Poemas malditos

Transcrição

Poemas malditos
Biblioteca Central da UFSC, Florianópolis, maio de 2015
ANO 1
A Biblioteca Central da UFSC
convida a comunidade a conhecer uma pequena mostra dos
“Poetas Malditos”
Num. 1/ pág. 1
“Não convém que qualquer um leia as páginas a seguir; só alguns conseguirão saborear este fruto amargo sem maiores riscos.” Trecho de Cantos de Maldoror, Lautréamont , 1869.
m francês: poète maudit é um
termo utilizado para referir os
poetas que mantêm um estilo de
vida que pretende demarcar-se
do resto da sociedade, considerada como meio alienante e que
aprisiona os indivíduos nas suas
normas e regras, excluindo-se
mesmo dela ao adotar hábitos
considerados
autodestrutivos,
como o abuso de drogas.
Sob este conceito está o mito de
que o gênio criador tem terreno
especialmente fértil entre indivíduos mergulhados num ambiente
de insanidade, crime, violência,
miséria e melancolia, frequentemente resultando no suicídio ou
outro gênero de morte prematura. A rejeição de regras manifesta-se também, geralmente, com a
recusa em pertencer a qualquer
ideologia instituída.
Os escritores do Romantismo
utilizaram o termo, aplicando-o a
François Villon (1431-c. 1474),
considerado, por isso, como sendo o primeiro poeta maldito da
história da literatura.
O autor da expressão foi Alfred
de Vigny, que a utilizou em 1832
na sua peça dramática “Stello”,
onde se refere aos poetas como
"la race toujours maudite par les
puissants de la terre" ("a raça
para sempre maldita entre os
poderosos da terra").
O termo popularizou-se a partir
da sua utilização para referir-se a
um grupo de poetas, emprestado
de uma série de artigos dos anos
de 1884-1888 de Paul Verlaine
intitulado "Les poètes maudits" (Os poetas reprovados), no
"Boletim Lutèce", no qual poetas
como Tristan Corbière, Rimbaud
e Mallarmé eram enfatizados.
Charles Baudelaire, Paul Verlaine, Arthur Rimbaud e Lautréamont são considerados exemplos
típicos.
O termo é relevante para as vanguardas
do século XX, não apenas porque alguns
dos seus precursores foram qualificados
como malditos, mas porque estas, com
sua postura polemista, iconoclasta, tendiam a sofrer grande resistência nos meios
culturais.
Em diversas ocasiões na história, normalmente por razões políticas, grupos de poetas precisaram se colocar à margem dos
meios tradicionais de difusão
de cultura, a
fim de manter
viva a sua arte.
Isto se deu no
Brasil, com a
chamada
“Poesia marginal”, por exemplo.
De certa forma, o termo
poderia
ser
aplicado e, de
fato, é, a poetas
independentes,
com
um estilo não
aceito pela míLivro Les poètes maudits.
dia, tal como o
compositor e poeta
brasileiro Jorge
Mautner que, por suas referências literárias e seu trabalho majoritariamente musical, não ocupa um grande espaço nas preocupações, nem do meio literário, nem do
meio musical.
nome completo do Marquês de Sade
era Donatien
Alphonse
François
de
Sade. Nascido em Paris
no dia dois de
junho do ano
de
1740,
Sade foi um escritor prolífico e um aristocrata controverso para os padrões sociais
vigentes na época em que viveu. Diversos
livros de sua autoria foram escritos enquanto estava preso na Prisão de Bastilha.
Lá, o escritor foi encarcerado por muitas vezes, até mesmo por Napoleão
Bonaparte.
Para se ter uma ideia de sua importância, seu nome deu origem ao termo
sadismo, definido como perversão daquele que procura aumentar a intensidade do prazer sexual produzindo sofrimento em outros.
O aristocrata foi perseguido por diversas castas francesas, tanto os revolucionários de 1789 quanto a monarquia e
Napoleão queriam degustar sua cabeça num almoço regado a champanhe e
caviar. Segundo o filósofo e psicanalista Luiz Felipe Pondé, “Sade era um
filósofo que achava que a natureza é
má, incluindo a natureza humana e sua
história. O ‘divino’ marquês se inscreve
numa tradição (dos trágicos, gnósticos,
maniqueus, cátaros) que se pergunta
se a natureza (ou Deus) não seria em
si má, cruel e perversa. Não seria o
cosmo uma câmara de torturas?”.
Aos 74 anos, após publicar diversas
obras, Sade morre no hospício, amado
por duas mulheres com as quais planejava produzir peças teatrais pornográficas.
dgar Allan Poe
(1809-1849)
foi
um poeta, escritor,
romancista, crítico
literário e editor
norte-americano.
Autor do famoso
poema “O Corvo”.
Escreveu contos
sobre
mistério,
inaugurando um novo gênero e estilo
na literatura.
Edgar Allan Poe (1809-1849) nasceu
em Boston, nos Estados Unidos, no dia
19 de janeiro de 1809. Filho dos atores
de teatro, David Poe e Elizabeth Arnold, ficou órfão de mãe e seu pai
abandonou a família. Foi acolhido, mas
nunca foi formalmente adotado, por
uma família de ricos comerciantes de
Baltimore, na Virgínia, que lhe proporcionaram uma educação de qualidade,
dos melhores professores da época.
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“Não convém que qualquer um leia as páginas a seguir; só alguns conseguirão saborear este fruto amargo sem maiores riscos.”
Trecho de Cantos de Maldoror, Lautréamont , 1869.
ascido em Paris
no dia nove de abril
de 1821, foi um poeta e teórico das artes em geral. Na
opinião de especialistas e críticos de
arte, foi o criador da
tradição moderna na
poesia junto a Walt Whitman.
Aos seis anos, perdeu seu pai, que foi
substituído pelo general Aupick, segundo marido de sua mãe. Baudelaire
odiava Aupick e sua infância foi atormentada por diversas brigas com o
padrasto. Devido ao mal estar familiar,
Baudelaire abandona os estudos em
Lyon e vai para a Índia. Regressa em
1848, ano em que participa da série
de revoluções na Europa central e
oriental que acabaram eclodindo em
função de regimes governamentais
autocráticos.
Depois disso, dissipa todos seus bens
e vive na boemia e na jogatina de Paris. Perdido pelas ruas parisienses,
acaba conhecendo uma infinidade de
artistas que o influenciaram: Mme.
Sabatier, Marie Daubrun. sua musa, a
atriz Jeanne Duval, entre outras personalidades. Quebrado e cheio de dívidas, Baudelaire foi submetido a um
conselho familiar e foi decidido que
seu tutor, Ancelle, controlaria seus
gastos.
Em 1857 um episódio marcaria sua
vida. Assim que publicou a obra “As
Flores do Mal” (Les Fleurs du Mal), o
título mais consagrado de sua carreira,
tomou um processo do tribunal de Sena. A alegação era de que Baudelaire
era um subversivo e atentava contra
os bons costumes e à moral. O poeta
foi obrigado a retirar seis poemas originais. Apesar disso, teve seu trabalho
publicado sem cortes em 1911, após a
sua morte.
Passou os dias derradeiros de sua
vida atormentado por doenças nervosas. Acabou morrendo em Paris, sua
cidade natal, no dia 31 de agosto de
1867. Foi vítima de uma paralisia geral
e deu seu último suspiro nos braços
de sua mãe.
o final do século 19, os críticos incluíram Verlaine entre os chamados
"poetas malditos", como Arthur Rimbaud. A expressão, aliás, é do próprio
Verlaine, eleito em 1894 o "Príncipe
dos Poetas", ao final de uma vida
desregrada por Paris, Rethel, Bruxelas e Londres.
Em agosto de 1862, Verlaine completou os estudos secundários em Paris,
onde seus pais se instalaram em
1851, e foi morar com a família materna no norte da França. Ali, entre a
paisagem melancólica que correspondia a seu estado depressivo e os
livros de Baudelaire, apaixonou-se
pela prima Elisa Moncomble. O amor
impossível o levou a beber em demasia.
De volta a Paris, ele se habituou ao
absinto. Começou então a estudar
direito. Empregou-se numa companhia de seguros e, em seguida, na
Prefeitura. Mas nada lhe interessava
e ele passou sete anos entediandose nos cafés, onde escreveu versos e
conheceu os parnasianos.
Em 1866, sua coletânea "Poemas
Saturninos", editada graças a sua
prima Elisa, fez com que ele fosse
notado pela crítica. Em sua poesia de
musicalidade lírica e singular, Verlaine expressava os arrebatamentos da
alma, transpondo seus sentimentos
em
impressões, através
de paisagens
nostálgicas e
refinadas.
Em 11 de
agosto
de
1870, o poeta
se casou com
Mathilde Mauté de Fleurville, que não
tinha mais do
que dezesseis anos, numa tentativa
de acomodar-se a uma vida familiar,
simples e tranquila. Escreveu "A Boa
Canção" inspirado na esposa. Mas
em setembro de 1871, o jovem que o
fascinava, Arthur Rimbaud lhe escreveu e dias mais tarde, chegou a Paris.
Os dois se tornaram amantes. Em
fevereiro de 1872, Mathilde pediu a
separação. Para acalmar a esposa
ultrajada, o poeta afastou Rimbaud.
De volta ao continente, Verlaine trabalhou em "Romances sem Palavras". Depois de várias rupturas e
reconciliações, em 1873, Verlaine deu
um tiro de pistola em Rimbaud, em
Bruxelas. O poeta foi preso e condenado, passando dois anos na prisão.
Em 1874 "Romances sem Palavras"
foi lançado. Verlaine, em seu cárcere
de Mons, compôs poemas místicos,
marcas de arrependimento, que foram
publicados
posteriormente
em
"Sabedoria" (1881) e "Outrora e recentemente" (1884), mas também
poemas
eróticos,
como
em
"Parallèlement" (1889). Ao sair da
prisão em 1875, Verlaine foi para a
Inglaterra, onde deu aulas durante
dois anos. Em 1880 fixou-se em uma
fazenda perto de Rethel, com seu
novo amante Lucien Létinois, um exaluno da instituição em que Verlaine
ensinou durante dois anos e de onde
eles foram expulsos por causa de sua
"amizade particular". Mais uma vez o
amor se rompeu e o poeta naufragou
no álcool. No ano seguinte, Verlaine
voltou a viver com sua mãe em Paris,
onde morreu aos 52 anos.
“À volta da mesa”, por Henri FantinLatour, 1872, Rimbaud é o segundo à
esquerda, tendo ao seu lado direito
Paul Verlaine.
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“Não convém que qualquer um leia as páginas a seguir; só alguns conseguirão saborear este fruto amargo sem maiores riscos.”
Trecho de Cantos de Maldoror, Lautréamont , 1869.
asceu em Andernach, na Alemanha, a 16 de
agosto de 1920,
filho de um soldado americano e
de uma jovem
alemã. Aos três
anos de idade, foi
levado aos Estados Unidos pelos pais. Criou-se
em meio à pobreza de Los Angeles, cidade onde morou por cinquenta anos, escrevendo e embriagando-se. Publicou seu primeiro
conto em 1944, aos 24 anos de
idade. Só aos 35 anos é que começou a publicar poesias. Foi internado diversas vezes com crises
de hemorragia e outras disfunções
geradas pelo abuso do álcool e do
cigarro. Durante a vida, ganhou
certa notoriedade com contos publicados pelos jornais alternativos
Open City e Nola Express, mas
precisou buscar outros meios de
sustento: trabalhou 14 anos nos
Correios. É considerado o último
escritor “maldito” da literatura norte
-americana, uma espécie de autor
“beat* honorário”, embora nunca
tenha se associado com outros
representantes beat, como Jack
Kerouac e Allen Ginsberg.
Sua literatura é de caráter extremamente autobiográfico, e nela
abundam temas e personagens
marginais, como prostitutas, sexo,
alcoolismo, ressacas, corridas de
cavalos, pessoas miseráveis e
experiências escatológicas. De
estilo extremamente livre e imediatista, na obra de Bukowski não
transparecem demasiadas preocupações estruturais. Dotado de um
senso de humor ferino, auto irônico e cáustico, ele foi comparado a
Henry Miller, Louis-Ferdinand Céline e Ernest Hemingway.
Bukowski morreu de pneumonia,
decorrente de um tratamento de
leucemia, na cidade de San Pedro,
Califórnia, no dia 9 de março de
1994, aos 73 anos de idade, pouco depois de terminar “Pulp”.
asceu a 27 de maio de 1894, em Paris, filho de um funcionário pobre e uma
rendeira. Depois de receber uma educação primária, Destouches trabalhou em
várias ocupações até 1912, quando ingressou na cavalaria. Logo no início da
Primeira Guerra Mundial, foi ferido na
cabeça e adquiriu neurose de guerra
numa ação pela qual foi condecorado
por bravura. O sofrimento, físico e mental, provocado por esses ferimentos perseguiu-o até o fim de sua vida.
Após ser dispensado por invalidez, obteve um diploma médico; tornou-se então
cirurgião assistente na fábrica Ford em
Detroit. A seguir foi para a África, e aí,
após um período na Liga das Nações,
decidiu-se pelo trabalho médico extremamente mal remunerado entre os pobres de Paris.
O primeiro romance de Céline foi
“Voyage au bout de la nuit” (1932), que
logo se tornou um sucesso internacional.
Seu
segundo
romance, “Mort à
crédit”
(1936),
consolidou sua
reputação. Seu
uso da linguagem
coloquial,
suas visões da
vida nos estratos
mais baixos da
sociedade, seu
sarcasmo - aliados à compaixão - influenciaram Sartre,
Queneau e Bernanos e, entre os norteamericanos, Henry Miller, Burroughs,
Ginsberg e Kerouac.
No fim dos anos 30, Céline começou a
tender politicamente para o fascismo e
proclamou seu antissemitismo.
Durante a ocupação alemã, seu comportamento foi ambíguo. Depois da libertação, teve que fugir para a Dinamarca,
com a identidade disfarçada sob seu
verdadeiro nome.
Foi julgado in absentia, mas o veredicto
foi posteriormente anulado e lhe permitiram retomar à França, onde passou
seus últimos anos - parcialmente paralisado e à beira da loucura.
Céline, entretanto, continuou a escrever,
produzindo dois romances - “D'un château à l'autre” (1957) e “Nord” (1960) considerados por alguns críticos como
equivalentes aos seus dois grandes livros dos anos 30. Morreu em Paris, a
1.° de julho de 1961.
oeta francês (18/3/1842-9/9/1898).
Stéphane Mallarmé é um importante
nome do simbolismo na poesia francesa. Influenciado por Charles Baudelaire,
valoriza o artifício de inverter a sintaxe
das frases para ressaltar a dificuldade
como elemento principal.
Nasce em Paris e, em 1862, vai para
Londres especializar-se em inglês. Volta
a Paris um ano depois e funda, em
1874, a revista “A Última Moda”, na qual
escreve sobre estética literária. Colabora no jornal “Le Parnasse Contemporain”, criando os poemas da primeira
fase de sua carreira, influenciado por
“As Flores do Mal”, de Baudelaire, editado na mesma época.
No “Parnasse” mostra poemas que se
tornam famosos, como “A Tarde de um
Fauno”, cuja inversão sintática atinge a
incompreensão, na opinião de editores
que se recusam a lançar a obra. Em
1897 publica na revista “Cosmopolis” o
poema “Um Lance de Dados Jamais
Abolirá o Acaso”, considerado seu trabalho mais importante, que ocupa o espaço de uma página dupla e é composto em caracteres e tamanho de letras
diferentes, podendo ser lido de inúmeras formas simultaneamente. A obra é
uma metáfora da consciência e suas
dúvidas e indagações. Embora breve
e inacabada, a sua
obra apresenta-se
hoje como uma das
que determinaram a
evolução da literatura no século XX.
Sem ter chegado a
concluir a sua grande obra, morreu no
ano de 1898, em
Paris.
*Movimento literário, vanguarda artística com ramificações na música e na fotografia, a geração beat manifestou-se por meio de um grupo de jovens escritores que extrapolaram a arte e
a vida em busca de experiências transcendentais na cultura norte-americana dos anos 50.
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“Não convém que qualquer um leia as páginas a seguir; só alguns conseguirão saborear este fruto amargo sem maiores riscos.”
Trecho de Cantos de Maldoror, Lautréamont , 1869.
oeta francês, nascido em 20 de
outubro de 1854. Considerado pósromântico e precursor do surrealismo, é uma das maiores influências
da poesia moderna. Jean Nicolas
Arthur Rimbaud nasce em Charleville e revela vocação para os versos ainda no colégio. Foge de casa
diversas vezes durante a adolescência.
Muda-se para Paris aos 17 anos,
financiado pelo poeta Paul Verlaine, a quem enviara seu “Soneto
das Vogais” (1871). Um ano depois
Verlaine deixa a família para viver
com Rimbaud em Londres. A tempestuosa relação amorosa entre os
dois termina quando Rimbaud é
ferido por Verlaine com um tiro no
pulso.
As obras “Uma Estação no Inferno” (1873) e “Iluminações” (1886)
revelam uma consciência estética
nova, uma linguagem libertária, a
ideia de que a poesia nasce de
uma alquimia do verbo e dos sentidos. Quando termina Iluminações,
aos 20 anos, desiste da literatura e
retoma a vida errante que o caracterizara na adolescência.
Comercializa peles e café na Etiópia, alista-se no Exército colonial
holandês, para desertar logo depois, trafica armas em Ogaden, vai
para o Chipre e para Alexandria.
Em 1891 tem a perna amputada,
em decorrência de um câncer no
joelho. Morre em Marselha, em 10
de novembro de 1891, depois de
demorada agonia.
oi um poeta simbolista francês, nascido em 1845 na região da Bretanha,
filho de Antoine-Édouard Corbière,
autor do romance best-seller “Le Négrier”, Tristan teve uma vida atormentada por uma relação angustiada com
os pais, pelo sistema educativo, a solidão, a depressão e a péssima saúde
(que lhe rendeu um reumatismo desfigurador).
Mestre no estilo coloquial irônico, foi
um desajustado à sociedade, costumava vestir-se com roupas de marinheiro,
fumar
cachimbo
e
pregar
peças
na vizinhança.
Amante
do mar,
viveu
boa
parte
de sua
vida na
costa
britânica. Além de poeta era também pintor.
Não foi reconhecido em vida; publicou
um único livro, "Os Amores Amarelos" (1873). Após sua morte aos 29
anos por tuberculose, seu trabalho foi
resgatado na coletânea “Os Poetas
Malditos”, organizada por Paul Verlaine em 1884. Mais tarde foi reconhecido por críticos e poetas importantes
como Edmund Wilson e Ezra Pound.
uruguaio
Isidore
Ducasse
(Lautreamónt) nasceu em 04 de abril
de 1846, perdeu a mãe aos 2 anos de
idade e quase não conviveu com o
pai, que prestava serviços ao consulado da França em Montevidéu.
Aos 13 anos, foi enviado para o Liceu
de Tarbes, na região dos Pirineus
(França), onde estudou também no
Liceu de Paus, situado na mesma
região.
Suas leituras fazem referência a escritores como Byron, Musset e Baudelaire, além de Eugéne Sue - autor
de "Os Mistérios de París", de onde
retirou o pseudônimo "Conde de Lautréamont" inspirado em uma de suas
personagens.
"Os Cantos de Maldoror" foram lançados na íntegra em meados de 1969,
mas permaneceu oculta pelo editor
Lacroix, por temer represálias e processos que poderiam decorrer do
lançamento de uma obra com tamanho teor de perversão. Parte da correspondência de Lautréamont com
seus editores e uma notificação de
Poulet-Malassis, editor de "As Flores
do Mal", são as únicas evidências da
existência efêmera de Ducasse, além
do atestado de óbito declarando o
seu falecimento em 24 de novembro
de 1870, às oito horas da manhã, em
seus 24 anos de idade.
Quem se atrever adentrar por um breve momento em suas páginas de erosão psíquica, encontrará zoofilia, pedofilia, homossexualismo, sadomasoquismo e, principalmente, uma visão
díspar das próprias margens da insanidade.
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“Não convém que qualquer um leia as páginas a seguir; só alguns conseguirão saborear este fruto amargo sem maiores riscos.”
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Paulo Leminski
Nasceu em Curitiba, em
1944. Poeta de vanguarda,
letrista de música popular,
escritor, tradutor, professor
e, pode parecer inusitado, mas ele também era
faixa-preta de judô. Era um boêmio inveterado.
Em 1989, por causa de problemas com o álcool,
ele acabou falecendo.
Leopold Ritter von Sacher-Masoch
Nasceu em Lviv, Ucrânia, 27 de janeiro de 1836. Morreu
em9 de março de 1895. Foi um escritor e jornalista austríaco, cujo nome esteve na base da criação, pelo psiquiatra
alemão Richard von Krafft-Ebing, do termo masoquismo. O
termo deriva de seu nome graças ao seu romance “A Vênus
das peles” (1870) onde um dos personagem atinge o gozo
após ser surrado pelo amante da sua esposa. “A Vênus das
peles”, foi a obra que o imortalizou, exatamente por abordar, de modo direto e corajoso, em um aspecto tão misterioso e intrigante da alma humana que é o prazer sensual que
se pode extrair do sofrimento. O
masoquismo, como ficou conhecida essa tendência, é algo que
desafia toda lógica utilitarista ou
biológica, oferecendo-se como
um dos enigmas mais formidáveis dos aspectos trágico e simbólico da condição humana.
Torquato Neto
Letrista, poeta e jornalista,
Torquato Neto nasceu em
Teresinha, em 1944. De temperamento complexo, com
internações psiquiátricas e
problemas profissionais, suicidou-se em 1972, no Rio.
Allen Ginsberg
Irwin Allen Ginsberg, nasceu
no ano de 1926, e faleceu em
1997. Poeta norte-americano
do movimento Beat, que chamou a atenção do público
graças às acusações de obscenidade que pesaram sobre
seu famoso poema, Howl.
William Blake
Nasceu em Londres, 28 de novembro de 1757. Morreu
em Londres, 12 de
agosto de 1827.
Foi um poeta, tipógrafo e pintor inglês,
sendo sua pintura
definida como pintura fantástica.
João Antônio
Nasceu em São
Paulo, em 27 de
janeiro de 1937.
Morreu no Rio de
Janeiro, em 31 de
outubro de 1996.
Foi um jornalista e escritor brasileiro,
criador do conto-reportagem no jornalismo brasileiro e contista que se
tornou conhecido por retratar os
proletários e marginais que habitam
as periferias das grandes cidades.
William Burroughs
Nasceu em 1914, em St.
Louis, Estados Unidos. Na
década de 1940 mudou-se
para Nova York, onde iniciaria sua carreira literária e
faria amizade com Jack Kerouac e Allen Ginsberg, entre outros escritores beat. Morreu, em agosto de
1997.
John Fante
Nasceu em Denver, 8 de
Abril de 1909. Morreu em
Woodland, 8 de Maio de
1983. Foi um romancista
estadunidense, contista e
roteirista de ascendência italiana. Ele é mais
conhecido por seu trabalho "Pergunte ao Pó",
um romance semi-autobiográfico ambientado
na década de 1930, que conta a história do
aspirante a escritor Arturo Bandini.
Alice Ruiz
Alice Ruiz Scherone, nasceu em Curitiba PR 1946.
Poeta,
compositora,
tradutora
e publicitária.
Jack Kerouac
(1922-1969) foi um escritor norte
-americano. Porta voz da geração beat, que marcou o final dos
anos 50 nos Estados Unidos.
Alejandra Pizarnik
Nasceu em Buenos Aires, 29 de
abril de 1936. Morreu em 25 de
setembro de 1972. Foi uma escritora e poeta argentina. Estudou
filosofia e letras na Universidade
de Buenos Aires e posteriormente
pintura com Juan Batlle Planas.
Sousândrade
Joaquim de Sousa Andrade, mais conhecido
por Sousândrade foi um escritor e poeta brasileiro. Nascido na vila de Guimarães, no Maranhão, em 9 de
julho de 1832. Morre em São
Luís, abandonado, na miséria e
considerado louco, em 21 de
abril de 1902.
Ana Cristina César
Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 2 de
junho de 1952, foi uma poetisa e tradutora brasileira, conhecida como Ana C. É considerada um
dos principais nomes da geração mimeógrafo da
década de 1970, e tem o seu nome muitas vezes
vinculado ao movimento de Poesia Marginal. No
dia 29 de outubro de 1983 em um ato suicida, se
lança da janela do apartamento de seus pais.
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Fernando Pessoa
Fernando António Nogueira
Pessoa (Lisboa, 13 de Junho
de 1888 - Lisboa, 30 de Novembro de 1935), foi um poeta,
filósofo e escritor português.
Em 1915, liderou um grupo de
intelectuais. Fundou a revista Orfeu, onde
publicou poemas que escandalizaram a sociedade conservadora da época. Fernando
Pessoa foi chamado de louco.
Anais Nin
Nasceu em 21 de fevereiro de
1903, Neuilly, perto de Paris.
Morreu em 14 de janeiro de
1977, Los Angeles. Foi uma
escritora francesa que tornou-se
famosa pela publicação de diários pessoais, que medem um
período de quarenta anos, começando quando tinha doze
anos. Foi
amante de
Henry Miller e
só permitiu
que seus
diários fossem publicados após a morte
de seu marido Hugh Guiler.
Horacio Quiroga
Horacio Silvestre Quiroga Forteza. Nasceu em
Salto, em 31 de dezembro de 1879. Morreu em
Buenos Aires, em 19 de fevereiro de 1937. Foi um escritor
uruguaio famoso por seus
contos, que geralmente tratavam de eventos fantásticos e
macabros. Em 1937, após ter
sido diagnosticado com câncer, Quiroga cometeu suicídio, ingerindo uma dose letal de cianureto.
Lawrence
Ferlinghetti
É um poeta americano, mais
conhecido como cofundador da City Lights Bookstore e editora de mesmo
nome, que publicou obras
literárias dos poetas da Geração Beat, incluindo Jack
Kerouac e Allen Ginsberg.
Antonin Artaud
Antoine Marie Joseph Artaud nasceu em Marselha,
em 4 de setembro
de 1896. Morreu
em Paris, em 4 de março de 1948. Foi um
poeta, ator, escritor, dramaturgo, roteirista e
diretor de teatro francês de aspirações anarquistas. Ligado fortemente ao surrealismo,
foi expulso do movimento por ser contrário a
filiação ao partido comunista.
Expediente
Jornal Amostra Maldita
Execução, diagramação e arte final
Gleide B. J. Ordovás
Setor de Coleções Especiais BC/UFSC
Colaboração
Felipe Côrte Real
Giovanni Fiorenzano
Joana Carla Felício
Jury Antonio Dall Agnol
Leonardo Ripoll
Ricardo Chagas
Os conteúdos expostos nas obras são de inteira responsabilidade de seus autores. O Jornal Amostra Maldita não se
responsabiliza por ideias, opiniões ou conceitos expressos
nelas. Leia por sua conta e risco.
Henry Miller
Nascido em Yorkville (Nova York) no dia 26 de
dezembro de 1891 e filho de pais alemães,
Henry Valentine Miller viveu no Brooklyn durante seus anos escolares. Considerado o predecessor do estilo de escritores como John Fantee Charles Bukowksi, Miller
foi um grande subversivo de
sua época. Escreveu literatura libertária e pornográfica
em plenos anos 30. Morreu
em Los Angeles no dia 7 de
junho de 1980.
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Trecho de Cantos de Maldoror, Lautréamont , 1869.
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convida a comunidade a conhecer uma pequena “Mostra dos
Poetas Malditos”
termo maldito também pode ser aplicado em auto-
ara identificar os autores que tem suas obras
censuradas em sua época e obtêm reconhecimento muitos anos após sua publicação, foi criado o termo escritores ou poetas "malditos".
Com a censura de seus pensamentos, algumas
obras ficam muito tempo sem chegar a um
grande número de leitores. A maioria delas,
quando descoberta pelos críticos e público em
geral, são consideradas inovadoras e influentes.
O termo “poetas malditos” ganhou maior notoriedade quando, nos anos de 1884 e 1888, o
amigo de Rimbaud, Paul Verlaine, publicou a
obra "Les Poètes Maudits" (Os Poetas Malditos). Assim eram apresentados ícones como
Rimbaud e Tristan Corbière.
res do fim do século XIX que passaram pelo mesmo
processo como William Blake e Baudelaire.
Outros escritores que ganharam a alcunha foram
Henry Miller, que teve suas obras proibidas nos Estados Unidos dos anos 30, os beat dos anos 50 como
Allen Ginsberg, Jack Kerouac, William Burroughs e
Lawrence Ferlinghetti. Também houve a época dos
escritores beberrões como Charles Bukowski e John
Fante, ambos obtiveram reconhecimento após anos
lutando com as palavras e a pobreza. Todos estes
autores são associados pelos críticos literários como
transgressores, escritores que romperam e se rebelaram contra as tradições e costumes da época em que
iniciaram seus trabalhos.
O maldito é o contrário do que se chama de olímpico
na crítica literária. Por exemplo, Victor Hugo foi o
olímpico, majestoso e sublime de sua época, já Baudelaire foi o maldito, pois sua principal obra "Flores do
Mal" ganhou um processo no tribunal de Sena.
Os escritores considerados malditos no Brasil são:
Sousândrade, João Antônio, Paulo Lemisnki, Alice
Ruiz, Ana Cristina César, dentre outros.
Fonte: http://www.infoescola.com/literatura/escritores-malditos/
Ao lado da máquina de escrever, algum escritor descuidado deixou espalhado suas anotações. É
proibido, mas levem! Leiam, se inspirem, instiguem–se a conhecê-los melhor. Porém, como bem
alerta Lautréamont , saboreiem o fruto amargo gerado em mentes transgressoras, contudo, não
convém a qualquer um...
Expediente
Jornal Amostra Maldita
Execução, diagramação e
arte final
Gleide B. J. Ordovás
Setor de Coleções
Especiais BC/UFSC
Colaboração
Felipe Côrte Real
Giovanni Fiorenzano
Joana Carla Felício
Colaboração
Jury Antonio Dall Agnol
Leonardo Ripoll
Ricardo Chagas
Biblioteca Central da UFSC, Florianópolis, maio de 2015
ANO 1
Num. 1
“Não convém que qualquer um leia as páginas a seguir; só alguns conseguirão saborear este fruto amargo sem maiores riscos.”
Trecho de Cantos de Maldoror, Lautréamont , 1869.
A Biblioteca Central da UFSC
convida a comunidade a conhecer uma pequena “Mostra dos
Poetas Malditos”
termo maldito também pode ser aplicado em auto-
ara identificar os autores que tem suas obras
censuradas em sua época e obtêm reconhecimento muitos anos após sua publicação, foi criado o termo escritores ou poetas "malditos".
Com a censura de seus pensamentos, algumas
obras ficam muito tempo sem chegar a um
grande número de leitores. A maioria delas,
quando descoberta pelos críticos e público em
geral, são consideradas inovadoras e influentes.
O termo “poetas malditos” ganhou maior notoriedade quando, nos anos de 1884 e 1888, o
amigo de Rimbaud, Paul Verlaine, publicou a
obra "Les Poètes Maudits" (Os Poetas Malditos). Assim eram apresentados ícones como
Rimbaud e Tristan Corbière.
res do fim do século XIX que passaram pelo mesmo
processo como William Blake e Baudelaire.
Outros escritores que ganharam a alcunha foram
Henry Miller, que teve suas obras proibidas nos Estados Unidos dos anos 30, os beat dos anos 50 como
Allen Ginsberg, Jack Kerouac, William Burroughs e
Lawrence Ferlinghetti. Também houve a época dos
escritores beberrões como Charles Bukowski e John
Fante, ambos obtiveram reconhecimento após anos
lutando com as palavras e a pobreza. Todos estes
autores são associados pelos críticos literários como
transgressores, escritores que romperam e se rebelaram contra as tradições e costumes da época em que
iniciaram seus trabalhos.
O maldito é o contrário do que se chama de olímpico
na crítica literária. Por exemplo, Victor Hugo foi o
olímpico, majestoso e sublime de sua época, já Baudelaire foi o maldito, pois sua principal obra "Flores do
Mal" ganhou um processo no tribunal de Sena.
Os escritores considerados malditos no Brasil são:
Sousândrade, João Antônio, Paulo Lemisnki, Alice
Ruiz, Ana Cristina César, dentre outros.
Fonte: http://www.infoescola.com/literatura/escritores-malditos/
Ao lado da máquina de escrever, algum escritor descuidado deixou espalhado suas anotações. É
proibido, mas levem! Leiam, se inspirem, instiguem–se a conhecê-los melhor. Porém, como bem
alerta Lautréamont , saboreiem o fruto amargo gerado em mentes transgressoras, contudo, não
convém a qualquer um...
Expediente
Jornal Amostra Maldita
Execução, diagramação e
arte final
Gleide B. J. Ordovás
Setor de Coleções
Especiais BC/UFSC
Colaboração
Felipe Côrte Real
Giovanni Fiorenzano
Joana Carla Felício
Colaboração
Jury Antonio Dall Agnol
Leonardo Ripoll
Ricardo Chagas