revista abrase edição 0006
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ABRASE ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES E COMERCIANTES DE ANIMAIS SILVESTRES E EXÓTICOS Revista Eletrônica Oficial Número 6 - Fevereiro 2010 entre os conceitos de conservação e uso sustentável, pois a produção e a coleta ocorrem em quase todos os ecossistemas, inclusive em muitas áreas nas quais a conservação é o objetivo principal de manejo. Para avaliar se um recurso está sendo utilizado de maneira sustentável ou não sustentável é preciso que vários fatores sejam considerados, incluindo a situação do recurso em questão, o impacto do uso sobre o ecossistema do qual o recurso faz parte, e o contexto sócio-econômico do uso do recurso. 2010, Ano internacional da Biodiversidade . Nota do Editor Em dezembro de 2006, a ONU (Assembléia Geral das Nações Unidas) declarou 2010 como o Ano Internacional da Biodiversidade. A Assembléia designou o secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica (Convention on Biological Diversity) como ponto focal para o ano e convidou-o a cooperar com as outras agências do Sistema das Nações Unidas, com acordos multilaterais ambientais, com organizações internacionais, governos e outros atores, visando chamar maior atenção internacional para a perda contínua da biodiversidade. . Cabe a todos nós, da comunidade que trabalha diretamente com a biodiversidade, encorajar as pessoas leigas a descobrirem e admirarem a diversidade que nos cerca, assim como perceber seu valor e suas conexões com nossas vidas para projetarem as conseqüências de sua perda. Esta é a única forma de ensejarmos ações para salvar este patrimônio do desaparecimento. Também é preciso relevarmos e noticiarmos os meios pelos quais podemos salvar a biodiversidade, informando ao grande público e convertendo-o em ator e não mais em espectador. . Uma das maneiras mais importantes de tentar preservar os bens e serviços ambientais para as gerações futuras é assegurar que os componentes da biodiversidade sejam utilizados de modo sustentável. Existe uma clara sobreposição A criação de animais selvagens em cativeiro, seja para qual atividade comercial for, deve se engajar nos fatores que alicerçam a sustentabilidade de qualquer recurso natural. Estes fatores seriam mais sensivelmente pesados no NESTA EDIÇÃO: I- 2010, Ano Internacional da Biodiversidade II - A criação de Pionites leucogaster em cativeiro III - Porque criar animais silvestres, seja do ponto de vista ético, legal ou comercial IV - O galo da rocha peruano em cativeiro pág.1 pág.2 pág.12 pág.15 V - IV Congresso da Aviornis Assoc. Intl. de Criadores de Aves Silvestres pág.17 VI - Uma das maiores crises da Biodiversidade mundial pág.18 VII - O ganso de pescoço vermelho e seu status no cativeiro VIII - Reprodução de répteis: conhecimentos básicos IX - Avisos e propagandas X - Eventos e Administração pág.20 pág.23 pág.21 pág.27 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 NÚMERO VI a fauna e cumpra os dispositivos legais já existentes sobre o tema. Ser um país com uma megabiodiversidade nos impõe obrigações com toda a humanidade e não nos permite errar como temos errado. caso de que praticássemos o uso de nossos recursos faunísticos através de capturas no meio silvestre ou em manejos comerciais in-situ. Ambos os casos não são os meios que o Brasil adota, ainda que várias nações os adotem. Por si só, a reprodução ex-situ enterra o processo de subtração deste bem, a fauna, de seu habitat natural. Assim sendo não há impacto nos ecossistemas e não põe em xeque a situação deste recurso no seu ambiente natural, seja ele qual for. A Diretoria - ABRASE O uso da logo do IYB foi devidamente autorizado à ABRASE pelo Secretariado da Convenção de Diversidade Biológica (CDB Secretariat), baseado em Montreal - Canadá, sob as normas previstas no 2010 Logo Waiver Submission. A Convenção de Diversidade Biológica, através das “Diretrizes de Bonn” e dos “Princípios de Adis Abeba”, criou marcos definitivos de uma agenda a ser seguida, no que concerne a garantia e ao incentivo da utilização sustentável dos recursos naturais. Enquanto o Brasil não define em sintonia com a CDB sua política pública para nossa fauna, ficamos a mercê dos desastres que assolam nossos animais: O país vê dia a dia “sangrar” seu patrimônio genético em conseqüência das mais variadas formas de interferências antrópicas em nossos ecossistemas. “No Brasil, 212 (5%) das 4.196 espécies catalogadas pelo IUCN estão sob o risco de extinção, sendo 68 criticamente ameaçadas. Ao todo, 10 já estão extintas.” ratifica a IUCN. Isto demonstra a inabilidade de se perceber que problemas como desmatamento, especulação imobiliária, expansão agrícola, obras de hidrelétricas, entre outros vêm pesando incontestemente no nosso patrimônio faunístico, e não o fato de se reproduzir animais em cativeiro, em oposição de alguns aos mais óbvios conceitos previstos na CDB. Como bem chamou a atenção o Sr. Dener Giovanini, da ONG RENCTAS, “somente no ´resgate` dos animais da hidrelétrica de Serra da Mesa mais de 200 mil espécimes foram parar mortos em latões”. CONSERVAÇÃO > CRIAÇÃO > REPRODUÇÃO A criação de Pionites leucogaster em cativeiro ABRASE Pionites leucogaster, beleza de cores e excelente animal “pet”. AS SUBESPÉCIES DE MARIANINHA CABEÇA AMARELA . . Pionites l. leucogaster (Kuhl 1820) Distribuição: No sul e leste do Amazonas, no Pará e norte de Mato Grosso. Descrição: Sua plumagem em geral é verde, a testa, à parte de cima da cabeça, a nuca e as penas da região dos ouvidos são alaranjados, os lados da cabeça e a garganta são amarelos, o peito e o abdômen são brancos, a região coberta pelo rabo é amarela, à parte de cima das penas do rabo são verdes e o lado inferior é escuro, o bico é rosa amarelado, o círculo ao redor dos olhos é branco, sua íris é vermelha e seus pés da cor de carne. Comprimento: 23 cm. Enquanto nossas “autoridades” rechaçarem ou burocratizarem a mais elementar e benéfica forma de uso sustentável para nosso patrimônio genético, que são os viveiros de reprodução artificial de plantas e criadouros de animais selvagens, estarão à margem das normas e acordas quais é signatário, errando sistematicamente no foco de atenção e assinando o atestado de óbito de nossas espécies silvestres. . .tres O ano de 2010 traz uma grande oportunidade de se rever nossa política ambiental, particularmente de fauna, todos estarão convergindo para ações efetivas de conservação da biodiversidade. Será, portanto, a chance para que nosso governo definitivamente crie um marco legal condizente para . Pionites l. xanthomeria (Sclater 1857) Distribuição: Parte de superior do rio Amazonas . 2 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 NÚMERO VI Rio Amazonas, sendo encontrados também na Bolívia, Perú e Equador. São freqüentadores de copa de florestas de galeria, florestas úmidas de terra firme, capoeiras e várzeas, sempre em áreas de florestas de zonas tropicais, especialmente ao longo de cursos de água. Vive geralmente aos pares ou em pequenos bandos. Alimentam-se de sementes, frutos, pétalas e néctar de flores e eventualmente pequenos insetos. Fazem ninhos em orifícios naturais de árvores que escavam para aumentálos, entre 15 e 30 m de altura. Põem, em geral, de 2 a 3 ovos, de cor branco-amarelados. O Status da espécie é considerado comum, mas a população está diminuindo em algumas localidades devido ao desmatamento. Está inserida no Apêndice II da CITES, como todos os psitacídeos, não fazendo parte de lista nacional de fauna ameaçada. Da esquerda para a direita vemos primeiramente a P. l. xanthomeria, P. l. leucogaster e por fim a P. I. Xanthurus. Diferenças são bem marcantes na distribuição de cores. A subespécie xanthurus é a mais rara em cativeiro. . Alguns dados da espécie: Tempo de incubação dos ovos: 26 dias, em média. Temperatura de incubação: 37,5º C. Umidade: 60 a 65%. Tamanho da anilha: 08 mm. . No mapa acima vemos a extensa área de ocorrência da Pionites leucogaster, sempre a margem sul do rio Amazonas. As áreas marcadas exibem a ocorrência das subespécies, sendo a área menor, à esquerda a da xanthurus, no centro a área da xanthomeria e à direita a área da leucogaster. CRIAÇÃO EM C AT I V E I R O . As marianinhas são espécies diurnas, apreciam muita luz. É imperativo que recebam muita luz, no estado do Amazonas, Brasil, do oeste ao leste do Equador, Peru e Bolívia na província de Beni. Descrição: Semelhante à leucogaster, mas as coxas e os lados do corpo são amarelos, à parte cima das penas do rabo é verde, lado inferior é escuro, o círculo ao redor dos olhos é acinzentado, o bico é da cor de chifre com a base acizentada e os pés são cinza escuro. Comprimento: 23 cm. . Pionites l. xanthurus (Todd 1925) Distribuição: Noroeste do Brasil, ao sul do Rio Amazonas. Descrição: Semelhante à leucogaster, mas a plumagem é geralmente mais clara, as coxas, os lados do corpo, a região coberta pelo rabo, a parte superior e inferior do rabo são amarelas, a parte mais baixa das costas é verde entremeadas com amarelo. Comprimento: 24 cm. . O alto um pé de guarundi e à direita, acima, o ingá e abaixo o bacuri. Estas espécies de plantas oferecem frutos e flores à marianinha. À esquerda uma marianinha no pote de comida. Abaixo podemos ver as flores do bacurizeiro (Synphonia globulifera) e do bacuri (Platonia insignis). Estas flores formam o grupo de alimentos no ambiente natural. Das três subespécies a P. l. Leucogaster é a mais comum em cativeiro. As P. l. xanthomeria são mais escassas e as P. l. xanthurus são bastantes raras. . Na natureza estes animais habitam ao sul do 3 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 devendo-se oferecer um lugar sombreado para onde escapar, no caso de receber luz solar direta. Quando recebem muito sol e calor, levantam as asas, abrem o bico e penas. Fazem isso para aumentar a sua área de superfície para dissipar o calor. atento as refeições. . Os poleiros da gaiola devem ser pensados para o animal, é importante que tenham diâmetros adequados e que a madeira utilizada não seja tóxica. Os poleiros não devem ser montados todos na horizontal. Deve-se montar um ou dois em ângulo íngreme vertical. As marianinhas são boas escaladoras e subindo e descendo os poleiros lhes proporciona entretenimento e ajuda a manter as unhas em bom estado. . Marianinhas são monomórficas, ou seja, machos e fêmeas têm a mesma aparência. Há relatos de verificação de sexo através de determinadas características, mas estes não são confiáveis. Desta forma, ao adquirir estes animais, deve-se proceder num exame de DNA para a determinação de sexo dos espécimes. . Há outra coisa que se deve adicionar à gaiola ou viveiro, brinquedos. Estes animais amam brinquedos, principalmente os que fazem ruídos. São excelente anti estresses. Assim, brinquedos com sino, guincho ou chocalhos são muito bem vindos, e pelo menos um feito de madeira macia para o pássaro “mastigar”. Também apreciam brinquedos coloridos, especialmente os de cores vibrantes. Esses objetos podem fornecer a uma marianinha horas de entretenimento. . R E C I N TO S PA R A C R I A Ç Ã O NÚMERO VI . Gaiolas feitas para psitacídeos menores, embora de construção mais leves do que as gaiolas para papagaio são aceitáveis para a criação desta espécie. As P. leucogaster não têm bicos grandes o suficiente para dobrar as barras ou quebrar as soldas dessas gaiolas. As marianinhas preferem “escalar” a voar, sendo assim não é necessário fornecer-lhes uma grande gaiola para vôo. Se o criador for construir a sua própria gaiola, deve fazê-lo de arame galvanizado de alta qualidade, com uma malha condizente ao animal. Não use material de zinco. O zinco é tóxico para as aves em geral, e todas as gaiolas construídas com arame galvanizado devem ser pinceladas com uma solução diluída de ácido, antes das aves entrarem nas mesmas. As medidas mínimas sugeridas para esta espécie são de 2,5 m de cumprimento e 80 cm de largura e altura (visualize o desenho na revista). A L I M E N TA Ç Ã O . Recentemente, o debate sobre a dieta à base adequada para papagaios parece ter se resolvido a favor de dietas formuladas, ou seja, pellets, em detrimento das dietas de sementes. No entanto, todos os papagaios têm um bico bem adaptado para o descasque de sementes, que podem vir como complemento. O debate é ainda mais complicado pelo fato de que os papagaios de diversas espécies evoluíram com diferentes necessidades nutricionais. Por exemplo, periquitos e caturritas podem sustentar-se com uma dieta à base de sementes, lóris e lorikeets necessitam néctar e pólen, o papagaio Pesquet é quase exclusivamente frugívoro. Quanto as marianinhas, como a maioria dos papagaios, não houve nenhum estudo sistemático de sua dieta em estado selvagem (M. Galletti, 2002), assim que nós sabemos pouco sobre a dieta ideal para a espécie. É evidente, porém, que são onívoros, ou seja, comem tanto vegetais e alimentos de origem animal. Embora seja acordado que um alimento formulado deve formar a base de sua dieta, mesmo as empresas que vendem essas dietas recomendam complementos, frutas, legumes, algumas sementes e outros alimentos. Desta forma devemos abordar alguns alimentos para as Pionites. . Como em geral as marianinhas gostam de ficar se movimentando pelas grades é desnecessário alojá-las em recintos grandes, ou demasiadamente cumpridos. Os vôos em geral são curtos e o aproveitamento do espaço será seguramente mínimo. . Em geral as marianinhas gostam de pernoitar em uma caixa. A forração pode ser a mesma de uma caixa de ninho, a única diferença é que o pássaro usa só para dormir. Mas eventualmente podem colocar seus ovos na mesma. . Ao contrário da maioria das outras espécies de papagaios, as marianinhas têm o hábito de passar rapidamente sobre a comida. Para se evitar isso, deve-se colocar os potes de comida a uma altura que possibilite o animal estar sempre . Dietas formuladas (Pellets): Qualquer uma das dietas comerciais, recomendadas para psitací4 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 NÚMERO VI algumas semanas. Ao final do processo, a ave só deve estar recebendo pellets. deos de médio porte, irá fornecer uma alimentação adequada. As grandes criações de reprodução comercial, em grande parte, passaram a utilizar as dietas formuladas exclusivamente, e isto resultou em aumento da produção de filhotes mais saudáveis. Uma consideração adicional é ou não a ave estar no meio do seu ciclo de reprodução. As marianinhas têm preferências definidas. Cor e sabor desempenham um papel importante na seleção alimentar. Elas parecem gostar de pellets coloridos mais do que os não coloridos e os que oferecem as pelotas multicoloridas fornecem algum enriquecimento ambiental. É claro que eles podem distinguir cores, pois elas geralmente preferem uma ou duas cores e vai pegar apenas estas para comer. Estranhamente, cada indivíduo parece ter uma preferência pessoal. Felizmente, não há diferença no valor nutricional entre cores. Outra preferência da espécie é quanto ao sabor, preferem alimentos mais doces. Se houver a chance de comparar uma dieta formulada com outra deve fazê-lo. Mas o sabor não pode invocar alterações substanciais na formulação. . Sementes: Qualquer criador de ave que pode atestar ao fato de que as sementes são muito apreciadas. Misturas de sementes comerciais ainda são disponíveis no mercado e não se recomenda uma ruptura pelas dietas formuladas. Os provedores comerciais de sementes as preparam sob o pressuposto de que todas as sementes na mistura serão comidas. As marianinhas, como a maioria dos psitacídeos preferem certas sementes a outras. Este é um problema particular com misturas contendo sementes de girassol. Eles comem todas as sementes de girassol antes de comer qualquer uma das outras. Uma vez que as sementes de girassol contêm uma quantidade desproporcional de gordura, papagaios com esta dieta, muitas vezes se tornam obesos. Uma mistura de sementes fortificada contém adição de vitaminas e minerais, em geral a base de cártamo. Também se deve limitar a quantidade de sementes disponíveis para o pássaro, como forma de incentivá-la a comer todas as sementes diferentes do mix. Além disso, é imperativo que se forneça uma abundância de frutas e legumes frescos. Com dietas de sementes, precisa-se estar mais preocupado com possíveis deficiências nutricionais do que com as dietas peletizadas. . As empresas que fabricam essas dietas têm como objetivo formular-lhes uma nutrição completa, no entanto, há um problema, as exigências nutricionais para a maioria dos papagaios são desconhecidas. Para a maior parte, têm sucesso as dietas que contêm quase todas as proteínas, vitaminas e outros nutrientes. . Nunca se devem fornecer vitaminas ou minerais adicionais para as aves que se alimentam destas rações. Estes nutrientes são incluídos na dieta formulada. Mas dietas peletizadas não são formuladas especificamente para marianinhas, mas de forma genérica. Outro problema é que as rações geralmente não estimulam o interesse dos papagaios. Estas são as razões que a maioria dos avicultores fornecem a seus pássaros algumas sementes, bem como frutas e vegetais frescos. A adição desses alimentos é ainda recomendada por alguns dos fabricantes de ração formulada. Frutas e Vegetais: Enquanto os pellets formulados proporcionam uma boa base nutricional, uma interessante seleção de outros alimentos deve ser fornecida para manter os animais entretidos e preencher eventuais lacunas nutricionais. Frutas e vegetais frescos cumprem pelo menos parte dessa necessidade. Enquanto os pellets são uma fonte concentrada de nutrientes, frutas e legumes são majoritariamente compostos por água, assim, a não ser se consumido em grandes quantidades, não compromete a alimentação mais equilibrada, fornecida pelos pellets. Com poucas exceções, marianinhas podem consumir os mesmos frutos e legumes que nós comemos. Ninguém recomenda que se termine abruptamente a alimentação de sementes a fim de forçar o pássaro a comer pellets. Os psitacídeos sofrem muito de neofobia, o que dificulta o trabalho. A maioria dos fabricantes recomenda que sejam progressivamente inseridos os pellets, pode-se fazer isso adicionando a ração na mistura de sementes em parcelas crescentes ao longo de No ambiente selvagem, as marianinhas comem mais freqüentemente logo após o nascer do sol e pouco antes do anoitecer (Steven L. Hilty, 1994). Por esta razão, deve-se fornecer frutas e legumes na parte da manhã e retirá-los no final da tarde antes que eles tenham a chance de estragar. Se fornecer frutas e legumes frescos, eles não costumam mofar dentro desse intervalo curto, . . . 5 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL mesmo em áreas quentes. FEVEREIRO 2010 NÚMERO VI P. signis é uma prova de consumo de néctar por Pionites em estado selvagem. . . Há um cuidado relacionado à alimentação de produtos frescos. Mantê-los livre de material fecal de origem animal, Salmonella e Escherichia coli são um problema particular nesta situação. As aves são particularmente suscetíveis a estas bactérias. Nesse sentido, é preciso também considerar o potencial de contaminação de frutas e legumes cultivados organicamente em algumas fazendas. Contaminação de brotos parece ser um problema particular e vários relatos da doença a partir de bactérias contaminantes foram reportados pelo Center for Disease Control nos EUA. . Com base na análise do teor de açúcar da Symphonia globulifera, pode-se preparar uma solução de dextrose a 5% e 5% de frutose (Gill, 1998). O que as marianinhas apreciam bastante. Mixes de néctar formulados comercialmente, como os usados para loris e lorikeets, são igualmente apreciados. . Um pote pequeno de "néctar" pode ser fornecido pela manhã. Qualquer um dos líquidos como néctar pode ser servido com exceção do mel. Embora o mel tenha a mesma composição que o néctar, pode estar contaminado com os esporos de Clostridium botulinum, que Acima, à esquerda, não são mortos por um casal reprodutor pasteurização. Se o do WBR, e à direita criador fizer o uso visão dos recintos para marianinha. de “néctar” estes devem ser descartaÀ esquerda vemos os detalhes da gaidos no final do dia. Nectar e Flores: Um dos primeiros relatos sobre a dieta de marianinhas, no caso a de cabeça negra, foi por La Vaillant (1801), que viveu na Guiana Holandesa (atual Suriname). Ele observou que consumiola de criação, com ram muito doce ninho e compartimento para comida néctar e frutos Vitaminas e Suplee água (detalhe). que seus peitos mentos Minerais: À direita o casal na brancos tornavamSó se devem usar gaiola do detalhe ao se descoloridos. Um essas se os passalado. estudo mais recente ros são alimenta Abaixo vemos os tipos foi mais longe e tados com uma diede ninhos utilizados na MODELO DE GAIOLA PARA MARIANINHA reprodução de espécies. GAIOLA SUSPENSA informou que a P. l. l ta sem adição de Um deles em detalhe na 2,0 m x 0,8 m x 0,8 m leucogaster é um sementes vegeta(comp.,larg.,alt.) gaiola do desenho ao lado. dos vários papais. Nunca forneça gaios que polinizam vitaminas suplemenas flores da Platonia tares no caso de insignis (Maués, dieta que incluam 1997) - bacurizeiro. os pellets, mesmo As Marianinhas fose o pássaro está ram relatadas cocomendo algumas mendo as flores da sementes e leguSymphonia globulifera (Gill, 1998) guanandi, mes. Todas as dietas peletizadas contêm vitaminas. No caso de uso de sementes, leia os do Inga laterifolia - ingá, bem como os de algurótulos sobre a mistura de sementes antes de mas espécies dos gêneros Norantea e decidir adicionar vitaminas, porque essas, espeEschweilera . Penard (1908) e McLoughlin cialmente as lipossolúveis, podem adoecer a ave. (1989) fizeram observações sobre marianhinhas No caso de usar as vitaminas, polvilhe-a sobre as comendo base de flores, presumivelmente para frutas favoritas das aves, tendo o cuidado de extrair néctar. Ainda não há plenamente coseguir as instruções do fabricante. Nunca se denhecimento das implicações em termos de ve adicionar vitaminas na água da ave, uma vez nutrição, mas os muitos relatos de consumo de que incentiva o crescimento bacteriano. néctar de muitas flores e as relações mútuas com . . 6 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 Para um criador novato, com paciência, a melhor abordagem é a compra de aves jovens e pareálos posteriormente. Tanto animais criados a mão, como aqueles criados pelos pais, possuem todas as condições para serem bons criadores. A única condição é que elas não sejam muito estreitamente relacionadas. Adquirir animais de origens diferentes á a garantia para não se ter problemas na reprodução. Informações sobre o animal a compor o plantel são importantes para se conhecer o espécime e acompanhar sua evolução. A desvantagem de se ter animais jovens é que esta espécie leva de dois a três anos antes de atingirem a maturidade sexual reprodutiva, além disto, deve-se saber que as primeiras tentativas de reprodução geralmente são acompanhadas da inabilidade dos pais, antes de serem criadores de confiança. A maioria dos criadores fornece algum tipo de suplemento mineral. O osso de síbia é bem consumido, pode-se fixá-lo no interior da gaiola. Na maioria das vezes, as marianinhas ignoram o osso, mas quando mudam de humor atacam e mastigam o pó fino. Se for uma fêmea, muitas vezes é um sinal de que ela vai fazer postura. Outros Alimentos: Na verdade, a maioria dos papagaios é onívora e come alimentos de origem vegetal e animal. Alguns avicultores fornecem larva de insetos vivos a suas aves, como o fazem em estado selvagem. Assim como para as pessoas, uma alimentação variada é importante para conseguir uma dieta equilibrada. Por exemplo, os seres humanos não são capazes de sintetizar alguns dos aminoácidos conhecidos como aminoácidos essenciais, como a lisina. As plantas são uma fonte muito pobre destes, mas a carne animal é muito boa como fonte. Há relatos de marianinhas que comeram quantidades enormes de cupins em menos de uma hora. Estas aves também gostam de gafanhotos e lagartas pequenas, Galleria mellonella, especialmente quando eles estão alimentando os jovens. Alguns criadores aves fornecem grilos vivos, congelados ou liofilizados. São muito apreciados, assim como as pequenas larvas da mariposa da farinha (K. H. Lüling, 1986). . A idade geralmente de reprodução é de até três anos. Alguns pássaros criados domesticamente podem produzir em menos de dois anos, sendo e a mais tenra idade relatada de onze meses (R. Lima, 1996). O início da maturidade sexual das fêmeas é mais perceptível que dos machos. O aspecto mais difícil de encontrar aves para reprodução que o casal seja compatível. A melhor maneira de combinar os pares é que lhes permitam selecionar mutuamente uns aos outros. Pode-se esperar que eles tenham brigas ocasionais, mas nunca devem chegar ao ponto onde necessitam ser separados novamente. . REPRODUÇÃO NÚMERO VI . . O método confiável para a identificação sexual (através do DNA), no início dos anos 1980, tornou a reprodução de Pionites leucogaster em cativeiro bastante profícua. Assim como a melhor compreensão de sua criação, com menos dependência de animais capturados (selvagens), o que pôs em curso um processo de seleção para as aves que se reproduzem melhor em cativeiro. Os dois membros do casal devem ser introduzidos na gaiola de reprodução ao mesmo tempo. Se uma ave é mantida em separado na gaiola de reprodução por um longo tempo, pode se tornar agressiva com a ave introduzida mais tarde. Se ambas as aves são forem introduzidas ao mesmo tempo, não haverá a sensação de invasão de território. Os machos são geralmente mais agressivos do que as fêmeas e defenderão a gaiola de forma mais vigorosa. Num comportamento normal os animais procuram companhia um do outro dentro em poucos dias. . O PLANTEL REPRODUTOR . Após a obtenção do plantel novo, é muito importante para verificar se as aves estão em boa saúde e garantir que não transmitam doenças para o resto do criadouro. Portanto, é muito importante para as novas aves passar por um exame de saúde veterinária completo. É imperativo também de manter as aves em quarentena, pelo menos por 30 dias, enquanto aguardam os resultados dos ensaios de veterinários e ao surgimento de possíveis doenças decorrentes do stress ocasionado pela mudança, o que de ser considerado normal. . RECINTOS . Esta espécie deve ser sempre mantida com somente um casal por recinto, porque os pares são muito agressivos com outros pássaros durante a época de reprodução. No início da criação de marianinhas em cativeiro, lugares como o Busch Gardens fizeram colônias, mas isso só funcionou bem para a P. l. xanthomerius, . 7 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 ligeiramente menos agressiva. Uma das razões para a reprodução em colônia foi a dificuldade de sexagem, usando este método aumentou-se as chances de se ter pares na mesma gaiola. O criador Tom Ireland utilizou esta abordagem em suas tentativas de reprodução precoce com algum sucesso, mas depois recomendou o fim deste método. Em confirmação disto, o Paradise Park (2002) no Reino Unido teve um pequeno grupo que foi mantido junto por 15 anos, que nunca foi ao ninho. Depois que eles foram separados em pares é que produziram filhotes. (Donald J. Brightsmith, 1999). Há fatores a se considerar quando se seleciona um ninho. Talvez o mais importante é que, no início da época de reprodução, esta espécie trabalha continuamente em seus ninhos. Mastigam a própria caixa, bem como reorganizam e empurram a “cama” ao redor e até mesmo fora da caixa. . Os ninhos podem ser feitos de diversos materiais. Os de madeira são os mais comuns, mas os fornecedores também oferecem outros feitos de metal e plástico opaco. No caso de madeira devese ter a certeza que a utilizada em sua construção não foi tratada quimicamente para evitar podridões ou infestação de cupins. A escolha do material de construção é mais crítica quando o par de reprodutores é mantido fora, em área externa. O seu hábito de viver dentro da árvore de copa e da folhagem densa faz das gaiolas menores uma forma de passar a sensação de segurança semelhante ao seu ambiente natural (George Smith, 1991). No entanto, Rosemary Low (2002) recomendou uma gaiola de nove metros de comprimento. O tamanho mínimo indicado foi abordado anteriormente. Normalmente tendem a acreditar que quanto maior a gaiola, melhor, pois hes permite mais espaço para voar. Se os pássaros são alojados em gaiolas no exterior, é recomendável que se use uma pequena malha de tela (2,5 cm x 1,25 cm. Esta malha pequena ajuda a prevenir pragas como ratos e outros animais. . A maioria dos criadores usa aparas de pinho, ou madeira macia, como cama de fundo. Quando os pássaros começam a reprodução é necessário monitorar o nível da cama quase que diariamente e adicionar mais material, conforme o necessário até que o primeiro ovo seja posto. . A caixa deve ser posicionada por fora da gaiola e ser de fácil acesso para inspeção. Devido à necessidade de inspeção, todos os ninhos devem ter uma porta de inspeção. A caixa deve ser também colocada o mais alto possível na gaiola. G. Smith e outros recomendam que a caixa do ninho deve estar situada de forma que a entrada fica em uma área com pouca luz. Um piso de tela permite que as fezes e outros detritos caiam no chão, preferencialmente, em piso de cimento, sendo a limpeza deste mais conveniente. Recintos com o chão de terra podem ser usados, mas são mais difíceis de limpar. . . As gaiolas devem ser dispostas para que as aves da mesma espécie vejam umas as outras. Ao contrário das Amazonas que precisam de uma barreira de privacidade fora da vista dos outros pares durante a época de reprodução. As marianinhas são estimuladas quando vê e ouve outro par ir ao ninho (G. Smith, 1996). NECESSIDADES DO CASAL REPRODUTOR . Aves reprodutoras têm diferentes necessidades nutricionais durante a época de reprodução do que durante a época de baixa. Inicia-se pela mudança dos hábitos alimentares, quando há o primeiro aviso de que o macho está fazendo alguma insinuação para a fêmea. Em geral o período de reprodução vai de agosto a janeiro, sendo setembro o mês principal. . NINHO PARA REPRODUÇÃO NÚMERO VI . . Marianinha aceita praticamente qualquer ninho enquanto tenha dimensão suficiente e esteja colocado na parte superior da gaiola. O tamanho recomendado é de 45 cm de altura por 25 cm de largura e profundidade, mas o design e o tamanho das caixas de nidificação utilizados por criadores são bastante variados, mas em estado selvagem elas preferem cavidades no dossel da floresta, tais como os membros ocos que são pequenos demais para os papagaios maiores Com a disponibilidade do criador de dietas de pellets simplesmente deve-se passar da de baixa proteína, baixo teor de gordura (ração de manutenção) para a de alta proteína e gordura. Marianinhas parecem acomodar-se bem a passagem de formulações de manutenção para as de reprodução, principalmente se a marca é a mesma de ambas as dietas. Outra coisa que você deve apresentar no início e meio fora da época de 8 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL reprodução são os ossos de síbia. FEVEREIRO 2010 Pares tendem a ser briguentos. Eles muitas vêzes brigam por comida e outras razões simples. Este é o comportamento normal, mas durante a estação de cópula um macho excessivamente agressivo é motivo de preocupação. Cada par deve ser vigiado de perto quando a reprodução começa. Mais comumente, o macho vai tentar forçar copular com a galinha. Se esse comportamento se torna muito violento, deve-se separálos o mais rapidamente possível. . Finalmente, os alimentadores e recipientes de água devem ser organizados de modo que possam ser limpos e alterados sem ter que entrar na jaula indevidamente. Também é importante monitorar bebedores e mantê-los cheios, estes animais amam banhar-se em água fresca. . ACASALAMENTO NÚMERO VI . . A reprodução desta espécie é sazonal e parece estar relacionada à duração do dia (G. Smith, 1991). No entanto, a iluminação artificial pode alterar esta sazonalidade. Na pausa entre as épocas de reprodução, as aves geralmente são menos agressivas. O aumento da agressividade geralmente anuncia a nova temporada. O ritual de acasalamento característico consiste de alimentação regurgitada, “carinho” mútuo, e muita proximidade. Ambas as aves gastam uma grande parte do tempo no poleiro tocando um ao outro com suas caudas cruzadas (G. Smith, 1971). Com a estação progredindo, o macho geralmente fica mais agressivo em relação a fêmea, muitas vezes, perseguindo-a ao redor da gaiola. Ele irá tentar todos os tipos de dispositivos para induzir a fêmea para acasalar com ele. Uma vez que a fêmea é receptiva, a cópula começa. Como todos os papagaios sul americanos, na cópula a marianinha macho firma-se no poleiro com um pé e coloca o outro nas costas da fêmea. Estes animais não são tímidos no ato da cópula, que pode durar mais de 15 minutos. Alguns pares fazem um som muito característico durante a cópula, o que é um dos primeiros indícios de que a postura de ovos em breve ocorrerá. A fêmea não pode armazenar o esperma, assim, um óvulo estando fértil, deverá ser colocado no prazo de 48 horas da cópula. . O início da postura é sinalizado por vários comportamentos. A fêmea também começa a consumir mais água. Ovos requerem uma grande quantidade de água. Se você usar uma garrafa . Uma boa estrutura para a incubação artificial é necessária ao criador interessado na reprodução de marianinhas. Acima vemos uma sala de incubação e assistência a filhotes recém nascidos. No alto, à direita vemos um filhote, ainda com penas pretas na cabeça. A alimentação artificial requer cuidados, no centro à direita vemos um filhote sendo alimentado na seringa. À direita vemos um macho em cor plena. Acima o casal reprodutor do criadouro WBR, o ninho utilizado é em forma de “L”. A espécie se adapta bem a uma variedade grande de ninhos, e uma vez reproduzindo a sequência é praticamente certa. . Ao lado direito vemos um casal tomando banho no criadouro Passaredo. A cada ano a produção de marianinhas vem aumentando no Brasil. A oferta ao mercado já é considerável e seu preço, apesar de alto, tende a baixar. 9 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 de água, você vai notar um aumento no consumo. Os ovos são colocados ao longo de um período de tempo, normalmente há um intervalo de aproximadamente três ou quatro dias entre os ovos. Toda a incubação fica a cargo da fêmea. Uma vez que os ovos são colocados o macho fica muito menos agressivo, mas tem grande interesse no ninho. A fêmea geralmente não começa a incubar a sério até que, pelo menos, dois ovos são colocados. de atenção dos pais e há uma chance muito melhor para a sobrevivência. É muito mais fácil para alimentar um filhote que foi alimentado até poucos dias pelos pais do que um de um dia. OVOS . Seu tamanho pode variar de 3,1 a 3,3 cm de comprimento e 2,2 a 2,6 de largura. O tamanho parece ser em função do tamanho da fêmea, de sua saúde e do número de ovos na postura. Em postura de mais de três ovos o último ovo é quase sempre menor do que os anteriores. Não parece haver qualquer correlação entre o tamanho do ovo e do tamanho do filhote que eclode. . POSTURA NÚMERO VI . Apesar de estabelecer postura a cada dois ou três dias, o intervalo entre ovos pode ser de até cinco dias. O tamanho da postura típica é de três a quatro ovos. Em alguns anos, uma fêmea pode colocar apenas um ou dois. Muitas vezes eles vão por cinco, sendo a maior postura relatada de sete ovos. . Se um ovo é fértil, e a incubação vai bem, uma fêmea chocará em 25 a 29 dias. A duração da incubação depende da temperatura do ambiente e como se sente bem a fêmea. Eles exigem mais tempo quando está frio. Pode-se determinar se os ovos são férteis por transiluminação. Além de acompanhar o desenvolvimento do filhote no interior. Eventualmente, eles vão se tornar opaco devido ao desenvolvimento do filhote. Se não houver um aumento significativo na opacidade depois de uma semana, os ovos são geralmente inférteis. Pares reprodutores de marianinhas podem fazer de três a quatro posturas num ano. . Os ovos que são depositados no início da temporada são mais susceptíveis de serem férteis do que os mais tardios (Paul Reillo, 1998). Uma parcela maior dos ovos produzidos por pares mais antigos são inférteis. A idade dos pais também pode ser um fator na fertilidade, mas animais de mais de 17 anos geralmente reproduzem. . A fêmea geralmente se senta sobre os ovos e deixa a caixa apenas brevemente para se alimentar e defecar. O macho passa algum tempo com ela no ninho, mas durante as horas de luz do dia gasta maior parte de seu tempo fora, mas perto do ninho. Perto do fim do período de incubação a fêmea pode banhar-se com mais freqüência. Especula-se que esta é a forma como ela controla a umidade na caixa do ninho (Them, 1988). Por esta razão, é importante sempre permitir o acesso a uma bacia de água superficial. CRIAÇÃO DO FILHOTE . Existem basicamente três formas de criar os filhotes, que são: deixá-los com os pais, retirálos assim que nasçam ou o método chamado de coparentalidade, que seria retira os filhotes após uns dias com os pais, quando recebem tratamento na fase mais crítica. . Pionites deixados com os pais até depois de deixarem o ninho são os mais adequados para se tornarem futuros reprodutores. Os pais inexperientes, por vezes, não fazem bem a transição de incubação para a alimentação sem sobressaltos. Se não se estiver atento, nenhum dos filhotes irá sobreviver mais do que os poucos dias que leva para seus nutrientes residuais da gema serem esgotados ou o filhote ficar desidratado. Mesmo casais experientes às vezes não alimentam todos os seus filhotes. Essa é a razão pela qual os filhotes, de casais especialmente novatos, devem ser cuidadosamente monitorados. Um problema quando a fêmea choca seus ovos assim que são colocados é que os filhotes eclodem na mesma ordem de alguns dias de intervalo. Isso é chamado de incubação assincronica. O filhote mais velho é frequentemente o único a sobreviver. Isso ocorre porque os filhotes, que eclodem depois não são capazes de competir mais eficazmente para o alimento e atenção. Para evitar esse problema, é necessário intervir e há uma série de maneiras de fazer isso. Podem-se remover os primeiros dois ovos para chocadeira artificial. Quando os filhotes eclodem todos ao mesmo tempo, eles competem no mesmo nível . 10 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 NÚMERO VI Para monitorar os filhotes deve-se ter uma porta de inspeção na caixa de ninho. A porta de inspeção deve ser fácil de abrir e fechar rapidamente para que as inspeções não durem mais que cinco minutos ou menos. Há uma série de coisa a observar durante a inspeção. Filhotes recém-nascidos não são capazes de fazer termorregulação na primeira semana. Normalmente, a fêmea passa longas horas na caixa de ninhada dos filhotes, mas não sempre. No Brasil as temperaturas diurnas são muito quentes, sendo às vezes o choco contínuo desnecessário. Assim, alguns pais são menos inclinados a ninhada e fornecimento de calor. Se um filhote não está no amontoado é um sinal de que não está recebendo alimentação suficiente e calor. filhote. Além disso, é importante que o filhote esvazie completamente o papo pelo menos uma vez a cada 24 horas. Uma ligeira quebra na taxa de crescimento é geralmente vista quando as penas começam a aparecer. Examine pés e bico, quando os pais não são incapazes de alimentar um filhote, pode ocorrer de bicar os dedos ou o bico deste. Ao notar que isso aconteça, deve-se remover imediatamente o animal. Na maioria das vezes é o mais novo que deve ser removido. Não é difícil alimentar um filhote saudável com três semanas de idade. Naturalmente ele força o alimento quando se fornece a papa. A alimentação pode ser executada com seringas ou colher, como indica Rosemary Low. Isto é mais lento, mas um eficaz método de alimentação. Alimentar filhotes com menos de uma semana de idade requer cuidado. Deve-se usar uma fórmula comercial e prepará-la de acordo com as instruções do fabricante. A fórmula é diluir o preparado para os filhotes mais jovens e aumentar gradualmente a concentração nos cinco primeiros dias. A temperatura da papa é muito crítica e deve ser monitorada, para os filhotes muito jovens deve estar a 39,5 ° C. Qualquer temperatura superior corre o risco de queimar o papo minúsculo do filhote. Quando muito baixa os alimentos podem não ser aceitos. Deve-se também controlar a ingestão de alimentos, bem como um acompanhamento do crescimento do peso do filhote. Animais com menos de duas semanas de idade nunca devem ser alimentados a partir do lado esquerdo, pois isso pode matálos. Quando alimentado erroneamente, o alimento pode ser aspirado para dentro da traquéia e dos pulmões e o filhote imediatamente morre por asfixia. Com cerca de seis semanas já é hora de iniciar o processo de desmame do filhote. Deve-se fornecer-lhe alguns alimentos sólidos. Para isto as frutas e alguns legumes são excelentes. Ao contrário de outros psitacídeos, marianinhas costumam desmamar com bastante facilidade. . Quando o filhote se torna demasiado grande para a incubadora, pode ser mudado para a chocadeira, onde a temperatura pode ser na faixa de 35° C. À medida que crescem, os filhotes são capazes de regular sua temperatura melhor e possuem menor necessidade de calor adicional. À medida que o filhote cresce, deve-se observar se está muito vermelho, sinal de temperatura alta. O rubor é dos vasos sanguíneos próximos à pele dilatando com a troca de calor. . . . . A ESPÉCIE COMO “PET” . As marianinhas, tanto de cabeça amarela (Pionites leucogaster) como a de cabeça preta (Pionites melanocephala) são excelentes animais para estimação. Em geral possuem um temperamento tranqüilo sendo muito mansas se criadas na mão desde jovens. Não são boas repetidoras, mas são fiéis e bastante brincalhonas com seu dono e com a família. Diferente das Amazonas aceitam pessoas estranhas . Estes animais são bastante vendidos nos EUA e Europa como pets e somente há poucos anos estão se tornando conhecidos no Brasil. A criação nacional tem sido bastante exitosa na reprodução de Pionites, o que tem propiciado certa regularidade de oferta ao mercado em geral. . Os filhotes devem ser colocados em uma chocadeira, a uma temperatura entre 35° C e 37° C. A umidade de uma chocadeira é menos crítica do que para incubação, embora não deva ser muito seco. A alimentação deve ser feita com intervalos de poucas horas. À hora da alimentação é ditada quando se esvazia o papo. No início será de cerca de duas a três horas durante o dia, mas se deve estender o intervalo com o crescimento do . Matéria da Comissão Técnica da ABRASE - Ensaios e Coletânias Fotos cedidas por Criadouros: WBR, Passaredo, Wildlife e Arquivos da ABRASE 11 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 NÚMERO VI ações, constituindo empresas de acordo com os biomas brasileiros. CONSERVAÇÃO > OPINIÃO > CRIAÇÃO . Porque criar animais silvestres é legal, seja do ponto de vista ético legal e comercial Apesar da popularidade das espécies da fauna silvestre brasileira, a origem predominante dos animais comercializados ainda é ilegal e ecologicamente incorreta, proveniente da captura na natureza. Essa situação deve começar a mudar com o estabelecimento de novos criatórios comerciais de espécies silvestres nativas. Diversos empreendedores apostaram na atividade como um bom negócio, investindo em técnicas e instalações necessárias para reprodução maciça em cativeiro. O investimento na formação profissional e em tecnologia permite aos criadores dominar as técnicas de como criar e recriar animais da fauna silvestre brasileira com eficiência; como alimentar e como prevenir doenças. Por Marius S. P. Belluci A Lei 5.197/67 proporcionou as primeiras medidas de proteção à Fauna do Brasil que, com a Constituição Brasileira de 1988, teve seu protecionismo fortalecido, em seu Art. 225, assim descrito: "Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da Lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção das espécies ou submetam os animais a crueldade". Por Lei, eliminou-se a caça profissional e o comér cio deliberado de espécies da fauna brasileira, facultando e, sobretudo, estimulando a construção de criadouros destinados à criação de animais silvestres para fins econômicos e industriais. Em 1997, o IBAMA publicou as Portarias 117 e 118, normatizando a criação e comercialização de animais da fauna brasileira no país. Esta medida foi um grande passo rumo à regulamentação do mercado e desestímulo ao comércio ilegal de animais silvestres. Ela deveria marcar uma mudança na política do IBAMA, que deveria passar a apoiar estimular a criação comercial de animais silvestres. No final da década de 80, o negócio de animais silvestres rendia para o Peru, 20 milhões de dólares por ano. No final dos anos 80, somente o Senegal exportava 20 milhões de aves por ano. Entre 1982-88, somente a Argentina exportou mais de 920 mil papagaios verdadeiros (Amazona aestiva). Com essa pressão associada à destruição de habitats, muitas espécies entraram em . A criação 'ex-situ' tem como objetivos manter um número razoável de indivíduos em cativeiro para a produção de animais destinados a repovoamentos em áreas em que sua espécie esteja extinta ou ameaçada de extinção, a obtenção de produtos para consumo humano (produção de peles e carne e criação para venda como animais de estimação) e para fins científicos. Em geral, os criadouros fazem grande investimento em infra estrutura. Tecnologia é fundamental para os criadouros. (Acima ovoscópio e galpão de criação) Algumas espécies no Brasil já podem ser consideradas a salvo pelo cativeiro, é o caso da Amazona aestiva (ao lado) e de tantas outras. Já há um domínio pleno da reprodução pelos criadouros. . A criação comercial de animais silvestres é apontada internacionalmente como caminho certo para preservação de várias espécies da fauna. Além disso, pode significar receitas extras no processo de diversificação da propriedade e uma opção na busca de alternativas para a pecuária. Além de ser uma atividade agrária com reduzido impacto ambiental, se trabalhada adequadamente funciona como fonte de emprego e renda para as comunidades onde se estabelece, levando-se em consideração o incentivo à regionalização das cri- O jacaré do pantanal é um caso clássico de espécie ameaçada que se tornou estabilizada e teve sua população bastante aumentada após sua criação em criadouros legais. 12 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 processo de extinção, fruto de um manejo Inadequado dos recursos faunísticos e do suprimento de mercado através da captura. NÚMERO VI pode ser bem maior com a criação artificial dos filhotes, aumentando em muito a produtividade. . . Com passeriformes o retorno de capital vem mais rápido e os custos de manutenção são mais baixos, não passando de R$ 0,50/dia/ave. Um canário da terra pode ser vendido a R$ 50,00 ou R$ 100,00; um curió a R$ 300,00, e um bicudo a R$ 500,00. A produção anual pode ficar entre três a seis filhotes prontos para venda por ano. Esses números são de mais de 20 anos atrás. Hoje, com o aprimoramento das técnicas de criação das aves em cativeiro, ficou muito mais fácil e seguro obter animais nascidos em cativeiro que provenientes da natureza. Assim, este mercado, movimenta milhões de dólares no mundo e ainda supre uma enorme rede de apoio com centenas de empresas que produzem os mais variados tipos de remédios, rações, vitaminas e acessórios diversos. Muito deste empreendedorismo já chegou ao Brasil e o nosso mercado, hoje, está crescendo muito. . Em países como os Estados Unidos, Nova Zelândia, Canadá e Austrália, onde a exploração de produtos originários da fauna silvestre tem real importância econômica, estima-se um mercado entre 5 e 10 bilhões de dólares. Paralelamente, o mercado 'pet' brasileiro passa por uma fase de profissionalização, espelhado no bilionário mercado norte-americano. Em 2007, o "pet business" - negócios envolvendo animais de estimação e produtos destinados a eles, movimentou cifra recorde no Brasil: US$ 3,3 bilhões (cerca de R$ 6 bilhões), com crescimento de 17% em relação ao faturamento de 2006. Para efeito de comparação, a indústria nacional de brinquedos faturou R$ 1,1 bilhão neste ano, segundo a Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos), quase seis vezes menos do que o mercado pet. . Aves como o canário da terra (Sicalis flaveola), o curió (Oryzoborus angolensis) e o bicudo ( Oryzoborus maximiliani ), são amplamente criadas. O comércio de aves premiadas nas diversas modalidades de campeonatos de canto gera incalculável soma de dinheiro. Somente um bicudo campeão pode ser vendido por quase R$ 100.000,00. . O Brasil e demais países em desenvolvimento têm enorme vantagem potencial sobre os países desenvolvidos no que concerne à criação comercial. Nas Filipinas existe o maior criatório de psitacídeos do mundo, com produção anual de quase 10.000 aves. Lá, foram investidos milhões de dólares. Mão-de-obra barata, custos de alimento bem menores e facilidade na aquisição de aves matrizes e reprodutores são as vantagens de países como o Brasil. Enquanto na Europa um casal de papagaio comum é adquirido por uma soma considerável, no Brasil as aves podem ser depositadas pelo IBAMA, que apreende animais no tráfico ilegal e os envia para criadores registrados que, embora não possam comercializá-las, podem usá-las como matrizes e reprodutores. Assim, um criador pode obter dezenas de aves que em outros países custariam milhares de dólares. Os custos de instalação podem variar entre alguns poucos milhares de reais a alguns milhões. O custo de manutenção de psitacídeos em um criatório nos EUA varia entre U$ 0,8 a 1,5 por dia, incluindo alimentação, mão-de-obra, veterinário, seguro, etc. Portanto, se considerarmos os mesmos valores dos EUA para o Brasil, o custo anual de um casal de papagaio seria de R$ 730,00 (R$ 2,00/dia). Cada filhote pode ser vendido por R$ 500,00 dando um lucro de R$ 270,00/casal/ano (2 filhotes por ano). Este lucro . Nesse assunto, os EUA continuam soberanos, com faturamento de US$ 41 bilhões em 2007, mais que o PIB de 64 países do mundo e o dobro do que se gastava uma década atrás. O mercado 'pet' americano, com uma taxa de crescimento de 6% ao ano, é o segundo do país em vendas - só perde para o consumo de eletrônicos. . O estudo da cadeia produtiva no mercado de animais silvestres é significativo para criadores e interessados, uma vez que, a perspectiva é de uma atividade de baixo custo de produção e de boa aceitação no mercado, que pode ser explorada em âmbito empresarial ou familiar. Podendo, portanto representar uma nova alternativa de produção na propriedade, incorporando uma atividade rentável e com rápido retorno de investimento. . O desestímulo à criação comercial de animais silvestres pelo poder público é inconveniente por diversos aspectos. A restrição pura e simples do comércio de animais silvestres provoca a transferência do mercado para a esfera ilegal. Para que isso não aconteça, é necessário grande esforço no sentido de coerção às atividades 13 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 ilegais reprimir na fonte o tráfico de animais silvestres. Historicamente, o combate ao tráfico de animais silvestres no Brasil concentra-se nos grandes centros urbanos, junto ao consumidor final. Nesse momento, o dano ambiental já foi provocado e, na melhor das hipóteses, os animais apreendidos serão remetidos aos centros de triagem. Considerando o baixo interesse dos zoológicos pela maioria das espécies comuns no tráfico, as dificuldades inerentes à reintrodução dos animais e a citada restrição à criação comercial, é inevitável o agravamento do passivo ambiental. Um erro de julgamento nessa situação pode resultar em danos irremediáveis aos nossos recursos naturais. NÚMERO VI Enquanto o Brasil vacila em sua política de uso da fauna, milhares de espécimes de animais são contrabandeados do exterior para fazer frente ao mercado. É o caso da iguana, que mesmo sendo nativa é trazida ilegalmente. A ararajuba (Guaruba guarouba), em reunião do CONAMA, foi mencionada como espécie ameaçada com população cativa suficiente para trabalhos futuros, graças aos criadouros comerciais. . É necessário superar a falta de estratégia de abastecimento interno e comercialização. O desenvolvimento tecnológico na cria e recria de animais silvestres em cativeiro provenientes de criadouros legalizados no Brasil, só alcançará um patamar significativo, quando um número maior de propriedades rurais iniciarem esta atividade e, principalmente, quando as normas vigentes no país e os respectivos órgãos governamentais forem mais flexíveis. Muitas espécies atualmente já não precisam ser coletadas para satisfazerem o mercado. Uma delas é o lóries, criado já há décadas em cativeiro. A pressão sobre as populações selvagens, para o comércio, é passado. Dos recursos naturais permitem a preservação do patrimônio genético, da diversidade dos ecossistemas e reduzem a extinção de espécies. Em relação ao Brasil, o Estado deve garantir a sustentabilidade como um todo, pois essa é a sua função. O Estado transcende os governos e ambos são norteados pela Constituição Federal. Nesse aspecto, toda a sociedade e os governos são responsáveis pela garantia da sustentabilidade. Cada um dos poderes constituídos e seus respectivos segmentos, responsáveis pela formulação de leis, sua execução e pelo cumprimento das normas necessitariam estar planejados, instruídos e integrados em um Programa de Governo voltado ao uso sustentável da fauna e flora silvestres, que, além de desenvolver o país de forma ordenada, poderia coibir os abusos e defender, de forma veemente, a perda e o roubo da diversidade biológica e dos recursos naturais brasileiros. . Parece óbvio que existe uma miríade de fatores influenciando a eficácia de todas as medidas tomadas em favor da proteção da fauna. Muitos ambientalistas poderiam argumentar que o comércio legal até o momento não contribuiu de forma eficaz para a redução do tráfico de animais selvagens em virtude da baixa oferta e altos preços. Tal alegação seria rechaçada em uníssono pelos criadores, que enfrentaram enormes dificuldades na implantação de seus empreendimentos e investiram muito no desenvolvimento de tecnologia. Como em qualquer mercado, oferta e procura regulam o preço do bem sem o adequado incentivo das autoridades, a oferta nunca atingiu níveis satisfatórios para atender a procura, com isso os preços não chegam aos níveis competitivos para desestimular o tráfico. Ainda assim, o mercado 'pet', segmento do setor privado que não pára de crescer, começava a suprir a criação de animais silvestres com o desenvolvimento tecnológico. A restrição do comércio de animais silvestres pode por tudo isso a perder a criação de produtos industrializados, a especialização da mão de obra, o investimento em tecnologia e em conhecimento. Marius Belluci é Médico Veterinário, Mestre em Microbiologia, ex-consultor PNUD para o Núcleo de Fauna do IBAMA-RJ, ex Coordenador Técnico da Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais do Município do Rio de Janeiro, ex-gerente de veterinária da Fundação RIOZOO, ex Professor Substituto de Medicina dos Animais Silvestres da UFRRJ e Analista Ambiental do IBAMA. . Fotos Arquivos ABRASE O meio ambiente equilibrado e o uso racional 14 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 NÚMERO VI tomate como o R. p. sanguinolenta. As patas e o bico são laranja amarelado. CONSERVAÇÃO > CRIAÇÃO > MANUTENÇÃO . 2) Rupicola peruviana sanguinolenta habita a faixa oeste dos Andes entre a Colômbia ao norte e o Equador ao sul. É a mais bela de todas as subespécies pois é ave esguia e o vermelho é escarlate/sanguíneo intenso. É a forma que possui o maior topete. A íris é escarlate, enquanto que na subespécie anterior a íris é laranja. As patas e o bico também são escarlate. O galo da rocha peruano em cativeiro Por Carlos Gasparian Keller . 3) Rupicola peruviana equatorialis habita uma faixa central dos Andes no centro da Colômbia e Equador sendo esta a maior das subespécies. A cor é laranja claro brilhante, semelhante ao Rupicola rupicola e a íris é amarela, ligeiramente esverdeada. O topete é o menor entre as subespécies e as asas possuem apenas quatro das seis penas coberteiras de cor totalmente prateada, sendo que nas duas de baixo pode se ver a base negra e são mais cinza do que prata. As demais subespécies possuem as seis com o prateado bem evidente. As patas e o bico são amarelo alaranjado e por ser ave grande tornase uma forma interessante. Rupicola peruviana, ave exótica da América do Sul. O Galo da Rocha Peruano pertence à família Cotingidae, sendo seu gênero Rupicola e sua espécie peruviana. O tamanho desta espécie varia de 28 a 33 cm segundo a subespécie. Os machos possuem coloração rica e variada conforme, também, a subespécie (descrição a seguir). Já as fêmeas possuem uma coloração uniforme em todo corpo, de marrom avermelhado claro a escuro. . 4) Rupicola peruviana saturata habita a faixa oeste dos Andes bolivianos. É uma subespécie mais atarracada com cauda mais curta e asas mais redondas que as demais subespécies, embora o topete seja grande e gordo. As penas prateadas que cobrem as asas são as que mais se destacam pelo tamanho e o tom do vermelho do corpo é carmim intenso. Se fosse mais esguio com certeza seria a mais bela das subespécies, mas o porte atarracado lhe compromete a nobreza. A íris tanto pode ser vermelha como azul, sendo que íris azul é mais comum nas fêmeas . Esta espécie ocupa áreas tropicais de montanha no continente sul americano (ver mapa). Estas regiões caracterizam-se por densas florestas úmidas localizadas em média e alta altitude, margeando os Andes tanto a leste como a oeste, do centro oeste ao noroeste da América do Sul. As variações de subespécies se dão em função desta variedade de ecossistemas regionais, sendo descritas a seguir. . O Rupicola peruviana possui 4 subespécies, sendo que umas são mais belas que outras. . 1) Rupicola peruviana peruviana habita toda a faixa leste dos Andes, bordejando a Amazôna. É a subespécie que tem a maior área de distribuição pois vai desde a Venezuela ao norte até a Bolívia ao sul. O tamanho é médio, semelhante à subespécie sanguinolenta e é a forma mais conhecida no cativeiro. A coloração no entanto é laranja avermelhado intenso e não vermelho Acima a área natural da Rupicola peruviana à oeste da América do Sul. Os Andes são o local natural destas magníficas aves. À direita vemos os ambientes preferidos dos animais nos Andes peruanos. 15 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 que são as mais escuras de todas as subespécies. Marrom café. As patas são vermelho escuro e as penas são levemente desfragmentadas dando à ave uma aparência mais “fofa” que as demais subespécies. Todos os Galos da Serra gostam muito de banho, mas tome cuidado em não fornecer uma banheira muito funda. É surpreendente em quão raso uma ave desse tamanho pode se afogar em caso de susto. O ideal é fornecer um prato raso com água para o banho e um coxo pequeno, fundo, de boca fechada, para a água de beber. O macho geralmente tem uns surtos de agressividade contra a fêmea, os quais são passageiros, mas dada a característica estabanada dessa ave, uma pequena perseguição momentânea pode acabar em tragédia, como um choque contra uma parede, por exemplo, se bem que a fêmea é muito mais ligeira e esperta do que o macho. O ideal é alojar-se o macho separado da fêmea por uma tela no centro do viveiro, tela esta com uma porta que deverá estar aberta. Quando o macho passar por uma fase agressiva, separe-o da fêmea fechando a porta por um período que pode variar de uma semana a um mês. Essa porta deve ser de fácil manuseio para que não se assuste o macho na passagem por ela, o qual pode se chocar contra o batente. . C AT I V E I R O : Alimentação e manejo: NÚMERO VI . . A espécie peruviana, o galo da Serra do Perú como o chamamos, difere da espécie rupicola, o Galo da Serra “brasileiro” por ser maior, mais voador e mais espantado do que este. É portanto ave para viveiro não se adaptando bem aos gaiolões, a não ser que seja ave mansa de dedo, criada na mão desde filhote. O comportamento do Galo da Serra do Perú muito se assemelha aos Turacos e um viveiro bom para Turacos também lhe serve. Vale dizer aqui que isso significa amplo espaço para o vôo e poleiros desobstruídos de vegetação intrincada. Como é ave de natureza espantada, arisca, esse Galo da Serra sofre grandes sustos, às vezes com bobagens, como um pano branco que cai, uma telha que corre, etc. Portanto evite no viveiro laguinhos, pontas salientes, vigas proeminentes, quinas, etc. Tudo o que possa causar um acidente num momento de pânico. Tome muito cuidado com gatos que possam à noite andar por sobre o viveiro, pois o galo pode se assustar, cair no chão frio, lá ficar por causa do escuro e pegar uma pneumonia, o que não é incomum. . A alimentação do Galo da Serra do Perú é a mesma que se dá para o “nosso” Galo da Serra. Na verdade é a mesma que se dá para todas as aves engulidoras, apenas com a adição de bastante proteína, uma vez que na natureza, além das frutas eles se alimentam de insetos grandes e ovos e filhotes de pássaros. Vou dar aqui grosso modo uma versão prática desse alimento: corte em cubos a banana prata quando ainda firme. Empane esses cubos, os quais devem ter um tamanho aproximado de 1 cm cúbico sacudindo-os dentro de uma caixa com tampa junto com um pó que deve ser uma mistura alimentar. Vou citar grosso modo uma receita desse pó: use uma porção de farinha de milho torrada Yoki (aquela amarela que parece casquinhas) batida no liquidificador até virar pó. Misture com uma parte igual de Neston, também batido no liquidificador até virar pó. Bata os dois antes, separadamente, para não mascarar a proporção. Guarde esse pó, pois ele dura bastante. Coloque os cubos de banana empanados em um coxo baixo e pesado. Por cima dessa banana empanada coloque cubos de queijo minas também com 1 cm cúbico sem empaná-los. Quanto mais queijo, melhor para a ave. Por cima do queijo minas coloque cubos de mamão na quantidade de uma colher de sopa cheia por ave. O mamão também não deve ser empanado, pois essa fruta libera muito líquido. Salpique como se fosse uma pitada de sal por . O coxo de comida deve estar posicionado de maneira confortável e com um poleiro imediatamente ao lado. Plante o máximo de vegetação possível para servir de abrigo e reclusão, mas como eu disse acima, não obstrua a passagem entre os poleiros, os quais devem ter a espessura de um cabo de vassoura. . O ninho é em forma de taça e feito de barro e galhos finos ao barro agregados, semelhante a um ninho de sabiá, só que maior, é claro. Forneça barro molhado à fêmea e de preferência a piaçava fina, que é o material preferido na confecção do ninho. O local do ninho tem que ser bem escuro, mas não é necessário que se construa uma gruta ou casinha como se usa fazer com o Galo da Serra “brasileiro”. Basta um canto bem protegido com uma base para o ninho e se o criador iniciar um ninho para servir de estímulo, isso pode incentivar a fêmea a usar aquele local pré-determinado. . 16 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 cima do mamão em doses mínimas, o cataxantine Roche em pó. Vc pode misturar cataxantine com um pouco de açúcar para diluí-lo, assim evita que se dê uma dose muito alta. Vamos dizer que 20 grãos de cataxantine por dia são o suficiente para cada ave. Caso o leitor tenha acesso aos filhotinhos de rato de laboratório chamados “pinkies”, isto é, na fase em que são rosados e ainda não abriram os olhos, isso fará muito bem para os Galos, principalmente na época de reprodução. Eu nunca tive coragem de oferecer esses filhotes vivos, mas existem empresas que os despacham congelados e os Galos os aceitam muito bem na temperatura ambiente. Ocasionalmente ofereça bagas de estação, como pitanga, cereja, uva, jamelão, etc. Geralmente esses Galos que comem a alimentação citada acima já estão meio que “mimados” e aceitam essas frutinhas com reservas e geralmente mais como diversão. NÚMERO VI INSITUCIONAL > INFORMAÇÃO IV Congresso da Aviornis Iberica - Associação internacional de Criadores de Aves Silvestres No próximo mês de março a Aviornis celebrará seu IV Congresso. O local escolhido foi o “pueblo” de Utrera em Sevilha, no sul da Espanha. Diversos palestrantes estarão presentes para promover os mais variados assuntos sobre ornitologia. A ABRASE se fará presente através de convite feito pela Aviornis a seu presidente Luiz Paulo Amaral, que versará sobre o comércio de aves no Brasil e importação e exportação, entre outros temas. Participam também nomes conhecidos da ornitologia como o Sr. Antonio Rodriguéz González, veterinário madrilenho, o Sr. Rafael Zamora Padrón, biólogo do Loro Parque que esteve presente no Simpósio da ABRASE realizado em outubro e o Sr. Juan Alonso Reyes, do órgão SOIVRE (que aplica a CITES na Espanha). . Cuide bem do seu Galo da Serra, pois esta é uma das mais belas aves da Terra. . A Aviornis é uma Organização Internacional sem objetivo de lucro dedicada a promover a reprodução de aves selvagens para fins de conservação. A seção da Aviornis em língua espanhola da entidade foi fundada em 1991 contando com associados espalhados por diversos países ao redor do mundo. Através da web fornece informações sobre a reprodução de aves selvagens, bem como os produtos necessários para esta atividade. A organização também publica uma revista bimestral ininterruptamente por 18 anos, com conteúdos relativos à ornitologia, enviada a todos os associados e parceiros da entidade. Acima vemos um exemplar macho do Rupicola peruviana saturata, subespécies que ocorre na Bolívia. No alto, à direita, a fêmea, com coloração marrom e sem a beleza do macho. A reprodução em cativeiro desta espécie ainda é raríssima. Muitos esforços vêm sendo feitos para se alcançar sucesso com o animal. A manutenção em cativeiro já é conhecida e bem sucedida. O Zoológico de Lima, no Perú (ao lado à direita), vem tentando a reprodução ex-situ visando a constituição de um banco genético, para trabalhos futuros, com esta espécie desconhecida e cada vez mais rara. Além das edições da revista, a Aviornis contribui com noticias e informes sobre avicultura silvestre e mostrando anúncios relacionados ao melhoramento de aves, além de propiciar a oportunidade de comprar os anilhas para as mais variadas espécies de aves durante todo o ano. Serviço possível através do site. . Carlos Gasparian Keller, Associado da ABRASE e ex criador. O estreitamento de relações da ABRASE com outras entidades, nacionais e internacionais, tem sido a tônica da administração nestes últimos Fotos e legendas Arquivo ABRASE. 17 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 NÚMERO VI tureza (International Union for Conservation of Nature - IUCN) estimou que mais de 5.500 espécies de animais - incluindo aves, mamíferos, répteis, anfíbios, peixes e invertebrados - estão atualmente ameaçadas de extinção, juntamente com 6.700 espécies de plantas superiores. meses. O I Simpósio de Fauna Ex-situ, realizado em 2009, foi um grande passo para isto. A revista eletrônica da associação também passou a circular em sites no exterior, bem como uma gama de criadores internacionais vêm recebendo com continuidade a edição da ABRASE. A possibilidade de trabalhos conjuntos e realização de eventos com o apoio de organizações internacionais é uma das razões que nortearam as últimas ações da associação. . Aquelas consideradas vulneráveis, ameaçadas ou em perigo crítico incluem: - Perto de 1.100 espécies de mamíferos (cerca de 24 por cento do número total). - Mais de 1.100 aves (cerca de 12 por cento das espécies conhecidas) - Mais de 750 espécies de peixes (49% por cento do total dos inquiridos). - Cerca de 290 espécies de répteis (62 por cento do número total de inquiridos). - Cerca de 157 espécies de anfíbios (39 por cento do número total de inquiridos). . . . A revista deverá publicar em sua próxima edição uma resenha, ou mesmo o conteúdo, de algumas palestras que serão proferidas no IV Congresso da Aviornis. . . . Matéria da Assessoria de Inprensa da ABRASE . A taxa de extinção anual deverá aumentar ainda mais. O eminente biólogo Edward O. Wilson estimou que se as tendências atuais continuarem, um quinto de todas as espécies será extinta dentro dos próximos 30 anos. CONSERVAÇÃO > INFORMAÇÃO Uma das maiores crises da Biodiversidade mundial . Esta imagem não é mais animadora do ponto de vista do ecossistema: - Mais de 50 por cento das zonas úmidas do mundo foram drenados. - Desde 1950, cerca de 3 bilhões de hectares de cobertura florestal - quase metade - perdeu-se. Cada ano, mais 16 milhões de hectares de floresta são destruídos. - Entre 50 e 80 por cento dos ecossistemas de mangue foram destruídos. - Cerca de um terço dos sistemas do mundo, recifes de corais foram destruídos ou altamente degradados. - Um quarto do solo do planeta foi perdido. - 69 por cento das unidades populacionais de peixes importantes no mundo estão totalmente explorados, a pesca em excesso, estoques esgotados, ou se recuperando lentamente, fazem com que a produtividade caia sistematicamente, sobretudo em quatro das 15 regiões de pesca mais importantes. - Cerca de 2 bilhões de hectares de culturas e pastagens sofrem de moderada a severa degradação do solo. . A manifestação mais evidente de perda de biodiversidade é a extinção de espécies. Este é um fenômeno natural: espécies foram extintas desde que a vida na Terra começou. De fato, estima-se que muitas espécies, mais do que existem atualmente, tenham sido extintas em épocas passadas. Atualmente o que é preocupante é a velocidade com que espécies estão desaparecendo: desde o desaparecimento dos dinossauros (cerca de 65 milhões de anos atrás) a Terra não tem testemunhado um "evento de extinção” em escala catastrófica como a atual. . . . . . Como o número total de espécies na Terra só pode ser estimado, a taxa exata de perda de espécies atuais é difícil de avaliar. O número provavelmente é de entre 50 e 150 extinções por dia. Trabalhando a partir da estimativa conservadora de que a Terra é o lar de 10 milhões de espécies em total, isto significaria que entre 0,2 e 0,6 por cento das espécies estão sendo perdidas a cada ano. Essa taxa é de pelo menos 10.000 vezes maior do que o 'background' ou taxa natural de espécies extintas, como estimada pelos registros fósseis. . . A diversidade genética dentro das espécies também está sendo corroída. Esta tendência é especialmente alarmante do ponto de vista agrícola. Desde 1900, cerca de três quartos da . A União Internacional para Conservação da Na18 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 NÚMERO VI tica, até agora, incluía um aumento do nível do mar de cerca de 10 a 25 cm em todo o mundo, uma perda de gelo glacial e mudanças nos padrões de precipitação, e um aumento na ocorrência de eventos meteorológicos extremos. Teme-se que essas mudanças estejam acontecendo em um ritmo demasiado rápido para muitas espécies. diversidade genética das culturas cultivadas desapareceu, juntamente com cerca de metade do capital genético dos parentes selvagens de animais domésticos. . As principais causas da perda de biodiversidade são consideradas sob os seguintes títulos: - A destruição do habitat: Ecologistas estimam que uma área de dez quilômetros quadrados contenha o dobro de espécies, em média, que uma área de um quilômetro quadrado, sugerindo que a redução de uma área do ecossistema a um décimo do seu tamanho original fará com que metade de suas espécies seja extinta. Animais no topo da cadeia alimentar (leões, ursos, etc.) requerem grandes habitats a fim de manter viável suas populações naturais. - As espécies invasoras: Ecossistemas são espaços de equilíbrio frágil, evoluíram durante milhões de anos, como um todo integrado. A introdução súbita de um determinado ecossistema de uma espécie exótica pode perturbar seriamente o seu funcionamento normal - com conseqüências desastrosas para as espécies nativas, sendo geralmente resultado de atividades humanas. A introdução acidental no Mar Negro de uma espécie de água-viva Atlântica é um exemplo bem conhecido. Estes invasores competiram com a fauna nativa, e hoje representam cerca de 95 por cento da biomassa total do Mar Negro, um desastre para a economia. - Poluição: A contaminação química da água fresca, água e solos podem levar ao desaparecimento de populações e espécies. Escoamento agrícola, contendo fertilizantes e pesticidas, pode infiltrar-se nos lençóis freáticos e rios, etc. Além disso a poluição atmosférica tem contribuído para a acelerada mudança do clima, com consequências como a interrupção da distribuição de espécies e até mesmo a extinção. - Tráfico e coleta de espécies animais: Muitas espécies têm sido capturadas ou caçadas à raridade ou além. Entre alguns exemplos incluem o pombo selvagem e o periquito da Carolina na primeira parte do século XX. Mais recentemente, o comércio de animais selvagens da África Central colocou os chimpanzés e gorilas da montanha sob ameaça direta. - A mudança climática: Ao longo do século passado, as temperaturas globais aumentaram entre 0,3 e 0,6°C (o maior aumento em pelo menos 1.000 anos), devido, em grande parte à presença crescente na atmosfera de "gases estufa". Os efeitos da mudança climá- . Apesar de que o crescimento das sociedades humanas ser a força motriz por trás de cada um desses cinco fatores mais imediatos, a perda de biodiversidade não é o resultado inevitável do crescimento econômico e social e do desenvolvimento. A sustentabilidade ambiental é possível. Mas há uma série de fatores específicos que impedem o caminho de sua realização generalizada. Esses fatores são originários de alguns dos recursos mais básicos sociais, econômicos, políticos, culturais e históricos da sociedade. Eles incluem: fracassos das políticas econômicas, tais como mecanissmos reguladores impróprios, os subsídios e incentivos prejudiciais, avaliação econômica inadequada da biodiversidade; fragilidades políticas e institucionais, tais como insustentáveis padrões de consumo, a pobreza, decisões tomadas de forma fragmentada, instabilidade política e guerras; a falta de conhecimento da importância da biodiversidade, particularmente entre as correntes diretamente envolvidas na sua gestão e entre decisões econômicas e de desenvolvimento de políticas. . . . Com esses fatores em mente, é claro que, assim como a humanidade depende da biodiversidade para a sua sobrevivência e desenvolvimento, a sobrevivência em longo prazo da biodiversidade terrestre, exigirá a realização do desenvolvimento humano sustentável. . . Texto adaptado pela ABRASE, Assessoria de Imprensa, informações veiculada pela IUCN - União Internacional para a Conservação da Natureza INFORMAÇÕES SOBRE A REVISTA ABRASE ENTRE EM CONTATO . Telefone: +55 (21) 2501.3612 Fax: +55 (21) 2201.0602 Correio electrônico: [email protected] Na Web: www.abrase.com.br 7.800 ENDEREÇOS ENVIADOS!! 19 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 NÚMERO VI marcação marrom avermelhada nas laterais da cabeça, também com fina linha branca emoldurando-a e separando a cor negra da nuca, parte traseira do pescoço e parte superior da cabeça. Possui ainda uma marca branca na face na parte traseira do bico, sendo este cinza escuro e as patas cinza claro. CONSERVAÇÃO > CRIAÇÃO > MANUTENÇÃO O ganso de pescoço vermelho, seu status e criação em cativeiro . São animais sociais por natureza, característica que se replica em cativeiro. Em seu habitat alimenta-se de plantas gramíneas de invernada e grãos, sendo esta dieta quase que exclusiva. . Sua reprodução na natureza se dá com o ninho perto de aves de rapina (falcão peregrino ou mocho das neves), isto porque os falcões e os mochos mantêm a raposa do Ártico, e outros predadores semelhantes, longe de ataque aos seus ovos e filhotes. Os ninhos são construídos perto da água e em campo aberto, em rebaixamentos do solo de cerca de 8 cm. Normalmente de 4 a 5 ovos são incubados por 25 dias, em média. O Branta ruficollis é seguramente uma das espécies mais bela das aves aquáticas européias. . O Branta ruficollis é listado como ameaçado de extinção pela Lista Vermelha de espécie ameaçada da IUCN, e está listado como Apêndice II da CITES. E embora a população tenha sido estimada em 88.000 em 1996, está sob pressão da intensificação da agricultura nas suas terras de alimentação de inverno, como Bulgária, Romênia e em outros lugares ao redor do Mar Negro, onde ela pode ser considerada como uma praga para as lavouras. Além disto, está sob a ameaça de industrialização em alguns dos seus locais de reprodução, na tundra da Sibéria em torno da península Taymyr. Outro problema é a caça, em O Branta ruficollis, ganso do pescoço vermelho, está entre as espécies mais belas das aves européias. Sua Ordem é a dos Anseriformes, Família: Anatidae e Genus Branta. . Na natureza, durante o verão, esta espécie ocorre a leste e a norte da Sibéria (Rússia), na Península de Taymyr. No inverno uma área relativamente pequena concentra quase todos os espécimes no mar Cáspio, além da metade sul das baías do Mar Negro, Bulgária e Romênia. Outros espécimes podem atingir a Europa ocidental, como o Reino Unido, Holanda e outros países, e mais um número crescente na Bacia dos Cárpatos. Vivem em áreas abertas, nas florestas de tundras do norte da Rússia (durante o período do verão) e migram para o sul (áreas citadas) durante todo o período invernal. . O animal possui um comprimento total de 55 cm (até 60 cm) e seu peso varia entre 1 e 1,5 kg. Possuem coloração bastante peculiar que os difere das demais espécies do Genus Branta. Suas asas e barriga são negras, tendo uma faixa branca nas bordas das asas que a marca de forma acentuada. Todo o uropígio, ventre, cauda e costas são em branco neve. O pescoço é marrom avermelhado (que lhe dá o nome), que segue até o peito, sendo toda esta área bordeada por uma fina faixa branca. Igualmente possui uma Criação de ganso do pescoço vermelho não é complexa, como não há dimorfismo é excencial o DNA quando se adquire uma casal. 20 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 particular ao longo de sua rota de migração através da Rússia e Ucrânia. NÚMERO VI durante a reprodução. . . Alimentação em cativeiro: Esta espécie se adapta bem as rações ofertadas a outros gansos em cativeiro, como o canadense e a barnacla. Como os animais hoje possíveis de se adquiri já são oriundos de outras criações não é difícil proporcionar-lhes uma dieta adequada. As rações formuladas, específicas para anatídeos, servem bem na alimentação dos gansos de pescoço vermelho. Existem bastantes variedades de rações peletizadas e também granuladas. Normalmente estes produtos são ofertados em dois tipos: as rações de manutenção, para períodos “extra reprodução”, e as rações específicas para os períodos reprodutivos, com adição maior de proteína e vitaminas. Algumas aves costumam extraviar-se pela Europa Ocidental durante o inverno particularmente na Inglaterra e na Holanda, mas nessas áreas há também a possibilidade de que uma ave avistada seja fuga de uma coleção de aves selvagens. A IUCN, através do Fundo Sir Peter Scott, apóia um projeto fundado na Romênia, para conservação da espécie. O país possui 20 por cento da população européia de gansos, incluindo sua principal alimentação de inverno, que nasce nos solos do delta do Danúbio, Reserva da Biosfera. Dada a sua dependência do habitat agrícola, as políticas agrícolas dos países de ocorrência são fundamentais para a conservação da espécie. O engajamento e apoio aos agricultores é um ponto chave deste projeto, notoriamente no incentivo à adoção de métodos de cultivo que evitem prejudicar os gansos. . Os gansos de pescoço vermelho apreciam muito as sementes, sobretudo as de trigo, cevada, milho, painço, entre outras. Estas devem ser oferecidas sempre úmidas, preferencialmente colocadas em um recipiente largo cheio de água aonde serão sugadas pelos animais. Temos que lembrar que no ambiente natural esta espécie consome vegetação superficial ou de fundo de lagos, rios e córregos. As sementes são complementares as rações industriais formuladas. . A ave em cativeiro . Estes gansos são as jóias de quem cria anseriformes. Além de muito apreciados pela beleza, são animais dóceis e com um manejo não muito complexo. . . Local de criação: Certamente que a espécie só pode ser criada em regiões mais frias, os trópicos possuem temperaturas adversas as condições de adaptabilidade do animal. No Brasil a região sul, incluindo algumas áreas frias de São Paulo e Minas podem oferecer bons resultados. Também no ambiente natural estes gansos consomem brotos de grama, suplementados por tubérculos e rizomas. Esta dieta sinaliza um manejo alimentar em cativeiro também enriquecido de verduras. As folhas são altamente apreciadas e devem ser servidas picadas em pequenos pedaços e mergulhadas em água, assim como as sementes. Contudo devemos recordar que as rações formuladas já são balanceadas e neste caso os demais alimentos são suplementares, não devendo ser a base da dieta dos animais. . O recinto deve ser razoável, não menos que 40 m², com cobertura vegetal de gramíneas, podendo ser um capim baixo ou mesmo grama natural. Alguma proteção deve ser dada ao animal, em geral capins mais altos, que os resguardam de estresse funcionam muito bem. Uma lâmina de água de pelo menos 15 m² deve ser providenciada. A profundidade não é necessária que passe de 50 cm, mas a água deve ser o mais limpa possível e trocada regularmente, não sendo corrente. Áreas protegidas de sol forte ou intempéries devem existir no recinto, possibilitando aos animais a devida proteção. . Reprodução em cativeiro: A criação em cativeiro do Branta ruficollis deu um salto depois da criação do método de sexagem por DNA. Por não haver dimorfismo entre macho e fêmea muitos criadores mantiveram pares sem serem casais. Com os pareamentos feitos de forma correta esta espécie iniciou uma brilhante “carreira” nos criadouros de anatídeos da Europa. No Brasil ainda é pouquíssimo criado, o período de reprodução vai de setembro a fevereiro. . O ideal para estes animais é estarem em recinto apartado de grandes movimentações, sobretudo na época de reprodução. Apesar de serem sociais, os gansos de pescoço vermelho são bastante tímidos e preferem estar apenas em casal . No período reprodutivo os gansos preferem a solidão do casal para aninharem. Assim como 21 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 na natureza, procuram uma área sossegada e preferem ter seus ninhos em privacidade. Também neste período o casal deve estar afastado de demais indivíduos da espécie, caso seja uma criação com mais de um par. NÚMERO VI No caso do Branta ruficollis, ao longo dos anos, uma considerável experiência de gestão foi acumulada e o manejo em cativeiro e as técnicas avícolas estão bem estabelecidos para esta espécie de ave aquática selvagem. Sua criação em países europeus é notoriamente bem sucedida e há muitos anos crescente, sobretudo na Holanda, Bélgica e Alemanha, onde grande quantidade de espécimes estão disponíveis em cativeiro. A ave, nos anos 90 rara no comércio, é hoje encontrada com facilidade razoável no mercado. Importa ressaltar que os animais atualmente oferecidos são todos de linhagem de criação em cativeiro. . O ninho é feito em alguma cavidade rasa no solo, não mais do que 8 a 10 cm. O material empregado pelos animais é o que estiver disponível de grama e capim seco, plumas, gravetos muito finos etc. Tanto macho quanto a fêmea preparam o ninho. A postura é de 3 a 6 ovos, podendo chegar a oito. A fêmea choca os ovos por aproximadamente 25 dias, normalmente dedica-se totalmente a partir do segundo ou terceiro ovo colocado. . No entanto, pouca informação tem sido documentada sobre as melhores práticas e os procedimentos necessários para manter com sucesso e reproduzir a espécie. Esta documentação, bem como a participação direta de criadouros, é importantíssima para sustentar programas variados em relação à espécie. Salvaguardar os espécimes de Branta ruficollis existentes na natureza de pressões as suas populações é de suma necessidade, mas no que a conservação da espécie depender da criação ex-situ para sua existência a garantia pode ser dada. . Por se tratar de uma espécie ameaçada, o ideal, nas criações em cativeiro, é que se retirem os ovos para incubá-los artificialmente. Ao retirálos aumenta a possibilidade de outras posturas serem feitas, que podem chegar a três num ano. Desta forma também aumenta a probabilidade de menor perda de filhotes, ou mesmo de ovos fertilizados com sucesso de eclosão. . O filhote, ao eclodir do ovo inspira cuidados, mas logo estarão ciscando atrás de comida. É necessário mantê-los sobre uma forração, mais macia que um piso comum. Em geral uma forragem de palha seca já é o suficiente. De outra forma os animais podem ter problemas na ossatura das patas. Um reforço vitamínico é aconselhável para os gansinhos, assim como um adicional de folhas e sementes ricas em proteínas vegetais. . Status em cativeiro . Programas de reprodução em cativeiro de aves aquáticas selvagens existem há vários séculos e um grande número de espécies diferentes foi criado com muito sucesso. De fato, o sucesso global dos programas de reprodução em cativeiro de aves aquáticas selvagens têm sido maior do que para qualquer outro grupo animal. Coleções aquáticas hoje fazem parte intrínseca da mostra em muitos jardins zoológicos, parques naturais e de coleções privadas. Quando acoplado com o fato de que espécies raras de aves se adaptam bem ao cativeiro a participação desses grupos foi positivamente benéfica aos raros programas de recuperação de anseriformes, sobretudo quando esse apoio combina com uma reprodução em cativeiro como principal componente do plano de recuperação de espécies raras. Acima vemos os ovos de uma postura, possuem cor amarelada e manchada. Os filhotes recém nascidos são pardos e amarelados Ao lado uma fêmea no ninho. (Fotos WIT) Ao lado esquerdo vemos um macho adulto no viveiro da WIT. Um recinto gramado e com um pequeno lago pode ser a área para a reprodução da espécie. Matéria de Marcos R. Silva, colaboração da Comissão Técnica da ABRASE Fotos Wildife Trad. e arquivos ABRASE . 22 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 NÚMERO VI mação, manejando de forma que os répteis cresçam sadios, chegando a um ponto que eles tornam-se sexualmente maduros. Por exemplo, nos EUA está se vendo um número sem precedentes de fêmeas adultas de iguanas verdes. Este quadro causa a apresentação às clínicas veterinárias de problemas relacionados com a postura de ovos. Animais bem cuidados que chegam à fase adulta em geral iniciam todos os comportamentos reprodutivos naturais e devem ter manejos específicos. CONSERVAÇÃO > CRIAÇÃO > MANUTENÇÃO Reprodução de répteis: conhecimentos básicos . A maioria dos répteis põe ovos. O ato de pôr ovos é chamado de ovoposição ou postura. Os répteis que colocam ovos são chamados de ovíparos, já aqueles que reproduzem parindo seus filhotes já formados são classificados como vivíparos. Tecnicamente, uma fêmea que põe ovos é dito “estar grávida”, momento o qual está amadurecendo os ovos dentro dela. Uma fêmea que dá à luz a filhotes formados pode ser corretamente chamada de “grávida”. Abaixo apontamos algumas das espécies mais comuns dos répteis e do método de reprodução que empregam. Répteis: muitas espécies são de fácil reprodução em cativeiro, não exigem tecnologia avançada e recintos caros. Já é hora do Ibama liberá-los. Em linhas gerais tentaremos dar informações sobre a reprodução de répteis em cativeiro. O presente tem o intuito de passar aos interessados uma inicialização para entender o manejo reprodutivo desta classe de animais em cativeiro. . Répteis machos e fêmeas não têm genitália externa para ajudar seus proprietários na determinação do sexo. Mas, no entanto, machos e fêmeas possuem diferentes órgãos reprodutivos. O macho possui dois testículos, alojados dentro do corpo. O macho também tem um órgão copulador, seja um único pênis (tartarugas e crocodilos) ou um par de hemipênis (lagartos, cobras) que muitas vezes podem ser vistos como duas protuberâncias atrás da cloaca, na base da cauda. O pênis ou hemipênis não estão ligados ao trato urinário, e é estritamente um órgão de reprodução. Lagartos e cobras podem ser sexados pela utilização de uma sonda que é introduzida na cloaca, direcionada para a cauda, fora da linha mediana. A sonda penetra mais longe no sexo masculino do que no feminino. Alguns répteis põem ovos e outros parem seus filhotes já formados. As fêmeas não precisam da presença de um macho para pôr seus ovos. Há sutis diferenças entre machos e fêmeas na maioria das espécies de répteis, mas em outros, as diferenças são óbvias. Répteis também podem ser sexados por sondagem, exame visual, ultrasonografia, cirurgia ou radiografias. A maioria dos ovos de répteis é incubada artificialmente quando se tratam de animais cativos. . Os répteis vêm aumentando de forma espantosa a popularidade como animais de estimação. Com este interesse surge uma procura de répteis saudáveis, produzidos em cativeiro e de forma legal, assim como os anfíbios. Muitos aquaristas estão se tornando curiosos sobre a possibilidade de criação de seus animais de estimação, tendência mostrada em todas as classes de animais. Alguns proprietários de répteis estão fazendo um bom trabalho de cuidar de seus animais de esti- . Há também características sexuais secundárias que podem ajudar a diferenciar os machos das fêmeas. Muitas vezes, em quelônios do sexo masculino (tartarugas e jabutis), o plastrão (concha inferior) é um pouco côncavo, e a cauda é 23 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL Acima vemos um terrário apropriado para a manutenção de animais em domicílio. Nestes são possíveis reproduzir segundo a espécie. FEVEREIRO 2010 Algumas serpentes não põem ovos, é o caso da jibóia que os filhotes nascem formados. Acima fotos de filhotes de jibóia recém nascidos. NÚMERO VI Acima ovos de iguana e ao lado os filhotes. condições em que vivem e das espécies envolvidas, e este esperma armazenado pode fertilizar posturas subseqüentes sem contato adicionais de um macho. proporcionalmente maior. Muitas vezes, a cabeça e o tamanho do corpo em geral são proporcionalmente maiores nos machos de espécies de répteis. O camaleão Jackson macho tem três chifres proeminentes na cabeça que não são observados na fêmea. Muitos iguanas machos e geckos possuem femorais ou poros pré anais que secretam uma substância oleosa tornandoos mais proeminentes do que aqueles encontrados nas fêmeas. Muitas boas e pythons possuem esporões localizados em cada lado da abertura e, em muitos machos, estas esporas são maiores. Em geral, a cauda de répteis do sexo masculino é proporcionalmente maior do que a fêmea. . Usando a iguana verde, como exemplo, mesmo sem a presença do macho para fertilizar os ovos, a fêmea adulta saudável pode começar a desenvolvê-los. O processo começa com os ovários, onde os ovos estão armazenados. Os ovários estão localizados dentro do corpo. A maioria das fêmeas de iguana verde amadurece quando estão entre dois e quatro anos de idade. Neste período de vida iniciam o desenvolvimento de folículos nos ovários. Cada folículo é compôsto de um ovo pequeno e um saco cheio de gema. Os folículos em seguida, desligam-se e se movem para o ovoduto, onde o ovo é adicionado, e em seguida, um escudo é criado ao redor da gema e do material periférico branco. A fêmea grávida normalmente não come de três a seis semanas antes de colocarem seus ovos. Não faria sentido, uma vez que seu abdômen estará cheio de ovos nas tubas uterinas e do estômago é muito comprimido, havendo pouco espaço para o alimento no estômago. . Há outras maneiras de diferenciar os sexos dos répteis, incluindo ultra-som, sexagem cirúrgica e radiografias. Para obter informações específicas, deve-se consultar um veterinário especializado nestes animais. . Quando parece que a reprodução é um acontecimento natural, sem que as circunstâncias corretas tais como uma dieta equilibrada e um ambiente adequado para a postura de ovos, estes podem não se desenvolver normalmente ou serem depositados de uma maneira oportuna. Os criadores são muitas vezes surpreendidos ao descobrir que seu lagarto de estimação é uma fêmea e que desenvolveu ovos. Uma fêmea adulta saudável não precisa da presença de um macho para se tornar “grávida”. . Se um iguana, fêmea, está grávida e não tem um local apropriado para cavar a fim de fazer sua postura, ela pode tornar-se retentora dos ovos. Uma fêmea grávida naturalmente cava uma cova grande em solo úmido (muitas vezes ao longo de um rio), em estado selvagem. Sem um local adequado, ela pode segurar seus ovos por um período de tempo muito maior do que é normal ou saudável. Uma vez que a fêmea grávida geralmente não está comendo, ela pode perder a condição corporal, e ela também pode sofrer de problemas com o cálcio no sangue. Para a . Para a fertilização, o macho insere um de seus dois hemipênis na cloaca da fêmea, ou o único pênis é inserido. Antes da cópula real, o par geralmente se envolve em algum tipo de namoro ritualizado. Após a cópula, o esperma pode ser armazenado por até seis anos, dependendo das 24 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 NÚMERO VI metros de incubação variam de espécie para espécie, e em algumas espécies, a temperatura de incubação vai influenciar o sexo da prole. O tempo de incubação pode variar em cerca de 45 dias (em pequenos lagartos) para mais de um ano (para algumas tartarugas). postura deve-se proporcionar à fêmea um recinto plano preenchido com 50% de areia e 50% envasamento de solo (terra), mantido em um local a cerca de 30 a 33 graus Celsius, pode ser suficiente para permitir a ela escavar e pôr seus ovos. No entanto, se ela não puser os ovos e começar a perder muito peso, pode necessitar atendimento de emergência veterinária. Medicação pode ser julgada e, se isso falhar, pode requerer cirurgia para remover os ovos. Um veterinário pode sugerir a ablação da fêmea (remoção dos ovários e tubas uterinas) para evitar problemas futuros, ao mesmo tempo em que os ovos são removidos. . Quando é tempo para o filhote deixar o ovo este usa seu dente do ovo (também chamado de carúncula) para cortar a casca. O filhote irá permanecer habitualmente no ovo de 12 a 48 horas depois de ter posto sua cabeça através da casca. Durante esse tempo, qualquer gema restante ainda ligado ao duto de alimentação será absorvida. . . Pythons fêmeas são um dos poucos grupos de répteis que cuidam de seus ovos após a postura. Protegem os ovos e regulam a temperatura também. Algumas tartarugas, lagartos, cobras rei, cobras e crocodilos guardam todos os seus ninhos. Crocodilianos também ajudam os filhotes quando eles saem de seus ninhos, e irá ampará-los por um tempo após a eclosão. Os recém-nascidos provenientes de ovos, bem como aqueles que nascem formados, são capazes de cuidar de si, logo estão levantando e andando em torno da área do recinto em que nasceram. . Algumas espécies de répteis são muito fáceis de reproduzir em cativeiro. Esta pode ser uma experiência interessante e educativa para os proprietários de répteis, e pode ser compensadora financeiramente também. Com o pequeno investimento de uma incubadora, reprodutores saudáveis, boa nutrição, ambiente adequado e cuidados veterinários adequados, são possíveis até mesmo para os novatos terem sucessos na reprodução de répteis. . Entre as espécies que dão à luz a filhotes vivos algumas apresentam um grau de cuidados maternos. Alguns lagartos pequenos ajudam os recém-nascidos a sair dos de sacos de seu nascimento. Um réptil da Ilha Salomão dá à luz a uma prole muito grande depois de um longo período de gestação e durante a gravidez a fêmea come muito pouco. Serpentes, como as jibóias e cobras, dão à luz filhotes vivos. . Entre as espécies que põem ovos, na maioria dos casos, a fêmea cava um buraco, os depósitos dos ovos e, em seguida, cobre completamente o buraco, escondendo qualquer indício de suas atividades. Já em cativeiro, os ovos geralmente são removidos e colocados em uma incubadora. Os ovos devem ser manuseados com cuidado, e deve ser tomado cuidado também para não se alterar a posição que eles estavam quando depositado. Há alguma controvérsia quanto à possibilidade ou não de rodar os ovos de répteis poder ser prejudicial, por isso, se possível, marcar o início de cada ovo com um lápis escuro deve ser feito, e colocar o ovo na área de incubação na mesma posição. POSTURA DE OVOS FILHOTES JÁ FORMADOS Todas as tartarugas Todos os crocodilianos Alguns lagartos Iguanas Iguanas Dragões de Água Geckos Camaleões Veiled Camaleões Panther Lagartos Monitores Todas ass Pythons Kingsnakes Milksnakes Rat snakes Corn snakes Alguns lagartos Solomon Island skink Lagartos de língua azul Shingle-backed skink Alguns camaleões Camaleão de Jackson Algumas cobras Todas as boas Todas as víboras Cobras Garter . Matéria da Comissão Técnica da ABRASE, sob Coordenação do Grupo de Répteis Os ovos de algumas espécies são difíceis (tartarugas, cágados, crocodilianos e alguns lagartos, especialmente geckos) e as dos outros são mais fáceis (de cobras e lagartos) de incubar. Parâ- Fotos arquivos ABRASE 25 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL NÚMERO VI FEVEREIRO 2010 Especialista em Direito Ambiental (fauna) Av. Treze de Maio, 33 Grupos: 1712 a 1714 Centro - Rio de Janeiro - RJ CEP: 20031-930 Tel/Fax: (55 21) 2210-1056 www.carreraadvogados.com.br A melhor ração de filhotes no mundo!! Pássaros nacionais, exóticos e ornamentais Horto e viveiro de plantas decorativas Cães rhodesian ridgeback Poneis e mini horses CRIADOURO Rua Visconde de Itabaiana, 102 Eng. Novo - Rio de Janeiro Tels: 21- 2201.0602 - 2501.3612 Trading Comércio Web: www.wildlife.com.br Exterior Ltda. DISTRIBUIDOR AUTORIZADO Contato: [email protected] R Rua dos Fazendeiros, 535 - Guaratiba Rio de Janeiro - RJ - Tel: 21-3317.1716 Registro Ibama - CTF nº 215025 MAINÁ p o u s a d a e c r i a d o u r o NUTRAL R. Francisco Ceará Barbosa, 709 Campinas SP Tels.: +55 19 . 3246.3756 / +55 19 . 3246.3757 / +55 19 . 3246.3758 / +55 19 . 3246.3759 pousada e criadouro mainá Website: www.nutral.com.br E-mail: [email protected] Tel: +55 22 2623.1168 Tel/Fax: +55 22 2623.1636 Tavessa do Village, 36 - Buzios - RJ www.pousadamaina.com.br 26 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 NÚMERO VI OBJETIVOS DA ABRASE a) congregar os criadores e comerciantes de animais da fauna silvestre brasileira e exótica; b) estimular e fomentar, por todos os meios ao seu alcance, a criação de animais da fauna silvestre brasileira e exótica; c) organizar periodicamente encontro entre os associados, ou quaisquer outras iniciativas que visem manter sempre forte o elo entre os mesmos; d) promover entendimentos, acordos e convênios com os governos Federal, Estaduais e Municipais, para a execução de atividades relativas ao fomento e defesa da criação de animais da fauna silvestre e exótica; e) estudar, aprofundar, pesquisar e dar assistência sobre todos os assuntos referentes às normas ligadas a criação e comercialização de animais da fauna brasileira e exótica; f) fornecer assistência jurídica aos associados referente às questões inerentes às atividades da associação; g) promover entendimento entre os criadouros objetivando a permuta de animais; h) promover e incentivar atividades culturais e científicas referentes aos objetivos da associação; i) a Associação poderá buscar através de intercâmbios com entidades congêneres de outros Estados e/ou países, o amplo debate, idéias e informações para maior conhecimento sobre as técnicas de criação e reprodução dos animais. j) defender o Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, fornecendo as práticas sustentáveis de desenvolvimento e a educação ambiental, estimulando os associados à realização de pesquisas e estudos referentes à conservação da fauna silvestre e exótica. k) combater o comércio ilegal de animais silvestres e exóticos através de palestras, promoção do comércio legal, campanhas educativas e educacionais e colaboração com as entidades de gestão de fauna e repressão ao tráfico. . . . . . . . . . . DIRETORIA PRESIDENTE - LUIZ PAULO MEIRA LOPES DO AMARAL 1º VICE-PRESIDENTE - LÉLIO GABRIEL H. DOS SANTOS 2º VICE-PRESIDENTE - PIERRE JIMENEZ ALONSO SECRETÁRIO GERAL - VINICIUS RODRIGUES FERREIRA DIRETOR FINANCEIRO - FERNANDES MOURA VICE DIRETORA FINANCEIRA - CLÁUDIA MEIRA LOPES DO AMARAL DIRETOR TÉCNICO - FERNANDO PECEGUEIRO DIRETOR INSTITUCIONAL - ELBER AYRES OTERO . CONSELHO FISCAL: Sra. Frauke Allmenroeder, Sr. Ivaldo Fontes Barbosa e Sr. Salvador de O. Porto Filho . COMISSÃO DE ÉTICA: Sr. Jeferson Rocha Pires, Sra.Frauke Allmenroeder; Sr. Paulo Machado, Sr. Reginaldo V. Leone e Sr. Marius da Silva P. Belucci; 27 A BRASE REVISTA ELETRÔNICA OFICIAL FEVEREIRO 2010 GESTÃO ADMI CRIADOUROS E COMÉRCIO CALENDÁRIO 2010 NÚMERO VI EVENTOS 1º SEM. CALENDÁRIO 2010 - IV Congresso da AVIORNIS Asociación Internacional de Criadores de Aves Silvestres - Relatório do Cadastro Técnico Federal prazo 31 de março (quem não o fez deve fazê-lo mesmo fora do prazo). Entrega pela internet. 6 e 7 de março de 2010, em Utrera Sevilha - Espanha info: [email protected] - Relatório Semestral de Venda de Silvestres - prazo 30 de junho. Entrega no Núcleo de Fauna do Estado residência - Cumprimento da IN 169/08 - Pedido de Autorização de Manejo - AM prazo esgotado (quem não o fez deve fazê-lo mesmo fora do prazo). Pela internet. - Relatório de Evolução de Plantel - prazo anual - data referência início das atividades do criadouro. Entrega no Núcleo de Fauna do IBAMA do Estado residência . ABRASE 1º SEM. CALENDÁRIO 2010 - Não há previsão de eventos administrativos ou associativos para os meses de janeiro e fevereiro - Relatório Semestral de Venda de Silvestres - prazo 31 de dezembro - 2º semestre A BRASE ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES E COMERCIANTES DE ANIMAIS SILVESTRES E EXÓTICOS Secretaria - Rua Visconde de Itabaiana, nº 102 Engenho Novo - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Cep: 20780-180 . Telefone: +55 (21) 2218.7881 Fax: +55 (21) 2201.0602 Correio electrônico: [email protected] Na Web: www.abrase.com.br Para apresentar um artigo ou se desejar fazer sugestões à revista, entre em contato com o e-mail aos cuidados da “REVISTA ABRASE - EDIÇÃO. A revista faz todo o necessário para garantir a veracidade dos artigos, as opiniões expressadas nestes são de exclusividade de seus autores. 28