Brasil mercado doméstico continua sustentando retomada do
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Brasil mercado doméstico continua sustentando retomada do
1 Brasil: mercado doméstico continua sustentando retomada do crescimento1 Camila Carvalho Rodrigues² Felipe Costa Moreira² Patrick Laurent Rohrer Rodrigues² Vinicius Felipe da Silva2 1. Introdução As perspectivas econômicas para 2010 nas economias centrais continuam incertas. De um lado, a indústria americana mantém seu trend de ajuste com redução de custos e um aumento da taxa de desemprego; de outro o processo de encolhimento do sistema bancário prossegue com mais vinte falências de bancos regionais norte-americanos neste início de 2010. Os dados constantes do Gráfico 1 indicam uma frágil retomada, sendo que os EUA fecharam o ano com um crescimento negativo do PIB (-2.4%), no que foi acompanhado pelo Japão (-5,0%), Alemanha (-5,0%) e França (-2,2%). Gráfico 1 – Variação do PIB – 2008/2009 – Em relação ao trimestre precedente 2 1 3ºTr.2008 0 4ºTr.2008 -1 EUA Japão Zona Euro 16 UE27 1ºTr.2009 2ºTr.2009 -2 3ºTr.2009 -3 4ºTr.2009 -4 Fonte : EUROSTAT 1 Relatório apresentado em 24.02.2010. Orientado pelo Prof. Antônio Plínio Pires de Moura membro do Núcleo de Estudos Conjunturais da Faculdade de Ciências Econômicas da UFBA. 2 Alunos do Curso de Graduação em Ciências Econômicas da Faculdade de Ciências Econômicas da UFBA e bolsistas do Núcleo de Estudos Conjunturais (NEC-FCE-UFBa.). 2 Esta retomada contudo, conforme já apontado anteriormente pela equipe (RODRIGUES et al.,2009) envolveu um lado sombrio, uma aceleração na taxa de desemprego nas economias centrais. Gráfico 2 – Taxas de desemprego nos Países Centrais – Nov.2008/Nov.2009 12 10 8 6 EUA Japão 4 Zona do Euro16 UE27 2 0 Fonte : EUROSTAT Por outro lado, na Zona do Euro a crise financeira anterior parece se transformar numa crise fiscal em vários parceiros daquele sistema monetário: os chamados depreciativamente pela imprensa anglo-saxônica de PIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), países que teriam maquiado suas contas para solicitar emissão de euros ao Banco Central Europeu e que estariam à beira de um default, sendo a crise da Grécia (Dívida Pública igual a 123,3% do PIB), apenas o início de um novo terremoto econômico que indicaria um ciclo econômico em W. Nos antípodas desta situação, a economia brasileira prosseguiu sua expansão centrada no mercado interno, num primeiro momento dinamizado pelo consumo das famílias e os gastos do governo, para finalmente contaminar o animal spirit dos empresários. As projeções dos bancos e consultorias indicam um crescimento em torno de 0,2% do PIB em relação a 2008, se no quarto trimestre a economia brasileira crescer 5%. “Talvez não seja fácil chegar a esse número de 5%, mas é factível, pois a economia está se recuperando bem e esse crescimento está longe de ser impossível, já que a base de comparação também é muito ruim”, avaliou o economista-chefe do Banco Schahin, Sílvio Campos Neto,(SÓ...,2010). 3 Gráfico 3 - Variação Trimestral do PIB (%) 6 5 4 3 2 1 0 -1 -2 -3 -4 5* 1,5 2º trim. 2008 Fonte:IBGE. 1,3 3º trim. 2008 1,3 -3,4 4º trim. 2008 -1 -1,9 1º trim. 2009 2º trim. 2009 3º trim. 2009 4º trim. 2009 * 4º trimestre 2009 – Estimativa A taxa de desemprego ao longo de 2009 apresentou contínuo recuo em relação ao início do ano. Em janeiro de 2010, a trajetória de queda continuou. O aumento do PIB, com aquecimento no nível de atividade industrial e no setor de construção civil, deve impulsionar o volume de contratações, sobretudo com carteira assinada. 2.Desempenho da indústria nacional Segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o mês de dezembro/2009 mostrou uma nova tendência da produção industrial. Em relação a dezembro de 2008, houve um aumento expressivo: 18,9% porém, a taxa do acumulado no ano ainda expressou tendência decrescente, finalizando o mês de dezembro com -7,4%, correspondendo à menor taxa observada no ano. Entretanto, comparado ao mês anterior, que também obteve variação negativa, o índice livre das influências sazonais reduziu-se em 0,3%. Ao observar a atividade industrial por seções e atividades, vê-se que as contribuições ao resultado negativo, na comparação mês a mês, advieram do recuo de 12,2% em material eletrônico e equipamentos de comunicações, seguido da retração na produção de veículos automotores (-1,2%), alimentos (-1,0%), têxtil (-4,0%) e outros equipamentos de transportes (-4,2%). Por outro lado, os setores que sustentaram a produção com 4 variações positivas foram: produtos de metal (11,3%), farmacêutica (6,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (3,3%) e outros produtos químicos (1,3%). Tabela 1 – Brasil: Atividade Industrial por Seções e Atividades Variação (%)3 dez09/dez08 e dez09/nov09 – com base nos índices mensais dessazonalizados Seções e Atividades Indústria Geral Indústrias Extrativas Indústria de Transformação Alimentos Bebidas Fumo Têxtil Vestuário e acessórios Calçados e artigos de couro Madeira Celulose, papel e produtos de papel Edição, impressão e reprodução de gravações Refino de petróleo e álcool Farmacêutica Perfumaria, sabões, detergente e produtos de limpeza Outros produtos químicos Borracha e plástico Minerais não metálicos Metalurgia básica Produtos de metal - exclusive máquinas e equipamentos Máquinas e equipamentos Máquinas para escritório e equips. de informática Máquinas, aparelhos e materiais elétricos Material eletrônico, aparelhos e equips. de comunicação Equip. de instrument. Médico-hospitalar, ópticos e outros Veículos automotores Outros equipamentos de transporte Mobiliário Diversos dez09/ dez08 dez09/ nov09 18,10 -0,33 19,17 1,00 17,86 0,24 0,22 -1,04 8,26 -1,14 -8,72 1,69 13,05 -4,05 4,23 0,42 21,81 3,79 0,45 0,21 6,43 0,20 4,57 -1,06 5,11 0,92 16,16 6,19 17,40 0,49 19,98 1,28 43,32 2,21 12,36 0,98 24,65 0,55 29,29 11,28 32,44 1,14 34,93 1,30 -2,44 3,29 45,16 -12,24 -2,61 0,54 96,27 -1,24 -25,54 -4,17 35,86 -0,15 8,53 -1,26 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria, elaboração própria. Por sua vez, o resultado positivo na comparação com dezembro de 2008 foi devido ao desempenho positivo de 22 dos 27 setores pesquisados: variação de 129,6% de veículos 3 Variação % entre o período i e período j = (período i/ período j -1) * 100. 5 automotores; 33,9% de máquinas e equipamentos; 20,7% de outros produtos químicos; 48,8% de borracha e plástico e 19,1% das indústrias extrativas. O IBGE (2010a) ainda ressalta que o bom desempenho no ano foi generalizado entre os setores, tendo resultado principalmente de “movimento de ramos mais sensíveis à restrição de crédito, particularmente a cadeia do setor automobilístico, e à queda das exportações de commodities, que em dezembro de 2008, com a finalidade de ajustar estoques, concederam férias coletivas e/ou realizaram paralisações não programadas.” (IBGE,2010a p. 7) As contribuições negativas vieram de outros equipamentos de transporte com -24,9%, dado a redução da produção de aviões. Quando segmentado por categorias de uso, o desempenho industrial de dezembro, comparado a novembro, tem referência na queda dos bens de consumo em 0,6%, mais específico, na redução dos bens duráveis em 4,9%. Pelo segundo mês consecutivo de queda, a taxa negativa dos bens duráveis é influenciada pela retirada dos incentivos fiscais a automóveis e à “linha branca”. O desempenho dos bens de capital permaneceu positivo, mas com taxa de 0,3%. Segundo a variação mensal, percebe-se que a composição da taxa positiva refletiu um bom desempenho em todas as categorias de uso, bens de consumo duráveis atingiram crescimento de 72%, bens de capital, 23% e bens intermediários, 21%. A expansão dos bens de consumo duráveis foi originada pelo aumento na produção de automóveis em 164,7% e dos eletrodomésticos em 45,2%, da “linha branca” e da “linha marrom”. Enquanto, os bens intermediários tiveram influências da melhora da economia internacional, os bens de capital tiveram um desempenho positivo também por causa da estabilidade do mercado interno. No acumulado do ano, observa-se que o resultado negativo foi causado pela redução em 17,4% dos bens de capital, uma vez que a instabilidade econômica trazida pela crise atingiu fortemente a decisão de investimento do empresário industrial. A outra taxa maior que a do acumulado no ano foi a de bens intermediários, “refletindo principalmente a redução brusca da demanda internacional por commodities, juntamente com a menor demanda por insumos industriais para bens finais, decorrentes principalmente da desaceleração dos segmentos associados ao setor automotivo” (IBGE, 2010a, p.11). Os bens de consumo apresentaram taxa menor (-2,7%) que a média do acumulado (-7,4%), visto que houve relativa manutenção do emprego e da massa salarial, conjugada à política fiscal de incentivo ao consumo. 6 Tabela 2: Indicadores da Produção Industrial por Categorias de Uso Brasil - Dezembro de 2009 Variação (%) Categorias de uso Mês/mês* Mensal Acumulado 0,3 1,0 -0,6 -4,9 0,4 -0,3 23,0 21,0 15,0 72,1 6,0 18,9 -17,4 -8,8 -2,7 -6,4 -1,6 -7,4 Bens de capital Bens Intermediários Bens de consumo Duráveis Semiduráveis e não duráveis Indústria Geral Acum.12 Meses -17,4 -8,8 -2,7 -6,4 -1,6 -7,4 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria *série com ajuste sazonal Acompanhando as categorias de uso na variação trimestral, com base no trimestre anterior, observa-se que o último trimestre foi bastante positivo para todos os tipos de bens, mostrando uma reversão da tendência negativa dos trimestres anteriores. A taxa dos bens de capital, no 4º trimestre, foi de apenas -1,6% - queda 20 p.p. menor que o 3º trimestre de 2009. Os bens de consumo duráveis obtiveram variação de 25,0% no último trimestre de 2009. Mesmo com um bom desempenho neste trimestre, a indústria fechou o ano com redução de 7,4%, devido em especial ao abrandamento dos investimentos por causa da crise de confiança internacional, o que também levou a uma redução acentuada das relações comerciais entre as nações, especialmente dos produtos industriais. Tabela 3: Produção industrial por categoria de uso – trimestral – base igual trimestre anterior Categorias de uso Bens de capital Bens Intermediários Bens de consumo duráveis Bens de consumo semiduráveis e não duráveis Indústria Geral 1º T 17,3 6,1 13,7 2008 2º T 3º T 19,2 19,7 4,4 5,2 14,1 9,0 2009 4º T 1º T 2º T 3º T 4º T 2,5 -20,2 -25,4 -22,1 -1,6 -9,2 -18,1 -13,5 -9,1 6,7 -19,4 -22,6 -16,3 -5,6 25,0 1,3 1,9 3,6 -1,2 -2,8 -3,3 -2,7 2,2 6,4 6,2 6,7 -6,3 -14,6 -12,3 -8,2 5,8 Fonte: IBGE, PIM-PF Os bens duráveis foram impulsionados pelas políticas públicas de retirada de impostos, através da antecipação do consumo. Entretanto, poderá haver efeito negativo no futuro, uma vez que, muda-se o ciclo de venda dos produtos, fazendo com que haja uma redução deste em 2010. Os bens de capital tiveram resultados negativos por causa da retração do investimento doméstico e das exportações de manufaturados. Os bens 7 intermediários foram impactados também pela retração da indústria doméstica, associada à diminuição das exportações. Os bens semi-duráveis e não duráveis foram beneficiados pela política de renda do governo, o que assegurou estabilidade no setor, exceto naqueles setores voltadas ao comércio externo. Gráfico 4: Produção industrial – quantum – e Pessoal ocupado – assalariado – indústria geral índice (jan. 2001 = 100) 125 Produção industrial 115 105 Pessoal ocupado 95 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Fonte: IBGE, Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (IBGE/Pimes) O nível da produção industrial tem reflexos sobre a quantidade de pessoas empregadas, porém esta não responde de forma imediata às variações da indústria, pois, o rompimento dos contratos trabalhistas é custoso e a recontratação, lenta. Logo, o índice de pessoal ocupado não vem acompanhando proporcionalmente o nível da produção industrial, visto que, apesar do aumento na produção na comparação mensal, este indicou variação negativa de 2,7%. Frente a novembro, dezembro de 2009 registrou uma redução de 0,6% no nível de pessoas ocupadas – primeira queda do ano. E, mesmo a produção industrial atingindo, no 4º trimestre, variação de 5,8%, comparado ao 3º trimestre, o nível de pessoal ocupado avançou apenas 1,6%. Isto é devido ao fato de que havia capacidade ociosa e um aumento mais notável só seria possível com um aumento produtivo acima dos níveis pré-crise, já que o emprego sofreu impactos menores. O nível de pessoal ocupado acumulou no ano queda de 5,3%; o maior impacto foi na atividade industrial, dado que a taxa de empregos da economia de 2009 foi de 0,7%. Porém, as expectativas são as mesmas para a produção: manutenção do comportamento de aumento do nível de pessoal ocupada nas atividades. O ano de 2009 para a atividade industrial foi marcado pela sombra da crise internacional. As sucessivas melhorias, nos últimos meses, não foram capazes de neutralizar a retração da produção. Mesmo com retração de 7,4% em 2009, a expectativa é de um bom resultado para 2010. E, uma vez que, a política fiscal agiu no 8 sentido de antecipar o consumo, sobretudo, de bens duráveis, a compensação da atividade deverá vir dos bens de capital e bens intermediários. Nesse sentido, a política monetária de manutenção das taxas de juros do crédito poderá estimular o investimento produtivo. Gráfico 5: Índice de confiança da indústria 115 110 IC 105 ISA 100 IE 95 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 Fonte: FGV, Ibre O nível da produção e emprego industrial são sinalizadores para as avaliações do mercado feitas por empresários. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) da FGV atingiu, em janeiro de 2010, o maior nível desde julho de 2008, quando aumentou 0,2% frente a dezembro de 2009, com o ajuste sazonal, ao passar de 113,4 para 113,6 pontos. É a décima segunda alta consecutiva do ICI, resultado de estabilidade no mercado interno e na atividade industrial, acentuando o otimismo dos empresários. A pesquisa realizada mostra que mais empresas avaliam a demanda como forte, enquanto menor número avalia como fraca. O Índice da Situação Atual (ISA) passou de 111,9 para 112,6 pontos, ao variar 0,6%. Por sua vez, o Índice de Expectativas (IE) reduziu-se em 0,3%, apesar de ainda registrar elevado número de pontos: 114,5. Apesar deste recuou, as expectativas para o próximo semestre são animadoras. 84 82 80 78 Gráfico 6: Nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) 82,9 83,8 83,8 81,9 82,5 81,1 80,2 79,9 79,4 78,4 77,9 77,9 78,2 79 76 74 Fonte: FGV, Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) 9 Conforme as expectativas do mercado, os empresários tomam decisão sobre a produção. Após nove meses de consecutivas variações positivas, para o mês de janeiro de 2010, o nível de utilização de capacidade instalada, registrado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) fechou estável, com 83,8%, igual a dezembro de 2009. O bom desempenho da economia fez com que o nível esteja próximo a níveis pré-crise. Entretanto, pode-se considerar que esse resultado tem reflexos sobre a estabilidade encontrada no segmento de bens de capital, uma vez que, se não há um aumento expressivo no nível de utilização da capacidade instalada, não haverá demanda para ampliação desta. Gráfico 7: Valor FOB das exportações de produtos manufaturados – US$ milhões 8.000 7.000 6.000 5.000 4.000 3.000 2.000 1.000 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Secr.Comércio Exterior O nível de utilização da capacidade instalada responde não só à demanda interna como à demanda externa. Sobre as exportações de produtos manufaturados, pode-se dizer que estas vêm apresentando trajetória ascendente, com um aumento acentuado em dezembro de 2009. A recuperação da economia mundial tem reflexo sobre as relações comerciais. Segundo dados mais atuais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) extraídos pelo IEDI, frente a janeiro de 2009, as exportações de manufaturados avançaram 38,2%, no primeiro mês de 2010, devido ao aumento da demanda internacional e da pequena base de comparação. Esse resultado favoreceu as exportações totais que cresceram 21,3, além da valorização das commodities. (COMÉRCIO..., 2010) 2.1. A indústria nacional, por regiões A PIM-PF Regional do IBGE (2010b) mostra que, exceto Goiás que ficou estável (0,0%), dada a produção de produtos químicos, em especial medicamentos, e a metalurgia básica, todos os demais locais apresentaram taxas de variação no acumulado 10 do ano negativas. Acima da média nacional (-7,4%) ficaram: Espírito Santo (-14,6%); Minas Gerais (-13,1%); Amazonas (-8,9%); São Paulo (-8,4%); e, Santa Catarina (7,8%). Essa retração teve impactos sobre o nível de pessoal empregado, visto que, São Paulo obteve um dos maiores índices em dezembro, -4,0%, acompanho por Minas Gerias com -8,5%. Alguns Estados sofreram impactos maiores por sua ligação com o comércio internacional, vulneráveis às oscilações do mercado: o Espírito Santo, devido ao impacto sobre as commodities aço e celulose; Minas Gerais, queda na produção de automóveis, ferro e aço; e, Amazonas, dado que a produção de motocicletas e celulares foi reduzida. Sabe-se que, sendo a indústria paulista quem tem maior influência sobre o desempenho da atividade nacional, os sinais de recuperação em São Paulo tornam favoráveis as expectativas para 2010. Apesar da queda em 8,4%, vê-se que nas demais comparações, São Paulo desponta com taxas positivas, fechando o 4º trimestre com crescimento de 4,3%. (INDÚSTRIA, 2010a) Tabela 4: Indicadores Conjunturais da Indústria Resultados Regionais Dezembro/2009 Locais Amazonas Pará Região Nordeste Ceará Pernambuco Bahia Minas Gerais Espírito Santo Rio de Janeiro São Paulo Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul Goiás Brasil Taxa de variação (%) Mês/Mês* Mensal Acumulado -2,2 5,7 -8,9 0,5 1,1 -7,3 -0,3 9,6 -4,9 1,8 12,8 -3,7 -3,5 6,2 -3,0 -0,8 22,4 -4,9 -0,1 28,9 -13,1 4,1 37,2 -14,6 2,2 14,5 -3,8 0,6 20,8 -8,4 5,9 28,2 -2,1 1,3 12,4 -7,8 2,1 25,2 -7,2 -3,1 6,2 0,0 -0,3 18,9 -7,4 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria *série com ajuste sazonal Além disso, os locais que ficaram abaixo da média nacional foram: Pará (-7,3%); Região Nordeste (-4,9%); Bahia (-4,9%); Rio de Janeiro (-3,8%); Ceará (-3,7%); 11 Pernambuco (-3,0%); e, Paraná (-2,1%). A Região Nordeste é beneficiada com programas de redistribuição de renda, o que permite que a retração seja controlada. Por sua vez, no Rio de Janeiro, a indústria de extração do petróleo permite que a queda seja “melhor”. 3.Panorama da agricultura brasileira no início de 2010 O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística( IBGE) prevê, em sua primeira aferição da safra de 2010, uma área plantada de 61,43 milhões de hectares, o que representaria um aumento de 2% em relação à área plantada de 2009 - cerca de 62,24 milhões de hectares. Gráfico 8 - Brasil:Área Plantada Milhões de Hectares 70 60 50 40 30 61,43 62,64 ano 2009 ano 2010 20 10 0 Período Fonte: IBGE, 2010c Em relação ao desempenho dos principais produtos agrícolas, a safra de soja que, em 2009, foi de , aproximadamente, 57,04 milhões de toneladas será, de acordo com o IBGE de 66,14 milhões de toneladas. Esse aumento de 16% se deve aos baixos estoques brasileiros, à demanda da China, que se mantém elevada, e aos baixos preços do milho e do algodão que permitem o avanço da soja com custos mais baixos nas áreas dessas culturas. (SAMORA;EWING, 2010) 12 Gráfico 9 - Brasil : Produção de Soja Milhões de Toneladas 70 60 50 40 66,14 57,04 30 20 10 0 ano 2009 ano 2010 Período Fonte: IBGE, 2010c Assim como a soja, a produção de milho apresenta um incremento quando se compara o ano de 2009 com a previsão de safra do IBGE para o ano de 2010. A produção, que em 2009 foi de, aproximadamente, 51,04 milhões de toneladas, no ano de 2010 tem previsão de alcançar, 51,14 milhões de toneladas, o que significa um aumento de 0,7%. Gráfico 10 - Brasil: Produção de Milho Milhões de Toneladas 60 50 40 30 51,04 51,42 ano 2009 ano 2010 20 10 0 Período Fonte: IBGE, 2010c De acordo com a previsão do IBGE, a produção de cana-de-açúcar será de cerca de 691,76 milhões de toneladas, o que representa um aumento pouco relevante de 0,8%, 13 frente à colheita do ano de 2009 que foi de, aproximadamente, 687,29 milhões de toneladas. Milhões de Toneladas Gráfico 11 - Brasil: Produção de Cana-de-Açúcar 687,29 691,76 ano 2009 ano 2010 Período Fonte: IBGE, 2010c Uma causa para esse aumento na safra é o incremento da demanda externa por açúcar, que tem causado uma elevação nas exportações do produto. No porto de Paranaguá (localizado no Estado do Paraná), as exportações de açúcar tiveram um aumento de 95%, chegando ao patamar de 356,1 mil toneladas. (Exportações...,2010) 3.1.Governo reduz quantidade de álcool adicionada à gasolina O Governo Federal, devido a ocorrência da entressafra da cana-de-açúcar, período no qual ocorre uma redução da oferta do produto, decidiu reduzir a quantidade de álcool (Etanol) adicionado à gasolina. Atualmente, a gasolina vendida no Brasil tem uma adição de 25% de álcool anidrido, e essa mistura deve cair para 20%. A medida tem como objetivo conter a disparada do álcool na bomba, visto que os estoques do produto estão baixos devido ao período de entressafra. Para o presidente do SINCOPETRO-SP( Sindicato do Comécio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo), José Paiva Gouveia , a iniciativa não surtirá o efeito desejado pelo governo pois a economia de álcool na gasolina será insignificantee vai ajudar a aumentar o preço da gasolina. 14 O governo vai tirar 5% da quantidade de álcool na gasolina, o que vai permitir uma economia de cerca de 200 milhões de litros de álcool por mês. Mas o consumo mensal do mercado brasileiro é da ordem de 3 bilhões de litros, o que não dá nem 10% de redução no consumo. Além disso, há um agravante: o governo vai ter que colocar mais 5% de gasolina na própria gasolina. Isso deve gerar um impacto na bomba ao consumidor de R$ 0,08 a 0,10.(HAKIME,2010). Apesar do preço mais alto, Gouveia prevê que haverá uma corrida maior às bombas de gasolina, pois, o álcool continuará caro.Na sua visão, o ideal agora seria a manutenção da quantidade de álcool na gasolina em 25%. ( HAKIME,2010) 3.2. Valor da produção das Principais lavouras deve crescer 3,4% em 2010. O valor Bruto da Produção( VBP) das 20 principais lavouras brasileiras pode chegar a R$ 159,49 bilhões em 2010, de acordo com a estimativa de fevereiro/2010 do Ministério da Agricultura. Esse valor representa um aumento de 3,4% em relação ao alcançado em 2009. De acordo com a Coordenação de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura, esse crescimento do VBP deve-se à maior produção esperada para este ano pelos levantamentos da Companhia Nacional de Abastecimento( Conab) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística( IBGE) A pesquisa aponta o aumento expressivo do valor da produção de café( 22,23%), cebola( 40,92%), laranja( 8,47%), soja (8,32%), cana-de-açúcar(5,3%), uva( 7,68%) e trigo( 4,29%). Com a exceção de trigo e soja, que tiveram como causa do incremento do VBP a expectativa de aumento da colheita, os demais produtos tiveram desempenho positivo devido aos melhores preços e à maior produção. Outros produtos agrícolas, entretanto, apresentaram uma redução no Valor Bruto da Produção, a exemplo do amendoim( - 27,36%), arroz( 15,26%), feijão( -11,52%), batata inglesa( - 6,79_ e milho ( -5,14). ( SANTOS, 2010) 3.3. Crédito Agrícola Mais de 90% do crédito rural, destinado à safra 2008/2009, foi utilizado. A aplicação total de R$ 74,4 bilhões na agropecuária durante a safra 2008/2009 indicou um aumento de 0,7% nas operações totais de crédito rural, em relação à safra anterior, que foi de R$ 73,8 bilhões. Considerados todos os recursos destinados ao financiamento do setor rural no ano safra 2008/2009, verificou-se que 82,6% foram aplicados a taxa de juros fixa. Os R$ 55,4 bilhões reservados aos financiamentos de custeio e comercialização ultrapassaram em 1,3% o valor programado. Do total de recursos aplicados para essa 15 finalidade, 76,6% foram concedidos a juros fixos da ordem de 6,75% ao ano. As principais fontes de financiamento de custeio e comercialização foram os Recursos Obrigatórios (MCR 6-2), que responderam por 51,8% do total, aplicados à taxa de juros controlada do crédito rural, seguidos pela Caderneta de Poupança Rural, com 23% (20,4% a juros controlados e 2,63% a juros livres). Para financiar investimentos em infraestrutura produtiva da agricultura empresarial, na safra 2008/2009, foram reservados R$ 10,2 bilhões, dos quais foram aplicados R$ 9,4 bilhões que representaram 92% do programado. (CRÉDITO...,2009). O desembolso superou em 28% o da safra anterior, quando foram repassados R$ 7,3 bilhões, apesar das incertezas relacionadas à crise financeira mundial e à quebra de safra, em decorrência da estiagem ocorrida ao longo do ciclo das lavouras em Estados produtores do Centro-Sul do País. Os resultados mais expressivos foram observados nos financiamentos amparados nos Fundos Constitucionais (FCO, FNE e FNO), com aplicação de R$ 4,5 bilhões, 50% a mais que no ciclo anterior. (CRÉDITO...,2009). No conjunto dos programas coordenados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento (MAPA) e financiados com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), o aumento das aplicações foi de 16,3%, passando de R$ 3,7 bilhões para R$ 4,3 bilhões. Destacou-se o desempenho do Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop), com mais 72%, do Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas (Propflora), com mais 66%, e do Programa de Incentivo à Irrigação e à Armazenagem (Moderinfra), com mais 49,7%. (CRÉDITO...,2009). Também expressiva na safra 2008/2009 foi a aplicação dos recursos do Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota) - modalidade Proger Rural-, com desembolso de 93% dos R$ 500 milhões disponíveis. O Programa de Incentivo à Produção Agropecuária Sustentável (Produsa) aplicou R$ 160 milhões neste seu primeiro ano de vigência. (CRÉDITO..., 2009) 16 4. Comércio mantém dinamismo e concorre para a recuperação da economia brasileira. 4.1. Panorama Atual A sétima alta consecutiva nas vendas do comércio varejista em novembro confirma a retomada do setor, mas o crescimento em 2009 ficará abaixo do observado no ano atrasado. É o que indicam os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) referentes ao período de janeiro a novembro, cujo crescimento acumulado foi de 5,5%. Para o coordenador da PMC (Pesquisa Mensal do Comércio), Reinaldo Pereira, apesar da expectativa de um bom desempenho nos últimos meses de 2009, a expansão do comércio em 2009 dificilmente vai superar a variação de 9,1% observada em 2008. A notícia boa é que o crescimento contínuo nos últimos meses indica boas oportunidades de o comércio passar a desenvolver suas vendas, em 2010, em ritmo semelhante ao que era notado em 2007 e 2008, antes da crise econômica. “Os números mostram, pelo próprio crescimento da economia, que a partir de agora haverá crescimento mais robusto, mas temos que aguardar para ver se isso se confirma. Dá para esperar ritmo de crescimento semelhante a 2007, 2008, só em 2010. Mas temos que aguardar, não temos bola de cristal”, afirmou. Reinaldo Pereira atribuiu o bom resultado de novembro aos mesmos fatores que vêm mantendo o comércio em alta, como o aumento da massa salarial do brasileiro e a estabilidade do emprego. Ele ressaltou ainda o efeito positivo do real valorizado sobre as vendas do comércio varejista. “A valorização do real incentiva as importações, e aí entram produtos mais baratos que competem com os internos, segurando os preços”, explicou. O Varejo apresentou, pelo sétimo mês consecutivo para volume de vendas e pelo oitavo para receita nominal, crescimento na relação mês/mês anterior. Os resultados positivos foram de 1,1% e 1,3%, respectivamente. Já na comparação com novembro do ano anterior, as vendas no varejo brasileiro cresceram 8,7% e a receita nominal do varejo 17 cresceu 11%. No acumulado do ano, o avanço foi de 5,5%. Em 12 meses, o volume de vendas subiu 5,3%. (IBGE, 2009d) Na comparação com novembro de 2008, todas as dez atividades pesquisadas apresentaram volume de vendas maior, principalmente as que mais se retraíram com o advento da crise financeira internacional no ano atrasado. O destaque vai para Veículos e motos, partes e peças, que tem a principal participação no Varejo Ampliado (63%) e registrou crescimento de 37,1%. Esse resultado é baseado tanto no pífio resultado do setor em novembro passado como das políticas de redução do IPI aliadas à retomada gradativa do crédito. Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação e Móveis e eletrodomésticos também obtiveram altas significativas de 19,2% e 13,9%. Outra atividade de suma importância é Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, a mais importante na taxa global do Varejo, desconsiderando o Ampliado, e que obteve crescimento de 8,2% com relação a novembro do ano atrasado. Esse resultado reflete o aumento da massa real dos salários e a estabilização do preço dos alimentos (variação de 1,1% em 12 meses para o Grupo Alimentação no Domicilio, segundo o IPCA). Na passagem de outubro para novembro, sete das dez atividades pesquisadas do Varejo apresentaram crescimento do volume de vendas, com destaque para Móveis e Eletrodomésticos (5,9%), Material de construção (2,7%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1,9%). O setor Outros artigos de uso pessoal e doméstico apresentou queda de 1,9%. Todas as 27 Unidades da Federação obtiveram resultados positivos com relação ao volume de vendas na comparação de novembro de 2009 com novembro de 2008. As principais foram Acre (16,3%); Rondônia (13,7%) e Roraima (13,6%). A Bahia apresentou um resultado positivo de 8,1%, abaixo da média nacional que foi de 8,7%. Porém, este é o décimo primeiro mês consecutivo de aumento de vendas no Estado e apesar do fraco desempenho no primeiro trimestre do ano, a partir do segundo as taxas demonstraram um maior dinamismo no varejo baiano. Dentre os fatores que explicam 18 esse resultado estão as maiores facilidades de acesso ao crédito, o aumento do emprego formal no Estado, a melhoria do rendimento da população e a inflação sob controle. Tabela 5 - BRASIL - VOLUME DE VENDAS DO COMÉRCIO VAREJISTA E COMÉRCIO VAREJISTA AMPLIADO SEGUNDO GRUPOS DE ATIVIDADES PMC - 2009 INDICADOR MÊS/MÊS (*) INDICADOR MENSAL ACUMULADO Taxa de Variação Taxa de Variação Taxa de Variação ATIVIDADES OUT NOV NO ANO 12 MESES SET OUT NOV SET COMÉRCIO VAREJISTA (**) 0,7 1,6 1,1 5,1 8,6 8,7 5,5 5,3 1 - Combustíveis e lubrificantes 1,1 2,2 0,9 -3,8 1,3 3,0 0,4 0,9 -0,4 1,6 1,0 9,7 12,2 8,2 8,2 7,7 2 - Hiper, supermercados, prods. alimentícios, bebidas e fumo 2.1 - Super e hipermercados -0,3 1,6 1,2 9,5 12,0 7,9 8,0 7,5 3 - Tecidos, vest. e calçados 1,3 2,1 -0,3 -6,6 3,9 4,8 -4,3 -4,6 4 - Móveis e eletrodomésticos 1,8 1,1 5,9 1,9 3,5 13,9 0,7 1,1 5 - Artigos farmaceuticos, med., ortop. e de perfumaria -1,4 3,5 1,2 8,2 12,4 12,3 12,0 12,2 6 - Equip. e mat. para escritório informatica e comunicação 6,8 1,2 1,9 2,8 4,4 19,2 11,8 14,3 7 - Livros, jornais, rev. e papelaria 1,8 1,8 -1,1 10,0 13,3 8,8 9,6 10,1 8 - Outros arts. de uso pessoal e doméstico 0,2 1,5 -1,9 6,3 9,5 7,2 8,6 7,9 4,7 -2,6 0,6 9,2 11,2 16,4 6,0 5,6 9 - Veículos e motos, partes e peças 16,2 -14,0 0,5 18,9 19,9 37,1 9,6 8,5 10- Material de Construção -0,9 1,3 2,7 -8,1 -4,5 4,7 -7,7 -7,4 COMÉRCIO VAREJISTA AMPLIADO (***) Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Serviços e Comércio. (*) Séries com ajuste sazonal (**) O indicador do comércio varejista é composto pelos resultados das atividades numeradas de 1 a 8. (***) O indicador do comércio varejista ampliado é composto pelos resultados das atividades numeradas de 1 a 10 4.1. Índice de Confiança do Consumidor (ICC) O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) divulgado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) mostra que a confiança do consumidor paulistano em relação à economia segue em patamar recorde. Em fevereiro, o índice subiu quase 20% na comparação com igual período do ano passado. Com relação a janeiro/10, o ICC aumentou 0,2%, atingindo 159 pontos. 19 Quadro 1 – Brasil : ICC Índice de Confiança do Consumidor Meses fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 Valor Mensal - em pts ICC ICEA IEC 132,9 128,8 128,2 115,8 124,9 117,5 125,7 117,4 134,5 125,7 139,8 130,4 139,8 131,6 146,1 141,1 154,3 145,8 153,1 143,7 155,2 149,7 158,7 152,6 159 158,7 135,6 136,4 129,7 131,3 140,4 146,1 145,2 149,5 159,9 159,4 158,9 162,7 159,3 Variação Mensal - em (%) ICC ICEA IEC 6,8 8,7 -3,5 -10,1 -2,6 1,5 0,7 -0,1 7 7,1 3,9 3,7 0 0,9 4,5 7,2 5,6 3,3 -0,7 -1,4 1,3 4,1 2,2 1,9 0,2 4 5,6 0,6 -4,9 1,2 6,9 4,1 -0,6 2,9 7 -0,3 -0,3 2,4 -2,1 Fonte: Fecomércio/SP O ICC é composto por dois sub-índices: Índice de Condições Econômicas Atuais (ICEA), que mede a perspectiva do consumidor em relação ao presente, e o Índice de Expectativa ao Consumidor (IEC), que avalia a sua perspectiva quanto ao futuro. Neste mês, o otimismo dos paulistanos acima de 35 anos puxou a elevação do ICEA, chegando a 158,7 pontos em fevereiro/2010 ante 152,6 em janeiro/2010, alta de 4%. No segmento de 35 anos ou mais, o ICEA cresceu 5,2%, ao chegar em 158,2 pontos. Quadro 2 – Brasil: Índices ÍNDICE DAS CONDIÇÕES ECONÔMICAS ATUAIS (Situação Presente) Segmentação Índice RENDA SEXO IDADE Menos de 10SM 10SM ou mais Homens Mulheres Menos de 35 anos 35 anos ou mais TOTAL ÍNDICE DE EXPECTATIVAS ÍNDICE DE DO CONSUMIDOR CONFIANÇA DO (Situação Futura) CONSUMIDOR Variação mensal Índice Variação mensal Índice Variação mensal 156,7 3,70% 157,1 -2,70% 156,9 -0,30% 169,3 4,30% 172,1 1,10% 171 2,30% 160,9 3,90% 164,9 -0,80% 163,3 1,00% 156,6 4,10% 154 -3,40% 155,1 -0,50% 159,1 1,60% 161,9 -0,30% 160,8 0,40% 158,2 6,20% 156,8 -3,80% 157,4 0,00% 158,7 4,00% 159,3 -2,10% 159 Fonte: Fecomércio/SP “O ICEA está diretamente ligado à percepção que o consumidor faz em termos de emprego e renda e, no plano mais imediato, são essas variáveis que condicionam a confiança elevada do consumidor”, afirma Thiago Freitas, economista da Fecomercio. Já o IEC, apesar de ter apresentado uma ligeira queda de 2,1%, permanece no patamar 20 de otimismo com 159,3 pontos. Esta variação pode ser considerada como um natural ajuste de confiança. Os dados apurados dos dois sub-índices do ICC apontam que o consumidor elevou sua percepção positiva em relação ao presente e faz ajustes menos otimistas em relação à expectativa futura. “Ainda assim ambos indicadores estão em patamares muito elevados o que pode sugerir uma expectativa otimista e talvez exagerada para os próximos meses”, avalia o economista. O ICC calculado pela FGV, que representa a confiança do consumidor brasileiro, subiu 0,6% em janeiro/2010 ante dezembro/2009, após uma queda de 2,4% no mês anterior. O quesito que mais contribuiu para a evolução do ICC foi o indicador que mede a satisfação do consumidor com a situação financeira da família, isso aliado ao fato de que 60% do PIB é representado pelo consumo das famílias. Com relação à janeiro de 2009, o indicador apresentou acréscimo de 16,1%. Gráfico 12 - Brasil: ICC - FGV Fonte: FGV O Índice é dividido em dois indicadores: o Índice de Situação Atual (ISA), que apresentou alta de 3,2% em janeiro, atingindo 124,8 pontos; e o Índice de Expectativas (IE), que apresentou queda de 1% em janeiro, atingindo 106,6 pontos, menor nível desde maio de 2009. 4.3. Inadimplência O ano de 2010 começou bem no que tange à inadimplência do consumidor, com uma queda recorde de 6,3% em janeiro/10 em relação a dezembro passado. Foi o maior 21 percentual de queda desde 1999, quando teve início o indicador. As razões para isso estão tanto nas melhores condições de crédito no país quanto na utilização do 13°salário para pagamento de dívidas. O recuo da inadimplência em janeiro foi decorrente da queda de 16,2% na devolução de cheques por insuficiência de fundos, emitidos por pessoas físicas, no mês passado (contribuição de 2,8 pontos percentuais na queda de 6,3% registrada pelo indicador agregado em janeiro/10). Em, seguida, as dívidas não honradas junto aos bancos, recuando 5,1% no mês passado, contribuíram com 2,4 pontos percentuais na queda do indicador. Quadro 3 - Brasil: Decomposição do indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor - Janeiro 2010 Cartões e Financeiras Bancos Protestos Cheque Geral Variação -2,9 -5,1 -8,8 -16,2 -6,3 Peso 33,2% 47,7% 2,1% 17,0% 100,0% Contribuição -1,0% -2,4% -0,2% -2,8% -6,3% Fonte: Serasa Experian Segundo os economistas da Serasa Experian, a maior confiança dos agentes econômicos colaborou para a renegociação de dívidas e os economistas ainda ressaltam que a expectativa para os próximos meses é que a inadimplência continue recuando, seguindo o crescimento da economia. Vale lembrar que neste primeiro mês do ano as compras de Natal ainda não repercutiram na inadimplência Em janeiro de 2010, quem liderou o ranking de inadimplência das pessoas físicas foram as dívidas com os bancos, com uma participação de 47,7% no indicador. Em seguida estão as dívidas com cartões de crédito e financeiras, com a representação de 33,2%, os cheques devolvidos, com 17%, e os títulos protestados, com 2,1%. No que tange ao Indicador Serasa de Inadimplência de Pessoa Jurídica, houve um crescimento de 18,8% no ano de 2009, em comparação com igual período de 2008. Foi o maior percentual desde 2001, provocado pela crise financeira internacional que gerou forte volatilidade nos mercados. As empresas tiveram que fazer alguns ajustes internos, como enxugamento da folha de pagamento e o adiamento dos investimentos, já que a aversão ao risco determinou uma 22 liquidez reduzida nos negócios, sobretudo em virtude da menor oferta de crédito e da falta de opção de financiamento no mercado. Contudo, o crescimento do indicador em 2009 foi melhor do que as expectativas, já que nos três primeiro meses de 2009 o crescimento era de 33,1%, comparando com o mesmo período de 2008. Com o real forte, recessão e baixo crescimento das economias globais, as empresas exportadoras sentiram bastante os efeitos da crise. A expectativa do Serasa Experian é que o crédito às empresas cresça mais rápido que ao consumidor em 2010, com inadimplência em queda por todo o 1° semestre. Em 2009, quem possuiu a maior representatividade na inadimplência das empresas foram os títulos protestados, com uma participação de 41,5% no indicador. Em seguida estão os cheques sem fundo, com 38,6%, e as dívidas com bancos, com 19,9% do indicador. 4.4. Crédito Segundo o Banco Central, o total de empréstimos do sistema financeiro às empresas e pessoas físicas cresceu 1,6% em dezembro e 14,9% em 2009. O volume total de empréstimos somou R$ 1,41 trilhão, o equivalente a 45% do Produto Interno Bruto (PIB). O índice era de 39,7% em dezembro de 2008. A previsão do BC é que a expansão do crédito deve ser de 20% em 2010, o que faria a relação crédito/PIB aumentar para 48%. Porém, ao contrário de 2009, quando o crescimento foi liderado pelos bancos públicos, em 2010, ele se dará através dos bancos privados. Fonte: IBGE, 2010d O desempenho de 2009 mostrou uma significativa recuperação do mercado de crédito, após a contração verificada no final de 2008 e início de 2009. A retomada das 23 contratações ocorreu primeiramente no crédito a pessoas físicas, tanto com respeito aos volumes negociados, quanto em relação às taxas de juros e de inadimplência. As operações destinadas às empresas seguem em recuperação gradual, registrando trajetórias favoráveis de redução de juros e de inadimplência, requisitos fundamentais para o restabelecimento do seu ritmo de expansão. Um fato relevante a se destacar é a maior importância dos bancos oficiais no total de empréstimos. Eles, que respondiam por 36,2% do crédito no fim de 2008, passaram para 41,4% em 2009. Por outro lado, a participação dos bancos privados nacionais recuou de 42,8% para 40,4% e a das instituições privadas estrangeiras caiu de 21% para 18,2%. A expectativa para 2010 é a de que os bancos privados irão tentar recuperar o terreno perdido para os públicos. "A concorrência ficará mais acirrada, o que nos obrigará a ser mais ativos, incluindo a criação de produtos", diz o vice-presidente de Finanças da Caixa Econômica Federal, Márcio Percival. "Estamos atentos. Não queremos ficar fora do mercado", diz o diretor do Departamento de Empréstimos e Financiamentos do Bradesco, Nilton Pelegrino, negando que durante a crise o banco tenha puxado o freio do crédito. "Não queríamos ter perdido participação. O que houve é que o tomador perdeu o apetite", afirmou. No que tange à distribuição setorial do crédito, verifica-se que as operações de crédito destinadas ao setor privado, computados os recursos livres e direcionados, atingiram R$1.352 bilhões em dezembro, crescimento de 1,5% no mês. Destaque para as operações com o segmento outros serviços, com saldo de R$246,2 bilhões e aumento de 3,7% relativamente a novembro. Os empréstimos concedidos à indústria evoluíram 0,6%, totalizando R$304,6 bilhões, enquanto os relativos ao comércio cresceram 2,1%, atingindo R$136,7 bilhões. Os financiamentos destinados ao setor habitacional mantiveram desempenho aquecido, atingindo saldo de R$89 bilhões, com expansões de 2,5% no mês e de 40,6% no ano. Já as operações voltadas à atividade agropecuária totalizaram R$112,4 bilhões, registrando declínio de 0,5% no mês e crescimento de 5,7% em doze meses. Os financiamentos contratados com o setor público somaram R$58,4 bilhões em dezembro, apresentando elevação de 2,9% no mês. O que impulsionou esse resultado foi o aumento de 7,1% nas operações assinaladas com os governos estaduais e 24 municipais, cujo volume atingiu R$25,3 bilhões. Em contrapartida, a dívida bancária do governo federal apresentou retração de 0,1%, situando-se em R$33 bilhões. 4.5. Juros Após várias quedas consecutivas, a Anefac apurou que as taxas de juro das operações de crédito voltaram a se elevar em Janeiro/2010. Para o coordenador do estudo – Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac - estas elevações, que não foram generalizadas (algumas linhas de crédito foram reduzidas no mês) podem ser atribuídas a dois fatores: Expectativa do mercado financeiro com uma provável elevação da Selic em virtude da demanda aquecida que vem pressionando os índices de inflação. E a situação nos mercados internacionais por conta da piora das economias na Zona Euro (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), provocando incertezas quanto à capacidade destes países poderem reduzir seus endividamentos e seus déficits fiscais o que provocou um aumento dos juros futuros. De acordo com a pesquisa da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a taxa média geral cobrada para a pessoa física apresentou uma redução de 0,15% no mês, passando de 6,86% ao mês (121,71% ao ano) em dezembro para 6,87% ao mês (121,96% ao ano) em janeiro/2010. Das seis linhas de crédito pesquisadas, três elevaram suas taxas de juros no mês (juros do comércio, cheque especial e empréstimo pessoal-bancos) e 3 apresentaram redução na tacas de juros (cartão de crédito, CDC-Bancos-Financiamentos de veículos e empréstimo pessoal-financeiras). (ANEFAC) Gráfico 14 - Brasil: Taxa media geral dos juros - Pessoa Física Fonte: Anefac jan/10 dez/09 out/09 nov/09 set/09 ago/09 jul/09 jun/09 mai/09 abr/09 fev/09 mar/09 jan/09 dez/08 nov/08 set/08 out/08 jul/08 ago/08 7,80% 7,60% 7,40% 7,20% 7,00% 6,80% 6,60% 6,40% 25 Já no que tange às linhas para a pessoa jurídica, a taxa aumentou 0,83% no mês, passando de 3,62% ao mês (53,22% ao ano) em dezembro para 3,65% ao mês (53,76% ao ano) em janeiro/2010. jan/10 dez/09 out/09 nov/09 set/09 jul/09 ago/09 jun/09 abr/09 mai/09 mar/09 fev/09 jan/09 dez/08 out/08 nov/08 set/08 5,00% 4,50% 4,00% 3,50% 3,00% 2,50% 2,00% Fonte: Anefac Das quatro linhas de crédito pesquisadas três elevaram suas taxas de juros no mês (capital de giro, desconto de duplicatas e desconto de cheques) e uma foi reduzida (conta garantida). 5. O Comportamento do Mercado de Trabalho na Crise e no Pós-crise: fatos e expectativas. No agregado, o Brasil fechou 2009 com uma taxa de desocupação de 6,8%, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE. A estimativa para o último mês do ano passado foi igual ao de 2008. A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) desenvolvida pelo DIEESE e seus parceiros locais, com metodologia distinta, também estima uma estabilidade na comparação anual. Enquanto que em 2008 a taxa de desemprego média do ano foi de 14,1%, no ano seguinte ela variou em 0,1 ponto percentual. Apesar da estabilidade, destaca-se que nos últimos cinco meses do ano passado houve redução contínua da taxa de desemprego, chegando ao ponto de no mês de dezembro a taxa ser a menor desde 1998. 26 Gráfico 16 – Brasil: Evolução da taxa de desocupação em 2009 9,5 9,0 9,0 8,5 8,9 8,8 8,5 8,2 8,1 8,0 7,5 8,0 8,1 7,7 7,6 7,5 Fonte: PME-IBGE 7,4 7,0 6,8 6,8 6,5 6,0 11/08 12 01/09 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho informa que o saldo total de vagas em 2009 foi de 995.110, número inferior ao apresentado no final de 2008: 1.452.204. Esse selecionado de informações dá o tom sobre o comportamento do mercado de trabalho no ano passado: estabilidade com perda de ritmo na geração de empregos e comportamentos semestrais distintos. Pode até soar estranho colocar na mesma frase estabilidade e geração de emprego, afinal, quando há criação de vagas espera-se que ocorra redução no nível de desemprego, mesmo quando existe um ritmo menor de criação de postos de trabalho. Gráfico 17 - Brasil:Taxa de Desemprego em 2009: Brasil x Salvador - PED 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 Jan Brasi l* Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 13,1 13,9 15,1 15,3 15,3 14,8 15,0 14,6 14,4 13,7 13,2 12,5 Sal vador 19,4 19,4 20,1 20,5 21,6 21,3 20,9 20,0 19,4 18,7 17,8 17,0 * Mé di a das re giões me tropolitanas Fonte : DIEESE. 27 Porém, há explicações para esse acontecimento: a redução na procura por emprego e o corte de vagas em alguns setores, principalmente no início de 2009. Acredita-se que essa menor oferta de trabalho foi consequência de um cenário econômico menos estimulante – segundo o DIEESE, a PEA (0,8%) cresceu menos que a PIA (1,8%) e no mesmo ritmo do total de ocupados (0,7%), o que demonstra uma menor pressão sobre o mercado de trabalho. Não há duvidas que o início da crise econômica internacional criou problemas reais para a economia brasileira, principalmente via demanda externa. O estopim da crise provocou o enfraquecimento no nível de atividade que, associado às perspectivas catastróficas sobre o futuro da economia mundial, provocaram uma revisão nos investimentos empresariais. Quadro 4 - Brasil: Variações Relativas (%) de Ocupados, por Setores de Atividade Jan-09/ Fev-09/ Mar-09/ Abr-09/ Mai-09/ Jun-09/ Jul-09/ Ago-09/ Set-09/ Out-09/ Nov-09/ Dez-09/ Dez-08 Jan-09 Fev-09 Mar-09 Abr-09 Mai-09 Jun-09 Jul-09 Ago-09 Set-09 Out-09 Nov-09 Total -1,3 -1,3 -0,8 0,3 0,5 0,4 -0,1 0,7 0,1 1,3 0,7 0,9 Indústria -2,9 -2,9 -1,2 -2,1 -0,6 -1,0 0,5 0,5 -0,5 1,2 2,0 2,9 Comércio -0,2 -0,9 -5,1 -0,2 0,2 3,0 1,2 -0,2 -1,1 1,2 1,2 2,1 Serviços -1,0 -0,9 -0,1 0,9 0,6 0,2 -0,8 1,0 0,4 1,5 0,5 0,2 Construção Civil -3,0 -2,7 1,5 3,3 1,8 -0,9 1,1 3,1 3,2 1,3 0,3 0,0 Outros -1,1 -0,7 1,5 -0,1 0,8 0,5 0,8 -0,3 -0,9 0,5 -0,1 0,4 Fonte: Dieese A primeira medida adotada por diversas empresas, em áreas distintas da economia, foi o corte de postos de trabalho. O primeiro trimestre do ano foi negativo para o mercado de trabalho brasileiro, segundo dados da PED, a taxa de desemprego metropolitano atingiu 15,1% em março, apesar de ter começado o ano em 13,1%. As quedas no nível de ocupados de 1,3% em janeiro e fevereiro, além da redução de 0,8% em março evidenciam o enfraquecimento do mercado de trabalho. O comportamento insatisfatório foi generalizado entre os setores de atividade. Os seis meses seguintes foram de estabilidade no agregado. Durante os meses de abril e setembro a taxa de desemprego esteve no patamar de 15,0%. Setores como o de serviços, a construção civil e o comércio retomaram o ritmo de crescimento econômico mais rapidamente, em parte devido às intervenções estatais, que estimularam 28 inicialmente o comércio (reduzindo os estoques), o setor habitacional e, posteriormente, a indústria. Os números do CAGED sobre o saldo de empregos em 2009 demonstram a recuperação no ritmo de geração de postos de trabalho em todos os setores. Quadro 5 - Brasil: Saldo de Empregos em 2009, segundo Setor de Atividade Janeiro/Março Indústria Abril/Setembro Outubro/Dezembro -35775 210120 55357 Contrução Civil 16123 123915 165201 Comércio -9697 172225 331917 Serviços 49280 302176 585491 Fonte: CAGED - MTE O último trimestre do ano passado pode ser denominado como eufórico. A atividade econômica apresentou um fôlego que não era observado desde 2008. O mercado de trabalho aqueceu. Os números do CAGED e da PED sinalizam a recuperação do ritmo de geração de empregos. Todos os setores apresentaram resultados significativos, conferindo uma prova do que se espera para o ano de 2010. A indústria, setor que promoveu grandes cortes de empregos no final de 2008 e no início de 2009, apresentou um início de recuperação. Os dados da PED informam que outubro, novembro e dezembro foram meses importantes para o emprego industrial, com resultados acima de um por cento de variação no total de ocupados, atingindo no último mês uma variação de 2,9%. 1.400,00 1.250,00 1.327,67 1.300,00 1.356,66 1.350,00 1.344,40 Gráfico 18 - Rendimento médio real habitual da população ocupada (a preços de dezembro de 2009) Fonte: PME – IBGE 1.200,00 11/081201/0902 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 29 O rendimento médio real habitual da população ocupada, apurada em dezembro do ano passado pela PME, foi de R$ 1.344,40, decorrente de uma redução de 0,9% na comparação mensal. Este valor é 0,7% maior que o encontrado no final de 2008. No recorte regional, São Paulo manteve a dianteira entre as regiões metropolitanas pesquisadas, com R$ 1.504,40, seguida por Rio de Janeiro e Porto Alegre que apresentaram R$ 1.343,80 e 1.300,70 respectivamente. Nessas regiões ocorreu variação positiva na comparação anual, enquanto que em Salvador, Recife e Belo Horizonte, o rendimento médio real habitual reduziu (R$ 1.098,40, R$ 861,90 e R$ 1.230,00 respectivamente). No campo das expectativas, o Ministro da Fazenda Guido Mantega acredita que será criado 1,5 milhão de empregos em todo o país durante o ano de 2010. Esse número é similar ao obtido no final de 2008, logo, compreende-se a expectativa do governo de que o ritmo de geração de postos de trabalho voltará ao patamar apresentado pelo país quando o PIB crescia em torno de 5,0% ao ano. Nesse sentido, o mercado e o governo estão juntos, pois ambos sinalizam uma taxa de crescimento do PIB na casa de cinco por cento – conforme destacado no início do artigo. Para alcançar esta meta do governo, cada Unidade da Federação (entre 26 Estados e 1 Distrito Federal) deverá gerar, em média, algo próximo de 55,0 mil empregos. Próximo desta meta, o governo de Pernambuco acredita que serão gerados no Estado cerca de 60 mil novos postos de trabalho, número superior aos de 2008 e 2009, 52,8 e 46,7 mil vagas respectivamente. No ano passado o setor de construção civil obteve um aumento de 25% no total de ocupados no Estado, segundo a PED. A maior variação para o setor em todo o país. A Região Metropolitana de Salvador esteve logo atrás nesta área, com variação de 15% sobre o total de ocupados no setor de construção civil. Considerando as expectativas positivas para o setor, espera-se que este crescimento continue. Alguns motivos que mantém essa esperança são os investimentos para o cumprimento da meta de um milhão de habitações por parte do programa Minha Casa Minha Vida e o grande número de projetos imobiliários espalhados pelos grandes centros. Se a construção civil foi o 30 grande destaque no ano com um crescimento acumulado de pessoas ocupadas em 12,1% (dados da PED), a conjuntura sinaliza que o ritmo deve ser mantido. O setor de serviços demonstrou um forte vigor durante todo o ano. Foi o mais sólido na geração de empregos e o menos atingido. Com a expectativa de retomada do crescimento do PIB, do aquecimento de setores que demandam serviços como a indústria e a construção civil e a continuidade no aumento do mercado interno, esperase que as empresas prestadoras de serviços continuem demandando trabalhadores. A indústria, vilã no mercado de trabalho em boa parte do ano passado, terminou o ano demonstrando um desempenho satisfatório. Considerando o último trimestre do setor, espera-se um 2010 diferente, capaz de reverter o ano negativo, que apresentou uma redução de 6,2% no total de ocupados do setor, comparando-se com o ano de 2008, como informa a PED. Dentre os fatores apresentados pelo mercado e que estimulam o crescimento do emprego industrial, a CNI destaca: o nível de estoques estão reduzidos em grande parte dos segmentos industriais, apenas 9 dos 27 informaram que os níveis estão alto; o nível de utilização da capacidade instalada aumentou no último trimestre em quatro pontos percentuais, atingindo 77%; esses dados demonstram a necessidade da indústria contratar novos trabalhadores e aumentar o consumo de matéria prima. Além disso, a CNI estima que o ritmo de crescimento da indústria já está próximo do pré-crise. 5.1.O ano começou com recordes na geração de empregos. Na esteira das expectativas, os primeiros resultados do mercado de trabalho em 2010 foram divulgados pelo CAGED. O saldo total de empregos criados em janeiro deste ano foi de 181.419, um recorde para este mês. Esse não foi o único recorde de geração de empregos no mês de janeiro, o setor de serviços atingiu o recorde para o período, com 57.889 postos de trabalho criados, enquanto que a construção civil obteve um recorde para toda a série histórica com 54.330 vagas. 31 Tabela 6 - EVOLUCAO DO EMPREGO POR SUBSETOR DE ATIVIDADE ECONOMICA JANEIRO/10 EM 12 MESES VARIACAO VARIACAO SETORES SALDO EMPR % SALDO EMPR % TOTAL 181.419 0,55 1.278.277 4,01 1.192 0,70 3.687 2,14 68.920 0,93 134.915 1,84 2.538 0,72 6.809 1,92 4.CONSTRUCAO CIVIL 54.330 2,40 220.191 11,31 5.COMERCIO -6.787 -0,09 341.151 4,85 6.SERVICOS 57.889 0,44 555.614 4,36 7.ADM PUBLICA -806 -0,11 15.035 1,93 8.AGRIC,SILVICULT 4.143 0,28 875 0,06 0 ---- 0 ---- 1.EXTRAT MINERAL 2.INDUST TRANSFORM 3.SERV IND UT PUB 9.OUTROS FONTE: MTE-CADASTRO GERAL DE EMPREGADOS E DESEMPREGADOS-LEI 4923/65. A indústria de transformação também se destacou positivamente, com o total de 68.920 postos de trabalho criados no mês e liderando a geração de empregos entre todos os setores. Nos últimos doze meses foram gerados 1.278.277 empregos formais. Para o Ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, “é uma demonstração inequívoca da melhora da economia brasileira e mostra que esse ano vai ser o melhor ano da formação de emprego no país”. De forma otimista, Lupi espera que sejam criados um total de 2 milhões de empregos ao longo de todo o ano no país. 6. Referências BACEN. Nota para imprensa – 21.01.2010. Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro. Disponível em: <www.bcb.gov.br>. Acesso em: 24 de jan.2010. BATISTA, Micheline. Pernambuco pode gerar 60 mil empregos formais. Diário de Pernambuco Online. Disponível em: <http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/01/30/economia3_0.asp>. Acesso em: 01 fev.2010. BRASIL deve receber até R$ 500 bi para crédito em 2010. 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