Ciclos Biogeoquímicos
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Ciclos Biogeoquímicos
CICLOS BIOGEOQUÍMICOS DAS ROCHAS, DA ÁGUA, DO CARBONO. A hipótese Gaia: a vida manipula o ambiente para manutenção da vida. Idéia da Terra (do planeta) como um organismo vivo. (Gaia é o nome de uma deusa grega, que representava a mãe Terra). A hipótese Gaia é de fato uma série de hipóteses, cuja primeira afirma que a vida, desde seu início, influencia grandemente o ambiente planetário. Alguns cientistas discordam. A segunda considera que a vida altera o ambiente na Terra de modo a permitir a manutenção da própria vida. Há evidências de que a vida (no sentido fisiológico) afetou o clima da Terra. Uma distorção da hipótese Gaia, que se tornou popular, é que a vida deliberadamente, conscientemente, controla globalmente o ambiente. Tal hipótese pode ser compreendida pela maneira como o futuro status da humanidade pode depender das ações que tomamos hoje. A população da Terra pode conscientemente tomar decisões que afetam o futuro do planeta. As decisões que tomamos dependem do quanto nós valorizamos o ambiente e do conhecimento e compreensão acerca de como a Terra funciona. É um fato de menor importância analisar a hipótese Gaia como uma metáfora, ou afirmar que é pseudocientífica, ou tem tons religiosos. Discuti-la leva-nos a tratar de questões fundamentais sobre ciência e sobre a vida. Se não por outras razões, pela última, a hipótese Gaia já seria válida e valiosa. A idéia de uniformitarianismo (1785) “o presente é a chance do passado” pode ser muito útil do ponto de vista ambiental se se pensar que essa idéia pode ser mais do que a chave do passado. Pode significar que o estudo dos processos passados e presentes seja a chave da compreensão do futuro. Para tanto, pode-se considerar que no futuro operarão os mesmos processos físicos e biológicos, embora com taxas diferentes, devido à influência ambiental exercida pelas mudanças naturais e por aquelas ligadas à atividade humana. Sendo a Terra um sistema dinâmico, em evolução, o movimento e a estocagem de seus matérias afetam todos os processo físicos, químicos e biológicos. Um ciclo biogeoquímico é o movimento ou o ciclo de um determinado elemento ou elementos químicos através da atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera da Terra. Os ciclos estão intimamente relacionados com processos geológicos, hidrológicos e biológicos. Como exemplo, pode-se lembrar que um modesto conhecimento sobre o ciclo geológico (aqui referido como o conjunto dos processos responsáveis pela formação e destruição dos materiais da Terra, sub-dividido em: ciclo tectônico, ciclo hidrológico e ciclo das rochas) é valioso para o conhecimento e compreensão de nosso ambiente, que é intimamente relacionado aos processos físicos, químicos e biológicos. Por exemplo, para avaliar o impacto ambiental de um material perigoso, como a gasolina, que vazou para o subsolo, as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, rochas e água deveriam ser entendidas. Essa compreensão ajudaria a responder perguntas como: Quão séria foi a contaminação? Quanto o contaminante poderá mover-se? Quanto o dano ambiental poderá ser minimizado? 1) O CICLO GEOLÓGICO: TECTÔNICO, DA ÁGUA E DAS ROCHAS 1.1. O Ciclo Tectônico (Tectônico significa relativo à crosta terrestre). O ciclo tectônico envolve a criação e destruição da camada externa sólida da Terra: a litosfera. A litosfea tem cerca de 100 km de espessura e é quebrada em segmentos chamados pratos, que se movem em relação uns aos outros. De acordo com a teoria dos pratos tectônicos, os continentes movem-se juntamente com os pratos, de 2 a 15 cm/ano. Há vários tipos de movimento, entre os quais se destacam: Divergente: os pratos afastam-se e produz-se nova litosfera; Convergente: os pratos aproximam-se. Na fronteira da colisão produzem-se sistemas lineares de montanhas. Ex: Andes, Alpes e Himalaia. Falha: Quando um prato escorrega sob o outro. Ex: Falha de San Andreas. O prato do Pacífico move-se para o norte a aproximadamente 5 cm/ano. Como resultado, Los Angeles a 500 km ao sul de São Francisco está se movendo em direção àquele cidade. Se o movimento continuar, em aproximadamente 10 milhões de anos Los Angeles será subúrbio de São Francisco. 1.2. O Ciclo Hidrológico O ciclo hidrológico é dirigido pela energia solar e compreende o movimento da água dos oceanos para a atmosfera por evaporação e de volta aos oceanos pela precipitação que leva à lixiviação ou à infiltração. Cerca de 97% do suprimento de água está nos oceanos, 2% nas geleiras e muito menos que 1% na atmosfera (0,001%). Aproximadamente 1% do total da água contida nos rios, lagos e lençóis freáticos é adequada ao consumo humano. A água contida na atmosfera provém todos os recursos de água doce, através do processo da precipitação. 1.3. O Ciclo das Rochas O ciclo das rochas consiste de vários processos que produzem rochas e solos. Este ciclo é dependente do ciclo tectônico para energia e do ciclo hidrológico para água. O calor gerado pelo ciclo tectônico produz materiais fundidos, como lava vulcânica, que, ao se cristalizarem na superfície ou em camadas mais finas dão origem à rocha ígnea. Rochas na superfície ou próximo à, ao se congelarem e descongelarem, quebram-se devido à contração e expansão. Podem-se desagregar, também, devido a processos químicos, pela ação de ácidos fracos formados na presença de CO2, maatéria orgânica e água. A esses processos físicos e químicos chama-se intemperismo. O intemperismo produz sedimentos que são transportados pelo depositam-se em transformados profundidade vento, água oceanos, em rochas desses ou por gelo. exemplo, sedimentares. depósitos, Os as sedimentos podendo Dependendo rochas ser da sedimentares transformam-se pelo calor e pressão ou por fluidos químicos em rochas metamórficas, que podem fundir-se reiniciando o ciclo. A vida desepenha um papel fundamental nesse ciclo, por meio da incorporação biossedimentação de produzem C nas rochas. rochas Processos calcárias principalmente) substâncias húmicas e petróleo. de (CaCO3, 2) O CICLO DO CARBONO O C é o elemento básico da construção da vida. C está presente nos compostos orgânicos (aqueles presentes ou formados pelos organismos vivos) e nos inorgânicos, como grafite e diamante. C combina-se e é química e biologicamente ligado aos ciclos do O e H para formar os compostos da vida. CO2 é o composto de C mais abundante da atmosfera, mas compostos orgânicos como CH4 ocorrem em menor quantidade. Parte do ciclo do C é inorgânica, i e, os compostos não dependem da atividades biológicas. O CO2 é solúvel em água, sendo trocado entre a atmosfera e a hidrosfera por processo de difusão. Na ausência de outras fontes, a difusão de CO2 continua em um outro sentido até o estabelecimento de um equilíbrio entre a quantidade de CO2 na atmosfera acima da água e a quantidade de CO2 na água. CO2 entra nos ciclos biológicos por meio da fotossíntese, ie, a síntese.de compostos orgânicos constituídos de C, H e O, a partir de CO2.e água, e energia proveniente da luz. Carbono deixa a biota através da respiração. Processo no qual os compostos orgânicos são quebrados, liberando CO2. Ou seja, C inorgânico, CO2 e HCO3- são convertidos em C orgânico pela fotossíntese, CO2 é retirado pelas plantas na terra e nos processos com o auxílio da luz solar, através da fotossíntese. Os organismos vivos usam esse C e o devolvem pelo processo inverso: o da respiração, decomposição e oxidação dos organismos vivos. Parte desse C é enterrado dando origem aos combustíveis fósseis. Quando o carvão (ou petróleo) é retirado e queimado, o C que está sendo liberado (na forma de CO2) pode ter sido parte do DNA de um dinossauro, o qual em breve pode fazer parte de uma célula animal ou vegetal. Praticamente todo o C armazenado na crosta terrestre está presente nas rochas sedimentares, particularmente como carbonatos. As conchas dos organismos marinhos são constituídas de CaCO3 que esses organismos retiram da água do mar. Quando da morte desses, as conchas dissolvem-se ou incorporam-se aos sedimentos marinhos, formando, por sua vez, mais rochas sedimentares. O processo, de bilhões de anos, retirou a maioria do CO2 da atmosfera primitiva da Terra, armazenando-o nas rochas. Os oceanos, segundo maior reservatório, em C dissolvido e sedimentado, têm cerca de 55 vezes mais quantidade de CO2 que a da atmosfera. Os solos têm 2 vezes mais que a atmosfera, as plantas terrestres têm aproximadamente à da atmosfera. Tempo médio de residência de CO2. Solos - 25 a 30 anos; Atmosfera - 3 anos Oceanos - 1500 anos A formação dos sedimentos contendo CO2 e a subseqüente reciclagem e decomposição nos processos tectônicos têm um tempo de residência de cerca de milhares de anos. A transformação do C presente nos organismos vivos por sedimentação e intemperismo envolve uma escala de tempo similar, embora as magnitudes sejam menores que para os carbonatos. Contudo, tais fluxos naturais estão sendo superados em muito pela quantidade de C que retorna à atmosfera pela queima dos combustíveis fósseis. Esta é a maior perturbação ao ambiente global causada pelo homem. Há ainda o desflorestamento e outras mudanças no uso da terra. Como resultado dessas perturbações, a [CO2]atm foi de 288 ppm, em 1850, para além de 350 ppm, em 1990. O aumento representa cerca de 50% do total de C que entra na atmosfera. A queima de combustíveis fósseis libera para a atmosfera 5 - 6 bilhões de m3 de C/ano, mas só são medidos cerca de 3. De 2 - 3 unidades são “perdidas”. Algumas plantas terrestres podem ter respondido ao aumento do [CO2]atm, elevando sua capacidade de fotossíntese. Cerca de 99,9% de todo o C da Terra está armazenado em rochas, como CaCO3 insolúvel, ou proveniente da sedimentação da matéria orgânica. Em última instância, o CO2 extra, proveniente da queima dos combustíveis fósseis, precisa retornar à crosta. A taxa de remoção de C dos oceanos e, em última instância, da atmosfera depende do intemperismo das rochas da crosta para liberar íons metálicos como Ca2+, que formam os carbonatos insolúveis. O aumento do intemperismo deveria responder à variação da temperatura global, pois a maioria das reações químicas é acelerada com o aumento da temperatura. A presença da vida pode, portanto, acelerar o intemperismo devido ao aumento da acidez dos solos devido, por sua vez, ao aumento de CO2 e aos ácidos húmicos produzidos quando da decomposição das plantas. As raízes das plantas também facilitam a destruição física das rochas. Assim, a temperatura global pode estar ligada ao ciclo do C. Adeptos da hipótese Gaia sugerem que a vida na Terra exerce controle deliberado sobre a composição da atmosfera, mantendo a temperatura adequada. Durante o verão, as florestas realizam mais fotossíntese, reduzindo a concentração de CO2. No inverno, o metabolismo da biota libera CO2. 2.1. O Ciclo do Carbonato - Silicato Sua grande importância consiste no fato dele contribuir com aproximadamente 80% do total de CO2 trocado entre a parte sólida da Terra e a atmosfera. A troca ocorre há meio bilhão de anos. CO2 atmosférico dissolve-se na água da chuva, produzindo H2CO3. Essa solução ácida, nas águas superficiais ou subterrâneas, facilita a erosão das rochas silicatadas (Si é o elemento mais abundante da crosta terrestre). Entre outros produtos, o intemperismo e a erosão provocam a liberação dos íons Ca2+ e HCO3-, que podem ser lixiviados para os oceanos, pois são os maiores constituintes da matéria dissolvida que os rios despejam nos oceanos. Os organismos marinhos ingerem Ca2+ e HCO3- e os usam para construção de suas conchas carbonatadas. Quando esses organismos morrem, as conchas depositam-se, acumulando-se como sedimentos ricos em carbonatos. Esse sedimento de fundo, participando do ciclo tectônico, pode migrar para uma zona cuja pressão e calor fundem parcialmente os carbonatos. A formação desse magma libera CO2 que escapa para a atmosfera pelos vulcões. Aí, pode combinar-se novamente com a água da chuva, completando o ciclo. O ciclo do carbonato-silicato contribui para a estabilidade da temperatura atmosférica. Exemplo: se uma mudança climática aumenta a temperatura do oceano, a taxa de evaporação de água para a atmosfera aumenta e, conseqüentemente, a quantidade de chuva. Aumentando-se as precipitações, aumenta-se o intemperismo, e assim, o fluxo de Ca2+ e HCO3- para o mar. Os organismos marinhos retiram esses íons da água e quando morrem contribuem para os grandes estoques de C dos sedimentos marinhos. O resultado líquido é a remoção do CO2 atmosférico. Assim, uma menor quantidade da energia emitida pela superfície terrestre é aprisionada e a atmosfera resfria-se, completando o ciclo de contribuição negativa para o aumento da temperatura da atmosfera.
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