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Uso de fachadas móveis na arquitetura contemporânea CAROLINA FAGUNDES IC VOLUNTÁRIA – PIBIC 2014/15 Orientador: Prof. Dr. Antonio Castelnou – DAU/UFPR Projeto: Green Architecture: Estratégias de sustentabilidade aplicadas à arquitetura e design BANPESQ/THALES: 2014015429 Objetivos e Metodologia Objetivos: ESTUDAR o uso das fachadas móveis na arquitetura, abordando aspectos históricos, técnicos e estéticos, com vistas à sua aplicação contemporânea. SELECIONAR, ILUSTRAR e DESCREVER seu emprego em obras residenciais já realizadas e de qualidade reconhecida. Metodologia: Revisão web-bibliográfica Coleta, seleção e descrição de obras Análise e avaliação dos 03 (três) casos Conclusão e redação final de relatório Introdução Relatório Brundtland (1987) Revolução Industrial (1750-1830): Natureza passa a ser vista como matéria-prima a ser apropriada pelo homem – Planeta Terra como fonte inesgotável de recursos Pós-Segunda Guerra Mundial (1939/45): Início da preocupação com o meio ambiente e mudança da postura em relação à natureza (BRUNDTLAND, 1991) 1972 – Estocolmo (Suécia): Conferência mundial sobre o meio ambiente humano e desenvolvimento 1973 e 1979 – Crises do Petróleo: Reconsideração de novas fontes energéticas (LAMBERTS, DUTRA et PEREIRA, 2004) 1987, Relatório Brundtland “Nosso Futuro Comum”: Conceito de sustentabilidade Resíduos da Construção Civil Construção Civil: Responsável por grande parte do consumo de matéria-prima (GLOBO CIENCIA, 2013) Além disso, a atividade construtiva gera uma série de impactos ambientais, como: desperdício de materiais, acúmulo de resíduos e perturbações físicas no local e arredores da construção (ARAÚJO et CARDOSO, 2010) Alternativa: Eficiência energética por meio de uma edificação mais eficiente que proporcione condições ambientais semelhantes com um consumo energético menor (LAMBERTS, DUTRA et PEREIRA, 2004) Uso de fachadas móveis (window blinds): Favorece a proteção contra a insolação direta nas fachadas Revisão Bibliográfica Persiana: Análise etimológica indica algo originário da antiga Pérsia. Possível introdução ao Ocidente através do Império Bizantino popularizada pelos venezianos Há indícios que os egípcios e os chineses antigos também utilizaram por séculos a técnica da janela protegida (window blind) Primeiras Patentes: 1769 Edward Bevan (Reino Unido) – regulagem 1841 John Hampson (EUA) – mudança do ângulo das ripas (THE CURTAIN ROD STORE, 2015) Ocorreu sua popularização nas colônias inglesas (Estilo Georgiano), em especial nos EUA (KUMPEL, 2013) 1936: Window blinds em alumínio (fabricação da Kirsch e popularizadas pela Hunter Douglas) 1950: Persianas verticais (Edward e Frederick Bopp, Vertical Sun). 2005: Surgimento de venezianas automatizadas Década de 1940: Surgimento do brise soleil, atribuído a Le Corbusier 1887-1965) e utilizado pela primeira vez nas Unidades de Habitação em Marselha (França) Brises são uma releitura das antigas persianas, adequados a uma escala maior (FATHY, 1986) Tipologias: Persianas Horizontais e verticais Persianas Rolô Persianas Romanas Janelas Venezianas Brises Jalousie Windows ou Louvers Posicionamento das proteções nos edifícios em relação ao Sol incidente – Brasil (Hemisfério Sul): Elevações Leste e Oeste recebem sol rasante, logo as aletas devem ser dispostas de maneira horizontal Fachada Norte, que recebe insolação durante o dia todo carece de aletas verticais Fachada Sul dispensa o uso de proteção, pois recebe o mínimo de incidência solar Esquema simplificado de insolação em fachadas Estudo de Caso 01 Casa dos Ipês Localização: São Paulo SP (Brasil) Área do projeto: 1.343 m² Data do projeto: 2009 Data de construção: 2011 Autoria: Studio MK27 (Marcio Kogan e Lair Reis) Diversidade de materiais que vai desde concreto e aço até madeira e pedras; cada um com uma função distinta. O concreto aparente é o grande triunfo da obra, já que o segundo andar consiste em uma grande caixa de concreto que praticamente flutua sobre leves paredes de vidro e enormes portas pivotantes de madeira, as quais se abrem para o exterior da casa conectando a sala com a área da piscina como se fossem um único cômodo Uso de concreto ripado: Carpintaria (ARCHDAILY, 2014) Pavimento térreo: Grandes portas pivotantes na área de estar abrem-se para a área da piscina estão na área de estar. A sala é o coração do térreo Segundo pavimento: Mais compartimentado que o primeiro, cuja fachada norte é contemplada com uma sequência de brises de madeira móveis, que são feitos com aletas verticais que podem ser articuladas A fachada móvel confere o conforto térmico para a área interna do pavimento, além de total controle da iluminação dos cômodos Estudo de Caso 02 Maison Bambou Localização: Bessancourt (França) Área do projeto: 177 m² Data do projeto: 2009 Data de construção: 2009 Autoria: Karawitz Architecture Aparência remete à casa tradicional francesa, tendo sido a primeira edificação da França a receber a certificação PassivHaus*. Estrutura em madeira maciça, sendo apenas as fundações em concreto, e possui uma segunda pele de bambu: A casca exterior é inteiramente coberta com varas de bambu cortadas sob medida fixa com fios de aço, dando aparência de filigrana à estrutura compacta. Bom sistema de isolamento e de recuperação de calor dispensa o uso de aquecimento, sendo os próprios usuários, além do sol, as principais fontes de calor da casa *PassivHaus é uma certificação alemã que premia edificações sustentáveis que possuam consumo de energia igual ou próximo a zero. Fachada Sul possui um sistema de janelas móveis, para aproveitamento da luz solar e proteção do interior, tanto de dia quanto de noite. Os brises de bambu possuem orientação horizontal, pois neste caso a fachada sul recebe maior quantidade de energia solar. Fachada Norte possui um sistema de fachada dupla funciona como limitador das perdas de calor, pois se forma um corredor de ar entre a casa e segunda pele. As janelas possuem vidros triplos, sendo os guarda-sóis móveis, permitindo tanto a proteção da insolação quanto a ventilação cruzada (RANGEL, 2014) Estudo de Caso 03 Harmonia 57 Localização: São Paulo SP (Brasil) Área do projeto: 1.100 m² Data do projeto: 2008 Data de construção: 2008 Autoria: Greg Bousquet, Carolina Bueno, Guillaume Sibaud e Olivier Raffaelli Possui diversas estratégias para ser uma casa sustentável, mesclando técnicas e matérias vernáculos e contemporâneos (estrutura composta por concreto, aço e madeira) A casa foi concebida como um organismo vivo, sendo a pele uma espessa camada vegetal que recobre as paredes exteriores, feita de concreto orgânico, possuindo poros (Existe um sistema de irrigação funcionando como artérias) A captação da água é feita através de filtros, de onde é distribuída por tubulações, irrigando as paredes verdes: Maior conforto térmico e acústico dentro da edificação, além de economia de até 90% de água (AZEVEDO, 2013) Partido: Dois blocos de concreto interligados por meio de rampas e decks, além de aberturas ao longo dos cômodos para criar uma área de convívio e permitir a ventilação Aberturas (janelas e venezianas) estão localizadas estrategicamente, permitindo o aproveitamento da luz natural. As janelas são planos de vidro protegidos por 04 painéis móveis em eucalipto, o que remete à forma pura de troncos de árvores As imensas venezianas funcionam como um sistema de brises, que protegem a fachada e revelam a transparência do prédio A implantação da edificação encontra-se oblíqua em relação ao norte, tendo a fachada principal a orientação nordeste. Esta fachada é a que recebe as enormes janelas praticáveis, justificando seu uso por ser a parte da casa que recebe a maior quantidade de energia solar, principalmente no período da manhã Considerações Finais Window blinds são dispositivos que procuram solucionar o problema da insolação direta, sendo utilizados há milênios e difundidos em todo o mundo Fachadas móveis são melhores e mais eficientes que as venezianas, pois podem ser reguláveis e permitem a versatilidade conforme a necessidade Estes sistemas, combinados com outras soluções sustentáveis (sistema de captação de água, aplicação de materiais ecológicos e maior isolamento) fazem com que os edifícios compactuem com os ideais de uma arquitetura mais econômica, que dispensa o uso de ar condicionado e aquecedores, contribuindo assim para um consumo reduzido de energia Principais Referências ARAÚJO, V. M.; CARDOSO, F. F. Análise dos aspectos e impactos ambientais dos canteiros de obras e suas correlações. São Paulo: Boletim Técnico da Escola Politécnica, USP, 2010. Disponível em: <http://www.pcc.usp.br/files/text/publications/BT_00544.pdf>. Acesso em: 13/01/2014. ARCH TENDÊNCIAS. Casa bamboo (2014). Disponível em: <http://archtendencias.com.br/arquitetura/casa-bamboo-karawitzarchitecture#.VbPDdPlVikq>. Acesso em: 20/07/2015. ARCHDAILY. Casa dos Ipês (2014). Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/01188614/casa-dos-ipes-studiomk27-marcio-kogan-mais-lair-reis>. Acesso em: 14/06/2015. AZEVEDO, C. O Edifício Harmonia 57 (2013). Disponível em: <http://www.forumdaconstrucao.com.br/ conteudo.php?a=23&Cod=352>. Acesso em: 22/07/2015. BRUNDTLAND, G. H. Nosso futuro comum. 2. ed. Rio de Janeiro: CMMAD: FGV, 1991. FATHY, H. Natural energy and vernacular architecture: Principles and examples with reference to hot arid climates. Chicago: University Of Chicago Press, 1986. GLOBO CIÊNCIA. Construção civil consome até 75% da matéria-prima do planeta (2013). Disponível em: <http://redeglobo.globo.com/globociencia/noticia/2013/07/construcao-civilconsome-ate-75-da-materia-prima-do-planeta.html>. Acesso em: 14/01/2015. KUMPEL, F. The history of the venetian blind (2013). Disponível em: <http://stricklandswindowcoverings.com/blinds/the-history-of-venetian-blinds/>. Acesso em: 01/02/2015. LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F. Eficiência energética na arquitetura. 2. ed. São Paulo: Pro Livros, 2004 RANGEL, J. Casa passiva em bambu na França (2014). Disponível em <http://sustentarqui.com.br/construcao/casa-passiva-em-bambu-na-franca/>. Acesso em: 20/07/2015. THE CURTAIN ROD STORE. The history of window blinds. Disponível em: <http://www.curtainrodstore.com/the-history-of-window-blinds/>. Acesso em: 20/02/2015.