História da infância - Faculdade de Educação da UFMG
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História da infância - Faculdade de Educação da UFMG
HISTÓRIA DA INFÂNCIA: CONCEITOS, DESENVOLVIMENTO E PESQUISAS EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NASCIMENTO, Célia Siqueira Xavier UFMG INTRODUÇÃO O propósito desta pesquisa é fazer um levantamento de trabalhos apresentados em eventos de História da educação ocorridos de 1995 a 2005, onde procurei sistematizar como vem se desenvolvendo a temática da infância e de sua educação numa perspectiva histórica. São reflexões preliminares que pretendem promover uma familiarização com o tema buscando também contribuir com outras pessoas que estejam interessadas em pesquisar sobre a história da infância relacionada com a educação. De acordo com Alves-Mazzotti e Gewandznajder (1998), “É essencial que o pesquisador adquira familiaridade com o estado do conhecimento sobre o tema para que possa propor questões significativas e ainda não estudadas,” (p. 56). Esta citação já nos deixa a par da importância do conhecimento da literatura sobre o tema desejado. Este estudo é, portanto um primeiro contato, necessário a um pesquisador(a) que queira propor questões significativas. Usei como fontes os anais de encontros nacionais da ANPED (Associação Nacional de Pesquisa em Educação), a partir de trabalhos apresentados no GT História da Educação. Usei também os anais do Congresso Brasileiro de História da Educação promovido pela SBHE (Sociedade Brasileira de História da Educação) e por fim usei os anais do congresso de Pesquisa e Ensino em História da Educação em Minas Gerais (COPEHE). Selecionei os trabalhos a partir dos títulos e da leitura dos resumos, após este momento fiz a leitura dos trabalhos selecionados. Além do levantamento dos trabalhos procurei organizá-los a partir do enfoque historiográfico privilegiado das abordagens, das fontes documentais e da problematização central da investigação. Inicialmente neste trabalho busquei entender qual movimento proporcionou a História a discussão de novos objetos, dentre eles o estudo histórico da infância. Em seguida me voltei para o desenvolvimento da pesquisa sobre a infância no Brasil, usando alguns autores como referência. Por fim fiz o levantamento dos trabalhos buscando analisá-los. A PRODUÇÃO DA INFÂNCIA COMO OBJETO DE INVESTIGAÇÃO HISTÓRICA Para falar sobre a produção da infância como objeto de investigação histórica cabe antes fazer algumas considerações sobre a ciência histórica e seus objetos. Le Goff (1984), ao fazer uma análise da história, seus objetos, problemas e ambigüidades, parte inicialmente do significado da palavra em grego antigo trazendo a idéia de que “aquele que vê é também aquele que sabe”, pois Historien é procurar saber, informar-se, logo historie significa, pois procurar. Marc Bloc, citado por Le Goff, propunha que se definisse história como “a ciência dos homens no tempo” pretendia sublinhar alguns caracteres da história, como por exemplo, o seu caráter humano, a história é a história humana. Lucien Febvre, também citado por Le Goff, acrescenta ao pensamento de Marc Bloch, dizendo que não o homem, mas as sociedades humanas, os grupos organizados. Esta concepção de história humana convida muitos historiadores a pensarem que a parte central e essencial da história é a história social. A história clássica estava diretamente relacionada ao Estado, era essencialmente a história política, outros tipos de história eram considerados periféricos aos interesses dos verdadeiros historiadores. Uma das mais antigas manifestações de renovação da ciência histórica foi o desenvolvimento da ciência econômica e social. A sociologia e a antropologia desempenharam um papel importante na mutação da história do século XIX. Considera-se a fundação da revista "Annales" em 1929, obra de Marc Bloc e Lucien Febvre como ato que fez nascer a nova história. Le Goff (1984) resume as idéias da nova história dizendo que consistem em uma crítica ao fato histórico e em especial da história baseada em grandes acontecimentos, da história política, a procura duma colaboração com as outras ciências sociais, a substituição da história-conto pela história problema. Segundo Peter Burke (1992), uma definição categórica do que seja nova história não é fácil, o movimento esta unido apenas naquilo a que se opõe e existe uma variedade de novas abordagens. A nova história começou a se interessar por toda atividade humana, ou seja, tudo tem um passado que pode a princípio ser reconstruído. Sua base filosófica é a idéia de que a realidade é social ou culturalmente construída. A nova história se preocupa com a análise das estruturas e pretende dar voz aos sujeitos considerados comuns e considera como fontes todos os vestígios deixados pela experiência humana. O grupo dos Annales trabalha numa perspectiva interdisciplinar buscando colaboração com outras ciências como Antropologia, Sociologia, Psicologia, dentre outras. 2 A primeira metade do século XX testemunhou a ascensão de novas abordagens em história, e a partir desse momento nos deparamos com várias histórias notáveis de tópicos que anteriormente não se havia pensado possuírem uma história, como por exemplo, o clima, a morte, a loucura, o corpo, os gestos, a leitura, a feminilidade, e vários outros. ARIÈS E OS CONCEITOS DE INFÂNCIA Dentro desse universo de novas abordagens se encontra a infância como objeto de investigação histórica. Segundo Gouvêa (2003), a infância tem produzido estudos, ainda que esparsos, desde o século XIX, porém é na década de 1960 com a publicação do trabalho de Ariès “L´Enfant et la vie familiale sous I´ Ancien Regime” (1962), que toma forma de maneira mais ordenada uma tradição de pesquisa sobre a criança na produção historiográfica. O trabalho de Ariès foi traduzido para o Brasil em 1973 em uma versão abreviada do texto original, acrescido de um prefácio. O livro intitulado “História social da criança e da família” contém integralmente somente as partes I e III, na parte II há apenas as conclusões de sete capítulos e o capítulo “Do externato ao internato” foi totalmente suprimido. Na reedição de seu livro Ariès acrescenta um prefácio onde examina a historiografia de seu tema. Ele reduz a tese que desenvolveu em duas, a primeira segundo ele se refere à sociedade tradicional que não representava bem a criança e muito menos o adolescente. O período da infância se reduzia a seu período mais frágil e quando se desenvolvia se misturava rapidamente com os adultos com quem compartilhava seus trabalhos e jogos. Ariès segue dizendo que o bebê se convertia rapidamente em um homem jovem sem passar pelas etapas da juventude. Diz então que sua primeira tese é um ensaio interpretativo das sociedades tradicionais. Na segunda pretendeu demonstrar o novo espaço ocupado pela criança na família e nas sociedades industriais. Segundo o próprio autor sua segunda tese encontrou uma acolhida quase unânime, porém a primeira foi recebida com reserva pelos historiadores. A pesquisa de Ariès revelou não apenas originalidade temática, mas também metodológica. Ele utilizou fontes habitualmente desconsideradas pela história tradicional, como representações iconográficas, inscrições em túmulos, dentre outras. Suas fontes são principalmente francesas e de famílias nobres ou abastadas. Gouvêa (2003) diz que esta pode ser uma limitação em sua pesquisa, pois centrou seus estudos na idéia moderna de infância das elites. Ela segue sua análise citando Kuhlmann Jr. (1998), que aponta em Ariès uma visão de que o sentimento de 3 infância teria se desenvolvido inicialmente nas camadas superiores, indo do nobre para o pobre. Jacque Gélis (1991), diz que no final do século XIV sinais de uma nova relação com a criança surgem nos meios abastados da sociedade, trata-se menos de uma afetividade, como sugeriu Ariès, mas de uma vontade de preservar a vida da criança. Gélis se contrapõe a Ariès ao relacionar o moderno sentimento de infância a conformação de uma consciência linear, que progressivamente sucede a consciência de um ciclo de vida mais circular. É um outro olhar que o ser humano lança sobre si mesmo, onde não mais apaga sua personalidade. Tal atitude permite compreender melhor porque a criança passa a ocupar um lugar tão importante entre as preocupações dos pais. O autor ainda afirma que o “interesse em relação à criança não é característica deste ou daquele período da história. As duas atitudes coexistem no seio de uma mesma sociedade... A indiferença medieval pela criança é uma fábula”, (p. 328). Ainda sobre o sentimento de infância, Veiga (2004), diz que o tempo da infância é uma produção sócio-cultural e em início do século XXI é possível observar ainda ambigüidades nos sentimentos em relação à infância, enfatizando que a presença de tais sentimentos não são suficientes para entender o lugar que esta passou a ocupar nas sociedades ocidentais. Segundo Kuhlmann Jr. e Fernandes (2004), “Podemos compreender a infância como a concepção ou a representação que os adultos fazem sobre o período inicial da vida, ou como o próprio período vivido pela criança, o sujeito real que vive essa fase da vida. A História da infância seria então a história da relação da sociedade, da cultura, dos adultos, com essa classe de idade, e a história da criança seria a relação das crianças entre si e com os adultos, com a cultura e a sociedade”. Estes autores chamam ainda a atenção para os limites que restringem ou alargam a abrangência do conceito de infância e o uso dos vocábulos criança e infância. Kuhlmann Jr. (1998), analisa a palavra infância nos dicionários e língua portuguesa, onde é “considerada como um período de crescimento do ser humano, que vai da nascimento a puberdade”. De acordo com ele, no Estatuto da Criança e do Adolescente (lei 8.069 de 13/07/1990), “criança é a pessoa de até 12 anos de idade incompletos e adolescente aquela entre os 12 e 18 anos”. Kuhlmann ainda diz que a palavra infância etimologicamente “refere-se a limites mais estreitos, oriunda do latim, significa a incapacidade de falar. Esta incapacidade, atribuída em geral ao período que se chama de primeira infância, às vezes era vista como se estendendo até os 7 anos, que representariam a passagem 4 para a idade da razão.” O autor também nos alerta para os perigos da visão linear do desenvolvimento histórico e ainda da unidirecionalidade do sentimento da infância, proposta por Ariès. Ele também aponta para os problemas da transposição dessa visão linear para os contextos sociais e históricos. Apesar das muitas críticas recebidas por Ariès, sua obra torna-se paradigmática no interior da história e tem influenciado uma série de estudos para além dos domínios da produção historiográfica francesa. Segundo Gouvêa (2003), há estudos sobre a infância analisando os diferentes processos históricos de inserção da criança na vida social e de preparação para o mundo adulto, em diversos países, dentre eles Portugal e Brasil. A HISTÓRIA DA INFÂNCIA NO BRASIL Segundo Gouvêa (2003), esse campo de investigação, no Brasil, necessita ser melhor desvendado e desenvolvido. De acordo com ela podemos identificar algumas produções esparsas sobre a história da criança brasileira até a década de 60 no século XX, no entanto é Somente a partir da década de 1980 influenciados pela tradução da obra de Ariès e tendo espaço principalmente em programas de pósgraduação de história e de educação, vem se desenvolvendo no Brasil a infância como temática histórica. Mary del Priore buscando articular as investigações historiográficas existentes, bem como aglutinar os pesquisadores da área organiza em 1991 o livro “História da criança no Brasil” que procura, segundo ela, esclarecer como viveram ou eram vistas as crianças em vários momentos da história do Brasil. Lembra que a história da criança faz-se a sombra daquela dos adultos, procurando entre os grandes vislumbrar o papel que desempenhou a infância numa sociedade vincada por contradições econômicas, culturais e sociais. O livro reúne nove artigos, escritos por diversos autores, incluindo Del Priore.Os autores falam sobre a criança pobre e abandonada, trazendo-nos imagens de uma infância marginalizada e maltratada. Na organização há certa linearidade dos textos partindo do século XVI com os jesuítas e seu tratamento dispensado aos indiozinhos, passando pela criança escrava, abandonada e enjeitada, sujeita a violências e com muito pouco apreço por suas vidas, chegando ao final do século XIX e com um tratamento tão desumano quanto foi a escravidão retratam o trabalho duro das fábricas com novas histórias de abandono, o século XX traz o conceito de menor e novamente a mesma história de violências e abandono. Em 1999 Mary del Priore organiza um segundo livro na mesma perspectiva do primeiro “História das crianças no Brasil” é também uma coletânea de textos bem mais 5 completo que o primeiro, também traz histórias de abandono e injustiças cometidas contra crianças, mas traz diferentes olhares sobre a infância, o cotidiano da criança pobre e também da criança de elite, os jogos, as brincadeiras, a saúde, a alimentação, no entanto há um grande vazio no que diz respeito à educação. A obra reúne quinze artigos versando sobre a história da infância em diferentes momentos históricos. Depois de 1991 outros autores organizaram livros reunindo artigos que tratam da questão da infância na história, e começaram a surgir livros que tratam da história da infância levando em consideração sua educação e escolarização, onde procuram analisar a construção e circulação de discursos sobre a infância, procuram também desvelar processos históricos de socialização e disciplinação da criança em espaços como a família, a escola e instituições de amparo. No estudo das práticas e espaços sociais de cuidado e disciplinação da infância destaca “Infância no sótão” (1999) de Cynthia Greive Veiga e Luciano Mendes de Faria Filho, onde tratam da questão da infância pobre, mais propriamente de meninos que viviam ou estavam nas ruas e eram recolhidos em abrigos. Os autores nos mostram a relação entre a rua e a infância e nos mostra como as crianças vivam nos abrigos em que eram recolhidas, como era o tratamento dispensado a esses meninos. O livro é ambientado nas primeiras décadas do século XX na recém inaugurada capital mineira, onde segundo os autores, a ciência ordenava e organizava a vida das pessoas combinando perspectivas políticas, econômicas, higiênicas e morais. Esta construção foi apoiada nas idéias de higiene e eugenia. Destacam as formas homogeneizadoras de educação das populações produzidas em torno do ideal de civilizar ganhando destaque as idéias de reeducar e reajustar acrescentando-se a isso a presença de práticas pedagógicas totalmente individualizadas e biologizada. Gouvêa (2003) diz que outro ponto importante na história da infância é a emergência de estudos comparativos da história da infância no Brasil e em outros países, notadamente Portugal. Neste sentido destaca-se “História, infância e escolarização” organizado por José Gonçalves Gondra em 2002. Gondra reúne nove textos, versando sobre a história da infância no Brasil e em Portugal, mas também trata de uma questão pouco estudada que é vínculo entre história da educação e história da infância. Marcos Cezar de Freitas faz a apresentação do livro, onde segundo ele, cada um dos autores fala de um ângulo específico da história da infância. Diz também que o amanhã historicamente tornou-se como expressam os vários capítulos do livro um aspecto da “gestão da infância”, do tratamento dispensado aos rudes, da fala médica nos debates educacionais, da relação família escola, da higiene como aparato da 6 intervenção médica na educação infantil. Observa que livros como esse nos ajuda a perceber que as cidades e seus espaços, institucionais ou não, não devem ser observados como se fossem canteiros esparramados e crescidos a própria sorte. A respeito do vínculo sobre história da infância e história da educação destacase o livro “A infância e sua educação – materiais, práticas e representações (Portugal e Brasil)”, de 2004, organizado por Luciano Mendes de Faria Filho, porém não houve tempo hábil para leitura deste e desta forma não possível analisá-lo. LEVANTAMENTO E ANÁLISE DE PESQUISAS APRESENTADAS EM EVENTOS DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO Gouvêa (2003) chama a atenção justamente para esta relação da história da infância com a história da educação, porque segundo ela, o campo acadêmico da história é pouco voltado para o estudo da inserção da criança na escola, e a produção da história da educação se volta principalmente para a instituição escolar sem dar destaque a identidade geracional do aluno. Buscando desvelar tal questão me propus levantar e analisar os trabalhos apresentados em congressos de história da educação sobre a temática da infância, ou seja, pesquisas inseridas na produção histórica da educação que destacam a temática da infância. Pesquisei trabalhos do GT História da educação na ANPED (Associação Nacional de Pesquisa em Educação). A ANPED é uma sociedade civil sem fins lucrativos fundada em 1976, sua finalidade é a busca do desenvolvimento e da consolidação do ensino de pós-graduação e da pesquisa na área da Educação no Brasil. Os trabalhos foram destacados da Reunião Anual da Entidade. Selecionei os textos a partir do grupo de trabalho – GT2 História da educação, do encontro nacional. Dos congressos aqui pesquisados a ANPED é o único que aconteceu no período de 1995 a 2005. Pesquisei inicialmente os títulos e resumos dos trabalhos, a partir destes li os textos, na medida em que a leitura se desenvolvia percebia se o tema da infância estava ou não presente nos trabalhos. De 1995 a 1999 encontrei somente 03 trabalhos. No período de 2000 a 2005 selecionei 10, entre comunicações e pôsteres, totalizando 13 trabalhos, são eles: CULTURA ESCOLAR, CULTIVO DE CORPOS: A GYMNASTICA COMO PRÁTICA CONSTITUTIVA DE CORPOS DE CRIANÇAS NO ENSINO PÚBLICO PRIMÁRIO DE BELO HORIZONTE. (1906-1920) - 2000 TARCÍSIO MAURO VAGO – UFMG UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A HISTÓRIA DA INFÂNCIA: FESTEJOS COMEMORATIVOS DA CRIANÇA. CYNTHIA GREIVE VEIGA E MARIA CRISTINA SOARES DE GOUVÊA – UFMG 2001 7 O PAPEL DA EDUCAÇÃO EM PROCESSOS DE TUTELA DE MENORES DESVALIDOS ALESSANDRA DAVID MOREIRA DA COSTA CRIANÇAS TRABALHADORAS: OS APRENDIZES MARINHEIROS OITOCENTISTA. VERA REGINA BELTRÃO MARQUES E SILVIA PADINI – UFPR NO PARANÁ EDUCAÇÃO DA INFÂNCIA E DA MULHER E OUTROS TEMAS PRESENTES NO PENSAMENTO E NA OBRA DE ANÁLIA FRANCO ALEXANDRE RAMOS DE AZEVEDO – UERJ HIGIENE E CUIDADOS COM A CRIANÇA: AS LIÇÕES DOS ALMANAQUES DE FARMÁCIA – 1920 A 1950 MARIA DAS GRAÇAS SÂNDI MAGALHÃES – USF OS CORPOS PERFEITOS E SAUDÁVEIS QUE A PÁTRIA NECESSITA: O CONCURSO DE ROBUSTEZ INFANTIL E A IMAGEM MATERNA (SÃO PAULO – 1928) JANE SOARES DE ALMEIDA – UNIBAN/UNESP AS PESQUISAS NA ÁREA DA EDUCAÇÃO INFANTIL E A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: RE – CONSTRUINDO A HISTÓRIA DO ATENDIMENTO AS CRIANÇAS PEQUENAS NO BRASIL ALESSANDRA ARCE – USP ASSOCIAÇÃO CASA DA CRIANÇA DE SANTOS NA PRIMEIRA REPÚBLICA: CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA. MARIANA TUCUNDUVA B. VIEIRA – UNISANTOS A EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS DE 0 A 6 ANOS NO ASILO DOS EXPOSTOS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO, 1896 – 1950. MOYSÉS KUHLMANN JR. E JOSÉ FERNANDO TELES ROCHA Pesquisei também os trabalhos do Congresso Brasileiro de História da Educação promovido pela Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE), fundada em 28 de setembro de 1999. O I Congresso Brasileiro de História da Educação ocorreu em novembro de 2000. Nessa ocasião, ficou acordado que seus congressos posteriores deveriam ocorrer de dois em dois anos e deveriam ser realizados nas diferentes regiões do país. Este congresso foi o mais trabalhoso, o que mais apresentou trabalhos e o que mais tinha trabalhos sobre a infância. O encontro é dividido por eixo temático, não foi possível selecionar um eixo temático específico. Sendo assim pesquisei, selecionei e encontrei trabalhos na maioria dos eixos temáticos.Como dito acima o congresso acontece de dois em dois anos, então selecionei os trabalhos dos anos 2000, 2002 e 2004, quando aconteceram os congressos. No Primeiro SBHE encontrei 06 trabalhos, no segundo encontrei 12 trabalhos e no terceiro encontrei 22 trabalhos, totalizando 40 trabalhos, são eles: I SBHE O INSTITUTO DISCIPLINAR DO TATUAPÉ E A INFÂNCIA EM CONFLITO COM A LEI NA CIDADE DE SÃO PAULO – 1890-1927 SÉRGIO FONSECA (CNPQ - MESTRADO EM EDUCAÇÃO – UNESP - FFC/MARÍLIA) 8 INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL: “EDUCAÇÃO DE ÓRFÃS DA FEBRE AMARELA(1889) E DIREITOS SOCIAIS” ( 1870 – 1960 ) ANA MARIA MELO NEGRÃO FACULDADE DE EDUCAÇÃO – UNICAMP EDUCAR E REGENERAR: OS PATRONATOS AGRÍCOLAS E A INFÂNCIA POBRE NA 1ª. REPÚBLICA MILTON RAMON PIRES DE OLIVEIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA EXPLICAÇÕES PSICOLÓGICAS, CRIANÇA E EDUCAÇÃO MORAL NOS PERIÓDICOS EDUCACIONAIS PAULISTAS DAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX. LILIAN ROSE MARGOTTO - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA – UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. EDUCAÇÃO JESUÍTICA E CRIANÇAS NEGRAS NO BRASIL COLONIAL AMARILIO FERREIRA Jr. E MARISA BITTAR – UFSCAR HISTÓRIA DOS SABERES PRODUZIDOS SOBRE OS ALUNOS EM INSTITUIÇÕES DE ASSISTÊNCIA A MENORES NA CIDADE DE SÃO PAULO ANA LAURA GODINHO LIMA - FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA USP II SBHE IDÉIAS SOBRE A EDUCAÇÃO DA INFÂNCIA NO 1o CONGRESSO BRASILEIRO DE PROTEÇÃO À INFÂNCIA, RIO DE JANEIRO, 1922. MOYSÉS KUHLMANN Jr. - USF/FCC. EDUCAÇÃO INFANTIL: HITÓRIA, CONTEMPORANEIDADE PROFESSORES. DENISE MARIA DE CARVALHO - UFRN TÂNIA CÂMARA ARAÚJO DE CARVALHO - UFRN E FORMAÇÃO DE A EDUCAÇÃO DE MENINAS E MENINOS NOS OITOCENTOS: OS CONVENTOS, OS PALÁCIOS, AS CASAS E AS ESCOLAS. MARIA CELI CHAVES VASCONCELOS - UERJ A ESCOLARIZAÇÃO DA CRIANÇA: AS DIFERENTES INFÂNCIAS NO PROJETO EDUCACIONAL NA PROVÍNCIA MINEIRA (1830 - 1892) MARIA CRISTINA SOARES GOUVÊA - UFMG FERNANDA MAURÍCIO SIMÕES – UFMG DOMESTICAR E CIVILIZAR: CRIANÇAS INDÍGENAS E O ENSINO DE OFÍCIOS NO NORTE DO BRASIL IMPERIAL IRMA RIZZINI – UFRJ “NEGRINHOS QUE POR AHI ANDÃO”: CRIANÇAS NEGRAS NA ESCOLA, NO FINAL DO SÉCULO XIX NA CIDADE DE SÃO PAULO. SURYA AARONOVICH POMBO DE BARROS – FEUSP A ORGANIZAÇÃO E A DISCIPLINARIZAÇÃO DO LAZER DA INFÂNCIA OPERÁRIA NOS PARQUES INFANTIS DA CIDADE DE SÃO PAULO, NA DÉCADA DE 1930. ANA CAROLINA BONJARDIM FILIZZOLA – USP IMAGENS DA INFÂNCIA BRASILEIRAA NA PRIMEIRA REPÚBLICA: UM DIÁLOGO ENTE ICONOGRAFIA, DISCURSO HISTÓRICO E NARRATIVA LITERÁRIA. ANA CRISTINA DUBEUX DOURADO – UFPE INSTITUIÇÃO TOTAL POR FORÇA DA MISERICÓRDIA ANA MARIA MELO NEGRÃO – UNICAMP 9 INSTITUIÇÕES DE ASSISTÊNCIA À INFÂNCIA NO BRASIL NAS DÉCADAS DE 1880 A 1960: UM ESTUDO DA LEGISLAÇÃO FEDERAL FLÁVIA SILVIA RODRIGUES – USP ANA LAURA GODINHO LIMA – USP EDUCAÇÃO, PROGRESSO E DISCIPLINA NA SALVADOR REPUBLICANA: A CRIANÇA COMO PONTO DE PARTIDA. JOSÉ AUGUSTO RAMOS DA LUZ – UEFS/UNIBAHIA O PROJETO DE ESCOLARIZAÇÃO DA INFÂNCIA POBRE NA PROVÍNCIA DE MINAS GERAIS (1825 – 1846). MÔNICA YUMI JINZENJI – UFMG III SBHE AUTOS DE TUTORIA E CONTRATO DE ÓRFÃOS (1891-1920): FONTE PARA A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ANA CRISTINA DO CANTO LOPES BASTOS – USF CUIDAR DA INFÂNCIA RÚSTICA: UM ESTUDO COMPARADO SOBRE ESTRATÉGIAS EDUCACIONAIS DIRECIONADAS ÀS CRIANÇAS DE LUGARES CONSIDERADOS ARCAICOS (PORTUGAL E BRASIL). MARCOS CEZAR DE FREITAS - PUC/SP- CNPq. EDUCAÇÃO, SAÚDE E ASSISTÊNCIA NO ESTADO NOVO: O DEPARTAMENTO NACIONAL DA CRIANÇA. GUSTAMARA FREITAS VIEIRA - FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ INFÂNCIA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: CONCEPÇÕES PRODUZIDAS NO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE FLORIANÓPOLIS NAS DÉCADAS DE 1930 E 1940. ANA CLAUDIA DA SILVA/UFSC “TRABALHO INFANTIL E O PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO NO BRASIL (1820/1950)” VANESSA ALEXANDRINO OLIVEIRA SANTOS e LUCIANO MENDES DE FARIA FILHO UFMG A INFÂNCIA E SUA ESCOLARIZAÇÃO: UM DIÁLOGO ENTRE O BRASIL E PORTUGAL ELIZABETH POUBEL E SILVA - USP “SOB A DEFESA DA REPÚBLICA”: A PRODUÇÃO DA INFÂNCIA POBRE NOS DEBATES JURÍDICO-EDUCACIONAIS NO BRASIL E EM PORTUGAL NAS DÉCADAS DE 1910-1920. SÔNIA CÂMARA – USP A INFÂNCIA NOS ALMANAQUES DE FARMÁCIA. HIGIENE E DIETÉTICA ENTRE AS DÉCADAS DE 1920 A 1940. MARIA DAS GRAÇAS SANDI MAGALHÃES - USF A INFÂNCIA NA PAUTA DA REPÚBLICA: MORALIDADE, CIVISMO E EUGENIA NAS CANÇÕES ESCOLARES EM MINAS GERAIS NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX. FLÁVIO COUTO E SILVA DE OLIVEIRA – UFMG INFÂNCIA E EDUCAÇÃO: A EXPERIÊNCIA DA VILA OPERÁRIA MINEIRA PRÓSPERA EM CRICIÚMA SC: 1945-1961. MARLI DE OLIVEIRA COSTA/UFRGS-UNESC. PRÁTICAS DE REPRESENTAÇÃO: VISÕES DE INFÂNCIA EM MANUAIS PARA O ENSINO DAS PRIMEIRAS LETRAS. MARIA APARECIDA JUNQUEIRA VEIGA GAETA CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA-RIBEIRÃO PRETO 10 ENSINANDO MENINOS E MENINAS: A CO-EDUCAÇÃO DOS SEXOS NA CORTE CARIOCA NO FINAL DO IMPÉRIO CARLA SIMONE CHAMON – UFMG/CEFETMG A INSTRUÇÃO ELEMENTAR E OS CASTIGOS ESCOLARES EM MINAS GERAIS NO SÉCULO XIX. MARCILAINE INÁCIO SOARES e FABIANA DA SILVA VIANA – FAE/UFMG ALUNOS NEGROS EM SÃO PAULO NO FINAL DO SÉCULO XIX SURYA AARONOVICH POMBO DE BARROS – USP ASSISTÊNCIA ÀS CRIANÇAS EXPOSTAS EM SABARÁ/MG (1832 – 1854) MARILEIDE LOPES DOS SANTOS - UFMG CRIANÇAS NEGRAS E MESTIÇAS NO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DA INSTRUÇÃO ELEMENTAR, MINAS GERAIS, SÉCULO XIX. CYNTHIA GREIVE VEIGA - UFMG ESCOLAS PARA CRIANÇAS NEGRAS: UMA ANÁLISE A PARTIR DO CONGRESSO AGRÍCOLA DO RIO DE JANEIRO E DO CONGRESSO AGRÍCOLA DO RECIFE, EM 1878 MARCUS VINÍCIUS FONSECA – USP A EXPLORAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL NO BRASIL REPÚBLICA E SUA RELAÇÃO COM A QUESTÃO DO GÊNERO: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA. MARCIANO DE ALMEIDA CUNHA/PUCPR CASSIANO ROBERTO NASCIMENTO OGLIAR – PUCPR IMPLANTAÇÃO DO PRIMEIRO JARDIM DE INFÂNCIA EM SERGIPE: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO SOBRE A EDUCAÇÃO INFANTIL RITA DE CÁSSIA DIAS LEAL – UFS O GOVERNO DA FAMÍLIA E DA INFÂNCIA: UM ESTUDO A PARTIR DA LEGISLAÇÃO E DA LITERATURA PEDAGÓGICA ANA LAURA GODINHO LIMA - BOLSISTA CAPES/FULBRIGHT-USP FLÁVIA SÍLVIA RODRIGUES - BOLSISTA CNPQ- BRASIL-USP PRIMEIRAS INICIATIVAS DE JARDINS-DE-INFÂNCIA PÚBLICOS NO PARANÁ NOS ANOS 10 E 20 DO NOVECENTOS GIZELE DE SOUZA – UFPR VIVENDO E APRENDENDO: PRÁTICAS SOCIAIS E PEDAGÓGICAS NO ASILO DOS EXPOSTOS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO 1896-1950. JOSÉ FERNANDO TELES DA ROCHA – USF Por fim pesquisei o Congresso de Pesquisa e Ensino em História da Educação em Minas Gerais (COPEHE), ocorrido em 2001 em Belo Horizonte. Nasceu com o intuito de se criar um espaço no qual, grupos de pesquisa já instituídos, estudiosos e professores da História da Educação pudessem dialogar, expor e aprofundar seus conhecimentos sobre a área. Esse congresso também acontece de dois em dois anos em diferentes cidades de Minas Gerais. Este congresso é um encontro regional de história da educação, como o congresso brasileiro, o COPEHE também está dividido em eixos temáticos. Da mesma forma do SBHE, procurei em todos os eixos temáticos e encontrei trabalhos em vários deles. O encontro aconteceu nos anos de 2001, 2003 e 2005, os trabalhos de 2005 11 não foram possíveis pesquisar porque estes ainda não foram divulgados. Do primeiro congresso encontrei apenas um trabalho e no II encontro encontrei 04 trabalhos, num total de 05 trabalhos, são eles: I COPEHE OS SABERES SOBRE A INFÂNCIA NO “CURSO NORMAL PARA PROFESSORES DE PRIMEIRAS LETRAS” DO BARÃO DE GÉRANDO (1839) MÔNICA YUMI JINZENJI – UFMG II COPEHE AUDIÊNCIA DO SILÊNCIO: A INFÂNCIA E A EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA PREVENTIVA DOS SALESIANOS EM MINAS GERAIS (SÉC. XIX-XX) MAURO PASSOS - UFMG SENTIMENTOS DE VERGONHA E EMBARAÇO: NOVOS PROCEDIMENTOS DISCIPLINARES NO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO DA INFÂNCIA EM MINAS GERAIS NO SÉCULO XIX. CYNTHIA GREIVE VEIGA - UFMG DE ALMAS INOCENTES A ADULTOS CIVILIZADOS: A ESCOLARIZAÇÃO DA INFÂNCIA POBRE NA PROVÍNCIA DE MINAS GERAIS (1825-1846) MÔNICA YUMI JINZENJI – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE MÓDULOS DE EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA EXPERIÊNCIA HISTÓRICA ANA BEATRIZ MUGNATO PACHECO e GERALDO INÁCIO FILHO UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA Alguns trabalhos apesar de estar nos títulos as palavras infância, criança, meninos, meninas não tratam da questão da infância, ou seja, não discutem a questão da infância historicamente. A possível causa pode ser que muitos trabalhos apresentados em congressos estão em andamento, as pesquisas ainda não estão concluídas. Em alguns textos o próprio autor (a) coloca que a pesquisa está em desenvolvimento. A maioria dos trabalhos é de pesquisadores do mestrado, doutorado ou da iniciação científica, tem também trabalhos de professores de faculdade. Dos três congressos aqui analisados selecionei 58 trabalhos, deste total 24, quase metade, são da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e da Universidade de São Paulo – USP ou seja, os trabalhos estão concentrados na região sudeste, como também a temática. Várias outras instituições apresentaram trabalhos, mas em números bem menores, inferiores a cinco e várias destas universidades também são da região sudeste, como a UNICAMP, UERJ, UNISANTOS, dentre outras. O período mais pesquisado é a partir da década de 30 do século XIX até a primeira metade do século XX, seguindo esta ordem: século XIX 16 trabalhos, final do século XIX início do XX 19 trabalhos e século XX até a década de 50/60 19 trabalhos. Sobre o Brasil Colonial há apenas um trabalho e encontrei um estado da arte sobre o vínculo da história da educação com a educação de crianças de 0 a 6 anos. Sobre a 12 história da infância na atualidade encontrei 02 trabalhos, estes falam sobre políticas públicas para a educação infantil. Gouvêa (2003), destaca que no conjunto de produções no campo da história da educação, o referencial teórico metodológico, inserem-se em termos gerais, na perspectiva da nova história. Considero que as pesquisas selecionadas para este trabalho também se inserem neste campo teórico metodológico, muitas usam fontes tradicionais como a legislação ou documentos oficiais, mas fazem uma leitura com base em uma temática que não é clássica em história, ou seja a infância. Além da legislação e documentos oficiais como relatórios do governo, os autores usaram várias outras fontes como: discurso educacional, textos de periódicos, manuais escolares, almanaques, anais de congressos, livros escritos na época, dentre outros. Usaram como referência o discurso médico higienista, a idéia do estado propondo um processo civilizador através da educação, o conceito de cultura escolar. Citaram diversos autores, dentre eles: Kuhlmann Jr., Veiga, Faria Filho, Pilloti, Prado Maia, Ariès, Kramer, Norodowski, Chartier. Ao abordar o tema da infância os autores usam diversos objetos para se falar como vivia a criança no passado. De acordo com as abordagens dos textos e da forma como os congressos, SBHE e COPEHE dividem os trabalhos, usando eixos temáticos, subdividi os trabalhos selecionados usando também eixos temáticos, não os mesmos, mas seguindo a mesma linha de pensamento. Há três textos que não foi possível encaixar nesses eixos, um estado da arte e outros dois que fazem uma abordagem atual do tema infância pequena de 0 a 6 anos na contemporaneidade. Usaram como objeto de estudo a análise de instituições que trabalhavam com assistência a crianças órfãs, 14 trabalhos, destes 03 falam sobre crianças infratoras e desvalidas em instituições de assistência do governo, já no início do século XX. Outros 14 trabalhos analisam o pensamento educacional, jurídico e político sobre a infância, destes, 02 fazem um diálogo entre Brasil e Portugal e 02 tratam da questão de gênero. 10 trabalhos usam os processos e práticas educativas, geralmente em escolas, destes 02 falam sobre os castigos escolares, e 03 sobre crianças negras livres nas escolas, sendo que 02 são da mesma autora e são muito parecidos e 01 fala sobre crianças negras educadas por Jesuítas. Oito trabalhos usam os impressos educacionais e almanaques, usam manuais escolares, literatura pedagógica, material para o curso normal, 02 faz uso da mensagem veiculada pela literatura infantil e 01 usa almanaques de laboratórios e produtos alimentícios para crianças. 05 trabalhos usam festas e lazer da infância sempre associado a criança e o trabalho, 02 falam sobre onde crianças filhas de operários se divertiam, 01 fala sobre o trabalho infantil feminino, 01 sobre a mulher 13 como educadora da infância e 01 sobre as festas do dia da criança. Três trabalhos falam sobre a criação de instituições de jardim de infância e 02 abordam a questão da infância retratada na literatura infantil. Intelectuais na educação são usado por 01 trabalho, outros trabalhos citam e abordam o tema, mas não exclusivamente. É possível perceber um grande aumento dos trabalhos que relacionam história da infância e história da educação. Na ANPED, que aqui foi o único congresso que aconteceu no período de 1995 a 2000, apresentou poucos trabalhos, mesmo assim é possível perceber uma evolução. Tanto na ANPED como nos dois outros congressos, SBHE e COPEHE, a partir do ano 1999/2000 os trabalhos foram se avolumando. Há também uma releitura das fontes para se constatar a temática da infância e as pesquisas se aprimoram, começam a tratar, mesmo timidamente, de questões de gênero e etnia. O aumento de trabalhos confirma que está é uma temática importante para a escola e para todos os setores da sociedade num momento em que a infância ocupa todos os espaços da vida contemporânea. A mídia, diversas políticas públicas são voltadas para ela, e dada a dificuldade de fontes, a escola, as instituições e os processos educativos escolares e não escolares aparece como uma alternativa para se estudar a infância historicamente, o que é possível confirmar com a análise destes trabalhos apresentados em congressos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Foi um exercício muito válido buscar conhecer as diversas concepções sobre infância e criança enquanto sujeito histórico, o movimento de renovação historiográfica que proporcionou tais estudos e reconhecimento da obra de Ariès para a história da infância. Muito importante também foi poder observar de perto como a história da infância se desenvolveu no Brasil e o pouco vínculo dessa história com a história da educação. A análise das pesquisas me proporcionou a constatação de como está se desenvolvendo a história da infância com relação a história da educação, como também uma maior aproximação com o tema. Percebi que estes trabalhos se avolumam e se tornam cada vez mais especializados, pela releitura das fontes e também pelas novas fontes encontradas. Enfim muitos autores falam da dificuldade de fontes no tratamento do tema histórico da infância, mas é também fascinante poder estudá-la, não só o que pensavam sobre elas, mas como viviam mesmo. Também é um estudo importante para a sociedade, pois através dele percebemos permanências no tratamento 14 dispensado a crianças e pode-se desencadear a possibilidade de reflexão deste tratamento. FONTES Anais dos congressos: ANPED (Associação Nacional de Pesquisa em Educação), Congresso brasileiro de história da educação (SBHE) e Congresso de Pesquisa e Ensino EM História da Educação em Minas Gerais (COPEHE). BIBLIOGRAFIA ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith e GEWANDSZNAJDER, Fernando. O Método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa - São Paulo: Editora Pioneira, 1998. LE GOFF, Jacques. “História” in: Enciclopédia Einaudi, vol. 1, Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, Casa da Moeda, 1984. BURKE, Peter. Abertura: a nova história, seu passado e seu futuro. In: BURKE, Peter (org.) A escrita da história: novas perspectivas. Trad. Magda Lopes – São Paulo: Ed. Da universidade Estadual Paulista, 1992. ARIÈS, Philippe. El niño y la vida familiar en el antiguo régimen. 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