[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]
BABEL
Página 28
P R OV E R B S A N D S AY I N G S - 1 0 º VA S
STOP DOMESTIC VIOLENCE
LET’S CHANGE MENTALITIES
Entre marido e mulher não metas a colher
Never get between a man and his wife
Quanto mais me bates mais gosto de ti
The more you hit me, the more I love you love
There is always a way out
Mais vale só do que mal acompanhado
It is better to be alone than in bad
http://www.freewoodpost.com/2012/03/12/santorum-reaches-out-to-womenwith-know-your-place-campaign/
Longe de vista longe do coração
Out of sight, out of mind
[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]
A VISIT TO OUR SCHOOL
On the 14April 2015, Titus Brandsma lyceum, a school
from Oss, the Netherlands, visited Escola Gil Vicente. We
got in contact through the eTwinning project European
Schools in a Global World. As our school is celebrating its
100thanniversary,the aim of the project is to present our
school, share its history, learn about other schools in Europe, differences and similarities, learn about other cul-
tures, make new friends and, of course, get a good opportunity to use the English language.
In the morning, at 9.00, our head teacher welcomed thirty-eight Dutch students and three teachers with a warm
speech in José Saramago library, the old one which contains a valuable book collection.
BABEL
Página 29
A VISIT TO OUR SCHOOL
The Dutch teacher thanked and offered a gift to our
school. Then we started our visit. The teachers involved in
the project and six students representing their classes guided the Dutch group.
First we went to the laboratories. In the Biology lab, we
watched the students doing an experiment. Then we
showed the sports facilities. After that, we visited the library/resource centre and we saw the exhibition about the
school´s patron, Gil Vicente, the most important Portuguese playwright, his works and epoch. The teacher who is
in charge of the library guided us and gave us all the information we needed. After a short break, we went to visit
the museum centre where we could see antique scientific
instruments, maps and other objects. The teacher in charge
of the museum guided us; the same happened to the exhibition about the history of our school along the corridor on
3rd floor.
The Portuguese students from classes 10LH, 11C,LH,GI
and the Dutch students joined together in the amphitheatre to get to know each other better, exchange experiences
and learn more about each other’s culture and life. We
asked questions about common stereotypes associated
with the Dutch. It was great fun! We showed them a PowerPoint presentation made by the students about our coun-
try and they showed us a video about their school. The
Dutch students sang a popular song!
At 12.30 we had lunch in the school canteen. On that day
the food tasted better than usual. After lunch, the Portuguese teachers offered some gifts to the Dutch students
and teachers.
At 2.30p.m.we started our walk through the historic
neighbourhoods. We visited Graça and Alfama, Castelo and
Mouraria (we have strong bonds with our neighbourhoods); we ended our visit at Praça do Comércio, Lisbon
downtown. We talked about our culture, Fado, the popular
parades (Marchas Populares) and our history. We walked
through medieval lanes, alleys and from different viewpoints we admired the magnificent view of the city. When
we said goodbye, we promised to keep in contact. The
Dutch students and teachers told us how much they had
enjoyed the visit. It was possible thanks to the collaboration
of everyone! We felt proud of our school, our city and our
cultural identity.
In the end, all of us were tired but very happy. Everybody had collaborated; we shared our culture, learned bout
new things and, the most important, we have made new
friends!
10º LH - Group work
[Supervisão: Dr.ª Teresa Neto]
Visiting the library
A short break after lunch
In the Biology lab
The Dutch and the Portuguese students
A magnificent view from Portas do Sol viewpoint:
This is our city!
Página 30
BABEL
CONCURSO LITERÁRIO
FA Z E D O R E S D E H I S T Ó R I A S
TEXTO VENCEDOR | ESCALÃO A - MODALIDADE 2
O Nervoso das Máscaras
Nascia um dia de sol lindo na cidade. Bernardo tinha acabado de
acordar. Estava agora a tomar o pequeno-almoço enquanto lia o
jornal, entretido.
Depois do duche, vestiu-se e correu feliz em direção à sua outra
casa, sempre de portas abertas a quem quisesse entrar, o Teatro.
Era ali, de facto, que Bernardo se sentia em casa, o teatro era a sua
vida. Enquanto ator, tinha já representado vários papéis e usado
inúmeras “máscaras” para compor as suas personagens. Ainda assim, sempre que estreava um novo papel não podia deixar de ficar
nervoso, como se fosse uma nova pele que tinha de vestir, provocando-lhe comichão por todo o corpo. E comichão sobretudo na
cabeça que ficava a pensar pensamentos sem fim, de tal forma que
certas noites nem conseguia dormir.
Ao chegar, cumprimentou André, João, Pedro e Francisco, seus
companheiros naquele e no Grande Palco da Vida.
– Olá, Bernardo – disse João – Estás pronto para a atuação desta
noite?
– Nem por isso – respondeu – Estou muito nervoso.
– Posso ajudar-te? – perguntou André – É que eu sei como: basta
pensares que a peça de hoje é como a própria vida, por vezes uma
tragédia, por vezes uma comédia. Não interpretarás o papel de
“filho” e nem o de “amigo”. Hoje serás “Mercúrio”, para os Romanos o Deus do Comércio, da Venda e do Lucro. Serás o ator principal.
– Eu sei – disse Bernardo acanhado – é por isso que me sinto tão
mal. Estou realmente nervoso com este novo papel.
– Ora, ora! Todos nós, diariamente e consoante os contextos,
interpretamos diferentes “papeis”, até mesmo os de “comprador” e
“vendedor” – continuou Pedro desdramatizando o nervoso do amigo – Gil Vicente sabia-o bem, por isso escreveu o “Auto da Feira”,
para demonstrar que tudo se compra e tudo se vende.
– Sim – disse Bernardo hesitante – tudo se compra, tudo se vende... Mas, não correremos o risco de, usando todas essas máscaras,
deixarmos de ser nós próprios?
– Penso que não – respondeu o amigo – se usares as tuas
“máscaras” na altura certa não cairás no ridículo nem na mentira.
Serás tu próprio e não uma farsa. Não podes é esquecer-te que somos sempre atores, estamos sempre a entrar e a sair de cena. No
fundo, é possível que tenhamos vários “eus”.
– Estás a dizer, portanto, que o meu “eu” só estará completo na
companhia dos seus “eus” – concluiu Bernardo meio a brincar meio
a sério.
– Sim, para concluir, penso que é isso!
Os amigos riram-se com gosto, afinal, todos tínhamos vários
“eus”. E ainda bem que os temos. Pois são esses “eus” que encenamos, que nos permitem encontrar a coragem e a confiança quando
estas nos faltam. São esses “eus”, que nos levam a estabelecer rela-
ções com os outros, que de outra maneira talvez ficassem para
sempre estranhos e desconhecidos.
Mais calmo, Bernardo e os seus companheiros começaram o
ensaio daquela tarde. Ensaiaram, então, o “Auto da Feira” de Gil
Vicente, uma crítica à sociedade renascentista, aos seus valores
mercantilistas e consumistas, o palco onde tudo se podia trocar,
até o bem, a paz e a verdade. Coincidência ou a realidade do presente?
– “Muitos... presumem saber
as operações dos ...céus,
e ...que morte hão de ...morrer,
e o que há de aconte....cer aos anjos e a Deus.”
Declamou Bernardo, ainda nervoso e a gaguejar, no papel de
Deus do Comércio, Mercúrio.
– Um chá de camomila fazia-te bem – sugeriu finalmente Francisco – Para acabar de vez com esse nervosismo.
E assim foi. Bernardo acabou por vestir a “máscara”. À noite,
continuava nervoso, era certo, mas tinha ganhado coragem e entrou no palco a sentir-se confiante:
– Olá a todos! – disse — Eu sou o Bernardo e eu e os meus
companheiros vamos apresentar o “Auto da Feira” de Gil Vicente.
Deu-se início ao espetáculo:
– “Muitos presumem saber
as operações dos céus,
e que morte hão de morrer,
e o que há de acontecer aos anjos e a Deus.”
Bernardo parecia feliz. Ou, pelo menos, um dos seus “eus” estava certamente feliz - a peça que estreara tinha corrido bem.
Na manhã seguinte, ao ler o jornal “A Gazeta da Cidade” como
sempre fazia, ficou empolgado com a notícia de primeira página.
Lia-se:
“Melhor êxito de bilheteira, melhor espetáculo de 2015: “Auto
da Feira” de Gil Vicente interpretado por Bernardo... ”.
Estava em choque, quase que desmaiava: o contentamento e a
vaidade que sentia eram imensos. Saiu sem escovar os dentes,
tinha muita pressa para encontrar os amigos.
– Leram o jornal? – perguntou-lhes eufórico – Estamos na primeira página!
– Sim, sim. Mas agora de volta ao palco, temos ensaio à nossa
espera. É que as “máscaras”, para serem eficazes, dão muito trabalho – avisou Pedro, sempre naquele seu estilo terra-a-terra.
Todos desataram a rir, bem dispostos e orgulhosos do sucesso.
– Vamos lá! – disse Bernardo. É que ele bem sabia o trabalho
que tinha pela frente. Sabia que não podia ficar nervoso a cada
novo papel. Que podia contar enfim com as suas “máscaras”, com
os seus “eus”.
David Peeters, nº 5, 6º 6ª
[Revisão: Dr. Rui Pinto]
BABEL
Página 31
CONCURSO LITERÁRIO
FA Z E D O R E S D E H I S T Ó R I A S
TEXTO VENCEDOR | ESCALÃO C - MODALIDADE 1
A Encomenda
para ser sincera, a confusão tomou conta de mim. Não espera-
- Avô, avô!! - A minha voz soou pelo jardim enquanto as mi-
va de todo que ele me fosse contar a história da sua vida, mas
nhas pernas se deslocavam o mais rápido que conseguiam até ao
decidi não intervir, e permanecer calada. O seu olhar, que se
banco onde ele se encontrava sentado. Era véspera de Natal e o
encontrava pousado sobre o álbum, acabou por viajar até ao
meu entusiasmo era óbvio, visto que no dia seguinte, ou seja, dia
meu, o que me fez de imediato esboçar um breve sorriso.
vinte e cinco de dezembro, seria também a minha data de ani-
- Mais um dia de trabalho. Estava cansado, mesmo cansado.
versário. Todos os anos acontecia a mesma coisa. A família reu-
Ansioso por chegar a casa, mas o meu pai tinha-me pedido para
nia-se toda na antiga casa - que tinha sido construída na cidade
ir fazer uma última entrega do dia e, por alguma razão, eu acei-
de Potsdam pelos meus trisavós e que servia de lar ao meu avô
tei. De bicicleta, fui até à morada que me tinha sido indicada,
desde que este nascera - para festejarmos o Natal e também o
com a caixa que continha pequenos quadros, e quando cheguei,
meu aniversário. Estava prestes a fazer quinze anos e, no ano
pensei que estava enganado. - Uma gargalhada, algo raro no
anterior, o meu avô tinha-me prometido que, quando os fizesse,
meu avô, escapou-se-lhe e, por momentos, pude sentir o seu
me contava uma história. Sendo curiosa como sou, mesmo já
entusiasmo ao contar tudo aquilo. - A casa era enorme, um
tendo passado trezentos e sessenta e quatro dias, a promessa
autêntico palácio. Um carro, considerado absolutamente luxuo-
que o meu avô me tinha feito não tinha sido esquecida e, por
so para a altura, estava estacionado no enorme jardim. Um lago
isso, estava agora a sentar-me ao seu lado, depois de lhe dar um
e uma casa de madeira pertenciam também àquela proprieda-
abraço bem apertado, matando assim as saudades, para ouvir a
de e confesso que antes de sair da bicicleta, verifiquei a morada
tão esperada história. Depois de finalmente me instalar, pude
que tinha sido apontada num papel. Achava estranho terem
reparar que ao colo do meu avô estava um álbum ou, pelo me-
encomendado algo ao meu pai, quer dizer, afinal de contas,
nos, algo que se parecia com isso. Antes que pudesse dizer algo
tudo o que ele fazia, eram simples quadros e havia pintores
mais, o meu avô olhou rapidamente para mim com um sorriso
muito melhores, que estariam dispostos a trabalhar para al-
nos lábios.
guém assim. Queria despachar-me, então acabei por pousar a
- Sei que a tua vontade é pegar neste álbum e pedires-me
bicicleta no chão, pegando antes na caixa que se encontrava
que comece a contar a história, mas devo dizer que só no final
um pouco mais pesada do que parecia ser. Subi as pequenas
poderás ver as fotos que este álbum contém, está bem? - A sua
escadas, acabando então por chegar ao alpendre da casa. Não
gasta, no entanto bonita voz, soou no seu típico tom baixo. O
tive sequer tempo de tocar à campainha, porque, quando es-
meu avô era uma pessoa bastante calma e acho que era por isso
tendi a minha mão para o fazer, uma rapariga abriu com algu-
que gostava tanto de estar com ele. Todo o resto da minha famí-
ma dificuldade a pesada porta, deixando assim que um agradá-
lia passava a vida a falar, num volume que eu sempre considera-
vel cheiro a comida preenchesse o ar. Era carne assada, se não
ra alto demais. Era como se o silêncio fosse uma espécie de ame-
me engano, pelo menos cheirava a isso. Vários risos de pelo
aça para eles, e, com o meu avô, nada disto acontecia. Podíamos
menos quatro raparigas podiam ser ouvidos naquela altura,
simplesmente estar horas um ao lado do outro, calados, que
mas apenas uma se encontrava à minha frente, a tua avó. - A
nunca nos sentiríamos desconfortáveis ou sozinhos. Pessoas
minha respiração prendeu-se por pequenos momentos ao ouvir
capazes de fazer isto sempre me agradaram bastante e não havia
aquela palavra. Avó. Nunca a conheci e nunca ninguém me ti-
pessoa no mundo que eu estimasse mais do que o meu avô. De-
nha explicado o que acontecera, algo que sinceramente me
pois de deixar que uma pequena gargalhada escapasse pelos
irritava. Sabia apenas que ela tinha falecido anos antes do meu
meus lábios, assenti levemente, esperando então que o meu avô
nascimento, mas mesmo assim, não sabia ao certo quantos. O
começasse a falar.
meu olhar cruzou-se com o do meu avô e as nossas expressões
- Outono de mil novecentos e trinta e oito, não te sei precisar
rapidamente se alteraram. Ele sabia que este assunto me deixa-
o dia, tinha eu os meus dezoito anos. Mais uma, que eu pensava
va meio que irritada, porque sempre que perguntava algo sobre
ser simples e fria tarde em Potsdam, mas que acabou por se
ela, ignoravam-me.
tornar o começo da minha vida como homem que sou hoje. -
- Continua, avô. Agora sim, não podes mesmo parar.
Foram estas as primeiras palavras que o meu avô pronunciou e,
- Era muito mais baixa do que eu. Cabelo loiro, não muito
BABEL
Página 32
CONCURSO LITERÁRIO
FA Z E D O R E S D E H I S T Ó R I A S
TEXTO VENCEDOR | ESCALÃO C - MODALIDADE 1
longo, mas também não muito curto, elegante e bonita. Muito
bonita, na verdade. Nenhum de nós disse uma única palavra
- Campos de concentração? - Interroguei, meio baralhada. Mas não eram só os judeus que iam para lá?
durante o que pareceu ser uma eternidade. Os risos do que eu
O silêncio do meu avô fez-me chegar finalmente à conclusão
suponha serem as suas amigas continuavam a preencher aquele
de que ele era judeu. Bastava um simples olhar para perceber
constrangedor silêncio que se fazia entre nós, até que eu decidi
que ele estava a afirmá-lo de forma silenciosa. Sabia muito bem
quebrá-lo. Trocámos poucas palavras e entrei para pousar a cai-
o que eram campos de concentração. Eu e o meu pai gostáva-
xa onde ela me indicou. Voltámos depois para a porta e acabei
mos de falar de história e ele sempre me explicou as coisas de
por sair. Desejámos boa noite e, não sei como, consegui convidá-
forma aberta, para que eu entendesse. Sinceramente, pensar
la para sair comigo. Ela aceitou. A rapariga que vivia rodeada por
que o meu avô poderia ter ido para lá foi algo que me deixou
luxo aceitou sair com um simples rapaz que fazias as entregas do
completamente arrepiada. Nunca percebi o objetivo de Hitler,
pai. - Os meus ouvidos prestavam a máxima atenção a cada pala-
quer dizer, perceber, até percebo, mas na minha cabeça, a mal-
vra que o meu avô pronunciava, enquanto na minha mente, to-
dade é algo que não vale a pena. O facto de um homem conse-
dos aqueles cenários eram montados na perfeição. Era difícil
guir matar tantas pessoas apenas pela sua escolha religiosa não
para mim conseguir criar uma imagem da minha avó, porque
me é aceitável.
nunca a conheci e até hoje só tinha visto uma foto sua. No en-
- Bem, acabei por receber a carta de recrutamento para
tanto, ela já era mais velha e as suas feições não eram as mes-
combater. Lembro-me que o meu primeiro pensamento foi
mas da sua juventude.
"como vou contar isto a Elizabeth?" - Elizabeth. O meu avô pro-
Não sei quanto tempo se passou, mas quando menos esperá-
nunciou pela primeira vez o nome da minha avó, que até hoje
vamos, o meu pai veio chamar-nos para irmos jantar e, por isso,
nunca soube qual era, até este momento. Tinha vontade de
tivemos de fazer uma pausa. Durante o jantar, a minha mente
interromper e começar a expressar o meu ponto de vista, algo
viajava pelos vários cenários de todas as aventuras que o meu
que gosto de fazer, ou então dizer que gostava realmente de a
avô me tinha contado. O encontro no dia seguinte, as confusões
ter conhecido, ou dizer também que o seu nome era um dos
que a família da minha avó criou por ela andar com um "rapaz
meus favoritos, mas, ainda assim, a minha curiosidade sobre o
pobre", o pedido de namoro que o meu avô lhe fez numa tarde
que iria acontecer a seguir impediu-me de o fazer.
fria de inverno, os almoços divertidos, os dias e as noites que
- Não contei. Decidi deixar uma carta e arrependo-me disso
eles passavam juntos e muitas outras coisas. Eu tinha a perfeita
até hoje, mas não sei até que ponto não terá sido melhor, de-
noção de que a parte má, ou, pelo menos, a não tão agradável,
testo despedidas. - Comecei a notar o olhar do meu avô a tor-
ainda estava por vir. Estava a sentir-me meio ridícula, mas a his-
nar-se mais triste, o que me incomodou, mas quando a história
tória deixava-me ansiosa. É como quando estamos a ver um fil-
acabasse, fazia planos de fazer chocolate quente, uma das nos-
me e queremos que duas pessoas fiquem juntas e que corra tu-
sas bebidas de eleição, que sabia que o animava sempre.
do bem, mas, tal como sabemos, isso não vai acontecer, porque
- Na noite anterior à minha partida, estive com ela até tarde
nem nos filmes é assim, muito menos na vida real. Depois do
e todas as semanas trocávamos cartas um com o outro, en-
jantar, que pareceu demorar uma eternidade, eu e o meu avô
quanto eu combatia.
fomos para a sala e sentámo-nos os dois num pequeno sofá. Na
Não sei realmente como me aguentei naquele momento.
minha mão encontrava-se o álbum que o meu avô me tinha ago-
Apetecia-me gritar, gritar até ficar sem voz. A vida consegue ser
ra dado para eu ver as fotos que eles tiraram juntos. Enquanto
mesmo má. O meu avô na guerra e a minha avó sozinha a levar
eu passava as várias páginas, o meu avô continuava a contar
com críticas dos seus pais a toda a hora. Que fantástico, melhor
tudo o que aconteceu, até chegar finalmente ao ano de mil no-
não podia ficar. Aproximadamente cinco anos depois, a guerra
vecentos e trinta e nove.
acabou. O meu avô voltou para casa e tudo voltou a ficar bem,
- Sabia que brevemente seria chamado. O país tinha entrado
ou pelo menos eu assim pensei.
em guerra e eu estava na idade perfeita para ir combater, por-
- Reencontrámo-nos. Ela estava igual, maravilhosa como
que essa era também a única forma que eu tinha de fugir aos
sempre, no entanto, as suas expressões não eram realmente as
campos de concentração.
melhores. Os pais tinham-na ameaçado que, se ela não deixas-
BABEL
Página 33
CONCURSO LITERÁRIO
FA Z E D O R E S D E H I S T Ó R I A S
TEXTO VENCEDOR | ESCALÃO C - MODALIDADE 1
se de estar comigo, eles iriam embora da Alemanha. Bem, como
da, só queria tentar absorver todas aquelas palavras que ti-
é óbvio, nenhum de nós cedeu à ameaça que eles tanto pensa-
nham sido ditas de forma demasiado rápida. Ouvi a minha mãe
vam que iria resultar. Dei-lhe uma semana para fazer a mala e
a gritar da cozinha que faltavam dez minutos para a meia-noite
arrecadar a maior quantidade de dinheiro que conseguisse. Dia
e sabia que brevemente o sossego iria acabar, porque começa-
sete de junho de mil novecentos e quarenta e cinco, partimos
riam todos a cantar os parabéns e a abrir as prendas. Limitei-
para Berlim. Arrendámos um apartamento, arranjámos trabalho
me a soltar um suspiro bem pesado acabando de ver o álbum,
e reconstruímos a nossa vida.
pousando-o sobre uma pequena mesa que se encontrava no
- Finalmente algo bom, depois de todo esse tempo! - Não
meio da sala.
resisti em dizer, animada com o facto de perceber que tudo estava a melhorar.
- Não deites foguetes antes da festa, Anne. - Disse-me ele,
- Ainda bem que contaste tudo de forma rápida, porque não
me apetecia nada chorar dez minutos antes de fazer anos –
disse, olhando para o meu avô, gargalhando levemente.
mostrando-me o seu sorriso, que eu considerava como algo qua-
- Agora já sabes quem foi a tua avó. Quando a maluqueira
se sábio. - A situação económica da Alemanha estava um caos e
passar, bebemos os dois um chocolate quente com marshmal-
eu fiquei desempregado. Passámos dificuldades e vivemos assim
lows, está bem? - Ele sussurrou como se de um segredo se tra-
até eu arranjar trabalho. Até lá vivemos do ordenado da tua avó
tasse.
e de algum dinheiro que eu arranjava a consertar eletrodomésticos e carros.
- Nem precisavas de perguntar. É óbvio que está mais do
que bem! - respondi também baixo, vendo depois todo o resto
O meu avô fez uma pausa, respirou fundo várias vezes como
da família a entrar na sala. O típico cheesecake foi pousado em
se possuísse dentro de si um enorme peso que necessitava de
cima da mesa, as luzes apagadas e a tão conhecida canção foi
expulsar ou controlar, para que este não desabasse e o aleijasse.
cantada por todos ali presentes. Quando tudo já estava mais
Nunca fui boa com atos, sempre preferi as palavras e sei que "os
calmo, fui fazer o chocolate quente, ficando na cozinha a beber
atos contam mais do que as palavras", mas para mim, as pala-
com o meu avô aquele líquido com sabor a chocolate.
vras são a única forma de eu demonstrar o quanto amo uma
pessoa ou exprimir os meus sentimentos. Sou péssima a dar e a
- Avô? - Murmurei, meio receosa sobre se perguntava ou
não o que pretendia.
receber carinhos, nunca sei como reagir, e nunca sei o que fazer,
mas naquele momento não tinha lápis nem folha, e, por isso, a
- Sim, Anne? – Respondeu ele, limpando a boca ao guardanapo, enquanto me encarava.
única maneira que me veio à cabeça de demonstrar ao meu avô
- Como conseguiste ultrapassar tudo isto? - Dei levemente
que eu estava ali para ele foi agarrar-lhe na mão e sorrir-lhe de
de ombros, mastigando um marshmallow, tentando parecer
forma bem carinhosa, para que aquele peso dentro de si, de
descontraída.
algum jeito, não pesasse tanto. Estivemos alguns minutos assim
- Acho que ao longo dos anos me fui mentalizando que a
e à medida que ele ia ficando mais calmo, eu ia largando a sua
vida é um palco de teatro que não admite ensaios 1, querida. -
mão.
Respondeu, acabando de beber o seu chocolate quente.
- Em mil novecentos e quarenta e sete, a tua avó engravidou
e teve o teu pai. Foram os anos mais felizes e estáveis da nossa
E foi assim. Foi assim que terminou toda aquela história,
que, no meio de muitas outras, se calhar não significa nada.
vida. Dez anos depois foi-lhe diagnosticado cancro e não quero
Maria Mafalda Sousa, nº 13, 9º 5ª
estar com rodeios. Faleceu quando o teu pai tinha dez anos, e
agora aqui estamos nós.
Eu não queria chorar, não queria sorrir, não queria dizer na-
[Revisão: Dr.ª Maria João Queiroga]
1
Charlie Chaplin
BABEL
Página 34
CONCURSO LITERÁRIO
FA Z E D O R E S D E H I S T Ó R I A S
TEXTO VENCEDOR | ESCALÃO C - MODALIDADE 2
Breve viagem à memória
trar na sua sala. – Sim, no intervalo, encontramo-nos junto ao
‘Como será o dia de hoje?’ – sempre a mesma pergunta, a
bar. – A Ana falou alto à medida que caminhava pelo enorme
pergunta que invadia a minha mente todas as manhãs. E por-
corredor, atrás do Filipe. Acenei-lhes de volta e bati levemente
quê? Porque é que eu me dou ao trabalho de me questionar a
à porta da sala 5, a sala onde iria ter a disciplina de Português. –
mim mesma, em vez de...simplesmente aproveitar e desfrutar do
Entre. – A voz fina da professora ecoou e eu pude abrir final-
meu dia? Seria ele bom? Ou talvez mau? Afinal, o que poderá
mente a porta, revelando então a minha turma nova. Desculpei
correr mal? A verdade é que todos temos azares na vida. Mas
-me pelo atraso, uma das coisas que era habitual fazer, e entrei,
quem não começa o dia sem criar uma única expectativa do ‘dia
dirigindo-me ao meu lugar. Assim que me sentei, retirei os ma-
perfeito’? Sem preocupações, stresses ou qualquer tipo de pro-
teriais necessários para a aula. Aproveitei então para olhar em
blemas?
redor, observar cada cara nova. Cheguei a esta escola há menos
Hoje acordei sem perceber como me sentia. Não diria que
de um mês e ainda não tive a coragem de falar com qualquer
estou feliz, mas também não me sinto irritada. Talvez…
um deles. Nem mesmo com a chata da minha colega do lado,
aborrecida? Hum, não parece. A verdade é que cada dia que
que não para de falar ‘sozinha’. Acho que ela ainda não perce-
passa tem sido uma verdadeira tristeza. É como se, todos os dias,
beu que não sou muito de conversas. Bom, espero que perce-
cada pessoa, ao levantar-se da sua cama logo pela manhã, colo-
ba, caso contrário, terei de pedir à DT para mudar de lugar. –
casse uma ‘máscara’ diferente, dependendo de como se sente
Será que me podias emprestar o teu caderno para passar al-
no próprio dia. No meu caso, não vejo mais nenhuma máscara
guns apontamentos? – Ela quebrou o silêncio. Confesso que já
para além da ‘famosa’ máscara da tristeza. Bom, talvez todas as
estava a demorar. – Claro, toma. – sussurrei, passando-lhe o
outras máscaras estejam presentes, mas a verdade é que apenas
meu caderno, sem nunca desviar a minha atenção da professo-
consigo esticar o meu braço e apanhar aquela.
ra, que apontava algo no seu bloco de notas. Fez-se novamente
‘Mais um dia.’ – pensei assim que me levantei da cama. Custa
silêncio na sala. Encostei as minhas costas à cadeira e fitei o
tanto ter de acordar cedo, sair do quente da cama e preparar-
quadro por cerca de dez segundos, os quais devem ter parecido
mo-nos para a escola, principalmente quando sabemos que tere-
mais que cinco minutos para a professora, pois só ouvi a sua
mos de ‘aturar’ gente que não queremos e que, cada dia que
chamada de atenção e todos os olhos postos em mim. Pedi
passa, só teremos mais e mais com que nos preocupar. Enfim,
novamente desculpa, desta vez pela minha distração e senti
sempre a mesma rotina. Preparo-me para a escola e sigo o meu
uma leve cotovelada. – Estás bem? – A voz da miúda irritante
caminho em direção à paragem do autocarro onde apanho al-
voltou a ouvir-se. Preferi não lhe responder e fingir estar atenta
guns dos meus amigos. – Olá. – murmuro assim que chego perto
ao que a professora escrevia no quadro, pois não queria mentir-
deles. É habitual cumprimentá-los com um ‘olá’, pois evito utili-
lhe em relação à maneira como me sentia hoje. Gostaria de lhe
zar o típico ‘bom dia’, visto que os dias não começam da melhor
responder que sim, que realmente estava tudo bem comigo,
forma. – Bom dia. – eles quase que respondem em coro. Esboço
mas não estava. Para não a preocupar ou sequer dar-lhe um
um pequeno sorriso e acabo por me sentar num dos lugares
motivo para tentar ter uma conversa comigo, preferi não res-
vazios daquele autocarro. – Vamos chegar atrasados se este au-
ponder. Permaneci quieta e tentei concentrar-me apenas na
tocarro não andar mais depressa. – ouvi o rapaz impaciente di-
professora e no que esta explicava até ao final da aula. Assim
zer, enquanto permanecia com o seu olhar fixo no relógio que
que tocou, voltei a arrumar as minhas coisas e saí da sala. Tal
trazia no pulso. Olhei para a Ana, a namorada do tal rapaz, cujo
como combinado, fui ter com os meus únicos amigos ao bar da
nome era Filipe. Vi-a revirar os olhos umas quantas vezes cada
escola.
vez que ouvia os resmungos do seu namorado, ao qual acabava
O tempo passou a correr e neste preciso momento encontro-
por esboçar um largo sorriso. Saímos apressadamente do auto-
-me sentada no autocarro que me irá levar até à paragem perto
carro assim que este parou em frente à paragem que se situava a
de casa. No regresso a casa é costume vir sozinha, pois a Ana e
menos de dois minutos da escola. Demos uma pequena corrida
o Filipe ainda têm aulas e por isso ficam mais tempo na escola.
até à escola, onde entrámos, e seguimos até às respectivas salas.
A esta hora o autocarro vem quase sempre vazio. Quer dizer,
– Bom, vemo-nos depois então! – O Filipe acenou antes de en-
não vem totalmente vazio, pois um senhor já de alguma idade
BABEL
Página 35
CONCURSO LITERÁRIO
FA Z E D O R E S D E H I S T Ó R I A S
TEXTO VENCEDOR | ESCALÃO C - MODALIDADE 2
costuma vir sentado do lado da janela, num dos bancos ao pé da
levantar-te e sentar-te quando te apetecer porque as tuas per-
porta de saída do autocarro. Por incrível que pareça, ele hoje
nas não vão permitir tal coisa. Não vais poder ouvir música alta
não está cá. Entretive-me a ouvir música até duas paragens mais
porque os teus ouvidos não aguentam, ou até mesmo passar
à frente, quando avistei o tal homem de idade entrar. Tentei não
horas a olhar para um desses aparelhos. – Ele apontou para o
ligar muito ao facto de ele estar cada vez mais próximo de mim.
telemóvel que se encontrava na minha mão.
Ao início, pensei que fosse uma mera impressão, mas com o
Baixei discretamente a cabeça e esbocei um pequeno sorri-
passar do tempo apercebi-me de que este se dirigia a mim – Boa
so. – Tenho de sair na próxima paragem, com licença. – Levan-
tarde, posso sentar-me aqui ao teu lado? – O olhar dele encon-
tei-me lentamente e passei pelo senhor, desejando-lhe um res-
trou o meu por momentos e assenti levemente com a minha
to de boa tarde. – Obrigado, igualmente, jovem. – ouvi-o mur-
cabeça, retirando de seguida os fones dos meus ouvidos. O se-
murar num tom quase impercetível.
nhor sentou-se com alguma dificuldade e por fim deixou escapar
Vários pensamentos invadiram a minha mente assim que me
um pequeno suspiro. – Sabes o que eu te digo, filha…? Não des-
despedi dele. Desci do autocarro e em alguns minutos já me
perdices a tua vida dessa maneira. – Demorei cerca de cinco
encontrava em casa. Não tenho bem a certeza se consegui ou
segundos para perceber que o senhor acabara de falar comigo. –
não dormir nessa noite, pois aqueles pensamentos ecoavam na
O que quer dizer com isso? – Não me contive, por isso acabei por
minha cabeça. Vários meses se passaram e todos os dias avista-
lhe perguntar. – Eu sei como te sentes. Frequento este autocarro
va aquele velho, sentado no mesmo lugar, que quase parecia
todas as tardes e não há um dia em que não te vejo por aqui
que lhe estava reservado. Tornou-se um hábito entrar no auto-
sozinha, sempre sozinha. – Senti o olhar dele novamente sobre
carro e sentar-me num dos lugares do fundo. Encolhia-me no
mim. – Como sabe que me sinto assim? O senhor apenas me
banco, colocava os fones e olhava pela janela, pois eu achava
observa todas as tardes, tal como referiu. Não me conhece, nem
que era uma boa maneira de evitar outra conversa com o ho-
me lembro de alguma vez ter falado consigo. – Desviei a minha
mem.
atenção para ele. – Eu sei, tens toda a razão. Eu não quis ser
Cerca de dois meses depois, vim a aperceber-me de que algo
indelicado contigo, de jeito nenhum. Estou apenas a tentar aju-
faltava naquele autocarro. O senhor não aparecera mais, tal
dar-te, porque sabes uma coisa? Eu já fui jovem como tu e che-
como eu não precisei de me encolher mais no banco. O que
gando a esta idade percebo as oportunidades que desperdicei. O
teria acontecido? Onde estará ele agora? Questionava-me to-
ser humano deve aproveitar a vida que tem. E não desperdiçá-la
dos os dias. Tinha de me habituar a esta ausência.
sozinho ou triste com a vida. – Permaneci calada, sem saber o
Não demorou muito para que eu percebesse que ele não
que lhe responder. Ele continuou: – Todos os dias acompanho
voltaria. Por estranho que pareça, senti saudades de me tentar
cada sorriso, cada suspiro, cada lágrima de felicidade ou até
tornar invisível naquele autocarro. Foi então que relembrei
mesmo de dor que cada pessoa que costuma viajar neste auto-
aquilo que me dissera há uns tempos atrás.
carro carrega ou traz consigo. Nunca vejo ninguém assim como
Ainda hoje guardo esta lembrança comigo. Sempre que viajo
tu...que raramente sorri, mesmo quando vem acompanhada de
de autocarro e vejo um idoso, recordo uma lição que alguém
amigos. – Permaneci novamente em silêncio após o ouvir falar.
me tentou dar. Gostaria de poder voltar atrás no tempo e retri-
Apesar de aquele homem não me conhecer, ele estava correto.
buir a atenção que me foi dada naquela altura. Embora não
- Sabes, talvez passes muito tempo da tua vida assim. No futuro, quando tiveres a minha idade e fores bem velhinha, aí não
vais poder aproveitar tanto a vida como agora. Não vais poder
tivesse deixado transparecer, aquelas palavras fizeram-me despertar.
Cláudia Esteves, nº 3, 9º 5ª
[Revisão: Dr.ª Maria João Queiroga]
BABEL
Página 36
Fonte: google.imagens
A correção linguística e a revisão dos textos produzidos pelos alunos são da inteira responsabilidade dos respetivos professores.
BABEL - Publicação Plurilingue do Departamento Curricular de Línguas - Número 12
FICHA TÉCNICA
CONCEÇÃO | EDIÇÃO | ARRANJO GRÁFICO: Maria João Queiroga
SELEÇÃO DE IMAGENS: Professores que colaboraram neste número
COLABORARAM NESTE NÚMERO:
PROFESSORES - Ana Cristina Tavares, Inácia Pereira, Isabel Sequeira, Manuela Nunes, Maria da Paz Vieira, Maria do Rosário Pinto, Maria João Queiroga, Nuno
Soares, Rui Pinto, Teresa Neto, Zelinda Pontes
ALUNOS - Ana do Mar, Ana Ferreira, Ana Loreti, Ana Patrícia Fernandes, Ana Pereira, André Santos, Andreia Silva, Ângela Correia, Anna Muninhas, Bárbara
Alves, Bárbara Santos, Beatriz Cardoso, Beatriz Carvalho, Beatriz Loureiro, Beatriz Pinho, Bruna Machado, Bruno Dionísio, Carlota Cardoso, Carolina Anacleto,
Catarina Grilo, Cátia Magalhães, Cláudia Esteves, Daniel Fonseca, Daniela Coelho, Daniela Santos, David Peeters, David Santos, Débora Fonseca, Dejina Gurung,
Diogo Santos, Dullier Correia, Fábio Évora, Fatou Fall, Filipa Cortez, Francisco Lucas, Gonçalo Cardoso, Henrique Sousa, Inês Fidalgo, Inês Tavares, Jaskaran
Singh, Jéssica Cordeiro, João Carita, João Simões, João Soares, José Gustavo Duarte Ferreira, Laís Borges, Lara Cândido, Lara Costa, Laura Marcelino, Luís Carvalho, Madalena Estefani, Madalena Pinto, Márcia Veiga, Maria Ferreira, Maria Helena Correia, Maria Mafalda Sousa, Marina Costa, Marizette Ribeiro, Marta
Alves, Melissa Silva, Miguel Graça, Muhammad Majid, Nadilene Rocha, Neuza Amaral, Nuno Carvalho, Patrícia Afonso, Patrícia Sequeira, Pedro Cerqueira,
Rafael Alves, Raquel Silva, Rasmi Ranabhat, Rita Moreira, Rodrigo Carvalho, Salomé Gonçalves, Sara Alves, Sara Cruz, Sara Ferreira, Sara Gomes, Sofia Salvador,
Soraia Pinto, Tatiana Almeida, Tatiana Araújo, Tiago Santos, Vasco Bizarro, Vasco Ferreira, Vasth Graça, Willian Souza, e alunos das turmas 10º VAS, 10º LH, 11º
C , 11º LH
TIRAGEM A PRETO E BRANCO (FOTOCÓPIA): 20 exemplares PREÇO: 1 € TIRAGEM A CORES: 14 exemplares PREÇO: 5 €
PROPRIEDADE: Escola Gil Vicente | Agrupamento de Escolas Gil Vicente
Fax: 21 886 88 80
E - mail: [email protected]
Rua da Verónica, 37 - 1170-384 LISBOA
Tel. 21 886 00 41
Web: http://www.esec-gil-vicente.rcts.pt

Documentos relacionados