Texto curatorial
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Texto curatorial
Programando o Visível apresenta seis obras de Harun Farocki: Paralelo I-IV (2012-2014), Interface (1995) e Frases de impacto, imagens de impacto. Uma conversa com Vilém Flusser (1986). Harun Farocki (1944-2014) é um artista e cineasta reconhecido internacionalmente por suas leituras políticas radicais das imagens do mundo e realizou mais de 120 filmes e obras artísticas. Tendo feito filmes inspirados em Brecht e Godard e sendo reconhecido por seus filmes-ensaios, Farocki migra para o universo da arte contemporânea, realizando filme-instalações preocupados com a relação máquina, imagem e o humano. Farocki realizou trabalhos colaborativos para espaços públicos, workshops, editou e produziu filmes, escreveu trabalhos intelectuais e críticos interrogando a natureza da imagem. A partir de 2007 o artista inicia sua investigação sobre simulação e a imagem gerada por computadores. Programando o Visível apresenta parte deste universo de Farocki e pretende refletir sobre a natureza das imagens do século XXI, abordando o deslocamento das imagens captadas por aparelhos ópticos para as imagens construídas por algoritmos. As últimas obras realizadas por Farocki, Paralelo I-IV examinam as imagens de jogos de computador, suas relações com a "primeira pessoa" e a ausência do traço da realidade como referência para imagens construídas por códigos computacionais. Para analisar os games, Farocki não apenas resgata a reflexão sobre a invenção da perspectiva na construção do universo Renascentista, mas também o debate sobre a fotografia como meio que libera a pintura de sua busca de semelhança com a realidade. Pergunta se o computador desempenhará funções anteriormente assumidas pelo filme que, por sua vez, ficará liberado para outras funções. Arrisca a dizer que os criadores das imagens geradas por computador não querem atrair um “bando de pássaros gregos”, referindo-se a Zeuxis e à ilusão das uvas, “mas produzir as criaturas que habitarão seu paraíso”. Para colocar em perspectiva as questões que agora são dirigidas às imagens geradas pela máquina computacional, Programando o Visível apresenta dois trabalhos anteriores do artista: Interface e Frases de impacto, imagens de impacto. Uma conversa com Vilém Flusser . Interface reflete sobre seu gesto de realizar filmes a partir de imagens existentes. Esta obra marca a passagem do artista para o universo das instituições de arte. No documentário Frases de impacto, imagens de impacto, Farocki pede ao filósofo para analisar o jornal sensacionalista Bild Zeitung. Os livros sobre fotografia e imagens técnicas de Flusser influenciaram inúmeras obras do artista. Estes dois últimos trabalhos dialogam com a obra recente de Farocki, evidenciando sua forma de interrrogar as imagens até o limite e refletindo sobre o meio pelo qual elas são produzidas. Harun Farocki não se deixa seduzir pela imagem nova, produzida pelos novos meios e também não é dominado pelo fetiche das imagens produzidas pelos meios antigos. Com o seu trabalho, os universos paralelos dos jogos de computador encontram as histórias paralelas das imagens e suas composições. Jane de Almeida Curadora