pintura de fundo - Revista Náutica

Transcrição

pintura de fundo - Revista Náutica
são paulo
rio de janeiro
minas gerais
espírito santo
Tudo o que você precisa saber sobre
Pintura de Fundo
edição nº 13 | outubro/novembro 2015 | r$ 12,00
As
ilhas
A meio caminho entre
Angra dos Reis e Paraty,
um grupo de ilhas ainda
está por ser descoberto
pelos donos de barcos
da divisa
turmas da
diversão
Por que os passeios de jet
em grupo estão se tornando
cada vez mais populares
reForma
radical
Como um velho barco
rebocador virou o trawler
mais charmoso de Paraty
Tudo o que aco ntece no mundo
náutico ancora e m nossas mídias.
Os principais eventos e publicações do setor para
um público antenado que se interessa pela navegação,
por viagens, automóveis, produtos de grife, enfim,
que gosta de aproveitar o que a vida tem de melhor,
sem descuidar do tempo e atenção à família.
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Índice
NESTA EDIÇÃO
pág. 33
pág. 14
pág. 66
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SÃO PAULO
RIO DE JANEIRO
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ESPÍRITO SANTO
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NÁUTICOS
As máquinas ensinam (de verdade!)
a pilotar barcos
EDIÇÃO Nº 11 | JUNHO/JULHO 2015 | R$ 12,00
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O LINDO
ARQUIPÉLAGO
PROIBIDO
DO LITORAL PAULISTA
O MELHOR
PASSEIO DE ANGRA
Um roteiro completo
pelas praias e ilhas
mais bonitas
CORROSÃO
NO BARCO
Como
combater este
problemão
MENSAGENS
AO MAR
O fascínio das
mensagens em
garrafas nunca acaba
Edição 9
alcaTRazEs,
ilha dE caRas
E + O melhor
passeio de Angra
OS NOVOS
BARCOS
QUE O
SALÃO
MOSTROU
REPRESA
DO BROA
A praia do interior
de São Paulo que
poucos conhecem
TESOURO
DE ILHABELA
O velho tesouro
do Saco do Sombrio
volta à tona
Edição 10
BOMBAS
DE PORÃO
O que você precisa
saber para não
ficar na mão
REDAÇÃO E ADmINISTRAÇÃO
Av. brigadeiro Faria lima, 1306, 5o andar, cEP 01451-001,
São Paulo, SP. Tel. 11/2186-1000
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Eduardo Saad [email protected]
UM CRUZEIRO
NA ILHA GRANDE
Uma família descobre o enorme
prazer de navegar ao redor da
maior ilha do litoral do Rio
O ESCONDERIJO DOS
GRANDES PEIXES
O parcel no mar aberto de
Ubatuba que enche os olhos de
qualquer pescador oceânico
Edição 11
Rio BoaT show 2015,
um vElEiRo fEiTo
Em casa
E + Represa de Broa
VIcE-PRESIDENTE
Denise Godoy
mARKETING
Renata camargos
[email protected]
Bertioga
OS RISCOS E PRAZERES DO CANAL QUE CRUZA O GUARUJÁ
Show
AlcAtrAzes
cOlAbORARAm NESTA EDIÇÃO: Alexandre Sakihama (arte),
Aldo macedo (imagens), maitê Ribeiro (revisão)
Náutica SudeSte
MINAS GERAIS
O casal que gastou meia vida
construindo este barco
PRESIDENTE E EDITOR
Ernani Paciornik
DIRETOR DE REDAÇÃO
Jorge de Souza [email protected]
RIO DE JANEIRO
25 ANOS DEPOIS...
EDIÇÃO Nº 10 | ABRIL/MAIO 2015 | R$ 12,00
T
BOA
RIO W
SHO TES
CONVI
DIRETORA DE PublIcIDADE
mariangela bontempo [email protected]
6
ESPÍRITO SANTO
ILHA DE CARAS
Como é a ilha que todo mundo inveja
EDIÇÃO Nº 9 | FEVEREIRO/MARÇO 2015 | R$ 12,00
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simuladoREs
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Ilha Grande
Edição 12
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NÁuTica SudeSTe é uma publicação da G.R. um Editora
ltda. — ISSN 1413-1412. Outubro 2015. Jorn. resp: Denise
Godoy (mTb 14037). Os artigos assinados não representam
necessariamente a opinião da revista. Direitos reservados.
FOTOS DE cAPA: Jorge de Souza
cTP, Impressão e Acabamento — PROl Gráfica
Aconteceu...
FeSta 10 aNOS
Náutica SuL
A edição regional de NÁUTICA para a região
sul do país comemorou 10 anos com uma
animada festa em Santa Catarina
A festa foi no
Marina Beach Towers,
único edifício-marina
do país, em Balneário
Camboriú
FOTOS ADRIEL DOUGLAS/ GULhERmE FLORIAnI/REnATO CUGnIER
casa cheia
Acima, o único
edifício-marina
do país. Ao lado,
Marcio Schaefer,
da Schaefer
Yachts, com
a equipe de
Náutica Sul
Poucas
revistas regionais
conseguem
completar 10 anos
de vida, como
NÁUTICA SUL
A revista NÁUTICA
SUL circula apenas
no Paraná, Santa
Catarina e Rio
Grande do Sul
muitos
convidados
À esquerda,
Sérgio e
Jussara
Scheidt. À
direita, Lu
Picolli, Cinthia
Miranda e
Michelle
Montegutte
Náutica SudeSte
9
Aconteceu...
ALCANCE INTERCONTINENTAL.
POPULARIDADE GLOBAL.
aPReSeNtaÇÃO FOcKeR F400
A primeira unidade da recém-lançada
Focker F400 chegou à revenda Porto do
Rio, de Caraguatatuba, com muita festa
A Porto do Rio é uma das lojas
náuticas que mais crescem no
litoral norte de São Paulo
FOTOS DIVULGAÇÃO
grande festa
Até o dono do
estaleiro, Marcio
Ferreira (ao
lado, com os
irmãos Miriam
e Marcelo, da
Porto do Rio)
prestigiou o
evento
De 8 a 10 passageiros
4,000 nm / 7,410 km de alcance
A F400
Gran Coupé é
a maior lancha
produzida
pelo estaleiro
Fibrafort
iNauGuRaÇÃO JN YacHtS
FOTOS DIVULGAÇÃO
A mais nova loja náutica
de Piracicaba, no interior
de São Paulo, acaba de ser
inaugurada. E faz parte
do grupo Limer Náutica
entre amigos
Clientes e
representantes
de estaleiros
estiveram
presentes.
Entre eles,
Sydnei Ardito,
José Carlos
Galvão, Eduardo
Nakamura, José
Eduardo Salemi,
da Mestra Boats,
e Marcelo Condé,
da Tempest
O grupo Limer Náutica atua no
mercado náutico há mais de 25 anos
10
A nova loja representa
as marcas Tempest,
Mestra, FS e Royal Marine
negócio
de família
Juliano e
Ana Paula
de Oliveira,
com Gecilda
e Nilson
Januário, da
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YACHT WEEKEND
Entre um gole e outro do coquetel
da moda na Europa, os clientes
das marinas Canoas e Porto Yachts
conheceram de perto alguns modelos
de barcos da famosa marca francesa
A revenda carioca Yacht Collection reuniu
clientes e amigos para um gostoso fim de
semana de festas e barcos no resort Portobello
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água com gás e fez sucesso no evento
dois
prazeres
Enquanto se
refrescavam
com o drinque
do momento
na Europa, os
convidados
puderam
conhecer e
testar lanchas
da série Gran
Turismo e um
trawler da linha
Swift
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Navegue Com
TRANQUILIDADE.
FOTOS DIVULGAÇÃO
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e curtiram um evento bem descontraído
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fim de
semana
completo
Além de
exposição
de barcos,
o Yacht
Weekend
teve comida
boa, muitos
convidados e
até desfile de
moda
A apresentação
foi na Marina Canoa,
em Barra do Una,
com apoio da Porto
Yachts, de Ilhabela
texto e fotos jorge de souza
as ilhas da divisa
região de Paraty tem
A região que divide Angra dos Reis de Paraty abriga
uma série de pequenas ilhas bem menos frequentadas
do que as demais, porque algumas fazem parte de uma
estação ecológica. Mas nem todas...
aqui, sim!
Ilha Pelada
Pequena: uma
gostosa praia e
aberta a todos
os barcos,
porque fica
fora da Estação
Ecológica
14
Náutica SudeSte
muitas ilhas. A de Angra
dos Reis, que fica ao lado,
ainda mais. Por isso, quem tem
um barco nestas duas cidades quase
sempre limita os passeios às ilhas mais próximas, já que a oferta é tão generosa que não há
necessidade de ir longe. Mas este hábito pode ser um
desperdício de oportunidade. Exatamente na divisa entre
Angra e Paraty, bem ao centro da enorme baía de Ilha Grande, que banha os dois municípios, há um punhado de pequenas
ilhas, bem menos frequentadas e conhecidas, que são igualmente lindas. Em alguns casos, até mais bonitas do que aquelas que os
donos de barcos de Angra e Paraty costumeiramente visitam. Como
a idílica ilha do Cedro, um quase mitológico naco do paraíso ao norte da baía de Paraty, praticamente só frequentado pelos donos de veleiros quando buscam um ancoradouro tranquilo — e lindo — para passar
a noite. Mas o pouco conhecimento deste trecho da baía de Ilha Grande
tem um motivo. Além da distância das principais marinas das duas cidades
(embora o Bracuhy fique praticamente ao lado), a maior parte das ilhas e ilhotas “da divisa”, como informalmente os nativos chamam a faixa de mar que separa os dois municípios, fazem parte de uma estação ecológica e, por isso, têm
acesso proibido — embora esta proibição não abranja todas as ilhas nem seja tão
respeitada assim, por conta da eterna questão sobre o direito público a todas as praias
da nação. Cautelosos, os donos de barcos acabam evitando a região e perdem a oportunidade de aproveitar até o que é permitido, o que, por si só, já vale sair da rotina e esticar o passeio até a divisa. Duvida? Então confira.
Náutica SudeSte 15
s “Ilhas da Divisa” não existem em nenhuma carta náutica. Não com este nome, que é apenas a maneira como
alguns caiçaras identificam o punhado de ilhas que
existe na faixa de mar que divide os municípios de Angra dos Reis e Paraty, às vezes tão próximas uma das
outras que não se sabe ao certo a qual cidade elas
pertencem. Como as ilhas do Algodão e Sandri,
que ficam exatamente em frente ao rio Mambucaba, que marca a divisa dos dois municípios. Até
a própria vila de Mambucaba padece de certa confusão causada
pela localização. A vila histórica, cujo ícone é uma igreja de 1863,
fica do lado angrense do rio que divide as duas cidades, mas, na outra margem, já do lado de Paraty, continua sendo Mambucaba —
só que não mais a vila histórica.
Os visitantes costumam ficar confusos com esta dupla identidade, até porque os nativos não dão muita bola para o que dizem os mapas e misturam as duas cidades. Mas isso não importa mesmo. O que
conta é aquele trecho lindo e repleto de praias e ilhas. Mesmo assim, é
bem menos frequentado pelos donos de barcos do que as demais áreas
de Angra e Paraty. E o motivo é que maioria das ilhas deste trecho da divisa fazem parte da Estação Ecológica de Tamoios, que também abrange
outras ilhas da região, mas não tão concentradas quanto ali. Como a legislação prevê a total proibição de visitação nas estações ecológicas (no caso
de ilhas, com a agravante de uma faixa de proteção de um quilômetro ao redor delas), a região se tornou quase proibitiva para os barcos, apesar de haver
outras ilhas naquele trecho que não fazem parte da reserva. Na dúvida sobre
qual ilha pode-se visitar ou não, os donos de barcos acabam preferindo tomar
outro rumo em vez de serem surpreendidos pelos fiscais da Estação, que, dentro
do possível, costumam patrulhar a região. Para a grande maioria deles, o trecho
da divisa é área proibida e ponto final. Mas não é bem assim.
Com medo de serem
multados, os donos de
barcos evitam toda
esta região. e acabam
deixando de conhecer
até o que é permitido
16
Náutica SudeSte
ESEC TAMOIOS
Ilhas da dIvIsa
praias
liberadas
Tanto na ilha
do Ventura
(acima), quanto
na ilha do
Cedro (ao lado),
o acesso à praia
é liberado,
embora
elas sejam
particulares
Náutica SudeSte 17
Ilhas da dIvIsa
ó não pode ficar com o barco parado nas ilhas da
Estação, porque, isso sim, é proibido”, diz um caiçara nativo. “Mas se a pessoa deixar o barco longe ou chegar nadando, não tem problema, porque praia não tem dono”, completa o raciocínio.
Mas não é o que pensa o ICMBio, órgão ambientalista que sucedeu ao antigo Ibama, mas
que ninguém até hoje consegue chamar pelo
novo nome. Para o órgão, se uma ilha faz parte de
uma estação ecológica, tudo o que existe nela passa a
mambucaba
ter acesso restrito, inclusive eventuais praias.
dos dois
No entendimento dos ambientalistas, no caso de ilhas, a
lados
classificação ambiental se sobreporia à legislação brasileira sobre
Mambucaba
fica bem na
o domínio público das praias, num típico caso de exceção à regra.
divisa dos dois
“É uma questão que dá margem a duas interpretações”, analisa um
municípios. A
vila histórica
esclarecido dono de barco da região. “Se o acesso às ilhas é proibi(à esquerda)
do e as praias ficam nas ilhas, então, geograficamente falando, elas
pertence a
Angra, mas
também fazem parte da proibição. Mas, como as praias têm legislação
muitas casas
própria, não deveria haver outra regra que contrariasse isso”, pondera.
ficam no lado
de Paraty.
O resultado prático é que cada um analisa a questão a sua maneira. Os
Ambas são tão
caiçaras dizem que todo mundo pode usar as praias das ilhas, mas os técligadas ao mar
nicos do assunto garantem que não. Ou seja, é uma confusão.
que o ponto de
ônibus (acima)
Outro complicador nesta questão é que, sem que ninguém saiba exé um barco
plicar por que, nem todas as ilhas da Estação Ecológica dos Tamoios ficam
reunidas num só local. Ao contrário, elas se espalham por toda a região da
baía de Ilha Grande e são intercaladas por outras ilhas que não fazem parte
das restrições, o que só confunde todo mundo. Os donos de barcos que quiserem saber onde podem parar ou não terão de consultar a carta náutica, até
porque não existem placas nas ilhas avisando da proibição.
18
Náutica SudeSte
a ilha que é
um tesouro
A ilha do Cedro é a melhor surpresa
desta parte da baía de Ilha Grande.
e ela fica fora da área proibida
Q
uando buscam um lugar tranquilo,
abrigado e (muito) bonito para ancorar e passar a noite a bordo, os donos de barcos que realmente sabem
das coisas nesta parte da baía de Ilha
Grande não têm dúvidas: vão para a ilha do Cedro,
jogam o ferro e curtem a melhor ancoragem da região, não só porque as águas na parte de dentro da
ilha são bem seguras, mas porque a ilha é linda —
além de ficar fora da área da estação ecológica e não
fazer parte das ilhas com visitação proibida.
A ilha do Cedro fica exatamente entre Paraty e
Bracuhy (pouco mais de uma dúzia de milhas tanto
de um ponto quanto do outro) e oferece duas praias
praticamente desertas, além de uma ilhota com uma
extraordinária língua de areia. O mar é de piscina (a
começar pela cor da água), sem nenhuma ondinha e
a beleza das praias é de fazer qualquer um esquecer o
que diz o calendário. Não por acaso, o Cedro é a ancoragem predileta dos cruzeiristas da região que moram
em barcos (sempre haverá um ou outro veleiro ancorado por lá) e também dos pescadores, o que é garantia
de um peixinho fresco para o jantar a bordo.
Mas, se por acaso, isso não acontecer, basta de-
sembarcar e bater na casa do mais antigo morador da
ilha (que só tem três habitantes), o Almir, que ninguém conhece pelo nome e sim pelo apelido “Pipi”.
Seu Pipi tem 63 anos e mora na ilha desde que se conhece como gente, já que nasceu ali mesmo. Deve,
inclusive, o seu apelido à própria ilha. “Quando eu
nasci, meu pai estava na praia e gritou para a parteira, lá dentro, o que tinha saído de dentro da barriga
da minha mãe. ‘Saiu um pipizinho’, ela disse. “Pronto. Ficou pra sempre”, ele conta, simpático e bemhumorado, a todos que chegam à ilha e puxam papo.
Quando sente fome ou dá vontade, Seu Pipi
pega a traineirinha e sai puxando a rede em frente às
duas praias da ilha, “a de cá e a de lá”, como ele diz,
e que também serve quando ele muda de praia, porque continua sendo “cá” e “lá”, explica, com adorável simplicidade. Logo, ele colhe um punhado de
camarões-sete-barbas e volta para casa. Sua sobrevivência está garantida. Vivendo ali, numa ilha com
abundância de mata e água potável, ele não precisa
de mais nada. Nem quem chega de fora, ávido por
curtir um pouquinho daquele paraíso.
A ilha do Cedro é um achado para quem sempre
achou que conhecia tudo entre Angra e Paraty.
morador
do paraíso
Seu Pipi, um
dos únicos três
moradores
da ilha do
Cedro, que
tem praias de
cinema e águas
transparentes
Náutica SudeSte 19
Ilhas da dIvIsa
paraty angra
as ilhas proibidas
Várias ilhas da baía de Ilha grande fazem
parte da estação ecológica e têm acesso
proibido. Boa parte delas fica na região da
divisa, mas espalhadas e intercaladas com
outras ilhas, onde o acesso é permitido
diante
da usina
A Estação
Ecológica de
Tamoios foi
criada como
compensação
ambiental à
construção da
Usina Nuclear
de Angra dos
Reis. Algumas
ilhas protegidas
ficam bem
diante dela
20
Para saber quais
ilhas têm acesso
proibido, só
mesmo olhando o
mapa. Porque nem
placas elas têm
Náutica SudeSte
A praia do sul, na ilha sandri,
tem cenário de calendário de
parede. Pena que ninguém
pode ver, muito menos entrar
R
eza a lenda que, nos anos 1970, o mafioso
italiano Tommaso Buscetta (aquele que,
em nome dos bons costumes, a imprensa brasileira da época preferia chamar de
“Buschetta”, embora a pronúncia original siciliana fosse “Buxéta”) comprou um belo naco
da ilha Sandri, exatamente na divisa entre Angra e Paraty, e mandou erguer um hotel, cujo verdadeiro objetivo não era abrigar hóspedes e sim um cassino clandestino, já que se tratava de um fora da lei incorrigível.
O hotel ficou pronto, mas jamais foi inaugurado,
porque Buscetta/Buschetta foi preso pouco antes disso, em São Paulo, e extraditado. Em seguida, o prédio foi saqueado, teve portas e janelas arrancadas. Mas
seu esqueleto continua “decorando” — ou, melhor dizendo, enfeiando — a estupenda paisagem da praia
mais bonita da ilha Sandri, a do Sul, ao fundo de uma
reentrância quase escondida no entorno da ilha e dona
de um mar dessa cor — que, não por acaso, é venerado pelos mergulhadores.
Pena que você terá que se contentar apenas com
ESEC TAMOIOS
não concentração da área da estação em
um grupo de ilhas próximas umas às outras dificulta até a própria fiscalização,
porque há poucos agentes com poucos barcos para patrulhar uma área
tão ampla. Quando recebem a denúncia de invasão do perímetro de
uma das ilhas da estação, os fiscais
costumam levar cerca de duas
horas para chegar lá, tempo mais que suficiente
para os infratores escaparem. Acontece com certa frequência envolvendo barcos pesqueiros, que
se aproximam das ilhas com suas redes. Mesmo
sendo detectados, via satélite, na sede da estação,
os fiscais só conseguem abordar os invasores após a
demorada colocação do barco da instituição na água
e de, às vezes, muitas milhas navegadas. Quando finalmente chegam lá, ou o pesqueiro já foi embora ou
espertamente saiu do raio de proteção de um quilômetro em torno das ilhas da estação. “É um trabalho
muitas vezes frustrante”, diz o subchefe da Estação Tamoios, Eduardo Godoy. “Bem melhor seria se as ilhas
ficassem juntas num só pedaço da baía.”
olhe a cor deste mar!
fotos e histórias, porque, sob o ponto de vista (largamente combatido) dos ambientalistas, é proibido visitar as três praias da ilha Sandri, bem como chegar a
menos de um quilômetro da ilha, já que ela faz parte da Estação Ecológica de Tamoios. Para os turistas, é
uma frustração. Mesmo assim, não são poucos os barcos que costumam frequentar as verdes águas da ilha
Sandri, eventualmente desembarcando pessoas, sob o
argumento de que, no país, todas as praias são públicas.
Quem faz isso, fica sujeito a ser advertido, expulso
da ilha ou multado. Mesmo assim, muita gente ignora
os riscos e visita as praias da ilha Sandri do mesmo jeito. Também, com um mar dessa cor, quem há de resistir à tentação de dar um mergulho na praia do Sul?
escondida
na ilha
A Praia do Sul,
com o hotel
inacabado, que,
reza a lenda,
pertencia a um
mafioso: a mais
bonita da mais
famosa das
ilhas proibidas
Náutica SudeSte 21
Ilhas da dIvIsa
mnom n omn
omn om
Mno monm
onmo nmo
nmo nm nm
onm onmo
nm onm onnm
onmo nm onm
onm onm nom
nomon mnom
Quase sempre, a
distância entre uma ilha e
outra não passa de alguns
minutos navegando. Você sai
de uma e já chega na outra
22
Náutica SudeSte
tudo azul
Na página ao lado,
a ilhota de filme
de náufrago do
Saco de Tarituba
e as ilhas-irmãs
Pelada, ambas
com praias.
Acima e abaixo,
a tranquilidade
da ilha do Cedro,
onde sempre há
um ou outro barco
ancorado
Náutica SudeSte 23
Ilhas da dIvIsa
comentário faz ainda mais sentido quando se analisa o principal fator que levou à criação da estação ecológica, além
da questão da preservação de algumas ilhas, naturalmente. A estação foi criada como uma forma de “compensação ambiental” à construção da usina nuclear de
Angra dos Reis, entre as vilas de Mambucaba e Frade,
num dos trechos mais espetaculares do litoral sul carioca. Teve, também, o intuito de criar um “cinturão verde”
de proteção natural em volta da usina, que já era protegida
pela mata virgem do Parque Nacional da Bocaina ao fundo.
Com a proibição do acesso às ilhas, algumas bem diante da usina, o cerco se
completou, impedindo a ocupação humana ao redor dos geradores, além de
gerar uma maneira segura de monitorar a qualidade ambiental da região — outro motivo para que as ilhas da estação ficassem agrupadas, formando uma espécie de escudo natural desabitado.
Mas não foi bem o que aconteceu. Algumas ilhas foram transformadas em estação, outras não. Talvez, pela dificuldade em desapropriar certas ilhas na ocasião.
Muito provavelmente, porque algumas ilhas interessavam mais à preservação do meio
ambiente do que outras. Certo é, quando se olha o mapa da baía de Ilha Grande como
um todo, não faz muito sentido que algumas ilhas tenham acesso proibido e outras não,
sendo que, muitas vezes, elas ficam lado a lado.
as ilhas da estação
ecológica ficam
espalhadas e não
concentradas numa
só região. Numa
pode entrar, na
outra não. daí a
confusão
o caso das ilhas vizinhas de Palmas e Ventura, a
meio caminho entre Mambucaba e Paraty. A primeira faz parte das restrições, embora fique completamente isolada das demais ilhas da estação e rodeada por outras dez ilhas que não são. Já a segunda, que
fica tão próxima de Palmas que parte dela é tecnicamente abrangida pela área de restrição ao redor da outra ilha, é
particular, tem uma bonita casa e uma praia pontiaguda ainda mais linda, que — sorte sua! — pode ser visitada por qualquer pessoa e nem o dono da ilha pode impedir isso — o tal direito ao uso
público, que, segundo os ambientalistas, as praias das ilhas da estação não permitem. Por que uma pode e outra não, se ficam praticamente no mesmo lugar?
“Ninguém entende isso”, admite Godoy. “De certa forma, nem nós. A estação foi
criada com este formato e assim está. Mas melhor seria mudar.”
Enquanto sofre para tentar explicar aos donos de barcos por que uma ilha pode ser
visitada e outra não, a equipe da Estação Tamoios procura praticar o bom senso nas abordagens dos barcos ancorados onde não é permitido, o que acontece com certa frequência.
Na primeira vez, os fiscais apenas registram o nome do barco, conversam e entregam um
folheto com o mapa da região, onde aparecem destacadas as ilhas da estação — uma tentativa de tornar as ilhas com restrições mais conhecidas do público. Só na segunda abordagem do
mesmo barco em local proibido é que o proprietário será autuado e isso pode resultar em uma
multa de quase R$ 5 000. “Sempre procuramos esclarecer em vez de punir”, diz Godoy.
bonita
e perto
A ilha Pelada
Grande (acima)
tem até um
barzinho na
praia. Quem
não tem barco,
aluga um para
fazer a travessia,
a partir do Saco
de Tarituba (ao
lado), que fica
quase em frente
dela
onm onm onm onm onm
onm onm onm onm onm
onm onm onm onm onm
onm onmo nmo n
24
Náutica SudeSte
Náutica SudeSte 25
texto e fotos jorge de souza
as ilhas da divisa
região de Paraty tem
A região que divide Angra dos Reis de Paraty abriga
uma série de pequenas ilhas bem menos frequentadas
do que as demais, porque algumas fazem parte de uma
estação ecológica. Mas nem todas...
aqui, sim!
Ilha Pelada
Pequena: uma
gostosa praia e
aberta a todos
os barcos,
porque fica
fora da Estação
Ecológica
14
Náutica SudeSte
muitas ilhas. A de Angra
dos Reis, que fica ao lado,
ainda mais. Por isso, quem tem
um barco nestas duas cidades quase
sempre limita os passeios às ilhas mais próximas, já que a oferta é tão generosa que não há
necessidade de ir longe. Mas este hábito pode ser um
desperdício de oportunidade. Exatamente na divisa entre
Angra e Paraty, bem ao centro da enorme baía de Ilha Grande, que banha os dois municípios, há um punhado de pequenas
ilhas, bem menos frequentadas e conhecidas, que são igualmente lindas. Em alguns casos, até mais bonitas do que aquelas que os
donos de barcos de Angra e Paraty costumeiramente visitam. Como
a idílica ilha do Cedro, um quase mitológico naco do paraíso ao norte da baía de Paraty, praticamente só frequentado pelos donos de veleiros quando buscam um ancoradouro tranquilo — e lindo — para passar
a noite. Mas o pouco conhecimento deste trecho da baía de Ilha Grande
tem um motivo. Além da distância das principais marinas das duas cidades
(embora o Bracuhy fique praticamente ao lado), a maior parte das ilhas e ilhotas “da divisa”, como informalmente os nativos chamam a faixa de mar que separa os dois municípios, fazem parte de uma estação ecológica e, por isso, têm
acesso proibido — embora esta proibição não abranja todas as ilhas nem seja tão
respeitada assim, por conta da eterna questão sobre o direito público a todas as praias
da nação. Cautelosos, os donos de barcos acabam evitando a região e perdem a oportunidade de aproveitar até o que é permitido, o que, por si só, já vale sair da rotina e esticar o passeio até a divisa. Duvida? Então confira.
Náutica SudeSte 15
Com medo de serem
multados, os donos de
barcos evitam toda
esta região. e acabam
deixando de conhecer
até o que é permitido
ESEC TAMOIOS
s “Ilhas da Divisa” não existem em nenhuma carta náutica. Não com este nome, que é apenas a maneira como
alguns caiçaras identificam o punhado de ilhas que
existe na faixa de mar que divide os municípios de Angra dos Reis e Paraty, às vezes tão próximas uma das
outras que não se sabe ao certo a qual cidade elas
pertencem. Como as ilhas do Algodão e Sandri,
que ficam exatamente em frente ao rio Mambucaba, que marca a divisa dos dois municípios. Até
a própria vila de Mambucaba padece de certa confusão causada
pela localização. A vila histórica, cujo ícone é uma igreja de 1863,
fica do lado angrense do rio que divide as duas cidades, mas, na outra margem, já do lado de Paraty, continua sendo Mambucaba —
só que não mais a vila histórica.
Os visitantes costumam ficar confusos com esta dupla identidade, até porque os nativos não dão muita bola para o que dizem os mapas e misturam as duas cidades. Mas isso não importa mesmo. O que
conta é aquele trecho lindo e repleto de praias e ilhas. Mesmo assim, é
bem menos frequentado pelos donos de barcos do que as demais áreas
de Angra e Paraty. E o motivo é que maioria das ilhas deste trecho da divisa fazem parte da Estação Ecológica de Tamoios, que também abrange
outras ilhas da região, mas não tão concentradas quanto ali. Como a legislação prevê a total proibição de visitação nas estações ecológicas (no caso
de ilhas, com a agravante de uma faixa de proteção de um quilômetro ao redor delas), a região se tornou quase proibitiva para os barcos, apesar de haver
outras ilhas naquele trecho que não fazem parte da reserva. Na dúvida sobre
qual ilha pode-se visitar ou não, os donos de barcos acabam preferindo tomar
outro rumo em vez de serem surpreendidos pelos fiscais da Estação, que, dentro
do possível, costumam patrulhar a região. Para a grande maioria deles, o trecho
da divisa é área proibida e ponto final. Mas não é bem assim.
praias
liberadas
Tanto na ilha
do Ventura
(acima), quanto
na ilha do
Cedro (ao lado),
o acesso à praia
é liberado,
embora
elas sejam
particulares
Ilhas da dIvIsa
ó não pode ficar com o barco parado nas ilhas da
Estação, porque, isso sim, é proibido”, diz um caiçara nativo. “Mas se a pessoa deixar o barco longe ou chegar nadando, não tem problema, porque praia não tem dono”, completa o raciocínio.
Mas não é o que pensa o ICMBio, órgão ambientalista que sucedeu ao antigo Ibama, mas
que ninguém até hoje consegue chamar pelo
novo nome. Para o órgão, se uma ilha faz parte de
uma estação ecológica, tudo o que existe nela passa a
mambucaba
ter acesso restrito, inclusive eventuais praias.
dos dois
No entendimento dos ambientalistas, no caso de ilhas, a
lados
classificação ambiental se sobreporia à legislação brasileira sobre
Mambucaba
fica bem na
o domínio público das praias, num típico caso de exceção à regra.
divisa dos dois
“É uma questão que dá margem a duas interpretações”, analisa um
municípios. A
vila histórica
esclarecido dono de barco da região. “Se o acesso às ilhas é proibi(à esquerda)
do e as praias ficam nas ilhas, então, geograficamente falando, elas
pertence a
Angra, mas
também fazem parte da proibição. Mas, como as praias têm legislação
muitas casas
própria, não deveria haver outra regra que contrariasse isso”, pondera.
ficam no lado
de Paraty.
O resultado prático é que cada um analisa a questão a sua maneira. Os
Ambas são tão
caiçaras dizem que todo mundo pode usar as praias das ilhas, mas os técligadas ao mar
nicos do assunto garantem que não. Ou seja, é uma confusão.
que o ponto de
ônibus (acima)
Outro complicador nesta questão é que, sem que ninguém saiba exé um barco
plicar por que, nem todas as ilhas da Estação Ecológica dos Tamoios ficam
reunidas num só local. Ao contrário, elas se espalham por toda a região da
baía de Ilha Grande e são intercaladas por outras ilhas que não fazem parte
das restrições, o que só confunde todo mundo. Os donos de barcos que quiserem saber onde podem parar ou não terão de consultar a carta náutica, até
porque não existem placas nas ilhas avisando da proibição.
18
Náutica SudeSte
a ilha que é
um tesouro
A ilha do Cedro é a melhor surpresa
desta parte da baía de Ilha Grande.
e ela fica fora da área proibida
Q
uando buscam um lugar tranquilo,
abrigado e (muito) bonito para ancorar e passar a noite a bordo, os donos de barcos que realmente sabem
das coisas nesta parte da baía de Ilha
Grande não têm dúvidas: vão para a ilha do Cedro,
jogam o ferro e curtem a melhor ancoragem da região, não só porque as águas na parte de dentro da
ilha são bem seguras, mas porque a ilha é linda —
além de ficar fora da área da estação ecológica e não
fazer parte das ilhas com visitação proibida.
A ilha do Cedro fica exatamente entre Paraty e
Bracuhy (pouco mais de uma dúzia de milhas tanto
de um ponto quanto do outro) e oferece duas praias
praticamente desertas, além de uma ilhota com uma
extraordinária língua de areia. O mar é de piscina (a
começar pela cor da água), sem nenhuma ondinha e
a beleza das praias é de fazer qualquer um esquecer o
que diz o calendário. Não por acaso, o Cedro é a ancoragem predileta dos cruzeiristas da região que moram
em barcos (sempre haverá um ou outro veleiro ancorado por lá) e também dos pescadores, o que é garantia
de um peixinho fresco para o jantar a bordo.
Mas, se por acaso, isso não acontecer, basta de-
sembarcar e bater na casa do mais antigo morador da
ilha (que só tem três habitantes), o Almir, que ninguém conhece pelo nome e sim pelo apelido “Pipi”.
Seu Pipi tem 63 anos e mora na ilha desde que se conhece como gente, já que nasceu ali mesmo. Deve,
inclusive, o seu apelido à própria ilha. “Quando eu
nasci, meu pai estava na praia e gritou para a parteira, lá dentro, o que tinha saído de dentro da barriga
da minha mãe. ‘Saiu um pipizinho’, ela disse. “Pronto. Ficou pra sempre”, ele conta, simpático e bemhumorado, a todos que chegam à ilha e puxam papo.
Quando sente fome ou dá vontade, Seu Pipi
pega a traineirinha e sai puxando a rede em frente às
duas praias da ilha, “a de cá e a de lá”, como ele diz,
e que também serve quando ele muda de praia, porque continua sendo “cá” e “lá”, explica, com adorável simplicidade. Logo, ele colhe um punhado de
camarões-sete-barbas e volta para casa. Sua sobrevivência está garantida. Vivendo ali, numa ilha com
abundância de mata e água potável, ele não precisa
de mais nada. Nem quem chega de fora, ávido por
curtir um pouquinho daquele paraíso.
A ilha do Cedro é um achado para quem sempre
achou que conhecia tudo entre Angra e Paraty.
morador
do paraíso
Seu Pipi, um
dos únicos três
moradores
da ilha do
Cedro, que
tem praias de
cinema e águas
transparentes
Náutica SudeSte 19
Ilhas da dIvIsa
paraty angra
as ilhas proibidas
Várias ilhas da baía de Ilha grande fazem
parte da estação ecológica e têm acesso
proibido. Boa parte delas fica na região da
divisa, mas espalhadas e intercaladas com
outras ilhas, onde o acesso é permitido
diante
da usina
A Estação
Ecológica de
Tamoios foi
criada como
compensação
ambiental à
construção da
Usina Nuclear
de Angra dos
Reis. Algumas
ilhas protegidas
ficam bem
diante dela
20
Para saber quais
ilhas têm acesso
proibido, só
mesmo olhando o
mapa. Porque nem
placas elas têm
Náutica SudeSte
A praia do sul, na ilha sandri,
tem cenário de calendário de
parede. Pena que ninguém
pode ver, muito menos entrar
R
eza a lenda que, nos anos 1970, o mafioso
italiano Tommaso Buscetta (aquele que,
em nome dos bons costumes, a imprensa brasileira da época preferia chamar de
“Buschetta”, embora a pronúncia original siciliana fosse “Buxéta”) comprou um belo naco
da ilha Sandri, exatamente na divisa entre Angra e Paraty, e mandou erguer um hotel, cujo verdadeiro objetivo não era abrigar hóspedes e sim um cassino clandestino, já que se tratava de um fora da lei incorrigível.
O hotel ficou pronto, mas jamais foi inaugurado,
porque Buscetta/Buschetta foi preso pouco antes disso, em São Paulo, e extraditado. Em seguida, o prédio foi saqueado, teve portas e janelas arrancadas. Mas
seu esqueleto continua “decorando” — ou, melhor dizendo, enfeiando — a estupenda paisagem da praia
mais bonita da ilha Sandri, a do Sul, ao fundo de uma
reentrância quase escondida no entorno da ilha e dona
de um mar dessa cor — que, não por acaso, é venerado pelos mergulhadores.
Pena que você terá que se contentar apenas com
ESEC TAMOIOS
não concentração da área da estação em
um grupo de ilhas próximas umas às outras dificulta até a própria fiscalização,
porque há poucos agentes com poucos barcos para patrulhar uma área
tão ampla. Quando recebem a denúncia de invasão do perímetro de
uma das ilhas da estação, os fiscais
costumam levar cerca de duas
horas para chegar lá, tempo mais que suficiente
para os infratores escaparem. Acontece com certa frequência envolvendo barcos pesqueiros, que
se aproximam das ilhas com suas redes. Mesmo
sendo detectados, via satélite, na sede da estação,
os fiscais só conseguem abordar os invasores após a
demorada colocação do barco da instituição na água
e de, às vezes, muitas milhas navegadas. Quando finalmente chegam lá, ou o pesqueiro já foi embora ou
espertamente saiu do raio de proteção de um quilômetro em torno das ilhas da estação. “É um trabalho
muitas vezes frustrante”, diz o subchefe da Estação Tamoios, Eduardo Godoy. “Bem melhor seria se as ilhas
ficassem juntas num só pedaço da baía.”
olhe a cor deste mar!
fotos e histórias, porque, sob o ponto de vista (largamente combatido) dos ambientalistas, é proibido visitar as três praias da ilha Sandri, bem como chegar a
menos de um quilômetro da ilha, já que ela faz parte da Estação Ecológica de Tamoios. Para os turistas, é
uma frustração. Mesmo assim, não são poucos os barcos que costumam frequentar as verdes águas da ilha
Sandri, eventualmente desembarcando pessoas, sob o
argumento de que, no país, todas as praias são públicas.
Quem faz isso, fica sujeito a ser advertido, expulso
da ilha ou multado. Mesmo assim, muita gente ignora
os riscos e visita as praias da ilha Sandri do mesmo jeito. Também, com um mar dessa cor, quem há de resistir à tentação de dar um mergulho na praia do Sul?
escondida
na ilha
A Praia do Sul,
com o hotel
inacabado, que,
reza a lenda,
pertencia a um
mafioso: a mais
bonita da mais
famosa das
ilhas proibidas
Náutica SudeSte 21
mnom n omn
omn om
Mno monm
onmo nmo
nmo nm nm
onm onmo
nm onm onnm
onmo nm onm
onm onm nom
nomon mnom
Quase sempre, a
distância entre uma ilha e
outra não passa de alguns
minutos navegando. Você sai
de uma e já chega na outra
tudo azul
Na página ao lado,
a ilhota de filme
de náufrago do
Saco de Tarituba
e as ilhas-irmãs
Pelada, ambas
com praias.
Acima e abaixo,
a tranquilidade
da ilha do Cedro,
onde sempre há
um ou outro barco
ancorado
comentário faz ainda mais sentido quando se analisa o principal fator que levou à criação da estação ecológica, além
da questão da preservação de algumas ilhas, naturalmente. A estação foi criada como uma forma de “compensação ambiental” à construção da usina nuclear de
Angra dos Reis, entre as vilas de Mambucaba e Frade,
num dos trechos mais espetaculares do litoral sul carioca. Teve, também, o intuito de criar um “cinturão verde”
de proteção natural em volta da usina, que já era protegida
pela mata virgem do Parque Nacional da Bocaina ao fundo.
Com a proibição do acesso às ilhas, algumas bem diante da usina, o cerco se
completou, impedindo a ocupação humana ao redor dos geradores, além de
gerar uma maneira segura de monitorar a qualidade ambiental da região — outro motivo para que as ilhas da estação ficassem agrupadas, formando uma espécie de escudo natural desabitado.
Mas não foi bem o que aconteceu. Algumas ilhas foram transformadas em estação, outras não. Talvez, pela dificuldade em desapropriar certas ilhas na ocasião.
Muito provavelmente, porque algumas ilhas interessavam mais à preservação do meio
ambiente do que outras. Certo é, quando se olha o mapa da baía de Ilha Grande como
um todo, não faz muito sentido que algumas ilhas tenham acesso proibido e outras não,
sendo que, muitas vezes, elas ficam lado a lado.
as ilhas da estação
ecológica ficam
espalhadas e não
concentradas numa
só região. Numa
pode entrar, na
outra não. daí a
confusão
o caso das ilhas vizinhas de Palmas e Ventura, a
meio caminho entre Mambucaba e Paraty. A primeira faz parte das restrições, embora fique completamente isolada das demais ilhas da estação e rodeada por outras dez ilhas que não são. Já a segunda, que
fica tão próxima de Palmas que parte dela é tecnicamente abrangida pela área de restrição ao redor da outra ilha, é
particular, tem uma bonita casa e uma praia pontiaguda ainda mais linda, que — sorte sua! — pode ser visitada por qualquer pessoa e nem o dono da ilha pode impedir isso — o tal direito ao uso
público, que, segundo os ambientalistas, as praias das ilhas da estação não permitem. Por que uma pode e outra não, se ficam praticamente no mesmo lugar?
“Ninguém entende isso”, admite Godoy. “De certa forma, nem nós. A estação foi
criada com este formato e assim está. Mas melhor seria mudar.”
Enquanto sofre para tentar explicar aos donos de barcos por que uma ilha pode ser
visitada e outra não, a equipe da Estação Tamoios procura praticar o bom senso nas abordagens dos barcos ancorados onde não é permitido, o que acontece com certa frequência.
Na primeira vez, os fiscais apenas registram o nome do barco, conversam e entregam um
folheto com o mapa da região, onde aparecem destacadas as ilhas da estação — uma tentativa de tornar as ilhas com restrições mais conhecidas do público. Só na segunda abordagem do
mesmo barco em local proibido é que o proprietário será autuado e isso pode resultar em uma
multa de quase R$ 5 000. “Sempre procuramos esclarecer em vez de punir”, diz Godoy.
bonita
e perto
A ilha Pelada
Grande (acima)
tem até um
barzinho na
praia. Quem
não tem barco,
aluga um para
fazer a travessia,
a partir do Saco
de Tarituba (ao
lado), que fica
quase em frente
dela
onm onm onm onm onm
onm onm onm onm onm
onm onm onm onm onm
onm onmo nmo n
Ilhas da dIvIsa
para ficar
diante das ilhas
esmo assim, causou grande furor o caso do deputado Jair Bolsonaro, que,
três anos atrás, foi flagrado
pelos fiscais pescando na
ilha Samambaia e, indignado com a multa recebida, reagiu nos corredores
de Brasília tentando acabar com a proibição da pesca amadora nas águas
da estação. O caso gerou reações adversas de apoio
e indignação ao parlamentar e, até hoje, tem defensores dos dois lados. O tema é delicado. Como
a própria questão das proibições. As ilhas proibidas
sempre geraram polêmicas.
O que todos concordam é que a região é extraordinariamente linda. Tome-se como exemplo o fenomenal arquipélago formado pela ilha do Cedro e as vizinhas ilhas Pelada Grande e Pelada Pequena, todas donas
de praias de cinema e fora dos limites da estação.
26
Náutica SudeSte
o Hotel do Bosque é a melhor
opção de hospedagem da
região. e tem a peculiaridade de
se dividir entre duas cidades
A
ngra dos Reis tem bons resorts, Paraty ótimas pousadas, mas nenhuma hospedagem é tão privilegiada para quem
quer conhecer esta parte da baía de Ilha
do que este hotel, o do Bosque (www.
hoteldobosque.com.br). Ele fica em Mambucaba, às
margens do rio do mesmo nome, e tão na divisa entre
os dois municípios que sua sede fica em uma cidade e
a base que ele possui na praia, em outra. Para sair do
quarto e chegar à praia, toma-se um simpático barquinho, que atravessa o rio — e, tecnicamente, muda de
cidade. Mas, quem quiser ir bem mais longe e conhecer algumas ilhas da região, pode agendar passeios de
barcos ou mesmo alugar uma lancha no próprio hotel,
que, sob o ponto de vista geográfico, não poderia ser
mais inusitado nem estar mais bem localizado.
não tem barco?
alugue um
não precisa
ter barco
As simpáticas
escuninhas de
Paraty (ao lado)
fazem passeios
fretados às
ilhas mais
próximas, como
a do Ventura
(acima). Para
alugá-las, as
melhores bases
são as vilas de
Tarituba e
Mar Grande
las têm acesso livre e
rústicos bares na areia,
para receber os visitantes com bebidas geladas
e porções de peixe frito
e camarão. Ou a água
clarinha da ilha Sapeca, já bem próxima a
Paraty e, por isso mesmo, às vezes, visitada pelas escunas que fazem passeios. Ou a bonita praia da imponente ilha do Pico (que tem esse nome, adivinhe
por quê?), que pertence ao cineasta Bruno Barreto, mas costuma ser alugada aos interessados.
Ou, ainda, a praia deserta que existe do lado de
fora da ilha do Araújo, que, a exemplo de outras
nesta região, fica tão próxima do continente que,
às vezes, nem dá para perceber que é uma ilha.
Gostou das sugestões? Pois, então, da próxima
vez que pegar um barco em Angra ou Paraty, que tal
variar o cardápio do passeio e incluir algumas dessas
ilhas no seu roteiro? Uma coisa é certa: você vai voltar
para casa com a certeza de que a Baía de Ilha Grande é
ainda mais bonita do que se imagina.
28
Náutica SudeSte
P
ara visitar as ilhas desta parte da baía de Ilha Grande (como, de resto, qualquer ilha...) só de barco particular, já que não existe serviço regular de travessia
para nenhuma delas. Mas isso é fácil de contornar.
Basta recorrer aos barqueiros que fazem passeios
particulares (cobrados por período, com base no preço médio
de R$ 100 por hora navegada), a partir de dois pontos do litoral de Paraty: a vila de Tarituba, bem próxima às ilhas do Cedro,
Pelada Grande e Pelada Pequena (todas com ótimas praias), e a
de Mar Grande, bem diante da Ilha do Araújo e vizinha às ilhas
do Ventura, Comprida e Sapeca. Os barcos não passam de típicas traineiras coloridas e navegam sem muita velocidade, mas
as distâncias são curtas.
Nestes mesmos locais, é possível fretar barcos para pescarias, como a escuninha Diego, do pescador Marcos (tel.
24/99944-3798), que cobra R$ 500 por uma noite inteira no
mar. Outra opção, bem melhor, por sinal, é alugar logo um veleiro e ser dono do próprio roteiro. Há várias empresas do gênero,
tanto em Angra quanto em Paraty, que alugam ótimos barcos
a vela, com capacidade para quatro ou mais pessoas dormirem
a bordo. Duas delas ficam bem próximas destas ilhas: a Sailabaout (tel.24/3370-6429), baseada na Marina Bracuhy, que aluga
veleiros da marca alemã Bavaria, e a Wind Charter (tel. 24/24040020) que tem sede na marina do Engenho, em Paraty, e oferece diversos veleiros por um preço médio de R$ 1 000 ao dia,
dependendo do barco e da época do ano.
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diversão
Passear de jet ski em grupo
é um programa cada vez mais
procurado. E é fácil saber por quê
o contrário das lanchas e veleiros, jet skis são
embarcações fáceis de transportar e de levar pra lá e pra cá. Entre outras vantagens,
essa mobilidade aumenta barbaramente
as possibilidades de passeios em outras
águas que não as frequentadas habitualmente. Basta colocar o jet na carreta
e levá-lo, por terra, até outro ponto,
evitando longos e muitas vezes impraticáveis deslocamentos pela água. Graças a esta praticidade, quem
tem um jet pode ampliar os seus horizontes e não
precisa ficar confinado numa só região, o que é um
facilitador e tanto para quebrar a rotina dos passeios náuticos. Mas existe outro apelo ainda mais
forte neste sentido: os passeios em grupo, que estão se tornando cada vez mais comuns e frequentes em todo o país. Porque, acima de tudo,
eles são muito divertidos.
Náutica SudeSte 33
Passeios de Jet
GP MINI DIVULGAÇÃO
s passeios organizados em
usarem suas máquinas, e que, na contramão da tendência, foram
grupo ou saídas com turinterrompidos recentemente. Mas os Jet Tours deixaram a semenmas de amigos são a mais
te dos passeios organizados. “Passamos cinco anos ensinando os
eficaz maneira de convennossos concessionários a organizarem passeios náuticos e a tiracer os donos de jet skis a tirem algum proveito comercial disso”, diz Fernando Alves, gerarem suas máquinas das garente de operações da BRP, que produz os jets da marca Sea
ragens e colocá-las na água,
Doo. “Agora, eles já estão suficientemente treinados e são caatraídos pelo simples apelo de
pazes de organizar os próprios passeios nas suas regiões, com,
que outros farão o mesmo, pelo mesmo
inclusive, muito mais frequência do que nós éramos capamotivo. Navegando juntos, todos se diverzes de fazer”, explica.
tem muito, o que não aconteceria se o passeio fosse apenas com o amigo de sempre ou,
pior ainda, sozinho. “Andar de jet sem ter a
companhia de outros jets é como dançar com
a irmã: não tem graça”, compara, bem-humorado, o paulista Paulino Alvarez, que ninguém conhece pelo nome e sim pelo apelido “Kilha” (“por
causa do tamanho do meu nariz”, ele explica), este
Graças a ações desse tipo e ao efeito aglutinador
sim tremendamente conhecido entre os adeptos dos
de praticantes, uma das características mais marcanpasseios organizados de jet skis.
tes dos jet skis, hoje praticamente todas as regiões
Durante anos, Kilha foi o responsável pela orgado país possuem suas “turmas de jet”, quase semnização e execução dos passeios em grupo promovidos
pre formadas por entusiasmados homens de meiapela Sea Doo em todo o país, os Jet Tours, que tinham
idade (ou bem mais do que isso...), que não raro
por objetivo estimular os donos de motos aquáticas a
vão nos passeios acompanhados de suas mulheres na garupa e dos filhos a bordo de outros jets.
Ou seja, duas gerações curtindo o mesmo programa, o que é cada vez mais raro no típico
dia a dia das famílias de hoje em dia.
“Nos passeios de jet, eu volto a ter a
idade dos meus filhos”, atesta um dos
mais assíduos frequentadores dos passeios organizados (com bastante frequência, por sinal), pela marina Jet
Chula, de Bertioga, no litoral de São
Paulo, e que chegam, fácil, fácil, aos
50 jets na água.
ANGRA
É A MECA
Andar de jet
em Angra é
o sonho de
todo dono de
moto aquática.
Nos passeios
organizados,
isso é bem mais
fácil. No alto,
um grupo que
veio de Minas
Gerais. Ao lado,
a 1aJet Parade,
também lá
34
BR MARINAS DIVULGAÇÃO
Os passeios são a forma mais
eficaz de tirar os jets das garagens
Náutica SudeSte
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
Passeios de Jet
s vezes, temos que estipular
estratégia de marketing. “Você nem precisa fazer esforço na convoum limite máximo de particação dos participantes, porque um sempre chama outro”, ensina.
cipantes, porque todo mun“Passeios geram um intenso boca a boca”, confirma Ferdo quer ir junto”, diz Marnando Alves, da Sea Doo, “porque, no fundo, ninguém goscelo Gimenez, o “Chula”,
ta de andar de jet sozinho”. E ele vai mais fundo na sua anánome que também batiza a
lise. “Os passeios organizados conseguem mudar o cenário
sua marina. “Nos passeios
até nos lugares que os participantes conhecem bem”, teorique fazemos em Angra
za Fernando. “Só o fato de navegar ao lado de outros jets já
dos Reis, por exemplo, sempre sobra gente,
torna tudo muito mais divertido”.
porque a quantidade de participantes é determinada pelo caminhão que nós fretamos
para levar os jets”, explica Chula, a respeito da
mais nova tendência dos passeios do gênero: os
que acontecem em locais distantes, sem, contudo, precisar ir navegando até lá — o tal benefício da facilidade do transporte terrestre dos jets,
citado no início desta reportagem.
“Os passeios são essenciais para estimular as pesNo último passeio em Angra, Chula reuniu,
soas a usarem os jets que têm”, faz coro o empresásem nenhum esforço, os 47 jets que cabiam na carrerio mineiro Guilherme Velloso, dono da concessiota e passou um fim de semana inteiro navegando ao
nária Sea Doo GP Mini, de Belo Horizonte. “O cara
lado de seus clientes pelas ilhas e praias da região mais
compra um jet por impulso e, depois, não sabe o
bonita do mar do Sudeste. “Um passeio desses deixa
que fazer com ele. Cabe a quem vendeu criar siboas lembranças e associa diretamente o nome da matuações que o levem a usá-lo, do contrário, ele
rina com coisas legais”, explica Chula, que, não por acalogo pensará em vender o jet”, diz Guilherme.
so, transformou os passeios organizados em sua principal
Como Minas Gerais não tem nem mar, ele organiza passeios pelas represas do estado e, uma
vez por ano, leva uma penca de clientes para
andar de jet em Angra dos Reis, a mais de 500
quilômetros da cidade onde fica a sua loja.
Isso só é possível graças à tal mobilidade dos
jets. “Costumo explicar para os meus novos clientes que os jets são barcos portáteis,
que você pode levar de um canto para outro, sem muito esforço”, explica Guilherme. “E, para provar isso, convido todo
mundo para ir para Angra comigo”.
pARAdA
pARA
AlMoço
Os passeios
semanais
organizados
por Valdir
Brito (no alto),
sempre incluem
paradas.
Nem que
seja para um
churrasquinho
na praia
36
FOTOS JETCO DVULGAÇÃO
A nova onda é despachar os jets e
ir navegar nas praias do Nordeste
Náutica SudeSte
Passeios de Jet
Entre nessa você também
8 motivos para aderir aos passeios de jets
1
2
3
4
Porque você faz
novos amigos
Porque muda a rotina
dos fins de semana
Porque conhece lugares
onde não iria sozinho
Porque é um programa
que agrada pais e filhos
5
6
7
8
Porque navegar sempre no
mesmo lugar não tem graça
Porque passeio não é corrida,
embora gere adrenalina
Porque é sempre mais seguro
navegar acompanhado
Porque o seu jet não
fica parado na garagem
“Os passeios também cumprem uma função educativa, porque, na companhia de outras pessoas, os proprietários ganham
confiança e segurança, e vendo de perto como os outros pilotam, também aprendem bastante”, garante o mais veterano de
todos os organizadores de passeios de jet no país, o paulista
Valdir Brito, que há mais 20 anos, todos os fins de semana, convida os clientes de sua loja, a Jetco, concessionária Yamaha de
tem aquela coisa de ir sempre para o mesmo lugar,
nem repetir o programa. Se eu tivesse que escolher
um lugar para manter um jet, seria lá”. Mas, como a
maioria dos usuários não tem esta possibilidade, os passeios organizados com motos aquáticas em Angra dos
Reis quebram um bom galho.
O mesmo vale para outros lugares ainda mais distanSão Paulo (ou donos de qualquer jet, de qualquer marca,
tes, que, de tempos para cá, também passaram a ser visitanão importa) para passear nas águas da Baixada Santisdos pelos donos de jets do Rio e de São Paulo. “A nova onda
ta ou ir bem além disso. “É só chegar no Iate Clube de
é juntar um grupo, fretar um caminhão para o transporte
São Vicente aos sábados de manhã e esperar pela turdos jets e ir, de avião, navegar nas praias do Nordeste”, diz Kima”, diz Valdir, que invariavelmente programa o paslha, que, recentemente, guiou um grupo de mais de 20 motos
seio com uma parada para almoço ou um churrasaquáticas de uma turma de São Paulo em um percurso entre
quinho numa praia vazia. “É raro não juntar menos
Pernambuco e Alagoas. “Foi sensacional, porque aquele é o treque 20 jets”, garante. “E quem vai uma vez sempre
cho mais lindo do Nordeste, cheio de praias e piscinas naturais.
volta, porque é legal à beça. Vamos nessa?”
Já estamos programando outras expedições desse tipo”, ele avisa.
Nos passeios, pais e
filhos se divertem juntos
Com companhia, dá segurança e
confiança para ir mais longe
38
Náutica SudeSte
BY DENTE DIVULGAÇÃO
uilherme não
é o único a
fazer isso. Recentemente,
a empresa BR
Marinas organizou, entre as ilhas
da cidade, o 1º Jet Parade, um passeio em grupo para qualquer tipo
de jet, que pretendia atrair perto de
500 motos aquáticas e até quebrar o
recorde mundial de jets na mesma
praia. Infelizmente, o mau tempo nos
dias do evento afugentou muitos participantes, mas ele será repetido, em outra
ocasião. “Já andei de jet em praticamente todo o Brasil e não conheço lugar mais
perfeito do que Angra do Reis”, garante Kilha, do alto de sua larga experiência em passeios de Norte a Sul do país. “Lá, há, pelo
menos, uns 20 passeios diferentes para serem
feitos por quem estiver com um jet ski. Não
ARQUIVO PESSOAL
ANTES...
Após cinco anos de uma
completa reforma, um velho
atracador do porto de
Santos ressurge como o mais
charmoso trawler de Paraty
oi amor à primeira vista. Quando o
empresário paulista Mario Marzagão
Neto bateu os olhos nas curvas elegantes e arredondadas daquele velho
casco de madeira, há tempos quase
esquecido numa poita de Paraty, não
sossegou até localizar o seu dono e
fazer-lhe uma proposta: daria a sua escuna, em perfeito
estado, e ainda pagaria uma boa diferença em dinheiro,
para ter aquele barco — mesmo ele já clamando por uma
completa reforma. Foi taxado de maluco até pelos amigos, mas seguiu em frente no negócio, mais entusiasmado
que criança em festa de aniversário. Levou cinco longos
anos reformando (praticamente reconstruindo) o barco
inteiro, elevou o teto da casaria e mudou por completo a
cabine, mas o resultado ficou tão espetacular que, hoje,
o velho rebocador-atracador Paraguassu, construído nos
anos de 1970 para operar no porto de Santos, virou o mais
charmoso e nostálgico trawler de Paraty — e razão para
todo mundo virar o pescoço e tecer comentários de admiração quando ele passa. “Já cansei de acordar a bordo com
o barulho do pessoal tirando fotos”, diverte-se Marzagão,
que não liga nem um pouco para o incômodo. Ao contrário, sabe que é uma forma de elogio, tanto ao barco quanto à qualidade do trabalho que nele foi executado. “O Pa-
AIRbnb/GUStAVO UEmURA
...DEPOIS
raguassu é como uma mulher realmente bonita. Até as
outras mulheres reconhecem isso”, compara.
Mas nem sempre ele foi assim. Quando foi comprado pela família Nakata (aquela, dos amortecedores) e
transformado em barco particular, o Paraguassu (nome
original do rebocador, que jamais mudou) manteve as
características de um barco de serviço. Sua cabine era
espartana ao extremo e tão baixa que praticamente só
se entrava nela agachado. Depois de anos ancorado no
Saco da Ribeira, em Ubatuba, o Paraguassu foi vendido a um velejador, que o levou para Paraty e ali ele ficou, por outros muitos anos. Até que Marzagão, dono de
uma ilha na região, viu o barco e se apaixonou, porque
sabia que, depois de uma boa reforma, ele ficaria lindo.
E ficou mesmo...
O Paraguassu foi praticamente
reconstruído. Mas o casco é o mesmo
Náutica SudeSte 41
Paraguassu só ficou pronto no final
do ano passado, após meia década de
uma severa reforma, que incluiu até
madeiras nobres extraídas do casarão
onde Marzagão mora, em São Paulo. “Quando minha mulher resolveu
reformar a casa, eu já sabia onde iria
aproveitar aquelas vigas de mogno e peroba-rosa que sairiam do assoalho”, recorda, rindo. Depois de exaustivas
sessões de manipulação e envernização (em certas partes
do barco, chegaram a ser 15 demãos, o que explica o brilho de espelho no chão), o velho piso do casarão virou
deque e lambris no barco, cujo casco já era do mais puro
ipê. “Só mesmo quase meio século atrás ainda se faziam
barcos com uma madeira tão nobre e com curvas tão
fOtOS AIRbnb/GUStAVO UEmURA
Paraguassu
pronto
para zarpar
Depois da
reforma, o
Paraguassu
ficou baseado
em Paraty,
onde, inclusive
pode ser
alugado. Seu
posto de
comando é
original, mas a
altura da cabine
foi aumentada
As madeiras nobres da cabine vieram do casarão da família
a surpresa
por dentro
Se, por fora, o
Paraguassu já
enche os olhos,
por dentro,
surpreende.
São dois
quartos e uma
sala-cozinha
pra lá de
agradável
elegantes”, suspira Marzagão, que comandou e participou diretamente da reforma do barco inteiro. “Tem gente que gosta de fazer, que manda fazer ou compra pronto. Meu tipo é o primeiro”, explica.
Por “fazer” entenda-se acompanhar com lupa a reforma do Paraguassu, primeiro em Paraty, depois na Rogermar, em Angra dos Reis, duas vezes por semana, durante
abnegados cinco anos, e meter o bedelho em cada sugestão apresentada pela arquiteta naval carioca Ana Claudia
Moreno, contratada por Marzagão para reprojetar o interior do barco, que ganhou teto mais alto, dois quartos,
banheiro, cozinha e uma sala pra lá de bonita e agradável. Só casco e motor não mudaram.
QUER USAR?
O primeiro, de 17 metros de compri0 Paraguassu
mento, continua tendo a popa curva pode ser
(chamada de “popa-torpedo”), como alugado, ao
nos tempos de antigamente, e o se- preço de
gundo ainda é o mesmo Carterpillar R$ 6 000
de retroescavadeira devidamente ma- por dia, com
rinizado, já que o Paraguassu nasceu serviços de
para serviços pesados. “Ficou uma marinharia.
beleza”, baba Marzagão. E quem há Quem oferece
é o site www.
de dizer que não?
airbnb.com.br
42
Náutica SudeSte
por REginA HAtAkEyAmA
MÃOS
À OBRA!
A pintura de fundo com tinta
anti-incrustante é obrigatória
para qualquer barco que
fique parado na água.
Q
uem tem um barco que fica permanentemente na água, especialmente a salgada, sabe bem que um dos
itens mais importantes da manutenção de praxe é a pintura do fundo do
casco. Não por razões estéticas, mas sim práticas, porque
a tinta usada nas chamadas “obras-vivas”, ou seja, a parte
do barco que fica abaixo da linha d’água, tem a função de
evitar que o limo, as algas, as cracas e outros organismos
presentes na água grudem no casco, aumentando o peso
e o arrasto e comprometendo barbaramente a hidrodinâmica do barco. Os prejuízos são bem grandes para algo,
a princípio, tão simples. Um barco com fundo de casco
sujo tem sua capacidade de manobra reduzida, gasta mais
combustível e, principalmente, perde velocidade, porque
fica mais pesado e não desliza tão bem na água.
Fotolia
E a melhor hora é agora,
quando o verão está chegando
Mas é um equívoco achar que a pintura do fundo seja
algo simples. Não é. Dá certo trabalho. Mas, de tempos
em tempos, é extremamente necessária. Especialmente
após um longo período do barco parado na água, como
geralmente acontece nos meses de inverno, quando o
pouco uso acelera o processo de formação de cracas e incrustações na parte de baixo do casco. Sorte que existem
empresas e profissionais especializados na repintura de
cascos, bem como produtos específicos de boa qualidade.
O tema é oportuno, porque o verão já está quase aí
e é hora de deixar o barco tinindo. E que tal começar
por aquela parte que ninguém vê, mas é fundamental
para navegar legal? As respostas às dúvidas mais comuns
sobre a pintura de fundo com tinta anti-incrustante estão nas páginas seguintes.
Náutica SudeSte 45
Pintura de fundo
Fotolia
20 dúvidAS
que tOdO MundO teM SOBRe
pintuRA de fundO
7 conselhos
de quem sabe
E as respostas dos especialistas no assunto
1
2
3
Todo barco precisa de
pintura de fundo?
Como saber se está na hora de
pintar o fundo do casco?
Como funcionam as tintas
anti-incrustantes?
Não. Só os que ficam em vagas molhadas,
ou seja, permanentemente em contato com a
água. “O gelcoat não deve ficar dentro d’água por
mais de cinco dias seguidos”, aconselha Alberto
Piazza, gerente de pós-venda do estaleiro Schaefer Yachts. “Por isso, todos os barcos de maior porte precisam de pintura com tinta anti-incrustante
no fundo. Já os menores, que ficam guardados no
seco, não precisam desta proteção”. As tintas anti-incrustantes, também chamadas de “venenosa”
ou “antifouling”, em inglês, geralmente são compostas de óxido cuproso (um derivado do cobre),
cuja função é repelir os organismos marinhos que
tentam se fixar na parte submersa dos barcos. Mas
também há tintas do gênero livres de cobre e outros metais pesados.
Quando a tinta anti-incrustante perde o efeito, surge o acúmulo de limo, que futuramente acolherá uma colônia de algas,
que, por sua vez, atrairão as cracas, aqueles moluscos que grudam
no casco a ponto de só poderem ser removidos com espátulas. Se
não forem eliminadas, as cracas proliferam, causando uma verdadeira infestação no casco. A hora de refazer a pintura é quando as
incrustações estão começando a se instalar e não quando o barco já estiver infestado. Isso pode ser constatado visualmente, mergulhando para inspecionar o casco. “Se houver algas já aderidas
ao casco, o ambiente estará propício às cracas e elas, em pouco
tempo, irão se fixar onde não houver mais tinta anti-incrustante
suficiente”, ensina Rafael Calviño, recomendado restaurador de
barcos e dono da Tecnimar, de Santa Catarina. “Em barcos que
ficam muito tempo parados, é preciso inspecionar o casco três vezes por ano, nem que seja apenas para lavá-lo. Além disso, no fundo do barco é onde ficam as entradas de água para refrigeração
dos motores e dos geradores, as saídas dos banheiros, os anodos e
outros equipamentos, que também exigem manutenção periódica”, ele completa. E acrescenta. “O limo e as cracas podem não
estar no casco, mas nestas simples saídas e acessórios”, alerta outro especialista no assunto, Alberto Piazza, da Schaefer Yachts.
As tintas mais modernas têm entre suas principais características o uso de substâncias não venenosas (apesar da fama do
seu antigo nome), bem como o autopolimento. O adjetivo “venenosa” era muito usado no passado, quando as tintas continham tributilestanho (o TBT) como agente anti-incrustante.
Hoje, o agente anti-incrustante das tintas difere em cada marca, mas nenhum deles possui mais nenhuma característica venenosa, como antigamente. “O que as tintas promovem é uma
película irritante, mas não mais venenosa, o que dificulta a adesão dos organismos”, esclarece Sandro de Oliveira, responsável
pelo marketing da Weg, que fabrica tintas marítimas. Já o autopolimento é a qualidade que as tintas têm de se desgastar gradativamente pelo atrito com a água, sem perder sua capacidade
anti-incrustante. Com isso, o poder da tinta se renova toda vez
que se usa o barco, enquanto durar a pintura. Aliás, antes de colocar o barco pela primeira vez na água depois de pintar o fundo, é necessário esfregar o casco com uma esponja macia, para
ativar os componentes anti-incrustantes.
46
Náutica SudeSte
Dicas valiosas para quando
for pintar o fundo de um barco
1 Jamais adultere a tinta, usando solventes ou
aditivos, como pó de cobre, por exemplo.
2 A pintura deve seguir rigidamente o que
recomenda o fabricante. na dúvida, consulte a
assistência técnica da marca da tinta.
3 Use sempre a quantidade de tinta adequada ao
tamanho do barco. Economizar encurta a vida da
pintura e antecipa as incrustações.
4 Aplique uma demão extra nas áreas de
maior turbulência e desgaste, como a linha d’água,
quilha, roda de proa, leme, estabilizadores,
eixo pé-de-galinha e rabeta.
5 Antes de pintar o fundo consulte a
meteorologia. nunca pinte quando a umidade
relativa do ar estiver acima de 65%.
6 Aproveite a pintura de fundo para trocar anodos,
fazer revisão da placa de aterramento, da bucha de
eixo do hélice e do alinhamento do eixo do motor.
7 Se precisar colocar o casco no seco depois de
ter pintado o fundo e já colocado o barco na água,
mantenha o fundo molhado, para a pintura não
ressecar e perder seu efeito anti-incrustante.
Náutica SudeSte 47
Pintura de fundo
4
Como calcular
a quantidade
exata de tinta
que será
necessária?
I
5
Com o tempo, os organismos
que grudam no fundo do
casco podem se tornar imunes
às tintas anti-incrustantes?
“Sim, podem”, alerta Fernando Capeloza, gerente de negócios da Akzo Nobel, fabricante das tintas marítimas da marca International. “Até alterações
no clima do planeta, que obviamente afetam tanto a temperatura ambiente quanto a da água do mar,
podem tornar as cracas mais resistentes às tintas. Por
isso, de tempos em tempos, as empresas revisam as fórmulas de seus produtos”, ele garante.
48
Náutica SudeSte
Fotolia
sso não é tão simples quanto parece e há até
fórmulas para calcular a área exata a ser pintada e, consequentemente, a quantidade de
tinta a ser comprada. As fórmulas mais comuns
são: para lanchas, boca + calado x comprimento da linha d’água, e, para veleiros, boca + calado
x 0,75 x comprimento da linha d’água. Ambas darão a área a ser pintada em m2, o que é útil para determinar a quantidade de tinta necessária. Por que
a diferença entre lanchas e veleiros? Porque a largura dos cascos nestes dois tipos de barcos é diferente. Na média, o fundo do casco de uma lancha
de 40 pés de comprimento mede entre 30 e 40 m2,
e o de um veleiro de mesmo comprimento, entre
28 e 32 m2. Daí a diferença também nas fórmulas.
6
Quanto um profissional cobra
para pintar o fundo de um barco?
Depende, obviamente, do tamanho do casco. Como referência, para pintar o fundo de lanchas de até 50 pés, Manuel
Messias, conhecido especialista em pintura e laminação, proprietário da empresa Master Yacht, com bases no Pier 26, no
Guarujá, e na Marina Porto Imperial, em Paraty, cobra cerca de
R$ 100 de mão de obra por cada pé de comprimento do casco.
Já outros profissionais cobram por metro quadrado. Como Rafael Calviño, da Tecnimar, de Santa Catarina, que cobra em torno de R$ 75 o m2. Já Oswaldo Dores, dono da Contatomar, empresa prestadora de serviços náuticos e autorizada do estaleiro
Azimut, no Iate Clube de Santos, no Guarujá, diz que o custo
de tinta e mão de obra para pintar o fundo do casco de uma lancha de 60 pés de comprimento fica em torno de R$ 10 mil, sendo que cerca de R$ 7 mil correspondem apenas à tinta. E esses
preços são para barcos que não tenham a necessidade de remoção da tinta antiga. “Além da qualidade do serviço, outra vantagem de contratar pintores profissionais é que eles quase sempre trabalham com equipes, o que encurta o prazo de execução
do serviço, e já têm um local específico para executar o serviço”, defende Vasco Trindade, da Motor Yachts. Mas ele alerta.
“Uma coisa é apenas repintar o casco sem fazer uma boa preparação para receber a tinta nova, outra é lixar antes o quanto
for preciso. E isso faz muita diferença na qualidade do serviço”.
www.propspeedcontatomar.com.br
7
S
Depois de
aplicada, a
pintura de
fundo requer
algum cuidado?
im, inclusive antes mesmo de o barco ir para a água, porque as tintas anti-incrustantes foram feitas para ficar em
contato com a água, senão a pintura resseca e tem de ser
refeita. Pelo mesmo motivo, sempre que o barco for deixado no
seco, será preciso manter o fundo molhado, esguichando água,
pelo menos, uma vez por dia. E, dentro d’água, como as tintas
anti-incrustantes dependem de autopolimento para cumprirem
a sua função, o fundo do barco deve ser limpo uma vez por mês
ou, no máximo, a cada 15 dias se o barco não for usado sempre
ou se permanecer em local de pouca correnteza ou com muito
material orgânico, como manguezais e locais próximos a saídas
de esgoto, por exemplo. Em geral, as tintas têm eficácia de um
ano, mas, dependendo da manutenção, da qualidade da tinta e
da aplicação, esse tempo pode ser de dois ou até dez anos, caso
da Coppercoat, tinta importada da Inglaterra à base de epóxi e
água e com alto teor de cobre. “A principal característica desse
produto é o tempo de proteção contra incrustação e osmose, de
dez anos ou mais em barcos de fibra, e seu efeito anticorrosão
em cascos de ferro, aço, alumínio e ferro-cimento”, diz Marcos
Agra, dono da Rio Marine Service, que distribui a Coppercoat
no Brasil. “Outra grande vantagem é que ela não perde a eficácia
se o barco ficar no seco, seja pelo tempo que for”, garante. “Dependendo do estado da tinta do casco, pode-se apenas lixá-lo”,
acrescenta Alberto Piazza, da Schaefer Yachts. “Mas, se for preciso repintá-lo, o fundo do casco deve ser lixado a ponto de retirar
uma fina camada da tinta e, em seguida, repintado com uma ou
duas demãos. E é importante usar a mesma marca da tinta original, para evitar reações químicas e manter a garantia do produto”, acrescenta o especialista.
50
Náutica SudeSte
Fotolia
Pintura de fundo
8
Dá para fazer a pintura por
conta própria ou é preciso
contratar um pintor?
Para Silvestre Santos, vendedor técnico da
Akzo Nobel, a pintura do fundo de casco deve ser
feita por profissionais. “Pode parecer fácil, mas a
aplicação exige cuidados, até para a saúde, e os leigos não costumam dar a devida importância”, ele
garante. Alberto Piazza, do estaleiro Schaefer Yachts, concorda: “Esse tipo de serviço requer mão de
obra especializada. A aplicação por pessoa não qualificada pode prejudicar barbaramente a eficiência
da tinta”. E ele explica por quê. “Há uma sequência
de primers e tempos de secagem que precisam ser
seguidos”. Mas, na opinião de muitos donos de barcos — especialmente donos de veleiros, quase sempre mais afeitos ao “faça você mesmo” do que os
proprietários de lanchas —, se não houver nenhum
pintor com boas recomendações ou alguma marina
ou estaleiro que ofereça este serviço com comprovada qualidade, é melhor fazer por conta própria,
embora seja um serviço que pode ser demorado,
quando não se tem experiência nem ajuda de outras pessoas. Uma das reclamações mais frequentes
é quanto à honestidade dos pintores, que costumam
alterar a composição da tinta ou aplicar menos que
o recomendado pelo fabricante, para obter maior
rendimento e, depois, revender a tinta que sobra.
“Se a limpeza prévia do casco não for muito bemfeita, a pintura logo soltará, por falta de aderência”,
diz Vasco Trindade, diretor da Motor Yachts, empresa que presta serviços náuticos, sediada na Marina Verolme, em Angra dos Reis. “Há até quem misture água na tinta, para render mais”, ele alerta.
MELHOR
CUSTO BENEFICIO DA CATEGORIA
300
270 HP
Pintura de fundo
A pintura do casco acima
da linha d’água é tão difícil
quanto na parte de baixo?
Não é mais difícil, mas requer mais cuidado,
porque qualquer imperfeição ficará à mostra — e
poderá comprometer até o valor de mercado do
barco. Por isso, é uma tarefa que costuma ser delegada a profissionais do assunto. Mas vale muito
a pena aproveitar que o barco foi retirado da água
para pintar, também, as partes do casco que ficam
acima da linha d’água, as chamadas “obras mortas”. Mas ela deve ser feita antes de pintar o fundo, para evitar que a tinta escorra.
10
o que é preciso ter para
pintar o fundo de um casco?
Primeiro, espaço adequado, se possível coberto. Depois, equipamentos de proteção pessoal, como macacão, óculos, máscara com filtro,
luvas e botas. Já o material é bem farto e inclui
fita adesiva para pintura, lixadeira, lixas d’água
números 60 a 120, solvente, espátula, bandejas para tinta, rolos de pelos médios, trinchas de
meia a quatro polegadas, para pintar os cantos
difíceis, lona para os respingos, estopa e — claro — as tintas. A saber, primer de adesão, primer
intermediário e a tinta anti-incrustante em si.
52
Náutica SudeSte
A expeRiênciA
de queM fez
2X MAIS
DO QUE A QUE VOCÊ
Com dois ajudantes e nenhuma
máquina, Carlos Varela pintou
o fundo do seu veleiro em três
dias e diz que não foi tão difícil
“Antes de pintar o fundo do casco do meu
veleiro Trinidad 37, pedi alguns orçamentos a
empresas e pintores, mas achei todos eles bem
caros. Então, decidi fazer eu mesmo o serviço,
mesmo jamais tendo feito isso. Peguei
dois ajudantes e pus mãos à obra!
Pintar o fundo de um barco não exige nenhuma habilidade específica, mas
é importante ter paciência, capricho e
atenção a detalhes, como, por exemplo,
esperar pelo dia certo. Tem que estar
quente, seco e de preferência sem vento. Para pintar o meu veleiro usei pincéis
e rolinhos e a mesma tinta da pintura
anterior, a Micron Premium, da International. Se o plano não for lixar o casco
FICOU LEGAL
Varela nunca
até deixá-lo no gel, o mais recomendado é usar
sempre a mesma tinta, para garantir a adesão havia feito
uma pintura
sobre a camada antiga.
de fundo do
Comecei entrando em contato com a ascasco e achava
sistência a clientes do fabricante da tinta e eles que seria bem
difícil. Mas, em
me deram orientações valiosas. Em seguida, latrês dias, o seu
vei muito bem o casco e deixei secar totalmenveleiro estava
te, antes de começar o serviço. A International
pronto para
recomenda três demãos de tinta, com intervavoltar ao mar
lo de seis horas de secagem entre uma e outra.
A primeira demão consome mais tinta. Nas outras duas,
a aplicação pode ser mais ‘esticada’ no rolinho, do contrário
a pintura ficará ‘grossa’ demais. Também é importante ter
pelo menos um ajudante, para não perder tinta, porque ela
resseca rápido na bandeja. Assim, um vai aplicando com o
rolo e o outro vem logo atrás, acertando e retocando. Também deve-se usar um pouco mais de tinta em qualquer quina, porque é onde ela irá ‘gastar’ mais depressa, por causa
do atrito com a água.
No total, gastei cerca de R$ 2 400 com material, mais
R$ 1 700 para tirar e pôr o barco na água e R$ 700 de vaga
seca na marina, e levei três dias para pintar todo o fundo do barco, respeitando os tempos de secagem. Não foi um trabalho em
tempo integral nem fisicamente cansativo. Achei que seria bem
mais difícil, Na verdade, foi até fácil”.
JÁ CONHECE
aRQUiVo PESSoal
9
DURA ATÉ
TINTA
ANTIINCRUSTANTE
BI-COMPONENTE
CONHEÇA A ACQUAMARINE DUOS
A EFICIÊNCIA DE SEMPRE. O DOBRO DA VIDA ÚTIL!
A tinta antiincrustante de autopolimento Acquamarine é
reconhecida no mercado pela sua eficiência, durabilidade
e alto desempenho. A envenenada já existe há mais de 15
anos e vem colecionando histórias de sucesso.
Agora a Coninco, a pedido dos clientes que não abrem
mão da qualidade deste produto, inovou com a fórmula
bi-componente, proporcionando durabilidade maior
que a já consagrada Acquamarine Yacht Premium.
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Pintura de fundo
U
m pintor e um ajudante gastam cerca de cinco dias para
pintar o fundo de um veleiro de 30 pés ou de uma lancha
de 40 pés, se não houver complicações no serviço, porque
a limpeza do casco pode revelar problemas mais sérios. Exemplo:
caso haja osmose, ou bolhas no casco causadas pela infiltração de
água. Neste caso, será necessário reparar as áreas afetadas e deixálas secar por até dois a três meses, antes de pintá-las. Claro que um
leigo levará bem mais tempo do que um pintor profissional.
12
Qual é a melhor época do ano
para refazer a pintura de fundo?
A pintura pode ser feita em qualquer época do ano, desde que
haja condições de umidade e temperatura adequadas — a saber,
tempo seco, com umidade do ar de, no máximo, 65%, para não
comprometer a qualidade da pintura. Mas, na prática, a melhor época é agora, para deixar o barco prontinho para o verão.
13
Como escolher uma boa tinta?
Fotolia
11
Quanto
tempo leva
para fazer
o trabalho
inteiro?
14
Qual a melhor tinta de fundo?
A linha Micron Premium, da marca International, é uma das preferidas pelos profissionais
entrevistados nesta reportagem, mas isso não
quer dizer que não existam outras de boa qualidade no mercado. Da própria International, também a Micron Navigator é muito usada. “Toda
tinta anti-incrustante moderna é boa, desde que
o pintor seja igualmente bom e siga os procedimentos indicados pelo fabricante, como, por
exemplo, a quantidade de demãos para obter
a espessura da pintura necessária”, pondera o
pintor Manuel Messias. Já o restaurador Rafael
Calviño exemplifica: “Além da linha Micron,
eu recomendo a Wegmarine Plus 1200, para
duração de um ano, e a Super 2400, para dois.
E tem, também, a Coppercoat, que não requer
repintura por uns 10 anos, mas exige limpeza
a cada três meses nos primeiros anos, até completar o seu processo de cura”. Também as tintas da Coninco são bastante usadas e oferecem
boa qualidade.
Isso também depende do tipo de uso que tem o barco. “É preciso levar em conta quantas vezes ele navega, em média, por ano,
se no local onde ele fica há muitos resíduos na água ou movimentação maior ou menor de marés e se o barco costuma navegar em
alta ou baixa velocidade, porque o atrito com a água induz ao autopolimento das tintas anti-incrustantes que têm essa característica”,
ensina Rafael Calviño, da Tecnimar.
54
Náutica SudeSte
ALUMÍNIO
15
Na escolha
da tinta, faz
diferença se
o casco é de
metal, madeira
ou fibra de
vidro?
N
ão. A tinta anti-incrustante serve para qualquer tipo de casco.
O que muda é o primer que será aplicado antes e que,
este sim, deve ser específico. “Para a pintura básica de
fundo, geralmente são usadas duas camadas de um primer promotor de aderência, que vai ajudar na adesão das camadas de
tintas”, ensina o também especialista Sandro de Oliveira, da
Weg. “Já no sistema de tripla camada, aplica-se também um revestimento intermediário ou tie-coat, que, além de dar proteção
extra, promove a aderência entre o primeiro primer e a tinta anti-incrustante, aplicada por último”, ele completa.
16
Sempre é preciso aplicar primer?
“Sim”, diz Sandro de Oliveira, da Weg. “Sempre deve haver
algum revestimento aplicado antes do antifouling, seja para auxiliar na aderência, seja para aumentar a resistência”, explica. “Só
não precisa de primer quando a pintura anterior estiver em bom
estado e se a pessoa souber qual tinta anti-incrustante foi usada”,
ressalva o pintor Manuel Messias. “Nesses casos, deve-se raspar e
lavar o fundo do casco com alta pressão e, depois, lixá-lo bem,
para corrigir as imperfeições da tinta antiga”, ele ensina. Mas faz
uma ressalva. “A nova tinta deve ser igual à antiga ou com fórmula parecida, para garantir boa aderência. Mesmo tintas da mesma marca nem sempre são compatíveis”, ele alerta. Quando não
se souber qual era a tinta antiga, será necessário cobri-la com um
primer intermediário, que atuará como uma espécie de selante,
isolando componentes eventualmente incompatíveis, e, só então,
pintar o fundo com a tinta nova.
56
Náutica SudeSte
Fotolia
Pintura de fundo
17
Quando é preciso
remover completamente
a tinta antiga?
Embora haja muita gente que defenda que
tinta velha só atrapalha e não ajuda a proteger
nada, a grande maioria dos pintores profissionais
não vê problema em pôr tinta nova sobre a antiga.
Oswaldo Dores, dono da empresa especializada
Contatomar, chega a não recomendar a remoção
total da pintura velha. “Esse serviço praticamente dobra o custo e só é realmente necessário quando a pintura velha estiver muito grossa ou descolando”, diz Oswaldo, que está investindo em um
novo sistema de decapagem, nome que se dá à remoção da pintura anterior, para substituir o lixamento e o removedor de tinta pastoso. “O lixamento gera poeira e o removedor pode prejudicar
o gel. Esse novo sistema remove a tinta com jatos
de flocos de espuma abrasiva, que absorvem os detritos e podem ser reutilizados”, explica. Já o limite para as repinturas varia entre duas e quatro. Depois disso, é preciso eliminar tudo, até o primeiro
primer, tendo, porém, o cuidado de preservar o
gelcoat do casco. A remoção total também deve
ser feita sempre que a pintura estiver com bolhas
causadas pela infiltração na laminação.
Pintura de fundo
18
D
rolo, pincel
ou pistola?
Qual é a
melhor forma
de pintar o
fundo de um
barco?
e acordo com Silvestre Santos, das tintas
International, o equipamento ideal para a
pintura é a pistola airless, de jato de tinta
sem ar comprimido. E Sandro de Oliveira, da Weg,
acrescenta que a pistola airless permite alcançar
mais facilmente a espessura recomendada e obter
uma película mais uniforme. O dono da Contato
Mar, Oswaldo Dores, que adquiriu recentemente
um sistema airless, conta que a diferença desse tipo
de pistola está nos borrifos, bem mais concentrados,
que evitam o desperdício de tinta e não espirram
para os lados. “Não há sequer necessidade de pintar
o barco em um local fechado”, diz Oswaldo. Todos,
porém, concordam que qualquer que seja o meio
de realizar a pintura (se rolo, pincel ou pistola), o
mais importante é seguir exatamente as instruções
do fabricante, aplicar os produtos na espessura exata, respeitar os intervalos entre as demãos e aguardar
as condições climáticas ideais para realizar o trabalho. Até calor em excesso pode atrapalhar. Além disso, nunca — jamais! — se deve alterar a tinta com
solventes ou outras substâncias, porque ela já vem
pronta e qualquer alteração na sua fórmula original
resultará em perda de eficiência.
58
Náutica SudeSte
19
As partes submersas do
sistema de propulsão
também devem ser pintadas?
Alberto Piazza, da Schaefer Yachts, não aconselha pintar eixos e hélices, mas, de resto, tudo deve pintado: rabetas, lemes,
pés-de-galinha, flapes, pistões de flapes, braços de plataforma e
qualquer metal que estiver abaixo da linha d’água (com exceção,
claro, dos anodos), e com a mesma tinta aplicada no fundo do
casco. “Nestas partes deve-se, inclusive, aplicar mais tinta, porque a eficácia do anti-incrustante é menor do que no casco, e é
preciso limpá-las constantemente”, concorda Rogério dos Santos, da empresa também especializada Rogermar, de Angra dos
Reis. No entanto, já existe no mercado um revestimento anti-incrustante específico para a propulsão, chamado Propspeed. Ele
é à base de silicone e, segundo o fabricante, deixa as superfícies
tão lisas que o limo e as cracas não conseguem se fixar. César
Zimbardi, que importa e comercializa o Propspeed no Brasil,
diz que a duração desse anti-incrustante pode chegar a um ano e
meio, dependendo do uso do barco — neste caso, quanto maior
o uso, maior será o desgaste do produto. E sua aplicação só pode
ser feita por profissionais treinados pelo fabricante. Um kit do
Propspeed custa cerca de R$ 3,2 mil. “Não é um produto barato,
mas aconselho o seu uso, porque é um investimento que vale a
pena”, concorda Vasco Trindade, da Motor Yachts, que também
representa a Propspeed na região de Angra dos Reis.
Pintura de fundo
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Como saber
se a pintura
alcançou a
espessura
necessária?
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través de uma espécie de régua dentada e graduada em micrômetros, específica para pintura. Ela deve ser colocada sobre a superfície com a camada da tinta recém-aplicada e ainda
molhada. O último “dente” marcado pela tinta indicará a espessura dessa camada. A operação deve ser executada a cada demão, somando-se as medidas. Este é o procedimento correto, mas
poucos fazem uso dele. Uma alternativa simples para quem não quiser usar a régua é simplesmente
dividir o total de galões de tinta pelo número de demãos recomendadas. No caso hipotético de
uma pintura que prevê nove galões de uma tinta para a qual se recomenda aplicar três demãos, seriam três galões por demão. Neste caso, o trabalho do pintor será aplicar todas as camadas da tinta
de maneira uniforme por toda a superfície do casco, de forma que nenhuma área receba menos ou
mais tinta do que as outras. Isso vale tanto para os primers quanto para as tintas propriamente ditas.
1Portanto,
17/09/15siga21:56
bem as instruções e mãos à obra, porque o verão está chegando.
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3 perguntas
barco usado é com ele mesmo
Um dos brokers mais experientes do mercado náutico,
Aloisio Christiansen conta por que a sua função é tão relevante e o que
deveria ser feito para facilitar a vida de quem quer vender um barco usado
H
á mais de 30 anos que o paulista Aloisio Christiansen vive em torno da água. Primeiro, como velejador, atividade na qual chegou a ser bicampeão brasileiro, em 1983 e 1987. Depois, como especialista em compra
e venda de embarcações novas e usadas, função que no mercado náutico é conhecida como broker ou corretor de barcos, na qual ele atua desde o final dos anos de 1990. Aloisio
é, portanto, um dos mais experientes profissionais do gêne-
1
Qual a maior
virtude que um
broker deve ter?
Sem falar na idoneidade e honestidade,
que são princípios básicos em qualquer
atividade, um bom broker deve analisar muito
bem a documentação do barco e o histórico
tanto dele quanto de quem o está vendendo,
a fim de detectar dívidas que possam incluir
o barco como garantia de pagamento,
e acompanhar toda a negociação até a
assinatura do contrato, inclusive depois disso,
orientando o comprador sobre aspectos do
mundo náutico, como escolha de marina e
marinheiro. Uma boa pesquisa pode apontar
até se os motores já tiveram algum problema.
Ele também deve agir com transparência
para os dois lados e, de preferência, ser um
broker independente, ou seja, sem nenhum
vínculo com marcas ou estaleiros, o que
infelizmente acontece com muita frequência.
Além de, claro, entender de barcos e saber
se o preço pedido é justo, porque isso, em
última instância, é a primeira coisa que os
compradores buscam.
66
Náutica sudeste
2
ro, o que lhe rendeu o convite da Associação dos Construtores de Barcos – Acobar para ser um dos instrutores do primeiro curso de formação de brokers sob a chancela da principal
instituição de estaleiros do país e que vem se somar à também recém-criada Associação Brasileira dos Corretores de
Embarcações – Abracore, no intuito de gerar bons profissionais para quem busca ajuda para comprar ou vender bem
um barco, algo não tão fácil assim, como ele explica a seguir.
Ter um broker
encarece as
transações?
Claro que não. Ao contrário, o broker
impede que o barco seja vendido ou comprado abaixo ou acima do que ele vale, o
que já representa um bom negócio para os
dois lados. O broker beneficia até os estaleiros, porque, para vender barcos novos, eles
precisam pegar usados como parte de pagamento e, muitas vezes, nem sabem quanto
aqueles barcos valem, muito menos quanto
tempo levarão para vendê-los e fazer dinheiro. Isso, aliás, é o maior problema dos estaleiros. Na média, um terço do que eles recebem na venda de um barco novo vem na
forma de outro usado, o que ultrapassa em
muito a rentabilidade do próprio negócio.
Ou seja, o “lucro” dos estaleiros na venda de
um barco é receber outro barco, o que implica em achar comprador para ele também. É
como correr atrás do próprio rabo. Não acaba nunca. E o que é pior: um barco leva, em
média, seis meses para ser vendido. Quando
a economia não está em crise, como agora.
3
Qual é o maior
problema do setor
atualmente?
Além da crise tem, também, a questão
da não transferência imediata da propriedade do barco para quem for vendê-lo, o que
faz com que o barco fique meses em nome
do antigo dono, mesmo ele já não sendo
mais dele. Nos automóveis isso não acontece, porque os lojistas são obrigados a fazer a transferência de propriedade, mediante, porém, benefício de 95% de abatimento
nas taxas e impostos. É o correto e deveria valer também para os barcos. Outro fator
que ajudaria muito todo mundo é se a venda de barcos usados fosse reunida em um
sistema único integrado, como uma espécie
de Webmotors náutica. Isso, inclusive, ajudaria no surgimento de uma tabela de preços
para barcos usados, o que hoje é algo quase empírico. A Acobar poderia ajudar nestes
dois casos, como já está ajudando com a
criação dos cursos para formação e credenciamento de verdadeiros brokers. É o primeiro passo.
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