Anuário brasileiro do
Transcrição
Anuário brasileiro do
Milho 2013 Anuário brasileiro do 997718083420134 ISSN 1808-3420 Brazilian Corn Yearbook Inor Ag. Assmann Expediente Publishers and Editors EDITORA GAZETA SANTA CRUZ LTDA. CNPJ 04.439.157/0001-79 Diretor-presidente: André Luís Jungblut Diretor-de-Conteúdo: Romeu Inacio Neumann Diretor-Comercial: Raul José Dreyer Diretor-administrativo: Jones Alei da Silva Diretor-Industrial: Paulo Roberto Treib Anuário Brasileiro do Milho 2013 Editor: Romar Rudolfo Beling; textos: Benno Bernardo Kist, Cleiton Evandro dos Santos, Cleonice de Carvalho, Erna Regina Reetz, Heloísa Poll e Cláudia Priebe; supervisão: Romeu Inacio Neumann; tradução: Guido Jungblut; fotografia: Sílvio Ávila, Inor Assmann (Agência Assmann), Robispierre Giuliani e divulgação de empresas e entidades; projeto gráfico e diagramação: Márcio Oliveira Machado; arte de capa: Márcio Oliveira Machado, sobre fotografia de Sílvio Ávila; edição de fotografia e arte-final: Márcio Oliveira Machado; marketing: Maira Trojan Bugs, Tainara Bugs e Rafaela Jungblut; supervisão gráfica: Márcio Oliveira Machado; distribuição: Simone de Moraes; impressão: Gráfica Coan, Tubarão (SC). Ficha A636 Anuário brasileiro do milho 2013 / Benno Bernardo Kist ... [et al.]. – Santa Cruz do Sul : Editora Gazeta 136 p. : il. ISSN 1808-3420 Santa Cruz, 2013. 1. Milho – Brasil. 2. Milho – Cultivo. I. Kist, Benno Bernardo. CDD : 633.150981 ISSN 1808-3420 CDU : 633.15(81) É permitida a reprodução de informações desta revista, desde que citada a fonte. Reproduction of any part of this magazine is allowed, provided the source is cited. 2 Rua Ramiro Barcelos, 1.224, CEP: 96.810-900, Santa Cruz do Sul, RS Telefone: 0 55 (xx) 51 3715 7940 Fax: 0 55 (xx) 51 3715 7944 E-mail: [email protected] [email protected] Site: www.editoragazeta.com.br Catalogação: Edi Focking CRB-10/1197 fmcagricola.com.br Mais poder de transformação para a semente. • Inseticida para tratamento de semente com o balanço ideal para novas tecnologias • Fórmula FMC: proporciona ação sistêmica e de contato • Efetivo controle de percevejos • Protege a raiz e a parte aérea da planta • Excelente arranque inicial e velocidade na emergência Rocks. Transformando sementes em resultados. Conheça também outras soluções FMC para milho: 350 EC ATENÇÃO ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DEFESA VEGETAL Este produto é perigoso à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Leia atentamente e siga rigorosamente as instruções contidas no rótulo, na bula e receita. Utilize sempre os equipamentos de proteção individual. Nunca permita a utilização do produto por menores de idade. Faça o Manejo Integrado de Pragas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos. Uso exclusivamente agrícola. CONSULTE SEMPRE UM ENGENHEIRO AGRÔNOMO. VENDA SOB RECEITUÁRIO AGRONÔMICO. Fazendo Mais pelo Campo Inor Ag. Assmann Sumário Summary Apresentação 06 Introduction Artigo Especial 12 Special Article Produção 16 Production Mercado 36 Market Perfil 64 Profile Pesquisa 88 Research Trigo 104 Whealt Sorgo 114 Sorghum Pipoca 124 Popcorn painel 130 Panel Eventos 132 Events 4 financiado pelo FINAME BNDES COM O IPANEMA É MAIS FÁCIL E A PRODUTIVIDADE VAI ÀS ALTURAS O Ipanema vem contribuindo para a trajetória de sucesso do o solo, pousa e decola, mesmo em pistas rústicas. Além disso, agronegócio do Brasil, há mais de 40 anos, com a mesma tem fácil manutenção. certeza de produtividade, que passa de geração para geração. Fabricado pela Embraer, o Ipanema é o único avião no mundo Continua sendo a melhor forma para realizar diversas tarefas a ser movido também a etanol. Ter um avião Ipanema ou no campo. É possível utilizar em todos os tipos de terreno, solicitar os serviços de um é mais fácil do que você imagina. mesmo após as chuvas. Não amassa a cultura, não compacta Consulte o site: www.aeroneiva.com.br. Embraer Botucatu 0800 772-8426 www.aeroneiva.com.br Sílvio Ávila Apresentação O sol brilha 6 N o período anterior à chegada dos europeus ao continente americano, os incas, que habitavam grande parte do território hoje compreendido pela América do Sul, tinham no milho uma de suas bases alimentares. Mais do que um produto essencial, consumido sob as mais variadas formas, esse grão, por sua coloração, era associado ao sol, o grande elemento inspirador de toda essa cultura. A própria palavra “inca” significa “filho do sol”, de maneira que o milho era a principal fonte energética para esse povo. Pois hoje, cinco séculos depois da chegada dos espanhóis, logo seguidos pelos portugueses, e com a ocupação de todo o continente, não seria exagero dizer que o milho passa a ter, na realidade do Brasil, significado igualmente formidável para a sustentabilidade nacional. Onde quer que um indivíduo ande, do Norte ao Sul, do Leste ao Oeste, em pequenas hortas, em chácaras, em beiras de estradas, e cada vez mais nas grandes e extensas propriedades conduzidas de maneira empresarial, as espigas de milho estão presentes. Essa lavoura nunca ficou ignorada na atenção dos produtores. No entanto, por questões de valorização e demanda no mercado interno ou externo, durante vários anos o carro-chefe na economia rural eram outras atividades, como a criação de gado ou, mais recentemente, a soja. Claro que inclusive a pecuária (de corte ou de leite), as aves, os suínos, os ovinos, ou qualquer outra criação animal, sempre tiveram no milho um sustentáculo alimentar. Porém, nos últimos anos, e particularmente a partir da decisão dos Estados Unidos de aproveitar esse cereal na elaboração de etanol, o Brasil passou a vislumbrar no milho oportunidade comercial sem precedentes. O avanço da produção dos grãos em geral em ambiente de cerrado, no Centro-Oeste e no Nordeste, levou o milho em sua esteira. Seja como a cultura principal da safra de verão, seja em cultivo tardio, numa segunda safra, em sequência à soja ou a outras plantações, hoje as espigas fazem a fortuna dos agricultores. O incremento na demanda do grão em âmbito internacional, numa competição entre a indústria da alimentação e a de energia, acirra a procura e, com isso, a valorização é cada vez mais favorável aos produtores. Neste cenário, como se pode conferir nas reportagens a seguir, o Brasil torna-se, em 2013, nada menos que o maior fornecedor mundial de milho, feito praticamente inimaginável até muito recentemente. Com o entusiasmo, e com terra disponível, solo apropriado e clima favorável, novo recorde de colheita deve ser alcançado já na temporada 2012/13, agora batendo na impressionante casa de 80 milhões de toneladas. Há limites para o Brasil? Bem, a depender das necessidades internacionais de matéria-prima para as criações animais e na alimentação humana, assim como a crescente demanda energética, azar de quem duvide da capacidade desta nação. Para o brasileiro, o milho também é uma espécie de sol. Quanto mais ele brilha, mais o País cresce, mais se desenvolve, mais qualidade de vida se registra, em todos os recantos nacionais. Boa leitura. 7 Introduction Inor Ag. Assmann The sun I is shining n the period prior to the arrival of the Europeans in the American continent, corn was a major staple in the diet of the Incas, who occupied a huge part of the territory of South America. More than an essential food item, consumed in a variety of forms, this kernel, because of its color, was associated with the sun, the element of inspiration of this culture. The word “Inca” itself means “Son of the Sun”, with corn being the main source of energy for these people. Nowadays, five centuries after the Spanish arrival, soon followed by the Portuguese, and with the entire continent fully occupied, it is not an overstatement to say that corn assumes, in the Brazilian reality, an equally formidable role in our environmental sustainability. Wherever you go, from North to South, East to West, in small vegetable gardens, on family farms, alongside roads, and increasingly in big commercial farms, corn ears are always there. This crop has never been ignored by the farmers. Nonetheless, for reasons of value and demand, both at home and abroad, for many years, the leading players in the rural activity were cattle breeding operations or, more recently, soybean cropping. Of course, cattle farming (beef or milk), poultry, pigs, sheep, or any other animal rearing operation, have always relied on corn for their feed needs. Nevertheless, over the past year, and particularly after the decision taken by the United States to use the cereal for making ethanol, Brazil began to consider corn as an unprecedented trade opportunity. In the cerrado regions of the Center-West and Northeast, in general, corn followed on the heels of other cereals. Whether as a main summer crop, or in late plantings, or as a second crop right after soybean, corn ears are now a source of wealth for family and commercial farmers. The ever-increasing demand for the kernel at international level, in competition between the food industry and energy concerns, makes demand even tighter, thus adding value to the cereal, ultimately benefiting the growers. In this scenario, clearly depicted in the pages that follow, in 2013, Brazil assumed its position as leading global corn supplier, something unimaginable some years ago. With enthusiasm, much land available, appropriate soil and favorable climate conditions, a new bumper crop is likely to be harvested in the 2012/13 cycle, reaching impressive 80 million tons. Are there any limits to Brazil? Well, judging from the international needs for raw material for the production of livestock feed and human food, as well as the soaring energy needs, it is unlucky for those who do not believe in the capacity of this nation. For Brazilian people, corn is also a kind of sun, and the more its shines, the more the Country progresses. There is more development and better quality of life in every corner across the entire territory. Happy reading! 8 PLANO AGRÍCOLA E PECUÁRIO 2013/2014. COMEÇAR COM CRÉDITO É MUITO MAIS FÁCIL. O Brasil é um dos líderes da agropecuária no mundo, com recordes de produção a cada ano. Praticamente tudo o que os brasileiros consomem passa pela cadeia produtiva do agronegócio, o que movimenta a economia e garante cerca de 30 milhões de empregos no país. Parte da produção é exportada, contribuindo significativamente para a balança comercial. Por isso, investir na agropecuária é investir no Brasil. Com o Plano Agrícola e Pecuário 2013/2014, mais de 5 milhões de propriedades rurais podem contar com crédito para desenvolver a produção: insumos, equipamentos, irrigação, armazenagem e muito mais. E assim continua o ciclo de crescimento. R$ 136 BILHÕES PARA PLANTAR, COLHER E GARANTIR ABASTECIMENTO. É MELHORIA DE RENDA E MAIS ACESSO AO SEGURO RURAL. INFORME-SE: 0800 704 1995 | AGRICULTURA.GOV.BR FACEBOOK.COM/MINAGRICULTURA Artigo Especial A revolução alimentar do mundo Alysson Paolinelli Presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) Q uando os espanhóis desembarcaram na America do Norte, em meados do século XVI, depararam-se com uma civilização – os maias – que tinha como alimento básico um grão de cor amarelada, jamais visto em outras partes do mundo. Era o milho (Zea mays), imediatamente provado, aprovado e transferido para a Europa, de onde em pouco tempo se espalharia para as demais regiões do globo terrestre, tornando-se universal e transformando-se no que hoje é o cereal de maior nível de produção e de consumo mundial, com 850 milhões de toneladas, contra 650 milhões de toneladas do arroz, o segundo colocado. Nenhuma outra cultura agrícola tampouco foi mais estudada e pesquisada no mundo científico, fazendo com que seus rendimentos, medidos em quilos por hectare, alcançassem médias superiores a 10.000 kg/ha em vários países (Estados Unidos, Canadá, França, Argentina etc), chegando mesmo a 13-15.000 kg/ha em várias regiões do planeta, inclusive no Brasil. O arroz, também segundo colocado, não passa de 8.000 kg/ha. Num mundo carente de novas áreas agrícolas, esse predicado é de fundamental importância. As proteínas animais atualmente consumidas pelo homem – carnes de boi, porco, aves, ovos e leite – são produzidas a partir de dois insumos básicos: milho e proteínas vegetais (de soja principalmente). Ou seja, sem o maravilhoso grão amarelo, o homem moderno teria sérios problemas de saúde por deficiência proteica, para não dizer de crianças, cujo desenvolvimento fisiológico, principalmente mental, está diretamente associado ao 12 adequado consumo de proteínas. Lamentavelmente, o futuro próximo – 10 anos ou mais – não parece estar assegurado com um abastecimento satisfatório desse cereal. Rápido crescimento da renda e da população de alguns países populosos da Ásia levará a um aumento de necessidade futura de difícil satisfação. Estudos desenvolvidos no âmbito da Abramilho concluíram que a demanda por milho em 2020 será o dobro do consumo atual, ou mais 400 milhões de toneladas. Para elas, seriam necessários mais 65 milhões de hectares, mesmo considerando-se um crescimento de produtividade média de 20% no período. Todas as terras novas teriam que ser alocadas para a produção de milho a fim de lograr essa produção, o que não é realista, levando à conclusão de que os preços inevitavelmente subirão, tirando do mercado de consumo os menos favorecidos de renda, principalmente na África negra, que já lidera a ordem dos famélicos do mundo. O que fazer? Primeiramente, todos no mundo devem ser informados dessa realidade, de modo que se possa iniciar imediata discussão. Algumas pistas, porém, são alentadoras. Primeiro, não obstante ser o milho a lavoura de mais alto rendimento por área, essas mesmas produtividades têm enorme variação entre países e inter-países. Ou seja, tecnologia há, mas o emprego dela é deficiente, podendo-se aumentar muito a produção sem incorporação de áreas novas. Segundo, a aceitação de novas tecnologias, principalmente a transgenia, por parte de comunidades ainda reticentes. Terceiro, a liberação de mercados internacionais do produto e de seus derivados (carnes, leite etc). A recente criação da Aliança Internacional do Milho (Maizall), iniciativa de produtores de milho brasileiros, argentinos e americanos, poderá trazer substancial ajuda nessa busca de soluções. 13 Sílvio Ávila Special Article Global food revolution Alysson Paolinelli Executive president of the Brazilian Corn Farmers Association (Abramilho) W hen the Spanish landed in North America, in the mid-1600s, they came across a civilization - the Mayas – whose staple food was a yellow kernel, never seen in any other part of the world. It was maize (Zea mays), immediately tasted and approved and taken to Europe, from where it soon made its way to all the other regions around the globe, acquiring an international status and turning into the cereal that is now most produced and consumed in the world, with a total of 850 million tons, against 600 million tons or rice, which ranks as second. No other agricultural crop has ever been so deeply studied and scientifically investigated, resulting into yields, measured in kilos per hectare, that reach up to 10,000 kg/ha in several countries (the United States, Canada, France, Argentina etc), and in various regions across the planet, Sílvio Ávila inglês 14 including Brazil, productivity rates are as high as 13-15,000 kg/ha. The performance of rice, ranking second, remains at 8,000 kg/ha. In a world with a shortage of new arable lands, this attribute plays a fundamental role. Animal proteins consumed by humans – beef, pork. Chicken, eggs and milk - are produced from two basic inputs: maize and vegetable proteins (particularly soybean). That is to say, without the marvelous yellow kernel, modern day people would face serious health problems stemming from protein deficiency, not to mention the children, whose physiological development, especially mental, is directly linked to appropriate consumption of proteins. Unfortunately, the near future – 10 years or more – will not count on satisfactory supplies of this cereal. Soaring income and rising population in some big Asian countries will lead to soaring demand that is difficult to fulfill. Studies developed at Abramilho concluded that, by 2020, demand for corn will double present consumption levels, or 400 million tons. This would require an extra 65 million hectares, even considering an average growth of 20% in productivity over the period. All new arable lands should be devoted to maize if such production volume is to be achieved, a fact that transcends reality, leading to the conclusion that prices will inevitably skyrocket, preventing the poor populations from having access to this commodity, especially in African countries, home to the biggest numbers of hungry people around the globe. What has to be done? Firstly, all people around the globe should be made aware of this reality, so as to start a debate immediately. Nonetheless, some tips are very encouraging. In the first place, although maize is the crop with the biggest productivity per area, this productivity varies considerably from country to country and between countries. Or else, there is technology, but there is still deficiency in its use, meaning that productivity could be increased without the incorporation of new areas. Second, the adoption of new technologies, particularly genetically modified cultivars, by communities that are still lagging behind. Third, The liberation of the international market for the crop and its byproducts (meat, milk, etc). The recent creation of the International Maize Alliance (Maizall), initiative taken by corn growers from Brazil Argentina and the United States, could be a good help in this search for solutions. Sílvio Ávila Produção Fazendo história O clima afetou a colheita nos principais países concorrentes e o Brasil deve fechar a safra 2012/13 como o maior exportador mundial de milho 16 N unca antes na história o milho esteve tão valorizado. O cereal multiuso deve fechar pela segunda safra consecutiva com recorde de produção no Brasil. Com problemas climáticos afetando os principais concorrentes, abriram-se as cancelas para o aumento também das vendas externas e em 2012 o País atingiu volumes e faturamento até então inimagináveis. O cenário encontrado em 2012 possivelmente não se repetirá em 2013. Pelo menos, é isso o que se vislumbra no horizonte em meados do ano. Indo contra a lei natural da oferta e da procura, pela qual em tempos de grande quantidade disponível os preços despencam, a situação no ciclo 2011/12 foi de altas cotações, mesmo com a colheita farta de 72,9 milhões de toneladas. Para o período 2012/13, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em seu relatório de junho de 2013, prevê outra temporada com colheita recorde, com total estimado em 78,4 milhões de toneladas de milho. A maior parte do cereal deve ser cultivado na segunda safra (a antiga safrinha), em função de um investimento maior em soja no ciclo principal. Em 2012, a frustração nas plantações dos Estados Unidos, país que cada vez mais tem direcionado o milho à produção de etanol, levou o Brasil a ocupar a fatia deixada pelos principais concorrentes no mercado internacional. No mesmo período, outros importantes fornecedores do cereal – Ucrânia e Argentina – também apresentaram retração na produção em virtude do clima desfavorável. Esse contexto deve levar o Brasil a um feito inédito: ser o maior exportador mundial de milho no ciclo 2012/13, considerando-se o período de outubro a setembro. Conforme relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), de junho de 2013, serão 26,5 milhões de toneladas embarcadas. Se a previsão se confirmar, o País, que tradicionalmente ocupa a terceira colocação entre os fornecedores do cereal, vai superar seus maiores concorrentes, Estados Unidos e Argentina. Em 2012, o Brasil já havia batido o recorde de exportações do grão, fechando com 19,772 milhões de toneladas vendidas, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O desempenho foi 109,02% superior ao das vendas de 2011. Na receita obtida, o crescimento foi de 101,38%, chegando a US$ 5,285 bilhões. Analistas não apostam em duas safras consecutivas com problemas climáticos no hemisfério norte. Por isso, a tendência para 2013 é de que tudo volte ao normal e os Estados Unidos recuperem o posto de maior fornecedor mundial de milho. Tradicionalmente, o país é responsável por cerca de 50% do mercado exportador do grão. De acordo com o relatório do USDA, de junho de 2013, no ciclo 2012/13 a produção mundial deverá ser de 965,939 milhões de toneladas de milho, saltando para 962,582 milhões de toneladas na temporada 2013/14. A previsão para os Estados Unidos é de colheita de 273,832 milhões de toneladas na safra que fecha em outubro de 2013 e de 355,743 milhões de toneladas na seguinte. O Brasil ocupa a terceira posição no ranking, atrás da China, com estimativa de 77 milhões e 72 milhões de toneladas, respectivamente, de acordo com o órgão oficial norte-americano. 17 Production Making history N Sílvio Ávila All major competitors suffered from climate induced problems, turning Brazil into the largest global exporter of corn in 2012 18 ever before in history has corn been so highly valued. The multipurpose cereal is celebrating a record-breaking crop for the second season in a row in Brazil. The climate-induced problems that took a heavy toll on the competitors’ crops paved the way for bigger foreign sales, and in 2012 the Country hit record shipments abroad and raked in revenues never imagined before. The 2012 scenario will certainly not repeat in 2013. At least, this is the feeling hovering over the horizon in mid-year. Contradicting the natural laws of supply and demand, whereby prices plummet in times of plentiful supply, the reality during the 2011/12 cycle pointed to high prices, in spite of the lush 72.9 million ton harvest. For the 2012/13 cycle, the National Supply Company (Conab), in its June 2013 report, anticipates another record corn crop, totaling 78.4 million tons. The biggest portion of the cereal is to be cultivated in the second cycle (former winter crop), by virtue of the bigger investments in summer soybean fields. In 2012, the reduced corn crop in the United States, a country that has increasingly been destining the cereal for the production of ethanol, gave Brazil the chance to take up the chunk left by all major competitors in the international marketplace. During the same time period, other relevant suppliers of the cereal – Ukraine and Argentina – also harvested smaller crops due to unfavorable weather conditions. This context led Brazil to an unprecedented feat: largest global corn exporter in the 2012/13 cycle, considering the October through September time period. According to a report by the United States Department of Agriculture (USDA), published in June 2013, Brazil will ship abroad 26.5 million tons. Should the prediction confirm, the Country, which traditionally ranks as third largest global supplier of the cereal, will outstrip the United States and Argentina. In 2012, Brazil had already hit record exports of corn, with 19.772 million tons shipped abroad, according to data from the Brazilian Secretariat of Foreign Trade (Secex), a division of the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade (Mdic). Performance was up 109.02% from the 2011 sales. Revenue was up 101.38%, totaling US$ 5.285 billion. Analysts never believe in two consecutive crops facing climate problems in the northern hemisphere. Therefore, the trend for 2013 suggests that the United States will recover its leading position as biggest global supplier of corn. Traditionally, that country accounts for 50% of all global corn exports. According to a report by the United States Department of Agriculture (USDA), released in June 2013, in the 2012/13 season, global production should reach 965.939 million tons of corn, receding to 962.582 million tons in the 2013/14 crop year. For the United States, the report anticipates a volume of 273.832 million tons for the season that comes to a close in October 2013, and 355.743 million tons in the next season. Brazil ranks as third biggest producer, with a crop estimated at 77 million and 72 million tons, respectively, according to the North-American organ. Dow Sementes POWERCORE™. UMA NOVA ERA NAS LAVOURAS DE MILHO E LH R O OLA TR M CON 0800 772 2492 | www.dowagro.com.br O melhor banco de germoplasma com a melhor tecnologia de genes combinados Dow AgroSciences. 3 modos de ação para controlar a Lagarta-do-cartucho. Amplo espectro de proteção contra pragas aéreas e do solo. Tolerância a dois herbicidas, facilitando o manejo de ervas daninhas. Redução da Área de Refúgio. MAIS E Soluções para um Mundo em Crescimento ®™Marcas registradas de The Dow Chemical Company ou companhias afiliadas. POWERCORE™ é uma tecnologia desenvolvida pela Dow AgroSciences e Monsanto. POWERCORE™ é uma marca da Monsanto LLC. ™ Inor Ag. Assmann A passos muito largos Safra 2012/13 de milho no Brasil deverá passar a anterior, que já foi a maior da história, quando o cereal superou a soja em quantidade colhida O Brasil vem mostrando o seu potencial como grande produtor de milho e tem atingido resultados expressivos em suas colheitas, provocados pelo bom momento do cereal nos mercados interno e externo. No ciclo 2011/12 havia sido obtida a maior safra da história, com 72,979 milhões de toneladas, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O grão conseguiu a façanha de superar a soja, produto que tradicionalmente é mais demandado, e que naquela temporada ficou em 66,383 milhões de toneladas. Se tudo correr como o esperado, na etapa 2012/13 um novo recorde para o milho deverá ser atingido no Brasil. No relatório de junho de 2013, a Conab estima total de 78,468 milhões de toneladas, o que significa aumento de 7,5% sobre o período anterior. A maior parte dos grãos deverá mesmo ser obtida na segunda safra (anteriormente chamada de safrinha), com 43,622 milhões de toneladas, de acordo com o relatório de junho de 2013. Com a soja sendo a grande vedete da safra de verão, o milho acabou sendo favorecido e tornou-se o plantio preferido na segunda safra, em sucessão à oleaginosa. Se no primeiro ciclo houve queda de 9,2% na área plantada com o cereal, 20 segundo ocorreu incremento de 17,5%. Somados os dois períodos, segundo a Conab, foram plantados 15,817 milhões de hectares, com aumento de 4,2% sobre a temporada 2011/12. De acordo com a análise apresentada pela Conab, a maioria dos estados produtores da região Centro-Sul realizou o plantio do milho com atraso na primeira safra. A justificativa é que havia quadro de escassez e irregularidades de chuva nessas localidades. No entanto, o que se constatou mais adiante é que os danos previstos para ocorrer na produtividade não chegaram a acontecer na dimensão esperada. Com isso, o rendimento no cultivo de verão ficou em 5.076 quilos por hectare, 13,3% maior do que no mesmo período da safra 2011/12. Já no segundo ciclo, os estados da região Centro-Sul, principal área de cultivo, atrasaram o plantio devido à alta incidência de chuvas. O resultado é que houve coincidência de época com a colheita da soja de variedades precoces. Na constatação dos analistas da Conab, em Mato Grosso, que possui a maior área plantada no segundo ciclo da cultura, a semeadura se prolongou até março de 2013, quando o ideal seria até fevereiro. No entanto, o temor de que a produtividade seria fortemente afetada não deve se confirmar. A previsão, no relatório de junho, é que a queda no rendimento fique em 6%. DE GRÃO EM GRÃO • Kernel by kernel Safra brasileira de milho - Comparativo safras 2011/12 e 2012/13 Área (mil há)Produtividade (kg/ha)Produção (mil t) Região/UF 2011/122012/132011/122012/132011/122012/13 Norte 569,5 516,5 2.902 3.126 1.652,41.614,4 RR 6,5 6,52.000 2.000 13,0 13,0 RO 162,3158,62.7962.905453,7460,7 AC 43,8 46,12.290 2.421 100,3111,6 AM 14,4 12,92.500 2.390 36,0 30,8 AP 2,62,6 8258892,12,3 PA 236,3194,62.5382.817599,7548,2 TO 103,6 95,24.321 4.704 447,6447,8 Nordeste 2.421,52.380,9 1.802 1.9384.364,04.613,8 MA 454,6529,11.6092.298731,6 1.215,7 PI 351,6379,82.2391.406787,2533,9 CE 520,6 364,4 142 300 73,9109,3 RN 7,68,2 3373762,63,1 PB 39,860,2106 120 4,2 7,2 PE 205,894,5117 16724,115,8 AL 29,738,5754 75422,429,0 SE 206,8 206,82.629 2.629 543,7543,7 BA 605,0 699,4 3,594 3.083 2.174,32.156,1 Centro-Oeste 5.291,8 6.134,4 5.880 5.377 31.116,332.985,3 MT 2.739,9 3.424,7 5.697 5.378 15.610,418.419,4 MS 1.267,7 1.469,0 5.188 4.618 6.576,46.784,0 GO 1.241,9 1.190,7 6.905 6.164 8.575,97.339,1 DF 42,3 50,08.358 8.855 353,6442,8 Sudeste 2.242,3 2.218,8 5.708 5.617 12.800,012.463,3 MG 1.312,8 1.268,4 5.947 5.849 7.807,47.419,1 ES 31,528,5 2.4292.30076,565,6 RJ 6,1 5,92.435 2.250 14,9 13,3 SP 891,9 916,0 5.495 5.421 4.901,24.965,3 Sul 4.653,0 4.566,8 4.953 5.867 23.046,826.791,5 PR 3.002,8 3.032,8 5.580 5.928 16.757,117.978,2 SC 536,7 500,7 5.491 6.850 2.947,03.429,8 RS 1.113,5 1.033,3 3.002 5.210 3.342,75.383,5 Norte/nordeste2.991,0 2.897,4 2.012 2.150 6.016,46.228,2 Centro/sul 12.187,0 12.920,0 5.495 5.591 66.963,172.240,1 Brasil 15.178,115.817,4 4.808 4.96172.979,578.468,3 Fonte: Conab, levantamento de junho de 2013. 21 Making strides Brazilian 2012/13 corn crop is poised to outstrip the previous year’s biggest volume on record, when the cereal for the first time surpassed the size of the soybean crop B razil has been showing its potential as major corn producer and has reached expressive production volumes, brought about by the good moment the cereal is experiencing, both in the domestic and foreign scenarios. The 2011/12 cycle witnessed the biggest crop ever harvested in Brazil, with 72.979 million tons, according to the National Supply Company (Conab). The grain managed to surpass the soybean crop, which is traditionally in greater demand, and in that season reached a total of 66.383 million tons. Sílvio Ávila If everything turns out as expected, a new record corn crop will be reached in the 2012/13 cycle. In its June 2013 report, the state corporation estimates the crop at 78.468 million tons, up 7.5% from the previous period. The biggest amount of grains will again be harvested in the second crop (formerly known as small crop), with 43.622 million tons, according to the 22 June 2013 report. With soybean as the star of the summer crop, corn ended up benefiting from the situation and turned into the favorite choice for the second crop, in succession to the oilseed. If in the first cycle corn plantations decreased by 9.2% in area, in the second, the planted area soared 17.5 percent. In all, the planted area of both cycles reached 15.817 million hectares, up 4.2% from the 2011/12 period. From an analysis carried out the Conab, most corn producing states in the CenterSouth region planted their corn later in the first cycle. The reason was the lack of humidity and erratic rainfalls across the entire area. Nonetheless, what was later ascertained was that the damages expected in productivity did not materialize as seriously as expected. This raised the yield of the summer crop to 5,076 kilos per hectare, up 13.3% from the same period in 2011/12. On the other hand, in the second cycle, the states of the Center-South region, major cultivation area, delayed their planting due to excessive precipitation. The result is that there was a coincidence with the harvest of early cycle soybean varieties. Conab analysts ascertained that in Mato Grosso, the leader in planted area in the second cycle, seeding only ended in March 2013, ideally it was supposed to have ended in February . Nevertheless, the fear pointing to severe productivity damages should not confirm. The June report refers to yield reductions of 6%. Sílvio Ávila Tomando a frente Mato Grosso deve se tornar o maior produtor de milho do Brasil na temporada 2012/13, superando o Paraná, conforme previsão da Conab S e os prognósticos com relação à safra 2012/13 se confirmarem, o Mato Grosso vai, pela primeira vez, deixar o Paraná para trás no ranking dos maiores produtores de milho do Brasil. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra, em seu relatório de junho de 2013, que o Estado do Centro-Oeste deverá fechar o período, somados os dois ciclos de cultivo, com 3,424 milhões de hectares plantados, enquanto os paranaenses terão implantado 3,032 milhões de hectares. O grande êxito do Mato Grosso está atrelado diretamente ao cultivo na segunda safra, que até há pouco tempo era conhecida como safrinha. O nome fazia referência à quantidade colhida nesse período, bem menor do que a da temporada de verão. Atualmente, no entanto, a situação se inverteu e o ciclo que era secundário acabou se tornando principal, pelo menos no que se refere ao milho. No Mato Grosso, o cereal ganhou espaços na safrinha porque os produtores reservam o primeiro ciclo da lavoura para o plantio da soja, com o uso cada vez mais disseminado de variedades precoces. Na safra 2012/13, conforme relatório da Conab, de junho de 2013, o Estado tinha área plantada de apenas 75,6 mil hectares na primeira safra, com queda de 20% em relação ao mesmo intervalo de tempo da temporada anterior. Já no segundo período, a previsão é de aumento de 26,6% no espaço cultivado, que pode chegar a 3,349 milhões de hectares. E O VERÃO? A primeira safra de milho, cultivada no verão, tem Minas Gerais como principal produtor na temporada 2012/13, com 1,149 milhão de hectares implantados. No somatório dos dois períodos, o Estado é o quarto maior nesse grão (1,262 milhão de hectares), atrás de Mato Grosso, Paraná e Mato Grosso do Sul. A colheita prevista é de 7,419 milhões de to- 24 O acompanhamento da Conab revela que a segunda safra de milho teve incremento de 17,5% na área plantada no Brasil na etapa 2012/13. São 1,33 milhão de hectares a mais do que no período anterior, dos quais 703 mil hectares estão no Mato Grosso. A colheita no Estado deve atingir a 18,419 milhões de toneladas (considerando-se os dois ciclos de cultivo), com aumento de 18%. A produtividade prevista é de 5.378 quilos por hectare, com queda de 5,6%. neladas, com produtividade de 5.849 quilos por hectare. Os maiores produtores de milho no Brasil estão nos estados do Centro-Sul (regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste). O Norte e o Nordeste, no entanto, mesmo com participação menor (18,3% da área plantada no ciclo 2012/13), possui importância estratégica para o abastecimento dessas localidades, onde o produto é bastante consumido. A EVOLUÇÃO DA SAFRINHA THE EVOLUTION OF THE SECOND CROP n O cultivo da segunda safra de milho começou pela Bahia, na safra 1979/80, com 146 mil hectares. n O Paraná aderiu à novidade na safra 1983/84. n No ciclo 1989/90, Mato Grosso do Sul e São Paulo também passaram a plantar milho na safrinha, que já somava 518,4 mil hectares no Brasil. n No período 1991/92, outros estados passaram a plantar em segunda época (Santa Catarina, Mato Grosso e Goiás) e o País já cultivava 990 mil hectares, tendo Paraná e Bahia como principais produtores. n Na safra 1998/99, pela primeira vez o Paraná cultivou mais de um milhão de hectares na safrinha, com o Mato Grosso aparecendo em terceiro lugar, atrás de São Paulo. n A partir da safra 2001/02, o Mato Grosso ocupou a vice-liderança no cultivo de milho em segundo ciclo e o Paraná seguia em primeiro. n Na safra 2004/05, o Mato Grosso apareceu pela primeira vez como principal produtor na safrinha, e no ciclo 2006/07 ultrapassou a um milhão de hectares cultivados. n A partir da temporada 2007/08, o Mato Grosso assumiu definitivamente a liderança no plantio de milho na safrinha, deixando o Paraná para trás. n The cultivation of the second crop started in Bahia, in the 1979/80 season, with 146 thousand hectares. n Paraná adhered to the novelty in the 1983/84 crop year. n During the 1989/90 season, Mato Grosso do Sul and São Paulo also began to cultivate corn in the second crop, which had already reached a total of 518.4 thousand hectares in Brazil. n During the 1991/92 crop year, other states adhered to the second crop (Santa Catarina, Mato Grosso and Goiás) and the total in the Country amounted to 990 thousand hectares, with Paraná and Bahia ranking as major producers. n In the 1998/99 crop year, for the first time, Paraná planted upwards of one million hectares in the second cycle, with Mato Grosso ranking third, behind São Paulo. n As of the 2001/02 crop year, Mato Grosso has occupied the vice-leadership position in second season corn, while Paraná remained the leading producer. n In the 2004/05 crop year, Mato Grosso, for the first time, climbed to the position as leading second season producer, and in the 2006/07 cycle, the planted area reached upwards of one million hectares. n As of the 2007/08 crop year, Mato Grosso definitely assumed the leadership in the production of second season corn, leaving the state of Paraná behind. Fonte: Série histórica do milho na segunda safra (Conab). Source: The trajectory of second season corn (Conab) COM GASTOXIN B57® VOCÊ NÃO ARMAZENA SÓ GRÃOS, ARMAZENA LUCROS. Na hora de fumigar seus grãos armazenados e produtos processados você já sabe com quem contar. Só Gastoxin B57® tem a combinação para o sucesso de qualquer armazenagem: alto controle de qualidade, ótima relação custo-benefício e eficácia contra as pragas. É o sucesso e a qualidade que fazem com que Gastoxin B57® seja solicitado e exportado para mais de cinquenta países, inclusive para os E.U.A. Armazene com Gastoxin B57® e comprove o resultado. PABX: (13) 3565-1212 • Vendas: (13) 3565-1208 • www.bequisa.com.br ADVERTÊNCIAS: Proteção à saúde Humana, Animal e ao Meio Ambiente. Este produto é perigoso à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Leia atentamente e siga rigorosamente as instruções contidas no rótulo, na bula e na receita ou faça-o a quem não souber ler. Aplique somente as doses recomendadas. Mantenha afastadas das áreas de aplicação, crianças, pessoas desprotegidas e animais domésticos. Não coma, não beba e não fume durante o manuseio do produto. Utilize sempre os equipamentos de proteção individual. Nunca permita a utilização do produto por menores de idade. Informe-se sobre o Manejo Integrado de Pragas (MIP). Primeiros Socorros e demais informações, vide o rótulo, bula e a receita. Evite a contaminação ambiental, preserve a natureza. Não lave as embalagens ou equipamentos em lagos, fontes, rios e demais corpos d’água. Não reutilize as embalagens vazias. Descarte corretamente as embalagens e restos ou sobras de produtos. Periculosidade ambiental e demais informações, vide o rótulo, a bula e a embalagem. CONSULTE SEMPRE UM ENGENHEIRO AGRÔNOMO E SIGA CORRETAMENTE AS INSTRUÇÕES RECEBIDAS. VENDA SOB RECEITUÁRIO AGRONÔMICO. Sílvio Ávila Taking the lead Mato Grosso is poised to become the leading corn producer in Brazil in the 2012/13 crop year, outstripping the state of Paraná, according to Conab’s most recent forecast I f the predictions for the 2012/13 crop confirm, the state of Mato Grosso will for the first time leave the state of Paraná behind in the ranking of the biggest corn producers in Brazil. In its June 2013 report, the National Supply Company (Conab) shows that the crop year in the Center-Western Mato Grosso State, including the summer and winter seasons, should come to a close with a planted area of 3.424 million hectares, while in Paraná the planted area will have come to a total of 3.032 million hectares. The success story of Mato Grosso is directly linked to the second crop, which used to be referred to as small winter crop. The name stemmed from the smaller amounts harvested in that period, in fact, much smaller than in the summer crop. Currently, nonetheless, there has been a reversal in this situation, and the secondary cycle has turned into the main cycle, at least as far as the amount of corn is concerned. In Mato Grosso, the cereal ended up gaining momentum in the second crop because the farmers reserve the first cycle for their soybean crop, increasingly using early soybean varieties. In the 2012/13 season, according to the June 2013 Conab report, the planted area across the State WHAT ABOUT THE SUMMER? Minas Gerais is the leading corn producer in the first season in 2012/13, with an area of 1.149 million hectares. Including the two periods, the State ranks as forth biggest producer of the cereal (1.262 million hectares), coming after Mato Grosso, Paraná and Mato Grosso do Sul. The harvest is estimated at 7.419 million tons, 26 barely reached 75.6 thousand hectares in the first crop, down 20% from the same time period of the previous year. For the second season, the forecast is for an increase of 26.6% in planted area, which could reach 3.349 million hectares. Numbers released by the Conab reveal that the planted area of the second corn crop increased by 17.5 percent in Brazil in the 2012/13 crop year. It is a total of 1.33 million hectares bigger than in the previous year, of which 703 hectares are located in Mato Grosso. This State is estimated to harvest 18.419 million tons (considering both cycles), meaning an increase of 18 percent. The estimated productivity is 5,378 kilos per hectare, down 5.6%. with yields of 5,849 kilos per hectare. All major corn producing states in Brazil are located in the Center-South (South, Southeast and Center-West). On the other hand, the North and Northeast, although having a smaller share (18.3% of the planted area in the 2012/13 cycle), play a strategic role in supplying these locations, where corn is much consumed. 28 Sílvio Ávila Cavalo encilhado Favorecido pela quebra na colheita dos principais concorrentes, Brasil torna-se o grande fornecedor de milho para o mundo na safra 2012/13 Q uando um país que tem metade do mercado mundial de milho sofre quebra na colheita, o que acontece? Outros fornecedores precisam ocupar esse lugar. O cenário que se verificou na safra 2011/12 e vem se repetindo no ciclo 2012/13, com os Estados Unidos amargando perdas em função de forte estiagem e precisando de cada vez mais matéria-prima para o etanol, levou o Brasil a se destacar como exportador e produtor do cereal. Em seu relatório de junho de 2013, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê que o Brasil será o maior fornecedor mundial de milho ao final da safra 2012/13, que se encerra em setembro. O número apontado pelo órgão é de 26,5 milhões de toneladas, o que supera em mais de 100% a temporada anterior, que fechou em 12,6 milhões de toneladas. Isso faz com que o País se posicione em terceiro lugar no ranking dos principais vendedores, atrás de Estados Unidos e Argentina. Os americanos, que haviam embarcado 38,4 milhões de toneladas no ciclo 2011/12, devem fechar o atual com apenas 18,5 milhões. Para que o Brasil pudesse atingir esse patamar, foi preciso que os seus principais concorrentes sofressem alguma espécie de revés. A colheita nos Estados Unidos, que foi de 313,9 milhões de toneladas na safra 2011/12, não deve passar de 273,8 milhões de toneladas na temporada em curso, de acordo com o USDA. Além de o país estar cada vez mais necessitando de milho para a produção de etanol, também amargou prejuízos com uma das mais drásticas estiagens dos últimos tempos, nos principais estados produtores. “O resultado é que as exportações despencaram e os preços explodiram”, lembra Rubens Augusto de Miranda, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo. O ambiente que se formou favoreceu o Brasil. Miranda explica que em janeiro de 2012, quando os preços estavam altos e estimularam o plantio, todas as projeções apontavam para uma super safra UM GIGANTE QUE SÓ CRESCE Para a temporada 2012/13, o USDA estimava, no relatório de junho de 2013, produção de 855,7 milhões de toneladas no mundo. Além das perdas nos Estados Unidos e na Ucrânia, o destaque fica por mais uma super safra no Brasil, de 77 milhões de toneladas, e a recuperação da Argentina, que deve colher 26,5 milhões de toneladas. Chama atenção de milho no mundo, que poderia superar a 1 bilhão de toneladas. “Não foi isso que aconteceu”, ressalta. No primeiro semestre, a estiagem no hemisfério sul atingiu a Argentina, que tinha previsão de produzir 29 milhões de toneladas e não passou de 21 milhões de toneladas. No outro extremo do planeta também ocorreram problemas na Ucrânia, outro grande fornecedor do grão. A safra 2011/12 fechou em 833,2 milhões de toneladas. A China, segunda maior produtora e consumidora de milho no mundo, ampliou sua colheita no período. A mesma situação ocorreu no Brasil: embora apresentando problemas na região Sul, pelo estresse hídrico, conseguiu colheita recorde, principalmente em função do excelente resultado obtido no segundo ciclo de plantio. ainda o crescimento do plantio de milho na China, que tem projeção de colher 205,6 milhões de toneladas. Mas toda essa quantidade não é suficiente para o abastecimento do país, que precisa importar o cereal. “Em breve, a China será a maior compradora mundial”, acredita o pesquisador Rubens Augusto de Miranda, da Embrapa Milho e Sorgo. Atualmente, esse posto é ocupado pelo Japão. 29 Saddled horse W hen a country that detains half of the global corn market experiences a reduction in its crop, what might happen? Other suppliers need to fill the gap. The scenario that unfolded during the 2011/12 season, and has been happening again in the 2012/13 cycle, with the United States enduring losses by virtue of the prolonged drought, whilst in need of ever increasing volumes of corn for its ethanol industry, paved the way for Brazil to excel as producer and exporter of the cereal. In its June 2013 report, the United States Department of Agriculture (USDA) predicts that Brazil will be the leading global supplier of corn, by the end of the 2012/13 season, which comes to a close in September. The number indicated by the sector is 26.5 million tons, outstripping the previous season by upwards of 100%, which reached 12.6 million tons. This makes the Country rank as third biggest global supplier, coming only after the United States and Argentina. The United States shipped abroad 38.4 million tons in the 2011/12 season, but is not expected to export Sílvio Ávila Taking advantage of the corn crop reductions experienced by all major competitors, Brazil becomes the leading supplier of the cereal to the world in the 2012/13 season EVER GROWING GIANT In its June 2013 report, the USDA estimated the 2012/13 crop at 855.7 million tons in the world. Although having suffered losses in the United States and Ukraine, the highlight was another bumper crop in Brazil, totaling 77 million tons and the recovery of Argentina, a country that is supposed to harvest 26.5 million tons. What also captures attention is China’s crop, projected at 205.6 million tons. This amount is not enough to supply the needs of this country, with imports filling the gap. “China will soon become the largest corn purchaser in the world”, says researcher Rubens Augusto de Miranda, of Embrapa Corn and sorghum. Currently, Japan is the largest importer of corn. 30 more than 18.5 million tons this year. Brazil managed to climb to the leading position only because the competitors suffered some kind of setback. The size of the North-American crop, which totaled 313.9 million tons in the 2011/12 season, is expected to remain at 273.8 million tons in the current crop year, according to the USDA. While increasingly in need of more corn for the production of ethanol, the United States also incurred huge losses from one of the most severe droughts over the past years, in all major corn producing states. “As a result, exports plummeted and prices skyrocketed”, recalls Rubens Augusto de Miranda, researcher with Embrapa Corn and Sorghum. The situation favored Brazil greatly. Miranda explains that in January 2012 prices were high and encouraged plantings, all projections were pointing to a bumper corn crop around the world, with chances to surpass one billion tons. “This was not what happened”, he stresses. In the first half of the year, the drought conditions in the southern hemisphere that hit Argentina, where the crop had been estimated at 29 million tons, but barely reached 21 million. At the other extremity of the planet, a huge corn supplier, Ukraine, equally experienced problems. The 2011/12 crop amounted to 833.2 million tons. China, the second largest producer and consumer of corn in the world, harvested a bigger crop over the period. The same occurred in Brazil: although facing flood conditions in the South, the crop reached record high, especially because of the excellent result achieved in the second crop. UM MUNDO DE MILHO • A world of corn BONS NEGÓCIOS • Good deals (em milhões de toneladas) Maiores produtores (em milhões de toneladas) Maiores exportadores País 2011/122012/13 2013/14 Estados Unidos 313,9 273,8 355,7 China 192,7205,6 212,0 Brasil 73,077,0 72,0 Ucrânia 22,820,9 26,6 Índia 21,721,5 21,5 Argentina 21,026,5 27,0 Mundo 883,2855,7 962,5 País 2011/122012/13 2013/14 Estados Unidos 38,4 18,5 33,0 Argentina 16,522,0 16,0 Ucrânia 15,113,5 16,5 Brasil 12,626,5 18,0 Índia 4,64,8 3,5 União Europeia 3,2 1,5 2,5 Mundo 103,8 97,8102,4 Maiores consumidores Maiores importadores País Estados Unidos China União Europeia Brasil México Japão Mundo País Japão México Coreia do Sul Egito União Europeia China Mundo 2011/122012/13 2013/14 279,0 265,4 293,3 188,0207,0 224,0 67,2 67,9 67,8 50,553,0 54,0 29,028,2 29,0 14,914,5 15,5 879,0863,7 935,0 2011/122012/13 2013/14 14,814,5 15,5 11,17,0 6,5 7,6 8,0 8,2 7,14,0 4,9 6,2 10,5 7,0 5,23,0 7,0 103,8 97,8102,4 Os dados referentes às safras 2012/13 e 2013/14 são previsões. Os dados referentes às safras 2012/13 e 2013/14 são previsões. Fonte: USDA, junho de 2013. Fonte: USDA, junho de 2013. Inor Ag. Assmann Agenda comum Brasil, Estados Unidos e Argentina, maiores produtores e exportadores mundiais de milho, unem-se para a defesa dos interesses convergentes E stados Unidos, Brasil e Argentina, juntos, são responsáveis por cerca de 50% da produção e de 70% da exportação de milho no mundo. Para resolver questões em comum, as principais entidades que representam os segmentos nesses países fundaram a The International Maize Alliance, batizada de Maizall, em reunião realizada em maio de 2013, em Buenos Aires, capital da Argentina. Participam da aliança a Associação Brasileira de Produtores de Milho (Abramilho); a National Corn Growers Association (NCGA) e a US Grains Council (USGC), dos Estados Unidos; e a Associação dos Produtores de Milho da Argentina (Maizar). Os três países enfrentam as mesmas barreiras para a comercialização do cereal e de seus subprodutos. O ex-ministro da Agricultura do Brasil, 32 Alysson Paolinelli, que preside a Abramilho, explica que, em grupo, os produtores terão mais força para defender os benefícios da moderna agricultura e enfrentar os obstáculos que se impõem para a adoção da biotecnologia. Os países da Maizall consideram o uso da ferramenta como fundamental para atender à crescente demanda global por alimentos. Há consenso entre eles de que esse instrumento levará a sa- fras mais produtivas e de qualidade, pois reduz o uso de produtos químicos e fertilizantes e conserva o meio ambiente. A presidência da Maizall será rotativa, com mandato de dois anos. Os Estados Unidos serão os primeiros a ocupá-la. Conforme Alysson Paolinelli, para setembro de 2013 estão agendadas visitas à China e à Coreia do Sul, dois importantes mercados consumidores. Common agenda Brazil, the United States and Argentina, major global corn producers and exporters, joined efforts towards their converging interests T ogether, the United States, Brazil and Argentina are responsible for about 50 percent of the entire global corn crop and 70% of all exports across the world. To solve common problems, all major entities that represent the segment in these countries founded the International Maize Alliance, known as Maizall, at a meeting held in May 2013, in Buenos Aires, capital city of Argentina. The alliance consists of the Brazilian Association of Corn Producers (Abramilho); the National Corn Growers Association (NCGA); the U.S. Grains Council (USGC) and the Argentine Association of Corn Producers (Maizar). The three countries are being confronted with the same barriers when it comes to trading their corn and corn byproducts. Alysson Paolinelli, former minister of agriculture in Brazil, who presides over the Abramilho, explains that, as a group, the producers will have more power to fight on behalf of the benefits from modern agriculture and face any obstacles that derive from the adoption of biotechnology. The Maizall countries maintain that the use of the tool is of utmost importance to meet the everincreasing need for food around the globe. There is a consensus among them that the instrument will lead to more productive and quality oriented crops, once it reduces the use of pesticides and fertilizers, whilst preserving the environment. The chair will be occupied in a rotating system, with a two-year term. The first president will be from the United States. According to Alysson Paolinelli, for September 2013 visits have been scheduled to China and South Korea, two leading consumer markets. Sílvio Ávila No caminho certo Presidente da Abramilho vê com otimismo o aumento da produção brasileira de milho, em virtude da grande demanda mundial do grão O aumento substancial da safra de milho no Brasil tem sido visto como boa oportunidade pelo presidente da Associação Brasileira de Produtores de Milho (Abramilho), Alysson Paolinelli. O ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento mostra-se entusiasmado com o atual momento pelo qual passa o setor, que tem previsão de colheita de 78,4 milhões de toneladas no ciclo 2012/13. Em seu entender, excesso de oferta não é problema. “Temos demanda”, argumenta. Paolinelli lembra que o mundo precisa de mais alimentos e o milho, junto com a soja, é fundamental para garantir esse abastecimento. Os dois grãos são as principais matérias-primas das rações que alimentam os rebanhos de animais, fontes de proteína para a população. Além disso, observa o presidente da Abramilho, em muitos países o cereal se constitui em fundamental componente da dieta das famílias. Outra vertente importante para o grão está no uso como fonte energética. Uma forte e crescente demanda para este fim se concentra nos Estados Uni- 34 dos, que devem fechar a safra 2012/13 com acentuada quebra de safra, em função de severa estiagem. Segundo o ex-ministro, os americanos tinham necessidade de 150 milhões de toneladas para abastecer as usinas de etanol, mas conseguiram garantir apenas 123 milhões para essa finalidade. “Eles importaram milho até do Brasil”, destaca. Por todos esses motivos, Alysson Paolinelli se diz despreocupado com relação ao mercado para o milho brasileiro e ainda vê como positivo o aumento do plantio na segunda safra. “Os resultados têm sido excelentes”, comemora, lembrando que alguns agricultores estão conseguindo colher, em média, 140 sacas por hectare. Se a demanda não é problema, por outro lado a falta de políticas públicas direcionadas ao setor está tirando o sono do presidente da Abramilho. Ele cita como entraves a deficiência da rede de transportes para escoamento da safra, a insuficiência de crédito e a falta de um seguro agrícola, além da definição de um preço mínimo mais remunerador. “Estive na Argentina e os produtores estavam reclamando que o governo havia taxado a exportação em 32%. Tive que rir, porque no Brasil pagamos 66%”, compara. On the right track Abramilho president enthuses over the rising Brazilian corn crop, in response to huge global demand for the kernel T Sílvio Ávila he substantial increase of the Brazilian corn crop has been taken as a great opportunity by president of the Brazilian Association of Corn Producers (Abramilho), Alysson Paolinelli. The former minister of the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA) enthuses over the moment the sector is now experiencing, with a crop estimated at 78.4 million tons in the 2012/13 season. He understands that excessive supply is not a problem. “There is demand for it”, he argues. Paolinelli recalls that the world needs more food, and corn, along with soybean, plays a fundamental role in meeting this need. The two grains constitute the major ingredients in livestock feed, and are a source of protein for the population. Furthermore, the president of Abramilho recalls that, in many countries, corn is a staple food for most families. Another relevant variable for this kernel lies in its use as a source of energy. A source and soaring demand towards this end is taking place in the United States, where the 2012/13 crop is likely to come to a close with a great reduction in size, due to drought conditions. According to the former minister, the United States needed 150 million tons to supply the ethanol mills, but managed to get only 123 million tons for this purpose, resulting into huge imports, even from Brazil”, he mentions. For all these reasons, Alysson Paolinelli feels completely comfortable about the corn market in Brazil and views the soaring second crop as a positive factor. “All results have been excellent”, he celebrates, recalling that some farmers are now harvesting up to 140 sacks per hectare, on average. If demand is no problem, there is, nonetheless, the lack of public policies directed towards the sector, a fact that is giving the president sleepless nights. In his opinion, hurdles include transportation deficiencies for shipping the crop to its destinations, the lack of a farm insurance program, and the absence of a more remunerating minimum price at farm gate level. “I have been to Argentina and the growers were complaining about the 32 percent tax rate levied on exports. It made me laugh, because in Brazil we pay 66 percent”, he compares. 35 36 Inor Ag. Assmann Mercado Mar amarelo Estoques de milho no Brasil devem chegar ao recorde de 17,4 milhões de toneladas no final da safra 2012/13, conforme estimativa realizada pela Conab A s duas safras consecutivas com recordes de produção tendem a elevar os estoques de milho às maiores quantidades já registradas no Brasil. Pelo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de junho de 2013, a temporada 2012/13, com previsão de colheita de 78,4 milhões de toneladas, deve ser finalizada com 17,5 milhões de toneladas armazenadas. No fechamento do ciclo 2011/12, que teve desempenho de 72,9 milhões de toneladas, eram apenas 5,8 milhões de toneladas estocadas, números considerados normais para a situação nacional. Mesmo com a superação de todos os limites na exportação de milho em 2012 (19,7 milhões de toneladas) e com as excelentes vendas em 2013 (8,1 milhões de toneladas até maio), o desempenho não foi suficiente para escoar a grande produção brasileira do cereal na safra 2012/13. Os embarques acima do previsto somente foram possíveis porque os Estados Unidos tiveram quebra em suas lavouras. Os problemas climáticos não devem ocorrer com a produção norte-americana no ciclo 2013/14, cujo plantio se encerrou em junho de 2013. Nesse mês, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apresentou relatório com projeção de colheita de 355,7 milhões de toneladas de milho para o maior produtor mundial. Com isso, o país deve voltar a dominar o mercado do cereal, fazendo com que o grão brasileiro perca espaço, a partir do segundo semestre de 2013. Se por um lado o Brasil deve diminuir os embarques, por outro convive com a realidade de consumo interno praticamente estável. Para o período 2012/13, o quadro de oferta e demanda da Conab apresenta previsão de 52 milhões de toneladas em termos de abastecimento doméstico, superior em apenas 500 mil toneladas em relação à temporada anterior. No estudo “Projeções do Agronegócio – Brasil 2012/13 a 2022/23”, divulgado em junho de 2013, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) mostra que a produção irá aumentar bem mais, em uma década, do que a necessidade do grão para atendimento das demandas interna e externa. Segundo o documento, o País passará de 78,4 milhões de toneladas colhidas para 93,6 milhões de toneladas no período analisado. Nesse mesmo intervalo, o consumo interno deve subir de 52 milhões de toneladas para 62,6 milhões; e as exportações, de 18 milhões para 24,7 milhões de toneladas. 37 Market Yellow sea Corn ending stocks in Brazil are likely to reach record levels of 17.4 million tons at the close of the 2012/13 season, according to Conab estimates T he two consecutive bumper corn crops in Brazil tend to raise ending stocks to levels never registered before. According to a survey conducted by the National Supply Company (Conab), in June 2013, the projection for the 2012/13 season is for 78.4 million tons, resulting into ending stocks of 17.5 million tons. At the close of the 2011/12 cycle, which totaled 72.9 million tons, ending stocks had reached about 5.8 million, numbers viewed as normal for the national situation. Sílvio Ávila Although having outstripped all corn export limits in 2012 (19.7 million tons) and with excellent sales in 2013 (8.1 million tons by May), this performance was not enough to ship abroad the huge production volumes in the 2012/13 season. 38 Larger-than-projected exports were only possible because of the smaller crop harvested in the United States. No climate problems are expected in the United States in the 2013/14 cycle, where corn plantings ran through the end of June. A time when the United States Department of Agriculture (USDA) released a report on the crop, projecting it at 355.7 million tons in the entire country. This should put that country again on the forefront of the global corn market, making the Brazilian kernels lose ground as of the second half of 2013. If on the one hand Brazil is supposed to reduce its shipments abroad, on the other hand the Country is going through a period of stable domestic consumption. For the 2012/13 time period, Conab’s supply and demand picture presents a projection of 52 million tons in terms of domestic supply, only 500 thousand tons bigger from the previous season. In the study “Agribusiness Projections – Brasil 2012/13 to 2022/23”, published in June 2013, the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA) shows that production will exceed by far the demand for the kernel in both the domestic and the foreign market. According to the document, Brazil’s corn crop will jump from the present 78.4 million tons to 93.6 million tons over the period in question. In the meantime, internal consumption is projected to increase from 52 million tons to 62.6 million; whilst shipments abroad will go from 18 million to 24.7 million tons. MAYS +MAYS ++ Programa ProgramaMAYS MAYS Ajudando a produzir mais. Ajudando a produzir mais. O programa +Mays, idealizado especialmente O programa +Mays, idealizado especialmente para milho, conta com uma combinação ideal de de para milho, conta com uma combinação ideal fertilizantes com características químicas fertilizantes com características químicas e físicas superiores e únicas, para proporcionar e físicas superiores e únicas, para proporcionar facilidade de de aplicação, altas produtividades, facilidade aplicação, altas produtividades, qualidade de grãos e maior rentabilidade ao produtor. qualidade de grãos e maior rentabilidade ao produtor. NPK no no grânulo, Nitrogênio eficiente e versatilidade de de aplicação NPK grânulo, Nitrogênio eficiente e versatilidade aplicação Nitrogênio sem perdas porpor volatilização, qualidade física superior e rendimento operacional Nitrogênio sem perdas volatilização, qualidade física superior e rendimento operacional Nutrição foliar de de altaalta tecnologia com eficiência e segurança de de aplicação. Nutrição foliar tecnologia com eficiência e segurança aplicação. www.yarabrasil.com.br www.yarabrasil.com.br Inor Ag. Assmann Tarefa de casa As melhores alternativas para assegurar o escoamento tranquilo dos excedentes da safra brasileira de milho passam a ser o desafio do setor A discussão para os próximos anos na cadeia produtiva do milho tende a se concentrar numa questão básica: como o Brasil vai escoar todo o excedente do cereal? Ao menos, essa é a impressão do pesquisador Rubens Augusto de Miranda, da Embrapa Milho e Sorgo. Ele lembra que 70% da produção de milho tem como destino a fabricação de ração animal, sendo metade para o setor de aves e o restante para a pecuária leiteira e os suínos. Segundo o pesquisador, mesmo o País sendo autossuficiente, há problemas de desabastecimento. Isso ocorre, explica ele, porque algumas regiões produzem e também consomem o grão, caso do Sul, enquanto outras, como o Centro-Oeste, colhem muito, mas precisam escoar o produto para outros locais. Já o Nordeste, mesmo com grande quantidade disponível para seu uso, sofre com secas frequentes, que prejudicam a oferta. “O problema é que em anos de grande demanda inter- 40 nacional, como em 2012, muitas vezes a opção é pela exportação, ao invés do escoamento interno”, conclui Miranda. A intenção de consolidar o Brasil como grande exportador é o foco principal do Programa de Desenvolvimento do Milho que está sendo elaborado pela Associação Brasileira de Produtores de Milho (Abramilho), em conjunto com a Embrapa Milho e Sorgo e a Fundação Dom Cabral. O documento deve ser finalizado em julho de 2013 para poder ser enviado ao governo federal. O chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo, Antônio Álvaro Corsetti Purcino, explica que foram ouvidos produtores de todo o País, representados por suas federações de Agricultura. Eles ajudaram a formar o cenário do milho no Brasil e também puderam apresentar sugestões. Foram visitados os estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Bahia. A ideia dos organizadores é apresentar políticas públicas para o setor até 2020. The best alternatives for trading the surpluses of the Brazilian corn crop are now a big challenge for the sector T Homework he debate for the coming years of the corn supply chain tends to be focused on one basic question: how will Brazil trade the surpluses of the cereal? At least, this is the impression of researcher Rubens Augusto de Miranda, of Embrapa Corn and Sorghum. He recalls that 70% of the entire corn crop is destined for making animal feed, half of it for the poultry sector and the other half for hogs and dairy cattle. According to the researcher, although the Country is self-sufficient, there will be problems of shortages. This occurs, he explains, because some regions produce and consume the cereal, like it happens in the South, while other regions, like the CenterWest, harvest huge amounts but need to ship the product to other regions. On the other hand, the Northeast, although producing enough for its own consumption, is subject to drought conditions that interfere negatively with the question of supply and demand. “The problem lies in the fact that, in years of huge international demand, like in 2012, frequently the export option prevails, instead of supplying the domestic market”, Miranda concludes. The intention of consolidating Brazil as a huge corn exporter is the major focus of the Corn Development Program, now being defined by the Brazilian Corn Farmers Association (Abramilho), jointly with Embrapa Corn and Sorghum and the Dom Cabral Foundation. The document should be fully concluded by July 2013 and then forwarded to the federal government. The chief-executive at Embrapa Corn and Sorghum, Antônio Álvaro Corsetti Purcino, explains that corn farmers from all over the Country were consulted, represented by their Agriculture Federations. They were responsible for creating the entire Brazilian corn scenario and also had the chance to give suggestions. The following states were visited: Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais and Bahia. The idea of the organizers is to come up with public policies for the sector, by 2020. 41 Vai ter Robispierre Giuliani um preço Com a entrada no mercado de mais uma super safra brasileira de milho, a previsão é de tempos difíceis, com tendência de queda nas cotações There is a price to pay 42 As another Brazilian bumper corn crop reaches the market, the forecast points to difficult times, with a trend towards lower prices U ma nova super safra de milho no Brasil, com colheita de 78,4 milhões de toneladas e perspectiva de 17,5 milhões de toneladas no estoque final, na temporada 2012/13, de acordo com previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), deve trazer na carona a queda dos preços ao produtor. Tudo leva a crer que a baixa das cotações passe a ser sentida a partir do segundo semestre de 2013, quando o mercado começa a ser abastecido com o grão dos Estados Unidos, fazendo com que a demanda pelo cereal brasileiro perca fôlego. O pesquisador Rubens Augusto de Miranda, da Embrapa Milho e Sorgo, prevê cenário negro para o setor, caso esse novo recorde produtivo se confirme. Ele acredita que as situações mais graves serão verificadas nas regiões que possuem grande produção e, no entanto, registram pouco consumo. É o caso do Mato Grosso, segundo maior produtor nacional. Conforme projeções da consultoria Agroconsult, em janeiro de 2014 o preço da saca de milho no Estado pode chegar a R$ 5,00, enquanto o custo para produzir o grão oscila entre R$ 11,00 e R$ 13,00. “A confirmação da previsão vai demandar socorro do go- verno federal”, entende. No início de junho de 2013, de acordo com acompanhamento da consultoria AFNews, a cotação no Mato Grosso apresentava-se na média de R$ 12,65 por saca, enquanto no mesmo período do ano anterior estava em R$ 14,07. O preço mínimo estipulado pelo governo federal para a venda do cereal no Estado é de R$ 13,02. Na entrada do segundo semestre de 2013, a situação para os produtores mato-grossenses era de dúvida quanto a venda ou não do cereal. O pesquisador Rubens Miranda, analisando o momento, avaliava que os agricultores estavam aguardando por definições do mercado. “Vendendo logo, consolidam-se as perdas, que podem aumentar com a espera de uma ocasião mais oportuna, tendo em vista que o cenário futuro é mais pessimista em termos de preços”, enfatiza. O governo federal já havia começado a intervir no mercado por meio da realização dos leilões de contrato de opção, a fim de aliviar a pressão sobre os estoques. Pelo instrumento de venda futura, com prazo determinado, os produtores podem deixar de cumprir o compromisso na data combinada, caso o preço em vigor no mercado seja mais interessante do que o fixado pela Conab. A new bumper corn crop in Brazil, estimated at 78.4 million tons and perspective for ending stocks of 17.5 million tons in the 2012/13 season, according to the forecast by the National Supply Company (Conab), should entail lower farm gate prices. There is every indication that prices are likely to decrease as of the second half of 2013, when the market begins to receive corn from the United States, making demand for the Brazilian crop recede. Researcher Rubens Augusto de Miranda, of Embrapa Corn and Sorghum, anticipates a jittery scenario for the sector, should this new production record confirm. He has it that the most serious situations will certainly occur in regions that produce a lot of corn but consume very little. This is the case of Mato Grosso, second-largest national producer. According to projections by Agroconsult, in January 2014 the price of a sack of corn across the State could drop to R$ 5.00, while the production cost ranges from R$ 11.00 and R$ 13.00. “If the situation materializes, it will require help from the federal govern- ment”, he understands. In early June 2013, according to AFNews, a consultancy firm, prices in Mato Grosso averaged R$ 12.65 per sack, while the average in the same period in the previous year was R$ 14.07. The minimum price set by the federal government for sales across the State is R$ 13.02. At the start of the second half of 2013, the situation for the Mato Grosso corn farmers was of great apprehension, especially with regard to selling or not their cereal. Analyzing the moment, researcher Rubens Miranda concluded that the farmers were waiting for market definitions. “Selling immediately would entail losses, which could grow even bigger while awaiting for a more favorable moment, and this is happening in light of a very pessimistic future scenario in terms of prices”, he emphasizes. The federal government had already started intervening in the market through option contract auctions, in order to reduce the pressure over the prices. Through the future sales instrument, within a specific timeframe, the farmers are not under obligation to make good on their commitments at the pre-set date, in case the price practiced by the market is more convenient that the price set by the Conab. 43 nobre 44 Robispierre Giuliani Produto Competitivo em termos de custo e rico em aspectos nutricionais, o cereal agrada ao paladar dos brasileiros, mas ainda tem baixo consumo D emonstrar para o consumidor as propriedades nutricionais do milho, um produto nobre e com inúmeras aplicações, mas cujo consumo ainda é relativamente acanhado. Esse é o principal objetivo da campanha que vem sendo liderada desde junho de 2012 pela Associação Brasileira da Indústria do Milho (Abimilho), entidade representativa das principais empresas de processamento do cereal no País. Mais do que divulgar os benefícios do grão, pouco conhecidos por grande parte da população brasileira, a proposta é provocar a mudança saudável dos hábitos alimentares, mostrando que o alimento é um dos mais nutritivos e versáteis que existe. Conforme o responsável pela assessoria de imprensa da Abimilho, Alex Branco, as ações incluem a distribuição de material informativo para veículos de comunicação, publicações dirigidas, como revistas femininas de grande circulação; e cursos com nutricionistas, merendeiras e donas de casa, além da divulgação de receitas e de entrevistas com médicos especialistas em bem-estar e técnicos da Embrapa. O trabalho ainda é multiplicado pela parceria mantida com outras entidades. Com tudo isso, pretende-se aumentar em 800 mil toneladas o consumo do cereal. Em um ano, o setor moageiro buscará elevar de 4,2 milhões para 5 milhões de toneladas o volume de milho processado e destinado ao consumo humano. Ao mesmo tempo, quer incrementar em até 20% a utilização de produtos derivados VERSATILIDADE Extremamente versátil, o milho e seus derivados são utilizados em mais de 150 produtos de diferentes setores. O grão é empregado pela indústria têxtil, de processamento de papéis e papelões, medicamentos, cosméticos, couro e resinas, entre outros. Na indústria de alimentação, pode ser consumido diretamente ou como componente na fabricação de balas, biscoitos, pães, chocolates, geleias, sorvetes, maionese e até cerveja. Cultivado em todo o País, também é matéria-prima de vários pratos, como do milho pela população. Atualmente, de acordo com o presidente da associação, Nelson Kowalski, o consumo de milho no Brasil varia de região para região, sendo o Nordeste a que mais demanda, com 18,35 quilos per capita ao ano. Quando comparado com outros países em condições socioeconômicas semelhantes, como o México, onde o consumo é de 63 quilos por habitante ao ano, os índices brasileiros ainda são praticamente irrelevantes. Outra análise pode ser feita com relação ao consumo de flocos de milho, contidos nos cereais matinais, que chega a 5,8 quilos nos Estados Unidos, enquanto o índice brasileiro não ultrapassa a 100 gramas por habitante. Esse, aliás, é um dos segmentos com maior potencial de crescimento, junto com as polentas instantâneas e os produtos prontos e semiprontos. cuscuz, polenta, angu, bolos, canjicas, mingaus e cremes. Sem contar que maior parte de sua produção é utilizada na alimentação animal. Energético, o cereal é composto de vitaminas A e do complexo B, proteínas, gorduras, carboidratos, cálcio, ferro, fósforo e amido. Vê-se, portanto, que o grão tem potencial de sobra. Num País como o Brasil, com imensas áreas cultiváveis e com problemas de desnutrição, mais do que uma questão comercial, o aumento no consumo de milho por parte da população é, acima de tudo, uma solução social. 45 Sílvio Ávila 46 Distinguished product Competitive in terms of cost and rich in nutritional values, the cereal pleases the Brazilian palate, but consumption is still lagging behind K eeping consumers aware of the nutritional values of corn, a very distinct kernel with countless uses, but with consumption still lagging behind. This is the main objective of the campaign that has been run since June 2012 by the Brazilian Association of Corn Industries (Abimilho), an organ that represents the major corn processing companies in the Country. More than just spreading the benefits of the kernel, still ignored by most Brazilian people, the idea is to trigger a change to the eating habits, showing that corn is one of the most nutritive and versatile foods in the world. According to the man in charge of the Media Advisory Council at the Abimilho, Alex Branco, initiatives include the distribution of informative materials to communications agencies, specific publications, like women’s magazines of large circulations; and courses given by nutritionists, school lunch servers, housewives, besides food recipes, interviews with welfare specialists and Embrapa technicians. This work is even further expanded through partnerships with other entities. The idea behind it is to make consumption of corn soar to 800 thousand tons. In one year, the corn milling industry is set to increase from 4.2 million to 5 million tons the volume of corn processed for human consumption. In the meantime, the intention is to increase by 20% the use of corn-based products by the population. Currently, according to the president of the association, Nelson Kowalski, consumption of corn in Brazil varies from one region to the other. With the Northeast as leader in demand, where per capita consumption is 18.35 kilos a year. Compared to other countries, where socioeconomic conditions are similar, like Mexico, with a consumption of 63 kilos per person a year, consumption of corn in Brazil is almost irrelevant. Another analysis could include corn flakes, normally consumed at breakfast, totaling 5.8 kilos per person in the United States, while in Brazil and does not even exceed 100 grams per person. The latter, by the way, is a segment that has a huge potential to soar, along with instant polentas, semi ready and ready-to-eat foods. VERSATILITY Extremely versatile, corn and corn-based products are utilized in upwards of 150 products of different segments. The kernel is used by the textile industry, paper and cardboard processing, medicines, cosmetics, leather and resins, among others. In the food industry it is consumed directly, or as component in candy, biscuits, bread, chocolate, jellies, ice cream, mayonnaise and beer. Grown all over the Country, corn is also an ingredient in several dishes, like cuscuz, polenta, angu, cakes, canjicas, porridge and creams. Not to mention that the bulk of the corn crop is fed to cattle. Laden with energetic ingredients, the cereal contains vitamin A, complex B vitamins, proteins, fat, carbohydrates, calcium, iron, phosphorus and starch. This makes it clear that the kernel has potential to spare. In a country like Brazil, with immense stretches of arable lands, but facing malnutrition problems, more than a commercial question, more consumption of corn by the people is, above all, a social solution. 47 48 Inor Ag. Assmann Fábrica de sabores Abimilho investe em campanhas de incentivo ao consumo e em inovações para aumentar os 4,6 bilhões de milho processados anualmente O s grãos de milho colhidos pelos produtores brasileiros são transformados em inúmeros produtos adequados à alimentação humana ou para outros segmentos industriais. As indústrias de moagem a seco e úmido demandam cerca de 4,6 bilhões de toneladas do cereal ao ano. Movimentam receita de aproximadamente R$ 4,8 bilhões. Os resultados foram divulgados pela Associação Brasileira da Indústria do Milho (Abimilho). Os números demonstram que a produção dos derivados encontra-se estabilizada. “Em 2012, o mercado foi concorrido. As indústrias tiveram faturamento alto, principalmente pelo fato de o preço do milho estar valorizado”, destaca Nelson Kowalski, presidente da Abimilho. De acordo com a associação, o segmento processador do cereal responde por mais de 12 mil empregos diretos e 100 mil indiretos. Entre as metas da entidade, composta por 15 indústrias associadas, estão o apoio ao aumento da produtividade e da qualidade do milho e a promoção da demanda dos alimentos à base do grão. Atualmente, a Abimilho entra em ação com a campanha de incentivo ao consumo e defende a continuação do processo de desoneração tributária em toda a cadeia. O grão de milho apresenta grande número de aplicações. Mas é no prato dos brasileiros que ele mais se destaca. Inclusive, é um dos cereais mais consumidos do mundo. Ao lado do trigo e do arroz, o grão faz parte da chamada pirâmide alimentar, apresentando altos níveis de carboidratos, substâncias essenciais à obtenção de energia. O óleo de milho é indicado por especialistas da saúde por apresentar baixo índice de gorduras saturadas. O alimento é rico em vitamina E. De acordo com o presidente da Abimilho, os derivados mais produzidos PARA FORA Os derivados do milho também são demandados pelo mercado externo. Em 2012, o Brasil exportou 83,420 mil toneladas de farinha de milho, menos do que as 96,049 mil toneladas embarcadas no ano anterior, conforme divulgou a consultoria Safras & Mercado, no Informativo do Milho, de atualmente pelas indústrias associadas à Abimilho são as farinhas de milho, os grits (para produção de cerveja ou salgadinhos) e o amido. Os mais consumidos são farinhas, flocos para cuscuz, grits e óleo. Já os itens que apresentam maior potencial de demanda são amido de milho, flocos de milho, produtos lights e para celíacos. Para o futuro, prevê o crescimento de novos produtos feitos sob medida na área industrial e a difusão de produtos regionais em outras áreas, como o cuscuz nordestino na região Sudeste. 17 de junho de 2013. Os envios de óleo de milho somaram 35,071 mil toneladas, resultado superior às 33,986 mil toneladas negociadas em 2011. Outro item comercializado fora do Brasil foi o amido, que totalizou 11,013 mil toneladas em 2012, superando as 9,111 mil toneladas vendidas ao exterior no ano anterior. 49 Taste factory T he corn kernels harvested by the Brazilian growers are transformed into an array of products appropriate for human consumption, or useful for other industrial purposes. The dry and wet corn milling industries need some 4.6 billion kilos of corn a year. They generate revenue of R$ 4.8 billion. The results were released by the Brazilian Corn Trade Assocation (Abimilho). These numbers demonstrate that the production of corn-based items has stabilized. “In 2012, the market operated at full speed. Most industries raked in hefty revenues because corn prices were high”, notes Nelson Kowalski, president of Abimilho. According to association sources, the processing segment of the cereal is responsible for upwards of 12 thousand direct jobs and 100 thousand indirect ones. The targets of the entity, made up of 15 associated industries, include ample support to higher productivity and better kernel quality initiatives and much publicity about corn-based foods. Currently, Abimilho is running a consumption incentive program and is fighting towards exempting the entire supply chain from the taxes levied on its products. Corn kernels have a diversity of uses that reach upwards of 150 applications. It may sound odd, but the cereal is present in paper, textiles, medicines, paints, leathers and resins. It is a major ingredient in beer and is equally used in mining operations. But it is in the Brazilian cuisine that the kernels are particularly present. Corn is also one of the most consumed cereals in the world. Along with wheat and rice, the kernel is one of the pillars of the so-called food pyramid, with high carbohydrate content, a substance that is essential for energy purposes. Corn oil is much recommended by healthcare specialists for its low levels of saturated fats. The food is rich in vitamin E. According to Kowalski, currently, the most produced corn-based products by the industries associated with Abimilho are cornmeal, grits for the production of beer or snacks) and starch. The most consumed are flours, flakes for cuscus, grits and oil. On the other hand, the items that present the big- 50 gest potential for demand are as follows: corn starch, corn flakes, light products and foods for celiac sufferers. For the future, the association anticipates a series of tailor-made products for the industry, and much publicity about regional products in other areas, like Northeastern cuscus in the Southeast. Inor Ag. Assmann Abimilho is investing in consumption incentive campaigns and in innovations to surpass the present 4.6 billion kilos of corn processed annually OVERSEAS Corn-based products are also in great demand abroad. In 2012, Brazil exported 83.420 thousand tons of cornmeal, representing a small decrease from the 96.049 thousand tons exported the previous year, according to the Maize Newsletter, published by Safras & Mercado, on 17th June 2013. Corn oil shipments abroad amounted to 33.986 thousand tons in 2011. Another item negotiated overseas was starch, which totaled 11.013 thousand tons in 2012, outstripping the 9.111 thousand tons shipped abroad the year before. FUBÁ PARA VIAGEM CAKE FOR THE TRIP A Seara Indústria e Comércio de Produtos Agropecuários, com sede em Sertanópolis (PR), também atua na produção de derivados do milho. Em 2011, colocou em funcionamento a nova indústria de moagem de milho, em Ibiporã (PR), com capacidade para processar em torno de 7 mil toneladas de grão por mês. Na indústria, o milho é triturado, dando origem a vários subprodutos, como milho picado, germe para produção de ração ou óleo, canjica, grits, flocos de milho, cuscuz e polenta pronta. “O que ocorreu de novo foi a demanda de fubá por parte de alguns países da África”, destaca Maurício Bernardes, gerente comercial de varejo da Seara. Segundo ele, o principal comprador de fubá do Brasil é Angola. Igualmente houve embarques de canjiquinha para o Haiti. Seara Indústria e Comércio de Produtos Agropecuários, based in Sertanópolis (PR), also manufactures corn-based products. In 2011, the company inaugurated its new maize milling plant, in Ibiporã (PR), with a capacity to process approximately 7 thousand tons per month. At the industry, the kernels are ground, giving rise to several products, like grits, germ for the production of feed or oil, canjica, grits, corn flakes, cuscuz and ready-to-eat polenta. “What has occurred again were orders for corn cake from countries in Africa”, says Maurício Bernardes, commercial manager at Seara’s retail department. According to him, Angola is the country that imports the biggest amount of corn cake from Brazil. Shipments of canjiquinha to Haiti have also occurred. 51 Sem moderação Sílvio Ávila Produção de rações e de suplemento mineral ficou próximo de 65 milhões de toneladas em 2012 e movimentou cerca de R$ 48 bilhões 52 A s porções de alimentação animal servidas em 2012 foram menores do que as demandadas no ano anterior. A produção total de rações somou cerca de 63 milhões de toneladas, 2,3% menos do que o volume consumido em 2011, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações). Queda maior se verificou no consumo de suplementos minerais, que ficou próximo de 1,95 milhão de toneladas, 17% aquém do volume alcançado em 2011. “A interrupção no fornecimento de sal mineral elimina a transferência de tecnologia e compromete sobremaneira a produtividade do rebanho”, alerta Ariovaldo Zani, vice-presidente executivo da entidade. No geral, conforme Zani, o desempenho do setor de alimentação animal em 2012 foi prejudicado pela evaporação do capital de giro, provocada pelas recuperações judiciais requeridas por produtores descapitalizados. O resultado também foi afetado pela explosão dos preços do farelo de soja e do milho, pela redução do alojamento de matrizes, pintinhos e bovinos; e ainda pela diminuição do ritmo exportador. A movimentação financeira do setor foi estimada em R$ 48 bilhões com cereais, oleaginosas, ingredientes de origem animal e aditivos utilizados nas rações. “Mas esse montante não leva em conta o custo industrial, as embalagens e o frete”, observa Zani. O milho constitui cerca de 60% da composição das rações, além de entrar em alimentos para cães, gatos, peixes, camarões e os concentrados utilizados na alimentação de bovinos de corte e de leite, caprinos e ovinos. “O cereal é a principal fonte energética capaz de maximizar os ganhos de peso diário e de conversão alimentar de aves e suínos”, destaca Zani. A alta nos preços do milho e da soja fez recuar a margem das empresas do setor, uma vez que o produtor de proteína animal também encontrou resistência por parte do varejo no repasse de preços aos consumidores. “O alto custo dos insumos das rações foi em grande parte diluído entre os elos da cadeia de suprimentos”, aponta. Segundo Zani, o desempenho de 2012 aprofundou a preocupação dos empreendedores frente à perda de competitividade e à pressão sobre as cadeias de produção e de alimentação animal, que vem se acentuando pela persistente insegurança jurídica, falta de clareza sobre direitos e deveres e sucessivas alteração nas legislações e nos marcos regulatórios. Além disso, ele cita que a indústria enfrenta a burocracia estatal, permeada por excessivos e complexos procedimentos, e a asfixiante carga de impostos, que onera os preços por conta do sistema cumulativo de tributos. “Esse ambiente pouco confiável e hostil aos negócios, além de ser desestimulador aos investimentos, prejudica cada vez mais os diversos segmentos”, avalia. COMPASSO DE ESPERA Como a reação econômica do País era esperada somente para a partir do segundo semestre de 2013, a projeção da indústria de alimentação animal era crescer 3% no ano em curso. Para o Sindirações, este avanço representaria apenas a recuperação do retrocesso apurado em 2012. No primeiro trimestre de 2013, a entidade já havia registrado um tímido desempenho, de pouco mais de 14,6 milhões de toneladas de rações, quase 1% abaixo do produzido no mesmo período de 2012. Conforme Ariovaldo Zani, do Sindirações, o setor busca o aperfeiçoamento ininterrupto dos padrões de segurança dos alimentos para garantia do consumidor, desoneração tributária para fortalecimento da competitividade e promoção da qualificação através da educação e do treinamento da mão de obra para aumentar a produtividade. 53 Sílvio Ávila Without moderation inglês Production of livestock feed and mineral supplements came close to 65 million tons in 2012 and involved about R$ 48 billion 54 T he portions of animal feed consumed in 2012 were smaller than in the previous year. In all, about 63 million tons of feed were produced, down 2.3% from the previous year, according to sources from the Trade Union of Brazilian Animal Feed Industries (Sindirações). Mineral supplements suffered major decreases in consumption, and the total remained at 1.95 million tons, down 17% from the amount reached in 2011. “The interruption in the supply of mineral salt eliminates any technology transference and greatly jeopardizes the productivity of the herd”, warns Ariovaldo Zani, executive vice-president of the entity. Corn represents about 60% of all ingredients used in animal feed, besides being the basis for feed for dogs, cats, fish, shrimp and concentrates utilized as food for beef cattle, dairy cattle, goats and sheep. “The cereal is the major energy source capable of maximizing daily weight gains and poultry and hogs food conversion capacity”, Zani points out. The soaring corn and soybean prices negatively affected the profit margins of the companies of the sector, since the producers of animal protein were also confronted with resistance from the retailers who found difficulty passing on price hikes to consumers. “The high cost of feed inputs was for the most part absorbed by the links of the supply chains”, he comments. According to Zani, the 2012 performance BEM SERVIDOS • Well served Produção brasileira de ração (milhões de toneladas) Segmento deepened the concern of the entrepreneurs in light of the loss of competitiveness and the pressure over the production chains and animal feed, a fact that has been getting more and more serious in light of the juridical uncertainties, the lack of clarity on rights and duties and successive legislation changes, besides the variables stemming from the regulatory marks. Furthermore, he recalls that the industry also has to put up with bureaucratic hurdles, permeated by successive and complex procedures, and the overwhelming tax burden, which pushes prices up on account of the cumulative taxation system. “The little reliable and very hostile business environment, besides discouraging investments of any kind, is increasingly jeopardizing the various segments. Sílvio Ávila In general, in Zani’s view, the performance of the animal feed sector in 2012 was adversely affected by the evaporation of the working capital, brought about by requests for judicial reorganization filed by cashstrapped farmers. The result was also affected by the skyrocketing prices of soybean and corn meal, translating into a reduction in the number of hens in the hatching enclosures, smaller numbers of young chickens and calves; and also by slow moving exports. In financial terms, the sector transacted some R$ 48 billion in the trade of cereals, soybean, ingredients of animal origin and additives used in feed preparations. “Nonetheless, this amount does not take into consideration the industrial cost, packaging materials and freight”, Zani observes. 2012 2013*%13/12 Aves 36,337,1 2,1 Frangos 31,131,7 2,1 Poedeiras 5,25,42,6 Suínos 15,115,5 2,5 Bovinos 7,47,63,3 Leite 4,84,93,0 Corte 2,62,74,0 Cães e gatos 2,26 2,37 5,0 Equinos 0,560,57 2,0 Aquacultura0,650 0,740 13,8 Peixes 0,5750,661 15,0 Camarões 0,0750,079 4,9 Outros 2,0 0,7530,768 Total rações 63,0 64,6 2,6 Sal mineral 1,95 2,24 15,0 Total 64,966,8 3,0 Fonte: Sindirações. * Previsão MARKING TIME As the economic reaction of the country had been expected only for the second half of 2013, the animal feed industry had projected a 3% increase over the current year. Sindirações sources view this advance as a mere recovery from last year’s setback. In the first quarter in 2013, the entity had registered a very shy performance, reaching a production of barely more than 14.6 million tons of feed, down almost 1% from the same period in 2012. According to Ariovaldo Zani, of Sindirações, the sector has constantly been seeking improved food safety standards that benefit consumers. In the meantime, there have been requests for tax exemptions, with an eye towards competitiveness, quality-oriented educational initiatives and workforce training, in an attempt to reach higher productivity rates. 55 Robispierre Giuliani O principal ingrediente A avicultura e a suinocultura consumiram 80% da produção total de rações em 2012, produto no qual o milho representa mais de 60% 56 B oa parte dos grãos de milho colhidos no Brasil é transformada em alimento para várias espécies de animais. Em 2013, a produção de rações deverá atingir a 64,6 milhões de toneladas, 2,6% além do consumido em 2012, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações). Calcula-se que o milho representa 64% das rações destinadas à avicultura e 65% do alimento próprio à suinocultura. As duas espécies consumiram 80% da produção total de rações em 2012. A participação dos frangos de corte foi de 49% e a de suínos, de 23%. As poedeiras demandaram 8% do total elaborado. O Sindirações aponta que a avicultura de corte poderá produzir mais de 13 milhões de toneladas de frango em 2013. Isso se o vigor da demanda doméstica for recuperado e se as exportações tiverem novos destinos. De acordo com a entidade, de janeiro a março de 2013, o setor avicultor diminuiu em 4,2% o consumo, no comparativo com o demandado no mesmo período de 2012. A previsão é de que a avicultura adquira total de 31,7 milhões de toneladas de rações em 2013, 2,1% a mais do que em 2012. A entidade prevê que, ao longo de 2013, a avicultura de postura poderá demandar 5,4 milhões de toneladas de rações, o que representará incremento de 2,6%. O segmento de postura fechou 2012 com 5,2 milhões de toneladas, 5,4% acima da quantia do ano anterior. O volume de rações para a suinocultura regrediu 1% no primeiro trimestre de 2013, contra a temporada passada. Os preços da carne suína foram pressionados pela retração dos embarques e pelo enfraquecimento do consumo doméstico. O Sindirações estima consumo de 15,5 milhões de rações para suínos em 2013, 2,5% superior ao produzido no ano anterior. No entanto, é decisivo que o custo de produção não sofra tanta volatilidade ao longo de 2013. Conforme o Sindicato, as outras espécies também deverão registrar demanda maior de rações em 2013, caso de gado de leite e de corte (3,3%), cães e gatos (5%), equinos (2%), aquacultura (13,8%) e outros (2%). The main ingredient Hog and poultry farming consumed 80 percent of the total volume of feed produced in 2012, which is 60 percent corn L arge portions of the corn kernels harvested in Brazil are transformed into food for several livestock species. In 2013, the production of feed is estimated to reach 64.6 million tons, up 2.6% from the total consumed last year, according to sources from the Trade Union of Brazilian Animal Feed Industries (Sindirações). It is estimated that corn represents 64 percent of all feed for poultry farming and 65 percent for hog-raising operations. The two livestock species consumed 80% of the total amount of feed produced in 2012, with the broilers’ share reaching 49%, while the hogs’ share remained at 23%. Laying hens consumed 8% of the total. Sindirações maintains that meat chicken operations are likely to produce upwards of 13 million tons of broilers throughout 2013. This will happen if tight domestic demand gets back on track and if new destinations are found for shipments abroad. According to the entity, January through March 2013, broiler consumption was down 4.2% from the same period last year. The forecast is for the chicken farming sector to ac- quire 31.7 million tons of feed in 2013, up 2.1% from 2012. The entity anticipates that, throughout 2013, the laying hen segment may demand 5.4 million tons of feed, representing an increase of 2.6%. Laying hens consumed 5.2 million tons of feed in 2012, up 5.4 percent from the previous year. The volume of feed for hogs went down 1% in the first quarter of 2013, compared to the previous season. Pork prices suffered pressure from fewer shipments abroad and from declining domestic consumption. Sindirações anticipates a consumption of 15.5 million tons of feed by the hog segment in 2013, up 2.5% from the previous year. Nonetheless, there is a decisive factor at stake: the production cost must stop being volatile throughout 2013. Union sources also anticipate stronger demand for feed from such segments that include dairy operations and beef cattle (3.3%), dogs and cats (5%), equines (2%), aquaculture (13.8% and others (2%). 57 Sílvio Ávila Novas clientelas Animais de estimação, assim como os segmentos da aquacultura, são responsáveis por significativo incremento no consumo de rações O s únicos segmentos que consumiram mais rações em 2012 foram aquacultura (14%), cães e gatos (4%) e poedeiras (5,4%). A produção de ração para peixes somou 575 mil toneladas, 15% a mais do que em 2011. Os camarões demandaram 75 mil toneladas do alimento, 7,1% acima do adquirido em 2011. “O lançamento, em 2012, do plano-safra do governo federal de incentivo à produção aquicola e a expectativa de harmonização nos requisitos para concessão de licenças devem manter o dinamismo apurado nas respectivas cadeias”, avalia Ariovaldo Zani, vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações). No primeiro trimestre de 2013, mais de 200 58 toneladas de rações já tinham sido destinadas para peixes e camarões. “Isso permite prever a produção de mais de 740 mil toneladas de rações em 2013, com crescimento de no mínimo 14%”, comenta. O apetite de cães e gatos deu conta de 2,3 milhões de toneladas de rações em 2012. A projeção é que o volume degustado por esses animais de estimação em 2013 fique acima de 2,4 milhões de toneladas, 5% de acréscimo sobre o anterior. “O consumo maior deste segmento se deve à crescente antropomorfização (dar qualidades humanas) que caracteriza a relação entre esses animais de companhia e seus proprietários”, relata Zani. Ele também destaca que parcela da população brasileira se estabeleceu no mercado de trabalho formal e teve a renda e o crédito aumentados, aspecto que se refletiu sobre a capacidade de compra. New clients Pet animals, along with segments like aquaculture, are responsible for the uptrend in feed consumption T he only segments that consumed more feed in 2012 are as follows: aquaculture (14%), cats and dogs (4%) and laying hens (5.4%). The production of feed for fish amounted to 575 thousand tons, up 15% from the previous year. Shrimp farming required 75 thousand tons of food, 7.1% above the amount required in 2011. “The implementation of the crop-plan by the federal government in 2012, with an eye towards expanding aquaculture operations, along with the expectation for the harmonization of the requirements regarding new licenses should help maintain the vivid spirit of dynamism now pervading the various supply chains”, says Ariovaldo Zani, vice-president at the Trade Union of Brazilian Animal Feed Industries (Sindirações). In the first quarter of 2013, upwards of 200 thousand tons of feed were destined for fish and shrimp farms. “This allows us to anticipate the production of more than 740 thousand tons of in 2013, an increase of at least 14%, he comments. The strong appetite of dogs and cats accounted for the consumption of 2.3 million tons of feed in 2012. The projection is for the volume to be consumed by these two pet animals, throughout 2013, to reach 2.4 million tons, up 5% from the previous period. “The soaring feed consumption by these animals is due to the ever-rising anthropomorphization initiatives (when human forms or attributes are ascribed to animals) that characterize the relationships between these animals and their owners”, says Zani. He also refers to the fact that a large portion of the Brazilian population has adhered to formal jobs, with higher earnings and more access to credit lines, with reflections on the purchasing power. 59 Sílvio Ávila Para quem duvidava... Depois de se colocar em evidência mundial na exportação de milho, Brasil espera repetir ou até mesmo superar seu desempenho em 2013 O milho é uma nova força que vem do campo. Essa condição foi comprovada em 2012, quando o País atingiu seu melhor resultado nas vendas externas em todos os tempos. No período, 19,7 milhões de toneladas do cereal brasileiro foram comercializadas além fronteiras. Além disso, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) prevê, em seu relatório de junho de 2013, que o País será o maior exportador mundial no fechamento do ciclo 2012/13 (que se estende de outubro a setembro), atingindo 26,5 milhões de toneladas. O desempenho em 2012 se deu pela positiva convergência de fatores, como o aumento da área plantada na segunda safra; o clima favorável, que garantiu excelente produtividade; e a quebra na produção dos Estados Unidos, principal produtor e exportador do grão. De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Felício Aguiar, a expectativa é de que em 2013 se exporte a mesma quantia registrada no ano anterior. Se depen60 der dos números verificados até o mês de maio (8,1 milhões de toneladas, o que representa aproximadamente 41% de todo o volume comercializado em 2012), essa projeção deverá ser facilmente alcançada, ou até mesmo superada. O dirigente explica que a exportação brasileira acontece praticamente no segundo semestre. Pelo fato de a safrinha do Brasil ser colhida a partir de julho e a colheita americana chegar ao mercado a partir de outubro, ele considera que há chances de se vender bons volumes do grão até meados de setembro – algo que dependeria, ainda, da situação dos portos. Depois desse período, no entanto, será preciso ajustar-se aos preços do produto americano. Já em relatório divulgado na primeira quinzena do mês de junho, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) apontou a recuperação nos estoques dos Estados Unidos e a queda nas exportações de milho no Brasil até 2014. NOVOS MERCADOS O Brasil deve seguir firme na busca por novos mercados. O presidente da Anec, Felício Aguiar, destaca que um dos principais destinos a ser conquistado é a China, que, apesar de ter grande produção (a segunda maior, logo atrás dos Estados Unidos), está importando mais milho. As negociações com os chineses iniciaram-se nos últimos dois anos e a tendência, conforme os especialistas, é de que se mantenham, tanto pelo incremento de renda quanto pelo aumento da população nos centros urbanos. Atualmente, os tradicionais mercados consumidores do milho brasileiro são Japão, Coreia do Sul e Taiwan, que absorvem 50% da produção in natura. O Brasil tem potencial para exportar de 25 a 30 milhões de toneladas anuais, segundo projeção da Anec. Isso demonstra que a safra de milho deixou de ser “doméstica” e que o grão se tornou uma commodity, com condições de disputar mercado. É uma realidade bem diferente da verificada até 2011, quando o País plantava e colhia para abastecer basicamente o mercado interno. 61 Inor Ag. Assmann For those who had doubts... After achieving global recognition as reliable corn exporter, Brazil hopes to repeat or even exceed its performance in 2013 C orn represents a new source of strength that comes from the countryside. This achievement was confirmed in 2012, when the Country celebrated an all-time record in foreign sales. Over the period, 19.7 million tons of the cereal were negotiated abroad. Furthermore, the United States Department of Agriculture (USDA) anticipates, in its June 2013 report, that the Country is poised to become the leading exporter at the close of the 2012/13 cycle (which extends from October through September), totaling 26,5 million tons. PLANETA MILHO • Planet corn Exportações brasileiras de milho Ano US$ FobVolume (t) 20112.624.194.064 9.459.144 20125.284.861.057 19.772.337 2013 * 2.321.192.943 8.151.341 * Janeiro a maio - Fonte: Secex/MDIC 62 The 2012 performance was the result of positively converging factors, like the bigger planted area in the second crop; favorable climate, responsible for excellent productivity; and the smaller crop in the United States, leading corn producer and exporter. According to the president of the National Association of Cereal Exporters (Anec), Felício Aguiar, the expectation in 2013 is for a repeat of last year’s exports. Judging from the numbers reached up to the month of May (8.1 million tons, which represent approximately 41% of the entire amount traded in 2012), this projection should be achieved without any problem, or could even be exceeded. The official explains that most Brazilian exports take place in the second half of the year. It happens because the harvest of the second crop starts in July and the North-American crop reaches the market in October. This is why the official believes in substantial corn sales up NEW MARKETS Brazil is set to conquer new markets. Anec president Felício Aguiar says that one of the main destinations to be conquered is China, a country that is the second-largest producer of corn in the world, coming right after the United States, but is now importing more corn. Negotiations with China started two years ago and the trend, according to specialists, is for these negotiations to proceed, because the population of urban centers in China is soaring and so is people’s purchasing power. to mid-September – something that also depends on the manner the ports fare during this period of the year. After this period, nonetheless, it will be necessary to adjust to the prices practiced by the United Sates. On the other hand, in a report released in the first half of June, the Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) pointed to stock recovery in the United States and declining Brazilian corn exports through the end of 2014. Nowadays, the traditional markets that purchase Brazilian corn are Japan, South Korea and Taiwan, and they absorb 50 percent the fresh corn. Brazil has the potential to export from 25 to 30 million tons a year, according to Anec sources. This clearly shows that Brazil’s corn crop is no longer “only domestic” and that the kernel has become a commodity, with every condition to work its way into the global market. This reality is quite different from the situation up to 2011, when the Country almost exclusively planted and harvested corn to supply the domestic market. 63 Inor Ag. Assmann Perfil 64 Bom camarada Do irrigado no Sul ao crioulo semeado nos confins da Amazônia, o milho é o mais democrático parceiro de inúmeras culturas Brasil afora O milho pode ser considerado o grão mais democrático entre as culturas estabelecidas no Brasil: é cultivado em todos os 26 estados e no Distrito Federal, consorciado com inúmeras culturas e fundamental em diversos sistemas de produção, apesar das diferentes características de solo e de clima de um País de proporções continentais. Na safra 2012/13, o milho teve a segunda maior área no Brasil entre os grãos, com 15,8 milhões de hectares, contra os 27,7 milhões de hectares da soja, conforme levantamento de junho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em termos de produção, foram colhidas 78,5 milhões de toneladas de milho e 81,3 milhões de toneladas de soja. No mundo, é o terceiro principal grão produzido, atrás de trigo e arroz. O pesquisador José Carlos Cruz, especialista em sistemas de produção da Embrapa Milho e Sorgo, de Sete Lagoas (MG), é entusiasta do cereal e considera esta a cultura mais conhecida do brasileiro, de Norte a Sul. “Todo o agricultor sabe plantá-lo, pois se encaixa em diferentes sistemas de cultivo e atende às necessidades da propriedade rural e do mercado”, diz. O plantio começa em agosto no Sul do País e termina em março no Nordeste, acompanhando características do clima, como o regime de chuvas. Na última década, o Brasil deixou de ser um importador do cereal para tornar-se autossuficiente e grande exportador. A cultura é chamada de democrática porque não escolhe tamanho de área ou perfil do agricultor. Está em todas as dimensões de lavouras. E até em hortas e terrenos na cidade. Cultivado em ambiente urbano, é direcionado ao autoconsumo e à venda de excedentes, principalmente como milho verde. Já o pequeno agricultor produz para atender às criações, algo também para o consumo alimentar, e vende pequenos excedentes; o milhocultor médio AGRICULTURA FORTE Atualmente, destaca-se o cultivo de milho na segunda safra no Centro-Oeste, em sucessão à soja, concentrando o uso de quase 8 milhões de hectares e com potencial de crescer bem mais. Isso, inclusive, deslocou a época tradicional de plantio na região, e a adaptação é promovida por tecnologia nacional. Além disso, é cultura adaptada ao sistema de plantio direto na palha, algo relevante do ponto de vista ambiental e agronômico. Dulphe Pinheiro Machado Neto, gerente técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS), direciona a safra para a demanda interna nacional, da indústria de rações e/ou alimentar, principalmente; enquanto o grande atende o mercado interno, mas igualmente está focado nas exportações. A tecnologia segue avançando para garantir o desenvolvimento das lavouras e da qualidade do cereal. Na última década, com as variedades, os híbridos e os transgênicos disponíveis, além da evolução do manejo, o sistema de plantio direto do milho em sucessão à soja se consolidou com uma segunda safra cada vez mais robusta. Foi neste período que o Brasil, mesmo diante de uma super produção, mostrou-se eficiente e exportou quase 19 milhões de toneladas num ano, bateu recordes de produtividade e agregou novas e importantes tecnologias à lavoura. destaca o papel integrador da cultura do milho. “É um cereal que se ajusta de forma excepcional às demais atividades agropecuárias”, enfatiza. “Comparece como ração ou silagem para as cadeias pecuárias, na alimentação humana, ou no cultivo em rotação, sucessão ou integração com diversas atividades agroeconômicas.” Segundo ele, não há agricultura familiar forte sem milho em casa. “Hoje, a garantia de oferta de milho é sinônimo de desenvolvimento, atrai investimentos de indústrias importantes, como as cadeias de aves, suínos e leite; e garante a sobrevivência dos agricultores, grandes ou pequenos”, finaliza. 65 Profile Good guy C Inor Ag. Assmann orn could be viewed as the most democratic of all From irrigated fields in crops established in Brazil: it is cultivated in all 26 the South to Creole corn in states and in the Federal District, in association with the remote Amazon, corn numerous crops and fundamental in several production is the most democratic systems, despite an array of soil and climate characteristics partner of an array of of a Country with continental dimensions. In the 2012/13 season, the cereal occu- or the profile of the farmer. It is present in crops across Brazil pied the second biggest area among all grain crops, with 15.8 million hectares, against 27.7 million hectares devoted to soybean, according to a survey by the National Supply Company (Conab). In terms of production, the size of the crop amounted to 78.5 million tons, compared to 81.3 million tons of soybean. In the world, it is the third most produced cereal, coming only after wheat and rice. Researcher José Carlos Cruz, specialist in production systems at Embrapa Corn and Sorghum, based in Sete Lagoas (MG), is very keen on the kernel and has it that corn is the crop that Brazilians are most familiar with, from North to South. “Every farmer knows how to plant it, as it fits into different systems and is in line with the needs of the rural holdings and the market”, he says. Planting starts in August in South Brazil and ends in March in the Northeast, following climate characteristics, like rainy seasons. In the past decade, Brazil left behind its status as huge corn importer and turned into an exporter of the cereal. The crop enjoys a democratic status because it makes no requirements as to the size of the area ROBUST AGRICULTURE Nowadays, the highlight is the second corn crop in the CenterWest, right after soybean, comprising almost 8 million hectares and with the potential to grow even further. This, as a matter of fact, has displaced the traditional planting time across the region, an adaptation that relies on national technology. Furthermore, corn is a crop that is planted into mulch, which is relevant from an environment and agronomic viewpoint. Dulphe Pinheiro Machado Neto, technical manager at the Rural Extension and Technical Assistance Corporation (Emater/ RS), highlights the integrating role of the corn crop. “It is a cereal 66 all field sizes, and even in vegetable gardens and in the backyards of city homes. Grown in urban settings, it is directed towards consumption and sales of surpluses, especially like green corn. Smallscale farmers normally grow this crop for their livestock operations, and some of it for consumption, while selling small surpluses; medium corn growers normally direct their crop to domestic demand, feed and/or food industries, as a rule; while commercial farmers supply the domestic market, whilst keeping an eye on shipments abroad. Technology continues on a soaring trend with an eye towards field development and the production of quality kernels. Over the past decade, the crop reached the status as the second most robust in Brazil, as a result of better varieties, hybrids, transgenic cultivars, significant evolution in management practices and direct planting in rotation with soybean. During this period, even in light of a bumper crop, Brazil proved very efficient and shipped abroad almost 19 million tons in one year, hit productivity records and added new and very effective technologies to the farming system. that integrates exceptionally well with other agricultural activities”, he emphasizes. “It turns into feed or silage for the supply chains, it is an ingredient in human food, performs well in crop rotation and succession systems, and integrates perfectly with several agroeconomic activities”. In his view, there is no strong family farming without corn. “Now, wherever corn supplies are assured, there is development on the way, important industries are attracted, like poultry and hogs farming, and dairy operations. Corn represents the survival of small-scale farmers, and the same holds true for huge commercial operations”, he concludes. Seu portal para fazer negócios com o Brasil! www.brasilglobalnet.gov.br Ÿ Informações sobre 8.700 empresas exportadoras brasileiras; Ÿ Dados sobre 2.700 produtos relacionados a comércio exterior; Ÿ Indicadores econômicos, tabelas e gráficos sobre comércio exterior; Ÿ Mais de 300 feiras comerciais a serem realizadas no Brasil em 2011; Ÿ Oportunidades de investimento em infraestrutura, energia, indústria pesada e megaeventos esportivos. Ministério das Relações Exteriores Subsecretaria-Geral de Cooperação, Cultura e Promoção Comercial Departamento de Promoção Comercial e Investimentos O parceiro ideal Inor Ag. Assmann Muito adequado ao consórcio com outras culturas, o milho é o parceiro agronômico ideal para diferentes sistemas produtivos agropecuários O milho é considerado um dos mais eficientes e dinâmicos produtos em plantio consorciado com outras culturas. O aspecto não é apenas econômico, mas também agronômico. A rotação é indicada para recuperar ou ampliar a qualidade das características físicas, químicas e biológicas do solo, bem como quebrar ciclos de pragas, doenças e invasoras. Além disso, contribui para assegurar renda extra ao produtor. A pesquisa já comprovou que o uso do milho em rotação ou sucessão a outras culturas tem função complementar em rendimento. Ou seja, tanto o milho potencializa a produtividade e a qualidade da cultura subsequente, quanto é beneficiado pelo residual de adubos ou defensivos desta. O grão integra sistemas de produção que passam por arroz, tabaco, feijão, soja, pastagens, florestas, café, cana-de-açúcar, fava e até aipim, em algumas regiões do País. O pesquisador José Carlos Cruz, da Embrapa Milho e Sorgo, de Sete Lagoas (MG), enfatiza que desde a década de 1970 o uso da cultura em consórcio é difundido no País. “No Sul, planta-se milho e feijão; no Norte e no Nordeste, mandio- 68 ca e milho”, explica. No Sudeste, principalmente em Minas Gerais, aparece nas entrelinhas das lavouras de café. Atualmente, o uso integrado da cultura vai de Sul a Norte. A primeira experiência já começa no extremo Sul brasileiro, na cidade de Santa Vitória do Palmar (RS), onde o Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) desenvolve o cultivo em rotação com arroz em várzea, sobre microcamalhão. Neste sistema, na temporada 2012/13, o Estado plantou 25 mil hectares. Na região central gaúcha, em Santa Catarina e no Paraná, o milho entra em sucessão ao tabaco, aproveitando a resteva e o residual de adubo. Ainda partindo do Rio Grande do Sul, é cultivado em rotação com soja, na primeira safra, na Metade Norte, passando por Santa Catarina e Paraná, visando a demanda da forte indústria de rações da região, na qual se concentram importantes polos de produção de aves e de suínos. O Paraná também faz safrinha, em sucessão à soja. No Sudeste, a começar por São Paulo, o milho é o parceiro ideal de culturas como aipim, cana-de-açúcar, pastagens, soja e até hortigranjeiros. Em menor escala, está entre as linhas de citros e em áreas de horticultura. No Rio de Janeiro, o grão tem mais força no consórcio com feijão e pastagens. No Espírito Santo, é grande parceiro do café, bem como em Minas Gerais, Estado no qual é consorciado com diferentes culturas para atender à grande demanda dos rebanhos leiteiros. No Centro-Oeste, o milho praticamente desapareceu do período de safra de verão e concentrou o seu poder de produção na safrinha. Este sistema é adotado pelos grandes produtores nacionais em sucessão à soja. Na mesma operação em que a soja é colhida, atrás das colhedeiras vêm os tratores e as plantadeiras aplicando no solo a semente de milho. “É o grande sistema de produção do cereal no Brasil. Atualmente, é mais importante para boa parte do País do que a safra de verão, pois assim alcançamos a autossuficiência e a exportação de excedentes”, revela Otávio Celidônio, superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). No Norte e no Nordeste predomina ainda o cultivo de aipim ou feijão, e até fava, com o milho, consorciados nas pequenas propriedades. As médias e grandes lavouras utilizam a cultura em rotação ou consórcio com forrageiras e, no cerrado, no mesmo sistema que se encontra no Centro-Oeste, sucedendo a soja. Há também cultivos adotados nas fases iniciais do plantio de florestas, juntamente com forrageiras, consolidando o sistema de produção lavoura-pecuária-florestas. No extremo Norte do Brasil, pertinho do Oiapoque, variedades crioulas são consorciadas com feijão e mandioca em áreas indígenas. Para José Carlos Cruz, a produção de milho seguirá avançando no Brasil, acompanhando a lavoura de soja, mas também na recuperação de pastagens degradadas. “O milho pode alcançar área mais significativa no chamado Mapitoba (cerrado formado por regiões de Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia), com grande potencial, bem como em Roraima”, frisa. “O desafio, nestas regiões, não é agronômico, mas logístico. Se tivermos como tirar o milho colhido, e a valores competitivos, pode-se alcançar ali um teto de 20 milhões de hectares, ou seja, o equivalente a duas safrinhas e meia”, conclui. Inor Ag. Assmann NOVAS FRONTEIRAS 69 Inor Ag. Assmann An ideal partner Very appropriate for associated cropping, corn is the ideal agronomic partners for different agricultural productive systems C orn is viewed as one of the most efficient and dynamic product in mixed-cropping systems. It is not just from an economic point of view, but the agronomic side is also a factor. Rotation is recommended for recovering or improving the quality of the physical, chemical and biological properties of soil, as well as for interrupting the cycles of diseases, pests and weeds. Furthermore, it brings in extra income for the farmers. It has equally been proved that corn, either in rotation or succession schemes, plays a complementary role in terms of yields. It means that corn potentiates both the productivity and quality standarts of the subsequent crop and takes advantage of fertilizer and pesticide residues of the previous one. The kernel integrates well with production systems that include such crops as rice, tobacco, beans, soybean, pastures, forests, coffee, sugarcane, horse bean and even cassava, in some parts of the Country. Researcher José Carlos Cruz, of Embrapa Corn and Sorghum, in Sete Lagoas (MG), recalls that since the 1970s 70 corn has been recommended for associated cropping systems across the Country. “In the South, corn and beans are common crops; in the North and Northeast, it is cassava and corn”, he explains. In the Southeast, particularly in Minas Gerais, it appears in-between the coffee rows. Nowadays, corn in mixed-cropping systems is common from North to South. The first experiment has just started in the very South of Brazil, in the town of Santa Vitória do Palmar (RS), where the Rio Grande do Sul Rice Institute (Irga), has established trial fields of corn in rotation with meadowland rice, over small ridges. In the 2012/13 season, 25 thousand hect- ares were cultivated under this system. In the central portion of Rio Grande do Sul, in Santa Catarina and Paraná, corn comes right after tobacco, taking advantage of fertilizer and crop residues. Farther up the State, in a region referred to as MidNorth, corn is grown in rotation with soybean, in the summer crop. The same holds true for Santa Catarina and Paraná, where there are strong feed industries that rely on corn. The two states comprise several poultry ad hogs farming hubs. In Paraná corn is planted as second crop, after soybean. In the Southeast, starting with São Paulo, corn is the ideal partner for cassava, sugarcane, pastures, soybean and some vegetables. On a smaller scale, it is grown in-between citrus rows and vegetable gardens. In Rio de Janeiro, the crop is frequently grown in association with beans and pasturelands. In Espírito Santo, it is a great partner of coffee, as well as in Minas Gerais, where it is grown in association with several crops, mainly to fulfill the needs of the dairy cattle operations. NEW FRONTIERS In the Center-West, the kernel has almost disappeared from the summer crops, but is strongly present in the second crop. This system is very common among commercial farmers, where corn comes after soybean. In an almost simultaneous operation, while soybean harvesters are followed by tractors and planters that apply fertilizers and sow corn. “This is the corn farming system across Brazil. Currently, the second crop is what really matters in most parts of Brazil, whilst the summer crop is losing its allure. This is how Brazil achieved self-sufficiency with surpluses to export”, says Otávio Celidônio, chief-executive at the Mato Groso Agricultural Economy Institute (Imea). In the North and Northeast corn is predominantly intercropped with cassava, beans or even horse beans, in small family farms. In medium-sized and commercial farms, corn is intercropped with forage crops and, in the cerrado region, the system in place is similar to the Center-West, with corn coming after soybean. There are also cultivations used for the initial stages of forests, along with forage crops, consolidating the crop, livestock and forestry integration system. In the very North of Brazil, near the Oiapoque river, Creole varieties are intercropped with beans and cassava in indigenous settlements. Carlos Cruz understands that corn will continue making strides in Brazil, on a par with soybean operations, but also as a degraded pastureland recovery crop. “Corn could achieve a more significant share in the so-called Mapitoba (cerrado made up of regions of Maranhão, Piauí, Tocantins and Bahia), with great potential, as well as in Roraima”, he insists. “The challenge in these regions is not agronomic, but has to do with logistic problems. If we manage to get the corn out of these regions, at competitive prices, there will be 20 million hectares available, which could materialize into two and a half second crops”, he concluded. 71 Inor Ag. Assmann Cenário muito promissor Tecnologias estão evoluindo para que o milho se estabeleça em consórcios com outras culturas, potencializando a produção e a produtividade N a última década, a cultura do milho experimentou um boom no Brasil. Áreas foram multiplicadas, novos sistemas de produção foram incorporados e aumentos de produtividade foram alcançados. Dois fatores mostraram-se fundamentais para esse crescimento: o avanço tecnológico e, mais recentemente, a valorização do cereal. A tecnologia está na frente porque, mesmo quando o valor não cobria custos de produção, algumas regiões insistiam na safrinha, diante das vantagens agregadas à lavoura de soja. “O milho mantém a área limpa, pronta para a nova semeadura, quebra ciclos de invasoras, pragas e doenças; melhora SEM LIMITES Nos últimos anos, a novidade tecnológica são os cultivos de milho irrigado e também do milho em várzea. No primeiro caso, o patamar de rentabilidade e de produtividade compensa amplamente o investimento. Há produtores colhendo 18 toneladas de milho irrigado por hectare. “Até nas várzeas gaúchas, limita72 as condições químicas, físicas e biológicas do solo; ajuda a descompactar algumas áreas e pode auxiliar no controle das pelo excesso de umidade, o milho entrou, e com potencial produtivo de 10 toneladas por hectare”, enfatiza José Carlos Cruz. Hoje, o Brasil dispõe de 500 tipos de cultivares no mercado, entre milho variedade, híbridos simples, duplos, triplóides e transgênico. “A maior demanda é pelos híbridos simples, de alto potencial produtivo”, informa o pequisador. de nematóides”, diz José Carlos Cruz, especialista em sistemas de produção da Embrapa Milho e Soja, de Sete Lagoas (MG). “É cultura de excelência após a soja, pois a leguminosa expressa maior produtividade por até dois anos após a sucessão do que se cultivada na área continuamente”, acrescenta. Até meados dos anos de 1990, a cultura do milho patinou no Brasil, buscando sua melhor inserção nos sistemas de produção, enquanto as cadeias de carnes e de leite esperavam por uma autossuficiência em rações. “Houve a evolução simultânea das tecnologias, do mercado e da qualificação dos agricultores”, opina José Carlos Cruz. Segundo ele, a consolidação do plantio direto no cerrado é o primeiro fator de ingresso do milho nos sistemas de produção da região. O agricultor se capacitou e hoje sabe onde, quando e em que circunstâncias cultivar o milho. Além disso, o manejo do solo foi otimizado, também por tecnologias que esse sistema agregou, como rotação, sucessão ou integração. Melhorando o ambiente e a mão de obra, a resposta da cultura também aumentou por conta da evolução genética, com o surgimento dos híbridos de grande potencial produti- vo e com alta qualidade de sementes e transgênicos. “Isso favoreceu o manejo de tal forma que, atualmente, se tem lavouras com densidade de plantio de 75 mil plantas por hectare. E sem mexer na plantadeira de soja”, assinala. INOVAÇÕES Técnicas importantes foram adotadas, caso do tratamento de sementes. “A soma de qualificação do manejo do solo e do material genético tem sido expressada pelas altas produtividades nas lavouras brasileiras”, revela José Carlos Cruz, da Embrapa Milho e Sorgo. Conforme ele, há seis ou sete anos, raros eram os agricultores que realizavam tratamento para doenças do milho. Com o avanço das tecnologias, praticamente o ano todo há lavouras com esse cereal no Brasil e, apesar de todos os materiais serem tolerantes às doenças, os cuidados preventivos avançaram, colaborando para a produtividade média mais alta. As variedades transgênicas inibiram os problemas com invasoras, por serem tolerantes a herbicidas. Mas os ataques de lagartas tornaram-se quase uma catástrofe. Além do avanço nas tecnologias de tratamento químico, o uso de sementes de milho transgênico resistente às lagartas (Bt), com o Manejo Integrado de Pragas, dá resultado. “Em algumas regiões, o número de insetos caiu de 10 para zero a dois por metro quadrado”, revela o pesquisador da Embrapa. “Isso reduziu os custos e o número de aplicações de defensivos.” Nos últimos cinco anos, à medida em que o Brasil se tornou produtor estável e exportador confiável, os preços do milho evoluíram, tornaram-se remuneradores e deram suporte aos investimentos tecnológicos, gerando correlação entre rentabilidade e produtividade. O mercado evoluiu, dando mais segurança ao agricultor na comercialização. “O grão pode ser cultivado em todo o Brasil, mas o uso da tecnologia, a qualificação e a capacidade de comercialização é o que vai determinar se o agricultor é bom ou não, e que tipo de resultado isso trará à cultura”, encerra José Carlos Cruz. Sendo assim, atualmente, o milho é uma cultura indissociável nos sistemas de produção do País, com futuro tão brilhante quanto as cores de suas espigas. 73 Sílvio Ávila Promising scenario Technologies are evolving towards intercropping maize with other crops, potentiating production and productivity levels “Maize keeps the area clean, ready for the new crop, it breaks the cycles of pests, diseases and weeds; it improves the chemical, physical and biological properties of soil; it helps decompact arable lands and control nematodes”, says José Carlos Cruz, specialist in production systems at Embrapa Corn and Sorghum. It is a crop par excellence after soybean, once the oilseed expresses higher productivity rates up to two years after its succession to corn, compared to soybean grown without interruption on the same field”, he adds. Until the 1990s, corn growing lagged 74 D uring the past decade, maize crops experienced a boom across Brazil. Plantations were established throughout the Country, new production systems have been introduced and productivity improved considerably. Two factors played a fundamental role in this growth: technological breakthroughs and, more recently, the higher value of the cereal. Technology is a major factor because, at times when the crop did not cover the production costs, some regions continued investing on the second crop, in light of the benefits reaped by subsequent soybean crops. behind in Brazil, but gradually working its way into the production systems, while the meat and dairy production chains were waiting for self-sufficiency in feed. “There was simultaneous evolution of both market technologies and farmer qualification initiatives”, says José Carlos Cruz. According to him, the consolidation of the direct planting system in the cerrado regions is the first factor that accounts for the introduction of maize in the region’s production systems. Farmers got qualified and now know perfectly where, when and under what circumstances maize is to be cultivated. Furthermore, soil management practices were maximized, also through technologies brought by the system, like crop rotation, succession or integration. With the improvement of the environment and labor, the response of the crop also followed suit on account of genetic evolution, with the arrival of hybrids and huge productive potential and with high quality seeds and transgenic crops. “This has favored management practices to such an extent that, currently, there are fields with a density of up to 75 thousand plants per hectare. And without changing the soybean planter”, he notes. NO LIMITS Over the past years, technological novelties include irrigated maize fields and also maize grown in meadowlands. In the first case, profitability and productivity levels make up for the investment by far. There are farmers harvesting 18 tons of maize per irrigated hectare. “Even in the southern meadowlands, limited by excessive moisture levels, corn has come in, and with a productive potential for 10 tons per hectare”, José Carlos Cruz comments. Currently, there are 500 maize cultivars in the market, including variety maize, single hybrids, double hybrids, triploid and transgenic maize. “Single hybrids are the most demanded cultivars, as they are highly productive”, the researcher explains. Over the past five years, as Brazil turned into a steady producer and reliable exporter, maize prices evolved, became more remunerating and began to lend support to technologyoriented investments, generating correlation between productivity and profitability. The market has INNOVATIONS Relevant techniques were introduced, like seed treatment practices. “The sum of soil management qualification and genetic material has been expressed through the high yields of the maize fields in Brazil”, reveals José Carlos Cruz, of Embrapa Corn and Sorghum. According to him, six or seven years ago, only a few farmers used to control field diseases. As technology began to make strides, corn fields across Brazil can be found all year round and, although all these varieties bear resistance to diseases, preventive cares have also improved, having a say in the higher average yields. Transgenic varieties have inhibited weed advances, as they are tolerant to herbicides. On the other hand, caterpillar outbreaks have almost reached catastrophic proportions. Besides advances in chemical treatment technologies, the use of transgenic maize resistant to caterpillars (Bt), along with Integrated Pest Management, have produced positive results. “In some regions, the number of insects has receded from 10 to zero or two per square meter”, the Embrapa researcher notes. “This has reduced costs and the number of pesticide applications”. also evolved, making the farmers feel safer when it comes to trading the crop. “The cereal can be grown all over Brazil, but the use of technology, qualification and the capacity to trade the crop will determine whether the farmers are prepared or not, and what kind of result it will bring to the crop”, José Carlos Cruz concludes. As things are now, maize is an indispensable crop in the production systems across the Country, with a future as shiny as the color of its ears. 75 A última Divulgação fronteira? Com o avanço das tecnologias, o milho afirma-se como alternativa agronômica e econômica viável nas várzeas de arroz do Rio Grande do Sul 76 O estresse por excesso hídrico sempre foi limitante para a produção de milho em várzeas no Sul do Brasil. O avanço da qualidade das sementes e no manejo da cultura, porém, modifica este perfil e consolida o milho como alternativa agronômica e econômica em rotação de culturas nas áreas de arroz. Assim, fica mais próxima do alcance também a autossuficiência do Estado num grão básico para a ração de suas importantes cadeias de aves e de suínos. Na safra 2012/13, o Rio Grande do Sul plantou cerca de 25 mil hectares de milho em terras baixas, volume surpreendente diante das limitações de solo e de clima. Com arroz, foram cultivados 1,07 milhão de hectares, segundo o Irga, e mais 250 mil hectares de soja. A meta do instituto, em cinco anos, validando tecnologias de rotação, é manter a área de arroz e elevar para até 600 mil hectares a de soja e a 100 mil hectares a de milho neste ambiente. E ainda agregar pastagens de inverno após colheita das culturas do “seco”. Cinco fatores determinam o avanço do milharal em regiões tradicionalmente alagadiças: a quebra de ciclo de invasoras resistentes aos herbicidas na lavoura de arroz, principal atividade do terreno; o avanço das tecnologias de manejo e de cultivares, especialmente os híbridos; a renda proporcionada pelo milho nas últimas safras, considerando-se a alta demanda do grão no Rio Grande do Sul; e a melhoria das características do solo. O pesquisador Sérgio Gindri Lopes, diretor-técnico do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), alerta que nem todas as várzeas podem cultivar o grão. Segundo ele, é preciso utilizar áreas com melhor drenagem e adotar tecnologias como a microcamalhoeira, que cria um camalhão de até 10 centímetros, reduzindo os riscos de perda por excesso hídrico. Lopes afirma que os ensaios do Irga tiveram resultado excelente, mesmo com a adversidade do clima na safra 2012/13, mas entende que precisam ser mais avaliados. Nesta temporada, o Irga e a Embrapa Clima Temperado, de Pelotas (RS), desenvolveram estudos de validação das tecnologias. UM GRANDE DESAFIO Os ensaios foram realizados em áreas do Irga em Cachoeirinha, Cachoeira do Sul e Santa Vitória do Palmar, além de lavouras em Agudo, Camaquã e Restinga Sêca, no Rio Grande do Sul. “É possível produzir 10 toneladas por hectare”, enfatiza o pesquisador Rodrigo Schoenfeld. “O microcamalhão se mostrou eficiente no controle do excesso hídrico. E a tecnologia RR, com o uso de glifosato, mais atrazine/cimazine, controla as plantas daninhas. Além disso, observamos que a irrigação complementar é o fator fundamental para altas produtividades e aumento da densidade de seis para oito plantas por metro quadrado”, destaca. Já o pesquisador Rodrigo Schoenfeld, também do Irga, salienta que, apesar de sensíveis ao estresse hídrico e às variações climáticas, os ensaios mostraram ser possível produzir 10 toneladas de milho por hectare com a tecnologia disponível. “Para falta de água, a opção é o milho irrigado por sulco ou aspersão. No excesso hídrico, entra o cultivo em microcamalhões, alternativa consolidada com a soja e usada em outros países. E para enfrentar plantas daninhas e pragas, usamos a tecnologia mais eficiente e viável, os millho Bt e RR”, relata. Os ensaios avaliaram quatro híbridos semeados em duas épocas (a preferencial, em setembro, e a tardia, em novembro), com e sem irrigação. “O sulco é a melhor opção, pois o produtor de arroz dispõe de estrutura de bombeamento, irrigação e drenagem”, enfatiza Rodrigo Schoenfeld. Também são vitais para o resultado produtivo a calagem e a adubação, principalmente de cobertura. Schoenfeld acrescenta que os ensaios ainda evidenciaram a tecnologia Bt como ferramenta eficiente no controle de lagarta do cartucho. Mesmo com o desempenho francamente positivo, são muitos os desafios para a expansão da cultura em área de várzea. “Há mais dúvidas do que certezas, mas a soma de esforços entre agricultores e pesquisadores trará gradualmente as respostas a fim de obter bons resultados”, assinala. “Deste modo, será possível agregar, em definitivo, o milho como uma das culturas do sistema de produção de grãos em ambiente de várzea, o que trará benefícios não só aos produtores mas para toda a agricultura.” VARZEANO O desempenho do milho na várzea n 1. Produz 10 toneladas por hectare utilizando a tecnologia disponível. n 2. Controla o arroz vermelho e outras invasoras importantes da cultura do arroz. n 3. Recupera as condições físicas e químicas do solo. n 4. Quebra o ciclo de pragas e doenças. n 5. Potencializa os ganhos com a pecuária à medida em que otimiza as condições e antecipa a formação de pastagens de inverno. n 6. Gera alternativa de renda ao produtor e eficiência no uso de seus recursos (terra, água, equipamentos, armazéns, máquinas etc). Fonte: Irga. 77 The last frontier? As technology makes strides, maize steps in as a viable agronomic and economic alternative in the rice plains throughout Rio Grande do Sul E Inor Ag. Assmann xcess water stress has always been a limiting factor for the production of maize on the plains in South Brazil. Advances in seed quality and management practices have modified this profile and have consolidated maize as an economic and agronomic alternative for crop rotation systems in areas devoted to rice. This helps the State achieve self sufficiency in a grain that is essential for the production of feed for the poultry and hogs supply chains. 78 In the 2012/13 crop year, Rio Grande do Sul devoted 25 thousand hectares of lowland to maize, a surprising volume in light of the limitations posed by soil and climate conditions. Rice fields occupied 1.07 million hectares, say Irga sources, while 250 thousand hectares were devoted to soybeans. The target of the institute, in five years, validating rotation technologies, is to keep the present area devoted to rice and increase to 600 thousand hectares the areas planted with soybean, whilst reserving 100 thousand hectares for maize in this environment. Five factors account for the advances of maize fields into traditional wetlands: a break in the cycle of rice field weeds resistant to herbicides, since these lands used to be exclusively devoted to rice; advances in cultivar management practices, especially hybrids; income brought in by maize over the past crops, by virtue of the rising demand for this kernel in Rio Grande do Sul; and soil improvement practices. Researcher Sérgio Gindri Lopes, technical director of the Rio Grande do Sul Rice Institute (Irga), warns that there are meadowlands unfit for maize. According to him, the recommendation is for well drained areas, along with the use of such technologies as micro-ridging, which creates up to 10 cm high ridges, thus reducing the risks from excess water stress. Lopes says that Irga’s trial fields showed excellent results, although climate conditions were unfavorable in the 2012/13 crop year, but admits that more evaluations are needed. During the current season, Irga and Embrapa Temperate Climate, in Pelotas (RS), conducted technology validation studies. On the other hand, researcher Rodrigo Schoenfeld, also of Irga, stresses that, although being sensitive to water stress and climate variations, the trials and experiments have shown that it is possible to produce 10 tons of corn per hectare with the now available technology. “Under dry conditions, options include surface or sprinkler irrigation. In areas that get flooded, micro-ridges are recommended, a consolidated alternative for soybean, also used in other countries. And for battling weeds and invasive plants, we resort to the most efficient and viable alternative: Bt and RR maize”, he explains. The trials included four hybrids sown in two different time periods (the preferred one, in September, and the late one, in November), with or without irrigation. “Furrows are the best option, since rice growers are equipped with pumping, irrigation and drainage systems”, confirms Rodrigo Schoenfeld. Inor Ag. Assmann A BIG CHALLENGE All trials were conducted in areas that belong to Irga, located in Cachoeirinha, Cachoeira do Sul and Santa Vitória do Palmar, besides farms in Agudo, Camaquã and Restinga Sêca, in Rio Grande do Sul. “It is possible to produce 10 tons per hectare”, says researcher Rodrigo Schoenfeld. “Microridges proved very effective in areas that get flooded. And the RR technology, with the use of glyphosate, plus atrazine/ cimazine, is efficient at controlling the weeds. Furthermore, it was ascertained that complementary irrigation plays a fundamental role in high productivity rates and in the increase from six to eight plants per square meter”, he clarifies. Lime applications, fertilization and sidedressing are also vital for good productive results. Schoenfeld adds that the trials also attested to the efficiency of the Bt technology in fighting armyworm infestations. Although having a weak positive performance, there are still lots of challenges to be surmounted when it comes to raising corn in meadowlands. “Doubts still outstrip certainties, but joint efforts by farmers and researchers will gradually come up with responses that lead to excellent results”, he recalls. “This will make it possible to definitively introduce corn into meadowland environments, benefiting not only the farmers, but agriculture as a whole”. FROM THE WETLAND The performance of corn in the wetland n 1. Produces 10 tons per hectare using available technology. n 2. Controls red rice and other major invasive plants. n 3. Recovers soil chemical and physical properties. n 4. Breaks the cycle of pests and diseases. n 5. Leads to gains from improved conditions for livestock operations, and anticipates the growth of winter pasturelands. n 6. Generates income alternatives for farmers, and leads to an efficient use of all resources (land, water, equipment, warehouses, machines, etc). Source: Irga. Inor Ag. Assmann Ordem na casa Armazenagem é o grande foco de novo plano agrícola e traz esperança para atender ao déficit na área em virtude do aumento na produção nacional 80 O crescimento constante da produção de grãos no País, entre os quais se destaca o incremento no milho, requer a adequação da estrutura de armazenagem, que, segundo o governo, apresenta déficit de 32 milhões de toneladas em sua capacidade estática. Por isso mesmo, o plano agrícola oficial lançado em 2013 em nível federal para a nova safra prevê atenção especial à ampliação de unidades armazenadoras. Foram disponibilizados R$ 5 bilhões para a construção de silos privados na temporada (R$ 25 bilhões em cinco anos), com prazo de 15 anos para pagar e juros de 3,5% ao ano. Além disso, deverão ser investidos R$ 500 milhões para melhoria e expansão do setor na área pública, onde o milho é estratégico no atendimento das necessidades na cadeia produtiva de carnes e representa um dos grãos mais movimentados. A expectativa governamental é de que a capacidade de estocagem na iniciativa privada, hoje por volta de 144 milhões de toneladas, possa ser ampliada em 40 milhões de toneladas com as linhas de créditos especiais oferecidas. No plano público, a meta é passar de 1,96 milhão de toneladas para 2,81 milhões de toneladas, conforme anuncia a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que executa a política no setor. Atualmente, com 96 armazéns, deverá reformar 84 e construir 10 novas unidades. Com contratações a serem feitas por meio do Banco do Brasil, após diagnósticos, pretende-se modernizar a atual rede de armazenamento da Conab, incluindo troca e recuperação de equipamentos, o que também pode ampliar a capacidade. Os novos armazéns previstos deverão atender especialmente o Nordeste – Campina Grande (PB), Maracanaú (CE), Eliseu Martins (PI), Petrolina (PE), Luís Eduardo Magalhães (BA) e Itaqui (MA) –, como também outros pontos estratégicos, casos de Anápolis (GO), Viana (ES), Xanxerê (SC) e Estrela (RS). A iniciativa vai fortalecer a empresa para atuar de forma incisiva nos estoques e na regulação dos preços dos produtos, atingindo positivamente toda a população, destaca Rubens Rodrigues dos Santos, presidente da Conab. Serão ampliadas as condições de atendimento aos programas sociais do governo e de abastecimento dos principais alimentos básicos, com maior oferta e menores riscos inflacionários. Neste campo é destacada a participação do milho. Em 5 de junho de 2013, o estoque do cereal junto à Conab era de 365 mil toneladas. A companhia ressaltava também neste mês que havia atingido total de 500 mil toneladas do grão comercializado pelo Programa de Vendas em Balcão nos municípios nordestinos atingidos pela seca. A região foi atendida por operação especial iniciada em maio de 2012 para garantir milho aos pequenos criadores que utilizam o grão na ração animal. 81 Inor Ag. Assmann Tidying up the house Warehousing is the real focus of the new agricultural plan and raises hopes for making up for the deficiency in this area because of constantly soaring farm crops 82 T he constantly expanding grain production in the Country, especially soaring corn crops, requires an adjustment to the warehousing structures, which, according to government sources, are falling 32 million tons short of their static capacity. Therefore, the official agricultural plan launched at federal level in 2013 for the new crop, devotes special attention to the expansion of the warehousing facilities throughout the Country. R$ 5 billion were earmarked for the construction of private silos during the current season (R$ 25 billion in five years), under a 15-year repayment period, at a 3.5-percent interest rate a year. Moreover, R$ 500 million have been earmarked for government silos, where corn plays a strategic role in the fulfillment of the needs of the meat supply chain, representing one of the most used grains. The government expects that the specific credit lines will increase by 40 million tons the present storing capacity of 144 million tons provided by private initiative. With regard to public warehousing facilities, the target is to expand their capacity from 1.96 million tons to 2.81 million tons, according to sources from the National Supply Company (Conab), in charge of the sector’s policy. From the present 96 ware- houses, 84 are to be refurbished, besides the construction of 10 new ones. With the loans to be provided by Bank of Brazil, after detailed diagnoses, the idea is to upgrade the present network of warehouses administered by Conab, including the recovery of equipment, which also could expand the capacity. The new warehouses will serve the interests of the following towns in the Northeast: Campina Grande (PB), Maracanaú (CE), Eliseu Martins (PI), Petrolina (PE), Luís Eduardo Magalhães (BA) and Itaqui (MA) –, and equally other strategic locations, like Anápolis (GO), Viana (ES), Xanxerê (SC) and Estrela (RS). The initiative is aimed at strengthening the corporation giving it the power to act decisively in matters related to stocks and price regulations of the products, indirectly benefiting the entire population, says Rubens Rodrigues dos Santos, president of Conab. It also allows the government to extend its social assistance programs and the supply of basic staples, relying on bigger supplies, whilst curbing potential inflationary risks. In this field, the highlight is the share of corn. On 5 June 2013, the Conab stock of the cereal reached 365 thousand tons. On that occasion, the company also pointed to sales of 500 thousand tons of the cereal through the Over-the-Counter Sales Program in northeastern municipalities hit by drought conditions. The entire region was assisted by the special operation started in May 2012 to supply corn to small-scale farmers who use the cereal in their animal feed. 83 Inor Ag. Assmann Um plano bem encorpado Ações e recursos para a nova safra aumentam e também incentivam as novas tecnologias, as práticas sustentáveis e os produtores de menor porte 84 A lém da armazenagem, o Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2013/14 contempla também com juros mais baixos (3,5%) programas voltados à aquisição de equipamentos com tecnologias inovadoras (Inovagro) e para irrigação, conforme anunciou o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A taxa média de juros controlados é de 5,5%, situando-se abaixo ainda, no âmbito do plano do Mapa, para o médio produtor rural (4,5%, no Pronamp) e para práticas sustentáveis (5%, onde há o Programa ABC – Agricultura de Baixa Emissão de Carbono). O total de recursos do PAP de 2013 aumentou 18% em relação ao anterior, alcançando a R$ 136 bilhões, segundo informações divulgadas pelo ministro Antonio Andrade, do Mapa, que projeta safra total de 190 milhões de toneladas. Mereceram destaque ainda: seguro rural, com R$ 700 milhões, 75% a mais; limite de custeio, aumentado para R$ 1 milhão, com mais 25%; R$ 5,6 bilhões para apoiar a comercialização, e R$ 2,1 bilhões para aquisição de produtos e manutenção de estoque; modernização da defesa agropecuária; e atenção ao cooperativismo, com R$ 5,3 bilhões. Programas para cooperativas e associações igualmente são enfatizados no Plano Safra da Agricultura Familiar 2013/14, divulgado por meio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Para incentivar a produção na área, onde o milho ganha destaque, o ministro Pepe Vargas apresentou valor global de R$ 39 bilhões, dos quais R$ 21 bilhões aplicados pelo Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O volume de recursos para este fim, de acordo com a mesma fonte, cresceu 400% em 10 anos. Na nova temporada, aumentou o limite de financiamento neste programa, que tem encargos mais baixos (R$ 80 para R$ 100 mil no custeio, com taxa anual de juros diminuindo de 4% para 3,5%, ou 3% até R$ 30 mil financiados, e de R$ 130 para R$ 150 mil, no investimento, ou R$ 300 mil, para suinocultura, avicultura e fruticultura). Para o chamado Pronaf (renda até R$ 10 mil), o valor passou de R$ 2,5 para R$ 3,5 mil. Há também o Pronaf Mulher e Agroindústria (em 2013 sem perder a condição de segurado especial), além da Garantia-Safra e do Seguro da Agricultura Familiar (Seaf). Em termos de recursos, salientam-se ainda na área o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (FNDE), ambos com mais de R$ 1 bilhão alocados. A Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), por sua vez, está sendo contemplada com R$ 830 milhões. Para ampliar o número de agricultores e melhorar o suporte ao segmento, o governo federal anuncia para o novo ano-safra a criação de Agência Nacional na área, a Anater. Integrada com a Embrapa, deverá priorizar o aumento da produtividade e da renda na agricultura familiar. 85 Inor Ag. Assmann A very comprehensive plan Initiatives and resources concerning the new crop equally soar and encourage new technologies, sustainable practices and small-scale farmers 86 B esides warehousing issues, the 2013/14 Agriculture and Livestock Plan (ALP) also encompasses lower interest rates (3.5%), programs geared towards the acquisition of innovative technology equipment (Inovagro) and irrigation equipment, according to an announcement by the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (MAPA). The average rate of controlled interest is 5.5%, but it is even below this rate in Mapa’s plan for medium-scale farmers (4.5%, at the Pronamp) and for sustainable practices (5%, where there is the LCA Program – Low Carbon Agriculture). The total resources of the 2013 ALP increased by 18% from last year, to R$ 136 billion, according to figures released by Antonio Andrade, minister of Agriculture, Livestock and Food Supply, who is projecting a total crop of 190 million tons. Other relevant initiatives include rural insurance, R$ 700 million, up 75%; production cost limit increased by 25% to R$ 1 million; R$ 5.6 billion in support of commercialization, and R$ 2.1 billion for product acquisition and stock maintenance; modernization of agricultural defense; and special heed to cooperative initiatives, with R$ 5.3 billion. Programs focused on cooperatives and associations are equally encompassed by the 2013/14 Family Farming Crop Plan, disclosed by the Ministry of Agrarian Development (MDA). In order to encourage agricultural operations in the area, where corn is the highlight, Minister Pepe Vargas offered a total of R$ 39 billion, of which R$ 21 billion are applied through the National Program for Strengthening Family Farming (Pronaf). The volume of resources for this purpose, according to the same source, has increased by 400% in 10 years. For the new season, the credit limit for this program has been expanded, and now incurs lower bank fees (R$ 80 thousand to R$ 100 in production cost financing, with an annual interest rate reduced from 4% to 3.5%, or 3% for up to R$ 30 thousand loans, and from R$ 130 to R$ 150 thousand, in investments, or R$ 300 thousand for pig, poultry and fruit farming operations. For the so-called Pronaf (income of up to R$ 10 thousand), the amount went from R$ 2.5 to R$ 3.5 thousand. And there is equally the Pronaf Woman and Agroindustry (in 2013 without losing the special pensioner status), besides the Crop Assurance program and Family Farming Insurance (Seaf). In terms of resources, other highlights are the Food Acquisition Program (FAP) and the National School Meals Program (NSMP), both with upwards of R$ 1 billion allocated. Technical Assistance and Rural Extension (TARE), in turn, is receiving a financial grant of R$ 830 million. In an attempt to increase the number of farmers and improve the actions focused on the segment, the federal government has just announced the creation of the National Agency for the area, known as Anater, for the next crop year. Working jointly with Embrapa, the new agency intends to give priority to productivity and income of all family farming operations. Inor Ag. Assmann Pesquisa MODO DE AÇÃO Os ovos da Helicoverpa armigera são geralmente postos sobre o “cabelo” do milho, assim como a espécie H. Zea. Ao eclodir, as larvas consomem os grãos em desenvolvimento. Além desse dano direto, são comuns as infecções bacterianas secundárias. De acordo com o pesquisador Ivan Cruz, as larvas também podem se alimentar das folhas do cartucho, das mais desenvolvidas na planta e do pendão. 88 O ciclo de vida do inseto, de aproximadamente um mês, é uma das características que tornam sua presença ainda mais severa. O período permite a existência de várias gerações anuais e contínuas, especialmente nas áreas mais quentes. Durante seu crescimento, ocorrem seis estágios larvais. Quando completamente desenvolvida, a larva pode chegar a até 40 milímetros de comprimento, explica o pesquisador Ivan Cruz. Perigo à vista Preocupação absoluta no setor algodoeiro, a lagarta Helicoverpa armigera também assombra as lavouras de milho em todo o País A o contrário das boas notícias costumeiras do milho brasileiro, em 2013 houve uma novidade que não agradou em nada a produtores, pesquisadores e empresários. Pelo Brasil afora, a identificação de uma nova espécie de praga nas plantações do cereal deixou todos em alerta e fez com que fossem criadas ações emergenciais para controle. É a Helicoverpa armigera, que chegou com tudo, capaz de assustar até espantalho no milharal. Muito similar a uma espécie mais comum e já conhecida pela maioria dos agricultores, a lagarta-da-espiga, ou Helicoverpa zea, a Helicoverpa armigera tem causado elevadas perdas de produtividade, mesmo com a aplicação de inseticidas químicos. As ocorrências de maior severidade, por sua vez, foram registradas no Oeste da Bahia, onde comprometeu bastante a produção. De acordo com o pesquisador Ivan Cruz, da Embrapa Milho e Sorgo, de Sete Lagoas (MG), as diferenças entre as duas espécies são muito sutis. “Elas não são facilmente separáveis visualmente. As diferenças estão na genitália das duas espécies”, d i z . Conforme ele, a Helicoverpa armigera é muito severa em países da Ásia e da África e na Austrália. Além do milho, tem como hospedeiros as culturas da soja, do algodão, do sorgo granífero, do painço, do girassol; os cereais de inverno (trigo, aveia, cevada e triticale), e ainda linhaça, grão-de-bico, feijão e culturas hortícolas, como cerejas, tomate, pepino e frutas cítricas. O fato de possuir alta mobilidade, polifagia (alimentação excessiva) e alta taxa de reprodução torna o quadro muito preocupante. “Um problema agravante ao manejo da praga tem sido o desenvolvimento da resistência aos inseticidas, fato já documentado na literatura, especialmente em relação a piretroides sintéticos, embora já haja registro de resistência a outros grupos de compostos, como carbamatos e organofosforados”, explica o pesquisador. 89 Research Danger in plain sight Overwhelming concern in the cotton sector, the Helicoverpa armigera Caterpillar is also threatening corn fields across the Country C ontradicting the usual good news about Brazilian corn, in 2013 a new problem surfaced, putting growers, researchers and entrepreneurs on the alert. Across Brazil, the identification of a new pest attacking the cereal crop left the farmers jittery and prompted the creation of emergency control measures. It is the Helicoverpa armigera caterpillar, which arrived in full force, capable of leaving scarecrows frightened. Inor Ag. Assmann Very similar to a common species, well known to most farmers, the corn earworm, Helicoverpa zea or Helicoverpa armigera has caused huge productivity losses, although chemical pesticides were applied. The most serious outbreaks, in turn, took place in Western Bahia, where production was greatly damaged. MODE OF ACTION Helicoverpa armigera caterpillars normally lay their eggs on the “silk” of corn ears, and this is what H. Zea caterpillars also do. As soon as they emerge, the larvae feed on the kernel in their development stage. Besides this direct damage, secondary bacterial infections are common. According to researcher Ivan Cruz, the larvae may also feed on the leaves and tassels of the plants. 90 According to researcher Ivan Cruz, of Embrapa Corn and Sorghum, in Sete Lagoas (MG), the differences between the two strains are very subtle. “They are not easily detected visually. The two species only differ with regard to their genital organs”, he says. According to him, the Helicoverpa armigera is much more severe in Asian countries, as well as in Africa and Australia. Besides corn, other host plants include soybean, cotton, grain sorghum, millet, sunflower; winter cereals (wheat, oats, barley and triticale), and also linseed, chickpea, beans and vegetables, cherries, tomatoes, cucumbers and citric fruit. Because of such characteristics as high mobility, polyphagia and high propagation rate turn the picture all the more worrying. “An aggravating problem to the management of this pest is the development of resistance against insecticides, a fact that has already been documented in pest literature, especially with regard to synthetic pyretroids, and there are reports referring to resistance to other compounds, like carbamates and organophosphates”, the researcher explains. The insect’s lifecycle, approximately a month, is one of the characteristics that turn its presence even more serious. This time period allows for the existence of several annual and continual generations, especially in warm climates. During their growing stage, they go through six larval stages. Once fully grown, larvae can reach a length of 40 millimeters, explains researcher Ivan Cruz. Nem as lagartas mais difíceis do milho resistem a essa eficácia. Estudos apontam que a Spodoptera frugiperda, também conhecida como lagarta-do-cartucho, vem mostrando cada vez mais resistência devido ao aumento de pressão, dando prejuízo novamente para os produtores de milho. Belt é o inseticida com excelente desempenho contra lagartas de difícil controle e seletividade aos inimigos naturais, referência nas culturas de soja, tomate e algodão, além de ser indicado para o Manejo Integrado de Pragas (MIP). www.bayercropscience.com.br Belt. Controlar lagartas ficou fácil. 92 Inor Ag. Assmann Direto no gene E nquanto a Helicoverpa armigera ataca milharais brasileiros, Controle biológico os pesquisadores preenchem suas horas de trabalho em vem sendo a aposta busca de um meio de controle eficiente da praga. Na Emdos pesquisadores brapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas (MG), por exemplo, estão para frear a ação da sendo identificados genes promissores de Bt que possam ter efiHelicoverpa armigera ciência comprovada contra o inseto. e evitar os estragos no Em seguida deve-se apostar na o alto índice de parasitismo natural milharal brasileiro multiplicação dos agentes por bio- de ovos da lagarta-da-espiga indica a fábricas, primeiro através de escala-piloto. Essa deve ser feita por atores que tenham interesse na tecnologia desenvolvida. De acordo com Ivan Cruz, da Embrapa Milho e Sorgo, os principais agentes de controle biológico a ter liberação, em nível de campo, para o controle de ovos de diversas espécies de lepidóptera são as vespinhas do grupo Trichogramma, um inseto diminuto, porém com alta eficiência no controle das pragas. “A liberação desse agente de controle biológico deve estar associada com armadilha contendo feromônio sexual, que, ao ser utilizado no campo, serve para detectar a chegada da mariposa na área-alvo e indicar a época de liberação”, explica. “A armadilha, bem como o feromônio sexual, já está disponível no mercado internacional.” O correto manejo das pragas de milho deve considerar necessariamente a possibilidade de liberação do Trichogramma tanto para o controle da lagarta-do-cartucho como para o controle do complexo de Helicoverpa (zea e armigera). Segundo Ivan Cruz, adaptação da espécie ao agroecossistema milho e a real possibilidade de uso também para o controle da nova espécie, H. Armigera. No Brasil, muito se tem pesquisado sobre o tema, mostrando a importância dos agentes de controle biológico das diferentes espécies de insetos fitófagos associados ao milho. Tanto em áreas de produção onde se utiliza o milho convencional como em áreas onde há uso de milho Bt, o papel fundamental de insetos (parasitoides e predadores) e de microrganismos como tática essencial no manejo integrado não pode e nem deve ser negligenciado, afirma Cruz. Conforme o pesquisador, a introdução de uma nova espécie de praga no sistema agrícola brasileiro mostra a importância de se ter rotineiramente o manejo integrado como princípio fundamental. Deste modo, o produtor pode rapidamente adequar medidas que também sejam eficientes, econômicas e ambientalmente corretas para reduzir a população da nova praga a níveis que não comprometam a sustentabilidade do seu negócio. 93 Inor Ag. Assmann Tackling the gene Researchers have opted for biological control methods for curbing the devastation caused by Helicoverpa armigera caterpillars to the Brazilian corn fields 94 W hile Helicoverpa armigera caterpillars attack Brazilian corn fields, lots of researchers are deeply engaged in coming up with manners to efficiently control the pest. At Embrapa Corn and Sorghum, in Sete Lagoas (MG), for example, the work consists in identifying promising Bt genes that might be thoroughly efficient against the insect Then comes the agent propagation stage through biofactories, first by means of the pilot-scale system. It should be performed by players who have an interest in the technology. According to Ivan Cruz, of Embrapa Corn and Sorghum, most biological control agents to be liberated into the corn fields for controlling the eggs of several Lepidoptera species are Trichogramma wasps, minute insects but very efficient at controlling pests. “The liberation of this biological control agent should be associated with a sexual pheromone trap, which, if used at field level, detects the arrival of the moth at the target area, thus indicating the ideal liberation time”, he explains. “The trap and sex pheromones are already available in the international market”. The correct management of corn pests should necessarily consider the chance to liberate the Trichogramma wasps, both for the control of the armyworm and for controlling the Helicoverpa (zea e armigera) complex. According to Ivan Cruz, the high content of natural parasitism of the eggs of the corn ear worm points to the adaptation of the species to the corn ecosystem, providing a real chance for controlling the new species, H. Armigera. In Brazil, there has been much research on the theme, attesting to the importance of biological control agents of the various phytophagous insects associated with corn. Both in production areas where conventional corn is grown and in Bt corn areas, the basic role of insects (parasitoids and predators) and of microorganisms as an essential strategy in integrated management cannot and should not be neglected, Cruz says. The researcher understands that outbreaks of a new pest species in the Brazilian agricultural system attests to the importance of routinely resorting to integrated management practices as a fundamental principle. This makes it possible for growers to rapidly resort to efficient, economical and environmentally correct measures to reduce the population of the new pest to levels that do not affect the sustainability of their business. www.heringer.com.br Inor Ag. Assmann Diabruras na lavoura Conhecida também como larva-alfinete, a Diabrotica deixa em alerta os produtores de milho no Brasil, sendo um mal que literalmente ataca pela raiz 96 P rodutores brasileiros de milho, especialmente aqueles cujas plantações ficam nos estados do Paraná e do Rio Grande do Sul, estão em alerta. A incidência da Diabrotica é, literalmente, a raiz do problema. Na lavouras de milho, as perdas diretas pela ação da praga podem ser de 20%. Conhecida também como vaquinha, patriota, brasileirinho ou larva-alfinete, ela é uma das principais ameaças à cultura. O ataque da Diabrotica inicia-se quando uma fêmea põe centenas de ovos perto do pé da planta, dando origem a larvas que se alimentam preferencialmente da raiz do milho e de tubérculo de batata. Porém, existem evidências de que este inseto possa multiplicar-se em outras plantas hospedeiras. É justamente por ali que a planta absorve água e nutrientes. Portanto, ao atingir essa parte, a praga afeta diretamente a produtividade. De acordo com o gerente de Produtos de Biotecnologia de Milho da Monsanto, Alexandre Chaves, os prejuízos causados às lavouras podem variar dependendo do clima, da região e da época do ano. Em situações de escassez de chuva, contudo, o dano pode ser maior, uma vez que a raiz terá ainda mais dificuldades para absorver água e nutrientes. Outra dificuldade refere-se ao controle, tendo em vista que muitos produtores ainda desconhecem os efeitos da Diabrotica. A praga ataca a raiz da planta, de modo que os danos não são percebidos facilmente. Em muitos casos, o agricultor leva de 50 a 60 dias após o plantio do milho para perceber a presença da praga. Nesse momento, a planta já está tombando e não há mais medidas para controlá-la. Por isso, especialistas salientam a importância de se fazer o controle na época do plantio. OLHO ABERTO n As larvas da Diabrotica são subterrâneas e se alimentam das raízes das plantas, danificando-as e reduzindo a capacidade de absorção de água e de nutrientes e aumentando o tombamento das plantas. n Na cultura do milho, a fase larval do inseto é a mais prejudicial. Após a eclosão das larvas (de cor esbranquiçada, corpo cilíndrico e extremidades pretas) no solo, começa a busca por alimento (nesse caso, a raiz do milho). n Como esse ataque ocorre abaixo do nível do solo, na maioria das vezes sua presença não é percebida pelo agricultor. Quanto mais se desenvolvem, mais graves e visíveis são os danos para as lavouras. n Com a presença de chuvas e de ventos fortes, as raízes danificadas não conseguem sustentar a planta e ocorre o tombamento, sintoma conhecido pelos agricultores como ‘pescoço de ganso’. n O impacto que a larva da Diabrotica causa na produtividade das lavouras de milho varia de acordo com os danos provocados na raiz; por isso, a importância de descobrir logo o problema. Uma vez que a Diabrotica ataca a parte subterrânea da planta, métodos tradicionais de manejo, como o uso de inseticidas químicos, não demonstram eficiência contra ela. Apesar de ser uma prática pouco utilizada no Brasil, a prevenção ao problema pode ser feita por meio da inserção de defensivos agrícolas no interior da terra – o que nem sempre é garantia de sucesso, alerta Thiago Bortoli, gerente de Biotecnologia em Milho da Monsanto. Segundo o pesquisador Paulo Viana, da Embrapa Milho e Sorgo (MG), no Brasil ainda existem poucos estudos sobre como combater o problema. No entanto, em outros países que enfrentam outras espécies de Diabrotica as informações são mais abundantes. No Sul do País, devido à maior incidência da praga, os produtores da região já se aprofundaram mais nas alternativas. A região é mais afetada devido ao solo rico em matéria orgânica e à retenção de mais umidade, o que favorece a biologia das larvas. Além disso, características de clima e de rotação de culturas colaboram para o aparecimento da praga. Em solos secos e bem drenados, por exemplo, encontrados no cerrado brasileiro, a Diabrotica tem mais dificuldades para sobreviver. Enquanto a unidade da Embrapa desenvolve um projeto de manejo, controle e monitoramento para dar suporte aos produtores, os pesquisadores recomendam o controle preventivo, com base em análises do histórico da área e nas previsões do conteúdo de umidade do solo. Ao mesmo tempo, a Monsanto já possui tecnologia aprovada no Brasil para o controle da Diabrotica, que em breve estará disponível aos produtores. “Com esse lançamento, o agricultor irá proteger sua lavoura e assegurar níveis de produtividade cada vez maiores”, finaliza Bortoli. Inor Ag. Assmann PARA FAZER FRENTE KEEPING EYES OPEN n Larvae of Diabrotica species live underground and feed on the roots of plants, damaging them and reducing their capacity to absorb water and nutrients, causing them to lodge. n In corn plants, the larval stage of the insect is very damaging. Right after emergence, the larvae (whitish, cylindrical body and black extremities) penetrate the soil and start looking for food (in this case, the roots of corn plants). n As these outbreaks only take place underground, in most cases their presence is not detected by the growers. The more they develop, the more serious are the damages to the crops. n With the occurrence of rainfalls and cold winds, the affected roots are unable to sustain the plants, and they begin to lodge, a symptom known by the farmers as “gooseneck”. n The impact caused by Diabrotica attacks on corn productivity varies in accordance with the damages suffered by the roots; hence, the importance of detecting its presence as early as possible. 97 Inor Ag. Assmann Crop scourges Also known as corn rootworm, Diabrotica keeps Brazilian corn farmers on the alert, and it is a pest that tackles the corn plant at its source B razilian corn growers, particularly those who cultivate the crop in the states of Paraná and Rio Grande do Sul, are on the alert. The incidence of Diabrotica is, literally, the root of the problem. In corn fields, direct losses from Diabrotica outbreaks could reach 20%. Also known by such Brazilian names as vaquinha, patriota, brasileirinho or banded corn worm, it is a major threat to the crop. Diabrotica attacks start when a female lays hundreds of eggs near a plant, giving rise to larvae that feed perfectly on the roots of corn and potato tubers. However, there is evidence attesting that the insect can propagate on other host plants, too. It is through the roots that these plants absorb water and nutrients. Therefore, by attacking the roots the pest directly impairs the productive capacity of the crop. According to the manager at the Monsanto Biotechnology Products Department, Alexandre Chaves, field losses could vary depending on climate, region and time period. Under dry weather conditions, however, losses tend to be more serious, because it gets even more difficult for the roots to absorb water and nutrients. Another difficulty has to do with control, since lots of farmers are still unaware of the damages caused by the rootworm. The pest attacks the root system of the plants, making it difficult to perceive the damages. In many cases, it takes 50 to 60 days for farmers to detect the presence. At this moment, the corn plants are beginning to lodge and any attempt to control the insects is fruitless. This is why scientists are unanimous in recommending control measures at planting. 98 ATTACKING THE PROBLEM Since Diabrotica attacks below-ground plant parts, traditional management practices, like the application of chemical insecticides, are not efficient against the scourge. Although not common in Brazil, the problem could be prevented through the insertion of pesticides below the surface of the ground – which does not always translate into a successful practice, warns Thiago Bortoli, Corn Biotechnology manager at Monsanto. According to researcher Paulo Viana, of Embrapa Corn and Sorghum (MG), very few studies have been conducted in Brazil on how to fight the problem. Nonetheless, in other countries that face the problem, there is much more information available. In South Brazil, due to the higher incidence of the pest, the growers across the region have already access to more alternatives. The region is more affected due to its soil rich in organic content and the retention of more humidity, factors that favor the biology of the larvae. Furthermore, climate and crop rotation characteristics are also a factor that prompts outbreaks of the pest. In dry and aerated soils, for example, very common in the Brazilian cerrado, Diabrotica has difficulty surviving. While the Embrapa unit is developing a management, control and monitoring project, intended to provide support to the farmers, researchers recommend preventive control practices, based on the history of the region’s soil analyses and on soil moisture contents. In the meantime, Monsanto already possesses technology approved in Brazil for keeping Diabrotica attacks under control, soon to be available to the growers. “This new technology will provide the farmers with means to ensure ever-increasing productivity levels”, Bortoli concludes. Robispierre Giuliani D iante da novidade da Embrapa, o personagem He-Man, dos desenhos animados, tem tudo para deixar a espada de lado e reconhecer: não é só ele que tem a força. Lançada em maio de 2013, a cultivar de milho BRS 4104 possui, como grande diferencial, a quantidade de carotenoides pró-vitamina A. No novo cereal, o composto, essencial para a vida, é cerca de três vezes superior ao encontrado em cultivares comuns. Oito anos de pesquisa, desde a caracterização de linhagens e de materiais comerciais, resultaram no lançamento, realizado durante a Reunião da Rede Brasileira de Biofortificação e a abertura da 6ª Semana de Integração Tecnológica (SIT), em Minas Gerais. Conduzido por pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo (MG), o trabalho resulta de ações de pesquisa dos projetos Harvest Plus, rede internacional de pesquisa em biofortificação, e BioFORT, rede nacional coordenada pela Embrapa. O objetivo desta última é o melhoramento genético de culturas agrícolas para o aumento das concentrações de nutrientes em suas partes comestíveis, que constituem a base da dieta de populações onde deficiências nutricionais ainda são prevalentes. No Brasil, por exemplo, pesquisadores já conseguiram cultivares de batata-doce com maiores concentrações de vitamina A; e arroz, feijão e feijão-caupi mais ricos em ferro e zinco. De acordo com o pesquisador Paulo Evaristo de Oliveira Guimarães, co-responsável pelo desenvolvimento, a cultivar apresentou, sob condições favoráveis, índices de produtividade de 5.600 quilos por hectare nas últimas duas safras, competitiva com a das variedades BR 106 e Sol da Manhã. “De 2006 até hoje, identificamos seis linhagens com maiores teores de pró-vitamina A e chegamos à BRS 4104. A variedade vem sendo melhorada continuamente”, explica. Durante o processo de melho- Eu tenho a força! Embrapa lança a primeira cultivar de milho biofortificado, direcionada a comunidades carentes e programas sociais de merenda escolar 100 ramento, no entanto, uma das grandes dificuldades foi a identificação das linhagens cujos grãos apresentavam maiores concentrações dos carotenoides precursores da pró-vitamina A. Portanto, para iniciar o programa de melhoramento, foram necessárias análises químicas sofisticadas, com o intuito de identificar os melhores materiais. Como os carotenoides são compostos sensíveis a luz, calor e presença de oxigênio, alguns cuidados tornam-se necessários nas etapas de colheita e pós -colheita da cultivar, visando minimizar as perdas no valor nutritivo. Conforme a cientista de alimentos e coordenadora dos estudos Maria Cristina Dias Paes, da Embrapa Milho e Sorgo, identificou-se que as menores ocorrem quando os grãos são secados na espiga ainda com pallha. “Para manter a retenção dos carotenoides nos grãos colhidos, deve-se evitar exposição à luz e ao calor”, afirma. UM BOM ALIADO Os focos da nova cultivar são comunidades onde a deficiência de vitamina A ainda é prevalente. Sua disseminação será realizada junto ao sistema público nacional de assistência rural e também em projetos com prefeituras. Haverá prioridade à produção por agricultores familiares e, também, em programas sociais, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), afirma Maria Cristina Dias Paes, da Embrapa Milho e Sorgo. A BRS 4104, por sua vez, assim como os produtos biofortificados, pode melhorar a dieta de crianças – combatendo a desnutrição e a carência de nutrientes essenciais ao ser humano. Por extensão, favorece a renda de produtores, uma vez que até um terço do total de alimentos adquiridos para consumo na merenda escolar deve ser originado da agricultura familiar. PARA FAZER A DIFERENÇA A partir de reações químicas no organismo, a pró-vitamina A se transforma em vitamina A. Entre suas funções está a manutenção de uma boa visão e de uma pele saudável, além de ela favorecer o bom funcionamento do sistema imunológico. Sua falta no organismo resulta na hipovitaminose A, deficiência associada à perda de visão em crianças, considerada um dos principais problemas de nutrição no mundo. Segundo a cientista de alimentos Maria Cristina Dias Paes, da Embrapa Milho e Sorgo, o milho biofortificado apresenta concentração de carotenoides percursores da vitamina A na faixa de 6 a 8 microgramas por grama de grãos. O tipo comum apresenta entre 2,5 e 4 microgramas. De coloração amarela intensa, a 4104 foi desenvolvida a partir de um trabalho de seleção onde os grãos que apresentaram maior quantidade de pró-vitamina A foram selecionados e utilizados no processo de melhoramento. “Esse milho apresenta ciclo precoce e estamos muito otimistas com suas características agronômicas”, destaca Paulo Evaristo Guimarães, pesquisador da área de melhoramento. 101 I have the strength I Embrapa launches n light of Embrapa’s novelty, the fictional character He-Man the first cultivar of has it all to leave aside his sword and acknowledge he is not the only one who has power. Launched in May 2013, the BRS biofortified maize, 4104 corn cultivar is known for its huge content of vitamin A geared towards poverty- carotenoids. In the new cereal, the compound, essential for hustricken communities man life, is about three times bigger than in common cultivars. and school meal Eight years of research works, from the basis of the diet of poor populations where programs characterization of breeds and commercial nutritional deficiencies still prevail. In Brazil, Robispierre Giuliani materials, resulting into the launching of the new cultivar during the Brazilian Biofortification Network Meeting and the opening of the 6th Technological Integration Week (TIW), in Minas Gerais. Conducted by Embrapa Corn and Sorghum (MG), the work is the result of research projects conducted by Harvest Plus, an international network doing research on biofortification, and BioFORT, national network coordinated by Embrapa. The aim of the latter consists in genetically enhancing staple food crops that are the 102 for example, researchers have already come up with sweet-potato cultivars with higher content of vitamin A; and rice, beans and caupi-beans richer in iron and zinc content. According to researcher Paulo Evaristo de Oliveira Guimarães, co-responsible for the development of the program, under favorable conditions the cultivar reached productivity rates of 5,600 kilos per hectare over the two past seasons, competing with the BR 106 and Sol da Manhã varieties. “From 2006 to date, we have identified six breeds with higher provitamin A contents, compared to the BRS 4104. The variety has been constantly improved”, he explains. During the enhancement process, nonetheless, a huge difficulty consisted in identifying the breeds whose kernels presented bigger concentrations of carotenoids, precursors of provitamin A. Therefore, before starting the enhancing program there was need for sophisticated chemical analyses, with the aim to detect the best materials. Since carotenoids are compounds sensitive to light, heat and the presence of oxygen, some cares should be taken at the harvest and post-harvest stages, with the aim to minimize nutritive losses. According to food scientist and coordinator of the studies, Maria Cristina Dias Paes, of Embrapa Corn and Sorghum, nutritive losses are lower when the kernels are dried on the cob, with the removal of the straw. “In order to retain the carotenoid content on the kernel in harvested corn, exposure to light and heat should be avoided”, she recommends. Sílvio Ávila MAKING A DIFFERENCE As soon as the chemical reactions start in the body, provitamin A turns into vitamin A. Its functions include healthy eyes and a healthy skin, besides strengthening the immunological system. Its absence in the organism results into a pathology known as hypervitaminosis A, deficiency associated with vision loss in children, and viewed as a major malnutrition problem in the world. According to food scientist Maria Cristina Dias A GOOD ALLY The focus of the new cultivar are communities where provitamin A deficiencies still prevail. Its dissemination will be conducted jointly with the national rural assistance program and also through town hall projects. Priority will be given to family farmers and, equally to social programs, like the National School Meals Program (NSMP), says Maria Cristina Dias Paes, of Embrapa Corn and Sorghum. The BRS 4104, in turn, as well as biofortified products, can improve the diet of the children – fighting malnutrition and the deficiency of essential nutrients for human beings. By extension, it improves the income of the farmers, since one third of all school meal items should mandatorily come from family farmers. Paes, of Embrapa Corn and Sorghum, biofortified corn contains a concentration of carotenoids precursors of vitamin A, at a rate of eight micrograms per gram of grains. The common type contains 2.5 to 4 micrograms. With an intense yellowish color, the BRS 4104 was developed through a selection work where the kernels that contained the biggest content of vitamin A were chosen and utilized in the enhancement process. “This is a short cycle corn and we feel very encouraged at its agronomic traits”, says Paulo Evaristo Guimarães, researcher at the enhancement area. Inor Ag. Assmann Trigo Ventos a favor Preços melhores motivam os produtores a retomar parte da área de trigo na safra 2013/14, que deverá ultrapassar os dois milhões de hectares 104 A melhoria dos preços registrada a partir da safra 2012/13, com menor produção mundial e brasileira, fez aumentar a área destinada ao cultivo do trigo no Brasil para a nova temporada. Pelo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado no início de junho, o plantio para o ciclo 2013/14 deverá avançar em 9,4% na comparação com o período anterior, havendo previsão de que atinja a 2,074 milhões de hectares, ainda um pouco abaixo do registrado no ciclo 2011/12. A produção de trigo poderá elevar-se em quase 27%, para algo próximo de 5,55 milhões de toneladas, considerando-se que o resultado anterior foi prejudicado pelo clima no Rio Grande do Sul. Geadas tardias, vendavais e chuvas constantes provocaram queda de 31% no volume produzido, conforme divulgaram a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS-Ascar) e a Embrapa Trigo. Os gaúchos, ao lado dos paranaenses, ambos no Sul, respondem por mais de 91% da cultura no País. No Paraná, sem problemas climáticos, houve redução na área plantada, que foi a menor desde os anos de 1980, enfrentando forte competição com o milho da segunda safra. Para o novo período produtivo, no entanto, volta a crescer o cultivo, cuja área deve ficar próximo de 900 mil hectares, de acordo com levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Seab), feito em maio. Os produtores paranaenses, conforme se verificou então, estavam com PANORAMA O aumento dos preços e a necessidade de rotação incentivam produtores da área central do País a apostarem no trigo, embora ainda em menor escala, conforme verifica o pesquisador Julio Cesar Albrecht, da Embrapa Cerrados, de Planaltina (DF). É a primeira região a colher o grão no Brasil (entre agosto e setembro), o que lhe dá melhores condições de comercialização. Em Minas Gerais, conforme a Conab, o cultivo deve aumentar 34%, avançando para 29 mil hecta- mais de 50% da área plantada e animados com a possibilidade de manter preços firmes para o produto também no momento da comercialização. A Conab apurou que o valor da saca de trigo encontrava-se em R$ 38,51 no Estado, contra os R$ 25,98 registrados há 12 meses. No Rio Grande do Sul, a Emater levantou remuneração de R$ 30,69 em 30 de maio e R$ 25,50 no ano anterior. Gervásio Paulus, diretor técnico, lembra o papel do cereal como opção na cobertura do solo e na rotação de culturas no inverno. res, e 27% em Goiás, subindo para 11,4 mil hectares. Mais dois estados, porém, têm área do cereal maior do que a destes. Trata-se de Santa Catarina e de São Paulo. Os catarinenses mantêm estabilidade no cultivo, que está sendo ampliado em 1,5% e deverá situar-se em 68,1 mil hectares. Já os paulistas respondem pelo maior incremento em área na temporada, na ordem de 50,3%. O espaço a ser ocupado pela cultura, conforme a Conab, deverá chegar a 68,1 mil toneladas. 105 Whealt Downwind Inor Ag. Assmann Attractive prices have prompted the farmers to resume part of their areas devoted to wheat in the 2013/14 cycle, now estimated to reach upwards of two million hectares 106 T he better prices in force since the 2012/13 crop year, with production down in Brazil and abroad, have prompted the farmers to devote more land to wheat in the new season. According to a survey conducted by the National Supply Company (Conab), published in early June, in the 2013/14 cycle wheat plantations will be up 9.4% from the previous year, reaching an estimated total of 2.074 million hectares, still slightly below the total planted area in the 2011/12 period. On the other hand, production might increase by almost 27%, totaling close to 5.55 million tons, considering that the previous crop was affected by adverse climate conditions in Rio Grande do Sul. Late frost conditions, windstorms and constant rainfalls were responsible for losses of up to 31% in volume, according to the Rural Extension and Technical Assistance Corporation (Emater/RS-Ascar) and Embrapa Wheat. The States of Rio Grande do Sul and Paraná, both located in South Brazil, are responsible for 91% of the entire crop in the Country. Although suffering no climate induced problems, the State of Paraná reduced its planted area, which was the smallest since the 1980s, facing strong competition from corn in the winter crop. For the new productive period, however, the area devoted to wheat is estimated to increase to almost 900 thousand hectares, from a survey by the Rural Economy Department (Deral), of the Secretariat of Agriculture and Supply (Seab), conducted in May. Back in May, the growers in Paraná had already planted 50% of the area and were feeling very encouraged with the chances to keep prices steady until the moment of selling their crop. Conab ascertained that a sack of wheat was fetching R$ 38.51 in the State, against R$ 25.98 practiced 12 months before. In Rio Grande do Sul, a price survey conducted by Emater detected a remuneration of R$ 30.69 a sack on 30th May and R$ 25.50 in the previous year. Gervásio Paulus, technical director, recalls the role of the cereal as an option for a cover crop in rotation with winter cultivations. PÃO NO CAMPO • Bread in the farm Situação do trigo em três safras no País e principais estados produtores Indicadores 2011/122012/132013/14 PR/RS/BRPR/RS /BRPR/RS/BR Área (mil há) 1042/932/2166 774/976/1895 897/1010/2074 Produtividade (kg/ha) 2399/2941/2672 2730/1860/2269 2926/2430/2678 Produção (mil t) 2501/2742/5789 2113/1816/4300 2624/2455/5556 Fonte: Conab PANORAMA Higher prices and the need for crop rotation have been encouraging the farmers in Central Brazil to shift to wheat, but still on a small scale, observes researcher Julio Cesar Albrecht, of Embrapa Cerrados, in Planaltina (DF). It is the first region to harvest the grain in Brazil (in August and September), a fact that provides for better trading operations. In Minas Gerais, according to Conab, wheat cultivations are estimated to soar 34%, to 29 thousand hectares, and 27% in Goiás, to 11.4 thousand hectares. Two other States, nonetheless, devote more areas to wheat than the latter. They are Santa Catarina and São Paulo. The growers in Santa Catarina have kept their production stable, and the area is now estimated to go up by 1.5% to a total of 68.1 mil hectares. São Paulo is responsible for the biggest area increase during this cycle, about 50.3%. The area to be devoted to the crop is estimated at 68.1 thousand tons. 107 Inor Ag. Assmann Fermento na massa Produção mundial de trigo deve crescer em 2013 e influir nos valores, mas baixos estoques nacionais podem neutralizar efeitos em nível interno A estimativa da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) relativa à produção mundial de trigo em 2013, feita em maio, é de 695 milhões de toneladas, a segunda maior já alcançada. São 35,4 milhões de toneladas a mais do que na safra anterior, que teve redução e, com isso, levou à elevação nos preços. A nova situação certamente vai exercer influência nos valores a serem alcançados pelo cereal na nova temporada, mas outros fatores deverão interferir e poderão equilibrar estes efeitos. Avaliação feita pela Embrapa Trigo no início de junho destacava o paralelo crescimento do consumo mundial. Enquanto este tem aumentado 2,1%, a produção tem incremento de 1,54% ao ano, conforme os apontamentos. Chama atenção para a demanda crescente do uso do trigo na alimentação animal, 108 em substituição ao milho, e também na produção de biocombustível, particularmente na Europa, além de o mercado chinês se mostrar aquecido. As cotações do cereal têm se mantido firmes nos últimos meses, comentava a instituição. Para tanto, estavam contribuindo situações como a redução do rendimento das lavouras de inverno nos Estados Unidos, por adversidades climáticas; possíveis problemas de qualidade na Ucrânia e chuvas excessivas na Europa Ocidental. Em relação ao novo plantio, o cenário era de ampliação de área na União Europeia, Rússia, Ucrânia, Cazaquistão e Canadá, mas lembrava que aumento de consumo dificultaria a recomposição de estoques. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), por sua vez, em análise conjuntural feita ainda em maio, citava que apenas Estados Unidos e Índia apresentariam recuos. A produção do Mercosul deveria elevar-se de 16,6 milhões de toneladas para 21,2 milhões de toneladas, superando a demanda do bloco. A da Argentina, de onde provém normalmente 80% do cereal importado pelo Brasil, chegaria a 13 milhões de toneladas, disponibilizando cerca de 6,5 milhões de tonela- das para exportação. A nova produção brasileira está prevista em 5,5 milhões de toneladas, com o que a necessidade de importação deverá ser reduzida de 7,2 milhões de toneladas para 6,8 milhões de toneladas, conforme números da Conab divulgados no início do mês de junho. Mostravam, porém, ampliação do consumo de 10,5 milhões de toneladas para 10,7 milhões de toneladas e estoques de passagens bastante baixos (564 mil toneladas na safra 2012/13 e 719 mil toneladas na seguinte), o que poderá neutralizar os efeitos de eventual queda de preços internacionais, ainda na apreciação da Embrapa Trigo. Por outro lado, registrava-se no começo de junho que, apesar do aumento estimado para a produção mundial, de isenção da Tarifa Externa Comum (TEC) e da importação de trigo americano, além de leilões da Conab, os preços permaneciam firmes internamente, com a pouca disponibilidade do grão no mercado brasileiro. “Mantida a conjuntura atual de preços internos e externos favoráveis, e de cotações futuras aquecidas, como ora se verifica, as perspectivas para o produtor são muito promissoras”, completava Paulo Magno Rabelo, analista da Conab. 109 Inor Ag. Assmann The leaven in the dough Global wheat production is poised to soar in 2013 and exert influence over prices, but low national stocks could neutralize such effects in the domestic market 110 I n May this year, the Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) estimated the 2013 global wheat production at 695 million tons, the second largest on record. This amount represents an increase of 35.4 million tons from the previous crop, which had suffered a reduction in volume, a fact that accounted for the higher prices. The new situation will certainly exert an influence on the prices of the cereal during the season, but other factors might interfere and offset these effects. The evaluation by Embrapa Wheat in early June pointed to parallel growth in global consumption. While the latter soared by 2.1%, production has been increasing by 1.54% a year, according to the surveys. What captures attention is the ever-increasing use of wheat as an ingredient in animal feed, in replacement of corn, and also for the production of biofuels, particularly in Europe, besides the Chinese market now heated up. The prices of the cereal, according to Embrapa sources, have continued steady over the past months. The reasons seem to lie in situations like the reduction of the productivity rates of the winter fields in the United States, brought about by climate adversities; possible quality problems in Ukraine and excessive precipitation levels in West- ern Europe. With regard to the new crop, the scenario was pointing to bigger areas in the European Union, Russia, Ukraine, Kazakhstan and Canada, but there was concern about recomposing the carryover stocks, once consumption is on the rise, too. The National Supply Company (Conab), in turn, in an analysis conducted in May, referred to crop reductions only in India and the United States. For Mercosur, the analysis pointed to an increase from 16.6 million tons to 21.2 million tons, exceeding the bloc’s needs. The crop in Argentina, which normally supplies 80% of the cereal imported by Brazil, was estimated at 13 million tons, of which, 6.5 million tons were supposed to be exported. The Brazilian crop is estimated at 5.5 million tons, thus reducing the need to import from 7.2 million tons to 6.8 million tons, according to Conab numbers published in early June. The numbers equally showed consumption rising from 10.5 million tons to 10.7 million tons and rather low carryover stocks (564 thousand tons in the 2012/13 cycle and 719 thousand tons in the next), which could neutralize effects of possible smaller international prices, according to Embrapa Wheat sources. On the other hand, observations in early June pointed to the fact that, in spite of the estimated higher global production volumes, the exemption of the Common External Tariff (CET) and the importation of American wheat, besides the auctions promoted by Conab, prices continued steady in the domestic scenario, with scarce availability of the cereal in the market. “Should the present situation of high internal prices and favorable foreign prices, and future quotes remain heated, as things are now, there are very good perspectives for the growers”, concluded Paulo Magno Rabelo, analyst with Conab. CAMPOS AMARELOS • Yellow fields Balanço do trigo brasileiro (Em mil toneladas) SafraProdução 2011/12 5.788,6 2012/13 4.379,5 2013/14 5.555,8 Import.Suprimento Consumo Export. Estoque 6.011,813.566,510.444,9 1.901,01.220,6 7.200,012.800,110.552,3 1.683,4 564,4 6.800,012.920,210.701,1 1.500,0 719,1 Fonte: Conab, junho de 2013. 111 Inor Ag. Assmann Brando ou forte Cultivares de trigo desenvolvidas nos últimos anos atendem mais à classe pão, mas há espaço para produto que tenha menor força de glúten O trigo enquadrado na classe pão representava 40% das cultivares existentes na atividade em 2006 e atualmente corresponde a 80%, conforme divulgou no início de 2013 a Embrapa Trigo, durante debate sobre a organização do complexo agroindustrial na área para atender a nichos de mercado. Antes predominavam as opções do cereal considerado brando, com menor força de glúten (W) e proteínas. O quadro se alterou em virtude das exigências da área panificadora, que responde pela maior parte do uso do trigo no Brasil. Porém, considera-se novamente a ocorrência de oportunidades para o produto que ficou em segundo plano. O fato se apresenta especialmente a partir do crescimento da indústria de biscoitos, na qual o País é o segundo produtor mundial (1,2 milhão de toneladas) e o consumo quase que dobrou em menos de uma década. As empresas de melhoramento, para se ajustar ao mercado nos últimos anos, passaram a desenvolver cultivares de 112 trigo pão, com força de glúten e teor de proteínas cada vez mais altos, capazes de atender tanto à indústria de moagem quanto às padarias, comenta Ricardo Lima de Castro, pesquisador da Embrapa Trigo. Porém, diante de nova realidade, trata-se também de dimensionar o tamanho do mercado para trigo brando. Com isso, surge espaço para a formação de um novo nicho, especialmente para os pequenos produtores de trigo, que correspondem a 60% do total, observa Ana Christina Sagebin Albuquerque, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da mesma instituição. Ela assinala que, com a demanda definida, foi direcionada a pesquisa para chegar a uma cultivar voltada à indústria de biscoitos, com força de glúten baixa, pouca proteína e baixa absorção de água. O primeiro resultado, informa a dirigente, foi a obtenção da BRS 374, lançada em 2011, tendo como uma das características o teor de proteína em 11,7%, um dos menores do mercado. Outras opções na área, segundo ela, são a BRS Louro e a BRS Umbu, ressaltando que o produtor deve escolher a cultivar tomando por base tanto a demanda do mercado quanto questões relativas ao ambiente e ao manejo. Soft or strong Cultivars developed over the past years are more focused on bread wheat varieties, but there is room for the production of lowgluten wheat, too MELHORADOR Ainda na área de pesquisa da cultura, a Embrapa Trigo lançou em março de 2013, durante a Expodireto 2013, de Não Me Toque (RS), a cultivar BRS Parrudo, que é da classe melhorador, de ponta na área. “É uma nova proposta de tipo de planta, com resistência ao acamamento, excelente potencial produtivo, ciclo precoce, estatura baixa, vigoroso sistema radicular e sanidade de folha e espiga”, avalia Pedro Scheeren, pesquisador da unidade. A união de suas características, conforme ele, permite a utilização de alta tecnologia no seu cultivo, associando qualidade e rendimento de grãos. Foram ouvidos também os produtores e multiplicadores de sementes antes do lançamento do material: numa escala de um a cinco, o avaliaram com a nota quatro na maioria dos quesitos apresentados. Para tanto, foi ativado o Portal de Avaliação de Cultivares, nova estratégia adotada na área. Outra inovação divulgada pela Embrapa Trigo em eventos é o sistema de rastreabilidade digital para o trigo. A tecnologia contribui para assegurar a qualidade final dos alimentos. Os lotes podem ser segregados de acordo com a cultivar, a classe comercial, a umidade, o glúten e a presença de micotoxinas, dentre outros atributos. Procura-se identificar a procedência e comunicar informações sobre o manejo e a qualidade, o que permite agregar valor. B read wheat represented 40% of all cultivars used in Brazil in 2006 and now corresponds to 80%, according to figures released by Embrapa Wheat in early 2013, during a debate on the organization of the agroindustrial complex in the area to fulfill the needs of market niches. Before this, the predominant cultivars were the ones referred to as soft wheat, with less gluten strength (W) and proteins. The picture has altered by virtue of the requirements coming from Bread baking businesses, which account for the biggest use of wheat in Brazil. Nevertheless, at the moment, new opportunities are being considered for the product that now ranks as second in importance. This fact stems predominantly from the revitalization of the biscuit industries, at which Brazil ranks as second biggest producer in the world (1.2 million tons) and consumption almost doubled in the course of half a decade. In attempt to adjust to the market, meliorating companies began to develop bread wheat cultivars, with ever-increasing gluten strength and higher protein content, capable of meeting the requirements of the milling industries and bakeries, comments Ricardo Lima de Castro, researcher with Embrapa Wheat. However, in light of the new reality, it is also a matter of dimensioning the size of the soft wheat market. This paves the way for a new market niche, especially for small-scale wheat growers, who represent 60% of the total, observes Ana Christina Sagebin Albuquerque, head of the institution’s Research and Development department. She points out that, with demand well defined, research was focused on coming up with a cultivar geared towards the biscuit industry, with low gluten strength , low protein levels and low water absorption. The first result, she informs, was the BRS 374 cultivar, launched in 2011, with a protein content of 11.7%, very small if compared to other cultivars. Other options in the area include the BRS Louro and the BRS Umbu, warning that the farmers should opt for the cultivar taking into consideration market demand as well as matters related to the environment and management practices. MELIORATOR Also in the area of crop research, Embrapa Wheat in March 2013, during the Expodireto 2013, in Não Me Toque (RS), launched the cultivar BRS Parrudo, which belongs to the top meliorator class in this area. “It is a new idea of a type of plant, with resistance to lodging, excellent productive potential, early cycle, low in size, healthy root system and healthy leaves and ears”, comments Pedro Scheeren, researcher with the Embrapa unit. The union of the characteristics, according to him, allows for the use of high technology in its cultivation, associating quality and yield. Seed multipliers and producers were also consulted before the cultivars were launched: On a 1 – 5 scale, the cultivar was rated 4 in most of the requisites. To this end, they activated the Cultivars Appraisal Portal, new strategy now in use in the areas. Another innovation in events is the digital traceability system for wheat. The technology has given its contribution towards ensuring the final quality of the food. The batches can be segregated according to cultivar, commercial class, humidity, gluten and the presence of microtoxins, among other attributes. The target consists in identifying its origin and present information on management and quality, thus adding value to the wheat. 113 Inor Ag. Assmann Sorgo 114 Tá no clima A produção de sorgo no cerrado brasileiro é paradoxal: ao mesmo tempo em que é cultura secundária, utilizada em áreas e períodos nos quais o milho não pode ser plantado, por deficiência hídrica, tem grande importância para consolidar o sistema produtivo neste ambiente. Nas últimas décadas, a época preferencial de plantio do milho deslocou-se da safra de verão para a safrinha, após a soja, no Brasil central. Em Goiás e em algumas regiões de Minas Gerais, Bahia, Piauí, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso, o tempo de semeadura da segunda safra é curto, pelo fim da temporada de chuvas. Assim, quanto maior a demora em semear, menor a chance de chover o necessário para o milho se desenvolver. Então, quanto mais tardar o plantio da soja, ou quanto mais longo for o ciclo da cultivar, menor será o tempo para semear a safrinha e maior a área de sorgo, por sua resistência à seca. Isso explica a flutuação de área do grão no Brasil. O pesquisador André May, da Embrapa Milho e Sorgo, de Sete Lagoas (MG), destaca que o sorgo é rústico, tolerante à estiagem e de maior sistema radicular, adaptando-se melhor ao clima e ao solo e produzindo mais sob condições de seca do que o milho. As vantagens são a reciclagem de nutrientes em profundidade, a palhada no plantio da soja ou das pastagens, a quebra dos ciclos de doenças, pragas e invasoras; e o retorno econômico, pois o investimento é baixo, principalmente com adubação de base. Alguns produtores nem realizam essa adubação, tendo em vista que a soja fixa até 80 quilos de nitrogênio por hectare. Porém, nestas condições, a produtividade média é baixa, de 1,5 a quatro toneladas por hectare. Apesar de ocupar um nicho de comercialização no País e de corresponder a valor médio entre 70% e 75% do milho, o sorgo estabeleceu sua participação no mercado brasileiro de rações. “Ele não tem a fluidez do milho, mas é importante nos aspectos agronômico e econômico para estas regiões”, explica André May. No Brasil, 70% do sorgo cultivado é granífero, seguido pelo forrageiro, com 27% a 28%. O restante é formado por espécies como vassoura, sacarino ou biomassa. “Em geral, os pecuaristas preferem o milho para a forragem; no entanto, em ambientes nos quais essa cultura tem limitações de clima e de solo, o sorgo é a solução”, ressalta André May, da Embrapa. Segundo ele, o sorgo forrageiro tem praticamente o mesmo valor biológico e alimentar, e mínima deficiência em alguns aminoácidos, que podem ser adicionados à ração ou à silagem. A espécie forrageira produz 35 toneladas de massa fresca e é muito utilizada na alimentação do gado leiteiro em Minas Gerais, Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul, por exemplo. Inor Ag. Assmann Sorgo mantém-se como cultura secundária de safrinha, mas de importância fundamental para os sistemas de produção do Centro-Oeste 115 Sorghum In line with local climate patterns Sorghum falls into the category of secondary winter crops, but with a fundamental role for the production systems in the Center-West T he production of sorghum in the Brazilian cerrado is paradoxical: while it is a secondary crop, utilized in areas and periods when corn is not viable, due to water deficiency, it plays a very relevant role in consolidating the production system within this environment. Over the past decades, the ideal time period for planting corn shifted from the summer crop to the winter crop, after soybean, in central Brazil. In Goiás and in some regions of Minas Gerais, Bahia, Piauí, Tocantins, Maranhão and Mato Grosso, seeding time of the winter crop is very limited, and takes place at the end of the rainy season. Therefore, the longer it takes to sow the crop, the smaller the chance for the corn to get the necessary rain for its development. As a result, the later the soybean crop is planted, or 116 the longer the cycle of the cultivar, the shorter the time for seeding the winter crop and the bigger the area for sorghum, due to its resistance to drought conditions. This accounts for the big fluctuations in area of the Brazilian grain crops. Researcher André May, of Embrapa Corn and Sorghum, based in Sete Lagoas (MG), explains that sorghum is a coarse SORGO NO BRASIL • Sorghum in Brazil Quadro comparativo de safras Safra Área plantada (mil/ha)Produtividade (kg/ha)Produção (mil/t) 2010/11 817,4 2.8312.314,0 2011/12 786,9 2.8242.221,9 2012/13 797,3 2.6562.116,6 Inor Ag. Assmann grain crop, tolerant to drought conditions and with a healthy root system, adapting well to climate and soil conditions, with a bigger output under adverse conditions, compared to corn. The advantages include nutrient recycling deep in the ground, the amount of straw at soy planting or at the establishment of pasturelands, a break in the disease, pest and weed cycles; and economic returns, since investments are low, especially with regard to base fertilization. Some farmers do not apply this fertilization, once soybean fixates up to 80 kilos of nitrogen per hectare. Nonetheless, under Fonte: Conab, junho de 2013. such conditions, average productivity is low, from 1.5 to 4 tons per hectare. In spite of occupying a market niche in the Country, fetching an average price that represents from 70% to 75% of the price of corn, sorghum has already worked its way into the Brazilian feed market. “The crop is not as fluid as corn, but plays an important role for the region as far as agronomic and economic aspects go”, André May explains. Grain sorghum accounts for 70% of the Brazilian crop, followed by forage sorghum, with 27% to 28%. Other sorghum species include broomcorn, saccharin sorghum and high-biomass sorghum. “As a rule, cattle farmers prefer corn as forage; however, in environments where corn suffers soil and climate restrictions, sorghum fills the gap”, says André May, of Embrapa. According to him, forage sorghum bears the same biological and food value, with a minimum deficiency of some amino acids, which could be added to feed or silage. Forage sorghum produces 35 tons of fresh biomass per hectare and is much used for dairy cattle in Minas Gerais, Goiás, Paraná and Rio Grande do Sul, for example. 117 Inor Ag. Assmann Faz muita falta Associada ao sistema de cultivo de soja no cerrado, a produção de sorgo no Brasil mantém trajetória em queda, mas reafirma a sua importância É de queda gradual a trajetória da produção de sorgo no Brasil nas três últimas safras, comportamento que, ao contrário do que ocorre com a maioria dos grãos, não está associado à maior ou à menor aceitação no mercado ou a flutuações de preços. Essa retração está diretamente ligada ao desempenho da soja, carro-chefe da agricultura do cerrado brasileiro, pois o sorgo entra em sucessão de cultivo na chamada safrinha em áreas nas quais, por clima e solo, há limitações à semeadura do milho. Nestas condições, o sorgo é indispensável agronômica e economicamente. 118 A safra 2011/12 de sorgo encolheu 4%, recuando para 2,22 milhões de toneladas, ou 92 mil toneladas a menos do que no ciclo anterior. Já na temporada 2012/13 foram colhidas 2,11 milhões de toneladas, com retração de 4,7% na colheita, ou 105 mil toneladas. Em ambas as safras há interferência negativa do clima. Com o plantio mais acentuado de soja de ciclo tardio e o atraso no estabelecimento da lavoura, pela demora na chegada das chuvas em algumas regiões, também foi retardada a semeadura do sorgo, que já ocorre no ciclo final do período de plantio da safrinha. Desta forma, ele enfrentou mais problemas com estiagem. A área aumentou 1,1%, para 796,3 mil hectares, mas a produtividade caiu 5,9%, para 2.656 kg/ha, na temporada 2012/13. O analista Leandro Corder, da Companhia Nacional de Abastecimento O RANKING DO SORGO Segundo levantamento da Conab, Goiás segue liderando o ranking nacional, com 47,2% da produção, ou seja, 934 mil toneladas. Ainda assim, houve queda de 6,5% sobre a safra anterior, pela retração do rendimento para 3.150 quilos por hectare. Em seguida vêm Minas Gerais, com distantes 434,6 mil toneladas, e Mato Grosso, com 408,8 mil toneladas. A próxima safra tende a manter números similares de área, produção e produtividade. A estimativa de colheita do sorgo (Conab), destaca que o Levantamento de Avaliação da Safra de Grãos 2012/13, divulgado em junho, confirma a área de sorgo em queda nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, mas crescente no Sudeste e no Norte, com estabilização no Sul. “A produção caiu mais um ano seguido no Nordeste, devido à seca, que derrubou a produtividade”, assinala. A região Sul se recuperou da seca de 2012, mas com menor rendimento frente a 2011. no ciclo 2013/14 só será divulgada no final do ano, pois depende de fatores como a dimensão da lavoura de soja e sua época de plantio, o ciclo das cultivares, o tempo necessário para o agricultor semear o milho na safrinha e o comportamento do clima, principalmente na metade final do período de semeadura da segunda safra. À medida em que estas culturas forem se estabelecendo, descortina-se o cenário para o sorgo, segundo André May, especialista em sistemas de produção da Embrapa Milho e Sorgo, de Sete Lagoas (MG). OLHAR GLOBAL O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta produção mundial de sorgo 8,33% maior no período 2012/13, saltando de 48 milhões de toneladas para cerca de 52 milhões de toneladas. O crescimento no consumo será tímido, de 1,5%. Chama atenção a contínua queda da Índia, que já foi a maior produtora global e viu sua safra cair em 2012 para 6 milhões de toneladas. Enquanto isso, a Nigéria assumiu a condição de líder mundial em produção, com 6,9 milhões de toneladas, seguida pelo México, com 6,8 milhões de toneladas. 119 Something is missing Associated with the soybean farming system in the Brazilian Cerrados, the production of sorghum is on the decline, but keeps its economic relevance T he production of sorghum in Brazil has been gradually decreasing over the past three crop years, a behavior that, contrary to what happens with most crops, is not associated with bigger or smaller demand by the market, nor to price fluctuations. This reduction is directly linked to the performance of the oilseed crop, now the flagship of the Brazilian cerrados, simply because sorghum comes in as a succession crop in the so-called winter crop in areas where, because of climate and soil limitations, corn crops would perform poorly. Under such circumstances, sorghum turns out to be indispensable in agronomic and economic terms. The 2011/12 crop shrank by 4%, receding to 2.22 million tons, or 92 thousand tons smaller than the crop of the previous cycle. In the 2012/13 season the crop amounted to 2.11 million tons, down 4.7%, or 105 thousand tons. In both seasons, climatic conditions were unfavorable. With more plantings of late cycle soybean and delays in the establishment of the fields, because of delays in the rainy season in some regions, sorghum planting was also delayed, a crop that is normally seeded at the final cycle of the winter crop. This caused the crop to face more severe SORGHUM PRODUCTION BY STATE According to the Conab survey, the state of Goiás continues ranking as biggest national producer, with 47.2% of the total, that is to say, 934 thousand tons. Even so, there was a decrease of 6.5 percent from the previous year, as a result of a decline in yield to 3,150 kilos per hectare. Goiás is followed b y Minas Gerais, with 434.6 thousand tons, and Mato Grosso, with 408.8 thousand tons. The next crop tends to be similar in planted area, production drought problems. The planted area soared 1.1% to 796.3 thousand hectares, but productivity dropped 5.9 percent to 2,656 kilos per hectare in the 2012/13 season. Analyst Leandro Corder, of the National Supply Company (Conab), mentions that the 2012/13 Grain Crops Survey, released in June, confirms the declining trend of the areas planted with sorghum in the CenterWest and Northeast, while it is soaring in the Southeast and North, and stable in the South. The South has just recovered from the 2012 drought, but with smaller yields compared to 2011. and productivity. The estimated size of the 2012/13 sorghum crop will only be released late this year, since it depends on such factors as the dimension of the soybean fields, planting time, cultivar cycle, the time needed by the farmers to seed their corn in the winter crop, and the behavior of the climate, particularly midway through the seeding period of the second crop. As these crops start shaping up, the scenario for sorghum unfolds, says André May, specialist in production systems at Embrapa Sorghum and Corn, based in Sete Lagoas (MG). GLOBAL VIEW The United States Department of Agriculture (USDA) projects an increase of 8.33 percent to the global sorghum crop in the 2012/13 season, jumping from 48 million tons to about 52 million tons. Nonetheless, consumption will not follow suit, soaring only 1.5 percent. What captures attention is the continued decrease of the crop in India, a country that once was the leading global producer and witnessed its crop shrink to 6 million tons in 2012. Meanwhile, Nigeria has climbed to the position of leading global producer, with 6.9 million tons, followed by Mexico, with 6.8 million tons. 120 Inor Ag. Assmann Energia pura Muito além do grão ou da silagem, o sorgo toma impulso para se tornar matéria-prima importante na produção de biocombustível e de bioenergia E ntre 2% e 3% do sorgo cultivado no Brasil tem objetivo distinto da alimentação e da ração animal. O mais tradicional deles, muito utilizado no País, é o sorgo vassoura, que tem a exata finalidade de produzir vassouras de palha. Oriundo da agricultura familiar, é transformado artesanalmente e comercializado em todo o País. É o de menor expressão econômica. Mas a pauta do meio científico, governamental e da iniciativa privada recai sobre duas espécies energéticas de sorgo: sacarino e biomassa. Ambos são desenvolvidos em sistemas de produção diferentes do forrageiro e do granífero. No caso do sacarino, 10 mil hectares foram cultivados por usinas sucroalcooleiras na última safra para a produção de etanol, em sistemas de renovação de lavouras de cana-de-açúcar. Tecnologia e variedades têm origem nas pesquisas pública e privada. Segundo o pesquisador André May, da Embrapa Milho e Sorgo, o Brasil tem potencial para cultivar milhares de hectares e suprir a demanda por matéria-prima na entressafra da cana-de-açúcar. Diferentemente da cana, que é uma cultura ELETRICIDADE O sorgo biomassa também é avaliado, mas pelas empresas de geração de energia elétrica. Cultivado entre setembro e março, após o corte, o produto é encaminhado à queima para gerar vapor e energia elétrica. Esta será vendida ao sistema nacional de distribuição. Algumas empresas de geração cultivaram de 50 a 300 hectares com variedades da Embrapa na safra 2011/12 para testar a capacidade agronômica, industrial e econômica. O resultado acima do esperado fez algumas empresas solicitarem sementes para até seis mil hectares. No entanto, as tecnologias ainda precisam de mais tempo para a validação, bem como a produção de sementes, que começa na temporada 2013/14. O pesquisador André May 122 semi-perene, o sorgo é cultivado em novembro e colhido em março/abril. “Em situação ideal, antes de abrir a colheita da cana, a usina teria esse produto alternativo como solução para produzir etanol entre 20 a 30 dias”, explica o pesquisador. No entanto, questões estruturais, de manejo e agronômicas precisam evoluir para chegar a este cenário. reconhece que a demanda nacional por energia e o déficit de investimentos, além de problemas que entravam o avanço de outros modelos energéticos, podem favorecer o sorgo. “Ele produz até 190 toneladas de matéria fresca por hectare, com crescimento vigoroso e ciclo de quatro meses, com alta produção de biomassa, excelente poder calorífico e manejo mecanizável”, revela. “Há grande concentração de recursos da pesquisa pública nesta área para elaborar um pacote tecnológico que contemple os processos da lavoura à indústria”, afirma. Ainda em 2013, a Embrapa lançará dois novos híbridos deste sorgo dirigidos ao cultivo no Sudeste e em parte do Centro-Oeste brasileiro, onde se concentra a demanda. Pure energy F Inor Ag. Assmann Much beyond its kernel and silage scope, sorghum is also gaining momentum as raw material for the production of biofuels and bioenergy rom 2% to 3% of all sorghum species grown in Brazil are destined for purposes other than food or livestock feed. The most traditional of them, much used across the country, is a variety known as broomcorn, which is destined for the production of straw brooms. Coming from family farming, it is transformed manually and traded throughout the Country. It is the species with the smallest economic expression. On the agenda of the scientific establishment, government and private initiative the focus is on two types of sorghum: saccharin and biomass. Both are developed in production systems that differ from grain sorghum and forage sorghum. In the case of saccharin, 10 thousand hectares were cultivated by sugar and alcohol mills in the past crop, for the production of ethanol, under sugarcane field renewal systems. Technology and varieties originate from public and private research institutions. According to researcher André May, of Embrapa Corn and sorghum, Brazil has the potential to grow thousands of hectares and supply the demand for raw material during the off-season sugarcane crop. Contrary to sugarcane, which is a semi-perennial crop, sorghum is planted in November and harvested in March and April. “Ideally, before starting the sugarcane harvesting period, the mill could use this alternative product as a solution for producing ethanol during 20 to 30 days”, the researcher explains. Nonetheless, structural, management and agronomic questions still have to evolve until this scenario materializes. ELECTRICITY Biomass sorghum is also being evaluated, but by the electric energy generating companies. Grown from September to March, the crop is cut and discharged into kilns for the generation of steam and electric energy, which is sold to the national electric power company. Some energy companies grew 50 to 300 hectares with cultivars furnished by Embrapa, in the 2011/12 crop year in order to test the agronomic, industrial and economic capacity. The result that exceeded expectations by far, prompted some companies to order seeds for up to six thousand hectares. Nevertheless, the technologies in use still need further testing for validation, and there is also need to produce seeds, an initiative that is supposed to start at the 2013/14 season. Researcher André May acknowledges that our national demand for energy and lack of investments, besides problems that impair any advances towards other energy models, might favor sorghum crops. “A hectare of sorghum produces up to 100 tons of fresh mass. It is a four-month cycle crop that grows vigorously and produces plenty of biomass, with an excellent caloric power and ideal for mechanized management”, he adds. “Huge amounts of public funding have been geared towards this area with the purpose to set up a technology package that encompasses all steps from field to industry”, he says. Before 2013 comes to a close, Embrapa will launch two new hybrids of this variety of sorghum destined for the fields in the Southeast and some regions in the Center-West, where there is big demand. 123 Sílvio Ávila Pipoca 124 Explosão de alegria A produção de milho pipoca segue em expansão no Mato Grosso, a ponto de totalizar cerca de 195 mil toneladas do grão em 2013 O s produtores de milho pipoca do Estado do Mato Grosso deverão colher em 2013 mais do que o dobro do volume registrado no ano anterior. A produção foi projetada em 194.776 toneladas de grãos pela unidade estadual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/MT), em maio de 2013. Se o volume se confirmar, serão registradas 99.703 toneladas a mais do que o total de 95.073 toneladas colhido em 2012. A área plantada também quase que dobrou. Em 2013, o plantio ocupou 47.379 hectares, muito acima dos 26.256 hectares plantados no ano anterior. A cultura do milho pipoca, de acordo com o órgão público que apura os números desde 2010, tem registrado volumes crescentes no Mato Grosso. A produção foi de 43.403 toneladas de grãos em 2010, 44.575 toneladas em 2011 e 95.073 toneladas em 2012. Com isso, o Estado se consagra cada vez mais como o principal polo dessa cultura no Brasil. O Rio Grande do Sul também apresenta plantios do cereal, mas não conta com acompanhamento do IBGE. “A região Centro-Oeste oferece clima, solo e topografia propícios ao cultivo do cereal”, destaca Antônio de la Bandeira, gerente do Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis. Ele salienta que os produtores rurais assimilam com facilidade novas tecnologias e aceitam os desafios. Além disso, conforme Bandeira, a qualidade é excepcional. “A colheita do grão em um período seco garante a umidade ideal para uma expansão perfeita da pipoca.” Em 2012, a produtividade média atingiu a 3.621 quilos por hectare no Estado, conforme apurou o IBGE. No município de Campo Novo do Parecis e na região, a média ficou em 4.200 kg/ha. “Alguns produtores alcançaram rendimento médio superior a 5.200 kg/ha”, destaca Bandeira. A colheita do milho pipoca estava em andamento em maio de 2013; o gerente da entidade verificava que a produtividade deveria se manter igual ou até superior à verificada na safra anterior. São essas características apontadas por Bandeira que motivaram as empresas a investirem na região. “Este cenário está fazendo a produção migrar, principalmente do Rio Grande do Sul, para o Mato Grosso”, observa. Os produtores de milho pipoca destes dois estados plantam o cereal integrados a empresas como a Yoki Alimentos, que fornecem as sementes e garantem a compra da safra. 125 126 Inor Ag. Assmann Popcorn Burst of happiness The production of popcorn continues soaring in Mato Grosso, reaching a total of about 195 thousand tons in 2013 I n 2013, the popcorn producers in the State of Mato Grosso are expected to harvest double the amount registered in the previous year. The size of the crop has been projected at 194,776 tons of grains by the State Office of the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE/MT), in May 2013. Should this volume confirm, there will be 99,703 tons in excess of the total of 95,073 harvested in 2012. The planted area has equally almost doubled. In 2013, the crop occupied 47,379 hectares, much more the 26,256 hectares cultivated in the previous year. The crop, according to the public organ that has been ascertaining the numbers since 2010, has been on a rising trend throughout the State. The total popcorn crop reached 43,403 tons of grains in 2010, 44,575 tons in 2011 and 95,073 tons in 2012. As a result, the State of Mato Grosso has turned into the leading production hub in Brazil. Rio Grande do Sul is also a place where much land is devoted to popcorn, but it is not under the umbrella of the IBGE. “The Center-West region offers appropriate climate, soil and topographic conditions for the crop”, says Antônio de la Bandeira, manager at the Rural Union in Campo Novo do Parecis. He notes that most farmers are always ready to resort to new technologies and stand up to any challenges that may arise. Furthermore, according to Bandeira, quality is exceptionally good. “The fact that the crop ESTOUROS • Explosions is harvested in dry periods ensures the ideal Milho pipoca no Mato Grosso moisture levels for the kernels to burst propMunicípios Área (ha)Produção (t)Produtividade (kg/ha) erly”. Campo Novo do Parecis 29.400 123.480 4.200 In 2012, average productivity reached Brasnorte 5.00021.000 4.200 3,621 kilos per hectare across the State, as Sapezal 4.07417.111 4.200 ascertained by the IBGE. In the municipality Campos de Júlio 3.200 12.480 3.900 of Campo Novo do Parecis and across the rePrimavera do Leste 2.200 7.260 3.300 gion, average yield remained at 4.200 kg/ha. Tangará da Serra 1.900 7.600 4.000 “Some farmers were lucky to harvest in excess Querência 4201.512 3.600 of 5,200 kg/ha, on average”, says Bandeira. Lucas do Rio Verde 400 1.800 4.500 Popcorn harvesting was in full swing in May Diamantino 4001.400 3.500 2013; the manager of the entity maintained Outros 3851.133 2.820 there should be no change to productivity, Total 47.379194.776 4.111 which is supposed to remain on a par with the Fonte: IBGE, unidade estadual do Mato Grosso, maio de 2013. previous year, or even a little bigger. These are the traits pointed out by BandeiPIPOCOU • Popped up ra that encouraged the companies to invest Safras de milho pipoca no Mato Grosso more in the region. “This scenario is responsible for shifting the production of popcorn from Ano ÁreaProdução (t) Rio Grande do Sul to Mato Grosso”, he ob201014.473 43.403 serves. The popcorn producers in both states 201112.869 44.575 grow their crops under the umbrella of Yoki 201226.256 95.073 Alimentos, which furnishes the seed and is 2013*47.379 194.776 under obligation to purchase the entire crop. Fonte: IBGE, unidade estadual do Mato Grosso, maio de 2013. 127 Inor Ag. Assmann Para entrar em campo Negócios na cadeia do milho pipoca podem ser aquecidos com os grandes eventos esportivos que acontecem no Brasil nos próximos anos O negócio da pipoca, como o próprio grão ao ser aquecido, tende a se expandir ainda mais, inclusive para além do território brasileiro. Em 2012, o Mato Grosso exportou 15 mil toneladas de milho pipoca embalado em sacas de 50 quilos. No mercado interno, os preços dos contratos antecipados estiveram cotados em cerca de R$ 38,00 pela saca. “Mas chegaram a alcançar a até R$ 60,00 no comércio, pela escassez do produto”, salienta Antônio de la Bandeira, gerente do Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis. A maior procura pelo produto em 2012 estimulou a ampliação da área plantada na temporada 2012/13 no Mato Grosso. Um dos principais produtores é justamente o município de Campo Novo do Parecis, que plantou 29.400 hectares, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em maio de 2013. A sua colheita foi estimada em 123.489 toneladas para 128 o ciclo; iniciou-se em maio e deveria ser finalizada em julho. Outros destaques são os municípios de Brasnorte (com 5.000 hectares), Sapezal (4.074 hectares) e Campos de Júlio (3.200 hectares). “Além da produtividade, também a qualidade do grão que está sendo colhido é muito boa”, destaca Antônio de la Bandeira. Para os próximos anos, acredita que a tendência é de aumento de área. Mas observa que o produtor não arriscaria tanto, uma vez que o mercado também tem sua volatilidade. “Os agricultores geralmente exigem uma garantia, contrato antecipado e preços estabelecidos”, esclarece. Bandeira ressalta que em 2013 e em 2014 ocorrem grandes eventos esportivos no Brasil, como a Copa do Mundo, e que estes deverão contribuir para o aumento no consumo de pipoca. Off to a good start Businesses of the popcorn supply chain may take off with the great sports events scheduled to take place in Brazil over the next years T he popcorn business, like the kernel itself when heated up, tends to expand even further, spreading even beyond the Brazilian territory. In 2012, Mato Grosso exported 15 thousand tons of popcorn packed in 50 kg bags. In the domestic market, anticipated contracts fetched up to R$ 38.00 per bag. “In stores, however, they fetched up to R$ 60.00, because of tight supply”, explains Antônio de la Bandeira, manager of the Rural Union in Campo Novo do Parecis. Bigger demand for the kernel in 2012 encouraged the farmers to expand their planted areas in the 2012/13 season in Mato Grosso. A major producer is the municipality of Campo Novo do Parecis, which devoted 29,400 hectares to the crop, according to a survey conducted by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE), in May 2013. Harvest was estimated at 123,489 tons for the season; it started in May and was supposed to come to a close in July. Other highlights are the municipalities of Brasnorte (with 5,000 hectares), Sapezal (4,074 hectares) and Campos de Júlio (3,200 hectares). “Besides productivity, the quality of the kernels being harvested is also excellent”, says Antônio de la Bandeira. For the next years, he believes in a trend pointing to bigger planted areas, but observes that growers will not go deep into it, since the popcorn market is rather volatile. “As a rule, the farmers require a sales guarantee, anticipated contracts and preset prices”, he clarifies. Bandeira recalls that in 2013 and 2014 Brazil will host big sports events, like the FIFA Soccer Cup, and these events should contribute towards a boost in consumption. 129 Painel Panel Energia para crescer Adubação orgânica favorece o desenvolvimento das lavouras e pode garantir o aumento da produtividade em curto espaço de tempo O rendimento da plantação pode ser um indicativo da saúde do solo. Por isso, a aplicação de fertilizantes se torna aposta vantajosa e segura. No Rio Grande do Sul, a Extratus Compostos Orgânicos tornou-se uma das grandes responsáveis pelo desenvolvimento de adubação que auxilia no desenvolvimento de lavouras em todo o País. Instalada em Garibaldi, na Serra gaúcha, a empresa apresenta aos agricultores o que há de melhor para garantir o aumento da produtividade. Entre os inúmeros setores já beneficiados destacam-se videiras, milho, fumo, flores e hortaliças. Inor Ag. Assmann De acordo com o gerente da empresa, Daniel Chies, a aplicação da adubação orgânica melhora a qualidade do solo porque a matéria composta se liga às partículas da planta, ajudando na retenção e na drenagem e, por conseguinte, favorecendo a aeração. Explica que a Extratus iniciou o beneficiamento de resíduos orgânicos em 2010 e que hoje tem produção mensal de 2.500 m³ de fertilizantes. A matéria-prima utilizada é recebida de parceiros, como frigoríficos, vinícolas, in- 130 dústrias papeleiras e fumageiras. Com processo de produção que dura oito meses, em média, o adubo orgânico é feito à base de resíduos de serragem, incubatório, bagaço de uva, pó de fumo, esterco de poedeira, lodo de frigorífico e cinzas. A compostagem é feita em pavilhões que somam área coberta de 10.800 m², aproximadamente, cuja capacidade para recebimento é de 2.500 toneladas por mês. O composto passa por várias etapas até ser embalado. Assim que os resíduos são recebidos das empresas, são elaboradas e formadas as leiras, onde o material permanece, com temperatura controlada, umidade, aeração, pH e grau de maturação. Depois, são revolvidas as leiras e é feito o peneiramento. Para venda, o fertilizante é oferecido embalado e a granel. Em breve, conforme Chies, serão fornecidas embalagens de 5, 10 e 20 quilos nos supermercados. “Queremos conquistar não só os produtores rurais, mas também aquelas pessoas que precisam de um fertilizante para colocar nas plantas e nas flores que costumam cultivar em casa”, comenta. VANTAGEM O insumo produzido pela Extratus tem certificação da Ecocert Brasil, o que lhe confere a qualidade esperada pelos produtores. Além de tornar a lavoura mais rentável, a destinação de resíduos orgânicos, por parte das empresas, contribui para a preservação do meio ambiente e a redução da poluição e garante o desenvolvimento sustentável. “Esse material deixa de ir para aterros sanitários e se transforma em uma alternativa de renda, que mais tarde ainda propor- ciona a melhoria dos solos”, considera Daniel Chies. Outros benefícios são o aumento da capacidade de infiltração de água na terra, o aumento do número de microorganismos desejáveis e a manutenção da temperatura e dos níveis de acidez do solo. A empresa tem participado ativamente de feiras e outros eventos das cadeias produtivas, divulgando os potenciais de seus produtos, a exemplo do que aconteceu durante a Expoagro Afubra, em Rincão del Rey, no interior de Rio Pardo (RS), em março de 2013. Energy to grow Organic fertilization can drive the development of agricultural crops and boost yields in a short period of time A gricultural productivity may be an indication of healthy soils. That is why the application of fertilizers turns out to be a safe and advantageous bet. In Rio Grande do Sul, ‘Extratus Compostos Orgânicos’ is responsible for the development of organic fertilization methods that boost crop development across the Country. Based in Garibaldi, in the Gaucho Sierra region, the company provides the farmers with the best in fertilization for boosting productivity at farm level. The various sectors that have already benefited from the innovation include vineyards, corn, tobacco, flowers and vegetables. The manager of the company, Daniel Chies, understands that the application of organic fertilizers improves soil quality because composted matters stick to the particles of the plant, boosting the retention and drainage system and, as a result, turning plant aeration more effective. He explains that Extratus started processing organic waste in 2010 and its present output reaches 2,500 m³ of fertilizers a month. The raw material comes from partners that include ADVANTAGE The farm input produced by Extratus is certified by Ecocert Brasil, attesting to the quality standards expected by the farmers. Besides turning the farms more profitable, the disposal of organic waste, by the companies, contributes towards preserving the environment and reduces pollution levels, whilst ensuring sustainable development. This material is not dumped in landfill sites and turns into an income alternative, when used for soil enrichment purposes”, says Daniel Chies. Other benefits include higher water infiltration capacity, an increase in the number of desirable microorganisms, stable soil temperature and normal acidity levels. The company has actively taken part in exhibitions and other events staged by the supply chains, giving publicity to the potential of its products, following on the heels of what happened during the Expoagro Afubra fair, in Rincão del Rey, interior of Rio Pardo (RS), in March 2013. wineries, meat packing companies, paper industries and tobacco processing plants. Submitted to an eight-month production process, on average, organic fertilizers are made from sawdust, waste from incubators, grape bagasse, tobacco dust, laying hen manure, sludge from meat packing plants and ashes. Composting is done in pavilions that cover an area of approximately 10,800 m² under roof, with a capacity to deal with 2,500 tons a month. The compost goes through several steps before it is packed. As soon as the organic waste is delivered to the company, the material is segregated into ridges, where it is kept under controlled temperature, moisture levels, aeration, pH and degree of maturation. After this, the ridges are revolved and the matter goes through a sieving process. This fertilizer is sold in bulk or in bags. According to Chies, the idea is soon to offer the fertilizer in 5, 10 or 20 kg bags. “We do not want to win over only rural producers, but also those people who are keen on flowers and ornamental plants cultivated in the backyard”, he comments. 131 Inor Ag. Assmann Eventos Events Para colher sabedoria Seminário Nacional de Milho Safrinha está consolidado como o principal fórum técnico-científico sobre a cultura realizado no Brasil Reaping wisdom National Second Corn Crop Seminar has consolidated as the most important technical and scientific forum on the crop grown in Brazil 132 U ma das estratégias de produção com maior evolução em produtividade e expansão de área cultivada no País voltará a ser tema de debate para pesquisadores, professores, técnicos, agricultores e profissionais do agronegócio entre os dias 26 e 28 de novembro de 2013, na cidade de Dourados (MS). É quando acontecerá o XII Seminário Nacional de Milho Safrinha, evento que tem contribuído para o avanço do conhecimento, proporcionando diálogos e divulgação de resultados, novos estudos e tecnologias. A edição será promovida pela Associação Brasileira de Milho e Sorgo (ABMS) e realizada em parceria pela Embrapa Agropecuária Oeste e pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Realizado a cada dois anos, o encontro terá como enfoque a estabilidade e a produtividade. Pelo fato de ser o principal fórum técnico-científico realizado sobre a cultura no Brasil, contará com abordagens nas mais diversas áreas de conhecimento, de forma multidisciplinar e interdisciplinar. Entre os temas, serão debatidos o cenário econômico da cultura, a situação da produção de milho safrinha no Brasil, os aspectos relacionados a ecofisiologia das plantas, tratos culturais, fitossanidade; a inclusão do cereal nos sistemas integrados de produção, a lavoura transgênica e o manejo de plantas dani- nhas, bem como o controle de pragas. Conforme o presidente da comissão organizadora, engenheiro agrônomo Gessi Ceccon, da Embrapa Agropecuária Oeste, a programação é elaborada de acordo com os trabalhos apresentados nos últimos eventos. “Hoje, a lavoura é vista como uma empresa e já não se pensa apenas no cultivo do milho”, afirma. “É importante reunir os aspectos econômicos, discutir sobre as pesquisas e as novidades do setor. Afinal, a ciência precisa dar resposta às pressões comerciais.” Considerando-se que a região Centro-Oeste é a maior produtora de milho safrinha no Brasil, contribuindo com 47% da produção nacional, a expectativa com relação à participação do público é forte. A importância da cultura para a economia do País justifica plenamente a necessidade de estudos constantes e debates e a divulgação de resultados sobre os aspectos da produção. De modo geral, a meta é estimular a evolução do milho safrinha nas lavouras brasileiras, uma vez que o seminário dá acesso direto às últimas novidades e às principais práticas de manejo. Outras informações podem ser obtidas no site www.cpao. embrapa.br/milhosafrinha2013/. O ne of the production strategies that has evolved the most in productivity and planted area expansion across the Country is back on the agenda of a seminar to be held 26 – 28 November 2013, involving researchers, professors, technicians, farmers and agribusiness professionals, in the town of Dourados (MS). It is the XII National Second Corn Crop Seminar, an event that greatly contributed towards knowledge improvement, featuring dialogs, spreading results, new studies and technologies. The edition is under the umbrella of Embrapa Western Region Agriculture and the Federal University of Grande Dourados (UFGD). Held every other year, the next gathering will be focused on stability and productivity. Once it is the most important technical and scientific forum held on the crop in Brazil, it will address an array of knowledge-related areas, in multidisciplinary and interdisciplinary format. The themes include the economic scenario of the crop, the situation of the second corn crop in Brazil, aspects related to echophysiology, cultural practices, phytosanitary matters; the incorporation of the cereal into integrated production systems, transgenic crops and weed management, as well as pest control. According to the president of the organizing committee, agronomic engineer Gessi Ceccon, of Embrapa Western Region Agriculture, the program is set up in accordance with the papers presented in the past events. “Now a farm is viewed as a company, not only focused on the production of corn, he says. “It is important to include the economic variables, hold debates on research works and novelties of the sector. After all, science must come up with responses to commercial pressures”. Considering that the Center-West is the biggest producer of second crop corn in Brazil, accounting for 47 percent of the entire national volume, there are great expectations regarding attendance at the fair. The importance of the crop for the economy of the Country attests to the need to conduct studies and debates, whilst spreading the production results. In general, the target is to encourage the farmers to go for the second corn crop, since the seminar provides direct access to the latest novelties and major management practices. For more information please access site www.cpao.embrapa.br/ milhosafrinha2013/. 133 Grande Inor Ag. Assmann como o Brasil Maior feira voltada à agricultura familiar em todo o País, Expoagro Afubra ajuda a promover a diversificação das pequenas propriedades As big as Brazil 134 Largest agricultural fair in the Country focused on family farmers, Expoagro Afubra promotes crop diversification on small holdings M ostrar ao produtor o que há de melhor em termos de tecnologia e incentivá-lo a adotar mecanismos que possam otimizar sua atividade na lavoura. Essas são duas das propostas da Expoagro Afubra, uma das maiores feiras voltadas à agricultura familiar em todo o País. Desenvolvida anualmente pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), em parque de 30 hectares localizado no distrito de Rincão Del Rey, às margens da BR 471, em Rio Pardo (RS), ela surgiu a partir da necessidade de promover a diversificação das propriedades. A última edição, ocorrida entre 20 e 22 de março de 2013, movimentou R$ 44 milhões em negócios, reuniu 370 expositores e público de 69 mil pessoas. Do contingente de visitantes da Expoagro Afubra 2013, 81% eram produtores rurais, dos quais 65% citaram o tabaco como principal fonte de renda. Para a próxima, a 14ª, programada para o período de 25 a 27 de março de 2014, a expectativa é superar esses números. Conforme o coordenador geral do evento, engenheiro agrônomo Marco Antônio Dornelles, os trabalhos estão sendo intensificados com a meta de elaborar a programação do ano seguinte. Ela é definida por 30 entidades ligadas ao agronegócio, representantes dos produtores rurais e pesquisadores. Considerando-se os resultados de anos anteriores, os quais demonstram franco crescimento, a feira tende a ser cada vez mais exitosa. De acordo com Dornelles, a Expoagro Afubra proporciona o debate de assuntos atuais para que os agricultores possam investir em atividades produtivas e se sintam estimulados a iniciar outras. “A feira tem poder muito grande de difusão de ideias, tecnologias e produtos”, menciona. Os produtores dos mais de 170 municípios que atualmente participam do evento encontram em um único espaço o que há de mais moderno em tecnologia e produtos (equipamentos, sementes etc), recebem informações sobre os programas governamentais e ainda acompanham demonstrações técnicas e de manejo. Trata-se de feira dinâmica e que dá visibilidade para o potencial da região. Durante a sua realização, reúne instituições e empresas públicas e privadas, conta com exposições de animais e máquinas, palestras, reuniões de conjuntura com setores e lideranças do agronegócio e da agricultura familiar, nas quais são debatidos os problemas do meio agropecuário. Dentre os principais segmentos representados, destacam-se arroz, agroindústria familiar, hortaliças, agroenergia e florestas. Uma das possíveis novidades para a edição de 2014 é o programa de irrigação do governo do Estado do Rio Grande do Sul. Em 2013, o público prestigiou especialmente o painel sobre educação, que discutiu formas de ensino no meio agrícola; o programa estadual de expansão da agropecuária irrigada, o seminário sobre compras públicas e o programa de aquisição de alimentos, além da presença da cadeia produtiva da ovinocultura. Mais informações podem ser obtidas no site www.afubra.com.br. K eeping farmers abreast of the best technologies, whilst encouraging them to resort to mechanisms capable of maximizing their agricultural activities, are two targets set by Expoagro Afubra, one of the largest exhibitions focused on family farmers in the entire Country. Held annually by the Tobacco Growers’ Association of Brazil (Afubra), in a 30-hectare venue located in the district of Rincão Del Rey, alongside the BR 471, in Rio Pardo (RS), the fair arose from the need to promote crop diversification on small holdings. The past edition, 20 – 22 March 2013, prompted businesses amounting to R$ 44 million, attracted 370 exhibitors and 69 thousand visitors. Of this total number of people, 81% were farmers, of which 65% cited tobacco as their major source of income. For next year’s edition, the 14th, scheduled for 25 – 27 March 2014, the expectation is for outstripping these numbers. According to the general coordinator of the event, Marco Antônio Dornelles, there is much work going on with the focus on the program for next year. The fair is defined by 30 entities linked to agribusiness, representatives of farmers and researchers. Considering the outcome of previous editions, with ever-increasing results, the fair tends to become more and more successful. According to Dorneles, Expoagro Afubra features debates on urgent matters for the farmers to make investments in productive activities and encouraged to venture into new initiatives. “The fair is very powerful in terms of spreading ideas, technologies and products”, he notes. The farmers from upwards of 170 municipalities that actually take part in the event find in one venue alone the most advanced technologies and products (equipment, seed, etc), they are given instructions on government programs and have a chance to attend technical and management demonstrations. It is a dynamic fair that puts into the limelight the potential of the region. It attracts institutions, public and private companies, it features livestock and machinery exhibitions, lectures, meetings with agribusiness leaderships, family farming operations, and the debates are normally focused on problems experienced by agricultural and livestock rearing operations. Major segments that are represented include rice farming sectors, family agroindustries, vegetable segments, agroenergy and forests. A novelty that might show up to next year’s fair is the Rio Grande do Sul state government irrigation program. In 2013, all visitors appreciated very much the panel on education, which dealt with learning methods in the rural setting; the state program on the expansion of irrigated crops, the seminar on public purchases and the food acquisition program, along with the presence of the sheep supply chain. For more information please access site www.afubra.com.br http:// www.afubra.com.br/ . 135 Sílvio Ávila Marque na agenda Select on the agenda Feira da Agricultura Familiar e do Trabalho Rural (Agrifam 2013) Data: 02 a 04 de agosto de 2013 Local: Lençóis Paulista (SP) Telefone: 14 2106 2800 ou 2828 E-mail: [email protected] Site: www.agrifam.com.br Expointer 2013 Data: 24 de agosto a 1º de setembro de 2013 Local: Esteio (RS) Telefone: 51 3458 8500 E-mail: [email protected] Site: www.expointer.rs.gov.br XVIII Congresso Brasileiro de Sementes Data: 16 a 19 de setembro de 2013 Local: Florianópolis (SC) Telefone: 43 3025 5223 E-mail: [email protected] Site: www.abrates.org.br/cbsementes XII Seminário Nacional de Milho Safrinha Data: 26 a 28 de novembro de 2013 Local: Dourados (MS) Telefone: 67 3416 9754 ou 9740 E-mail: [email protected] Site: www.cpao.embrapa.br/milhosafrinha2013 136 Expodireto Data: 10 a 14 de março de 2014 Local: Não-Me-Toque (RS) Contato: 54 3332 2200 ou 3636 E-mail: [email protected] Site: expodireto.cotrijal.com.br Expoagro Afubra Data: 25 a 27 de março de 2014 Local: Rincão Del Rey, Rio Pardo (RS) Telefone: 51 3713 7700 ou 7715 E-mail: [email protected] Site: www.afubra.com.br Agrishow 2014 Data: 28 de abril a 02 de maio de 2014 Local: Ribeirão Preto (SP) Telefone: 11 3598 7800 E-mail: [email protected] Site: www.agrishow.com.br ACESSO NEGADO PARA AS PRINCIPAIS DOENÇAS. Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos. Incluir outros métodos de controle dentro do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Uso exclusivamente agrícola. Registro MAPA nº 9210. Chegou Abacus® HC, o produto recomendado para o seu milho. • Excelente controle de Ferrugens e Mancha-de-phaeosphaeria. • Alta seletividade para a cultura do milho. • Alta eficiência nas doses recomendadas. 0800 0192 500 www.agro.basf.com.br