Brasil mercado doméstico continua sustentando retomada do

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Brasil mercado doméstico continua sustentando retomada do
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Brasil: mercado doméstico continua sustentando retomada do
crescimento1
Camila Carvalho Rodrigues²
Felipe Costa Moreira²
Patrick Laurent Rohrer Rodrigues²
Vinicius Felipe da Silva2
1. Introdução
As perspectivas econômicas para 2010 nas economias centrais continuam incertas. De
um lado, a indústria americana mantém seu trend de ajuste com redução de custos e um
aumento da taxa de desemprego; de outro o processo de encolhimento do sistema
bancário prossegue com mais vinte falências de bancos regionais norte-americanos
neste início de 2010.
Os dados constantes do Gráfico 1 indicam uma frágil retomada, sendo que os EUA
fecharam o ano com um crescimento negativo do PIB (-2.4%), no que foi acompanhado
pelo Japão (-5,0%), Alemanha (-5,0%) e França (-2,2%).
Gráfico 1 – Variação do PIB – 2008/2009 – Em relação ao trimestre precedente
2
1
3ºTr.2008
0
4ºTr.2008
-1
EUA
Japão
Zona Euro 16
UE27
1ºTr.2009
2ºTr.2009
-2
3ºTr.2009
-3
4ºTr.2009
-4
Fonte : EUROSTAT
1
Relatório apresentado em 24.02.2010. Orientado pelo Prof. Antônio Plínio Pires de Moura membro do
Núcleo de Estudos Conjunturais da Faculdade de Ciências Econômicas da UFBA.
2
Alunos do Curso de Graduação em Ciências Econômicas da Faculdade de Ciências Econômicas
da UFBA e bolsistas do Núcleo de Estudos Conjunturais (NEC-FCE-UFBa.).
2
Esta retomada contudo, conforme já apontado anteriormente pela equipe (RODRIGUES
et al.,2009) envolveu um lado sombrio, uma aceleração na taxa de desemprego nas
economias centrais.
Gráfico 2 – Taxas de desemprego nos Países Centrais – Nov.2008/Nov.2009
12
10
8
6
EUA
Japão
4
Zona do Euro16
UE27
2
0
Fonte : EUROSTAT
Por outro lado, na Zona do Euro a crise financeira anterior parece se transformar numa
crise fiscal em vários parceiros daquele sistema monetário: os chamados
depreciativamente pela imprensa anglo-saxônica de PIGS (Portugal, Irlanda, Itália,
Grécia e Espanha), países que teriam maquiado suas contas para solicitar emissão de
euros ao Banco Central Europeu e que estariam à beira de um default, sendo a crise da
Grécia (Dívida Pública igual a 123,3% do PIB), apenas o início de um novo terremoto
econômico que indicaria um ciclo econômico em W.
Nos antípodas desta situação, a economia brasileira prosseguiu sua expansão centrada
no mercado interno, num primeiro momento dinamizado pelo consumo das famílias e os
gastos do governo, para finalmente contaminar o animal spirit dos empresários.
As projeções dos bancos e consultorias indicam um crescimento em torno de 0,2% do
PIB em relação a 2008, se no quarto trimestre a economia brasileira crescer 5%. “Talvez
não seja fácil chegar a esse número de 5%, mas é factível, pois a economia está se
recuperando bem e esse crescimento está longe de ser impossível, já que a base de
comparação também é muito ruim”, avaliou o economista-chefe do Banco Schahin,
Sílvio Campos Neto,(SÓ...,2010).
3
Gráfico 3 - Variação Trimestral do PIB (%)
6
5
4
3
2
1
0
-1
-2
-3
-4
5*
1,5
2º trim.
2008
Fonte:IBGE.
1,3
3º trim.
2008
1,3
-3,4
4º trim.
2008
-1
-1,9
1º trim.
2009
2º trim.
2009
3º trim.
2009
4º trim.
2009
* 4º trimestre 2009 – Estimativa
A taxa de desemprego ao longo de 2009 apresentou contínuo recuo em relação ao início
do ano. Em janeiro de 2010, a trajetória de queda continuou. O aumento do PIB, com
aquecimento no nível de atividade industrial e no setor de construção civil, deve
impulsionar o volume de contratações, sobretudo com carteira assinada.
2.Desempenho da indústria nacional
Segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o mês de dezembro/2009 mostrou uma
nova tendência da produção industrial. Em relação a dezembro de 2008, houve um
aumento expressivo: 18,9% porém, a taxa do acumulado no ano ainda expressou
tendência decrescente, finalizando o mês de dezembro com -7,4%, correspondendo à
menor taxa observada no ano. Entretanto, comparado ao mês anterior, que também
obteve variação negativa, o índice livre das influências sazonais reduziu-se em 0,3%.
Ao observar a atividade industrial por seções e atividades, vê-se que as contribuições ao
resultado negativo, na comparação mês a mês, advieram do recuo de 12,2% em material
eletrônico e equipamentos de comunicações, seguido da retração na produção de
veículos automotores (-1,2%), alimentos (-1,0%), têxtil (-4,0%) e outros equipamentos
de transportes (-4,2%). Por outro lado, os setores que sustentaram a produção com
4
variações positivas foram: produtos de metal (11,3%), farmacêutica (6,2%), máquinas,
aparelhos e materiais elétricos (3,3%) e outros produtos químicos (1,3%).
Tabela 1 – Brasil: Atividade Industrial por Seções e Atividades
Variação (%)3 dez09/dez08 e dez09/nov09 – com base nos índices mensais dessazonalizados
Seções e Atividades
Indústria Geral
Indústrias Extrativas
Indústria de Transformação
Alimentos
Bebidas
Fumo
Têxtil
Vestuário e acessórios
Calçados e artigos de couro
Madeira
Celulose, papel e produtos de papel
Edição, impressão e reprodução de gravações
Refino de petróleo e álcool
Farmacêutica
Perfumaria, sabões, detergente e produtos de limpeza
Outros produtos químicos
Borracha e plástico
Minerais não metálicos
Metalurgia básica
Produtos de metal - exclusive máquinas e equipamentos
Máquinas e equipamentos
Máquinas para escritório e equips. de informática
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos
Material eletrônico, aparelhos e equips. de comunicação
Equip. de instrument. Médico-hospitalar, ópticos e outros
Veículos automotores
Outros equipamentos de transporte
Mobiliário
Diversos
dez09/ dez08 dez09/ nov09
18,10
-0,33
19,17
1,00
17,86
0,24
0,22
-1,04
8,26
-1,14
-8,72
1,69
13,05
-4,05
4,23
0,42
21,81
3,79
0,45
0,21
6,43
0,20
4,57
-1,06
5,11
0,92
16,16
6,19
17,40
0,49
19,98
1,28
43,32
2,21
12,36
0,98
24,65
0,55
29,29
11,28
32,44
1,14
34,93
1,30
-2,44
3,29
45,16
-12,24
-2,61
0,54
96,27
-1,24
-25,54
-4,17
35,86
-0,15
8,53
-1,26
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria, elaboração própria.
Por sua vez, o resultado positivo na comparação com dezembro de 2008 foi devido ao
desempenho positivo de 22 dos 27 setores pesquisados: variação de 129,6% de veículos
3
Variação % entre o período i e período j = (período i/ período j -1) * 100.
5
automotores; 33,9% de máquinas e equipamentos; 20,7% de outros produtos químicos;
48,8% de borracha e plástico e 19,1% das indústrias extrativas. O IBGE (2010a) ainda
ressalta que o bom desempenho no ano foi generalizado entre os setores, tendo resultado
principalmente de “movimento de ramos mais sensíveis à restrição de crédito,
particularmente a cadeia do setor automobilístico, e à queda das exportações de
commodities, que em dezembro de 2008, com a finalidade de ajustar estoques,
concederam férias coletivas e/ou realizaram paralisações não programadas.”
(IBGE,2010a p. 7) As contribuições negativas vieram de outros equipamentos de
transporte com -24,9%, dado a redução da produção de aviões.
Quando segmentado por categorias de uso, o desempenho industrial de dezembro,
comparado a novembro, tem referência na queda dos bens de consumo em 0,6%, mais
específico, na redução dos bens duráveis em 4,9%. Pelo segundo mês consecutivo de
queda, a taxa negativa dos bens duráveis é influenciada pela retirada dos incentivos
fiscais a automóveis e à “linha branca”. O desempenho dos bens de capital permaneceu
positivo, mas com taxa de 0,3%.
Segundo a variação mensal, percebe-se que a composição da taxa positiva refletiu um
bom desempenho em todas as categorias de uso, bens de consumo duráveis atingiram
crescimento de 72%, bens de capital, 23% e bens intermediários, 21%. A expansão dos
bens de consumo duráveis foi originada pelo aumento na produção de automóveis em
164,7% e dos eletrodomésticos em 45,2%, da “linha branca” e da “linha marrom”.
Enquanto, os bens intermediários tiveram influências da melhora da economia
internacional, os bens de capital tiveram um desempenho positivo também por causa da
estabilidade do mercado interno.
No acumulado do ano, observa-se que o resultado negativo foi causado pela redução em
17,4% dos bens de capital, uma vez que a instabilidade econômica trazida pela crise
atingiu fortemente a decisão de investimento do empresário industrial. A outra taxa
maior que a do acumulado no ano foi a de bens intermediários, “refletindo
principalmente a redução brusca da demanda internacional por commodities, juntamente
com a menor demanda por insumos industriais para bens finais, decorrentes
principalmente da desaceleração dos segmentos associados ao setor automotivo” (IBGE,
2010a, p.11). Os bens de consumo apresentaram taxa menor (-2,7%) que a média do
acumulado (-7,4%), visto que houve relativa manutenção do emprego e da massa
salarial, conjugada à política fiscal de incentivo ao consumo.
6
Tabela 2: Indicadores da Produção Industrial por Categorias de Uso Brasil - Dezembro de 2009
Variação (%)
Categorias de uso
Mês/mês*
Mensal
Acumulado
0,3
1,0
-0,6
-4,9
0,4
-0,3
23,0
21,0
15,0
72,1
6,0
18,9
-17,4
-8,8
-2,7
-6,4
-1,6
-7,4
Bens de capital
Bens Intermediários
Bens de consumo
Duráveis
Semiduráveis e não duráveis
Indústria Geral
Acum.12
Meses
-17,4
-8,8
-2,7
-6,4
-1,6
-7,4
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria
*série com ajuste sazonal
Acompanhando as categorias de uso na variação trimestral, com base no trimestre
anterior, observa-se que o último trimestre foi bastante positivo para todos os tipos de
bens, mostrando uma reversão da tendência negativa dos trimestres anteriores. A taxa
dos bens de capital, no 4º trimestre, foi de apenas -1,6% - queda 20 p.p. menor que o 3º
trimestre de 2009. Os bens de consumo duráveis obtiveram variação de 25,0% no
último trimestre de 2009. Mesmo com um bom desempenho neste trimestre, a indústria
fechou o ano com redução de 7,4%, devido em especial ao abrandamento dos
investimentos por causa da crise de confiança internacional, o que também levou a uma
redução acentuada das relações comerciais entre as nações, especialmente dos produtos
industriais.
Tabela 3: Produção industrial por categoria de uso – trimestral – base igual trimestre anterior
Categorias de uso
Bens de capital
Bens Intermediários
Bens de consumo duráveis
Bens de consumo
semiduráveis e não duráveis
Indústria Geral
1º T
17,3
6,1
13,7
2008
2º T 3º T
19,2 19,7
4,4
5,2
14,1
9,0
2009
4º T 1º T 2º T 3º T 4º T
2,5 -20,2 -25,4 -22,1 -1,6
-9,2 -18,1 -13,5 -9,1 6,7
-19,4 -22,6 -16,3 -5,6 25,0
1,3
1,9
3,6
-1,2
-2,8
-3,3
-2,7
2,2
6,4
6,2
6,7
-6,3
-14,6 -12,3
-8,2
5,8
Fonte: IBGE, PIM-PF
Os bens duráveis foram impulsionados pelas políticas públicas de retirada de impostos,
através da antecipação do consumo. Entretanto, poderá haver efeito negativo no futuro,
uma vez que, muda-se o ciclo de venda dos produtos, fazendo com que haja uma
redução deste em 2010. Os bens de capital tiveram resultados negativos por causa da
retração do investimento doméstico e das exportações de manufaturados. Os bens
7
intermediários foram impactados também pela retração da indústria doméstica,
associada à diminuição das exportações. Os bens semi-duráveis e não duráveis foram
beneficiados pela política de renda do governo, o que assegurou estabilidade no setor,
exceto naqueles setores voltadas ao comércio externo.
Gráfico 4: Produção industrial – quantum – e Pessoal ocupado – assalariado – indústria geral índice (jan. 2001 = 100)
125
Produção
industrial
115
105
Pessoal
ocupado
95
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Fonte: IBGE, Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (IBGE/Pimes)
O nível da produção industrial tem reflexos sobre a quantidade de pessoas empregadas,
porém esta não responde de forma imediata às variações da indústria, pois, o
rompimento dos contratos trabalhistas é custoso e a recontratação, lenta. Logo, o índice
de pessoal ocupado não vem acompanhando proporcionalmente o nível da produção
industrial, visto que, apesar do aumento na produção na comparação mensal, este
indicou variação negativa de 2,7%. Frente a novembro, dezembro de 2009 registrou
uma redução de 0,6% no nível de pessoas ocupadas – primeira queda do ano. E, mesmo
a produção industrial atingindo, no 4º trimestre, variação de 5,8%, comparado ao 3º
trimestre, o nível de pessoal ocupado avançou apenas 1,6%. Isto é devido ao fato de que
havia capacidade ociosa e um aumento mais notável só seria possível com um aumento
produtivo acima dos níveis pré-crise, já que o emprego sofreu impactos menores. O
nível de pessoal ocupado acumulou no ano queda de 5,3%; o maior impacto foi na
atividade industrial, dado que a taxa de empregos da economia de 2009 foi de 0,7%.
Porém, as expectativas são as mesmas para a produção: manutenção do comportamento
de aumento do nível de pessoal ocupada nas atividades.
O ano de 2009 para a atividade industrial foi marcado pela sombra da crise
internacional. As sucessivas melhorias, nos últimos meses, não foram capazes de
neutralizar a retração da produção. Mesmo com retração de 7,4% em 2009, a
expectativa é de um bom resultado para 2010. E, uma vez que, a política fiscal agiu no
8
sentido de antecipar o consumo, sobretudo, de bens duráveis, a compensação da
atividade deverá vir dos bens de capital e bens intermediários. Nesse sentido, a política
monetária de manutenção das taxas de juros do crédito poderá estimular o investimento
produtivo.
Gráfico 5: Índice de confiança da indústria
115
110
IC
105
ISA
100
IE
95
ago/09
set/09
out/09
nov/09
dez/09
jan/10
Fonte: FGV, Ibre
O nível da produção e emprego industrial são sinalizadores para as avaliações do
mercado feitas por empresários. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) da FGV
atingiu, em janeiro de 2010, o maior nível desde julho de 2008, quando aumentou 0,2%
frente a dezembro de 2009, com o ajuste sazonal, ao passar de 113,4 para 113,6 pontos.
É a décima segunda alta consecutiva do ICI, resultado de estabilidade no mercado
interno e na atividade industrial, acentuando o otimismo dos empresários. A pesquisa
realizada mostra que mais empresas avaliam a demanda como forte, enquanto menor
número avalia como fraca. O Índice da Situação Atual (ISA) passou de 111,9 para 112,6
pontos, ao variar 0,6%. Por sua vez, o Índice de Expectativas (IE) reduziu-se em 0,3%,
apesar de ainda registrar elevado número de pontos: 114,5. Apesar deste recuou, as
expectativas para o próximo semestre são animadoras.
84
82
80
78
Gráfico 6: Nível de utilização da capacidade instalada (Nuci)
82,9 83,8 83,8
81,9 82,5
81,1
80,2
79,9
79,4
78,4 77,9 77,9 78,2 79
76
74
Fonte: FGV, Instituto Brasileiro de Economia (Ibre)
9
Conforme as expectativas do mercado, os empresários tomam decisão sobre a produção.
Após nove meses de consecutivas variações positivas, para o mês de janeiro de 2010, o
nível de utilização de capacidade instalada, registrado pela Fundação Getulio Vargas
(FGV) fechou estável, com 83,8%, igual a dezembro de 2009. O bom desempenho da
economia fez com que o nível esteja próximo a níveis pré-crise. Entretanto, pode-se
considerar que esse resultado tem reflexos sobre a estabilidade encontrada no segmento
de bens de capital, uma vez que, se não há um aumento expressivo no nível de
utilização da capacidade instalada, não haverá demanda para ampliação desta.
Gráfico 7: Valor FOB das exportações de produtos manufaturados – US$ milhões
8.000
7.000
6.000
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000
0
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Secr.Comércio Exterior
O nível de utilização da capacidade instalada responde não só à demanda interna como à
demanda externa. Sobre as exportações de produtos manufaturados, pode-se dizer que
estas vêm apresentando trajetória ascendente, com um aumento acentuado em dezembro
de 2009. A recuperação da economia mundial tem reflexo sobre as relações comerciais.
Segundo dados mais atuais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC) extraídos pelo IEDI, frente a janeiro de 2009, as exportações de
manufaturados avançaram 38,2%, no primeiro mês de 2010, devido ao aumento da
demanda internacional e da pequena base de comparação. Esse resultado favoreceu as
exportações totais que cresceram 21,3, além da valorização das commodities.
(COMÉRCIO..., 2010)
2.1. A indústria nacional, por regiões
A PIM-PF Regional do IBGE (2010b) mostra que, exceto Goiás que ficou estável
(0,0%), dada a produção de produtos químicos, em especial medicamentos, e a
metalurgia básica, todos os demais locais apresentaram taxas de variação no acumulado
10
do ano negativas. Acima da média nacional (-7,4%) ficaram: Espírito Santo (-14,6%);
Minas Gerais (-13,1%); Amazonas (-8,9%); São Paulo (-8,4%); e, Santa Catarina (7,8%). Essa retração teve impactos sobre o nível de pessoal empregado, visto que, São
Paulo obteve um dos maiores índices em dezembro, -4,0%, acompanho por Minas
Gerias com -8,5%. Alguns Estados sofreram impactos maiores por sua ligação com o
comércio internacional, vulneráveis às oscilações do mercado: o Espírito Santo, devido
ao impacto sobre as commodities aço e celulose; Minas Gerais, queda na produção de
automóveis, ferro e aço; e, Amazonas, dado que a produção de motocicletas e celulares
foi reduzida.
Sabe-se que, sendo a indústria paulista quem tem maior influência sobre o desempenho
da atividade nacional, os sinais de recuperação em São Paulo tornam favoráveis as
expectativas para 2010. Apesar da queda em 8,4%, vê-se que nas demais comparações,
São Paulo desponta com taxas positivas, fechando o 4º trimestre com crescimento de
4,3%. (INDÚSTRIA, 2010a)
Tabela 4: Indicadores Conjunturais da Indústria Resultados Regionais Dezembro/2009
Locais
Amazonas
Pará
Região Nordeste
Ceará
Pernambuco
Bahia
Minas Gerais
Espírito Santo
Rio de Janeiro
São Paulo
Paraná
Santa Catarina
Rio Grande do Sul
Goiás
Brasil
Taxa de variação (%)
Mês/Mês* Mensal Acumulado
-2,2
5,7
-8,9
0,5
1,1
-7,3
-0,3
9,6
-4,9
1,8
12,8
-3,7
-3,5
6,2
-3,0
-0,8
22,4
-4,9
-0,1
28,9
-13,1
4,1
37,2
-14,6
2,2
14,5
-3,8
0,6
20,8
-8,4
5,9
28,2
-2,1
1,3
12,4
-7,8
2,1
25,2
-7,2
-3,1
6,2
0,0
-0,3
18,9
-7,4
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria
*série com ajuste sazonal
Além disso, os locais que ficaram abaixo da média nacional foram: Pará (-7,3%);
Região Nordeste (-4,9%); Bahia (-4,9%); Rio de Janeiro (-3,8%); Ceará (-3,7%);
11
Pernambuco (-3,0%); e, Paraná (-2,1%). A Região Nordeste é beneficiada com
programas de redistribuição de renda, o que permite que a retração seja controlada. Por
sua vez, no Rio de Janeiro, a indústria de extração do petróleo permite que a queda seja
“melhor”.
3.Panorama da agricultura brasileira no início de 2010
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística( IBGE) prevê, em sua primeira aferição
da safra de 2010, uma área plantada de 61,43 milhões de hectares, o que representaria
um aumento de 2% em relação à área plantada de 2009 - cerca de 62,24 milhões de
hectares.
Gráfico 8 - Brasil:Área Plantada
Milhões de Hectares
70
60
50
40
30
61,43
62,64
ano 2009
ano 2010
20
10
0
Período
Fonte: IBGE, 2010c
Em relação ao desempenho dos principais produtos agrícolas, a safra de soja que, em
2009, foi de , aproximadamente, 57,04 milhões de toneladas será, de acordo com o
IBGE de
66,14 milhões de toneladas. Esse aumento de 16% se deve aos baixos
estoques brasileiros, à demanda da China, que se mantém elevada, e aos baixos preços
do milho e do algodão que permitem o avanço da soja com custos mais baixos nas áreas
dessas culturas. (SAMORA;EWING, 2010)
12
Gráfico 9 - Brasil : Produção de Soja
Milhões de Toneladas
70
60
50
40
66,14
57,04
30
20
10
0
ano 2009
ano 2010
Período
Fonte: IBGE, 2010c
Assim como a soja, a produção de milho apresenta um incremento quando se compara
o ano de 2009 com a previsão de safra do IBGE para o ano de 2010. A produção, que
em 2009 foi de, aproximadamente, 51,04 milhões de toneladas, no ano de 2010 tem
previsão de alcançar, 51,14 milhões de toneladas, o que significa um aumento de 0,7%.
Gráfico 10 - Brasil: Produção de Milho
Milhões de Toneladas
60
50
40
30
51,04
51,42
ano 2009
ano 2010
20
10
0
Período
Fonte: IBGE, 2010c
De acordo com a previsão do IBGE, a produção de cana-de-açúcar será de cerca de
691,76 milhões de toneladas, o que representa um aumento pouco relevante de 0,8%,
13
frente à colheita do ano de 2009 que foi de, aproximadamente, 687,29 milhões de
toneladas.
Milhões de Toneladas
Gráfico 11 - Brasil: Produção de Cana-de-Açúcar
687,29
691,76
ano 2009
ano 2010
Período
Fonte: IBGE, 2010c
Uma causa para esse aumento na safra é o incremento da demanda externa por açúcar,
que tem causado uma elevação nas exportações do produto. No porto de Paranaguá
(localizado no Estado do Paraná), as exportações de açúcar tiveram um aumento de
95%, chegando ao patamar de 356,1 mil toneladas. (Exportações...,2010)
3.1.Governo reduz quantidade de álcool adicionada à gasolina
O Governo Federal, devido a ocorrência da entressafra da cana-de-açúcar, período no
qual ocorre uma redução da oferta do produto, decidiu reduzir a quantidade de álcool
(Etanol) adicionado à gasolina. Atualmente, a gasolina vendida no Brasil tem uma
adição de 25% de álcool anidrido, e essa mistura deve cair para 20%. A medida tem
como objetivo conter a disparada do álcool na bomba, visto que os estoques do produto
estão baixos devido ao período de entressafra.
Para o presidente do SINCOPETRO-SP( Sindicato do Comécio Varejista de Derivados
de Petróleo do Estado de São Paulo), José Paiva Gouveia , a iniciativa não surtirá o
efeito desejado pelo governo pois a economia de álcool na gasolina será insignificantee
vai ajudar a aumentar o preço da gasolina.
14
O governo vai tirar 5% da quantidade de álcool na gasolina, o que vai permitir
uma economia de cerca de 200 milhões de litros de álcool por mês. Mas o
consumo mensal do mercado brasileiro é da ordem de 3 bilhões de litros, o que
não dá nem 10% de redução no consumo. Além disso, há um agravante: o governo
vai ter que colocar mais 5% de gasolina na própria gasolina. Isso deve gerar um
impacto na bomba ao consumidor de R$ 0,08 a 0,10.(HAKIME,2010).
Apesar do preço mais alto, Gouveia prevê que haverá uma corrida maior às bombas de
gasolina, pois, o álcool continuará caro.Na sua visão, o ideal agora seria a manutenção
da quantidade de álcool na gasolina em 25%. ( HAKIME,2010)
3.2. Valor da produção das Principais lavouras deve crescer 3,4% em 2010.
O valor Bruto da Produção( VBP) das 20 principais lavouras brasileiras pode chegar a
R$ 159,49 bilhões em 2010, de acordo com a estimativa de fevereiro/2010 do
Ministério da Agricultura. Esse valor representa um aumento de 3,4% em relação ao
alcançado em 2009. De acordo com a Coordenação de Planejamento Estratégico do
Ministério da Agricultura, esse crescimento do VBP deve-se à maior produção esperada
para este ano pelos levantamentos da Companhia Nacional de Abastecimento( Conab) e
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística( IBGE) A pesquisa aponta o aumento
expressivo do valor da produção de café( 22,23%), cebola( 40,92%), laranja( 8,47%),
soja (8,32%), cana-de-açúcar(5,3%), uva( 7,68%) e trigo( 4,29%). Com a exceção de
trigo e soja, que tiveram como causa do incremento do VBP a expectativa de aumento
da colheita, os demais produtos tiveram desempenho positivo devido aos melhores
preços e à maior produção. Outros produtos agrícolas, entretanto, apresentaram uma
redução no Valor Bruto da Produção, a exemplo do amendoim( - 27,36%), arroz( 15,26%), feijão( -11,52%), batata inglesa( - 6,79_ e milho ( -5,14). ( SANTOS, 2010)
3.3. Crédito Agrícola
Mais de 90% do crédito rural, destinado à safra 2008/2009, foi utilizado. A aplicação
total de R$ 74,4 bilhões na agropecuária durante a safra 2008/2009 indicou um aumento
de 0,7% nas operações totais de crédito rural, em relação à safra anterior, que foi de R$
73,8 bilhões. Considerados todos os recursos destinados ao financiamento do setor rural
no ano safra 2008/2009, verificou-se que 82,6% foram aplicados a taxa de juros fixa.
Os R$ 55,4 bilhões reservados aos financiamentos de custeio e comercialização
ultrapassaram em 1,3% o valor programado. Do total de recursos aplicados para essa
15
finalidade, 76,6% foram concedidos a juros fixos da ordem de 6,75% ao ano. As
principais fontes de financiamento de custeio e comercialização foram os Recursos
Obrigatórios (MCR 6-2), que responderam por 51,8% do total, aplicados à taxa de juros
controlada do crédito rural, seguidos pela Caderneta de Poupança Rural, com 23%
(20,4% a juros controlados e 2,63% a juros livres).
Para financiar investimentos em infraestrutura produtiva da agricultura empresarial, na
safra 2008/2009, foram reservados R$ 10,2 bilhões, dos quais foram aplicados R$ 9,4
bilhões que representaram 92% do programado. (CRÉDITO...,2009).
O desembolso superou em 28% o da safra anterior, quando foram repassados R$ 7,3
bilhões, apesar das incertezas relacionadas à crise financeira mundial e à quebra de
safra, em decorrência da estiagem ocorrida ao longo do ciclo das lavouras em Estados
produtores do Centro-Sul do País. Os resultados mais expressivos foram observados nos
financiamentos amparados nos Fundos Constitucionais (FCO, FNE e FNO), com
aplicação de R$ 4,5 bilhões, 50% a mais que no ciclo anterior. (CRÉDITO...,2009).
No conjunto dos programas coordenados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Desenvolvimento (MAPA) e financiados com recursos do Banco Nacional de
Desenvolvimento Social (BNDES), o aumento das aplicações foi de 16,3%, passando
de R$ 3,7 bilhões para R$ 4,3 bilhões. Destacou-se o desempenho do Programa de
Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária
(Prodecoop), com mais 72%, do Programa de Plantio Comercial e Recuperação de
Florestas (Propflora), com mais 66%, e do Programa de Incentivo à Irrigação e à
Armazenagem (Moderinfra), com mais 49,7%. (CRÉDITO...,2009).
Também expressiva na safra 2008/2009 foi a aplicação dos recursos do Programa de
Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e
Colheitadeiras (Moderfrota) - modalidade Proger Rural-, com desembolso de 93% dos
R$ 500 milhões disponíveis. O Programa de Incentivo à Produção Agropecuária
Sustentável (Produsa) aplicou R$ 160 milhões neste seu primeiro ano de vigência.
(CRÉDITO..., 2009)
16
4. Comércio mantém dinamismo e concorre para a recuperação da
economia brasileira.
4.1. Panorama Atual
A sétima alta consecutiva nas vendas do comércio varejista em novembro confirma a
retomada do setor, mas o crescimento em 2009 ficará abaixo do observado no ano
atrasado. É o que indicam os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) referentes ao período de janeiro a novembro, cujo crescimento acumulado
foi de 5,5%.
Para o coordenador da PMC (Pesquisa Mensal do Comércio), Reinaldo Pereira, apesar
da expectativa de um bom desempenho nos últimos meses de 2009, a expansão do
comércio em 2009 dificilmente vai superar a variação de 9,1% observada em 2008.
A notícia boa é que o crescimento contínuo nos últimos meses indica boas
oportunidades de o comércio passar a desenvolver suas vendas, em 2010, em ritmo
semelhante ao que era notado em 2007 e 2008, antes da crise econômica. “Os números
mostram, pelo próprio crescimento da economia, que a partir de agora haverá
crescimento mais robusto, mas temos que aguardar para ver se isso se confirma. Dá para
esperar ritmo de crescimento semelhante a 2007, 2008, só em 2010. Mas temos que
aguardar, não temos bola de cristal”, afirmou.
Reinaldo Pereira atribuiu o bom resultado de novembro aos mesmos fatores que vêm
mantendo o comércio em alta, como o aumento da massa salarial do brasileiro e a
estabilidade do emprego. Ele ressaltou ainda o efeito positivo do real valorizado sobre
as vendas do comércio varejista. “A valorização do real incentiva as importações, e aí
entram produtos mais baratos que competem com os internos, segurando os preços”,
explicou.
O Varejo apresentou, pelo sétimo mês consecutivo para volume de vendas e pelo oitavo
para receita nominal, crescimento na relação mês/mês anterior. Os resultados positivos
foram de 1,1% e 1,3%, respectivamente. Já na comparação com novembro do ano
anterior, as vendas no varejo brasileiro cresceram 8,7% e a receita nominal do varejo
17
cresceu 11%. No acumulado do ano, o avanço foi de 5,5%. Em 12 meses, o volume de
vendas subiu 5,3%. (IBGE, 2009d)
Na comparação com novembro de 2008, todas as dez atividades pesquisadas
apresentaram volume de vendas maior, principalmente as que mais se retraíram com o
advento da crise financeira internacional no ano atrasado. O destaque vai para Veículos
e motos, partes e peças, que tem a principal participação no Varejo Ampliado (63%) e
registrou crescimento de 37,1%. Esse resultado é baseado tanto no pífio resultado do
setor em novembro passado como das políticas de redução do IPI aliadas à retomada
gradativa do crédito. Equipamentos e materiais para escritório, informática e
comunicação e Móveis e eletrodomésticos também obtiveram altas significativas de
19,2% e 13,9%.
Outra atividade de suma importância é Hipermercados, supermercados, produtos
alimentícios, bebidas e fumo, a mais importante na taxa global do Varejo,
desconsiderando o Ampliado, e que obteve crescimento de 8,2% com relação a
novembro do ano atrasado. Esse resultado reflete o aumento da massa real dos salários e
a estabilização do preço dos alimentos (variação de 1,1% em 12 meses para o Grupo
Alimentação no Domicilio, segundo o IPCA).
Na passagem de outubro para novembro, sete das dez atividades pesquisadas do Varejo
apresentaram crescimento do volume de vendas, com destaque para Móveis e
Eletrodomésticos (5,9%), Material de construção (2,7%) e Equipamentos e material
para escritório, informática e comunicação (1,9%). O setor Outros artigos de uso pessoal
e doméstico apresentou queda de 1,9%.
Todas as 27 Unidades da Federação obtiveram resultados positivos com relação ao
volume de vendas na comparação de novembro de 2009 com novembro de 2008. As
principais foram Acre (16,3%); Rondônia (13,7%) e Roraima (13,6%). A Bahia
apresentou um resultado positivo de 8,1%, abaixo da média nacional que foi de 8,7%.
Porém, este é o décimo primeiro mês consecutivo de aumento de vendas no Estado e
apesar do fraco desempenho no primeiro trimestre do ano, a partir do segundo as taxas
demonstraram um maior dinamismo no varejo baiano. Dentre os fatores que explicam
18
esse resultado estão as maiores facilidades de acesso ao crédito, o aumento do emprego
formal no Estado, a melhoria do rendimento da população e a inflação sob controle.
Tabela 5 - BRASIL - VOLUME DE VENDAS DO COMÉRCIO VAREJISTA E COMÉRCIO VAREJISTA AMPLIADO
SEGUNDO GRUPOS DE ATIVIDADES PMC - 2009
INDICADOR MÊS/MÊS (*)
INDICADOR MENSAL
ACUMULADO
Taxa de Variação
Taxa de Variação
Taxa de Variação
ATIVIDADES
OUT
NOV
NO ANO 12 MESES
SET
OUT
NOV
SET
COMÉRCIO VAREJISTA (**)
0,7
1,6
1,1
5,1
8,6
8,7
5,5
5,3
1 - Combustíveis e lubrificantes
1,1
2,2
0,9
-3,8
1,3
3,0
0,4
0,9
-0,4
1,6
1,0
9,7
12,2
8,2
8,2
7,7
2 - Hiper, supermercados, prods.
alimentícios, bebidas e fumo
2.1 - Super e hipermercados
-0,3
1,6
1,2
9,5
12,0
7,9
8,0
7,5
3 - Tecidos, vest. e calçados
1,3
2,1
-0,3
-6,6
3,9
4,8
-4,3
-4,6
4 - Móveis e eletrodomésticos
1,8
1,1
5,9
1,9
3,5
13,9
0,7
1,1
5 - Artigos farmaceuticos, med.,
ortop. e de perfumaria
-1,4
3,5
1,2
8,2
12,4
12,3
12,0
12,2
6 - Equip. e mat. para escritório
informatica e comunicação
6,8
1,2
1,9
2,8
4,4
19,2
11,8
14,3
7 - Livros, jornais, rev. e papelaria
1,8
1,8
-1,1
10,0
13,3
8,8
9,6
10,1
8 - Outros arts. de uso
pessoal e doméstico
0,2
1,5
-1,9
6,3
9,5
7,2
8,6
7,9
4,7
-2,6
0,6
9,2
11,2
16,4
6,0
5,6
9 - Veículos e motos, partes e peças
16,2
-14,0
0,5
18,9
19,9
37,1
9,6
8,5
10- Material de Construção
-0,9
1,3
2,7
-8,1
-4,5
4,7
-7,7
-7,4
COMÉRCIO VAREJISTA AMPLIADO (***)
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Serviços e Comércio.
(*) Séries com ajuste sazonal
(**) O indicador do comércio varejista é composto pelos resultados das atividades numeradas de 1 a 8.
(***) O indicador do comércio varejista ampliado é composto pelos resultados das atividades numeradas de 1 a 10
4.1. Índice de Confiança do Consumidor (ICC)
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) divulgado pela Federação do Comércio do
Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) mostra que a confiança do consumidor paulistano
em relação à economia segue em patamar recorde. Em fevereiro, o índice subiu quase
20% na comparação com igual período do ano passado. Com relação a janeiro/10, o
ICC aumentou 0,2%, atingindo 159 pontos.
19
Quadro 1 – Brasil : ICC
Índice de Confiança do Consumidor
Meses
fev/09
mar/09
abr/09
mai/09
jun/09
jul/09
ago/09
set/09
out/09
nov/09
dez/09
jan/10
fev/10
Valor Mensal - em pts
ICC
ICEA
IEC
132,9
128,8
128,2
115,8
124,9
117,5
125,7
117,4
134,5
125,7
139,8
130,4
139,8
131,6
146,1
141,1
154,3
145,8
153,1
143,7
155,2
149,7
158,7
152,6
159
158,7
135,6
136,4
129,7
131,3
140,4
146,1
145,2
149,5
159,9
159,4
158,9
162,7
159,3
Variação Mensal - em (%)
ICC
ICEA
IEC
6,8
8,7
-3,5
-10,1
-2,6
1,5
0,7
-0,1
7
7,1
3,9
3,7
0
0,9
4,5
7,2
5,6
3,3
-0,7
-1,4
1,3
4,1
2,2
1,9
0,2
4
5,6
0,6
-4,9
1,2
6,9
4,1
-0,6
2,9
7
-0,3
-0,3
2,4
-2,1
Fonte: Fecomércio/SP
O ICC é composto por dois sub-índices: Índice de Condições Econômicas Atuais
(ICEA), que mede a perspectiva do consumidor em relação ao presente, e o Índice de
Expectativa ao Consumidor (IEC), que avalia a sua perspectiva quanto ao futuro. Neste
mês, o otimismo dos paulistanos acima de 35 anos puxou a elevação do ICEA,
chegando a 158,7 pontos em fevereiro/2010 ante 152,6 em janeiro/2010, alta de 4%. No
segmento de 35 anos ou mais, o ICEA cresceu 5,2%, ao chegar em 158,2 pontos.
Quadro 2 – Brasil: Índices
ÍNDICE DAS CONDIÇÕES
ECONÔMICAS ATUAIS
(Situação Presente)
Segmentação
Índice
RENDA
SEXO
IDADE
Menos de 10SM
10SM ou mais
Homens
Mulheres
Menos de 35 anos
35 anos ou mais
TOTAL
ÍNDICE DE EXPECTATIVAS
ÍNDICE DE
DO CONSUMIDOR
CONFIANÇA DO
(Situação Futura)
CONSUMIDOR
Variação mensal Índice
Variação mensal Índice
Variação mensal
156,7
3,70%
157,1
-2,70%
156,9
-0,30%
169,3
4,30%
172,1
1,10%
171
2,30%
160,9
3,90%
164,9
-0,80%
163,3
1,00%
156,6
4,10%
154
-3,40%
155,1
-0,50%
159,1
1,60%
161,9
-0,30%
160,8
0,40%
158,2
6,20%
156,8
-3,80%
157,4
0,00%
158,7
4,00%
159,3
-2,10%
159
Fonte: Fecomércio/SP
“O ICEA está diretamente ligado à percepção que o consumidor faz em termos de
emprego e renda e, no plano mais imediato, são essas variáveis que condicionam a
confiança elevada do consumidor”, afirma Thiago Freitas, economista da Fecomercio.
Já o IEC, apesar de ter apresentado uma ligeira queda de 2,1%, permanece no patamar
20
de otimismo com 159,3 pontos. Esta variação pode ser considerada como um natural
ajuste de confiança.
Os dados apurados dos dois sub-índices do ICC apontam que o consumidor elevou sua
percepção positiva em relação ao presente e faz ajustes menos otimistas em relação à
expectativa futura. “Ainda assim ambos indicadores estão em patamares muito
elevados o que pode sugerir uma expectativa otimista e talvez exagerada para os
próximos meses”, avalia o economista.
O ICC calculado pela FGV, que representa a confiança do consumidor brasileiro, subiu
0,6% em janeiro/2010 ante dezembro/2009, após uma queda de 2,4% no mês anterior. O
quesito que mais contribuiu para a evolução do ICC foi o indicador que mede a
satisfação do consumidor com a situação financeira da família, isso aliado ao fato de
que 60% do PIB é representado pelo consumo das famílias. Com relação à janeiro de
2009, o indicador apresentou acréscimo de 16,1%.
Gráfico 12 - Brasil: ICC - FGV
Fonte: FGV
O Índice é dividido em dois indicadores: o Índice de Situação Atual (ISA), que
apresentou alta de 3,2% em janeiro, atingindo 124,8 pontos; e o Índice de Expectativas
(IE), que apresentou queda de 1% em janeiro, atingindo 106,6 pontos, menor nível
desde maio de 2009.
4.3. Inadimplência
O ano de 2010 começou bem no que tange à inadimplência do consumidor, com uma
queda recorde de 6,3% em janeiro/10 em relação a dezembro passado. Foi o maior
21
percentual de queda desde 1999, quando teve início o indicador. As razões para isso
estão tanto nas melhores condições de crédito no país quanto na utilização do 13°salário
para pagamento de dívidas.
O recuo da inadimplência em janeiro foi decorrente da queda de 16,2% na devolução de
cheques por insuficiência de fundos, emitidos por pessoas físicas, no mês passado
(contribuição de 2,8 pontos percentuais na queda de 6,3% registrada pelo indicador
agregado em janeiro/10). Em, seguida, as dívidas não honradas junto aos bancos,
recuando 5,1% no mês passado, contribuíram com 2,4 pontos percentuais na queda do
indicador.
Quadro 3 - Brasil: Decomposição do indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor - Janeiro 2010
Cartões e
Financeiras
Bancos
Protestos
Cheque
Geral
Variação
-2,9
-5,1
-8,8
-16,2
-6,3
Peso
33,2%
47,7%
2,1%
17,0%
100,0%
Contribuição
-1,0%
-2,4%
-0,2%
-2,8%
-6,3%
Fonte: Serasa Experian
Segundo os economistas da Serasa Experian, a maior confiança dos agentes
econômicos colaborou para a renegociação de dívidas e os economistas ainda ressaltam
que a expectativa para os próximos meses é que a inadimplência continue recuando,
seguindo o crescimento da economia. Vale lembrar que neste primeiro mês do ano as
compras de Natal ainda não repercutiram na inadimplência
Em janeiro de 2010, quem liderou o ranking de inadimplência das pessoas físicas foram
as dívidas com os bancos, com uma participação de 47,7% no indicador. Em seguida
estão as dívidas com cartões de crédito e financeiras, com a representação de 33,2%, os
cheques devolvidos, com 17%, e os títulos protestados, com 2,1%.
No que tange ao Indicador Serasa de Inadimplência de Pessoa Jurídica, houve um
crescimento de 18,8% no ano de 2009, em comparação com igual período de 2008. Foi
o maior percentual desde 2001, provocado pela crise financeira internacional que gerou
forte volatilidade nos mercados.
As empresas tiveram que fazer alguns ajustes internos, como enxugamento da folha de
pagamento e o adiamento dos investimentos, já que a aversão ao risco determinou uma
22
liquidez reduzida nos negócios, sobretudo em virtude da menor oferta de crédito e da
falta de opção de financiamento no mercado. Contudo, o crescimento do indicador em
2009 foi melhor do que as expectativas, já que nos três primeiro meses de 2009 o
crescimento era de 33,1%, comparando com o mesmo período de 2008. Com o real
forte, recessão e baixo crescimento das economias globais, as empresas exportadoras
sentiram bastante os efeitos da crise. A expectativa do Serasa Experian é que o crédito
às empresas cresça mais rápido que ao consumidor em 2010, com inadimplência em
queda por todo o 1° semestre.
Em 2009, quem possuiu a maior representatividade na inadimplência das empresas
foram os títulos protestados, com uma participação de 41,5% no indicador. Em seguida
estão os cheques sem fundo, com 38,6%, e as dívidas com bancos, com 19,9% do
indicador.
4.4. Crédito
Segundo o Banco Central, o total de empréstimos do sistema financeiro às empresas e
pessoas físicas cresceu 1,6% em dezembro e 14,9% em 2009. O volume total de
empréstimos somou R$ 1,41 trilhão, o equivalente a 45% do Produto Interno Bruto
(PIB). O índice era de 39,7% em dezembro de 2008. A previsão do BC é que a
expansão do crédito deve ser de 20% em 2010, o que faria a relação crédito/PIB
aumentar para 48%. Porém, ao contrário de 2009, quando o crescimento foi liderado
pelos bancos públicos, em 2010, ele se dará através dos bancos privados.
Fonte: IBGE, 2010d
O desempenho de 2009 mostrou uma significativa recuperação do mercado de crédito,
após a contração verificada no final de 2008 e início de 2009. A retomada das
23
contratações ocorreu primeiramente no crédito a pessoas físicas, tanto com respeito aos
volumes negociados, quanto em relação às taxas de juros e de inadimplência. As
operações destinadas às empresas seguem em recuperação gradual, registrando
trajetórias favoráveis de redução de juros e de inadimplência, requisitos fundamentais
para o restabelecimento do seu ritmo de expansão.
Um fato relevante a se destacar é a maior importância dos bancos oficiais no total de
empréstimos. Eles, que respondiam por 36,2% do crédito no fim de 2008, passaram para
41,4% em 2009. Por outro lado, a participação dos bancos privados nacionais recuou de
42,8% para 40,4% e a das instituições privadas estrangeiras caiu de 21% para 18,2%. A
expectativa para 2010 é a de que os bancos privados irão tentar recuperar o terreno
perdido para os públicos. "A concorrência ficará mais acirrada, o que nos obrigará a ser
mais ativos, incluindo a criação de produtos", diz o vice-presidente de Finanças da
Caixa Econômica Federal, Márcio Percival. "Estamos atentos. Não queremos ficar fora
do mercado", diz o diretor do Departamento de Empréstimos e Financiamentos do
Bradesco, Nilton Pelegrino, negando que durante a crise o banco tenha puxado o freio
do crédito. "Não queríamos ter perdido participação. O que houve é que o tomador
perdeu o apetite", afirmou.
No que tange à distribuição setorial do crédito, verifica-se que as operações de crédito
destinadas ao setor privado, computados os recursos livres e direcionados, atingiram
R$1.352 bilhões em dezembro, crescimento de 1,5% no mês. Destaque para as
operações com o segmento outros serviços, com saldo de R$246,2 bilhões e aumento de
3,7% relativamente a novembro. Os empréstimos concedidos à indústria evoluíram
0,6%, totalizando R$304,6 bilhões, enquanto os relativos ao comércio cresceram 2,1%,
atingindo R$136,7 bilhões. Os financiamentos destinados ao setor habitacional
mantiveram desempenho aquecido, atingindo saldo de R$89 bilhões, com expansões de
2,5% no mês e de 40,6% no ano. Já as operações voltadas à atividade agropecuária
totalizaram R$112,4 bilhões, registrando declínio de 0,5% no mês e crescimento de
5,7%
em
doze
meses.
Os financiamentos contratados com o setor público somaram R$58,4 bilhões em
dezembro, apresentando elevação de 2,9% no mês. O que impulsionou esse resultado
foi o aumento de 7,1% nas operações assinaladas com os governos estaduais e
24
municipais, cujo volume atingiu R$25,3 bilhões. Em contrapartida, a dívida bancária do
governo federal apresentou retração de 0,1%, situando-se em R$33 bilhões.
4.5. Juros
Após várias quedas consecutivas, a Anefac apurou que as taxas de juro das operações de
crédito voltaram a se elevar em Janeiro/2010. Para o coordenador do estudo – Miguel
José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac - estas elevações, que não foram
generalizadas (algumas linhas de crédito foram reduzidas no mês) podem ser atribuídas
a dois fatores: Expectativa do mercado financeiro com uma provável elevação da Selic
em virtude da demanda aquecida que vem pressionando os índices de inflação. E a
situação nos mercados internacionais por conta da piora das economias na Zona Euro
(Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), provocando incertezas quanto à capacidade
destes países poderem reduzir seus endividamentos e seus déficits fiscais o que
provocou um aumento dos juros futuros.
De acordo com a pesquisa da Associação Nacional de Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade (Anefac), a taxa média geral cobrada para a pessoa
física apresentou uma redução de 0,15% no mês, passando de 6,86% ao mês (121,71%
ao ano) em dezembro para 6,87% ao mês (121,96% ao ano) em janeiro/2010. Das seis
linhas de crédito pesquisadas, três elevaram suas taxas de juros no mês (juros do
comércio, cheque especial e empréstimo pessoal-bancos) e 3 apresentaram redução na
tacas de juros (cartão de crédito, CDC-Bancos-Financiamentos de veículos e
empréstimo pessoal-financeiras). (ANEFAC)
Gráfico 14 - Brasil: Taxa media geral
dos juros - Pessoa Física
Fonte: Anefac
jan/10
dez/09
out/09
nov/09
set/09
ago/09
jul/09
jun/09
mai/09
abr/09
fev/09
mar/09
jan/09
dez/08
nov/08
set/08
out/08
jul/08
ago/08
7,80%
7,60%
7,40%
7,20%
7,00%
6,80%
6,60%
6,40%
25
Já no que tange às linhas para a pessoa jurídica, a taxa aumentou 0,83% no mês,
passando de 3,62% ao mês (53,22% ao ano) em dezembro para 3,65% ao mês (53,76%
ao ano) em janeiro/2010.
jan/10
dez/09
out/09
nov/09
set/09
jul/09
ago/09
jun/09
abr/09
mai/09
mar/09
fev/09
jan/09
dez/08
out/08
nov/08
set/08
5,00%
4,50%
4,00%
3,50%
3,00%
2,50%
2,00%
Fonte: Anefac
Das quatro linhas de crédito pesquisadas três elevaram suas taxas de juros no mês
(capital de giro, desconto de duplicatas e desconto de cheques) e uma foi reduzida
(conta garantida).
5. O Comportamento do Mercado de Trabalho na Crise e no Pós-crise:
fatos e expectativas.
No agregado, o Brasil fechou 2009 com uma taxa de desocupação de 6,8%, segundo a
Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE. A estimativa para o último mês do ano
passado foi igual ao de 2008. A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED)
desenvolvida pelo DIEESE e seus parceiros locais, com metodologia distinta, também
estima uma estabilidade na comparação anual.
Enquanto que em 2008 a taxa de desemprego média do ano foi de 14,1%, no ano
seguinte ela variou em 0,1 ponto percentual. Apesar da estabilidade, destaca-se que nos
últimos cinco meses do ano passado houve redução contínua da taxa de desemprego,
chegando ao ponto de no mês de dezembro a taxa ser a menor desde 1998.
26
Gráfico 16 – Brasil: Evolução da taxa de desocupação em 2009
9,5
9,0
9,0
8,5
8,9
8,8
8,5
8,2
8,1
8,0
7,5
8,0
8,1
7,7
7,6
7,5
Fonte: PME-IBGE
7,4
7,0
6,8
6,8
6,5
6,0
11/08
12
01/09
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do
Trabalho informa que o saldo total de vagas em 2009 foi de 995.110, número inferior ao
apresentado no final de 2008: 1.452.204. Esse selecionado de informações dá o tom
sobre o comportamento do mercado de trabalho no ano passado: estabilidade com perda
de ritmo na geração de empregos e comportamentos semestrais distintos. Pode até soar
estranho colocar na mesma frase estabilidade e geração de emprego, afinal, quando há
criação de vagas espera-se que ocorra redução no nível de desemprego, mesmo quando
existe um ritmo menor de criação de postos de trabalho.
Gráfico 17 - Brasil:Taxa de Desemprego em 2009: Brasil x
Salvador - PED
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
Jan
Brasi l*
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
13,1 13,9 15,1 15,3 15,3 14,8 15,0 14,6 14,4 13,7 13,2 12,5
Sal vador 19,4 19,4 20,1 20,5 21,6 21,3 20,9 20,0 19,4 18,7 17,8 17,0
* Mé di a das re giões me tropolitanas
Fonte : DIEESE.
27
Porém, há explicações para esse acontecimento: a redução na procura por emprego e o
corte de vagas em alguns setores, principalmente no início de 2009. Acredita-se que
essa menor oferta de trabalho foi consequência de um cenário econômico menos
estimulante – segundo o DIEESE, a PEA (0,8%) cresceu menos que a PIA (1,8%) e no
mesmo ritmo do total de ocupados (0,7%), o que demonstra uma menor pressão sobre o
mercado de trabalho. Não há duvidas que o início da crise econômica internacional
criou problemas reais para a economia brasileira, principalmente via demanda externa.
O estopim da crise provocou o enfraquecimento no nível de atividade que, associado às
perspectivas catastróficas sobre o futuro da economia mundial, provocaram uma revisão
nos investimentos empresariais.
Quadro 4 - Brasil: Variações Relativas (%) de Ocupados, por Setores de Atividade
Jan-09/ Fev-09/ Mar-09/ Abr-09/ Mai-09/ Jun-09/ Jul-09/ Ago-09/ Set-09/ Out-09/ Nov-09/ Dez-09/
Dez-08 Jan-09 Fev-09 Mar-09 Abr-09 Mai-09 Jun-09 Jul-09 Ago-09 Set-09 Out-09 Nov-09
Total
-1,3
-1,3
-0,8
0,3
0,5
0,4
-0,1
0,7
0,1
1,3
0,7
0,9
Indústria
-2,9
-2,9
-1,2
-2,1
-0,6
-1,0
0,5
0,5
-0,5
1,2
2,0
2,9
Comércio
-0,2
-0,9
-5,1
-0,2
0,2
3,0
1,2
-0,2
-1,1
1,2
1,2
2,1
Serviços
-1,0
-0,9
-0,1
0,9
0,6
0,2
-0,8
1,0
0,4
1,5
0,5
0,2
Construção Civil
-3,0
-2,7
1,5
3,3
1,8
-0,9
1,1
3,1
3,2
1,3
0,3
0,0
Outros
-1,1
-0,7
1,5
-0,1
0,8
0,5
0,8
-0,3
-0,9
0,5
-0,1
0,4
Fonte: Dieese
A primeira medida adotada por diversas empresas, em áreas distintas da economia, foi o
corte de postos de trabalho. O primeiro trimestre do ano foi negativo para o mercado de
trabalho brasileiro, segundo dados da PED, a taxa de desemprego metropolitano atingiu
15,1% em março, apesar de ter começado o ano em 13,1%. As quedas no nível de
ocupados de 1,3% em janeiro e fevereiro, além da redução de 0,8% em março
evidenciam o enfraquecimento do mercado de trabalho. O comportamento insatisfatório
foi generalizado entre os setores de atividade.
Os seis meses seguintes foram de estabilidade no agregado. Durante os meses de abril e
setembro a taxa de desemprego esteve no patamar de 15,0%. Setores como o de
serviços, a construção civil e o comércio retomaram o ritmo de crescimento econômico
mais rapidamente, em parte devido às intervenções estatais, que estimularam
28
inicialmente o comércio (reduzindo os estoques), o setor habitacional e, posteriormente,
a indústria. Os números do CAGED sobre o saldo de empregos em 2009 demonstram a
recuperação no ritmo de geração de postos de trabalho em todos os setores.
Quadro 5 - Brasil: Saldo de Empregos em 2009, segundo Setor de Atividade
Janeiro/Março
Indústria
Abril/Setembro Outubro/Dezembro
-35775
210120
55357
Contrução Civil
16123
123915
165201
Comércio
-9697
172225
331917
Serviços
49280
302176
585491
Fonte: CAGED - MTE
O último trimestre do ano passado pode ser denominado como eufórico. A atividade
econômica apresentou um fôlego que não era observado desde 2008. O mercado de
trabalho aqueceu. Os números do CAGED e da PED sinalizam a recuperação do ritmo
de geração de empregos. Todos os setores apresentaram resultados significativos,
conferindo uma prova do que se espera para o ano de 2010. A indústria, setor que
promoveu grandes cortes de empregos no final de 2008 e no início de 2009, apresentou
um início de recuperação. Os dados da PED informam que outubro, novembro e
dezembro foram meses importantes para o emprego industrial, com resultados acima de
um por cento de variação no total de ocupados, atingindo no último mês uma variação
de 2,9%.
1.400,00
1.250,00
1.327,67
1.300,00
1.356,66
1.350,00
1.344,40
Gráfico 18 - Rendimento médio real habitual da
população ocupada
(a preços de dezembro de 2009)
Fonte: PME – IBGE
1.200,00
11/081201/0902 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
29
O rendimento médio real habitual da população ocupada, apurada em dezembro do ano
passado pela PME, foi de R$ 1.344,40, decorrente de uma redução de 0,9% na
comparação mensal. Este valor é 0,7% maior que o encontrado no final de 2008. No
recorte regional, São Paulo manteve a dianteira entre as regiões metropolitanas
pesquisadas, com R$ 1.504,40, seguida por Rio de Janeiro e Porto Alegre que
apresentaram R$ 1.343,80 e 1.300,70 respectivamente. Nessas regiões ocorreu variação
positiva na comparação anual, enquanto que em Salvador, Recife e Belo Horizonte, o
rendimento médio real habitual reduziu (R$ 1.098,40, R$ 861,90 e R$ 1.230,00
respectivamente).
No campo das expectativas, o Ministro da Fazenda Guido Mantega acredita que será
criado 1,5 milhão de empregos em todo o país durante o ano de 2010. Esse número é
similar ao obtido no final de 2008, logo, compreende-se a expectativa do governo de
que o ritmo de geração de postos de trabalho voltará ao patamar apresentado pelo país
quando o PIB crescia em torno de 5,0% ao ano. Nesse sentido, o mercado e o governo
estão juntos, pois ambos sinalizam uma taxa de crescimento do PIB na casa de cinco
por cento – conforme destacado no início do artigo.
Para alcançar esta meta do governo, cada Unidade da Federação (entre 26 Estados e 1
Distrito Federal) deverá gerar, em média, algo próximo de 55,0 mil empregos. Próximo
desta meta, o governo de Pernambuco acredita que serão gerados no Estado cerca de 60
mil novos postos de trabalho, número superior aos de 2008 e 2009, 52,8 e 46,7 mil
vagas respectivamente. No ano passado o setor de construção civil obteve um aumento
de 25% no total de ocupados no Estado, segundo a PED. A maior variação para o setor
em todo o país.
A Região Metropolitana de Salvador esteve logo atrás nesta área, com variação de 15%
sobre o total de ocupados no setor de construção civil. Considerando as expectativas
positivas para o setor, espera-se que este crescimento continue. Alguns motivos que
mantém essa esperança são os investimentos para o cumprimento da meta de um milhão
de habitações por parte do programa Minha Casa Minha Vida e o grande número de
projetos imobiliários espalhados pelos grandes centros. Se a construção civil foi o
30
grande destaque no ano com um crescimento acumulado de pessoas ocupadas em 12,1%
(dados da PED), a conjuntura sinaliza que o ritmo deve ser mantido.
O setor de serviços demonstrou um forte vigor durante todo o ano. Foi o mais sólido na
geração de empregos e o menos atingido. Com a expectativa de retomada do
crescimento do PIB, do aquecimento de setores que demandam serviços como a
indústria e a construção civil e a continuidade no aumento do mercado interno, esperase que as empresas prestadoras de serviços continuem demandando trabalhadores.
A indústria, vilã no mercado de trabalho em boa parte do ano passado, terminou o ano
demonstrando um desempenho satisfatório. Considerando o último trimestre do setor,
espera-se um 2010 diferente, capaz de reverter o ano negativo, que apresentou uma
redução de 6,2% no total de ocupados do setor, comparando-se com o ano de 2008,
como informa a PED.
Dentre os fatores apresentados pelo mercado e que estimulam o crescimento do
emprego industrial, a CNI destaca: o nível de estoques estão reduzidos em grande parte
dos segmentos industriais, apenas 9 dos 27 informaram que os níveis estão alto; o nível
de utilização da capacidade instalada aumentou no último trimestre em quatro pontos
percentuais, atingindo 77%; esses dados demonstram a necessidade da indústria
contratar novos trabalhadores e aumentar o consumo de matéria prima. Além disso, a
CNI estima que o ritmo de crescimento da indústria já está próximo do pré-crise.
5.1.O ano começou com recordes na geração de empregos.
Na esteira das expectativas, os primeiros resultados do mercado de trabalho em 2010
foram divulgados pelo CAGED. O saldo total de empregos criados em janeiro deste ano
foi de 181.419, um recorde para este mês. Esse não foi o único recorde de geração de
empregos no mês de janeiro, o setor de serviços atingiu o recorde para o período, com
57.889 postos de trabalho criados, enquanto que a construção civil obteve um recorde
para toda a série histórica com 54.330 vagas.
31
Tabela 6 - EVOLUCAO DO EMPREGO POR SUBSETOR DE ATIVIDADE ECONOMICA
JANEIRO/10
EM 12 MESES
VARIACAO
VARIACAO
SETORES
SALDO
EMPR %
SALDO
EMPR %
TOTAL
181.419
0,55
1.278.277
4,01
1.192
0,70
3.687
2,14
68.920
0,93
134.915
1,84
2.538
0,72
6.809
1,92
4.CONSTRUCAO CIVIL
54.330
2,40
220.191
11,31
5.COMERCIO
-6.787
-0,09
341.151
4,85
6.SERVICOS
57.889
0,44
555.614
4,36
7.ADM PUBLICA
-806
-0,11
15.035
1,93
8.AGRIC,SILVICULT
4.143
0,28
875
0,06
0
----
0
----
1.EXTRAT MINERAL
2.INDUST TRANSFORM
3.SERV IND UT PUB
9.OUTROS
FONTE: MTE-CADASTRO GERAL DE EMPREGADOS E DESEMPREGADOS-LEI 4923/65.
A indústria de transformação também se destacou positivamente, com o total de 68.920
postos de trabalho criados no mês e liderando a geração de empregos entre todos os
setores. Nos últimos doze meses foram gerados 1.278.277 empregos formais. Para o
Ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, “é uma demonstração inequívoca da
melhora da economia brasileira e mostra que esse ano vai ser o melhor ano da formação
de emprego no país”. De forma otimista, Lupi espera que sejam criados um total de 2
milhões de empregos ao longo de todo o ano no país.
6. Referências
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do Sistema Financeiro. Disponível em: <www.bcb.gov.br>. Acesso em: 24 de jan.2010.
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Pernambuco
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01 fev.2010.
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<http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/11/01/pais+deve+receber+ate+r+500+
bi+para+credito+em+2010+8994065.html.> Acesso em: 23 jan.2010.
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CONFIANÇA do consumidor cresce avança em janeiro. VALOR ONLINE. Disponível
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<http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2010/01/26/confianca+do+consumidor+ava
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CONFIANÇA do paulistano em relação à economia segue em patamar recorde.
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trimestre 2009. Disponível em <http://ec.europa.eu/eurostat/euroindicators> Acesso em
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HAKIME, Rafael.Governo deve reduzir mistura de álcool na gasolina.. R7 Notícias.
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