certificação de berços e sua influência no mercado
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III Encontro Científico do GEPro Grupo de Estudo de Produção CERTIFICAÇÃO DE BERÇOS E SUA INFLUÊNCIA NO MERCADO Ana Maria Slompo¹; Maria Letícia de Moraes²; Alessandro Lameiro Brancão3 123 Faculdade de Tecnologia de Jahu – FATEC-JAHU [email protected]; Resumo O Presente estudo aborda a certificação de berços infantis proposta pela NBR 15860 e as transformações causadas pela norma no cotidiano de fabricantes, lojistas e usuários. Neste artigo, encontra-se uma revisão bibliográfica focada nos conceitos de certificação de produtos, os organismos certificadores, as mudanças nos berços e as exigências da norma. Em seguida, apresenta-se uma pesquisa com consumidores, lojistas e fabricantes que se propõe a ilustrar as percepções acerca das mudanças causadas pela referida norma. Considerando os dados apontados, percebe-se a importância da certificação dos berços e as vantagens de segurança e qualidade promovidas pela norma. Palavras-chaves: CERTIFICAÇÃO, QUALIDADE, BERÇOS. Abstract The present study addresses the certification of infant cribs proposed by NBR 15860 and the changes caused by the standard in everyday manufacturers, retailers and users. This article is a literature review focused on the concepts of product certification, certification bodies, changes in cribs and the requirements of the standard. Then, we present a survey of consumers, retailers and manufacturers that purports to illustrate perceptions of changes caused by this standard. Considering the data pointed, realizes the importance of certification and the advantages of the cradles of safety and quality promoted by the standard. Keywords: CERTIFICATION, QUALITY, CRADLE. Introdução A preocupação com a segurança de bebês e crianças no Brasil sempre foi importante, mas no inicio de 2013, ficou em evidência devido às exigências das novas normas publicadas para a comercialização de berços. Após inúmeras fatalidades e acidentes ocorridos pelas diversas falhas no setor mobiliário infantil, esse produto passou por uma rigorosa avaliação do Inmetro, que através da norma ABNT NBR 15860, regulamenta os berços fabricados e comercializados em todo território nacional, criando um padrão de qualidade e segurança. A certificação é realizada para determinar e confirmar que a qualidade do produto é confiável e que foi testado de diferentes formas para medir a total segurança no berço, de modo padronizado e estipulado pelo órgão. O tema tratado requer atenção, principalmente dos consumidores, que poderão ter a certeza de que estão adquirindo um produto de uma empresa séria e comprometida com qualidade e segurança, ficando mais tranquilos e confiantes sabendo que não estão expondo a criança a uma série de riscos. Objetivos O presente trabalho tem como objetivo conceituar a certificação de produtos no Brasil, que é uma das principais formas de garantir a qualidade, segurança e a padronização III Encontro Científico do GEPro Grupo de Estudo de Produção de produtos, sendo importante na relação empresa e consumidor, mostrando transparência e confiabilidade na marca. Interfere também na exportação e importação de produtos, fortalecendo as indústrias nacionais, e melhorando sua competitividade em relação aos concorrentes. Contextualizar o surgimento da norma ABNT NBR 15860, cujo objetivo é fazer mudanças e melhorias nos berços infantis de modo que previna acidentes com bebês e crianças, mostrando as mudanças nas exigências para garantir a segurança do produto. Verificar o quão informado os consumidores brasileiros estão sobre a adequação de produtos, neste caso sobre os berços, pois é de extrema importância levar em consideração a escolha de um produto certificado, tornando o selo de qualidade parte integrante do processo de melhoria da indústria nacional. Apresentar depoimentos de fabricantes e lojistas que se adequaram as novas exigências, relatando as dificuldades encontradas no processo, melhorias e expectativas com a norma. Metodologia Inicialmente a metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica, com levantamentos em artigos e publicações na internet sobre certificação de produto. Revisão bibliográfica é uma pesquisa teórica que tem por objetivo estudar um foco ou um assunto, não apenas citando partes desses textos, repetindo o que já está escrito, mas sim, conseguir ter uma visão crítica daquilo que está escrito, é uma atividade científica que ajuda a descobrir e entender a realidade (MARCONI e LAKATOS, 2006, p. 71). Realizou em seguida a coleta de dados feita através do método de entrevista semiestruturada, a qual o entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere adequada podendo explorar de maneira mais ampla a questão (MARCONI e LAKATOS 1999). Foram analisados depoimentos de dois fabricantes de berços infantis existentes no mercado brasileiro, para verificar a reestruturação das empresas após as mudanças para se adequar a norma. Visitou-se um estabelecimento especializado em móveis infantis na cidade de Jaú, onde a proprietária entrevistada relatou algumas dificuldades à adaptação, prazos para serem cumpridos e benefícios já existentes. Clientes, nesse mesmo ambiente, foram abordados, mais especificamente os que iriam adquirir o mobiliário infantil, para analisar o conhecimento que possuíam em relação às mudanças e certificação do berço. Revisão Bibliográfica Inmetro O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia, Inmetro, é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que atua como Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro), colegiado interministerial, que é o órgão normativo do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro). Objetivando integrar uma estrutura sistêmica articulada, o Sinmetro, o Conmetro e o Inmetro foram criados pela Lei 5.966, de 11 de dezembro de 1973, cabendo a este último substituir o III Encontro Científico do GEPro Grupo de Estudo de Produção então Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INPM) e ampliar significativamente o seu raio de atuação a serviço da sociedade brasileira (INMETRO, 2001). O Inmetro tem como objetivo fortalecer as empresas nacionais, aumentando sua produtividade por meio da adoção de mecanismos e testes destinados à melhoria da qualidade de produtos e serviços. Sua missão é gerar confiança nos consumidores brasileiros que estarão utilizando de produtos avaliados e testados dentro de normas vigentes de qualidade, o que aumenta também a competitividade e inovação das empresas nacionais em relação aos produtos importados e nacionais concorrentes. Esse órgão é o responsável pela execução das políticas nacionais de metrologia e da qualidade no Brasil, assim como também verifica a utilização das normas técnicas e legais referentes às unidades de medidas, métodos de medição, medidas materializadas, instrumentos de medição. Dentre suas competências e atribuições destacam-se também: Manter e conservar os padrões das unidades de medida, assim como implantar e manter a cadeia de rastreabilidade dos padrões das unidades de medida no país, de forma a torná-las harmônicas internamente e compatíveis no plano internacional, visando, em nível primário, a sua aceitação universal e, em nível secundário, a sua utilização como suporte ao setor produtivo, com vistas à qualidade de bens e serviços; além de fortalecer a participação do país nas atividades internacionais relacionadas com metrologia e qualidade, além de promover o intercâmbio com entidades e organismos estrangeiros e internacionais; prestar suporte técnico e administrativo ao Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro), bem assim aos seus comitês de assessoramento, atuando como sua Secretaria-Executiva; fomentar a utilização da técnica de gestão da qualidade nas empresas brasileiras; planejar e executar as atividades de acreditação, de laboratórios, de calibração e de ensaios, de provedores de ensaios, de proficiência, de organismos, de certificação, de inspeção, de treinamento e de outros, necessários ao desenvolvimento da infraestrutura de serviços tecnológicos no país, desenvolvimento, no âmbito do Sinmetro, de programas de avaliação da conformidade, nas áreas de produtos, processos, serviços e pessoal, compulsórios ou voluntários, que envolvem a aprovação de regulamentos (INMETRO, 2001). O Inmetro é atualmente conhecido por 62% da população brasileira. Dentre os que o conhecem, 86% confiam nele e 85% e utilizam as informações do Inmetro nas suas decisões de compra. A satisfação do usuário em relação ao Inmetro é medida pelo Serviço de Atendimento ao Cidadão e pelo Serviço Via Internet, e atingiu, em 2001, índices de 88,1% e 79,3%, respectivamente. A satisfação do usuário com a certificação compulsória, com a verificação dos instrumentos de medir e a confiabilidade dos exportadores com o sistema metrológico atingiu, no ano de 2001, índices de 95,5%, 95,8% e 93,5%, respectivamente. O Inmetro criou uma forte marca, e elevada credibilidade junto à população, ocupando um espaço na mídia. O número de instrumentos verificados, em todo o país, passou de três milhões, em 1994, para onze milhões, em 2001 (OLIVEIRA, 2002). III Encontro Científico do GEPro Grupo de Estudo de Produção ABNT Fundada em 1940, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o órgão responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro (ABNT, 2006). É uma entidade privada, sem fins lucrativos e a única e exclusiva representante no Brasil das seguintes entidades internacionais: ISO (International Organization for Standardization), IEC (International Electrotechnical Commission); e das entidades de normalização regional COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e a AMN (Associação MERCOSUL de Normalização). Sua missão é: Prover a sociedade brasileira de conhecimento sistematizado, por meio de documentos normativos, que permita a produção, a comercialização e uso de bens e serviços de forma competitiva e sustentável nos mercados interno e externo, contribuindo para o desenvolvimento científico e tecnológico, proteção do meio ambiente e defesa do consumidor (ABNT, 2006). Certificação de produtos Os mercados estão se tornando cada vez mais exigentes e, assim, um certificado de conformidade pode alavancar crescimento e evolução. Certificar um produto ou serviço significa comprovar junto ao mercado e aos clientes que a organização possui um sistema de fabricação, investe em treinamento de pessoal ou possui sistema de gestão ativo, garantindo a confecção de produtos ou a execução dos serviços de acordo com normas específicas, tendo sua diferenciação face aos concorrentes (ABNT, 2006). A ABNT atua desde a década de 50 na certificação de conformidade de produtos e serviços (ABNT, 2006). Esta atividade está fundamentada em guias e princípios técnicos internacionalmente aceitos e alicerçada em uma estrutura técnica e de auditores multidisciplinares, garantindo credibilidade, ética e reconhecimento dos serviços prestados. A certificação ABNT está capacitada a atender de forma abrangente tanto às exigências governamentais, quanto às iniciativas voluntárias dos mercados produtor e consumidor, em busca da identificação e seleção de organizações com padrão de qualidade de produtos e serviços. Neste aspecto, a certificação ABNT tem sido um forte instrumento para elevação dos padrões setoriais de concorrência, assegurando vantagens competitivas para os produtos e serviços que ostentam sua marca e, para as organizações, uma possibilidade a mais para diferenciação e crescimento. Berço Presente na maioria dos quartos de bebê, os berços interagem no desenvolvimento da criança futuramente. Rabinovich (1993) descreve que o berço pode ser pensado como o espaço individual privativo do bebê. O berço é o mobiliário infantil mais citado em acidentes infantis (OLIVEIRA, 2011). Apesar da existência de vários modelos, o Inmetro os define como: qualquer cama equipada com barras ou algum outro tipo de barreira para impedir a queda de bebês, com comprimento interno superior a 900 mm, porém não superior a 1400 milímetros (INMETRO, 2011). Podendo ser também desmontado ou dobrado, para transporte, sem uso de uma ferramenta. Isto não inclui itens tais como berços portáteis com alças III Encontro Científico do GEPro Grupo de Estudo de Produção (moisés) ou berço de balanço ou de movimento pendular: berços de balanço são peças de mobiliário utilizadas para assentar crianças até que estas estejam aptas a sentar, ajoelhar ou se levantar. O comprimento interno da base do berço deve ser no máximo de 900 mm. Os berços de balanço consistem de um corpo e de uma estrutura, que podem ser balançados. O corpo do berço de balanço, quando oscilar, balançar ou girar, não pode ser utilizado sem a sua estrutura. Na fase inicial da vida de uma criança, ela passa de quinze a dezesseis horas repousando/dormindo em seu berço (OLIVEIRA e MAFRA, 2010), precisando nesse caso, de atenção redobrada no mobiliário, que necessita ser seguro e confortável. Segundo Françoia (2011), um novo estudo feito pelo Centro de Pesquisa do Hospital Nacional de Crianças, nos Estados Unidos, mostrou que em média vinte e seis crianças são levadas ao hospital todos os dias após sofrer acidentes com berço, moisés e cercadinhos. Os pesquisadores analisaram os dados do Sistema Eletrônico de Vigilância de Acidentes entre 1990 e 2008 e descobriram que mais de cento e oitenta mil crianças menores de dois anos tiveram de ser socorridas por esse tipo de acidente. Quedas, segundo o pediatra Gary Smith, autor do estudo e diretor do hospital, é o acidente mais comum. No Brasil, não existem dados específicos de acidentes com berço, mas os números do Ministério da Saúde mostram que cento e sessenta e cinco bebês menores de um ano morreram no ano passado decorrente de à queda de cama (seja da própria criança ou dos pais). Norma ABNT NBR 15860 Considerando a necessidade de zelar pela segurança de crianças e bebês, visando à prevenção de acidentes, a norma ABNT NBR 15860 foi criada. Ela certifica os berços através de testes químicos, mecânicos, de resistência e impacto e padroniza manuais de instruções e medidas. Entre os aspectos mais importantes avaliados pela norma estão: os materiais, dimensões, marcação, rotulagem e embalagem, partes salientes, espaços, aberturas, partes descartáveis, resistência, estabilidade e durabilidade. Materiais: Existem diversos tipos de berços com diferentes tipos de materiais: de madeira, metal, tecido, desmontáveis, com altura ajustável, etc. A norma avalia se esses materiais são resistentes, se não enferrujam, se soltam tinta, entre outros aspectos que estão discriminados para cada tipo de material. A madeira não pode ser frágil ou quebradiça ou apresente falha de compressão ou medula e deve ser isenta de apodrecimento e ataque de insetos. Todo metal, incluindo partes como molas, porcas, parafusos e arruela, devem ser feito de material resistente à corrosão. As partes metálicas ao alcance da criança devem ser submetidas ao ensaio de névoa salina para garantir que não enferrujem no uso. Quaisquer plásticos, revestimentos de tintas, vernizes ou acabamentos similares não devem conter metais pesados acima dos limites especificados pela norma, pois são cumulativos no organismo da criança e podem acarretar doenças. Tecidos tingidos, usados em qualquer parte do berço, não devem apresentar manchas, ou seja, devem ser tratados para fixar a cor. As superfícies dos materiais e das partes internas e externas do berço possíveis de serem acessadas pela criança não podem expô-las a elementos tóxicos. Dimensões: Em relação às dimensões e à estrutura do berço, a norma especifica que os fabricantes devem construir os berços tomando certos cuidados. Não deve haver decalques ou adesivos nas superfícies internas do berço acessíveis a criança. Somente dois pés do berço devem ter rodinhas ou rodízios, os outros dois deverão ser III Encontro Científico do GEPro Grupo de Estudo de Produção fixos. Se o berço tiver rodinhas nos quatro pés ou apoios, duas devem conter travas; nos desmontáveis, os parafusos não podem ser fixados diretamente na madeira, pois poderia desgastar, fazendo com que surjam folgas deixando o produto instável. Em relação ao estrado, no caso de berços com altura ajustável, não deve ser possível mudar a altura sem o uso de uma ferramenta ou substituição de encaixe sob o estrado. A ideia é minimizar o risco de mudar sozinho de posição. A distância entre o estrado e as laterais ou paredes do berço não pode ser maior do que 2,5 centímetros. Assim, evita-se que a criança prenda os braços ou as pernas. As ripas do estrado devem ser de seis centímetros de intervalo, caso não, o bebê pode prender a perna ou o braço. A altura das laterais e paredes do berço deve ser de, no mínimo, sessenta centímetros a partir do estrado (na posição mais baixa). Caso contrário, existe o risco do bebê pular por cima da grade lateral ou das paredes. Qualquer espaço vazado ou distância entre duas barras no berço deverá ser de no mínimo 4,5 cm e no máximo 6,5 cm. Esse espaçamento evita que a cabeça, o ombro do bebê ou a mão fiquem presos. Quando houver grade lateral ajustável, ou seja, que pode subir ou descer por uma guia, essa não deve permitir que a criança prenda o dedo. No caso dos berços com o estrado ajustável, quando este estiver na posição mais alta, a altura mínima de qualquer lateral do berço deverá ser de trinta centímetros, que é a altura indicada para os bebês menores, que não têm altura nem conseguem se jogar através das grades. No caso de lateral ajustável, a altura máxima será de trinta centímetros na sua posição mais alta e 22,8 cm na mais baixa, que é a situação quando a mãe está junto ao bebê, colocando-o ou tirando-o do berço. Quando alguma parede do berço é feita de tela, o espaçamento mínimo dos furos deverá ser de sete milímetros e não deve permitir que o equipamento que simula o dedo do bebê passe por esses furos. Marcação, rotulagem e embalagem. Todos os berços devem apresentar as informações, em português, sobre a razão social, nome, marca comercial registrada dos fabricantes, distribuidor ou varejista, número e data da norma técnica; recomendação sobre o uso de colchões com espessura máxima permitida de cento e vinte milímetros, de acordo com a norma. Todas as instruções devem vir destacadas: “Importante guardar para consulta futura. Ler com cuidado”. O fabricante deve fornecer um desenho para montagem contendo a lista e descrição de todas as peças e ferramentas necessárias para a montagem do berço. Quando se pode mudar a altura do estrado, deve vir escrito que a posição mais baixa é mais segura. E, quando o bebê puder sentar-se, a posição mais baixa deverá ser mantida. Na posição mais alta não é seguro porque o bebê pode cair ao se debruçar na grade. No caso de berços em que as laterais são reguláveis, a seguinte informação deve vir escrita: “Se você deixar a criança no berço sem observá-la, certifique-se sempre de que a grade está na posição mais alta.”. Deve haver um aviso para que nenhum objeto que possa prender o pé da criança ou oferecer perigo de sufocamento ou estrangulamento (sacos plásticos, por exemplo) seja deixado no berço. Também deve haver um alerta para que o consumidor verifique se todos os acessórios utilizados na montagem estão bem apertados, diante do perigo da criança se ferir ou provocar risco de estrangulamento. Quando o colchão não vem junto com o berço, o fabricante deve mencionar alguma recomendação para orientar a compra; No caso do berço dobrável, aquele que pode ser montado e desmontado, também deve existir uma advertência de que está pronto para uso somente quando os mecanismos de trava estiverem acionados. Com relação à embalagem, as coberturas plásticas, usadas como protetores de berços ou colchões, devem ser marcadas com a seguinte advertência: “Para evitar o III Encontro Científico do GEPro Grupo de Estudo de Produção perigo de sufocamento, remover a cobertura plástica antes de usar este artigo. Esta cobertura deve depois ser destruída ou mantida longe de bebês e crianças”. Partes salientes, espaços, aberturas, Buracos e alto relevo nos berços permitem que o bebê possa subir neles para sair, assim, os entalhes ou relevos nas partes internas dos berços, com mais de cinco milímetros, devem ficar, no mínimo, a uma altura de sessenta centímetros a partir do estrado. Não pode haver pontas, arestas, qualquer parte que possa machucar ou prender pela roupa, corrente, chupeta, etc. Partes destacáveis: As partes destacáveis são aquelas que a criança pode pegar com as mãos ou dentes. No caso de existirem, elas não devem se soltar quando puxadas com uma força definida pela norma. Se por acaso se soltarem, não podem ser pequenas o suficiente para serem engolidas. Resistência, estabilidade e durabilidade: O estrado deve resistir a um impacto que simula uma criança pulando no berço. As laterais não podem deformar ou romper na simulação de resistência, como de uma criança forçando as barras ou chutando. Verifica se o berço resiste ao esforço de alguém se apoiando em cima da grade e das paredes do berço. O ensaio de fadiga avalia a durabilidade do berço quando utilizado várias vezes, repetindo a simulação de colocar o bebê nele ao mesmo tempo em que aplicam forças laterais com as rodinhas travadas. O berço deve ser estável e não tombar quando aplicado uma força que simula uma criança se pendurando no topo da grade lateral. As travas de rodízios ou de rodas devem fixar totalmente os pés dos berços. Resultados e Discussão Inicialmente foi aplicado um questionário junto a um grupo de vinte consumidores interessados na compra de berços com a finalidade de verificar seu nível de conhecimento sobre as exigências normativas. Os resultados seguem abaixo: Consumidores Avaliação da quantidade de consumidores cientes da norma 5% 10% Cientes Totalmente Cientes Parcialmente Não Cientes 85% Fonte: dos autores III Encontro Científico do GEPro Grupo de Estudo de Produção Foi realizada em uma loja especializada em móveis infantis, localizada na cidade de Jaú, no dia 01 de fevereiro de 2013, uma pesquisa para constatar se os consumidores já estão cientes das normas e mudanças que ocorreram nos berços no início do ano. Dos vinte entrevistados, apenas um estava plenamente consciente e informado sobre as principais alterações que o móvel sofreu, assim, sua escolha seria de um item já certificado e regulamentado, independente do preço ou modelo. Dois dos consumidores ouviram falar, mas não sabiam o que as mudanças iriam interferir, ou que melhorias elas propunham e de preferência optariam por um produto já regulamentado. Os demais não estavam sabendo que houve qualquer mudança, nem que o Inmetro passaria a fiscalizar os berços. Dentre eles, apenas três se interessaram em se informar sobre o assunto e constatar as melhorias propostas pela norma. Os meios de comunicação são as principais formas de atualizar o cliente do que está acontecendo, assim, a televisão e a internet, que são os meios mais utilizados hoje, estão alertando os clientes da nova norma dos berços vigente no país. Consumidores cientes das mudanças assistiram a programas que abordaram o assunto ou viram nos canais de notícias on-line. Revendedores A entrevista feita com a proprietária da mesma loja em que realizou a avaliação dos consumidores relata algumas dificuldades encontradas para a adequação: “A principal dificuldade encontrada foi o período de adaptação das fábricas para as novas normas, o que gerou um atraso nos pedidos do fim do ano de 2012 e começo do ano de 2013. Outro problema foi causado pelas mudanças que os berços sofreram como, por exemplo, em cores, grades, acessórios e outros, nos quais a loja ainda não estava totalmente ciente, o que causou divergência nos pedidos que chegavam.” Mas as dificuldades encontradas no início foram sendo minimizadas, e as melhorias bem vistas pelos consumidores, que estão ficando mais atentos a tudo o que diz respeito a normas e mudanças, principalmente quando se trata de crianças e bebês e preferem os modelos novos e certificados, mesmo que tenham que esperar um pouco mais a entrega. “Em questão de qualidade, as normas proporcionaram alterações sem dúvidas, por que, por mais que algumas fábricas respeitassem os padrões de qualidade, não tínhamos como ter a certeza dos procedimentos e se todos os testes eram realmente aplicados. Hoje, com a norma em vigor, nós lojistas temos como afirmar que os produtos passaram pelos testes e que são aprovados pelo Inmetro e os consumidores se sentem mais seguros com a compra.” A fiscalização de estoque pelo Inmetro, outro ponto abordado na entrevista, tem um prazo maior, assim, as lojas ainda conseguem e podem vender os produtos sem certificação, desde que já os tenha a pronta entrega, os que vêm em novos pedidos e que estão sendo entregues a partir de janeiro de 2013, já são obrigados a seguir a norma. Em relação às vendas, a proprietária relatou que: “não posso dizer que hoje vendo mais berço devido à norma, mas sim que os pais se sentem mais seguros e confiam mais nas marcas devido à certificação. Outro ponto que mudou nas vendas é em relação às marcas, antes as diferenças entre elas, ou seja, o que qualificaria uma marca por ser melhor do que a outra era seguir as especificações das normas, mesmo que sem o certificado do Inmetro. Hoje, as fábricas estão buscando diferencias em formas e complementos para os berços, deixando-os mais sofisticados.”. III Encontro Científico do GEPro Grupo de Estudo de Produção Fabricantes: Há quase quarenta anos na fabricação de berços, a fábrica localizada em São Bento do Sul, Santa Catarina, precisou passar por mudanças em sua linha de móveis infantis para conseguir as certificações dos produtos, mesmo já existindo certas medidas e cuidados com relação à segurança e qualidade. “No decorrer de nossa história, sempre passamos por melhorias em nossos produtos, buscamos novidades, qualidade, conforto, beleza e principalmente segurança e para isso, mudamos materiais (tintas, madeiras), acabamentos (cantos, tamanho das grades, protetores de grade), travas (grade removível, rodas de gel, travas de rodas) e até mesmo design e modelos. Agora com a nova norma, passamos pelos ajustes necessários, garantindo as certificações e mantendo nossos clientes satisfeitos”. As fábricas passaram por um intenso período de mudanças e adaptações. Algumas dificuldades foram encontradas, como no caso da empresa citada foi necessário redesenhar os modelos de berços e até substituir por outro já com os padrões definidos, o que causou atraso na produção e automaticamente na entrega das mercadorias. “Mantivemos os padrões e exclusividades da marca, assim como nosso design diferenciado, que agora mais do que nunca são ferramentas essenciais para nos destacarmos no mercado, uma vez que todos os fabricantes de berços agora possuem a qualidade e segurança certificada pelo Inmetro. Nossos prazos de entrega se estenderam um pouco no começo desse ano, mas estabilizamos novamente nossa produção, e esperamos agilizar ainda mais as estregas.”. O mercado absorve rapidamente as mudanças divulgadas em meios de comunicação como a internet e principalmente a televisão, assim, a expectativa é que com a melhoria, os consumidores confiem mais nas marcas para a escolha do produto. Outra fábrica de móveis localizada no sul do país, que trabalha na com a linha de berços infantis há mais de vinte e cinco anos (em um período de dez anos passaram a fazer apenas terceirização de peças para outras indústrias, e depois voltaram a atuar no mercado interno lançando o quarto completo para bebê e estão no segmento desde então), relatou que, mesmo antes da ABNT NBR 15860 ser obrigatória, a empresa já seguia alguns quesitos da norma existente anteriormente, em questões de qualidade e segurança, principalmente nas medidas de espaçamento das laterais, estruturas dos estrados, alturas das grades. A entrevistada foi questionada quanto às expectativas com as mudanças, e o que passaria a interferir no mercado: “Acreditamos que a concorrência fique mais leal, já que todos terão de seguir um mesmo padrão de qualidade, e que os nossos próprios móveis apresentem ainda mais segurança devido às alterações da norma. Porém estamos na expectativa da fiscalização da mesma, se vai ser adequada ou não”. As principais dificuldades encontradas por ela foram na parte burocrática e na criação e modificação dos modelos que se enquadrariam nos itens da norma: “As dificuldades para a empresa se adequar à norma sugiram principalmente na parte de gestão da empresa, que engloba quatorze itens da ISO 9001, já que se trata de muita papelada. Na parte de modelos ficamos mais restritos a criação, pois os pontos de agarramento e pontos de apoio de vários modelos existentes não passaram nos testes, principalmente nos acabamentos superiores das cabeceiras, que agora tendem a ser retas ou arredondas apenas.” No caso de lançamento de algum modelo de berço, a empresa cria o desenho e a partir dele são analisados todos os pontos solicitados na norma e alterado se necessário. Após isso, é produzido o modelo e enviado para o teste. O prazo para liberação do produto, nesse caso, está levando mais de sessenta dias, do envio do modelo até a aquisição do selo. Prazo este preocupante para a fábrica, uma vez que depende da liberação para dar andamento em sua produção e conseguir entregar os pedidos. III Encontro Científico do GEPro Grupo de Estudo de Produção O aumento no preço nos produtos também foi relatado pela entrevistada que tem interferência da certificação, uma vez que: “O preço da certificação não é barato, e a empresa tem de manter vistorias anuais, tudo isso gera custo, e a empresa vai ter de repassar no produto”. Conclusão Considerando os dados apresentados no presente estudo, é possível perceber que a norma NBR 15860 (referente às exigências para de adequação de berços) causou uma mudança considerável na produção e comercialização de berços e que estas transformações ainda não foram plenamente entendidas pelos consumidores. O fato é que os produtos apresentam maior segurança para os usuários e que as indústrias tiveram que elevar seus padrões de qualidade. Isto, graças à certificação de produtos proposta pelo Inmetro. Tal acontecimento nos leva a crer que os processos de certificação de produtos constituem-se em oportunidade ímpar para a elevação dos padrões de qualidade e que em última instância, trazem benefícios palpáveis para os consumidores finais. Este estudo não pretende esgotar a discussão acerca de um tema tão interessante, mas apresenta de forma objetiva uma visão sobre a importância da certificação de produtos e os benefícios que potencialmente gera ao mercado como um todo. Referências Bibliográficas ABNT. Atuando em todos os setores: ABNT certificadora. ABNT, out. 2006. Sessão Serviços. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/m3.asp?cod_pagina=1001>. Acessado em: 02 mar. 2013. ABNT. Atuando em todos os setores: áreas de atuação, certificação de produtos e serviços. ABNT, set. 2006. 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