revista abrase edição 0006

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revista abrase edição 0006
ABRASE
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES E COMERCIANTES
DE ANIMAIS SILVESTRES E EXÓTICOS
Revista Eletrônica Oficial
Número 6 - Fevereiro 2010
entre os conceitos de conservação e uso sustentável, pois a produção e a coleta ocorrem em
quase todos os ecossistemas, inclusive em
muitas áreas nas quais a conservação é o
objetivo principal de manejo. Para avaliar se
um recurso está sendo utilizado de maneira
sustentável ou não sustentável é preciso que
vários fatores sejam considerados, incluindo a
situação do recurso em questão, o impacto do
uso sobre o ecossistema do qual o recurso faz
parte, e o contexto sócio-econômico do uso do
recurso.
2010, Ano internacional
da Biodiversidade
.
Nota do Editor
Em dezembro de 2006, a ONU (Assembléia Geral das Nações Unidas) declarou 2010 como o
Ano Internacional da Biodiversidade. A Assembléia designou o secretariado da Convenção
sobre Diversidade Biológica (Convention on
Biological Diversity) como ponto focal para o ano
e convidou-o a cooperar com as outras agências
do Sistema das Nações Unidas, com acordos
multilaterais ambientais, com organizações internacionais, governos e outros atores, visando
chamar maior atenção internacional para a perda
contínua da biodiversidade.
.
Cabe a todos nós, da comunidade que trabalha
diretamente com a biodiversidade, encorajar as
pessoas leigas a descobrirem e admirarem a
diversidade que nos cerca, assim como perceber
seu valor e suas conexões com nossas vidas
para projetarem as conseqüências de sua perda.
Esta é a única forma de ensejarmos ações para
salvar este patrimônio do desaparecimento. Também é preciso relevarmos e noticiarmos os meios
pelos quais podemos salvar a biodiversidade,
informando ao grande público e convertendo-o
em ator e não mais em espectador.
.
Uma das maneiras mais importantes de tentar
preservar os bens e serviços ambientais para
as gerações futuras é assegurar que os componentes da biodiversidade sejam utilizados de
modo sustentável. Existe uma clara sobreposição
A criação de animais selvagens em cativeiro, seja para qual atividade comercial for, deve se
engajar nos fatores que alicerçam a sustentabilidade de qualquer recurso natural. Estes
fatores seriam mais sensivelmente pesados no
NESTA EDIÇÃO:
I-
2010, Ano Internacional
da Biodiversidade
II -
A criação de Pionites
leucogaster em cativeiro
III - Porque criar animais silvestres, seja do ponto de vista
ético, legal ou comercial
IV - O galo da rocha peruano
em cativeiro
pág.1
pág.2
pág.12
pág.15
V - IV Congresso da Aviornis
Assoc. Intl. de Criadores
de Aves Silvestres
pág.17
VI - Uma das maiores crises
da Biodiversidade mundial
pág.18
VII - O ganso de pescoço vermelho
e seu status no cativeiro
VIII - Reprodução de répteis:
conhecimentos básicos
IX - Avisos e propagandas
X - Eventos e Administração
pág.20
pág.23
pág.21
pág.27
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a fauna e cumpra os dispositivos legais já existentes sobre o tema. Ser um país com uma megabiodiversidade nos impõe obrigações com toda a
humanidade e não nos permite errar como temos
errado.
caso de que praticássemos o uso de nossos
recursos faunísticos através de capturas no meio
silvestre ou em manejos comerciais in-situ.
Ambos os casos não são os meios que o Brasil
adota, ainda que várias nações os adotem. Por
si só, a reprodução ex-situ enterra o processo de
subtração deste bem, a fauna, de seu habitat
natural. Assim sendo não há impacto nos ecossistemas e não põe em xeque a situação deste
recurso no seu ambiente natural, seja ele qual for.
A Diretoria - ABRASE
O uso da logo do IYB foi devidamente autorizado
à ABRASE pelo Secretariado da Convenção de
Diversidade Biológica (CDB Secretariat), baseado
em Montreal - Canadá, sob as normas previstas no
2010 Logo Waiver Submission.
A Convenção de Diversidade Biológica, através
das “Diretrizes de Bonn” e dos “Princípios de Adis
Abeba”, criou marcos definitivos de uma agenda
a ser seguida, no que concerne a garantia e ao
incentivo da utilização sustentável dos recursos
naturais. Enquanto o Brasil não define em sintonia com a CDB sua política pública para nossa
fauna, ficamos a mercê dos desastres que assolam nossos animais: O país vê dia a dia “sangrar”
seu patrimônio genético em conseqüência das
mais variadas formas de interferências antrópicas
em nossos ecossistemas. “No Brasil, 212 (5%)
das 4.196 espécies catalogadas pelo IUCN estão
sob o risco de extinção, sendo 68 criticamente
ameaçadas. Ao todo, 10 já estão extintas.”
ratifica a IUCN. Isto demonstra a inabilidade de se
perceber que problemas como desmatamento,
especulação imobiliária, expansão agrícola, obras
de hidrelétricas, entre outros vêm pesando incontestemente no nosso patrimônio faunístico, e não
o fato de se reproduzir animais em cativeiro, em
oposição de alguns aos mais óbvios conceitos
previstos na CDB. Como bem chamou a atenção
o Sr. Dener Giovanini, da ONG RENCTAS, “somente no ´resgate` dos animais da hidrelétrica de
Serra da Mesa mais de 200 mil espécimes foram
parar mortos em latões”.
CONSERVAÇÃO > CRIAÇÃO > REPRODUÇÃO
A criação de
Pionites leucogaster
em cativeiro
ABRASE
Pionites leucogaster, beleza de cores e
excelente animal “pet”.
AS SUBESPÉCIES DE MARIANINHA CABEÇA
AMARELA
.
.
Pionites l. leucogaster (Kuhl 1820)
Distribuição: No sul e leste do Amazonas, no
Pará e norte de Mato Grosso. Descrição: Sua
plumagem em geral é verde, a testa, à parte de
cima da cabeça, a nuca e as penas da região dos
ouvidos são alaranjados, os lados da cabeça e a
garganta são amarelos, o peito e o abdômen são
brancos, a região coberta pelo rabo é amarela, à
parte de cima das penas do rabo são verdes e o
lado inferior é escuro, o bico é rosa amarelado, o
círculo ao redor dos olhos é branco, sua íris é
vermelha e seus pés da cor de carne. Comprimento: 23 cm.
Enquanto nossas “autoridades” rechaçarem ou
burocratizarem a mais elementar e benéfica
forma de uso sustentável para nosso patrimônio
genético, que são os viveiros de reprodução
artificial de plantas e criadouros de animais selvagens, estarão à margem das normas e acordas quais é signatário, errando sistematicamente no foco de atenção e assinando o atestado de óbito de nossas espécies silvestres.
.
.tres
O ano de 2010 traz uma grande oportunidade de
se rever nossa política ambiental, particularmente
de fauna, todos estarão convergindo para ações
efetivas de conservação da biodiversidade. Será,
portanto, a chance para que nosso governo definitivamente crie um marco legal condizente para
.
Pionites l. xanthomeria (Sclater 1857)
Distribuição: Parte de superior do rio Amazonas
.
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Rio Amazonas, sendo encontrados também na
Bolívia, Perú e Equador. São freqüentadores de
copa de florestas de galeria, florestas úmidas de
terra firme, capoeiras e várzeas, sempre em áreas de florestas de zonas tropicais, especialmente ao longo de cursos de água. Vive geralmente aos pares ou em pequenos bandos.
Alimentam-se de sementes, frutos, pétalas e
néctar de flores e eventualmente pequenos
insetos. Fazem ninhos em orifícios naturais
de árvores que escavam para aumentálos,
entre 15 e 30 m de altura. Põem, em geral, de
2 a 3 ovos, de cor branco-amarelados. O Status
da espécie é considerado comum, mas a população está diminuindo em algumas localidades devido ao desmatamento. Está inserida no
Apêndice II da CITES, como todos os psitacídeos,
não fazendo parte de lista nacional de fauna
ameaçada.
Da esquerda para a direita vemos primeiramente a
P. l. xanthomeria, P. l. leucogaster e por fim a P.
I. Xanthurus. Diferenças são bem marcantes na
distribuição de cores. A subespécie xanthurus é a
mais rara em cativeiro.
.
Alguns dados da espécie: Tempo de incubação
dos ovos: 26 dias, em média. Temperatura de
incubação: 37,5º C. Umidade: 60 a 65%. Tamanho da anilha: 08 mm.
.
No mapa acima vemos a extensa área de ocorrência
da Pionites leucogaster, sempre a margem sul do rio
Amazonas. As áreas marcadas exibem a ocorrência
das subespécies, sendo a área menor, à esquerda a
da xanthurus, no centro a área da xanthomeria e à
direita a área da leucogaster.
CRIAÇÃO
EM
C AT I V E I R O
.
As marianinhas são espécies diurnas, apreciam
muita luz. É imperativo que recebam muita luz,
no estado do Amazonas, Brasil, do oeste ao leste
do Equador, Peru e Bolívia na província de Beni.
Descrição: Semelhante à leucogaster, mas as
coxas e os lados do corpo são amarelos, à parte
cima das penas do rabo é verde, lado inferior é
escuro, o círculo ao redor dos olhos é acinzentado, o bico é da cor de chifre com a base acizentada e os pés são cinza escuro. Comprimento: 23
cm.
.
Pionites l. xanthurus (Todd 1925)
Distribuição: Noroeste do Brasil, ao sul do Rio
Amazonas. Descrição: Semelhante à leucogaster,
mas a plumagem é geralmente mais clara, as
coxas, os lados do corpo, a região coberta pelo
rabo, a parte superior e inferior do rabo são amarelas, a parte mais baixa das costas é verde
entremeadas com amarelo. Comprimento: 24 cm.
.
O alto um pé de guarundi e à
direita, acima, o ingá e abaixo o bacuri. Estas espécies de
plantas oferecem frutos e flores à marianinha.
À esquerda uma marianinha
no pote de comida. Abaixo podemos ver as flores do bacurizeiro
(Synphonia globulifera) e do bacuri (Platonia insignis). Estas
flores formam o grupo de alimentos no ambiente natural.
Das três subespécies a P. l. Leucogaster é a mais
comum em cativeiro. As P. l. xanthomeria são
mais escassas e as P. l. xanthurus são bastantes
raras.
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Na natureza estes animais habitam ao sul do
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devendo-se oferecer um lugar sombreado para
onde escapar, no caso de receber luz solar direta.
Quando recebem muito sol e calor, levantam as
asas, abrem o bico e penas. Fazem isso para
aumentar a sua área de superfície para dissipar
o calor.
atento as refeições.
.
Os poleiros da gaiola devem ser pensados para
o animal, é importante que tenham diâmetros
adequados e que a madeira utilizada não seja
tóxica. Os poleiros não devem ser montados
todos na horizontal. Deve-se montar um ou dois
em ângulo íngreme vertical. As marianinhas são
boas escaladoras e subindo e descendo os poleiros lhes proporciona entretenimento e ajuda a
manter as unhas em bom estado.
.
Marianinhas são monomórficas, ou seja, machos
e fêmeas têm a mesma aparência. Há relatos de
verificação de sexo através de determinadas
características, mas estes não são confiáveis.
Desta forma, ao adquirir estes animais, deve-se
proceder num exame de DNA para a determinação de sexo dos espécimes.
.
Há outra coisa que se deve adicionar à gaiola
ou viveiro, brinquedos. Estes animais amam
brinquedos, principalmente os que fazem ruídos.
São excelente anti estresses. Assim, brinquedos
com sino, guincho ou chocalhos são muito bem
vindos, e pelo menos um feito de madeira macia
para o pássaro “mastigar”. Também apreciam
brinquedos coloridos, especialmente os de cores
vibrantes. Esses objetos podem fornecer a uma
marianinha horas de entretenimento.
.
R E C I N TO S PA R A C R I A Ç Ã O
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.
Gaiolas feitas para psitacídeos menores, embora
de construção mais leves do que as gaiolas para
papagaio são aceitáveis para a criação desta
espécie. As P. leucogaster não têm bicos grandes
o suficiente para dobrar as barras ou quebrar as
soldas dessas gaiolas. As marianinhas preferem
“escalar” a voar, sendo assim não é necessário
fornecer-lhes uma grande gaiola para vôo. Se o
criador for construir a sua própria gaiola, deve
fazê-lo de arame galvanizado de alta qualidade,
com uma malha condizente ao animal. Não use
material de zinco. O zinco é tóxico para as aves
em geral, e todas as gaiolas construídas com
arame galvanizado devem ser pinceladas com
uma solução diluída de ácido, antes das aves
entrarem nas mesmas. As medidas mínimas
sugeridas para esta espécie são de 2,5 m de
cumprimento e 80 cm de largura e altura (visualize o desenho na revista).
A L I M E N TA Ç Ã O
.
Recentemente, o debate sobre a dieta à base
adequada para papagaios parece ter se resolvido
a favor de dietas formuladas, ou seja, pellets, em
detrimento das dietas de sementes. No entanto,
todos os papagaios têm um bico bem adaptado
para o descasque de sementes, que podem vir
como complemento. O debate é ainda mais
complicado pelo fato de que os papagaios de
diversas espécies evoluíram com diferentes
necessidades nutricionais. Por exemplo, periquitos e caturritas podem sustentar-se com
uma dieta à base de sementes, lóris e lorikeets
necessitam néctar e pólen, o papagaio Pesquet
é quase exclusivamente frugívoro. Quanto as
marianinhas, como a maioria dos papagaios, não
houve nenhum estudo sistemático de sua dieta
em estado selvagem (M. Galletti, 2002), assim
que nós sabemos pouco sobre a dieta ideal para
a espécie. É evidente, porém, que são onívoros,
ou seja, comem tanto vegetais e alimentos de
origem animal. Embora seja acordado que um
alimento formulado deve formar a base de sua
dieta, mesmo as empresas que vendem essas
dietas recomendam complementos, frutas, legumes, algumas sementes e outros alimentos.
Desta forma devemos abordar alguns alimentos
para as Pionites.
.
Como em geral as marianinhas gostam de ficar
se movimentando pelas grades é desnecessário
alojá-las em recintos grandes, ou demasiadamente cumpridos. Os vôos em geral são curtos e
o aproveitamento do espaço será seguramente
mínimo.
.
Em geral as marianinhas gostam de pernoitar em
uma caixa. A forração pode ser a mesma de uma
caixa de ninho, a única diferença é que o pássaro
usa só para dormir. Mas eventualmente podem
colocar seus ovos na mesma.
.
Ao contrário da maioria das outras espécies de
papagaios, as marianinhas têm o hábito de passar rapidamente sobre a comida. Para se evitar
isso, deve-se colocar os potes de comida a uma
altura que possibilite o animal estar sempre
.
Dietas formuladas (Pellets): Qualquer uma das
dietas comerciais, recomendadas para psitací4
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algumas semanas. Ao final do processo, a ave
só deve estar recebendo pellets.
deos de médio porte, irá fornecer uma alimentação adequada. As grandes criações de reprodução comercial, em grande parte, passaram a
utilizar as dietas formuladas exclusivamente, e
isto resultou em aumento da produção de filhotes
mais saudáveis. Uma consideração adicional é
ou não a ave estar no meio do seu ciclo de
reprodução. As marianinhas têm preferências
definidas. Cor e sabor desempenham um papel
importante na seleção alimentar. Elas parecem
gostar de pellets coloridos mais do que os não
coloridos e os que oferecem as pelotas multicoloridas fornecem algum enriquecimento
ambiental. É claro que eles podem distinguir
cores, pois elas geralmente preferem uma ou
duas cores e vai pegar apenas estas para comer.
Estranhamente, cada indivíduo parece ter uma
preferência pessoal. Felizmente, não há diferença
no valor nutricional entre cores. Outra preferência
da espécie é quanto ao sabor, preferem alimentos
mais doces. Se houver a chance de comparar
uma dieta formulada com outra deve fazê-lo. Mas
o sabor não pode invocar alterações substanciais
na formulação.
.
Sementes: Qualquer criador de ave que pode
atestar ao fato de que as sementes são muito
apreciadas. Misturas de sementes comerciais
ainda são disponíveis no mercado e não se
recomenda uma ruptura pelas dietas formuladas. Os provedores comerciais de sementes as
preparam sob o pressuposto de que todas as
sementes na mistura serão comidas. As
marianinhas, como a maioria dos psitacídeos
preferem certas sementes a outras. Este é um
problema particular com misturas contendo
sementes de girassol. Eles comem todas as
sementes de girassol antes de comer qualquer
uma das outras. Uma vez que as sementes de
girassol contêm uma quantidade desproporcional
de gordura, papagaios com esta dieta, muitas
vezes se tornam obesos. Uma mistura de sementes fortificada contém adição de vitaminas e
minerais, em geral a base de cártamo. Também
se deve limitar a quantidade de sementes disponíveis para o pássaro, como forma de incentivá-la a comer todas as sementes diferentes do
mix. Além disso, é imperativo que se forneça uma
abundância de frutas e legumes frescos. Com
dietas de sementes, precisa-se estar mais preocupado com possíveis deficiências nutricionais
do que com as dietas peletizadas.
.
As empresas que fabricam essas dietas têm como objetivo formular-lhes uma nutrição completa,
no entanto, há um problema, as exigências
nutricionais para a maioria dos papagaios são
desconhecidas. Para a maior parte, têm sucesso
as dietas que contêm quase todas as proteínas,
vitaminas e outros nutrientes.
.
Nunca se devem fornecer vitaminas ou minerais
adicionais para as aves que se alimentam destas
rações. Estes nutrientes são incluídos na dieta
formulada. Mas dietas peletizadas não são
formuladas especificamente para marianinhas,
mas de forma genérica. Outro problema é que as
rações geralmente não estimulam o interesse dos
papagaios. Estas são as razões que a maioria
dos avicultores fornecem a seus pássaros algumas sementes, bem como frutas e vegetais
frescos. A adição desses alimentos é ainda
recomendada por alguns dos fabricantes de ração formulada.
Frutas e Vegetais: Enquanto os pellets formulados proporcionam uma boa base nutricional,
uma interessante seleção de outros alimentos
deve ser fornecida para manter os animais
entretidos e preencher eventuais lacunas nutricionais. Frutas e vegetais frescos cumprem
pelo menos parte dessa necessidade. Enquanto
os pellets são uma fonte concentrada de nutrientes, frutas e legumes são majoritariamente
compostos por água, assim, a não ser se consumido em grandes quantidades, não compromete a alimentação mais equilibrada, fornecida
pelos pellets. Com poucas exceções, marianinhas
podem consumir os mesmos frutos e legumes
que nós comemos.
Ninguém recomenda que se termine abruptamente a alimentação de sementes a fim de forçar
o pássaro a comer pellets. Os psitacídeos sofrem
muito de neofobia, o que dificulta o trabalho. A
maioria dos fabricantes recomenda que sejam
progressivamente inseridos os pellets, pode-se
fazer isso adicionando a ração na mistura de
sementes em parcelas crescentes ao longo de
No ambiente selvagem, as marianinhas comem
mais freqüentemente logo após o nascer do sol e
pouco antes do anoitecer (Steven L. Hilty, 1994).
Por esta razão, deve-se fornecer frutas e legumes
na parte da manhã e retirá-los no final da tarde
antes que eles tenham a chance de estragar. Se
fornecer frutas e legumes frescos, eles não
costumam mofar dentro desse intervalo curto,
.
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mesmo em áreas quentes.
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P. signis é uma prova de consumo de néctar por
Pionites em estado selvagem.
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.
Há um cuidado relacionado à alimentação de
produtos frescos. Mantê-los livre de material fecal
de origem animal, Salmonella e Escherichia coli
são um problema particular nesta situação. As
aves são particularmente suscetíveis a estas
bactérias. Nesse sentido, é preciso também considerar o potencial de contaminação de frutas e
legumes cultivados organicamente em algumas
fazendas. Contaminação de brotos parece ser um
problema particular e vários relatos da doença a
partir de bactérias contaminantes foram reportados pelo Center
for Disease Control
nos EUA.
.
Com base na análise do teor de açúcar da
Symphonia globulifera, pode-se preparar uma
solução de dextrose a 5% e 5% de frutose (Gill,
1998). O que as marianinhas apreciam bastante.
Mixes de néctar formulados comercialmente,
como os usados para loris e lorikeets, são
igualmente apreciados.
.
Um pote pequeno de "néctar" pode ser fornecido
pela manhã. Qualquer um dos líquidos como
néctar pode ser
servido com exceção do mel. Embora
o mel tenha a mesma composição que
o néctar, pode estar
contaminado com os
esporos de Clostridium botulinum, que
Acima, à esquerda,
não são mortos por
um casal reprodutor
pasteurização. Se o
do WBR, e à direita
criador fizer o uso
visão dos recintos
para marianinha.
de “néctar” estes
devem ser descartaÀ esquerda vemos
os detalhes da gaidos no final do dia.
Nectar e Flores:
Um dos primeiros
relatos sobre a dieta de marianinhas,
no caso a de cabeça negra, foi por La
Vaillant (1801), que
viveu na Guiana Holandesa (atual Suriname). Ele observou que consumiola de criação, com
ram muito doce
ninho e compartimento para comida
néctar e frutos
Vitaminas e Suplee água (detalhe).
que seus peitos
mentos Minerais:
À direita o casal na
brancos tornavamSó se devem usar
gaiola do detalhe ao
se descoloridos. Um
essas se os passalado.
estudo mais recente
ros são alimenta
Abaixo vemos os tipos
foi mais longe e
tados com uma diede
ninhos
utilizados
na
MODELO DE GAIOLA PARA MARIANINHA
reprodução
de
espécies.
GAIOLA
SUSPENSA
informou que a P. l. l
ta sem adição de
Um deles em detalhe na
2,0 m x 0,8 m x 0,8 m
leucogaster é um
sementes vegeta(comp.,larg.,alt.)
gaiola do desenho ao lado.
dos vários papais. Nunca forneça
gaios que polinizam
vitaminas suplemenas flores da Platonia
tares no caso de
insignis (Maués,
dieta que incluam
1997) - bacurizeiro.
os pellets, mesmo
As Marianinhas fose o pássaro está
ram relatadas cocomendo algumas
mendo as flores da
sementes e leguSymphonia globulifera (Gill, 1998) guanandi,
mes. Todas as dietas peletizadas contêm vitaminas. No caso de uso de sementes, leia os
do Inga laterifolia - ingá, bem como os de algurótulos sobre a mistura de sementes antes de
mas espécies dos gêneros Norantea e
decidir adicionar vitaminas, porque essas, espeEschweilera . Penard (1908) e McLoughlin
cialmente as lipossolúveis, podem adoecer a ave.
(1989) fizeram observações sobre marianhinhas
No caso de usar as vitaminas, polvilhe-a sobre as
comendo base de flores, presumivelmente para
frutas favoritas das aves, tendo o cuidado de
extrair néctar. Ainda não há plenamente coseguir as instruções do fabricante. Nunca se denhecimento das implicações em termos de
ve adicionar vitaminas na água da ave, uma vez
nutrição, mas os muitos relatos de consumo de
que incentiva o crescimento bacteriano.
néctar de muitas flores e as relações mútuas com
.
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Para um criador novato, com paciência, a melhor
abordagem é a compra de aves jovens e pareálos posteriormente. Tanto animais criados a mão,
como aqueles criados pelos pais, possuem todas
as condições para serem bons criadores. A única
condição é que elas não sejam muito estreitamente relacionadas. Adquirir animais de origens
diferentes á a garantia para não se ter problemas
na reprodução. Informações sobre o animal a
compor o plantel são importantes para se
conhecer o espécime e acompanhar sua evolução. A desvantagem de se ter animais jovens
é que esta espécie leva de dois a três anos antes
de atingirem a maturidade sexual reprodutiva,
além disto, deve-se saber que as primeiras tentativas de reprodução geralmente são acompanhadas da inabilidade dos pais, antes de serem
criadores de confiança.
A maioria dos criadores fornece algum tipo de
suplemento mineral. O osso de síbia é bem
consumido, pode-se fixá-lo no interior da gaiola.
Na maioria das vezes, as marianinhas ignoram
o osso, mas quando mudam de humor atacam e
mastigam o pó fino. Se for uma fêmea, muitas
vezes é um sinal de que ela vai fazer postura.
Outros Alimentos: Na verdade, a maioria dos
papagaios é onívora e come alimentos de origem
vegetal e animal. Alguns avicultores fornecem
larva de insetos vivos a suas aves, como o fazem
em estado selvagem. Assim como para as pessoas, uma alimentação variada é importante para
conseguir uma dieta equilibrada. Por exemplo,
os seres humanos não são capazes de sintetizar
alguns dos aminoácidos conhecidos como aminoácidos essenciais, como a lisina. As plantas
são uma fonte muito pobre destes, mas a carne
animal é muito boa como fonte. Há relatos de
marianinhas que comeram quantidades enormes
de cupins em menos de uma hora. Estas aves
também gostam de gafanhotos e lagartas pequenas, Galleria mellonella, especialmente quando
eles estão alimentando os jovens. Alguns criadores aves fornecem grilos vivos, congelados ou
liofilizados. São muito apreciados, assim como as
pequenas larvas da mariposa da farinha (K. H.
Lüling, 1986).
.
A idade geralmente de reprodução é de até três
anos. Alguns pássaros criados domesticamente
podem produzir em menos de dois anos, sendo
e a mais tenra idade relatada de onze meses (R.
Lima, 1996). O início da maturidade sexual das
fêmeas é mais perceptível que dos machos. O
aspecto mais difícil de encontrar aves para reprodução que o casal seja compatível. A melhor
maneira de combinar os pares é que lhes permitam selecionar mutuamente uns aos outros.
Pode-se esperar que eles tenham brigas ocasionais, mas nunca devem chegar ao ponto onde necessitam ser separados novamente.
.
REPRODUÇÃO
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.
.
O método confiável para a identificação sexual
(através do DNA), no início dos anos 1980, tornou
a reprodução de Pionites leucogaster em cativeiro
bastante profícua. Assim como a melhor compreensão de sua criação, com menos dependência
de animais capturados (selvagens), o que pôs em
curso um processo de seleção para as aves que
se reproduzem melhor em cativeiro.
Os dois membros do casal devem ser introduzidos na gaiola de reprodução ao mesmo tempo.
Se uma ave é mantida em separado na gaiola de
reprodução por um longo tempo, pode se tornar
agressiva com a ave introduzida mais tarde. Se
ambas as aves são forem introduzidas ao mesmo
tempo, não haverá a sensação de invasão de
território. Os machos são geralmente mais agressivos do que as fêmeas e defenderão a
gaiola de forma mais vigorosa. Num comportamento normal os animais procuram companhia
um do outro dentro em poucos dias.
.
O PLANTEL REPRODUTOR
.
Após a obtenção do plantel novo, é muito
importante para verificar se as aves estão em
boa saúde e garantir que não transmitam doenças para o resto do criadouro. Portanto, é
muito importante para as novas aves passar
por um exame de saúde veterinária completo.
É imperativo também de manter as aves em
quarentena, pelo menos por 30 dias, enquanto
aguardam os resultados dos ensaios de veterinários e ao surgimento de possíveis doenças
decorrentes do stress ocasionado pela mudança,
o que de ser considerado normal.
.
RECINTOS
.
Esta espécie deve ser sempre mantida com
somente um casal por recinto, porque os pares
são muito agressivos com outros pássaros
durante a época de reprodução. No início da
criação de marianinhas em cativeiro, lugares
como o Busch Gardens fizeram colônias, mas
isso só funcionou bem para a P. l. xanthomerius,
.
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ligeiramente menos agressiva. Uma das razões
para a reprodução em colônia foi a dificuldade de
sexagem, usando este método aumentou-se as
chances de se ter pares na mesma gaiola. O
criador Tom Ireland utilizou esta abordagem em
suas tentativas de reprodução precoce com
algum sucesso, mas depois recomendou o fim
deste método. Em confirmação disto, o Paradise
Park (2002) no Reino Unido teve um pequeno
grupo que foi mantido junto por 15 anos, que
nunca foi ao ninho. Depois que eles foram separados em pares é que produziram filhotes.
(Donald J. Brightsmith, 1999). Há fatores a se
considerar quando se seleciona um ninho. Talvez
o mais importante é que, no início da época de
reprodução, esta espécie trabalha continuamente
em seus ninhos. Mastigam a própria caixa, bem
como reorganizam e empurram a “cama” ao redor
e até mesmo fora da caixa.
.
Os ninhos podem ser feitos de diversos materiais.
Os de madeira são os mais comuns, mas os
fornecedores também oferecem outros feitos de
metal e plástico opaco. No caso de madeira devese ter a certeza que a utilizada em sua construção não foi tratada quimicamente para evitar
podridões ou infestação de cupins. A escolha do
material de construção é mais crítica quando o
par de reprodutores é mantido fora, em área
externa.
O seu hábito de viver dentro da árvore de copa
e da folhagem densa faz das gaiolas menores
uma forma de passar a sensação de segurança
semelhante ao seu ambiente natural (George
Smith, 1991). No entanto, Rosemary Low (2002)
recomendou uma gaiola de nove metros de
comprimento. O tamanho mínimo indicado foi
abordado anteriormente. Normalmente tendem a
acreditar que quanto maior a gaiola, melhor, pois
hes permite mais espaço para voar. Se os pássaros são alojados em gaiolas no exterior, é
recomendável que se use uma pequena malha de
tela (2,5 cm x 1,25 cm. Esta malha pequena ajuda
a prevenir pragas como ratos e outros animais.
.
A maioria dos criadores usa aparas de pinho, ou
madeira macia, como cama de fundo. Quando os
pássaros começam a reprodução é necessário
monitorar o nível da cama quase que diariamente
e adicionar mais material, conforme o necessário
até que o primeiro ovo seja posto.
.
A caixa deve ser posicionada por fora da gaiola
e ser de fácil acesso para inspeção. Devido à
necessidade de inspeção, todos os ninhos devem
ter uma porta de inspeção. A caixa deve ser
também colocada o mais alto possível na gaiola.
G. Smith e outros recomendam que a caixa do
ninho deve estar situada de forma que a entrada
fica em uma área com pouca luz.
Um piso de tela permite que as fezes e outros
detritos caiam no chão, preferencialmente, em
piso de cimento, sendo a limpeza deste mais
conveniente. Recintos com o chão de terra
podem ser usados, mas são mais difíceis de
limpar.
.
.
As gaiolas devem ser dispostas para que as aves
da mesma espécie vejam umas as outras. Ao
contrário das Amazonas que precisam de uma
barreira de privacidade fora da vista dos outros
pares durante a época de reprodução. As marianinhas são estimuladas quando vê e ouve outro
par ir ao ninho (G. Smith, 1996).
NECESSIDADES DO CASAL REPRODUTOR
.
Aves reprodutoras têm diferentes necessidades
nutricionais durante a época de reprodução do
que durante a época de baixa. Inicia-se pela
mudança dos hábitos alimentares, quando há
o primeiro aviso de que o macho está fazendo
alguma insinuação para a fêmea. Em geral o
período de reprodução vai de agosto a janeiro,
sendo setembro o mês principal.
.
NINHO PARA REPRODUÇÃO
NÚMERO VI
.
.
Marianinha aceita praticamente qualquer ninho
enquanto tenha dimensão suficiente e esteja
colocado na parte superior da gaiola. O tamanho
recomendado é de 45 cm de altura por 25 cm de
largura e profundidade, mas o design e o tamanho das caixas de nidificação utilizados por
criadores são bastante variados, mas em estado
selvagem elas preferem cavidades no dossel da
floresta, tais como os membros ocos que são
pequenos demais para os papagaios maiores
Com a disponibilidade do criador de dietas de
pellets simplesmente deve-se passar da de baixa proteína, baixo teor de gordura (ração de
manutenção) para a de alta proteína e gordura.
Marianinhas parecem acomodar-se bem a passagem de formulações de manutenção para
as de reprodução, principalmente se a marca é a
mesma de ambas as dietas. Outra coisa que você
deve apresentar no início e meio fora da época de
8
A BRASE
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reprodução são os ossos de síbia.
FEVEREIRO 2010
Pares tendem a ser briguentos. Eles muitas vêzes brigam por comida e outras razões simples.
Este é o comportamento normal, mas durante a
estação de cópula um macho excessivamente
agressivo é motivo de preocupação. Cada par
deve ser vigiado de perto quando a reprodução
começa. Mais comumente, o macho vai tentar
forçar copular com a galinha. Se esse comportamento se torna muito violento, deve-se separálos o mais rapidamente possível.
.
Finalmente, os alimentadores e recipientes de
água devem ser organizados de modo que possam ser limpos e alterados sem ter que entrar na
jaula indevidamente. Também é importante
monitorar bebedores e mantê-los cheios, estes
animais amam banhar-se em água fresca.
.
ACASALAMENTO
NÚMERO VI
.
.
A reprodução desta espécie é sazonal e parece
estar relacionada à duração do dia (G. Smith,
1991). No entanto, a iluminação artificial pode
alterar esta sazonalidade. Na pausa entre as
épocas de reprodução, as aves geralmente são
menos agressivas. O aumento da agressividade
geralmente anuncia a nova temporada. O ritual
de acasalamento característico consiste de alimentação regurgitada, “carinho” mútuo, e muita
proximidade. Ambas as aves gastam uma grande
parte do tempo no poleiro tocando um ao outro
com suas caudas cruzadas (G. Smith, 1971).
Com a estação progredindo, o macho geralmente
fica mais agressivo em relação a fêmea, muitas
vezes, perseguindo-a ao redor da gaiola. Ele irá
tentar todos os tipos de dispositivos para induzir a
fêmea para acasalar com ele.
Uma vez que a fêmea é receptiva, a cópula
começa. Como todos os papagaios sul americanos, na cópula a marianinha macho firma-se no
poleiro com um pé e coloca o outro nas costas da
fêmea. Estes animais não são tímidos no ato da
cópula, que pode durar mais de 15 minutos.
Alguns pares fazem um som muito característico
durante a cópula, o que é um dos primeiros
indícios de que a postura de ovos em breve
ocorrerá. A fêmea não pode armazenar o esperma, assim, um óvulo estando fértil, deverá
ser colocado no prazo de 48 horas da cópula.
.
O início da postura é sinalizado por vários comportamentos. A fêmea também começa a consumir mais água. Ovos requerem uma grande
quantidade de água. Se você usar uma garrafa
.
Uma boa estrutura para a incubação artificial é necessária ao criador interessado na
reprodução de marianinhas. Acima vemos
uma sala de incubação e assistência a
filhotes recém nascidos. No alto, à direita
vemos um filhote, ainda com penas pretas na cabeça. A alimentação artificial
requer cuidados, no
centro à direita vemos
um filhote sendo alimentado na seringa.
À direita vemos um
macho em cor plena.
Acima o casal reprodutor do criadouro WBR, o ninho utilizado
é em forma de “L”. A espécie se
adapta bem a uma variedade
grande de ninhos, e uma vez
reproduzindo a sequência é
praticamente certa.
.
Ao lado direito vemos um casal tomando banho no criadouro Passaredo. A cada ano
a produção de marianinhas
vem aumentando no Brasil.
A oferta ao mercado já é considerável e seu preço, apesar de alto, tende a baixar.
9
A BRASE
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FEVEREIRO 2010
de água, você vai notar um aumento no consumo.
Os ovos são colocados ao longo de um período
de tempo, normalmente há um intervalo de
aproximadamente três ou quatro dias entre os
ovos. Toda a incubação fica a cargo da fêmea.
Uma vez que os ovos são colocados o macho
fica muito menos agressivo, mas tem grande
interesse no ninho. A fêmea geralmente não
começa a incubar a sério até que, pelo menos,
dois ovos são colocados.
de atenção dos pais e há uma chance muito
melhor para a sobrevivência. É muito mais fácil
para alimentar um filhote que foi alimentado até
poucos dias pelos pais do que um de um dia.
OVOS
.
Seu tamanho pode variar de 3,1 a 3,3 cm de
comprimento e 2,2 a 2,6 de largura. O tamanho
parece ser em função do tamanho da fêmea, de
sua saúde e do número de ovos na postura. Em
postura de mais de três ovos o último ovo é
quase sempre menor do que os anteriores. Não
parece haver qualquer correlação entre o tamanho do ovo e do tamanho do filhote que
eclode.
.
POSTURA
NÚMERO VI
.
Apesar de estabelecer postura a cada dois ou
três dias, o intervalo entre ovos pode ser de até
cinco dias. O tamanho da postura típica é de três
a quatro ovos. Em alguns anos, uma fêmea pode
colocar apenas um ou dois. Muitas vezes eles
vão por cinco, sendo a maior postura relatada de
sete ovos.
.
Se um ovo é fértil, e a incubação vai bem, uma
fêmea chocará em 25 a 29 dias. A duração da
incubação depende da temperatura do ambiente
e como se sente bem a fêmea. Eles exigem mais
tempo quando está frio. Pode-se determinar se
os ovos são férteis por transiluminação. Além de
acompanhar o desenvolvimento do filhote no
interior. Eventualmente, eles vão se tornar opaco
devido ao desenvolvimento do filhote. Se não
houver um aumento significativo na opacidade
depois de uma semana, os ovos são geralmente
inférteis. Pares reprodutores de marianinhas podem fazer de três a quatro posturas num ano.
.
Os ovos que são depositados no início da temporada são mais susceptíveis de serem férteis
do que os mais tardios (Paul Reillo, 1998). Uma
parcela maior dos ovos produzidos por pares
mais antigos são inférteis. A idade dos pais
também pode ser um fator na fertilidade, mas
animais de mais de 17 anos geralmente reproduzem.
.
A fêmea geralmente se senta sobre os ovos e
deixa a caixa apenas brevemente para se alimentar e defecar. O macho passa algum tempo
com ela no ninho, mas durante as horas de luz
do dia gasta maior parte de seu tempo fora, mas
perto do ninho. Perto do fim do período de
incubação a fêmea pode banhar-se com mais
freqüência. Especula-se que esta é a forma como
ela controla a umidade na caixa do ninho (Them,
1988). Por esta razão, é importante sempre permitir o acesso a uma bacia de água superficial.
CRIAÇÃO
DO
FILHOTE
.
Existem basicamente três formas de criar os
filhotes, que são: deixá-los com os pais, retirálos assim que nasçam ou o método chamado de
coparentalidade, que seria retira os filhotes após
uns dias com os pais, quando recebem tratamento na fase mais crítica.
.
Pionites deixados com os pais até depois de
deixarem o ninho são os mais adequados para
se tornarem futuros reprodutores. Os pais inexperientes, por vezes, não fazem bem a transição
de incubação para a alimentação sem sobressaltos. Se não se estiver atento, nenhum dos
filhotes irá sobreviver mais do que os poucos dias
que leva para seus nutrientes residuais da gema
serem esgotados ou o filhote ficar desidratado.
Mesmo casais experientes às vezes não alimentam todos os seus filhotes. Essa é a razão
pela qual os filhotes, de casais especialmente
novatos, devem ser cuidadosamente monitorados.
Um problema quando a fêmea choca seus ovos
assim que são colocados é que os filhotes eclodem na mesma ordem de alguns dias de intervalo. Isso é chamado de incubação assincronica.
O filhote mais velho é frequentemente o único a
sobreviver. Isso ocorre porque os filhotes, que
eclodem depois não são capazes de competir
mais eficazmente para o alimento e atenção. Para
evitar esse problema, é necessário intervir e há
uma série de maneiras de fazer isso. Podem-se
remover os primeiros dois ovos para chocadeira
artificial. Quando os filhotes eclodem todos ao
mesmo tempo, eles competem no mesmo nível
.
10
A BRASE
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FEVEREIRO 2010
NÚMERO VI
Para monitorar os filhotes deve-se ter uma porta de inspeção na caixa de ninho. A porta de
inspeção deve ser fácil de abrir e fechar rapidamente para que as inspeções não durem
mais que cinco minutos ou menos. Há uma série
de coisa a observar durante a inspeção. Filhotes
recém-nascidos não são capazes de fazer
termorregulação na primeira semana. Normalmente, a fêmea passa longas horas na caixa de
ninhada dos filhotes, mas não sempre. No Brasil
as temperaturas diurnas são muito quentes,
sendo às vezes o choco contínuo desnecessário.
Assim, alguns pais são menos inclinados a
ninhada e fornecimento de calor. Se um filhote
não está no amontoado é um sinal de que não
está recebendo alimentação suficiente e calor.
filhote. Além disso, é importante que o filhote
esvazie completamente o papo pelo menos uma
vez a cada 24 horas. Uma ligeira quebra na taxa
de crescimento é geralmente vista quando as
penas começam a aparecer.
Examine pés e bico, quando os pais não são
incapazes de alimentar um filhote, pode ocorrer
de bicar os dedos ou o bico deste. Ao notar que
isso aconteça, deve-se remover imediatamente o
animal. Na maioria das vezes é o mais novo que
deve ser removido.
Não é difícil alimentar um filhote saudável com
três semanas de idade. Naturalmente ele força o
alimento quando se fornece a papa. A alimentação pode ser executada com seringas ou
colher, como indica Rosemary Low. Isto é mais
lento, mas um eficaz método de alimentação.
Alimentar filhotes com menos de uma semana
de idade requer cuidado. Deve-se usar uma
fórmula comercial e prepará-la de acordo com
as instruções do fabricante. A fórmula é diluir o
preparado para os filhotes mais jovens e aumentar gradualmente a concentração nos cinco
primeiros dias. A temperatura da papa é muito
crítica e deve ser monitorada, para os filhotes
muito jovens deve estar a 39,5 ° C. Qualquer
temperatura superior corre o risco de queimar o
papo minúsculo do filhote. Quando muito baixa
os alimentos podem não ser aceitos. Deve-se
também controlar a ingestão de alimentos, bem
como um acompanhamento do crescimento do
peso do filhote. Animais com menos de duas
semanas de idade nunca devem ser alimentados
a partir do lado esquerdo, pois isso pode matálos. Quando alimentado erroneamente, o alimento
pode ser aspirado para dentro da traquéia e dos
pulmões e o filhote imediatamente morre por
asfixia.
Com cerca de seis semanas já é hora de iniciar
o processo de desmame do filhote. Deve-se
fornecer-lhe alguns alimentos sólidos. Para isto
as frutas e alguns legumes são excelentes. Ao
contrário de outros psitacídeos, marianinhas
costumam desmamar com bastante facilidade.
.
Quando o filhote se torna demasiado grande para
a incubadora, pode ser mudado para a chocadeira, onde a temperatura pode ser na faixa de
35° C. À medida que crescem, os filhotes são
capazes de regular sua temperatura melhor e
possuem menor necessidade de calor adicional.
À medida que o filhote cresce, deve-se observar
se está muito vermelho, sinal de temperatura alta.
O rubor é dos vasos sanguíneos próximos à pele
dilatando com a troca de calor.
.
.
.
.
A ESPÉCIE COMO “PET”
.
As marianinhas, tanto de cabeça amarela
(Pionites leucogaster) como a de cabeça preta
(Pionites melanocephala) são excelentes animais para estimação. Em geral possuem um
temperamento tranqüilo sendo muito mansas
se criadas na mão desde jovens. Não são boas
repetidoras, mas são fiéis e bastante brincalhonas
com seu dono e com a família. Diferente das
Amazonas aceitam pessoas estranhas
.
Estes animais são bastante vendidos nos EUA
e Europa como pets e somente há poucos anos
estão se tornando conhecidos no Brasil. A criação
nacional tem sido bastante exitosa na reprodução
de Pionites, o que tem propiciado certa regularidade de oferta ao mercado em geral.
.
Os filhotes devem ser colocados em uma chocadeira, a uma temperatura entre 35° C e 37° C.
A umidade de uma chocadeira é menos crítica do
que para incubação, embora não deva ser muito
seco. A alimentação deve ser feita com intervalos
de poucas horas. À hora da alimentação é ditada
quando se esvazia o papo. No início será de
cerca de duas a três horas durante o dia, mas se
deve estender o intervalo com o crescimento do
.
Matéria da Comissão Técnica
da ABRASE - Ensaios e Coletânias
Fotos cedidas por Criadouros: WBR,
Passaredo, Wildlife e Arquivos da ABRASE
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A BRASE
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NÚMERO VI
ações, constituindo empresas de acordo com os
biomas brasileiros.
CONSERVAÇÃO > OPINIÃO > CRIAÇÃO
.
Porque criar animais
silvestres é legal, seja
do ponto de vista ético
legal e comercial
Apesar da popularidade das espécies da fauna
silvestre brasileira, a origem predominante dos
animais comercializados ainda é ilegal e ecologicamente incorreta, proveniente da captura na
natureza. Essa situação deve começar a mudar
com o estabelecimento de novos criatórios
comerciais de espécies silvestres nativas. Diversos empreendedores apostaram na atividade
como um bom negócio, investindo em técnicas e
instalações necessárias para reprodução maciça
em cativeiro. O investimento na formação profissional e em tecnologia permite aos criadores
dominar as técnicas de como criar e recriar
animais da fauna silvestre brasileira com eficiência; como alimentar e como prevenir doenças.
Por Marius S. P. Belluci
A Lei 5.197/67 proporcionou as primeiras medidas de proteção à Fauna do Brasil que, com
a Constituição Brasileira de 1988, teve seu
protecionismo fortalecido, em seu Art. 225, assim
descrito: "Proteger a fauna e a flora, vedadas, na
forma da Lei, as práticas que coloquem em risco
sua função ecológica, provoquem a extinção das
espécies ou submetam os animais a crueldade".
Por Lei, eliminou-se a caça profissional e o comér
cio deliberado de espécies da fauna brasileira,
facultando e, sobretudo, estimulando a construção de criadouros destinados à criação de animais silvestres para fins econômicos e industriais.
Em 1997, o IBAMA publicou as Portarias 117 e
118, normatizando a criação e comercialização de
animais da fauna brasileira no país. Esta medida
foi um grande passo rumo à regulamentação do
mercado e desestímulo ao comércio ilegal de animais silvestres. Ela deveria marcar uma mudança
na política do IBAMA, que deveria passar a apoiar
estimular a criação comercial de animais silvestres.
No final da década de 80, o negócio de animais
silvestres rendia para o Peru, 20 milhões de dólares por ano. No final dos anos 80, somente o
Senegal exportava 20 milhões de aves por ano.
Entre 1982-88, somente a Argentina exportou
mais de 920 mil papagaios verdadeiros (Amazona
aestiva). Com essa pressão associada à destruição de habitats, muitas espécies entraram em
.
A criação 'ex-situ' tem como objetivos manter um
número razoável de indivíduos em cativeiro para
a produção de animais destinados a repovoamentos em áreas em que sua espécie esteja
extinta ou ameaçada de extinção, a obtenção de
produtos para consumo humano (produção de
peles e carne e criação para venda como animais
de estimação) e para fins científicos.
Em geral, os criadouros fazem grande investimento
em infra estrutura. Tecnologia é fundamental para os
criadouros. (Acima ovoscópio e galpão de criação)
Algumas espécies no Brasil já podem ser consideradas a salvo pelo cativeiro, é o caso da Amazona
aestiva (ao lado) e de tantas outras. Já há um domínio pleno da reprodução pelos criadouros.
.
A criação comercial de animais silvestres é
apontada internacionalmente como caminho certo
para preservação de várias espécies da fauna.
Além disso, pode significar receitas extras no
processo de diversificação da propriedade e uma
opção na busca de alternativas para a pecuária.
Além de ser uma atividade agrária com reduzido
impacto ambiental, se trabalhada adequadamente
funciona como fonte de emprego e renda para as
comunidades onde se estabelece, levando-se em
consideração o incentivo à regionalização das cri-
O jacaré do pantanal é
um caso clássico de espécie ameaçada que se
tornou estabilizada e teve sua população bastante aumentada após
sua criação em criadouros legais.
12
A BRASE
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FEVEREIRO 2010
processo de extinção, fruto de um manejo Inadequado dos recursos faunísticos e do suprimento de mercado através da captura.
NÚMERO VI
pode ser bem maior com a criação artificial dos
filhotes, aumentando em muito a produtividade.
.
.
Com passeriformes o retorno de capital vem mais
rápido e os custos de manutenção são mais
baixos, não passando de R$ 0,50/dia/ave. Um
canário da terra pode ser vendido a R$ 50,00 ou
R$ 100,00; um curió a R$ 300,00, e um bicudo a
R$ 500,00. A produção anual pode ficar entre três
a seis filhotes prontos para venda por ano.
Esses números são de mais de 20 anos atrás.
Hoje, com o aprimoramento das técnicas de
criação das aves em cativeiro, ficou muito mais
fácil e seguro obter animais nascidos em cativeiro que provenientes da natureza. Assim, este
mercado, movimenta milhões de dólares no
mundo e ainda supre uma enorme rede de apoio
com centenas de empresas que produzem os
mais variados tipos de remédios, rações, vitaminas e acessórios diversos. Muito deste empreendedorismo já chegou ao Brasil e o nosso mercado, hoje, está crescendo muito.
.
Em países como os Estados Unidos, Nova Zelândia, Canadá e Austrália, onde a exploração de
produtos originários da fauna silvestre tem real
importância econômica, estima-se um mercado
entre 5 e 10 bilhões de dólares. Paralelamente, o
mercado 'pet' brasileiro passa por uma fase de
profissionalização, espelhado no bilionário mercado norte-americano. Em 2007, o "pet business"
- negócios envolvendo animais de estimação e
produtos destinados a eles, movimentou cifra
recorde no Brasil: US$ 3,3 bilhões (cerca de R$ 6
bilhões), com crescimento de 17% em relação ao
faturamento de 2006. Para efeito de comparação,
a indústria nacional de brinquedos faturou R$ 1,1
bilhão neste ano, segundo a Abrinq (Associação
Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos), quase
seis vezes menos do que o mercado pet.
.
Aves como o canário da terra (Sicalis flaveola),
o curió (Oryzoborus angolensis) e o bicudo
( Oryzoborus maximiliani ), são amplamente
criadas. O comércio de aves premiadas nas
diversas modalidades de campeonatos de canto
gera incalculável soma de dinheiro. Somente um
bicudo campeão pode ser vendido por quase
R$ 100.000,00.
.
O Brasil e demais países em desenvolvimento
têm enorme vantagem potencial sobre os países desenvolvidos no que concerne à criação
comercial. Nas Filipinas existe o maior criatório
de psitacídeos do mundo, com produção anual de
quase 10.000 aves. Lá, foram investidos milhões
de dólares. Mão-de-obra barata, custos de alimento bem menores e facilidade na aquisição de
aves matrizes e reprodutores são as vantagens
de países como o Brasil. Enquanto na Europa um
casal de papagaio comum é adquirido por uma
soma considerável, no Brasil as aves podem ser
depositadas pelo IBAMA, que apreende animais
no tráfico ilegal e os envia para criadores registrados que, embora não possam comercializá-las,
podem usá-las como matrizes e reprodutores.
Assim, um criador pode obter dezenas de aves
que em outros países custariam milhares de
dólares. Os custos de instalação podem variar
entre alguns poucos milhares de reais a alguns
milhões. O custo de manutenção de psitacídeos
em um criatório nos EUA varia entre U$ 0,8 a 1,5
por dia, incluindo alimentação, mão-de-obra, veterinário, seguro, etc. Portanto, se considerarmos
os mesmos valores dos EUA para o Brasil, o
custo anual de um casal de papagaio seria de
R$ 730,00 (R$ 2,00/dia). Cada filhote pode ser
vendido por R$ 500,00 dando um lucro de R$
270,00/casal/ano (2 filhotes por ano). Este lucro
.
Nesse assunto, os EUA continuam soberanos,
com faturamento de US$ 41 bilhões em 2007,
mais que o PIB de 64 países do mundo e o dobro
do que se gastava uma década atrás. O mercado
'pet' americano, com uma taxa de crescimento de
6% ao ano, é o segundo do país em vendas - só
perde para o consumo de eletrônicos.
.
O estudo da cadeia produtiva no mercado de
animais silvestres é significativo para criadores
e interessados, uma vez que, a perspectiva é de
uma atividade de baixo custo de produção e de
boa aceitação no mercado, que pode ser explorada em âmbito empresarial ou familiar. Podendo,
portanto representar uma nova alternativa de
produção na propriedade, incorporando uma
atividade rentável e com rápido retorno de investimento.
.
O desestímulo à criação comercial de animais
silvestres pelo poder público é inconveniente
por diversos aspectos. A restrição pura e simples
do comércio de animais silvestres provoca a
transferência do mercado para a esfera ilegal.
Para que isso não aconteça, é necessário grande
esforço no sentido de coerção às atividades
13
A BRASE
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FEVEREIRO 2010
ilegais reprimir na fonte o tráfico de animais
silvestres. Historicamente, o combate ao tráfico
de animais silvestres no Brasil concentra-se nos
grandes centros urbanos, junto ao consumidor
final. Nesse momento, o dano ambiental já foi
provocado e, na melhor das hipóteses, os animais
apreendidos serão remetidos aos centros de
triagem. Considerando o baixo interesse dos
zoológicos pela maioria das espécies comuns no
tráfico, as dificuldades inerentes à reintrodução
dos animais e a citada restrição à criação comercial, é inevitável o agravamento do passivo
ambiental. Um erro de julgamento nessa situação
pode resultar em danos irremediáveis aos nossos
recursos naturais.
NÚMERO VI
Enquanto o Brasil vacila
em sua política de uso
da fauna, milhares de
espécimes de animais
são contrabandeados
do exterior para fazer
frente ao mercado. É
o caso da iguana, que
mesmo sendo nativa
é trazida ilegalmente.
A ararajuba (Guaruba
guarouba), em reunião do CONAMA, foi
mencionada como espécie ameaçada com
população cativa suficiente para trabalhos futuros, graças
aos criadouros comerciais.
.
É necessário superar a falta de estratégia de
abastecimento interno e comercialização. O
desenvolvimento tecnológico na cria e recria de
animais silvestres em cativeiro provenientes de
criadouros legalizados no Brasil, só alcançará um
patamar significativo, quando um número maior
de propriedades rurais iniciarem esta atividade e,
principalmente, quando as normas vigentes no
país e os respectivos órgãos governamentais
forem mais flexíveis.
Muitas espécies atualmente já não precisam ser coletadas para satisfazerem o mercado. Uma delas é o
lóries, criado já há décadas em cativeiro. A
pressão sobre as populações selvagens,
para o comércio, é passado.
Dos recursos naturais permitem a preservação
do patrimônio genético, da diversidade dos
ecossistemas e reduzem a extinção de espécies.
Em relação ao Brasil, o Estado deve garantir a
sustentabilidade como um todo, pois essa é a sua
função. O Estado transcende os governos e
ambos são norteados pela Constituição Federal.
Nesse aspecto, toda a sociedade e os governos
são responsáveis pela garantia da sustentabilidade. Cada um dos poderes constituídos e
seus respectivos segmentos, responsáveis pela
formulação de leis, sua execução e pelo cumprimento das normas necessitariam estar
planejados, instruídos e integrados em um
Programa de Governo voltado ao uso sustentável
da fauna e flora silvestres, que, além de desenvolver o país de forma ordenada, poderia coibir os
abusos e defender, de forma veemente, a perda e
o roubo da diversidade biológica e dos recursos
naturais brasileiros.
.
Parece óbvio que existe uma miríade de fatores
influenciando a eficácia de todas as medidas
tomadas em favor da proteção da fauna. Muitos
ambientalistas poderiam argumentar que o
comércio legal até o momento não contribuiu
de forma eficaz para a redução do tráfico de
animais selvagens em virtude da baixa oferta e
altos preços. Tal alegação seria rechaçada em
uníssono pelos criadores, que enfrentaram
enormes dificuldades na implantação de seus
empreendimentos e investiram muito no desenvolvimento de tecnologia. Como em qualquer
mercado, oferta e procura regulam o preço do
bem sem o adequado incentivo das autoridades, a oferta nunca atingiu níveis satisfatórios
para atender a procura, com isso os preços não
chegam aos níveis competitivos para desestimular o tráfico. Ainda assim, o mercado 'pet',
segmento do setor privado que não pára de
crescer, começava a suprir a criação de animais
silvestres com o desenvolvimento tecnológico. A
restrição do comércio de animais silvestres pode
por tudo isso a perder a criação de produtos
industrializados, a especialização da mão de
obra, o investimento em tecnologia e em
conhecimento.
Marius Belluci é Médico Veterinário, Mestre em
Microbiologia, ex-consultor PNUD para o Núcleo
de Fauna do IBAMA-RJ, ex Coordenador Técnico
da Secretaria Especial de Promoção e Defesa
dos Animais do Município do Rio de Janeiro,
ex-gerente de veterinária da Fundação RIOZOO,
ex Professor Substituto de Medicina dos Animais
Silvestres da UFRRJ e Analista Ambiental do IBAMA.
.
Fotos Arquivos ABRASE
O meio ambiente equilibrado e o uso racional
14
A BRASE
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FEVEREIRO 2010
NÚMERO VI
tomate como o R. p. sanguinolenta. As patas e
o bico são laranja amarelado.
CONSERVAÇÃO > CRIAÇÃO > MANUTENÇÃO
.
2) Rupicola peruviana sanguinolenta habita a
faixa oeste dos Andes entre a Colômbia ao norte
e o Equador ao sul. É a mais bela de todas as
subespécies pois é ave esguia e o vermelho é
escarlate/sanguíneo intenso. É a forma que possui o maior topete. A íris é escarlate, enquanto
que na subespécie anterior a íris é laranja. As
patas e o bico também são escarlate.
O galo da rocha
peruano em cativeiro
Por Carlos Gasparian Keller
.
3) Rupicola peruviana equatorialis habita uma
faixa central dos Andes no centro da Colômbia e
Equador sendo esta a maior das subespécies. A
cor é laranja claro brilhante, semelhante ao
Rupicola rupicola e a íris é amarela, ligeiramente
esverdeada. O topete é o menor entre as subespécies e as asas possuem apenas quatro das
seis penas coberteiras de cor totalmente
prateada, sendo que nas duas de baixo pode se
ver a base negra e são mais cinza do que prata.
As demais subespécies possuem as seis com o
prateado bem evidente. As patas e o bico são
amarelo alaranjado e por ser ave grande tornase uma forma interessante.
Rupicola peruviana, ave exótica da
América do Sul.
O Galo da Rocha Peruano pertence à família
Cotingidae, sendo seu gênero Rupicola e sua
espécie peruviana. O tamanho desta espécie
varia de 28 a 33 cm segundo a subespécie. Os
machos possuem coloração rica e variada
conforme, também, a subespécie (descrição a
seguir). Já as fêmeas possuem uma coloração
uniforme em todo corpo, de marrom avermelhado
claro a escuro.
.
4) Rupicola peruviana saturata habita a faixa
oeste dos Andes bolivianos. É uma subespécie
mais atarracada com cauda mais curta e asas
mais redondas que as demais subespécies,
embora o topete seja grande e gordo. As penas
prateadas que cobrem as asas são as que mais
se destacam pelo tamanho e o tom do vermelho
do corpo é carmim intenso. Se fosse mais esguio
com certeza seria a mais bela das subespécies,
mas o porte atarracado lhe compromete a nobreza. A íris tanto pode ser vermelha como azul,
sendo que íris azul é mais comum nas fêmeas
.
Esta espécie ocupa áreas tropicais de montanha
no continente sul americano (ver mapa). Estas
regiões caracterizam-se por densas florestas
úmidas localizadas em média e alta altitude,
margeando os Andes tanto a leste como a oeste,
do centro oeste ao noroeste da América do Sul.
As variações de subespécies se dão em função
desta variedade de ecossistemas regionais,
sendo descritas a seguir.
.
O Rupicola peruviana possui 4 subespécies, sendo que umas são mais belas que outras.
.
1) Rupicola peruviana peruviana habita toda a
faixa leste dos Andes, bordejando a Amazôna.
É a subespécie que tem a maior área de distribuição pois vai desde a Venezuela ao norte até
a Bolívia ao sul. O tamanho é médio, semelhante
à subespécie sanguinolenta e é a forma mais
conhecida no cativeiro. A coloração no entanto é
laranja avermelhado intenso e não vermelho
Acima a área natural da Rupicola peruviana à
oeste da América do Sul. Os Andes são o local natural
destas magníficas aves. À direita vemos os ambientes
preferidos dos animais nos Andes peruanos.
15
A BRASE
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FEVEREIRO 2010
que são as mais escuras de todas as subespécies. Marrom café. As patas são vermelho
escuro e as penas são levemente desfragmentadas dando à ave uma aparência mais “fofa” que
as demais subespécies.
Todos os Galos da Serra gostam muito de banho,
mas tome cuidado em não fornecer uma banheira
muito funda. É surpreendente em quão raso uma
ave desse tamanho pode se afogar em caso de
susto. O ideal é fornecer um prato raso com água
para o banho e um coxo pequeno, fundo, de boca
fechada, para a água de beber. O macho geralmente tem uns surtos de agressividade contra a
fêmea, os quais são passageiros, mas dada a
característica estabanada dessa ave, uma
pequena perseguição momentânea pode acabar
em tragédia, como um choque contra uma
parede, por exemplo, se bem que a fêmea é
muito mais ligeira e esperta do que o macho. O
ideal é alojar-se o macho separado da fêmea por
uma tela no centro do viveiro, tela esta com uma
porta que deverá estar aberta. Quando o macho
passar por uma fase agressiva, separe-o da
fêmea fechando a porta por um período que pode
variar de uma semana a um mês. Essa porta
deve ser de fácil manuseio para que não se
assuste o macho na passagem por ela, o qual
pode se chocar contra o batente.
.
C AT I V E I R O :
Alimentação e manejo:
NÚMERO VI
.
.
A espécie peruviana, o galo da Serra do Perú
como o chamamos, difere da espécie rupicola, o
Galo da Serra “brasileiro” por ser maior, mais
voador e mais espantado do que este. É portanto
ave para viveiro não se adaptando bem aos
gaiolões, a não ser que seja ave mansa de dedo,
criada na mão desde filhote. O comportamento do
Galo da Serra do Perú muito se assemelha aos
Turacos e um viveiro bom para Turacos também
lhe serve. Vale dizer aqui que isso significa amplo
espaço para o vôo e poleiros desobstruídos de
vegetação intrincada. Como é ave de natureza
espantada, arisca, esse Galo da Serra sofre
grandes sustos, às vezes com bobagens, como
um pano branco que cai, uma telha que corre,
etc. Portanto evite no viveiro laguinhos, pontas
salientes, vigas proeminentes, quinas, etc. Tudo o
que possa causar um acidente num momento de
pânico. Tome muito cuidado com gatos que
possam à noite andar por sobre o viveiro, pois o
galo pode se assustar, cair no chão frio, lá ficar
por causa do escuro e pegar uma pneumonia, o
que não é incomum.
.
A alimentação do Galo da Serra do Perú é a
mesma que se dá para o “nosso” Galo da Serra.
Na verdade é a mesma que se dá para todas as
aves engulidoras, apenas com a adição de
bastante proteína, uma vez que na natureza,
além das frutas eles se alimentam de insetos
grandes e ovos e filhotes de pássaros. Vou dar
aqui grosso modo uma versão prática desse
alimento: corte em cubos a banana prata quando
ainda firme. Empane esses cubos, os quais
devem ter um tamanho aproximado de 1 cm
cúbico sacudindo-os dentro de uma caixa com
tampa junto com um pó que deve ser uma mistura
alimentar. Vou citar grosso modo uma receita
desse pó: use uma porção de farinha de milho
torrada Yoki (aquela amarela que parece
casquinhas) batida no liquidificador até virar pó.
Misture com uma parte igual de Neston, também
batido no liquidificador até virar pó. Bata os dois
antes, separadamente, para não mascarar a
proporção. Guarde esse pó, pois ele dura
bastante. Coloque os cubos de banana
empanados em um coxo baixo e pesado. Por
cima dessa banana empanada coloque cubos de
queijo minas também com 1 cm cúbico sem
empaná-los. Quanto mais queijo, melhor para a
ave. Por cima do queijo minas coloque cubos de
mamão na quantidade de uma colher de sopa
cheia por ave. O mamão também não deve ser
empanado, pois essa fruta libera muito líquido.
Salpique como se fosse uma pitada de sal por
.
O coxo de comida deve estar posicionado de
maneira confortável e com um poleiro imediatamente ao lado. Plante o máximo de vegetação
possível para servir de abrigo e reclusão, mas
como eu disse acima, não obstrua a passagem
entre os poleiros, os quais devem ter a espessura
de um cabo de vassoura.
.
O ninho é em forma de taça e feito de barro e
galhos finos ao barro agregados, semelhante a
um ninho de sabiá, só que maior, é claro. Forneça
barro molhado à fêmea e de preferência a piaçava fina, que é o material preferido na confecção
do ninho. O local do ninho tem que ser bem
escuro, mas não é necessário que se construa
uma gruta ou casinha como se usa fazer com o
Galo da Serra “brasileiro”. Basta um canto bem
protegido com uma base para o ninho e se o
criador iniciar um ninho para servir de estímulo,
isso pode incentivar a fêmea a usar aquele local
pré-determinado.
.
16
A BRASE
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FEVEREIRO 2010
cima do mamão em doses mínimas, o cataxantine
Roche em pó. Vc pode misturar cataxantine com
um pouco de açúcar para diluí-lo, assim evita que
se dê uma dose muito alta. Vamos dizer que 20
grãos de cataxantine por dia são o suficiente para
cada ave. Caso o leitor tenha acesso aos filhotinhos de rato de laboratório chamados “pinkies”,
isto é, na fase em que são rosados e ainda não
abriram os olhos, isso fará muito bem para os
Galos, principalmente na época de reprodução.
Eu nunca tive coragem de oferecer esses filhotes
vivos, mas existem empresas que os despacham
congelados e os Galos os aceitam muito bem na
temperatura ambiente. Ocasionalmente ofereça
bagas de estação, como pitanga, cereja, uva,
jamelão, etc. Geralmente esses Galos que comem a alimentação citada acima já estão meio
que “mimados” e aceitam essas frutinhas com
reservas e geralmente mais como diversão.
NÚMERO VI
INSITUCIONAL > INFORMAÇÃO
IV Congresso da Aviornis
Iberica - Associação
internacional de Criadores
de Aves Silvestres
No próximo mês de março a Aviornis celebrará
seu IV Congresso. O local escolhido foi o “pueblo”
de Utrera em Sevilha, no sul da Espanha.
Diversos palestrantes estarão presentes para
promover os mais variados assuntos sobre
ornitologia. A ABRASE se fará presente através
de convite feito pela Aviornis a seu presidente
Luiz Paulo Amaral, que versará sobre o comércio
de aves no Brasil e importação e exportação,
entre outros temas. Participam também nomes
conhecidos da ornitologia como o Sr. Antonio
Rodriguéz González, veterinário madrilenho, o Sr.
Rafael Zamora Padrón, biólogo do Loro Parque
que esteve presente no Simpósio da ABRASE
realizado em outubro e o Sr. Juan Alonso Reyes,
do órgão SOIVRE (que aplica a CITES na Espanha).
.
Cuide bem do seu Galo da Serra, pois esta é uma
das mais belas aves da Terra.
.
A Aviornis é uma Organização Internacional sem
objetivo de lucro dedicada a promover a reprodução de aves selvagens para fins de conservação. A seção da Aviornis em língua espanhola
da entidade foi fundada em 1991 contando com
associados espalhados por diversos países ao
redor do mundo. Através da web fornece informações sobre a reprodução de aves selvagens,
bem como os produtos necessários para esta
atividade. A organização também publica uma
revista bimestral ininterruptamente por 18 anos,
com conteúdos relativos à ornitologia, enviada a
todos os associados e parceiros da entidade.
Acima vemos um exemplar macho do Rupicola peruviana
saturata, subespécies que ocorre na Bolívia. No alto,
à direita, a fêmea, com coloração marrom e sem a beleza do macho.
A reprodução em cativeiro desta
espécie ainda é raríssima. Muitos
esforços vêm sendo feitos para se
alcançar sucesso com o animal. A
manutenção em cativeiro já é conhecida e bem sucedida. O Zoológico de Lima, no Perú
(ao lado à direita),
vem tentando a reprodução ex-situ visando
a constituição de um
banco genético, para
trabalhos futuros, com
esta espécie desconhecida e cada vez
mais rara.
Além das edições da revista, a Aviornis contribui
com noticias e informes sobre avicultura silvestre
e mostrando anúncios relacionados ao melhoramento de aves, além de propiciar a oportunidade
de comprar os anilhas para as mais variadas
espécies de aves durante todo o ano. Serviço
possível através do site.
.
Carlos Gasparian Keller, Associado da
ABRASE e ex criador.
O estreitamento de relações da ABRASE com
outras entidades, nacionais e internacionais, tem
sido a tônica da administração nestes últimos
Fotos e legendas Arquivo ABRASE.
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A BRASE
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FEVEREIRO 2010
NÚMERO VI
tureza (International Union for Conservation of
Nature - IUCN) estimou que mais de 5.500 espécies de animais - incluindo aves, mamíferos,
répteis, anfíbios, peixes e invertebrados - estão
atualmente ameaçadas de extinção, juntamente
com 6.700 espécies de plantas superiores.
meses. O I Simpósio de Fauna Ex-situ, realizado
em 2009, foi um grande passo para isto. A revista
eletrônica da associação também passou a circular em sites no exterior, bem como uma gama de
criadores internacionais vêm recebendo com
continuidade a edição da ABRASE. A possibilidade de trabalhos conjuntos e realização de
eventos com o apoio de organizações internacionais é uma das razões que nortearam as
últimas ações da associação.
.
Aquelas consideradas vulneráveis, ameaçadas ou
em perigo crítico incluem:
- Perto de 1.100 espécies de mamíferos (cerca
de 24 por cento do número total).
- Mais de 1.100 aves (cerca de 12 por cento das
espécies conhecidas)
- Mais de 750 espécies de peixes (49% por cento
do total dos inquiridos).
- Cerca de 290 espécies de répteis (62 por cento
do número total de inquiridos).
- Cerca de 157 espécies de anfíbios (39 por cento do número total de inquiridos).
.
.
.
A revista deverá publicar em sua próxima edição
uma resenha, ou mesmo o conteúdo, de algumas
palestras que serão proferidas no IV Congresso
da Aviornis.
.
.
.
Matéria da Assessoria de
Inprensa da ABRASE
.
A taxa de extinção anual deverá aumentar ainda
mais. O eminente biólogo Edward O. Wilson
estimou que se as tendências atuais continuarem,
um quinto de todas as espécies será extinta
dentro dos próximos 30 anos.
CONSERVAÇÃO > INFORMAÇÃO
Uma das maiores crises
da Biodiversidade
mundial
.
Esta imagem não é mais animadora do ponto de
vista do ecossistema:
- Mais de 50 por cento das zonas úmidas do
mundo foram drenados.
- Desde 1950, cerca de 3 bilhões de hectares de
cobertura florestal - quase metade - perdeu-se.
Cada ano, mais 16 milhões de hectares de floresta são destruídos.
- Entre 50 e 80 por cento dos ecossistemas de
mangue foram destruídos.
- Cerca de um terço dos sistemas do mundo,
recifes de corais foram destruídos ou altamente
degradados.
- Um quarto do solo do planeta foi perdido.
- 69 por cento das unidades populacionais de
peixes importantes no mundo estão totalmente
explorados, a pesca em excesso, estoques esgotados, ou se recuperando lentamente, fazem
com que a produtividade caia sistematicamente,
sobretudo em quatro das 15 regiões de pesca
mais importantes.
- Cerca de 2 bilhões de hectares de culturas
e pastagens sofrem de moderada a severa degradação do solo.
.
A manifestação mais evidente de perda de
biodiversidade é a extinção de espécies. Este
é um fenômeno natural: espécies foram extintas
desde que a vida na Terra começou. De fato,
estima-se que muitas espécies, mais do que
existem atualmente, tenham sido extintas em
épocas passadas. Atualmente o que é preocupante é a velocidade com que espécies estão
desaparecendo: desde o desaparecimento dos
dinossauros (cerca de 65 milhões de anos atrás)
a Terra não tem testemunhado um "evento de
extinção” em escala catastrófica como a atual.
.
.
.
.
.
Como o número total de espécies na Terra só
pode ser estimado, a taxa exata de perda de
espécies atuais é difícil de avaliar. O número
provavelmente é de entre 50 e 150 extinções
por dia. Trabalhando a partir da estimativa
conservadora de que a Terra é o lar de 10
milhões de espécies em total, isto significaria
que entre 0,2 e 0,6 por cento das espécies estão
sendo perdidas a cada ano. Essa taxa é de pelo
menos 10.000 vezes maior do que o 'background'
ou taxa natural de espécies extintas, como
estimada pelos registros fósseis.
.
.
A diversidade genética dentro das espécies
também está sendo corroída. Esta tendência
é especialmente alarmante do ponto de vista
agrícola. Desde 1900, cerca de três quartos da
.
A União Internacional para Conservação da Na18
A BRASE
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NÚMERO VI
tica, até agora, incluía um aumento do
nível do mar de cerca de 10 a 25 cm em
todo o mundo, uma perda de gelo glacial
e mudanças nos padrões de precipitação, e
um aumento na ocorrência de eventos meteorológicos extremos. Teme-se que essas mudanças estejam acontecendo em um ritmo demasiado rápido para muitas espécies.
diversidade genética das culturas cultivadas
desapareceu, juntamente com cerca de metade
do capital genético dos parentes selvagens de
animais domésticos.
.
As principais causas da perda de biodiversidade
são consideradas sob os seguintes títulos:
- A destruição do habitat: Ecologistas estimam
que uma área de dez quilômetros quadrados
contenha o dobro de espécies, em média, que
uma área de um quilômetro quadrado, sugerindo
que a redução de uma área do ecossistema a
um décimo do seu tamanho original fará com que
metade de suas espécies seja extinta. Animais no
topo da cadeia alimentar (leões, ursos, etc.)
requerem grandes habitats a fim de manter viável suas populações naturais.
- As espécies invasoras: Ecossistemas são
espaços de equilíbrio frágil, evoluíram durante
milhões de anos, como um todo integrado. A
introdução súbita de um determinado ecossistema de uma espécie exótica pode perturbar
seriamente o seu funcionamento normal - com
conseqüências desastrosas para as espécies
nativas, sendo geralmente resultado de atividades humanas. A introdução acidental no
Mar Negro de uma espécie de água-viva Atlântica
é um exemplo bem conhecido. Estes invasores
competiram com a fauna nativa, e hoje representam cerca de 95 por cento da biomassa total
do Mar Negro, um desastre para a economia.
- Poluição: A contaminação química da água
fresca, água e solos podem levar ao desaparecimento de populações e espécies. Escoamento agrícola, contendo fertilizantes e pesticidas, pode infiltrar-se nos lençóis freáticos e
rios, etc. Além disso a poluição atmosférica tem contribuído para a acelerada
mudança do clima, com consequências
como a interrupção da distribuição de espécies e até mesmo a extinção.
- Tráfico e coleta de espécies animais: Muitas
espécies têm sido capturadas ou caçadas à
raridade ou além. Entre alguns exemplos incluem
o pombo selvagem e o periquito da Carolina na
primeira parte do século XX. Mais recentemente,
o comércio de animais selvagens da África
Central colocou os chimpanzés e gorilas da
montanha sob ameaça direta.
- A mudança climática: Ao longo do século
passado, as temperaturas globais aumentaram entre 0,3 e 0,6°C (o maior aumento em pelo
menos 1.000 anos), devido, em grande
parte à presença crescente na atmosfera de
"gases estufa". Os efeitos da mudança climá-
.
Apesar de que o crescimento das sociedades
humanas ser a força motriz por trás de cada um
desses cinco fatores mais imediatos, a perda
de biodiversidade não é o resultado inevitável
do crescimento econômico e social e do desenvolvimento. A sustentabilidade ambiental é
possível. Mas há uma série de fatores específicos que impedem o caminho de sua realização
generalizada. Esses fatores são originários de
alguns dos recursos mais básicos sociais,
econômicos, políticos, culturais e históricos da
sociedade. Eles incluem: fracassos das
políticas econômicas, tais como mecanissmos reguladores impróprios, os subsídios e incentivos prejudiciais, avaliação
econômica inadequada da biodiversidade;
fragilidades políticas e institucionais, tais
como insustentáveis padrões de consumo, a
pobreza, decisões tomadas de forma fragmentada, instabilidade política e guerras; a falta de conhecimento da importância da biodiversidade, particularmente entre as correntes
diretamente envolvidas na sua gestão e entre
decisões econômicas e de desenvolvimento de
políticas.
.
.
.
Com esses fatores em mente, é claro que, assim
como a humanidade depende da biodiversidade
para a sua sobrevivência e desenvolvimento, a
sobrevivência em longo prazo da biodiversidade
terrestre, exigirá a realização do desenvolvimento
humano sustentável.
.
.
Texto adaptado pela ABRASE,
Assessoria de Imprensa, informações
veiculada pela IUCN - União Internacional
para a Conservação da Natureza
INFORMAÇÕES SOBRE A REVISTA ABRASE
ENTRE EM CONTATO
.
Telefone: +55 (21) 2501.3612
Fax: +55 (21) 2201.0602
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NÚMERO VI
marcação marrom avermelhada nas laterais da
cabeça, também com fina linha branca emoldurando-a e separando a cor negra da nuca, parte
traseira do pescoço e parte superior da cabeça.
Possui ainda uma marca branca na face na parte
traseira do bico, sendo este cinza escuro e as
patas cinza claro.
CONSERVAÇÃO > CRIAÇÃO > MANUTENÇÃO
O ganso de pescoço
vermelho, seu status
e criação em cativeiro
.
São animais sociais por natureza, característica
que se replica em cativeiro. Em seu habitat alimenta-se de plantas gramíneas de invernada e
grãos, sendo esta dieta quase que exclusiva.
.
Sua reprodução na natureza se dá com o ninho
perto de aves de rapina (falcão peregrino ou
mocho das neves), isto porque os falcões e os
mochos mantêm a raposa do Ártico, e outros
predadores semelhantes, longe de ataque aos
seus ovos e filhotes. Os ninhos são construídos
perto da água e em campo aberto, em rebaixamentos do solo de cerca de 8 cm. Normalmente
de 4 a 5 ovos são incubados por 25 dias, em
média.
O Branta ruficollis é seguramente uma das
espécies mais bela das aves aquáticas européias.
.
O Branta ruficollis é listado como ameaçado de
extinção pela Lista Vermelha de espécie ameaçada da IUCN, e está listado como Apêndice II da
CITES. E embora a população tenha sido estimada em 88.000 em 1996, está sob pressão da
intensificação da agricultura nas suas terras de
alimentação de inverno, como Bulgária, Romênia
e em outros lugares ao redor do Mar Negro, onde
ela pode ser considerada como uma praga para
as lavouras. Além disto, está sob a ameaça de
industrialização em alguns dos seus locais de
reprodução, na tundra da Sibéria em torno da
península Taymyr. Outro problema é a caça, em
O Branta ruficollis, ganso do pescoço vermelho, está entre as espécies mais belas das aves
européias. Sua Ordem é a dos Anseriformes,
Família: Anatidae e Genus Branta.
.
Na natureza, durante o verão, esta espécie ocorre a leste e a norte da Sibéria (Rússia), na
Península de Taymyr. No inverno uma área
relativamente pequena concentra quase todos
os espécimes no mar Cáspio, além da metade
sul das baías do Mar Negro, Bulgária e Romênia.
Outros espécimes podem atingir a Europa ocidental, como o Reino Unido, Holanda e outros
países, e mais um número crescente na Bacia
dos Cárpatos. Vivem em áreas abertas, nas
florestas de tundras do norte da Rússia (durante
o período do verão) e migram para o sul (áreas
citadas) durante todo o período invernal.
.
O animal possui um comprimento total de 55 cm
(até 60 cm) e seu peso varia entre 1 e 1,5 kg.
Possuem coloração bastante peculiar que os
difere das demais espécies do Genus Branta.
Suas asas e barriga são negras, tendo uma faixa
branca nas bordas das asas que a marca de
forma acentuada. Todo o uropígio, ventre, cauda
e costas são em branco neve. O pescoço é marrom avermelhado (que lhe dá o nome), que segue
até o peito, sendo toda esta área bordeada por
uma fina faixa branca. Igualmente possui uma
Criação de ganso do pescoço vermelho não é
complexa, como não há dimorfismo é excencial
o DNA quando se adquire uma casal.
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A BRASE
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particular ao longo de sua rota de migração através da Rússia e Ucrânia.
NÚMERO VI
durante a reprodução.
.
.
Alimentação em cativeiro: Esta espécie se
adapta bem as rações ofertadas a outros gansos em cativeiro, como o canadense e a barnacla. Como os animais hoje possíveis de se adquiri
já são oriundos de outras criações não é difícil
proporcionar-lhes uma dieta adequada. As rações
formuladas, específicas para anatídeos, servem
bem na alimentação dos gansos de pescoço
vermelho. Existem bastantes variedades de
rações peletizadas e também granuladas. Normalmente estes produtos são ofertados em dois
tipos: as rações de manutenção, para períodos
“extra reprodução”, e as rações específicas para
os períodos reprodutivos, com adição maior de
proteína e vitaminas.
Algumas aves costumam extraviar-se pela Europa Ocidental durante o inverno particularmente
na Inglaterra e na Holanda, mas nessas áreas há
também a possibilidade de que uma ave avistada
seja fuga de uma coleção de aves selvagens. A
IUCN, através do Fundo Sir Peter Scott, apóia um
projeto fundado na Romênia, para conservação
da espécie. O país possui 20 por cento da população européia de gansos, incluindo sua principal
alimentação de inverno, que nasce nos solos do
delta do Danúbio, Reserva da Biosfera. Dada a
sua dependência do habitat agrícola, as políticas
agrícolas dos países de ocorrência são fundamentais para a conservação da espécie. O engajamento e apoio aos agricultores é um ponto
chave deste projeto, notoriamente no incentivo
à adoção de métodos de cultivo que evitem
prejudicar os gansos.
.
Os gansos de pescoço vermelho apreciam muito as sementes, sobretudo as de trigo, cevada,
milho, painço, entre outras. Estas devem ser
oferecidas sempre úmidas, preferencialmente
colocadas em um recipiente largo cheio de água
aonde serão sugadas pelos animais. Temos que
lembrar que no ambiente natural esta espécie
consome vegetação superficial ou de fundo de
lagos, rios e córregos. As sementes são complementares as rações industriais formuladas.
.
A ave em cativeiro
.
Estes gansos são as jóias de quem cria anseriformes. Além de muito apreciados pela beleza,
são animais dóceis e com um manejo não muito
complexo.
.
.
Local de criação: Certamente que a espécie só
pode ser criada em regiões mais frias, os trópicos
possuem temperaturas adversas as condições de
adaptabilidade do animal. No Brasil a região sul,
incluindo algumas áreas frias de São Paulo e Minas podem oferecer bons resultados.
Também no ambiente natural estes gansos
consomem brotos de grama, suplementados
por tubérculos e rizomas. Esta dieta sinaliza
um manejo alimentar em cativeiro também enriquecido de verduras. As folhas são altamente
apreciadas e devem ser servidas picadas em
pequenos pedaços e mergulhadas em água,
assim como as sementes. Contudo devemos
recordar que as rações formuladas já são balanceadas e neste caso os demais alimentos são
suplementares, não devendo ser a base da dieta
dos animais.
.
O recinto deve ser razoável, não menos que
40 m², com cobertura vegetal de gramíneas,
podendo ser um capim baixo ou mesmo grama
natural. Alguma proteção deve ser dada ao
animal, em geral capins mais altos, que os
resguardam de estresse funcionam muito bem.
Uma lâmina de água de pelo menos 15 m² deve
ser providenciada. A profundidade não é necessária que passe de 50 cm, mas a água deve ser o
mais limpa possível e trocada regularmente, não
sendo corrente. Áreas protegidas de sol forte ou
intempéries devem existir no recinto, possibilitando aos animais a devida proteção.
.
Reprodução em cativeiro: A criação em cativeiro do Branta ruficollis deu um salto depois da
criação do método de sexagem por DNA. Por não
haver dimorfismo entre macho e fêmea muitos
criadores mantiveram pares sem serem casais.
Com os pareamentos feitos de forma correta esta
espécie iniciou uma brilhante “carreira” nos
criadouros de anatídeos da Europa. No Brasil
ainda é pouquíssimo criado, o período de reprodução vai de setembro a fevereiro.
.
O ideal para estes animais é estarem em recinto
apartado de grandes movimentações, sobretudo
na época de reprodução. Apesar de serem sociais, os gansos de pescoço vermelho são bastante tímidos e preferem estar apenas em casal
.
No período reprodutivo os gansos preferem a
solidão do casal para aninharem. Assim como
21
A BRASE
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na natureza, procuram uma área sossegada e
preferem ter seus ninhos em privacidade. Também neste período o casal deve estar afastado
de demais indivíduos da espécie, caso seja uma
criação com mais de um par.
NÚMERO VI
No caso do Branta ruficollis, ao longo dos anos,
uma considerável experiência de gestão foi acumulada e o manejo em cativeiro e as técnicas
avícolas estão bem estabelecidos para esta
espécie de ave aquática selvagem. Sua criação
em países europeus é notoriamente bem sucedida e há muitos anos crescente, sobretudo na
Holanda, Bélgica e Alemanha, onde grande
quantidade de espécimes estão disponíveis em
cativeiro. A ave, nos anos 90 rara no comércio,
é hoje encontrada com facilidade razoável no
mercado. Importa ressaltar que os animais atualmente oferecidos são todos de linhagem de
criação em cativeiro.
.
O ninho é feito em alguma cavidade rasa no
solo, não mais do que 8 a 10 cm. O material
empregado pelos animais é o que estiver
disponível de grama e capim seco, plumas,
gravetos muito finos etc. Tanto macho quanto
a fêmea preparam o ninho. A postura é de 3 a 6
ovos, podendo chegar a oito. A fêmea choca os
ovos por aproximadamente 25 dias, normalmente
dedica-se totalmente a partir do segundo ou terceiro ovo colocado.
.
No entanto, pouca informação tem sido documentada sobre as melhores práticas e os
procedimentos necessários para manter com
sucesso e reproduzir a espécie. Esta documentação, bem como a participação direta de
criadouros, é importantíssima para sustentar
programas variados em relação à espécie.
Salvaguardar os espécimes de Branta ruficollis
existentes na natureza de pressões as suas
populações é de suma necessidade, mas no
que a conservação da espécie depender da
criação ex-situ para sua existência a garantia
pode ser dada.
.
Por se tratar de uma espécie ameaçada, o ideal,
nas criações em cativeiro, é que se retirem os
ovos para incubá-los artificialmente. Ao retirálos aumenta a possibilidade de outras posturas
serem feitas, que podem chegar a três num ano.
Desta forma também aumenta a probabilidade
de menor perda de filhotes, ou mesmo de ovos
fertilizados com sucesso de eclosão.
.
O filhote, ao eclodir do ovo inspira cuidados, mas
logo estarão ciscando atrás de comida. É necessário mantê-los sobre uma forração, mais macia
que um piso comum. Em geral uma forragem de
palha seca já é o suficiente. De outra forma os
animais podem ter problemas na ossatura das
patas. Um reforço vitamínico é aconselhável para
os gansinhos, assim como um adicional de folhas
e sementes ricas em proteínas vegetais.
.
Status
em
cativeiro
.
Programas de reprodução em cativeiro de aves
aquáticas selvagens existem há vários séculos
e um grande número de espécies diferentes foi
criado com muito sucesso. De fato, o sucesso
global dos programas de reprodução em cativeiro
de aves aquáticas selvagens têm sido maior do
que para qualquer outro grupo animal. Coleções
aquáticas hoje fazem parte intrínseca da mostra
em muitos jardins zoológicos, parques naturais e
de coleções privadas. Quando acoplado com o
fato de que espécies raras de aves se adaptam
bem ao cativeiro a participação desses grupos foi
positivamente benéfica aos raros programas de
recuperação de anseriformes, sobretudo quando
esse apoio combina com uma reprodução em
cativeiro como principal componente do plano de
recuperação de espécies raras.
Acima vemos os ovos de uma postura, possuem
cor amarelada e manchada. Os filhotes
recém nascidos são pardos e amarelados
Ao lado uma fêmea no ninho. (Fotos WIT)
Ao lado esquerdo
vemos um macho adulto no viveiro da
WIT. Um recinto
gramado e com um
pequeno lago pode
ser a área para a reprodução da espécie.
Matéria de Marcos R. Silva, colaboração
da Comissão Técnica da ABRASE
Fotos Wildife Trad. e arquivos ABRASE
.
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FEVEREIRO 2010
NÚMERO VI
mação, manejando de forma que os répteis cresçam sadios, chegando a um ponto que eles tornam-se sexualmente maduros. Por exemplo, nos
EUA está se vendo um número sem precedentes
de fêmeas adultas de iguanas verdes. Este quadro causa a apresentação às clínicas veterinárias
de problemas relacionados com a postura de
ovos. Animais bem cuidados que chegam à fase
adulta em geral iniciam todos os comportamentos
reprodutivos naturais e devem ter manejos específicos.
CONSERVAÇÃO > CRIAÇÃO > MANUTENÇÃO
Reprodução de répteis:
conhecimentos básicos
.
A maioria dos répteis põe ovos. O ato de pôr ovos é chamado de ovoposição ou postura. Os
répteis que colocam ovos são chamados de
ovíparos, já aqueles que reproduzem parindo
seus filhotes já formados são classificados como
vivíparos. Tecnicamente, uma fêmea que põe
ovos é dito “estar grávida”, momento o qual está
amadurecendo os ovos dentro dela. Uma fêmea
que dá à luz a filhotes formados pode ser corretamente chamada de “grávida”. Abaixo apontamos algumas das espécies mais comuns dos
répteis e do método de reprodução que empregam.
Répteis: muitas espécies são de fácil
reprodução em cativeiro, não exigem
tecnologia avançada e recintos caros.
Já é hora do Ibama
liberá-los.
Em linhas gerais tentaremos dar informações
sobre a reprodução de répteis em cativeiro. O
presente tem o intuito de passar aos interessados uma inicialização para entender o manejo
reprodutivo desta classe de animais em cativeiro.
.
Répteis machos e fêmeas não têm genitália
externa para ajudar seus proprietários na
determinação do sexo. Mas, no entanto, machos e fêmeas possuem diferentes órgãos
reprodutivos. O macho possui dois testículos,
alojados dentro do corpo. O macho também
tem um órgão copulador, seja um único pênis
(tartarugas e crocodilos) ou um par de hemipênis (lagartos, cobras) que muitas vezes podem
ser vistos como duas protuberâncias atrás da
cloaca, na base da cauda. O pênis ou hemipênis não estão ligados ao trato urinário, e é estritamente um órgão de reprodução. Lagartos e
cobras podem ser sexados pela utilização de uma
sonda que é introduzida na cloaca, direcionada
para a cauda, fora da linha mediana. A sonda
penetra mais longe no sexo masculino do que no
feminino.
Alguns répteis põem ovos e outros parem seus
filhotes já formados. As fêmeas não precisam da
presença de um macho para pôr seus ovos. Há
sutis diferenças entre machos e fêmeas na maioria das espécies de répteis, mas em outros, as
diferenças são óbvias. Répteis também podem
ser sexados por sondagem, exame visual, ultrasonografia, cirurgia ou radiografias. A maioria dos
ovos de répteis é incubada artificialmente quando
se tratam de animais cativos.
.
Os répteis vêm aumentando de forma espantosa a popularidade como animais de estimação.
Com este interesse surge uma procura de répteis
saudáveis, produzidos em cativeiro e de forma
legal, assim como os anfíbios. Muitos aquaristas
estão se tornando curiosos sobre a possibilidade
de criação de seus animais de estimação, tendência mostrada em todas as classes de animais.
Alguns proprietários de répteis estão fazendo um
bom trabalho de cuidar de seus animais de esti-
.
Há também características sexuais secundárias
que podem ajudar a diferenciar os machos das
fêmeas. Muitas vezes, em quelônios do sexo
masculino (tartarugas e jabutis), o plastrão (concha inferior) é um pouco côncavo, e a cauda é
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Acima vemos um terrário apropriado
para a manutenção de animais em
domicílio. Nestes são possíveis reproduzir segundo a espécie.
FEVEREIRO 2010
Algumas serpentes não põem ovos,
é o caso da jibóia que os filhotes
nascem formados. Acima fotos de
filhotes de jibóia recém nascidos.
NÚMERO VI
Acima ovos de
iguana e ao lado os filhotes.
condições em que vivem e das espécies envolvidas, e este esperma armazenado pode fertilizar
posturas subseqüentes sem contato adicionais de
um macho.
proporcionalmente maior. Muitas vezes, a cabeça e o tamanho do corpo em geral são proporcionalmente maiores nos machos de espécies de
répteis. O camaleão Jackson macho tem três
chifres proeminentes na cabeça que não são
observados na fêmea. Muitos iguanas machos e
geckos possuem femorais ou poros pré anais
que secretam uma substância oleosa tornandoos mais proeminentes do que aqueles encontrados nas fêmeas. Muitas boas e pythons possuem
esporões localizados em cada lado da abertura e,
em muitos machos, estas esporas são maiores.
Em geral, a cauda de répteis do sexo masculino é
proporcionalmente maior do que a fêmea.
.
Usando a iguana verde, como exemplo, mesmo sem a presença do macho para fertilizar os
ovos, a fêmea adulta saudável pode começar
a desenvolvê-los. O processo começa com os
ovários, onde os ovos estão armazenados. Os
ovários estão localizados dentro do corpo. A
maioria das fêmeas de iguana verde amadurece
quando estão entre dois e quatro anos de idade.
Neste período de vida iniciam o desenvolvimento
de folículos nos ovários. Cada folículo é compôsto de um ovo pequeno e um saco cheio de gema.
Os folículos em seguida, desligam-se e se movem para o ovoduto, onde o ovo é adicionado, e
em seguida, um escudo é criado ao redor da
gema e do material periférico branco. A fêmea
grávida normalmente não come de três a seis
semanas antes de colocarem seus ovos. Não
faria sentido, uma vez que seu abdômen estará
cheio de ovos nas tubas uterinas e do estômago
é muito comprimido, havendo pouco espaço para
o alimento no estômago.
.
Há outras maneiras de diferenciar os sexos dos
répteis, incluindo ultra-som, sexagem cirúrgica e
radiografias. Para obter informações específicas,
deve-se consultar um veterinário especializado
nestes animais.
.
Quando parece que a reprodução é um acontecimento natural, sem que as circunstâncias corretas tais como uma dieta equilibrada e um ambiente adequado para a postura de ovos, estes
podem não se desenvolver normalmente ou
serem depositados de uma maneira oportuna.
Os criadores são muitas vezes surpreendidos
ao descobrir que seu lagarto de estimação é
uma fêmea e que desenvolveu ovos. Uma fêmea
adulta saudável não precisa da presença de um
macho para se tornar “grávida”.
.
Se um iguana, fêmea, está grávida e não tem
um local apropriado para cavar a fim de fazer
sua postura, ela pode tornar-se retentora dos
ovos. Uma fêmea grávida naturalmente cava uma cova grande em solo úmido (muitas vezes ao
longo de um rio), em estado selvagem. Sem um
local adequado, ela pode segurar seus ovos por
um período de tempo muito maior do que é normal ou saudável. Uma vez que a fêmea grávida
geralmente não está comendo, ela pode perder
a condição corporal, e ela também pode sofrer
de problemas com o cálcio no sangue. Para a
.
Para a fertilização, o macho insere um de seus
dois hemipênis na cloaca da fêmea, ou o único
pênis é inserido. Antes da cópula real, o par geralmente se envolve em algum tipo de namoro
ritualizado. Após a cópula, o esperma pode ser
armazenado por até seis anos, dependendo das
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metros de incubação variam de espécie para
espécie, e em algumas espécies, a temperatura
de incubação vai influenciar o sexo da prole. O
tempo de incubação pode variar em cerca de 45
dias (em pequenos lagartos) para mais de um
ano (para algumas tartarugas).
postura deve-se proporcionar à fêmea um recinto
plano preenchido com 50% de areia e 50% envasamento de solo (terra), mantido em um local a
cerca de 30 a 33 graus Celsius, pode ser suficiente para permitir a ela escavar e pôr seus ovos.
No entanto, se ela não puser os ovos e começar a perder muito peso, pode necessitar atendimento de emergência veterinária. Medicação
pode ser julgada e, se isso falhar, pode requerer
cirurgia para remover os ovos. Um veterinário
pode sugerir a ablação da fêmea (remoção dos
ovários e tubas uterinas) para evitar problemas
futuros, ao mesmo tempo em que os ovos são
removidos.
.
Quando é tempo para o filhote deixar o ovo este usa seu dente do ovo (também chamado de
carúncula) para cortar a casca. O filhote irá
permanecer habitualmente no ovo de 12 a 48
horas depois de ter posto sua cabeça através da
casca. Durante esse tempo, qualquer gema restante ainda ligado ao duto de alimentação será
absorvida.
.
.
Pythons fêmeas são um dos poucos grupos
de répteis que cuidam de seus ovos após a
postura. Protegem os ovos e regulam a
temperatura também. Algumas tartarugas, lagartos, cobras rei, cobras e crocodilos guardam
todos os seus ninhos. Crocodilianos também
ajudam os filhotes quando eles saem de seus
ninhos, e irá ampará-los por um tempo após a
eclosão.
Os recém-nascidos provenientes de ovos, bem
como aqueles que nascem formados, são capazes de cuidar de si, logo estão levantando e
andando em torno da área do recinto em que
nasceram.
.
Algumas espécies de répteis são muito fáceis
de reproduzir em cativeiro. Esta pode ser uma
experiência interessante e educativa para os
proprietários de répteis, e pode ser compensadora financeiramente também. Com o pequeno investimento de uma incubadora, reprodutores
saudáveis, boa nutrição, ambiente adequado e
cuidados veterinários adequados, são possíveis
até mesmo para os novatos terem sucessos na
reprodução de répteis.
.
Entre as espécies que dão à luz a filhotes vivos algumas apresentam um grau de cuidados
maternos. Alguns lagartos pequenos ajudam
os recém-nascidos a sair dos de sacos de seu
nascimento. Um réptil da Ilha Salomão dá à luz
a uma prole muito grande depois de um longo
período de gestação e durante a gravidez a
fêmea come muito pouco. Serpentes, como as
jibóias e cobras, dão à luz filhotes vivos.
.
Entre as espécies que põem ovos, na maioria
dos casos, a fêmea cava um buraco, os depósitos dos ovos e, em seguida, cobre completamente o buraco, escondendo qualquer indício
de suas atividades. Já em cativeiro, os ovos
geralmente são removidos e colocados em uma
incubadora. Os ovos devem ser manuseados
com cuidado, e deve ser tomado cuidado também
para não se alterar a posição que eles estavam
quando depositado. Há alguma controvérsia
quanto à possibilidade ou não de rodar os ovos
de répteis poder ser prejudicial, por isso, se possível, marcar o início de cada ovo com um lápis
escuro deve ser feito, e colocar o ovo na área de
incubação na mesma posição.
POSTURA DE OVOS
FILHOTES JÁ FORMADOS
Todas as tartarugas
Todos os crocodilianos
Alguns lagartos
Iguanas Iguanas
Dragões de Água
Geckos
Camaleões Veiled
Camaleões Panther
Lagartos Monitores
Todas ass Pythons
Kingsnakes
Milksnakes
Rat snakes
Corn snakes
Alguns lagartos
Solomon Island skink
Lagartos de língua azul
Shingle-backed skink
Alguns camaleões
Camaleão de Jackson
Algumas cobras
Todas as boas
Todas as víboras
Cobras Garter
.
Matéria da
Comissão Técnica da ABRASE, sob
Coordenação do Grupo de Répteis
Os ovos de algumas espécies são difíceis (tartarugas, cágados, crocodilianos e alguns lagartos,
especialmente geckos) e as dos outros são mais
fáceis (de cobras e lagartos) de incubar. Parâ-
Fotos arquivos ABRASE
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NÚMERO VI
OBJETIVOS DA ABRASE
a) congregar os criadores e comerciantes de animais da fauna silvestre brasileira e exótica;
b) estimular e fomentar, por todos os meios ao seu alcance, a criação de animais da fauna silvestre brasileira e exótica;
c) organizar periodicamente encontro entre os associados, ou quaisquer outras iniciativas que visem manter sempre forte o elo entre os mesmos;
d) promover entendimentos, acordos e convênios com os governos Federal, Estaduais e Municipais, para a execução de atividades relativas ao fomento
e defesa da criação de animais da fauna silvestre e exótica;
e) estudar, aprofundar, pesquisar e dar assistência sobre todos os assuntos referentes às normas ligadas a criação e comercialização de animais da fauna
brasileira e exótica;
f) fornecer assistência jurídica aos associados referente às questões inerentes às atividades da associação;
g) promover entendimento entre os criadouros objetivando a permuta de animais;
h) promover e incentivar atividades culturais e científicas referentes aos objetivos da associação;
i) a Associação poderá buscar através de intercâmbios com entidades congêneres de outros Estados e/ou países, o amplo debate, idéias e informações
para maior conhecimento sobre as técnicas de criação e reprodução dos animais.
j) defender o Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, fornecendo as práticas sustentáveis de desenvolvimento e a educação ambiental, estimulando
os associados à realização de pesquisas e estudos referentes à conservação da fauna silvestre e exótica.
k) combater o comércio ilegal de animais silvestres e exóticos através de palestras, promoção do comércio legal, campanhas educativas e educacionais
e colaboração com as entidades de gestão de fauna e repressão ao tráfico.
.
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DIRETORIA
PRESIDENTE - LUIZ PAULO MEIRA LOPES DO AMARAL
1º VICE-PRESIDENTE - LÉLIO GABRIEL H. DOS SANTOS
2º VICE-PRESIDENTE - PIERRE JIMENEZ ALONSO
SECRETÁRIO GERAL - VINICIUS RODRIGUES FERREIRA
DIRETOR FINANCEIRO - FERNANDES MOURA
VICE DIRETORA FINANCEIRA - CLÁUDIA MEIRA LOPES DO AMARAL
DIRETOR TÉCNICO - FERNANDO PECEGUEIRO
DIRETOR INSTITUCIONAL - ELBER AYRES OTERO
.
CONSELHO FISCAL: Sra. Frauke Allmenroeder, Sr. Ivaldo Fontes
Barbosa e Sr. Salvador de O. Porto Filho
.
COMISSÃO DE ÉTICA: Sr. Jeferson Rocha Pires, Sra.Frauke Allmenroeder;
Sr. Paulo Machado, Sr. Reginaldo
V. Leone e Sr. Marius da Silva P. Belucci;
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GESTÃO ADMI CRIADOUROS E COMÉRCIO
CALENDÁRIO 2010
NÚMERO VI
EVENTOS
1º SEM. CALENDÁRIO 2010
- IV Congresso da AVIORNIS
Asociación Internacional de
Criadores de Aves Silvestres
- Relatório do Cadastro Técnico Federal
prazo 31 de março (quem não o fez deve
fazê-lo mesmo fora do prazo). Entrega
pela internet.
6 e 7 de março de 2010, em Utrera
Sevilha - Espanha
info: [email protected]
- Relatório Semestral de Venda de Silvestres - prazo 30 de junho. Entrega no
Núcleo de Fauna do Estado residência
- Cumprimento da IN 169/08 - Pedido de
Autorização de Manejo - AM
prazo esgotado (quem não o fez deve
fazê-lo mesmo fora do prazo). Pela
internet.
- Relatório de Evolução de Plantel - prazo anual - data referência início das
atividades do criadouro. Entrega no
Núcleo de Fauna do IBAMA do
Estado residência
.
ABRASE
1º SEM. CALENDÁRIO 2010
- Não há previsão de eventos administrativos ou associativos para os
meses de janeiro e fevereiro
- Relatório Semestral de Venda de Silvestres - prazo 31 de dezembro - 2º semestre
A BRASE
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES E
COMERCIANTES DE ANIMAIS SILVESTRES E EXÓTICOS
Secretaria - Rua Visconde de Itabaiana, nº 102
Engenho Novo - Rio de Janeiro - RJ - Brasil
Cep: 20780-180
.
Telefone: +55 (21) 2218.7881 Fax: +55 (21) 2201.0602
Correio electrônico: [email protected]
Na Web: www.abrase.com.br
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A revista faz todo o necessário para garantir a veracidade dos artigos, as opiniões
expressadas nestes são de exclusividade de seus autores.
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