metodologia para estudo do efeito do treinamento resistido na

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metodologia para estudo do efeito do treinamento resistido na
METODOLOGIA PARA ESTUDO DO EFEITO DO TREINAMENTO RESISTIDO
NA MARCHA DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL
RODRIGUES, J.O.a; NAVES, E.L.M.a
a
Laboratório de Engenharia Biomédica, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia,Minas Gerais,Brasil.
Resumo - O presente estudo visa analisar a influência do
treinamento resistido, na melhoria do padrão
de marcha de crianças com paralisia cerebral nível I e II
do GMFCS. Para tanto, serão utilizados parâmetros
biomecânicos quantitativos medidos através de técnicas
de cinemetria. Busca-se dessa forma, uma caracterização
da marcha de acordo com o grau de função motora
grossa, através do mapeamento correlacional entre os
parâmetros coletados . Após o processamento desses
dados, e com resultados obtidos, almeja-se contribuir
para melhorar a orientação e/ou acompanhamento dessa
população, de maneira a proporcionar a esse grupo um
incremento na sua qualidade de vida com a alteração do
seu padrão de marcha.
Palavras-Chave – Marcha;
Treinamento Resistido.
Paralisia
cerebral;
METHODOLOGY TO STUDY THE EFFECT
OF
STRENGTH TRAINING ON GAIT OF
CHILDREN WITH CEREBRAL PALSY
Abstract - This study aims to analyze the influence of
strength training, improving the gait pattern of children
with cerebral palsy at GMFCS I and II. For this, we used
quantitative biomechanical parameters measured by
kinematic
techniques.
Searching
is
thus,
a
characterization of gait according to the degree of gross
motor function by mapping correlation between the
parameters collected. After processing these data, and1
results, aims to improve the orientation and / or
monitoring of this population so as to give that group an
increase in their quality of life by changing your walking
pattern.
Keywords – Gait; Cerebral Palsy; Strength training.
EXEMPLO DE NOMENCLATURA
PC
GMFCS
Paralisia cerebral
Gross motor function Classification System
I. INTRODUÇÃO
A locomoção humana é realizada na postura bípede e é
referida na literatura como marcha humana. A principal
função da marcha é promover a transferência do corpo
através do avanço alternado de um membro inferior,
enquanto o outro atua no suporte do peso corporal
(SUTHERLAND, 1992).
A marcha humana envolve uma série de movimentos
complexos em todos os segmentos corporais. Para que seja
possível a análise da marcha nos seus diferentes aspectos é
imprescindível a segmentação temporal do movimento, para
facilitar a identificação dos eventos relacionados a cada etapa
da marcha (ANDRADE, 2002).
Os profissionais que trabalham com parte ortopédica,
neurológica e de reabilitação necessitam de critérios
objetivos para a análise dos problemas de locomoção, para
determinar uma decisão racional sobre a indicação de
procedimentos
cirúrgicos,
órteses,
fisioterapia
e
medicamentos (ANDRADE, 2002).
Desta forma, a análise de marcha tornou-se objeto de
estudo dentro da área de pesquisa em reabilitação, em
particular na biomecânica. A análise quantitativa de
movimentos de sujeitos com distúrbios motores torna-se
ainda mais complexa uma vez que, além da complexidade do
movimento normal, adicionam-se elementos derivados das
patologias específicas. Sendo assim, a quantificação das
alterações do movimento perante o padrão normal, pode
indicar formas de tratamento, bem como verificar sua
eficácia.
A avaliação quantitativa do paciente é bastante utilizada na
análise da marcha patológica, em especial nas patologias de
ordem neurológica, onde os movimentos se tornam
complexos, em virtude de eventuais deformidades ósseas
associadas à espasticidade e reflexos patológicos
concomitantes durante a marcha, como no caso da Paralisia
Cerebral (ANDRADE, 2002).
A Paralisia Cerebral acarreta restrições no desempenho das
tarefas de auto-cuidados, como higiene e alimentação, e
interfere nas transferências posturais e locomoção (MOORE
2000; JESUS 2005).
Portanto, quando há melhor compreensão da biomecânica
da marcha humana normal, ocorre melhor identificação das
disfunções e uma avaliação objetiva das desordens existentes
nos pacientes. Essa avaliação objetiva, muitas vezes acontece
através da análise dos parâmetros espaço-temporais, que são
medidas utilizadas freqüentemente para avaliar o
desenvolvimento da marcha em crianças e identificar
possíveis desordens (STOLZE 1998; SORSDAHL 2008).
Busca-se através dessa avaliação objetiva, quantificar as
alterações do movimento perante o padrão normal, visando
avaliar o impacto do tratamento. O treinamento resistido é
um dos exercícios físicos mais utilizados, uma vez que pode
proporcionar mudanças positivas nos aspectos funcionais,
estruturais e bioquímicos (FLECK e KRAEMER, 1999),
além de alcançar um enorme público por ser altamente
adaptável às limitações físicas e necessidades individuais
(ROGATTO, 1998).
O treinamento resistido é de grande importância para
crianças com PC, pois elas apresentam a fraqueza muscular
como deficiência primária e a capacidade anaeróbica e
aeróbica subnormal em comparação com as crianças da
mesma idade que não apresentam paralisia cerebral
(LUNDBERG, 1978; PARKER, 1992). Além disso, a
quantidade de massa muscular é baixa (LUNDBERG, 1978)
e a força muscular é reduzida (DAMIANO et al 1995; VAN
DEN BERG- EMONS, 1996). Pesquisas vêm mostrando que
a produção de força muscular podem ser aumentadas em
crianças com PC (DAMIANO, 1995; DAMIANO et al,
1995, O’CONNELL, 1995) e que a força pode se traduzir em
ganhos de melhoria funcional (DAMIANO & ABEL, 1998;
BLUNDELL, 2003; MACPHAIL, 1995).
Baixos níveis desses componentes da aptidão física podem
contribuir para as dificuldades em atividades motoras. Ou
seja, uma vez que essas crianças apresentam níveis reduzidos
de atividade física ou exercício físico, não apresentam
melhoras em suas atividades básicas, como caminhar, correr,
saltar e ficam propensas a terem uma saúde global deficitária,
além de apresentarem um interesse menor ao estilo de vida
fisicamente saudável (RIMMER, 2004).
Sendo assim, o objetivo geral do presente estudo é
determinar, quantificar e comparar as alterações nos
parâmetros espaço-temporais e cinemáticos da marcha entre
os grupos de crianças com PC nível I e II do GMFCS em
relação á normalidade, através do efeito do treinamento
resistido.
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Paralisia cerebral.
A paralisia cerebral (PC), definida como uma
encefalopatia crônica não progressiva da infância, é uma
desordem do movimento e da postura, provocada por uma
lesão do cérebro imaturo (BOBATH, 1984).
Little, em 1843, descreveu, pela primeira vez, a
encefalopatia crônica da infância, e a definiu como patologia
ligada a diferentes causas e características, principalmente
por rigidez muscular. Freud, em 1897, sugeriu a expressão
paralisia cerebral, que, mais tarde, foi consagrada por Phelps,
ao se referir a um grupo de crianças que apresentavam
transtornos motores mais ou menos severos devido à lesão do
sistema nervoso central, semelhantes ou não aos transtornos
motores da Síndrome de Little (DIAMENT, 1996; ROTTA,
2002).
Desde o Simpósio de Oxford, em 1959, a expressão
Paralisia Cerebral foi definida como seqüela de uma agressão
encefálica que se caracteriza, como um transtorno
persistente, com alteração do tônus muscular, postura e de
movimentos involuntários, que aparece na primeira infância
e está diretamente ligada a lesão estática no encéfalo
(ROTTA, 2002).
Sendo assim, a PC é caracterizada por uma alteração dos
movimentos controlados ou posturais dos pacientes,
aparecendo cedo, sendo secundária a uma lesão, danificação
ou disfunção do sistema nervoso central (SNC) e não é
reconhecido como resultado de uma doença cerebral
progressiva
ou
degenerativa
(RUSSMAN,
1997;
FERRARETTO, 1998). O evento lesivo pode ocorrer no
período pré, peri ou pós natal (FERRARETTO, 1998).
As crianças com PC têm como principal característica o
comprometimento motor, que influencia no seu desempenho
funcional. De acordo com Ferrareto (1998), a PC pode ser
classificada por dois critérios: pelo tipo de disfunção motora
presente, ou seja, o quadro clínico resultante, que inclui os
tipos extrapiramidal ou discinético (atetóide, coréico e
distônico), atáxico, misto e espástico; e pela topografia dos
prejuízos, ou seja, localização do corpo afetado, que inclui
tetraplegia ou quadriplegia, monoplegia, paraplegia ou
diplegia e hemiplegia.
Marcha Humana.
A marcha é um meio natural do corpo para se deslocar de
um local para outro. A eficiência no movimento de marcha,
depende da mobilidade articular livre e da atividade muscular
que é seletiva na duração e intensidade (PERRY, 2005). De
modo geral, o andar humano é uma atividade motora
complexa que requer controles de vários elementos, além da
condição do corpo ereto em movimento ser sustentado pelas
pernas, onde permanece pelo menos um pé em contato com o
chão (ROSE, 1994; PERRY, 2005). Essa locomoção humana
é alcançada através de um sistema de regulagem sensório e
motora que controla a contração dos músculos esqueléticos,
como resultado das atividades neurais complexas nos
sistemas sensórios e motores, centrais e periféricos
(POPOVIĆ & RADULOVIĆ et al, 2003).
Informações importantes sobre a habilidade de andar da
pessoa, entretanto, podem ser obtidas por diferentes níveis de
análise (PERRY, 2005). Na análise patológica da marcha, a
função normal é o modelo em relação ao qual a incapacidade
é avaliada. Desvios do padrão normal definem as correções
necessárias para diversas patologias incluindo a Paralisia
Cerebral.
Ciclo Normal da Marcha.
A marcha utiliza uma seqüência de repetições de
movimento do membro para mover o corpo para frente
enquanto, simultaneamente, mantém a postura estável.
Conforme o corpo move-se para frente, um membro serve
como fonte móvel de apoio, enquanto o outro membro
avança para uma nova posição de apoio. Em seguida os
membros invertem seus papéis. Para a transferência do peso
do corpo de um membro para o outro, ambos os pés estão em
contato com o solo. (PERRY, 2005)
A marcha é composta por ciclos repetidos de passos e
passadas. Um passo se refere ao início de um evento com um
membro agindo até o início desse mesmo evento com o outro
membro em posição contra lateral; já a passada de um ciclo
completo do andar se refere ao inicio de um evento pelo
mesmo membro (ROSE, 1994) .
Uma seqüência
qüência única dessas funções por um membro é
chamada de ciclo de marcha (CM). Indivíduos normais
iniciam o contato com a superfície como o calcanhar, sendo
este o padrão de contato inicial (CI) do ciclo da marcha
normal (PERRY, 2005).
A figura 1 mostra como o ciclo da marcha é dividido,
quanto aos períodos, as tarefas e fases da marcha.
neste contexto, a deformidade em eqüino é mais freqüente
nesses pacientes com diagnóstico funcional do tipo espástica.
Essa contratura diminui a força do tibial anterior e o
sinergismo muscular entre os membros.
membros (SVARTMAN,
2002).
É importante mencionar que as variações de tipos de
paralisia cerebral, faz com que cada uma tenha uma
característica própria e por isso a análise cinemática tem sua
importância e necessidade.
III. MATERIAIS
ATERIAIS E MÉTODOS
Ambiente.
Figura 1- Divisões do ciclo da marcha (adaptado de PERRY, 2005)
Característica da Marcha em PC
Na criança com PC as estratégias motoras são definidas
pela ativação de padrões musculares que refletem o
planejamento neural do mecanismo de movimento e
contração muscular, levando em conta as modificações
sistêmicas do organismo e as restrições ambientais
ambien
sofridas
pela criança. As adaptações para essas estratégias são
esperadas na PC como uma condição caracterizada pela
postura e movimentos anormais, provenientes de uma lesão
no SNC em desenvolvimento e adaptações neurais. Portanto,
os pacientes com paralisia
aralisia cerebral têm que organizar um
limitado repertório motor decorrente de um restrito potencial
neural para a realização do movimento. Normalmente, as
crianças com diagnóstico funcional de disparesia espástica,
demonstram estratégias motoras distintas e movimentos
alternativos para o desenvolvimento da marcha. O
acometimento da locomoção pode se agravar com a presença
de movimentos associados, contraturas musculares e
deformidades ósseas.
Como exemplo a marcha mais comum em crianças com PC
com diplegia
gia espástica é a de pé eqüino com excessiva flexão
plantar do tornozelo durante a deambulação, podendo ocorrer
a contratura muscular plástica do tríceps sural (RADTKA,
SKINNER et al, 2005).. Essa marcha é caracterizada pela
ausência do toque do calcâneo no chão no inicio da fase de
apoio da marcha e se agrava com a flexão permanente da
articulação do joelho proveniente de hipertonia do conjunto
dos músculos flexores dos joelhos.
O padrão da marcha de crianças com PC é marcado pela
flexão plantar do tornozelo ou marcha na ponta dos pés
durante a fase de apoio do ciclo, que pode ser observado
durante a caminhada
da independente nessas crianças.
crianças Este
padrão é normalmente substituído pelo suporte
suport (reflexo
primitivo) e o peso do corpo é progressivamente
descarregado no calcanhar. Algumas crianças, no entanto,
continuam andando na ponta dos pés, sem sinais clínicos, e
comprometimento sensório motor ou muscular da paralisia
(CRENNA, FEDRIZZI et al, 2005).
A presença de diferenças de contraturas musculares nos
membros inferiores, afeta a marcha dee crianças com PC e
A coleta de dados deste trabalho será realizada no
Laboratório de Biomecânica da Faculdade de Educação
Física no Centro de Excelência Esportiva CENESP/PPDNE
da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
A área destinada para execução da marcha é de
aproximadamente 6,00 m de comprimento, 3,00 m de largura
e 2,00 m de altura (altura
altura em que as câmeras serão
colocadas)
Instrumentado com oito (8) câmeras infravermelho,
da Optitrack (Natural Point, EUA), o qual permite a captura
das trajetórias tridimensionais
onais de marcas reflexivas passivas,
colocadas no corpo para avaliação cinemática do movimento,
que foram montadas em estrutura metálica para suporte. Um
computador com tecnologia compatível para fazer leitura e
analise da imagem captada por esse sistema de
d câmeras e
para a digitalização automática e a reconstrução é utilizado o
software: ARENA™ Motion Capture Software (Natural
Point).
Caracterização dos Sujeitos.
Participaram dessa pesquisa 15 crianças com PC, com
idade entre 3 e 12 anos, classificadas
classificada pelo GMFCS como
nível I e II , que são aquelas que apresentam habilidade para
andar independentemente , além do grupo controle composto
por crianças sem alterações neuromotoras.
neuromotoras
Critérios de inclusão e exclusão.
Como critério dee inclusão, os indivíduos
indivíd
deveram estar na
faixa etária exigida (3 a 12 anos),
anos) ter paralisia cerebral de
grau I e II (de acordo com GMFCS) ou seja, devem ter
habilidade para andar independentemente, ter adequada
cognição, não estar fazendo uso de medicamento ou terapia
como formas de tratamento, não ter feito nenhuma cirurgia
de correção ortopédica.. O grupo controle não deve apresentar
nenhuma desordem neuromotora
neuromo
e cognitiva.
Variáveis cinemáticas e antropométricas.
antropométricas
Os dados antropométricos serão coletados após assinatura
do termo de consentimento livre e esclarecido pelos pais e/ou
responsáveis, imediatamente após a chegada das crianças ao
laboratório. As crianças serão instruídas pelos pesquisadores
e pais e/ou responsáveis a retirarem o calçado, ficarem
minimamente vestidas com um biquíni ou sunga.
Após estes procedimentos as crianças serão pesadas na
balança digital, terão a altura verificada, assim como o
comprimento da perna e de tronco por um estadiometro. Será
verificada a posição do centro de massa corporal de cada
criança pelo método da balança e as distâncias entre côndilos
femorais, entre maléolos e entre espinhas ilíacas através de
paquímetro.
Após coletas dos dados antropométricos haverá preparação
dos indivíduos, para coleta cinemática. Para isso será
utilizado o próprio esquema corporal que o software
ARENA™ Motion Capture de analise oferece para que haja
leitura do mesmo. Os marcadores utilizados serão esféricos
de material plástico, recobertos por uma fita reflexiva 3M. A
forma esférica foi selecionada, pois a projeção do centro da
esfera coincide com o centro do círculo correspondente na
imagem, assim, reduzem-se os erros em relação à
perspectiva. (ANDRADE, 2002)
Este material esférico fica acoplado a um material de
velcro de formato arredondado para fazer a fixação. A
fixação deste tipo de marcador ao corpo do indivíduo será
feita por fitas de velcro, colocadas nas regiões corporais
selecionadas pelo próprio ARENA™ Motion Capture
Software (Natural Point).
As variáveis cinemáticas serão aferidas após preparação do
indivíduo e serão analisados os parâmetros espaço-temporais
e angulações das três principais articulações envolvidas neste
processo de marcha (quadril, joelho e tornozelo), de acordo
com a tabela 1.
Tabela 1 – Parâmetros espaço-temporais e angulações
das articulações do quadril, joelho e tornozelo analisados
no ciclo da marcha.
PARAMETROS ESPAÇOTEMPORAIS
IDENTIFICAÇÃO
Velocidade (m/s)
Velocidade média de progressão
% Apoio
% do ciclo que começa com o
contato inicial e termina com a saída
dos dedos do mesmo membro
% Balanço
% do ciclo que começa com a saída
dos dedos de um membro e termina
com o balanço anterior ao contato
inicial
do quadril no início do ciclo da
marcha.
MFQA
Mínimo de flexão de quadril na fase
de apoio o que representa a
capacidade de extensão de quadril
durante esta fase do ciclo da marcha.
CIJ
Valor do ângulo de flexo-extensão
do joelho no contato inicial o que
representa a posição da articulação
do joelho no inicio do ciclo da
marcha
MFJA
Valor mínimo de flexão de joelho em
apoio simples, representando o
capacidade de extensão de joelho
durante a fase do ciclo da marcha
PFJB
Pico de flexão do joelho na fase de
balanço, o que representa a
capacidade de flexão da articulação
do joelho durante esta fase do ciclo
da marcha
CIT
Valor do ângulo da articulação do
tornozelo
no
contato
inicial,
representando
a
posição
da
articulação no inicio da marcha.
PDTA
Pico de dorsiflexão do tornozelo
durante a fase de apoio o que
representa
a
capacidade
de
dorsiflexão na articulação de
tornozelo.
MDTA
Valor mínimo de dorsiflexão da
articulação do tornozelo na fase de
apoio, representando a capacidade
plantar da saída dos dedos
PDTB
Pico de dorsiflexão do tornozelo
durante a fase de balanço o que
representa
a
capacidade
de
dorsiflexão na articulação de
tornozelo.
Tratamento dos dados.
Comprimento do passo (CP)
Distancia longitudinal de um pé ao
outro, normalizado pela altura dos
sujeitos
Largura do passo (LP)
Distancia médio-lateral entre os 2
pés, durante o apoio duplo.
Cadencia (C)
Medida de passos por minuto
CINEMÁTICA (GRAUS)
As coordenadas tridimensionais dos marcadores serão
filtradas a fim de minimizar as variações provenientes de
erros de medição. O filtro que será utilizado para o
tratamento dos dados será o filtro digital Butterworth de 5a
ordem, com uma freqüência de corte de 6 Hz.
Na apresentação dos resultados da cinemática angular, os
ângulos serão plotados em função da porcentagem do ciclo
de marcha.
Procedimentos experimentais.
IDENTIFICAÇÃO
AMP
Amplitude de movimento na
articulação pélvica no plano sagital
durante o ciclo, calculado como a
diferença entre os valores máximo e
mínimo do passo.
CIQ
Valor do ângulo de flexo-extensão
do quadril no contato inicial, o que
representa a posição da articulação
Inicialmente cada participante assinará um termo de
consentimento livre e esclarecido e os dados antropométricos
serão coletados. A pesquisa está em análise pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia,
conforme protocolo número 128/11.
Após a coleta dos dados antropométricos, haverá a
familiarização das crianças ao ambiente. As crianças poderão
se deslocar livremente pelo espaço por 10 minutos, sem
utilizar calçado algum.
Após reconhecimento do espaço físico, as crianças ficarão
vestidas com um biquíni ou uma sunga, sem utilizar nenhum
calçado, serão colocados os 32 marcadores, dispostos nos
segmentos corporais.
Para calibração das câmeras a criança deverá ficar em pé,
com os braços estendidos lateralmente, na altura dos ombros.
Após calibração e sincronização, as crianças caminharão por
6,00 metros em linha reta, por 3 vezes. A velocidade da
caminhada será auto-selecionada.
Feita a coleta dos dados cinemáticos, as crianças poderão
começar o treinamento na musculação. As crianças farão uso
destes exercícios por 3 meses e então haverá uma nova coleta
tanto de dados antropométricos como de dados cinemáticos
para fazer comparação da marcha, entre o antes e o depois da
aplicação dos exercícios resistidos.
Protocolo dos Exercícios Resistidos.
Os exercícios serão aplicados por 3 meses para que haja
uma nova coleta de dados. Serão selecionados para serem
aplicados na pesquisa, exercícios que irão trabalhar não
somente a parte de membros inferiores como também parte
dos membros superiores e tronco.
Na 1a e 2a semanas serão 2 vezes na semana com duração de
1 hora. Apartir da 3a semana, serão 3 vezes por semana, até a
6a semana com duração de 1 hora e da 7a a 12a semana com
duração de 50 minutos.
As primeiras 6 semanas serão de adaptação, serão realizados
os exercícios Leg press 45º, Sentar e levantar de uma cadeira,
Supino Reto, Rosca direta com Halteres – Bilateral, Mesa
Flexora, Tríceps no Cross Over, Abdominal - Elevação do
Tronco (Ampli. Reduz.), Passadas, Remada com Pegada
Aberta, Lombar Isométrico.
As próximas 6 semanas serão de resistência muscular, onde
o trabalho se intensifica, devido ao número elevado de
repetições, mesmo sendo com a carga mais baixa. Neste
período serão realizados os exercícios Leg press 45º,
Agachamento 90o, Supino Reto, Rosca direta com Halteres –
Bilateral, Mesa Flexora, Tríceps no Cross Over, Abdominal Elevação do Tronco (Compl. s/ auxi.), Passadas, Remada
com Pegada Aberta, Lombar na mesa flexora.
Nesses 3 primeiros meses o intuito deste treinamento é
promover um ganho mínimo de força e resistência muscular
para que a marcha dessas crianças possa melhorar também.
Análise Estatística.
Os valores da média±desvio padrão dos parâmetros espaçotemporais e cinemáticos mostrados na Tabela 1 serão
calculados. Duas análises serão processadas, uma anterior ao
inicio do treinamento resistido e outra após intervenção. As
medidas realizadas a posteriori serão comparadas com as
realizadas a priori para quantificar a mudança no padrão de
marcha do paciente após a realização do exercício resistido.
Para análise dos dados será utilizado o teste ANOVA two
way (análise de variância para medidas repetidas) com
p<0,05 e teste de Duncan post hoc com p<0,05.
IV. RESULTADOS
Os resultados esperados com essa pesquisa são:
• Determinar as alterações na marcha de crianças com
PC nível I .
• Determinar as alterações na marcha de crianças com
PC nível II .
• Quantificar essas alterações tanto nos parâmetros
espaço-temporais analisados quanto na cinemática
angular.
• Comparar os dados coletados pré e pós treinamento
resistido para averiguação da influência dessa
atividade sobre o padrão de marcha do indivíduo.
• Comparar a marcha inicial de crianças com PC com
a de crianças normais, e da marcha após intervenção
destes mesmos grupos.
V. DISCUSSÃO
Alguns estudos (Damiano, 1995; MacPhail & Kramer,
1995; Dodd et al, 2003) vem relatando como efeito do
exercício físico, um aumento na força muscular dos membros
inferiores e da função em crianças com PC.
No estudo de Verschuren, 2007, encontrou-se resultados de
melhora de 38% da capacidade aeróbia dos participantes e de
25% da capacidade anaeróbia, através do treinamento
aeróbio e resistido. Encontraram ainda melhora na agilidade
(15%), força muscular de membros inferiores (20%). O
grupo treinado apresentou melhoras significativas em relação
ao grupo não treinado em atividades globais e físicas.
Outros estudos relatam que crianças com paralisia cerebral
são mais fracas (Brow, 1991; Stackhouse, 2005), têm menos
resistência (Campbell, 1978; Unnithan, 1996) e exibem
nível de atividade física reduzida (Bjornson, 2007; Van den
Berg-Emons, 1995) comparadas com crianças sem PC.
De acordo com Fowler (2007) a fraqueza muscular é uma
deficiência primária em crianças com PC. Pesquisas mostram
que a produção de força muscular podem ser melhoradas
em crianças com PC (Damiano, 1995; O’Connell, 1995)e
principalmente o ganho funcional de força, (Blundell, 2003;
MacPhail, 1995).
A insuficiente geração de força foi atribuída à diminuição
da ativação central ou unidade neuronal, coativação
imprópria de grupos musculares antagonistas (Elder, 2003;
Rose, 2005; Stackhouse, 2005), miopatia secundária (Friden,
2003; Rose, 1994) e fisiologia muscular alterada.
Neste contexto, este trabalho se propõe a investigar a
influência do treinamento resistido na melhoria da aptidão
física nesta população.
VI. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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