Arquivo PDF - Press Works

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Arquivo PDF - Press Works
44
ISSN 1983-1390
revista comércio & serviços publicação da federação do comércio de bens, serviços e turismo do estado de são paulo
A crise chegou
9
771983
00044
00037
139001
00044
ANO 25 • Nº 44 • maio/junho • 2016
Beleza em alta
Conheça os planos da rede Onodera
Estética para continuar crescendo
Antes um oásis de renda e geração
de empregos, o setor de serviços foi
duramente atingido pela recessão. É o que
mostra pesquisa inédita da FecomercioSP
Negócios da saúde
Tecnologia e deficiências do sistema
público geram oportunidades
Ficou novo, de novo
Brasileiros estão preferindo reformar
roupas e calçados para economizar
Crianças hi-tec
Escolas especializadas ensinam
programação, robótica e impressão 3D
UM
BRASIL
INOVAÇÃO NO SETOR PÚBLICO BRASILEIRO:
O QUE OS ESPECIALISTAS PENSAM?
A nova série do UM BRASIL, em parceria com o Columbia Global Center do Rio
de Janeiro e o Lemann Center for Brazilian Studies da Universidade Columbia,
reúne especialistas para discutir a inovação no setor público brasileiro.
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C A RTA AO L EI TOR
Radiografia do
setor de serviços
Graças a um convênio firmado com
de construção civil foi a que teve o pior
a Secretaria de Finanças e Desenvol-
resultado, com queda de 16% no fatu-
vimento Econômico da Prefeitura de
ramento. Já as empresas optantes do
São Paulo, a Federação do Comércio
Simples tiveram crescimento de 10,4%.
Federação do Comércio de Bens, Serviços
e Turismo do Estado de São Paulo
Presidente Abram Szajman
Superintendente Antonio Carlos Borges
de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) lan-
Negócios relacionados à área da saú-
çou em março a Pesquisa Conjuntu-
de tiveram um crescimento no fatura-
ral do Setor de Serviços (PCSS). Assim,
mento de 2,6% na cidade de São Paulo
mensalmente vamos divulgar, com
no ano passado, segundo a PCSS. Ou-
base na arrecadação do ISS (Imposto
tra matéria desta edição mostra o au-
sobre Serviços), um verdadeiro raio X
mento no número de clínicas médicas
do segmento no município, mostran-
que cobram preços mais acessíveis à
do quais áreas estão crescendo, quais
população. Elas atendem casos de bai-
precisam de ações e políticas públicas
xa complexidade e são alternativas ao
especiais e principalmente onde es-
sistema público e os altos custos dos
tão as oportunidades para os empre-
planos de saúde. Relatório da consul-
endedores. Sem dúvida, é uma ótima
toria PricewaterhouseCoopers (PwC)
ferramenta para tomada de decisões.
prevê um futuro promissor para as
empresas dessa área.
Nos anos anteriores, quando a economia brasileira apresentou vigoroso
Outro segmento em alta da área de
crescimento, que no final não soube-
serviços são as escolas que ensinam
mos aproveitar, o setor de serviços foi
tecnologia, programação e robótica
um dos mais beneficiados e se apresen-
para crianças. Essa é uma tendência
tou como a porta de entrada de muitos
mundial que chega ao Brasil. No fim
empresários iniciantes, que finalmen-
de 2013, o presidente norte-americano
te realizaram o sonho de ter o próprio
Barack Obama fez um discurso pe-
negócio. A primeira PCSS, que é capa
dindo aos jovens que não se conten-
desta edição, mostra que a crise econô-
tassem em jogar um game ou baixar
mica atingiu com força as atividades
um aplicativo, mas que criassem seus
de serviços. Em 2015, o setor faturou
próprios jogos e programas. Isso tam-
R$ 7,4 bilhões a menos
bém deveria ser incentivado no Brasil.
do que no ano anterior,
Somos um povo criativo e as crianças
representando uma que-
hoje têm facilidade em lidar com no-
da de quase 3%. Das
vas tecnologias. O investimento em
13 atividades pes-
educação é bom para o empreendedor
quisadas, a área
Conselho Editorial
Ives Gandra Martins, José Goldemberg,
Renato Opice Blum, José Pastore, Jorge Duarte,
Pedro Guasti e Antonio Carlos Borges
Editora
Editor-chefe e jornalista responsável
André Rocha MTB 45653/SP
Editor Carlos Ossamu
Repórteres Filipe Lopes, Iracy Paulina,
Rachel Cardoso e Raíza Dias
Estagiária Priscila Oliveira
Diretores de arte Clara Voegeli e Demian Russo
Editora de arte Carolina Lusser
Designers Laís Brevilheri, Paula Seco
e Maria Fernanda Gama
Assistentes de arte
Cíntia Funchal e Vitória Bernardes
Estagiário Yuri Miyoshi
Revisão
Flávia Marques e Bruna Baldini
Colaboram nesta edição
Barbara Oliveira e Lúcia Camargo
Redação
Rua Santa Cruz, 722, 5º andar
Vila Mariana – CEP 04122–000 – São Paulo/SP
Tel.: (11) 3170 1571
Fale com a gente [email protected]
Impressão RR Donnelley
e também para o futuro do País.
Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), entidade
que administra o Sesc e o Senac no Estado
Aqui tem a força do comércio
ÍNDICE
18
em queda livre
Pesquisa inédita da FecomercioSP
mostra que setor de serviços
perdeu R$ 7,4 bilhões em 2015
8
14
26
28
32
40
entrevista
Com 55 unidades, rede Onodera Estética aposta
em unidades compactas para enfrentar a crise
Saúde para todos
Conheça as diversas oportunidades que estão
surgindo nas áreas médica e odontológica
Alta tensão
José Goldemberg explica as razões
de a eletricidade ser cara no Brasil
Restaurou, ficou novo
Na esteira da crise econômica, aumenta a procura
por serviços de consertos, restauração e brechós
44
48
52
58
Terra das palmeiras virou polo industrial
Indaiatuba se destaca pelos índices
de emprego, renda, educação e saúde
62
Cybercrianças em ação
Cresce a oferta de cursos que ensinam
tecnologia para alunos mais jovens
Quando a casa vira escritório
O home office ganha força para melhorar
a qualidade de vida e a produtividade
Força suplementar
Mercado de suplementos nutricionais
está mais forte e atrai marcas populares
um dia no pari
Bairro atende lojistas e varejistas,
e hoje é um grande centro de compras
Bares com preços justos
Para o happy hour escolha música ao vivo,
pratos mexicanos ou cozinha alemã
AGENDA
CULTURAL
64
Roteiro SP
novidades na Lei de Zoneamento
66
A cota ambiental visa promover a ampliação
da vegetação e a melhoria do microclima
Opção, qualidade
e credibilidade.
R$ 173,28 - Exato Adesão Trad. 15 F AHO QC COP (registro na ANS nº 473.988/15-4), da SulAmérica Saúde, faixa etária até 18 anos, com coparticipação e acomodação coletiva (tabela de julho/2015 - SP).
Planos de saúde coletivos por adesão, conforme as regras da ANS. Informações resumidas. A comercialização dos planos respeita a área de abrangência das respectivas operadoras de saúde. Os preços e as redes estão sujeitos
a alterações, por parte das respectivas operadoras de saúde, respeitadas as disposições contratuais e legais (Lei nº 9.656/98). Condições contratuais disponíveis para análise. Março/2016.
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EN T R E V ISTA
Por iracy paulina
fotos DEBORA KLEMPOUS
Com mais de três décadas no mercado e 55 unidades
franqueadas em todas as regiões do País, a Onodera
Estética inova ao lançar uma versão de loja mais enxuta
para alcançar quem tem menor capital para investir
8
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beleza em
versão compacta
E
m 1981, Edna Onodera e o ma-
Onodera Express, uma loja mais com-
rido Ikuo se mudaram para um casa-
pacta, que exige um investimento ini-
rão no bairro da Aclimação, em São
cial menor do que a tradicional. Com
Paulo. Ele dava aulas de musculação
média de 200 m2 s e um cardápio de
e judô, enquanto Edna montou uma
120 procedimentos, a versão tradicio-
sala de massagem e limpeza de pele.
nal (chamada de Full) requer investi-
Surgia aí a semente do que seria o
mento inicial de R$ 600 mil. A Express
Clube Onodera, que se tornaria a
tem em torno de 80 m2, oferece 30 pro-
maior rede de tratamento de beleza
cedimentos e o candidato a franquea-
do País. Hoje, a Onodera Estética tem
do desembolsa em torno de R$ 220 mil.
55 unidades franqueadas, uma equipe com mais de 1.200 colaboradores
Com isso, a expectativa da empresa é
e oferece serviços de tratamento cor-
ampliar sua rede em mais dez unidades
poral, facial e medicina estética.
ainda este ano. Nesta entrevista, Lucy
Onodera, filha da fundadora e direto-
E a intenção é seguir crescendo. Para
ra de marketing da empresa, fala sobre
tanto, o comando da franquia está
essa meta de expansão, as estratégias
introduzindo uma novidade sob me-
de fortalecimento da marca, os segre-
dida para tempos de crise e menor
dos deste concorrido mercado e os cui-
disponibilidade de capital para aplicar
dados com o aprimoramento dos servi-
em um negócio: o modelo de franquia
ços oferecidos, entre outros temas.
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EN T R E V ISTA
Luc y Onoder a,
diretora de marketing da Onodera Estética
“
Sempre pensamos no ganha – ganha para todos
os envolvidos: o cliente quer ver resultado, o
franqueado precisa ter lucro e os funcionários
precisam estar satisfeitos em trabalhar na rede”
Como nasceu a Onodera?
a academia da novela Dancin’ Days (apre-
Tudo começou em meados dos anos
sentada na TV Globo em 1978) que ofe-
A Onodera está presente
em quais estados brasileiros?
1970, quando minha mãe, Edna, conhe-
recia tudo que a mulher precisava para
Estamos na Bahia, Distrito Federal, Es-
ceu o meu pai, Ikuo Onodera. Ele era téc-
ficar mais bonita. Só que ela não tinha
pírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas
nico da Seleção Brasileira de Judô e dava
muito capital para investir e queria fa-
Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio
aulas da modalidade em uma academia
zer muitas coisas. Os dois primeiros anos
Grande do Sul, Santa Catarina, São Pau-
no bairro da Liberdade, na capital paulis-
foram bem difíceis, ela quase quebrou.
lo e Sergipe. Com o novo modelo de fran-
ta. Na época, minha mãe trabalhava na
Com muita perseverança, conseguiu ven-
quia, queremos aumentar nosso ritmo
área comercial de um jornal e teve uma
cer os obstáculos e, três anos depois, já
de crescimento e também continuar
ideia para aproveitar essa sala de treino,
contava com três lojas. Tinha um trunfo
com a qualidade dos serviços oferecidos
que não era usada o dia inteiro. Nos ho-
a seu favor. Trinta anos atrás, a mulher
em nossas unidades. Pretendemos abrir
rários ociosos do espaço, ela começou
estava entrando no mercado de traba-
dez unidades em 2016. A intenção é am-
oferecendo aulas de ginástica e jazz.
lho, ganhando o próprio dinheiro, possuía
pliar nossa presença no Nordeste e che-
recursos para gastar e queria se cuidar
gar ao Mato Grosso do Sul e às cidades
Quando foi incorporada
a parte de estética?
mais. Ou seja, minha mãe soube iden-
do interior nos estados onde já estamos.
Veio bem depois, em 1981, quando nos
promissor que tinha tudo para se ampliar.
Há planos para expansão
internacional?
Nesse momento não. O Brasil possui
acordo com o proprietário: durante o
Como a empresa se organizou
para conquistar mais espaço
nesse mercado?
primeiro ano, em vez de pagar aluguel,
Com a inauguração da terceira loja, em
ela investiria na reforma. Morávamos
1998, minha mãe percebeu que pode-
no mesmo local. Lá meu pai dava aula
ria democratizar a estética, atingir um
Qual a estratégia da Onodera
para divulgação da marca? Que
mídias são mais exploradas?
de musculação e de judô e minha mãe
público maior. Nesse ano eu comecei a
Estamos presentes em todas as mídias
criou uma sala com serviço de limpeza
trabalhar com ela e percebemos que a
e contamos com campanha publici-
de pele e massagem. Em 1995, ela con-
forma de ampliar nossa atuação seria
tária na TV, ações de co-branding com
seguiu montar uma clínica só de esté-
por meio do modelo de franquia. Ao
outras marcas, perfis nas redes sociais
tica, no bairro de Moema, que batizou
longo de 1999, nos dedicamos ao estu-
e ativações via assessoria de imprensa.
com o nome de Clube Onodera.
do de viabilidade e a formatar o negócio
tificar com clareza um mercado muito
mudamos para um casarão no bairro
da Aclimação. O imóvel estava bem
deteriorado. Então, minha mãe fez um
com esse objetivo, então a primeira loja
muito potencial ainda para explorar.
Quais os desafios enfrentados
no início da empresa?
franqueada foi aberta no ano seguinte.
A prova de que escolhemos o caminho
Por que resolveram lançar
uma versão mais compacta
da franquia?
No espaço de Moema, minha mãe que-
certo é que, hoje, temos 55 unidades em
Notamos que muitas pessoas que nos
ria fazer uma coisa especial, um serviço
12 estados brasileiros e somos uma das
procuravam tinham menos de R$ 300
diferenciado. Ela tinha como inspiração
referências nesse mercado.
mil para investir. Como não permitimos
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um endividamento muito grande de
nossos franqueados, muitas vezes acabávamos perdendo candidatos, porque
não tinham capital suficiente. Então,
com essa nova versão, vamos conseguir
atender essa faixa de interessados.
O que foi decisivo para
pavimentar a expansão da rede?
A inovação. Estamos constantemente
buscando tratamentos inovadores que
realmente entreguem resultado para os
clientes. Sempre pensamos no ganha –
ganha para todos os envolvidos: o cliente quer ver resultado, o franqueado precisa ter lucro, e os funcionários precisam
estar satisfeitos em trabalhar na rede.
Como a rede se organiza para
inovar sempre nos serviços
oferecidos?
Em 2004, montamos um Centro de
Pesquisa próprio que avalia todos os
tratamentos que aparecem no mercado. Antes de chegar às lojas, todos
os procedimentos passam pela avaliação desse centro. E se não forem realmente bons, não incluímos em nosso
cardápio. Muitas vezes, testamos três
máquinas diferentes para um mesmo
tratamento para escolhermos a que
apresente melhor desempenho. Temos
também uma equipe de especialistas
para criar e desenvolver procedimentos, tornando nossos tratamentos cada
vez mais eficientes.
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EN T R E V ISTA
Luc y Onoder a,
diretora de marketing da Onodera Estética
O segredo é ter
bons aparelhos?
por telefone para checar o andamen-
quentam sempre; as que não estão
to das unidades. Esse trabalho é feito
mais frequentando; e as que vieram
Nesse ramo, o atendimento prestado
por meio de nossas Gerentes de Rela-
pela primeira vez. Dá uma média de
pelos colaboradores também é im-
cionamento, que ajudam o franquea-
dez clientes por loja. Os contatos são
portantíssimo. Por isso, trabalhamos
do na gestão e na consultoria.
feitos por telefone e procuram avaliar o nível de satisfação das clien-
fortemente para aprimorar as nossas
equipes. A cada três meses, realizamos
Como é feita essa consultoria?
tes. Mas estamos reformulando a
um treinamento presencial com par-
Esse procedimento é bem personali-
metodologia. Ainda esse ano, essa
ticipação de um colaborador de cada
zado e feito de acordo com a necessi-
pesquisa passará a ser feita online
unidade, que funciona como multipli-
dade de cada franqueado. A gerente
para conseguirmos atingir 100% das
cador. De volta às suas lojas, esses co-
faz um diagnóstico da unidade e foca
clientes. Também complementamos
laboradores passam os conhecimentos
nos pontos em que ele tem mais de-
essas informações, com um serviço
adquiridos para os demais funcionários
ficiência dando orientações para a
de Cliente Oculto.
da unidade. Depois, para checar se os
melhoria no resultado dos negócios.
ensinamentos foram bem assimilados,
Além disso, a gerente analisa os indi-
Como funciona esse serviço?
todos têm que fazer uma prova virtual.
cadores e realiza o treinamento que
Pessoas contratadas pela Onodera vi-
achar necessário no local.
sitam as unidades franqueadas a cada
três meses como se elas fossem clien-
Além desse treinamento,
existem outras estratégias
para manter o padrão de
qualidade do atendimento?
Como medem a satisfação
dos clientes?
tes comuns para avaliar o atendimen-
Temos uma pesquisa de opinião que
detalhados, apontando como foram
Acompanhamos de perto cada fran-
ouve todo mês cerca de 500 clientes
tratadas, o que funcionou, o que preci-
quia, mantendo contato pessoal ou
divididas em três grupos: as que fre-
sa melhorar, entre outras observações.
12
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to. Depois elas produzem relatórios
“
lor mais elevado. Em compensação, o
Para nossas clientes, tratamentos estéticos
não são supérfluos, ajudam a melhorar
a autoestima e a qualidade de vida.
Por isso, a procura é alta mesmo com crise”
custo-benefício desse tipo de serviço
é muito bom. Pensando no resultado,
vale muito a pena.
Em geral, os clientes têm
expectativas altas quando
procuram um tratamento
estético. Como a Onodera
lida com isso para não
causar frustrações?
De que forma essas informações
ajudam a aperfeiçoar
os serviços prestados?
panhar o lançamento de aparelhos e
Treinamos a equipe para ser muito trans-
novas tecnologias, além de manter
parente. Os profissionais não devem fa-
contato frequente com os fornecedo-
zer promessas para as clientes que não
Por meio dessas pesquisas, a Onodera
res de equipamentos de alta tecnologia
podem ser cumpridas. Eles as orientam
faz um ranking das franquias. Os fran-
voltados ao setor de estética.
e deixam claro que o procedimento estético não dará resultado sozinho, que
queados recebem um feedback que indica quais pontos devem ser melhorados
na unidade. Os resultados também ajudam a formatar os nossos treinamentos.
A crise econômica afetou o
movimento em seu segmento?
O público masculino tem se
interessado cada vez mais
por tratamentos estéticos.
A Onodera investe nesse
nicho de clientes?
ele deve ser aliado a atividades físicas e
a uma alimentação correta. Além disso,
oferecemos acompanhamento com nutricionista durante o tratamento. E informamos que, para que o resultado dos
Nossa estratégia é mais focada no pú-
procedimentos permaneça, é necessário
Os tratamentos estéticos não são enca-
blico feminino. Entretanto, alguns dos
realizar manutenção.
rados como supérfluos por nossas clien-
tratamentos que oferecemos também
tes, e sim como métodos que ajudam a
podem ser utilizados por homens e são
melhorar a autoestima e a qualidade
procurados por eles. Alguns exemplos são
É difícil se estabelecer
nesse ramo?
de vida. Não são luxo, e sim formas de
limpeza de pele e tratamentos médicos.
É fácil montar uma clínica de estética
estar bem com o corpo e consigo mesma. Por isso, a procura ainda é muito
alta mesmo considerando o momento
de crise, o que muda é que as pessoas
pedem mais descontos e temos maior
dificuldade para conversão de vendas.
no mercado. Difícil é permanecer em
Muitos segmentos do consumo
focam no poder de compra
da classe C. A Onodera também
tem ações voltadas para
atrair esse público?
funcionamento e prosperar, porque
trabalhamos com um público exigente. Como todo serviço, existe uma série de variáveis que podem implicar
no sucesso ou fracasso da empresa. Se
Não definimos os clientes por classe so-
você contratar a pessoa errada, não in-
Como a Onodera se organizou
para enfrentar esse período
de recessão?
cial. Estamos abertos para atender todos
vestir em treinamento adequado, não
aqueles que tenham interesse em fazer
fizer o acompanhamento necessário,
procedimentos estéticos. Por isso, ofere-
as chances de não dar certo são gran-
Temos um planejamento estratégico
cemos uma grande variedade de trata-
des. Portanto, é preciso manter um
e fazemos estudos de mercado cons-
mento, com diversas faixas de preço.
olho na gestão e outro, no cliente. Com
tantemente. Além de procurar sempre
oferecer tratamentos inovadores que
mais de 60 mil atendimentos por mês,
não podemos dizer que nunca tem
a frequentar as unidades. Participa-
É possível oferecer tratamentos
estéticos de alta tecnologia
a preços acessíveis?
mos sempre de feiras dedicadas a esse
Não é tão fácil, já que um tratamento
consultar a Onodera no Reclame Aqui,
setor e viajamos ao exterior para acom-
de alta tecnologia costuma ter um va-
fazem com que as clientes continuem
problema. Mas a gente trabalha para
resolver tudo muito bem. Se você for
verá que nossa carinha está "verde". &
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OPORT U N IDA DE S
POR rachel cardoso
Saúde para
todos
Inovações tecnológicas
melhoram relação com pacientes
e deficiências dos sistemas
tradicionais no atendimento
abrem diversas oportunidades
de negócios nas áreas médicas
e odontológicas, provocando
um redesenho do setor
A
s plataformas digitais têm
as empresas da área – independente-
promovido profundas mudanças nas
mente do ambiente econômico – e isso
relações de consumo e não é diferente
se deve não somente às inovações tec-
entre pacientes e o anêmico sistema
nológicas, mas ao aumento da deman-
de saúde, público ou privado. Nesse
da, pressão por redução de custos e a
contexto,
entrada de novos players no mercado.
muitos
empreendedores
têm seguido à risca a velha máxima de
fazer do limão uma limonada: estão
É o caso do Dr. Agora, uma rede de clí-
transformando as brechas deixadas
nicas inspirada no conceito de varejo
pelas deficiências dos modelos atuais
da americana MinuteClinic, criada
em oportunidades de negócios. Base-
nos anos 2000 nos Estados Unidos.
ado no que acontece em outras indús-
Hoje existem lá mais de 800 estabe-
trias, a tendência é que o impacto no
lecimentos do tipo, instalados em far-
futuro da medicina redesenhe todo
mácias e supermercados. No Brasil,
o setor, escreve o médico Bertalan
a legislação ainda restringe a cópia
Mesko, PhD e autor do livro A Guide to
exata do modelo, mas uma primeira
the Future of Medicine.
unidade foi inaugurada em meados
de 2015 na capital paulista e oferece
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Relatório da PricewaterhouseCoopers
consultas rápidas com clínico geral,
(PwC) prevê um ano promissor para
e sem necessidade de agendamento
prévio, por R$ 89. Desde a inaugu-
Com a mesma linha de pensamento
São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e
ração, outras duas unidades foram
nasceu o Grupo Genera, atualmente in-
Salvador. Além das análises de rotina
abertas também em São Paulo.
cubado no Centro de Inovação, Tecno-
– como detecção de doença e investi-
logia e Empreendedorismo (Cietec), ins-
gação de genealogia familiar –, expli-
“A ideia é atuar no atendimento primá-
tituição ligada à Universidade de São
ca Di Lazzaro, são conduzidos inúme-
rio, em situações de baixo risco, como
Paulo (USP). O empreendimento se pro-
ros projetos de inovação em genética
alternativa socioeconômica viável ao
põe a fazer exames genéticos a preços
e biologia molecular por uma equipe
pronto-socorro”, diz o sócio-fundador
populares, como o serviço DNA Barato,
qualificada dentro da própria USP: “O
do Dr. Agora, Luiz Guilherme Berardo.
30% mais em conta que os tradicionais.
SUS é parte importante do atendi-
Embora o objetivo seja dar acesso para
“Fizemos uma promoção para tornar
e então começamos a olhar a saúde
a população de baixa renda, o execu-
a marca conhecida e selecionamos 20
como produto, com toda a ética ne-
tivo acredita que outros perfis de pa-
casos para exames em que cobramos
cessária ao processo”, ele afirma.
cientes devem frequentar as clínicas.
o valor simbólico de R$ 1”, diz o médi-
“Nossa proposta é oferecer um serviço
co Ricardo di Lazzaro, sócio-fundador
Foi assim também com o empreende-
melhor, mais barato e de vizinhança”,
da empresa.
dor Estevão Valle, diretor da Clínica + 60,
mento, mas não dá conta do recado
afirma Berardo, para quem ainda há
sob a batuta da Artemísia – aceleradora
muito espaço de crescimento com a
Desde que foi criada em 2010, a Ge-
de negócios sociais: “Buscamos trazer
disseminação de informações sobre os
nera já realizou 40 mil atendimen-
um impacto positivo para a questão
novos modelos que surgem.
tos entre as cidades em que atua:
do envelhecimento da população e do
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OPORT U N IDA DE S
Saúde pa r a todos
aumento do contingente de idosos sem
Aplicativos
vos forem desenvolvidos e utilizados de
planos de saúde pela alta dos preços
Foi justamente graças às novas tecno-
forma inteligente, poderão gerar uma
nessa faixa etária”, diz Valle.
logias que a Dr. Cuco nasceu. A plata-
redução de gastos no setor de US$ 14 bi-
forma gratuita se conecta aos softwa-
lhões anualmente.
Segundo o médico, o negócio – que
res de prontuários médicos e converte
mira o cuidado integral multidiscipli-
a prescrição em lembrete, para que os
Foi de olho nesses recursos que a Dr.
nar de pessoas mais velhas – surgiu
medicamentos sejam tomados corre-
Cuco construiu seu plano de negócios.
pela demanda por atendimento vol-
tamente. “A cada 100 prescrições rea-
“A medida que o paciente se engaja no
tado para doenças crônicas: “Quem
lizadas, apenas de 15 a 20 são realiza-
tratamento, acumula pontos que po-
tem muito médico acaba não tendo
das adequadamente pelos pacientes”,
dem ser revertidos em benefícios rela-
nenhum. É preciso contemplar o todo,
conta o Chief Procurement Officer
cionados à saúde e ao bem-estar”, con-
principalmente quando o paciente
(CPO) da empresa, Gustavo Comitre.
ta Comitre, que ressalta a gratuidade
tem queixas que vão da cabeça aos
pés, como os idosos”.
da solução para médicos e pacientes.
Não à toa, o mHealth – mercado de
aplicativos de saúde para pacientes –
O potencial de empresas como o Dr.
Criada em 2013, em Belo Horizonte
cresce mais de 60% ao ano no Brasil,
Cuco pode ser medido pela curta tra-
(MG), a Clínica + 60 mantém hoje ofer-
segundo o próprio Dr. Cuco. Pesquisa
jetória de sucesso: em pouco mais de
ta de 12 especialidades que vão desde
da PwC indica ainda que se os aplicati-
um ano de existência já foi selecio-
nutrição e psicologia até cardiologia
e neurologia. A consulta custa R$ 150
e prevê acompanhamento telefônico
24 horas por dia. “Temos plena convicção de que é um negócio escalável e
que se desenvolverá graças ao suporte
das novas tecnologias”, afirma Valle.
O SUS é parte importante
do atendimento, mas
não dá conta do recado
e então começamos
a olhar a saúde como
produto, com toda a ética
necessária ao processo”
Ricardo di Lazzaro,
sócio-fundador do Grupo Genera,
que criou o serviço DNA Barato
16
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Foto: Débora Klempous
“
“
A ideia é atuar no atendimento
primário, em situações de
baixo risco, como alternativa
socioeconômica viável ao
pronto-socorro. Nossa proposta
é oferecer um serviço melhor,
mais barato e de vizinhança”
Luiz Guilherme Berardo,
Foto: Rubens Chiri
sócio-fundador do Dr. Agora
Hoje o Dr. Consulta, oficialmente lançado em 2011, é uma rede de clínicas voltadas para as classes C e D, com valor
nado para o Circuito Internacional
jovens e adultos em regiões carentes
de atendimento para quase todas as
Albert Einstein de Startups, recebeu
e de difícil acesso. Hoje atendem em
especialidades por, no máximo, R$ 150.
aceleração no programa Startup-SC
média 8 mil pacientes por mês.
Apesar dos preços baixos, o serviço é de
do Sebrae, além de participar com ex-
bom nível, a cargo de profissionais for-
posição no evento Hospital Innovation
O paciente de ortodontia paga uma
mados nas melhores universidades de
Show e Feira Hospitalar.
mensalidade de R$ 50 mensais e os
medicina do País. E, ao contrário do que
demais procedimentos clínicos são
se possa imaginar, a iniciativa não tem
Todo esse histórico do Dr. Cuco, porém,
oferecidos com um desconto de 40%
nada a ver com filantropia.
assim como o reforço nos investimen-
da tabela de referência da Associação
tos desse tipo de negócio, ganhou im-
Brasileira de Odontologia. O modelo
É um empreendimento criado para
pulso por conta de pioneiros como
já garantiu a abertura de negociação
fazer dinheiro, com metas rígidas de
Dr. Consulta e Multi Orto. São iniciati-
com fundo de investimento para uma
desempenho e controle de custos. A
vas que abriram passagem para toda
forte expansão para todos os outros
expectativa era de faturamento de
essa transformação em curso no País.
estados do Nordeste.
R$ 6 milhões em 2014. Srougi não quis
Baixa renda
Caminho semelhante seguiu o médico
do é de silêncio: “No segundo semestre
Desde que saiu da faculdade, o dentis-
Thomaz Srougi, sócio-fundador do Dr.
posso falar com prazer”.
ta Orestes Maciel percebeu a dificul-
Consulta, pós-graduado em estreladas
dade de acesso e o alto custo para o
universidades americanas, montou es-
Não seria surpresa se houvesse algu-
tratamento ortodôntico da população
critório na favela de Heliópolis e criou
ma novidade para anunciar até lá, a
de baixa renda. Criou então, em 2004,
um negócio que está atraindo o inte-
exemplo da negociação em curso na
em Recife (PE), uma rede com foco em
resse de acadêmicos de todo o mundo.
dar entrevista porque diz que o perío-
Multi Orto. &
edição 44 • maio | junho • 2016
17
C A PA
POR Filipe Lopes
ilustraçÃo laís brevilheri
Em
queda
livre
Pesquisa inédita divulgada
pela FecomercioSP, em parceria
com a Secretaria de Finanças
e Desenvolvimento Econômico
da Prefeitura de São Paulo, revela
que em um ano o setor de serviços da
capital paulista perdeu R$ 7,4 bilhões
C A PA
O
Em q ued a l iv re
setor de serviços se destacou
(FecomercioSP), em parceria com a
recorte necessário para identificar as
nos últimos anos pelo dinamismo e
Secretaria de Finanças e Desenvolvi-
características reais do mercado em
pela representatividade na economia
mento Econômico da Prefeitura de São
determinadas regiões. Assim, a PCSS
brasileira, responsável pela geração de
Paulo. Trata-se de um verdadeiro raio X
é o primeiro indicador mensal de ser-
empregos e renda. Mas a crise atingiu
do segmento no município, além de
viços em âmbito municipal, com infor-
em cheio este mercado. Em dezembro
mostrar quais áreas estão crescendo e
mações de todas as empresas presta-
de 2015, o faturamento real do setor
quais precisam de ações e políticas pú-
doras de serviços sediadas na cidade
de serviços da cidade de São Paulo re-
blicas especiais para voltar a ter fôlego.
de São Paulo que recolhem o Imposto
gistrou queda de 4,8% na comparação
sobre Serviços (ISS), fornecidos pela
com o mesmo mês de 2014, atingindo
No Brasil, as receitas do segmento al-
Secretaria de Finanças e Desenvolvi-
um montante de R$ 21,5 bilhões – cerca
cançaram a ordem de R$ 1,5 trilhão em
mento Econômico. O indicador conta
de R$ 1 bilhão a menos do que o alcança-
2014, sendo que somente o Estado de
com série histórica desde 2010, permi-
do naquele mês. Essa foi a primeira que-
São Paulo contribuiu com mais de 40%
tindo o acompanhamento do setor em
da registrada para o mês de dezembro
desse valor – algo em torno de R$ 600
uma trajetória de longo prazo. Con-
desde 2010. No acumulado ao longo do
bilhões. O município de São Paulo tam-
siderando a diversidade do setor, as
ano, as prestadoras de serviços da capi-
bém tem grande relevância nos re-
atividades são reunidas em 13 grupos,
tal paulista faturaram R$ 256,5 bilhões;
sultados estaduais e nacionais, repre-
levando-se em conta as suas similari-
R$ 7,4 bilhões a menos do que em 2014,
sentando, aproximadamente, 20% do
dades e representação no total do que
o que representa uma queda de 2,8%.
Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
é arrecadado do ISS no município. Por
Estes dados fazem parte da Pesqui-
Para analisar e diagnosticar soluções
identificar o total do faturamento (real
sa Conjuntural do Setor de Serviços
para retomar o crescimento deste
e nominal) por atividade, as variações
(PCSS), lançado em março pela Fede-
setor é preciso ter dados concretos e
percentuais em relação ao mesmo mês
ração do Comércio de Bens, Serviços
atualizados, o que não ocorria com a
do ano anterior e mês imediatamente
e Turismo do Estado de São Paulo
frequência satisfatória e nem com o
anterior além do acumulado no ano.
meio dos relatórios gerados é possível
20
edição 44 • maio | junho • 2016
Segundo o presidente do Conselho de
tanto para investidores com interesse
mento Econômico da capital paulista,
Serviços da FecomercioSP, Aguinaldo
na capital paulista, como para gesto-
Rogério Ceron, a divulgação dos dados
Rodrigues da Silva, o estudo vai ajudar
res de políticas públicas no município,
traz benefícios para todos: “A acade-
o empresário de serviços a compreen-
que terão em mãos séries históricas
mia passa a ter acesso a um conjunto
der melhor as dimensões do merca-
que possibilitarão a elaboração de aná-
de dados ricos em informações para
do e a dinâmica do setor e, com isso,
lise de tendências e projeções”, afirma.
avaliar o setor, que é carente de dados
mapear suas reais necessidades e de-
em todo o território nacional. Para o
senvolver o trabalho mais adequado,
A produção de indicadores de servi-
empresariado, a pesquisa revela todo
em conformidade com uma realidade
ços na cidade de São Paulo a partir da
o cenário do segmento com dados
econômica que a pesquisa demonstra:
base de dados do ISS arrecadado tam-
concretos, o que reduz incertezas e os
“Com dados de evolução do fatura-
bém contribui para o planejamento
ajuda na tomada de decisões. Para a
mento bastante confiáveis e segmen-
fiscal, econômico e para o desenvol-
população em geral, o conhecimento
tados pelas diversas áreas do setor de
vimento urbano do município. Para o
acrescenta na transparência entre po-
serviços, a pesquisa também será útil,
secretário de Finanças e Desenvolvi-
der público e cidadãos, além de ajudar
“
Com dados de evolução do
faturamento bastante confiáveis
e segmentados, a pesquisa será útil
para investidores e gestores
de políticas públicas, que terão
em mãos dados que possibilitarão
análise de tendências e projeções”
Aguinaldo Rodrigues da Silva,
Foto: Rubens Chiri
presidente do Conselho de Serviços da FecomercioSP
edição 44 • maio | junho • 2016
21
C A PA
Em q ued a l iv re
“
Para a população em geral,
o conhecimento acrescenta
na transparência entre
poder público e cidadãos,
além de ajudar a mostrar
esse setor tão importante
para a economia local
e nacional, considerado
o motor da cidade”
Rogério Ceron,
secretário de Finanças e Desenvolvimento
Econômico da Prefeitura de São Paulo
a mostrar esse setor tão importante
para a economia local e nacional, considerado o motor da cidade, mas que
antes tinha as informações pouco divulgadas”, aponta Ceron.
Cenário de retração
Segundo a PCSS, das 13 atividades que
compõem a pesquisa, dez apresentaram queda de receita no mês de dezembro em relação ao mesmo mês de
2014. O setor que mais sofreu retração
no período foi construção civil, que
viu seu faturamento encolher 26,3%
no comparativo entre meses e -16%
no acumulado anual (R$ 2,1 bilhões no
faturamento). Segundo a assessoria
econômica da FecomercioSP, depois de
um período longo de alta nas receitas,
o segmento de construção civil registrou um ano muito ruim, resultado do
aumento do desemprego, da queda no
rendimento da população, dos juros
altos e da escassez de crédito.
Para Silva, do Conselho de Serviços
da FecomercioSP, o momento exige
das empresas prestadoras de serviços uma atenção especial para a
qualidade do trabalho oferecido para
poderem reaquecer o setor: “Ganha
destaque, nesse novo cenário, a ênfase em qualidade que, embora seja
importante no setor industrial, é ainda mais relevante no setor de serviços,
fazendo com que surja a necessidade
de as empresas desenvolverem um
entendimento apurado sobre qualidade na prestação de serviços, buscando alcançar a satisfação dos clientes,
conscientes de que assim procedendo
terão possibilidades maiores de obte-
Foto: Rubens Chiri
rem bons resultados em curto e longo
prazo”, afirma. Ainda de acordo com
Silva, são três atitudes que as empresas devem ter para superar as adver-
22
edição 44 • maio | junho • 2016
Faturamento do setor de serviços
paulistano ao longo dos anos
Em 2015, as empresas que compõem o setor de serviços da cidade
de São Paulo registraram faturamento real de R$ 256,5 bilhões, queda de 2,8%
na comparação com o ano anterior. Esse foi o pior faturamento do segmento
desde 2012 e a maior queda de variação acumulada entre os anos, desde 2011.
Entre 2014 e o ano passado, as empresas prestadoras de serviços encolheram
R$ 7,4 bilhões em seus faturamentos.
pesquisa conjuntural do setor de serviços – município de são paulo
faturamento real anual (em r$ bilhões)
206,1
2010
244,3
226
2011
2012
259,3
263,9
256,5
2013
2014
2015
atividades que mais cresceram e encolheram o faturamento em 2015
Atividades
%
Simples Nacional
10,4
˚
Saúde
2,6
˚
Mercadologia e comunicação
-8,8
˙
Construção civil
-16
˙
Técnico-científico
-18,7
˙
Fonte dos dados primários: Secretaria das Finanças da PMSP | Metodologia e cálculos: FercomercioSP
C A PA
Em q ued a l iv re
sidades: investir em seleção e trei-
te propulsor da economia brasileira.
namento de pessoal na prestação de
Desde que foi criado, esse sistema de
bons serviços; padronizar o processo
tributação simplificou o recolhimento
de trabalho por toda a organização; e
de impostos e diminuiu a carga tribu-
monitorar a satisfação do consumidor
tária. Quando reduzimos custos e a
por meio do sistema de sugestões, re-
burocracia, incentivamos o empreen-
clamações e comparação de compra,
dedorismo. Esse resultado da pesquisa
possibilitando que os serviços fracos
comprova isso”, aponta.
sejam detectados e corrigidos.
Na contramão da crise
Para 2016, os economistas da Federação
afirmam não haver indícios de que o
O estudo mostrou ainda, que apesar
cenário possa mudar, pois alguns indi-
da crise, alguns setores seguem for-
cadores econômicos apontam para um
tes e aquecidos, capazes de crescer
aprofundamento da crise econômica,
mesmo em meio às incertezas atuais.
sugerindo que será mais um ano de
As únicas três atividades que regis-
fraco desempenho para o setor de ser-
traram crescimento em dezembro, na
viços. Na contramão da crise, as ativida-
comparação com o mesmo mês de
des do Simples Nacional e saúde devem
2014, foram empresas optantes pelo
permanecer registrando resultados
Simples Nacional (10,4%); do ramo de
positivos, o que pode amenizar o re-
saúde (2,6%); e viagens, hospedagem,
sultado negativo do setor de serviços
eventos e assemelhados (2,9%).
na cidade de São Paulo.
Em 12 meses, as empresas prestado-
Munição para investir
ras de serviços optantes pelo Simples
A nova PCSS também serve como
Nacional elevaram seus faturamentos
pesquisa de mercado para quem
em 10,4%. De acordo com a Federação,
pretende empreender no setor de
o Simples Nacional, ao longo de toda
serviços na cidade, já que conta com
a série histórica vem registrando re-
todo o histórico de crescimento e
sultados positivos nas suas receitas.
queda das empresas. Segundo Ce-
A entrada em vigor da Lei Comple-
ron, o estudo pode ajudar a diminuir
mentar nº 123/2006 e a vigência da LC
a taxa de mortalidade das empresas
nº 147/2014 favoreceram a formaliza-
nascentes na capital, já que antes o
ção de um número maior de ativida-
empresário poderia tomar decisões
des que optam pela tributação e dão
equivocadas por não contar com
continuidade aos resultados positivos
uma base de dados real, agora ele
das receitas do setor.
conta com mais informações para
investir nos campos certos, buscar
24
edição 44 • maio | junho • 2016
Segundo o ex-ministro da Secretaria
parcerias e planejar melhorias para
da Micro e Pequena Empresa e presi-
seu negócio: “A divulgação dos dados
dente do Sebrae Nacional, Guilherme
também é importante para o empre-
Afif Domingos, os resultados favo-
endedorismo na cidade, pois eviden-
ráveis à modalidade de tributação
cia áreas em expansão e mostra as
atestam o sucesso da medida. “Esse
melhores oportunidades de negócios
resultado é mais uma prova de que
para se investir”, afirma. Com isso, o
o Simples Nacional é um importan-
empreendedor ganha dimensão de
mercado e planeja melhor sua atua-
informações sobre o desempenho de
aponta Domingos. O ex-ministro acre-
ção com mais segurança.
um determinado setor, mais consegui-
dita ainda que os resultados obtidos
mos elementos para elaborar um bom
no inédito estudo na capital paulista
Para o presidente do Sebrae Nacional,
plano de negócios. Ter informações
tendem a refletir a maioria das gran-
a pesquisa sobre serviços é uma im-
confiáveis e que retratem a realidade
des cidades brasileiras.
portante ferramenta para todos co-
de uma região pode ser a peça-chave
nhecerem o desempenho das empre-
para planejar o empreendimento com
Segundo o presidente do Conselho de
sas do setor de serviços em São Paulo,
maior solidez. Entre os fatores que
Serviços da FecomercioSP, as pesqui-
que abriga 35% das micro e pequenas
determinam a sobrevivência das em-
sas conjunturais são ferramentas cer-
empresas do País: “Quanto mais temos
presas o principal é o planejamento”,
tas para entender melhor a concorrência que existe no segmento, trabalhar
“
Quanto mais temos informações sobre
o desempenho de um determinado setor,
mais conseguimos elementos para elaborar
um bom plano de negócios. Ter informações
confiáveis e que retratem a realidade de uma
região pode ser a peça-chave para planejar
o empreendimento com maior solidez”
Guilherme Afif Domingos,
presidente do Sebrae
devidamente com o market share do
negócio e encontrar soluções estratégicas e adequadas para as empresas:
“Acreditamos que a Pesquisa Conjuntural irá produzir indicadores que permitem acompanhar o comportamento
do setor de serviços, e que servirá de
norte para empreendedores que pretendem investir em negócios no segmento”, afirma Silva.
Convênio de sucesso
A divulgação da pesquisa só foi possível pelo convênio firmado entre a
Secretaria de Finanças e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de
São Paulo e a FecomercioSP, que uniu
dois especialistas para contribuir com
o setor de serviços. “Nós tínhamos as
informações, mas não tínhamos a
capacidade de trabalhar e divulgar
os dados para toda a população. E
nisso, a FecomercioSP tem todo um
know how para trabalhar o conjunto
de dados e transformar em informações acessíveis, além do poder de divulgação e impacto para alcançar um
grande número de pessoas e empresas”, afirma Ceron. Por isso, a abertura
do setor público com a federação é
Foto: Luiz Prado
comemorada e, segundo o secretário,
será mantida para outros projetos futuros, que também sejam interessantes e capazes de agregar aos diversos
setores da cidade. &
edição 44 • maio | junho • 2016
25
A RT IGO
POR José Goldemberg
Por que a eletricidade
é cara no Brasil?
A
té 2010 a tarifa da eletrici-
dade residencial no Brasil estava na
droeletricidade, o que foi agravada
tema de “bandeiras tarifárias” para
por dois fatores:
desencorajar o uso de eletricidade, co-
média mundial (cerca de R$ 300 por
brando um valor adicional pelo consu-
megawatt-hora). Era menor do que nos
1. Em primeiro lugar o fato que há
países industrializados da Europa, da
mais de dez anos as novas usinas hi-
Rússia e até nos Estados Unidos.
droelétricas foram construídas com
A bandeira verde significa normalida-
reservatórios menores devido às di-
de e a tarifa não sobe. A bandeira ver-
A razão para tal é que na Europa se
ficuldades em obtenção de licencia-
melha significa que as usinas térmicas
usa em geral gás e carvão para gerar
mento ambiental.
foram ligadas para cobrir o déficit de
eletricidade. Já no Brasil, até recente-
mo de cada 100 kilowatt-hora a mais.
produção das usinas hidroelétricas, o
mente, a produção era feita em usinas
2. Em segundo lugar a decisão do
que aumenta muito os custos de ele-
hidroelétricas que não dependem de
Governo Federal em encorajar o uso de
tricidade. Com esta tarifa, o custo au-
combustíveis fósseis como gás e car-
eletricidade por meio de isenções tri-
menta em R$ 3 pelo consumo de cada
vão, mas do fluxo de água dos rios.
butárias nos produtos da linha branca.
100 killowatt-hora a mais. A bandeira
A energia elétrica no Brasil seria ain-
As tarifas foram mantidas fixas até
da mais barata se nela não incidissem
2012 quando o governo reduziu as
cerca de 40% de impostos e taxas (es-
tarifas em 20% por meio da Medida
Recentemente a situação das hidroe-
taduais e federais).
Provisória nº 579. Esta medida foi in-
létricas melhorou, as térmicas foram
terpretada como demagógica e eleito-
parcialmente desativadas e as ban-
Ainda assim, o sistema elétrico brasi-
reira tendo em vista as eleições presi-
deiras vermelha e amarela estão sen-
leiro era, até 2010, bastante eficiente
denciais em 2014.
do eliminadas.
tir de 2010 o governo federal decidiu
Passadas as eleições as tarifas explo-
É um ganho pequeno: o preço da ener-
administrar os preços da energia elé-
diram e em 2015 aumentaram qua-
gia elétrica cai apenas alguns poucos
trica de uma forma desastrada com
se 50% para compensar as perdas
pontos percentuais, o que não com-
o resultado que subiram quase 50%,
sofridas pelas empresas que só ha-
pensa o aumento bruto de quase 50%
atingindo R$ 430 por megawatt-hora
viam sido socorridas com recursos do
em 2015.
Tesouro Nacional.
O que ocorreu a partir de 2010 foi que
As consequências deste aumento
começou a chover menos, prenun-
brutal foram tão graves que em mea-
ciando uma crise na produção de hi-
dos de 2015 o governo adotou um sis-
amarela é intermediária e eleva o custo em R$ 1,50 para cada killowatt-hora.
e pouco poluente. Sucede que a par-
26
edição 44 • maio | junho • 2016
em 2015. &
José Goldemberg é o Presidente
do Conselho de Sustentabilidade
da FecomercioSP
Exporte os seus produtos
com mais facilidade
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FecomercioSP e expanda a sua rede de
negócios no mercado internacional
com mais segurança e rapidez.
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Aqui tem a força do comércio
edição 44 • maio | junho • 2016
27
EMPR EENDEDOR ISMO
por iracy paulina
fotos Débora Klempous
Restaurou,
ficou novo
Na esteira da crise econômica e com a queda
na renda das famílias, profissionais antes
esquecidos, como costureira e sapateiro, estão
sendo lembrados, assim como os tradicionais
brechós, que vendem artigos usados
28
edição 44 • maio | junho • 2016
C
ostureira de mão cheia, Maria
dimento. Percebi que isso conta até
juntamente com o número de aten-
da Gloria de Oliveira Pereira recebe
mais do que o preço”, explica Gloria.
dimentos das lojas”, contabiliza Zita.
diariamente uma média de 50 pesso-
Os serviços mais procurados são: bar-
as em seu ateliê, o Arte da Costura,
O vento a favor também foi perce-
ras, ajustes simples e, agora, reparos
no bairro da Pompeia, zona Oeste de
bido pela Linha e Bainha, do Grupo
e customização de peças em geral. Os
São Paulo. Os clientes chegam com
Acerte Franchising, que atua no
valores desses serviços são o principal
sacolas cheias de roupas usadas para
ramo de costura expressa, com
chamariz: começam na casa dos R$ 10 e
reformar ou consertar. Feliz com o mo-
serviços de reforma, ajustes e cus-
podem ir até R$ 50, dependendo do tipo
vimento, ela conta que a procura por
tomização de peças. Com sede na
de peça, ou seja, são feitos sob medida
seus serviços cresceu cerca de 30% em
capital paulista, a rede tem 21 uni-
para o bolso apertado pela crise.
um ano, seguindo o agravamento da
dades franqueadas espalhadas pelo
crise econômica: “As pessoas, estão
interior de São Paulo e nos estados
Para aproveitar melhor o momen-
mais cautelosas na hora de comprar,
do Maranhão, Mato Grosso, Pará,
to e dinamizar os negócios, a Linha e
então abrem o armário para ver o que
Paraná e Pernambuco.
Bainha lançou o serviço expresso, com
podem reabilitar, depois de uma refor-
entrega rápida aos clientes em 24 ho-
ma ou um ajuste”, conta Gloria, que
“Percebemos que os brasileiros es-
ras. A estratégia é conquistar mais
já teve uma oficina de costura para
tão com um novo comportamento
clientes entregando qualidade e ra-
atender confecções e, antes de abrir
de consumo mais consciente. Tem
pidez no atendimento. “Também in-
o negócio próprio, trabalhou na rede
sido necessário frear os gastos e se
vestimos no serviço de customização
Sapataria do Futuro.
adequar à realidade econômica en-
e personalização de peças com apoio
frentada pelo País. Por isso, as pes-
de estilistas, que tem o poder de reno-
Se a crise econômica é ruim para o co-
soas estão pensando duas vezes
var uma roupa antiga, trazendo para
mércio de artigos novos, pode ser um
antes de comprar novos bens e en-
o cliente um visual mais moderno
terreno de oportunidades para profis-
xergando nas reformas e consertos
de acordo com a moda atual”, expli-
sionais da restauração como Gloria:
uma alternativa para economizar”,
ca Zita. “Nossa perspectiva de cresci-
“O mercado está bom para esse tipo
avalia Zita Sobral França, gestora da
mento é de 25%, mesmo em tempos de
de negócio, tanto que tenho mais dois
marca Linha e Bainha.
crise, pois acreditamos que os nossos
concorrentes na região onde estou ins-
serviços se tornam necessários para
talada”, conta a costureira. "Mas, para
Por isso, segundo ela, desde março do
esse novo público que pensa em um
manter a freguesia, é preciso fazer
ano passado houve um aumento na
consumo consciente”.
um trabalho de qualidade. Muitos dos
demanda de reforma e customização
novos clientes que estou conquistan-
de peças de roupa nas lojas da Linha
Novos clientes
do chegam por indicação de quem já
e Bainha: “Registramos um aumento
Dono da Sapataria Conserta Já, insta-
experimentou e gostou do meu aten-
progressivo de 30% no faturamento,
lada há 40 anos numa galeria na re-
edição 44 • maio | junho • 2016
29
EMPR EENDEDOR ISMO
R es t au rou, f icou novo
gião central da capital paulista, Rafael
no máximo dois. Estão mais cautelosos
cou que um crescimento de 210% do
Araújo Cortez também planeja aprovei-
com os gastos, investem apenas no que
número de pequenos negócios dedi-
tar essa nova orientação do consumi-
realmente precisam”, observa ele. Em
cados a esse ramo entre 2007 e 2012.
dor para refazer a carteira de clientes.
sua sapataria, as maiores demandas
E a expansão desse mercado continua,
Ele conta que, com a saída de muitas
são pela colocação de sola em sapatos
embora em ritmo mais lento, segun-
empresas do entorno de onde atua e,
e troca de zíper de bolsas.
do outro levantamento da entidade.
mais recentemente, por conta do de-
Desta vez, analisando os números
semprego, viu sua clientela diminuir.
Usados em alta
Há três anos, atendia 100 clientes por
De fato, de acordo com o índice
Sebrae verificou uma alta de 8% dos
dia. Hoje, essa média está em 70. Isso
Intenção de Consumo das Famílias
empreendimentos dedicados ao co-
porque, nos últimos meses, ele arrega-
(ICF), apurado pela Federação do
mércio varejista de artigos usados, de
çou as mangas para conquistar novos
Comércio de Bens, Serviços e Turismo
janeiro a outubro de 2015, ou seja, em
clientes aproveitando a onda de quem
do Estado de São Paulo (FecomercioSP),
plena crise econômica. Desde janei-
está segurando as compras e inves-
os consumidores estão mais cautelo-
ro de 2013, houve um crescimento de
tindo na restauração de peças usadas
sos na hora de abrir a carteira. De acor-
31% – o número de empresas do gêne-
para economizar: “Como fico dentro de
do com os dados disponíveis em março,
ro saltou de 10,8 mil para 14,1 mil em
uma galeria, preciso chamar o clien-
o índice sinalizou uma queda de 33,2%
outubro do ano passado.
te para cá. Então, usei a estratégia de
em relação ao mesmo mês de 2015.
de optantes pelo Simples Nacional, o
Segundo Wilsa Sette, coordenadora
distribuir panfletos em locais de grande circulação aqui pelas redondezas,
É nessa esteira que ganham forças al-
nacional de varejo de moda do Sebrae,
como as estações de metrô”, explica.
ternativas mais baratas, como as ofe-
não se pode negar o atual cenário eco-
recidas pelo mercado de restauração.
nômico como um fator que impulsio-
Segundo Cortez, os clientes estão voltan-
Por esse mesmo motivo, também vem
na esses números: “A roupa de brechó
do, embora ainda não seja possível cra-
ganhando um número cada vez maior
var um percentual de crescimento. Mas
de adeptos o setor de brechós. É o que
ele notou uma mudança de comporta-
mostram números de pesquisas reali-
mento da clientela, que tem a ver com a
zadas pelo Serviço Brasileiro de Apoio
situação econômica difícil: “Antes, tinha
à Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
cliente que trazia até uns oito sapatos
Usando informações da base de dados
de uma vez para reparar. Hoje, trazem
da Receita Federal, a instituição verifi-
“
As pessoas, estão mais cautelosas na hora de
comprar, então abrem o armário para ver o
que podem reabilitar, depois de uma reforma
ou um ajuste. Mas, para manter a freguesia,
é preciso fazer um trabalho de qualidade”
Maria da Gloria de Oliveira Pereira,
dona do ateliê Arte da Costura
30
edição 44 • maio | junho • 2016
“
Como fico dentro de uma galeria,
preciso chamar o cliente para cá.
Então, usei a estratégia de distribuir
panfletos em locais de grande
circulação aqui pelas redondezas,
como as estações de metrô”
Rafael Araújo Cortez,
dono da Sapataria Conserta Já
é muito barata, chega a custar entre
de 30% do faturamento, mesmo nessa
Já Fabíola Loureiro, sócia do Acervo de
70% a 80% do valor de uma peça equi-
época de crise”, afirma Wilsa.
Coisinhas, na Bela Vista, em São Paulo,
valente nova. Por isso, atrai consumi-
preferiu não se especializar: “Temos mais
dores que procuram vestuário de qua-
A especialização dentro desse nicho é
de duas mil peças bem variadas. Temos
lidade a preço acessível”, diz ela.
uma das tendências que ela aponta:
desde roupas para ocasiões especiais até
“Notamos que há uma segmentação
aquelas mais básicas, para o dia a dia.
Entretanto, Wilsa também aponta
muito grande. Tem brechó que tra-
Nosso critério de seleção é a qualidade”,
uma mudança de comportamento do
balha só com grifes, os que vão para
explica Fabíola que abriu o brechó em
consumidor: “Há uma tendência mun-
a área infantil, outros apostam no
2014, junto com duas colegas de facul-
dial de valorização do consumo cons-
vintage, entre outros”, afirma.
dade. Instalaram o negócio no andar de
ciente, o que inclui comprar artigos
cima do café que uma delas já possuía.
usados”, afirma ela. Desde 2014, o setor
É o caso da professora de história da
“No início, pegamos roupas de amigas
comandado por ela desenvolve um tra-
moda Brigida Cruz, de Campinas, que
em consignação. Só depois, quando as
balho com brechós do País. “Esse é um
criou o Que Chuchu, um brechó dedi-
coisas começaram a dar certo, come-
negócio de baixo risco e que não requer
cado a peças vintage em 2008, a princí-
çamos a comprar peças para reforçar o
grandes investimentos, uma vez que o
pio para venda apenas online. No final
nosso estoque”, comenta Fabíola.
empresário não precisa comprar um
do ano passado, resolveu montar uma
grande estoque, pode trabalhar com
loja física e pagou uma consultoria
Desde o ano passado, ela notou um au-
peças em consignação”, considera.
em visual merchandising para se ins-
mento de 50% no número de clientes in-
talar em uma casinha antiga do bair-
teressados em comprar roupas usadas
Ela explica que os brechós que se pre-
ro de Barão Geraldo, em Campinas. “O
em sua loja: “Percebemos também uma
ocupam em profissionalizar a gestão,
cliente quer chegar em um brechó e
procura maior por parte de quem deseja
investir em marketing e implantar um
ter a sensação de que está numa loja
nos vender as peças que estão ociosas
bom visual merchandising (evitando a
de shopping, com tudo bem organiza-
em seu guarda-roupa, como forma de
velha ideia de ambiente bagunçado,
do, num ambiente agradável”, conta
ganhar um dinheiro extra”, conta ela.
tradicionalmente associada a esse tipo
ela. “As pessoas entram, tiram foto,
Com o sucesso do negócio, Fabíola e as
de comércio) estão conseguindo se
postam no Facebook. Depois que im-
sócias já estão preparando a mudança
destacar mais no mercado: “Em nossas
plantei o novo visual, as vendas au-
para um espaço maior do que os 40 m2
pesquisas, muitos relataram aumento
mentaram em 50%”, festeja.
que o Acervo de Coisinhas ocupa. &
edição 44 • maio | junho • 2016
31
R A IO X
POR BARBARA OLIVEIRA
Terra das
palmeiras
virou polo
industrial
32
edição 44 • maio | junho • 2016
Fotos: Divulgação
Indaiatuba é uma
das melhores cidades
brasileiras para se viver
e se destaca pelos índices
de emprego, renda,
educação e saúde; mais de
850 indústrias, algumas
de grande porte, estão
instaladas no município
N
a língua tupi-guarani, Indaia-
Se as palmeiras-indaiás são raras nos
tuba significa terra de muitas palmei-
dias de hoje é porque elas deram lu-
ras (indaiá+tuba). Indaiás são aque-
gar a um acelerado processo de urba-
las palmeiras baixas de dois a três
nização na cidade, com a instalação
metros de altura. Eram abundantes
de 850 indústrias, cerca de 4.600 es-
na região e suas folhas serviam para
tabelecimentos comerciais e 8 mil
forrar telhados. Por causa dos coqui-
unidades de serviços. Com boas es-
nhos dessas pequenas árvores, seus
colas de ensino técnico e profissio-
primeiros fundadores a chamaram
nalizante e salários acima da média
de Cocaes, ainda no século 18. Somen-
(o mínimo de R$ 1.800 na indústria),
te em dezembro de 1830 a antiga Vila
a cidade ocupa elevadas posições em
da Freguesia de Itu recebeu o nome
qualidade de vida, segundo o ranking
de Indaiatuba. Localizada entre Itu e
de diversos organismos.
Campinas, e a 107 quilômetros de São
Paulo, o município é hoje um dos mais
Entre as conquistas recentes estão
prósperos da região, com forte voca-
os índices divulgados no ano passa-
ção industrial e uma das melhores ci-
do pela Federação das Indústrias do
dades do Brasil para se viver.
Rio de Janeiro (Firjan) contemplando
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33
R A IO X
Ter r a d a s pa l mei r a s v i rou polo i ndu s t r i a l
Indaiatuba com o 1º lugar na região
mento Humano Municipal) da ONU, a
está acima de 8%. O prefeito mantém
metropolitana de Campinas; o 2º no
cidade subiu 29 posições em relação à
um projeto de desenvolvimento mu-
Estado de São Paulo e o 3º no Brasil em
década anterior. Saltou para a 76ª co-
nicipal de longo prazo, iniciado em
emprego, renda, educação e saúde. O
locação em 2010 (o estudo é apresen-
1997 quando foi eleito pela primeira
Índice Firjan de Desenvolvimento Mu-
tado a cada dez anos).
vez: “Temos uma infraestrutura privi-
nicipal (IFDM) somou 0.9009 (quanto
legiada, com plano diretor, água, rede
mais perto de 1 mais alto é o estágio
Infraestrutura privilegiada
de desenvolvimento). A edição de 2015
“Estamos acima da média dos esta-
informa Nogueira. “Indaiatuba está
considera a base de dados relativos a
dos brasileiros”, comemora o prefeito
a poucos minutos do aeroporto de
2013 e faz comparações da série histó-
Reinaldo Nogueira (PMDB), que cum-
Viracopos, na região metropolitana
rica a partir de 2005. Em todos esses
pre seu segundo mandato (assumiu
de Campinas, tem acesso a estradas
anos, o município paulista sempre es-
em 2008). “Inclusive na taxa de de-
asfaltadas (Santos Dumont, Anhan-
teve entre os primeiros colocados no
semprego, que foi de 3,1% no ano pas-
guera, Bandeirantes e Castelo Bran-
Brasil. No IDHM (Índice de Desenvolvi-
sado”. A média nacional de dispensas
co), trata 98% da rede de esgotos e
de esgotos e incentivos às empresas”,
possui uma mão de obra qualificada
graças às suas escolas técnicas. Elas
Atraídas pelos incentivos e infraestrutura regional,
importantes fábricas acabaram se instalando na
região nos últimos 20 anos, entre elas a Toyota,
inaugurada em 1998, e que emprega 2 mil pessoas
ajudam a formar o profissional e a
mantê-lo no próprio município”, observa Nogueira.
“Além disso, não tivemos falta d’água
em 2015 e se parar de chover hoje, poderemos abastecer a cidade e as fábricas por mais seis meses”, garante.
Isso porque a barragem do rio Capivari-Mirim, prestes a ser inaugurada, foi
construída para armazenar 1,3 bilhão
de litros d’água. Parte da obra, no
valor total de R$ 30 milhões, recebeu
verba a fundo perdido da Fundação
Nacional da Saúde (Funasa), e no seu
entorno foram plantadas 110 mil mudas de árvores nativas com a ajuda
da iniciativa privada. Nesse mesmo
espaço serão instaladas pistas para
caminhada e uma ciclovia, além de
deques de pesca, quadras e parque
infantil. A conclusão dessas novas
obras está prevista para este ano.
Atraídas pelos incentivos e infraestrutura regional, importantes fábri-
Fotos: Divulgação
cas acabaram se instalando na região nos últimos 20 anos. Entre elas
a Toyota, inaugurada em 1998. A empresa emprega duas mil pessoas e é
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edição 44 • maio | junho • 2016
– empresários corporativos, trabalhadores de complexos industriais, funcionários da companhia aérea Azul
(com sede em Viracopos), passageiros
em trânsito (o aeroporto fica a 10 km
dali) ou, simplesmente, turistas. Neste
ano, haverá um reforço hoteleiro com a
inauguração do Palm Plaza Hotel, com
512 novos leitos, e, em 2017, ficará pronto
Fotos: Divulgação
o Wise Hotel, com outros 236 leitos.
“Além do turismo de negócios, temos
uma demanda grande de visitantes nos
finais de semana por causa de eventos
No esporte, Indaiatuba é conhecida pelos torneios de polo – campeonatos brasileiros: o Aberto
esportivos”, diz o secretário Stochi. O
do Estado de São Paulo e o Aberto do Helvetia, este último homenageia o nome do principal clube
município paulista recebe competições
da cidade, o Helvetia Polo Country Club, fundado em 1975 pelo italiano Giorgio Moroni.
nacionais e internacionais, especialmente de polo e ciclismo. A cidade será
rota do revezamento da tocha olímpica,
em agosto, e receberá ciclistas de vá-
na unidade de Indaiatuba que sai o
governo municipal, que suspende ou
rios países para os treinos oficiais dos
modelo Sedan Corolla para os merca-
isenta impostos (IPTU, ITBI e INSSQN).
jogos Rio 2016. Um velódromo foi inau-
dos nacional, argentino e uruguaio.
gurado no começo deste ano e é o úni-
Apesar da crise no setor automobi-
Grandes empresas
lístico, a marca fechou o ano passado
O processo de industrialização em
União Ciclista Internacional. Tem 250
com 68 mil unidades comercializa-
Indaiatuba é mais ou menos recente.
ml e capacidade para receber mil pes-
das, 40% no market share de sedans
Começou timidamente na década de
soas nas arquibancadas. A prova mais
médios, e vendeu 17 mil carros para
1970 com a produção de máquinas e
tradicional do ciclismo brasileiro acon-
os dois países vizinhos. Neste ano a
algumas metalúrgicas. A partir daí,
tece em Indaiatuba, sempre no dia 1º de
previsão da Toyota é vender 74 mil
a cidade foi alterando seu perfil es-
maio, e costuma atrair 20 mil pessoas
unidades do Corolla.
sencialmente rural (de plantações de
para a cidade, informa Stochi.
café, cana-de-açúcar, algodão, bata-
co do Estado a atender os padrões da
“Nos últimos anos tivemos média de
ta) para ganhar uma vocação indus-
Esportes
40 novas empresas chegando à cida-
trial. Essa mudança provocou a ur-
Outras atrações de Indaiatuba são
de. Só no ano passado foram abertas
banização do município, estimulou
os esportes de elite: hipismo, golfe
43”, informa o secretário de Desen-
o comércio e os serviços locais, antes
e polo; este concentra as competi-
volvimento Renato Stochi, lembrando
muito dependentes das vizinhas Itu
ções mais importantes – campeona-
que empresas tradicionais estão lá
e Campinas. Desde os anos 1990 a
tos brasileiros, o Aberto do Estado
há mais tempo: John Deere (máqui-
população triplicou e hoje é estima-
de São Paulo e o Aberto do Helvetia,
nas agrícolas), Filtros Mann, Enge-
da em 231 mil pessoas.
este último homenageia o nome do
lhard (filtros para veículos), Yanmar
principal clube da cidade, o Helvetia
(tratores), Unilever, Tigre, Labogem
Toda essa movimentação pede novos
Polo Country Club, fundado em 1975
(farmacêutica), Indafarma (quími-
investimentos não só em unidades ha-
pelo italiano Giorgio Moroni. Quando
ca), Metal Leve e Jeans Paragata. To-
bitacionais, mas também em hotelaria.
foi inaugurado, o Helvetia Country
das essas empresas são beneficiadas
O município ainda não tem capacidade
dispunha apenas de uma sede, um
por incentivos fiscais concedidos pelo
para receber tantos novos hóspedes
campo e algumas cocheiras, mas com
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Radiografia
de Indaiatuba
habitantes
principal atividade industrial
231.033 em 2015*
Automobilística, peças
e máquinas colheitadeiras
pib municipal
produto interno bruto
R$ 6,1 bilhões em 2015
idh municipal
índice de desenvolvimento humano
0,788 em 2010
ifdm em 2013
índice firjan de desenvolvimento municipal,
que mede emprego, renda, educação e saúde
3º. lugar no Brasil com 0,9009;
2º. lugar no Estado de São Paulo
e 1ª. posição na região metropolitana
de Campinas
polo econômico
850 indústrias, 4.595 estabelecimentos
comerciais e 8.084 unidades de serviços
*Estimativa
Fontes: Prefeitura Municipal, Programa das Nações Unidas
para o Desevolvimento (PNUD), IBGE
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emprego x desemprego
Em janeiro de 2016, total de admissões
foi de 2.406 pessoas e o de demissões foi
de 2.531, taxa negativa de 0,18%; em 2015,
o índice de desemprego foi 3,18%
esportes
O polo é a principal modalidade esportiva
na cidade e reúne competidores em
torneios nacionais e internacionais
no Helvetia Polo Country Club
colonização
Suíça, alemã, italiana,
espanhola, árabe, japonesa
a influência de famílias experientes
entre as melhores cidades para se vi-
Outra posição destacada foi conquis-
e conhecedoras de polo, Moroni con-
ver se não fosse pelo seu ensino em
tada em dezembro do ano passado, no
seguiu ampliar o espaço e difundir a
vários níveis: básico, técnico e pro-
Fórum Internacional de Robótica do
modalidade esportiva, atraindo com-
fissionalizante. A Fundação de Edu-
Japão, o maior encontro de robótica do
petidores de todo o País. O clube pos-
cação e Cultura do município, a Fiec,
mundo, em que são apresentados pro-
sui 43 campos dentro e fora da sede
é uma instituição de cursos técnicos
jetos para serem desenvolvidos pelas
(33 em outras propriedades parti-
da qual a comunidade se orgulha
indústrias posteriormente. O tema era
culares) e recebe 20 competições na
muito, segundo o prefeito Reinaldo
saúde e cinco alunos da Fiec apresenta-
temporada que começa em maio e
Nogueira. Seus alunos já saem dali
ram um projeto de robô para interagir
termina em outubro. A Federação
aos 16, 17 anos com estágio ou em-
com crianças de um hospital infantil.
Paulista de Polo atesta que ali se pra-
prego garantido e em condições de
Os brasileiros foram classificados entre
tica o polo de melhor nível no Brasil.
prestarem vestibular para a faculda-
os quatro finalistas, junto com duas
de desejada. Por ano, cerca de 1.300
equipes do Japão e uma da Coreia do
Helvetia também é o nome de uma das
estudantes saem da escola com um
Sul. Outras participações ocorreram
colônias fundadas por imigrantes suí-
diploma na área profissional esco-
em concursos do Google e da Cisco.
ços na divisa entre Indaiatuba e Cam-
lhida, e a evasão escolar que estava
pinas. As primeiras famílias lá chega-
em 14% baixou para 7%. “Fizemos
A Fiec conta com 30 laboratórios,
ram há 128 anos. Com eles, os italianos,
algumas mudanças para atrair mais
400 computadores em rede e im-
alemães, portugueses, espanhóis, ára-
alunos e impedir que eles percam o
pressora 3D e os cursos mais pro-
bes e japoneses povoaram a região
interesse pelas aulas”, diz o superin-
curados no momento são logística,
ao longo dos últimos dois séculos e
tendente da Fiec João Martini Neto.
administração, edificações e nutri-
formaram esse caldo étnico e cultural
São 17 cursos técnicos, entre quími-
ção. Segundo Martini, uma pesquisa
tão característico no processo de urba-
ca, mecatrônica, logística, mecânica,
entre os estudantes formados na es-
nização brasileira. Só mais tarde, já na
segurança do trabalho, enfermagem
cola nos últimos cinco anos indicou
segunda metade do século 20, foram
e gastronomia.
que 84% deles estão trabalhando em
incorporados à população os migrantes brasileiros do Nordeste e do Sul.
Indaiatuba: “Esse resultado atinge o
As mudanças feitas na escola envolveram maior participação dos estu-
Cada grupo étnico foi formando sua
dantes em concursos e competições
colônia e sua associação separada-
educacionais nacionais e internacio-
mente, mas, hoje, esses descenden-
nais, o que desafia a criatividade indi-
tes de imigrantes festejam suas tra-
vidual e coletiva. Um desses desafios
dições e origens numa festa única na
foi a participação na final mundial do
cidade. A Festa das Nações Unidas de
concurso “4x4 na Escola”, realizado na
Indaiatuba reúne sete etnias e acon-
Inglaterra pela fábrica de jipes Land
tece anualmente desde 1998. Neste
Rover. Em 2015, os alunos da Fiec cria-
ano será realizada em julho. “Reuni-
ram um protótipo de um veículo 4x4
mos cerca de dez mil pessoas durante
capaz de superar vários obstáculos
os três dias de festa”, informa Marcel
e foram sabatinados, em inglês, por
Zerbini, vice-presidente da Associação
engenheiros da fábrica. Os meninos
das Entidades Étnicas do município.
de Indaiatuba eram os únicos partici-
Alunos premiados
nosso objetivo que é capacitar gente
para permanecer na cidade”. &
pantes de uma escola técnica pública
e ficaram em sexto lugar (de um total
Um dos fatores fundamentais para
de 13 países). Serão convidados para
o desenvolvimento de um país é a
as próximas competições na sede da
educação. E Indaiatuba não estaria
montadora inglesa.
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INOVAÇ ÃO
POR Raíza dias
Cybercrianças
em ação
Cresce a oferta de cursos que ensinam programação, robótica, impressão 3D e outras
tecnologias para alunos mais jovens. Para os empreendedores, o retorno tem sido
positivo; já, os pais sonham ter em casa um futuro Bill Gates ou Mark Zuckerberg
M
ontar um circuito eletrôni-
Uma tendência que tem despontado
investindo em levar, para os mais no-
co, hackear um instrumento, criar um
no mercado são escolas, oficinas e ne-
vos, aprendizado com diversão, pre-
robô com materiais reciclados, progra-
gócios que focam em ensinar assuntos
gando, basicamente, a teoria do "faça
mar e criar games. Essas são atividades
tecnológicos para esse público mais
você mesmo".
difíceis que só podem ser desenvolvi-
jovem, seja por cursos, workshops, kits
das por adultos, correto? A resposta é:
ou metodologias aplicadas pelas ins-
Para o coordenador dos cursos de ad-
não, de acordo com empreendedores
tituições educacionais convencionais.
ministração e gestão de Tecnologia da
que viram na tecnologia uma oportu-
Informação da FIAP, Cláudio Carjaval, o
nidade de negócio a ser explorada por
Com equipamentos e grade curri-
olhar empreendedor sobre o assunto é
crianças e adolescentes.
cular adaptados, empresários estão
uma boa estratégia para não só con-
40
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tribuir com as lacunas educacionais
de que qualquer pessoa pode produzir
poderia ser valioso. Posicionada como
do País como, também, lucrar: "Ainda
qualquer produto, tendo muito a ser
plataforma de educação e inovação, a
não estamos conseguindo resolver
explorada. "Não é algo mais exclusivo
Makers Brasil oferece cursos de proto-
problemas como gostaríamos, mas os-
das grandes corporações. É possível
tipagem, impressão 3D, Arduino (placa
cilações importantes têm acontecido,
que uma escola consiga implementar
utilizada como plataforma de prototi-
como fomentar e inspirar crianças a
tecnologia dentro da sala de aula e que
pagem eletrônica que torna a robótica
utilizarem a tecnologia para solucio-
uma pequena empresa tenha área de
mais acessível) etc. "Eu sempre tive von-
nar questões e transformar o mundo".
pesquisa e desenvolvimento sem gas-
tade e já tinha trabalhado com crianças
tar bilhões", explica.
no passado. Mas, quando começamos,
Brechas valiosas
não sabia exatamente se o mercado
Nos últimos três anos o Brasil come-
Inicialmente com consultorias em ino-
estava preparado para esse público. Em
çou a dar sinais de que a educação
vação, Cavallini deu um passo além, le-
pouco tempo colocamos crianças nos
tecnológica para crianças pode ser
vando educação tecnológica para todas
cursos e evoluímos com os temas. No
um negócio, com o surgimento de
as idades, além de perceber que esse
ano passado começamos com a con-
diversas iniciativas com esse caráter.
déficit das escolas com a tecnologia
sultoria para as escolas, a fim de levar a
Os modelos de negócios estão se estruturando aos poucos, descobrindo
as brechas do sistema educacional do
País, vistas, na verdade, como oportunidades de atuação empresarial.
O dono da escola de programação e robótica SuperGeeks, Marco Giroto, teve
essa percepção enquanto morava nos
Estados Unidos. Trabalhando em um
projeto no Vale do Silício com crianças,
viu que podia ensinar programação
também para quem não era adulto: "Vi
que as ferramentas de programação começaram a ficar muito fáceis e que as
crianças aprendiam muito rápido".
“
A nossa ideia não é só ensinar
programação, mas sim ciências
da computação, que abrange,
também, robótica, redes,
segurança da informação
e inteligência artificial”
Marco Giroto,
dono da escola de programação
e robótica SuperGeeks
Giroto teve, então, a ideia de trazer
um curso na área para o Brasil, já que,
segundo ele, muito provavelmente as
escolas regulares americanas devem
absorver mais facilmente a temática
como conteúdo programático fundamental. No Brasil, a expectativa dele
é que esse movimento seja mais lento,
abrindo a chance de cursos livres paFotos: Débora Klempous
ralelos abocanharem a oportunidade.
Ricardo Cavallini, sócio-fundador da
Makers Brasil, percebeu que a chamada revolução industrial 4.0 é a brecha
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INOVAÇ ÃO
C ybercr i a nç a s em aç ão
tecnologia para a sala de aula e não só
como robótica, eletrônica e programa-
Para Carjaval, da FIAP, é preciso saber
como um curso extracurricular".
ção, por meio de kits. "O Explorum vai
aproveitar essa lacuna na educação
ser uma plataforma online de autocon-
brasileira: "É necessário entender que
A Farofa Studios, laboratório de inven-
sumo. Vamos criar uma comunidade
é um conceito novo, estudar a tecno-
ções multiplataforma, também reco-
em que é possível baixar vídeos de au-
logia de forma mais prática e resol-
nheceu o potencial do ensino tecno-
las para fazer algumas coisas em casa,
vendo problemas reais. As expectati-
lógico no Brasil e, então, deu origem a
enquanto outras aulas serão dadas
vas precisam ser alinhadas antes de
startup Explorum. Trata-se de uma pla-
aqui e outras em escolas. Estamos ca-
cada projeto. As empresas precisam
taforma educacional baseada na cultu-
pacitando alguns professores para que
se diferenciar, seja no marketing, no
ra maker, que visa, principalmente, dis-
ensinem nas próprias escolas", conta
modelo de negócio, o que ensinará
seminar em cursos e escolas conceitos
um dos sócios, Eduardo Azevedo.
em termos de tecnologia e encontrar
nichos para se destacar em relação à
“
concorrência", indica.
Eu sempre tive vontade
e já tinha trabalhado com
crianças no passado. Mas,
quando começamos, não
sabia exatamente se o
mercado estava preparado
para esse público. Em pouco
tempo colocamos crianças
nos cursos e evoluímos
com os temas”
Ricardo Cavallini,
sócio-fundador da Makers Brasil
Diversidade nos negócios
Nesse novo expoente empresarial, os
negócios que estão surgindo travam
diversas batalhas, como montar um
conteúdo programático adequado às
crianças e aos adolescentes, diversificar a temática, atrair o público-alvo
com assuntos do seu universo infantil, desenvolver material de ensino
prático, entre outros. O ponto positivo desse cenário é que, para os empreendedores, não falta criatividade.
E o resultado tem sido positivo.
Saulo Lisboa fundou a Dadalab, empresa que monta kits de experimentos
e realiza oficinas práticas para crianças. Entre os ensinamentos estão:
montar robôs articulados e que andam, garra mecânica, aerobarco, sintetizador, moinho gerador de energia
e muitos outros. Tudo com material
reciclado e com itens do dia a dia. "As
crianças costumam sair das aulas sentindo que conseguem fazer, começam
a abrir portas e ir atrás de outras coi-
Em dois anos de atuação, a Dadalab
já se mantém financeiramente, montando os kits e oferecendo cursos não
só no próprio espaço da empresa,
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Fotos: Divulgação
sas", conta o idealizador.
como também fechando parcerias
com outras instituições. "Estamos estruturando para começarmos a vender online. Para isso, estamos preparando tutoriais, vídeos, manuais para
passar essa experiência que temos
ao vivo", diz Lisboa. A intenção é que
a plataforma esteja no ar no segundo
semestre do ano.
A SuperGeeks usou a imaginação na
A Makers Brasil não tem o público
ela monta coisas com barbante, condu-
hora de montar a escola. O curso re-
infantil como principal cliente, mas
íte, prego, parafuso, tudo o que ela tem
gular completo tem duração de cinco
soube olhar para esse nicho como
em mãos em casa, criando um projeto
anos, sendo dividido por dez fases.
oportunidade. Por isso montou cursos
do que ela quiser", explica o sócio.
"Começa com softwares educacio-
específicos não só para os mais jovens,
nais mais simples, linguagem de pro-
como também para a família, unindo
A ideia do Explorum é que a renda
gramação visual em bloco e depois
adultos e crianças. "Em três anos aten-
principal seja via venda dos kits. "O
vai passando para sistemas mais pro-
demos mais ou menos mil alunos. Por
kit não é vendido sozinho, porque não
fissionais. A nossa ideia não é só en-
ser algo muito de nicho e algo novo, é
se consegue fazer nenhuma aplicação
sinar programação, mas sim ciências
um número expressivo", conta Cavalli-
dele se não tiver alguma orientação.
da computação, que abrange, tam-
ni. "Estamos sentindo esse mercado.
Então, o usuário compra o kit e leva
bém, robótica, redes, segurança da
Quando se fala em curso para criança,
outras coisas, como tutorial, material
informação e inteligência artificial",
é algo que tende a crescer bastante". A
pedagógico, todo o guia para fazer
explica Giroto. Nas temáticas das
empresa estuda, hoje, a possibilidade
implantação, fora que ainda tem de
fases estão inclusos atrativos para o
de franquear o negócio.
passar por treinamento em horas para
público infantil, como o jogo Mine-
fazer aquela aplicação". Além disso,
craft e desenvolvimento do próprio
O Explorum é a prova de que o ramo é va-
a startup espera angariar capital por
game. Além disso, a grade curricular
lioso. Inicialmente como braço da Farofa
meio de consultorias com escolas pri-
inclui, na reta final, aulas de empre-
Studios, a startup, que nasceu no segun-
vadas para, também, ter condições de
endedorismo e cursos rápidos.
do semestre de 2015, ganhou força para
levar o conteúdo gratuitamente para
ficar de pé sozinha e a expectativa é que
instituições públicas.
O modelo tem dado certo. A primeira
o break even (ponto de equilíbrio) venha
venda do curso rendeu 40 matrícu-
em 2018. De acordo com Azevedo, a sa-
A expectativa é atender escolas e en-
las, em maio de 2014. "Não tínhamos
cada da empresa foi desenvolver um kit
tregar kits em São Paulo no final deste
nada no começo, só o dinheiro dos
aberto, que deixa o aluno com diversas
ano para, em 2017, estar com a plata-
alunos para montar a estrutura ini-
possibilidades, diferentemente dos que
forma operando para chegar a outros
cial. Começamos o curso e no final do
existem hoje no mercado. "O nosso kit
estados. No quinto ano, a meta é criar
ano estava com 250 alunos", lembra
vem com MDF todo furadinho, com vá-
brinquedos tecnológicos, como: "mon-
Giroto. Com um ano de operação, a
rias caixinhas, incluindo o Arduino, mais
te o sistema de irrigação da sua casa"
SuperGeeks resolveu se tornar fran-
alguns motores, fios e cabos. A criança
para, então, licenciar a marca.
quia e, hoje, conta com 20 unidades
pluga no computador, faz a programa-
espalhadas pelo Brasil, contabilizan-
ção via linguagem Scratch, e monta
No meio de tantas possibilidades, a tec-
do cerca de dois mil alunos. "Estamos
uma sequência de coisas, transfere para
nologia só se faz uma verdadeira aliada
engatilhando mais 20 unidades para
a placa de Arduino e ele faz com que isso
dos empreendedores que, com uma
o próximo semestre e mais 30 para
funcione na prática na unidade física. E
ideia na cabeça e sabedoria computa-
2017", estima o empresário.
aí a gente entrega isso para a criança e
cional, fazem o ensino virar lucro. &
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43
CENÁ R IOS
POR filipe lopes
Quando
a casa vira
escritório
Com problemas de deslocamento nas grandes
cidades, o home office ou teletrabalho ganha força
em empresas para melhorar a qualidade de vida
e a produtividade dos funcionários, graças
aos recursos tecnológicos hoje existentes
O
paulistano gasta em média
produtividade corporativa – apontada
ção do trabalho pode trazer muitos
2h38 no trânsito todos os dias para se
como maior dificuldade competitiva
benefícios, como aumento de produti-
deslocar da sua casa para trabalhar, es-
brasileira em relação a outros países.
vidade, diminuição da rotatividade da
tudar e desempenhar outras atividades,
mão de obra, redução de gastos com
segundo a 9ª edição da Pesquisa sobre
Entre as alternativas adotadas pelas
transporte e economia de energia,
Mobilidade Urbana encomendada pela
companhias, a flexibilização do traba-
além da possibilidade de aumentar a
Rede Nossa São Paulo e pela Federação
lho se destaca, com prática do home
qualidade do trabalho: “Quem tem de
do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
office ou teletrabalho em funções que
se deslocar por grandes áreas e perde
do Estado de São Paulo (FecomercioSP)
não exigem atividade presencial con-
muito tempo no trânsito até o traba-
ao Ibope e divulgada no ano passado. Os
tínua. Existem empresas que adota-
lho, geralmente não fica muito tempo
problemas com mobilidade urbana são
ram o trabalho remoto durante todos
no emprego e essas vagas são ocupa-
comuns em grandes cidades pelo mun-
os dias da semana, havendo reuniões
das por pessoas menos qualificadas”.
do afora, onde existe concentração de
periódicas com a equipe para alinhar
empregos nas regiões centrais e os tra-
planos e metas. Já outras companhias
Quebra de paradigma
balhadores residem nas áreas periféri-
estipulam dias específicos para a prá-
O home office já é prática comum
cas, precisando percorrer muitos quilô-
tica do home office, feito algumas ve-
em algumas companhias brasileiras
metros todos os dias. A perda de tempo,
zes por semana, sendo a maior parte
como estratégia de sustentabilida-
a baixa qualidade de vida gerada pelo
do tempo do funcionário destinado à
de corporativa. Segundo a Pesquisa
estresse do trânsito e a má qualida-
atividade presencial. Em alguns casos,
dos Profissionais Brasileiros realizada
de dos transportes públicos fazem as
também têm a possibilidade do traba-
pela Catho, 37,2% dos entrevistados
empresas buscarem alternativas para
lho móvel, que permite ao colaborador
dizem fazer home office em algum
motivar seus funcionários e melhorar a
trabalhar onde estiver, seja em um
momento da semana. Além disso, o
local fixo (casa) ou em trânsito (com
Brasil é apontado como o segundo
smartphones, notebooks ou tablets).
país mais aberto ao home office para
executivos, contando com cerca de
Segundo o CEO da empresa de secre-
dez milhões de pessoas trabalhando
tárias compartilhadas Prestus, Ale-
em casa, segundo dados da Socieda-
xandre Borin, as companhias têm de
de Brasileira de Teletrabalho e Telea-
entender que investir em flexibiliza-
tividades (Sobratt).
Fotos: Rubens Chiri
“
Superados os desafios, construímos
uma prática sólida e hoje somos a
maior empresa do País a oferecer esta
modalidade de trabalho, e isso ocorreu
gradualmente, ao passo que os bons
resultados foram reconhecidos”
Rogério Nunes,
diretor de Relacionamento com o Cliente da GOL
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CENÁ R IOS
Q u a ndo a c a sa v i r a escr itór io
A companhia aérea Gol foi uma das
ticipar de reuniões de equipe e treina-
disponível: “Superados os desafios,
pioneiras no Brasil a permitir o tra-
mentos que não podem ser ministra-
construímos uma prática sólida e hoje
balho home based no atendimento
dos por vídeo).
somos a maior empresa do País a ofe-
ao consumidor, em 2009. A equipe re-
recer esta modalidade de trabalho, e
mota realiza atendimento aos clientes
A prática do home based permitiu re-
isso ocorreu gradualmente, ao passo
em diversas frentes, tirando dúvidas
dução de custos para a GOL, melho-
que os bons resultados foram reco-
sobre os serviços da companhia, auxi-
ria nos indicadores de performance e
nhecidos. Enfrentamos o paradigma
liando na compra de passagens e em
produtividade, aumento na satisfação
e hoje colhemos o resultado que satis-
procedimentos que devem ser reali-
de clientes atendidos e, principalmen-
faz nossos clientes, colaboradores e a
zados pelos passageiros. Os próprios
te, grande evolução na qualidade de
própria companhia”, conclui.
colaboradores são responsáveis pela
vida dos colaboradores. “Fato que bem
infraestrutura para a atividade, aces-
elucida este ganho, é que nas duas
Segundo o presidente do Conselho de
sando a base de dados da empresa por
últimas pesquisas realizadas esse pú-
Emprego e Relações do Trabalho da
meio de sistema integrado, que garan-
blico figurou entre os mais satisfeitos
FecomercioSP, José Pastore, o home
te segurança dos dados permitindo
de toda a companhia”, aponta Nunes.
office permite aos prestadores e aos
apenas contato durante o expediente.
Para fundamentar a prática, a Gol se
tomadores de serviços ajustarem
Segundo o diretor de Relacionamento
baseou no modelo americano de home
suas competências e suas necessi-
com o Cliente da companhia, Rogério
office e o adaptou às necessidades do
dades: “Para a mulher casada e com
Nunes, não existe diferença de acesso
perfil do trabalhador e das legislações
filhos, por exemplo, a execução de
entre colaborador presencial ou remo-
brasileiras. Ao colocar esse novo mo-
trabalhos em casa lhe dá liberdade e
to e as metas e os benefícios também
delo em prática, de acordo com Nunes,
forma segura de gerar renda. O mes-
são os mesmos, sendo a única diferen-
alguns desafios tiveram que ser supe-
mo ocorre para os jovens da geração
ça o contato com a equipe home based,
rados, principalmente na adaptação
Y, que gostam de fazer seus próprios
que ocorre, na maior parte do tempo,
de processos e rotinas da empresa,
horários e trabalhar em ambientes
por videoconferência (comparecem à
análise e interpretação da base legal
diferenciados. Isso é bom para quem
empresa para receber feedback e par-
e adequação da tecnologia nacional
presta serviço e para quem contrata
profissionais”, aponta.
Os órgãos públicos também passaram a utilizar o teletrabalho para
flexibilizar as atividades. O Tribunal
de Justiça de São Paulo (TJ-SP) adotou a prática, em 2014, autorizando
87 funcionários de 56 cartórios da
capital a trabalharem em casa duas
vezes por semana. A atividade precisou de intenso trabalho de conscientização dos juízes, nem sempre
afeiçoados à gestão levada a efeito
na iniciativa privada, depois das
chefias e, finalmente, dos servidores
públicos. De acordo com o presidente
do TJ-SP, desembargador José Renato
Nalini, os resultados conquistados
nas primeiras experiências superaram as expectativas: “A produtivi-
46
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equiparou os direitos de quem trabalha a distância, ou em casa, aos de
Vantagens do teletrabalho
” A flexibilização do local de trabalho permite, por exemplo,
contar com mais horas produtivas e com produtividade mais
alta, evitando o desgaste do deslocamento do profissional
que as grandes cidades impõem.
” Permite que as empresas tenham “braços” espalhados
por várias localidades, o que ajuda a estar mais presente
(e perto) de clientes, fornecedores e parceiros.
quem exercer funções em empresa
ou local fixo, com hora extra, adicional noturno e assistência em caso de
acidente de trabalho. Por conta disso,
as empresas devem tomar uma série
de cuidados ao implantar a prática
do home office para não ser vítima
de práticas ilícitas, contabilizar hora
extra indevida e perder dados sigilosos. Para Pastore, a equiparação
mantém a atividade rígida, mesmo
que sua essência seja a flexibilidade:
“No Brasil o trabalho a distância foi
” Facilita focar nas atividades-fins, mantendo no ambiente físico
quem realmente é necessário, e “deslocar” as atividades-meio,
diminuindo custos operacionais, por exemplo.
regulado pela Lei nº 12.551/2011, que
é demasiadamente rígida, pois equiparou esse tipo de trabalho ao presencial para todos os efeitos legais.
” Possibilita otimizar os seus recursos humanos, alocando-os
de forma mais racional em suas áreas de atuação, sem “inchaço”
do quadro funcional ou duplicação de funções.
” Permite que o espaço do ambiente de trabalho seja reduzido,
em função do menor número de funcionários no mesmo.
Fonte: Marcia Vazquez, consultora sênior
de carreira da empresa Thomas Case & Associados
Ficou longe da flexibilidade que se
impõe para esse tipo de trabalho. Porém, enquanto a lei não muda, recomendo aos empresários que a sigam
com rigor”, afirma.
Segundo a professora de Direito do
Centro Universitário Newton Paiva
(MG), Daniela Lage, é importante
que a empresa estabeleça o controle
sobre horas trabalhadas ou confeccione um contrato de trabalho flexível baseado em metas: “Quando o
trabalho é realizado presencialmente, a empresa tem controle maior
sobre horas trabalhadas e horas
dade esperada era de 30%, chegou
emulação entre os que atuam na ex-
extras; mas no ambiente remoto,
a 60% e, em poucos casos, a 90% a
periência e os ainda não chamados,
se não houver dispositivos que con-
mais. Como o trabalho é a realização
a melhora no ambiente de trabalho
trolem o tempo de trabalho, como
de tarefas mensuráveis, não é difícil
convencional, esvaziado às vezes do
sistemas de login e logoff, durante
cotejar aquilo que se faria no lugar
excesso de pessoas que, naturalmen-
determinadas horas, a fiscalização
reservado ao desempenho e aquele
te, conversam, transitam e podem
fica mais difícil. Agora, se o contrato
obtido em casa ou no espaço escolhi-
até atrapalhar o serviço dos colegas.
trabalhista previr prestação de ser-
do pelo funcionário”, afirma. Além da
produtividade maior, segundo Na-
Direitos e deveres
lini, houve incremento na autoesti-
Em 2011, houve mudança na Consoli-
ma dos funcionários, um espírito de
dação das Leis do Trabalho (CLT), que
viços baseada em metas, sem carga
horária preestabelecida, a companhia não corre o risco dessa cobrança
indevida”, aponta. &
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N EG ÓCIOS
POR Rachel Cardoso
Força suplementar
Mercado de suplementos
nutricionais está mais forte,
concorre com alimentação
saudável e atrai marcas populares
pelo potencial de expansão,
mesmo em tempos de crise
econômica e queda no consumo
A
procura por melhor qualida-
internacionais, que têm seus produtos
de de vida, associada à alimentação
vendidos em 11 mil pontos, entre lojas
saudável, fortalece o mercado de su-
especializadas e farmácias. Nos Esta-
plementos nutricionais no Brasil, que
dos Unidos são 50 milhões de consu-
tem registrado crescimento médio
midores, mais de 2,5 mil marcas e 100
anual de 25% nos últimos cinco anos.
mil pontos de vendas.
Por aqui, estima-se que o comércio
em torno desses produtos movimen-
Mas a quantidade de lojas que co-
te mais de R$ 1,5 bilhão (algo perto
mercializam estes produtos por aqui
de US$ 400 milhões), segundo a con-
tem saltado significativamente. No
sultoria Nielsen. Nos Estados Unidos,
Estado do Amazonas, por exemplo,
onde o setor é bem mais maduro, o
os estabelecimentos quintuplicaram
faturamento chega a US$ 4 bilhões
nos últimos três anos. A média de
anuais, pelos cálculos da Associação
inauguração de espaços passa de 1,1
Brasileira das Empresas de Produtos
mil anualmente em todo o País: “Te-
Nutricionais (Abenutri).
mos muito a crescer, mas para isso é
preciso oferecer informação e um tra-
Também são da Abenutri os núme-
balho de fortalecimento da cultura
ros que mostram existir 2,5 milhões
do suplemento”, diz o presidente da
de consumidores de suplementos ali-
Abenutri, Marcelo Bella.
mentares no mercado doméstico, me-
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nos de 10% do público potencial total.
Compartilha da opinião de Bella o
São 250 marcas pertencentes a 100
sócio-fundador da Órion Farmácia de
empresas, sendo 60% nacionais e 40%
Manipulação Esportiva, André Alves
da Silva. A empresa nasceu em 2001,
aminoácidos e energéticos, com 15%
Ele faz, porém, ressalva sobre a eficá-
criando um novo nicho para manipu-
cada um e hipercalóricos, com 5%.
cia do que é consumido: “Produtos
lação segmentada, além da estética e
Em relação ao perfil do consumidor,
muito baratos demandam o consumo
do emagrecimento: “Hoje o consumo
80% são jovens entre 15 e 30 anos.
de uma quantidade tão grande para
de suplementos já não é mais privilé-
São 80% homens e 20% mulheres
fazer o devido efeito que, no fim das
gio de esportistas de alta performan-
das classes de A a D.
contas, podem sair mais caro e talvez
ce e passou a fazer parte da dieta dos
não proporcionar o resultado espera-
brasileiros”, avalia.
Passos como o da Ultrafarma podem
do”, afirma.
mudar as estatísticas da AbenuDe olho nesse comportamento, re-
tri e jogá-las para o alto. “A entrada
Para lidar com essa divisão do bolo
des tradicionais, como Ultrafarma,
de novos e populares concorrentes,
de vendas nos últimos anos, a Órion
Mundo Verde e Herbalife, entre ou-
sem dúvida, dilui as vendas, mas
decidiu investir na formação de novos
tras, têm investido pesado no ramo,
também leva informações para pes-
profissionais, oferecendo cursos para
ao lançarem marcas próprias, a pre-
soas que não teriam alcance a esse
farmacêuticos e, também, se trans-
ços mais em conta. E com direito a
conhecimento e isso é bom para o
formou num centro multidisciplinar
propaganda em rede nacional, com
mercado como um todo”, avalia Silva,
de atendimento, contando com ou-
celebridades do cacife de Neymar Jr.,
da Órion.
tros profissionais qualificados, como
por exemplo, que fechou contrato
com a Ultrafarma.
A empresa, que é 100% nacional e patrocinadora oficial da Seleção Brasileira
de Futebol, escolheu o jogador não só
para a nova campanha (anteriormente
estrelada pela apresentadora Marília
Gabriela), mas para licenciar a Linha
de Suplementos, Vitaminas e Minerais
Sidney Oliveira, empresário que fundou a rede que leva seu nome. E os produtos não se restringem ao mercado
nacional. Eles vão ser levados também
para a China, com o selo do craque.
“
Temos muito a crescer, mas
para isso é preciso oferecer
informação e um trabalho
de fortalecimento da
cultura do suplemento”
Marcelo Bella,
presidente da Abenutri
Criada há pouco mais de um ano, a
Linha Sidney Oliveira expandirá suas
vendas para o mercado asiático por
meio do Alibaba, o maior site de vendas
online do mundo.
O mercado
Hoje, 20% das compras do mercado
nacional são feitas pela internet,
50% nas lojas físicas especializadas e
Fotos: Rubens Chiri
30% em farmácias. Para o segmento
de sport nutrition, os produtos à base
de proteínas são os campeões de
venda, com 65%. Em seguida vêm os
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N EG ÓCIOS
Forç a s uplement a r
nutricionistas, – habilitados recente-
Segundo o diretor de marketing da Sa-
Um dos objetivos da Sanavita é justa-
mente a prescrever medicamentos fi-
navita, Guilherme Moraes, a previsão
mente esclarecer sobre as funcionali-
toterápicos – à disposição dos clientes
é levar para as gôndolas em breve pro-
dades e os benefícios dos produtos e
a qualquer horário.
dutos exclusivos e que foram testados
na orientação da busca por mais in-
e aprovados por atletas profissionais e
formações por meio dos profissionais
amadores. “No caso da linha Speedo
da saúde: “Como não se trata de um
Na Sanavita, tradicional fabricante de
by Sanavita, potencializaremos os es-
mercado consolidado no Brasil, ainda
Piracicaba, a resposta para acompa-
forços de comunicação por meio de in-
existe muita dúvida sobre a suple-
nhar a crescente demanda do merca-
fluenciadores e a ativação com consu-
mentação”, diz Moraes.
do também veio da inovação. Foram
midores finais em diversos pontos de
dois anos de diversos investimentos
contato, lembrando que a Speedo é a
A Sanavita é fornecedora nacional de
em pesquisa para apresentar uma
patrocinadora oficial da Confederação
diversos canais especializados, como
proposta que envolva uma parceria
Brasileira de Desportos Aquáticos, e
lojas de produtos naturais, farmá-
com a Speedo, empresa de acessórios
estará em 2016 ao lado de seus atletas
cias de manipulação e lojas de suple-
para a prática de natação fundada em
olímpicos”, diz Moraes sobre o proces-
mentos esportivos. Entrega inclusive
1914, na Austrália.
so de lançamento.
para concorrentes como a Mundo
Parceiro de peso
Ganho de massa
Potencial de peso
Movimento do mercado global (em bilhões)*
Divisão do mercado global*
2015 US$ 220
Ásia-Pacífico 2014 US$ 200
América do Norte 32,6%
2013 US$ 193
Europa Ocidental 14,4%
2012 US$ 174
América Latina 2011 US$ 153
Europa Oriental 2010 US$ 120
África, Oriente Médio e Austrália 2009 US$ 100
*Os números acima incluem
2008 US$ 78,5
2007 US$ 59,8
*Valores aproximados
50
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44,2%
3,1%
2,7%
vitaminas e minerais
Fonte: Abenutri
3%
Verde. Mas, ao que tudo indica, há
espaço para todos.
Sinal disso é que mesmo em um perío-do de retração no consumo há uma
evolução da categoria, em destaque
por novos consumidores que estão
cada vez mais em busca da sustentabilidade do corpo e reservam boa parte do orçamento para tal finalidade.
Não à toa, o tíquete médio na Sport
Nutrition Center (SNC) fica em R$ 140,
podendo chegar a R$ 250 em shoppings de alto padrão. No mercado há mais
de 20 anos e com faturamento estimado em mais de R$ 140 milhões – con-
“
Produtos muito baratos
demandam o consumo de
uma quantidade tão grande
para fazer o devido efeito
que, no fim das contas,
podem sair mais caro e
talvez não proporcionar
o resultado esperado”
André Alves da Silva,
sócio-fundador da Órion Farmácia
de Manipulação Esportiva
forme declarado por seu diretor Fábio
Fotos: Débora Klempous
Ramos ao site do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios
do Estado de São Paulo (SincovagaSP)
–, a rede projeta crescimento alinhado aos 25% estimados pelo mercado
como um todo.
Na avaliação de Ramos, esse é um nicho que deve seguir o mesmo cami-
Diante do crescimento exponencial do
em relação a normas de rotulagem,
nho da indústria de cosméticos, que
mercado, a Associação Brasileira das
ingredientes, publicidade, entre ou-
no passado era muito pequena e hoje
Empresas de Produtos Nutricionais
tros itens, tanto a partir de denúncias,
domina o setor de beleza. Para isso, a
(Abenutri) lançou programa de moni-
como de análises ativas periódicas por
principal batalha é combater o cresci-
toramento para garantir uma expan-
parte da Abenutri.
mento da pirataria, com itens falsifica-
são positiva e um fortalecimento da
dos vindos do exterior.
imagem da indústria de suplementos.
Na prática, as denúncias sobre pro-
O objetivo é assegurar a qualidade
dutos irregulares do varejo serão ava-
Mais transparência
dos produtos disponíveis no mercado
liadas por um conselho de ética para
Criados nos Estados Unidos na década
brasileiro – sejam nacionais ou impor-
verificar a legitimidade da acusação.
de 1910, os suplementos alimentares ti-
tados – e, consequentemente, a segu-
A empresa avaliada então deve en-
nham como objetivo suprir as necessi-
rança dos consumidores.
frentar análise técnica e receberá um
dades dos soldados quando ficaram um
prazo para apresentar respostas ou
longo período sem acesso a comida e
De acordo com a entidade, o progra-
água, além de serem aliados dos astro-
ma de monitoramento consiste em
adequar o produto à legislação.
nautas da NASA durante suas viagens
verificar, por meio de análise técnica
Caso a empresa se negue a fazer as
ao espaço. Mais de um século depois,
e laboratorial, se os suplementos nu-
modificações necessárias, a Abenutri
estes produtos conquistaram adeptos
tricionais disponíveis estão de acordo
notificará autoridades competentes,
pelo mundo todo e movimentam mais
com a legislação sanitária nacional.
que punirá a companhia com as con-
de US$ 200 bilhões globalmente.
São feitas avaliações de conformidade
sequências cabíveis. &
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U M DI A No...
POR Raíza dias
fotos RUBENS CHIRI
... Pari
52
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Vocação para
o comércio
Bairro de São Paulo reúne diversos estabelecimentos
comerciais que, com variedade e quantidade, atendem
os públicos lojista e varejista, e está se tornando
um grande centro de compras
E
xtensão do Brás, futura “25 de
A região é marcada por estabelecimen-
Março” e reduto de imigrantes, o bair-
tos comerciais que vendem, em sua
ro do Pari, na zona central de São Pau-
maioria, artigos para casa e decoração,
lo, desponta no cenário comercial da
além de itens de vestuário. É possível
cidade com a identidade de ser o local
encontrar pelas ruas do Pari, também,
ideal para quem quer vender não só
lojas de ferramentas, acessórios, má-
para o varejo, mas, principalmente,
quinas e equipamentos e outras varie-
para o atacado.
dades. O comum entre a maioria dessas é o fator que mais atrai a clientela
O bairro tem mais de 400 anos, mas
não só do Estado de São Paulo, como
a força econômica tem se mostrado
também do País inteiro: preço baixo.
crescente na última década, com as
residências cedendo lugar a lojas e
O bairro que cedo madruga
shoppings populares, como cita a em-
O atacado é a força do bairro que, dia-
presária local Sônia Osório, dona do
riamente, abre as portas às 2 horas da
restaurante português Casa Santos:
madrugada, encerrando o longo expe-
"Todo dia é uma porta nova que abre
diente às 16 horas. Nessa correria inten-
aqui e uma casa antiga que é demoli-
sa para atender a clientela que chega
da para levantar prédios", conta.
com grandes sacolas, ônibus, dinheiro
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53
U M DI A No...
Pa r i
“
Nesse horário, de madrugada, não é
fácil encontrar pessoas para trabalhar.
Geralmente quem aceita são peruanos,
bolivianos e paraguaios”
Maria Sônia Brito Silva,
proprietária da Brito's
Essa disputa por valor em conta aca-
Prova dessa pressão financeira são
bou atraindo para o bairro vendedores
os dados do Índice Fipe Zap de Pre-
informais, que fazem da rua o ponto
ços de Imóveis Anunciados. Segundo
comercial. "Isso atrapalha muito, por-
o indicador, o preço médio do metro
que desvaloriza nossa mercadoria.
quadrado, para locação, era de R$ 22
Vendemos peças a R$ 25, enquanto,
em fevereiro deste ano. Há oito anos,
na rua, eles vendem por R$ 15, já que
no mesmo mês, era R$ 15, aumento
não têm os mesmos gastos que nós. A
de quase 47%. Para a venda, o au-
gente paga aqui em torno de R$ 4 mil
mento foi de R$ 1.257/m2 em feverei-
no bolso, listas de compras e disposi-
a R$ 5 mil de aluguel por um box. Não
ro de 2008 para R$ 6.764 no mesmo
ção, apenas a virada do sábado para o
tem como a gente pagar esse valor e
mês deste ano, elevação que ultra-
domingo é reservada para o descanso.
seguir o preço dos camelôs", desabafa
passa os 400%.
"Eu trabalho sozinha o dia inteiro. Eu ti-
a empresária Cristina de Oliveira, dona
nha alguns funcionários, mas não con-
da Cattleya Confecções, que fabrica
Os lojistas que estão a mais tempo
segui mais pagá-los. E nesse horário,
roupas distribuídas em três boxes da
instalados na região comentam que
de madrugada, não é fácil encontrar
proprietária no Pari.
a procura por fazer negócios no Pari
pessoas para trabalhar. Geralmente
tem ficado cada vez mais acirrada. E
quem aceita são peruanos, bolivianos e
O aluguel da região, inclusive, tem
essa disputa tem atraído, inclusive,
paraguaios, que não conseguem outro
sido motivo de dor de cabeça para
estrangeiros, como bolivianos e chi-
emprego no horário comercial", conta
muitos lojistas. Dos entrevistados
neses. "Tivemos épocas melhores, mas
Maria Sônia Brito Silva, dona de dois
pela reportagem, a maioria se quei-
agora está difícil e concorrido, inclusi-
boxes de lingeries, chamados Brito's,
xou dos valores, que têm elevado bas-
ve porque estão vindo muitos chineses
em um dos shoppings no Pari.
tante, forçando-os a negociar reajus-
com mercadoria importada", explica
tes ou, por vezes, mudar o endereço
Fernando Andrade, dono da loja de de-
Os dias de maior movimento são as se-
dos estabelecimentos, mesmo que
coração Global Design.
gundas e terças-feiras, quando ônibus
para o prédio vizinho. "Estávamos na
de vários estados e cidades estacio-
loja ao lado há mais de seis anos. Es-
Uma nova “25 de Março”
nam nos grandes galpões distribuídos
tamos mudando por causa do aluguel,
A avenida Vautier é a principal via do
pelo Pari. Os passageiros são, em sua
que está pesado. O novo está mais em
bairro, com os principais shoppings
maioria, lojistas que viajam tantos
conta", afirma Wang Lang, dono da JP,
populares do Pari e grandes lojas. No
quilômetros em busca de preço baixo
loja de flores artificiais, utensílios, de-
entanto, o seu entorno é recheado,
para revender os itens.
coração e variados.
também, de vias movimentadas e es-
54
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tabelecimentos comerciais que são o
tou um pouco o fluxo de clientes, mas
cliente de varejo. Antigamente era
motor do Pari, como as ruas Canindé,
ainda está engatinhando, tem muita
mais atacado", conta.
Carnot, Tiers e Carlos de Campos.
coisa para acontecer", indica.
Estes endereços, aos poucos, estão re-
Cristina de Oliveira, que tem três
rua e migrou para o Pari foi a Maria Sô-
cebendo comerciantes que, por vezes,
boxes no Pari, começou a ser comer-
nia, da Brito's: "Para cá vem clientes de
estavam alocados na famosa Rua 25
ciante de maneira informal, também
Minas Gerais, Espírito Santo, do inte-
de Março e fizeram a troca em busca
na ‘25 de Março’, e aproveitou o em-
rior de São Paulo e outras cidades e es-
de mais espaço, expansão e um novo
purrão da prefeitura com a legaliza-
tados. A vantagem do Pari é que aqui é
viés para o negócio, focado em ataca-
ção da Feirinha da Madrugada no vi-
point, vem ônibus de todas as cidades
do: "Fiquei 12 anos na ‘25 de Março’ e
zinho, o Brás, para se formalizar: "Eu
e tem os estacionamentos adequa-
mudei para cá por causa do espaço,
fabrico, corto as roupas e faço tudo.
dos nos shoppings. O que afeta é que
preço do aluguel, que antes era mais
Aqui é diversificado, porque tem
a cada dia nascem novos shoppings.
barato, e oportunidade de crescer no
atacado e varejo. Como o bairro pas-
Mas acredito que ainda terá cliente
mercado. Na ‘25 de Março’ estava mui-
sa bastante na televisão, vem muito
para todo mundo", diz.
Outra que iniciou a jornada na famosa
to limitado. E a clientela aqui é mais de
lojista enquanto lá era de varejistas",
conta Antônio Carlos Alves, dono da
loja de ferramentas A2.
Comerciante do Pari há 10 anos, Alves
vê o bairro como região que tem muito a oferecer para os empreendedores: "Nessa minha mesma atividade
tem mais umas seis lojas semelhantes
na rua. O bairro está se desenvolvendo, a gente vê que está atraindo muitos chineses e outras pessoas de fora,
que estão investindo alto. Eu acho que
o Pari vai deslanchar e crescer cada
vez mais", afirma.
Andrade, da Global Design, também
começou o negócio na ‘25 de Março’:
"Tínhamos a loja lá e montamos um
depósito aqui. Faz um tempo que
houve uma saturação e o pessoal veio
pra cá. Abrimos a loja aqui e depois
fomos aumentando". O empresário
conta que percebeu maior procura no
Pari: "Antigamente o bairro era todo
de casas. Se olhar para fotos de 15 anos
atrás verá que era tudo residência,
com poucas lojas. Depois começou o
movimento de compra, derruba e faz
e, agora, o pessoal está vindo. Aumen-
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U M DI A No...
Pa r i
Prova dessa enxurrada de centros de
em reforma que, em breve, abrirão as
tem que ser aqui. Do jeito que estão
compras é a Galeria Pagé, importan-
portas de mais lojas no Pari.
saindo esses shoppings e estaciona-
te prédio da ‘25 de Março’ que, ago-
mentos, dá para receber e absorver
ra, está chegando também ao Pari.
Pari de todos
Andando pelo bairro é possível ver
O potencial do bairro é visto com bons
planejado para ter tudo em um só lu-
diversas ofertas, não só desse shop-
olhos não só por brasileiros, mas tam-
gar", comenta.
ping, como também de tantos outros.
bém estrangeiros que estão no País e
O que não falta são placas de opor-
que veem no comércio um bom inves-
Em menos de um ano de operação, o
tunidades, prédios em construção e
timento econômico. A pluralidade de
estabelecimento já superou a expec-
nacionalidades é uma marca.
tativa de retorno, segundo o empresá-
essa quantidade de clientes. Aqui foi
rio: "Aqui tem bastante concorrência,
“
Ali Cheaito, dono da loja de varieda-
mas depende do jeito de cada lojista
des Mônaco Imports, é de origem
trabalhar", aponta Cheaito.
libanesa e, depois da experiência na
importação, abriu no último ano uma
O português Luiz da Cruz é conhecido
O bairro está se
desenvolvendo, a gente vê
que está atraindo muitos
chineses e outras pessoas
de fora, que estão investindo
alto na região”
loja no Pari. Como boa parte dos es-
no bairro. No Brasil há 40 anos, in-
tabelecimentos do bairro, a Mônaco
vestiu no Pari há mais de 30, quando
aposta na diversificação dos produ-
comprou o tradicional Rei das Esfihas,
tos, comercializando itens de utilida-
marca reconhecida na região.
Antônio Carlos Alves,
dono da loja de ferramentas A2
de doméstica, papelaria, eletrônicos,
materiais de época e festas: "É o me-
Os bons negócios com o prato o
lhor lugar atacadista na região e para
instigaram a abrir mais uma mar-
distribuição em São Paulo. É uma
ca nas proximidades, o restaurante
região que foi estruturada para re-
Barakiah, que oferece mais opções
ceber ônibus e muitas pessoas. Para
de alimentos de origem árabe. Hoje
atender o público de fora de São Paulo
são duas unidades do empreendimento, uma fora do Pari. Além disso,
o empresário planeja a abertura de
mais uma casa da mesma marca:
"Me interessei pelo fluxo de pessoas
no Pari. Foi um bairro que cresceu
bastante comercialmente e me deu
a oportunidade de abrir mais uma
loja. A região, quando cheguei, já era
forte e tinha um potencial grande.
Cada vez aumenta mais o número de
consumidores e é uma região efervescente. O crescimento do Pari é
visível", conta ele.
Ambos os restaurantes alocados no
bairro recebem um fluxo considerável
de clientes que não só moram e trabalham pelas redondezas como, também, reconheceram os pratos de Cruz
como tradicionais.
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O bairro do Pari tem mais de 400 anos
e a região possui muitos estabelecimentos
comerciais que vendem artigos de decoração,
vestuário, ferramentas e máquinas
bairro, ressaltando a importância para
os novos comerciantes", analisa Sônia.
Outro ponto importante do bairro é
a Praça da Kantuta, que se tornou reduto dos bolivianos em São Paulo. O
local fica tomado por uma ampla feira
de comidas e bebidas típicas, cabelei-
O Pari tem outros pontos considerados
solteiros e hoje vêm com filhos e ne-
reiros e artesanatos, sendo não só um
de tradição para quem busca outras
tos", indica a proprietária Sônia Osório.
ponto de encontro dos imigrantes que
nacionalidades como experiência. É o
moram na capital paulista como, tam-
caso do restaurante português Casa
A família proprietária da Casa Santos
bém, espaço turístico para quem quer
Santos, no bairro desde 1947, famoso
conseguiu acompanhar de perto a evo-
conhecer um pouco mais da cultura
pelo bacalhau servido. "Essa é uma
lução do Pari: "O bairro está crescendo
do país vizinho. O espaço funciona aos
casa antiga e tradicional. Temos clien-
muito e tem bastantes novidades, rece-
domingos, sendo um bom exemplo da
tes que frequentam aqui há mais de
bendo gente do Brasil inteiro. Esse mo-
pluralidade de etnias que o Pari abriga
30, 40 anos, que vinham quando eram
vimento é importante para valorizar o
no centro da cidade. &
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GA ST RONOMI A
POR Lúcia Camargo
Bares com
preços justos
Paulistano é louco por
bares e nada melhor
do que o happy hour
com amigos após o
trabalho ou a qualquer
hora no fim de semana.
As opções são muitas,
escolha entre música ao
vivo, pratos mexicanos
ou cozinha alemã
regada a muita cerveja
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A
crise econômica é um fato,
Os melhores lugares ficam no mezani-
mas uma reunião entre amigos em
no, se o seu interesse for ver de perto
um bar bacana pode ser a pedida para
a apresentação musical, de estilo dife-
espairecer e esquecer os problemas
rente a cada dia da semana. Na progra-
por algumas horas. Então, aproveite
mação entram blues, jazz, soul, MPB e
três sugestões de bares que oferecem
bossa nova. A escala das atrações é
interessantes opções de bebidas, pra-
divulgada via redes sociais. Caso o ob-
tos e porções para dividir à mesa, sem-
jetivo seja namorar, peça uma mesa
pre com preços justos, porque todos
no andar de baixo, onde a iluminação
querem beber e curtir, mas sem deixar
é difusa e o clima se torna romântico.
a conta bancária “no vermelho”.
No cardápio, nomes de pratos e porO Piratininga, cujo nome foi inspirado
ções homenageiam personalidades do
na primeira denominação da capital
mundo da música. Tom Jobim é a pica-
paulista (São Paulo de Piratininga) é
nha preparada no sal grosso, grelhada
um dos pioneiros da Vila Madalena no
na churrasqueira servida com batata
estilo bar com música ao vivo. Aberto
rústica e arroz de carreteiro (com ba-
em 1992, mantém a tradição. Os gar-
con, ovos mexidos e salsinha); a salada
çons usam colete e anotam os pedidos
Norah Jones leva rúcula, beterraba,
em um bloquinho, a decoração é pon-
uvas, cogumelos e bacon, ao molho de
tuada por objetos que remetem aos
mostarda com mel. E entre as porções
anos de 1930 e 1940, o chope gelado
de bom tamanho para dividir em até
(Stella Artois, R$ 9,50) é imediatamen-
três pessoas estão a Nina Simone, que
te reposto quando o copo fica vazio e
consiste em filé mignon em cubos, ao
acontecem shows ao vivo todos os dias.
molho madeira com anéis de cebola
Fotos: Divulgação
Sí Señor: no estilo tex-mex, uma mistura
entre Texas e México, o menu oferece
enchiladas, burritos, quesadillas,
frijoles, guacamole, entre outros pratos,
além de saladas, molhos e pimentas
duas noites em São Paulo. Na primeira,
foram em busca da caipirinha criada
pelo barman. Passarinho prepara também caipirinha de tangerina e lima-da-pérsia, mojitos, entre outros coquetéis. Ele garante que seu dry martini é
o melhor da cidade.
Tacos e margueritas
e ervas, servido no réchaud (R$ 49); ou
entro e pimenta-do-reino, ou o steak
O Sí Señor tem perfil completamente
então pastéis de camarão, feitos com
tartar (R$ 46), feito com carne bovina
diferente. Da decoração à cozinha, a
escarola e requeijão, estes sem nome
crua, alcaparras, salsinha, mostarda
casa se concentra no tex-mex, estilo
de personalidade conhecida. Com seis
escura, molho inglês, conhaque, gema
nascido na fronteira do estado ame-
unidades de bom tamanho, custa R$ 33.
de ovo e pimentas.
ricano do Texas com o México, que
mistura sabores e costumes dos dois
Se quiser apenas aquecer o estômago
Os drinques criados pelo premiado
países. O termo tex-mex tem origem
para começar a noite, pode ir bem o
barman Passarinho são atrações à par-
no nome da linha de trem que corta-
caldinho de feijão (R$ 9,50). Caso pre-
te. Sua fama corre o mundo. Vimos de
va a região, a Texas-Mexican Railway,
fira algo mais fresco, peça o tartar
perto um exemplo disso. A reportagem
fundada em 1875.
de salmão (R$ 40), que leva, além do
da C&S visitava o bar em uma segun-
peixe cru, guacamole (pasta de aba-
da-feira à noite quando chegaram
Depois da pequena aula de história,
cate com temperos), mostarda Dijon,
dois rapazes russos. Em viagem pela
vamos à comida. Na hora do almoço,
pimenta-dedo-de-moça, tomate, co-
América Latina, a dupla ficaria apenas
funciona em sistema de bufê. Custa
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GA ST RONOMI A
B a res com preços ju s tos
R$ 52 por pessoa e você pode se servir
de um pouco de tudo: tacos, enchiladas, burritos, quesadillas, frijoles, guacamole, entre outros pratos, além de
saladas, molhos e pimentas. E ainda
frutas e doces. Ou seja, abrange entrada, prato principal e sobremesa.
O clima muda no happy hour, com
animados grupos que optam por ignorar o trânsito das seis da tarde e
embarcam nas fajitas, burritos e chili com carne. Essa é a hora em que a
casa faz mais promoções. A caneca
de chope Brahma, que normalmente custa R$ 8, é vendida a R$ 5,90.
Os drinques da linha frozen, nos sabores maracujá, limão ou misto, hawaii frozen mojito e summer fresh
margarita, listados no cardápio por
R$ 21, saem por R$ 15,80. E as porções
Fotos: Divulgação
de chili fries, nachos bacon barbecue,
burger bits, quesadillas, nachos supreme ou chili com carne, com valores variados entre R$ 38 e R$ 44, nessa
faixa horária custam todos R$ 32. Os
preços de happy hour valem de segunda a sexta, das 17h às 22h; e aos
sábados, das 15h às 19h.
Um grupo de três pessoas pode também dividir o coyote especial, porção de coxas de frango empanadas à
moda country, servidas com polenta
Fritz Cervejaria Artesanal: além das cervejas,
não deixe de experimentar o schlachtplatte,
uma grelha com eisbein (joelho de porco),
kassler (porco defumado), cinco salsichões
alemães, chucrute e batata soutê
e nachos, acompanhadas de salsa de
tomate. Custa R$ 48,80. Ou, se a fome
Agora, se preferir algo um pouco exóti-
Mas há promoções que valem apenas
for grande, o suculento lumberjack: são
co e um tanto mais apimentado, vá de
para algumas unidades, como o pra-
700 g de carne do corte Angus Sirloin
sombrero, a costela ao molho Monterrey
to tex-mex do dia vendido a R$ 24,80
(parecido com o contrafilé) servidos
com batatas rústicas, acompanhada de
nas unidades paulistanas de Moema,
com batatas rústicas e cebola roxa ma-
abacaxi em calda com canela (R$ 64,80,
Morumbi, Higienópolis, além de Belo
rinada. Chega acompanhado de molho
para até três pessoas).
Horizonte, Brasília, Goiânia, Barra, Ri-
barbecue, maionese e uma cesta de
beirão Preto, São José do Rio Preto, São
pães. É vendido a R$ 88,80 e serve até
A rede Sí Señor conta com 20 lojas
quatro pessoas. Uma porção de peso.
no País. A decoração e o serviço são
Não à toa ganhou o apelido de “o desa-
parecidos em todas, assim como o
Para sobremesa, quem é fã de chocola-
fio do lenhador”.
gosto “caliente” da pimenta jalapeño.
te precisa pedir o oreo madness (R$ 21),
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Caetano e Campinas.
o sanduíche de biscoito de chocolate re-
elaborada; dunkel, que leva extrato de
Quer algo para comer sozinho? Peça o
cheado com sorvete de creme e choco
malte torrado; e weizen, feito de trigo.
pastel de eisbein com catupiry (R$ 7,70).
crisps, coberto com calda de chocolate.
Depois de escolher o sabor do chope,
Crocante, bem recheado e com catupi-
Apenas para adoçar o final da refeição,
pode pedi-lo na caneca de 300 ml ou
ry na medida certa, que confere cremo-
opte pela porção de três minichurros
570 ml. Os preços vão de R$ 7,20 (klar
sidade sem tomar o gosto do petisco
(R$ 7,80) servida com um potinho de
pequeno) a R$ 17,90 (weizen grande).
para si. E entre os pratos individuais há
o Goleiro Oliver Kahn (R$ 31,90), ironica-
doce de leite e café.
Os pratos e as porções são fartos. Entre
mente um filé de frango com legumes
as especialidades alemãs, uma das me-
na manteiga de ervas e arroz; o famo-
Nossa terceira indicação embarca na
lhores opções para acompanhar o cho-
so paprika schnitzel (R$ 37,50), que é o
culinária alemã. A Fritz Cervejaria Ar-
pe é o schlachtplatte, que serve até seis
filé suíno grelhado ao molho de pápri-
tesanal de São Paulo está instalada na
pessoas. Uma grelha chega à mesa com
ca acompanhado de spätzle (espécie
avenida Cidade Jardim. O ponto é agi-
eisbein (joelho de porco), kassler (porco
de bolinho de massa artesanal típica);
tado, mas com certo afastamento da
defumado), cinco salsichões alemães,
mônaco (R$ 36), filé mignon à milane-
rua e as árvores ao redor amenizam o
chucrute e batata soutê. Custa R$ 136.
sa com molho de tomate, mozzarella,
Salsichão e chope artesanal
servido com batata frita e arroz. E para
barulho e fazem a diferença para dar o
clima tranquilo na hora do almoço, do
As demais especialidades servem três
quem quer algo leve, salmão primavera
happy hour ou à noite.
pessoas, como escondidinho do Fritz
(R$ 36,90): o peixe grelhado vem acom-
(R$ 63), que inclui salsichão fatiado ou
panhado de legumes e arroz branco.
Quando chega um cliente que não co-
eisbein desfiado com purê de man-
nhece a casa, o garçom oferece a de-
dioquinha, catupiry, bacon, palmito,
No almoço dos dias de semana, há op-
gustação gratuita de chopes. Servidos
coberto com mozzarella; ou o eisben
ções incluindo entrada, prato principal
em shots (copinhos de 30 ml), chegam
completo, que vem com um salsichão
e sobremesa, no combinado que custa
à mesa cinco amostras: klar, o chope
weisswurst (branco), um salsichão cer-
R$ 29,90 por pessoa. Geralmente são
claro, tipo pilsen; natur, produzido sem
vela (feito com mistura de carne bovi-
destacados pratos do cardápio normal
filtros; köelsch, de fermentação mais
na, suína e bacon) e chucrute.
para figurarem como escolhas do dia.
Para finalizar a refeição com algo típico, escolha a torta alemã (R$ 14) ou
apfelstrudel com sorvete (R$ 17,90). &
serviço
Fritz Cervejaria Artesanal
Avenida Cidade Jardim, 655 – São Paulo.
Tel.: (11) 2774-3817
www.fritzcervejariaartesanal.com.br
Fotos: Divulgação
Piratininga Bar
Piratininga Bar: programação eclética de música
ao vivo e boa comida na Vila Madalena
Rua Wisard, 149 – Vila Madalena.
São Paulo. Tel.: (11) 3032-9775
Sí Señor
Alameda Jauaperi, 626 – Moema.
São Paulo. Tel: (11) 3476-4650
www.sisenor.com.br
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AGE N DA CULTURAL
por Priscila Oliveira
Botânica do bairro
Resultado de um minucioso mapeamento da vegetação
espontânea existente nas redondezas da Unidade do Sesc
Bom Retiro, a intervenção na escadaria reúne e abriga todas as espécies encontradas, proporcionando maior visibilidade a estas ervas, consideradas daninhas.
Onde: Sesc Bom Retiro
Alameda Nothmann, 185 – Bom Retiro
Quando: até 31 de julho de terça a sexta das 9h
às 20h30; aos sábados, das 10h às 18h30
e aos domingos, das 10h às 17h30
Informações: (11) 3332-3600
Onde: Sesc Santana
Av. Luiz Dumont Villares, 579 – Santana
Quando: até 19 de junho de terça a sábado
das 10h às 20h e aos domingos das 10h às 17h
Informações: (11) 2971-8700
Anti-higiênica, por Camila Soato
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Fotos: Diculgação
A artista apresenta recortes de imagens
que fragmentam e narram momentos bizarros aos olhos de uma sociedade que tenta
controlar os corpos femininos, seus desejos
e escolhas. Um elogio à mundiçagem, aquela
proibida por séculos de história de bons modos sobre os corpos femininos.
Nesta exposição teremos um conjunto de
obras da dupla Gisela Motta e Leandro Lima que
exploram a região ambivalente entre o sintético do
natural e o natural do sintético com uma reunião
de nove obras produzidas pela dupla desde 2007.
Onde: Sesc Santo Amaro
R. Amador Bueno, 505 – Santo Amaro
Quando: até 26 de junho de terça a sexta das
10h30 às 21h e sábados e domingos das 11h às 18h
Mais informações: (11) 5541-4000
Contando Ovelhas Elétricas
Atores profissionais e artistas amadores de diversas áreas se encontram em cena e dividem o mesmo
palco. O espetáculo toma o que as experiências teatrais
têm de mais comuns – o evento comemorativo, a festa,
a apresentação amadora de fim de ano, o exercício - e
as subverte, colocando – as num espaço de artes, num
contexto profissional.
Onde: Sesc Consolação
R. Dr. Vila Nova, 245 – Vila Buarque
Quando: até 29 de maio, quinta
a sábado, 21h e domingo, 18h
Mais informações: (11) 3234-3000
Amadores
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ROTEIRO SP
por Priscila Oliveira
São Paulo
celebra a
arte sacra
A cidade guarda esplêndidos acervos artísticos
que representam a comunhão com Deus
Pateo do Colégio – Centro (próximo à estação Sé do Metrô)
Horário: de terça à sexta, das 8h40 às 16h30
(mediante agendamento prévio)
Informações: (11) 3105-6899
Museu Anchieta
Paróquia Nossa Senhora do Brasil
Praça N. Sra. do Brasil, s/nº Jardim América
Horário: segunda a domingo das 8h às 19h
Informações: (11) 3082-9786
A Paróquia Nossa Senhora do Brasil é um dos
templos mais elegantes da capital de São Paulo,
com inspiração nos templos mineiros e com um
interior que recorda belas igrejas portuguesas.
Possui painéis de pastilha cerâmica que lembram
a Igreja de São Basílio, em Moscou, e a balaustrada
de suas torres remete a minaretes muçulmanos.
No seu interior encontra-se o altar-mor de madeira
entalhada que pertenceu à Igreja de Sant’Ana de
Mogi das Cruzes, com data estimada de 1740, de
acordo com o escritor francês Germain Bazin na
obra L’Architecture Religieuse Baroque au Brésil.
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Fotos: Diculgação
Inaugurado em 1979, tem como missão resgatar a memória
e a importância do local, proporcionando reflexões acerca
da fundação de São Paulo e sobre o papel dos jesuítas no
dia a dia desses primeiros habitantes. O acervo do museu
é predominantemente composto de peças de arte sacra
que remetem à vida social paulistana intrinsecamente
ligada à religiosidade dos primórdios da cidade.
Sala Metrô Tiradentes
Av. Tiradentes, 676 – Luz
Horário: terça a domingo das 9h às 17h
Informações: (11) 3326-3336
(agendamento de visitas monitoradas)
O Ministério da Cultura, a Secretaria dos
Transportes Metropolitanos, o Banco
Safra e o Museu de Arte Sacra de São
Paulo (MAS-SP, instituição da Secretaria
da Cultura do Estado de São Paulo)
inauguraram a Sala Metrô Tiradentes,
um novo espaço de exposições com
acesso livre aos usuários do metrô
que, ao dinamizar o aproveitamento
das estações para além do transporte
de passageiros, cria uma grande
oportunidade para que milhões de
pessoas tenham acesso à arte, como uma
forma de aproximá-la mais dos cidadãos.
Museu de Arte Sacra dos Jesuítas
Largo dos Jesuítas, 67 – Centro, Embu das Artes
Horário: de terça a sexta, das 8h40 às 16h30
Informações: (11) 3082-9786
O Museu de Arte Sacra dos Jesuítas é constituído
por duas coleções: Igreja de Nossa Senhora do
Rosário, reunidos ao longo de três séculos, e de
objetos oriundos da Igreja de São Gonçalo Garcia –
localizada no centro de São Paulo – , que a partir de
2005 passou a integrar o acervo. Em exposição há
imagens sacras confeccionadas durante os séculos
17, 18 e 19, paramentos litúrgicos e objetos utilizados
nas celebrações religiosas. Destaca-se o conjunto de
imagens de roca e de vestir entalhadas em madeira,
uma das principais coleções deste gênero no País.
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A RT IGO
POR Cristiane Lima Cortez
Novidades na Lei
de Zoneamento
s
A taxa de permeabilidade, relação entre a parte permeável, que permite a
infiltração de água no solo, livre de
qualquer edificação, e a área do lote,
também foi ampliada, sendo determinada para cada perímetro de qualificação ambiental.
Ainda, para as construções não obri-
ão Paulo é uma cidade incapaz
derando tipo do solo (natural, laje ou
gadas a cumprir os dispositivos aci-
de reter de maneira natural as águas
com pavimento semipermeável), por-
ma, o projeto de lei sobre incentivo por
pluviais: 80% escoam superficialmen-
te, tipo e preexistência da vegetação.
meio do IPTU Verde está tramitando
te, logo comprometendo o sistema de
na câmara de vereadores.
drenagem e causando as conhecidas
Em relação à drenagem, além das já ci-
enchentes. Em contrapartida, bosques
tadas áreas ajardinadas e cobertura
Aliar a taxa de permeabilidade com
urbanos retêm 80% do volume das chu-
verde, são também pontuadas as áreas
a retenção e uso das águas de chuva
vas, alimentando o lençol freático.
cobertas com pavimento poroso ou se-
no interior dos lotes é aparentemente
mipermeável sem vegetação.
uma boa solução, que seria mais eficaz
A nova lei de zoneamento e ocupação
se os sistemas de reservação também
do solo busca mitigar os impactos da
Para ser aplicada, o território da cidade
permitissem que parte das águas acu-
impermeabilidade do solo causada
de São Paulo foi dividido em perímetros
muladas se infiltrasse em áreas perme-
pelo desenvolvimento urbano - gran-
de qualificação ambiental, que expres-
áveis, alimentando o lençol freático e
des bairros-chácaras substituídos por
sam a situação ambiental e o potencial
aliviando o sistema de drenagem. Ain-
construções, jardins das casas troca-
de transformação, incidindo em maio-
da, o uso das águas pluviais para fins
dos por garagens para automóveis, pa-
res ou menores cotas ambientais.
não potáveis gera economia do uso da
ralelepípedos das ruas cobertos por
água tratada, bem-vinda em épocas de
asfalto, entre outros; somando-se a
Reformas com aumento de área supe-
isso o excesso de córregos canaliza-
rior a 20% e novas construções, situa-
dos e o intenso assoreamento por se-
das em lotes com área a partir de 500
Assim, mais do que uma exigência le-
dimentos, lixo e entulho fragilizam o
mC, terão de adotar ações para atin-
gislativa, aumentar a área permeável
sistema de drenagem urbana.
gir a cota ambiental e captar, reservar
e a vegetação, ter sistema para cap-
e aproveitar as águas pluviais prove-
tação, reservação e uso de água de
Uma novidade da lei é a cota ambien-
nientes das coberturas para fins não
chuva, incluindo controle de escoa-
tal, que visa promover a qualificação
potáveis, com volume mínimo obri-
mento superficial, é uma necessidade.
ambiental, em especial a ampliação da
gatório estabelecido em lei. Caso con-
Se os empresários fizerem sua parte
vegetação e a melhoria do microclima
trário, não conseguirão o licencia-
em um exercício de cidadania conjun-
e da retenção e da infiltração natural
mento. Mas, se excederem o valor da
ta, contribuirão para que a cidade de
das águas pluviais, por meio de solu-
cota ambiental, obterão desconto na
São Paulo não tema as chuvas e ofere-
ções construtivas e paisagísticas usa-
outorga onerosa, que é a taxa paga
das como indicadores de cobertura ve-
pelo direito de construir.
getal e drenagem.
Também, os lotes com área total supePara a cobertura vegetal podem ser
rior a 500 mC devem instalar reservação
computadas áreas ajardinadas, vege-
de controle de escoamento superficial
tação, coberturas verdes, jardins ver-
com vazão máxima de saída do lote e do
ticais e fachadas/muros verdes; consi-
volume mínimo determinados em lei.
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escassez hídrica e de crise econômica.
ça melhor qualidade de vida! &
Cristiane Lima Cortez é Bacharel
e Mestre em Engenharia
Química, Doutora em Energia
e Assessora do Conselho de
Sustentabilidade da FecomercioSP
Ministério da Cultura, Governo do Estado de São Paulo e Secretaria da Cultura apresentam
Banco do Brasil Seguridade apresenta e patrocina
Texto
WALTER DAGUERRE
Direção Geral
JOSÉ POSSI NETO
Direção Musical
MIGUEL BRIAMONTE
Coreografia
VANESSA GUILLEN
ESTREIA EM
11/03
Teatro Fecomercio
Sala Raul Cortez
Quinta: 21h /Sexta: 21h30 /Sábado: 21h /Domingo: 19h
Novo Portal FecomercioSP
A fonte de informação
que entende a rotina
do comerciante ficou
ainda melhor.
Para oferecer aos empreendedores da sua base o suporte
completo para crescer, nós, da FecomercioSP, buscamos
sempre novas maneiras de melhorar nossos serviços
e meios de divulgação de informações. Por isso, lançamos
um novo portal. Totalmente reformulado tanto em design
quanto em conteúdo, nosso novo site ficou mais intuitivo,
mais fácil de navegar e mais acessível, trazendo assuntos
selecionados pela nossa equipe, como artigos e estudos
sobre economia, sustentabilidade, legislação, negócios,
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para tomar suas decisões com mais segurança
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