Revista Coffea - Número 12

Transcrição

Revista Coffea - Número 12
ANO 4 - Nº 12 - MAIO/DEZEMBRO - 2007
REVISTA BRASILEIRA DE
TECNOLOGIA CAFEEIRA
FUNDAÇÃO PROCAFÉ
CONVÊNIO MAPA/FUNPROCAFÉ/UFLA
ANO 4 - Nº 12 - MAIO/DEZEMBRO - 2007
Neste número:
REPORTAGEM
- Grupo de dirigentes de Cooperativas foi ver o café no México e Costa Rica
- Dias de Campo e Curso difundem novas tecnologias cafeeiras em Varginha
- Pesquisas Cafeeiras: mais um Congresso, com muito sucesso
COMO VAI VOCÊ
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PESQUISANDO
Capa: Cafeeiro desfolhado florindo,
apresentando flores normais apenas nos
ramos baixos e flores anormais, sem abrir,
na parte superior da planta.Isto ocorre
devido à estiagem, que resultou num
pequeno suprimento de água, suficiente
sómente para a abertura normal dos botões
na ramagem baixa. Foto em Carbonita,
Norte de Minas - nov/2007.
- Eficiência clonal na resistência do Siriema contra o bicho-mineiro em cafeeiros
- Novos sistemas de mudas e plantio de cafeeiros
- Efeito do gliphosate sobre a brotação em cafeeiros jovens
- Novo tipo de bandeja e diferentes substratos para produção de mudas de café
- Avaliação da aptidão edafo-climática da Serra do Cabral, em MG
- Época de recepa em cafezal adensado na zona da mata de minas
- Rendimento de frutos verdes e maduros de cafeeiros conillon nas diversas fases
do preparo pós colheita
RESPONDE
NOTA DO EDITOR
Ficamos um tempo fora com nossa
revista, devido às dificuldades de
recursos para sua edição.
Não queremos, no entanto, deixar
esse nosso veículo fechar as portas
e estamos fazendo um esforço para
continuidade.
Assim, esse número traz,
novamente, informações de
interesse, para os técnicos e
produtores ligados ao café. São
recomendações, análises,
pesquisas e reportagens recentes,
com destaque para os trabalhos que
foram apresentados no último
Congresso Brasileiro de Pesquisas
Cafeeiras.
O ano de 2007 está acabando e um
novo ano se aproxima. É tempo de
festas natalinas, de reunir as
famílias.
Desejamos a todas as famílias do
café um bom natal e um ano de
2008 cheio de bons negócios.
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RECOMENDANDO
- Condicionamento hormonal em mudas de café
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RESUMINDO
- Quatro trabalhos de pesquisa cafeeira
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PANORAMA
- Notícias da produção cafeeira
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ANÁLISE
- É preciso prioridade e objetividade na pesquisa cafeeira
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PRODUTOS E EQUIPAMENTOS
- Formulações corretivas e protetivas para a lavoura cafeeira
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SÉRIE ESTATÍSTICA
- Análise do custo de produção de café no sul e Oeste de Minas Gerais
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CARTA AO CAFEICULTOR
Estamos finalizando um ano em que a safra de café foi baixa (=32 milhões de sacas) e,
mesmo assim, os preços do café não subiram, o que era natural e esperado, diante da menor
oferta. Ocorre, entretanto, que o mercado interno conta com pouco suporte e os preços,
sempre voláteis, são estabelecidos nas bolsas e pelos movimentos dos fundos, dependendo,
muitas vezes, da competitividade de outras comodities em que os fundos também investem.
Com menor produção e preços baixos a renda bruta do produtor caiu e, também, a sua
rentabilidade. Restava, então, apostar na próxima safra. Mas a falta de chuvas, de maio a
outubro, trará perdas, novamente, na produtividade. Assim, a ameaça de uma super-safra
em 2008 está afastada. Permanece, então, um equilíbrio entre a oferta (reduzida pela seca) e
a demanda , esta ampliada pelo maior consumo mundial (120 milhões de scs./ano) e pelo
consumo interno no Brasil (mais de 16 milhões de sacas/ano) e os preços serão mantidos,
com tendência de alta.
Apesar dos aumentos nos fertilizantes, é preciso continuar investindo nos bons tratos para
alcançar melhor produtividade nas lavouras, única ferramenta que o cafeicultor dispõe para
produzir mais barato.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento: Reinhold Stephanes
Secretário-Executivo do MAPA: Silas Brasileiro
Secretário de Produção e Agroenergia (SPAE/MAPA): Manoel Vicente Fernandes Bertone
Diretor do Departamento do Café (DCAF/SPAE): Lucas Tadeu Ferreira
Secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC/MAPA): Márcio Antônio Portocarrero
Superintendente Federal de Agricultura de MG (SFA/MG): João Vicente Diniz
Fundação Procafé
Presidente da Fundação Procafé: José Edgard Pinto Paiva
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS
Reitor da UFLA: Antônio Nazareno Guimarães Mendes
REVISTA DE TECNOLOGIA CAFEEIRA
Ano 4: nº 12 maio/dezembro/2007.
Conselho Editorial: José Braz Matiello (Editor Executivo); Rubens José Guimarães (Coordenador UFLA); Saulo Roque de
Almeida, Leonardo Bíscaro Japiassú, Rodrigo Naves Paiva e Antônio Wander Rafael Garcia - MAPA/Fundação Procafé e Carlos
Henrique Siqueira de Carvalho - Embrapa Café.
Programação Visual e Impressão: Gráfica Editora Bom Pastor.
Composição: Rosiana de Oliveira Pederiva e Maria Emília Villela Reis
Tiragem: 2000 exemplares.
Endereços: Alameda do Café, 1000 - Bairro Jardim Andere
37026-400 - Varginha/MG
35. 3214-1411
[email protected]
e
Av. Rodrigues Alves, 129 - 6º andar - Centro
20081-250 - Rio de Janeiro/RJ
21. 2233-8593
[email protected]
É permitida a reprodução, desde que citada a fonte e autores.
www.fundacaoprocafe.com.br
REPORTAGEM
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Grupo de dirigentes de Cooperativas foi ver o café
no México e Costa Rica
Um grupo de 11 pessoas, dirigentes e técnicos
de cooperativas de cafeicultores, organizado e
patrocinado pela OCEMG - Organização das
Cooperativas do Estado de Minas Gerais - esteve
viajando, no período de 8-18 de novembro/2007,
pelas regiões cafeeiras no México e Costa Rica.
A viagem teve como objetivo conhecer as
características de cultivo e da economia cafeeira em
países que tem condições diferentes do Brasil, para
observar novas tecnologias e as bases de
competição importantes, para aplicação na
cafeicultura brasileira.
Participantes
A organização dos participantes esteve a
cargo dos dirigentes da OCEMG, destacando-se seu
presidente Ronaldo Scuccatto, e estiveram na frente
o diretor Alberto A. Valle Junior, também presidente
da CAPAL – Araxá e José Edgard Pinto Paiva, da
Comissão de café da OCEMG e presidente da
COCCAMIG, estes 2 últimos também foram na
viagem, juntamente com Carlos Augusto Mello –
vice- presidente da Cooxupé, Marcelo Pimenta do
Conselho Diretor da Cooparaíso, Tarcísio Rabello –
Presidente da Cooperativa de Cafeicultores de
Campos Gerais, Ralph Junqueira, Algênio Castro e
Luiz Paulo Pereira Filho, da Cooperativa de Carmo
de Minas, Henrique Reis Pinto – Presidente da
Minasul e José Eugênio Marinho – médico,
cafeicultor e cooperado da Minasul. Na
coordenação técnica, responsável pelas visitas e
contatos nas áreas cafeeiras, esteve o Engº. Agrº. J.
B. Matiello, do MAPA/PROCAFÈ.
PROGRAMA DE VISITAS
Um extenso programa de visitas foi
desenvolvido pelos participantes, como se pode ver
em seguida:
– Programa no México
O programa de visitas e contatos no México
compreendeu a viagem da Cidade do México para a
região de Xalapa, no estado de Vera Cruz, sob a
coordenação e apoio do Conselho Regulamentação
do Café de Vera Cruz.
Os participantes no início da viagem na Cidade do
México.
Foram feitas visitas em 3 fazendas de café e
em 3 usinas de preparo do café pós-colheita, em
beneficiamentos úmidos e secos. (Fazendas de
Francisco de La Vecchia, Kassandra e Casablanca)
e beneficiamentos Pahsa, de José Luiz Rojos Geo e
de Animas-Ansa). Todas essas visitas foram na
região de Xalapa e Huatusco. Nessas áreas foram
observadas, no caminho, as condições de
exploração das lavouras cafeeiras em pequenas
propriedades .Nesse dia de visita tivemos contato,
na Fazenda Kassandra, com o Secretário de
Agricultura do estado de Vera Cruz, Juan Humberto
Garcia Sanches, com a presença, também, de um
Deputado daquele estado
e da Prefeita de
Huatusco.
No último dia visitamos o Laboratório de
Qualidade/Certificação de café do “Consejo de
Regulacion de Café de Vera Cruz, em Xalapa”.
Fomos acompanhados por técnicos e pelo
Presidente do Conselho, o Dr. Eduardo Assad, pela
Diretora Executiva L.E Maria del Pilar Flores Diaz, e
pelo responsável de relações institucionais L.E.
Josafat Bellido Aburto.
A Cafeicultura no México
As informações obtidas dão conta de que a
cafeicultura no México compreende o cultivo de
cerca de 480 mil ha de cafezais e a produção média
anual tem sido de cerca de 4,0 milhões de sacas,
com tendência a reduções nos últimos anos, pelos
preços baixos que consideram.
REPORTAGEM
04
O café chegou ao México em 1780 e em 1920
a Coatepec (Vera Cruz). A região de Vera Cruz
produz cerca de 1,3 milhão de sacas, em altitudes
entre 500 e 1500 m, em solos naturalmente de boa
fertilidade (origem vulcânica), de topografia
acidentada e cultivo todo manual.
A cafeicultura é feita quase totalmente sob
sombra, geralmente muito fechada.
As propriedades são pequenas (média 1,5 ha
de café), existindo também grandes propriedades (+
200 ha) já mais tecnificadas. O uso de fertilizantes é
pequeno e a produtividade média é baixa, (8-10
sacas/ha).
A produção de café compreende cerca de 300
mil sacas/ano de cafés robusta e o restante de
arábica, sendo, nessa espécie, predominantes as
variedades Typica, Caturra, pouco de Híbrido
Garnica (=catuaí) e de Mundo Novo e Catimores
(Costa Rica 95 e Azteca Oro).
Estão procurando introduzir um Typica criollo
melhorado, e com interesse no Geisha, com
tendência a dar prioridade às variedades com maior
potencial para qualidade de bebida.
Além das regiões de café no Estado de Vera
Cruz, que visitamos, são importantes na
Cafeicultura Mexicana os estados de Chiapas,
Oaxaca e Guerrero.
O consumo de café no México é de cerca de
1,2 – 1,5 milhões de sacas/ano, pouco mais de 1
Kg/pessoa/ano, muito baixo, em relação ao Brasil (
4-5 kg/capita ). O aumento do consumo no país é
objeto da política do governo. Quanto a esse
consumo uma pesquisa mostrou que a razão para
redução no consumo de café nas residências é a
falta de cafeteiras nos lares, as quais facilitariam o
preparo da bebida.
As exportações do café do México ocorrem
em média de 40% para os EE.UU, e 50 - 60% para a
Europa (sendo o frete para a Europa mais barato,
pelo retorno de containers vazios). Parte do café
para os EE.UU é exportada por via terrestre, sendo
Vista de cafezal sombreado com ingazeiras em
Huatusco-MX.
pequena parcela de cafés já industrializados
(solúvel, descafeinado e torrado/moído).
Condições observadas nas fazendas e cafezais
Condições Gerais
Como condições gerais que ocorrem no setor
de produção de café na região de Xalapa, pudemos
observar:
a) Situação de crise vivida nos últimos anos, com
redução das safras, motivada pela condição de
preços/custos, pela dificuldade/custo de mãode-obra, o que tem levado a reduções de
produtividade/ produção. Houve migração de
cerca de 0,5 milhão de pessoas da região para
os E.U.A.
b) Para os próximos anos essa situação pode ser
agravada por: maior exigência no uso da água e
destino dos efluentes; seguro social da mão-deobra (acréscimo de 25%); e normas rígidas para
o manejo fito-sanitário dos cafezais; tudo vai
encarecer o custo de produção.
c) Preços do café informados: US$ 120,00/quintal
(46 kg) e custos diretos do campo de US$ 85,00.
d) Custos altos das terras, de US$ 10.000,00 a US$
25.000,00/ha.
Características nos cafezais
Verificou-se que as lavouras, na maioria, são
pouco tecnificadas. As variedades são tradicionais,
espaçamentos com fechamento nos cafezais, com
pouco uso de adubos e quase sem tratamento de
pragas/doenças.
As principais características observadas
foram:
a) Sombra de ingazeiras, árvores nativas e
introdução nos últimos anos, de Grevillea, Cedro
Indiano e combinação com macadamia
(Fazenda Kassandra). No geral a sombra é
excessiva, existindo trabalhos, com sucesso,
raleando sombra. A sombra fechada torna a
lavoura mais auto-sustentável, exigindo menor
uso de adubos, porém reduz a produtividade. As
árvores de Cedro Indiano parecem ter bom
desenvolvimento e grande potencial para
madeira (rosa ou vermelha). A macadamia tem
sido vendida entre 6-12 pesos/Kg (0,60 – 1,20
Us$) e a população de árvores ideal gira em
torno de 120 – 200/ha.
b) Ocorrência pequena de broca, de Koleroga,
cercosporiose de Phoma e de ferrugem, está já
causando prejuízos em cafeeiros mais
carregados. O Costa Rica 95 se mostra bem
REPORTAGEM
resistente à ferrugem , mas parece apresentar
problemas de má qualidade da sua bebida.
c) Bons resultados com recepa baixa, em lotes,
acoplada ao repovoamento e redução de
sombra.
d) Boa qualidade dos solos, férteis e profundos,
havendo, pela sua natureza vulcânica, forte
carência de Mg e Boro.
e) Bom nível de manejo ecológico nos cafezais,
com reciclagem de folhas e outros resíduos
orgânicos, oriundos das árvores de sombra, dos
cafeeiros e das das ervas daninhas ( por roçadas
ou com uso de herbicidas de contato).
f) Condução, no geral, de número excessivo de
hastes/pl, em muitos casos provocado pelo uso
de mudas duplas/triplas (técnica introduzida da
Costa Rica) e pela falta de desbrota. Na pósrecepa deve-se conduzir menor número de
hastes, que assim engrossam, produzem ramos
laterais maiores, mais produtivos e o fechamento
é retardado. No espaçamento mais indicado e
observado nas fazendas tecnificadas, de 2 x1 m,
deve-se conduzir 2 hastes/pl.
g) Colheita manual, parcelada, em 3-4 vezes/safra,
colhendo café maduro, com rendimento entre 40
– 80 Kg de café/pessoa/dia. O número de
colhedores necessários é grande, em algumas
fazendas maiores (300 ha) se utiliza até 1500
colhedores.
Características do preparo de café e usinas
Nas 3 usinas de preparo de café pós-colheita
visitadas verificou-se que todas possuem
estrutura/sistema de preparo por via úmida, tendo
como resultado, a maior parte de produção de cafés
despolpados.
As usinas atendem tanto às fazendas dos
proprietários como a dos pequenos produtores, que
entregam o café em cereja.
O processo começa pela recepção/inspeção
em plataformas ou tanques, a qual, em muitas
usinas, separa os cafés de acordo com a origem
(baixa, média, alta altitude). Segue-se a flutuação do
café em tanques/sifão para separar os
bóias/chochos e parte dos brocados, o que dá
origem a um café de 2ª, ficando os frutos de café que
afundam (mais densos) compondo o café de melhor
qualidade, estes podendo, ainda, ser separados em
bica separadora (por densidade), seguindo para o
despolpador (usual de cilindro horizontal) ou vertical
(Penagos-colombiano) mais moderno. O café que
flutua e/ou o menos denso pode ser destinado a
despolpadores de disco.
Uma vez despolpado o café é colocado em
tanques de fermentação (18 – 24 h em regiões mais
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quentes e até 30 – 36 h em mais frias), sendo lavado,
bombeado e pré-secado em aeradores de cascata,
sob forte fluxo de ar quente (60ºc). Estes aeradores
vem sendo mais recentemente
usados (em
pequena escala) no Brasil. Dos aeradores, o café vai
saindo, através do próprio fluxo de ar abaixo da
camada de grãos, indo para os secadores, sendo os
mais usados os chamados de Guardiola, ou seja ,
secadores cilíndricos horizontais rotativos, onde a
temperatura do ar é usada no nível de 50-70º C,
sendo a seca completada em 24-30 horas. Em
alguns benefícios existe a separação (em bica
separadora) do café já despolpado e, também,
secadores verticais, grandes, para atender aos
guardiolas menores.
Não se utiliza qualquer secagem em terreiros,
diferentemente do Brasil.
O combustível usado varia, sendo comum a
casca do pergaminho, óleo combustível, gás ou
lenha, sempre em combinação, para reduzir custos.
No benefício chamado de seco, existe o
maquinário de descasque, este um sistema
cilíndrico, tipo brunidor, seguindo-se a classificação
em conjunto de peneiras, depois separação em
float-air e finalmente em eletrônicas. O padrão final
dos cafés é bom, sem defeitos e, normalmente, de
bebida suave.
As usinas de grandes compradores (como a
ANSA - Esteve Irmãos) se localizam em vários
estados e chegam a comercializar 30% do café do
México. Elas vem buscando mercados diferenciais
de qualidade (semi ou lavado), com atendimento a
várias certificadoras e denominação de origem. Elas
também possuem departamentos de apoio
(suministros) aos produtores, visando melhoria de
qualidade. Possuem, também, fazendas de café
(Xalapa, Chiapas e Puebla), com área de 2500 ha de
café. Os equipamentos de preparo são oriundos da
Costa Rica/Colômbia e pouco do Brasil (Pinhalense).
Eles consideram que é preciso mudar a
tradição para produzir o que o mercado está pedindo.
Grupo assiste a palestra no laboratório do “Consejo de
caficultores de Vera Cruz”, em Jalapa-MX.
REPORTAGEM
06
Cafezal renovado, com sombra rala de Eritrina(porro) em
Naranjo-Costa Rica.
No final, o preparo/beneficiamento resulta em
3-4 tipos de café: 1 de bóias (flotantes) e 2-3 de
densidades maiores nos despolpados.
É preciso relatar que em outra região do
México (Guerrero) se produz um pouco de café
natural (sem despolpar).
O conselho regulador de Vera Cruz e a
certificação de cafés
O conselho regulador de café de Vera Cruz é
uma organização civil, que congrega produtores e
usinas, contando com cerca de 2000 cafeicultores e
40 usinas. Sua função principal tem sido a
certificação do café por região de origem como “café
de Vera Cruz”, o que já foi conseguido legalmente a
partir de 2004 e agora o Conselho, através de seus
técnicos e com apoio no laboratório de avaliação de
qualidade, vem implementando.
As bases para caracterizar a região de origem
foram:
- Clima temperado úmido
- Altitude favorável (750-1500 m)
- Solos vulcânicos
- Uso de sombra
- Bom preparo
- Boa tradição
Esses fatores em conjunto levam a:
Grãos grandes, de cor verde-azulada, aroma
intenso, acidez pronunciada, sabores
característicos/especiais frutas e achocolatados,
bom aspecto de torração e, no final, o objetivo de
uma bebida (taça) limpa.
A certificação é feita através de 2 setores do
Conselho: A UV = umidade de verificação e ao OC =
organismo de certificação. São considerados o meio
geográfico, com seus fatores naturais e humanos.
A certificação ocorre tanto para o café
beneficiado (verde), como no café torrado (de
indústrias). A certificação custa US$ 1,50/saca.
A certificação compreende 74 municípios,
em 9 regiões. Na certificação são considerados
o meio físico natural, compreendendo a
conservação de recursos naturais e a condição
adequada do trabalho.
O Conselho regulador possui 1 Conselho
diretor e uma direção geral.
O processo de certificação, começa pela
inscrição do produtor, a distribuição do manual
de boas práticas agrícolas (com as regras).
São feitas amostragens e visitas de
acompanhamento.
No laboratório de qualidade são
efetuadas avaliações físicas e sensoriais,
abrangendo: % de mocas, cor, rendimentos,
umidade, tamanho e forma de grãos, presença
de defeitos, grau de torração, perfil de moagem. No
sensorial avalia-se aroma, acidez, corpo, maus
sabores e aceitação geral.
- Programa na Costa Rica
O programa de vistas foi organizado pelo
ICAFE (Instituto de Café de Costa Rica), que indicou
o Engenheiro Agrônomo Victor Arias Chaves para
acompanhar o grupo brasileiro nos dois dias de
visitas (15 - 16 nov/07).
Foram visitadas duas fazendas de café na
região de Naranjo (Hacienda Miramonte, Finca San
Jerônimo e Espiritu Santu), as instalações
administrativas da Cooperativa de Cafeicultores de
Naranjo (COOPRONARANJO) e sua usina de
preparo do café.
Em Turrialba, foram visitadas as oficinas do
ICAFE , um campo experimental (ensaio de
combinação agro-florestal no cafezal),a coleção de
variedades e o laboratório de biotecnologia do IICA
(Instituto Interamericano de Ciências Agrícolas, da
OEA).
A Cafeicultura na Costa Rica
A área de café na Costa Rica está atualmente
em cerca de 96,000 ha, vindo caindo nos últimos
anos a partir de 113 mil ha, sendo responsável por
essa queda na área a ocupação de áreas para
turismo e para outras culturas. A produção,
igualmente, sofreu redução, de 3,0 milhões de
fanegas (46 Kg) para 2,7 milhões, com diminuição
da produtividade de 30-34 fanegas/ha para 26 F/ha.
O café é cultivado em várias regiões, sendo a
mais importante situada na Meseta Central, em
Ajaluela, Heredia, Naranjo, sendo introduzidas
novas áreas mais recentemente como a De los
REPORTAGEM
07
Santos.
A lavoura cafeeira é cultivada em altitudes
desde 500 até 1600 m, sendo a melhor área entre
1000-1600 m de altitude. Nas áreas quentes o
preço do café é mais baixo.
A maioria dos produtores tem até 10 ha,
ficando a média das propriedades em 5-6 ha de
café/propriedade. Propriedades acima de 100 ha
são apenas 3%, porém respondem por cerca de
30% da produção.
O consumo de café no país é de cerca de
270 mil sacas, porém, pela sua pequena
população, o país se destaca, como o Brasil, no
consumo per capita entre os países produtores.
Na agricultura costaricence as culturas em Poda por fileira, em ciclos de 3 com perdão, na
importância são a banana, o abacaxi e o café (em Fda. Miramonte-CR.
3º lugar). Mas o café, como no Brasil, é muito
de Cooperativas (35%) ou particulares, onde os
importante para o emprego de mão de obra.
produtores
entregam o café cereja, existindo cerca
Os solos usados para café na Costa Rica são
de
100
usinas
de preparo no país. Ultimamente
férteis de origem vulcânica, porém atualmente estão
estão
sendo
implantadas
pequenas unidades de
sendo usados, em novas áreas, solos menos férteis
preparo nas próprias fazendas.
(oxisolos).
A topografia nos terrenos usados para café é
predominantemente montanhosa, porém existem, Características dos cafezais nas fazendas
visitadas.
em menor escala, áreas planas.
As chuvas, no geral, são abundantes, na faixa
A Fazenda Miramonte tem uma tradição de 50
de 2000-2200 mm por ano, de maio a novembro e
com mais de 240 dias com chuva no ano. Em anos em cafeicultura, possui 4 propriedades, num
total de 320ha de cafezais. Sua produtividade média
Turrialba chove cerca de 3000 mm.
O ICAFE é o organismo do Governo é de 38 fanegas/ha.
Os plantios são feitos com pouca sombra,
responsável pelo apoio técnico à cafeicultura
predominando
com árvore Eritrina (Porró) e pouca
(Pesquisa e Assistência Técnica) e pela regulação
área
com
Eucaliptos.
As variedades usadas são
do mercado (exportação, preços de liquidação, etc.).
várias.
O
catuaí
vermelho,
pouco do Amarelo, vem
Para isso conta com uma taxa retirada na
mostrando
bom
vigor
e
produtividade. São
exportação dos cafés.
A Zona visitada, em Naranjo, possui cerca de plantadas, ainda, o Caturra e o Costa Rica 95.
O espaçamento básico gira em torno de 1,70 –
23.000 há de cafezais , com 8-9.000 produtores,
sendo, ali, o café cultivado em cerca de 50% com 2,00 x 1,0 m, com plantio de mudas duplas ( 2
sombra e a outra metade sem ou com pouca sombra. sementes por sacola).
Existe um sistema bastante tecnificado de
Os produtores tecnificados vinham adotando a
redução de sombra, mas, agora, com a certificação, poda, seja por talhão, a mais preferida pelo
tendem a voltar com sombra rala. Os produtores agrônomo responsável, seja por ciclos, podando 1/3
a 1/5 por ano, com ou sem perdão (não podar em
pequenos usam sombra mais fechada.
As variedades mais plantadas e aceitas são o determinado ano). Com esse sistema, a
Caturra e o Catuaí, sendo que as variedades novas produtividade nas áreas é bastante alta e se mantém
como Catimores UFV 5179 e seu sucessor Costa todos os anos. No sistema de poda por fileira é
Rica 95, apesar da boa produtividade e resistência à apontada como desvantagem a maturação desigual
ferrugem, não tem sido aceitos pela falada má dos frutos de café entre fileiras de diferentes
qualidade de bebida e, nesse ano, pela maior estágios de desenvolvimento das plantas.
Nas doenças do cafeeiro a principal relatada
susceptibilidade à doença “Ojjo de Gallo”, nesse ano
causando sérios prejuízos, pela umidade (40% a pelo especialista do Icafé é a Cercosporiose, e com
mais de chuva nesse ano) e pelo calor (1 – 1,5°C a menor importância a ferrugem e o ojjo de gallo. Nas
áreas úmidas, quentes, ocorre em grau severo o mal
mais).
A colheita do café se dá entre novembro e de Hilachas ou Koleroga.
O controle químico do “Ojjo de Gallo” é difícil.
março.
O preparo/beneficiamento é feito em usinas, O mais eficiente é a mistura de ciproconazole +
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antibiótico.
A ferrugem e a cercosporiose são controladas
de forma protetiva (2-4 apl. cúpricos) e muito
eventualmente com complementações foliares de
triazóis.
Na Fazenda causou surpresa e foram
novidades 2 aspectos:
a) O uso de irrigação, principalmente para facilitar a
adubação e a uniformização da florada.
b) O plantio intercalar de tomate após recepa de
cafeeiros, com tomateiros plantados em
camaleões (leiras) junto às linhas de cafeeiros.
As plantas de tomate são cobertas com lençol
plástico superior.
O gerente técnico da Fazenda indicou que o
uso de hidróxido de cálcio em irrigação diminuiu as
doenças nos cafeeiros.
Nas pragas relatadas pelo especialista do
Icafé, foram destacadas: a broca do café, já
instalada em mais de 90% da área cafeeira e
normalmente com ataque de 1-2% nos frutos da
região fria e 6-10% nas mais quentes, sendo que
em Turrialba (área marginal, 24°C temp. média)
existem ataques em mais de 40% dos frutos. O
controle da broca é praticado por armadilhas (etanol
+ metanol) colocadas nos campo no pico do voo dos
insetos (onde resulta boa captura). São indicadas 20
armadilhas/ha e com uso de 200–300 mg do líquido /
armadilha/ dia. É usada ainda formulação de B.
bassiana (formulada em arroz) e introduzidos
parasitóides (C. stephanoderis). O controle químico
é pouco usado (Lorsban e Endossulfan), quando a
infestação é maior de 5%.
Quanto aos nematóides são importantes o M.
arabicidae, seguindo-se M. exigua. Existem, ainda,
o M. incognita e Pratilenchus. Usa-se enxertia em
poucos casos.
Trabalhador Nicaragüense na colheita em cestos na
Fda. Miramonte-CR.
REPORTAGEM
Na Fazenda Espiritu Santu, pertencente à
Cooperativa de Naranjo, a área de café é de 180 ha.
Ela foi certificada em 2006/07 e vende para
Starbucks com prêmio. É interessante que a
certificação que possui quanto ao manejo e
preservação do selo resulta em redução de 40% no
imposto da terra.
Na Fazenda da Cooperativa se aplica a poda
de 33% das fileiras, sem perdão. O material cortado
é picado e mantido como adubo.
Existe sombreamento ralo, com eritrina,
constando que essa prática é essencial para
certificação. A produtividade tem sido entre 40-60
f/ha.
A adubação das lavouras tem sido feita com
formulas básicas 18-5-15-6-2 (Mg e B) até os anos
90, à razão de 1000Kg/ha, em 2 aplicações por ano,
mais uma extra de nitrogênio. Usa-se na Fazenda o
Nitramon e Magnesamon (N + Mg + Ca). Se usa via
foliar, 2 apl. de Zn e 1 apl. de B. A adubação utilizada
atualmente é com a formula 12-00-15-5-0,15 e 0,25
(NPKMg, B e S).
No controle do mato utiliza-se 2 apl. de
gliphosate por ano.
A mão de obra representa 64% do custo de
produção do café.
Mereceu especial atenção a prática da poda,
já conhecida como uma prática bem utilizada na
Costa Rica, que complementa o manejo das
lavouras adensadas. Nessa prática, os produtores
pequenos adotam mais a poda por planta. Nos mais
adiantados se utiliza poda por talhão ou por rua
(linha). A maioria da poda é por recepa, observandose na região de Turrialba a poda de desponte,
conhecida na Costa Rica como poda de ramos
(bandolas).
O máximo que se mantém as plantas sem
podar é por 5-6 anos, efetuando ciclos de 3, 4 ou 5
anos (este em áreas mais frias).
A prática de poda em ciclos curtos,
acoplada a espaçamentos adensados, vem
sendo pesquisada no Brasil. Parece que
regiões cafeeiras montanhosas no Brasil
(Zona da Mata e parte do Sul de MG) podem,
com adaptações, aumentar o uso de podas de
renovação, visando baratear a colheita, em
planta mais novas e baixas.
O custo médio da mão de obra é de
cerca de US$ 11,00/dia. A colheita vem sendo
paga a US$ 1,30/medida de 12,5 l. Uma
fanega de café tem cerca de 400 l ou 250 Kg
de café cereja, o que resulta em 1 quintal (46
kg) de café beneficiado.
Os colhedores vem, em sua maioria, da
Nicaragua e na época de colheita tiram US$
15 – US$ 25,00/dia.
REPORTAGEM
Cooperativa de Naranjo
Organização e objetivos
Na Cooperativa de Naranjo (Coopronaranjo)
estão 1500 produtores associados, sendo a mesma
fundada em 1968. Foi mostrado um vídeo sobre as
atividades da Cooperativa, que compreendem o
preparo de café na sua usina, uma torrefação, um
armazém de suprimentos de insumos/maquinário e
supermercado, além de serviços de Assistência
Técnica aos produtores, à semelhança do que
ocorre com várias cooperativas de cafeicultores no
Brasil.
Na Costa Rica cerca de 70% dos cafeicultores
são associados, em 30 cooperativas.
A Coopronaranjo estimula a qualidade através
de diferencial de preço no café e pela orientação
através da equipe de Assistência Técnica, juntando
conscientização e efeito econômico. O preço do
café na exportação está em de US$ 140,00/ quintal
(46 Kg) e na média de todos os cafés em torno de
US$ 115,00/ quintal.
Usina da Coopronaranjo
A usina de preparo de café da Coopronaranjo
compreende benefício úmido e o beneficiamento
final, chegando até o armazenamento e
comercialização.
O produtor entrega o café cereja, sendo
medido e avaliada a qualidade de bóias e de brocas,
de acordo com essa avaliação se dá um desconto ou
redução de preço. O produtor recebe um
adiantamento e vai receber o preço final de acordo
com o preço de venda, pela cooperativa, no
mercado.
Em seguida ao recebimento o café vai para o
separador em água e em bica para tirar pedras, daí
segue para um despolpador/separador de verdes,
isso no inicio da safra (nesse equipamento a casca é
09
separada no peneirão). O café bem maduro vai para
os despolpadores tipo robô (Penagos).
Na usina pode-se usar a fermentação em
tanque (bem azulejado) ou, na maioria, o café
despolpado é desmuscilado mecanicamente. A
fermentação é boa para a qualidade porém é
prejudicada pelos grãos brocados (que fermentam)
e leva a perdas de 2% no peso.
A secagem é feita em pré-secadores (tipo
aeradores), em seguida indo para os secadores
padiola (horizontais rotativos) e também em présecadores verticais grandes (= 6 guardiolas). O
tempo de secagem dura 24-30 horas, com
temperatura no ar de 60ºC.
A vantagem do aerador é evitar que os grãos
colem na parede do secador, o que resulta no defeito
crinkler ( ardido)
O café seco é depositado em
silos metálicos, estes com fundo de chapa perfurada
e com injeção de ar e mexedor em parafuso sem fim.
O beneficiamento do café em pergaminho é
feito em máquina com cilindro à razão de 110
scs/hora.
O café bom, de primeira, tem densidade acima
de 70%, tendo a Cooperativa conseguido média de
74%.
A água de lavagem/despolamento é tratada
em reator anaeróbico, devendo o líquido final ter
menos de 1500 DKO e menos de 1000 DBO, para,
então ser liberada para os riachos.
Viveiro da Cooperativa
Foi visitado o viveiro de mudas de café da
Cooperativa de Naranjo. Este, diferente de outros
onde as mudas são produzidas em canteiros, no
chão, as mudas são formadas em sacolas grandes
de plástico, arrumadas duas a duas nas linhas. As
mudas são plantadas maiores, com 1 ano. São
usadas 2 mudas ( 2 sementes ou palitos) por sacola.
As mudas, de Caturra, apresentavam
aspectos muito bom, mas tinham ataque de
Ascochyta.
Visitas em Turrialba
Viveiro de mudas da Cooperativa de Naranjo-CR.
A região cafeeira em Turrialba é situada em
altitudes mais baixas (500-1100m), mais chuvosa e,
assim, os cafeeiros dão até 12 floradas no ano,
distribuídas em 5 meses. A região possui 9-10.000
ha de cafezais. Pela maior temperatura ocorre
intenso ataque da broca, ferrugem e Koleroga. Os
preços são menores. Outro problema tem sido a
falta de mão de obra. A produtividade é mais baixa
(20 fanegas/ha). O manejo de broca compreende
colheita sanitária de frutos, uso de pulverizações
com B. bassiana, introdução de parasitóides e
colheita de sobra de frutos (até do chão).
10
No IICA foi observado um ensaio de
combinação de árvores de sombra x nível de manejo
dos cafeeiros. Em relação ao pleno sol são
ensaiados 3 espécies (Eritina = Porro, Cachá e
Freijó). Os 4 níveis de tratos são: tradicional
(adubação química), meio-tradicional, orgânico e
meio-orgânico.
Até o momento (6 safras) não foram
observadas diferenças significativas na produção
média, havendo ligeira vantagem na produtividade
para o pleno sol e para o porró (Eritrina). A melhor
combinação parece ser café com Porró e Cachá,
ambas espécies de árvores leguminosas.
Uma das finalidades das árvores é a
reciclagem de nutrientes. As folhas, galhos e outros
resíduos da Eritrina podem fornecer, anualmente
300 kg de N/ha, 250 kg de K2O e 120kg P2O5/ha. As
folhas de Eritrina tem 4 - 6% de N.
Outra visita foi ao campo de “Coleção de
Variedades” (espécies de café), que possui 300-400
introduções, de materiais de arábica silvestres,
variedades de arábica comerciais, de C. canephora,
de C. liberica, C. salvatrix e outros.
O potencial da coleção para melhoramento
genético é grande, especialmente devido às
mudanças climáticas, previstas pelo aquecimento
global.
Os itens destacados da coleção foram o
Geisha e o Villa Lobos (porte baixo, boa
produtividade, boa qualidade e maturação tardia),
pelo interesse na qualidade de frutos, seleções de
robusta e de C. liberica e os híbridos silvestres,
oriundos da Etiópia e Sudão que, por cruzamentos
com variedades comerciais de arábica, deram
origem, na F1, a plantas com boas características
como: vigor, alta produtividade, resistência à
ferrugem, tolerância a nematóides e boa qualidade
de bebida. Foram observados 2 materiais silvestres
(ET45 e ET35), que deram origem a 20 híbridos, os
quais, após reprodução vegetativa (embriogênese
somática) foram ensaiados em várias regiões,
mostrando boas características produtivas. As
plantas silvestres pertencem a 4 grupos ou famílias,
de constituição genética semelhante aos Bourbons.
Esses híbridos estão sendo, através de
contrato entre o ICAFÉ e IICA, multiplicados em
maior escala, para atender os cafeicultores.
Laboratório de Biotecnologia:
Em função dos bons resultados obtidos com
os híbridos F1, o IICA separou, após 7 anos de
campo, 3 para serem reproduzidos em escala (2
milhões de mudas) em uma primeira etapa.
O laboratório do IICA foi mostrado,
superficialmente, através da visualização das
diferentes etapas do processo.
REPORTAGEM
Na 1ª fase toma-se um pedaço do tecido foliar,
do 2º -3º par, de folhas novas (claras) porém
totalmente expandidas. Os pedaços de folhas, após
desinfecção ( de preferência tomados de mudas já
em laboratório (menor contaminação) são
colocados em meio de cultura sólido para dar origem
a calos embriogênicos (6-7 meses). Os calos são
então sub-divididos e colocados, também em placas
de vidro, em meio sólido, para crescerem mais calos.
Na fase seguinte os calos são quebrados em
suspensão de células, as quais são transferidas
para os bio-reatores (tipos do CIRAD-França).
Um bio-reator produz 400-500 mudas, que
então, são transferidas para uma bandeja com
substrato (turfa+mat.org.+adubo químico), para sua
adaptação à condição futura em campo. No
processo total há necessidade de 17-18 meses.
O IICA dispõe de 600 bio-reatores e tem
capacidade para produzir 200.000 mudas/vez. Cada
muda fica no custo de US$ 0,50.
Existe um trabalho publicado pela Nestlé que
indica, através de reatores maiores, a possibilidade
de produzir 2 milhões de mudas.
Resultados e Conclusões
A viagem foi muito proveitosa, com
observações de interesse, especialmente quanto às
condições das lavouras, sua tecnologia de cultivo e
de sustentabilidade. A qualidade do café e sua
certificação também foram interessantes ao
conhecimento do grupo. Todas procuraram estar
comparando o que viam com o que é feito na
cafeicultura brasileira, para, assim, buscar algo
proveitoso na atividade de cada um aqui no Brasil.
Os resultados e conclusões obtidos constam
de um Relatório apresentado à OCEMG pelo grupo.
Deste relatório tiramos um resumo dessas
conclusões e recomendações, conforme em
seguida.
Conclusões e Recomendações sobre a
Cafeicultura Mexicana visitada
As conclusões e recomendações que
obtivemos da viajem são, em resumo, as seguintes:
a. O café no México, como no Brasil, passa por uma
crise, que exige melhor renda para o produtor,
visando a melhoria nos tratos e maior
tecnificação nas lavouras, visando aumentar a
produtividade e a qualidade.
b. O s p o n t o s p o s i t i v o s s ã o : a m a i o r
sustentabilidade no manejo e na preservação do
ambiente, na cafeicultura do México em relação
à brasileira, pelos melhores solos e pelo sistema
REPORTAGEM
sombreado.
c. O sistema de preparo e a qualidade do café no
México, em geral, embora mais custosos,
resultam em padrões de cafés melhores que os
do Brasil, devendo-se prestar mais atenção às
exigências do Mercado. A estrutura de
certificação é boa e deve ser ampliada no Brasil,
devendo ser dirigida a micro-regiões ou grupos(
como no México) e não somente voltada para
cafeicultores em particular.
d. A cafeicultura familiar, de pequenos produtores,
em regiões declivosas, comporta maior uso de
mão-de-obra, condição problemática tanto no
México como no Brasil. A mecanização das
lavouras é a saída em muitas áreas no Brasil,
condição que não é possível no México.
e. A organização dos pequenos produtores é
deficiente no México. No Brasil as cooperativas
tem sido uma boa solução, visando não deixar os
produtores diretamente nas mãos dos
comerciantes.
A cafeicultura do México tem potencial para
melhoria tecnológica nos cafezais, através de
variedades, sistemas de cultivo e de tratos
adequados. A boa produtividade é a base para o
menor custo e também para a qualidade do café.
11
b. A evolução tecnológica tem sido impulsionada
pela continuidade da pesquisa e difusão de
tecnologia, integrada em um organismo
especializado (Icafé).
c. Como resultado a cafeicultura, da Costa Rica,
apesar dos problemas de mão de obra e de
renda tem mantido uma das maiores
produtividades em seus cafezais.
d. O sistema de preparo do café centralizado
favorece a padronização da qualidade e,
provavelmente, reduz o custo do preparo.
e. A estrutura cooperativista está favorecendo o
apoio técnico-econômico ao pequeno produtor.
Muitas práticas, atualmente usadas no
manejo de cafezais na Costa Rica, podem ser
adaptadas às regiões cafeeiras montanhosas no
Brasil e vice-versa. As práticas que podem ser
indicadas para adaptação são: a arborização, as
podas (visando facilitar a colheita), a conservação
dos solos e o preparo do café por via úmida.
Agradecimentos
O grupo, em seu Relatório, agradece o
patrocínio e todo apoio na viagem, proporcionados
pela OCEMG e, nos países visitados, agradece,
especialmente às Instituições e pessoas que
Conclusões e recomendações sobre a visita à gentilmente e de maneira eficaz, atenderam ao
Costa Rica
Grupo, destacando-se o Conselho do Café de Vera
Cruz, e a Secretaria de Agricultura do Estado em
a. A cafeicultura na Costa Rica possui um bom nível Xalapa – México e o Icafé em Costa Rica.
tecnológico, no manejo das lavouras e na
A Atriam Turismo, Empresa encarregada pela
produção de qualidade superior de cafés. Dentre OCEMG da organização das passagens, da estadia
os destaques cita-se o plantio adensado, as e dos transportes nas áreas cafeeiras também
podas bem definidas, a evolução nas variedades, merece nosso
a conservação de solo, as práticas de agradecimento.
arborização e manutenção ecológica das
regiões cafeeiras.
Dias de Campo e Curso difundem novas tecnologias
cafeeiras em Varginha.
Dois dias de campo e um Curso de
Atualização em Cafeicultura foram a base da
divulgação de novas tecnologias para a lavoura
cafeeira, através do MAPA/Fundação Procafé, em
2007.
Os dias de campo atenderam mais os
cafeicultores e o curso foi dirigido para os técnicos
que lhes prestam assistência.
Nos dias 29 e 30 de maio, foram realizados os
dias de campo na Fazenda Experimental de
Varginha, com recorde de público, sendo presentes,
nos 2 dias, mais de 2000 produtores.
O curso de atualização foi desenvolvido no
período de 17 a 19 de julho, com a presença de
Técnicos das Cooperativas, consultores e de órgãos
de Assistência Técnica.
A avaliação feita mostrou bons resultados,
pela grande presença e o interesse demonstrado,
REPORTAGEM
12
preenchendo plenamente os objetivos de
difusão das informações e tecnologias aplicadas à
cultura cafeeira.
Dias de Campo demonstram ao vivo
A metodologia dos dias de campo é muito
adequada, pois demonstra as tecnologias através
de estações de campo, onde os produtores podem
verificar “in loco” os resultados, gravando melhor os
ensinamentos e conclusões transmitidos pelos
técnicos.
Nesse ano foram organizadas e visitadas 08
estações na Fazenda Experimental de Varginha,
sendo: Espaçamento super adensado para ciclos
curtos e irrigação; manejo de poda para safra zero,
Época de Poda por esqueletamento; Irrigação
suplementar do cafeeiro e cobertura do solo com
gesso; além de estações sobre controle de
pragas/doenças, demonstrados pelas empresas
colaboradoras, a Basf, a Bayer e a Syngenta. Outras
empresas que apoiaram e montaram tendas foram:
Fertilizantes Heringer, Café Brasil, Bunge
Fertilizantes, Oxiquímica, Netafim – Sistema de
Irrigação, Brudden Equipamentos, Fertipar Sudeste
Adubos e Corretivos, Cheminova, Yara Brasil
Fertilizantes, Multisais, Petrobrás, Fert Minas,
Dimatra, Credivar, Yanmar e Maroil.
Em cada estação de campo, um Técnico do
Procafé demonstrou os resultados obtidos, no
tempo de 20 minutos, onde as turmas (50-80
pessoas) se revezavam em cada estação, para as
quais se deslocavam com a liderança de um guia
previamente escolhido pela organização.
No final, todos se reuniram no almoço de
confraternização oferecido no pátio da sede da
Fazenda Experimental, quando, também, foi
lançado um número especial da Revista Coffea,
sobre “Podas em Cafezais”, de autoria de
J.B.Matiello, A.W.Garcia e S.R.Almeida, técnicos do
O professor Hilton fala sobre o efeito do aquecimento
global e os participantes do curso prestam atenção.
Mapa/Procafé.
Curso destaca assuntos de interesse
O curso de atualização em cafeicultura, já na
sua 5ª edição, foi realizado no Auditório do
Mapa/Fundação Procafé, junto à sede, na Alameda
do Café, em Varginha.
Neste ano a presença foi além do esperado,
atendendo a 120 técnicos, não sendo possível
aceitar a inscrição de mais interessados (30) pela
falta de espaço no auditório.
O curso foi desenvolvido em 3 dias, sendo 2,5
de aulas teóricas e, no final, uma visita na Fazenda
Experimental.
O programa do curso constou dos seguintes
temas e palestrantes:
§ Custos de Produção: Gestão – André Luis Ribeiro
Lima (UFLA).
§ Desequilíbrio e Interações nas pragas e doenças
do cafeeiro – José Braz Matiello
(MAPA/Fundação Procafé).
§ Cultivares de café – Saulo Roque de Almeida
(Fundação Procafé).
§ Café conillon: tecnologias e perspectivas – José
Sebastião Machado Silveira (Incaper).
§ Cultivares clonais de café arábica: situação atual
e perspectivas – Carlos Henrique Siqueira de
Carvalho (Embrapa Café).
§ Irrigação do cafeeiro André Fernandes
(UNIUBE).
§ Efeito das mudanças climáticas na cultura do café
– Hilton Silveira Pinto (UNICAMP).
§ Compactação do solo – Moacir de Souza Dias Jr.
(UFLA).
§ Secagem do café com novos sistemas – Juarez
de Souza e Silva (UFV).
§ Práticas de recuperação dos cafezais – Roberto
Santinato (MAPA/Procafé).
§ Evolução na poda de cafeeiros – Antônio Wander
REPORTAGEM
R. Garcia (MAPA/Procafé).
§ Apresentação de resultados de pesquisa
(Fundação Procafé).
§ Nematóides do cafeeiro no Brasil – Jaime Maia
dos Santos (UNESP).
§ Apresentação de resultados de pesquisa – Mesa
Redonda – Debates e Discussões – Fundação
Procafé.
Os assuntos foram escolhidos de acordo com
o interesse demonstrado na avaliação feita no curso
anterior, a qual, novamente efetuada, mostrou que
houve bom atendimento à expectativa dos
participantes, o que faz prever novas ações de
difusão semelhantes no próximo ano.
A organização do Programa do Curso esteve a
cargo dos Técnicos J.B.Matiello, A.W.R.Garcia e
No pátio da FEX de Varginha chegam os participantes
do dia de campo.
13
Carlos H.S.Carvalho e na execução Lillian Padilha,
contando, ainda, com a infra-estrutura,
proporcionada pelas dedicadas secretárias Rosiana
e Maria Emília, que se desdobraram para oferecer
aos presentes todo o suporte, inclusive aqueles
Coffee Breaks com lanches e, lógico, um saboroso
cafezinho.
Além dos ensinamentos, a troca de idéias, os
contatos e as amizades fizeram parte do Evento,
principalmente com o debate feito no último dia,
levantando problemas e oferecendo soluções a
todos os interessados.
O conteúdo do Curso foi disponibilizado no
s i t e d a F u n d a ç ã o P r o c a f é :
www.fundacaoprocafé.com.br
No curso, a discussão de problemas, com os colegas
Saulo, Carlos e Matiello.
Pesquisas Cafeeiras: mais um Congresso, com
muito sucesso.
33º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras homenageia os
100 anos da UFLA.
Foi realizado no período 23-26 de
novembro/07, em Lavras-MG, na UFLA–
Universidade Federal de Lavras, o 33º Congresso
Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, sob o patrocínio
do MAPA/Fundação Procafé e com o co-patrocínio
da UFLA, Secretaria de Agricultura de Minas Gerais,
EMBRAPA-Café e UNIUBE.
No primeiro dia do Congresso, foi realizado,
em conjunto, o 13º Encontro Sul Mineiro de
Cafeicultores, promovido pela EMATER-MG,
aumentando, assim, a difusão dos trabalhos, sendo
apresentados, nesse dia, os resultados de
pesquisas de mais fácil aplicação.
Mais de mil Técnicos-pesquisadores e
extensionistas e cafeicultores líderes estiveram
presentes em Lavras, no campus da UFLA, para
trazer seus trabalhos, discutir e divulgar novos
conhecimentos sobre a tecnologia cafeeira.
Muitos trabalhos e Seminários
Na 33ª edição do Congresso o lema foi: “Cada
cafezinho representando, mais um ano divulgando,
a bebida estimulante, leva o congresso adiante”.
REPORTAGEM
14
Mesa diretora na solenidade de abertura do 33 CBPC
em Lavras.
Foram apresentados e impressos, no livro dos
Anais, 320 pesquisas, sendo apresentados, em
plenário, 105 de forma oral. Muitos setores foram
atendidos com as pesquisas: o melhoramento
genético; a fisiologia/ecologia; as pragas e doenças;
as práticas culturais; a colheita, pós-colheita e
qualidade do café e os estudos sócio-econômicos.
Foram, ainda, organizados 3 seminários,
sobre: Aquecimento Global e a Cafeicultura; Custos
de Produção de Café e Colheita mecanizada.
Organização
A organização do Congresso esteve a cargo
de um grupo de Técnicos, do MAPA/Fundação
Procafé, da UFLA, da EMBRAPA-Café, da
EMATER-MG e da UNIUBE. Mereceu destaque,
nesse ano, a comemoração dos 100 anos da UFLA,
tendo a Universidade recebido um placa
comemorativa, de agradecimento, do CNCConselho Nacional do Café, pelos excelentes
serviços prestados à cafeicultura.
Fez parte, ainda, da programação do evento, a
exposição de maquinário e de insumos nos Stands,
Os participantes do Congresso assistem às palestras.
sempre com apoio e a alegria proporcionada pelos
excelentes cafezinhos ali servidos. As empresas
que colaboraram foram: Basf, Bayer, Café Brasil,
Dragão-Sol, Heringer, IBRA, Jacto, Multitécnica,
Multisais, Oxiquímica, Syngenta, Casa da Vaca,
Mitsui e Monsanto.
No último dia foi realizado um dia de campo,
para os interessados inscritos. No Campus da UFLA,
foram mostrados vários aspectos como: o
laboratório de Geoprocessamento; o CIC- Centro de
Inteligência do Café; o laboratório de qualidade do
café; a unidade de torrefação da UFLA e a instalação
de tratamento de efluentes do despolpamento de
café.
Colaboradores da pesquisa
A Empresa Agropecuária São Thomé, de
Pirapora-MG, foi homenageada como colaboradora
da pesquisa cafeeira no ano de 2007, pela
instalação e manutenção de Campo Experimental
em colaboração com a Fundação Procafé, no qual
são estudadas / adaptadas tecnologias para a
cafeicultura de café arábica em regiões quentes.
Publicações lançadas
A equipe técnica de EPAMIG lançou no
Congresso 2 boletins técnicos, sobre as cigarras e
as cochonilhas dos cafeeiros.
O MAPA/Fundação Procafé, com apoio da
Syngenta, trouxe o conjunto de 2 CDs com os anais
do 1º ao 32º Congresso Brasileiro de Pesquisas
Cafeeiras e ofereceu, ainda, várias outras
publicações disponíveis, como o manual de
cafeicultura, os boletins sobre indicação de adubos
e defensivos e sobre o controle da ferrugem.
Parte social e candidaturas
Dois jantares/coquetéis foram oferecidos
aos participantes por Empresas de defensivos,
nos 2 primeiros dias do evento, servindo para o
confraternizado entre congressistas.
Na expectativa da realização da 34ª edição
do Congresso, representantes de 2 cidades
promoveram suas candidaturas durante o evento.
Foram elas Londrina e Uberaba, sobre os quais a
Comissão Organizadora analisará,
proximamente, as condições oferecidas, tendo
em vista a escolha do local mais adequado para o
Congresso em 2008. Até lá, portanto, com o
agradecimento a todos que participaram e
colaboraram. Em especial à UFLA, pelo apoio na
infra-estrutura.
COMO VAI VOCÊ
15
CLINEU: ITALIANO NA ORIGEM E NO TRABALHO
Como vai você Clineu? Vou bem responde ele à
nossa ligação telefônica, rompendo um bom tempo,
mais de 10 anos, que não tínhamos contato com ele.
Aqui é da editoria da revista Coffea, querendo
saber, com a curiosidade de muitos dos seus velhos
companheiros, como está a sua vida após sua
aposentadoria.
Para começar aqui resumimos, a bela carreira
que trilhou nosso homenageado nesse número, o
Engº. Agrº. Clineu di Pietro.
Nascido neto de italianos, lá em TaquaritingaSP, Clineu formou-se na Universidade Federal do
Paraná-Curitiba no ESALQ-Piracicaba e logo entrou
na atividade com o café, no IBC-GERCA, em 1966.
Lá foi ele, então para uma terra desconhecida, e,
naquela época perigosa, era uma barra, lá na Barra de
São Francisco, Norte do Espírito Santo, época de
erradicação de cafezais, momentos de muito trabalho
para uma equipe jovem, que logo após sair da
Faculdade, enfrentava o batente de fiscalizar e
corrigir áreas de cafezais para as quais o Governo
pagou para arrancar.
Foi quase 1 ano nessa atividade, até que Clineu
passou, então, a trabalhar no Convênio entre o IBC e
a Cooperativa de Parapuã-SP, no ____paulista, onde
definitivamente, colocou sua marca. Assistindo bem
os produtores, levando
orientações, se destacou pela
técnica e pela sua grande
atividade, ai puxando seu
sangue de italiano, que não
descansa até atingir seus
objetivos, que, por sua vez,
sempre se renovam.
Assim, Clineu se
destacou pelos trabalhos de
introdução, em grande escala,
da enxertia para controle de
nematóides na Alta Paulista e,
principalmente, pela
combinação do plantio de
Seringueiras em cafezais.
Esse trabalho de
diversificação, achando uma cultura substitutiva para
os cafezais que se encontravam envelhecidos e
estressados, pelo ataque de nematóides e pela
exaustão dos solos, resultou na montagem de miniusinas e de grandes áreas de plantio de seringueiras,
sendo hoje, a região e o Estado de São Paulo o maior
produtor de borracha natural do país.
Clineu chegou a brilhar também em Brasília,
quando foi Ministro da Agricultura o Dr. Antonio
Munhoz de Barros. Foi pouco tempo, mas lá no
Gabinete estava Clineu, juntamente com Matiello,
assessorando o Ministro.
Clineu se aposentou no MAPA, para onde foi
transferido quando da extinção do IBC em 1990-92.
Ficou no trabalho até 1998, se aposentando e, agora,
cuida de suas fazendas (no Mato Grosso),
continuando, entretanto, dando consultorias em sua
grande paixão a Heveacultura, sendo hoje um dos
maiores especialistas no assunto. Cuida de 700 mil
seringueiras, trabalho enorme que exige
conhecimento prático, tarefa fácil par Clineu um
trabalhador inveterado, parte devido á sua origem.
Em seu escritório, em Osvaldo Cruz - SP,
atende no telefone 18-3529-1222. Manda um abraço
a todos os velhos amigos do EX-IBC.
16
PESQUISANDO
EFICIÊNCIA CLONAL NA RESISTÊNCIA DO SIRIEMA CONTRA O
BICHO-MINEIRO EM CAFEEIROS
J.B. Matiello e S.R. Almeida – Engos Agros MAPA/PROCAFÉ, C.H.S Carvalho – Engº Agrº EMBRAPA/CAFÉ e
E.C.Aguiar, V. Josino e R.A. Araújo – Técs. Agropecuários São Thomé.
A busca por resistência
genética às principais doenças e
pragas do cafeeiro tem sido objeto
de inúmeras pesquisas, ampliadas
após a constatação da ferrugem do
cafeeiro no Brasil, em 1970 e, em
seguida, com o aumento do ataque
do Bicho-mineiro, em decorrência
de desequilíbrios observados nas
novas plantações de café.
Os trabalhos de pesquisa em
andamento no MAPA/Fundação
PROCAFÉ, com material genético
oriundo do ex-IBC e do IAC, visam
a resistência múltipla, contra a
ferrugem e o bicho-mineiro.
O material que está sendo
trabalhado é denominado de Siriema,
híbrido entre C. racemosa e C
.arabica, cruzado com Catimor. Linha de cafeeiros Siriema, clone 7/40, com 1 ano de campo, em Pirapora-MG.
Após seleção em 4 gerações, as
semente.
plantas matrizes que se destacaram, pela sua resistência
Aos 9 meses de campo houve um forte ataque de
ao bicho-mineiro e à ferrugem e com boas
bicho-mineiro no campo, permitindo avaliar a
características de produtividade e qualidade nas
infestação de bicho-mineiro nas plantas, através da
sementes, foram clonadas, através de embriogênese
observação da presença de minas na folhagem.
somática em meio-líquido.
No presente trabalho relata-se os
resultados de eficiência do clone 7/40 em
sua reprodução vegetativa e por semente.
O estudo foi feito no Campo
Experimental da Agropecuária São Thomé,
em Pirapora-MG, onde se verifica,
naturalmente (pelas altas temperaturas),
altas infestações de bicho-mineiro e
infecção pela ferrugem.
Foram pesquisadas mudas oriundas
de sementes e de clonagem, da planta
matriz 7/40, selecionada pela sua
resistência e boa produtividade no Campo
de Pesquisas de Varjão de Minas. As
mudas foram preparadas na Fazenda
Experimental de Varginha, sendo
plantadas, lado a lado, no campo da
Agropecuária São Thomé. Foram Detalhe do ataque de BM em plantas susceptíveis reproduzidas por
plantadas 11 mudas clonais e 30 mudas de sementes.
PESQUISANDO
Os resultados da avaliação, feita em julho/07,
mostraram o seguinte:
- Plantas oriundas de sementes da matriz Siriema
7/40-35% resistentes ao bicho-mineiro.
- Plantas oriundas de clonagem - 100% de plantas
resistentes ao bicho-mineiro.
Não foi observada, até o momento, infecção
pela ferrugem em nenhuma das plantas do Siriema 7/40,
nem no clone, nem nas plantas de sementes.
Os resultados obtidos permitem concluir pela
alta eficiência da clonagem na resistência, em campo,
ao bicho-mineiro do cafeeiro, em clones de Siriema,
enquanto a reprodução por sementes reproduz a
resistência em apenas cerca de um terço da
descendência.
17
Ramos de cafeeiros do clone 7/40 sem qualquer
ataque de BM.
NOVOS SISTEMAS DE MUDAS E PLANTIO DE CAFEEIROS
J.B. Matiello, e S. R, Almeida – Engos Agros MAPA/PROCAFÉ e E.C.Aguiar, V. Josino e R.A. Araújo, Técs. .Agrs. São Thomé.
O plantio de café é feito, atualmente, com o uso
de mudas formadas nos viveiros e levadas ao campo
com 6-8 meses de idade. Dois tipos de recipientes são
empregados: as sacolinhas plásticas e os tubetes.
No passado, em terrenos de mata, era comum o
plantio direto de sementes em covas fundas, visando,
com a associação de matéria orgânica e ambiente
sombrio, a germinação e crescimento das mudas em
boas condições.
A necessidade presente de aumentar a população
de plantas de café por área (stand), objetivando adequar
maiores produtividades em ciclos curtos, em sistemas
de plantio adensado, super adensado, ou em safra-zero,
motivou o estudo de novas alternativas para reduzir o
custo das mudas e do plantio de cafeeiros.
O objetivo do presente trabalho foi o de estudar a
Plantas oriundas de mudas de raiz nua, com sombra de
mamoeiros (esq.) e com sombra temporária de palha de
coqueiro (dir.).
viabilidade do uso de semeio direto e de mudas de raiz
nua de café em plantios sob irrigação.
Foram conduzidos 2 campos de observação, com
400 plantas cada, em uma área irrigada com
gotejamento, na Agropecuária São Thomé, em
Pirapora-MG, a 520m de altitude e temperatura média
anual de 24,2°C. Na primeira área foi estudado o
semeio direto das sementes e no segundo foi feito o
plantio de mudas de raiz-nua.
Para o semeio direto foram utilizadas 10
sementes junto à área de gotejo, sendo semeadas em
linha, a 1cm de profundidade e, sobre a superfície do
solo, após o semeio, colocou-se uma camada de mato
seco obtida no local. A irrigação de gotejo foi aplicada
da forma usual, com gotejadores a cada 0,7m e
capacidade para gotejar 4 litros de água por hora. A
18
PESQUISANDO
área se encontrava com mamoeiros
plantados a 3 x 2m. Após a germinação das
sementes de café, no estágio palito de fósforo,
retirou-se o capim e as mudas cresceram
normalmente, até o 2º par de folhas, quando se
efetuou o raleio, deixando 1 muda a cada 4050 cm.
Para o campo de raiz-nua as mudas
foram formadas em canteiro preparado com
terra+esterco+super-simples, sendo o semeio
em linhas, a cada 5cm, e com sementes
seguidas. Com 2 pares de folhas, as mudas
receberam uma aplicação de Triadimenol
(Bayfidan 250 CE) à razão de 1,5 ml para cada
100 mudas (através de regador, diluindo em
água). Houve retenção no crescimento e Cafeeiros oriundos do plantio direto de sementes no
amarelecimento das mudas, com grande gotejo.
formação de raízes finas. Elas foram
arrancadas com cuidado e plantadas no campo,
No campo de semeio direto, mesmo algumas poucas
fazendo-se um furo com chucho de madeira. Foram plantas que foram re-alocadas, sendo arrancadas e
estudadas 3 situações: Plantio sob a sombra de transplantadas para dar origem a distâncias desejadas
mamoeiros, sob sombra de hastes de palmeira e a pleno entre elas, não apresentaram problemas de pegamento
sol. Foi plantada uma muda a cada gotejador. (0,7m).
ou de mau desenvolvimento.
O plantio direto das sementes foi feito em agosto
As avaliações efetuadas e as observações de
de 2006 e as mudas de raiz nua, no campo, em campo permitem concluir que é possível, no
dezembro/2006. Os tratos se mantiveram normais, com gotejamento e, principalmente, com sombra temporária,
irrigação e ferti-irrigação. Após 2 meses do plantio a usar o semeio direto ou o transplante de mudas de café
sombra de palha de palmeira foi eliminada.
de raiz-nua no campo, permitindo formar plantas de
Em julho de 2007 fez-se uma avaliação do café com desenvolvimento normal, a custo mais baixo.
aspecto e do crescimento das plantas nos 2 campos, de
As observações devem ter continuidade até a fase
semeio direto e de raiz-nua, medindo-se a altura em 20 da 1ª safra nos campos.
plantas ao acaso em cada campo e em cada situação
Pode-se projetar, ainda, que o uso de outros tipos
(com ou sem sombra).
de sombra mais fáceis de fazer, como através de plantio
de milho ou arroz e com o emprego de outros sistemas
Resultados e conclusões:
de irrigação pode levar a resultados semelhantes
A avaliação aos 7 meses de idade das mudas após àqueles obtidos no presente estudo.
seleção e/ou plantio mostram que as plantas
apresentam aspecto vegetativo e
crescimento normal para sua idade.
Verificou-se, na média, 65cm de
altura para as plantas de raiz nua na sombra
de mamoeiros, 61cm para aquelas com
sombra inicial de palha de coqueiro e 53cm
para aquelas sem sombra inicial, estas com
maior irregularidade de crescimento entre
plantas ( umas menores, outras maiores). As
plantas oriundas do semeio direto,
sombreadas por mamoeiros apresentaram
altura média de 67 cm com
desenvolvimento semelhante àquelas de
raiz-nua.
Houve ótimo pegamento das plantas,
não sendo verificadas quaisquer falhas na Cafeeiros oriundos do plantio de mudas raiz nua sem
condição de plantio realizada (sob gotejo). qualquer sombra.
PESQUISANDO
19
EFEITO DO GLIPHOSATE SOBRE A BROTAÇÃO EM CAFEEIROS
JOVENS
J. B. Matiello, Engº. Agrº. MAPA/Procafé e S. M. Mendonça Engº. Agrº. e S. Leite Filho Tec. Agr. CEPEC-Heringer.
O Gliphosate é o ativo herbicida de pósemergência mais usado na lavoura cafeeira do Brasil.
Sua ação ocorre sobre a folhagem das ervas daninhas,
que absorvem o produto, amarelecem e morrem. O
produto tem ação hormonal sistêmica.
Quando, por deriva ou erro de aplicação, o
produto acaba sendo aplicado sobre a folhagem ou
brotação dos cafeeiros, o Gliphosate provoca redução
do crescimento e afilamento e endurecimento das
folhas.
Nos últimos anos tem sido veiculada a
possibilidade do Gliphosate estar causando prejuízos às
plantas de café.
No presente trabalho objetivou-se avaliar a ação
do Gliphosate, quando aplicado junto à linha de plantas
jovens de cafeeiros, para verificar seu efeito sobre elas.
No CEPEC-Heringer, em Martins Soares-MG,
foi conduzido um experimento aplicando o produto
Round-up (Gliphosate – 41%) sobre o mato presente
em cafezal com plantas de café aos 6 meses de idade, de
campo, no espaçamento 3 x 0,7m. O produto foi
aplicado na dose de 2 l./ha, em calda aquosa à razão de
400 l /ha. A aplicação foi feita com equipamento costal
manual, com bico leque e protegido por chapéu de
Napoleão. A parcela foi constituída de 100 cafeeiros,
ficando área semelhante sem aplicação.
As ervas daninhas predominantes na área eram o
capim Colchão (D..horizintalis), e o picão-preto
(B.pilosa).
A avaliação do efeito sobre as ervas foi feita aos
20 dias pós-aplicação, verificando-se alta eficiência
matando, totalmente, as ervas presentes na linha, até em
baixo dos cafeeiros jovens.
Quanto ao efeito sobre os cafeeiros verificou-se que:
a) Os brotos novos (ladrões) dos cafeeiros, que saíram
do tronco perto do solo e que tinham 5-10cm de
altura, receberam gotas da calda herbicida e
apresentaram forte redução na folhagem e no
crescimento desses brotos. As folhas ficaram
afiladas, de cor clara e coriáceas.
b) A folhagem da copa dos cafeeiros jovens, ao
contrário, não apresentou qualquer sintoma de
intoxicação por Gliphosate, indicando que a
absorção nos brotos baixos ou a eventual absorção
pelo tronco dos cafeeiros jovens não promoveu a
translocação do produto para a parte alta da planta.
c) O efeito do Gliphosate sobre a brotação baixa,
considerada indesejável a princípio, ao reduzir seu
crescimento, pode ser vantajoso, dispensando ou
reduzindo o trabalho de desbrota.
NOVO TIPO DE BANDEJA E DIFERENTES SUBSTRATOS PARA
PRODUÇÃO DE MUDAS DE CAFÉ
J.B. Matiello - Engº. Agrº. MAPA/PROCAFÉ; M.L. Carvalho – Engº. Agrº.; C.M. Barbosa - Tec. Agr.;
A.V. Zabini - Engº. Agrº. Café Brasil e U.V.Barros – Engº. Agrº. Central Campo.
As mudas de café são atualmente produzidas em
sacolas plásticas ou em tubetes. Em sacolas o substrato
é composto de terra, esterco e adubo químico. Nos
tubetes se utiliza substratos com base em vermiculita
mais casca de madeira ou fibra de coco.
No presente trabalho objetivou-se testar um novo
tipo de bandeja, de plástico preto, com células ligadas a
ela, para verificar a sua aplicação à produção de mudas
de café.
Foi conduzido um ensaio em Imbé de Minas, a
650m de altitude, com experimento fatorial 3x3, com 3
tamanhos de células de bandejas e 3 substratos. As
bandejas foram do tipo 1, com 32 células = 125cc (super
café), do tipo 2 com 50 células = 75cc (próprias para
café) e com 72 células = 50cc ( usadas para eucalipto).
Trata-se de bandejas de polipropileno, negras, com
células cônicas, fabricadas pela Starpack (P. de Caldas –
MG). Os substratos estudados foram:
a) O padrão (Plantmax)
b) 25% de vermiculita + 25% de esterco de curral +
25% de palha de café + 25% de solo; e
c) 33% de bagacilho de cana + 33% de esterco de curral
+ 34% de solo.
Testou-se, ainda, o semeio direto e a repicagem
(palito).
A semeadura e a repicagem nas bandejas foram
PESQUISANDO
20
Detalhe de muda de café oriunda de bandeja de 50
células (ao lado) e comparação da de 50 e 72
células (acima)
feitas no mesmo dia (01/09/2006) com a
variedade Catucaí A 24/137. O delineamento foi feito
com 3 repetições, com 1 bandeja/parcela.
Os tratos durante a condução do experimento de
irrigação com micro-aspersão, controle manual de
ervas, pulverizações com MAP cada 15 dias e 3 apl. de
micro-nutrientes (Viça-café) no período.
As avaliações foram feitas em 2/3/2007, através
da massa fresca da parte aérea (g) e das raízes (g) e do
diâmetro do caule das mudas (mm).
Resultados e conclusões:
Nos quadros 1, 2 e 3, constam as
médias encontradas para os parâmetros
avaliados, peso fresco da parte aérea e das
raízes e diâmetro do caule das mudas.
Verificou-se que as mudas de
repicagem, conforme esperado, se
desenvolveram mais, por serem mais
velhas, porém houve bom crescimento
também das mudas de semeio.
A análise estatística não mostrou
interação significativa entre tipo de
bandeja versus substratos, indicando que
os fatores podem ser avaliados
isoladamente.
Houve diferença significativa
apenas para a variável massa fresca da
parte aérea, no sistema de repicagem e sem diferenças
no semeio. Na massa fresca de raízes e no diâmetro do
caule das mudas não houve diferença significativa, com
todos tipos de bandejas e tipos de substratos sendo
semelhantes.
No sistema de repicagem a bandeja de 32 células
foi superior a de 72, mas não diferiu significativamente
daquela de 50 células. O substrato B foi superior
estatisticamente aos demais substratos.
Concluiu-se pela viabilidade de produção de
mudas de café no novo tipo de bandeja, podendo ser por
repicagem ou semeio direto, usando variados tipos de
substratos, reduzindo o custo pelo uso de materiais
(esterco, palha,solo) existentes nas propriedades.
Quanto ao tamanho das células a observação no
experimento mostra que para mudas até 3-4 pares pode
ser usada a bandeja de células menores (=50 cm³) e para
mudas maiores a de 50 células = 75 cm³, sendo
exagerada para mudas de café as células de 125 cm³.
Paralelamente aos dados do experimento foi 72
Mudas prontas na bandeja de 72 células.
PESQUISANDO
21
observado, também, um viveiro comercial
de 100 mil mudas conduzido em Paraíba do Sul –
RJ, usando bandeja de 72 células e semeio direto,
com substrato composto de 50% de Plantmax e
50% de esterco de curral. As mudas se
desenvolveram bem e foram plantadas com bom
crescimento inicial das plantas (já com 6 meses
de campo). Houve bom pegamento, para tanto
sendo necessário um bom período de chuvas ou
irrigação.
Matiello examina mudas plantadas no campo, oriundas de
bandejas, com bom pegamento.
Quadro 1 – Massa fresca da parte aérea (g)
de mudas de café, de semeio e repicagem, em
3 tipos de bandejas e em 3 substratos. Imbé de
Minas – MG, 2007.
REPICAGEM
SEMEIO
Tipo de Bandejas
Subst A
Subst B
Subst C
Média
Subst A
Subst B
Subst C
Média
32 células
50 células
72 células
Média
DMS
CV %
5,30 A b
6,80 A a
4,45 A a
5,52
8,20 A a
6,65 ABa
4,30 B a
6,38
2,90
21,29
4,70 A b
4,80 A a
3,65 A a
4,38
6,07
6,08
4,13
5,43
4,40 A a
4,40 A a
4,00 A a
4,27
3,85 A a
5,15 A a
3,60 A a
4,20
2,29
31,84
3,80 A a
4,00 A a
3,35 A a
3,72
4,02
4,52
3,65
4,06
Quadro 2 – Massa fresca de raiz (g) de mudas de café, de semeio e repicagem em 3 tipos de bandejas e em 3
substratos – Imbé de Minas – MG, 2007.
REPICAGEM
SEMEIO
Tipo de bandejas
Subst A
Subst B
Subst C
Média
Subst A
Subst B
Subst C
Média
32células
50células
72células
Média
DMS
CV %
1,90 A a
2,55 A a
2,60 A a
2,35
2,50 A a
2,60 A
1,60 A a
2,23
1,25
28,05
2,10 A a
2,00 A a
1,70 A a
1,93
2,17
2,38
1,97
2,17
1,50 A a
1,45 A a
1,35 A a
1,43
1,55 A a
1,85 A a
1,50 A a
1,63
0,92
57,38
1,35 A a
1,15 A a
1,45 A a
1,32
1,47
1,48
1,43
1,46
Quadro 3 – Diâmetro do caule (mm) de mudas de café, de semeio e repicagem em 3 tipos de bandejas e em 3
substratos – Imbé de Minas – MG, 2007.
REPICAGEM
SEMEIO
Tipo de bandejas
Subst A
Subst B
Subst C
Média
Subst A
Subst B
Subst C
Média
32células
50células
72células
Média
DMS
CV %
3,00 A a
3,25 A a
2,85 A a
3,03
3,30 A a
2,60 A a
2,65 A a
2,85
1,01
15,43
3,00 A a
2,40 A a
2,70 A a
2,70
3,10
2,75
2,73
2,86
2,55 A a
2,25 A a
2,15 A a
2,32
2,35 A a
3,05 A a
2,35 A a
2,58
0,83
18,60
2,85 A a
2,65 A a
2,50 A a
2,67
2,58
2,65
2,33
2,52
22
PESQUISANDO
AVALIAÇÃO DA APTIDÃO EDAFO-CLIMÁTICA DA SERRA DO
CABRAL, EM MINAS GERAIS, PARA A CAFEICULTURA
J. B. Matiello- Engº. Agrº. MAPA/Procafé, F. F. Costa – Engº. Agrº., J.V. Silva - Tecs Agrs e L. Gold – Econ, Agrop. Serra do Cabral.
A condição ambiental favorável, uma boa
planta e um manejo adequado formam o tripé
necessário para alcançar sucesso na exploração
agrícola, aplicando-se perfeitamente à cultura
cafeeira.
A aptidão do ambiente compreende,
principalmente, as características do clima e do
solo, que podem ser avaliadas a nível mais
extensivo, dando origem aos mapas de
zoneamento agroclimático e a nível micro onde
se lava em consideração as condições nas
propriedades ou numa micro-região .
A Serra do Cabral constitui um acidente
geográfico que se eleva até altitudes de 10001100 m, possuindo, nessa condição de altitude
elevada, uma área total de cerca de 240 mil ha,
Trabalhadores no serviço de plantio.
situando-se na região Centro-Norte de Minas
Gerais No presente trabalho objetivou-se avaliar
tomados de uma série histórica registrada em um posto
a aptidão das áreas da Serra do Cabral para a cultura meteorológico padrão instalado na área, a 1000 m de
cafeeira, com base nas informações de clima e solo e, de altitude. No último ano os dados foram obtidos numa
forma inicial, através de lavoura-piloto e de estação meteorológica automática instalada mais
experimentos com diversas variedades/espécies de café, recentemente. Para avaliar as condições de solo foram
em sistemas com e sem irrigação.
tomadas amostras em vários pontos e profundidades
O estudo é realizado em uma área de cerca de 80 sendo efetuadas análises físicas e química)macro e
mil ha – de propriedade da SCAI (Serra do Cabral Agro- micronutrientes).
Industria Ltda) na vertente Oeste da Serra, tomando
As avaliações sobre o desenvolvimento inicial
parte os municípios de Várzea da Palma, Francisco dos cafeeiros foram feitas em plantas tomadas na área
Dumont, Lassance e Augusto de Lima. O uso atual experimental dentro do pivô, junto às linhas externas de
dessa área se dá, em sua maioria, com a exploração de cafeeiros, onde foram plantadas parcelas de plantas,
reflorestamento. Não existia nenhuma lavoura de café com repetições, compreendendo variedades de café
na região.
arábica mais o Robusta-Conillon, sendo que uma área
Os dados de clima ( chuva e temperatura ) foram idêntica, imediatamente fora do pivô, foi plantada na
mesma forma experimental, com as mesmas variedades,
para refletir a condição sem irrigação. A área piloto total
de café é de 40 ha, instalada sob pivo-lepa, com plantio
circular, com plantio da variedade Catuaí Vermelho
IAC/144, no espaçamento de 3,5 x 0,5 m. O plantio foi
efetuado em janeiro/07, com o uso de mudas normais de
sacolas , no estágio de 6 pares de folhas. Os tratos em
seguida foram os recomendados de acordo com o
Manual Cultura de café No Brasil, constando de
controle do mato, adubações e irrigações, sendo que as
parcelas sem irrigação só receberam algumas
molhações, para o pegamento das mudas, no pósplantio. Foram feitas observações sobre pragas,
doenças e deficiências nutricionais.
Aspecto dos cafeeiros em plantio circular no pivô,
Os parâmetros de crescimento inicial dos
aos 6 meses.
cafeeiros foram tomados em ago/07, aos 6 meses de
PESQUISANDO
23
campo. Avaliou-se, nessa primeira fase, os dados
da cultivar Catuaí V./144, nas 2 condições (com e sem
irrigação), através de medidas da altura, diâmetro da
copa e diâmetro do caule das plantas.
Resultados e conclusões:
Os dados de chuva e temperatura média das
séries históricas disponíveis da área estão colocados no
quadro 1. Verifica-se que a precipitação média anual foi
de 1480 mm .Ocorre um período com pouca chuva nos
meses de maio a setembro , o qual resulta, adotada a
evapo-transpiração estimada para a área, num déficit
hídrico de 150-200 mm anuais, o que enquadraria a
região como apta com suplementação de irrigação. A
temperatura média anual foi de 21graus C, situando a
região na faixa apta para cafeeiros arábica, sabendo-se,
através de pesquisas recentes, que o fator temperatura
pode ser, se necessário, compensado pelo suprimento
de água e pela adaptação com variedades mais
adequadas, o que está sendo pesquisado nos
experimentos instalados, onde foram incluídos
diversos materiais genéticos de arábica e o RobustaConillon. Ressalta-se na região a ocorrência de uma
grande amplitude térmica (dia/noite), o que é
considerado, por alguns trabalhos de pesquisa, como
fator favorável ao cafeeiro.
Quadro 1. Média mensal/anual de chuvas e
temperaturas na área da Serra do Cabral, a 1000 m
alt, Várzea da Palma-MG, período 2000-2005 para
temperaturas e 1985-2005 para chuvas.
MESES
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Total/Média
TEMPERATURA MÉDIA
( graus C )
22,2
22,1
21,9
21,3
19,2
17,5
17,6
19,8
22,1
23,7
22,3
22,1
21,0
CHUVAS
( mm )
292
186
193
66
20
9
6
12
51
92
241
322
1480
Os dados das análises de solo mostraram, nas
áreas selecionadas para café, teores de argila variando
de 28-38 %, mais limo de 7 a 20% e areia de 49 a 54%,
características que resultam em adequada retenção de
água e de nutrientes adicionados com bom arejamento
no solo, favorável ao desenvolvimento das raízes. Não
foram verificados impedimento físicos em
profundidade Existem na área estudada manchas de
A equipe de orientação do projeto na Serra do Cabral.
solo mais arenoso, com menos de 20 % de argila, os
quais nos critérios normais seriam pouco indicados
para café, muito embora sabe-se que atualmente, com
irrigação sistemática pode-se, se necessário, aproveitar
solos com menos argila, como ocorre na cafeicultura do
Oeste da Bahia. Quanto à análise química os dados de
laboratório mostraram tratar-se de solos pobres
(distróficos), como os cerrados, com teores baixos de
Ca, Mg, K, P, e micro( B, Cu, Zn e Mn) , exigindo
correções e adubações. A CTC ocorre na faixa de 3-5
Cmolc e V % na faixa de 10-15.
A topografia das áreas é predominantemente
plana a ondulada , favorecendo a mecanização do
cultivo. Nos fundos das áreas existe boa
disponibilidade de água em vários riachos.
Os dados de medições nas plantas, aos 6 meses,
estão incluídos no quadro 2., em cafeeiros Catuaí, com
e sem irrigação. Pode-se verificar que os cafeeiros
irrigados tiveram um crescimento muito bom, superior
aos padrões normais registrados para áreas cafeeiras
tradicionais. Esse desenvolvimento superior está
relacionado com os níveis adequados de temperatura,
de suprimento de água e de tratos adequados, devendo
resultar, dentro do que se conhece, em bons níveis de
Detalhe dos cafeeiros irrigados aos 6 meses de campo
com bom desenvolvimento.
PESQUISANDO
24
produtividade já na catação inicial e na primeira para as plantas irrigadas).
safra, previstas para 2008 e 2009. Nas parcelas sem
irrigação, conforme o esperado, o crescimento foi
Quadro 2. Altura, diâmetro do tronco e da copa,
normal, propiciado pelas chuvas (98mm de fev-ago/07)
médios, de cafeeiros Catuaí, aos 6 meses de campo,
e por irrigações de salvamento iniciais, porém inferior
conduzidos sob 2 condições de suprimento de água.
aquele das parcelas que receberam irrigação
Serra do Cabral, 2007.
tecnológica (aumento médio de 60% no crescimento
CONDUÇÃO
Cafeeiros irrigados
Cafeeiros sem irrigação
ALTURA DAS
PLANTAS
( cm )
DIÂMETRO DO
CAULE
( cm )
DIÂMETRO DA COPA
( cm )
43,3
28,2
1,01
0,55
25,4
10,7
Durante os primeiros 6 meses de campo não permitiram concluir, preliminarmente, que:
foram observados problemas de pragas e doenças nas a) As áreas da Serra do Cabral possuem bom potencial
plantas de café, apenas algumas poucas manchas de
para a cafeicultura, com clima , solo e topografia
Cercóspora em certas plantas. Ferrugem e Bichoadequados, com aptidão através de irrigações
Mineiro nada até o momento, provavelmente devido à
suplementares e tratos culturais apropriados,
ausência de cafeeiros na região. Nas deficiências,
podendo constituir um novo polo de cafeicultura.
apesar do uso de corretivos e adubos constatou-se b) O comportamento dos cafeeiros, das diferentes
visualmente e através de análises foliares, pequenas
variedades de arábica e do Robusta-Conillon
carências de boro, de cobre e de fósforo.
principalmente na condição sem irrigação, será
Os dados analisados e as observações de campo
avaliado na continuidade dos trabalhos.
ÉPOCA DE RECEPA EM CAFEZAL ADENSADO NA ZONA DA MATA
DE MINAS
S. M. Mendonça - Engº. Agrº. e S. L. Filho, Tec. Agr. - CEPEC-Heringer e J. B. Matiello - Engº Agrº MAPA/Procafé.
Em cafezais adensados, na medida em que as
plantas ficam velhas, a poda por recepa é indicada para
voltar a abrir a lavoura, renovando toda a copa das
plantas e para facilitar os tratos e a colheita, que passam
Cafeeiros recepados muito tardiamente no ensaio no
CEPEC, em Dez (esq) e Nov(dir).
a ser feitos em plantas baixas, oriundas das brotações
conduzidas. A recuperação dos cafeeiros recepados está
ligada a fatores da planta e do ambiente. Na planta sabese que ocorre a morte de mais da metade das raízes finas
PESQUISANDO
25
Cafeeiros recepados ainda tarde em Out (esq) e em
Set (dir).
no pós-recepa. É conhecido, também, que plantas
de variedades vigorosas e bem nutridas brotam melhor
após recepa.
Existem dúvidas sobre a influência da época da
poda, pois realizada em período seco a recepa poderia
prejudicar. Efetuada muito cedo os troncos ficariam
sujeitos ao frio e geadas. Nas lavouras adensadas existe
o agravante do tronco mais fino das plantas, porem
como atenuantes aponta-se a menor produção por
planta e a manta orgânica sobre o solo.
No presente trabalho objetivou-se estudar 6
épocas de recepa baixa em cafeeiros nas condições de
lavoura adensada e na Zona da Mata de Minas, onde não
ha risco de geada.
O ensaio foi conduzido em Martins Soarea - MG,
no CEPEC, sobre uma lavoura de Catuaí Vermelho
IAC/44, plantada em 93/94, no espaçamento 1,5 x 0,7 m.
O delineamento foi em blocos ao acaso com 6
tratamentos, 4 repetições e parcelas de 10 plantas. A
recepa foi feita a 25 cm de altura (corte com moto-serra),
no período de julho a dezembro de 2005, em 6 épocas, a
TRATAMENTOS
Épocas de recepa
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Verificou-se que, em função da melhor
recuperação nas brotações, as épocas de recepa mais
cedo resultaram em produtividades superiores em
relação àquelas mais tardias. As perdas de
produtividade foram crescentes na medida em que a
época de recepa foi retardada.
cada mês nesse período (ver tratamentos no quadro 1).
Nos anos agrícolas seguintes, em 2005/6 e 2006/7, as
plantas do ensaio receberam os tratos e a adubação
normais indicados, havendo a recuperação adequada
das brotações, efetuando-se 2 desbrotas do excesso,
sendo conduzidas 2 hastes/planta.
Para avaliação da recuperação dos cafeeiros, de
acordo com as épocas de poda, foi colhida a primeira
safra pós-recepa, em junho/07, Os dados foram
transformados em sacas/ha. A analise estatística
mostrou diferenças altamente significativas, sendo as
médias comparadas pelo teste de Tukey a 5 %.
Resultados e conclusões:
Os resultados da produtividade dos cafeeiros na
primeira safra pós-poda estão incluídos no quadro 1.
Quadro 1. Produtividades, em scs/ha, na primeira
safra, em cafeeiros recepados em diferentes épocas,
Martins Soares-MG, 2007.
PRODUTIVIDADE
1ª safra - 2007 (scs/ha)
63,5 a
57,0 a
46,5 b
24,6 c
19,0 c
4,2 d
Relativo-%
100
89
73
47
30
7
Os resultados de produção coincidiram com as
observações de campo, onde foi possível verificar,
desde o primeiro ano, diferenças visuais no crescimento
das brotações, maiores e com mais ramos
plagiotrópicos nas plantas das parcelas recepadas mais
cedo. Trabalho realizado na Região Sul de Minas ( ual
PESQUISANDO
26
Abreu et alli, Anais 31 CBPC, p.349-0, 2005 ),no presente trabalho, sendo que a época foi mais
qual foram comparados diferentes tipos de poda, em 2 importante para os tipos de poda drásticos.
épocas, mostrou resultados semelhantes aqueles do
Cafeeiros recepados em épocas mais adequadas,
em Ago (esq) e em Jul (dir).
RENDIMENTO DE FRUTOS VERDES E MADUROS DE CAFEEIROS
CONILLON NAS DIVERSAS FASES DO PREPARO PÓS COLHEITA
J B. Matiello – Engº. Agrº. MAPA/PROCAFÉ e E G. Oliveira- Téc. Agr. E J.H.Teixeira Siqueira Faz. RJPedro.
A variedade Conillon, de C. canephora, é o
robusta cultivado em maior escala nas regiões do
Estado do Espírito Santo e áreas vizinhas, no V.R.
Doce em Minas Gerais e no extremo sul da Bahia.
A área cultivada de Conillon no Brasil é de cerca
de 500 mil ha e sua produção atinge, anualmente,
cerca de 10 milhões de sacas.
O processo de desenvolvimento e
maturação dos frutos de Conillon é diferente
daquele de variedades arábica. Em comparação
feita por Aviles e Matiello ( anais do 10 CBPC,
1983, p. 306 ) verificou-se que na mesma área, a
200 m de altitude, os períodos entre a floração e a
maturação dos frutos foi de 200 dias para o
Catuaí contra 315 dias para o Conillon. No
Frutos verdes de cafeeiros conillon, como foram colhidos
rendimento de frutos secos para grãos para o ensaio.
beneficiados é considerado um percentual de
30% a mais para o Conillon, devido à menor
(Cult. do café Conillon, PROCAFÉ, 1998) mas não se
proporção de casca (e muscilagen) nos frutos dessa conhece as relações de peso/volume nas diferentes
cultivar.
fases de preparo dos frutos de café conillon pósO rendimento a partir dos frutos colhidos, colheita.
depende do estágio de maturação desses frutos. Nas
O objetivo do presente trabalho foi determinar os
lavouras de Conillon é comum a colheita com maior índices de rendimento, em peso e volume desde a
porcentagem de frutos verdes, para evitar aumento no colheita até o beneficiamento, em 2 estágios de
ataque da broca. A presença de frutos verdes pode maturação dos frutos colhidos.
influir no rendimento, conforme indicou Matiello
A colheita foi feita, separadamente, de frutos
PESQUISANDO
27
cereja e verdes, em cafeeiros Conillon, em junho
de 2007, na Fazenda São João do 17, em Mutum - MG.
Foram colhidas 7 medidas ( de 80 L) de cada estágio de
maturação. O café foi medido e pesado, depois seco em
terreiro e beneficiado, tomando-se, em todas as etapas,
as medidas de volume e de peso. Foi determinada a
média dos 7 lotes de frutos de cada estágio.
Estágio dos
frutos
Maduros
Verdes
Na colheita
Peso
Volume ( l)
( kg )
80
53
80
55
Resultados e conclusões
Os resultados das avaliações dos volumes e pesos
e os rendimentos encontrados, para cada um dos
estágios de maturação dos frutos de Conillon, estão
resumidos no quadro 1.
Quadro 1: Volume e peso, por medida de 80 L
colhida, de frutos verdes e maduros de café conillon,
nas diferentes fases do preparo, até os grãos secos.
Mutum-MG, 2007.
Após secagem
Peso
Volume ( l)
( kg )
44
21,6
46
22,5
Grãos beneficiados
Peso
Volume ( l)
( kg )
17,6
13,8
18,5
14,5
Renda
coco/benef.
(%)
64
64,5
Ve r i f i c a - s e q u e o r e n d i m e n t o
coco/beneficiado nos frutos de café Conillon é
ligeiramente maior (em %) nos frutos verdes,
variando de 64 a 64,4%, em peso, contra 50% que é
o rendimento normal conhecido para o café arábica.
A análise dos dados peso/volume obtidos leva
às seguintes relações:
Kg de café maduro para kg de café benef.
=3,84
Kg de café verde para kg café benef. =3,79
Litros de café maduro para 1 saca benef. = 348
litros.
Litros de café verde para 1 saca benef. = 331
litros.
Verifica-se que a densidade dos frutos de café Frutos maduros de conillon.
Conillon, no pós colheita, entre 0,66 e 0,70kg/l é
maior, de 0,46 a 0,48 kg/l contra 0,42 kg/l no arábica.
maior do que aquela conhecida para frutos arábica (=
No volume e peso dos grãos beneficiados, sabe0,6 kg/l). No café coco seco, igualmente, a densidade é se que em média 60 kg de café arábica correspondem à
79 litros. Para o Conillon 60Kg
de grãos
beneficiados correspondem a cerca de 77 litros.
As relações de peso/volume e rendimento
aqui encontrados podem variar um pouco de acordo
com a condição da lavoura, onde influi o trato , o
suprimento de água etc.
Conclui-se que:
Nas diferentes etapas, a partir dos frutos
colhidos, sua secagem e beneficiamento, os frutos
verdes rendem mais pela sua maior densidade em
relação aos maduros, estes com mais casca. Ambos
estágios de maturação de frutos do conillon rendem
mais e são mais densos do que aqueles de cafeeiros
arábica
Frutos maduros de arábica Catuai.
28
RESPONDE
Consulte pelo E-mail:
[email protected]
Café em Goiás, com pequiseiro.
Sou aqui de Goiás, perto de Goiânia, tendo
uma pequena propriedade. Posso plantar o café e
conservar o cerrado, especialmente os pequiseiros?
Orcalino Júlio.
Senhor Orcalino,
No Estado de Goiás pode-se sim plantar café.
Nas regiões mais altas, com altitude acima de 700 m,
as áreas se prestam para o plantio do café arábica,
com melhor bebida. Em áreas mais quentes pode-se
plantar o café robusta-conilon, embora deva-se
evitar, para essa variedade, fundos frios ou espigões
muito batidos pelos ventos.
Acontece que para ambas variedades de café o
fator limitante, do Estado de Goiás, tem sido a falta
de chuvas, que torna a área muito seca, e os cafeeiros
sentem os efeitos da estiagem, no período entre maio
a outubro. As plantas com falta d'água perdem folhas
e secam ramos, o que leva a baixas produções no ano
seguinte.
A solução é usar a irrigação suplementar,
fornecendo a água que falta naturalmente. Veja se o
seu sitio tem água bastante, uma represa ou um
curso d'água na propriedade e estude uma forma de
irrigar, ai com um Técnico local.
Para o plantio do café arábica, se for para o
consumo ou pequena venda do café produzido, de
preferência usar variedades de porte baixo,
indicando-se o Catuaí e Acauã, por serem mais
protegidos e tolerantes à seca, dando cafés de boa
bebida. O café Conillon é mais fácil de ser cultivado,
porém cuidado se aí tem frio, já que ele não gosta de
baixas temperaturas.
Quanto a aproveitar uma área que tem
pequiseiros, achamos que é possível, pois os
cafeeiros podem crescer e produzir bem em
ambiente de sombra rala. O que pode acontecer é
que as árvores atrapalham um pouco os tratos
mecanizados, se for manual tudo bem.
Obtenha sementes ou mudas de boa origem.
Procure mais informações com um Agrônomo da
sua cidade.
Agradecemos a sua atenção e bom café, após,
é claro, daquele arroz ou frango com pequi.
Pequiseiro com cafézal ao fundo, em Pirapora-MG.
RECOMENDANDO
29
CONDICIONAMENTO HORMONAL EM
MUDAS DE CAFÉ
J.B.Matiello - Engº Agro. MAPA/PROCAFÉ
O condicionamento hormonal em
mudas de café, apesar de ter bem
demonstrados seus bons resultados
pela pesquisa, ainda é uma prática
pouco usada nos viveiros.
Esse pouco uso decorre primeiro
pelo desconhecimento de alguns
técnicos recomendantes e, segundo,
pelo aparente pior aspecto, menos
verde, na folhagem das mudas, o que as
tornariam menos vendáveis pelos
viveiristas.
Mas, a prática de induzir melhor
equilíbrio nas mudas de café, entre
hormônios de crescimento e de
enraizamento, traz enormes vantagens Comparativo do volume de raízes em mudas tratadas com
Bayfidan (dir) e sem tratamento (esq).
e, assim, deveria ser usada mais
extensivamente. O bom desempenho
A pesquisa demonstra que uma proporção
das mudas, demonstrado pela pesquisa e pelo uso entre a parte aérea da muda com seu sistema
prático do condicionamento é muito evidente para radicular deve ser em torno de 2,5 a 3,0:1 uma boa
passar desapercebido nas recomendações dos muda, com 4-6 pares de folhas, tem de 17-20 cm de
técnicos de assistência.
altura, peso seco de 7 a 9 g na parte aérea e 3 a 3,5 g
A BOA MUDA DE CAFÉ
A boa muda de café é aquela que possui um
bom desenvolvimento da parte aérea, com caule
grosso e folhas normais, visíveis a qualquer
observador, porém deve possuir também um bom
sistema radicular, com um pião ( raiz pivotante) e
grande número de raízes finas, estas responsáveis
pela absorção da água/nutrientes. De nada adianta
termos uma muda bonita, mas sem o equilíbrio
adequado entre suas partes.
Muitas vezes os viveiristas aceleram o
desenvolvimento da parte aérea das mudas, com
adubações de cobertura (especialmente a
nitrogenada), exageradas, sem pensar nas raízes.
Aí, então, essas raízes vão fazer falta no campo, no
pegamento e desenvolvimento inicial das plantas.
nas raízes.
O QUE É O CONDICIONAMENTO
HORMONAL
O condicionamento hormonal de mudas de
café consiste em usar produtos que tem ação antigiberelina, ou seja, reduzem o crescimento
vegetativo das mudas e, em contrapartida,
aumentam o seu crescimento radicular,
condicionando uma muda mais equilibrada.
A prática surgiu da verificação do efeito
tônico e de melhoria do sistema radicular e da
produtividade de cafeeiros tratados com fungicidas
do grupo dos triazóis, destacando-se dentre eles o
Triadimenol.
Os trabalhos de pesquisas demonstraram o
bom efeito de produtos com ação hormonal, tanto
RECOMENDANDO
30
nos viveiros como nas mudas no pós–plantio. com o Triadimenol propiciou bons aumentos na
Vejamos o exemplo do trabalho, cujos parte radicular das mudas, sem redução na parte
resultados são expostos no gráfico 1, onde pode-se aérea.
observar que, em doses adequadas, o tratamento
No quadro 2 pode-se verificar outro resultado,
Gráfico 1
Aumento em relação
à testemunha (%)
35
31
30
25
25
21
20
15
15
10
7
5
0
Altura
Diâmetro
No. de
Folhas
Compr.
Raízes
Peso Seco
Total
Parâmetros
Figura 1 – Efeitos da mistura triadimenol + dissulfoton no desenvolvimento de mudas de café em vasos, avaliação 6
meses pós-aplicação.
Fonte: Miguel, Matiello e Reis, Anais 18º CBPC p. 42-44, 1992.
onde as mudas tratadas apresentam boa
vantagem no aumento das raízes finas, no controle
à cercosporiose no viveiro e no pós-plantio.
Quadro 2 : Raízes secundárias de mudas sob
tratamento com Triadimenol ou associação
com dissultoton. Boa Esperança-MG, 1993.
Tratamentos
Nº raízes
secundarias em
1 cm da principal
% de fls c/
cercospora 1,5
mês pós-plantio
Folhas/muda
aos 4 meses
de campo
Baytidan (0,9 ml/30 mudas)
Baysiston (0,5 g/muda)
Testemunha
31,4 a
37,0 a
16,4 b
8,0 a
0,0 a
73,0 b
30,2 a
36,3 a
6,5 b
Fonte: Matiello, Almeida, Vilela e Azevedo, Anais 19º CBPC p.20-21, 1993.
Inúmeros trabalhos de pesquisa tem
mostrado as vantagens de fazer o condicionamento
hormonal das mudas. Além do Triadimenol foi
demonstrado o efeito de outros triazóis, como o
Flutriazol e o Cyproconazole, além de alguns
inseticidas como o Aldicarb e os neomicotinóides.
No caso do Triadimenol, a melhor ação se dá
através da sua aplicação via solo, porém, quando
em maiores concentrações na calda, pode fazer
efeito também via pulverização na folhagem.
Quando e como fazer
A aplicação do tratamento hormonal
deve ser feita quando as mudas se encontrarem no
estágio do 3º -4º par de folhas. Se realizado mais
cedo, em mudas muito pequenas, pode haver
grande efeito na redução do crescimento das mudas.
RECOMENDANDO
31
Se efetuada muito tarde, o efeito
no desenvolvimento radicular pode ser
menos proveitoso, ainda não se apresentando
completo na ocasião do plantio das mudas no
campo.
O modo de aplicar mais adequado é
através da diluição do produto, o Baysiston
250 CE, em água e sua irrigação (com
regador) sobre as mudas, de forma que a
calda chegue, sobre os recipientes, para ser
difundido e absorvido pelas raízes. A dose
indicada gira em torno de 1,5 ml do Bayfidan
250 CE ou similar para 100 mudas de café. A
diluição em água pode ser variável. Um
regador, de 10 litros, pode molhar bem, e, Canteiro de mudas já tratadas com Bayfidan.
assim, distribuir a calda, em 300-400 mudas,
podendo, então, receber a dose de 4,5-6,0 ml do c. Redução na incidência de cercosporiose e de
Phoma/Ascochyta, esta última pelo
Bayfidan. Essa dose é válida tanto para mudas em
endurecimento da folhagem, além, é claro, do
sacolas como em tubetes. Deve-se ter cuidado em
eventual controle da ferrugem, a qual não é
dosar bem e misturar a calda antes da aplicação,
problema sério nas mudas.
pois, em altas doses, o produto pode segurar
demais o crescimento das mudas. A distribuição da d. Ação de redução no crescimento de mudas,
sempre que aplicado com a finalidade de evitar
calda também deve ser uniforme. Deixar muito
mudas passadas, mantendo mudas de tamanho
líquido cair sobre determinada porção de canteiro
adequado quando se precisar adiar a época de
de mudas vai retardar seu crescimento.
plantio.
Efeitos complementares
O controle da cercosporiose evita a queda de
Além da ação hormonal principal, reduzindo folhas das mudas e pode ser observado também no
um pouco o crescimento foliar e provocando campo, conforme pode-se observar da pesquisa
aumento nas raízes finas (número e tamanho), a apresentada no quadro 2 e nos dados constantes do
quadro 3, onde se observou que o efeito
aplicação do tratamento promove:
predominante ocorre em função do Triadimenol.
a. Amadurecimento (endurecimento) da
Quadro 3: Infecção pela Cercosporiose e
folhagem, que, assim, evita queimaduras pelo
enfolhamento em mudas de café tratadas com
sol, na época de plantio e ajuda no pegamento;
fungicidas ou inseticidas via solo. S.J.Rio
b. Engrossamento do caule das mudas, que fica
Preto-RJ, 1992.
mais duro, tornando as mudas menos
susceptíveis à ação de ventos.
Tratamentos
1- Triadimenol 250 CE, solo (1ml/100 M)
2- Dissulfoton 250, solo (2 ml/100mudas)
3- Triadimenol+Dissulfoton (solo)
4- Oxicl.cobre (3pulv.)
5- Testemunha
Fonte: Matiello, Miguel e Almeida – Anais 18º CBPC, p.3-5, 1992.
% fls. Infectadas
(fev/92)
Folhas
remanescentes/muda
(abr/92)
7,0 a
35,0 c
3,0 a
18,0 ab
47,0 c
9,5 a
3,2 c
11,6 a
6,0 b
1,8 c
RESUMINDO
32
Extratos de Revistas Científicas nacionais e estrangeiras.
INFLUÊNCIA DA ÉPOCA DO ÚLTIMO PARCELAMENTO DE ADUBAÇÃO
EM CAFEEIRO E DA AMOSTRAGEM DE SOLO NO RESULTADO
ANALÍTICO DESSA AMOSTRA.
Foi conduzido 1 ensaio em Varginha, em solo
Led, em cafezal Acaiá, no espaçamento 3,2 x 0,9 m,
com 6anos de idade. Foram estudadas 5 épocas de
aplicação da última parcela da adubação anual e
mais uma testemunha, onde não se efetuou a
aplicação da última parcela de adubo. Foram feitas
amostragens em 4 épocas. Não foram feitas
operações de arruação/esparramação da lavoura.
As últimas parcelas de adubação ocorreram
em 7 de fev., 22/fev, 09/mar, 26/mar e 6/abr. A
parcela constou de 240 g/cova da fórmula 20-05-20.
Foram observados efeitos da época de
parcelamento sobre todos os fatores avaliados do
solo e para K,Ca e Mg foliar. Notou-se um aumento
do teor de k e P nas amostras na medida em que foi
mais tardio o parcelamento, sendo o efeito mais
pronunciado para o K.
Pode-se concluir que: Em anos com pouca
precipitação pluviométrica após o último
parcelamento da adubação, o resultado da análise
de solo pode ficar prejudicado, podendo afetar as
recomendações. A maior influência ocorre para o K,
onde o teor no solo se mostrou o dobro na aplicação
tardia em relação à época mais cedo. Pela
influência do N aplicado, o último parcelamento
fez cair o Ca, o Mg e o V%. Concluiu-se que a
amostragem de solo pode ser efetuada de junho a
agosto, ou mais tarde.
(Vianna, Japiassu e Fioravante, Anais do 27º CBPC,
p. 287-288, 2007.)
IMPACTO DO CONTROLE NATURAL DA BROCA DO CAFÉ (H.HAMPEI)
PELO FUNGO BEAUVERIA BASSIANA EM 5 FAZENDAS NA ZONA DO
LAGO DE YOJEA, HONDURAS
Sob condições de campo e de laboratório foi
avaliado o potencial de dano do fungo B. bassiana
sobre a broca. Foram avaliadas lavouras em 8
fazendas, tornando-se 20 plantas, avaliando-se 4
ramos em cada uma delas, nas quais se fez a
contagem dos pontos totais brocados e daqueles
com Beauveria. Foram, ainda, tomados 200 frutos
verdes brocados, para corte e verificação do estágio
de ataque da broca nos grãos. Em uma fazenda
foram observados, também, 100 frutos maduros, os
quais foram despolpados, dissecados e observados
quanto aos estádios de desenvolvimento da broca.
Verificou-se que 62% dos frutos onde havia a
presença de B. bassiana apresentavam grãos sadios,
enquanto na ausência do fungo somente 19%
estavam sadios. Nos frutos sem Beauvenia foi
encontrado um número médio de 8 brocas (vários
estágios) e naquelas com o fungo somente 1 na
média/fruto. Nos frutos maduros o número de
indivíduos (brocas) subiu para 11. Concluiu-se que
o fungo B. bassiana foi muito importante para o
controle natural da broca na zona em estudo.
(S.A.R. Trejo e C.R. Funez – Bol. Promecafé, nº
111, abr-jun/2002)
RESUMINDO
33
ADAPTAÇÕES DO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO EM
MALHA PARA CAFEZAIS
O trabalho propõe 2 modificações no sistema
tradicional de irrigação por aspersão em malha,
visando eliminar as dificuldades da enorme
quantidade de canos a enterrar, do maior trabalho
na troca de aspersores (35 por ha) e no elevado
número de estacas de suporte necessárias.
A primeira modificação constou da
substituição dos canos finos da rede terminal,
enterrada, por mangueiras flexíveis, móveis, tendo
50 m de comprimento e diâmetro de 1 polegada. Na
extremidade é fixada, através de uma curva de 90º,
uma haste de cano PVC (de 2 m de altura), tendo na
parte superior um bocal para rosquear o aspersor.
Deste modo gasta-se poucos canos e a mangueira
vai fazendo várias posições, com a haste/aspersor
fixada nos próprios cafeeiros.
A 2ª adaptação foi a introdução de aspersores
com maior área de cobrimento, significando menor
nº de aspersores/ha. Os aspersores indicados foram
os de bocal de 1,5 polegada, vazão de 8-12 m³/h e
diâmetro molhado (a 30 mca) de 55-60 m. Assim o
distanciamento dos aspersores pode ficar de 30 - 36
por 30 - 36 m. Os canos supridores desses
aspersores podem ser de 50 mm de diâmetro. Nesse
sistema utiliza-se de 9 – 11 aspersores/ha.
Concluiu-se que: O sistema de mangueiras
móveis traz muita economia e se adapta a pequenos
projetos e o sistema com aspersores de maior
alcance e rede mais espaçada traz economia e
viabiliza projetos maiores.
(Matiello, Fernandes e Mantovani, Anais do 27º
CBPC, p. 44-5, 2001).
VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DA SUBSTITUIÇÃO DA COPA DE
CAFEEIROS POR ENXERTIA
Foram conduzidos 2 trabalhos no ciclo
2000/01, visando testar modos de enxertia e sua
aplicação prática, objetivando a substituição de
copa de cafeeiros arábica. No 1º ensaio estudou-se,
em Martins Soares-MG, 2 tipos de enxertia
(garfagem lateral sob a casca e em cunha) sobre
brotos novos (20 cm de altura) de cafeeiros
recepados. Como garfo foi usado uma estaca de 1
nó de ramo ortotrópico. Em seguida à enxertia era
colocada uma sacola plástica protetora, com
poucas gotas de água internamente.. Uma folha de
jornal foicolocada como proteção contra excesso
deinsolação e calor. 3 semanas após à enxertia
tirava-se o saco plástico, sendo a avaliação do
pegamento efetuada 2,5 meses após a enxertia. Os
resultados mostraram que a garfagem lateral, sob a
casca, teve baixo pegamento, enquanto a garfagem
superior, em cunha, resultou em 85% de
pegamento, com todos os enxertos vivos já
apresentando brotação.
O 2º trabalho, em Utinga-BA, foi uma
experiência em maior escala, em um talhão de 6000
plantas recepadas, de M. Novo, enxertadas, por
garfagem em cunha, com Catuaí. O trabalho foi
feito por uma equipe de 4 mulheres treinadas. A
avaliação do pegamento foi feita 2 meses após
enxertia, verificando-se pegamento de 70%. Esse
menor pegamento deve-se à época de verão e ao
uso de pontas de ramos ainda herbáceos para os
garfos. O rendimento observado foi de 250
enxertos/dia de serviço.
Concluiu-se pela viabilidade técnica e
econômica da enxertia para substituir a copa de
cafeeiros (desde que o sistema radicular esteja
adequado), sendo o melhor sistema a garfagem em
cunha, com garfos de cor verde porém maduros. O
treinamento dos trabalhadores deve trazer ainda
melhor eficiência e rendimento na enxertia.
(Matiello, Barros, Garçon, Barbosa e Silva. Anais
do 27º CBPC, p. 43-4, 2001.)
PANORAMA
34
ESTIAGEM NA REGIÃO CAFEEIRA AFETA A PRODUÇÃO DA
SAFRA 2008
Praticamente todas as regiões cafeeiras do
Brasil foram mais secas em 2007, com escassez de
chuva a partir de maio até novembro. No Sul de
Minas, principal região cafeeira do país, o déficit
hídrico acumulado chegou, em meados de
outubro/07, a mais de 300 mm, bem acima do
suportável pelo cafeeiro (100-150 mm). Também a
Zona da Mata e parte do Triângulo e Alto Paranaíba
sofreram com a estiagem, que foi mais severa
também nos Estado de São Paulo e Paraná. Na
região de robusta do Espírito Santo e Rondônia a
estiagem também afetou os cafeeiros.
Em decorrência dos déficits observados, as
lavouras de café entraram em floração com índices
elevados de desfolha, com ramagem seca, com
Ramos com botões secos pela estiagem.
“stress” nutricional induzido pela falta de água. Em
regiões como o Norte de Minas as chuvas só
chegaram no final de novembro.
Deste modo, espera-se quebras significativas
sobre a produtividade antes esperada, já que 2008
seria uma safra bastante alta, função do ciclo bienal
de produção, após uma safra baixa (32 milhões de
sacas) em 2007.
Ainda é cedo para se ter uma boa idéia da
próxima safra, porém a expectativa é de uma quebra
em cerca de 8 milhões de sacas, 20-25% a menos do
que se esperava. O pegamento da florada, refletida
pela maior ou menor queda de chumbinhos, que
ocorre 80-100 dias pós florada, vai ser a chave para
uma melhor definição da safra futura.
Cafeeiro florido totalmente desfolhado pela seca no
Norte de Minas.
NOVO SITE DA FUNDAÇÃO PROCAFÉ
Os interessados em informações
sobre a cafeicultura já podem contar com
o novo site da Fundação Procafé, que
contém notícias, dados climáticos,
cotações do café, além das publicações,
serviços e eventos ligados ao setor
cafeeiro.
Através do site pode-se, também,
tirar dúvidas sobre aspectos da lavoura
cafeeira.
O novo site, agora com melhor
visual e conteúdo mais completo, é:
www.fundacaoprocafe.com.br.
Ele está à sua disposição.
PANORAMA
35
QUEDA ANORMAL DE BOTÕES FLORAIS EM CAFEEIROS
Causou apreensão, no meio técnico, o
problema que vem ocorrendo na floração dos
cafeeiros em algumas áreas. As dúvidas chegaram
até nós, do Procafé, que também observamos essa
anormalidades na floração recente, no sul/oeste de
Minas e na Bahia.
São 5 tipos de problemas:
a) Flores de tamanho pequeno, algumas não
chegando a abrir completamente;
b) Frutos com a corola partida, tipo engrenagem;
c) Queda de botões, verde-amarelados, antes de
abrir, em grande número.
d) Botões queimados, enegrecidos, que secam e
ficam escuros sobre as rosetas.
e) Flores estrelinhas, pequenas e verdes.
Nos casos do item “a” já havíamos observado
esse fenômeno, devido à falta de água, porém tudo
indica que não chegam a prejudicar a fecundação
dos frutos. No caso da corola fendilhada é um
aspecto novo, também relacionado à seca, porém
não sabemos como o fruto vai se desenvolver.
Quando à queda de botões, chamados de
grãos de arroz, o fenômeno é conhecido, sendo
devido à sua quebra de dormência, logo vindo seu
desenvolvimento inicial, então com pouca chuva
(menos de 10 mm) ou pouca água na irrigação, esses
botões não dispõem de umidade suficiente para seu
completo desenvolvimento e caem em grande
número, no solo. Ao balançar o pé de café, pode-se
observar grande número de botões caindo. Nesse
caso, sabe-se que a maioria dos frutos não irão pegar,
pois não houve completo desenvolvimento dos
órgãos de reprodução dentro dos botões ainda
pequenos.
Botões enegrecido e estrelinhas estão
relacionados tanto à falta como ao excesso de água
na irrigação. Ficando prontos para abrir, caso falte
água ou falte stress eles não evoluem para sua
abertura, secando.
Nesse ano, botões, flores e frutos anormais
foram marcados para que se tenha uma definição
perfeita sobre o que vai resultar a frutificação final
correspondente aos vários tipos..
Grande número de botões no chão- Bonito-BA, pela pequena disponibilidade de água no solo.
PANORAMA
36
DIA DE CAMPO NO
CAMPO EXPERIMENTAL DE ARAXÁ
O campo experimental de café, que vem que vem vamos estar juntos, lá em Araxá, no 3º Dia
sendo conduzido em Araxá pela CAPAL, em de Campo.
convênio com a Fundação Procafé, reuniu
produtores e técnicos no seu 2º Dia de Nas estações de campo foram recebidos os produtores.
Campo, realizado dia 28 de setembro de
2007. Na ocasião foram demonstrados
resultados de adubação, irrigação, uso de
gesso, variedades e cobertura com
leguminosas. Os trabalhos foram divulgados
em um Boletim especialmente elaborado,
com dados e ilustrações dos trabalhos
realizados.
Colaboraram como apresentadores,
técnicos do MAPA/PROCAFÉ, de
Campinas e de Varginha, além dos técnicos
da CAPAL. Cerca de 150 participantes,
técnicos e produtores estiveram assistindo o
Dia de Campo lá em Araxá. Eta terra boa, de
Dona Beja, do café, dos doces e do leite. Ano
CD'S DOS ANAIS DOS CONGRESSOS:
COM ELES OS JOVENS GANHAM EXPERIÊNCIA
Os novos técnicos que estão,
recentemente, trabalhando em pesquisa ou
assistência à cafeicultura, são chamados por
um dos nossos velhos colegas como
“jovens”. Pois é, agora, eles tem um novo
instrumento de apoio, não bastasse o
conselho dos mais velhos, apoiados em sua
e x p e r i ê n c i a . Tr a t a - s e d o s C D ' s
disponibilizados pela Fundação Procafé, em
uma embalagem com 2 volumes, o primeiro
com trabalhos dos Congressos do 1º ao 25º e
o segundo do 26º ao 32º. São mais de 8000
trabalhos, classificados por congresso e por
assunto. A produção dos Cd's contou com o
apoio da Syngenta.
Basta abrir no computador, clicar no
congresso que desejar, abrir o índice por
assunto. Por exemplo, Bicho-Mineiro, então
aparecerá uma lista com todos os trabalhos no
assunto. Clicando sobre o trabalho desejado, abre na
página (s) e, então faz-se a consulta ou, se houver
interesse, pode-se imprimir o trabalho.
A embalagem com os 2 volumes está á
venda na Fundação Procafé, por R$ 30,00. É só
pedir pela internet (www.fundacaoprocafe.com.br)
ou pelo telefone: 35. 3214-1411.
Consultando os CD's os interessados, mesmo
aqueles mais jovens, podem se tornar verdadeiros
experts no café.
Vai um aí, bem baratinho, só para cobrir os
custos.
PANORAMA
37
PODA DE CAFEZAIS EM NÚMERO ESPECIAL DA COFFEA
A Revista Coffea não vive só de informações e produtivas, nas quais se obtém bom rendimento e
e trabalhos de pesquisa. Ela se preocupa em levar, custo mais baixo do trabalho de colheita manual.
também, recomendações aos técnicos e produtores
ligados à cafeicultura.
Foi com essa orientação que tivemos de editar
um número especial da Revista Coffea, com tudo
sobre a “Poda em Cafezais”. Nela foram reunidas
todas as recomendações sobre as finalidades e tipos
de podas, sobre o modo e época de podar, sobre as
práticas para recuperar as lavouras podadas.
O assunto de podas vem ganhando interesse
diante das dificuldades conjunturais por que passa a
economia cafeeira, com baixa renda do cafeicultor.
Nessa condição as podas de renovação/recuperação
são importantes para melhorar a produtividade e,
paralelamente, facilitar o manejo das lavouras. Nas
regiões montanhosas, a poda vem sendo mais usada,
visando facilitar a colheita, com plantas mais baixas
MOSCA BRANCA ATACA CAFEZAIS
A mosca branca (falsa), Aleurotrics já relatada
causando pequeno ataque em mudas de café no campo
(Matiello et alli anais do 23 CBPC - Aleurothrixus
floccosus
Matiello et alli anais do 29 CBPC p.15), voltou,
recentemente, a atacar, com maior intensidade em 2
novas regiões, em Pirapora-MG e em Orlândia-SP. Em
Pirapora o ataque se mostrou em lavoura com 5 anos,
sendo a infestação distribuída em grande numero de
plantas em um pivô de 80 há, com cafeeiros da
variedade Catuai Vermelho IAC 144. O ataque foi
verificado em nov/07 pelo Eng. Agr J.B. Matiello.
Em Orlândia o ataque foi observado com
gravidade pelo colega Durval Fernandes do
MAPA/Procafé de Campinas. O ataque ocorreu em
uma área de 8 há com as variedades Catucai e Obatã.
As folhas atacadas apresentam-se com a face
inferior tomada por uma cobertura como uma lã de cor
branca e observando atentamente pode-se ver algumas
mosquinhas brancas se locomovendo no meio dessa
massa. Nas folhas inferiores nota-se a presença de
líquido pegajoso, como um mel, e com o passar do
tempo constata-se a presença de fumagina, escura.
Quanto ao controle, na primeira constatação na
Bahia foi obtido bom controle com o uso de
Endossulfan. Já em Orlândia o colega Durval notou a
redução do ataque após uso de inseticida do grupo dos
neonicotinóides via solo.
Aspecto do ataque da falsa mosca branca na parte
inferior das folhas de cafeeiros em Pirapora-MG.
38
ANÁLISE
É PRECISO PRIORIDADE E OBJETIVIDADE
NA PESQUISA CAFEEIRA
J.B.Matiello - Engº Agro. MAPA/PROCAFÉ
A pesquisa cafeeira no Brasil vem sendo
desenvolvida, nos últimos 10 anos, através de um
Consórcio de Instituições, coordenado pela
Embrapa-café, com apoio maciço de recursos do
Governo Federal, através do Fundo de Defesa da
Economia Cafeeira-FUNCAFÉ. Portanto, como se
diz comumente, vem sendo empregado o seu, o meu,
o nosso dinheirinho.
Esses recursos não são poucos. Em 10 anos
foram aplicados mais de R$ 100 milhões, com alguns
bons resultados, re-aparelhando muitas Instituições,
porem sem consolidar uma estrutura permanente de
trabalho. Foi por isso que a liderança do Setor
Cafeeiro, das diversas áreas (lavoura, indústria e
comércio) solicitou uma avaliação do Sistema de
Pesquisas, visando introduzir melhorias, depois da
experiência de 10 anos de atividade do PNP-D-Café.
Prioridades
A análise efetuada pelos vários setores ligados
ao café mostrou que é preciso modificar o
planejamento e a execução das pesquisas.
Verificou-se que muitos trabalhos vem sendo
feitos sem o objetivo de atender aos problemas que se
apresentam na cafeicultura, enquanto a demanda
efetiva não vem sendo bem atendida. É preciso
estabelecer prioridades bem definidas e levadas a
sério.
A pergunta que se tem presente é se a
Instituição e/ou o pesquisador vai fazer aquilo que
deseja ou gosta de fazer ou aquilo que precisa ser
feito, para a solução de determinado problema ?
É comum aceitarmos a orientação, muitas
vezes expressa pela administração das pesquisas, de
que todo estudo é válido, acrescenta saber, treina e
forma pessoal técnico. É lógico que essa
compreensão tem muito a ver com a origem dos
recursos, de orçamentos públicos. Não seria assim
caso fossem recursos privados, onde o retorno dos
investimentos, seu benefício/custo, deve ser avaliado
com antecedência.
Sempre existiu a discussão dos conceitos de
pesquisa, pura e aplicada. Não é esse o caso presente.
Em nosso entendimento deve haver espaço e recursos
para ambas, desde que planejadas com racionalidade
e objetividade.
O que se tem visto bastante, ainda, no sistema
atual, apesar dos esforços para melhorar, são:
pesquisas repetidas, sem finalidade prática,
realizadas em regiões não representativas, muito
estadualizadas ao invés de atenderem às regiões
semelhantes, independentemente dos Estados. As
pesquisas vem se concentrando demais nas
Universidades, nada contra, porem ali se prestam, em
sua maior parte, para atender a teses de pósgraduação, portanto com estudos sempre parciais dos
problemas, já que se exige prazos curtos para o
encerramento dos mesmos.
Na difusão dos resultados, igualmente, são
A seleção de variedades produtivas e resistentes é
prioridade nas pesquisas, aqui no Campo de Pirapora,
com os colegas Gianno e José do E, Santo.
ANÁLISE
muitas peças soltas, boletins com
indicações muitas vezes conflitantes, sem
uma recomendação baseada no consenso
entre técnicos, o que daria mais segurança
para os usuários, os cafeicultores.
As prioridades indicadas pelo setor
da produção cafeeira , procurando
identificar as áreas onde a pesquisa seria
mais útil, estão contidas na tabela aqui
incluída.
39
Clonagem de híbridos, como aqui visto em Turrialba-CR,
também é prioridade.
Caminhos a seguir
O diagnóstico e as discussões efetuadas, nesse
último ano, pela área técnica ligada ao setor da
produção cafeeira, mostram que é possível de agora
em diante, seguirmos 2 caminhos:
O primeiro é continuarmos e melhorarmos o
sistema atual, corrigindo algo, porem sem as
mudanças estruturais necessárias.
O segundo é o de promovermos mudanças
estruturais no sistema, alterando para atender a 4
orientações básicas:
1) Reduzir as Instituições e/ou pesquisadores
atendidos, concentrando os trabalhos naquelas que já
possuem estrutura e equipes consolidadas, que
podem desenvolver ações de médio e longo prazo, e,
assim, com trabalhos mais abrangentes e duradouros,
comprometidos com resultados para os setores
cafeeiros.
2) Investir dando mérito às equipes
especializadas, liberando recursos por programas de
pesquisas e não por simples projetos, dentro da
especialização daquela equipe. Essa orientação seria
complementada por melhor acompanhamento, no
planejamento e execução, através de núcleos
regionais, permanentes e aparelhados para isso.
Deste modo, os trabalhos seriam frequentemente
avaliados e ajustados, sem descontinuidade, já que o
seguimento de uma boa pesquisa é importante em se
tratando, o café, de uma cultura perene.
3) Fazer um diagnóstico detalhado dos
problemas em cada região ou setor, aplicando
recursos para solucionar esses problemas também a
nível regional.
4) Evoluir para uma estrutura de trabalho mais
permanente. O trabalho, do jeito que está, se baseia
muito em Bolsistas, que mesmo bem treinados, não
tem qualquer segurança de permanecerem
trabalhando em suas áreas. Ao contrário, na primeira
chance, com uma proposta de emprego segura,
mudam rapidamente, sendo perdidos os
investimentos feitos em sua formação.
Não é demais pensarmos que o modelo de
Consórcio pode estar se esgotando, já que foi útil para
atender uma primeira fase, de retomada e execução
de trabalhos de pesquisa de mais curto prazo. Agora
estaria na hora do setor cafeeiro contar com uma
estrutura mais permanente, capaz de, efetivamente,
realizar e coordenar ações de tecnologia cafeeira, de
forma integrada, as quais o setor cafeeiro tanto
precisa para continuar competindo, seja o café com
outros cultivos/criações, internamente, seja com a
cafeicultura de outros paises.
A criação continuada de Centos de Referência,
de Inteligência, a instalação de campos
experimentais privados e outras ações semelhantes,
daqui e dali, nas diferentes áreas produtoras, indica
que existem vazios no sistema atual, criado com o
objetivo de efetivamente coordenar as atividades de
desenvolvimento tecnológico da cafeicultura.
Por que não se discute a criação de um Centro
Nacional de Tecnologia Cafeeira, à semelhança dos
que existem para todas as outras principais culturas e
criações no Brasil? Os países que detêm as maiores
produtividades médias em suas lavouras, a Colômbia
e a Costa Rica possuem seus Centros de Pesquisa
estruturados, o CENICAFÉ e o ICAFÉ, os quais vem
fazendo um bom trabalho, a exemplo do que fazem
nossos centros nacionais, indo ai os exemplos do
Centro de Soja (Londrina), de milho/sorgo (Sete
Lagoas)e mais de algumas dezenas aqui bem
instalados e atuantes. Temos Centro até do Coco da
Bahia, nada contra tomarmos aquela aguinha gelada,
só não temos para o café, cultura sabidamente
importante, na geração de renda e de empregos.
Temos muitas ações, muitos recursos
investidos. Temos bons técnicos/pesquisadores, só
precisamos de uma melhor organização/estruturação,
capaz de aproveitar a base técnica disponível, de
forma permanente e comprometida com os
resultados para os vários segmentos do setor
cafeeiros, afinal são eles que pagam a conta.
ANÁLISE
40
SUGESTÕES SOBRE AS DEMANDAS PARA A PESQUISA CAFEEIRA
1) Genética e Biotecnologia:
- Desenvolvimento de variedades com resistência a pragas e doenças (Ferrugem, BichoMineiro, Phoma, Nematóides) visando redução dos custos e menor uso de defensivos.
- Desenvolvimento de variedades com maior resistência ao calor e à estiagem.
- Adaptação das variedades, regionalmente.
- Multiplicação de (clones) híbridos superiores em gerações iniciais.
- Desenvolvimento de cultivares para produção de cafés especiais.
- Desenvolvimento de variedades que facilitem a colheita (maturação, retenção de frutos).
- Melhoramento do cafeeiro robusta e híbridos de gerações iniciais para obtenção de
resistência à ferrugem e melhor qualidade de frutos e bebidas.
2) Nutrição do cafeeiro:
- Métodos para melhor aproveitamento dos adubos – liberação gradativa com menos
perda – épocas – modo – redução do número de aplicações e menor custo.
- Correlação mais aperfeiçoada entre nível de produção, nível foliar e nível de solo para
maior precisão na recomendação de dosagem de nutrientes.
- Testagem de novos insumos, adubos, corretivos, aminoácidos, fitoreguladores, para
segurança ao seu uso pelo produtor.
- Definição dos efeitos de adubação combinada com o mato (roçadas) e o uso do gesso
para retenção de água.
- Manejo de adubação para aprofundamento do sistema radicular, visando resistência à
ferrugem.
3) Manejo da lavoura:
- Efeito dos herbicidas no sistema cafeeiro, resíduos, microflora, fisiologia da planta,
matéria orgânica, influência na produtividade.
- Manejo do mato para matéria orgânica e aproveitamento nutricional.
- Efeito da adubação na qualidade da bebida.
- Manejo dos tipos de podas de acordo com o sistema de plantio (espaçamento, variedade,
etc.).
- Melhor definição de podas e sistemas de plantio para o Safra Zero.
- Novos sistemas para produção de café em ciclos curtos.
- Ampliação dos trabalhos de arborização, visando redução de temperatura e economia
de água na lavoura cafeeira.
ANÁLISE
41
4) Controle de pragas e doenças:
- Testes de novos produtos defensivos para verificação de doses; épocas e condições de
custos e segurança ao produtor.
- Desenvolvimento de métodos de controle não químicos (físicos, biológicos, culturais,
naturais, etc.).
- Desenvolvimento de métodos de controle das cochonilhas de frutos.
- Controle do complexo de doenças em inflorescências e frutos.
5) Colheita:
- Métodos para redução do custo na colheita, especialmente para pequenas propriedades
(maquinário, sistema de plantio, variedades, podas, sistemas de colheita).
- Desenvolvimento de colhedoras automotrizes menores para que sejam acessíveis aos
médios e pequenos produtores.
- Definição de condições econômicas para a colheita seletiva.
- Adaptação de maquinário portátil para colheita, com uso de energia elétrica.Adaptação
de maquinário portátil para colheita, com uso de energia elétrica.
6) Irrigação:
- Desenvolvimento de sistemas de irrigação, mais econômicos e que permitam melhor
aproveitamento das áreas, com adaptação a nível de pequenas propriedades.
- Racionalização do uso da água disponível na irrigação.
- Definição da condição de irrigação para maior uniformização da florada.
7) Estudos básicos:
- Efeito da lavoura cafeeira no seqüestro de carbono.
- Desenvolvimento de equipamentos para melhorar a mecanização, em pequenas áreas
(equipamento para podas, para colheita, tratos, etc.).
- Desenvolvimento do genoma funcional do cafeeiro, visando incorporar qualidades
alimentares ao café e outras características de melhoramento da planta.
- Estudos da floração, da relação sistema radicular / parte aérea e do mecanismo de
desfolha dos cafeeiros.
- Adaptação de sistema de cultivo em regiões quentes.
8) Estudos sócio-econômicos:
- Estudo de culturas alternativas para combinação em cafezais e em pequenas
propriedades, especialmente nas regiões montanhosas.
- Diagnóstico qualitativo da lavoura cafeeira.
42
PRODUTOS E EQUIPAMENTOS
FORMULAÇÕES CORRETIVAS E PROTETIVAS PARA A
LAVOURA CAFEEIRA
Os solos usados para as lavouras cafeeiras são
pobres nos micro-nutrientes exigidos pelos cafeeiros,
para seu bom crescimento e produção. Embora
necessários em pequenas quantidades (como o
próprio nome micro-nutriente significa), o zinco, o
boro, o cobre e o manganês, principalmente, são
importantes. Esses nutrientes, à exceção do boro, são
supridos, de forma mais eficiente, e econômica,
a t r a v é s d e
aplicações foliares.
As caldas
para pulverização
p o d e m s e r
preparadas com o
uso de produtos
adquiridos
separadamente,
conhecidos como
sais, ou usando
formulações
prontas já contendo
os diversos
nutrientes,
facilitando a sua
utilização. Existem
formulações
líquidas ou sólidas,
estas mais em uso
atualmente, devido sua maior concentração de
nutrientes.
A formulação mais tradicional no mercado,
com 10 anos em uso, é a Viça-café, e, recentemente
novas formulações entraram em uso, a Multisais-café
e a FH-foliar.
Nas formulações disponíveis as composições
são semelhantes para o zinco e o boro,e, em algumas,
para o manganês e magnésio. A principal diferença
está na fonte de cobre utilizada. Na Viça-café o cobre
vem como Sulfato e sua complexação, para formar
uma molécula de ação protetiva (fungicida/
bactericida), é feita com o uso da cal na calda. A
Multi-sais usa como fonte, em seu sistema, o
hidróxido de cobre(Kocide0 e a FH-foliar já tem na
sua composição o
carbonato de cobre.
A pesquisa
tem mostrado que
tanto na correção da
deficiência de
cobre como na s
ação protetiva do
produto, a forma de
cobre deve ser
pouco solúvel, de
lenta liberação,
para sua ação
residual, mais
prolongada.
A escolha dos
produtos isolados
ou das formulações
e quais utilizar deve
levar em conta a
necessidade da lavoura, a composição, as doses as
facilidades e os custos.
Na tabela aqui apresentada pode-se observar a
composição básica de cada uma das formulações
referidas e as doses indicadas, havendo formulações
que variam ligeiramente para atender regiões
específicas.
Composição dos nutrientes e doses para uso, em formulações corretivas/protetivas
Nutrientes (%)
Zinco
Boro
Cobre
Manganês
Magnésio
Potássio(***)
Dose indicada/ha
Viça-café( **)
6 a 8,2
3a5
10
2a7
1a3
10
4 -5 kg
Multisais-café (*)
9
3,8
5,4
1,2
15
4-5 kg
FH-foliar
7
4
16
10
4 kg
(*)
fórmula básica-manutenção,
acrescentando 1-2 kg de Kocide/ha
(**) 6 formulações no mercado, podendo
ser formuladas outras para
atendimento regional, existindo em
desenvolvimento formulações sem
cobre e outras com maior teor de cobre.
(***) o potássio(cloreto) é incluído para
melhorar a absorção do zinco.
SÉRIE ESTATÍSTICA
43
ANÁLISE DO CUSTO DE PRODUÇÃO DE CAFÉ NO SUL E
OESTE DE MINAS GERAIS
A. W. R. Garcia e J.B. Matiello - Engs. Agrs. MAPA/Procafé
Uma análise dos custos de produção de café,
estimados para a região Sul/Oeste de Minas,
mostra que os componentes do custo sofreram
aumentos expressivos, principalmente a mão-deobra, que subiu do equivalente a U$ 68,00 por mês
para U$ 280,00, já incluído os encargos. Os
fertilizantes também aumentaram muito, pois
custavam cerca de U$200,00 por tonelada e hoje
atingem cerca de U$ 500,00. Os demais itens de
despesa, que entram no processo produtivo, como:
combustíveis, energia elétrica, equipamentos,
utensílios, entre outros, também sofreram
majorações acima da inflação.
O quadro 1, com um comparativo dos custos
estimados em 2002/03 e os atuais (2007/08 e
projeção para a safra 2008/09), mostra esses
acréscimos nos custos de produção por saca..
Por outro lado, o preço do café permaneceu
no mesmo valor, em reais, de 8 anos atrás. Embora
o preço externo, em dólares, esteja razoável, a
política cambial não ajuda. Assim, o preço
recebido pelo cafeicultor, na média de
produtividade obtida, não cobre mais os custos,
contribuindo sobremaneira para o desaquecimento
do setor, resultando no sucateamento progressivo
de lavouras e benfeitorias. Veja-se que a
produtividade média, obtida na safra 2007/08, foi
aproximadamente de 13 sacas beneficiadas por
hectare, este considerado um ano de safra baixa. O
ano próximo, de 2008/09, seria de safra alta, porém
houve comprometimento de safra pelo déficit
hídrico registrado, mais de 300mm até o inicio das
chuvas, que ocorreram somente no final de
outubro/07. Se considerarmos, mesmo assim,
alcançar em 2008 a produtividade de 20 scs/ha, o
custo de produção continuará acima do preço
praticado pelo mercado, o que pode elevar, ainda
mais, o grau de endividamento e,
conseqüentemente, o sucateamento progressivo do
setor cafeeiro local.
A situação de baixa rentabilidade na
cafeicultura regional tem sido agravada pela
situação climática desfavorável (temperaturas
mais altas e déficits hídricos acima da normalidade
histórica), observada nos últimos anos, resultando
na situação de safras baixas, sendo que a partir do
ano 2000 somente em 2002 e 2006 tivemos boas
safras.
No gráfico 1 pode-se observar as curvas de
custo e os preços de equilíbrio dentro das
produtividades obtidas.
Pode-se verificar que a manutenção do
cafeicultor na atividade, persistindo as condições
atuais de preços/custos, será possível somente para
aqueles que partirem para mudanças significativas
(mudanças de paradigmas), com utilização de bom
nível tecnológico, inclusive usando irrigação e
colheita mecanizada, visando a obtenção de
produtividades superiores a 40 scs/ha.
Diante do conhecimento dos componentes de
custo verifica-se que a viabilidade da produção de
café estará ligada, principalmente, aos pequenos
produtores, com mão-de-obra própria,
desonerados de responsabilidades diversas, ou,
então, aqueles altamente planejados, tecnificados
e que utilizarem colheita mecânica.
A esperança do setor da produção é de que o
consumo crescente do café a nível mundial,
combinado com a redução de estoques e à perda do
potencial produtivo de nossos cafezais, influam na
elevação do patamar de preços do café. Caso
contrário, a tendência é o desaquecimento do setor,
SÉRIE ESTATÍSTICA
44
com áreas cafeeiras sendo ocupadas
outras culturas de maior rentabilidade.
Sacas/ha
por
Quadro 1. Evolução do Custo de Produção de
Café – Safras: 2002/03, 2007/08 e 2008/09.
Custo R$
Acréscimo
%
Projeção
2008/09
2002/03
2007/08
40
30
20
10
146,17
162,87
178,47
259,42
230,41
262,39
285,80
388,79
58
61
60
50
256,00
292,00
318,00
432,00
Média
186,73
291,84
56
324,00
Gráfico 1: Curvas de Custo de Produção de Café – Safra 2007/08 e 2008(Projeção) e pontos de
equilíbrio com as produtividades.
450
400
350
R $
300
2008/09
250
2007/08
200
150
100
0
10
20
30
40
sacas/ha
2007/2008
2008/2009
50
Estação de Avisos Fitossanitários: Boletins mensais com condições climáticas e
acompanhamento do crescimento do cafeeiro e evolução das pragas e doenças no
Sul de Minas.
Laboratório de Solos e Folhas presta serviços de análise de macro e
micronutrientes. Alameda do Café, 1000 - Bairro Jardim Andere - CEP: 37026400 - Varginha, MG.
Venda de Sementes de Café categoria S1 das principais cultivares. Consulte a
disponibilidade.
Serviço de Atendimento e Consultas por e-mail
([email protected]) ou por telefone (0xx35-3214-1411 ou
0xx21-2233-8593).
Com 100 anos, é reconhecida como uma das melhores Instituições de Ensino do
País, e seu reconhecimento se deve à inquestionável capacitação física e humana
a serviço do ensino, pesquisa e extensão; considerada pelo Ministério da
Educação como “Centro de Excelência”.
Oferece os seguintes cursos de graduação: Agronomia, Administração,
Engenharia Agrícola, Engenharia Florestal, Zootecnia, Medicina Veterinária,
Ciência da Computação, Engenharia de Alimentos, Química e Ciências
Biológicas.
Possui também 80 (oitenta) cursos de Pós-Graduação, entre LATO SENSU,
STRICTO SENSU e Doutorado.

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