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Transcrição

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Apontamentos Sobre o
RITUAL EMULAÇÃO
(“Rito de York”)
Compilação, tradução, redação e organização dos textos:
Álvaro E.R. Falcão de Almeida, P.M.
A.R.L.S. “Cavaleiros Templários” nº 3997 – GOB-MG
Belo Horizonte –Minas Gerais
- 2011 -
RITUAL EMULAÇÃO
(“Rito de York”)
Brasão da Grande Loja Unida da Inglaterra
Um Pouco de História
No século XVII já existiam Lojas Simbólicas na Inglaterra e, como não havia
autoridade para regulamentá-las, estas lojas se autogovernam.
Em Londres, quatro lojas que não tinham nome, e por isto eram identificadas
pelos
nomes
tabernas
que
das
cervejarias
abrigavam
e
suas
reuniões, “The Goose and Gridiron
Ale House, “The Crown Ale House”,
“The Apple Tree Tavern“ e a “The
Rummer
and
Grapes
Tavern”
reuniram-se na na cervejaria “O
Ganso e a Grelha”, em 24 de junho
de 1717 e constituíram a primeira
Grande Loja. Elegeram, para GrãoMestre, Sir Anthony Sayer.,o Mestre
de Loja mais idoso das quatro lojas:
Cervejaria “O Ganso e a Grelha”
Álvaro Falcão, P.M.I. – A.R.L.S. Cavaleiros Templários – nº 3997 – GOB.MG
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Aparentemente, não tiveram o escopo de criar
uma entidade com hierarquia para controlar as lojas
existentes, mas apenas para organizar o tradicional
banquete
maçônico
anual.
Aponta-se,
como
evidência disso, o fato de não ter havido nenhuma
ata de reuniões até 1723, quando foi editado o
“Livro das Constituições”, pelo clérigo escocês
James Anderson.
Porém, passados seis anos, a Grande Loja
assumiu o papel de controladora, tendo já mais de
Sir Anthony Sayer
cem Lojas sob sua jurisdição. O seu
desenvolvimento foi tanto que passou a se intitular a “Mãe do Mundo”.
Em 1725 foi criada a Grande Loja da Irlanda. e em 1736, foi criada a
Grande Loja da Escócia.
Em 1751 surgiu a Grande Loja (York) rival da primeira, fundada
principalmente por irlandeses impedidos de se filiar às lojas de Londres.
Curiosamente a nova agremiação se autodenominou “Grande Loja dos
Antigos”, por julgar que trabalhava dentro das antigas tradições, ao contrário da
primeira Grande Loja denominada por eles de “Modernos”. Durante 63 anos
não se reconheceram mutuamente nem reconheciam os maçons à elas
filiados.
As ações para reconhecimento mútuo iniciaram-se em 1790.
Em 1809 foram formadas as Comissões negociadoras e em 27 de
dezembro de 1813, através do “Act of Union”, constituíram a “United Grand
Lodge of England” (UGLE), a “Grande Loja Unida da Inglaterra” (GLUI).
Rito e Ritual
Na Constituição inglesa, não há denominação de Rito na maçonaria
simbólica; é denominada simplesmente “CRAFT”. (em português, “Arte”ou
“Ofício”) .
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O Rito representa as regras e cerimônias de caráter simbólico, representa o
sistema da organização maçônica.
O Ritual é o livro, o manual que contem o conjunto de práticas consagradas
e padronizadas.
Portanto, o trabalho maçônico é um meio ou forma pela qual os princípios
da Ordem são passados, sob a forma de um drama.
Um ritual é, por conseguinte, “o conjunto formalizado dos dramas utilizados
para a introdução de novos membros ou progressão dos já iniciados, de forma
homogênea”.
Como hoje, havia na Inglaterra, antes de 1813, muitas diferenças no modo
de trabalhar.
Foi criada, então, a “Loja de Reconciliação”, para produzir um ritual que
reunisse as práticas consagradas, trabalho este realizado entre os anos 1814-1816.
Esta padronização deu origem ao que chamamos hoje “Ritual Emulação”.
Pela primeira vez, em 23 de outubro de 1823, reuniu-se a “Emulation Lodge
of Improvement for Masters Masons” (Loja Emulação de Aperfeiçoamento de
Mestres Maçons), composta por
membros das Lojas “Burlington” e
“Perseverance”, para dar instruções
aos mestres que desejassem se
preparar para ocupar cargos em
Loja.
O Emulation Working (Trabalho
de Emulação) recebeu, pois, o
nome
da
referida
Loja
que,.
delegada pela GLUI, cuida, até hoje,
da
preservação
do
citado
ritual..Note-se que a GLUI, por sua
vez não dispõe de nenhum ritual
Freemasons’ Hall
United Grand Lodge of England
oficial.
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Constituição de Anderson - 1723
O Art. 155 da Constituição diz que compete às Lojas a regulamentação dos
procedimentos das formas de ritual, mas reserva para si o direito de intervir em
qualquer Loja se houver alterações ou discrepâncias na execução do mesmo.
A “Emulation Lodge of Improvement” se reúne às 18h15min das sextasfeiras, de outubro a junho, desde a sua criação, no Freemasons’ Hall, onde
está a administração da Grande Loja Unida da Inglaterra.
Além do “Emulation Ritual”, praticam-se outros rituais na Inglaterra, como o
Logic, o Bristol, o Taylor’s, o Oxford, o Humber, o Stability e o West End, todos
aceitos pela GLUI.
O ritual redigido em 1823 teve por base as antigas tradições dos maçons,
preservadas até aquele momento, sendo que este texto ainda é vigente, tendo
sido modificado, recentemente, apenas no que diz respeito às penalidades
citadas no solene juramento.
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Folha de rosto de um manual Emulação. Não é feita alusão a “rito”
Em l920, o Irmão Joseph Thomas Wilson Sadler da Loja “Lodge of Unity”,
de São Paulo traduziu o ritual inglês, com a aprovação da Grande Loja Unida
da Inglaterra, embasado na edição de l9l8 do “The Perfect Cerimonies of Craft
Masonry”. Na sua versão, ele grafou corretamente a “Cerimônias Exatas da
Arte Maçônica” e não mencionou a expressão “Rito de York”, fiel ao original
inglês. Este ritual ainda é empregado no Brasil.
O que se espera de um Irmão iniciado no ritual Emulação, é que ele seja
caracterizado por um apego especial ao conhecimento e domínio do ritual, uma
vez que este é a essência da própria reunião maçônica. Este ritual tem sido,
desde muito tempo, definido como “intimista”, já que é através da prática e
estudo do ritual que o iniciado incorpora e reflete sobre os ensinamentos e
mensagens contidos nos textos de abertura e fechamento dos trabalhos da
Loja, assim como nos textos das cerimônias de Iniciação, Passagem ao
Segundo Grau e Elevação ao Grau de Mestre.
Em princípio,o ritual Emulação traça um caminho a ser trilhado,
aparentemente sem a ajuda externa dos demais Irmãos membros da Loja.
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O ritual tem que ser vivido nas sessões. O trabalho maçônico se apresenta
como um teatro, que deixa profundas marcas na mente e no coração do
praticante, sendo que, para isto, ele tem que ser e estar receptivo.
Às vezes este caminho pode ser difícil ou desconcertante para aquele que
espera receber explicações dos Irmãos mais antigos, por uma natural
tendência de considerá-los mais experientes. Algumas vezes pode ser que seja
ajudado a identificar e compreender uma parte dos “Landmarks” – os antigos
usos, deveres e costumes – que deverá observar e praticar, mas este caminho
é pessoal e individual. Isto pode demandar certo esforço introspectivo e
autocrítica muito grandes do maçom que adotou o ritual Emulação.
O trabalho do Mestre da Loja, e também de seus Vigilantes, tem uma
importância fundamental nas sessões, a de representar e transmitir a essência
do ritual e seu simbolismo aos demais Irmãos. Isto exige o domínio de alguns
conhecimentos básicos:
•
Entender a mecânica dos passos e movimentos durante as sessões
e orientar os menos experientes;
•
Entender e conhecer suficientemente o significado das diferentes
frases, palavras, perguntas e respostas do ritual, para poder pronunciá-las
corretamente e no tom adequado. Isto, preferivelmente, de memória, para que
possa desenvolver os trabalhos com fluidez natural;
•
Viver e interiorizar as cerimônias.
Desta maneira, os demais Irmãos também se sentirão imersos no ritual e, a
cada reunião encontrarão frases e símbolos que os farão refletir, entender e se
aprofundar em suas mensagens. Somente desta maneira poder-se-á progredir
na Arte Real através do ritual Emulação, em seus graus de Aprendiz,
Companheiro e Mestre.
Por outro lado, diferentemente dos outros ritos, o trabalho maçônico não se
esgota exclusivamente durante a Loja aberta. O ritual Emulação dá uma
excepcional importância à refeição fraternal que se segue às reuniões e que,
na verdade não estará concluída até que se celebre o último brinde.
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Provavelmente esta prática tem raízes muito antigas, remontando a época
em que os maçons ingleses se reuniam em tabernas, instituições estas de
grande significado na vida social das comunidades. O jantar é considerado
parte da reunião e, como tal, tem suas peculiaridades, evitando-se assuntos
polêmicos, que conduzam à desarmonia. Durante o jantar todo membro da Loja
deve emitir opiniões e reflexões que possam enriquecer os demais, não
havendo indicações ou determinações prévias sobre os temas que, se bem
conduzidos, podem resultar em grande ajuda para o fortalecimento do espírito
de fraternidade, do espírito de unidade que é, em última análise, o que
buscamos.
O RITUAL “EMULAÇÃO” NÃO POSSUI:
01 - Palavra Semestral;
02 - Cadeia de União. (não deve ser formada em hipótese alguma);
03 - Sessões Especiais: todas são denominadas Regulares;
04 - Câmara de Reflexões;
05 - Espadas na loja - a única é a usada pelo G.E.;
06 - Bolsa de Propostas e Informações;
07 - Passos para entrada na loja;
08 - Cartão de Presença (quando exigido, o M.L. solicita que o Ir. Sec. envie uma
carta diretamente à loja do visitante, informando a visita);
09 - Altar dos Juramentos (não há altares na loja, as mesas do M.L., P.V. e S.V.,
são baixas e denominadas Pedestais);
10 - Transmissão da Palavra Sagrada;
11 - Cálice da Amargura, nas iniciações
12 - Consagração pela Espada e Malhete;
13 - Espada Flamejante;
14 - Prova dos Elementos;
15 - Tríplice Abraço;
16 - Os três pontos (nas abreviaturas e nas assinaturas);
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17 - Diferença de nível entre o Oriente e Ocidente, o piso é plano
18 - Separação física entre o Oriente e Ocidente – balaustrada.
19 - Os cargos Orador, Chanceler, Experto, Porta Estandarte e Porta Espada;
20 - Corda de 81 nós;
21 - Candidatura ao cargo de Mestre da Loja: não há disputa, segue-se uma linha
de sucessão;
22 - Não se usam os termos: Balaústre, Prancha ou Peça de Arquitetura. usam-se:
os termos Ata, Expediente, Palestra, Conferência;
23 – Não há degraus no interior do templo; o piso é absolutamente plano;
24 – Não há Colunas Zodiacais;
25 – A porta de entrada é situada no canto noroeste da Loja;
26 – Não há Estrela Flamejante; há uma letra “G” pendente no centro da loja;
27 – Há Colunetas nos pedestais do 1º e do 2º Vigilantes que se alternam de pé e
deitadas, dependendo se a Loja está em trabalho ou em descanso;
MAIS ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DO RITUAL “EMULAÇÃO”
Há somente um livro de atas para todos os graus - todas as atas são
escritas, lidas e aprovadas no Primeiro Grau.
O ritual não deve ser lido em loja. Deve ser todo memorizado.
Somente ao P.M.I. é permitido permanecer com o ritual aberto, pois ele
funciona como “ponto” para ajudar um Ir. num lapso ocasional de memória.
Os cargos eletivos são somente três: o M.L., o Tesoureiro. e o Guardião. É
tradição não haver disputa de cargos, em nenhuma hipótese. A linha de
sucessão deve ser respeitada, para que a harmonia e a união entre os irmãos
sejam mantidas.
A linha de sucessão é: (1) Guarda Interno; (2) Segundo Diácono; (3)
Primeiro Diácono; (4) Segundo Vigilante; (5) Primeiro Vigilante; (6) Mestre da
Loja.
Os demais cargos são de livre escolha do M.L.
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Todas as reuniões de Loja Aberta são Regulares, a saber: (a) Iniciação; (b)
Passagem; (c) Elevação; (d) Instalação do Mestre da Loja (e) Dedicação do
Templo.
Não existem as denominações “sessões magnas”, “econômicas” etc.
Não é permitido o uso do balandrau para os membros da Loja. O terno é
preto, gravata e calçados pretos, nas Cerimônias. Nas demais sessões o terno
pode ser escuro, com gravata e calçados combinados. Aos visitantes de outros
ritos, é permitido o uso do balandrau.
O M.L. é o único que pode falar sentado na Loja. Os demais falam de p. e à
o. e com o passo.
As bat. são sempre em mesmo número, em todos os Graus; a diferença
está no ritmo.
Não há maçonaria Filosófica
Sempre haverá uma cadeira vaga, à direita do M.L., destinada ao GrãoMestre ou seu Adjunto.
Se houver uma ode de abertura ou música apropriada, deve ser cantada ou
executada antes de se abrir a Loja. E se houver uma ode de encerramento,
será executada depois da Loja fechada. (não usar música durante os trabalhos
em Loja Aberta).
No primeiro ou no segundo levantamento, se houver alguma mensagem
oficial ou Decreto do Grão-Mestre para ser lido, o D.C. pede aos IIr. que fiquem
de p. e à o.
Numa visita o M.L. deve oferecer o malhete apenas ao Grão-Mestre ou seu
Adjunto, e a mais nenhuma outra autoridade.
Quando o M.L. está ausente, deve ser substituído pelo P.M.I., se presente.
Se o M.L. tiver que se ausentar por tempo maior, deve escolher entre os P.Ms.
quem deve substituí-lo..Isso significa que o P.V. só substitui o M.L. em caso de
impedimento definitivo e somente nestes casos.
As comissões que constam dos estatutos têm a finalidade de atender aos
regulamentos do Grande Oriente do Brasil. Na verdade, o Emulação tem
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apenas duas comissões - a de Inventário, composta por dois membros
escolhidos pelo M.L. para verificação e controle dos bens da Loja - a de
Auditagem, com dois membros, para darem parecer ao Relatório apresentado
pelo Tesoureiro, para ser votado no dia da instalação do novo M.L.
Não há ordem verbal para levantar-se ou sentar-se, nas reuniões, salvo as
exceções que constam do ritual. Toda vez que o M.L. se levanta ou senta-se,
todos o seguem, sem necessidade de ordem.
O único fala sentado na Loja é o M.L. - todos falam de pé, com Pas. e Sn. Para falar não é necessário pedir ao M.L., basta levantar-se com Pas. e Sn. e
aguardar a ordem para falar.
Não há uma ordem estabelecida para concessão da palavra. Pode falar um
Ir. do Or. depois outro de qualquer lugar da Loja, isto é, não há precedência
A marcha é sempre iniciada com o p. esquerdo.
Somente nas Cerimônias de Iniciação, Passagem e Elevação é obrigatório
o esquadrejamento da Loja.
Fora das Cerimônias não há um sentido obrigatório de caminhar na Loja.
Um maçom não pode caminhar sozinho na Loja, terá que ser, sempre,
conduzido pelo D.C. nas sessões regulares e pelos Diáconos, nas Cerimônias.
-oo0oo-
BIBLIOGRAFIA
CARR, H, O Ofício do Maçom, São Paulo: Madras, 2007. 423 p.
EMULATION LODGE OF IMPROVEMENT. Emulation Ritual, London: Lewis
Masonic, 2007, 299 p.
EMULATION LODGE OF IMPROVEMENT. The Perfect Ceremonies of Craft
Masonry, London: Lewis Masonic, 1955, 320 p.
OLIYNIK, K. Emulação (História, Ritualística, Rituais)., Curitiba: Edição do Autor,
2004. 592 p.
OLIYNIK, K. Emulação O Rito de York (Emulation Rite)., Curitiba: Edição do Autor,
1997. 226 p.
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