6 – infra-estrutura turística

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6 – infra-estrutura turística
6 – INFRA-ESTRUTURA TURÍSTICA
6.1 – Hospedagem
Apesar da vocação turística da região, Guaratiba não oferece muitas opções de
hospedagem. Segundo informações obtidas através dos próprios moradores, há apenas quatro
pousadas e um hotel em toda a região, a maioria concentrada em Barra de Guaratiba.
XXVI Guaratiba
Endereço
Pousada Refúgio das Bananeiras
Pousada do Mar
Pousada do Sérgio
Hotel Clube Marambaia
Pousada Colinas Verdes
Estrada da Vendinha 81 – Barra de Guaratiba
Estrada da Barra de Guaratiba 9510 – Barra de Guaratiba
Estrada da Barra de Guaratiba 9555 – Barra de Guaratiba
Estrada da Barra de Guaratiba 4181 – Barra de Guaratiba
Estrada do Cachimbal 255 – Ilha de Guaratiba
Fonte: Sérgio Moreira
6.2 – Alimentos e Bebidas
O paraíso dos peixes e frutos do mar em moquecas e caldeiradas ao forno.
Deliciosos pastéis de camarão, casquinhas de siri, caranguejos. Alguns oferecem também outras
opções, como carne e frango, mas a grande maioria é especializada em frutos do mar. De
sobremesa, doces caseiros (doce de laranja da terra; goiabada; abacaxi com banana) e sorvetes.
Em Guaratiba também
podemos encontrar um criadouro de rãs –
O Ranário Guaratiba, no mesmo local
onde se encontra o Ranna Restaurante,
especializado em carne de rã. É um local
muito interessante e aconchegante, que
vale a pena visitar e experimentar, por
exemplo, os deliciosos pasteizinhos de
carne de rã, que é muito nutritiva e
Ranna Restaurante em Guaratiba
saborosa.
Em Guaratiba não faltam opções. Abaixo procurei relacionar os restaurantes
mais conhecidos e os que estão associados a AGACO – Associação Gastronômica e Comercial
da Costa Oeste.
Nome
Endereço
Telefone
Danado’s Pizzas
Rua Barreiro Grande 350 – Pedra
9113-2601
Rua Barros de Alarcão 352 – Pedra
2417-2674
Restaurante 476
Rua Barros de Alarcão 476 - Pedra
2417-1716
Rei do Pastel
Rua Barros de Alarcão 327 - Pedra
-
Rancho do Leão
Rua Barros de Alarcão 370 - Pedra
9642-0560
Rua Barros de Alarcão 283 - Pedra
2417-2927
Schooner
Rua Barros de Alarcão 484 - Pedra
2417-1688
Atelier Massas com Arte
Rua Saião Lobato 138 - Pedra
2417-1283
Rua do Fragoso 38 - Guaratiba
3317-1267
Rua Prof. Castro Rebelo 458 – Ilha de Guaratiba
9987-6627
Rancho Petisco
Estr. da Barra de Guaratiba 1533 – Barra de Guaratiba
2410-1044
Oficina do Peixe
Estr. da Barra de Guaratiba 1200 A – Barra de Guaratiba
2410-1658
Tia Penha
Estr. da Barra de Guaratiba 10.815 – Barra de Guaratiba
2410-1425
César Restaurante
Estr. da Barra de Guaratiba 2.276 – Barra de Guaratiba
2410-1202
Kais 45
Estr. da Barra de Guaratiba 5.921 – Barra de Guaratiba
2410-1089
Tia Palmira
Caminho do Souza 18 – Barra de Guaratiba
2410-8169
Bira de Guaratiba
Estr. da Vendinha 68 A – Barra de Guaratiba
2410-8304
Estr. do Grumari 710 – Barra de Guaratiba
2410-1434
Vista Verde
Estr. do Grumari 3.481 – Barra de Guaratiba
2410-2006
Tino’s
Av. das Américas 28.777 – Barra de Guaratiba
2410-1409
Candido’s Bar e
Restaurante
Barbudo Bar e
Restaurante
Ranna Restaurante –
Ranário
Espaço Livre Turismo
Ecológico
Restaurante Point do
Grumari
Fontes:
Neuma Varela Marques Leitão e Neusir Varela Borges – Sede AGACO – Ranário de Guaratiba.
Guia Oeste do Rio - RIOTur
Fotos do César Restaurante, em Barra de
Guaratiba.
Acima Ranário Guaratiba – criadouro de rãs.
Abaixo eu e minha família com Nelma e Nelsir,
proprietárias do restaurante e do ranário, à direita.
6.3 – Arte, Cultura e Entretenimento
Apesar da região não possuir opções de entretenimento, como shoppings,
cinemas, teatros, casas de shows, danceterias e parques, Guaratiba tem um Patrimônio Cultural
riquíssimo, que o diferencia de muitas regiões do Rio de Janeiro. Veremos abaixo alguns itens
que fazem da cultura de Guaratiba.
√ Música
O mais antigo e duradouro movimento sócio-cultural de Guaratiba é a tradição
musical, que teve início nos fins do século XIX e está presente até hoje.
Segundo Ananias de Assunção, antigo morador de Pedra de Guaratiba que
faleceu, por volta de 1950, aos 106 anos, a origem musical de Guaratiba começou quando em
1870, junto com um circo de cavalinhos, veio Mestre Fabrício, que por amor à localidade e por
atração à pesca, resolveu aqui ficar e com alguns músicos locais organizar a primeira banda de
música. Exímio pistonista, Fabrício, à tarde, sempre fazia serenata. O Professor Nestor Pinto
descobriu parte da história da banda, através de Ananias.
- O problema se complicava, quando se tentava chegar às origens. Caso o
velho Ananias não houvesse sido um dos fundadores da Banda, a reconstrução da história seria
quase impossível – rememora o velho Nestor, intimamente “Tozinho”. Mas, como confiar na
memória do velho pescador que, remendando rede na praia junto aos demais, recordava os fatos
passados com colorido tamanho, que o rodeava sempre um grupo de petizes pedindo
incessantemente: “conta mais, seu Ananias, conta!”
Um fato era certo: o velho Ananias era o único elo possível com o passado e
tornava-se necessário aproveitar a fonte de informações ali viva, da melhor maneira possível.
Assim sendo mestre “Tozinho” anotava tudo que Ananias dizia e dias depois provocava nova
discussão para comparar todas as histórias, para poder chegar a um denominador comum.
Outra fonte de informações foi Deodoro Pinto, antigo pescador e clarinetista da
Banda e que tocou para o cardeal Arcoverde, primeiro Cardeal da América Latina, nas duas vezes
em que esteve em Pedra de Guaratiba. – “Eu me lembro bem” – afirmou Deodoro, – “Foi em
1915 e eu estava pertinho de Sua Eminência” – que veio para se hospedar num convento que hoje
não existe mais. – “Ele elogiou muito. Foi nosso maior sucesso”. – Entrevista concedida para o
Jornal do Brasil, Caderno B, página 08, de 18 de fevereiro de 1974. Nesta ocasião Deodoro
estava com 83 anos.
Depois de mestre Fabrício, a Banda foi dirigida pelos mestres: Landi, Juca
Targínio, Quintino e Virgulino, sendo que esses dois últimos foram músicos da Banda da Quinta
Imperial.
Em 1905, a direção da Banda passou para
Deozílio Manoel Pinto. Mas antes desse fato acontecer, mestre
Deozílio praticamente aprendera música sozinho. Quando menino
varria a sede da Banda e, assistindo aos ensaios, prestava atenção
nas lições que o professor passava aos alunos. Depois que os
músicos iam embora, sem que ninguém soubesse, pegava o
instrumento de sua predileção, o bombardino, e tocava. Quando
achou que já podia tocar bem, chamou seu amigo Petronilho Carlos
Dias para executarem juntos um dobrado. O amigo duvidou!
Deozílio, então, sentou-se com o instrumento, o amigo com outro e
Maestro Deozílio Pinto.
Acervo Nilson Pinto
viram que ele já dominava com certa desenvoltura a técnica do
instrumento.
Concomitantemente com
a assunção dos trabalhos musicais em
1905, Deozílio Pinto, por influência de um
parlamentar radicado no local, o Deputado
Raul Capelo Barroso, foi nomeado guardaflorestal na função de fiscal de pesca e das
matas,
sendo
funcionário
da
municipalidade até os fins de seus dias.
Como gratidão pelo emprego, a banda se
chamou durante uma época “DEZESSETE
DE ABRIL”, porque era a data do
Banda de Música “Dezessete de Abril”.
Acervo Nilson Pinto.
aniversário de Hildegarda Barroso, filha do
referido deputado.
Músico autodidata, Deozílio Pinto, certa vez, estando a pescar, sentiu pela
primeira vez inspiração para compor. Tomou a única folha disponível, um pedaço de papel de
pão, um toco de carvão e fez o rascunho do tema principal. Chegando em casa, passou então a
música a limpo, desenvolvendo-a para a Banda, nascendo assim o Deozílio Pinto compositor.
Prof. Nestor Pinto (filho de Deozílio) conta que uma de suas obras, a fantasia
Santa Cecília, surgiu assim: “- Estávamos em nossa casa, num corredor que havia entre a casa
grande e a cozinha, sentados do lado de fora conversando, e meu pai estava dormindo; então nós
ouvimos aquela voz muito longe, aquela música muito lenta... percebemos que era ele que estava
cantando; minha mãe não se conteve e foi acordar meu pai que disse: - Maria! Por que me
acordou? Eu estava sonhando com Santa Cecília”– Daí o nome da fantasia.
Mestre Deozílio nos presenteou com diversas composições, algumas ainda se
encontram inéditas nos dias de hoje tal a riqueza do acervo musical que reúne 2 Missas, 8
Aberturas, 4 Fantasias, 2 Romances, 21 Marchas Religiosas, 105 Valsas, 17 Quadrilhas, 18
Mazurcas, 137 Polcas, 235 Sambas e 95 dobrados. Além dessas músicas, escreveu um drama
musicado ao qual denominou de “Romance Histórico” que conta a história da vida de Pae Manué
(registro com a grafia da época).
Naquela época, nos grandes carnavais de antigamente, existia em Pedra de
Guaratiba o “Balancinho das Rosas” e o “Balancinho dos amores”, grandes ranchos de carnaval.
Nesses encontros, era a Banda de mestre Deozílio que mais se destacava., um conjunto quase
todo de pescadores.
Mestre Deozílio conduziu a Banda e os Bohemios até 1936, quando faleceu
vítima de câncer no pescoço. A Banda ficou acéfala por mais de uma década. Somente em 1947
o herdeiro natural (seu filho Nestor Manoel Pinto, o “Tozinho”) assumiu os trabalhos musicais da
localidade.
Substituindo seu pai, mestre Nestor cedo percebeu que para conduzir aquele
tradicional grupo musical, precisaria de algo mais do que conhecimento técnico. Sim, porque
uma banda não existe por si mesma, independentemente da comunidade. Ela é parte integrante
deste todo maior que agrupa as atividades econômicas, o modo como a população se organiza em
função dessas atividades e, conseqüentemente, a vivência social-comunitária. Qual o papel de
uma banda nisso tudo?
Percebendo a necessidade da vivência social e comunitária, mestre Nestor
inicialmente formou um time de futebol com a garotada da época. O testemunho verbal de um
deles – Gerson Nunes Guimarães (o Zeca), posteriormente exímio bambardinista, retrata bem o
cuidado e o carinho devotado pelo velho mestre. Conta ele:
“Mestre Nestor formou um quadro de futebol de meninos e eu estava
relacionado naquele meio. Passado algum tempo, Prof. Nestor anunciou: - Agora acabou o
futebol! Vamos entrar todos no terreno da música! E eu fui incluído. Naquela época, a minha
vida era muito difícil. Meu pai, Ponciano, pescador, só contava comigo para ajudar na pesca.
Quando chegava do mar, eu tinha que cuidar da rede, que interessava mais a ele, só que eu
aproveitava a sua distração e pedia: - Mamãe, dá um jeito aí, eu tenho que ir para a aula de
música e saía correndo pela praia, ia estudar música”.
Dessa forma mestre Nestor foi incutindo nos corações da meninada daquele tempo, o amor pela
música e assim preservou este sacerdócio, o ensino musical sempre cumprido em Pedra de
Guaratiba.
Depois que Mestre Nestor assumiu a banda, percebeu que era necessário ter um
espaço – uma sala, para efetuar os ensaios, portanto filiou-se à Colônia de Pescadores de Pedra de
Guaratiba, obtendo total apoio de seu presidente – Sr. Valter Paiva. Muitos dos músicos mais
tarde foram aproveitados em bandas de várias corporações militares, tais como o Corpo de
Bombeiros, Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, Força Aérea Brasileira, Brigada de PáraQuedista do Exército Brasileiro, entre outras corporações.
Quando acontecia as festas religiosas de São Pedro ou de Nossa Senhora do
Desterro, na praia da Capela, em Pedra de Guaratiba ou quando mesmo em outras localidades
circunvizinhas, tais como a Matriz, Santo Antônio da Bica, Santa Clara, Santa Cruz, Sepetiba, ou
além, como Ilha da Madeira, Saquarema, Cabo Frio, São Pedro da Aldeia, Coroa Grande, Itaguaí,
Conceição de Jacareí, Ilha de Itacuruçá, Paraty, lá fazia-se presente a banda de música,
executando marchas religiosas, dobrados, valsas, choros, sambas, marchas e polcas.
Em 1964, a Colônia de Pescadores sofreu intervenção federal devido ao golpe
militar, em conseqüência a banda acabou sendo desvinculada. A convite do pároco local, Padre
Manoel Lopez, a Banda foi instalada, provisoriamente, no então Salão da A. S. A. – Ação Social
Arquidiocesana, da Igreja de São
Pedro.
Posteriormente,
após
a
interferência do Diretor da Divisão do
Patrimônio
Histórico
Estadual,
Professor Trajano Quinhões, a Banda
se instalou na Escola Déborah Mendes
de Moraes, conseguindo assistência
financeira
Cultura.
do
Departamento
de
Com a saída do Professor
Trajano da Divisão do Patrimônio
Histórico Estadual, a Banda voltou a
passar por dificuldades financeiras,
Sede da Sociedade Musical Deozílio Pinto em
Pedra de Guaratiba. Acervo Nilson Pinto.
continuando a lutar por uma sede própria.
No dia 8 de Janeiro de 1978, Mário Bastos aceitou o cargo de contra-mestre e a
partir desse dia o grande sonho de construir a sede estava mais próximo de ser realizado. O
dinheiro para construção foi sendo adquirido ao longo de várias apresentações da banda. Em
torno de 1979/80, finalmente, a obra de construção da Sede da Banda em Pedra de Guaratiba foi
concluída.
Além desta banda de
música, Deozílio também formou nos
anos 20 um conjunto de chorões
chamado Os Bohemios.
Conjunto de chorões da Pedra de
Guaratiba – OsNos
Bohemios
dias de– 1920.
hoje, a
Nos dias de hoje, a Banda ainda existe, tem o nome SOCIEDADE MUSICAL DEOZÍLIO
PINTO. Seu presidente é Venâncio Manoel Pinto e tem sua sede própria à rua Belchior da
Fonseca S/Nº, em Pedra de Guaratiba.
Fontes: Depoimento do Mestre Nestor Pinto.
Ensaio “120 anos de Música e Pesca” – Pequena História da Tradição Musical em
Guaratiba, Mário Bastos, publicado pela Faculdade Moacyr S. Bastos – Campo Grande –
RJ.
√ Escultura
Descendo a Serra da Grota Funda – que liga o Recreio dos Bandeirantes à Barra
de Guaratiba, poucos podem imaginar que esculturas talhadas na madeira, expostas em alguns
pontos da estrada, representam uma importante fonte de renda para numerosas famílias da região
de Guaratiba.
“(...) Hoje, mestre e aprendizes expõem suas peças na mesma localidade,
separados por distância de cerca de 300 metros, mas, opinião compartilhada, “não fazem
concorrência entre si, porque cada artista tem a sua maneira de criar”, denunciando, dessa
forma, a relação de troca ensino/aprendizagem que permeou suas vidas há 20 anos (...)”.
“(...) Assim, dos sete filhos, quatro homens e três mulheres, que constituem a
família Lima, em três se manifestou o “dom” do ofício de esculpir e talhar madeira. No entanto,
corremos o risco de afirmar que o pai é um privilegiado na medida em que, hoje, não mais
trabalha na madeira, por motivo de saúde, mas pode ver seu ofício sendo realizado por quase
metade dos filhos, o que não é comum na trajetória de vida da maioria dos artistas populares na
atualidade que em geral ensinam seu ofício a outros “aprendizes” fora do seio familiar (...)”.
BAÍA, César – Arte em madeira num pedaço do Rio: escultores de Grota Funda. Rio de
Janeiro: Funarte – 2000.
Geralmente, as madeiras mais utilizadas são o cedro e o louro – matériasprimas adquiridas em áreas em que estejam sendo derrubadas árvores para alguma obra. Logo,
estas madeiras são talhadas de segunda a sexta-feira, em jornadas de cerca de dez horas. Aos
sábados e domingos expõem na beira da estrada as peças produzidas.
A produção é bem diversificada, podendo ser feito o que o cliente pedir.
Imagens católicas, por exemplo, são pedidas com freqüência – Nossa Senhora Aparecida; São
José; São Judas Tadeu; Nossa Senhora da Conceição; além das carrancas – “para espantar mau
olhado”, que são esculpidas sem um planejamento definido. São as peças que vendem mais.
√ Folclore
As Cirandas – Ninguém melhor que Beth Vasques, que nas horas vagas pesquisa sobre a região,
para descrever detalhes sobre as cirandas. Abaixo, transcrevi a coluna Raízes de Guaratiba,
escrita por Beth e publicada no Jornal A Pedrada (nº 14), de Abril 2001.
“Nos anos 40, ou até bem antes disso, as festas, aqui na Pedra, eram chamadas de
“Cirandas”. Além de aniversários, noivados e casamentos, não esperavam uma razão especial,
resolviam tocar em alguma casa e avisavam as pessoas.
A música era ao vivo, como
cavaquinho, viola e pandeiro. Os participantes eram animados e de idades diferentes. Tanto os
músicos quanto os dançarinos usavam tamanco de bico e o arrasta-pé era constante que durante
os bailes havia intervalos pra molhar todo o recinto, assim abaixava a poeira.
Nestes intervalos serviam café de caldo-de-cana, bijus e sola. Serviam também doces de
aipim, batata doce, mamão e abóbora. Havia muito respeito, podia haver pinga, mas muito
controlado, meio escondido. Não havia bebida como cerveja.
Durante estas reuniões, acontecia o desafio dos violeiros e muitos se destacavam nesta
atividade, principalmente o Dega, pandeirista; Albano Pires de Oliveira, violão; Joaquim da
Bandeira Filho, cantador e violeiro e seu irmão Pedro da Bandeira.
As cirandas iniciavam às vinte mas sem horário para terminar, prosseguindo até o dia
seguinte”.
Folia de Reis – Começava no dia 06 de Janeiro e ia até o dia 20. A brincadeira durava vários
dias com cantorias e danças típicas. Palhaços e o Boi-Bumbá animavam a brincadeira, indo de
casa em casa, onde os donos recebiam com devoção os componentes da folia. Após a meia-noite
permaneciam numa casa dançando até de manhã.
As Pastorinhas – Na década de 1930 era comum a apresentação de pastorinhas no mês de
dezembro. As pastorinhas era um grupo de crianças que formava um presépio vivo para saudar o
menino Jesus. Cada criança representava uma figura: a Estrela, a Terra, os Pastores, o Rei
Herodes, os Três Magos, o Sol, a Cigana, o Anjo, São José, Nossa Senhora. A apresentação
iniciava na Igreja Nossa Senhora do Desterro e depois as pastorinhas percorriam as ruas de Pedra
visitando várias casas. Falas e cantos eram recitados na abertura e no fechamento da encenação.
Às vezes estas encenações continuavam até depois do Natal, pois muitas famílias faziam questão
da visita das pastorinhas.
Rodas de Fado – Segundo “Chiquinho”, autor de livros sobre Guaratiba, as Rodas de Fado eram
brincadeiras onde predominava a cantoria acompanhada de viola e adufo (pandeiro feito de arco
da carrapeteira e couro de cabrito). Quem possuísse este instrumento chamado “adufo” eram
sempre convidados a participar das rodas.
Repentistas – Nas cirandas, folias de Santos Reis, Bandeiras de folias e fados, destacavam-se
muito os repentistas. Cantavam versos já conhecidos ou de improviso. As toadas eram sempre
acompanhadas por viola e adufo e versavam sobre o que estava se passando no momento.
Carnaval – O carnaval de Guaratiba sempre foi muito animado. No início do século XIX, o
deputado Raul Capelo Barrozo já patrocinava uma sociedade carnavalesca chamada “O
Relâmpago”, que desfilava pelas ruas de Pedra com vários carros alegóricos. Mais tarde outras
sociedades carnavalescas e ranchos foram surgindo, entre elas: “Balancinho dos Amores”,
“Estrela de Prata”, “Filhos do Oceano”, “Nunca vi nem sei quem é”, “União das Rosas”, “Você é
eu também quero ser”.
Porém, foi no decorrer de 1980 que o carnaval de Pedra se tornou muito valorizado. Entre
os blocos que animavam a festa estavam o “Coqueirinho”, o “GRUC” e o Unidos da Venda
Grande.
Barra de Guaratiba também não fica atrás. Entre as brincadeiras mais bonitas, estava o
banho de mar a fantasia. A concentração do bloco era na Vendinha (2 km antes da Barra). De lá
descia ele e ia crescendo a cada esquina. Chegando na praia a grande multidão brincava pra
valer.
No carnaval de Barra de Guaratiba a presença dos Clóvis é tradicional – são dezenas de
mascarados em trajes, coloridos, bordados e perfumados. A fantasia do grupo é padronizada e a
cada ano o tema se renova.
Hugo Gruenwald (antigo morador da região) nos conta, que sua juventude em Pedra de
Guaratiba foi muito divertida e tranqüila. Na época, havia em Pedra, três cinemas, além de um
teatro de marionetes organizado pelo artista “Lilico” e localizado num parque de diversões.
Hoje, infelizmente já não existem mais cinemas e teatros na região. A juventude de Guaratiba
freqüenta os shoppings, cinemas e teatros de regiões próximas como Campo Grande e Barra da
Tijuca.
6.3.1 – Museus e Galerias de Arte
Na região não há museus, mas vários ateliês, geralmente instalados na própria
residência do artista. Guaratiba reúne mais de 150 artistas plásticos, artesãos e poetas. Alguns
inclusive são filiados a Associação de Artistas e Artesãos da região, com sede na CASA das
Artes, em Pedra de Guaratiba. Veremos abaixo os endereços e ateliês de alguns artistas.
Nome
Endereço
Rosana Fernandes de Honkis – Cerâmica Artística
Estr. da Pedra 9278 – Pedra de Guaratiba
Saul da Silva Pinheiro (mestre Saul) – Escultura e
Pintura
Arilda Meira Gonçalves da Cruz – Pintura em
Porcelana
Celina Augusta Leão Brasílico - Pintura
Norma D’Ávila Kischelaski – Pintura e Escultura
Rua Fonseca e Silva 238 – Guaratiba
Rua São Severo 36 – Pedra de Guaratiba
Rua Belchior da Fonseca 760 casa 8 apto 101 – Pedra de
Guaratiba
Rua Soldado Constantino Mosoqui Q56 Lote 10 – Pedra de
Guaratiba
Lenita Holtz - Pintura
Rua Prof. Antônio Reis 84 – Pedra de Guaratiba
Geraldo Clemente - Pintura
Rua Maestro Deozílio 293 fundos – Pedra de Guaratiba
Clarimar “Corrêa dos Santos” - Pintura
Alameda Assunção 13 – Pedra de Guaratiba
Zelinda Brasil (Zé) – Arranjos com madeira e
plantas
Estr. da Capoeira Grande Q36 lote 20 – Pedra de Guaratiba
Célio Seixas da Silva – Pintura e Paisagismo
Av. das Américas 37.914 – Guaratiba
Elisabeth Carneiro de Araújo (Carujo) - Pintura
Rua Soldado Constantino Maroqui 300 – Pedra de Guaratiba
Janaina Bruno (J. Bruno) - Pintura
Rua Caraluma Q15 lote 15 – Pedra de Guaratiba
Manoel Feitosa Cavalcanti Filho (Nelito) - Pintura
Estr. do Catruz 1339 – Pedra de Guaratiba
Paulo Américo - Escultura
Estr. do Mato Alto 3167 – Guaratiba
Urubatan Oliveira Nunes (Urubatan) - Escultura
Beco da Mijança 5 – Pedra de Guaratiba
Dirce Engracia Prieto Garcia Costa (Di Pietro) –
Decoupage
Rua Dom Viçoso Q19 lote 25 e 26 – Pedra de Guaratiba
Maria Madalena “Azeredo Maia” - Pintura
Rua Várzea da Palma 475 – Pedra de Guaratiba
Carlos Araújo (C. Araújo) - Pintura
Trav. São Pedro 7 casa 5 – Pedra de Guaratiba
Sylvio Roberto Faria (De Faria) - Pintura
Rua Pedra Bela 340 – Pedra de Guaratiba
Neide Amback – Tapeçaria Artística
Rua Vila Nelita 76 – Pedra de Guaratiba
Sérgio Vidal (Vidal) - Pintura
Soares – Pintura
Galeria Gabi
Hugo Gruenwald – Escultura, artesanato e poesia –
CASA das Artes
Evanoé – Móveis Artesanais
Recanto Legal Espaço Arte – vários artistas
Atelier Massas com Arte – vários artistas
Rua Saião Lobato 138 – Pedra de Guaratiba
Rua Barros Alarcão 650 – Pedra de Guaratiba
Rua Barros Alarcão 503 – Pedra de Guaratiba
Estr. da Capoeira Grande, Q36 Lote 20 – Pedra de Guaratiba
Rua Várzea da Palma 475 – Jardim Garrido – Pedra de
Guaratiba
Rua Saião Lobato 138 – Pedra de Guaratiba
Fonte: Hugo Gruenwald – CASA das Artes
À esquerda, interior da CASA das Artes. À direita, Recanto Legal Espaço Arte.
À esquerda, sarau poético. À direita, Recanto Legal Espaço Arte.
6.3.2 – Esportes e Lazer
As caminhadas nas praias selvagens de Guaratiba são uma ótima pedida para os
que gostam de aventura.
Praia dos Búzios – Com 40 m de extensão, com pedras e pequenos peixes. Não possui posto de
Salvamar e nem iluminação artificial.
Praia do Perigoso – Pequena faixa de areia com menos de 100 m de extensão. Penúltima praia
antes da ponta da Praia Funda. Selvagem, de difícil acesso, só é possível chegar até lá a pé,
através de trilhas entre pedras e matas.
Não possui posto de Salvamar e nem iluminação
artificial.
Praia do Meio – Praia pequena, com apenas 200 m de extensão, e vegetação característica de
restinga. Há três acampamentos onde algumas pessoas vivem da pesca e da venda de conchas.
Fonte de água potável. Não possui posto de Salvamar e nem iluminação artificial. Teve nudismo
proibido em 1994.
Praia Funda – Com 200 m de extensão, não possui posto Salvamar e nem iluminação artificial.
Praia do Inferno – Com 100 m de extensão, não possui posto Salvamar e nem iluminação
artificial.
Abaixo, transcrevi do livro Trilhas do Rio, de Pedro da Cunha e Menezes,
editora Salamandra – 1996, todo o trajeto das trilhas que levam a essas praias.
(...) Para o caminhante, o acesso até Búzios, Perigoso, Meio, Funda e Inferno é
fácil e muito bonito.
O passeio é todo feito em meio a lindas vistas do costão de
Guaratiba descendo, imponente, no mar. A área toda está dentro do Parque Estadual
da Pedra Branca – Reserva Biológica de Guaratiba, o que faz com que as praias sejam
tombadas.
Para chegar ao início da trilha, vá até Barra de Guaratiba, entre pela Estrada da
Barra de Guaratiba e, na altura do nº 200, entre à esquerda na Rua Parlon Siqueira,
que é uma ladeira. A trilha começa quase no fim desta rua (...). Vá acompanhando
um muro, tendo o costão e o mar lá embaixo, à sua direita.
Na primeira encruzilhada, onde há uma casa, desça pelo lado direito. À sua
frente, aparecerá uma linda vista, cujo destaque é a Ilha do Frade, decorada por um
farol. Na encruzilhada seguinte, siga à esquerda. A trilha serpenteia e sobe um pouco,
acompanhando o relevo e mantendo-se próxima ao mar.
Quando chegar ao topo do morro, vá pela esquerda, onde a trilha está mais
aberta (o caminho da direita, embora mais belo, leva ao costão, sendo usado apenas
por pescadores).
Após meia hora, um pouco antes de uma subida, à esquerda há, caindo de uma
pedra, uma pequena fonte de água potável, conhecida como Xodó.
Depois de se
refrescar, siga em frente (caso você opte por descer à direita, o caminho vai dar em
uma espetacular piscina natural de pedra).
Após 40 minutos de caminhada (desde a Parlon Siqueira), você chegará em uma
encruzilhada. À direita, o caminho desemboca na Praia dos Búzios, que é cheia de
pedras e ouriços, não sendo, portanto, ideal para o banho. Para a Praia do Perigoso,
siga pela esquerda até a próxima encruzilhada, de onde é possível ver Grumari e, ao
longe, os prédios da Barra da Tijuca, e desça à direita. Pronto, você chegou.
Para as Praias do Meio, Funda e do Inferno, ao invés de descer na Praia do
Perigoso (que, aliás, de perigosa não tem nada), siga à esquerda, onde o capim está um
pouco fechado. A trilha continua a contornar o costão e leva o passeante, em quinze
minutos, até a Praia do Meio. Esta é uma Praia de 200 metros de comprimento, com
fonte de água doce e diversas amendoeiras, sendo muito popular entre os surfistas.
A trilha reinicia no fim da Praia do Meio e passa por cima da ponta do morro
para, em mais 15 minutos, desembocar nas belas areias da Praia Funda.
Ali, o
passeante vai encontrar areias sem pegadas, marias-da-toca e muitos arbustos de
pitangas selvagens.
Da Praia Funda à Praia do Inferno são mais 5 minutos sobre o costão que as
separa. No fim do costão, há uma pequena represa de água potável que, segundo os
freqüentadores do lugar, foi mandada construir pelo Governador Brizola. Na Praia do
Inferno, um pequeno paraíso, a areia guincha ao contato do pé humano e as únicas
pegadas que você vai ver serão as suas próprias.
Do Inferno em diante, há mais trilhas.
Elas, entretanto, só levam até
pesqueiros, não havendo mais praias daí para a frente.
Para voltar, existe um
caminho alternativo, que liga diretamente a Praia Funda a Guaratiba.
Esta trilha, também conhecida como Trilha do Bananal, tem início no canto
direito (de quem olha para o mar) da Praia Funda. O caminho sai junto a um pé de
pitanga e passa ao lado da cerca de arame farpado do Centro de Pesquisas do
CENEPAM, vinculado à Faculdade Simonsen.
Logo em seguida, principia a subir,
passa entre plantações de bananeira e cruza, à direita, uma casinha de taipa. Depois,
continua subindo entre as bananeiras (...).
Quando chegar na encruzilhada onde a trilha da esquerda faz um ângulo de 90
graus com a trilha em que você estiver, suba por ela.
Você vai caminhar um bom
tempo entre o capim colonião e, após 35 minutos de subida, chegará ao topo do morro.
Logo, você vai ver embaixo e à direita, a Restinga de Marambaia com toda a sua
beleza; prossiga em frente. Mais um pouco você verá a Vila de Barra de Guaratiba (...).
Com quinze minutos de descida em direção a esta Vila, você chegará ao topo de
uma rua de terra, cujo nome é Caminho da Bica, onde há uma igrejinha. A partir daí,
é só descer por essa rua que passa a ser de asfalto por 15 minutos, até a Estrada da
Barra de Guaratiba (...).
Para os que curtem Mountain Bike, Guaratiba também oferece uma pista de
3600 metros, que já sediou etapas do Campeonato Carioca de MTB.
Construída pelo médico Carlos Martins e com a assessoria técnica do pessoal
da Associação Brasileira de Mountain Bike, a pista é o verdadeiro paraíso dos bikers. Para os
que quiserem utilizar a pista, será cobrada uma pequena taxa, que é investida na manutenção da
pista, que está localizada na Rua Coronel Jaime Lemos nº 100.
Além das caminhadas e de boas pedaladas na pista de mountain bike, Guaratiba
ainda abriga aproximadamente 30 criadores de cavalos, que se dividem entre Ilha de Guaratiba e
Pedra de Guaratiba. Logo, aqueles que são apaixonados pelo hipismo e por equitação, devem
visitar os haras da região, que também oferecem hospedagem para cavalos.

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