Dados biológicos de tubarões bentónicos e pelágicos
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Dados biológicos de tubarões bentónicos e pelágicos
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto Dados biológicos de tubarões bentónicos e pelágicos desembarcados em lotas nacionais Dissertação de Mestrado em Ecologia Aplicada Nuno Miguel Cabral Queiroz Porto, 2004 Agradecimentos Ao meu orientador, Doutor Múrias dos Santos, agradeço a disponibilidade que revelou, sempre que a sua intervenção se mostrou necessária, bem como a revisão do manuscrito. Ao João Correia gostaria de agradecer toda a ajuda que prestou na discussão de ideias e metodologias. Não menos importante é a sua amizade, conhecimento e fascínio que sente e transmite por tubarões. Gostaria de exprimir um profundo agradecimento a todos os que me ajudaram durante as amostragens, em especial aos meus colegas e amigos Fernando Lima, Pedro Ribeiro e Sílvia Pereira. Não poderia deixar de mencionar a ajuda, entusiasmo e camaradagem da Ana Mendonça, Anabela Maia, Célia Gonçalves, Sr. José Manuel Oliveira, Ricardo Soares, Rita Santos e Sandra Araújo. À Marta Oliveira agradeço todo o apoio, carinho e paciência que revelou durante todas as fases do trabalho. Reservo um agradecimento especial aos senhores Manuel e Paulo Balau e a toda a tribulação do Algamar (e Alfamar) e ao Sr. Vitor, à sua família e a toda a tripulação do Nossa Sra do Minho. Este trabalho foi financiado pela Associação Portuguesa para o Estudo e Conservação de Elasmobrânquios (APECE). Finalmente, gostaria de dedicar este trabalho aos meus pais que sempre me incentivaram e apoiaram. Conteúdo 1. Introdução 1 2. Material e métodos 5 2.1. Espécies a amostrar 5 2.2. Área de amostragem 5 2.3. Aquisição e tratamento dos dados 7 3. Resultados 10 3.1. Estatísticas gerais 10 3.2. Idade e crescimento 15 3.2.1. Centroscymnus coelolepis 15 3.2.2. Centrophorus squamosus 17 3.2.3. Isurus oxyrinchus 19 3.2.4. Prionace glauca 23 3.3. Reprodução 23 3.3.1. Centroscymnus coelolepis 23 3.3.2. Centrophorus squamosus 23 3.3.3. Isurus oxyrinchus 25 3.3.4. Prionace glauca 29 4. Discussão 30 4.1. Estatísticas gerais 30 4.2. Idade e crescimento 31 4.2.1. Isurus oxyrinchus 32 4.2.2. Prionace glauca 33 4.3. Reprodução 34 4.3.1. Centroscymnus coelolepis 34 i 4.3.2. Centrophorus squamosus 34 4.3.3. Isurus oxyrinchus 34 4.3.4. Prionace glauca 35 5. Conclusão 36 Bibliografia 38 ii 1. Introdução A maioria das espécies de tubarão possui grande longevidade, crescimento lento, maturação tardia e baixa fecundidade. Estas características conduzem a um baixo nível de recrutamento (Holts et al. 1998) e, consequentemente, aumentam a susceptibilidade dos tubarões aos efeitos da sobrepesca (Natanson e Cailliet 1986). Desta forma, torna-se necessário uma adequada monitorização das diferentes espécies e, em particular, daquelas que são exploradas comercialmente. Contudo, a monitorização de espécies pelágicas é dificultada pela sua vasta distribuição (Baum et al. 2003), estrutura populacional complexa, comportamento migratório, bem como por impedimentos jurídicos relacionados com a actividade pesqueira internacional. A situação é ainda agravada pela falta de prioridade na recolha de dados (Simpfendorfer et al. 2002), uma vez que a maioria dos tubarões é capturada como bycatch da pesca dirigida a espécies com maior valor comercial (Buencuerpo et al. 1998, Hurley 1998, McKinnell e Seki 1998). Apesar das dificuldades, estudos recentes têm documentado uma crescente preocupação com o declínio generalizado de populações de tubarões (Walker 1998, Musick 1999, Stevens et al. 2000). Como exemplo, estima-se que no Atlântico noroeste os efectivos populacionais de sete espécies tenham sofrido decréscimos superiores a 50% nos últimos oito a dez anos (Baum et al. 2003). Na mesma área, a raia (Raja laevis) estará perto da extinção (Casey e Myers 1998). Segundo Berkeley e Campos (1998), 89% das fêmeas de espécies de elasmobrânquios desembarcadas na Florida são capturadas com tamanhos inferiores aos de maturação; em águas Australianas registam-se valores elevados de capturas de tubarões azuis que, na sua maioria, correspondem a fêmeas imaturas (Stevens 1992). Finalmente, pode ainda referir-se o colapso na pesca do tubarão-frade (Cetorhinus maximus) ao largo da Irlanda (Henderson et al. 2003). Todas estas situações possuem a agravante de, em alguns casos, a 1 recuperação das populações poder demorar cerca de 50 anos (Musick 1999). Assim sendo, é essencial não só efectuar uma correcta avaliação dos stocks, mas também criar regras que regulem a actividade pesqueira (Clarke et al. 2002, Veríssimo et al. 2003). Para tal, o conhecimento da estrutura etária (Liu et al. 1998), a criação de métodos eficazes para a sua determinação (Tanaka 1990) e a informação sobre a reprodução e mortalidade natural, são fundamentais. Porém, a biologia de muitas espécies permance, em grande parte, desconhecida (Hurley 1998). Ao largo da costa Portuguesa existem 28 espécies de tubarões (Sanches 1986), algumas das quais possuem interesse comercial e são vulgarmente capturadas por bycatch ou por pesca dirigida. Entre 1986 e 2001 foram comercializados em lotas nacionais 82.704.432kg de elasmobrânquios (Correia e Smith 2004). Apesar de um aumento médio constante nos desembarques das espécies de seláceos com maior valor comercial, a sua biologia foi ainda pouco aprofundada. Em Março de 2003 iniciou-se um programa regular de amostragens nas quatro principais lotas nacionais. O seu principal objectivo é a recolha de dados relacionados com o crescimento, reprodução e alimentação das espécies mais desembarcadas, quer bentónicas, i.e. carocho — Centroscymnus coelolepis Bocage & Capello, 1864, lixa — Centrophorus squamosus (Bonnaterre, 1788) e barroso — Centrophorus granulosus Bloch & Schneider, 1801, quer pelágicas, i.e. anequim — Isurus oxyrinchus Rafinesque, 1810 e tubarão-azul — Prionace glauca (Linnaeus, 1758). As espécies pertencentes à família Squalidae são geralmente bentónicas e habitam as zonas superiores do talude continental. As três espécies de fundo amostradas neste trabalho são regularmente capturadas como bycatch da pesca do peixe-espada-preto (Aphanopus carbo) ao largo de Sesimbra e por pesca dirigida no norte de Portugal (Gordon et al. 2003). A espécie C. coelolepis encontra-se normalmente a profundidades entre os 270 e os 3.675 metros, mas é mais abundante a profundidades superiores aos 400 metros e em zonas em que a temperatura da água se situa entre os 5 e os 13ºC. Possui uma distribuição alargada, de Marrocos à Islândia e na zona oeste do Mediterrâneo (Compagno 1984a). Existem poucos estudos publicados sobre o crescimento e idade de tubarões de profundidade (Gordon 1999) e até à data não foi publicado nenhum trabalho sobre C. coelolepis. Apesar da pouca informação sobre a biologia reprodutiva de tubarões bentónicos 2 (Girard et al. 2000), alguns aspectos da reprodução desta espécie foram analisados por Yano e Tanaka (1984), Girard e Du Buit (1999) e Veríssimo et al. (2003). Relativamente às espécies pertencentes ao género Centrophorus, estas encontramse a profundidades entre os 100 e os 2.359m e a sua distribuição estende-se desde Marrocos até às ilhas Faroe e Islândia (Compagno 1984a). O crescimento de C. squamosus foi avaliado por Clarke et al. (2002) utilizando a estrutura dos espinhos dorsais. A nível reprodutivo, esta espécie foi descrita como tendo uma das mais baixas fecundidades, com somente um embrião por cada período de gestação, que dura cerca de dois anos (Guallart e Vicent 2001), e como consequência, foi classificado como vulnerável à exploração (Clarke et al. 2002). É ainda de salientar que não existem dados biológicos sobre a espécie C. granulosus. A maioria dos tubarões pelágicos desembarcados em lotas nacionais é capturada como bycatch da pesca dirigida ao espadarte (Xiphias gladius). I. oxyrinchus é uma espécie epipelágica com distribuição cosmopolita. Pode ser encontrado desde a superfície aos 500 metros de profundidade e é raro em águas com temperaturas inferiores a 16ºC (Compagno 2001). A sua taxa de crescimento foi analisada por Pratt Jr. e Casey (1983) no Atlântico oeste e por O’Brian e Sunada (1994) no Pacífico este. Apesar de utilizarem métodos diferentes na análise de dados, ambos chegam a conclusões semelhantes. Aspectos da biologia reprodutiva desta espécie tais como o tamanho de maturação, épocas de reprodução, período de gestação e número de crias foram estudados por vários autores (Pratt Jr. e Casey 1983, Stevens 1983, Cliff et al. 1990, Duffy e Francis 2001). Todas estas informações poderão contribuir para a futura implementação de medidas de gestão, que necessitam não só de um acréscimo de dados relativos a parâmetros reprodutivos, como também de dados demográficos (Mollet et al. 2000). P. glauca possui o mesmo tipo de distribuição que o anequim. É comum desde a superfície aos 152 metros de profundidade e entre os 7º e os 16º C (Compagno 1984b). O crescimento desta espécie foi descrito para diferentes zonas recorrendo a diferentes métodos. Assim, Stevens (1975) e Henderson et al. (2001) estimaram parâmetros de crescimento analisando a estrutura das vértebras. Em conjunto com esta análise, Nakano (1994) utilizou análises de frequência e Skomal e Natanson (2003) usaram dados de recapturas. Contudo, o baixo número de tubarões amostrados, o uso de intervalos de comprimento inadequados e a falta de validação limitam a utilidade da maioria 3 destes estudos (Skomal e Natanson 2003). Finalmente, e de acordo com Stevens e McLoughlin (1991), a espécie P. glauca possui um ciclo reprodutivo complexo no Atlântico norte. Para que a gestão e a exploração desta espécie sejam racionais é imperativo conhecer não só os aspectos relacionados com o seu crescimento e reprodução, mas também o seu padrão de movimentos (Kohler et al. 2002), uma vez que se trata de uma espécie migradora capaz de efectuar movimentos transatlânticos (Stevens 1976, 1990, Casey 1985). Tendo em conta o panorama descrito, no presente trabalho pretende-se estimar parâmetros (1) de crescimento, quer em peso, quer de acordo com a equação de Von Bertalanffy, e (2) de reprodução para as cinco espécies de tubarões mais desembarcadas em lotas nacionais. 4 2. Material e métodos 2.1. Espécies a amostrar A espécie C. coelolepis possui como características distintivas, espinhos dorsais pequenos, primeira barbatana dorsal baixa e de base curta, dentículos dermais grandes e lisos e não possui barbatana anal (figura 1a). C. squamosus possui focinho comprido, espinhos dorsais fortes e a primeira barbatana dorsal triangular e de base larga (Figura 1b). A espécie C. granulosus (Figura 1c) distingue-se da anterior por apresentar um prolongamento interno nas barbatanas peitorais (Compagno 1984a, Sanches 1986). As principais características de diagnose de II. oxyrinchus (Figura 1d) são: corpo fusiforme e robusto, dentes alongados e pontiagudos, presença de uma quilha caudal, dorso e flancos de coloração azul intensa (Sanches 1986, Compagno 2001). A espécie P. glauca (Figura 1e) apresenta um corpo longo e fusiforme, focinho comprido e arredondado, dentes serrilhados e triangulares, dorso azul-escuro e flancos de azul mais intenso (Compagno 1984b, Sanches 1986). 2.2. Área de amostragem As amostragens decorreram com uma periodicidade mensal nas principais lotas onde se efectuam desembarques de elasmobrânquios em Portugal, que segundo Correia e Smith (2004) são Sesimbra (18,77%), Peniche (16,80%), Viana do Castelo (12,15%) e Nazaré (5,51%). Os tubarões de profundidade amostrados foram capturados numa extensa área ao largo da costa portuguesa e no Golfo da Biscaia. As espécies pelágicas foram capturadas na sua maioria a sudoeste do Cabo de São Vicente embora alguns indivíduos sejam provenientes de áreas ao largo da Figueira da Foz (Figura 2). 5 50cm a b 50cm c 50cm 50cm d 50cm e Figura 1. Ilustrações representativas das espécies amostradas; a — Centroscymnus coelolepis; b — Centrophorus squamosus; c — Centrophorus granulosus; d — Isurus oxyrinchus; e — Prionace glauca. Retirado de Sanches (1986). 6 2.3. Aquisição e tratamento dos dados Para cada tubarão foi determinado o sexo, o comprimento total (CT) e à forquilha (CF), o peso (PT) e analisado o seu estado de maturação. Considerouse CT como a distância entre a ponta do focinho à ponta do lóbulo superior da barbatana caudal, com esta esticada e a formar uma linha horizontal com o corpo (Saunders e McFarlane 1993). O comprimento à forquilha corresponde à distância entre a ponta do focinho e a furca caudal sobre a curvatura do corpo (MacNeil e Campana 2002, Skomal e Natanson 2003). Uma vez que, na maioria dos estudos publicados sobre tubarões pelágicos, é utilizado CF, esta medida foi também adoptada neste trabalho de modo a facilitar a comparação dos resultados. CT pode ser obtido a partir de CF através das seguintes equações (Kohler et al. 1996): Anequim (I. oxyrinchus): CT = (CF + 1,7101)/0,9286 Tintureira (P. glauca): CT = (CF - 1,3908)/0,8313 Nos tubarões de profundidade foram utilizados os comprimentos totais. A relação entre o comprimento e o peso do conjunto de indivíduos amostrados foi determinada por regressão linear após logaritmização dos dados recolhidos. Através do progama ELEFAN I analisaram-se os dados de frequência de comprimentos de modo a obter os parâmetros da curva de crescimento de Von Bertalanffy: Lt = L∞[1 - e-k(t-t )] o em que, Lt — comprimento à idade t; L∞ — comprimento assimptótico, i.e. comprimento médio máximo; K — constante de crescimento; t0 — parâmetro de condição inicial. Este último foi determinado, sempre que possível, por pesquisa bibliográfica. Em 2004 introduziu-se uma nova medida nas amostragens, o comprimento dos pterigopódios (CP). Esta considerou-se como a distância entre a ponta do pterigopódio e a sua junção com o corpo (Nammack et al. 1985). Os machos foram considerados maduros quando o pterigopódio se encontrava estendido e totalmente calcificado (Clarke e von Schmidt 1965). Para determinar a sua maturidade sexual foram utilizados dois métodos diferentes: 7 Golfo da Biscaia Viana do Castelo Figueira da Foz Peniche Nazaré Sesimbra C. São Vicente Figura 2. Docas de desembarque e zonas de captura de tubarões pelágicos (a branco) e bentónicos (a negro). 1 – análise gráfica comparando a variação do comprimento dos pterigopódios com o comprimento corporal; a maturidade é indicada por um rápido acréscimo do comprimento dos primeiros em relação ao segundo; 2 – análise gráfica comparando a percentagem de maturação com o comprimento total; o tamanho em que 50% dos indivíduos estão maduros (C50) foi determinado por ajuste de uma regressão logística. Em todas as espécies, o tratamento dos dados foi realizado separadamente para machos e fêmeas. Apesar da análise separada dos sexos poder, em alguns casos, produzir algumas falhas na estimativa dos parâmetros da equação de crescimento (MacNeil e Campana 2002), este é o procedimento mais usual (Killiam e Parsons 8 1989, Liu et al. 1998, Skomal e Natanson 2003). Porém, os dados foram agrupados em trimestres, com início em Janeiro de 2003 e término em Junho de 2004, de forma a aumentar a potência das análises. 9 3. Resultados 3.1. Estatísticas gerais Entre Março de 2003 e Junho de 2004 foram amostrados 1413 tubarões. Infelizmente, durante este período registou-se um baixo número de indivíduos pertencentes à espécie Centrophorus granulosus o que impediu a análise dos parâmetros avaliados neste trabalho. O estudo englobou 336 C. coelolepis, 390 C. squamosus, 488 P. glauca e 174 I. oxyrinchus. Relativamente a C. coelolepis, foram contabilizados 78 machos (com comprimentos entre os 71 e os 102cm) e 258 fêmeas (entre os 75 e os 123cm). Esta espécie apresentou o maior dimorfismo sexual, tanto a nível do peso (4,48kg e 8,85kg, respectivamente), como do comprimento médio (87,30cm e 105,21cm, respectivamente), sendo as fêmeas geralmente maiores que os machos (Figura 3). Verificaram-se também claras diferenças na evolução temporal do sex ratio (macho/ fêmea), com uma predominância de fêmeas, e onde os machos não ultrapassam a proporção de 0,3:1 (Figura 4). Nas restantes espécies não se observou uma discrepância tão acentuada entre sexos, embora C. squamosus exiba alguma diferença no peso médio entre machos e fêmeas, 6,47kg e 8,78kg, respectivamente (Figura 3). No total amostraram-se 229 machos (entre os 66 e os 122cm) e 161 fêmeas (entre os 83 e os 127cm) de C. squamosus, sendo esta a única espécie que evidenciou uma constante predominância de machos (cerca de 58,72%) relativamente às fêmeas (Figura 5). Analisaram-se 92 I. oxyrinchus machos (entre os 64 e 245cm) e 82 fêmeas (entre os 82 e 290 cm). Excepcionalmente, em Junho de 2004, foi capturada uma fêmea de maior tamanho (293kg, 290cm), cerca de 234kg mais pesada que a segunda maior fêmea (Figura 6). Na generalidade dos meses, o sex ratio rondou 1:1, salvo no quinto trimestre onde a percentagem de machos atingiu os 72% (Figura 7). Por último, dos 488 indivíduos pertencentes a P. glauca, 197 eram machos e 291 10 f. C. squamosus m. f. C. coelolepis m. a 5 10 15 20 25 Peso f. C. squamosus m. f. C. coelolepis m. b 20 40 60 80 100 120 140 160 CT Figura 3. Variações em peso (a) e comprimento total (b) para fêmeas e machos das espécies bentónicas, C. coelolepis e C. squamosus. O limite inferior da caixa corresponde ao percentil 25 e o superior indica o percentil 75; a linha no interior da caixa corresponde à mediana. As barras de erro, à esquerda e à direita da caixa, representam os percentis 10 e 90, respectivamente. 11 100 80 % 60 40 20 1º Tri. 2º Tri. 3º Tri. 4º Tri. 5º Tri. 6º Tri. Figura 4. Variação temporal da percentagem entre machos/fêmeas para a espécie C. coelolepis; a branco — fêmeas; a negro — machos. 100 80 % 60 40 20 1º Tri. 2º Tri. 3º Tri. 4º Tri. 5º Tri. 6º Tri. Figura 5 . Variação temporal da percentagem entre machos/fêmeas para a espécie C. squamosus; a branco — fêmeas; a negro — machos. 12 f. P. glauca m. f. I. oxyrinchus m. a 0 50 100 150 200 250 300 350 Peso f. P. glauca m. f. I. oxyrinchus m. b 0 50 100 150 200 250 300 CF Figura 6. Variações em peso (a) e comprimento (b) para fêmeas e machos das espécies pelágicas, I. oxyrinchus e P. glauca. O limite inferior da caixa corresponde ao percentil 25 e o superior indica o percentil 75; a linha no interior da caixa corresponde à mediana. As barras de erro, à esquerda e à direita da caixa, representam os percentis 10 e 90, respectivamente. 13 100 80 % 60 40 20 2º Tri. 3º Tri. 4º Tri. 5º Tri. 6º Tri. Figura 7. Variação temporal da percentagem entre machos/fêmeas para a espécie II. oxyrinchus ; a branco — fêmeas; a negro — machos. 100 80 % 60 40 20 2º Tri. 3º Tri. 4º Tri. 5º Tri. 6º Tri. Figura 8. Variação temporal da percentagem entre machos/fêmeas para a espécie P P. glauca ; a branco — fêmeas; a negro — machos. 14 Tabela 1. Valores dos parâmetros de idade e crescimento (K e L∞ ) e reprodução para as diferentes espécies amostradas. C. coelolepis f. m. n L∞ (cm) K C. squamosus f. m. f. I. oxyrinchus m. f. P. glauca m. 258 78 161 229 82 92 291 197 126,23 0,51 103,00 0,33 136,75 0,25 137,67 0,25 193,08 0,14 250,24 0,11 238,29 0,11 221,60 0,18 Comp. maturação (cm) 85-90? 96-105 175-180 - 96 175 198 C50 (cm) fêmeas, cujos comprimentos variaram entre os 88—223cm e os 83—236cm, respectivamente. Contudo, tanto o peso (13,38kg) como o comprimento médio (134,23cm) dos machos foi maior que o das fêmeas (13,16kg e 130, 86cm — Figura 6). A percentagem destas na amostragem foi maior ao longo de quase toda a série temporal, exceptuando no terceiro trimestre em que a razão de sexos foi idêntica (Figura 8). 3.2. Idade e crescimento As estimativas de K e L∞ que melhor se ajustaram aos dados estão representadas na Tabela 1. 3.2.1. Centroscymnus coelolepis A relação entre o peso e o comprimento total, para fêmeas e machos, está representada na Figura 9. A correlação para o comprimento total das fêmeas acima dos 110cm é pouco fiável devido, provavelmente, à presença de embriões. Para além de atingirem tamanhos maiores, verifica-se a partir dos 100cm uma inflexão na sua curva de crescimento relativamente aos machos, cujo ganho em peso é mais lento. As equações de crescimento em peso corporal são: Fêmeas: PT = 2,33×10-6 × CT3,25 (rr = 0,904) Machos: PT = 1,24×10-5 × CT2,86 (r = 0,873) Na Figura 10 estão indicados os resultados obtidos para a análise de frequências. A sua interpretação é limitada devido não só à ausência de indivíduos pequenos na amostragem, mas também à não distinção de modas nos grupos de maior idade. 15 PT n = 258 a 20 40 60 80 100 120 140 80 100 120 140 CT PT n = 78 b 20 40 60 CT Figura 9. Relação peso — comprimento para a espécie, C. coelolepis. a — fêmeas; b — machos. 16 125 100 CT 75 50 25 a 1º Tri. 2º Tri. 3º Tri. 4º Tri. 5º Tri. 6º Tri. 1º Tri. 2º Tri. 3º Tri. 4º Tri. 5º Tri. 6º Tri. 100 CT 75 50 25 b Figura 10. Curvas de crescimento para a espécie C. coelolepis geradas pelo programa ELEFAN I. a — fêmeas (n = 258); b — machos (n = 78). 3.2.2. Centrophorus squamosus Tal como na espécie C. coelolepis, as fêmeas atingem comprimentos maiores e possuem um crescimento mais rápido que os machos (Figura 11). As equações representativas da curva de crescimento são: Fêmeas: PT = 1,28×10-6 × CT3,31 (rr = 0,911) Machos: PT = 1,12×10-4 × CT2,34 (rr = 0,774) Os machos de maiores dimensões (> 105cm) contribuem com a quase totalidade dos indivíduos da amostra, sendo os comprimentos inferiores a 90cm praticamente inexistentes. Os resultados da análise de frequência para as fêmeas estão evidenciados na Figura 12. No cálculo do parâmetro L∞ para os machos, obteve-se um valor (137,67cm; r = 0,866) demasiado distante do maior macho observado, o que comprometeu a restante análise. Por outro lado, o valor de 17 80 70 n = 161 60 PT 50 40 30 20 10 a 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 90 105 120 135 150 CT 80 70 n = 229 60 PT 50 40 30 20 10 b 15 30 45 60 75 CT Figura 11. Relação peso — comprimento para a espécie C. squamosus. a — fêmeas; b — machos. 125 CT 100 75 50 25 1º Tri. 2º Tri. 3º Tri. 4º Tri. 5º Tri. 6º Tri. Figura 12. Curvas de crescimento para as fêmeas da espécie C. squamosus geradas pelo programa ELEFAN I (n = 161). A diferença entre o primeiro trimestre e os restantes deve-se ao baixo número de indivíduos amostrado (n = 6). 18 350 300 n = 82 250 PT 200 150 100 50 a 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 160 180 200 220 240 260 280 300 CF 350 300 n = 92 250 PT 200 150 100 50 b 20 40 60 80 100 120 140 CF Figura 13. Relação peso — comprimento para a espécie II. oxyrinchus. a — fêmeas; b — machos. L∞ para as fêmeas (136,75cm; r = 0,996) está bastante próximo do maior valor observado na amostra. 3.2.3. Isurus oxyrinchus Os pesos dos machos variaram entre os 3,4 e os 123,3kg e o das fêmeas entre os 5,9 e os 293kg. As equações de crescimento em peso são: Fêmeas: PT = 2,06×10-5 × CF2,87 (rr = 0,954) Machos: PT = 3,84×10-5 × CF2,74 (rr = 0,973) O crescimento em peso é semelhante para ambos os sexos, embora a curva das fêmeas possua uma inflexão nos 200cm, a partir da qual estas apresentem um crescimento ligeiramente mais rápido (Figura 13). Contudo, a extrapolação acima 19 175 150 CF 125 100 75 50 25 a 2º Tri. 3º Tri. 4º Tri. 5º Tri. 6º Tri. 2º Tri. 3º Tri. 4º Tri. 5º Tri. 6º Tri. 250 225 200 175 CF 150 125 100 75 50 25 b Figura 14. Curvas de crescimento para a espécie I. oxyrinchus geradas pelo programa ELEFAN I. a — fêmeas (n = 81); b — machos (n = 92). 250 n f. = 81 n m. = 92 200 CF 150 100 50 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Idade Figura 15. Cur vas de crescimento de Von Bertalanff y para a espécie I. oxyrinchus. Linha superior machos — L ∞ = 250,24 cm, K = 0,11; linha inferior fêmeas — L∞ = 193,08 cm, K = 0,14. 20 80 70 n = 291 60 PT 50 40 30 20 10 a 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 140 160 180 200 220 240 260 CF 80 70 n = 197 60 PT 50 40 30 20 10 b 20 40 60 80 100 120 CF Figura 16. Relação peso — comprimento para a espécie, P P. glauca . a — fêmeas; b — machos. dos 180cm para ambos os sexos, pode estar enviesada por falta de indivíduos de tamanho maior. Nos resultados da análise de frequência observa-se uma progressão modal nos indivíduos mais pequenos, especialmente nos machos (Figura 14b). Nas classes de tamanho maior a existência de modas não é evidente. A fêmea de maior tamanho foi retirada da análise, uma vez que a sua inclusão gerava valores de K demasiado baixos. De acordo com Pratt Jr. e Casey (1983), optou-se por escolher t0 = -1 anos para ambos os sexos. Segundo estes autores, os juvenis desta espécie possuem provavelmente, a mesma taxa de crescimento no útero, já que crescem a taxas semelhantes e nascem com o mesmo tamanho. O valor de t0 = -1 é uma aproximação dos diferentes métodos usados pelos autores. A curva de crescimento de Von Bertalanffy está ilustrada na Figura 15. Tanto 21 250 200 175 CF 150 125 100 75 50 25 a 2º Tri. 3º Tri. 4º Tri. 5º Tri. 6º Tri. 2º Tri. 3º Tri. 4º Tri. 5º Tri. 6º Tri. 250 200 175 CF 150 125 100 75 50 25 b Figura 17. Curvas de crescimento para a espécie P. glauca geradas pelo programa ELEFAN I. a — fêmeas (n = 291); b — machos (n = 197). 250 n f. = 291 n m. = 197 200 CF 150 100 50 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Idade Figura 18. Cur vas de crescimento de Von Bertalanff y para a espécie P. glauca. Linha superior machos — L ∞ = 221,60 cm, K = 0,18; linha inferior fêmeas — L ∞ = 238,29 cm, K = 0,11. 22 as fêmeas como os machos apresentam um crescimento inicial rápido de 20,5 e 22,1cm nos dois primeiros anos. 3.2.4. Prionace glauca A relação entre peso e comprimento à forquilha está representada na Figura 16. As respectivas equações de crescimento são: Fêmeas: PT = 3,51×10-6 × CF3,07 (rr = 0,984) Machos: PT = 3,36×10-6 × CF3,07 (rr = 0,989) Em ambos os gráficos a correlação para comprimentos superiores a 200 cm é dúbia devido à escassez de amostras. Os pesos (eviscerados) dos machos variaram entre os 3,5 e os 46 kg, e os das fêmeas entre 3 e 60,9 kg. Na figura 17, a progressão de modas, quer nas fêmeas, quer nos machos não é evidente, especialmente nas classes de maior tamanho. Para a construção da curva de crescimento de Von Bertalanffy utilizou-se t0 = -1,77 e t0 = -1,35 anos (Skomal e Natanson 2003) para fêmeas e machos, respectivamente, visto que o programa ELEFAN I não produz estimativas desse parâmetro (Figura 18). O crescimento inicial dos machos é bastante rápido, com um incremento de 28,6cm no primeiro ano e 23,9cm no segundo. As fêmeas crescem 20,4 e 18,3cm no mesmo período. 3.3. Reprodução 3.3.1. Centroscymnus coelolepis O baixo número de indivíduos amostrados não permitiu a limitação temporal de uma, ou mais épocas de reprodução nem a obtenção de uma estimativa do tamanho de maturação. A falha neste procedimento deveu-se ao facto de não ter sido possível ajustar uma regressão logística aos dados, nem se ter observado um claro aumento na relação entre o comprimento dos pterigopódios e o comprimento total. Contudo, os dados sugerem um valor que ronda os 85—90 cm de CT. 3.3.2. Centrophorus squamosus A predominância de machos maduros ao longo de toda a série temporal parece indicar que esta espécie se reproduz todo o ano (Figura 19). A percentagem de machos maduros em relação ao comprimento está representada na Figura 20. O maior macho imaturo media 114cm e o macho maduro mais pequeno tinha 23 100 80 % 60 40 20 1º Tri. 2º Tri. 3º Tri. 4º Tri. 6º Tri. 5º Tri. Figura 19. Variação temporal da percentagem entre machos maduros/imaturos para a espécie C. squamosus; a branco — m. imaturos; a negro — m. maduros. 100 n = 229 % Maturação 80 60 40 20 60 70 80 90 100 110 120 130 CT Figura 20. Relação machos maduros — comprimento total para C. squamosus; comprimento CT50 = 96cm. 24 CP n = 229 80 85 90 95 100 105 110 115 120 125 CT Figura 21. Relação comprimento dos pterigopódios — comprimento total para a espécie C. squamosus. 82cm, com o tamanho de 50% de maturação a ser equivalente a 96cm (78,69% do comprimento total). No gráfico que compara o comprimento dos pterigopódios com o comprimento total (Figura 21) não é evidente um aumento no tamanho dos primeiros, embora a relação pareça estabilizar para valores de CT = 100—105cm. 3.3.3. Isurus oxyrinchus A maior percentagem de machos maduros de anequins foi observada entre Janeiro e Junho de 2004 (Figura 22). Porém, o baixo número de indivíduos amostrados não permite que este período possa ser definido como a época de reprodução desta espécie em águas portuguesas. A regressão logística aplicada à relação entre a percentagem de maturação e o comprimento à forquilha, definiu 175cm como tamanho de maturação para os machos (Figura 23). Este valor representa 71,43% do tamanho máximo. Os pterigopódios começam a alongar quando os machos atingem cerca de 120cm de comprimento e um crescimento mais rápido inicia-se aos 140cm (Figura 24). O crescimento dos órgão sexuais abranda quando atingem cerca de 30cm de comprimento (180 cm CF). Ambas as análises indicam que os anequins macho atingem a maturidade sexual entre os 175 e os 180cm de comprimento. 25 100 80 % 60 40 20 2º Tri. 3º Tri. 4º Tri. 5º Tri. 6º Tri. Figura 22. Variação temporal da percentagem entre machos maduros/imaturos para a espécie I. oxyrinchus; a branco — m. imaturos; a negro — m. maduros. 100 n = 92 % Maturação 80 60 40 20 50 100 150 200 250 CF Figura 23. Relação machos maduros — comprimento à forquilha I. oxyrinchus; comprimento CF50 = 175cm. 26 CP n = 92 100 120 140 160 180 200 220 240 260 CF Figura 24. Relação comprimento dos pterigopódios — comprimento à forquilha para a espécie I. oxyrinchus. 100 80 % 60 40 20 2º Tri. 3º Tri. 4º Tri. 5º Tri. 6º Tri. Figura 25. Variação temporal da percentagem entre machos maduros/imaturos para a espécie P. glauca; a branco — m. imaturos; a negro — m. maduros. 27 100 n = 197 % Maturação 80 60 40 20 80 100 120 140 160 180 200 220 240 CF Figura 26. Relação machos maduros — comprimento à forquilha para P. glauca; comprimento CF50 = 198cm. CP n = 197 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 CF Figura 27. Relação comprimento dos pterigopódios — comprimento total para a espécie P. glauca. 28 3.3.4. Prionace glauca No período de Julho a Setembro de 2003, registou-se uma maior percentagem de machos maduros (Figura 25) o que parece indicar que o acasalamento na zona este do Atlântico ocorre no verão. A mesma época de reprodução foi sugerida por Pratt Jr. (1979) para o Atlântico oeste. O comprimento em que 50% dos machos estavam maduros estimou-se em 198 cm (88,79% do tamanho máximo — Figura 26). O valor do tamanho de maturação não pôde ser corroborado pela relação entre o comprimento dos órgãos sexuais e comprimento total, uma vez que a ausência de indivíduos de maior tamanho limitou a sua aplicação (Figura 27). 29 4. Discussão 4.1. Estatísticas gerais O intervalo de comprimentos observados para a espécie C. coelolepis é relativamente semelhante ao detectado ao largo da costa inglesa e no Japão, embora no último caso não se registem indivíduos maiores que 110cm (Yano e Tanaka 1984, Girard e Du Buit 1999). A predominância de fêmeas foi também mencionada noutros estudos, facto que os autores consideraram como indicativo de segregação sexual em profundidade (Yano e Tanaka 1988, Clarke et al. 2001, Veríssimo et al. 2003). No presente trabalho não foram identifcadas fêmeas de C. squamosus com um tamanho superior a 127cm. Tal não invalida que, tanto Girard e Du Buit (1999), como Clarke et al. (2002), tenham observado fêmeas com 140—145cm, o que demonstra a existência de dimorfismo sexual nesta espécie. Tanto ao largo da costa inglesa como da irlandesa, o sex ratio favorece os machos. Para ambas as espécies, a segregação espacial dos indivíduos mais pequenos é a explicação mais plausível para a sua ausência na área de amostragem, visto que, mesmo a utilização de aparelhos de pesca capazes de capturar espécies mais pequenas (ex. Etmopterus princeps — 27cm) produz resultados semelhantes (Yano e Tanaka 1984, Girard e Du Buit 1999, Clarke et al. 2002). Num estudo em que foram amostrados 2081 anequins no Oceano Atlântico, o de maior tamanho media 338cm (Kohler et al. 1996) e o mais pequeno 65cm (Kohler et al. 1996, Buencuerpo et al. 1998). Assim, o intervalo de comprimentos verificado no presente trabalho enquadra-se nesses resultados. Para a zona portuguesa, os autores fazem referência a uma relação entre a percentagem de machos/fêmeas que ronda os 50%, embora Buencuerpo et al. (1998) afirmem que acima dos 40ºN (Figueira da Foz) o sex ratio favoreça os machos (1:0,4), o que sugere a existência de uma segregação sexual para Norte. Infelizmente os resultados obtidos neste 30 trabalho não permitem corroborar esta observação, pelo facto da maioria dos tubarões pelágicos ter sido capturada a sudoeste do Cabo de São Vicente. De acordo com Kohler et al. (1996) o intervalo de comprimentos para o tubarão-azul no Atlântico situa-se entre os 32 e os 255cm para os machos e os 30 e os 381cm para as fêmeas, correspondendo a maioria a indivíduos imaturos. Mais uma vez, os resultados estão de acordo com as informações publicadas, embora não se tenham observado indivíduos nos extremos do intervalo proposto. A diferença na zona superior do intervalo resulta do facto dos tubarões de maiores dimensões serem normalmente devolvidos ao mar por possuirem um valor comercial mais baixo (obs. pessoal). Apesar de o sex ratio observado para esta espécie favorecer as fêmeas, o valor obtido é bastante superior ao sugerido por outros autores (Stevens 1976, Henderson et al. 2001, Kohler et al. 2002). As diferenças entre a relação machos/fêmeas são, muito provavelmente, uma consequência da existência de segregação sexual (Stevens e McLoughlin 1991), um fenómeno generalizado entre os elasmobrânquios (Springer 1940, 1960). A separação espacial existente entre ambos os sexos, à excepção do período de acasalamento, pode ser uma adaptação das fêmeas para evitarem os perigos associados ao comportamento copulatório dos machos (Nakano 1994). 4.2. Idade e crescimento A aplicação de técnicas de análise modal a elasmobrânquios possui várias limitações, uma vez que estes apresentam, na geralidade dos casos, taxas de crescimento lentas (Smith 1984, Branstetter 1990, Campana 2001). Para além deste facto, o baixo número de indivíduos amostrado, a necessidade de os agrupar temporalmente e a sobreposição de modas nas classes de tamanho maiores, têm condicionado a sua utilização ao estudo dos indivíduos mais pequenos (Davenport e Stevens 1988, Killam e Parsons 1989, Simpfendorfer 1993, Carlson e Parsons 1997, Natanson et al. 2002). No entanto, a análise de frequências de comprimento foi aplicada com sucesso em alguns casos (Pratt Jr. e Casey 1983, Killam e Parsons 1989, Kusher et al. 1992). Na generalidade das espécies de tubarões, as fêmeas atingem valores de comprimento, pesos totais e taxas de crescimento superiores às dos machos. 31 Tais diferenças ficam, provavelmente, a dever-se à função reprodutora, já que a maturação das gónadas e posterior gestação reflectem-se em elevados gastos de energia por parte das fêmeas (Klimley 1987). Convém então referir que os dados obtidos para as espécies pelágicas estão em desacordo com o acima mencionado, devido à ausência de indivíduos de maiores dimensões que, na sua maioria, são fêmeas (Pratt Jr. e Casey 1983, Skomal e Natanson 2003). Comparativamente às espécies pelágicas, as espécies de fundo possuem, na generalidade dos casos, taxas de crescimento mais lentas. Assim, o valor de K obtido para ambas as espécies bentónicas é bastante superior ao esperado. Tal como referido na descrição dos resultados, a ausência de indivíduos de menor tamanho terá limitado a estimativa dos parâmetros de crescimento. Este mesmo facto, aliado à inutilidade dos anéis de crescimento presentes nos espinhos dorsais de algumas espécies, impediu a aplicação do modelo de Von Bertalanffy em vários estudos (Soldat 1982, Polat e Gumus 1995, Clarke et al. 2002). 4.2.1. Isurus oxyrinchus A remoção da fêmea de maiores dimensões da análise permitiu a obtenção de um valor de K com um significado relevante, sendo este um procedimento válido (Wintner e Cliff 1999). No entanto, a ausência de indivíduos maiores provoca uma subestimação, tanto do valor de L∞ (Tanaka 1990, Kusher et al. 1992, Wintner e Cliff 1999), como da velocidade de crescimento, principalmente para as classes de maior comprimento. O facto de anequins com um tamanho superior a 200cm (80—100kg) poderem cortar as linhas usadas pela frota comercial (obs. pessoal, Pratt Jr. e Casey 1983) explica, em parte, a sua baixa frequência nas amostragens. Os parâmetros obtidos para a curva de crescimento de Von Bertalanffy obtidos (ver Tabela 1) são inferiores aos publicados por Pratt Jr. e Casey (1983): fêmeas com um K de 0,266 e um L∞ de 345cm; machos com K e L∞ de 0,202 e 302cm, respectivamente. O valor do comprimento assimptótico foi claramente subestimado, porém o valor do coeficiente de crescimento está mais próximo dos valores de outras espécies pertencentes à família Lamnidae. Assim, estima-se que o valor da constante de crescimento do tubarão-branco (Carcharodon carcharias) seja de 0,065 (Wintner e Cliff 1999) e que o do sardo (Lamna nasus) se situe entre 0,07 (Natanson et al. 2002) e 0,116 (Aasen 1963). Contudo, Pratt Jr. e Casey (1983) 32 utilizaram quatro métodos diferentes, entre os quais dois dos mais robustos: a contagem de anéis em vértebras e dados de recapturas. Para além disso, a curva de crescimento proposta por estes autores ajusta-se melhor ao comprimento do anequim à nascença, entre os 65 e os 70cm (Stevens 1983, Cliff et al. 1990, Kohler et al. 2002) e produz uma estimativa mais realista da idade de maturação. Em suma, os parâmetros obtidos no presente estudo não permitem uma boa estimativa do crescimento e idade da espécie I. oxyrinchus em águas nacionais. 4.2.2. Prionace glauca Tal como verificado em estudos anteriores, o baixo número de indivíduos amostrados e a utilização de um intervalo de comprimentos inadequado (Skomal e Natanson 2003), limitou, em parte a utilidade do presente trabalho. No entanto, o valor do coeficiente de crescimento obtido (ver Tabela 1) está de acordo, quer com o valor de K estimado para o Atlântico, entre 0,11 e 0,18 (Stevens 1975, Henderson et al. 2001, Skomal e Natanson 2003), quer para o Pacífico, entre 0,13 e 0,14 (Nakano 1994). O valor do comprimento assimptótico foi, tal como na espécie anterior, subestimado. Apesar das diferenças entre o crescimento de ambos os sexos ser pequena, o resultado aponta para o facto das fêmeas crescerem mais devagar, mas atingirem comprimentos maiores. O mesmo resultado foi obtido por Skomal e Natanson (2003). O comprimento do tubarão-azul à nascença situa-se entre os 35 e os 44cm (Pratt Jr. 1979, Henderson et al. 2001). O valor obtido para as fêmeas (42cm) enquadra-se nesse intervalo, embora o dos machos seja ligeiramente superior (47cm). Assim, a curva de crescimento obtida fornece uma boa estimativa do crescimento inicial da espécie P. glauca, pelo menos até aos 3—4 anos, idade a partir da qual o crescimento é subestimado quando comparado com outros estudos. A população amostrada ao largo da costa portuguesa possui duas modas, uma aos 110 e outra aos 150cm. De acordo com a equação de Von Bertalanffy obtida, estes comprimentos correspondem aos 4 e 7 anos de idade. Segundo a curva de crescimento proposta por Skomal e Natanson (2003) para esta espécie no Atlântico norte, os valores das modas situam-se entre os 3—5 anos. 33 4.3. Reprodução O tamanho e rigidez dos órgãos copuladores foram considerados os meios mais eficazes e simples de determinar a maturidade sexual dos machos (Pratt Jr. 1979, Jensen et al. 2002). A sua utilização foi eficaz na determinação do tamanho de maturação, tanto em tubarões (Castro 2000, Yamaguchi et al. 2000, Hazin et al. 2001, Conrath e Musick 2002), como em raias (Martin e Cailliet 1988). 4.3.1. Centroscymnus coelolepis C. coelolepis não parece ter uma época de reprodução bem definida (Yano e Tanaka 1988, Girard et al. 2000, Veríssimo et al. 2003). Nos locais onde esta espécie já foi estudada, observam-se nas fêmeas a presença de ovos maduros nos ovários e ovos fertilizados no útero em vários meses do ano, e nos machos uma espermatogénese continua. A dominância de machos imaturos na amostra impediu Veríssimo et al. (2003) de definir um comprimento de maturação para esta espécie ao largo de Portugal. Para as populações japonesas este parâmetro foi estimado em 70cm (Yano e Tanaka 1988), valor este bastante inferior ao proposto neste estudo (85—90cm). Uma vez que ao largo do Japão não se observam machos com comprimentos superiores a 90cm, é provável que esta espécie atinja nesse local o tamanho de maturação mais cedo. 4.3.2. Centrophorus squamosus Girard et al. (2000) observou que esta espécie se reproduz ao longo de todo o ano ao largo da costa oeste inglesa. Esta estratégia reprodutiva parece ser comum em várias espécies de tubarões bentónicos (Yano e Tanaka 1988, Yano 1995). Estas observações corroboram a hipótese postulada por Parsons e Grier (1992) de que tubarões que se reproduzem continuamente habitam em ambientes pouco variáveis. Clarke et al. (2002) estimou que C. squamosus atinge o tamanho de maturação aos 102cm, o que está dentro do intervalo proposto no presente estudo. 4.3.3. Isurus oxyrinchus Embora o baixo número de indivíduos amostrado não permita definir com precisão uma época de reprodução, a estimativa de esta ocorrer entre Janeiro a Junho está de acordo com o período temporal definido por Cliff et al. (1990): Março a Junho. 34 Se a gestação desta espécie dura 18 meses (Mollet et al. 2000) o nascimento das crias ocorrerá nos meses de inverno, o que mais uma vez, coincide com as informações publicadas (Pratt Jr. e Casey 1983, Mollet et al. 2000). Segundo Gubanov (1978) e Cliff et al. (1990) os machos atingem a maturação sexual entre os 160 e os 180cm e apesar de Stevens (1983) ter definido um comprimento maior (195cm), a estimativa de 175—180cm aqui proposta é bastante fiável. Concluindo, a população de I. oxyrinchus amostrada nas lotas nacionais atinge a maturidade sexual por volta dos 2—3 anos de idade (Pratt Jr. e Casey 1983). 4.3.4. Prionace glauca Pratt Jr. (1979) observou que a espécie P. glauca possui um período de gestação com a duração de 9 a 12 meses, e que o verão seria a época de acasalamento. Assim, o nascimento das crias ocorreria nos meses de Abril—Maio, sendo precisamente esta a altura em que se observam fêmeas com embriões completamente formados ao largo da costa portuguesa (obs. pessoal). Os machos atingem a maturidade sexual entre os 183 (Pratt Jr. e Casey 1983) e os 220cm (Stevens 1976, Lessa et al. 2004). Logo, a estimativa de 198cm do presente trabalho parece ser realista. Pode assim dizer-se que a maturação desta espécie em águas nacionais ocorre por volta dos 4—5 anos de idade (Skomal e Natanson 2003). De acordo com a curva representada na figura 14, o comprimento de maturação é atingido aos 10 anos, o que demonstra que o crescimento foi claramente subestimado. 35 5. Conclusão Na última década foram descritos vários casos de sobre-exploração de populações de tubarões que resultam não só da pesca comercial mas também de actividades desportivas (Hanan et al. 1988, Vas 1990, Stevens 1992, Clarke et al. 2001). Porém, a falta de estatísticas sobre a quantidade de tubarões desembarcados é um facto generalizado (Buencuerpo et al. 1998) e não um problema específico português. O presente trabalho, apesar das dificuldades inerentes ao baixo número de indivíduos amostrados, permitiu demonstrar que existe uma elevada percentagem (cerca de 95%) de tubarões pelágicos imaturos desembarcados, e que, nos casos em que as análises o permitiram, as espécies capturadas possuem uma maturação tardia e taxas de crescimento lentas. Como exemplo, a espécie P. glauca aparece na amostragem quando atinge os 80cm de comprimento, que de acordo com a curva de crescimento produzida, corresponde a uma idade de dois anos. Tal como referido anteriormente, os machos atingem a maturação sexual entre os 4—5 anos de idade. Assim, o conjunto de informações obtido permite esclarecer algumas características relativas à biologia geral das espécies estudadas. No entanto, importa referir que a aplicação da análise de frequências às espécies pelágicas apenas forneceu boas estimativas para o crescimento inicial de P. glauca. Nas espécies bentónicas, os valores de K foram demasiado elevados, uma vez que os elasmobrânquios exibem maioritariamente estratégias de vida do tipo K que se reflectem, entre outras características, num crescimento lento (Stevens et al. 2000). Adicionalmente, estas espécies habitam em zonas onde as condições ambientais implicam profundos constrangimentos fisiológicos que se reflectem numa reduzida taxa de crescimento. Assim, na generalidade dos casos aqui abordados, fica por esclarecer a relação entre crescimento e idade. Relativamente à biologia reprodutiva dos machos, a análise dos dados permitiu, à excepção da espécie C. coelolepis, obter o comprimento de maturação. 36 Os resultados indicam que esta é atingida com um valor médio de 80% do comprimento máximo, indicativo de maturação tardia. Para as espécies pelágicas foi possível definir uma época de reprodução, que decorre de Janeiro a Junho para I. oxyrinchus e de Julho a Setembro para P. glauca. As espécies bentónicas aparentam ter uma reprodução contínua. No futuro, seria importante continuar a desenvolver esforços, (1) na obtenção quer de uma maior quantidade de dados, quer de dados estratificados por áreas geográficas, e (2) na extensão deste tipo de trabalho ao estudo da dinâmica populacional das fêmeas. Todas estas informações são requisitos essenciais à incorporação deste tipo de estudo em programas de gestão das pescas e conservação das espécies (Cailliet et al. 1992, Francis e Stevens 2000). 37 Bibliografia Aasen, O. 1963. 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