Modelo Livro UFRJ 17-a

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Modelo Livro UFRJ 17-a
CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E SUAS REPRESENTAÇÕES NOS SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO EM SAÚDE
Demogr
aphic cconc
onc
ep
epr
esen
ta
tions in He
alth In
tion S
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Demographic
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Health
Infforma
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Sys
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ts and their rrepr
Rigoleta Dutra Mediano Dias1, Sergio Miranda Freire2
Resumo
Este artigo tem como objetivo apresentar um conjunto de conceitos demográficos e uma proposta de representação destes conceitos em sistemas de informação por meio de arquétipos.
Foram analisados as normas internacionais ISO TR 20514, TS 22220 e ISO TS 27527, e diversos
modelos demográficos da fundação openEHR, e avaliados os atributos para representar as
informações demográficas de diversos sistemas de informação públicos do país, bem como o
padrão TISS utilizado na troca de informação da saúde suplementar. A partir dessas análises, é
proposto um conjunto de arquétipos que permitem a representação dos conceitos demográficos
em sistemas de informação de modo a satisfazer os requisitos das normas nacionais e internacionais. Os arquétipos permitem a evolução dos sistemas sem necessidade de reformular seus
modelos demográficos.
Palavras-chave
Dados demográficos, Sistema de informação em saúde, Registro eletrônico de saúde, Arquétipos
Abstract
This article aims at presenting a set of demographic concepts and a proposal of archetypes for
representing these concepts in information systems. The international standards ISO TR 20514,
TS 22220 and ISO TS 27527, along with several demographic models were studied, as well as
how the demographic information is represented in several Brazilian public information systems,
as well as the TISS standard, used on Brazilian supplementary health services information
exchange. From these analyses, a set of archetypes were designed to allow the representation
of demographic concepts in health information systems so that they meet the national and
international standards requirements. The archetypes allow the evolution of information systems
without demanding reformulation of their demographic models.
Keywords
Demographic data, Health information system, Electronic health record, Archetypes
1. Introdução
Países como Austrália (NEHTA, 2009), Canadá
(Canada Health Infoway, 2009), Estados Unidos
(HealthIT, 2009) e Inglaterra (NHS Connecting for
Health, 2009), têm como política nacional a construção do Registro Eletrônico de Saúde3 (RES) para
todos os cidadãos e, para isso, criaram órgãos
federais que elaboram regras e padrões de
1
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interoperabilidade entre os diversos sistemas de
informações em saúde (SIS). Um RES deve ter a
propriedade de compartilhar informação, tendo
como base os conceitos de interoperabilidade
funcional e semântica. A interoperabilidade funcional é a capacidade de um ou mais sistemas
trocarem informação que possam ser compreendidas pelos seres humanos e a
interoperabilidade semântica garante que a in-
Mestre em Saúde Pública. Analista de Sistemas da Agência Nacional de Saúde Suplementar. End: Av Alexandre Ferreira 353 apto 503, Lagoa
– Rio de Janeiro CEP: 22470-220 Email: [email protected] ou [email protected]
Doutor em Engenharia Biomédica. Professor Adjunto da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
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formação compartilhada entre eles seja reconhecida pelos próprios sistemas sem a intervenção
humana, a partir da definição formal de conceitos do domínio. Para isso, é preciso que haja a
padronização de um modelo de referência, ou
seja, da arquitetura da informação; da interface
dos serviços demográficos, terminológicos, controle de acesso e segurança; de modelos
conceituais para os domínios clínicos e
demográficos, utilizando arquétipos 4 e
templates5; e de um conjunto de terminologias
que apoiam os arquétipos (ISO, 2005).
Padrões de informática e informação são fundamentais na saúde, devido a várias razões, entre elas, a diversidade de vocabulários e termos
no domínio, a pluralidade de plataformas de
software e hardware, a dificuldade na busca e
na comunicação das informações e a possibilidade de se realizar estudos clínicos e
epidemiológicos baseados em diferentes sistemas de informação (van Bemmel, 1997). Eles são
fundamentais para viabilizar o uso de sistemas
de apoio à decisão e sistemas de alerta, bem
como indispensáveis para tornar os SIS
interoperáveis.
As principais organizações produtoras de padrões para informática em saúde, como o Comitê ISO TC215 (ISO, 2005), o europeu CEN
TC251(CEN, 2009) e o HL7 americano (HL7, 2009)
discutem profundamente padrões para a construção do RES. Além dessas organizações, merecido destaque deve ser dado à Fundação openEHR
(openEHR, 2009) pela sua proposta de desenvolvimento de especificações abertas para sistemas de RES.
Os SIS utilizam basicamente quatro tipos de
informação :
clínicas,
administrativas,
terminológicas e demográficas. No contexto deste trabalho, as Informações demográficas se referem a pessoas, grupos de pessoas e organizações e abrangem a identificação, a documentação, o endereço, os papéis, etc. Outros dados
demográficos como situação socioeconômica,
características de moradia,etc. não serão anali-
3
4
5
6
sadas aqui. Dois aspectos importantes precisam
ser considerados ao representar as informações:
estrutura e cardinalidade. A estrutura da informação se refere à sua composição, por exemplo,
os componentes de uma identificação ou do
nome de uma pessoa ou endereço, e a
cardinalidade representa a quantidade de cada
componente na estrutura, por exemplo, uma
pessoa pode ter várias identificações, nomes ou
endereços ao longo de sua vida.
O modelo dos SIS deve ser flexível, de modo
a acomodar novos atributos à medida que sejam necessários. Caso contrário, ele terá que ser
refinado à medida que surgem novos requisitos.
Além disso, se ele não for baseado em padrões,
os sistemas construídos a partir dele não serão
interoperáveis.
No sentido de superar as limitações da forma
“clássica” de desenvolvimento de RES, a Fundação openEHR propôs uma nova metodologia de
modelagem da informação em saúde, conhecida como modelagem dual ou “em dois níveis”.
Essa proposta utiliza um modelo de referência
no primeiro nível, o qual consiste de um conjunto pré-estabelecido de classes que modelam a
estrutura genérica do registro eletrônico em saúde. No segundo nível, os conceitos específicos
do domínio são estruturados sob a forma de arquétipos e templates (Beale & Heard, 2007a). A
proposta europeia, por meio da norma ISO
IS13606 (ISO, 2008a), adota essa metodologia
apenas para a comunicação de extratos (todo ou
parte) entre sistemas de RES; seus modelos de
referência e de arquétipos são inspirados, mas
não idênticos, aos correspondentes da Fundação
openEHR.
O padrão HL7, elaborado essencialmente para
modelar mensagens de comunicação entre SIS,
tem proposta semelhante. Ele utiliza um modelo
de informação no primeiro nível, de onde a concepção das mensagens deve partir, e, no segundo nível, os templates6.
Em âmbito nacional, informações demográficas estão presentes em todos os sistemas pú-
Registro Eletrônico em Saúde se refere a um repositório de informação relativo ao estado de saúde de um ou mais indivíduos, em forma
processável pelo computador, armazenada e transmitida com segurança e acessível por múltiplos usuários autorizados, tendo um modelo
lógico de informação padronizado ou acordado que seja independente dos sistemas de RES e cuja principal finalidade é apoiar a continuidade, eficiência e a qualidade da assistência integral à saúde (ISO, 2005).
Arquétipo é o modelo de um conceito clínico ou de outro domínio específico que define a estrutura e as regras de negócio (ISO, 2005).
Template é o artefato de criação/validação de dados, utilizável localmente, que é semanticamente uma restrição/seleção de arquétipos e
que corresponderá frequentemente a um formulário completo ou tela no sistema de informação (ISO, 2005)
Para o padrão HL7, um template é uma expressão de um conjunto de restrições do modelo de informação RIM (Reference Information
Model) ou um modelo derivado do RIM que é utilizado para aplicar restrições adicionais para uma porção de instâncias de dados que são
expressos em termos de outro modelo estático. Templates são utilizados para definir e refinar esses modelos existentes, ou melhor, para
especificar um escopo mais restrito e focado (www.hl7.org).
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Conceitos demográficos e suas representações nos Sistemas de Informação em Saúde
blicos desenvolvidos pelo DATASUS/Ministério
da Saúde. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) também desenvolve sistemas
para coletar informações demográficas das
operadoras de planos de saúde, como o Sistema de Informação dos Beneficiários (SIB). Recentemente, em 2005, a ANS publicou o padrão TISS para “Troca de Informação em Saúde
Suplementar” (Brasil, 2005a), que inclui informações demográficas sobre as operadoras,
prestadores de serviço e beneficiários de planos de saúde.
Este artigo tem como objetivo analisar como
as informações demográficas estão representadas em diversos sistemas de informação nacionais e do padrão TISS, apresentar um conjunto
de conceitos demográficos e uma proposta de
representação desses conceitos em sistemas de
informação baseada em arquétipos de acordo
com o enfoque da Fundação openEHR.
2. Materiais e métodos
Para verificar como as informações
demográficas de pessoas estão representadas
nos sistemas de informação nacionais, foram
analisados os seguintes sistemas desenvolvidos
pelo Ministério da Saúde: SIM (Sistema de Informação de Mortalidade), cuja função é a obtenção regular de dados sobre mortalidade (Brasil,
2001a); SINASC (Sistema de Informação de Nascidos Vivos), cuja função é coletar dados dos nascidos a partir da Declaração de Nascimento (Brasil, 2001b); CNS (Cartão Nacional de Saúde), cuja
função é criar um instrumento que possibilite a
vinculação dos procedimentos executados no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) ao usuário, ao profissional que os realizou e também à
unidade de saúde onde foram realizados (Brasil,
2002); CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde), cuja função é disponibilizar
informações das atuais condições de
infraestrutura de funcionamento dos estabelecimentos de saúde (Brasil, 2000); e o SIHD (Sistema de Informação Hospitalar Descentralizado),
cuja função é registrar todas as internações realizadas no SUS (Brasil, 2006). Além desses sistemas, foram analisados o SIB (Sistema de Informação de Beneficiários), desenvolvido pela ANS,
cuja função é a coleta mensal das transações dos
beneficiários enviadas pelas operadoras para a
ANS (Brasil, 2005b) e o padrão TISS (Brasil,
2005a), em virtude de sua projeção no setor de
saúde suplementar.
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Os conceitos demográficos de paciente, profissional de saúde, organização em saúde, consumidor etc. foram baseados na norma ISO
TR20514 (ISO, 2005), que descreve as classificações, definições e descrições das características
do RES.
As normas ISO TS22220 (ISO, 2009) e
DTS27527 (ISO, 2008b) que definem, respectivamente, os requisitos de identificação do paciente e dos prestadores de serviço em saúde foram
selecionadas para estruturar os atributos de cada
conceito demográfico.
Os modelos para representar as informações
demográficas em SIS do padrão europeu CEN
13606, recentemente padrão ISO IS 13606, do
padrão americano HL7 v3, da Fundação openEHR
(Beale et al., 2006a) e de Silverston (2001) foram analisados para verificar o poder de expressar os conceitos e requisitos definidos pelas normas ISO TS 22220 e ISO DTS 27527 e pelos sistemas nacionais públicos de informação em saúde. Finalmente, a partir do modelo de referência
demográfico da Fundação openEHR, foram
projetados os arquétipos para representar esses
conceitos e requisitos.
Conceitos demográficos e seus
componentes
A norma ISO TR20514 define os seguintes
conceitos demográficos para os sistemas de RES
(ISO, 2005):
– Consumidor: é o indivíduo que pode se tornar um sujeito da assistência à saúde;
– Organização de saúde: organização envolvida na prestação direta das atividades de
saúde;
– Paciente ou cliente: é o indivíduo sujeito da
assistência à saúde;
– Prestador de saúde: profissional de saúde
ou organização de saúde envolvida na prestação direta de atividades de saúde;
– Profissional de saúde: pessoa autorizada por
uma organização e reconhecida como qualificada a exercer certas tarefas de saúde;
– Sujeito da assistência à saúde: uma ou mais
pessoas programadas para receber, recebendo ou tendo recebido um serviço de
saúde;
A norma ISO TS22220 estabelece requisitos
para a identificação do sujeito da assistência à
saúde, composto dos seguintes itens:
– Documento de identificação: composto dos
atributos tipo do identificador, emissor do
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identificador, designação (número) do documento e área geográfica do identificador;
– Nome: composto pelos componentes título, nome atribuído, sobrenome, sufixo, data
de início da validade do nome, data de término da validade do nome, utilização do
nome, se é o nome preferido ou não, e uso
condicional do nome. Cada nome pode ter
mais de um título, nome atribuído, sobrenome e sufixo, com a ordem especificada
para cada um deles. O sujeito pode utilizar
mais de um nome ao mesmo tempo (por
exemplo, nome legal e nome artístico) e
mudar de nome ao longo da vida;
– Outros dados: sexo, data de nascimento,
país de nascimento, data de óbito, indicador da acurácia da data de nascimento, indicador da acurácia da data de óbito, sobrenome da mãe, pluralidade do nascimento (nascimento único, gemelar etc.), ordem
de nascimento;
– Endereço: com diversos componentes (tipo
de logradouro, logradouro, número, cidade,
estado, período de validade etc.). Um sujeito também pode ter vários endereços;
– Meios de Comunicação Eletrônica: endereços de e-mail, números de telefone, páginas na internet e códigos de utilização;
– Identificador Biométrico: composto de diversos atributos que especificam uma identificação biométrica do sujeito da assistência;
– Vínculos do sujeito da assistência: designa
uma pessoa vinculada ao sujeito da assistência, com os componentes identificador
do vínculo e relacionamento do vínculo (pai,
mãe, filho, etc.).
Um sujeito da assistência pode possuir mais
de um nome, endereço, comunicação eletrônica, vínculo, documento de identificação e
identificador biométrico. A norma estabelece
quais atributos são obrigatórios e opcionais.
A norma ISO TS27527 define alguns conceitos e estabelece requisitos para a identificação
de prestadores assistência à saúde, tanto individuais quanto organizações. Os conceitos mais
relevantes para este trabalho são:
– Organização: qualquer organização de interesse, ou envolvida no ramo de oferta de
serviços;
– Prestador: qualquer pessoa ou organização
que está envolvida ou está associada com
a oferta de serviços de saúde a um cliente,
ou cuidando do bem-estar de um cliente;
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– Prestador individual: qualquer pessoa que
presta ou é um potencial prestador de serviço de assistência à saúde. Um prestador
individual é uma pessoa individual e não é
considerado um grupo de prestadores.
Em relação aos requisitos para a identificação do prestador, uma organização pode ter
vários identificadores, nomes, endereços, comunicações eletrônicas. O prestador individual pode
ter mais de um identificador, nome, endereços,
comunicações eletrônicas e especialidades (datas iniciais e finais de atuação, registros e qualificações). Com exceção de especialidades, os
demais itens possuem estrutura semelhante,
mas não idêntica, aos correspondentes na norma ISO TS22220. Por exemplo, para o atributo
sexo, os valores possíveis são distintos nas duas
normas. Para a documentação de identificação
do prestador, são especificados dois atributos
adicionais: propósito da identificação e resolução de duplicidade.
Análise comparativa dos sistemas públicos
e do padrão TISS
Os sistemas de informação públicos selecionados e o padrão TISS foram desenvolvidos em
períodos distintos, com objetivos específicos e
dentro de um contexto sócio-econômico-político particular a cada um deles. Nenhum deles
apresenta um modelo de referência para definição dos conceitos e atributos.
Semanticamente, o significado de cada um
dos registros está implícito na função que cada
sistema exerce. No SIM e SINASC, cada registro
contém dados sobre a pessoa em si. No SIB, o
cadastro representa a pessoa enquanto
beneficiário de um plano de saúde. O CNES contém dados da pessoa que exerce um papel como
profissional de saúde. No SIH, no TISS e no CNS, o
indivíduo está representado na qualidade de paciente.
Em relação aos atributos (Tabela 1), é possível observar discrepâncias quanto ao tipo (alfabético ou numérico) e tamanho em todos os campos analisados.
O atributo nome, por exemplo, tem diferentes tamanhos nos sistemas e não contém estrutura como nome, sobrenomes e ordem dos nomes/sobrenomes. O endereço, por sua vez, é
modelado em diferentes formatos e com diferentes tipos de dados. Os identificadores unívocos
como CPF, número da carteira do plano e o Cartão Nacional de Saúde não estão presentes em
Conceitos demográficos e suas representações nos Sistemas de Informação em Saúde
todos os sistemas e também apresentam tipos
divergentes.
A data de nascimento tem formatos distintos, por exemplo, ano/mês/dia no SIB e SIHD e
dia/mês/ano no SIM e SINASC. O atributo sexo é
representado com domínios diferentes: Masculino (1); Feminino (2); Ignorado (0) nos sistemas
SIM e SINASC; Masculino (1) e Feminino (3) no
SIB e SIHD; Masculino (M) e Feminino (F) nos sistemas CNS e CNES.
Nenhum dos sistemas avaliados permite que
o indivíduo representado em cada registro possua mais de um nome, endereço ou identificador.
Assim, os sistemas públicos de informação em
saúde e o padrão TISS não seguem mecanismos
que os tornem interoperáveis, como um modelo
de referência, atributos alinhados sejam nas suas
estruturas, sejam nos seus tipos.
Modelo Demográfico da
Fundação openEHR
Dos modelos demográficos analisados neste
trabalho, o modelo da Fundação openEHR é o
mais flexível, já que a principal característica que
o distingue dos demais é que ele se baseia na
dualidade modelo de referência – arquétipos. Por
essa razão ele foi selecionado para representar
os conceitos e atributos especificados nas normas internacionais.
Figura 1
Modelo de Referência Demográfico da Fundação openEHR.
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Tabela 1
Informações demográficas do padrão TISS e dos sistemas de informação em saúde SIB, SIM, SINASC, CNS, CNES e SIHD.
Campos \ Sistemas
CPF
CNPJ
Nome
Nome do Pai
Nome da Mãe
Sexo
Data de Nascimento
Nacionalidade
UF
CEP
Complemento
Município
Código do Município
Logradouro
Tipo de Logradouro
Número do Endereço
Bairro
Telefone
DDD do Telefone
Registro na ANS
Número da carteira do Beneficiário
Número do CNS
Código do CNES do Prestador
Número no Conselho Profissional
Sigla do Conselho Profissional
Código CBOs
Pis/Pasep
Carteira de Identidade
Órgão Emissor
Código do País Emissor
E-mail
Número do Título de Eleitor
Zona Eleitoral
Seção Eleitoral
Certidão de Óbito
Certidão de Nascimento
Raça/Cor
Estado Civil
Nome do Cartório da Certidão
Número do Livro da Certidão
Número da Folha da Certidão
Número do Termo da Certidão
TISS
A(11)
A(14)
A(70)
SIB
N(11)
N(14)
A(70)
A(70)
N(01)
N(08)
A(02)
A(08)
A(15)
A(40)
A(02)
N(08)
A(15)
A(30)
SIM
A(40)
A(40)
A(40)
A(01)
A(08)
A(03)
A(06)
A(20)
A(15)
A(07)
A(15)
A(07)
A(05)
CNS
N(11)
N(14)
A(70)
A(70)
A(70)
A(01)
CNES
A(11)
A(14)
A(60)
SIHD
A(11)
A(14)
A(60)
A(01)
Date
A(02)
A(02)
N(08)
A(15)
A(07)
N(06)
A(50)
A(02)
A(08)
A(60)
A(60)
A(07)
A(60)
A(01)
A(08)
A(02)
A(02)
N(08)
A(40)
A(01)
A(08)
A(08)
A(20)
A(07)
A(40)
A(3)
A(5)
SINASC
A(50)
A(05)
A(30)
A(06)
A(30)
N(05)
A(30)
N(09)
N(03)
N(06)
A(30)
N(15)
A(10)
A(30)
A(13)
N(15)
A(20)
A(06)
A(25)
A(15)
A(40)
A(07)
A(15)
A(07)
A(05)
A(03)
A(15)
N(11)
A(30)
A(30)
N(03)
N(11)
A(15)
A(100)
N(13)
N(03)
N(04)
A(30)
A(08)
A(01)
A(01)
A(08)
A(01)
A(01)
A(02)
A(20)
A(08)
A(04)
A(08)
A= Alfanumérico ou Alfabético e N= Numérico
O modelo de referência demográfico da Fundação openEHR, bastante genérico, descreve uma
superclasse abstrata denominada parte (PARTY)
que pode ser um ator (ACTOR) ou um papel
(ROLE), que representa as diversas formas de
atuação de um ator. Um ACTOR (ator) pode ser
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uma pessoa (PERSON), um grupo de pessoas
(GROUP), uma organização (ORGANIZATION) ou
um agente (AGENT – equipamento ou software).
Toda parte, seja um ator ou um papel, tem uma
identificação, ou nome (PARTY_IDENTITY) e contatos (CONTACT), sendo esses os endereços
Conceitos demográficos e suas representações nos Sistemas de Informação em Saúde
(ADDRESS). Um determinado ator, exercendo um
determinado papel, tem capacitações
(CAPABILITY). Uma parte é capaz de se relacionar com outra parte (PARTY_RELATIONSHIP). Por
exemplo, uma pessoa pode se relacionar com
outra pessoa ou com uma organização. Assim,
uma pessoa que exerce o papel de um profissional de saúde pode se relacionar com outra pessoa que exerce o papel de consumidor de saúde
etc.
O atributo details nas classes “Parte” (PARTY),
“Endereço” (ADDRESS), “Identificação da Parte”
(PARTY_IDENTITY) e “Relacionamento entre as
partes” (PARTY_RELATIONSHIP) e o atributo
credentials na classe “Capacitação” (CAPABILITY)
são do tipo “Estrutura de dados”
(ITEM_STRUCTURE). A classe ITEM_STRUCTURE
(Beale et al., 2006b) possui diversas subclasses
que especificam formas diferentes de se
estruturar os dados (como listas – ITEM_LIST, árvores – ITEM_TREE, tabelas – ITEM_TABLE, e como
um único componente – ITEM_SINGLE). Todas
estas subclasses possuem um atributo chamado
items que pode ser do tipo ITEM (na classe
ITEM_TREE), ELEMENT (nas classes ITEM_LIST e
ITEM_SINGLE) ou CLUSTER (na classe ITEM_TABLE).
A classe ELEMENT possui, entre outros, um atributo value que conterá o valor da variável (um
dos tipos de dados definidos pelo modelo de referência da fundação OpenEHR - Beale et al.,
2007). Com isso, consegue-se representar estruturas de dados na forma simples (peso do paciente, por exemplo), como uma lista (partes de
um endereço, por exemplo), como uma tabela
(para dados tabulados) e como uma árvore (estrutura hierárquica como um relatório de
microbiologia). As classes do pacote structure,
entretanto não especificam quantos elementos
podem existir em suas instâncias, nem a estrutura da tabela, lista ou árvore. Assim, no modelo
de referência do openEHR, cada atributo do tipo
ITEM_STRUCTURE fica em aberto. São os arquétipos que especificam qual a estrutura e os componentes desses atributos.
Os arquétipos, representados na linguagem
ADL (Archetype Definition Language) (Beale &
Heard, 2007b), consistem basicamente de três
partes: identificação, definição (estrutura, regras
e cardinalidade) e ontologia. Um arquétipo para
o conceito “Nome de uma Pessoa”, por exemplo, poderia especificar que o atributo details de
PARTY_IDENTITY é do tipo ITEM_LIST com dois
elementos (ELEMENT). O primeiro elemento representa o nome da pessoa e o segundo o so-
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brenome. Obviamente, um arquétipo para este
conceito teria uma estrutura mais completa do
que a mostrada neste exemplo.
Proposta dos arquétipos demográficos
O repositório de arquétipos da Fundação
openEHR possuía muitos arquétipos que representam conceitos clínicos, mas não fornecia nenhum
arquétipo demográfico ao início deste projeto. Por
essa razão, a partir da análise das normas ISO
TR20514, TS22220 e DTS27527 e dos sistemas
públicos abordados neste trabalho, foram
projetados arquétipos para representação das informações demográficas visando a atingir a conformidade com as normas citadas e abranger as
informações armazenadas naqueles sistemas.
O Quadro 1 apresenta os arquétipos com os
conceitos demográficos mais importantes, as
classes raízes dos arquétipos e o conjunto de atributos. O Quadro 2 descreve arquétipos que definem conceitos auxiliares utilizados nos arquétipos principais (arquétipos estruturantes). Os arquétipos estruturantes foram definidos de modo
a conter, dentre outros, os atributos especificados pelas normas ISO TS22220 e DTS27527. Uma
outra alternativa seria a de não se trabalhar com
os arquétipos estruturantes, embutindo os conceitos neles expressos nos arquétipos principais.
Entretanto, optou-se por mantê-los separados de
modo a permitir a reutilização dos mesmos em
outros arquétipos e uma posterior extensão dos
arquétipos estruturantes.
O arquétipo Pessoa (classe raiz do modelo de
referência - PERSON) contém dados pessoais da
pessoa (arquétipos “Dados do nascimento”, “Dados do óbito”, “Identificadores da pessoa”), um
ou mais nomes (arquétipo “Nome da pessoa”),
um ou mais endereços de diversos tipos (arquétipos “Endereço” e “Meio de comunicação eletrônica”) e relacionamentos pessoais. Uma pessoa
pode exercer os papéis de profissional de saúde
(arquétipo “Profissional de Saúde”) ou, consumidor (arquétipo “Consumidor em Saúde”). Neste
último arquétipo, o conceito paciente é definido
como um relacionamento entre o consumidor e
um prestador de serviço de saúde, enquanto que
o conceito beneficiário é definido como o relacionamento com uma fonte pagadora.
De forma análoga, o arquétipo “Organização”
(classe raiz do modelo de referência ORGANIZATION) contém identificadores da organização (arquétipo “Identificadores de organizações”), um ou mais nomes (arquétipo “Nome da
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Quadro 1
Arquétipos que definem os conceitos principais para representação de informações demográficas em saúde. Os arquétipos
referenciados na coluna Atributos são apresentados na tabela 3.
Arquétipo
Person (Pessoa)
Classe Raiz no
Modelo de
Referência
PERSON
Atributos
Detalhes: arquétipos Dados do nascimento,
Dados do óbito, Identificador da pessoa, Identificador biométrico,
Dados adicionais da pessoa.
Contatos: arquétipos Endereço e Meio de
comunicação eletrônicaRelacionamentos:
Relações pessoaisIdentificações: arquétipo Nome da pessoa
Healthcare
Consumer
(Consumidor
em saúde)
ROLE
Identificações: arquétipo Nome da pessoa
Relacionamentos: beneficiário e paciente
Individual Health
Care Provider
(Profissional
de Saúde)
ROLE
Capacitações: arquétipo Credenciais do profissional de saúdeContatos:
arquétipos Endereço do prestador de assistência à Saúde e Meio de
comunicação eletrônica do prestador de assistência
Relacionamentos:convênio e empregoIdentificações: arquétipo Nome da pessoa
Organisation
(Organização)
Thirdparty Payer
(Fonte Pagadora)
Health Care
Provider Organization
(Organização
Prestadora de
Assistência à Saúde)
ORGANISATION
Detalhes: arquétipo Identificador do prestador de assistência à saúdeContatos:
arquétipos Endereço do prestador de assistência à Saúde e Meio de
comunicação eletrônica do prestador de assistência
Relacionamentos: relacionamentos entre organizações
Identificações: arquétipo Nome da Organização
ROLE
Detalhes: arquétipo Identificador do prestador de assistência à saúde
Identificações: arquétipo Nome da Organização
ROLE
Detalhes: arquétipo Identificador do prestador de assistência à saúde
Relacionamentos: relacionamentos com fonte pagadora Identificações:
arquétipo Nome da Organização
organização”), um ou mais endereços de diversos
tipos (arquétipos “Endereço do Prestador de Assistência à Saúde”, “Meio de Comunicação Eletrônica
do Prestador de Assistência”). Uma organização
pode exercer os papéis de prestador de serviço
(arquétipo “Organização Prestadora de Serviço”)
ou fonte pagadora (arquétipo “Fonte Pagadora”),
por exemplo, uma operadora de plano de saúde.
Ao projetar estes arquétipos, necessidades
locais dos sistemas de informação foram contempladas. Por exemplo, a norma ISO TS22220 não
inclui os atributos situação familiar e raça como
componentes da identificação da pessoa. Por
estarem presentes em diversos sistemas nacionais, eles foram incluídos nos arquétipos.
Todos os arquétipos demográficos gerados
nesta pesquisa são de domínio público e estão
disponíveis na base de gerenciamento de conhecimento da Fundação openEHR (CKM – Clinical
Knowledge Manager – http://www.openehr.org/
knowledge).
3. Discussão
A modelagem dual da Fundação openEHR
permite flexibilidade na modelagem dos siste174
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T., R IO
OLET
DE J ANEIR
O,
ANEIRO
18 (1): 167 - 177
177,, 2010
mas de informação e, sobretudo, facilidade na
sua evolução visto que reduz a necessidade de
se redefinir novos modelos a cada novo requisito. Seu modelo de referência demográfico representa, de uma maneira elegante, os diversos
modos como os atores exercem seus papéis na
sociedade e como eles se relacionam entre si. O
formato das estruturas dos dados possibilita a
representação nos arquétipos de qualquer atributo sejam os estabelecidos nas normas internacionais, sejam os da realidade local.
O enfoque da Fundação openEHR é inovador
e requer um esforço da equipe de desenvolvedores para se familiarizar com os seus modelos e implementá-los. Além disso, quando se está
trabalhando com os sistemas existentes, se apresenta a necessidade de migração dos dados armazenados segundo outros modelos para o modelo de referência do openEHR, prática comum
na substituição de sistemas. O governo federal
tem discutido a padronização das informações
demográficas em seus sistemas (Brasil, 2008), o
que certamente exigirá alterações nos modelos
demográficos atuais.
Na modelagem dual, duas questões devem
ser tratadas para se ter um serviço demográfico7
Conceitos demográficos e suas representações nos Sistemas de Informação em Saúde
Quadro 2
Arquétipos estruturantes para representação de informações demográfica em saúde.
Arquétipo
Classe Raiz no
Modelo de
Referência
Atributos
Address (Endereço)
ADDRESS
Um conjunto de elementos composto por tipo de logradouro, logradouro,
número, número do lote, sufixo, nome do edifício, tipo do edifício, número
da subunidade, número do andar, tipo do andar, tipo do endereço,
caixa postal, CEP, município, estado, país.
Outros dados: arquétipo componentes locais de alto nível do endereço no Brasil.
Healthcare Provider
Address (Endereço do
Prestador de
Assistência à Saúde)
ADDRESS
Especializa o arquétipo Endereço. Além dos elementos do arquétipo Address,
inclui dois outros componentes: indicador de privacidade e identificador
do prestador.
Brazil local high level
address components
(Componentes locais
de alto nível do
endereço no Brasil)
CLUSTER
Lista composta dos elementos: bairro e setor censitário.
Electronic
communication
medium(Meio de
comunicação
eletrônico)
ADDRESS
Lista composta dos elementos: tipo de meio, utilização, preferências de
horário, detalhes.
Provider Electronic
communication
medium(Meio de
comunicação
eletrônico do
prestador de
assistência)
ADDRESS
Especializa o arquétipo Meio de comunicação eletrônico. Além dos elementos
do arquétipo Meio de comunicação eletrônico, inclui dois outros
componentes: indicador de privacidade e identificador do prestador.
Person Name
(Nome da pessoa)
PARTY_IDENTITY
Uma árvore composta por um conjunto de elementos: nomes atribuídos;
sobrenomes, títulos, sufixos; conjunto formado pelos componentes uso do
nome, intervalos de utilização, identificadores; conjunto formado pelos
componentes códigos de representação e representação alternativa; nome
preferido; uso condicional.
Individual healthcare
provider name
(Nome do profissional
de saúde)
PARTY_IDENTITY
Especializa o arquétipo Nome da pessoa. Além dos componentes de Nome da pessoa,
inclui um conjunto formado pelos componentes: tipo de restrição, inervalo de restrição,
e identificador do prestador.
Organisation Name
(Nome da organização)
PARTY_IDENTITY
Uma lista composta por tipo do nome, nome, e identificação.
Person identifier
(Identificador
da pessoa)
CLUSTER
Um conjunto composto dos elementos: número ou código do documento de
identificação, órgão emissor da identificação, tipo da identificação.
Outros dados: arquétipo Dados locais da identificação da pessoa.
Identification local
details(Dados locais da
Identificação da pessoa)
CLUSTER
Um conjunto composto dos elementos: área geográfica do documento, município de
emissão, estado de emissão, país de emissão, validade da identificação.
Provider Identifier
(Identificador do
Prestador de
Assistência)
CLUSTER
Um conjunto composto dos elementos: número ou código do documento de
identificação, órgão emissor da identificação, tipo da identificação,área geográfica,
utilização, resolução de duplicidade.
Biometric Identifier
(Identificador
Biométrico)
CLUSTER
Identificação biométrica de uma pessoa composta de tipo de biometria,
template do identificador, qualidade do registro biométrico, autoridade criadora,
localização e esquema do identificador, identificação do equipamento, versão do
processo, data de criação.
Birth data
(Dados do nascimento)
CLUSTER
Conjunto composto dos elementos: data de nascimento, país, pluralidade de
nascimento, ordem de nascimento, identificador de seguimento da data de
nascimento.
Outros dados: arquétipo Dados locais do nascimento
Brazil other birth data
(Outros dados de
nascimento do Brasil)
CLUSTER
Lista composta dos elementos: cidade, estado, registro, livro, folha, termo.
CAD. SAÚDE COLE
T., R IO
OLET
DE J ANEIR
O,
ANEIRO
18 (1):
CAD. SAÚDE COLET., RIO
DE J ANEIRO,
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Rigoleta Dutra Mediano Dias, Sergio Miranda Freire
Quadro2 (cont)
Arquétipos estruturantes para representação de informações demográfica em saúde.
Arquétipo
Classe Raiz no
Modelo de
Referência
Atributos
Death data
(Dados do óbito)
CLUSTER
Um conjunto composto dos elementos: data do óbito, fonte de notificação.Outros
dados: arquétipo Dados locais sobre o óbito
Brazil death data
(Outros dados do
óbito no Brasil)
CLUSTER
Lista composta dos elementos: data do óbito, país, estado, cidade, número do certificado.
Person additional data
(Dados adicionais
da pessoa)
CLUSTER
Conjunto composto dos elementos: sexo, nome da mãe, comentários.Outros dados:
arquétipo Dados locais adicionais da pessoa
Brazil Person
additional data
(Dados adicionais da
pessoa no Brasil)
CLUSTER
Lista composta dos elementos: situação familiar, raça/cor.
Individual healthcare
provider credentials
(Credenciais do
profissional de saúde)
CLUSTER
Um conjunto formado pelos elementos campo de atuação, campo de
atuação primária.
Registro: número, conselho, status, período de validade
Qualificações: qualificação, nível, instituição, país, ano.pelo registro no Conselho, profissão,
qualificações , Outros dados: arquétipo Dados locais do registro
Brazil other registration
details(Outros detalhes
do registro profissional
no Brasil)
CLUSTER
Lista composta dos elementos: estado e país onde o profissional foi credenciado
interoperável. A primeira é que, além de possuírem um modelo de referência comum, eles utilizem um conjunto acordado de arquétipos, acessíveis por meio de um repositório. Já existem propostas na literatura de estruturas que seriam responsáveis pela governança (proposição, elaboração, aprovação e evolução) de arquétipos
(Garde et al., 2007). Outra questão relevante para
este serviço é a padronização de como são codificadas diversas informações como sexo, estado
civil etc. Os arquétipos permitem definir, por
exemplo, quais sistemas terminológicos poderiam ser utilizados para codificar o domínio dos
atributos.
Os arquétipos demográficos propostos neste
trabalho foram traduzidos para o inglês, fazem
parte do repositório de arquétipos da fundação
openEHR e estão em processo de revisão pela
comunidade internacional. Qualquer pessoa pode
participar do processo, bastando para isso se cadastrar no repositório e adotar os arquétipos para
revisão.
Em continuação a este trabalho, um protótipo
de um serviço demográfico se encontra em desenvolvimento, segundo o paradigma da modelagem de “dois-níveis”, como prova do conceito
e para avaliar o seu desempenho.
Agradecimentos ao apoio do MCT, CNPq,
FNDCT, CAPES e FAPERJ, por meio do Edital Nº
15/2008 – MCT/CNPq/FNDCT/CAPES/
FAPEMIG/FAPERJ/ FAPESP/INSTITUTOS NACIONAIS DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
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Acesso 13 fev. 2009.
Por serviço demográfico estamos considerando um serviço que permite o cadastro, a edição, a pesquisa e a recuperação de informações
demográficas de entidades em um sistema de informação.
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O,
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18 (1): 167 - 177
177,, 2010
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