Revista Coffea - Número 12
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Revista Coffea - Número 12
ANO 4 - Nº 12 - MAIO/DEZEMBRO - 2007 REVISTA BRASILEIRA DE TECNOLOGIA CAFEEIRA FUNDAÇÃO PROCAFÉ CONVÊNIO MAPA/FUNPROCAFÉ/UFLA ANO 4 - Nº 12 - MAIO/DEZEMBRO - 2007 Neste número: REPORTAGEM - Grupo de dirigentes de Cooperativas foi ver o café no México e Costa Rica - Dias de Campo e Curso difundem novas tecnologias cafeeiras em Varginha - Pesquisas Cafeeiras: mais um Congresso, com muito sucesso COMO VAI VOCÊ 03 11 13 15 PESQUISANDO Capa: Cafeeiro desfolhado florindo, apresentando flores normais apenas nos ramos baixos e flores anormais, sem abrir, na parte superior da planta.Isto ocorre devido à estiagem, que resultou num pequeno suprimento de água, suficiente sómente para a abertura normal dos botões na ramagem baixa. Foto em Carbonita, Norte de Minas - nov/2007. - Eficiência clonal na resistência do Siriema contra o bicho-mineiro em cafeeiros - Novos sistemas de mudas e plantio de cafeeiros - Efeito do gliphosate sobre a brotação em cafeeiros jovens - Novo tipo de bandeja e diferentes substratos para produção de mudas de café - Avaliação da aptidão edafo-climática da Serra do Cabral, em MG - Época de recepa em cafezal adensado na zona da mata de minas - Rendimento de frutos verdes e maduros de cafeeiros conillon nas diversas fases do preparo pós colheita RESPONDE NOTA DO EDITOR Ficamos um tempo fora com nossa revista, devido às dificuldades de recursos para sua edição. Não queremos, no entanto, deixar esse nosso veículo fechar as portas e estamos fazendo um esforço para continuidade. Assim, esse número traz, novamente, informações de interesse, para os técnicos e produtores ligados ao café. São recomendações, análises, pesquisas e reportagens recentes, com destaque para os trabalhos que foram apresentados no último Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras. O ano de 2007 está acabando e um novo ano se aproxima. É tempo de festas natalinas, de reunir as famílias. Desejamos a todas as famílias do café um bom natal e um ano de 2008 cheio de bons negócios. 16 17 19 19 22 24 26 28 RECOMENDANDO - Condicionamento hormonal em mudas de café 29 RESUMINDO - Quatro trabalhos de pesquisa cafeeira 32 PANORAMA - Notícias da produção cafeeira 34 ANÁLISE - É preciso prioridade e objetividade na pesquisa cafeeira 38 PRODUTOS E EQUIPAMENTOS - Formulações corretivas e protetivas para a lavoura cafeeira 42 SÉRIE ESTATÍSTICA - Análise do custo de produção de café no sul e Oeste de Minas Gerais 43 CARTA AO CAFEICULTOR Estamos finalizando um ano em que a safra de café foi baixa (=32 milhões de sacas) e, mesmo assim, os preços do café não subiram, o que era natural e esperado, diante da menor oferta. Ocorre, entretanto, que o mercado interno conta com pouco suporte e os preços, sempre voláteis, são estabelecidos nas bolsas e pelos movimentos dos fundos, dependendo, muitas vezes, da competitividade de outras comodities em que os fundos também investem. Com menor produção e preços baixos a renda bruta do produtor caiu e, também, a sua rentabilidade. Restava, então, apostar na próxima safra. Mas a falta de chuvas, de maio a outubro, trará perdas, novamente, na produtividade. Assim, a ameaça de uma super-safra em 2008 está afastada. Permanece, então, um equilíbrio entre a oferta (reduzida pela seca) e a demanda , esta ampliada pelo maior consumo mundial (120 milhões de scs./ano) e pelo consumo interno no Brasil (mais de 16 milhões de sacas/ano) e os preços serão mantidos, com tendência de alta. Apesar dos aumentos nos fertilizantes, é preciso continuar investindo nos bons tratos para alcançar melhor produtividade nas lavouras, única ferramenta que o cafeicultor dispõe para produzir mais barato. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento: Reinhold Stephanes Secretário-Executivo do MAPA: Silas Brasileiro Secretário de Produção e Agroenergia (SPAE/MAPA): Manoel Vicente Fernandes Bertone Diretor do Departamento do Café (DCAF/SPAE): Lucas Tadeu Ferreira Secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC/MAPA): Márcio Antônio Portocarrero Superintendente Federal de Agricultura de MG (SFA/MG): João Vicente Diniz Fundação Procafé Presidente da Fundação Procafé: José Edgard Pinto Paiva UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS Reitor da UFLA: Antônio Nazareno Guimarães Mendes REVISTA DE TECNOLOGIA CAFEEIRA Ano 4: nº 12 maio/dezembro/2007. Conselho Editorial: José Braz Matiello (Editor Executivo); Rubens José Guimarães (Coordenador UFLA); Saulo Roque de Almeida, Leonardo Bíscaro Japiassú, Rodrigo Naves Paiva e Antônio Wander Rafael Garcia - MAPA/Fundação Procafé e Carlos Henrique Siqueira de Carvalho - Embrapa Café. Programação Visual e Impressão: Gráfica Editora Bom Pastor. Composição: Rosiana de Oliveira Pederiva e Maria Emília Villela Reis Tiragem: 2000 exemplares. Endereços: Alameda do Café, 1000 - Bairro Jardim Andere 37026-400 - Varginha/MG 35. 3214-1411 [email protected] e Av. Rodrigues Alves, 129 - 6º andar - Centro 20081-250 - Rio de Janeiro/RJ 21. 2233-8593 [email protected] É permitida a reprodução, desde que citada a fonte e autores. www.fundacaoprocafe.com.br REPORTAGEM 03 Grupo de dirigentes de Cooperativas foi ver o café no México e Costa Rica Um grupo de 11 pessoas, dirigentes e técnicos de cooperativas de cafeicultores, organizado e patrocinado pela OCEMG - Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais - esteve viajando, no período de 8-18 de novembro/2007, pelas regiões cafeeiras no México e Costa Rica. A viagem teve como objetivo conhecer as características de cultivo e da economia cafeeira em países que tem condições diferentes do Brasil, para observar novas tecnologias e as bases de competição importantes, para aplicação na cafeicultura brasileira. Participantes A organização dos participantes esteve a cargo dos dirigentes da OCEMG, destacando-se seu presidente Ronaldo Scuccatto, e estiveram na frente o diretor Alberto A. Valle Junior, também presidente da CAPAL – Araxá e José Edgard Pinto Paiva, da Comissão de café da OCEMG e presidente da COCCAMIG, estes 2 últimos também foram na viagem, juntamente com Carlos Augusto Mello – vice- presidente da Cooxupé, Marcelo Pimenta do Conselho Diretor da Cooparaíso, Tarcísio Rabello – Presidente da Cooperativa de Cafeicultores de Campos Gerais, Ralph Junqueira, Algênio Castro e Luiz Paulo Pereira Filho, da Cooperativa de Carmo de Minas, Henrique Reis Pinto – Presidente da Minasul e José Eugênio Marinho – médico, cafeicultor e cooperado da Minasul. Na coordenação técnica, responsável pelas visitas e contatos nas áreas cafeeiras, esteve o Engº. Agrº. J. B. Matiello, do MAPA/PROCAFÈ. PROGRAMA DE VISITAS Um extenso programa de visitas foi desenvolvido pelos participantes, como se pode ver em seguida: – Programa no México O programa de visitas e contatos no México compreendeu a viagem da Cidade do México para a região de Xalapa, no estado de Vera Cruz, sob a coordenação e apoio do Conselho Regulamentação do Café de Vera Cruz. Os participantes no início da viagem na Cidade do México. Foram feitas visitas em 3 fazendas de café e em 3 usinas de preparo do café pós-colheita, em beneficiamentos úmidos e secos. (Fazendas de Francisco de La Vecchia, Kassandra e Casablanca) e beneficiamentos Pahsa, de José Luiz Rojos Geo e de Animas-Ansa). Todas essas visitas foram na região de Xalapa e Huatusco. Nessas áreas foram observadas, no caminho, as condições de exploração das lavouras cafeeiras em pequenas propriedades .Nesse dia de visita tivemos contato, na Fazenda Kassandra, com o Secretário de Agricultura do estado de Vera Cruz, Juan Humberto Garcia Sanches, com a presença, também, de um Deputado daquele estado e da Prefeita de Huatusco. No último dia visitamos o Laboratório de Qualidade/Certificação de café do “Consejo de Regulacion de Café de Vera Cruz, em Xalapa”. Fomos acompanhados por técnicos e pelo Presidente do Conselho, o Dr. Eduardo Assad, pela Diretora Executiva L.E Maria del Pilar Flores Diaz, e pelo responsável de relações institucionais L.E. Josafat Bellido Aburto. A Cafeicultura no México As informações obtidas dão conta de que a cafeicultura no México compreende o cultivo de cerca de 480 mil ha de cafezais e a produção média anual tem sido de cerca de 4,0 milhões de sacas, com tendência a reduções nos últimos anos, pelos preços baixos que consideram. REPORTAGEM 04 O café chegou ao México em 1780 e em 1920 a Coatepec (Vera Cruz). A região de Vera Cruz produz cerca de 1,3 milhão de sacas, em altitudes entre 500 e 1500 m, em solos naturalmente de boa fertilidade (origem vulcânica), de topografia acidentada e cultivo todo manual. A cafeicultura é feita quase totalmente sob sombra, geralmente muito fechada. As propriedades são pequenas (média 1,5 ha de café), existindo também grandes propriedades (+ 200 ha) já mais tecnificadas. O uso de fertilizantes é pequeno e a produtividade média é baixa, (8-10 sacas/ha). A produção de café compreende cerca de 300 mil sacas/ano de cafés robusta e o restante de arábica, sendo, nessa espécie, predominantes as variedades Typica, Caturra, pouco de Híbrido Garnica (=catuaí) e de Mundo Novo e Catimores (Costa Rica 95 e Azteca Oro). Estão procurando introduzir um Typica criollo melhorado, e com interesse no Geisha, com tendência a dar prioridade às variedades com maior potencial para qualidade de bebida. Além das regiões de café no Estado de Vera Cruz, que visitamos, são importantes na Cafeicultura Mexicana os estados de Chiapas, Oaxaca e Guerrero. O consumo de café no México é de cerca de 1,2 – 1,5 milhões de sacas/ano, pouco mais de 1 Kg/pessoa/ano, muito baixo, em relação ao Brasil ( 4-5 kg/capita ). O aumento do consumo no país é objeto da política do governo. Quanto a esse consumo uma pesquisa mostrou que a razão para redução no consumo de café nas residências é a falta de cafeteiras nos lares, as quais facilitariam o preparo da bebida. As exportações do café do México ocorrem em média de 40% para os EE.UU, e 50 - 60% para a Europa (sendo o frete para a Europa mais barato, pelo retorno de containers vazios). Parte do café para os EE.UU é exportada por via terrestre, sendo Vista de cafezal sombreado com ingazeiras em Huatusco-MX. pequena parcela de cafés já industrializados (solúvel, descafeinado e torrado/moído). Condições observadas nas fazendas e cafezais Condições Gerais Como condições gerais que ocorrem no setor de produção de café na região de Xalapa, pudemos observar: a) Situação de crise vivida nos últimos anos, com redução das safras, motivada pela condição de preços/custos, pela dificuldade/custo de mãode-obra, o que tem levado a reduções de produtividade/ produção. Houve migração de cerca de 0,5 milhão de pessoas da região para os E.U.A. b) Para os próximos anos essa situação pode ser agravada por: maior exigência no uso da água e destino dos efluentes; seguro social da mão-deobra (acréscimo de 25%); e normas rígidas para o manejo fito-sanitário dos cafezais; tudo vai encarecer o custo de produção. c) Preços do café informados: US$ 120,00/quintal (46 kg) e custos diretos do campo de US$ 85,00. d) Custos altos das terras, de US$ 10.000,00 a US$ 25.000,00/ha. Características nos cafezais Verificou-se que as lavouras, na maioria, são pouco tecnificadas. As variedades são tradicionais, espaçamentos com fechamento nos cafezais, com pouco uso de adubos e quase sem tratamento de pragas/doenças. As principais características observadas foram: a) Sombra de ingazeiras, árvores nativas e introdução nos últimos anos, de Grevillea, Cedro Indiano e combinação com macadamia (Fazenda Kassandra). No geral a sombra é excessiva, existindo trabalhos, com sucesso, raleando sombra. A sombra fechada torna a lavoura mais auto-sustentável, exigindo menor uso de adubos, porém reduz a produtividade. As árvores de Cedro Indiano parecem ter bom desenvolvimento e grande potencial para madeira (rosa ou vermelha). A macadamia tem sido vendida entre 6-12 pesos/Kg (0,60 – 1,20 Us$) e a população de árvores ideal gira em torno de 120 – 200/ha. b) Ocorrência pequena de broca, de Koleroga, cercosporiose de Phoma e de ferrugem, está já causando prejuízos em cafeeiros mais carregados. O Costa Rica 95 se mostra bem REPORTAGEM resistente à ferrugem , mas parece apresentar problemas de má qualidade da sua bebida. c) Bons resultados com recepa baixa, em lotes, acoplada ao repovoamento e redução de sombra. d) Boa qualidade dos solos, férteis e profundos, havendo, pela sua natureza vulcânica, forte carência de Mg e Boro. e) Bom nível de manejo ecológico nos cafezais, com reciclagem de folhas e outros resíduos orgânicos, oriundos das árvores de sombra, dos cafeeiros e das das ervas daninhas ( por roçadas ou com uso de herbicidas de contato). f) Condução, no geral, de número excessivo de hastes/pl, em muitos casos provocado pelo uso de mudas duplas/triplas (técnica introduzida da Costa Rica) e pela falta de desbrota. Na pósrecepa deve-se conduzir menor número de hastes, que assim engrossam, produzem ramos laterais maiores, mais produtivos e o fechamento é retardado. No espaçamento mais indicado e observado nas fazendas tecnificadas, de 2 x1 m, deve-se conduzir 2 hastes/pl. g) Colheita manual, parcelada, em 3-4 vezes/safra, colhendo café maduro, com rendimento entre 40 – 80 Kg de café/pessoa/dia. O número de colhedores necessários é grande, em algumas fazendas maiores (300 ha) se utiliza até 1500 colhedores. Características do preparo de café e usinas Nas 3 usinas de preparo de café pós-colheita visitadas verificou-se que todas possuem estrutura/sistema de preparo por via úmida, tendo como resultado, a maior parte de produção de cafés despolpados. As usinas atendem tanto às fazendas dos proprietários como a dos pequenos produtores, que entregam o café em cereja. O processo começa pela recepção/inspeção em plataformas ou tanques, a qual, em muitas usinas, separa os cafés de acordo com a origem (baixa, média, alta altitude). Segue-se a flutuação do café em tanques/sifão para separar os bóias/chochos e parte dos brocados, o que dá origem a um café de 2ª, ficando os frutos de café que afundam (mais densos) compondo o café de melhor qualidade, estes podendo, ainda, ser separados em bica separadora (por densidade), seguindo para o despolpador (usual de cilindro horizontal) ou vertical (Penagos-colombiano) mais moderno. O café que flutua e/ou o menos denso pode ser destinado a despolpadores de disco. Uma vez despolpado o café é colocado em tanques de fermentação (18 – 24 h em regiões mais 05 quentes e até 30 – 36 h em mais frias), sendo lavado, bombeado e pré-secado em aeradores de cascata, sob forte fluxo de ar quente (60ºc). Estes aeradores vem sendo mais recentemente usados (em pequena escala) no Brasil. Dos aeradores, o café vai saindo, através do próprio fluxo de ar abaixo da camada de grãos, indo para os secadores, sendo os mais usados os chamados de Guardiola, ou seja , secadores cilíndricos horizontais rotativos, onde a temperatura do ar é usada no nível de 50-70º C, sendo a seca completada em 24-30 horas. Em alguns benefícios existe a separação (em bica separadora) do café já despolpado e, também, secadores verticais, grandes, para atender aos guardiolas menores. Não se utiliza qualquer secagem em terreiros, diferentemente do Brasil. O combustível usado varia, sendo comum a casca do pergaminho, óleo combustível, gás ou lenha, sempre em combinação, para reduzir custos. No benefício chamado de seco, existe o maquinário de descasque, este um sistema cilíndrico, tipo brunidor, seguindo-se a classificação em conjunto de peneiras, depois separação em float-air e finalmente em eletrônicas. O padrão final dos cafés é bom, sem defeitos e, normalmente, de bebida suave. As usinas de grandes compradores (como a ANSA - Esteve Irmãos) se localizam em vários estados e chegam a comercializar 30% do café do México. Elas vem buscando mercados diferenciais de qualidade (semi ou lavado), com atendimento a várias certificadoras e denominação de origem. Elas também possuem departamentos de apoio (suministros) aos produtores, visando melhoria de qualidade. Possuem, também, fazendas de café (Xalapa, Chiapas e Puebla), com área de 2500 ha de café. Os equipamentos de preparo são oriundos da Costa Rica/Colômbia e pouco do Brasil (Pinhalense). Eles consideram que é preciso mudar a tradição para produzir o que o mercado está pedindo. Grupo assiste a palestra no laboratório do “Consejo de caficultores de Vera Cruz”, em Jalapa-MX. REPORTAGEM 06 Cafezal renovado, com sombra rala de Eritrina(porro) em Naranjo-Costa Rica. No final, o preparo/beneficiamento resulta em 3-4 tipos de café: 1 de bóias (flotantes) e 2-3 de densidades maiores nos despolpados. É preciso relatar que em outra região do México (Guerrero) se produz um pouco de café natural (sem despolpar). O conselho regulador de Vera Cruz e a certificação de cafés O conselho regulador de café de Vera Cruz é uma organização civil, que congrega produtores e usinas, contando com cerca de 2000 cafeicultores e 40 usinas. Sua função principal tem sido a certificação do café por região de origem como “café de Vera Cruz”, o que já foi conseguido legalmente a partir de 2004 e agora o Conselho, através de seus técnicos e com apoio no laboratório de avaliação de qualidade, vem implementando. As bases para caracterizar a região de origem foram: - Clima temperado úmido - Altitude favorável (750-1500 m) - Solos vulcânicos - Uso de sombra - Bom preparo - Boa tradição Esses fatores em conjunto levam a: Grãos grandes, de cor verde-azulada, aroma intenso, acidez pronunciada, sabores característicos/especiais frutas e achocolatados, bom aspecto de torração e, no final, o objetivo de uma bebida (taça) limpa. A certificação é feita através de 2 setores do Conselho: A UV = umidade de verificação e ao OC = organismo de certificação. São considerados o meio geográfico, com seus fatores naturais e humanos. A certificação ocorre tanto para o café beneficiado (verde), como no café torrado (de indústrias). A certificação custa US$ 1,50/saca. A certificação compreende 74 municípios, em 9 regiões. Na certificação são considerados o meio físico natural, compreendendo a conservação de recursos naturais e a condição adequada do trabalho. O Conselho regulador possui 1 Conselho diretor e uma direção geral. O processo de certificação, começa pela inscrição do produtor, a distribuição do manual de boas práticas agrícolas (com as regras). São feitas amostragens e visitas de acompanhamento. No laboratório de qualidade são efetuadas avaliações físicas e sensoriais, abrangendo: % de mocas, cor, rendimentos, umidade, tamanho e forma de grãos, presença de defeitos, grau de torração, perfil de moagem. No sensorial avalia-se aroma, acidez, corpo, maus sabores e aceitação geral. - Programa na Costa Rica O programa de vistas foi organizado pelo ICAFE (Instituto de Café de Costa Rica), que indicou o Engenheiro Agrônomo Victor Arias Chaves para acompanhar o grupo brasileiro nos dois dias de visitas (15 - 16 nov/07). Foram visitadas duas fazendas de café na região de Naranjo (Hacienda Miramonte, Finca San Jerônimo e Espiritu Santu), as instalações administrativas da Cooperativa de Cafeicultores de Naranjo (COOPRONARANJO) e sua usina de preparo do café. Em Turrialba, foram visitadas as oficinas do ICAFE , um campo experimental (ensaio de combinação agro-florestal no cafezal),a coleção de variedades e o laboratório de biotecnologia do IICA (Instituto Interamericano de Ciências Agrícolas, da OEA). A Cafeicultura na Costa Rica A área de café na Costa Rica está atualmente em cerca de 96,000 ha, vindo caindo nos últimos anos a partir de 113 mil ha, sendo responsável por essa queda na área a ocupação de áreas para turismo e para outras culturas. A produção, igualmente, sofreu redução, de 3,0 milhões de fanegas (46 Kg) para 2,7 milhões, com diminuição da produtividade de 30-34 fanegas/ha para 26 F/ha. O café é cultivado em várias regiões, sendo a mais importante situada na Meseta Central, em Ajaluela, Heredia, Naranjo, sendo introduzidas novas áreas mais recentemente como a De los REPORTAGEM 07 Santos. A lavoura cafeeira é cultivada em altitudes desde 500 até 1600 m, sendo a melhor área entre 1000-1600 m de altitude. Nas áreas quentes o preço do café é mais baixo. A maioria dos produtores tem até 10 ha, ficando a média das propriedades em 5-6 ha de café/propriedade. Propriedades acima de 100 ha são apenas 3%, porém respondem por cerca de 30% da produção. O consumo de café no país é de cerca de 270 mil sacas, porém, pela sua pequena população, o país se destaca, como o Brasil, no consumo per capita entre os países produtores. Na agricultura costaricence as culturas em Poda por fileira, em ciclos de 3 com perdão, na importância são a banana, o abacaxi e o café (em Fda. Miramonte-CR. 3º lugar). Mas o café, como no Brasil, é muito de Cooperativas (35%) ou particulares, onde os importante para o emprego de mão de obra. produtores entregam o café cereja, existindo cerca Os solos usados para café na Costa Rica são de 100 usinas de preparo no país. Ultimamente férteis de origem vulcânica, porém atualmente estão estão sendo implantadas pequenas unidades de sendo usados, em novas áreas, solos menos férteis preparo nas próprias fazendas. (oxisolos). A topografia nos terrenos usados para café é predominantemente montanhosa, porém existem, Características dos cafezais nas fazendas visitadas. em menor escala, áreas planas. As chuvas, no geral, são abundantes, na faixa A Fazenda Miramonte tem uma tradição de 50 de 2000-2200 mm por ano, de maio a novembro e com mais de 240 dias com chuva no ano. Em anos em cafeicultura, possui 4 propriedades, num total de 320ha de cafezais. Sua produtividade média Turrialba chove cerca de 3000 mm. O ICAFE é o organismo do Governo é de 38 fanegas/ha. Os plantios são feitos com pouca sombra, responsável pelo apoio técnico à cafeicultura predominando com árvore Eritrina (Porró) e pouca (Pesquisa e Assistência Técnica) e pela regulação área com Eucaliptos. As variedades usadas são do mercado (exportação, preços de liquidação, etc.). várias. O catuaí vermelho, pouco do Amarelo, vem Para isso conta com uma taxa retirada na mostrando bom vigor e produtividade. São exportação dos cafés. A Zona visitada, em Naranjo, possui cerca de plantadas, ainda, o Caturra e o Costa Rica 95. O espaçamento básico gira em torno de 1,70 – 23.000 há de cafezais , com 8-9.000 produtores, sendo, ali, o café cultivado em cerca de 50% com 2,00 x 1,0 m, com plantio de mudas duplas ( 2 sombra e a outra metade sem ou com pouca sombra. sementes por sacola). Existe um sistema bastante tecnificado de Os produtores tecnificados vinham adotando a redução de sombra, mas, agora, com a certificação, poda, seja por talhão, a mais preferida pelo tendem a voltar com sombra rala. Os produtores agrônomo responsável, seja por ciclos, podando 1/3 a 1/5 por ano, com ou sem perdão (não podar em pequenos usam sombra mais fechada. As variedades mais plantadas e aceitas são o determinado ano). Com esse sistema, a Caturra e o Catuaí, sendo que as variedades novas produtividade nas áreas é bastante alta e se mantém como Catimores UFV 5179 e seu sucessor Costa todos os anos. No sistema de poda por fileira é Rica 95, apesar da boa produtividade e resistência à apontada como desvantagem a maturação desigual ferrugem, não tem sido aceitos pela falada má dos frutos de café entre fileiras de diferentes qualidade de bebida e, nesse ano, pela maior estágios de desenvolvimento das plantas. Nas doenças do cafeeiro a principal relatada susceptibilidade à doença “Ojjo de Gallo”, nesse ano causando sérios prejuízos, pela umidade (40% a pelo especialista do Icafé é a Cercosporiose, e com mais de chuva nesse ano) e pelo calor (1 – 1,5°C a menor importância a ferrugem e o ojjo de gallo. Nas áreas úmidas, quentes, ocorre em grau severo o mal mais). A colheita do café se dá entre novembro e de Hilachas ou Koleroga. O controle químico do “Ojjo de Gallo” é difícil. março. O preparo/beneficiamento é feito em usinas, O mais eficiente é a mistura de ciproconazole + 08 antibiótico. A ferrugem e a cercosporiose são controladas de forma protetiva (2-4 apl. cúpricos) e muito eventualmente com complementações foliares de triazóis. Na Fazenda causou surpresa e foram novidades 2 aspectos: a) O uso de irrigação, principalmente para facilitar a adubação e a uniformização da florada. b) O plantio intercalar de tomate após recepa de cafeeiros, com tomateiros plantados em camaleões (leiras) junto às linhas de cafeeiros. As plantas de tomate são cobertas com lençol plástico superior. O gerente técnico da Fazenda indicou que o uso de hidróxido de cálcio em irrigação diminuiu as doenças nos cafeeiros. Nas pragas relatadas pelo especialista do Icafé, foram destacadas: a broca do café, já instalada em mais de 90% da área cafeeira e normalmente com ataque de 1-2% nos frutos da região fria e 6-10% nas mais quentes, sendo que em Turrialba (área marginal, 24°C temp. média) existem ataques em mais de 40% dos frutos. O controle da broca é praticado por armadilhas (etanol + metanol) colocadas nos campo no pico do voo dos insetos (onde resulta boa captura). São indicadas 20 armadilhas/ha e com uso de 200–300 mg do líquido / armadilha/ dia. É usada ainda formulação de B. bassiana (formulada em arroz) e introduzidos parasitóides (C. stephanoderis). O controle químico é pouco usado (Lorsban e Endossulfan), quando a infestação é maior de 5%. Quanto aos nematóides são importantes o M. arabicidae, seguindo-se M. exigua. Existem, ainda, o M. incognita e Pratilenchus. Usa-se enxertia em poucos casos. Trabalhador Nicaragüense na colheita em cestos na Fda. Miramonte-CR. REPORTAGEM Na Fazenda Espiritu Santu, pertencente à Cooperativa de Naranjo, a área de café é de 180 ha. Ela foi certificada em 2006/07 e vende para Starbucks com prêmio. É interessante que a certificação que possui quanto ao manejo e preservação do selo resulta em redução de 40% no imposto da terra. Na Fazenda da Cooperativa se aplica a poda de 33% das fileiras, sem perdão. O material cortado é picado e mantido como adubo. Existe sombreamento ralo, com eritrina, constando que essa prática é essencial para certificação. A produtividade tem sido entre 40-60 f/ha. A adubação das lavouras tem sido feita com formulas básicas 18-5-15-6-2 (Mg e B) até os anos 90, à razão de 1000Kg/ha, em 2 aplicações por ano, mais uma extra de nitrogênio. Usa-se na Fazenda o Nitramon e Magnesamon (N + Mg + Ca). Se usa via foliar, 2 apl. de Zn e 1 apl. de B. A adubação utilizada atualmente é com a formula 12-00-15-5-0,15 e 0,25 (NPKMg, B e S). No controle do mato utiliza-se 2 apl. de gliphosate por ano. A mão de obra representa 64% do custo de produção do café. Mereceu especial atenção a prática da poda, já conhecida como uma prática bem utilizada na Costa Rica, que complementa o manejo das lavouras adensadas. Nessa prática, os produtores pequenos adotam mais a poda por planta. Nos mais adiantados se utiliza poda por talhão ou por rua (linha). A maioria da poda é por recepa, observandose na região de Turrialba a poda de desponte, conhecida na Costa Rica como poda de ramos (bandolas). O máximo que se mantém as plantas sem podar é por 5-6 anos, efetuando ciclos de 3, 4 ou 5 anos (este em áreas mais frias). A prática de poda em ciclos curtos, acoplada a espaçamentos adensados, vem sendo pesquisada no Brasil. Parece que regiões cafeeiras montanhosas no Brasil (Zona da Mata e parte do Sul de MG) podem, com adaptações, aumentar o uso de podas de renovação, visando baratear a colheita, em planta mais novas e baixas. O custo médio da mão de obra é de cerca de US$ 11,00/dia. A colheita vem sendo paga a US$ 1,30/medida de 12,5 l. Uma fanega de café tem cerca de 400 l ou 250 Kg de café cereja, o que resulta em 1 quintal (46 kg) de café beneficiado. Os colhedores vem, em sua maioria, da Nicaragua e na época de colheita tiram US$ 15 – US$ 25,00/dia. REPORTAGEM Cooperativa de Naranjo Organização e objetivos Na Cooperativa de Naranjo (Coopronaranjo) estão 1500 produtores associados, sendo a mesma fundada em 1968. Foi mostrado um vídeo sobre as atividades da Cooperativa, que compreendem o preparo de café na sua usina, uma torrefação, um armazém de suprimentos de insumos/maquinário e supermercado, além de serviços de Assistência Técnica aos produtores, à semelhança do que ocorre com várias cooperativas de cafeicultores no Brasil. Na Costa Rica cerca de 70% dos cafeicultores são associados, em 30 cooperativas. A Coopronaranjo estimula a qualidade através de diferencial de preço no café e pela orientação através da equipe de Assistência Técnica, juntando conscientização e efeito econômico. O preço do café na exportação está em de US$ 140,00/ quintal (46 Kg) e na média de todos os cafés em torno de US$ 115,00/ quintal. Usina da Coopronaranjo A usina de preparo de café da Coopronaranjo compreende benefício úmido e o beneficiamento final, chegando até o armazenamento e comercialização. O produtor entrega o café cereja, sendo medido e avaliada a qualidade de bóias e de brocas, de acordo com essa avaliação se dá um desconto ou redução de preço. O produtor recebe um adiantamento e vai receber o preço final de acordo com o preço de venda, pela cooperativa, no mercado. Em seguida ao recebimento o café vai para o separador em água e em bica para tirar pedras, daí segue para um despolpador/separador de verdes, isso no inicio da safra (nesse equipamento a casca é 09 separada no peneirão). O café bem maduro vai para os despolpadores tipo robô (Penagos). Na usina pode-se usar a fermentação em tanque (bem azulejado) ou, na maioria, o café despolpado é desmuscilado mecanicamente. A fermentação é boa para a qualidade porém é prejudicada pelos grãos brocados (que fermentam) e leva a perdas de 2% no peso. A secagem é feita em pré-secadores (tipo aeradores), em seguida indo para os secadores padiola (horizontais rotativos) e também em présecadores verticais grandes (= 6 guardiolas). O tempo de secagem dura 24-30 horas, com temperatura no ar de 60ºC. A vantagem do aerador é evitar que os grãos colem na parede do secador, o que resulta no defeito crinkler ( ardido) O café seco é depositado em silos metálicos, estes com fundo de chapa perfurada e com injeção de ar e mexedor em parafuso sem fim. O beneficiamento do café em pergaminho é feito em máquina com cilindro à razão de 110 scs/hora. O café bom, de primeira, tem densidade acima de 70%, tendo a Cooperativa conseguido média de 74%. A água de lavagem/despolamento é tratada em reator anaeróbico, devendo o líquido final ter menos de 1500 DKO e menos de 1000 DBO, para, então ser liberada para os riachos. Viveiro da Cooperativa Foi visitado o viveiro de mudas de café da Cooperativa de Naranjo. Este, diferente de outros onde as mudas são produzidas em canteiros, no chão, as mudas são formadas em sacolas grandes de plástico, arrumadas duas a duas nas linhas. As mudas são plantadas maiores, com 1 ano. São usadas 2 mudas ( 2 sementes ou palitos) por sacola. As mudas, de Caturra, apresentavam aspectos muito bom, mas tinham ataque de Ascochyta. Visitas em Turrialba Viveiro de mudas da Cooperativa de Naranjo-CR. A região cafeeira em Turrialba é situada em altitudes mais baixas (500-1100m), mais chuvosa e, assim, os cafeeiros dão até 12 floradas no ano, distribuídas em 5 meses. A região possui 9-10.000 ha de cafezais. Pela maior temperatura ocorre intenso ataque da broca, ferrugem e Koleroga. Os preços são menores. Outro problema tem sido a falta de mão de obra. A produtividade é mais baixa (20 fanegas/ha). O manejo de broca compreende colheita sanitária de frutos, uso de pulverizações com B. bassiana, introdução de parasitóides e colheita de sobra de frutos (até do chão). 10 No IICA foi observado um ensaio de combinação de árvores de sombra x nível de manejo dos cafeeiros. Em relação ao pleno sol são ensaiados 3 espécies (Eritina = Porro, Cachá e Freijó). Os 4 níveis de tratos são: tradicional (adubação química), meio-tradicional, orgânico e meio-orgânico. Até o momento (6 safras) não foram observadas diferenças significativas na produção média, havendo ligeira vantagem na produtividade para o pleno sol e para o porró (Eritrina). A melhor combinação parece ser café com Porró e Cachá, ambas espécies de árvores leguminosas. Uma das finalidades das árvores é a reciclagem de nutrientes. As folhas, galhos e outros resíduos da Eritrina podem fornecer, anualmente 300 kg de N/ha, 250 kg de K2O e 120kg P2O5/ha. As folhas de Eritrina tem 4 - 6% de N. Outra visita foi ao campo de “Coleção de Variedades” (espécies de café), que possui 300-400 introduções, de materiais de arábica silvestres, variedades de arábica comerciais, de C. canephora, de C. liberica, C. salvatrix e outros. O potencial da coleção para melhoramento genético é grande, especialmente devido às mudanças climáticas, previstas pelo aquecimento global. Os itens destacados da coleção foram o Geisha e o Villa Lobos (porte baixo, boa produtividade, boa qualidade e maturação tardia), pelo interesse na qualidade de frutos, seleções de robusta e de C. liberica e os híbridos silvestres, oriundos da Etiópia e Sudão que, por cruzamentos com variedades comerciais de arábica, deram origem, na F1, a plantas com boas características como: vigor, alta produtividade, resistência à ferrugem, tolerância a nematóides e boa qualidade de bebida. Foram observados 2 materiais silvestres (ET45 e ET35), que deram origem a 20 híbridos, os quais, após reprodução vegetativa (embriogênese somática) foram ensaiados em várias regiões, mostrando boas características produtivas. As plantas silvestres pertencem a 4 grupos ou famílias, de constituição genética semelhante aos Bourbons. Esses híbridos estão sendo, através de contrato entre o ICAFÉ e IICA, multiplicados em maior escala, para atender os cafeicultores. Laboratório de Biotecnologia: Em função dos bons resultados obtidos com os híbridos F1, o IICA separou, após 7 anos de campo, 3 para serem reproduzidos em escala (2 milhões de mudas) em uma primeira etapa. O laboratório do IICA foi mostrado, superficialmente, através da visualização das diferentes etapas do processo. REPORTAGEM Na 1ª fase toma-se um pedaço do tecido foliar, do 2º -3º par, de folhas novas (claras) porém totalmente expandidas. Os pedaços de folhas, após desinfecção ( de preferência tomados de mudas já em laboratório (menor contaminação) são colocados em meio de cultura sólido para dar origem a calos embriogênicos (6-7 meses). Os calos são então sub-divididos e colocados, também em placas de vidro, em meio sólido, para crescerem mais calos. Na fase seguinte os calos são quebrados em suspensão de células, as quais são transferidas para os bio-reatores (tipos do CIRAD-França). Um bio-reator produz 400-500 mudas, que então, são transferidas para uma bandeja com substrato (turfa+mat.org.+adubo químico), para sua adaptação à condição futura em campo. No processo total há necessidade de 17-18 meses. O IICA dispõe de 600 bio-reatores e tem capacidade para produzir 200.000 mudas/vez. Cada muda fica no custo de US$ 0,50. Existe um trabalho publicado pela Nestlé que indica, através de reatores maiores, a possibilidade de produzir 2 milhões de mudas. Resultados e Conclusões A viagem foi muito proveitosa, com observações de interesse, especialmente quanto às condições das lavouras, sua tecnologia de cultivo e de sustentabilidade. A qualidade do café e sua certificação também foram interessantes ao conhecimento do grupo. Todas procuraram estar comparando o que viam com o que é feito na cafeicultura brasileira, para, assim, buscar algo proveitoso na atividade de cada um aqui no Brasil. Os resultados e conclusões obtidos constam de um Relatório apresentado à OCEMG pelo grupo. Deste relatório tiramos um resumo dessas conclusões e recomendações, conforme em seguida. Conclusões e Recomendações sobre a Cafeicultura Mexicana visitada As conclusões e recomendações que obtivemos da viajem são, em resumo, as seguintes: a. O café no México, como no Brasil, passa por uma crise, que exige melhor renda para o produtor, visando a melhoria nos tratos e maior tecnificação nas lavouras, visando aumentar a produtividade e a qualidade. b. O s p o n t o s p o s i t i v o s s ã o : a m a i o r sustentabilidade no manejo e na preservação do ambiente, na cafeicultura do México em relação à brasileira, pelos melhores solos e pelo sistema REPORTAGEM sombreado. c. O sistema de preparo e a qualidade do café no México, em geral, embora mais custosos, resultam em padrões de cafés melhores que os do Brasil, devendo-se prestar mais atenção às exigências do Mercado. A estrutura de certificação é boa e deve ser ampliada no Brasil, devendo ser dirigida a micro-regiões ou grupos( como no México) e não somente voltada para cafeicultores em particular. d. A cafeicultura familiar, de pequenos produtores, em regiões declivosas, comporta maior uso de mão-de-obra, condição problemática tanto no México como no Brasil. A mecanização das lavouras é a saída em muitas áreas no Brasil, condição que não é possível no México. e. A organização dos pequenos produtores é deficiente no México. No Brasil as cooperativas tem sido uma boa solução, visando não deixar os produtores diretamente nas mãos dos comerciantes. A cafeicultura do México tem potencial para melhoria tecnológica nos cafezais, através de variedades, sistemas de cultivo e de tratos adequados. A boa produtividade é a base para o menor custo e também para a qualidade do café. 11 b. A evolução tecnológica tem sido impulsionada pela continuidade da pesquisa e difusão de tecnologia, integrada em um organismo especializado (Icafé). c. Como resultado a cafeicultura, da Costa Rica, apesar dos problemas de mão de obra e de renda tem mantido uma das maiores produtividades em seus cafezais. d. O sistema de preparo do café centralizado favorece a padronização da qualidade e, provavelmente, reduz o custo do preparo. e. A estrutura cooperativista está favorecendo o apoio técnico-econômico ao pequeno produtor. Muitas práticas, atualmente usadas no manejo de cafezais na Costa Rica, podem ser adaptadas às regiões cafeeiras montanhosas no Brasil e vice-versa. As práticas que podem ser indicadas para adaptação são: a arborização, as podas (visando facilitar a colheita), a conservação dos solos e o preparo do café por via úmida. Agradecimentos O grupo, em seu Relatório, agradece o patrocínio e todo apoio na viagem, proporcionados pela OCEMG e, nos países visitados, agradece, especialmente às Instituições e pessoas que Conclusões e recomendações sobre a visita à gentilmente e de maneira eficaz, atenderam ao Costa Rica Grupo, destacando-se o Conselho do Café de Vera Cruz, e a Secretaria de Agricultura do Estado em a. A cafeicultura na Costa Rica possui um bom nível Xalapa – México e o Icafé em Costa Rica. tecnológico, no manejo das lavouras e na A Atriam Turismo, Empresa encarregada pela produção de qualidade superior de cafés. Dentre OCEMG da organização das passagens, da estadia os destaques cita-se o plantio adensado, as e dos transportes nas áreas cafeeiras também podas bem definidas, a evolução nas variedades, merece nosso a conservação de solo, as práticas de agradecimento. arborização e manutenção ecológica das regiões cafeeiras. Dias de Campo e Curso difundem novas tecnologias cafeeiras em Varginha. Dois dias de campo e um Curso de Atualização em Cafeicultura foram a base da divulgação de novas tecnologias para a lavoura cafeeira, através do MAPA/Fundação Procafé, em 2007. Os dias de campo atenderam mais os cafeicultores e o curso foi dirigido para os técnicos que lhes prestam assistência. Nos dias 29 e 30 de maio, foram realizados os dias de campo na Fazenda Experimental de Varginha, com recorde de público, sendo presentes, nos 2 dias, mais de 2000 produtores. O curso de atualização foi desenvolvido no período de 17 a 19 de julho, com a presença de Técnicos das Cooperativas, consultores e de órgãos de Assistência Técnica. A avaliação feita mostrou bons resultados, pela grande presença e o interesse demonstrado, REPORTAGEM 12 preenchendo plenamente os objetivos de difusão das informações e tecnologias aplicadas à cultura cafeeira. Dias de Campo demonstram ao vivo A metodologia dos dias de campo é muito adequada, pois demonstra as tecnologias através de estações de campo, onde os produtores podem verificar “in loco” os resultados, gravando melhor os ensinamentos e conclusões transmitidos pelos técnicos. Nesse ano foram organizadas e visitadas 08 estações na Fazenda Experimental de Varginha, sendo: Espaçamento super adensado para ciclos curtos e irrigação; manejo de poda para safra zero, Época de Poda por esqueletamento; Irrigação suplementar do cafeeiro e cobertura do solo com gesso; além de estações sobre controle de pragas/doenças, demonstrados pelas empresas colaboradoras, a Basf, a Bayer e a Syngenta. Outras empresas que apoiaram e montaram tendas foram: Fertilizantes Heringer, Café Brasil, Bunge Fertilizantes, Oxiquímica, Netafim – Sistema de Irrigação, Brudden Equipamentos, Fertipar Sudeste Adubos e Corretivos, Cheminova, Yara Brasil Fertilizantes, Multisais, Petrobrás, Fert Minas, Dimatra, Credivar, Yanmar e Maroil. Em cada estação de campo, um Técnico do Procafé demonstrou os resultados obtidos, no tempo de 20 minutos, onde as turmas (50-80 pessoas) se revezavam em cada estação, para as quais se deslocavam com a liderança de um guia previamente escolhido pela organização. No final, todos se reuniram no almoço de confraternização oferecido no pátio da sede da Fazenda Experimental, quando, também, foi lançado um número especial da Revista Coffea, sobre “Podas em Cafezais”, de autoria de J.B.Matiello, A.W.Garcia e S.R.Almeida, técnicos do O professor Hilton fala sobre o efeito do aquecimento global e os participantes do curso prestam atenção. Mapa/Procafé. Curso destaca assuntos de interesse O curso de atualização em cafeicultura, já na sua 5ª edição, foi realizado no Auditório do Mapa/Fundação Procafé, junto à sede, na Alameda do Café, em Varginha. Neste ano a presença foi além do esperado, atendendo a 120 técnicos, não sendo possível aceitar a inscrição de mais interessados (30) pela falta de espaço no auditório. O curso foi desenvolvido em 3 dias, sendo 2,5 de aulas teóricas e, no final, uma visita na Fazenda Experimental. O programa do curso constou dos seguintes temas e palestrantes: § Custos de Produção: Gestão – André Luis Ribeiro Lima (UFLA). § Desequilíbrio e Interações nas pragas e doenças do cafeeiro – José Braz Matiello (MAPA/Fundação Procafé). § Cultivares de café – Saulo Roque de Almeida (Fundação Procafé). § Café conillon: tecnologias e perspectivas – José Sebastião Machado Silveira (Incaper). § Cultivares clonais de café arábica: situação atual e perspectivas – Carlos Henrique Siqueira de Carvalho (Embrapa Café). § Irrigação do cafeeiro André Fernandes (UNIUBE). § Efeito das mudanças climáticas na cultura do café – Hilton Silveira Pinto (UNICAMP). § Compactação do solo – Moacir de Souza Dias Jr. (UFLA). § Secagem do café com novos sistemas – Juarez de Souza e Silva (UFV). § Práticas de recuperação dos cafezais – Roberto Santinato (MAPA/Procafé). § Evolução na poda de cafeeiros – Antônio Wander REPORTAGEM R. Garcia (MAPA/Procafé). § Apresentação de resultados de pesquisa (Fundação Procafé). § Nematóides do cafeeiro no Brasil – Jaime Maia dos Santos (UNESP). § Apresentação de resultados de pesquisa – Mesa Redonda – Debates e Discussões – Fundação Procafé. Os assuntos foram escolhidos de acordo com o interesse demonstrado na avaliação feita no curso anterior, a qual, novamente efetuada, mostrou que houve bom atendimento à expectativa dos participantes, o que faz prever novas ações de difusão semelhantes no próximo ano. A organização do Programa do Curso esteve a cargo dos Técnicos J.B.Matiello, A.W.R.Garcia e No pátio da FEX de Varginha chegam os participantes do dia de campo. 13 Carlos H.S.Carvalho e na execução Lillian Padilha, contando, ainda, com a infra-estrutura, proporcionada pelas dedicadas secretárias Rosiana e Maria Emília, que se desdobraram para oferecer aos presentes todo o suporte, inclusive aqueles Coffee Breaks com lanches e, lógico, um saboroso cafezinho. Além dos ensinamentos, a troca de idéias, os contatos e as amizades fizeram parte do Evento, principalmente com o debate feito no último dia, levantando problemas e oferecendo soluções a todos os interessados. O conteúdo do Curso foi disponibilizado no s i t e d a F u n d a ç ã o P r o c a f é : www.fundacaoprocafé.com.br No curso, a discussão de problemas, com os colegas Saulo, Carlos e Matiello. Pesquisas Cafeeiras: mais um Congresso, com muito sucesso. 33º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras homenageia os 100 anos da UFLA. Foi realizado no período 23-26 de novembro/07, em Lavras-MG, na UFLA– Universidade Federal de Lavras, o 33º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, sob o patrocínio do MAPA/Fundação Procafé e com o co-patrocínio da UFLA, Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, EMBRAPA-Café e UNIUBE. No primeiro dia do Congresso, foi realizado, em conjunto, o 13º Encontro Sul Mineiro de Cafeicultores, promovido pela EMATER-MG, aumentando, assim, a difusão dos trabalhos, sendo apresentados, nesse dia, os resultados de pesquisas de mais fácil aplicação. Mais de mil Técnicos-pesquisadores e extensionistas e cafeicultores líderes estiveram presentes em Lavras, no campus da UFLA, para trazer seus trabalhos, discutir e divulgar novos conhecimentos sobre a tecnologia cafeeira. Muitos trabalhos e Seminários Na 33ª edição do Congresso o lema foi: “Cada cafezinho representando, mais um ano divulgando, a bebida estimulante, leva o congresso adiante”. REPORTAGEM 14 Mesa diretora na solenidade de abertura do 33 CBPC em Lavras. Foram apresentados e impressos, no livro dos Anais, 320 pesquisas, sendo apresentados, em plenário, 105 de forma oral. Muitos setores foram atendidos com as pesquisas: o melhoramento genético; a fisiologia/ecologia; as pragas e doenças; as práticas culturais; a colheita, pós-colheita e qualidade do café e os estudos sócio-econômicos. Foram, ainda, organizados 3 seminários, sobre: Aquecimento Global e a Cafeicultura; Custos de Produção de Café e Colheita mecanizada. Organização A organização do Congresso esteve a cargo de um grupo de Técnicos, do MAPA/Fundação Procafé, da UFLA, da EMBRAPA-Café, da EMATER-MG e da UNIUBE. Mereceu destaque, nesse ano, a comemoração dos 100 anos da UFLA, tendo a Universidade recebido um placa comemorativa, de agradecimento, do CNCConselho Nacional do Café, pelos excelentes serviços prestados à cafeicultura. Fez parte, ainda, da programação do evento, a exposição de maquinário e de insumos nos Stands, Os participantes do Congresso assistem às palestras. sempre com apoio e a alegria proporcionada pelos excelentes cafezinhos ali servidos. As empresas que colaboraram foram: Basf, Bayer, Café Brasil, Dragão-Sol, Heringer, IBRA, Jacto, Multitécnica, Multisais, Oxiquímica, Syngenta, Casa da Vaca, Mitsui e Monsanto. No último dia foi realizado um dia de campo, para os interessados inscritos. No Campus da UFLA, foram mostrados vários aspectos como: o laboratório de Geoprocessamento; o CIC- Centro de Inteligência do Café; o laboratório de qualidade do café; a unidade de torrefação da UFLA e a instalação de tratamento de efluentes do despolpamento de café. Colaboradores da pesquisa A Empresa Agropecuária São Thomé, de Pirapora-MG, foi homenageada como colaboradora da pesquisa cafeeira no ano de 2007, pela instalação e manutenção de Campo Experimental em colaboração com a Fundação Procafé, no qual são estudadas / adaptadas tecnologias para a cafeicultura de café arábica em regiões quentes. Publicações lançadas A equipe técnica de EPAMIG lançou no Congresso 2 boletins técnicos, sobre as cigarras e as cochonilhas dos cafeeiros. O MAPA/Fundação Procafé, com apoio da Syngenta, trouxe o conjunto de 2 CDs com os anais do 1º ao 32º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras e ofereceu, ainda, várias outras publicações disponíveis, como o manual de cafeicultura, os boletins sobre indicação de adubos e defensivos e sobre o controle da ferrugem. Parte social e candidaturas Dois jantares/coquetéis foram oferecidos aos participantes por Empresas de defensivos, nos 2 primeiros dias do evento, servindo para o confraternizado entre congressistas. Na expectativa da realização da 34ª edição do Congresso, representantes de 2 cidades promoveram suas candidaturas durante o evento. Foram elas Londrina e Uberaba, sobre os quais a Comissão Organizadora analisará, proximamente, as condições oferecidas, tendo em vista a escolha do local mais adequado para o Congresso em 2008. Até lá, portanto, com o agradecimento a todos que participaram e colaboraram. Em especial à UFLA, pelo apoio na infra-estrutura. COMO VAI VOCÊ 15 CLINEU: ITALIANO NA ORIGEM E NO TRABALHO Como vai você Clineu? Vou bem responde ele à nossa ligação telefônica, rompendo um bom tempo, mais de 10 anos, que não tínhamos contato com ele. Aqui é da editoria da revista Coffea, querendo saber, com a curiosidade de muitos dos seus velhos companheiros, como está a sua vida após sua aposentadoria. Para começar aqui resumimos, a bela carreira que trilhou nosso homenageado nesse número, o Engº. Agrº. Clineu di Pietro. Nascido neto de italianos, lá em TaquaritingaSP, Clineu formou-se na Universidade Federal do Paraná-Curitiba no ESALQ-Piracicaba e logo entrou na atividade com o café, no IBC-GERCA, em 1966. Lá foi ele, então para uma terra desconhecida, e, naquela época perigosa, era uma barra, lá na Barra de São Francisco, Norte do Espírito Santo, época de erradicação de cafezais, momentos de muito trabalho para uma equipe jovem, que logo após sair da Faculdade, enfrentava o batente de fiscalizar e corrigir áreas de cafezais para as quais o Governo pagou para arrancar. Foi quase 1 ano nessa atividade, até que Clineu passou, então, a trabalhar no Convênio entre o IBC e a Cooperativa de Parapuã-SP, no ____paulista, onde definitivamente, colocou sua marca. Assistindo bem os produtores, levando orientações, se destacou pela técnica e pela sua grande atividade, ai puxando seu sangue de italiano, que não descansa até atingir seus objetivos, que, por sua vez, sempre se renovam. Assim, Clineu se destacou pelos trabalhos de introdução, em grande escala, da enxertia para controle de nematóides na Alta Paulista e, principalmente, pela combinação do plantio de Seringueiras em cafezais. Esse trabalho de diversificação, achando uma cultura substitutiva para os cafezais que se encontravam envelhecidos e estressados, pelo ataque de nematóides e pela exaustão dos solos, resultou na montagem de miniusinas e de grandes áreas de plantio de seringueiras, sendo hoje, a região e o Estado de São Paulo o maior produtor de borracha natural do país. Clineu chegou a brilhar também em Brasília, quando foi Ministro da Agricultura o Dr. Antonio Munhoz de Barros. Foi pouco tempo, mas lá no Gabinete estava Clineu, juntamente com Matiello, assessorando o Ministro. Clineu se aposentou no MAPA, para onde foi transferido quando da extinção do IBC em 1990-92. Ficou no trabalho até 1998, se aposentando e, agora, cuida de suas fazendas (no Mato Grosso), continuando, entretanto, dando consultorias em sua grande paixão a Heveacultura, sendo hoje um dos maiores especialistas no assunto. Cuida de 700 mil seringueiras, trabalho enorme que exige conhecimento prático, tarefa fácil par Clineu um trabalhador inveterado, parte devido á sua origem. Em seu escritório, em Osvaldo Cruz - SP, atende no telefone 18-3529-1222. Manda um abraço a todos os velhos amigos do EX-IBC. 16 PESQUISANDO EFICIÊNCIA CLONAL NA RESISTÊNCIA DO SIRIEMA CONTRA O BICHO-MINEIRO EM CAFEEIROS J.B. Matiello e S.R. Almeida – Engos Agros MAPA/PROCAFÉ, C.H.S Carvalho – Engº Agrº EMBRAPA/CAFÉ e E.C.Aguiar, V. Josino e R.A. Araújo – Técs. Agropecuários São Thomé. A busca por resistência genética às principais doenças e pragas do cafeeiro tem sido objeto de inúmeras pesquisas, ampliadas após a constatação da ferrugem do cafeeiro no Brasil, em 1970 e, em seguida, com o aumento do ataque do Bicho-mineiro, em decorrência de desequilíbrios observados nas novas plantações de café. Os trabalhos de pesquisa em andamento no MAPA/Fundação PROCAFÉ, com material genético oriundo do ex-IBC e do IAC, visam a resistência múltipla, contra a ferrugem e o bicho-mineiro. O material que está sendo trabalhado é denominado de Siriema, híbrido entre C. racemosa e C .arabica, cruzado com Catimor. Linha de cafeeiros Siriema, clone 7/40, com 1 ano de campo, em Pirapora-MG. Após seleção em 4 gerações, as semente. plantas matrizes que se destacaram, pela sua resistência Aos 9 meses de campo houve um forte ataque de ao bicho-mineiro e à ferrugem e com boas bicho-mineiro no campo, permitindo avaliar a características de produtividade e qualidade nas infestação de bicho-mineiro nas plantas, através da sementes, foram clonadas, através de embriogênese observação da presença de minas na folhagem. somática em meio-líquido. No presente trabalho relata-se os resultados de eficiência do clone 7/40 em sua reprodução vegetativa e por semente. O estudo foi feito no Campo Experimental da Agropecuária São Thomé, em Pirapora-MG, onde se verifica, naturalmente (pelas altas temperaturas), altas infestações de bicho-mineiro e infecção pela ferrugem. Foram pesquisadas mudas oriundas de sementes e de clonagem, da planta matriz 7/40, selecionada pela sua resistência e boa produtividade no Campo de Pesquisas de Varjão de Minas. As mudas foram preparadas na Fazenda Experimental de Varginha, sendo plantadas, lado a lado, no campo da Agropecuária São Thomé. Foram Detalhe do ataque de BM em plantas susceptíveis reproduzidas por plantadas 11 mudas clonais e 30 mudas de sementes. PESQUISANDO Os resultados da avaliação, feita em julho/07, mostraram o seguinte: - Plantas oriundas de sementes da matriz Siriema 7/40-35% resistentes ao bicho-mineiro. - Plantas oriundas de clonagem - 100% de plantas resistentes ao bicho-mineiro. Não foi observada, até o momento, infecção pela ferrugem em nenhuma das plantas do Siriema 7/40, nem no clone, nem nas plantas de sementes. Os resultados obtidos permitem concluir pela alta eficiência da clonagem na resistência, em campo, ao bicho-mineiro do cafeeiro, em clones de Siriema, enquanto a reprodução por sementes reproduz a resistência em apenas cerca de um terço da descendência. 17 Ramos de cafeeiros do clone 7/40 sem qualquer ataque de BM. NOVOS SISTEMAS DE MUDAS E PLANTIO DE CAFEEIROS J.B. Matiello, e S. R, Almeida – Engos Agros MAPA/PROCAFÉ e E.C.Aguiar, V. Josino e R.A. Araújo, Técs. .Agrs. São Thomé. O plantio de café é feito, atualmente, com o uso de mudas formadas nos viveiros e levadas ao campo com 6-8 meses de idade. Dois tipos de recipientes são empregados: as sacolinhas plásticas e os tubetes. No passado, em terrenos de mata, era comum o plantio direto de sementes em covas fundas, visando, com a associação de matéria orgânica e ambiente sombrio, a germinação e crescimento das mudas em boas condições. A necessidade presente de aumentar a população de plantas de café por área (stand), objetivando adequar maiores produtividades em ciclos curtos, em sistemas de plantio adensado, super adensado, ou em safra-zero, motivou o estudo de novas alternativas para reduzir o custo das mudas e do plantio de cafeeiros. O objetivo do presente trabalho foi o de estudar a Plantas oriundas de mudas de raiz nua, com sombra de mamoeiros (esq.) e com sombra temporária de palha de coqueiro (dir.). viabilidade do uso de semeio direto e de mudas de raiz nua de café em plantios sob irrigação. Foram conduzidos 2 campos de observação, com 400 plantas cada, em uma área irrigada com gotejamento, na Agropecuária São Thomé, em Pirapora-MG, a 520m de altitude e temperatura média anual de 24,2°C. Na primeira área foi estudado o semeio direto das sementes e no segundo foi feito o plantio de mudas de raiz-nua. Para o semeio direto foram utilizadas 10 sementes junto à área de gotejo, sendo semeadas em linha, a 1cm de profundidade e, sobre a superfície do solo, após o semeio, colocou-se uma camada de mato seco obtida no local. A irrigação de gotejo foi aplicada da forma usual, com gotejadores a cada 0,7m e capacidade para gotejar 4 litros de água por hora. A 18 PESQUISANDO área se encontrava com mamoeiros plantados a 3 x 2m. Após a germinação das sementes de café, no estágio palito de fósforo, retirou-se o capim e as mudas cresceram normalmente, até o 2º par de folhas, quando se efetuou o raleio, deixando 1 muda a cada 4050 cm. Para o campo de raiz-nua as mudas foram formadas em canteiro preparado com terra+esterco+super-simples, sendo o semeio em linhas, a cada 5cm, e com sementes seguidas. Com 2 pares de folhas, as mudas receberam uma aplicação de Triadimenol (Bayfidan 250 CE) à razão de 1,5 ml para cada 100 mudas (através de regador, diluindo em água). Houve retenção no crescimento e Cafeeiros oriundos do plantio direto de sementes no amarelecimento das mudas, com grande gotejo. formação de raízes finas. Elas foram arrancadas com cuidado e plantadas no campo, No campo de semeio direto, mesmo algumas poucas fazendo-se um furo com chucho de madeira. Foram plantas que foram re-alocadas, sendo arrancadas e estudadas 3 situações: Plantio sob a sombra de transplantadas para dar origem a distâncias desejadas mamoeiros, sob sombra de hastes de palmeira e a pleno entre elas, não apresentaram problemas de pegamento sol. Foi plantada uma muda a cada gotejador. (0,7m). ou de mau desenvolvimento. O plantio direto das sementes foi feito em agosto As avaliações efetuadas e as observações de de 2006 e as mudas de raiz nua, no campo, em campo permitem concluir que é possível, no dezembro/2006. Os tratos se mantiveram normais, com gotejamento e, principalmente, com sombra temporária, irrigação e ferti-irrigação. Após 2 meses do plantio a usar o semeio direto ou o transplante de mudas de café sombra de palha de palmeira foi eliminada. de raiz-nua no campo, permitindo formar plantas de Em julho de 2007 fez-se uma avaliação do café com desenvolvimento normal, a custo mais baixo. aspecto e do crescimento das plantas nos 2 campos, de As observações devem ter continuidade até a fase semeio direto e de raiz-nua, medindo-se a altura em 20 da 1ª safra nos campos. plantas ao acaso em cada campo e em cada situação Pode-se projetar, ainda, que o uso de outros tipos (com ou sem sombra). de sombra mais fáceis de fazer, como através de plantio de milho ou arroz e com o emprego de outros sistemas Resultados e conclusões: de irrigação pode levar a resultados semelhantes A avaliação aos 7 meses de idade das mudas após àqueles obtidos no presente estudo. seleção e/ou plantio mostram que as plantas apresentam aspecto vegetativo e crescimento normal para sua idade. Verificou-se, na média, 65cm de altura para as plantas de raiz nua na sombra de mamoeiros, 61cm para aquelas com sombra inicial de palha de coqueiro e 53cm para aquelas sem sombra inicial, estas com maior irregularidade de crescimento entre plantas ( umas menores, outras maiores). As plantas oriundas do semeio direto, sombreadas por mamoeiros apresentaram altura média de 67 cm com desenvolvimento semelhante àquelas de raiz-nua. Houve ótimo pegamento das plantas, não sendo verificadas quaisquer falhas na Cafeeiros oriundos do plantio de mudas raiz nua sem condição de plantio realizada (sob gotejo). qualquer sombra. PESQUISANDO 19 EFEITO DO GLIPHOSATE SOBRE A BROTAÇÃO EM CAFEEIROS JOVENS J. B. Matiello, Engº. Agrº. MAPA/Procafé e S. M. Mendonça Engº. Agrº. e S. Leite Filho Tec. Agr. CEPEC-Heringer. O Gliphosate é o ativo herbicida de pósemergência mais usado na lavoura cafeeira do Brasil. Sua ação ocorre sobre a folhagem das ervas daninhas, que absorvem o produto, amarelecem e morrem. O produto tem ação hormonal sistêmica. Quando, por deriva ou erro de aplicação, o produto acaba sendo aplicado sobre a folhagem ou brotação dos cafeeiros, o Gliphosate provoca redução do crescimento e afilamento e endurecimento das folhas. Nos últimos anos tem sido veiculada a possibilidade do Gliphosate estar causando prejuízos às plantas de café. No presente trabalho objetivou-se avaliar a ação do Gliphosate, quando aplicado junto à linha de plantas jovens de cafeeiros, para verificar seu efeito sobre elas. No CEPEC-Heringer, em Martins Soares-MG, foi conduzido um experimento aplicando o produto Round-up (Gliphosate – 41%) sobre o mato presente em cafezal com plantas de café aos 6 meses de idade, de campo, no espaçamento 3 x 0,7m. O produto foi aplicado na dose de 2 l./ha, em calda aquosa à razão de 400 l /ha. A aplicação foi feita com equipamento costal manual, com bico leque e protegido por chapéu de Napoleão. A parcela foi constituída de 100 cafeeiros, ficando área semelhante sem aplicação. As ervas daninhas predominantes na área eram o capim Colchão (D..horizintalis), e o picão-preto (B.pilosa). A avaliação do efeito sobre as ervas foi feita aos 20 dias pós-aplicação, verificando-se alta eficiência matando, totalmente, as ervas presentes na linha, até em baixo dos cafeeiros jovens. Quanto ao efeito sobre os cafeeiros verificou-se que: a) Os brotos novos (ladrões) dos cafeeiros, que saíram do tronco perto do solo e que tinham 5-10cm de altura, receberam gotas da calda herbicida e apresentaram forte redução na folhagem e no crescimento desses brotos. As folhas ficaram afiladas, de cor clara e coriáceas. b) A folhagem da copa dos cafeeiros jovens, ao contrário, não apresentou qualquer sintoma de intoxicação por Gliphosate, indicando que a absorção nos brotos baixos ou a eventual absorção pelo tronco dos cafeeiros jovens não promoveu a translocação do produto para a parte alta da planta. c) O efeito do Gliphosate sobre a brotação baixa, considerada indesejável a princípio, ao reduzir seu crescimento, pode ser vantajoso, dispensando ou reduzindo o trabalho de desbrota. NOVO TIPO DE BANDEJA E DIFERENTES SUBSTRATOS PARA PRODUÇÃO DE MUDAS DE CAFÉ J.B. Matiello - Engº. Agrº. MAPA/PROCAFÉ; M.L. Carvalho – Engº. Agrº.; C.M. Barbosa - Tec. Agr.; A.V. Zabini - Engº. Agrº. Café Brasil e U.V.Barros – Engº. Agrº. Central Campo. As mudas de café são atualmente produzidas em sacolas plásticas ou em tubetes. Em sacolas o substrato é composto de terra, esterco e adubo químico. Nos tubetes se utiliza substratos com base em vermiculita mais casca de madeira ou fibra de coco. No presente trabalho objetivou-se testar um novo tipo de bandeja, de plástico preto, com células ligadas a ela, para verificar a sua aplicação à produção de mudas de café. Foi conduzido um ensaio em Imbé de Minas, a 650m de altitude, com experimento fatorial 3x3, com 3 tamanhos de células de bandejas e 3 substratos. As bandejas foram do tipo 1, com 32 células = 125cc (super café), do tipo 2 com 50 células = 75cc (próprias para café) e com 72 células = 50cc ( usadas para eucalipto). Trata-se de bandejas de polipropileno, negras, com células cônicas, fabricadas pela Starpack (P. de Caldas – MG). Os substratos estudados foram: a) O padrão (Plantmax) b) 25% de vermiculita + 25% de esterco de curral + 25% de palha de café + 25% de solo; e c) 33% de bagacilho de cana + 33% de esterco de curral + 34% de solo. Testou-se, ainda, o semeio direto e a repicagem (palito). A semeadura e a repicagem nas bandejas foram PESQUISANDO 20 Detalhe de muda de café oriunda de bandeja de 50 células (ao lado) e comparação da de 50 e 72 células (acima) feitas no mesmo dia (01/09/2006) com a variedade Catucaí A 24/137. O delineamento foi feito com 3 repetições, com 1 bandeja/parcela. Os tratos durante a condução do experimento de irrigação com micro-aspersão, controle manual de ervas, pulverizações com MAP cada 15 dias e 3 apl. de micro-nutrientes (Viça-café) no período. As avaliações foram feitas em 2/3/2007, através da massa fresca da parte aérea (g) e das raízes (g) e do diâmetro do caule das mudas (mm). Resultados e conclusões: Nos quadros 1, 2 e 3, constam as médias encontradas para os parâmetros avaliados, peso fresco da parte aérea e das raízes e diâmetro do caule das mudas. Verificou-se que as mudas de repicagem, conforme esperado, se desenvolveram mais, por serem mais velhas, porém houve bom crescimento também das mudas de semeio. A análise estatística não mostrou interação significativa entre tipo de bandeja versus substratos, indicando que os fatores podem ser avaliados isoladamente. Houve diferença significativa apenas para a variável massa fresca da parte aérea, no sistema de repicagem e sem diferenças no semeio. Na massa fresca de raízes e no diâmetro do caule das mudas não houve diferença significativa, com todos tipos de bandejas e tipos de substratos sendo semelhantes. No sistema de repicagem a bandeja de 32 células foi superior a de 72, mas não diferiu significativamente daquela de 50 células. O substrato B foi superior estatisticamente aos demais substratos. Concluiu-se pela viabilidade de produção de mudas de café no novo tipo de bandeja, podendo ser por repicagem ou semeio direto, usando variados tipos de substratos, reduzindo o custo pelo uso de materiais (esterco, palha,solo) existentes nas propriedades. Quanto ao tamanho das células a observação no experimento mostra que para mudas até 3-4 pares pode ser usada a bandeja de células menores (=50 cm³) e para mudas maiores a de 50 células = 75 cm³, sendo exagerada para mudas de café as células de 125 cm³. Paralelamente aos dados do experimento foi 72 Mudas prontas na bandeja de 72 células. PESQUISANDO 21 observado, também, um viveiro comercial de 100 mil mudas conduzido em Paraíba do Sul – RJ, usando bandeja de 72 células e semeio direto, com substrato composto de 50% de Plantmax e 50% de esterco de curral. As mudas se desenvolveram bem e foram plantadas com bom crescimento inicial das plantas (já com 6 meses de campo). Houve bom pegamento, para tanto sendo necessário um bom período de chuvas ou irrigação. Matiello examina mudas plantadas no campo, oriundas de bandejas, com bom pegamento. Quadro 1 – Massa fresca da parte aérea (g) de mudas de café, de semeio e repicagem, em 3 tipos de bandejas e em 3 substratos. Imbé de Minas – MG, 2007. REPICAGEM SEMEIO Tipo de Bandejas Subst A Subst B Subst C Média Subst A Subst B Subst C Média 32 células 50 células 72 células Média DMS CV % 5,30 A b 6,80 A a 4,45 A a 5,52 8,20 A a 6,65 ABa 4,30 B a 6,38 2,90 21,29 4,70 A b 4,80 A a 3,65 A a 4,38 6,07 6,08 4,13 5,43 4,40 A a 4,40 A a 4,00 A a 4,27 3,85 A a 5,15 A a 3,60 A a 4,20 2,29 31,84 3,80 A a 4,00 A a 3,35 A a 3,72 4,02 4,52 3,65 4,06 Quadro 2 – Massa fresca de raiz (g) de mudas de café, de semeio e repicagem em 3 tipos de bandejas e em 3 substratos – Imbé de Minas – MG, 2007. REPICAGEM SEMEIO Tipo de bandejas Subst A Subst B Subst C Média Subst A Subst B Subst C Média 32células 50células 72células Média DMS CV % 1,90 A a 2,55 A a 2,60 A a 2,35 2,50 A a 2,60 A 1,60 A a 2,23 1,25 28,05 2,10 A a 2,00 A a 1,70 A a 1,93 2,17 2,38 1,97 2,17 1,50 A a 1,45 A a 1,35 A a 1,43 1,55 A a 1,85 A a 1,50 A a 1,63 0,92 57,38 1,35 A a 1,15 A a 1,45 A a 1,32 1,47 1,48 1,43 1,46 Quadro 3 – Diâmetro do caule (mm) de mudas de café, de semeio e repicagem em 3 tipos de bandejas e em 3 substratos – Imbé de Minas – MG, 2007. REPICAGEM SEMEIO Tipo de bandejas Subst A Subst B Subst C Média Subst A Subst B Subst C Média 32células 50células 72células Média DMS CV % 3,00 A a 3,25 A a 2,85 A a 3,03 3,30 A a 2,60 A a 2,65 A a 2,85 1,01 15,43 3,00 A a 2,40 A a 2,70 A a 2,70 3,10 2,75 2,73 2,86 2,55 A a 2,25 A a 2,15 A a 2,32 2,35 A a 3,05 A a 2,35 A a 2,58 0,83 18,60 2,85 A a 2,65 A a 2,50 A a 2,67 2,58 2,65 2,33 2,52 22 PESQUISANDO AVALIAÇÃO DA APTIDÃO EDAFO-CLIMÁTICA DA SERRA DO CABRAL, EM MINAS GERAIS, PARA A CAFEICULTURA J. B. Matiello- Engº. Agrº. MAPA/Procafé, F. F. Costa – Engº. Agrº., J.V. Silva - Tecs Agrs e L. Gold – Econ, Agrop. Serra do Cabral. A condição ambiental favorável, uma boa planta e um manejo adequado formam o tripé necessário para alcançar sucesso na exploração agrícola, aplicando-se perfeitamente à cultura cafeeira. A aptidão do ambiente compreende, principalmente, as características do clima e do solo, que podem ser avaliadas a nível mais extensivo, dando origem aos mapas de zoneamento agroclimático e a nível micro onde se lava em consideração as condições nas propriedades ou numa micro-região . A Serra do Cabral constitui um acidente geográfico que se eleva até altitudes de 10001100 m, possuindo, nessa condição de altitude elevada, uma área total de cerca de 240 mil ha, Trabalhadores no serviço de plantio. situando-se na região Centro-Norte de Minas Gerais No presente trabalho objetivou-se avaliar tomados de uma série histórica registrada em um posto a aptidão das áreas da Serra do Cabral para a cultura meteorológico padrão instalado na área, a 1000 m de cafeeira, com base nas informações de clima e solo e, de altitude. No último ano os dados foram obtidos numa forma inicial, através de lavoura-piloto e de estação meteorológica automática instalada mais experimentos com diversas variedades/espécies de café, recentemente. Para avaliar as condições de solo foram em sistemas com e sem irrigação. tomadas amostras em vários pontos e profundidades O estudo é realizado em uma área de cerca de 80 sendo efetuadas análises físicas e química)macro e mil ha – de propriedade da SCAI (Serra do Cabral Agro- micronutrientes). Industria Ltda) na vertente Oeste da Serra, tomando As avaliações sobre o desenvolvimento inicial parte os municípios de Várzea da Palma, Francisco dos cafeeiros foram feitas em plantas tomadas na área Dumont, Lassance e Augusto de Lima. O uso atual experimental dentro do pivô, junto às linhas externas de dessa área se dá, em sua maioria, com a exploração de cafeeiros, onde foram plantadas parcelas de plantas, reflorestamento. Não existia nenhuma lavoura de café com repetições, compreendendo variedades de café na região. arábica mais o Robusta-Conillon, sendo que uma área Os dados de clima ( chuva e temperatura ) foram idêntica, imediatamente fora do pivô, foi plantada na mesma forma experimental, com as mesmas variedades, para refletir a condição sem irrigação. A área piloto total de café é de 40 ha, instalada sob pivo-lepa, com plantio circular, com plantio da variedade Catuaí Vermelho IAC/144, no espaçamento de 3,5 x 0,5 m. O plantio foi efetuado em janeiro/07, com o uso de mudas normais de sacolas , no estágio de 6 pares de folhas. Os tratos em seguida foram os recomendados de acordo com o Manual Cultura de café No Brasil, constando de controle do mato, adubações e irrigações, sendo que as parcelas sem irrigação só receberam algumas molhações, para o pegamento das mudas, no pósplantio. Foram feitas observações sobre pragas, doenças e deficiências nutricionais. Aspecto dos cafeeiros em plantio circular no pivô, Os parâmetros de crescimento inicial dos aos 6 meses. cafeeiros foram tomados em ago/07, aos 6 meses de PESQUISANDO 23 campo. Avaliou-se, nessa primeira fase, os dados da cultivar Catuaí V./144, nas 2 condições (com e sem irrigação), através de medidas da altura, diâmetro da copa e diâmetro do caule das plantas. Resultados e conclusões: Os dados de chuva e temperatura média das séries históricas disponíveis da área estão colocados no quadro 1. Verifica-se que a precipitação média anual foi de 1480 mm .Ocorre um período com pouca chuva nos meses de maio a setembro , o qual resulta, adotada a evapo-transpiração estimada para a área, num déficit hídrico de 150-200 mm anuais, o que enquadraria a região como apta com suplementação de irrigação. A temperatura média anual foi de 21graus C, situando a região na faixa apta para cafeeiros arábica, sabendo-se, através de pesquisas recentes, que o fator temperatura pode ser, se necessário, compensado pelo suprimento de água e pela adaptação com variedades mais adequadas, o que está sendo pesquisado nos experimentos instalados, onde foram incluídos diversos materiais genéticos de arábica e o RobustaConillon. Ressalta-se na região a ocorrência de uma grande amplitude térmica (dia/noite), o que é considerado, por alguns trabalhos de pesquisa, como fator favorável ao cafeeiro. Quadro 1. Média mensal/anual de chuvas e temperaturas na área da Serra do Cabral, a 1000 m alt, Várzea da Palma-MG, período 2000-2005 para temperaturas e 1985-2005 para chuvas. MESES Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Total/Média TEMPERATURA MÉDIA ( graus C ) 22,2 22,1 21,9 21,3 19,2 17,5 17,6 19,8 22,1 23,7 22,3 22,1 21,0 CHUVAS ( mm ) 292 186 193 66 20 9 6 12 51 92 241 322 1480 Os dados das análises de solo mostraram, nas áreas selecionadas para café, teores de argila variando de 28-38 %, mais limo de 7 a 20% e areia de 49 a 54%, características que resultam em adequada retenção de água e de nutrientes adicionados com bom arejamento no solo, favorável ao desenvolvimento das raízes. Não foram verificados impedimento físicos em profundidade Existem na área estudada manchas de A equipe de orientação do projeto na Serra do Cabral. solo mais arenoso, com menos de 20 % de argila, os quais nos critérios normais seriam pouco indicados para café, muito embora sabe-se que atualmente, com irrigação sistemática pode-se, se necessário, aproveitar solos com menos argila, como ocorre na cafeicultura do Oeste da Bahia. Quanto à análise química os dados de laboratório mostraram tratar-se de solos pobres (distróficos), como os cerrados, com teores baixos de Ca, Mg, K, P, e micro( B, Cu, Zn e Mn) , exigindo correções e adubações. A CTC ocorre na faixa de 3-5 Cmolc e V % na faixa de 10-15. A topografia das áreas é predominantemente plana a ondulada , favorecendo a mecanização do cultivo. Nos fundos das áreas existe boa disponibilidade de água em vários riachos. Os dados de medições nas plantas, aos 6 meses, estão incluídos no quadro 2., em cafeeiros Catuaí, com e sem irrigação. Pode-se verificar que os cafeeiros irrigados tiveram um crescimento muito bom, superior aos padrões normais registrados para áreas cafeeiras tradicionais. Esse desenvolvimento superior está relacionado com os níveis adequados de temperatura, de suprimento de água e de tratos adequados, devendo resultar, dentro do que se conhece, em bons níveis de Detalhe dos cafeeiros irrigados aos 6 meses de campo com bom desenvolvimento. PESQUISANDO 24 produtividade já na catação inicial e na primeira para as plantas irrigadas). safra, previstas para 2008 e 2009. Nas parcelas sem irrigação, conforme o esperado, o crescimento foi Quadro 2. Altura, diâmetro do tronco e da copa, normal, propiciado pelas chuvas (98mm de fev-ago/07) médios, de cafeeiros Catuaí, aos 6 meses de campo, e por irrigações de salvamento iniciais, porém inferior conduzidos sob 2 condições de suprimento de água. aquele das parcelas que receberam irrigação Serra do Cabral, 2007. tecnológica (aumento médio de 60% no crescimento CONDUÇÃO Cafeeiros irrigados Cafeeiros sem irrigação ALTURA DAS PLANTAS ( cm ) DIÂMETRO DO CAULE ( cm ) DIÂMETRO DA COPA ( cm ) 43,3 28,2 1,01 0,55 25,4 10,7 Durante os primeiros 6 meses de campo não permitiram concluir, preliminarmente, que: foram observados problemas de pragas e doenças nas a) As áreas da Serra do Cabral possuem bom potencial plantas de café, apenas algumas poucas manchas de para a cafeicultura, com clima , solo e topografia Cercóspora em certas plantas. Ferrugem e Bichoadequados, com aptidão através de irrigações Mineiro nada até o momento, provavelmente devido à suplementares e tratos culturais apropriados, ausência de cafeeiros na região. Nas deficiências, podendo constituir um novo polo de cafeicultura. apesar do uso de corretivos e adubos constatou-se b) O comportamento dos cafeeiros, das diferentes visualmente e através de análises foliares, pequenas variedades de arábica e do Robusta-Conillon carências de boro, de cobre e de fósforo. principalmente na condição sem irrigação, será Os dados analisados e as observações de campo avaliado na continuidade dos trabalhos. ÉPOCA DE RECEPA EM CAFEZAL ADENSADO NA ZONA DA MATA DE MINAS S. M. Mendonça - Engº. Agrº. e S. L. Filho, Tec. Agr. - CEPEC-Heringer e J. B. Matiello - Engº Agrº MAPA/Procafé. Em cafezais adensados, na medida em que as plantas ficam velhas, a poda por recepa é indicada para voltar a abrir a lavoura, renovando toda a copa das plantas e para facilitar os tratos e a colheita, que passam Cafeeiros recepados muito tardiamente no ensaio no CEPEC, em Dez (esq) e Nov(dir). a ser feitos em plantas baixas, oriundas das brotações conduzidas. A recuperação dos cafeeiros recepados está ligada a fatores da planta e do ambiente. Na planta sabese que ocorre a morte de mais da metade das raízes finas PESQUISANDO 25 Cafeeiros recepados ainda tarde em Out (esq) e em Set (dir). no pós-recepa. É conhecido, também, que plantas de variedades vigorosas e bem nutridas brotam melhor após recepa. Existem dúvidas sobre a influência da época da poda, pois realizada em período seco a recepa poderia prejudicar. Efetuada muito cedo os troncos ficariam sujeitos ao frio e geadas. Nas lavouras adensadas existe o agravante do tronco mais fino das plantas, porem como atenuantes aponta-se a menor produção por planta e a manta orgânica sobre o solo. No presente trabalho objetivou-se estudar 6 épocas de recepa baixa em cafeeiros nas condições de lavoura adensada e na Zona da Mata de Minas, onde não ha risco de geada. O ensaio foi conduzido em Martins Soarea - MG, no CEPEC, sobre uma lavoura de Catuaí Vermelho IAC/44, plantada em 93/94, no espaçamento 1,5 x 0,7 m. O delineamento foi em blocos ao acaso com 6 tratamentos, 4 repetições e parcelas de 10 plantas. A recepa foi feita a 25 cm de altura (corte com moto-serra), no período de julho a dezembro de 2005, em 6 épocas, a TRATAMENTOS Épocas de recepa Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Verificou-se que, em função da melhor recuperação nas brotações, as épocas de recepa mais cedo resultaram em produtividades superiores em relação àquelas mais tardias. As perdas de produtividade foram crescentes na medida em que a época de recepa foi retardada. cada mês nesse período (ver tratamentos no quadro 1). Nos anos agrícolas seguintes, em 2005/6 e 2006/7, as plantas do ensaio receberam os tratos e a adubação normais indicados, havendo a recuperação adequada das brotações, efetuando-se 2 desbrotas do excesso, sendo conduzidas 2 hastes/planta. Para avaliação da recuperação dos cafeeiros, de acordo com as épocas de poda, foi colhida a primeira safra pós-recepa, em junho/07, Os dados foram transformados em sacas/ha. A analise estatística mostrou diferenças altamente significativas, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5 %. Resultados e conclusões: Os resultados da produtividade dos cafeeiros na primeira safra pós-poda estão incluídos no quadro 1. Quadro 1. Produtividades, em scs/ha, na primeira safra, em cafeeiros recepados em diferentes épocas, Martins Soares-MG, 2007. PRODUTIVIDADE 1ª safra - 2007 (scs/ha) 63,5 a 57,0 a 46,5 b 24,6 c 19,0 c 4,2 d Relativo-% 100 89 73 47 30 7 Os resultados de produção coincidiram com as observações de campo, onde foi possível verificar, desde o primeiro ano, diferenças visuais no crescimento das brotações, maiores e com mais ramos plagiotrópicos nas plantas das parcelas recepadas mais cedo. Trabalho realizado na Região Sul de Minas ( ual PESQUISANDO 26 Abreu et alli, Anais 31 CBPC, p.349-0, 2005 ),no presente trabalho, sendo que a época foi mais qual foram comparados diferentes tipos de poda, em 2 importante para os tipos de poda drásticos. épocas, mostrou resultados semelhantes aqueles do Cafeeiros recepados em épocas mais adequadas, em Ago (esq) e em Jul (dir). RENDIMENTO DE FRUTOS VERDES E MADUROS DE CAFEEIROS CONILLON NAS DIVERSAS FASES DO PREPARO PÓS COLHEITA J B. Matiello – Engº. Agrº. MAPA/PROCAFÉ e E G. Oliveira- Téc. Agr. E J.H.Teixeira Siqueira Faz. RJPedro. A variedade Conillon, de C. canephora, é o robusta cultivado em maior escala nas regiões do Estado do Espírito Santo e áreas vizinhas, no V.R. Doce em Minas Gerais e no extremo sul da Bahia. A área cultivada de Conillon no Brasil é de cerca de 500 mil ha e sua produção atinge, anualmente, cerca de 10 milhões de sacas. O processo de desenvolvimento e maturação dos frutos de Conillon é diferente daquele de variedades arábica. Em comparação feita por Aviles e Matiello ( anais do 10 CBPC, 1983, p. 306 ) verificou-se que na mesma área, a 200 m de altitude, os períodos entre a floração e a maturação dos frutos foi de 200 dias para o Catuaí contra 315 dias para o Conillon. No Frutos verdes de cafeeiros conillon, como foram colhidos rendimento de frutos secos para grãos para o ensaio. beneficiados é considerado um percentual de 30% a mais para o Conillon, devido à menor (Cult. do café Conillon, PROCAFÉ, 1998) mas não se proporção de casca (e muscilagen) nos frutos dessa conhece as relações de peso/volume nas diferentes cultivar. fases de preparo dos frutos de café conillon pósO rendimento a partir dos frutos colhidos, colheita. depende do estágio de maturação desses frutos. Nas O objetivo do presente trabalho foi determinar os lavouras de Conillon é comum a colheita com maior índices de rendimento, em peso e volume desde a porcentagem de frutos verdes, para evitar aumento no colheita até o beneficiamento, em 2 estágios de ataque da broca. A presença de frutos verdes pode maturação dos frutos colhidos. influir no rendimento, conforme indicou Matiello A colheita foi feita, separadamente, de frutos PESQUISANDO 27 cereja e verdes, em cafeeiros Conillon, em junho de 2007, na Fazenda São João do 17, em Mutum - MG. Foram colhidas 7 medidas ( de 80 L) de cada estágio de maturação. O café foi medido e pesado, depois seco em terreiro e beneficiado, tomando-se, em todas as etapas, as medidas de volume e de peso. Foi determinada a média dos 7 lotes de frutos de cada estágio. Estágio dos frutos Maduros Verdes Na colheita Peso Volume ( l) ( kg ) 80 53 80 55 Resultados e conclusões Os resultados das avaliações dos volumes e pesos e os rendimentos encontrados, para cada um dos estágios de maturação dos frutos de Conillon, estão resumidos no quadro 1. Quadro 1: Volume e peso, por medida de 80 L colhida, de frutos verdes e maduros de café conillon, nas diferentes fases do preparo, até os grãos secos. Mutum-MG, 2007. Após secagem Peso Volume ( l) ( kg ) 44 21,6 46 22,5 Grãos beneficiados Peso Volume ( l) ( kg ) 17,6 13,8 18,5 14,5 Renda coco/benef. (%) 64 64,5 Ve r i f i c a - s e q u e o r e n d i m e n t o coco/beneficiado nos frutos de café Conillon é ligeiramente maior (em %) nos frutos verdes, variando de 64 a 64,4%, em peso, contra 50% que é o rendimento normal conhecido para o café arábica. A análise dos dados peso/volume obtidos leva às seguintes relações: Kg de café maduro para kg de café benef. =3,84 Kg de café verde para kg café benef. =3,79 Litros de café maduro para 1 saca benef. = 348 litros. Litros de café verde para 1 saca benef. = 331 litros. Verifica-se que a densidade dos frutos de café Frutos maduros de conillon. Conillon, no pós colheita, entre 0,66 e 0,70kg/l é maior, de 0,46 a 0,48 kg/l contra 0,42 kg/l no arábica. maior do que aquela conhecida para frutos arábica (= No volume e peso dos grãos beneficiados, sabe0,6 kg/l). No café coco seco, igualmente, a densidade é se que em média 60 kg de café arábica correspondem à 79 litros. Para o Conillon 60Kg de grãos beneficiados correspondem a cerca de 77 litros. As relações de peso/volume e rendimento aqui encontrados podem variar um pouco de acordo com a condição da lavoura, onde influi o trato , o suprimento de água etc. Conclui-se que: Nas diferentes etapas, a partir dos frutos colhidos, sua secagem e beneficiamento, os frutos verdes rendem mais pela sua maior densidade em relação aos maduros, estes com mais casca. Ambos estágios de maturação de frutos do conillon rendem mais e são mais densos do que aqueles de cafeeiros arábica Frutos maduros de arábica Catuai. 28 RESPONDE Consulte pelo E-mail: [email protected] Café em Goiás, com pequiseiro. Sou aqui de Goiás, perto de Goiânia, tendo uma pequena propriedade. Posso plantar o café e conservar o cerrado, especialmente os pequiseiros? Orcalino Júlio. Senhor Orcalino, No Estado de Goiás pode-se sim plantar café. Nas regiões mais altas, com altitude acima de 700 m, as áreas se prestam para o plantio do café arábica, com melhor bebida. Em áreas mais quentes pode-se plantar o café robusta-conilon, embora deva-se evitar, para essa variedade, fundos frios ou espigões muito batidos pelos ventos. Acontece que para ambas variedades de café o fator limitante, do Estado de Goiás, tem sido a falta de chuvas, que torna a área muito seca, e os cafeeiros sentem os efeitos da estiagem, no período entre maio a outubro. As plantas com falta d'água perdem folhas e secam ramos, o que leva a baixas produções no ano seguinte. A solução é usar a irrigação suplementar, fornecendo a água que falta naturalmente. Veja se o seu sitio tem água bastante, uma represa ou um curso d'água na propriedade e estude uma forma de irrigar, ai com um Técnico local. Para o plantio do café arábica, se for para o consumo ou pequena venda do café produzido, de preferência usar variedades de porte baixo, indicando-se o Catuaí e Acauã, por serem mais protegidos e tolerantes à seca, dando cafés de boa bebida. O café Conillon é mais fácil de ser cultivado, porém cuidado se aí tem frio, já que ele não gosta de baixas temperaturas. Quanto a aproveitar uma área que tem pequiseiros, achamos que é possível, pois os cafeeiros podem crescer e produzir bem em ambiente de sombra rala. O que pode acontecer é que as árvores atrapalham um pouco os tratos mecanizados, se for manual tudo bem. Obtenha sementes ou mudas de boa origem. Procure mais informações com um Agrônomo da sua cidade. Agradecemos a sua atenção e bom café, após, é claro, daquele arroz ou frango com pequi. Pequiseiro com cafézal ao fundo, em Pirapora-MG. RECOMENDANDO 29 CONDICIONAMENTO HORMONAL EM MUDAS DE CAFÉ J.B.Matiello - Engº Agro. MAPA/PROCAFÉ O condicionamento hormonal em mudas de café, apesar de ter bem demonstrados seus bons resultados pela pesquisa, ainda é uma prática pouco usada nos viveiros. Esse pouco uso decorre primeiro pelo desconhecimento de alguns técnicos recomendantes e, segundo, pelo aparente pior aspecto, menos verde, na folhagem das mudas, o que as tornariam menos vendáveis pelos viveiristas. Mas, a prática de induzir melhor equilíbrio nas mudas de café, entre hormônios de crescimento e de enraizamento, traz enormes vantagens Comparativo do volume de raízes em mudas tratadas com Bayfidan (dir) e sem tratamento (esq). e, assim, deveria ser usada mais extensivamente. O bom desempenho A pesquisa demonstra que uma proporção das mudas, demonstrado pela pesquisa e pelo uso entre a parte aérea da muda com seu sistema prático do condicionamento é muito evidente para radicular deve ser em torno de 2,5 a 3,0:1 uma boa passar desapercebido nas recomendações dos muda, com 4-6 pares de folhas, tem de 17-20 cm de técnicos de assistência. altura, peso seco de 7 a 9 g na parte aérea e 3 a 3,5 g A BOA MUDA DE CAFÉ A boa muda de café é aquela que possui um bom desenvolvimento da parte aérea, com caule grosso e folhas normais, visíveis a qualquer observador, porém deve possuir também um bom sistema radicular, com um pião ( raiz pivotante) e grande número de raízes finas, estas responsáveis pela absorção da água/nutrientes. De nada adianta termos uma muda bonita, mas sem o equilíbrio adequado entre suas partes. Muitas vezes os viveiristas aceleram o desenvolvimento da parte aérea das mudas, com adubações de cobertura (especialmente a nitrogenada), exageradas, sem pensar nas raízes. Aí, então, essas raízes vão fazer falta no campo, no pegamento e desenvolvimento inicial das plantas. nas raízes. O QUE É O CONDICIONAMENTO HORMONAL O condicionamento hormonal de mudas de café consiste em usar produtos que tem ação antigiberelina, ou seja, reduzem o crescimento vegetativo das mudas e, em contrapartida, aumentam o seu crescimento radicular, condicionando uma muda mais equilibrada. A prática surgiu da verificação do efeito tônico e de melhoria do sistema radicular e da produtividade de cafeeiros tratados com fungicidas do grupo dos triazóis, destacando-se dentre eles o Triadimenol. Os trabalhos de pesquisas demonstraram o bom efeito de produtos com ação hormonal, tanto RECOMENDANDO 30 nos viveiros como nas mudas no pós–plantio. com o Triadimenol propiciou bons aumentos na Vejamos o exemplo do trabalho, cujos parte radicular das mudas, sem redução na parte resultados são expostos no gráfico 1, onde pode-se aérea. observar que, em doses adequadas, o tratamento No quadro 2 pode-se verificar outro resultado, Gráfico 1 Aumento em relação à testemunha (%) 35 31 30 25 25 21 20 15 15 10 7 5 0 Altura Diâmetro No. de Folhas Compr. Raízes Peso Seco Total Parâmetros Figura 1 – Efeitos da mistura triadimenol + dissulfoton no desenvolvimento de mudas de café em vasos, avaliação 6 meses pós-aplicação. Fonte: Miguel, Matiello e Reis, Anais 18º CBPC p. 42-44, 1992. onde as mudas tratadas apresentam boa vantagem no aumento das raízes finas, no controle à cercosporiose no viveiro e no pós-plantio. Quadro 2 : Raízes secundárias de mudas sob tratamento com Triadimenol ou associação com dissultoton. Boa Esperança-MG, 1993. Tratamentos Nº raízes secundarias em 1 cm da principal % de fls c/ cercospora 1,5 mês pós-plantio Folhas/muda aos 4 meses de campo Baytidan (0,9 ml/30 mudas) Baysiston (0,5 g/muda) Testemunha 31,4 a 37,0 a 16,4 b 8,0 a 0,0 a 73,0 b 30,2 a 36,3 a 6,5 b Fonte: Matiello, Almeida, Vilela e Azevedo, Anais 19º CBPC p.20-21, 1993. Inúmeros trabalhos de pesquisa tem mostrado as vantagens de fazer o condicionamento hormonal das mudas. Além do Triadimenol foi demonstrado o efeito de outros triazóis, como o Flutriazol e o Cyproconazole, além de alguns inseticidas como o Aldicarb e os neomicotinóides. No caso do Triadimenol, a melhor ação se dá através da sua aplicação via solo, porém, quando em maiores concentrações na calda, pode fazer efeito também via pulverização na folhagem. Quando e como fazer A aplicação do tratamento hormonal deve ser feita quando as mudas se encontrarem no estágio do 3º -4º par de folhas. Se realizado mais cedo, em mudas muito pequenas, pode haver grande efeito na redução do crescimento das mudas. RECOMENDANDO 31 Se efetuada muito tarde, o efeito no desenvolvimento radicular pode ser menos proveitoso, ainda não se apresentando completo na ocasião do plantio das mudas no campo. O modo de aplicar mais adequado é através da diluição do produto, o Baysiston 250 CE, em água e sua irrigação (com regador) sobre as mudas, de forma que a calda chegue, sobre os recipientes, para ser difundido e absorvido pelas raízes. A dose indicada gira em torno de 1,5 ml do Bayfidan 250 CE ou similar para 100 mudas de café. A diluição em água pode ser variável. Um regador, de 10 litros, pode molhar bem, e, Canteiro de mudas já tratadas com Bayfidan. assim, distribuir a calda, em 300-400 mudas, podendo, então, receber a dose de 4,5-6,0 ml do c. Redução na incidência de cercosporiose e de Phoma/Ascochyta, esta última pelo Bayfidan. Essa dose é válida tanto para mudas em endurecimento da folhagem, além, é claro, do sacolas como em tubetes. Deve-se ter cuidado em eventual controle da ferrugem, a qual não é dosar bem e misturar a calda antes da aplicação, problema sério nas mudas. pois, em altas doses, o produto pode segurar demais o crescimento das mudas. A distribuição da d. Ação de redução no crescimento de mudas, sempre que aplicado com a finalidade de evitar calda também deve ser uniforme. Deixar muito mudas passadas, mantendo mudas de tamanho líquido cair sobre determinada porção de canteiro adequado quando se precisar adiar a época de de mudas vai retardar seu crescimento. plantio. Efeitos complementares O controle da cercosporiose evita a queda de Além da ação hormonal principal, reduzindo folhas das mudas e pode ser observado também no um pouco o crescimento foliar e provocando campo, conforme pode-se observar da pesquisa aumento nas raízes finas (número e tamanho), a apresentada no quadro 2 e nos dados constantes do quadro 3, onde se observou que o efeito aplicação do tratamento promove: predominante ocorre em função do Triadimenol. a. Amadurecimento (endurecimento) da Quadro 3: Infecção pela Cercosporiose e folhagem, que, assim, evita queimaduras pelo enfolhamento em mudas de café tratadas com sol, na época de plantio e ajuda no pegamento; fungicidas ou inseticidas via solo. S.J.Rio b. Engrossamento do caule das mudas, que fica Preto-RJ, 1992. mais duro, tornando as mudas menos susceptíveis à ação de ventos. Tratamentos 1- Triadimenol 250 CE, solo (1ml/100 M) 2- Dissulfoton 250, solo (2 ml/100mudas) 3- Triadimenol+Dissulfoton (solo) 4- Oxicl.cobre (3pulv.) 5- Testemunha Fonte: Matiello, Miguel e Almeida – Anais 18º CBPC, p.3-5, 1992. % fls. Infectadas (fev/92) Folhas remanescentes/muda (abr/92) 7,0 a 35,0 c 3,0 a 18,0 ab 47,0 c 9,5 a 3,2 c 11,6 a 6,0 b 1,8 c RESUMINDO 32 Extratos de Revistas Científicas nacionais e estrangeiras. INFLUÊNCIA DA ÉPOCA DO ÚLTIMO PARCELAMENTO DE ADUBAÇÃO EM CAFEEIRO E DA AMOSTRAGEM DE SOLO NO RESULTADO ANALÍTICO DESSA AMOSTRA. Foi conduzido 1 ensaio em Varginha, em solo Led, em cafezal Acaiá, no espaçamento 3,2 x 0,9 m, com 6anos de idade. Foram estudadas 5 épocas de aplicação da última parcela da adubação anual e mais uma testemunha, onde não se efetuou a aplicação da última parcela de adubo. Foram feitas amostragens em 4 épocas. Não foram feitas operações de arruação/esparramação da lavoura. As últimas parcelas de adubação ocorreram em 7 de fev., 22/fev, 09/mar, 26/mar e 6/abr. A parcela constou de 240 g/cova da fórmula 20-05-20. Foram observados efeitos da época de parcelamento sobre todos os fatores avaliados do solo e para K,Ca e Mg foliar. Notou-se um aumento do teor de k e P nas amostras na medida em que foi mais tardio o parcelamento, sendo o efeito mais pronunciado para o K. Pode-se concluir que: Em anos com pouca precipitação pluviométrica após o último parcelamento da adubação, o resultado da análise de solo pode ficar prejudicado, podendo afetar as recomendações. A maior influência ocorre para o K, onde o teor no solo se mostrou o dobro na aplicação tardia em relação à época mais cedo. Pela influência do N aplicado, o último parcelamento fez cair o Ca, o Mg e o V%. Concluiu-se que a amostragem de solo pode ser efetuada de junho a agosto, ou mais tarde. (Vianna, Japiassu e Fioravante, Anais do 27º CBPC, p. 287-288, 2007.) IMPACTO DO CONTROLE NATURAL DA BROCA DO CAFÉ (H.HAMPEI) PELO FUNGO BEAUVERIA BASSIANA EM 5 FAZENDAS NA ZONA DO LAGO DE YOJEA, HONDURAS Sob condições de campo e de laboratório foi avaliado o potencial de dano do fungo B. bassiana sobre a broca. Foram avaliadas lavouras em 8 fazendas, tornando-se 20 plantas, avaliando-se 4 ramos em cada uma delas, nas quais se fez a contagem dos pontos totais brocados e daqueles com Beauveria. Foram, ainda, tomados 200 frutos verdes brocados, para corte e verificação do estágio de ataque da broca nos grãos. Em uma fazenda foram observados, também, 100 frutos maduros, os quais foram despolpados, dissecados e observados quanto aos estádios de desenvolvimento da broca. Verificou-se que 62% dos frutos onde havia a presença de B. bassiana apresentavam grãos sadios, enquanto na ausência do fungo somente 19% estavam sadios. Nos frutos sem Beauvenia foi encontrado um número médio de 8 brocas (vários estágios) e naquelas com o fungo somente 1 na média/fruto. Nos frutos maduros o número de indivíduos (brocas) subiu para 11. Concluiu-se que o fungo B. bassiana foi muito importante para o controle natural da broca na zona em estudo. (S.A.R. Trejo e C.R. Funez – Bol. Promecafé, nº 111, abr-jun/2002) RESUMINDO 33 ADAPTAÇÕES DO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO EM MALHA PARA CAFEZAIS O trabalho propõe 2 modificações no sistema tradicional de irrigação por aspersão em malha, visando eliminar as dificuldades da enorme quantidade de canos a enterrar, do maior trabalho na troca de aspersores (35 por ha) e no elevado número de estacas de suporte necessárias. A primeira modificação constou da substituição dos canos finos da rede terminal, enterrada, por mangueiras flexíveis, móveis, tendo 50 m de comprimento e diâmetro de 1 polegada. Na extremidade é fixada, através de uma curva de 90º, uma haste de cano PVC (de 2 m de altura), tendo na parte superior um bocal para rosquear o aspersor. Deste modo gasta-se poucos canos e a mangueira vai fazendo várias posições, com a haste/aspersor fixada nos próprios cafeeiros. A 2ª adaptação foi a introdução de aspersores com maior área de cobrimento, significando menor nº de aspersores/ha. Os aspersores indicados foram os de bocal de 1,5 polegada, vazão de 8-12 m³/h e diâmetro molhado (a 30 mca) de 55-60 m. Assim o distanciamento dos aspersores pode ficar de 30 - 36 por 30 - 36 m. Os canos supridores desses aspersores podem ser de 50 mm de diâmetro. Nesse sistema utiliza-se de 9 – 11 aspersores/ha. Concluiu-se que: O sistema de mangueiras móveis traz muita economia e se adapta a pequenos projetos e o sistema com aspersores de maior alcance e rede mais espaçada traz economia e viabiliza projetos maiores. (Matiello, Fernandes e Mantovani, Anais do 27º CBPC, p. 44-5, 2001). VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DA SUBSTITUIÇÃO DA COPA DE CAFEEIROS POR ENXERTIA Foram conduzidos 2 trabalhos no ciclo 2000/01, visando testar modos de enxertia e sua aplicação prática, objetivando a substituição de copa de cafeeiros arábica. No 1º ensaio estudou-se, em Martins Soares-MG, 2 tipos de enxertia (garfagem lateral sob a casca e em cunha) sobre brotos novos (20 cm de altura) de cafeeiros recepados. Como garfo foi usado uma estaca de 1 nó de ramo ortotrópico. Em seguida à enxertia era colocada uma sacola plástica protetora, com poucas gotas de água internamente.. Uma folha de jornal foicolocada como proteção contra excesso deinsolação e calor. 3 semanas após à enxertia tirava-se o saco plástico, sendo a avaliação do pegamento efetuada 2,5 meses após a enxertia. Os resultados mostraram que a garfagem lateral, sob a casca, teve baixo pegamento, enquanto a garfagem superior, em cunha, resultou em 85% de pegamento, com todos os enxertos vivos já apresentando brotação. O 2º trabalho, em Utinga-BA, foi uma experiência em maior escala, em um talhão de 6000 plantas recepadas, de M. Novo, enxertadas, por garfagem em cunha, com Catuaí. O trabalho foi feito por uma equipe de 4 mulheres treinadas. A avaliação do pegamento foi feita 2 meses após enxertia, verificando-se pegamento de 70%. Esse menor pegamento deve-se à época de verão e ao uso de pontas de ramos ainda herbáceos para os garfos. O rendimento observado foi de 250 enxertos/dia de serviço. Concluiu-se pela viabilidade técnica e econômica da enxertia para substituir a copa de cafeeiros (desde que o sistema radicular esteja adequado), sendo o melhor sistema a garfagem em cunha, com garfos de cor verde porém maduros. O treinamento dos trabalhadores deve trazer ainda melhor eficiência e rendimento na enxertia. (Matiello, Barros, Garçon, Barbosa e Silva. Anais do 27º CBPC, p. 43-4, 2001.) PANORAMA 34 ESTIAGEM NA REGIÃO CAFEEIRA AFETA A PRODUÇÃO DA SAFRA 2008 Praticamente todas as regiões cafeeiras do Brasil foram mais secas em 2007, com escassez de chuva a partir de maio até novembro. No Sul de Minas, principal região cafeeira do país, o déficit hídrico acumulado chegou, em meados de outubro/07, a mais de 300 mm, bem acima do suportável pelo cafeeiro (100-150 mm). Também a Zona da Mata e parte do Triângulo e Alto Paranaíba sofreram com a estiagem, que foi mais severa também nos Estado de São Paulo e Paraná. Na região de robusta do Espírito Santo e Rondônia a estiagem também afetou os cafeeiros. Em decorrência dos déficits observados, as lavouras de café entraram em floração com índices elevados de desfolha, com ramagem seca, com Ramos com botões secos pela estiagem. “stress” nutricional induzido pela falta de água. Em regiões como o Norte de Minas as chuvas só chegaram no final de novembro. Deste modo, espera-se quebras significativas sobre a produtividade antes esperada, já que 2008 seria uma safra bastante alta, função do ciclo bienal de produção, após uma safra baixa (32 milhões de sacas) em 2007. Ainda é cedo para se ter uma boa idéia da próxima safra, porém a expectativa é de uma quebra em cerca de 8 milhões de sacas, 20-25% a menos do que se esperava. O pegamento da florada, refletida pela maior ou menor queda de chumbinhos, que ocorre 80-100 dias pós florada, vai ser a chave para uma melhor definição da safra futura. Cafeeiro florido totalmente desfolhado pela seca no Norte de Minas. NOVO SITE DA FUNDAÇÃO PROCAFÉ Os interessados em informações sobre a cafeicultura já podem contar com o novo site da Fundação Procafé, que contém notícias, dados climáticos, cotações do café, além das publicações, serviços e eventos ligados ao setor cafeeiro. Através do site pode-se, também, tirar dúvidas sobre aspectos da lavoura cafeeira. O novo site, agora com melhor visual e conteúdo mais completo, é: www.fundacaoprocafe.com.br. Ele está à sua disposição. PANORAMA 35 QUEDA ANORMAL DE BOTÕES FLORAIS EM CAFEEIROS Causou apreensão, no meio técnico, o problema que vem ocorrendo na floração dos cafeeiros em algumas áreas. As dúvidas chegaram até nós, do Procafé, que também observamos essa anormalidades na floração recente, no sul/oeste de Minas e na Bahia. São 5 tipos de problemas: a) Flores de tamanho pequeno, algumas não chegando a abrir completamente; b) Frutos com a corola partida, tipo engrenagem; c) Queda de botões, verde-amarelados, antes de abrir, em grande número. d) Botões queimados, enegrecidos, que secam e ficam escuros sobre as rosetas. e) Flores estrelinhas, pequenas e verdes. Nos casos do item “a” já havíamos observado esse fenômeno, devido à falta de água, porém tudo indica que não chegam a prejudicar a fecundação dos frutos. No caso da corola fendilhada é um aspecto novo, também relacionado à seca, porém não sabemos como o fruto vai se desenvolver. Quando à queda de botões, chamados de grãos de arroz, o fenômeno é conhecido, sendo devido à sua quebra de dormência, logo vindo seu desenvolvimento inicial, então com pouca chuva (menos de 10 mm) ou pouca água na irrigação, esses botões não dispõem de umidade suficiente para seu completo desenvolvimento e caem em grande número, no solo. Ao balançar o pé de café, pode-se observar grande número de botões caindo. Nesse caso, sabe-se que a maioria dos frutos não irão pegar, pois não houve completo desenvolvimento dos órgãos de reprodução dentro dos botões ainda pequenos. Botões enegrecido e estrelinhas estão relacionados tanto à falta como ao excesso de água na irrigação. Ficando prontos para abrir, caso falte água ou falte stress eles não evoluem para sua abertura, secando. Nesse ano, botões, flores e frutos anormais foram marcados para que se tenha uma definição perfeita sobre o que vai resultar a frutificação final correspondente aos vários tipos.. Grande número de botões no chão- Bonito-BA, pela pequena disponibilidade de água no solo. PANORAMA 36 DIA DE CAMPO NO CAMPO EXPERIMENTAL DE ARAXÁ O campo experimental de café, que vem que vem vamos estar juntos, lá em Araxá, no 3º Dia sendo conduzido em Araxá pela CAPAL, em de Campo. convênio com a Fundação Procafé, reuniu produtores e técnicos no seu 2º Dia de Nas estações de campo foram recebidos os produtores. Campo, realizado dia 28 de setembro de 2007. Na ocasião foram demonstrados resultados de adubação, irrigação, uso de gesso, variedades e cobertura com leguminosas. Os trabalhos foram divulgados em um Boletim especialmente elaborado, com dados e ilustrações dos trabalhos realizados. Colaboraram como apresentadores, técnicos do MAPA/PROCAFÉ, de Campinas e de Varginha, além dos técnicos da CAPAL. Cerca de 150 participantes, técnicos e produtores estiveram assistindo o Dia de Campo lá em Araxá. Eta terra boa, de Dona Beja, do café, dos doces e do leite. Ano CD'S DOS ANAIS DOS CONGRESSOS: COM ELES OS JOVENS GANHAM EXPERIÊNCIA Os novos técnicos que estão, recentemente, trabalhando em pesquisa ou assistência à cafeicultura, são chamados por um dos nossos velhos colegas como “jovens”. Pois é, agora, eles tem um novo instrumento de apoio, não bastasse o conselho dos mais velhos, apoiados em sua e x p e r i ê n c i a . Tr a t a - s e d o s C D ' s disponibilizados pela Fundação Procafé, em uma embalagem com 2 volumes, o primeiro com trabalhos dos Congressos do 1º ao 25º e o segundo do 26º ao 32º. São mais de 8000 trabalhos, classificados por congresso e por assunto. A produção dos Cd's contou com o apoio da Syngenta. Basta abrir no computador, clicar no congresso que desejar, abrir o índice por assunto. Por exemplo, Bicho-Mineiro, então aparecerá uma lista com todos os trabalhos no assunto. Clicando sobre o trabalho desejado, abre na página (s) e, então faz-se a consulta ou, se houver interesse, pode-se imprimir o trabalho. A embalagem com os 2 volumes está á venda na Fundação Procafé, por R$ 30,00. É só pedir pela internet (www.fundacaoprocafe.com.br) ou pelo telefone: 35. 3214-1411. Consultando os CD's os interessados, mesmo aqueles mais jovens, podem se tornar verdadeiros experts no café. Vai um aí, bem baratinho, só para cobrir os custos. PANORAMA 37 PODA DE CAFEZAIS EM NÚMERO ESPECIAL DA COFFEA A Revista Coffea não vive só de informações e produtivas, nas quais se obtém bom rendimento e e trabalhos de pesquisa. Ela se preocupa em levar, custo mais baixo do trabalho de colheita manual. também, recomendações aos técnicos e produtores ligados à cafeicultura. Foi com essa orientação que tivemos de editar um número especial da Revista Coffea, com tudo sobre a “Poda em Cafezais”. Nela foram reunidas todas as recomendações sobre as finalidades e tipos de podas, sobre o modo e época de podar, sobre as práticas para recuperar as lavouras podadas. O assunto de podas vem ganhando interesse diante das dificuldades conjunturais por que passa a economia cafeeira, com baixa renda do cafeicultor. Nessa condição as podas de renovação/recuperação são importantes para melhorar a produtividade e, paralelamente, facilitar o manejo das lavouras. Nas regiões montanhosas, a poda vem sendo mais usada, visando facilitar a colheita, com plantas mais baixas MOSCA BRANCA ATACA CAFEZAIS A mosca branca (falsa), Aleurotrics já relatada causando pequeno ataque em mudas de café no campo (Matiello et alli anais do 23 CBPC - Aleurothrixus floccosus Matiello et alli anais do 29 CBPC p.15), voltou, recentemente, a atacar, com maior intensidade em 2 novas regiões, em Pirapora-MG e em Orlândia-SP. Em Pirapora o ataque se mostrou em lavoura com 5 anos, sendo a infestação distribuída em grande numero de plantas em um pivô de 80 há, com cafeeiros da variedade Catuai Vermelho IAC 144. O ataque foi verificado em nov/07 pelo Eng. Agr J.B. Matiello. Em Orlândia o ataque foi observado com gravidade pelo colega Durval Fernandes do MAPA/Procafé de Campinas. O ataque ocorreu em uma área de 8 há com as variedades Catucai e Obatã. As folhas atacadas apresentam-se com a face inferior tomada por uma cobertura como uma lã de cor branca e observando atentamente pode-se ver algumas mosquinhas brancas se locomovendo no meio dessa massa. Nas folhas inferiores nota-se a presença de líquido pegajoso, como um mel, e com o passar do tempo constata-se a presença de fumagina, escura. Quanto ao controle, na primeira constatação na Bahia foi obtido bom controle com o uso de Endossulfan. Já em Orlândia o colega Durval notou a redução do ataque após uso de inseticida do grupo dos neonicotinóides via solo. Aspecto do ataque da falsa mosca branca na parte inferior das folhas de cafeeiros em Pirapora-MG. 38 ANÁLISE É PRECISO PRIORIDADE E OBJETIVIDADE NA PESQUISA CAFEEIRA J.B.Matiello - Engº Agro. MAPA/PROCAFÉ A pesquisa cafeeira no Brasil vem sendo desenvolvida, nos últimos 10 anos, através de um Consórcio de Instituições, coordenado pela Embrapa-café, com apoio maciço de recursos do Governo Federal, através do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira-FUNCAFÉ. Portanto, como se diz comumente, vem sendo empregado o seu, o meu, o nosso dinheirinho. Esses recursos não são poucos. Em 10 anos foram aplicados mais de R$ 100 milhões, com alguns bons resultados, re-aparelhando muitas Instituições, porem sem consolidar uma estrutura permanente de trabalho. Foi por isso que a liderança do Setor Cafeeiro, das diversas áreas (lavoura, indústria e comércio) solicitou uma avaliação do Sistema de Pesquisas, visando introduzir melhorias, depois da experiência de 10 anos de atividade do PNP-D-Café. Prioridades A análise efetuada pelos vários setores ligados ao café mostrou que é preciso modificar o planejamento e a execução das pesquisas. Verificou-se que muitos trabalhos vem sendo feitos sem o objetivo de atender aos problemas que se apresentam na cafeicultura, enquanto a demanda efetiva não vem sendo bem atendida. É preciso estabelecer prioridades bem definidas e levadas a sério. A pergunta que se tem presente é se a Instituição e/ou o pesquisador vai fazer aquilo que deseja ou gosta de fazer ou aquilo que precisa ser feito, para a solução de determinado problema ? É comum aceitarmos a orientação, muitas vezes expressa pela administração das pesquisas, de que todo estudo é válido, acrescenta saber, treina e forma pessoal técnico. É lógico que essa compreensão tem muito a ver com a origem dos recursos, de orçamentos públicos. Não seria assim caso fossem recursos privados, onde o retorno dos investimentos, seu benefício/custo, deve ser avaliado com antecedência. Sempre existiu a discussão dos conceitos de pesquisa, pura e aplicada. Não é esse o caso presente. Em nosso entendimento deve haver espaço e recursos para ambas, desde que planejadas com racionalidade e objetividade. O que se tem visto bastante, ainda, no sistema atual, apesar dos esforços para melhorar, são: pesquisas repetidas, sem finalidade prática, realizadas em regiões não representativas, muito estadualizadas ao invés de atenderem às regiões semelhantes, independentemente dos Estados. As pesquisas vem se concentrando demais nas Universidades, nada contra, porem ali se prestam, em sua maior parte, para atender a teses de pósgraduação, portanto com estudos sempre parciais dos problemas, já que se exige prazos curtos para o encerramento dos mesmos. Na difusão dos resultados, igualmente, são A seleção de variedades produtivas e resistentes é prioridade nas pesquisas, aqui no Campo de Pirapora, com os colegas Gianno e José do E, Santo. ANÁLISE muitas peças soltas, boletins com indicações muitas vezes conflitantes, sem uma recomendação baseada no consenso entre técnicos, o que daria mais segurança para os usuários, os cafeicultores. As prioridades indicadas pelo setor da produção cafeeira , procurando identificar as áreas onde a pesquisa seria mais útil, estão contidas na tabela aqui incluída. 39 Clonagem de híbridos, como aqui visto em Turrialba-CR, também é prioridade. Caminhos a seguir O diagnóstico e as discussões efetuadas, nesse último ano, pela área técnica ligada ao setor da produção cafeeira, mostram que é possível de agora em diante, seguirmos 2 caminhos: O primeiro é continuarmos e melhorarmos o sistema atual, corrigindo algo, porem sem as mudanças estruturais necessárias. O segundo é o de promovermos mudanças estruturais no sistema, alterando para atender a 4 orientações básicas: 1) Reduzir as Instituições e/ou pesquisadores atendidos, concentrando os trabalhos naquelas que já possuem estrutura e equipes consolidadas, que podem desenvolver ações de médio e longo prazo, e, assim, com trabalhos mais abrangentes e duradouros, comprometidos com resultados para os setores cafeeiros. 2) Investir dando mérito às equipes especializadas, liberando recursos por programas de pesquisas e não por simples projetos, dentro da especialização daquela equipe. Essa orientação seria complementada por melhor acompanhamento, no planejamento e execução, através de núcleos regionais, permanentes e aparelhados para isso. Deste modo, os trabalhos seriam frequentemente avaliados e ajustados, sem descontinuidade, já que o seguimento de uma boa pesquisa é importante em se tratando, o café, de uma cultura perene. 3) Fazer um diagnóstico detalhado dos problemas em cada região ou setor, aplicando recursos para solucionar esses problemas também a nível regional. 4) Evoluir para uma estrutura de trabalho mais permanente. O trabalho, do jeito que está, se baseia muito em Bolsistas, que mesmo bem treinados, não tem qualquer segurança de permanecerem trabalhando em suas áreas. Ao contrário, na primeira chance, com uma proposta de emprego segura, mudam rapidamente, sendo perdidos os investimentos feitos em sua formação. Não é demais pensarmos que o modelo de Consórcio pode estar se esgotando, já que foi útil para atender uma primeira fase, de retomada e execução de trabalhos de pesquisa de mais curto prazo. Agora estaria na hora do setor cafeeiro contar com uma estrutura mais permanente, capaz de, efetivamente, realizar e coordenar ações de tecnologia cafeeira, de forma integrada, as quais o setor cafeeiro tanto precisa para continuar competindo, seja o café com outros cultivos/criações, internamente, seja com a cafeicultura de outros paises. A criação continuada de Centos de Referência, de Inteligência, a instalação de campos experimentais privados e outras ações semelhantes, daqui e dali, nas diferentes áreas produtoras, indica que existem vazios no sistema atual, criado com o objetivo de efetivamente coordenar as atividades de desenvolvimento tecnológico da cafeicultura. Por que não se discute a criação de um Centro Nacional de Tecnologia Cafeeira, à semelhança dos que existem para todas as outras principais culturas e criações no Brasil? Os países que detêm as maiores produtividades médias em suas lavouras, a Colômbia e a Costa Rica possuem seus Centros de Pesquisa estruturados, o CENICAFÉ e o ICAFÉ, os quais vem fazendo um bom trabalho, a exemplo do que fazem nossos centros nacionais, indo ai os exemplos do Centro de Soja (Londrina), de milho/sorgo (Sete Lagoas)e mais de algumas dezenas aqui bem instalados e atuantes. Temos Centro até do Coco da Bahia, nada contra tomarmos aquela aguinha gelada, só não temos para o café, cultura sabidamente importante, na geração de renda e de empregos. Temos muitas ações, muitos recursos investidos. Temos bons técnicos/pesquisadores, só precisamos de uma melhor organização/estruturação, capaz de aproveitar a base técnica disponível, de forma permanente e comprometida com os resultados para os vários segmentos do setor cafeeiros, afinal são eles que pagam a conta. ANÁLISE 40 SUGESTÕES SOBRE AS DEMANDAS PARA A PESQUISA CAFEEIRA 1) Genética e Biotecnologia: - Desenvolvimento de variedades com resistência a pragas e doenças (Ferrugem, BichoMineiro, Phoma, Nematóides) visando redução dos custos e menor uso de defensivos. - Desenvolvimento de variedades com maior resistência ao calor e à estiagem. - Adaptação das variedades, regionalmente. - Multiplicação de (clones) híbridos superiores em gerações iniciais. - Desenvolvimento de cultivares para produção de cafés especiais. - Desenvolvimento de variedades que facilitem a colheita (maturação, retenção de frutos). - Melhoramento do cafeeiro robusta e híbridos de gerações iniciais para obtenção de resistência à ferrugem e melhor qualidade de frutos e bebidas. 2) Nutrição do cafeeiro: - Métodos para melhor aproveitamento dos adubos – liberação gradativa com menos perda – épocas – modo – redução do número de aplicações e menor custo. - Correlação mais aperfeiçoada entre nível de produção, nível foliar e nível de solo para maior precisão na recomendação de dosagem de nutrientes. - Testagem de novos insumos, adubos, corretivos, aminoácidos, fitoreguladores, para segurança ao seu uso pelo produtor. - Definição dos efeitos de adubação combinada com o mato (roçadas) e o uso do gesso para retenção de água. - Manejo de adubação para aprofundamento do sistema radicular, visando resistência à ferrugem. 3) Manejo da lavoura: - Efeito dos herbicidas no sistema cafeeiro, resíduos, microflora, fisiologia da planta, matéria orgânica, influência na produtividade. - Manejo do mato para matéria orgânica e aproveitamento nutricional. - Efeito da adubação na qualidade da bebida. - Manejo dos tipos de podas de acordo com o sistema de plantio (espaçamento, variedade, etc.). - Melhor definição de podas e sistemas de plantio para o Safra Zero. - Novos sistemas para produção de café em ciclos curtos. - Ampliação dos trabalhos de arborização, visando redução de temperatura e economia de água na lavoura cafeeira. ANÁLISE 41 4) Controle de pragas e doenças: - Testes de novos produtos defensivos para verificação de doses; épocas e condições de custos e segurança ao produtor. - Desenvolvimento de métodos de controle não químicos (físicos, biológicos, culturais, naturais, etc.). - Desenvolvimento de métodos de controle das cochonilhas de frutos. - Controle do complexo de doenças em inflorescências e frutos. 5) Colheita: - Métodos para redução do custo na colheita, especialmente para pequenas propriedades (maquinário, sistema de plantio, variedades, podas, sistemas de colheita). - Desenvolvimento de colhedoras automotrizes menores para que sejam acessíveis aos médios e pequenos produtores. - Definição de condições econômicas para a colheita seletiva. - Adaptação de maquinário portátil para colheita, com uso de energia elétrica.Adaptação de maquinário portátil para colheita, com uso de energia elétrica. 6) Irrigação: - Desenvolvimento de sistemas de irrigação, mais econômicos e que permitam melhor aproveitamento das áreas, com adaptação a nível de pequenas propriedades. - Racionalização do uso da água disponível na irrigação. - Definição da condição de irrigação para maior uniformização da florada. 7) Estudos básicos: - Efeito da lavoura cafeeira no seqüestro de carbono. - Desenvolvimento de equipamentos para melhorar a mecanização, em pequenas áreas (equipamento para podas, para colheita, tratos, etc.). - Desenvolvimento do genoma funcional do cafeeiro, visando incorporar qualidades alimentares ao café e outras características de melhoramento da planta. - Estudos da floração, da relação sistema radicular / parte aérea e do mecanismo de desfolha dos cafeeiros. - Adaptação de sistema de cultivo em regiões quentes. 8) Estudos sócio-econômicos: - Estudo de culturas alternativas para combinação em cafezais e em pequenas propriedades, especialmente nas regiões montanhosas. - Diagnóstico qualitativo da lavoura cafeeira. 42 PRODUTOS E EQUIPAMENTOS FORMULAÇÕES CORRETIVAS E PROTETIVAS PARA A LAVOURA CAFEEIRA Os solos usados para as lavouras cafeeiras são pobres nos micro-nutrientes exigidos pelos cafeeiros, para seu bom crescimento e produção. Embora necessários em pequenas quantidades (como o próprio nome micro-nutriente significa), o zinco, o boro, o cobre e o manganês, principalmente, são importantes. Esses nutrientes, à exceção do boro, são supridos, de forma mais eficiente, e econômica, a t r a v é s d e aplicações foliares. As caldas para pulverização p o d e m s e r preparadas com o uso de produtos adquiridos separadamente, conhecidos como sais, ou usando formulações prontas já contendo os diversos nutrientes, facilitando a sua utilização. Existem formulações líquidas ou sólidas, estas mais em uso atualmente, devido sua maior concentração de nutrientes. A formulação mais tradicional no mercado, com 10 anos em uso, é a Viça-café, e, recentemente novas formulações entraram em uso, a Multisais-café e a FH-foliar. Nas formulações disponíveis as composições são semelhantes para o zinco e o boro,e, em algumas, para o manganês e magnésio. A principal diferença está na fonte de cobre utilizada. Na Viça-café o cobre vem como Sulfato e sua complexação, para formar uma molécula de ação protetiva (fungicida/ bactericida), é feita com o uso da cal na calda. A Multi-sais usa como fonte, em seu sistema, o hidróxido de cobre(Kocide0 e a FH-foliar já tem na sua composição o carbonato de cobre. A pesquisa tem mostrado que tanto na correção da deficiência de cobre como na s ação protetiva do produto, a forma de cobre deve ser pouco solúvel, de lenta liberação, para sua ação residual, mais prolongada. A escolha dos produtos isolados ou das formulações e quais utilizar deve levar em conta a necessidade da lavoura, a composição, as doses as facilidades e os custos. Na tabela aqui apresentada pode-se observar a composição básica de cada uma das formulações referidas e as doses indicadas, havendo formulações que variam ligeiramente para atender regiões específicas. Composição dos nutrientes e doses para uso, em formulações corretivas/protetivas Nutrientes (%) Zinco Boro Cobre Manganês Magnésio Potássio(***) Dose indicada/ha Viça-café( **) 6 a 8,2 3a5 10 2a7 1a3 10 4 -5 kg Multisais-café (*) 9 3,8 5,4 1,2 15 4-5 kg FH-foliar 7 4 16 10 4 kg (*) fórmula básica-manutenção, acrescentando 1-2 kg de Kocide/ha (**) 6 formulações no mercado, podendo ser formuladas outras para atendimento regional, existindo em desenvolvimento formulações sem cobre e outras com maior teor de cobre. (***) o potássio(cloreto) é incluído para melhorar a absorção do zinco. SÉRIE ESTATÍSTICA 43 ANÁLISE DO CUSTO DE PRODUÇÃO DE CAFÉ NO SUL E OESTE DE MINAS GERAIS A. W. R. Garcia e J.B. Matiello - Engs. Agrs. MAPA/Procafé Uma análise dos custos de produção de café, estimados para a região Sul/Oeste de Minas, mostra que os componentes do custo sofreram aumentos expressivos, principalmente a mão-deobra, que subiu do equivalente a U$ 68,00 por mês para U$ 280,00, já incluído os encargos. Os fertilizantes também aumentaram muito, pois custavam cerca de U$200,00 por tonelada e hoje atingem cerca de U$ 500,00. Os demais itens de despesa, que entram no processo produtivo, como: combustíveis, energia elétrica, equipamentos, utensílios, entre outros, também sofreram majorações acima da inflação. O quadro 1, com um comparativo dos custos estimados em 2002/03 e os atuais (2007/08 e projeção para a safra 2008/09), mostra esses acréscimos nos custos de produção por saca.. Por outro lado, o preço do café permaneceu no mesmo valor, em reais, de 8 anos atrás. Embora o preço externo, em dólares, esteja razoável, a política cambial não ajuda. Assim, o preço recebido pelo cafeicultor, na média de produtividade obtida, não cobre mais os custos, contribuindo sobremaneira para o desaquecimento do setor, resultando no sucateamento progressivo de lavouras e benfeitorias. Veja-se que a produtividade média, obtida na safra 2007/08, foi aproximadamente de 13 sacas beneficiadas por hectare, este considerado um ano de safra baixa. O ano próximo, de 2008/09, seria de safra alta, porém houve comprometimento de safra pelo déficit hídrico registrado, mais de 300mm até o inicio das chuvas, que ocorreram somente no final de outubro/07. Se considerarmos, mesmo assim, alcançar em 2008 a produtividade de 20 scs/ha, o custo de produção continuará acima do preço praticado pelo mercado, o que pode elevar, ainda mais, o grau de endividamento e, conseqüentemente, o sucateamento progressivo do setor cafeeiro local. A situação de baixa rentabilidade na cafeicultura regional tem sido agravada pela situação climática desfavorável (temperaturas mais altas e déficits hídricos acima da normalidade histórica), observada nos últimos anos, resultando na situação de safras baixas, sendo que a partir do ano 2000 somente em 2002 e 2006 tivemos boas safras. No gráfico 1 pode-se observar as curvas de custo e os preços de equilíbrio dentro das produtividades obtidas. Pode-se verificar que a manutenção do cafeicultor na atividade, persistindo as condições atuais de preços/custos, será possível somente para aqueles que partirem para mudanças significativas (mudanças de paradigmas), com utilização de bom nível tecnológico, inclusive usando irrigação e colheita mecanizada, visando a obtenção de produtividades superiores a 40 scs/ha. Diante do conhecimento dos componentes de custo verifica-se que a viabilidade da produção de café estará ligada, principalmente, aos pequenos produtores, com mão-de-obra própria, desonerados de responsabilidades diversas, ou, então, aqueles altamente planejados, tecnificados e que utilizarem colheita mecânica. A esperança do setor da produção é de que o consumo crescente do café a nível mundial, combinado com a redução de estoques e à perda do potencial produtivo de nossos cafezais, influam na elevação do patamar de preços do café. Caso contrário, a tendência é o desaquecimento do setor, SÉRIE ESTATÍSTICA 44 com áreas cafeeiras sendo ocupadas outras culturas de maior rentabilidade. Sacas/ha por Quadro 1. Evolução do Custo de Produção de Café – Safras: 2002/03, 2007/08 e 2008/09. Custo R$ Acréscimo % Projeção 2008/09 2002/03 2007/08 40 30 20 10 146,17 162,87 178,47 259,42 230,41 262,39 285,80 388,79 58 61 60 50 256,00 292,00 318,00 432,00 Média 186,73 291,84 56 324,00 Gráfico 1: Curvas de Custo de Produção de Café – Safra 2007/08 e 2008(Projeção) e pontos de equilíbrio com as produtividades. 450 400 350 R $ 300 2008/09 250 2007/08 200 150 100 0 10 20 30 40 sacas/ha 2007/2008 2008/2009 50 Estação de Avisos Fitossanitários: Boletins mensais com condições climáticas e acompanhamento do crescimento do cafeeiro e evolução das pragas e doenças no Sul de Minas. Laboratório de Solos e Folhas presta serviços de análise de macro e micronutrientes. Alameda do Café, 1000 - Bairro Jardim Andere - CEP: 37026400 - Varginha, MG. Venda de Sementes de Café categoria S1 das principais cultivares. Consulte a disponibilidade. Serviço de Atendimento e Consultas por e-mail ([email protected]) ou por telefone (0xx35-3214-1411 ou 0xx21-2233-8593). Com 100 anos, é reconhecida como uma das melhores Instituições de Ensino do País, e seu reconhecimento se deve à inquestionável capacitação física e humana a serviço do ensino, pesquisa e extensão; considerada pelo Ministério da Educação como “Centro de Excelência”. Oferece os seguintes cursos de graduação: Agronomia, Administração, Engenharia Agrícola, Engenharia Florestal, Zootecnia, Medicina Veterinária, Ciência da Computação, Engenharia de Alimentos, Química e Ciências Biológicas. Possui também 80 (oitenta) cursos de Pós-Graduação, entre LATO SENSU, STRICTO SENSU e Doutorado.