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ISSN 1808-5172
997718085172133
Anuário brasileiro da
Brazilian Cattle Ranching yearbook
2013
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Soluções para um Mundo em Crescimento
Sílvio Ávila
Anuário brasileiro da
Brazilian Cattle Ranching yearbook
2013
|1|
EXPEDIENTE
Robispierre Giuliani
PUBLISHERS AND EDITORS
Rua Ramiro Barcelos, 1.224, CEP: 96.810-900,
Santa Cruz do Sul, RS
Telefone: 0 55 (xx) 51 3715 7940
Fax: 0 55 (xx) 51 3715 7944
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Site: www.editoragazeta.com.br
EDITORA GAZETA SANTA CRUZ LTDA.
CNPJ 04.439.157/0001-79
Diretor-presidente: André Luís Jungblut
Diretor-de-Conteúdo: Romeu Inacio Neumann
Diretor-Comercial: Raul José Dreyer
Diretor-administrativo: Jones Alei da Silva
Diretor-Industrial: Paulo Roberto Treib
ANUÁRIO BRASILEIRO DA PECUÁRIA 2013
Editor: Romar Rudolfo Beling; editor assistente: Daniel Neves da Silveira; textos: Heloísa Poll, Benno
Bernardo Kist, Cleiton Evandro dos Santos, Cleonice de Carvalho, Erna Regina Reetz e Daniel Neves da
Silveira; supervisão: Romeu Inacio Neumann; tradução: Guido Jungblut; fotografia: Sílvio Ávila, Inor
Assmann (Agência Assmann), Robispierre Giuliani e divulgação de empresas e entidades;
projeto gráfico e diagramação: Márcio Oliveira Machado; arte de capa: Márcio Oliveira Machado, sobre
fotografia de Sílvio Ávila; edição de fotografia e arte-final: Márcio Oliveira Machado;
marketing: Maira Trojan Bugs, Tainara Bugs e Rafaela Jungblut;
supervisão gráfica: Márcio Oliveira Machado; distribuição: Simone de Moraes;
impressão: Gráfica Coan, Tubarão (SC).
ISSN 1808-5172
É permitida a reprodução de informações desta revista, desde que citada a fonte.
Reproduction of any part of this magazine is allowed, provided the source is cited.
Ficha
A636
Anuário brasileiro da pecuária 2013 / Heloísa Poll ... [et al.]. – Santa Cruz do Sul : Editora
Gazeta Santa Cruz, 2013.
128 p. : il.
ISSN 1808-5172
1. Pecuária - Brasil. 2. Bovino - Brasil. I. Poll, Heloísa.
CDD : 636.20981
CDU : 636(81)
Catalogação: Edi Focking CRB-10/1197
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PECUÁRIA LEITEIRA NA BAHIA.
INVESTIMENTO QUE SÓ FAZ CRESCER.
DAIRY CATTLE IN BAHIA.
GROWTH-ORIENTED INVESTMENTS.
3o maior rebanho leiteiro
do país em número de
vacas ordenhadas.
Adesão ao Sistema
Brasileiro de Inspeção de Produtos
de Origem Animal.
Estado livre da aftosa,
com vacinação e emissão
de GTA eletrônica.
3rd largest dairy cattle herd
in the country in number
of dairy cows.
Adhesion to the
Department of Inspection
of Animal Origin Products.
State recognized as free from foot
and mouth disease with vaccination,
and electronically printed GTA.
www.seagri.ba.gov.br | [email protected]
Melhoramento genético
através do programa
PRÓ-GENÉTICA.
Programa Estadual do Leite –
Leite Bahia: para aumentar a produção
e garantir a qualidade do leite.
Genetic enhancement
through the
Pro-Genetics program.
State Milk Program –
Bahia Milk: for higher production
and milk quality assurance.
Terrenos com solo,
clima e custo favoráveis.
Areas of land with favorable soil,
climate and affordable prices.
sumário
Robispierre Giuliani
summary
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Apresentação
10 Introduction
14 Minister’s Word
GADO DE CORTE
16 Beef Cattle
produçÃO
16 PRODUCTION
mercado
28 market
Perfil
44 Profile
sanidade
66 sanity
GADO DE LEITE
82 Dairy Cattle
Cenário
82 Scenario
Perfil
100 profile
OVINOS E CAPRINOS
114 Sheep and Goats
EVENTOS
124 Events
A palavra do Ministro
PLANO AGRÍCOLA E
PECUÁRIO 2013/2014.
COMEÇAR COM CRÉDITO
É MUITO MAIS FÁCIL.
O Brasil é um dos líderes da
agropecuária no mundo, com recordes
de produção a cada ano. Praticamente
tudo o que os brasileiros consomem
passa pela cadeia produtiva do
agronegócio, o que movimenta a
economia e garante cerca de
30 milhões de empregos no país.
Parte da produção é exportada,
contribuindo significativamente para
a balança comercial. Por isso, investir
na agropecuária é investir no Brasil.
Com o Plano Agrícola e Pecuário
2013/2014, mais de 5 milhões de
propriedades rurais podem contar com
crédito para desenvolver a produção:
insumos, equipamentos, irrigação,
armazenagem e muito mais. E assim
continua o ciclo de crescimento.
R$ 136 BILHÕES PARA PLANTAR, COLHER E
GARANTIR ABASTECIMENTO. É MELHORIA DE
RENDA E MAIS ACESSO AO SEGURO RURAL.
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0800 704 1995 | AGRICULTURA.GOV.BR
FACEBOOK.COM/MINAGRICULTURA
Inor Ag. Assmann
Na cabeça
Se o agronegócio brasileiro fosse encarado como um desafio entre os diversos setores, seria possível dizer que
nesse certame está dando boi na cabeça. Um dos mais tradicionais segmentos da atividade produtiva e industrial do País, a criação de gado, de corte ou de leite, impulsiona a economia em praticamente todas as
regiões. Com cerca de 212 milhões de cabeças bovinas, o rebanho é um dos maiores do mundo, e
em torno dele os índices de desempenho têm crescido ano a ano.
Mas é em sua inserção nos mercados que o Brasil se diferencia. Em 2012, a cadeia
produtiva retomou a condição de maior exportadora de carne de gado do
mundo, recuperando o posto que havia sido perdido para a Austrália no ano anterior. Os embarques resultaram em receita de US$
5,769 bilhões, recorde absoluto, 6,8% superior ao melhor
faturamento registrado até então, em 2008. As vendas envolveram volume de 1,134 milhão de toneladas, com
crescimento de 13,39% em relação ao ano anterior.
Esse cenário mostra o quanto o Brasil se tornou competitivo e eficiente na pecuária bovina,
seja a de corte, seja a de leite, que igualmente
melhora seu retrospecto. Em outros segmentos, como os búfalos, os ovinos, os
caprinos ou os equinos, o País também
tem feito significativos investimentos a fim
de qualificar o rebanho, adotando genética
de vanguarda, e de modernizar a estrutura.
Boa parte desse sucesso, que une o produtor
ao industrial, deve ser creditado à pesquisa.
E, neste ambiente, poucas instituições foram de tão valiosas quanto a Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada
ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Em 2013, ela está completando 40
anos de trabalhos, tendo assinado algumas das tecnologias fundamentais que permitiram aos criadores brasileiros alcançarem o topo mundial na produção de carne.
Com genética de primeira linha e técnicas que hoje já são
exportadas para outras nações, o Brasil avança a passos largos,
com segurança e atenção máxima à sanidade, para abastecer suas
necessidades internas e alimentar a população mundial. Depois de
ter retomado a frente no mercado da carne, dificilmente o País deixará
escapar as chances que forem criadas. Porque desbravar novos caminhos e
consolidar-se pela excelência são ações que fazem parte da essência deste setor.
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Robispierre Giuliani
Hitting
the jackpot
If agribusiness were treated as the Animal Game, it would not be wrong to say that the numbers
assigned to the “ox” are coming up all the time. One of the most traditional segments of the productive and industrial activities, cattle breeding, either beef cattle or dairy livestock, drives the economy
in almost every region. With about 212 million head of cattle, the herd is one of the largest in the
world, with its performance rates rising year after year.
What really makes a difference is Brazil’s performance in the different markets. In 2012, the supply chain recovered its status as biggest meat exporter in the world, a position that had been taken
up by Australia the previous year. The shipments brought in revenue of US$ 5.769 billion, an absolute
record, up 6.8% from the biggest amount of revenue reached up to that time, which took place in 2008.
Sales amounted to 1.134 million tons, up 13.39% from the previous year.
This scenario attests to what extent Brazil has become competitive and efficient in cattle farming,
whether beef cattle or dairy livestock, with an equally brilliant background. In other segments, like
buffalos, sheep, goats or equines, the Country has also made significant investments to qualify the
herds, resorting to avant-garde genetics, whilst modernizing the structure. It is research that is credited with a great deal of this success, which brings producers and industries together.
And, in this environment, few institutions were as valuable as the Brazilian Agriculture Research Corporation (Embrapa), a division of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA). In 2013,
Embrapa is celebrating its 40th anniversary and, during all these years, the corporation excelled in launching fundamental technologies that made Brazilian cattle farmers climb to the top of global meat production.
With first class genetics and technical procedures that are being exported to other nations, Brazil
is now making strides, in a very safe manner, towards maximum sanitary standards, whilst supplying its internal needs and global markets. After having recovered the leading position in the market,
the Country will never miss out on the newly created chances. Venturing into new territories and
consolidate through excellence are integral parts of this sector.
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A palavra do ministro
minister’s word
Um setor
diferenciado
Antônio Andrade
Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
Divulgação
O desenvolvimento do agronegócio se
destaca dos demais setores da economia
brasileira, não apenas por ser fundamental
na produção de alimentos, mas em diversos aspectos econômicos. Apenas em relação ao produto interno bruto das propriedades rurais, o crescimento médio anual
desde 1994 tem sido de 3,8%, enquanto o
setor de serviços apresenta média de 3% e
a indústria, de 2,6%.
Mais do que os números expressivos,
esses resultados se refletem na
economia do País. O agronegócio é responsável por
quase um quarto do PIB
brasileiro. Já nas exportações, é a balança comercial agropecuária
– US$ 80 bilhões apenas em 2012 – que há
anos sustenta o saldo
positivo do Brasil.
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O crescimento contínuo do setor é explicado de várias formas, mas o fator principal é
o aprimoramento da estrutura por trás desse
mercado. A nossa produção nos campos, seja
devido às pesquisas ou ao alinhamento entre
governo e iniciativa privada, há tempos se
tornou exemplo mundial.
As pesquisas têm proporcionado o aumento da produtividade nas lavouras. A tecnologia permitiu alternativas sustentáveis e
rentáveis, como a rotação de culturas dentro
de uma mesma propriedade e até mesmo o
plantio de duas safras em uma mesma temporada. Com isso, a produção de grãos mais
do que duplicou, passando de 76 milhões
de toneladas na safra 1993/94
para 166,17 milhões de
toneladas no ciclo
2011/12. No mesmo período, a área
de plantio cresceu
apenas 30%.
A pecuária
tem exemplo ainda mais impressionante. Reduziu em
8% a área de pastagem
entre 1975
e 2011, enquanto o total de cabeças de
gado praticamente dobrou. A qualidade
dessa produção também é reconhecida, o
que tem possibilitado ao Brasil estar entre
os maiores produtores e exportadores de
carne do mundo.
Para um incremento ainda mais acentuado desse importante segmento da economia, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e os demais órgãos
do governo federal estão intensificando o
apoio ao setor. Entre os anos de 2006 e
2012, os financiamentos a juros subsidiados aumentaram em 155% aos produtores
rurais. Mas ainda é possível fazer mais.
O próximo Plano Agrícola e Pecuário
contemplará ainda mais aos produtores,
com taxas de juros diferenciadas e condições
facilitadas de acesso ao crédito. Está entre os
objetivos fortalecer o médio produtor rural,
assim como ampliar o apoio às atividades de
irrigação e a capacidade de armazenagem.
Isso sem esquecer os demais atores do agronegócio, que vão perceber mudanças significativas e positivas na safra 2013/14.
Além de primordial, o setor agropecuário brasileiro é diferenciado, conseguindo se
superar a cada safra. Inova e mostra resultados positivos na economia nacional. Fomentar as atividades no campo é mais do que
garantir alimentos para o povo brasileiro. É
pensar de forma estratégica no desenvolvimento do nosso País.
sector
Antônio Andrade
Minister of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA)
Agribusiness differs from other sectors of the Brazilian economy not only for its fundamental role in the production of food,
but in several economic aspects. With regard to the Gross Domestic
Product of the rural properties, its annual growth rate, since 1994,
has remained at 3.8% a year, while the service sector evolves 3%
and the industry, 2.6%.
More than the expressive numbers, these results reflect on the
economy of the Country. Agribusiness accounts for almost one fourth
of the Brazilian GDP. In exports, it is the agribusiness trade balance
– US$ 80 billion in 2012 - that sustains a positive balance for Brazil.
The continued growth of the sector involves several explanations, but the leading factor is the improvement of the structure
behind this market. Our production in the farms, whether as a
result of research work or the alignment between the government
and private initiative, has for years set an example to the world.
Research works have provided for higher productivity rates for
our crops. Technology has shown viable and profitable alternatives,
like crop rotation within the limits of a field and even two crops
grown simultaneously on the same stretch of land. This has made the
production of grains more than double, from 76 million tons in the
1993/94 cycle to 166.17 million tons in the 2011/12 crop year. During
Sílvio Ávila
A different
the same period, the planted area increased only by 30%.
Cattle farming operations set even a more expressive example.
Grassland areas were reduced by 8% from 1975 to 2011, while the
number of head of cattle almost doubled. The quality of this operation is also acknowledged worldwide, leading Brazil to the position
as biggest meat producer and exporter in the world.
So as to make this important segment of the economy grow
even further, the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA) and other organs of the federal government are lending more and more support to the sector. From 2006 to 2012, credit
lines with subsidized interest rates soared 155% at farmer level.
But there is still room for doing more.
The next Agricultural and Livestock Plan will include further
benefits to producers, with different interest rates and easy access
to credit lines. One of the objectives consists in strengthening the
medium rural producers, as well as expanding irrigation systems
and Brazil’s warehousing capacity, but without overlooking all
the other agribusiness players, who will also be the target of significant and attractive changes in the 2013/14 crop year.
Besides being of primordial importance, the Brazilian agribusiness sector excels in exceeding itself at every new crop year. It innovates and brings positive results for the national economy. Fostering
rural activities is more than just providing food for the people. It is
strategic thinking focused on the development of the Country.
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gado de corte
Beef Cattle
produção
production
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Robispierre Giuliani
vAMOS nessa?
Vocação agropecuária afirma a capacidade
referencial do Brasil na produção de carne bovina
de qualidade para abastecer o mercado mundial
Em cada diferente e distante rincão de
um Brasil de dimensões continentais, e
a cada ano que passa, reafirma-se a vocação natural deste País para a produção de
alimentos. Com as nações em desenvolvimento avançando na geração de renda e
alterando seus hábitos alimentares cada
vez mais para o consumo de proteínas, a
realidade da bovinocultura de corte brasileira não poderia ser diferente.
No ciclo 2012/13, esta cadeia produtiva levou o País novamente à condição de
maior exportador mundial de carne. Não
é esta uma ação dissociada, individual,
avulsa. É parte de um processo que faz
do Brasil uma grande potência agropecuária, um dos grandes celeiros do mundo.
E não seria exagero compará-lo, também,
a um imenso complexo de abastecimento
e de industrialização de alimentos, dentre eles as carnes.
À medida em que cresce a demanda
mundial por proteína, os brasileiros elevam sua produção, sua capacidade de
abate e de logística, a qualidade das carnes e sua produtividade. São requisitos
cruciais para impulsionar tanto as vendas
externas quanto o abastecimento do forte
mercado interno, diante da realidade de
redução na área disponível, estabelecida
pela disputa de terrenos com a agricultura, em especial as lavouras de grãos.
Os índices produtivos brasileiros estão crescendo, com a terminação de mais
animais, com peso maior, em menor área
disponível. Isso resulta do aporte de tecnologias no manejo dos rebanhos e das
pastagens e na indústria. Em se tratando
de pecuária, há muito ainda a crescer diante do potencial deste Brasil imenso, vocacionado a produzir alimentos. O caminho
está sendo trilhado. Mesmo a passo de boi.
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Robispierre Giuliani
let’s GO?
Brazil’s agriculture-oriented economy reaffirms
its capacity as a reference in the production of quality bovine
meat for supplying the global market
In every distant and remote region in Brazil’s continental dimensions, and year after
year, the natural vocation of this Country for the production of food is reaffirmed. With
the developing nations making strides in the generation of income, altering their eating
habits towards the consumption of more and more proteins, the reality of the Brazilian
beef cattle operations could not be different.
In the 2012/13 cycle, this supply chain again brought Brazil back to the position as
leading global meat exporter. This is no dissociate, individual or random situation. It is
an ingredient in the process that turns Brazil into a powerful agriculture-oriented Country, a real granary of the world. And it would be no exaggeration to compare Brazil to an
immense food supply and industrialization complex, where meat is the highlight.
As global demand for protein soars, the Brazilian farmers increase their production
volumes, their slaughtering and logistic capacity, the quality of the meat and their productivity rates. These are critical requisites if both the domestic and the foreign markets
are to be supplied, in light of a reality of smaller areas available, brought about by tight
competition with cropping businesses, especially cereal crops.
In Brazil, productive rates are on the rise, with cattle in the finishing phase putting on
more weight, in smaller available feedlots. This stems from the use of more technology in
cattle management, pastureland and industry. In terms of livestock operations, Brazil
has still a long way to go if the potential of producing food is to be fully explored. Although
on a slow path, the country is on the right track.
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para ir além
Cadeia produtiva da carne bovina brasileira
mostrou maior eficiência produtiva e mais competitividade
no mercado internacional em 2012
A produção brasileira de bovinos e de
carne apresentou evolução e maior eficiência
em 2012, segundo relatório anual da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras
de Carnes (Abiec). Apesar de ver reduzidas
em um milhão de hectares as pastagens, que
recuaram de 172 milhões de hectares para
171 milhões de hectares em 2012, perdendo
espaço para soja, milho, cana-de-açúcar e até
reflorestamento, os campos brasileiros com-
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portaram maior pressão de animal por área.
O rebanho nacional foi estimado em 212
milhões de cabeças bovinas, com aumento
de 1,9% sobre 2011, quando havia 208 milhões de animais nos pastos. A média passou
de 1,2 para 1,23 unidade animal por hectare. A taxa de desfrute cresceu de 18,9% para
19,5% do contingente bovino.
Os números positivos não param por
aí. Os abates cresceram 2,28% em 2012,
passando de 39,5 milhões de cabeças em
2011 para 40,4 milhões de cabeças. E os
animais foram terminados com maior eficiência, alcançando média de 234 quilos/
carcaça, um quilo a mais do que em 2011.
A taxa de rendimento médio da carcaça zebuína manteve-se entre 51% e 55%.
Desta maneira o Brasil produziu 9,4
milhões de toneladas equivalente carcaça
(tec) de carne bovina, volume 3,3% maior
HORIZONTES | horizons
Perfil da pecuária brasileira 2011 e 2012
20112012
Rebanho (cabeças)
208 milhões
212 milhões
Área de Pastagem (ha)
172 milhões
171 milhões
1,2
1,2
Importação de animais vivos (cabeças)
5.262
273
Desfrute
18,9%19,5%
Taxa de Ocupação (cabeças/hectare)
Abate anual (cabeças)
Peso médio da carcaça
Rendimento médio de carcaça (Zebu)
Produção de carne (tec)
Mercado interno (tec)
Consumo per capita nacional (kg/ano)
Exportação (tec)
In natura (tec)
Destino Países
Industrializada (tec)
Países de destino
Miúdos e outros (tec)
Destino Países
39,5 milhões
40,4 milhões
233kg
234kg
51%-55%
51%-55%
9,1 milhões
9,4 milhões
7,6 milhões (83,5%)
7,7 milhões (81,9%)
40
40
1,5 milhão (16,5%)
1,69 milhão (18%)
1,1 milhão (71%)
1,2 milhões (73%)
87
92
260 mil (17%)
272 mil (16%)
108
106
173 mil (11%)
190 mil (11%)
62
71
Fonte: Abiec
Inor Ag. Assmann
do que as 9,1 milhões de toneladas de
2011. O mercado nacional consumiu 7,71
milhões de toneladas, equivalente a 81,9%
do total produzido, o que mantém o consumo médio anual por habitante em cerca
de 40 quilos. As 1,69 milhão de toneladas
restantes foram exportadas, representando 18,1% de toda a carne produzida no
País. O avanço sobre a quantidade embarcada para o exterior em 2011, que totalizou 1,5 milhão de toneladas, foi de 12,7%.
Ainda segundo os números da Abiec,
1,2 milhão de toneladas, ou 73% do volume
total embarcado, foram de carne in natura,
destinada a 87 diferentes países. Outras 272
mil toneladas (16%) industrializadas tiveram
como destino 106 nações, duas a menos do
que na temporada 2011. Miúdos, tripas e
outros somaram 190 mil toneladas, direcionadas a 71 países, nove a mais do que em
2011. O desafio da cadeia pecuária nacional,
em 2013, é superar os expressivos resultados
alcançados em 2012. Eis uma tarefa das mais
ousadas, a qual todo o País quer vencer.
| 21 |
Ready to
go further
Brazilian bovine meat supply chain
showed more productive efficiency and competitiveness
in the international marketplace in 201
Brazilian beef cattle production improved considerably and proved more
efficient in 2012, according to the annual
report by the Brazilian Association of Meat
Exporters (Abiec). Although experiencing
a reduction of one million hectares in
grasslands, which receded from 172 million hectares to 171 million in 2012, losing ground to such crops as soybean, corn,
sugarcane and even to reforestation, the
Brazilian cattle fields had to put up with
more animal pressure per area.
The national herd was estimated at 212
million bovine head, up 1.9% from 2011,
when there were 208 million animals on
the grasslands. The average number progressed from 1.2 to 1.23 adult cattle per
hectare. The slaughter rate of the bovine
herd soared from 18.9% to 19.5%.
The positive figures do not stop there.
The slaughter rates were up 2.28% in 2012,
from 39.5 million head in 2011 to 40.4 million. And the finishing phase turned out to
be more efficient, with an average weight
of 234 kg/carcass, up one kilo from 2011.
| 22 |
OS ESTADOS | the states
Perfil do rebanho bovino
brasileiro por Estado
Estado
Participação %
Mato Grosso
13,8
Minas Gerais
11,2
Mato Grosso do Sul
10,2
Goiás10,1
Pará8,6
Rio Grande do Sul 6,8
Rondônia5,7
São Paulo
5,2
Bahia5,0
Paraná4,4
Tocantins3,8
Maranhão3,4
Santa Catarina 1,9
Outros9,9
Brasil100
Fonte: IBGE - 2011
Average yield per zebu carcass ranged
from 51% to 55%.
Within this contest, Brazil produced 9.4
million tons of bovine meat carcass weight
equivalent, up 3.3% from the 9.1 million tons in 2011. The national market consumed 7.71 million tons, equivalent to 81.9% of the total produced in
the Country, which translates into an average annual per capita consumption of 40
kilos. The remaining 1.69 million tons were
shipped abroad, representing 18.1% of the
total produced in Brazil. Shipments abroad
amounted to 1.5 million tons, up 12% from
the previous year.
According to Abiec sources, 1.2 million
tons, or 73% of the total volumes shipped
abroad, were fresh meat, destined for 87
different countries. The 272 thousand tons
(16%) of industrialized meat were shipped
to 106 countries, two less than last year.
Giblets, intestines and other such items
amounted to 190 thousand tons, shipped
to 71 countries, nine more than in 2011.
The challenge of the national meat supply
chain in 2013 consists in surpassing the
expressive results achieved in 2012. It is a
very bold task our Country is determined
to perform.
Inor Ag. Assmann
QUEM É QUEM | who is who
10 municípios com os maiores efetivos de
bovinos de corte do Brasil
Município
São Félix do Xingu (PA)
Corumbá (MS)
Ribas do Rio Pardo (MS)
Juara (MT)
Vila Bela da Santíssima Trindade (MT)
Cáceres (MT)
Alta Floresta (MT)
Aquidauana (MS)
Vila Rica (MT)
Nova Crixás (GO)
Cabeças%*
2.101.726 1,0
1.700.651 0,8
1.147.142 0,5
927.838 0,4
888.430 0,4
887.323 0,4
838.919 0,4
758.466 0,4
729.953 0,3
710.000 0,3
* Percentual sobre o rebanho nacional - Fonte: IBGE
| 23 |
Que vença
o melhor
A competição da pecuária por áreas com a
agricultura prosseguirá e vai exigir que a bovinocultura
de corte seja cada vez mais eficiente no Brasil
Mudanças estruturais importantes estão acontecendo na pecuária brasileira,
principalmente pela disputa de área com
grãos e cana-de-açúcar – e este deverá ser
o foco do setor nos próximos anos. “A pecuária nacional precisará avançar em produtividade e competitividade. Este é o desafio”, prevê o analista Paulo Molinari, da
consultoria Safras & Mercado. Em seu entender, a principal mudança nos últimos
anos tem sido o avanço dos grãos sobre
as pastagens, e também do confinamento,
como alternativa à competição por área.
| 24 |
“Os preços do bezerro em alta nos últimos cinco a seis anos provocaram a retomada da retenção de matrizes e um novo período de melhoria da oferta de animais para
abate em 2012 e em 2013”, reforça Molinari.
“Esta é uma situação que deve perdurar em
2014 e 2015”. Ele entende, no entanto, que
este movimento cíclico da pecuária é difícil
de ser modificado de forma radical.
O perfil de produção extensiva, ainda
atraído pelo preço “baixo” das terras em
várias localidades do Centro-Norte do País,
mantém a produção em um mix de gado
no pasto e de avanço no confinamento.
Segundo Molinari, é comum perceber a
migração do sistema pecuário extensivo
para o intensivo, devido à valorização das
terras dirigidas à produção de grãos. “Ainda
que, estatisticamente, haja terras disponíveis para a bovinocultura, nota-se que as
melhores áreas, e as mais bem-localizadas,
são tomadas por grãos”, comenta. “Os pecuaristas precisam investir mais em adubação de pastagens e recuperação do solo. A
pecuária concentra-se em solos mais fracos
e de baixa produção de pasto”.
Robispierre Giuliani
Neste cenário, ao invés de investir em
melhores pastagens, os pecuaristas adotam o
confinamento, em alguns casos o ano inteiro. “Esta parece ser a tendência natural nos
grandes e tradicionais centros de produção
do Centro-Oeste e do Sudeste, onde a pecuária tem dificuldade de crescimento em
virtude da valorização de terras”, acrescenta
Molinari. Ele considera que não se pode
mais referenciar a bovinocultura nacional
pela estatística de abate de vacas em relação
ao total de animais abatidos no País. “Atualmente, há confinamentos que se dedicam às
fêmeas e não estão relacionados ao processo
de criação da pecuária”, revela.
MUDANÇA DE CENÁRIO O objetivo maior da pecuária, então, está no processo da criação. O rebanho de vacas e o
nascimento de bezerros em maior volume
estão cada vez mais sendo identificados
com as regiões de terras ‘baratas” e disponíveis, o que ocorre basicamente no Norte
do Brasil. O Pará, por sua extensão, e pela
baixa entrada do cultivo de grãos, é o grande produtor de bezerros na atualidade.
Por este quadro, nota-se que a pecuária nacional terá uma cadeia produtiva
modificada nos próximos anos, com o
fornecimento de animais de reposição
no Norte do País e o acréscimo de confinamento no Centro-Oeste e no Sudeste.
“Os estados do Centro-Oeste devem perder força na criação, assim como já ocorreu com o Sudeste”, assinala Paulo Molinari, da Safras & Mercado. Este fenômeno
ficará mais evidente a cada investida do
segmento de grãos e da cana-de-açúcar
por áreas de cultivo no Centro-Oeste.
| 25 |
May the best win
Competition between crops and livestock
operations will continue and will require beef cattle farming to
be even more effective in the future in Brazil
Relevant structural changes are underway in Brazilian cattle farming, especially
because of the competition for area devoted
to sugarcane and cereal crops – and this is
likely to be the sector’s focus over the next
years. “Cattle breeding in Brazil will have
to make strides in productivity and competitiveness. This is the real challenge”,
| 26 |
predicts analyst Paulo Molinari, of Safras
& Mercado consulting firm. In his view, the
main change over the past years has been
the transformation of pasturelands into
cropping land, with cattle confinement as
an alternative to the competition for areas.
“Soaring calf prices over the past five to
six years have encouraged the cattle farmers
to retain their bulls and cows, whilst creating a better supply scenario for animals to
be slaughtered, in 2012 and 2013”, Molinari
comments. “This situation is likely to persist
throughout 2014 and 2015”. Nonetheless,
he understands that this is a cyclical movement in cattle farming and it is very difficult
to change it radically.
resorting to confinement schemes, in some
cases all year round. “This seems to be the
natural trend in the huge and traditional
production centers in the Center-West and
Southeast, where cattle farming is hardly
growing because of the high value of the
land”, Molinari adds. He maintains that
it is no longer possible to reference Brazil’s
beef cattle production simply equating the
number of cows slaughtered to the total
number of animals taken to the slaughterhouses in Brazil. “Currently, there are
confinements exclusively devoted to breeding females and they are not related to the
cattle farming process”, he reveals.
A CHANGING SCENARIO A major
objective of cattle operations does not lie in
the breeding process. The cow herd and the
birth of calves now on the rise are increasingly identified with the regions where
“cheap” land is available, which basically
occurs in the North of Brazil. The State of
Pará, by virtue of its huge extension and
few areas devoted to crops, is now the leading producer of calves.
This picture gives us an idea of how much
the Brazilian cattle supply chain is poised to
change over the next years, with replacement
animals being supplied by the North, and
more confinements in the Center-West and
Southeast. “Cattle rearing is bound to lose its
allure in the Center-West States, just like what
happened in the Southeast”, says Paulo Molinari, of Safras & Mercado. This phenomenon
will become all the more evident at every attempt by the grain and sugarcane segments
towards taking over areas in the Center-West.
Robispierre Giuliani
The extensive production profile, still alluring because of the low price of the land
in several regions across the Center-West
region in Brazil, is keeping the operation in
a mix of grass-fed cattle and strides in confinement operations. According to Molinari,
migrations from extensive cattle farming to
confinement has become commonplace, by
virtue of the high value of the land devoted
to the production of grains. “Although, statistically, there is land available for cattle
rearing, the best areas, and the ones that are
strategically located, are devoted to crops”,
he comments. “Cattle farmers should invest
in grassland fertilization and soil recovery.
Cattle farming is still concentrated in poor
soils where slow-growing grass abounds”.
In this scenario, instead of investing in
improved pasturelands, cattle farmers are
| 27 |
mercado
market
Mandando ver
Em 2012, o Brasil superou obstáculos e
confirmou as expectativas ao recuperar o posto de
maior exportador mundial de carne bovina
| 28 |
Conforme dados da Associação Brasileira das
Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec),
apesar do grande desempenho, o montante
faturado em 2012 ficou um pouco abaixo do
que era esperado, de US$ 5,8 bilhões. Isso
acabou sendo reflexo da conjuntura macroeconômica recessiva, que provocou pequena
redução no preço médio da carne exportada.
Em média, o valor da tonelada praticado
no mercado externo ficou em US$ 4.637,10,
registrando recuo de 5,34%. O maior percentual de crescimento de receita em 2012
foi das tripas, com avanço de 58,38%, para
US$ 143,705 milhões. A carne salgada somou
US$ 28,613 milhões em receita cambial,
com alta de 11,07%; as peças in natura,
US$ 4,493 bilhões, com avanço de 7,81%; e
os industrializados, US$ 662,384 milhões,
com aumento de 2,96%. As exportações de
miúdos tiveram queda de 1,45%, baixando
para US$ 441,818 milhões.
Inor Ag. Assmann
Em 2012, a cadeia produtiva brasileira
da carne bovina estabeleceu como meta recuperar a liderança no mercado mundial. A
posição havia sido perdida para a Austrália
em 2011, em função do câmbio desfavorável, do embargo russo e da redução na
demanda por conta da crise europeia, entre outros fatores conjunturais. O objetivo
fixado foi plenamente alcançado: o País não
apenas recuperou a posição de número um
do mundo em vendas internacionais do
produto como também alcançou seu recorde, movimentando U$$ 5,769 bilhões.
Este valor representa 6,8% a mais do que
o arrecadado em 2008, ano do recorde anterior, e 7,33% sobre a receita de US$ 5,375
bilhões obtida com os embarques em 2011.
POR ITENS Em volume, os embarques
de 2012 totalizaram 1,134 milhão de toneladas, com crescimento de 13,39% perante as
1,010 milhão de toneladas em 2011, em linha com as estimativas da Abiec. As vendas de
tripas apresentaram crescimento de 83,04%,
subindo para 25,970 mil toneladas, seguidas
de carnes salgadas, com 18,85% (4,407 mil
toneladas); in natura, com 15,27% (861,372
mil toneladas); industrializados, com 4,33%
(99,696 mil toneladas); e os miúdos, com
0,99% (143,152 mil toneladas).
As clientelas
Os maiores mercados da carne bovina brasileira, em faturamento, ao longo de 2012, foram: Rússia (19%), Hong Kong (14%),
União Europeia (14%), Egito (10%); Venezuela (8%), Chile (7%), Irã (6%), Estados Unidos (3%), Arábia Saudita (3%) e Líbano
(1%). A Abiec divulgou que entre 2011 e 2012 o volume exportado cresceu em nove dos 10 maiores compradores da carne
bovina brasileira. O único recuo registrado, de 48%, foi na comercialização para o Irã, e está relacionado às questões políticas
internas do País, e não a fatores comerciais ou sanitários.
| 29 |
Waiting to see
In 2012, the target set by Brazil’s beef supply chain consisted
in recovering the leadership in the global market. The position
had been lost to Australia in 2011, by virtue of the unfavorable
exchange rate, the Russian embargo and the reduction in demand on account of the European crisis, among other structural
factors. The target was fully achieved: not only did the Country
recover its leading position in international sales but broke its
own record, with revenue of U$$ 5.769 billion.
This value is up 6.8% from the total in 2008, the year of the
previous record, and up 7.33% from the US$ 5.375 billion in
2011. According to the Brazilian Association of Meat Exporters
(ABIEC), despite the excellent performance, the amount raked in
2012 lagged behind expectations, US$ 5.8 billion. It turned out
to be a reflection from the recessive economic scenario, causing
the average price of meat to fall slightly.
On average, prices per ton practiced in the foreign market
remained at US$ 4,637.10, down 5.34%. The highest percentage
of revenue came from intestine sales in 2012, up 58.38%, totaling
US$ 143.705 million. Revenue from salted meat sales amounted
to US$ 28.613 million, up 11.07%; fresh cuts, US$ 4.493 billion,
up 7.81%; and industrialized meat, US$ 662.384 million, up
2.96%. Sales of giblets dropped 1.45%, to US$ 441.818 million.
PER ITEM In volume, the shipments in 2012 totaled 1.134
million tons, up 13.39% from the 1.010 million tons in 2011, in
line with Abiec’s estimates. Sales of intestines soared 83.04%,
to 25.970 thousand tons, followed by salted meat, with 18.85%
(4.407 thousand tons); fresh meat, with 15.27% (861.372 thousand tons); industrialized, with 4.33% (99.696 mil thousand
tons); and giblets, with 0.99% (143.152 thousand tons).
Clients
Inor Ag. Assmann
In 2012, Brazil surmounted obstacles
and confirmed expectations by recovering
its leadership in global meat exports
DESTINOS | destinations
Perfil das exportações de carne bovina do Brasil
Ano Faturamento (mil US$)
Toneladas PM (US$/t)
2006
3.857.8161.504.496,8 2.564,19
2007
4.459.3131.618.667,5 2.754,93
2008
5.402.6351.384.273,9 3.902,87
2009
4.144.7151.243.744,3 3.332,45
2010
4.814.5001.230.106,2 3.913,89
2011
5.375.6151.097.309,6 4.898,90
2012
5.766.5521.243.610 4.637,00
2013*
1.460.000 325.800**4.481,28
* Janeiro a março ** Números aproximados - Fonte: Abiec
The biggest Brazilian bovine meat markets, in revenue, over 2012, were as follows: Russia (19%), Hong Kong (14%), European Union
(14%), Egypt (10%); Venezuela (8%), Chile (7%), Iran (6%), the United States (3%), Saudi Arabia (3%) e Lebanon (1%). Abiec sources disclosed
that in 2011 and 2012 exported volumes were up in nine of the ten countries that import Brazil’s bovine meat. The only reduction - 48% - occurred with Iran, and was related to internal political questions of that Country, and not to sanitary trade factors.
| 30 |
| 31 |
Inor Ag. Assmann
Ventos a favor
Inor Ag. Assmann
Modificações na política cambial, superação da
crise europeia e novos mercados foram determinantes
para que o Brasil retomasse a dianteira
| 32 |
A retomada, pelo Brasil, da liderança no
mercado internacional de carnes bovinas se
deve, entre outros fatores, às alterações no
câmbio em 2012, à recuperação do fôlego
em alguns países da Europa e aos novos
mercados. Fernando Sampaio, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias
Exportadoras de Carne (Abiec), recorda que
esse resultado coroa uma trajetória de quase
15 anos, pois já na década passada o Brasil
crescia em importância nesse setor.
Então, houve a doença da vaca louca na
Europa, que retirou aquele continente do
cenário exportador, em plena expansão do
comércio mundial, diante do aumento de
população e de renda, especialmente em
países emergentes. “O Brasil aproveitou para
ampliar a participação no mercado com carnes de qualidade, a bom preço e com oferta
capaz de assegurar o abastecimento de muitos países, tornando-se o maior exportador
mundial”, relata Sampaio.
A crise financeira mundial, entre 2008 e
2009, enfraqueceu a demanda e interrompeu
o crescimento. “A partir daí, as vendas cresciam
em faturamento e caíam em volume, pela valorização do real, o que encareceu a carne
brasileira e afetou a competitividade”, revela o
executivo da Abiec. Em 2012, apesar da recessão na Europa, houve desvalorização do real.
“Mais competitivos, voltamos a crescer em volume e em faturamento, alcançando recorde
de vendas externas”, ressalta. A demanda das
nações árabes, da China e da Rússia foi decisiva para o montante alcançado.
EM ALTA No primeiro trimestre de 2013,
o Brasil acelerou o passo rumo a novo re-
corde, apesar do anúncio da identificação
de uma proteína que poderia gerar encefalopatia espongiforme bovina (BSE) em um
animal morto em 2010, no Paraná. “Está provado que a doença não ocorreu, mas alguns
mercados menores se fecharam”, diz Fernando Sampaio, da Abiec.
Ainda assim, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC) registrou que as exportações de carne bovina in natura no primeiro trimestre
de 2013 somaram 325,8 mil toneladas equivalente carcaça (tec), volume 33,9% maior
do que o do mesmo período de 2012. É um
recorde no trimestre desde 2008, quando
foram embarcadas 328,5 mil toneladas equivalente carcaça. As vendas somaram US$ 1,46
bilhão, com aumento de 19,7%.
Para 2013, a Abiec espera por crescimento de aproximadamente 10% nas divisas obtidas com a carne, devendo alcançar a US$
6,35 bilhões. Fernando Sampaio indica como
grandes desafios brasileiros para exportar
mais, além do câmbio, as dificuldades em infraestrutura e logística, os custos portuários,
burocráticos e tributários; e a legislação da
indústria frigorífica desatualizada, que a imobiliza e a impede de modernizar-se.
Para fugir à dependência
Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado, confirma que em 2013 o cenário aponta
para crescimento nas exportações, até pela maior oferta interna. “Mas os conflitos são os
mesmos: questões comerciais obscurecidas por variáveis sanitárias, enquanto a Índia, por
exemplo, sem status sanitário na Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), torna-se grande exportadora, inclusive para as exigentes Rússia e União Europeia”, relata.
Explica que a valorização do real na última década deixou o Brasil menos competitivo. Isso, juntamente com a oferta interna ajustada, forçou o mercado a elevar os preços
de exportação. Assim, outros países absorveram parte dos clientes. A demanda interna
teve condição particular: foi capaz de absorver preços em alta no boi gordo e na carne
bovina, absorvendo a oferta que se destinaria a exportação.
Em 2013, a continuidade deste cenário para 2014, e nos próximos anos, tende a
estar indexada à condição da oferta interna, à taxa de câmbio, à concorrência sanitária
irreal com a Índia e ao perfil da demanda internacional. Nesse contexto, é necessário
que as economias voltem a crescer de forma a expandir as importações.
Para Molinari, se o Brasil deseja vender mais não pode depender da Europa ou dos
Estados Unidos (Cota Hilton). “Mesmo atendendo estes mercados importantes, é preciso voltar-se a países que dispõem de maiores potenciais de crescimento e melhorar o
perfil de vendas nos mercados em que já opera”, recomenda.
| 33 |
Inor Ag. Assmann
Downwind
Changes to the exchange rate policy, an end to the
European crisis and new markets were determining factors for
Brazil to resume its leading position
Leaving dependence behind
Paulo Molinari, analyst at Safras & Mercado, confirms that in 2013 the scenario points to soaring exports, resulting from higher
domestic supplies. “However, the conflicts have not changed: trade questions obscured by phytosanitary variables, while India, for
example, without any sanitary status at the World Organization for Animal Health (OIE), is a huge exporter, even to the discerning
Russian and European Union markets”, he comments.
He explains that the higher value of the real in the past decade left Brazil less competitive. This, along with tight domestic
supplies, forced the market to increase export prices. This resulted into other countries attracting some of our clients. Domestic
demand turned out to be very peculiar: it was able to cope with the prices of the cattle on the hoof and of the meat, absorbing the
amounts previously earmarked for exportation.
In 2013, the continuity of this scenario into 2014, and over the next years, tends to depend greatly on the situation of our domestic supplies, exchange rate, unreal sanitary competition with India and on the profile of international demand. Within this
context, there is need for the economies to resume their growth rates, if exports are to be expanded.
Molinari understands that if Brazil wants to sell more, only depending on Europe and the United States is not enough (the
Hilton quota). Although meeting the needs of these relevant markets, there is need to turn to countries with potential for growth,
besides improving the sales profile in the markets that have so far been loyal buyers”, he recommends.
| 34 |
The fact that Brazil has climbed back to
its leadership position in the international
trade of bovine meat stems from the changes to the exchange rate policy in 2012, the
financial recovery of some European countries and to new markets, just to mention
some factors. Fernando Sampaio, executive director of the Brazilian Association
of Meat Exporters (Abiec), recalls that this
result rewards a trajectory of almost 15
years, once in the previous decade Brazil
had assumed a great importance in sector.
Back then, the mad cow disease was
hitting Europe, withdrawing this continent from the export scenario, at a time
when global trade was expanding fast,
in light of population growth and higher
purchasing power, especially in emerging
countries. “Brazil took the opportunity to
conquer a bigger chunk in the market of
quality meat, at affordable prices, and in
a position to supply several countries, becoming the largest global meat exporter”,
Sampaio comments.
The global financial crisis, in 2008
and 2009, adversely affected demand and
made growth stagnate. “From that time
onwards, sales began to recede in volume
but increase in value, due to the soaring
value of the real, a fact that pushed up
the prices of Brazilian meat and affected
competitiveness”, says the Abiec executive.
In 2012, despite the recession in Europe, the
real was devalued. “More competitive, Brazil’s meat export volumes and revenue began to soar, hitting record foreign sales”,
he stresses. Demand from the Arab countries, China and Russia played a decisive
role in this achievement.
ON THE RISE In the first quarter in 2013,
Brazil rushed towards a new record, in
spite of the announcement of the identification of a protein which could cause the
bovine spongiform encephalopathy (BSE)
disease. The protein was detected in an
animal that died in the State of Paraná,
in 2010. “The disease has surely never
occurred, but some small scale markets
closed their doors to Brazilian meat”, says
Abiec official Fernando Sampaio.
Even so, according to the Ministry of
Development, Industry and Foreign Trade
(MDIC), Brazilian fresh bovine meat exports
in 2013 reached the considerable amount of
325.8 thousand tons equivalent carcass, up
33.9% from the same period in 2012. It is a
record of the quarter since 2008, when shipments amounted to 328.5 thousand tons
equivalent carcass, up 19.7%.
For 2013, Abiec is expecting an increase of approximately 10% in revenues
from meat exports, reaching a total of
US$ 6.35 billion. Fernando Sampaio mentions the huge challenges for Brazil to export more meat, besides the exchange rate
question, the difficulties in infrastructure
and logistics, port costs, bureaucracy and
taxation; and an old-fashioned legislation regarding the meat packing industries, which curbs any progress and modernization oriented initiatives.
Paulo Backes
Para escapar
do brete
Demanda em expansão foi fundamental para
evitar pressão maior nas cotações da carne bovina na
temporada 2012 no mercado brasileiro
Alguns dados da pecuária nacional ficaram evidentes nos resultados da cadeia produtiva da carne em 2012. Os abates apontam
para crescimento próximo de 8% sobre
2011, o que representa volume de produção de carne bovina 11% superior, devido à
melhoria no peso médio de abate, conforme
dados da consultoria Safras & Mercado.
De acordo com o analista Paulo Molinari,
esta situação poderia pressionar as cotações
do boi gordo de forma acentuada em 2012, e
talvez tenha sido o real motivo para os preços
não terem atingido altas mais acentuadas no
período. “A demanda interna e a recuperação
das exportações inibiram pressão maior nas
cotações e apontaram demanda per capita
no melhor patamar desde 2006, ou seja, de
39,3 quilos por habitante ao ano”, afirma.
Na avalição de Molinari, o ano de 2013
apresenta sinais de que esta produção con| 36 |
tinuará elevada, principalmente nos confinamentos para o segundo semestre. Em
outro extremo, os custos devem ceder, com
a baixa nos preços dos grãos, principalmente do milho. Enquanto a demanda interna
se mantém equilibrada, as exportações vêm
sendo o destaque de 2013, com boa recuperação em relação ao ano anterior. Por
este motivo, Molinari acredita que, se a pretensão é sustentar os preços do boi gordo,
o foco deve ser concentrado no aumento
do fluxo de vendas externas.
O mercado de boi gordo entrou no novo
ano comercial procurando ajustar algumas
variáveis fundamentais, e que estabelecem
tendência relevante para os preços. Na
análise de Molinari, a avaliação dos preços
passados traduz alguns aspectos importantes no mercado interno: os preços médios
do boi gordo no primeiro semestre de 2012
ficaram em R$ 94,26 por arroba, base São
Paulo. O mesmo período de 2011 registrou
a média de R$ 100,44 pela arroba. “A baixa
de R$ 6,00 por arroba é relevante num ano
em que a demanda foi favorável. A explicação, portanto, está na oferta”, assinala.
Ainda segundo Molinari, os abates no
primeiro semestre de 2012 totalizaram 16,9
milhões de cabeças, superiores ao volume
de 2011, que foi de 16,1 milhões de cabeças. Não é oferta maior expressiva, mas suficiente para acomodar os preços internos.
A grande parcela desta oferta foi absorvida
pela demanda doméstica, tendo em vista
que as exportações se mantiveram muito
discretas no primeiro semestre. “Isto nos
revela que a safra de 2012 de boi gordo refletiu a expansão de oferta e que somente a
demanda interna melhorada não conseguiu
manter preços equilibrados”, sentencia.
Escaping
from the pen
Rising demand played a fundamental role
in avoiding soaring pressure over bovine meat prices
in the Brazilian market in 2012
In Molinari’s view, the year 2013 is signaling continuity to soaring production,
especially in confinements, for the second
half of the year. In another extremity, prices
are supposed to go down, with lower grain
prices, especially corn. While internal demand remains stable, exports have been the
highlight in 2013, with good recovery compared to last year. For this reason, Molinari
believes that, if high meat prices are to be
sustained, the focus should be concentrated
on higher shipments abroad.
The livestock market started the new
commercial year seeking to adjust some
fundamental variables, which establish a
relevant trend for the prices. In Molinari’s
analysis, an evaluation of past prices translates into some relevant aspects for the domestic market: average prices for cattle on
the hoof in the first half of 2012 remained
at R$ 94.26 per arroba, in São Paulo. In the
same period in 2011 the average per arroba was R$ 100.44. “The R$ 6.00 drop per
arroba is relevant in a year with favorable
demand. The explanation, therefore, lies on
the supply side”, he notes.
Molinari also maintains that in the first
half of 2012, 16.1 million head of cattle were
slaughtered. It is not an expressively bigger
supply, but enough to accommodate domestic prices. A huge portion of this offer was
absorbed by the domestic market, in light of
the fact that exports over the period showed
little reaction. “This attests to the fact that the
supply of cattle on the hoof in 2012 only reflected the soaring demand, and also shows
that domestic demand alone was unable to
keep the balance of meat prices”, he argues.
Inor Ag. Assmann
Some data related to Brazil’s cattle
farming operations became evident in
the results of the meat supply chain in
2012. The number of cattle slaughtered
increased by 8% compared to 2011, representing an 11% higher volume of bovine
meat, due to the higher average slaughter
weight, according to data released by
Safras & Mercado consulting firm.
Analyst Paulo Molinari maintains that
this situation could exert great pressure over
the price of cattle on the hoof in 2012, and
may be it has been the real reason that prevented the prices from going up even further.
“Domestic demand and an upward trend in
exports inhibited any further pressure on the
prices and pointed to the highest per capita
demand since 2006, that is to say, 39.3 kilos
per person a year”, he says.
| 37 |
Confinando
esforços
Animais terminados em confinamento
tornam-se decisivos para o equilíbrio dos preços
e da oferta de carne durante o ano todo no País
No segundo semestre de 2012, o cenário do mercado de carne bovina não foi
muito diferente do registrado no primeiro semestre: apesar da forte elevação dos
custos de confinamento, diante da valorização do milho e do farelo de soja, além
do forte noticiário de que haveria queda
no número de animais confinados, devido
à alta dos custos, o que houve realmente
foi uma situação inesperada.
O preço médio do boi gordo no segundo
semestre ficou em R$ 95,49 por arroba, base
São Paulo, diferencial safra/entressafra de
apenas R$ 1,20 por arroba. Isto indica que
a oferta do segundo semestre cresce e que
o diferencial largo de entressafra em relação
à safra já não é mais nivelado em patamares
altos, como R$ 5,00 a R$ 6,00 por arroba, em
passado recente. “Neste ritmo de expansão
de confinamentos, será normal verificarmos
spreads negativos entre o segundo semestre
e o primeiro, futuramente”, projeta o analista
Paulo Molinari, da Safras & Mercado.
Para ele, a situação se torna óbvia se forem observados os abates do segundo semestre e verificadas as proporções de crescimento do confinamento no País. “Os abates
no segundo semestre de 2011 ficaram em
16,4 milhões de cabeças. No segundo semestre de 2012, atingiram a 18,27 milhões
de cabeças. Ou seja, o sistema intensivo no
Brasil cresceu 1,9 milhão de cabeças em
2012, em relação a 2011”, descreve. “Assim,
a média de preços na entressafra de 2011
| 38 |
ficou em R$ 98,93 por arroba e cedeu a R$
95.49 por arroba em 2012. A alta do milho
contribuiu para que o preço do boi gordo
não fosse ainda pior”, observa.
Conforme Molinari, o alto custo do milho conteve parte desta ampliação no volume de confinamento, o que gerou apreensão quanto à oferta futura e possibilitou a
inibição da baixa. Mas pela primeira vez no
mercado nacional o número de animais
confinados atendeu à demanda interna
até o final de dezembro. Isto indica que o
confinamento não se concentra mais em
outubro, e, sim, inicia a oferta em julho e
se prolonga até dezembro.
Deste modo, Molinari considera que as
chances de os preços do boi gordo começarem a inverter a sua curva, mantendo-se
mais baixos no segundo semestre em relação ao primeiro, são elevadas, doravante. A
situação só não foi mais evidente em 2012
em virtude da alta demanda interna e da recuperação nas exportações.
Com a melhoria de câmbio e com a demanda internacional, as vendas internacionais de carne se recuperaram no segundo
semestre. A produção nos confinamentos
ajudou nesta disponibilidade. O consumo
interno, a partir do bom nível de emprego
e de renda, absorveu a expansão da oferta.
A demanda per capita brasileira atingiu o
melhor patamar desde 2006, ou seja, 39,3
quilos por habitante ao ano, pela avaliação
da Safras & Mercado.
Robispierre Giuliani
Confining
efforts
Animals finished in confinement are
decisive for balancing both meat supply and
demand year-round in the Country
In the second half of 2012, the bovine
meat market was not much different from
the first half of the year: In spite of skyrocketing confinement costs, by virtue of soaring
corn and meal prices, along with allegations
about a possible decline in the number of
confined livestock, due to rising costs, what
really happened was an unusual situation.
The average price of beef on the hoof, in
the second half of the year, remained at R$
95.49/arroba, in São Paulo, with a difference between season and off-season of only
R$ 1.20 per arroba. This indicates that supply goes up in the second half and that the
difference between season and off-season is
no longer as big as it used to be, something
like R$ 5.00 to R$ 6.00 in the recent past. “If
this confinement rhythm holds true, negative spreads between the first and second
half of the year will become common place
in the future”, projects Safras & Mercado
analyst Paulo Molinari.
In his view, the situation stands to reason
if slaughterings of the second half are considered and the rising confinement rates in the
Country are observed. “Slaughterings in the
second half of 2011 remained at 16.4 million
head. In the second half of 2012, they went up
to 18.27 million head. That is to say, the intensive system in Brazil Increased by 1.9 head in
2012, compared to 2011”, he describes. “This
resulted into average prices of R$ 98.93 per
arroba, in the 2011 off-season period, while
in 2012 it dropped to R$ 95.49 per arroba.
The higher corn prices were also a factor in
preventing the prices of meat on the hoof from
plummeting even further”, he observes.
According to Molinari, the high cost of
corn, in a way, curbed the expansion in
the volume of confinements, which caused
concern regarding future supplies, and inhibited the downtrend. For the first time
in the national market the number of confined animals met internal demand by the
end of December. This indicates that confinements are no longer just done only in
the month of October, but they start in July
and end in December.
Under such circumstances, Molinari has it
that the chances for the prices of meat on the
hoof to start reversing their curve, remaining
lower in the second half of the year compared
to the first half, are poised to be very high from
now onwards. The situation was not more
evident in 2012 by virtue of rising domestic
demand and the uptrend in exports.
With the more favorable exchange rate
and international demand, meat shipments
abroad experienced a recovery in the second half of the year. The higher production
volumes in confinements were also a factor
in the availability of more meat. Domestic
consumption, taking advantage of the active
job market and higher purchasing power, absorbed the bigger supplies. Per capita demand
in Brazil reached its highest level since 2006,
that is to say, 39.3 kilos per person a year,
from an evaluation by Safras & Mercado.
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Inor Ag. Assmann
O jeito é
pegar a estrada
Sem perspectiva de grande crescimento
econômico no País, a cadeia da carne vai apostar nas vendas
internacionais para garantir avanços em 2013
Pelo perfil de baixo crescimento econômico brasileiro em 2013, não há sinais de que a
demanda interna oferecerá salto no segmento
de carnes. Os preços dos produtos suínos e
de frango mantinham-se em queda acentuada no primeiro quadrimestre de 2013, até
em função da acomodação dos custos. Mas as
cotações altas do boi gordo no primeiro quadrimestre de 2013, já superando a R$ 100,00
por arroba, base São Paulo, não se ligam à demanda e, sim, à retenção do gado nos pastos
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para ganho de peso e às chuvas em excesso
no Centro-Oeste do País. “O problema é que
essa retenção oferecerá sobre-oferta no auge
da safra, em maio e junho”, avisa o consultor
Paulo Molinari, da Safras & Mercado.
A alternativa para o setor em 2013, segundo ele, é apostar na exportação. As vendas
de carne bovina precisarão ser crescentes e
expressivas ao longo do ano para inibir excedentes internos que deteriorem os preços do
boi gordo, em particular no segundo semes-
tre, “principalmente se houver recuperação
acentuada da produção na avicultura para
a metade final do ano”, emenda. Conforme
o analista, a oferta parece ter a sua trajetória
de manutenção de bons volumes já definida, principalmente se os preços do milho se
acomodarem a partir de abril. “A demanda na
exportação será o componente fundamental
na sustentação dos preços, pois a avaliação de
queda do volume confinado em 2013 está longe da realidade”, salienta Paulo Molinari.
O PAPEL DOS GRÃOS A oferta de grãos promete ser expressiva ao longo de 2013. Na verdade, o Brasil já configura ótima safra de
soja em 2013 e aponta para novo recorde de produção de milho, que deverá superar a 77 milhões de toneladas. O largo excedente brasileiro
deste grão favorecerá bastante a produção intensiva de gado no País no segundo semestre.
Há uma variável ainda indefinida: o tamanho da safra norte-americana de milho, situação que poderá colocar seus preços em patamares
mais baixos em caso de colheita normal. “Bons preços do boi gordo no primeiro semestre, contratos futuros na Bolsa de Mercadorias &
Futuros (BM&F) para animais confinados acima de R$ 100,00 por arroba; preços do milho em queda acelerada nos mercados interno e
externo, exportações com recuperação no ano, tudo são indicadores que apontam para novo recorde de confinamento no País em 2013”,
refere. “Sem crescimento significativo da economia brasileira, a saída é exportar”, conclui o analista de Safras & Mercado.
Taking to
the road
With no perspective for big economic growth in
the Country, the meat supply chain is betting on the
international market for making strides in 2013
Judging from the low profile of Brazil’s economic growth in 2013, there are
no signs for internal demand for beef to
soar considerably. Prices of chicken and
pork have been falling in the first quarter
of 2013, much because of the cost accommodation process. The high prices of meat
on the hoof in the first quarter of 2013, already outstripping R$ 100.00 per arroba,
in São Paulo, are not linked to demand,
but to the retention of cattle on pasture for
weight gain and to excessive rainfall in the
Center-West. “The problem is that retention
will result into surpluses during peak season time in May and June”, warns Paulo
Molinari, of Safras & Mercado.
The alternative for the sector in 2013,
in his view, is to bet on exports. Beef sales
need to soar progressively throughout the
year to inhibit internal surpluses likely to
deteriorate the prices of cattle on the hoof,
particularly in the second half of the year,
“especially if poultry operations make a
good recovery during the second half of
the year”, he adds. According to the analyst, supply seems to have already defined
its trajectory of good volumes, particularly
if corn prices accommodate from April
onward. “Demand from abroad will be a
basic component in sustaining the prices,
as the evaluation of a decline in confinement volumes in 2013 is a long way from
reality”, stresses Paulo Molinari.
THE ROLE OF GRAINS There is every indication for expressive grain supplies in 2013. As a matter of fact, Brazil has already harvested an excellent soybean crop this year and there are signs pointing to another record corn crop, likely to outstrip 77 million tons. The vast
surpluses of this crop will greatly benefit the cattle confinement operations in Brazil in the second half of the year.
There is still an undefined variable: the size of the North-American corn crop, a situation that could press prices down in case of a
normal crop. “Good prices for meat on the hoof in the first quarter, future contracts in the Brazilian Mercantile & Futures Exchange, for
confined livestock, above R$ 100.00 per arroba; corn prices plummeting at home and abroad, export showing signs of recovery, are all
indicators pointing to a new record in confinement in the Country in 2013”, he comments. “Without a leap in the Brazilian economy,
the wayout is to export”, concludes Paulo Molinari.
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Robispierre Giuliani
Logo depois
da curva
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
prevê crescimento anual a taxas médias de 2,1% para
a produção de carne bovina no Brasil
A produção de carne bovina no Brasil
deve seguir média de crescimento anual de
2,1% por 10 anos, segundo o estudo “Projeções do Agronegócio Brasileiro 2011/12 a
2021/22”, realizado pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa). A carne
bovina só deve ser superada, neste complexo, pela carne de frango, que crescerá o dobro: 4,2% ao ano. Estes volumes garantem
o abastecimento do mercado interno e o
crescimento das exportações.
As projeções do consumo mostram que
o mercado interno absorverá 9,4 milhões
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de toneladas de carne bovina nos próximos nove anos. Assim, o produto assumirá
o segundo lugar no aumento do consumo
doméstico, com taxa anual projetada de
2%, entre os ciclos 2011/12 e 2021/22, assumindo uma condição que era da carne
suína, mas ainda atrás das estimativas de
aumento do consumo de frango.
O Mapa prevê quadro favorável para as
exportações de carnes brasileiras. Neste
quesito, a carne bovina é superada em volumes pelas cadeias produtivas de frango e
de suínos. O estudo indica que as vendas
externas da cadeia produtiva de bovinos
devem alcançar média de 2,1% ao ano,
e para crescente número de países. Em
2011, a carne bovina foi destinada a 135
mercados, sendo o principal a Rússia.
A expectativa é de que esses mercados
se consolidem de forma crescente, de
maneira que sejam factíveis as projeções
realizadas pelo governo federal. A cadeia
produtiva, no entanto, aguarda que, além
das projeções, o Poder Público entre com
sua parte, com investimentos em logística, principalmente portuária; redução da
carga tributária e desburocratização dos
processos.
Around
the bend
Ministry of Agriculture, Livestock and
Food Supply estimates annual beef production
growth rates at 2.1% in Brazil
The production of beef in Brazil is
poised to soar at an annual rate of 2.1%
for the next 10 years, according to the
“2011/12 to 2021/22 Brazilian Agribusiness Projections” study, conducted by the
Strategic Management Advisory Council
of the Ministry of Agriculture, Livestock
and Food Supply (MAPA). Within this complex, bovine meat is to be surpassed only
by broiler meat, which is bound to double
its production: 4.2% a year. These volumes
are enough to sustain the domestic market and soaring exports.
Consumption projections point to
domestic sales of 9.7 million tons of bovine meat over the next nine years. This
will make the product rank second in the
domestic consumption growth rate, with
an annual rate projected at 2%, from
2011/12 to 2021/22, taking over the position occupied by pork, but still lagging
behind the higher estimated broiler meat
consumption rates.
The Ministry of Agriculture projects a
favorable picture for Brazilian meat exports. Within this complex, bovine meat is
outstripped in volume by the chicken and
pork supply chains. The study indicates
that the foreign sales of the bovine meat
production chain should soar 2.1% a year,
to an array of new countries. In 2011, bovine meat was shipped to 135 countries,
especially to Russia.
The expectation is for these markets to
consolidate more and more, so as to make
the projections by the federal government
feasible. The supply chain, nonetheless, expects that, besides the projections, the Government will make good on its part, with
investments in logistics, particularly port
logistics; reduction in the tax burden and
less bureaucracy in the processes.
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perfil
profile
Seguindo
as pegadas
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A preocupação do setor pecuário brasileiro em seguir os passos de seu rebanho
fica evidente a cada ano. Após o lançamento da Plataforma de Gestão Agropecuária
(PGA), em abril de 2012, outra ferramenta
chega para reforçar o controle e a qualidade da carne: o programa Qualidade desde
a Origem, do grupo Pão de Açúcar.
A iniciativa, reconhecida pela Agência Na-
cional de Vigilância Sanitária (Anvisa), monitora o produto desde a planta do fornecedor
até a venda no varejo. O programa, utilizado desde 2008 na rastreabilidade de frutas,
verduras e legumes, é novidade no setor da
carne em 2013. Por meio dele, será possível
ter o conhecimento de aspectos da cadeia
produtiva, como origem, local de criação,
nível de inspeção, embarque, chegada ao fri-
gorífico e condições do abate, entre outros.
A nova tecnologia também permite
controle rigoroso da qualidade do produto
oriundo de cerca de 30 frigoríficos. Para o
comprador, assim como para os outros envolvidos na cadeia, a transparência é a grande
vantagem. Com o mapeamento, frigoríficos,
supermercados e consumidores permanecem seguros de suas vendas e compras.
Inor Ag. Assmann
Benefícios da rastreabilidade impulsionam
lançamentos de programas e projetos no Brasil e ampliam
a aceitação dos produtos em âmbito global
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VIÉS EXCLUSIVO O programa Qualidade desde a Origem vem sendo desenvolvido exclusivamente pelo Grupo Pão de Açúcar,
Robispierre Giuliani
desde 2008. Tem como objetivo oferecer aos clientes produtos hortifrutigranjeiros com alto padrão de qualidade, respeito às normas
trabalhistas e iniciativas sustentáveis. Cinco anos depois, foi lançada a versão visando o fornecimento de carnes.
De acordo com informações disponibilizadas no site do grupo, os seis Centros de Distribuição possuem agrônomos, biólogos,
químicos, nutricionistas e veterinários capacitados para a avaliação do padrão de qualidade das mercadorias recebidas. Nos processos
internos, a qualidade dos produtos é garantida até os destinos finais, seguindo processos certificados pela ISO 9001.
Enquanto o varejo se diferencia e enaltece sua competitividade, o programa permite aumento do volume de vendas e redução de
custos para os produtores. Isso ocorre devido a um controle minucioso dos processos, de maneira que é possível a identificação e a
eliminação de falhas que encarecem e atrasam o dia a dia no campo.
Para o consumidor, além de produtos com qualidade e segurança, estar próximo do produtor e conhecer a origem dos produtos
que ingere possibilitam mais credibilidade aos artigos oferecidos nas gôndolas dos supermercados. Ao mesmo tempo, todas as informações ficam disponíveis na internet para consultas a qualquer momento.
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Following the
same path
Benefits from traceability trigger the launch
of programs and projects in Brazil and broaden the market
for Brazilian products around the world
The initiative, acknowledged by the National Health Surveillance Agency (Anvisa),
monitors the product from farm to retail.
The fruit and legume traceability program
has been in use since 2008, and has become
a novelty for the meat sector in 2013.Through
it, it will be possible to have access to different aspects of the supply chain, like animal
origin, breeding place, inspection level, shipment, arrival at meat packing industry,
slaughtering conditions, and lots more.
The new technology also allows for strict
control over the quality of the product coming from about 30 different meat packing
industries. For consumers, as well as for all
other members of the supply chain, transparency is the great edge. With this mapping
system, meat packing industries, supermarkets and consumers can rest assured about
their sales and purchases.
Inor Ag. Assmann
The concern of the Brazilian cattle farming sector in keeping track of the herd gets
all the more evident year after year. The
launch of the Cattle Breeding Management
Platform (PGA, in the Portuguese acronym),
in April 2012, represents one more tool that
reinforces all meat controlling efforts in Brazil, which gave rise to the “Quality from the
very Beginning” program, launched by the
group known as Pão de Açúcar.
EXCLUSIVE EDGE The program, ‘Quality from the very Beginning’, has been under the exclusive control of Grupo Pão de Açúcar,
since 2008. Its goal is to supply the clients with fruit and vegetables of high quality standards, complying with labor legislation and
sustainable initiatives. Five years later, a meat tracking version was launched.
According to information from the group’s website, the six Distribution Centers employ agronomists, biologists, chemists, nutritionists and veterinarians. Their job consists in controlling the quality standards of the goods they receive. From the internal processes,
product quality is ensured to the final destination, in compliance with ISO 9001certified processes.
While at retail stores these products make a difference in quality and competitiveness, the program allows for higher sales volumes
and cost reductions at farm gate level. This is the result of a strictly controlled process, whereby it is possible to identify and eliminate
flaws that increase costs and delay the everyday chores on the farm.
For consumers, besides quality and safe products, being close to the producer and knowing the origin of the products make them all the
more reliable on the supermarket shelves. In the meantime, any information can be found on the internet for consultation, at any moment.
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Sílvio Ávila
Com a cara
e a coragem
Criação de búfalos oferece grande
potencial no Brasil, mas pecuaristas ainda precisam aprender
como lidar com as peculiaridades do rebanho
Dentro do grande rebanho bovídeo brasileiro, os bubalinos ainda representam parcela relativamente pequena. De acordo com o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), em 2012 o número de animais totalizava 1,78 milhão de cabeças. Entretanto, a
Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos (ABCB) estima número quase duas vezes
maior, com 3 milhões de animais.
Conforme a entidade, cerca de 30% das
criações são para produção leiteira, com cres| 48 |
cimento anual de 45% do rebanho com essa
finalidade nos últimos anos. O presidente da
ABCB, Cláudio Varella Bruna, destaca que
quatro raças são criadas no Brasil: murrah
e jafarabadi, de origem indiana; a mediterrânea, da Itália (as três chamadas búfalos de
rio); e o carabao, comum na ilha de Marajó, e
considerado de pântano. O dirigente salienta
que o búfalo tem grande potencial de crescimento uma vez que seus produtos já são
aceitos e procurados, com demanda maior
do que a oferta, tanto para carne quanto
para o leite. Mas ainda existem obstáculos.
“O principal problema é o desconhecimento
dos pecuaristas no que diz respeito às peculiaridades da criação”, afirma. “Isso geralmente impede que o animal seja criado aproveitando todos os seus potenciais”.
Das quatro raças mencionadas, o dirigente salienta que a murrah é a mais difundida
no Brasil. Mais adequada à produção leiteira,
também possui boa comercialização para
carne e apresenta genética bem desenvolvida
no País. O touro murrah é considerado mais
dócil, o que facilita seu manejo diário. Já a
raça jafarabadi é de difícil manejo, devido ao
porte maior e aos chifres abertos e extensos,
e a carabao está entrando em declínio no
Brasil, sendo usada quase que exclusivamente nas regiões do Norte, para transporte.
A ABCB encontra dificuldades para quan-
tificar os resultados de comercialização de
carne e de leite de búfalos, ainda restrita ao
mercado interno. Muitas vezes o leite é entregue a laticínios não especializados, que
apenas o misturam ao de vaca. “Para o leite,
a única medida confiável é a declaração de
volume dos laticínios membros do Selo de
Pureza, que cresceu quase 600% em 10 anos,
a taxa praticamente constante”, salienta Cláu-
dio Bruna. “Embora não reflita o rebanho nacional como um todo, isso dá boa visão de
uma atividade sendo puxada pelo mercado”.
Em relação à carne, o presidente da ABCB
explica que a venda ainda se dilui em meio
aos cortes bovinos, mas é possível notar crescimento onde a cadeia se organiza. “Mas, via
de regra, quando isso acontece, o gargalo é a
falta de animais para o abate”, arremata.
Com distinção
O Selo de Pureza 100% Búfalo foi criado há 12 anos pela ABCB para certificar as mozzarellas di bufalas brasileiras, atestando que elas são
feitas exatamente como as da região da Campana, na Itália – sem adição de leite de vaca ou de substâncias branqueadoras. O selo também
certifica outros derivados, como a ricota de búfala, a mozzarella defumada, a manteiga, o doce de leite etc.
O Selo 100% Búfalo tem como finalidade agregar qualidade à produção brasileira, sobretudo aos derivados do leite; no entanto, pode
ser usado para atestar outros produtos, como a carne. A ABCB possui a Comissão do Selo de Pureza 100% Búfalo, que fiscaliza, controla e
realiza ações de conscientização junto ao consumidor. Uma delas é o site Selo da Búfala (www.selodabufala.com.br), que traz notícias de
gastronomia, receitas, novidades do setor alimentício, dicas de viagens etc.
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Plucking
up courage
Raising buffalo could translate into good
business in Brazil, but cattle farmers still need to learn how to
deal with the peculiarities of the herd
Bubaline breeds represent a small portion of the Brazilian bovine herds. According to the Brazilian Institute of Geography
and Statistics (IBGE), in 2012, the number of animals totaled 1.78 million head.
Nonetheless, the Brazilian Buffalo Breeders
Association (BBBA) estimates a herd twice
as large, some 3 million head.
According to entity sources, about 3% of
all buffalo breeding operations are for dairy
purposes, with an annual growth rate of 45%
of the herd destined for this purpose over the
past years. The BBBA president, Cláudio Varella Bruna, refers to four breeds raised in
Brazil: murrah and jafarabadi, of Indian
origin; the Mediterranean, from Italy (the
three of them are known as water buffalos);
and carabao, common on the Marajó island, and considered to be a swamp buffalo
breed. The official recalls that buffalos have
a great potential for making strides in Bra-
With distinction
zil, once their products are well accepted by
the market and with demand outstripping
supply, both for milk and beef. But the breed
faces obstacles. “The main problem lies in
the fact that most cattle farmers are still unaware of the peculiarities involved in buffalo
raising operations”, he says. “This prevents
the farmers from taking advantage of all the
potentials of this breed”.
Of the four breeds mentioned abroad,
the official points out that the murrah is the
most common in Brazil. It is quite efficient
in the production of milk, it is much appreciated for meat purposes and, in terms of genetics, Brazil has managed to enhance this
breed greatly. Murrah bulls are very docile,
making daily handling very easy. On the other hand, jafarabadi is a breed that is difficult
to handle because of its sturdiness and long,
open horns. Carabao is a breed that is on the
decline in Brazil, and is exclusively seen in
the North, used as draft animals.
BBBA is having difficulties quantifying the results from buffalo meat and milk
sales, still restricted to the domestic market.
Frequently, buffalo milk is delivered to small
dairy industries where it is mixed with common cow milk. “For buffalo milk , the only
reliable “declaration of volume” comes from
dairy industries that have adhered to the
Purity Seal, which increased by almost 600%
over the past 10 years, at an almost constant
rate”, Cláudio Bruna confirms. “Although
not reflecting the national herd as a whole,
it gives a clear overview of the activity now
driven by the market”. With regard to meat,
the BBB president explains that sales still
mingle with bovine cuts, but there is apparent evolution in locations where the supply
chain is organized. “In general, when this
happens, the bottleneck lies in the lack of
animals for slaughter”, he concludes.
The 100% Buffalo Purity Seal was created 12 years ago by BBBA to certify the Brazilian mozzarellas di bufalas, attesting that they are made
exactly like the ones made in the region of Campana, in Italy – without the addition of cow milk or whitening substances. The seal also certifies
other buffalo based products, like buffalo ricotta, smoked mozzarella, butter, milk candy, etc.
The 100% Buffalo Seal is strictly for adding quality to the Brazilian products, especially to milk based products; but it can also be used
for such products as meat. BBBA has set up the 100% Buffalo Purity Seal Committee, responsible for inspection and control activities, and is
involved in consumer awareness initiatives. One of them is the Buffalo Seal site (www.selodabufala.com.br), featuring gastronomic novelties, recipes, food sector innovations and tips for travelers, etc.
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Sílvio Ávila
Todo
mundo curte
Brasil processou 35,247 milhões de couros
bovinos em 2012, firmando-se cada vez mais como segundo
maior produtor e exportador desse produto
O setor de curtumes ocupa espaço
importante na economia da cadeia produtiva de bovinos. É nestas unidades que
ocorre o processamento da pele do animal, onde o produto curtido é destinado
à produção de vestimentas, sapatos e tapetes, entre outros. O curtume é denominado integrado quando realiza todas
as operações de industrialização, desde
o couro cru até o acabado. O wet blue
realiza o curtimento do couro cru até o
estágio wet blue (couro curtido no cromo). Já o curtume acabador é o dedicado
ao acabamento do couro wet blue e/ou
crust até o acabado.
Apesar de ser um subproduto da
criação de bovinos, que tem como principal objetivo a produção de carne, o
Hora de melhorar
segmento do couro desempenha papel
importante na geração de empregos e de
divisas para o Brasil. O País é o segundo
maior produtor e exportador de couro
do mundo, de acordo com o Centro das
Indústrias de Curtume do Brasil (CICB).
Em 2012, os curtumes brasileiros prepararam 35,247 milhões de unidades de
couro bovino inteiro, 3,6% a mais do que
em 2011, conforme dados divulgados
pela Estatística da Produção Pecuária, do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em março de 2013.
Do total curtido em 2012, 26,367 milhões de peças foram adquiridas pelos
curtumes, quantidade 5,4% superior à
de 2011. Os curtumes também prestam
serviços de curtimento para terceiros.
Em 2012, receberam para essa finalidade
8,827 milhões de unidades, 3,2% a menos do que em 2011. As aquisições totais
de pele bovina foram fornecidas por matadouros frigoríficos (65,3%), intermediários ou salgadores (6,8%), matadouros
municipais (1,5%), outros curtumes
(1,1%) e ainda de outras origens (0,2%).
As maiores aquisições totais de 2012
foram verificadas nos estados de Mato
Grosso (6,319 milhões de peças inteiras)
e de São Paulo (4,680 milhões de unidades). Outros resultados significativos foram apresentados pelos estados de Mato
Grosso do Sul (4,144 milhões de peles),
Goiás (3,557 milhões de unidades), Rio
Grande do Sul (3,377 milhões de peças)
e Paraná (3,012 milhões de couro cru).
Um dos problemas ainda apresentados pelas peles bovinas destinadas à produção de couro é a baixa qualidade do produto. “O
gado é criado para a carne e não para a pele”, destaca José Fernando Bello, presidente-executivo do Centro das Indústrias de
Curtume do Brasil (CICB). Também o longo período em que o animal fica no campo, num ciclo de vida longa, afeta a qualidade
do couro.
Conforme Bello, no Brasil, a taxa de abate fica próximo de 20% de um rebanho com cerca de 200 milhões de cabeças. Portanto, o abatimento é de aproximadamente 40 milhões de animais por ano. Enquanto isso, nos Estados Unidos, o percentual
de abate é de cerca de 32%. “Lá, o sistema é de confinamento, onde o animal sofre menos agressões da natureza e de maus
cuidados”, relata.
A pecuária brasileira ainda enfrenta outras situações negativas, como carrapatos, bernes, marcas de fogo, riscos e transporte
inadequado do campo ao frigorífico. “São fatores que pouco têm evoluído”, destaca Bello. Interfere igualmente na qualidade do
subproduto a não classificação e separação das peles após o abate por sexo do animal e por diferentes grupos de pesos. “Para
atingir o padrão de países como Uruguai, Argentina, Estados Unidos e Austrália, precisamos evoluir muito ainda”, compara.
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Inor Ag. Assmann
Inor Ag. Assmann
Multiple
beneficiaries
Brazil tanned 35.247 bovine hides
in 2012, taking over the position as second largest
exporter of the product
The tannery sector plays a relevant
role in the economy of the bovine supply chain. It is in these units that animal
hides are processed, tanned and destined
for the production of apparel, footwear
and other items. An integrated tannery
is the one that performs all the industrial operations, from raw crude hide to
finished products. The wet blue tannery
processes raw crude hide into wet blue
(chrome-tanned leather). The leather finishing plant is devoted to finishing the
wet blue leather and/or crust.
Although being a byproduct from
bovine farming, whose main objective
consists in producing meat, the leather
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segment plays an important role in the
generation of jobs and dividends for the
Country. Brazil is the second largest producer and exporter of leather in the world,
according to the Brazilian Tannery Industries Center (CICB). In 2012, the Brazilian
tanneries processed an amount of 35.247
million pieces of whole bovine hides, 3.6%
up from 2011, according to data released
by the Cattle Farming Statistical Department of the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE), in March 2013.
Of all raw crude hides tanned in 2012,
26.367 million pieces were acquired by tanneries, an amount up 5.4% from 2011. The
tanneries also process hides for third party
companies. In 2012, they received 8,827
million pieces for this purpose, down 3.2%
from 2011. Total acquisitions of bovine
hides came from meat packing industries
(65.3%), middlemen or salters (6.8%), municipal slaughterhouses (1.5%), other tanneries (1.1%) and from other origins (0.2%).
The biggest total acquisitions in 2012
took place in the states of Mato Grosso
(6.319 million whole pieces) and São Paulo
(4.680 million units). Other significant results were achieved by the states of Mato
Grosso do Sul (4.144 million hides), Goiás
(3.557 million units), Rio Grande do Sul
(3.377 million pieces) and Paraná (3.012
million raw crude hides).
um por dia | one by day
Quantidade de couro cru inteiro de bovino de origem nacional (un.)
2011
34 029 045
305 488
1 446 234
2 506 232 3 565 181
2 192 473
3 236 275
413 212
127 929
6 049 231
1 177 475
-
1 179 845
1 347 729
5 023 705
226 040
437 323
150 261
164 864
4 320 233
159 315
2012
35 247 910
409135
1 757 007
3 012 125
4 144 165
2 413 205
3 557 830
445 570
136 738
6 319 708
1 210 154
320 185
1 175 820
1 316 823
4 680 793
208 815
388 459
127 264
136 676
3 377 577
109 861
Variação %
3,6
33,9
21,5
20,2
16,2
10,1
9,9
7,8
6,9
4,5
2,8
-0,3
-2,3
-6,8
-7,6
-11,2
-15,3
-17,1
-21,8
-31,0
Inor Ag. Assmann
Brasil
Santa Catarina
Rondônia
Paraná
Mato Grosso do Sul
Pará
Goiás
Acre
Ceará
Mato Grosso
Maranhão
Espírito Santo
Tocantins
Minas Gerais
São Paulo
Pernambuco
Bahia
Piauí
Sergipe
Rio Grande do Sul
Roraima
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária - Pesquisa Trimestral do Couro.
Time to improve
One of the problems that still affect bovine herds destined for the production of leather is the low quality of the product. “Cattle are raised
for meat not for their hide”, says José Fernando Bello, executive president of the Tannery Industries Center in Brazil (CICB). There is also the
long period cattle spend grazing, in a long life cycle, and it equally the quality of the leather. According to Bello, in Brazil, the slaughter rate reaches almost 20% of the 200 million head herd. Therefore, some 40 million head are
slaughtered a year. In the meantime, in the United States this percentage reaches 32%. “In that country, it is the confinement system that
prevails, where the animals suffer less from nature related causes and are better looked after”, he explains.
Brazilian cattle farming operations face other negative situations, like ticks, maggot-filled sores, iron brand marks and improper transportation from field to the meat packing industry. “These are factors that have improved very little”, Bello says. What also interferes with the
quality of the product is the lack of any separation or selection of the hides by gender or by weight. “We have still a long way to go if we want
to achieve the standards of such countries as Uruguay, Argentina, the United States and Australia”, he concludes.
| 55 |
Inor Ag. Assmann
Com marca de
procedência
Indústria brasileira exportou 401,802 milhões de
quilos de couros e de peles de bovinos em 2012,
14,1% acima do embarcado em 2011
Um grupo de 90 países é abastecido
com o couro produzido no Brasil. Metade
do volume exportado pelo País é destinado à produção de calçados. A outra parte é
transformada em estofamento para carros,
mobiliário, acabamento para decoração e
equipamentos de segurança individual, entre outros. Em 2012, o setor nacional enviou
para o mercado externo 401,802 milhões de
quilos de couros e de peles, de acordo com o
Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil
(CICB). Esse volume foi 14,1% superior ao
embarcado em 2011. A receita obtida com a
venda externa foi de US$ 2,079 bilhões em
2012, 1,6% a mais do que no ano anterior.
O couro é o principal produto negociado. Um total de 29,024 milhões de couros
foi demandado pelo mercado externo em
2012, 8,7% a mais do que no ano anterior.
O faturamento foi de US$ 2,062 bilhões,
com alta de 1,8% em relação a 2011. Nos
| 56 |
três primeiros meses de 2013, a exportação
brasileira de peles e de couros já tinha resultado em US$ 544,196 milhões, 17,4% a
mais do que o valor negociado no mesmo
período de 2012. “As projeções preliminares apontam para crescimento de 3% a
5% em 2013”, relata José Fernando Bello,
presidente-executivo do CICB. Porém, ele
acrescenta que o mercado iniciou o ano
com elevação nos preços da matéria-prima
e indicação de consumo elevado. “Teremos
que observar com cautela o andamento do
mercado nos próximos meses”, observa.
Os frigoríficos ou curtumes produzem e
fornecem o couro em diferentes estágios de
acabamento: o couro salgado, o wet blue, o
crust ou o couro acabado. O couro salgado
é o produto mais simples, de menor valor
agregado, que resulta do processo inicial de
salgamento do couro para permitir sua conservação, transporte e armazenamento. O
nome do couro wet blue deriva de seu tom
azulado e molhado, resultado de um primeiro banho com cromo, depois de ser despelado e passar pela remoção de graxas e gorduras. O crust é fruto do processo de secagem
do couro, que o torna produto semiacabado
destinado ao processo de acabamento.
O acabado, de superior valor agregado, deriva do último estágio da produção de couro
e incorpora as características mais específicas
exigidas pelo comprador, que pode utilizá-lo
diretamente na produção dos mais diversos
artigos finais. Em 2012, conforme o CICB,
este foi o tipo de couro mais exportado pelo
setor nacional. Respondeu por 59,7% do valor
total comercializado e por 43,9% do volume
embarcado. O wet blue foi o segundo mais
embarcado e participou com 27,6% da receita
e com 45,5% da quantidade negociada. O couro crust contribuiu com 7,7% do valor e com
10,2% do montante vendido.
Carrying
label of origin
Brazilian industry exported 401.802 million
kilos of bovine hides and leather in 2012, up 14.1%
from the amounts shipped in 2011
It accounted for 59.7% of the total revenue from the shipments and
for 43.9% of total volume shipped abroad. Wet blue was the second
most exported product and had a share of 27.6% of the revenue and
45.5% of the amount negotiated. Crust leather contributed with 7.7%
of the value and with 10.2% of the amount negotiated.
Inor Ag. Assmann
A group of 90 countries is supplied by Brazilian leather. Half of the
volume shipped abroad by the Country is destined for the production
of footwear. The other half is transformed into car and furniture upholstery, finishing touches to rooms and personal security and safety
equipment, among other uses. In 2012, the national sector shipped
abroad 401.802 million kilos of hides and leather, according to
sources of the Brazilian Tannery Industries (CICB). This volume was
14.1% bigger than the 2011 shipments. Revenue derived from the sales
reached US$ 2.079 billion in 2012, up 1.6% from the previous year.
Leather is the product that is traded the most. A total of 29.024 million pieces of leather was demanded by the foreign market in 2012,
up 8.7% from the previous year. Revenue reached US$ 2.062 billion,
up 1.8% from 2011. Over the first quarter in 2013, Brazilian hide and
leather exports had already brought in revenue of US$ 544.196 million, up 17.4% from the value negotiated in the same period in 2012.
“Preliminary projections point to increases of 3% to 5% in 2013”, says
CICB executive president José Fernando Bello. Nonetheless, he adds
that the year started with higher raw material prices and indications
pointing to higher consumption. “Caution is needed with regard to
the market over the next months”, her observes.
The meat packing industries produce and supply leather at different finishing phases: wet salted hides, the so-called wet blue,
crust or finished leather. Wet salted hide is the simplest of all products, with very low added value, resulting from the initial salting
process for conservation, transport and warehousing purposes.
The name of this hide, wet blue, derives from its bluish and wet
shade, the result of an initial dip into chrome, after having been
peeled, and having all fat removed. Crust results from the drying
process of the hide, which turns it into a semi-finished product,
ready to be submitted to the finishing process.
Finished leather, with high added value, derives from the final
leather production phase and incorporates the specific characteristics required by the buyer, who can use it directly for the production of
different finished goods. In 2012, according to CICB sources, the latter
was the type of leather that was most exported by the national sector.
DIFERENCIADOS | differentiated
Exportação brasileira de couro bovino
por tipo de couro (nº de couros)
Tipo
Acabado
Wet Blue
Crust
Salgado
Total
2010 20112012
11.051.530 11.292.27212.744.121
10.333.132
9.399.725 13.223.310
5.754.234
6.159.143
2.953.565
260.447
27.962
111.954
27.399.342 26.879.10229.032.950
Fonte: Secex/CICB
| 57 |
Inor Ag. Assmann
Sob o signo
do touro
Brasil comercializou 12,34 milhões de doses de
sêmen bovino nacional e importado em 2012, o que se traduz
em rebanho da mais alta qualidade
As vendas de sêmen bovino para inseminação artificial não mantiveram em 2012 o
mesmo ritmo de crescimento que vinham
registrando em anos anteriores. O Brasil
comercializou 12,34 milhões de doses em
2012, com alta de 3,64% em comparação
com as 11,906 milhões de doses negociadas em 2011. Os dados são da Associação
Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia),
em seu relatório Índex Asbia 2012.
Melhoramento genético do rebanho,
| 58 |
controle de doenças e cruzamento entre as
raças são algumas vantagens garantidas pela
inseminação artificial. Ela amplia significativamente a capacidade reprodutiva de um
único animal. Conforme a Asbia, um touro
cobre anualmente, a campo, cerca de 30 vacas. Em regime de monta controlada, pode
servir a um máximo de 100 fêmeas ao ano.
Considerando-se que um touro tem quatro
anos de vida reprodutiva, chega-se a um total de 120 a 400 filhos por animal. Com a in-
seminação, esse mesmo reprodutor poderá
ter mais de 100.000 descendentes.
A Asbia, criada em 1974, reúne empresas de inseminação artificial, distribuição de
sêmen, materiais, equipamentos e outros
produtos relacionados à reprodução animal.
As empresas, juntas, representam cerca de
92% do mercado nacional. No País, o estimado é que apenas 10% das fêmeas em idade
reprodutiva sejam inseminadas. Enquanto
isso, em outras nações quase todo o rebanho
Procedência Os estados com maior participação total nas vendas de sêmen para a pecuária de corte em 2012 foram Mato
Grosso do Sul (14,49%), Mato Grosso (14,42%), São Paulo (10,57%), Pará (8,80%), Goiás (8,62%) e Minas Gerais (7,89%). A maior parte do
sêmen destinado ao gado leiteiro foi abastecida pelos estados de Minas Gerais (26,51%), Rio Grande do Sul (16,41%), Paraná (13,66%), Santa
Catarina (10,16%), Goiás (6,70%) e São Paulo (6,37%).
O Brasil também exporta sêmen bovino para outros países. Em 2012, os envios foram de 226.020 doses, sendo 116.592 doses de gado de
corte e 109.428 de gado de leite. Os principais países importadores do sêmen de gado de corte foram Paraguai (42,09%), Canadá (30,48%)
e Argentina (17,15%). Já o material das raças de leite foi mais adquirido por Canadá (37,89%), Colômbia (33,76%) e Equador (12,13%).
bovino se reproduz por meio da técnica. No
mundo, calcula-se que mais de 106 milhões
de fêmeas sejam inseminadas todos os anos.
Segundo a Asbia, do total de doses
vendidas em 2012, 6,575 milhões eram de
sêmen nacional, com queda de 2,82% em
relação ao desempenho de 2011. O restante, 5,764 milhões de doses, foi importado e
significou acréscimo de 12,15%. Nos anos
de 2009, 2010 e 2011, os resultados totais
de vendas do material apresentaram altas
de 9,45%, 18,01% e 23,55%, respectivamente, de acordo com a entidade.
A pecuária de corte respondeu pela
maior demanda do material em 2012, com
total de 7,442 milhões de doses nacionais
e importadas. Esse desempenho foi 6,15%
superior ao verificado em 2011. Entre as
raças, dentre aquelas a que foram destinadas as doses, estavam nelore (41,08% do
total), angus (31,42%), red angus (7,27%)
e nelore mocho (3,54%).
Já o gado leiteiro absorveu 4,897 milhões de doses, com leve acréscimo de
0,05% em comparação com 2011. Entre as raças às quais foram destinadas as
doses constam holandês (58,72%), jérsei (14,99%), gir (13,81%) e girolando
(10,23%). No total das doses vendidas de
sêmen em 2012, 60,31% foram para o gado
de corte e 39,69% para o gado de leite. Em
2011 esses percentuais eram de, respectivamente, 78,89% e 41,11%.
| 59 |
Inor Ag. Assmann
Under
the Taurus
Zodiac Sign
| 60 |
Brazil traded 12.34 million national and
imported bull semen doses in 2012, which translates
into a very high quality herd
Gir (13.81%) and Girolando (10.23%). Of all semen doses sold in 2012,
60.31% were destined for beef cattle and 39.69% for dairy cattle. In 2011
these percentages were, respectively, 78.89% and 41.11%.
Inor Ag. Assmann
Sales of bull semen for artificial insemination in 2012 did not keep
pace with the rhythm of the previous years. Brazil commercialized
12.34 million doses in 2012, up 3.64% from the 11.906 million negotiated in 2011. The data were furnished by the Brazilian Association of
Artificial Insemination (Asbia), in their Index Asbia 2012 report.
Genetic enhancement of the herd, disease control and interbreeding are some of the advantages derived from artificial insemination.
It improves significantly the reproductive capacity of a single animal.
According to Asbia sources, a bull mates with about 30 cows per season. In a controlled mating system, one bull covers a maximum of
100 females a year. Considering that a bull’s reproductive life lasts
for four years, we reach a total of 120 to 400 calves per animal. With
artificial insemination, the same bull can sire 100 thousand calves.
Asbia, created in 1974, comprises artificial insemination companies, semen distribution centers, along with materials, equipment and animal reproduction products. Together, these companies represent about 92% of the national market. It is estimated
that only 10% of all cows in Brazil are artificially inseminated.
In the meantime, in other nations, almost the entire bovine herd
relies on this technique. In the world, some 106 million females
are artificially inseminated every year.
Asbia officials estimate that of all doses sold in 2012, 6.575 million
were national semen, down 2.82% from 2011. The remaining 5.764
million doses were imported, representing an additional 12.15%. In
the years 2009, 2010 and 2011, the total sales of the material were up
9.45%, 18.01% and 23.55%, respectively, from entity sources.
Beef cattle were responsible for the biggest portion of the material demanded in 2012, with a total of 7.442 million national and
imported doses. This performance was up 6.15% from 2011. The
breeds that received the doses include Nelore (41.08% do total), Angus
(31.42%), Red Angus (7.27%) and Polled Nelore (3.54%).
Dairy cattle absorbed 4.897 million doses, up only 0.5 from 2011. The
breeds that were given the doses include Dutch (58.72%), Jersey (14.99%),
reprodutivo | reproductive
Evolução da inseminação artificial no Brasil
Ano
2012
2011
2010
2009
Total (doses)
Vendas Evolução %
12.340.321
3,64%
11.906.337
23,55 %
9.637.337
18,01 %
8.166.2129,45%
Fonte: Asbia
ORIGIN The states with the biggest share in total semen sales for beef cattle in 2012 were Mato Grosso do Sul (14.49%), Mato Grosso
(14.42%), São Paulo (10.57%), Pará (8.80%), Goiás (8.62%) and Minas Gerais (7.89%). The biggest portion of semen destined for dairy
cattle was supplied b the states of Minas Gerais (26.51%), Rio Grande do Sul (16.41%), Paraná (13.66%), Santa Catarina (10.16%),
Goiás (6.70%) and São Paulo (6.37%).
Brazil also exports bull semen to other countries. In 2012, shipments totaled 226,020 doses, of which, 116,592 doses of beef cattle and
109,428 of dairy cattle. The main countries that imported beef cattle semen were Paraguay (42.09%), Canada (30.48%) and Argentina
(17.15%). The material for dairy cows was acquired by Canada 37.89%), Colombia (33.76%) and Ecuador (12.13%)
| 61 |
Sílvio Ávila
Não seria de estranhar se tivesse boi ou
vaca usando chapeuzinho de aniversário,
ao lado de seus criadores, no dia 26 de
abril de 2013, quando a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
comemorou seus 40 anos. Ao celebrar a
nova idade, a instituição de pesquisa espera reforçar o gesto que lhe garante, ano
após ano, o reconhecimento de todo o
País: presentear o campo com boas ideias,
eficientes e transformadoras.
Mesmo que as inovações nas quatro
décadas já tenham contribuído de forma
ímpar para a revolução da pesquisa agropecuária no Brasil, a Embrapa continua
investindo na geração de conhecimentos
e de tecnologias. Suas atividades, sobretudo, ajudam a posicionar o Brasil como
o terceiro maior exportador mundial de
produtos agropecuários.
Na pecuária, a adoção de tecnologias
também proporcionou a modernização
do setor. Com isso, tornou-se possível, por
exemplo, o aumento da produção pelo
incremento da produtividade e não pela
expansão da área de pastagens. Dessa forma, o País pôde ampliar em quatro vezes a
obtenção de carne bovina.
Entre os cerca de 250 projetos de pesquisa aprovados anualmente na Embrapa,
as áreas de sanidade animal, genética, reprodução, nutrição, manejo de pastagens e
melhoramento genético de forrageiras têm
lugar garantido.
Vale um
churrasco
Ao completar 40 anos, Embrapa contabiliza
inúmeras contribuições para a pecuária brasileira,
na modernização da estrutura em toda a cadeia
| 62 |
Contribuições
Na área de produção animal, as novas tecnologias apresentadas pelos pesquisadores foram além do aumento da produtividade bovina
de corte. Elas também contribuíram para avanços nos sistemas de manejo de gado de leite e
de bubalinos, bem como no desenvolvimento
da criação de ovinos, caprinos, suínos e aves.
Ao mesmo tempo, pesquisas de melhoramento genético, sanidade animal, manejo, instalações, rações balanceadas e lançamento de
cultivares forrageiras, que permitem o suporte
de mais animais numa mesma área e diminuem
o tempo de entressafra, trouxeram resultados
de impacto para a agropecuária brasileira.
Ao longo dos anos, a Embrapa desenvolveu e registrou 42 cultivares de forrageiras,
com destaque para a atuação das unidades
específicas, como Gado de Corte (MS), Gado
de Leite (MG) e Pecuária Sudeste (SP), entre
outras. Cinco cultivares de gramíneas recomendadas pela Embrapa para alimentação
bovina (Marandu, Tanzânia e Mombaça,
Xaraés e Piatã) são responsáveis por quase
80% do negócio de sementes forrageiras no
Brasil, o que fez do País o maior exportador
de sementes forrageiras tropicais do mundo.
A utilização do amendoim forrageiro – leguminosa nativa da Amazônia –, junto com
outras tecnologias recomendadas pela instituição, possibilitou melhoria da alimentação
e no manejo adequado do rebanho. Ela também viabilizou a intensificação dos sistemas
de produção de pecuária bovina no Acre,
com aumento na taxa de lotação de 1,5 para
até 2,5 unidades animais por hectare.
O uso dessas e de outras tecnologias
desenvolvidas pela Embrapa e pelo setor
privado desempenharam importante papel
para evitar o desmatamento de cerca de 1,4
milhão de hectares de floresta para incorporação de novas áreas à atividade. Além disso,
a empresa de pesquisa, em parceria com a
Universidade Federal de Ouro Preto (MG) e
com a Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de Minas Gerais (Fapemig), desenvolveu tratamento inovador contra a mastite,
doença de maior impacto econômico na pecuária leiteira no País.
| 63 |
It’ worth a barbecue
Upon turning 40, Embrapa celebrates
an array of contributions to Brazilian livestock, including
the modernization of the entire structure
Contributions
In the animal production area, the new technologies introduced
by researchers went beyond the higher productivity rates of beef
cattle. They also contributed towards advances in dairy and bubaline cattle management, as well as in the development of sheep,
goat, pigs and poultry rearing operations.
In the meantime, very impacting results for Brazil’s livestock
operations were brought about by genetic enhancement research,
| 64 |
animal health, management practices, facilities, balanced feed
and new forage crops, which allow for more animals per area,
with reductions of the off-season period.
Over the years, Embrapa developed and registered 42 cultivars
of forage crops, where the corporation’s specific units really did a
great job. These units are Beef Cattle (MS), Dairy Cattle (MG) and
Southeast Livestock (SP), among others. Five grass cultivars for bovine grazing recommended by Embrapa (Marandu, Tanzania and
Even though the innovations of the past
four decades have already contributed in
a very special manner towards the revolution in agriculture research across Brazil,
Embrapa continues investing in the generation of knowledge and technologies.
Its activities, as a whole, have had a say
in Brazil’s status as third largest global exporter of agricultural products.
The introduction of new livestock
rearing technologies has also contributed
towards modernizing the sector. This, for
Mombasa, Xaraés and Piatã) are responsible for almost 80% of
the forage crop seed in Brazil, turning the Country into the leading
tropical forage crop seed exporter in the world.
The use of Rhizoma peanut – leguminous native to the Amazon region
– along with other technologies recommended by the institution, improved
greatly the management of cattle herd feed needs. It also made it viable
to intensify beef cattle rearing in the state of Acre, with an increase of the
population from 1.5 head of cattle to 2.5 animals per hectare.
example, has made it possible to increase
production through productivity improvement, and not through pastureland expansion. It resulted into fourfold rise in the
amount of bovine meat in the market.
From the approximately 250 research
projects approved by Embrapa on a yearly
basis, the most relevant ones have to do
with phytosanitary questions, genetics,
reproduction, nutrition, pastureland management, and, of course, genetic enhancement of forage crops.
Inor Ag. Assmann
It would not have been weird if cows
and oxen were wearing birthday hats, in
the company of their breeders, on 26th
April 2013, when the Brazilian Agriculture Research Corporation (Embrapa)
celebrated its 40th anniversary. Upon
celebrating the beginning of one more
year, the research corporation hopes to
reinforce its gesture that, year after year,
attracts recognition from the entire Country: reward agriculture with innovating,
effective and transforming ideas.
The introduction of these and other technologies developed by Embrapa and by private institutions played a relevant role in preventing
the deforestation of approximately 1.4 million hectares, which were
to be incorporated in the activity. Furthermore, the research corporation, jointly with the Federal University in Ouro Preto (MG) and
with the Minas Gerais State Research Support Foundation (Fapemig),
developed an innovative treatment against the mastitis disease, a
scourge that exerts a negative impact on dairy cattle in Brazil.
| 65 |
sanidade
sanity
Rebanho
seguro
Estrutura mantida pelo Brasil é indispensável para
garantir a sanidade animal diante das dimensões
continentais e das grandes áreas de fronteira
| 66 |
garantir rebanho saudável e alimentação livre de contaminações aos consumidores. Esse resultado é
construído diariamente, a partir da atuação de
órgãos públicos, entidades de classe, produto-
res e demais integrantes da cadeia.
O diretor do Departamento de Saúde
Animal (DAS), do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa), Guilherme
Henrique Figueiredo Marques, prefere não
misturar questões sanitárias às comerciais.
“Sabemos que há países que utilizam essa
questão como argumento para criar barreiras
comerciais”, justifica. Reforça que a sanidade
animal não interessa apenas à exportação,
mas também ao mercado interno.
Conforme Marques, as
dimensões e as fronteiras do País são um risco
permanente, o que torna
muito importante a estrutura que o Brasil montou na
área de saúde animal. Nos últimos 40
anos, cerca de US$ 35 bilhões já foram aplicados no Programa Nacional de Erradicação e
Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA), ajudando
a criar e manter cerca de 22 mil postos de serviço de defesa agropecuária em todo o País.
Ele considera que o País atravessa momento
positivo em relação à sanidade animal. “Por
isso, trabalhamos e investimos, mostrando
que o sistema está sempre alerta para detectar
e agir”, comenta.
Marques assinala que existem doenças
mais crônicas, como a brucelose e a tuberculose, que necessitam de atuação contínua a
fim de reduzir sua incidência entre o rebanho
brasileiro. Os programas que tratam de ambas,
com cerca de 10 anos de existência, tiveram
adesão menor nos últimos tempos. A vacinação contra elas é obrigatória em todo o País,
menos Santa Catarina, Estado que não possui
histórico significativo da doença.
Entretanto, a solicitação do status de propriedade livre da doença é voluntária, o que
torna incipiente a adesão dos produtores. “O
DSA vai rever suas estratégias para buscar soluções. Estamos adequando alguns programas para que alcancemos conquistas mais
consistentes e mais rápido”, afirma. Na avaliação de Guilherme Marques, os pecuaristas
devem encarar a sanidade animal como um
seguro. “Esperamos nunca ter problemas.
No entanto, caso algo ocorra, temos como
agir”, frisa.
Inor Ag. Assmann
Qualidade, procedência e condições de
produção, entre outros atributos, deixaram de
ser apenas diferenciais competitivos para se
tornarem características indispensáveis a qualquer gênero alimentício que chega à mesa do
consumidor. Para a cadeia produtiva da pecuária, o espectro da sanidade abrange até mesmo cuidados com medicamentos e rações
dadas aos animais. Todo esse zelo permite
| 67 |
Keeping
the herd safe
Inor Ag. Assmann
Structure maintained by Brazil is indispensable
to ensure animal safety in light of the continental
dimensions and big border areas
Quality, origin and breeding conditions, among other attributes, are no longer just competitive traits but have become
indispensable characteristics of any food
item that happens to end up in the hands
| 68 |
of consumers. For the cattle supply chain,
the specter of sanity includes concerns
about medication and animal feed. All
this diligence translates into healthy herds
and food free from any contamination
sources for consumers. This result is built
on a daily basis, with the involvement of
public organs, class entities, producers and
all other members of the supply chain.
The director of the Animal Health Depart-
ment (AHD), of the Ministry of Agriculture,
Livestock and Food Supply (MAPA), Guilherme Henrique Figueiredo Marques, prefers
not to mingle sanity questions with commercial rounds. “We know that there are countries that blame sanitary problems to set up
trade barriers”, he justifies. He strengthens
that animal sanity is not just a concern for
exports, but for the domestic market, as well.
According to Marques, the dimensions
and the frontiers of the Country represent
a permanent risk, turning Brazil’s sanitary
structure all the more important. Over the
past 40 years, about US$ 35 billion have
been invested in the National Program
for the Prevention and Eradication of the
Foot and Mouth Disease (PNEFA), resulting
into the creation and maintenance of 22
thousand job positions in the cattle raising
sector across the Country. He has it that the
Country is going through a positive moment with regard to animal health. “That
is why we work and make investments,
showing that the system is always on the
alert and ready to detect health problems
and take action”, he comments.
Marques points out that there are chronic diseases, especially brucellosis and tuberculosis, which require constant attention
if incidences are to be reduced among the
Brazilian herds. The program that supervises both of them, now running for 10 years,
experienced smaller adhesion rates over
the past years. Vaccination against them is
mandatory throughout the entire Country,
except in Santa Catarina, a State with no
significant history of the disease.
Nonetheless, the request for the disease
free status is on a voluntary basis, a fact
that explains the negligible adhesion of
the farmers. “The DSA is going to revise its
strategies in search of solutions. We are now
in the process of adjusting some programs
so as to achieve more consistent and faster
conquests”, Guilherme Marques maintains
that cattle farmers consider animal health
as an insurance program. “We hope never to
face problems, but should they show up, we
know how to deal with them”, he insists.
Um leque de garantias
O diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria Exportadora da Carne Bovina
(Abiec), Fernando Sampaio, entende que a sanidade é a base de toda a cadeia produtiva.
Para reforçar a afirmação, frisa que o Brasil se tornou exportador de carne in natura a
partir da erradicação da febre aftosa, com a criação do Fundo para o Desenvolvimento da
Pecuária para o Estado de São Paulo (Fundepec) e nos estados do Sul.
Conforme Sampaio, a presença de resíduos de medicamentos na carne enviada ao
exterior é outro ponto que preocupa a Abiec. “Em 2010, o Brasil passou um ano com
restrições à exportação de carne processada aos Estados Unidos, após a identificação de
resíduos de vermífugos em um lote do produto”, relata. Para ele, é preciso garantir a sanidade dos animais e dos produtos, sem contaminantes de qualquer espécie.
Ao lado de outras entidades setoriais, a Abiec tem atuado para que os produtores administrem aos rebanhos medicações adequadas e que o façam corretamente. “Todo acordo
comercial começa com as garantias sanitárias que o Brasil oferece aos compradores”, declara. Sampaio chama atenção para a falta de fiscalização nos abates estaduais e municipais.
Ele diz acreditar que, com a adesão de estados e municípios ao Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa), haverá qualificação da inspeção sanitária no País.
“O atributo de saúde pública não é negociável. Para vender, é preciso provar que o
produto tem sanidade”, ressalta. Por fim, Sampaio destaca que a relação do setor com o
governo está em evolução. Cita como exemplo o apoio da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) ao Mapa para a implementação da Guia de Trânsito Animal (GTA)
eletrônica. “Isso trará segurança muito grande para a questão sanitária e é um exemplo de
como a parceria entre o público e o privado pode funcionar”, declara.
An array of guarantees
Fernando Sampaio, executive director of the Brazilian Association of Meat Exporters
(ABIEC), understands that animal health is the pillar of the entire supply chain. To reinforce his statement, he insists that Brazil climbed to the position as meat exporter as soon
as the foot and mouth disease was eradicated, under the umbrella of the São Paulo State
Cattle Raising Development Fund (Fundepec), soon extended to all southern states.
According to Sampaio, exported meat laden with hormone residues is a great concern for Abiec. “In 2010, Brazil was prevented from exporting processed meat to the
United States after the detection of vermifuge residues in a batch of the product”, he
comments. He argues that there must be an assurance of animal health, and animal
products should be free from any contamination.
Along with other sectoral entities, Abiec has always insisted with the farmers to administer appropriate medication to their herds and in the correct way. “Every trade agreement
starts with sanitary assurances offered by Brazil to the buyers”, he declares. Sampaio is
greatly concerned with the lack of inspection in state and municipal slaughterhouses. He
has it that with the adhesion of states and municipalities to the Unified System of Agriculture Health (Suasa), there will be qualified inspection services in the entire Country.
“The public health attribute is not a negotiable item. If sales are at stake, there must
be no doubt about the sanitary status”, he stresses. Finally, Sampaio points out that the
relationship of the sector with the government has been evolving favorably. As an example,
he cites the support given by the Brazilian Agriculture and Livestock Confederation (CNA)
to the ministry of Agriculture for the implementation of the electronically issued Animal
Transportation Guide (ATG). This will mean great sanitary safety, whilst setting an example of how a public-private partnership can function properly.
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Alarme falso
Governo age para desfazer o temor do caso
de vaca louca e para derrubar embargos impostos
por 12 países à carne bovina nacional
O Brasil luta para reverter os prejuízos decorrentes de um caso ocorrido em dezembro
de 2010, mas que veio à tona durante o ano de 2012. Um animal morto em localidade do
Paraná, posteriormente identificado com a proteína prion, que pode provocar Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), a doença da vaca louca, acarretou a suspensão da exportação de carne bovina brasileira para alguns países. O episódio aconteceu em uma fazenda
de Sertanópolis, no Norte paranaense. Uma vaca sofreu morte súbita e exames mostraram
que ela tinha a proteína, mas não apresentava sintomas da doença.
Conforme o diretor do Departamento de Saúde Animal (DAS), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Guilherme Henrique Figueiredo Marques, o
caso não ofereceu nenhum perigo e o risco foi zero para qualquer tipo de contaminação.
“Investigamos profundamente, fizemos as notificações aos órgãos internacionais e aos parceiros comerciais”, relata. No caso, considerado atípico, o aparecimento da proteína prion
ocorreu de forma espontânea. “Qualquer país pode apresentar um caso ou mais desse tipo,
porque a proteína aparece naturalmente, e ele ocorre geralmente em animais mais velhos.
Essa vaca já tinha 13 anos”, esclarece.
O diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes
(Abiec), Fernando Sampaio, reforça a declaração de Marques. “Animais de idade avançada
podem desenvolver a proteína prion no sistema nervoso, mas não necessariamente manifestarão a EEB. Não houve contaminação; tratou-se de um caso atípico, que já aconteceu
em outros lugares. Quem conhece o assunto sabe que não há risco”, relata.
Apesar de comprovadamente o animal não ter morrido em consequência da vaca louca,
o fato gerou cancelamento de exportação de carne bovina – cerca de 5% do volume exportado em 2012. Sampaio destaca que, mesmo assim, a venda de carne de gado brasileira
ao exterior teve aumento de 25% no primeiro trimestre de 2013, em relação ao mesmo
período do ano anterior. Por isso, considera mais danosos o prejuízo à imagem do produto
brasileiro por sua retirada temporária de algumas prateleiras do mercado internacional do
que propriamente as perdas financeiras decorrentes do embargo.
CONTORNANDO A QUESTÃO Para reverter a situação, o Mapa iniciou em fevereiro uma série de visitas técnicas às
nações que impuseram embargos à carne bovina brasileira. Ao
todo, 12 países levantaram barreiras em virtude do episódio do
Paraná: Coreia do Sul e Taiwan (que não importam carne brasileira), China, Arábia Saudita, Bahrein, Kuwait, Japão (adquire
somente carne industrializada), África do Sul, Peru e Gabão (os
dois últimos já suspenderam as restrições). Líbano e Jordânia sus| 70 |
penderam apenas compras do Paraná, o que permitiu ao Brasil
seguir exportando carne de outros estados.
Marques frisa que as restrições são temporárias e o Brasil manteve a classificação de risco insignificante, a melhor classificação
que há para o mal da vaca louca. Durante as visitas, como salienta
o diretor do DSA, o Brasil está tendo a oportunidade de desmistificar o tema com as nações. “Os países que nos receberam se comprometeram a avaliar o caso com suas autoridades”, conta. Em
Inor Ag. Assmann
maio, durante sessão da Organização Mundial da Saúde Animal
(OIE, na sigla em inglês), serão realizadas reuniões bilaterais com
aqueles que ainda mantenham as sanções, buscando uma solução.
Sampaio enaltece a mobilização do Mapa e do Itamaraty
para a resolução do problema. Conforme o representante da
Abiec, a restrição à carne bovina brasileira não deveria ocorrer.
“Os países alegam que o embargo é temporário. Se persistir,
o Brasil tem o direito de acessar os organismos internacionais
para rever essas decisões”, afirma.
Para o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho da Silva, não há mais justificativa para a manutenção dos embargos. “A OIE reconheceu em fevereiro que esse
caso não coloca em risco a saúde animal ou dos consumidores
dos parceiros do Brasil. O embargo é puramente comercial e
protecionista. Atende a outros interesses dos países envolvidos”, enfatiza.
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False alarm
Government acts quickly to dismiss any fears
of mad cow disease and to remove embargoes imposed
on Brazilian bovine meat by 12 countries
Brazil is now fighting to reverse the
damages derived from a single incidence in December 2010, but surfaced in
2012. An animal that died in the State of
Paraná, was later identified with the Bovine Spongiform Encephalopathy disease,
the so-called mad cow disease, resulting
into some countries interrupting their
meat purchases from Brazil. The episode
took place on a farm in the municipality
of Sertanópolis, in North Paraná. A cow
suffered sudden death and exams attested to the presence of the protein, but had
showed no symptoms of the disease.
According to the director of the Animal
Health Department at the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA),
Guilherme Henrique Figueiredo Marques,
the case offered no danger and there was
zero risk for any type of contamination.
“We conducted an in-depth investigation,
notified all international organs and commercial partners”, he recalls. In this case,
considered to be atypical, the prion protein
occurred spontaneously. “Such a case, or a
similar one, could occur in any country, as
this protein appears naturally, and usually
in older animals. The Brazilian cow was
13 years old”, he clarifies.
The executive director of the Brazilian
Association of Meat Exporters (ABIEC),
Fernando Sampaio, reinforces Marques’s
statement. “Older animals are likely to
develop the prion protein in their nervous
system, but will not necessarily develop the
mad cow disease. No contamination oc-
curred; it was an atypical case, which has
certainly happened in other places, too.
Those who know the subject matter are
sure there is no risk”, he declares.
“Although having shown no correlation
with the mad cow disease, the incident induced some countries to cancel their meat
imports – affecting about 5% of the volume
exported in 2013. Sampaio points out that,
in spite of the incident, Brazilian meat
shipments abroad soared 25% in the first
quarter of 2013 compared to the same period last year. Therefore, in his opinion, the
damages suffered by the image of the product abroad, and its temporary absence on
the supermarket shelves in some countries,
are more serious than the financial losses
stemming from the embargo.
COUNTERING THE QUESTION So as to reverse the situation, in February the Ministry of Agriculture started a series of technical
visits to nations that put an embargo on Brazilian bovine meat. In all, 12 countries imposed embargoes because of the episode in the State of
Paraná. They are as follows: South Korea and Taiwan (which do not import meat from Brazil), China, Saudi Arabia, Bahrain, Kuwait, Japan
(acquires only industrialized meat), South Africa, Gabon, Peru (the latter two countries have already lifted the restrictions). Lebanon and
Jordan suspended only purchases from the State of Paraná, which allowed Brazil to continue shipping meat from other states.
Marques insists that all embargoes are temporary and Brazil’s risk rating continues insignificant, which, in fact, represents the
best classification for the mad cow disease. During the visits, says the director of the Animal Health Department, Brazil has a chance
to dismiss this subject in contact with the nations. “The countries that received our delegation pledged to evaluate the case with their
authorities”, he comments. In May, during the session of the World Organization for Animal Health (OIE), bilateral meetings will be
held with the countries that still impose restrictions, in search of a solution.
Sampaio speaks highly of both the Ministry of Agriculture and the Federal Government in their efforts towards solving the problem. According to the Abiec representative, restrictions to Brazilian meat should not have occurred. “The countries refer to a temporary embargo. If
the situation persists, Brazil has the right to resort to international bodies for a reversal of the decisions”, he argues.
The president of the Brazilian Rural Society (BRS), Cesário Ramalho da Silva, understands that there are no longer any reasons for keeping the embargoes. “In February, OIE acknowledged that the Paraná case poses no risk to animal or human health of the Brazilian trade
partners. This embargo is of pure trade or protectionist character. It fulfills other interests of the countries in question”, he says.
| 72 |
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Inor Ag. Assmann
vacinados
Oito estados apresentarão à Organização
Mundial de Saúde Animal pleito de zona livre de
febre aftosa com vacinação em junho de 2013
Em franca evolução
Em 2011, reunião entre os gestores do Mapa e as secretarias estaduais de Agricultura de Maranhão, Piauí, Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Pará definiu estratégias do Projeto de
Ampliação da Zona Livre de Febre Aftosa. Logo a seguir, uma auditoria
foi executada nos oito estados. “O Maranhão ficou em primeiro lugar,
| 74 |
atendendo a 89% dos 28 itens avaliados pelo Mapa”, conta o secretário
de Agricultura maranhense, Cláudio Azevedo.
Na segunda avaliação, em 2012, o Estado destacou-se novamente,
sendo o único a alcançar 100% de satisfação nos serviços de atenção
veterinária prestados. Atingiu o recorde do índice de cobertura vacinal
de 97% do rebanho – o maior alcançado em 10 anos de campanhas
o País, com a estrutura necessária. “Esse
legado é um programa estruturante,
com um serviço robusto para manter o
Brasil sem febre aftosa”, declara.
As melhorias conquistadas através
do programa têm ajudado no avanço do
combate a outras doenças que impactam
o agronegócio. Na área em questão, formada pelos estados do Maranhão, Piauí,
Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco,
Rio Grande do Norte e Pará, com cerca
de 22 milhões de bovinos, foram colhidas mais de 60 mil amostras nos locais
de maior risco de doença – fronteiras e
áreas com muito trânsito de animais. O
trabalho ocorreu em conjunto com órgãos estaduais.
O Maranhão, atualmente classificado
como zona de médio risco para a febre
aftosa, registrou grande destaque no processo. O Estado espera obter em 2013 o
reconhecimento nacional como zona livre da doença com vacinação, com
o pleito submetido à Organização Mundial de
Saúde Animal
(OIE) ainda
no ano, e o
reconhecimento
internacional em 2014, junto com
as áreas 2 e 3 do Pará e os demais Estados
oficiais. Investimentos em infraestrutura e aprimoramentos na legislação também contribuíram para o resultado. O Estado assinou convênio
de R$ 6,5 milhões com o Mapa, reestruturando os escritórios da Aged e
ampliando as ações das 81 unidades veterinárias locais e dos 112 escritórios. Foram criados ainda instrumentos legais que garantiram a execução das ações do programa, com aplicação de sanções aos infratores.
do circuito pecuário Nordeste.
Desde 2001, o Estado não registra
caso de febre aftosa. No ano seguinte,
foi criada a Agência Estadual de Defesa
Agropecuária do Maranhão (Aged-MA),
vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Sagrima). O órgão realiza ações de vigilância
epidemiológica, atendimento às notificações de enfermidades e monitoramento
de pontos e de propriedades de risco,
sem nenhum registro da doença. “A sorologia realizada em 2012, em 10.800
animais de cerca de 400 propriedades
rurais maranhenses, comprovou que
não há circulação do vírus da aftosa no
Estado”, salienta o secretário de Agricultura, Cláudio Azevedo.
O Maranhão possui rebanho de
7.480.370 bovídeos (7.403.542 bovinos
primariamente aptos para corte, em especial nelore; e 76.828 bubalinos). A criação
da Aged permitiu a adoção de medidas
específicas contra a enfermidade. Além da
vacinação de rebanhos, foram cadastrados 100% dos produtores e propriedades
rurais com bovídeos e foi intensificada a
fiscalização do trânsito de animais suscetíveis à febre aftosa e da comercialização e
da estocagem de vacinas contra a doença
nas revendas de produtos veterinários.
Inor Ag. Assmann
Uma parte significativa do território
brasileiro está prestes a adquirir a classificação de zona livre de febre aftosa com
vacinação. Oito estados devem pleitear o
status em junho de 2013. Os resultados
foram alcançados a partir da atuação do
Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA).
Conforme o diretor do Departamento de Saúde Animal (DSA) do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa), Guilherme Henrique Figueiredo Marques, nos últimos 40 anos, cerca de US$ 35 bilhões foram aplicados
no projeto. Com isso, foi possível criar
e manter os cerca de 22 mil postos de
serviço de defesa agropecuária em todo
Em meados de maio, os estados poderiam vir a ser considerados
livres de aftosa. Em junho, o Mapa deve enviar o pleito para a OIE e, se
for acatado, em maio de 2014 todo o rebanho da região será inserido
na área livre de aftosa. “Assim, restariam apenas, para o ano de 2015, os
estados de Roraima, Amapá e Amazonas, que abrigam menos de 1%
do rebanho nacional”, conclui o diretor do DSA, Guilherme Marques.
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They have
been vaccinated
In June 2013, eight Brazilian states will be filing an application
with the World Organization for Animal Health for the status
as zone free from foot and mouth disease with vaccination
Inor Ag. Assmann
A significant part of the Brazilian territory
is about to be classified as zone free from foot
and mouth disease with vaccination. Eight
states will apply for this status in June 2013.
The results were achieved by the National Program for the Eradication and Prevention of
the Foot and Mouth Disease (PNEFA).
According to the director of the Animal
Health Department (DSA) of the Ministry of
Agriculture, Livestock and Food
Supply
(MAPA),
| 76 |
Guilherme Henrique Figueiredo Marques,
over the past 40 years, approximately US$ 35
billion were invested in the project. This made
it possible to keep and operate a number of
22 thousand agriculture and livestock surveillance centers across the entire Country,
equipped with all the necessary structures.
“This legacy is a structuring program, with
robust services towards keeping Brazil
free from the mouth and foot
disease”, he declares.
The improvements achieved so far
through the program have been a good help
in the fight against other diseases that have
an impact on agribusiness. In the area in
question, comprising the states of Maranhão,
Piauí, Ala-
goas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio
Grande do Norte and Pará, with about 22
million head of cattle, upwards of 60 thousand samples were collected in high risk
areas – borders and areas through which
animals are transported. The work was carried out jointly with state organs.
The state of Maranhão, currently classified as medium risk zone for the foot and
mouth disease, made strides in this process. In 2013, the State hopes to obtain the
status as zone free from foot and mouth
disease with vaccination, through an application to be filed with the World Organization for Animal Health (OIE) before
the end of 2013, while international recognition is expected to be granted in 2014,
along with areas 2 and 3, comprising the
state of Pará and all other states included
in the so-called Northeastern livestock belt.
Since 2001, there has been no incidence
of the disease in
the entire
State. The following year, the Maranhão
State Livestock Surveillance Agency (AgedMA), linked with the State Secretariat of Agriculture, Livestock and Supply (Sagrima),
was created. The organ is responsible for
epidemiological surveillance, disease notifications and for monitoring high risk farms,
even without any disease incidence. Serological tests conducted in 2012, in 10,800
animals from 400 farms in Maranhão, attested to the absence of any foot and mouth
virus across the State”, says Agriculture Secretary Cláudio Azevedo.
Maranhão’s bovine herd reaches
7,480,370 bovidae (7,403,542 of them have
reached the slaughter age; and 76,828 are
bubaline breeds). The creation of the Aged
has led to specific measures against the disease. Besides vaccinating the herds, 100%
of all cattle farmers were registered, and so
were the farms with bovidae herds and, in
the meantime, inspections of animals being
transported were intensified to detect
any susceptibility to the foot and
mouth disease. Inspections
also include vaccine
stocks and veterinary
supplies in livestock
pharmacies.
DEFINITELY EVOLVING
In
2011, meetings among the administrators of the Ministry of Agriculture
and State Secretariats of Agriculture
in Maranhão, Piauí, Alagoas, Ceará,
Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do
Norte and Pará have defined strategies for the Project for Expanding the
Free From Mouth Disease Zone. Soon
after, an audit was conducted in eight
states. “Maranhão ranked as first,
complying with 89% of all 28 items assessed by the Ministry of Agriculture”,
explains Cláudio Azevedo, secretary
of agriculture in Maranhão.
In the second evaluation, in 2012, the
State excelled again, and was the only
one to achieve 100% compliance with all
veterinary services rendered. The state
hit the record of 97% of herd vaccination
– the highest rate achieved in 10 years of
on-going official campaigns.
Investments in infrastructure and
legislation improvements also have a say
in these results. The State signed a R$ 6.5
million agreement with the Ministry of
Agriculture, restructuring all Aged offices
and expanding the initiatives of all 81 local veterinary centers and its 112 offices.
The move also included the creation of
legal instruments which guarantee the
execution of the program, with the application of sanctions to infringers.
Halfway through the month of May,
there is a chance for the states to be given
the status as free from foot and mouth
disease zones. In June, the Ministry of
Agriculture is going to file the application with the OIE and, if deferred, in May
2014, the entire herd of the region will
be under the umbrella of the free from
foot and mouth disease area. “Therefore,
for the year 2015, the only states to be
entitled to the free from mouth and foot
disease status are Roraima, Amapá and
Amazonas, which shelter less than 1% of
the national herd”, concludes DSA director Guilherme Marques.
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Robispierre Giuliani
Eles não
desgrudam
Parasitas representam prejuízo de US$ 18 bilhões
por ano à pecuária brasileira, reduzindo a produtividade e a
qualidade dos produtos do setor
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Pequenos ou até mesmo invisíveis a olho
nu, os parasitas têm sido responsáveis por
grandes dores de cabeça à bovinocultura
brasileira. O prejuízo chega a quase US$ 20
bilhões e demonstra a necessidade de investir em medidas que protejam os rebanhos
campo afora. Os números foram apresentados durante evento realizado pela Embrapa
Gado de Corte, em Campo Grande (MS).
O tema foi discutido durante o 1º Simpósio Internacional sobre Controle de Carrapatos e Doenças Transmitidas, realizado em
abril de 2012. Durante as palestras, especialistas revelaram a extensão atual do problema da parasitose na pecuária brasileira. Enquanto em 1986 estimava-se prejuízo anual
de US$ 2,98 bilhões, para casos ligados a
ectoparasitas, atualmente os números chegam a US$ 18 bilhões por ano, somando as
incidências de ecto e endoparasitas. A contabilidade do levantamento, elaborada pelo
pesquisador Laerte Grisi, da Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), revela ainda que as verminoses são responsáveis por gasto de US$ 6,34 bilhões, seguido
do berne, que responde por US$ 4 bilhões.
A mosca-dos-chifres e a dos estábulos
também surgem entre as principais. Juntas,
as duas representam impacto de mais de US$
3 bilhões por ano. A bicheira, outro problema
que afeta o setor, atinge a casa de US$ 83,5
milhões em prejuízos, e o carrapato-do-boi
acarreta US$ 3,957 bilhões de danos por ano
para a produção de leite e de corte.
MEIOS DE CONTROLE O pesquisador Renato Andreotti, da Embrapa Gado de Corte, mostra que a forma de controle químico não é suficiente para evitar as perdas. Por
isso, a prática deve integrar-se a um programa estratégico de combate, representando
mudanças nas medidas adotadas até o momento.
Para o pesquisador, um dos principais gargalos é a insistência no emprego de produtos químicos como forma mais eficaz de erradicação, sem associá-lo a controle estratégico. Frente à resistência dos parasitas, será necessário formular uma política de uso de
produtos químicos para o controle do carrapato. “Caso isso não aconteça, não haverá
mais alternativa econômica para o problema a curto prazo”, afirma o especialista.
No mundo, existem aproximadamente 900 espécies de carrapatos. Nos animais, sua
presença causa perda de peso, lesões na pele e no couro, anemia e outras enfermidades.
Consequentemente, são quadros que levam à queda de produção, seja de carne ou de
leite. O controle de carrapatos, no entanto, ocorre de acordo com os critérios de visibilidade da infestação no animal e não por critérios técnicos estratégicos.
Tais impasses levaram o pesquisador a conduzir estudos que prolongassem a vida dos
carrapaticidas disponíveis. O produtor envia amostras de carrapatos encontrados em sua
propriedade ao laboratório da Embrapa, para identificação de possível resistência aos
produtos mais utilizados no mercado. Após os exames laboratoriais, são disponibilizadas
orientações técnicas, conforme os resultados apresentados.
| 79 |
Robispierre Giuliani
Hard to
get rid of
Parasites translate into losses of US$ 18 billion
a year to Brazilian cattle farming operations, adversely
affecting productivity and quality
Tiny or even invisible to the eye, parasites
have been causing headaches to Brazilian
cattle business. These losses amount to nearly US$ 20 billion, calling for investments in
measures that protect the herds while grazing in the fields. The numbers were presented
during an event held by Embrapa Beef Cattle, in Campo Grande (MS).
The matter was debated during the 1st
International Symposium on the Control of
Ticks and Communicable Diseases, held in
| 80 |
April 2012. Lectures given by specialists revealed the real extension of the problem of
parasites in Brazil’s cattle rearing business.
While in 1986 losses were estimated at US$
2.98 billion, from ecto-parasite incidences,
currently these losses amount to US$ 18
billion a year, from both ecto- and endoparasite incidences. The losses detected in
research works, calculated by researcher
Laerte Grisi, of the Federal University of Rio
de Janeiro (UFRRJ), also reveal that parasitic
worms are responsible for US$ 6.34 billion in
damages, followed by grubs, which account
for losses of US$ 4 billion.
Horn flies and stable flies are also major
scourges. Together, they represent an impact of
upwards of US$ 3 billion a year. Maggot-filled
sores are just one more problem that affects
the sector, causing losses of approximately
US$ 83.5 million, and cattle ticks cause losses
of US$ 3.957 billion a year, adversely affecting
the production of milk and beef.
MEANS OF CONTROL Researcher Renato Andreotti, of Embrapa Beef Cattle, is convinced that chemical
control is not enough if losses are to be minimized. Therefore, management practices should be incorporated into
a strategic fighting program, including changes to the measures in use so far.
The researcher understands that a major bottleneck is the prolonged use of chemical products as the most efficient manner in eradicating the pests, without associating them with a strategic control system. In light of the
resistance acquired by these parasites it is necessary to formulate a policy regarding the use of chemical products
for the control of ticks. “If this does not happen, there will be no economic alternative for the problem in the short
run”, the specialist argues.
In the world, there are approximately 900 species of ticks. Their presence in the body of the animals cause loss of weight,
skin and hide lesions, anemia and other ailments. In consequence, these pictures lead to lower production rates, both for
milk and meat. The control of ticks, nonetheless, occurs in accordance with the degree of visibility of the infestation and
not by strategic technical criteria.
Such bottlenecks induced the researcher to conduct studies into tick and parasite killers that remain effective
for longer time. The farmer collects samples of the ticks found on the farm and sends them to the Embrapa Laboratory, which then tries to identify possible resistance to the most utilized products in the market. Once the lab
analyses have been concluded, technical recommendations derived from the result are sent to the farmer.
| 81 |
gado de leite
dairy cattle
cenário
scenario
Campo bom
Brasil segue aumentando a cada ano a
produção de leite e vários aspectos favoráveis alimentam
expectativas de bons resultados em 2013
| 82 |
Sílvio Ávila
A pecuária de leite exibe o mesmo
potencial de expansão do agronegócio
brasileiro como um todo e mantém anualmente aumentos em sua produção,
colocando-se também na linha de frente
do setor no mundo. Embora em índices
um pouco menores, o certo é que se trata de acréscimos substanciais, acima de
um bilhão de litros, com vistas a atender a
um crescente mercado interno, ao mesmo
tempo em que se vislumbra a possibilidade
de conquistar espaços no âmbito externo.
De 2010 para 2011, conforme números levantados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), a produção aumentou 4,5%, média que vinha se
mantendo a cada ano na última década. O
volume total chegou a 32 bilhões de litros,
com 23,2 milhões de vacas ordenhadas, e
o valor da produção alcançou a R$ 31,3
bilhões. Em 2012, estimou-se expansão na
ordem de 3% e o mesmo se prevê também
para 2013. Com isso, seria alcançado montante de 34 bilhões de litros.
A demanda interna, por sua vez, deve
apresentar crescimento no mesmo nível.
Números divulgados pela Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil) indicam que o consumo per capita
de leite saltou de 173 litros/habitante/ano
em 2011 para 177 litros/habitante/ano
em 2012 e pode alcançar 181 litros por
pessoa em 2013. Jorge Rubez, presidente
da entidade, comemora também a redução de produto considerado informal no
mercado, que deve recuar de 10,4 bilhões
para 10 bilhões de litros neste período.
Além de o consumo dos brasileiros
continuar firme, fatores externos sinalizam
para um ambiente propício a maior expansão da produção e da indústria leiteira
nacional. Neste sentido, foi feita avaliação
positiva em Ativos da Pecuária do Leite, em
abril de 2013, por parte da Superintendência Técnica da Confederação da Agricultura
e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada
(Cepea), vinculado à Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da
Universidade de São Paulo (USP).
Após 2012 com margens apertadas
para os produtores, observam estas instituições, 2013 pode ser de oportunidades.
“Um contexto formado por expectativa
na redução de custos com alimentação,
aumento dos preços de derivados no
mercado internacional, redução de importações brasileiras e aumento das exportações do País tende a ser favorável
para o setor leiteiro nacional como um
todo”, ressaltam. Inclusive, uma campanha foi iniciada para recuperar a venda
externa de produtos lácteos do Brasil.
| 83 |
Inor Ag. Assmann
Lush field
Milk production in Brazil has
been soaring over the past years and there is every
indication for even better results in 2013
Dairy cattle operations are in line with
the potential of Brazilian agribusiness as a
whole, with annual increases in production,
now heading towards a frontline position
of the sector in the world. Although on a
smaller scale, the fact is, there are substantial advances, a minimum of one billion
liters, with an eye towards supplying the
ever-increasing domestic market, while
great chances are spotted for the conquest
of shares in the international scenario.
From 2001 to 2011, according to numbers
surveyed by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE), production
increased by 4.5% a year, an average that
has remained constant over the past decade. The total volume reached 32 billion
liters, with 23.2 million milking cows, and
the value of the production amounted to R$
| 84 |
31.3 billion. In 2012, the advances of the sector were estimated at 3% and the same percentage is expected for 2013. This will lead to
a total production volume of 34 billion liters.
Domestic demand, in turn, should keep
on a par with this growth rate. Numbers released by the Brazilian Association of Milk
Producers (Leite Brasil) indicate that per
capita consumption jumped from 173 liters
in 2001 to 177 liters in 2012, with chances
to soar to 181 liters per person in 2013.
Jorge Rubez, president of the entity, also celebrates a decrease in informal sales, which
are supposed to recede from 10.4 billion liters to 10 billion liters over the period.
Besides the steady sales in the domestic
market, external factors point to a favorable scenario for the Brazilian dairy industry to continue soaring. Within this context,
a very positive assessment of the Dairy Cattle Assets was conducted by the Brazilian
Agriculture and Livestock Confederation
(CNA) and the Center for Advanced Studies
on Applied Economics (Cepea), linked with
the Luiz de Queiroz College of Agriculture
(Esalq), of the University of São Paulo.
These institutions believe that after the
year 2012, characterized by small profit
margins for the producers, 2013 has more
opportunities in store. “A context that includes such expectations as food cost reductions, higher international prices for
milk-based products, reductions in Brazil’s
milk imports, is likely to favor greatly the
national dairy sector as a whole”, they
comment. Furthermore, a campaign has
been staged for Brazil to recover its share in
the sales of dairy products abroad.
| 85 |
Inor Ag. Assmann
Robispierre Giuliani
Cada vez
mais ao Sul
Estados do Sul do País mostram maior
crescimento na produção leiteira nos últimos anos e fazem
empenho para continuar liderando a expansão
O Sul do Brasil registra a maior evolução nos números mais recentes da produção leiteira. Referentes ao produto sob
inspeção, e já incluindo dados provisórios
por região, de 2012, os dados foram divulgados ao final de março de 2013 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Eles identificam crescimento de
11,1% sobre o ano anterior nos três estados
sulistas. Rio Grande do Sul, Paraná e Santa
Catarina somaram 8,2 bilhões de litros, já
próximo do total do Sudeste (8,5 bilhões de
litros), área que tem o maior Estado produtor, Minas Gerais. No País, a aquisição
de leite inspecionado cresceu 2,5%, totalizando 22,3 bilhões de litros (a produção
geral estimada é de 33 bilhões de litros).
Considerando-se o período de 2008 a
2011, o Sul também foi a região que mais
cresceu no recebimento oficial do produto
nas indústrias. Conforme cálculos apresen-
| 86 |
tados por Maria Helena Fagundes, analista
da Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab), com base no IBGE, o índice foi de
8,4%, enquanto o Sudeste avançou 2,3%. Já
o Nordeste mostra incremento significativo
de 7,7% no período, chegando a 1,35 bilhão
de litros em 2011 (situando-se a Bahia à frente, com 408 mil litros), enquanto em 2012
a seca provocou queda de 10,1% na região.
Ainda em relação a 2012, o Estado líder
nacional, Minas Gerais, com 25% do total do
produto inspecionado, apresentou pequeno
recuo na aquisição industrial, passando de
5,6 bilhões de litros para 5,5 bilhões de litros.
Também há referências de algum impacto da
seca na Zona da Mata, enquanto em outras
áreas produtoras, como o Alto Paranaíba,
atribui-se influência à elevação dos custos
e à redução da ração ofertada. O segundo
colocado, Rio Grande do Sul (15,9% do total), cresceu no mesmo índice da região Sul
(11,1%); e outro sulista, o Paraná, superou
São Paulo na terceira posição, com crescimento de 6,6%. Já os paulistas tiveram redução de 7,3%, em vista da pressão do alto
custo das rações e de preços insuficientes,
segundo apurou a Conab.
É do Sul igualmente o Estado que
mais aumentou a produção inspecionada
em 2012: Santa Catarina, com incremento na ordem de 17,1%. Ocupa a quinta
colocação neste quadro produtivo nacional, logo após Goiás, no Centro-Oeste,
que cresceu 2,4%. As unidades federativas destacadas mantém-se entre os primeiros no ranking da produção geral do
País, pelos dados oficiais de 2011. Neste
ano, em relação ao anterior, os maiores
crescimentos totais aconteceram em território goiano (9%), novamente nos estados do Sul, todos com mais de 6%; e em
Minas Gerais, na ordem de 4,4%.
Southbound
Dairy production has been making
strides in the southern states of Brazil over the past years,
and they spare no effort to continue expanding
South Brazil is where dairy production has evolved greatly over
the past years. Regarding products under inspection, and already
including tentative data per region, in 2012, the numbers were published in March 2013 by the Brazilian Institute of Geography and
Statistics (IBGE). They detect an increase of 11.1% over the previous
year in the three southern states. Rio Grande do Sul, Paraná and
Santa Catarina produced 8.2 billion liters, almost on a par with
the total produced in the Southeast (8.5 billion liters), region that
is home to the state of Minas Gerais, the biggest producer in Brazil.
Acquisition of inspected milk soared 2.5% in the Country, totaling
22.3 billion liters (total production is estimated at 33 billion liters).
Considering the 2008 – 2011 period, the South was also the
region that grew the most in terms of official and inspected deliveries to the industries. According to numbers presented by Maria Helena Fagundes, analyst at the National Supply Company
(Conab), based on IBGE sources, the growth rate reached 8.4%,
while the Southeast advanced 2.3%. In the meantime, the Northeast witnessed a significant increase of 7.7% over the period,
reaching 1.35 billion liters in 2011 (with Bahia ranking first,
with a total of 408 thousand liters), while in 2012 the prolonged
drought in the region was responsible for 10.1-percent losses.
LEITE NOS estados | milk in the states
With regard to 2012, the biggest national milk producer, the
state of Minas Gerais, where 25% of the product is inspected,
showed a small decline in industrial acquisitions, from 5.6 billion liters to 5.5 billion liters. In Zona da Mata, there are also references to drought-induced losses, while in other milk producing
areas, like Alto Paranaíba, the smaller production volumes were
blamed on production costs and shortages of animal feed in the
market. In Rio Grande do Sul, state that ranks as second biggest
producer (15.9% of the total), the growth rate remained on a
par with the entire South Region (11.1%); and another southern
state, Paraná, outstripped São Paulo and climbed to the third
position, with a 6.6-percent growth rate. In São Paulo, milk production decreased by 7.3%, on account of the high feed costs and
shrinking milk prices, according to Conab sources.
The State where inspected production grew the most in 2012 is
also located in the South: Santa Catarina, with an increase of approximately 17.1%. The State occupies the fifth position in this national productive picture, coming right after Goiás, in the CenterWest, with a 2.4-percent increase. The above mentioned states of
the Brazilian federation rank as leading producers throughout the
Country, according to official 2011 data. During that year, compared to the previous one, the biggest total growth rates took place
in the territory of Goiás (9%), and again in the southern states, all of
them grew 6%; while in Minas Gerais, it was 4.4%.
Ranking dos principais produtores
Produção total
Produção inspecionada
(mil litros)*
(mil litros)**
MG 8.756.114
MG 5.577.640
RS 3.879.455
RS 3.551.609
PR 3.819.187
PR 2.589.353
GO 3.482.041SP 2.332.053
SC 2.531.159
GO 2.290.603
SP 1.601.220SC 2.103.820
BA 1.181.339
RO 768.650
PE 953.230
MT 584.374
MT 743.191
RJ 356.521
RO 706.647BA 331.489
Total 32.091.012
Total 22.338.503
LEITE - MUNICÍPIOS | milk - municipalities
Fonte: IBGE *2011 **2012
Fonte: IBGE
Principais produtores no País (mil litros)
Castro (PR)
Patos de Minas (MG)
Jataí (GO)
Morrinhos (GO)
Carambeí (PR)
Unaí (MG)
Piracanjuba (GO)
Ibiá (MG)
Patrocínio (MG)
Coromandel (MG)
210.000
146.649
141.403
128.800
120.000
118.000
117.936
107.223
105.892
105.265
| 87 |
Mais lenha
na fogueira
Sílvio Ávila
Investimentos realizados nas indústrias
instaladas no Sul do País sinalizam para crescimento
constante na produção nos próximos anos
More wood
in the fire
Investments made by industries
based in South Brazil signal a rising milk production
trend over the coming years
| 88 |
A regularidade no crescimento recente da produção de leite no Sul se deve à
maior demanda requerida por investimentos feitos em plantas industriais nos últimos anos, segundo opinião expressa por
Jorge Rodrigues, produtor no Norte do
Rio Grande do Sul, presidente do Conselho
Paritário Produtores/Indústrias (Conseleite-RS) e coordenador da área na Federação da
Agricultura no Estado (Farsul). Ele informa
que praticamente todas as indústrias gaúchas, em especial as de maior porte, ampliaram a capacidade e inclusive enfrentam ociosidade, pois a estiagem também
interferiu na captação em 2012, assim
como a crise mundial e a alta dos insumos,
freando o aumento esperado.
Para 2013, a indústria do setor no Estado manifesta expectativa de aumento produtivo ao nível de 7% e redução de custos.
Em 2012, o índice teria sido de 8%, em
sua avaliação, chegando a 4,19 bilhões de
litros no total. O governo gaúcho, por sua
vez, pensa em dobrar a produção estadual
em 10 anos, conforme meta do Programa
Mais Leite de Qualidade, fruto de debates
da Câmara Setorial nos últimos dois anos
e lançado em março de 2013 no evento
Expodireto Cotrijal, em Não Me Toque. A
iniciativa prevê o financiamento de até 44
mil resfriadores aos produtores.
A produção de leite vai se concentrar
nos estados sulinos, que se preparam
para isso, destaca Marcos Antonio Zordan, diretor de agropecuária da Coopercentral Aurora Alimentos. Ele menciona o
Programa Aurora de Qualidade de Leite,
lançado em 29 de agosto de 2011, juntamente com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC) e cooperativas.
Em 2013, o trabalho pretende atingir
100% dos produtores envolvidos em Santa Catarina, onde se destacam a produção em pequenas propriedades e a alta
produtividade, como ocorre nos demais
estados do Sul.
Enquanto a média nacional de rendimento atingiu 1.382 litros/vaca/ano
em 2011 (3,1% a mais do que no ano
anterior), o Rio Grande do Sul obteve
2.535 litros; Santa Catarina, 2.477 litros;
e o Paraná, 2.404 litros por unidade. O
município paranaense de Castro, berço
da cooperativa Castrolanda, se destaca
como maior produtor no País, com 210
milhões de litros, e é o segundo maior
em rendimento por vaca, com 7,5 mil litros, após Araras, em São Paulo, com 8,2
mil litros/vaca/ano.
Carambeí, também do Paraná, sede da
cooperativa Batavo, passou da 12ª para
a quinta posição. O segundo lugar por
município é ocupado por Patos de Minas,
do Estado líder da produção, que também continua a incentivar o setor, com o
Programa de Desenvolvimento da Cadeia
Produtiva (Minas Leite). Pretende atingir
1.300 fazendas em 2013, com melhorias
em quantidade e qualidade.
In the opinion of Jorge Rodrigues, farmer
in North Rio Grande do Sul, president of
the Industries/Farmers Parity Council (Conseleite-RS) and area coordinator at the Rio
Grande do Sul State Agriculture Federation
(Farsul), the credit for the constantly rising
milk production volumes goes to the demand for investments made in industrial
plants, over the past years. He comments
that almost all the industries based in Rio
Grande do Sul, especially the big ones,
have expanded their operating capacity, and some of them are now facing idle
time, because the drought took a heavy toll
on dairy operations, alongside the global
crisis and soaring input costs, adversely affecting the expected increase rates.
For 2013, the industry of the sector in the
State is harboring expectations for 7-percent
higher production volumes and a reduction
of production costs. In 2012, in his evaluation, there was an increase of 8%, reaching
a total of 4.19 billion liters. The government
of Rio Grande do Sul, in turn, is planning to
double milk production in ten years. This
is the target set by the More Quality Milk
Program, resulting from the debates of the
Sectoral Chamber over the past two years,
launched in March 2013, during the Expodireto Cotrijal event, in Não Me Toque. The initiative includes a long-term financing project
for the acquisition of 44 thousand refrigerators by the dairy farmers.
There will be a great concentration of
dairy operations in the southern states, says
Marcos Antonio Zordan, director of the Agricultural Supply Store Coopercentral Aurora
Alimentos. He mentions the ‘Daybreak Quality Milk Program’, launched on 29th August
2011, jointly with the National Rural Learning Service (Senar/SC) and cooperatives.
In 2013, the idea is to reach out to 100% of
the dairy farmers in Santa Catarina, where
small-scale operations and high productivity
rates are major characteristics, just like what
happens in the other southern states.
While the national productivity rates
reached 1.382 liters/cow/year in 2011
(up 3.1% from the previous year), in Rio
Grande do Sul it was 2,535 liters; Santa
Catarina, 2,477 liters; and Paraná, 2,404
liters per unit. Castro, a municipality in
the state of Paraná, cradle of the Castrolanda cooperative, is the leading producer
in the Country, with a total of 210 million
liters, and is the second biggest in milk production per cow, with 7.5 thousand liters,
coming after Araras, in São Paulo, with 8.2
thousand liters/cow, year.
Carambeí, also in Paraná, where Batavo
cooperative is based, has jumped from the
12th to the fifth position. The municipality
that ranks second is Patos de Minas, located in the leading milk producing state,
where the sector is encouraged through
the Supply Chain Development Program
(Minas Leite). The target of the program
is to reach 1,300 dairy farms in 2013, with
quality and quantity improvements.
| 89 |
Sílvio Ávila
Entre os
grandes
Brasil avança posições entre os principais
produtores de leite do mundo e fonte americana já aponta o
País como o terceiro colocado no ranking
A crescente produção de leite no Brasil
faz o País galgar também posições entre os
maiores produtores mundiais. Se forem
considerados os volumes obtidos por nação, divulgados pelo Serviço Exterior de
Agricultura do Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos (USDA), em relatório de
dezembro de 2012, e os países isoladamente, já chegaria a ocupar a terceira colocação.
Ficaria atrás apenas dos Estados Unidos e da
Índia, e já ultrapassaria a China e a Rússia.
Os dados do organismo americano,
apresentados em toneladas, colocam em
primeiro lugar a União Europeia (UE),
composta de 27 países, que teriam obtido 138 milhões de toneladas de leite em
2011. A produção dos EUA seria de 89
| 90 |
milhões de toneladas. A seguir viriam a
indiana, com 53 milhões de toneladas, e
a brasileira, com 33 milhões de toneladas
(32 milhões de litros), conforme veiculado na conjuntura mensal da Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab), de janeiro de 2013, por meio da analista Maria
Helena Fagundes. Também já são feitas estimativas para 2012 e previsões para 2013.
A análise realizada observa que a UE,
com redução de rebanho, porém com ganhos de produtividade, deverá avançar em
0,5% a sua produção em 2013. Maior preço
de energia e rações, bem como a persistência da recessão econômica, deverá restringir
este incremento, mesmo com aumento de
cotas, regime que deverá ter descontinui-
dade em abril de 2015. Nos EUA, também
devido ao grande acréscimo nos valores
das rações, à oferta escassa de alfafa, às altas
temperaturas e à redução do rebanho, está
sendo prevista estabilidade.
Para a Nova Zelândia, que se destaca na
exportação, projetava-se também quadro
estável. Porém, informações posteriores já
davam conta de queda em virtude da falta
de chuvas no País. Da mesma forma, na Argentina, seca no verão, seguida de inundações e do aumento de custos de produção,
determinaria que o aumento da produção
ficaria em 3% em 2012, enquanto em 2013
chegaria a 3,5%, com ampliação do rebanho
e da produtividade. O Brasil, por sua vez, iria
expandir sua produção em 3%.
INCREMENTO Entre 12 países selecionados, mais os da União Europeia, a previsão feita é de que a produção cresceria 1,5%
em 2013 e, assim, chegaria próximo a 472 milhões de toneladas, ficando muito perto da média anual de crescimento de 1,8%
ocorrida entre 2008 e 2012. Em outro levantamento, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO),
comentado no Panorama do Leite da Embrapa Gado de Leite, aponta-se a quantidade total de leite de vaca produzida no mundo,
que em 2011 teria atingido 606 milhões de toneladas, 1,5% a mais do que em 2010.
Neste ranking, o Brasil ainda aparece em quarto lugar, atrás da China, que na estatística em foco consta com produção maior,
próximo a 37 milhões de toneladas. No entanto, enfatiza a passagem do Brasil sobre a Rússia, além de os países do bloco chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), reconhecidos como propulsores da economia mundial pós-crise financeira, se destacarem
também no leite. No boletim, coordenado por Kennya Beatriz Siqueira e Rosângela Zoccal, menciona-se que as nações deste
grupo têm em comum o fato de, apesar de serem fortes produtores, também serem grandes importadores de lácteos, voltando
suas produções para atender a um mercado interno de grandes proporções e em expansão.
Sílvio Ávila
The bigger ones
Brazil is climbing to new heights in the
realm of milk producing countries and American sources
already rank the Country as third biggest producer
| 92 |
to have reached 89 million tons, followed
by India, with 53 million tons; Brazil,
with 33 million tons (32 million liters),
according to monthly figures released by
the National Supply Company (Conab),
in January 2013, by analyst Maria Helena
Fagundes. The report includes estimates for
2012 and forecasts for 2013.
The analysis also mentions the situation of the EU, where the herd was reduced,
but with productivity gains, and production is supposed to soar 0.5% in 2013.
Higher energy and feed prices, as well as
persistent economic problems, are poised
to curb any progress on that score, in spite
of the bigger number of quotas, a system
that is to be discontinued in April 2005. In
the United States, also because of soaring
feed prices, tight supplies of alfalfa, high
temperatures and herd reduction, stable
conditions are supposed to prevail.
For New Zealand, a major exporter of
dairy products, a stable picture was also
forecast. Nevertheless, later information
hinted at smaller production volumes due
to drought conditions. Likewise, in Argentina, drought conditions in the summer,
followed by floods and higher production
costs, were expected to determine only a
3-percent increase in production in 2012,
with perspectives to reach 3.5% in 2013,
driven by a bigger herd and productivity
gains. Brazil, in turn, was to increase its
production by 3%.
LEITE NO MUNDO | milk in the world
Maiores produtores
(em mil toneladas: 1 litro = 1,032 quilo)
Países
UE (27)
EUA
Índia
Brasil
China
Rússia
Nova Zelândia
Argentina
México
Ucrânia
Austrália
Canadá
Japão
Sílvio Ávila
With milk production constantly rising,
Brazil is gradually climbing to higher positions among the leading global producers. If
volumes per nation are considered, the ones
published by the Foreign Agricultural Service (FAS) of the United States Department
of Agriculture (USDA), in a December 2012
report, and each individual country, Brazil
would rank as third biggest milk producer,
coming only after the United States and India, while outstripping China and Russia.
The numbers released by the NorthAmerican organ, in tons, put the European
Union in the leading position. The 27 countries of the Union are supposed to have
produced 138 million tons of milk in 2011.
Production in the United States is believed
2011 2012*2013**
138.219
140.000
140.700
89.015 90.56090.600
53.500 55.50057.780
33.118 34.11135.135
30.700 32.50034.380
31.742 32.15032.350
18.965
20.348
20.400
11.470 11.81512.230
11.046 11.15311.150
10.804 10.90011.050
9.562 10.01510.135
8.400 8.4508.500
7.474 7.5707.540
Fonte: USDA/FAS, dezembro de 2012/IBGE
PRODUCTION ON THE RISE Among 12 selected countries, plus the European Union nations, the initial forecast was for
production to soar 1.5% in 2013 and, therefore, getting close to 472 million tons, approaching the average annual growth rate of 1.8%
that occurred from 2008 to 2012. In another survey, conducted by the Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO),
which received comments by Embrapa Dairy Cattle’s Milk Panorama Department, there are indications of the total amount of cow
milk produced in the world, which is believed to have reached 606 million tons in 2011, up 1.5% from 2010.
This survey ranks Brazil as fourth biggest producer, coming after China, a country that is cited as leading global producer,
very close to 37 million tons. Nonetheless, the survey also emphasizes Brazil’s hegemony over Russia and all other Bric countries
(Brazil, Russia, India and China), acknowledged as post financial crisis global economy propellers, and also big milk producers.
In the bulletin, coordinated by Kennya Beatriz Siqueira and Rosângela Zoccal, it is mentioned that the nations of this group have
in common the fact that, in spite of being major producers, they are also relevant importers of dairy products, once their own
productions are geared towards their huge and ever-increasing domestic markets.
| 93 |
Sílvio Ávila
longo
caminho
Déficit da balança comercial brasileira no leite
aumentou em 2012 com a diminuição das exportações
e o crescimento das importações realizadas
A balança comercial de produtos lácteos do Brasil ampliou em 2012 o déficit
que vem sendo registrado desde 2009. Isso
ocorre “em função da crise internacional
então instalada e da valorização cambial
sofrida pelo Real. O aumento da renda
da população, que tem consumido mais
derivados de leite, também contribui para
| 94 |
impulsionar as importações”, consta na
“Conjuntura do Mercado Lácteo” feita pela
Embrapa Gado de Leite em fevereiro de
2013. O saldo negativo aumentou 5,3% no
último ano, chegando a US$ 514 milhões.
As exportações brasileiras dos principais derivados lácteos baixaram 1,7%, para
US$ 118.955.700, enquanto as importa-
ções cresceram 3,9%, avançando para US$
632.790.800. Em termos de volume, conforme levantamento feito pela MilkPoint, foram
internalizados 1,224 bilhões de litros (6% a
mais que em 2011) e exportados 114 milhões
de litros (6% a menos). A quantia importada,
77% da qual corresponde a leite em pó integral ou desnatado, é a maior desde 2001. O
A HORA DA REAÇÃO Em
déficit em volume de lácteos, equivalente-leite,
chegou a crescer 7,5% entre 2011 e 2012.
De acordo com os dados apontados pela
Embrapa, restritos aos valores, a importação
de leite em pó representou mais de 60% do
total em 2012, atingindo US$ 380 milhões. Na
sequência vêm os queijos, com 33,7% do total.
Em relação ao aumento percentual nas aquisi-
ções externas, o maior crescimento ocorreu nas
gorduras lácteas (2.468,2%), no leitelho e na
manteiga (mais de 300%), embora não tenham
tanta significação no total importado. Já entre os
produtos exportados destacam-se o leite condensado, o modificado e o creme de leite, respondendo cada qual por 45,7%, 22,1% e 15,5%
do total embarcado, respectivamente.
2013, os primeiros meses mostram
reação positiva na balança comercial
brasileira. Entre janeiro e março, as
vendas externas aumentaram 27,4%
em valor e 30,7% em volume, enquanto as compras (feitas especialmente da Argentina e do Uruguai)
foram menores, respectivamente, em
33,5 e 34%. O déficit neste período,
comparado com o do ano anterior,
reduziu-se em mais de 40%. Além
disso, ocorreu prorrogação por um
ano de acordo entre Brasil e Argentina quanto a cotas de importação
de leite em pó (em 3,6 mil t/mês) e
de direitos antidumping, por cinco
anos, sobre o produto vindo da Nova
Zelândia e da União Europeia.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ao analisar no início do ano o mercado internacional
para 2013, acredita que pode haver
redução no aumento de produção
nos grandes exportadores. Além
disso, há sinais de demanda firme
nos grandes importadores. Esses
dois aspectos devem determinar a
continuação de alta nos preços internacionais dos derivados lácteos
verificada nas regiões da Oceania,
da Europa e da Argentina, a partir de
junho de 2012. “Os excedentes para
exportação deverão crescer, mas não
nas quantidades registradas nos últimos dois anos”, avaliou a analista
Maria Helena Fagundes.
O índice dos referidos preços se
intensificou em março, configurando
aumento de 14,4% em relação ao
mesmo mês de 2012, enquanto o
global dos alimentos apresentou redução de 1,7%. Condições climáticas
desfavoráveis na Oceania ampliaram
a escassez da oferta. Este fato, juntamente com o aumento da demanda
internacional, repercutiu na valorização das commodities lácteas na
região e também na Europa.
| 95 |
Inor Ag. Assmann
A long way
Brazilian dairy trade deficit
surged in 2012, with exports on
the decline and imports on the rise
The Brazilian dairy
trade balance surged in 2012, increasing the shortfall that started in 2009. The situation results from the international crisis that started
in that year and from the higher value of the Real. The
rising purchasing power of the population, with most Brazilians consuming more dairy products, is also a factor in the
ever-increasing imports. This is the explanation given by Embrapa Dairy Cattle sources, after conducting a survey of the Dairy
Market Structure, in February 2013. The trade gap increased by
5.3% last year, amounting to US$ 514 million.
Brazilian exports of all major dairy products declined 1.7%,
to US$ 118,955,700, while imports soared 3.9%, to US$
632,790,800. In terms of volume, according to a
survey conducted by MilkPoint, sales from
abroad reached 1.224 billion liters (up
6% from 2011) and exports
amounted to 114 million liters (down 6%).
Of the imported dairy products, 77% correspond
to whole milk powder or skim milk powder, the biggest
volume since 2001. The dairy trade deficit, milk-equivalent,
increased by 7.5% in volume, from 2011 to 2012.
According to data released by Embrapa, restricted to the
values, imports of powdered milk represented upwards of 60%
in 2012, totaling US$ 380 million. Different types of cheese come
next, with 33.7% of the total. With regard to soaring percentages
in external acquisitions, dairy fats were responsible for the biggest increase (2,468.2%), followed by buttered milk and butter
(upwards of 300%), though playing a negligible role if total
imports are considered. The highlights in dairy exports
are condensed milk, modified milk and cream, corresponding to 45.7%, 22% and 15.5%, respectively, of total shipments.
TIME TO REACT The first months attest to a positive re-
more, the powdered milk quota system agreement between Argentina and Brazil (3 thousand tons/month), including five-year
antidumping rights on products coming from New Zealand and
the European Union, was extended for five years.
After analyzing the international market in early 2013, the National Supply Company (Conab) concluded that the leading milk
action in the Brazilian trade balance. From January to March,
foreign sales soared 27.4% in value and 30.7% in volume, while
purchases (particularly from Argentina and Uruguay) declined
33.5% and 34%, respectively. The deficit during the period, compared to the previous year, was down more than 40%. Further| 96 |
COMÉRCIO EXTERIOR | foreign trade
Operações brasileiras com produtos lácteos
(em US$ mil)
Ano
2011
2012
ExportaçõesImportações
121.052,9609.117,0
118.955,7632.790,8
Fonte: Secex/Embrapa Gado de Leite
producers in the world might reduce their production volumes. Moreover, most big importers have been signaling steady demand. These
two factors are supposed to keep international prices, starting in June
2012, for all dairy products, high in the regions of various Pacific islands, Europe and Argentina. “Export surpluses are likely to go up,
but not in the quantities registered over the past two years”, analyst
Maria Helena Fagundes argues.
The said prices soared again in March, 14.4% from the same period in 2012 and, in the meantime, global food prices dropped 1.7%.
Bad weather conditions in the Pacific islands resulted into tight supplies. This factor, alongside soaring international demand, reflected
on dairy commodity prices in the region and in Europe.
| 97 |
Sílvio Ávila
Sob pressão
Custos de produção de leite apresentaram
alta considerável em 2012 e com isso a renda dos produtores
encolheu no decorrer da temporada
Levantamento do Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada (Cepea),
realizado em parceria com a Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA),
indica variação acumulada de 20% nos custos de produção de leite em 2012 no País.
O índice foi apurado em média ponderada
do custo operacional efetivo nos estados de
Minas Gerais, Goiás, Paraná, Rio Grande do
Sul, Santa Catarina e São Paulo. Já o Índice
de Custo de Produção de Leite (ICPLeite),
da Embrapa Gado de Leite, apresentou alta
ainda maior, na ordem de 27,37%, puxada
pela elevação expressiva dos concentrados,
| 98 |
em virtude do aumento no valor dos grãos,
diante da seca nos Estados Unidos.
Enquanto isso, a alteração no preço
bruto do líquido que foi verificada no ano
pelo estudo do Cepea/USP-CNA, conforme
divulgado no boletim Ativos da Pecuária do
Leite, chegou a 5,59%. Assim, ficou bastante
comprometida a receita dos produtores, que
esperam por recuperação em 2013. De acordo com a mesma fonte, em avaliação dos primeiros dois meses do ano, observou-se em
alguns estados que a ração concentrada ficou
mais barata em fevereiro, com o avanço da
colheita de grãos, enquanto o leite também
teve pequena valorização, permitindo recuperar parte do poder de compra perdido.
A análise menciona dados de relatório
do Instituto de Pesquisas em Políticas para
a Agricultura e Alimentação (Fapri), expedido em março de 2013, em que se aponta
a expectativa de safra recorde de grãos nos
Estados Unido. Isto, associado à mesma situação brasileira, poderá aliviar os preços das
rações concentradas. O documento do Fapri
destaca que o fato é importante, tendo em
vista que, na média calculada, os custos com
alimentação comprometem cerca de 61% da
receita obtida através da venda do leite.
TENDÊNCIA INTERNACIONAL Por outro lado, o relatório do Instituto de Pesquisas em Políticas para a Agricultura e Alimentação (Fapri) registra que os preços do leite e de seus derivados em nível mundial vinham subindo consideravelmente no começo de 2013.
Informações citadas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) dão conta de que nos dois primeiros meses o preço
do leite em pó desnatado aumentou 5,11% e o do leite em pó integral, 8,3%, devido a reajustes na Oceania, ocasionados por problemas
climáticos na Nova Zelândia, principal exportador mundial. Além disso, os primeiros números brasileiros do comércio internacional na
área mostravam redução nas importações e aumento nas exportações.
Diferentemente de 2012, quando as margens do setor leiteiro foram encolhendo ao longo dos meses, em 2013 é provável que se ampliem,
como reflexo do aumento esperado nos preços do leite e da provável queda nos do milho, caso as expectativas de safra se confirmem. A avaliação
foi feita em março por Maurício Palma Nogueira, engenheiro agrônomo e diretor da Bigma Consultoria. Observava também margens melhores
na indústria, o que, associado à tendência de incremento dos valores dos lácteos, abriria boas perspectivas para a remuneração do produtor.
Under pressure
Cost of producing milk soared considerably
in 2012, with consequent lower farmers’ profit
margins throughout the season
A survey by the Center for Advanced Studies on Applied Economics (Cepea), conducted
jointly with the Brazilian Agriculture and
Livestock Confederation (CNA), points to an
accumulated variation of 20% in the cost of
producing milk in Brazil in 2012. The rate
was ascertained through the weighted average method of the operational costs effective
in the states of Minas Gerais, Goiás, Paraná,
Rio Grande do Sul, Santa Catarina and São
Paulo. On the other hand, according to Milk
Production Cost ascertained by Embrapa
Dairy Cattle presented an even higher rate –
27.37%, driven by the soaring costs of concentrates, which, in turn, were driven up by the
higher prices of all grain crops, because of the
prolonged drought in the United States.
In the meantime, the alteration in the
gross cost of the milk, detected by the Cepea/USP-CAN study, published in the Dairy
Assets bulletin, reached 5.59%. This put
farmers’ revenues into jeopardy, and they
are expecting a recovery in 2013. According to the same source, at an assessment
of the first two months of the year, it was
observed that concentrates got cheaper in
diferenças | differences
Variação acumulada em 2012
Custo de Produção Preço do leite
20,00% 5,59%
February in some states, as grain crops
made a good recovery, too. Milk prices
also soared slightly, allowing for a partial
recovery of the lost purchasing power.
The analysis refers to data contained in
the report issued by the Research Institute
on Food and Agriculture Practices (Fapri, in
the Portuguese acronym), which came out in
March 2013, and points to the expectation of
a record grain crop in the United States. This
circumstance, in association with the Brazilian situation, could drive down concentrate
feed prices. The Fapri document lays great
importance on this fact, because at the calculated average, food costs account for about
61% of the revenue derived from milk sales.
Fonte: Cepea/USP-CNA
INTERNATIONAL TREND On the other hand, the report by the Research Institute on Food and Agriculture Practices (Fapri)
mentions that milk prices in the international marketplace were soaring considerably in early 2013. Data from the United States
Department of Agriculture (USDA) point to a 5.11-percent price increase of skim milk powder and 8.3% of whole milk powder, over the
first months of the year, due to readjustments in New Zealand, major global exporter, induced by climate problems. Moreover, the first
Brazilian figures related to the international dairy trade showed a decline in imports and a rise in exports.
Contrary to 2012, when farmers’ profit margins kept on shrinking over the year, in 2013, they are likely to go up, reflecting the
expectation for higher milk prices and shrinking corn prices, should crop expectations confirm. The evaluation was conducted by
Maurício Palma Nogueira, agronomic engineer and director of Bigma Consultoria. He also observed better margins at industry level,
which, in association with the trend for higher dairy prices, would represent good chances for improving farm gate milk prices.
| 99 |
perfil
profile
Faz bem
demais
Qualidade é o grande foco de diversos
programas de capacitação que se ampliam em todo País e
promovem a adequação às normas estabelecidas
| 100 |
Inor Ag. Assmann
Um esforço amplo e conjunto voltado à qualidade da produção de leite está em curso no País, para atender plenamente aos
requisitos do mercado e da legislação, a começar pela Instrução
Normativa nº 62 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Várias iniciativas buscam mobilizar especialmente o amplo contingente de pequenos produtores, em ações
de gestão e de capacitação. Programas como Alimento Seguro
(PAS Leite) e Leite Legal estão reforçando atividades em 2013 e
pretendem atingir os mais diversos estados brasileiros.
O PAS Leite foi lançado oficialmente em julho de 2012, em
parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) com os Serviços Nacionais de Aprendizagem Rural
(Senar) e Industrial (Senai), o Mapa e a Embrapa Gado de Leite. A
adesão ao programa deverá ser feita pelas indústrias de laticínios e
por entidades representativas, que indicarão produtores e transportadores para tomarem parte de atividades teóricas e práticas.
Toda a cadeia produtiva e de consumo será beneficiada, salientou
Enio Pinto, gerente de Acesso à Inovação e Tecnologia do Sebrae.
José Altamiro da Silva, gestor nacional de leite e derivados da
instituição, informa que ainda em 2012 foram treinados consultores e multiplicadores e em 2013 direciona-se o esforço na capacitação. O trabalho estava mais adiantado em Minas Gerais e no
Rio de Janeiro, enquanto vários estados já manifestavam interesse
nos primeiros meses. Indústrias estavam sendo sensibilizadas a integrar e incentivar as ações, inclusive com estímulos financeiros. “O
esforço soma-se a outras iniciativas já existentes, como Educampo
e Balde Cheio, que focam basicamente a gestão da propriedade e
apresentam resultados muitos positivos”, diz Altamiro.
MAIS FORTES Ainda no âmbito do Senar, vinculado à
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), foi
assinado em outubro de 2012 convênio com o Sebrae, para
executar o Projeto Produção de Leite de Qualidade, ou Leite
Legal. Nesta direção, enfatizou a senadora Kátia Abreu, presidente da CNA e do Senar, o propósito é “fortalecer a classe
média rural, os pequenos e médios produtores que utilizam
o leite para vender e obter renda”. Defendeu ainda financiamentos de tanques de resfriamento de leite e desburocratização de regras para comercializar queijos artesanais, a fim de
viabilizar a comercialização externa.
O Leite Legal formou gestores e multiplicadores no início
de 2013 para capacitar produtores rurais com foco na produção, dentro dos parâmetros para Contagem de Células Somáticas (CCS) e Contagem Bacteriana Total (CBT), estabelecidos
pela IN 62/2011. Em projeto-piloto no Paraná, estes índices foram reduzidos em 43% e 31%, respectivamente, após o treinamento. A proposta do Senar é de, em dois anos, formar 5.400
turmas e atingir 81 mil propriedades com este programa.
| 101 |
It’s too good
Quality is the focus of an array of capacity
building programs now being conducted across the Country,
promoting compliance with the new standards
| 102 |
the Brazilian Micro and Small Business
Support Service (Sebrae) and National
Rural Learning (Senar) and Industrial
(Senai) Services, Ministry of Agriculture
and Embrapa Dairy Cattle. The adhesion to the program is under the coordination of the dairy industries and
representative entities, responsible for
indicating farmers and transporters to
take part in theoretical and practical
activities. The entire supply chain and
consumers will be benefited, said Enio
Pinto, manager of Sebrae’s Technology
and Innovation Access division.
José Altamiro da Silva, national administrator of the institution’s milk and
milk-based products department, says
that in 2012 consultants and multipliers
were given training, whilst all efforts in
2013 are geared towards capacity building initiatives. This work had been on a
more advanced stage in Minas Gerais,
with other states showing interest in the
first months of the year. Industries were
being urged to integrate and stimulate
these actions, even through financial
grants. “These efforts come in the company of other existing initiatives, like the
programs known as Educampo and Full
Bucket, essentially devoted to farming
activities, and they have been showing
very positive results”, says Altamiro.
Inor Ag. Assmann
Broad and joint efforts focused on
the production of quality milk are now
underway in the Country, so as to comply entirely with market requirements
and legislation, starting with Regulatory Instruction Nº 62 of the Ministry of
Agriculture, Livestock and Food Supply
(MAPA). Several initiatives seek to attract
big numbers of small-scale farmers into
capacity building and administration initiatives. Programs like Safe Food (PAS Milk)
and Legal Milk are lending extra force to
this kind of activities in 2013 and intend to
reach out to other Brazilian states.
PAS Milk is a program that was officially launched in 2012, jointly with
STRONGER Equally, in the range of Senar, linked to the cen ..onfederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), in October
2012 and agreement was signed with Sebrae, for crrying out the Quality Milk Production Project, or Legal Milk . To this end, senator
Kátia Abreu, president of the CNA and Senar, the purpose is “to strengthen the middle rural class, small and medium-scale farmers
who earn a living from milk sales”. She also advocated a credit line for financing milk cooling tanks and for the removal of bureaucratic hurdles that prevent the farmers from selling their homemade cheeses, and make foreign sales viable.
The Legal Milk program qualified administrators and multipliers in early 2013. They are responsible for giving capacity building training
to farmers, with the focus on the production of cheese within the Somatic Cell Count (SCC) and Total Bacteria Count parameters, set forth by RI
62/2011. In a pilot project conducted in the State of Paraná, these rates were reduced by 43% and 31%, respectively, after the training sessions.
Senar’s intention for the next two years is to qualify 5,400 groups and include 81 thousand rural holdings in this program.
| 103 |
Copo
de saúde
Demanda de lácteos aumenta no País junto com
o avanço da renda e pode expandir-se ainda
mais se comparada com a de países desenvolvidos
O mercado interno é o grande destino do
leite produzido no País e continua apresentando potencial de crescimento. O consumo
de produtos lácteos tem avançado nos últimos anos, juntamente com a elevação real de
renda da população, mas ainda não atinge os
níveis observados em países mais desenvolvidos e indicados na área da Saúde. Em 2012,
o consumo situou-se em cerca de 177 litros/
habitante/ano e o setor, como afirma Jorge
Rubez, da Associação Leite Brasil, colocou
como meta em cinco anos chegar próximo
do recomendado pelo Guia Alimentar do Ministério da Saúde, de aproximadamente 200
litros por pessoa ao ano.
O órgão governamental aconselha três
porções diárias de leite ou de derivados lácteos, por conterem cálcio e serem alimentos
mais ricos em proteínas, lembra Rosangela
Zoccal, pesquisadora da Embrapa Gado de
Leite. Observa que a disponibilidade de leite
apurada no Brasil (produção mais importações, menos as exportações), e identificada
como consumo aparente per capita, ainda
é baixa quando comparada com a de países
como França (298 quilos) e Estados Unidos
(259 quilos), ou mesmo os vizinhos Uruguai
(310 kg) e Argentina (215 kg).
Nos últimos anos, porém, vem se registrando crescimento no consumo. Kennya Beatriz
Siqueira, da Embrapa Gado de Leite, e Marielli
Cristina de Pinho e Eduardo da Silva Mercês,
estudantes de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em
| 104 |
Minas Gerais, constataram que o consumo
aparente per capita aumentou cerca de 20,5%
de 2008 até 2011, passando de 143 litros por
habitante para 173 litros por habitante. Eles
relacionam este fato ao crescimento da renda
da população ocorrido ao lado das transformações na classe média brasileira.
“Um dos fatores que mais influenciam no
aumento de consumo das famílias é o seu
poder de compra”, concluem as analistas, ao
se deterem à última Pesquisa de Orçamentos
Familiares (POF) do IBGE, em 2008. Constatam que as regiões que possuem maior poder
aquisitivo apresentam índices mais elevados
de consumo de lácteos. Além disso, reforçam
a importância do fato neste comportamento
ao avaliarem ainda o crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB) entre 2008 e 2010. No
entanto, tendo em vista que a região Sul
lidera na demanda, mas não na renda, embora também seja elevada, fazem referência
ao peso de questões culturais na maior presença de laticínios na dieta alimentar.
No cenário interno, reitera Maria Helena Fagundes, analista da Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab), “o
crescimento econômico e o aumento da
renda e da população têm impulsionado a
elevação constante da produção de leite,
que permanece sendo direcionada para
o atendimento da demanda doméstica”.
Maria Helena entende que as importações continuarão a ser importantes para
abastecer o mercado interno.
A glass
of health
Inor Ag.
Assmann
Demand for dairy products throughout the Country,
along with the soaring purchasing power, could expand
even further compared to other developing countries
The domestic market is the main destination for the milk produced in the Country, and shows
great potential for growth. The consumption of dairy products has risen over the past years, and has
kept pace with the soaring purchasing power of the population, but has not yet reached the levels of
more developed countries and recommended by health authorities. In 2012, consumption reached
approximately 177 liters per capita and the sector, according to Jorge Rubez, of the Brazil Milk Association, has set a target of 200 liters per person, to be achieved in five years, thus complying with the
recommendation of the Food Guidance department of the Ministry of Health.
Since milk is a source of calcium and proteins, the government organ recommends three servings of milk
or dairy products a day, says Rosangela Zoccal, researcher at Embrapa Dairy Cattle. She observes that the
amount of milk available in Brazil (production plus imports, minus exports), and identified as apparent per
capita consumption, is still low compared to countries like France (298 kg) and the United States (259 kg), or
even our neighboring countries Uruguay (310 kg) and Argentina (215 kg).
Over the past years, however, consumption has been rising. Kennya Beatriz Siqueira, of Embrapa Dairy Cattle, and Marielli Cristina de Pinho and
FOME e sede | hunger and thirst
Eduardo da Silva Mercês, students at the
School of Economic Sciences at the Federal
Leite e derivados – Brasil
University of Juiz de Fora (UFJF), in Minas
Ano
Consumo aparente
Gerais, have ascertained that apparent per
(litros/habitante/ano)
capita consumption increased by about
2008143
20.5% from 2008 to 2011, from 143 liters per
2011173
person to 173 liters. They relate this fact to the
Fonte: UFJF/Embrapa Gado de Leite
rising purchasing power of the population and
to the transformation experienced by the Brazilian middle class.
“A major factor that accounts for the rising consumption rates per family is their higher buying power”, the
analysts concluded after analyzing IBGE’s latest Family Budgets Research (POF, in the Portuguese acronym),
conducted in 2008. They have ascertained that regions with high buying power consume more dairy products.
Furthermore, they also strengthen the importance of the fact in people’s behavior when the growth of the Gross
Domestic Product (GDP), from 2008 to 2010, is taken into consideration. Nonetheless, seeing that the South is
the leader in demand, but not in terms of revenue, though being high too, the analysts mention the weight of
cultural questions in the soaring share of dairy products in the daily dietary habits.
In the domestic scenario, Maria Helena Fagundes, analyst with the National Supply Company (Conab), insists that “economic growth and higher buying power of the population have been the driving force behind the
constantly soaring production volumes, which continue being destined for the domestic scenario”. Maria Helena
understands that dairy imports should not be disregarded when it comes to supplying the domestic market.
| 105 |
Abrindo caminho
Inor Ag. Assmann
Brasil lança campanha para recuperar
exportações de derivados do leite e define como meta
incrementar as operações em 30% até 2014
Convênio assinado em fevereiro de 2013,
entre Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Agência Brasileira de Promoção
de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e Organização das Cooperativas
Brasileiras (OCB), quer promover o setor
lácteo brasileiro e voltar a aumentar as exportações, que estão retraídas desde 2009,
após a crise financeira internacional. A meta
é ampliar as vendas externas do País em
30% até 2014, com ações de promoção dos
produtos brasileiros no mercado externo,
além de capacitação e desenvolvimento da
competitividade no segmento.
Empresas da área, a maioria das quais
são cooperativas de agricultores familiares,
deverão integrar-se a missões prospectivas
de mercado e feiras internacionais, mirando
países como Angola, Arábia Saudita, Argélia,
Emirados Árabes, Venezuela, China, Iraque e
| 106 |
Egito. Os derivados do leite também serão incluídos nos projetos Comprador e Imagem,
que trazem ao Brasil importadores, jornalistas e formadores de opinião para conhecer
o setor e encaminhar negociações. O investimento previsto é de R$ 2,3 milhões.
“A parceria firmada vai contribuir para
exportar produtos de maior valor agregado
e possibilitar melhorias nos produtos e nos
processos das empresas e das cooperativas,
para aumentar sua competitividade com vistas à inserção no mercado internacional”, diz
Rogério Bellini, diretor de Negócios da Apex-Brasil. E uma vez preparadas para o exterior,
ficarão mais competitivas no âmbito interno,
onde a atividade representa importante parcela da economia, complementa o dirigente.
“O setor leiteiro tem condições de reocupar o espaço que perdeu no exterior e
os agricultores familiares do País dispõem
de financiamento farto para atender a esse
objetivo”, afirma Pepe Vargas, ministro do
Desenvolvimento Agrário. Revela que há
folga de recursos no Programa Nacional
de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf ), além da ampliação também
no limite da linha de crédito do Pronaf
Agroindústria para as cooperativas.
Informações do MDA realçam a importância do apoio à atividade leiteira, que
aparece em 1,3 milhão de propriedades
no País, a maior parte de agricultores familiares, responsáveis por 58% da produção,
além de gerar 4,7 milhões de empregos. Da
mesma forma, é representativa no setor a
participação das cooperativas, pelas quais
passa mais de 40% da produção brasileira
de lácteos, colocando-se como fundamentais no esforço a fim de fortalecer a presença do Brasil no mercado externo.
Opening the way
Sílvio Ávila
Brazilian newly launched campaign aims
to recover dairy exports and sets a 30-percent
target to be achieved by 2014
Agreement signed in February 2013, between the Ministry of Agrarian Development
(MDA), Brazilian Trade and Investments
Promotion Agency (Apex-Brasil) and the
Brazilian Cooperative Organization (BCO),
is focused on promoting the Brazilian dairy
sector and on boosting exports, which have
been lagging behind since the 2009 global
financial crisis. The target is to increase
the Country’s foreign sales 30% by 2014,
through special promotional campaigns
of the Brazilian products abroad, besides
capacity building actions and moves to
strengthen the segment’s competitive edge.
Companies of the segment, most of
them cooperatives of small scale farmers,
are expected to join prospective market
missions and international fairs, targeting
countries like Angola, Saudi Arabia, Algeria, Arab Emirates, Venezuela, China, Iraq
and Egypt. Dairy products will be included
in the Buy and Image projects, which attract journalists and opinion makers to
Brazil for a better grasp of the sector, whilst
paving the way for negotiations. It will be
an investment of R$ 2.3 million.
“The partnership now underway is going
to contribute towards exporting value added
products, whilst improving the products and
the processes of the companies and cooperatives, with the aim to boost competitiveness
with an eye on the international marketplace”, says Rogério Bellini, Business Director
at Apex-Brasil. And once prepared for the foreign market, the companies will also improve
their competitive edge in the national scenario, where the activity accounts for a huge portion of the economy, the official complements.
“The dairy sector is in a situation to
recover its previously conquered position
abroad and, in the meantime, the family
farmers throughout the Country have ample
access to credit lines to meet this target”,
comments Pepe Vargas, Minister of Agrarian Development. According to him, the
National Program for Strengthening Family
Farming (Pronaf ) offers plenty of resources,
besides expanding the credit limit for AgroIndustry Pronaf for the cooperatives.
MDA sources stress the importance of
dairy operations, now present in 1.3 million
farms across the Country, most of them family holdings, responsible for 58% of the total
production, besides generating 4.7 million
jobs. Likewise, the share of the cooperatives
in the sector is also very representative, and
they are responsible for 40% of the entire
dairy production in Brazil, thus playing a
fundamental role in strengthening the presence of Brazil in the foreign market.
| 107 |
Inor Ag. Assmann
Está no DNA
Melhoramento na pecuária de leite
vem sendo direcionado a pesquisas para a identificação de
genes de interesse econômico nas raças zebuínas
Uma nova e importante ferramenta de
seleção e de manejo reprodutivo alia-se
ao desenvolvimento da pecuária leiteira,
a partir de projeto de sequenciamento do
genoma das raças Gir e Guzerá, realizado
totalmente no Brasil e anunciado em 2012.
O trabalho surgiu de parceria entre Embrapa Gado de Leite, Universidade Federal de
Minas Gerais, Polos de Excelência do Leite
e Genética Bovina, Fiocruz (Instituto René
Rachou), Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado (Epamig) e associações de
criadores. Em 2013, junto com empresas
escolhidas por chamamento público (consórcio CRV-Lagoa e Zoetis), já se avança na
implementação deste recurso.
Com base no sequenciamento, destaca
Marcos Vinícius Gualberto Barbosa da Silva, pesquisador da Embrapa Gado de Leite
| 108 |
que está à frente do projeto, será possível
obter marcadores moleculares específicos
para as raças zebuínas. Poderão ser desenvolvidas ferramentas genômicas para a seleção dos animais que permitirão, a partir
do DNA do indivíduo, identificar precocemente os melhores para características de
importância econômica, como produção
de leite, resistência a parasitas e estresse
térmico, entre outros aspectos.
O processo de seleção genômica proporcionará maior ganho genético, que é a
medida de melhoramento animal, explica
o pesquisador. No método tradicional,
esse ganho fica em cerca de 1% ao ano, enquanto no outro poderá até quadruplicar.
A seleção se torna muito mais acurada. Salienta ainda que, pela identificação precoce
de touros superiores, é reduzido o risco de
se ter animais de baixa qualidade genética
em testes de progênie, assim como são bem
menores o tempo gasto para obter o resultado e o custo para realizar a avaliação.
Marcus Vinícius assinala a grande importância econômica que as raças de origem indiana têm para o Brasil e para os países de clima tropical, em razão da sua rusticidade e da
melhor adequação a temperaturas elevadas.
Assim, reforça, o conhecimento do seu genoma e o uso para o melhoramento genético serão capazes de gerar saltos de produtividade e
de qualidade, no desenvolvimento sustentável
da pecuária de leite brasileira. As ações agora
em andamento pretendem definir, até o próximo ano, um chip para colocar a tecnologia
à disposição dos produtores, com a projeção
de que, num primeiro momento, seja possível
abranger cerca de 10 mil animais.
It’s in the DNA
Dairy cattle enhancement program is
being geared towards research into the identification
of genes of economic interest in zebu breeds
Barbosa da Silva, researcher at Embrapa
Dairy Cattle, now coordinating the project, it will be possible to obtain molecular
markers specific for zebu breeds. Genomeoriented tools could be developed for the
selection of animals which will make it
possible, from their own DNA, to identify
at a very early stage the best economically
relevant characteristics, such as the production of milk, resistance to parasites
and thermal stress, among other variables.
The genome selection process will result into more genetic gains, which really
counts when it comes to animal enhancement processes, the researcher explains. In
the traditional method, this gain remains
at 1% a year, while in the new one, it could
increase over fourfold. Selection becomes
much more accurate. He also maintains
that, through early identification of bulls
of superior potential, the risk for the appearance of animals of low genetic profile
in progeny tests, is very small, and the results and costs for conducting the evaluation work will take much less time.
Marcus Vinícius stresses the great economic importance of the Indian breeds for
Brazil and for all tropical countries, by virtue of their sturdiness and adaptation to
high temperatures. Therefore, he reiterates,
a deep knowledge of their genome and its
use for genetic enhancement programs will
result into productivity and quality leaps,
whilst leading to sustainable dairy cattle
breeding in Brazil. All initiatives now underway are focused on coming up with a
definition, by next year, of a chip to bring
the technology to the cattle farmers, with a
projection for reaching some ten thousand
animals, at a first moment.
Sílvio Ávila
A new and important selection and
reproductive management tool is now
available to dairy cattle operations,
based on a genome sequencing project involving Gir and Guzera cattle breeds, entirely conducted in Brazil and announced
in 2012. The credit of this work goes to
joint work performed by the following institutions: Embrapa Dairy Cattle, Federal
University of Minas Gerais, Milk Excellence Hubs and Bovine Genetics, Fiocruz
(René Rachou Institute), State Agriculture
Research Corporation (Epamig) and cattle farmers’ associations. In 2013, jointly
with companies chosen through a public
bidding process (consortium CRV-Lagoa
and Zoetis), the implementation of this
resource is now underway.
Under the guidance of the sequencing
program, says Marcos Vinícius Gualberto
| 109 |
Depois da
porteira
Projeções para os próximos anos no setor
leiteiro do País indicam manutenção do crescimento,
porém em índices um pouco menores
| 110 |
na e Nova Zelândia (3,9%).
De forma geral, a indicação dos organismos é de que ocorra aumento de 23,7%
na produção mundial de leite de vaca e de
outros animais entre os ciclos 2009/11 e
2021, a taxa média anual de 2,4%, alcançando 880,3 milhões de toneladas ao final
do período. Os países desenvolvidos deverão aumentar o volume em 13,4% (1,4%
ao ano) e as nações em desenvolvimento,
34,4% (3,3% ao ano). Estas passarão a representar 71,1% da produção total.
Considerando-se somente países selecionados de maior produção, o índice
anual médio situa-se em 2,1%. O incremento será impulsionado pelo aumento
do consumo e do comércio, e pelo crescimento econômico e populacional, assim
como a urbanização, principalmente nos
países emergentes, como China e Índia. O
leite em pó é o que mais crescerá de pro-
dução e comércio (entre 31,6% a 33,9%).
Já a demanda geral de lácteos aumentará
nos países da Ásia e nos exportadores de
petróleo, enquanto cadeias de varejos,
indústrias multinacionais e programas governamentais influirão no consumo nos
países em desenvolvimento.
No Brasil, projeções já feitas em
2011 para os próximos 10 anos, pela
Assessoria de Gestão Estratégica do
Ministério da Agricultura, Pecuária e
Desenvolvimento (Mapa), previam que
produção e consumo de leite cresceriam
na ordem de 1,9% ao ano. No entanto, o
estudo já inseria indicativo da Embrapa
Gado de Leite de que a evolução anual
média do índice poderia situar-se ao redor de 2,5%. Pela previsão mais modesta, o volume produzido chegaria a 38,2
bilhões de litros em 2021 e, pela outra,
a mais de 40 bilhões de litros.
Robispierre Giuliani
O desenvolvimento do setor leiteiro no
Brasil, cujos números mostram acréscimos
a cada ano, deverá manter-se na próxima
década. As projeções feitas, porém, indicam adequação dos índices em faixa um
pouco menor. Se nos últimos anos as taxas ultrapassavam a 4%, atualmente ficam
ao redor de 3% e no futuro a curto prazo
apontam para níveis um pouco acima de
2%, no mesmo patamar de crescimento
previsto em âmbito mundial.
O País deverá ter incremento médio
ao redor de 2,3% ao ano, de acordo com
as prospecções feitas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), baseada
em publicação das Organizações para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
e para Agricultura e Alimentação (OECD/
FAO), a Agricultural Outlook 2012-2021.
Outros países produtores teriam índices
maiores: Argentina (5,1%), Índia (4%), Chi-
PRIORIDADES E AÇÕES Para manter o crescimento, em quantidade e qualidade, ações prioritárias foram elencadas por Rodrigo
Alvim, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em abril de 2013,
durante audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado. Destacou o projeto Produção de Leite de Qualidade, em
desenvolvimento, dando ênfase ao controle de questões sanitárias, como controle de resíduos e doenças, em atenção à expansão do mercado.
A ampliação da assistência técnica e, particularmente, a qualificação da mão de obra, um dos gargalos do setor, estão incluídas entre as demandas do setor, assim como as linhas de crédito a juros baixos. Com estas e outras iniciativas, segundo Alvim, os pequenos pecuaristas leiteiros, que
representam 80% dos produtores, mas produzem menos, têm condições de dobrar a oferta de leite em suas propriedades nos próximos anos.
O governo federal, assim como os poderes estaduais e municipais, entre outras entidades, estão atuando no fortalecimento da cadeia
produtiva. No Mapa, Antônio Andrade, produtor de leite em Minas Gerais, ao assumir como ministro em março de 2013, ressaltou que dará
ênfase no apoio à parcela de produtores rurais que não têm acesso à mecanização intensiva e com produção voltada ao abastecimento interno,
como é caso do setor lácteo. Evidenciou também a importância do segmento para fixar o homem ao campo.
| 111 |
Outside
the farm gate
Projections of the milk supply chain
for the next years point to a continuity of the
growth process, but on a smaller scale
The development of the Brazilian milk
supply chain, characterized by advances
year after year, should remain steady over
the next decade. Nonetheless, these projections point to rather smaller rates. If over the
past years the growth rates reached upwards
of 4%, currently they remain at about 3%,
and for the near future, the projections are
for slightly above 2% growth rates, on a par
with the estimated global growth levels.
The Country is supposed to reach
a growth rate of approximately 2.3%
a year, in line with the projections announced by the National Supply Company (Conab), based on a publication by
OECD/FAO) Agricultural Outlook 20122021. Other milk producing countries
are believed to reach higher percentage
growth rates: Argentina (5.1%), India
(4%), China and New Zealand (3.9%).
In general, most organisms believe in
an increase of 23.7% in global production
of milk from cows and other animals from
the 2009/11 and 2021 cycles, at an annual
growth rate of 2.4%, totaling 880.3 million
tons at the end of the period. The developed
countries should increase their production
volumes by 13.4% (1.4% a year) and the
developing countries, by 34.4% (3.3% a
year). The latter will account for 71.1% of
the total production volumes.
Considering only selected countries
with high production, the average annual
growth rate remains at 2.1%. The driving
force behind the increases comprises such
factors as higher consumption and trade,
economic and population growth, urbanization, particularly in emerging countries
like India and China. Powdered milk is expected to experience the biggest production
and trade increases ( from 31.6% to 33.9%).
General demand for dairy products is
estimated to soar in Asian and crude oil
exporting countries, while retail chains,
multinational industries and government
programs will exert a strong influence on
consumption in developing countries.
In Brazil, relying on projections made in
2011 for the next 10 years, by the Strategic
Management Council of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA),
both production and consumption of milk
should soar 1.9 percent a year. Nevertheless,
the study also referred to an indication by
Embrapa Dairy Cattle pointing to an average growth rate of 2.5% a year. Considering
the more modest projection, the volume
would reach 38.2 billion liters in 2021, while
the other projection puts this volume to upwards of 40 billion litters.
PRIORITIES AND INITIATIVES So as to maintain the growth rate, both in quantity and quality, priority actions were set by
Rodrigo Alvim, president of the Brazilian Agriculture and Livestock Confederation (CNA), in April 2013, during a public hearing held by the
Senate Committee on Agrarian Reform and Agriculture. On that occasion, he highlighted the Quality Milk Production project, now underway,
with great emphasis on the control of sanitary matters, like residues and diseases, so as to keep the market on a rising trend.
Providing the farmers with more comprehensive technical assistance plans and, in particular, labor qualification, the biggest bottlenecks of
the sector, are included in the sector’s demands, as well as credit lines at low interest rates. With these and other initiatives, according to Alvim,
the small-scale dairy farmers will be able to double their production of milk over the next years.
The federal government and many municipal and state administrations, among other entities, are now engaged in strengthening the
supply chain. Upon taking over as minister of agriculture in 2013, Antônio Andrade, dairy farmer in Minas Gerais, pledged that he would
lend strong support to small-scale dairy farmers who have no access to intensive mechanization and with their production geared towards
the domestic market, as is the case of the dairy sector. He also referred to the importance of the sector as a deterrent to rural-urban migration.
| 112 |
| 113 |
Sílvio Ávila
ovinos e caprinos
sheep and goats
Chance de
ouro
Queda na produção formal de carne ovina
no Brasil torna o País cada vez mais dependente das
importações para abastecer o mercado doméstico
| 114 |
aumento de 1,65% sobre 2010. A severa
estiagem pela qual passaram os estados do
Nordeste em 2012, e que se estendeu para
2013, considerada uma das piores em 100
anos, também está afetando a atividade.
Diante da estagnação do segmento, o
fornecimento de carne ovina no Brasil continua cada vez mais dependente das importações. Conforme Daniel Souza, a participação saltou de 54,7% do total disponível em
2011 para 63,1% em 2012. Na comparação
entre os dois anos, foi verificado aumento de
26,3% na aquisição do produto estrangeiro,
com incremento de 6,2% no valor. Em 2012,
foram adquiridas 6,52 mil toneladas, o que
representou gasto de US$ 36,1 milhões.
O Uruguai é o principal fornecedor de
carne ovina para o Brasil. Em 2012, veio
do país vizinho 93% do total importado. O
montante embarcado representou volume
11% maior do que o de 2011. O restante do
abastecimento saiu da Argentina (3,8%), do
Chile (2,8%), da Nova Zelândia (0,3%) e da
Austrália (0,1%). Somando-se a produção
doméstica às
aquisições, a disponibilida-
de interna formal cresceu 9,4% em 2012,
chegando a 10,3 mil toneladas.
Mesmo com maior oferta de carne ovina
no mercado interno, os preços do cordeiro
permaneceram relativamente elevados em
2012, quando comparados a 2011. Conforme análise do médico veterinário Daniel
Souza, houve alta de 8,2% e 0,7% nas cotações nas praças de São Paulo (média de
R$ 11,37 pelo quilo de carcaça) e do Rio
Grande do Sul (R$ 8,52), respectivamente,
e baixa de 2,2% na Bahia (R$ 8,70).
Em relação a 2013, o consultor em pecuária da Prime
ASC acredita que
os preços devem seguir
elevados, fa-
Robispierre Giuliani
A ovinocultura ainda tem longo caminho
a percorrer até conquistar definitivamente o
paladar dos brasileiros. Pelo terceiro ano
consecutivo, a produção formal, sob inspeção federal, sofreu retração. Os números,
ainda não consolidados, apontam para o
abate de 237,7 mil cabeças em 2012, 10,8%
a menos do que o registrado em 2011, num
total de 3,8 mil toneladas de carne de ovelha. Desse montante, 80,3% tem origem no
Rio Grande do Sul, seguido por São Paulo
(10%) e Bahia (6,2%).
O médico veterinário Daniel de Araújo
Souza, consultor em pecuária da Prime
ASC, avalia como principal motivo para a
queda da produção ovina a ausência de
crescimento efetivo do rebanho nos últimos 10 anos, em virtude do alto índice
de abate das fêmeas. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), o Brasil fechou 2011 (ano do mais
recente dado oficial disponível)
com rebanho de 17,6 milhões de cabeças,
vorecendo o produtor, mas limitando a
expansão do consumo. Esse cenário deve
se sustentar, segundo ele, em função da
estagnação do efetivo, da baixa
disponibilidade interna e da
inapetência dos criadores em aumentar a produção.
| 115 |
Golden
chance
Gradual decrease in the production
of sheep meat in Brazil is creating a
strong dependence on imports for
supplying the domestic market
| 116 |
purchases from that country represented 93% of the total amounts
imported. The shipments from Uruguay to Brazil were up 11%
from the previous year. Other suppliers were Argentina (3.8%),
Chile (2.8%), New Zealand (0.3%) and Australia (0.1%). Together, meat imports and formal domestic production resulted into
9.4-percent higher volumes in 2012, reaching 10.3 thousand tons.
In spite of the bigger supply of sheep meat in the internal market, prices remained relatively high in 2012, compared to 2011.
According to an analysis by veterinary physician Daniel Souza,
prices were up 8.2% and 0.7% in São Paulo (average of R$ 11.37
per kilo) and Rio Grande do Sul (R$ 8.52), respectively, while in
Bahia they were down 2.2% (R$ 8.70).
With regard to 2013, the Prime ASC cattle consultant believes that
prices should continue high, favoring the farmers, but limiting consumption. This scenario should hold true for some time, he argues, by
virtue of the stagnation of the sheep flock, low domestic supply, and
the unwillingness of the farmers to increase their flocks.
Inor Ag. Assmann
Sheep farming still has a long way to go until it definitively conquers the palate of Brazilian consumers. For the third year in a row,
formal production, under federal inspection, has declined. The numbers, not yet consolidated, put slaughters at 237.7 thousand
head in 2012, down 10.8% from the total in 2011, resulting into 3.8 thousand tons of sheep meat. Of this
total, 80.3% of the meat was produced in Rio Grande
do Sul, followed by São Paulo (10%) and Bahia (6.2%).
Veterinary physician Daniel de Araújo Souza, Prime
ASC cattle consultant, understands that the main reason that
accounts for the decline in sheep meat production lies in
the fact that the sheep flock has remained stagnated
over the past years, by virtue of the slaughter of
a huge number of ewes. According to the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE),
at the end of 2011 (year of the latest official data available), Brazil came to
year end with a flock of 17.6 million
sheep, up 1.65% from 2010. The severe
drought that hit the Northeast in 2012, which
extended to 2013, the worst in 100 years, is
also adversely affecting the activity.
In light of the stagnation of the segment,
sheep meat supply in Brazil is becoming ever more
dependent on imports. According to Daniel Souza,
the share of imports has jumped from 54.7% of
the total available in 2011 to 63.1% in 2012. In the
comparison between the two years, there was an increase by
26.3% in the acquisition of the product from abroad, and value
was up 6.2%. In 2012, purchases from abroad amounted to 6.52
thousand tons, at a cost of US$ 36.1 million.
Uruguay is a major supplier of sheep meat to Brazil. In 2012,
balidos | bleats
Rebanho brasileiro de ovinos (cabeças)
Estado
Rio Grande do Sul
Bahia
Ceará
Pernambuco
Piauí
Paraná
Rio Grande do Norte
Outros
Brasil
20112010
4.000.297
3.979.258
3.072.1763.125.766
2.142.5672.098.893
1.856.3511.622.511
1.397.8641.392.861
643.591613.934
587.096
583.661
3.968.1213.963.697
17.668.06317.380.581
Fonte: IBGE
| 117 |
Inor Ag. Assmann
Um passo de
cada vez
Com mais de 90% dos abates sendo realizados
de maneira informal, principal desafio da cadeia produtiva
da ovinocultura é organizar o setor
A organização da cadeia produtiva é o grande desafio que se impõe para que a ovinocultura possa ocupar fatia maior na pecuária brasileira. Problemas não faltam ao setor. Mais de
90% dos abates acontecem na informalidade,
o rebanho vem diminuindo e há pouca oferta
de carne no mercado. Esses fatores colaboram
para que o consumo per capita estimado não
ultrapasse a 400 gramas/habitante/ano.
O presidente da Associação Brasileira de
Criadores de Ovinos (Arco), Paulo Afonso
Schwab, lembra que por muitos anos o foco
principal da atividade era a lã, que, com o tempo, perdeu valor de mercado. Abriu-se aí espaço para a carne, que até então era consumida
somente na propriedade. O sonho do dirigente é tornar o produto tão popular quanto o
frango, que antigamente era visto como opção
gastronômica apenas para finais de semana e
festas. “Hoje, se popularizou”, conclui.
Schwab acredita que o produtor de
| 118 |
ovinos pode ter altos ganhos com a atividade, que vai muito além da lã e da carne.
Refere-se aos demais aspectos que podem
ser explorados. O leite é considerado ingrediente nobre, principalmente para a
fabricação de queijos, com bom valor agregado. Também a pele dos animais, considerada tecido bastante macio, pode ser
usada na confecção de bolsas e sapatos.
A exploração integral da ovinocultura
depende, conforme o presidente da Arco, do
envolvimento dos governos municipais e estaduais. Entende que os criadores precisam
de definições que tragam respaldo legal à comercialização dos produtos ovinos. Schwab
cita a implantação de um programa sanitário
para o rebanho. O Rio Grande do Sul, maior
produtor nacional, já está trabalhando nesse
sentido, junto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Além do atendimento ao mercado inter-
no, Schwab vê com otimismo a possibilidade de o Brasil passar a exportar carne ovina.
“Os países do Oriente Médio e da Europa
e os Estados Unidos batem à nossa porta
quase todos os dias”, informa. Em seu entender, a própria genética, das 28 raças que
possuem registro genealógico no País, poderia ser vendida. “Esse material é um dos
melhores do mundo”, enfatiza.
A chegada a esse patamar, com maior
consumo dentro do País, vendas para o exterior e regularidade de oferta, depende de
muitas etapas que ainda precisam ser eliminadas. O presidente da Arco cita a necessidade de formação de mão de obra especializada para lidar com o gado ovino e maior
atenção à extensão rural voltada à atividade.
“O ovino cabe bem como manejo de pecuária com a lavoura, pois compacta muito
menos, fica pronto mais rápido e o esterco
já vem distribuído no solo”, observa.
Inor Ag. Assmann
One step
at a time
With illegal slaughters accounting for upwards
of 90%, a major challenge of the sheep
supply chain consists in organizing the sector
The organization of the supply chain
seems to be the real challenge if sheep
farming is to get a bigger chunk in Brazilian livestock rearing operations. Problems
abound in the sector. Upwards of 90% of
all sheep slaughters take place informally,
the flock is on the decline and there is not
much sheep meat in the market. These factors have a say in the per capita consumption of only 400/grams/person/year.
The president of the Brazilian Association of Sheep Breeders (Arco), Paulo
Afonso Schwab, recalls that for years the
main focus of the activity was the wool,
which, as time went by, lost its allure in
the market. This gave rise to a chance
for the meat, which, up to that time, was
normally consumed only by the farmers
themselves. The official’s dream is to turn
sheep meat as popular as chicken meat,
which in the past was viewed as a gastronomic alternative just for the weekends
or special celebrations”, he concludes.
Schwab maintains that sheep breeders
could derive substantial gains from the activity, which goes much beyond the realm
of meat and wool. He refers to other aspects
that could be explored. Milk is viewed as a
noble ingredient, particularly for making
several types of cheese, with high added
value. Sheep fur, which is very soft, is used
for making shoes and purses.
Comprehensive exploration of sheep
farming operations, according to ARCO
president, depends a lot on the involvement of municipal and state governments.
He understands that the farmers need definitions that lend legal support to the trade
of ovine-based products. Schwab cites the
implementation of a phytosanitary program for the flock. Rio Grande do Sul, leading national sheep producer, is sparing no
effort in doing something towards this end,
jointly with the Ministry of Agriculture,
Livestock and Food Supply (Mapa).
Besides supplying the domestic market,
Schwab optimistically believes in the chance
for Brazil to start exporting sheep meat.
“Middle East countries, the United States
and Europe are eagerly waiting for Brazil’s
sheep meat shipments”, he says. In his view,
the genetics of the 28 breeds that bear a genealogical register in the Country, could be
traded. “It is one of the best genetic materials in the world”, he points out.
Such an achievement, along with higher
domestic consumption, sales abroad and
regular supplies, depends on a lot of hurdles
that still need to be surmounted. The president of Arco recalls the need to qualify the
workforce for appropriate management
of the ovine herds, besides more attention
from rural extension agents responsible for
this activity. “Ovine herds fit perfectly into
crop-herd rotation schemes, as they cause
little compaction problems, are ready for
slaughter in a short time, and their manure
remains in soil”, he observes.
| 119 |
Em busca da
antiga nobreza
Inor Ag. Assmann
Produção de lã, que fez a riqueza das
fazendas gaúchas, quer recuperar o espaço perdido diante
da queda do rebanho e da valorização da carne
In search of
traditional nobility
Wool production, which used to be a source of wealth on the
farms in Rio Grande do Sul, is now trying to make a comeback in
light of the smaller flock and the higher prices of the meat
| 120 |
A lã oriunda da tosquia das ovelhas é
um produto que já fez a riqueza de muitos
fazendeiros gaúchos. Isso foi no tempo em
que o Rio Grande do Sul possuía rebanho
ovino de 12 milhões de cabeças e a carne
era considerada produto menos nobre. Nos
últimos 40 anos, houve gradual redução
dos animais criados, a ponto de, atualmente, o plantel não passar de 4 milhões de indivíduos. Com isso a fibra, própria para o
clima frio, também perdeu espaço.
A crise da lã pode ser medida pelo número de cooperativas dedicadas à atividade. Na
década de 1970, existiam 15 empreendimentos no Rio Grande do Sul. Hoje, são apenas
três, nos municípios de São Gabriel, Quaraí
e Jaguarão. Mesmo assim, o Estado continua
sendo responsável por mais de 90% da produção nacional, com 10,7 milhões de quilos
em 2011, do total nacional de 11,8 milhões
de quilos, conforme levantamento do Ins-
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). O restante está distribuído por Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, São
Paulo, Minas Gerais e Goiás.
O presidente da Federação das Cooperativas de Lã do Brasil (Fecolã), Álvaro Lima
da Silva, explica que a lã se desvalorizou ao
longo das últimas décadas. “A concorrência
com a fibra sintética fez com que houvesse menos demanda”, justifica. Por outro
lado, a comercialização formal de carne
ovina cresceu, relegando a segundo plano
o resultado da tosquia. “Virou um nicho de
mercado”, avalia Álvaro da Silva.
Em torno de 80% da lã produzida no
Brasil segue para o mercado externo,
principalmente o Uruguai. O presidente da Fecolã explica que o tipo de fibra
retirada do rebanho ovino brasileiro não
é adequado para a confecção de tecidos
mais finos, chamados de lã fria. Para essa
Wool is removed from sheep by a shearing process, and it used to
be a source of wealth for lots of farmers throughout the State of Rio
Grande do Sul. This happened at a time when the State had a flock
of 12 million head and the meat was not seen as a noble ingredient.
Over the past 40 years, the flock began to decrease gradually and,
currently, it consists of approximately 4 million head. As a result, the
fiber, appropriate for cold climates, also lost its allure.
The wool crisis is proportional to the number of cooperatives devoted to the activity. In the 1970s, there were 15 wool industries in
Rio Grande do Sul. Now there are only three, located in the municipalities of São Gabriel, Quaraí and Jaguarão. Nevertheless, the State
is still responsible for 90% of the total national production volumes,
with 10.7 million kilos in 2011, of the national total of 11.8 million kilos, according to a survey by the Brazilian Institute of Geography and
Statistics (IBGE). The rest is produced in the States of Paraná, Santa
Catarina, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais and Goiás.
The president of the Brazilian Federation of Wool Cooperatives
(Fecolã), Álvaro Lima da Silva, explains that wool lost its allure over
the past decades. “Competition with synthetic fiber adversely affected
demand”, he justifies. On the other hand, formal sheep meat sales
soared to the detriment of the sheep shearing process. “It has become
a market niche”, says Álvaro da Silva.
Around 80% of the wool produced in Brazil is shipped abroad,
especially to Uruguay. The president of Fecolã explains that the
type of fiber produced by Brazilian sheep is not very appropriate
for fine fabrics, known as cool wool. To this end, the national textile industries need to import the raw material.
finalidade, as indústrias nacionais necessitam importar matéria-prima.
Conforme o presidente da Fecolã, a
fim de obter produto com mais qualidade, é necessário investir no melhoramento do rebanho. O resultado, acredita, virá
pelas linhas de crédito do programa Mais
Ovinos no Campo, do governo gaúcho. A
iniciativa prevê financiamento para aquisição de matrizes e reprodutores e para
a retenção de fêmeas nas propriedades.
Na avaliação de Álvaro da Silva, a produção de lã ovina é uma atividade remuneradora. A raça Corriedale, que representa 70% do rebanho brasileiro, estava
cotada em abril de 2013 em média de R$
3,00 pelo quilo. “Um bom animal produz
em torno de quatro quilos de lã”, observa. Sendo assim, o produtor pode ficar de
olho no mercado, com a expectativa de
que se verifique um inverno rigoroso.
According to the president of Fecolã, if a better quality product
is to be obtained, there is need to invest in genetic enhancement of
the flock. The result, he believes, will come from the credit lines provided by the ‘More Sheep on the Field’ program, staged by the state
government of Rio Grande do Sul. The initiative is focused on the
acquisition of male and female sheep for propagation purposes and
for retaining the female sheep on the farm.
In Álvaro da Silva’s view, the production of wool is a remunerating activity. The wool from the Corriedale breed, which accounts for
70% of the Brazilian herd, was fetching R$ 3.00 per kilo. “A healthy
animal produces around four kilos of wool”, he observes. Under such
circumstances, sheep farmers had better keep an eye on the market,
with the expectation for a very cold winter.
peso leve | light weight
Produção brasileira de lã (quilos)
Estado
Rio Grande do Sul
Paraná
Santa Catarina
Mato Grosso do Sul
São Paulo
Minas Gerais
Goiás
Brasil
20112010
10.757.092
10.687.609
603.238511.134
268.296
268.991
103.914
104.680
64.246
65.297
7.703
8.508
990130
11.805.47911.646.349
Fonte: IBGE
| 121 |
Sílvio Ávila
Novos horizontes
Criação de caprinos está concentrada no
Nordeste, onde a carne e o leite praticamente se restringem
ao consumo em pequenas propriedades
A caprinocultura, nos segmentos de
carne e de leite, é vista como atividade com
grande potencial econômico, principalmente para o Nordeste, onde se localiza
mais de 90% do rebanho brasileiro. O alcance desse patamar, no entanto, depende
da organização da cadeia produtiva. A criação, salvo pouquíssimas exceções, é restrita
às propriedades familiares, onde os animais
são usados para a subsistência.
Conforme o pesquisador Espedito
Cezário Martins, da Embrapa Caprinos e
Ovinos, sediada em Sobral (CE), o rebanho nacional cresceu 36% entre os anos
1970 e o começo dos 2000. Na última
década, entretanto, se estabilizou. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) revelam que em 2011
havia 9,3 milhões de cabeças no Brasil,
com crescimento de apenas 0,7% sobre o
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ano anterior. Desse total, 8,5 milhões de
exemplares estavam no Nordeste.
Tornar a carne e o leite de caprinos um
atrativo para o paladar do brasileiro é um
grande desafio. O pesquisador Cesário
Martins acredita que, por ser uma atividade
conduzida em nível de pequeno produtor,
não há a devida valorização. “O que chega ao
mercado geralmente são animais velhos. Por
isso, as pessoas não gostam”, explica.
Além disso, a informalidade impera e o
comércio legalizado é praticamente nulo.
De acordo com o pesquisador da Embrapa, existem apenas três ou quatro frigoríficos específicos para abate do rebanho caprino no País, na Bahia e em Pernambuco,
os dois principais estados produtores. Em
seu entender, a irregularidade da oferta
atrapalha o crescimento do setor. A solução, enfatiza, seria a formação de associa-
ções com visão empreendedora.
Para Martins, o leite terá mais chance
de sucesso mercadológico do que a carne,
que deve continuar sendo consumida mais
no Nordeste. O pesquisador vislumbra a
possibilidade de comercialização na forma
de longa vida e em pó, além da confecção
de queijos. Experiências nesse sentido já
podem ser vistas em algumas fazendas na
serra do Rio de Janeiro e em Minas Gerais.
“É um diferencial interessante, pois atinge
o público classe A”, observa.
No Nordeste, o consumo de leite de cabra é muito comum, mas o comércio não
é organizado. O pesquisador da Embrapa
explica que os criadores estão, aos poucos,
conseguindo colocar o produto no mercado por meio de iniciativas governamentais,
como o Programa de Aquisição de Alimentos
(PAA) e a inclusão na merenda escolar.
New horizons
Inor Ag. Assmann
Goat farming is mostly concentrated in the
Northeast, where the meat and milk are almost
entirely consumed on small holdings
Goat farming, in the segments of milk and meat, is viewed as an
activity with huge economic potential, particularly in the Northeast,
where more than 90% of the Brazilian herd is located. The achievement of this potential, nonetheless, depends on the organization of
the supply chain. For the time being, with very rare exceptions, goats
are raised on family farms, mostly for subsistence purposes.
According to researcher Espedito Cezário Martins, of Embrapa Caprines and Ovines, based in Sobral (CE), the national
herd grew 36% from the 1970s and to early 2000. Over the past
decade, however, it remained steady. Data released by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) reveal that in
2011 there were 9.3 million head, up only 0.7% from the previous
year. Of this total, 8.5 million head were in the Northeast.
The great challenge lies in making goat meat and milk more
pleasing to the palate of Brazilian people. Researcher Cesário
Martins believes that, because goat farming is still a family business, not much value is attributed to it. “The fact is, normally,
old animals reach the consumer market, and this is something
people do not like”, he explains.
Furthermore, informal sales predominate and legal trade does
not exist. According to the Embrapa researcher, there are only three
or four meat packing plants throughout the Country that slaughter
goats. They are located in the States of Bahia and Pernambuco, the
two leading producers. He understands that irregular supplies curb
the growth of the sector. The solution, he maintains, lies in the creation of associations with an entrepreneurial vision.
cabra bom | good goat
Rebanho brasileiro de caprinos (cabeças)
Estado
Bahia
Pernambuco
Piauí
Ceará
Paraíba
Rio Grande do Norte
Maranhão
Outros
Brasil
20112010
2.741.8182.847.148
1.925.7781.735.051
1.381.9491.386.515
1.044.9981.024.594
580.867600.607
406.616
405.983
369.450373.144
934.840939.742
9.386.3169.312.784
Fonte: IBGE
Martins believes that goat milk is more likely to be successful in
the market than the meat of this animal, once the consumption of
the latter is restricted to the Northeast. The researcher spots a chance
for goat milk to be traded in the form of powder and cheeses. Experiments of this kind are now being conducted on farms in the Sierra
Region in Rio de Janeiro and Minas Gerais. “It makes an attractive
difference, as it reaches class A people”, He observes.
In the Northeast, the consumption of goat milk is very common,
but there is no organized trade. The Embrapa researcher explains
that, the goat farmers are gradually having the chance to take their
product to the market, thanks to government initiatives, like the Food
Acquisition Program (FAP) and its inclusion in school meals.
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Eventos
Robispierre Giuliani
events
Onde os campeões
se encontram
Expointer, maior exposição feira agropecuária
da América Latina, prepara-se para alcançar novo
recorde de público e comercialização
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A 36ª Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos
e Produtos Agropecuários (Expointer 2013), que acontecerá de 24 de
agosto a 1º de setembro deste 2013, tem tudo para consolidar recorde
em público e em comercialização. O evento anual, que se realiza no
Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS), é a principal
mostra do agronegócio na América Latina e registra a maior concentração de raças bovinas, ovinas, bubalinas, equinas, suínas e de pequenos
animais e de aves do Brasil e dos países vizinhos.
“É um referencial da qualidade genética dos rebanhos e da
excelência em produção de carnes e de produtos animais do Rio
Grande do Sul, bem como em máquinas, equipamentos, produtos
de agricultura familiar e artesanato comercializados na feira”, relata o secretario Luiz Fernando Mainardi, da Agricultura, Pecuária e
Agronegócio do Rio Grande do Sul.
O presidente da 36ª Expointer, Telmo Mota, destaca que o número de animais está represado pela limitação de espaço do Parque
Assis Brasil. “As associações, principalmente de bovinos, ovinos e
cavalos crioulos, realizam eliminatórias ou triagens para trazer à
Expointer só os animais que se destacam na elite de cada raça”, explica. Em 2013, a expectativa é de que a exposição supere público
de meio milhão de pessoas, após registrar 478.317 visitantes na 35ª
edição. A comercialização pode aumentar entre 10% e 15%, após
a cifra histórica de R$ 2.036.286.825,60 movimentados em 2012.
O segmento de máquinas gerou R$ 2,02 bilhões em negócios e os
leilões de animais totalizaram R$ 13,7 milhões. Em crédito rural, as
instituições financeiras liberaram R$ 1,56 bilhão.
A Expointer 2012 foi realizada em um ano no qual o Rio Grande do Sul teve quebra agrícola superior a 40% na safra de verão.
“Com a evolução das cotações em 2012 e com o bom momento da
agricultura e da pecuária, acreditamos que a comercialização será
maior”, destaca Telmo Mota. O público, no entanto, dependerá do
clima. “Durante a Expointer sempre costuma chover. Vamos ver
como o público se comportará”, comenta.
Mesmo apresentando animais e raças representativas de todo
o Brasil, a exposição é considerada marco referencial da qualidade
genética do rebanho gaúcho, onde predominam raças bovinas europeias, ao contrário do restante do Brasil, onde os zebuínos dominam
a paisagem. O mesmo acontece com ovinos de lã, uma vez que o
restante de País, de clima tropical, prefere as raças deslanadas.
“Os animais que estão na Expointer são raçadores, a elite do nosso
rebanho e a garantia de que o melhoramento genético seguirá trazendo melhores números em produtividade pecuária e produção de carne
diferenciada pela qualidade”, considera o presidente da Federação da
Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul, Carlos Sperotto. Para ele,
o evento não apenas é uma festa da pecuária e do agronegócio brasileiro, mas um espaço de muitos debates, difusão tecnológica, avaliação da
qualidade dos plantéis de elite e dos rebanhos, construção de uma pauta setorial e de políticas agropecuárias destinadas à produção rural. “É
um grande fórum da agropecuária brasileira e do Mercosul”, resume.
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Where the
winners meet
Expointer, the largest livestock exposition
in Latin America, is getting ready to celebrate a
new record of visitors and sales
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cial institutions liberated R$ 1.56 billion.
Expointer 2012 was held in a year when Rio Grande do Sul suffered a 40-percent frustration in the summer crops. “With the evolution of the prices in 2012 and with the good moment agriculture and
livestock operations are experiencing, we believe in more sales this
year”, says Telmo Mota. The amount of people expected at the event
will depend a lot on the weather conditions. “It usually rains during
the event. It remains to be seen how people will react”, he comments.
Although exhibiting breeds from all over Brazil, the exposition is viewed as a reference of the genetic quality of the Rio
Grande do Sul herd, where European bovine breeds predominate,
contrary to the rest of Brazil, where zebu breeds prevail in the
landscape. This holds true for wool
sheep breeds, once the rest of the
Country prefers wooless breeds.
“Purebred livestock predominate
at Expointer, the elite of our herd and
an assurance that genetic enhancement will continue improving the
numbers in productivity and in the
production of high quality meat”,
comments the president of the Livestock and Agriculture Federation of
Rio Grande do Sul, Carlos Sperotto.
In his view, the event is not just an
agribusiness and livestock celebration, but a time for debates, technology innovations, assessment of the
quality of the elite herds and of the
animals in general, for the construction of a sectoral agenda and agricultural policies destined for rural
activities. “It is a relevant forum for
Brazilian and Mercosur Livestock
operations”, he summarizes.
Robispierre Giuliani
The 36th International Livestock, Machinery, Implements and Agricultural Products Exposition (Expointer 2013), to be held August
24 through September 1, has every chance to consolidate records in
people and sales. The annual event, held at State Exposition Park
Assis Brasil, in Esteio (RS), is the main agribusiness show in Latin
America and registers the biggest concentration of bovine, ovine,
bubaline, equine and pig breeds, and also small animals, like birds
from Brazil and neighboring countries.
“It is a reference in genetic quality of the herds and of the excellence in the production of meat and animal based products in Rio
Grande do Sul, as well as in machinery, equipment, family farming
produce, and homemade crafts, sold at the fair”, says State Secretary of Agriculture, Livestock and
Agribusiness in Rio Grande do Sul,
Luiz Fernando Mainardi.
The president of the 36th Expointer, Telmo Mota, comments that the
number of animals is limited by the
little space available at Assis Brasil
Park. “The associations, particularly
bovine, ovine and creole horses carry
out preliminary selections so as to
bring to the event only the elite of their
purebred and all-breed livestock”, he
explains. In 2013, the expectation is
for the exposition to attract upwards
of half a million people, after registering 478,317 visitors at the 35th edition. Sales are poised increase by 10%
to 15%, after the historical record of
R$ 2,036,286,825.60 in 2012. The machinery segment generated R$ 2.02
billion in businesses, while livestock
auctions totaled R$ 13.7 million. In
terms of rural credit lines, the finan-
PONTOS DE ENCONTRO
events
36ª Expoleite/9ª Fenasul
Data: 15 a 19 de maio de 2013
Local: Parque Assis Brasil – Esteio (RS)
Contato: (51) 3336-2533/2067
E-mail: [email protected]
5º Congresso Brasileiro de Qualidade do Leite
Data: 10 a 12 de junho de 2013
Local: Hotel Majestic, Águas de Lindoia (SP)
Contato: (14) 3880-2090/2094
E-mail: [email protected]
Inor Ag. Assmann
Feicorte 2013
19ª Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne
Data: 17 a 21 de junho de 2013
Local: Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo (SP)
Contato: 11 5067-6767
E-mail: [email protected]
Site: www.feicorte.com.br
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Tecnocarne 2013
11ª Feira Internacional de Tecnologia para Indústria da Carne
Data: 13 a 15 de agosto de 2013
Local: Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo (SP)
Contato: 11 3598-7814
E-mail: [email protected]
Site: http://www.tecnocarne.com.br
Expointer 2013
36ª Exposição Internacional de Animais, Máquinas,
Implementos e Produtos Agropecuários
Data: 24 de agosto a 1º de setembro de 2013
Local: Parque Estadual de Exposições Assis Brasil - Esteio - RS
Contato: (51) 3288-6223/ 6225
E-mail: [email protected]
Site: http://www.expointer.rs.gov.br
16ª Expovinos
Data: 10 a 14 de julho de 2013
Local: Araçatuba (SP)
Contato: (18) 3441-1785
E-mail: [email protected]
Site: http://www.expoaracatuba.com.br
Congresso Internacional da Carne
Data: 25 a 27 de junho de 2013
Local: Centro de Convenções de Goiânia – Goiânia (GO)
Contato: (62) 3241-3939
E-mail: [email protected]
Site: http://www.congressodacarne2013.com.br/
Agroleite 2013
Data: 12 a 16 de agosto de 2013
Local: Parque de Exposições Dario Macedo, Castrolanda (PR)
Contato: (42) 3234-8000
E-mail: [email protected]
Expogenética
Data: 17 a 25 de agosto de 2013
Local: Parque Fernando Costa (ABCZ) – Uberaba (MG)
Contato: (34) 3319-3900
E-mail: [email protected]
Site: http://www.abcz.org.br/expogenetica
26ª Expovelha
Data: 10 a 20 de outubro
Local: Lençóis Paulista (SP)
Contato: (14) 3263-1411
E-mail: [email protected]
Site: http://www.arlp.com.br/
X Congresso Simpósio de Melhoramento Animal
Data: 18 a 23 de agosto de 2013
Local: Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG)
Contato: (31) 3899-3319
E-mail: [email protected]
Site: http://sbmaonline.org.br
Fenagro 2013
Data: 26 de novembro a 08 de dezembro de 2013
Local: Parque de Exposições - Salvador (BA)
Contato: (71)3375-4575
E-mail: [email protected]
Site: http://www.centraldasexposicoes.com.br/fenagro/
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