CARACTERÍSTICAS EXTERIORES DO BOVINO DE
Transcrição
CARACTERÍSTICAS EXTERIORES DO BOVINO DE
CARACTERÍSTICAS EXTERIORES DO BOVINO DE LEITE: O tipo ideal pode ser definido como uma norma de perfeição que combina as características físicas que contribuem para a utilização de um animal para o propósito específico. As diferentes partes exteriores da vaca leiteira recebem denominações especificas. Para facilitar a avaliação do animal, considerando-se que o ponto de partida é o tipo ideal, agrupa-se diversas partes em grandes regiões, as quais são: - aparência geral; - temperamento leiteiro; - capacidade corporal; - sistema mamário. Desta forma podemos avaliar as diferentes regiões as quais devem apresentar as seguintes características: - o animal leiteiro deve ter a pele solta (flácida); - o animal leiteiro não deve ter acúmulo de gordura no peito, dorso e anca; - quando a vaca estiver seca o úbere deve estar pregueado (indica capacidade produtiva). Deve revelar o aspecto de "feminilidade" da vaca leiteira e as partes que compõem são: Características da raça que devem ser consideradas: Cor: dentro dos padrões da raça. Ex.: no caso da vaca holandesa, deve apresentar manchas brancas e pretas claramente definidas; Tamanho: atingir o tamanho médio da raça. Ex: vaca holandesa em produção deve pesar aproximadamente 600 kg de peso vivo (PV); Chifres: não discriminação por ausência; Cabeça: bem constituída, proporcional ao corpo, narinas amplas, olhar vivo; Paletas: Fortemente unidas; Dorso: Reto e forte, com lombo amplo; Anca: larga e bem modelada, sem excesso de gordura, quase nivelada, implante da cauda suave e nivelada com a linha dorsal; Pernas e cascos: osso plano e forte, de quartela pequena e forte com jarrete modelado, apresentando curvatura natural, cascos redondos com talão profundo; Pescoço: largo, descarnado e unido suavemente ao tórax; garganta, papada e peito descarnados; Cernelha: aguda, costelas bem separadas com osso amplo, plano e profundo formando um aspecto de "cunha" com o tórax do animal; Flanco: profundo e refinado, formando um aspecto de "cunha" com o corpo do animal, tendo como base à cabeça; Nádegas: bem separadas e descarnadas, deixando espaço suficiente para o úbere e seus ligamentos; Capacidade corporal: Relativamente grande em proporção ao tamanho do animal, as partes que se compõe são: Costado: forte, largo e profundo, apresentando costelas arqueadas; Ventre: amplo; Tórax: grande e profundo, com peito amplo; Sistema Mamário: úbere fortemente implantado, bem balanceado, de grande capacidade e boa textura, indicador de alta produção e grande vida útil, as partes que o compõe são: Úbere: simétrico de longitude, amplitude e profundidade moderada, fortemente aderido, reduzindo após ordenha; quando a vaca estiver seca o úbere deve estar pregueado; Quarto dianteiro: de comprimento moderado, amplitude uniforme desde a frente até atrás e fortemente aderido; Quarto traseiro: alto, amplo e ligeiramente arredondado, com boa uniformidade desde cima até a base e fortemente aderida; Tetas: tamanho uniforme, com aproximadamente 10cm, de longitude e diâmetro mediano, cilíndricos, bem separados, apresentando um aspecto de "quatro pés de uma mesa de bilhar". Veias mamárias: grandes, largas, tortuosas e ramificadas. RAÇAS: Ayrshire Taurino britânico, de origem escocesa. Seu primeiro registro no Brasil é de 1930, data da fundação da Associação dos Criadores de Ayrshire. Até 1983, somava 284 cabeças, sendo que em 1986 apenas três cabeças foram registradas pelo Ministério da Agricultura. É gado de leite, com produção semelhante ao holandês, o ayrshire é uma raça em plena redução no Brasil. Gir Leiteiro Generalidades A raça gir leiteira originou-se na região de Gir, Península de Kathawar, na Índia. A entrada das raças zebuínas no Brasil ocorreu em meados do século XVII até a década de 60; é provável que o gir tenha chegado por volta de 1906. A princípio foram importados animais da região do Rio Nilo, ao norte da África, em seguida da África Ocidental (Senegal, Guiné e Congo) e, finalmente da Índia. No início das importações mais expressivas das raças indianas, destacou-se a atuação do criador brasileiro Teófilo de Godoy, que tendo feito várias viagens à Índia, entre 1893 e 1906, incentivou outros criadores. Características O gir leiteiro, como define o próprio nome, foi adaptado para maior produção de leite, índole natural da raça. A produção leiteira da raça é controlada oficialmente assim com genealogias registradas na ABCZ-Associação Brasileira dos Criadores Zebu; um controle independente distingue do gir de corte. Todo gir produz leite, mas o leiteiro está em processo contínuo aperfeiçoamento por várias gerações, com produções aferidas que permitem distinguir os animais pelo desempenho, não por indicativos subjetivos do que poderá ser ou produzir. O que determina o valor de um animal, de maneira a prever sua capacidade de melhorar o rebanho, é o conhecimento do nível de produção de sua linhagem, como bisavós, avós, pais, irmãos e filhos. Os níveis de produção do gir leiteiro apresentam produtividade mais do que adequada para o clima brasileiro e condições de criação, existindo variabilidade genética capaz de sustentar um programa de seleção visando o melhoramento. A percentagem de gordura é alta (em torno de 5%). A persistência da lactação não é problema nestes rebanhos, com vacas produzindo leite além de 305 dias. Sua produtividade média (3.233 kg) torna possível manter o rebanho com níveis de suplementação mínima, com possibilidade de ser mantida apenas com manejo em pastagens melhoradas. No período da estação seca, as vacas não apresentam queda na produção de leite, desde que atendidas em termos de exigência nutricional mínima para seus níveis de produção. Os animais são extremamente dóceis, de boa índole e lida fácil, facilitando o esquema de criação confinada. As vacas gir se adaptam facilmente à ordenha, mesmo aquelas mais velhas, que foram criadas no sistema de cria ao pé. O bezerro é facilmente criado, com aleitamento artificial usando mamadeira ou com acesso a um dos peitos durante ou após a ordenha. As vacas gir permitem, sem restrição, a utilização de ordenharia mecânica. O gir leiteiro expressa seu potencial produtivo com menos alimento e sofre menos com a restrição alimentar, pois sua exigência, seu índice de metabolismo e de ingestão de alimentos é mais baixo em relação às raças taurinas, sendo necessário menor reposição alimentar. Padrão da raça O gir leiteiro além de ser extremamente dócil, com aptidões para o leite e carne, caracteriza-se por apresentar perfil convexo e ultra-convexo, testa proeminente, com chifres laterais freqüentemente retorcidos, barbela desenvolvida e com pelagens das mais variadas, podendo apresentar pêlos brancos, vermelhos, amarelos e pretos em combinações muito variadas. Uso no cruzamento O gir leiteiro tem sido preferido para cruzamentos com as raças européias especializadas, tais como a holandesa, jersey e pardo-suiço, sendo utilizada, inclusive, na formação do mestiço leiteiro brasileiro, reconhecido como raça a girolanda. O gir mocho, bem como os demais mochos, devem ter sido originados a partir de cruzamentos de animais da raça gir com aqueles da raça mocha nacional existentes, sobretudo, em Goiás, que por sua vez tem suas origens ligadas aos primeiros animais taurinos introduzidos no país. Através de um processo de seleção, para as características produtivas do gir, acabou-se por modelar dois tipos distintos na raça, separando-o no sentido mais próximo do ideal para o gir carne ou gir leite. O gir não formou variedades diferentes na raça, mas sim aptidões de produção desiguais. Os criadores de gir leiteiro dão ênfase na seleção para o leite, enquanto que para o gir de corte está para as características raciais. Produtividade de leite O gado gir leiteiro sob controle oficial apresenta produção média de 3.233 kg, índice que está 290% acima da média nacional. As médias das produções de leite de 15.846 lactações controladas pela ABCZ revelam avanços contínuos. De 1964 a 1977 houve ganho de 69,0%, em 13 anos, com aumento de 1.148 kg. Em 1988 apresentou aumento de 21 kg em relação a 1977; de 1988 a 1998 houve aumento de 410 kg na média das vacas, com ganho de 14,52%. O aparecimento nos rebanhos de vacas gir de elevada capacidade leiteira evidencia existência de potencial genético, chegando a 13.000 kg e produção de 44 kg. Melhoramento genético As possibilidades atuais e futuras da pecuária, com base no zebu, são inquestionáveis, dada sua importância na estrutura genética da população de bovinos e destaque dos rebanhos elite, havendo interesse de muitos países em utilizar este material genético. Aliado a isto, o melhoramento genético animal vem se modernizando aceleradamente no Brasil. Na bovinotecnia vêm sendo implementados diversos programas comerciais com metodologia moderna de avaliação e de melhoramento genético. É a avaliação genética da funcionalidade, e não a forma do animal, que determina o preço dos reprodutores, do sêmen e dos embriões. Cada vez mais o mercado exige qualidade genética, avalizada pela tecnologia moderna e não apenas pela propaganda. Destaca-se a tecnologia moderna aliada a organização. Guernsey Origem: Inglaterra, na ilha de Guernsey, no Canal da Mancha; Pelagem: amarelo malhado, com combinações variadas; Aptidão: leiteira, do grupo das manteigueiras; produção no país de origem é de aproximadamente 3000 kg de leite; leite com 4,5 a 5,5% de gordura; peso médio da fêmea adulta é de 400 a 500 kg, e nos machos, de 700 a 750 kg de peso vivo. Guzerá Origem: região central da Índia; Pelagem: predominante é a fumaça (cinza - prateada); Aptidão: mista, ou seja, é uma raça de corte com linhagem leiteira; produção media de 2300 kg de leite; leite com 3,5% de gordura, peso na fêmea adulta é de 500 kg e no macho é de 800 kg. Holandesa Generalidades Pouco se sabe sobre a origem da raça holandesa, ou frieshollands veeslay, ou ainda frísia holandesa, havendo anotações que vão até o ano 2000 a.C. Alguns afirmam que foi domesticada há 2.000 anos nas terras planas e pantanosas da Holanda setentrional e da Alemanha. Eram animais de origem grega, de acordo com ilustrações antigas, o que causa maior dúvida sobre sua formação. No Brasil não foi estabelecida uma data de introdução da raça. Paulino Cavalcanti (1935) cita que baseado em dados históricos, referentes à nossa colonização, presume-se que o gado holandês foi trazido nos anos de 1530 e 1535. Quase todos os touros da atualidade são originários de três países famosos: da Frísia, Groningen e Holanda. Características As holandesas apresentam as seguintes características: Idade para a primeira cobertura: 16 a 18 meses; Idade para o primeiro parto: 25 a 27 meses; Duração da gestação: 261 dias a 293 dias (média de 280 dias); Intervalo entre partos: 15 a 17 meses. Padrão da raça Malhadas de preto-branco ou vermelho branco; ventre e vassoura da cauda branca; barbela e umbigueira pouco pronunciada, tamanho da vulva discreta, não pregueada animal não preto e nem totalmente branco. Cabeça bem moldada, altivo, fronte ampla e moderadamente côncava, chanfro reto, focinho amplo com narinas bem abertas, mandíbulas fortes que exprimem o estilo imponente e viva e própria da raça. Pescoço longo e delgado que se une suavemente na linha superior ao ombro refinado e cruz angulosa; vértebras dorsais que se sobressaem e inferiormente ao largo peito com grande capacidade circulatório e respiratório. Dorso reto, fone e linha lombodorsal levemente ascendente no sentido da cabeça. Garupa comprida, larga e ligeiramente desnivelada no sentido quadril a ponta da nádega. Coxas retas, delgadas e ligeiramente côncavas, bem separadas entre si, cedendo amplo lugar para o úbere. Pernas com ossatura limpa, chata e de movimentos funcionais que terminam empatas de quartelas fortes e cascos bem torneados. Pele fina e pregueada e pêlo fino e macio. Cruzamento industrial Os principais cruzamentos são com a raça gir, formando o girolando, e com o guzerá, formando o guzolando (ou guzerando), ambos com livro de registro genealógico. Desde 1991, todo o gado holandês é registrado desde o nascimento. A pecuária de gado holandês para carne, com novilhos precoces, caminha aceleradamente desde a década de 1970. Já na década de 1980 foi estabelecido um programa alternativo de cruzamentos com raças especializadas de corte, destacando-se o charolês, o limousin, o piemontês, o bleu-blanc-belge, e outras, para incrementar o rendimento de carne, promovendo o surgimento de linhagens de melhor rendimento no abate. Esta é a grande novidade científica da vinda do milênio, prometida pela Associação Brasileira de Criadores de Gado Holandês que pode revolucionar a pecuária mundial. "Assim como o holandês revolucionou a pecuária leiteira, essa alternativa (carne-leite) pode provocar uma segunda revolução", profetiza. Produtividade de leite Existem 961 criadores inscritos no Controle Leiteiro Oficial, que somaram 104.382 animais em produção no ano de 1998. A média brasileira de produção leiteira foi de 6.622 (305 dias) em 1998 e de 7.290kg na idade adulta (305 dias). Cerca de 84% dos criadores residem em São Paulo, Paraná e Minas Gerais. A média de Produção de Leite em 1998, foi a seguinte: Lactações padronizadas em 305 dias e em 2 ordenhas: 6.622 kg; Lactações padronizadas em 305 dias, 2 ordenhas à idade adulta: 7.290 kg; Lactações em 2 ordenhas, até 305 dias: 5.962 kg; de 306 a 365 dias: 7.862 kg; Lactações em 3 ordenhas, até 305 dias: 7.160kg. Melhoramento genético Até o inicio de 1980, o Brasil foi considerado o detentor do maior rebanho mundial de HVB (holandês vermelho branco), mas o efetivo foi decrescendo, ano após ano, por falta de disponibilidade de reprodutores VB (vermelho branco) com provas genéticas comprovadas e também pela não aceitação das cobrições de vacas VB por touros PB (preto branco). A abertura para uso de reprodutores PB sobre vacas VB somente aconteceu por volta de 1984 desde que o reprodutor fosse portador de gene recessivo para pelagem VB. A FAO, organização da ONU vinculada ao setor de alimento e agricultura relacionou, na década de 1950, três tipos de gado holandês, cada uma com seu próprio registro genealógico: a) Holandês preto e branco (ou vermelho e branco), com cerca de 80% do total; b) Meuse-Rhine-ljssel (vermelha e branca), com cerca de 18%; c) "Groningen" (cabeça branca), com cerca de 2%. Jersey Generalidades A raça jersey é originária de uma pequena ilha, de apenas 11.655 hectares, no Canal da Mancha, entre a Inglaterra e a França (região da Normandia). É denominada "Ilha de Jersey", e pertence ao Reino da Grã-Bretanha. Em 1763, foram decretadas leis que proibiam a entrada na Ilha de Jersey de qualquer animal vivo que pudesse transmitir doenças aos seus bovinos. No Brasil, o jersey foi introduzido em 1896, no Rio Grande do Sul, pelo grande pecuarista e embaixador J. E de Assis Brasil. Em 1938, foi fundada no Rio de Janeiro a Associação dos Criadores de Gado Jersey do Brasil (ACGJB), a partir daí tem inicio a expansão da raça. Características A raça jersey é uma das mais eficientes e é encontrada nos cinco continentes. Atualmente, é a segunda raça leiteira criada no mundo, devido às suas características: Alta precocidade: é possível ter maior lucratividade com as fêmeas, pois são precoces e oferecem bom lucro pela venda do leite; Adaptação: alta capacidade de adaptar-se a vários tipos de climas, manejo e condições geográficas; além de apresentar bom desempenho em instalações comerciais e em programa de pastoreio; Prolificidade: boa capacidade de reprodução; Facilidade de parição (perpetuada geneticamente): aos 26 meses já cria, voltando a emprenharem em 110 dias; Longevidade: permanecem mais tempo no plantel; Tolerância ao calor: escolha lógica para os criadores de raças leiteiras em regiões tropicais; Conversão alimentar: transforma, de maneira eficiente, rações e a forragem em leite, produzindo mais por área, por tonelada de forragem; produz mais leite corrigido em gordura, por 100 kg de peso vivo animal. Padrão da raça Vaca boa é boa em qualquer lugar do mundo, não importando a linhagem, e muito menos o país de origem. O que vale na raça jersey, como em toda raça pura, são as seguintes particularidade: Cabeça: limpa, bem proporcional, de comprimento moderado; Pescoço: limpo, moderadamente comprido; Pés: curtos, compactos e redondos; úbere: largo, alto e amplo ; Um úbere de boa qualidade é pregueado, macio, de boa textura, e descamado; Pele: pigmentada. A jersey possui um temperamento leiteiro bem evidenciado e harmonia total entre as partes de seu corpo. Cruzamentos Segundo a ACGJB o jersey tem sido criado em estado puro há mais tempo que qualquer outra raça leiteira, e isto lhe dá grande facilidade para transmitir à progênie as boas qualidades da raça. A facilidade de parição, elevada produção leiteira e mantegueira, fazem da jersey uma raça eficiente para cruzamentos com raças zebuínas, quando se pretende aumentar a produção de leite. Na Índia, através de cruzamentos, visando diminuir a idade de parição e aumentar a produção leiteira das vacas zebuínas, ficou comprovado que touros da raça geram novilhas (jersey x zebu) que tiveram sua primeira cria aos dois anos de idade, com uma produção media de 12 kg de leite por dia. Percebeu-se, então, que a raça jersey teve um aproveitamento de 70% dos touros utilizados em 20,4 milhões de cruzamentos. Resultando em um tipo ideal leiteiro pelas qualidades, simetria e ligamentos do úbere. Produtividade de leite Os bons resultados do manejo da vaca de alta produção requerem ao mesmo tempo ciência e arte. A ciência se baseia em conhecer e compreender o metabolismo e a fisiologia da vaca; a arte, na habilidade de fazer uso desse conhecimento para atingir um resultado final desejado. A lactação da vaca jersey é uma vantagem devido os pequenos intervalos; assim sendo sua alimentação é feita em menos dias, sem produção e tendo-se um maior número de lactação'na vida útil. O leite jersey oferece grande quantidade de proteína, comprovando assim sua qualidade. De acordo com pesquisas, contém em média 20% a mais de cálcio - mineral essencial na dieta humana, necessário para dentes e ossos fortes - do que outras raças. Contém maior quantidade proteínas, lactose, vitaminas e minerais, oferecendo um leite completo. Quando consumido na forma fluída, tem mais consistência e um gosto mais forte. Quanto mais componentes, mais saboroso e nutritivo ele é, além de indicado para a alimentação de crianças e adultos. Melhoramento genético Quando se pensa em melhoramento, deve se ter em mente, ao escolher um reprodutor, que ele vale pelo que transmite, e não pelo que realmente é fenotipicamente. O melhoramento genético, de uma maneira geral, é muito auxiliado por testes de progênie. Os criadores de jersey devem buscar a evolução genética de seus rebanhos, usando para isso a maior parte do seu rebanho (no mínimo 80%), de reprodutores provados. Outro fato é que esses touros dentro de alguns anos devem ser superiores aos touros atuais, em relação a produtividade e outros aspectos economicamente importantes, já que o aperfeiçoamento e a seleção da raça vai estar relacionado com à produção e produtividade leiteira. Lavínia Origem: Fazenda Sr. Rubens F. Mello, município de Lavínia - SP; raça mista, formada de 5/8 Pardo Suíço + 3/8 Zebu; Pelagem: parda - cinzenta, de cor mais clara ao redor do focinho e orelhas; Aptidão: mista; produção de 3000 kg de leite; leite com 4,0% de gordura; atinge 450 kg de peso vivo aos 24 meses de idade. Mantiqueira Raça nacional, praticamente desaparecida, de alta potencialidade genética e boa produtividade leiteira. Tem a vantagem de ser uma raça inteiramente adaptada as condições de clima, pastos e topografia acidentada, especialmente de Minas Gerais, onde se encontra a maioria de seus exemplares. Origem: Vale do Paraíba Paulista; no início do século, ocorreram cruzamentos entre touros holandeses (Turino-Portugal) e vacas comuns da região; Pelagem: malhada do preto com partes brancas salpicadas de preto; Aptidão: leiteira; produção média de 1863 kg de leite; leite com 3,4% de gordura, equivalente 76,6 kg, com lactação média de 232 dias, porte inferior ao da raça holandesa; raça de grande adaptação ao regime de campo. Pardo Suíço Generalidades É uma raça pura e milenar, uma das mais antigas, com registros datados de 80 a.C. Documentos comprovam que há mais de 1000 anos atrás existia criação de braunvieh no convento de Einsedein, no cantão de Schwyz, na Suíça. Essa criação de braunvieh (pardo-suíço corte) é uma das mais antigas, com registros de dados de performance nos últimos 850 anos. No Brasil em meados de 1900 foram feitas as primeiras importações da Suíça; esses animais foram para o Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Para atender novas exigências do mercado, houve um redirecionamento de muitos criadores, visando o melhoramento genético. Características O pardo-suíço se adaptou muito bem às diferentes regiões brasileiras, devido às suas características: alta conversão alimentar; alta fertilidade de machos e fêmeas; precocidade sexual: as novilhas entram no cio aos 332 dias; rusticidade: tolerância ao frio e calor; camada de gordura na quantidade certa, sem excessos; produção leiteira: mais de 2.500 quilos de leite em 200 dias; habilidade materna; viabilidade econômica em confinamento. Todas essas características produtivas e sua rusticidade permitiram que a raça se espalhasse pelo mundo todo, estando presente em mais de 60 países, do Círculo Ártico aos trópicos, totalizando 11 milhões de exemplares puros e cruzados em todo o mundo, com 42 Associações de registro de gado puro. O parto é um acontecimento cercado de expectativa, pois a fêmea traz todo o potencial de um acasalamento meses antes de sua gestação. A confiança é de 99% com parto de curso normal para o criador. O pardo-suíço de corte produz uma carne macia, bem marmoreada, com pouca gordura externa. Padrão da raça Diferentes fatores como a qualidade do solo, variações climáticas, topografia montanhosa e pastos entre 700 e 2.000 metros acima do nível do mar, tornaram o Pardo-Suíço robusto e autosuficiente, um verdadeiro produto da terra. São pontos fortes da raça, além de suas principais características: boa pigmentação; pelo curto, que é capaz de crescer ou se manter de acordo com o clima; cascos: pretos e fortes; bons aprumos; pêlos de cor parda, variando do muito claro para o muito escuro. Cruzamentos O pardo-suíço é uma das raças mais antigas e puras de dupla aptidão. Tem elevada performance para produção de leite e carne e imprime em sua progênie logo no primeiro cruzamento e em gerações posteriores, também suas características fenotípicas e produtivas. Fazendo o cruzamento com raças zebuínas - nelore ou guzerá - obtém-se alta taxa de heterose ou vigor híbrido, fenômeno que se verifica no produto de animais sem parentesco algum. No Brasil, o uso do pardo-suíço para cruzamento industrial foi a solução encontrada, por muitos criadores, para aumentar a produção eficiente de carne. Em um programa de cruzamento, os critérios de descarte devem ser: fertilidade, idade, qualidade de produção, estado geral, defeitos adquiridos, etc. É importante que o produtor conheça a raça que vai utilizar em cruzamento, pois não são todas que têm boa eficiência para cria, algumas só se prestando para cruzamentos terminais, com abate de machos e fêmeas. O macho cruzado suíço-corte tem bom ganho de peso e rendimento de carcaça, e sua carne é marmoreada e macia. A fêmea meio sangue suíça é dócil e tem excelente habilidade materna, além de ser fértil e precoce sexualmente. Ganho de peso O Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte da Embrapa, em Campo Grande (MS), é importante para os criadores de pardo-suíço, pois com a promoção de provas e experimentos tem auxiliado no desenvolvimento dó um manejo adequado e na divulgação das linhagens do pardosuíço com aptidão para carne. Na Primeira Prova de Ganho de Peso de Pardo-Suíço Corte, em 1998, o melhor animal obteve ganho de peso médio acima de 1500 gramas por dia. A primeira fase da prova durou 52 dias: foi o período de adaptação com o objetivo de minimizar os efeitos de ambiente representado pelas diferenças na alimentação ministradas pelas propriedades. A prova teve seu inicio na segunda fase, com duração de 112 dias, e os animais eram pesados a cada 28 dias. A ração fornecida para o lote era feno de brachiaria decumbens misturado com concentrado. A Prova de Peso evidenciou as características dos animais: ótima musculosidade, com grande ganho de peso e excelente rendimento de carcaça. Melhoramento genético No ano de 2000 foi apresentado durante a Exposição Nacional de Pardo-Suíço de Corte no mês de abril, um trabalho organizado pelos professores da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo, campos Pirassununga, para DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie) de reprodutores da raça. Esse trabalho foi o começo do programa para o melhoramento genético do pardo-suíço corte. O Brasil possui hoje um dos melhores bancos genéticos de todo o mundo, com um plantel de 14 pecuaristas, proprietários de 1300 fêmeas puras e 3000 cruzadas inscritos no programa da USP. Pitangueiras Generalidades O Brasil durante a Segunda Guerra Mundial, sofreu uma acentuada falta de leite fresco, e as importações eram difíceis; visando atenuar essa situação, os dirigentes do Grupo Anglo uma das maiores companhias internacionais, programaram a formação de uma raça tauríndica. Usaram como base a raça britânica red poll, mista e tida como rústica, e a guzerá, trazida da Índia, tendo em vista a produção de leite. Touros red poll foram cruzados com vacas guzerás, dando produtos de meio-sangue. Novilhas 1/2 sangue foram padreadas por touros guzerás, dando os 3/4 guzerás e 1/4 red poll. As fêmeas da segunda geração foram fecundadas por reprodutores red poll, originando mestiços com 5/8 da raça taurina e 3/8 de sangue zebuíno, que receberam a denominação de pitangueiras. O nome da raça foi tomado da região de origem, conforme a tradição nos meios pecuários: o município de Pitangueiras, interior do estado de São Paulo. Características O animal pitangueiras típico é de pelagem vermelha, uniforme, com pequenas variações de tonalidade, podendo ir do vermelho escuro ao caju e vermelho claro. Tem como característica principal o fato de ser geneticamente mocho, isto é, nasce e se mantém sem chifres; não é, portanto, animal descornado ou mochado, embora mesmo nos rebanhos puros possa surgir exemplares com chifres rudimentares ou normais, eventualmente. A conformação pode variar um pouco, mas normalmente o pitangueiras apresenta aspecto às raças mistas, com predominância da função leiteira. Em alguns rebanhos o tipo leiteiro é mais acentuado, enquanto em outros, os criadores estão selecionando para a produção carne, colocando o leite em segundo plano. Mas a tendência é para a fixação de uma raça leiteira tropical, de produção média, sem grandes pretensões. É o tipo de gado leiteiro para regime de campo. Dada a sua rusticidade, apresenta certa resistência contra várias moléstias, sendo imunizado contra outras através de vacinas. Como raça de dupla aptidão, apresenta muito bom desempenho no confinamento, demonstrando sua habilidade na conversão de alimentos. Outra característica é a mansidão dos touros e vacas (submetem-se perfeitamente ao regime de ordenha mecânica). Essas qualidades conferem ao pitangueiras condições para a sua expansão em qualquer região do país. Padrão da raça A Associação Brasileira de Criadores de Bovinos Pitangueiras estabeleceu o seguinte como padrão da raça: Estatura: média, touros adultos com cerca de 1,50 m de altura; pelos curtos, lisos, finos, brilhantes; cor uniforme vermelha variando do vermelho claro ao caju; temperamento dócil; cabeça leve, de perfil retilíneo; fronte larga, ligeiramente achatada, focinho largo com mucosa cremosa ou escura; tronco musculoso, cilíndrico, de comprimento médio; costelas arqueadas, bem afastadas, dorso e lombo largo, horizontal; tórax amplo e profundo, ventre bem desenvolvido; garupa larga, longa, horizontal, sacro pouco saliente; bom afastamento entre os ísquios; cauda bem inserida, longa, achatada na base; vassoura bem recoberta pelos membros de comprimento médio bem afastados, bons aprumos; paletas inseridas, com boa cobertura muscular; quarto posterior bem coberto de músculos; jarretes fortes, mas não grosseiros; cascos de tamanho médio, bem conformados. Cruzamentos O rebanho é estimado em 70 mil cabeças, quase todos puros, que vem crescendo rapidamente pela multiplicação natural do gado puro e através de cruzamentos, de touros pitangueiras com vacas de quaisquer outras raças ou grau de sangue. Em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, o gado se adaptou perfeitamente e vem sendo objeto de seleção no plantel puro e na utilização de touros para a padreação ou inseminação de matrizes da raça nelore, com excelentes resultados no tocante ao desenvolvimento ponderal e características econômicas como produtor de carne. Os criadores que visam a produção de carne fazem a seleção com o intuito de aumentar o peso do gado, usando touros de maior precocidade e bom desenvolvimento ponderal. O rendimento no corte é elevado, com carne de boa qualidade, sendo tenra e bem marmorizada, idêntica a de outros cruzamentos industriais em voga. Nas explorações leiteiras, são usados reprodutores pitangueiras na cobertura de vacas mestiças de gado holandês e, principalmente, com fêmeas girolandas e guzolandas, com evidente elevação da produtividade, como resultado de maior heterose, em virtude da participação de três ou quatro raças, constituindo quase um novo tipo de composto. Ganho de peso e produtividade de leite Nas Provas de Ganho de Peso, em Sertãozinho (SP), durante vários anos, os pitangueiras deram em média 1.110g de peso diário, posicionando-se bem no confronto com o gado de corte taurino e zebuíno. Como gado leiteiro, a raça está bem colocada, produzindo leite em regime de campo, que é o mais comum e econômico. A produção média diária, nos grandes rebanhos, é de 9 kg na estação seca e 11 a 12 no período das águas. As boas produtoras dão 4.000 a 5.000 kg por lactação em 300 dias. As vacas continuam a lactação mesmo depois de apartados os bezerros, diferentemente do que acontece com as fêmeas das raças zebuínas, que suspendem a lactação quando morre o bezerro ou delas são separados definitivamente (desmame). Melhoramento genético Fundado em 1990, o primeiro Núcleo de Criadores de Pitangueiras (NCP), com sede em Recife (PE), possui hoje um banco de sêmen com mais de quatro mil doses de 20 touros melhoradores; o NCP permite aos associados adquirir animais de alto valor genético e, mediante um cronograma, passam a fazer coberturas nas fazendas, garantindo com isso, aos criadores, o mínimo de investimento e fácil acesso a um rápido e eficiente melhoramento genético de seus rebanhos. O melhoramento da raça tende a se intensificar através da inseminação artificial e, sobretudo pela transferência de embriões, já em prática em vários plantéis. Simental Generalidades Com origem na Suíça onde era utilizada para produção de leite, carne e tração, a raça pura simental foi criada, selecionada e disseminada pelo mundo, sendo considerada uma das mais bem distribuídas do planeta. No Brasil, chegou há mais de 80 anos e de lá para cá tem se espalhado por todas as regiões com uma seleção genética cada vez mais apurada. Estima-se que o rebanho brasileiro de simental puro e mestiço tenha cerca de 400.000 animais, incluindo o rebanho não registrado. Características Está em primeiro lugar entre as raças européias, na produção de sêmen congelado, coleta e transferência de embriões, com opção para cruzamento industrial. A vaca pura simental tem sua primeira parição antes de completar dois anos de vida, com crias pesando em média 38kg para fêmeas, e 43 kg para machos, sem problemas de parto. O ganho de peso diário fica acima de 1.000 g, e as vacas possuem habilidade materna fantástica, desmamando suas crias por volta do 7º mês de vida, com a média de 250 kg a 300 kg de peso; coincidindo, assim, com início da puberdade. A idade média para cobertura de fêmeas é a partir do 14º mês, quando estarão pesando cerca de 400 kg. Os machos têm o mesmo comportamento quanto a precocidade, no que tange a parte reprodutiva, podendo ser utilizados para cobertura a campo antes do 18º mês de vida, com mais de trinta matrizes e, para monta controlada, pode-se até antecipar esta idade. São animais rústicos que podem ser criados a pasto desde o nascimento. A raça vem conseguindo cada vez mais adeptos entre invernistas e confinadores, graças a sua precocidade, adaptabilidade e qualidades, dupla aptidão e forte penetração internacional quando cruzado com rebanhos nacionais. Conforme as condições ambientais, manejo e objetivos de cada criação, os criadores encontram linhagens diferentes dentro da riqueza de variabilidade genética que forma o simental mundial, e lhes oferece genes que poderão incrementar o potencial genético de seus animais para produção leiteira e de carne. As diversas linhas de seleção que cada país assume são em decorrência do que o mercado local exige deles. Em determinados locais, onde o animal é 30% carne e 70% leite, certas linhagens são mais utilizadas que em outros onde o mercado exige 70% carne e 30% leite, ou até 80% carne e 20% leite, como Estados Unidos, Canadá e Inglaterra. O simental brasileiro apresenta características sui generis, que suporta nossa adversidade climática. Trata-se de um gado que possui uma herança muito forte de adaptação às condições tropicais com boa conversão alimentar em pastos pouco favorecidos em valores nutritivos. No mercado vem se mantendo como uma boa opção para quem deseja resultado a custos baixos. Padrão da raça No Brasil, as primeiras importações do simental apresentavam a pelagem tapada de amarelo, com áreas brancas maiores e extremidades na cabeça totalmente branca; isso descrito segundo o escritor e pesquisador Fernando Antonio Nunes Carvalho, uni apaixonado pela raça. O simental de pura raça é de temperamento dócil, sua pelagem é branca ou ligeiramente creme com grandes manchas amarelas ou vermelhas, ou uma só grande mancha, que varia do amarelo trigo ao vermelho castanho. A cabeça, parte inferior do corpo, dos membros e ponta de calda é branca. Cruzamentos O cruzamento industrial é a grande arma que o pecuarista tem para aumentar sua eficiência reprodutiva. O simental merece ser observado com bastante atenção, pois vem apresentando resultados excelentes, não só como raça pura, mas também nos mais variados níveis de cruzamento que é, sem dúvida alguma, a grande saída para a pecuária nacional. Do cruzamento entre as melhores linhagens da raça simental surgiu o simbrasil - uma raça sintética de características muito apreciadas, especialmente para a produção leiteira. O zebu é o grande responsável pelo sucesso do cruzamento da raça simental, caso contrario não teria base, sem motivos, para existir em regime extensivo no Brasil. Através da absorção genética por meio de cruzamentos com gado zebuíno, contribuiu para a formação de animais com maior resistência ao clima tropical. Destaca-se também a utilidade do cruzamento do simental, com vacas girolandas, visando o aumento na produção leiteira. Ganho de peso e produtividade leiteira As vacas podem ter uma produção com média de 20 kg/dia; concursos leiteiros realizados no Brasil revelam que a raça registra em media 25 e 30 kg/leite/vaca/dia. A aptidão do simental mostra uma grande predominância do leite (50%), sobre a carne (25%) e uso no trabalho (25%). Para se ter uma idéia uma vaca de 42 meses, ½ simental - ½ nelore conta em sua vida produtiva com duas crias e mais seu peso, de aproximadamente 1.000 kg; é uma máquina de produzir carne. Para a pecuária de corte o ganho de peso diário médio pode chegar a 1.052 kg. Melhoramento genético A seleção, que no caso seria a escolha dos "melhores" para os atributos desejados e préestabelecidos pelo criador, deve ser feita para que os animais escolhidos tenham o maior número possível de filhos, garantindo desta forma que o rebanho tenha genes desejáveis na população. Este efeito genético aditivo pode representar um ganho em até 25% de diferença em favor da progênie dos animais positivos, sendo 12% de ganho conseguindo seguramente. O cruzamento visa potencializar os efeitos aditivos e não aditivos dos genes da heterose, tendo como principais características: fertilidade; percentual de desmama; habilidade materna e precocidade para o abate. O cruzamento e a seleção são dois métodos básicos usados pelos criadores que juntos podem aumentar em mais de 25% a produtividade da pecuária brasileira. MANEJO REPRODUTIVO Sistemas de Cobertura Existem dois sistemas: o natural e o artificial. O sistema de cobertura natural apresenta duas modalidades: uma a campo e a outra controlada. A cobertura natural a campo é a mais empírica que existe, pois o touro fica a vontade com as vacas, ocorrendo excessivas coberturas em uma mesma fêmea e muitas delas em momentos inadequados. Neste caso, a relação touro x vaca é de 1:25. A cobertura natural controlada é um sistema mais eficiente que o anterior, pois o touro fica num piquete separado das vacas e a fêmea no cio é levada ao reprodutor para a cobertura. O touro não executa grande número de coberturas em uma mesma fêmea, efetuando as coberturas em momento adequado, permitindo manter-se no sistema uma relação touro x vaca de 1:50. Neste sistema fica mais fácil controlar a fertilidade dos touros, além de se conhecer a paternidade da progênie. O sistema de cobertura artificial refere-se à inseminação artificial. Neste método, ocorre a interferência do homem na reprodução, não ocorrendo a cobertura, e sim a introdução do sêmen no aparelho reprodutor de fêmea, com a ajuda de instrumentos e técnicas adequadas, em condições de fecundá-la. A técnica utilizada em bovinos é a retro-cervical profunda. Quando o homem deve fazer a inseminação? Quando a vaca estiver no 1/3 final do cio. A idade zootécnica para a inseminação é de 16 meses, sobrepondo-se a idade o "score corporal", que é a condição corporal de peso vivo, este deve ser ideal quando a vaca pesar 375 kg de P.V. (peso vivo). Serve também para a cobertura natural controlada. Neste momento, aumenta a probabilidade de concepção. Por isso é fundamental que ocorra a detecção do cio. Os sintomas de cio são modificações psicossomáticas na vaca. Sintomas de cio A vaca vai apresentar monta e deixa-se montar pelas companheiras; fica inquieta; apresenta micção freqüente; apresenta a vulva tumefeita e congestionada; apresenta corrimento vaginal cristalino. Quando este mesmo corrimento apresenta-se turvo ou purulento, pode caracterizar problemas de infecção, devendo intervir com tratamento adequado, prescrito por veterinário; a vaca aceita espontaneamente o macho. Aproximadamente 50% das vacas apresentam um cio na parte da manhã. É necessário observar o cio pelo menos duas vezes ao dia. Nem sempre a fêmea apresenta o cio com todas as sintomatologias, tendo o cio silencioso; neste caso, a vaca apresenta corrimento que se adere à cauda. O ciclo estral dos bovinos é de 21 dias, tendo o cio duração de 14 a 18 horas; a ovulação ocorre 12 a 14 horas após o término do cio, ficando o momento adequado para a cobertura no 1/3 final do cio (12 horas). O espermatozóide tem capacidade fecundante de no máximo 24 horas. Ocorrendo o cio pela manhã, faz-se a cobertura na parte da tarde e vice-versa. O cio dos Taurinos é mais longo do que o cio dos Zebuínos, por isso, quando se faz cobertura natural controlada, coloca-se a fêmea zebu com o macho no período da manifestação do cio e reforça a cobertura no período posterior (se a vaca zebu manifesta o cio pela manhã, coloca com o macho pela manhã e novamente à tarde). O rufião é um touro vasectomizado, utilizado para marcar as vacas no cio ele permanece junto com as vacas o tempo inteiro. O animal é provido de um "busal marcador" que risca a anca das vacas montadas. Este sistema de detecção é mais fácil de trabalhar, mas ocorre a penetração na vaca, podendo ocorrer transmissão de doenças. No caso do animal de elite, o rufião é submetido a um desvio de pênis. Avaliação Reprodutiva do Touro Na pecuária bovina, o macho é acasalado com um grande número de fêmeas. Por isto, o uso de touros de baixa fertilidade, inférteis ou de qualidade genética inferior, pode acarretar sérios prejuízos aos criadores, levando a um maior intervalo entre partos das vacas e ou produção de filhos de baixa qualidade. A substituição de reprodutores, de um modo geral, tem por objetivo: evitar consangüinidade; melhorar a qualidade genética do rebanho; melhorar a eficiência reprodutiva do rebanho; fins comerciais (lucros). Antes da aquisição de um reprodutor deve-se definir a raça e o grau de sangue, em função da qualidade ou tendência racional do rebanho existente e da finalidade a que se propõe. É importante considerar, também, a região e condições de manejo da propriedade. Muitos criadores são ludibriados na compra de um reprodutor, ao confiar na afirmativa do vendedor de que se trata de um animal provado. A prova de um reprodutor se faz através do "teste de Progênie" (única forma de garantir a qualidade genética do reprodutor), porém, o Brasil é carente em provas de teste de progênie. Assim sendo, na impossibilidade deste resultado deve-se levar em consideração uma avaliação do reprodutor, com relação aos seguintes aspectos: condição corporal; fertilidade; sanidade. Condição corporal: É o aspecto do reprodutor e é muito importante, principalmente se há necessidade de seu uso imediato, uma vez que o animal magro ou fraco pode apresentar uma baixa produção e ou qualidade dos espermatozóides. A compra de um reprodutor é quase sempre efetuada em função do tipo do animal (aspecto externo), sem nenhuma informação complementar capaz de auxiliar na sua avaliação. Este procedimento conduz a erros. Tem-se conhecimento de reprodutores usados com finalidade leiteira, de extrema beleza nas características externas (altura, peso e conformação), cujas filhas se caracterizam por baixa produção de leite e peso elevado (situação comum na aquisição de touros Gir para obtenção de mestiços leiteiros). É muito importante analisar também a coordenação Motora do animal. A caminhada em piso de grama ou cimento permite observar se o animal apresenta defeitos de aprumo e incoordenação dos movimentos (andar cambaleando ou manqueira). Touros com problemas de casco, membros, articulações e ou coluna podem apresentar dificuldades para montar na fêmea. Fertilidade Comportamento sexual: o reprodutor colocado junto a uma fêmea em cio permite as seguintes observações: Desejo sexual (libido): o desejo sexual é avaliado pelo tempo que o animal demora a se exercitar e saltar. O salto deve ser imediato ou em até 20 minutos. E importante saber que os machos da raça zebuína são por natureza mais vagarosos ou lentos. Cansaço ou esgotamento devido ao manejo incorreto pode acontecer. Ereção e exposição do pênis: comprometida por aderência, processos inflamatórios dolorosos ou verrugas (papilomas) na glande ou corpo do pênis. Introdução do pênis na vagina: em casos de fraturas, paralisia ou abscesso do pênis, os animais montam, mas não conseguem introduzir o pênis na vagina da vaca. É interessante ressaltar que o comportamento sexual; deve ser observado a uma distância regular do animal, pois, se o observador estiver muito perto, a sua presença poderá inibir o touro. Por outro lado, se o observador estiver muito longe, pode-se comprometer a observação. Obs.: Capacidade coeundi: é a capacidade de efetuar montas sem problemas físicos. Defeitos nos órgãos genitais: Prepúcio: pus junto ao pênis de abertura pode indicar presença de infecção; crescimento anormal dos tecidos junto ao orifício de entrada chamado de acrobustite (umbigueira). Nesses casos não é indicada a compra, por necessitar de tratamento específico e longo tempo de recuperação. Bolsa escrotal e testículos: na bolsa escrotal estão localizados os testículos. Sua pele não deve apresentar ferimentos, queimaduras ou vermelhidão, que podem ser indicativos de inflamação ou abscesso. Os testículos são responsáveis pela produção de espermatozóides, sendo por isto, de fundamental importância no processo produtivo. Os dois testículos devem ter pouca ou nenhuma variação de tamanho. Um testículo pode estar localizado um pouquinho mais alto que o outro ou ligeiramente inclinado para trás. O animal deve demonstrar sinal de dor quando se aperta ligeiramente está região. Algumas anormalidades podem ocorrer com os testículos, sendo perfeitamente percebidas, e as mais importantes são a falta de um ou ambos testículos, na bolsa escrotal, contra indicação a aquisição do animal. Mobilidade dos testículos: os testículos são normalmente móveis dentro da bolsa escrotal, podendo-se através de pressão, fazer subir um de cada vez sem maiores dificuldades. Em caso de aderência ou inflamações, esta mobilidade deixa de existir ou diminui, afetando o mecanismo termorregulador dos testículos e, conseqüentemente, a produção e a qualidade dos espermatozóides. Com relação à consistência deve ser firme, ou seja, não são duros nem moles (duro = calcificado, atrofia, fibrosos; mole = degeneração testicular). O tamanho dos testículos é importante por estar relacionado com a concentração e normalidade dos espermatozóides. A diminuição do peso e volume pode ocorrer em um ou ambos os testículos. Este detalhe tem grande importância em bovinos devido a sua possível origem genética poderá ocorrer Hipoplasia Testicular, é quando sempre um testículo for menor que o outro (origem genética), e ou Atrofia Testicular, quando o testículo normal diminui de tamanho (adquirido). O importante é saber que em ambos os casos a compra é desaconselhável. Ainda em relação ao tamanho dos testículos, é bom saber que ambos os testículos podem ter o mesmo tamanho, embora menores que o tamanho normal. Em touros acima de 30 meses de idade a medida do diâmetro da bolsa escrotal não deve ser inferior a 30 cm. Qualidade do sêmen (espermograma): os testículos são muito mais sensíveis às alterações metabólicas (hormonais, bioquímicas, etc.) e do ambiente (frio, calor, etc.), que afetam bastante a produção e a qualidade dos espermatozóides. Desse modo, qualquer alteração no trato genital do touro, independente de sua origem, resulta em menor fertilidade ou mesmo esterilidade. A quantidade de sêmen (constatada pelo espermograma) constitui o fator mais importante e seguro para determinação da eficiência reprodutiva do touro. De um modo geral, a qualidade é baseada nos espermatozóides (presença, contaminação, relação vivos/mortos, tipos de patologia, etc.). Indiscutivelmente para verificar a fertilidade do touro, o método mais seguro é efetuar o espermograma, porém, no campo, devido à dificuldade deste procedimento (falta de laboratórios), todos os aspectos aqui mencionados devem ser considerados na tentativa de se evitar a aquisição de um animal inadequado para a função. Sanidade Os testes para brucelose campilobacteriose, bem como a identificação de trichomonas, devem ser realizados com a finalidade de se evitar a introdução destas doenças no rebanho. Além das doenças de reprodução, outras devem ser observadas: tuberculose, papilomatose (verrugas), aftosa, etc. Avaliando a Matriz Na escolha de matrizes, deve-se observar o potencial genético através da produção de leite, a fertilidade através do I.E.P. (intervalos entre partos), período de serviço (período que vai do parto até a concepção) e idade do primeiro parto, e a sanidade através de todos os testes negativos, além da verificação da presença de mastite (inflamação da glândula mamária). Devem-se considerar também os aspectos externos anteriormente citados. Modelo - Ficha de Controle de Gado Nº ......Nome.......................................Grau................Nascimento..../...../.... Pai .......................................Mãe ...............................Procedência............ Peso/nasc........kg Peso/210d.........kg Peso/365d........kg Peso/550d.........kg Cobertura........./........../................. Artificial.................. Touro...................................Natural........................ TE......................... Diagnóstico da estação .......................................... Macho.................... Cria........../........./........... Fêmea................... Artificial.................. Cobertura........./........../................. TE......................... Touro...................................Natural........................ Macho.................... Diagnóstico da estação .......................................... Fêmea................... Cria........../........./........... Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................ Artificial.................. Diagnóstico da estação .......................................... TE......................... Cria........../........./........... Macho.................... Fêmea................... Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................ Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./........... Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................ Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./........... Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................ Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./........... Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................ Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./........... Cobertura........./........../................. Touro...................................Natural........................ Diagnóstico da estação .......................................... Cria........../........./........... Marca Vacina AFTOSA AFTOSA Carbúnculo Brucelose RAIVA Botulismo Leptospirose Vermifugação Vermifugação Data Data Data Data Artificial.................. TE......................... Macho.................... Fêmea................... Artificial.................. TE......................... Macho.................... Fêmea.................. Artificial.................. TE......................... Macho.................... Fêmea................... Artificial.................. TE......................... Macho.................... Fêmea................... Artificial.................. TE......................... Macho.................... Fêmea................... Data Data Data Data Antes de comprar um touro... Algumas informações devem ser obtidas com outras pessoas da fazenda, já que o vendedor poderá colocar o interesse comercial acima da verdade. Caso o vendedor tenha grande reputação torna-se desnecessário. Para conseguir tais informações algumas perguntas podem ser formuladas: 1. Já possui filhas no rebanho? Quantas? Elimina esterilidade; 2. As vacas cobertas por ele repetem muito cio? Pequeno número de animais com retomo de cio, leva a suspeita de problemas com as fêmeas; grande número de retornos, possibilidade de o macho ser portador de algum problema; 3. Suas filhas têm problemas de falta de cio? Isto pode ser indicativo de problemas hereditários de fertilidade. Ex: hipoplasia ovariana; 4. Vacas que ele cobriu abortaram ou voltaram ao cio com intervalo maior que 30 dias? A resposta positiva pode sugerir presença de agentes infecciosos transmitidos pelos machos; Ex: Trichomonas, Campilobacter, Micoplasma, etc. Obs: mesmo tendo dois ou mais touro no rebanho, é costume o criador destacar o touro como sendo o pai das melhores bezerras e novilhas ou vacas do rebanho, tendo em vista a importância de se conhecer a produção de suas filhas. FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO No macho O testículo apresenta duas funções específicas: espermatogênica e endócrina. Espermatogênese É a produção de espermatozóides; ela ocorre nos testículos, que são as gônadas masculinas. A espermatogênese nos bovinos demora 65 dias para ocorrer. A temperatura normal da espermatogênese é de 2°C a menos que a temperatura da cavidade abdominal que é de aproximadamente 39°C, variando de acordo com as raças. O plexo pampiliforme é um emaranhado de vasos sangüíneos que promovem o resfriamento da bolsa escrotal. A produção diária de espermatozóides no touro adulto é da ordem de 12 a 14 bilhões de células. Hormônios FSH (hormônio folículo estimulante): atua no tubo seminífero, promovendo a espermatogênese; LH (hormônio luteinizante): atua nas células de Leyding, produzindo a testosterona, hormônio masculino responsável pela libido (desejo sexual) e pelo desenvolvimento das características sexuais secundárias masculinas, como o desenvolvimento da musculatura (hipertrofia), formação dos pelos, tom do mugido, etc. Na fêmea O ovário é a gônada sexual feminina, também apresenta duas funções: ovogênica e endócrina. Cio ou estro A fêmea exterioriza a fertilidade através do cio ou estro, que são modificações psicossomáticas no animal, detectadas pela aceitação do macho. O Ciclo compreende o inicio de um estro até o inicio do estro seguinte, sendo no caso da vaca igual há 21 dias. O estro tem duração média de 14 a 18 horas, sendo a ovulação 12 a 14 horas após o termino do estro. Hormônios Controle hormonal: a glândula hipófise libera o hormônio FSH, o qual atua no ovário promovendo o desenvolvimento do folículo e a produção do hormônio estrogênio, sob o efeito do estrogênio a vaca manifesta o cio e a hipófise libera o hormônio LH, o qual promove o rompimento do folículo (ovulação), na parede do ovário, onde ocorre a ovulação forma-se o corpo lúteo, responsável pela produção do hormônio progesterona. Havendo a concepção, há o desenvolvimento da gestação e posterior parição. Não havendo a concepção, o corpo lúteo regride, iniciando um novo ciclo. O hormônio estrogênio é responsável pelas características sexuais secundárias femininas (maturidade sexual). O hormônio progesterona é responsável pela manutenção da gestação. Fecundação A fecundação ocorre no terço superior do oviduto; se a mesma não ocorrer até 6 horas após a ovulação, o óvulo é envolto por uma camada lipóide, impedindo a concepção. O ovo caminha do oviduto para o corno uterino, onde ocorrerá a nidação, que é a fixação do mesmo na carúncula uterina para o desenvolvimento do feto. Gestação A gestação tem duração de 9 meses. A placenta se desenvolve na sua totalidade nos primeiros meses da gestação, sendo que o animal tem 2/3 do seu desenvolvimento no terço final da gestação. As exigências de nutrição do animal são somente acrescidas no terço final da gestação, onde ocorre desenvolvimento significativo do feto. As funções da placenta Proteção do feto contra órgãos vizinhos (rúmen); possibilita o desenvolvimento do feto; nutrição do feto capta e elimina os resíduos metabólicos; produção de progesterona; função hormonal: a partir do 7º - 8º mês de gestação a placenta consegue produzir quantidade suficiente de progesterona para manter a gestação. Parto É a expulsão do feto após ele atingir o seu desenvolvimento animal; iniciando se o parto, o qual leva normalmente cerca de duas horas; nascimento com as patas dianteiras na frente com a cabeça repousando sobre elas. Importante: próximo ao parto deve ser feito apalpação, para verificar a posição do bezerro, que deve ser com cabeça e patas juntas. Ele sugará o seu dedo. Hormônios que atuam no parto Ovariano (Relaxina): promove a abertura da pélvis; Hipofisário (Ocitocina): contração da musculatura do útero, promovendo a expulsão do feto. Quando o feto sai, nem sempre a placenta sai junto. De um modo geral, a expulsão da placenta é considerada normal se ocorrer até 6 horas pós-parto. Após o parto, a vaca entra num período fisiológico chamado puerpério, que é o período de involução do útero e regeneração das carúnculas uterinas. Caso a placenta não seja expulsa até 12 horas, pós-parto, caracteriza-se retenção de placenta, a qual pode levar o aparecimento de uma metrite na vaca, que é o processo de inflamação do útero, cuja mesma, pode levar a esterilidade. A metrite ocorre quando há partos distócicos, ou seja, partos difíceis em que a vaca não consegue parir sozinha; o parto distócico geralmente ocasiona retenção de placenta. Para o tratamento da metrite, consulte um veterinário. Logo após o nascimento do bezerro a vaca entra em lactação. CRIAÇÃO DE BEZERROS Princípios básicos sobre o manejo de recém-nascidos Um manejo cuidadoso com as matrizes, alimentação adequada, boas instalações e higiene são pontos básicos que asseguram a saúde dos bezerros. Vaca Para vaca seca, uma ração apropriada é essencial para manter a vaca saudável e diminuir a incidência das doenças do período pós-parto. Fêmeas magras têm crias com baixo "peso ao nascer" e por outro lado as excessivamente gordas poderão ter partos distócicos. Com um mínimo de uma semana de antecedência da data de parição prevista, remova a vaca para uma área já reservada para tal. Escolha uma baia bem ventilada ou um piquete maternidade limpo e seco. Evite usar serragem como cama, pois esta pode obstruir a boca e as narinas do recém-nascido. Ao nascer deve-se limpar a boca e as narinas do bezerro. A água fria estimula os reflexos de visão e esfregá-lo com um pano seco e limpo estimula a respiração. Após secar o recém-nascido mergulhe seu umbigo por completo no iodo para prevenir infecções. Alimentação do bezerro Ao nascer o bezerro não possui imunidade a doenças. Este é o motivo pelo qual ele precisa tanto do colostro, que contem proteínas denominadas imunoglobulinas (anticorpos), absorvidas diretamente através do intestino. Os anticorpos absorvidos darão proteção ao recém-nascido contra infecções. A qualidade de colostro varia de uma fêmea para outra. Vacas com vacinação completa e vacas adultas, em geral, produzem colostro de melhor qualidade do que as novilhas, devido ao maior período de exposição a diversos agentes patogênicos de organismos causadores de doenças. O ideal é que 2 litros de colostro sejam fornecidos nos primeiros quinze minutos pós parto, ou no máximo uma a duas horas após o nascimento. A qualidade do colostro diminui acentuadamente após a primeira ordenha. Alimente o recém-nascido utilizando uma mamadeira limpa para induzir a sucção e o fechamento da "goteira esofagiana" fazendo assim com que o leite vá direto para o abomaso ao invés do rúmen. Caso o bezerro não sugue, utilize um aumentador esofagiano para forçar a ingestão do colostro. Oito a doze horas mais tarde, forneça mais 2 litros do colostro, o segundo fornecimento auxiliará a empurrar a primeira mamada do colostro do estomago para o intestino delgado, permitindo dessa maneira além de um aumento na absorção de anticorpos a lavagem do intestino evitando a aderência da bactéria Escherichia coli. Nas primeiras 20 horas de vida do bezerro ele deve receber de 12 a 15% do seu peso vivo em colostro. Animais recém-nascidos devem receber 2 litros de colostro 2 vezes ao dia, durante três dias, e leite durante a primeira semana de vida. Após ter recebido colostro adota-se o fornecimento de um dos seguintes alimentos líquidos: leite por completo ou substitutivos do leite. A maioria das recomendações é de 8% do peso corporal do bezerro/dia, fornecido parceladamente. O que irá apenas manter o bezerro, 10 - 12% são o suficiente para manutenção e crescimento. Os substitutos do leite também estão sendo utilizados em larga escala. Devem ser constituídos a base de leite ou de subprodutos do leite, conter 22% de proteína, 10-12% de gordura e menos de 0,25% de proteína crua. A recomendação técnica canadense é de 0,25 Kg de substitutivo do leite para 1 Kg de água, fornecida 2 vezes ao dia até o desmame. A ração inicial de bezerros deve conter 18 a 20% de PB e 70 a 71% NDT, um agente antiácido, ser palatável e livre de impurezas. Ofereça ao bezerro entre 4 e 6 dias de idade iniciando em pequenas quantidades, retirando sempre as sobras ao fazer a reposição para que a ração não estrague. O bezerro poderá ser desmamado quando estiver ingerindo de 500 a 700g de ração por dia, regularmente por uma semana. Água limpa e fresca deve estar à disposição. Uma vez que o feno é digerido no rúmen, este precisa estar funcionando antes de fornecer a forragem efetivamente. Inicie com feno quando o bezerro estiver com pelo menos três semanas de idade e ingerindo algum tipo de grão. Deve-se estimular o consumo para acelerar o desenvolvimento do rúmen. Os utensílios devem ser lavados e desinfetados para impedir proliferação de germes. Instalações Basicamente deve ser limpa, seca e bem arejada, mas sem correnteza. Os bezerros devem ser alojados em abrigos individuais, separados das vacas, pois os animais adultos são fontes de vários agentes infecciosos. As baias devem ser limpas, desinfetadas e forradas com uma cama de palhada. Recomenda-se que permaneça vazia por uma semana entre um bezerro e outro. As gaiolas individuais são estruturas únicas, de plástico ou madeira, abertas na frente. Assim como qualquer outra instalação deve ter boa drenagem, uma cama seca e face voltada para o sul. No período entre um bezerro e o próximo a ocupar a mesma gaiola, estas devem ser limpas, desinfetadas e removidas para outro espaço. A cada 6 meses todas as gaiolas devem ser removidas para uma área completamente nova, e o espaço que estava sendo ocupado pelas mesmas deve ser limpo (carpido) de modo que o solo fique exposto ao poder desinfetante do sol. MANEJO DE NOVILHAS O sistema de criação de bezerras deve ter como objetivo colocar a novilha no ponto de reprodução o que deve acontecer quando elas apresentam pesos mínimos de 300 kg nas raças grandes e 250 Kg nas pequenas. Essa proposição é feita porque se admite que os animais devam apresentar por ocasião do parto, pesos superiores a 500 kg nas raças de maior porte, e 400 kg nas consideradas pequenas. Com isso, as novilhas de primeira cria mostrarão menos propensão a partos distócicos e terão condições de enfrentar a lactação sem desgaste físico acentuado, características dos animais que apresentam crescimento reduzido. Sob o ponto de vista técnico, o peso, e não a idade deve ser o fator a ser observado na reprodução de novilhas leiteiras. Quando se analisam sistemas de criação de bezerras deve atentar para o fato de que, na época da puberdade, quando ocorre o primeiro cio (200 a 240 kg nas raças grandes e 150 a 200 kg nas pequenas) o ganho de peso não deve ultrapassar 750 g/dia, pois trabalhos têm demonstrado que ganhos mais acelerados nessa fase são capazes de prejudicar o desempenho futuro das novilhas. Essas pesquisas têm revelado redução na produção de leite de cerca de 20%, sendo o efeito permanente. Assim sendo é aconselhável a programação de ganho mensal máximo de 22 kg/na/mês, como garantia na fase anterior à entrada na reprodução. As vantagens do crescimento acelerado de novilhas podem ser facilmente demonstradas quando a produção na primeira lactação for suficientemente elevada para pagar qualquer investimento adicional a ser feito com alimentação. Quando existe utilização de touros provados, pode-se esperar cerca que 2/3 das novilhas produzidas serão de boa qualidade, e assim, os sistemas mais intensificados podem ser adotados. O crescimento das bezerras depende basicamente da nutrição e deve-se considerar que nas raças leiteiras os animais são precoces, ou seja, amadurecem sexualmente cedo, e são capazes de apresentar crescimento rápido em curto período de tempo. Quando tem que responder por uma parcela considerável das exigências diárias das novilhas, o volumoso pode se tornar um fator limitante ao processo de crescimento se sua composição não for favorável. Não se obtém crescimento rápido das novilhas através do uso de forragens de alta qualidade. O volumoso deve apresentar de 60-75% de NDT, 10-13% de PB, de 0,3-0,65% Ca e de 0,22-0,32% P para ser utilizado sozinhos na criação de bezerras. Quando se faz a introdução de concentrados, torna-se fácil atender as exigências dos animais porque a composição teórica do volumoso passa a ser mais fácil de ser atendida na prática. Deve-se dar ênfase ao fato de que volumosos de qualidade muito baixa são consumidos em quantidades reduzidas e que é de grande importância garantir o consumo de matéria seca especificado. O fornecimento de concentrado deve ser encarado como importante sob o ponto de vista de fornecimento de energia e proteína e, sobretudo de minerais. Sabe-se que os bovinos não sabem como, quando ou porque devem consumir misturas minerais, pois, trabalhos de pesquisas têm demonstrado que a ingestão no cocho não segue um padrão regular. Assim sendo, não se pode depender desse tipo de fornecimento para o atendimento de exigências mais elevadas principalmente quando mantidas em pastagens estabelecidas em terrenos de baixa fertilidade. A utilização de forragens cultivadas em terrenos de alta fertilidade pode contribuir decisivamente para a obtenção de ritmos de crescimento mais acelerado. Trabalhos de pesquisas em nosso meio tem mostrado a possibilidade de se obter com forragens tropicais teores na matéria seca de 0,25-0,40% de P e de 0,30 a 0,60% Ca. Por outro lado, havendo controle do crescimento das plantas bem adubadas é viável a obtenção do volumoso contendo de 10 - 13% PB e de 58-65% NDT na matéria seca. O uso de fertilizantes e a adoção de manejo adequado podem contribuir para promover uma redução considerável no uso de alimentos concentrados. MANEJO DE VACAS SECAS Com a busca de um aumento na produção leiteira, tem-se motivado a procura de animais provados e com um alto potencial de produção. No entanto outros fatores altamente decisivos acompanham o mérito genético do rebanho, tais como nutrição e manejo. Uma das melhores maneiras é a adoção correta das técnicas alimentares especificas para cada fase do processo produtivo, dentre estas, as vacas secas, que por não estarem em lactação não aumentam diretamente o lucro líquido da propriedade e são às vezes, esquecidas pelos produtores. O programa das vacas secas inicia o próximo ciclo da lactação, exercendo uma grande influência na ocorrência de desordens metabólicas (cetose, deslocamento de abomaso, síndrome da vaca gorda e febre do leite), na mudança da condição corporal, no fornecimento de nutrientes necessários ao rápido crescimento do feto e na otimização da reprodução na próxima lactação. O período seco deve durar 60 dias a fim de permitir uma boa regeneração das células epiteliais desgastadas, um bom acúmulo de colostro e assegurar um bom desenvolvimento do feto, bem como completar as reservas corporais, caso estas ainda não tenham ocorrido. Desta forma, as vacas, no período seco, devem ser agrupadas em dois grupos distintos. O primeiro grupo abrange todos os animais que iniciam o período de repouso, que vai da primeira a quinta ou sexta semana, enquanto que o segundo grupo abrange os animais nas duas ou três últimas semanas que antecedem o parto. Uma das maiores razões que explica a necessidade à vantagem de se ter dois grupos diferentes para as vacas sêcas, é a de que se deve levar em conta a diminuição do consumo entre os dois grupos. Deste modo, no início do período seco os animais podem ser alimentados com uma pastagem de boa qualidade, feno, silagem e ou a combinação destes. No entanto, no final do período seco onde ocorre um grande aumento no crescimento fetal, existe uma elevação da pressão interna nos órgãos digestivos, diminuindo desta forma o espaço ocupado pelos alimentos. Este fato, associado com a grande variação hormonal no período pré-parto, ou seja, um aumento nas concentrações sanguíneas de estrógeno e corticóides e uma queda nas concentrações de progesterona, reduzem o consumo de matéria seca em até 30%, predispondo o animal a um balanço energético negativo. Com isso, aumentam o catabolismo de gordura elevando as concentrações de ácidos graxos não esterificados na circulação, onde serão posteriormente acumulados no fígado podendo causar problemas metabólicos e diminuindo a posterior produção leiteira. Uma das medidas básicas a ser tomadas é a elevação da densidade energética da dieta final do período seco (aproximadamente 21 dias antes do parto), aumentando conseqüentemente a relação concentrado/volumoso, compensando desta forma a redução do consumo de alimentos. O aumento do consumo de concentrado, além de adaptar os microorganismos do rúmen a uma dieta rica em aminoácidos, favorece o desenvolvimento das papilas ruminais (pequenas projeções em forma de dedo na parede ruminal). O crescimento das papilas aumenta a superfície de contato do rúmen possibilitando uma maior absorção dos ácidos graxos voláteis, promove pequena variação no pH do rúmen e diminui o risco de acidose no início da lactação, onde grandes quantidades de grãos são introduzidas na dieta. Todavia, são necessárias de quatro a cinco semanas para que o alongamento das papilas se complete. Recentes pesquisas têm mostrado que o aumento no fornecimento de proteína na dieta pode ter um efeito benéfico, principalmente porque mantém as reservas protéicas do animal, diminuindo suscetibilidades às desordens metabólicas. Porém, não devemos esquecer de atender as exigências em proteínas não degradáveis no rúmen (3% de farinha de sangue), vitaminas, minerais e outros aditivos são bastante úteis na alimentação das vacas secas. A Niacina pode prevenir cetose e manter o consumo de matéria seca, a recomendação atual é de 6 a 12g de Niacina/dia, iniciando vinte e um dias da data provável do parto até o trigésimo dia de lactação, principalmente para vacas de alta produção (> 32 Kg leite/dia) e vacas de primeira cria produzindo acima de 25 Kg/dia, bem como as vacas obesas. Assim como a niacina, o propilenoglicol pode ser fornecido em até 500 g/d, pois o mesmo é convertido em glicose no fígado, diminuindo a cetose e a formação do fígado gordo. Devemos ainda considerar que a imunidade das vacas é menor no período pré-parto e no início da lactação, onde o aparelho reprodutivo se encontra aberto e as taxas de infecção e mastite são altas, com isso o fornecimento de vitamina E, Zinco, Cobre e Selênio pode ser benéfico evitando problemas como mastite e retenção de placenta. No inicio da lactação, principalmente em vacas de alta produção, existe um elevado fluxo de cálcio para a glândula mamária, reduzindo o teor de cálcio sangüíneo e como conseqüência predispõe a vaca a hipocalcemia que afeta até 75% das vacas de alta produção. Níveis reduzidos de cálcio no sangue podem levar à retenção de placenta, involução uterina, evolução intensiva ineficiente, diminuição na contração do músculo liso e um aumento na incidência de deslocamento do abomaso. Desta forma, a utilização de sais aniônicos (sulfato de cálcio) pode evitar a hipocalcemia, aumentando a mobilização de cálcio nos ossos. No entanto, devemos ter cuidado, pois os sais aniônicos são impalatáveis podendo reduzir o consumo de alimento, desta forma a utilização de palatabilizantes podem ser necessárias. Um outro ponto importante que deve ser levado em consideração é a condição corporal das vacas próximas ao parto. Para avaliação é adotado o método da condição corporal de 1 (muito magra) e 5 (muito gorda) sendo que para o parto o ideal é que a vaca apresente de 3,4 a 3,75. Inúmeras pesquisas têm mostrado que as vacas super condicionadas consomem menos alimento no préparto e no pósparto, apresentando uma alta incidência de problemas metabólicos, existindo alta correlação entre condição corporal no pré-parto e consumo de matéria seca no primeiro e vigésimo primeiro dia pós-pano. Desse modo, a obesidade pode ser tão prejudicial quanto à falta de condição corporal no momento do parto. Secagem Objetivos: proporcionar descanso à vaca a fim de prepará-la para a próxima lactação. Consiste em interromper sua lactação. As razões da secagem se baseiam nos seguintes fatos: vacas que parem, ainda dando leite, produzem bezerros fracos e não apresentam boas condições corporais no momento do parto; boas condições corporais e sanitárias facilitam o parto e favorecem a produção de leite na próxima lactação; proporciona tempo suficiente para regeneração dos tecidos secretores do leite (aproximadamente 60 dias); a secagem proporciona maior produção de colostro, essencial para sobrevivência da cria recém-nascida e maior resistência à mamite; facilita o aparecimento do cio pós-parto em virtude das melhores condições corporais da vaca; quando a vaca apresenta uma produção tão baixa que se torna antieconômica mantê-la em lactação. Nessa situação além da mão-de-obra gasta em seu manejo, há uma sobrecarga desnecessária na área de pasto das vacas em lactação, justamente daquelas que consomem mais alimentos. Período = 60 dias antes do parto, se o motivo for à proximidade do parto. Quando não compensar economicamente, nos casos de baixa produção. Procedimento Consiste em alterar de uma só vez os principais fatores que influem na produção de leite, isto é, a alimentação e os estímulos psíquico-hormonais (presença do bezerro, das companheiras de rebanho e/ou presença à saia de ordenha, cheiro de ração e/ou silagem). Deve-se proceder da seguinte maneira: O primeiro cuidado é verificar no inicio da secagem se a vaca está com mamite. O diagnostico será feito com o uso de caneca telada, ou de fiando preto. Se o teste for negativo, a vaca estará apta ao processo de secagem; se for positivo, não se deve secar a vaca, mas tratar a mamite; Feito as recomendações acima, deve-se esgotar bem o úbere da vaca. Em seguida colocar em cada, um antibiótico de longa duração (próprio para vacas secas); Transferir o animal do local onde está acostumada a rotina da ordenha para um piquete ou pasto afastado do curral ou do estábulo. Este pasto deve ser pobre de capim, de modo a não permitir que a vaca se alimente bem. Não fornecer concentrado. Embora dispondo de pouco alimento, a vaca deve beber água à vontade; Não ordenhar mais, mesmo se o úbere encher de leite, este fato não ocasionará nenhum mal ao animal, pois o organismo da vaca absorverá o leite. Entretanto, deve-se observar diariamente, para ver se o úbere está avermelhado ou dolorido, coisa muito rara de acontecer. Na hipótese de o úbere estar inflamado, deverá ser feita nova ordenha e repetida aplicação de antibiótico; Decorridas duas semanas a vaca não mais produzirá leite e a secagem estará completa, quando então poderá ter uma alimentação normal - volumosa e concentrada - condizente com o período pré-parto. Vacas leiteiras A produção de leite por vaca continua aumentando 2 a 3% anualmente. O melhoramento genético responde por 33 a 40% deste crescimento, ao passo que a nutrição e o manejo perfazem os 60 a 67% restantes. Os primeiros 60 dias após a parição são críticos para a saúde da vaca e para o sucesso econômico da lactação como um todo. Vacas recém-paridas enfrentam vários desafios que devem ser considerados e controlados, quais sejam: o pico da lactação geralmente ocorre 50 a 60 dias após o parto, determinando a curva da lactação; para cada 1 kg de aumento de pico de produção, a lactação verifica um aumento de 0,200 a 0,225 kg de leite; o déficit máximo de energia ocorre nas primeiras três semanas de lactação; cerca de um terço a metade das vacas de alta produção apresentam cetose, podendo levar a síndrome do fígado gordo se não for controlada; acidose ruminal é a desordem metabólica predominante em vacas pós-parto; vacas com reprodução em bom funcionamento apresentarão o primeiro ciclo estral em 15 a 25 dias pós-parto; o "status" energético nas primeiras três semanas após o parto afeta os folículos que se desenvolverão 60 dias depois. Consumo de matéria seca (MS) Um programa de vacas secas adequado, dividido em duas fases distintas, permitirá as vacas secas que tenham uma transição bem sucedida do período seco para a lactação. O consumo de MS é reduzido em 18% no início da lactação. Desse modo, a concentração de nutrientes deve ser corrigida para este potencial de consumo menor. Alguns fatores que podem melhorar o consumo de matéria seca devem ser implementados: o uso de rações completas irá maximizar o consumo de MS no início da lactação; a forragem deve ter valor superior a 1,32 Mcal de energia líquida/kg de MS; a digestão ruminal deve ser maximizada através do balanceamento de proteínas degradáveis e carboidratos não estruturais, permitindo produções microbianas de ácidos graxos voláteis maiores, taxas ótimas de passagem do alimento e máxima produção de proteína microbiana; o pH e o ambiente ruminal devem ser favoráveis para o desempenho e crescimento microbiano; o manejo de alimentação deve proporcionar alimento á vontade, fresco e palatável, além de encorajar os animais a retomar freqüentemente para se alimentar especialmente durante condições de "stress" térmico (calor ou frio excessivo). Considerações sobre a perda de peso As vacas entram em balanço energético negativo após o parto uma vez que os requerimentos nutricionais para a produção de leite excedem o consumo de energia. A perda de peso deve ser limitada a um máximo de 1 kg/dia, resultando em um total de 1 a 1,5 escores na condição corporal (60 a 90 kg), devendo o balanço energético positivo retornar 60 dias após o parto ou até antes. Fatores que auxiliam na manipulação da perda de peso são listados a seguir: as vacas não devem estar excessivamente pesadas (condição corporal - CC- acima de 4) o que reduz o apetite e o consumo de MS. Vacas magras (escore inferior a 3,0 em CC) não apresentam reservas energéticas suficientes. Um kg de gordura corporal mobilizada pode gerar o equivalente a 7Kg de leite em energia. vacas mobilizando peso corporal precisam de proteína adicional para equiparar a energia obtida pela perda de peso. Essa proteína deve ser proveniente de fontes não degradáveis no rúmen e com um perfil de aminoácidos bem balanceados. Dinâmica ruminal As papilas ruminais gradualmente se alongam a medida que dietas com maior quantidade de carboidratos fermentáveis são fornecidas. Os riscos de acidose ruminal são maiores se as mudanças na dieta forem muito bruscas, especialmente na vaca de primeira cria. Novamente, rações completas podem minimizar riscos Outras práticas tais como manter as porcentagens de fibra em detergente ácido (FDA) em níveis mais altos pelo fornecimento de 2-3 kg de feno e reduzir o teor de carboidratos não estruturais (CNE) diminuem o acúmulo de ácidos no rúmen. Se o pH do rúmen estiver abaixo de 6, pode haver redução no crescimento microbiano, diminuição da digestão de fibra e na proporção de ácidos graxos voláteis produzidos. Acidose severa pode causar laminite e crescimento anormal do casco. Utilização de aditivos A Niacina pode prevenir cetose e manter o consumo de MS. A recomendação atual é fornecer 6 a 12g/dia até que o pico de consumo ocorra (10-12 semanas após o parto). Vacas candidatas incluem vacas secas obesas (CC > 3,0), vacas de alta produção (vacas adultas produzindo mais do que 35 kg de leite/dia e vacas de primeira cria acima de 25 kg/dia), vacas com tendência a ter cetose e vacas que perdem peso em excesso. Tamponantes são aditivos que mantém o pH ruminal entre 6,0 a 6,3. Bicarbonato de sódio é um produto comumente usado, sendo fornecido 120 250g/vaca/dia. Óxido de magnésio não é um tamponante, mas, sim um alcalinizante (eleva o pH). A combinação de 2 a 3 partes de bicarbonato para a uma pane de óxido de magnésio é recomendada. A utilização de tamponantes deve ocorrer quando se tem vacas que param de se alimentar, baixo consumo de MS em geral, alimentos muito úmidos, dietas baseadas em grandes quantidades de silagem de milho, dietas com alto teor de concentrados e manejo com alto teor de concentrados por refeição. Propilenoglicol é convertido em glicose no fígado, podendo prevenir cetose e formação de fígado gordo. O fornecimento de 0,5Kg/dia deste produto na forma liquida para vacas com elevada concentração de corpos cetonicos no sangue (com base em teste de coloração da urina ou do leite) tem verificado resultados positivos a campo. A utilização de 0,1 a 0,25 kg no concentrado ou na ração completa pode ser efetuada com o intuito de evitar a cetose, mas tanto a palatabilidade como os custos devem ser considerados. Culturas e produtos de levedura podem estimular as bactérias utilizadoras de fibras, manterem o pH ruminal estável e estimular a produção de Ácidos Graxos Voláteis (AGV). Estes produtos podem manter as vacas com o consumo de MS em níveis adequados e são palatáveis. A quantidade adicionada varia de 10 a 115 g/vaca/dia, dependendo da concentração de leveduras e da fonte do produto, a um custo de U$ 0,06/dia. Aplicações Grandes rebanhos têm dietas específicas para vacas recém-paridas, agrupadas em separado por 2 a 3 semanas após o parto. Em estábulo do tipo "Tie-stall" 3 há possibilidade de suplementação especifica de um concentrado para vacas pós-parto, fornecendo nutrientes necessários a esta categoria e 2 a 3 Kg. de feno palatável de alta qualidade. MANEJO NA ORDENHA A escolha do sistema O tipo de sistema a ser utilizado deve levar em consideração: número de animais a serem ordenhados; nível de produção dos animais; tipo de leite a ser produzido; qualidade da mão de obra; investimentos totais a serem realizados; custos operacionais a serem realizados. Tipos de ordenha Manual: esse tipo de ordenha é largamente empregada no Brasil e é caracterizado por sua baixa eficiência e pela produção de um leite com alto grau de contaminação. Mecanizada: balde ao pé, RST circuito fechado, Tandem, espinha de peixe, poligonal, paralela ou rotatória. Balde ao pé: sistema mais barato que se conhece. Possui eficiência de 15 vacas/homem/ hora com 2 baldes. No Brasil, devido à mão-de-obra ainda ser relativamente barata, é o sistema mais indicado para propriedades, com até 50 animais. Existem 3 tipos de Balde de Pé: no estábulo, na Sala de Ordenha e portátil. Circuito fechado: também inidicado para rebanhos menores. Neste sistema, o leite no momento da ordenha é transportado por tubo de PVC. A velocidade é de 8 vacas/hora/unidade. Sistema de tandem: esse sistema foi desenvolvido para os rebanhos maiores, de até 80 animais. o sistema mais comum é o "4x4"; apresenta um rendimento de 22 a 32 vacas/homem/hora. O manejo neste sistema é individual e a entrada e saída das vacas são controladas por meio de fotocélulas. Com o tandem um único profissional pode cuidar de 6 a 8 animais. Espinha de peixe: é o sistema mais utilizado entre os criadores; apresenta um rendimento de 37 a 42 vacas/homem/hora no tipo "4x4"; os animais ficam posicionados em 45° em relação ao fosso, posição que facilita a visualização dos úberes e tetos; as vacas entram e saem em lote, sendo a maior desvantagem do sistema, pois as vacas devem ser manejadas em lotes de produção semelhante. Este sistema de ordenha é indicado para criatórios com até 300 animais. Poligonal: considerada uma variação do espinha de peixe, os animais ficam na mesma posição. Com capacidade para 4 lotes, este sistema é mais indicado para os criadores que desejam instalar máquinas maiores e desenvolver um trabalho mais racional dentro do fosso. Paralela: é indicada para propriedades que contenham de 300 a 1.000 animais, em que cada operador cuida sozinha de 12 a 30 unidades. Neste sistema as vacas ficam umas ao lado das outras e de costas para o fosso. Rotatória: é o mais moderno de todos os sistemas de ordenha. Desenvolvido para atuar em fazendas com mais de 500 vacas, sua extensão máxima atendem até 60 unidades. Nesse sistema, o ordenhador cuida de 30 vacas e são ordenhados 120 animais/hora. Higiene Práticas higiênicas inadequadas prejudicam a qualidade do leite, predispõem a ocorrências de mastite, que ocorre, na maioria das vezes, por penetração de microorganismos através do canal da teta. As medidas higiênicas visam evitar esse acesso. A higiene, portanto, é a palavra chave no controle da mastite. Para obtenção de leite de melhor qualidade e para prevenir e/ou reduzir a níveis toleráveis as infecções da glândula mamária do rebanho, uma vigilância constante deve ser dirigida ao manejo e ordenhadores. No curral e sala de ordenha As instalações como sala de ordenha e curral de espera, por onde circulam os animais antes, durante e após a ordenha, devem ser mantidas limpas e secas, para evitar a multiplicação de microorganismos. Na limpeza diária, recomenda-se remover as fezes para evitar a proliferação de moscas e lavar em seguida com água corrente de boa qualidade. Mensalmente deve-se fazer, após a limpeza do local, a desinfecção com cal virgem ou soluções à base de cresóis na concentração de 1%. Com os utensílios Os utensílios de ordenha, tais como baldes e latões devem ser limpos e desinfetados. A limpeza é feita nos intervalos da ordenha, de preferência com água quente ou morna, utilizando detergente biodegradável e desinfetante apropriado. Uma solução de 5 a 10 ppm de cloro ativo (1ml de solução de hipoclorito de sódio, contendo 10% de cloro ativou de água), é eficaz após 5 a 10 minutos de contato. Após serem lavados e enxaguados, os utensílios devem ser mantidos destampados e de boca para baixo até secarem por completo. Onde se usa ordenha mecânica, a limpeza adequada e a manutenção, de acordo com as recomendações do fabricante, são essenciais para prolongar a vida útil do equipamento e ajudar na prevenção de mastite. A limpeza da ordenhadeira com substâncias apropriadas e na concentração indicada pelo fabricante compreende três fases: Pré-lavagem: deve ser feita com água fria, e tem como finalidade remover os resíduos de leite que se aderem ao equipamento; Lavagem principal: utiliza-se uma solução de limpeza apropriada a equipamentos de ordenha (detergente alcalino) em água aquecida a 50-60ºC deixando o conjunto funcionar por 15 minutos para remover todo o resíduo. Enxágüe final: é realizado com água fria em abundância, para remoção completa da solução de limpeza, mantendo-se o conjunto funcionando por 5 minutos. Uma vez por semana ou a cada 15 dias, inclui-se antes da lavagem principal um detergente ácido, específico para ordenhadeiras mecânicas, além do detergente alcalino e em seguida, enxagua-se com água. Com os animais Antes da ordenha: as tetas devem ser lavadas com água potável corrente, removendo-se a sujeira e enxugando-as com toalha de papel descartável. Realizar o teste da caneca de fundo preto, pois além de permitir a identificação dos casos de mastite clínica em sua fase inicial, evita a contaminação do ambiente com os primeiros jatos de leite. Após a ordenha: as tetas devem ser imersas em solução à base de iodofor ou de iodo glicerinado. Estabelecer linha de ordenha quando for detectado algum animal com mastite, sendo que estas deverão ser ordenhadas por último, desinfetar o canal da teta em solução de iodo glicerinado, antes de aplicar o medicamento e massagear o quarto teto medicado para dispersar o remédio. Os remédios deverão ser baseados em exames de antibiogramas. ANATOMIA E FISIOLOGIA DO ÚBERE Anatomia de úbere Canal galactóforo; Cisterna; Canais lactíferos; Tecidos Glandulares; Veias; Artéria; Gânglio linfático. Fisiologia da glândula mamária O desenvolvimento da glândula mamária ocorre em várias fases: Recém-nascido (hormônios maternos) pré-puberal; Puberal (hormônios ovarianos, principalmente); Cíclico (estrogênio e também progesterona); Gravídico (estrogênio e progesterona da gestação). Fatores do desenvolvimento da glândula mamária de maneira geral pode-se dizer que os estrogênios desenvolvem os dutos da glândula mamária, enquanto o progesterona promove o desenvolvimento dos alvéolos. A glândula mamária desenvolve quando: não amamenta; após a castração; na menopausa. Como se produz o leite Fases de secreção (produção) da glândula mamária a produção do leite se inicia pela ação da prolactina da hipófise anterior, que estimula diretamente as células produtoras do leite dos alvéolos da mama. Leite é sangue transformado; nasce no úbere (composto por quatro glândulas mamárias que transformam componentes sanguíneos em alimento). O úbere é dividido em quatro partes, correspondendo cada uma a um teto. Vazio, o úbere pesa cerca de 15 kg, podendo comportar até + ou- 40 kg de leite. Para cada litro de leite produzido, passa pela glândula mamária cerca de 300 a 500 litros de sangue, portanto, uma boa vaca leiteira deve ter o úbere muito bem irrigado pela rede sanguínea. Logo após o parto, a desinibição da hipófise anterior pela queda dos estrogênios e progesterona circulantes, leva a um aumento abrupto da secreção de prolactina que, agindo sobre a glândula mamária plenamente desenvolvida pelos hormônios da gestação, irá promover a produção do leite. A manutenção da produção normal do leite, depende da produção de prolactina, do hormônio de crescimento, pequena quantidade de estrogênio presente, do funcionamento da tireóide, da supra renal e do sistema nervoso. E necessária ainda uma alimentação adequada e ausência de doenças em geral. A amamentação e o esvaziamento da glândula mamária são os fatores estimulantes da produção de prolactina. O não esvaziamento adequado da glândula implica na cessação da produção do leite. A produção do leite também poderá ser suspensa mediante a administração de doses elevadas de estrogênios, que impedirão a secreção de prolactina pela hipófise. A expulsão do leite Ao se iniciar e durante o ato de mamar, a sensação táctil gera estímulos, que por via nervosa, vão até o SNC (sistema nervoso central) estimulando o hipotálamo a produzir e a hipófise posterior a liberar ocitocina para a circulação. Esta, na glândula mamária, provoca a contração das células mioepiteliais dos alvéolos e a musculatura lisa dos dutos, propulsionando o leite ali formado na cisterna da mama. A compressão dessas cisternas provoca a saída do leite. Sob a ação da ocitocina, a canulação das cisternas faz o leite jorrar espontaneamente. Em alguns casos, isto ocorre mesmo sem a canulação. A prolactina também é secretada sob controle do arco reflexo descrito. Fenômenos relacionados com o ato de mamar, o mugido do bezerro, os ruídos do balde de ordenha, etc, podem desencadear o reflexo, que por sua vez também pode ser abolido por diversos fatores, como susto, a substituição de um ordenhador por outro, etc., através da liberação do hormônio adrenalina. A produtividade média do rebanho brasileiro é tão pequena quanto o lugar que o país ocupa entre os países produtores do mesmo. A produção de leite no país é menor que a demanda pelo produto. Este fato pode ser devido a vontade do consumidor de antigamente, que queria leite barato, não de boa qualidade. Visando a redução de custos e riscos, muitos produtores investiram em rebanhos de dupla aptidão (produção de leite e carne), uma vez que o preço do leite e da carne são inversamente proporcionais. Resultado: baixa produtividade de ambos. O produtor também não se especializou, pois não tem o leite como principal atividade, na maioria dos casos. É como se fosse uma produção para subsistência. Além disso, o grande número de propriedades existentes (pequenas propriedades) dificulta a formação de associações capazes de representar os produtores com o mínimo de eficácia. Para ocorrer a modernização do setor, seria certa a redução do número de produtores, porém isso teria um alto custo social, a não ser que a economia estivesse em crescimento para absorver tanta mão-de-obra. O LEITE Produção de leite no Brasil O Brasil apresenta alta produção de leite, mas a sua produtividade é baixa quando comparada a de outros países. Causas da baixa produtividade Rebanho: a maioria dos animais produtores de leite no Brasil não são especializados para essa atividade e portanto apresentam uma baixa produção. A falta de assistência técnica, de controle leiteiro e de um manejo correto associados com a baixa utilização de inseminação artificial, o alto custo dos reprodutores e de medicamentos são alguns dos fatores responsávies pela baixa produtividade do rebanho brasileiro. Nutrição: os animais são mantidos em pastagens que são utilizadas de forma contínua, sem reposição de nutrientes e que ficam sujeitas às variações climáticas ao longo do ano, como por exemplo, a falta de chuvas que provoca uma menor produção das forrageiras e conseqüentemente redução na produção de leite. O alto custo dos concetrados, a falta de forragens conservadas e a ausência de mineralização comprometem a nutrição dos animais e a produtividade. Instalações: bezerreiros, currais ou estábulos para ordenha inadequados podem provocar alta mortalidade dos bezerros e uma higiene deficiente com alta transmissão de doenças. Mão de obra. A ausência de pessoas especializadas, com falta de aptidão e a subutilização de instalações e equipamentos também são responsáveis pela baixa produtividade. Causas das variações da quantidade e qualidade do leite Raça: algumas raças são mais especilaizadas para produção de leite que outras, influênciando principalmente quanto à qualidade e porcentagem de gordura. Nutrição: a produção de cada animal é determinada pela sua genética e pelo ambiente. Portanto se um animal for alimentado em demasia não produzirá mais leite do que a sua capacidade permite, porém, uma alimentação deficiente, vai refletir numa produção bem abaixo do nível normal. Daí a necessidade de uma alimentação balanceada. Idade e número de parições: a produção de leite aumenta com o número de lactações atingindo o pico de produção na quarta lactação. Tempo de lactação: a época da lactação (tempo decorrido após a parição) influi muito sobre a composição do leite de um animal. Atinge o pico de produção na lactação no segundo mês. Variações climáticas: com relação a influência do ambiente na produção de leite, o frio, vindo repentinamente diminui a produção tanto do leite como em gordura. Com o frio constante, as vacas produzirão mais ou menos o normal se forem bem alimentadas, apenas a gordura será um pouco reduzida. Em situções de calor intenso os animais diminuem a ingestão de alimento o que também prejudica a produção de leite. Prática de ordenha: o número de ordenhas influi na produção. Vacas de primeira cria têem em média um aumento na sua produção de 50% quando são ordenhadas duas vezes ao dia ao invés de uma vez. E quando são realizadas três ordenhas a produção pode ter um acréscimo de aproximadamente 15%. Composição do leite O leite é uma emulsão de glóbulos de gordura, estabilizada por substâncias albuminóides num soro que contem em solução = um açúcar = a lactose, matérias protéicas, sais minerais, sais orgânicos e pequenas quantidades de vários produtos, tais como: lecitina, uréia, ácido láctico, vitaminas, enzimas, etc. Higiene do leite Com o objetivo de manter a qualidade do leite deve-se tomar alguns cuidados como: o colostro, assim como o leite de vacas com mastite ou que tenham recebido recentemente antibióticos não devem ser utilizados; o leite deve ser armazenado em recipientes limpos; não deve-se misturar leites de diferentes ordenhas; o leite deve ser resfriado de 4 a 5 ° C. PRINCÍPIOS DE ENFERMAGEM Aplicação de medicamentos Subcutânea: mais indicada para vacinas e vermífugos. O local ideal de aplicação é a região atrás ou à frente da pá, conhecida como paleta. É uma área fácil de ser atingida, além de possuir pele frouxa e fina e apresentar maior segurança para o aplicador. Como o próprio nome diz, o líquido fica depositado entre o couro e a carne. Para que a injeção seja melhor absorvida, recomenda-se direcionar a agulha obliquamente de cima para baixo, como também dobrar a pele, para impedir o refluxo do medicamento. Não se deve aplicar na região da cauda, por estar suja de fezes e apresentar-se pouco elástica, seca e distendida. Endovenosa: é a que proporciona mais facilidade na absorção e ação mais rápida. Vai diretamente ao sangue e é a via preferencial para administrar soros e soluções de cálcio e fósforo. Os melhores locais são as veias jugular e mamária (ou abdominal), quando desenvolvida. Normalmente os medicamentos são acompanhados do equipo (material necessário para realizar o procedimento). Caso não haja gente treinada na fazenda para a aplicação endovenosa, esta pode ser substituída pela subcutânea, porém repetida em várias regiões do corpo, como atrás da paleta, barriga e outras em que a pele é abundante e solta. Aplicar tantas vezes quanto necessárias para esgotar as dosagens recomendadas. Intramuscular: relativamente complicada para quem não possui prática. A agulha, sendo de latão, não suporta grandes tensões, quebrando freqüentemente devido aos movimentos bruscos dos animais no tronco. Deve ser dada em caso de medicamentos oleosos e de antibióticos específicos, situações esclarecidas pelas bulas. Nesse caso, o medicamento chega mais rápido aos vasos do que através da subcutânea. Os melhores locais de aplicação são a região glútea (garupa), o músculo da tabua do pescoço e da coxa, os mais volumosos. Intra-ruminal: dada com uma agulha especial, mais comprida, de calibre groso, com resistência para atravessar o couro, as paredes musculares, o peritônio e o rúmen. De uso bastante restrito, a injeção intra-ruminal de antelmíntico oferece a vantagem de ser menos trabalhosa que a administração oral e proporciona manejo mais rápido. Apenas o veterinário ou alguém treinado pode fazer essa aplicação, pois algum erro pode causar infecções de difícil recuperação pelos animais. Intradérmica: aplica-se somente para testes de tuberculose e alérgicos. Feita com agulha especial, bem pequena. Resultados conferidos em algumas horas. O local de aplicação é debaixo da cauda, pela ausência de pêlos, o que facilita a observação das reações. Problemas nos cascos dos bovinos Podem ocorrer por lesões causadas por febre aftosa, brocas, traumatismos, postura defeituosa do membro, podridão do casco e permanência por longo tempo em pisos ásperos (cimento), que levam à formação de ferida de difícil recuperação, agravada pelo excesso de umidade. Geralmente aparece quando o animal começa a mancar, havendo mudança na posição de apoio devido à dor. O tratamento é cirúrgico, aparando os cascos, moldando a unha, para que o animal volte a pisar normalmente. Para cascos com feridas, deve ser feita limpeza e curativo, com enfaixamento da pata para evitar hemorragia. Animais com esse problema devem ser manejados em locais secos, sem acúmulo de água e barro, para evitar agravamento e facilitar a cicatrização. Uma das formas preventivas é a utilização de pedilúvio, em que o animal precisa passar, molhando os cascos, pelo menos uma vez ao dia. Pedilúvio: 5 litros de formol, 5 kg de sulfato de cobre e água suficiente para completar 100 litros. Banho Carrapaticida Geralmente a única atividade utilizada para combater carrapatos. O gado leiteiro, por ter maior grau de sangue holandês e serem manejados de maneira mais intensiva, sofre mais com esse problema. O preparo correto da solução é muito importante. Para que a solução fique homogênea é necessário diluir-se o carrapaticida em 2 a 3 litros de água e misturar muito bem. Só depois disso é que a mistura pode ser novamente diluída para o volume total do pulverizador, misturando-se muito bem novamente. O banho não deve ser dado com pressa, mas sim com cuidado para que o corpo todo do animal seja pulverizado, garantindo maior eficiência. O equipamento deve estar em boas condições, com pressão suficiente para saída de um jato com micro gotículas, que, com muita velocidade, penetram nos pêlos e atingem os carrapatos pequenos. Para o banho os animais devem ser contidos por corda, canzil, brete de tábuas estreitas ou cordoalha de aço e banhados individualmente. Para cada animal se gasta de 3 a 4 litros de solução. Os banhos por aspersão não se mostram eficientes, pois os carrapatos pequenos não são mortos, fazendo com que as fêmeas cresçam até cair no chão e botar ovos. A eficiência só é alcançada com banhos a cada quinze dias. O banho deve ser aplicado no sentido contrário aos pêlos e de cima para baixo, sempre a favor do vento. O aplicador deve proteger-se com luvas, máscara e roupa apropriada, tanto na preparação como na aplicação. Em caso de chuva, os animais devem ser mantidos em local coberto por duas horas após o banho. O produto carrapaticida deve ser de boa qualidade, mas mesmo assim pode causar resistência dos carrapatos, dependendo dos parasitos sobreviventes após o banho. Os produtos são divididos por famílias e os carrapaticidas da mesma família devem ser administrados por cerca de dois a três anos, da forma mais correta possível e pelo menor número de vezes possível, para que a resistência demore mais para se instalar. Quando for feita a troca, deve-se escolher um carrapaticida de família diferente. A melhor época para a aplicação de medicamento carrapaticida é a dos meses quentes do ano, janeiro a abril, quando os carrapatos proliferam com maior facilidade. Recomenda-se uma série de cinco a seis banhos a cada 21dias. Temperatura normal: de 37,5 ºC a 38,5ºC DOENÇAS INFECCIOSAS Brucelose (zoonose) Causa: é causada pela bactéria Brucella abortus. Sintomas: causa aborto no final da gestação (aproximadamente no 8º mês), mas a partir da segunda gestação apresenta imunidade, ou seja, não aborta na terceira vez, mas continua transmitindo a doença. Nos touros, causa orquite (inchaço dos testículos), podendo levar a fibrose dos mesmos. É uma doença infecto-contagiosa e transmissível ao homem. Meios de cura e prevenção: os animais positivos na prova de sorologia devem ser sacrificados, e a vacinação deve ser feita nas bezerras entre 4 e 8 meses de idade. Os restos placentários são altamente infecciosos tanto para outros animais quanto para o homem, portanto, tomar os devidos cuidados na manipulação deles. Obs: se o animal não for vacinado até o 8º mês, não vacine mais, pois poderá mascarar a doença, devendo o animal ser abatido. Tricomonose Causa: Trichomonas foetus, um protozoário. Sintomas: nos touros forma reservatório no prepúcio, sem sinais aparentes. Nas vacas causa esterilidade temporária com inflamação catarral no útero, causando aborto até o 4º mês de gestação (sem retenção de placenta), esterilidade temporária, irregularidades no cio, podendo apresentar imunidade por 2 a 3 anos e sofrer nova infecção. É uma doença sexualmente transmissível (DST) e contagiosa. Meios de cura e prevenção: utilização de inseminação artificial; eliminação dos animais positivos, controle do estado sanitário dos machos reprodutores. As fêmeas infestadas que não foram descartadas, devem ficar em repouso sexual por no mínimo 3 meses. Campilobacteriose (vibriose) Causa: Vibrio fetus, bactéria. Sintomas: não apresenta, entretanto nos touros forma reservatório no prepúcio e nas vacas causa aborto no 5º ao 6º mês de gestação, ciclos estrais longos e irregulares (+ou- 25 dias). É uma doença sexualmente transmissível (DST) e infecto contagiosa. Meios de cura e prevenção: utilização de inseminação artificial; eliminação dos animais positivos, controle do estado sanitário dos machos reprodutores. As fêmeas infestadas que não foram descartadas, devem ficar em repouso sexual por no mínimo 3 meses. IBR É uma doença importada, pode ser detectada na vagina que fica ulcerada (pequenas feridas); causa aborto. Colibacilose ou curso branco Causa: Eschericha coli; bactéria, ataca na 1º semana de vida. Sintomas: diarréia branco-leitosa, emagrecimento progressivo, apatia e até morte; Meios de cura e prevenção: antibióticos e quimioterápicos específicos; higiene e desinfecção do umbigo. Onfaloflebite (umbigueiro) Causa: diversas bactérias; Sintomas: inflamação do umbigo que aparece nos primeiros 15 dias de vida e apresentam sinais da inflamação local, como inchaço e aumento da temperatura. Meios de cura e prevenção: limpeza do local e aplicação de tintura de iodo. Logo após o parto, deve-se aplicar tintura de iodo no umbigo, e manter as instalações limpas e com controle de moscas. Pneumonias Causa: Vários microorganismos como Mycoplasma mycoides, Pasteurella sp e o vírus da Parainfluenza; Sintomas: febre alta e fraqueza que atinge principalmente bezerros. Meios de cura e prevenção: Antibióticos específicos. A umidade deve ser evitada (trocando a cama sempre que necessário), assim como ventos frios. É importante garantir ingestão de colostro e manter os animais bem nutridos. Deve-se também evitar usar camas e rações que produzam muito pó. Paratifo (Pneumoenterite) Causa: a bactéria Salmonella dublin; Sintomas: Diarréia intensa (amarelo acinzentado), febre alta, emagrecimento e morte. Pode aparecer do 15º dia ao 4º mês de vida. Meios de cura e prevenção: não há cura, e deve-se vacinar a vaca no 8º mês de gestação e o bezerro aos 15 dias de vida. Febre aftosa Causa: vírus; Sintomas: febres, aftas na boca e mastites que aparecem em qualquer idade. Os animais perdem apetite, apresentam mastigação lenta e dolorosa e salivação profunda. Meios de cura e prevenção: Não há cura, e a vacinação semestral do rebanho a partir dos 4 meses de idade é obrigatória. Carbúnculo Sintomático (manqueira) Causa: Clostidium chauvoei; Sintomas: tumores e inchaços nos membros, principalmente dos posteriores e morte. Atinge principalmente animais de 4 a 12 meses de idade. Meios de cura e prevenção: não há cura, e é obrigatória a vacinação dos animais aos 4 meses de idade, com reforço aos 18 meses. Carbúnculo Hemático Causa: Bacillus anthracis; Sintomas: morte súbita com hemorragias nas aberturas naturais; aparece em qualquer idade. Meios de cura e prevenção: Não há cura, e a vacinação deve ser feita em locais onde houver ocorrência da doença, uma vez ao ano. Babesiose/Anaplasmose Causa: (B. Bigeemina, B. Bovis e B. Argemtina) (A. Marginale e A. Centrale) Sintomas: febre falta de apetite, anemia, icterícia e apatia. Aparece em qualquer idade. Meios de cura: antibióticos e quimioterápicos específicos. Meios de prevenção: Boa nutrição dos animais, controle de carrapatos através de pulverização periódica, pré-imunização de animais que venham de áreas sem a doença. Verminoses Causa: endoparasitas; Sintomas: Emagrecimento, apatia, anemia profunda; Meios de cura: Vermífugos específicos em doses curativas; Meios de prevenção: Vermífugos específicos em doses preventivas. Raiva Causa: vírus neurotrópico; Sintomas: Paralisia de membros, apatia, isolamento do grupo, salivação intensa e incoordenação. Meios de cura e prevenção: vacinação de todo rebanho nas regiões de incidência de morcego hematófago, uma vez por ano a partir de 4 meses de idade. DOENÇAS HEREDITÁRIAS Free-martin Definição: 95% das fêmeas nascidas de uma gestação gemelar de macho e fêmea, ocorre anastomose dos vasos coriônicos (divisão de vasos, ocorrendo troca de sangue entre macho e fêmea). Causa: o hormônio masculino do irmão gêmeo, a testosterona, vai interromper o desenvolvimento dos órgãos diferenciais da fêmea. Sintomatologia: grande crescimento de pêlos na comissura vulvar inferior, clitóris muito desenvolvido (hipertrofiado), esterilidade. Meios de cura e prevenção: eliminar os produtos de gestação gemelar casal e avaliar os pais. Observação: na gestação gemelar casal é normal ocorrer aborto, ocorrer natimortos, retenção da placenta em mais de 50% dos casos, causando metrite e parto distócico (parto difícil). Hipoplasia testicular Definição: subdesenvolvimento anatômico e funcional das glândulas masculinas, mais freqüentemente nas raças leiteiras. Causa: a) Congênita: gene recessivo de penetração incompleta; b) Degeneração Testicular: problemas nutricionais quando jovem e enfermidades. Sintomas: testículos de tamanhos diferentes (pequenos e de consistência flácida). Diagnóstico: exame da bolsa escrotal. Meios de cura e prevenção: eliminar os animais portadores da anomalia congênita. Observação: Estes machos apresentam baixa eficiência reprodutiva, sêmen de baixa qualidade. Criptorquidismo Definição: o testículo não migra para a bolsa escrotal permanecendo na cavidade abdominal. Causa: hereditária, porém alguns casos são hormonais. Sintomas: a doença pode apresentar-se unilateralmente (roncolho), onde somente um testículo fica na bolsa escrotal, ou bilateralmente, onde há ausência de testículos na bolsa escrotal. Meios de cura e prevenção: eliminar os animais criptorquidicos unilaterais. Observação: animais criptorquidicos apresentam baixa eficiência reprodutora e sêmen de baixa qualidade. PARASITAS Carrapatos Há várias espécies de carrapatos, que se localizam por toda a parte externa do corpo do animal, amplamente distribuídos. Algumas espécies podem produzir dores fortíssimas e serem vetores de várias doenças, como a tristeza parasitária dos bovinos, anaplasmose, febre maculosa das montanhas rochosas, febre Q, tularemia, babesiose, prejudicando o animal, deixando-o debilitado e, caso alguma doença seja adquirida pelo rebanho, há défict na produção e até morte. Causam irritação, anemia, perda de peso, desenvolvimento precário, ulceração, obstrução da orelha (surdez), distúrbios digestivos e nervosos. Carrapatos adultos são facilmente reconhecidos na pele do animal, porém os filhotes e os parasitas pequenos ficam escondidos no subpêlo. A única forma de matá-los e prevenir-se contra eles é o banho carrapaticida e uso de outras substâncias químicas. As pulverizações devem ser feitas com cuidado e de forma adequada. Ácaros Localizam-se na pele do hospedeiro, algumas espécies preferindo áreas de pelagem escassa e outras preferindo regiões de pelagem densa. Causam sarnas, danos na pele com défict na produção de couro, podendo levar à morte. Alimentam-se de restos de pele e linfa, entram nos folículos pilosos e glândulas sebáceas, causando inflamação crônica, espessamento da pele e perda de pêlo. Nas feridas penetram bactérias, o que piora o estado dos abcessos e nódulos. A perfuração da pele causa escorrimento de fluido, formando crostas. Também surgem dermatite, prurido e arranhões. O controle deste parasita é feito com banhos acaricidas, pulverizações, banhos e imersões. Piolhos Encontrados com mais freqüência nas partes protegidas da pele, como parte lateral do pescoço, dorso, peito, entre os membros, base da cauda e cabeça. Algumas espécies atacam locais com temperatura mais fria, disseminando-se com mais facilidade no inverno. Já outras se disseminam em todas as regiões do mundo. Quando presentes em grande número, podem danificar o desenvolvimento dos animais, acarretando perdas. A irritação causada nos animais prejudica a alimentação e o sono. O coçar produz feridas e torna a pele áspera. Se a infestação for grande, pode ocorrer anemia, deixando os animais susceptíveis a doenças. O diagnóstico é feito apenas pela observação. O controle é feito por pulverizações, pós, banhos e inseticidas. Moscas Vivem em feridas sobre a pele, podendo depositar ovos sobre os pêlos, vivendo as larvas no tecido subcutâneo. Causam sérios abcessos, que devem ser tratados. As larvas digerem os tecidos, expandindo a lesão e deixando o animal susceptível a infecções diversas. A morte ocorre com freqüência, ocorrendo perda da qualidade do couro para exploração comercial, aumentando os prejuízos. As feridas têm odor pútrido, liberando líquido de cheiro desagradável. O diagnóstico é feito pela presença de larvas nas feridas, por nódulos dolorosos, presença de ovos sobre o pêlo, remoção das larvas e exame. Como tratamento deve ser feito curetagem do tecido necrosado e higienização do local. As afecções causadas por moscas são conhecidas por bicheira ou berne e podem ser evitadas com imersões, banhos, inseticidas e agentes químicos diversos. Sempre deve-se lembrar que o tratamento de qualquer enfermidade deve ser feito pelo médico veterinário responsável pela propriedade, de preferência alguém que já faça acompanhamento dos animais e esteja ciente da situação da fazenda. Medicações sem aval do veterinário só devem ser ministradas em caso de extrema emergência, enquanto o médico veterinário não chega ao local. Se possível, deve-se evitar medicação sem prescrição. APARELHO DIGESTIVO O que difere os ruminantes dos demais animais é o fato de serem poligástricos, ou seja, possuem quatro estômagos, chamados rúmen, retículo, omaso e abomaso. O tamanho de cada um varia no decorrer da vida do animal. Na primeira mastigação ocorre a trituração dos alimentos e a ensalivação. Em média, o bovino libera de 50 a 60 quilos de saliva por dia. Quando os alimentos fornecidos são fluidos, a salivação torna-se fraca, o conteúdo do rúmen, então, torna-se viscoso e o gás resultante a digestão causa a aparição de espumas, surgindo a indigestão gasosa ou espumosa, característicos da meteorização. Esses animais são altamente adaptados para a digestão de celulose, tornando-se completamente herbívoros quando adultos. Os alimentos mastigados e engolidos são armazenados no retículo, onde ocorre sua maceração e trituração, para voltarem à boca e serem mastigados novamente, processo chamado de ruminação. No rúmen há milhares de microorganismos, responsáveis pela digestão da celulose contida nos vegetais ingeridos e pela formação de ácidos voláteis. Percebe-se, que o aparelho digestivo dos ruminantes possui adaptações para tornar viável a sobrevivência desses microorganismos. Portanto, qualquer variação na alimentação pode modificar a colônia de bactérias, alterando a digestão do animal e podendo levá-lo a ter alguma doença. No folhoso (omaso) a água do bolo alimentar é absorvida para que no coagulador (abomaso) ocorra o ataque do suco gástrico e a digestão propriamente dita. O suco gástrico é constituído principalmente por água, sais minerais, ácido clorídrico e pepsina (uma proteína com ação enzimática). A partir daí, a digestão ocorre como em qualquer outro animal, com a absorção das substâncias pelo intestino delgado e absorção de água pelo intestino grosso, com a produção das fezes (resíduos alimentares não aproveitados). Como os microorganismos residentes no estômago bovino estão constantemente reproduzindo-se e morrendo, eles também são digeridos. MANUAL DO LEITE PURO Siga as dicas para produzir leite com qualidade e produtividade. 1. Controle a Mastite Mantenha a higiene e um bom manejo na ordenha. • Não estresse os animais, principalmente próximo à hora da ordenha; • Mantenha as mãos sempre limpas; • Respeite o tempo de descida do leite: a vaca precisa começar a ser ordenhada no máximo após um minuto e meio da retirada dos primeiros jatos; • Lave os tetos e a parte inferior do úbere; • Úberes muito sujos devem ser lavados antes da ordenha; • Examine os primeiros jatos de leite em caneca telada ou fundo escuro, para detectar grumos característicos da mastite clínica. Seja rigoroso; • Use um desinfetante pré-ordenha. Respeite seu tempo de atuação (normalmente 30 segundos). Seque com papel toalha; • Coloque a ordenhadeira evitando o escape de vácuo e posicionando-a adequadamente para evitar lesões; • Não mantenha a ordenha por período maior que o necessário; • Retire as teteiras, ao final da ordenha, fechando o registro de vácuo do copo coletor (não “puxe” a ordenhadeira dos tetos); • Previna a ocorrência de leite residual, através de ordenha organizada, eficiente e completa; • • • • Use um desinfetante pós-ordenha: aplique-o por todo o teto, evitando o uso de desinfetante “sujo” (com restos de leite, pus ou matéria orgânica / fezes); Conserve os desinfetantes sempre em seu frasco original, em local fresco e longe de raios solares; Ordenhe primeiro as vacas sadias e de primeira cria, depois as vacas com mastite subclínica e finalmente as vacas com mastite clínica, ou de preferência em local separado. O leite de vacas com mastite clínica não deve ser misturado ao leite normal. Evite que a vaca se deite logo após a ordenha, oferecendo alimento, por exemplo. Faça a manutenção do equipamento de ordenha. • Faça a limpeza e desinfecção de todo o equipamento ao final de cada ordenha; • Controle o sistema de vácuo, de pulsações e de transporte de leite da ordenhadeira regularmente; • Troque as peças de uso contínuo (teteiras, mangueiras, reparos, etc.) antes que estraguem completamente: veja as recomendações do fabricante; • Siga sempre as orientações de limpeza e manutenção recomendadas pelo fabricante e exija Assistência Técnica Autorizada. Registre os dados de mastite na sua propriedade. • Anote o nº dos animais com mastite, qual o teto afetado, a duração das mastites clínicas, os medicamentos usados e o resultado do exame de laboratório (sempre que possível, colete com toda a assepsia amostra de leite do quarto com mastite, congele e mande para o laboratório; • Registre os dados de mastite subclínica: faça o teste do CMT mensal ou bimestralmente. Trate imediatamente os casos clínicos de mastite. Escolha medicamentos de eficácia comprovada. Trate TODAS as vacas no dia da secagem, usando produto específico para vaca seca. Descarte ou segregue vacas com mastite crônica. Mantenha a higiene e o conforto ambiental, tanto das vacas em lactação, como das vacas seca e das novilhas. • Mantenha a sala de ordenha sempre lima e ventilada; • Evite falta de ventilação, insolação direta, temperatura elevada, pisos irregulares, acúmulo de água e dejetos nos estábulos, confinamentos, bezerreiros e maternidade; • Maneje corretamente as camas dos confinamentos; • Evite lamaçais nas saídas dos estábulos e nos piquetes; • Propicie sombreamento e fontes de água, adequados para os animais; • Maneje corretamente os dejetos líquidos e sólidos, evitando a proliferação de moscas, vermes e carrapatos; • Desinfete regularmente as instalações. 2. Forneça alimentação adequada. Confira os níveis energéticos, protéicos, de vitaminas e minerais do arraçoamento de todas as fases de criação (vacas em lactação – de acordo com a sua produção, bezerras, novilhas e vacas secas). 3. Use água de boa qualidade. Tenha disponível água clorada, armazenada em reservatórios tampados e isolados, na quantidade de 100 litros por vaca mais 6 litros de água por litro de leite produzido diariamente. 4. Faça o manejo correto das vacas em lactação. Respeite o período de descanso da vaca, secando-a dois meses antes da data prevista do parto. Fique atento a condição corporal de cada animal neste período. 5. Conserve corretamente o leite produzido. Todos os utensílios (baldes, tanques, latões, etc.) que servem ao trabalho de ordenha, armazenagem e transporte do leite, devem ser lavados com água e detergente, enxaguados, desinfetados e secos antes de serem usados. • O leite deve ser resfriado a 4ºC imediatamente após a ordenha; • O transporte deve ser resfriado (até 5ºC), ou realizado nas horas mais frescas do dia, com tempo máximo de percurso de duas horas. 6. Faça esquema de vacinação rigoroso. Muitas doenças que afetam a que afetam a qualidade do leite são previníveis com vacinas: como a brucelose e a leptospirose. Outras, como raiva, febre aftosa, clostridioses, doenças entéricas, reprodutivas e respiratórias também podem ser evitadas com vacinas comprovadamente eficazes que, se não interferem no leite diretamente, aumentam a eficiência e a produtividade leiteira. • Contra mastite, use apenas vacinas comprovadas. Seu resultado depende do tipo de mastite mais prevalente na propriedade. 7. Combata a tuberculose. Rebanhos que apresentam esta importante doença que afeta o gado leiteiro e também o homem, devem ter cuidados redobrados. Fazer exames periódicos, identificando os animais positivos. Descartá-los ou trata-los, sob orientação do veterinário (se o animal for de alto valor zootécnico). 8. Respeite os períodos de carência recomendados dos medicamentos. PRINCÍPIO ATIVO Ceftíofur Amitraz Amoxacilina 140 mg + ac-clavulâmico 35 mg/g Albendazol 10% Colistina 25 mil UI/kg/4h Cloridrato de pirlimicina Enrofloxacina Amoxacilina 150 mg/ml Tetraciclina (HCI) 5 mg/kg/12h Ampicilina 12 mg/kg/4h oleosa Tilosina Gentamicina 150 mg intramamária Cefoperazone Cefacetril Cefalexina 100 mg, neomicina 100 mg e prednisolona 10 mg/100 ml Oxitetraciclina (HCI) 10 mg/kg/8h Penicilina procaína 2 milhões UI/12h Fenbendazol Closantel Penicilina benzatina 2 milhões UI/48h Ivermectina 0,5% pv * ** *** PERÍODO DE CARÊNCIA* 12 horas 1 dia** 1 dia** 2 dias** 2 dias*** 2 dias 3 dias** 3 dias** 3 dias*** 3 dias*** 3 dias 4 dias** 4 dias ** 4 dias** 4 dias** 4 dais*** 4 dias*** 4 dias 15 dias** 17 dias*** 28 dias** (varia conforme o produto, a via de administração, a dose, o excipiente e sua solubilidade, além do estado sanitário da glândula mamária); Compêndio Veterinário. Ed. Andrei 28ª ed. Costa, E. O.; Melville, P. A.; Ribeiro, A. R.; Watanabe, E. T.;Benites, N. R. Resíduos de Antibióticos: comprometimento à qualidade do leite. Gado Holandês, nº 488. Jan/Fev 96.
Documentos relacionados
A Vaca Leiteira - Associação Portuguesa de Criadores de Raça Frísia
pela produção leiteira. Só depois é que, entre vacas de igual mérito genético. relativo, serão de preferir as maiores, pois, se não se tiver este cuidado, corre-se o risco de seleccionar vacas meno...
Leia maisAno XVII – Número 104 Janeiro/Junho 2008 Preço de capa: € 4,50
O BOVINFOR é a nova Base de Dados para o armazenamento da informação produtiva, reprodutiva e genealógica do gado bovino leiteiro, com especial ênfase para a raça Frísia.
Leia mais