issue #6 | set 2013 - Portugal Fashion MAG

Transcrição

issue #6 | set 2013 - Portugal Fashion MAG
PT
PORTUGAL
FASHION
MAG
ISSUE #6 | SET 2013
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MELISSA
NASCEU UMA ESTRELA
ALTA-COSTURA NO SÉCULO XXI
MÚSICA NA BENETTON
LVMH DEITA A MÃO
CRESCER EM TODA A LINHA
ALEXANDRE MATTIUSSI
ZAHA HADID NOS PÉS
A PENSAR NOS MAIS PEQUENOS
SCHIAPARELLI NO MUDE
PELCOR EM EXCLUSIVO NO MOMA
CRUZAR NOVAS FRONTEIRAS
A FELIZ PUBLICIDADE DO SÉCULO XX
LOUIS VUITTON LIDERA LUXO
DANIELA BARROS
AMOR À PRIMEIRA VISTA
ELOGIO DA COR
AS MALHAS DA CRIATIVIDADE
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QUANDO A MODA IMITA A ARTE
SUCESSO ONLINE
HUGO BOSS NOS CLÉRIGOS
DE PEDRA E CAL NA MODA
LUXO VAI ÀS COMPRAS
O RENASCIMENTO DA CHEYENNE
COLLOVE AQUECE INVERNO
DE VOLTA ÀS ORIGENS
MET EXIBE TÊXTEIS PORTUGUESES
ART BELÉM NO CCB
UMA SINFONIA PERFEITA
PONTAPÉ DE SAÍDA
O REI E O PRINCIPEZINHO
SONHOS DE UMA MODA DE VERÃO
RETROSPETIVA DE ALAÏA EM PARIS
VIAGEM AO MUNDO
PASSADO E FUTURO EM MILÃO
UMA NOVA PÁGINA EM PARIS
DIVINDADES NA PASSERELLE
PORTUGALFASHIONMAG
MELISSA
BY KARL LAGERFELD
PORTUGAL FASHION MAG
Os fãs da Melissa têm agora mais um motivo
para visitar as lojas da marca brasileira de
calçado: os novos modelos desenhados
por Karl Lagerfeld.
Para além do design dos modelos,
Lagerfeld, que é um pouco um “homem dos
sete ofícios”, fotografou ainda a capa e um
editorial exclusivo para a Plastic Dreams, a
revista da Melissa, para o outono de 2013,
que apresenta os quatro modelos e tem
como protagonista Cara Delevingne.
O icónico criador alemão desenhou
dois modelos exclusivos para a marca
brasileira de calçado em plástico, tendo
ainda trabalhado dois outros modelos já
existentes, aos quais deu o seu “toque de
Midas”.
Além de ser a primeira colaboração com
uma marca brasileira, esta foi também
a primeira experiência de Lagerfeld na
criação de sapatos inteiramente feitos
em PVC. «Nunca tinha trabalhado com
plástico desta maneira. Não é a técnica
clássica. Estou acostumado a trabalhar com
técnicas mais tradicionais para a Fendi, a
Chanel e os sapatos Lagerfeld. A minha
inspiração foi o país de origem da marca,
celebrando a joie de vivre brasileira»,
revelou o criador.
Apesar da experiência que tem no mundo
da moda, Lagerfeld espera que esta coleção
«não reflita “décadas de experiência” e que
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A parceria de Karl Lagerfeld com a Melissa
irá continuar durante mais quatro coleções.
tenha alguma frescura».
Um sapato de salto alto, que contrasta
linhas curvas com uma ponta
quadrada e duas riscas coloridas,
um outro com um sorvete no salto,
umas sabrinas pontiagudas com
aplicação de semiesferas na ponta e
um modelo de salto médio em cores
foscas e polidas constituem as quatro
propostas do criador.
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NASCEU UMA
ESTRELA
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Yiqing Yin, nas luzes da ribalta depois
de ter criado um vestido para a atriz
Audrey Tatou, no seu papel de mestre
de cerimónia no último Festival de
Cannes, apresentou a sua quinta
coleção de alta-costura, aureolada
desta nova notoriedade, no dia 3 de
julho.
«Nunca tivemos tanta imprensa depois
de um desfile», confessou à AFP a
jovem criadora de moda, de apenas 28
anos, que saboreia ainda o golpe de
publicidade do Festival de Cannes. A
imagem do vestido em organza, com os
seus milhares de pregas, que requereu
cerca de 400 horas de trabalho, deu a
volta ao mundo. «Fez o grande público
conhecer-nos e suscitou interesse
por parte de novos compradores»,
nomeadamente na China, regozijase Yiqing Yin, originária do país. Esta
exposição
também
representou
«um grande impulso nas relações
profissionais: deu-nos credibilidade,
por exemplo junto de patrocinadores»
e «pessoas importantes do meio da
moda pediram para vir ao desfile».
A criadora de moda, muito discreta e
de voz doce, começou há mais de dois
anos a trabalhar e figura no calendário
da alta-costura enquanto membro
convidado. Para este desfile, cerca de
20 pessoas trabalharam com ela no seu
pequeno atelier em Paris. A coleção
foi beber inspiração aos animais
marinhos, «um universo inquietante»
que quis tornar «poético».
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Yiqing Yin utilizou bastante renda de
Calais, cristais Swarovski, seda e até
organza líquida, «o tecido mais leve
do mundo». Graças a um patrocinador
veneziano, teve acesso a um veludo
tecido à mão, em fio de seda. A criadora
de moda misturou estas matérias
nobres com silicone e materiais brutos.
«Usamos matérias algo perturbadoras,
que dão a impressão que têm fungos,
germes, mas que tentamos tornar
poéticas», explica. «É uma coleção
muito escultural, experimental na
pesquisa dos materiais, das formas»,
No universo da moda, Yiqing Yin está a
dar os primeiros passos. «Começamos
a vender vestidos de alta-costura»,
nomeadamente
a
chinesas
e
americanas, revela. «Estamos num
momento decisivo: registamos procura,
mas é preciso poder dar resposta. Por
isso, temos que ter recursos humanos
e financeiros», afirma. «Estamos com
autofinanciamento e conseguimos
aguentar-nos até agora», acrescenta.
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ALTA-COSTURA NO SÉCULO XXI
PORTUGAL FASHION MAG
e os seus estilos próprios», revelou.
«A coleção não é apenas à volta de
uma Dior parisiense ou francesa,
mas de uma Dior confrontada ao
mundo inteiro e quanto as culturas
podem influenciar a casa e a mim
próprio». A coleção espelha, assim,
essa diversidade. Alguns modelos
assemelham-se a quimonos, certos
padrões remetem para a Ásia Central e
outros para a África, estampados mais
gráficos e riscas coloridas revelam
influências da América.
Conjugar o passado no presente e darlhe um futuro foi o grande desafio ao
qual criadores e marcas da alta-costura
procuraram dar resposta nos desfiles
para o outono-inverno 2013/2014.
Um regressado Christian Lacroix fez
Elsa Schiaparelli renascer em 18 peças
apresentadas como obras de arte no
Museu das Artes Decorativas. «Sem
Elsa nunca teria sido criador de moda»,
afirmou. Lacroix prestou, desta forma,
uma justa homenagem à icónica
criadora da moda parisiense dos
anos 30, com sofisticados bordados,
um turbante verde-esmeralda, um
vestido de riscas pretas e rosa pálido
em cetim duquesa, que necessitou
40 metros de tecido e mais de 300
horas de trabalho… «Esta coleção é
uma mistura de malícia e melancolia»,
explicou o criador francês, que
interrogado sobre o que o unia a Elsa
Schiaparelli respondeu «o gosto pelo
preto, a cor, o bordado».
Europa, América, Ásia, África: Raf
Simons foi buscar inspiração a outras
culturas e estilos, abanando os códigos
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da casa de moda. «Comecei por olhar as
clientes da alta-costura em diferentes
continentes e de diferentes culturas
Os sapatos de Iris Van Herpen que
simulam raízes imprimiram o cunho
futurista à semana da alta-costura
de Paris. A criadora holandesa de
29 anos apresentou no Palácio da
Descoberta, o museu das ciências
de Paris que se revelou local mais
do que perfeito para o desfile, uma
coleção vanguardista, entre a altacostura e a arte contemporânea, a
ficção científica e a poesia. Todos em
bege, preto e verde, enriquecidos com
jogos de brilho, os seus espetaculares
vestidos-esculturas que misturam
resinas e óxidos de ferro, know-how
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fez desfilar sedutoras amazonas com
look futurista mas muito femininas
num cenário que recriava a cidade
do futuro, com edifícios altos e
modernos que emergiam entre
ruínas e deixavam a descoberto a
fusão entre o passado e o futuro.
Casacos com ombros quadrados,
cintos largos a marcar cinturas, saias
curtas e vestidos compridos, com
algumas transparências e muitos
coordenados brilhantes tomaram
conta da passerelle. «Esta coleção é
praticamente toda bordada. Em alguns
vestidos há três bordados diferentes.
Mesmo o tecido que parece tweed é
na realidade bordado», desvendou o
criador alemão.
Por seu lado, a Armani Privé propôs
uma coleção refinada, com materiais
nobres, e delicada, numa paleta
colorida essencialmente de rosa
pálido e bege. Uma coleção feita
principalmente em seda e renda, em
que as penas de marabu deram o
tradicional nos bordados e inovações
tecnológicas pareciam crescer a partir
dos corpos das manequins como se
fossem árvores ou carapaças.
Cem anos após a abertura da primeira
loja de Coco Chanel, Karl Lagerfeld
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toque de exotismo. Os longos vestidos
em tons “nude”, aliás o nome desta
coleção, jogam com transparências
para revelar o corpo. Os primeiros
coordenados transportam para os
anos 40, com os seus casacos amplos
e saias evasé pelo joelho. Não faltou
brilho: o tule é bordado com ouro,
os leggings são bordados com strass,
mas há também cristais Swarovski,
pérolas e lantejoulas. O suficiente para
despertar nas mulheres os antigos
sonhos dos vestidos de princesa.
O palhaço branco converteu-se na
musa de Jean Paul Gaultier, que
desenvolveu uma estética circense
para modelar uma coleção com
referências felinas e bolsos em forma
de cone. O desfile começou ao som
da música da “Pantera cor-de-rosa”,
com a primeira manequim a envergar
um perfecto que dava a impressão
de ser em pantera, mas na realidade
eram cristais Swarovski colados
sobre o couro. Em rosa choque, em
estampado vermelho, nos collants,… a
pantera esteve por todo o lado, mas
nunca em peles. Gaultier exultou «a
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feminilidade da pantera, que é sexy
mas também elegante» e revelou terse inspirado em Fellini e no seu filme
“Os palhaços” e em David Bowie, com
look de palhaço no vídeo “Das cinzas
às cinzas”.
Elie Saab esbanjou brilho e luxo numa
coleção intitulada “Cerimónia real”, que
recriava o imaginário das princesas. O
Palácio Brongniart acolheu as “reais”
modelos que representavam, com as
suas cores rubi, esmeralda ou safira,
as pedras preciosas de uma coroa.
De igual forma, pedras, lantejoulas e
cristais foram bordados em vestidos
compridos, fazendo-os cintilar com
mil luzes. Nos materiais, o designer
libanês privilegiou o tule, a renda,
a musselina de seda, enquanto nos
cortes dominaram as costas nuas.
Os vestidos monocromáticos caíam
com leve cadência sob um cinto fino,
abriam-se nas costas, ajustavam-se no
pescoço ou arrastavam a cauda pelo
chão.
As notas musicais de “Tubular Bells”
de Mike Oldfield, banda sonora do
filme “O Exorcista”, submergiram o
público que assistiu ai desfile da casa
Valentino num ambiente misterioso
de uma sala decorada com cornos
de veado. O damasco e os tecidos
ingleses conviviam em inquietante
harmonia nos primeiros modelos,
em tonalidades de cobre e terra, que
cruzaram a passerelle. Vários vestidos
desenhados pela dupla Maria Grazia
Chiuri e Pierpaolo Piccioli assumiam,
pela frente, o seu lado coquetel e,
por trás, geometrias longas, enquanto
as capas e peles apresentavam
reminiscências
medievais,
numa
coleção inspirada pelo reino animal
onde destacaram-se os brocados.
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MÚSICA NA BENETTON
PORTUGAL FASHION MAG
A nova campanha da United Colors of
Benetton entra no ritmo dos jovens e usa
a música para se afirmar no mundo da
moda.
Acabaram-se as campanhas publicitárias
chocantes e as grandes questões sociais
como o desemprego, o racismo e a paz
mundial. A Benetton está a reposicionar
a sua imagem junto dos jovens, tendo
optado por temas mais unificadores e
mais badalados.
A moda e a música são, por isso, os novos
focos de atenção da empresa italiana
para promover a sua principal linha de
moda, a United Colors of Benetton, para
o outono-inverno 2013/2014.
As mulheres estão representadas pela
cantora de origem portuguesa Sky
Ferreira, que vive em Los Angeles, a
modelo inglesa Lili Mc Menamy, a DJ
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americana Chloé Norgarrd e a cantora
sul-coreana Soo Joo Park. Os rostos
masculinos da campanha são Theophilus
London, um rapper americano, nascido
em Trinidad e Robago, que vive em
Brooklyn, e o músico e modelo inglês
Louis Simonon.
Em comunicado, a Benetton afirma que a
campanha «foca-se no mundo da música
para retratar como unifica a diversidade
– de pessoas, identidades e culturas»,
continuando a mostrar-se como uma
marca global, cosmopolita, ao mesmo
tempo direcionando-se para uma base
de clientes jovem e trendy.
A campanha foi criada pelo conhecido
fotógrafo de moda sueco Mikael
Jansson, cujas imagens serão publicadas
nos meios de comunicação social a
partir de agosto.
13
LVMH DEITA A MÃO À
LORO PIANA
PORTUGAL FASHION MAG
Dois mil milhões de euros foi quanto
grupo LVMH desembolsou para
comprar em tempo recorde – um mês de
negociações – 80% do capital da “rainha”
ca caxemira e da vicunha, a Loro Piana.
Os atuais dirigentes da Loro Piana, Sergio
e Pierluigi Loro Piana, descendentes
da família fundadora, conservam os
restantes 20%, assim como as rédeas da
empresa.
«A Loro Piana é uma casa rara, rara pela
qualidade única dos seus produtos,
em particular pelos seus produtos
em caxemira, e rara pelas suas raízes
familiares que remontam a seis gerações»,
afirmou Bernard Arnault para justificar a
compra.
Esta aquisição foi, todavia, um tsunami
no mundo do luxo italiano. Nos últimos
anos, os irmãos Sergio e Pierluigi
tinham sublinhado por várias vezes
a firme intenção de preservar a sua
independência. Mas o mundo mudou
e face à globalização e obrigação de
crescer acabaram por sucumbir ao
“charme” de Bernard Arnault, o dono do
colosso francês do luxo.
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«Primeiramente, é a vontade de ter uma
visão a longo prazo que nos incitou
a aproximar de Bernard Arnault; em
segundo, é um investimento muito
importante e em terceiro tivemos todas
as garantias sobre o futuro do grupo e
de todos os que trabalham para nós»,
resumiu Pierluigi Loro Piana. Sobre a
polémica franco-italiana nesta operação,
Sergio Loro Piana, por seu lado, assegurou
que «a Loro Piana permanecerá italiana
enquanto a capacidade de organização
e de desenvolvimento será francesa.
Temos um objetivo comum.
A LVMH é conhecida pelo respeito
com que trata as particularidades e a
identidade das marcas que compra.
Podemos agora aspirar a ser um líder
italiano no mundo».
Célebre pelas suas caxemiras, as suas
vicunhas raras e as suas lãs extremamente
finas, a Loro Piana representa a quintaessência do luxo ”made in Italy”, uma
empresa familiar considerada como a
“Hermès italiana”. Em 2012, o grupo
registou um volume de negócios de
626,6 milhões de euros e este ano
deverá atingir os 700 milhões de
euros. A divisão de produtos acabados,
designada “bens de luxo” e lançada há
13 anos para desenvolver o vestuário
e acessórios, apresenta uma faturação
de 427 milhões de euros (+17,1%),
sendo o restante realizado pelo têxtil,
em particular os tecidos e os fios para
malhas (+5,4%). A Loro Piana detém
atualmente 137 lojas no mundo.
Esta transação é a mais recente numa
série de aquisições de larga escala em
Itália por parte da LVMH, que comprou
a joalharia Bulgari por 3,7 mil milhões
de euros em 2011, a produtora de
marroquinaria Fendi em 2001 e a marca
de moda Emilio Pucci em 2000.
Antes mesmo desta operação, a Loro
Piana preparava um «ambicioso pano
estratégico»
de
desenvolvimento
internacional, revelou Pierluigi Loro
Piana. «Com a LVMH, este plano será
ainda amplificado. Basta pensar em todas
as sinergias, não apenas geográficas,
mas também com todas as outras
marcas da LVMH, para compreender as
possibilidades de desenvolvimento que
se abrem ao nosso grupo», acrescentou.
15
CRESCER EM
TODA A LINHA
PORTUGAL FASHION MAG
Com uma marca vanguardista mas
abrangente, Katty Xiomara está cada
vez mais internacional, com apostas
nos EUA e no Japão.
Vanguardismo e contemporaneidade
são algumas das características da
marca Katty Xiomara, mas os rótulos
estão, por norma, afastados da mente
da criadora. «Sobretudo hoje em dia
não podemos definir as coisas de
forma tão estrita. Sei que existe muito
este hábito de etiquetar os estilos
e as formas como nos vestimos. Eu
particularmente não gosto, acho que
temos de ter alguma liberdade nisso»,
afirma.
Valores que transparecem na nova
coleção para o outono-inverno
2013/2014, inspirada nos azulejos e
na street-art, com vestidos repletos
de pormenores e detalhes, com o
azul-cobalto e o branco como cores
principais, a que se soma o cinza, o
salmão e o rosa, «que acabam por ser
um pouco as cores das cidades, das
luzes, dos edifícios», sublinha.
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Atualmente com loja própria na Rua
da Boavista, no Porto, Katty Xiomara
vende ainda na loja Muuda e em
algumas lojas dispersas por Portugal,
assim como Espanha, EUA e Kuwait.
«Estamos sobretudo a trabalhar no
mercado norte-americano e estamos
também a tentar introduzir-nos no
mercado japonês», revela a criadora.
«Tem sido uma experiência muito a
pouco e pouco, com muita paciência,
devagarinho, mas temos esperança
que corra sempre melhor», destaca.
Quanto ao futuro, «o objetivo é
sempre crescer e ser mais abrangente,
não só em termos de mercados mas
também de áreas de trabalho», afirma
Katty Xiomara. «O nosso conceito
quer abraçar tudo o que é moda, para
poder também partir lá para fora com
boas estruturas, conseguir exportar
de uma forma equilibrada e que tudo
isto faça crescer a nossa imagem e a
nossa marca lá fora», conclui.
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ALEXANDRE MATTIUSSI
PREMIADO
PORTUGAL FASHION MAG
O designer de moda masculina
Alexandre Mattiussi arrebatou o júri
internacional do concurso Andam.
Mattiussi, que lançou a linha de
vestuário de homem AMI em 2010,
levou para casa os 250 mil euros do
primeiro prémio como reconhecimento
do seu talento. «É fantástico ser
premiado com uma marca de
vestuário de homem», afirmou à AFP
o designer de 32 anos. «Mostra que
não é apenas a alta-costura e as saias
bordadas que contam, é também uma
camisa, um macacão, o homem com
quem nos cruzamos na rua quando
vamos comprar croissants de manhã»,
acrescentou. «Em termos financeiros,
é ótimo. Vai tranquilizar o banco e os
investidores», sublinhou.
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A rua é a principal inspiração do
designer, conhecido pelas suas
coleções criativas mas acessíveis. A
sua estética é simples, chique e cool.
Mattiussi apresentou a sua primeira
coleção em janeiro de 2011, depois
de ter concluído o curso na escola
Duperré em Paris. Começou a sua
carreira na Dior Homme e na Givenchy
antes de ter ido trabalhar com Marc
Jacobs.
Para além do prémio em dinheiro, o
designer vai receber dois anos de
orientação com o dono da OTB,
Renzo Rossi, nas áreas de direção
criativa, gestão e estratégia comercial.
Os grandes armazéns canadianos
Hudson’s Bay já assumiram o
compromisso de comprar a próxima
coleção do designer e a Swarovski
deu cristais no valor de 10 mil euros
para serem usados na produção da
sua próxima linha.
O júri do concurso Andam deste ano
incluiu Pierre Bergé (fundador da Yves
Saint Laurent), Sophie Delafontaine,
da Longchamp, e Emmanuelle Alt
(diretora da revista Vogue francesa).
O prémio é um dos mais porestigiados
e, em edições passadas, coroou
o talento de nomes como Martin
Margiela, Viktor & Rolf, Christophe
Lemaire e o português Felipe Oliveira
Baptista (em 2005).
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ZAHA HADID NOS PÉS
PORTUGAL FASHION MAG
A “magia” da arquitetura criada por
Zaha Hadid foi transposta, em todo
o seu esplendor, para um sapato
inovador da United Nude.
Criado em colaboração com Rem
D. Koolhaas, sobrinho do famoso
arquiteto com o mesmo nome e
fundador da United Nude, o sapato
“Nova” concilia métodos de fabrico
inovadores, técnicas revolucionárias
de modelagem e considerações
ergonómicas com o dinamismo da
linguagem e as complexas práticas
arquitetónicas de Zaha Hadid,
ultrapassando os códigos da moda e
da arquitetura.
«As coleções da United Nude são
provocadoras e ao mesmo tempo
sensuais. A experimentação constante
de Rem D. Koolhaas na vanguarda
da moda nunca deixa de cativar a
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nossa imaginação», explica Zaha
Hadid. «Sempre valorizei as pessoas
que se atrevem a fazer experiências
com materiais e proporções. A nossa
colaboração com a United Nude
reinterpreta a tipologia clássica do
sapato, forçando as barreiras do
que é possível sem comprometer a
integridade», acrescenta a arquiteta.
Com um design futurista, “Nova”
combina borracha, vinil e couro da
melhor qualidade na parte de cima.
A plataforma escondida é feita em
fibra de vidro e a sola exterior é de
borracha. O sapato, em tamanhos do
35 ao 40, vem numerado com uma
edição limitada a 100 por cor (preto,
dourado, rosa e esmeralda) e estará à
venda em lojas selecionadas como a
concept store parisiense L’eclaireur e
as lojas online Zaha Hadid Design e
United Nude.
«Zaha reinventa consistentemente
o programa com as suas próprias
ideias e reinterpretações. As suas
criações visionárias são, muitas
vezes, inesperadas, no entanto
reforçam as suas origens», considera
Koolhaas. «Não consegui resistir
ao desafio de trabalhar com Zaha.
Demos a nós próprios o maior grau
de experimentação e usamos as
mais recentes tecnologias de design
digital e produção para criar um dos
sapatos mais inovadores alguma vez
produzido», conclui.
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A PENSAR NOS MAIS
PEQUENOS
PORTUGAL FASHION MAG
A Chua acaba de chegar ao mercado,
com propostas desenhadas e
produzidas em Portugal a pensar nas
crianças dos 0 aos oito anos.
Vestuário, acessórios e mobiliário,
pensados para crianças até aos oito
anos, fazem parte da oferta da marca
Chua, uma nova marca portuguesa
criada por duas mães: Cristina Neves
e Olímpia Teixeira.
«A experiência da maternidade fezme deparar com lacunas nos produtos
para bebé e, com a Chua, pretendemos
completar
essas
necessidades.
Procuramos sempre atribuir maisvalias às peças criadas pela Chua
e distanciarmo-nos dos produtos
saturados do mercado. Partilho este
projeto com a minha amiga Cristina
Neves, que tem uma história similar
à minha: mãe, desempregada e com
muita garra para o mundo do trabalho»,
explica Olímpia Teixeira.
Passados 13 anos a trabalhar
numa farmácia, Cristina Neves
ISSUE #6 | SET 2013
ficou desempregada. Partilhando
as mesmas ideias e experiência de
Olímpia, Cristina sentiu dificuldades
em comprar uma simples t-shirt para
a sua filha Matilde. «Na altura, com
quatro anos de idade, a Matilde só
queria roupa vermelha, preta, ou com
cores fortes. E deparei-me muitas
vezes com a dificuldade de encontrar
peças com estas tonalidades, de design
simples e moderno», acrescenta.
A primeira coleção da Chua propõe,
assim, vestidos, casacos, camisas,
calções, fraldas e tapa fraldas,
bodys, toucas, sapatinhos em tecido,
conjuntos de nascimentos para a hora
do parto, babygrows com peitilhos
impermeáveis que dispensam o
uso da babete, babeiros de refeição
indispensáveis na hora da papa, fitas
para chupeta, mantas, toalhas de
banho e berços que se transformam
em peças de mobiliário decorativas,
tudo em cores maduras e padrões e
designs simples.
Nos materiais da coleção de
vestuário, destaca-se o 100%
algodão, piquet, sarja, com detalhes
de impermeabilização e fuxicos
manuais, que tornam as peças únicas
e apetecíveis.
A marca é vendida exclusivamente
online, no site www.chua.pt, e em
farmácias selecionadas que vendem
exclusivamente o conjunto “Born
Chua” – o conjunto de nascimento
para a hora do parto.
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SCHIAPARELLI NO MUDE
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Para evocar o relançamento da marca
Schiaparelli, o Mude expõe algumas
das peças da fundadora da marca.
“Schiap Shock” é um núcleo de
homenagem a Elsa Schiaparelli, que
estará no Mude – Museu do Design e
da Moda até ao final de outubro.
Nascida em 1890, Elsa Schiaparelli ou
Schiap, como gostava de ser chamada,
nasceu em Roma. Uniu a moda à arte,
colaborando com artistas como Jean
Cocteau, Francis Picabia, Man Ray e
Salvador Dali. Nas suas criações de
inspiração surrealista, o humor e a
fantasia surgem aliados ao vestuário
sofisticado e à alta-costura.
Schiaparelli foi ainda uma pioneira
da moda, com a introdução do uso
dos calções no vestuário feminino,
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zips visíveis na alta-costura, até
então confinados à roupa interior,
promoveu desfiles, criou perfumes
comercializados em embalagens que
eram verdadeiras obras de arte, aliou
o belo ao bizarro e tornou icónico o
rosa shocking e o trompe l’oeil.
Na década de 1950, devido à
austeridade do pós-guerra, encerrou
a sua casa de moda em Paris, mas
o seu trabalho é ainda hoje, uma
referência. As peças memoráveis
de Schiaparelli incluem o vestido
lagosta, uma das suas mais famosas
colaborações com Dali, usado pela
socialite americana Wallis Simpson e
fotografada por Cecil Beaton pouco
antes do seu casamento com Eduardo
VIII em 1937. Outras peças incluem
chapéus-sapato, luvas com unhas
douradas, botões em forma de lábios,
assim como camisolas tricotadas com
laços e gravatas trompe-l’oeil.
Em 2012, Diego Della Valle anunciou
o relançamento da casa de moda
Schiaparelli e, já este ano, o designer
francês Christian Lacroix desenhou
uma
primeira
coleção-cápsula,
apresentada na Semana de AltaCostura de Paris, reinterpretando
muitas das influências da célebre
criadora, desde as feiras populares
e circos aos uniformes militares e
saris. Descrevendo a coleção como
um misto de «malícia e melancolia»,
Lacroix sublinhou que ele e Schiaparelli
estavam unidos no «gosto pelo preto,
pela cor e pelos bordados».
25
PELCOR EM
EXCLUSIVO NO
MOMA
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Para além dos EUA e de Portugal, que
continua a ser o seu principal mercado,
a Pelcor exporta ainda para o Médio
Oriente e prevê chegar em breve ao
Norte da Europa.
A marca portuguesa de artigos em
cortiça desenhou uma peça em
exclusivo para as lojas do Museu de
Arte Moderna.
A Pelcor faz parte das escolhas do
MoMA | The Museum of Modern
Art para este verão e as suas peças
já se encontram à venda nas lojas do
museu em Nova Iorque e em Tóquio.
Mas para além da capa para iPad, que
está também à venda em Portugal, a
marca portuguesa de acessórios em
cortiça desenhou uma peça exclusiva
para as lojas do MoMA: a Tote Bag
MoMa, uma carteira na cor “berry”.
Criada em 2002 para tentar revitalizar
a indústria de cortiça, a Pelcor tem
atualmente um portefólio composto
por dezenas de produtos, que incluem
não só as carteiras, mas também
candeeiros, cortinados, sofás, malas,
mochilas, chapéus, cadernos ou
carteiras. «São produtos que não
são habituais em cortiça», revelou
Sandra Correia, mentora do projeto,
em entrevista ao Economia Verde. A
ISSUE #6 | SET 2013
marca, que mistura habitualmente
cortiça com pele ou cabedal, está
também a desenvolver novas misturas.
«Queremos tornar o produto ainda
mais natural e ainda mais orgânico»,
acrescentou a empresária.
Para este verão, a Pelcor lançou a
Sunshine, uma coleção cápsula de
malas coloridas para serem usadas na
praia ou simplesmente no dia a dia.
Com dois modelos – Sunshine Tote
e Sunshine Bag – a coleção combina
cortiça na sua cor natural com lona
em três tons: raw, lemon e acqua.
27
CRUZAR NOVAS
FRONTEIRAS
PORTUGAL FASHION MAG
O Brasil pode ser o próximo porto de
Diogo Miranda, com o jovem criador
a procurar novos rumos para além da
costa portuguesa.
preciso cumprir essas expectativas»,
considera Diogo Miranda que
acredita, contudo, que «o importante
é seguirmos a nossa linha, o nosso
ADN. Só assim é possível chegar
longe», sustenta.
Presença constante desde os 19
anos na passerelle Portugal Fashion,
Diogo Miranda conseguiu, desde
cedo, conquistar o seu lugar na moda
portuguesa, vestindo atualmente
diversas figuras públicas.
O Brasil está no radar deste jovem
criador, até porque «já tivemos um bom
feedback com algumas peças». Mas a
internacionalização não é encarada
de ânimo leve por Diogo Miranda. «É
preciso ganhar fundo de maneio para
ir para os mercados e fazer realmente
com que as coisas aconteçam, porque
é preciso muito dinheiro», revela.
A sua nova coleção, para o outonoinverno 2013/2014, promete ser
mais um sucesso entre famosas e
anónimas, graças a peças como os
vestidos femininos conjugados com
casacos oversized e masculinos. «A
coleção foi inspirada em dois polos
distintos: o universo feminino e o
universo masculino. Foi uma mistura
que ficou engraçada, acho que é uma
coleção mais coesa», aponta.
americano Michael Bastian elogiou o
seu trabalho.
Com 25 anos, Diogo Miranda decidiu
estar na hora de passar a novos voos
e mercados e na edição de outubro do
Portugal Fashion recebeu um impulso
adicional, quando o designer norte-
«Fiquei muito contente, mas claro
que me dá mais responsabilidade.
Se o Michael Bastian nos fez essa
apreciação, é porque obviamente
estamos a trabalhar bem. Agora é
ISSUE #6 | SET 2013
As vendas online são outra hipótese
em cima da mesa, depois do sucesso
da iniciativa do Natal do ano passado,
onde as t-shirts desenhadas para a
ocasião foram um sucesso. «A maior
parte das empresas está a investir nas
vendas online», afirma. «Mas o segredo
é dar pequenos passos sustentados»,
conclui.
29
A FELIZ PUBLICIDADE DO
SÉCULO XX
PORTUGAL FASHION MAG
O Museu da Coleção Berardo mostra
“O Consumo Feliz. Publicidade e
sociedade no século XX”, com uma
seleção de mais de 350 obras de arte
publicitária.
A exposição estará aberta ao público
até 27 de outubro e reúne mais
de 1.500 originais pintados à mão
entre 1900 e 1980, reunidos pelo
colecionador José Berardo.
«Da moda ao automóvel, da aviação à
alimentação, do turismo à música, da
decoração de interiores ao cinema, sem
esquecer o doloroso período das duas
Guerras Mundiais, é todo o século XX
que se desenrola sob o nosso olhar»,
afirma Rui Afonso Santos, comissário
da exposição.
A Coleção Berardo de Arte Publicitária
é única no mundo inteiro, congregando
originais de publicidade pintados à
mão destinados à reprodução em
larga escala através de processos
mecânicos, geralmente litográficos e
ISSUE #6 | SET 2013
rotográficos, do acervo da prestigiada
firma James Haworth & Company,
uma das principais produtoras de
publicidade do Reino Unido, com
atividade iniciada por volta de 1900 e
continuada até cerca de 1980.
Aos primeiros exemplares, miméticos
figurinos de moda pontuados de
alguma produção Art Nouveau
e aos comentários políticos da I
Guerra Mundial, em simples bandas
desenhadas, sucedeu a publicidade a
novos bens de consumo e alimentos
e o impacto da moda, do jazz e do
turismo.
A expansão da fotografia a cores e de
novas técnicas de impressão, como
o offset, condenaram a ilustração
publicitária à extinção, tornando estas
obras de arte, atualmente raras e
muito procuradas por colecionadores,
itens inesquecíveis de uma época, que
podem agora ser vistas, e revistas, em
Lisboa.
31
LOUIS VUITTON
LIDERA LUXO
PORTUGAL FASHION MAG
A marca do LVMH é a mais valiosa do
mundo exclusivo do luxo, num ranking
onde Hermès e a Gucci partilham o
pódio.
No BrandZ Top 100 de 2013, um
ranking das marcas mundiais mais
valiosas compilada pela empresa de
pesquisa MillwardBrown, a Louis
Vuitton assumiu o primeiro lugar,
seguido da Hermès e da Gucci. A lista
deste ano ficou ainda marcada pela
entrada no top 10 da Fendi e da Coach,
no 9.º e 10.º lugar, respetivamente.
O estudo concluiu ainda que as
empresas de luxo estão a debaterse com a necessidade de equilibrar a
exclusividade com a atração de novos
consumidores através da utilização
dos media sociais.
ISSUE #6 | SET 2013
«No Facebook, Instagram, Pinterest e
outras plataformas de media sociais, as
marcas no espectro do luxo equilibram
a tensão entre a exclusividade que
protege a desejabilidade da marca
e a inclusividade necessária para
atrair novos consumidores», afirma.
O estudo sustenta que as marcas de
luxo tornaram-se mais «acessíveis,
colaborativas e experimentais».
continua a ser fundamental para os
resultados das empresas europeias
de luxo. No ano de 2012, o valor do
sector do luxo aumentou 6%.
O top 10 das principais marcas de
luxo inclui ainda a Prada (4.º lugar),
Rolex (5.º), Chanel (6.º), Cartier (7.º) e
a Burberry (8.º).
A Coach, por exemplo, conseguiu a
sua entrada no top 10 graças à sua
presença na China, onde acrescentou
30 lojas em 2012, para um total de
69. O estudo mostra que a marca
americana é uma das que mais utiliza
os media sociais e a Internet, «enviando
mais de 1,2 mil milhões de mensagens
a consumidores selecionados». E
concluiu ainda que o cliente chinês
33
DANIELA BARROS MAIS
INTERNACIONAL
PORTUGAL FASHION MAG
Com crescente experiência alémfronteiras, Daniela Barros está a
construir um novo website para ajudar
nas vendas para o estrangeiro.
Presente no Espaço Bloom desde
2010, Daniela Barros está, mais do
que nunca, empenhada em crescer no
mercado internacional e, por isso, a
mais recente aposta da jovem criadora
centra-se nas vendas online.
«As vendas para fora estão a crescer,
tenho o site, que está em construção,
uma loja online direcionada para
o Japão e para a Rússia e tenho
alguns contactos de lojas em França
e em Inglaterra», aponta Daniela
Barros. «Estou a tentar expandir
para outros mercados, quero tornar
a minha coleção com consistente e
sustentável», sublinha.
ISSUE #6 | SET 2013
Consistência não falta à mais recente
coleção da criadora. “Vada” sugere uma
silhueta feminina forte e estruturada.
«O mote foi a relação entre a
proteção e o corpo, com materiais
mais tecnológicos, anticorrosivos,
neopreno», revela, indicando ainda
a utilização de materiais nobres e
diferentes do habitual. No entanto,
o ADN da marca continua presente.
«A assimetria acaba por estar sempre
presente na minha coleção mas acho
que consegui sair da minha zona de
conforto e começar a explorar outros
campos. Estou a amadurecer no meu
trabalho», acredita.
Uma maturação para a qual tem
contribuído a presença em eventos
internacionais, um pouco por toda a
Europa, desde certames profissionais
como o showroom parisiense Zip Zone
e o salão Who’s Next, a desfiles em
Maastricht e em Madrid, no Matadero
– Centro de Creación Contemporánea.
Os desfiles em Lisboa, integrada no
Bloom, têm sido igualmente uma
boa experiência. «O público é mais
especializado e acaba por ter mais
imprensa. Lisboa parece ter uma maior
visibilidade em termos internacionais»,
considera Daniela Barros.
A criadora continua a colaborar
com outras marcas, nacionais e
internacionais, mas o objetivo está
bem traçado: «gostava de ter a minha
marca bem conceituada».
35
AMOR À PRIMEIRA VISTA
PORTUGAL FASHION MAG
A Parfois continua a seduzir clientes
em todo o mundo e depois do
lançamento bem-sucedido em países
da América do Sul, como Venezuela e
Colômbia, prepara agora o ataque a
novos mercados do Médio Oriente.
«A reação das clientes colombianas
e venezuelanas foi espetacular. Foi
amor à primeira vista, desde o primeiro
momento aderiram aos produtos e
à experiência Parfois», revela Sérgio
Marques, diretor-geral da marca.
«Para essa reação muito contribuiu o
gosto que as mulheres destes países
têm em andar sempre muito bonitas e
também o facto de muitas delas, que
normalmente viajam para a Europa, já
conhecerem a marca, principalmente
fruto da nossa presença em locais
centrais de Madrid e Barcelona»,
acrescenta.
Neste momento, a presença da Parfois
é verdadeiramente mundial embora
Portugal continue a ser o principal
mercado da marca de acessórios,
estimando-se que represente cerca
de 30% das vendas em 2013. «Apesar
ISSUE #6 | SET 2013
de não estarmos a desinvestir em
Portugal, as vendas no mercado
nacional representam menos no total
por via do crescimento das vendas fora
do país. Espanha é o segundo mercado,
seguido por França, Polónia e Arábia
Saudita. Em termos de grandes zonas,
o Médio Oriente e a Europa de Leste
são muito importantes, sendo que o
peso das vendas na América Latina
está a subir e assim vai continuar nos
próximos tempos».
Para este segundo semestre do ano
está planeada a entrada no Peru, na
América do Sul, mas também em
países como Iraque, Iémen, Estónia e
Tunísia, que se irão juntar às estreias
na Áustria, Macedónia e Arménia, que
decorreram na primeira metade do
ano.
Atualmente com 400 lojas em 42
países, a marca tem ainda uma janela
para o mundo através da loja on-line,
onde oferece isenção de custos de
transporte em compras a partir de 10
euros. «Neste momento representa as
vendas de uma loja média. Tem vindo a
crescer e acreditamos que o potencial
de crescimento é muito significativo»,
sustenta o diretor-geral.
Com um aumento das vendas de
37% no ano passado e de 31% nos
primeiros meses deste ano, a Parfois
continua a resistir aos óbices da
conjuntura, mesmo em mercados
como o espanhol, onde a situação é
tudo menos favorável ao consumo.
«Mas continuamos empenhados
em investir no país [Espanha] e em
aproveitar as oportunidades que a crise
também gera. É uma altura em que é
necessário, mais do que nunca, uma
racionalidade extrema nas decisões
de investimento», justifica.
Quanto ao futuro, a valorização da
marca continua a ser a meta. «O
principal objetivo é que a marca Parfois
ser cada vez melhor e que os clientes
reconheçam isso. É um trabalho
contínuo e indispensável. Ao nível
de vendas é manter o crescimento»,
conclui Sérgio Marques.
37
ELOGIO
DA COR
PORTUGAL FASHION MAG
«Na minha primeira linha sou muito
mais elitista», sustenta o criador.
«Enquanto nesta linha tenho muito
mais preocupação com os números,
na primeira linha já tenho um tipo
de mulher específico, são as minhas
clientes. A Meam não. É uma coleção
em que disparo para vários sítios».
A crescer de estação para estação,
a Meam by Ricardo Preto continua
a surpreender com um misto de cor,
corte e conforto.
Em 2010, Ricardo Preto assumiu a
direção criativa da marca Meam, da
empresa Meamstyle, e desde então
tem somado sucessos. «Esta parceria
tem sido importantíssima. Tenho
crescido e acho que se nota isso na
passerelle», considera Ricardo Preto.
“Casa Corpo” é o nome desta coleção
para o outono-inverno 2013/2014,
repleta de silhuetas esguias, com
volumes conjugados com peças
justas. «Tem a ver com o conforto e
com estarmos bem», explica o criador.
«É uma coleção com propostas para
várias pessoas, vários targets e, por
isso, acaba por ser muito mais variada»,
refere. «É uma coleção de alguém que
já tem mais prática em fazer roupa
para massas», afirma.
Padrões camuflados, estampados de
paisagens, tigres e leões bordados
ISSUE #6 | SET 2013
A marca, que desfila desde 2011 no
Portugal Fashion, tem prosperado
e ganho cada vez mais adeptas em
Portugal mas também lá fora, tanto
que Ricardo Preto fala agora de «por
a primeira linha tão forte quanto a
Meam by Ricardo Preto».
e ouro fazem parte das propostas, e
cores como o vermelho, verde e azul,
em contraste com preto, amarelo e
branco, dão ênfase às sedas, algodões
e lãs para a próxima estação fria. «Não
me consigo nunca conter com a cor»,
confessa Ricardo Preto, que considera
ainda que, a somar à cor, «o conforto e
o corte são características» da Meam
by Ricardo Preto.
39
AS MALHAS DA
CRIATIVIDADE
PORTUGAL FASHION MAG
de cultivar a reutilização, bem como
valorizar as peças tricotadas, decidi
reutilizar as calças de ganga de antigas
coleções, dando-lhes uma nova vida»,
acrescenta a designer, que, admite,
tem vindo «a sentir mais apoio da
imprensa internacional.
Cláudia Garrido continua a impressionar
pela perícia e originalidade com que
constrói, a cada estação, as suas
coleções para homem.
O conto “O Gigante Egoísta”, de Oscar
Wilde, ganhou novos contornos nas
mãos de Cláudia Garrido. Juntamente
com os “gigantes” do boxe dos anos
70, a criadora constrói a coleção para
o outono-inverno 2013/2014.
As melhores críticas a esta coleção
vieram da Alemanha, da Tailândia e do
Japão», revela.
A moda de homem continua, por isso,
a ser a grande aposta da criadora,
apesar de já ter feito moda de senhora.
«Os gigantes do boxe dos anos 70
estão representados nas ilustrações,
desenvolvidas em parceria com
Carolina Brito e nos pormenores das
peças que eram caraterísticos do
desporto», explica Cláudia Garrido,
que usou várias técnicas em malhas
tricotadas, desde jaquards all over a
estamparia digital.
«Quis criar os momentos da história
com o uso das malhas e também
inovar», explica a criadora, que
prossegue, em paralelo, o seu trabalho
na criação de mantas na empresa A.
Ferreira & Filhos, que «é uma maisvalia.
ISSUE #6 | SET 2013
Ao fim de um ano de estar na empresa,
convinha que houvesse evolução».
Cláudia Garrido recuperou ainda
alguns materiais para esta coleção.
«Enquanto designer com intenção
«Já fiz mulher, mas as reações que
tive é que os coordenados de mulher
estavam bem, mas que as criações
de homem tinham muito potencial.
Também a nível de criatividade, a
moda de homem atrai-me mais, há
uma preocupação sobre o que pode
ser vestível e o que é demasiado
conceptual», resume.
41
QUANDO A MODA
IMITA A ARTE
PORTUGAL FASHION MAG
Os crânios da McQueen ganham
borboletas de Damien Hirst, numa
coleção única que comemora 10 anos
dos icónicos lenços desenhados pelo
criador Alexander McQueen.
Os lenços, que deverão chegar às
lojas e ao site de comércio eletrónico
da marca em meados de novembro,
estão disponíveis em vários materiais,
incluindo chiffon e caxemira.
A marca de luxo uniu-se ao artista
plástico para criar uma edição limitada
de 30 lenços comemorativos do 10.º
aniversário da peça de autor.
O lenço com caveiras tornou-se uma
peça icónica da McQueen desde que
foi mostrado pelo fundador da marca,
Alexander McQueen, como parte
da coleção primavera-verão 2003.
Disponível em diferentes cores, o
design tornou-se ainda mais popular
quando McQueen morreu em 2010.
Os desenhos foram beber inspiração
às séries “Entomology” do artista
britânico: borboletas, aranhas e
outros insetos foram incorporados
em cada lenço para formarem formas
geométricas caleidoscópicas, criando
a caveira que é o padrão-assinatura
da McQueen.
ISSUE #6 | SET 2013
Damien Hirst também é conhecido
por usar caveiras no seu trabalho.
Em 2007 produziu “For the Love of
God”, um molde em platina de um
crânio humano incrustado com 8.601
diamantes que, alegadamente, terá
sido vendido por 50 milhões de libras
a um comprador privado.
Hirst também já trabalhou antes com
a moda, emprestando o ano passado
os seus designs à marca de luxo The
Row para uma coleção de mochilas de
crocodilo e em 2008 desenhou uma
linha para a marca de denim Levi’s.
Damien Hirst segue assim os passos
de outros jovens artistas britânicos
integrados no movimento “Young
British Artists” promovido por Charles
Saatchi, como Jake e Dinos Chapman,
que recentemente colaboraram com
a Louis Vuitton numa coleção de
acessórios de homem.
43
SUCESSO
ONLINE
PORTUGAL FASHION MAG
Anabela Baldaque tem levado a
elegância e feminilidade das suas
criações aos quatro cantos do mundo
graças às vendas online.
de xadrez e lantejoulas, assim como
apontamentos de vermelho. Nas
matérias-primas,
lãs,
caxemiras,
musselinas e tecidos adamascados
prometem manter o frio longe. No
entanto, realça, «é uma coleção que
até está mais acessível do que o meu
normal», algo que aconteceu «por
intuição mas que também vem de
acordo com a conjuntura atual».
Depois de muitos pedidos, Anabela
Baldaque cedeu e está agora a vender
online – e com sucesso – um pouco por
todo o mundo. «É uma aposta recente.
Comecei a ser muito assediada por
pessoas não só portuguesas mas
também brasileiras, que queriam as
peças e começou a haver pedidos
quase diários. Decidi então fazer uma
coisa a sério e sem dúvida que está a
correr bem», revela.
A loja online tornou-se, assim, uma
extensão da loja própria da criadora,
no Porto, e do ponto de venda que
tem em Braga, para as fãs do seu
estilo inconfundível. «Apesar das
peças serem algo rebuscadas, têm
sempre alguma paz e conseguem
fazer com que a personalidade de
quem as compra venha ao de cima»,
afirma. «Acho isso muito cativante
para quem compra Anabela Baldaque
– é uma das mais-valias que eu tenho.
ISSUE #6 | SET 2013
Uma coleção que promete contribuir
para mais um ano de crescimento da
marca epónima. «2012 foi um ano
complicado, sem dúvida. Em 2013
estamos no bom caminho e bastante
contentes», conclui.
Daí a mulher que me compra tem uma
personalidade forte, sabe o que quer
e altera a peça», sublinha.
Para o outono-inverno que se
aproxima, as clientes podem encontrar
coordenados inspirados nos anos
50, 60 e 70, repletas de fantasias
45
HUGO
BOSS
NOS
CLÉRIGOS
PORTUGAL FASHION MAG
A marca alemã, conhecida pelos seus
fatos irrepreensíveis, abriu uma nova
loja no Passeio dos Clérigos, no Porto.
Segundo Tiago Baptista, diretor-geral
para a Península Ibérica da Hugo Boss,
«a escolha do local da Hugo Store
alinha o posicionamento da marca com
o seu carácter moderno, avant garde
e trendy, estando assim equiparada
com a nova imagem do Passeio dos
Clérigos».
O Passeio dos Clérigos, um projeto
do arquiteto Pedro Balonas, resulta
da total reconversão da antiga Praça
de Lisboa, perto da Torre dos Clérigos
e da Livraria Lello. O espaço conta
já com a presença de marcas como
Diesel, Liu Jo, Max&co, RCC Camisas e
Paez e brevemente serão inauguradas
também lojas das marcas Hoss e Fly
London.
ISSUE #6 | SET 2013
«O principal objetivo de comercialização
do projeto era atrair um conjunto de
retalhistas trendy de gama média-alta
que fizesse do Passeio dos Clérigos um
polo de interesse comercial. A abertura
da Hugo, insígnia da Hugo Boss que
se define pelo design contemporâneo
e purista, cortes ousados e detalhes
criativos, confirma esta estratégia e
reforça a oferta de qualidade na zona»,
considera a Urbaclérigos, promotora
do projeto.
Para Isabella Jurado-Blanco, associate
do departamento de retalho, «a C&W
já colabora com esta conceituada
marca internacional de luxo de
origem alemã há mais de 20 anos,
altura em que negociámos a flagship
store na Av. da Liberdade, seguida
pelo Quinta Shopping, na Quinta do
Lago, no Algarve, e agora no Passeio
dos Clérigos. É sempre um prazer
trabalhar com empresas com este
nível de visibilidade e profissionalismo
e esperamos manter a excelente
relação que temos com a marca e a
sua dinâmica de expansão».
47
DE PEDRA E CAL
NA MODA
PORTUGAL FASHION MAG
do atelier», refere o criador, que confia
no futuro de Carla Pontes. «Acho que
ela vai continuar certamente no bom
caminho e vai marcar a diferença.
Aliás, se calhar já está um bocadinho
à frente até de alguns colegas meus»,
considera.
Carla Pontes continua a beber
inspiração na pedra para criar as novas
propostas da próxima estação fria, já
elogiadas por Nuno Baltazar.
As rochas quebradas, polidas ou
lascadas ganham vida na nova coleção
de Carla Pontes, com coordenados
texturados, com volumes pregueados,
mas mantendo o toque quente e
macio que o inverno exige.
«Esta coleção continua a ter uma
certa ideia de polimento [tal como
na coleção primavera-verão 2013]
mas há um foco no próprio bloco, na
pedra em si, daí ir buscar texturas de
quando a pedra está lascada e quando
é partida de forma mais bruta, com
texturas mais agressivas e, ao mesmo
tempo, as faces laminadas, em que
vemos os veios de sedimentação»,
refere a jovem criadora. Lãs tricotadas,
jacquard de algodão, sarjas e diferentes
malhas constroem as peças, pintadas
de tons de azul de sodalita e basalto,
assim como amarelo pirita sem brilho.
Embora considere estar «numa fase
ISSUE #6 | SET 2013
Elogios que Carla Pontes – cujas peças
estão à venda no Porto, em Viseu,
em Santa Maria da Feira, em Lisboa
e também online – agradece. «É bom
sentir que estou a evoluir de coleção
para coleção», conclui.
muito inicial e de experimentação»,
Carla Pontes tem vindo a ganhar o
respeito da imprensa e de designers
reputados, como Nuno Baltazar, com
quem está a trabalhar.
«Acho que ela evoluiu imenso do
verão para esta estação. Noto cada
vez mais rigor e isso é das coisas que
mais me orgulha, porque puxo muito
por ela no nosso trabalho do dia a dia
49
LUXO VAI ÀS
COMPRAS
PORTUGAL FASHION MAG
As grandes marcas de luxo estão a
assegurar o fornecimento de matériasprimas para os seus produtos, com a
aquisição de empresas especialistas.
Das quintas de crocodilos aos campos
de rosas, os fornecedores de matériasprimas de luxo tornaram-se alvos de
aquisição para nomes como o LVMH
ou o Kering (que detém a Gucci), numa
altura em que procuram assegurar os
ofícios e os ingredientes essenciais à
sobrevivência das suas marcas.
«Estamos prontos a fazer os
investimentos necessários quando
o know-how ou as matérias-primas
associadas com a qualidade dos nossos
produtos estão ameaçados», afirmou,
à Reuters, Guillaume de Seynes,
diretor de produção e investimentos
na Hermès.
Ilustrando esta forma de pensar, o
LVMH pagou 2 mil milhões de euros
por 80% da italiana Loro Piana, uma
das principais produtoras de caxemira
do mundo, que cria as suas próprias
ISSUE #6 | SET 2013
vicunhas. Os analistas antecipam que,
com o tempo, a Loro Piana se focará
somente em fornecer as marcas do
grupo, como a Fendi e a Celine. Com
um sobretudo da Loro Piana a exigir
o pelo de 25 a 30 animais e a ter um
preço de cerca de 14 mil euros no
retalho em Milão, este é um recurso
precioso.
A maior parte dos investimentos na
cadeia de aprovisionamento rondam,
em média, 20 a 50 milhões de euros.
Em 2011, o LVMH gastou 60 milhões
de euros para comprar a fornecedora
de peças de relógio ArteCad e mais
47 milhões de euros por 51% da Heng
Long, uma empresa especialista no
tratamento de peles de crocodilo.
Já no mundo da cosmética, a
Dior, a Chanel e a Hermès têm
forjado parcerias exclusivas com
produtores de plantas para garantir
o aprovisionamento de matériasprimas. «A nossa preocupação é
assegurar a continuidade da qualidade
dos produtos que usamos e sermos
capazes de os rastrear», afirmou
Edouard Mauvais-Jarvis, diretor de
comunicações científicas na Parfums
Christian Dior.
A tendência de assegurar matériasprimas também se estende ao
vestuário: a Chanel comprou a
produtora escocesa de caxemira
Barrie Knitwear no ano passado e
também detém a empresa especialista
em bordados Lesage e a especialista
em penas Lemarié. A Christian Dior
comprou a especialista em bordados
Vermont também no ano passado.
Já a produtora de carteiras Hermès
comprou a quinta de crocodilos
Johnstone River na Austrália no início
deste ano, para complementar a
compra em 2012 da empresa francesa
de curtumes Roux, enquanto o LVMH
detém uma quinta de aligátores e duas
quintas de crocodilo na Austrália.
51
O RENASCIMENTO DA CHEYENNE
PORTUGAL FASHION MAG
Com três lojas próprias em Portugal,
315 pontos de venda multimarca e
um site de venda online, a Cheyenne
está igualmente a expandir-se lá fora
e esta nova coleção deverá também,
em breve, chegar a Angola, mais
precisamente Luanda, onde a marca
abriu a sua primeira loja própria em
março passado. Um primeiro passo
na expansão neste país, já que «estão
previstas mais aberturas de lojas
próprias num futuro próximo».
A marca de jeanswear está de volta
em força ao mercado, com propostas
jovens e irreverentes que já chegaram
a Angola.
Assumindo-se como “jeansmaker
desde 1990”, a Cheyenne – relançada
no ano passado pela empresa Iodo
Jeans – está de volta ao mercado com
um conceito total look.
Foi assim que a marca se apresentou
na última edição do Portugal Fashion,
no seu primeiro desfile desde o
relançamento. Dividida nas linhas
“Urban” e “Landscape”, a coleção para o
outono-inverno 2013/2014 é urbana,
jovem e casual, com xadrezes clássicos
a invadirem calças, saias e calções,
misturas de matérias-primas como
plásticos, peles e pelos, assim como
denim com lavagens de inspiração
vintage e looks mais notívagos, com
brilhos, tachas e lantejoulas.
Nas cores, a paleta divide-se entre
os tons suaves de rosa, coral e bege
e os mais outonais preto, castanho,
azul e beringela, a que se somam
ISSUE #6 | SET 2013
apontamentos de vermelho, violeta
vivo, verde mineral, amarelo girassol e
dourado.
Apesar de direcionada para jovens
adultos, a marca tem vindo a descobrir
novos segmentos de consumidores.
«Como o boom da Cheyenne foi há 10
anos atrás, temos o segmento dos 30
aos 45 anos, constituído por pessoas
que eram consumidoras acérrimas da
Cheyenne», explica Teresa Marques
Pereira, diretora de marketing da
marca.
53
COLLOVE
AQUECE INVERNO
PORTUGAL FASHION MAG
A pensar nas temperaturas do próximo
inverno, a Collove lançou uma coleção
que promete manter as mulheres
quentes sem perder o estilo.
padrões, opacos e transparentes. O
mesmo acontece com as leggings,
que prometem manter-se como um
dos produtos-chave da estação fria.
Conforto, beleza e originalidade são
os valores pelos quais se rege a nova
coleção da marca portuguesa Collove,
onde não falta também sofisticação
e um design exclusivo. «A coleção
outono-inverno da Collove continua
a vestir a mulher elegante, feminina
e multifacetada que aprecia roupa
interior confortável sem abdicar de
uma imagem sensual», destaca a marca
em comunicado.
Nos
certames
profissionais
internacionais, onde a marca tem
estado presente, «temos registado
uma grande procura de artigos
seamless e um particular interesse
pela linha shapewear. Nos collants, a
atenção dos visitantes esteve dividida
entre os opacos e as fantasias. Nota-se
uma maior apetência por artigos com
brilho, nomeadamente lurex, e com cor
– já há uma forte procura por collants
azuis e vermelhos, por exemplo, para
além dos incontornáveis pretos»,
resume Sandra Morais, administradora
da Custoitex, a empresa familiar que
produz e distribui a Collove.
Bordeaux, verde e azul fazem parte
das cores que irão marcar a próxima
estação fria, ao mesmo tempo que a
gama de produtos é também alargada.
«Para o tempo frio, a Collove continua
a apostar na microfibra para melhor
assegurar o conforto da mulher em
todas as situações e multiplica a
variedade de peças – collants, meias,
bodies, t-shirts, soutien e diferentes
ISSUE #6 | SET 2013
modelos de cuecas, em tons sóbrios e
quentes, com um desenho único que
marca a diferença no mercado», revela
a Collove.
Os collants, por seu lado, acompanham
as tendências de moda internacionais,
assumindo uma grande variedade de
Atualmente, a marca está presente
não só em Portugal mas também nos
mercados norte-americano e europeu.
55
DE VOLTA ÀS
ORIGENS
PORTUGAL FASHION MAG
complexidade, remontando às origens
da TM Collection, em que cada peça
era um elemento singular de um
universo rico em cores, texturas e
padrões».
A coleção para o outono-inverno da
TM Collection regressa às origens e
ao ADN da marca criada por Teresa
Martins.
“Origens” reúne um conjunto de
propostas que, segundo a criadora,
«refletem muito e têm muito das
origens da TM Collection». Os têxteis
têm, desde sempre, o papel principal
no universo criativo de Teresa Martins,
com tecidos em fibras naturais –
algodão, seda, lãs e linhos – feitos
à mão, recorrendo frequentemente
a pequenas comunidades na Índia
para conseguir artigos únicos que
transforma em peças de vestuário
únicas.
Uma característica muito presente
nesta nova coleção, agora a chegar às
lojas, que a pensar nas temperaturas
mais frias sugere «peças bastante
elaboradas, ao nível de tecidos, dos
bordados e dos estampados», destaca.
As sobreposições fazem igualmente
parte dos coordenados para a próxima
estação, em combinação com «as
ISSUE #6 | SET 2013
A criadora destaca ainda «um grande
trabalho também ao nível dos
acessórios», com chapéus e acessórios
de cabelo muito trabalhados em
termos de estampados e padrões,
mochilas, malas e sacos, repletos de
elementos têxteis que se conjugam
na perfeição com cada coordenado.
formas simples e soltas» das peças,
sempre com um colorido próprio,
dominado pelo carvão, ocre, azul,
preto, nude e denim, que cria uma
«coleção versátil e intemporal».
No fundo, resume Teresa Martins, «é
uma coleção híbrida, onde elementos
de construção simples e gráfica,
se articulam com outros de maior
57
MET EXIBE TÊXTEIS
PORTUGUESES
PORTUGAL FASHION MAG
Além das terras longínquas e das
especiarias, as Descobertas Portuguesas
encontraram também um mundo de
técnicas têxteis, agora em exposição no
MET.
os navios europeus iam para o Extremo
Oriente, regressavam cheios de tecidos.
Os têxteis eram realmente uma grande
parte do que estava a ser transportado à
volta do mundo», acrescenta.
A exposição “Interwoven Globe: The
Worldwide Textile Trade, 1500-1800”
apresenta 134 trabalhos, incluindo
tapeçarias, colchas de cama, vestuário
eclesiástico, peças de mobiliário,
figurinos, pinturas e desenhos.
Dividida em nove galerias, algumas
organizadas por geografia e outras por
tema, a exposição abre com a expansão
marítima portuguesa e o novo comércio
têxtil que o país desenvolveu com a China
e a Índia. Os comerciantes portugueses
da altura reconheceram, segundo a
curadora da exposição, as capacidades
superiores dos produtores têxteis desses
países, tendo introduzido os grafismos
ocidentais para criar produtos atrativos
para os gostos europeus, com alguns
desses exemplares agora em exposição.
As obras representam pássaros, animais,
flores e cenas da vida quotidiana. Dois
trabalhos têxteis em exposição também
retratam a violência e a morte. Uma
peça bordada a azul proveniente da
Índia para o mercado português mostra
pessoas a serem decapitadas e uma
colcha, provavelmente fabricada em
Inglaterra por volta de 1785-1790, retrata
o assassinato do explorador britânico
James Cook por habitantes do que são
agora as ilhas do Havai.
ISSUE #6 | SET 2013
«A exposição destaca uma importante
história do design que nunca foi contada a
partir de uma perspetiva verdadeiramente
global», realça Amelia Peck, curadora
de artes decorativas americanas no The
Metropolitan Museum of Art. «Quando
A mostra, que inclui ainda têxteis da
China, Índia, Peru, México, Irão, Turquia,
Espanha, França e Grã-Bretanha, estará
patente até ao dia 5 de janeiro.
59
ART BELÉM
NO CCB
PORTUGAL FASHION MAG
O CCB – Fundação Centro Cultural
de Belém acolhe a partir de 22
de setembro a exposição de arte
contemporânea Art Belém 2013.
A mostra reúne mais de duas dezenas
de artistas de renome mundial em
áreas como a fotografia, pintura e
escultura. A inauguração terá lugar
no próximo dia 22 de setembro, às
17h30.
A Art Belém 2013 é uma iniciativa da
USIA – United State of International
Artists, cujo objetivo é apresentar
projetos de artistas talentosos e
visionários do século XXI
A exposição conta com a presença
de obras de Tran Trong Vu, Cristina
Rodriguez, Antonius Kho, Hikaru
ISSUE #6 | SET 2013
Hirata, Diana Mendieta, Emma
Tingard, Katerina Bodrunova, Dora
Bratelj, R. Vieira, Cesare Oliva, Walter
Koch, Anna Myagkikh, Poulheria
Papahristou, Ikuyo Fujita, Francisco
Lacerda, Jesus Botaro, Isabel Pinheiro,
Bruno Falcão, Kanwal Zafar, Sito
Schwarzenberger, Roula Chreim,
Ana Simões, Kart Hammer, Waleed
Mahmoud, Uma Aslam e Anastasia
Pilshchykova.
Muitos destes artistas já viram o seu
trabalho reconhecido por galerias de
arte reconhecidas internacionalmente
e têm obras expostas nos mais
importantes museus mundiais (como
o Museu de Arte Moderna de Paris
e o Museu de Arte Moderna de
Singapura).
61
UMA SINFONIA
PERFEITA
PORTUGAL FASHION MAG
em tecidos 100% algodão, PVC e outros
materiais tecnológicos. «Baseia-se em
conceitos como a multiplicidade de
“sujeitos”, o sentimento de pertença, a
ideia de uniformidade, de anonimato,
de original e de cópia», explica o
jovem criador, que recriou o préconceito de uniforme. «A presença
em Viena foi bastante importante, é o
começo de uma internacionalização»,
considera Estelita Mendonça. «Foi
bastante gratificante e acho que Viena
acolheu muito bem o nosso trabalho»,
acrescenta.
Na capital da música clássica, o trio
português na Semana de Moda de
Viena deu um notável “concerto” de
moda.
Integrados numa iniciativa do Portugal
Fashion, Daniela Barros, Estelita
Mendonça e a Meam by Ricardo
Preto foram os representantes
nacionais na passerelle austríaca e
não desapontaram.
Daniela Barros, um dos jovens talentos
já confirmados, cujas criações são
procuradas do Canadá ao Japão,
mostrou Atha, uma coleção «inspirada
em egos, no subconsciente, no que
realmente somos sem qualquer
tipo de barreira ou filtro», explica a
criadora. «Também tem uma parte mais
geométrica, inspirada no tectatris,
que evoca um lado mais geométrico
e rígido», acrescenta. Tecidos fluidos,
materiais mais rígidos e tricotados
marcaram as formas, pintadas pelo
preto e branco habitual, mas também
pelo cinza-gelo, que se refletiu em
estampados que tornaram a coleção
ISSUE #6 | SET 2013
mais leve. «Foi uma experiência ótima»,
afirma Daniela Barros.
Estelita
Mendonça,
o
outro
jovem talento, também parece ter
conquistado os austríacos com a
coleção “Identidade”, repleta de
propostas para homem concretizadas
A Meam by Ricardo Preto, por seu
lado, levou silhuetas em A e cortes
geométricos, com coordenados criados
tendo por base o conceito “Between”,
a procura do equilíbrio estético
entre o passado e o futuro. «Fomos
contactados pela imprensa local e
nacional e, no sentido promocional, foi
um sucesso», considera Ricardo Preto.
Além disso, «propor uma coleção num
país novo traz sempre perspetivas de
novas influências, quer estéticas, quer
de mercado», conclui o criador.
63
PONTAPÉ DE SAÍDA
EM NOVA IORQUE
PORTUGAL FASHION MAG
A Semana de Moda de Nova Iorque
abriu, a 5 de setembro, a valsa dos
desfiles de moda feminina para a
primavera-verão 2014. A cidade que
nunca dorme celebrou as propostas
de 90 criadores no calendário
oficial, e outras largas dezenas em
paralelo, atraindo assim cerca de
100 mil visitantes, entre os quais
3 mil compradores profissionais e
jornalistas, que desembolsaram nada
menos do que 600 milhões de euros
em oito dias de desfiles. O que fez
pairar um clima de otimismo e uma
vontade de acreditar na retoma da
economia americana, como sublinhou
Tommy Hilfiger, no final do seu desfile,
rodeado de belas jovens em minissaia
e t-shirts aciduladas.
Uma euforia partilhada pela estreante
marca espanhola Desigual, cujas
manequins em mini-saias de cores
vivas não pararam de enviar beijos
à plateia. Oura estreia na Big Apple
foi a da portuguesa Katty Xiomara,
que retomou a temática dos azulejos
portugueses «com uma forte inspiração
ISSUE #6 | SET 2013
Bauhaus», tanto nas formas como nas
cores revelou a criadora.
A silhueta pós-crise é, sobretudo
feminina, desportiva, moderna e…
branca. De Takkon a Helmut Lang,
muitos foram os que abriram a
passerelle imbuídos deste espírito
alvo e puro. Novamente a minissaia,
não só branca mas também rosa ou
azul-clara, foi rainha da passerelle na
Lacoste.
O diretor criativo, Felipe Oliveira
Baptista, revelou ter-se inspirado do
«princípio da marca, do aspeto técnico
de tênis, as suas linhas muito precisas,
muito claras», mas «estava também
obcecado com a ideia de leveza, não
só nos tecidos, mas também no estado
de espírito. Para criar algo muito
desejável, muito sensual».
O vestido, peça-chave das estações
precedentes, perde o monopólio para
a saia, tanto em versão curta como
longa (Proenza Schouler, Michael
Kors, Carolina Herrera).
Os materiais técnicos vão de vento
em popa, nomeadamente na Y3 e
Alexander Wang, que escreveu a laser
surpreendentes hieróglifos sobre
as suas manequins: “Wang, Wang,
Wang,…”.
«Trabalhei a ideia de jogar com a
dualidade de algo masculino e contido,
e ao mesmo tempo gráfico, sedutora
e perverso», explicou Wang, que
sublimou as mulheres «poderosas,
naturais e verdadeiras».
Em suma, a passerelle nova-iorquina
exultou uma mulher múltipla e
mutável, que é alternadamente uma
linda pajem da Idade Média (Marc
Jacobs), beldade do Renascimento,
adolescente britânica dos anos 60
(Ralph Lauren) ou voluptuosa Marylin
Monroe retratada por Stern em 1962
(Prabal Gurung). «É um hino a todas
as mulheres em geral», à sua força
interior, afirmou Gurung, que procurou
«preservar uma mulher elegante que
é cada vez mais rara».
65
O REI E O
PRINCIPEZINHO
PORTUGAL FASHION MAG
Na Embaixada de Portugal em Londres,
Luís Buchinho e João Melo Costa
provaram que o talento da moda
portuguesa atravessa gerações.
No edifício emblemático da Belgrave
Square, Luís Buchinho prolongou o
verão com a sua coleção Resort para
2014, com propostas coloridas e um
«espírito livre». Elementos gráficos,
como blocos de cor e estampados,
ganharam vida em tons de verde,
preto, branco e cinza-gelo, presentes
em vestidos de dia, tank tops e vestidos
de cocktail.
uma narrativa visual sobre alguém que
em tempos esteve perdido», explica.
Diferentes materiais e texturas,
incluindo linho enrugado, sarja de
algodão, organza estampada, malha
canelada e denim com aplicações,
compõem uma «festa de boas-vindas
e de condecoração», com cores
fortes, como o vermelho e o laranja,
e estampados inspirados no fogo de
artifício. «Nos últimos coordenados é
criado um espaço para refletir sobre o
passado e novas possibilidades para o
futuro», afirma o jovem criador de 23
anos.
O futuro, pelo menos o de João Melo
Costa, parece risonho, a julgar pela
reação a este primeiro desfile em
Londres.
«A coleção foi muito bem recebida,
com bloggers e imprensa internacional
a comentarem de forma entusiasta
o desfile, possibilitando-me alguns
contactos interessantes pós-desfile»,
revela. «São portas novas que se abrem.
Acima de tudo penso que a exigência
do mercado internacional fará evoluir
ainda mais o meu trabalho e reforçar
a estética da marca», conclui.
Uma coleção «versátil e pragmática,
ideal para a vida na cidade», considera
o criador, que afirma ter tido boas
críticas. «O feedback foi excelente»,
refere Luís Buchinho. «Londres é uma
cidade que tem um burburinho forte
em torno da moda e, como tal, é um
mercado com muita recetividade a
marcas novas», acrescenta.
Já João Melo Costa levou “Welcome
Back”, uma coleção que «apresenta
ISSUE #6 | SET 2013
67
SONHOS DE UMA
MODA DE VERÃO
PORTUGAL FASHION MAG
Uma brisa fresca e alegre soprou sobre
a Semana da Moda de Londres, de 13
a 17 de setembro. Durante cinco dias,
os 58 desfiles do calendário oficial
para a primavera-verão 2014 atraíram
5 mil visitantes e geraram 120 milhões
de euros de encomendas. Sob a batuta
da nova maestrina, Nathalie Massanet
(fundadora da Net-à-Porter), esta
31ª edição seguiu à letra o mote
“Dress-up London”, renovando-se
em criatividade com jovens talentos
como Simone Rocha, Jonathan
Sauders ou Christopher Kane, mas
também com grandes nomes da moda
britânica como Burberry, Paul Smith
ou Vivienne Westwood (Red Label)
e ainda estreantes, nomeadamente o
lendário Manolo Blahnik com os seus
icónicos sapatos ou ainda a ilustre casa
Smythson, especializada em couro.
Original e elegante, a moda da
próxima estação quente proposta
por todos estes criadores e marcas
aliou transparências, superposições,
bordados, rendas e tons pastéis. A
protagonista da estação é a flor, seja
ISSUE #6 | SET 2013
ela bordada em relevo sobre vestidos
caleidoscópios (Mary Katrantzou),
estampada em versão “kitch” (Henry
Holland) ou até transparente e
abraçada por libélulas amarelas
fluorescentes (Matthew Wiliamson).
No programa complementar à LFW
mas com igual criatividade e elegância,
brilharam na passerelle londrina
as coleções do consagrado Luís
Buchinho e do emergente João Melo
Costa, numa operação de charme do
Portugal Fashion aos “fashion addicts”
britânicos. O primeiro apostou, na sua
linha Resort 2014, em coordenados
citadinos com linhas assimétricas que
recriam silhuetas esculturais, enquanto
o segundo apresentou «uma narrativa
visual sobre alguém que em tempos
esteve perdido», como explicou o
jovem criador, explorando «diferentes
materiais e texturas, desde o linho
enrugado e sarja de algodão passando
por materiais mais tecnológicos e
a organza estampada até à malha
canelada e ao denim com aplicações».
69
RETROSPETIVA DE
ALAÏA EM PARIS
PORTUGAL FASHION MAG
Quando o Palais Galliera abrir as
suas portas a 28, em plena semana
dos desfiles de “pret à porter”, serão
duas descobertas numa só para os
visitantes. Fechado para obras, o
renovado museu da moda de Paris,
que por si já vale a visita, acolhe a
primeira retrospetiva francesa de um
nome emblemático da moda: Azzedine
Alaïa.
Com a curadoria de Olivier Saillard,
diretor do Palais Galliera, e num cenário
criado pelo designer Martin Szekely,
a exposição Alaïa retraça o percurso
do criador de moda através de uma
seleção de 72 peças icónicas. Uma
coleção exibida nas novas galerias
do Palais Galliera, assim como na sala
Matisse do Musée de Art Moderne de
Paris.
«Alaïa é um estilista mas também
um escultor», afirmou Olivier Saillard
à EFE. «É intemporal», sublinhou o
diretor do Palais Galliera, que revelou
ainda que o criador de moda queria
que esta retrospetiva «misturasse
todo o tipo de vestidos», pelo que a
ISSUE #6 | SET 2013
exposição inclui coordenados que
espelham toda a sua carreira.
Nascido em Túnis e chegado a Paris
nos anos 1950, Azzedine Alaïa lançou
a sua primeira coleção de marca em
1979, encorajado pelo amigo Thierry
Mugler. O domínio da peça de vestuário
e a reinvenção da silhueta feminina,
influenciados pelos seus estudos de
escultura na capital tunisina, logo
seduziram clientes tão prestigiantes
como Arletty e Greta Garbo.
No Palais Galliera podem ser
apreciadas, até 26 de janeiro de
2014, célebres criações de Alaïa,
como por exemplo o modelo de altacostura de 2003 que incorpora sete
metros de fecho metálico ou ainda
trabalhos do designer tunisino para
o cabaret parisiense Crazy Horse. As
experiências de Alaïa como diferentes
materiais, desde a malha ao couro,
constituem as melhores decorações
para esta reabertura ao público do
museu parisiense.
carreira deAlaïa é objeto de retrospetiva.
Em 1996, o Palazzo Corsini, em Itália,
e o Groninger Museum, na Holanda,
mostraram os seus modelos lado a
lado com obras de Pablo Picasso,
Jean-Michel Basquiat e Anselm Kiefer.
Em 2000, o Guggenheim do Soho, em
Nova Iorque, reuniu as criações de
Alaïa com as obras de Andy Warhol,
quem justamente teve a sua primeira
exposição em Paris nas salas do Palais
Galliera por onde agora vão desfilar,
ainda que estaticamente, os modelos
do designer tunisino.
Não é, contudo, a primeira vez que a
71
VIAGEM AO
MUNDO
PORTUGAL FASHION MAG
Na capital francesa, Felipe Oliveira
Baptista apresentou “The Sheltering
Sky”, uma viagem onde o vestuário
militar ganha contornos femininos e
sensuais.
Uma viagem imaginária através dos
tempos, dos continentes, da música
e da literatura inspirou Felipe Oliveira
Baptista a criar um guarda-roupa
funcional, ao mesmo tempo feminino,
apresentado ontem na Semana de
Prêt-à-Porter, em Paris.
Vestidos e coordenados de calçacasaco monocromáticos, em cinza,
caqui, menta e azuis, encheram-se
de bolsos e cintos, criando diferentes
volumes, e percorreram a passerelle
do Mezzanine Halle Freyssinet, nesta
«viagem um bocado imaginária»,
segundo o criador, que mantém a
referência do rigor do guarda-roupa
militar «mas com um lado mais soft,
talvez mais sensual», explica.
O algodão é a base da coleção, por
vezes misturado com seda – como nos
ISSUE #6 | SET 2013
casacos iniciais –, e os jacquards são
realizados em algodão, seda e lurex.
«Queria que fosse muito natural»,
refere.
para as pessoas, porque isso também
é importante hoje em dia», resume.
Um a prova de que as dicotomias
continuam bem presentes no trabalho
do criador. «Acho que é interessante
fazer dialogar coisas que são opostas»,
afirma Felipe Oliveira Baptista, que
considera ainda que esta coleção
revela uma certa evolução no seu
percurso.
«Talvez seja o colocar menos ideias no
look e fazer estéticas mais confiantes.
Se calhar é uma reação natural que
tenho a uma overdose de informação»,
sustenta. «É algo que procuro para
mim, algo que seja mais simples, mais
essencial, mas que ao mesmo tempo
seja rico e novo», sublinha.
Uma procura por um equilíbrio que
conjugue design e vestibilidade. «O
que me tem interessado cada vez
mais é este equilíbrio entre novas
ideias e que as roupas sejam atrativas
73
PASSADO E FUTURO
EM MILÃO
PORTUGAL FASHION MAG
apresentou um número recorde de
novos nomes, como Tod’s (Alessandra
Fachinetti), Agnona (Stefano Pilati) e
a muito esperada Costume National,
após 22 anos na passerelle parisiense,
que regressou com uma coleção
arquitetural, a preto e branco. Entre
os criadores emergentes destacou-se
Uma Wang, que propôs modelos de
volumes amplos em tecidos leves, que
amassados e enrugados conferiam
uma certa fragilidade. A desfilar fora
do calendário oficial continua a dupla
Dolce & Gabbana, que conquistou a
passerelle com um exército de deusas
gregas envergando minivestidos de
ouro.
Materiais fluidos e tonalidades alegres
invadiram a passerelle milanesa de
18 a 23 setembro para anunciar a
moda para a primavera-verão 2014.
Segundo os criadores que desfilaram
na Semana da Moda de Milão, a
vida pinta-se, definitivamente, de
cor-de-rosa. As marcas de moda
jovem deram o tom: a DSquared2
privilegiou os mini-vestidos anos 50, a
BluGirl surpreendeu com fatos-calça
decorados com grandes rosas e a
Just Cavalli apostou em combinações
de patchworks coloridos. «Estes
estampados servem também para
fazer esquecer as muitas preocupações
que nos assediam e aos jovens em
particular», afirmou Roberto Cavalli.
Nem Miuccia Prada escapou à vaga
em voga, utilizando os trabalhos de
seis artistas graffiti e ilustradores
para desenvolver uma coleção em que
a cor e os estampados fusionam-se
com grandes bordados brilhantes que
redesenham uma silhueta depurada.
«A intenção foi exaltar a força das
mulheres. Elas são umas lutadoras.
Gostamos de fazer medo aos homens»,
ISSUE #6 | SET 2013
explicou Miuccia. Também cultivando
uma vertente “intelectual”, a Gucci
inspirou-se nas pinturas de Ertè para
criar um coleção pautada por grandes
estampados geométricos e misturas
de losangos e de linhas arredondadas.
Com um calendário oficial de 74
desfiles, sete dos quais com aposta
dupla (Gucci, Armani, Versace,..), Milão
A moda italiana mostrou-se, em
suma, mais forte do que nunca.
«Acho que Milão estava a sentir-se
um pouco “espremida” entre Nova
Iorque, Londres e Paris. Há um forte
sentimento de união entre todos para
apoiar a moda de Milão e penso que
isso realmente refletiu da passerelle»,
reconheceu a todo-poderosa diretora
da Vogue norte-americana, Anna
Wintour.
75
UMA NOVA PÁGINA
EM PARIS
PORTUGAL FASHION MAG
Apesar de intitulada de “Página em
Branco”, a nova coleção de Luís
Buchinho escreveu mais um capítulo
de sucesso na Cidade-Luz.
Num espaço onde as artes e a ciência
se misturam, Luís Buchinho fez no
Le Laboratoire mais do que uma
experiência, uma prova do seu sucesso
na Semana de Moda de Paris.
«É um trabalho que temos vindo a
desenvolver ao longo das estações
e que agora tem vindo a refletir-se
nas vendas comerciais», revela Luís
Buchinho, que desde 2009 desfila
na Cidade-Luz as suas coleções,
com o apoio do Portugal Fashion.
«Conseguimos chegar a clientes
interessantes devido à posição que
fomos conquistando em Paris», aponta.
ISSUE #6 | SET 2013
Na passerelle, vestidos fluídos
e casacos e calças estruturados
conjugaram-se em looks sofisticados e
elegantes, numa paleta predominada
pelo branco papel, o preto, o cinzagrafite e o azul-tinta.
Uma escolha cromática diretamente
vinda dos cenários dos sketch books
que servem de base a esta coleção
para a primavera-verão 2014. «O
conceito vem dos desenhos e esboços
de pesquisa que faço sempre em
folha branca, quer seja com grafite,
com caneta ou tinta-da-china azul»,
justifica o criador.
Os próprios materiais seguem esta
premissa. «São todos muito naturais,
em algodão, seda e linho, com vários
géneros de cortes, uns mais fluídos,
77
PORTUGAL FASHION MAG
outros mais estruturados e sempre
com um ar muito puro e muito neutro»,
acrescenta.
O objetivo é «retratar a inconstante
busca das silhuetas perfeitas, atrás de
um sem número de esboços, croquis e
apontamentos», explica. «A página em
branco será sempre o início de algo
novo e a página preenchida também»,
conclui.
ISSUE #6 | SET 2013
78
DIVINDADES NA
PASSERELLE
PORTUGAL FASHION MAG
No Hôtel National des Invalides, Fátima
Lopes fez desfilar deusas gregas, numa
verdadeira ode à mulher.
“Odyssey” é o nome da coleção que
a criadora apresentou ontem, no
penúltimo dia da Semana de Prêt-àPorter de Paris – um périplo pelos
templos e deusas da mitologia grega,
transpostos para vestidos em seda e
linhos texturizados, em vários tons de
branco e apontamentos em dourado.
Para além do etéreo dos vestidos,
destacou-se ainda os “sapatos”,
igualmente brancos. «É a ideia de
uma mulher superior, que não anda
de sapatos como as outras, daí este
risco assumido», aponta Fátima Lopes,
sobre os modelos pouco ortodoxos
que calçaram as manequins.
ISSUE #6 | SET 2013
O resultado final é «uma coleção
muito feminina e romântica mas ao
mesmo tempo forte, que alterna entre
peças mais elegantes e voluptuosas e
outras com mais formas geométricas»,
explica a criadora, que, com este
desfile, celebrou 15 anos de presença
nas passerelles de Paris. «São 30
coleções. Estar aqui é a diferença
entre existir ou não existir no mundo
da moda, porque este calendário
oficial é verdadeiramente o que define
a visibilidade», considera.
«As portas vão-se abrindo para uma
série de coisas que vão acontecendo
e cada vez mais a minha aposta é a
internacionalização», revela a criadora,
que, mantendo o segredo, garante
estar a preparar grandes projetos «e
todos passam pelo estrangeiro».
A Semana de Moda de Paris, onde
a Fátima Lopes está com o apoio
do Portugal Fashion, é, por isso,
importante no plano de expansão. «É o
mundo que vem a Paris ver as marcas,
comprar produtos. O mercado francês
é importante mas, mais do que isso, é
o que ele representa», sustenta. «As
pessoas que vieram assistir ao meu
desfile não são todas francesas, mas
de todas as nacionalidades», aponta.
«Além de que foi transmitido em direto
na Internet, por isso, neste momento,
já está em todo o lado», conclui.
80
PORTUGALFASHIONMAG.com

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