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ISSN 1808-5172 997718085172133 Anuário brasileiro da Brazilian Cattle Ranching yearbook 2013 ®™Marcas registradas de The Dow Chemical Company ou companhias afiliadas. EnxErguE além com nossas soluçõEs Portifólio completo em constante evolução, serviços e ampla rede de distribuidores autorizados prontos para oferecer todo o suporte para o sucesso dos seus negócios. É assim que a Dow AgroSciences atua para atender às necessidades de um mundo em crescimento, oferecendo à pecuária brasileira as melhores soluções para o aumento da sua produtividade. 0800 772 2492 | www.dowagro.com.br Soluções para um Mundo em Crescimento Sílvio Ávila Anuário brasileiro da Brazilian Cattle Ranching yearbook 2013 |1| EXPEDIENTE Robispierre Giuliani PUBLISHERS AND EDITORS Rua Ramiro Barcelos, 1.224, CEP: 96.810-900, Santa Cruz do Sul, RS Telefone: 0 55 (xx) 51 3715 7940 Fax: 0 55 (xx) 51 3715 7944 E-mail: [email protected] [email protected] Site: www.editoragazeta.com.br EDITORA GAZETA SANTA CRUZ LTDA. CNPJ 04.439.157/0001-79 Diretor-presidente: André Luís Jungblut Diretor-de-Conteúdo: Romeu Inacio Neumann Diretor-Comercial: Raul José Dreyer Diretor-administrativo: Jones Alei da Silva Diretor-Industrial: Paulo Roberto Treib ANUÁRIO BRASILEIRO DA PECUÁRIA 2013 Editor: Romar Rudolfo Beling; editor assistente: Daniel Neves da Silveira; textos: Heloísa Poll, Benno Bernardo Kist, Cleiton Evandro dos Santos, Cleonice de Carvalho, Erna Regina Reetz e Daniel Neves da Silveira; supervisão: Romeu Inacio Neumann; tradução: Guido Jungblut; fotografia: Sílvio Ávila, Inor Assmann (Agência Assmann), Robispierre Giuliani e divulgação de empresas e entidades; projeto gráfico e diagramação: Márcio Oliveira Machado; arte de capa: Márcio Oliveira Machado, sobre fotografia de Sílvio Ávila; edição de fotografia e arte-final: Márcio Oliveira Machado; marketing: Maira Trojan Bugs, Tainara Bugs e Rafaela Jungblut; supervisão gráfica: Márcio Oliveira Machado; distribuição: Simone de Moraes; impressão: Gráfica Coan, Tubarão (SC). ISSN 1808-5172 É permitida a reprodução de informações desta revista, desde que citada a fonte. Reproduction of any part of this magazine is allowed, provided the source is cited. Ficha A636 Anuário brasileiro da pecuária 2013 / Heloísa Poll ... [et al.]. – Santa Cruz do Sul : Editora Gazeta Santa Cruz, 2013. 128 p. : il. ISSN 1808-5172 1. Pecuária - Brasil. 2. Bovino - Brasil. I. Poll, Heloísa. CDD : 636.20981 CDU : 636(81) Catalogação: Edi Focking CRB-10/1197 |2| PECUÁRIA LEITEIRA NA BAHIA. INVESTIMENTO QUE SÓ FAZ CRESCER. DAIRY CATTLE IN BAHIA. GROWTH-ORIENTED INVESTMENTS. 3o maior rebanho leiteiro do país em número de vacas ordenhadas. Adesão ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Estado livre da aftosa, com vacinação e emissão de GTA eletrônica. 3rd largest dairy cattle herd in the country in number of dairy cows. Adhesion to the Department of Inspection of Animal Origin Products. State recognized as free from foot and mouth disease with vaccination, and electronically printed GTA. www.seagri.ba.gov.br | [email protected] Melhoramento genético através do programa PRÓ-GENÉTICA. Programa Estadual do Leite – Leite Bahia: para aumentar a produção e garantir a qualidade do leite. Genetic enhancement through the Pro-Genetics program. State Milk Program – Bahia Milk: for higher production and milk quality assurance. Terrenos com solo, clima e custo favoráveis. Areas of land with favorable soil, climate and affordable prices. sumário Robispierre Giuliani summary |6| Apresentação 10 Introduction 14 Minister’s Word GADO DE CORTE 16 Beef Cattle produçÃO 16 PRODUCTION mercado 28 market Perfil 44 Profile sanidade 66 sanity GADO DE LEITE 82 Dairy Cattle Cenário 82 Scenario Perfil 100 profile OVINOS E CAPRINOS 114 Sheep and Goats EVENTOS 124 Events A palavra do Ministro PLANO AGRÍCOLA E PECUÁRIO 2013/2014. COMEÇAR COM CRÉDITO É MUITO MAIS FÁCIL. O Brasil é um dos líderes da agropecuária no mundo, com recordes de produção a cada ano. Praticamente tudo o que os brasileiros consomem passa pela cadeia produtiva do agronegócio, o que movimenta a economia e garante cerca de 30 milhões de empregos no país. Parte da produção é exportada, contribuindo significativamente para a balança comercial. Por isso, investir na agropecuária é investir no Brasil. Com o Plano Agrícola e Pecuário 2013/2014, mais de 5 milhões de propriedades rurais podem contar com crédito para desenvolver a produção: insumos, equipamentos, irrigação, armazenagem e muito mais. E assim continua o ciclo de crescimento. R$ 136 BILHÕES PARA PLANTAR, COLHER E GARANTIR ABASTECIMENTO. É MELHORIA DE RENDA E MAIS ACESSO AO SEGURO RURAL. INFORME-SE: 0800 704 1995 | AGRICULTURA.GOV.BR FACEBOOK.COM/MINAGRICULTURA Inor Ag. Assmann Na cabeça Se o agronegócio brasileiro fosse encarado como um desafio entre os diversos setores, seria possível dizer que nesse certame está dando boi na cabeça. Um dos mais tradicionais segmentos da atividade produtiva e industrial do País, a criação de gado, de corte ou de leite, impulsiona a economia em praticamente todas as regiões. Com cerca de 212 milhões de cabeças bovinas, o rebanho é um dos maiores do mundo, e em torno dele os índices de desempenho têm crescido ano a ano. Mas é em sua inserção nos mercados que o Brasil se diferencia. Em 2012, a cadeia produtiva retomou a condição de maior exportadora de carne de gado do mundo, recuperando o posto que havia sido perdido para a Austrália no ano anterior. Os embarques resultaram em receita de US$ 5,769 bilhões, recorde absoluto, 6,8% superior ao melhor faturamento registrado até então, em 2008. As vendas envolveram volume de 1,134 milhão de toneladas, com crescimento de 13,39% em relação ao ano anterior. Esse cenário mostra o quanto o Brasil se tornou competitivo e eficiente na pecuária bovina, seja a de corte, seja a de leite, que igualmente melhora seu retrospecto. Em outros segmentos, como os búfalos, os ovinos, os caprinos ou os equinos, o País também tem feito significativos investimentos a fim de qualificar o rebanho, adotando genética de vanguarda, e de modernizar a estrutura. Boa parte desse sucesso, que une o produtor ao industrial, deve ser creditado à pesquisa. E, neste ambiente, poucas instituições foram de tão valiosas quanto a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Em 2013, ela está completando 40 anos de trabalhos, tendo assinado algumas das tecnologias fundamentais que permitiram aos criadores brasileiros alcançarem o topo mundial na produção de carne. Com genética de primeira linha e técnicas que hoje já são exportadas para outras nações, o Brasil avança a passos largos, com segurança e atenção máxima à sanidade, para abastecer suas necessidades internas e alimentar a população mundial. Depois de ter retomado a frente no mercado da carne, dificilmente o País deixará escapar as chances que forem criadas. Porque desbravar novos caminhos e consolidar-se pela excelência são ações que fazem parte da essência deste setor. | 10 | | 11 | Robispierre Giuliani Hitting the jackpot If agribusiness were treated as the Animal Game, it would not be wrong to say that the numbers assigned to the “ox” are coming up all the time. One of the most traditional segments of the productive and industrial activities, cattle breeding, either beef cattle or dairy livestock, drives the economy in almost every region. With about 212 million head of cattle, the herd is one of the largest in the world, with its performance rates rising year after year. What really makes a difference is Brazil’s performance in the different markets. In 2012, the supply chain recovered its status as biggest meat exporter in the world, a position that had been taken up by Australia the previous year. The shipments brought in revenue of US$ 5.769 billion, an absolute record, up 6.8% from the biggest amount of revenue reached up to that time, which took place in 2008. Sales amounted to 1.134 million tons, up 13.39% from the previous year. This scenario attests to what extent Brazil has become competitive and efficient in cattle farming, whether beef cattle or dairy livestock, with an equally brilliant background. In other segments, like buffalos, sheep, goats or equines, the Country has also made significant investments to qualify the herds, resorting to avant-garde genetics, whilst modernizing the structure. It is research that is credited with a great deal of this success, which brings producers and industries together. And, in this environment, few institutions were as valuable as the Brazilian Agriculture Research Corporation (Embrapa), a division of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA). In 2013, Embrapa is celebrating its 40th anniversary and, during all these years, the corporation excelled in launching fundamental technologies that made Brazilian cattle farmers climb to the top of global meat production. With first class genetics and technical procedures that are being exported to other nations, Brazil is now making strides, in a very safe manner, towards maximum sanitary standards, whilst supplying its internal needs and global markets. After having recovered the leading position in the market, the Country will never miss out on the newly created chances. Venturing into new territories and consolidate through excellence are integral parts of this sector. | 12 | A palavra do ministro minister’s word Um setor diferenciado Antônio Andrade Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) Divulgação O desenvolvimento do agronegócio se destaca dos demais setores da economia brasileira, não apenas por ser fundamental na produção de alimentos, mas em diversos aspectos econômicos. Apenas em relação ao produto interno bruto das propriedades rurais, o crescimento médio anual desde 1994 tem sido de 3,8%, enquanto o setor de serviços apresenta média de 3% e a indústria, de 2,6%. Mais do que os números expressivos, esses resultados se refletem na economia do País. O agronegócio é responsável por quase um quarto do PIB brasileiro. Já nas exportações, é a balança comercial agropecuária – US$ 80 bilhões apenas em 2012 – que há anos sustenta o saldo positivo do Brasil. | 14 | O crescimento contínuo do setor é explicado de várias formas, mas o fator principal é o aprimoramento da estrutura por trás desse mercado. A nossa produção nos campos, seja devido às pesquisas ou ao alinhamento entre governo e iniciativa privada, há tempos se tornou exemplo mundial. As pesquisas têm proporcionado o aumento da produtividade nas lavouras. A tecnologia permitiu alternativas sustentáveis e rentáveis, como a rotação de culturas dentro de uma mesma propriedade e até mesmo o plantio de duas safras em uma mesma temporada. Com isso, a produção de grãos mais do que duplicou, passando de 76 milhões de toneladas na safra 1993/94 para 166,17 milhões de toneladas no ciclo 2011/12. No mesmo período, a área de plantio cresceu apenas 30%. A pecuária tem exemplo ainda mais impressionante. Reduziu em 8% a área de pastagem entre 1975 e 2011, enquanto o total de cabeças de gado praticamente dobrou. A qualidade dessa produção também é reconhecida, o que tem possibilitado ao Brasil estar entre os maiores produtores e exportadores de carne do mundo. Para um incremento ainda mais acentuado desse importante segmento da economia, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e os demais órgãos do governo federal estão intensificando o apoio ao setor. Entre os anos de 2006 e 2012, os financiamentos a juros subsidiados aumentaram em 155% aos produtores rurais. Mas ainda é possível fazer mais. O próximo Plano Agrícola e Pecuário contemplará ainda mais aos produtores, com taxas de juros diferenciadas e condições facilitadas de acesso ao crédito. Está entre os objetivos fortalecer o médio produtor rural, assim como ampliar o apoio às atividades de irrigação e a capacidade de armazenagem. Isso sem esquecer os demais atores do agronegócio, que vão perceber mudanças significativas e positivas na safra 2013/14. Além de primordial, o setor agropecuário brasileiro é diferenciado, conseguindo se superar a cada safra. Inova e mostra resultados positivos na economia nacional. Fomentar as atividades no campo é mais do que garantir alimentos para o povo brasileiro. É pensar de forma estratégica no desenvolvimento do nosso País. sector Antônio Andrade Minister of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA) Agribusiness differs from other sectors of the Brazilian economy not only for its fundamental role in the production of food, but in several economic aspects. With regard to the Gross Domestic Product of the rural properties, its annual growth rate, since 1994, has remained at 3.8% a year, while the service sector evolves 3% and the industry, 2.6%. More than the expressive numbers, these results reflect on the economy of the Country. Agribusiness accounts for almost one fourth of the Brazilian GDP. In exports, it is the agribusiness trade balance – US$ 80 billion in 2012 - that sustains a positive balance for Brazil. The continued growth of the sector involves several explanations, but the leading factor is the improvement of the structure behind this market. Our production in the farms, whether as a result of research work or the alignment between the government and private initiative, has for years set an example to the world. Research works have provided for higher productivity rates for our crops. Technology has shown viable and profitable alternatives, like crop rotation within the limits of a field and even two crops grown simultaneously on the same stretch of land. This has made the production of grains more than double, from 76 million tons in the 1993/94 cycle to 166.17 million tons in the 2011/12 crop year. During Sílvio Ávila A different the same period, the planted area increased only by 30%. Cattle farming operations set even a more expressive example. Grassland areas were reduced by 8% from 1975 to 2011, while the number of head of cattle almost doubled. The quality of this operation is also acknowledged worldwide, leading Brazil to the position as biggest meat producer and exporter in the world. So as to make this important segment of the economy grow even further, the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA) and other organs of the federal government are lending more and more support to the sector. From 2006 to 2012, credit lines with subsidized interest rates soared 155% at farmer level. But there is still room for doing more. The next Agricultural and Livestock Plan will include further benefits to producers, with different interest rates and easy access to credit lines. One of the objectives consists in strengthening the medium rural producers, as well as expanding irrigation systems and Brazil’s warehousing capacity, but without overlooking all the other agribusiness players, who will also be the target of significant and attractive changes in the 2013/14 crop year. Besides being of primordial importance, the Brazilian agribusiness sector excels in exceeding itself at every new crop year. It innovates and brings positive results for the national economy. Fostering rural activities is more than just providing food for the people. It is strategic thinking focused on the development of the Country. | 15 | gado de corte Beef Cattle produção production | 16 | Robispierre Giuliani vAMOS nessa? Vocação agropecuária afirma a capacidade referencial do Brasil na produção de carne bovina de qualidade para abastecer o mercado mundial Em cada diferente e distante rincão de um Brasil de dimensões continentais, e a cada ano que passa, reafirma-se a vocação natural deste País para a produção de alimentos. Com as nações em desenvolvimento avançando na geração de renda e alterando seus hábitos alimentares cada vez mais para o consumo de proteínas, a realidade da bovinocultura de corte brasileira não poderia ser diferente. No ciclo 2012/13, esta cadeia produtiva levou o País novamente à condição de maior exportador mundial de carne. Não é esta uma ação dissociada, individual, avulsa. É parte de um processo que faz do Brasil uma grande potência agropecuária, um dos grandes celeiros do mundo. E não seria exagero compará-lo, também, a um imenso complexo de abastecimento e de industrialização de alimentos, dentre eles as carnes. À medida em que cresce a demanda mundial por proteína, os brasileiros elevam sua produção, sua capacidade de abate e de logística, a qualidade das carnes e sua produtividade. São requisitos cruciais para impulsionar tanto as vendas externas quanto o abastecimento do forte mercado interno, diante da realidade de redução na área disponível, estabelecida pela disputa de terrenos com a agricultura, em especial as lavouras de grãos. Os índices produtivos brasileiros estão crescendo, com a terminação de mais animais, com peso maior, em menor área disponível. Isso resulta do aporte de tecnologias no manejo dos rebanhos e das pastagens e na indústria. Em se tratando de pecuária, há muito ainda a crescer diante do potencial deste Brasil imenso, vocacionado a produzir alimentos. O caminho está sendo trilhado. Mesmo a passo de boi. | 17 | Robispierre Giuliani let’s GO? Brazil’s agriculture-oriented economy reaffirms its capacity as a reference in the production of quality bovine meat for supplying the global market In every distant and remote region in Brazil’s continental dimensions, and year after year, the natural vocation of this Country for the production of food is reaffirmed. With the developing nations making strides in the generation of income, altering their eating habits towards the consumption of more and more proteins, the reality of the Brazilian beef cattle operations could not be different. In the 2012/13 cycle, this supply chain again brought Brazil back to the position as leading global meat exporter. This is no dissociate, individual or random situation. It is an ingredient in the process that turns Brazil into a powerful agriculture-oriented Country, a real granary of the world. And it would be no exaggeration to compare Brazil to an immense food supply and industrialization complex, where meat is the highlight. As global demand for protein soars, the Brazilian farmers increase their production volumes, their slaughtering and logistic capacity, the quality of the meat and their productivity rates. These are critical requisites if both the domestic and the foreign markets are to be supplied, in light of a reality of smaller areas available, brought about by tight competition with cropping businesses, especially cereal crops. In Brazil, productive rates are on the rise, with cattle in the finishing phase putting on more weight, in smaller available feedlots. This stems from the use of more technology in cattle management, pastureland and industry. In terms of livestock operations, Brazil has still a long way to go if the potential of producing food is to be fully explored. Although on a slow path, the country is on the right track. | 18 | Seu portal para fazer negócios com o Brasil! www.brasilglobalnet.gov.br Ÿ Informações sobre 8.700 empresas exportadoras brasileiras; Ÿ Dados sobre 2.700 produtos relacionados a comércio exterior; Ÿ Indicadores econômicos, tabelas e gráficos sobre comércio exterior; Ÿ Mais de 300 feiras comerciais a serem realizadas no Brasil em 2011; Ÿ Oportunidades de investimento em infraestrutura, energia, indústria pesada e megaeventos esportivos. Ministério das Relações Exteriores Subsecretaria-Geral de Cooperação, Cultura e Promoção Comercial Departamento de Promoção Comercial e Investimentos Pronto para ir além Cadeia produtiva da carne bovina brasileira mostrou maior eficiência produtiva e mais competitividade no mercado internacional em 2012 A produção brasileira de bovinos e de carne apresentou evolução e maior eficiência em 2012, segundo relatório anual da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Apesar de ver reduzidas em um milhão de hectares as pastagens, que recuaram de 172 milhões de hectares para 171 milhões de hectares em 2012, perdendo espaço para soja, milho, cana-de-açúcar e até reflorestamento, os campos brasileiros com- | 20 | portaram maior pressão de animal por área. O rebanho nacional foi estimado em 212 milhões de cabeças bovinas, com aumento de 1,9% sobre 2011, quando havia 208 milhões de animais nos pastos. A média passou de 1,2 para 1,23 unidade animal por hectare. A taxa de desfrute cresceu de 18,9% para 19,5% do contingente bovino. Os números positivos não param por aí. Os abates cresceram 2,28% em 2012, passando de 39,5 milhões de cabeças em 2011 para 40,4 milhões de cabeças. E os animais foram terminados com maior eficiência, alcançando média de 234 quilos/ carcaça, um quilo a mais do que em 2011. A taxa de rendimento médio da carcaça zebuína manteve-se entre 51% e 55%. Desta maneira o Brasil produziu 9,4 milhões de toneladas equivalente carcaça (tec) de carne bovina, volume 3,3% maior HORIZONTES | horizons Perfil da pecuária brasileira 2011 e 2012 20112012 Rebanho (cabeças) 208 milhões 212 milhões Área de Pastagem (ha) 172 milhões 171 milhões 1,2 1,2 Importação de animais vivos (cabeças) 5.262 273 Desfrute 18,9%19,5% Taxa de Ocupação (cabeças/hectare) Abate anual (cabeças) Peso médio da carcaça Rendimento médio de carcaça (Zebu) Produção de carne (tec) Mercado interno (tec) Consumo per capita nacional (kg/ano) Exportação (tec) In natura (tec) Destino Países Industrializada (tec) Países de destino Miúdos e outros (tec) Destino Países 39,5 milhões 40,4 milhões 233kg 234kg 51%-55% 51%-55% 9,1 milhões 9,4 milhões 7,6 milhões (83,5%) 7,7 milhões (81,9%) 40 40 1,5 milhão (16,5%) 1,69 milhão (18%) 1,1 milhão (71%) 1,2 milhões (73%) 87 92 260 mil (17%) 272 mil (16%) 108 106 173 mil (11%) 190 mil (11%) 62 71 Fonte: Abiec Inor Ag. Assmann do que as 9,1 milhões de toneladas de 2011. O mercado nacional consumiu 7,71 milhões de toneladas, equivalente a 81,9% do total produzido, o que mantém o consumo médio anual por habitante em cerca de 40 quilos. As 1,69 milhão de toneladas restantes foram exportadas, representando 18,1% de toda a carne produzida no País. O avanço sobre a quantidade embarcada para o exterior em 2011, que totalizou 1,5 milhão de toneladas, foi de 12,7%. Ainda segundo os números da Abiec, 1,2 milhão de toneladas, ou 73% do volume total embarcado, foram de carne in natura, destinada a 87 diferentes países. Outras 272 mil toneladas (16%) industrializadas tiveram como destino 106 nações, duas a menos do que na temporada 2011. Miúdos, tripas e outros somaram 190 mil toneladas, direcionadas a 71 países, nove a mais do que em 2011. O desafio da cadeia pecuária nacional, em 2013, é superar os expressivos resultados alcançados em 2012. Eis uma tarefa das mais ousadas, a qual todo o País quer vencer. | 21 | Ready to go further Brazilian bovine meat supply chain showed more productive efficiency and competitiveness in the international marketplace in 201 Brazilian beef cattle production improved considerably and proved more efficient in 2012, according to the annual report by the Brazilian Association of Meat Exporters (Abiec). Although experiencing a reduction of one million hectares in grasslands, which receded from 172 million hectares to 171 million in 2012, losing ground to such crops as soybean, corn, sugarcane and even to reforestation, the Brazilian cattle fields had to put up with more animal pressure per area. The national herd was estimated at 212 million bovine head, up 1.9% from 2011, when there were 208 million animals on the grasslands. The average number progressed from 1.2 to 1.23 adult cattle per hectare. The slaughter rate of the bovine herd soared from 18.9% to 19.5%. The positive figures do not stop there. The slaughter rates were up 2.28% in 2012, from 39.5 million head in 2011 to 40.4 million. And the finishing phase turned out to be more efficient, with an average weight of 234 kg/carcass, up one kilo from 2011. | 22 | OS ESTADOS | the states Perfil do rebanho bovino brasileiro por Estado Estado Participação % Mato Grosso 13,8 Minas Gerais 11,2 Mato Grosso do Sul 10,2 Goiás10,1 Pará8,6 Rio Grande do Sul 6,8 Rondônia5,7 São Paulo 5,2 Bahia5,0 Paraná4,4 Tocantins3,8 Maranhão3,4 Santa Catarina 1,9 Outros9,9 Brasil100 Fonte: IBGE - 2011 Average yield per zebu carcass ranged from 51% to 55%. Within this contest, Brazil produced 9.4 million tons of bovine meat carcass weight equivalent, up 3.3% from the 9.1 million tons in 2011. The national market consumed 7.71 million tons, equivalent to 81.9% of the total produced in the Country, which translates into an average annual per capita consumption of 40 kilos. The remaining 1.69 million tons were shipped abroad, representing 18.1% of the total produced in Brazil. Shipments abroad amounted to 1.5 million tons, up 12% from the previous year. According to Abiec sources, 1.2 million tons, or 73% of the total volumes shipped abroad, were fresh meat, destined for 87 different countries. The 272 thousand tons (16%) of industrialized meat were shipped to 106 countries, two less than last year. Giblets, intestines and other such items amounted to 190 thousand tons, shipped to 71 countries, nine more than in 2011. The challenge of the national meat supply chain in 2013 consists in surpassing the expressive results achieved in 2012. It is a very bold task our Country is determined to perform. Inor Ag. Assmann QUEM É QUEM | who is who 10 municípios com os maiores efetivos de bovinos de corte do Brasil Município São Félix do Xingu (PA) Corumbá (MS) Ribas do Rio Pardo (MS) Juara (MT) Vila Bela da Santíssima Trindade (MT) Cáceres (MT) Alta Floresta (MT) Aquidauana (MS) Vila Rica (MT) Nova Crixás (GO) Cabeças%* 2.101.726 1,0 1.700.651 0,8 1.147.142 0,5 927.838 0,4 888.430 0,4 887.323 0,4 838.919 0,4 758.466 0,4 729.953 0,3 710.000 0,3 * Percentual sobre o rebanho nacional - Fonte: IBGE | 23 | Que vença o melhor A competição da pecuária por áreas com a agricultura prosseguirá e vai exigir que a bovinocultura de corte seja cada vez mais eficiente no Brasil Mudanças estruturais importantes estão acontecendo na pecuária brasileira, principalmente pela disputa de área com grãos e cana-de-açúcar – e este deverá ser o foco do setor nos próximos anos. “A pecuária nacional precisará avançar em produtividade e competitividade. Este é o desafio”, prevê o analista Paulo Molinari, da consultoria Safras & Mercado. Em seu entender, a principal mudança nos últimos anos tem sido o avanço dos grãos sobre as pastagens, e também do confinamento, como alternativa à competição por área. | 24 | “Os preços do bezerro em alta nos últimos cinco a seis anos provocaram a retomada da retenção de matrizes e um novo período de melhoria da oferta de animais para abate em 2012 e em 2013”, reforça Molinari. “Esta é uma situação que deve perdurar em 2014 e 2015”. Ele entende, no entanto, que este movimento cíclico da pecuária é difícil de ser modificado de forma radical. O perfil de produção extensiva, ainda atraído pelo preço “baixo” das terras em várias localidades do Centro-Norte do País, mantém a produção em um mix de gado no pasto e de avanço no confinamento. Segundo Molinari, é comum perceber a migração do sistema pecuário extensivo para o intensivo, devido à valorização das terras dirigidas à produção de grãos. “Ainda que, estatisticamente, haja terras disponíveis para a bovinocultura, nota-se que as melhores áreas, e as mais bem-localizadas, são tomadas por grãos”, comenta. “Os pecuaristas precisam investir mais em adubação de pastagens e recuperação do solo. A pecuária concentra-se em solos mais fracos e de baixa produção de pasto”. Robispierre Giuliani Neste cenário, ao invés de investir em melhores pastagens, os pecuaristas adotam o confinamento, em alguns casos o ano inteiro. “Esta parece ser a tendência natural nos grandes e tradicionais centros de produção do Centro-Oeste e do Sudeste, onde a pecuária tem dificuldade de crescimento em virtude da valorização de terras”, acrescenta Molinari. Ele considera que não se pode mais referenciar a bovinocultura nacional pela estatística de abate de vacas em relação ao total de animais abatidos no País. “Atualmente, há confinamentos que se dedicam às fêmeas e não estão relacionados ao processo de criação da pecuária”, revela. MUDANÇA DE CENÁRIO O objetivo maior da pecuária, então, está no processo da criação. O rebanho de vacas e o nascimento de bezerros em maior volume estão cada vez mais sendo identificados com as regiões de terras ‘baratas” e disponíveis, o que ocorre basicamente no Norte do Brasil. O Pará, por sua extensão, e pela baixa entrada do cultivo de grãos, é o grande produtor de bezerros na atualidade. Por este quadro, nota-se que a pecuária nacional terá uma cadeia produtiva modificada nos próximos anos, com o fornecimento de animais de reposição no Norte do País e o acréscimo de confinamento no Centro-Oeste e no Sudeste. “Os estados do Centro-Oeste devem perder força na criação, assim como já ocorreu com o Sudeste”, assinala Paulo Molinari, da Safras & Mercado. Este fenômeno ficará mais evidente a cada investida do segmento de grãos e da cana-de-açúcar por áreas de cultivo no Centro-Oeste. | 25 | May the best win Competition between crops and livestock operations will continue and will require beef cattle farming to be even more effective in the future in Brazil Relevant structural changes are underway in Brazilian cattle farming, especially because of the competition for area devoted to sugarcane and cereal crops – and this is likely to be the sector’s focus over the next years. “Cattle breeding in Brazil will have to make strides in productivity and competitiveness. This is the real challenge”, | 26 | predicts analyst Paulo Molinari, of Safras & Mercado consulting firm. In his view, the main change over the past years has been the transformation of pasturelands into cropping land, with cattle confinement as an alternative to the competition for areas. “Soaring calf prices over the past five to six years have encouraged the cattle farmers to retain their bulls and cows, whilst creating a better supply scenario for animals to be slaughtered, in 2012 and 2013”, Molinari comments. “This situation is likely to persist throughout 2014 and 2015”. Nonetheless, he understands that this is a cyclical movement in cattle farming and it is very difficult to change it radically. resorting to confinement schemes, in some cases all year round. “This seems to be the natural trend in the huge and traditional production centers in the Center-West and Southeast, where cattle farming is hardly growing because of the high value of the land”, Molinari adds. He maintains that it is no longer possible to reference Brazil’s beef cattle production simply equating the number of cows slaughtered to the total number of animals taken to the slaughterhouses in Brazil. “Currently, there are confinements exclusively devoted to breeding females and they are not related to the cattle farming process”, he reveals. A CHANGING SCENARIO A major objective of cattle operations does not lie in the breeding process. The cow herd and the birth of calves now on the rise are increasingly identified with the regions where “cheap” land is available, which basically occurs in the North of Brazil. The State of Pará, by virtue of its huge extension and few areas devoted to crops, is now the leading producer of calves. This picture gives us an idea of how much the Brazilian cattle supply chain is poised to change over the next years, with replacement animals being supplied by the North, and more confinements in the Center-West and Southeast. “Cattle rearing is bound to lose its allure in the Center-West States, just like what happened in the Southeast”, says Paulo Molinari, of Safras & Mercado. This phenomenon will become all the more evident at every attempt by the grain and sugarcane segments towards taking over areas in the Center-West. Robispierre Giuliani The extensive production profile, still alluring because of the low price of the land in several regions across the Center-West region in Brazil, is keeping the operation in a mix of grass-fed cattle and strides in confinement operations. According to Molinari, migrations from extensive cattle farming to confinement has become commonplace, by virtue of the high value of the land devoted to the production of grains. “Although, statistically, there is land available for cattle rearing, the best areas, and the ones that are strategically located, are devoted to crops”, he comments. “Cattle farmers should invest in grassland fertilization and soil recovery. Cattle farming is still concentrated in poor soils where slow-growing grass abounds”. In this scenario, instead of investing in improved pasturelands, cattle farmers are | 27 | mercado market Mandando ver Em 2012, o Brasil superou obstáculos e confirmou as expectativas ao recuperar o posto de maior exportador mundial de carne bovina | 28 | Conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), apesar do grande desempenho, o montante faturado em 2012 ficou um pouco abaixo do que era esperado, de US$ 5,8 bilhões. Isso acabou sendo reflexo da conjuntura macroeconômica recessiva, que provocou pequena redução no preço médio da carne exportada. Em média, o valor da tonelada praticado no mercado externo ficou em US$ 4.637,10, registrando recuo de 5,34%. O maior percentual de crescimento de receita em 2012 foi das tripas, com avanço de 58,38%, para US$ 143,705 milhões. A carne salgada somou US$ 28,613 milhões em receita cambial, com alta de 11,07%; as peças in natura, US$ 4,493 bilhões, com avanço de 7,81%; e os industrializados, US$ 662,384 milhões, com aumento de 2,96%. As exportações de miúdos tiveram queda de 1,45%, baixando para US$ 441,818 milhões. Inor Ag. Assmann Em 2012, a cadeia produtiva brasileira da carne bovina estabeleceu como meta recuperar a liderança no mercado mundial. A posição havia sido perdida para a Austrália em 2011, em função do câmbio desfavorável, do embargo russo e da redução na demanda por conta da crise europeia, entre outros fatores conjunturais. O objetivo fixado foi plenamente alcançado: o País não apenas recuperou a posição de número um do mundo em vendas internacionais do produto como também alcançou seu recorde, movimentando U$$ 5,769 bilhões. Este valor representa 6,8% a mais do que o arrecadado em 2008, ano do recorde anterior, e 7,33% sobre a receita de US$ 5,375 bilhões obtida com os embarques em 2011. POR ITENS Em volume, os embarques de 2012 totalizaram 1,134 milhão de toneladas, com crescimento de 13,39% perante as 1,010 milhão de toneladas em 2011, em linha com as estimativas da Abiec. As vendas de tripas apresentaram crescimento de 83,04%, subindo para 25,970 mil toneladas, seguidas de carnes salgadas, com 18,85% (4,407 mil toneladas); in natura, com 15,27% (861,372 mil toneladas); industrializados, com 4,33% (99,696 mil toneladas); e os miúdos, com 0,99% (143,152 mil toneladas). As clientelas Os maiores mercados da carne bovina brasileira, em faturamento, ao longo de 2012, foram: Rússia (19%), Hong Kong (14%), União Europeia (14%), Egito (10%); Venezuela (8%), Chile (7%), Irã (6%), Estados Unidos (3%), Arábia Saudita (3%) e Líbano (1%). A Abiec divulgou que entre 2011 e 2012 o volume exportado cresceu em nove dos 10 maiores compradores da carne bovina brasileira. O único recuo registrado, de 48%, foi na comercialização para o Irã, e está relacionado às questões políticas internas do País, e não a fatores comerciais ou sanitários. | 29 | Waiting to see In 2012, the target set by Brazil’s beef supply chain consisted in recovering the leadership in the global market. The position had been lost to Australia in 2011, by virtue of the unfavorable exchange rate, the Russian embargo and the reduction in demand on account of the European crisis, among other structural factors. The target was fully achieved: not only did the Country recover its leading position in international sales but broke its own record, with revenue of U$$ 5.769 billion. This value is up 6.8% from the total in 2008, the year of the previous record, and up 7.33% from the US$ 5.375 billion in 2011. According to the Brazilian Association of Meat Exporters (ABIEC), despite the excellent performance, the amount raked in 2012 lagged behind expectations, US$ 5.8 billion. It turned out to be a reflection from the recessive economic scenario, causing the average price of meat to fall slightly. On average, prices per ton practiced in the foreign market remained at US$ 4,637.10, down 5.34%. The highest percentage of revenue came from intestine sales in 2012, up 58.38%, totaling US$ 143.705 million. Revenue from salted meat sales amounted to US$ 28.613 million, up 11.07%; fresh cuts, US$ 4.493 billion, up 7.81%; and industrialized meat, US$ 662.384 million, up 2.96%. Sales of giblets dropped 1.45%, to US$ 441.818 million. PER ITEM In volume, the shipments in 2012 totaled 1.134 million tons, up 13.39% from the 1.010 million tons in 2011, in line with Abiec’s estimates. Sales of intestines soared 83.04%, to 25.970 thousand tons, followed by salted meat, with 18.85% (4.407 thousand tons); fresh meat, with 15.27% (861.372 thousand tons); industrialized, with 4.33% (99.696 mil thousand tons); and giblets, with 0.99% (143.152 thousand tons). Clients Inor Ag. Assmann In 2012, Brazil surmounted obstacles and confirmed expectations by recovering its leadership in global meat exports DESTINOS | destinations Perfil das exportações de carne bovina do Brasil Ano Faturamento (mil US$) Toneladas PM (US$/t) 2006 3.857.8161.504.496,8 2.564,19 2007 4.459.3131.618.667,5 2.754,93 2008 5.402.6351.384.273,9 3.902,87 2009 4.144.7151.243.744,3 3.332,45 2010 4.814.5001.230.106,2 3.913,89 2011 5.375.6151.097.309,6 4.898,90 2012 5.766.5521.243.610 4.637,00 2013* 1.460.000 325.800**4.481,28 * Janeiro a março ** Números aproximados - Fonte: Abiec The biggest Brazilian bovine meat markets, in revenue, over 2012, were as follows: Russia (19%), Hong Kong (14%), European Union (14%), Egypt (10%); Venezuela (8%), Chile (7%), Iran (6%), the United States (3%), Saudi Arabia (3%) e Lebanon (1%). Abiec sources disclosed that in 2011 and 2012 exported volumes were up in nine of the ten countries that import Brazil’s bovine meat. The only reduction - 48% - occurred with Iran, and was related to internal political questions of that Country, and not to sanitary trade factors. | 30 | | 31 | Inor Ag. Assmann Ventos a favor Inor Ag. Assmann Modificações na política cambial, superação da crise europeia e novos mercados foram determinantes para que o Brasil retomasse a dianteira | 32 | A retomada, pelo Brasil, da liderança no mercado internacional de carnes bovinas se deve, entre outros fatores, às alterações no câmbio em 2012, à recuperação do fôlego em alguns países da Europa e aos novos mercados. Fernando Sampaio, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), recorda que esse resultado coroa uma trajetória de quase 15 anos, pois já na década passada o Brasil crescia em importância nesse setor. Então, houve a doença da vaca louca na Europa, que retirou aquele continente do cenário exportador, em plena expansão do comércio mundial, diante do aumento de população e de renda, especialmente em países emergentes. “O Brasil aproveitou para ampliar a participação no mercado com carnes de qualidade, a bom preço e com oferta capaz de assegurar o abastecimento de muitos países, tornando-se o maior exportador mundial”, relata Sampaio. A crise financeira mundial, entre 2008 e 2009, enfraqueceu a demanda e interrompeu o crescimento. “A partir daí, as vendas cresciam em faturamento e caíam em volume, pela valorização do real, o que encareceu a carne brasileira e afetou a competitividade”, revela o executivo da Abiec. Em 2012, apesar da recessão na Europa, houve desvalorização do real. “Mais competitivos, voltamos a crescer em volume e em faturamento, alcançando recorde de vendas externas”, ressalta. A demanda das nações árabes, da China e da Rússia foi decisiva para o montante alcançado. EM ALTA No primeiro trimestre de 2013, o Brasil acelerou o passo rumo a novo re- corde, apesar do anúncio da identificação de uma proteína que poderia gerar encefalopatia espongiforme bovina (BSE) em um animal morto em 2010, no Paraná. “Está provado que a doença não ocorreu, mas alguns mercados menores se fecharam”, diz Fernando Sampaio, da Abiec. Ainda assim, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) registrou que as exportações de carne bovina in natura no primeiro trimestre de 2013 somaram 325,8 mil toneladas equivalente carcaça (tec), volume 33,9% maior do que o do mesmo período de 2012. É um recorde no trimestre desde 2008, quando foram embarcadas 328,5 mil toneladas equivalente carcaça. As vendas somaram US$ 1,46 bilhão, com aumento de 19,7%. Para 2013, a Abiec espera por crescimento de aproximadamente 10% nas divisas obtidas com a carne, devendo alcançar a US$ 6,35 bilhões. Fernando Sampaio indica como grandes desafios brasileiros para exportar mais, além do câmbio, as dificuldades em infraestrutura e logística, os custos portuários, burocráticos e tributários; e a legislação da indústria frigorífica desatualizada, que a imobiliza e a impede de modernizar-se. Para fugir à dependência Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado, confirma que em 2013 o cenário aponta para crescimento nas exportações, até pela maior oferta interna. “Mas os conflitos são os mesmos: questões comerciais obscurecidas por variáveis sanitárias, enquanto a Índia, por exemplo, sem status sanitário na Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), torna-se grande exportadora, inclusive para as exigentes Rússia e União Europeia”, relata. Explica que a valorização do real na última década deixou o Brasil menos competitivo. Isso, juntamente com a oferta interna ajustada, forçou o mercado a elevar os preços de exportação. Assim, outros países absorveram parte dos clientes. A demanda interna teve condição particular: foi capaz de absorver preços em alta no boi gordo e na carne bovina, absorvendo a oferta que se destinaria a exportação. Em 2013, a continuidade deste cenário para 2014, e nos próximos anos, tende a estar indexada à condição da oferta interna, à taxa de câmbio, à concorrência sanitária irreal com a Índia e ao perfil da demanda internacional. Nesse contexto, é necessário que as economias voltem a crescer de forma a expandir as importações. Para Molinari, se o Brasil deseja vender mais não pode depender da Europa ou dos Estados Unidos (Cota Hilton). “Mesmo atendendo estes mercados importantes, é preciso voltar-se a países que dispõem de maiores potenciais de crescimento e melhorar o perfil de vendas nos mercados em que já opera”, recomenda. | 33 | Inor Ag. Assmann Downwind Changes to the exchange rate policy, an end to the European crisis and new markets were determining factors for Brazil to resume its leading position Leaving dependence behind Paulo Molinari, analyst at Safras & Mercado, confirms that in 2013 the scenario points to soaring exports, resulting from higher domestic supplies. “However, the conflicts have not changed: trade questions obscured by phytosanitary variables, while India, for example, without any sanitary status at the World Organization for Animal Health (OIE), is a huge exporter, even to the discerning Russian and European Union markets”, he comments. He explains that the higher value of the real in the past decade left Brazil less competitive. This, along with tight domestic supplies, forced the market to increase export prices. This resulted into other countries attracting some of our clients. Domestic demand turned out to be very peculiar: it was able to cope with the prices of the cattle on the hoof and of the meat, absorbing the amounts previously earmarked for exportation. In 2013, the continuity of this scenario into 2014, and over the next years, tends to depend greatly on the situation of our domestic supplies, exchange rate, unreal sanitary competition with India and on the profile of international demand. Within this context, there is need for the economies to resume their growth rates, if exports are to be expanded. Molinari understands that if Brazil wants to sell more, only depending on Europe and the United States is not enough (the Hilton quota). Although meeting the needs of these relevant markets, there is need to turn to countries with potential for growth, besides improving the sales profile in the markets that have so far been loyal buyers”, he recommends. | 34 | The fact that Brazil has climbed back to its leadership position in the international trade of bovine meat stems from the changes to the exchange rate policy in 2012, the financial recovery of some European countries and to new markets, just to mention some factors. Fernando Sampaio, executive director of the Brazilian Association of Meat Exporters (Abiec), recalls that this result rewards a trajectory of almost 15 years, once in the previous decade Brazil had assumed a great importance in sector. Back then, the mad cow disease was hitting Europe, withdrawing this continent from the export scenario, at a time when global trade was expanding fast, in light of population growth and higher purchasing power, especially in emerging countries. “Brazil took the opportunity to conquer a bigger chunk in the market of quality meat, at affordable prices, and in a position to supply several countries, becoming the largest global meat exporter”, Sampaio comments. The global financial crisis, in 2008 and 2009, adversely affected demand and made growth stagnate. “From that time onwards, sales began to recede in volume but increase in value, due to the soaring value of the real, a fact that pushed up the prices of Brazilian meat and affected competitiveness”, says the Abiec executive. In 2012, despite the recession in Europe, the real was devalued. “More competitive, Brazil’s meat export volumes and revenue began to soar, hitting record foreign sales”, he stresses. Demand from the Arab countries, China and Russia played a decisive role in this achievement. ON THE RISE In the first quarter in 2013, Brazil rushed towards a new record, in spite of the announcement of the identification of a protein which could cause the bovine spongiform encephalopathy (BSE) disease. The protein was detected in an animal that died in the State of Paraná, in 2010. “The disease has surely never occurred, but some small scale markets closed their doors to Brazilian meat”, says Abiec official Fernando Sampaio. Even so, according to the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC), Brazilian fresh bovine meat exports in 2013 reached the considerable amount of 325.8 thousand tons equivalent carcass, up 33.9% from the same period in 2012. It is a record of the quarter since 2008, when shipments amounted to 328.5 thousand tons equivalent carcass, up 19.7%. For 2013, Abiec is expecting an increase of approximately 10% in revenues from meat exports, reaching a total of US$ 6.35 billion. Fernando Sampaio mentions the huge challenges for Brazil to export more meat, besides the exchange rate question, the difficulties in infrastructure and logistics, port costs, bureaucracy and taxation; and an old-fashioned legislation regarding the meat packing industries, which curbs any progress and modernization oriented initiatives. Paulo Backes Para escapar do brete Demanda em expansão foi fundamental para evitar pressão maior nas cotações da carne bovina na temporada 2012 no mercado brasileiro Alguns dados da pecuária nacional ficaram evidentes nos resultados da cadeia produtiva da carne em 2012. Os abates apontam para crescimento próximo de 8% sobre 2011, o que representa volume de produção de carne bovina 11% superior, devido à melhoria no peso médio de abate, conforme dados da consultoria Safras & Mercado. De acordo com o analista Paulo Molinari, esta situação poderia pressionar as cotações do boi gordo de forma acentuada em 2012, e talvez tenha sido o real motivo para os preços não terem atingido altas mais acentuadas no período. “A demanda interna e a recuperação das exportações inibiram pressão maior nas cotações e apontaram demanda per capita no melhor patamar desde 2006, ou seja, de 39,3 quilos por habitante ao ano”, afirma. Na avalição de Molinari, o ano de 2013 apresenta sinais de que esta produção con| 36 | tinuará elevada, principalmente nos confinamentos para o segundo semestre. Em outro extremo, os custos devem ceder, com a baixa nos preços dos grãos, principalmente do milho. Enquanto a demanda interna se mantém equilibrada, as exportações vêm sendo o destaque de 2013, com boa recuperação em relação ao ano anterior. Por este motivo, Molinari acredita que, se a pretensão é sustentar os preços do boi gordo, o foco deve ser concentrado no aumento do fluxo de vendas externas. O mercado de boi gordo entrou no novo ano comercial procurando ajustar algumas variáveis fundamentais, e que estabelecem tendência relevante para os preços. Na análise de Molinari, a avaliação dos preços passados traduz alguns aspectos importantes no mercado interno: os preços médios do boi gordo no primeiro semestre de 2012 ficaram em R$ 94,26 por arroba, base São Paulo. O mesmo período de 2011 registrou a média de R$ 100,44 pela arroba. “A baixa de R$ 6,00 por arroba é relevante num ano em que a demanda foi favorável. A explicação, portanto, está na oferta”, assinala. Ainda segundo Molinari, os abates no primeiro semestre de 2012 totalizaram 16,9 milhões de cabeças, superiores ao volume de 2011, que foi de 16,1 milhões de cabeças. Não é oferta maior expressiva, mas suficiente para acomodar os preços internos. A grande parcela desta oferta foi absorvida pela demanda doméstica, tendo em vista que as exportações se mantiveram muito discretas no primeiro semestre. “Isto nos revela que a safra de 2012 de boi gordo refletiu a expansão de oferta e que somente a demanda interna melhorada não conseguiu manter preços equilibrados”, sentencia. Escaping from the pen Rising demand played a fundamental role in avoiding soaring pressure over bovine meat prices in the Brazilian market in 2012 In Molinari’s view, the year 2013 is signaling continuity to soaring production, especially in confinements, for the second half of the year. In another extremity, prices are supposed to go down, with lower grain prices, especially corn. While internal demand remains stable, exports have been the highlight in 2013, with good recovery compared to last year. For this reason, Molinari believes that, if high meat prices are to be sustained, the focus should be concentrated on higher shipments abroad. The livestock market started the new commercial year seeking to adjust some fundamental variables, which establish a relevant trend for the prices. In Molinari’s analysis, an evaluation of past prices translates into some relevant aspects for the domestic market: average prices for cattle on the hoof in the first half of 2012 remained at R$ 94.26 per arroba, in São Paulo. In the same period in 2011 the average per arroba was R$ 100.44. “The R$ 6.00 drop per arroba is relevant in a year with favorable demand. The explanation, therefore, lies on the supply side”, he notes. Molinari also maintains that in the first half of 2012, 16.1 million head of cattle were slaughtered. It is not an expressively bigger supply, but enough to accommodate domestic prices. A huge portion of this offer was absorbed by the domestic market, in light of the fact that exports over the period showed little reaction. “This attests to the fact that the supply of cattle on the hoof in 2012 only reflected the soaring demand, and also shows that domestic demand alone was unable to keep the balance of meat prices”, he argues. Inor Ag. Assmann Some data related to Brazil’s cattle farming operations became evident in the results of the meat supply chain in 2012. The number of cattle slaughtered increased by 8% compared to 2011, representing an 11% higher volume of bovine meat, due to the higher average slaughter weight, according to data released by Safras & Mercado consulting firm. Analyst Paulo Molinari maintains that this situation could exert great pressure over the price of cattle on the hoof in 2012, and may be it has been the real reason that prevented the prices from going up even further. “Domestic demand and an upward trend in exports inhibited any further pressure on the prices and pointed to the highest per capita demand since 2006, that is to say, 39.3 kilos per person a year”, he says. | 37 | Confinando esforços Animais terminados em confinamento tornam-se decisivos para o equilíbrio dos preços e da oferta de carne durante o ano todo no País No segundo semestre de 2012, o cenário do mercado de carne bovina não foi muito diferente do registrado no primeiro semestre: apesar da forte elevação dos custos de confinamento, diante da valorização do milho e do farelo de soja, além do forte noticiário de que haveria queda no número de animais confinados, devido à alta dos custos, o que houve realmente foi uma situação inesperada. O preço médio do boi gordo no segundo semestre ficou em R$ 95,49 por arroba, base São Paulo, diferencial safra/entressafra de apenas R$ 1,20 por arroba. Isto indica que a oferta do segundo semestre cresce e que o diferencial largo de entressafra em relação à safra já não é mais nivelado em patamares altos, como R$ 5,00 a R$ 6,00 por arroba, em passado recente. “Neste ritmo de expansão de confinamentos, será normal verificarmos spreads negativos entre o segundo semestre e o primeiro, futuramente”, projeta o analista Paulo Molinari, da Safras & Mercado. Para ele, a situação se torna óbvia se forem observados os abates do segundo semestre e verificadas as proporções de crescimento do confinamento no País. “Os abates no segundo semestre de 2011 ficaram em 16,4 milhões de cabeças. No segundo semestre de 2012, atingiram a 18,27 milhões de cabeças. Ou seja, o sistema intensivo no Brasil cresceu 1,9 milhão de cabeças em 2012, em relação a 2011”, descreve. “Assim, a média de preços na entressafra de 2011 | 38 | ficou em R$ 98,93 por arroba e cedeu a R$ 95.49 por arroba em 2012. A alta do milho contribuiu para que o preço do boi gordo não fosse ainda pior”, observa. Conforme Molinari, o alto custo do milho conteve parte desta ampliação no volume de confinamento, o que gerou apreensão quanto à oferta futura e possibilitou a inibição da baixa. Mas pela primeira vez no mercado nacional o número de animais confinados atendeu à demanda interna até o final de dezembro. Isto indica que o confinamento não se concentra mais em outubro, e, sim, inicia a oferta em julho e se prolonga até dezembro. Deste modo, Molinari considera que as chances de os preços do boi gordo começarem a inverter a sua curva, mantendo-se mais baixos no segundo semestre em relação ao primeiro, são elevadas, doravante. A situação só não foi mais evidente em 2012 em virtude da alta demanda interna e da recuperação nas exportações. Com a melhoria de câmbio e com a demanda internacional, as vendas internacionais de carne se recuperaram no segundo semestre. A produção nos confinamentos ajudou nesta disponibilidade. O consumo interno, a partir do bom nível de emprego e de renda, absorveu a expansão da oferta. A demanda per capita brasileira atingiu o melhor patamar desde 2006, ou seja, 39,3 quilos por habitante ao ano, pela avaliação da Safras & Mercado. Robispierre Giuliani Confining efforts Animals finished in confinement are decisive for balancing both meat supply and demand year-round in the Country In the second half of 2012, the bovine meat market was not much different from the first half of the year: In spite of skyrocketing confinement costs, by virtue of soaring corn and meal prices, along with allegations about a possible decline in the number of confined livestock, due to rising costs, what really happened was an unusual situation. The average price of beef on the hoof, in the second half of the year, remained at R$ 95.49/arroba, in São Paulo, with a difference between season and off-season of only R$ 1.20 per arroba. This indicates that supply goes up in the second half and that the difference between season and off-season is no longer as big as it used to be, something like R$ 5.00 to R$ 6.00 in the recent past. “If this confinement rhythm holds true, negative spreads between the first and second half of the year will become common place in the future”, projects Safras & Mercado analyst Paulo Molinari. In his view, the situation stands to reason if slaughterings of the second half are considered and the rising confinement rates in the Country are observed. “Slaughterings in the second half of 2011 remained at 16.4 million head. In the second half of 2012, they went up to 18.27 million head. That is to say, the intensive system in Brazil Increased by 1.9 head in 2012, compared to 2011”, he describes. “This resulted into average prices of R$ 98.93 per arroba, in the 2011 off-season period, while in 2012 it dropped to R$ 95.49 per arroba. The higher corn prices were also a factor in preventing the prices of meat on the hoof from plummeting even further”, he observes. According to Molinari, the high cost of corn, in a way, curbed the expansion in the volume of confinements, which caused concern regarding future supplies, and inhibited the downtrend. For the first time in the national market the number of confined animals met internal demand by the end of December. This indicates that confinements are no longer just done only in the month of October, but they start in July and end in December. Under such circumstances, Molinari has it that the chances for the prices of meat on the hoof to start reversing their curve, remaining lower in the second half of the year compared to the first half, are poised to be very high from now onwards. The situation was not more evident in 2012 by virtue of rising domestic demand and the uptrend in exports. With the more favorable exchange rate and international demand, meat shipments abroad experienced a recovery in the second half of the year. The higher production volumes in confinements were also a factor in the availability of more meat. Domestic consumption, taking advantage of the active job market and higher purchasing power, absorbed the bigger supplies. Per capita demand in Brazil reached its highest level since 2006, that is to say, 39.3 kilos per person a year, from an evaluation by Safras & Mercado. | 39 | Inor Ag. Assmann O jeito é pegar a estrada Sem perspectiva de grande crescimento econômico no País, a cadeia da carne vai apostar nas vendas internacionais para garantir avanços em 2013 Pelo perfil de baixo crescimento econômico brasileiro em 2013, não há sinais de que a demanda interna oferecerá salto no segmento de carnes. Os preços dos produtos suínos e de frango mantinham-se em queda acentuada no primeiro quadrimestre de 2013, até em função da acomodação dos custos. Mas as cotações altas do boi gordo no primeiro quadrimestre de 2013, já superando a R$ 100,00 por arroba, base São Paulo, não se ligam à demanda e, sim, à retenção do gado nos pastos | 40 | para ganho de peso e às chuvas em excesso no Centro-Oeste do País. “O problema é que essa retenção oferecerá sobre-oferta no auge da safra, em maio e junho”, avisa o consultor Paulo Molinari, da Safras & Mercado. A alternativa para o setor em 2013, segundo ele, é apostar na exportação. As vendas de carne bovina precisarão ser crescentes e expressivas ao longo do ano para inibir excedentes internos que deteriorem os preços do boi gordo, em particular no segundo semes- tre, “principalmente se houver recuperação acentuada da produção na avicultura para a metade final do ano”, emenda. Conforme o analista, a oferta parece ter a sua trajetória de manutenção de bons volumes já definida, principalmente se os preços do milho se acomodarem a partir de abril. “A demanda na exportação será o componente fundamental na sustentação dos preços, pois a avaliação de queda do volume confinado em 2013 está longe da realidade”, salienta Paulo Molinari. O PAPEL DOS GRÃOS A oferta de grãos promete ser expressiva ao longo de 2013. Na verdade, o Brasil já configura ótima safra de soja em 2013 e aponta para novo recorde de produção de milho, que deverá superar a 77 milhões de toneladas. O largo excedente brasileiro deste grão favorecerá bastante a produção intensiva de gado no País no segundo semestre. Há uma variável ainda indefinida: o tamanho da safra norte-americana de milho, situação que poderá colocar seus preços em patamares mais baixos em caso de colheita normal. “Bons preços do boi gordo no primeiro semestre, contratos futuros na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) para animais confinados acima de R$ 100,00 por arroba; preços do milho em queda acelerada nos mercados interno e externo, exportações com recuperação no ano, tudo são indicadores que apontam para novo recorde de confinamento no País em 2013”, refere. “Sem crescimento significativo da economia brasileira, a saída é exportar”, conclui o analista de Safras & Mercado. Taking to the road With no perspective for big economic growth in the Country, the meat supply chain is betting on the international market for making strides in 2013 Judging from the low profile of Brazil’s economic growth in 2013, there are no signs for internal demand for beef to soar considerably. Prices of chicken and pork have been falling in the first quarter of 2013, much because of the cost accommodation process. The high prices of meat on the hoof in the first quarter of 2013, already outstripping R$ 100.00 per arroba, in São Paulo, are not linked to demand, but to the retention of cattle on pasture for weight gain and to excessive rainfall in the Center-West. “The problem is that retention will result into surpluses during peak season time in May and June”, warns Paulo Molinari, of Safras & Mercado. The alternative for the sector in 2013, in his view, is to bet on exports. Beef sales need to soar progressively throughout the year to inhibit internal surpluses likely to deteriorate the prices of cattle on the hoof, particularly in the second half of the year, “especially if poultry operations make a good recovery during the second half of the year”, he adds. According to the analyst, supply seems to have already defined its trajectory of good volumes, particularly if corn prices accommodate from April onward. “Demand from abroad will be a basic component in sustaining the prices, as the evaluation of a decline in confinement volumes in 2013 is a long way from reality”, stresses Paulo Molinari. THE ROLE OF GRAINS There is every indication for expressive grain supplies in 2013. As a matter of fact, Brazil has already harvested an excellent soybean crop this year and there are signs pointing to another record corn crop, likely to outstrip 77 million tons. The vast surpluses of this crop will greatly benefit the cattle confinement operations in Brazil in the second half of the year. There is still an undefined variable: the size of the North-American corn crop, a situation that could press prices down in case of a normal crop. “Good prices for meat on the hoof in the first quarter, future contracts in the Brazilian Mercantile & Futures Exchange, for confined livestock, above R$ 100.00 per arroba; corn prices plummeting at home and abroad, export showing signs of recovery, are all indicators pointing to a new record in confinement in the Country in 2013”, he comments. “Without a leap in the Brazilian economy, the wayout is to export”, concludes Paulo Molinari. | 41 | Robispierre Giuliani Logo depois da curva Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento prevê crescimento anual a taxas médias de 2,1% para a produção de carne bovina no Brasil A produção de carne bovina no Brasil deve seguir média de crescimento anual de 2,1% por 10 anos, segundo o estudo “Projeções do Agronegócio Brasileiro 2011/12 a 2021/22”, realizado pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A carne bovina só deve ser superada, neste complexo, pela carne de frango, que crescerá o dobro: 4,2% ao ano. Estes volumes garantem o abastecimento do mercado interno e o crescimento das exportações. As projeções do consumo mostram que o mercado interno absorverá 9,4 milhões | 42 | de toneladas de carne bovina nos próximos nove anos. Assim, o produto assumirá o segundo lugar no aumento do consumo doméstico, com taxa anual projetada de 2%, entre os ciclos 2011/12 e 2021/22, assumindo uma condição que era da carne suína, mas ainda atrás das estimativas de aumento do consumo de frango. O Mapa prevê quadro favorável para as exportações de carnes brasileiras. Neste quesito, a carne bovina é superada em volumes pelas cadeias produtivas de frango e de suínos. O estudo indica que as vendas externas da cadeia produtiva de bovinos devem alcançar média de 2,1% ao ano, e para crescente número de países. Em 2011, a carne bovina foi destinada a 135 mercados, sendo o principal a Rússia. A expectativa é de que esses mercados se consolidem de forma crescente, de maneira que sejam factíveis as projeções realizadas pelo governo federal. A cadeia produtiva, no entanto, aguarda que, além das projeções, o Poder Público entre com sua parte, com investimentos em logística, principalmente portuária; redução da carga tributária e desburocratização dos processos. Around the bend Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply estimates annual beef production growth rates at 2.1% in Brazil The production of beef in Brazil is poised to soar at an annual rate of 2.1% for the next 10 years, according to the “2011/12 to 2021/22 Brazilian Agribusiness Projections” study, conducted by the Strategic Management Advisory Council of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA). Within this complex, bovine meat is to be surpassed only by broiler meat, which is bound to double its production: 4.2% a year. These volumes are enough to sustain the domestic market and soaring exports. Consumption projections point to domestic sales of 9.7 million tons of bovine meat over the next nine years. This will make the product rank second in the domestic consumption growth rate, with an annual rate projected at 2%, from 2011/12 to 2021/22, taking over the position occupied by pork, but still lagging behind the higher estimated broiler meat consumption rates. The Ministry of Agriculture projects a favorable picture for Brazilian meat exports. Within this complex, bovine meat is outstripped in volume by the chicken and pork supply chains. The study indicates that the foreign sales of the bovine meat production chain should soar 2.1% a year, to an array of new countries. In 2011, bovine meat was shipped to 135 countries, especially to Russia. The expectation is for these markets to consolidate more and more, so as to make the projections by the federal government feasible. The supply chain, nonetheless, expects that, besides the projections, the Government will make good on its part, with investments in logistics, particularly port logistics; reduction in the tax burden and less bureaucracy in the processes. | 43 | perfil profile Seguindo as pegadas | 44 | A preocupação do setor pecuário brasileiro em seguir os passos de seu rebanho fica evidente a cada ano. Após o lançamento da Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA), em abril de 2012, outra ferramenta chega para reforçar o controle e a qualidade da carne: o programa Qualidade desde a Origem, do grupo Pão de Açúcar. A iniciativa, reconhecida pela Agência Na- cional de Vigilância Sanitária (Anvisa), monitora o produto desde a planta do fornecedor até a venda no varejo. O programa, utilizado desde 2008 na rastreabilidade de frutas, verduras e legumes, é novidade no setor da carne em 2013. Por meio dele, será possível ter o conhecimento de aspectos da cadeia produtiva, como origem, local de criação, nível de inspeção, embarque, chegada ao fri- gorífico e condições do abate, entre outros. A nova tecnologia também permite controle rigoroso da qualidade do produto oriundo de cerca de 30 frigoríficos. Para o comprador, assim como para os outros envolvidos na cadeia, a transparência é a grande vantagem. Com o mapeamento, frigoríficos, supermercados e consumidores permanecem seguros de suas vendas e compras. Inor Ag. Assmann Benefícios da rastreabilidade impulsionam lançamentos de programas e projetos no Brasil e ampliam a aceitação dos produtos em âmbito global | 45 | VIÉS EXCLUSIVO O programa Qualidade desde a Origem vem sendo desenvolvido exclusivamente pelo Grupo Pão de Açúcar, Robispierre Giuliani desde 2008. Tem como objetivo oferecer aos clientes produtos hortifrutigranjeiros com alto padrão de qualidade, respeito às normas trabalhistas e iniciativas sustentáveis. Cinco anos depois, foi lançada a versão visando o fornecimento de carnes. De acordo com informações disponibilizadas no site do grupo, os seis Centros de Distribuição possuem agrônomos, biólogos, químicos, nutricionistas e veterinários capacitados para a avaliação do padrão de qualidade das mercadorias recebidas. Nos processos internos, a qualidade dos produtos é garantida até os destinos finais, seguindo processos certificados pela ISO 9001. Enquanto o varejo se diferencia e enaltece sua competitividade, o programa permite aumento do volume de vendas e redução de custos para os produtores. Isso ocorre devido a um controle minucioso dos processos, de maneira que é possível a identificação e a eliminação de falhas que encarecem e atrasam o dia a dia no campo. Para o consumidor, além de produtos com qualidade e segurança, estar próximo do produtor e conhecer a origem dos produtos que ingere possibilitam mais credibilidade aos artigos oferecidos nas gôndolas dos supermercados. Ao mesmo tempo, todas as informações ficam disponíveis na internet para consultas a qualquer momento. | 46 | Following the same path Benefits from traceability trigger the launch of programs and projects in Brazil and broaden the market for Brazilian products around the world The initiative, acknowledged by the National Health Surveillance Agency (Anvisa), monitors the product from farm to retail. The fruit and legume traceability program has been in use since 2008, and has become a novelty for the meat sector in 2013.Through it, it will be possible to have access to different aspects of the supply chain, like animal origin, breeding place, inspection level, shipment, arrival at meat packing industry, slaughtering conditions, and lots more. The new technology also allows for strict control over the quality of the product coming from about 30 different meat packing industries. For consumers, as well as for all other members of the supply chain, transparency is the great edge. With this mapping system, meat packing industries, supermarkets and consumers can rest assured about their sales and purchases. Inor Ag. Assmann The concern of the Brazilian cattle farming sector in keeping track of the herd gets all the more evident year after year. The launch of the Cattle Breeding Management Platform (PGA, in the Portuguese acronym), in April 2012, represents one more tool that reinforces all meat controlling efforts in Brazil, which gave rise to the “Quality from the very Beginning” program, launched by the group known as Pão de Açúcar. EXCLUSIVE EDGE The program, ‘Quality from the very Beginning’, has been under the exclusive control of Grupo Pão de Açúcar, since 2008. Its goal is to supply the clients with fruit and vegetables of high quality standards, complying with labor legislation and sustainable initiatives. Five years later, a meat tracking version was launched. According to information from the group’s website, the six Distribution Centers employ agronomists, biologists, chemists, nutritionists and veterinarians. Their job consists in controlling the quality standards of the goods they receive. From the internal processes, product quality is ensured to the final destination, in compliance with ISO 9001certified processes. While at retail stores these products make a difference in quality and competitiveness, the program allows for higher sales volumes and cost reductions at farm gate level. This is the result of a strictly controlled process, whereby it is possible to identify and eliminate flaws that increase costs and delay the everyday chores on the farm. For consumers, besides quality and safe products, being close to the producer and knowing the origin of the products make them all the more reliable on the supermarket shelves. In the meantime, any information can be found on the internet for consultation, at any moment. | 47 | Sílvio Ávila Com a cara e a coragem Criação de búfalos oferece grande potencial no Brasil, mas pecuaristas ainda precisam aprender como lidar com as peculiaridades do rebanho Dentro do grande rebanho bovídeo brasileiro, os bubalinos ainda representam parcela relativamente pequena. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2012 o número de animais totalizava 1,78 milhão de cabeças. Entretanto, a Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos (ABCB) estima número quase duas vezes maior, com 3 milhões de animais. Conforme a entidade, cerca de 30% das criações são para produção leiteira, com cres| 48 | cimento anual de 45% do rebanho com essa finalidade nos últimos anos. O presidente da ABCB, Cláudio Varella Bruna, destaca que quatro raças são criadas no Brasil: murrah e jafarabadi, de origem indiana; a mediterrânea, da Itália (as três chamadas búfalos de rio); e o carabao, comum na ilha de Marajó, e considerado de pântano. O dirigente salienta que o búfalo tem grande potencial de crescimento uma vez que seus produtos já são aceitos e procurados, com demanda maior do que a oferta, tanto para carne quanto para o leite. Mas ainda existem obstáculos. “O principal problema é o desconhecimento dos pecuaristas no que diz respeito às peculiaridades da criação”, afirma. “Isso geralmente impede que o animal seja criado aproveitando todos os seus potenciais”. Das quatro raças mencionadas, o dirigente salienta que a murrah é a mais difundida no Brasil. Mais adequada à produção leiteira, também possui boa comercialização para carne e apresenta genética bem desenvolvida no País. O touro murrah é considerado mais dócil, o que facilita seu manejo diário. Já a raça jafarabadi é de difícil manejo, devido ao porte maior e aos chifres abertos e extensos, e a carabao está entrando em declínio no Brasil, sendo usada quase que exclusivamente nas regiões do Norte, para transporte. A ABCB encontra dificuldades para quan- tificar os resultados de comercialização de carne e de leite de búfalos, ainda restrita ao mercado interno. Muitas vezes o leite é entregue a laticínios não especializados, que apenas o misturam ao de vaca. “Para o leite, a única medida confiável é a declaração de volume dos laticínios membros do Selo de Pureza, que cresceu quase 600% em 10 anos, a taxa praticamente constante”, salienta Cláu- dio Bruna. “Embora não reflita o rebanho nacional como um todo, isso dá boa visão de uma atividade sendo puxada pelo mercado”. Em relação à carne, o presidente da ABCB explica que a venda ainda se dilui em meio aos cortes bovinos, mas é possível notar crescimento onde a cadeia se organiza. “Mas, via de regra, quando isso acontece, o gargalo é a falta de animais para o abate”, arremata. Com distinção O Selo de Pureza 100% Búfalo foi criado há 12 anos pela ABCB para certificar as mozzarellas di bufalas brasileiras, atestando que elas são feitas exatamente como as da região da Campana, na Itália – sem adição de leite de vaca ou de substâncias branqueadoras. O selo também certifica outros derivados, como a ricota de búfala, a mozzarella defumada, a manteiga, o doce de leite etc. O Selo 100% Búfalo tem como finalidade agregar qualidade à produção brasileira, sobretudo aos derivados do leite; no entanto, pode ser usado para atestar outros produtos, como a carne. A ABCB possui a Comissão do Selo de Pureza 100% Búfalo, que fiscaliza, controla e realiza ações de conscientização junto ao consumidor. Uma delas é o site Selo da Búfala (www.selodabufala.com.br), que traz notícias de gastronomia, receitas, novidades do setor alimentício, dicas de viagens etc. | 49 | Plucking up courage Raising buffalo could translate into good business in Brazil, but cattle farmers still need to learn how to deal with the peculiarities of the herd Bubaline breeds represent a small portion of the Brazilian bovine herds. According to the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE), in 2012, the number of animals totaled 1.78 million head. Nonetheless, the Brazilian Buffalo Breeders Association (BBBA) estimates a herd twice as large, some 3 million head. According to entity sources, about 3% of all buffalo breeding operations are for dairy purposes, with an annual growth rate of 45% of the herd destined for this purpose over the past years. The BBBA president, Cláudio Varella Bruna, refers to four breeds raised in Brazil: murrah and jafarabadi, of Indian origin; the Mediterranean, from Italy (the three of them are known as water buffalos); and carabao, common on the Marajó island, and considered to be a swamp buffalo breed. The official recalls that buffalos have a great potential for making strides in Bra- With distinction zil, once their products are well accepted by the market and with demand outstripping supply, both for milk and beef. But the breed faces obstacles. “The main problem lies in the fact that most cattle farmers are still unaware of the peculiarities involved in buffalo raising operations”, he says. “This prevents the farmers from taking advantage of all the potentials of this breed”. Of the four breeds mentioned abroad, the official points out that the murrah is the most common in Brazil. It is quite efficient in the production of milk, it is much appreciated for meat purposes and, in terms of genetics, Brazil has managed to enhance this breed greatly. Murrah bulls are very docile, making daily handling very easy. On the other hand, jafarabadi is a breed that is difficult to handle because of its sturdiness and long, open horns. Carabao is a breed that is on the decline in Brazil, and is exclusively seen in the North, used as draft animals. BBBA is having difficulties quantifying the results from buffalo meat and milk sales, still restricted to the domestic market. Frequently, buffalo milk is delivered to small dairy industries where it is mixed with common cow milk. “For buffalo milk , the only reliable “declaration of volume” comes from dairy industries that have adhered to the Purity Seal, which increased by almost 600% over the past 10 years, at an almost constant rate”, Cláudio Bruna confirms. “Although not reflecting the national herd as a whole, it gives a clear overview of the activity now driven by the market”. With regard to meat, the BBB president explains that sales still mingle with bovine cuts, but there is apparent evolution in locations where the supply chain is organized. “In general, when this happens, the bottleneck lies in the lack of animals for slaughter”, he concludes. The 100% Buffalo Purity Seal was created 12 years ago by BBBA to certify the Brazilian mozzarellas di bufalas, attesting that they are made exactly like the ones made in the region of Campana, in Italy – without the addition of cow milk or whitening substances. The seal also certifies other buffalo based products, like buffalo ricotta, smoked mozzarella, butter, milk candy, etc. The 100% Buffalo Seal is strictly for adding quality to the Brazilian products, especially to milk based products; but it can also be used for such products as meat. BBBA has set up the 100% Buffalo Purity Seal Committee, responsible for inspection and control activities, and is involved in consumer awareness initiatives. One of them is the Buffalo Seal site (www.selodabufala.com.br), featuring gastronomic novelties, recipes, food sector innovations and tips for travelers, etc. | 50 | | 51 | Sílvio Ávila Todo mundo curte Brasil processou 35,247 milhões de couros bovinos em 2012, firmando-se cada vez mais como segundo maior produtor e exportador desse produto O setor de curtumes ocupa espaço importante na economia da cadeia produtiva de bovinos. É nestas unidades que ocorre o processamento da pele do animal, onde o produto curtido é destinado à produção de vestimentas, sapatos e tapetes, entre outros. O curtume é denominado integrado quando realiza todas as operações de industrialização, desde o couro cru até o acabado. O wet blue realiza o curtimento do couro cru até o estágio wet blue (couro curtido no cromo). Já o curtume acabador é o dedicado ao acabamento do couro wet blue e/ou crust até o acabado. Apesar de ser um subproduto da criação de bovinos, que tem como principal objetivo a produção de carne, o Hora de melhorar segmento do couro desempenha papel importante na geração de empregos e de divisas para o Brasil. O País é o segundo maior produtor e exportador de couro do mundo, de acordo com o Centro das Indústrias de Curtume do Brasil (CICB). Em 2012, os curtumes brasileiros prepararam 35,247 milhões de unidades de couro bovino inteiro, 3,6% a mais do que em 2011, conforme dados divulgados pela Estatística da Produção Pecuária, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em março de 2013. Do total curtido em 2012, 26,367 milhões de peças foram adquiridas pelos curtumes, quantidade 5,4% superior à de 2011. Os curtumes também prestam serviços de curtimento para terceiros. Em 2012, receberam para essa finalidade 8,827 milhões de unidades, 3,2% a menos do que em 2011. As aquisições totais de pele bovina foram fornecidas por matadouros frigoríficos (65,3%), intermediários ou salgadores (6,8%), matadouros municipais (1,5%), outros curtumes (1,1%) e ainda de outras origens (0,2%). As maiores aquisições totais de 2012 foram verificadas nos estados de Mato Grosso (6,319 milhões de peças inteiras) e de São Paulo (4,680 milhões de unidades). Outros resultados significativos foram apresentados pelos estados de Mato Grosso do Sul (4,144 milhões de peles), Goiás (3,557 milhões de unidades), Rio Grande do Sul (3,377 milhões de peças) e Paraná (3,012 milhões de couro cru). Um dos problemas ainda apresentados pelas peles bovinas destinadas à produção de couro é a baixa qualidade do produto. “O gado é criado para a carne e não para a pele”, destaca José Fernando Bello, presidente-executivo do Centro das Indústrias de Curtume do Brasil (CICB). Também o longo período em que o animal fica no campo, num ciclo de vida longa, afeta a qualidade do couro. Conforme Bello, no Brasil, a taxa de abate fica próximo de 20% de um rebanho com cerca de 200 milhões de cabeças. Portanto, o abatimento é de aproximadamente 40 milhões de animais por ano. Enquanto isso, nos Estados Unidos, o percentual de abate é de cerca de 32%. “Lá, o sistema é de confinamento, onde o animal sofre menos agressões da natureza e de maus cuidados”, relata. A pecuária brasileira ainda enfrenta outras situações negativas, como carrapatos, bernes, marcas de fogo, riscos e transporte inadequado do campo ao frigorífico. “São fatores que pouco têm evoluído”, destaca Bello. Interfere igualmente na qualidade do subproduto a não classificação e separação das peles após o abate por sexo do animal e por diferentes grupos de pesos. “Para atingir o padrão de países como Uruguai, Argentina, Estados Unidos e Austrália, precisamos evoluir muito ainda”, compara. | 52 | | 53 | Inor Ag. Assmann Inor Ag. Assmann Multiple beneficiaries Brazil tanned 35.247 bovine hides in 2012, taking over the position as second largest exporter of the product The tannery sector plays a relevant role in the economy of the bovine supply chain. It is in these units that animal hides are processed, tanned and destined for the production of apparel, footwear and other items. An integrated tannery is the one that performs all the industrial operations, from raw crude hide to finished products. The wet blue tannery processes raw crude hide into wet blue (chrome-tanned leather). The leather finishing plant is devoted to finishing the wet blue leather and/or crust. Although being a byproduct from bovine farming, whose main objective consists in producing meat, the leather | 54 | segment plays an important role in the generation of jobs and dividends for the Country. Brazil is the second largest producer and exporter of leather in the world, according to the Brazilian Tannery Industries Center (CICB). In 2012, the Brazilian tanneries processed an amount of 35.247 million pieces of whole bovine hides, 3.6% up from 2011, according to data released by the Cattle Farming Statistical Department of the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE), in March 2013. Of all raw crude hides tanned in 2012, 26.367 million pieces were acquired by tanneries, an amount up 5.4% from 2011. The tanneries also process hides for third party companies. In 2012, they received 8,827 million pieces for this purpose, down 3.2% from 2011. Total acquisitions of bovine hides came from meat packing industries (65.3%), middlemen or salters (6.8%), municipal slaughterhouses (1.5%), other tanneries (1.1%) and from other origins (0.2%). The biggest total acquisitions in 2012 took place in the states of Mato Grosso (6.319 million whole pieces) and São Paulo (4.680 million units). Other significant results were achieved by the states of Mato Grosso do Sul (4.144 million hides), Goiás (3.557 million units), Rio Grande do Sul (3.377 million pieces) and Paraná (3.012 million raw crude hides). um por dia | one by day Quantidade de couro cru inteiro de bovino de origem nacional (un.) 2011 34 029 045 305 488 1 446 234 2 506 232 3 565 181 2 192 473 3 236 275 413 212 127 929 6 049 231 1 177 475 - 1 179 845 1 347 729 5 023 705 226 040 437 323 150 261 164 864 4 320 233 159 315 2012 35 247 910 409135 1 757 007 3 012 125 4 144 165 2 413 205 3 557 830 445 570 136 738 6 319 708 1 210 154 320 185 1 175 820 1 316 823 4 680 793 208 815 388 459 127 264 136 676 3 377 577 109 861 Variação % 3,6 33,9 21,5 20,2 16,2 10,1 9,9 7,8 6,9 4,5 2,8 -0,3 -2,3 -6,8 -7,6 -11,2 -15,3 -17,1 -21,8 -31,0 Inor Ag. Assmann Brasil Santa Catarina Rondônia Paraná Mato Grosso do Sul Pará Goiás Acre Ceará Mato Grosso Maranhão Espírito Santo Tocantins Minas Gerais São Paulo Pernambuco Bahia Piauí Sergipe Rio Grande do Sul Roraima Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária - Pesquisa Trimestral do Couro. Time to improve One of the problems that still affect bovine herds destined for the production of leather is the low quality of the product. “Cattle are raised for meat not for their hide”, says José Fernando Bello, executive president of the Tannery Industries Center in Brazil (CICB). There is also the long period cattle spend grazing, in a long life cycle, and it equally the quality of the leather. According to Bello, in Brazil, the slaughter rate reaches almost 20% of the 200 million head herd. Therefore, some 40 million head are slaughtered a year. In the meantime, in the United States this percentage reaches 32%. “In that country, it is the confinement system that prevails, where the animals suffer less from nature related causes and are better looked after”, he explains. Brazilian cattle farming operations face other negative situations, like ticks, maggot-filled sores, iron brand marks and improper transportation from field to the meat packing industry. “These are factors that have improved very little”, Bello says. What also interferes with the quality of the product is the lack of any separation or selection of the hides by gender or by weight. “We have still a long way to go if we want to achieve the standards of such countries as Uruguay, Argentina, the United States and Australia”, he concludes. | 55 | Inor Ag. Assmann Com marca de procedência Indústria brasileira exportou 401,802 milhões de quilos de couros e de peles de bovinos em 2012, 14,1% acima do embarcado em 2011 Um grupo de 90 países é abastecido com o couro produzido no Brasil. Metade do volume exportado pelo País é destinado à produção de calçados. A outra parte é transformada em estofamento para carros, mobiliário, acabamento para decoração e equipamentos de segurança individual, entre outros. Em 2012, o setor nacional enviou para o mercado externo 401,802 milhões de quilos de couros e de peles, de acordo com o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB). Esse volume foi 14,1% superior ao embarcado em 2011. A receita obtida com a venda externa foi de US$ 2,079 bilhões em 2012, 1,6% a mais do que no ano anterior. O couro é o principal produto negociado. Um total de 29,024 milhões de couros foi demandado pelo mercado externo em 2012, 8,7% a mais do que no ano anterior. O faturamento foi de US$ 2,062 bilhões, com alta de 1,8% em relação a 2011. Nos | 56 | três primeiros meses de 2013, a exportação brasileira de peles e de couros já tinha resultado em US$ 544,196 milhões, 17,4% a mais do que o valor negociado no mesmo período de 2012. “As projeções preliminares apontam para crescimento de 3% a 5% em 2013”, relata José Fernando Bello, presidente-executivo do CICB. Porém, ele acrescenta que o mercado iniciou o ano com elevação nos preços da matéria-prima e indicação de consumo elevado. “Teremos que observar com cautela o andamento do mercado nos próximos meses”, observa. Os frigoríficos ou curtumes produzem e fornecem o couro em diferentes estágios de acabamento: o couro salgado, o wet blue, o crust ou o couro acabado. O couro salgado é o produto mais simples, de menor valor agregado, que resulta do processo inicial de salgamento do couro para permitir sua conservação, transporte e armazenamento. O nome do couro wet blue deriva de seu tom azulado e molhado, resultado de um primeiro banho com cromo, depois de ser despelado e passar pela remoção de graxas e gorduras. O crust é fruto do processo de secagem do couro, que o torna produto semiacabado destinado ao processo de acabamento. O acabado, de superior valor agregado, deriva do último estágio da produção de couro e incorpora as características mais específicas exigidas pelo comprador, que pode utilizá-lo diretamente na produção dos mais diversos artigos finais. Em 2012, conforme o CICB, este foi o tipo de couro mais exportado pelo setor nacional. Respondeu por 59,7% do valor total comercializado e por 43,9% do volume embarcado. O wet blue foi o segundo mais embarcado e participou com 27,6% da receita e com 45,5% da quantidade negociada. O couro crust contribuiu com 7,7% do valor e com 10,2% do montante vendido. Carrying label of origin Brazilian industry exported 401.802 million kilos of bovine hides and leather in 2012, up 14.1% from the amounts shipped in 2011 It accounted for 59.7% of the total revenue from the shipments and for 43.9% of total volume shipped abroad. Wet blue was the second most exported product and had a share of 27.6% of the revenue and 45.5% of the amount negotiated. Crust leather contributed with 7.7% of the value and with 10.2% of the amount negotiated. Inor Ag. Assmann A group of 90 countries is supplied by Brazilian leather. Half of the volume shipped abroad by the Country is destined for the production of footwear. The other half is transformed into car and furniture upholstery, finishing touches to rooms and personal security and safety equipment, among other uses. In 2012, the national sector shipped abroad 401.802 million kilos of hides and leather, according to sources of the Brazilian Tannery Industries (CICB). This volume was 14.1% bigger than the 2011 shipments. Revenue derived from the sales reached US$ 2.079 billion in 2012, up 1.6% from the previous year. Leather is the product that is traded the most. A total of 29.024 million pieces of leather was demanded by the foreign market in 2012, up 8.7% from the previous year. Revenue reached US$ 2.062 billion, up 1.8% from 2011. Over the first quarter in 2013, Brazilian hide and leather exports had already brought in revenue of US$ 544.196 million, up 17.4% from the value negotiated in the same period in 2012. “Preliminary projections point to increases of 3% to 5% in 2013”, says CICB executive president José Fernando Bello. Nonetheless, he adds that the year started with higher raw material prices and indications pointing to higher consumption. “Caution is needed with regard to the market over the next months”, her observes. The meat packing industries produce and supply leather at different finishing phases: wet salted hides, the so-called wet blue, crust or finished leather. Wet salted hide is the simplest of all products, with very low added value, resulting from the initial salting process for conservation, transport and warehousing purposes. The name of this hide, wet blue, derives from its bluish and wet shade, the result of an initial dip into chrome, after having been peeled, and having all fat removed. Crust results from the drying process of the hide, which turns it into a semi-finished product, ready to be submitted to the finishing process. Finished leather, with high added value, derives from the final leather production phase and incorporates the specific characteristics required by the buyer, who can use it directly for the production of different finished goods. In 2012, according to CICB sources, the latter was the type of leather that was most exported by the national sector. DIFERENCIADOS | differentiated Exportação brasileira de couro bovino por tipo de couro (nº de couros) Tipo Acabado Wet Blue Crust Salgado Total 2010 20112012 11.051.530 11.292.27212.744.121 10.333.132 9.399.725 13.223.310 5.754.234 6.159.143 2.953.565 260.447 27.962 111.954 27.399.342 26.879.10229.032.950 Fonte: Secex/CICB | 57 | Inor Ag. Assmann Sob o signo do touro Brasil comercializou 12,34 milhões de doses de sêmen bovino nacional e importado em 2012, o que se traduz em rebanho da mais alta qualidade As vendas de sêmen bovino para inseminação artificial não mantiveram em 2012 o mesmo ritmo de crescimento que vinham registrando em anos anteriores. O Brasil comercializou 12,34 milhões de doses em 2012, com alta de 3,64% em comparação com as 11,906 milhões de doses negociadas em 2011. Os dados são da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), em seu relatório Índex Asbia 2012. Melhoramento genético do rebanho, | 58 | controle de doenças e cruzamento entre as raças são algumas vantagens garantidas pela inseminação artificial. Ela amplia significativamente a capacidade reprodutiva de um único animal. Conforme a Asbia, um touro cobre anualmente, a campo, cerca de 30 vacas. Em regime de monta controlada, pode servir a um máximo de 100 fêmeas ao ano. Considerando-se que um touro tem quatro anos de vida reprodutiva, chega-se a um total de 120 a 400 filhos por animal. Com a in- seminação, esse mesmo reprodutor poderá ter mais de 100.000 descendentes. A Asbia, criada em 1974, reúne empresas de inseminação artificial, distribuição de sêmen, materiais, equipamentos e outros produtos relacionados à reprodução animal. As empresas, juntas, representam cerca de 92% do mercado nacional. No País, o estimado é que apenas 10% das fêmeas em idade reprodutiva sejam inseminadas. Enquanto isso, em outras nações quase todo o rebanho Procedência Os estados com maior participação total nas vendas de sêmen para a pecuária de corte em 2012 foram Mato Grosso do Sul (14,49%), Mato Grosso (14,42%), São Paulo (10,57%), Pará (8,80%), Goiás (8,62%) e Minas Gerais (7,89%). A maior parte do sêmen destinado ao gado leiteiro foi abastecida pelos estados de Minas Gerais (26,51%), Rio Grande do Sul (16,41%), Paraná (13,66%), Santa Catarina (10,16%), Goiás (6,70%) e São Paulo (6,37%). O Brasil também exporta sêmen bovino para outros países. Em 2012, os envios foram de 226.020 doses, sendo 116.592 doses de gado de corte e 109.428 de gado de leite. Os principais países importadores do sêmen de gado de corte foram Paraguai (42,09%), Canadá (30,48%) e Argentina (17,15%). Já o material das raças de leite foi mais adquirido por Canadá (37,89%), Colômbia (33,76%) e Equador (12,13%). bovino se reproduz por meio da técnica. No mundo, calcula-se que mais de 106 milhões de fêmeas sejam inseminadas todos os anos. Segundo a Asbia, do total de doses vendidas em 2012, 6,575 milhões eram de sêmen nacional, com queda de 2,82% em relação ao desempenho de 2011. O restante, 5,764 milhões de doses, foi importado e significou acréscimo de 12,15%. Nos anos de 2009, 2010 e 2011, os resultados totais de vendas do material apresentaram altas de 9,45%, 18,01% e 23,55%, respectivamente, de acordo com a entidade. A pecuária de corte respondeu pela maior demanda do material em 2012, com total de 7,442 milhões de doses nacionais e importadas. Esse desempenho foi 6,15% superior ao verificado em 2011. Entre as raças, dentre aquelas a que foram destinadas as doses, estavam nelore (41,08% do total), angus (31,42%), red angus (7,27%) e nelore mocho (3,54%). Já o gado leiteiro absorveu 4,897 milhões de doses, com leve acréscimo de 0,05% em comparação com 2011. Entre as raças às quais foram destinadas as doses constam holandês (58,72%), jérsei (14,99%), gir (13,81%) e girolando (10,23%). No total das doses vendidas de sêmen em 2012, 60,31% foram para o gado de corte e 39,69% para o gado de leite. Em 2011 esses percentuais eram de, respectivamente, 78,89% e 41,11%. | 59 | Inor Ag. Assmann Under the Taurus Zodiac Sign | 60 | Brazil traded 12.34 million national and imported bull semen doses in 2012, which translates into a very high quality herd Gir (13.81%) and Girolando (10.23%). Of all semen doses sold in 2012, 60.31% were destined for beef cattle and 39.69% for dairy cattle. In 2011 these percentages were, respectively, 78.89% and 41.11%. Inor Ag. Assmann Sales of bull semen for artificial insemination in 2012 did not keep pace with the rhythm of the previous years. Brazil commercialized 12.34 million doses in 2012, up 3.64% from the 11.906 million negotiated in 2011. The data were furnished by the Brazilian Association of Artificial Insemination (Asbia), in their Index Asbia 2012 report. Genetic enhancement of the herd, disease control and interbreeding are some of the advantages derived from artificial insemination. It improves significantly the reproductive capacity of a single animal. According to Asbia sources, a bull mates with about 30 cows per season. In a controlled mating system, one bull covers a maximum of 100 females a year. Considering that a bull’s reproductive life lasts for four years, we reach a total of 120 to 400 calves per animal. With artificial insemination, the same bull can sire 100 thousand calves. Asbia, created in 1974, comprises artificial insemination companies, semen distribution centers, along with materials, equipment and animal reproduction products. Together, these companies represent about 92% of the national market. It is estimated that only 10% of all cows in Brazil are artificially inseminated. In the meantime, in other nations, almost the entire bovine herd relies on this technique. In the world, some 106 million females are artificially inseminated every year. Asbia officials estimate that of all doses sold in 2012, 6.575 million were national semen, down 2.82% from 2011. The remaining 5.764 million doses were imported, representing an additional 12.15%. In the years 2009, 2010 and 2011, the total sales of the material were up 9.45%, 18.01% and 23.55%, respectively, from entity sources. Beef cattle were responsible for the biggest portion of the material demanded in 2012, with a total of 7.442 million national and imported doses. This performance was up 6.15% from 2011. The breeds that received the doses include Nelore (41.08% do total), Angus (31.42%), Red Angus (7.27%) and Polled Nelore (3.54%). Dairy cattle absorbed 4.897 million doses, up only 0.5 from 2011. The breeds that were given the doses include Dutch (58.72%), Jersey (14.99%), reprodutivo | reproductive Evolução da inseminação artificial no Brasil Ano 2012 2011 2010 2009 Total (doses) Vendas Evolução % 12.340.321 3,64% 11.906.337 23,55 % 9.637.337 18,01 % 8.166.2129,45% Fonte: Asbia ORIGIN The states with the biggest share in total semen sales for beef cattle in 2012 were Mato Grosso do Sul (14.49%), Mato Grosso (14.42%), São Paulo (10.57%), Pará (8.80%), Goiás (8.62%) and Minas Gerais (7.89%). The biggest portion of semen destined for dairy cattle was supplied b the states of Minas Gerais (26.51%), Rio Grande do Sul (16.41%), Paraná (13.66%), Santa Catarina (10.16%), Goiás (6.70%) and São Paulo (6.37%). Brazil also exports bull semen to other countries. In 2012, shipments totaled 226,020 doses, of which, 116,592 doses of beef cattle and 109,428 of dairy cattle. The main countries that imported beef cattle semen were Paraguay (42.09%), Canada (30.48%) and Argentina (17.15%). The material for dairy cows was acquired by Canada 37.89%), Colombia (33.76%) and Ecuador (12.13%) | 61 | Sílvio Ávila Não seria de estranhar se tivesse boi ou vaca usando chapeuzinho de aniversário, ao lado de seus criadores, no dia 26 de abril de 2013, quando a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) comemorou seus 40 anos. Ao celebrar a nova idade, a instituição de pesquisa espera reforçar o gesto que lhe garante, ano após ano, o reconhecimento de todo o País: presentear o campo com boas ideias, eficientes e transformadoras. Mesmo que as inovações nas quatro décadas já tenham contribuído de forma ímpar para a revolução da pesquisa agropecuária no Brasil, a Embrapa continua investindo na geração de conhecimentos e de tecnologias. Suas atividades, sobretudo, ajudam a posicionar o Brasil como o terceiro maior exportador mundial de produtos agropecuários. Na pecuária, a adoção de tecnologias também proporcionou a modernização do setor. Com isso, tornou-se possível, por exemplo, o aumento da produção pelo incremento da produtividade e não pela expansão da área de pastagens. Dessa forma, o País pôde ampliar em quatro vezes a obtenção de carne bovina. Entre os cerca de 250 projetos de pesquisa aprovados anualmente na Embrapa, as áreas de sanidade animal, genética, reprodução, nutrição, manejo de pastagens e melhoramento genético de forrageiras têm lugar garantido. Vale um churrasco Ao completar 40 anos, Embrapa contabiliza inúmeras contribuições para a pecuária brasileira, na modernização da estrutura em toda a cadeia | 62 | Contribuições Na área de produção animal, as novas tecnologias apresentadas pelos pesquisadores foram além do aumento da produtividade bovina de corte. Elas também contribuíram para avanços nos sistemas de manejo de gado de leite e de bubalinos, bem como no desenvolvimento da criação de ovinos, caprinos, suínos e aves. Ao mesmo tempo, pesquisas de melhoramento genético, sanidade animal, manejo, instalações, rações balanceadas e lançamento de cultivares forrageiras, que permitem o suporte de mais animais numa mesma área e diminuem o tempo de entressafra, trouxeram resultados de impacto para a agropecuária brasileira. Ao longo dos anos, a Embrapa desenvolveu e registrou 42 cultivares de forrageiras, com destaque para a atuação das unidades específicas, como Gado de Corte (MS), Gado de Leite (MG) e Pecuária Sudeste (SP), entre outras. Cinco cultivares de gramíneas recomendadas pela Embrapa para alimentação bovina (Marandu, Tanzânia e Mombaça, Xaraés e Piatã) são responsáveis por quase 80% do negócio de sementes forrageiras no Brasil, o que fez do País o maior exportador de sementes forrageiras tropicais do mundo. A utilização do amendoim forrageiro – leguminosa nativa da Amazônia –, junto com outras tecnologias recomendadas pela instituição, possibilitou melhoria da alimentação e no manejo adequado do rebanho. Ela também viabilizou a intensificação dos sistemas de produção de pecuária bovina no Acre, com aumento na taxa de lotação de 1,5 para até 2,5 unidades animais por hectare. O uso dessas e de outras tecnologias desenvolvidas pela Embrapa e pelo setor privado desempenharam importante papel para evitar o desmatamento de cerca de 1,4 milhão de hectares de floresta para incorporação de novas áreas à atividade. Além disso, a empresa de pesquisa, em parceria com a Universidade Federal de Ouro Preto (MG) e com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), desenvolveu tratamento inovador contra a mastite, doença de maior impacto econômico na pecuária leiteira no País. | 63 | It’ worth a barbecue Upon turning 40, Embrapa celebrates an array of contributions to Brazilian livestock, including the modernization of the entire structure Contributions In the animal production area, the new technologies introduced by researchers went beyond the higher productivity rates of beef cattle. They also contributed towards advances in dairy and bubaline cattle management, as well as in the development of sheep, goat, pigs and poultry rearing operations. In the meantime, very impacting results for Brazil’s livestock operations were brought about by genetic enhancement research, | 64 | animal health, management practices, facilities, balanced feed and new forage crops, which allow for more animals per area, with reductions of the off-season period. Over the years, Embrapa developed and registered 42 cultivars of forage crops, where the corporation’s specific units really did a great job. These units are Beef Cattle (MS), Dairy Cattle (MG) and Southeast Livestock (SP), among others. Five grass cultivars for bovine grazing recommended by Embrapa (Marandu, Tanzania and Even though the innovations of the past four decades have already contributed in a very special manner towards the revolution in agriculture research across Brazil, Embrapa continues investing in the generation of knowledge and technologies. Its activities, as a whole, have had a say in Brazil’s status as third largest global exporter of agricultural products. The introduction of new livestock rearing technologies has also contributed towards modernizing the sector. This, for Mombasa, Xaraés and Piatã) are responsible for almost 80% of the forage crop seed in Brazil, turning the Country into the leading tropical forage crop seed exporter in the world. The use of Rhizoma peanut – leguminous native to the Amazon region – along with other technologies recommended by the institution, improved greatly the management of cattle herd feed needs. It also made it viable to intensify beef cattle rearing in the state of Acre, with an increase of the population from 1.5 head of cattle to 2.5 animals per hectare. example, has made it possible to increase production through productivity improvement, and not through pastureland expansion. It resulted into fourfold rise in the amount of bovine meat in the market. From the approximately 250 research projects approved by Embrapa on a yearly basis, the most relevant ones have to do with phytosanitary questions, genetics, reproduction, nutrition, pastureland management, and, of course, genetic enhancement of forage crops. Inor Ag. Assmann It would not have been weird if cows and oxen were wearing birthday hats, in the company of their breeders, on 26th April 2013, when the Brazilian Agriculture Research Corporation (Embrapa) celebrated its 40th anniversary. Upon celebrating the beginning of one more year, the research corporation hopes to reinforce its gesture that, year after year, attracts recognition from the entire Country: reward agriculture with innovating, effective and transforming ideas. The introduction of these and other technologies developed by Embrapa and by private institutions played a relevant role in preventing the deforestation of approximately 1.4 million hectares, which were to be incorporated in the activity. Furthermore, the research corporation, jointly with the Federal University in Ouro Preto (MG) and with the Minas Gerais State Research Support Foundation (Fapemig), developed an innovative treatment against the mastitis disease, a scourge that exerts a negative impact on dairy cattle in Brazil. | 65 | sanidade sanity Rebanho seguro Estrutura mantida pelo Brasil é indispensável para garantir a sanidade animal diante das dimensões continentais e das grandes áreas de fronteira | 66 | garantir rebanho saudável e alimentação livre de contaminações aos consumidores. Esse resultado é construído diariamente, a partir da atuação de órgãos públicos, entidades de classe, produto- res e demais integrantes da cadeia. O diretor do Departamento de Saúde Animal (DAS), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Guilherme Henrique Figueiredo Marques, prefere não misturar questões sanitárias às comerciais. “Sabemos que há países que utilizam essa questão como argumento para criar barreiras comerciais”, justifica. Reforça que a sanidade animal não interessa apenas à exportação, mas também ao mercado interno. Conforme Marques, as dimensões e as fronteiras do País são um risco permanente, o que torna muito importante a estrutura que o Brasil montou na área de saúde animal. Nos últimos 40 anos, cerca de US$ 35 bilhões já foram aplicados no Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA), ajudando a criar e manter cerca de 22 mil postos de serviço de defesa agropecuária em todo o País. Ele considera que o País atravessa momento positivo em relação à sanidade animal. “Por isso, trabalhamos e investimos, mostrando que o sistema está sempre alerta para detectar e agir”, comenta. Marques assinala que existem doenças mais crônicas, como a brucelose e a tuberculose, que necessitam de atuação contínua a fim de reduzir sua incidência entre o rebanho brasileiro. Os programas que tratam de ambas, com cerca de 10 anos de existência, tiveram adesão menor nos últimos tempos. A vacinação contra elas é obrigatória em todo o País, menos Santa Catarina, Estado que não possui histórico significativo da doença. Entretanto, a solicitação do status de propriedade livre da doença é voluntária, o que torna incipiente a adesão dos produtores. “O DSA vai rever suas estratégias para buscar soluções. Estamos adequando alguns programas para que alcancemos conquistas mais consistentes e mais rápido”, afirma. Na avaliação de Guilherme Marques, os pecuaristas devem encarar a sanidade animal como um seguro. “Esperamos nunca ter problemas. No entanto, caso algo ocorra, temos como agir”, frisa. Inor Ag. Assmann Qualidade, procedência e condições de produção, entre outros atributos, deixaram de ser apenas diferenciais competitivos para se tornarem características indispensáveis a qualquer gênero alimentício que chega à mesa do consumidor. Para a cadeia produtiva da pecuária, o espectro da sanidade abrange até mesmo cuidados com medicamentos e rações dadas aos animais. Todo esse zelo permite | 67 | Keeping the herd safe Inor Ag. Assmann Structure maintained by Brazil is indispensable to ensure animal safety in light of the continental dimensions and big border areas Quality, origin and breeding conditions, among other attributes, are no longer just competitive traits but have become indispensable characteristics of any food item that happens to end up in the hands | 68 | of consumers. For the cattle supply chain, the specter of sanity includes concerns about medication and animal feed. All this diligence translates into healthy herds and food free from any contamination sources for consumers. This result is built on a daily basis, with the involvement of public organs, class entities, producers and all other members of the supply chain. The director of the Animal Health Depart- ment (AHD), of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA), Guilherme Henrique Figueiredo Marques, prefers not to mingle sanity questions with commercial rounds. “We know that there are countries that blame sanitary problems to set up trade barriers”, he justifies. He strengthens that animal sanity is not just a concern for exports, but for the domestic market, as well. According to Marques, the dimensions and the frontiers of the Country represent a permanent risk, turning Brazil’s sanitary structure all the more important. Over the past 40 years, about US$ 35 billion have been invested in the National Program for the Prevention and Eradication of the Foot and Mouth Disease (PNEFA), resulting into the creation and maintenance of 22 thousand job positions in the cattle raising sector across the Country. He has it that the Country is going through a positive moment with regard to animal health. “That is why we work and make investments, showing that the system is always on the alert and ready to detect health problems and take action”, he comments. Marques points out that there are chronic diseases, especially brucellosis and tuberculosis, which require constant attention if incidences are to be reduced among the Brazilian herds. The program that supervises both of them, now running for 10 years, experienced smaller adhesion rates over the past years. Vaccination against them is mandatory throughout the entire Country, except in Santa Catarina, a State with no significant history of the disease. Nonetheless, the request for the disease free status is on a voluntary basis, a fact that explains the negligible adhesion of the farmers. “The DSA is going to revise its strategies in search of solutions. We are now in the process of adjusting some programs so as to achieve more consistent and faster conquests”, Guilherme Marques maintains that cattle farmers consider animal health as an insurance program. “We hope never to face problems, but should they show up, we know how to deal with them”, he insists. Um leque de garantias O diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria Exportadora da Carne Bovina (Abiec), Fernando Sampaio, entende que a sanidade é a base de toda a cadeia produtiva. Para reforçar a afirmação, frisa que o Brasil se tornou exportador de carne in natura a partir da erradicação da febre aftosa, com a criação do Fundo para o Desenvolvimento da Pecuária para o Estado de São Paulo (Fundepec) e nos estados do Sul. Conforme Sampaio, a presença de resíduos de medicamentos na carne enviada ao exterior é outro ponto que preocupa a Abiec. “Em 2010, o Brasil passou um ano com restrições à exportação de carne processada aos Estados Unidos, após a identificação de resíduos de vermífugos em um lote do produto”, relata. Para ele, é preciso garantir a sanidade dos animais e dos produtos, sem contaminantes de qualquer espécie. Ao lado de outras entidades setoriais, a Abiec tem atuado para que os produtores administrem aos rebanhos medicações adequadas e que o façam corretamente. “Todo acordo comercial começa com as garantias sanitárias que o Brasil oferece aos compradores”, declara. Sampaio chama atenção para a falta de fiscalização nos abates estaduais e municipais. Ele diz acreditar que, com a adesão de estados e municípios ao Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa), haverá qualificação da inspeção sanitária no País. “O atributo de saúde pública não é negociável. Para vender, é preciso provar que o produto tem sanidade”, ressalta. Por fim, Sampaio destaca que a relação do setor com o governo está em evolução. Cita como exemplo o apoio da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) ao Mapa para a implementação da Guia de Trânsito Animal (GTA) eletrônica. “Isso trará segurança muito grande para a questão sanitária e é um exemplo de como a parceria entre o público e o privado pode funcionar”, declara. An array of guarantees Fernando Sampaio, executive director of the Brazilian Association of Meat Exporters (ABIEC), understands that animal health is the pillar of the entire supply chain. To reinforce his statement, he insists that Brazil climbed to the position as meat exporter as soon as the foot and mouth disease was eradicated, under the umbrella of the São Paulo State Cattle Raising Development Fund (Fundepec), soon extended to all southern states. According to Sampaio, exported meat laden with hormone residues is a great concern for Abiec. “In 2010, Brazil was prevented from exporting processed meat to the United States after the detection of vermifuge residues in a batch of the product”, he comments. He argues that there must be an assurance of animal health, and animal products should be free from any contamination. Along with other sectoral entities, Abiec has always insisted with the farmers to administer appropriate medication to their herds and in the correct way. “Every trade agreement starts with sanitary assurances offered by Brazil to the buyers”, he declares. Sampaio is greatly concerned with the lack of inspection in state and municipal slaughterhouses. He has it that with the adhesion of states and municipalities to the Unified System of Agriculture Health (Suasa), there will be qualified inspection services in the entire Country. “The public health attribute is not a negotiable item. If sales are at stake, there must be no doubt about the sanitary status”, he stresses. Finally, Sampaio points out that the relationship of the sector with the government has been evolving favorably. As an example, he cites the support given by the Brazilian Agriculture and Livestock Confederation (CNA) to the ministry of Agriculture for the implementation of the electronically issued Animal Transportation Guide (ATG). This will mean great sanitary safety, whilst setting an example of how a public-private partnership can function properly. | 69 | Alarme falso Governo age para desfazer o temor do caso de vaca louca e para derrubar embargos impostos por 12 países à carne bovina nacional O Brasil luta para reverter os prejuízos decorrentes de um caso ocorrido em dezembro de 2010, mas que veio à tona durante o ano de 2012. Um animal morto em localidade do Paraná, posteriormente identificado com a proteína prion, que pode provocar Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), a doença da vaca louca, acarretou a suspensão da exportação de carne bovina brasileira para alguns países. O episódio aconteceu em uma fazenda de Sertanópolis, no Norte paranaense. Uma vaca sofreu morte súbita e exames mostraram que ela tinha a proteína, mas não apresentava sintomas da doença. Conforme o diretor do Departamento de Saúde Animal (DAS), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Guilherme Henrique Figueiredo Marques, o caso não ofereceu nenhum perigo e o risco foi zero para qualquer tipo de contaminação. “Investigamos profundamente, fizemos as notificações aos órgãos internacionais e aos parceiros comerciais”, relata. No caso, considerado atípico, o aparecimento da proteína prion ocorreu de forma espontânea. “Qualquer país pode apresentar um caso ou mais desse tipo, porque a proteína aparece naturalmente, e ele ocorre geralmente em animais mais velhos. Essa vaca já tinha 13 anos”, esclarece. O diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Fernando Sampaio, reforça a declaração de Marques. “Animais de idade avançada podem desenvolver a proteína prion no sistema nervoso, mas não necessariamente manifestarão a EEB. Não houve contaminação; tratou-se de um caso atípico, que já aconteceu em outros lugares. Quem conhece o assunto sabe que não há risco”, relata. Apesar de comprovadamente o animal não ter morrido em consequência da vaca louca, o fato gerou cancelamento de exportação de carne bovina – cerca de 5% do volume exportado em 2012. Sampaio destaca que, mesmo assim, a venda de carne de gado brasileira ao exterior teve aumento de 25% no primeiro trimestre de 2013, em relação ao mesmo período do ano anterior. Por isso, considera mais danosos o prejuízo à imagem do produto brasileiro por sua retirada temporária de algumas prateleiras do mercado internacional do que propriamente as perdas financeiras decorrentes do embargo. CONTORNANDO A QUESTÃO Para reverter a situação, o Mapa iniciou em fevereiro uma série de visitas técnicas às nações que impuseram embargos à carne bovina brasileira. Ao todo, 12 países levantaram barreiras em virtude do episódio do Paraná: Coreia do Sul e Taiwan (que não importam carne brasileira), China, Arábia Saudita, Bahrein, Kuwait, Japão (adquire somente carne industrializada), África do Sul, Peru e Gabão (os dois últimos já suspenderam as restrições). Líbano e Jordânia sus| 70 | penderam apenas compras do Paraná, o que permitiu ao Brasil seguir exportando carne de outros estados. Marques frisa que as restrições são temporárias e o Brasil manteve a classificação de risco insignificante, a melhor classificação que há para o mal da vaca louca. Durante as visitas, como salienta o diretor do DSA, o Brasil está tendo a oportunidade de desmistificar o tema com as nações. “Os países que nos receberam se comprometeram a avaliar o caso com suas autoridades”, conta. Em Inor Ag. Assmann maio, durante sessão da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês), serão realizadas reuniões bilaterais com aqueles que ainda mantenham as sanções, buscando uma solução. Sampaio enaltece a mobilização do Mapa e do Itamaraty para a resolução do problema. Conforme o representante da Abiec, a restrição à carne bovina brasileira não deveria ocorrer. “Os países alegam que o embargo é temporário. Se persistir, o Brasil tem o direito de acessar os organismos internacionais para rever essas decisões”, afirma. Para o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho da Silva, não há mais justificativa para a manutenção dos embargos. “A OIE reconheceu em fevereiro que esse caso não coloca em risco a saúde animal ou dos consumidores dos parceiros do Brasil. O embargo é puramente comercial e protecionista. Atende a outros interesses dos países envolvidos”, enfatiza. | 71 | False alarm Government acts quickly to dismiss any fears of mad cow disease and to remove embargoes imposed on Brazilian bovine meat by 12 countries Brazil is now fighting to reverse the damages derived from a single incidence in December 2010, but surfaced in 2012. An animal that died in the State of Paraná, was later identified with the Bovine Spongiform Encephalopathy disease, the so-called mad cow disease, resulting into some countries interrupting their meat purchases from Brazil. The episode took place on a farm in the municipality of Sertanópolis, in North Paraná. A cow suffered sudden death and exams attested to the presence of the protein, but had showed no symptoms of the disease. According to the director of the Animal Health Department at the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA), Guilherme Henrique Figueiredo Marques, the case offered no danger and there was zero risk for any type of contamination. “We conducted an in-depth investigation, notified all international organs and commercial partners”, he recalls. In this case, considered to be atypical, the prion protein occurred spontaneously. “Such a case, or a similar one, could occur in any country, as this protein appears naturally, and usually in older animals. The Brazilian cow was 13 years old”, he clarifies. The executive director of the Brazilian Association of Meat Exporters (ABIEC), Fernando Sampaio, reinforces Marques’s statement. “Older animals are likely to develop the prion protein in their nervous system, but will not necessarily develop the mad cow disease. No contamination oc- curred; it was an atypical case, which has certainly happened in other places, too. Those who know the subject matter are sure there is no risk”, he declares. “Although having shown no correlation with the mad cow disease, the incident induced some countries to cancel their meat imports – affecting about 5% of the volume exported in 2013. Sampaio points out that, in spite of the incident, Brazilian meat shipments abroad soared 25% in the first quarter of 2013 compared to the same period last year. Therefore, in his opinion, the damages suffered by the image of the product abroad, and its temporary absence on the supermarket shelves in some countries, are more serious than the financial losses stemming from the embargo. COUNTERING THE QUESTION So as to reverse the situation, in February the Ministry of Agriculture started a series of technical visits to nations that put an embargo on Brazilian bovine meat. In all, 12 countries imposed embargoes because of the episode in the State of Paraná. They are as follows: South Korea and Taiwan (which do not import meat from Brazil), China, Saudi Arabia, Bahrain, Kuwait, Japan (acquires only industrialized meat), South Africa, Gabon, Peru (the latter two countries have already lifted the restrictions). Lebanon and Jordan suspended only purchases from the State of Paraná, which allowed Brazil to continue shipping meat from other states. Marques insists that all embargoes are temporary and Brazil’s risk rating continues insignificant, which, in fact, represents the best classification for the mad cow disease. During the visits, says the director of the Animal Health Department, Brazil has a chance to dismiss this subject in contact with the nations. “The countries that received our delegation pledged to evaluate the case with their authorities”, he comments. In May, during the session of the World Organization for Animal Health (OIE), bilateral meetings will be held with the countries that still impose restrictions, in search of a solution. Sampaio speaks highly of both the Ministry of Agriculture and the Federal Government in their efforts towards solving the problem. According to the Abiec representative, restrictions to Brazilian meat should not have occurred. “The countries refer to a temporary embargo. If the situation persists, Brazil has the right to resort to international bodies for a reversal of the decisions”, he argues. The president of the Brazilian Rural Society (BRS), Cesário Ramalho da Silva, understands that there are no longer any reasons for keeping the embargoes. “In February, OIE acknowledged that the Paraná case poses no risk to animal or human health of the Brazilian trade partners. This embargo is of pure trade or protectionist character. It fulfills other interests of the countries in question”, he says. | 72 | | 73 | Inor Ag. Assmann vacinados Oito estados apresentarão à Organização Mundial de Saúde Animal pleito de zona livre de febre aftosa com vacinação em junho de 2013 Em franca evolução Em 2011, reunião entre os gestores do Mapa e as secretarias estaduais de Agricultura de Maranhão, Piauí, Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Pará definiu estratégias do Projeto de Ampliação da Zona Livre de Febre Aftosa. Logo a seguir, uma auditoria foi executada nos oito estados. “O Maranhão ficou em primeiro lugar, | 74 | atendendo a 89% dos 28 itens avaliados pelo Mapa”, conta o secretário de Agricultura maranhense, Cláudio Azevedo. Na segunda avaliação, em 2012, o Estado destacou-se novamente, sendo o único a alcançar 100% de satisfação nos serviços de atenção veterinária prestados. Atingiu o recorde do índice de cobertura vacinal de 97% do rebanho – o maior alcançado em 10 anos de campanhas o País, com a estrutura necessária. “Esse legado é um programa estruturante, com um serviço robusto para manter o Brasil sem febre aftosa”, declara. As melhorias conquistadas através do programa têm ajudado no avanço do combate a outras doenças que impactam o agronegócio. Na área em questão, formada pelos estados do Maranhão, Piauí, Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Pará, com cerca de 22 milhões de bovinos, foram colhidas mais de 60 mil amostras nos locais de maior risco de doença – fronteiras e áreas com muito trânsito de animais. O trabalho ocorreu em conjunto com órgãos estaduais. O Maranhão, atualmente classificado como zona de médio risco para a febre aftosa, registrou grande destaque no processo. O Estado espera obter em 2013 o reconhecimento nacional como zona livre da doença com vacinação, com o pleito submetido à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) ainda no ano, e o reconhecimento internacional em 2014, junto com as áreas 2 e 3 do Pará e os demais Estados oficiais. Investimentos em infraestrutura e aprimoramentos na legislação também contribuíram para o resultado. O Estado assinou convênio de R$ 6,5 milhões com o Mapa, reestruturando os escritórios da Aged e ampliando as ações das 81 unidades veterinárias locais e dos 112 escritórios. Foram criados ainda instrumentos legais que garantiram a execução das ações do programa, com aplicação de sanções aos infratores. do circuito pecuário Nordeste. Desde 2001, o Estado não registra caso de febre aftosa. No ano seguinte, foi criada a Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Maranhão (Aged-MA), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Sagrima). O órgão realiza ações de vigilância epidemiológica, atendimento às notificações de enfermidades e monitoramento de pontos e de propriedades de risco, sem nenhum registro da doença. “A sorologia realizada em 2012, em 10.800 animais de cerca de 400 propriedades rurais maranhenses, comprovou que não há circulação do vírus da aftosa no Estado”, salienta o secretário de Agricultura, Cláudio Azevedo. O Maranhão possui rebanho de 7.480.370 bovídeos (7.403.542 bovinos primariamente aptos para corte, em especial nelore; e 76.828 bubalinos). A criação da Aged permitiu a adoção de medidas específicas contra a enfermidade. Além da vacinação de rebanhos, foram cadastrados 100% dos produtores e propriedades rurais com bovídeos e foi intensificada a fiscalização do trânsito de animais suscetíveis à febre aftosa e da comercialização e da estocagem de vacinas contra a doença nas revendas de produtos veterinários. Inor Ag. Assmann Uma parte significativa do território brasileiro está prestes a adquirir a classificação de zona livre de febre aftosa com vacinação. Oito estados devem pleitear o status em junho de 2013. Os resultados foram alcançados a partir da atuação do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA). Conforme o diretor do Departamento de Saúde Animal (DSA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Guilherme Henrique Figueiredo Marques, nos últimos 40 anos, cerca de US$ 35 bilhões foram aplicados no projeto. Com isso, foi possível criar e manter os cerca de 22 mil postos de serviço de defesa agropecuária em todo Em meados de maio, os estados poderiam vir a ser considerados livres de aftosa. Em junho, o Mapa deve enviar o pleito para a OIE e, se for acatado, em maio de 2014 todo o rebanho da região será inserido na área livre de aftosa. “Assim, restariam apenas, para o ano de 2015, os estados de Roraima, Amapá e Amazonas, que abrigam menos de 1% do rebanho nacional”, conclui o diretor do DSA, Guilherme Marques. | 75 | They have been vaccinated In June 2013, eight Brazilian states will be filing an application with the World Organization for Animal Health for the status as zone free from foot and mouth disease with vaccination Inor Ag. Assmann A significant part of the Brazilian territory is about to be classified as zone free from foot and mouth disease with vaccination. Eight states will apply for this status in June 2013. The results were achieved by the National Program for the Eradication and Prevention of the Foot and Mouth Disease (PNEFA). According to the director of the Animal Health Department (DSA) of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA), | 76 | Guilherme Henrique Figueiredo Marques, over the past 40 years, approximately US$ 35 billion were invested in the project. This made it possible to keep and operate a number of 22 thousand agriculture and livestock surveillance centers across the entire Country, equipped with all the necessary structures. “This legacy is a structuring program, with robust services towards keeping Brazil free from the mouth and foot disease”, he declares. The improvements achieved so far through the program have been a good help in the fight against other diseases that have an impact on agribusiness. In the area in question, comprising the states of Maranhão, Piauí, Ala- goas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte and Pará, with about 22 million head of cattle, upwards of 60 thousand samples were collected in high risk areas – borders and areas through which animals are transported. The work was carried out jointly with state organs. The state of Maranhão, currently classified as medium risk zone for the foot and mouth disease, made strides in this process. In 2013, the State hopes to obtain the status as zone free from foot and mouth disease with vaccination, through an application to be filed with the World Organization for Animal Health (OIE) before the end of 2013, while international recognition is expected to be granted in 2014, along with areas 2 and 3, comprising the state of Pará and all other states included in the so-called Northeastern livestock belt. Since 2001, there has been no incidence of the disease in the entire State. The following year, the Maranhão State Livestock Surveillance Agency (AgedMA), linked with the State Secretariat of Agriculture, Livestock and Supply (Sagrima), was created. The organ is responsible for epidemiological surveillance, disease notifications and for monitoring high risk farms, even without any disease incidence. Serological tests conducted in 2012, in 10,800 animals from 400 farms in Maranhão, attested to the absence of any foot and mouth virus across the State”, says Agriculture Secretary Cláudio Azevedo. Maranhão’s bovine herd reaches 7,480,370 bovidae (7,403,542 of them have reached the slaughter age; and 76,828 are bubaline breeds). The creation of the Aged has led to specific measures against the disease. Besides vaccinating the herds, 100% of all cattle farmers were registered, and so were the farms with bovidae herds and, in the meantime, inspections of animals being transported were intensified to detect any susceptibility to the foot and mouth disease. Inspections also include vaccine stocks and veterinary supplies in livestock pharmacies. DEFINITELY EVOLVING In 2011, meetings among the administrators of the Ministry of Agriculture and State Secretariats of Agriculture in Maranhão, Piauí, Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte and Pará have defined strategies for the Project for Expanding the Free From Mouth Disease Zone. Soon after, an audit was conducted in eight states. “Maranhão ranked as first, complying with 89% of all 28 items assessed by the Ministry of Agriculture”, explains Cláudio Azevedo, secretary of agriculture in Maranhão. In the second evaluation, in 2012, the State excelled again, and was the only one to achieve 100% compliance with all veterinary services rendered. The state hit the record of 97% of herd vaccination – the highest rate achieved in 10 years of on-going official campaigns. Investments in infrastructure and legislation improvements also have a say in these results. The State signed a R$ 6.5 million agreement with the Ministry of Agriculture, restructuring all Aged offices and expanding the initiatives of all 81 local veterinary centers and its 112 offices. The move also included the creation of legal instruments which guarantee the execution of the program, with the application of sanctions to infringers. Halfway through the month of May, there is a chance for the states to be given the status as free from foot and mouth disease zones. In June, the Ministry of Agriculture is going to file the application with the OIE and, if deferred, in May 2014, the entire herd of the region will be under the umbrella of the free from foot and mouth disease area. “Therefore, for the year 2015, the only states to be entitled to the free from mouth and foot disease status are Roraima, Amapá and Amazonas, which shelter less than 1% of the national herd”, concludes DSA director Guilherme Marques. | 77 | Robispierre Giuliani Eles não desgrudam Parasitas representam prejuízo de US$ 18 bilhões por ano à pecuária brasileira, reduzindo a produtividade e a qualidade dos produtos do setor | 78 | Pequenos ou até mesmo invisíveis a olho nu, os parasitas têm sido responsáveis por grandes dores de cabeça à bovinocultura brasileira. O prejuízo chega a quase US$ 20 bilhões e demonstra a necessidade de investir em medidas que protejam os rebanhos campo afora. Os números foram apresentados durante evento realizado pela Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande (MS). O tema foi discutido durante o 1º Simpósio Internacional sobre Controle de Carrapatos e Doenças Transmitidas, realizado em abril de 2012. Durante as palestras, especialistas revelaram a extensão atual do problema da parasitose na pecuária brasileira. Enquanto em 1986 estimava-se prejuízo anual de US$ 2,98 bilhões, para casos ligados a ectoparasitas, atualmente os números chegam a US$ 18 bilhões por ano, somando as incidências de ecto e endoparasitas. A contabilidade do levantamento, elaborada pelo pesquisador Laerte Grisi, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), revela ainda que as verminoses são responsáveis por gasto de US$ 6,34 bilhões, seguido do berne, que responde por US$ 4 bilhões. A mosca-dos-chifres e a dos estábulos também surgem entre as principais. Juntas, as duas representam impacto de mais de US$ 3 bilhões por ano. A bicheira, outro problema que afeta o setor, atinge a casa de US$ 83,5 milhões em prejuízos, e o carrapato-do-boi acarreta US$ 3,957 bilhões de danos por ano para a produção de leite e de corte. MEIOS DE CONTROLE O pesquisador Renato Andreotti, da Embrapa Gado de Corte, mostra que a forma de controle químico não é suficiente para evitar as perdas. Por isso, a prática deve integrar-se a um programa estratégico de combate, representando mudanças nas medidas adotadas até o momento. Para o pesquisador, um dos principais gargalos é a insistência no emprego de produtos químicos como forma mais eficaz de erradicação, sem associá-lo a controle estratégico. Frente à resistência dos parasitas, será necessário formular uma política de uso de produtos químicos para o controle do carrapato. “Caso isso não aconteça, não haverá mais alternativa econômica para o problema a curto prazo”, afirma o especialista. No mundo, existem aproximadamente 900 espécies de carrapatos. Nos animais, sua presença causa perda de peso, lesões na pele e no couro, anemia e outras enfermidades. Consequentemente, são quadros que levam à queda de produção, seja de carne ou de leite. O controle de carrapatos, no entanto, ocorre de acordo com os critérios de visibilidade da infestação no animal e não por critérios técnicos estratégicos. Tais impasses levaram o pesquisador a conduzir estudos que prolongassem a vida dos carrapaticidas disponíveis. O produtor envia amostras de carrapatos encontrados em sua propriedade ao laboratório da Embrapa, para identificação de possível resistência aos produtos mais utilizados no mercado. Após os exames laboratoriais, são disponibilizadas orientações técnicas, conforme os resultados apresentados. | 79 | Robispierre Giuliani Hard to get rid of Parasites translate into losses of US$ 18 billion a year to Brazilian cattle farming operations, adversely affecting productivity and quality Tiny or even invisible to the eye, parasites have been causing headaches to Brazilian cattle business. These losses amount to nearly US$ 20 billion, calling for investments in measures that protect the herds while grazing in the fields. The numbers were presented during an event held by Embrapa Beef Cattle, in Campo Grande (MS). The matter was debated during the 1st International Symposium on the Control of Ticks and Communicable Diseases, held in | 80 | April 2012. Lectures given by specialists revealed the real extension of the problem of parasites in Brazil’s cattle rearing business. While in 1986 losses were estimated at US$ 2.98 billion, from ecto-parasite incidences, currently these losses amount to US$ 18 billion a year, from both ecto- and endoparasite incidences. The losses detected in research works, calculated by researcher Laerte Grisi, of the Federal University of Rio de Janeiro (UFRRJ), also reveal that parasitic worms are responsible for US$ 6.34 billion in damages, followed by grubs, which account for losses of US$ 4 billion. Horn flies and stable flies are also major scourges. Together, they represent an impact of upwards of US$ 3 billion a year. Maggot-filled sores are just one more problem that affects the sector, causing losses of approximately US$ 83.5 million, and cattle ticks cause losses of US$ 3.957 billion a year, adversely affecting the production of milk and beef. MEANS OF CONTROL Researcher Renato Andreotti, of Embrapa Beef Cattle, is convinced that chemical control is not enough if losses are to be minimized. Therefore, management practices should be incorporated into a strategic fighting program, including changes to the measures in use so far. The researcher understands that a major bottleneck is the prolonged use of chemical products as the most efficient manner in eradicating the pests, without associating them with a strategic control system. In light of the resistance acquired by these parasites it is necessary to formulate a policy regarding the use of chemical products for the control of ticks. “If this does not happen, there will be no economic alternative for the problem in the short run”, the specialist argues. In the world, there are approximately 900 species of ticks. Their presence in the body of the animals cause loss of weight, skin and hide lesions, anemia and other ailments. In consequence, these pictures lead to lower production rates, both for milk and meat. The control of ticks, nonetheless, occurs in accordance with the degree of visibility of the infestation and not by strategic technical criteria. Such bottlenecks induced the researcher to conduct studies into tick and parasite killers that remain effective for longer time. The farmer collects samples of the ticks found on the farm and sends them to the Embrapa Laboratory, which then tries to identify possible resistance to the most utilized products in the market. Once the lab analyses have been concluded, technical recommendations derived from the result are sent to the farmer. | 81 | gado de leite dairy cattle cenário scenario Campo bom Brasil segue aumentando a cada ano a produção de leite e vários aspectos favoráveis alimentam expectativas de bons resultados em 2013 | 82 | Sílvio Ávila A pecuária de leite exibe o mesmo potencial de expansão do agronegócio brasileiro como um todo e mantém anualmente aumentos em sua produção, colocando-se também na linha de frente do setor no mundo. Embora em índices um pouco menores, o certo é que se trata de acréscimos substanciais, acima de um bilhão de litros, com vistas a atender a um crescente mercado interno, ao mesmo tempo em que se vislumbra a possibilidade de conquistar espaços no âmbito externo. De 2010 para 2011, conforme números levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção aumentou 4,5%, média que vinha se mantendo a cada ano na última década. O volume total chegou a 32 bilhões de litros, com 23,2 milhões de vacas ordenhadas, e o valor da produção alcançou a R$ 31,3 bilhões. Em 2012, estimou-se expansão na ordem de 3% e o mesmo se prevê também para 2013. Com isso, seria alcançado montante de 34 bilhões de litros. A demanda interna, por sua vez, deve apresentar crescimento no mesmo nível. Números divulgados pela Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil) indicam que o consumo per capita de leite saltou de 173 litros/habitante/ano em 2011 para 177 litros/habitante/ano em 2012 e pode alcançar 181 litros por pessoa em 2013. Jorge Rubez, presidente da entidade, comemora também a redução de produto considerado informal no mercado, que deve recuar de 10,4 bilhões para 10 bilhões de litros neste período. Além de o consumo dos brasileiros continuar firme, fatores externos sinalizam para um ambiente propício a maior expansão da produção e da indústria leiteira nacional. Neste sentido, foi feita avaliação positiva em Ativos da Pecuária do Leite, em abril de 2013, por parte da Superintendência Técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vinculado à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP). Após 2012 com margens apertadas para os produtores, observam estas instituições, 2013 pode ser de oportunidades. “Um contexto formado por expectativa na redução de custos com alimentação, aumento dos preços de derivados no mercado internacional, redução de importações brasileiras e aumento das exportações do País tende a ser favorável para o setor leiteiro nacional como um todo”, ressaltam. Inclusive, uma campanha foi iniciada para recuperar a venda externa de produtos lácteos do Brasil. | 83 | Inor Ag. Assmann Lush field Milk production in Brazil has been soaring over the past years and there is every indication for even better results in 2013 Dairy cattle operations are in line with the potential of Brazilian agribusiness as a whole, with annual increases in production, now heading towards a frontline position of the sector in the world. Although on a smaller scale, the fact is, there are substantial advances, a minimum of one billion liters, with an eye towards supplying the ever-increasing domestic market, while great chances are spotted for the conquest of shares in the international scenario. From 2001 to 2011, according to numbers surveyed by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE), production increased by 4.5% a year, an average that has remained constant over the past decade. The total volume reached 32 billion liters, with 23.2 million milking cows, and the value of the production amounted to R$ | 84 | 31.3 billion. In 2012, the advances of the sector were estimated at 3% and the same percentage is expected for 2013. This will lead to a total production volume of 34 billion liters. Domestic demand, in turn, should keep on a par with this growth rate. Numbers released by the Brazilian Association of Milk Producers (Leite Brasil) indicate that per capita consumption jumped from 173 liters in 2001 to 177 liters in 2012, with chances to soar to 181 liters per person in 2013. Jorge Rubez, president of the entity, also celebrates a decrease in informal sales, which are supposed to recede from 10.4 billion liters to 10 billion liters over the period. Besides the steady sales in the domestic market, external factors point to a favorable scenario for the Brazilian dairy industry to continue soaring. Within this context, a very positive assessment of the Dairy Cattle Assets was conducted by the Brazilian Agriculture and Livestock Confederation (CNA) and the Center for Advanced Studies on Applied Economics (Cepea), linked with the Luiz de Queiroz College of Agriculture (Esalq), of the University of São Paulo. These institutions believe that after the year 2012, characterized by small profit margins for the producers, 2013 has more opportunities in store. “A context that includes such expectations as food cost reductions, higher international prices for milk-based products, reductions in Brazil’s milk imports, is likely to favor greatly the national dairy sector as a whole”, they comment. Furthermore, a campaign has been staged for Brazil to recover its share in the sales of dairy products abroad. | 85 | Inor Ag. Assmann Robispierre Giuliani Cada vez mais ao Sul Estados do Sul do País mostram maior crescimento na produção leiteira nos últimos anos e fazem empenho para continuar liderando a expansão O Sul do Brasil registra a maior evolução nos números mais recentes da produção leiteira. Referentes ao produto sob inspeção, e já incluindo dados provisórios por região, de 2012, os dados foram divulgados ao final de março de 2013 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Eles identificam crescimento de 11,1% sobre o ano anterior nos três estados sulistas. Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina somaram 8,2 bilhões de litros, já próximo do total do Sudeste (8,5 bilhões de litros), área que tem o maior Estado produtor, Minas Gerais. No País, a aquisição de leite inspecionado cresceu 2,5%, totalizando 22,3 bilhões de litros (a produção geral estimada é de 33 bilhões de litros). Considerando-se o período de 2008 a 2011, o Sul também foi a região que mais cresceu no recebimento oficial do produto nas indústrias. Conforme cálculos apresen- | 86 | tados por Maria Helena Fagundes, analista da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com base no IBGE, o índice foi de 8,4%, enquanto o Sudeste avançou 2,3%. Já o Nordeste mostra incremento significativo de 7,7% no período, chegando a 1,35 bilhão de litros em 2011 (situando-se a Bahia à frente, com 408 mil litros), enquanto em 2012 a seca provocou queda de 10,1% na região. Ainda em relação a 2012, o Estado líder nacional, Minas Gerais, com 25% do total do produto inspecionado, apresentou pequeno recuo na aquisição industrial, passando de 5,6 bilhões de litros para 5,5 bilhões de litros. Também há referências de algum impacto da seca na Zona da Mata, enquanto em outras áreas produtoras, como o Alto Paranaíba, atribui-se influência à elevação dos custos e à redução da ração ofertada. O segundo colocado, Rio Grande do Sul (15,9% do total), cresceu no mesmo índice da região Sul (11,1%); e outro sulista, o Paraná, superou São Paulo na terceira posição, com crescimento de 6,6%. Já os paulistas tiveram redução de 7,3%, em vista da pressão do alto custo das rações e de preços insuficientes, segundo apurou a Conab. É do Sul igualmente o Estado que mais aumentou a produção inspecionada em 2012: Santa Catarina, com incremento na ordem de 17,1%. Ocupa a quinta colocação neste quadro produtivo nacional, logo após Goiás, no Centro-Oeste, que cresceu 2,4%. As unidades federativas destacadas mantém-se entre os primeiros no ranking da produção geral do País, pelos dados oficiais de 2011. Neste ano, em relação ao anterior, os maiores crescimentos totais aconteceram em território goiano (9%), novamente nos estados do Sul, todos com mais de 6%; e em Minas Gerais, na ordem de 4,4%. Southbound Dairy production has been making strides in the southern states of Brazil over the past years, and they spare no effort to continue expanding South Brazil is where dairy production has evolved greatly over the past years. Regarding products under inspection, and already including tentative data per region, in 2012, the numbers were published in March 2013 by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE). They detect an increase of 11.1% over the previous year in the three southern states. Rio Grande do Sul, Paraná and Santa Catarina produced 8.2 billion liters, almost on a par with the total produced in the Southeast (8.5 billion liters), region that is home to the state of Minas Gerais, the biggest producer in Brazil. Acquisition of inspected milk soared 2.5% in the Country, totaling 22.3 billion liters (total production is estimated at 33 billion liters). Considering the 2008 – 2011 period, the South was also the region that grew the most in terms of official and inspected deliveries to the industries. According to numbers presented by Maria Helena Fagundes, analyst at the National Supply Company (Conab), based on IBGE sources, the growth rate reached 8.4%, while the Southeast advanced 2.3%. In the meantime, the Northeast witnessed a significant increase of 7.7% over the period, reaching 1.35 billion liters in 2011 (with Bahia ranking first, with a total of 408 thousand liters), while in 2012 the prolonged drought in the region was responsible for 10.1-percent losses. LEITE NOS estados | milk in the states With regard to 2012, the biggest national milk producer, the state of Minas Gerais, where 25% of the product is inspected, showed a small decline in industrial acquisitions, from 5.6 billion liters to 5.5 billion liters. In Zona da Mata, there are also references to drought-induced losses, while in other milk producing areas, like Alto Paranaíba, the smaller production volumes were blamed on production costs and shortages of animal feed in the market. In Rio Grande do Sul, state that ranks as second biggest producer (15.9% of the total), the growth rate remained on a par with the entire South Region (11.1%); and another southern state, Paraná, outstripped São Paulo and climbed to the third position, with a 6.6-percent growth rate. In São Paulo, milk production decreased by 7.3%, on account of the high feed costs and shrinking milk prices, according to Conab sources. The State where inspected production grew the most in 2012 is also located in the South: Santa Catarina, with an increase of approximately 17.1%. The State occupies the fifth position in this national productive picture, coming right after Goiás, in the CenterWest, with a 2.4-percent increase. The above mentioned states of the Brazilian federation rank as leading producers throughout the Country, according to official 2011 data. During that year, compared to the previous one, the biggest total growth rates took place in the territory of Goiás (9%), and again in the southern states, all of them grew 6%; while in Minas Gerais, it was 4.4%. Ranking dos principais produtores Produção total Produção inspecionada (mil litros)* (mil litros)** MG 8.756.114 MG 5.577.640 RS 3.879.455 RS 3.551.609 PR 3.819.187 PR 2.589.353 GO 3.482.041SP 2.332.053 SC 2.531.159 GO 2.290.603 SP 1.601.220SC 2.103.820 BA 1.181.339 RO 768.650 PE 953.230 MT 584.374 MT 743.191 RJ 356.521 RO 706.647BA 331.489 Total 32.091.012 Total 22.338.503 LEITE - MUNICÍPIOS | milk - municipalities Fonte: IBGE *2011 **2012 Fonte: IBGE Principais produtores no País (mil litros) Castro (PR) Patos de Minas (MG) Jataí (GO) Morrinhos (GO) Carambeí (PR) Unaí (MG) Piracanjuba (GO) Ibiá (MG) Patrocínio (MG) Coromandel (MG) 210.000 146.649 141.403 128.800 120.000 118.000 117.936 107.223 105.892 105.265 | 87 | Mais lenha na fogueira Sílvio Ávila Investimentos realizados nas indústrias instaladas no Sul do País sinalizam para crescimento constante na produção nos próximos anos More wood in the fire Investments made by industries based in South Brazil signal a rising milk production trend over the coming years | 88 | A regularidade no crescimento recente da produção de leite no Sul se deve à maior demanda requerida por investimentos feitos em plantas industriais nos últimos anos, segundo opinião expressa por Jorge Rodrigues, produtor no Norte do Rio Grande do Sul, presidente do Conselho Paritário Produtores/Indústrias (Conseleite-RS) e coordenador da área na Federação da Agricultura no Estado (Farsul). Ele informa que praticamente todas as indústrias gaúchas, em especial as de maior porte, ampliaram a capacidade e inclusive enfrentam ociosidade, pois a estiagem também interferiu na captação em 2012, assim como a crise mundial e a alta dos insumos, freando o aumento esperado. Para 2013, a indústria do setor no Estado manifesta expectativa de aumento produtivo ao nível de 7% e redução de custos. Em 2012, o índice teria sido de 8%, em sua avaliação, chegando a 4,19 bilhões de litros no total. O governo gaúcho, por sua vez, pensa em dobrar a produção estadual em 10 anos, conforme meta do Programa Mais Leite de Qualidade, fruto de debates da Câmara Setorial nos últimos dois anos e lançado em março de 2013 no evento Expodireto Cotrijal, em Não Me Toque. A iniciativa prevê o financiamento de até 44 mil resfriadores aos produtores. A produção de leite vai se concentrar nos estados sulinos, que se preparam para isso, destaca Marcos Antonio Zordan, diretor de agropecuária da Coopercentral Aurora Alimentos. Ele menciona o Programa Aurora de Qualidade de Leite, lançado em 29 de agosto de 2011, juntamente com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC) e cooperativas. Em 2013, o trabalho pretende atingir 100% dos produtores envolvidos em Santa Catarina, onde se destacam a produção em pequenas propriedades e a alta produtividade, como ocorre nos demais estados do Sul. Enquanto a média nacional de rendimento atingiu 1.382 litros/vaca/ano em 2011 (3,1% a mais do que no ano anterior), o Rio Grande do Sul obteve 2.535 litros; Santa Catarina, 2.477 litros; e o Paraná, 2.404 litros por unidade. O município paranaense de Castro, berço da cooperativa Castrolanda, se destaca como maior produtor no País, com 210 milhões de litros, e é o segundo maior em rendimento por vaca, com 7,5 mil litros, após Araras, em São Paulo, com 8,2 mil litros/vaca/ano. Carambeí, também do Paraná, sede da cooperativa Batavo, passou da 12ª para a quinta posição. O segundo lugar por município é ocupado por Patos de Minas, do Estado líder da produção, que também continua a incentivar o setor, com o Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva (Minas Leite). Pretende atingir 1.300 fazendas em 2013, com melhorias em quantidade e qualidade. In the opinion of Jorge Rodrigues, farmer in North Rio Grande do Sul, president of the Industries/Farmers Parity Council (Conseleite-RS) and area coordinator at the Rio Grande do Sul State Agriculture Federation (Farsul), the credit for the constantly rising milk production volumes goes to the demand for investments made in industrial plants, over the past years. He comments that almost all the industries based in Rio Grande do Sul, especially the big ones, have expanded their operating capacity, and some of them are now facing idle time, because the drought took a heavy toll on dairy operations, alongside the global crisis and soaring input costs, adversely affecting the expected increase rates. For 2013, the industry of the sector in the State is harboring expectations for 7-percent higher production volumes and a reduction of production costs. In 2012, in his evaluation, there was an increase of 8%, reaching a total of 4.19 billion liters. The government of Rio Grande do Sul, in turn, is planning to double milk production in ten years. This is the target set by the More Quality Milk Program, resulting from the debates of the Sectoral Chamber over the past two years, launched in March 2013, during the Expodireto Cotrijal event, in Não Me Toque. The initiative includes a long-term financing project for the acquisition of 44 thousand refrigerators by the dairy farmers. There will be a great concentration of dairy operations in the southern states, says Marcos Antonio Zordan, director of the Agricultural Supply Store Coopercentral Aurora Alimentos. He mentions the ‘Daybreak Quality Milk Program’, launched on 29th August 2011, jointly with the National Rural Learning Service (Senar/SC) and cooperatives. In 2013, the idea is to reach out to 100% of the dairy farmers in Santa Catarina, where small-scale operations and high productivity rates are major characteristics, just like what happens in the other southern states. While the national productivity rates reached 1.382 liters/cow/year in 2011 (up 3.1% from the previous year), in Rio Grande do Sul it was 2,535 liters; Santa Catarina, 2,477 liters; and Paraná, 2,404 liters per unit. Castro, a municipality in the state of Paraná, cradle of the Castrolanda cooperative, is the leading producer in the Country, with a total of 210 million liters, and is the second biggest in milk production per cow, with 7.5 thousand liters, coming after Araras, in São Paulo, with 8.2 thousand liters/cow, year. Carambeí, also in Paraná, where Batavo cooperative is based, has jumped from the 12th to the fifth position. The municipality that ranks second is Patos de Minas, located in the leading milk producing state, where the sector is encouraged through the Supply Chain Development Program (Minas Leite). The target of the program is to reach 1,300 dairy farms in 2013, with quality and quantity improvements. | 89 | Sílvio Ávila Entre os grandes Brasil avança posições entre os principais produtores de leite do mundo e fonte americana já aponta o País como o terceiro colocado no ranking A crescente produção de leite no Brasil faz o País galgar também posições entre os maiores produtores mundiais. Se forem considerados os volumes obtidos por nação, divulgados pelo Serviço Exterior de Agricultura do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em relatório de dezembro de 2012, e os países isoladamente, já chegaria a ocupar a terceira colocação. Ficaria atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia, e já ultrapassaria a China e a Rússia. Os dados do organismo americano, apresentados em toneladas, colocam em primeiro lugar a União Europeia (UE), composta de 27 países, que teriam obtido 138 milhões de toneladas de leite em 2011. A produção dos EUA seria de 89 | 90 | milhões de toneladas. A seguir viriam a indiana, com 53 milhões de toneladas, e a brasileira, com 33 milhões de toneladas (32 milhões de litros), conforme veiculado na conjuntura mensal da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de janeiro de 2013, por meio da analista Maria Helena Fagundes. Também já são feitas estimativas para 2012 e previsões para 2013. A análise realizada observa que a UE, com redução de rebanho, porém com ganhos de produtividade, deverá avançar em 0,5% a sua produção em 2013. Maior preço de energia e rações, bem como a persistência da recessão econômica, deverá restringir este incremento, mesmo com aumento de cotas, regime que deverá ter descontinui- dade em abril de 2015. Nos EUA, também devido ao grande acréscimo nos valores das rações, à oferta escassa de alfafa, às altas temperaturas e à redução do rebanho, está sendo prevista estabilidade. Para a Nova Zelândia, que se destaca na exportação, projetava-se também quadro estável. Porém, informações posteriores já davam conta de queda em virtude da falta de chuvas no País. Da mesma forma, na Argentina, seca no verão, seguida de inundações e do aumento de custos de produção, determinaria que o aumento da produção ficaria em 3% em 2012, enquanto em 2013 chegaria a 3,5%, com ampliação do rebanho e da produtividade. O Brasil, por sua vez, iria expandir sua produção em 3%. INCREMENTO Entre 12 países selecionados, mais os da União Europeia, a previsão feita é de que a produção cresceria 1,5% em 2013 e, assim, chegaria próximo a 472 milhões de toneladas, ficando muito perto da média anual de crescimento de 1,8% ocorrida entre 2008 e 2012. Em outro levantamento, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), comentado no Panorama do Leite da Embrapa Gado de Leite, aponta-se a quantidade total de leite de vaca produzida no mundo, que em 2011 teria atingido 606 milhões de toneladas, 1,5% a mais do que em 2010. Neste ranking, o Brasil ainda aparece em quarto lugar, atrás da China, que na estatística em foco consta com produção maior, próximo a 37 milhões de toneladas. No entanto, enfatiza a passagem do Brasil sobre a Rússia, além de os países do bloco chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), reconhecidos como propulsores da economia mundial pós-crise financeira, se destacarem também no leite. No boletim, coordenado por Kennya Beatriz Siqueira e Rosângela Zoccal, menciona-se que as nações deste grupo têm em comum o fato de, apesar de serem fortes produtores, também serem grandes importadores de lácteos, voltando suas produções para atender a um mercado interno de grandes proporções e em expansão. Sílvio Ávila The bigger ones Brazil is climbing to new heights in the realm of milk producing countries and American sources already rank the Country as third biggest producer | 92 | to have reached 89 million tons, followed by India, with 53 million tons; Brazil, with 33 million tons (32 million liters), according to monthly figures released by the National Supply Company (Conab), in January 2013, by analyst Maria Helena Fagundes. The report includes estimates for 2012 and forecasts for 2013. The analysis also mentions the situation of the EU, where the herd was reduced, but with productivity gains, and production is supposed to soar 0.5% in 2013. Higher energy and feed prices, as well as persistent economic problems, are poised to curb any progress on that score, in spite of the bigger number of quotas, a system that is to be discontinued in April 2005. In the United States, also because of soaring feed prices, tight supplies of alfalfa, high temperatures and herd reduction, stable conditions are supposed to prevail. For New Zealand, a major exporter of dairy products, a stable picture was also forecast. Nevertheless, later information hinted at smaller production volumes due to drought conditions. Likewise, in Argentina, drought conditions in the summer, followed by floods and higher production costs, were expected to determine only a 3-percent increase in production in 2012, with perspectives to reach 3.5% in 2013, driven by a bigger herd and productivity gains. Brazil, in turn, was to increase its production by 3%. LEITE NO MUNDO | milk in the world Maiores produtores (em mil toneladas: 1 litro = 1,032 quilo) Países UE (27) EUA Índia Brasil China Rússia Nova Zelândia Argentina México Ucrânia Austrália Canadá Japão Sílvio Ávila With milk production constantly rising, Brazil is gradually climbing to higher positions among the leading global producers. If volumes per nation are considered, the ones published by the Foreign Agricultural Service (FAS) of the United States Department of Agriculture (USDA), in a December 2012 report, and each individual country, Brazil would rank as third biggest milk producer, coming only after the United States and India, while outstripping China and Russia. The numbers released by the NorthAmerican organ, in tons, put the European Union in the leading position. The 27 countries of the Union are supposed to have produced 138 million tons of milk in 2011. Production in the United States is believed 2011 2012*2013** 138.219 140.000 140.700 89.015 90.56090.600 53.500 55.50057.780 33.118 34.11135.135 30.700 32.50034.380 31.742 32.15032.350 18.965 20.348 20.400 11.470 11.81512.230 11.046 11.15311.150 10.804 10.90011.050 9.562 10.01510.135 8.400 8.4508.500 7.474 7.5707.540 Fonte: USDA/FAS, dezembro de 2012/IBGE PRODUCTION ON THE RISE Among 12 selected countries, plus the European Union nations, the initial forecast was for production to soar 1.5% in 2013 and, therefore, getting close to 472 million tons, approaching the average annual growth rate of 1.8% that occurred from 2008 to 2012. In another survey, conducted by the Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), which received comments by Embrapa Dairy Cattle’s Milk Panorama Department, there are indications of the total amount of cow milk produced in the world, which is believed to have reached 606 million tons in 2011, up 1.5% from 2010. This survey ranks Brazil as fourth biggest producer, coming after China, a country that is cited as leading global producer, very close to 37 million tons. Nonetheless, the survey also emphasizes Brazil’s hegemony over Russia and all other Bric countries (Brazil, Russia, India and China), acknowledged as post financial crisis global economy propellers, and also big milk producers. In the bulletin, coordinated by Kennya Beatriz Siqueira and Rosângela Zoccal, it is mentioned that the nations of this group have in common the fact that, in spite of being major producers, they are also relevant importers of dairy products, once their own productions are geared towards their huge and ever-increasing domestic markets. | 93 | Sílvio Ávila longo caminho Déficit da balança comercial brasileira no leite aumentou em 2012 com a diminuição das exportações e o crescimento das importações realizadas A balança comercial de produtos lácteos do Brasil ampliou em 2012 o déficit que vem sendo registrado desde 2009. Isso ocorre “em função da crise internacional então instalada e da valorização cambial sofrida pelo Real. O aumento da renda da população, que tem consumido mais derivados de leite, também contribui para | 94 | impulsionar as importações”, consta na “Conjuntura do Mercado Lácteo” feita pela Embrapa Gado de Leite em fevereiro de 2013. O saldo negativo aumentou 5,3% no último ano, chegando a US$ 514 milhões. As exportações brasileiras dos principais derivados lácteos baixaram 1,7%, para US$ 118.955.700, enquanto as importa- ções cresceram 3,9%, avançando para US$ 632.790.800. Em termos de volume, conforme levantamento feito pela MilkPoint, foram internalizados 1,224 bilhões de litros (6% a mais que em 2011) e exportados 114 milhões de litros (6% a menos). A quantia importada, 77% da qual corresponde a leite em pó integral ou desnatado, é a maior desde 2001. O A HORA DA REAÇÃO Em déficit em volume de lácteos, equivalente-leite, chegou a crescer 7,5% entre 2011 e 2012. De acordo com os dados apontados pela Embrapa, restritos aos valores, a importação de leite em pó representou mais de 60% do total em 2012, atingindo US$ 380 milhões. Na sequência vêm os queijos, com 33,7% do total. Em relação ao aumento percentual nas aquisi- ções externas, o maior crescimento ocorreu nas gorduras lácteas (2.468,2%), no leitelho e na manteiga (mais de 300%), embora não tenham tanta significação no total importado. Já entre os produtos exportados destacam-se o leite condensado, o modificado e o creme de leite, respondendo cada qual por 45,7%, 22,1% e 15,5% do total embarcado, respectivamente. 2013, os primeiros meses mostram reação positiva na balança comercial brasileira. Entre janeiro e março, as vendas externas aumentaram 27,4% em valor e 30,7% em volume, enquanto as compras (feitas especialmente da Argentina e do Uruguai) foram menores, respectivamente, em 33,5 e 34%. O déficit neste período, comparado com o do ano anterior, reduziu-se em mais de 40%. Além disso, ocorreu prorrogação por um ano de acordo entre Brasil e Argentina quanto a cotas de importação de leite em pó (em 3,6 mil t/mês) e de direitos antidumping, por cinco anos, sobre o produto vindo da Nova Zelândia e da União Europeia. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ao analisar no início do ano o mercado internacional para 2013, acredita que pode haver redução no aumento de produção nos grandes exportadores. Além disso, há sinais de demanda firme nos grandes importadores. Esses dois aspectos devem determinar a continuação de alta nos preços internacionais dos derivados lácteos verificada nas regiões da Oceania, da Europa e da Argentina, a partir de junho de 2012. “Os excedentes para exportação deverão crescer, mas não nas quantidades registradas nos últimos dois anos”, avaliou a analista Maria Helena Fagundes. O índice dos referidos preços se intensificou em março, configurando aumento de 14,4% em relação ao mesmo mês de 2012, enquanto o global dos alimentos apresentou redução de 1,7%. Condições climáticas desfavoráveis na Oceania ampliaram a escassez da oferta. Este fato, juntamente com o aumento da demanda internacional, repercutiu na valorização das commodities lácteas na região e também na Europa. | 95 | Inor Ag. Assmann A long way Brazilian dairy trade deficit surged in 2012, with exports on the decline and imports on the rise The Brazilian dairy trade balance surged in 2012, increasing the shortfall that started in 2009. The situation results from the international crisis that started in that year and from the higher value of the Real. The rising purchasing power of the population, with most Brazilians consuming more dairy products, is also a factor in the ever-increasing imports. This is the explanation given by Embrapa Dairy Cattle sources, after conducting a survey of the Dairy Market Structure, in February 2013. The trade gap increased by 5.3% last year, amounting to US$ 514 million. Brazilian exports of all major dairy products declined 1.7%, to US$ 118,955,700, while imports soared 3.9%, to US$ 632,790,800. In terms of volume, according to a survey conducted by MilkPoint, sales from abroad reached 1.224 billion liters (up 6% from 2011) and exports amounted to 114 million liters (down 6%). Of the imported dairy products, 77% correspond to whole milk powder or skim milk powder, the biggest volume since 2001. The dairy trade deficit, milk-equivalent, increased by 7.5% in volume, from 2011 to 2012. According to data released by Embrapa, restricted to the values, imports of powdered milk represented upwards of 60% in 2012, totaling US$ 380 million. Different types of cheese come next, with 33.7% of the total. With regard to soaring percentages in external acquisitions, dairy fats were responsible for the biggest increase (2,468.2%), followed by buttered milk and butter (upwards of 300%), though playing a negligible role if total imports are considered. The highlights in dairy exports are condensed milk, modified milk and cream, corresponding to 45.7%, 22% and 15.5%, respectively, of total shipments. TIME TO REACT The first months attest to a positive re- more, the powdered milk quota system agreement between Argentina and Brazil (3 thousand tons/month), including five-year antidumping rights on products coming from New Zealand and the European Union, was extended for five years. After analyzing the international market in early 2013, the National Supply Company (Conab) concluded that the leading milk action in the Brazilian trade balance. From January to March, foreign sales soared 27.4% in value and 30.7% in volume, while purchases (particularly from Argentina and Uruguay) declined 33.5% and 34%, respectively. The deficit during the period, compared to the previous year, was down more than 40%. Further| 96 | COMÉRCIO EXTERIOR | foreign trade Operações brasileiras com produtos lácteos (em US$ mil) Ano 2011 2012 ExportaçõesImportações 121.052,9609.117,0 118.955,7632.790,8 Fonte: Secex/Embrapa Gado de Leite producers in the world might reduce their production volumes. Moreover, most big importers have been signaling steady demand. These two factors are supposed to keep international prices, starting in June 2012, for all dairy products, high in the regions of various Pacific islands, Europe and Argentina. “Export surpluses are likely to go up, but not in the quantities registered over the past two years”, analyst Maria Helena Fagundes argues. The said prices soared again in March, 14.4% from the same period in 2012 and, in the meantime, global food prices dropped 1.7%. Bad weather conditions in the Pacific islands resulted into tight supplies. This factor, alongside soaring international demand, reflected on dairy commodity prices in the region and in Europe. | 97 | Sílvio Ávila Sob pressão Custos de produção de leite apresentaram alta considerável em 2012 e com isso a renda dos produtores encolheu no decorrer da temporada Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), realizado em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), indica variação acumulada de 20% nos custos de produção de leite em 2012 no País. O índice foi apurado em média ponderada do custo operacional efetivo nos estados de Minas Gerais, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Já o Índice de Custo de Produção de Leite (ICPLeite), da Embrapa Gado de Leite, apresentou alta ainda maior, na ordem de 27,37%, puxada pela elevação expressiva dos concentrados, | 98 | em virtude do aumento no valor dos grãos, diante da seca nos Estados Unidos. Enquanto isso, a alteração no preço bruto do líquido que foi verificada no ano pelo estudo do Cepea/USP-CNA, conforme divulgado no boletim Ativos da Pecuária do Leite, chegou a 5,59%. Assim, ficou bastante comprometida a receita dos produtores, que esperam por recuperação em 2013. De acordo com a mesma fonte, em avaliação dos primeiros dois meses do ano, observou-se em alguns estados que a ração concentrada ficou mais barata em fevereiro, com o avanço da colheita de grãos, enquanto o leite também teve pequena valorização, permitindo recuperar parte do poder de compra perdido. A análise menciona dados de relatório do Instituto de Pesquisas em Políticas para a Agricultura e Alimentação (Fapri), expedido em março de 2013, em que se aponta a expectativa de safra recorde de grãos nos Estados Unido. Isto, associado à mesma situação brasileira, poderá aliviar os preços das rações concentradas. O documento do Fapri destaca que o fato é importante, tendo em vista que, na média calculada, os custos com alimentação comprometem cerca de 61% da receita obtida através da venda do leite. TENDÊNCIA INTERNACIONAL Por outro lado, o relatório do Instituto de Pesquisas em Políticas para a Agricultura e Alimentação (Fapri) registra que os preços do leite e de seus derivados em nível mundial vinham subindo consideravelmente no começo de 2013. Informações citadas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) dão conta de que nos dois primeiros meses o preço do leite em pó desnatado aumentou 5,11% e o do leite em pó integral, 8,3%, devido a reajustes na Oceania, ocasionados por problemas climáticos na Nova Zelândia, principal exportador mundial. Além disso, os primeiros números brasileiros do comércio internacional na área mostravam redução nas importações e aumento nas exportações. Diferentemente de 2012, quando as margens do setor leiteiro foram encolhendo ao longo dos meses, em 2013 é provável que se ampliem, como reflexo do aumento esperado nos preços do leite e da provável queda nos do milho, caso as expectativas de safra se confirmem. A avaliação foi feita em março por Maurício Palma Nogueira, engenheiro agrônomo e diretor da Bigma Consultoria. Observava também margens melhores na indústria, o que, associado à tendência de incremento dos valores dos lácteos, abriria boas perspectivas para a remuneração do produtor. Under pressure Cost of producing milk soared considerably in 2012, with consequent lower farmers’ profit margins throughout the season A survey by the Center for Advanced Studies on Applied Economics (Cepea), conducted jointly with the Brazilian Agriculture and Livestock Confederation (CNA), points to an accumulated variation of 20% in the cost of producing milk in Brazil in 2012. The rate was ascertained through the weighted average method of the operational costs effective in the states of Minas Gerais, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina and São Paulo. On the other hand, according to Milk Production Cost ascertained by Embrapa Dairy Cattle presented an even higher rate – 27.37%, driven by the soaring costs of concentrates, which, in turn, were driven up by the higher prices of all grain crops, because of the prolonged drought in the United States. In the meantime, the alteration in the gross cost of the milk, detected by the Cepea/USP-CAN study, published in the Dairy Assets bulletin, reached 5.59%. This put farmers’ revenues into jeopardy, and they are expecting a recovery in 2013. According to the same source, at an assessment of the first two months of the year, it was observed that concentrates got cheaper in diferenças | differences Variação acumulada em 2012 Custo de Produção Preço do leite 20,00% 5,59% February in some states, as grain crops made a good recovery, too. Milk prices also soared slightly, allowing for a partial recovery of the lost purchasing power. The analysis refers to data contained in the report issued by the Research Institute on Food and Agriculture Practices (Fapri, in the Portuguese acronym), which came out in March 2013, and points to the expectation of a record grain crop in the United States. This circumstance, in association with the Brazilian situation, could drive down concentrate feed prices. The Fapri document lays great importance on this fact, because at the calculated average, food costs account for about 61% of the revenue derived from milk sales. Fonte: Cepea/USP-CNA INTERNATIONAL TREND On the other hand, the report by the Research Institute on Food and Agriculture Practices (Fapri) mentions that milk prices in the international marketplace were soaring considerably in early 2013. Data from the United States Department of Agriculture (USDA) point to a 5.11-percent price increase of skim milk powder and 8.3% of whole milk powder, over the first months of the year, due to readjustments in New Zealand, major global exporter, induced by climate problems. Moreover, the first Brazilian figures related to the international dairy trade showed a decline in imports and a rise in exports. Contrary to 2012, when farmers’ profit margins kept on shrinking over the year, in 2013, they are likely to go up, reflecting the expectation for higher milk prices and shrinking corn prices, should crop expectations confirm. The evaluation was conducted by Maurício Palma Nogueira, agronomic engineer and director of Bigma Consultoria. He also observed better margins at industry level, which, in association with the trend for higher dairy prices, would represent good chances for improving farm gate milk prices. | 99 | perfil profile Faz bem demais Qualidade é o grande foco de diversos programas de capacitação que se ampliam em todo País e promovem a adequação às normas estabelecidas | 100 | Inor Ag. Assmann Um esforço amplo e conjunto voltado à qualidade da produção de leite está em curso no País, para atender plenamente aos requisitos do mercado e da legislação, a começar pela Instrução Normativa nº 62 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Várias iniciativas buscam mobilizar especialmente o amplo contingente de pequenos produtores, em ações de gestão e de capacitação. Programas como Alimento Seguro (PAS Leite) e Leite Legal estão reforçando atividades em 2013 e pretendem atingir os mais diversos estados brasileiros. O PAS Leite foi lançado oficialmente em julho de 2012, em parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) com os Serviços Nacionais de Aprendizagem Rural (Senar) e Industrial (Senai), o Mapa e a Embrapa Gado de Leite. A adesão ao programa deverá ser feita pelas indústrias de laticínios e por entidades representativas, que indicarão produtores e transportadores para tomarem parte de atividades teóricas e práticas. Toda a cadeia produtiva e de consumo será beneficiada, salientou Enio Pinto, gerente de Acesso à Inovação e Tecnologia do Sebrae. José Altamiro da Silva, gestor nacional de leite e derivados da instituição, informa que ainda em 2012 foram treinados consultores e multiplicadores e em 2013 direciona-se o esforço na capacitação. O trabalho estava mais adiantado em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, enquanto vários estados já manifestavam interesse nos primeiros meses. Indústrias estavam sendo sensibilizadas a integrar e incentivar as ações, inclusive com estímulos financeiros. “O esforço soma-se a outras iniciativas já existentes, como Educampo e Balde Cheio, que focam basicamente a gestão da propriedade e apresentam resultados muitos positivos”, diz Altamiro. MAIS FORTES Ainda no âmbito do Senar, vinculado à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), foi assinado em outubro de 2012 convênio com o Sebrae, para executar o Projeto Produção de Leite de Qualidade, ou Leite Legal. Nesta direção, enfatizou a senadora Kátia Abreu, presidente da CNA e do Senar, o propósito é “fortalecer a classe média rural, os pequenos e médios produtores que utilizam o leite para vender e obter renda”. Defendeu ainda financiamentos de tanques de resfriamento de leite e desburocratização de regras para comercializar queijos artesanais, a fim de viabilizar a comercialização externa. O Leite Legal formou gestores e multiplicadores no início de 2013 para capacitar produtores rurais com foco na produção, dentro dos parâmetros para Contagem de Células Somáticas (CCS) e Contagem Bacteriana Total (CBT), estabelecidos pela IN 62/2011. Em projeto-piloto no Paraná, estes índices foram reduzidos em 43% e 31%, respectivamente, após o treinamento. A proposta do Senar é de, em dois anos, formar 5.400 turmas e atingir 81 mil propriedades com este programa. | 101 | It’s too good Quality is the focus of an array of capacity building programs now being conducted across the Country, promoting compliance with the new standards | 102 | the Brazilian Micro and Small Business Support Service (Sebrae) and National Rural Learning (Senar) and Industrial (Senai) Services, Ministry of Agriculture and Embrapa Dairy Cattle. The adhesion to the program is under the coordination of the dairy industries and representative entities, responsible for indicating farmers and transporters to take part in theoretical and practical activities. The entire supply chain and consumers will be benefited, said Enio Pinto, manager of Sebrae’s Technology and Innovation Access division. José Altamiro da Silva, national administrator of the institution’s milk and milk-based products department, says that in 2012 consultants and multipliers were given training, whilst all efforts in 2013 are geared towards capacity building initiatives. This work had been on a more advanced stage in Minas Gerais, with other states showing interest in the first months of the year. Industries were being urged to integrate and stimulate these actions, even through financial grants. “These efforts come in the company of other existing initiatives, like the programs known as Educampo and Full Bucket, essentially devoted to farming activities, and they have been showing very positive results”, says Altamiro. Inor Ag. Assmann Broad and joint efforts focused on the production of quality milk are now underway in the Country, so as to comply entirely with market requirements and legislation, starting with Regulatory Instruction Nº 62 of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA). Several initiatives seek to attract big numbers of small-scale farmers into capacity building and administration initiatives. Programs like Safe Food (PAS Milk) and Legal Milk are lending extra force to this kind of activities in 2013 and intend to reach out to other Brazilian states. PAS Milk is a program that was officially launched in 2012, jointly with STRONGER Equally, in the range of Senar, linked to the cen ..onfederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), in October 2012 and agreement was signed with Sebrae, for crrying out the Quality Milk Production Project, or Legal Milk . To this end, senator Kátia Abreu, president of the CNA and Senar, the purpose is “to strengthen the middle rural class, small and medium-scale farmers who earn a living from milk sales”. She also advocated a credit line for financing milk cooling tanks and for the removal of bureaucratic hurdles that prevent the farmers from selling their homemade cheeses, and make foreign sales viable. The Legal Milk program qualified administrators and multipliers in early 2013. They are responsible for giving capacity building training to farmers, with the focus on the production of cheese within the Somatic Cell Count (SCC) and Total Bacteria Count parameters, set forth by RI 62/2011. In a pilot project conducted in the State of Paraná, these rates were reduced by 43% and 31%, respectively, after the training sessions. Senar’s intention for the next two years is to qualify 5,400 groups and include 81 thousand rural holdings in this program. | 103 | Copo de saúde Demanda de lácteos aumenta no País junto com o avanço da renda e pode expandir-se ainda mais se comparada com a de países desenvolvidos O mercado interno é o grande destino do leite produzido no País e continua apresentando potencial de crescimento. O consumo de produtos lácteos tem avançado nos últimos anos, juntamente com a elevação real de renda da população, mas ainda não atinge os níveis observados em países mais desenvolvidos e indicados na área da Saúde. Em 2012, o consumo situou-se em cerca de 177 litros/ habitante/ano e o setor, como afirma Jorge Rubez, da Associação Leite Brasil, colocou como meta em cinco anos chegar próximo do recomendado pelo Guia Alimentar do Ministério da Saúde, de aproximadamente 200 litros por pessoa ao ano. O órgão governamental aconselha três porções diárias de leite ou de derivados lácteos, por conterem cálcio e serem alimentos mais ricos em proteínas, lembra Rosangela Zoccal, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite. Observa que a disponibilidade de leite apurada no Brasil (produção mais importações, menos as exportações), e identificada como consumo aparente per capita, ainda é baixa quando comparada com a de países como França (298 quilos) e Estados Unidos (259 quilos), ou mesmo os vizinhos Uruguai (310 kg) e Argentina (215 kg). Nos últimos anos, porém, vem se registrando crescimento no consumo. Kennya Beatriz Siqueira, da Embrapa Gado de Leite, e Marielli Cristina de Pinho e Eduardo da Silva Mercês, estudantes de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em | 104 | Minas Gerais, constataram que o consumo aparente per capita aumentou cerca de 20,5% de 2008 até 2011, passando de 143 litros por habitante para 173 litros por habitante. Eles relacionam este fato ao crescimento da renda da população ocorrido ao lado das transformações na classe média brasileira. “Um dos fatores que mais influenciam no aumento de consumo das famílias é o seu poder de compra”, concluem as analistas, ao se deterem à última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, em 2008. Constatam que as regiões que possuem maior poder aquisitivo apresentam índices mais elevados de consumo de lácteos. Além disso, reforçam a importância do fato neste comportamento ao avaliarem ainda o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2008 e 2010. No entanto, tendo em vista que a região Sul lidera na demanda, mas não na renda, embora também seja elevada, fazem referência ao peso de questões culturais na maior presença de laticínios na dieta alimentar. No cenário interno, reitera Maria Helena Fagundes, analista da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), “o crescimento econômico e o aumento da renda e da população têm impulsionado a elevação constante da produção de leite, que permanece sendo direcionada para o atendimento da demanda doméstica”. Maria Helena entende que as importações continuarão a ser importantes para abastecer o mercado interno. A glass of health Inor Ag. Assmann Demand for dairy products throughout the Country, along with the soaring purchasing power, could expand even further compared to other developing countries The domestic market is the main destination for the milk produced in the Country, and shows great potential for growth. The consumption of dairy products has risen over the past years, and has kept pace with the soaring purchasing power of the population, but has not yet reached the levels of more developed countries and recommended by health authorities. In 2012, consumption reached approximately 177 liters per capita and the sector, according to Jorge Rubez, of the Brazil Milk Association, has set a target of 200 liters per person, to be achieved in five years, thus complying with the recommendation of the Food Guidance department of the Ministry of Health. Since milk is a source of calcium and proteins, the government organ recommends three servings of milk or dairy products a day, says Rosangela Zoccal, researcher at Embrapa Dairy Cattle. She observes that the amount of milk available in Brazil (production plus imports, minus exports), and identified as apparent per capita consumption, is still low compared to countries like France (298 kg) and the United States (259 kg), or even our neighboring countries Uruguay (310 kg) and Argentina (215 kg). Over the past years, however, consumption has been rising. Kennya Beatriz Siqueira, of Embrapa Dairy Cattle, and Marielli Cristina de Pinho and FOME e sede | hunger and thirst Eduardo da Silva Mercês, students at the School of Economic Sciences at the Federal Leite e derivados – Brasil University of Juiz de Fora (UFJF), in Minas Ano Consumo aparente Gerais, have ascertained that apparent per (litros/habitante/ano) capita consumption increased by about 2008143 20.5% from 2008 to 2011, from 143 liters per 2011173 person to 173 liters. They relate this fact to the Fonte: UFJF/Embrapa Gado de Leite rising purchasing power of the population and to the transformation experienced by the Brazilian middle class. “A major factor that accounts for the rising consumption rates per family is their higher buying power”, the analysts concluded after analyzing IBGE’s latest Family Budgets Research (POF, in the Portuguese acronym), conducted in 2008. They have ascertained that regions with high buying power consume more dairy products. Furthermore, they also strengthen the importance of the fact in people’s behavior when the growth of the Gross Domestic Product (GDP), from 2008 to 2010, is taken into consideration. Nonetheless, seeing that the South is the leader in demand, but not in terms of revenue, though being high too, the analysts mention the weight of cultural questions in the soaring share of dairy products in the daily dietary habits. In the domestic scenario, Maria Helena Fagundes, analyst with the National Supply Company (Conab), insists that “economic growth and higher buying power of the population have been the driving force behind the constantly soaring production volumes, which continue being destined for the domestic scenario”. Maria Helena understands that dairy imports should not be disregarded when it comes to supplying the domestic market. | 105 | Abrindo caminho Inor Ag. Assmann Brasil lança campanha para recuperar exportações de derivados do leite e define como meta incrementar as operações em 30% até 2014 Convênio assinado em fevereiro de 2013, entre Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), quer promover o setor lácteo brasileiro e voltar a aumentar as exportações, que estão retraídas desde 2009, após a crise financeira internacional. A meta é ampliar as vendas externas do País em 30% até 2014, com ações de promoção dos produtos brasileiros no mercado externo, além de capacitação e desenvolvimento da competitividade no segmento. Empresas da área, a maioria das quais são cooperativas de agricultores familiares, deverão integrar-se a missões prospectivas de mercado e feiras internacionais, mirando países como Angola, Arábia Saudita, Argélia, Emirados Árabes, Venezuela, China, Iraque e | 106 | Egito. Os derivados do leite também serão incluídos nos projetos Comprador e Imagem, que trazem ao Brasil importadores, jornalistas e formadores de opinião para conhecer o setor e encaminhar negociações. O investimento previsto é de R$ 2,3 milhões. “A parceria firmada vai contribuir para exportar produtos de maior valor agregado e possibilitar melhorias nos produtos e nos processos das empresas e das cooperativas, para aumentar sua competitividade com vistas à inserção no mercado internacional”, diz Rogério Bellini, diretor de Negócios da Apex-Brasil. E uma vez preparadas para o exterior, ficarão mais competitivas no âmbito interno, onde a atividade representa importante parcela da economia, complementa o dirigente. “O setor leiteiro tem condições de reocupar o espaço que perdeu no exterior e os agricultores familiares do País dispõem de financiamento farto para atender a esse objetivo”, afirma Pepe Vargas, ministro do Desenvolvimento Agrário. Revela que há folga de recursos no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf ), além da ampliação também no limite da linha de crédito do Pronaf Agroindústria para as cooperativas. Informações do MDA realçam a importância do apoio à atividade leiteira, que aparece em 1,3 milhão de propriedades no País, a maior parte de agricultores familiares, responsáveis por 58% da produção, além de gerar 4,7 milhões de empregos. Da mesma forma, é representativa no setor a participação das cooperativas, pelas quais passa mais de 40% da produção brasileira de lácteos, colocando-se como fundamentais no esforço a fim de fortalecer a presença do Brasil no mercado externo. Opening the way Sílvio Ávila Brazilian newly launched campaign aims to recover dairy exports and sets a 30-percent target to be achieved by 2014 Agreement signed in February 2013, between the Ministry of Agrarian Development (MDA), Brazilian Trade and Investments Promotion Agency (Apex-Brasil) and the Brazilian Cooperative Organization (BCO), is focused on promoting the Brazilian dairy sector and on boosting exports, which have been lagging behind since the 2009 global financial crisis. The target is to increase the Country’s foreign sales 30% by 2014, through special promotional campaigns of the Brazilian products abroad, besides capacity building actions and moves to strengthen the segment’s competitive edge. Companies of the segment, most of them cooperatives of small scale farmers, are expected to join prospective market missions and international fairs, targeting countries like Angola, Saudi Arabia, Algeria, Arab Emirates, Venezuela, China, Iraq and Egypt. Dairy products will be included in the Buy and Image projects, which attract journalists and opinion makers to Brazil for a better grasp of the sector, whilst paving the way for negotiations. It will be an investment of R$ 2.3 million. “The partnership now underway is going to contribute towards exporting value added products, whilst improving the products and the processes of the companies and cooperatives, with the aim to boost competitiveness with an eye on the international marketplace”, says Rogério Bellini, Business Director at Apex-Brasil. And once prepared for the foreign market, the companies will also improve their competitive edge in the national scenario, where the activity accounts for a huge portion of the economy, the official complements. “The dairy sector is in a situation to recover its previously conquered position abroad and, in the meantime, the family farmers throughout the Country have ample access to credit lines to meet this target”, comments Pepe Vargas, Minister of Agrarian Development. According to him, the National Program for Strengthening Family Farming (Pronaf ) offers plenty of resources, besides expanding the credit limit for AgroIndustry Pronaf for the cooperatives. MDA sources stress the importance of dairy operations, now present in 1.3 million farms across the Country, most of them family holdings, responsible for 58% of the total production, besides generating 4.7 million jobs. Likewise, the share of the cooperatives in the sector is also very representative, and they are responsible for 40% of the entire dairy production in Brazil, thus playing a fundamental role in strengthening the presence of Brazil in the foreign market. | 107 | Inor Ag. Assmann Está no DNA Melhoramento na pecuária de leite vem sendo direcionado a pesquisas para a identificação de genes de interesse econômico nas raças zebuínas Uma nova e importante ferramenta de seleção e de manejo reprodutivo alia-se ao desenvolvimento da pecuária leiteira, a partir de projeto de sequenciamento do genoma das raças Gir e Guzerá, realizado totalmente no Brasil e anunciado em 2012. O trabalho surgiu de parceria entre Embrapa Gado de Leite, Universidade Federal de Minas Gerais, Polos de Excelência do Leite e Genética Bovina, Fiocruz (Instituto René Rachou), Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado (Epamig) e associações de criadores. Em 2013, junto com empresas escolhidas por chamamento público (consórcio CRV-Lagoa e Zoetis), já se avança na implementação deste recurso. Com base no sequenciamento, destaca Marcos Vinícius Gualberto Barbosa da Silva, pesquisador da Embrapa Gado de Leite | 108 | que está à frente do projeto, será possível obter marcadores moleculares específicos para as raças zebuínas. Poderão ser desenvolvidas ferramentas genômicas para a seleção dos animais que permitirão, a partir do DNA do indivíduo, identificar precocemente os melhores para características de importância econômica, como produção de leite, resistência a parasitas e estresse térmico, entre outros aspectos. O processo de seleção genômica proporcionará maior ganho genético, que é a medida de melhoramento animal, explica o pesquisador. No método tradicional, esse ganho fica em cerca de 1% ao ano, enquanto no outro poderá até quadruplicar. A seleção se torna muito mais acurada. Salienta ainda que, pela identificação precoce de touros superiores, é reduzido o risco de se ter animais de baixa qualidade genética em testes de progênie, assim como são bem menores o tempo gasto para obter o resultado e o custo para realizar a avaliação. Marcus Vinícius assinala a grande importância econômica que as raças de origem indiana têm para o Brasil e para os países de clima tropical, em razão da sua rusticidade e da melhor adequação a temperaturas elevadas. Assim, reforça, o conhecimento do seu genoma e o uso para o melhoramento genético serão capazes de gerar saltos de produtividade e de qualidade, no desenvolvimento sustentável da pecuária de leite brasileira. As ações agora em andamento pretendem definir, até o próximo ano, um chip para colocar a tecnologia à disposição dos produtores, com a projeção de que, num primeiro momento, seja possível abranger cerca de 10 mil animais. It’s in the DNA Dairy cattle enhancement program is being geared towards research into the identification of genes of economic interest in zebu breeds Barbosa da Silva, researcher at Embrapa Dairy Cattle, now coordinating the project, it will be possible to obtain molecular markers specific for zebu breeds. Genomeoriented tools could be developed for the selection of animals which will make it possible, from their own DNA, to identify at a very early stage the best economically relevant characteristics, such as the production of milk, resistance to parasites and thermal stress, among other variables. The genome selection process will result into more genetic gains, which really counts when it comes to animal enhancement processes, the researcher explains. In the traditional method, this gain remains at 1% a year, while in the new one, it could increase over fourfold. Selection becomes much more accurate. He also maintains that, through early identification of bulls of superior potential, the risk for the appearance of animals of low genetic profile in progeny tests, is very small, and the results and costs for conducting the evaluation work will take much less time. Marcus Vinícius stresses the great economic importance of the Indian breeds for Brazil and for all tropical countries, by virtue of their sturdiness and adaptation to high temperatures. Therefore, he reiterates, a deep knowledge of their genome and its use for genetic enhancement programs will result into productivity and quality leaps, whilst leading to sustainable dairy cattle breeding in Brazil. All initiatives now underway are focused on coming up with a definition, by next year, of a chip to bring the technology to the cattle farmers, with a projection for reaching some ten thousand animals, at a first moment. Sílvio Ávila A new and important selection and reproductive management tool is now available to dairy cattle operations, based on a genome sequencing project involving Gir and Guzera cattle breeds, entirely conducted in Brazil and announced in 2012. The credit of this work goes to joint work performed by the following institutions: Embrapa Dairy Cattle, Federal University of Minas Gerais, Milk Excellence Hubs and Bovine Genetics, Fiocruz (René Rachou Institute), State Agriculture Research Corporation (Epamig) and cattle farmers’ associations. In 2013, jointly with companies chosen through a public bidding process (consortium CRV-Lagoa and Zoetis), the implementation of this resource is now underway. Under the guidance of the sequencing program, says Marcos Vinícius Gualberto | 109 | Depois da porteira Projeções para os próximos anos no setor leiteiro do País indicam manutenção do crescimento, porém em índices um pouco menores | 110 | na e Nova Zelândia (3,9%). De forma geral, a indicação dos organismos é de que ocorra aumento de 23,7% na produção mundial de leite de vaca e de outros animais entre os ciclos 2009/11 e 2021, a taxa média anual de 2,4%, alcançando 880,3 milhões de toneladas ao final do período. Os países desenvolvidos deverão aumentar o volume em 13,4% (1,4% ao ano) e as nações em desenvolvimento, 34,4% (3,3% ao ano). Estas passarão a representar 71,1% da produção total. Considerando-se somente países selecionados de maior produção, o índice anual médio situa-se em 2,1%. O incremento será impulsionado pelo aumento do consumo e do comércio, e pelo crescimento econômico e populacional, assim como a urbanização, principalmente nos países emergentes, como China e Índia. O leite em pó é o que mais crescerá de pro- dução e comércio (entre 31,6% a 33,9%). Já a demanda geral de lácteos aumentará nos países da Ásia e nos exportadores de petróleo, enquanto cadeias de varejos, indústrias multinacionais e programas governamentais influirão no consumo nos países em desenvolvimento. No Brasil, projeções já feitas em 2011 para os próximos 10 anos, pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento (Mapa), previam que produção e consumo de leite cresceriam na ordem de 1,9% ao ano. No entanto, o estudo já inseria indicativo da Embrapa Gado de Leite de que a evolução anual média do índice poderia situar-se ao redor de 2,5%. Pela previsão mais modesta, o volume produzido chegaria a 38,2 bilhões de litros em 2021 e, pela outra, a mais de 40 bilhões de litros. Robispierre Giuliani O desenvolvimento do setor leiteiro no Brasil, cujos números mostram acréscimos a cada ano, deverá manter-se na próxima década. As projeções feitas, porém, indicam adequação dos índices em faixa um pouco menor. Se nos últimos anos as taxas ultrapassavam a 4%, atualmente ficam ao redor de 3% e no futuro a curto prazo apontam para níveis um pouco acima de 2%, no mesmo patamar de crescimento previsto em âmbito mundial. O País deverá ter incremento médio ao redor de 2,3% ao ano, de acordo com as prospecções feitas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), baseada em publicação das Organizações para Cooperação e Desenvolvimento Econômico e para Agricultura e Alimentação (OECD/ FAO), a Agricultural Outlook 2012-2021. Outros países produtores teriam índices maiores: Argentina (5,1%), Índia (4%), Chi- PRIORIDADES E AÇÕES Para manter o crescimento, em quantidade e qualidade, ações prioritárias foram elencadas por Rodrigo Alvim, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em abril de 2013, durante audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado. Destacou o projeto Produção de Leite de Qualidade, em desenvolvimento, dando ênfase ao controle de questões sanitárias, como controle de resíduos e doenças, em atenção à expansão do mercado. A ampliação da assistência técnica e, particularmente, a qualificação da mão de obra, um dos gargalos do setor, estão incluídas entre as demandas do setor, assim como as linhas de crédito a juros baixos. Com estas e outras iniciativas, segundo Alvim, os pequenos pecuaristas leiteiros, que representam 80% dos produtores, mas produzem menos, têm condições de dobrar a oferta de leite em suas propriedades nos próximos anos. O governo federal, assim como os poderes estaduais e municipais, entre outras entidades, estão atuando no fortalecimento da cadeia produtiva. No Mapa, Antônio Andrade, produtor de leite em Minas Gerais, ao assumir como ministro em março de 2013, ressaltou que dará ênfase no apoio à parcela de produtores rurais que não têm acesso à mecanização intensiva e com produção voltada ao abastecimento interno, como é caso do setor lácteo. Evidenciou também a importância do segmento para fixar o homem ao campo. | 111 | Outside the farm gate Projections of the milk supply chain for the next years point to a continuity of the growth process, but on a smaller scale The development of the Brazilian milk supply chain, characterized by advances year after year, should remain steady over the next decade. Nonetheless, these projections point to rather smaller rates. If over the past years the growth rates reached upwards of 4%, currently they remain at about 3%, and for the near future, the projections are for slightly above 2% growth rates, on a par with the estimated global growth levels. The Country is supposed to reach a growth rate of approximately 2.3% a year, in line with the projections announced by the National Supply Company (Conab), based on a publication by OECD/FAO) Agricultural Outlook 20122021. Other milk producing countries are believed to reach higher percentage growth rates: Argentina (5.1%), India (4%), China and New Zealand (3.9%). In general, most organisms believe in an increase of 23.7% in global production of milk from cows and other animals from the 2009/11 and 2021 cycles, at an annual growth rate of 2.4%, totaling 880.3 million tons at the end of the period. The developed countries should increase their production volumes by 13.4% (1.4% a year) and the developing countries, by 34.4% (3.3% a year). The latter will account for 71.1% of the total production volumes. Considering only selected countries with high production, the average annual growth rate remains at 2.1%. The driving force behind the increases comprises such factors as higher consumption and trade, economic and population growth, urbanization, particularly in emerging countries like India and China. Powdered milk is expected to experience the biggest production and trade increases ( from 31.6% to 33.9%). General demand for dairy products is estimated to soar in Asian and crude oil exporting countries, while retail chains, multinational industries and government programs will exert a strong influence on consumption in developing countries. In Brazil, relying on projections made in 2011 for the next 10 years, by the Strategic Management Council of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA), both production and consumption of milk should soar 1.9 percent a year. Nevertheless, the study also referred to an indication by Embrapa Dairy Cattle pointing to an average growth rate of 2.5% a year. Considering the more modest projection, the volume would reach 38.2 billion liters in 2021, while the other projection puts this volume to upwards of 40 billion litters. PRIORITIES AND INITIATIVES So as to maintain the growth rate, both in quantity and quality, priority actions were set by Rodrigo Alvim, president of the Brazilian Agriculture and Livestock Confederation (CNA), in April 2013, during a public hearing held by the Senate Committee on Agrarian Reform and Agriculture. On that occasion, he highlighted the Quality Milk Production project, now underway, with great emphasis on the control of sanitary matters, like residues and diseases, so as to keep the market on a rising trend. Providing the farmers with more comprehensive technical assistance plans and, in particular, labor qualification, the biggest bottlenecks of the sector, are included in the sector’s demands, as well as credit lines at low interest rates. With these and other initiatives, according to Alvim, the small-scale dairy farmers will be able to double their production of milk over the next years. The federal government and many municipal and state administrations, among other entities, are now engaged in strengthening the supply chain. Upon taking over as minister of agriculture in 2013, Antônio Andrade, dairy farmer in Minas Gerais, pledged that he would lend strong support to small-scale dairy farmers who have no access to intensive mechanization and with their production geared towards the domestic market, as is the case of the dairy sector. He also referred to the importance of the sector as a deterrent to rural-urban migration. | 112 | | 113 | Sílvio Ávila ovinos e caprinos sheep and goats Chance de ouro Queda na produção formal de carne ovina no Brasil torna o País cada vez mais dependente das importações para abastecer o mercado doméstico | 114 | aumento de 1,65% sobre 2010. A severa estiagem pela qual passaram os estados do Nordeste em 2012, e que se estendeu para 2013, considerada uma das piores em 100 anos, também está afetando a atividade. Diante da estagnação do segmento, o fornecimento de carne ovina no Brasil continua cada vez mais dependente das importações. Conforme Daniel Souza, a participação saltou de 54,7% do total disponível em 2011 para 63,1% em 2012. Na comparação entre os dois anos, foi verificado aumento de 26,3% na aquisição do produto estrangeiro, com incremento de 6,2% no valor. Em 2012, foram adquiridas 6,52 mil toneladas, o que representou gasto de US$ 36,1 milhões. O Uruguai é o principal fornecedor de carne ovina para o Brasil. Em 2012, veio do país vizinho 93% do total importado. O montante embarcado representou volume 11% maior do que o de 2011. O restante do abastecimento saiu da Argentina (3,8%), do Chile (2,8%), da Nova Zelândia (0,3%) e da Austrália (0,1%). Somando-se a produção doméstica às aquisições, a disponibilida- de interna formal cresceu 9,4% em 2012, chegando a 10,3 mil toneladas. Mesmo com maior oferta de carne ovina no mercado interno, os preços do cordeiro permaneceram relativamente elevados em 2012, quando comparados a 2011. Conforme análise do médico veterinário Daniel Souza, houve alta de 8,2% e 0,7% nas cotações nas praças de São Paulo (média de R$ 11,37 pelo quilo de carcaça) e do Rio Grande do Sul (R$ 8,52), respectivamente, e baixa de 2,2% na Bahia (R$ 8,70). Em relação a 2013, o consultor em pecuária da Prime ASC acredita que os preços devem seguir elevados, fa- Robispierre Giuliani A ovinocultura ainda tem longo caminho a percorrer até conquistar definitivamente o paladar dos brasileiros. Pelo terceiro ano consecutivo, a produção formal, sob inspeção federal, sofreu retração. Os números, ainda não consolidados, apontam para o abate de 237,7 mil cabeças em 2012, 10,8% a menos do que o registrado em 2011, num total de 3,8 mil toneladas de carne de ovelha. Desse montante, 80,3% tem origem no Rio Grande do Sul, seguido por São Paulo (10%) e Bahia (6,2%). O médico veterinário Daniel de Araújo Souza, consultor em pecuária da Prime ASC, avalia como principal motivo para a queda da produção ovina a ausência de crescimento efetivo do rebanho nos últimos 10 anos, em virtude do alto índice de abate das fêmeas. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil fechou 2011 (ano do mais recente dado oficial disponível) com rebanho de 17,6 milhões de cabeças, vorecendo o produtor, mas limitando a expansão do consumo. Esse cenário deve se sustentar, segundo ele, em função da estagnação do efetivo, da baixa disponibilidade interna e da inapetência dos criadores em aumentar a produção. | 115 | Golden chance Gradual decrease in the production of sheep meat in Brazil is creating a strong dependence on imports for supplying the domestic market | 116 | purchases from that country represented 93% of the total amounts imported. The shipments from Uruguay to Brazil were up 11% from the previous year. Other suppliers were Argentina (3.8%), Chile (2.8%), New Zealand (0.3%) and Australia (0.1%). Together, meat imports and formal domestic production resulted into 9.4-percent higher volumes in 2012, reaching 10.3 thousand tons. In spite of the bigger supply of sheep meat in the internal market, prices remained relatively high in 2012, compared to 2011. According to an analysis by veterinary physician Daniel Souza, prices were up 8.2% and 0.7% in São Paulo (average of R$ 11.37 per kilo) and Rio Grande do Sul (R$ 8.52), respectively, while in Bahia they were down 2.2% (R$ 8.70). With regard to 2013, the Prime ASC cattle consultant believes that prices should continue high, favoring the farmers, but limiting consumption. This scenario should hold true for some time, he argues, by virtue of the stagnation of the sheep flock, low domestic supply, and the unwillingness of the farmers to increase their flocks. Inor Ag. Assmann Sheep farming still has a long way to go until it definitively conquers the palate of Brazilian consumers. For the third year in a row, formal production, under federal inspection, has declined. The numbers, not yet consolidated, put slaughters at 237.7 thousand head in 2012, down 10.8% from the total in 2011, resulting into 3.8 thousand tons of sheep meat. Of this total, 80.3% of the meat was produced in Rio Grande do Sul, followed by São Paulo (10%) and Bahia (6.2%). Veterinary physician Daniel de Araújo Souza, Prime ASC cattle consultant, understands that the main reason that accounts for the decline in sheep meat production lies in the fact that the sheep flock has remained stagnated over the past years, by virtue of the slaughter of a huge number of ewes. According to the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE), at the end of 2011 (year of the latest official data available), Brazil came to year end with a flock of 17.6 million sheep, up 1.65% from 2010. The severe drought that hit the Northeast in 2012, which extended to 2013, the worst in 100 years, is also adversely affecting the activity. In light of the stagnation of the segment, sheep meat supply in Brazil is becoming ever more dependent on imports. According to Daniel Souza, the share of imports has jumped from 54.7% of the total available in 2011 to 63.1% in 2012. In the comparison between the two years, there was an increase by 26.3% in the acquisition of the product from abroad, and value was up 6.2%. In 2012, purchases from abroad amounted to 6.52 thousand tons, at a cost of US$ 36.1 million. Uruguay is a major supplier of sheep meat to Brazil. In 2012, balidos | bleats Rebanho brasileiro de ovinos (cabeças) Estado Rio Grande do Sul Bahia Ceará Pernambuco Piauí Paraná Rio Grande do Norte Outros Brasil 20112010 4.000.297 3.979.258 3.072.1763.125.766 2.142.5672.098.893 1.856.3511.622.511 1.397.8641.392.861 643.591613.934 587.096 583.661 3.968.1213.963.697 17.668.06317.380.581 Fonte: IBGE | 117 | Inor Ag. Assmann Um passo de cada vez Com mais de 90% dos abates sendo realizados de maneira informal, principal desafio da cadeia produtiva da ovinocultura é organizar o setor A organização da cadeia produtiva é o grande desafio que se impõe para que a ovinocultura possa ocupar fatia maior na pecuária brasileira. Problemas não faltam ao setor. Mais de 90% dos abates acontecem na informalidade, o rebanho vem diminuindo e há pouca oferta de carne no mercado. Esses fatores colaboram para que o consumo per capita estimado não ultrapasse a 400 gramas/habitante/ano. O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), Paulo Afonso Schwab, lembra que por muitos anos o foco principal da atividade era a lã, que, com o tempo, perdeu valor de mercado. Abriu-se aí espaço para a carne, que até então era consumida somente na propriedade. O sonho do dirigente é tornar o produto tão popular quanto o frango, que antigamente era visto como opção gastronômica apenas para finais de semana e festas. “Hoje, se popularizou”, conclui. Schwab acredita que o produtor de | 118 | ovinos pode ter altos ganhos com a atividade, que vai muito além da lã e da carne. Refere-se aos demais aspectos que podem ser explorados. O leite é considerado ingrediente nobre, principalmente para a fabricação de queijos, com bom valor agregado. Também a pele dos animais, considerada tecido bastante macio, pode ser usada na confecção de bolsas e sapatos. A exploração integral da ovinocultura depende, conforme o presidente da Arco, do envolvimento dos governos municipais e estaduais. Entende que os criadores precisam de definições que tragam respaldo legal à comercialização dos produtos ovinos. Schwab cita a implantação de um programa sanitário para o rebanho. O Rio Grande do Sul, maior produtor nacional, já está trabalhando nesse sentido, junto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Além do atendimento ao mercado inter- no, Schwab vê com otimismo a possibilidade de o Brasil passar a exportar carne ovina. “Os países do Oriente Médio e da Europa e os Estados Unidos batem à nossa porta quase todos os dias”, informa. Em seu entender, a própria genética, das 28 raças que possuem registro genealógico no País, poderia ser vendida. “Esse material é um dos melhores do mundo”, enfatiza. A chegada a esse patamar, com maior consumo dentro do País, vendas para o exterior e regularidade de oferta, depende de muitas etapas que ainda precisam ser eliminadas. O presidente da Arco cita a necessidade de formação de mão de obra especializada para lidar com o gado ovino e maior atenção à extensão rural voltada à atividade. “O ovino cabe bem como manejo de pecuária com a lavoura, pois compacta muito menos, fica pronto mais rápido e o esterco já vem distribuído no solo”, observa. Inor Ag. Assmann One step at a time With illegal slaughters accounting for upwards of 90%, a major challenge of the sheep supply chain consists in organizing the sector The organization of the supply chain seems to be the real challenge if sheep farming is to get a bigger chunk in Brazilian livestock rearing operations. Problems abound in the sector. Upwards of 90% of all sheep slaughters take place informally, the flock is on the decline and there is not much sheep meat in the market. These factors have a say in the per capita consumption of only 400/grams/person/year. The president of the Brazilian Association of Sheep Breeders (Arco), Paulo Afonso Schwab, recalls that for years the main focus of the activity was the wool, which, as time went by, lost its allure in the market. This gave rise to a chance for the meat, which, up to that time, was normally consumed only by the farmers themselves. The official’s dream is to turn sheep meat as popular as chicken meat, which in the past was viewed as a gastronomic alternative just for the weekends or special celebrations”, he concludes. Schwab maintains that sheep breeders could derive substantial gains from the activity, which goes much beyond the realm of meat and wool. He refers to other aspects that could be explored. Milk is viewed as a noble ingredient, particularly for making several types of cheese, with high added value. Sheep fur, which is very soft, is used for making shoes and purses. Comprehensive exploration of sheep farming operations, according to ARCO president, depends a lot on the involvement of municipal and state governments. He understands that the farmers need definitions that lend legal support to the trade of ovine-based products. Schwab cites the implementation of a phytosanitary program for the flock. Rio Grande do Sul, leading national sheep producer, is sparing no effort in doing something towards this end, jointly with the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa). Besides supplying the domestic market, Schwab optimistically believes in the chance for Brazil to start exporting sheep meat. “Middle East countries, the United States and Europe are eagerly waiting for Brazil’s sheep meat shipments”, he says. In his view, the genetics of the 28 breeds that bear a genealogical register in the Country, could be traded. “It is one of the best genetic materials in the world”, he points out. Such an achievement, along with higher domestic consumption, sales abroad and regular supplies, depends on a lot of hurdles that still need to be surmounted. The president of Arco recalls the need to qualify the workforce for appropriate management of the ovine herds, besides more attention from rural extension agents responsible for this activity. “Ovine herds fit perfectly into crop-herd rotation schemes, as they cause little compaction problems, are ready for slaughter in a short time, and their manure remains in soil”, he observes. | 119 | Em busca da antiga nobreza Inor Ag. Assmann Produção de lã, que fez a riqueza das fazendas gaúchas, quer recuperar o espaço perdido diante da queda do rebanho e da valorização da carne In search of traditional nobility Wool production, which used to be a source of wealth on the farms in Rio Grande do Sul, is now trying to make a comeback in light of the smaller flock and the higher prices of the meat | 120 | A lã oriunda da tosquia das ovelhas é um produto que já fez a riqueza de muitos fazendeiros gaúchos. Isso foi no tempo em que o Rio Grande do Sul possuía rebanho ovino de 12 milhões de cabeças e a carne era considerada produto menos nobre. Nos últimos 40 anos, houve gradual redução dos animais criados, a ponto de, atualmente, o plantel não passar de 4 milhões de indivíduos. Com isso a fibra, própria para o clima frio, também perdeu espaço. A crise da lã pode ser medida pelo número de cooperativas dedicadas à atividade. Na década de 1970, existiam 15 empreendimentos no Rio Grande do Sul. Hoje, são apenas três, nos municípios de São Gabriel, Quaraí e Jaguarão. Mesmo assim, o Estado continua sendo responsável por mais de 90% da produção nacional, com 10,7 milhões de quilos em 2011, do total nacional de 11,8 milhões de quilos, conforme levantamento do Ins- tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O restante está distribuído por Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Goiás. O presidente da Federação das Cooperativas de Lã do Brasil (Fecolã), Álvaro Lima da Silva, explica que a lã se desvalorizou ao longo das últimas décadas. “A concorrência com a fibra sintética fez com que houvesse menos demanda”, justifica. Por outro lado, a comercialização formal de carne ovina cresceu, relegando a segundo plano o resultado da tosquia. “Virou um nicho de mercado”, avalia Álvaro da Silva. Em torno de 80% da lã produzida no Brasil segue para o mercado externo, principalmente o Uruguai. O presidente da Fecolã explica que o tipo de fibra retirada do rebanho ovino brasileiro não é adequado para a confecção de tecidos mais finos, chamados de lã fria. Para essa Wool is removed from sheep by a shearing process, and it used to be a source of wealth for lots of farmers throughout the State of Rio Grande do Sul. This happened at a time when the State had a flock of 12 million head and the meat was not seen as a noble ingredient. Over the past 40 years, the flock began to decrease gradually and, currently, it consists of approximately 4 million head. As a result, the fiber, appropriate for cold climates, also lost its allure. The wool crisis is proportional to the number of cooperatives devoted to the activity. In the 1970s, there were 15 wool industries in Rio Grande do Sul. Now there are only three, located in the municipalities of São Gabriel, Quaraí and Jaguarão. Nevertheless, the State is still responsible for 90% of the total national production volumes, with 10.7 million kilos in 2011, of the national total of 11.8 million kilos, according to a survey by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE). The rest is produced in the States of Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais and Goiás. The president of the Brazilian Federation of Wool Cooperatives (Fecolã), Álvaro Lima da Silva, explains that wool lost its allure over the past decades. “Competition with synthetic fiber adversely affected demand”, he justifies. On the other hand, formal sheep meat sales soared to the detriment of the sheep shearing process. “It has become a market niche”, says Álvaro da Silva. Around 80% of the wool produced in Brazil is shipped abroad, especially to Uruguay. The president of Fecolã explains that the type of fiber produced by Brazilian sheep is not very appropriate for fine fabrics, known as cool wool. To this end, the national textile industries need to import the raw material. finalidade, as indústrias nacionais necessitam importar matéria-prima. Conforme o presidente da Fecolã, a fim de obter produto com mais qualidade, é necessário investir no melhoramento do rebanho. O resultado, acredita, virá pelas linhas de crédito do programa Mais Ovinos no Campo, do governo gaúcho. A iniciativa prevê financiamento para aquisição de matrizes e reprodutores e para a retenção de fêmeas nas propriedades. Na avaliação de Álvaro da Silva, a produção de lã ovina é uma atividade remuneradora. A raça Corriedale, que representa 70% do rebanho brasileiro, estava cotada em abril de 2013 em média de R$ 3,00 pelo quilo. “Um bom animal produz em torno de quatro quilos de lã”, observa. Sendo assim, o produtor pode ficar de olho no mercado, com a expectativa de que se verifique um inverno rigoroso. According to the president of Fecolã, if a better quality product is to be obtained, there is need to invest in genetic enhancement of the flock. The result, he believes, will come from the credit lines provided by the ‘More Sheep on the Field’ program, staged by the state government of Rio Grande do Sul. The initiative is focused on the acquisition of male and female sheep for propagation purposes and for retaining the female sheep on the farm. In Álvaro da Silva’s view, the production of wool is a remunerating activity. The wool from the Corriedale breed, which accounts for 70% of the Brazilian herd, was fetching R$ 3.00 per kilo. “A healthy animal produces around four kilos of wool”, he observes. Under such circumstances, sheep farmers had better keep an eye on the market, with the expectation for a very cold winter. peso leve | light weight Produção brasileira de lã (quilos) Estado Rio Grande do Sul Paraná Santa Catarina Mato Grosso do Sul São Paulo Minas Gerais Goiás Brasil 20112010 10.757.092 10.687.609 603.238511.134 268.296 268.991 103.914 104.680 64.246 65.297 7.703 8.508 990130 11.805.47911.646.349 Fonte: IBGE | 121 | Sílvio Ávila Novos horizontes Criação de caprinos está concentrada no Nordeste, onde a carne e o leite praticamente se restringem ao consumo em pequenas propriedades A caprinocultura, nos segmentos de carne e de leite, é vista como atividade com grande potencial econômico, principalmente para o Nordeste, onde se localiza mais de 90% do rebanho brasileiro. O alcance desse patamar, no entanto, depende da organização da cadeia produtiva. A criação, salvo pouquíssimas exceções, é restrita às propriedades familiares, onde os animais são usados para a subsistência. Conforme o pesquisador Espedito Cezário Martins, da Embrapa Caprinos e Ovinos, sediada em Sobral (CE), o rebanho nacional cresceu 36% entre os anos 1970 e o começo dos 2000. Na última década, entretanto, se estabilizou. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que em 2011 havia 9,3 milhões de cabeças no Brasil, com crescimento de apenas 0,7% sobre o | 122 | ano anterior. Desse total, 8,5 milhões de exemplares estavam no Nordeste. Tornar a carne e o leite de caprinos um atrativo para o paladar do brasileiro é um grande desafio. O pesquisador Cesário Martins acredita que, por ser uma atividade conduzida em nível de pequeno produtor, não há a devida valorização. “O que chega ao mercado geralmente são animais velhos. Por isso, as pessoas não gostam”, explica. Além disso, a informalidade impera e o comércio legalizado é praticamente nulo. De acordo com o pesquisador da Embrapa, existem apenas três ou quatro frigoríficos específicos para abate do rebanho caprino no País, na Bahia e em Pernambuco, os dois principais estados produtores. Em seu entender, a irregularidade da oferta atrapalha o crescimento do setor. A solução, enfatiza, seria a formação de associa- ções com visão empreendedora. Para Martins, o leite terá mais chance de sucesso mercadológico do que a carne, que deve continuar sendo consumida mais no Nordeste. O pesquisador vislumbra a possibilidade de comercialização na forma de longa vida e em pó, além da confecção de queijos. Experiências nesse sentido já podem ser vistas em algumas fazendas na serra do Rio de Janeiro e em Minas Gerais. “É um diferencial interessante, pois atinge o público classe A”, observa. No Nordeste, o consumo de leite de cabra é muito comum, mas o comércio não é organizado. O pesquisador da Embrapa explica que os criadores estão, aos poucos, conseguindo colocar o produto no mercado por meio de iniciativas governamentais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e a inclusão na merenda escolar. New horizons Inor Ag. Assmann Goat farming is mostly concentrated in the Northeast, where the meat and milk are almost entirely consumed on small holdings Goat farming, in the segments of milk and meat, is viewed as an activity with huge economic potential, particularly in the Northeast, where more than 90% of the Brazilian herd is located. The achievement of this potential, nonetheless, depends on the organization of the supply chain. For the time being, with very rare exceptions, goats are raised on family farms, mostly for subsistence purposes. According to researcher Espedito Cezário Martins, of Embrapa Caprines and Ovines, based in Sobral (CE), the national herd grew 36% from the 1970s and to early 2000. Over the past decade, however, it remained steady. Data released by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) reveal that in 2011 there were 9.3 million head, up only 0.7% from the previous year. Of this total, 8.5 million head were in the Northeast. The great challenge lies in making goat meat and milk more pleasing to the palate of Brazilian people. Researcher Cesário Martins believes that, because goat farming is still a family business, not much value is attributed to it. “The fact is, normally, old animals reach the consumer market, and this is something people do not like”, he explains. Furthermore, informal sales predominate and legal trade does not exist. According to the Embrapa researcher, there are only three or four meat packing plants throughout the Country that slaughter goats. They are located in the States of Bahia and Pernambuco, the two leading producers. He understands that irregular supplies curb the growth of the sector. The solution, he maintains, lies in the creation of associations with an entrepreneurial vision. cabra bom | good goat Rebanho brasileiro de caprinos (cabeças) Estado Bahia Pernambuco Piauí Ceará Paraíba Rio Grande do Norte Maranhão Outros Brasil 20112010 2.741.8182.847.148 1.925.7781.735.051 1.381.9491.386.515 1.044.9981.024.594 580.867600.607 406.616 405.983 369.450373.144 934.840939.742 9.386.3169.312.784 Fonte: IBGE Martins believes that goat milk is more likely to be successful in the market than the meat of this animal, once the consumption of the latter is restricted to the Northeast. The researcher spots a chance for goat milk to be traded in the form of powder and cheeses. Experiments of this kind are now being conducted on farms in the Sierra Region in Rio de Janeiro and Minas Gerais. “It makes an attractive difference, as it reaches class A people”, He observes. In the Northeast, the consumption of goat milk is very common, but there is no organized trade. The Embrapa researcher explains that, the goat farmers are gradually having the chance to take their product to the market, thanks to government initiatives, like the Food Acquisition Program (FAP) and its inclusion in school meals. | 123 | Eventos Robispierre Giuliani events Onde os campeões se encontram Expointer, maior exposição feira agropecuária da América Latina, prepara-se para alcançar novo recorde de público e comercialização | 124 | A 36ª Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários (Expointer 2013), que acontecerá de 24 de agosto a 1º de setembro deste 2013, tem tudo para consolidar recorde em público e em comercialização. O evento anual, que se realiza no Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS), é a principal mostra do agronegócio na América Latina e registra a maior concentração de raças bovinas, ovinas, bubalinas, equinas, suínas e de pequenos animais e de aves do Brasil e dos países vizinhos. “É um referencial da qualidade genética dos rebanhos e da excelência em produção de carnes e de produtos animais do Rio Grande do Sul, bem como em máquinas, equipamentos, produtos de agricultura familiar e artesanato comercializados na feira”, relata o secretario Luiz Fernando Mainardi, da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul. O presidente da 36ª Expointer, Telmo Mota, destaca que o número de animais está represado pela limitação de espaço do Parque Assis Brasil. “As associações, principalmente de bovinos, ovinos e cavalos crioulos, realizam eliminatórias ou triagens para trazer à Expointer só os animais que se destacam na elite de cada raça”, explica. Em 2013, a expectativa é de que a exposição supere público de meio milhão de pessoas, após registrar 478.317 visitantes na 35ª edição. A comercialização pode aumentar entre 10% e 15%, após a cifra histórica de R$ 2.036.286.825,60 movimentados em 2012. O segmento de máquinas gerou R$ 2,02 bilhões em negócios e os leilões de animais totalizaram R$ 13,7 milhões. Em crédito rural, as instituições financeiras liberaram R$ 1,56 bilhão. A Expointer 2012 foi realizada em um ano no qual o Rio Grande do Sul teve quebra agrícola superior a 40% na safra de verão. “Com a evolução das cotações em 2012 e com o bom momento da agricultura e da pecuária, acreditamos que a comercialização será maior”, destaca Telmo Mota. O público, no entanto, dependerá do clima. “Durante a Expointer sempre costuma chover. Vamos ver como o público se comportará”, comenta. Mesmo apresentando animais e raças representativas de todo o Brasil, a exposição é considerada marco referencial da qualidade genética do rebanho gaúcho, onde predominam raças bovinas europeias, ao contrário do restante do Brasil, onde os zebuínos dominam a paisagem. O mesmo acontece com ovinos de lã, uma vez que o restante de País, de clima tropical, prefere as raças deslanadas. “Os animais que estão na Expointer são raçadores, a elite do nosso rebanho e a garantia de que o melhoramento genético seguirá trazendo melhores números em produtividade pecuária e produção de carne diferenciada pela qualidade”, considera o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul, Carlos Sperotto. Para ele, o evento não apenas é uma festa da pecuária e do agronegócio brasileiro, mas um espaço de muitos debates, difusão tecnológica, avaliação da qualidade dos plantéis de elite e dos rebanhos, construção de uma pauta setorial e de políticas agropecuárias destinadas à produção rural. “É um grande fórum da agropecuária brasileira e do Mercosul”, resume. | 125 | Where the winners meet Expointer, the largest livestock exposition in Latin America, is getting ready to celebrate a new record of visitors and sales | 126 | cial institutions liberated R$ 1.56 billion. Expointer 2012 was held in a year when Rio Grande do Sul suffered a 40-percent frustration in the summer crops. “With the evolution of the prices in 2012 and with the good moment agriculture and livestock operations are experiencing, we believe in more sales this year”, says Telmo Mota. The amount of people expected at the event will depend a lot on the weather conditions. “It usually rains during the event. It remains to be seen how people will react”, he comments. Although exhibiting breeds from all over Brazil, the exposition is viewed as a reference of the genetic quality of the Rio Grande do Sul herd, where European bovine breeds predominate, contrary to the rest of Brazil, where zebu breeds prevail in the landscape. This holds true for wool sheep breeds, once the rest of the Country prefers wooless breeds. “Purebred livestock predominate at Expointer, the elite of our herd and an assurance that genetic enhancement will continue improving the numbers in productivity and in the production of high quality meat”, comments the president of the Livestock and Agriculture Federation of Rio Grande do Sul, Carlos Sperotto. In his view, the event is not just an agribusiness and livestock celebration, but a time for debates, technology innovations, assessment of the quality of the elite herds and of the animals in general, for the construction of a sectoral agenda and agricultural policies destined for rural activities. “It is a relevant forum for Brazilian and Mercosur Livestock operations”, he summarizes. Robispierre Giuliani The 36th International Livestock, Machinery, Implements and Agricultural Products Exposition (Expointer 2013), to be held August 24 through September 1, has every chance to consolidate records in people and sales. The annual event, held at State Exposition Park Assis Brasil, in Esteio (RS), is the main agribusiness show in Latin America and registers the biggest concentration of bovine, ovine, bubaline, equine and pig breeds, and also small animals, like birds from Brazil and neighboring countries. “It is a reference in genetic quality of the herds and of the excellence in the production of meat and animal based products in Rio Grande do Sul, as well as in machinery, equipment, family farming produce, and homemade crafts, sold at the fair”, says State Secretary of Agriculture, Livestock and Agribusiness in Rio Grande do Sul, Luiz Fernando Mainardi. The president of the 36th Expointer, Telmo Mota, comments that the number of animals is limited by the little space available at Assis Brasil Park. “The associations, particularly bovine, ovine and creole horses carry out preliminary selections so as to bring to the event only the elite of their purebred and all-breed livestock”, he explains. In 2013, the expectation is for the exposition to attract upwards of half a million people, after registering 478,317 visitors at the 35th edition. Sales are poised increase by 10% to 15%, after the historical record of R$ 2,036,286,825.60 in 2012. The machinery segment generated R$ 2.02 billion in businesses, while livestock auctions totaled R$ 13.7 million. In terms of rural credit lines, the finan- PONTOS DE ENCONTRO events 36ª Expoleite/9ª Fenasul Data: 15 a 19 de maio de 2013 Local: Parque Assis Brasil – Esteio (RS) Contato: (51) 3336-2533/2067 E-mail: [email protected] 5º Congresso Brasileiro de Qualidade do Leite Data: 10 a 12 de junho de 2013 Local: Hotel Majestic, Águas de Lindoia (SP) Contato: (14) 3880-2090/2094 E-mail: [email protected] Inor Ag. Assmann Feicorte 2013 19ª Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne Data: 17 a 21 de junho de 2013 Local: Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo (SP) Contato: 11 5067-6767 E-mail: [email protected] Site: www.feicorte.com.br | 128 | Tecnocarne 2013 11ª Feira Internacional de Tecnologia para Indústria da Carne Data: 13 a 15 de agosto de 2013 Local: Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo (SP) Contato: 11 3598-7814 E-mail: [email protected] Site: http://www.tecnocarne.com.br Expointer 2013 36ª Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários Data: 24 de agosto a 1º de setembro de 2013 Local: Parque Estadual de Exposições Assis Brasil - Esteio - RS Contato: (51) 3288-6223/ 6225 E-mail: [email protected] Site: http://www.expointer.rs.gov.br 16ª Expovinos Data: 10 a 14 de julho de 2013 Local: Araçatuba (SP) Contato: (18) 3441-1785 E-mail: [email protected] Site: http://www.expoaracatuba.com.br Congresso Internacional da Carne Data: 25 a 27 de junho de 2013 Local: Centro de Convenções de Goiânia – Goiânia (GO) Contato: (62) 3241-3939 E-mail: [email protected] Site: http://www.congressodacarne2013.com.br/ Agroleite 2013 Data: 12 a 16 de agosto de 2013 Local: Parque de Exposições Dario Macedo, Castrolanda (PR) Contato: (42) 3234-8000 E-mail: [email protected] Expogenética Data: 17 a 25 de agosto de 2013 Local: Parque Fernando Costa (ABCZ) – Uberaba (MG) Contato: (34) 3319-3900 E-mail: [email protected] Site: http://www.abcz.org.br/expogenetica 26ª Expovelha Data: 10 a 20 de outubro Local: Lençóis Paulista (SP) Contato: (14) 3263-1411 E-mail: [email protected] Site: http://www.arlp.com.br/ X Congresso Simpósio de Melhoramento Animal Data: 18 a 23 de agosto de 2013 Local: Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG) Contato: (31) 3899-3319 E-mail: [email protected] Site: http://sbmaonline.org.br Fenagro 2013 Data: 26 de novembro a 08 de dezembro de 2013 Local: Parque de Exposições - Salvador (BA) Contato: (71)3375-4575 E-mail: [email protected] Site: http://www.centraldasexposicoes.com.br/fenagro/ L.BR.AH.2012-10-02.0186 Soluções Integradas John Deere para pecuária. 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