Manejo Ecológico de Pragas - RAP-AL

Transcrição

Manejo Ecológico de Pragas - RAP-AL
O Manejo Ecológico de Pragas e
Doenças
Dra. Andrea Brechelt
Rede de Ação em Praguicidas e suas Alternativas para a América Latina
(RAP-AL)
1
Agradecimento
Agradeço a todos os escritores e a todas as escritoras deste mundo por me darem a possibilidade de aprender
com seus livros, manuais e folhetos. Espero, de coração, que este manual seja estudado com a mesma
intensidade com a qual eu tenho lido as publicações de vocês e espero também que seja útil para muita gente.
A Autora
Título: Manejo Ecológico de Pragas e Doenças
Autora: Dra. Andrea Brechelt
Fundação Agricultura e Meio Ambiente (FAMA)
República Dominicana
Editado por: Rede de Ação em Praguicidas e suas Alternativas para a América Latina
(RAP-AL)
Av. Providencia No. 365 Dpto.41, Santiago de Chile, Chile
Tel. /Fax: 56-2-341 6742
[email protected]
Primeira Edição: Abril de 2004
Impressão:
Revisão: María Elena Rozas, Agnes Valvekens e Fernando Bejarano G.
Responsável pela Edição em português:
Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor – CAPA - Núcleo de Santa Cruz do Sul.
Rua Thomas Flores, 805 - fundos
Caixa postal 471
96810-090 - Santa Cruz do Sul - Brasil - RS
Tradução e revisão:
Hildegard Susana Jung
Jaime Miguel Weber (CAPA) [email protected]
A publicação deste Manual foi possível graças ao apoio de:
HIVOS, Fundo Biodiversidade /Holanda; Sociedade Sueca pela Conservação da Natureza.
2
Índice
1.
2.
3.
4.
5.
5.1
5.2
5.3
5.4
6.
7.
7.1
7.2
7.3
7.4
7.5
7.6
7.7
7.7.1
7.7.2
7.8
7.8.1
7.8.2
7.8.3
7.8.4
7.8.5
7.8.6
7.8.7
7.8.8
7.8.9
7.8.10
8.
Introdução
A problemática da agricultura convencional
O conceito de pragas
As causas da aparição de pragas
Os inseticidas como uma solução
Organoclorados
Organofosforados
Carbamatos
Piretroides
O conceito de Manejo Integrado de Pragas (MIP)
Medidas para a proteção natural dos cultivos contra pragas e doenças
Cultivos mistos e diversificação
Rotação de cultivos
Ritmo natural dos insetos
Preparação do solo
Cercas vivas
Armadilhas
Organismos benéficos
Os diferentes tipos de organismos e seus efeitos
Métodos de utilização
Extratos de plantas
O Nim (Azadirachta indica A. Juss), Fam. Meleaceae
A Violeta (Melia azedarach), Fam. Meliaceae
O Alho (Allium sativum), Fam. Liliaceae
A Pimenta Picante (Capsicum frutescens), Fam. Solanaceae
O Papaia (Carica papaya), Fam. Caricaceae
O Guanabano (Annona muricata), o Mamão (Annona reticulata), Fam. Anonaceae
O Fumo (Nicotiana tabacum), Fam. Solanaceae
O Piretro. (Chrysanthemum cinerariefolium), Fam. Asteraceae
Outros inseticidas botânicos
Outros extratos
Reflexões finais
Anexos
Literatura consultada
Tabelas
3
4
nenhum tipo de intercâmbio com o solo e
uma grande parte deles se perde por erosão
no solo e por livre liberação, o que pode
causar um efeito muito negativo para a água e
por conseqüência para os arroios e rios. A
concentração inadequada de certos nutrientes
na água causa um crescimento anormal das
plantas e animais e um uso exagerado de
oxigênio, causando um colapso neste
ecossistema.
1. Introdução
A agricultura moderna, com a implementação
de monocultivos em grande escala, tem
provocado vários problemas no que se refere
às doenças e pragas resistentes e
especializadas nas plantas cultivadas.
A utilização excessiva de praguicidas de
origem química e sem prévia assistência
técnica, em lugar de resolverem o problema,
tem produzido fortes danos à produtividade
da agricultura, ao ser humano e à natureza.
Por outro lado, o aumento da produção
agrícola e especialmente a produção em
monoculturas, tem criado um aumento
extraordinário de insetos, pragas e doenças
especializados exatamente neste cultivo. Na
natureza não existem pragas. Fala-se de
praga quando um animal, uma planta ou um
microorganismo, aumenta sua densidade a
níveis anormais y afeta direta ou
indiretamente à espécie humana, seja porque
virá a prejudicar sua saúde, sua comodidade,
prejudique as construções ou os prédios
agrícolas, florestais ou currais, dos quais o ser
humano obtém alimentos, forragens, têxteis,
madeira, etc. Ou seja, nenhum organismo é
praga per se. O conceito de plaga é artificial.
Um animal se converte em praga quando sua
densidade aumenta de tal maneira, que causa
uma perda econômica ao ser humano.
Atualmente, muitas instituições estão em
busca de alternativas menos prejudiciais,
aproveitando as defesas naturais dos
organismos e reorganizando completamente
as técnicas de cultivo tradicionais.
2.
A problemática da agricultura
convencional
O crescimento da população mundial e, por
conseqüência, o aumento da necessidade
alimentícia, causaram há aproximadamente
30 anos o início da revolução verde, que tinha
como única prioridade o aumento da
quantidade de alimentos a qualquer custo.
Desde então, realmente tem sido possível ver
no mundo uma mudança extraordinária na
tecnologia agropecuária e, sem dúvida, um
aumento na produção. Mas ao mesmo tempo
também começaram a aparecer efeitos
negativos que não haviam sido calculados.
Para poder aumentar a produção, havia que
aumentar notavelmente a aplicação de
insumos agrícolas. Como as plantas se
alimentam dos nutrientes do solo e avançam
em
seu
crescimento
segundo
a
disponibilidade destes nutrientes no lugar, se
começou a utilizar fertilizantes sintéticos em
grandes quantidades. Além de uma maior
produção, o uso destes fertilizantes tem várias
desvantagens fortes. Os nutrientes aplicados
desta maneira praticamente não realizam
A multidão de problemas fitos sanitários se
combate há muito tempo com inseticidas
químicos. Muito mais ainda na agricultura
convencional, onde são considerados
5
Tabela 3: Fatores que determinam a toxicidade dos pesticidas.
Fatores que intervêm durante
o contato com o pesticida
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Condições climáticas
Tipo e condições de cultivo
Tipo de pesticidas
Concentração aplicada
Formulação
Ingredientes inertes
Método de aplicação
Condições da equipe
Duração da aplicação
Direção do vento
Atenção durante o trabalho
Entre outros fatores
Tipo de Contato
•
Contato com a pele
•
Contato por deglutição (oral)
•
Contacto por aspiração
Efeitos
•
Sintomas diretos:
Enjôo, vômito, contrações
espasmódicas, coma.
•
Sintomas crônicos:
Prejuízos ao fígado e aos rins,
esterilidade, mudança de
hemograma, tumores, reações
alérgicas, mudanças
dermatológicas, entre outros.
Fonte: Schwab, A. (adaptado) (1989).
como a única solução para referidos
problemas, causando efeitos imediatos para
reduzir expressivamente a população de
insetos, de maneira efetiva e no momento
oportuno. Mas este uso discriminado de
químicos na proteção dos cultivos tem
causado graves problemas à saúde humana e
ao meio ambiente. Também não pôde
eliminar ou reduzir as pragas e doenças que
têm atacado as plantações. A situação é
ainda pior. A aplicação permanente de
substâncias químicas tem feito com que os
insetos e outros organismos se mostrassem
resistentes a estas substâncias, significando
que já não surtem nenhum efeito, e que
requerem una dose cada vez maior. Se no
ano de 1938 existiam somente 7 espécies de
insetos resistentes aos 5 grupos de inseticidas
más importantes (DDT, Aldrim, Dieldrim,
Endrim, Heptacloro, Organo-fosforados,
Carbamatos, Piretrinas), hoje em dia
praticamente não existem organismos
daninhos de importância econômica que não
tenham desenvolvido resistência, no mínimo,
contra uma dessas substâncias ativas. Estes
efeitos têm aumentado de uma maneira
extraordinária os custos de produção, com
resultados muitos negativos no que se refere à
competitividade no mercado mundial, tanto
no preço, como na qualidade do produto.
maneira geral, os inseticidas são os mais
tóxicos para o ser humano. Mas os pesticidas
com menos toxicidade aguda também correm
o risco de permanecer por longo tempo na
cadeia alimentícia, chegando de maneira
concentrada ao ser humano, como por
exemplo, os organoclorados. Outros são
sumariamente cancerígenos ou causam
mutações e reações alérgicas. A toxicidade
dos pesticidas para o aplicador depende da
forma de contato e das condições físicas do
homem (Tabela 3). Como especialmente
ocorre na região tropical, onde os aplicadores
não usam roupa de proteção e muitas vezes
não conseguem ler as instruções e indicações,
as intoxicações são muito freqüentes e muitos
casos terminam com a morte (Tabela 4).
Tabela 4: Estimativa das intoxicações por
pesticidas ao ano em nível mundial
Existem diferentes classes de pesticidas
(Tabelas 1 e 2 no anexo). Entre eles, de uma
6
Intoxicações
500,000
-
Mortes
Fontes
5,000
20,640
750,000
1.5 – 2.0
milhões
1.5 milhões
13,800
40,000
WHO 1973
Coppelstone
1977
Bull 1982
Sim 1983
28,000
Levine 1986
!
!
!
Na Região Tropical:
⇒ Aplicou-se 15 % dos pesticidas em nível
mundial!
⇒ Registrou-se 50 % das intoxicações por
pesticidas!
⇒ Registrou-se 75 % dos casos de morte por
pesticidas!
Algumas investigações têm mostrado que
50% das intoxicações e 75% dos casos de
morte por pesticidas acontecem em países da
região tropical, apesar de que ali sejam
aplicados somente 15% dos pesticidas
utilizados a nível mundial.
!
!
!
!
!
Contaminação do ar (organofosforados).
Contaminação do solo (organoclorados).
Contaminação da água (organoclorados e
organofosforados).
Formação de resistências contra os
pesticidas.
Eliminação dos inimigos naturais
(produtos não seletivos).
Redução da população de abelhas.
Envenenamento de aves e peixes.
Redução da biodiversidade, entre outros.
(Organização Mundial da Saúde)
Até há muito pouco tempo atrás, muita gente
pensava que os países em vias de
desenvolvimento não tinham os fundos
necessários para manterem seus recursos
naturais, ou melhor, seus sistemas ecológicos
intactos. A prioridade tem sido a produção de
alimentos para uma população cada dia
maior. Isto tem significado uma luta da
tecnologia contra a natureza.
DL50 para o rato (mg/kg de
peso do corpo
Oral
Dérmica
Sóli- Líqui Sóli- Líqui
dosa -dosa dosa -dosa
Ia Extremam 5 ou 20 ou 10 ou 40 ou
ente
meno meno meno meno
perigoso
s
s
s
s
Ib Altamente >5-50 >20- >10- >40perigoso
200
100
400
II Moderada >50- >200- >100- >400mente
500 2000 1000 4000
perigoso
II Ligeirame > 500
>
>
>
I
n-te
2000 1000 4000b
perigoso
Conhecendo com o tempo os efeitos
negativos desta forma de agricultura, pouco a
pouco está sendo mudado o conceito da
produção agrícola outra vez. O consumidor
tem pedido produtos sadios, o agricultor pede
mais segurança e o ecologista demanda a
proteção do meio ambiente. Agora sabemos
que somente a integração com as condições
naturais permitirá uma produção estável,
ecologicamente
sadia,
economicamente
rentável e permanente. Os conceitos da
agricultura
orgânica
asseguram
esta
estabilidade da produção agrícola, sem causar
danos irreparáveis aos seres humanos, ao
meio ambiente e sem usar muitos recursos
econômicos.
A OMS tem classificado os praguicidas
segundo a sua toxicidade aguda, para advertir
aos agricultores sobre o grau de
periculosidade:
Categorias Toxicológicas OMS
Categoria
toxicológica
Nota: Esta tabela não mostra o efeito crônico
3. O conceito de pragas
Os pesticidas chegam de duas diferentes
formas ao consumidor: com os resíduos nas
hortaliças, ou através da cadeia alimentícia,
concentrando-se
e
causando
danos
irreparáveis e permanentes à saúde humana
(Tabela 5 no anexo).
O impacto sobre o meio ambiente depende do
tipo de fertilizante e pesticida. Os danos mais
comuns são os seguintes:
Na natureza, como resultado de múltiplas
pressões seletivas ocorridas no curso de
milhões e milhões de anos, os organismos
têm
desenvolvido
mecanismos
de
sobrevivência e reprodução que explicam sua
existência atual. Mas, além de sua presença,
advertimos que existe certo equilíbrio nas
quantidades
de
plantas,
animais
e
microorganismos. Ou seja, a ação combinada
7
pragas-chave mais importantes na região
tropical são as Moscas Brancas, os pulgões e
as larvas de lepidópteros, entre outros, em
vários cultivos.
de múltiplos fatores abióticos e bióticos,
explica que os organismos mostrem uma
abundância que, mesmo sendo variável, ela se
mantém mais ou menos constante em torno de
um valor médio típico. Assim, cada espécie em
cada localidade exibe certa abundância
característica ou típica; segundo a magnitude
desse valor, uma espécie será pouco ou muito
abundante.
Pragas ocasionais
São espécies cujas populações se apresentam
em quantidades prejudiciais somente em
certas épocas, enquanto que em outros
períodos perdem importância econômica. O
incremento populacional de uma maneira
geral está relacionado com as mudanças
climáticas ou com os desequilíbrios causados
pelo homem.
Pode-se afirmar que, na natureza, por causa
do efeito recíproco de alguns organismos
sobre outros, sob certas condições
ambientais,
estes
muito
raramente
incrementam suas densidades, muito além de
suas populações médias e, quando o fazem,
com o tempo a situação retorna ao seu estado
normal. Em outras palavras, na natureza não
existem pragas.
Pragas potenciais
É preciso entender que, a grande maioria das
espécies que aparece dentro de uma
plantação, tem populações baixas, sem afetar
a quantidade e a qualidade das colheitas. Mas
se, por alguma circunstância, desaparecessem
os fatores de controle natural, estas pragas
potenciais poderiam passar às categorias
anteriores. Por exemplo: a aplicação
exagerada de inseticidas, que também mata
os benéficos, e as monoculturas, entre outras
atividades, pode causar esta mudança.
Chama-se de praga quando um animal, uma
planta ou um microorganismo aumenta sua
densidade a níveis anormais e como
conseqüência disso, afeta direta ou
indiretamente à espécie humana, seja porque
prejudica a sua saúde, sua comodidade,
prejudique as construções ou os prédios
agrícolas, florestais ou destinados ao gado,
dos quais o ser humano obtém alimentos,
forragens, têxteis, madeira, etc. Ou seja,
nenhum organismo é praga per se. Ainda que
alguns sejam em potencial mais daninhos que
outros, nenhum é intrinsecamente mau. O
conceito de praga é artificial. Um animal se
transforma em praga quando aumenta sua
densidade de tal maneira, que passa a causar
uma perda econômica al ser humano.
Pragas migratórias
São espécies de insetos não residentes nos
campos cultivados, mas que podem chegar a
eles periodicamente, devido a seus hábitos
migratórios, causando severos danos.
Podemos citar como exemplo as migrações
de lagostas.
Pragas-Chave
A classificação de pragas pode sofrer
algumas variações de apreciação, dependendo
do sistema de produção agrícola. Aqui
podemos citar como exemplo a agricultura de
baixos insumos externos e a agricultura
ecológica; nesta última, a dinâmica das
pragas está condicionada pela biodiversidade
gerada pelas características do sistema.
São pragas que aparecem de forma
permanente em grandes populações, são
persistentes e muitas vezes não podem ser
dominadas pelas práticas de controle; se não
são aplicadas medidas de controle, podem
causar severos danos econômicos. Somente
poucas espécies adquirem esta categoria entre
as plantações, geralmente porque não
possuem inimigos naturais eficientes.
Nesta categoria de pragas se baseiam as
estratégias de controle nas plantações. As
Em um sistema conduzido dentro dos
parâmetros da agricultura ecológica, as
8
pragas-chave reduzirão sua ação nociva, uma
vez que se evita contar com somente uma
espécie de planta, o que provocaria um
incremento maior de sua população. Isto
dependerá do tipo de cultivo, as dimensões da
área de cultivo, as características do
desenvolvimento da praga, as condições
ambientais, etc., de tal maneira que a
diminuição da colheita pela ação de uma
praga-chave pode depender muito destes e
outros fatores.
4. As Causas do Surgimento das Pragas.
É necessário analisar quais são os fatores que
diferenciam os ecossistemas naturais dos
ecossistemas artificiais (cultivos agrícolas,
plantações florestais, fazendas de gado), para
então tentar entender as causas do surgimento
das pragas. Alguns destes fatores serão
mostrados a seguir:
•
A grande quantidade de problemas
fitossanitários é combatida há muito tempo
com inseticidas químicos. Muito mais ainda
na agricultura moderna, onde são tratados
como a única solução para referidos
problemas, causando efeitos imediatos para
reduzir expressivamente as populações de
insetos de maneira efetiva e no momento
oportuno. Mas, como resultado, vem
provocando uma situação mais grave ainda.
Especialmente na região tropical, se
apresentam
grandes
problemas
de
intoxicações de agricultores y operários,
efeitos residuais nos produtos agrícolas,
contaminações de solo, água e ar, pragas
resistentes contra praticamente todos os
inseticidas disponíveis no mercado e como
conseqüência de tudo isto, a destruição dos
sistemas ecológicos.
Para suprir as suas necessidades
alimentícias, de vestuário e de moradia, o
ser humano tem transformado áreas de
vegetação
natural,
de
grande
complexidade estrutural, em áreas
uniformes de cultivos que, em certos
casos, podem chegar a centenas de
hectares plantados com um só tipo de
cultivo. Na monocultura se apresenta
uma superabundância de alimento, muito
concentrado fisicamente - enquanto que,
na natureza, o alimento é mais escasso e
está
mais
espalhado-;
essa
disponibilidade do recurso permite que
um organismo herbívoro ou inclusive
patogênico possa
alcançar
níveis
epidêmicos, de praga.
• Em conexão com a simplificação dos
Nos sistemas agrícolas tradicionais, os
métodos de proteção vegetal são basicamente
preventivos, influenciando de maneira
negativa as condições ambientais para as
pragas e de maneira positiva para os insetos
benéficos. Os sistemas ecológicos, além
disso, são associações entre plantas, animais,
microorganismos e os componentes abióticos.
Cada ser vivente tem seu hábitat e sua
convivência com outros seres vivos. Esta
relação tem se desenvolvido durante um
longo processo de adaptação e seleção.
•
As regiões dedicadas à agricultura devem ser
tratadas como sistemas ecológicos. Isto
significa que é preciso adaptá-las às
condiciones locais e levar em conta as leis
ecológicas,
para
o
desenvolvimento
agropecuário.
•
9
ecossistemas naturais, tem-se eliminado a
vegetação silvestre que, segundo tem sido
documentado em alguns casos, serve
como fonte de alimento ou refúgio aos
inimigos naturais (parasitas e predadores)
das pragas, pelo que a densidade destes
diminui e, de maneira concomitante,
aumenta a densidade da praga.
Certos cultivos exóticos, ao serem
introduzidos em uma nova região, podem
ser atacados por organismos que nunca
haviam estado em contato com eles, e que
se alimentam de plantas silvestres. Esta
mudança de preferência, acrescentada à
plantação extensiva do novo cultivo,
favorece a conversão em praga de um
organismo previamente inofensivo.
Na natureza, e inclusive nas plantações,
há alguns organismos que atacam aos
outros e são denominados inimigos
naturais. Estes podem ser classificados
como
predadores,
parasitas
ou
•
•
5.
•
patogênicos, e mantêm certos insetos em
baixas densidades (chamados pragas
secundárias) que, se não existirem
aqueles, alcançariam o status de praga
primária. Na verdade, quando usamos
exageradamente os praguicidas para
combater uma praga primária, essas
substâncias dizimam ou eliminam os
inimigos naturais das pragas secundárias,
motivo pelo qual estas podem alcançar
densidades anormais e se converterem em
pragas primárias. Assim, os praguicidas
estarão, na verdade, fomentando a
aparição de pragas.
O ingresso acidental de um organismo
em uma nova região ou país e o súbito
incremento de suas densidades, criam um
problema de praga que antes era
inexistente. Com relação aos insetos, a
aparição destas pragas exóticas, que
muitas vezes não alcançam o status de
praga no seu país de origem, se explica
pelo ingresso dos inimigos naturais dessa
praga, que conseguem mantê-la a baixas
densidades naquele país.
Certos gostos ou hábitos dos consumidores, ou pautas fixadas para a exportação
de produtos agrícolas, fazem com que
não se aceitem no mercado produtos com
pequenos danos que não impediriam seu
consumo, ou com dano aparente, puramente superficial. Ou seja, esses gostos,
hábitos ou pautas convertem um dano
aparente em um dano real, e ao organismo causador, de inofensivo em nocivo.
•
•
•
Os compostos organoclorados são altamente
estáveis, característica que os torna valiosos
por sua ação residual contra insetos e por sua
vez perigosa, devido ao seu prolongado
armazenamento na gordura dos mamíferos.
Dentro deste grupo de inseticidas encontramse compostos tão importantes como o DDT,
BHC, clordano e dieldrim.
Estes compostos provocaram uma revolução
no combate aos insetos, por seu amplo
intervalo ou espectro de ação e seu baixo
custo; tem sido usado de maneira intensiva
para controlar pragas agrícolas e tem
importância
médica.
Possuem
baixa
toxicidade para mamíferos e outras espécies
de sangue quente e seus resíduos são de
grande persistência no ambiente; além disso,
devido ao seu alto grau de lipo-solubilidade,
se acumulam nos tecidos adiposos de muitos
organismos através do processo de biomagnificação na cadeia trófica.
Por estes problemas mencionados, hoje em
dia a comunidade internacional está tentando
proibir sua produção, sua comercialização e
seu uso através do Convênio de Estocolmo
sobre
Contaminadores
Orgânicos
Persistentes.
Os inseticidas como uma solução
A maioria dos problemas fitossanitários é
combatida desde séculos com inseticidas químicos. Muito mais ainda na agricultura moderna, são tratados como a única solução para
referidos problemas, causando efeitos imediatos para reduzir expressivamente as populações de insetos de maneira efetiva e no momento oportuno. Os inseticidas químicos pódem ser divididos em quatro grandes grupos.
5.1
Apresentarem em sua molécula átomos
de carbono, hidrogênio, cloro e
ocasionalmente oxigênio.
Conterem anéis cíclicos ou heterocíclicos
de carbono.
Serem apolares e lipofílicos.
Terem pouca reatividade química.
5.2
Organofosforados
O desenvolvimento destes inseticidas data da
Segunda Guerra Mundial, quando os técnicos
alemães encarregados do estudo de materiais
que poderiam ser empregados na guerra
química, descobriram e sintetizaram uma
grande quantidade de compostos orgânicos
do fósforo. Posteriormente, os trabalhos
feitos pelo químico Gerhard Schrader no
campo da agricultura, permitiram comprovar
que muitos dos compostos orgânicos do
Organoclorados
Este grupo de inseticidas se caracteriza por:
10
fósforo apresentavam toxicidade elevada
contra insetos prejudiciais.
organofosforados,
inibindo
a
colinesterasa nas sinapses nervosas.
A maioria dos organofosforados atua como
inseticida de contato, fumegantes e de ação
estomacal, mas também se encontram
materiais sistêmicos, que quando aplicados
no solo e nas plantas são absorvidos por
folhas, talos, cortiça e raízes, circulam na
seiva, tornando-a tóxica para os insetos que
se alimentam ao sugá-la.
O problema em geral que apresentam estes
inseticidas, é a sua alta toxicidade aguda,
portanto, são muito perigosos para o usuário
direto, o agricultor.
5.4
∗
∗
5.3
básicas
Piretróides
A partir dos anos 80, o grupo dos piretróides
tem recebido muita atenção devido a sua
baixa toxicidade para os mamíferos, quase
nula acumulação no meio ambiente e grande
utilidade como alternativa no combate de
pragas agrícolas. Infelizmente, apesar de que
somente haja sido autorizado um número
reduzido de piretróides, já foram registrados
casos de resistência no campo e no laboratório. Este grupo de compostos tem sido sintetizado ao usar como base a estrutura química
das piretrinas naturais, com as quais se compartilha algumas características toxicológicas.
Os primeiros compostos organofosforados
utilizados como inseticidas pertencem ao tipo
de ésteres sensíveis do ácido fosfórico, tais
como o TEPP e outros, aos que se
acrescentou depois o paration Tiofosfato, que
apesar de ser antigo, segue sendo de uso
comum em todo o mundo.
Características
Organofosforados
Acetil-
dos
São mais tóxicos para vertebrados que os
compostos organoclorados.
Não são persistentes no meio ambiente,
principal causa que motivou a
substituição do uso dos organoclorados
pelos organofosforados.
O piretro é um inseticida de contato, obtido
das flores Chrysantemun cinerariaefolium
(Compositae) que tem sido usado como
inseticida desde o ano 400 a.C., na região que
hoje em dia é o Irã. Era conhecido como pó
da Pérsia e se presume que foi empregado
para combater piolhos humanos. Atualmente,
se sabe que as variedades que crescem nos
planaltos do Quênia produzem as proporções
mais altas de ingredientes ativos; comercialmente, são cultivadas no Cáucaso, Irã, Japão,
Equador e Nova Guiné. O piretro deve sua
importância a sua imediata ação (uns quantos
segundos) sobre insetos voadores, acrescido a
sua baixa toxicidade para animais de sangue
quente, devido ao seu rápido metabolismo de
produtos não tóxicos. Deste modo, a
diferença do DDT, o piretro não é persistente,
pois repele alguns insetos e seus resíduos são
de vida curta. Estas características evitaram a
exposição prolongada dos insetos ao piretro,
o qual contribuiu ao escasso número de casos
de resistência ao produto, apesar de ter sido
empregado por muito tempo.
Carbamatos
Nos anos 60, apareceu um terceiro grupo de
inseticidas, conhecidos como carbamatos. Os
carbamatos apresentam uma persistência e
toxicidade
intermediária
entre
os
organoclorados e os organofosforados, têm
usos
variados,
principalmente
como
inseticidas, herbicidas e fungicidas.
O carbaril é o carbamato mais conhecido e
utilizado no controle de larvas e outros
insetos que se alimentam da folhagem. O fato
de que estes derivados tenham sido
desenvolvidos mais recentemente que os
organofosforados, faz com que seu
comportamento, de uma maneira geral (ação,
seletividade, metabolismo, etc.), não tenha
alcançado o desenvolvimento que se tem
obtido com os inseticidas organofosforados.
Os carbamatos atuam da mesma forma que os
O piretro é usado para combater pragas em
alimentos armazenados, contra insetos
11
micamente aceitáveis, aproveitando, da melhor forma possível, os fatores naturais que
limitam a propagação de referidos organismos.” De acordo com esta definição, o objetivo do manejo integrado de pragas é minimizar o uso de produtos químicos e dar prioridade a medidas biológicas, biotécnicas e
de fito-melhoramento, assim como às técnicas de cultivo. Se aplicássemos desta maneira, estaríamos na metade do caminho para um
manejo ecológico de pragas. Mas, apesar de
que o meio ambiente e as medidas ecológicas já desempenhem um papel importante
nesta estratégia, a economia, sem dúvida, tem
prioridade.
caseiros e de cultivos industriais, dirigido a
larvas já adultas de lepidópteros e de outros
insetos fitófagos de vida livre, sempre e
quando parte de seu ciclo biológico possa
estar exposto à ação do contato do tóxico.
O piretro é obtido a partir das flores secas de
crisântemo; é extraído com querosene e
dicloruro de etileno e se condensa por
destilação ao vazio.
São vários os fatores ambientais que degradam as piretrinas, entre eles, luz e calor. Sua
baixa estabilidade impede que sejam efetivas
contra pragas em condições de campo.
Devido à instabilidade das piretrinas, em
meio e ao desenvolvimento de outros
produtos inseticidas, na década dos anos 40
se relegou o estudo das piretrinas. Ainda
assim, em 1945 foi sintetizada a retrolona, a
partir da piretrina I; este foi o primeiro
piretróide sintético.
Ainda assim, muitas das características do
MIP também são importantes para o Manejo
Ecológico de Pragas (MEP). Portanto, vale
mencioná-las aqui:
Características básicas do MIP:
•
Na atualidade, os piretróides sintéticos têm
perdido quase que completamente a piretrina
natural. O problema mais grave da sua
utilização é o rápido desenvolvimento de
resistências em algumas pragas.
6.
•
•
•
O conceito do Manejo Integrado de Pragas
(MIP)
•
Os resultados negativos do uso exagerado dos
pesticidas têm causado reações também no
mundo da agricultura convencional. Tanto os
serviços de extensão agrícola, como os
fabricantes de insumos agroquímico e os
organismos internacionais, têm procurado
uma solução para os perigos graves que os
químicos podem causar ao meio ambiente e à
vida humana. Um compromisso que tem sido
aceito todas as partes é o Manejo Integrado
de Pragas (MIP).
•
Segundo a definição da FAO, “O Manejo
Integrado de Pragas é uma metodologia que
emprega todos os procedimentos aceitáveis
desde o ponto de vista econômico, ecológico
e toxicológico, para manter as populações de
organismos nocivos abaixo dos níveis econo-
O controle se baseia em conhecimentos
sobre os organismos nocivos e benéficos.
A meta é estabelecer as populações de
organismos daninhos a baixo nível de
densidade, e não eliminá-los.
A combinação de várias medidas de
controle.
A inclusão do ecossistema na estratégia
do controle para conseguir manejar.
A aplicação de rígidas regras de rentabilidade. Ou seja, que somente sejam implementadas medidas de controle quando
o prejuízo esperado seja maior que os
custos de referida medida. Isto nos leva
ao conceito do parâmetro de intervenção.
Realização das aplicações das medidas ao
seu devido tempo; com isto se renuncia
ao “calendário de aplicações”, por ser
este um método que induz a um emprego
excessivo
e
indiscriminado
de
praguicidas.
O conceito dos parâmetros
O parâmetro econômico indica o grau de
infestação por uma praga, no qual os custos
de uma medida de controle são equivalentes
12
teremos que passar ao capítulo da proteção
natural das plantações. O mais importante
neste capítulo é não esquecermos dos
parâmetros de intervenção. Também na
agricultura orgânica, o agricultor tem que
trabalhar com um conceito econômico. Se ele
aplicar um produto biológico segundo um
calendário,
mas
sem
necessidade,
possivelmente não causará efeitos negativos
ao meio ambiente ou ao ser humano, mas
estará perdendo dinheiro. Uma agricultura
orgânica sem rentabilidade não existirá
durante muito tempo.
ao valor monetário da perda de colheita que
essa medida evita.
O parâmetro de intervenção indica o grau de
infestação no qual se deve implementar uma
medida de controle, para evitar que a
população de organismos nocivos supere o
parâmetro econômico.
Para a tomada de decisões com fundamento
econômico no manejo integrado de pragas é
relevante o parâmetro de intervenção. Para
determinar com exatidão o parâmetro de
intervenção é necessário conhecer os
seguintes parâmetros:
• A relação entre população de organismos
nocivos e a perda de lucros, isto é, a
relação infestação - perda.
• Os lucros obtidos, se não intervêm na
influência da população de organismos
nocivos, isto é, os lucros potenciais.
• O preço do produto da colheita,
expressando como preço desde a
exploração agrícola.
• Os custos de uma medida de controle.
• A eficácia de uma medida de controle.
7.
Medidas para a proteção natural das
plantações
Que medidas existem para proteger as
plantações orgânicas contra animais e
doenças que podem reduzir notavelmente a
rentabilidade da produção também na
produção orgânica?
Manejo Agro-ecológico de Pragas (MAP)
Controles culturais
•
•
•
•
•
•
Disto se deduz que o parâmetro de
intervenção é um fator variável e na prática é
difícil determiná-lo com exatidão. Além
disso, é necessário um sistema permanente de
vigilância do cultivo.
•
Os instrumentos do manejo integrado de
pragas
•
•
•
Os instrumentos mais importantes do manejo
integrado de pragas podem ser classificados
em quatro grupos principais:
• As técnicas de cultivo e medidas de fitomelhoramento.
• As medidas de controle mecânicas e
físicas.
• As medidas biológicas e biotécnicas de
proteção vegetal.
• As medidas químicas
Controle manual de insetos.
Eliminação de plantas ou frutas doentes.
Descanso da terra.
Variedades resistentes.
Rotação e associação de cultivos.
Manejo da densidade e das datas de
semeadura.
Manejo do risco para combate de ervas
daninhas.
Cercas-vivas para criar refúgios para os
inimigos naturais.
Armadilhas.
Caldos minerais.
Controle biológico
•
•
•
Conservação ou fomento dos inimigos naturais
das pragas.
Aumento de organismos benéficos.
Introdução de inimigos naturais contra pragas
exóticas.
Controle com plantas inseticidas
•
Uso de pós, extratos, óleos de plantas com
propriedades inseticidas, reguladores de
crescimento, repelentes ou que alterem o
comportamento das pragas.
Fonte: Bejarano G., F. (2002)
É óbvio que os três primeiros pontos também
são a base para o manejo ecológico de pragas.
Por tanto, para explicar as diferentes medidas,
13
7.1
Alguns destes métodos serão descritos mais
detalhadamente.
Cultivos mistos e diversificação
Nos sistemas tradicionais de agricultura, os
métodos de proteção vegetal são basicamente
preventivos, influindo de maneira negativa as
condições ambientais para as pragas e de
maneira positiva as dos insetos benéficos.
Os sistemas ecológicos são associações entre
plantas, animais, microorganismos e os
componentes abióticos. Cada ser vivente tem
seu hábito e sua convivência com outros seres
vivos. Esta relação tem sido desenvolvida
durante um longo processo de adaptação e
seleção.
Muitos dos organismos nocivos mais importantes são monófagos, ou seja, se especializaram em um gênero de espécies vegetais,
ou inclusive em uma só espécie. O cultivo de
uma planta ou o cultivo contínuo desta
mesma planta cria as condições de vida para a
multiplicação acelerada de algumas pragas.
As regiões dedicadas à agricultura devem ser
tratadas como sistemas ecológicos, isto
significa adaptá-las às condições locais e
levar em conta as leis ecológicas para o
desenvolvimento agropecuário.
Certas combinações de diferentes cultivos
reduzem drasticamente o perigo de infestação
por uma praga. Um bom exemplo para esta
prática é a combinação de milho com feijão.
Os cultivos associados favorecem as
populações de organismos benéficos, servem
como barreira para impedir que um
organismo nocivo se disperse até seu
hospedeiro e aumentam a diversidade. A
idéia é utilizar plantas de diferentes famílias,
que geralmente têm diferentes exigências
acerca do lugar e são sensíveis ou resistentes
contra diferentes tipos de pragas e doenças.
Além disso, em um cultivo misto, as plantas
hospedeiras de uma praga encontram-se mais
distantes.
Algumas
experiências
têm
demonstrado que, por todos estes efeitos,
pode-se reduzir a incidência de pragas de
30% a até 60%.
A proteção vegetal é muito complexa, na qual
influem tanto as condições agro-ecológicas,
como econômicas e sócio-culturais. É
necessário um equilíbrio entre as diferentes
medidas para poder manter o sistema o mais
próximo possível ao natural e os níveis de
insetos, doenças e outros agentes o mais
longe possível do parâmetro econômico. O
parâmetro econômico indica o grau de
infestação no qual os custos de uma medida
de controle são equivalentes ao valor
monetário da perda de colheita que essa
medida evita. O parâmetro de intervenção
deve aludir ao grau de infestação, no qual se
deve programar uma medida de controle, para
evitar que a população de organismos nocivos
supere o parâmetro econômico.
Combinações favoráveis são:
• Milho - feijão
• Tomate - repolho
• Milho - feijão - banana
• Milho – batata-doce
• Milho - amendoim
• Milho - mandioca - feijão
• Milho – feijão-guandú
14
•
•
•
•
Milho - feijão - amendoim - arroz
Rabanete - pimentas - alface
Batata inglesa - cebola - feijão - milho
Batata-doce - berinjela - tomate
A rotação específica de cultivos é a única
medida rentável de controle de determinados
nematóides ou organismos patogênicos, como
por exemplo, os cogumelos que vivem no
solo. O princípio deste método consiste em
retardar a semeadura seguinte da planta
hóspede, até que as condições de vida para os
organismos não lhes permitam sobreviver.
Uma rotação adequada de cultivos é especialmente eficaz para privar de nutrientes os
organismos que, devido a sua escassa mobilidade ou estenofagia, dependem de uma unica
planta hospedeira, demonstrando menor eficácia contra organismos polífagos ou móveis.
É muito melhor também a integração de cultivos permanentes, como, por exemplo, árvores
frutíferas, palmeiras ou outro tipo de árvores.
Uma forma especial é a semeadura de plantas
repelentes, muitas vezes não comestíveis,
contra
algumas
pragas
específicas,
aproveitando, por exemplo, seu forte cheiro
para afastar os insetos e outros tipos de
animais. Algumas plantas que podem usadas
como repelentes são as seguintes: coentro,
salsa, aipo, menta, hortelã, crisântemo,
gergelim e algumas gramíneas. De uma
maneira geral, podem ser de grande efeito
contra as larvas de borboletas e nematódeos.
7.2
A rotação requer que o produtor pense a
respeito do papel que cada cultivo assume em
seu sistema. Em um sistema produtivo,
podem envolver-se 5 tipos de plantas,
segundo a parte aproveitável:
Rotação de cultivos
A rotação de cultivos é a plantação sucessiva
de diferentes cultivos no mesmo terreno. As
rotações são opostas ao cultivo contínuo e
podem ir de 2 a 5 anos de continuidade.
Geralmente, o agricultor planta a cada ano,
uma parte de seu terreno com cada um dos
cultivos que fazem parte de sua rotação.
Os organismos nocivos podem sobreviver nos
restolhos, em outras plantas que atuam como
hospedeiros provisórios, ou inclusive no solo,
invadindo o próximo cultivo. Sem dúvida,
mediante uma sucessão de cultivos não adequados para as pragas, pode ser interrompido
o ciclo de vida destes organismos.
Raiz
Hortaliç Sement
as de
es
folhas
Frutas Pasto/
Ervas
Batata
inglesa,
batatadoce,
cebola,
cenoura,
mandioca,
alho,
beterraba,
rabanete.
Repolho,
alface,
aipo,
espinafre,
couve
chinesa,
manjericão
, coentro
Tomate,
abóbora,
alho,
melão,
berinjela
, pepino
Milho,
lentilhas,
feijão,
feijãoguando
2 ou 3 anos
de mistura
permanente
de ervas
leguminosas
quando há
produção
animal
(época de
descanso)
Uma rotação adequada de cultivos requer
como base um registro dos cultivos de cada
parcela.
7.3
Ritmo natural dos insetos
A escolha da época adequada para a
semeadura também pode reduzir muito a
infestação na plantação. Normalmente, cada
etapa de crescimento do cultivo está
associada com pragas específicas. Portanto, é
preciso fazer todo o possível para que a etapa
sensível da planta não coincida com a alta
incidência de uma praga que prefira
exatamente o cultivo nesse estado. Para isto,
é necessário conhecer os ciclos de vida dos
insetos daninhos mais importantes e os
efeitos de seus diferentes estágios aos
cultivos.
Desenho 1: Esquema para a rotação de
cultivos. (Fonte: Suquilanda V., M. B. 1995).
15
7.4
Preparação do solo
7.6
A preparação adequada do solo é uma boa
medida contra pragas que desenvolvem seus
estados larvais ou quando estão em forma de
batata, no mesmo solo ou em resíduos
orgânicos que ficam depois da colheita. O
arado influi de duas formas:
• Ovos, larvas e grãos podem ser
transportados a níveis tão profundos no
solo, que não lhes será possível chegar à
superfície.
• Também é possível que sejam
transportados à superfície, onde secarão
pela ação do sol, ou aves ou outros
animais poderão vir a comê-los.
O controle ecológico utiliza algumas
características do comportamento das pragas
para estabelecer estratégias de controle.
Desde tempos se sabe que muitas espécies de
insetos são fortemente atraídas a fontes de luz
e à cor amarela. Estas características têm
permitido o aperfeiçoamento de técnicas de
armadilhas para alguns lepidópteros e
coleópteros (armadilhas luminosas) e para
alguns dípteros (armadilhas amarelas).
Com o avanço das análises bioquímicas, temse conseguido sintetizar compostos naturais,
que são excretados ao exterior do corpo dos
insetos, atuando como mensagens químicas e
afetando vários tipos de comportamento.
Estes compostos são conhecidos como semioquímicos e deles, os feromônios sexuais são o
grupo que possui maior aplicação prática.
Especialmente em regiões quentes, qualquer
tipo de arado tem também efeitos negativos e
causa problemas no equilíbrio do solo. O
húmus pode se destruir e se acelera a erosão.
A decisão sobre este tipo de trabalho é
preciso que seja tomada tendo por base a
infestação do solo, a situação do lugar e com
muito cuidado.
7.5
Armadilhas
Os feromônios sexuais são substâncias
produzidas por um organismo e percebidas
por outro pertencente à mesma espécie, para
provocar reações específicas em seu
comportamento e em sua fisiologia.
Cercas-vivas
Para conseguir uma implementação exitosa
desta tecnologia e com ela reduzir as
aplicações de inseticidas, é necessário
determinar o parâmetro econômico, ou seja,
definir com certo grau de precisão um
tamanho de captura de machos, através dos
quais se incrementa notavelmente o risco de
perdas econômicas causadas pelo dano das
larvas da praga. Como a captura dos machos
se faz vários dias antes de aparecerem as
larvas, desta maneira se pode averiguar se o
nível desta praga vai chegar ao parâmetro
econômico ou não. Se a resposta for negativa,
segue-se com a captura e o monitoramento.
Se a resposta for positiva, determina-se a data
de início das aplicações de praguicidas
biológicos, sem perda de dinheiro.
As cercas-vivas são utilizadas na agricultura
para evitar os danos de animais grandes na
fazenda e para proteger as propriedades em
geral.
Na região tropical as espécies mais usadas
são:
• O Candelabro (Euphorbia lactea)
• O Cróton (Codiaeum variegatum)
• O Pinhão Cubano (Gliciridia sepium)
• O Pinhão de Leite (Jatropha curcas)
• O Agave-mexicano (Agave sisalana)
Estas cercas podem hospedar uma grande
quantidade de insetos, aves, aranhas e outros
organismos úteis para o controle natural das
pragas. Una cerca cria nichos ecológicos para
os animais úteis.
Introduz-se mais
diversidade nas parcelas, com o resultado
mais comum de diminuir o impacto das
pragas. Também, como os cultivos estarão
mais protegidos das influências ambientais,
mostrarão uma resistência maior.
Esta tecnologia pode ser utilizada para:
• Melhorar a eficiência dos praguicidas
convencionais.
• Suprimir a população sem praguicidas,
através do massivo aprisionamento
16
da assim, este tipo de processo pode acelerarse por inoculação, dado que os patogênicos
em geral podem aplicar-se em forma de
produtos fabricados de acordo com uma fórmula. Já existem vários produtos comerciais
deste tipo no mercado internacional.
através de armadilhas e a interrupção do
acasalamento ou confusão dos machos.
Há ainda alguns problemas que são obstáculos para o desenvolvimento mais acelerado
deste método e isto tem a ver com uma incompleta identificação dos componentes químicos dos feromônios, falta de bons dispersores, alto custo de produção e um incompleto conhecimento da biologia das pragas.
Devido à crescente demanda por um uso
adequado dos agroquímicos sintéticos, podese esperar que em um futuro próximo seja
incrementada a investigação e o uso prático
dos feromônios sexuais como um componente importante do manejo das pragas agrícolas.
7.7
Broto de café infestado por
Beauveria bassiana
Organismos benéficos
Como já explicamos anteriormente, nos sistemas ecológicos intactos, as pragas potenciais
têm seus inimigos naturais, que ajudam a
manter sua população a um nível aceitável.
No caso de sistemas agro-ecológicos e em se
tratando de insetos pragas não nativos do
país, estes organismos poden ser aproveitados
para um sistema de proteção vegetal estável.
7.7.1
Os mais conhecidos são:
• Bactérias: Bacillus thuringiensis (contra
larvas de lepidópteros). O produto mais
conhecido e vendido deste grupo.
• Fungos: Beauveria bassiana (contra
Hypothenemus
hampei,
Diaprepes
abreviatus), Metarhizium anisopliae (para o controle de Hypothenemus hampei,
Empoasca sp.) , Verticillum lecanii
(contra Bemisia tabaci), entre outros.
• Vírus: Poliedrose nuclear ou granulose
(que afetam larvas de lepidópteros).
Os diferentes tipos de organismos e
seus efeitos
Os organismos benéficos utilizados para o
controle biológico podem classificados em
quatro grupos:
• Patogênicos.
• Parasitóides.
• Predadores.
• Fitófagos.
Estes produtos, basicamente os fungos, têm
ganhado muita importância por serem
capazes de controlar a broca do café. Em
vários países está sendo realizado o manejo
da broca utilizando um produto à base de
Beauveria como único “fungicida”, utilizando-se adicionalmente controles culturais.
Patogênicos
Entre os patogênicos que atacam aos artrópodos, encontram-se bactérias, fungos, vírus
e protozoários. Os patogênicos estão sempre
latentes no ecossistema. Sob condições favoráveis, produz-se de forma espontânea um
aumento de sua população e reduz-se as dos
organismos daninhos. De uma maneira geral,
estes aumentos da população de um patogênico se produzen somente quando a densidade da população de uma praga já alcançou um
ponto crítico e o cultivo já sofreu danos. Ain-
Parasitóides
Cephalonomia stephanoderis
17
por épocas, de plantas e podem ser destruídos
por venenos de contato ou por ingestão, ou
ainda por inseticidas sistemáticos.
Os
parasitóides
são
insetos
cujo
desenvolvimento acontece no corpo de um
inseto hóspede, causando a morte deste. Em
geral, os parasitóides atacam a uma
determinada espécie, e sua densidade de
população depende diretamente da população
da espécie hóspede. Ainda assim, o
desenvolvimento dos parasitóides acontece
com atraso em relação ao do hospedeiro, de
modo que um rápido aumento da densidade
da população de organismos nocivos produz
danos nos cultivos, antes de que os
parasitóides possa, inibir a sua ação.
Coccinella septempunctata (larva)
O controle biológico pode ser realizado importando, adaptando e criando grandes quantidades de parasitóides de outras regiões e
liberando-os na zona, ou ainda fomentando a
tiempo a densidade das populações de parasitóides existentes. Ambos métodos requerem
uma considerável capacidade para a comservação e para a criação massiva de insetos.
•
•
•
Os predadores mais importantes são:
• Percevejos e ácaros predadores.
• As joaninhas ou cascudinhos
(coleópteros coccinélidos).
• Os
escaravelhos,
aranhas
e
Chrysopidae.
Os parasitóides mais conhecidos são:
Trichograma sp. (para larvas e ovos
de lepidópteros).
Cephalonomia stephanoderis (contra
a broca do café)
Encarsia formosa (contra a mosca
branca).
Predadores
A vespa da família Chrysopidae
Fitófagos
Os fitófagos são organismos que devoram
partes das plantas, causando sérios trastornos
em seu desenvolvimento. Hoje se utilizam,
para o controle dos malefícios, sobretudo insetos e, em meios aquáticos, peixes fitófagos.
7.7.2
Métodos de utilização
A utilização de grupos de organismos
benéficos para o controle de pragas abarca
três formas: introdução, conservação e
fomento, e liberação periódica de organismos
benéficos.
Coccinella septempunctata (adulto)
Os predadores exterminan aos organismos
daninhos, caçando-os e devorando-os. Não
perseguem, em geral, a uma espécie determinada, e sua mobilidade faz com que sejam
eficazes também contra populações de baixa
densidade. Alguns predadores se alimentam,
Na introdução de um programa de controle
biológico, é preciso observar os seguintes
passos:
18
seguintes organismos de maneira regular no
controle de pragas, entre outros:
• Beauveria bassiana contra a broca do
café y Diaprepes sp. em cítricos.
• Verticillum lecanii contra a mosca
branca.
1. Determinar a importância econômica do
organismo daninho.
2. Identificar corretamente o organismo
daninho e comprovar se é importado ou
autóctono.
3. Coletar informações sobre o organismo
daninho que se deseja controlar.
4. Identificar os inimigos naturais e
determinar sua eficiência.
5. Analisar as condições para o
estabelecimento de um organismo
benéfico.
6. Identificar os fatores que influenciam
sobre a densidade das populações.
7. Calcular a relación custo-beneficio das
medidas de controle biológico planejadas.
De uma maneira geral, as condições e os
cultivos de ciclo curto não permitem uma
instalação permanente do organismo benéfico, para o que seriam necessárias aplicações
periódicas quando aparecem as pragas.
7.8
Extratos de plantas
A natureza tem criado durante séculos várias
substâncias ativas que, quando corretamente
aplicadas, podem controlar insetos pragas de
maneira eficiente. A substituição dos
inseticidas sintéticos por substâncias vegetais
representa uma alternativa viável, mas não
significa que estes extratos de plantas possam
reestabelecer por si mesmos o equilíbrio
ecológico que reclamamos para um sistema
agro-ecológico estável. O controle direto com
este método não deixa de ser uma medida de
emergência e deve ser utilizado com muita
precaução.
Além disso, como não são
sistemáticos, é preciso que sejam aplicados
com muita precisão no verso das folhas, onde
habita a maioria dos insetos pragas.
A forma mais conhecida de controle
biológico de uma praga é importar de seu país
de origem os inimigos naturais de referido
organismo e estabelecê-los no lugar. Este
método tem sido vitorioso a longo prazo,
somente se o organismo se adapta ao seu
novo meio, se ele se multiplica e se expande.
A hipótese neste caso é que, um inseto
introduzido pode facilmente converter-se em
uma praga, pela falta dos inimigos naturais,
os quais em seu país de origem o mantêm em
um nível economicamente aceitável.
Se não é possível a instalação definitiva de
um inimigo natural, ou se a sua densidade
não é suficiente para um controle eficiente, é
preciso realizar uma liberação periódica.
As vantagens das substâncias botânicas são
óbvias: a maioria é de baixo custo; estão ao
alcance do agricultor; algumas são muito tóxicas, mas não têm efeito residual prolongado
e se descompõem rapidamente; em sua maioria não são venenosas para os mamíferos. Os
compostos químicos encontrados em certas
plantas têm reações de diferente índole frente
aos organismos que se desejamos eliminar.
Assim, tem sido detectadas substâncias inibidoras do crescimiento e fito-hormônios. Estes
podem dar-nos uma idéia sobre as possíveis
reações entre planta e planta. As reações de
planta a fungo parecem ser baseadas na presença de uma substância "anti-fungo", cujo
mecanismo de defesa é induzir ao endurecimento das paredes celulares. As reações
planta-inseto são as que melhor tem sido
estudadas.
No caso do Bacillus thuringiensis, uma
bactéria que libera esporas, e da qual existem
muitas subespécies que controlam larvas de
lepidópteros, dípteros e coleópteros, a
eficácia se baseia nos cristais tóxicos que ele
forma durante a fase de esporulação e que
estão dentro das esporas. Con esta bactéria já
é possível obter vários produtos comerciais
no mercado, que se aplicam como qualquer
outro produto: por aspersão sobre as folhas
do cultivo quando a densidade da praga
requeira um controle.
Além dos produtos à base de Bacillus
thuringiensis, já estão sendo utilizados os
19
Os Nimbines e Salannines causam efeitos repelentes e anti-alimentares no caso de vários
insetos das ordens Coleóptera, Homóptera,
Heteróptera e Orthóptera. Também existem
referências de controle em Nematóides. A
Azadirachtina e seus derivados causam, geralmente, uma inibição do crescimento e alteram a metamorfose. Estas substâncias provocan uma desordem hormonal em diferentes
etapas no desenvolvimento do processo de
crescimento do inseto, influenciando os
hormônios da mudança e da juventude.
Assim, os insetos não são capazes de se desenvolverem de uma maneira normal e se
produzen deformações na pele, nas asas, patas e outras partes do corpo. Por seu modo de
ação, é basicamente um veneno por digestão.
Na literatura, aparecem descritos aproximadamente 866 diferentes tipos de plantas que
funcionam como inseticidas, 150 que
controlam nematódeos e muitas outras que
ajudam a combater ácaros, lesma e ratos. Na
tabela 8 no anexo pode-se ver uma pequena
parte destas plantas. Daqui em diante, se
apresentará uma relação das plantas mais
conhecidas e más usadas em nível mundial.
Mesmo sendo produtos naturais, é preciso
que sejam utilizados com a mesma precaução
que os praguicidas químicos e somente
deveriam ser utilizados se as demais medidas
não são suficientes para manter a população
de um inseto ou uma doença a um nível onde
não possam causar prejuízos econômicos.
O Nim (Azadirachta indica A. Juss), Fam.
Meleaceae
•
Controla:
larvas
de
lepidópteros,
coleópteros, himenópteros, dípteros,
adultos de coleópteros, homópteros e
heterópteros pequenos, etc.
• Preparação: 30 gramas de sementes
moídas, 20 gramas de massa moída ou 80
gramas de folhas moídas para 1 litro de
água. Esperar entre 5 e 8 horas, misturando bem o líquido; coar para a aplicação.
• Aplicação: se aplica com uma bombamochila, cedo pela mañana ou à tardinha,
cobrindo bem toda a superficie da planta,
especialmente no avesso das folhas. É
preciso fazer pelo menos 3 aplicações (6
a 8 dias entre cada aplicación) segundo a
incidência das pragas.
Atenção: não afeta aos animais de sangue
quente, nem aos seres humanos, não se
acumula no meio ambiente e tem muito
pouco efeito contra organismos benéficos.
O Nim pertence à família Meliaceae e tem
sua origem na Índia e Birmânia. Atualmente,
tem sido introduzido como árvore de
reflorestamento em muitos países da América
Latina, Ásia e África, em regiones secas e
quentes, devido a sua pouca exigência por
água e solo. Todas as suas partes contêm
substâncias ativas, que desde muitos séculos
tem sido utilizadas na Índia na proteção
vegetal, mas também na medicina veterinária
e humana. Tem sido separados 25 diferentes
ingredientes ativos, dos quais pelo menos 9
afetam o crescimiento e o comportamento dos
insetos. Os ingredientes típicos do Nim são
Triterpenóides (Limonóides), dos cuales os
derivados da Azadirachtina, Nimbin e
Salannin são os mais importantes, com
efeitos específicos nas diferentes fases de
crescimento dos insetos. Pela grande
quantidade de substâncias ativas e o tipo de
ação sobre os insetos, é praticamente
impossível que as pragas possam desenvolver
resistência contra os seus compostos.
Preparação do extrato aquoso de Nim.
20
Os produtos de Nim podem ser utilizados em
hortaliças, árvores frutíferas e em plantas
ornamentais.
•
Para extensões grandes de terreno já existe o
óleo formulado e o extrato alcoólico de Nim.
Das sementes descascadas com uma prensa,
se extrai o óleo crú e se manipula com
substâncias que ajudam a diluir o óleo em
água.
•
Experiências no campo mostram que o Nim é
ainda mais eficaz contra lepidópteros quando
utilizado de maneira alterada, com um
produto à base de Bacillus thuringiensis. No
caso do bacillus, o Nim evita o
desenvolvimento de resistências e aumenta a
quantidade de diferentes pragas que podem
ser controladas. No caso do Nim, o bacillus
tem um efeito sinergético, que melhora ainda
mais o seu efeito.
A produção de óleo com uma prensa
mecânica
•
desenvolvimento da planta e evita o
ataque de pragas.
Um litro de óleo manipulado contém
aprox. 0.5% (550 ppm) de Azadirachtina.
A dose recomendada é de 5-10 ml por
litro de água.
Atenção: não afeta aos animais de sangue
quente, nem aos seres humanos, não se
acumula no meio ambiente e tem muito
pouco
efeito
contra
organismos
benéficos. Não há necessidade de usar
roupa de proteção, mas se recomenda
proteger os olhos durante a aplicação.
À base das folhas, das sementes e do óleo de
Nim estão sendo preparados produtos muito
diferentes, como por ejemplo: sabonetes
medicinais, champús medicinais, repelentes
contra mosquitos e cupins, chá contra febre e
parasitas e muito mais.
O óleo de Nim pode ser utilizado em
cultivos hortícolas, ornamentais e em
árvores frutíferas, para o controle de
larvas de lepitópteros, moscas brancas,
pulgões e percevejos pequenos. O
produto
também
fortalece
o
21
Tabela 6:
Ingredientes ativos das sementes de Azadirachta indica A. Juss e seus
principais efeitos contra as pragas de cultivos (segundo Gruber, A. 19991, adaptado).
Grupo de Compostos do Nim e seus efeitos mais importantes
Nimbine
Salannine
Lepidoptera
Coleoptera
Hymenoptera
(larvas)
Extrato das
__________ sementes
ricas en
Azadirachtina
Extratos das
__________ sementes,
com óleo e
Azadirachtina; óleo de
Nim
Extratos das
__________
__________
sementes
ricos em
Azadirachtina
Óleo das
sementes,
extratos de
folhas com
Azadirachtina
__________ __________ __________
Extratos de
sementes e
folhas com
óleo
Extratos do
óleo com
Azadirachtina
__________ __________ __________ __________ __________ __________ Extratos das
sementes
com óleo
__________
__________ __________ __________ Extratos de
folhas e
sementes
ricos em
Nimbin
Diptera (larvas)
Homoptera
Heteróptera
(adultos)
Orthoptera
Orthoptera
Tysanoptera
Nematóides
Legenda:
__________ __________
Fortes Efeitos
Redução da
fertilidade
__________
Efeitos leves
_____
22
Inibição de
pôr ovos
Óleos
Efeitos
repelentes
Coleoptera
(adultos)
AntiAlteração
alimentícios da
Metamorfose
Azadirachtine
Pragas
(insetos,
nematóides)
Alterações
no
comportame
nto
Produtos
do Nim
Tabela 7: Dosificação do Inseticida Nim segundo pragas e cultivos.
Dose
Produtos à base de Nim
Cultivos
Melão
Pimenta
Tomate
Repolho
Beterraba
Quiabo
Abóbora
Alface
Berinjela
Berinjela
Melancia
Pepino
Pragas
Vermes do melão (Diaphania
hyalinata, Diaphania nitidalis)
Mosca branca (Bemisia tabaci)
Pulgões: Myzus persicae, Macrusiphum
euphorbiae.
Lepidópteros: Spodoptera spp.,
Heliothis sp.
Mosca branca (Bemisia tabaci)
Mosca branca (Bemisia tabaci)
Mosca minadeira (Liriomyza trifolli)
Pulgões: Myzus persicae, Macrosiphum
euphorbiae.
Vermes de alfinete (Keiferia
lycopersicella)
Cupim da batata (Gnorimoschema
opecullella)
Vermes dos frutos (Heliothis zea, H.
virescens, Spodoptera spp.)
Cupim da couve (Plutella xylostella)
Falso medidor da couve (Trichoplusia
ni)
Pulgões: Lipaphis erysimi, Brevicorne
brassicae.
Minadores: Liriomyza sp., Spodoptera
exigua
Pulgões
Mosca branca (Bemisia tabaci)
Verme dos frutos (Heliothis zea, H.
virescens, Spodoptera spp.
Pulgões: Aphis gossypii, Myzus
persicae
Verme do melão e pepino (Diaphania
hyalinata, D. Nitidalis)
Mosca branca (Bemisia tabaci)
Pulgões
Mosca minadora (Liriomyza spp.)
Pulgões: Myzuz persicae, Macrosphum
euphorbiae
Moscas minadoras: Liriomyza trifolli
Vermes de alfinete (Keiferia
lycopersicella)
Mosca branca (Bemisia tabaci)
Cupim da batata (Gnorimoschema
opecullella)
Vermes com chifres (Manduca spp.)
Vermes do melão e do pepino
(Diaphania hyalinata, D. nitidalis)
Mosca branca (Bemisia tabaci)
Pulgões
Verme do melão e do pepino
(Diaphania hyalinata, D. nitidalis)
Mosca branca (Bemisia tabaci)
Pulgões
Sementes Moídas de
Nim
875 g P.C./tarefa
Óleo Manipulado de
Nim
175 cc P. C./ tarefa
525 g P. C./tarefa
1,750 g P. C./tarefa
1,312 g P.C./tarefa
350 cc P.C./ tarefa
312 cc P.C./ tarefa
1,050 g P.C./tarefa
788 g P.C./tarefa
656 g P.C./tarefa
156 cc P.C./ tarefa
394 g P.C./tarefa
1,312 g P.C./tarefa
1,295 g P.C./tarefa
875 g P.C./tarefa
1,295 g P.C./tarefa
312 cc P.C./ tarefa
350 cc P.C./ tarefa
175 cc P.C./tarefa
350 cc P.C./tarefa
788 g P.C./tarefa
1,050 g P.C./tarefa
525 g P.C./tarefa
1,050 g P.C./tarefa
875 g P.C./tarefa
175 cc P.C./tarefa
525 g P.C./tarefa
875 g P.C./tarefa
175 cc P.C./tarefa
525 g P.C./tarefa
875 g P.C./tarefa
175 cc P.C./tarefa
525 g P.C./tarefa
1,050 g P.C./tarefa
1,050 g P.C./tarefa
210 cc P.C./tarefa
210 cc P.C./tarefa
630 g P.C./tarefa
630 g P.C./tarefa
2,100 g P.C./tarefa
420 cc P.C./tarefa
1,260 g P.C./tarefa
750 g P.C./tarefa
156 cc P.C./tarefa
450 g P.C./tarefa
1,500 g P.C./tarefa
1,750 g P. C./tarefa
875 g P.C./tarefa
312 cc P.C./tarefa
175 cc P.C./tarefa
175 cc P.C./tarefa
900 g P.C./tarefa
1,050 g P.C./tarefa
525 g P.C./tarefa
1,750 g P. C./tarefa
350 cc P.C./tarefa
1,050 g P.C./tarefa
1,312 g P.C./tarefa
262.5 cc P.C./tarefa
787.5 g P.C./tarefa
2,624 g P.C./tarefa
2,624 g P.C./tarefa
750 g P.C./tarefa
1,500 g P.C./tarefa
525 cc P.C./tarefa
525 cc P.C./tarefa
156 cc P.C./tarefa
312 cc P.C./tarefa
1,574 g P.C./tarefa
1,574 g P.C./tarefa
450 g P.C./tarefa
900 g P.C./tarefa
1,312 g P.C./tarefa
1,312 g P.C./tarefa
262.5 cc P.C./tarefa
262.5 cc P.C./tarefa
787.5 g P.C./tarefa
787.5 g P.C./tarefa
2,624 g P.C./tarefa
1,312 g P.C./tarefa
525 cc P.C./tarefa
262.5 cc P.C./tarefa
1,574 g P.C./tarefa
787.5 g P.C./tarefa
1.312 g P.C./tarefa
1,312 g P.C./tarefa
262.5 cc P.C./tarefa
262.5 cc P.C./tarefa
787.5 g P.C./tarefa
787.5 g P.C./tarefa
2,624 g P.C./tarefa
2,624 g P.C./tarefa
875 g P.C./tarefa
525 cc P.C./tarefa
525 cc P.C./tarefa
175 cc P.C./tarefa
1,574 g P.C./tarefa
1,574 g P.C./tarefa
525 g P.C./tarefa
1,750 g P. C./tarefa
1,750 g P. C./tarefa
350 cc P.C./tarefa
350 cc P.C./tarefa
1,050 g P.C./tarefa
1,050 g P.C./tarefa
Legenda:
P. C. = Produto concentrado
1 tarefa : 628.93 m2
-A quantidade de água a utilizar não excederá a dose mínima do produto por litro de água.
23
Massa de Nim
•
7.8.1
A Violeta (Melia azedarach), Fam.
Meliaceae
A Violeta pertence à mesma família do Nim e
contém como substâncias ativas também
derivados dos triterpenóides, mas são um
pouco diferentes. A substância mais
conhecida é o meliantriol.
7.8.2
•
•
Como o Nim funciona contra o mesmo tipo
de insetos, somente é preciso utilizar
dosificações de sementes ou folhas 30 %
mais altas, pelas baixas concentrações das
substâncias ativas nas diferentes partes da
árvore. É um veneno de contato e por
digestão.
•
(Allium
sativum),
Fam.
Controla: larvas de lepidópteros, pulgões,
percevejos pequenos e várias doenças
causadas por fungos.
Preparação: deve-se moer 2 libras do
bulbo e misturar con 20 colherinhas de
sabão em 1 galão de água. Depois de 4
horas, se coa para a aplicação.
Aplicação: desta solução, se mistura 1
litro com 20 litros de água e se aplica
com uma bomba-mochila pelo menos a
cada 6 a 8 dias.
Para fabricar produtos manipulados, utiliza-se
espécies que tenham um alto conteúdo das
substâncias ativas e se cultiva este tipo,
especialmente com o propósito de extrair o
óleo para ser manipulado.
A preparação do extrato aquoso à base das
sementes da violeta
•
O Alho
Liliaceae
O alho geralmente é cultivado para a
alimentação humana, mas também pode ser
usado na proteção vegetal como inseticida,
fungicida e antibacteriano. Tanto os bulbos
como as folhas, contêm substâncias ativas
que podem ser extraídas com água, ou o óleo,
com uma prensa, e serem aplicadas nos
cultivos.
•
•
Atenção: o extrato é tóxico para animais
de sangue quente e seres humanos.
7.8.3
Controla: larvas de lepidópteros, pulgões,
ácaros, gafanhotos, entre outros.
Preparação: 60 gramas de sementes
moídas ou 100 gramas de folhas secas em
1 litro de água. Esperar 5 horas, misturar
bem a solução e depois coá-la.
Aplicação: a aplicação pode ser realizada
com
uma
bomba-mochila.
São
necessárias pelo menos 3 aplicações (uma
aplicação a cada 8 dias) cobrindo bem
toda a superficie do cultivo.
24
A
Pimenta
Picante
(Capsicum
frutescens), Fam. Solanaceae
•
A pimenta picante é cultivada para utilizá-la
como condimento na comida humana, mas é
também muito conhecida por seu alto
conteúdo de alcalóides nas frutas maduras.
Estas substâncias têm efeito como inseticida,
repelente e anti-viral.
• Controla: larvas de lepidópteros, pulgões
e vírus.
• Preparação: 100g das frutas maduras,
secas e moídas misturam-se com 1 litro
de água. Uma parte deste concentrado
pode ser diluído com 5 partes de uma
solução água-sabão.
• Aplicação: a solução preparada pode ser
aplicada a cada 6 ou 8 dias, diretamente
no cultivo.
• Atenção: Concentrações demasiadamente
altas podem causar fito-toxicidade. É
preciso manipular o preparado e a
solução com muito cuidado, porque causa
irritação na pele e nos olhos.
7.8.4
•
Aplicação: depois de coar o extrato, deve
ser aplicado no mesmo dia.
Atenção: o produto pode ser irritante para
a pele.
7.8.5
O Guanabano (Annona
muricata), o Mamão (Annona
reticulata), Fam. Anonaceae
As frutas não maduras, as sementes, folhas e
as raízes das árvores desta família, contêm
uma grande quantidade de substâncias muito
eficientes no controle de pragas. Funcionam
como veneno de contato e de ingestão, mas o
processo é lento. Aproximadamente 2 até 3
días depois da aplicación é que aparecen os
primeiros efeitos.
O Papaia (Carica papaya),
Fam. Caricaceae
•
Controla: larvas de lepidópteros, pulgões,
“esperanzas”(tettigoniidac), tripes, grilos,
escamas, entre outros.
• Preparação: 2 onças de sementes
descascadas e moídas, mistura-se com 1
litro de água. Depois de deixar esta
mistura repousar 24 horas, coa-se e está
preparada para a aplicação.
• Aplicação: aplica-se durante as horas
frescas, principalmente debaixo das
folhas.
Atenção: evitar que a solução entre em
contato com os olhos, porque causa grandes
dores e até cefaléia.
As fohas desta árvore, que se cultiva por suas
frutas doces e aromáticas, contêm enzimas e
alcalóides que podem ser utilizados como
fungicida e nematicida.
•
•
Controla: fungos e nematóides.
Preparação: mistura-se 2 libras de folhas
moídas com 1/8 de pasta de sabão ralado
em 1 galão de água e se deixa repousar de
2 a 3 horas.
7.8.7. O Fumo (Nicotiana tabacum), Fam.
Solanaceae
O fumo tem como princípio ativo a nicotina,
que é um dos tóxicos orgânicos mais fortes na
natureza. A nicotina atua sobre o sistema
25
nervoso dos insetos através da respiração,
ingestão e contato. Funciona como inseticida,
fungicida, repelente e acaricida.
•
•
•
•
A substância se decompõem rapidamente
depois da aplicação, especialmente pelos
raios do sol e pelo calor.
Controla: adultos e larvas de lepidópteros
e coleópteros, entre outros.
Preparação: 12 onças de fumo cozidas
durante 20 minutos, em um galão de água
para 60 litros de inseticida.
Aplicação: até 3 aspersões a cada 8 dias.
Atenção: sumariamente tóxico para
animais de sangue quente e seres
humanos!
7.8.8
•
•
•
Controla: larvas de lepidópteros, pulgões,
grilos, mosquitos, etc.
Preparação e aplicação: de uma maneira
geral, há produtos manipulados no
mercado que indicam a dosagem e a
preparação.
Atenção: somente aplicar em horas da
tarde.
7.8.9
O Piretro (Chrysanthemum
cinerariefolium), Fam.
Asteraceae
Outros inseticidas botânicos
Para completar esta parte, é preciso
mencionar algumas plantas conhecidas em
nível mundial, mas com muito baixa
incidência no país:
O piretro é um dos inseticidas botânicos mais
antigos do mundo. As flores de
Chrysanthemum cinerariefolium contêm
piretrina, a substância ativa, que mesmo em
concentrações muito baixas, é biologicamente
ativa. A planta deve é cultivada em alturas
entre 1,600 y 3,000 m sobre o nível do mar,
basicamente na África, no planalto do
Quênia, porque quanto mais alto e frio, muito
melhor será a concentração da piretrina nas
flores. O piretro deve sua importância a sua
imediata ação de queda (uns quantos
segundos) sobre insetos voadores, agregando
a sua baixa toxicidade para animais de sangue
quente, devido ao seu rápido metabolismo em
subproductos não tóxicos. Deste modo, o
piretro não é persistente. Estas características
evitaram a exposição prolongada dos insetos
ao piretro, o qual contribui para o escasso
número de casos de resistência ao produto.
Planta
Substância ativa
Rotenona
Derris sp.
Fam. Leguminosa
Cuasinoides
Quassia amara
Fam. Simarubaceae
Mammea americana Mammein
Fam. Guttiferaceae
Ricinus communis
Fam. Emphorbiacea
Schoenocaulon
officiale
Fam. Liliaceae
Óleos
Ocimum basilicum
essenciais
Fam.Lamiaceae
(Ver também a Tabela 8 no anexo)
7.8.10
O piretro é usado para combater pragas em
alimentos armazenados, contra insetos
caseiros e de cultivos industriais, dirigido a
larvas já adultas de lepidópteros e outros
insetos fitófagos de vida livre, sempre que
parte de seu ciclo biológico possa estar
exposto à ação de contato do produto.
Efeito
Inseticida,
Repelente
Inseticida,
nematicida
Inseticida
Inseticida,
Repelente
Inseticida,
Repelente
Inseticida,
Repelente
Outros extratos
Na agricultura de subsistência, ou em
pequenas hortas, utilizam-se também outros
tipos de extratos, como por exemplo:
•
•
O piretro é obtido a partir das flores secas de
crisântemos; se extrai com querosene e
dicloruro de etileno e se condensa por
destilação ao vazio.
•
26
Extrato aquoso de sabão (inseticida,
acaricida).
Extrato aquoso de cinza vegetal
(fungicida).
Enxofre, cobre ou cal (fungicida).
8. Reflexões finais
complementar de otimização do controle
natural, sendo uma condição indispensável
para sua viabilização prática, a de um
trabalho prévio de estabilização do
ecossistema.
São muitas as considerações que podemos
realizar a partir da problemática do manejo de
pragas, especialmente quando se enfoca o uso
indiscriminado de praguicidas; mas também
são muitas as reflexões quando se trata de
decidir cual é o caminho correto para que um
sistema alternativo ao convencional possa ser
implementado.
O controle biológico deve ser uma tecnologia
de médio e longo prazo, conseqüência do
trabalho de recuperação e estabilização dos
ecossistemas através de estratégias de
proteçaõ e recuperação da fertilidade dos
solos,
manejo
do
recurso
hídrico,
agroflorestas, conservação da biodiversidade,
desenvolvimento
socio-econômico,
etc.
Todos estes aspectos deverão tomar parte nas
estratégias a serem adotadas para la aplicação
dos princípios do MEP.
O Manejo Ecológico de Pragas é a
consequência de um enfoque agroecológico
que provém da agricultura orgânica,
biológica, ecológica, biodinâmica, natural,
sustentável; coincidentes na visão holística do
meio do ecossistema e onde a intervenção do
homem tem gerado os agroecossistemas.
Além disso, é preciso levar em conta as
habilidades desenvolvidas historicamente,
produto de êxitos e fracassos acumulados no
esforço por controlar as populações de pragas
que atacam as plantações. Tudo isto tem
constituído um valioso potencial cultural e
tecnológico, insuficientemente estudado e
valorizado.
As possibilidades do MEP podem ser muitas
se forem potencializadas e combinados
adequadamente o conjunto de técnicas e
práticas possíveis de implementar em um
agro-ecosistema. Mais ainda, se pretendemos
regulamentar a dinâmica populacional dos
insetos e outros organismos potencialmente
nocivos.
O controle biológico natural constitui uma
parte importante no desenvolvimento de
estratégias ecológicas de manejo dos
problemas fitossanitarios.
O controle
biológico clássico desempenhará um papel
27
Anexos
28
Literatura consultada
1. Altieri, Miguel A.. Agroecology. Intermediate Technology Publications, London/UK 1987.
2. Altieri. Miguel A.. Agroecología. ciencia y aplicación. CLADES, Berkeley, California, 1993.
3. Andrews, K. L. y J. R. Quezada (edt). Manejo integrado de plagas insectiles en la agricultura. El Zamorano,
Honduras, 1989.
4. Arning, I. Y A. Lizárraga Travaglini (edt.). Manejo Ecológico de Plagas – Una Propuesta para la Agricultura
Sostenible. RAAA, Lima, Perú, 1999.
5. Bejarano González, F. La Espiral del Veneno. RAPAM, Texcoco, Estado de México, 2002
6. Brandjes, P., Van Dongen, P., Van der Veer, A.. Green manuring and other forms of soil improvement in the
tropics. AGRODOK 28, CTA, Wageningen, Netherlands, 1989.
7. Brechelt, A. y C. L. Fernández (ed). El Nim: un árbol para la agricultura y el medio ambiente. Fundación
Agricultura y Medio Ambiente, Santo Domingo, Rep. Dominicana, 1995.
8. Brechelt, A.. Los Insecticidas: consecuencias de su práctica abusiva. INTEC: Ciencia y Sociedad, Vol. XIX, No.1
y No. 2, Santo Domingo 1994.
9. Brechelt, A.. Guía técnica para la instalación de composteras. Fundación Agricultura y Medio Ambiente, San
Cristóbal, República Dominicana. 1996.
10. Buley, M.. La exportación de productos provenientes de cultivos ecológicos controlados. PROTRADE/GTZ,
Eschborn, Alemania, 1994.
11. COMUS. Elaboración de plaguicidas orgánicos. Editorial Sombrero Azul-ASTAC, El Salvador 1996.
12. De los Santos, A. y A. Brechelt. Recetas de insecticidas naturales. Fundación Agricultura y Medio Ambiente, San
Cristóbal, Rep. Dominicana, 1996.
13. Fuentes Sandoval, F.. Producción y uso de Trichogramma como regulador de plagas. RAAA, Lima, Perú, 1994.
14. Gagnon, D.. El Machete Verde. SUCO, Managua, Nicaragua, 1995
15. García G., J. E. y J. M. Nájera. Simposio Centroamericano sobre Agricultura Orgánica. UNED, San José, Costa
Rica, 1995.
16. Gomero O., L. (edt.). Plantas para proteger cultivos. Red de Acción en Alternativas al uso de Agroquímicos,
Lima, Perú, 1994.
17. Grosse-Rüschkamp, A.. El manejo integrado de plagas. Schriftenreihe GTZ No. 246, Eschborn, Alemania, 1994.
18. Guerrero B., J.. Abonos Orgánicos – Tecnología para el manejo ecológico del suelo. RAAA, Lima/Perú, 1993.
19. Kral, D. M. (edt.). Organic Farming: Current Technology and its role in a sustainable agriculture. ASA Special
Publication Number 46 Madison, Wisconsin, USA, 1984.
20. Lisansky, S.G.. Green Growers Guide. CPL Scientific Limited. Newbury, Berkshire, UK, 1990.
21. Lizarraga Travaglini, A. y J. Iannacone Oliver (edt.) . Manejo de feromonas en el control de plagas agrícolas.
RAAA, Lima, Perú, 1996.
22. Müller-Sämann, Karl M.. Bodenfruchtbarkeit und standortgerechte Landwirtschaft. Schriftenreihe der GTZ, Nr.
195, Eschborn, 1986.
23. Nivia, E.. Mujeres y plaguicidas – Una mirada a la situación actual, tendencias y riesgos de los plaguicidas.
PAPALMIRA, Palmira, Colombia, 2000.
24. Ocampo, R.A. (edt.). Potencial de Quassia amara como insecticida natural. CATIE, Informe Técnico No. 267,
Turrialba, Costa Rica, 1995.
25. Prakash, A. and J. Rao. Botanical pesticides in agriculture. CRC Press Inc., Boca Raton, Florida, USA, 1997.
26. Restrepo, J.. Abonos orgánicos fermentados. CEDECO/OIT, San José, Costa Rica, 1996.
27. Sabillón, A. y M. Bustamante. Plantas con propiedades plaguicidas, Parte I. Zamorano, Honduras, 1996.
28. Schmutterer H. (edt.). The Neem Tree and other meliaceous plants. VCH Verlagsgesellschaft GmbH, Weinheim,
Germany 1995.
29. Schwab, A.. Pestizideinsatz in Entwicklungsländern. PAN, Weikersheim, Margraf, Germany, 1989.
30. Stoll, G.. Natural Crop Protectión. Verlag Josef Margraf, Aichtal, Alemania, 1986.
31. Suquilanda, Manuel B.. Agricultura orgánica. Talleres Gráficos ABYA-YALA, Quito, 1995.
32. Thurston, H.D.; M. Smith; G. Abawi y S. Kearl. Tapado: los sistemas de siembra con cobertura. CIIFAD, Ithaca,
New York, 1994.
29
Tabela 1. : Potencial de toxicidade de pesticidas usados freqüentemente.
Nome Genérico
Inseticidas, Acaricidas
1. Organo Clorados
Aldrin
Clordano
DDT
Dieldrin
Endosulfan (Thiodan)
Heptacloro
Lindano (y-HCH)
2. Organo Fosforados
Demeton-S-Methyl
Diazinon (Basudin)
Dimethoat Perfekthion
Malathion 2100
Parathion (E 605)
3.Carbamatos
Aldicarb (Temik)
Carbaryl (Sevin)
Carbofuran (Furadan)
Methomyl (Lanate)
Pirimicarb (Pirimor)
Propoxur (Baygon)
4. Outros Inseticidas
Dibromochlor-propan
(DBCP)
Dicofol(Kelthane)
Pentachlorphenol (PCP)
Permethrin (Ambusch)
Deltamethrin (Decis)
Fungicidas
Benomyl
Captafol
Captan
Folpet
Mancozeb (Dithane)
Herbicidas
Alachlor (Lasso)
Atrazin (Gesaprim)
2. 4-D (U46-D)
Dinoseb-Acetat (Aretit)
Deiquat (Renglone)
Glyphosat (Roundup)
Linuron (Afalon)
MCPA (Hedonal M)
Paraquat (Gramoxone)
Dose letal
oral DL 50
mg/kg
(Rato)
38
460
113
46
80
100
88
DD
DD
DD
DD
Tempo de
Carência
42
42
42
60
DD
DD
49
DD
28
60
60
21
56
0.93 DD
300
8
17
147
95
35
70
14
28
14
40
300
150
13
170
DD
Cancerígeno
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
4
*
3-4
*
*
*
3-4
3-4
3-4
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
4
3-4
4
*
3
*
*
4
4
*
*
56
56
10000
5000
9000
1000
7000
56
35
28
28
56
*
*
*
*
*
1200
2000
375
60
90
90
28
28
231
42
*
Tóxico
para
insetos
benéfic
os *
*
*
*
*
*
*
28
14
Tóxico para Tóxico para
as Abelhas
os peixes
*
*
*
690
80 DD
4000
2200
4320
4000
700
150
Provoca
Alergias
*
*
*
35
Provoca
Mutações
3-4
3-4
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
1
1
1
*
*
1
*
*
14
*
*
*
*
Explicações:
DD: Produto que pertence a “Dúzia Suja”
* 1 = não tóxico, 2 = ligeiramente tóxico, 3 = medianamente tóxico, 4 = muito tóxico para benéficos.
*
*
*
1-2
1-2
Tabela 2: Toxicidade de alguns inseticidas caseiros comuns
(Ware 1994; Farm Chemicals Handbook 1996, Weinzierl and Henn. 1994)
Ingrediente Ativo
Dermal LD50 Dermal dosificac.
Oral LD50 Oral dos. para
Nome Comercial
(mg/kg)
para matar pes. de (mg/kg)
matar pes. de
150 lbs. (lbs)
150 lbs. (lbs)
2,000
0.300
866
0.130
Acephate (Orthene)
Organofosfato
0.000
0.000
5,000
0.750
Azadirachtina (neem)
Botânico
0.000
0.000
0.000
0.000
Bacillus Thuringiensis
Biológico
0.000
0.000
0.000
0.000
Beauveria Bassiana
Biológico
4,000
0.600
850
0.128
Carbaryl (Sevin)
Carbamato
580
0.087
283
0.042
Chlordano
Organoclorado
2,000
0.300
135
0.020
Chlorpyrifos/Dursban
Organofosfato
2,000
0.300
247
0.037
Cypermethrin
Piretroide
0.000
0.000
0.000
0.000
d-Limonene
Botânico
1,931
0.290
87
0.013
DDT/Organoclorado
379
0.037
88
0.010
Diazinon/Organofosfato
4,000
0.600
575
0.086
Dicofol (Kelthane)
Organoclorado
74
0.011
18
0.003
Endosulfan (Thiodan)
Organoclorado
500
0.075
76
0.011
Lindano
Organoclorado
4,100
0.615
1,842
0.276
Malathion
Organofosfato
50
0.008
55
0.008
Nicotina/Botânico
0.000
0.000
0.000
0.000
Nosema locustae
Botânico
2,000
0.300
2,200
0.330
Permetrina (Ambush)
Piretroide
7,500
1.125
7,500
1.125
Piperonyl Butoxid
Synergist
1,000
0.150
95
0.014
Propoxur (Baygon)
Carbamato
1,800
0.270
1,350
0.203
Pyrethrum/Botanical
1,000
0.150
60
0.009
Rotenona/Botânico
0.000
0.000
4,000
0.600
Sabadilla/Botânico
0.000
0.000
3,000
0.450
Sal de mesa
0.000
0.000
16,500
2.475
Sabão/inseticida
Nota: Alguns produtos têm uma ampla abrangência do DL50, dependendo da formulação.
31
Tabela 5:
Resíduos de pesticidas em hortaliças na República Dominicana
Cultivo
Produto
Média de resíduos
em ppm
Resíduos
toleráveis segundo
norma dos EE.UU.
em ppm
Tempo de
Aplicação (dias
antes da colheita)
Tomate
Lannate
(Methomyl)
109.55
1.0
6-10
Repolho
Lannate
47.47
5.0
26
Repolho
Aldrin (4
aplicaciones)
186.06
0.1
89
Repolho
Dimethoat
-
2.0
10-28
Fonte: Freistadt et. al. (1979)
32
Tabela 8: Plantas com Substâncias Ativas para o Controle de Pragas e Doenças
Espécie
Aesculus californica
Amianthium
muscaetoxicum
Amorpha fruticosa
Anabasis aphylla
Anamirta cocculus
Azadirachta indica
A. Juss
Canna generalis
Celastrus angulata
Cimifuga foetida
Croton tiglium
Delphinium
consolida
Delphinium
staphisagria
Dryopteris
(Aspidium) filix-mas
Duboisia hopwoodii
Heliopsis scabra
Heliotropium
peruvianum
Melanthium
virginicum
Melia azaderach
Nome Comum
Partes tóxicas
Principai
ingredientes
California buckeye
Crow poison
Califórnia
Estados Unidos
Nétar, sementes
Bulbo, folha
Coumarins
Alcaloides
Indigobush
Fruta
Rotenoides
Fishberry
Nim, Neem
Sul dos Estados
Unidos
Rússia, Ásia
Índia, E.U.A.
Índia, Birmânia
Folha
Fruta
Sementes
Anabasine
Picrotoxin
Triterpenoides
Canna lily
Bittersweet
Fetid bugbane
Croton
Field larkspur
Estados Unidos
China
Índia
China, Índia
E.U.A. , Inglaterra
Folhas
Folha, raiz
Raiz
Semente
Semente
Alcaloide
Alcaloide
Resina de Croton
Alcaloide
Stavesacre,
lousewort
Male fern
Europa, E.U.A.
Semente
Alcaloide
Estados Unidos
Rizoma
Filicin
Pituri
Oxeye
Heliotrope
Austrália
México
América do Sul
Folha
Raiz
Nornicotina
Scabrin
Heliotropina
Bunchflower
Leste dos E.U.A.
Bulbo, folha
Violeta, Chinaberry
Ásia Tropical,
Austrália
China
Folha, fruto
Alcaloide
Raiz
Rotenoide
África, Índia
Argélia
Índia
Folha
Folha
Rotenoide
Oleandrin
Nicandrenone
China, Japão
Fruta
Estados Unidos
Folha
Aporfina y
alcaloides
protoberberines
Glycosides
China
Flor
Andromedatoxin
Milletia pachycarpa
Fishpoison cliber,
Hung-yao
Mundulea sericea
Aligator plant
Nerium oleander
Oleander, rose laurel
Nicandra physalodes Peruvian
groundcherry
Phellodendron
Amur River corktree
amurense
Physalis mollis
Localização
Smooth
groundcherry
Nao-yang-wha
Rhododendron
hunnewellianum
Rhododendron molle Sheep-poison,
yellow azalea
Solanum tuberosum Batata
Sophora flavescens
Sophora
China
Flor
Andromedatoxin
América do Sul
China, Japão
Tubérculo
Raiz
Sophora pachycarpa
Sophora
China, Japão
Raiz, Folha
Stemona tuberosa
Paipu
China
Raiz
Alcaloide (Solanum)
Alcaloide
(Sparteine)
Alcaloide
(Sparteine)
Alcaloide
33

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