Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009

Transcrição

Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
VOLUME 04 - NÚMERO 01 - 2009 - MAGAZINE
- Pág. 1 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
É com grande satisfação que, no vigésimo segundo ano de realização do Encontro Nacional de
Atividade Física/ENAF, em sua quadragésima quinta edição, publicamos a Revista ENAF SCIENCE Nº
07. Tal publicação pode ser traduzida como uma forma de agradecimento e retribuição a todos aqueles
que, direta ou indiretamente, contribuíram para o desenvolvimento e aperfeiçoamento desse evento que
integra o universo da atividade física e da saúde.
No decorrer desses anos acreditamos ter participado da formação de milhares de acadêmicos e
profissionais da área de educação física, fisioterapia, nutrição, enfermagem, turismo e pedagogia. A
partir de 2004 passamos a realizar o Congresso Científico vinculado ao ENAF, dando mais um passo
na construção dos saberes que unem formação e produção.
É a partir desse contexto que a Revista ENAF SCIENCE é novamente lançada. Esperamos que
essa publicação enriqueça nossa área de ação. Nesta edição, estão presentes todos os trabalhos
apresentados no Congresso Científico, seja sob forma de artigo completo ou como resumo na forma de
pôster.
Esperamos que este seja o primeiro passo que pretendemos empreender na busca por um novo
viés de conhecimento, fazendo com que o ENAF siga seu caminho mais essencial: participar da
construção de uma ciência da atividade física.
Prof. Dennis William Abdala
Prof. Rodney Alfredo Pinto Lisboa
Prof. Arthur Paiva Neto
Prof. Sebastião José Paulino
- Pág. 2 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
Índice – ARTIGOS
ARTIGO
AUTOR
PÁGINA
MARCUS VINÍCIUS DE A. CAMPOS
05
AMAIR REZENDE HELENO
10
ELIANA PERES ROCHA CARVALHO LEITE
13
JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
UMA ANÁLISE COM A TEORIA BIECOLÓGICA DO
DESENVOLVIMENTO HUMANO
ANA LÚCIA RATTI BROLO
16
ALTERAÇÃO DOS ÍNDICES DE ABSENTEÍSMO APÓS
INTERVENÇÃO DO PROGRAMA DE GINÁSTICA
LABORAL EM EMPRESA DO RAMO SIREDÚRGICO
PAULO EDUARDO SOUZA MEDEIROS
20
CHRISTIANNE A. P. CALHEIROS
26
MARCOS FERNANDO MISAEL
30
VIVIANE APARECIDA VIEIRA NOGUEIRA
38
EDSON BEZERRA DE SOUZA
42
A INFLUENCIA DE INTERVENÇÕES
MULTIDISCIPLINARES NA CONSCIENTIZAÇÃO
ALIMENTAR DE ADOLESCENTES
IDENTIFICAÇÃO DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA DE
ADOLESCENTES DO MUNICÍPIO DE RIO POMBA, MG
INFLUÊNCIA DA ANALGESIA PERIDURAL LOMBAR
CONTÍNUA EM RECÉM-NASCIDOS DE PARTO
NORMAL
IN-SUCESSOS NA ANTICONCEPÇÃO DE
ADOLESCENTES GRÁVIDAS: SENTIMENTOS E
PERCEPÇÕES DIANTE DE MUDANÇAS
PSICOSSOCIAIS
INVESTIGAÇÃO DE ALTERAÇÕES DA VELOCIDADE
DA MARCHA E CAPACIDADE FUNCIONAL NO IDOSO
QUANDO SUBMETIDOS A TREINAMENTO
RESISTIDOS.
QUALIDADE VIDA RELACIONADA À SAÚDE DE
IDOSAS HIPERTENSAS PRATICANTES E NÃO
PRATICANTES DE EXERCÍCIO FÍSICO
CONHECIMENTO DOS GRADUANDOS DE
ENFERMAGEM DO 6º SEMESTRE SOBRE NUTRIÇÃO
PARA O PACIENTE DIABÉTICO
- Pág. 3 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
Índice – RESUMOS
PÔSTER
ACUPUNTURA AURICULAR ASSOCIADO AO TRATAMENTO
FISIOTERAPÊUTICO NA BUSCA DE QUALIDADE DE VIDA EM
UMA PACIENTE COM LABIRINTOPATIA PERIFÉRICA
PERCENTUAL DE GORURA DE JOVENS ATIVOS E
SEDENTÁRIOS DE UMA ESCOLA ESTADUAL
AUTOR
PÁGINA
SUELLEN FERNANDA COUTINHO
51
ADELITA VIEIRA DE MORAIS
51
ADELITA VIEIRA DE MORAIS
52
WANDER LUÍS FERREIRA
53
ANDERSON FERNANDES DA SILVA
53
FERNANDA BARBOSA PEREIRA
54
RAFAEL R. C. VEIGA
54
TATIANE LOPES
55
HEMERSON PATRIARCA
55
HEMERSON PATRIARCA
56
BRUNO LEONARDO DA SILVA
GRÜNINGER
56
FERNANDA BARBOSA PEREIRA
57
TATIANE LOPES
57
WANESSA CHRISTINA CAMPOS
COSTA
59
ELIZIANA RENATA SOUZA DOS
SANTOS
60
SUELLEN FERNANDA COUTINHO
60
ELIZIANA RENATA SOUZA DOS
SANTOS
61
SUELLEN FERNANDA COUTINHO
62
A UTILIZAÇÃO DO LÚDICO NO ENSINO DO XADREZ ESCOLAR
WENDEL RODRIGO DE ASSIS
63
PERFIL DO IMC E SUA RELAÇÃO COM O TESTE DE SENTARLEVANTAR EM ALUNOS DO 1º SEGMENTO DE ENSINO
FUNDAMENTAL
PAULO GIL SALLES
64
PROGRAMAS DE INICIAÇÃO ESPORTIVA NAS ESCOLAS NA
PERSPECTIVA DOCENTE
ANÁLISE DA VELOCIDADE MÉDIA DOS ÁRBITROS DE
FUTEBOL DA LIGA ESPORTIVA OUROPRETANA
ANÁLISE DOS BENEFÍCIOS DA GINÁSTICA LABORAL NO
TRABALHO
RELAÇÃO ENTRE A COLUNA CERVICAL E AS DISFUNÇÕES
TÊMPORO-MANDIBULARES: REVISÃO DE LITERATURA
A IMPORTÂNCIA DA GINÁSTICA LABORAL POSTURAL NO
COMBATE ÀS DISFUNÇÕES POSTURAIS
AVALIAÇÃO DO EFEITO DA ACUPUNTURA NO
DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR (DNPM) EM
CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN – ESTUDO DE CASOS.
A IMPORTÂNCIA DOS PARÂMETROS CURRICULARES
NACIONAIS FRENTE AS ABORDAGENS DA EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ANTES E APÓS A
REDEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL
AJUDANDO O PACIENTE A PARAR DE FUMAR
DRENAGEM LINFÁTICA DO LINFEDEMA DECORRENTE DO
CÂNCER DE MAMA
INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PÓS OPERATÓRIO DE
REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO EM PACIENTES
OCTOGENÁRIOS – UM RELATO DE CASO
INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PACIENTE
FIBROMIÁLGICO PORTADOR DE VERTIGEM POSICIONAL
PAROXÍSTICA BENIGNA. RELATO DE CASO
ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PACIENTE COM
NEUROFIBROMATOSE TIPO 1. RELATO DE CASO
ACUPUNTURA AURICULAR ASSOCIADO AO TRATAMENTO
FISIOTERAPÊUTICO NA BUSCA DE QUALIDADE DE VIDA EM
UMA PACIENTE COM LABIRINTOPATIA PERIFÉRICA
COMPARAÇÃO DE DUAS MANOBRAS DISPONÍVEIS PARA
DUCTOLITÍASE DO CANAL POSTERIOR NA VERTIGEM
POSICIONAL PAROXÍSTICA BENIGNA. RELATO DE 2 CASOS
ANÁLISE COMPARATIVA INTER EXAMINADORES NO MÉTODO
DE AVALIAÇÃO DA FOTOGONIOMETRIA
- Pág. 4 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
ARTIGOS
A INFLUENCIA DE INTERVENÇÕES MULTIDISCIPLINARES NA CONSCIENTIZAÇÃO ALIMENTAR DE
ADOLESCENTES
Marcus Vinícius de A. Campos, Educador Físico / Aprimorando em Especializção em Nutrição HCFMRP – USP. E-mail:
[email protected]
Ana Paula L.M. Sanches; Ana Paula D. Envernize; Marina R. Barbosa; Marília D. Sales; Simara Maria Barboza
Nutricionistas / Aprimorandas em Especialização em Nutrição HCFMRP-USP
Dr. José Eduardo Dutra-de-Oliveira, Médico / Coordenador Aprimoramento em Especialização em Nutrição HCFMRP-USP
RESUMO
Pesquisas de base populacional destacam um aumento das taxas de excesso de peso na adolescência, sendo este
atribuído ao sedentarismo e adoção de práticas alimentares inadequadas. Com o objetivo de promover a conscientização
quanto às escolhas alimentares, 519 adolescentes de uma escola pública de do município de Ribeirão Preto-SP passaram
por avaliação antropométrica e responderam questionários referentes ao nível de atividade física no período préintervenção, além de responderem a questionários referentes ao consumo de alimentos no período escolar e ao
comportamento alimentar em relação ao consumo de frutas e verduras no período pré e pós intervenção. Os resultados
indicaram prevalência de indivíduos fisicamente ativos e eutróficos; mudança significativa no consumo de alimentos durante
o período escolar e no comportamento frente ao consumo de frutas e verduras após as intervenções. Com base nestes
dados é possível concluir que o programa de educação nutricional proposto foi eficaz para modificação do conhecimento e
práticas alimentares saudáveis.
PALAVRAS-CHAVE: Intervenção Multidisciplinar – Adolescentes - Comportamento
1 INTRODUÇÃO
O conceito de transição nutricional corresponde às mudanças dos padrões nutricionais, referindo-se em geral à passagem
da subnutrição para a obesidade. No Brasil, a transição nutricional é caracterizada pela não uniformidade em todo o país da
,
redução da prevalência de subnutrição e elevação de sobrepeso e obesidade¹ ².
3
A adolescência, que compreende o período dos 10 aos 19 anos de idade , é marcada por grandes transformações
fisiológicas, morfológicas, mentais e emocionais que levam o individuo ao estado adulto e, como todo processo de
4
desenvolvimento humano, resulta da interação de determinantes genéticos e influências ambientais . Este período é
também caracterizado pela construção de identidade e da capacidade de avaliação. Sendo portanto um momento
privilegiado para as intervenções na área da saúde e da nutrição, tendo em vista a adoção de hábitos de vida saudáveis e a
5
promoção da saúde na vida adulta .
Pesquisas de base populacional destacam um aumento das taxas de excesso de peso na adolescência. Ao compararmos
os dados do Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF), realizado em 1996-1997, e o da Pesquisa de Orçamento
Familiar (POF) realizado nos anos de 2002-2003, podemos observar uma elevação no percentual de meninos com excesso
de peso de 11,8% para 17,9% e a manutenção entre as meninas em 15,3%.
Este quadro epidemiológico é atribuído ao
sedentarismo e adoção de práticas alimentares inadequadas na adolescência; onde observa-se o consumo freqüente de
refrigerantes e fast-food, além da baixa ingestão de frutas e verduras. As recomendações acerca da prevenção, sugerem a
6,7
reeducação alimentar e o estímulo à atividade física .
O contexto desafiador da educação nutricional exige o desenvolvimento de abordagens educativas que permitam abraçar os
problemas alimentares em sua complexidade, tanto na dimensão biológica como na social e cultural. Por isso, tem sido
manifestada, no meio acadêmico, a necessidade de superar as distorções induzidas pelo método convencionais, que
envolvem a produção de conhecimento com intervenções supervalorizadas da dimensão biológica em detrimento aos
8
aspectos sociais e culturais . As abordagens inter e transdisciplinares surgem como opções oferecem caminhos
alternativos, ou seja, contemplam processos pedagógicos que envolvem os educandos em sua totalidade bio-psicosocial e
8,9
cultural, por intermédio de estratégias que superam a mera transmissão de informações .
2 METERIAIS E MÉTODOS
2.1. Amostra
A amostra foi constituída por 519 alunos da Escola Estadual Alcides Corrêa, localizada no município de Ribeirão Preto-SP,
matriculados nas 5º, 6º, 7º, 8º séries do ensino fundamental e 1º e 2º ano do ensino médio.
- Pág. 5 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
2.2. Delineamento do Estudo
A coleta de dados foi realizada por uma equipe multidisciplinar, composta de cinco nutricionistas e um educador físico.
Foram coletadas as seguintes informações de cada participante: sexo, idade e dados antropométricos, seguindo
10
procedimentos recomendados por Frisancho ; sendo tais dados utilizados para o cálculo do Índice de Massa Corporal
3
(IMC) e classificação do estado nutricional dos alunos de acordo com a Organização Mundial de Saúde .
A avaliação do consumo alimentar no período escolar, foi realizada por meio de um questionário elaborado pelos
pesquisadores do presente trabalho, onde era referido através de questões fechadas, o consumo de alimentos vendidos na
cantina, alimentos trazidos de casa e/ou oferecidos pela merenda escolar estadual.
11
O comportamento em relação ao consumo de frutas e verduras foi classificado de acordo com Prochaska . Tal
classificação foi realizada de forma independente para cada um dos grupos alimentares estudados, por meio de um
12
algoritmo .
Para a mensuração do nível de atividade física utilizou-se a versão oito do Questionário Internacional de Atividade Física
13
(IPAQ) .
2.3. Descrição das Intervenções Realizadas
Com o intuito de trabalhar a escolha alimentar dos adolescentes, as seguintes intervenções educativas foram realizadas:
14,15,16,17
Tempestade de Idéias; Montagem do Lanche; Vídeo de Propagandas e Normas da Boa Alimentação
.
2.4. Análise Estatística
A estatística descritiva foi utilizada para parametrização dos dados, sendo calculada a média e desvio padrão da idade,
peso, estatura e IMC. O teste t Student pareado foi utilizado para comparar consumo e comportamento alimentar antes e
depois da intervenção. Para o estudo das associações entre estado nutricional e nível de atividade física; e gênero com nível
de atividade física, comportamento alimentar em relação a frutas e verduras, estado nutricional e consumo no período
18
escolar, foi utilizado o teste exato de Fisher . Para o estudo das associações entre os períodos (pré e pós-intervenção) na
19
análise dos questionários aplicados, foi utilizado o teste de McNemmar , e quando a dimensão da tabela de freqüências foi
20
maior que 2 x 2 utilizou-se o teste de Stuart-Maxwell . A análise estatística foi realizada com o auxílio dos programas de
computador Microsoft Office – Excel, 2007 e SAS/STAT® User’s Guide, Version 9, sendo adotado o grau de significância de
5% (p<0,05).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em relação à caracterização da amostra quanto à antropometria, os resultados obtidos demonstraram que a média
2
encontrada para idade, peso, altura e IMC foram, respectivamente, 13,7 anos, 54,1 kg, 1,61m e 20,7kg/m . O estado
nutricional da amostra, segundo categorização do Epiinfo através IMC para idade, encontra-se apresentado no Gráfico 1. Ao
associarmos o gênero, não observamos diferença significativa em relação ao estado nutricional
Gráfico 1. Classificação do Estado Nutricional segundo IMC.
- Pág. 6 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
Estes dados são concordantes com estudo realizado com 502 adolescentes da rede pública (EPU) e privado (EPR) do
Município do Rio de Janeiro, de ambos os sexos e faixa etária compreendendo 11 a 15,9 anos; onde se verificou que na
EPU, 82,2% dos adolescentes eram eutróficos, 2,0% apresentavam baixo peso, 9,2% sobrepeso e 9,2% eram obesos.
Neste estudo, também foi verificado que o risco para sobrepeso e obesidade foram às alterações nutricionais de maior
21
freqüência entre os adolescentes avaliados, independentemente do tipo de escola .
Em estudo realizado com adolescentes de uma escola pública do município de São Paulo, encontrou-se um percentual de
58,1% no que diz respeito à normalidade do estado nutricional, 27,9% de risco para sobrepeso e 4,7% para obesidade em
ambos os sexos, o que discorda em parte com o referente trabalho, cujos valores para faixa de normalidade e risco para
sobrepeso, foram respectivamente: 75,2% e 12%, porém concordante no que tange aos valores observados em relação a
22
obesidade (4,9%) .
Em relação ao nível de atividade física dos adolescentes da 8º série ao 2º ano do ensino médio (n=215; 51,6% da amostra
total), os dados encontra-se expressos no Gráfico 2.
Gráfico 2 – Classificação do Nível de Atividade Física.
A prevalência de adolescentes ativos e muito ativos neste estudo, 87,9% encontra-se superior a grande maioria dos estudos
23,24,25
26
encontrados na literatura
. Valor mais próximo ao encontrado neste estudo foi verificado pelo INCA , que avaliou
através de inquérito domiciliar o nível de atividade física em 15 capitais, sendo encontrada prevalência de indivíduos ativos e
muito ativos de 72,6% e 74,1% em Belém-PA e Natal-RN, respectivamente.
Dentre os fatores que justificam a prevalência encontrada neste trabalho, destacam-se os fatores climáticos; uma vez que
estudos investigando os fatores que interferem a prática de atividade física, sustentam que no verão os indivíduos tendem a
praticar mais atividade física; este fator não deve ser desconsiderado neste trabalho, uma vez que o município de Ribeirão
27
Preto-SP apresenta elevadas temperaturas durante todas as estações do ano .
28
Hallal et al , afirmam que a atividade física ocupacional e de transporte representam grande parte do total de atividade
física de indivíduos de países em desenvolvimento, o que justifica o elevado percentual de adolescentes ativos neste
estudo, uma vez que o IPAQ, ferramenta utilizada para avaliar o nível de atividade física neste estudo, considera estes
modelos de atividade física. Vários estudos se atentam ao fato de adolescentes de classe econômica menos privilegiadas se
inserirem no mercado de trabalho precocemente, apresentando alto nível de envolvimento com atividade física laboral,
29,30,31
perfazendo esta um valor considerável do total de atividade física desenvolvida
.
Ainda referente ao nível de atividade física, vale salientar que houve diferença significativa entre os gêneros, sendo que
60,4% dos indivíduos ativos eram meninas e 39,6% meninos; este resultado se mostra contrários ao observado em outros
23,24
30
trabalhos da literatura, que observaram uma prevalência maior de sedentarismos na população feminina
; Guedes et al
sugerem que os resultados deste trabalho podem estar relacionados ao fato das meninas de classe econômica menos
favorecida, serem freqüentemente levadas a assumir tarefas domésticas que envolvem trabalho manual.
- Pág. 7 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
Ao analisar a associação entre o nível de atividade e o estado nutricional observou-se que 75,5% dos indivíduos
considerados ativos estão dentro dos parâmetros de normalidade do IMC para idade; 5,6% obesos; 13,2% em risco de
obesidade e 5,6% subnutridos. Em contrapartida, dos indivíduos sedentários 80% estão dentro dos parâmetros de
normalidade do IMC para idade e 20% com risco de obesidade, não sendo encontrada associação significativa entre as
variáveis.
Estudos relatam que a incidência de adolescentes fisicamente ativos com IMC acima dos valores de normalidade pode estar
relacionada à participação dos mesmos em atividades que proporcionam ganho de massa muscular, principalmente os
adolescentes do sexo masculino; uma vez que o IMC não faz separação dos diferentes tecidos, podendo o aumento do IMC
31,32
nestes adolescentes, estar relacionado ao aumento de massa muscular ao invés de tecido adiposo
.
A classificação dos adolescentes, segundo o estágio de mudança de comportamento alimentar em relação a frutas e
verduras, revelou que cerca de 28% da amostra encontrava-se em decisão e um quarto em manutenção para frutas (Gráfico
3); e cerca de 32% da amostra encontrava-se em decisão e cerca de 24% em manutenção para verduras (Gráfico 4). Ao
analisar a mudança do comportamento após intervenção observou-se que não houve diferença estatística (p>0,05) entre pré
e pós intervenção em relação ao comportamento de frutas e verduras, assim como entre os gêneros, neste critério.
Houve aumento significativo de 7,6% e 10,5% dos individuos que consideravam sua alimentação saudável em relação a
frutas e verduras, respectivamente. Assim como, aumentou significativo em 4,6% e 8% os indivíduos que pretendem
melhorar sua alimentação através do consumo de frutas e verduras, respectivamente. Para ambas análises houve diferença
significativa (p<0,01).
Em estudo utilizando metodologia e amostra semelhante, constatou-se que o percentual de indivíduos classificados no
estágio de manutenção para frutas era de 29,5%, corroborando com presente estudo. Enquanto que o consumo de verduras
nessa mesma categoria foi de 38,9% não sendo condizentes com os resultados encontrados em nosso estudo. Houve
diferença também na categoria pré contemplação, onde neste estudo, foi encontrado 14% e 8% para frutas e verduras
12
respectivamente, e em outro trabalho, 35% e 32% respectivamente .
Gráfico 3. Comportamento alimentar em relação ao consumo de frutas no pré e pós-intervenção.
Gráfico 4. Comportamento alimentar em relação ao consumo de verduras no pré e pósintervenção.
- Pág. 8 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
Ao avaliar o consumo alimentar do período escolar antes e após as intervenções, através do questionário aplicado, observase mudanças no hábito alimentar. Tais mudanças podem ser caracterizadas por aumento significativo da inclusão de lanche
no período escolar (11%; p< 0,01). Em relação ao consumo dos alimentos provenientes da cantina, houve aumento
significativo do consumo de suco natural (12,8%; p=0,03) e redução significativa no consumo de suco artificial (6,8%;
p=0,01) e balas (19,3%; p< 0,01), não havendo diferença significativa entre os gêneros. Quanto ao consumo da merenda
escolar e outros itens alimentares da cantina não houve diferença significativa no período (p>0,05).
Em estudo avaliando a preferência alimentar de adolescentes durante o período escolar, identificou que esta é caracterizada
pelo consumo de alimentos predominantemente industrializados, com alto teor de lipídios e carboidratos simples,
destacando entre estes: salgadinho tipo chips (28,5%), salgados assados e fritos (9,5%), refrigerantes (15,5%), sorvetes
(6,5%), bolacha recheada (20%), chocolate (11,5%) e balas (3,5%), dados estes similares ao observado no presente estudo.
Essas escolhas podem ser justificadas pela ausência de reflexo crítico sobre o ato alimentar saudável, comportamento este,
característico da fase que compreende a adolescência, além de fatores adicionais como a influência de colegas e da mídia,
que contribuem para preferência de alimentos de baixo valor nutricional.
4 CONCLUSÃO
A população estudada apresenta uma prevalência de normalidade, porém, já há uma freqüência significativa da presença
relevante de sobrepeso/obesidade; portanto, é de extrema importância, ampliar os estudos sobre esta faixa etária visando
avaliar a dimensão do problema e criar estratégias de prevenção e controle.
Embora haja regulamentos nacionais (Portaria Interministerial de no. 1010 de 8 de maio de 2006) na qual institui diretrizes
para a promoção da alimentação saudável por meio da restrição do comércio de alimentos de alto teor de gordura saturada,
gordura trans, açúcar livre e sal, há ainda um predomínio do consumo de alimentos com essas características durante o
período escolar.
O programa de educação nutricional proposto foi eficaz para modificação do conhecimento e práticas alimentares saudáveis.
No entanto, ações educativas sobre estilo de vida saudável devem ser continuamente abordadas no ambiente escolar e
incluir, além dos alunos, professores, pais, merendeiros e cantineiros a fim de permitir uma intervenção mais eficaz
associada com a adoção da mudança permanente.
5. REFERÊNCIAS
1. KAC G.; VELÁSQUEZ-MELENDEZ G. A transição nutricional e a epidemiologia da obesidade na América Latina. Cad.
Saúde Públ., n.19, Suppl 1:S4-5, 2003.
2. ESCODA MSQ. Para a crítica da transição nutricional. Ciência e Saúde Coletiva, p.7:219-26, 2002.
3. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Physical status: the use and interpretation of antropometry. WHO Tec. Rep. Ser., n.
854. Geneva; 1995
4. DEL CIAMPO, I.R.L., TOMITA, I. Nutrição do Adolescente. In: Monteiro, J.P., Camelo Junior, J.S. Nutrição e
Metabolismo – Caminhos da Nutrição e Terapia Nutricional – da concepção à adolescência. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2007. p 311.
5. TARDIDO, A.P.; FALCÃO, M.C. O impacto da modernização na transição nutricional e obesidade. Rev. Brás. Nutr. Clin.,
n.21, v.2, p.117-24, 2002.
6. FISBERG, M., BANDEIRA, C.R.S., BONILHA, E.A., HALPERN, G., HIRSCHBRUCH, M.D. Hábitos alimentares na
adolescência. Ped. Mod., n.36, v.11, p.724-734, 2000.
7. FISBERG, M. Atualização em obesidade na infância e adolescência. São Paulo: Atheneu; 2004.
8. BOOG, M.C.F.;VIEIRA, C.M.; OLIVEIRA, N.L.; FONSECA, O.; L’ABBATE, S. Utilização de vídeo como estratégia de
educação nutricional para adolescentes: “comer... o fruto ou o produto?”. Rev. Nutr. – Campinas, v.16, n.3, p.281-293,
jul/set, 2003.
9. ALBANO, R.D. Estado nutricional e consumo alimentar de adolescentes. Dissertação de mestrado apresentada a
Faculdade de Saúde Pública, USP; 2000.
10. FRISANCHO, A.R. Anthropometric standards for the assessment of growth and nutricional status. Ann Arbor,
Michigan: University of Michigan Press; 1990.
11. PROCHASKA, J.O.; DI CLEMENTE, C.C.; NORCROSS, J.C. In search of how people change: applications to addictive
behaviors. American Psychologic, n.47, v.9, p.1102-1114, 1992.
12. TORAL, N.; SLATER, B.; CINTRA, I.P.; FISBERG, M. Comportamento alimentar de adolescentes em relação ao
consumo de frutas e verduras. Rev. Nutr., Campinas, n.19, v.3, p.331-340, maio/jun., 2006.
13. MATSUDO, S.M; ARAÚJO, T.; MATSUDO, V.R.; ANDRADE, D.; ANDRADE, E.; OLIVEIRA, L.; BRAGGION, G.
Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ): estudo de validade e reprodutibilidade no Brasil., n.6, v.2, p.5-18,
2001.
14. FAGIOLI, D.; NASSER, L. A. Educação nutricional na infância e na adolescência: planejamento, intervenção,
avaliação e dinâmica. São Paulo: Editora RCN, 2006.
15. QUAIOTI, T. C. B. Hábitos e preferências alimentares de crianças e adolescentes do ensino fundamental de
escolas particulares: uma análise de fatores ambientais no estudo da obesidade. Tese de Doutorado, FFCL, USP,
- Pág. 9 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
Ribeirão Preto, 2002.
16. NASCIMENTO, P.C.B.D. A influência da televisão nos hábitos alimentares de crianças e adolescentes. Tese de
Doutorado, FFCL, USP, Ribeirão Preto. p.91, 2007.
17. FUNDAÇÃO SIBAN (Simpósio Brasileiro de Alimentação e Nutrição). Campanha Nacional da Boa Alimentação:
Normas da Boa Alimentação, 1988. In: DUTRA-DE-OLIVEIRA, J.E.; MARCHINI, J.S. Ciências Nutricionais. São Paulo:
SARVIER, 1998.
18. MEHTA, C.R.; PATEL, N.R. A network algorithm for performing Fisher’s exact test in rxc contingency tables.
JASA, n.78, v.382, p.427-434, 1983.
19. PAGANO, M.; GAUVREAU, K. Princípios de Bioestatística, Ed. Thomson, São Paulo, 2004.
20. FLEISS, J. L.; LEVIN, B. and PAIK, M. C. Statistical Methods for Rates and Proportions. 3rd Edition. Ed, Wiley and Sons,
New Jersey, 2003.
21. OLIVEIRA, C.S.; VEIGA, G.V. Estado nutricional e maturação sexual de adolescentes de uma escola pública e de uma
escola privada do Município do Rio de Janeiro. Rev. Nutr., Campinas, v.18, n.2, p.183-91, mar./abr., 2005.
22. ALBANO, R.D.; SOUZA, S.B. Estado nutricional de adolescentes: “risco de sobrepeso” e “sobrepeso” em uma escola
pública do Município de São Paulo. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, v.17, n.4, p.941-47, jul-ago, 2001.
23. MATSUDO, S.M.; MATSUDO, V.R.; ARAUJO, T.; ANDRADE, D.; ANDRADE, E.;OLIVEIRA, L.; BRAGGION, G. Nível de
atividade física da população do Estado de São Paulo: análise de acordo com o gênero, idade, nível socioeconômico,
distribuição geográfica e de conhecimento. Rev. Bras. Ciên. Mov., Brasília, v.10, n.4, p.41-50, 2002.
24. SILVA, R.C.R.; MALINA, R.M. Nível de atividade física em adolescentes do Município de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil.
Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, v.16, n.4, p.1091-1097, 2000.
25. MAITINO, E.M. Aspectos de risco coronariano em causuística de crianças de escola pública de primeiro grau em Bauru,
SP Rev. Ativ. Física & Saúde, Londrina, v.2, p.37-52. 1997.
26. INCA. INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Inquérito domiciliar sobre comportamento de risco e morbidade
referida de doenças e agravos não transmissíveis: Brasil, 15 capitais e Distrito Federal, 2002-2003, Rio de Janeiro,
2004.
27. MCGUIRE, M.T.; HANNAN, P.J.; NEUMARK-SZTAINER, D.; COSSROW, N.H.; STORY, M. Parental Correlates of
Physical Activity in a Racially / Ethnically Diverse Adolescent Sample. J. Adolesc Health, v.30, n. 4, p. 253-261, Abr. 2002.
28. HALLAL, P.C.; VICTORIA, C.G.; WELLS, J.C.K.; LIMA, R.C. Physical Inactivity: Prevalence and Associated Variables in
Brazilian Adults. Med & Sci in Sport & Exerc, v.35, n.11, p.1894-1900, 2003.
29. BALL, E.J.; O´CONNOR, J.; ABBOTT, R.; STEINBECK, K.S.; DAVIES, P.S.; WISHART, C.; GASKIN, K.J.; BAUR, L.A.
Total energy expendidure, body fatness, and physical activity in children aged 6 – 9y. Amer J Clin Nutr, v.74, n.4, p.524528, 2001.
30. GUEDES DP; GUEDES JERP; BARBOSA DS; OLIVEIRA JA. Atividade física habitual e aptidão física relacionada à
saúde em adolescentes. Rev Bras Ciênc Mov 2002; 10(1):13-21.
31. OLIVEIRA, A.M.A.; CERQUEIRA, E.M.M.; SOUZA, J.S.; OLIVEIRA, A.C. Sobrepeso e obesidade infantil: Influência dos
fatores biológicos e ambientais em Feira de Santana, BA. Arq Bra. de Endocr. Met., v.47, n.2, p.144-150, 2003.
32. MONTEIRO, P.O.A.; VICTORIA, C.G.; BARROS, F.C.; TOMASI, E. Diagnóstico de Sobrepeso em Adolescentes: Estudo
do Desempenho de Diferentes Critérios para o Índice de Massa Corporal. Rev. de Saúde Públ., v. 34, n. 5, p. 506-513,
2000.
IDENTIFICAÇÃO DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA DE ADOLESCENTES DO MUNICÍPIO DE RIO POMBA, MG
Amair Rezende Heleno, Licenciado em Educação Física, Faculdade Ubaense Ozanam Coelho, email:
[email protected]
Paula Guedes Cocate, Mestra em Ciências da Nutrição, Universidade Federal de Viçosa, email:
[email protected].
RESUMO
A identificação do nível de atividade física em adolescentes é importante para conscientizar o indivíduo sobre os benefícios
relacionados à saúde adquiridos pela prática regular de atividade física. O presente estudo teve como objetivo avaliar o nível
de atividade física em adolescentes que estudam em escolas públicas e privadas do município de Rio Pomba, MG. Como
metodologia, foi realizada uma pesquisa de delineamento transversal com uma amostra representativa de adolescentes de
ambos os sexos com a idade entre 14 e 17 anos. Para tal, foi aplicado o questionário internacional de nível de atividade
física (IPAQ). Constatou-se que grande parte dos adolescentes tem um índice baixo de sedentarismo. A partir dos dados
apresentados, sugeriu-se que os educadores físicos estimulem a manutenção da prática de atividade física regular, para os
ativos; e a aquisição deste hábito saudável por aqueles classificados como irregularmente ativos ou sedentários.
Palavras-chave: adolescentes, nível de atividade física.
- Pág. 10 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
INTRODUÇÃO
Alguns autores pesquisados para o desenvolvimento deste trabalho demonstram em seus estudos, que na sociedade atual
há uma grande parcela da população de jovens e adultos que apresentam em seu cotidiano um estilo de vida sedentário. O
sedentarismo observado é devido ao avanço técnico tecnológico como, por exemplo, o controle remoto, o vídeo game, o
computador, a internet como fonte de pesquisa e entretenimento, a maçaneta do carro que se tornou automática, dentre
outros meios que são utilizados no dia a dia para a solução de ordem prática. Com isso, diminui a necessidade de atividade
física para realizar funções decorrentes do uso dessas tecnologias.
A falta de atividade física regular pode ocasionar uma série de doenças, tais como hipertensão, doenças crônicas
degenerativas, estresse e obesidade. A atividade física regular apresenta relação inversa ao risco de doenças crônicas
degenerativas, e tem um efeito positivo na qualidade de vida trazendo assim, vários benefícios à saúde por meio da
influência direta sobre a morbidade na própria adolescência ou por uma influência mediada pelo nível de atividade física na
vida adulta (TAMMELIN et al., 2003).
Dentro desse contexto, autores têm enfatizado a importância da adoção de atividade física regular para a obtenção de
melhorias nos níveis de saúde individual e coletiva (PATE et al., 1995). Além disso, é de grande importância detectar-se
precocemente, de forma adequada, o sedentarismo, para a implementação de programas de atividade física, a fim de
promover benefícios relacionados à saúde.
No entanto, tem-se visto que, no Brasil, há poucos estudos relacionados ao sedentarismo. Além disso, os resultados de
incidência e prevalência deste hábito são apresentados com variações diversificadas entre as localidades. Dentre os
estudos que podem ser encontrados, destacam-se os desenvolvidos nos municípios de Pelotas, RS; Florianópolis, SC. e
Niterói, RJ. (OEHLSCHAEGER et al., 2004; PIRES et al., 2004; SILVA e MALINA, 2000).
Vale ressaltar que cada uma das pesquisas mencionadas utilizou-se de um questionário específico para a determinação do
nível de atividade física validado para a população de seus estudos. Porém, ainda não se tem uma padronização de seu uso
nos estudos nacionais. Um questionário validado para adolescentes brasileiros com idade superior a 14 anos, de fácil
aplicação e disponível na versão curta, em português, é o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), que tem
sido utilizado em alguns estudos como no de Matsudo et al (2002) e Amorim et al (2006).
Assim, verifica-se que há uma necessidade da padronização dos instrumentos para a identificação do real nível de atividade
física da população adolescente em diversas localidades do Brasil.
Com base nisso, o objetivo do presente estudo foi avaliar o nível de atividade física em adolescentes com a idade de 14 a 17
anos, estudantes do ensino fundamental e médio, do município de Rio Pomba, MG.
MATERIAIS E MÉTODOS
A Organização Mundial da Saúde considera a adolescência o período da vida entre 10 e 19 anos (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2008). Porém optou-se por realizar o presente estudo apenas com os adolescentes com a idade entre 14
e 17 anos, em observância ao instrumento de avaliação do nível de atividade física (IPAQ) que foi validado para indivíduos
com idade superior a 14 anos (GUEDES et al., 2005).
Assim, a amostra foi composta de 362 adolescentes de ambos os sexos (201 femininos e 161 masculinos) cursando o
ensino médio da rede pública e particular da educação regular da cidade de Rio Pomba, MG.
A presente pesquisa apresentou-se delineamento transversal, sendo realizada por meio da aplicação do questionário
internacional de atividade física (IPAQ) para a avaliação do nível de atividade física dos adolescentes.
Para a classificação do nível de atividade física pelo IPAQ, adotou-se as categorias: sedentário, irregularmente ativo, ativo e
muito ativo. Essas categorias estão publicadas juntamente com o referido documento disponível no site www.celafiscs.org.br
(CELAFISCS, 2008).
Os dados foram apresentados em percentuais, sendo realizada sua análise descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 1 estão representados os níveis de atividade física dos meninos e das meninas nascidos entre 1991 e 1994 (14 a
17 anos), obtidos por meio do questionário IPAQ.
- Pág. 11 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
47,76
% 50
45
42,85
42,25
40
35
27,88
23,37
30
25
Feminino
20
13,66
Masculino
15
10
1,00 0,64
5
0
Sedentário
Irregularmente
ativo
Ativo
Muito ativo
Figura 1: Nível de atividade física de adolescentes de ambos os sexos obtidos pelo questionário IPAQ.
Ao somar a prevalência de sedentarismo, irregularmente ativos, ativos e muito ativos dos meninos e das meninas,
constatou-se que 0,82% (3 adolescentes) foram classificados como sedentários, 19,06% (69 adolescentes) como
irregularmente ativos, 45,58% (165 adolescentes) como ativos e 34,54% (125 adolescentes) como muito ativos.
Ao somar o percentual de indivíduos ativos e muito ativos separados por gênero, os meninos se sobressaíram em relação às
meninas, sendo os valores correspondentes a 85,1% e 75,64%, respectivamente.
A diferença encontrada entre meninos e meninas pode ser explicada em razão da quantidade de atividade física, em geral,
os meninos participam mais de atividades físicas do que as meninas (GIUGLIANO e CARNEIRO, 2004). Os resultados
obtidos no atual estudo concordam com os resultados observados por Hallal et al. (2006) em que se verificaram que os
meninos (51%) foram mais ativos nas atividades físicas do que as meninas (33%).
Em oposição ao resultado obtido no presente estudo, Amorim et al. (2006) verificaram que as meninas são mais ativas do
que os meninos, revelando-se que as meninas realizam três vezes mais atividades na sessão casa que os meninos. Tal
diferença apresentada nessa sessão demonstra que esta seja uma característica cultural ainda arraigada na sociedade, em
que a maior parte do trabalho doméstico é considerada como de responsabilidade do sexo feminino.
Ao analisar a prevalência de sedentarismo em alguns estudos nacionais, constatou-se que no estudo de Oeshlschaeger et
al. (2004) foi verificado que 22% dos adolescentes de 15-19 anos da cidade de Pelotas,RS eram sedentários. Já no trabalho
de Silva e Malina (2000), 85% dos estudantes de 14 e 15 anos foram classificados como sedentários. E na pesquisa de
Oliveira et al. (2008), ao aplicar o questionário IPAQ para adolescentes do ensino médio de uma escola estadual em
Juazeiro do Norte,CE, também constataram uma alta prevalência de sedentarismo nesta população (45%). A partir desses
dados, observa-se que a prevalência do sedentarismo no atual estudo (0,82%) foi inferior ao resultado obtido em outros
estudos realizados em outras regiões brasileiras.
O resultado encontrado quanto ao bom nível de atividade física da amostra estudada, possivelmente, foi devido ao fato
desta pesquisa ter sido realizada em uma cidade do interior de Minas Gerais, que apresenta forte influência na prática de
atividades físicas tradicionais. Nesta cidade mineira são desenvolvidos, todos os anos, jogos escolares que incentivam e
motivam os alunos a participarem de esportes.
CONCLUSÃO
A maioria dos participantes foi classificada como adolescentes ativos e muito ativos, pelo questionário IPAQ, sendo
observado que os maiores níveis de atividade física encontram-se entre os meninos.
Verificou-se, também, que os baixos níveis de sedentarismo na população estudada são divergentes em relação a outros
estudos publicados no Brasil.
A partir dos dados apresentados, sugere-se que os educadores estimulem a manutenção da prática de atividade física
regular para os adolescentes ativos, e a aquisição deste hábito saudável para aqueles adolescentes que não praticam
atividade física de forma regular, que são considerados sedentários.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMORIM, P.R.S.; FARIA, R.C.; BYRNE, N.M.; HILLS, A.P. Análise do questionário internacional de atividade física em
adolescentes. Fitness & Performance Journal, v.5, nº 5, p. 300-305, 2006.
CELAFICS. Questionário nível de atividade física. Disponível em: <http:www.celafscs.org.br>. Acesso em: 5 mai. 2008.
- Pág. 12 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
GIUGLIANO, R.; CARNEIRO, E.C. Fatores associados à obesidade em escolares. Jornal de Pediatria, v. 80, n. 1, p. 17-22,
2004.
GUEDES, D.P.; LOPES, C.C.; GUEDES, J.E.R.P. Reprodutibilidade e validade do Questionário Internacional de Atividade
Física em adolescentes. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.11, n.2, p.151-158, 2005.
HALLAL, P.C; BERTOLDI, A.D; GONÇALVES, H; VICTORA, C.G. Prevalência de sedentarismo e fatores associados em
adolescentes de 10-12 anos de idade. Caderno Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 6, p. 1277-1287, 2006.
MATSUDO, S.M.; MATSUDO, V.R.; ARAÚJO, T.; ANDRADE, D.; ANDRADE, E.; OLIVEIRA, L.; BRAGGION, G. Nível de
atividade física da população do Estado de São Paulo: análise de acordo com o gênero, idade, nível socioeconômico,
distribuição geográfica e de conhecimento. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v.10, n.4, p.41-50, 2002.
OEHLSCHAEGER, M. H. K; PINHEIRO, R. T; HORTA, B; GELATTI, C; SAN´TANA, P. Prevalência e fatores associados ao
sedentarismo em adolescentes de área urbana. Revista de Saúde Pública, v. 38, n. 2, p. 157-163, 2004.
OLIVEIRA, A.M.B. de; ARAÚJO, E.M.P.S.de; MELO, J.S.M.: FERNANDES FILHO, J. Análise do questionário internacional
de atividade física em escolares do ensino médio da rede pública na cidade de Juazeiro do Norte-Ce. Livro de Memórias
do III Congresso Científico Norte-nordeste. Disponível em: <http://www.sanny.com.br/pdf_eventos_conaff/Artigo15.pdf>.
Acesso em: 5 jun. 2008
PATE, R.R.; PRATT, M.; BLAIR, S.N.; HASKELL, W.L.; MACERA, C.Q.; BOUCHARD, C. Physical activity and public health:
recommendation from the centers for desease control and prevention and the American College of Sports Medicine. JAMA,
v. 273, p.402-407, 1995.
PIRES, E. A. G; DUARTE, M. F. S. da; PIRES, M. C; SOUZA, G. S. de. Hábitos de atividade física e o estresse em
adolescentes de Florianópolis – SC, Brasil. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 12, n. 1, p. 51-56, 2004.
SILVA, R. C. R. de; MALINA, R. M. Nível de atividade física em adolescentes do município de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil.
Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 16, n. 4, p. 1091-1097, 2000.
TAMMELIN, T.; NAYHA, S.; HILLS, A.P.; JARVELIN, M.R. Adolescent participation in sports and adult physical activity.
American Journal Preventive Medicine, v. 24, p.22-28, 2003.
WORLD
HEALTH
ORGANIZATION.
10
facts
on
adolescent
health.
Disponível
em:
<http://www.who.int/features/factfiles/adolescent_health/en/index.html >. Acesso em: 4 de dez 2008.
INFLUÊNCIA DA ANALGESIA PERIDURAL LOMBAR CONTÍNUA EM RECÉM-NASCIDOS DE PARTO NORMAL
Eliana Peres Rocha Carvalho Leite, UNIFAL, Doutoranda, [email protected]
Maria Jose Clapis, Doutora
Christianne Alves Pereira Calheiros, Mestre
Maria Inês Barbosa Braga Bérgamo, MestreLuana Rodnitzky
Fassina, Graduação
Luciana Souza Siqueira, Graduação
Patrícia Alves Pereira Carneiro, Mestranda
Paulo Mozart Fernandes, Graduação
Marina Conceição Peres Carvalho, Especialista
RESUMO
O estudo objetivou verificar as condições de APGAR dos recém nascidos de mães submetidas ou não a analgesia peridural
lombar contínua. Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal com abordagem quantitativa, sendo analisadas pelos
pesquisadores 212 fichas de recém-nascidos no período de 2003 a 2005. Os aspectos éticos foram preservados, o projeto
foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e os dados submetidos à análise descritiva. Os resultados evidenciaram que
nas pontuações de APGAR no 1º minuto na característica Cor, a maioria obteve pontuação 1, com ou sem analgesia sendo
99,06% e 98,11% respectivamente. Para o 5º minuto, na mesma característica, aproximadamente 25,50% dos neonatos
continuaram com a pontuação 1(um), tanto aqueles nascidos de mulheres com ou sem analgesia. Conclui-se que não houve
alterações importantes nas condições de APGAR dos recém-nascidos de acordo com a utilização ou não da analgesia
peridural lombar contínua.
Palavras chave: Analgesia peridural. Neonato. Índice de APGAR.
INTRODUÇÃO
A experiência da maternidade é um dos eventos mais marcantes na vida da mulher, devendo ser vivenciada de forma plena,
consciente, possibilitando a participação da mulher como protagonista deste momento único de sua vida. Isso implica em
promover mudanças profundas nos conceitos de atenção à saúde da mulher.
No Brasil estas mudanças ocorreram a partir de medidas adotadas pelo Ministério da Saúde, conforme propostas da
- Pág. 13 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
Organização Mundial de Saúde (OMS), e Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) onde questões relacionadas ao
bem estar da mulher durante o trabalho de parto e parto vem sendo discutidas, revistas e reformuladas, entre elas o controle
da dor, visando o alcance da maternidade segura e humanizada.
Propõe, neste sentido, oferecer uma atenção ao parto que possibilite o controle da dor, a ser garantido como um direito da
mulher brasileira pelas portarias do Ministério da Saúde nº 2.815 de 1998 e, posteriormente, a de nº 572 de 2000, que
incluem a analgesia de parto na tabela de procedimentos obstétricos remunerados pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
(BRASIL, 2003).
A analgesia peridural lombar, um dos métodos farmacológicos mais utilizados, considerada segura e eficaz ganhou muita
popularidade nas últimas décadas. Segundo Eberle et al (2006) há controvérsias quanto à possibilidade dessa técnica
interferir no andamento do trabalho de parto e na vitalidade do neonato, porém para Baraldi, et al. (2007) não existe
consenso sobre os efeitos da analgesia no bem estar fetal.
Diante da possibilidade da analgesia peridural interferir na vitalidade fetal verifica-se ser de vital importância a avaliação das
condições do neonato. Para proceder esta avaliação, pode-se utilizar a Escala de APGAR, que foi desenvolvida pela
anestesiologista Virgínia APGAR em 1952, com o objetivo de avaliar rapidamente as condições físicas e vitalidade do
neonato após o parto evidenciando um índice que varia de 0 a 10 (LOTH; VITTI; NUNES, 2001; SILVA, 2002; EGEWARTH,
ALMEIDA, GUARDIOLA, 2005).
A avaliação é normalmente realizada duas vezes: uma no primeiro minuto após o nascimento, e novamente no 5° minuto.
De acordo com D’Orsi e Carvalho (1998); Silva (2002); Hübner e Juárez (2002), a escala compreende uma avaliação dos
sistemas cardiopulmonar e neurológico após a verificação de cinco fatores, como: freqüência cardíaca, respiração,
irritabilidade reflexa, tônus muscular e cor da pele. Cada um desses fatores recebe nota de 0 (zero) a 2 (dois).
A classificação proposta em 1981 subdivide o APGAR em: boas condições ao nascimento (APGAR entre 8 e 10), anóxia
leve (APGAR igual a7), anóxia moderada (APGAR entre 4 e 6) e anóxia grave (APGAR entre 0 e 3) (MELLO JORGE, et
al.,1993).
Apesar do Ministério da Saúde garantir a analgesia possibilitando as parturientes o parto sem dor, algumas maternidades da
região de Alfenas - MG e do interior do país, não disponibilizam tal procedimento alegando riscos para o feto e o neonato.
Diante desta realidade o presente estudo teve por objetivo verificar as condições de APGAR dos neonatos de mães
submetidas ou não a analgesia peridural lombar contínua
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal com abordagem quantitativa.
A população em estudo foi constituída por nascidos vivos nos anos de 2003, 2004 e 2005 cujos partos foram assistidos na
maternidade do município de Alfenas – MG. A amostra foi composta por 212 neonatos a termo, excluindo os gemelares,
baixo peso ao nascer, assim como os prematuros, tendo em vista que os mesmos apresentam maior pré-disponibilidade a
alterações de APGAR. As mães possuíam idades entre 20 a 34 anos e foram excluídas àquelas portadoras de patologias.
Dos 212 prontuários analisados, 106 foram de neonatos nascidos de parto normal sem utilização de analgesia constituindo
50% da amostra e os demais foram prontuários de neonatos nascidos de parto normal com a utilização da analgesia.
Os dados foram coletados pelos autores no período de maio a julho de 2006, analisando as fichas de avaliação das
condições de nascimento dos recém-nascidos (Escala de APGAR).
As variáveis do estudo foram às condições do neonato no 1° e 5° minuto contidas na escala de APGAR (freqüência
cardíaca, respiração, irritabilidade reflexa, tônus muscular e cor da pele), idade materna, paridade e acompanhamento prénatal, todas relacionadas com a realização e não de analgesia peridural lombar contínua.
O estudo foi realizado após autorização da Instituição preservando o anonimato dos participantes, considerando que os
dados foram originados de fonte secundária. Foi garantido o anonimato da Instituição envolvida e o trabalho final foi
encaminhado à mesma. O projeto foi encaminhado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Pró-reitoria de PósGraduação e Pesquisa da UNIFAL-MG de acordo com a Resolução 196/96 (BRASIL, 1996).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados mostraram as condições de nascimento, segundo o APGAR, de 106 recém-nascidos de mães submetidas à
analgesia peridural lombar contínua e 106 recém-nascidos de mães que tiveram seus partos sem a utilização de tal
procedimento (106).
Tabela 1 – Distribuição das condições de nascimento segundo as características e pontuações do APGAR, na presença e
na ausência de analgesia peridural lombar contínua. Alfenas, 2006.
- Pág. 14 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
Nas Pontuações de APGAR obtidas pelos neonatos no 1º minuto (Tab. 1), observa-se quanto à característica Batimento
Cardíaco, que todos os neonatos apresentam pontuação 2 (dois) e, quanto a Cor, a maioria com pontuação 1(um), tanto na
presença (99,06%) como na ausência de analgesia (98,11%). Para o 5º minuto, a maioria dos neonatos passaram a
apresentar pontuação 2 (dois), com exceção da Cor, em que aproximadamente 25,50% dos neonatos continuam com a
pontuação 1(um), tanto aqueles nascidos de mulheres submetidas à analgesia como aqueles nascidos de mulheres que não
se submeteram ao procedimento.
O miocárdio do neonato tem reserva funcional bastante reduzida. Por esta razão, os neonatos nascem com dificuldade no
bombeamento sangüíneo, principalmente para as extremidades, levando a uma cianose nas mesmas. Com o tempo o
neonato vai se adaptando a vida extra-uterina e esse quadro se normaliza (GARCIA, 1998). Este aspecto fisiológico pode
justificar a alteração na pontuação da cor observada no presente estudo independentes ou não da ação analgésica.
Segundo Eberle et al (2006), o baixo valor do índice de APGAR é muito empregado como sinônimo de asfixia neonatal.
Valores reduzidos no 1º minuto são muitas vezes determinados por depressão temporária, enquanto no 5º minuto implica a
presença de complicações de importância clínica, indicando que o neonato não respondeu bem às manobras para reanimálo. Todos os neonatos que foram estudados tiveram bons resultados do índice de APGAR no 1º minuto. Aqueles que
nasceram sob a vigência de analgesia pela técnica peridural tiveram valores mais altos desse índice ressaltando o fato de
terem nascido exclusivamente por via vaginal, o que levou a supor que outros problemas não relacionados com a técnica de
analgesia podem ter sido influenciados pela via de nascimento.
Quanto ao registro da avaliação, cabe ressaltar que os resultados encontrados por Santoro e Martinez (2004), mostraram
que, se o registro do índice de APGAR for feito por memorização (equipe de assistência na sala de parto), o índice ao 5º
minuto poderá ser falho. A exceção da freqüência cardíaca, cuja aferição não sofreu alteração em relação à maneira como o
índice foi avaliado, os outros componentes, ao quinto minuto, tiveram seus valores superestimados. Recomenda-se que o
registro do APGAR seja tão rigoroso quanto o escrito originalmente.
Na prática utilizada pelo profissional de enfermagem de nível médio, na assistência imediata ao recém-nascido na
maternidade em que foi desenvolvido o estudo, o registro das condições de nascimento (APGAR) é feito por memorização,
após a realização de todos os procedimentos necessários nesta assistência, comprometendo a fidelidade dos resultados.
- Pág. 15 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
Ao avaliar as condições de APGAR de acordo com a utilização e não da analgesia e a idade materna, os resultados
evidenciaram para todas as faixas etárias, condições satisfatórias de nascimento segundo o APGAR de 5º minuto. No 1º
minuto verificou-se anóxia leve em 4,72% de recém-nascidos de mães com analgesia em faixa etária de 20 a 34 anos. Isto
pode sugerir alguma interferência nas condições de nascimento em partos normais sob a ação analgésica.
De acordo com o número de partos (de 1 a 3) observou-se 4,72% de recém-nascidos, com anóxia leve no 1º minuto de
mães submetidas à analgesia. No APGAR de 5º minuto todos apresentaram boas condições de nascimento.
Não foi observada nenhuma interferência nas condições de nascimento de acordo com a variável número de consultas de
pré-natal e utilização e não de analgesia peridural lombar contínua.
CONCLUSÕES
Após a análise das tabelas verificou-se que nas pontuações de APGAR, quanto a Cor, que a maioria dos neonatos tiveram
pontuação 1(um) no 1º minuto e, no 5º minuto, aproximadamente 25,50% dos neonatos continuaram com a pontuação
1(um), independente de terem nascidos de mães submetidas ou não a analgesia peridural lombar contínua.
Os resultados evidenciaram que não houve alterações importantes nos resultados da avaliação das condições de APGAR
dos recém-nascidos de acordo com a utilização ou não da analgesia peridural lombar contínua bem como nas variáveis
relacionadas à idade materna, número de partos e de consultas de pré-natal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARALDI, A.C.P., et al. O uso de analgesia peridural em obstetrícia: uma metanálise. Revista de Enfermagem da UERJ.
Rio de Janeiro, v.15, n.1, p.64-71, jan.mar., 2007.
BRASIL. Fundação Nacional da Saúde. Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996. Sobre pesquisas envolvendo seres
humanos. Informe Epidemiológico do SUS, Brasília, ano 5, n. 2, p. 13 – 41, abr/jun. 1996. Suplemento 3.
______ Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília, DF, 2003.
D’ORSI, E.; CARVALHO, M. S. Perfil de nascimento no município do Rio de Janeiro: uma análise espacial. Cad. Sde. Publ.,
v. 14, n. 2, p. , abr./jun. 1998.
EBERLE, A. S. et al. Interação entre a analgesia de parto e o seu resultado. Avaliação pelo peso e índice de Apgar do
recém-nascido. Rev. Bras. Anest.,
v.56, n.4, set./ago. 2006.
EGEWARTH, C.; ALMEIDA, F. D.; GUARDIOLA, A. Avaliação pré-natal e neonatal em recém-nascidos prematuros:
abordagem neurológica. Rev. Bras. Neurol., v. 41, n. 1, p. 31-35, jan./mar. 2005.
GARCIA, A. M. Circulação Extracorpórea em Crianças. Disponível em:
<http://perfline.com/artigos/artigos98/ceccrian.htm > Acesso em: 05 out 2006.
HÜBNER, M. E.; JUÁREZ, M. E. Test de apgar después de médio siglo. Sigue vigente? Rev. Med. Chile, v. 130, n. 8, p.
925-30, ago. 2002.
LOTH, E. A.; VITTI, C. R.; NUNES, J. I. A diferença das notas do teste de apgar entre crianças nascidas de parto normal e
parto cesariana. Arq. Cien. Sde. UNIPAR, v. 5, n. 3, p. 211-13, set./dez. 2001.
MELLO JORGE, M. H. P. et al. Avaliação do sistema de informação sobre nascidos vivos e o uso de seus dados em
epidemiologia e estatísticas de saúde. Rev. Sde. Publ., v. 27, p. 22-37, 1993.
SANTORO JR, W.; MARTINEZ, F.E. Precisão do escore de Apgar registrado no atendimento ao recém-nascido de muito
baixo peso. Rev. Paul. Pediatr., v. 22, n. 4, p. 193-197, dez. 2004.
SILVA, A. S. Manual de neonatologia. Rio de Janeiro: Medsi, 2002.
JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA ANÁLISE COM A TEORIA BIECOLÓGICA DO
DESENVOLVIMENTO HUMANO
Ana Lúcia Ratti Brolo – Mestrado em Educação Física – UNIMEP
E-mail: [email protected]
Tatiane Gibertoni Sia – Mestrado em Educação Física – UNIMEP
Email: [email protected]
RESUMO
Mudanças sociais têm contribuído para a diminuição de oportunidades para as crianças brincarem e se movimentarem, e
isto pode afetar seu desenvolvimento. Este estudo teve como objetivo analisar o desenvolvimento de crianças através de
jogos e brincadeiras. Trata-se de um estudo descritivo que observou 68 crianças de ambos os sexos, entre 4 e 6 anos de
idade, de uma Instituição de Ensino Infantil na cidade de Piracicaba/ SP. Um programa de Educação Física com jogos e
brincadeiras foi oferecido duas vezes por semana, e incluiu organização e cuidado com os espaços físicos e com os
materiais e a elaboração de regras. Atividades, relações interpessoais e demandas pessoais foram analisadas. Os dados
- Pág. 16 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
mostraram que atividades de jogos e brincadeiras auxiliam no desenvolvimento infantil, sugerindo a introdução de aulas de
Educação Física para estas crianças como possibilidade de minimizar impactos negativos das mudanças sociais que tem
ocorrido nos dias de hoje.
PALAVRAS-CHAVE: Jogos e Brincadeiras; Desenvolvimento Infantil; Instituição Infantil.
INTRODUÇÃO
Desde a época da escravidão já se presenciava mães que entregavam seus filhos aos cuidados de outra pessoa, contudo,
foi durante o processo de industrialização, no início do século XX, que surgiram as creches, com caráter assistencialista e
filantrópico, como tentativa de solucionar problemas sociais, tais como alimentação e cuidados de crianças cujas mães
ingressaram no mercado de trabalho (BASSAN, 1997). Com as demandas da sociedade pós-moderna houve uma pressão
social para que estas instituições passassem a ter caráter educacional e, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional nº. 9.394/96 (BRASIL, 1998), as creches passaram a ser consideradas Instituições de Ensino Infantil.
De acordo com esta Lei, a Educação Infantil passou a ser a Primeira etapa da Educação Básica, tendo como objetivo o
desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, incentivando a complementaridade destas instituições com a
família. Em conseqüência, as crianças começam a ingressar cada vez mais cedo nas escolas, passando a ter menos tempo
livre para brincarem.
Outras mudanças sociais, tais como: tráfico urbano, diminuição dos espaços públicos e das moradias, êxodo rural, criação
de brinquedos eletrônicos, surgimento da TV, internet e vídeo game (SILVA et al, 2006), podem diminuir ainda mais as
possibilidades de movimentação fisicamente ativa e vivência de brincadeiras livres das crianças.
O que se observa, segundo Marcellino (2005), quando se foca o olhar para a criança inserida neste contexto social, é um
furto das oportunidades de vivências lúdicas, bem como o oferecimento, em contrapartida, de instrumentos préestabelecidos, como os brinquedos industrializados ou atividades passivas (TV, vídeo game, DVD...) que, direcionando as
atividades das crianças, restringem suas escolhas, criatividade e autonomia.
Porém, é muito evidente a importância das brincadeiras e atividades motoras nesse período crucial da vida, que são os
primeiros anos. Nessa fase, a criança é essencialmente “motora”, aprende sobre as coisas do mundo vivenciando-as.
Stabelini Neto et al. (2004) afirmam que, em tempos atrás, essas experiências motoras eram vivenciadas espontaneamente
pelas crianças no seu dia-a-dia, pois elas dispunham de espaços livres para suas brincadeiras, como praças, ruas e
parques, mas que, atualmente, as crianças são “relegadas a brinquedos, na maioria das vezes, eletrônicos ou a atividades
desenvolvidas em pequenos espaços, que limitam a aventura lúdica e a experimentação ampla de movimentos” (STABELINI
et al, 2004, p.136).
Autores como Marcellino (2005), Carlos Neto (2000, 2001), Nicoletti e Guerra Filho (2004), Roedel e França (2004) e
Pasdiora e Hort (2006) destacam a importância do brincar, do brinquedo, do lazer e do tempo “livre” para a criança,
ressaltando, também, estes elementos como direito legal garantido na Constituição Brasileira de 1988, na Declaração dos
Direitos da Criança, aprovada pela ONU em 1959, no Estatuto da Criança e do Adolescente em seu capítulo 4, artigo 59.
Além das questões legais sobre o direito da criança ao lazer e ao brincar, existem outros aspectos que podem ser citados
para “justificar” a sua relevância. Para Marcellino (2005), o primeiro deles seria o simples fato de que brincar é gostoso, dá
prazer, gera felicidade. Além disso, por meio dessa satisfação atingida, a criança tem a possibilidade de vivenciar
plenamente a sua infância e desenvolver-se como ser genuinamente humano, participante e inserido ativamente numa
sociedade e não como mero expectador e recebedor de padrões já estabelecidos.
O distanciamento da criança das possibilidades de brincar, reforçado, inclusive, pela ida das crianças às instituições de
ensino infantil, onde, muitas vezes, lá permanecem de 9 a 10 horas diárias durante a semana, com raríssimas oportunidades
de brincar, como mostrou Batista (1998), pode causar sérios prejuízos ao seu desenvolvimento; poucos são os estudos que
têm observado o desenvolvimento das crianças inseridas nestas instituições.
Este fato agrava-se ainda mais quando se percebe, como denunciou Bronfenbrenner (1996), que a maioria dos estudos em
desenvolvimento humano é realizado observando-se características isoladas e sem levar em consideração que o meio
ambiente exerce papel fundamental sobre o desenvolvimento infantil.
Portanto, este estudo adota a Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano postulada por Bronfenbrenner (1996), como
seu alicerce, a utilização desta teoria justifica-se, pois esta pesquisa foi realizada em uma instituição de ensino infantil, ou
seja, um ambiente direto no qual a criança está inserida, tendo como objetivo promover oportunidades de vivências lúdicas
no ambiente da instituição e analisar o comportamento das crianças buscando possibilidades de promover o
desenvolvimento infantil . Assim, a perspectiva ecológica expressa a relação entre o indivíduo, o ambiente e a tarefa.
Bronfenbrenner (1996, p. 10) define o desenvolvimento “como a concepção desenvolvente da pessoa do meio ambiente
ecológico, e sua relação com ele, e também como a crescente capacidade da pessoa descobrir, sustentar ou alterar suas
propriedades”.
Originada na crítica às pesquisas formuladas em laboratórios, Bronfenbrenner (1996) ofereceu-nos um novo olhar sobre as
pesquisas em desenvolvimento humano. Este parte da importância da análise do contexto de inserção da pessoa, não
apenas o imediato, mas também os outros contextos relacionados, direta ou indiretamente, no desenvolvimento; relações
estas que são ignoradas em muitas pesquisas sobre o desenvolvimento humano.
- Pág. 17 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
No modelo bioecológico, postulado por Bronfenbrenner (1996), o desenvolvimento se dá pela interação de quatro
elementos: o processo, que envolve formas particulares de interação entre o organismo e o ambiente; a pessoa, cujas
propriedades incluem as características pessoais; o contexto, que é sistematizado pelas estruturas microssistema,
mesossistema, exossistema e macrossistema, e o tempo, que é um elemento que considera duas dimensões, o período vital
e o período social (VIEIRA, 2003).
Os ambientes ecológicos podem ser entendidos como estruturas encaixáveis, no nível mais interno encontra-se o ambiente
imediato da pessoa em desenvolvimento, o microssistema, este é composto por três elementos essenciais: as atividades, as
relações interpessoais e os papéis. As atividades podem ser molares, que compreendem aquelas que são significativas para
a pessoa, ou moleculares, que são consideradas atividades passageiras. As relações interpessoais ocorrem quando uma
pessoa participa com outra em uma atividade ou presta atenção à atividade de outrem. Os papéis, terceiro elemento,
correspondem aos papéis que uma pessoa assume perante a sociedade.
No segundo nível desta estrutura encontra-se o mesossistema formado pelos ambientes no qual a pessoa em
desenvolvimento participa efetivamente. No terceiro nível encontra-se o ambiente ecológico no qual a pessoa em
desenvolvimento não participa, mas os eventos ocorridos neste a afeta diretamente, este é o exossistema. Por último,
englobando o complexo de sistemas, encontra-se o macrossistema, que diz respeito às influências da cultura, subcultura e
sociedade, de uma forma mais ampla, sobre o desenvolvimento da pessoa (Bronfebrenner, 1996).
MATERIAIS E MÉTODOS
Neste estudo foram observadas 68 crianças de ambos os sexos, faixa etária 04 a 06 anos, freqüentadoras de uma
instituição de ensino de Piracicaba/SP, na qual foi oferecido um programa de Educação Física que contou com duas aulas
semanais, com duração de 40 minutos cada aula, para os níveis Jardim I e II. Foram realizadas 29 sessões em cada turma.
O programa teve como conteúdo brincadeiras e jogos infantis, em sua maioria com atividades fisicamente ativas, incluindo
vivência de jogos populares, organização e cuidado com os espaços físicos e com os materiais, elaboração de propostas de
modificação dos jogos vivenciados.
Foram realizados 15 jogos e brincadeiras diferentes, utilizando materiais como: lenços coloridos de TNT, tubos de papelão,
bolas, pneus. Foram realizadas também atividades com habilidades motoras básicas, nas quais foram feitas solicitações
para que as crianças, individualmente corressem, saltassem, arremessassem, recebessem ou chutassem uma bola, ou
desviassem dela
Todas as aulas ministradas foram registradas em um diário de campo (MINAYO et al, 1994), com itens previamente
selecionados e os dados coletados foram analisados de acordo com a proposta de Bronfrenbrenner (1996).
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, de uma instituição de ensino superior, com Parecer nº 61/06 e os
responsáveis das crianças assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
RESULTADO E DISCUSSÃO
As aulas foram abordadas no contexto de desenvolvimento primordial, que é aquele no qual a criança pode observar e
engajar-se em padrões de atividades conjuntas, progressivamente mais complexas, com ou sob a orientação direta de
pessoa que já possua conhecimentos e habilidades ainda não adquiridos pela criança (KREBS, 1997).
A freqüência de participação das crianças nas aulas de Educação Física mostrou que a maioria dos alunos esteve presente
em quase todas as aulas sendo que apenas três faltaram em 20% do programa.
O programa de aulas foi composto por jogos e brincadeiras proporcionando o brincar coletivo, ora predominando a ação livre
e marcada pela presença da fantasia e da improvisação (brincadeira) e, ora pela presença de regras (jogo) (OLIVEIRA,
1986).
As atividades do pega-pega rabinho, tapete mágico, lenço atrás, acorda seu urso, gato e rato, pega-pega ajuda,
equilibristas, corrida de lenços, corrida de revezamento e corrida de cavalinhos foram molares, pois, as crianças participaram
com bastante entusiasmo e pediam para não interromper o jogo ou a brincadeira, ou no início da próxima aula pediam para
brincar novamente. As atividades de estátua, estafeta, cachorrinho e seu osso, salada de frutas e serpente foram
consideradas moleculares, porque as crianças deram pouca importância às mesmas.
Em relação às atividades realizadas no microssistema predominaram as fisicamente ativas, ou seja, aquelas que demandam
maior gasto energético. As crianças se identificaram com as atividades de corrida que por serem realizadas em um espaço
grande e diferente do vivenciado em sala de aula, permitindo a exploração de várias formas de locomoção. Essas atividades
foram classificadas como molares porque foram significativas paras as crianças que queriam permanecer nelas.
(BRONFENBRENNER,1996). Isto já não foi observado com tanta freqüência nas atividades como a estátua e a estafeta,
onde algumas crianças demonstraram pouco interesse sendo caracterizadas como atividades moleculares.
Uma possibilidade que possa justificar as atividades se tornarem molares seria que elas davam oportunidade das crianças
realizarem brincadeiras e jogos diversificados, fato este que ocorre muito pouco na rotina estabelecida pela instituição.
No estudo de Martins e Szymansk (2006) as autoras abordam que as brincadeiras são um importante veículo para a
comunicação entre o adulto e a criança. Por meio do brincar as crianças vivenciam momentos agradáveis durante o
- Pág. 18 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
processo de socialização e adquirem conhecimentos, contribuindo para o seu desenvolvimento.
De acordo com Bronfenbrenner (1996), o potencial desenvolvimental de um ambiente depende das oportunidades criadas
pelos adultos para que a criança se envolva em atividades molares e interações sociais progressivamente mais complexas,
proporcionais às suas capacidades, permitindo um equilíbrio de poder de forma que a criança possa atuar criativamente.
As regras foram apresentadas pela professora de acordo com cada atividade. As crianças jogavam e depois que se percebia
que elas haviam entendido, formava-se uma roda de conversa e, a partir daí, eram reconstruídas as regras, de acordo com
as sugestões e necessidades que as crianças apresentavam.
A criação de regras aconteceu mais rápida em alguns jogos como, por exemplo, Pega-Pega Ajuda, Pega-Pega Rabinho,
Lenço Atrás e Acorda seu Urso, pois esse jogos foram rapidamente compreendidos, em outros jogos houve a necessidade
de maior número de vivências para que as crianças criassem as regras.
Dentre as regras criadas destacou-se: a delimitação do espaço da atividade; o uso do material; o respeito pelo próprio
material e do outro; regras de convivência como: não empurrar, não beliscar, não morder, não puxar a camiseta, não gritar
no ouvido do outro, quando alguém caísse a atividade seria paralisada para ver se o aluno precisava de ajuda e, em alguns
jogos poderia haver mais de uma aluno no comando, como por exemplo, na atividade Acorda seu Urso, mais alunos seriam
o urso, na atividade do Tapete Mágico poderiam ser criadas outras formas de trocar de lugar.
Durante algumas atividades, algumas crianças se destacaram pela liderança. Foi observado como líder positivo aquele que
durante a atividade incentivava os colegas a jogarem, que foi escolhido por várias vezes pelo grupo para ser o “comandante”
do jogo e pelo seu nome ter sido lembrado em vários momentos da aula. O líder negativo neste estudo foi observado
quando influenciava os demais alunos a não respeitarem as regras, quando estimulava a saída deles da atividade ou
quando demonstrava pouco respeito ao material usado e, com base neste gesto fazia com que outros o copiassem.
No decorrer das aulas alguns papéis sociais foram representados pelas crianças durante o jogo, como: personagens de
histórias, fugitivo, pegador, motorista, perseguidor, caçador, inimigo, pai, piloto de Fórmula I, motoqueiro, cavaleiro, pintor,
varredora, equilibrista, jogador de futebol e vendedor.
No microssistema das aulas, os papéis sociais que foram desempenhados estavam relacionados com as atividades molares
realizadas (atividades significativas). Sendo o papel social um elemento do microssistema, não se pode negar que ele é
influenciado pelo macrossistema em que a criança está inserida (BROFENBRENNER, 1996). Isto ocorreu nos papéis sociais
em que a crianças representavam os personagens de história, como por exemplo, os Power Rangers (desenho assistido
com freqüência pelas crianças da creche e que elas os tomam como seus heróis prediletos). O jogador de futebol foi
representado pela forte influência da figura do pai torcedor na vida do filho. O motorista também apareceu representando
familiares da criança que trabalham nesta profissão ou mesmo o motorista do ônibus. Personagens de histórias contadas
pelas professoras/monitoras da sala de aula também surgiram em algumas atividades.
Ramalho (1996) apresenta em seu estudo a importância de oportunizar diferentes vivências, desafios, estímulos para que a
criança possa se desenvolver. O contexto lúdico permite a criança construir relações sociais e formação de grupos
importantes para seu desenvolvimento positivo.
O contexto lúdico permitiu muitas crianças vivenciarem novas experiências contribuindo para seu desenvolvimento. Foram
observadas algumas mudanças nas relações pessoais durante o processo; percebeu-se que as aulas aproximaram as
crianças. Através dos jogos e brincadeiras, as crianças foram estimuladas a resolver conflitos, questionar, criar, relacionar.
Os desafios propostos levaram muitas crianças, que no início do programa se mostraram tímidas e inseguras, a ousarem
mais e essas atitudes as tornaram parte do grupo, e não somente espectadores como no início.
Conforme Blascovi-Assis (1999), as brincadeiras proporcionam um enorme potencial educativo e de desenvolvimento, por
meio delas a criança se diverte, aprende e interage com o mundo. Segundo a autora, ao oferecer atividades variadas ao
grupo, o professor prepara as crianças para conviver em sociedade, de forma tranqüila e segura em diferentes situações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste estudo observou-se que a participação das crianças nas atividades lúdicas, propostas no programa de aulas
de Educação Física auxiliaram no seu desenvolvimento global.
É inegável a contribuição das brincadeiras e jogos ao mundo de movimento das crianças, embora, lamentavelmente, exista
uma carência muito grande de profissionais que considerem o brincar uma prioridade na educação infantil. Prioriza-se os
cuidados com a higiene, alimentação, descanso, negando-se o brincar como algo “não sério” desfavorecendo uma educação
que valorize o “ser criança”.
Ao analisar os dados deste estudo, evidencia-se a importância das aulas de Educação Física na instituição infantil, pois
contribuem para o desenvolvimento da criança auxiliando na aquisição de experiências motoras, na construção de
relacionamentos pessoais, na resolução de problemas, nos questionamentos sobre regras e no desempenho de papéis
sociais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BASSAN, S. A constituição social do brincar: um estudo sobre o jogo de papéis. 1997. Dissertação (Mestrado em
Educação) – Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 1997.
- Pág. 19 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
BATISTA, R. A rotina no dia-a-dia da creche: entre o proposto e o vivido. Dissertação (Mestrado em Educação).
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1998.
BLASCOVI-ASSIS, S.M. Lazer para deficientes mentais. In: MARCELLINO, N.C. Lúdico, Educação e Educação Física.
Ijuí: UNIJUI, 1999.
BRASIL.
Constituição.
Constituição
da
República
Federativa
do
Brasil.
1998.
Disponível
em:
<http://edutec.net/Leis/Gerais/cb.htm> Acessado em 01 ago 2007.
BRONFENBRENNER, U. A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejados. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1996.
CARLOS NETO. A criança e o jogo: perspectivas de investigação. In: PEREIRA, B.; PINTO, A. (Coord.). A escola e a
criança em risco: intervir para prevenir. Porto: Edições ASA, p.31-51, 2001.
KREBS, R.J. (org) A teoria dos sistemas ecológicos: um paradigma para a Educação Infantil. Santa Maria: Universidade
Federal de Santa Maria, 1997.
MARCELLINO, N.C. Pedagogia da Animação. Campinas: Papirus, 2005
MARTINS, E.; SZYMANSKI, H. Brincadeiras e práticas educativas familiares: um estudo com famílias de baixa renda.
Revista Interação em Psicologia. Vol.(11) nº 21, p.143-164, jan.jun. 2006.
MARTINS, G.D.F.; VIEIRA, M.L. OLIVEIRA, A.M.V. Concepções de professores sobre brincadeira e sua relação com o
desenvolvimento na educação infantil. Revista Interação em Psicologia. vol.(10) 2, p.273-285, jul.dez, 2006.
MINAYO, M. C. S. et al. (orgs.) Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 20ª ed. Petrópolis: Vozes, 1994.
NICOLETTI, A.A.M.; GUERRA FILHO, R.R. Aprender brincando: a utilização dos jogos, brinquedos e brincadeiras como
recurso pedagógico. Revista Leonardo Pós. (Instituto Catarinense de pós-graduação). vol.2, n.5, abr. jun., 2004. Disponível
em: < http://www.icpg.com.br/hp/revista/index.php> Acesso em 01 agosto 2007.
OLIVEIRA, P.de.S. Brinquedo e indústria cultural. Petrópolis: Vozes, 1986.
PASDIORA, L.O.; HORT, I.C. A criança e o brincar. Revista Leonardo Pós. (Instituto Catarinense de pós-graduação). vol.2,
n.8, jan.jun., 2006. Disponível em: <http://www.icpg.com.br/hp/revista/index.php> Acesso em 01 ago 2007.
RAMALHO, M.H.S. O recreio pré-escolar e a motricidade infantil na perspectiva da teoria da ecologia do
desenvolvimento humano. Tese (Doutorado em ciência do movimento). Universidade Federal de Santa Maria, Santa
Maria, RS, 1996.
ROEDEL, T.A.M.; FRANÇA, R.M. Brincar é preciso: a magia do brincar no cotidiano da criança. Revista Leonardo Pós.
(Instituto
Catarinense
de
pós-graduação).
vol.2,
n.7,
out.
dez.,
2004.
Disponível
em:
<http://www.icpg.com.br/hp/revista/index.php> Acesso em 01 ago 2007.
SCHWARTZ, G.M. Lazer e empresa: peças do mesmo quebra-cabeça. In:
MARCELLINO, N.C. Lazer e Empresa.
Campinas: Papirus, 2003.
SILVA, J.V.P.; MARCELLINO, N.C.; TOLOCKA, R.E. Lazer infantil: direitos legais, transformações sociais e implicações ao
crescimento e habilidades motoras básicas. Centro de Estudos de Lazer e Recreação – CELAR. Escola de Educação Física,
Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG. Licere, Belo Horizonte, v.9, n.1, p. 81-96, 2006.
STABELINI NETO, A. et. al. Relação entre fatores ambientais e habilidades motoras básicas em crianças de 6 e 7 anos.
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. vol. 3, n. 3, p.135-140, 2004. Disponível em:
<www.mackenzie.br/editoramackenzie/revistas/ed.física> Acesso em 27 jun. 2007.
ALTERAÇÃO DOS ÍNDICES DE ABSENTEÍSMO APÓS INTERVENÇÃO
DO PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL EM EMPRESA DO RAMO SIREDÚRGICO
Autor: Paulo Eduardo Souza Medeiros
Esp. Treinamento Esportivo-UFMG
[email protected]
[email protected]
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Co-autor: Dra. Ana Cláudia Porfírio Couto
RESUMO
A necessidade de políticas preventivas efetivas, a partir dos diversos segmentos envolvidos com o trabalhador, e suas
múltiplas relações, é reconhecidamente uma prioridade, sendo, portanto, a medida mais importante envolvendo o
absenteísmo por doenças ocupacionais.
Mediante a sociedade moderna, a globalização, a competitividade, este trabalho objetivou comparar os níveis de
absenteísmo antes e após a implantação de um programa de ginástica laboral.
Foram utilizados dados do Serviço Especializado de Segurança e Medicina do Trabalho e do Departamento Pessoal para
- Pág. 20 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
comparação dos índices de absenteísmo, quanto a licenças médicas e afastamento pelo Instituto Nacional de Seguridade
Social, durante julho de 2004 a dezembro de 2005 e janeiro de 2006 a junho de 2007, lembrando que o segundo período
possuía a intervenção do Programa de Ginástica Laboral.
Os resultados quantitativos mostraram uma redução bastante numerosa no registro dos casos de absenteísmo por Lesão
por Esforço Repetitivo / Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho no período avaliado. Visto que obtivemos
redução de 90% dos afastamentos pelo Instituto Nacional de Seguridade Social do segundo período em relação ao primeiro
e redução de 52,6% dos dias atribuídos a licença médica do segundo período em relação ao primeiro.
Após todo este estudo conclui-se que a redução de licenças médicas tão quanto de afastamentos pelo Instituto Nacional de
Seguridade Social foram influenciados diretamente pela inserção e aplicação dos exercícios de ginástica laboral no local de
trabalho. Confirmando assim a relação benéfica existente com Programa de Ginástica Laboral sendo parte integrante do
Programa de Qualidade de Vida.
Palavras-chave: sociedade; redução; afastamento.
INTRODUÇÃO
O absenteísmo diminui a qualidade do trabalho, acarreta problemas de ordem produtiva e financeira, pois ao faltar ao
trabalho, este deixa de ser feito ou é suprido parcialmente por outro colaborador e isto afeta o produto final.
Assim, faz-se mister um trabalho de pesquisa e análise das causas do absenteísmo e a busca de possíveis soluções para
este problema que tanto prejudica e aflige o ser humano, procurando promover qualidade de vida nas pessoas em sua vida
cotidiana e no trabalho.
Esta pesquisa teve como objetivo quantificar e relacionar os índices de absenteísmo num estudo comparativo longitudinal,
levando-se em consideração a análise quantitativa entre antes e após a intervenção da implantação de ginástica laboral, em
uma empresa do ramo siderúrgico, no período compreendido entre julho de 2004 a junho de 2007.
No primeiro capítulo, Enquadramento teórico, foram relacionados temas que influenciam os níveis de absenteísmo, como:
qualidade de vida no trabalho; inclusão de programas de ginástica laboral visando a promoção de saúde e qualidade de
vida; termos utilizados para indicar sintomas e doenças relacionadas ao trabalho, com seus devidos conceitos fisiológicos,
limitações funcionais e como exemplo, alguns tipos de acometimentos.
Já no segundo capítulo, Materiais e métodos, todos os procedimentos da pesquisa foram descritos, citando o local, período
e amostra de onde o programa de ginástica laboral foi executado para a realização do estudo.
Em seqüência, o terceiro capítulo tratou dos resultados obtidos, provindos do comparativo dos três anos, que foram
apresentados na forma de gráfico e a discussão da relevância desses resultados frente ao contexto empresarial.
Por fim, o estudo enfatizou a influência do programa de exercícios sobre a redução dos índices de absenteísmo. Firmando
assim a significante importância do programa de ginástica laboral como um dos instrumentos para prevenção de doenças
ocupacionais.
MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada em uma empresa do ramo siderúrgico, localizada no centro oeste mineiro, na cidade de Divinópolis,
que tem como foco principal a produção e venda de ferro gusa, tanto no mercado interno quanto no externo.
Os dados foram analisados num período de três anos compreendidos entre julho de 2004 a junho de 2007. Sendo dividido
em dois períodos iguais (1 ano e 6 meses) cada.
O estudo utilizou como principal embasamento de dados da empresa, os registros do Serviço Especializado de Segurança e
Medicina do Trabalho (SESMT) e do Departamento Pessoal (DP), que serviram como fundamento para a análise
documental realizada. Para tal análise comparamos os índices de absenteísmo dos dois períodos, sendo que o segundo
período havia intervenção do PGL.
Amostra
Os índices de absenteísmo na empresa avaliada foram o foco desse estudo. Para isso, foi necessário obter o número total
de colaboradores da empresa em cada período:
- Primeiro período 2004/2005 = 196 participantes
- Segundo período 2006/2007 = 228 participantes
Caracterização do estudo
A ginástica laboral era executada na área fabril separada por turmas de acordo com o setor e função executada, sem a
necessidade de se parar a produção. Já no setor administrativo a GL era executada em duas turmas numa área separada
dos escritórios, em que uma turma participava da GL enquanto a outra trabalhava, após a sessão trocava-se as turmas.
Segundo PATRÍCIO (1999), o estudo de caso pode ser entendido como o conhecimento profundo de uma limitada realidade,
onde se busca responder os meios e razões de determinados fenômenos. Para THOMAS e NELSON (2002), o estudo de
caso, igualmente utilizado na pesquisa quantitativa, serve para oferecer detalhada informação sobre um indivíduo,
- Pág. 21 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
instituição, comunidade, etc., visando determinar características únicas sobre o sujeito ou a condição.
A pesquisa descritiva, de acordo com THOMAS e NELSON (2002), relaciona-se com o status, sendo que sua importância
está embasada na premissa de que problemas podem ser solucionados e as práticas aprimoradas através da observação,
análise e descrição, de caráter objetivo e completo. Tais autores afirmam que por intermédio de estudos longitudinais, os
pesquisadores podem investigar a influência mútua do crescimento e maturação e da aprendizagem e as variáveis de
desempenho.
THOMAS e NELSON (2002) esclarecem que a pesquisa quantitativa tende a centralizar-se na análise (por exemplo, separa
e examina os elementos de um fenômeno), enfatizando a dedução, enquanto a pesquisa qualitativa almeja entender o
significado para os indivíduos de uma experiência em determinado ambiente, além de quais maneiras os elementos se
combinam a fim de compor o todo, enfatizando a indução.
Esta pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso descritivo longitudinal, de abordagem quantitativa. Objetivou
comparar o índice de absenteísmo num período de três anos, sendo 50% desse período com intervenção da ginástica
laboral.
Foram utilizados dados do Serviço Especializado de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) e do Departamento
Pessoal (DP) para comparação dos resultados de índice de absenteísmo, quanto a licenças médicas e afastamento por
INSS, durante julho de 2004 a dezembro de 2005 e janeiro de 2006 a junho de 2007, lembrando que o segundo período
possuía a intervenção do Programa de Ginástica Laboral.
Limitações do estudo
Apesar do objetivo principal desta pesquisa ter sido a relação do Programa de Ginástica Laboral (PGL) com a alteração dos
índices de absenteísmo, foi inviável a mensuração correta dos dados devido à carência de um grupo controle.
Com isso, foi constatado que outras ações além de PGL puderam ter influência sobre os resultados.
Descrição do programa de ginástica laboral
O programa de ginástica laboral (PGL) foi constituído pela ministração de três aulas semanais de ginástica laboral
compensatória, com duração média de dez a quinze minutos acompanhada de palestras, treinamentos e programas que
visam à qualidade de vida.
Exercícios físicos compensatórios as posturas indicadas na análise profissiográfica foram executados com o intuito de
resguardar a saúde na execução de tarefas ocupacionais.
Para criação do PGL, foram necessárias as seguintes avaliações:
* Análise Biomecânica
- análise dos postos de trabalho, quanto a posturas mantidas com maior predominância, geralmente encontrados nos
setores administrativos;
- musculatura que era mais solicitada atentando para movimentos considerados repetitivos;
- movimentos realizados com o extenuante da carga;
* Análise Profissiográfica
- Avaliação dos postos de trabalho quanto a condições ambientais
- Avaliação dos riscos ergonômicos
Com esses dados foi possível a criação de um programa de ginástica laboral específico às necessidades reais da empresa,
que adotou uma gestão de ginástica laboral regida por um professor de educação física que atuava diretamente na
aplicação das aulas, bem como no planejamento e controle do programa.
GINÁSTICAL ABORAL
1- Manutenção
2-Social
3-Coordenativo
4- Lúdico Adaptado da planilha de treinamento de SZMUCHROWSKI (2007)
5- Físico
6- Criativo
- Pág. 22 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise documental dos dados provenientes do Serviço Especializado de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) e
do Departamento Pessoal (DP), segundo os índices de absenteísmo relacionados a LER/DORT da empresa avaliada, foram
analisados com total sigilo resguardando assim os princípios éticos.
O número total de colaboradores empregados na empresa durante a pesquisa era de:
- Período compreendido entre julho de 2004 a janeiro de 2005 = 196 colaboradores
- Período compreendido entre janeiro de 2006 a julho de 2007 = 228 colaboradores
GRÁFICO 1: AFASTAMENTO INSS (Nº DE COLABORADORES)
Nº DE COLABORADORES
10
10
8
6
2004/2005
2006/2007
4
4
2
0
2004/2005
2006/2007
- Pág. 23 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
GRÁFICO 2: LICENÇA MÉDICA (Nº DE DIAS)
Nº DE DIAS
114
120
100
75
2004/2005
80
2006/2007
60
40
20
0
2004/2005
2006/2007
Os dados estatísticos se mostram com grande significância, sendo apresentados da seguinte forma:
- Análise de absenteísmo relacionada ao número de colaboradores afastados pelo Instituto Nacional de Seguridade Social
(INSS).
- Análise de absenteísmo relacionada ao número de dias faltosos com devida licença médica, autorizada pelo médico
responsável.
Em decorrência do primeiro período avaliado 2004/2005, no qual não era executado nenhum tipo de programa de
exercícios, tivemos 10 colaboradores afastados pelo INSS e 114 dias atribuídos a licenças médicas.
Já para o segundo período avaliado 2006/2007, com intervenção direta do Programa de Ginástica Laboral (PGL), tivemos 4
colaboradores afastados pelo INSS e 75 dias atribuídos a licenças médicas.
Dessa forma os dados podem ser apresentados em:
- Redução de 60% dos afastamentos pelo INSS do segundo período em relação ao primeiro
- Redução de 34,2% dos dias atribuídos à licença médica do segundo período em relação ao primeiro.
GRÁFICO 3: REDUÇÃO DO ABSENTEÍSMO 1
100%
80%
60%
60%
40%
INSS
Licença Médica
34,2%
20%
0%
REDUÇÃO DO ABSENTEÍSMO
Vale ressaltar que dos 4 colaboradores afastados pelo INSS no segundo período avaliado, apenas 1 foi realmente afastado
em 2006/2007 os outros três eram continuação do ano de 2005. Também é necessário ser lembrado que dos 75 dias
atribuídos às licenças médicas do segundo período avaliado 2006/2007, 15 dias foram destinados a um colaborador que
tentava reabilitação após liberação do INSS.
Analisando essas ressalvas, podemos alterar os dados para:
- Redução de 90% dos afastamentos pelo INSS do segundo período em relação ao primeiro
- Redução de 52,6% dos dias atribuídos à licença médica do segundo período em relação ao primeiro.
- Pág. 24 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
GRÁFICO 4: REDUÇÃO DO ABSENTEÍSMO 2
100%
90%
80%
60%
52,6%
INSS
Licença Médica
40%
20%
0%
REDUÇÃO DO ABSENTEÍSMO
A redução do absenteísmo do segundo período em relação ao primeiro ficou bem evidenciada após este comparativo.
Porém, as limitações deste estudo impossibilitam afirmar com fidelidade que essa numerosa redução parte apenas do PGL.
Levando a possibilidade de que todo o conjunto da QVT influenciou no resultado e que o PGL serviu como um instrumento
inserido nesse Programa de Qualidade de Vida (PQVT).
CONCLUSÃO
Após a pesquisa e análise dos resultados, amplia-se a visão da responsabilidade e poder da GL na QV, QVT e
consequentemente na redução do absenteísmo por licenças médicas e afastamentos pelo INSS advindos dos LER/DORT,
que hoje se apresentam como fatores negativos no trabalho e que prejudicam a saúde das pessoas.
A grande diversidade de aspectos envolvidos na compreensão das LER/DORT, tem sido objeto de atenção há
alguns anos no Brasil e no mundo. Frente à complexidade dos fatores contributivos envolvidos neste fenômeno, a sociedade
busca soluções e adequações, que passam por diversos ramos de atividade e do conhecimento. A luta pela compreensão
aprofundada sobre as queixas dos trabalhadores e suas conseqüências, inicialmente foco da atenção apenas de
profissionais da segurança e da saúde do trabalho, no decorrer da evolução histórica, passa a ser preocupação também de
sindicatos, empresários, governo, ONG’s, pesquisadores, associações de trabalhadores lesados, poder judiciário, entre
outros.
Os resultados quantitativos mostraram uma redução bastante numerosa no registro dos casos de absenteísmo por DORT no
período avaliado. Após todo este estudo conclui-se que a redução de licenças médicas tão quanto de afastamentos pelo
INSS podem ter sido influenciados pela inserção e aplicação dos exercícios de ginástica laboral no local de trabalho, onde
as pessoas tiveram a possibilidade de fazer tal programação assistida por profissionais adequados. Confirmando assim a
relação benéfica existente com Programa de Ginástica Laboral (PGL) integrando o Programa de Qualidade de Vida (PQV).
Foi possível constatar, por meio da comparação dos níveis de absenteísmo, que o PGL pode promover QV e QVT através
da pausa orientada com exercícios, induzindo por sua vez a redução dos níveis de absenteísmo por DORT. Com esses
resultados conseguimos criar um ciclo em que a GL reduz os números de DORT na empresa e com isso aumentamos a QV
e a QVT, o que nos induz a continuar com o PGL na empresa.
Firmando com esse estudo, a significante importância da continuação do PGL nesta empresa e a necessidade das demais
empresas em aderir a um programa que esteja diretamente ligado a QV e QVT. Além de induzir a produção de novos
trabalhos que avaliem a funcionalidade da atividade física ocupacional como um dos instrumentos para prevenção de
doenças, podendo, estes processos serem aplicados diretamente no local de trabalho.
REFERÊNCIAS
ALVES, J. H. F. Ginástica Laborativa – Método para Prescrição de Exercícios
Terapêuticos no Trabalho. Revista Fisioterapia Brasil, v. 1, n. 1, set./out., 2000. p.
19 - 22.
ALVES, R.. Qualidade de vida no trabalho: um modelo para diagnóstico, avaliação e planejamento de melhorias baseado
no desdobramento da função qualidade. 2001. 117 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção, Área de
Concentração: Ergonomia) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.
ASSUNÇÃO, A. A. Sistema músculo-esquelético: lesões por esforços repetitivos (LER). In MENDES, R. Patologia do
trabalho. Rio de Janeiro: Atheneu, 1995. p. 173-198.
BARRETO, João Alberto. Psicologia do Esporte para o Atleta de Alto Rendimento. Rio de Janeiro: Shape Ed., 2003.
BORGES, L. H. As Lesões pôr Esforços Repetitivos: Índice do Mal-Estar no Mundo.
CIPA (Caderno Informativo de Prevenção de Acidentes) – LER : Mal-Estar no
- Pág. 25 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
Trabalho. v.21, n.252, nov. 2000. p. 50-61.
BUARQUE DE HOLANDA, Aurélio Ferreira. Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira S.A., 1986.
CAILLET, R. Doenças dos tecidos moles. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. p. 467-475.
COLOMBO, C. R.; CERUTTI, A.; PATRÍCIO, Z. M. Das representações de infância à complexidade do cotidiano: a qualidade
de vida de um funcionário público. In: PATRÍCIO, Z. M.; CASAGRANDE, J. L.; ARAÚJO, M.F (Org.) Qualidade de vida do
trabalhador: uma abordagem qualitativa do ser humano através de novos
paradigmas. Florianópolis: Ed. do Autor, 1999. 368 p.
DEJOURS, C. A loucura do trabalho. São Paulo: Cortez, 1992.
DIAS, Maria de Fátima Michelin. Ginástica laboral. Revista Proteção, [S. l.], v. 13, n. 9, jan. 1999.
GALAFASSI, M. C. Medicina do trabalho: programa de controle médico de saúde ocupacional. São Paulo: Atlas, 1998. p.
37-55.
GUERRA, A. C. Ginástica laboral sem mistérios. São Paulo: Movimento, n. 5, 1997. p. 24-28.
LIMA, Valquíria de. Ginástica laboral: atividade física no ambiente de trabalho. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2005.
LOWEN, A. Prazer: uma abordagem criativa da vida. São Paulo: Summus, 1984.
MCARDLE, W. D; KATCH, F. I; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício – Energia,
Nutrição e Desempenho Humano. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. p. 127-133.
MACHADO, C. de L. B. Motivação, qualidade de vida e participação no trabalho. 2002. 94 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia de Produção, Área de Concentração: Ergonomia) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.
MARTINEZA, M. C.; PARAGUAYA, A. I. B. B.; DIAS, M. do R. D. de O. L. Relação
entre satisfação com aspectos psicossociais e saúde dos trabalhadores. Rev Saúde Pública, v. 38, n. 1, p. 55-61, 2004.
MARTINS, Caroline de Oliveira. Ginástica laboral no escritório. São Paulo: Fontoura, 2001.
MIRANDA, C. R.; DIAS, C. R. PPRA/PCMSO: auditoria, inspeção do trabalho e controle social. Cadernos de Saúde
Pública, [S. l.], v. 20, n. 1, p. 224-232, jan./fev. 2004.
OLIVEIRA, João Ricardo Gabriel de. A prática da ginástica laboral. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.
PATRÍCIO, Z. M. Qualidade de vida do ser humano na perspectiva de novos paradigmas; possibilidades éticas e estéticas
nas interações ser humano-natureza-cotidiano-sociedade. In: PATRÍCIO, Z. M.; CASAGRANDE, J.L.; ARAÚJO, M.F.
Qualidade de vida do trabalhador: uma abordagem qualitativa do ser humano através de novos paradigmas.
Florianópolis: Ed. do Autor, 1999. 368 p.
PATRÍCIO, Z. M.; CASAGRANDE, J. L. A busca de satisfação no processo e no produto de viver. PATRÍCIO, Z. M.;
CASAGRANDE, J. L.; ARAÚJO, M.F. Qualidade de vida do trabalhador: uma abordagem qualitativa do ser humano
através de novos paradigmas. Florianópolis: Ed. do Autor, 1999. 368 p.
PFEIFER, A. K. A Atitude holística do trabalhador no ambiente de trabalho e sua qualidade de vida. 2003. 200 f.
Dissertação (Mestrado Engenharia de Produção, Área de Concentração: Ergonomia) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2003.
POLITO, E.; BERGAMASCHI, E. C. Ginástica Laboral: teoria e prática. Rio de Janeiro: Sprint, 2002. p. 25 -76.
ROCHA, S. S. L.; FELLI, V. E. A. Qualidade de vida no trabalho docente em enfermagem. Revista Latino-Americana de
Enfermagem, v. 12, n. 1, p. 28-35, jan./fev. 2004.
SILVA, Marcelo Gurgel Carlos da Silva. Saúde ocupacional: auto-avaliação e revisão. Fortaleza: Atheneu, 1999. 175 p.
SOUZA, V. F. de; QUELHAS, O. L. G. Avaliação e controle da exposição ocupacional à poeira na indústria da construção.
Ciência & Saúde Coletiva, [S. l.], v. 8, n. 3, p. 801-807, 2003.
SZMUCHROWSKI, Leszek A. Treinamento esportivo: In.: ESPECIALIZAÇÃO EM TREINAMENTO ESPORTIVO, 2007.
Belo Horizonte, [S.n.], 2007.
THOMAS J. R.; NELSON, J. K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. 419 p.
ZILLI, C.M. Manual de Cinesioterapia/Ginástica Laboral: uma tarefa interdisciplinar com ação multiprofissional. São Paulo:
LOVISE, 2002.
IN-SUCESSOS NA ANTICONCEPÇÃO DE ADOLESCENTES GRÁVIDAS:
SENTIMENTOS E PERCEPÇÕES DIANTE DE MUDANÇAS PSICOSSOCIAIS
Christianne A. P. Calheiros, Mestre, UNIFAL-MG, [email protected]
Eliana Peres Rocha Carvalho Leite, Doutoranda
Maria José Clapis, Doutora
Dagoberto de Sá Cavalcante, Enfermeiro
Patrícia Alves Pereira Carneiro, Mestranda
Marina Conceição Peres Carvalho, Especialista
- Pág. 26 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
RESUMO
Este estudo objetivou identificar mudanças significativas na vida das adolescentes grávidas- primigestas – advindas de insucessos da anticoncepção - verificando transformações psicossociais, descrevendo sentimentos, perspectivas e
expectativas sobre seu novo papel social: ser mãe. Realizou-se um estudo qualitativo, descritivo. A coleta de dados deu-se
através de entrevista gravada, perguntas estruturadas, previamente testadas e reformuladas. Atendeu-se aos aspectos
éticos conforme legislação 196/96. Os resultados mostraram que a maioria das jovens não desejaram engravidar, possuiam
pensamentos negativos sobre a gravidez: medo, desespero, susto, tristeza, o despreparo. Verificou-se a consciência de
mudanças significativas após o parto e revelação do desejo de se programar responsavelmente para estudar, trabalhar,
oferecer um futuro melhor para o filho. A aceitação e apoio da família foram significativos, contribuindo para adaptação a
esta nova realidade. Verificou-se maior responsabilidade quanto a anticoncepção objetivando oferecer proteção e a busca
de um futuro melhor para seu filho e si própria.
PALAVRAS- CHAVE
Anticoncepção, Adolescentes, Gravidez.
INTRODUÇÃO
A gravidez na adolescência vem sendo discutida, nas últimas décadas, sendo, portanto, considerado um fenômeno não tão
recente. Observa-se um aumento relativo de mães adolescentes com menos de vinte anos. Aquino et al. (2003). Os autores
esclarecem e enfatizam a temática como um problema social sob o aspecto de que essas mulheres não teriam a completa
maturidade física, nem tão pouco a capacidade psicológica para ter uma criança e criá-la. Dias e Aquino (2006) afirmam que
nos últimos vinte anos, a taxa de fecundidade elevou-se juntamente com nascimentos em mulheres na faixa etária dos 15
aos 19 anos. Freitas, Vaz e Botega (2002) confirmam a incidência de gravidez precoce, sendo a primeira causa de
internação, em mulheres dos 10 aos 19 anos correspondendo 66% do total. Esclarecem que essas jovens grávidas têm
tendências à depressão e quadros de ansiedade. Não reconhecem apoio social sobre sua situação e suas percepções
geralmente estão ligadas a situação atual de vida dessas adolescentes.
O adolescente nesta fase de transição se vêm frente a um processo conflitante que desperta, em seu íntimo, crises de
ansiedade podendo levar a uma maternidade precoce. Torres, Davim e Nóbrega (1999) trazem a relação do
desenvolvimento juvenil, ligado a crise existencial que repercute na crise da gravidez. Apontam também, como interferência,
a rejeição familiar, restrições sociais e econômicas.
Os autores através de estudos sociais e epidemiológicos verificaram que a atividade sexual inicia-se dois anos após a
menarca e que 5 a cada 10 adolescentes tornam-se sexualmente ativas.
A situação de uma gravidez na fase de desenvolvimento impõe uma responsabilidade psicológica, social e econômica
contrária ao processo de maturidade da adolescente, resultando em um mal preparo da jovem em assumir a maternidade.
Também, deve-se citar conjuntamente a essa condição, situações de transtornos afetivos, o não apoio dos familiares e maus
tratos com o filho frente a uma gestação não esperada.
No campo psicológico essa gravidez acaba por afetar diretamente a auto-estima da jovem devido a ausência do apoio da
família, stress, poucas expectativas sobre o futuro, depressão durante a gestação totalizando uma taxa de 44 a 59% de
ocorrência desses problemas durante a gestação.
Luca (1980), salienta que, no campo psicossocial, uma gestação não programada gera pensamentos de interrupção da
gravidez provocando conseqüências desastrosas: alta morbidade, esterilidade, infecção do aparelho reprodutivo.
Inconscientemente as adolescentes desejam a gravidez para provarem sua condição de mulher e, dessa forma, rejeitam o
uso de contraceptivos. A feminilidade neste contexto também é posto à prova para tal afirmação inconsciente, mesmo que,
conscientemente, neguem uma gestação.
A partir da bibliografia consultada verificou-se a importância de realizar uma pesquisa sobre a gravidez na adolescência. O
estudo, sobre essa temática, poderá contribuir para o desenvolvimento das atividades de saúde realizadas pelos
profissionais atuantes na equipe de Saúde da Família que trabalham com adolescentes podendo esclarecer um pouco sobre
o universo da adolescente grávida, sua visão da vida e os motivos que a levaram, tão cedo, a se depararem com uma
gravidez numa fase em que sua personalidade, seu desenvolvimento holístico está em processo de formação.
O objetivo deste estudo foi identificar mudanças significativas na vida das adolescentes grávidas- primigestas – advindas de
in-sucessos da anticoncepção – em um município do interior de Minas Gerais, verificando transformações psicossociais,
descrevendo sentimentos, perspectivas e expectativas sobre seu novo papel social: ser mãe.
MATERIAIS E MÉTODOS
Realizou-se um estudo qualitativo, descritivo com análise de conteúdo de Bardin. A coleta de dados deu-se através de
entrevista gravada, com roteiro constando de sete perguntas estruturadas, previamente testadas e reformuladas. Foram
entrevistadas 9 gestantes nos meses de Julho e Agosto de 2007, mediante autorização dos responsáveis, atendendo aos
- Pág. 27 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
aspectos éticos conforme legislação 196/96.
RESULTADO E DISCUSSÃO:
Os resultados mostraram que a maioria das jovens entrevistadas não desejaram engravidar, possuiam pensamentos
negativos sobre a gravidez como: medo, desespero, susto, tristeza, o despreparo para assumir a maternidade. Verificou-se a
consciência de mudanças significativas após o parto e revelação do desejo de se programar responsavelmente para
estudar, trabalhar, oferecer um futuro melhor para o filho. A aceitação e apoio da família foram significativos, contribuindo
para adaptação das jovens a nova realidade.
O desejo de engravidar
Gráfico 1. Porcentagem de adolescentes que desejaram ou não a gravidez
“Nunca. Meus planos não era esse. Meus planos era casar primeiro, ter filhos, mas não agora!”
“Não! Ah! Sei lá... eu falava que não queria, que não ia ter filho.”
Gravidez Programada: a conscientização do despreparo para a maternidade.
“Não. Nunca pensei ser mãe jovem. Tanto que eu nem pensei em casamento... Casei com 18 anos. Eu tive um problema de
infecção e achava que não poderia ter filho. Eu até clamei pra Deus assim. Será que eu não vou poder ser mãe?. Mal sabia
que eu já estava grávida. Deus já tinha me concedido de ser mãe.”
“Jamais. Não! ... Eu acho que eu tô muito nova. Praticamente uma criança cuidando de outra criança.”
“Não! Eu acho que não era a hora certa de eu ficar grávida... Eu sou muito nova!”
A experiência de uma Gestação: sentimentos de uma adolescente.
“Fiquei apavorada! Muito nervosa, com medo. Fiquei com medo da reação do meu pai, da minha mãe, da minha família...”
“Eu fiquei assustada, mas em momento nenhum eu pensei em rejeitar. Tive apoio da família, graças a Deus, dos meus pais,
meu esposo, também... Fiquei assustada quando fiquei sabendo, mas... eu sabia que ele [o esposo] ia assumir... Fiquei
feliz!”
“Muito triste, muito triste. Eu não queria de jeito nenhum. Agora já ta melhor, mas eu não queria. Mas fazer o quê né?!”
“Pensei que era brincadeira, eu não queria acreditar.”
- Pág. 28 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
“Sei lá! Fiquei apavorada... Não esperava isso, não!”
O impacto da notícia de uma gestação: pensamentos e atitudes
“Fugir. Ir embora daqui. Não quero ver mais ninguém. Foi a primeira coisa que eu pensei.”
“Tô perdida! O quê que eu vô fazer? Eu fiquei desesperada. Não sabia... Acho que na hora eu comecei a chorar, eu não
queria de jeito nenhum. Fazer o quê?”
As mudanças na vida da jovem mãe.
“Trabalhar.”
“Vai mudar totalmente! Vou ter que trabalhar, vou ter que cuidar e levar pro resto da vida!”
“Eu pretendo, né, arrumar um emprego, terminar meus estudos pra poder dar um futuro melhor pra ele [o bebê].”
Estes achados coincidem com estudos de Pantoja (2003), que referem adolescentes com projetos em relação a vida
profissional expressando o desejo de continuação dos estudos – entrar na faculdade para ter formação profissional,
obtendo, dessa forma de um bom emprego no mercado de trabalho. Os estudos passa a ser um fator de extrema
importância para as jovens, tornando-se a base para as conquistas e estabilidades social e econômica, tanto para a mãe
quanto para o filho.
A contemporaneidade e a maternidade como formadora de valores.
“Ser mãe?... Tá difícil? Ah, cuidar, trabalhar pra dar as coisas, ensinar e levar pro resto da vida. Agora não tem como voltar
atrás. É dar carinho, ensinar as coisas da vida. É cuidar!”
“Não casar, não ter mais filho. Sei lá: arrumar um serviço por aí. Menos, casar!”
“Só ter esse [o bebê], se Deus quiser. Jamais ter outro. Dá de tudo. Tudo que eu puder fazer pra ele [o bebê] ser feliz, eu
vou fazer.”
“...terminar meus estudos, entrar num trabalho numa área que eu goste de fazer, uma profissão que eu esteja gostando, me
aperfeiçoando ali. É esse meu futuro!”
“Eu penso em deixar [o bebê] na creche, arrumar um serviço na fábrica de jeans, estudar, trabalhar!”
Este estudo mostra, conforme encontrado no estudo de Esteves e Menandro (2005), que a gravidez traz conseqüências
diversas com mudanças significativas na vida da jovem, em âmbito sociocultural, psicológico e econômico: a não vivência da
fase da adolescência, evasão escolar, vergonha, diminuição das possibilidades de inserção no mercado de trabalho; falta de
construção de uma estrutura familiar com autonomia; falta de projeção de sua vida quanto as perspectivas de vida futura:
trabalho; estudos; situação econômica instável gerando dependência da família; situação conjugal sem qualquer estrutura
emocional estável.
Porém verificou-se que após a gestação, ao questionar sobre a descoberta da concepção e as expectativas futuras, as
jovens verbalizam a certeza de um processo de mudanças em suas vidas, o medo, despreparo para ser mãe, a
possibilidade de rejeição da família e do companheiro, a possibilidade de fuga e até mesmo de aborto, um futuro restrito a
maternidade e ao trabalho para o sustento do filho.
Sobretudo fazem menção ás novas responsabilidades e necessidades,como a retomada aos estudos e ao trabalho, já que
seria uma forma de segurança para o bebê, pois os cuidados requerem os esforços, enquanto mães e verifica-se também
que com o passar dos meses há uma aceitação e até mesmo relato de felicidade com a vinda deste novo ser,
principalmente quando há apoio de familiares e do companheiro. O pensamento de compromisso já é percebido e enfatizado
pelas adolescentes gestantes que já visam a prevenção de uma nova gravidez como essencial para o futuro.
CONCLUSÃO
Concluiu-se, neste estudo, que as gestantes adolescentes não estão preparadas para assumir a maternidade. A maioria
das jovens não desejam ser mães, baseado na conscientização do despreparo para assumir a maternidade não desejada,
refletida por sentimentos negativos em relação a gestação precoce, porém não se deram conta desta situação e não se
- Pág. 29 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
preveniram para evitar.
A gestação, vivenciada pelas adolescentes, provoca profundas mudanças psicossociais, fazendo com que as jovens
assumam, desde cedo, responsabilidades, numa fase em que o desenvolvimento pessoal da adolescente ainda está em
formação. A busca por melhores condições de vida, para a criação de seus filhos, torna-se evidente, na medida que o
pensamento volta-se para as questões de realização pessoal, profissional e educacional, baseado na retomada dos estudos
e a busca por trabalho. O sentido de grandes mudanças reflete as expectativas e perspectivas em relação a maternidade.
O senso de responsabilidade sobre maternidade foi muito discutido e bastante significativo para as adolescentes em
relação a educação de seu filho conscientizando-a para maior responsabilidade quanto a anticoncepção objetivando
oferecer proteção e um futuro melhor ao seu filho e a si própria.
REFERÊNCIAS
AQUINO, E. M. et al. Adolescência e reprodução no Brasil: a heterogeneidade dos perfis sociais. Cad. Saúde Pública, Rio
de Janeiro, v. 19, suppl. 2, S377-379, 2003.
CHIPKEVITCH, E. Puberdade e Adolescência: aspectos biológicos, clínicos e psicossociais. São Paulo: Roca, p. 112600, 1995.
DIAS, A.; AQUINO, E. M. L. Maternidade e paternidade na adolescência: algumas constatações em três cidades do Brasil.
Cad. Saúde Pública, jul., vol.22, n. 7, p. 1447 - 1448, 2006.
ESTEVES, J. R.; MENANDRO, P. R. M. Trajetórias de vida: repercussões da maternidade adolescente na biografia de
mulheres que viveram tal experiência. Estudos de Psicologia, v. 10, n.3, p. 364, 2005.
FREITAS, G.; VAZ, S. de; BOTEGA, N. J. Gravidez na adolescência: prevalência de depressão, ansiedade e ideação
suicida. Rev. Assoc. Brás. Jul. /set., vol.48, n.. 3, p. 245, 2002.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/12062003indic2002.shtm Acessado em: 06/02/2007.
LEITE, I. C.; R.S, NASCIMENTO, R. do; FONSECA, M. do, C. Fatores associados com o comportamento sexual e
reprodutivo entre adolescentes das regiões Sudeste e Nordeste do Brasil. Cad. Saúde Pública, Mar. /Apr. , v. 20, n. 2, p.
475, 2004.
LIMA, C. T. B.; et al. Percepções e práticas de adolescentes grávidas e de familiares em relação a gestação. Rev. Saúde.
Matern. Infant., Recife, v.4, n.1, p. 72-73, 2004.
LUCA, L. A. O problema sexual da Adolescência. São Paulo: Almed, p. 59-79, 1980.
PANTOJA, A. L. N. “Ser alguém na vida”. Uma análise sócio-antropológica da gravidez/maternidade na adolescência em
Belém do Pará, Brasil. Cad. Saúde Pública, v. 19, suppl. 2, p. S335 – S340, 2003.
TORRES, G. de, V.; DAVIM, R. M. B,; NOBREGA, M. M. L. da. Aplicação do processo de enfermagem baseado na teoria de
OREM: estudo de caso com uma adolescente grávida. Rev. Latino-Am. Enfermagem, abr., v.7, n.2, p.47, 1999.
INVESTIGAÇÃO DE ALTERAÇÕES DA VELOCIDADE DA MARCHA E
CAPACIDADE FUNCIONAL NO IDOSO QUANDO SUBMETIDOS A TREINAMENTO RESISTIDOS.
Marcos Fernando Misael
Especializado em Reabilitação Cardíaca e Grupos Especiais
Universidade Gama Filho-RJ
Studio Fitness & Saúde
[email protected]
Cristine Costa Bueno
Especializada em Reabilitação Cardíaca e Grupos Especiais
Universidade Gama Filho-RJ
Studio Fitenss & Saúde
[email protected]
São João da Boa Vista-SP - 2009
RESUMO
O objetivo desta pesquisa é avaliar se há alguma alteração na velocidade da marcha do idoso, quando submetidos a
treinamento resistido. Segundo IBGE, 2000 houve um aumento na expectativa de vida do homem em função da melhora do
nível de saúde. Mas este aumento esta relacionado a vários fatores, tais como: assistência médica, medicamentos, hábitos
- Pág. 30 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
de vida e atividade física, Matsudo (2000). Com tudo isso a uma grande preocupação do homem, pois com o
envelhecimento sofremos por algumas alterações no nosso corpo, que esta relacionada a perda da massa muscular, massa
óssea, declínios hormonais, capacidade cardiovascular e perda da força muscular. Portanto será realizada uma pesquisa
constituída por 06 (seis) mulheres idosas com idade de 60-85 anos. Para esta amostra foi utilizado 3 testes para poder
averiguar os comportamentos das variáveis funcionais em relação a uma proposta de programação de exercícios resistidos
a uma população de idosos. Durante a aplicação dos exercícios resistidos foram utilizados aparelhos de musculação e
pesos livres, por um período de 03(três) meses. Depois de realizado a pesquisa, concluímos que houve uma melhora
significativa no teste apresentado
(velocidade da marcha-10 m). Porem nesta pesquisa foi constatado uma melhora nos comportamentos funcionais como
também na melhoria da velocidade da marcha.
Palavra-chave: idoso- capacidade funcional- treinamento resistido.
1.0 INTRODUÇÃO
Com o passar dos anos tem se notado um aumento na expectativa de vida do homem. Esse aumento pode estar
relacionado em função da melhora do nível de saúde, IBGE, 2000.
Segundo a estatística do World Population Prospects:- the 2002 revision, em 1995 o número de idosos com idade acima de
65 anos era de 6,5% da população mundial. Em 2000, elevou-se para 6,9% e estima-se que em 2050, atingirá 15,9%.
De acordo com Matsudo (2000), este aumento da população idosa este relacionado a alguns fatores determinantes:
assistência médica, hábitos de vida (nutricionais, econômicos, culturais, sociais), acesso a medicamentos, atividades físicas.
Mas hoje com o aumento da idade a uma grande preocupação do homem, que é como vai ficar nossas condições de vida.
No envelhecimento a uma perda na aptidão funcional do homem. Há diversos fatores que influência, tais como, a perda da
massa muscular, declínio dos níveis hormonais, perda da massa óssea, declínio da capacidade cardiovascular, perda da
força muscular, diminuição da flexibilidade. E todos esses fatores são de grande importância para a execução das atividades
da vida diária (AVDS). Segundo Fleck e Kramer (1999), o maior pico de força que conseguimos é estabelecendo entre 20 e
30 anos, após isso ele permanece estável ou diminui ligeiramente durante os vinte anos seguintes.
Com o envelhecimento sofremos alguns declínios no andar, segurar objetos, na mobilidade (ROOS et al., 1997). Além disso,
nos tornamos mais frágeis e dependentes (ROOS et al, 1997).
Segundo FREITAS 2002, o idoso passa a ter uma imagem negativa sobre si mesmo, devido às formas do corpo
envelhecido.
Devido a todos os problemas já mencionados a proposta de amenizar esses decréscimos ou perdas nos idosos, será um
programa de treinamento resistido.
De acordo com Seynnes et al. (2004), o exercício regular e sistemático aumenta ou mantém a aptidão física desta
população, melhorando o bem estar funcional, e diminuindo a taxa de morbidade e mortalidade do idoso.
Idosos praticantes de exercícios são mais inteligentes, imaginativos e independentes do que os não praticantes, (FREITAS,
2002).
Além disso, se tornam mais confiantes, alegres, dispostos para realizações das próprias tarefas das atividades da vida diária
(AVDs), ou até mesmo capazes de novos desafios, novas tarefas.
De acordo com Campos (2000), a força é um fator importante para as capacidades funcionais, a fraqueza muscular pode
evoluir até que não se possam realizar atividades comuns da vida diária.
Dificuldades na marcha ou no andar esta relacionada ao declínio da força muscular, particularmente de membros inferiores,
levando ao idoso a maior risco de fraturas facilitadas pela desmineralização óssea típica do idoso. (American College of
Medicine, 1998).
Alterações degenerativas da coluna, como uma maior curva cifótica, podem favorecer o desequilibro e pode alterar a marcha
do idoso (SPIRDUSO, 1980). De acordo com Balsamo e Simão (2005), alterações do sistema visual auditiva, neuromuscular
podem levar ao idoso a desequilibro e quedas.
Alterações nas fibras musculares como a perda de fibras vinculadas à redução do numero de sarcômeros, podemos chamar
de sarcopenia, Doherty (2003). No idoso a perda de fibras musculares acontece em maior números nos membros inferiores
e com maior comprometimento nas fibras tipo II, levando a maior lentificação dos movimentos, (VADERVOORT, 2002).
A perda de unidades motoras leva o idoso a uma diminuição de velocidade de condução, queda na duração a amplitude do
potencial de ação, reduzindo a capacidade de gerar ou produzir força.
De acordo com Fleck e Kraemer, 2006 o treinamento de força em idosos promove adaptações como melhora da força
muscular, tamanho das fibras musculares, densidade mineral óssea, níveis de dor, porcentual de gordura, fatores neurais
(melhora da coordenação neuromuscular).
O treinamento pode aumentar as capacidades de força dos idosos, promovendo também o aumento da massa muscular, e
essas melhoras geram impactos positivos para melhorias das tarefas funcionais, TRAPPE et al, 2002.
De acordo com Hagerman et al., (2000), o treinamento de força de alta intensidade (85-90% de 1 Rm) induz a hipertrofia
muscular e aumento de força em idosos após 16 semanas. Idosos entre 60-66 anos toleram este tipo de carga e exibem
melhorias significativas na aptidão física.
- Pág. 31 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
Segundo American College of Sports Medicine, 2002 a prescrição do treinamento de força para idosos para ganho de força
e hipertrofia é de 8 a 12 repetições, e sua intensidade é de 60 a 80% de 1RM, onde sua progressão é de maquinas para
pesos livres utilizando exercícios multiarticulares e monoarticulares, com uma freqüência de duas a três vezes por semana
em dias alternados com um tempo de recuperação entre as séries de 1 a 2 minutos.
2. Materiais e Métodos
No primeiro momento de nossa pesquisa, realizamos um levantamento bibliográfico, que vem ser: Investigação de
alterações da velocidade da marcha, e capacidade funcional no idoso quando submetidos a treinamento resistidos.
Outros recursos metodológicos utilizados foram às coletas de dados, realizada através de aplicação de questionários e
testes. Para a coleta de dados em nossa pesquisa usamos o questionário de auto Avaliação de Capacidade Funcional (vide
anexo 1), do Grupo de Desenvolvimento Latino Americano para a Maturidade (GDLAM) apud (Sipilã e colaboradores, 1996),
teste de velocidade da marcha-10 metros, do Grupo de Desenvolvimento Latino Americano para a Maturidade (GDLAM)
apud (Sipilã e colaboradores, 1996), e teste de 1RM citado por Bossi, 2008. Os participantes foram informados sobre os
riscos do estudo, no qual todos assinaram o termo de consentimento antes de iniciarem as atividades dentro do grupo de
treinamento.
2.1 População estudada:
Para elaboração e aplicação da proposta foi necessário estabelecer etapas para sua efetivação.
No primeiro momento foi feito um contato com os membros do Studio Fitness& Saúde, da cidade de São João da Boa vistaSP, visando à participação voluntária do mesmo no estudo proposto. Na seqüência, foi aplicado um questionário para avaliar
a capacidade funcional de cada participante, do Grupo de Desenvolvimento Latino Americano para a Maturidade (GDLAM)
apud (Sipilã e colaboradores, 1996); no mesmo dia foi realizada uma entrevista prévia com todos os presentes, no qual cada
individuo teve que preencher uma ficha prévia individual (vide anexo 2), para o recolhimento de informações pessoais em
relação ao histórico de vida (prática de alguma atividade física, portador de patologias, tais como: insuficiência cardíaca,
hipertensão, diabetes, entre outras).
Como critério de exclusão foram adotados: indivíduos que não apresentavam nenhum grau de incapacidade funcional
avaliado pelo questionário de AUTO-AVALIAÇÃO DE CAPACIDADE FUNCIONAL, indivíduos que foram submetidos a
algum tipo de cirurgia recentemente com o tempo mínimo de 06(seis) meses, indivíduos que não apresentaram ou não
obteve liberação médica, indivíduos que apresentaram alguma patologia que pudesse ser agravada pelo treinamento
resistido, indivíduos que não tinham no mínimo 1 mês de prática de atividade física.
Desta maneira foram estudados 06 voluntários do sexo feminino, com idade entre 60 a 75anos.
O treinamento resistido foi realizado no Studio Fitness & Saúde de São João da Boa Vista-SP, periodicamente 02(duas)
vezes na semana, por um período de 03 (três) meses.
CLASSIFICAÇÃO DE AMOSTRA
VOLUNTARIO
IDADE
1
2
3
4
5
6
72
63
65
62
60
68
3,333333
SEXO
F
F
F
F
F
F
PESO
85,2
51
67
44,2
89,6
80
15,43333
ESTATURA
1,58
1,59
1,63
1,48
1,58
1,5
0,046667
(Demonstrativo desvio padrão da idade, sexo, peso e estatura de cada participante).
2.2 Instalações:
Todo o programa de treinamento resistido será desenvolvido no Studio Fitness & Saúde da cidade de São João da Boa
Vista-SP, utilizando uma sala equipada com aparelhos de musculação da marca PORTICO®, como também acessórios de
treinamento muscular, tais como: halteres, barras, anilhas, tornozeleiras e colchonetes.
3.AVALIAÇÕES FUNCIONAIS:
Para que um programa de atividade física integre fundamentos científicos e ações pedagógicas que levam à prática da
atividade física permanente e à conquista dos objetivos dos idosos, ou qualquer outra pessoa, é necessário que, antes de
iniciá-lo e após o seu desenvolvimento, as pessoas sejam avaliadas por um questionário de capacidade funcional e por
02(dois) testes, (velocidade da marcha-10metros e 1RM ).
O objetivo da nossa avaliação é investigar se há uma melhora na velocidade da marcha e capacidade funcional da nossa
população de idosos, em relação às atividades da vida diária (avds).
- Pág. 32 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
Autores como PHILLIPS e HASKELL (1995) apud. MATSUDO (2000) fazem referência das atividades da vida diária (AVDS)
e das atividades instrumentais da vida diária (aivds). A primeira (AVDS) refere-se às atividades de cuidados pessoais
básicos, tais como: se vestir, tomar banho, sentar em uma cadeira, caminhar em uma pequena distância.
Já na segunda (AIVDS) refere-se às tarefas mais complexas do cotidiano e incluem, necessariamente aspectos de uma vida
independente, como fazer compras, cozinhar, limpar a casa, lavar roupa e utilizar meios de transporte.
Dessa maneira, optamos pelos seguintes testes que seguem abaixo, onde estarão englobados situações direcionadas as
AVDS e AIVDS, exercendo um papel importante na condição para uma vida independente a uma população de idosos.
• QUESTIONÁRIO DE AUTO AVALIAÇÃO DE CAPACIDADE FUNCIONAL
• TESTE DE VELOCIDADE DA MARCHA (10 metros)
• TESTE DE 1 RM
3.1 TESTE DE VELOCIDADE DA MARCHA (10 metros)
O propósito deste teste é avaliar a velocidade que o individuo leva para percorrer a uma distância de 10 metros, embora não
seja esta a distância das ruas no perímetro urbano, mas foi esta a medida preconizada pelo estudo de Sipilã e
colaboradores (1996).
O professor irá demarcar uma linha no chão onde será o ponto de partida, e outra demarcando o ponto de chegada com
uma distância de 10 metros entre elas.
Ao comando de voz de “JÁ”, o individuo deverá caminhar 10 metros o mais rápido possível, até a linha de chegada, sendo
assim, o cronômetro será parado quando o individuo transpor a faixa.
3.2 TESTE DE 1 RM
Este teste irá avaliar a força do individuo ao executar o número maximo de repetições nos exercícios propostos pelos
professores, sendo assim executado com segurança e sem exagero na execução dos movimentos e com uma boa técnica
de execução, Bossi, 2008. Durante o teste foram realizadas 05 séries:
1ª Série: foi realizado um aquecimento
2ª a 5ª Série: foram realizadas as tentativas, onde houve um aumento das cargas progressivamente de 3 a 5 kg por séries.
4. Etapas do Programa de treinamento resistido
O Programa de Treinamento Resistido foi estruturado em três etapas:
• Fase I
• Fase II
• Fase III
4.2 FASE I
Nesta fase os indivíduos foram encaminhados para o Studio Fitness & Saúde para fazer o reconhecimento do local,
aparelhos e instalações. Após o reconhecimento do local os indivíduos foram submetidos a treinamento de 2 (duas )
semanas objetivando adaptações músculo esquelética.
Foi adotado, para fase I, o método de múltiplas séries, no qual os indivíduos executavam 3 (três) séries de 10 (dez)
repetições, com uma carga de 40% de 1RM e com intervalo de 1 minuto entre as séries, com velocidade de execução de
lenta a moderada, os indivíduos foram orientados sobre a respiração para cada exercício.
Os exercícios utilizados nesta fase foram:
1- Alongamento ativo
2- 10 minutos de atividade contínua (esteira ou bicicleta ergométrica) com a intenção de aquecimento.
3- Leg press
4- Cadeira extensora
5- Rosca direta com halter
6- Puxada por trás das costas
7- Peck Deck
8- Extensão tríceps na polia
9- Desenvolvimento com halter (deltóide)
4.3 FASE II
Nesta fase, a carga foi aumentada de forma progressiva para 50% de 1 RM. Foram realizadas 3 séries de 10 repetições,
com um intervalo de 1 minuto entre as séries, com uma velocidade de execução do exercícios de moderada a rápida, os
indivíduos foram orientados sobre a respiração para cada exercício.
Os exercícios também foram modificados:
1- Alongamento ativo
- Pág. 33 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
2- 10 minutos de atividade contínua (esteira ou bicicleta ergométrica) com a intenção de aquecimento.
3- Abdução da coxo-femural em pé com tornozeleira
4- Flexão do quadril em pé com tornozeleira
5- Soleador
6- Rosca alternada com halter
7- Elevação frontal (deltóide)
8- Extensão tríceps na polia inversa
9- Puxada na polia com estribo
10- Supino reto na maquina
4.4 FASE III (FASE PRINCIPAL)
Nesta fase, sendo a principal do treinamento, houve um aumento progressivo da carga de 50% de 1RM para 60% de 1RM,
sendo 3 séries de 12 repetições com um intervalo mínimo de 45 segundos entre as séries, com uma velocidade de lenta a
moderada, os indivíduos foram orientados sobre a respiração no exercício.
Exercícios propostos:
1-Alongamento ativo
2- 10 minutos de atividade contínua (esteira ou bicicleta ergométrica) com a intenção de aquecimento.
3- Leg Press 45°
4- Cadeira extensora
5- Flexão do quadril em pé
6- Soleador
7- Puxada na polia por trás das costas
8- Rosca direta no halter
9- Extensão tríceps na polia, na barra W
10- Elevação lateral com halter (deltóide)
5. RESULTADOS
Teste da Velocidade da Marcha (10 m)
8,5
8
TEMPO (s)
7,5
7
6,5
7,87
7,36
1
6,84
7,1
6,84
2
6,35
6,47
6,32
4
6
5,5
3
5
6
5,53
5,42
5,15
5
4,5
ANTES
APÓS
- Pág. 34 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
Fig. I - Comparação da alteração da velocidade da marcha antes e após os sujeitos serem submetidos ao treinamento
resistido por um período de 03(três) meses.
6. Análise e Discussão do Resultado do Gráfico I – Velocidade da
Marcha (10 m)
Neste teste mediu-se a capacidade do idoso em percorrer um percurso determinado na máxima velocidade, onde foi
realizado duas tentativas, sendo a primeira como aquecimento e a segunda como valor final em segundos e centésimos de
segundo.
Nesse teste constatamos que todos os idosos obtiveram uma melhora na velocidade da marcha na aplicação do teste após
três meses de treinamento resistido.
A capacidade de locomoção dos idosos é uma importante variável a ser mensurada, pois está relacionada à sua autonomia
diária, portanto o exercício resistido (ER) torna-se de grande importância para a melhora da marcha e suas atividades da
vida diárias.
7. CONCLUSÃO
No presente estudo constatamos que o treinamento resistido é eficaz na melhoria da marcha dos indivíduos (idosos), além
disso, constatamos que houve uma melhora na auto-estima e na qualidade de vida dos participantes.
REFERÊNCIA
ANDREOTTI, R.A.; OKUMA, S.S. Validação de uma Bateria de Testes de Atividade de Vida Diária para Idosos
Fisicamente Independentes. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo, v.13, n.1, 1999.
American College of Medicine. Exercise and Physical Activity for Older Adults. Stand position. Med. Sci. Sports. Exerc.
1998; 30 (6): 992-1008.
American College of Sports Medicine .Position Stand Progression Models in Resistance Training for Healthy Adults.
Med Sci Sports Exerc. 2002; 34: 364-80.
Balsamo, S.; Simão, R. Treinamento da Força: para Osteoporose, Fibriomialgia, Diabetes tipo 2, Artrite Reumatóide e
Envelhecimento. São Paulo. Phorte. 2005.
Bossi, L.C.P. Ensinando musculação: exercícios resistidos. 3.ed- São Paulo: Ícone, 2008.
Campos, M.A. Musculação: Diabéticos, Osteoporóticos, Obesos e Hipertensos. São Paulo: Sprint, 2000.
Doherty, T.J. Again and Sarcopenia. J Appl Physiol.2003.95.p.1717-1727.
DANTAS, E.H.M., VALE, R.G.S. Protocolo GDLAM de Avaliação da Autonomia
Funcional. Fitness e Performance. Journal, Rio de Janeiro, 2004, v 03, n 03, p.175-180.
Fleck, S.J.; Kraemer, W. J. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular. 3ª Ed.- Porto Alegre: Artmed, 2006.
Fleck, s.j. kraemer, W.J. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular. Porto Alegre: Artes Médicas Sul Ltda, 1999.
Freitas, E. V. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro. Guanabara-Koogan, 2002.
Grupo de Desenvolvimento Latino-Americano para Maturidade (GDLAM). Discussões de Estudo: Conceitos de
Autonomia e Independência para o Idoso. Rio de Janeiro, 1994.
Hagerman, F.C.; Walsh S.J.; Staron, R.S.; Hikida, R.S.; Gilders, R.M.; Murray, T.F.; Toma, K.; Ragg, K.E. Effects Of HighIntensity Resistance Training On Untrained Older Mem. I Strength, Cardiovascular, And Metabolic Responses.
Journal Gerontol. 2000. 55A. p. 336-346.
IBEGE (Fundação Brasileira de Geografia e Estatística). Censo Demográfico: Brasil, 2000. Rio Janeiro.
Matsudo, S.M., Matsudo, V.K.R. e Barros Neto, T.L. Impacto do Envelhecimento nas Variáveis Antropométricas,
Neuromotoras e Metabólicas da Aptidão Física. Rev. Bras. Ciên. e Mov.2000.p. 21-32.
OKUMA, Silene Sumine. O Idoso e a Atividade Física: Fundamentos e Pesquisa . SP: Papirus, 1998. p.208.
Roos, M. R.; Rice, C.L.;Vandervoort, A.A. Age- Related Changes In Motor Unit Function, Muscle Nerve. 1997. p.679-90
Seynnes, O.; Fiatarone Singh, M. A.; Hue, O.; Pras, P.; Legros, P.; Bernard, P.L. Physiological And Functional
Responses To Low-Moderate Versus High-Intensity Progressive Resistance Training In Frail Elders. J Gerontol. 2004.
59 A: 503-509.
Spirduso, WW. Physical Fitness, Again And Psychomotor Speed A Review. J Gerontol. 1980. p.850-65.
Sipilã, S.; Multanen, J.; Kallinen, M.; Era, P.; Suominen, H. Effects Of Strenght And Endurance Training On Isometric
Muscle Strength And Walking Speed In
Elderly Women. Acta Physiologica Scandinavica, v.156, p. 457-464. 1996.
Trappe, S.; Williamson, D.; Godard, M. Maintenance Of Whole Muscle Strength And Size Following Resistance Training
In Older Men. J Gerontol. 2002; 57A: B138-B143.
Vandervoort, A.A. Aging Of The Human Neuromuscular System. Muscle nerve 25(1): 17-25, 2002.
Vandervoort, A.A. Effects Of Ageing On Human Neuromuscular Function, Implications For Exercise. Can J. Sport Sci.
1992. 178-84.
- Pág. 35 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
ANEXO 1
QUESTIONÁRIO DE AUTO-AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL.
Nome:
Idade:
Sexo:
Data:.
Por favor, indique sua habilidade para fazer cada uma das atividades que estão na lista abaixo. Sua resposta deve indicar se
você PODE fazer estas atividades e não se você faz estas atividades atualmente. Faça um X na coluna de acordo com o
número escolhido.
1 – FAÇO.
2 – FAÇO COM ALGUMA DIFICULDADE OU COM AJUDA.
3 – NÃO POSSO FAZER.
Atividades
1Tomar
conta
de
suas
necessidades pessoais, como vestir-se
sozinha.
2Tomar banho, usar a banheira
3Caminhar fora de casa (1-2
quarteirões)
4Fazer atividades domésticas leves,
como cozinhar, tirar o pó, lavar pratos,
varrer ou andar de lado a outro da casa.
5Subir ou descer escadas ou
marchar
6Fazer compras no supermercado
ou no shopping
7Levantar e carregar 5Kg, como
exemplo, saco de arroz.
8Caminhar 6 – 7 quarteirões
9Caminhar 12 – 14 quarteirões
10Levantar e carregar 13 kg de peso
(mala média a grande)
11Fazer
atividades
domesticas
pesadas como aspirar, esfregar pisos,
passar o rastelo.
12Fazer atividades vigorosas como
andar grandes distâncias, cavoucar o
jardim,
mover
objetos
pesados,
atividades de dança aeróbia ou ginástica
vigorosa.
1
2
3
Avançado: realiza 12 itens sem dificuldades
Moderado: realiza de 7 a 11 itens sem dificuldades
Baixo: 6 sem dificuldades ou inábil para realizar 3 ou mais avds (carregar 5kg, caminhar de 6 a 7quarteiroes , fazer
tarefas domesticas ).
- Pág. 36 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
ANEXOS 2
QUESTIONÁRIO DE DADOS PESSOAIS E ANAMNESE FISIOLÓGICA
QUESTIONÁRIO DE DADOS PESSOAIS
Número do voluntário: _____ Data: ____ /____ /2008
IDENTIFICAÇÃO
Nome: __________________________________ Idade: ______________________
Data Nascimento: __________________ Peso:__________ Altura:______________
HÁBITOS DE VIDA
1) Nos últimos seis meses, você tem praticado (ou praticou) algum tipo de exercício, atividade física ou esporte?
____________________________________________
2) Qual (is)?
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________
Quantas vezes na semana? _________ Quantos minutos por dia? ______________
Em que local: ________________________________________________________
3) É ou já foi fumante? _________________________________________________
4) Quanto tempo? _____________ Quantos cigarros fuma por dia? _____________ Quantas vezes por semana?
____________________________________________
5) Consome ou já consumiu bebida alcoólica? ______________________________
6) Quanto tempo? ____ Quantas vezes na semana? ___ Quantidade?___________
7) Bebe café? ________________________________________________________
8) Quanto tempo? ____Quantas vezes na semana? ______ Quantidade? ________
9) Nos últimos seis meses, você tem utilizado ou já fez uso de algum tipo de medicamento?
_______________________________________________________
10) Qual (is)? ________________________________________________________
___________________________________________________________________
Quanto tempo? ______ Quantas vezes na semana? _____ Quantidade? _________
ANAMNESE FISIOLÓGICA
11) Você Possui Antecedentes Pessoais?
a) Metabólicos:
Diabetes ( ) sim ( ) não _________________________________________________
Osteopenia ( ) sim ( ) não _______________________________________________
Osteoporose ( ) sim ( ) não _____________________________________________
b) Respiratórios:
Bronquite ( ) sim ( ) não
Asma ( ) sim ( ) não
c) Traumáticos:
Fraturas ( ) sim ( ) não local e tipo: _______________________________________
___________________________________________________________________
Luxações ( ) sim ( ) não local e tipo: ______________________________________
___________________________________________________________________
Distensões ( ) sim ( ) não local e tipo: _____________________________________
___________________________________________________________________
Hérnias ( ) sim ( ) não local e tipo: ________________________________________
___________________________________________________________________
d) Cirúrgicos: ( ) sim ( ) não local, tipo e data: ______________________________
___________________________________________________________________
e) Alergias: ( ) sim ( ) não tipo: _________________________________________
- Pág. 37 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
QUALIDADE VIDA RELACIONADA À SAÚDE DE IDOSAS HIPERTENSAS
PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE EXERCÍCIO FÍSICO
Viviane Aparecida Vieira Nogueira¹
[email protected]
Evelyn Aparecida Nogueira¹
Ronaldo Júlio Baganha²
1
Acadêmica do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
2
Docente do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
Resumo
O presente estudo teve como objetivo analisar a Qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) de idosas hipertensas
praticantes e não praticantes de exercício físico, cadastradas na Unidade Básica de Saúde da cidade de Paraisópolis/MG.
Como método foi aplicado um questionário validado de QVRS. Os resultados encontrados indicam que as idosas
hipertensas praticantes de exercício físico apresentam uma melhor QVRS, quando comparada com as não praticantes. A
prática do exercício físico colaborou para tais resultados. O exercício físico se mostrou eficiente no controle dos sintomas
(falta de ar, fraqueza nas pernas, tontura, vista embaraçada, tosse, vermelhidão no pescoço, enjôo ou vomito, dor de cabeça
e sonolência) desencadeados pelo tratamento farmacológico da hipertensão arterial sistêmica (HAS). Melhorando assim a
percepção do paciente sobre como a doença compromete seu bem estar e saúde.
Palavras Chave: Hipertensão, Exercício Físico, Qualidade de vida relacionada à saúde
Introdução
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica caracterizada pela manutenção elevada da pressão arterial. O
desenvolvimento da HAS ocorre a partir de diversos mecanismos que se interligam, sendo que muitos desses se alteram
com o processo de envelhecimento (CARVALHO FILHO; AZUL; CURIAT, 2003). Evidências apontam a existência de uma
relação entre o processo de envelhecimento e o desenvolvimento da HAS. Dentre os mecanismos responsáveis pela
elevação da pressão arterial podemos citar: rigidez da aorta e das grandes artérias, menor sensibilidade dos
barorreceptores, hiper-ativação do sistema nervoso simpático e disfunção endotelial (SANDOVAL, 2005; CARVALHO
FILHO; AZUL; CURIAT, 2003; CERQUEIRA; YOSHIDA, 2002; IRIGOYEN; KRIEGER; CARVALHO, et al. 2001).
A população idosa vem crescendo mundialmente. No Brasil esse processo ocorre em ritmo acelerado, segundo estimativas
da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2003), em 2025 o país terá a sexta maior população de idosos do mundo, o que
irá representar 15% da população (BRANDÃO, 2008).
O problema fundamental da longevidade está relacionado com aquelas pessoas que vivem com má qualidade de vida (QV).
Segundo Vechhia et al. (2005) a QV está relacionada à auto-estima e ao bem estar pessoal, abrangendo uma série de
aspectos como por exemplo: a capacidade funcional, o nível sócio econômico, o estado emocional, a interação social e o
próprio estado de saúde.
A busca pela QV na terceira idade (indivíduos com mais de 60 anos de idade) é muito importante, já que o processo de
envelhecimento resulta na maioria das vezes em um declínio desta. O processo de envelhecimento associado a HAS resulta
em prejuízos ainda maiores para a Qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) de pacientes hipertensos (SILQUEIRA,
2005).
A QVRS está relacionada com a percepção do paciente sobre como a doença e seu tratamento farmacológico compromete
sua saúde e seu bem estar (MELCHIORS, 2008).
A HAS representa um dos mais importantes fatores de incapacidade e de morte prematura na população idosa no mundo
civilizado. A incidência da HAS aumenta extraordinariamente com a idade, já que após os 65 anos ela atinge 50% dos
idosos (CARVALHO FILHO; AZUL; CURIAT, 2003).
Segundo Liberman (2007), a HAS é uma doença que atinge principalmente as mulheres idosas. Quando comparamos as
mulheres com os homens de mesma idade (acima de 65 anos), a prevalência da HAS é de 69,2% para os homens e de
83,4% para as mulheres. Essa alta prevalência da HAS em mulheres idosas é consequência do processo de
envelhecimento associado ao período pós-menopausa.
Após a menopausa, a mulher perde sua “proteção cardiovascular”, devido à diminuição dos níveis de estrogênio. A
musculatura lisa se torna mais ativa, aumentando a vasoconstrição, o que resulta em aumento na pressão arterial e
posteriormente na HAS (SANDOVAL, 2005).
Além das alterações que ocorrem no período pós-menopausa, as alterações relacionadas ao processo de envelhecimento
também estão relacionadas com a HAS em mulheres idosas. O processo de envelhecimento causa modificações no coração
e no sistema vascular, o que reduz a capacidade de funcionamento eficiente dos mesmos (ARMANDO; ARRUDA, 2004).
Um progressivo aumento da rigidez das grandes artérias é uma característica típica dos idosos com mais de 50 anos. Na
parede da aorta e das grandes artérias observa-se uma perda na funcionalidade das fibras elásticas. Por outro lado, ocorre
um aumento da quantidade de colágeno, formando uma rede, que com o processo de envelhecimento se torna mais densa,
- Pág. 38 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
dando maior rigidez aos tecidos. As alterações que a parede arterial sofre, fazem com que ela se torne menos elástica e
mais rígida, sendo essa perda de elasticidade o fator fundamental e determinante na elevação da pressão arterial no idoso
(CARVALHO FILHO; AZUL; CURIAT, 2003).
Além da HAS, o tratamento farmacológico utilizado pelo idoso proporciona um declínio na QVRS, uma vez que eles podem
proporcionar efeitos colaterais (falta de ar, fraqueza nas pernas, tontura, vista embaraçada, tosse, vermelhidão no pescoço,
enjôo ou vomito, dor de cabeça, sonolência entre outros), dessa forma, para se obter uma vida com mais QVRS é
necessário controlar a HAS e amenizar os efeitos colaterais do tratamento farmacológico (SILQUEIRA, 2005).
O estudo de Melchiors (2008) nos apresenta que o controle da pressão arterial tem relação positiva na QVRS. Uma melhora
na QVRS de pacientes com HAS pode ser observada com a prática de exercícios físicos. Tem sido demonstrado que o
exercício físico pode causar hipotensão arterial por um período de até nas 24 horas subsequentes a realização do mesmo,
dentre os fatores envolvidos com a hipotensão podemos citar: aumento do tônus parassimpático, diminuição do tônus
simpático, aumento na produção e liberação de subprodutos do metabolismo energético com ação vasodilatadora.
O exercício físico vem se destacando como um tratamento não farmacológico eficiente na redução da pressão arterial e
como meio de se obter uma melhor QVRS. O exercício físico também melhora os sintomas do tratamento farmacológico da
HAS, minimizando seu impacto no dia a dia da vida do hipertenso (MELCHIORS, 2008).
O objetivo do presente estudo foi analisar a qualidade de vida relacionada à saúde de idosas hipertensas praticantes e não
praticantes de exercício físico.
Materiais e Métodos
Participaram do estudo 30 hipertensas, praticantes e não praticantes de exercícios físicos (15 praticantes de exercício
aeróbio e 15 não praticantes), cadastradas na Unidade Básica de Saúde da cidade de Paraisópolis/MG. Na tabela 1
encontram-se as características das voluntárias participantes do estudo.
TABELA 1. Características das idosas participantes no estudo
Idade (anos)
Peso Corporal (Kg)
Altura (m)
Média
63
63,87
1,58
Desv Pad
5
5,87
0,03
2
IMC (Kg/m )
25,72
2,51
Em dia e hora marcados previamente com as voluntárias, as mesmas compareceram as dependências da Unidade Básica
de Saúde e responderam ao questionário de Bulpitt; Fletcher, validado no Brasil por Gusmão (2005). A análise estatística
utilizada foi a análise descritiva.
Resultados
Os resultados encontrados no presente estudo sugerem que as idosas praticantes de exercício físico possuem uma melhor
QVRS se comparada com aquelas que não praticam exercício físico de acordo com a classificação do Escore de QVRS
(Gusmão, 2005) apresentado na tabela 2.
GRÁFICO 1. O gráfico 1 apresenta o escore de
QVRS das idosas hipertensas praticantes de
exercício físico.
GRÁFICO 2. O gráfico 2 apresenta o escore
de QVRS das idosas hipertensas não
praticantes de exercício físico.
- Pág. 39 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
TABELA 2. A tabela 2 apresenta a classificação do Escore de QVRS segundo Gusmão (2005):
Escore
Qualidade de Vida relacionada à Saúde - QVRS
0
Morte.
0,125
Confinado à cama.
0,375
Confinado a casa, mas não à cama.
0,500
Dormindo ou em repouso constante.
0,625
Desempregado por razões médicas.
0,750
Incapaz de trabalhar por período superior a três dias.
0,800
Hipertensão ou seu tratamento interferindo em atividades de lazer ou sociais.
0,875
Nenhuma das situações descritas anteriormente, porém o paciente apresenta 30% dos
sintomas, conforme questões de 1 a 30 do questionário.
0,975
Nenhuma das situações descritas anteriormente, o paciente apresenta menor
que 30% de respostas positivas nas questões de 1 a 30 do questionário.
1,000
Nenhuma das situações descritas anteriormente, sem nenhuma resposta positiva nas
questões de 1 a 30.
GRÁFICO 3. O gráfico apresenta a porcentagem de sintomas desencadeados pelo tratamento farmacológico da HAS
segundo o questionário de Bulpitt; Fletcher, validado no Brasil por Gusmão (2005).
86,67%
90%
80%
73,33%
73,33%
73,33%
Porcentagem de Participantes
70%
60,00%
60,00%
60%
46,66%
46,66%
50%
40%
33,33%
30%
20,00%
20,00%
20%
10%
13,33%
6,66%
13,33%
6,66%
13,33%
6,66%
0,00%
0%
Tontura
Vista
embaraçada
Tosse
Vermelhidão
no pescoço
Enjoo ou
vomito
Sintomas
Não Praticantes de Exercicio fisico
Dor de
cabeça
Falta de ar
Fraqueza
nas pernas
Sonolência
Praticantes de Exercicio Físico
Discussão
Os resultados indicam que as idosas hipertensas não praticantes de exercício físico apresentam um menor escore de
QVRS. Podemos observar que a alta prevalência de sintomas desencadeados pelo tratamento farmacológico da HAS
contribui para a obtenção de tais resultados.
Em um estudo realizado por Bardage; Isacson (2000, apud Magnabosco, 2007), com o objetivo de comparar a QVRS de
hipertensos e normotensos, com 5.404 pessoas, usando o instrumento de QV SF-36, contatou-se que pessoas com
hipertensão têm uma menor QVRS do que aquelas não hipertensas. Sendo assim uma patologia e seu tratamento
farmacológico têm uma correlação com o declínio da QVRS.
Por outro lado podemos observar que a QVRS das idosas hipertensas praticantes de exercício físico está no escore
máximo, ou seja, o exercício físico se mostrou eficiente em amenizar os efeitos colaterais do tratamento farmacológico da
HAS, melhorando assim a QVRS das idosas.
Segundo Magnabosco (2007), o efeito do exercício físico sobre os níveis da pressão arterial de repouso é importante, uma
vez que, o individuo com HAS pode diminuir a dosagem dos seus medicamentos anti-hipertensivos.
Podemos observar que a fraqueza nas pernas é o sintoma que esteve mais presente no grupo de hipertensas não
praticantes de exercício físico (86,67%). Essa fraqueza tem relação com a diminuição na resistência muscular e com a
- Pág. 40 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
utilização de remédios anti-hipertensivos.
Segundo Tartaruga et al. (2005), existem diversos fatores que contribuem para a perda da força muscular com o passar da
idade, entre eles podemos destacar: as alterações músculo-esqueléticas; acúmulo de doenças crônicas, uso de
medicamentos para o tratamento de doenças e atrofia por desuso.
Em contrapartida apenas 13,33% das idosas praticantes de exercício físico apresentaram fraqueza nas pernas, uma vez
que, o exercício físico proporciona um fortalecimento da musculatura, proporcionando assim uma maior resistência
muscular.
Pedroso et al. (2007) demonstraram que oito semanas de treinamento de força foram eficientes para aumentar a força
muscular em 9 mulheres portadoras de HAS. Foi observado um aumento significativo de 29% na carga máxima no exercício
supino e de 21% no leg-press.
Pode ser observado no gráfico 3 que o grupo que realiza exercícios físicos, não apresentou queixa sobre a existência de
falta de ar. O exercício aeróbio promove o melhora do condicionamento cardiorrespiratório. Essa melhora evita a fadiga e a
falta de ar quando se realiza qualquer tipo de exercício físico.
O estudo de Monteiro et al. (2007), com 40 indivíduos portadores de HAS, apresentou que quatro meses de treinamento
físico regular foi suficiente para melhorar a capacidade aeróbia de hipertensos através do aumento do volume máximo de
oxigênio (VO2max) em 42%.
Já no grupo das hipertensas não praticantes de exercício físico o número de idosas hipertensas que apresentam falta de ar
chega a 73,33%. Esse valor pode ser explicado pela associação do baixo nível de condicionamento físico (já que se trata de
um grupo de idosas sedentárias) com a utilização de remédios anti-hipertensivos.
Com relação aos demais sintomas, podemos observar que o grupo de idosas hipertensas não praticantes de exercício físico
apresentou uma maior prevalência de sintomas, desta forma, acreditamos que a prática de exercício físico contribuiu para a
diferença na prevalência de sintomas entre os grupos.
Conclusão
Conclui-se com o presente estudo que as idosas hipertensas praticantes de exercício físico apresentam o escore máximo de
QVRS. A falta de exercício físico pode ter contribuído para a diferença na QVRS entre os grupos, sendo assim, acreditamos
que o exercício físico é eficiente não só no controle da HAS, mas também ameniza os efeitos colaterais do tratamento
farmacológico, melhorando a percepção do paciente sobre como a doença compromete seu bem estar e saúde.
Referências
ARMANDO, T. C. F.; ARRUDA, I. K. G. Hipertensão arterial no idoso e fatores de risco associado. Rev Bras Nutr Clin, v.
19, n. 2, p. 94-99, 2004.
CARVALHO, et al. Hipertensão arterial: o endotélio e suas múltiplas funções. Rev Bras Hipertensão, São Paulo, v. 8, p. 7688, 2001.
CARVALHO FILHO, E. T.; AZUL, L. G. S.; CURIAT, J. A. E. Hipertensão arterial no idoso. Arq Bras Cardiol, São Paulo, v.
41, n. 3, p. 211-220, 2003.
CERQUEIRA, N. F.; YOSHIDA, W. B. Óxido de nítrico, revisão. Acta Cirúrgica Brasileira, v. 17, n. 6, p. 417-423, 2002.
GUSMÃO. L. J. MION. J. D. PIERIN. G. M. A. Avaliação da qualidade de vida do paciente hipertenso: proposta de um
instrumento. Revista Bras Hipertensão, v. 8, n. 1, p. 22-29, 2005.
IRIGOYEN, M. C.; KRIEGER, E. M.; COLOMBO, F. M. C. Controle fisiológico da pressão arterial pelo sistema nervoso. Rev
Bras Hipertensão, São Paulo, v. 8, n. 3, 2005.
LIBERMAN, A. Aspectos epidemiológicos e o impacto clínico da hipertensão no individuo idoso. Rev Bras Hipertensão, v.
14, n. 1, p. 17-20, 2007.
MAGNABOSCO, P. Qualidade de vida relacionada à saúde do individuo com hipertensão arterial integrante de um
grupo de convivência. 138 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem, fundamental) – Escola de Enfermagem de Ribeirão
Preto da Universidade de São Paulo, 2007.
MELCHIORS, A. C. Hipertensão arterial: análise dos fatores relacionados com o controle pressórico e a qualidade de vida.
156 f. Dissertação (Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas, Setor de ciências da saúde) – Universidade Federal do
Paraná, Curitiba, 2008.
MONTEIRO, H. L., et al. Efetividade de um programa de exercício no condicionamento físico, perfil metabólico e pressão
arterial de pacientes hipertensos. Rev Bras Med Esporte, v. 13, n. 2, p. 107-112, 2007.
PEDROSO, M. A. et al. Efeitos do treinamento de força em mulheres com hipertensão arterial. Saúde Rev, v. 9. n. 21, p. 2732, 2007.
SANDOVAL, P. E. A. Medicina do esporte princípios e práticas. São Paulo: Artmed, 2005.
SILQUEIRA, F. M. S. O questionário genérico SF-36 como instrumento de mensuração da qualidade de vida
relacionada à saúde de pacientes hipertensos. 112 f. Dissertação (Pós Graduação em Saúde Doença e Epidemiologia) –
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2005.
TARTARUGA, M. P, et al. Treinamento de força para idosos: uma perspectiva de trabalho multidisciplinar. Revista Digital,
- Pág. 41 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
Buenos Aires, a. 10, n. 82, 2005.
UEHARA, et al. Hipertensão arterial no idoso. In: BRANDÃO. A. A. Como tratar: hipertensão arterial. São Paulo: Manole,
p. 118-136, 2008.
VECCHIA, et al. Qualidade de vida na terceira idade: um conceito subjetivo. Rev Bras Epidemiol, v. 8, n. 3, p. 246-252,
2005.
CONHECIMENTO DOS GRADUANDOS DE ENFERMAGEM DO 6º SEMESTRE
SOBRE NUTRIÇÃO PARA O PACIENTE DIABÉTICO
Knowledge of the graduandos of nursing of 6º semester on nutrition for the diabetic patient
EDSON BEZERRA DE SOUZA
Graduando em Enfermagem pelo Centro Universitário Nove de Julho
[email protected]
JULIANA MAGALHÃES BINI
Graduanda em Enfermagem pelo Centro Universitário Nove de Julho
[email protected]
MARIA LEIDIANE REZENDE MICHELIN
Graduanda em Enfermagem pelo Centro Universitário Nove de Julho
[email protected]
FERNANDA BORGES CARLUCIO
Especialista em Nutrição Esportiva
Fone: 8101-6675
[email protected]
ROSANA STOPIGLIA
Especialista em Educação - Docência do Ensino Superior
Fone: 7133-8950
[email protected]
RESUMO
Para o estudo de nível de conhecimento com relação á orientação nutricional do diabetes mellitus dos alunos de graduação
do curso de enfermagem do 6º semestre da universidade nove de julho, foi aplicado um questionário cuja finalidade foi
narrar, classificar e descrever a base teórica e conceitual dos mesmos. Os resultados demonstraram que os alunos possuem
um bom grau de conhecimento com relação a orientação adequada ao tratamento do paciente diabético, quais sejam; (96)
96% dos alunos consideram que “fritar” é uma forma incorreta de preparação de um alimento, (23) 23% consideram o
fracionamento de uma refeição em até 6 refeições/dia adequado, (55) 55% afirmam que o consumo de frutas e legumes,
para os diabéticos, deve ser moderada.
Palavras-chaves: Diabetes Mellitus, Enfermagem, glicose e Terapia nutricional.
INTRODUÇÃO
1.1 Diabetes Mellitus
A prevalência do diabetes no mundo inteiro vem se elevando sendo considerado pela Organização Mundial de Saúde - OMS
1
como uma epidemia . Tal patologia afeta as pessoas de todas as faixas etárias e níveis sociais, com prevalência nos afroamericanos, hispano-americanos e brancos de 9,6% , 10,9% e 6,0% respectivamente.
Nas Américas, o número de indivíduos com diabetes foi de cerca de 35 milhões para o ano 2000 e projetado para 64
2
milhões em 2025 .
No Brasil, as cidades das regiões Sul e Sudeste, consideradas de maior desenvolvimento econômico do país, apresentaram
maiores prevalências de diabetes mellitus e de tolerância à glicose diminuída. As principais causas associadas ao aumento
de incidência de diabetes no Brasil relacionam-se com a obesidade, envelhecimento populacional e o histórico familiar da
2
doença .
O Diabetes Mellitus é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia (aumento dos níveis de açúcar no
sangue), resultado da deficiência de insulina na secreção pancreática. Trata-se de uma doença complexa, na qual coexiste
um transtorno que envolve o metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas. É multifatorial pela existência de múltiplos
3
fatores implicados em sua patogênese .
- Pág. 42 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
1.2 CLASSIFICAÇÃO E ETIOLOGIA DO DIABETES MELLITUS
Diabetes Mellitus Tipo I
O Diabetes Mellitus insulino-dependente do tipo I normalmente se inicia na infância ou adolescência, e se caracteriza por um
déficit de insulina, devido à destruição das células β do pâncreas por processos auto-imunes (Tipo I A) ou idiopáticos (Tipo I
3
4
B ) . Uma breve descrição desses tipos de patologia será efetuada a seguir, quais sejam ;
O diabetes tipo I A é caracterizado pela destruição auto-imune das células β designada como diabetes juvenil. Tal patologia
é uma deficiência catabólica caracterizada por ausência absoluta de insulina no pâncreas, com conseqüente elevação da
taxa de glicose sanguínea e metabolização de ácidos graxos situados no fígado, resultando em quadro clínico de
4
cetoacidose .
O diabetes tipo I B é fortemente hereditário. Os portadores deste distúrbio têm cetoacidose episódica devido aos variáveis
4
níveis de deficiência da insulina com períodos de deficiência absoluta de insulina que pode ir e vir .
Diabetes Mellitus Tipo II
O diabetes Mellitus insulino-dependente do tipo II desenvolve-se em etapas adultas da vida e descreve uma condição de
hiperglicemia em jejum que ocorre apesar da disponibilidade de insulina. As anormalidades metabólicas que contribuem
para a hiperglicemia em pessoas com diabetes tipo II consistem em distúrbio da secreção de insulina, resistência periférica a
4
insulina e a maior produção hepática da glicose . A resistência á insulina estimula inicialmente a secreção de insulina pelas
células do pâncreas, para superar a maior demanda e manter um estado normoglicêmico. Com passar do tempo, a resposta
4
da insulina (pelas células β), cai devido a exaustão, alterando níveis pós-prandiais de glicose sanguínea .
Durante a fase evolutiva, o indivíduo com diabetes tipo II pode vir apresentar insulinopenia devido à insuficiência das células
4
β.
As complicações agudas do diabetes são as causas mais comuns das emergências médicas decorrentes das doenças
metabólicas, pois esta é um fator de risco significativo de Coronariopatias e Acidente Vascular Cerebral fato este um dos
grandes responsáveis pela incidência de cegueira, doença renal em estágio terminal e amputações das extremidades
4
inferiores .
Outros Tipos Específicos de Diabetes Mellitus
A categoria de outros tipos específicos de diabetes, designada diabetes secundário, está geralmente associada a algumas
condições e síndrome. Esse diabetes pode ocorrer em função de distúrbios pancreáticos, com a remoção do seu tecido e
em doenças endócrinas como acromegalia, síndrome de Cushing ou Focromocitoma. Os distúrbios endócrinos que
4
produzem hiperglicemia fazem o aumento da produção hepática da glicose ou diminuindo o uso celular da glicose .
Diabetes Gestacional
O diabetes mellitus gestacional é designada pela intolerância à glicose, que é detectada pela primeira vez durante uma
gravidez e afetam mais freqüentemente mulheres com histórico familiar de diabetes com glicosúria (glicose na urina), com
história de natimorto ou abortos espontâneos, anomalias fetais numa gravidez anterior ou bebê anterior grande e pesado
4
para idade gestacional , que estão obesas , possuem idade materna avançada ou tiveram cinco ou mais gestações .
Manifestações do Diabetes
O diabetes mellitus pode ter inicio rápido ou insidioso. No diabetes tipo I, os sinais e sintomas manifestam-se muitas vezes
subitamente. No tipo II, geralmente se desenvolve mais insidiosamente e sua presença pode ser detectada durante o exame
4
médico de rotina ou quando o paciente procura cuidados médicos por outras razões .
Os aspectos sintomáticos do diabetes mais comumente identificados são a polis – poliúria (urinar em excesso), polidipsia
(sede em excesso) e polifagia (fome excessiva), e esses sintomas estão estreitamente relacionados à hiperglicemia e
glicosúria da referida patologia. Cabe ressaltar que outros sintomas também apresentam relevância, tais como: vista turva
4
recorrente, fadiga, parestesia e infecção cutânea .
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico médico em adultos não gestantes baseia-se nos níveis de glicose sanguínea em jejum, teste de glicemia ao
acaso ou nos resultados de teste de carga de glicose. Deve-se considerar o teste para diabetes em todos os indivíduos
4
acima de quarenta e cinco anos, teste de hemoglobina glicosilada e testes urinários .
Controle da Dieta
O resultado desejado para controle da glicemia tanto no diabetes tipo I quanto no tipo II, é a normalização da glicose
sanguínea como meio para prevenir complicações a curto prazo. Os planos de tratamento envolvem geralmente terapia
nutricional, exercícios e drogas anti-diabéticas. As pessoas com diabetes tipo I necessitam de insulinoterapia desde a
ocasião do diagnóstico. A perda de peso e o controle da dieta podem ser suficientes para controlar os níveis sanguíneos de
glicose em pessoas com diabetes tipo II, pois a secreção da insulina pelas células β pode diminuir ou aumentar resistência à
4
insulina, caso em que são prescritas drogas anti-diabéticas orais .
- Pág. 43 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
Terapia Nutricional
Alterações na estrutura da dieta associadas a mudanças econômicas, sociais e demográficas bem como suas repercussões
2
na saúde populacional, vêm sendo observadas em diversos países em desenvolvimento .
5
Conforme Monteiro et. al. no período entre 1988 a 1996, observou-se um aumento do consumo de ácidos graxos
saturados, açúcares e refrigerantes, em detrimento da redução do consumo de carboidratos complexos, frutas, verduras e
5
legumes, nas regiões metropolitanas do Brasil .
A redução do consumo de frutas, verduras e legumes, observada pelo mesmo autor pode favorecer o aumento da
prevalência das doenças crônicas no Brasil, já que a ingestão desses alimentos tem sido apontado como um fator protetor
6
para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares arteroscleróticas .
Estudos recentes sobre padrões alimentares têm demonstrado que o consumo habitual da dieta “ocidental”, caracterizada
por uma alta ingestão de carnes vermelhas, produtos lácteos integrais, bebidas adocicadas, açúcares e sobremesas, está
7.
diretamente relacionado ao risco de desenvolver obesidade e doenças cardiovasculares
O controle da dieta é geralmente prescrito para atender as necessidades específicas de cada pessoa com diabetes. Os
objetivos e princípios da terapia dietética diferem nos diabéticos tipo I e II , assim com nas pessoas magras e obesas. É
parte integrante do tratamento do diabetes um plano prescrito da terapia nutricional. Os objetivos da terapia são a
manutenção de níveis sanguíneos de glicose praticamente normais, obtenção de níveis lipídicos ótimos, calorias
adequáveis, prevenção e tratamento das complicações crônicas do diabetes e melhora da saúde geral por uma nutrição
4
adequada .
Em contrapartida, um padrão alimentar mais saudável, rico em frutas, verduras, legumes e peixes, associado ao consumo
não freqüente de frituras e embutidos, demonstrou ser um fator protetor para o desenvolvimento de tolerância à glicose
8
diminuída e da síndrome metabólica .
O tratamento para estes pacientes é obrigatório e contínuo. Além da insulina, são necessárias outras providências como:
9
dieta adequada, atividades físicas praticadas regularmente, apoio psicológico e social . Em relação à dieta proposta para o
tratamento, a transgressão alimentar está de algum modo, sempre presente no inconsciente do paciente diabético; bem
como na sua maneira de driblar o profissional da saúde e o seu principal cuidador. A terapia nutricional é um componente
10
essencial para o tratamento bem sucedido do diabetes .
O plano alimentar deve fornecer calorias suficientes para manter ou alcançar índices de crescimento e desenvolvimento
normais para um paciente diabético. Deve também, manter equilíbrio entre o consumo de alimentos e a insulina disponível,
fornecer alimentação nutricional equilibrada de acordo com as necessidades individuais e manter um bom controle
metabólico para prevenir e/ou retardar complicações agudas e crônicas proporcionando qualidade de vida ao portador de
11
diabetes . A seguir, faremos um breve comentário a respeito da contribuição do enfermeiro visando orientação adequada
para a melhora da qualidade de vida e tratamento dos diabéticos.
1.2 O papel do Enfermeiro e sua contribuição para o paciente com Diabetes Mellitus
Nas últimas décadas o Enfermeiro tem ampliado suas áreas de atuação nas instituições tanto nos aspectos assistenciais
12
quanto administrativos. De acordo com VANZIN & NERY ele precisa associar ao conhecimento, a flexibilidade e habilidade
na abordagem de problemas com o paciente no núcleo familiar e no contexto social.
A Enfermagem contemporânea exige que o profissional possua conhecimentos e habilidades em diversas áreas. No
passado, a principal função era prestar o cuidado e oferecer conforto, entretanto, com as mudanças na enfermagem,
verifica-se maior ênfase e preocupação visando à promoção da saúde e a prevenção da doença, além da observação do
cliente de maneira holística. Tal comportamento profissional tem sido decisivo no tratamento de doenças crônicodegenerativas que estão associadas ao ritmo acelerado da sociedade pós-moderna, marcada pelas conseqüências da
empregabilidade e do estresse. Nesse âmbito, o diabetes mellitus está associado pela alta prevalência na população de
faixa etária produtiva, devido o grau de incapacidade que confere aos portadores ao longo curso da doença. Assim sendo, a
sua relevância como problema de saúde pública desencadeia a necessidade de constante estudo e atualização visando
fornecer orientações adequadas aos portadores da doença e conseqüentemente gerando melhora na qualidade de vida. O
processo de enfermagem consiste na metodologia científica da assistência de enfermagem e consta de etapas
sistematizadas e inter-relacionadas capazes de oferecer uma estrutura organizada e seqüencial em coleta de dados,
13
diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação dos resultados. O presente projeto de trabalho consiste na
avaliação do conhecimento dos graduandos de enfermagem relacionadas à nutrição para o paciente diabético.
3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
- Identificar o conhecimento do Graduando em Enfermagem em relação à orientação nutricional ao paciente diabético e
discutir os resultados obtidos.
3.2 Objetivo Específico
- Aplicar o questionário para identificar o conhecimento.
- Identificar a atuação dos graduandos de enfermagem na orientação realizada ao paciente com diabetes mellitus.
- Pág. 44 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
4. MATERIAL E MÉTODO
4.1 Tipo de Estudo
Tratava-se de uma pesquisa de campo, de forma descritiva, com abordagem quantitativa, foi montado um questionário
fechado envolvendo alunos do curso de enfermagem do 6º semestre da Universidade Nove de Julho, com objetivo de
identificar o conhecimento dos Graduandos sobre orientação nutricional para paciente diabético.
O estudo quantitativo consistia em investigações de pesquisa empírica cuja principal finalidade foi o delineamento ou análise
14.
das características de fatos ou fenômenos, a avaliação de programas, ou isolamento de variáveis principais ou chave
A finalidade do estudo descritivo era narrar, classificar e descrever características de uma situação, fazendo ligações
15
necessárias entre a base teórica e o conceitual existente .
Em relação ao questionário foram de múltipla escolha, com perguntas fechadas, mas que apresentavam uma série de
possíveis respostas, abrangendo várias facetas do mesmo assunto.
Seriam previamente esclarecidos os objetivos da pesquisa e demais itens do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
após, desde que não haviam nenhuma dúvida, os que concordavam assinavam o referido termo e preencherão o
questionário de próprio punho.
A técnica de múltipla escolha foi facilmente tabulada e proporcionavam uma exploração em profundidade quase tão boa
quanto à de perguntas abertas.
A combinação de respostas de múltipla escolha com as respostas abertas possibilitava mais informações sobre o assunto,
sem prejudicar a tabulação.
4.2 População e Amostra
A pesquisa foi realizada na Universidade Nove de Julho com 100 alunos do 6º semestre de Enfermagem do Campus
Memorial do período matutino.
O público alvo foram os Graduandos de Enfermagem do 6º semestre da Universidade Nove de Julho – Campus Memorial,
com idade entre 20 e 50 anos de ambos os sexos, que estavam dispostos a participarem da pesquisa após consentimento
livre e esclarecido.
Critério de Inclusão: 100 alunos do 6º semestre de Enfermagem do Campus Memorial do período matutino
Critérios de Exclusão: Os graduandos de Enfermagem que estiverem cursando o 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 7º e 8º semestres do
Campus Memorial - períodos tarde e noite.
- Todos os graduandos de Enfermagem do 1º ao 8º semestre das unidades Vila Maria, Vergueiro e Santo Amaro.
- Todos os graduandos de Enfermagem com idade inferior a 20 e superior a 50 anos dos Campus: Vila Maria, Memorial,
Vergueiro e Santo Amaro.
-Foram excluídos os participantes que não concordassem em participarem da pesquisa.
4.3 Local de Pesquisa
A pesquisa foi realizada na Universidade Nove de Julho – Campus Memorial – Barra Funda – São Paulo.
4.4 Coleta de Dados
Foram feito um levantamento bibliográfico, leitura crítica e seleção do material específico para o tema. Foi elaborado um
questionário (já descrito anteriormente) que deveria ser aplicado para alunos do 6º semestre de enfermagem. Foram
esclarecidos os objetivos da pesquisa e, os que concordavam assinavam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e
posteriormente seriam entregue um questionário para serem respondido individualmente.
4.5 Pressupostos Éticos
Os dados foram coletados após a análise e a aprovação deste projeto pela Comissão de Ética da Universidade Nove de
Julho. As entrevistas ocorriam após a leitura e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Seriam
assegurado o esclarecimento de todas as dúvidas existentes sobre a pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir dos dados coletados pelo preenchimento do questionário, foram obtidos os seguintes resultados:
Para identificar se os alunos do 6º semestre do curso de enfermagem julgam ser importante o cuidado nutricional com
paciente diabético, foi observado que 4 (4%) acreditam que o diabético deve fracionar a dieta em até 4 refeições /dia; 12
(12%) afirmam que o paciente diabético necessita fracionar a dieta em 5 refeições /dia; 59 (59%) consideram que um
paciente diabético precisa fracionar a dieta fazendo 6 refeições /dia; já 23 (23%) avaliam que o diabético deve fracionar a
dieta em mais do que 6 refeições /dia; 2 (2%) não avaliaram a questão.
- Pág. 45 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
Gráfico 1: Quanto a distribuição dos entrevistados para o fracionamento diário de refeições para um paciente diabético, São
Paulo, 2008.
4%
12%
59%
23%
2%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
4 refeições diárias
5 refeições diárias
6 refeições diárias
Mais que 6 refeições diárias
Não avaliaram a questão
100%
4 refeições diárias
80%
59%
5 refeições diárias
60%
6 refeições diárias
40%
23%
20%
Mais que 6 refeições diárias
12%
4%
2%
Não avaliaram a questão
0%
O fracionamento adequado das refeições representa um item importante da alimentação do diabético, pois facilita o controle
da glicemia, um fator limitante ao maior fracionamento, é possível corrigir esta situação, orientando cada indivíduo de acordo
16
com sua história alimentar e condição social, sem alterar os custos com a alimentação .
A dieta deve ser fracionada com mais de 6 refeições diárias, mantendo intervalo de 2h/3h, sendo que três refeições precisa
16
ser básicas e três refeições complementares
Com relação a escolha de alimentos diet ou light por pacientes diabéticos, foi observado que 1 (1%) acreditam que o mais
adequado seja exclusivamente os alimentos lights; 70 (70%) concordam que para o paciente diabético os alimentos mais
adequados são os denominados “diet”; já 28 (28%) afirmam que os mais adequados além dos diets são também os “lights”;
1 (1%) demonstraram o contrário em relação a importância desses alimentos;
Gráfico 2: Distribuição dos entrevistados quanto a utilização de alimentos Diet x Light, São Paulo, 2008.
1%
70%
28%
1%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Alimentos Light
Alimentos Diet
Alimentos Diet e Light
NDA
- Pág. 46 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
100%
80%
70%
Alimentos Light
60%
Alimentos Diet
40%
28%
Alimentos Diet e Light
20%
1%
NDA
1%
0%
De acordo com Agencia Nacional de vigilância Sanitária, os termos diet e light são utilizados na designação de
alimentos para fins especiais. Os produtos diet foram desenvolvidos para suprir pessoas com restrição a algum componente
presente nos alimentos convencionais, como os hipertensos e diabéticos que necessitam de produtos com ausência de
determinada substancia (açúcar e sal), sendo substituída por outro ingrediente. Já os produtos light são definidos como
alimentos com redução mínima de 25% de algum componente ou redução de calorias em relação ao produto
17
convencional .
Na tabela 1 pode-se observar a distribuição dos resultados após questionamento, se seria adequado a substituição de
açúcar por adoçante, onde 2 (2%) afirmam que a substituição do açúcar pelo adoçante é para melhorar o fluxo sanguíneo;
45 (45%) acreditam que a substituição do açúcar por adoçante sirva para controlar a glicemia sanguínea; 50 (50%) avaliam
que essa substituição serve para diminuir o nível de glicose no sangue; 1 (1%) consideram que essa substituição não
interfere no controle do fluxo sanguíneo, da glicemia sérica e do nível de glicose sangüínea; 2 (2%) não avaliaram a
questão.
Tabela 1: Distribuição dos resultados, sobre a substituição de açúcar pelo adoçante.
Respostas
Quantidade
%
Para melhorar o fluxo sanguíneo
2
2%
Para controlar a glicemia
45
45%
Para diminuir nível de glicose
50
50%
NDA
1
1%
Não avaliaram a questão
2
2%
TOTAL
100
100%
A substituição do açúcar por adoçante, refere-se a misturas de frutose e lactose que são úteis para reduzir a ingesta calórica
17
e o índice glicêmicos .
Os adoçantes são utilizados em substituição ao açúcar, com o objetivo de emagrecer, evitar doenças ou até mesmo reduzir
os níveis de glicose na corrente sangüínea. O consumo de adoçantes alternativos e produtos dietéticos aumentou muito nos
últimos anos. Estes produtos desempenham um fator importante no plano alimentar de pacientes com diabetes (DM), uma
vez que eles podem proporcionar o sabor doce sem acréscimo de calorias. Contribuem também no aspecto psicológico e
18
social destes indivíduos .
Contudo, é necessário alertar o consumidor que eles são produtos artificiais e podem trazer uma ação tóxica para o
organismo. O uso em excesso desse produto pode ocasionar alguns efeitos adversos na saúde como diarréia e dores
abdominais. Na verdade, tudo que é consumido pelo indivíduo deve basear-se no equilíbrio, na relação de proporção entre o
19
que é ingerido .
Com relação ao consumo de frutas e legumes, pode-se observar que 3 (3%) acreditam que o diabético deve consumir frutas
e legumes em abundância; 55 (55%) julgam que o paciente diabético deve consumir frutas e legumes com moderação; 39
(39%) afirmam que o consumo destes alimentos seja freqüente; 1 (1%) concordam que os pacientes não precisam
consumir frutas e legumes regularmente; 2 (2%) não avaliaram a questão.
- Pág. 47 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
Gráfico 3: Distribuição dos resultados em relação ao consumo de frutas e legumes.
3%
55%
39%
1%
2%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Em abundância
Com moderação
Com freqüência
NDA
Não avaliaram a questão
100%
Em abundância
80%
Com moderação
55%
60%
Com freqüência
39%
40%
20%
NDA
3%
1%
2%
Não avaliaram a questão
0%
O paciente diabético deve consumir frutas e legumes com moderação porque são armadilhas para a dieta dos diabéticos e
20
também possuem lactose, galactose naturais que ajudam a elevar os níveis glicemicos no sangue . É comum o paciente
classificá-las como alimentos muito saudáveis que podem ser ingeridos à vontade. Na verdade, não podem, assim como os
não-diabéticos, eles devem consumir em média quatro porções de frutas por dia, pois, apesar de muito saudáveis, as frutas
são calóricas e podem dificultar a perda de peso nos obesos e a titulação da insulina nos pacientes insulino-dependentes
21
devido aos altos teores de carboidratos, especialmente frutose e sacarose .
Para o cuidado nutricional com o paciente diabético, 11 (11%) afirmam que é importante para o diabético manter estado
nutricional adequado; 14 (14%) avaliam que os cuidados nutricionais controlam a glicemia; 76 (76%) consideram que os
cuidados nutricionais são bastante importantes; Nenhum avaliam que os cuidados nutricionais não previnem as doenças
renais, cardíacas e oftalmológicas; 2 (2%) não avaliaram a questão.
O plano alimentar, com base na avaliação nutricional do indivíduo e no estabelecimento de objetivos terapêuticos
específicos, leva em consideração aspectos nutricionais, clínicos e psicossociais e preconiza: o controle metabólico e
prevenção das complicações agudas e crônicas; a individualização de acordo com a idade, sexo, estatura, estado fisiológico
e metabólico; atividade física, doenças intercorrentes, hábitos socioculturais, situação econômica, disponibilidade de
22
alimentos, dentre outros .
O tratamento dietético não está pautado na proibição de determinados alimentos, mas sim em restrições quanto à
quantidade ingerida além de uma reeducação alimentar que o paciente deve aprender a realizar efetuando escolhas que
3
incluem os melhores alimentos para ele .
Com relação à ingestão de água, 2 (2%) acreditam que a dosagem diária de água seja de 1 litro/dia; 7 (7%) avaliam a
quantidade de água para o diabético deve ser de 1 a 1.5 litro/dia; 48 (48%) afirmam que é importante a quantidade de água
diária e esta deve ser de 1.5 a 2.0 litros/dia; já 41 (41%) concordam que a quantidade de água ingerida deve ser maior que
2.0 litros/dia; 2 (2%) não avaliaram a questão.
A água é um componente essencial de todos os tecidos corporais, passando a ser facilitadora da função renal,
transportando os produtos do metabolismo e diminuindo a quantidade de soluto renal. Atua também como coadjuvante no
23
processo digestivo e facilita a eliminação de fezes , muitos solutos disponíveis para a função celular e é um meio
3
necessário para todas as reações metabólicas, nos processos fisiológicos de digestão, absorção e excreção .
Com relação ao consumo de sal para o paciente diabético, 95 (95%) acreditam que o paciente diabético tem que reduzir o
consumo do sal para evitar hipertensão; 4 (4%) afirmam que deve-se reduzir o consumo do sal para evitar hiperglicemia e 1
- Pág. 48 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
(1%) consideram que o consumo do sal deva ser reduzido para evitar o colesterol sérico; Nenhum demonstram ciência de
que a redução do consumo de sal para evitar a hipoglicemia.
O diabético precisa reduzir o sal (sódio/NaCl), para diminuir a pressão sanguínea, porque as respostas ao sódio podem ser
24
maiores em indivíduos “sensíveis ao sódio” características de um diabético .
O diabetes aumenta o risco de desenvolver pressão alta (hipertensão arterial). Grandes quantidades de cloreto de sódio (sal
de cozinha) na alimentação podem aumentar ainda mais esse risco. Portanto, em casos selecionados o médico ou o
nutricionista podem orientar o paciente diabético a diminuir seu consumo de sal (principalmente se o paciente já for
24
hipertenso) .
20
Alguns tipos de alimentos devem ser evitados por pessoas que precisam restringir seu consumo de sal .
Indústrias que investem em fast-foods ricos em calorias, bebidas carbonatadas, cereais açucarados matinais, alimentos ricos
em gorduras e sal, como batatas fritas, frituras, hambúrgueres, enlatados, devem ser restritos aos pacientes diabéticos e
20
com tendência a terem hispertensão .
Para o preparo correto do alimento, pode-se observar que 96 (96%) consideram que o fritar seja o modo incorreto de
preparação dos alimentos; 1 (1%) avaliam que o modo incorreto de preparar dos alimentos seja o refogar; também 3 (3%)
afirmam que o modo incorreto de preparar os alimentos seja grelhar; Nenhum demonstram ciência de que o assar como
modo incorreto no preparo.
O diabético não pode ingerir frituras, porque deve controlar a ingesta do alto percentual de energia derivada de carboidratos,
25
devendo controlar a quantidade de colesterol ingerida, reduzindo as chances de doenças cardiovasculares .
É melhor optar por pratos que possam ser assados, grelhados, cozidos ou fervidos. Experimente também reduzir a
3
quantidade de óleo utilizada nos refogados .
Com relação as complicações que uma alimentação não adequada pode causar, 12 (12%) acreditam que uma nutrição não
adequada pode causar aumento do apetite; 7 (7%) demonstram ciência de que uma nutrição não adequada pode causar
retenção urinária aos diabéticos; 81 (81%) consideram que uma nutrição não adequada para o diabético pode causar
cegueira; Nenhum atribuíram a perda da fala a uma dieta inadequada.
Uma nutrição não adequada por um paciente diabético pode levar a várias complicações como, a cegueira, na medida em
que a doença progride para estágios médios de retinopatia diabética não proliferativas, moderada, grave e muito grave,
3.
ocorre perda gradual da microvasculatura retiniana, resultando em isquemia da mesma
CONCLUSÃO
O presente trabalho consiste na identificação do nível de conhecimento do graduando em Enfermagem com relação a
orientação nutricional ministrada ao paciente diabético, e posterior análise técnica dos resultados obtidos. Considerando que
o diabetes mellitus é uma doença crônica, que o controle glicêmico, assim como a terapia nutricional são fundamentais à
prevenção de complicações e seqüelas temos que, a formação acadêmica e constante atualização técnica dos profissionais
da saúde são aspectos relevantes no tratamento e melhora da qualidade de vida dos pacientes envolvidos.
Analisando os resultados da pesquisa, os graduandos demonstraram bom grau de conhecimento em relação a uma
orientação nutricional adequada ao tratamento do paciente diabético.
Constatamos que (96%) dos graduandos consideram que “fritar” o alimento é o modo incorreto de preparação; (23%) dos
graduandos declararam que o diabético deve fracionar a dieta em até 6 refeições/dia. Em relação a alimentação mais
adequada, (70%) consideram que para o paciente diabético, os alimentos Diets são os mais adequados e (55%) afirmaram
que o paciente diabético deve consumir frutas e legumes com moderação.
O controle da saúde, a prevenção dos riscos e as complicações decorrentes do diabetes mellitus, dependem não só
de mudanças nos hábitos dos pacientes, mas também de um acompanhamento multidisciplinar dos profissionais da saúde,
incluindo o enfermeiro que deve estar capacitado a realizar orientações nutricionais adequadas ao dia-a-dia do paciente
diabético.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS
Vasconcelos LB, Adorno J, Barbosa MA, Sousa JT. Consulta de Enfermagem como oportunidades de conscientização em
diabetes. Revista de Enfermagem (online), Goiânia: 2000; v.2, n.3, p.1-9. jul-dea. Disponível em:
http://www.fen.ufg.br/revista
Sartorelli DS, Franco LJ. Tendência do Diabetes Mellitus no Brasil: o papel da transição nutricional. Cad. Saúde Pública.
2003; 19(Sup.1.): S29-S36.
Mahan KL, Escott-Stump S. Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. 11ª ed. São Paulo: Atlas 2005; p. 757 – 761.
Porth CM, Kunert MP. Fisiopatologia. Editura guanabara Koogan: Rio de Janeiro 2004; p. 896 – 910.
Monteiro CA, Mondini L, Souza AL, Costa RL. Mudanças na composição e adequação nutricional da dieta familiar nas áreas
metropolitanas do Brasil. Revista de Saúde Pública. 2000; 34, p. 251-258.
Joshpura KJ, Ascherio A, Manson JE, Atmpfer MJ, Rimm EB, Speizer FE, et al.; Fruit and vegetable intake in relation to risk
op ischemic stroke. JAMA. 1999; 282, p. 1233-1239.
Fung TT, Rimm EB, Spilgelman D, Rifai N, Tofler GH, Willet WC, et al.; Association between dietary patterns and plasma
biomakers of obesity and cardiovascular disease risk. American Journal of Clinical Nutrition. 2001; 73, p. 61-67.
- Pág. 49 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
Willians DEM, Prevost AT, Whichelow MJ, Cox BD, Day NE, Areham NJ, et al.; A cross-sectional study of dietary patterns
with glucose intolerance and pther features of the metabolic syndrome.British Journal of Nutricion. 2000; 83, p. 257-266.
Fundo Nacional de Saúde. Funasa. Diabetes Mellitus [monografia da Internet], 2003. Disponível em:
http://www.funasa.gov.br
Ministério da Saúde. Abordagem nutricional em Diabetes Mellitus. Brasília; 2000.
Brito, Thais. B. E Sadala, Almeida ML, Diabetes Mellitus Juvenil: A experiência de familiares de adolescentes e préadolescentes, Revista Ciência e Saúde Coletiva da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Rio de
Janeiro: 2007; p.1-20.
Vanzin AS, Nery MES, Consulta de Enfermagem:Uma necessidade social? RM&L Gráfica, 1ª ed. Porto Alegre: 1996.
Alfaro LR. Aplicação do processo de Enfermagem-promoção do cuidado colaborativo. 5ª ed. Porto Alegre: 2005.
Lakatos EM. Fundamentos de metodologia cientifica In: Marconi M.A.; 6ªed. – São Paulo: Atlas 2005; p.180 a 182.
Gil AC. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ªed. São Paulo: Atlas, 2000; p. 41- 44.
16. Batista MCR, Priore SE, Rosado E.F.P.L, Adelson L.A, Tinôco SCC. Avaliação dietética dos pacientes detectados com
hiperglicemia na "Campanha de Detecção de Casos Suspeitos de Diabetes" no município de Viçosa, MG; vol.50 no.6 São
Paulo Dec. 2006.
17. Sales CC, Santos CC, Ruano JA. Prevalência do consumo de produtos diabéticos por pacientes diabéticos na cidade de
Faz do Iguaçu. Centro de especialização médica de Foz do Iguaçu: Paraná, 2003.
18. Castro, Adriana G. P. de; Franco, Laercio J. Caracterização do consumo de adoçantes alternativos e produtos dietéticos
por indivíduos diabéticos. Disponivel em: http://www.scielo.br/scielo.
19. Duarte MJD, Oliveira TC. Conhecimento e forma de consumo de adoçantes e produtos dietéticos em Indivíduos
hipertensos e diabéticos do programa hiperdia de um PSF do Município de Itabira, MG, Nutrir Gerais. Revista Digital de
Nutrição. Ipatinga: Unileste - MG, V. 2 – N. 2 – Fev./Jul. 2008.
20. Paiva E. Comunidade Diabetes. Disponivel em: http://www.comunidadediabetes.com.br
21. Ferraz AEP, Zanetti ML, Brandão ECM, Romeu LC, Foss MC Paccola GMGF; et. al., Atendimento multiprofissional ao
paciente com diabetes mellitus no Ambulatório de Diabetes do HCFMRP-USP. Medicina, Ribeirão Preto, abr./jun. 2000; p.
33: 170-171.
22. Bavelloni FP. Diabetes Mellitus:Como Controlar. São Paulo, 2007. Disponível em: http://www.estudanteonline.com.br
23. Rique ABR, Soares EA, Meirelles CM. Nutrição e exercício na prevenção e controle das doenças cardiovasculares.
Revista Brasileira de Medicina do Esporte, vol.8 no.6 Niterói Nov./Dec. 2002.
24. Diehi L, Portal Endócrino. São Paulo, 2006. Disponível em: http://www.webmd.com
25. Dez passos para uma alimentação saudável para diabéticos e hipertensos. Disponível em:
http://www.busm.saude.gov.br
26. Ministério da Saúde. Análise de Evidencias da Estratégia Global da Organização Mundial de Saúde para Alimentação
Saudável, Atividade Física e Saúde. Disponível em: http://www.saude.gov.br/alimentacao e www.saude.gov.br/svs
27. Sociedade Brasileira de Diabetes, 2005. Disponível em: http://www.bancodesaude.com.br/guiadiabetico
- Pág. 50 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
PÔSTER
ACUPUNTURA AURICULAR ASSOCIADO AO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO NA BUSCA DE QUALIDADE DE
VIDA EM UMA PACIENTE COM LABIRINTOPATIA PERIFÉRICA
Suellen Fernanda Coutinho
Graduanda em Fisioterapia, UNIVÁS. [email protected]
Wanessa Christina Campos Costa
Graduanda em Fisioterapia, UNIVÁS. [email protected]
Eliziana Renata Souza dos Santos.
Graduanda em Fisioterapia, UNIVÁ[email protected]
Sidney Benedito Silva
Docente da UNIVÁS e UNIVERSITAS. [email protected]
Adriana Teresa Silva
Docente da UNIVÁS e UNIFENAS. [email protected]
RESUMO
INTRODUÇÃO: As vertigens são manifestações de desorientações espaciais advindas do aparelho vestibular. A causa é o
deslocamento de pequenos cristais de carbonato de cálcio que flutuam pelo fluido da orelha interna devido a mudanças
posturais. A incidência é variável entre 11 e 64 casos por 100 mil, na faixa etária entre 50 e 55 anos nos casos idiopáticos.
Com as características clínicas, os pacientes tornam-se apreensivos e podem limitar sua qualidade de vida. OBJETIVO:
Relatar o caso de uma paciente com disfunção labiríntica periférica. RELATO DO CASO: Paciente, 48 anos, sexo feminino.
Procurou o serviço de Otorrinolaringologia devido a desequilíbrios, desorientação espacial, náuseas e zumbidos. Através do
teste de Dix – Hallpike desencadeou nistagmo unilateral direita na mudança posicional, confirmando as suspeitas de
disfunção labiríntica periférica. No exame de audiotemetria constatou-se perda auditiva e condutiva de ambos os lados,
intensificando-se o lado direito como mais afetado com 30 dB. Foi encaminhada a fisioterapia. Para avaliação foi utilizada
“Escala de Berg” pontuando 33 evidenciando maior risco de quedas e o “Inventário das Deficiências de Vertigem” pontuou
98 de 100 pontos, sendo quanto maior a pontuação maior a deficiência. Para o tratamento optou-se pela acupuntura
auricular através da semente de mostarda e o protocolo de Cawthorne e Cooksey, em 2 sessões por semana com duração
de 1 hora e meia cada, durante 6 meses. Foram utilizados 10 pontos auriculares que eram trocados a cada semana após
aplicação do protocolo, que consiste de exercícios de habituação e compensação do SNC realizados em 20 repetições onde
aumentava--se a velocidade gradativamente a cada sessão. A paciente foi reavaliada pontuando 45 na “Escala de Berg” e 8
no “Inventário das Deficiências de Vertigem”. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A acupuntura auricular juntamente com o
protocolo teve papel fundamental no restabelecimento do equilíbrio possibilitando melhor qualidade de vida a paciente.
PERCENTUAL DE GORURA DE JOVENS ATIVOS E SEDENTÁRIOS DE UMA ESCOLA ESTADUAL
Adelita Vieira de Morais, acadêmica de Educação Física, Faminas
[email protected]
Guilherme Tucher, Mestre em Ciência da Motricidade Humana, Faminas
[email protected];
Emerson Filipino Coelho, Mestre em Psicofisiologia do Exercício, Faminas
[email protected]
Palavras-Chave: Gordura corporal, sedentários e escolares.
O estudo objetivou comparar o percentual de gordura de jovens escolares fisicamente ativos e sedentários. Foram avaliados
50 alunos com idade média de 18 anos, de ambos os gêneros, matriculados na Escola Estadual Padre Alfredo Kobal
(Miradouro-MG). Os indivíduos formam subdivididos de acordo com o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ).
Após o resultado do IPAQ, a amostra foi dividida em grupo sedentário (Sed; n = 25) e fisicamente ativos (Ati; n = 25). O
percentual de gordura corporal (%g) foi avaliado pelo Protocolo de Pollock de três dobras. Os indivíduos concordaram em
participar da pesquisa através do termo de consentimento livre esclarecido, assinado pelos responsáveis, quando menores
- Pág. 51 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
de 18 anos. Realizou-se a estatística descritiva e Teste-t independente entre o percentual de gordura de cada grupo,
assumindo-se p < 0,05. No gráfico 1 são exibidos os resultados do estudo. O grupo Ati apresentou %g de 12,05 ± 4,51% e o
Sed de 24,39 ± 6,56%, sendo classificados, respectivamente em “acima da média” e “muito ruim”. Não foi observada
diferença significativa (p > 0,05) no %g entre os grupos. Entretanto, ficou claro que o grupo Sed possui %g mais elevado. A
partir deste estudo é possível afirmar que uma grande parcela de jovens está com o percentual de gordura acima dos
padrões de normalidade. Mesmo os jovens classificados como fisicamente ativos pelo questionário IPAQ apresentam
composição corporal inadequada. Tal situação encontra-se associada a uma série de implicações ligadas a aquisição e ou
manutenção da saúde, qualidade de vida e alimentação adequada.
Gráfico 1 - Percentual de gordura, avaliado pelo protocolo de três dobras, apresentado pelos grupos de estudantes
classificados em fisicamente ativos (Ati) e sedentários (Sed) pelo questionário IPAQ.
PROGRAMAS DE INICIAÇÃO ESPORTIVA NAS ESCOLAS NA PERSPECTIVA DOCENTE
Adelita Vieira de Morais, acadêmica de Educação Física, Faminas
[email protected]
Jairo Antônio da PAIXÃO, Doutorando, UTAD, Portugal, Faminas
[email protected]
Palavras-Chave: Iniciação esportiva, escola, percepção docente.
A “iniciação esportiva” pode ser compreendida como uma fase na qual o aluno vivencia determinado repertório de vivencias
motoras ligadas à prática de modalidades esportivas. O treinamento que privilegiará aspectos orgânicos, funcionais, técnicos
e táticos indispensáveis a pratica de determinada modalidade esportiva. O presente trabalho buscou analisar a percepção
do professor de Educação Física a despeito de programas de iniciação esportiva realizados no âmbito escolar. A amostra
foi constituída por 10 professores de Educação Física atuantes no ensino fundamental. Foi utilizado um questionário semiestruturado composto por 05 questões abertas e 01 fechada, que abordam questões relativas a percepção do professor de
Educação Física a despeito dos programas de iniciação desportiva realizados em escolas da rede pública e particular de
ensino da cidade de Muriaé, MG. Em um programa de iniciação esportiva na escola deve-se considerar a determinação por
parte do aluno em praticar determinada modalidade esportiva e a valorização de vivências motoras que o aluno traz consigo.
MOIOLI (2006), afirma que, apesar da crítica recorrente a despeito da forma como é trabalhada a competição pelos
professores, percebe-se possibilidades de se trabalhá-la no contexto escolar de forma coerente uma vez que o professor se
comprometa com o espírito esportivo, o sentido de justiça e os valores éticos e morais nas aulas. Os programas de iniciação
esportiva podem se configurar como momentos diferenciados, nos quais através da perspectiva de trabalho adotado pelo
professor - por meio de propostas e estratégias pedagógicas que não se resumam tão somente na busca da perfeição do
gesto motor e performance mas também valores, regras sociais de convivência e inclusão – propiciem possibilidades mais
concretas de interação e de aprendizagem. No entanto, a realidade apresentada neste este estudo não representa a
- Pág. 52 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
totalidade.
ANÁLISE DA VELOCIDADE MÉDIA DOS ÁRBITROS DE FUTEBOL DA LIGA
ESPORTIVA OUROPRETANA
WANDER LUÍS FERREIRA
Graduado em Educação Física – FASAR
[email protected]
REINALDO JULIANO DE OLIVEIRA MENDES
Graduado em Educação Física - FASAR
[email protected]
EDSON LUCAS MOREIRA E SILVA
Graduado em Educação Física -Unipac
RESUMO
Hoje em dia os Árbitros que atuam no futebol, querem seja profissional ou amador, necessita de boa preparação física para
poder acompanhar de perto todas as jogadas existentes durante uma partida de futebol. Mas,essa evolução deve-se a boa
preparação física dos jogadores bem como a movimentação rápida e o ritmo das jogadas.Estes vários aspectos exigem
dos responsáveis pelo andamento de uma partida,um bom condicionamento físico e psicológico.Onde para tal,as
confederações,federações e ligas as quais são subordinados,devem fazer periodicamente uma avaliação da capacidade
física deles(árbitros)para analisar e avaliar quem estar bem fisicamente.Isto quer dizer que,quem estiver bem fisicamente
terá grandes chances de acompanhar de perto uma jogada e realizar uma boa partida.Partindo desta premissa, o presente
estudo teve por objetivo analisar a velocidade média dos árbitros de futebol amador da liga esportiva ouro-pretana (L. E. O)
através do teste determinado pela FIFA para árbitros nacionais e internacionais. Este teste foi realizado na cidade de Ouro
Preto-MG, no campo da barra. A amostra deste estudo foi constituída por 10 árbitros, todos do sexo masculino. A bateria de
teste sugerido para avaliar a velocidade média é constituída de 6 tiros de 40 metros, Em média os árbitros da L. E. O
levaram 6,1 segundos para realizar um tiro de 40 metros. O tempo médio dos árbitros internacionais e nacionais são 6,2 e
6,4segundos, respectivamente. De acordo com os resultados apresentados pelas diversas categorias de árbitros avaliados,
verificou-se que os árbitros amadores apresentaram um valor dentro dos padrões estatísticos, velocidade bem próxima em
relação aos demais que integram o quadro da FIFA e CBF.
Palavras chave: Arbitragem; Futebol; Velocidade.
ANÁLISE DOS BENEFÍCIOS DA GINÁSTICA LABORAL NO TRABALHO
Anderson Fernandes da Silva
Graduando Educação física – FUNEC
[email protected]
Henning Costa da Silva
Graduando Educação Física - FUNEC
Este estudo analisa os benefícios da ginástica laboral nas empresas, pois o estar no mercado de trabalho induz os indivíduos a
uma vida sedentária, havendo um desequilíbrio harmônico e físico-mental, contribuindo para uma baixa qualidade de vida.
Observou-se que a ginástica laboral, ajuda a estar melhor fisicamente, evitando doenças e dando mais disposição, pois a prática
de exercícios é o maior promotor de saúde além dos remédios e ajuda para que haja boa qualidade de vida. Constatou-se que a
ginástica laboral é muito útil, pois faz com que os indivíduos pratiquem atividade física mesmo estando no ambiente de trabalho,
dando-lhes mais disposição no trabalho, diminuindo o stress, e restabelecendo-lhes o equilíbrio harmônico e físico-mental. Quanto
à visão das empresas, pôde-se observar que as mesmas, visam além de proporcionar qualidade de vida aos trabalhadores,
aumentar a produtividade, pois tendo boa qualidade de vida o indivíduo produz mais, o trabalho se desenvolve com maior eficácia
e com isso tanto o trabalhador como a empresa ganham. Concluiu-se ainda que, muitas empresas e até mesmo trabalhadores
ignoram o fato de que podem aumentar a produtividade e qualidade de vida com a prática da ginástica laboral. Porém o estudo
apresenta resultados positivos obtidos por empresas como o BNDES que ao implantarem a ginástica laboral conseguiu num curto
espaço de tempo diminuir as faltas por motivos de saúde e a disposição dos funcionários no trabalho aumentou. A Siemens
diminuiu em 60% as reclamações de dores corporais por parte dos funcionários, a Xérox do Brasil aumentou sua produtividade em
39% e em duas empresas alimentícias do sul do Brasil houve aumento de 27% na produtividade e diminuição de 40% nos
acidentes de trabalho. Esses resultados indicam que a ginástica laboral beneficia os funcionários e também influenciam no
desempenho e produtividade da empresa.
- Pág. 53 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
RELAÇÃO ENTRE A COLUNA CERVICAL E AS DISFUNÇÕES
TÊMPORO-MANDIBULARES: REVISÃO DE LITERATURA
Fernanda Barbosa Pereira
Acadêmica de Fisioterapia, UNIVÁS, [email protected]
Éder Demas Ferreira da Silva
Acadêmico de Fisioterapia, UNIVÁS, [email protected]
Rodrigo Luciano de Moraes
Acadêmico de Medicina, UNIVÁS, [email protected]
Ricardo Cunha Bernardes
Professor Mestre, UNIVÁS, [email protected]
Disfunções têmporo-mandibulares apresentam-se com uma gama de sintomas e sinais como dores nas regiões da cabeça,
pescoço, músculos da mastigação e principalmente na região da articulação têmporo-mandibular (TOMACHESKI et. al.,
2004).
Dor na região crânio-mandibular pode ser devido a uma desarmonia na coluna principalmente na região cervical que poderá
favorecer a uma disfunção da articulação da mandíbula com o osso temporal, isso poderá causar a fadiga dos músculos
cervicais, levando ao aparecimento das áreas de disparo (trigger points) e indução de dores craniofaciais, seja por um
deslocamento do osso hióide ou por uma alteração de posição postural da mandíbula (MONGINI, 1998).
Segundo Bates (1993), 215 pacientes com DTM foram analisados e nesse estudo um terço deles revelou terem
antecedentes traumáticos ou lesões da coluna cervical.
Uma pesquisa feita com animais de laboratório mostrou que existe uma ativação reflexa dos músculos mastigatórios quando
a musculatura paravertebral profunda da região cervical está irritada (HU, 1993).
Outra pesquisa demonstrou que estimulando as raízes nervosas posteriores de C1-C4 conseguia-se a excitação dos
músculos inervados pelo nervo trigêmeo (KERR, 1961).
Segundo Mongini (1998), as alterações posturais da cabeça, do pescoço e dos ombros podem desencadear uma desordem
que poderá ser no plano sagital ou frontal. Arellano (2001) relata que o posicionamento anterior da cabeça favorece a
hiperlordose cervical com retrusão da mandíbula, podendo causar dor irradiada para a cabeça e pescoço.
Portanto uma análise postural deve ser feita sempre que se constatar uma disfunção têmporo-mandibular para verificar se
há hiperlordose cervical, e se esta alteração está contribuindo para a ocorrência do distúrbio e da dor na região crânio
mandibular.
A IMPORTÂNCIA DA GINÁSTICA LABORAL POSTURAL NO COMBATE ÀS DISFUNÇÕES POSTURAIS
Faculdades Integradas Padre Albino
Autor: Rafael R. C. Veiga
[email protected]
Co-autores: Gabriela Senise Gussi; Silvana Frey Dias.
INTRODUÇÃO: Sabemos que a Ginástica Laboral atua de forma preventiva e terapêutica, visando despertar o corpo, reduzir
acidentes de trabalho, prevenir doenças, corrigir vícios posturais, além de aumentar a disposição para o trabalho, entre
outros. Visando os aspectos citados relatamos aqui, uma experiência desenvolvida na Usina Santa Isabel de Novo Horizonte
–SP, com um grupo de funcionários que apresentam disfunções posturais. OBJETIVOS: Constatar a redução efetiva dos
distúrbios musculares e dos impactos causados pelo estresse, identificando as disfunções posturais, orientando
posicionamentos adequados para o trabalho. METODOLOGIA: Esta amostra realizada de junho a agosto de 2008 foi
composta por 17 funcionários do setor administrativo da Usina. Aplicamos 02 questionários: o primeiro com o objetivo de
identificar os desgastes pela falta de atividade física e o segundo aplicado após três meses, para indicar os resultados
obtidos e comprando-os com a primeira avaliação. RESULTADOS: Participaram do estudo 17 funcionários que trabalham no
período diurno, tendo entre 18 e 42 anos de idade. No primeiro questionário, 64,71% dos funcionários apresentaram alguma
disfunção postural ou queixaram-se de dores musculares, os 35,29% restantes não apresentaram problemas. No segundo
questionário, apenas 17,65% dos funcionários reclamaram de dores ou apresentaram alguma disfunção postural, e 6% não
participaram das atividades propostas. No geral, houve uma redução de 47,06% dos problemas apresentados inicialmente.
CONCLUSAO: O trabalho realizado mostrou-se positivo, pois diminuiu os relatos de dores musculares, disfunções posturais,
cansaço e estresse, e proporcionou mais disposição e energia ao trabalhador para que suas tarefas diárias pudessem ser
realizadas.
- Pág. 54 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
AVALIAÇÃO DO EFEITO DA ACUPUNTURA NO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR (DNPM) EM CRIANÇAS
COM SÍNDROME DE DOWN – ESTUDO DE CASOS.
2
3
4
5
LOPES, T.A.¹; ORIOLO, L.C ; PEREIRA, P.C. ; RIOS, D.F.C.R. ; SILVA, A.T. .
1. Dicente do curso de Graduação de Fisioterapia da Universidade do Vale do Sapucaí – UNIVÁS;
[email protected].
2. Docente do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade do Vale do Sapucaí – UNIVÁS. [email protected]
3. Fisioterapeuta, Fisioterapeuta. [email protected].
4. Docente do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade do Vale do Sapucaí – UNIVÁS.
[email protected]
5. Docente do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade do Vale do Sapucaí – UNIVÁS.
[email protected]
Resumo
O desenvolvimento motor é caracterizado por mudanças no comportamento motor que envolve tanto maturação do SNC
quanto a interação com o ambiente. As crianças com síndrome de Down (SD) apresenta-se atraso no desenvolvimento
motor decorrente de um erro genético, são crianças hipotônicas com crescimento físico e cognitivos lentos. A acupuntura
vem sendo usada como recurso terapêutico que visa equilíbrio energético entre duas forças o Ying e Yang. O objetivo do
presente estudo foi o de avaliar o efeito da acupuntura no desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) em crianças com SD.
Foram selecionados duas crianças do gênero feminino com idade variando com diagnóstico de SD para participar do estudo
com idade variando de 5 a 6 meses em atendimento no setor de Fisioterapia do Hospital das Clínicas Samuel Libânio
(HCSL). A Escala de Desenvolvimento funcional motor (Gross Motor Function Measure – GMFM) foi a avaliação de escolha
para o relato, e para a aplicação da acupuntura foram utilizadas sementes de mostarda nos pontos ancestrais. Todas as
crianças já estavam em tratamento neurofuncional infantil duas vezes na semana e uma vez na semana aplicava-se a
acupuntura totalizando 10 sessões. Podemos concluir que a acupuntura associada ao tratamento neurofuncional infantil é
uma técnica que poderá ajudar na aquisição do desenvolvimento motor de crianças com síndrome de Down.
A IMPORTÂNCIA DOS PARÂMETROS CURRICULARES
NACIONAIS FRENTE AS ABORDAGENS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Hemerson Patriarca
Mestrando em Educação Física
Universidade Metodista de Piracicaba-UNIMEP
e-mail: [email protected]
Resumo
A Educação Física mergulhou numa crise de identidade após romper com o paradigma da aptidão física e do esportivismo
no final dos anos 70 (GRAMORELLI, 2007). Nas décadas seguintes vários autores tentaram esboçar propostas pedagógicas
à Educação Física escolar. Nosso objetivo foi analisar se os Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Física
contribuíram com essas propostas, tidas como abordagens (DARIDO, 2003) para o avanço da área. Realizamos uma
pesquisa qualitativa, com análise bibliográfica e documental, nas bibliotecas da USP, UNICAMP, UNESP, utilizamos as
palavras-chave: abordagens da educação física escolar, crise de identidade, Parâmetros Curriculares Nacionais para
delimitarmos as unidades de leitura, procedendo posteriormente com análise textual, temática e interpretativa (SEVERINO,
2002) seguida de problematização e conclusão dos textos. Descobrimos que os Parâmetros Curriculares Nacionais
constituiu uma importante abordagem para a Educação Física escolar, que apresentou outras propostas, sendo expressas
neste trabalho juntamente de seus principais autores: Desenvolvimentista/Go Tani, Construtivista/João Batista Freire,
Crítico-superadora/Valter Bracht, Lino Castellani Filho, Celi Taffarel, Carmem Lúcia Soares, Sistêmica/Mauro Betti,
Psicomotricidade/Jean Lê Bouch, Crítico-emancipatória/Elenor Kunz, Cultural/Jocimar Daólio, Jogos cooperativos/Fabio
Brotto, Saúde renovada/Nahas Guedes, (DARIDO, 2003). Destacamos como pontos positivos nos Parâmetros Curriculares
Nacionais da Educação Física o princípio da inclusão, as dimensões dos conteúdos (conceituais, procedimentais,
atitudinais) e os temas transversais (DARIDO et al., 2001), como crítica observamos o ecletismo na elaboração do
documento. Concluímos que os Parâmetros Curriculares Nacionais avançou as propostas pedagógicas da Educação Física
escolar contribuindo com as abordagens da área, mas que seu ecletismo de idéias e concepções, dificulta o entendimento
do documento e consequentemente sua aceitação pelos professores da educação básica (GRAMORELLI, 2007).
- Pág. 55 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ANTES E APÓS A REDEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL
Hemerson Patriarca
Mestrando em Educação Física
Universidade Metodista de Piracicaba-UNIMEP
e-mail: [email protected]
Resumo
Realizamos este estudo sobre as concepções de Educação Física no período da ditadura militar e redemocratização do
Brasil. Nosso objetivo foi diagnosticar os paradigmas da Educação Física nessa época. Fizemos uma pesquisa documental
e bibliográfica confrontando decretos, leis, produções científicas que envolviam a Educação Física até então. Constatamos
que a Lei 5.692/71 fixava orientações sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 4.024/61, onde no Artigo 7º
estabelecia a obrigatoriedade da Educação Física nos currículos escolares de 1º e 2º graus. Sua obrigatoriedade foi
normatizada pelo Decreto-Lei 69.450/71, que deu ênfase a aptidão física e iniciação esportiva e utilizando o termo
“atividade regular escolar”, marginalizou a Educação Física como “mero fazer”, sem constituir uma área de conhecimento. A
Constituição de 1988 exigiu uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e em 1996 com sua criação, ficou
estabelecido em seu Artigo 26, que a Educação Física seria “componente curricular obrigatório” da educação básica,
integrada a proposta pedagógica da escola, contribuindo assim, com as várias abordagens da Educação Física escolar
(DARIDO, 1999) para instaurar um novo paradigma à área. Concluímos que após a redemocratização do Brasil e a nova Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional a Educação Física escolar rompeu com o paradigma da aptidão física e
esportivismo instaurados pela ditadura militar, e avançou por deixar de ser concebida como “atividade regular escolar” se
apropriando do termo “componente curricular obrigatório”, dessa forma abriu espaço legal para o professor se integrar a
proposta pedagógica da escola passando a ser reconhecida como área de conhecimento.
AJUDANDO O PACIENTE A PARAR DE FUMAR
Bruno Leonardo da Silva Grüninger, Graduando do curso de Fisioterapia, Universidade Federal de São Carlos - UFSCar –
SP, bolsista do sub-programa “TREINAMENTO DE ALUNOS DE GRADUAÇÃO”, e-mail: [email protected]
Daniela Maria Xavier Souza e Lima, Mestre em Psicologia UFSCar -SP
Karina Rabelo da Silva, Mestre em Fisioterapia UFSCar – SP
Introdução: Vários estudos evidenciam o uso do tabaco como o fator causal das doenças cardiovasculares, câncer e
doenças respiratórias obstrutivas crônicas. A cessação tabágica promove redução significativa na taxa de mortalidade, além
de produzir inúmeros benefícios à saúde, representando um custo-benefício à rede pública. Todos os profissionais de saúde
deveriam ser sensibilizados e capacitados para orientar e ajudar os seus pacientes que querem parar de fumar. Estudos têm
verificado que a terapia cognitivo-comportamental pode ser uma grande aliada dos fumantes que desejam abandonar o vício
do cigarro. Objetivo:
Ajudar os usuários fumantes da USE deixar de fumar utilizando a abordagem básica (PAAPA) –
“Perguntar, Avaliar, Aconselhar, Preparar e Acompanhar”. Métodos: Participantes: Usuários da USE que queiram deixar de
fumar. Procedimentos: Avaliação quanto grau de ansiedade e depressão, feito por psicólogos; Avaliação médica; Entrevista
aos fumantes com aplicação do teste de Fagerström para identificação do grau de dependência e questionário dirigido para
tipo de dependência; Grupo de apoio ou atendimento individual utilizando a abordagem cognitivo-comportamental, que
constará de 6 encontros semanais, 2 quinzenais e 10 mensais. Resultados: Foram coletados os dados de 351 prontuários
de pacientes ativos da unidade saúde escola (USE) sendo que 9% (32 usuários) fumavam e destes, 75% (24 indivíduos)
aceitaram participar do programa anti-tabagismo. Dos 24 usuários avaliados, 8% (2) tiveram grau muito elevado de
dependência nicotínica, 38% (9) grau elevado, 4% (1) moderado, 25% (6) grau baixo e 25% (6) muito baixo. O tipo de
dependência predominante dos fumantes da USE foi a comportamental, seguida pelas dependências física e psicológica.
Serão montados dois grupos de apoio a partir de Abril de 2009.
- Pág. 56 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
DRENAGEM LINFÁTICA DO LINFEDEMA DECORRENTE DO CÂNCER DE MAMA
Fernanda Barbosa Pereira
Acadêmica de Fisioterapia, UNIVÁS, [email protected]
Lilian Bertolaccini
Acadêmica de Fisioterapia, UNIVÁS, [email protected]
Éder Demas Ferreira da Silva
Acadêmico de Fisioterapia, UNIVÁS, [email protected]
Lídia Oriolo
Professor (a) Especialista, UNIVÁS, [email protected]
O câncer de mama é uma neoplasia maligna que é principal causa de morte entre as mulheres brasileiras (GUIRRO, 2002).
Esse tumor é um dos principais problemas de saúde pública no Brasil e Ocorre principalmente em mulheres entre 40 e 50
anos, podendo afetar também, ainda que raramente mulheres mais novas. A etiologia dessa doença está relacionada com
predisposição genética, idade avançada, menarca precoce, menopausa tardia, nuliparidade, contraceptivos, ingestão de
álcool, obesidade, exposição a substâncias químicas, entre outros (BERGMANN, 2004) (CAMARGO, MARX, 2000).
Uma das principais seqüelas do pós – operatório desse tipo de câncer é o linfedema. O linfedema pode ser classificado em:
primário (precoce e congênito) e secundário sendo este causado pela radioterapia
A principal causa do linfedema são as metástases de tumores malignos e a ressecção cirúrgica de gânglios e vasos
linfáticos, resultando em verdadeiros obstáculos na drenagem da linfa. Além disso, a radioterapia também pode contribuir
para o agravamento do quadro, pois os níveis de dosagem são suficientes para causar fibrose e uma esclerose subcutânea
que pode comprometer a drenagem linfática remanescente, podendo levar ao linfedema (PICARÓ; PERLOIRO, 2005).
A drenagem linfática é uma técnica complexa representada por um conjunto de manobras visando drenar o excesso de
líquido acumulado no interstício nos tecidos e dentro dos vasos. Essa drenagem trás benefícios como melhora defensiva
imunitária, aumenta a velocidade do transporte da linfa, reduz o edema, promovendo também certo relaxamento e também
melhora da estética da paciente (LEAL et.al., 2005).
Portanto a linfodrenagem manual deverá ser iniciada já no pós-operatório com o objetivo de diminuir a quantidade de líquido
drenado e melhorar a reabsorção linfática pelas vias colaterais naturais (CAMARGO, MARX, 2000).
INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PÓS OPERATÓRIO DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO EM
PACIENTES OCTOGENÁRIOS – UM RELATO DE CASO.
LOPES, T.A.¹; PEREIRA, P.C.²; SALES, E.V.³.
1. Aluna do curso de Graduação de Fisioterapia da Universidade do Vale do Sapucaí – UNIVÀS; [email protected].
2. Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Pneumo-Funcional da Universidade Gama Filho – UGF;
[email protected].
3. Professora do curso de graduação em Fisioterapia da Universidade do Vale do Sapucaí – UNIVÀS. Especialista em
Fisioterapia Respiratória pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – ISCMSP; [email protected].
Resumo
Esta pesquisa teve como objetivo verificar os benefícios da fisioterapia nos pós operatório de Revascularização Miocárdica
(RM) em um paciente octogenário. A avaliação fisioterapêutica e inspeção foram realizadas em um paciente do gênero
masculino de 86 anos de idade, submetido à cirurgia de revascularização miocárdica sem circulação extra-corpórea (CEC).
Foi realizado 8 atendimentos consecutivos, utilizando manobras de higiene brônquica, manobras de reexpansão pulmonar,
cinesioterapia respiratória e reabilitação cardiovascular (fase hospitalar). Resultado: A reabilitação cardiovascular e
respiratória mostrou-se eficaz na melhora da capacidade funcional, da qualidade de vida, alívio dos sintomas pósoperatórios, promovendo mudança de hábitos após o evento, redução dos índices de mortalidade e modificação dos fatores
de risco.
Palavras Chaves: Fisioterapia, revascularização do miocárdio, pós operatório.
Introdução
Nos últimos anos o número de idosos no Brasil vem aumentando significativamente. O envelhecimento é caracterizado por
um processo dinâmico e progressivo em que ocorrem alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas que tornam os
idosos mais susceptíveis a doenças e lentificam a sua recuperação. Dentre as doenças mais comuns nesses indivíduos
- Pág. 57 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
destaca-se o aumento do número de casos de doenças cardiovasculares (LUSTRI; MORELLI, 2007).
A quantidade de pacientes maiores de 80 anos submetidos à cirurgias cardíacas vem aumentando a cada ano devido aos
avanços da medicina permitiram resultados mais satisfatórios em relação à morbidade e mortalidade de indivíduos idosos.
Com o principal objetivo de melhorar a qualidade de vida e se obter alívio nos sintomas. A recuperação após a cirurgia
depende de múltiplos fatores, entre eles a saúde geral do paciente, o desejo e o temor vividos pelo paciente de se submeter
à cirurgia cardíaca e o apoio dos familiares frente às incapacidades iniciais (KAUFFMAN, 2001; MONTEIRO, 2003).
A reabilitação cardíaca é tem por objetivo melhorar a capacidade funcional, a qualidade de vida, a mudança de hábitos após
o evento, redução dos índices de mortalidade e modificação dos fatores de risco. De acordo com as Diretrizes de
Reabilitação Cardíaca, o estilo de vida sedentário associa-se a um risco duplamente elevado de doença arterial coronariana,
havendo uma redução em torno de 20% a 25% no risco de morte nos pacientes pós-infarto do miocárdio que participam de
programa de reabilitação cardiovascular, quando comparados aos que não realizam atividades (COSTA et al. 1997;
MORAES et al., 2005).
A fisioterapia tem sido considerada um componente fundamental na reabilitação de pacientes cirúrgicos cardiovasculares
com o intuito de melhorar o condicionamento cardiovascular e evitar ocorrências tromboembólicas e posturas antálgicas,
oferecendo maior independência física e segurança para alta hospitalar e posterior recuperação das atividades de vida
diária. Programas de reabilitação cardíaca baseiam-se na reabilitação física com conseqüentes reduções da morbidade e
mortalidade, sendo ainda, a redução do estresse emocional, parte importante nos programas de reabilitação cardíaca.
Indivíduos que participaram destes programas obtiveram diminuição de 75% das mortes no primeiro ano pós-infarto ou
revascularização do miocárdio (COERTJENS et al., 2005; REGENGA, 2000).
Objetivo
Verificar os resultados da fisioterapia respiratória e da reabilitação cardiovascular - fase hospitalar, em um paciente
octogenário no pós-operatório de revascularização miocárdica no Hospital das Clínicas Samuel Libânio – HCSL.
Materiais e Métodos
Este estudo caracteriza-se como um relato de caso, realizado na Enfermaria da Cardiologia do Hospital das Clínicas Samuel
Libânio, da Universidade do Vale do Sapucaí, na cidade de Pouso Alegre-MG, no ano de 2008. A avaliação fisioterapêutica
e inspeção foram realizadas em um paciente do gênero masculino de 86 anos de idade, submetido à cirurgia de
revascularização miocárdica sem circulação extra-corpórea (CEC). Foram realizados 8 atendimentos consecutivos,
utilizando manobras de higiene brônquica, manobras de reexpansão pulmonar, cinesioterapia respiratória e reabilitação
cardiovascular (fase hospitalar).
Resultados
Houve uma significativa melhora do estado geral do paciente, com evolução positiva, quanto a ausculta pulmonar (AP),
pressão arterial (PA), freqüência cardíaca (FC), freqüência respiratória (FR), SpO 2, diminuição de edemas de membros
inferiores assim como melhora na capacidade respiratória.
Comprovando que a reabilitação cardiovascular e respiratória mostrou-se eficaz na melhora da capacidade funcional, da
qualidade de vida, alívio dos sintomas pós-operatórios, promovendo mudança de hábitos após o evento, redução dos
índices de mortalidade e modificação dos fatores de risco.
Discussão
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), reabilitação cardíaca é o somatório das atividades necessárias para
garantir aos pacientes portadores de cardiopatia as melhores condições física, mental e social, de forma que eles consigam,
pelo seu próprio esforço, reconquistar uma posição normal na comunidade e levar uma vida ativa e produtiva.
FROWNFELTER; DEAN (2004) denota os principais objetivos do programa reabilitação como: melhora da capacidade
funcional, melhora da qualidade de vida, mudança de hábitos após o evento coronariano, redução dos índices de
mortalidade e modificação dos fatores de risco.
Para CARVALHO, et al. (2006) os programas estruturados de reabilitação cardíaca têm sido apresentados como uma
modalidade terapêutica das mais interessantes em termos de custo-efetividade, bastante segura, cuja ausência de contraindicações deve ser recomendada como parte do tratamento.
Segundo ARAÚJO; CARVALHO; CASTRO (2004) atualmente, as novas técnicas terapêuticas permitem que a maioria dos
pacientes tenha alta hospitalar precocemente após infarto, sem perder a capacidade funcional; excluindo-se desta condição
os pacientes com comprometimento miocárdico grave e instabilidade hemodinâmica, distúrbios importantes do ritmo
cardíaco, necessidade de cirurgia de revascularização miocárdica ou outras complicações não-cardíacas.
STONE, et al. (2001) caracteriza-se que além de dar ênfase à prática da atividade física, os programas de reabilitação
cardíaca também envolvem outras ações desenvolvidas por profissionais das áreas de enfermagem, nutrição, assistência
- Pág. 58 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
social e psicologia visando modificar outros aspectos que contribuem com a diminuição do risco cardíaco de forma global.
Com o avanço tecnológico, a quantidade de pacientes maiores de 80 anos submetidos à cirurgia cardíaca vem aumentando
a cada ano. Nesses pacientes, o principal objetivo é a melhora da qualidade de vida e o alívio dos sintomas. ALEXANDRE
(2005) em seu estudo com um grupo de 50 octogenários operados observou-se grande incidência de complicações pósoperatórias, destacando-se as cardiovasculares (68%), seguidas das pulmonares (36%) e neurológicas (28%). Apesar da
alta prevalência, as complicações cardiovasculares isoladamente não tiveram influência negativa na evolução pós-operatória
desses pacientes. Dessa forma a fisioterapia apresenta boa resposta em octogenários, sobretudo quando o paciente
apresenta condições clínicas pré-operatórias favoráveis.
Conclusão
A reabilitação cardiovascular e respiratória é um somatório das atividades necessárias para garantir aos pacientes
portadores de cardiopatias as melhores condições físicas, mental e social, de forma que eles consigam, pelo seu próprio
esforço, recuperar uma vida ativa e produtiva.
Os pacientes octogenários que aderem ao programa de reabilitação apresentam inúmeras mudanças hemodinâmicas,
metabólicas, miocárdicas, vasculares, alimentares e psicológicas que estão associados ao melhor controle dos fatores de
risco. A reabilitação cardiovascular associada à mudança de estilo de vida diminui a mortalidade cardíaca, levando também
a melhoras significativas de múltiplas variáveis as quais estão relacionadas à doença coronariana nessa faixa da população.
INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PACIENTE FIBROMIÁLGICO PORTADOR DE VERTIGEM POSICIONAL
PAROXÍSTICA BENIGNA. RELATO DE CASO
Wanessa Christina Campos Costa
Graduanda em Fisioterapia, UNIVÁS. [email protected]
Suellen Fernanda Coutinho
Graduanda em Fisioterapia, UNIVÁS. [email protected]
Eliziana Renata de Souza Santos
Graduanda em Fisioterapia, UNIVÁS. [email protected]
Juscelino Sérgio Amâncio
Graduado em Fisioterapia, UNIVÁ[email protected]
Sidney Benedito Silva
Docente da UNIVÁS e UNIVERSITAS. [email protected]
Adriana Teresa Silva
Docente da UNIVÁS e UNIFENAS. [email protected]
RESUMO
INTRODUÇÃO: A fibromialgia é uma síndrome de dor difusa e crônica, caracterizada por dores músculo-esquelético não
inflamatória, espalhada por todo o corpo, e pela presença de 11 dos 18 pontos chamados de Tender points. A dor difusa é o
sintoma principal, associado aos distúrbios do sono e depressão. A Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) é
caracterizada por episódios de vertigens desencadeados por movimentos da cabeça ou mudanças posturais. Ambos
possuem diminuição nas atividades de vida diária e tem maior incidência no sexo feminino. OBJETIVO: Relatar o caso de
uma paciente com hipótese diagnóstica de fibromialgia portadora de VPPB. RELATO DO CASO: Paciente, 52 anos, sexo
feminino. Foi encaminhada a fisioterapia com tontura, dor região cervical e zumbidos. Obteve-se a confirmação diagnóstica
de VPPB através da manobra de Dix-Hallpike positiva desencadeando vertigem e nistagmo posicional e desequilíbrio
corporal. Após avaliação minuciosa observou-se uma diminuição da flexibilidade e dores difusas pelo corpo, além da
paciente relatar insônia e depressão. A terapia ocorreu durante 2 meses, 5 vezes por semana sendo 3 vezes com ênfase na
fibromialgia e 2 vezes na vertigem. Cada sessão teve duração de uma hora. Foram realizados exercícios resistidos e
aeróbios que desempenharam um papel positivo no tratamento da fibromialgia, associados com TENS e liberação miofacial.
A fisioterapia auxiliou na reeducação postural e na musculatura do pescoço. Envolveu mudanças na posição da cabeça em
séries de 4 repetições para restaurar a função semicircular normal e desta forma eliminar o nistagmo posicional e vertigem,
para isso foi feito reposicionamento canalicular de Epley. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A fisioterapia teve papel fundamental
no restabelecimento do equilíbrio, na estabilização visual durante a movimentação da cabeça além de minimizar a dor e
melhorar a flexibilidade, permitindo a paciente executar e retornar as atividades de vida diária.
- Pág. 59 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO PACIENTE COM NEUROFIBROMATOSE TIPO 1. RELATO DE CASO
Eliziana Renata Souza dos Santos
Graduanda em Fisioterapia, UNIVÁS. [email protected]
Suellen Fernanda Coutinho
Graduanda em Fisioterapia, UNIVÁS. [email protected]
Diego Guimarães Openheimer
Graduando em Fisioterapia, UNIVÁS. [email protected]
Anderson Luís Coelho
Docente em Fisioterapia, UNIVÁS. [email protected]
Ricardo Cunha Bernardes
Docente em Fisioterapia, UNIVÁS. [email protected]
RESUMO
INTRODUÇÃO: A Neurofibromatose Tipo I (NF1) é uma doença congênita e hereditária, originada por um gene autossômico
dominante localizado no cromossomo (17q11. 2) com prevalência estimada de cerca de 1: 2500 – 3300 nascidos vivos. O
diagnóstico é baseado em achados clínicos, feito por biópsia de um dos nódulos subcutâneos, além de dois ou mais
achados como: manchas café-com-leite, neurofibromas, sardas na região axilar ou inguinal, glioma do nervo óptico e
nódulos de Lisch. OBJETIVO: Relatar um caso de NF1 enfatizando o tratamento fisioterapêutico, demonstrando melhoras
significativas na evolução do quadro clínico. RELATO DO CASO: Paciente, 40 anos, gênero masculino. Procurou o serviço
de fisioterapia, por dores em região lombar e no joelho, ao deambular e em repouso. Na avaliação observou-se perda de
equilíbrio, força muscular, déficit cardiovascular, escoliose lombar, tórax infundibuliforme, nódulos de Lisch e osteolordose,
manchas café-com-leite e uma massa muscular inervada e vascularizada na região lombar. O programa fisioterapêutico teve
duração de 30 sessões, durante três sessões por semana com duração de uma hora. A fisioterapia utilizou-se de
cinesioterapia e eletroterapia. O programa de exercícios resistidos foi executado em três séries de dez repetições, com o
objetivo de alívio da dor, fortalecimento muscular, aumento da ADM e restabelecimento da postura e equilíbrio. Foi utilizado
TENS acupuntura com freqüência de 4 Hz, largura de pulso de 200 μs, por 40 minutos, e corrente russa com freqüência de
2500Hz, intensidade de 100 mA para estimulação e fortalecimento da musculatura. Foi utilizada o EVA para mensurar o
grau de dor do paciente antes e após o tratamento. Na primeira sessão o paciente classificou sua dor como 9 e na trigésima,
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A abordagem fisioterapêutica obteve resultado esperado, observou-se que a doença não
evoluiu e as dores cessaram, possibilitando melhor qualidade de vida.
ACUPUNTURA AURICULAR ASSOCIADO AO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO NA BUSCA DE QUALIDADE DE
VIDA EM UMA PACIENTE COM LABIRINTOPATIA PERIFÉRICA
Suellen Fernanda Coutinho
Graduanda em Fisioterapia, UNIVÁS. [email protected]
Wanessa Christina Campos Costa
Graduanda em Fisioterapia, UNIVÁS. [email protected]
Eliziana Renata Souza dos Santos
Graduanda em Fisioterapia, UNIVÁS. [email protected]
Sidney Benedito Silva
Docente da UNIVÁS e UNIVERSITAS. [email protected]
Adriana Teresa Silva
Docente da UNIVÁS e UNIFENAS. [email protected]
RESUMO
INTRODUÇÃO: As vertigens são manifestações de desorientações espaciais advindas do aparelho vestibular. A causa é o
deslocamento de pequenos cristais de carbonato de cálcio que flutuam pelo fluido da orelha interna devido a mudanças
posturais. A incidência é variável entre 11 e 64 casos por 100 mil, entre 50 e 55 anos nos casos idiopáticos. Com as
características clínicas, os pacientes tornam-se apreensivos e podem limitar sua qualidade de vida. OBJETIVO: Relatar o
caso de uma paciente com disfunção labiríntica periférica. RELATO DO CASO: Paciente, 48 anos, sexo feminino. Procurou
o serviço de Otorrinolaringologia devido a desequilíbrios, desorientação espacial, náuseas e zumbidos. Através do teste de
- Pág. 60 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
Dix – Hallpike desencadeou nistagmo unilateral direita na mudança posicional, confirmando as suspeitas de disfunção
labiríntica periférica. No exame de audiotemetria constatou-se perda auditiva e condutiva de ambos os lados, intensificandose o lado direito como mais afetado com 30 dB. Foi encaminhada a fisioterapia. Para avaliação foi utilizada “Escala de Berg”
pontuando 33 evidenciando maior risco de quedas e “Inventário das Deficiências de Vertigem” pontuou 98 de 100 pontos,
sendo quanto maior a pontuação maior a deficiência. Para o tratamento optou-se pela acupuntura auricular através da
semente de mostarda e o protocolo de Cawthorne e Cooksey, em 2 sessões por semana com duração de 1 hora e meia
cada, durante 6 meses. Foram utilizados 10 pontos auriculares que eram trocados a cada semana após aplicação do
protocolo, que consiste de exercícios de habituação e compensação do SNC realizados em 20 repetições onde aumentavase a velocidade gradativamente a cada sessão. A paciente foi reavaliada pontuando 87 na “Escala de Berg” e 8 no
“Inventário das Deficiências de Vertigem”. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A acupuntura auricular juntamente com o protocolo
teve papel fundamental no restabelecimento do equilíbrio possibilitando melhor qualidade de vida a paciente.
COMPARAÇÃO DE DUAS MANOBRAS DISPONÍVEIS PARA DUCTOLITÍASE DO CANAL POSTERIOR NA VERTIGEM
POSICIONAL PAROXÍSTICA BENIGNA. RELATO DE 2 CASOS
Eliziana Renata Souza dos Santos
Graduanda em Fisioterapia, UNIVAS. [email protected]
Suellen Fernanda Coutinho
Graduanda em Fisioterapia, UNIVAS. [email protected]
Wanessa Christina Campos Costa
Graduanda em Fisioterapia, UNIVAS. [email protected]
Sidney Benedito Silva
Docente em Fisioterapia, UNIVAS e UNIVERSITAS. [email protected]
Adriana Teresa Silva
Docente em Fisioterapia, UNIVAS e UNIFENAS. [email protected]
RESUMO
INTRODUÇÃO: A vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) é uma vestibulopatia periférica caracterizada por
episódios vertiginosos desencadeados por mudanças posturais, devido ao deslocamento de pequenos cristais de carbonato
de cálcio provenientes de ruptura de estatólitos da mácula utricular que podem flutuar na corrente endolinfática do ducto
semicircular (ductolitíase). Sua incidência é maior no sexo feminino entre 42 a 60 anos. OBJETIVO: Relatar o caso de duas
pacientes do gênero feminino com VPPB e avaliar a efetividade de duas manobras para ductolitíase do canal posterior.
RELATO DOS CASOS: Utilização da manobra de Epley e Liberatória de Semont durante 10 sessões, e a EVA modificada
para avaliar o desequilíbrio das pacientes juntamente com o teste de ROMBERG na primeira e última sessão. Relato do 1º
caso: Paciente, 52 anos. Apresentou episódios de vertigens, desequilíbrio, zumbidos e nistagmo. Na avaliação obteve
escore 7, representando desequilíbrio moderado e tontura forte. A manobra de Epley foi utilizada sem uso do vibrador na
mastóide e sem sedação da paciente. Foram executadas 2 sessões por semana, com 4 repetições na mesma sessão, 2
minutos em cada posição, e um intervalo de 10 minutos a cada repetição. Na última sessão houve habituação do SNC e
relatou 0 com ausência de desequilíbrio, cessando o nistagmo posicional. Relato do 2º caso: Paciente, 48 anos. Apresentou
cefaléias, desequilíbrios, zumbidos, nistagmo posicional e náuseas. Na avaliação o escore foi de 9. Foi aplicada a manobra
Liberatória de Semont com 2 repetições na mesma sessão e um intervalo de 15 minutos a cada repetição. A manobra foi
muito agressiva, a paciente teve seus sintomas exacerbados durante sua realização. Na última sessão obteve 4
representando desequilíbrio e tontura leve. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A manobra de Epley demonstrou melhores
resultados que a manobra Liberatória de Semont, porém são necessários estudos com casuísticas maiores.
- Pág. 61 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
ANÁLISE COMPARATIVA INTER EXAMINADORES NO MÉTODO DE AVALIAÇÃO DA FOTOGONIOMETRIA
Suellen Fernanda Coutinho
Graduanda em Fisioterapia, UNIVÁS. [email protected]
Fernanda Andrade Biondi Ribeiro
Graduanda em Fisioterapia, UNIVÁS. [email protected]
Ricardo Cunha Bernardes
Docente do curso de Fisioterapia, UNIVÁS e UNIFENAS. [email protected]
Adriana Teresa Silva
Docente do curso de Fisioterapia UNIVÁS e UNIFENAS. [email protected]
RESUMO
INTRODUÇÃO: O fotogoniômetro clínico é um software de análise angular, que atua como ferramenta de avaliação articular
favorecendo demarcação precisa dos pontos fixos, atuando nos fatores que influenciam na identificação dos
comprometimentos e das limitações funcionais e/ou incapacidades dos pacientes avaliados e permite ao fisioterapeuta
execução de tratamentos dirigidos objetivando um diagnóstico com acompanhamento permanente da evolução do paciente.
OBJETIVO: Fazer uma análise comparativa da eficiência da fotogoniometria inter examinadores. METODOLOGIA:
Participaram do estudo 3 examinadores com casuística de 20 alunos do curso de Fisioterapia da Univás. O estudo foi
realizado durante 3 dias consecutivos, sendo realizado cada dia por um examinador. Para a damarcação dos pontos foi
utilizado adesivo específico na articulação crômioclavicular, epicôndilo lateral e processo estilóide da ulna aplicados
unilateralmente do lado direito, para os alunos realizarem extensão e flexão do braço. Para a coletas dos dados foram
utilizados: uma máquina digital fotográfica do modelo Vivitar, um tripé da marca vídeo & photo e marcadores de
proeminência óssea. Os resultados foram analisados pelo Software para avaliação postural – SAPO versão 0.68 –
julho/2007. RESULTADOS: Na extensão, o 1º examinador obteve média de ± 161,605 e desvio padrão de ± 5,49, o 2º
examinador teve média de ± 171,735 e desvio padrão de ± 5,07 e o 3º examinador obteve média de ± 169,76 e desvio
padrão de ± 5,20. Durante flexão o 1º examinador teve média de ± 32,41 e desvio padrão de ± 5,70, o 2º examinador obteve
média de ± 37,44 e desvio de ± 6,25 e o 3º examinador média de ± 34,86 e desvio padrão de ± 6,23. CONCLUSÃO: Com
referência a análise dos resultados, houve pouca diferença em relação ao desvio padrão, portanto, o método de avaliação é
um instrumento muito eficiente para o uso da avaliação da goniometria inter examinadores.
ANÁLISE COMPARATIVA INTER EXAMINADORES NO MÉTODO DE AVALIAÇÃO DA FOTOGONIOMETRIA
Suellen Fernanda Coutinho
Graduanda em Fisioterapia, UNIVÁS. [email protected]
Fernanda Andrade Biondi Ribeiro
Graduanda em Fisioterapia, UNIVÁS
Ricardo Cunha Bernardes
Docente do curso de Fisioterapia, UNIVÁS e UNIFENAS. [email protected]
Adriana Teresa Silva
Docente do curso de Fisioterapia UNIVÁS e UNIFENAS. [email protected]
RESUMO
INTRODUÇÃO: O fotogoniômetro clínico é um software de análise angular, que atua como ferramenta de avaliação articular
favorecendo demarcação precisa dos pontos fixos, atuando nos fatores que influenciam na identificação dos
comprometimentos e das limitações funcionais e/ou incapacidades dos pacientes avaliados e permite ao fisioterapeuta
execução de tratamentos dirigidos objetivando um diagnóstico com acompanhamento permanente da evolução do paciente.
OBJETIVO: Fazer uma análise comparativa da eficiência da fotogoniometria inter examinadores. METODOLOGIA:
Participaram do estudo 3 examinadores com casuística de 20 alunos do curso de Fisioterapia da Univás. O estudo foi
realizado durante 3 dias consecutivos, sendo realizado cada dia por um examinador. Para a damarcação dos pontos foi
utilizado adesivo específico na articulação acrômio clavicular, epicôndilo lateral e processo estilóide da ulna aplicados
unilateralmente do lado direito, para os alunos realizarem extensão e flexão do braço. Para a coletas dos dados foram
utilizados: uma máquina digital fotográfica do modelo Vivitar, um tripé da marca vídeo & photo e marcadores de
proeminência óssea. Os resultados foram analisados pelo Software para avaliação postural – SAPO versão 0.68 –
- Pág. 62 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
julho/2007. RESULTADOS: Na extensão, o 1º examinador obteve média de ± 161,605 e desvio padrão de ± 5,49, o 2º
examinador teve média de ± 171,735 e desvio padrão de ± 5,07 e o 3º examinador obteve média de ± 169,76 e desvio
padrão de ± 5,20. Durante flexão o 1º examinador teve média de ± 32,41 e desvio padrão de ± 5,70, o 2º examinador obteve
média de ± 37,44 e desvio de ± 6,25 e o 3º examinador média de ± 34,86 e desvio padrão de ± 6,23. CONCLUSÃO: Com
referência a análise dos resultados, houve pouca diferença em relação ao desvio padrão, portanto, o método de avaliação é
um instrumento muito eficiente para o uso da avaliação da goniometria inter examinadores.
A UTILIZAÇÃO DO LÚDICO NO ENSINO DO XADREZ ESCOLAR
WENDEL RODRIGO DE ASSIS
LICENCIADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE JAGUARIÚNA
[email protected]
PROFA. MARIA ALICE COELHO
DOUTORA EM EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE JAGUARIÚNA
[email protected]
RESUMO
Em 1967, quando se deu início a introdução do xadrez em âmbito escolar no Brasil, houve a difusão deste nas escolas,
aplicado como uma poderosa ferramenta pedagógica, desenvolvendo diversas capacidades que o aluno utilizará para
aprender de forma mais eficiente os conteúdos curriculares. No entanto, tal difusão ocorreu, predominantemente, através de
enxadristas que, não necessariamente, tinham conhecimento pedagógico para tanto. Esta pesquisa de cunho bibliográfico
estudou o xadrez escolar nos aspectos do esporte, do jogo e do brinquedo além da importância da ludicidade no processo
de ensino-aprendizagem. Através deste estudo pudemos associar a utilização do xadrez de forma lúdica, através do
brinquedo, ou do esporte lúdico informal, ou do jogo nas escolas, o qual auxilia o aluno no seu desenvolvimento integral e
que a ausência do fator lúdico pode prejudicar a formação social do discente no processo de ensino-aprendizagem além da
possibilidade de desmotivar o mesmo. Pudemos analisar que muitos são os professores que privilegiam as expectativas de
pais, antes das do próprio aluno além de que muitos destes possuem uma má formação acadêmica no que tange a
preparação sobre metodologias e conteúdos de ensino. Julgamos necessária a constante reflexão do professor sobre sua
função e a do xadrez escolar para que as necessidades do aluno sejam privilegiadas perante as de outros e que a atividade
efetivamente lúdica seja utilizada como o resultado de uma atividade e não o objetivo da mesma para que o aluno, tendo
sua opinião respeitada e participando ativamente do processo de ensino-aprendizagem, possa tornar-se um integrante
crítico e ativo na sociedade a qual está inserido.
- Pág. 63 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
PERFIL DO IMC E SUA RELAÇÃO COM O TESTE DE SENTAR-LEVANTAR
EM ALUNOS DO 1º SEGMENTO DE ENSINO FUNDAMENTAL
Paulo Gil Salles
UNIABEU
Órgão financiador: PROAPE
[email protected]
Paulo Eduardo Ferreira Campista
Cássia Ribeiro de Carvalho Silva
O Teste de Sentar-Levantar foi proposto como um procedimento capaz de avaliar a destreza com que os indivíduos
executam as ações de sentar e levantar do solo. Estas ações são consideradas habilidades motoras básicas, pois fazem
parte do repertório motor de crianças e adultos. Uma relação peso/altura desfavorável já se tornou um problema de saúde
pública e pode causar efeitos negativos sobre a qualidade de vida. Este estudo se propõe a verificar o perfil do índice de
massa corporal (IMC) de alunos do 1º segmento do ensino fundamental de uma escola particular de Belford Roxo e analisar
a sua influência sobre o Teste de Sentar-Levantar destas crianças. A amostra estudada foi composta de 60 alunos do sexo
masculino e 45 do feminino, correspondendo a 84% dos alunos matriculados nestas séries. Os indivíduos do sexo masculino
possuíam 8,6 ± 1,5 anos (média ± desvio padrão), variando de 6 a 12,5 anos, altura de 135 cm ± 10 cm e peso de 34,6 ±
10,6 Kg, enquanto os do sexo feminino tinham 8,8 ± 1,4 anos, variando de 6,5 a 11 anos, altura de 134 ± 9 cm e peso de
32,4 ± 9,7 Kg. Para quantificação do grau de associação entre o IMC e os resultados do TSL, foi utilizado o coeficiente de
correlação linear de Pearson e considerou-se 1% de probabilidade como critério de significância. Foi encontrado excesso de
peso em 34,3% dos sujeitos avaliados e que o IMC associa-se inversamente com o TSL, indicando que o excesso de peso
compromete, pelo menos em parte, as ações de sentar e levantar. Observou-se que o Índice de Massa Corporal discrimina
objetivamente aqueles indivíduos com dificuldade no desempenho do Teste de Sentar-Levantar, tanto para os do gênero
masculino quanto para os do gênero feminino.
- Pág. 64 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 1, abril de 2009 - Órgão de divulgação científica do 46º ENAF - ISSN: 1809-2926
- Pág. 65 -