Guia Óleo e Gás
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Guia Óleo e Gás Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Coordenação e Redação Oliver Döhne e Hanno Erwes Guia Óleo e Gás Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Coordenação e Redação Oliver Döhne e Hanno Erwes Redação Câmara de Indústria e Comércio Brasil-Alemanha Av. Graça Aranha, 1 / 6º andar Rio de Janeiro Brasil Em cooperação com Germany Trade and Invest – Escritório Alemão de Comércio Exterior e Investimentos Friedrichstrasse 60 10.117 Berlim Direção do projeto Hanno Erwes e Oliver Döhne Pesquisa e entrevistas Oliver Döhne Coordenação comercial Ana-Christina Veit, Cristiane Forli Projeto gráfico Heron Machado Rocha, Interligar – Branding & Design, Rio de Janeiro Traduções Alessandra Dietz, Gabriela Freudenreich, Isabella Wapke, Jutta Irene Gruetzmacher, Patrícia Meirelles Redação Oliver Döhne Fechamento de edição Março de 2012 Impressão artundwork, kommunikation gmbh Patrocínio Allianz, Schulz, Sinaval, Estado de Baden-Württemberg, Baden-Württemberg International, Veirano Advogados, KfW, Cidade de Colônia, Pellon Advogados Agradecimento Adilson de Oliveira Capa (foto) Início da etapa de testes do navio de produção FPSOP-50 na Baía de Guanabara. Foto: Rogério Reis / Banco de Imagens Petrobras Disclaimer Todas as informações foram criteriosamente pesquisadas, contudo sem responsabilidade pela sua veracidade. Isto se aplica particularmente às informações e estimativas sem compromisso referentes à demanda de material e os planos de investimento da Petrobras. Copyright © 2012. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução integral ou parcial sem autorização dos autores. Índice Saudação Sérgio Cabral, Governador do Estado do Rio de Janeiro 5 Saudação Guilherme Stüssi Neves, Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha 6 Saudação Jürgen Friedrich, Diretor da Germany Trade & Invest 7 Rio de Janeiro, um estado propulsor de desenvolvimento Julio Bueno, Secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços 8 Brasil no cenário da extração de petróleo internacional Oliver Döhne, Germany Trade & Invest 10 Expansão e metas da indústria brasileira de petróleo Oliver Döhne, Germany Trade & Invest 22 A construção naval e os desafios atuais Ariovaldo Rocha, Presidente do SINAVAL (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore) 32 Desafio conteúdo local Otavio Carneiro, Alexandre Calmon (Sócios de Veirano Advogados) 35 A demanda concreta Oliver Döhne, Germany Trade & Invest 37 O negócio é inovar Oliver Döhne 48 Como começar Oliver Döhne, Germany Trade & Invest 50 Conselho prático – Empresas alemãs com experiência no setor de petróleo e gás brasileiro Oliver Döhne, Germany Trade & Invest 52 Novos conceitos de financiamento para a indústria de fornecimento alemã Dr. Carsten Wiebers, KfW 60 “Projeto Cargo” / Atraso no start-up da empresa Angelo Colombo, Ingo Dietz (Allianz) 62 Baden-Württemberg saúda a PETROBRAS! Ewald Stirner, Ministério das Finanças e Economia, Stuttgart 64 Saudação Sérgio Cabral. Foto: Carlos Magno Sérgio Cabral, Governador do Estado do Rio de Janeiro É com muito prazer que apresento essa publicação, em parceria com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil Alemanha no Rio de Janeiro. Acredito que essa seja uma excelente maneira de divulgar as oportunidades econômicas para empresas alemãs relacionadas às recentes descobertas de petróleo e gás na camada pré-sal, sobretudo no Rio de Janeiro, estado brasileiro que responde por mais de 80% da produção nacional de petróleo, além de ser o principal centro decisório do país na área energética, sediando empresas como a Petrobras, Eletrobrás, Eletronuclear, Ipiranga, OGX, dentre outras. É ainda mais significativo que o Rio seja o principal destino dos recentes investimentos alemães no Brasil. Destacam-se, além da Companhia Siderúrgica do Atlântico, joint venture entre a ThyssenKrupp e a Vale, a Siemens/Chemtech, com investimentos no Parque Tecnológico do Fundão, a MAN Latin America, que está ampliando sua capacidade produtiva em Resende, a Schott, que acaba de inaugurar a expansão de sua fábrica, além de gigantes químicas como a Bayer e a Merck, apenas para ficarmos em alguns exemplos. Há muitos fatos que comprovam minha constante afirmação de que o Rio está vivendo um momento histórico. Depois de décadas de um declínio econômico acentuado e de desorganização política e administrativa, hoje somos o estado brasileiro que mais recebe investimentos privados. Trabalhamos em alinhamento estreito com as demais esferas governamentais e somos o único da América Latina a ter recebido o investment grade de duas das mais importantes agências de rating do mundo (Fitch e Standard&Poors), além de termos um dos calendários de eventos mais espetaculares da história, incluindo a Jornada Mundial da Juventude, em 2013, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. É por saber da importância estratégica da Alemanha para nosso estado e por reconhecer o potencial ainda não plenamente aproveitado do relacionamento econômico bilateral, que aplaudo esta e demais iniciativas de ampliação da visibilidade de nossas oportunidades econômicas para nossos parceiros alemães. Aproveito essa oportunidade, portanto, para convidar a todos para participarem deste momento histórico e, assim, ajudar a fortalecer ainda mais os laços históricos e econômicos entre a Alemanha e o Rio de Janeiro. Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 5 Saudação Guilherme Stüssi Neves Guilherme Stüssi Neves, Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha A iniciativa de resumir, neste livro, as enormes possiblidades da exploração de petróleo no Brasil, tem a pretensão de incitar as pequenas e médias empresas alemãs a participar desta imensa rede de fornecedores. Entre os anos de 2012 a 2020 são esperados investimentos superiores a 200 bilhões de dólares em uma complexa rede de exploração de petróleo em águas profundas. Não é difícil imaginar a necessidade de equipamentos, peças de reposição, armazenamento e transporte de óleo e gás. Ou seja, há espaço neste novo e imenso mercado para as empresas que possuam tecnologia avançada em seus produtos. As empresas alemãs podem e devem estar presentes neste grande desafio. Para tanto podem contar com a AHK no Brasil, especialmente com a expertise da AHK-Rio de Janeiro nesta matéria. 6 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Saudação Jürgen Friedrich Jürgen Friedrich, Diretor da Germany Trade & Invest Caros leitores, O Brasil está se tornando um gigante do petróleo. Portanto, as principais novas fontes offshore, os planos ambiciosos da estatal Petrobras e a infraestrutura ainda rudimentar criam oportunidades interessantes para fornecedores alemães. Atualmente em nenhum outro país a necessidade de equipamentos para a indústria offshore de petróleo é tão grande quanto no Brasil. Particularmente interessante do ponto de vista alemão é a grande necessidade de soluções tecnológicas inovadoras destinadas a prospecção em águas profundas, já que seu custo até o presente momento ainda é muito elevado. Um exemplo disso é o deslocamento dos processos de produção para o fundo do oceano. Esta publicação realizada em conjunto com a Câmara BrasilAlemanha de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro lhes dará uma indicação de onde exatamente estão as oportunidades para as empresas alemãs. As informações nela contidas baseiam-se em inúmeras entrevistas locais, como por exemplo, com o setor de material da Petrobras, com o PROMINP (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural), com indústrias de petróleo e junto a profissionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, fizemos longas pesquisas em estudos, planos estratégicos e apresentações, de forma a poder dar-lhes um quadro real do volume de material necessário durante os próximos cinco a dez anos; mostrar-lhes onde são esperados grandes gargalos e apresentar-lhes a melhor forma de entrar neste negócio. Fora isso, para agregar um valor especial à publicação, pedimos a empresas alemãs experientes que dessem algumas dicas para aqueles que querem entrar neste mercado. Germany Trade & Invest disponibiliza no seu site www.gtai.de além de análises sobre as condições econômicas e setoriais, também informações sobre projetos e propostas, pesquisados nos órgãos competentes e constantemente atualizados, além de abordar também as principais questões aduaneiras no Brasil. Desejo-lhes uma boa leitura e muito sucesso nos seus negócios. Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 7 Rio de Janeiro, um estado propulsor de desenvolvimento Julio Bueno Julio Bueno, Secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços Com vocação indiscutível para ser considerado como uma capital brasileira de energia, aglutinador das principais cadeias produtivas do petróleo e gás natural do país, dotado de finança pública saudável e atualmente na linha de frente dos principais investidores no mundo inteiro por ser a próxima sede da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, o estado do Rio de Janeiro hoje tem motivos de sobra para comemorar e também para trabalhar para colocar todos os empreendimentos previstos em operação gerando emprego e melhoria de renda. Maior produtor de petróleo e gás natural do Brasil, o estado do Rio de Janeiro deverá receber até 2020 cerca de R$ 250 bilhões em investimentos, sendo a maior parte – cerca de 75% – destinada à cadeia de petróleo. Além da maciça encomenda da Petrobras para atender as demandas do pré-sal, outras petroleiras também escolheram o estado para fincar sua sede no país e devem contribuir para elevar significativamente o volume de fornecedores aqui instalados, atendendo as exigências de conteúdo nacional, previstas na legislação brasileira. Na esteira do pré-sal, podemos citar as próprias parceiras da Petrobras, que possuem investimentos de grande monta, como o grupo britânico BG, que anunciou valores em torno de US$ 30 bilhões para até 2015. São recursos que somados ao da Petrobras devem elevar o patamar da produção nacional de petróleo em quase três vezes o atual, para cerca de seis milhões de barris por dia em 2020, gerando impacto direto na economia do país e mais especificamente no desenvolvimento econômico e social dos estados e municípios produtores. Para além do pré-sal, temos ainda investimentos públicos ou privados de grande soma, como do grupo nacional OGX. Capitaneado pelo empresário Eike, o grupo vem mostrando 8 um ritmo acelerado de novas encomendas, com disposição para começar a operar os primeiros reservatórios descobertos num curto espaço de tempo. Do pré-sal ao pós-sal, em águas ultraprofundas ou rasas, no norte ou sul do estado, são recursos que em terra movimentam do primeiro ao quinto elo da cadeia de fornecedores, além de toda uma logística de escoamento e distribuição do petróleo produzido na costa fluminense. Também em solo fluminense está o empreendimento com maior volume de recursos empregados pela Petrobras num único projeto: o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que vai gerar 150 mil empregos diretos e fazer do estado o primeiro polo petroquímico do País. Para atender a este ritmo acelerado, o Estado também vem fazendo sua parte. Da disponibilização de áreas para receber novas empresas, a incentivos fiscais e financeiros para modernização de fábricas e estaleiros a até investimentos diretos na logística. Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil É o caso, por exemplo, do Arco Metropolitano, que vai provocar uma transformação sem precedentes na região metropolitana, com investimentos de R$ 1,2 bilhão. O empreendimento interligará os principais eixos rodoviários, diminuindo o fluxo na malha urbana da capital e ampliando a acessibilidade aos portos de Itaguaí (antigo Porto de Sepetiba) e do Rio de Janeiro. Será a primeira estrada do Rio projetada para receber cargas. Isso traz um benefício enorme para quem pretende se instalar no estado, por agregar vantagens competitivas, reduzindo o custo operacional portuário, entre outras facilidades logísticas. A instalação do Comperj já é um exemplo do que o Arco Metropolitano provocará em termos de modificações socioeconômicas em torno de si. O projeto prevê que as vias de acesso permitam a instalação de empresas na periferia da região metropolitana. Ainda no segmento logístico, também merecem destaques os terminais privados que estão se instalando para atender ao pré-sal. A região de Itaguaí está se consolidando como a base de apoio às operações do pré-sal e também como polo de escoamento do petróleo. Para isso vai ganhar um porto que será operado pela Petrobras em parceria com a Gerdau e CSN. Em paralelo, o grupo EBX terá investimentos de US$ 15 bilhões em complexo portuário no Norte Fluminense, o Super Porto do Açu, que vai gerar milhares de empregos diretos e indiretos. O Complexo também conta com atuação do Estado, que está criando em seu entorno um distrito industrial para servir de apoio às operações do porto, e para atrair fornecedores interessados em se instalar próximo ao empreendimento. Por fim, o estado do Rio de Janeiro quer ser o maior polo de tecnologia do país. Para isso, já tem negociados investimentos de R$ 1 bilhão no Parque Tecnológico ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, voltado exclusivamente ao setor de petróleo e gás natural. A instalação das maiores empresas do setor – Schlumberger, FMC, EMC2, BG, Siemens, entre outras – já equiparam o Rio à cidade de Houston, no Texas, que comumente é conhecida como capital mundial do petróleo. A diversificação, no entanto, ameniza possíveis preocupações com a concentração econômica do estado do Rio de Janeiro apenas na cadeia de óleo e gás. Na área de tecnologia, já estão sendo estudados outros cinco polos que se concentrarão a nata dos pesquisadores em áreas de atuação interligadas às principais atividades do estado, como a indústria automobilística, que vem consagrando aqui seu segundo maior polo produtivo brasileiro. É com imensa satisfação que, apoiando estas ações, consolidando investimentos e apostando em novos projetos, fazemos emergir um novo estado do Rio de Janeiro, que sepulta definitivamente anos de estagnação. Um estado que é mais do que condizente com o cenário atual de aceleração do crescimento do país: um estado que impulsiona este crescimento. Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 9 Brasil no cenário da extração de petróleo internacional Oliver Döhne, Germany Trade & Invest O Brasil está se tornando um dos produtores mais importantes de petróleo do mundo. Entre 2000 e 2010, as reservas comprovadas de petróleo e gás subiram em quase 70%. Segundo estimativas atuais, o Brasil avançará em breve tanto nas reservas como na produção para os 5 maiores do mundo. Empresas internacionais de petróleo aumentam seu engajamento e fornecedoras de todo o mundo concentram-se cada vez mais no mais dinâmico dos mercados atuais. Afinal, atualmente a demanda de equipamentos para a indústria offshore no Brasil é a maior do mundo. E a ampliação está apenas começando. Nos próximos 20 anos, surgirá uma infraestrutura enorme ao redor da expansão dos poços de offshore brasileiros, inclusive construção naval e área de upstream e downstream. A subida meteórica do Brasil como global player da indústria de petróleo tem três motivos principais: • Estabilidade/confiabilidade. Enquanto algumas tradicionais regiões de petróleo sofrem com a instabilidade política, há muito tempo que o Brasil está tanto política como economicamente estável. • Estratégia/expansão da produção. O Brasil expande sistemática e estrategicamente uma indústria de petróleo própria e tem na Petrobras uma empresa de petróleo moderna, profissional, de capital forte e formato internacional, é líder mundial em perfuração em águas profundas. • Riqueza em petróleo/novas descobertas. Dos campos de petróleo descobertos no mundo inteiro desde 2005, mais de 50% estão localizados em regiões de mar profundo. Como a Petrobras ocupou desde cedo um papel de precursor na exploração destes poços de mar profundo, hoje 62% destes poços descobertos encontram-se no Brasil. A presidente da República, Dilma Rousseff, durante a visita às instalações da plataforma P-56 em junho de 2011. Foto: Agência Petrobras 10 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Prognóstico do desenvolvimento da produção (em milhões de barris por dia) Fonte: U.S. Information Administration Estabilidade/Geopolítica Em tempos nos quais algumas regiões tradicionais de petróleo afundam em confusão política e instabilidade, levando o preço do petróleo às alturas e colocando em risco a segurança do abastecimento, as nações industriais estão em busca de parceiros confiáveis de longo prazo. A Energy Information Administration do Ministério de Energia dos EUA já lista em suas estatísticas uma categoria própria “fontes além do Irã“. Na procura de novos fornecedores de petróleo, as nações industriais deparam-se inevitavelmente com o Brasil, um país democrático e sólido, com uma política de estabilidade comprovada, segurança jurídica, continuidade e confiabilidade no palco político, e além de tudo, com novas, enormes jazidas de petróleo. Segundo prognóstico da Energy Information Administration dos EUA, nos próximos anos o Brasil ultrapassará claramente a produção de países com reservas substancialmente maiores, como por exemplo, a Venezuela e o Irã. Plataforma de extração na costa sudeste do Brasil. Foto: MAN D&T Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 11 Expansão estratégica Nas últimas décadas, o Brasil evoluiu de importador de petróleo altamente dependente para produtor autossuficiente. A indústria brasileira de petróleo nasceu com a crise de petróleo de 1973, quando a explosão dos preços fez com que o balanço comercial ficasse fortemente negativo. Pressionada pelo governo, a Petrobras aumentou seu empenho em busca de petróleo e fez sua primeira grande descoberta na Bacia de Campos, em 1975. Até hoje quase 75% das reservas de petróleo comprovadas estão na Bacia de Campos, que se estende da costa do Rio de Janeiro até o Espírito Santo. Reservas de petróleo comprovadas (por estado) Tipo Estado Onshore Bahia 255 Rio Grande do Norte 251 Sergipe 240 Amazonas 101 Offshore Espírito Santo 33 Ceará 14 Alagoas 11 Onshore total 905 Rio de Janeiro 11.927 Espírito Santo 1.175 Rio Grande do Norte Reservas comprovadas Barris em milhões 117 Ceará 49 Bahia 34 Sergipe 29 Paraná 27 São Paulo 24 Offshore total Total 13.383 14.288 Fonte: ANP (Dez. 2011) Fonte: ANP (Dez. 2011) Ao final de 2011, as reservas de petróleo oficialmente comprovadas pela agência reguladora do setor petrolífero (ANP) eram de aproximadamente 14,3 bilhões de barris, dos quais 94% offshore. Além da existência dominante na costa sudeste, o Brasil possui outras fontes no nordeste e na Amazônia. Especialistas internacionais acreditam unanimemente que as reservas oficialmente reconhecidas sejam apenas uma fração da quantidade real existente. O Estado do Rio de Janeiro é de longe o estado mais importante do petróleo, onde se encontram quase 84% das reservas de petróleo comprovadas. Também na produção o Rio de Janeiro está claramente em primeiro lugar. No Rio de Janeiro também se encontram a matriz da Petrobras, assim como alguns dos polos de construção naval mais importantes. Entretanto, a maioria dos fornecedores se estabeleceu durante a construção da indústria de petróleo nos anos 70 e 80 em São Paulo. Com a exploração das novas fontes offshore, o Rio de Janeiro voltou a ser o epicentro da indústria do petróleo; além da região metropolitana, também as regiões de 12 Macaé, Campos e São João da Barra, onde o bilionário Eike Batista está atualmente construindo o Complexo Portuário do Açu. Reservas comprovadas Fonte: ANP (Dez. 2011) O começo dos anos 80 deu início à construção das primeiras grandes plataformas e à exploração das águas até 170 m de profundidade, onde devido à topografia marítima começa uma profunda queda. Isso levou a Petrobras a iniciar o avanço em águas profundas à frente de outras empresas, onde então se deparou com novas e vastas reservas. Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Novas descobertas Fontes de petróleo descobertas O que fez com que o Brasil deixasse de uma hora para outra o seu papel de pequeno produtor de petróleo para ficar entre as regiões de exploração estrategicamente mais importantes no cenário mundial, foi a descoberta de novos grandes poços em mar profundo em frente à costa sudeste, o chamado pré-sal. O nome pré-sal origina-se no fato das fontes estarem embaixo de uma camada grossa de sal. Mas também no mar profundo do norte e nordeste do país, na chamada margem equatorial entre o Estado do Rio Grande do Norte e a Foz do Amazonas, os especialistas pressupõem que existam novas grandes reservas, já que a estrutura geológica lá corresponde à do Golfo da Guiné, na África Ocidental, rica em petróleo, região que era ligada ao Brasil antes do deslocamento continental. Segundo dados da Petrobras, mais da metade das fontes descobertas mundialmente entre 2005 e 2010, estão em mar profundo, das quais 62% estão no Brasil. Dos novos grandes campos de petróleo de mais de 1 bilhão de barris, 11 de 35 estão no Brasil. Fonte: Petrobras Especialistas estimam que os poços nas regiões brasileiras de mar profundo somem entre 50 e 70 bilhões de barris. Sendo assim, o Brasil subiria para a liga dos países com as maiores reservas de petróleo. Nesta lista dominam atualmente Arábia Saudita, Venezuela, Irã, Kuwait e Emirados Árabes Unidos. Com suas fontes atuais, o Brasil chegaria a aproximadamente de 63 a 83 bilhões de barris. Reservas comprovadas (em bilhões de barris) Fonte: BP, GTAI Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 13 O Pré-sal O então presidente Lula após a primeira extração de pré-sal em maio de 2006. Foto: Agência Petrobras A história do pré-sal começou em 2004 quando a Petrobras deparou com arenito durante perfurações na Bacia de Santos, que indicava haver camadas mais abaixo contendo petróleo. Em 2006, achados de gás natural em perfurações muito profundas de até 7.600 m trouxeram a prova final. Pouco tempo depois a Petrobras perfurou em aproximadamente 5.000 m o Campo Tupi, a primeira reserva de óleo pré-sal do mundo. Já em 2008, ocorreu uma primeira extração experimental do Campo Tupi, as fotos em que o presidente Lula mostrava suas mãos besuntadas de petróleo pré-sal rodaram o mundo. As reservas de pré-sal encontram-se a aproximadamente 300 km em frente à costa sudeste do Brasil, e estendem-se ao longo de cinco estados, do Espírito Santo, passando pelo Rio de Janeiro e São Paulo, até Santa Catarina. Especialistas acreditam que as reservas maiores estão na bacia de Santos. As jazidas do Pré-sal estão localizadas aproximadamente a 300 km da costa. Ilustração: Agência Petrobras 14 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Segundo a Petrobras, apenas o Campo Tupi contém aproximadamente entre 5-8 bilhões de barris. Nos campos Libra e Franco devem ter até 13 bilhões de barris, além disso 5 até 8 bilhões de barris nos Campos Lula e Cernambi, 3 até 4 bilhões de barris no Campo Iara, 1 até 2 bilhões de barris no Campo Guará. Além destes, existem campos onde ainda estão sendo feitas perfurações experimentais. Segundo especialistas, o petróleo do pré-sal possui alto grau de pureza e está localizado abaixo de uma camada de sal de 2.000 m de espessura, em até 8.000 m de profundidade. Ilustração: Agência Petrobras Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 15 Modelos de exploração e de extração Para a exploração das fontes de pré-sal o Brasil escolheu um modelo de concessão misto, para que por um lado conglomerados internacionais de petróleo participem e, por outro, para não abrir mão completamente das jazidas estratégicas. Conglomerados internacionais de petróleo podem partici- par das rodadas de licitações da Agência Nacional de Petróleo, ANP, com as restrições do valor agregado local, os royalties e uma participação da Petrobras (no mínimo de 30%). Segundo dados da Petrobras, até agora apenas 20% das jazidas de pré-sal foram concedidas. Ao todo, até fevereiro de 2012, 39 empresas brasileiras e 39 empresas estrangeiras participaram dos leilões realizados pela ANP. Empresa Origem Atividade Operadora em no mínimo um campo Parceira em no mínimo um campo Aloes/Silver Marlin Brasil AM, BE, CP X X Anadarko EUA BE, CP X X Arcadis Holanda AM, CP Arclima Brasil AM, CD X Aurizônia Brasil BE, CP X X X Barra Energia Brasil BE, CD X BG Reino Unido BE X X BP Reino Unido BE, CP X X Brasoil Brasil BE, CD, CP X X BrazAlta Canadá BE, CP X X CEMIG Brasil BE X Cheim Brasil AM, CP X Chevron-Texaco EUA BE, CP X Codemig Brasil BE COMP/Imetame Brasil BE X Const. Cowan Brasil BE X Dover Canadá BE X EBX Brasil BE X X Ecopetrol Colômbia BE Egesa Brasil AM, CP X El Paso EUA BE, CD, CP X Engepet Brasil AM X ERG Brasil AM, CP Eromanga Austrália BE Esso EUA BE X X X X X X X X Forbes & Manhattan Canadá BE X Galp Energia Portugal BE, CD X X Genesis 2000 Brasil AM, CP X Gran Tierra Canadá BE X Hess EUA BE HRT Brasil BE X Inpex Japão BE, CP Integral Colômbia BE X Karoon Austrália BE X Koch/Central EUA AM, BE, CD, CP X X Lábrea Brasil BE X Maersk Dinamarca BE X X 16 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil X X Empresa Origem Atividade Operadora em no mínimo um campo Parceira em no mínimo um campo Norse Noruega BE, CD, CP X X ONGC Índia BE, CP X X Orteng Brasil AM, BE, CP X X Panergy Brasil AM, CP X Partex Ilhas Caimã BE, CP X Perenco Reino Unido BE X Petro Latina Singapura BE Petrobras Brasil BE, CD, CP X PetroRecôncavo Brasil BE, CP X Phoenix Brasil BE, CD, CP Pioneira Brasil AM, BE, CP X Proen Brasil AM, CD X X X X X X Quantra Brasil BE, CD X Queiroz Galvão Brasil BE, CD, CP X X RAL Brasil AM, BE, CP X Repsol YPF Espanha BE, CD, CP X X Rio Proerg Brasil AM, CD X Severo & Villares Brasil AM, CP X Shell Reino Unido BE, CD, CP X X Sinochem RP China BE, CP X Sinopec RP China BE X Sipet Brasil BE, CP X X SK Coréia (Rep.) BE, CP Sollita Brasil AM, CD Somoil/Serena Angola BE Sonangol Angola BE, CD, CP X Sotreq Brasil BE, CP X Statoil Noruega BE, CP X X STR Brasil BE X X SynergyGroup Panamá BE, CD, CP X TDC EUA BE, CP X TotalFinalElf França BE, CD X UBX Brasil BE, CD, CP X UTC Brasil BE, CD, CP X Vale Brasil BE Vanco EUA BE VB Índia BE X Vibrapar Brasil BE X Vitória Ambiental Brasil BE X W.Washington Brasil BE, CP X Woodside Austrália BE Brasil 39 Exterior 39 Total 78 X X X X X X X BE=bloco de exploração, AM=pequenos campos, eventualmente sem prod., CP=campos de produção, CD=campos em desenvolvimento, Fonte: ANP Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 17 Operação de transporte do navio de produção FPSO P-50 deixando a baía de Guanabara rumo ao campo de Albacora Leste na Bacia de Campos. Foto: Paulo Arthur / Banco de Imagens Petrobras O próximo Pré-sal Fonte: Geogrify Para o know-how desenvolvido para os poços brasileiros de pré-sal não faltará oportunidades de emprego no futuro. A costa atlântica africana indica, segundo a opinião de especialistas, uma estrutura muito parecida com a sul americana, já que ambos os continentes já estiveram ligados. Sendo assim, o Brasil poderia ser apenas o começo de uma tendência do pré-sal, que poderia continuar na costa ocidental africana, por exemplo em Angola, também um país de língua portuguesa. 18 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Produção Segundo especialistas, através da expansão sistemática dos poços convencionais e dos novos poços em mar profundo, nos próximos dez anos o Brasil deverá se tornar o quinto maior produtor de petróleo, atrás dos EUA, Arábia Saudita, Rússia e Canadá. Esta opinião é defendida não apenas pela Petrobras, como também, entre outras, a U.S. Energy Information Administration. Até 2020, o Brasil deverá dobrar sua produção e, até 2035, mais do que triplicar. O crescimento médio no Brasil é de 4,1%, mais alto que em qualquer outro país. Prognóstico da produção de petróleo por países (em milhões de barris por dia) Fonte: U.S. Information Administration 20 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil País 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 Mudança por ano EUA 8,3 9,5 10,8 12,2 13,9 14,8 16,2 2,4% Rússia 9,5 10 10,7 11,1 11,7 13 14,7 1,5% 11,1 10,1 10,5 12 13,7 14,2 14,5 1,1% Canadá 3,1 3,8 5,5 6,4 7,2 8 8,6 3,5% Brasil 2,0 2,8 3,7 4,9 5,5 6,4 7,2 4,1% República da China 3,9 4,3 4,0 4,2 4,9 6,0 7,1 2,1% Iraque 1,9 2,4 2,6 3,4 4,4 5,5 6,5 3,8% Irã 4,2 4,2 3,6 3,5 3,6 3,7 3,8 -0,4% Kuwait 2,7 2,5 2,7 2,8 3,2 3,6 3,9 1,3% Nigéria 2,6 2,4 2,7 2,9 3,2 3,3 3,3 1,6% EAU 2,8 2,8 3,2 3,3 3,4 3,2 3,1 0,1% Venezuela 2,8 2,3 2,4 2,6 2,7 2,7 2,7 0,1% Catar 1,1 1,4 1,7 2,0 2,2 2,4 2,4 2,6% Algéria 2,1 2,1 2,4 2,5 2,5 2,4 2,3 0,2% Angola 1,3 2,0 2,0 2,1 2,1 2,0 2,0 -0,1% México 3,8 2,9 2,3 1,7 1,4 1,6 1,8 -2,0% Índia 0,8 1 1 1 1,1 1,2 1,2 1,0% Líbia 1,7 1,8 0,8 0,7 0,7 0,8 0,8 -3,0% Arábia Saudita Fonte: U.S. Information Administration Elaboração: Germany Trade & Invest Navio Celso Furtado. Foto: Agência Petrobras Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 21 Expansão e metas da indústria brasileira de petróleo Oliver Döhne, Germany Trade & Invest Plano Estratégico Petrobras 2011-2015 No plano atual de cinco anos até 2015, a Petrobras planeja, em comparação com o plano anterior, aumentar o orçamento para exploração e produção. Nesta área, deve fluir mais da metade do investimento total de US$ 224,7 bilhões. Para transporte, processamento e comercialização irá também uma grande parte do capital fresco de aproximadamente US$ 71 bilhões. Investimentos planejados até 2015 – US$ 224,7 bilhões Dos gastos planejados para exploração e produção, 95% serão realizados no Brasil, o que demonstra a importância do Brasil no cenário futuro da extração de petróleo global, principalmente no que diz respeito às novas reservas. Aproximadamente dois terços do orçamento previsto para exploração e produção irão para a produção, o resto, dividido em partes iguais, para infraestrutura e produção. Segundo dados da Petrobras, a maior parte dos investimentos está planejada para serviços, isto quer dizer, a construção de instalações, plataformas, etc., é transferida muitas vezes para os prestadores de serviços especializados, os chamados EPCs (Engineering, Procurement, Construction) O valor total de investimentos, em comparação com o Plano de Negócios 2010-2014, ficou mais ou menos igual. Investimentos em E&P no Brasil (em %) – US$ 117,7 bilhões Fonte: Business Plan da Petrobras para o período 2011-2015 Fonte: Business Plan da Petrobras para o período 2011-2015 22 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil No Plano Estratégico até 2015, o pré-sal ainda se encontra na fase piloto. Por isso, no período entre 2011 e 2015, os investimentos fluem ainda mais para poços convencionais do que para os campos de pré-sal. Mesmo assim, a Petrobras aumentou em quase US$ 20 bilhões o investimento E&P (exploração e produção) para o pré-sal em relação ao plano de cinco anos anterior, chegando a US$ 53,4 bilhões. Para os anos seguintes, deve-se contar com uma parte bem maior do pré-sal nos investimentos totais. Segundo a Petrobras, a parte do pré-sal na produção de petróleo crescerá de 2% no ano de 2011, indo para 18% até 2015 e para 40,5% até 2020. Especialistas acreditam que, a longo prazo, o pré-sal represente até 70% da produção de petróleo brasileira. Pontos importantes da estratégia de expansão da Petrobras são de um lado uma maior produção de petróleo e a agregação de valor ao produto local, de outro também um aumento da exportação. Atualmente, aritmeticamente falando o Brasil é autossuficiente, entretanto, na prática ainda são importadas grandes quantidades de, por exemplo, nafta e óleo pesado. Uma extrema relação de desproporção existe entre a importação e a exportação, principalmente na indústria química, onde o Brasil importa grandes quantidades de adubo e outros produtos químicos. Por isso, meta declarada é substituir o mais rápido possível a importação através de produção própria e, ao mesmo tempo, acelerar a exportação, e não só de óleo em bruto como também cada vez mais derivados processados de alta qualidade. Até 2020, o Brasil quer ter mais que quadruplicado sua exportação de petróleo e triplicado a exportação de produtos derivados de petróleo. Projetos 2012-2015 Início da operação Projeto Capacidade (bpd) Módulo 3 de Roncador P-55 Tiro/Sidon FPSO Cidade de Itajaí Guará Pilot 2 FPSO Cidade de São Paulo Baleia Azul FPSO Cidade de Anchieta 4 Testes de longo prazo no Pré-Sal 180.000 80.000 120.000 2013 Módulo 4 de Roncador FPSO P-62 Papa-Terra P-61 e FPSO P-63 Aruanã FPSO Parque das Baleias FPSO P-58 Lula NE FPSO Cidade de Paraty 3 Testes de longo prazo no Pré-Sal 180.000 150.000 100.000 180.000 120.000 – 2014 Baleia Azul Pós-Sal FPSO Siri Jaqueta FPSO Guará (Norte) FPSO Cernambi Sul FPSO 60.000 50.000 150.000 150.000 2015 Maromba ESP/Marimbá Franco 1 FPSO P-67 Replicante 2 BMS-9 ou 11 FPSO P-66 Replicante 1 BMS-9 ou 11 5 Testes de longo prazo no Pré-Sal 100.000 40.000 150.000 150.000 150.000 – 2012 Pós-sal 100.000 – Pré-Sal Fonte: Petrobras No caminho para se tornar um exportador relevante de petróleo (Exportação planejada em 1.000 bpd) Fonte: Petrobras Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 23 Expansão da infraestrutura de processamento Para realizar o plano de se tornar auto-suficiente no campo dos derivados de petróleo e pré-produtos petroquímicos, o Brasil precisa de mais capacidade na indústria de processamento de petróleo. Meta do Plano Estratégico 2020 é aumentar a capacidade de refino em 395.000 bpd até 2015 e mais 1.065.000 bpd até 2020. Para tal, por um lado deverão ser modernizadas as refinarias existentes, e por outro deverão ser desenvolvidos novos Projetos Greenfield com ligação logística com os novos centros de exploração e produção para garantir o processamento do petróleo não exportado ou usado de outra forma, e possibilitar a comercialização e exportação de derivados de petróleo processados. Dos US$ 70,6 bilhões que estão sendo investidos entre 2011 e 2015 em refinarias, transporte e comercialização, mais de 50% são para a expansão das quatro novas refinarias do Comperj no Rio de Janeiro, Abreu e Lima em Suape, Premium I no Maranhão e Premium II no Ceará. US$ 3,8 bilhões estão previstos para a expansão dos parques petroquímicos em Suape e no Rio de Janeiro. Com o foco no nordeste deve-se igualar seu desenvolvimento ao restante do país e incentivar seu crescimento industrial. Produção, downstream e demanda de mercado até 2010 (em bpd) Fonte: Petrobras 24 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Comperj e Abreu e Lima Foto: Agência Petrobras A refinaria no complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) já está parcialmente pronta. A Petrobras aumentou durante o planejamento a capacidade do Comperj adicionalmente aos 165.000 bpd de óleo pesado em mais um módulo do mesmo tamanho, que deve entrar em funcionamento alguns anos após a primeira fase. O Comperj abrangerá ao lado da refinaria, instalações para a produção de produtos petroquímicos de primeira geração como por exemplo, propileno, butadieno, benzeno, e também expandirá a capacidade de produção de etileno para aproximadamente 1,3 milhões de toneladas por ano. Além disso, surgirá um complexo para a produção de produtos petroquímicos de segunda geração, como etilenoglicol, polietileno e polipropileno. Parte do Comperj é também uma instalação central de produção para água, vapor e energia. Meta estratégica é também assentar produtores de terceira geração, que transformam produtos químicos em bens de consumo, ao longo das autoestradas do Rio de Janeiro, do arco metropolitano que ligará o Comperj com o porto de Itaguaí. No começo de 2012, o Comperj estava parcialmente pronto. Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 25 Muito espaço para crescer – o Complexo Industrial Portuário Suape. Foto: Divulgação / Suape Abreu e Lima foi construída originalmente como cooperação com a empresa petrolífera estatal venezuelana PdVSA. Atualmente, supõe-se que a Petrobras assumirá o projeto sozinha. Os investimentos na refinaria estão em torno de US$ 13,3 bilhões, e o vizinho Complexo Portuário e Industrial de Suape deve receber outros US$ 2,75 bilhões. A refinaria incluída no complexo industrial portuário de Suape deve entrar em funcionamento ainda em 2012 e chegará a produzir até 230.000 bpd em petróleo processado. O complexo petroquímico deve produzir por ano 700.000 t PTA (ácido tereftálico), 240.000 t POY (fios de poliéster), assim como 450.000 t de PET. Refinaria Abreu e Lima em fase de construção. Foto: Suape Global / Divulgação Segundo a opinião de especialistas, Suape terá um importante papel no aumento do valor agregado interno, já que aqui se desenvolve um cluster industrial com boas condições de localização, administração moderna, o mais eficiente porto do setor privado, boa oferta de energia e crescente urbanização. Suape também se destaca na formação de profissionais e na inovação. Dentro do programa Suape Global são coordenadas e incentivadas medidas concretas nos campos de desenvolvimento de pessoal, industrial, de infraestrutura e meio ambiente, tecnologia e inovação, assim como desenvolvimento de negócios e comunicação. A Petrobras Suape procura para a expansão da refinaria especialmente empresas alemãs da indústria de processamento de metal (vide capítulo “Demanda concreta”). No começo de 2012, Abreu e Lima encontrava-se em fase de implantação avançada. 26 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Premium I e II Complexo Petroquímico Suape. Foto: Suape Global Outras duas grandes refinarias encontram-se em fase de planejamento: Premium I no Estado do Maranhão e Premium II no Estado do Ceará. Ambas as instalações estão sendo planejadas para 300.000 bpd na fase inicial. Premium I deve entrar em funcionamento em 2016 e Premium II a partir de 2017. Premium I deve produzir em uma fase posterior outros 300.000 bpd. Premium I encontra-se atualmente na fase de obras de terraplenagem, para Premium II foi dada a licença prévia. Ambas as refinarias devem produzir derivados Premium de especificação internacional. Capacidade meta por unidade das refinarias Premium Unidade Destilação Coque HCC Esferas de GLP da unidade de tratamento de Gás de Monteiro Lobato, UTGCA. Foto: Rogério Reis / Banco de Imagens Petrobras Capacidade nominal (bpd) 300.000 78.000 114.000 HDT-Diesel 78.000 HDT-querosene/nafta 54.000 Fonte: Petrobras Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 27 Navio petroleiro P 74. Foto: Agência Petrobras Manutenção e peças de reposição Ao lado dos investimentos em equipamentos novos, que perfarão no período entre 2011 e 2015 anualmente em torno de US$ 20 a 25 bilhões, um campo de ação não tão visível aparece, mas muito lucrativo, na manutenção, no serviço e com peças de reposição. Segundo Ernani Turazzi, gerente de Desenvolvimento do Mercado Fornecedor da Petrobras, os gastos com manutenção estão em torno de US$ 50 bilhões por ano, o que é mais do que o dobro dos novos investimentos. E os gastos com manutenção e a compra de equipamentos de reposição continuarão aumentando claramente por causa do grande número de novas plataformas no futuro. 28 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Com o aumento da frota, aumenta também a necessidade de equipamento de reposição e manutenção, por ano em torno de US$ 50 bilhões, na foto: o P45 a caminho do Campo de Marlim (julho de 2011). Foto: Agência Petrobras Conteúdo Local O Brasil não quer só expandir a exploração de petróleo e a área downstream, mas expressamente também a cadeia de fornecimento nacional. Primeiramente, os fornecedores brasileiros eram favorecidos quando tinham a mesma qualificação, agora dependendo do projeto, local e produto valem cotas mínimas fixadas numericamente do valor agregado nacional. Onde a oferta de produtos da indústria local ainda apresenta brechas, o conteúdo local é proporcionalmente mais baixo, mas aumentará sem dúvida gradualmente em todas as áreas por causa de uma linha forçada do governo. No momento valem, segundo especialistas do ramo, por exemplo, diferentes conteúdos locais para onshore (até 84%), águas rasas (57% a 67%) e águas profundas (35% a 57%). O aumento das regras de conteúdo local não significa de modo algum que a Petrobras não esteja interessada em know-how internacional. Pelo contrário. “Nós recebemos de braços abertos empresas internacionais com tecnologia inovadora”, diz Ernani Turazzi, gerente de Desenvolvimento do Mercado Fornecedor da Petrobras. “O pré-sal é um projeto gigante. O Brasil mal pode dar conta dele sozinho“, diz Adilson Oliveira, professor de Economia e especialista em petróleo da renomada Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Então, empresas fornecedoras internacionais têm que se adaptar a produção local, pesando a atratividade do mercado contra possíveis custos de produção maiores quando comparados internacionalmente. O que também tem que ser levado em conta é a massa crítica, ou seja, a quantidade de demanda mínima, a partir de quanto vale à pena implementar uma produção. Levando em consideração o custo elevado da localização e do atual câmbio, a demanda tem que vir completamente do mercado brasileiro, já que a exportação do Brasil, em termos de custo, frequentemente não é competitiva. Mesmo assim, Adilson Oliveira é da opinião que a demanda no Brasil para a maioria dos produtos aumentará de forma tão forte que vale a pena uma produção, mesmo sem exportação. Além disso, o governo ajuda através de vantagens de assentamento, vantagens fiscais como o programa Repetro (descontos fiscais como se fosse exportação também quando se trata de lucro local) e também o BNDES põe a disposição linhas de financiamento para empresas com forma jurídica brasileira e com conteúdo local. Além do mais, segundo Oliveira, existe a proteção que uma empresa localizada no Brasil goza em comparação a concorrentes internacionais por causa da alfândega e do conteúdo local. Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 29 Em sua primeira entrevista coletiva no novo cargo, a nova presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, destacou no 13.2.2012 a estratégia da companhia em relação à política de conteudo local. Foto: Agência Petrobras A nova presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, reforçou várias vezes publicamente que a Petrobras leva a sério o conteúdo local e tornou o tema assunto prioritário, levando o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) a responder diretamente a ela. Além disso, a Petrobras começou a introduzir, além das regras da ANP, alguns limites mínimos de conteúdo local para todos os projetos de extração de petróleo. Os fornecedores ficam sabendo a quantidade exata do conteúdo local, na maioria das vezes, através das licitações dos EPCs. Em caso de não cumprimento do conteúdo local, os operadores dos campos de óleo têm que pagar multas, no caso geralmente a Petrobras. Mesmo quando uma multa assim tem efeito prejudicial para a imagem da Petrobras, dar a preferência para produtores locais tem seus limites. Segundo conhecedores do ramo, pode fazer mais sentido para a Petrobras importar e pagar multa do que aceitar um preço muito mais alto de um produtor local. Exigências de conteúdo local normalmente não têm que ser preenchidas de imediato, mas são negociadas bilateralmente. Frequentemente, chega-se a um acordo de aumento gradual durante alguns anos. “Nós desejamos que as empresas estrangeiras não apenas produzam aqui, mas que desenvolvam tecnologia juntamente conosco”, diz Ernani Turazzi do Departamento de Materiais da Petrobras. A Petrobras já tem este tipo de parceria com inúmeras empresas multinacionais. O centro desta cooperação é o instituto de pesquisa Cenpes na Ilha do Fundão no Rio de Janeiro, onde empresas de renome internacional como GE, Schlumberger e Halliburton juntaram-se a Petrobras. Que inovar juntamente com a Petrobras pode ser uma solução lucrativa do problema do alto custo de produção no Brasil, mostra o exemplo de um fabricante alemão de bombas que juntamente com a Petrobras desenvolveu um produto que ele hoje vende com sucesso no mercado mundial e até na República da China. Conteúdo local em porcentagem (valor alvo médio) Fonte: Petrobras 30 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil A construção naval e os desafios atuais Ariovaldo Rocha, Presidente do SINAVAL (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore) No cenário mundial, a Coreia e a China avançavam na liderança mundial da construção naval, ultrapassando a Europa e o Japão. A construção naval brasileira tem o desafio de construir os navios petroleiros e as estruturas flutuantes de perfuração e produção de petróleo. São equipamentos essencial para aumentar a produção brasileira dos atuais 2 milhões de barris/ dia para 4 milhões de barris/dia, em 2015, e 6 milhões de barris/dia, em 2020. A demanda, até 2020, é estimada em 50 plataformas de produção, 50 sondas de perfuração, 500 embarcações offshore e 130 petroleiros. Para realizar esta tarefa, o setor conta atualmente com 52 estaleiros, sendo 11 em construção. São 59 mil trabalhadores ocupados na construção de 6,2 milhões de TPB (tonelagem de porte bruto, que mede a capacidade de carga de um navio), cerca de 300 navios, 18 plataformas offshore. O plano de negócios da Petrobras para o período 2011-2015 estima investimentos de US$ 127,5 bilhões em exploração e produção. Já são oito anos quando foi entregue, em 2003, a ministros do então Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, o estudo do SINAVAL propondo a retomada da indústria da construção naval brasileira. Mostramos os fatos evidentes. O documento alertava para a situação do Brasil, país com uma costa marítima de oito mil quilômetros e mais de 90% do comércio internacional realizado por via marítima, que havia parado de construir navios de grande porte, há mais de 15 anos. Em 2003, como agora, era inexpressiva a participação da bandeira nacional no transporte marítimo internacional. A navegação entre os portos brasileiros havia se reduzido. Uma frota de navios ultrapassando a idade madura exigia renovação. 32 No segmento offshore, a Petrobras reconhecia a falta de uma capacidade local para construção de navios e plataformas de produção e perfuração. Foi quando ocorreu a decisão de recuperar a indústria da construção naval brasileira, aproveitando as encomendas que seriam geradas, principalmente pela Petrobras e pela Transpetro. A atual Presidenta da República, Dilma Rousseff, era a Ministra de Minas e Energia. Os estaleiros propunham executar uma retomada da indústria naval em três movimentos: a retomada com a construção de navios de apoio marítimo e petroleiros; a consolidação com a expansão e renovação tecnológica dos estaleiros; e a programação de encomendas de dez anos, incluindo a construção local de plataformas de petróleo. Essas fases foram alcançadas. A situação atual é de aumento do emprego direto gerado nos estaleiros, que cresceu de dois mil trabalhadores, em 2000, para 59 mil, ao final de 2011. O volume de obras representa a construção de 6,2 milhões de TPB em cerca de 300 empreendimentos, uma participação de 4% no volume total de navios em construção no mundo. O Brasil está visível nas estatísticas internacionais. Esses fatos positivos são o resultado da política industrial definida pela Presidenta Dilma, em diversas oportunidades, porque a indústria naval depende de políticas públicas e de decisões de política industrial, fiscal e financeira. A construção naval superou, nos últimos dez anos, importantes desafios. Recuperou estaleiros, tornou-se importante construtor de navios de apoio marítimo offshore, construiu petroleiros, navios porta-contêineres, graneleiros, plataformas de petróleo e, agora, se prepara para iniciar a construção de navios-sonda para perfuração no subsolo marinho, em águas profundas. Os desafios conquistados foram relevantes. A formação e a qualificação dos recursos humanos foram realizadas com apoio de diversas instituições, como o SENAI e o Programa Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Plataforma semi-submersível P-51 operando no campo de Marlim Sul na Bacia de Campos. Foto: Geraldo Falcão / Banco de Imagens Petrobras de Mobilização da Indústria Nacional do Petróleo e Gás (Prominp), do Ministério de Minas e Energia. Os estaleiros instalaram áreas de treinamento para formar soldadores e outros técnicos. Nas diversas regiões brasileiras, governos municipais e estaduais participaram no esforço de formação de pessoal. Esse esforço vai continuar porque a construção naval prevê a contratação de mais 25 mil pessoas nos próximos três anos, além de manter o atual quadro de operários e técnicos. Será necessário agregar tecnologia de diversas áreas do conhecimento para aumentar o conteúdo local nos fornecimentos de equipamentos e sistemas para construção de navios e plataformas. Construir parcerias com fornecedores internacionais para construção local desses sistemas é uma das expectativas da indústria. Para alcançar essas metas na área de conteúdo local, o SINAVAL obteve do Governo a desoneração fiscal nos fornecimentos à construção naval. O Decreto nº 6.704, de 19/12/2008, concede desoneração do IPI para o fornecimento de materiais para a construção naval, e a Lei nº 11.774, de 17/09/2008, trata da redução a zero das alíquotas de PIS/PASEP e COFINS sobre equipamentos destinados à construção naval. O SINAVAL assinou convênios de cooperação técnica com a Espanha, a Argentina e a República da Coréia e pretende assinar outros com países interessados em participar, em conjunto com as empresas locais, desse mercado. O sistema de financiamento para a construção de navios e a implantação de estaleiros, através do Fundo da Marinha Mercante, gerido pelo Ministério dos Transportes, existe há mais de 50 anos. Tem como agentes financeiros o BNDES, o Banco do Brasil , a Caixa, o BASA e o BNB; bancos federais com controle acionário do Governo. A construção naval brasileira, como principal fornecedora de ativos para a exploração de petróleo offshore, é parte integrante de uma política do Governo Federal, que visa criar um novo segmento empregador. Este esforço é essencial para aumentar a produtividade e competitividade, e criar a sustentabilidade do setor. O mercado interno e externo são os objetivos neste movimento. A frota de navios, com bandeira brasileira operando no transporte marítimo ao longo da costa, deve aumentar e ser modernizada. Uma competitiva indústria de reparos navais precisa ser implantada para atender à demanda, já que a frota de navios de apoio marítimo e petroleiros aumentará. As descobertas de petróleo em águas ultraprofundas exigirão a construção de navios especializados na construção Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 33 Evolução da construção naval no Brasil submarina nos campos de produção. Estão em licitação navios de suporte a operações submarinas e para o assentamento de dutos. A esse esforço estão sendo incorporados os grandes bancos governamentais e privados. Os fundos de pensão estão participando do capital da empresa SETE Brasil, que será a grande gestora de ativos de perfuração e produção de petróleo. Caberá a SETE Brasil contratar nos estaleiros locais 33 navios-sonda, que serão afretados à Petrobras pelos próximos 15 a 20 anos. É um projeto do Governo e da sociedade brasileira. A visão é ocupar uma posição no segmento da indústria naval mundial, compatível com as dimensões econômicas que o país atingiu, dando respostas às aspirações de emprego e avanço social através do trabalho para a população. Recursos críticos 2013 2015 2020 Navios de perfuração para profundidade marítima superior a 2.000 m 39 37 65 Navios de abastecimento e especiais 423 479 568 Plataformas de produção (SS e FPSO) 54 61 94 Outros navios (Jacket e TLWP) 80 81 83 Fonte: Petrobras O SINAVAL defende este projeto que representa uma ação concreta em favor do desenvolvimento social e econômico do País. 34 Plano de aquisição (cumulativo) Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Desafio conteúdo local Otavio Carneiro, Alexandre Calmon (Sócios de Veirano Advogados) No âmbito da indústria do petróleo no Brasil, poucos temas hoje merecem tanta atenção quanto o “conteúdo nacional”. A crescente relevância do tema é um reflexo da mudança na forma de fiscalização do cumprimento das obrigações assumidas pelas empresas de exploração e produção de petróleo e gás perante o Governo Brasileiro e da crescente cobrança quanto ao efetivo desenvolvimento de uma cadeia de fornecedores locais. O desenvolvimento de uma indústria local sempre esteve entre as preocupações institucionais da Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras, embora tenha se tornado política de governo efetivamente em 1997 quando foi inserido como um dos vetores de ganho resultantes da abertura pelo Governo Brasileiro das atividades de exploração e produção de petróleo a outras empresas nacionais e empresas estrangeiras. Com o advento da emenda constitucional no. 9 em 1995 que promoveu a flexibilização do monopólio estatal e a promulgação da Lei do Petróleo em 1997, foi criada a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis – ANP, autarquia federal constituída para regular o setor de petróleo e gás no Brasil, a quem coube definir a estratégia e a política de desenvolvimento econômico e tecnológico da indústria local, bem como da sua cadeia de suprimento, missão para a qual foram dados à agência instrumentos para induzir o incremento dos índices mínimos de conteúdo local de bens e serviços, a serem observados em licitações e contratos de concessão. Assim, a ANP procurou desde as primeiras rodadas de licitações para a outorga de contratos de concessão às empresas interessadas em desenvolver atividades de exploração de petróleo e gás no Brasil, valorizar a oferta de conteúdo local durante as fases de exploração e desenvolvimentos das áreas colocadas em leilão. Com o passar do tempo a ANP passou a exigir compromissos firmes de conteúdo local os quais, inclusive, passaram a ser decisivos na definição dos vencedores das rodadas de licitação patrocinadas pelo Governo Brasileiro. De modo geral, a natureza dos compromissos assumidos pelas empresas vencedoras dos leilões promovidos pela ANP refletidos nos contratos de concessão celebrados com o Governo Brasileiro sofreram algumas alterações ao longo do tempo, mas o que foi, sim, substancialmente modificado foi a forma como a agência passou a fiscalizar o cumprimento de tais compromissos, especialmente aqueles referentes aos percentuais mínimos de investimentos através da utilização de bens e serviços obtidos junto à cadeia produtiva local. Nos que toca aos compromissos assumidos pelos concessionários nos termos dos contratos de concessões, os concessionários são obrigados em suas aquisições direcionadas ao cumprimento do objeto da concessão, garantir a fornecedores brasileiros, condições amplas e equânimes de concorrência com as demais empresas convidadas a apresentar propostas de venda de bens ou de prestação de serviços, dando preferência aos fornecedores locais em caso de igualdade de condições nas respectivas propostas comerciais. Ademais, os concessionários devem também comprovar o cumprimento dos percentuais mínimos de investimentos oferecidos durante as fases de exploração e desenvolvimento na aquisição de bens e serviços locais. Atualmente, existe, inclusive, a obrigação de realização de investimentos mínimos em serviços e bens específicos para cada uma das fases acima referidas expressamente previstos nos termos dos contratos de concessão. O não cumprimento dos percentuais mínimos de investimentos oferecidos durante as fases de exploração e desenvolvimento na aquisição de bens e serviços locais ensejam o pagamento de multa pelo concessionário à ANP que pode variar até o valor total do investimento necessário a compensar a diferença entre o percentual de conteúdo local efetivamente alcançado pelo concessionário e o percentual de conteúdo local originalmente assumido pelo concessionário no respectivo contrato de concessão. Ocorre que até Sétima Rodada de Licitações da ANP o sistema de comprovação de cumprimento dos percentuais mínimos de conteúdo local continha graves imperfeições o que fez com que a ANP passasse então a adotar um sistema de certificação para melhor auferir tal cumprimento. Assim, foi editada a regulamentação do sistema de certificação de Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 35 conteúdo local que compreende um conjunto de quatro resoluções editadas pela ANP: (i) Resolução ANP nº 36 – Regulamento de Certificação de Conteúdo Local; (ii) Resolução ANP nº 37 – Regulamento de Credenciamento de Entidade para Certificação de Conteúdo Local; (iii) Resolução ANP nº 38 – Regulamento de Auditorias de Certificadoras;e (iv) Resolução ANP nº 39 – Regulamento do Relatório de Investimentos Locais. A implementação da Regulamentação iniciou-se com a vigência imediata das Resoluções ANP nº 37 e nº 39, editadas de setembro de 2007. Já as Resoluções ANP nº 36 e 38, entraram em vigor em setembro de 2008. Logo os contatos de concessão posteriores a sexta Rodada de Licitações da ANP passaram a estabelecer que os compromissos dos concessionários quanto à aquisição local de bens e serviços seja comprovado junto à ANP pela apresentação de certificados de conteúdo local, devendo os concessionários solicitar aos seus fornecedores de bens e serviços as devidas certificações de seus produtos, sem prejuízo a os fornecedores possam, por sua livre iniciativa, buscar antecipadamente a certificação de seus produtos. As atividades de certificação deverão ser executadas por entidades devidamente qualificadas e credenciadas pela ANP, com base em critérios previamente definidos pela própria agência, devendo a ANP implantar um sistema de certificação do conteúdo local e realizar auditoria periódica nas entidades credenciadas. Com o advento do novo regramento para a certificação de conteúdo local toda a cadeia de fornecedores da indústria Brasileira de bens e serviços que atendem ou pretendem atender empresas de exploração e produção de petróleo e gás, inclusive e especialmente a Petrobras, passaram a ter que se ajustar a necessidade de certificar seus produtos e serviços junto às certificadoras locais, comprovando os respectivos percentuais indicativos da origem local dos componentes e mão de obra utilizados na produção de um bem ou na prestação de um serviço. Ao mesmo tempo a ANP passou a ser ainda mais rigorosa com as empresas de exploração e produção de petróleo quanto ao cumprimento de seus compromissos contratuais de conteúdo local, o que fez com que a capacidade dos fornecedores em cada etapa da cadeia produtiva de certificar seus produtos e serviços, bem como o índice de conteúdo local capaz de ser alcançado por cada um, tenha passado a se tornar um grande diferencial competitivo. Não é diferente para aqueles serviços e produtos originalmente 100% estrangeiros. O movimento acima descrito 36 passou a fazer também com que empresas estrangeiras interessadas em aproveitar as oportunidades crescentes no mercado Brasileiro, buscassem, muitas vezes até por solicitação de clientes com atuação no País, alternativas e estruturas capazes de agregar conteúdo local a seus produtos e serviços. Não é difícil constatar que tal busca tem crescido exponencialmente, em muito impulsionada pela conjuntura econômica mundial desfavorável aliada às inúmeras oportunidades que hoje se descortinam, especialmente o Plano de Investimento 2011-2015 da Petrobras que prevê investimentos da ordem de U$ 127,5 Bilhões apenas para o segmento de exploração e produção de petróleo e gás da companhia no Brasil. Os índices de conteúdo local exigidos pelos clientes hoje no Brasil variam muito em razão do tipo de serviço e produto e a possibilidade de os encontrarem em alguma medida localmente, mas genericamente falando temos visto exigências de percentuais mínimos em torno de 65%, o que denota o tamanho do desafio que se impõe a fornecedores estrangeiros interessados em acessar o mercado Brasileiro. Alternativas para superar tal desafio existem e variam caso a caso de acordo com os requisitos exigidos pelo(s) potencial(is) cliente(s) e o tipo de produto e/ou serviço que se interessa fornecer, e perpassam usualmente a possibilidade de se produzir localmente, seja através de parcerias de investimento com fornecedores locais, a implantação de fábricas ou linhas de montagem próprias no País, ou mesmo a celebração de arranjos de industrialização por encomenda com fabricantes locais, por exemplo. Por fim, cabe ressaltar que embora tratemos no presente texto das regras aplicáveis ao fornecimento de bens e produtos para a indústria do petróleo e gás, a dinâmica ora descrita não difere muito daquela aplicável à indústria da construção naval, outro segmento onde existem um sem número de oportunidades no Brasil. Para maior comodidade e informações sobre o tema “conteúdo local", listamos, abaixo, o endereço eletrônico de alguns sítios institucionais na Internet que de abordam o tema: (i) ANP: http://www.anp.gov.br/?id=554 (ii) ONIP: http://novosite.onip.org.br/wpcontent/ uploads/2012/01/livro_conteudo_local_onip-1.pdf (iii) BNDES - Finame: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/ bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Produtos/ FINAME_Maquinas_e_Equipamentos/ Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil A demanda concreta Oliver Döhne, Germany Trade & Invest O Brasil tem muito pela frente com o pré-sal. Não só a dimensão da exploração, extração e processamento dos novos poços offshore em mar profundo é impressionante, mas também a construção de infraestrutura correspondente e, especialmente, as exigências de capacidade e inovação esperadas dos fornecedores locais são consideráveis. Especialistas de mercado estão de acordo que por causa da alta quantidade da demanda e da enorme necessidade de tecnologias novas há muito lugar para novas empresas. Foto: MAN Para iniciantes, a indústria brasileira de petróleo e gás é essencialmente interessante onde existe um dos seguintes fatores: • • • • nenhuma produção interna gargalo da produção local alta concentração de mercado alta necessidade de inovação Produtos críticos A. Nenhuma produção interna Vários produtos ainda não são produzidos no Brasil, por se tratarem de produtos muito especializados com poucas possibilidades de uso, altos custos irrecuperáveis de equipamento e aparelhos de testes caros. Frequentemente, tais produtos só são produzidos em um local para todo o mercado mun- dial para que a economia de escala necessária seja alcançada. Outra razão para a falta de produtores locais é o alto custo de produção (“o famoso custo Brasil”) se comparado internacionalmente. Segundo a Organização Nacional da Indústria de Petróleo (Onip), ainda não há nenhum produtor no Brasil para aproximadamente 40% do equipamento necessitado pela Petrobras. Apesar do governo brasileiro ter declarado como meta suprir todas estas faltas, a Petrobras ainda terá que continuar importando estes produtos até uma estrutura competitiva de fornecimento local ter sido construída. Mas isso significa, ao mesmo tempo, que aqueles produtores que Refinaria Duque de Caxias, REDUC. Foto: Geraldo Falcão / Banco de Imagens Petrobras Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 37 forem para o Brasil e realizarem valor agregado local, terão o mercado praticamente para si, já que estarão protegidos de produtos produzidos no exterior através do conteúdo local e da alfândega. Um estudo competitivo da renomada Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) feito dentro do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) transmite uma ideia da situação da indústria de fornecimento brasileira, e onde existe falta. Segundo este estudo existem inúmeras lacunas na oferta de produtos dos fabricantes brasileiros (vide tabela). Categorias de produtos sem fornecimento nacional Setores Categorias de produtos Siderurgia Aço duplex e aços super-duplex Tubos Tubos com Cr-Mo-V, tubos sem costura com diâmetro maior que 14 polegadas Caldeiraria Equipamentos fabricados com aços especiais (duplex, super-duplex, Cr-Mo e Cr-Mo-V) Subsea - Equipamentos Válvulas esferas submarinas Bombas Bombas multifásicas, bombas verticais submersíveis, bombas API 610 de grande capacidade Compressores Compressores centrífugos, compressores rotativos parafuso Motores a combustão Motores a gás, motores a diesel com potência acima de 470 HP Turbinas a gás e vapor Turbinas a gás Guindastes Guindastes offshore Válvulas Válvulas forjadas com grandes diâmetros Automação DCS (Distributed Control System) Fonte: Estudo de Competividade e da capacidade da indústria brasileira de bens e serviços do setor de petróleo e gás, Prominp/UFRJ Foto: Agência Petrobras 38 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil B. Gargalos da indústria local A expansão abrangente da rede de fornecimento e da infraestrutura acarreta uma demanda muito grande que os fornecedores frequentemente não podem atender imediatamente. No plano estratégico de 2020, a Petrobras lista a necessidade prevista em equipamentos com que conta ter problemas na aquisição. Demanda em equipamento crítico Grupo de produto Alumínio especial para Tubing e Casing Unidade 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Total t 2.396 4.372 5.195 7.829 8.158 13.427 41.377 Turbo gerador un. 12 32 28 12 8 12 104 Cabos de poliéster Mooring km 90 182 249 319 113 170 1.123 Dutos de fibra de vidro km 630 425 228 128 – – 1.411 Cabos eletrônicos para CSP km 3.053 5.860 5.626 5.406 4.981 – 24.926 Geradores a vapor un. 129 73 2 23 38 30 295 Geradores HCC un. – 30 5 – – 4 39 Boiler de alumínio especial, reatores, torres, caldeira de pressão un. 10 72 62 8 – 4 156 Aquecedor (Alumínio especial) un. 51 58 46 49 – – 204 Forno reformador un. 1 9 9 – – – 19 Bombas un. 1.411 1.709 2.896 979 144 96 7.235 Compressores un. 79 265 50 34 23 40 491 Guindastes un. 26 23 19 24 8 4 104 Aço estrutural (casco de navio) t 470.700 152.350 85.500 60.450 37.500 – 806.500 Aço estrutural (corpo da plataforma) t 48.000 28.000 84.000 188.000 200.000 84.000 632.000 Aço estrutural (casco de navio de perfuração) t 70.000 70.000 60.000 60.000 60.000 60.000 380.000 Flares un. 9 15 29 13 6 4 76 Geradores de energia (13,8 kV) un. 39 35 46 31 6 – 157 Geradores de energia (0,48 kV) un. 142 119 119 87 66 – 533 Tanques un. 153 598 201 68 26 39 1.085 Torre de processamento un. 48 208 118 17 – 5 396 Reatores un. 30 186 28 – – 4 248 Árvore de Natal Molhada (ANM) un. 167 207 192 175 191 211 1.143 Cabeças de poço offshore un. 239 322 286 269 272 288 1.676 Árvore de Natal Seca (ANS) un. 472 416 461 550 305 340 2.544 Cabeças de poço onshore un. 558 506 556 650 383 389 3.042 Manifolds un. 13 8 9 12 27 31 100 Cordão umbilical km 275 339 666 581 1.040 1.246 4.148 Tubos (onshore) t 28.681 28.681 28.681 28.681 28.681 28.681 172.086 t Tubos (offshore) 9.965 9.965 9.965 9.965 9.965 9.965 59.790 Dutos flexíveis km 541 635 895 780 1.402 1.638 5.892 Tubos ascendentes km 196 164 277 264 543 666 2.110 Turbinas un. 191 253 306 82 12 16 860 Fonte: Plano Estratégico Petrobras 2020, Política de Aquisição e Abastecimento de Material Crítico Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 39 Um estudo do Prominp sobre a situação da competitividade da indústria de fornecimento local mostra onde exatamente existem faltas. Fica claro que o alto e repentino aumento da demanda exigiu demais de muitas empresas, seja no que diz respeito ao preço esperado pela Petrobras, as altas exigências qualitativas ou o tempo de entrega. O que exatamente é crítico (prazo de entrega, preço, qualidade)? Setor Chapas de aço carbono Chapas de aço especial Tubos de aço Siderurgia Tubos Flanges e conexões Caldeiraria Subsea - Equipamentos Subsea - Umbilicais e linhas flexíveis Bombas Compressores Motores de combustão (pequeno porte) Turbinas a gás e vapor Guinchos Guindastes (onshore) Válvulas Geradores e motores elétricos Subestação e transformadores Painéis de distribuição elétrica Instrumentação e medição Automação Telecomunicação Construção e montagem Serviços de engenharia Fonte: Prominp/UFRJ 40 prazo de entrega preço qualidade Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Produtos forjados Produtos fundidos Complexo Petroquímico de Suape. Foto: Suape Global O que exatamente é crítico (prazo de entrega, preço, qualidade)? Setor Cobre Óleo de refrigeração Motores elétricos Instrumentação Componentes eletrônicos Siderurgia Tubos Flanges e conexões Caldeiraria Subsea - Equipamentos Subsea - Umbilicais e linhas flexíveis Bombas Compressores Motores de combustão (pequeno porte) Turbinas a gás e vapor Guinchos Guindastes (onshore) Válvulas Geradores e motores elétricos Subestação e transformadores Painéis de distribuição elétrica Instrumentação e medição Automação Telecomunicação Construção e montagem Serviços de engenharia Fonte: Prominp/UFRJ prazo de entrega preço qualidade Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 41 Coluna de exploração, Laboratório de Elevação Artificial da Universidade Federal da Bahia. Foto: Agência Petrobras Existe uma necessidade especial na construção das quatro novas refinarias Greenfield. Para a refinaria Abreu e Lima em Suape, a Petrobras está procurando especialmente empresas de processamento de metal e esforçou-se junto ao Consulado-Geral da Alemanha em Recife repetidamente para conseguir explicitamente empresas alemãs. Segundo dados de Marco Petkovich, gerente de relações institucionais da Petrobras em Suape, será necessário especialistas principalmente nos seguintes campos: Necessidade de equipamento Refinaria/Complexo Petroquímico Suape a) Fabricantes de equipamentos e componentes: válvulas, compressores, bombas, motores, permutadores de calor e produtos similares b) Fabricantes de recipientes de metal, peças de construção, torres, tubos e sistemas de tubos, principalmente nas áreas de aço especial, elementos laminados e/ou aqueles de grande espessura c) Fabricantes de peças de fundição para a indústria de petróleo e para a construção naval d) Fabricantes de grandes e pequenas peças forjadas para a indústria de petróleo Fonte: Petrobras Suape Permutador, equipamento de fabricação nacional para a unidade de destilação atmosférica da Refinaria Abreu e Lima. Foto: Agência Petrobras A demanda de ambas as grandes refinarias Premium I e Premium II, que ainda estão na fase de planejamento, é conhecida mais exatamente. Ela deve ser coberta, segundo desejo do governo, por 90% de produção local. Por isso, empresas alemãs interessadas teriam que se esforçar com especial empenho em ganhar um conteúdo local, ou seja, uma parceria com um fabricante local. 42 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Necessidade de equipamento das Refinarias Premium Equipamentos Quantidades Principais características Caldeiras a Coque 4 Capacidade: 400 t/h de vapor (cada). Pressão max: 126 bar. Temperatura max: 536°C. Fornos 19 Calor absorvido: de 4 a 62Gcal/h. Materiais: 317, 347, 9Cr1Mo, A106 e P9. Reatores 23 Altura T-T: de 4 a 36 m. Diâmetro Interno: de 3 a 5m. Pesos: de 54 a 1.500 toneladas. Materiais: 2 1/4Cr-1Mo, 1 1/4Cr-1/2Mo e 2 1/4Cr-1Mo-V (com clad) Tambores de Coque 4 Altura total: 37m. Diâmetro Interno: 9m. Material: 1 1/4 Cr-1/2 Mo (com clad) Torres/Colunas 35 Altura T-T: de 9 a 64m. Diâmetro Interno: de 3 a 11m. Material: KCS (alguns com clad) Dessalgadoras 4 Altura T-T: 30,5m. Diâmetro Interno: 3,7m. Material: CS. Vasos 136 Dispositivos de abertura e fechamento de Tambor de Coque 8 Switch Valve 2 Altura T-T: de 5,4 a 11m. Diâmetro Interno: de 3,2 a 6,2m. Materiais: 2 1/4Cr-1Mo, KCS Válvulas de diâmetros de 36pol e 60pol Trocadores de Calor 275 Comprimento: Feixe: 2 a 9,8m. Diâmetro do Casco: 0,35 a 1,5m. Materiais: KCS, 2 1/4Cr-1Mo, 1Cr-1/2Mo (alguns com clad) Resfriadores 180 Comprimento: 5 a 12m. Materiais: KCS e Alloy 825 Turbogeradores 3 Fluido: Vapor. Potência: 77 MW Bombas Centrífugas 58 Acionamento: Motor Elétrico. Faixa de Potência: 52a 3.800 kW. Tipos: OH2, BB2, BB3 e BB5 Sistemas de Descoqueamento 2 Acionamento: Motor Elétrico. Potência das Bombas: 3.870 kW. Qtde de Ferramentas de Corte: 4 Compressores Parafusos 2 Acionamento: Motor Elétrico. Potências: 450 e 800 kW. Vazão: 3.458 e 6570 Nm³/h Compressores Alternativos 6 Acionamento: Motor Elétrico. Faixa de Potência: 1,1 MW a 17 MW. Faixa de Vazão: 21.700 a 210.000 Nm³/h Compressores Centrífugos 4 Acionamento: Motor Elétrico e Turbina. Faixa de Potência: 1,3 MW a 24 MW. Faixa de Vazão: 1.750 a 33.500 Nm³/h Compressores de Anel Líquido 3 Acionamento: Motor Elétrico. Potência: 200 kW. Faixa de Vazão: 8.900 Nm³/h Fonte: Plano Estratégico Petrobras 2020, Demandas de Bens e Serviços Refinarias Premium I e II Lista detalhada da demanda necessária de todos os projetos da Petrobras: Portal do Prominp www.prominp.com.br (Portal de Oportunidades) • Informação detalhada sobre a demanda exata dos novos projetos • Transparência sobre compradores da própria categoria de produtos • Mais de 5.000 firmas registradas • Acesso apenas através de empresas sediadas no Brasil Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 43 C. Alta concentração de mercado/Baixa intensidade de competição Segundo especialistas do ramo, chances para iniciantes existem também onde já existe uma produção local, sendo que esta está dividida entre poucas empresas e onde o governo quer aumentar a competitividade. Com a nova diretoria da Petrobras, aumentou a consciência do preço segundo especialistas do ramo. Critérios importantes são, do ponto de vista da Petrobras, ao lado da política de conteúdo local, os pontos claramente econômico-administrativos: quantidade, qualidade e preço. O estudo do Prominp mostrou que em muitos grupos de produtos uma alta concentração do mercado está frequentemente na mão de um só fornecedor local. Quanto menos competitividade, maiores são os preços. Além disso, pouca ou nenhuma competitividade paralisa os esforços de inovação. Tabelas Intensidade de Competitividade Setores Principais famílias Concentração de mercado Porte dos players Siderurgia Aços especiais Alta G Aço carbono Média G Com costura Alta G Sem costura Alta G Flanges Alta M, MG Conexões Alta M, MG Air coolers Alta MG, G Aquecedores Alta MG, G Filtros Alta MG, G Caldeiras Média G Fornos Média G Reatores Baixa G Tambores de coque Baixa MG, G Tanques Baixa MG, G Torres Baixa MG, G Trocadores de calor Baixa MG, G Vasos Baixa MG, G Subsea - Equipamentos Subsea - Equipamentos Alta G Subsea - Umbilicais e linhas flexíveis Subsea - Umbilicais Alta MG Subsea - Linhas flexíveis Alta MG Bombas centrífugas Alta G Bombas alternativas Alta M Bombas dosadoras Alta M Compressores centrífugos Alta M Compressores alternativos – – Compressores rotativos parafuso – – Motores a gás – – Alta M – – Tubos Flanges e conexões Caldeiraria Bombas Compressores Motores a combustão Motores a diesel (pequeno porte) Motores a diesel (grande porte) 44 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Setores Principais famílias Concentração de mercado Porte dos players Turbinas Turbinas a gás – – Turbinas a vapor Alta G Guinchos Guinchos Alta P, M Guindastes Guindastes offshore – – Guindastes onshore Alta P, M Válvulas esfera Baixa M, MG Válvula borboleta Baixa M, MG Válvulas retenção Baixa M, MG Válvulas diafragma Baixa M, MG Válvulas globo Baixa M, MG Válvula gaveta Baixa M, MG Motores elétricos - BT e MT Alta G Motores elétricos - AT Alta G Geradores Alta G Grupo geradores Alta M, MG Transformadores à secos Alta G Transformadores à óleo Média G Subestações Média MG Alta G Painéis de baixa tensão Média G Painéis de média tensão Média G Instrumentos de campo Média M, MG, G Medição fiscal Média M, MG, G SCADA Alta MG, G SDCD Alta MG, G Computador industrial Média MG, G PLC Média MG Alta G Antenas Média MG Cabos ópticos Média MG Fios elétricos Média MG Sistemas de energia Média MG Válvulas Geradores e motores elétricos Subestações e transformadores Painéis de distribuição elétrica Instrumentação e medição Automação Telecomunicação Painéis de alta tensão Centrais telefônicas Alta: 1-3 empresas, média: 4-6 empresas, baixa: mais de 6 empresas, G=grandes empresas, MG=média a grande, M=média, K=pequena Fonte: UFRJ, Prominp Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 45 Estaleiro Atlântico Sul. Foto: Suape Global D. Inovação e nova tecnologia A maior demanda em inovação existe em relação à diminuição de custos da extração do pré-sal, que até agora é muito cara. David Zylbersztajn, da agência reguladora ANP, confirma que a Petrobras já possui a tecnologia necessária para chegar aos novos poços, mas que agora tem que se esforçar muito para ganhar eficiência para produzir economicamente. Aqui a rede de fornecimento tem um papel decisivo. Entretanto, o estudo sobre competitividade da Prominp mostrou que também existe déficit de inovação na indústria local. Frequentemente, a inovação se restringe à compra de equipamentos novos. A pesquisa do Prominp mostrou que em parte existem gastos claramente abaixo da média para pesquisa e tecnologia. Para realizar os planos do pré-sal, o Brasil precisa, segundo opinião de Adilson Oliveira da Universidade Federal do Rio de Janeiro, parcerias com outros países como a Alemanha. “Principalmente as avançadas e inovadoras empresas alemãs encontram no pré-sal um campo interessante para novos desenvolvimentos, que então poderão mais tarde usar mundialmente”. Oliveira vê, entre outras, nas seguintes áreas, potencial de sucesso para a competência vindo da Alemanha: robótica, automatização, eletrônica e produtos químicos. Despesas com pesquisa e desenvolvimento de segmentos individuais (participação no volume de vendas) Setor Siderurgia 0,4% Tubos 0,8% Flanges e conexões 1,5% Caldeiraria 0,6% Subsea - Equipamentos 1,1 Bombas 0,9 Compressores 0,2 Motores a combustão (pequeno porte) 1,0 Turbinas a gás e vapor 0,2 Guinchos 2,8 Guindastes (onshore) 2,8 Válvulas 1,8 Geradores e motores elétricos 2,2 Subestação e transformadores 2,0 Painéis de distribuição elétrica 4,6 Instrumentação e medição 0,6 Automação 3,1 Telecomunicação 1,6 Construção e montagem 0,2 Fonte: Prominp/UFRJ 46 Despesas com P&D Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Segundo dados próprios, a Petrobras desenvolverá em cooperação com os fornecedores a mais moderna tecnologia “cutting edge“ para realizar a extração do pré-sal de forma econômica e competitiva. Uma importante tendência é transferir quantos processos de produção forem necessários das plataformas para o fundo do mar por razões de custo. O desenvolvimento de tais novos processos resulta em demanda de componentes adequados, que por exemplo funcionem de forma confiável no uso em águas profundas. Sendo que a Petrobras, segundo dados de Ernani Turazzi, gerente de Desenvolvimento do Mercado Fornecedor da Petrobras, não está apenas procurando novos processo prontos, mas também ideias, as quais a Petrobras possa desenvolver juntamente com outras empresas para processos concretos. Exemplos de campos de uso de novas tecnologias Processo tecnológico Tecnologia Uso atual Captação e injeção de água submarina Sistemas submarino bombam água pouco tratada no reservatório de petróleo e geram pressão lá 2011 no Campo Albacora Separação submarina de gás e líquidos VASPs Protótipo testado em P-08/2011 Separação submarina de óleo e água SSOA Novembro de 2011 no Campo Marlim Bombeio elétrico submarino Skid BCS Protótipo no TDL ESP 23 (Out. 11) Bombas submarinas Bombas multifásicas BMSHA Protótipo na Bacia de Barracuda (Dez. 2011) Transmissão e distribuição submarina de energia elétrica Fase de qualificação Protótipo previsto para 2015 Fonte: Petrobras Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 47 O negócio é inovar Oliver Döhne A Siemens, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na Ilha do Fundão, está construindo no Brasil um centro de pesquisa e desenvolvimento extremamente avançado destinado à indústria de petróleo e gás que receberá um investimento inicial de 50 milhões de dólares e cuja inauguração está prevista para o final de 2012. Peter Löscher define a iniciativa como parte da estratégia corporativa, que é apostar mundialmente em inovação nos mercados emergentes e dobrar suas atividades no Brasil. Welter Benício, diretor de petróleo e gás da Siemens explica o as razões que levaram ao projeto. Welter Benício. Foto: Siemens Por que a Siemens decidiu implantar um centro de pesquisa e desenvolvimento de petróleo e gás? Para que o Brasil possa extrair o volume de petróleo planejado para os próximos 10 anos é importante que ele supere os desafios tecnológicos. Para tal é precisa garantir uma produção de energia eficiente, segura e sustentável. Acrescente-se a isso o desafio de aumentar a produção local, desde o desenvolvimento até a produção de equipamentos e sistemas. Como este pano de fundo a Siemens decidiu construir este centro de pesquisa e desenvolvimento, que, inicialmente, estará focado somente na indústria do petróleo, devendo, no entanto, abranger a médio prazo toda indústria da energia. Por que o Rio de Janeiro? Sem dúvida, o setor petrolífero brasileiro está centralizado no Rio de Janeiro. Além de ser o centro decisório da Petrobras, encontra-se no Rio de Janeiro uma grande parte da cadeia de valor, que vai desde o desenvolvimento tecnológico, passando pelas organizações financeiras até os prestadores de serviço. Além disso, já existem outros centros de pesquisa relevantes, como por exemplo, a Cepel da Eletrobras. Qual é exatamente a finalidade deste centro? O centro de pesquisa e desenvolvimento irá desenvolver atividades que combinem os conhecimentos e a experiência da Siemens com as necessidades específicas do setor. Podemos contribuir muito em áreas como a eletricidade submarina, a sistemática de controle, o monitoramento e a eficiência energética. Qual será o papel do pré-sal neste ambiente de inovações no Brasil? O pré-sal já está criando hoje uma demanda por inovação produtiva. Já existem desafios tecnológicos a superar nos segmentos de reservatórios, poços, armazenamento de sal, material, engenharia oceânica, produção e transporte de gás, que aliados aos grandes investimentos e às exigências da produção local afetarão de forma positiva grande parte da indústria. 48 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Onde você vê oportunidades para empresas alemãs? Ilustração: Siemens Em princípio existem oportunidades em todos os segmentos, uma vez que a cadeia de valor da indústria do petróleo é ampla e complexa. Ela vai desde nichos tecnológicos, tais como aplicações subaquáticas, até produtos a granel, tais como tubos de aço. Qual é a melhor forma de empresas alemãs entrarem no mercado brasileiro pela primeira vez? Elas deverão estar dispostas a produzir localmente, porque as especificações de conteúdo local para a exploração irão afetar toda a cadeia de suprimentos. Este caminho poderá levá-las a fazer investimentos na produção local, a estabelecer parcerias com empresas nacionais ou fazendo aquisições. A Siemens está preparada para novas parcerias com empresas alemãs? Estamos abertos e prontos a cooperar com qualquer um que nos ofereça uma agregação de valor. Como você avalia a atual política de conteúdo local do governo brasileiro? Medidas restritivas sobre o valor agregado nacional não são uma novidade na indústria do petróleo. Outros países já as aplicaram com um relativo sucesso. No Brasil, elas já foram utilizadas na indústria naval e de TI, sem, no entanto, alcançar os resultados desejados. As regulamentações de conteúdo local geralmente eram bem sucedidas, sobretudo, quando combinadas com medidas macroeconômicas e institucionais adequadas, como, por exemplo, uma taxa de câmbio razoável, custos trabalhistas competitivos, segurança jurídica, infraestrutura, investimento em educação, entre outras. A produção local só faz sentido quando se torna competitiva no mercado externo. Caso contrário, exigências de conteúdo local acarretam somente uma redistribuição de renda inadequada e uma instabilidade. Este tipo de sistema restritivo não se mantém a longo prazo. E o Brasil sabe disso por isso é necessário se fazer alguns ajustes urgentemente. De um modo geral, no entanto, o conteúdo local trará consequências positivas. Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 49 Como começar Oliver Döhne, Germany Trade & Invest Registro Primeiro passo no caminho para os fornecedores da Petrobras é o registro, o chamado CRCC (Certificado de Registro e Classificação Cadastral). Quais documentos devem ser encaminhados, está explicado detalhadamente na página da internet da Petrobras, www.petrobras.com Canal de fornecedores Canais de aquisição 1. Petronect www.petronect.com.br (e-procurement-Portal da Petrobras). 2. EPCs, que ganharam contratos, ou seja, licitações da Petrobras, na maioria das vezes instalações, plataformas, módulos, etc. têm que preencher requisitos da Petrobras dependendo do projeto (escolha prévia ou fornecedores fixos), mas estão parcialmente isentos na escolha do fornecedor de determinados grupos de produtos. 3. Unidades operadoras da Petrobras (refinarias, usinas, etc.) compram com risco próprio (também sem CRCC). 4. Departamentos Especiais Petrobras (p. ex. Departamento de material). Estratégia 1. Parcerias de inovação com Cenpes/Desenvolvimento no local 2. Joint venture com empresas sediadas no Brasil (trazer know-how, produção local) 3. Aquisição por fabricante local 4. Construção de produção própria 50 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Der Oberbürgermeister Köln freut sich über die neue Städtepartnerschaft mit Rio de Janeiro Amt für Wirtschaftsförderung, Stadthaus, Willy-Brandt-Platz 2, 50679 Köln, Tel. 0221/221-25765, Fax 0221/221-26686 [email protected], www.stadt-koeln.de Conselho prático – Empresas alemãs com experiência no setor de petróleo e gás brasileiro Oliver Döhne, Germany Trade & Invest Conselho prático: “Quem não produzir aqui, terá um problema” Martin Kunze Diretor MAN Diesel & Turbo Brasil Ltda. Negócio Compressores de gás e motores a diesel Há quanto tempo no Brasil (Empresa) 20 anos (com unidade de prestação de serviços) Há quanto tempo faz negócios com a Petrobras 10 anos (contratos de manutenção) Participação da Petrobras no faturamento brasileiro 95% (Turbo), 50% (Diesel) Quão complicado é fazer negócios com a Petrobras Não é mais difícil do que com outros grandes conglomerados Atrativo Investimentos da Petrobras, expansão da frota Desafio Conteúdo local ligado aos altos custos de produção local Dicas para recém-chegados • Estar disposto a produzir no local, joint venture com parceiros locais ou concessão de licença • Preencher posições de diretoria com brasileiros • Não subestimar a complexidade fiscal • Levar parceiros de negócios a sério e escolher com muita consciência • Participar na engenharia da Petrobras Há 50 anos atrás, a MAN Turbo já começou a fornecer turbinas para o Brasil, há 20 anos a empresa abriu uma unidade de prestação de serviços no Rio de Janeiro e há 10 anos a MAN Turbo fechou um contrato de 80 milhões de euros com a Petrobras para a manutenção de turbinas de gás e centrais de compressão em plataformas de extração – o maior contrato até então de after sales da história da em52 presa. Também existe demanda de novas instalações para o uso em refinarias e fábricas da indústria de petróleo e gás. Como líder mundial de mercado para grandes motores a diesel, MAN ainda tira proveito da expansão da frota brasileira. No Estaleiro Atlântico Sul em Pernambuco estão sendo construídos ao todo 18 grandes petroleiros com motores a dois tempos, geradores e hélices da MAN Diesel. No Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Estaleiro Mauá no Rio de Janeiro ficou pronto recentemente o primeiro de cinco tanques de construção semelhante, os quais serão equipados com motores à dois tempos, assim como hélices Alpha da MAN. O mercado de geração de energia com motores a diesel também tem se desenvolvido de forma promissora, por exemplo em plataformas. “Em sistemas isolados, como uma plataforma, não há melhor e mais prática fonte de energia do que o diesel e óleo pesado”, diz o diretor Martin Kunze. Kunze considera a indústria de petróleo brasileira especialista principalmente em perfurações em águas profundas. “O Brasil teve que perfurar relativamente rápido em águas profundas, e é até hoje o número um. A necessidade de inovação técnica e a abrangência do incentivo planejado, na sua opinião, impulsionarão imensamente o desenvolvimento. Ele considera o cronograma, a abrangência e as exigências em relação à indústria local e ao mercado de trabalho muito ambiciosas. Sem dúvida, sob a presidente Dilma Rousseff estão chegando ventos novos em temas ignorados há muito tempo como infraestrutura e formação profissional. Também na Petrobras a presidente instalou no topo uma direção essencialmente mais técnica, o que do ponto de vista do empresário é um progresso. “Todo o pessoal de ponta vem do Centro de Tecnologia Cenpes“, diz Kunze. Por causa do tamanho do investimento da Petrobras e do tamanho da empresa não se pode contar com muitas concessões, mas as regras são transparentes e práticas. Também em relação a certificação, a Petrobras não dificulta desnecessariamente os fornecedores, pois estes podem se registrar, por exemplo, pela internet desde a Alemanha. Mais um ponto favorável do Brasil, na sua opinião, é o interesse em inovação e, ao mesmo tempo, assegurar a propriedade intelectual. “A Petrobras está aberta a novidades“. Novatos no Brasil devem levar seus parceiros brasileiros de negócios a sério, pois estes são segundo Kunze “muito espertos”. Para uma filial brasileira, ele aconselha a ocupar posições de alta gerência com executivos brasileiros. Ele considera recomendável uma joint venture com um parceiro local, que conheça exatamente o mercado e o meio de negócios, ou até concessão de licença. “Há coisas demais que não se sabe“, diz Kunze. Como desafio central, Kunze vê o aumento dos regulamentos do conteúdo local. Os grandes motores a diesel da MAN atualmente ainda são produzidos por empresas de licenças na Coréia que agem mundialmente. Mesmo assim, a MAN também quer gradualmente expandir o valor agregado local no Brasil. Para tal, a empresa já coopera estreitamente com fornecedores brasileiros, por exemplo, na produção de componentes como alternadores, painéis de comando e armação de base para geradores. Também uma fábrica própria está sendo planejada no Brasil. “Quem não produz aqui, terá um problema“, diz Kunze. Ao mesmo tempo, ele chama a atenção para o fato de que uma produção internacionalmente competitiva em termos de preço no Brasil é muito improvável por causa dos altos custos, principalmente para produtos muito específicos com poucos campos de uso. Para outros produtos, a indústria de fornecimento ainda não existe ou o mercado não é grande o suficiente para vários ofertantes. Levando em consideração a expansão a longo prazo da indústria de petróleo que vem acompanhada de altos investimentos, segundo sua opinião, o preço avulso cairá. Além disso, as crises geopolíticas farão com que o significado do Brasil como produtor de petróleo aumente. Timing e planejamento da Petrobras ele considera otimista. “Mas até mesmo 70% ainda seria muito“, diz Kunze. Compressor submarino MAN. Foto: MAN Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 53 Conselho prático: “Não entrar no mercado sem um parceiro local experiente” Marcelo Bueno Diretor Presidente Schulz Brasil Negócio Tubos, acessórios para tubulações e flange de aço inoxidável Há quanto tempo já no Brasil (empresa) 15 anos (sucursal), 5 anos (produção) Há quanto tempo faz negócios com a Petrobras Grande contrato de fornecimento desde 2011 Parte da Petrobras no volume de vendas no Brasil 70-80% Quão complicado é fazer negócio com a Petrobras Processo de aquisição transparente pelo website, mais aberta para novos fornecedores do que outros conglomerados de petróleo, mais ético do que outros conglomerados de petróleo Atrativo Investimentos, demanda Desafio Alto preço de mercado do aço, falta de mão de obra qualificada Dicas para iniciantes • Não subestimar a complexidade dos negócios no Brasil • Investir a longo prazo, em vez de pensar na conjuntura ou no conteúdo local • Procurar parceiros locais • Só levar para o Brasil know-how especializado A empresa de processamento de metal de Krefeld, W. Schulz, é um bom exemplo de como uma estratégia certa a longo prazo, combinada com timing e uma boa intuição será compensada no final pelos resultados. Muito antes de se falar em pré-sal ou conteúdo local, a empresa decidiu construir no Brasil uma produção de tubos e conexões de aço inoxidável. Campos dos Goytacaces no norte do Estado do Rio de Janeiro foi escolhido como localização. Decisivo foi uma combinação de nível de custo salarial, incentivos fiscais regionais, assim como a proximidade das jazidas offshore na Bacia de Campos, os portos de Macaé e Rio de Janeiro, assim como da Petrobras. Então apareceu o pré-sal, assim como os altos investimentos no processamento de petróleo, então Schulz se viu na situação feliz de ter condições de pegar um grande contrato da Petrobras de mais de 8,5 km de tubos de aço inoxidável para as grandes refinarias Abreu e Lima no Estado de Pernambuco, que a empresa ganhou 2011. Tubos de aço ino54 xidável são usados em todos os lugares onde existe perigo de altas temperaturas e de corrosão. Schulz fornece também para a indústria de papel e para a indústria química, assim como para a mineração, mas segundo o gerente Marcelo Bueno, o que cresce mais claramente, é o setor de offshore com seu alto nível de exigência de qualidade e imensa demanda. “Uma dinâmica semelhante como com o petróleo e o gás só existe com os commodities e bens de consumo“, diz Bueno. Entretanto, Bueno aconselha novas empresas a terem cuidado e alerta sobre falsas imagens do Brasil. “O Brasil é muito complexo, as diferenças na cultura de negócios são gigantescas“, diz Bueno. Segundo ele, o caminho ideal para o começo é através de um parceiro local, que conheça os costumes do país e do ramo, que abra as portas necessárias e que saiba contornar as armadilhas. “Eu não conheço nenhum caso de sucesso, sem interlocutor brasileiro“, diz Bueno. “Nós mesmos já ajudamos algumas empresas alemãs Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil no mercado e ainda continuamos recebendo novas empresas de braços abertos”, diz Bueno, que entretanto só recomenda empresas com know-how especial a um começo no Brasil. Também as formalidades no trato com a Petrobras não permitem negligência. “Uma vírgula errada pode parar tudo“, diz Bueno. Ele considera a própria Petrobras mais transparente e ética do que outros conglomerados estatais de petróleo e, além disso, essencialmente mais aberta para novos fornecedores do que outras empresas petrolíferas. “A Petrobras não quer ser dependente de um único fornecedor“, diz Bueno. A falta de mão de obra qualificada com que a indústria de petróleo e gás também sofre, é enfrentada pela Schulz juntamente com o Centro de Formação Profissional Senai e com o governo municipal com um programa de formação profissional, que já foi frequentado por 1.200 colaboradores. Foto: Schulz Foto: Schulz Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 55 Conselho prático: “Inovação juntamente com a Petrobras” Benedikt Heid Diretor Prominent Brasil Ltda. Negócio Instalações de dosagem de líquidos e tratamento de água Há quanto tempo já no Brasil (empresa) 15 anos (sucursal de vendas), 3 anos (produção) Há quanto tempo faz negócios com a Petrobras Desde 2004 cadastrado como fornecedor Parte da Petrobras no volume de vendas no Brasil 15-20% Quão complicado é fazer negócio com a Petrobras Intenso, mas válido Atrativo Quantidade de demanda, referências mundiais Desafio Conteúdo local, abrangência da documentação Dicas para iniciantes • • • • Empregar advogado local para documentação e registro Calcular o gasto de tempo Entender o processo de licitação Procurar contato com centros de pesquisa, para promover novas tecnologias • Conseguir referências • Abordagem de vendas EPC A empresa Prominent de Heidelberg é um típico campeão das pequenas e médias empresas alemãs. Prominent desenvolve e produz sistemas de dosagem e tratamento de águas. A empresa equipa refinarias e plataformas na indústria de petróleo e gás, entre outras coisas com bombas dosadoras para a área de alta pressão e equipamentos de filtração por membranas para dessalinização de água marítima. A empresa fornece 10.000 bombas dosadoras por ano ao Brasil e abastece, entre outras coisas, módulos de plataformas para a Petrobras. “Por causa das altas exigências de segurança das aplicações complexas existe uma alta exigência em documentação”, diz Benedikt Heid, desde 2010 diretor da filial brasileira. Isto já estava claro durante a admissão na lista de vendedores da Petrobras. Mas o esforço vale a pena. Segundo Heid, a venda para a Petrobras por causa da grande demanda é em grande parte “um negócio interessante com grandes perspectivas de crescimento“. Prominent faz em média 15 a 20% do seu volume de vendas no Brasil com a Petrobras, em alguns anos até mais. Só para 56 documentação e registro a Prominent emprega um advogado brasileiro. Para cada grupo de produtos tem-se que conseguir uma licença de um ano (CRCC) como fornecedor potencial. Para tanto, a empresa, que entra com o pedido, tem que mandar para a Petrobras do contrato social até o balanço e carta de referência, inúmeros documentos para serem verificados. “As referências tem importância especial“, segundo Heid. Este processo pode exigir muito tempo no primeiro requerimento. O pedido oficial da Petrobras aos fornecedores qualificados é encontrado através do site da internet Petronect. Um segundo caminho passa pelas chamadas “EPCs”, segundo Heid. Empresas, que realizam “Engineering, Procurement“ e “Construction“ para a Petrobras, são os primeiros contatos quando se trata de novos projetos no Brasil. “Um contato constante com estas empresas, na maioria das vezes internacionais, ajuda na fase inicial a ser considerado como possível fornecedor para projetos“. É importante também um bom relacionamento com a Cenpes, o centro de pesquisa e desenvolvimento tecnológico da Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Petrobras, segundo Heid. “Quem apoia a Petrobras já na fase de pesquisa como especialista para técnica de instalações e, desta forma, ajuda na solução de problemas e finalmente no desenvolvimento de produtos novos, tem mais tarde boas chances de ser considerado no implantação das instalações de produção”. O tempo da fase laboratorial até a realização de um projeto pode perfazer anos. A cooperação vale a pena. Prominent trabalha no México com um parceiro brasileiro na fase inicial de um projeto, que deve ser realizado em 2016. Para ir de encontro com as crescentes exigências de conteúdo local, Prominent iniciou em 2009 a produção de bombas dosadoras e estações de tratamento de água em São Bernardo do Campo e pode realizar principalmente através da fabricação de instalações de dosagem uma grande parte do conteúdo local no Brasil. “Mesmo que a própria bomba venha da Alemanha, podemos realizar através do trabalho de engenharia, montagem, documentação, entrada em funcionamento e treinamento até 85% do custo total no local”, diz Heid. Segundo Heid, o Brasil e a América Latina são em termos estratégicos extremamente importantes, já que os mercados são jovens, o déficit na infraestrutura é grande e os padrões industriais são baixos. “Apesar de suas enormes reservas, a água que pode ser usada na indústria é um bem raro na região“, diz Heid que com seus colaboradores teve um crescimento do volume de vendas de 30% na região em 2011. Prominent Bomba dosadora de processo, Modelo Orlita. Foto: Prominent Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 57 Conselho prático: “Estar presente nas unidades operacionais da Petrobras” Joachim Fritz Diretor Leser do Brasil Ltd. Negócio Válvulas de segurança Há quanto tempo já no Brasil (empresa) Abertura da firma em 1998 Há quanto tempo faz negócios com a Petrobras 12 anos Parte da Petrobras no volume de vendas no Brasil 70-80% (incl. indiretamente) Quão complicado é fazer negócio com a Petrobras Bom e harmônico Atrativo Expansão massiva da frota (plataformas, navios de abastecimento etc.), transporte e infraestrutura de processamento Desafio Burocracia, falta de mão de obra qualificada Dicas para iniciantes • Assegurar que o representante local tenha as melhores relações e contatos • Mostrar presença nas unidades operadoras da Petrobras • Ter cuidado com a documentação • Não se deixar desanimar com a burocracia • Não esperar negócios rápidos • Contar com padrões americanos de refinaria O fabricante de válvulas de segurança de Hamburgo, Leser, reconheceu logo o potencial do Brasil e já abriu há 14 anos uma sucursal no Rio de Janeiro. “Iniciar no Brasil era óbvio“, diz proprietário Martin Leser. “Quem persegue uma estratégia global, não pode ignorar um mercado tão grande e rico em matéria prima“, diz Leser. Hoje o Brasil é para a empresa um dos 5 maiores mercados no exterior e as perspectivas são boas. Os produtos de Leser são usados quase em todos os lugares onde pressão muito elevada tem que ser impedida, de pipelines, plataformas, navios de extração até usinas de energia. Apesar de produzir as válvulas na Alemanha, Leser atinge uma alta porcentagem de conteúdo local no Brasil. “O conteúdo local não quer dizer necessariamente fazer barulho, soldar e montar“, diz Leser e chama a atenção para o fato 58 de, no caso de válvulas de segurança, a documentação ser sensivelmente mais cara do que o produto. Esta abrange entre outras coisas: especificações, exigências, exemplos de aplicação, documentação de material e testes, propriedade dos materias e listas de peças de reposição. Além disso, tem-se a adaptação aos padrões da Petrobras, como por exemplo coloração, inspeção e serviço. O caminho passando pelo registro CRCC da Petrobras, a participação em licitações e a venda para EPCs não são os únicos canais possíveis de venda, diz Joachim Fritz, diretor da filial brasileira. As unidades operadoras da Petrobras estão livres para elas mesmas adquirirem, em certa quantidade e assumindo seus próprios riscos, de fornecedores não credenciados. Por isso, tem que se conhecer as especificações pedidas exatamente e estar presente e integrado nas unidades operativas da Petrobras para criar confiança em seu produto. “Quando se chega a uma empresa com seu Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil representante e ele conhece todos pelo caminho, isto é um bom sinal”, diz Leser. Leser vê chances para novas empresas alemãs na construção naval, principalmente no setor de técnica de operação de navios, cabestrante, equipamentos de plataformas de extração, bombas e válvulas no padrão dos EUA. “Estamos falando em 50 novas plataformas e 500 navios de abastecimento“, diz Leser sobre a quantidade da demanda. A colaboração com a Petrobras decorre bem e de forma harmônica, segundo Fritz. Iniciantes não devem se apavorar com a burocracia, apesar de abertura de firma, licença de importação, etc. tomar muito tempo. O processo de registro na Petrobras também tem o seu sentido. Afinal, as empresas alemãs também são beneficiadas pelos seus altos padrões de qualidade. Mais vendido na Petrobras: a válvula de segurança Leser, modelo API. Foto: Leser Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 59 Novos conceitos de financiamento para a indústria de fornecimento alemã Dr. Carsten Wiebers, KfW ção, segurança e controle localizam-se atualmente na Europa (especialmente Alemanha e Noruega). O percentual de fornecimento de componentes europeus para esses ativos off-shore, que podem atingir um volume de investimentos de até 800 milhões de dólares, pode ser de até 40% do custo total da construção. Apesar do crescimento acentuado das energias renováveis o petróleo e o gás continuarão, no futuro, sendo importantes fontes de energia. Há grandes investimentos na expansão da indústria de petróleo e gás offshore em regiões produtoras como América do Sul (especialmente Brasil e México), África Ocidental, Índia e Austrália. Assim, só no Brasil, estão previstos investimentos na ordem de 140 bilhões de dólares até 2020. Uma parcela significativa destes investimentos será destinada a navios-sonda, plataformas offshore, embarcações assentadoras e de apoio que deverão ter os mais elevados padrões técnicos. Enquanto os principais estaleiros construtores deste tipo de navio complexo estão sediados principalmente na Ásia, grande parte dos fabricantes de equipamentos de perfura- De acordo com a Associação das Indústrias de Máquinas e Equipamentos da Alemanha (VDMA), as aprox. 400 empresas alemãs do setor de construção naval e de abastecimento offshore empregaram em 2010 perto de 70.000 trabalhadores e movimentaram mais de 11 bilhões de euros, dos quais mais de 70% no exterior. Comparados com o volume internacional estes dados mostram a sua posição de liderança em termos de produção e exportação e destacam a excelente competitividade dos fornecedores alemães neste setor, voltado para a inovação e de capital concentrado. A indústria auxiliar é hoje a nova base econômica do setor naval alemão. O setor de financiamento naval do banco KfW IPEX está se engajando cada vez mais no financiamento de investimentos em bens marítimos para a indústria de Portfolio setor naval do banco KfW IPEX em 31.12.2011, dividido em segmentos 60 Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil petróleo e gás offshore. Devido ao forte crescimento do setor offshore brasileiro e à iniciativa de “conteúdo nacional”, que leva ao desenvolvimento da indústria naval brasileira, há potenciais de mercado significativos para empresas alemãs do segmento da indústria auxiliar naval. Apesar da alta competitividade dos fornecedores alemães o mercado de fornecimento é liderado atualmente por empresas norueguesas. Comparados com os fornecedores alemães, os concorrentes noruegueses são capazes de oferecer soluções de financiamento em longo prazo para exportações do setor marítimo, devido a uma cooperação com a empresa de seguro de crédito estatal, GIEK, em conjunto com a estatal Eksportfinans, que disponibiliza os recursos. Desta forma tanto a GIEK como a Eksportfinans contribuem consideravelmente para o sucesso dos fornecedores noruegueses. Em tempos de turbulência nos mercados financeiros, a concessão restritiva de crédito e a liquidez apertada, bem como a qualidade e confiabilidade do produto e, principalmente, a disponibilidade de um financiamento de longo prazo fornecem, portanto, um importante argumento de venda dos fornecedores e estaleiros para os seus clientes. O banco KfW IPEX está desenvolvendo em conjunto com a Euler Hermes uma linha de financiamento nos moldes noruegueses, cujo objetivo é apoiar as exportações de empresas da indústria auxiliar alemã. Havendo credibilidade, o banco KfW IPEX pode estruturar um financiamento de exportação de 12 anos, com cobertura da Hermes, a partir da data de entrega do navio ou plataforma. O financiamento pode ser dado ao transportador e ao comprador, para até 80% das encomendas. Condição para tal financiamento é que o volume de exportação de fornecedores alemães atinja o montante de pelo menos 30 milhões de dólares por projeto. Devido à fragmentação relativamente alta do mercado de fornecimento auxiliar alemão, este volume mínimo de exportação muitas vezes só pode ser alcançado mediante a união de alguns fornecedores em consórcios, que poderiam ser formados através de uma mera aliança de empresas, com um líder do consórcio, que, no entanto, não assume qualquer responsabilidade técnica global perante os demais participantes. Assim, um pacote de fornecimento nos moldes de um consórcio conforme acima, poderia ter uma cobertura de exportação da Euler Hermes e ser financiado pelo banco KfW IPEX. A fim de alcançar o volume mínimo requerido também podem ser incluídos em tais pacotes de fornecimento componentes de outros fornecedores europeus. Assim, mediante a combinação de alta qualidade do produto e compromisso financeiro podem ser oferecidos pacotes completos e atraentes aos clientes, quer seja através dos estaleiros ou diretamente aos armadores. Perfil do Banco KfW IPEX O KfW vem acompanhando há mais de 50 anos a indústria exportadora alemã dos diversos segmentos econômicos. Dentro do grupo KfW, o Banco KfW IPEX é responsável pelo financiamento de projetos e exportações internacionais. De acordo com os estatutos do grupo KfW, sua missão é oferecer financiamentos destinados à economia alemã e europeia. O Objetivo do banco KfW IPEX é manter e desenvolver a competitividade e internacionalização das empresas exportadoras alemãs e europeias. Além disso, ele financia projetos de infraestrutura econômica e social na Europa, incluindo provedores de mobilidade, tais como aviões, navios e veículos ferroviários. Com uma carteira de empréstimos de 60,9 milhões de Euros (Posição em 31.12.2011) e novos compromissos no valor de EUR 11,4 bilhões em 2011, o banco KfW IPEX detém uma posição de liderança em seu mercado. O banco KfW IPEX apoia claramente o compromisso com a responsabilidade social global, a obtenção de eficiência energética ambiental e projetos de proteção climática. KfW IPEX-Bank GmbH Palmengartenstraße 5-9 60325 Frankfurt am Main Tel.: 069/7431-9902 Fax: 069/7431-3768 Contato: Dr. Carsten Wiebers Gerente da Área de Financiamento Naval [email protected] Michael Jung Sub-Gerente [email protected] Desta forma as chances de fornecedores alemães poderem participar do enorme potencial de crescimento do mercado brasileiro são maiores. Seria uma satisfação se este artigo o motivasse a nos procurar para conversarmos sobre um financiamento para componentes marítimos. Os inputs dos fornecedores são indispensáveis para o desenvolvimento desta linha de financiamento e para a determinação do procedimento ideal quanto ao agrupamento dos componentes. Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 61 “Projeto Cargo” / Atraso no start-up da empresa Angelo Colombo, Ingo Dietz (Allianz) Foto: Allianz Fazer o seguro de equipamentos e máquinas importantes para a realização de grandes projetos industriais e de infraestrutura é uma tarefa complexa que exige pessoal especializado. Salvaguardar seus ativos, prevenindo eventuais perdas requer um parceiro com ampla experiência técnica, cujos resultados sejam comprovadamente positivos e com uma grande rede internacional de empresas. Allianz Global Corporate & Specialty ® é este parceiro. Uma abordagem integrada Nossa experiência aliada à abordagem de nossa equipe garante uma perfeita cobertura de cargas, levando em consideração todos os elementos do risco, inclusive interrupções ou atrasos no start-up de sua empresa, oferecendo a cada projeto um tratamento individualizado. Em mais de 150 países oferecemos aos nossos clientes profissionais altamente especializados, com experiência e conhecimento das condições locais. Soluções personalizadas Allianz Global Corporate & Specialty’s Project Cargo foi concebida para atender às necessidades específicas do projeto e ter todos os aspectos dos riscos à mão, incluindo: • • 62 Cobertura para componentes essenciais para construções civis, produção industrial e/ou infraestrutura garantindo assim, que a remessa esteja assegurada contra perdas ou danos enquanto estiver em trânsito; Seguros que cobrem eventuais atrasos no start-up do negócio de sua empresa ou prejuízos consideráveis, resultantes de atrasos ou não fornecimento de componentes essenciais, devido a perdas ou danos, em trânsito. A maior e mais respeitada rede de consultores, engenheiros navais e topógrafos do setor de risco. Nosso sistema integrado para projetos de cargas envolve uma equipe internacional de engenheiros navais, consultores de risco, capitães de longo curso e especialistas em logística e segurança da cadeia de fornecimento. Além da nossa equipe de consultores de risco naval nos EUA e Europa, temos uma rede de supervisores navais independentes e podemos oferecer qualquer outro serviço de engenharia especializado necessário na avaliação de risco. Os membros de nossa equipe estão entre os mais talentosos profissionais da indústria. Eles analisam em conjunto com a nossa equipe de seguradores internacionais do Project Cargo todos os aspectos do projeto sempre considerando todas as possibilidades. O nosso processo de controle de prejuízos pode incluir. • Criação de redes de informação e comunicação; • Realização de reuniões com a equipe responsável e os principais contratantes do cliente; • Revisão dos métodos de transporte e suas rotas; • Avaliação da conformidade dos navios, rebocadores e barcaças, mediante inspeção e revisão no banco de Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil dados da Sea-Web Ships no que se refere às autorizações das embarcações; • Revisão da rota levando em consideração questões relacionadas ao tempo e ao clima; • Análise e aprovação de: – planos de carregamento, incluindo inspeções de carga pesada – armazenagem e peiação – rotas internas – seguro portuários e transportes • Coordenação internacional de embalamentos, carregamentos e inspeções de seguros; • Inspeção prévia das instalações e locais de carga ou descarga; • Atendimento nos portos de carga e descarga. Nossos consultores de risco naval fornecem atualizações de status e constante comunicação com nossos segurados, engenheiros de projeto, gerentes de tráfego e logística e os principais prestadores de serviços ao longo de todo o processo para ajudar a promover de forma eficiente a conclusão da transação. Foto: Allianz Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 63 Baden-Württemberg saúda a PETROBRAS! Ewald Stirner, Ministério das Finanças e Economia, Stuttgart nômicas e científicas bilaterais. Para a Alemanha e para Baden-Württemberg o Brasil continua sendo um mercado promissor e o parceiro comercial mais significativo da América Latina. Para Baden-Württemberg o Brasil é o parceiro comercial mais importante da América do Sul. Em 2011 a exportação de bens de Baden-Württemberg para o Brasil somou aprox. 2,0 bilhões de euros (2010: 1,8 bilhões de euros), o que representa quase 18% do total exportado para o Brasil. A Alemanha desfruta de uma excelente reputação como país exportador bem sucedido. O Estado de Baden-Württemberg orgulha-se de poder contribuir consideravelmente para este sucesso, uma vez que em 2011 as exportações de suas empresas atingiram a marca recorde de 172 bilhões de euros. Não somente grandes empresas de renome internacional como a Daimler, Porsche, Bosch, Zeiss e SAP são responsáveis pelo sucesso das exportações desta região da Alemanha, mas também inúmeras pequenas e médias empresas contribuem significativamente com suas ideias e inovações para a competitividade internacional de Baden-Württemberg. Não há lugar na Europa em que se invista mais em pesquisa e desenvolvimento de produtos inovadores do que em Baden-Württemberg. E em lugar algum se encontram tantas instituições acadêmicas e de pesquisa, iniciativas de cluster e redes setoriais em plena atividade, que fortalecem cada vez mais este poder inovador das empresas. Estreitos laços históricos unem o Brasil e a Alemanha. As relações políticas, econômicas, científicas, desportivas e culturais entre estes dois países tradicionalmente já são muito boas. A qualidade destas relações, no entanto, torna o Brasil um parceiro ainda mais importante para a Alemanha. Além disso, o Estado de Baden-Württemberg sempre desempenhou um papel de destaque nas relações eco- 64 Já as exportações do Brasil para Baden-Württemberg montam em aprox. 1,0 bilhão de euros em 2011 (2010: 0,9 bilhões de euros). Consequentemente o Brasil é um parceiro econômico procurado também pelos nossos importadores. Atualmente, existem aprox. 60 acordos de cooperação entre as universidades do Brasil e de Baden-Württemberg e em torno de 1.200 empresas alemães operam no Brasil, das quais aprox. 200 são de Baden-Württemberg. Mais de 50% dessas empresas atuam no setor de engenharia ou na indústria automobilística. Há quase 30 anos o Estado de Baden-Württemberg vem mantendo boas relações tanto na área econômica e científica como na área de educação profissional. Desde 2010, o Estado do Paraná vem sendo a região de parceria de BadenWürttemberg no Brasil. Os contatos permanentes do Ministério das Finanças e da Economia, especialmente com o SENAI têm beneficiado tanto empresas do Brasil como de Baden-Württemberg. Com muita satisfação soubemos da decisão da Petrobras de iniciar o seu primeiro Road-show na Alemanha, visitando Stuttgart. Com as soluções sustentáveis e as tecnologias de ponta de Baden-Württemberg esperamos colaborar com a PETROBRAS no seu empenho em vencer os principais desafios econômicos e ambientais. Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil Precisão alemã. Energia brasileira. Allianz Soluções customizadas. Guia Óleo e Gás • Oportunidades de negócio para empresas alemãs no setor petrolífero no Brasil 65 Plataforma SS-06 no Campo Enchova na bacia de Campos. Foto: Bruno Veiga / Banco de Imagens Petrobras Patrocínio Ouro www.allianz.com.br www.schulz-al.com.br www.sinaval.org.br Patrocínio Prata www.kfw-ipex-bank.de www.veirano.com.br Patrocínio Bronze www.mfw.baden-wuerttemberg.de www.bw-i.de www.pellon-associados.com.br www.stadt-koeln.de Realização www.ahkbusiness.com.br www.gtai.de