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CONTRIBUIÇÃO DOS JOGOS MATEMÁTICOS NA APRENDIZAGEM DOS
ALUNOS DA 2ª FASE DO 1º CICLO DA ESCOLA ESTADUAL 19 DE MAIO DE
ALTA FLORESTA-MT
MARQUES, Marilaine de Castro Pereira1
PERIN, Clailton Lira2
SANTOS, Edinalva dos3
RESUMO
A verdadeira educação é aquela que instiga o desejo do indivíduo a explorar, observar,
trabalhar, jogar e acreditar-se. Levando em conta essa perspectiva, a educação precisa
organizar seus conhecimentos, partindo dos interesses dos alunos e, desse modo, levá-los a
outros patamares de aprendizagem, que são primordiais à formação e ao exercício da
cidadania. A aprendizagem do aluno é responsabilidade do estado, da escola e da família.
Esses, juntos, devem buscar, de acordo com suas atribuições, condições básicas para que os
educandos possam construir conhecimentos de forma significativa. Nesse aspecto, merecem
especial destaque os jogos, pois têm papel importante no processo ensino-aprendizagem das
crianças quando propostos com objetivos e critérios pedagógicos, ou seja, favorecem
resultados exitosos.O presente trabalho foi desenvolvido na Escola 19 de Maio, em Alta
Floresta - MT, no ano de 2012, e teve por objetivos identificar se os professores utilizam os
jogos matemáticos como recurso pedagógico nos anos iniciais; diagnosticar como os jogos
matemáticos contribuem para a aprendizagem dos alunos segundo depoimentos das
professoras; e, indagar as pesquisadas sobre quais são os jogos utilizados nas suas práticas
pedagógicas. Os dados da pesquisa indicaram que todas as pesquisadas têm curso superior,
89% delas utilizam os jogos para desenvolver o raciocínio lógico, a afetividade e a
socialização, a criatividade, a criticidade, a imaginação e a aprendizagem significativa dos
alunos, porque conhecem a importância da utilização dos mesmos. Os jogos utilizados pelas
professoras são: xadrez, dama, dominó, quebra-cabeça, bingo, caça-palavras, dado e jogo da
memória. O jogo, com seu caráter lúdico, é importante para o ser humano em qualquer idade.
Portanto, propiciar situações com jogos é investir no prazer, no desafio e no melhor
desempenho dos alunos.
Palavras-chave: Jogos. Matemática. Ludicidade.
1 INTRODUÇÃO
Os jogos matemáticos desenvolvem o raciocínio lógico das crianças e suas habilidades;
levam-nas a conceberem a matemática como uma disciplina prazerosa e proporcionam a
criação de vínculos positivos na relação professor-aluno e aluno-aluno. Com os jogos
1
Docente do Curso de Pedagogia da Faculdade de Alta Floresta(FAF).
Docente do Curso de Pedagogia da Faculdade de Alta Floresta (FAF).
3
Discente do Curso de Pedagogia da Faculdade de Alta Floresta (FAF).
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matemáticos, os alunos podem encontrar equilíbrio entre o real e o imaginário e ampliarem
seus conhecimentos e o raciocínio lógico-matemático.
O acompanhamento do educador é essencial para promover uma aprendizagem de
conhecimento satisfatório, que seja capaz de despertar o interesse do aluno em seu processo
de construção de conhecimentos. O educador pode possibilitar ao aluno vivenciar os jogos
visando, entre outros benefícios, aumentar sua motivação na disciplina de matemática.
Escolheu-se desenvolver a pesquisa, intitulada “Contribuições dos jogos matemáticos
na aprendizagem dos alunos da 2ª fase do 1º ciclo da Escola 19 de Maio de Alta Floresta –
MT, segundo depoimentos dos professores”, devido ao interesse de conhecer mais a respeito
do assunto. Para tanto, realizou-se pesquisa de campo e bibliográfica. O embasamento teórico
adveio de obras de autores como Kishimoto (2007), Montessori (1965) e Aranão (2006).
O trabalho teve por objetivos identificar se os professores utilizam os jogos matemáticos
como recurso pedagógico no ensino aprendizagem e na socialização das crianças nos anos
iniciais; diagnosticar como os jogos matemáticos contribuem para a aprendizagem dos alunos
segundo depoimentos dos professores da 2ª fase do 1º ciclo; e indagar aos professores quais
são os jogos utilizados nas suas práticas pedagógicas.
Levando em conta que os profissionais da educação da rede pública de ensino de Alta
Floresta receberam, nos últimos anos, formação inicial e continuada para atuarem de acordo
com as tendências atuais de educação, defenderam-se as seguintes hipóteses: a) Os
professores dos anos iniciais da Escola 19 de Maio utilizam jogos em suas práticas
pedagógicas no ensino de matemática; b) os jogos utilizados pelas professoras são: quebra
cabeça, dominó, xadrez, dama, dado, bingo e caça palavras.
A escola tem por finalidade socializar os conhecimentos historicamente acumulados e o
professor é o profissional responsável por organizar as situações de aprendizagens. A
utilização de jogos no ensino de Matemática é uma das formas de conduzir o sujeito na busca
desses conhecimentos, visto que, ao jogar, o educando mistura esforço com brincadeira o que
favorece transformar o trabalho em aprendizado eficaz.
Acredita-se na relevância desta pesquisa porque serviu para aprofundar conhecimento e
apresentar discussões sobre a importância dos jogos nos anos iniciais, o que pode interessar
também, a outros profissionais da educação.
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2 EMBASAMENTO TEÓRICO
Na atualidade, pesquisadores, estudiosos e profissionais da educação que buscam criar
situações desafiadoras e significativas para a construção de conhecimentos concebem os jogos
como estratégias pedagógicas favoráveis, inclusive para a construção de conceitos
matemáticos.
Segundo Kishimoto (2007), os jogos estão vinculados no pensamento de cada criança
mesmo que ela ainda não os conheça, porque a mesma cria suas próprias fantasias através de
brinquedos ligados ao seu cotidiano familiar.
Trabalhar com os jogos nos anos iniciais, segundo Montessori (1965), é uma técnica
que facilita o desenvolvimento dos alunos. Com a utilização de jogos no ensino de
matemática, o professor tem possibilidades de oferecer várias opções para desenvolver as
capacidades dos educandos em cada fase em que se encontram. Utilizar jogos de forma
coerente com os objetivos a serem alcançados, explorando a ludicidade, é uma maneira
inteligente e criativa de promover a superação de obstáculos no ensino de matemática.
O ensino da matemática por meio de jogos, por exemplo, pode transformar as atividades
matemáticas que, às vezes, são geradoras de sofrimento para muitos educandos em fonte de
satisfação, motivação e interação social.
Na sequência, são apresentados aspectos inerentes à matemática como atividade
humana e sua importância no cotidiano das pessoas; os jogos como estratégias pedagógicas
favoráveis à construção de conhecimentos e a importância dos jogos no ensino de matemática.
2.1 A matemática como atividade humana
A matemática está presente no cotidiano de todo cidadão e desempenha papel decisivo
na vida das pessoas, ajudando-as resolver situações diversas. Ao olhar as horas no relógio, ao
fazer as refeições, caminhar pelas ruas e fazer compras, exercitam-se os conhecimentos
matemáticos. Aranão (1996, p. 27) afirma que,
Ao longo da historia o ser humano constituiu seus conceitos matemáticos por meio
da utilização de objetos concretos (pedra, sementes etc.) para contar seus pertences,e
limitar seu território e construir objetos de utilização pessoal. Será que o educador
chegou para homem primitivo dizendo: ”hoje vamos aprender e contar“? É claro que
não. Os conceitos matemáticos foram sendo construído gradativamente ate
chegarmos ao presente avanço tecnológico.
A matemática é uma atividade humana dinâmica que auxilia o processo de
desenvolvimento antrópico.
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Para Aranão (1996, p. 22), “o ensino da matemática deve fundir-se à aprendizagem
natural, espontânea e prazerosa que as crianças experimentam desde o nascer”.
A matemática permeia todas as áreas do conhecimento que serão utilizadas na vida
prática. O ensino da matemática nas escolas não deve se distanciar dos seus principais
objetivos, entre os quais está a construção da cidadania, o preparo para o mundo do trabalho e
o desenvolvimento cognitivo, conforme esclarece a Nova LDB n. 9394/96.
Quando as escolas promovem o ensino da matemática de forma mecânica, os alunos se
condicionam a receber informações prontas e não desenvolvem capacidades de buscar
resolver situações problemas.
Smole, Diniz e Candido (2000, p.18) esclarecem que, quando o professor oportuniza
aos educandos situações ativas de expressão, o que é possível também por meio de jogos, os
alunos podem “conectar suas experiências pessoais com as dos colegas, refletir sobre o
significado das ações que realizaram, avaliar seu desempenho, ao mesmo tempo que ampliam
seus vocabulários e suas competências linguísticas”.
Nessa perspectiva, ensinar matemática é desenvolver o raciocínio lógico independente,
a criatividade e a capacidade de resolver problemas. Em função disso, no intuito de promover
uma aprendizagem significativa e alcançar resultados satisfatórios, educadores buscam cada
vez mais instrumentos que sirvam de recursos pedagógicos auxiliares e a ludicidade
envolvendo os jogos para ensinar matemática é uma maneira inteligente de lograr êxito na
ação educativa.
A criança pode adquirir os conhecimentos matemáticos se beneficiando de materiais
alternativos, como tampinha de garrafas, caixas de fósforos, palito de fósforo usado, entre
outros. São materiais de fácil acesso, que permitem à criança exercitar seus conhecimentos.
Smole, Diniz e Candido (2000, p.11) explicam que:
Explorar, investigar, descrever, representar seus pensamentos, suas ações.[...]
representar, ouvir, falar e escrever são competências básicas de comunicação,
essenciais para a aprendizagem de qualquer conteúdo em qualquer tempo; o
ambiente previsto para o trabalho, precisa contemplar momentos para a produção e
leitura de textos, trabalho em grupos, jogos, elaboração de representações pictóricas
e, a elaboração e leituras de livros.
Ao selecionar os jogos a serem utilizados no processo educativo, é importante
considerar os conhecimentos das crianças. Para identificar esses conhecimentos, é
fundamental que o educador tenha formação - inicial e continuada - que lhe confira
capacidades de utilizar critérios científicos para realizar suas análises e escolhas.
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O jogo, por sua natureza lúdica e problematizadora, possibilita à criança “criar uma
imagem de respeito de si mesma, manifestar gosto e desejo, dúvidas, mal-estar, críticas,
aborrecimento, etc.”, como elucidam Smole, Diniz e Candido (2000, p.14).
Em suma, o jogo é uma das alternativas que os professores podem explorar para auxiliar
na construção de diversos conhecimentos e também estimular a instituição de elos mais
receptivos e agradáveis para contrapor as manifestações repulsivas que muitos alunos têm em
relação a matemática.
2.2 Os jogos como estratégia pedagógica favorável à construção de conhecimentos
Kishimoto (2007) buscou saber de onde vem o prazer que as crianças sentem quando
começam uma nova brincadeira e foi pensando nesta questão que ela aprofundou seus
estudos. Buscou compreender a teorias dos jogos e as raízes folclóricas responsáveis pelo
surgimento das brincadeiras. Quem originou os primeiros jogos no Brasil foram os escravos.
Ao pesquisar áreas do conhecimento dos jogos, Kishimoto (2007) fez diversos estudos
como: a vinda dos portugueses e misturas das três raças, vermelha, negra e branca. Com esta
mistura de raças, o folclore brasileiro deu origem aos jogos, que até hoje fazem parte da vida
infantil.
No início do século XIX, ocorreu o surgimento de inovações pedagógicas. Kishimoto
(2007), ao citar Froebel, enfatiza que, naquela época, o jogo passou a ser entendido como
objeto e ação de brincar e que deveria fazer parte da história da educação pré-escolar, pois
manipulando e brincando com materiais como bola, cubo e cilindro, montando e desmontando
cubos, a criança estabelece relações matemáticas e adquire noções primárias de Física e
Metafísica.
Já no século XX, segundo Moura (2009) começou a produção de pesquisas e teorias que
discutem a importância do ato de brincar para a construção de representações infantis.
Estudos e pesquisas de Piaget e Vygotsky, entre outros, evidenciam pressupostos para a
construção de representações infantis relacionadas às diversas áreas do conhecimento. Com a
expansão de novos ideais, crescem as experiências que introduzem o jogo com o intuito de
facilitar tarefas do ensino.
Kishimoto (2007) enfatiza que, antes de utilizar jogos em sala de aula, o professor deve
ter em mente que estes podem ocasionar vantagens e/ou desvantagens no processo de ensino
aprendizagem, dependendo da maneira como forem utilizados.
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O uso de jogos em sala de aula, segundo Kishimoto (2007), é um suporte metodológico
adequado a todos os níveis de ensino, desde que a finalidade deles seja clara, a atividade
desafiadora e que esteja adequado ao grau de aprendizagem de cada aluno.
Através das teorias de Kishimoto (2007), percebe-se que é necessário que, ao escolher
os objetos para se trabalhar com os jogos com os alunos, deve-se classificar ou escolher
cuidadosamente as atividades para obter um bom resultado no desenvolvimento dos mesmos.
É muito importante, nos jogos coletivos ou individuais, estar sempre diversificando as
práticas para que as mesmas sejam bem aproveitadas.
Os jogos trabalhados com critério pedagógico em sala de aula trazem diversos
benefícios. Nogueira (2005) apresenta os seguintes: favorece a identificação de dificuldades;
promove competição entre os alunos, que se empenham ao máximo para vencer; faz com que
os alunos se tornem mais confiantes, críticos e capazes de trabalhar em equipe. Considerando
essas vantagens, os educadores que utilizam os jogos em suas propostas pedagógicas têm
ótimas chances de alcançar os objetivos que estão postos como necessários para formar
cidadãos mais humanos e competentes.
2.3 A importância dos jogos no ensino de matemática
Os documentos oficiais das políticas educacionais do estado de Mato Grosso e do
Brasil, assim como as proposições de estudiosos da Educação Matemática, indicam os jogos
como estratégias valiosas na construção de conceitos matemáticos.
Kishimoto (2007) pontua que resolução de problema e jogo são elementos semelhantes,
pois ambos se unem através do lúdico. Para ela, as situações de ensino devem ter caráter
lúdico para desestruturar o aluno, proporcionando-lhe a construção de novos conhecimentos.
A relação entre jogos e resolução de problemas, conforme destaca Antunes (2006),
evidencia vantagens no processo de criação e construção de conceitos por meio da discussão
de temática entre os alunos e entre o professor e os alunos. Para ele, o jogo é um problema,
porque, ao jogar, o indivíduo constrói conceitos, de forma lúdica, dinâmica, desafiadora e
motivante.
Por sua vez, Aranão (1996) esclarece que o jogo é um importante recurso metodológico
que pode ser utilizado em sala de aula, para desenvolver a capacidade de lidar com
informações e criar significados culturais para os conceitos matemáticos. A utilização de
jogos nas aulas auxilia os alunos a aprenderem a respeitar regras, a exercer diferentes papéis,
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a discutir e a chegar a acordos, a desenvolver habilidade de pensar de forma independente e
na construção de conhecimento lógico matemático.
Segundo Brasil (1997), as atividades com jogos em sala de aula são uma forma
interessante de propor problemas, porque é atrativo para o aluno e favorece a criatividade na
elaboração de estratégias durante o jogo.
Os jogos matemáticos, de acordo com Montessori (1965), têm como prioridade
incentivar a criança no seu desenvolvimento sensorial e motor. Para tanto, é importante que os
educadores mantenham o equilíbrio na distribuição da riqueza material e cultural, oferecendo
aos alunos a oportunidade de produzir recursos necessários para uma vida digna. A autora
ainda explicita que a criança aprende mais através de objetos colocados em seu mundo e que
nesse movimento ela se desenvolve, tornando-se mais ágil.
Os jogos criam uma situação imaginária que permite ir além do próprio conhecimento.
A criança tanto pode aceitar como discordar e essa dinâmica colabora para a formação de
crianças que, no futuro, serão adultos mais críticos.
Há várias formas de ensinar as crianças com jogos utilizando produtos reciclados, tais
como, caixa de fósforos usada, palito de sorvete, caixas de ovos e outros. Antunes (2006, p.
26) afirma que:
Embora existissem no comércio vários jogos, como cubos e peças de encaixe, é
interessante que a escola os possua para seus alunos, em grupos pequenos, para que
possam explorar esses desafios. A impossibilidade de compra não impede que sejam
os mesmos providenciados com sucatas para seu uso em situações diversas. Mesmo
sem o emprego de regras, a atividades já é pelo manuseio e conversa interior um
produtivo estímulo.
A criança, em seu cotidiano, aprende a identificar objetos, entre eles, janela, parede e
móveis, o que estimula as suas ideias de identificação.
Para Antunes (2006), na escola, essas atividades podem ser ampliadas, com a utilização
de sólidos geométricos, figuras de papelão, em excursão dentro e fora do ambiente escolar,
para que os alunos reconheçam determinadas formas e desenvolvam o pensamento abstrato.
Ao jogar, o aluno resolve questões por meio de tentativa e erro; pode reduzir um
problema em situações mais simples; representar problemas, através de desenhos, gráficos ou
tabelas; fazer analogias de problemas semelhantes e desenvolver o pensamento dedutivo.
O jogo pode ser aproveitado como instrumento facilitador no processo de construção de
conhecimentos, visto que facilita seu desenvolvimento cognitivo, tendo em vista que os jogos
matemáticos e a matemática recreativa são carregadas de ludicidade.
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Conforme exposto anteriormente, são muitas as potencialidades dos jogos no processo
ensino-aprendizagem, cabendo ao professor selecionar de forma criteriosa os que são
adequados a cada situação pedagógica.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
O método de abordagem utilizado foi o indutivo e do procedimento, o monográfico.
Utilizou-se também a técnica de observação direta extensiva, realizada através de um
questionário composto por 15 questões abertas e fechadas. Inicialmente tais perguntas
referiram-se à faixa etária, formação, bem como o tempo que atuam na Escola. A segunda
parte do instrumento referiu-se aos conhecimentos teóricos e práticos das professoras em
relação à utilização dos jogos no ensino de matemática.
Os questionários foram aplicados a 18 professoras que lecionam para a 2ª fase do 1º
ciclo da Ecola 19 de Maio, de Alta Floresta – MT. A pesquisa foi desenvolvida durante o ano
de 2012 e os dados foram apresentados em categorias de análises, com o uso de porcentagens
e gráficos.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram distribuídos 18 questionários para profissionais da educação da Escola Estadual
19 de Maio, com a finalidade de saber se esse público utiliza jogos no ensino de matemática e
quais os jogos mais utilizados em suas práticas pedagógicas de matemática. Os resultados e a
discussão dos dados coletados serão apresentados na sequência.
4.1 Perfil das professoras pesquisadas
As pessoas que participaram desse trabalho são 100% do sexo feminino; 39% têm entre
34 a 39 anos; 34%, mais de 40 anos; 16%, de 23 a 28 anos e 11%, de 29 a 33 anos.Como já
indicaram outras pesquisas na área da educação das últimas décadas, há uma tendência
acentuada, chamada de feminilização do magistério, principalmente nos anos iniciais do
Ensino Fundamental.
A maior parte das professoras abordadas encontra-se numa faixa etária acima dos 34
anos, o que indica que é minoria as profissionais em início de carreira nesse nível de ensino,
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que requer educadores experientes para propiciar uma formação básica de boa qualidade para
as crianças.
Os anos iniciais constituem a base para as próximas etapas de estudos e, quando bem
preparados, os educandos têm a possibilidade de maior êxito na jornada estudantil. Não se
pretende com esse destaque menosprezar a capacidade dos profissionais iniciantes nem
generalizar que somente um longo tempo de experiência garante maiores condições de
sucesso aos docentes. O propósito foi ressaltar que é importante que os anos iniciais sejam
assumidos por profissionais que tenham potencial para realizar uma formação bem sucedida
para as crianças.
Metade das pesquisadas possui renda familiar acima de 9 salários mínimos; 44%, de 3 a
4 salários; 39%, de 1 a 2 salários. A remuneração dessas profissionais indica a necessidade de
maior empenho da categoria, da sociedade e dos governantes para dignificar um trabalho tão
necessário a todos os segmentos sociais mediante remuneração mais justa.
Todas as professoras abordadas concluíram o nível superior, sendo que 80% têm
graduação na área de Pedagogia, 5% tem graduação em Geografia, 5% em Língua Portuguesa
e 5% em Matemática; 84% possuem pós graduação Lato Senso e uma das pesquisadas está
fazendo especialização. A formação inicial é um dos elementos indispensáveis para se
promover uma educação humanista, que precisa ser retroalimentada pela formação contínua,
pois, na atualidade, os conhecimentos têm uma validade curta devido à grande velocidade das
transformações ocorridas na pós-modernidade.
Ao indagar as professores a respeito da relevância da formação continuada oferecida na
escola, 79% responderam que os referidos encontros formativos oferecem contribuições para
se trabalhar com jogos e 16% afirmaram que a formação não oferece contribuição para
desenvolver trabalhos com jogos conforme indica o gráfico 1.
As escolas do estado de Mato Grosso têm autonomia para eleger as necessidades
formativas de seus profissionais a cada início de ano letivo e, a partir de então, elaborar o
projeto de formação continuada, com a finalidade de melhorar as capacidades dos educadores
para que possam aprimorar a qualidade do processo ensino-aprendizagem da instituição em
que atuam. (MATO GROSSO, 2013)
A declaração das professoras indicou que nem todas se sentem contempladas por essa
proposta, pelo menos no que se refere às questões inerentes aos jogos no ensino de
matemática. Como todas as pesquisadas responderam que não têm dificuldades para trabalhar
com jogos, entende-se que a formação inicial lhes ofereceu uma boa fundamentação a respeito
dos jogos como recurso didático.
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Tabela 1 – Contribuições para trabalhar com jogos, na formação continuada, oferecidos
pela Escola
Nº DE ORDEM
DESCRIÇÃO
QUANTIDADE
PERCENTUAL
TOTAL
1º
Sim
18
14
100%
79%
2º
Não
3
16%
3º
Às vezes
1
Fonte: SANTOS, Edinalva dos. Questionários. Alta Floresta/MT. 2012.
5%
Gráfico 1 – Contribuições para a prática dos jogos na formação continuada oferecidos
pela Escola
100%
90%
80%
79%
70%
60%
50%
40%
30%
16%
20%
10%
5%
0%
Sim
Não
Às vezes
Fonte: SANTOS, Edinalva dos. Questionários. Alta Floresta-MT. 2012.
4.2 A utilização e a importância dos jogos na concepção das professoras pesquisadas
Conforme indica o gráfico 2, 89% das professoras utilizam jogos no ensino de
matemática. Quanto às contribuições dos jogos, o gráfico 3 mostra que 68% utilizam jogos
porque esses ajudam no desenvolvimento psicomotor, afetivo e cognitivo das crianças; para
5% delas, os jogos oferecem facilidade para que os alunos entendam as operações
matemáticas; e, para 5% das pesquisadas, os jogos desenvolvem o raciocínio lógico, o que
acarreta melhor compreensão dos conteúdos.
A declaração das professoras está em consonância com as proposições apresentadas por
estudiosos a respeito das contribuições dos jogos no ensino de matemática. Entre esses
estudiosos, destacam-se Smole, Diniz e Candido (2000, p.18), Nogueira (2005)
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Kishimoto(2007), Aranão(1996) e Antunes (2006). Para esses autores, os jogos oferecem as
seguintes contribuições para o ensino de matemática: promovem competição, despertam o
interesse dos alunos, fortalecem a autoconfiança dos educandos, estimulam a criticidade, a
capacidade de trabalhar em equipe, ampliam as capacidades linguísticas e de resolução de
problemas.
Tabela 2 – Utilização de jogos no ensino de matemática
Nº DE ORDEM
DESCRIÇÃO
TOTAL
QUANTIDADE
PERCENTUAL
18
100%
1º
Sim
16
89%
2º
Em branco
2
11%
3º
Não
0
Fonte: SANTOS, Edinalva dos. Questionários. Alta Floresta/MT. 2012.
0%
Gráfico 2 – Utilização de jogos no ensino de matemática
100%
90%
89%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
11%
10%
0%
0%
Sim
Em branco
Não
Fonte: SANTOS, Edinalva dos. Questionários. Alta Floresta/MT. 2012.
Tabela 3 - As contribuições dos jogos matemáticos para aprendizagem dos alunos da 2ª
fase do 1º ciclo
Nº DE ORDEM
TOTAL
1º
2º
DESCRIÇÃO
Desenvolvimento psicomotor, afetivo e
cognitivo
QUANTIDADE
PERCENTUAL
18
12
100%
68%
Em branco
2
Maior entendimento das operações
1
3º
matemáticas
Desenvolvimento do raciocínio lógico, assim 1
4º
compreende e aprende melhor
Fonte: SANTOS, Edinalva dos. Questionários. Alta Floresta/MT. 2012.
11%
5%
5%
73
Gráfico 3 - As contribuições dos jogos matemáticos para aprendizagem dos alunos da 2ª
fase do 1º ciclo
100%
90%
80%
68%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
11%
5%
5%
Maior entendimento
das operações
matemáticas
Desenvolvimento do
raciocínio lógico,
assim compreende e
aprende melhor
10%
0%
Desenvolvimento
psicomotor, afetivo e
cognitivo
Em branco
Fonte: SANTOS, Edinalva dos. Questionários. Alta Floresta/MT. 2012.
4.3 Jogos utilizados pelas professoras pesquisadas
Existem múltiplos tipos de jogos que podem ser utilizados no ensino de matemática.
Dentre as pesquisadas, 68% utilizam o xadrez, a dama e o dominó; 16% utilizam o bingo, o
dado, caça palavra e o uno; 5% utilizam jogos de boliche com garrafas pet para trabalhar as
operações matemáticas, quebra cabeça e jogo da memória. 95% das professoras não
encontram dificuldades para trabalhar com jogos no ensino de matemática; 79% diz não
encontrar nas formações continuadas contribuições para trabalhar com jogos; 16% disseram
encontrar e apenas 5% disseram, às vezes, encontrar contribuições.
A hipótese a, de que “as professoras utilizam jogos em suas práticas pedagógicas no
ensino de matemática”, foi confirmada. A hipótese b, “os jogos utilizados pelas professoras
são: quebra cabeça, dominó, xadrez, dama, dado, bingo e caça palavras”, também foi
confirmada.
Os depoimentos das professoras em voga indicaram que elas conhecem a importância
do jogo como recurso pedagógico e que essa estratégia favorece a aquisição de
conhecimentos, a socialização, a afetividade, a criatividade, a criticidade, a imaginação e a
aprendizagem significativa.
A importância do ato de brincar na sala de aula, como esclarece Kishimoto (2007, p.78),
“não constitui perda de tempo, possibilita o desenvolvimento integral da criança”. O jogo com
critério pedagógico favorece o desenvolvimento humano de forma lúdica e facilita a
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identificação das dificuldades dos educandos, bem como as intervenções necessárias para
sanar estas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os sujeitos que fizeram parte desta pesquisa são 100% do sexo feminino; 39% têm entre
34 a 39 anos; 34%, mais de 40 anos; 16%, de 23 a 28 anos e 11%, de 29 a 33 anos. Todas as
professoras abordadas possuem curso superior e 84% delas têm pós-graduação lato senso.
Das professoras pesquisadas, 89% utilizam os jogos no ensino da matemática, tais como
xadrez, dama, dominó, quebra-cabeça, bingo, caça-palavras, dado, e jogo da memória.
Quanto às contribuições dos jogos, 68% declararam que utilizam jogos porque esses ajudam
no desenvolvimento psicomotor, afetivo e cognitivo das crianças.
Os depoimentos das professoras em voga indicaram que elas conhecem a importância
do jogo como recurso pedagógico e que essa estratégia favorece a aquisição de
conhecimentos, a socialização, a afetividade, a criatividade, a criticidade, a imaginação e a
aprendizagem significativa.
As pesquisadas declaram, também, que não encontram dificuldades para trabalhar com
jogos; 79% delas reconhece que a formação continuada da escola oferece contribuições para
trabalhar com jogos ao passo que 16% do universo amostral dessa pesquisa explicitaram que
não encontram contribuições nas práticas formativas da instituição onde trabalham.
O jogo, com seu caráter lúdico, é importante para o ser humano em qualquer idade.
Propiciar situações com jogos é investir no prazer, no desafio e no melhor desempenho dos
alunos. Entretanto, os jogos devem ser utilizados com critério pedagógico, para alcançar êxito
nas práticas educativas. Para tanto, é importante os conhecimentos da formação inicial e
também sua retroalimentação por meio da formação contínua.
75
CONTRIBUTION OF MATHEMATICAL GAMES IN LEARNING OF STUDENTS
OF THE 2ND PHASE OF THE 1ST CYCLE STATE SCHOOL MAY 19 ALTA
FLORESTA-MT
ABSTRACT
This work has been developed in “19 de Maio” State School in Alta Floresta-MT in the
year of 2012 and aimed to identify whether the teachers use math games as a pedagogic
resource in the first grades; to diagnose how math games contribute to the learning of the
students according to teachers’ declarations; and to inquire the interviewed teachers about the
games used in their pedagogic practices. The data of the research indicated that all of the
researched teachers are graduate, 89% of them use games to develop logical thought,
affectivity and socialization, creativity, criticism, imagination and learning of the students, as
they know the importance of its use. Among the games used are: chess, checkers, dominoes,
puzzles, bingo, crosswords, dice and memory games. The game, in its ludic character, is
important to the human being at any ages. To offer moments with games is to invest in
pleasure, in challenge and better performance of the students.
Keywords: Games. Mathematics. Playfulness.
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4. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
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