6 – infra-estrutura turística
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6 – infra-estrutura turística
6 – INFRA-ESTRUTURA TURÍSTICA 6.1 – Hospedagem Apesar da vocação turística da região, Guaratiba não oferece muitas opções de hospedagem. Segundo informações obtidas através dos próprios moradores, há apenas quatro pousadas e um hotel em toda a região, a maioria concentrada em Barra de Guaratiba. XXVI Guaratiba Endereço Pousada Refúgio das Bananeiras Pousada do Mar Pousada do Sérgio Hotel Clube Marambaia Pousada Colinas Verdes Estrada da Vendinha 81 – Barra de Guaratiba Estrada da Barra de Guaratiba 9510 – Barra de Guaratiba Estrada da Barra de Guaratiba 9555 – Barra de Guaratiba Estrada da Barra de Guaratiba 4181 – Barra de Guaratiba Estrada do Cachimbal 255 – Ilha de Guaratiba Fonte: Sérgio Moreira 6.2 – Alimentos e Bebidas O paraíso dos peixes e frutos do mar em moquecas e caldeiradas ao forno. Deliciosos pastéis de camarão, casquinhas de siri, caranguejos. Alguns oferecem também outras opções, como carne e frango, mas a grande maioria é especializada em frutos do mar. De sobremesa, doces caseiros (doce de laranja da terra; goiabada; abacaxi com banana) e sorvetes. Em Guaratiba também podemos encontrar um criadouro de rãs – O Ranário Guaratiba, no mesmo local onde se encontra o Ranna Restaurante, especializado em carne de rã. É um local muito interessante e aconchegante, que vale a pena visitar e experimentar, por exemplo, os deliciosos pasteizinhos de carne de rã, que é muito nutritiva e Ranna Restaurante em Guaratiba saborosa. Em Guaratiba não faltam opções. Abaixo procurei relacionar os restaurantes mais conhecidos e os que estão associados a AGACO – Associação Gastronômica e Comercial da Costa Oeste. Nome Endereço Telefone Danado’s Pizzas Rua Barreiro Grande 350 – Pedra 9113-2601 Rua Barros de Alarcão 352 – Pedra 2417-2674 Restaurante 476 Rua Barros de Alarcão 476 - Pedra 2417-1716 Rei do Pastel Rua Barros de Alarcão 327 - Pedra - Rancho do Leão Rua Barros de Alarcão 370 - Pedra 9642-0560 Rua Barros de Alarcão 283 - Pedra 2417-2927 Schooner Rua Barros de Alarcão 484 - Pedra 2417-1688 Atelier Massas com Arte Rua Saião Lobato 138 - Pedra 2417-1283 Rua do Fragoso 38 - Guaratiba 3317-1267 Rua Prof. Castro Rebelo 458 – Ilha de Guaratiba 9987-6627 Rancho Petisco Estr. da Barra de Guaratiba 1533 – Barra de Guaratiba 2410-1044 Oficina do Peixe Estr. da Barra de Guaratiba 1200 A – Barra de Guaratiba 2410-1658 Tia Penha Estr. da Barra de Guaratiba 10.815 – Barra de Guaratiba 2410-1425 César Restaurante Estr. da Barra de Guaratiba 2.276 – Barra de Guaratiba 2410-1202 Kais 45 Estr. da Barra de Guaratiba 5.921 – Barra de Guaratiba 2410-1089 Tia Palmira Caminho do Souza 18 – Barra de Guaratiba 2410-8169 Bira de Guaratiba Estr. da Vendinha 68 A – Barra de Guaratiba 2410-8304 Estr. do Grumari 710 – Barra de Guaratiba 2410-1434 Vista Verde Estr. do Grumari 3.481 – Barra de Guaratiba 2410-2006 Tino’s Av. das Américas 28.777 – Barra de Guaratiba 2410-1409 Candido’s Bar e Restaurante Barbudo Bar e Restaurante Ranna Restaurante – Ranário Espaço Livre Turismo Ecológico Restaurante Point do Grumari Fontes: Neuma Varela Marques Leitão e Neusir Varela Borges – Sede AGACO – Ranário de Guaratiba. Guia Oeste do Rio - RIOTur Fotos do César Restaurante, em Barra de Guaratiba. Acima Ranário Guaratiba – criadouro de rãs. Abaixo eu e minha família com Nelma e Nelsir, proprietárias do restaurante e do ranário, à direita. 6.3 – Arte, Cultura e Entretenimento Apesar da região não possuir opções de entretenimento, como shoppings, cinemas, teatros, casas de shows, danceterias e parques, Guaratiba tem um Patrimônio Cultural riquíssimo, que o diferencia de muitas regiões do Rio de Janeiro. Veremos abaixo alguns itens que fazem da cultura de Guaratiba. √ Música O mais antigo e duradouro movimento sócio-cultural de Guaratiba é a tradição musical, que teve início nos fins do século XIX e está presente até hoje. Segundo Ananias de Assunção, antigo morador de Pedra de Guaratiba que faleceu, por volta de 1950, aos 106 anos, a origem musical de Guaratiba começou quando em 1870, junto com um circo de cavalinhos, veio Mestre Fabrício, que por amor à localidade e por atração à pesca, resolveu aqui ficar e com alguns músicos locais organizar a primeira banda de música. Exímio pistonista, Fabrício, à tarde, sempre fazia serenata. O Professor Nestor Pinto descobriu parte da história da banda, através de Ananias. - O problema se complicava, quando se tentava chegar às origens. Caso o velho Ananias não houvesse sido um dos fundadores da Banda, a reconstrução da história seria quase impossível – rememora o velho Nestor, intimamente “Tozinho”. Mas, como confiar na memória do velho pescador que, remendando rede na praia junto aos demais, recordava os fatos passados com colorido tamanho, que o rodeava sempre um grupo de petizes pedindo incessantemente: “conta mais, seu Ananias, conta!” Um fato era certo: o velho Ananias era o único elo possível com o passado e tornava-se necessário aproveitar a fonte de informações ali viva, da melhor maneira possível. Assim sendo mestre “Tozinho” anotava tudo que Ananias dizia e dias depois provocava nova discussão para comparar todas as histórias, para poder chegar a um denominador comum. Outra fonte de informações foi Deodoro Pinto, antigo pescador e clarinetista da Banda e que tocou para o cardeal Arcoverde, primeiro Cardeal da América Latina, nas duas vezes em que esteve em Pedra de Guaratiba. – “Eu me lembro bem” – afirmou Deodoro, – “Foi em 1915 e eu estava pertinho de Sua Eminência” – que veio para se hospedar num convento que hoje não existe mais. – “Ele elogiou muito. Foi nosso maior sucesso”. – Entrevista concedida para o Jornal do Brasil, Caderno B, página 08, de 18 de fevereiro de 1974. Nesta ocasião Deodoro estava com 83 anos. Depois de mestre Fabrício, a Banda foi dirigida pelos mestres: Landi, Juca Targínio, Quintino e Virgulino, sendo que esses dois últimos foram músicos da Banda da Quinta Imperial. Em 1905, a direção da Banda passou para Deozílio Manoel Pinto. Mas antes desse fato acontecer, mestre Deozílio praticamente aprendera música sozinho. Quando menino varria a sede da Banda e, assistindo aos ensaios, prestava atenção nas lições que o professor passava aos alunos. Depois que os músicos iam embora, sem que ninguém soubesse, pegava o instrumento de sua predileção, o bombardino, e tocava. Quando achou que já podia tocar bem, chamou seu amigo Petronilho Carlos Dias para executarem juntos um dobrado. O amigo duvidou! Deozílio, então, sentou-se com o instrumento, o amigo com outro e Maestro Deozílio Pinto. Acervo Nilson Pinto viram que ele já dominava com certa desenvoltura a técnica do instrumento. Concomitantemente com a assunção dos trabalhos musicais em 1905, Deozílio Pinto, por influência de um parlamentar radicado no local, o Deputado Raul Capelo Barroso, foi nomeado guardaflorestal na função de fiscal de pesca e das matas, sendo funcionário da municipalidade até os fins de seus dias. Como gratidão pelo emprego, a banda se chamou durante uma época “DEZESSETE DE ABRIL”, porque era a data do Banda de Música “Dezessete de Abril”. Acervo Nilson Pinto. aniversário de Hildegarda Barroso, filha do referido deputado. Músico autodidata, Deozílio Pinto, certa vez, estando a pescar, sentiu pela primeira vez inspiração para compor. Tomou a única folha disponível, um pedaço de papel de pão, um toco de carvão e fez o rascunho do tema principal. Chegando em casa, passou então a música a limpo, desenvolvendo-a para a Banda, nascendo assim o Deozílio Pinto compositor. Prof. Nestor Pinto (filho de Deozílio) conta que uma de suas obras, a fantasia Santa Cecília, surgiu assim: “- Estávamos em nossa casa, num corredor que havia entre a casa grande e a cozinha, sentados do lado de fora conversando, e meu pai estava dormindo; então nós ouvimos aquela voz muito longe, aquela música muito lenta... percebemos que era ele que estava cantando; minha mãe não se conteve e foi acordar meu pai que disse: - Maria! Por que me acordou? Eu estava sonhando com Santa Cecília”– Daí o nome da fantasia. Mestre Deozílio nos presenteou com diversas composições, algumas ainda se encontram inéditas nos dias de hoje tal a riqueza do acervo musical que reúne 2 Missas, 8 Aberturas, 4 Fantasias, 2 Romances, 21 Marchas Religiosas, 105 Valsas, 17 Quadrilhas, 18 Mazurcas, 137 Polcas, 235 Sambas e 95 dobrados. Além dessas músicas, escreveu um drama musicado ao qual denominou de “Romance Histórico” que conta a história da vida de Pae Manué (registro com a grafia da época). Naquela época, nos grandes carnavais de antigamente, existia em Pedra de Guaratiba o “Balancinho das Rosas” e o “Balancinho dos amores”, grandes ranchos de carnaval. Nesses encontros, era a Banda de mestre Deozílio que mais se destacava., um conjunto quase todo de pescadores. Mestre Deozílio conduziu a Banda e os Bohemios até 1936, quando faleceu vítima de câncer no pescoço. A Banda ficou acéfala por mais de uma década. Somente em 1947 o herdeiro natural (seu filho Nestor Manoel Pinto, o “Tozinho”) assumiu os trabalhos musicais da localidade. Substituindo seu pai, mestre Nestor cedo percebeu que para conduzir aquele tradicional grupo musical, precisaria de algo mais do que conhecimento técnico. Sim, porque uma banda não existe por si mesma, independentemente da comunidade. Ela é parte integrante deste todo maior que agrupa as atividades econômicas, o modo como a população se organiza em função dessas atividades e, conseqüentemente, a vivência social-comunitária. Qual o papel de uma banda nisso tudo? Percebendo a necessidade da vivência social e comunitária, mestre Nestor inicialmente formou um time de futebol com a garotada da época. O testemunho verbal de um deles – Gerson Nunes Guimarães (o Zeca), posteriormente exímio bambardinista, retrata bem o cuidado e o carinho devotado pelo velho mestre. Conta ele: “Mestre Nestor formou um quadro de futebol de meninos e eu estava relacionado naquele meio. Passado algum tempo, Prof. Nestor anunciou: - Agora acabou o futebol! Vamos entrar todos no terreno da música! E eu fui incluído. Naquela época, a minha vida era muito difícil. Meu pai, Ponciano, pescador, só contava comigo para ajudar na pesca. Quando chegava do mar, eu tinha que cuidar da rede, que interessava mais a ele, só que eu aproveitava a sua distração e pedia: - Mamãe, dá um jeito aí, eu tenho que ir para a aula de música e saía correndo pela praia, ia estudar música”. Dessa forma mestre Nestor foi incutindo nos corações da meninada daquele tempo, o amor pela música e assim preservou este sacerdócio, o ensino musical sempre cumprido em Pedra de Guaratiba. Depois que Mestre Nestor assumiu a banda, percebeu que era necessário ter um espaço – uma sala, para efetuar os ensaios, portanto filiou-se à Colônia de Pescadores de Pedra de Guaratiba, obtendo total apoio de seu presidente – Sr. Valter Paiva. Muitos dos músicos mais tarde foram aproveitados em bandas de várias corporações militares, tais como o Corpo de Bombeiros, Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, Força Aérea Brasileira, Brigada de PáraQuedista do Exército Brasileiro, entre outras corporações. Quando acontecia as festas religiosas de São Pedro ou de Nossa Senhora do Desterro, na praia da Capela, em Pedra de Guaratiba ou quando mesmo em outras localidades circunvizinhas, tais como a Matriz, Santo Antônio da Bica, Santa Clara, Santa Cruz, Sepetiba, ou além, como Ilha da Madeira, Saquarema, Cabo Frio, São Pedro da Aldeia, Coroa Grande, Itaguaí, Conceição de Jacareí, Ilha de Itacuruçá, Paraty, lá fazia-se presente a banda de música, executando marchas religiosas, dobrados, valsas, choros, sambas, marchas e polcas. Em 1964, a Colônia de Pescadores sofreu intervenção federal devido ao golpe militar, em conseqüência a banda acabou sendo desvinculada. A convite do pároco local, Padre Manoel Lopez, a Banda foi instalada, provisoriamente, no então Salão da A. S. A. – Ação Social Arquidiocesana, da Igreja de São Pedro. Posteriormente, após a interferência do Diretor da Divisão do Patrimônio Histórico Estadual, Professor Trajano Quinhões, a Banda se instalou na Escola Déborah Mendes de Moraes, conseguindo assistência financeira Cultura. do Departamento de Com a saída do Professor Trajano da Divisão do Patrimônio Histórico Estadual, a Banda voltou a passar por dificuldades financeiras, Sede da Sociedade Musical Deozílio Pinto em Pedra de Guaratiba. Acervo Nilson Pinto. continuando a lutar por uma sede própria. No dia 8 de Janeiro de 1978, Mário Bastos aceitou o cargo de contra-mestre e a partir desse dia o grande sonho de construir a sede estava mais próximo de ser realizado. O dinheiro para construção foi sendo adquirido ao longo de várias apresentações da banda. Em torno de 1979/80, finalmente, a obra de construção da Sede da Banda em Pedra de Guaratiba foi concluída. Além desta banda de música, Deozílio também formou nos anos 20 um conjunto de chorões chamado Os Bohemios. Conjunto de chorões da Pedra de Guaratiba – OsNos Bohemios dias de– 1920. hoje, a Nos dias de hoje, a Banda ainda existe, tem o nome SOCIEDADE MUSICAL DEOZÍLIO PINTO. Seu presidente é Venâncio Manoel Pinto e tem sua sede própria à rua Belchior da Fonseca S/Nº, em Pedra de Guaratiba. Fontes: Depoimento do Mestre Nestor Pinto. Ensaio “120 anos de Música e Pesca” – Pequena História da Tradição Musical em Guaratiba, Mário Bastos, publicado pela Faculdade Moacyr S. Bastos – Campo Grande – RJ. √ Escultura Descendo a Serra da Grota Funda – que liga o Recreio dos Bandeirantes à Barra de Guaratiba, poucos podem imaginar que esculturas talhadas na madeira, expostas em alguns pontos da estrada, representam uma importante fonte de renda para numerosas famílias da região de Guaratiba. “(...) Hoje, mestre e aprendizes expõem suas peças na mesma localidade, separados por distância de cerca de 300 metros, mas, opinião compartilhada, “não fazem concorrência entre si, porque cada artista tem a sua maneira de criar”, denunciando, dessa forma, a relação de troca ensino/aprendizagem que permeou suas vidas há 20 anos (...)”. “(...) Assim, dos sete filhos, quatro homens e três mulheres, que constituem a família Lima, em três se manifestou o “dom” do ofício de esculpir e talhar madeira. No entanto, corremos o risco de afirmar que o pai é um privilegiado na medida em que, hoje, não mais trabalha na madeira, por motivo de saúde, mas pode ver seu ofício sendo realizado por quase metade dos filhos, o que não é comum na trajetória de vida da maioria dos artistas populares na atualidade que em geral ensinam seu ofício a outros “aprendizes” fora do seio familiar (...)”. BAÍA, César – Arte em madeira num pedaço do Rio: escultores de Grota Funda. Rio de Janeiro: Funarte – 2000. Geralmente, as madeiras mais utilizadas são o cedro e o louro – matériasprimas adquiridas em áreas em que estejam sendo derrubadas árvores para alguma obra. Logo, estas madeiras são talhadas de segunda a sexta-feira, em jornadas de cerca de dez horas. Aos sábados e domingos expõem na beira da estrada as peças produzidas. A produção é bem diversificada, podendo ser feito o que o cliente pedir. Imagens católicas, por exemplo, são pedidas com freqüência – Nossa Senhora Aparecida; São José; São Judas Tadeu; Nossa Senhora da Conceição; além das carrancas – “para espantar mau olhado”, que são esculpidas sem um planejamento definido. São as peças que vendem mais. √ Folclore As Cirandas – Ninguém melhor que Beth Vasques, que nas horas vagas pesquisa sobre a região, para descrever detalhes sobre as cirandas. Abaixo, transcrevi a coluna Raízes de Guaratiba, escrita por Beth e publicada no Jornal A Pedrada (nº 14), de Abril 2001. “Nos anos 40, ou até bem antes disso, as festas, aqui na Pedra, eram chamadas de “Cirandas”. Além de aniversários, noivados e casamentos, não esperavam uma razão especial, resolviam tocar em alguma casa e avisavam as pessoas. A música era ao vivo, como cavaquinho, viola e pandeiro. Os participantes eram animados e de idades diferentes. Tanto os músicos quanto os dançarinos usavam tamanco de bico e o arrasta-pé era constante que durante os bailes havia intervalos pra molhar todo o recinto, assim abaixava a poeira. Nestes intervalos serviam café de caldo-de-cana, bijus e sola. Serviam também doces de aipim, batata doce, mamão e abóbora. Havia muito respeito, podia haver pinga, mas muito controlado, meio escondido. Não havia bebida como cerveja. Durante estas reuniões, acontecia o desafio dos violeiros e muitos se destacavam nesta atividade, principalmente o Dega, pandeirista; Albano Pires de Oliveira, violão; Joaquim da Bandeira Filho, cantador e violeiro e seu irmão Pedro da Bandeira. As cirandas iniciavam às vinte mas sem horário para terminar, prosseguindo até o dia seguinte”. Folia de Reis – Começava no dia 06 de Janeiro e ia até o dia 20. A brincadeira durava vários dias com cantorias e danças típicas. Palhaços e o Boi-Bumbá animavam a brincadeira, indo de casa em casa, onde os donos recebiam com devoção os componentes da folia. Após a meia-noite permaneciam numa casa dançando até de manhã. As Pastorinhas – Na década de 1930 era comum a apresentação de pastorinhas no mês de dezembro. As pastorinhas era um grupo de crianças que formava um presépio vivo para saudar o menino Jesus. Cada criança representava uma figura: a Estrela, a Terra, os Pastores, o Rei Herodes, os Três Magos, o Sol, a Cigana, o Anjo, São José, Nossa Senhora. A apresentação iniciava na Igreja Nossa Senhora do Desterro e depois as pastorinhas percorriam as ruas de Pedra visitando várias casas. Falas e cantos eram recitados na abertura e no fechamento da encenação. Às vezes estas encenações continuavam até depois do Natal, pois muitas famílias faziam questão da visita das pastorinhas. Rodas de Fado – Segundo “Chiquinho”, autor de livros sobre Guaratiba, as Rodas de Fado eram brincadeiras onde predominava a cantoria acompanhada de viola e adufo (pandeiro feito de arco da carrapeteira e couro de cabrito). Quem possuísse este instrumento chamado “adufo” eram sempre convidados a participar das rodas. Repentistas – Nas cirandas, folias de Santos Reis, Bandeiras de folias e fados, destacavam-se muito os repentistas. Cantavam versos já conhecidos ou de improviso. As toadas eram sempre acompanhadas por viola e adufo e versavam sobre o que estava se passando no momento. Carnaval – O carnaval de Guaratiba sempre foi muito animado. No início do século XIX, o deputado Raul Capelo Barrozo já patrocinava uma sociedade carnavalesca chamada “O Relâmpago”, que desfilava pelas ruas de Pedra com vários carros alegóricos. Mais tarde outras sociedades carnavalescas e ranchos foram surgindo, entre elas: “Balancinho dos Amores”, “Estrela de Prata”, “Filhos do Oceano”, “Nunca vi nem sei quem é”, “União das Rosas”, “Você é eu também quero ser”. Porém, foi no decorrer de 1980 que o carnaval de Pedra se tornou muito valorizado. Entre os blocos que animavam a festa estavam o “Coqueirinho”, o “GRUC” e o Unidos da Venda Grande. Barra de Guaratiba também não fica atrás. Entre as brincadeiras mais bonitas, estava o banho de mar a fantasia. A concentração do bloco era na Vendinha (2 km antes da Barra). De lá descia ele e ia crescendo a cada esquina. Chegando na praia a grande multidão brincava pra valer. No carnaval de Barra de Guaratiba a presença dos Clóvis é tradicional – são dezenas de mascarados em trajes, coloridos, bordados e perfumados. A fantasia do grupo é padronizada e a cada ano o tema se renova. Hugo Gruenwald (antigo morador da região) nos conta, que sua juventude em Pedra de Guaratiba foi muito divertida e tranqüila. Na época, havia em Pedra, três cinemas, além de um teatro de marionetes organizado pelo artista “Lilico” e localizado num parque de diversões. Hoje, infelizmente já não existem mais cinemas e teatros na região. A juventude de Guaratiba freqüenta os shoppings, cinemas e teatros de regiões próximas como Campo Grande e Barra da Tijuca. 6.3.1 – Museus e Galerias de Arte Na região não há museus, mas vários ateliês, geralmente instalados na própria residência do artista. Guaratiba reúne mais de 150 artistas plásticos, artesãos e poetas. Alguns inclusive são filiados a Associação de Artistas e Artesãos da região, com sede na CASA das Artes, em Pedra de Guaratiba. Veremos abaixo os endereços e ateliês de alguns artistas. Nome Endereço Rosana Fernandes de Honkis – Cerâmica Artística Estr. da Pedra 9278 – Pedra de Guaratiba Saul da Silva Pinheiro (mestre Saul) – Escultura e Pintura Arilda Meira Gonçalves da Cruz – Pintura em Porcelana Celina Augusta Leão Brasílico - Pintura Norma D’Ávila Kischelaski – Pintura e Escultura Rua Fonseca e Silva 238 – Guaratiba Rua São Severo 36 – Pedra de Guaratiba Rua Belchior da Fonseca 760 casa 8 apto 101 – Pedra de Guaratiba Rua Soldado Constantino Mosoqui Q56 Lote 10 – Pedra de Guaratiba Lenita Holtz - Pintura Rua Prof. Antônio Reis 84 – Pedra de Guaratiba Geraldo Clemente - Pintura Rua Maestro Deozílio 293 fundos – Pedra de Guaratiba Clarimar “Corrêa dos Santos” - Pintura Alameda Assunção 13 – Pedra de Guaratiba Zelinda Brasil (Zé) – Arranjos com madeira e plantas Estr. da Capoeira Grande Q36 lote 20 – Pedra de Guaratiba Célio Seixas da Silva – Pintura e Paisagismo Av. das Américas 37.914 – Guaratiba Elisabeth Carneiro de Araújo (Carujo) - Pintura Rua Soldado Constantino Maroqui 300 – Pedra de Guaratiba Janaina Bruno (J. Bruno) - Pintura Rua Caraluma Q15 lote 15 – Pedra de Guaratiba Manoel Feitosa Cavalcanti Filho (Nelito) - Pintura Estr. do Catruz 1339 – Pedra de Guaratiba Paulo Américo - Escultura Estr. do Mato Alto 3167 – Guaratiba Urubatan Oliveira Nunes (Urubatan) - Escultura Beco da Mijança 5 – Pedra de Guaratiba Dirce Engracia Prieto Garcia Costa (Di Pietro) – Decoupage Rua Dom Viçoso Q19 lote 25 e 26 – Pedra de Guaratiba Maria Madalena “Azeredo Maia” - Pintura Rua Várzea da Palma 475 – Pedra de Guaratiba Carlos Araújo (C. Araújo) - Pintura Trav. São Pedro 7 casa 5 – Pedra de Guaratiba Sylvio Roberto Faria (De Faria) - Pintura Rua Pedra Bela 340 – Pedra de Guaratiba Neide Amback – Tapeçaria Artística Rua Vila Nelita 76 – Pedra de Guaratiba Sérgio Vidal (Vidal) - Pintura Soares – Pintura Galeria Gabi Hugo Gruenwald – Escultura, artesanato e poesia – CASA das Artes Evanoé – Móveis Artesanais Recanto Legal Espaço Arte – vários artistas Atelier Massas com Arte – vários artistas Rua Saião Lobato 138 – Pedra de Guaratiba Rua Barros Alarcão 650 – Pedra de Guaratiba Rua Barros Alarcão 503 – Pedra de Guaratiba Estr. da Capoeira Grande, Q36 Lote 20 – Pedra de Guaratiba Rua Várzea da Palma 475 – Jardim Garrido – Pedra de Guaratiba Rua Saião Lobato 138 – Pedra de Guaratiba Fonte: Hugo Gruenwald – CASA das Artes À esquerda, interior da CASA das Artes. À direita, Recanto Legal Espaço Arte. À esquerda, sarau poético. À direita, Recanto Legal Espaço Arte. 6.3.2 – Esportes e Lazer As caminhadas nas praias selvagens de Guaratiba são uma ótima pedida para os que gostam de aventura. Praia dos Búzios – Com 40 m de extensão, com pedras e pequenos peixes. Não possui posto de Salvamar e nem iluminação artificial. Praia do Perigoso – Pequena faixa de areia com menos de 100 m de extensão. Penúltima praia antes da ponta da Praia Funda. Selvagem, de difícil acesso, só é possível chegar até lá a pé, através de trilhas entre pedras e matas. Não possui posto de Salvamar e nem iluminação artificial. Praia do Meio – Praia pequena, com apenas 200 m de extensão, e vegetação característica de restinga. Há três acampamentos onde algumas pessoas vivem da pesca e da venda de conchas. Fonte de água potável. Não possui posto de Salvamar e nem iluminação artificial. Teve nudismo proibido em 1994. Praia Funda – Com 200 m de extensão, não possui posto Salvamar e nem iluminação artificial. Praia do Inferno – Com 100 m de extensão, não possui posto Salvamar e nem iluminação artificial. Abaixo, transcrevi do livro Trilhas do Rio, de Pedro da Cunha e Menezes, editora Salamandra – 1996, todo o trajeto das trilhas que levam a essas praias. (...) Para o caminhante, o acesso até Búzios, Perigoso, Meio, Funda e Inferno é fácil e muito bonito. O passeio é todo feito em meio a lindas vistas do costão de Guaratiba descendo, imponente, no mar. A área toda está dentro do Parque Estadual da Pedra Branca – Reserva Biológica de Guaratiba, o que faz com que as praias sejam tombadas. Para chegar ao início da trilha, vá até Barra de Guaratiba, entre pela Estrada da Barra de Guaratiba e, na altura do nº 200, entre à esquerda na Rua Parlon Siqueira, que é uma ladeira. A trilha começa quase no fim desta rua (...). Vá acompanhando um muro, tendo o costão e o mar lá embaixo, à sua direita. Na primeira encruzilhada, onde há uma casa, desça pelo lado direito. À sua frente, aparecerá uma linda vista, cujo destaque é a Ilha do Frade, decorada por um farol. Na encruzilhada seguinte, siga à esquerda. A trilha serpenteia e sobe um pouco, acompanhando o relevo e mantendo-se próxima ao mar. Quando chegar ao topo do morro, vá pela esquerda, onde a trilha está mais aberta (o caminho da direita, embora mais belo, leva ao costão, sendo usado apenas por pescadores). Após meia hora, um pouco antes de uma subida, à esquerda há, caindo de uma pedra, uma pequena fonte de água potável, conhecida como Xodó. Depois de se refrescar, siga em frente (caso você opte por descer à direita, o caminho vai dar em uma espetacular piscina natural de pedra). Após 40 minutos de caminhada (desde a Parlon Siqueira), você chegará em uma encruzilhada. À direita, o caminho desemboca na Praia dos Búzios, que é cheia de pedras e ouriços, não sendo, portanto, ideal para o banho. Para a Praia do Perigoso, siga pela esquerda até a próxima encruzilhada, de onde é possível ver Grumari e, ao longe, os prédios da Barra da Tijuca, e desça à direita. Pronto, você chegou. Para as Praias do Meio, Funda e do Inferno, ao invés de descer na Praia do Perigoso (que, aliás, de perigosa não tem nada), siga à esquerda, onde o capim está um pouco fechado. A trilha continua a contornar o costão e leva o passeante, em quinze minutos, até a Praia do Meio. Esta é uma Praia de 200 metros de comprimento, com fonte de água doce e diversas amendoeiras, sendo muito popular entre os surfistas. A trilha reinicia no fim da Praia do Meio e passa por cima da ponta do morro para, em mais 15 minutos, desembocar nas belas areias da Praia Funda. Ali, o passeante vai encontrar areias sem pegadas, marias-da-toca e muitos arbustos de pitangas selvagens. Da Praia Funda à Praia do Inferno são mais 5 minutos sobre o costão que as separa. No fim do costão, há uma pequena represa de água potável que, segundo os freqüentadores do lugar, foi mandada construir pelo Governador Brizola. Na Praia do Inferno, um pequeno paraíso, a areia guincha ao contato do pé humano e as únicas pegadas que você vai ver serão as suas próprias. Do Inferno em diante, há mais trilhas. Elas, entretanto, só levam até pesqueiros, não havendo mais praias daí para a frente. Para voltar, existe um caminho alternativo, que liga diretamente a Praia Funda a Guaratiba. Esta trilha, também conhecida como Trilha do Bananal, tem início no canto direito (de quem olha para o mar) da Praia Funda. O caminho sai junto a um pé de pitanga e passa ao lado da cerca de arame farpado do Centro de Pesquisas do CENEPAM, vinculado à Faculdade Simonsen. Logo em seguida, principia a subir, passa entre plantações de bananeira e cruza, à direita, uma casinha de taipa. Depois, continua subindo entre as bananeiras (...). Quando chegar na encruzilhada onde a trilha da esquerda faz um ângulo de 90 graus com a trilha em que você estiver, suba por ela. Você vai caminhar um bom tempo entre o capim colonião e, após 35 minutos de subida, chegará ao topo do morro. Logo, você vai ver embaixo e à direita, a Restinga de Marambaia com toda a sua beleza; prossiga em frente. Mais um pouco você verá a Vila de Barra de Guaratiba (...). Com quinze minutos de descida em direção a esta Vila, você chegará ao topo de uma rua de terra, cujo nome é Caminho da Bica, onde há uma igrejinha. A partir daí, é só descer por essa rua que passa a ser de asfalto por 15 minutos, até a Estrada da Barra de Guaratiba (...). Para os que curtem Mountain Bike, Guaratiba também oferece uma pista de 3600 metros, que já sediou etapas do Campeonato Carioca de MTB. Construída pelo médico Carlos Martins e com a assessoria técnica do pessoal da Associação Brasileira de Mountain Bike, a pista é o verdadeiro paraíso dos bikers. Para os que quiserem utilizar a pista, será cobrada uma pequena taxa, que é investida na manutenção da pista, que está localizada na Rua Coronel Jaime Lemos nº 100. Além das caminhadas e de boas pedaladas na pista de mountain bike, Guaratiba ainda abriga aproximadamente 30 criadores de cavalos, que se dividem entre Ilha de Guaratiba e Pedra de Guaratiba. Logo, aqueles que são apaixonados pelo hipismo e por equitação, devem visitar os haras da região, que também oferecem hospedagem para cavalos.
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