“A compreensão do método hipotético dedutivo”

Transcrição

“A compreensão do método hipotético dedutivo”
“A compreensão do método hipotético dedutivo”
“Understanding the hypothetical deductive”
“Comprendre la méthode déductive hypothétique”
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RESUMO
Este artigo visa explicar a origem e os pontos principais do método hipotético dedutivo, a
partir do seguinte questionamento: - O que é o Método hipotético dedutivo? O objetivo e
compreender o método hipotético dedutivo a partir das pesquisas de Karl Popper. A
metodologia utilizada foi à pesquisa exploratória e a pesquisa Bibliográfica oriunda das obras
de Popper (1973, 1976, 1977, 1974, 1976, 1981, 1999, 2003,2008). No final do artigo,
percebe-se que Karl Popper é o grande pai do racionalismo e do falseamento do século XX. O
método hipotético dedutivo de Popper é construido através de deduções; onde todo o
conhecimento busca compreender e descrever a teoria, cosequentemente o conhecimento é
fruto de uma teoria científica, que são conjecturas que não podem ser demonstradas,
constituindo realidades provisórias, que podem ser reformuladas e reconstruídas através de
premissas qualitativas, utilizando à lógica, pois esta promove o falseamento das proposições.
Palavras-chave: Karl Popper; Método hipotético dedutivo.
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ABSTRACT
This article aims to explain the origin and the main points of the hypothetical deductive
method from the following questions: - What is the hypothetical deductive method? The
objective is to understand the hypothetical deductive method from the research of Karl
Popper. The methodology used was literature research and exploratory research coming from
the works of Popper (1973, 1976, 1977, 1974, 1976, 1981, 1999, 2003, and 2008). At the end
of the article, one realizes that Karl Popper is the great father of rationalism and distortion of
the twentieth century. The hypothetical deductive method of Popper is built through
deductions, where all knowledge seeks to understand and describe the theory,
cosequentemente knowledge is the result of a scientific theory, which are conjectures that can
not be demonstrated, providing provisional realities, which can be reformulated and
reconstructed using qualitative assumptions, using the logic, because it promotes the
distortion of the propositions.
Keywords: Karl Popper; hypothetical deductive method.
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RESUMÉ
Cet article vise à expliquer l'origine et les principaux points de la méthode hypothétique
déductive à partir des questions suivantes: - Quelle est la méthode hypothético déductive?
L'objectif est de comprendre la méthode hypothétique déductive de la recherche de Karl
Popper. La méthodologie utilisée a été la recherche documentaire et la recherche exploratoire
en provenance de l'œuvre de Popper (1973,1976,1977,1974,1976,1981,1999,2003,2008). A la
fin de l'article, on s'aperçoit que Karl Popper est le grand père du rationalisme et de la
distorsion du XXe siècle. La méthode déductive de Popper hypothétique est construit au
moyen de déductions, où toutes les connaissances cherche à comprendre et à décrire la
théorie, des connaissances cosequentemente est le résultat d'une théorie scientifique, qui sont
des conjectures qui ne peut pas être démontré, en fournissant des réalités provisoires, qui peut
être reformulée et reconstruite en utilisant les hypothèses qualitatives, en utilisant la logique,
car elle favorise la distorsion des propositions.
Mots-clés: Karl Popper ; hypothétique méthode déductive
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Introdução
Este artigo visa explicar a origem e os pontos principais do método hipotético dedutivo, a
partir do seguinte questionamento: - O que é o Método hipotético dedutivo? O objetivo e
compreender o método hipotético dedutivo a partir das pesquisas de Karl Popper.
A metodologia utilizada foi à pesquisa exploratória e a pesquisa Bibliográfica oriunda das
obras de Popper (1973, 1976, 1977, 1974, 1976, 1981, 1999, 2003,2008), tratando-se
portando de um artigo de caráter informativo.
Inicialmente busca-se esclarecer o que é o método hipotético dedutivo, depois como ele
surgiu a partir das teses elaboradas e refeitas por Popper, depois mostra-se os principais
aspectos deste método e suas contribuições positivas negativas, os resultados e finalmente a
conclusão.
Karl Popper era austríaco, mas naturalizado inglês. Nasceu em Viena em 1902 e morreu em
1994 na Inglaterra, e é considerado o mais prestigiados pensadores do seculo XX. Afinal é o
pai do falseabilidade e do racionalismo critico. Ele tem graduação e doutorado em Filosofia
pela Universidade de Viena. Devido à ascensão do nazismo foi para a Nova Zelândia, onde
trabalhou com o professor da Canterbury University College. Depois foi para a Inglaterra,
2
onde tornou-se em 1949 professor da London School Economics . Recebeu diversos prêmios,
pode-se destacar o da Academia Britanica, King College de Londres, Cambrigde, da
associação americana de ciência política e o titulo de Cavaleiro da Rainha Isabel (1964).
Esclarecimento sobre o método dedutivo antes do método hipotético dedutivo
O método
1
hipotético dedutivo parte “das generalizações aceitas, do todo, de leis
abrangentes, para casos concretos, partes da classe que já se encontram na generalização”
(LAKATOS, MARCONI, 2004, p.71). Foi criado por Karl Popper (1902-1994), físico,
matemático e filósofo da ciência britânico, criticou o critério da verificabilidade e propôs
como única possibilidade para o saber científico o critério da não refutabilidade ou da
falseabilidade. De acordo com este critério, uma teoria mantém-se como verdadeira até que
seja refutada, isto é, que seja mostrada sua falsidade, suas brechas, seus limites. No seu
entendimento, nenhuma teoria científica pode ser verificada empiricamente [...]” (COTRIM,
2000, p.248-249).
Então, qualquer discussão científica deve começar do principal Problema (P1), onde haverá a
busca de uma solução , para então contemplar uma teoria provisória (TT) e esta deve ser
criticada para a eliminação dos erros (EE) o que levará a novos Problemas (P2), desta forma
:“P1
TT
EE
P” (POPPER,2008, p.186)
A partir da fórmula apresentada por Popper (2008), percebe-se há similaridade com a
dialética, que corresponde a “negação de uma determinada realidade, a conservação de algo
essencial que existe nessa realidade negada e a elevação dela a um nível superior” (KONDER,
1981, p.26). Constata-se, portanto que a ciência começa com problemas e termina com
problemas (POPPER, 2008, p.186). Consequentemente as teorias surgem primeiro, pois
constituem as soluções provisórias (P1), e os problemas surgem com as Teorias.
Assim, busca-se analisar as generalizações relacionadas ao objeto em estudo, para depois se
ir
para
os
casos
concretos
relacionados
com
a
finalidade
e
motivos
dos
mesmo.Consequentemente, o método dedutivo parte do geral para o específico, enquanto o
indutivo
2
vai do específico para a totalidade, consequentemente o primeiro defende
inicialmente o aparecimento do problema e da conjectura, enquanto o segundo a observação
dos fatos particulares para depois as hipóteses para serem confirmadas. Para Lakatos, Marconi
(2004, p.257)
3
[...] o método dedutivo, tanto sob o aspecto lógico quanto técnico, envolve
procedimentos
indutivos.
Ambos
exigem diversas
modalidades
de
instrumentalização e de operações adequadas. Assim, a dedução e a indução podem
completar-se mutuamente. Os dois processos são importantes no trabalho científico,
pois um pode ajudar o outro na resolução de problemas.
Barros e Lehfeld (2000, p.64) dizem que o método dedutivo distingue do indutivo devido aos
fatores presentes no Quadro 1.
Dedutivo
Se todas as premissas são verdadeiras, a
conclusão deve ser verdadeira.
• Toda a informação do conteúdo factual da
conclusão já estava ao menos implicitamente
nas premissas.
Quadro 1 - Diferença entre o método dedutivo e o indutivo.
Fonte: BARROS, LEHFELD, 2000, p.64.
•
•
•
Indutivo
Se todas as premissas são verdadeiras, a
conclusão é provavelmente verdadeira, mas
não necessariamente verdadeira.
A conclusão encerra informações que não
estavam implicitamente nas premissas.
Como surgiu o metodo hipotetico dedutivo
Popper começou seu trabalho com base na lógica3 das Ciências Sociais, no qual formulou
inicialmente duas teses que tinham como base a oposição e a aparente contradição entre o
conhecimento e a ignorância.
Minhas duas teses concernentes ao conhecimento e à ignorância só aparentemente
contradizem uma à outra. A contradição aparente é primeiramente, devida ao fato de
que as palavras “conhecimento” e “ignorância” não são usadas nestas duas teses
como perfeitos contrários. Todavia, ambas as idéias são importantes, e também
assim o são ambas as teses, tanto que proponho fazê-las explícitas nas três teses
(POPPER, 1999, p.13-14).
A partir daí o mesmo formulou mais teses:
•
Na terceira, ele confirmou que as pessoas nada conhecem;
•
Na quarta, afirma que o conhecimento começa da tensão entre conhecimento e
ignorância, conseqüentemente a ciência e o conhecimento nela presente é construído
através dos problemas, não utilizando uma coleção de fatos ou números.
•
Na quinta diz que a observação cria um problema.
Popper (1999, p.14) explica que “não há nenhum problema sem conhecimento; mas também,
não há nenhum problema sem ignorância”. Assim o objeto da pesquisa a ser pesquisada surge
devido a um problema identificado, que foi originado com base não apenas dos problemas
mas também da associação entre o problema e as observações, que levaram a investigação .
4
A partir da quinta tese Popper foi aperfeiçoando sua teoria até chegar a 27ª (vigésima sétima)
tese. Abaixo a pesquisa relata de forma sucinta cada tese elaborada e explicada por Popper,
focando alguns dos principais pontos que foram capazes em originar o método hipotético
dedutivo, são elas:
•
A sexta tese afirma que os métodos das Ciências Sociais bem como os das Ciências
Naturais devem ser testados através de experimentações para tentar solucionar os
problemas encontrados nas investigações, para fazer isso é necessário criticar
abertamente as soluções propostas para poder refutar, se a tentativa for refutada, faz-se
outra tentativa, constituindo assim um método de “ensaio e erro”, com o objetivo de
criar novas conjecturas que buscam ser controladas por severas críticas;
•
A sétima tese afirma que os métodos da Ciência Social não atingem uma objetividade
tão perfeita como os das Ciências Naturais, mas na Ciência Social é possível
aproximar-se da objetividade científica, porém é necessária a consciência que é algo
difícil de se atingir. Além deste aspecto esta tese explica que sempre haverá conflito
entre o conhecimento e a ignorância, já que tais tensões sempre levaram a problemas e
soluções experimentais.
Assim a própria idéia de conhecimento envolve, em princípio, a possibilidade de que
revelar-se-á ter sido um erro e, portanto, um caso de ignorância. E a única forma
“justificar” nosso conhecimento é, ela própria, meramente provisória, porque
consiste em crítica ou, mais precisamente, no apelo ao fato de que até aqui nossas
soluções tentadas parecem contrariar até nossas mais severas tentativas de crítica
(POPPER, 1999, p.16-17).
•
Oitava tese relata que o conceito de Antropologia e Sociologia tem se modificado,
enquanto a primeira é uma ciência social geral a segunda tem um papel mais restrito.
•
Nona tese explica as causas das mudanças conceituais entre a Antropologia e a
Sociologia, levando a um método pseudocientífico. Afinal, “o assunto científico é,
meramente, um conglomerado de problemas e soluções tentadas, demarcado de uma
forma artificial. O que realmente existe são problemas e soluções e tradições
científicas” (POPPER, 1999, p.19).
•
Décima tese relata a necessidade de utilizar métodos de observação, que corresponde
uma vitória da antropologia, com o objetivo de atingir a objetividade através do
questionamento do como e não do ‘o que’, assim este método busca os meios através
dos quais os participantes do processo podem influenciar-se mutuamente e os
principais sintomas desta influência, aqui constatou-se a influencia do behaviorismo.
5
•
Décima primeira afirma que a objetividade da ciência não depende da objetividade do
cientista.
•
Décima segunda complementa a décima primeira relatando que a objetividade das
ciências é fruto da crítica, da competição e da cooperação de vários cientistas tendo
como base toda a conjuntura política e social que são capazes de promover tais
debates e críticas.
•
Décima terceira explica que tal objetividade somente pode ser alcançada se houver
competição, tradição, instituições sociais e o poder do Estado.
•
Décima quarta relata que em uma
[...] discussão crítica podemos distinguir questões tais como: 1) a questão da verdade
de uma asserção; a questão de sua relevância, do seu interesse e da sua significação
em relação aos problemas nos quais estamos interessados; 2) a questão da sua
relevância e do seu interesse e da sua significância para vários problemas extracientíficos (POPPER, 1999, p.24).
Assim, cabe ao criticismo científico separar os valores e os desvalores científicos dos mesmos
fatores presentes no extra-científico, porém isso não é possível.
•
Décima quinta complementa a décima quarta afirmando que a função da pura lógica
dedutiva é o de buscar críticas.
•
Décima sexta pega o gancho da décima quinta e relata que através da lógica é possível
encontrar a verdade, pois se a premissa e a dedução são verdadeiras a conclusão será
também.
•
Décima sétima complementa a décima sexta afirmando que se pelo menos uma das
premissas é falsa, conseqüentemente a conclusão é falsa, é o que Popper definiu de
“retransmissão da falsidade”.
•
Diante do resultado da décima sétima surge a décima oitava afirma que
[..] a lógica dedutiva torna-se a teoria crítica racional, pois todo criticismo racional
toma a forma de uma tentativa de demonstrar que conclusões inaceitáveis podem se
derivar da afirmação que estivemos tentando criticar. Se tivermos sucesso em
deduzir, logicamente, conclusões inaceitáveis de uma afirmação, então, a afirmação
pode ser colocada digna de ser recusada (POPPER, 1999, p.27).
•
A décima nona explica que a ciência deve trabalhar com teorias, pois as mesmas
possuem dois papéis, o primeiro é de explicar (“explicandum”) e o segundo é o de
buscar conseqüências através da racionalidade, com o objetivo de encontrar a verdade.
•
Vigésima relata que o conceito de verdade é algo indispensável, pois a partir do
momento que passa-se a criticar tal conceito para constatar sua veracidade e assim
6
identificar premissas que torne a teoria falsa, pois o principal objetivo é o de aprender
com os erros através do uso da explicação causal. Assim,
[...] aquilo que pretendemos explicar pode ser chamado de “explicandum”. A
solução tentada do problema, isto é, a explicação, consiste sempre numa teoria, em
um sistema dedutivo que nos permite explicar o “explicadum” relacionando-o a
outros fatos (as assim chamadas condições iniciais). Uma explicação integralmente
explicita consiste em demonstrar a derivação lógica (ou derivabilidade) do
“explicadum” da teoria reforçada por algumas condições iniciais. (POPPER, 1999,
p.28).
•
Vigésima primeira toda a ciência não é totalmente observacional, a ciência para existir
precisa ser teorizada, de forma consciente e crítica, inclusive as ciências sociais.
•
Vigésima segunda não considera a psicologia como a base das ciências sociais, pois a
mesma é formada por idéias sociais, assim não é possível explicar a sociedade
utilizando apenas termos psicológicos.
•
Vigésima terceira explica que a sociologia pode e deve se torna independente da
psicologia.
•
Vigésima quarta complementa a vigésima terceira, pois relata que a sociologia é
autônoma, assim a psicologia é definida por Popper como a sociologia da
compreensão objetiva.
•
Vigésima quinta acredita que as ciências sociais possuem um método puramente
objetivo, que Popper definiu de compreensão objetiva ou lógica situacional. Neste
método os integrantes do processo são avaliados não pelos seus aspectos psicológicos,
mas pelas ações situacionais que desempenham de forma objetiva.
•
Vigésima sexta afirma que as explicações da lógica situacional são originadas através
de atos racionais e teóricos, oferecendo informações gerais e simplificadas sobre o
assunto, mas no sentido lógico são conteúdos considerados verdadeiros, pois estão
próximos da verdade e são melhores do que as explicações testáveis.
Conseqüentemente percebe-se que é o método situacional possui três aspectos
importantes para ciência sociais: é racional, pode ser criticado empiricamente e é
capaz de buscar melhorias.
•
Vigésima sétima complementa a vigésima sexta dizendo que a lógica situacional
admite o mundo físico e social em que cada indivíduo possui uma atuação,
conseqüentemente,
1) as instituições não agem; ao invés, só os indivíduos as agem, dentro ou para ou
através das instituições. A lógica situacional gerada destas ações será a teoria das
quase-ações das instituições. 2) Poderíamos construir uma teoria das conseqüências
institucionais, planejadas ou não, de ação intencional. Isto também conduziria à
teoria da criação e do desenvolvimento das instituições (POPPER, 1999, p.33).
7
Explicação do metodo hipotetico dedutivo como método científico
Através do método hipotético-dedutivo, Popper indicou a condição transitória da validade de
uma teória, ou seja, uma teoria é válida até o momento que é refutada, para assim comprovar
sua falsidade, pois somente a falsidade de uma teoria pode ser provada, mas nunca sua
veracidade. Outro aspecto defendido por Popper é que não existe observação pura, pois toda a
observação é realizada tendo como base pressupostos e teorias previas que o cientista traz
consigo, e estas se confirmam ou não a partir de observações (COTRIM, 2000, p.249).
Então, o metodo hipotético dedutivo é responsável em identificar os problemas existentes
entre as expectativas e as possíveis teorias onde seram testados para encontrar e testar
soluções mais justas e plausíveis da realidade .Afinal, quando se testa uma teoria, analisandoa através do método hipotético de Popper busca-se compara-las com outras leis ou teorias
referentes à temática em estudo, para assim realizar um falseamento.
Para Popper é errônea a crença de que a ciência progride da observação para a
formulação de leis e teorias. A observação é ativa e seletiva: supõe um problema a
ser resolvido, um ponto de vista adotado, enfim, um interesse teórico que impulsiona
a pesquisa e leva o pesquisador a iluminar alguns aspectos da realidade, deixando
outros na penumbra, já que um problema nasce sempre da contradição entre as
teorias que acolhemos e o que a observação nos mostra (CAPONI, 1995, p.60).
O próprio Popper (1976, p.104) confirma isso quando diz:
Na medida em que se pode falar que a ciência ou o conhecimento tenha início em
algum lugar, então vale o seguinte: o conhecimento não começa com percepções ou
observações, nem com a coleta de dados ou fatos, mas com problemas. Não há saber
na ausência de saber. Isto que dizer que o conhecimento começa com a tensão entre
saber e não saber: não há problema na ausência de não saber. Cada problema se
origina, pois, da descoberta de que algo não está em ordem em nossos pretensos
saber; ou - considerado de um ponto de vista lógico - na descoberta de uma
contradição interna entre nosso pretenso saber e os fatos; ou, dito talvez de modo
ainda acertado, na descoberta de uma aparente contradição entre o nosso suposto
saber e os supostos fatos.
Mais à frente no seu discurso, Popper (1976, p.65-67) enfatiza tal argumento em relação o
problema e a teoria, relatando o seguinte:
Portanto, o ponto de partida é sempre o problema e a observação se converte em
algo como um ponto de partida caso revele um problema; ou, em outras palavras, se
ela nos surpreende, se nos mostra algo em nosso saber - em nossas expectativas, em
nossas teorias, que não está em ordem. As observações só conduzem a problemas se
elas contradizem algumas de nossas expectativas conscientes e inconscientes. E o
que se torna o ponto de partida do trabalho científico não é tanto a observação como
tal, porém, a observação em sua significação peculiar - ou seja, a observação geral
do problema.
8
O método hipotético de Popper para dar a pesquisa um caráter mais objetivo e racional, além
de buscar interpretar dentro de um caráter sociológico e voltado para das Ciências Sociais.
Afinal, a concretização da pesquisa é possível pelo método hipotético dedutivo, pois possui
três fases: 1) a primeira etapa que corresponde o contexto da descoberta da pesquisa, que vão
desde o conhecimento prévio até a elaboração e construção das hipóteses; 2) a segunda fase
denominada de contexto de justificação inicia-se da testagem até a nova teoria; 3) e
finalmente a terceira fase que são somente os questionamentos referentes ao novo problema.
A Figura 1 explica de forma sintética o fluxograma da metodologia científica utilizado na
tese, ou seja, o uso do método hipotético dedutivo de Popper.
Conhecimento prévio, observações, fatos e fenômenos
relacionados ao tema/objeto da pesquisa
1ª Fase:
Contexto da
descoberta
Percepções significativas da Pesquisadora para elaborar e
construir o problema (dúvida) e as hipóteses
Elaboração e construção do referencial teórico
Testagem das hipóteses através da técnica
2ª Fase:
Contexto de
Justificação
Intersubjetividade e falseabilidade
Interpretação e avaliação da testagem das hipóteses
Rejeição das hipóteses
Não rejeição das hipóteses (corroboração)
Nova teoria
3ª Fase:
Resposta da
Pesquisa
Novo Problema
Figura 1 - Fluxograma do método cientifico hipotético dedutivo da tese.
Fonte: Elaboração Própria, 2011.
Segundo Popper, qualquer método científico corresponde a “descrição e a discussão
de quais critérios básicos são utilizados no processo de investigação científica” (KÖCHE,
2002, p.69), com base neste conceito sobre o método científico por parte de Popper percebe9
se que o método hipotético dedutivo “é um método que visa auxiliar na compreensão e
interpretação da ciência contemporânea” (KÖCHE, 2002, p.69).
Para Karl Raimund Popper, o método científico parte de um problema, no qual se
oferece uma solução provisória, passando depois a criticar a solução, com vista à eliminação
do erro, a partir daí haveria uma renovação deste processo que promoveria o surgimento de
um novo problema. A origem do método também está relacionada à personalidade de Popper
que se considerava algumas vezes um “realista critico”4 e outras “racionalista critico”5
Este método se inicia pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos, acerca da
qual formulam-se hipóteses e, pelo processo de inferências dedutivas, testa-se a
predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipótese (LAKATOS,
MARCONI, 2001, p.106).
Então, este método consiste em identificar o problema que é detectado através de
conflitos existentes entre a expectativa e a teorias. Na busca de tentar solucioná-lo é
necessário oferecer uma proposta sugerida, denominada de conjectura (nova teoria), porém as
conjecturas somente terão valor se forem testadas para constatar sua falsidade ou veracidade
através de uma conexão descente, ou seja, parte das leis ou teorias para os fenômenos
particulares. Os testes são importantes, pois visam eliminar os erros e assim efetuar o
falseamento6, pois as teorias não são realidades definitivas.
Popper acreditava que o conhecimento deve ser construído com base na racionalidade
dentro dos padrões da realidade, por isso
propugna por uma atitude racional e crítica e pelo emprego do método hipotéticodedutivo, que consiste na construção de conjecturas, que devem ser submetidas a
testes, os mais diversos possíveis. À critica intersubjetiva, ao controle mútuo pela
discussão critica, à publicidade crítica e ao confronto com os fatos, para ver quais as
hipóteses que sobrevivem como mais aptas na luta da vida, resistindo, portanto, às
tentativas de refutação e falseamento. (LAKATOS, MARCONI, 2004, p.72).
Como é um método que se desenvolve através de raciocínios, seus fundamentos, sua
realização e o valor das conclusões encontra-se no próprio raciocínio, assim leva o
pesquisador do conhecido para o desconhecido, já que trabalha do geral para o particular,
conseqüentemente chega-se a uma verdade particular através de uma geral.
O racionalismo7 de Popper é denominado filosofia do Racionalismo Crítico, pois relata que
nenhuma teoria considerada científica pode ser definitiva, pois estas formulam apenas
hipóteses e soluções provisórias que podem ser mudadas ou aprimoradas conforme testes e
discussões críticas (CAPONI, 1995, p.49).
10
Popper também defende que as opiniões e as conjecturas devem ser controladas através de
discussões criticas, afinal a ciência é hipotética e provisória, pois a mesma é construída
através de conhecimentos que não são definitivos. Assim a indução não se justifica, pois
confirma dados sem que haja justificativas para estes.
Se as teorias das ciências empíricas8 são falsificáveis empiricamente e se o processo
de falsificação não recorre a argumentos indutivos, então se pode dizer que a
solução de Popper tem o mérito de recuperar para a ciência a racionalidade dos
procedimentos científicos, seriamente corroídos em conseqüência da demolição
humana. Popper9 faz valer que a indução não tem lugar na ciência; esta faz uso
apenas da lógica dedutiva, sendo, portanto um empreendimento racional. (CAPONI,
1995, p.56).
Por isso, Popper criou o método hipotético-dedutivo, afinal toda a pesquisa é originada num
problema que busca uma solução por meio de hipótese e tentativas, dessa forma pretende-se
eliminar o mínimo possível os erros, já que é mais fácil detectar e eliminá-lo do que
simplesmente confirmar algo. Então sua teoria visa através das informações adquiridas no
estudo diminuir as incertezas, por isso este método também é denominado de “métodos de
tentativas e eliminação de erros”.
Para Popper o princípio da indução seja o mesmo concebido verdadeiro ou apenas provável
possui três análises:
a)sua interpretação como enunciado analítico, além de arbitrária, subtrairia a
indução o que ela tem de peculiar, que é o salto lógico, o hiato entre premissa e
conclusão; b) sua interpretação como enunciado sintético a posteriori nos poria
diante da escolha entre circulo lógico e regressão infinita; c) sua interpretação como
enunciado sintético a priori resolveria o problema ao preço de permitir a incursão de
um dogmatismo na ciência empírica. (CAPONI, 1995, p.52-53).
A partir da explicação de Popper é possivel utilizar a lógica para a elaboração de proposições
ou sentenças argumentativas a partir de teoria e problemas, desde que as sentenças ou
proposições tenham três pontos fundamentais: a) sendo oração, tem sujeito e predicado; b) é
declarativa (não é exclamativa nem interrogativa); c) tem um, e somente um, dos dois valores
lógicos: ou é Verdadeira (V) ou é Falsa (F)( IEZZI, MURAKAMI , 1993, p.1;COPI ,1978, p.
21). Afinal a proposição é
[...] todo o conjunto de palavra ou símbolos que exprimem um pensamento de sentido
completo [...] assim uma proposição não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo
(princípio da não contradição) e também toda a proposição ou é verdadeira ou é falsa,
isto é, verifica-se sempre um destes casos e nunca um terceiro (princípio do terceiro
excluído).
Assim, a partir do momento que passa existir uma exteriorização do raciocínio, ou seja, há um
conjunto de proposições que são organizadas por inferências, surge o argumento.
11
O argumento pode ser lógico, mas isso não quer dizes que a sua conclusão seja
necessariamente verdadeira, isto é, corresponde à realidade. Muito pelo contrário, a
única garantia que o raciocínio lógico oferece é a de que, sendo verdadeiras as
premissas e válida a inferência, a conclusão será verdadeira (COELHO, 2000, p.17).
Para Popper (2008, p.197-198) existem dois tipos de argumentos os dedutivos e os indutivos.
Os primeiros fornecem as provas das conclusões através das premissas considerado válido ou
inválido, já no segundo a conclusão fornece provas além das premissas, sendo considerados
melhores ou piores que as mesmas. O estudo contemplou os argumentos dedutivos. Ao
utilizar à lógica existem alguns símbolos que são utilizados de forma a relacionar os
argumentos com o objetivo de se chegar a uma interpretação e a posterior conclusão que
futuramente será refutada. O Quadro 1rmostra os principais símbolos utilizados com seus
respectivos significados.
Símbolos
~
^
ˇ
ˇ
Negação
E
Ou inclusive
Significado
Idéia principal
Negação
Conectivo
Disjunção inclusiva
Ou exclusive
Disjunção exclusiva
→
Se... então
Condicional
↔
...se, e somente se...
Bicondicional
Quadro 1 - Significado dos principais símbolos lógicos.
Fonte: Mortari (2001); Copi (1978); Iezzi, Murakami (1993) - Adaptado.
Então por exemplo criou-se as proposições que serão testadas e refutadas:
X: A aplicabilidade das Leis de PPP para o desenvolvimento do Estado ocorreu no
território brasileiro.
W: O Governo e a Iniciativa Privada participaram.
Consequentemente tem-se a seguintes expressões lógicas: X e W, X ou W, onde o Quadro 2
relata o novo problema gerado pela refutação destas.
Proposição (Teste)
Novo problema
Novo problema
X
W
X ou W
X ou W
V
V
V
V
V
F
F
F
F
V
F
V
F
F
F
V
Quadro 2 – Exemplo da testagem dos símbolos lógicos.
Fonte: Mortari (2001); Copi (1978); Iezzi, Murakami (1993) - Adaptado
Com base no apresentado, percebe-se que as principais etapas do método hipotético-dedutivo
são:
12
1. Expectativas ou conhecimento prévio;
2. Problema;
3. Conjectura; e
4. Falseamento.
A refutabilidade(POPPER,2003,p.63) empírica ou falsificabilidade de uma teoria é
importante, pois “demacar a fronteira entre a ciência empírica de um lado e a pseudociência, a
metafísica e as ciências formais de outro” (CAPONI, 1995, p.53), devido a este fato há a
possibilidade de escolha racional entre as diversas teorias concorrentes, afinal
[...] as asserções de teste não conduzem à exclusão de todas, porém de algumas das
teorias rivais. Como procuramos por uma teoria que seja verdadeira, é racional
preferir aquela, cuja falsidade não foi, ainda, estabelecida e que vem impondo frente
aos intentos de refutá-la. (POPPER, 1981, p.8).
As principais críticas do método hipotético-dedutivo, são: 1) Muitas vezes a dedutibilidade
pode não oferecer todas as respostas para a explicação e 2) o falseamento visa unicamente à
eliminação dos erros, muitas vezes isso pode não ocasionar descobertas ou aproximação da
verdade.
Os principais méritos da pesquisa de Popper, são:1)Recupera a racionalidade através da
dedução;2) É possível ser um bom empirista sem utilizar a induçãoe 3)A objetividade da
ciência está relacionada aos diversos testes para comprovação ou não das hipóteses, então está
associado ao aspecto social do método científico.
Resultado do Estudo do Metodo Hipotetico dedutivo.
Com base no apresentado, o estudo inicialmente colocou em dúvida o conhecimento
produzido fazendo um questionamento, para então percebê-lo como teoricamente
inconsciente ou mesmo incompatível com outras teorias ou mesmo inadequado em relação à
explicação dos fatos ou fenômenos, pois
[...] toda a discussão científica parte de um problema, ao qual se oferece uma espécie
de solução provisória, uma teoria-tentativa, passando-se depois a criticar a solução,
com vistas à eliminação do erro, e tal como no caso da dialética, esse processo se
renovaria a si mesmo, dando surgimento a novos problemas (POPPER, 1977, p.140141).
A pesquisa somente é capaz de identificar os problemas, pois as dúvidas e questionamentos
decorrem de fenômenos tendo como base os conhecimento sobre o assunto disponível, além
13
disso por conhecer-se a realidade na qual surgiu o problema; foi-se capaz de identificá-lo e
conjeturá-lo a partir das possíveis soluções que poderiam explicá-lo.
Neste momento depende quase que exclusivamente da competência do investigador,
do domínio das teorias relacionadas à dúvida, da capacidade criativa de propor
idéias que sirvam de hipóteses, de soluções provisórias que deverão ser confrontadas
com os dados empíricos através da testagem. Nessa fase os mais diversos fatores
poderão influenciá-lo na produção das explicações. Há dezenas de formas
heurísticas. Não há um único caminho. O domínio do conhecimento teórico
disponível é fundamental e habilita melhor o investigador. Não se pode porém,
afirmar que as hipóteses são deduções logicamente inferidas das teorias. A lógica
auxilia o pesquisador a colocar em ordem as idéias, mas não pode ser encarada como
um instrumento de descoberta. A imaginação e a criatividade exercem um papel
fundamental no processo de elaboração das hipóteses, pois é através delas que se
rompe a forma usual de perceber as relações que há entre os diferentes fenômenos e
se propõe novas relações, percebendo novos problemas e novas soluções (KÖCHE,
2002, p.72-73).
A investigação científica, assim como a ciência contemporânea acredita que a pesquisa é um
processo de esclarecer dúvidas e para que isso ocorra é necessário construir e testar possíveis
respostas para os problemas. Conseqüentemente as soluções adquiridas para a construção do
conhecimento correspondem a uma resposta quase fiel da realidade, pois sempre existirão
novos problemas que deverão ser respondidos, já que os problemas das investigações surgem
devido a falta de um modelo teórico que não é capaz de explicar os fatos por ser insuficiente.
Popper (1999, p.14) explica isso dizendo: “[...] cada problema surge da descoberta de que
algo não está em ordem com o nosso suposto conhecimento; ou examinado logicamente, da
descoberta de uma contradição interna entre nosso suposto conhecimento e os fatos”.
A partir do momento que “o sujeito não é passivo e tampouco existem dados sensíveis
enquanto constituintes últimos do conhecimento ou no sentido de elementos puros, destituídos
de qualquer contaminação teórica e subjetiva” (CAPONI, 1995, p.61), buscou-se, através de
percepções, decodificar as mensagens existentes no texto segundo as conjunturas presentes no
ambiente em que se vive, já que as percepções sociais são respostas dos organismos em
relação a tentativa de se adaptarem a um mundo em que se vive, pois uma mensagem ao ser
decifrada é submetida ao processo de depuração dos erros, e desta forma é possível aprender
com os próprios erros, este modelo foi denominado por Popper de “trial and error
elimination” (POPPER, 1981, p.63).
Popper (1974, p.162) enfatiza isso dizendo : “nothing is given to us by our senses; everything
is interpreted, decoded: everything is the result of active experiments, under the control of an
exploratory10”, assim, “nossas observações são altamente complexas e não totalmente
14
confiáveis, ainda que sejam surpreendentemente boas decifrações dos sinais que nos chegam
do meio ambiente “ (POPPER, 1981, p.73).
Conclusão
Karl Popper é um dos grades filosofos positivistas e racionalista do seculo XX, onde é
possivel deixar alguns proposições em relação ao seu pensamento:
1. O método cientifico e construido atraves de deduções e não induções;
2. Todo o conheciemento é fruto de uma teoria, que gerará problemas, desta
forma não há observações neutras .
3. Qualquer conhecimento busca compreender e descrever a teoria, para assim
buscar uma realidade temporaria/provissoria, que terá atuação e que sofrerá
refutações.
4. Qualquer teoria científica são conjecturas que não podem ser demonstradas,
constituindo
realidades
provisórias,
que
podem
ser
reformuladas
e
reconstruídas através de premissas qualitativas, utilizando a lógica, graças ao
falseamento.
Notas
1
“Do grego méthodus, a palavra significa o caminho a percorrer para alcançar objetivos específicos. A
metodologia, portanto, tem muito a ver com a Teoria do Conhecimento, que os gregos chamavam Epistemologia,
de epistéme (ciência), o estudo crítico, o fundamento lógico dos princípios que deviam regular as atividades das
várias ciências. Evidentemente, a escolha do caminho para atingir a verdade implica a utilização dos meios
adequados para cada tipo de conhecimento. Não existe um único método de pesquisa científica, pois ele varia
conforme o assunto e a finalidade”. (D’ONOFRIO, 2000, p.26).
2
Francis Bacon foi o idealizador do método indutivo, que tem como técnica principal o raciocínio, que já era
praticado tanto por Sócrates como Platão (LAKATOS, MARCONI, 2004, p.71). Bacon busca a verificação ao
invés da eliminação proposta por Popper ao fazer a analise cientifica.
3
“A Lógica começou a desenvolver-se com Aristóteles (384-322 a.C) e os antigos filósofos gregos passaram a
usar nas discussões sentenças enunciadas nas formas afirmativa e negativa, resultando assim grande
simplificação e clareza [...]. No século XVIII, Leonhard Euler (1707-1783) introduziu a representação gráfica
15
das relações entre sentenças ou proposições, mais tarde ampliada por John Venn, E. W. Veitch em 1952 e M.
Karnaugh em 1953” (DAGHLIAN, 1995, p.17).
4
No sentido moderno da palavra, no sentido de acreditar que um mundo material existe independentemente da
experiência”. (LAKATOS, MARCONI, 2004, p.72).
5
“É o de enunciar claramente o problema e examinar, criticamente, as várias soluções propostas”. (IBID, 2004,
p.72).
6
Corresponde a uma tentativa de refutação, entre meios, pela observação e experimentação
7
“O idealismo subjetivo, que costuma ser chamado de racionalismo, teve no filósofo e matemático francês René
Descartes (1596-1650) seu principal cultor, que deu o nome ao cartesianismo: todo o conhecimento é um
processo mental que vem de dentro para fora, pois existem ideias inatas, como a do “eu pensante”, a da
existência de um ser supremo criador e organizador do universo, a da existência do objeto, a matéria do mundo
exterior, oposta ao espírito que percebe etc.” (D’ONOFRIO, 2000, p.15).
8
“O empirismo britânico (Thomas Hobbes, 1588-1679; John Locke, 1632-1704; George Berkeley, 1685-1753;
David Hume, 1711-1776) consagra esta tendência renascentista, retomando o princípio aristotélico de que a
experiência sensível é a única fonte de conhecimento, sendo as idéias apenas abstrações formadas com base na
combinação de dados provenientes da observação ou da sensação” (IBID, 2000, p.16).
9
“Se a hipótese científica, ‘qua’ enunciados universais, são insuscetíveis de verificação - via indução - não
existem entraves lógicos para que sejam consideradas refutáveis: o caminho lógico que leva da falsidade de
enunciados singulares de observação, implicados por uma hipótese - em conjunção com outros enunciados
singulares de observação tidos como verdadeiros - para a atribuição da falsidade a tal hipótese é puramente
dedutivo. Dado que a falsidade de enunciados singulares é aferível empiricamente, pode-se dizer que a lógica
nada tem a objetar contra a ideia de refutação por razões empíricas, esta faz uso tão-somente dos procedimentos
tautológicos não problemáticos da lógica dedutiva” (POPPER, 1973, p.17).
10
Nada é dado através do senso comum, tudo é interpretado e decodificado, até os resultados das experiências
ativas, no qual deve-se utilizar controles de pesquisas exploratórias (Tradução livre da autora).
16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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metodologia Científica: Um guia para a iniciação científica. 2.ed. São Paulo: Makron Books,
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2000. p.15-40.
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Conjuntos, funções, exercícios resolvidos, testes de vestibular com respostas. 7.ed. São Paulo:
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(traduzido)
17

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