issue #6 | set 2013 - Portugal Fashion MAG
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PT PORTUGAL FASHION MAG ISSUE #6 | SET 2013 04 06 08 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 MELISSA NASCEU UMA ESTRELA ALTA-COSTURA NO SÉCULO XXI MÚSICA NA BENETTON LVMH DEITA A MÃO CRESCER EM TODA A LINHA ALEXANDRE MATTIUSSI ZAHA HADID NOS PÉS A PENSAR NOS MAIS PEQUENOS SCHIAPARELLI NO MUDE PELCOR EM EXCLUSIVO NO MOMA CRUZAR NOVAS FRONTEIRAS A FELIZ PUBLICIDADE DO SÉCULO XX LOUIS VUITTON LIDERA LUXO DANIELA BARROS AMOR À PRIMEIRA VISTA ELOGIO DA COR AS MALHAS DA CRIATIVIDADE PORTUGALFASHIONMAG 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 79 QUANDO A MODA IMITA A ARTE SUCESSO ONLINE HUGO BOSS NOS CLÉRIGOS DE PEDRA E CAL NA MODA LUXO VAI ÀS COMPRAS O RENASCIMENTO DA CHEYENNE COLLOVE AQUECE INVERNO DE VOLTA ÀS ORIGENS MET EXIBE TÊXTEIS PORTUGUESES ART BELÉM NO CCB UMA SINFONIA PERFEITA PONTAPÉ DE SAÍDA O REI E O PRINCIPEZINHO SONHOS DE UMA MODA DE VERÃO RETROSPETIVA DE ALAÏA EM PARIS VIAGEM AO MUNDO PASSADO E FUTURO EM MILÃO UMA NOVA PÁGINA EM PARIS DIVINDADES NA PASSERELLE PORTUGALFASHIONMAG MELISSA BY KARL LAGERFELD PORTUGAL FASHION MAG Os fãs da Melissa têm agora mais um motivo para visitar as lojas da marca brasileira de calçado: os novos modelos desenhados por Karl Lagerfeld. Para além do design dos modelos, Lagerfeld, que é um pouco um “homem dos sete ofícios”, fotografou ainda a capa e um editorial exclusivo para a Plastic Dreams, a revista da Melissa, para o outono de 2013, que apresenta os quatro modelos e tem como protagonista Cara Delevingne. O icónico criador alemão desenhou dois modelos exclusivos para a marca brasileira de calçado em plástico, tendo ainda trabalhado dois outros modelos já existentes, aos quais deu o seu “toque de Midas”. Além de ser a primeira colaboração com uma marca brasileira, esta foi também a primeira experiência de Lagerfeld na criação de sapatos inteiramente feitos em PVC. «Nunca tinha trabalhado com plástico desta maneira. Não é a técnica clássica. Estou acostumado a trabalhar com técnicas mais tradicionais para a Fendi, a Chanel e os sapatos Lagerfeld. A minha inspiração foi o país de origem da marca, celebrando a joie de vivre brasileira», revelou o criador. Apesar da experiência que tem no mundo da moda, Lagerfeld espera que esta coleção «não reflita “décadas de experiência” e que ISSUE #6 | SET 2013 A parceria de Karl Lagerfeld com a Melissa irá continuar durante mais quatro coleções. tenha alguma frescura». Um sapato de salto alto, que contrasta linhas curvas com uma ponta quadrada e duas riscas coloridas, um outro com um sorvete no salto, umas sabrinas pontiagudas com aplicação de semiesferas na ponta e um modelo de salto médio em cores foscas e polidas constituem as quatro propostas do criador. 5 NASCEU UMA ESTRELA PORTUGAL FASHION MAG Yiqing Yin, nas luzes da ribalta depois de ter criado um vestido para a atriz Audrey Tatou, no seu papel de mestre de cerimónia no último Festival de Cannes, apresentou a sua quinta coleção de alta-costura, aureolada desta nova notoriedade, no dia 3 de julho. «Nunca tivemos tanta imprensa depois de um desfile», confessou à AFP a jovem criadora de moda, de apenas 28 anos, que saboreia ainda o golpe de publicidade do Festival de Cannes. A imagem do vestido em organza, com os seus milhares de pregas, que requereu cerca de 400 horas de trabalho, deu a volta ao mundo. «Fez o grande público conhecer-nos e suscitou interesse por parte de novos compradores», nomeadamente na China, regozijase Yiqing Yin, originária do país. Esta exposição também representou «um grande impulso nas relações profissionais: deu-nos credibilidade, por exemplo junto de patrocinadores» e «pessoas importantes do meio da moda pediram para vir ao desfile». A criadora de moda, muito discreta e de voz doce, começou há mais de dois anos a trabalhar e figura no calendário da alta-costura enquanto membro convidado. Para este desfile, cerca de 20 pessoas trabalharam com ela no seu pequeno atelier em Paris. A coleção foi beber inspiração aos animais marinhos, «um universo inquietante» que quis tornar «poético». ISSUE #6 | SET 2013 Yiqing Yin utilizou bastante renda de Calais, cristais Swarovski, seda e até organza líquida, «o tecido mais leve do mundo». Graças a um patrocinador veneziano, teve acesso a um veludo tecido à mão, em fio de seda. A criadora de moda misturou estas matérias nobres com silicone e materiais brutos. «Usamos matérias algo perturbadoras, que dão a impressão que têm fungos, germes, mas que tentamos tornar poéticas», explica. «É uma coleção muito escultural, experimental na pesquisa dos materiais, das formas», No universo da moda, Yiqing Yin está a dar os primeiros passos. «Começamos a vender vestidos de alta-costura», nomeadamente a chinesas e americanas, revela. «Estamos num momento decisivo: registamos procura, mas é preciso poder dar resposta. Por isso, temos que ter recursos humanos e financeiros», afirma. «Estamos com autofinanciamento e conseguimos aguentar-nos até agora», acrescenta. 7 ALTA-COSTURA NO SÉCULO XXI PORTUGAL FASHION MAG e os seus estilos próprios», revelou. «A coleção não é apenas à volta de uma Dior parisiense ou francesa, mas de uma Dior confrontada ao mundo inteiro e quanto as culturas podem influenciar a casa e a mim próprio». A coleção espelha, assim, essa diversidade. Alguns modelos assemelham-se a quimonos, certos padrões remetem para a Ásia Central e outros para a África, estampados mais gráficos e riscas coloridas revelam influências da América. Conjugar o passado no presente e darlhe um futuro foi o grande desafio ao qual criadores e marcas da alta-costura procuraram dar resposta nos desfiles para o outono-inverno 2013/2014. Um regressado Christian Lacroix fez Elsa Schiaparelli renascer em 18 peças apresentadas como obras de arte no Museu das Artes Decorativas. «Sem Elsa nunca teria sido criador de moda», afirmou. Lacroix prestou, desta forma, uma justa homenagem à icónica criadora da moda parisiense dos anos 30, com sofisticados bordados, um turbante verde-esmeralda, um vestido de riscas pretas e rosa pálido em cetim duquesa, que necessitou 40 metros de tecido e mais de 300 horas de trabalho… «Esta coleção é uma mistura de malícia e melancolia», explicou o criador francês, que interrogado sobre o que o unia a Elsa Schiaparelli respondeu «o gosto pelo preto, a cor, o bordado». Europa, América, Ásia, África: Raf Simons foi buscar inspiração a outras culturas e estilos, abanando os códigos ISSUE #6 | SET 2013 da casa de moda. «Comecei por olhar as clientes da alta-costura em diferentes continentes e de diferentes culturas Os sapatos de Iris Van Herpen que simulam raízes imprimiram o cunho futurista à semana da alta-costura de Paris. A criadora holandesa de 29 anos apresentou no Palácio da Descoberta, o museu das ciências de Paris que se revelou local mais do que perfeito para o desfile, uma coleção vanguardista, entre a altacostura e a arte contemporânea, a ficção científica e a poesia. Todos em bege, preto e verde, enriquecidos com jogos de brilho, os seus espetaculares vestidos-esculturas que misturam resinas e óxidos de ferro, know-how 9 PORTUGAL FASHION MAG fez desfilar sedutoras amazonas com look futurista mas muito femininas num cenário que recriava a cidade do futuro, com edifícios altos e modernos que emergiam entre ruínas e deixavam a descoberto a fusão entre o passado e o futuro. Casacos com ombros quadrados, cintos largos a marcar cinturas, saias curtas e vestidos compridos, com algumas transparências e muitos coordenados brilhantes tomaram conta da passerelle. «Esta coleção é praticamente toda bordada. Em alguns vestidos há três bordados diferentes. Mesmo o tecido que parece tweed é na realidade bordado», desvendou o criador alemão. Por seu lado, a Armani Privé propôs uma coleção refinada, com materiais nobres, e delicada, numa paleta colorida essencialmente de rosa pálido e bege. Uma coleção feita principalmente em seda e renda, em que as penas de marabu deram o tradicional nos bordados e inovações tecnológicas pareciam crescer a partir dos corpos das manequins como se fossem árvores ou carapaças. Cem anos após a abertura da primeira loja de Coco Chanel, Karl Lagerfeld ISSUE #6 | SET 2013 10 PORTUGAL FASHION MAG toque de exotismo. Os longos vestidos em tons “nude”, aliás o nome desta coleção, jogam com transparências para revelar o corpo. Os primeiros coordenados transportam para os anos 40, com os seus casacos amplos e saias evasé pelo joelho. Não faltou brilho: o tule é bordado com ouro, os leggings são bordados com strass, mas há também cristais Swarovski, pérolas e lantejoulas. O suficiente para despertar nas mulheres os antigos sonhos dos vestidos de princesa. O palhaço branco converteu-se na musa de Jean Paul Gaultier, que desenvolveu uma estética circense para modelar uma coleção com referências felinas e bolsos em forma de cone. O desfile começou ao som da música da “Pantera cor-de-rosa”, com a primeira manequim a envergar um perfecto que dava a impressão de ser em pantera, mas na realidade eram cristais Swarovski colados sobre o couro. Em rosa choque, em estampado vermelho, nos collants,… a pantera esteve por todo o lado, mas nunca em peles. Gaultier exultou «a ISSUE #6 | SET 2013 feminilidade da pantera, que é sexy mas também elegante» e revelou terse inspirado em Fellini e no seu filme “Os palhaços” e em David Bowie, com look de palhaço no vídeo “Das cinzas às cinzas”. Elie Saab esbanjou brilho e luxo numa coleção intitulada “Cerimónia real”, que recriava o imaginário das princesas. O Palácio Brongniart acolheu as “reais” modelos que representavam, com as suas cores rubi, esmeralda ou safira, as pedras preciosas de uma coroa. De igual forma, pedras, lantejoulas e cristais foram bordados em vestidos compridos, fazendo-os cintilar com mil luzes. Nos materiais, o designer libanês privilegiou o tule, a renda, a musselina de seda, enquanto nos cortes dominaram as costas nuas. Os vestidos monocromáticos caíam com leve cadência sob um cinto fino, abriam-se nas costas, ajustavam-se no pescoço ou arrastavam a cauda pelo chão. As notas musicais de “Tubular Bells” de Mike Oldfield, banda sonora do filme “O Exorcista”, submergiram o público que assistiu ai desfile da casa Valentino num ambiente misterioso de uma sala decorada com cornos de veado. O damasco e os tecidos ingleses conviviam em inquietante harmonia nos primeiros modelos, em tonalidades de cobre e terra, que cruzaram a passerelle. Vários vestidos desenhados pela dupla Maria Grazia Chiuri e Pierpaolo Piccioli assumiam, pela frente, o seu lado coquetel e, por trás, geometrias longas, enquanto as capas e peles apresentavam reminiscências medievais, numa coleção inspirada pelo reino animal onde destacaram-se os brocados. 11 MÚSICA NA BENETTON PORTUGAL FASHION MAG A nova campanha da United Colors of Benetton entra no ritmo dos jovens e usa a música para se afirmar no mundo da moda. Acabaram-se as campanhas publicitárias chocantes e as grandes questões sociais como o desemprego, o racismo e a paz mundial. A Benetton está a reposicionar a sua imagem junto dos jovens, tendo optado por temas mais unificadores e mais badalados. A moda e a música são, por isso, os novos focos de atenção da empresa italiana para promover a sua principal linha de moda, a United Colors of Benetton, para o outono-inverno 2013/2014. As mulheres estão representadas pela cantora de origem portuguesa Sky Ferreira, que vive em Los Angeles, a modelo inglesa Lili Mc Menamy, a DJ ISSUE #6 | SET 2013 americana Chloé Norgarrd e a cantora sul-coreana Soo Joo Park. Os rostos masculinos da campanha são Theophilus London, um rapper americano, nascido em Trinidad e Robago, que vive em Brooklyn, e o músico e modelo inglês Louis Simonon. Em comunicado, a Benetton afirma que a campanha «foca-se no mundo da música para retratar como unifica a diversidade – de pessoas, identidades e culturas», continuando a mostrar-se como uma marca global, cosmopolita, ao mesmo tempo direcionando-se para uma base de clientes jovem e trendy. A campanha foi criada pelo conhecido fotógrafo de moda sueco Mikael Jansson, cujas imagens serão publicadas nos meios de comunicação social a partir de agosto. 13 LVMH DEITA A MÃO À LORO PIANA PORTUGAL FASHION MAG Dois mil milhões de euros foi quanto grupo LVMH desembolsou para comprar em tempo recorde – um mês de negociações – 80% do capital da “rainha” ca caxemira e da vicunha, a Loro Piana. Os atuais dirigentes da Loro Piana, Sergio e Pierluigi Loro Piana, descendentes da família fundadora, conservam os restantes 20%, assim como as rédeas da empresa. «A Loro Piana é uma casa rara, rara pela qualidade única dos seus produtos, em particular pelos seus produtos em caxemira, e rara pelas suas raízes familiares que remontam a seis gerações», afirmou Bernard Arnault para justificar a compra. Esta aquisição foi, todavia, um tsunami no mundo do luxo italiano. Nos últimos anos, os irmãos Sergio e Pierluigi tinham sublinhado por várias vezes a firme intenção de preservar a sua independência. Mas o mundo mudou e face à globalização e obrigação de crescer acabaram por sucumbir ao “charme” de Bernard Arnault, o dono do colosso francês do luxo. ISSUE #6 | SET 2013 «Primeiramente, é a vontade de ter uma visão a longo prazo que nos incitou a aproximar de Bernard Arnault; em segundo, é um investimento muito importante e em terceiro tivemos todas as garantias sobre o futuro do grupo e de todos os que trabalham para nós», resumiu Pierluigi Loro Piana. Sobre a polémica franco-italiana nesta operação, Sergio Loro Piana, por seu lado, assegurou que «a Loro Piana permanecerá italiana enquanto a capacidade de organização e de desenvolvimento será francesa. Temos um objetivo comum. A LVMH é conhecida pelo respeito com que trata as particularidades e a identidade das marcas que compra. Podemos agora aspirar a ser um líder italiano no mundo». Célebre pelas suas caxemiras, as suas vicunhas raras e as suas lãs extremamente finas, a Loro Piana representa a quintaessência do luxo ”made in Italy”, uma empresa familiar considerada como a “Hermès italiana”. Em 2012, o grupo registou um volume de negócios de 626,6 milhões de euros e este ano deverá atingir os 700 milhões de euros. A divisão de produtos acabados, designada “bens de luxo” e lançada há 13 anos para desenvolver o vestuário e acessórios, apresenta uma faturação de 427 milhões de euros (+17,1%), sendo o restante realizado pelo têxtil, em particular os tecidos e os fios para malhas (+5,4%). A Loro Piana detém atualmente 137 lojas no mundo. Esta transação é a mais recente numa série de aquisições de larga escala em Itália por parte da LVMH, que comprou a joalharia Bulgari por 3,7 mil milhões de euros em 2011, a produtora de marroquinaria Fendi em 2001 e a marca de moda Emilio Pucci em 2000. Antes mesmo desta operação, a Loro Piana preparava um «ambicioso pano estratégico» de desenvolvimento internacional, revelou Pierluigi Loro Piana. «Com a LVMH, este plano será ainda amplificado. Basta pensar em todas as sinergias, não apenas geográficas, mas também com todas as outras marcas da LVMH, para compreender as possibilidades de desenvolvimento que se abrem ao nosso grupo», acrescentou. 15 CRESCER EM TODA A LINHA PORTUGAL FASHION MAG Com uma marca vanguardista mas abrangente, Katty Xiomara está cada vez mais internacional, com apostas nos EUA e no Japão. Vanguardismo e contemporaneidade são algumas das características da marca Katty Xiomara, mas os rótulos estão, por norma, afastados da mente da criadora. «Sobretudo hoje em dia não podemos definir as coisas de forma tão estrita. Sei que existe muito este hábito de etiquetar os estilos e as formas como nos vestimos. Eu particularmente não gosto, acho que temos de ter alguma liberdade nisso», afirma. Valores que transparecem na nova coleção para o outono-inverno 2013/2014, inspirada nos azulejos e na street-art, com vestidos repletos de pormenores e detalhes, com o azul-cobalto e o branco como cores principais, a que se soma o cinza, o salmão e o rosa, «que acabam por ser um pouco as cores das cidades, das luzes, dos edifícios», sublinha. ISSUE #6 | SET 2013 Atualmente com loja própria na Rua da Boavista, no Porto, Katty Xiomara vende ainda na loja Muuda e em algumas lojas dispersas por Portugal, assim como Espanha, EUA e Kuwait. «Estamos sobretudo a trabalhar no mercado norte-americano e estamos também a tentar introduzir-nos no mercado japonês», revela a criadora. «Tem sido uma experiência muito a pouco e pouco, com muita paciência, devagarinho, mas temos esperança que corra sempre melhor», destaca. Quanto ao futuro, «o objetivo é sempre crescer e ser mais abrangente, não só em termos de mercados mas também de áreas de trabalho», afirma Katty Xiomara. «O nosso conceito quer abraçar tudo o que é moda, para poder também partir lá para fora com boas estruturas, conseguir exportar de uma forma equilibrada e que tudo isto faça crescer a nossa imagem e a nossa marca lá fora», conclui. 17 ALEXANDRE MATTIUSSI PREMIADO PORTUGAL FASHION MAG O designer de moda masculina Alexandre Mattiussi arrebatou o júri internacional do concurso Andam. Mattiussi, que lançou a linha de vestuário de homem AMI em 2010, levou para casa os 250 mil euros do primeiro prémio como reconhecimento do seu talento. «É fantástico ser premiado com uma marca de vestuário de homem», afirmou à AFP o designer de 32 anos. «Mostra que não é apenas a alta-costura e as saias bordadas que contam, é também uma camisa, um macacão, o homem com quem nos cruzamos na rua quando vamos comprar croissants de manhã», acrescentou. «Em termos financeiros, é ótimo. Vai tranquilizar o banco e os investidores», sublinhou. ISSUE #6 | SET 2013 A rua é a principal inspiração do designer, conhecido pelas suas coleções criativas mas acessíveis. A sua estética é simples, chique e cool. Mattiussi apresentou a sua primeira coleção em janeiro de 2011, depois de ter concluído o curso na escola Duperré em Paris. Começou a sua carreira na Dior Homme e na Givenchy antes de ter ido trabalhar com Marc Jacobs. Para além do prémio em dinheiro, o designer vai receber dois anos de orientação com o dono da OTB, Renzo Rossi, nas áreas de direção criativa, gestão e estratégia comercial. Os grandes armazéns canadianos Hudson’s Bay já assumiram o compromisso de comprar a próxima coleção do designer e a Swarovski deu cristais no valor de 10 mil euros para serem usados na produção da sua próxima linha. O júri do concurso Andam deste ano incluiu Pierre Bergé (fundador da Yves Saint Laurent), Sophie Delafontaine, da Longchamp, e Emmanuelle Alt (diretora da revista Vogue francesa). O prémio é um dos mais porestigiados e, em edições passadas, coroou o talento de nomes como Martin Margiela, Viktor & Rolf, Christophe Lemaire e o português Felipe Oliveira Baptista (em 2005). 19 ZAHA HADID NOS PÉS PORTUGAL FASHION MAG A “magia” da arquitetura criada por Zaha Hadid foi transposta, em todo o seu esplendor, para um sapato inovador da United Nude. Criado em colaboração com Rem D. Koolhaas, sobrinho do famoso arquiteto com o mesmo nome e fundador da United Nude, o sapato “Nova” concilia métodos de fabrico inovadores, técnicas revolucionárias de modelagem e considerações ergonómicas com o dinamismo da linguagem e as complexas práticas arquitetónicas de Zaha Hadid, ultrapassando os códigos da moda e da arquitetura. «As coleções da United Nude são provocadoras e ao mesmo tempo sensuais. A experimentação constante de Rem D. Koolhaas na vanguarda da moda nunca deixa de cativar a ISSUE #6 | SET 2013 nossa imaginação», explica Zaha Hadid. «Sempre valorizei as pessoas que se atrevem a fazer experiências com materiais e proporções. A nossa colaboração com a United Nude reinterpreta a tipologia clássica do sapato, forçando as barreiras do que é possível sem comprometer a integridade», acrescenta a arquiteta. Com um design futurista, “Nova” combina borracha, vinil e couro da melhor qualidade na parte de cima. A plataforma escondida é feita em fibra de vidro e a sola exterior é de borracha. O sapato, em tamanhos do 35 ao 40, vem numerado com uma edição limitada a 100 por cor (preto, dourado, rosa e esmeralda) e estará à venda em lojas selecionadas como a concept store parisiense L’eclaireur e as lojas online Zaha Hadid Design e United Nude. «Zaha reinventa consistentemente o programa com as suas próprias ideias e reinterpretações. As suas criações visionárias são, muitas vezes, inesperadas, no entanto reforçam as suas origens», considera Koolhaas. «Não consegui resistir ao desafio de trabalhar com Zaha. Demos a nós próprios o maior grau de experimentação e usamos as mais recentes tecnologias de design digital e produção para criar um dos sapatos mais inovadores alguma vez produzido», conclui. 21 A PENSAR NOS MAIS PEQUENOS PORTUGAL FASHION MAG A Chua acaba de chegar ao mercado, com propostas desenhadas e produzidas em Portugal a pensar nas crianças dos 0 aos oito anos. Vestuário, acessórios e mobiliário, pensados para crianças até aos oito anos, fazem parte da oferta da marca Chua, uma nova marca portuguesa criada por duas mães: Cristina Neves e Olímpia Teixeira. «A experiência da maternidade fezme deparar com lacunas nos produtos para bebé e, com a Chua, pretendemos completar essas necessidades. Procuramos sempre atribuir maisvalias às peças criadas pela Chua e distanciarmo-nos dos produtos saturados do mercado. Partilho este projeto com a minha amiga Cristina Neves, que tem uma história similar à minha: mãe, desempregada e com muita garra para o mundo do trabalho», explica Olímpia Teixeira. Passados 13 anos a trabalhar numa farmácia, Cristina Neves ISSUE #6 | SET 2013 ficou desempregada. Partilhando as mesmas ideias e experiência de Olímpia, Cristina sentiu dificuldades em comprar uma simples t-shirt para a sua filha Matilde. «Na altura, com quatro anos de idade, a Matilde só queria roupa vermelha, preta, ou com cores fortes. E deparei-me muitas vezes com a dificuldade de encontrar peças com estas tonalidades, de design simples e moderno», acrescenta. A primeira coleção da Chua propõe, assim, vestidos, casacos, camisas, calções, fraldas e tapa fraldas, bodys, toucas, sapatinhos em tecido, conjuntos de nascimentos para a hora do parto, babygrows com peitilhos impermeáveis que dispensam o uso da babete, babeiros de refeição indispensáveis na hora da papa, fitas para chupeta, mantas, toalhas de banho e berços que se transformam em peças de mobiliário decorativas, tudo em cores maduras e padrões e designs simples. Nos materiais da coleção de vestuário, destaca-se o 100% algodão, piquet, sarja, com detalhes de impermeabilização e fuxicos manuais, que tornam as peças únicas e apetecíveis. A marca é vendida exclusivamente online, no site www.chua.pt, e em farmácias selecionadas que vendem exclusivamente o conjunto “Born Chua” – o conjunto de nascimento para a hora do parto. 23 SCHIAPARELLI NO MUDE PORTUGAL FASHION MAG Para evocar o relançamento da marca Schiaparelli, o Mude expõe algumas das peças da fundadora da marca. “Schiap Shock” é um núcleo de homenagem a Elsa Schiaparelli, que estará no Mude – Museu do Design e da Moda até ao final de outubro. Nascida em 1890, Elsa Schiaparelli ou Schiap, como gostava de ser chamada, nasceu em Roma. Uniu a moda à arte, colaborando com artistas como Jean Cocteau, Francis Picabia, Man Ray e Salvador Dali. Nas suas criações de inspiração surrealista, o humor e a fantasia surgem aliados ao vestuário sofisticado e à alta-costura. Schiaparelli foi ainda uma pioneira da moda, com a introdução do uso dos calções no vestuário feminino, ISSUE #6 | SET 2013 zips visíveis na alta-costura, até então confinados à roupa interior, promoveu desfiles, criou perfumes comercializados em embalagens que eram verdadeiras obras de arte, aliou o belo ao bizarro e tornou icónico o rosa shocking e o trompe l’oeil. Na década de 1950, devido à austeridade do pós-guerra, encerrou a sua casa de moda em Paris, mas o seu trabalho é ainda hoje, uma referência. As peças memoráveis de Schiaparelli incluem o vestido lagosta, uma das suas mais famosas colaborações com Dali, usado pela socialite americana Wallis Simpson e fotografada por Cecil Beaton pouco antes do seu casamento com Eduardo VIII em 1937. Outras peças incluem chapéus-sapato, luvas com unhas douradas, botões em forma de lábios, assim como camisolas tricotadas com laços e gravatas trompe-l’oeil. Em 2012, Diego Della Valle anunciou o relançamento da casa de moda Schiaparelli e, já este ano, o designer francês Christian Lacroix desenhou uma primeira coleção-cápsula, apresentada na Semana de AltaCostura de Paris, reinterpretando muitas das influências da célebre criadora, desde as feiras populares e circos aos uniformes militares e saris. Descrevendo a coleção como um misto de «malícia e melancolia», Lacroix sublinhou que ele e Schiaparelli estavam unidos no «gosto pelo preto, pela cor e pelos bordados». 25 PELCOR EM EXCLUSIVO NO MOMA PORTUGAL FASHION MAG Para além dos EUA e de Portugal, que continua a ser o seu principal mercado, a Pelcor exporta ainda para o Médio Oriente e prevê chegar em breve ao Norte da Europa. A marca portuguesa de artigos em cortiça desenhou uma peça em exclusivo para as lojas do Museu de Arte Moderna. A Pelcor faz parte das escolhas do MoMA | The Museum of Modern Art para este verão e as suas peças já se encontram à venda nas lojas do museu em Nova Iorque e em Tóquio. Mas para além da capa para iPad, que está também à venda em Portugal, a marca portuguesa de acessórios em cortiça desenhou uma peça exclusiva para as lojas do MoMA: a Tote Bag MoMa, uma carteira na cor “berry”. Criada em 2002 para tentar revitalizar a indústria de cortiça, a Pelcor tem atualmente um portefólio composto por dezenas de produtos, que incluem não só as carteiras, mas também candeeiros, cortinados, sofás, malas, mochilas, chapéus, cadernos ou carteiras. «São produtos que não são habituais em cortiça», revelou Sandra Correia, mentora do projeto, em entrevista ao Economia Verde. A ISSUE #6 | SET 2013 marca, que mistura habitualmente cortiça com pele ou cabedal, está também a desenvolver novas misturas. «Queremos tornar o produto ainda mais natural e ainda mais orgânico», acrescentou a empresária. Para este verão, a Pelcor lançou a Sunshine, uma coleção cápsula de malas coloridas para serem usadas na praia ou simplesmente no dia a dia. Com dois modelos – Sunshine Tote e Sunshine Bag – a coleção combina cortiça na sua cor natural com lona em três tons: raw, lemon e acqua. 27 CRUZAR NOVAS FRONTEIRAS PORTUGAL FASHION MAG O Brasil pode ser o próximo porto de Diogo Miranda, com o jovem criador a procurar novos rumos para além da costa portuguesa. preciso cumprir essas expectativas», considera Diogo Miranda que acredita, contudo, que «o importante é seguirmos a nossa linha, o nosso ADN. Só assim é possível chegar longe», sustenta. Presença constante desde os 19 anos na passerelle Portugal Fashion, Diogo Miranda conseguiu, desde cedo, conquistar o seu lugar na moda portuguesa, vestindo atualmente diversas figuras públicas. O Brasil está no radar deste jovem criador, até porque «já tivemos um bom feedback com algumas peças». Mas a internacionalização não é encarada de ânimo leve por Diogo Miranda. «É preciso ganhar fundo de maneio para ir para os mercados e fazer realmente com que as coisas aconteçam, porque é preciso muito dinheiro», revela. A sua nova coleção, para o outonoinverno 2013/2014, promete ser mais um sucesso entre famosas e anónimas, graças a peças como os vestidos femininos conjugados com casacos oversized e masculinos. «A coleção foi inspirada em dois polos distintos: o universo feminino e o universo masculino. Foi uma mistura que ficou engraçada, acho que é uma coleção mais coesa», aponta. americano Michael Bastian elogiou o seu trabalho. Com 25 anos, Diogo Miranda decidiu estar na hora de passar a novos voos e mercados e na edição de outubro do Portugal Fashion recebeu um impulso adicional, quando o designer norte- «Fiquei muito contente, mas claro que me dá mais responsabilidade. Se o Michael Bastian nos fez essa apreciação, é porque obviamente estamos a trabalhar bem. Agora é ISSUE #6 | SET 2013 As vendas online são outra hipótese em cima da mesa, depois do sucesso da iniciativa do Natal do ano passado, onde as t-shirts desenhadas para a ocasião foram um sucesso. «A maior parte das empresas está a investir nas vendas online», afirma. «Mas o segredo é dar pequenos passos sustentados», conclui. 29 A FELIZ PUBLICIDADE DO SÉCULO XX PORTUGAL FASHION MAG O Museu da Coleção Berardo mostra “O Consumo Feliz. Publicidade e sociedade no século XX”, com uma seleção de mais de 350 obras de arte publicitária. A exposição estará aberta ao público até 27 de outubro e reúne mais de 1.500 originais pintados à mão entre 1900 e 1980, reunidos pelo colecionador José Berardo. «Da moda ao automóvel, da aviação à alimentação, do turismo à música, da decoração de interiores ao cinema, sem esquecer o doloroso período das duas Guerras Mundiais, é todo o século XX que se desenrola sob o nosso olhar», afirma Rui Afonso Santos, comissário da exposição. A Coleção Berardo de Arte Publicitária é única no mundo inteiro, congregando originais de publicidade pintados à mão destinados à reprodução em larga escala através de processos mecânicos, geralmente litográficos e ISSUE #6 | SET 2013 rotográficos, do acervo da prestigiada firma James Haworth & Company, uma das principais produtoras de publicidade do Reino Unido, com atividade iniciada por volta de 1900 e continuada até cerca de 1980. Aos primeiros exemplares, miméticos figurinos de moda pontuados de alguma produção Art Nouveau e aos comentários políticos da I Guerra Mundial, em simples bandas desenhadas, sucedeu a publicidade a novos bens de consumo e alimentos e o impacto da moda, do jazz e do turismo. A expansão da fotografia a cores e de novas técnicas de impressão, como o offset, condenaram a ilustração publicitária à extinção, tornando estas obras de arte, atualmente raras e muito procuradas por colecionadores, itens inesquecíveis de uma época, que podem agora ser vistas, e revistas, em Lisboa. 31 LOUIS VUITTON LIDERA LUXO PORTUGAL FASHION MAG A marca do LVMH é a mais valiosa do mundo exclusivo do luxo, num ranking onde Hermès e a Gucci partilham o pódio. No BrandZ Top 100 de 2013, um ranking das marcas mundiais mais valiosas compilada pela empresa de pesquisa MillwardBrown, a Louis Vuitton assumiu o primeiro lugar, seguido da Hermès e da Gucci. A lista deste ano ficou ainda marcada pela entrada no top 10 da Fendi e da Coach, no 9.º e 10.º lugar, respetivamente. O estudo concluiu ainda que as empresas de luxo estão a debaterse com a necessidade de equilibrar a exclusividade com a atração de novos consumidores através da utilização dos media sociais. ISSUE #6 | SET 2013 «No Facebook, Instagram, Pinterest e outras plataformas de media sociais, as marcas no espectro do luxo equilibram a tensão entre a exclusividade que protege a desejabilidade da marca e a inclusividade necessária para atrair novos consumidores», afirma. O estudo sustenta que as marcas de luxo tornaram-se mais «acessíveis, colaborativas e experimentais». continua a ser fundamental para os resultados das empresas europeias de luxo. No ano de 2012, o valor do sector do luxo aumentou 6%. O top 10 das principais marcas de luxo inclui ainda a Prada (4.º lugar), Rolex (5.º), Chanel (6.º), Cartier (7.º) e a Burberry (8.º). A Coach, por exemplo, conseguiu a sua entrada no top 10 graças à sua presença na China, onde acrescentou 30 lojas em 2012, para um total de 69. O estudo mostra que a marca americana é uma das que mais utiliza os media sociais e a Internet, «enviando mais de 1,2 mil milhões de mensagens a consumidores selecionados». E concluiu ainda que o cliente chinês 33 DANIELA BARROS MAIS INTERNACIONAL PORTUGAL FASHION MAG Com crescente experiência alémfronteiras, Daniela Barros está a construir um novo website para ajudar nas vendas para o estrangeiro. Presente no Espaço Bloom desde 2010, Daniela Barros está, mais do que nunca, empenhada em crescer no mercado internacional e, por isso, a mais recente aposta da jovem criadora centra-se nas vendas online. «As vendas para fora estão a crescer, tenho o site, que está em construção, uma loja online direcionada para o Japão e para a Rússia e tenho alguns contactos de lojas em França e em Inglaterra», aponta Daniela Barros. «Estou a tentar expandir para outros mercados, quero tornar a minha coleção com consistente e sustentável», sublinha. ISSUE #6 | SET 2013 Consistência não falta à mais recente coleção da criadora. “Vada” sugere uma silhueta feminina forte e estruturada. «O mote foi a relação entre a proteção e o corpo, com materiais mais tecnológicos, anticorrosivos, neopreno», revela, indicando ainda a utilização de materiais nobres e diferentes do habitual. No entanto, o ADN da marca continua presente. «A assimetria acaba por estar sempre presente na minha coleção mas acho que consegui sair da minha zona de conforto e começar a explorar outros campos. Estou a amadurecer no meu trabalho», acredita. Uma maturação para a qual tem contribuído a presença em eventos internacionais, um pouco por toda a Europa, desde certames profissionais como o showroom parisiense Zip Zone e o salão Who’s Next, a desfiles em Maastricht e em Madrid, no Matadero – Centro de Creación Contemporánea. Os desfiles em Lisboa, integrada no Bloom, têm sido igualmente uma boa experiência. «O público é mais especializado e acaba por ter mais imprensa. Lisboa parece ter uma maior visibilidade em termos internacionais», considera Daniela Barros. A criadora continua a colaborar com outras marcas, nacionais e internacionais, mas o objetivo está bem traçado: «gostava de ter a minha marca bem conceituada». 35 AMOR À PRIMEIRA VISTA PORTUGAL FASHION MAG A Parfois continua a seduzir clientes em todo o mundo e depois do lançamento bem-sucedido em países da América do Sul, como Venezuela e Colômbia, prepara agora o ataque a novos mercados do Médio Oriente. «A reação das clientes colombianas e venezuelanas foi espetacular. Foi amor à primeira vista, desde o primeiro momento aderiram aos produtos e à experiência Parfois», revela Sérgio Marques, diretor-geral da marca. «Para essa reação muito contribuiu o gosto que as mulheres destes países têm em andar sempre muito bonitas e também o facto de muitas delas, que normalmente viajam para a Europa, já conhecerem a marca, principalmente fruto da nossa presença em locais centrais de Madrid e Barcelona», acrescenta. Neste momento, a presença da Parfois é verdadeiramente mundial embora Portugal continue a ser o principal mercado da marca de acessórios, estimando-se que represente cerca de 30% das vendas em 2013. «Apesar ISSUE #6 | SET 2013 de não estarmos a desinvestir em Portugal, as vendas no mercado nacional representam menos no total por via do crescimento das vendas fora do país. Espanha é o segundo mercado, seguido por França, Polónia e Arábia Saudita. Em termos de grandes zonas, o Médio Oriente e a Europa de Leste são muito importantes, sendo que o peso das vendas na América Latina está a subir e assim vai continuar nos próximos tempos». Para este segundo semestre do ano está planeada a entrada no Peru, na América do Sul, mas também em países como Iraque, Iémen, Estónia e Tunísia, que se irão juntar às estreias na Áustria, Macedónia e Arménia, que decorreram na primeira metade do ano. Atualmente com 400 lojas em 42 países, a marca tem ainda uma janela para o mundo através da loja on-line, onde oferece isenção de custos de transporte em compras a partir de 10 euros. «Neste momento representa as vendas de uma loja média. Tem vindo a crescer e acreditamos que o potencial de crescimento é muito significativo», sustenta o diretor-geral. Com um aumento das vendas de 37% no ano passado e de 31% nos primeiros meses deste ano, a Parfois continua a resistir aos óbices da conjuntura, mesmo em mercados como o espanhol, onde a situação é tudo menos favorável ao consumo. «Mas continuamos empenhados em investir no país [Espanha] e em aproveitar as oportunidades que a crise também gera. É uma altura em que é necessário, mais do que nunca, uma racionalidade extrema nas decisões de investimento», justifica. Quanto ao futuro, a valorização da marca continua a ser a meta. «O principal objetivo é que a marca Parfois ser cada vez melhor e que os clientes reconheçam isso. É um trabalho contínuo e indispensável. Ao nível de vendas é manter o crescimento», conclui Sérgio Marques. 37 ELOGIO DA COR PORTUGAL FASHION MAG «Na minha primeira linha sou muito mais elitista», sustenta o criador. «Enquanto nesta linha tenho muito mais preocupação com os números, na primeira linha já tenho um tipo de mulher específico, são as minhas clientes. A Meam não. É uma coleção em que disparo para vários sítios». A crescer de estação para estação, a Meam by Ricardo Preto continua a surpreender com um misto de cor, corte e conforto. Em 2010, Ricardo Preto assumiu a direção criativa da marca Meam, da empresa Meamstyle, e desde então tem somado sucessos. «Esta parceria tem sido importantíssima. Tenho crescido e acho que se nota isso na passerelle», considera Ricardo Preto. “Casa Corpo” é o nome desta coleção para o outono-inverno 2013/2014, repleta de silhuetas esguias, com volumes conjugados com peças justas. «Tem a ver com o conforto e com estarmos bem», explica o criador. «É uma coleção com propostas para várias pessoas, vários targets e, por isso, acaba por ser muito mais variada», refere. «É uma coleção de alguém que já tem mais prática em fazer roupa para massas», afirma. Padrões camuflados, estampados de paisagens, tigres e leões bordados ISSUE #6 | SET 2013 A marca, que desfila desde 2011 no Portugal Fashion, tem prosperado e ganho cada vez mais adeptas em Portugal mas também lá fora, tanto que Ricardo Preto fala agora de «por a primeira linha tão forte quanto a Meam by Ricardo Preto». e ouro fazem parte das propostas, e cores como o vermelho, verde e azul, em contraste com preto, amarelo e branco, dão ênfase às sedas, algodões e lãs para a próxima estação fria. «Não me consigo nunca conter com a cor», confessa Ricardo Preto, que considera ainda que, a somar à cor, «o conforto e o corte são características» da Meam by Ricardo Preto. 39 AS MALHAS DA CRIATIVIDADE PORTUGAL FASHION MAG de cultivar a reutilização, bem como valorizar as peças tricotadas, decidi reutilizar as calças de ganga de antigas coleções, dando-lhes uma nova vida», acrescenta a designer, que, admite, tem vindo «a sentir mais apoio da imprensa internacional. Cláudia Garrido continua a impressionar pela perícia e originalidade com que constrói, a cada estação, as suas coleções para homem. O conto “O Gigante Egoísta”, de Oscar Wilde, ganhou novos contornos nas mãos de Cláudia Garrido. Juntamente com os “gigantes” do boxe dos anos 70, a criadora constrói a coleção para o outono-inverno 2013/2014. As melhores críticas a esta coleção vieram da Alemanha, da Tailândia e do Japão», revela. A moda de homem continua, por isso, a ser a grande aposta da criadora, apesar de já ter feito moda de senhora. «Os gigantes do boxe dos anos 70 estão representados nas ilustrações, desenvolvidas em parceria com Carolina Brito e nos pormenores das peças que eram caraterísticos do desporto», explica Cláudia Garrido, que usou várias técnicas em malhas tricotadas, desde jaquards all over a estamparia digital. «Quis criar os momentos da história com o uso das malhas e também inovar», explica a criadora, que prossegue, em paralelo, o seu trabalho na criação de mantas na empresa A. Ferreira & Filhos, que «é uma maisvalia. ISSUE #6 | SET 2013 Ao fim de um ano de estar na empresa, convinha que houvesse evolução». Cláudia Garrido recuperou ainda alguns materiais para esta coleção. «Enquanto designer com intenção «Já fiz mulher, mas as reações que tive é que os coordenados de mulher estavam bem, mas que as criações de homem tinham muito potencial. Também a nível de criatividade, a moda de homem atrai-me mais, há uma preocupação sobre o que pode ser vestível e o que é demasiado conceptual», resume. 41 QUANDO A MODA IMITA A ARTE PORTUGAL FASHION MAG Os crânios da McQueen ganham borboletas de Damien Hirst, numa coleção única que comemora 10 anos dos icónicos lenços desenhados pelo criador Alexander McQueen. Os lenços, que deverão chegar às lojas e ao site de comércio eletrónico da marca em meados de novembro, estão disponíveis em vários materiais, incluindo chiffon e caxemira. A marca de luxo uniu-se ao artista plástico para criar uma edição limitada de 30 lenços comemorativos do 10.º aniversário da peça de autor. O lenço com caveiras tornou-se uma peça icónica da McQueen desde que foi mostrado pelo fundador da marca, Alexander McQueen, como parte da coleção primavera-verão 2003. Disponível em diferentes cores, o design tornou-se ainda mais popular quando McQueen morreu em 2010. Os desenhos foram beber inspiração às séries “Entomology” do artista britânico: borboletas, aranhas e outros insetos foram incorporados em cada lenço para formarem formas geométricas caleidoscópicas, criando a caveira que é o padrão-assinatura da McQueen. ISSUE #6 | SET 2013 Damien Hirst também é conhecido por usar caveiras no seu trabalho. Em 2007 produziu “For the Love of God”, um molde em platina de um crânio humano incrustado com 8.601 diamantes que, alegadamente, terá sido vendido por 50 milhões de libras a um comprador privado. Hirst também já trabalhou antes com a moda, emprestando o ano passado os seus designs à marca de luxo The Row para uma coleção de mochilas de crocodilo e em 2008 desenhou uma linha para a marca de denim Levi’s. Damien Hirst segue assim os passos de outros jovens artistas britânicos integrados no movimento “Young British Artists” promovido por Charles Saatchi, como Jake e Dinos Chapman, que recentemente colaboraram com a Louis Vuitton numa coleção de acessórios de homem. 43 SUCESSO ONLINE PORTUGAL FASHION MAG Anabela Baldaque tem levado a elegância e feminilidade das suas criações aos quatro cantos do mundo graças às vendas online. de xadrez e lantejoulas, assim como apontamentos de vermelho. Nas matérias-primas, lãs, caxemiras, musselinas e tecidos adamascados prometem manter o frio longe. No entanto, realça, «é uma coleção que até está mais acessível do que o meu normal», algo que aconteceu «por intuição mas que também vem de acordo com a conjuntura atual». Depois de muitos pedidos, Anabela Baldaque cedeu e está agora a vender online – e com sucesso – um pouco por todo o mundo. «É uma aposta recente. Comecei a ser muito assediada por pessoas não só portuguesas mas também brasileiras, que queriam as peças e começou a haver pedidos quase diários. Decidi então fazer uma coisa a sério e sem dúvida que está a correr bem», revela. A loja online tornou-se, assim, uma extensão da loja própria da criadora, no Porto, e do ponto de venda que tem em Braga, para as fãs do seu estilo inconfundível. «Apesar das peças serem algo rebuscadas, têm sempre alguma paz e conseguem fazer com que a personalidade de quem as compra venha ao de cima», afirma. «Acho isso muito cativante para quem compra Anabela Baldaque – é uma das mais-valias que eu tenho. ISSUE #6 | SET 2013 Uma coleção que promete contribuir para mais um ano de crescimento da marca epónima. «2012 foi um ano complicado, sem dúvida. Em 2013 estamos no bom caminho e bastante contentes», conclui. Daí a mulher que me compra tem uma personalidade forte, sabe o que quer e altera a peça», sublinha. Para o outono-inverno que se aproxima, as clientes podem encontrar coordenados inspirados nos anos 50, 60 e 70, repletas de fantasias 45 HUGO BOSS NOS CLÉRIGOS PORTUGAL FASHION MAG A marca alemã, conhecida pelos seus fatos irrepreensíveis, abriu uma nova loja no Passeio dos Clérigos, no Porto. Segundo Tiago Baptista, diretor-geral para a Península Ibérica da Hugo Boss, «a escolha do local da Hugo Store alinha o posicionamento da marca com o seu carácter moderno, avant garde e trendy, estando assim equiparada com a nova imagem do Passeio dos Clérigos». O Passeio dos Clérigos, um projeto do arquiteto Pedro Balonas, resulta da total reconversão da antiga Praça de Lisboa, perto da Torre dos Clérigos e da Livraria Lello. O espaço conta já com a presença de marcas como Diesel, Liu Jo, Max&co, RCC Camisas e Paez e brevemente serão inauguradas também lojas das marcas Hoss e Fly London. ISSUE #6 | SET 2013 «O principal objetivo de comercialização do projeto era atrair um conjunto de retalhistas trendy de gama média-alta que fizesse do Passeio dos Clérigos um polo de interesse comercial. A abertura da Hugo, insígnia da Hugo Boss que se define pelo design contemporâneo e purista, cortes ousados e detalhes criativos, confirma esta estratégia e reforça a oferta de qualidade na zona», considera a Urbaclérigos, promotora do projeto. Para Isabella Jurado-Blanco, associate do departamento de retalho, «a C&W já colabora com esta conceituada marca internacional de luxo de origem alemã há mais de 20 anos, altura em que negociámos a flagship store na Av. da Liberdade, seguida pelo Quinta Shopping, na Quinta do Lago, no Algarve, e agora no Passeio dos Clérigos. É sempre um prazer trabalhar com empresas com este nível de visibilidade e profissionalismo e esperamos manter a excelente relação que temos com a marca e a sua dinâmica de expansão». 47 DE PEDRA E CAL NA MODA PORTUGAL FASHION MAG do atelier», refere o criador, que confia no futuro de Carla Pontes. «Acho que ela vai continuar certamente no bom caminho e vai marcar a diferença. Aliás, se calhar já está um bocadinho à frente até de alguns colegas meus», considera. Carla Pontes continua a beber inspiração na pedra para criar as novas propostas da próxima estação fria, já elogiadas por Nuno Baltazar. As rochas quebradas, polidas ou lascadas ganham vida na nova coleção de Carla Pontes, com coordenados texturados, com volumes pregueados, mas mantendo o toque quente e macio que o inverno exige. «Esta coleção continua a ter uma certa ideia de polimento [tal como na coleção primavera-verão 2013] mas há um foco no próprio bloco, na pedra em si, daí ir buscar texturas de quando a pedra está lascada e quando é partida de forma mais bruta, com texturas mais agressivas e, ao mesmo tempo, as faces laminadas, em que vemos os veios de sedimentação», refere a jovem criadora. Lãs tricotadas, jacquard de algodão, sarjas e diferentes malhas constroem as peças, pintadas de tons de azul de sodalita e basalto, assim como amarelo pirita sem brilho. Embora considere estar «numa fase ISSUE #6 | SET 2013 Elogios que Carla Pontes – cujas peças estão à venda no Porto, em Viseu, em Santa Maria da Feira, em Lisboa e também online – agradece. «É bom sentir que estou a evoluir de coleção para coleção», conclui. muito inicial e de experimentação», Carla Pontes tem vindo a ganhar o respeito da imprensa e de designers reputados, como Nuno Baltazar, com quem está a trabalhar. «Acho que ela evoluiu imenso do verão para esta estação. Noto cada vez mais rigor e isso é das coisas que mais me orgulha, porque puxo muito por ela no nosso trabalho do dia a dia 49 LUXO VAI ÀS COMPRAS PORTUGAL FASHION MAG As grandes marcas de luxo estão a assegurar o fornecimento de matériasprimas para os seus produtos, com a aquisição de empresas especialistas. Das quintas de crocodilos aos campos de rosas, os fornecedores de matériasprimas de luxo tornaram-se alvos de aquisição para nomes como o LVMH ou o Kering (que detém a Gucci), numa altura em que procuram assegurar os ofícios e os ingredientes essenciais à sobrevivência das suas marcas. «Estamos prontos a fazer os investimentos necessários quando o know-how ou as matérias-primas associadas com a qualidade dos nossos produtos estão ameaçados», afirmou, à Reuters, Guillaume de Seynes, diretor de produção e investimentos na Hermès. Ilustrando esta forma de pensar, o LVMH pagou 2 mil milhões de euros por 80% da italiana Loro Piana, uma das principais produtoras de caxemira do mundo, que cria as suas próprias ISSUE #6 | SET 2013 vicunhas. Os analistas antecipam que, com o tempo, a Loro Piana se focará somente em fornecer as marcas do grupo, como a Fendi e a Celine. Com um sobretudo da Loro Piana a exigir o pelo de 25 a 30 animais e a ter um preço de cerca de 14 mil euros no retalho em Milão, este é um recurso precioso. A maior parte dos investimentos na cadeia de aprovisionamento rondam, em média, 20 a 50 milhões de euros. Em 2011, o LVMH gastou 60 milhões de euros para comprar a fornecedora de peças de relógio ArteCad e mais 47 milhões de euros por 51% da Heng Long, uma empresa especialista no tratamento de peles de crocodilo. Já no mundo da cosmética, a Dior, a Chanel e a Hermès têm forjado parcerias exclusivas com produtores de plantas para garantir o aprovisionamento de matériasprimas. «A nossa preocupação é assegurar a continuidade da qualidade dos produtos que usamos e sermos capazes de os rastrear», afirmou Edouard Mauvais-Jarvis, diretor de comunicações científicas na Parfums Christian Dior. A tendência de assegurar matériasprimas também se estende ao vestuário: a Chanel comprou a produtora escocesa de caxemira Barrie Knitwear no ano passado e também detém a empresa especialista em bordados Lesage e a especialista em penas Lemarié. A Christian Dior comprou a especialista em bordados Vermont também no ano passado. Já a produtora de carteiras Hermès comprou a quinta de crocodilos Johnstone River na Austrália no início deste ano, para complementar a compra em 2012 da empresa francesa de curtumes Roux, enquanto o LVMH detém uma quinta de aligátores e duas quintas de crocodilo na Austrália. 51 O RENASCIMENTO DA CHEYENNE PORTUGAL FASHION MAG Com três lojas próprias em Portugal, 315 pontos de venda multimarca e um site de venda online, a Cheyenne está igualmente a expandir-se lá fora e esta nova coleção deverá também, em breve, chegar a Angola, mais precisamente Luanda, onde a marca abriu a sua primeira loja própria em março passado. Um primeiro passo na expansão neste país, já que «estão previstas mais aberturas de lojas próprias num futuro próximo». A marca de jeanswear está de volta em força ao mercado, com propostas jovens e irreverentes que já chegaram a Angola. Assumindo-se como “jeansmaker desde 1990”, a Cheyenne – relançada no ano passado pela empresa Iodo Jeans – está de volta ao mercado com um conceito total look. Foi assim que a marca se apresentou na última edição do Portugal Fashion, no seu primeiro desfile desde o relançamento. Dividida nas linhas “Urban” e “Landscape”, a coleção para o outono-inverno 2013/2014 é urbana, jovem e casual, com xadrezes clássicos a invadirem calças, saias e calções, misturas de matérias-primas como plásticos, peles e pelos, assim como denim com lavagens de inspiração vintage e looks mais notívagos, com brilhos, tachas e lantejoulas. Nas cores, a paleta divide-se entre os tons suaves de rosa, coral e bege e os mais outonais preto, castanho, azul e beringela, a que se somam ISSUE #6 | SET 2013 apontamentos de vermelho, violeta vivo, verde mineral, amarelo girassol e dourado. Apesar de direcionada para jovens adultos, a marca tem vindo a descobrir novos segmentos de consumidores. «Como o boom da Cheyenne foi há 10 anos atrás, temos o segmento dos 30 aos 45 anos, constituído por pessoas que eram consumidoras acérrimas da Cheyenne», explica Teresa Marques Pereira, diretora de marketing da marca. 53 COLLOVE AQUECE INVERNO PORTUGAL FASHION MAG A pensar nas temperaturas do próximo inverno, a Collove lançou uma coleção que promete manter as mulheres quentes sem perder o estilo. padrões, opacos e transparentes. O mesmo acontece com as leggings, que prometem manter-se como um dos produtos-chave da estação fria. Conforto, beleza e originalidade são os valores pelos quais se rege a nova coleção da marca portuguesa Collove, onde não falta também sofisticação e um design exclusivo. «A coleção outono-inverno da Collove continua a vestir a mulher elegante, feminina e multifacetada que aprecia roupa interior confortável sem abdicar de uma imagem sensual», destaca a marca em comunicado. Nos certames profissionais internacionais, onde a marca tem estado presente, «temos registado uma grande procura de artigos seamless e um particular interesse pela linha shapewear. Nos collants, a atenção dos visitantes esteve dividida entre os opacos e as fantasias. Nota-se uma maior apetência por artigos com brilho, nomeadamente lurex, e com cor – já há uma forte procura por collants azuis e vermelhos, por exemplo, para além dos incontornáveis pretos», resume Sandra Morais, administradora da Custoitex, a empresa familiar que produz e distribui a Collove. Bordeaux, verde e azul fazem parte das cores que irão marcar a próxima estação fria, ao mesmo tempo que a gama de produtos é também alargada. «Para o tempo frio, a Collove continua a apostar na microfibra para melhor assegurar o conforto da mulher em todas as situações e multiplica a variedade de peças – collants, meias, bodies, t-shirts, soutien e diferentes ISSUE #6 | SET 2013 modelos de cuecas, em tons sóbrios e quentes, com um desenho único que marca a diferença no mercado», revela a Collove. Os collants, por seu lado, acompanham as tendências de moda internacionais, assumindo uma grande variedade de Atualmente, a marca está presente não só em Portugal mas também nos mercados norte-americano e europeu. 55 DE VOLTA ÀS ORIGENS PORTUGAL FASHION MAG complexidade, remontando às origens da TM Collection, em que cada peça era um elemento singular de um universo rico em cores, texturas e padrões». A coleção para o outono-inverno da TM Collection regressa às origens e ao ADN da marca criada por Teresa Martins. “Origens” reúne um conjunto de propostas que, segundo a criadora, «refletem muito e têm muito das origens da TM Collection». Os têxteis têm, desde sempre, o papel principal no universo criativo de Teresa Martins, com tecidos em fibras naturais – algodão, seda, lãs e linhos – feitos à mão, recorrendo frequentemente a pequenas comunidades na Índia para conseguir artigos únicos que transforma em peças de vestuário únicas. Uma característica muito presente nesta nova coleção, agora a chegar às lojas, que a pensar nas temperaturas mais frias sugere «peças bastante elaboradas, ao nível de tecidos, dos bordados e dos estampados», destaca. As sobreposições fazem igualmente parte dos coordenados para a próxima estação, em combinação com «as ISSUE #6 | SET 2013 A criadora destaca ainda «um grande trabalho também ao nível dos acessórios», com chapéus e acessórios de cabelo muito trabalhados em termos de estampados e padrões, mochilas, malas e sacos, repletos de elementos têxteis que se conjugam na perfeição com cada coordenado. formas simples e soltas» das peças, sempre com um colorido próprio, dominado pelo carvão, ocre, azul, preto, nude e denim, que cria uma «coleção versátil e intemporal». No fundo, resume Teresa Martins, «é uma coleção híbrida, onde elementos de construção simples e gráfica, se articulam com outros de maior 57 MET EXIBE TÊXTEIS PORTUGUESES PORTUGAL FASHION MAG Além das terras longínquas e das especiarias, as Descobertas Portuguesas encontraram também um mundo de técnicas têxteis, agora em exposição no MET. os navios europeus iam para o Extremo Oriente, regressavam cheios de tecidos. Os têxteis eram realmente uma grande parte do que estava a ser transportado à volta do mundo», acrescenta. A exposição “Interwoven Globe: The Worldwide Textile Trade, 1500-1800” apresenta 134 trabalhos, incluindo tapeçarias, colchas de cama, vestuário eclesiástico, peças de mobiliário, figurinos, pinturas e desenhos. Dividida em nove galerias, algumas organizadas por geografia e outras por tema, a exposição abre com a expansão marítima portuguesa e o novo comércio têxtil que o país desenvolveu com a China e a Índia. Os comerciantes portugueses da altura reconheceram, segundo a curadora da exposição, as capacidades superiores dos produtores têxteis desses países, tendo introduzido os grafismos ocidentais para criar produtos atrativos para os gostos europeus, com alguns desses exemplares agora em exposição. As obras representam pássaros, animais, flores e cenas da vida quotidiana. Dois trabalhos têxteis em exposição também retratam a violência e a morte. Uma peça bordada a azul proveniente da Índia para o mercado português mostra pessoas a serem decapitadas e uma colcha, provavelmente fabricada em Inglaterra por volta de 1785-1790, retrata o assassinato do explorador britânico James Cook por habitantes do que são agora as ilhas do Havai. ISSUE #6 | SET 2013 «A exposição destaca uma importante história do design que nunca foi contada a partir de uma perspetiva verdadeiramente global», realça Amelia Peck, curadora de artes decorativas americanas no The Metropolitan Museum of Art. «Quando A mostra, que inclui ainda têxteis da China, Índia, Peru, México, Irão, Turquia, Espanha, França e Grã-Bretanha, estará patente até ao dia 5 de janeiro. 59 ART BELÉM NO CCB PORTUGAL FASHION MAG O CCB – Fundação Centro Cultural de Belém acolhe a partir de 22 de setembro a exposição de arte contemporânea Art Belém 2013. A mostra reúne mais de duas dezenas de artistas de renome mundial em áreas como a fotografia, pintura e escultura. A inauguração terá lugar no próximo dia 22 de setembro, às 17h30. A Art Belém 2013 é uma iniciativa da USIA – United State of International Artists, cujo objetivo é apresentar projetos de artistas talentosos e visionários do século XXI A exposição conta com a presença de obras de Tran Trong Vu, Cristina Rodriguez, Antonius Kho, Hikaru ISSUE #6 | SET 2013 Hirata, Diana Mendieta, Emma Tingard, Katerina Bodrunova, Dora Bratelj, R. Vieira, Cesare Oliva, Walter Koch, Anna Myagkikh, Poulheria Papahristou, Ikuyo Fujita, Francisco Lacerda, Jesus Botaro, Isabel Pinheiro, Bruno Falcão, Kanwal Zafar, Sito Schwarzenberger, Roula Chreim, Ana Simões, Kart Hammer, Waleed Mahmoud, Uma Aslam e Anastasia Pilshchykova. Muitos destes artistas já viram o seu trabalho reconhecido por galerias de arte reconhecidas internacionalmente e têm obras expostas nos mais importantes museus mundiais (como o Museu de Arte Moderna de Paris e o Museu de Arte Moderna de Singapura). 61 UMA SINFONIA PERFEITA PORTUGAL FASHION MAG em tecidos 100% algodão, PVC e outros materiais tecnológicos. «Baseia-se em conceitos como a multiplicidade de “sujeitos”, o sentimento de pertença, a ideia de uniformidade, de anonimato, de original e de cópia», explica o jovem criador, que recriou o préconceito de uniforme. «A presença em Viena foi bastante importante, é o começo de uma internacionalização», considera Estelita Mendonça. «Foi bastante gratificante e acho que Viena acolheu muito bem o nosso trabalho», acrescenta. Na capital da música clássica, o trio português na Semana de Moda de Viena deu um notável “concerto” de moda. Integrados numa iniciativa do Portugal Fashion, Daniela Barros, Estelita Mendonça e a Meam by Ricardo Preto foram os representantes nacionais na passerelle austríaca e não desapontaram. Daniela Barros, um dos jovens talentos já confirmados, cujas criações são procuradas do Canadá ao Japão, mostrou Atha, uma coleção «inspirada em egos, no subconsciente, no que realmente somos sem qualquer tipo de barreira ou filtro», explica a criadora. «Também tem uma parte mais geométrica, inspirada no tectatris, que evoca um lado mais geométrico e rígido», acrescenta. Tecidos fluidos, materiais mais rígidos e tricotados marcaram as formas, pintadas pelo preto e branco habitual, mas também pelo cinza-gelo, que se refletiu em estampados que tornaram a coleção ISSUE #6 | SET 2013 mais leve. «Foi uma experiência ótima», afirma Daniela Barros. Estelita Mendonça, o outro jovem talento, também parece ter conquistado os austríacos com a coleção “Identidade”, repleta de propostas para homem concretizadas A Meam by Ricardo Preto, por seu lado, levou silhuetas em A e cortes geométricos, com coordenados criados tendo por base o conceito “Between”, a procura do equilíbrio estético entre o passado e o futuro. «Fomos contactados pela imprensa local e nacional e, no sentido promocional, foi um sucesso», considera Ricardo Preto. Além disso, «propor uma coleção num país novo traz sempre perspetivas de novas influências, quer estéticas, quer de mercado», conclui o criador. 63 PONTAPÉ DE SAÍDA EM NOVA IORQUE PORTUGAL FASHION MAG A Semana de Moda de Nova Iorque abriu, a 5 de setembro, a valsa dos desfiles de moda feminina para a primavera-verão 2014. A cidade que nunca dorme celebrou as propostas de 90 criadores no calendário oficial, e outras largas dezenas em paralelo, atraindo assim cerca de 100 mil visitantes, entre os quais 3 mil compradores profissionais e jornalistas, que desembolsaram nada menos do que 600 milhões de euros em oito dias de desfiles. O que fez pairar um clima de otimismo e uma vontade de acreditar na retoma da economia americana, como sublinhou Tommy Hilfiger, no final do seu desfile, rodeado de belas jovens em minissaia e t-shirts aciduladas. Uma euforia partilhada pela estreante marca espanhola Desigual, cujas manequins em mini-saias de cores vivas não pararam de enviar beijos à plateia. Oura estreia na Big Apple foi a da portuguesa Katty Xiomara, que retomou a temática dos azulejos portugueses «com uma forte inspiração ISSUE #6 | SET 2013 Bauhaus», tanto nas formas como nas cores revelou a criadora. A silhueta pós-crise é, sobretudo feminina, desportiva, moderna e… branca. De Takkon a Helmut Lang, muitos foram os que abriram a passerelle imbuídos deste espírito alvo e puro. Novamente a minissaia, não só branca mas também rosa ou azul-clara, foi rainha da passerelle na Lacoste. O diretor criativo, Felipe Oliveira Baptista, revelou ter-se inspirado do «princípio da marca, do aspeto técnico de tênis, as suas linhas muito precisas, muito claras», mas «estava também obcecado com a ideia de leveza, não só nos tecidos, mas também no estado de espírito. Para criar algo muito desejável, muito sensual». O vestido, peça-chave das estações precedentes, perde o monopólio para a saia, tanto em versão curta como longa (Proenza Schouler, Michael Kors, Carolina Herrera). Os materiais técnicos vão de vento em popa, nomeadamente na Y3 e Alexander Wang, que escreveu a laser surpreendentes hieróglifos sobre as suas manequins: “Wang, Wang, Wang,…”. «Trabalhei a ideia de jogar com a dualidade de algo masculino e contido, e ao mesmo tempo gráfico, sedutora e perverso», explicou Wang, que sublimou as mulheres «poderosas, naturais e verdadeiras». Em suma, a passerelle nova-iorquina exultou uma mulher múltipla e mutável, que é alternadamente uma linda pajem da Idade Média (Marc Jacobs), beldade do Renascimento, adolescente britânica dos anos 60 (Ralph Lauren) ou voluptuosa Marylin Monroe retratada por Stern em 1962 (Prabal Gurung). «É um hino a todas as mulheres em geral», à sua força interior, afirmou Gurung, que procurou «preservar uma mulher elegante que é cada vez mais rara». 65 O REI E O PRINCIPEZINHO PORTUGAL FASHION MAG Na Embaixada de Portugal em Londres, Luís Buchinho e João Melo Costa provaram que o talento da moda portuguesa atravessa gerações. No edifício emblemático da Belgrave Square, Luís Buchinho prolongou o verão com a sua coleção Resort para 2014, com propostas coloridas e um «espírito livre». Elementos gráficos, como blocos de cor e estampados, ganharam vida em tons de verde, preto, branco e cinza-gelo, presentes em vestidos de dia, tank tops e vestidos de cocktail. uma narrativa visual sobre alguém que em tempos esteve perdido», explica. Diferentes materiais e texturas, incluindo linho enrugado, sarja de algodão, organza estampada, malha canelada e denim com aplicações, compõem uma «festa de boas-vindas e de condecoração», com cores fortes, como o vermelho e o laranja, e estampados inspirados no fogo de artifício. «Nos últimos coordenados é criado um espaço para refletir sobre o passado e novas possibilidades para o futuro», afirma o jovem criador de 23 anos. O futuro, pelo menos o de João Melo Costa, parece risonho, a julgar pela reação a este primeiro desfile em Londres. «A coleção foi muito bem recebida, com bloggers e imprensa internacional a comentarem de forma entusiasta o desfile, possibilitando-me alguns contactos interessantes pós-desfile», revela. «São portas novas que se abrem. Acima de tudo penso que a exigência do mercado internacional fará evoluir ainda mais o meu trabalho e reforçar a estética da marca», conclui. Uma coleção «versátil e pragmática, ideal para a vida na cidade», considera o criador, que afirma ter tido boas críticas. «O feedback foi excelente», refere Luís Buchinho. «Londres é uma cidade que tem um burburinho forte em torno da moda e, como tal, é um mercado com muita recetividade a marcas novas», acrescenta. Já João Melo Costa levou “Welcome Back”, uma coleção que «apresenta ISSUE #6 | SET 2013 67 SONHOS DE UMA MODA DE VERÃO PORTUGAL FASHION MAG Uma brisa fresca e alegre soprou sobre a Semana da Moda de Londres, de 13 a 17 de setembro. Durante cinco dias, os 58 desfiles do calendário oficial para a primavera-verão 2014 atraíram 5 mil visitantes e geraram 120 milhões de euros de encomendas. Sob a batuta da nova maestrina, Nathalie Massanet (fundadora da Net-à-Porter), esta 31ª edição seguiu à letra o mote “Dress-up London”, renovando-se em criatividade com jovens talentos como Simone Rocha, Jonathan Sauders ou Christopher Kane, mas também com grandes nomes da moda britânica como Burberry, Paul Smith ou Vivienne Westwood (Red Label) e ainda estreantes, nomeadamente o lendário Manolo Blahnik com os seus icónicos sapatos ou ainda a ilustre casa Smythson, especializada em couro. Original e elegante, a moda da próxima estação quente proposta por todos estes criadores e marcas aliou transparências, superposições, bordados, rendas e tons pastéis. A protagonista da estação é a flor, seja ISSUE #6 | SET 2013 ela bordada em relevo sobre vestidos caleidoscópios (Mary Katrantzou), estampada em versão “kitch” (Henry Holland) ou até transparente e abraçada por libélulas amarelas fluorescentes (Matthew Wiliamson). No programa complementar à LFW mas com igual criatividade e elegância, brilharam na passerelle londrina as coleções do consagrado Luís Buchinho e do emergente João Melo Costa, numa operação de charme do Portugal Fashion aos “fashion addicts” britânicos. O primeiro apostou, na sua linha Resort 2014, em coordenados citadinos com linhas assimétricas que recriam silhuetas esculturais, enquanto o segundo apresentou «uma narrativa visual sobre alguém que em tempos esteve perdido», como explicou o jovem criador, explorando «diferentes materiais e texturas, desde o linho enrugado e sarja de algodão passando por materiais mais tecnológicos e a organza estampada até à malha canelada e ao denim com aplicações». 69 RETROSPETIVA DE ALAÏA EM PARIS PORTUGAL FASHION MAG Quando o Palais Galliera abrir as suas portas a 28, em plena semana dos desfiles de “pret à porter”, serão duas descobertas numa só para os visitantes. Fechado para obras, o renovado museu da moda de Paris, que por si já vale a visita, acolhe a primeira retrospetiva francesa de um nome emblemático da moda: Azzedine Alaïa. Com a curadoria de Olivier Saillard, diretor do Palais Galliera, e num cenário criado pelo designer Martin Szekely, a exposição Alaïa retraça o percurso do criador de moda através de uma seleção de 72 peças icónicas. Uma coleção exibida nas novas galerias do Palais Galliera, assim como na sala Matisse do Musée de Art Moderne de Paris. «Alaïa é um estilista mas também um escultor», afirmou Olivier Saillard à EFE. «É intemporal», sublinhou o diretor do Palais Galliera, que revelou ainda que o criador de moda queria que esta retrospetiva «misturasse todo o tipo de vestidos», pelo que a ISSUE #6 | SET 2013 exposição inclui coordenados que espelham toda a sua carreira. Nascido em Túnis e chegado a Paris nos anos 1950, Azzedine Alaïa lançou a sua primeira coleção de marca em 1979, encorajado pelo amigo Thierry Mugler. O domínio da peça de vestuário e a reinvenção da silhueta feminina, influenciados pelos seus estudos de escultura na capital tunisina, logo seduziram clientes tão prestigiantes como Arletty e Greta Garbo. No Palais Galliera podem ser apreciadas, até 26 de janeiro de 2014, célebres criações de Alaïa, como por exemplo o modelo de altacostura de 2003 que incorpora sete metros de fecho metálico ou ainda trabalhos do designer tunisino para o cabaret parisiense Crazy Horse. As experiências de Alaïa como diferentes materiais, desde a malha ao couro, constituem as melhores decorações para esta reabertura ao público do museu parisiense. carreira deAlaïa é objeto de retrospetiva. Em 1996, o Palazzo Corsini, em Itália, e o Groninger Museum, na Holanda, mostraram os seus modelos lado a lado com obras de Pablo Picasso, Jean-Michel Basquiat e Anselm Kiefer. Em 2000, o Guggenheim do Soho, em Nova Iorque, reuniu as criações de Alaïa com as obras de Andy Warhol, quem justamente teve a sua primeira exposição em Paris nas salas do Palais Galliera por onde agora vão desfilar, ainda que estaticamente, os modelos do designer tunisino. Não é, contudo, a primeira vez que a 71 VIAGEM AO MUNDO PORTUGAL FASHION MAG Na capital francesa, Felipe Oliveira Baptista apresentou “The Sheltering Sky”, uma viagem onde o vestuário militar ganha contornos femininos e sensuais. Uma viagem imaginária através dos tempos, dos continentes, da música e da literatura inspirou Felipe Oliveira Baptista a criar um guarda-roupa funcional, ao mesmo tempo feminino, apresentado ontem na Semana de Prêt-à-Porter, em Paris. Vestidos e coordenados de calçacasaco monocromáticos, em cinza, caqui, menta e azuis, encheram-se de bolsos e cintos, criando diferentes volumes, e percorreram a passerelle do Mezzanine Halle Freyssinet, nesta «viagem um bocado imaginária», segundo o criador, que mantém a referência do rigor do guarda-roupa militar «mas com um lado mais soft, talvez mais sensual», explica. O algodão é a base da coleção, por vezes misturado com seda – como nos ISSUE #6 | SET 2013 casacos iniciais –, e os jacquards são realizados em algodão, seda e lurex. «Queria que fosse muito natural», refere. para as pessoas, porque isso também é importante hoje em dia», resume. Um a prova de que as dicotomias continuam bem presentes no trabalho do criador. «Acho que é interessante fazer dialogar coisas que são opostas», afirma Felipe Oliveira Baptista, que considera ainda que esta coleção revela uma certa evolução no seu percurso. «Talvez seja o colocar menos ideias no look e fazer estéticas mais confiantes. Se calhar é uma reação natural que tenho a uma overdose de informação», sustenta. «É algo que procuro para mim, algo que seja mais simples, mais essencial, mas que ao mesmo tempo seja rico e novo», sublinha. Uma procura por um equilíbrio que conjugue design e vestibilidade. «O que me tem interessado cada vez mais é este equilíbrio entre novas ideias e que as roupas sejam atrativas 73 PASSADO E FUTURO EM MILÃO PORTUGAL FASHION MAG apresentou um número recorde de novos nomes, como Tod’s (Alessandra Fachinetti), Agnona (Stefano Pilati) e a muito esperada Costume National, após 22 anos na passerelle parisiense, que regressou com uma coleção arquitetural, a preto e branco. Entre os criadores emergentes destacou-se Uma Wang, que propôs modelos de volumes amplos em tecidos leves, que amassados e enrugados conferiam uma certa fragilidade. A desfilar fora do calendário oficial continua a dupla Dolce & Gabbana, que conquistou a passerelle com um exército de deusas gregas envergando minivestidos de ouro. Materiais fluidos e tonalidades alegres invadiram a passerelle milanesa de 18 a 23 setembro para anunciar a moda para a primavera-verão 2014. Segundo os criadores que desfilaram na Semana da Moda de Milão, a vida pinta-se, definitivamente, de cor-de-rosa. As marcas de moda jovem deram o tom: a DSquared2 privilegiou os mini-vestidos anos 50, a BluGirl surpreendeu com fatos-calça decorados com grandes rosas e a Just Cavalli apostou em combinações de patchworks coloridos. «Estes estampados servem também para fazer esquecer as muitas preocupações que nos assediam e aos jovens em particular», afirmou Roberto Cavalli. Nem Miuccia Prada escapou à vaga em voga, utilizando os trabalhos de seis artistas graffiti e ilustradores para desenvolver uma coleção em que a cor e os estampados fusionam-se com grandes bordados brilhantes que redesenham uma silhueta depurada. «A intenção foi exaltar a força das mulheres. Elas são umas lutadoras. Gostamos de fazer medo aos homens», ISSUE #6 | SET 2013 explicou Miuccia. Também cultivando uma vertente “intelectual”, a Gucci inspirou-se nas pinturas de Ertè para criar um coleção pautada por grandes estampados geométricos e misturas de losangos e de linhas arredondadas. Com um calendário oficial de 74 desfiles, sete dos quais com aposta dupla (Gucci, Armani, Versace,..), Milão A moda italiana mostrou-se, em suma, mais forte do que nunca. «Acho que Milão estava a sentir-se um pouco “espremida” entre Nova Iorque, Londres e Paris. Há um forte sentimento de união entre todos para apoiar a moda de Milão e penso que isso realmente refletiu da passerelle», reconheceu a todo-poderosa diretora da Vogue norte-americana, Anna Wintour. 75 UMA NOVA PÁGINA EM PARIS PORTUGAL FASHION MAG Apesar de intitulada de “Página em Branco”, a nova coleção de Luís Buchinho escreveu mais um capítulo de sucesso na Cidade-Luz. Num espaço onde as artes e a ciência se misturam, Luís Buchinho fez no Le Laboratoire mais do que uma experiência, uma prova do seu sucesso na Semana de Moda de Paris. «É um trabalho que temos vindo a desenvolver ao longo das estações e que agora tem vindo a refletir-se nas vendas comerciais», revela Luís Buchinho, que desde 2009 desfila na Cidade-Luz as suas coleções, com o apoio do Portugal Fashion. «Conseguimos chegar a clientes interessantes devido à posição que fomos conquistando em Paris», aponta. ISSUE #6 | SET 2013 Na passerelle, vestidos fluídos e casacos e calças estruturados conjugaram-se em looks sofisticados e elegantes, numa paleta predominada pelo branco papel, o preto, o cinzagrafite e o azul-tinta. Uma escolha cromática diretamente vinda dos cenários dos sketch books que servem de base a esta coleção para a primavera-verão 2014. «O conceito vem dos desenhos e esboços de pesquisa que faço sempre em folha branca, quer seja com grafite, com caneta ou tinta-da-china azul», justifica o criador. Os próprios materiais seguem esta premissa. «São todos muito naturais, em algodão, seda e linho, com vários géneros de cortes, uns mais fluídos, 77 PORTUGAL FASHION MAG outros mais estruturados e sempre com um ar muito puro e muito neutro», acrescenta. O objetivo é «retratar a inconstante busca das silhuetas perfeitas, atrás de um sem número de esboços, croquis e apontamentos», explica. «A página em branco será sempre o início de algo novo e a página preenchida também», conclui. ISSUE #6 | SET 2013 78 DIVINDADES NA PASSERELLE PORTUGAL FASHION MAG No Hôtel National des Invalides, Fátima Lopes fez desfilar deusas gregas, numa verdadeira ode à mulher. “Odyssey” é o nome da coleção que a criadora apresentou ontem, no penúltimo dia da Semana de Prêt-àPorter de Paris – um périplo pelos templos e deusas da mitologia grega, transpostos para vestidos em seda e linhos texturizados, em vários tons de branco e apontamentos em dourado. Para além do etéreo dos vestidos, destacou-se ainda os “sapatos”, igualmente brancos. «É a ideia de uma mulher superior, que não anda de sapatos como as outras, daí este risco assumido», aponta Fátima Lopes, sobre os modelos pouco ortodoxos que calçaram as manequins. ISSUE #6 | SET 2013 O resultado final é «uma coleção muito feminina e romântica mas ao mesmo tempo forte, que alterna entre peças mais elegantes e voluptuosas e outras com mais formas geométricas», explica a criadora, que, com este desfile, celebrou 15 anos de presença nas passerelles de Paris. «São 30 coleções. Estar aqui é a diferença entre existir ou não existir no mundo da moda, porque este calendário oficial é verdadeiramente o que define a visibilidade», considera. «As portas vão-se abrindo para uma série de coisas que vão acontecendo e cada vez mais a minha aposta é a internacionalização», revela a criadora, que, mantendo o segredo, garante estar a preparar grandes projetos «e todos passam pelo estrangeiro». A Semana de Moda de Paris, onde a Fátima Lopes está com o apoio do Portugal Fashion, é, por isso, importante no plano de expansão. «É o mundo que vem a Paris ver as marcas, comprar produtos. O mercado francês é importante mas, mais do que isso, é o que ele representa», sustenta. «As pessoas que vieram assistir ao meu desfile não são todas francesas, mas de todas as nacionalidades», aponta. «Além de que foi transmitido em direto na Internet, por isso, neste momento, já está em todo o lado», conclui. 80 PORTUGALFASHIONMAG.com