Carta Mensal nº 112 – Mar/Abr 2013

Transcrição

Carta Mensal nº 112 – Mar/Abr 2013
Ano XXVI - Nº 112 - mar-abr 2013
ASSOCIADOS SÃO NOTÍCIA
• Fernando César Machado, presidente do Instituto de Genealogia de Santa Catarina – INGESC, proferiu a
palestra "Genealogia Açoriana em Santa Catarina", parte do Projeto Comunicando a Cultura, da Casa dos
Açores Ilha de Santa Catarina, no dia 11 de abril.
• Clotilde Tavares, nascida na Paraíba, teve seu nome aprovado, no dia 2 de abril, pela Câmara Municipal de
Natal – RN para receber o título de Cidadã Natalense.
• Cinara Jorge foi outra associada também alvo de aprovação: no dia 30 de abril seu nome foi escolhido para
integrar o Instituto Histórico de Petrópolis – IHP.
NOTÍCIAS DO CBG
• Novos Associados – O CBG dá as boas vindas aos novos associados, aprovados pela Diretoria para integrar o Quadro
Associativo CBG: Antonio Newton Soares de Matos - Brasília – DF; Ignez de Almeida Rodrigues - Rio de Janeiro
– RJ; Orlando Matos Barreto – Conceição do Coité – BA e Rosana Coelho de Alvarenga e Melo - Viçosa - MG
• Visita ao CBG – Estiveram no Rio e aproveitaram a viagem para visita e pesquisa, os associados: Gustavo
Mariath Zeidan - brasileiro residente na Inglaterra, em 26 de março; e Rafael Baker Botelho – de São Paulo,
capital, no dia 30 de abril.
• Aos Sócios Colaboradores e Correspondentes brasileiros residentes no Exterior – o CBG aguarda o envio de
biografia e foto, conforme já solicitado em diversos Comunicados pela Internet. Vários confrades já
atenderam e podemos conhecê-los melhor na página do Colégio, na seção Quadro Associativo. Vamos fazer o
mesmo? Que tal aderir a mais esta iniciativa da Administração do Colégio?
Consulte suas mensagens recebidas e veja as condições para o envio.
• Biblioteca do CBG - Informamos aos novos associados - e recordamos aos antigos - que o Estatuto CBG traz em
seu Art. 12 - item b a obrigação do associado em "doar à biblioteca um exemplar das publicações de sua
autoria nas áreas de interesse do Colégio". Em razão disto, e do exíguo espaço para guarda, só temos como
adicionar a nosso acervo obras eminentemente genealógicas ou que tenham, em seu conteúdo, pelo menos
uma boa parte que trate de genealogia, nossa precípua razão de existência.
Agradecemos o envio das obras abaixo relacionadas, que muito vêm enriquecer nossa Biblioteca.
- Subsídios genealógicos para a história da região entre o rio Pardo no Estado de São Paulo e o rio Grande no Estado
de Minas Gerais - Jacuí, Ibiraci, Franca - de Sônia R. B. Freitas Lelis e Walter A. M. Lelis, doação dos autores.
Cinco personagens relevantes para a história da região: Pedro Franco Quaresma; o casal Francisco de Freitas Pedrozo e Manoela
Prudência de Jesus Franco; Faustina Maria das Neves e Padre Cláudio José da Cunha.
- O Bairro de Santa Catarina, Filhos de Itaboraí - RJ e Filhos de Maricá - RJ - de Salvador da Mata e Silva, doação do autor.
Biografias de nomes importantes do bairro de Santa Catarina (município de São Gonçalo-RJ), itaboraienses e maricaenses ilustres respectivamente.
- Coronel Mota - um colonizador do rio Branco (Roraima) - de Tarcízio Dinoá Medeiros, doação do autor.
João Capistrano da Silva Mota, ten-cel da Guarda Nacional, que chegou ao vale do rio Branco, Roraima, na segunda metade do século
XIX, hoje com descendência na 6ª geração.
- Garimpando no Arquivo Jair Noronha - de Avelina Maria Noronha de Almeida, doação da autora.
Seleção de artigos publicados no jornal Correio de Minas, de Conselheiro Lafaiete-MG, entre 25.01.2006 a 10.09.2011.
- Duzentos anos da Família Gordilho - de Oswaldo Veloso Gordilho, em fac-simile, disponibilizado por Alberto
Durão, doado por Hugo Forain.
Trajetória da família baiana a partir de 1801, narrada por um descendente. Trata de João Pedro Alves da Costa que adota o sobrenome
Gordilho quando de seu casamento em 1828.
- Glossário Histórico e genealógico – de Hugo Forain Jr.
Primeiro volume da Coleção Cadernos Genealógicos CBG, é realmente um grande elucidário de termos encontrados em documentos
genealógicos e históricos.
CBG - Carta Mensal 112 - Mar-Abr 2013 • 01
- Índices paroquiais de Lisboa – IX -1841-1845, de Luiz Amaral, doação de Eliana Quintella de Linhares.
- Leitura de Bacharéis – Índice dos processos, de Luiz Amaral, doação de Eliana Quintella de Linhares.
Leitura de Bacharéis são os processos de habilitação para os Lugares de Letras. A habilitação era obrigatória, não só para os candidatos
a lugares na Magistratura, como também tabeliães e escrivães. Nesta obra os processos encontram-se em ordem alfabética de
prenomes, de 1740 a 1833.
- De Possacos e São Pedro Velho... à ponta d'Areia e o Andaraí, de Antonio Carlos Cascão, doação do autor.
Biografias e memórias histórico-familiares da trajetória de vida do autor e da família Cascão de Possacos, Portugal. Aborda outro dos
sete ramos Cascão existentes no Brasil e nada tem a ver com a família da presidente CBG.
- Analice Caldas, a genealogista, de Adauto Ramos, doação do autor.
Analice Caldas de Barros, nascida em Alagoa Nova, Paraíba, em 1891, “a primeira mulher genealogista da Paraíba”.
- Origens genealógicas dos Morais Navarro no Rio Grande do Norte, de José Rodrigues
Arruda, doação do autor.
Trata da família do mestre-de-campo Manuel Álvares de Morais Navarro, nascido em São Paulo, e que criou
raízes na terra potiguar.
• Nota de falecimento – Com pesar, registramos o falecimento da Sócia Colaboradora
Regina Bernadete Menck de Oliveira Amaral. Advogada, residente em Avaré-SP,
nasceu em 29.12.1957 e faleceu no dia 17 de abril, depois de um longo período de luta
contra a enfermidade que a acometeu.
COLEÇÃO 'CADERNOS GENEALÓGICOS CBG'
GLOSSÁRIO GENEALÓGICO E HISTÓRICO
O Colégio Brasileiro de Genealogia lançou o primeiro volume de sua recém-criada "Coleção Cadernos
Genealógicos CBG", coleção esta idealizada durante a primeira gestão de Carlos Eduarda Barata em 2006, que por
motivos vários somente agora teve condições de ser efetivada.
E iniciou-se com uma obra de fôlego, composta durante anos com paciência e tenacidade por seu autor, nosso
confrade CBG, Sócio Adjunto Hugo Forain Junior. Na Introdução, ele mesmo define seu trabalho e revela seu objetivo:
Esta obra não é dicionário. É um elucidário dirigido a genealogistas e historiadores, sejam eles iniciantes ou mais
experientes e destina-se, particularmente, à explicação de termos mal conhecidos. Seus verbetes são palavras,
expressões, frases e citações, encontrados principalmente em trabalhos genealógicos. Estão presente em assentos
civis e religiosos (fontes primárias), em obras de Genealogia, História e Heráldica (fontes secundárias) e também
em avisos fúnebres. O objetivo de reunir numa só publicação tais verbetes é o de proporcionar maior agilidade,
rapidez e entendimento nas leituras genealógicas e históricas.
A Diretoria CBG sente-se muito feliz em levar a público sua nova Coleção, que teve o envolvimento e o entusiasmo
de todos os dirigentes desde 2006, e que ora se inaugura com uma obra de tal porte, fruto da dedicação do autor, e
imprescindível auxiliar a todos aqueles que pesquisam História da Família e História em geral.
O autor cedeu ao CBG os direitos patrimoniais sobre o Glossário, que pode ser encontrado em link midiático na
página do Colégio: www.cbg.org.br. Na página, então, clicando-se no próprio anúncio, o comprador é direcionado
para a gráfica encarregada da edição e distribuição do trabalho, que chega por meio dos Correios, sob registro.
O CBG pede que o Glossário seja divulgado nos meios de cultura, em especial de História da Família, nos quais
convivam e dos quais participem associados e amigos.
Depoimentos:
Prezado amigo Hugo,
Acabei de receber o glossário e pude constatar, após uma boa olhada e o exame de alguns verbetes que me intrigavam, a validade e
a utilidade dele para os pesquisadores em geral, notadamente os de genealogia e história. Realmente uma obra valiosa que tenho
certeza consultarei bastante.
Gostaria de mais uma vez parabenizá-lo pelo excelente trabalho e ao nosso CBG pela iniciativa e pela parceria. Forte abraço.
Roberto Guião de Souza Lima – Sócio Titular Cadeira nº 1. Volta Redonda, RJ, 26.04.2013
(...) Quantos equívocos já cometemos em nossas pesquisas ao atribuir a certo termo um sentido diferente do original? Pensando
nisso, nosso colega Hugo Forain elaborou um fantástico glossário de expressões históricas e genealógicas que acabei de receber
pelo correio e fiquei maravilhado pela qualidade do trabalho.
Após folheá-lo, fiquei com a certeza de que é uma obra de referência absolutamente indispensável para qualquer pesquisador.
Deverá ficar ao alcance da mão na mesa de trabalho e consultado sempre que houver qualquer dúvida.
Parabéns ao Hugo por sua generosidade de oferecer o trabalho de longos anos ao CBG, e todos nós também estamos de parabéns
pela contribuição da genealogia no sentido de aperfeiçoar pesquisas históricas e genealógicas.
Gustavo Almeida Magalhães de Lemos – Sócio Colaborador, Rio de Janeiro
02 • CBG - Carta Mensal 112 - Mar-Abr 2013
EVENTOS CULTURAIS CBG DE MARÇO E ABRIL
Seguindo o cronograma apresentado no último número 111 da Carta Mensal, o CBG promoveu dois eventos no
período.
O primeiro deles ocorreu em 16 de março, pela manhã, e foi dedicado ao Dia Internacional da Mulher, celebrado
no mês. Na Sala Cephas do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no Rio de Janeiro, houve naquele sábado
uma série de palestras em torno do tema.Pela primeira presidido por uma mulher, o Colégio teve o prazer e a
honra de contar com palestras proferidas por Vera Cabana, do IHGB, com Teresa Cristina, a Imperatriz; Paulo
Rezzutti, do IHGSP, com Marquesa de Santos, uma nobre paulista; Cinara Jorge, do CBG, com Inesquecíveis
pioneiras do Centro Sul Fluminense: sua História e Genealogia; e Carlos Eduardo Barata, do CBG e IHGB, com As
ruas e espaços femininos do bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro.
Com um intervalo de lanche digno de nota, o evento propiciou uma manhã cultural repleta de descobertas,
dinamismo, alegria e muito conhecimento. Merecia ter sido mais prestigiada pelos associados que, no auditório
quase lotado, estavam em menor número do que aqueles que não o são.
Vera Cabana
Paulo Rezzutti
Intervalo - Lanche
Cinara Jorge
Carlos Eduardo Barata
Auditório
O segundo evento também aconteceu num sábado,
mas desta vez à tarde: no dia 20 de abril, visita guiada
à Ilha Fiscal, antigo posto aduaneiro - e para isto
ocupada por um singular “castelinho” -, afamada por
ter sido ali realizado a 9.11.1889 o Último Baile do
Império. O grupo, composto por 28 participantes,
entre associados e seus familiares, foi Nota 10 em
entusiasmo e participação, contando até mesmo com
associadas que vieram de Angra dos Reis – RJ e Cabo
Frio – RJ com familiares, exclusivamente para a visita.
Dias depois da visita, foi disponibilizado um álbum de
fotos (como, aliás, vem acontecendo há meses nos
eventos CBG) na Internet, totalmente montado com
as fotografias tomadas pelos participantes. Eis
algumas dessas fotos que registraram a visita à Ilha
Fiscal.
CBG - Carta Mensal 112 - Mar-Abr 2013 • 03
O VALE DO CALÇADO
Pedro Viana Born
Pedro é formado em Odontologia em 1974, com Mestrado em
1987, ambos os cursos pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro – UFRJ. Reside em Petrópolis-RJ e diz-se “curioso em
genealogia e história”, mas na verdade é profundo conhecedor
da região centro-sul do Estado do Rio de Janeiro. Autorizou a
publicação deste artigo em nosso boletim.
O Vale do rio Calçado, desconhecido dos grandes
historiadores brasileiros, fica situado entre os municípios
de Sapucaia, São José do Vale do Rio Preto e Três Rios, no
Estado do Rio de Janeiro. Sua importância está relacionada ao crepúsculo e resplandecer de dois grandes ciclos
econômicos da história do Brasil, o ocaso aurífero em Minas e o surgimento da cultura cafeeira no Rio de Janeiro.
Nem mesmo a maior obra escrita sobre o café no Brasil faz menção a essa região. Seu autor, o grande historiador
Afonso D'Escragnole Taunay, era descendente da família Teixeira Leite, grandes cafeicultores de Vassouras e Mar
de Espanha. Curiosamente, Nicolas Antoine Taunay, seu avô, um dos principais membros da denominada "Missão
Francesa" de 1816, passou a residir ao lado da cascata da Tijuca, em um sítio próximo a seus pares de idioma, os
primeiros produtores comerciais de café no varejo da praça do Rio de Janeiro.
Recentemente tive a oportunidade de inteirar-me sobre o conteúdo de uma correspondência entre o eminente
historiador, e o sul paraibano Pedro Gomes da Silva, mais conhecido regionalmente pela alcunha de "Pedro
Cabrito". Este indagava informações para o conteúdo de seu livro, que somente seria publicado após sua morte. O
título foi escolhido por seu grande amigo e colaborador Arnaud Pierre, que o organizou, enriqueceu e publicou. A
obra denominada "Capítulos da História de Paraíba do Sul", constitui-se em rara referência à história do atual
município de mesmo nome. Na correspondência mencionada, A.D.Taunay lamenta não conhecer absolutamente
coisa alguma sobre a conquista da banda leste da Paraíba (obs: do Sul), e responde fidalgamente, solicitando
possíveis informações ao Pedro Cabrito.
Conheci Arnaud Pierre no ano da comemoração dos 150 anos da fundação da estrada União e Indústria; desde
então, apesar de seus mais de 80 anos, caminhamos e devassamos a geografia de várias áreas da antiga Paraíba
do Sul e adjacências. Mostrei-lhe todo o território que pertenceu ao capitão Antonio Barroso Pereira, assim como
as fazendas do Mato Grosso, Sant'Anna, Calçado e outras que ele ainda não conhecia.
O atual município de Paraíba do Sul, fundado em 1834, surgiu a partir da antiga fazenda da Paraíba, edificada por
Garcia Rodrigues Paes, na margem do "Caminho Novo", que ele desbravou, ligando Minas ao Rio de Janeiro por
volta de 1709. Esse caminho foi encurtado a partir de 1724, por obra do então capitão Bernardo Soares de
Proença, que aceitara as condições do contrato com a metrópole. Conhecida como "Variante Proença", o novo
trecho partia da Paraíba (do Sul), passava pelo arraial de Sebolas e atingia o atual município de Petrópolis, para
em seguida descer a serra da Estrela e alcançar o porto de igual nome na baía de Guanabara.
A partir de 1750, a capitania de Minas Gerais não mais atingia a meta das 100 arrobas anuais de ouro exigidas
pela coroa de Portugal. Para compensar o deficit, a metrópole pressionava com aumento de impostos, as
"Derramas", trazendo em contrapartida descontentamento no estrato social pagador de tributos. Com a situação
flagrante de estagnação econômica em Minas, por volta de 1770, algumas famílias já haviam deixado aquela
capitania em busca de cartas de sesmaria próximas da então vila da Paraíba, mais perto do Rio de Janeiro.
Em 1784, após pomposo casamento ocorrido na matriz de N.S. do Pilar de São João del Rey, o capitão Antonio
Barroso Pereira, natural de N.S. do Salto, Portugal e a jovem Mariana Jacinta de Macedo - nascida na fazenda do
Ribeirão dos Cavalos e N. S. da Piedade do Rio Grande em São João del Rey -, fizeram o mesmo. Conseguiram
terras na margem da "variante Proença" para edificar a modesta sede da fazenda do Mato Grosso, nas cercanias
da capela de N.S. de Sant'Anna de Sebolas, na antiga freguesia da Paraíba.
Dos 29 Sócios Titulares em exercício presentemente, 5 são mulheres. Representando o porcentual de 17%, são elas:
Clotilde Santa Cruz Tavares- Cad. 23, Eliana Quintella de Linhares - Cad. 10, Gilda de Azevedo Becker von Sothen, Cad.
13, Lais Ottoni Barbosa Ferreira - Cad 7 e Regina L. Cascão Viana - Cad. 28.
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Pouco antes, no ano de 1781, o então capitão general ou governador de Minas, D. Rodrigo José de Menezes,
encarregara o corregedor Luis Beltrão de Gouveia e Almeida de lavrar alvarás de posse de terras na região leste da
serra da Mantiqueira, a "Zona da Mata", ainda denominada desse modo atualmente. O governador percebeu a
necessidade de regularizar a situação naquela região da capitania que se encontrava repleta de garimpos
clandestinos. Tal território fazia parte dos denominados sertões proibidos pela Coroa, ou seja, grandes vastidões
de terras ainda não cartografadas e de acesso vedado para evitar contrabando de ouro.
Nesse tempo, o alferes Joaquim José da Silva Xavier - Tiradentes – encontrava-se em extensa rotina de trabalho, não
somente como militar, chefiando o policiamento na região, mas também como mestre da obra de um posto de
guarda, que seria mais tarde transformado no "Registro do Paraibuna". Ele viera do batalhão de Vila Rica como chefe
da escolta de D. Rodrigo Menezes que, apreciando sua capacidade, o incumbiu, dentre outras, das citadas missões.
Entre sua rotina de trabalho e o descanso, Tiradentes tinha gosto preferencial pelo arraial de N.S. de Sant'Anna de
Sebolas, onde se encontravam vários antigos vizinhos e amigos do tempo de sua juventude, das cercanias da vila
de São José, que atualmente é o município mineiro de Tiradentes em sua homenagem.
Após seu enforcamento no ano de 1792, houve o episódio macabro do uso de partes de seu corpo esquartejado.
Devido a suas amizades no arraial de Sebolas, Tiradentes teve ali exposto o quarto esquerdo superior de seu
corpo, o do coração. Tal episódio fez com que o lugar ficasse conhecido como Sant'Anna de Tiradentes, fato que
compreendi mais recentemente, quando tive acesso a outra correspondência entre Pedro Cabrito e Damaso José
de Miranda Carvalho. Este último era descendente da irmã caçula de Tiradentes, e bisneto de Magdalena Maria e
Damaso José de Carvalho. Curiosamente, Damaso José Miranda Carvalho era sobrinho de Antonio José de Miranda
Carvalho, que foi proprietário da fazenda do "Governo", uma das mais antigas que subsistem na margem da
variante Proença.
Antonio José Miranda Carvalho era filho de Damaso José Barroso de Carvalho, irmão caçula de José Antonio
Barroso de carvalho - visconde do Rio Novo - e de Mariano José e Antonio José Barroso de Carvalho, assim como
de Carolina Carvalho Pinto. O corregedor Luis Beltrão de Gouveia e Almeida viria a ser fiscal na gestão do 8º
Intendente nos "Negócios de Diamantes" da coroa no Tejuco em Minas; ambos eram amigos contemporâneos,
egressos da Universidade de Coimbra.
Tal gestão no "Distrito Diamantino" teve início no ano de 1785 por portaria da rainha D. Maria I. O 8º Intendente
era sobrinho, afilhado e homônimo do capitão Antonio Barroso Pereira. No mesmo ano, Luis Beltrão tornou-se
padrinho do 1º filho do amigo Antonio, o Intendente. A cerimônia ocorreu na capela de Santo Antonio do Tijuco;
o menino recebeu seu nome; ficaria conhecido mais tarde como o notável oficial da "Armada Imperial", Luis
Barroso Pereira, que por sua vez se notabilizaria a partir da batalha de "Santarém", Portugal, contra as tropas de
Napoleão Bonaparte no ano de 1811.
É importante ressaltar que o capitão, o intendente, e o filho do capitão respondiam pelo mesmo nome de Antonio
Barroso Pereira. Portanto o 8º Intendente era primo irmão do futuro barão de Entre Rios, assim como da irmã
deste, Magdalena Maria, os únicos filhos do capitão Antonio. O capitão era irmão de João Barroso Pereira,
desembargador da "Relação" da cidade do Porto, que por sua vez, era o pai do 8º Intendente.
(fim da 1ª parte. Continua na próxima Carta Mensal)
A Sócia nº 1 do CBG foi Sylvia Nioac de Souza
Prates, também Fundadora. Assinou a ficha de
inscrição, anotando sua condição ao lado de seu
nome "Sócia nº 1". Nasceu em Paris em 1896 e
faleceu em Petrópolis em 1971. Filha de primos,
seguiu o exemplo e também casou-se com um
primo. Era neta do Visconde de Andaraí pelo lado
paterno e do Conde de Nioac (título papal) pelo
lado materno.
CBG - Carta Mensal 112 - Mar-Abr 2013 • 05
Imigração alemã no Rio Grande do Sul – 2ªparte
Autorizada a publicação pelo autor Ataide Raul Schunck
http://schunckdobrasil.com.br/historia/imigracao-alema.html
Colaboração de Roberto Heberle
(Continução da 1ª parte – CM nº 111))
RELAÇÃO DOS VELEIROS TRANSATLÂNTICOS & DAS FAMÍLIAS DE IMIGRANTES.
O 1º embarque foi efetuado pelo navio Argus, também chamado por alguns por Argo. Era capitaneado por B.
Ehlers e Peter Zink. O comandante do transporte era Conrad Meyer. Partiu em 27.7.1823 do porto de Amsterdã na
Holanda e chegou no Rio de Janeiro no dia 7.1.1824. Trazia 284 imigrantes, sendo 150 soldados e 134 colonos
destinados a Colônia Alemã de Nova Friburgo no Rio de Janeiro. O navio enfrentou fortes tempestades ainda no Mar
do Norte, vindo a perder o seu mastro principal, obrigando-o a atracar na Ilha Texel na Holanda, de onde, após
consertado, reiniciou a viagem em 10.9.1823. Dos passageiros do Argus apenas o boticário Karl Niethammer chegaria
na Feitoria do Linho-Cânhamo em 6.11.1824. Foi o primeiro farmacêutico da Colônia Alemã de São Leopoldo;
O 2º embarque de emigrantes veio pelo navio Caroline, capitaneado por Jakob von der Wettern e tendo como
Comandante de Transporte Von Kettler. Os passageiros embarcaram no dia 12.12.1823 mas a partida do porto de
Hamburgo se deu no dia 29.2.1824, chegando ao Rio de Janeiro em 14.4.1824. Trazia soldados para os Batalhões
de Estrangeiros e 231 colonos para a Colônia Alemã de Nova Friburgo no Rio de Janeiro.
O veleiro Caroline traria entre outras as famílias: Barth, Beck, Bentzen, Born, Brenning, Bruckmayer,
Burmeister, Clausen, Dickel, Dockhorn, Döring, Fahle, Fayette, Foernges, Frehse, Fries, Gründler, Hohlfeld, Kalsing,
Kunstmann, Lengler, Missfeld, Pfingsten, Pfingstag, Rau, Ritzel, Ross, Schäffer, Scheffel, Schmidt e Walter;
Pelo navio Anna Louise veio o 3º embarque. O navio era capitaneado por Johann Heinrich Knaack e o
comandante do transporte era M. Sulz. Partiu de Hamburgo em 24.3.1824 e chegou ao Rio de Janeiro em
4.6.1824. Além de 200 soldados vieram ainda 126 colonos. Os primeiros 38 imigrantes que chegaram na Feitoria
do Linho Cânhamo em 25.7.1824 eram passageiros do Anna Louise.
Os primeiros imigrantes que chegaram à Feitoria no dia 25.7.1824, no total de 39 pessoas, representadas pelas
famílias Krämer, Hammel, Höpper, Pfingst, Timm, Bentzen, Rust e Jacks, todos eram passageiros do Anna Louise.
Mais tarde vieram à Colônia de São Leopoldo ainda as seguintes famílias, que também fizeram a travessia do
Atlântico pelo Anna Louise: Ahrends, Asmus, Bergmann, Blum, Fischer, Hask, Helsing, Jäger, Kircher, Kümmel,
Lange, Märtens, Meyer, Natske, Rasch, Rohde, Roth, Schmidt, Schwaan, Stier, Träger, Warnecke, Weber,
Zimmermann e o primeiro médico da colônia Karl Gottfried von Ende
O navio Germânia trouxe a 4º leva de emigrantes. Capitaneado por Hans Voss e tendo como comandante do
transporte o Ten. Ferdinand von Kiesewetter. Partiu em 9.5.1824 de Hamburgo até o porto de Glückstadt, no Rio
Elba, de onde zarpou em 3.6.1824. Chegou ao Rio de Janeiro no dia 14.9.1824 trazendo 401 passageiros sendo
277 soldados e 124 colonos. A bordo viajaram o pastor Johann Georg Ehlers, Johann Daniel Hillebrand. Ehlers
seria, o primeiro pastor evangélico e Hillebrand primeiro administrador da Colônia Alemã de São Leopoldo.
Houve rebelião a bordo e 8 soldados, ex-reclusos das prisões de Hamburgo foram julgados e fuzilados.
No Germânia, além do pastor Johann Georg Ehlers e do médico Johann Daniel Hillebrand, viriam além de
outras as seguintes famílias: Bendixen, Berghan, Bischof, Böhler, Bunte, Elbers, Fick, Gutzeit, Herzog,
Hockenmüller, Mentz, Petersen, Sänger, Sass e Weinmann.
O 5º embarque viria ao Brasil pelo navio Georg Friedrich. Seu capitão era Johann Peter Christian Rosilius e o
comando do transporte estava a cargo de P. H. Schumacher. Partiu do porto de Altona em 27.6.1824, tendo
chegado ao Rio de Janeiro em 11.10.1824. Trazia 399 homens, entre eles 330 soldados, 32 mulheres e 44
crianças, num total de 475 pessoas. Dos 399 homens nada menos de 169 eram reclusos.
O veleiro Georg Friedrich traria ao Brasil um grande número de famílias, das quais radicaram-se na Colônia de São
Leopoldo as seguintes: Ahlers, Albrecht, Beck, Beckel, Becker, Behrens, Beyer, Bohne, Borkenhagen, Borninger,
Burchard, Dietrichs, Ehrich, Francke, Friedrichsen, Groth, Hänsel, Hahn, Hinrichsen, Homann, Jacobsen, Jansen,
Klump, Kreiter, Krüger, Kuhs, Lilienthal, Lindenmeyer, Ohlmann, Peters, Reese, Rodenburg, Scheel, Schindler,
Schoenemann, Ufflacker, Vogelmann, Wetter, Zülk. No Georg Friedrich viria também o Pastor Karl Leopold Voges,
primeiro pastor da Comunidade Evangélica da Colônia Alemã de São Pedro de Alcântara (Três Forquilhas) junto a Torres.
Pelo Peter und Maria, capitaneado por Heinrich Hinzte viria a 6ª leva de emigrantes. O comandante do
transporte era Jacob Friedrich Lienau. Partiu em 27.7.1824 de Hamburgo e em 25.8.1824 de Glückstadt,
chegando ao Rio de Janeiro em 12.11.1824. Dos 270 passageiros, cerca de 206 eram soldados, 5 médicos, 49
colonos com 10 mulheres e crianças
06 • CBG - Carta Mensal 112 - Mar-Abr 2013
A 7ª leva viria pela Galera Hamburguesa Der Kranich cujo capitão era Claus Friedrich Becker e tendo como
comandante do transporte Daniel von Fürstenrecht. O embarque se deu em 25.9.1824 mas a partida apenas em
9.11.1824 no porto de Hamburgo. Os 359 passageiros, sendo 282 colonos e 77 soldados, chegaram ao Rio de
Janeiro em Janeiro de 1825.
A galera hamburguesa Der Kranich, em sua primeira viagem ao Brasil, traria as famílias: Beck, Beckel, Blum,
Bopp, Dahmer, Deckmann, Diefenbach, Dresbach, Emmerich, Feldmann, Fey, Fritz, Gerhard, Hoffmann, Jung,
Klinger, Koburger, Moog, Nagel, Oestreich, Röhrig, Schilling, Schwartzhaupt, Stoll, Streb, Stumpf, Sulzbach,
Volz, Weckmann, Wilhelm e Winter.
O navio Caroline que já trouxera a 2ª leva, na sua segunda viagem ao Brasil trazia a 8ª leva de imigrantes. Seu
capitão, como da viagem anterior era Jacob von der Wettern e o comandante do transporte era Anton Adolf
Friedrich von Seweloh. Os passageiros do Caroline embarcaram em 19.11.1824 mas partiram de Hamburgo
somente em 17.1.1825, tendo chegado em 5.4.1825 ao Rio de Janeiro após 68 dias de viagem. Trazia 282
passageiros, sendo 192 colonos, 60 soldados e 30 oficiais.
O veleiro Triton foi o responsável pela 9ª leva. Seu capitão era Johann Samuel Gottlieb Wilhelm Paap, e von
Friedrichsen o comandante do transporte. Partiu em 25.12.1824 de Hamburgo e chegou ao Rio de Janeiro em
13.3.1825. Trazia 101 colonos e um número desconhecido de soldados. Entre os passageiros do Tritton, foram
identificadas apenas as famílias Müller e Trott como tendo chegado ao Rio Grande do Sul.
O 10º embarque foi efetuado pelo navio Wilhelmine, capitaneado por Gottlieb Nathaniel Jacob Meyburg,
sendo von Ewand o comandante do transporte. Partiu em 4.12.1824 de Hamburgo e em 16.2.1825 de Glückstadt
no Rio Elba. Chegou em 22.4.1825 ao porto do Rio de Janeiro, após 64 dias de viagem, com 50 famílias, inclusive
90 reclusos, num total de 384 pessoas.
O Wilhelmine trouxe ao Brasil as seguintes famílias que vieram a Colônia de São Leopoldo: Baum, Becker,
Bertling, Burmeister, Drey, Erdmann, Frahm, Graf, Helms, Henze, Heinrich, Huber, Huhnfleisch, Kampf, Kasper,
Krass, Krüger, Kurtz, Langhoff, Lembke, Michelsen, Möhlmann, Möller, Moll, Müntz, Oldenburg, Pfeiffer, Reichert,
Riebe, Rieth, Ritter, Rothfuchs, Rust, Sand, Schack, Scholler, Schuck, Schütz, Seemann, Seitz, Sellmann, Stein,
Strohbach, Tannenwald, Tiede, Ulrich, Volkmann, Vollmer, Weber, Wegener, Wilk, Will, Witte e Wrede
No dia 8.11.1825 chegaria ao Rio de Janeiro o navio Friedrich Heinrich trazendo os passageiros do 11º
embarque. O seu capitão era Peter Zink, e havia partido no dia 25.8.1825 do porto de Amsterdã na Holanda.
Trazia 375 passageiros, sendo 70 famílias de colonos com 364 pessoas e 11 solteiros.
A bordo do Friedrich Heinrich vieram as famílias: Adam, Bastian, Bauer, Baum, Cassel/Kassel, Clos/Klos,
Dein, Dexheimer, Dietrich, Dreyer, Druck, Franck, Frantz, Goethe, Gross, Grieb, Harnecker, Heldt, Hirth, Hoeffel,
Jacoby, Kautzmann, König, Kratz, Kronhardt, Lauer, Lorenz, Lüth, Metzger, Meyer, Möller, Nadler, Ostgen, Petry,
Reinheimer, Renner, Riegel, Ruppenthal, Scherer, Schmidt, Schneider, Seewald, Seltzer, Stein, Stoltenberg,
Trein, Wallauer, Wasum, Weber, Werlang e Wessel;
O navio Georg Friedrich que já trouxera a 5ª leva também trouxe os passageiros do 12º embarque. Johann
Peter Christian Rosilius, como da vez anterior era o seu capitão. Como comandante do transporte viria ao Brasil
Johann Joachim Hanfft, agente de Schaeffer, que seria em seguida integrado no Batalhão de Granadeiros. O
navio partiu em 20.8.1825 de Hamburgo e após 8 dias de permanência no porto da cidade de Glückstadt, partiu
em 28.8.1825 rumo ao Rio de Janeiro onde atracou em 20.11.1825. Seus passageiros eram 354 soldados, entre
eles 68 reclusos e 20 mulheres e crianças.
Pelo navio Creole, capitaneado por Jakob Bendixen viria a 13ª leva. A partida deu-se em 9.9.1825 do porto de
Altona e a chegada foi em fins de Dezembro de 1825. Neste embarque chegava como passageiro o Pastor
Friedrich Christian Klingelhoeffer, 2º pastor evangélico de São Leopoldo, que se radicaria em Campo Bom, onde
construiu a primeira igreja. Envolveu-se na Revolução Farroupilha ao lado dos republicanos vindo a falecer em
combate junto a Freguesia Nova, Município de São Jerônimo, no dia 6.11.1838.
O 14º embarque deu-se pelo navio Fortuna, que saiu do porto de Hamburgo em 9.6.1825 tendo como capitão
Claus Hoop e como comandante do transporte Carlos Luís Bode. Chegou ao Rio de Janeiro em 2.10.1825
transportando 52 colonos e familiares num total de 252 pessoas.
O transatlântico Fortuna deixou no Rio de Janeiro as seguintes famílias que posteriormente chegariam a São
Leopoldo: Becker, Bock, Ertel, Fuchs, Hans, Michel, Petersen, Petz, Scherer e Schwabenland.
A galera hamburguesa Der Kranich, em sua 2ª viagem ao Brasil traria a 15ª leva de emigrantes. O capitão foi
Claus Friedrich Becker e o embarque dos passageiros foi efetuado no porto de Hamburgo no dia 20.09.1825 mas a
partida para o Rio de Janeiro se deu apenas no dia 3.10.1825. Após 4 meses de viagem chegaram ao porto do Rio
de Janeiro no dia 19.1.1826 e desembarcaram no dia seguinte 20.1.1826. Dos 301 passageiros cerca de 216 eram
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colonos e 85 soldados. No dia 19.1.1826 chegaria ao Rio de Janeiro e no dia seguinte desembarcariam da Galera
Der Kranich, na sua segunda viagem ao Brasil, as seguintes famílias: Becker, Benziger, Berg, Bleuler, Bleyler,
Boehs, Deuner, Diefenthaeler, Ebling, Einsfeld, Elgelbach, Gerhard, Gress, Hahn, Hartz, Hünckel, Hoffmeister,
Huff, Jacobs, Lahm, Lücks, Meng, Metz, Meyer, Richter, Schneider, Schönardie, Sperb, Ufflacker, Vettermann,
Weissheimer e Wingert.
A 16ª leva de imigrantes viria pelo veleiro holandês Company Patie, tendo como capitão Franciscus Stavers e
comandante do transporte o Ten. Carl Heine. Partiu do porto de Amsterdã no dia 10.10.1825 e chegou ao Rio de
Janeiro em 17.05.1826. Trazia aproximadamente 281 passageiros sendo 200 para Buenos Ayres e 81 para o Rio
Grande do Sul. Este veleiro tinha como destino o porto de Buenos Aires. Devido à Guerra Cisplatina, o navio foi
aprisionado por navio de guerra brasileiro e internado no porto de Montevidéu. Dali cerca de 201 passageiros
conseguiram fugir para Buenos Aires e os demais 81 vieram para o Rio Grande do Sul.
O veleiro Companhie Patie, trouxe poucos colonos para a Feitoria do Linho-Cânhamo. Dentre estes estavam
as famílias: Baumgard, Diefenbach, Greis, Knewitz, Ling/Link, Mittmann, Oestreich, Regner,
Spannenberger/Sparrenberger e Weingärtner.
O Anna Louise, que já havia trazido a 3ª leva, também fez uma 2ª viagem trazendo os passageiros do 17º
embarque. Capitaneado por Johann Heinrich Knaack, partiu do porto de Hamburgo em 13.10.1825 e chegou ao
Rio de Janeiro em 26.2.1826. Nele vieram cerca de 400 pessoas quase todos militares e poucos colonos
O Caroline faria ainda uma 3ª viagem, desta vez trazendo a 18ª leva de imigrantes. O capitão e proprietário
era Jacob von der Wettern e o comandante do transporte Carl Seidler. Partiu de Hamburgo no dia 16.11.1825 e
chegou ao Rio de Janeiro no dia 27.2.1826, trazendo cerca de 200 passageiros
O 19º embarque foi efetuado pelo navio Friedrich, capitaneado por Hans C. Stille e tendo como comandante
do transporte o Ten. Julius Mansfeld. O embarque dos passageiros foi em 23.5.1826 mas a partida deu-se em
1.6.1826 no porto de Bremen, chegando ao Rio de Janeiro no dia 4.8.1826. Trazia 238 pessoas, sendo 152
soldados com 5 esposas e 2 crianças, além de 18 colonos com 11 esposas e 44 crianças.
O transatlântico Friedrich, deixaria no porto do Rio de Janeiro, as seguintes famílias, que posteriormente
chegariam a São Leopoldo: Dietz, Engel, Ewald, Gebert, Gitter, Hiller, Kern, Kümmel, Löwe, Meyer, Orth, Raupp,
Reinhardt, Ressler, Schildt, Schmidt, Schröder, Seidler e Weber
Pelo navio Fliegender Adler, chegou a 20ª leva ao Brasil. Deste embarque foi apenas encontrado o contrato
de afretamento assinado por Schaeffer no porto de Bremen, por isso estão prejudicados maiores detalhes sobre a
composição dos seus passageiros.
Pelo Fliegendler Adler chegaram as famílias: Adam, Arensdorf, Altenhofer, Altmeyer, Arnold, Augustin, Auler,
Bach, Backes, Barth, Baum, Bauermann, Becker, Bender, Brentano, Buchmann, Burckard, Christ, Diehl, Diely,
Dienstmann, Dullius, Endres, Engelmann, Englert, Faller, Fritsch, Gälzer, Geissendorf, Gerhard, Gerstenberg,
Gewehr, Glauer, Glassmann, Gracake, Gregory, Haak, Haas, Heck, Heksel/Hexel, Heller, Hensel, Hoeffel, Injahn,
Jung, Kaefer, Kayser, Kehl, Keller, Kern, Keyser, Klein, Knüppel, Kober, Koerner, Konrad, Krämer, Kronbauer,
Kruel, Krug, Kuhn, Lamp/Lamb, Lampert, Lerner, Lütgehaun/Lütjohann, Malmann, Manik, Martens, Massing,
Meyer, Müller, Nelsinger, Orth, Papehn, Peitz, Pithahn, Pokorny, Reichmann, Renner, Ribenich/Rübenich, Ries,
Rinnenthal, Rinner/Renner, Ritter, Röuter/Reuter, Sadler, Schack, Schaeffer, Scheerer, Schiel, Schmieding,
Schneider, Schuck, Schulze, Schwenk, Sihn, Silbernagel, Sonnet, Stauner, Steinhard, Stock, Tatsch, Weber,
Weirich, Weirig/Weirich, Wendel, Will, Wittmann, Witzenhausen e Würzius;
O navio Brodtrae capitaneado por Bendix Bendixen e tendo como comandante do transporte o Ten. Cav. von
Morsey, chegaria 21ª leva ao Brasil. A embarcação partiu do Porto de Bremen em 7.7.1826 e chegou ao Rio de
Janeiro em 28.9.1826, com 277 passageiros, sendo 155 soldados, 106 colonos e 16 outros.
O Broadtrae por sua vez trazia em sua tripulação as famílias: Arnhold, Bauker, Becker, Bolle, Damian, Döbel,
Ebert, Finger, Hein, Holzbach, Jacobus, Jacobsen, Johann, Jung, Kinzinger, Luft, Masson, Nabinger, Noll,
Ruprecht e Schirmer.
O navio Creole também faria uma 2ª viagem, desta vez para trazer a 22ª leva de imigrantes. Sob a direção do
capitão Jacob Bendixen e tendo como comandante do transporte Friedrich L. von Maybohm, o navio partiu no dia
22.7.1826 do porto de Bremen e chegou ao Rio de Janeiro no mês de Outubro ou Novembro de 1826. Trazia em
torno de 300 passageiros, sendo destes 160 ou 170 soldados e o restante colonos que vieram ao Rio Grande do Sul
A 23ª leva viria pelo navio Betzy & Marianne, sob a direção do capitão Joachim D. Schel e comando do
transporte do sargento C. H. Brüning. Partiu de Bremen no dia 16.11.1826 e atracou em Salvador na Bahia no
mês de Fevereiro de 1827, trazendo 32 recrutas e apenas 6 colonos nenhum deles para o Rio Grande do Sul
No navio Harmonie, viria a 24ª leva de imigrantes alemães. Seu capitão foi Cornelius e tinha como
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comandante do transporte o próprio Georg Anton von Schaeffer. O navio partiu do porto de Bremen em data
ignorada e chegou ao Rio de Janeiro em 2.7.1828, sendo desconhecido, por ora, o número e a composição de seus
passageiros
O navio Cäcilie traria a 25ª leva. Partiu do porto de Bremen em 1827 e chegou ao porto do Rio de Janeiro
apenas no ano seguinte em 29.9.1829. Este navio avariou-se no Mar do Norte logo após a sua partida, vendo-se
obrigado a atracar no porto de Plymouth na Inglaterra para reparos. Os passageiros após esperarem por diversos
meses para reiniciar a viagem chegaram ao Rio de Janeiro em 29.9.1829, sendo esta data comemorada, ainda
hoje no "Michelskerb" ( Kerb de São Miguel) de Dois Irmãos e São José do Hortêncio onde a maioria dos
passageiros do Cäcilia se estabeleceram.
O 26º embarque foi efetuado pelo veleiro Olbers, o maior dos navios que até aquela data haviam efetuado o
transporte de imigrantes ao Brasil. O Olbers partiu do porto de Bremen no dia 26.9.1828 e chegou ao Rio de
Janeiro em 17.12.1828. Navio especialmente preparado para o transporte de pessoas transportou 874
passageiros entre eles muitas famílias que se radicaram na Colônia Alemã de São Leopoldo.
Foi sem dúvida o veleiro Olbers, o primeiro navio construído especialmente para transporte de pessoas, que
com suas 152 famílias e cerca de 874 passageiros, que traria o maior contingente de colonos para a Colônia Alemã
de São Leopoldo. Embora a composição da tripulação seja até hoje desconhecida pois a relação de passageiros foi
extraviada ou destruida durante a 1ª Guerra Mundial, foi possível identificar as famílias tomando por base a relação
de pessoas que na época ( Agosto de 1828) se encontravam na hospedaria "Vor dem Bunten Thore" de Bremen
aguardando embarque no Olbers, cujos nomes foram posteriormente confirmados com o registro de imigrantes de
São Leopoldo. Desta forma puderam ser confirmadas como passageiros do Olbers as seguintes famílias:
Abraham, Achilles, Adam, Adamy, Ahrend/Arend, Alaga, Albrecht, Alles, Andersen, Anker, Anstigen, Antler,
Appel, Arenhardt, Bachmann, Balk, Balus, Barth, Battmann, Becherer, Bechtel, Becker, Becking, Beda, Behn,
Behnke, Beil, Beimler, Bender, Benkenstein, Benter, Bernardi, Berner, Bernet, Berns, Berron, Berwanger,
Biarrowsky, Biermann, Birk, Bode, Bodin, Böhm, Boni, Booge, Born, Bornemann, Bortorff., Brandt, Brauer,
Brauns, Breitenbach, Brinckmann, Bruscher, Budin, Bülow, Burchard, Burg, Burmeister, Bursch, Busch, Cinser,
Conrad, Coré, Cornelson, Daecke, Damian, Deppe, Derr, Dietrich, Dill, Dillenburg, Dockhorn, Dreyer, Dröscher,
Dunker, Dweyer, Elicker, Ely, Elz, Engelsdorf, Erwig, Eskenbach, Falkenberg, Faltey, Feltes, Finke, Fischer, Förster,
Franzen, Freder, Freis, Freyle, Fritzen, FroelichFrühsctück, Funk, Gämmer, Geisbusch, Gellner, Germer, Gettems,
Gille, Ginke, Goergen, Goldmann, Gräber, Haacker, Hackmann, Häfner, Hanauer, Harth, Heberly, Heinitz, Heinz,
Heller, Hellmund, Herscher, Herter, Herter, Hiewinger, Hinrichsen, Hochscheu, Hoerholz, Holz, Holzhauer, Hörle,
Horly, Ibendorf, Jacobsen, Johann, Jung, Junges, Jürgens, Kautner, Kaye, Keinz, Keiper, Kessler, Kierieleison,
Kirchner, Kirsch, Klein, Klinger, Klöckner, Knapp, Knöche, Knopp, Koerner, Kohn, Kohnen, Köppler, Kraemer,
Krewitt, Krimnitz, Kritsch, Kröplin, Krüger, Kuber, Kuhn, Kunzler, Kuplich, Kuss, Kussmann, Lang, Lau,
Lauermann, Ledur, Lehnen, Lehnert, Leitsch, Leyndecker, Lichten, Limon, Lorenz, Lorscheiter, Lüdke, Lüdkin,
Ludwig, Lunn, Marmitt, Martini, Matt, Maurer, Maxim, Mewius, Meyer, Minwegen, Moehlhausen, Möhrken, Molitor,
Müller, Munsul, Nagel, Neumeyer, Noe, Oestreich, Ohm, Orth, Ostermann, Ott, Otto, Pauli, Petry, Petsch, Pohren,
Poplotzky, Popp, Probst, Prott, Rambo, Rech, Reis, Reischel, Reitenbach, Rhode, Richter, Riecke, Riethbrock,
Rimann, Rode, Roggenbach, Rosau, Rulingo, Schaefer, Schatz, Scheerer, Scheibel, Schirmacher, Schlepper,
Schlich, Schmedecke, Schmeer, Schmidt, Schneider, Scholl, Schönig, Schöpf, Schorn, Schuch, Schüller, Schuns,
Schütt, Schwingel, Seewald, Sefferin/Seffrin, Sellbach, Sihn, Simon, Spanath, Spedenz, Speicher, Steffens, Stein,
Strademeyer, Strauch, Streit,Studt, Sutis, Swenzen, Tarrent, Tentz, Thesing, Tiedgens, Tobus, Trott, Ture, Unfried,
Urnau, Volz, Voss, Wagner, Walter, Weber, Wehlhausen, Wehmers, Wendling, Werner, Weyrausch, Widitz,
Wiesemann, Wilhelm, Windrath, Wolf, Zellmann.
1) os nomes das famílias estão escritos da mesma forma como foram registrados no livro de registros de
imigrantes, podendo haver divergência entre a exata grafia do nome da família;
2) o mesmo nome pode aparecer em diversos embarques; isto se deve ao fato de diversas famílias do mesmo
nome terem emigrado ao Brasil, como é o caso das famílias Schneider e Schmidt;
Também o navio Fortune faria uma 2ª viagem, para trazer desta vez a 27ª leva de imigrantes. Sob a direção do
Cap. Richelsen e tendo como comandante do transporte o guarda Martin Henrici, o Fortune zarpou do porto de
Bremen no dia 31.12.1828 e chegou ao Rio de Janeiro em 2.4.1829, trazendo 265 passageiros, cuja composição é
desconhecida
Segundo os pesquisadores e historiadores da imigração Alemã ao Rio Grande do Sul, foram estes os navios que
trouxeram colonos e soldados para o Brasil, no período de 1824 a 1830, que compreende o primeiro período da
imigração. A imigração ficaria suspensa a partir de 1830 por falta de verba orçamentária para custeá-la, e de 1835
a 1845 em virtude da Revolução Farroupilha.
CBG - Carta Mensal 112 - Mar-Abr 2013 • 09
FRAGMENTOS CULTURAIS
Colaboração da pesquisadora Josimeire Baggio
• IMIGRAÇÃO - Campinas italiana: as obras e as conquistas dos primeiros imigrantes italianos - Romilda Ap. Cazissi Baldin
"A obra conta de modo cronológico a chegada dos imigrantes italianos na região e a contribuição deles para a história do
município, além de curiosidades sobre o período [...e] os dissabores que as mulheres italianas passaram nas fazendas de
café." Ed. autor, 2013
• ARTIGO - Joaquim Nabuco: abolicionista e reformista - Márcio Toledo
O "artigo é parte da pesquisa que contempla [...] a trajetória abolicionista-reformista do intelectual Joaquim Aurélio
Barreto Nabuco de Araújo sob o Segundo Reinado. Trata-se, mais especificadamente, de identificar e analisar, a partir dos
escritos produzidos por ele, entre 1879 e 1888, os sentidos que deu à sua proposta reformista, embutida na produção
político-abolicionista que elaborou na década de 1880." História e-história, 2013.
- http://historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=alunos&id=486
• ROMANCE HISTÓRICO - Anita Garibaldi - Heroína de dois mundos - Loredana Frescura e Marco Tomatis - Tradução: Adriana
Aikawa da Silveira Andrade
Escrito por dois italianos, o livro narra em formato de romance histórico a saga de Anita e Giuseppe Garibaldi, que juntos
"encontraram lugar na História do Brasil e da Itália." - Editora Fundamento, 2012
- http://loja.editorafundamento.com.br/lstDetalhaProduto.aspx?pid=1279
• HISTÓRIA - Dize-me o que comes e te direi quem és: alemães, comida e identidade - Juliana Cristina Reinhardt
O livro, fruto de tese homônima defendida pela autora, busca através "de tradições culinárias entre os descendentes de
imigrantes alemães [...] alcançar e compreender sentimentos e significados enraizados, vestígios oriundos de
acontecimentos marcantes [...] que desencadearam processos de tentativa de preservação do grupo estudado por meio
da preservação de manifestações étnicas, resgatando ou reafirmando uma identidade, fazendo assim a comunicação do
presente com o passado através da memória." Ed. Autores paranaenses, 2012 - Tese: UFPR, 2007
- http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/handle/1884/15966/juliana.PDF?sequence=
EXPEDIENTE
Boletim Informativo
COLÉGIO BRASILEIRO DE GENEALOGIA
Av. Augusto Severo, 8 - 12º andar - Glória
20021-040 - Rio de Janeiro - RJ
Tel.: (21) 2221-6000
Diretoria:
Presidente Regina L. Cascão Viana
Vice-Presidente Carlos Eduardo de Almeida Barata
1º Secretária Patrícia de Lima Bocaiúva
2º Secretária Eliane Brandão de Carvalho
1º Tesoureiro Antonio Cesar Xavier
2º Tesoureiro Guilherme Serra Alves Pereira
Dir. Publicações Leila Ossola
Auxiliares:
Cinara Maria Bastos J. A. do Nascimento
Clotilde Santa Cruz Tavares
Eliana Quintella de Linhares
Gilson Flaeschen
Laura de Saint-Brisson Ferrari
Conselho Fiscal:
Hugo Forain Junior
Roni Fontoura de Vasconcelos Santos
Victorino C. Chermont de Miranda
Dias e horários de funcionamento:
2ª-feira de 13 às 17 horas / 3ª-feira de 14 às 17 horas
Página:
www.cbg.org.br
Email:
[email protected]
Diagramação:
Escale Serviços de Informática
Impressão:
Letras e Versos (SENAI)
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