o centro histórico, o porto e a cidade

Transcrição

o centro histórico, o porto e a cidade
SÃO PAULO - BRASIL
SÃO PAULO - BRASIL
SANTOS
O CENTRO HISTÓRICO,
O PORTO E A CIDADE
SANTOS: O CENTRO HISTÓRICO, O PORTO E A CIDADE
THE HISTORICAL CENTER,
THE PORT AND THE CITY
cínio
base.indd 1
01/03/2013 18:43:01
EXPEDIENTE/STAFF
Coordenação Editorial/Editorial Coordinator
Peter Milko
Editora Executiva/Executive Editor
Martha San Juan França
Diretor de Arte/Art Director
Marco Cançado
Texto/Text
Sérgio Vilas Boas
Arte/Art
Luciana Huber, Renato Canonico
Fotografias/Photographs
João Correia Filho
Mapas/Maps
Sirio Cançado
Ilustrações/Illustrations
Sirio Cançado
Pesquisa/Research
Elisa Rojas
Revisão/Proofreading
Marcos Thadeu Fernandes
Imagem do satélite Landsat5 mostra a ilha de
São Vicente no litoral do Estado de São Paulo.
Cor vermelha aponta áreas urbanizadas
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação
pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer meio
sem a permissão por escrito da Audichromo Editora Ltda.
Image from the Landsat 5 satellite shows the São
Vicente Island, on the coast of São Paulo state.
Urban areas are shown in red
Santos: Centro Histórico, Porto e Cidade
São Paulo/São Paulo – Brasil
Copyright Audichromo Editora Ltda. 2005
Editora Horizonte Geográfico
Av. Arruda Botelho, 684 – 5º andar
CEP 05466-000 – São Paulo, SP, Brasil
Tel.: 55-11-3022-5599. Fax: 55-11-3022-3751
e-mail: horizonte@horizontegeografico.com.br
Internet: www.horizontegeografico.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
(CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Vilas Boas, Sérgio
Santos: Centro Histórico, Porto, Cidade / Sérgio Vilas
Boas; tradução Kátia Pereira, ilustrador Sirio Cançado,
fotografias João Correia Filho. — São Paulo: Audichromo
Editora, 2005
Ed. bilíngüe: português/inglês.
1. Fotografias - Santos (SP) 2. Locais históricos - Santos
(SP) 3. Monumentos - Santos (SP) 4. Patrimônio histórico
- Santos (SP) 5. Prédios históricos - Santos (SP) 6. Santos
(SP) - Descrição 7. Santos (SP) - História I. Cançado, Sirio.
II. Correia Filho, João. III. Título.
05-6221
CDD-981.612
Sumário/Summary
Índices para catálogo sistemático
1. Santos: São Paulo: Estado: Patrimônio histórico 981.612
Versão para o inglês/English Version
Kátia Pereira Limongi França
Projeto Gráfico/Graphic Design
Chico Max
Produção Gráfica/Graphic Production
Mauro de Melo Jucá
Bureau/Bureau
Augusto Associados
Páginas 6/7
Deque do porto, de onde se pode ver a passagem de navios de carga e passageiros
Deck of the port, from where one can observe cargo and passenger ships
Impressão/Printing
Prol
Página 8
Vista de Santos: cidade tem 418.255 habitantes, segundo dados do IBGE em 2004
View of Santos: the city has 418,255 inhabitants, according to the 2004 census
00_ABERTURA ORIGINAL.indd 4
Vila do açúcar/Sugar village
14
A capital do café/Coffee capital
36
Trilhos e trilhas/Rails and trails
54
Cais e canais/Docks and canals
72
Cidade-porto/City-port
90
Versão em inglês/English version
112
Referências bibliográficas/Bibliographic references
128
Agradecimentos/Acknowledgements
129
Apoio Institucional
21/10/2005 10:42:57
00_ABERTURA ORIGINAL.indd 5
21/10/2005 10:43:40
00_ABERTURA ORIGINAL.indd 6
base.indd 2-3
21/10/2005 10:44:38
00_ABERTURA ORIGINAL.indd 7
21/10/2005 10:46:22
01/03/2013 18:43:02
SÃO
SÃO PAULO
PAULO -- BRASIL
BRASIL
SANTOS
O CENTRO HISTÓRICO,
O PORTO E A CIDADE
SANTOS
THE
THE HISTORICAL
HISTORICAL CENTER,
CENTER,
THE
THE PORT
PORT AND
AND THE
THE CITY
CITY
Apoio
Realização
00_ABERTURA ORIGINAL.indd 8
base.indd 4-5
21/10/2005 10:46:41
00_ABERTURA ORIGINAL.indd 9
Patrocínio
21/10/2005 10:47:01
01/03/2013 18:43:03
Engenho São Jorge dos Erasmos
marítimos e minas de cobre e praO mais antigo vestígio do período
ta na Alemanha. Por volta de 1525,
do açúcar na Capitania de São
Erasmos estendeu seus negócios
Vicente é o Engenho dos Erasmos,
à Antuérpia, Bruxelas e Amsterdã.
cuja construção começou em 1534.
Além dos alemães e belgas, os
Este é um dos três primeiros (histoSchetz tinham relações comerriadores divergem a esse respeito)
ciais com italianos, holandeses,
engenhos de açúcar do Brasil, e
franceses, portugueses e até com
funcionou até o século 18. Produziu
os jesuítas. Entre 1593 e 1612, os
também rapadura e aguardente
Schetz tentaram vender o Engenho
para consumo local.
várias vezes.
Nos primórdios, era chamado de
Segundo pesquisadores, as ruíEngenho do Governador ou Engenas deste engenho, que aproveitava
nho de São Jorge. Logo se tornou
as quedas d’água do rio São Jorge
propriedade da família Schetz, da
no atual bairro da Caneleira ou
Antuérpia (Bélgica), por intermédio As ruínas do Engenho dos Erasmos foram tombadas pelo Patrimônio Histórico
Morro da Cachoeira, não oferecem
do flamengo Johan Van Hielst (os (atual Iphan) em 1963 e integradas ao acervo da Universidade de São Paulo.
O engenho é considerado um dos três mais antigos do Brasil
condições para formulações de
portugueses o chamavam de João
The
ruins
of
the
Erasmos
Mill
were
declared
a
Historic
Landmark
in
1963
and
hipóteses consistentes sobre sua
Veniste ou João Visnat). Vaniste
integrated with the collection of the University of São Paulo. It is one of the
forma original. Atualmente, o local
ou Visnat montou sociedade com
three oldest mills in Brazil
parece um sítio arqueológico intriMartim Afonso de Souza, Pero Lopes
gante. Escavações e prospecções
de Souza, Francisco Lobo e Vicente
Gonçalves em 1533. Os acionistas desta compa- apogeu do Engenho de São Jorge dos Erasmos indicaram a existência de um cemitério que
foi sob a direção da família Schetz”, escreveu pode ser do século 16.
nhia eram chamados “Armadores do Trato”.
Pesquisadores também fizeram compaA sociedade se desfez quando Martim Afonso a arqueóloga Margarida Andreatta.
Originários da Francofonia ou Achen (Aquis- rações do Erasmos com outros engenhos do
viajou para as Índias e seus sócios se negaram
a dar recursos para a continuidade do em- grania), atual área de fronteira entre Holanda, litoral paulista da mesma época. Uma evidênpreendimento. Só Van Hielst permaneceu no Bélgica e Alemanha, os Schetz iniciaram suas cia importante, em termos comparativos, é a
negócio. Erasmos Schetz comprou a parte dos atividades por volta de 1500, por iniciativa do instalação do engenho sobre um planalto do
demais em 1540 e, anos depois, incorporou patriarca Coenraedt Schetz. Erasmos Schetz, terreno ampliado pela construção de muros
também a parte de Van Hielst. “Sem dúvida, o o filho, possuía uma casa bancária, seguros de arrimo.
FUI A0 ITORORÓ/BEBER ÁGUA E
NÃO ACHEI/ADEUS BELA MORENA/
QUE NO ITORORÓ DEIXEI...
A música cantada pelas crianças em todo
o Brasil tem origem santista. Segundo o
escritor Olavo Rodrigues, a fonte, situada
no sopé do Monte Serrat, era “servida por
água límpida e cristalina, que brotava da
rocha a meio caminho do lendário morro”
e era usada para uso doméstico, quando a
cidade não dispunha de rede abastecedora.
O nome Itororó denominava a fonte e um
riozinho junto aos quais, desde 1532,
foram estabelecidas roças e moradias dos
principais povoadores da primitiva vila de
Santos. A atual Biquinha de Itororó, situada
no início da escadaria que dá acesso ao alto
do Monte Serrat, recebeu placa alusiva em
anos recentes.
incendiaram engenhos de cana. Roubaram praticamente todo o dinheiro
encontrado na Vila, levaram armas e jogaram a imagem de Santa Catarina
no mar. Em segundo ataque, houve luta entre os moradores e os corsários e
quase todos os piratas que desembarcaram foram mortos.
Outro inimigo de Santos foi o corsário holandês Joris van Spilbergen, que
comandava cinco navios. Em 1615, este corsário invadiu os engenhos da
região, incluindo o São Jorge dos Erasmos. Spilbergen queria obter alimentos
frescos. Os piratas então seqüestraram um navio português para trocar por
suprimentos. Como nada conseguiram, incendiaram o Engenho dos Erasmos.
Os combate entre os moradores e os holandeses foram intensos. Vencido,
Spilbergen soltou quatro prisioneiros que fizera e seguiu para o Sul levando
um refém brasileiro, que só seria libertado no Chile.
Defesa a toda prova
A Baixada Santista é rica em fortes, mas pouca coisa restou especificamente no atual território do município de Santos, onde existiu o Forte da Vila,
construído por volta de 1543, demolido na época da construção do cais pela
Companhia Docas de Santos, no final do século 19. O Forte da Vila ficava nas
proximidades da alfândega de hoje (na atual Praça da República).
30 - SANTOS: O CENTRO HISTÓRICO, O PORTO E A CIDADE
01_CAPITULO 01_REV2.indd 30
base.indd 8-9
SANTOS: O CENTRO HISTÓRICO, O PORTO E A CIDADE - 31
21/10/2005 11:15:49
01_CAPITULO 01_REV2.indd 31
21/10/2005 11:16:10
01/03/2013 18:43:04
3
Bonde na praia do Gonzaga, Praça das
Bandeiras: posto de informações turísticas
Streetcar on Gonzaga Beach, Bandeiras Plaza:
tourist information
A Estrada de Ferro Santos-Jundiaí galga a Serra
do Mar e passa por São Paulo
The Santos-Jundiaí Railway climbs the Serra do Mar
coastal mountains and runs through São Paulo
Trilhos e trilhas
Um porto sem trilhos e estradas conectadas aos centros de produção é
como uma cidade sem ruas. Antes da inauguração da primeira ferrovia paulista, em 1867, que ligou Santos a São Paulo e Jundiaí, muitos caminhos foram
abertos a facão e machado na Serra do Mar. Quando descemos hoje a Rodovia
dos Imigrantes em carro confortável não imaginamos os 350 anos de dureza
que era essa viagem.
O Padre José de Anchieta (1534-1597) descreveu assim as dificuldades de se
transpor “a muralha da Serra do Mar”: “A quarta vila na Capitania de São Vicente
é Piratininga, que está dez ou doze léguas pelo sertão e terra adentro. Vão por lá
umas serras tão altas que dificultosamente podem subir nenhuns animais e os
homens sobem com trabalho e às vezes de gatinhas por não se desempenharem,
e por ser o caminho tão mau e ter tão ruim serventia padecem os moradores e
os nossos grandes trabalhos”.
Os caminhos de Cubatão a São Paulo, que galgavam a Serra de Paranapiacaba,
na segunda metade do século 18, achavam-se em condições de quase intransitabilidade, tanto para viajantes quanto para tropas que conduziam mercadorias.
As reclamações dos interessados no tráfego por aquelas bandas chocavam-se
contra a habitual inércia dos governantes. A metrópole portuguesa, sequiosa pelo
ouro das Minas Gerais, simplesmente abandonara a Capitania de São Vicente à
54 - SANTOS: O CENTRO HISTÓRICO, O PORTO E A CIDADE
03_CAPITULO 03_REV2.indd 54
base.indd 10-11
SANTOS: O CENTRO HISTÓRICO, O PORTO E A CIDADE - 55
21/10/2005 11:25:46
03_CAPITULO 03_REV2.indd 55
21/10/2005 11:26:30
01/03/2013 18:43:06
Palacete do Real Centro Português de Santos
ostenta estilo neomanuelino do começo do
século 20. O prédio foi tombado pelo Patrimônio
Histórico. Possui portas e janelas em arcos
redondos, entre colunas com formato de troncos
Além disso, os fazendeiros temiam que os imigrantes se dispersassem antes
de assinar os contratos.
Portugueses e espanhóis, principalmente, desciam em Santos com ocupações urbanas definidas e sustentadas, em muitos casos, por redes de relações
familiares e pessoais. Segundo historiadores, a maioria dos portugueses vinha
com “cartas de chamada” de parentes ou amigos que se tornavam responsáveis
pela instalação e inserção social dos recém-chegados.
Os estrangeiros pobres residentes em Santos eram trabalhadores portuários,
carroceiros, pedreiros, alfaiates, caixeiros, vendedores de leite, empregados de
barbearias, de lojas de secos e molhados, de charutarias, etc. Suas presenças na
cidade eram marcantes, e uma boa parte deles vivia sistematicamente envolvida
em “agitações ruidosas”, no trabalho ou em casa. Centenárias instituições,
como o Real Centro Português, o Centro Español e Repatriación e a Società
Italiana di Santos, surgiram na época do boom da imigração.
A Hospedaria dos Imigrantes santista, um prédio grande (Rua Silva Jardim, 95),
acabou servindo de armazém para café e bananas, além de garagem da Secretaria
de Segurança Pública. O imóvel foi tombado em 1998 pelo Conselho de Defesa do
Patrimônio Histórico e Cultural de Santos (Condepasa) e, ao longo das últimas
décadas, serviu a várias atividades, como academia de boxe, funilaria e oficina
mecânica de empresas vinculadas aos serviços da estiva. Em agosto de 2005, foi
assinado pelo governo do Estado de São Paulo um termo de cessão do edifício para
abrigar o campus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em Santos.
The mansion of the Royal Portuguese Center in
Santos is in the neo-Manuelino style of the
early 20th century. The building was declared
a historic landmark by the Historic Patrimony.
It has doors and windows with rounded arches,
between slender columns in the shape of trunks
KASATO MARU
No dia 18 de junho de 1908, aportava em
Santos o navio Kasato Maru, construído
por um estaleiro inglês, tendo a bordo
um total de 781 japoneses. Era o início
de uma saga que resultaria na presença
hoje de quase 1,5 milhão de nikkeis no
Estado. Segundo comentou o jornalista
Amândio Sobral no “Correio Paulistano”,
jornal da época: “Essa primeira leva
de imigrantes japoneses entrou nesta
terra com bandeiras brasileiras de seda,
feitas no Japão, trazidas de propósito
para nos serem amáveis. Delicadeza fina,
reveladora de boa educação”.
70 - SANTOS: O CENTRO HISTÓRICO, O PORTO E A CIDADE
03_CAPITULO 03_REV2.indd 70
base.indd 12-13
A Hospedaria dos Imigrantes, prédio em estilo
eclético de tijolos aparentes, será utilizada como
campus da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp) em Santos
The Immigrants Inn, with its eclectic style and
brick face, will be a part of the Federal University
of São Paulo campus
SANTOS: O CENTRO HISTÓRICO, O PORTO E A CIDADE - 71
21/10/2005 11:34:37
03_CAPITULO 03_REV2.indd 71
21/10/2005 11:38:50
01/03/2013 18:43:09
Canais
Em 1844, ocorrera em Santos a primeira epidemia de febre amarela. Desde
então, essa e outras moléstias passaram a aterrorizar a cidade permanentemente. Em 1889, às vésperas da inauguração do primeiro trecho de 260 metros
de cais pela Companhia Docas de Santos (CDS), a febre amarela vitimou 4%
da população residente.
Construída sobre terrenos de antigos mangues e rodeada por áreas pantanosas, de clima quente e úmido e calores prolongados, Santos tinha todas as
condições favoráveis à malária, varíola, febre amarela, febre tifóide e peste
bubônica. Contribuía para isso a enorme quantidade de cortiços, a falta de
uma rede de esgotos e de um sistema de abastecimento de água.
Entre 1890 e 1900, registraram-se oficialmente 22.588 mortos por causa dessas doenças. Não custa lembrar que a população de Santos era relativamente
pequena na época: 13,5 mil habitantes em 1890, 50 mil em 1900. As taxas de
mortalidade eram altíssimas. “Morria-se em Santos mais do que nascia-se.
Entre 1889 e 1897, a natalidade foi sempre inferior à mortalidade”, lembra
Alcindo Gonçalves em seu “Lutas e Sonhos”.
Combater as epidemias era prioritário, uma questão humanista mais do
que sanitária, mas também econômica. Em situação de calamidade, os navios
ancorados tinham de fazer quarentena, afetando o comércio, única fonte de
renda de Santos. A própria CDS tinha interesse em resolver o problema. Paralelamente à construção e expansão do cais do porto, então, empreendeu-se
um vigoroso trabalho de saneamento da cidade.
O caos seria contornado com vacinações, demolição de cortiços e cocheiras e com um projeto de saneamento geral, entre outras medidas. Criou-se
uma Comissão Sanitária, chefiada por Saturnino de Brito, para enfrentar as
epidemias. A primeira conclusão da Comissão foi de que a cidade de Santos
precisava ser totalmente repensada e reordenada urbanisticamente.
Neste ponto, o arquiteto Ruy Debs Franco, professor da Unisantos, pede um
parêntese: “Porque esse foi um dos projetos mais importantes para a cidade de
78 - SANTOS: O CENTRO HISTÓRICO, O PORTO E A CIDADE
04_CAPITULO 04_REV3.indd 78
base.indd 14-15
Cerimônia de inauguração do Canal 1: cimento
armado e extensas avenidas arborizadas.
Inicialmente, os canais estavam previstos para
serem navegáveis, como uma alternativa ao
transporte urbano e ao turismo
Inauguration ceremony of Canal 1: reinforced
concrete and long tree-lined avenues. At first,
the canals were supposed to be navigable, as
an option to urban transportation and tourism
Até hoje, os canais de Santos drenam águas
pluviais, que são renovadas também pela força
das marés por um sistema de comportas
Until now, pluvial waters are drained by the
canals of Santos. The waters are renovated
by the tides too, in a system of floodgates
SANTOS: O CENTRO HISTÓRICO, O PORTO E A CIDADE - 79
21/10/2005 11:46:14
04_CAPITULO 04_REV3.indd 79
21/10/2005 11:46:32
01/03/2013 18:43:11
5
Cidade-Porto
Lazer em Santos: a partir dos anos 1990,
tudo convergiu novamente para o mar
Leisure in Santos: from the 1990s on,
everything returned to the sea
5.335 metros ao longo de 7 quilômetros de
praias: o maior jardim frontal de praia
5,335 meters along seven kilometers of beaches:
the world’s largest beach garden
No final da década de 1940, com a inauguração da Via Anchieta, o prefeito
Aristides Bastos Machado já havia pavimentado várias avenidas e realizado
o primeiro trecho do jardim à beira-mar, que entraria para o Guinness Book
of Records. À beira-mar ficavam as mansões. Marapé, Campo Grande, Jabaquara, Macuco, Embaré e Ponta da Praia eram bairros quase descampados.
Em linhas gerais, Santos era uma cidade calma e aprazível, agora com água
encanada e rede de esgoto.
O Centro Histórico, do Outeiro de Santa Catarina ao Santuário do Valongo,
ficava cada vez mais distante das atenções. Os olhos dos santistas se voltavam
para a praia. Depois da recessão decorrente da Segunda Guerra (1939-1945),
Santos conheceu sua grande explosão demográfica, turística e urbanística.
A febre imobiliária acabaria com as grandes mansões das avenidas da praia,
ocupando suas áreas com grandes e sofisticados prédios de apartamentos de
vários tamanhos. Os paulistanos, especialmente, procuravam kitchenettes
para os períodos de férias e fins de semana.
“Esse fenômeno imobiliário à beira-mar fez com que as famílias mais
abastadas e mais tradicionais de Santos se concentrassem num bairro que
floresceu com muito luxo, conhecido como Vila Rica, que compreendia da
Avenida Ana Costa à Conselheiro Nébias, a partir da segunda e terceira
90 - SANTOS: O CENTRO HISTÓRICO, O PORTO E A CIDADE
05_CAPITULO 05_REV2.indd 90
base.indd 16-17
SANTOS: O CENTRO HISTÓRICO, O PORTO E A CIDADE - 91
21/10/2005 11:52:59
05_CAPITULO 05_REV2.indd 91
21/10/2005 11:53:14
01/03/2013 18:43:14
14
11
15
13
5
2
1
22
17
18
19
21
4
3
20
23
12
6
7
16
8
9
10
1
2
3
4
5
6
7
8
9
TERMINAIS
PARA
ARMAZENAR
E EMBARCAR
AÇÚCAR EM
SACOS E A
GRANEL
TERMINAL
ARRENDADO À
VOTORANTIM
PARA
EXPORTAÇÃO
DE CELULOSE
TERMINAIS
PARA
ARMAZENAR
E EMBARCAR
TRIGO E
SÓLIDOS A
GRANEL
TERMINAL
DE CARGAS
GERAIS
CHAMADO
DE CAIS DE
OUTEIRINHOS
ILHA
BARNABÉ
ARMAZENA E
MOVIMENTA
PETRÓLEO
E SEUS
DERIVADOS
TERMINAL DE
CONTÊINER
1E2
ÁREA DE
EXPANSÃO EM
CONSTRUÇÃO
(118 MIL M2
E 250M DE
CAIS)
TERMINAL
MOVIMENTA
1,5 MILHÃO
DE TON. DE
FERTILIZANTES
POR ANO
TERMINAL
ARRENDADO
PARA A
CARGILL PARA
EMBARQUE
DE SOJA E
AÇÚCAR
10
TERMINAL
DE SUCOS
CÍTRICOS
E GRANÉIS
SÓLIDOS DA
CUTRALE
11
TERMINAIS
MARÍTIMOS
PRIVATIVOS
DA COSIPA E
DA FOSFÉRTIL
12
13
14
15
16
PRAIA DO
GÓES,
COLÔNIA DE
PESCADORES
BAÍA DE
SANTOS
PRAIA
GRANDE
SÃO VICENTE
CORREDOR DE
EXPORTAÇÃO
DE SOJA,
FARELO E
TRIGO
100 - SANTOS: O CENTRO HISTÓRICO, O PORTO E A CIDADE
05_CAPITULO 05_REV2.indd 100
base.indd 18-19
17
SILOS DE
TRIGO EM
CONSTRUÇÃO
VERTICAL
ARRENDADO
À
MULTICARGO
18
TERMINAL
DE SUCOS
CÍTRICOS A
GRANEL
19
TERMINAL
DO SAL
20
21
22
23
TERMINAL DE
PASSAGEIROS
PONTE
FERROVIÁRIA
PRAIAS DE
SANTOS
VICENTE DE
CARVALHO,
DISTRITO DE
GUARUJÁ
SANTOS: O CENTRO HISTÓRICO, O PORTO E A CIDADE - 101
21/10/2005 11:56:01
05_CAPITULO 05_REV2.indd 101
21/10/2005 11:56:16
01/03/2013 18:43:15
como cidade da Aids nos anos 1980. A cultura da boemia, da valentia, da
prostituição e das drogas cedia lugar à cultura do medo. Além de mercadorias,
pela zona do porto transitava diariamente o vírus HIV.
De 1994 a 2003, vários projetos de prevenção foram desenvolvidos nas
imediações do porto. Um exemplo foi o Projeto Porto Seguro, destinado exclusivamente a portuários. Esse projeto ajudou a aumentar a consciência dos
portuários em relação ao uso de camisinhas e seringas descartáveis. Juntamente com outros programas, o tema seria alvo de reportagens internacionais,
como uma no “The Wall Street Journal”, de julho de 1996, que louvava o fato de
Santos ter sido uma das “poucas cidades do mundo a assumir o compromisso
de fornecer o coquetel de medicamentos regularmente”.
Insalubridades e glórias são “amostras sociológicas”, que revelam as íntimas
relações cidade-porto, apesar dos muros e cercas que os dividem. Fisicamente,
aliás, o porto de fato se encaminhou para o isolamento máximo, como todos
os portos brasileiros, aliás. Todos estão implementando o ISPS Code (sigla
em inglês para Código Internacional para Segurança de Navios e Instalações
Portuárias). Significa separar porto e cidade na medida do possível.
Atualmente, a população ainda consegue acessar ou mesmo atravessar o
cais em alguns pontos. As catraias, por exemplo, pequenas embarcações com
capacidade para 17 pessoas, navegam por estreitos canais que vazam o cais na
MONTE SERRAT
Os santistas elegeram o Monte Serrat
como uma das mais importantes atrações
turísticas da cidade. O acesso ao Monte
é feito por um bonde elétrico funicular
(tracionado por cabos) ou escadas, que
escalam 242 metros pela face frontal ao
cais. No topo do monte funcionou o Cassino
Monte Serrat, fechado em 1946, quando
decreto do então presidente Eurico Gaspar
Dutra proibiu o jogo no Brasil.
O edifício da Alfândega foi construído em 1934
pela Codesp e restaurado recentemente. O térreo
é revestido de granito e os quatro pavimentos
contam com mais de 90 janelas. No primeiro
andar, as janelas estão protegidas por 66 grades
de ferro com desenhos que simulam folhas de café
The Customs: building was built in 1934 by
Codesp and has been recently restored. The
ground floor is covered by granite and the four
floors have over 90 windows. On the first floor, the
windows are protected by 66 iron bars shaped
like coffee leaves
Estudos Socioeconômicos (Nese) da Universidade Santa Cecília (Unisanta),
de Santos, revelou o seguinte:
“Em linhas gerais, as transformações institucionais e operacionais do porto,
na década de 1990, produziram o seguinte efeito para os trabalhadores vinculados à Codesp: enquanto em 1º de janeiro de 1990 o número total era de 10.621,
em 31 de dezembro de 1999 havia sido reduzido para 1.967. A diminuição
de 8.654 trabalhadores com vínculo empregatício correspondeu a 81,5% do
contingente de uma década atrás. No ano 2000, esse processo teve prosseguimento, de tal modo que em janeiro de 2001 o número total de trabalhadores
com vínculo empregatício com a Codesp era de apenas 1.300”.
Mas até atingir essa diminuição implacável do contingente, outras mudanças
insinuavam-se. Enquanto o porto dava sinais de decadência e obsolescência nos
anos 1980, a cidade sofria com a poluição mortífera das indústrias e refinarias
de Cubatão, que chocou o país e revoltou ambientalistas. A situação só melhoraria com leis, manifestações públicas e cobertura intensiva da imprensa.
Fronteiras
Em meio a uma atmosfera sinistra, irradiada por Cubatão, Santos se tornava
refém de seu próprio contexto. A cidade que se orgulhava de seus recordes
– com o porto, com os jardins da orla, com o Santos Futebol Clube – se tornaria
campeã em outros campos. Em vez de Capital do Café, passou a ser lembrada
102 - SANTOS: O CENTRO HISTÓRICO, O PORTO E A CIDADE
05_CAPITULO 05_REV2.indd 102
base.indd 20-21
SANTOS: O CENTRO HISTÓRICO, O PORTO E A CIDADE - 103
21/10/2005 11:56:38
05_CAPITULO 05_REV2.indd 103
21/10/2005 11:56:52
01/03/2013 18:43:17
e long history of Santos – alst five centuries – can be mixed
h the History of Brazil. The city
vely participated in the most imtant mobilizations that led to the
ependence of Brazil, the Abolition
lavery, the Proclamation of the Reblic and the sttruggle for democracy.
ause of all that, the people from
tos take pride in some superlatives
heir hometown: having the Latin
erica´s largest port; having projecan international king, Pelé; and still
ng the world coffee capital, without
ing ever grown the plant. Santos is
rently undergoing a revitalization
ject, started in the 1990s, involving
sanitation of beaches, the recoy and restoration of its historical
dmarks, a strategic tourist project,
d reconfiguration of its port system.
s book navigates through some
damental episodes of the history
Santos. The main character is the
t; the backstage, the urbanistic
lution. Among other things, this
k aims at telling, in a narrative and
ual way, the story – from foundation
evitalization – of one of the most
portant cities in Brazil.
Esse livro sobre Santos compõe um painel
narrativo e visual de uma das mais importantes cidades brasileiras . O fio condutor é o
porto; o pano de fundo, a evolução urbanística
da cidade.
This book on Santos is a narrative and visual
panel of one of the most important brazilian
cities. The main character is the port; the
backstage, the urbanist evolution.
Vista aérea do jardim frontal das praias de Santos: 5.335
metros ao longo de 7 quilômetros de praia
An aerial view of the garden facing the beach in Santos:
5,335 meters along 7 kilometers of beach
Realização
Apoio
Patrocínio
RNAV2.indd 3
base.indd 22
01/03/2013 18:43:20

Documentos relacionados