documentos sobre o tarot

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documentos sobre o tarot
DOCUMENTOS SOBRE O TAROT
por
Sérgio Bronze
Este livro é dedicado ao Sr. Marco Aurélio da Silva
(Fra\ Zelan) como prova de carinho e admiração.
2
Introdução
3
INTRODUÇÃO AO TAROT DE THOTH
Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.
Muito se tem falado sobre as origens do Tarot, alguns autores dizem que ele tem suas
origens no antigo Egito, enquanto que outros dizem ser um legado dos antigos atlantianos aos
seus descendentes, quando estes perceberam o final de sua civilização e cultura.
Em verdade, tudo o que sabemos sobre as origens do Tarot nos remonta à Idade Média,
onde encontramos os primeiros documentos e o primeiro Tarot. Ao longo de toda a Idade
Média e Idade Moderna, vários tratados sobre o Tarot foram escritos por estudiosos e curiosos,
assim como vários Tarots foram criados para darem base a tais tratados. O que se presenciou, é
que muitos escritos sem fundamento foram escritos e apregoados como corretos, distorcendo
muitas vezes o significado do Tarot.
O Tarot é na verdade um sistema visual interno de evolução espiritual (Divinatório) e não
um simples sistema advinhatório, que é o seu sub-produto, mas que tanto o ajudou a se
popularizar. Cada Arcano do Tarot descreve uma etapa específica da evolução humana (nesta
vida), características e rituais a serem executados, assim como as ordálias (provas iniciáticas) a
serem transpostas. Baseado na Santa Cabala, o Tarot reflete cada um dos Caminhos da Árvore
da Vida, assim como as Esferas de Emanações que constituem cada Árvore.
Existem quatro Árvores da Vida que representam os quatro mundos de Vibração ou
Olahm. Estes são: Olahm ha Atziluth (Mundo das Emanações), Olahm ha Briah (Mundo da
Criação), Olahm ha Yetzirah (Mundo da Formação) e Olahm ha Assiah (Mundo da Ação). Estes
quatro Mundos [unidos] são conhecidos por Escada de Jacó, mas veremos com mais detalhes
sobre estes quatro Mundos em relação ao Tarot quando tratarmos dos Arcanos Menores. Estas
Árvores representam a evolução da consciência humana em diversos planos de Emanação
(espiritual, mental, emocional e material) e onde cada consciência vibra, mais ou menos, em sua
encarnação assim como está vibrando momentaneamente em uma determinada etapa da vida
humana.
Na grande maioria das vezes é utilizado a Árvore da Vida de Olahm ha Briah, apenas
para facilitar um pouco nossos estudos, pois que seria extremamente complicado utilizar as
quatro Árvores de uma vez só. O que não quer dizer que não devamos estudar e compreender
as quatro. Mas quando chegarmos nos Arcanos Menores teremos sim, que estudar e
compreender as provas iniciáticas que teremos de passar nas quatro Árvores da Vida; disso não
há como fugir.
O processo de retorno à Unidade ou à Deus pode ser melhor compreendida através da
Cabala hebraica e da sua Árvore da Vida, uma vez
4que o Tarot se basea completamente
nessa estrutura do universo. Não seria de todo
errado dizer que a Cabala e a Árvore da
Vida são como um mapa do universo, que une o Microcosmo e o Macrocosmo, mas também
não seria totalmente correto, uma vez que a Cabala e a Árvore não se limitam a simples “mapas”,
pois elas são um reflexo vivo da presença de Deus, do seu Amor pelo homem e de sua
Esperança pela volta de União.
O Tarot só se torna definitivamente recuperado das tolices que eram (e ainda são)
cometidos contra ele, graças à algumas ordens ocultistas na Idade Moderna. O primeiro
iniciado a dar as corretas correlações do Tarot com a Cabala é Eliphaz Levy, que mesmo velando
e trocando posições, consegue demonstrar a profunda relação entre os dois sistemas - a
Magia(k) e a Cabala. Mais tarde, seria a Hermetic Order of the Golden Dawn quem desvelaria todo
um sistema mágico-místico baseado no Tarot, dando praticidade ao Tarot em rituais mágicos
de invocação.
Baseado nos conhecimentos da Golden Dawn, Aleister Crowley, ao longo de toda a sua
carreira mágica estudaria e praticaria com o Tarot até que em 1938 e.v., com a ajuda da artista
plástica Lady Frieda Harris começa a desenvolver o Tarot de Thoth. Um trabalho que tinha
sido planejado para três meses, leva cinco anos para ser concluído, uma vez que o Crowley
procura unir o conhecimento ancestral do Tarot às novas condições do Æon de Hórus (Era de
Aquário-Leão). Foram pintadas até dez telas para cada Arcano Maior (ou Atu), onde um
profundo trabalho de observação e análise era realizado até a aceitação daquela que estaria mais
precisa às condições impostas pela Nova Era.
O Tarot pode ser dividido em quadro etapas. Os Arcanos Maiores em duas classes: do
0 ao IX são os Personagens que vivem a Aventura e do X ao XXI os rituais desenvolvidos por
estes. Os Arcanos Menores são também divididos em duas classes: as Cartas Magnas denotam
as características físicas dos tais Personagens e os Arcanos Menores própriamente ditos são as
ordálias que os Personagens têm de ultrapassar, para que os rituais sejam efetivos em suas vidas.
Cada Arcano Maior do Tarot está relacionado a uma letra hebraica, assim os vinte e dois
Atus se relacionam com as vinte e duas letras do alfabeto hebraico. O mais importante,
entretanto, é que as qualidades de cada letra também estão relacionadas com os Arcanos.
No alfabeto hebraico existem três letras mães, sete letras duplas e doze simples. As
letras mães são o Aleph, Mem e Shin que estão relacionadas ao Louco, ao Homem Pendurado e
ao Æon, respectivamente. As sete letras duplas são Beth, Gimel, Daleth, Caph, Resh, Peh e
Tav, que estão relacionadas respectivamente aos Arcanos: o Magus, a Sacerdotisa, a Imperatriz,
a Fortuna, a Torre, o Sol e o Universo.
As três letras mães e os seus respectivos Arcanos estão por sua vez relacionados ao três
elementos, Ar, Água e Fogo; sendo que o elemento Terra é o próprio Tarot como objeto em si,
daí a cor marrom do Tarot de Thoth. As sete letras duplas e os seus respectivos Arcanos estão
relacionados com os sete planetas. E os Arcanos restantes aos doze signos do zodíaco, o que
completa todo o Universo percebido pelo homem, interno e externamente.
Nas letras hebraicas existe aquela da qual
5todas as outras são formadas que é a letra
Yod, que se relaciona com o Arcano, o Eremita.
O Yod é o princípio absoluto, o Phallus,
a virilidade divina de Deus (Adni) e a Mão de Deus que guia os personagens (0 à VIII) e que
abençoa os rituais (X à XXI) por eles executados. Assim sendo, o Arcano, o Eremita é a
representação de Deus no Tarot, abençoando os personagens e os seus rituais (os Arcanos
Maiores) e estipulando as ordálias pelas quais o Iniciado terá de passar (Arcanos Menores).
Temos no esquema abaixo uma visão que nos faz compreender o motivo pelo qual a
Palavra AL ser tão importante na compreensão da Lei de Thelema, uma vez que significa a
união entre em o Início (Alfa) e o Fim (Omega). Encontramos do Arcano 0 (Louco) até o VIII
(Ajustamento) os Personagens que realizarão os rituais que se encontram do Arcano X até o
XXI. Estes Personagens realizarão os rituais que estão descritos do Arcano X até o XXI, tendo
de passar por determinadas ordálias espirituais, emocionais, mentais e materiais (Arcanos
Menores - dos Áses aos 10), enquanto possuem determinadas características físicas (Cartas
Magnas), representados pelos Cavaleiros, Rainhas, Príncipes e Princesas.
0
VIII IX X
XXI
0 = Louco = Hórus & Set = Aleph
AL
VIII = Ajustamento = Maat & Nephtys = Lamed
A letra Mem é o Espírito unindo-se à Alma, isto é, o Espírito de Deus unindo-se com a
Alma do homem. E devemos concordar com Eliphaz Levy quando este diz que a letra Shin
representa “a Materialização de todas as Promessas”, quando observamos que o Æon de Hórus
(Era de Aquário) vem para cumprir a promessa de uma Lei de Liberdade, Vida, Amor e Luz.
Aleph é a Estabilidade Final e caótica (Tao) do Homem Deus, o que é simbolizado pelo Louco.
Origem Mítica
“Na antiga corte dos sacerdotes de Memphis, acreditava-se que a humanidade passaria por um
período de trevas e ignorância. Estes então com o intuito de salvar toda a tradição Arcana se reuniram em
uma secreta assembléia, na qual foi determinado que tais segredos seriam preservados, através de lâminas
que seriam perpetuadas pelos profanos, como um jogo de azar e que mais tarde seus ensinamentos ocultos
seriam resgatados pelos futuros iniciados.”
Esta é uma das muitas versões encontradas por aqueles que se dizem profundos
estudiosos do Tarot. Estas e outras versões de um misticismo exacerbado, citam origens ainda
mais absurdas, sempre de acordo com seus interesses, ignorância e com a moda vigente.
Citações de origem tais como: de que o Tarot seria originário de Lemúria, da Atlântida e até
mesmo de outros planetas; nada mais seriam do que abstrações, sem qualquer embasamento
histórico ou documental. Nada contribuindo,
6portanto, para o seu estudo ou seu
desenvolvimento, mas servindo apenas para aumentar a aura de mistério ao redor do Tarot e das
pessoas que fazem tais afirmações, e para o aumento de mais alguns centavos aos seus bolsos.
Apesar de sabermos que o Tarot foi realmente sistematizado no antigo Egito, pelos mais
altos Iniciados, não tenho como provar esta teoria, além de tentar demonstrar as enormes
similiaridades que existem com aquela antiga cultura. Infelizmente, documentalmente, não se
tem como provar essa nossa teoria e por isso devemos passar direito para a sua origem factual.
Muitas vezes podemos observar nitidamente, pessoas criando os seus próprios Tarots
sobre estudos muito superficiais e sem muito critério, ou mesmo bom-senso. Parece moda
atualmente as pessoas terem os seus próprios Tarots, como se isso dissesse que elas são
depositárias de conhecimentos muito antigos e herméticos, o que não é sempre verdade na
grande maioria das vezes. O Tarot, tal como o conhecemos vulgarmente como objeto de
advinhação, não passa de um mero sub-produto do verdadeiro estudo da magia, dos conceitos
gnósticos, o qual serve para treinamentos para se atingir estados alterados de consciência.
Como simples objeto de advinhação não passa de um mero sub-produto. Mas devidamente
utilizado, passa a ser um importante guia para o verdadeiro estudante.
Origem Factual
1393 - O Tarot é proibido na França pelo Rei Henrique V como jogo de azar e de advinhação.
É a primeira vez que, documentalmente, temos referência ao Tarot.
1782 - Court de Gebellin em sua vastíssima obra intitulada “Le Monde Primitive” (10 Volumes),
publica no 4º Volume todas as 78 lâminas e onde faz um argumento arqueológico de que o Tarot
teria vindo do Egito. Posteriormente, suas argumentações são consideradas inválidas pelo
pouquíssimo conhecimento que se tinha sobre o Egito, que na época era quase nenhum, não
estando sequer a famosa Pedra de Roseta decifrada.
1783 / 87 - Alliete (um barbeiro) impressionado pela obra de Court de Gebellin, redesenha as
lâminas impressas por este último e escreve alguns livros, correlacionando pela primeira vez o
Tarot e a Cabala sob o pseudônimo de Eteilla. Os estudiosos que se seguiram, consideram suas
obras sem o menor valor cabalístico e apesar disso Eteilla se tornou um próspero advinho e
muito famoso na corte francesa. Basta lembrar que, ele mal sabia escrever ou tinha qualquer
conhecimento mais profundo de Cabala.
1856 - Alphonse Louis Constant, conhecido mundialmente como Eliphas Levy, publica a
primeira obra considerada de grande valor no estudo do Tarot, “Dogma e Ritual da Alta Magia”.
Porém, tais ensinamentos foram editados de forma velada, para protegerem os segredos de sua
Ordem.
1875 - Morre Eliphas Levy e nasce na Inglaterra, Aleister Crowley, o homem que ousou quando
se fez necessário desvelar e renovar os segredos
7considerados até então restritos à alguns
poucos iniciados.
1878 - É fundada na Inglaterra a Hermetic Order of the Golden Dawn, primeiro local onde se é
estudado o Tarot como instrumento mágico.
1898 - É iniciado na Golden Dawn aos 23 anos de idade, Frater Perdurabo (Aleister Crowley) e
entrando em contato com os ensinamentos herméticos que circundam o Tarot.
1904 - Através de processos mágicos, Frater Perdurabo recebe de uma entidade supra-humana
(Aiwass ou Aiwaz), o Liber AL vel Legis ou o Livro da Lei. Livro este que contém os princípios
que norteiam o Novo Æon.
A base destes princípios é THELEMA (Vontade) e ela “…representa não meramente uma
nova religião, senão uma nova cosmologia, uma nova filosofia, uma nova ética. Coordena os inconexos
descobrimentos da ciência. Seu alcance é tão vasto que resulta impossível aludir sequer, a universalidade de
sua aplicação… O Æon de Hórus, do Filho, não é meramente um símbolo de crescimento e sim da completa
independência e inocência moral. Podemos pois esperar que, o Novo Æon liberte a humanidade de sua falsa
pretenção de altruísmo, de sua obsessão pelo medo e da sua consciência do pecado”, como escreveu
Crowley.
1938 / 43 - Crowley começa a concretizar o Tarot de Thoth e utilizando todos os
conhecimentos que adquiriu ao longo de sua vida de estudos, pesquisas e de vivência na Lei de
Thelema. Para isso contou com a colaboração de Soror Tzaba (Lady Frieda Harris).
Por tão complexo e trabalhoso que se tornou este trabalho, levou cinco anos para ser
totalmente concretizado. E o Tarot de Thoth se tornaria a imagem do Æon de Aquário-Leão,
tendo no Liber AL vel Legis (a Lei do Æon) toda a sua base de sustentação.
1947 - Morre Aleister Crowley, o maior Mago do século XX, nos deixando a mais vasta e valiosa
obra já realizada sobre Magia(k) em todos os tempos.
Amor é a lei, amor sob vontade.
Sérgio Bronze &
Marco Aurélio da Silva
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Os Atus
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O - LOUCO
A carta, tal como se apresenta, mostra um homem em seu salto ao infinito sem prestar
atenção ao tigre que parece morder ou se agarrar a sua perna, mas que na verdade brinca com
ele, uma vez que ambos estão em Êxtase. Esta descrição não só contempla os aspectos mais
inferiores da carta como as mais superiores, sendo que esta última mostra a Loucura Divina da
qual nos falava São Paulo. Por isso, no Tarot de Thoth se faz um esforço por revelar este seu
significado mais profundo. Este homem trás uma Rosa e esta Rosa representa a Rosa da
Alegria, cujo sentido é o mesmo da Rosa do Silêncio, da Rosa Solar e da Rosa Cruz.
Este Louco contêm a Sabedoria Divina e o Conhecimento mundano, enquanto que ele
consegue ser a mais perfeita inocência. O verde exuberante que aparece no Arcano sugere a
aurora de um dia de primavera.
A pomba é a força vital, a energia criativa, a ação e o poder. O vislumbre do final do
Caminho não é mais apenas um simples vislumbre, mas algo concreto. O zero é o Nada, ou
melhor, a dissolução do homem no Nada, i.e., em Nossa Senhora Nuit. As Supernas rodeam o
Louco, o homem verde da primavera, Baco, Pan. Abaixo, nas águas, encontramos um símbolo
de Set na figura de um crocodilo e na figura de Hoor-paar-kraat.
Falar do Louco como um Divino Hermafrodita seria uma limitação de seu próprio
simbolismo, pois o surgimento da Palavra AL, a união entre o Louco e o Ajustamento, nos faz
meditar que ele seja Tudo e Nada ao mesmo tempo, isto é, o Princípio e o Fim.
“O Conhecedor da Verdade deveria andar pelo mundo aparentemente
estúpido como uma criança, um louco ou um demônio.”
Mahavakyaratnamala
Sua consciência tem a capacidade de abarcar todo o Universo sem distorção, uma vez
que ela atingiu e está mergulhada na Unidade. Sua Verdade se torna uma mentira para aqueles
que compartimentizam o Universo e por causa disso estes não são capazes de se lançarem no
Além como ele. Sua Vida é um eterno banquete orgiástico onde o fogo se une com a água,
transformando-se em um ar leve que eleva a alma e o espírito.
É ele a eterna Criança vagando pela Terra…
Árvore da Vida: Caminho de Kether à Chokmah
Letra hebraica: Aleph (a) - Boi
Valor: 1
Elemento: Ar
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Tattwa: Ar do Éter 1
Nome Místico: Espírito do Éter
Símbologia
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3 círculos: Ain / Ain Soph / Ain Soph Aur
verde: o homem verde da primavera
botas douradas: chamas do Sol (símbolo fálico)
Sol na região genital: Muladhara Chakra (a sede de Kundalini); Tiphareth
cone de luz: Kether
taça: aspecto feminino; passividade
pinheiro flamejante: aspecto masculino; atividade
pomba: Espírito Santo, o caminho da força
Pai - emana
Espírito Santo - planeja
Filho - realiza
cachos de uva: deus Baco
borboleta: inteligência; o princípio alquímico da não perda da essência
abutre: transformação
caduceu: poder; aspecto do mensageiro (o Magvs)
saco nas costas: reunião das idéias (planetas & zodíaco)
flores e as crianças: inocência
crocodilo: fertilidade
triângulo: perfeição; a Cidade das Pirâmides
chifre: poder; a força fálica
a letra Aleph: o princípio de todas as Coisas
flor de lótus: referência à Hoor-paar-kraat; a transmutação
Essência do Atu
Não sejas nada!
Todos os caminhos são lícitos para a inocência.
A pura loucura é a chave da iniciação.
O silêncio se quebra em êxtase.
Não sejas homem nem mulher, senão ambos em um.
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Todas as vezes que tiver, por exemplo: Ar & Éter ou Terra & Água, estarei me referindo ao sub-Tattwa.
Guarda silêncio, Criança do Ovo Azul, para que
cresças e leves a lança e o graal!
Vá só e cante! No palácio do rei, sua filha te aguarda.
Interpretação
Idéia, pensamento, espiritualidade, dificuldade na realização, idealizador, planejamento,
aquele que se esforça para transcender a terra, estúpido, excêntrico.
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I - O MAGUS
Representa a união e o equilíbrio dos poderes elementais controlados pela mente. É o
Adepto livre e senhor de todas as suas “armas”2 . O Caminho de Beth e de Mercúrio une
Kether, a Coroa, com Binah (Aima Elohim), o Entendimento. Por conseguinte, o Magus é
refletido no Intelecto que reune e armazena conhecimento e o verte na Casa da Vida, i.e.,
Binah. O número do Caminho, o 12, sugere a síntese do Zodíaco, sendo que Mercúrio é a
síntese dos Planetas. É uma carta vinculada com o nome Tahuti e Hermes, igual a precedente
que estava vinculada a Harpocrátes e Dionísio.
As cores amarelo, violeta, gris e índigo apontam a essa misteriosa luz astral3 que rodea o
grande Adepto.
Ele é o perfeito equilíbrio ativo da Natureza, do Universo, acima das águas do Grande
Abismo. É a Palavra viva, ativa e final de todas as Coisas; e a Palavra está em constante
movimento e por isso mesmo não pode ser totalmente compreendida. Não é apenas o Senhor
da Magia(k) como podemos pensar a princípio, mas de todo o Universo conhecido,
manifestável. Seu poder máximo está naquilo que ele pode oferecer àqueles que estão abaixo e
o que ele pode oferecer a humanidade é a Palavra e a Lei de uma Nova Era, onde a Liberdade, o
Amor, a Vida e a Luz são mais do que um simples ato de fé, mas uma certeza verdadeira.
Vemos atrás do Magus uma Sombra e esta é a representação da Sabedoria daquele Deus
Ultimal, que nem mesmo ele consegue compreender. É da Sombra que emana a Sabedoria do
qual o Magus então se torna em Besta e no propagador do Verbo Divino. A proclamação deste
Verbo liberta toda a humanidade, apesar dela não aceitá-lo.
O Magus sai da Boca, o Verbo, depois de ter feito o caminho de volta através do
Universo, Atu XXI. Os homens nascem de uma vagina e ao morrer retornam para uma Vagina,
quantas vezes for necessário. O Magus nasce e conscientemente busca o retorno para poder
sair pela Boca de Nossa Senhora Nuit. Este é o caminho iniciático do retorno à Casa de Deus.
Árvore da Vida: Caminho de Kether à Binah
Letra hebraica: Beth (b) - Casa
Valor: 2
Planeta: Mercúrio
Tattwa: Terra
Nome Místico: Mago do Poder
Símbolos
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13 sobre as armas e os utensílios mágicos.
Ver Magia(k) em Teoria e Prática, para um completa compreensão
Consciência Superior.
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objetos flutuando: é a representação do seu interior
caduceu: ascenção da Kundalini
cor ouro: elemento alquímico; sucesso através da adaptabilidade e da determinação
ovo primordial: mensagens de Hermes; inspiração
macaco babuíno: aquele que vem com o deus Thoth; sabedoria ou mentira
asas: Mercúrio
moeda (pantáculo): é o que redime
adaga: é o que destrói
baqueta: é o que cria
taça: é o que preserva
sob os pés: Abismo (Daath) 4
papiro: Liber AL vel LEGIS; as Mensagens e as Palavras
Essência do Atu
O Eu Verdadeiro é o significado da Verdadeira Vontade:
conhece-te a Ti Mesmo segundo Teu Caminho.
Calcula bem a Fórmula de Teu Caminho.
Crea livremente; absorve alegremente; divide resolutamente;
e consolida completamente.
Trabalhe, Onipotente, Onisciente, Onipresente,
em e pela Eternidade
Interpretação
Aquele que realiza, trabalhador, o que põem em prática, habilidade, astuto, sábio,
sabedoria, impulso rápido, inteligência.
4
A Esfera oculta da Cabala, que é a Grande Divisora entre a Consciência
Dual e a Consciência Una. Porém, é
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muito delicado comentar mais profundamente tal Esfera, pois de todas as Esferas da Árvore da Vida esta é a mais
enigmática e a mais perigosa de todas, de ser transposta.
II - A SACERDOTISA
A Grande Sacerdotisa rege o longo Caminho que une Kether à Tiphareth, o qual cruza
os caminhos laterais de Vênus e Leão. Ela é a grande força feminina que controla a fonte da
vida, reunindo em si mesma todas as forças energizantes e mantendo-as em solução até a sua
liberação.
Suas cores básicas são o azul pálido que vai até atingir a tonalidade do azul celeste, o
branco prateado e a prata pura. Podemos ver ainda a cor vinho, como a cor do êxtase e da
embriaguês divina. Vemos nela, também, a cor verde da promessa de uma felicidade futura e
de toda a fertilidade mágica.
Ela é o Grande Veículo que auxilia o Magus em sua travessia pelo Deserto da NãoForma, o Grande Abismo de Daath. Como foi dito em um texto antigo: “É mais fácil um camelo
passar pelo buraco de uma fechadura do que um rico entrar no reino dos céus”. Aí vemos a necessidade
de se dissolver a mente racional, repleta de conhecimentos banais, para que se possa nascer do
outro lado como um Bebê do útero de sua mãe.
Ísis é a grande senhora da Magia(k), aquela que reconstruiu o corpo de seu marido
Osíris; é a senhora dos Véus do Conhecimento. Ela unifica aquilo que está dividido através de
seu amor e da magia(k), assim como divide tudo o que está unificado. E isto é fácil de ser
compreendido, ao sabermos que ela cruza o Mar do Grande Abismo. Ela reune em si mesma a
iniciada e a mulher comum, a mãe e a esposa. Sendo a única capaz de transitar entre o céu
superior e o inferior sem maiores problemas. Graças a ela, temos a possibilidade de
conhecermos a Unidade; tal como vimos no Magus e no Louco, que são o ápice da Unidade.
Ela é Artemis, a arqueira e a eternamente virgem, irmã de Apolo e filha de Zeus. Ela é
também a tríplice deusa lunar - a virgem intocada, a ninfa orgiástica e a velha sábia. Mas ela é,
acima de tudo, a exaltação máxima de muitos vários conceitos que agora estão prestes a se
finalizarem. Ela é Diana, a caçadora, Ártemis e Hécate, a senhora do submundo.
Devemos dizer ainda que, a Luz revela e as Trevas desvelam!
Poderíamos pensar com extrema certeza de que a união da Sacerdotisa e do Magus
“gera” o Louco…
Árvore da Vida: Caminho de Kether à Tiphareth
Letra hebraica: Gimel (g) - Camelo
Valor: 3
Planeta: Lua
Tattwa: Água
Nome Místico: Sacerdotisa da Estrela de Prata
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Símbolos
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cor azul: paz suprema
cor branca: pureza
7 véus: intuição; os 7 planetas, as 7 verdades...; a Essência de Babalon 5
seios expostos: sensitividade; sentimento profundo
arco & flecha: Artemis, a caçadora; órgãos sexuais femininos
2 pilares: Severidade & Misericórdia
luas sob os pés: Lilith (Qliphoth de Malkuth, é todo o elemento que pertuba; os desejos
não manifestos)
flores e frutas: domínio sobre os elementos
4 cristais: claridade e pureza da mente, coração, corpo e espírito
camelo: é a sabedoria
lua sobre a cabeça: deusa Ísis (Asi)
Essência do Atu
A Pureza é viver só para o Altíssimo; e o
Altíssimo é Todo; seja tu como Artemis para Pan.
Lê no Livro da Lei, e abra-te passo
pelo véu da Virgem.
Interpretações
Intuição, confiança, boa influência, troca, alternância, necessidade de manter o
equilíbrio.
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Estes 7 véus poderão ser melhor compreendidos no Atu XI; quando nos referirmos ao Sigilo da Santa Ordem da
A\A\
III - A IMPERATRIZ
Ela é um aspecto de Hathor, a Mãe que gera e alimenta sua criação: aqui se sugere o lado
positivo e criativo da Natureza. A trilogia egípcia de Ísis, Hathor e Neftis estão simbolizadas
pelo crescente lunar, a lua cheia e a lua minguante. No Tarot elas estão representas através de
três Arcanos: Ísis é a Grande Sacerdotisa, tomando como símbolo o crescente lunar; Hathor é a
Imperatriz e toma para si o símbolo da lua cheia (Vênus); Neftis, o Ajustamento, é a lua
minguante.
Hathor e Vênus representam o aspecto do Amor, enquanto que Ísis é a Mística, a lua
cheia que reflete o Sol de Tiphareth em sua posição de Yesod e que transmite os raios do Sol
em seu caminho Gimel. Na interpretação de um Tarot prático é admissível interpretar a
Grande Sacerdotisa como representando o Ocultismo. A Imperatriz seria a Religião, a Igreja
que congrega os iguais. O Ajustamento seria a Ciência e o ato de praticar a Ciência como
método - também em Magia(k).
A Imperatriz, cuja letra é Daleth, é a porta dos mistérios internos, do mesmo modo que
Vênus é a porta da Cripta da Suprema Iniciação.
Ela é o elo de ligação entre Ísis e Neftis, entre o Abstrato e a Ciência. Ela é a visão do
todo e sua síntese. É a mulher comum, estudiosa, meticulosa, terrena e que tem ao mesmo
tempo a capacidade de atingir mundos invisíveis, mágicos, mesmo que por alguns instantes. O
seu mundo é o mundo comum, o mundo do dia-a-dia. É aquela que se sacrifica (sacro-ofício)
pela sua prole, pelas suas idéias e pelos seus ideais. Também é ela quem gera a harmonia entre
os opostos, apaziguando os conflitos internos.
Suas cores básicas são: a esmeralda, o azul celeste, o verde azulado, o vermelho claro e o
rosa. Sendo que esta duas últimas cores representam o seu sangue que é derramado, pelo
motivo exposto acima.
Esta é a Grande Mãe Universal, é a mulher ideal, é a síntese criativa e da perfeição
feminina. É o Céu e a Terra e a ponte de ligação entre os mundos: real e imaginário. Ela é
conhecida como a "Rainha de Maio" na tradição celta - é a mãe criadora, poderosa, fértil,
equilibrada, determinada e dona de todo amor sutil.
Ela é a mulher arquetípica, a derradeira expressão do que é feminino. Mais do que
qualquer uma, ela é toda a fertilidade da terra, o equilíbrio do zodíaco e a grande amante.
A Imperatriz é a mais poderosa das mulheres, até mais do que a Grande Sacerdotisa,
apesar de ser ignorante de todas as suas virtudes e potencialidades. Enquanto uma é ilusão, ela
é a realidade concretizada.
Árvore da Vida: Caminho de Chokmah à Binah
Letra hebraica: Daleth (d) - Porta
Valor: 4
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Planeta: Vênus
Tattwa: Água do Fogo
Nome Místico: Filha dos Poderosos
Símbolos
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blusa rosa: amor sutil
lótus azul: Santo Graal (polaridade masculina e feminina, Sol & Lua)
2 luas: dualidade; necessária oposição para o equilíbrio
lua crescente - Eva
lua minguante - Lilith
cinturão: remete ao Zodíaco
pelicano: Grande Mãe (aquela que alimenta sua prole com o seu sangue)
escudo: poder
águia de duas cabeças: exacerbação do poder
lua atrás da águia: polaridade feminina
pomba: Vênus; símbolo fálico
chamas azuis: fluído menstrual
posição da mão esquerda: segurando a criança 6
flor de liz: abelha que produz a geléia real
várias luas: ciclos menstruais
pardal: símbolo fálico
portal: fertilidade; Passagem (Daath)
Essência do Atu
Esta é a Harmonia do Universo, que o Amor
se una a Vontade para crear com o Entendimento
dessa Criação: entendam tua própria
Vontade.
Ame e deixe amar. Regozija-te em cada forma de amor,
e tire dele teu êxtase e teu alento.
Interpretações
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Ver o Ritual da Marca da Besta.
Amor, beleza, felicidade, determinação, fertilidade, amizade, doçura, êxito, equilíbrio,
consecução, libertinagem.
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IV - O IMPERADOR
Aqui estão as grandes forças energizantes tal como indicam as distintas tonalidades do
vermelho. É interessante notar que os caminhos de cor vermelho seguem sendo vermelhos em
todos os planos (em todas as Árvores da Vida), variando só a sua tonalidade. Assim, Áries, o
Imperador, o pioneiro, o general, é sangue e carmesim escuro, vermelho e vermelhão puro e o
vermelho fogo brilhante, respectivamente. É o Conquistador, cálido, apaixonado, passional,
impetuoso, e a expressão máxima de Marte tanto no amor como na guerra. Representando o
masculino positivo igual a Imperatriz que é o feminino positivo.
É o conquistador preocupado com as suas conquistas e aquele que não vacila em
sacrificar o mundo pelos seus interesses. É aquele que nasceu para reger o mundo físico e é
esta a sua única e maior preocupação, por isso ele se encontra sempre dividido entre as ilusões
ao seu redor e suas paixões humanas. Todo o domínio que ele busca é físico e quando se
aventura no mundo espiritual se torna em um manipulador apenas interessado em conquistas
materiais.
Sua figura pode ser vista no estadista dominado pela sensação de poder e no homem
curvado diante o seu Ego. A vingança, em todos os seus níveis, deve ser levado a cabo para
limpar a sua honra. Não pensa duas vezes para iniciar uma guerra e a vitória é o elemento que o
move em todos os planos da vida. É o arquétipo do construtor de impérios, do pai, do macho e
daquele que promove a construção e a realização de vários mundos, menos do espiritual. É um
ser ígneo, representado pelas figuras dos dois carneiros (Áries); ele movimenta habilmente seu
poder e sua vontade.
O Imperador é o homem que todos os homens gostariam de ser, um profundo
conhecedor das riquezas da terra, um homem íntegro na maioria das vezes e um detentor do
poder secular.
O Imperador é também o homem domado pelas suas paixões, a ponto de se tornar em
um cordeiro dócil e medroso, e a sua impetuosidade primitiva passa a ser uma falsidade. Apesar
de estar sempre sob a Luz de Deus, ela passa por ele desapercebida. Conquistar o mundo é
sempre mais agradável e fácil, pois requer sacrifícios menores.
Árvore da Vida: Caminho de Netzach à Yesod
Letra hebraica: Tzaddi (x) 7 - Anzol
Valor: 90 (900)
Signo: Áries
Tattwa: Fogo
7
Esta é uma das várias modificações feitas por Mestre To Mega Therion no Tarot; o que certamente possui
uma profunda razão para ter sido feita.
20
Ver Liber AL vel Legis, Capítulo I, versículo 57; e os comentário de Mestre To Mega Therion, sobre o
Livro da Lei.
Nome Místico: Chefe dos Poderosos
Símbolos
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sóis: instinto material; manda e acontece; um sábio; inteligência
abelha: capacidade de trabalho
escudo: poder (solar)
cordeiro: aspecto ígneo; poderes espirituais
quadrado: a base da perfeição
cetro: autoridade
orbi: construção de impérios; inteligência
fênix: transformação
cor laranja: fogo & terra; visão pragmática de colocar as coisas em prática
carneiro: exacerbação do poder e autoridade
bandeira: autoridade; estabilidade; sucesso
fogo: sêmen
Essência do Atu
Verte água sobre ti mesmo: assim serás
uma Fonte para o Universo.
Descobre-te em cada Estrela.
Leve à cabo toda possibilidade.
Interpretações
Vitória, conquista, guerra, ambição, vigor,
tendêncioso, obstinado.
21
integralidade,
estabilidade,
poder,
V - O HIEROFANTE
O Hierofante é a contraparte da Grande Sacerdotisa. Igual a Áries que é a casa de
Marte e a exaltação do Sol, Touro na casa de Vênus é a exaltação da Lua. Ele é, assim, o
aspecto reflexivo ou místico do masculino. É o pensador em contraste com o homem de ação
que é o Imperador.
O Universo atua sobre ele com a sua Memória e Estabilidade. Por isso, ele se torna o
guardião da chave do Tempo, tendo acesso ao mundo Espiritual graças à criança em seu
interior. É tanto o Senhor dos Elementos (pentagrama) quanto dos Planetas (hexagrama), pelo
seu livre acesso entre eles. E como se não bastasse, ele se oculta na máscara da Esfinge, nas
figuras dos Kerubes.
Por jamais sabermos quem ele é de verdade, nele pode se esconder um farsante
manipulador ou um iniciado da maior categoria. Tanto a serpente quanto a pomba revelam a
dualidade de suas palavras, mas se for o iniciado ele terá a Rosa brilhando sobre ele.
A diferença do Hierofante para o Imperador é que neste primeiro, suas cores variam
consideravelmente.
Vermelho, laranja, castanho, avelã e marrom escuro sugerem o
pensamento velado, o poder interior, a perdurabilidade, a contemplação e a reconciliação. Esta
carta indica frequentemente a vigilância oculta dos Mestres. Alguns iniciados vêm a
manifestação de Deus, neste Arcano.
O Hierofante é o conhecimento puro, que dará origem à União que será vista no Atu
posterior, os Amantes. E de agora em diante ele será aquele que direcionará o conhecimento
do Universo de acordo com o seu discernimento de mundo.
A letra hebraica é o Vav (prego) e esta não é uma referência do Sacrificado cujas mãos
estão perfuradas pelo prego, mas do prego que une as traves horizontal e vertical que formam a
cruz da Iniciação em Tiphareth. Da cabeça do prego surge a Rosa, portanto devemos
compreeender que o prego é o Phallus e a Rosa o Sêmem Sagrado da Vida. A trave horizontal é
o feminino, o intelecto e a perseverança, enquanto que a trave vertical é o masculino, a vontade
e a Aspiração. Unida pelo prego (Phallus = Vontade) temos o símbolo do Homem completo,
realizado no Sagrado Anjo Guardião (= Deus).
Este Hierofante bem que poderia ser os manipuladores da antiga igreja ou até mesmo os
antigos imperadores de todas as Idades, mas este é o revelador da Luz, o instrutor, o grande
mestre dos testes da vida. Este é aquele que clama pela mais alta sabedoria dos Antigos. É o
comunicador do conhecimento e algumas vezes manipula esses conhecimentos para o seu
próprio interesse (seja para o bem ou para o mal). É o buscador da Sabedoria de seus
Ancestrais.
O Hierofante é o guardião das Chaves do Conhecimento e da Sabedoria, o qual se
perderia no tempo. O Hierofante e o Imperador, cada qual em sua área de atuação, não medem
esforços para atingirem os seus objetivos.
22
Árvore da Vida: Caminho de Chokmah à Chesed
Letra hebraica: Vav (w) - Prego
Valor: 6
Signo: Touro
Tattwa: Fogo da Terra
Nome Místico: Mago do Eterno
Símbolos
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menina: exaltação do aspecto venusiano; sacerdotisa; aspecto lunar
lua crescente: fertilidade
rosetão: feminilidade
cone: símbolo fálico
letra Shin: realização do seu desejo
serpente & pomba: os dois caminhos
9 pregos: representam a letra Vav; a Esfera do Fundamento (Yesod)
chave: sabedoria dos 3 Æons (Ísis, Osíris e Hórus - respectivamente: verde, amarelo e
vermelho)
elefante: exacerbação da sabedoria
criança: idéia ou ideal
homem:saber
águia: ousar
leão: querer
boi: calar
estrela invertida: Baphomet (Aquele que mergulha dentro de si mesmo)
Pentagrama & Hexagrama: união do microcosmo com o macrocosmo
Essência do Atu
Oferece-te Virgem ao Conhecimento e
Conversação de teu Sagrado Anjo Guardião. Tudo
mais é uma armadilha.
Seja um atleta nos oito ramos do Yoga: pois
sem elas não estás disciplinado para
luta alguma.
23
Interpretações
Manipulador, amoral, esforço, busca, paciente (paciência), obstinado, ajuda superior,
organização, paz, manifestação, ensinamento, resistência.
24
VI - OS AMANTES
Este é o impacto da Inspiração (Tiphareth) na intuição (Yesod) resultando em
iluminação e liberação, a espada cortando as ataduras do hábito e do materialismo (Malkuth).
Suas cores são sempre: laranja, violeta, púrpura, azul intenso e vívido, o violeta amarelado
contendo o dourado.
É a grande obra mística ou o seu início, representado pelos três casamentos alquímicos,
através dos simbolismos de Eros (Sexo), Phillos (Amizade) e Agape (Amor). É a Vontade de
união que dá início às três obras alquímicas, respectivamente: negro, branco e vermelho. É
através do casamento alquímico, i.e., das diferenças, que se dá fim ao medo das águas
estagnadas da existência.
É este o início verdadeiramente da jornada de Retorno e de Redenção. Temos o
Eremita (Deus) abençoando a união do Hierofante com a Sacerdotiza ou com a Imperatriz, e
pouco importa se ela é uma virgem ou uma experimentada mulher, pois é a Vontade que
alimenta esta União. Nesse momento estamos presenciando a primeira etapa do grande
casamento alquímico. Já podemos perceber que uma transmutação, na essência da vida,
começa a ocorrer apesar de ainda não sabermos no que ela dará, mas sabemos que sangue
deverá ser derramado para que possa existir Vida.
Os Amantes é o casamento do sol (homem) e da lua (mulher), sob as bençãos do fogo
Divino. Mas podemos observar, um pouco mais além, que esta União é do ser humano consigo
mesmo, com o seu oposto e gêmeo, e seria mais correto chamar este Atu de Os Irmãos, mas não
entraremos neste mérito.
Através do Cupido, o Amor (Agape), vemos a Palavra da Lei do Novo Æon que é
THELEMA. "Amor é a lei, amor sob vontade."
Aqui podemos ver o primeiro chamado de Deus para a realização da Verdadeira
Vontade. Todos os homens passam por este tipo de experiência, nos seus mais variados graus
de manifestação, e cabe apenas a ele querer prosseguir no Casamento ou não. O
prosseguimento, portanto, poderá ser observado no Atu XI.
A perfeição dos Amantes está no reconhecimento da individualidade, da diferença
entre eles e na multiplicidade. Mas mais ainda, revela o encontro da vontade de se unir
perpetuamente. A busca do homem por uma mulher ou vice-versa, é o simbolismo da busca do
homem pelo Divino. Os opostos ao invés de se repelirem, se atraem e se fundem. O choque
da diferença é o que provoca o Êxtase.
Árvore da Vida: Caminho de Binah à Tiphareth
Letra hebraica: Zain (z) - Espada
Valor: 7
Signo: Gêmeos
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Tattwa: Ar
Nome Místico: Criança da Voz; Oráculo dos Deuses Poderosos
Símbolos
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águia: signo de escorpião
taça e as flores: elemento feminino
espadas: divisão
lança: símbolo fálico
pergaminho: sabedoria
eremita: Agape; Phallus = Vontade
cupido: Agape, o elemento de união dos opostos
Lilith & Eva: dualidade
leão: calor e a ação sulfurosa
águia: sublimação
leão & águia: Eros
crianças: Phillos; a União com sua sombra (khaibit) 8
Imperador & Imperatriz: Agape
Essência do Atu
O Oráculo dos Deuses é a Voz da Criança do Amor
em Tua própria Alma; escute-a.
Ouça a Voz da Sereia dos Sentidos, ou a Voz do Espectro
da Razão: descansa na Simplicidade, e escuta
o Silêncio.
Interpretações
Multiplicidade de emoções, necessidades, emotividade, instabilidade, união superficial,
inteligência, contradição, frivolidade, indecisão, autocontradição, trivialidade, separação,
intuição, instabilidade, união perfeita.
8
26
Este é o início de qualquer Iniciação. Veremos, mais adiante, que esta União tomará um vulto maior quando
chegarmos no Atu XIV, quando a União terá sido consumada.
VII - A CARRUAGEM
Aqui está um símbolo do espírito do homem controlando os princípios inferiores, alma e
corpo, e desta índole passando triunfalmente através do plano astral, elevando-se por acima das
núvens da ilusão e penetrando nas esferas mais superiores. Com certeza, temos aqui a visão de
Deus, mesmo ela se ocultando através das mais variadas formas.
Este é o Senhor da Esfinge e aquele que trás a Taça com o Sangue dos Santos, mas o
mais importante é que acima dele se ergue a Palavra do Æon: ABRAHADABRA. Esta Palavra
é a Chave da nossa Grande Missão, pelos próximos dois mil anos. Em sua armadura dourada,
como o Sol, vemos os diamantes de Assiah, uma referência da harmonia da matéria com a
espiritualidade. Sob ele e acima das esfinges, encontramos oculto uma lua crescente negra,
uma referência a Binah, a Grande Mãe do Mar. O caranguejo montado sobre uma lua
minguante em seu elmo simboliza a possibilidade de não compreensão daquela Palavra Máxima
que se expande por todo o dossel sobre ele. Câncer é a Casa da Lua.
Neste Atu e apesar do advento de um Novo Æon, vemos um curiosa referência ao
Islamismo, uma vez que aquela religião está sob o domínio da espada (Geburah). O Senhor da
Esfinge trás todo um conceito marcial, porém reformulado às novas condições do Æon.
Temos também um referência ao Livro de Ezequiel através da formulação quádrupla das quatro
Esfinges (4 x 4 = 16, a Torre).
Também, se formos um pouco mais longe, veremos alguma referência a carruagem do
Bhagavad-Gita, que é comandada por um guerreiro vitorioso que vislumbra a Face da Eternidade
diante de si. Devemos, assim, compreender que, o impulso ocasionado neste momento para
frente não tem mais como ser detido. A decisão de se atingir a Eternidade foi tomada e não há
mais como deter a Inércia9 de tal ação. Temos aqui, mais uma vez, a concepção do Sol Oculto,
através da forma da Lua Crescente negra, pois como disse Krsna: “…e entre as estrelas Eu sou a
lua”. O Senhor da Esfinge é aquele das mil faces e o que podemos enxergar dele é apenas
aquilo que está mais externo.
Se torna necessário dizer que Nuit, Hadit e Ra-Hoor-Khuit são apenas a manifestação de
uma Inteligência (ou de uma Essência) fora de qualquer compreensão humana. Essas três
deidades, portanto, são apenas uma; são a manifestação para que a mente humana possa ter
acesso ao Conhecimento e a Sabedoria de Alguma Coisa muito além de toda e qualquer
compreensão. É necessário, para a compreensão plena do Æon, atingir a Essência das
Experiências mágico-místicas, pois é essa Essência (Neter) o Espírito por detrás da Letra.
A armadura do condutor da Carruagem oculta o Espírito por detrás do que está sendo
visível no mundo material. Assim é com o Æon de Hórus e da necessidade de se ir cada vez
mais fundo nas experiências que adquirimos.
As suas cores são o âmbar, o prateado, o azulado e o profundo anil do céu noturno
27
9
Movimento constante.
elucidam este símbolo. É a sublimação da Psiquê.
Árvore da Vida: Caminho de Binah à Geburah
Letra hebraica: Cheth (j) - Cerca
Valor: 8
Signo: Câncer
Tattwa: Água
Nome Místico: Criança dos Poderes das Águas; Senhor do Triunfo da Luz
Símbolos
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docel: Mar de Binah; a Palavra ABRAHADABRA 10
roda: energia de Geburah
ambar (cor): sentimento canceriano
diamantes: 10 Sefiras de Assiah
ícones: Sabedoria da Esfinge; dificuldades do caminho
pilares: as 4 letras do Tetragrammaton (YHVH)
armadura: para ocultar a própria luz
taça: o receptáculo de sangue; Svadisthâna Chakra; a taça de ouro do Alquimista
Essência do Atu
A Prole do Abutre, Dois-em-Um, unidos;
esta é a Carroça do Poder.
TRINC: o último oráculo.
Interpretações
Multiplicidade de idéias, vitória, decisão, triunfo, fidelidade, impiedoso, esperança,
obediência, autoridade sob a autoridade.
10
Favor não confundir ABRAHADABRA com a sua corruptela ABRACADABRA. A primeira é a principal
fórmula de Iniciação do Novo Æon de Aquarivs-Leo, enquanto que a segunda não passa de uma fórmula deturpada
e, consequentemente, ineficaz; que levou muitos Iniciados à total destruição. Cabalísticamente, uma não têm
nada haver com a outra, apesar de algumas coincidências fatais. 28
Que o estudante faça uma profunda pesquisa sobre ambas e tire por si próprio as suas conclusões. Sendo
que ABRAHADABRA é a fórmula de Iniciação que vem substituir o I.N.R.I.
VIII - O AJUSTAMENTO
Neftis, é o terceiro aspecto da Lua, a irmã gêmea de Isis. A Justiça em contra-posição
ao Amor. Seus emblemas são a Espada (Ciência) e a Balança (Discernimento). Está vestida de
azul como sua irmã, porém em uma tonalidade mais fria que a pura esmeralda de Ísis. Suas
cores subsidiárias são o verde azulado e o verde pálido. Só através das cores já é possível
descobrir seu calor oculto e sua resolução.
Ela é, portanto, a frieza da Justiça e o frágil equilíbrio em que o Universo se mantêm. E
nessa retitude, simbolizada pela Espada, encontramos o Princípio e o Fim de Tudo.
O Aleph (O Louco) e o Lamed (O Ajustamento) encobrem o maior segredo do Tarot,
pois da junção das duas letras surge a palavra AL que é a Chave de todo o Universo. Temos a
união de Set e Neftis, Hadit e Nuit para a Criação de Ra-Hoor-Khuit. A União deste casal, do
Louco e do Ajustamento, forma a base de toda a Iniciação do Novo Æon, pois a Loucura Divina
deve ser sempre contra-balançada pelo equilíbrio da Ciência. O método é a Ciência para que
se possa atingir a Loucura de Deus.
Pela Ciência da Magia(k) é capaz de se erguer a Serpente da Sabedoria. Uma vez
erguida a Serpente no interior do homem, sua mente se torna tão límpida quanto um diamante
perfeitamente lapidado.
Libra é Vênus e podemos encontrar essa manifestação também no Atu XVII, a Estrela.
A fria lâmina da Espada de Deus é o Seu Amor incondicional pelo seu Filho que é o seu
maior Êxtase. A espada é a Inteligência Divina, a inteligência humana e a sua capacidade de
discriminação.
Neftis é aqui representada pelo princípio de Maat, a Essência (Neter) da Justiça no
antigo Egito. Uma compreensão de tamanho mistério só pode ser compreendida pelo estudo
profundo da consciência humana e da iniciação na história da morte de Osíris por seu irmão
Set.
Toda justiça é um padrão moral de uma sociedade em alguma época determinada, mas
este arcano é o julgamento amoral e por ser amoral é o mais equilibrado, cristalino e
proporcional. É o equilíbrio cósmico e pode-se ver nela a descida da divindade para nos fazer
refletir sobre os nossos atos mais loucos.
Árvore da Vida: Caminho de Geburah à Tiphareth
Letra hebraica: Lamed (l) - Aguilhada do boi
Valor: 30
Signo: Libra
Tattwa: Ar do Éter
Nome Místico: Filha dos Senhores da Verdade; 29Detentora do Equilíbrio
Símbolos
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pratos da balança: os dois testículos que pesam o Universo
bolas: equilíbrio
diamante: pureza; claridade
espada: toda a experiência absorvida e transmutada; símbolo fálico; as três Esferas Supernas
mulher: deusa Maat; o equilíbrio caótico do Universo
Essência do Atu
Contrapese cada pensamento com seu oposto exato.
Pois o Matrimônio destes é a Aniquilação da
Ilusão.
Interpretações
Ajustamento, justiça, busca do equilíbrio, casamento, pactos.
30
IX - O EREMITA
Prudência. Os três arcanos que aparecem neste Atu devem ser cortejados durante o
estudo porque representam os três estados da iniciação - cérbero (guardião do inferno - Grego),
o espermatozóide e o ovo órfico. O homem vestido com o capuz e o manto, levando um
lâmpada para iluminar o Caminho de seu Jardim e um cajado como suporte para seus passos.
Ele é o eterno buscador e o espírito da alma Peregrina. Seu manto e capuz são o escuro sangue
da terra e o branco sêmen das estrelas, e acima dele e em toda sua volta está o céu noturno de
Nossa Senhora Nuit. Porém, Ela está simbolizada pelos campos férteis de trigo da primavera,
que o rodeam; e esta primavera está sempre em seu Coração.
Esta é a figura onipotente de Deus (Sagrado Anjo Guardião)!
O Eremita não apenas conhece, mas tem pleno “domínio” sobre o seu passado, seu
presente e seu futuro - de onde veio, quem é e para onde vai. Sua Luz é direcionada para
aqueles que sabem compreender as suas Palavras e é para estes que sua mão direciona ao
progresso. É esta Luz o princípio da manifestação pela qual toda Criação se manifesta, é o
Khabs Am Pekht, o Konx On Pax e ou a Luz em Extensão.
Ele é “a sábia velhice da Criança” e aquele que atingiu a plena realização de sua
Verdadeira Vontade. Sua virilidade é incontestável e esta virilidade está sempre guiada pela sua
Vontade. Ele é a mão de Deus e o próprio Deus.
O Yod é o Phallus de Deus, a sua Virilidade. E o Eremita é o Hierofante que muitas
vezes se oculta no Imperador, no Rei que pode se passar por um mendigo, mas disso tudo ele é
o Louco. Pelo fato de Deus ser a Virilidade, é o que nos torna em sua Amante Apaixonada.
O Eremita é no final das contas a própria representação de Deus. O Eremita é a
imagem explícita de Deus no Tarot. É a Mão de Deus (o Sagrado Anjo Guardião) que guia e
abençoa todos os Personagens desta grande e maravilhosa aventura que é a Existência.
Portanto, ele é o elo de ligação entre os personagens e os rituais a serem realizados. Ele é o
motivo da existência dos Personagens e o Objetivo último dos rituais. Qualquer ritual que não
seja para a obtenção do Conhecimento e Conversação com o Sagrado Anjo Guardião é um ritual
de magia negra. O Conhecimento e Conversação, como é conhecido técnicamente, é a
Inspiração de Deus e essa Inspiração se dá de maneira específica para cada homem.
O Eremita é um homem reto em suas atitudes e em suas atividades, quer sejam
mundanas quer sejam sagradas, pois ele não difere uma da outra. Ele tem um trabalho a ser
cumprido e nada consegue desviá-lo, nem os sucessos e nem os fracassos.
O Eremita e o Magus unidos são a concretização de toda a Iniciação, que é o Zero,
simbolizado pelo Louco Santo. No Atu I onde aparece o Magus sentado ao colo do Babuíno,
que é Thoth, nos mostra o desvelar de todos os Segredos. E pela compreensão desse Arcano,
se compreende muito dos Segredos da Iniciação em Thelema.
31
Árvore da Vida: Caminho de Chesed à Tiphareth
Letra hebraica: Yod (y) - Mão
Valor: 10
Signo: Virgem
Tattwa: Terra do Ar
Nome Místico: Profeta do Eterno; Mago da Voz de Poder
Símbolos
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seu corpo: letra Yod; Phallus ejaculando (virilidade Divina)
espermatozóide: de onde venho?
cão: Cérbero (o Guardião do Ades - inferno 11, grego); quem sou?
ovo primordial: para onde vou?
trigo: fertilidade; criatividade
lanterna: sol interior; a luz dos verdadeiros buscadores; o saber
mão: ferramenta de trabalho morto
manto: discrição
bastão: emblema de sua força, de sua audácia e de sua Vontade
Essência do Atu
Vá só; leve a Luz e o Báculo.
E que a Luz seja tão brilhante que nada te veja.
Que nada de fora ou de dentro te influêncie:
guarda sempre Silêncio.
Interpretações
Introspecção, estudo, reflexão, planos práticos, solidão, o grande buscador, pureza do
caminho.
11
O inferno a que nós Thelemitas nos referimos, é a falta de conhecimento, a ignorância. O homem que
desconhece e que vive perguntando, porque, este é um homem que vive em seu próprio inferno de
questionamentos, sem resposta. A única forma de escapar de tal inferno, é através do Conhecimento da
Conversação com seu Anjo (ou Devil Persona); o maior exemplo
32 de tal homem, pode ser claramente visto nos
Filósofos atuais, pois são o maior exemplo de se estar perdido no Abismo. Ver Liber AL vel Legis, Capítulo II,
versículos 29 à 33 e versículo 60; e nos comentários de Mestre Therion sobre o mesmo Capítulo e versículos.
X - A FORTUNA
No Etz Chayim, a Árvore da Vida, a Fortuna está situada no Pilar da Misericórdia
formando a coluna principal que vincula Netzach a Chesed, da Vitória à Misericórdia.
Representa a revolução da experiência e do progresso, os degraus do Zodíaco, a escada giratória
mantida no lugar pelas influências contrárias da Luz e da Obscuridade, do Tempo e da
Eternidade - presidida pelo cinocéfalo Plutoniano e Apofis abaixo e pela Esfinge acima -, o
eterno enigma que só pode ser resolvido ao alcançar a liberação.
É a Roda da Vida que não pode ser parada, mas na qual devemos buscar o seu Centro
imóvel. Neste Centro existe um Sol e este é do Deus Invictus, que representa o Equilíbrio
perfeito do movimento do Universo. Nos desvela que todos os fatos da vida são emanações
Divinas, por mais que não consigamos compreender.
As cores básicas deste Atu é o azul, o violeta, o púrpura escuro e o azul irradiante de
amarelo. Porém os aros giratórios da roda devem aparecer nas cores do espectro; o Macaco em
Malkuth e a Esfinge nas cores primárias e em negro.
A Fortuna representa a roda da Visão de Ezequiel e o movimento espiral do Universo,
nas rodas da Carruagem.
A chave desta lâmina é a oportunidade, todas as vezes que nos atrevemos a movimentála. Conhecer os segredos internos é saber governar o mundo à sua volta. Buscar o centro é
saber olhar o exterior de longe e observar o mundo sob uma outra perspectiva.
Árvore da Vida: Caminho de Chesed à Netzach
Letra hebraica: Kaph (k) - Palma da mão 12
Valor: 20 (500)
Planeta: Júpiter
Tattwa: Ar da Água
Nome Místico: Senhor das Forças da Vida
Símbolos
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nove estrelas: emanação da energia até chegar à Malkuth
esfinge: meta à chegar
Hermanubis: deus do silêncio; Mercúrio alquímico
Tiphon: ascendência; senhor do mundo material; Sal alquímico
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Simboliza que elas estão limpas do destino, pois é o homem que conhece, e que por conhecer têm a condição
de prever o futuro e, consequentemente, conhecerá a matéria.
Essência do Atu
Siga a tua Fortuna sem preocupar-te aonde te levará
O eixo não se move: alcance-o
Interpretações
Mudança de sorte, estabilidade, matéria, interiorização, fase, movimento, oportunidades
constantes, boa fortuna.
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XI - O TESÃO (ou A LUXÚRIA)
Este Atu representa a maestria do mundo superior sobre o inferior. Porém, neste caso,
se trata da alma que mantêm em cheque as paixões. Ainda que seus pés estejam fixados na
terra e o véu escuro do Abismo está ao redor de sua cabeça e se adere a seu corpo. As suas
cores são, um pálido amarelo esverdeado, o negro e um âmbar avermelhado, sugerem a firme
resistência e a fortaleza requerida para o sucesso. E o rosa salmão, forte, é o que dá o poder
motivador de continuar adiante.
O Tesão é o que leva o homem à beira do Abismo, quando a Serpente é erguida em
direção aos Céus, lançando seu veneno, unindo o homem à Nossa Senhora Nuit. Assistimos ao
casamento alquímico no Atu VI e agora assistimos a sua consumação, sua Lua de Mel, para no
Atu XIV presenciarmos o seu grande desfecho.
A maior beleza deste Atu não é propriamente assistirmos ao coito entre a Besta e a
Mulher Escarlate, mas a compreensão que é na Terra que começamos o trabalho de Redenção
interior. Esta mulher é uma virgo intacta, uma prostituta virginal. Sobre eles está a Taça do
Abismo, de todas as fornicações, e sobre o Abismo vemos o ordenamento perfeito do
Universo. Eles estão Livres para o Amor (Agape) e o que poderá parecer um ato de mera luxúria
e depravação para a maioria dos homens é o mais perfeito ato de Criação.
Sob os pés da Besta de Sete Cabeças e ao redor da Mulher Escarlate encontramos um
mundo não-ordenado, de ilusões, hipocrisia e paixões descabidas. O Leão-Serpente, a
Kundalini, se ergue em ambos, mas é ela, a Mulher Escarlate, quem ergue a Taça com o Sangue
dos Santos. Seria possível, neste Atu, ver a Estrela da Besta 666, mas ela está muito além dos
olhares dos homens da Terra.
Esta lâmina detêm toda a sensibilidade da Grande Sacerdotisa e o dinamismo do Mago.
Fala das nossas ansiedades e da necessidade de saber controlar determinadas emoções e fatos
da vida.
O domínio que a Mulher exerce sobre o Animal (besta) é mais um segredo alquímico,
onde podemos contemplar o início da transmutação dos metais, inferiores em superiores. O
começo da mudança de polaridades é a principal marca deste Arcano.
Este Arcano fala de uma relação sexual entre opostos e, mais sutilmente, de um tipo de
Ajustamento, que nos remete ao controle das emoções, da libido, das paixões desenfreadas. O
seu elemento oculto é o fogo e o planeta regente é o sol (influência e impacto).
Árvore da Vida: Caminho de Geburah à Chesed
Letra hebraica: Teth (f) - Serpente
Valor: 9
Signo: Leão
Tattwa: Fogo da Terra
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Nome Místico: Filha da Espada Flamejante; Condutora do Leão
Símbolos
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olhos: dez Sephiroth
rédea: paixão que une Babalon à Besta
cauda: Leão Serpente
chifres: poder; reCriação da Obra
os santos: Æon Osiriano
sete rostos: as sete Igrejas do Apocalípse 13
na mão de Babalon: a taça de sangue, onde a Obra começa a ser retrabalhada
acima da taça: a Obra ordenada
Essência do Atu
Modere a Energia com Amor; porém que o Amor devore
todas as coisas.
Adora o nome -, quadrangular, místico,
maravilhoso, e o nome de Tua Casa 418.
Interpretações
Ansiedade, domínio da situação, valor, energia, força, geração, uso do poder mágico.
13
Sete são os Véus diante a Sacerdotisa; sete são as letras que compõem o teu Santo Nome; sete são as pontas
do sigilo da Santíssima Ordem da A\A\; sete são os Chakras, principais, por onde se ergue a Serpente Kundalini;
sete são os véus da jovem que dança no harém de IT. Sanctum. 36
Sanctum. Sanctum.
Os sete rostos são: a cabeça de um Anjo, a cabeça de um Santo, a cabeça de um Poeta; a cabeça de uma
Adúltera; a cabeça de um Homem Valoroso; a cabeça de um Sátiro e a cabeça de um Leão-Serpente.
XII - O HOMEM PENDURADO
Um símbolo evasivo por ser profundamente significante. É o sacrifício - a imersão do
alto no baixo para sublimar este último. É a descida do Espírito na Matéria, a encarnação de
Deus no homem. É a submissão consciente da matéria para que o material possa ser
transcendido e transmutado.
Suas cores são o azul intenso, o branco e o negro alternado porém sem mesclar-se, o
oliva e o verde. É o poder transmutador do Espírito que trabalha nos mundos acima e abaixo.
Devemos compreender através da Gematria que 12 é 6 + 6, isto é, o mergulho nas Águas
da Vida pelos Amantes. Aqui vemos o encontro do Pai com o Filho, um descendendo e o
outro ascendendo, e nesse encontro está a Perfeição do Auto-Sacrifício. Este Trabalho
Sagrado é a dissolução da Água e do Ar, através do Conhecimento perfeito dos motivos do
Trabalho.
Existe um equilíbrio oculto neste Atu, mas este é ainda muito tênue para ser perpétuo.
Vemos uma Crucificação diferente daquela de dor e sofrimento eternos, mas a Redenção do
homem pelo Amor. É possível compreender, após uma investigação mais demorada, de onde
vem a Intuição. Mas este Atu pertence à alguns poucos que conseguiram atingir a sua
compreensão magna, destituindo-se do intelecto.
Este Atu são dois e não um, como geralmente é sempre representado graficamente, e
futuramente correções deveriam ser efetuadas. Vemos que ambos os personagens partem de
seus Sóis próprios e se encontram definitivamente naquela Esfera Escura onde toda a Razão
perece e o Conhecimento não passa de um beco sem saída. Deste encontro definitivo nasce
um Bebê: conhecido por Bebê do Abismo ou das Águas Abissais.
A água é um espelho, o mesmo espelho que desvela a verdadeira Face de Deus. É o
espelho colocado no Sanctum Sanctorum dos templos egípcios, que mostra ao Sacerdote a
verdadeira Face de seu Deus.
Não devemos, portanto, recriminar totalmente Narciso por ter se apaixonado pelo seu
reflexo no lago. Todos se apaixonam pelo seu Gêmeo, mas um deverá perecer para que a
jornada possa prosseguir, como veremos mais adiante no Atu XVI.
Árvore da Vida: Caminho de Geburah à Hod
Letra hebraica: Mem (m) - Água
Valor: 40 (600)
Elemento: Água 14
Tattwa: Água
Nome Místico: Espírito das Águas Poderosas
37
14
Este elemento está se referindo ao que é mais profundo, ponderado e misterioso.
Símbolos
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•
•
•
azul: água (o seu elemento)
verde: aspecto da primeira iniciação; aquilo que vêm de Kether 15
cruz ansata (ankh): a Vida
triângulo: perfeição
bolas verdes: Vênus (a graça a ser atingida); ser preso a seus objetivos
serpente: Kundalini
Essência do Atu
Que as águas por quais viajas não te molhem.
E, uma vez tenhas chegado na orla, planta a
Vida e goze sem envergonhar-se.
Interpretações
Sacrifício sob vontade, superação, derrota, fracasso, morte, perda, sofrimento inevitável e
imposto.
38
15
Existe um mistério oculto neste simbolismo que deve ser profundamente meditado pelo estudante.
XIII - A MORTE
Este é o signo da transformação e da desintegração. Só o esqueleto sobrevive ao poder
destrutivo do tempo e pode considerar-se como o fundamento sobre o qual se constroe toda
uma estrutura, o tipo que persiste através das permutações do tempo e do Espaço, que é a
adaptável aos requerimentos da evolução, porém permanece radicalmente inalterado; o poder
transmutador da Natureza trabalhando abaixo e acima, igual o Homem Pendurado. É
a
Morte a idéia básica do Æon passado, nas figuras de Osíris, Hiran e de tantos outros deuses
solares e de personagens sacrificados. Essa idéia é reforçada pelo Æon de Peixes, que é a
tradução da sua letra hebraica Nun.
As espirais indicam aqui o movimento cíclico do Universo e o culto à Personalidade, ao
mesmo tempo. Assim, a ressurreição é o desenvolvimento de uma nova vida.
Este Atu é o símbolo alquímico da Putrefação e da primeira etapa da Grande Obra, que
é a obra em negro. A Morte não é mais a morte física, da carne, mas a morte iniciática, pois o
Caminho se dirige para Tiphareth, a Esfera Crística. Esta Esfera é da morte e da ressurreição,
do renascimento.
Suas cores são o verde azulado, tanto claro como escuro, que são as cores dominante do
mundo visível; o laranja e o vermelho alaranjado, e principalmente o negro. É o negro uma
representação direta à Escola Negra e a Filosofia sobre a qual ela se apoia.
A filosofia desta Escola se baseia na noção do sofrimento como meio de salvação e no
culto aos “deuses” mortos e sacrificados. A vida para eles é puro sofrimento e a única salvação
está em uma vida após a morte. Esses nossos Irmãos não se esforçam em conhecer a alegria, a
felicidade, pois eles percebem que até mesmo o sofrimento leva ao Êxtase de Deus.
O planeta oculto deste arcano é Plutão e o seu elemento é a Água. A morte é um
estágio de consciência interna. Assim como o escorpião que é aquele que se volta para dentro
de si mesmo, buscando encontrar respostas para as suas questões, o homem deve buscar
morrer constantemente. Matar seus preconceitos, expandir a sua visão de mundo, amadurecer
a cada dia.
Árvore da Vida: Caminho de Tiphareth à Netzach 16
Letra: Nun (n) - Peixe
Valor: 50 (700)
Signo: Escorpião
Tattwa: Água do Fogo
Nome Místico: Filho dos Grandes Transformadores; Senhor dos Portais da Morte
16
39
Tiphareth significa Beleza e Netzach significa, corretamente, Eternidade. Portanto, o Caminho da Morte é o
Caminho que Unifica: a Beleza da Eternidade. O primeiro e verdadeiro passo a realização da Grande Obra.
Símbolos
•
•
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•
•
•
•
águia: a essência
peixe: o caminho da flecha; o Antigo Æon 17 ; o caminho do misticismo
esqueleto & foice: Cronus, Saturno; o tempo, as mudanças que transcendem o próprio
tempo
coroa de Asar: o condutor do sub-mundo 18
flor: aspecto de putrefação
bolas: consciência
serpente: o caminho da serpente, o caminho da magia
lírio: símbolo de Jesus Cristo
Essência do Atu
O Universo é Troca, cada Troca é o
efeito de um Ato de Amor; todos os Atos de Amor entranham
Puro Gozo. Morra diariamente.
A Morte é o ápice de uma curva da Vida da serpente:
contemple todos os opostos como complementos necessários
e regozjija-te.
Interpretações
Tansformação consciente, necessidade de renovação, fim de
desenvolvimento lógico de uma situação, morte ou destruição manifestadas.
17
uma
etapa,
A fórmula do Æon anterior levava o Iniciado a acreditar que o contato com o Pai, ou com seu Sagrado Anjo
Guardião, era o cume maior de todo o processo Iniciático, por isso está escrito no Liber AL vel Legis, que "os
rituais do antigo tempo são negros", que é uma referência à Osíris ser um deus negro. Acreditava-se que Deus estava
no homem, mas que este mesmo homem não era e não podia ser Deus; no entanto, sabemos que "não existe Deus
senão o homem", que é uma "alusão" de que o máximo que podemos conhecer de Deus é conhecendo
profundamente a nós mesmos.
40pelos Iniciados de sub-Mundo, pois as principais
18 Qualquer Mundo (Esfera) sob a Tríade Superna é considerada
carcterísitcas desses Mundos são: a dualidade e a impermanência.
XIV - A ARTE
Este é o mais alquímico dos Arcanos e aquele onde os segredos do sangue e do sêmen
estão mais explícitos. É onde toda a dualidade perece e só resta agora a realização da Obra de
Deus.
Eis aqui o equilíbrio, não o equilíbrio da balança de Libra, mas do ímpeto da flecha, o
Sagitário, que abre caminho através do ar graças a força dividida pela tensão do Arco. Se
necessita das forças opostas do Fogo e da Água, da Força e do Amor, de Shin e de Qoph,
sustentadas pelo poder restritivo de Saturno, o Regente, e concentradas pelas energias de
Marte, para iniciar este ímpeto. E isso tudo se resume no simbolismo da figura com o corpo
dividido e refletido em água e terra. As jarras que aparecem nos antigos Tarots com suas
correntes de água viva, estão agora simbolizadas pelo Athanor ou Caldeirão aos seus pés.
Suas cores são o azul brilhante, o cinza azulado e o cinza lilás.
Aqui assistimos ao resultado final do grande casamento alquímico, onde o Rei e a Rainha
estão fundidos e não temos mais como saber quem é quem. Na verdade eles deixaram de ser
dois e agora são apenas um, unidos pelo Amor. A flecha de Cupido é lançada, finalmente, para
que a Lei se torne viva no mundo; e essa mesma flecha é aquela que é vista no Atu II, a
Sacerdotisa.
Dentro do grande Athanor, a Taça vista no Atu XI, começa a realização da mistura para a
ordenação do Universo. Devemos entender que o Universo é aquele que se encontra dentro de
todo homem e de toda mulher. Assim, podem os nossos personagens abandonarem todas as
ilusões do mundo e terem o acesso direto para a realização de suas Verdadeiras Vontades. A
imagem do Athanor está muito ligada ao conceito alquímico de unir elementos aparentemente
contraditórios e conseguir um resultado homogêneo.
Com os Atus VI, XI, XIV e XX temos sintetizados todo o processo da Magia Sexual
como é e deve ser realizado no atual Æon. Pelo intercâmbio de cores e de polaridades
compreendemos todo o processo da Arte Real.
Árvore da Vida: Caminho de Yesod à Tiphareth
Letra hebraica: Samekh (s) - Seta
Valor: 60
Signo: Sagitário
Tattwa: Fogo do Ar
Nome Místico: Filha dos Reconciliadores; Portadora da Vida
Símbolos
•
caldeirão: encontramos em seu interior a
41
Pedra Filosofal; é
o Athanor dos
•
•
•
•
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•
Alquimistas, o que serve para separar o sutíl do espesso e o fixo do volátil; a Grande Obra
(inicial), a Criação e a Emancipação; a formação do elixir que dá o vigor e a seiva da
Juventude, é o Vinho Malsávia - Azoth19 (Início e Fim)
leão: homem telêmico
águia: mulher telêmica
crânio: mundo dos sonhos
corvo: iniciação pela negrura
corvo sobre o crânio: pureza da Obra
leão & escorpião: Leão Verde - a pedra filosofal; Tábua de Esmeraldas
Diana: Sagitarivs, deusa lunar; Artemis (mãe da fertilidade, a fazedora de todas as coisas; a
Grande Obra)
abelhas: a Grande União
seis seios: plano Yetzirático; Tiphareth
duas luas: ciclos menstruais
Essência do Atu
Derrama todo o teu generosamente da Vasilha da tua direita,
e não deixes cair gota alguma. Por acaso não tem tua esquerda
uma vasilha?
Transmuta tudo na Imagem de tua Vontade,
e leve cada coisa a seu verdadeiro signo de Perfeição,
Dissolve a Pérola na Taça de vinho; bebe, e
põe de manifesto a Virtude dessa Pérola.
Interpretações
Combinação de forças, união perfeita, realização, ação baseada em cálculos corretos após
elaboradas manobras.
42
19
AZOTh = de A a Z; de Alpha a Omega; de Aleph a Tau.
XV - O DIABO
Este Atu deve ser estudado, para se ter um completo entendimento, em conjunto com
o Atu XIII. Ambas representam as grandes forças controladoras do Universo, centrífuga e
centrípeta, destrutiva e reprodutiva, estática e dinâmica.
A natureza inferior do homem teme e odeia o processo transmutador, das correntes que
aparentemente atam as figuras menores e as formas bestiais de seus membros inferiores.
Porém, este mesmo medo à mudança e à desintegração é necessário para estabilizar a força vital
e preservar sua continuidade.
Ele é o Bode saltador, que almeja as regiões mais altas e de mais difícil acesso. Sua cor
designa a filosofia de sua Escola e toda sua alegria de viver, apesar das limitações que o mundo
nos oferece. Sua virilidade é a sua marca mais clara e, assim como o Magus, seu caduceu
representa todas as forças que ele consegue por em movimento simultaneamente. Seus chifres
espiralados (símbolo do movimento do Universo) tocam os Céus, enquanto que seus pés estão
devidamente fincados na Terra, como raízes.
Se viver é sofrimento, devemos nós da Escola Branca aprender a reconhecer onde a
felicidade se esconde e retirá-la de sua caverna ou de sua floresta. Há diversas passagens no
Liber AL vel Legis (o Livro da Lei de Thelema) que nos convoca à tamanha felicidade.
O Diabo é a ciência que liberta e que aprisiona, pois ele é a manifestação e a
transcendência dos conceitos estabelecidos. Por ter o seu Terceiro Olho aberto, ele passa a
ser o Pai de toda a Verdadeira Ciência. Assim sendo, ele é o Senhor da mais Alta Magia(k); e a
face mais oculta de Deus. O Diabo é a outra face de Deus, é aquela que reage e destrói.
Ele é o deus Pan da Arcádia e Baphomet, “a energia criativa na sua forma mais material”
como diz Crowley. Com certeza, ele é o Criador de tudo o que existe e que pode ser percebido
por todos os sentidos. Sua Loucura “diabólica” só pode ser compreendida por aqueles que
conseguiram atingir a Unidade da mente, enquanto que para o restante a sua loucura não passa
de pura aberração, bestialidade e insanidade. E aqui, neste Arcano, podemos ver o Falo de
Pan, sempre ereto e sempre em ação, uma vez que é sua Natureza a criação e a fecundação.
Baphomet é o grande superador de obstáculos.
Deus é a mais pura virilidade bestial!
A idéia de que aquilo que pode derrubar é o mesmo que poderá erguer, fica claro, uma
vez que a idéia central deste Atu são os grandes banquetes e as grandes orgias. Os bacanais
eram festas religiosas onde a idéia central era o de repetir o ato da Criação, louvar a virilidade de
Deus e a sua Sabedoria Primordial.
Suas cores são o branco, o vermelho, o marrom dourado, o marrom claro e o índigo;
podendo ter o cinza em determinadas ocasiões.
Os dois Atus, XV e XIII estão sempre em eterna oposição no universo, mas que se
completam em uma mesma Essência.
Esta carta está muito ligada às coisas 43terrenas,
aos
sentimentos
mais
complexos e aos mais baixos também, por ser um elemento original e primal. Por ser a busca
do criativo, ele transforma tudo aquilo que é considerado normal em novas possibilidades,
mesmo quando acreditamos que não passe de uma maldição. É a revogação das leis, é o prazer,
a dança e o gozo pela vida.
O Diabo é o dissolver e o coagular, e a vitalidade de tudo aquilo que é novo. É a
manipulação para o prazer de todos e para o Todo.
Árvore da Vida: Caminho de Tiphareth à Hod 20
Letra hebraica: Ayin ([) - Olho
Valor: 70
Signo: Capricórnio
Tattwa: Terra do Éter
Nome Místico: Senhor dos Portais da Matéria; Filho das Forças do Tempo
Símbolos
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cornos: conhecimento e poder
cachos de uva: deus Baco
caduceu: autoridade; Kundalini
anéis: anéis de Nuit; anéis de Saturno
terceiro olho: Destruição; olho de Shiva 21
testículos: aspectos ativos e passivos; masculino e feminino; coagular
imagens disformes: solver
capricórnio: persistência e ambição
cor marrom: terra
Essência do Atu
Com teu Olho direito crea tudo para ti, e com
o esquerdo aceite tudo creado de outra forma.
Interpretações
20
21
Hod é igual à 888 que é a Guematria das fórmulas mágicas de Jesus + Cristo.
44
Aquilo que pode destruir o homem, é o mesmo que pode redimí-lo. Sem dúvida alguma, esta é a mais
importante interpretação deste Atu; que é tão temido pelos homens desavisados.
Confusão, libido, impulso cego, ambição, tentação, rigidez, tudo o que foge ao controle
da vontade, iniciação, trabalho duro, obstinação, desequilíbrio, unidade... 22
22
45
É uma grande dificuldade citar tudo o que este Atu pode representar, portanto, aqui, é necessário que o
estudante utilize de toda a sua intuição para a compreensão do mesmo.
XVI - A TORRE
Como sempre, o vermelho permanece vermelho nos quatro planos de existência ainda
que modificando sua tonalidade. Isso quer dizer que a ação de Deus, quando se manifesta em
um plano de existência, se irradia para todos os outros.
As suas cores são um escarlate vívido escurecendo até um vermelho intensamente
sombreado e um vermelhão ponteado de âmbar e negro, simbolizando o sangue que corre em
Nome de Deus. As sombras contrastantes do verde fertilizante servem para fazer ressaltar este
vermelho.
A influência tremendamente destrutiva do raio, pulveriza as formas já estabelecidas para
deixar pronto o terreno para as novas formas que deverão surgir. Esta é a revolução em
contraste com a transmutação e com a sublimação, o destrutivo em oposto ao conservativo, a
energia atacando a inércia estagnante, a expulsão impetuosa de tudo que se fecha dentro dos
muros da comodidade e da tradição.
Aqui vemos a ação de Deus na Terra e a sua Voz Viva ditando as nossas regras. Neste
Atu fica claro ao estudante que o nosso livre arbítrio é o de realizar unicamente a Vontade de
Deus. E no olho de Shiva podemos ver a Destruição para que possa haver a Construção do
novo, uma nova torre digna do Palácio Real.
As figuras retangulares, cubistas, representam as limitações do antigo, a formatação da
consciência do homem que deve morrer. A Torre é a representação simbólica do interior de
cada homem, pois se presume que a torre faça parte de um Palácio e na maioria das vezes é
sempre o homem que acaba por destruir a sua torre. A Alma se depara com o poder do Espírito
e este primeiro deve perecer, por isso este Atu é também conhecido por “Portões da Alma”.
No entanto, a visão pequenina do homem em relação aos Atos de Deus, o faz apenas ver
a torre onde ele está confinado. Deus destrói a Torre e não o Palácio, para que possamos
construir uma torre digna do Palácio que nos abriga. O homem e sua mesquinhez não consegue
perceber nada além da torre em que se enclausurou e quando o Píncipe Encantado chega e
destrói a torre para nos libertar, nós temos medo de seguirmos com Ele, por mais que
queiramos.
A Torre é o Ego que confina, por isso a nossa luta para destruir o Ego e atingir a Unidade
de Deus.
A Torre são as mudanças mais radicais que ocorrem na vida, inerente a vontade dos
homens. Para os antigos eram as grandes catástrofes naturais, que eram a ira dos deuses. É a
necessidade da destruição de tudo aquilo que já está velho e sem sentido de continuar
existindo, e de reconstruir algo novo; é o auto-despertar. Quando os homens se recusam a fazer
este processo de modo consciênte, os deuses então o forçam a continuar a caminhar adiante.
Este Arcano é uma continuação do Arcano, a Morte; o conflito das partes de uma
mesma unidade.
46
Árvore da Vida: Caminho de Hod à Netzach
Letra hebraica: Peh (p) - Boca
Valor: 80 (800)
Planeta: Marte
Tattwa: Fogo
Nome Místico: Senhor das Hostes do Poderoso
Símbolos
•
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•
•
•
•
olho: consciência superior; especto de destruição; o Olho de Shiva e o Olho de Set
formas geométricas: perda do contato humano
leão-serpente: vontade de Morrer
pomba: vontade de Viver
torre: estabilidade
boca: o sopro oracular
Essência do Atu
Destrua a fortaleza de teu Eu Individual
para que tua Verdade saia liberta de
suas ruínas.
Interpretações
Transformação radical, perigo, ruína, combate, morte repentina, destruição de planos.
47
XVII - A ESTRELA
Ela é a Filha do Firmamento e a característica mais física, material, de Nuit. É a mulher
que verte suas águas sobre o mundo, purificando-o com sua Vida - seu sangue. É, portanto,
qualquer mulher e não apenas aquela que se tornou uma Iniciada; é Neftis e não mais Ísis, assim
como não é mais Osíris o senhor e regente do mundo, mas Set.
Ísis - Osíris & Neftis - Set.
A redução Gemátrica da Estrela é Neftis (1 + 7 = 8), o Atu VIII, o Ajustamento.
“Tzaddi não é a Estrela”, uma vez que de suas Taças está despejando o Entendimento
(Binah) e a Sabedoria (Chokmah) e não a Intuição e o Conhecimento. É o Anzol o elemento
da pesca e da morte dos peixes e o peixe está intimamente ligado a idéia do cardume que é um
dos fatos centrais do Æon de Osíris (Virgo/Pisces). Neste Æon os homens devem descobrir a
Estrela que existe no interior de cada um: "Todo homem e toda mulher é uma estrela".
A Estrela está relacionada ao planeta Vênus, que por sua vez está relacionado com
Lúcifer, o “Brilhante Filho da Aurora” ou a “Estrela da Manhã e da Tarde”. Lúcifer não é visto
como uma figura maléfica ou infernal, ou mesmo decaída, mas com o de Portador da Luz, o
Iniciador. Ele é aquele enviado dos Céus para trazer para os homens o Fogo (a vontade e a
virilidade) dos Deuses, e para isso ele teve de sair do seu lugar primevo.
Ela é a capacidade da União do Céu com a Terra, isto é, da união entre a espiritualidade
e a matéria. Esta União é um dos conceitos revolucionários do Æon de Hórus, pois
anteriormente a espiritualidade estava sempre separada da matéria e muitas vezes uma sequer
reconhecia a outra.
Aqui se encontra a Estrela de sete pontas de Vênus brilhando sobre as Águas de
Aquário e a força condutora do amor em todas as suas formas e aspectos, iluminando a alma
durante sua imersão na Humanidade, de forma que as limitações impostas por Saturno são
dissolvidas nas Águas purificadas do Abismo. A Estrela do Espírito brilha sobre a Árvore do
Conhecimento, dando a promessa de um feliz final, enquanto a Árvore da Vida brilha sob o
regozijo de Nossa Senhora Nuit. Um dos motivos da mudança da Estrela na Árvore da vida
deve ao fato de que Saturno não é apenas o limitador temido, mas apenas mais um objetivo a ser
atingido dentro de todo o processo.
As cores pálidas e escuras sugerem a aurora da Estrela da manhã e o seu domínio sobre o
Novo Æon da Liberdade, da Luz, do Amor e da Vida.
Esta Estrela que brilha agora no céu noturno é a estrela sétupla da Santíssima Ordem da
A\A\, abençoando com L.V.X. todo o planeta.
A Estrela é a busca e a escolha por uma nova etapa de vida, e a chegada de uma Nova
Era, de uma nova possibilidade de progresso ilimitado. É a deusa Virgem-Mãe e nela reside as
idéias mais inspiradas, os sentimentos mais profundos e as emoções mais elevadas.
Novamente, nesta carta, nos deparamos
com as Taças que contêm leite, sangue
48
e azeite, que são os mais puros elementos
derramdos sobre a terra. Vemos a
beleza nua e pura de um novo horizonte, onde os homens, com corações apaixonados,
vislumbram o universo com novos olhos.
A Era de Aquário, depois que superar o seu período crítico de amadurecimento, estará
mergulhado em um período de paz e de evolução consciente. Todos os homens se verão como
estrelas em um único e grandioso firmamento e estarão unidos com a Divindade pelo Amor.
Árvore da Vida: Caminho de Tiphareth à Chokmah 23
Letra hebraica: Heh (h) - Janela
Valor: 5
Signo: Aquário
Tattwa: Ar do Fogo
Nome Místico: Filha do Firmamento; Habitante entre as Águas
Símbolos
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•
•
mulher: Nuit (brilho dos homens); Nossa Senhora das Estrelas; Nada - o Abismo
taça de ouro: derrama leite, sangue e azeite 24 (os elementos mais puros); ânus
taça de prata: derrama o sangue do Santo Graal no Abismo (entre o mar de Binah e a Terra);
vagina
corpo da mulher: letra hebraica Aleph25
Essência do Atu
Dedica toda tua energia a governar tua mente:
queima teus pensamentos como a Fênix.
23
Esta mudança de posição entre o Atu IV (O Imperador) e o Atu XVI (A Estrela), é porque este Arcano possui
um sentido muito superior do que pode parecer à princípio. O Imperador, segundo a compreenção Thelêmica,
são os homens e não os Homens da Terra e, portanto, são homens que desconhecem o sentido maior da Iniciação,
quer seja Templária quanto de Ars Regia (principalmente). Para nós, Thelemitas, todas as mulheres são Sagradas,
pois todas estão aptas para servirem de ligação com Nuit e com a Cidade das Pirâmides, ou a Grande
Fraternidade Branca, como queiram, encarnando o Espírito divino de Nossa Senhora Babalon.
Todas as mulheres, iniciadas ou não, possuem os instrumentos necessários e latentes para que tal ligação
possa ser estabelecida. Por outro lado, nem todos os Imperadores, que não são Hierofantes, mas até mesmos
alguns Hierofantes, não estão aptos a se valerem desta ligação que lhes é depositado. Pela experiência, ficou
provado que são poucos Hierofantes e quase nenhum Imperador, que sabem se fazer dignos de tal Arte. Assim, a
Iniciação para os homens é sempre mais difícil e mais trabalhosa que para a maioria das mulheres.
49 Mágicas.
24 Ver Magick em Teoria de Prática, no Capítulo sobre as Armas
25 ALLAAL = 93. Significa que Nuit é Tudo e Nada; o Princípio Ativo e o Fim Passivo.
Interpretações
Claridade de visão e de idéias, esperança, ajuda inesperada, julgamento errôneo,
decepção, percepção de possibilidades, ilusão 26, visão espiritual.
50
26
Nesta interpretação ela está diretamente relacionada ao Atu, seguinte, a Lua (XVIII).
XVIII - A LUA
Temos a visão de duas coisas muito distintas: a Unidade e a Dualidade. A dificuldade
maior deste Arcano é a mente do homem conseguir passar da Dualidade para a Unidade.
Aqui há um rio de sangue e ele é de águas agitadas pelo Fogo de Deus, pela Noite dos
Tempos da qual sai um escaravelho, em contra-parte ao caranguejo. A borda da água serpenteia
o obscuro caminho do esforço, da fadiga e do possível fracasso. Está guardado dos ameaçantes
guardiões na forma de Anúbis (filho de Set) que tentam intimidar os caminhantes, através da
distância, das colinas desertas que escondem as fortalezas do caminho da verdadeira realização.
É o caminho das lágrimas e do sangue, em que o medo, a debilidade e as inconstâncias devem
ser superadas. Sob tudo isto se esconde daquele que teme a jornada solitária: o Sol erguido por
Ra.
O homem aqui é representado pelo escaravelho que leva o sol em suas patas,
representando o homem que "sai à luz". O caranguejo que aparece nos antigos Tarots
simbolizava o inconsciente, mas agora o homem que "sai à luz" está consciente do caminho que
precisa seguir.
Anubis (Anpu) era o “deus” dos mortos, dos homens [mortos] que desconhecem a sua
divindade. Apualt (ou Wapwawet) era também um “deus” dos mortos e quase um irmão
“gêmeo” de Anubis em muitos aspectos.
Encontramos a dupla face de Deus e por isso mesmo temos de caminhar “sozinhos”
nesta jornada maravilhosa da vida. Só aquele que percorre alegremente esta longa, escura e
tortuosa estrada estará apto a vislumbrar a verdadeira face de Deus. Mas neste caminho existe a
ilusão do abandono, o medo do fracasso e todas as tolices que as sombras provocam perante o
homem. A solidão nos leva à ilusão do abandono e é a ilusão o nosso maior inimigo. A história
cristã de Jó é um dos exemplos nítidos da dupla face de Deus.
Compreendemos, mais uma vez, que é somente através daquilo que poderá nos derrubar
é que alcançaremos a maior das vitórias. Na escuridão existe a luz, mesmo que os nossos olhos
não possam vê-la.
Suas cores são o carmesim escuro do sangue menstrual, o marrom avermelhado do
sangue derramado na terra, e o camersim com tonalidades pardas do sangue coagulado. Porém
estas tonalidades sombrias se iluminam com as suaves e translúcidas cores verde e amarela que
representam as suas contra-partes. Essas cores simbolizam que mesmo na matéria
aparentemente morta e em putrefação, existe vida. Essa idéia é corroborada pelo simbolismo
do besouro rolando a bola de esterco pelo deserto; que é Deus (a Companhia dos Céus)
rolando o Mundo (a bola de esterco) e nós somos as suas crias.
A Lua é o portal por onde se inicia a Jornada de volta ao Lar - ver o Atu XVII. A Lua é
Yesod, a Esfera do Fundamento, onde nem sempre as coisas são como parecem e por isso, o
iniciado, precisa ser possuidor de um profundo
discernimento em relação aos mundos
51
que o cercam.
Árvore da Vida: Caminho de Malkuth à Netzach
Letra hebraica: Qoph (q) - Nuca
Valor: 100
Signo: Peixes
Tattwa: Água do Ar
Nome Místico: Regente do Fluxo e Refluxo; Criança 27 dos Filhos dos Poderosos
Símbolos
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escaravelho: transportador da Vida
sol: Vida
Anubis & Apualt 28: Choronzon, o guardião do Portal do Abismo; representa um momento
perigoso
colunas: símbolo fálico; as pernas femininas
mar: Binah; inconsciente
Yods: sangue menstrual; o fogo divino
lua: ilusões; medos; inconsciente
Essência do Atu
Desligue-se da Ilusão do Mundo; não lhe preste atenção,
quando passares da Meia-noite à
Manhã
27
Esta é a única condição que o Iniciado deve ter para cruzar em segurança o Abismo. Lembre-se que um
Iniciado do Antigo Æon disse que é das criancinhas o Reino dos Céus. O Reino dos Céus é Binah, a Cidade das
Pirâmides, a Jerusalém Celeste, a Grande Fraternidade...
28 Anubis (Anpu) é na mitologia egípcia aquele Neter que levava o falecido (o Morto) à presença de Osíris, é
aquele que acompanha o Morto até a presença do Supremo Senhor. Apualt é apenas o guardião dos cemitérios e
dos mortos, no entanto, ambos eram representados da mesma forma. Alguns estudiosos dizem que Anpu era filho
de Osíris e Nephytis, e Apualt era filho de Set e Nephytis, sendo que estes dois últimos eram os Senhores do
Tuat ou o “inferno” na concepção egípcia. É bom dizer que céu e inferno para os egípcios nada têm haver com a
concepção importada pela Igreja de Roma.
O Iniciado deve compreender que a natureza dos anjos e dos demônios são a mesma. Sendo que os anjos
são seres muito mais passivos que os demônios, e que, na verdade, são estes últimos que realmente realizam a
Iniciação do homem. Os demônios são conhecidos por vários nomes e esses nomes são para representarem uma
fraqueza ou uma virtude no homem.
Mais uma vez teimo em dizer que, não existe nada externo
52 ao homem - nem Anjos ou Demônios. "Não
existe deus senão o homem." O inferno é a falta de conhecimento sobre determinado assunto e a perda de
controle sobre a vontade.
Interpretações
Ilusão, decepção, loucura, engano, falsidade, ante-sala de uma mudança importante.
53
XIX - O SOL
Os caminhos aquáticos (da prova e da experiência) se equilibram com os caminhos
fogosos (da Tentação, do Juízo e da Decisão). Em violento contraste com as cores sombrias de
Aquário e de Peixes, somos aqui confrontados pelas tonalidades flamejantes do Sol e do Fogo.
Uma Nova Era surgiu para libertar a humanidade com a sua alegria e sua vitalidade dos grilhões
do medo e da escuridão.
Por aspirar demasiado, Ícaro, o despreparado, viu que suas asas de cera da Ambição e da
Curiosidade eram vulneráveis diante os fogosos raios do Sol e do calor do Fogo. Porém o Sol se
converte na fonte benéfica da vida se desta nos aproximamos com humildade e reverência. O
novo não pode ser reconhecido se não tivermos a humildade de compreendermos o velho.
Fora do protegido muro fechado no alto do monte (Abiegnus), as Crianças, os Amantes,
os Peregrinos, podem brincar e dançar humildemente por sobre o medo e sob a Luz que irradia
calor e vitalidade. Essas crianças são os Amantes prometidos desde o dia de seus nascimentos.
As Crianças não estão mais limitadas em sua alegria, podendo agora seguirem livres em suas
Verdadeiras Vontades e na realização da Obra de Deus.
É a Luz, a Liberdade, o Amor e a Vida que agora ressurge sobre a Terra purificada pelo
fogo de um novo Sol.
Estas Crianças Amantes estão em Tiphareth, a Terra Verde, além dos muros do Palácio,
brincando sob a luz do Sol e ascendendo com suas novas asas.
O Sol é a Rosa (Sol-rosáceo) e os seus 12 (4 x 3) raios são a expansão da Cruz. Aqui
vemos a evolução da mística fórmula Rosa-Cruz: a cruz se expandido além de sua limitação do 4
(da forma) e o equilíbrio do 3 sendo agora gerado pelo movimento e não mais estático, isto é,
fixo na terra. A compreensão desse fato deve começar com o estudo aprofundado do Atu
seguinte, o Æon, onde nos é mostrado a Evolução, a chegada de um Novo Æon e o
estabelecimento, consequentemente, de uma nova Fórmula de Iniciação. O Zodíaco que
circunda todo o Atu demonstra o movimento e a evolução solar (que assim como aparece no
Atu da Roda Fortuna) estão sempre em movimento ascendente.
Suas cores são o laranja claro, o dourado, o âmbar com pitadas de vermelho e os
contrastes do azul e do púrpura, assim como o verde da primavera. Estas cores se relacionam às
da Esfera de Tiphareth nos quatro Planos de Existência.
Ainda não chegamos ao fim de nossa jornada, mas agora estamos no meio dela e isto é
uma vitória para nós. A inocência é a chave deste Arcano, assim como a alegria e o regozijo. O
Êxtase é o que nos trouxe até o Sol e será o Êxtase que nos levará adiante em nossa jornada.
Podemos ver, finalmente, o futuro com mais claridade e objetividade, mas para isso é
necessário o ordenamento das idéias que deverão "explodir" na direção de todos os cantos do
Universo. Todo homem é uma estrela e toda estrela é um Sol.
54
Árvore da Vida: Yesod à Hod
Letra hebraica: Resh (r) - Cabeça
Valor: 200
Planeta: Sol
Tattwa: Fogo da Terra
Nome Místico: Senhor do Fogo do Mundo
Símbolos
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sol: Sahasrara Chakra; plenitude da Verdadeira Vontade
montanha: Tábua de Esmeraldas; monte Ararat; monte Abiegnus, a Árvore da Vida
anel ao redor do cume da montanha: controle; a visão externa da Cidade das Pirâmides; os
três últimos graus de Iniciação; aliança de Deus com o homem
as crianças libélulas: liberdade; sanidade; aquele que foi engendrado
Sol-rosáceo: interior das taças; o ouro dos Alquimistas
moedas: símbolo Rosa e Cruz
crianças: a União Perpétua; o que foi gerado
zodíaco: planetas e seus ascendentes
Essência do Atu
Projete sem reparos tua luz no todo;
as núvens e sombras carecem para ti de importância.
Faz da Palavra e do Silêncio, da Energia e da Calma
formas gêmeas de teu jogo.
Interpretações
Glória, riqueza, sucesso, proteção, ganância, arrogância, união de forças.
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XX - O ÆON
Os três Atus atribuídos aos Caminhos Elementais são os mais difíceis de serem
entendidos. Representam a ação de forças exteriores (i.e., espirituais) à experiência da
humanidade e não a influência do meio ambiente e da materia sobre ela. Uma nova Lei e uma
nova Palavra foi trazida ao planeta por forças exteriores ao planeta, no intuito de auxiliar na
evolução.
No Ar (o Louco) temos o espírito puro sujeitado pela luxúria da carne. Na Água (o
Homem Pendurado), o poder sublimador do sacrifício. Aqui, no Fogo, nos é mostrado as forças
cósmicas concentrando-se de todos os lados sobre a Humanidade. O Æon está pronunciado
sobre ele, através de uma Palavra (Abrahadabra) e de uma Lei (Thelema). Ele, o Senhor do
Æon, não é o Juiz e nem a decisão está em suas mãos, mas Ele é o Vingador da Vida; enquanto
que o Juiz é cada ser humano.
O impulso de ascender, de evoluir, deve vir do alto e reverberar dentro de cada homem
e ser arremessada para fora como uma flecha flamejante. A morte, anteriormente glorificada, é
uma grande mentira contra a evolução do homem. Uma vez mais, a energia fogosa do vermelho
arde através de todos os planos. O escarlate flamejante, o carmesim brilhante e o vermelho
ardente são enfatizados pelo verde passivo.
Dentro da Taça derramada em direção à Terra vemos a presença de um Deus-Criança
Coroado e Conquistador e Vingador. Seus pais são a Eternidade (Nuit) e o Tempo (Hadit).
Seus pés esmagam os conceitos arcaicos de nascimento, vida e morte, para dizer que somente
existe a Vida.
A dificuldade da compreensão deste Atu é a mesma dificuldade que temos de visualizar
como será o mundo quando esta Criança crescer. Um novo estado harmonioso e espiritual
deverá se erguer, pois uma (r)evolução está ocorrendo para atender às novas necessidades da
humanidade. Segundo Crowley: “…o mundo está entrando em um período de quinhentos anos de
extrema obscuridade e provação, mas que irá preparar a humanidade para uma nova Era de Luz”. Com
certeza, não se destrói mais de dois mil anos de trevas em décadas ou mesmo em um ou dois
séculos. A mente (a psiquê) e o corpo do homem precisam evoluir para suportarem a Luz deste
Æon.
Este Atu é não é o rompimento com aquilo que chamamos de Tradição, mas o seu
revigoramento. A Tradição não é algo estático, imutável, mas só é Tradição porque está sempre
em mutação sem perder o seu fio-condutor: a união do homem com Deus. A Tradição evolui
porque o homem também está sempre em evolução.
Essa nova Criança deve nascer no coração de cada homem, para que a Essência do Æon
possa amadurecer mais rápido. Essa Criança é a Pureza não mais contaminada pela obsessão de
pecado, de sofrimento, morte…
O Æon de Hórus, da Criança Coroada e 56Conquistadora, mostrou em menos de
cem anos de sua existência que a Guerra não está
separada da Justiça. Os seus maiores
guerreiros são os seus maiores legisladores e aqueles responsáveis pelo cumprimento da Lei. A
Destruição vem acompanhada sempre pela reconstrução e a Guerra existe para se dar o devido
valor à paz. Devemos guerrear e destruir tudo aquilo que nos limita a sermos verdadeiramente
Homens, e para que possamos nos tornar dignos de enxergar o Æon da maneira como ele deve
ser enxergado.
O homem não deve ser mais escravo do homem, de suas paixões, de suas pieguices
morais e sentimentais, de suas criações perenes, mas compreender que no final existe a
dissolução de tudo no Êxtase. O homem do Æon de Hórus é aquele que vive e que
compreende fazer parte de uma grande e única irmandade - ele compreende a Irmandade de
Todas as Coisas.
O dente foi a primeira arma que o homem aprendeu a utilizar e o fogo aquela que
diferenciou definitivamente o homem dos restantes dos animais. O ser humano sempre foi
guerreiro e a sua capacidade de lutar e de se proteger em grupos é o que o tornou capaz de
sobreviver em meios hostis, onde sozinho pereceria. Por sermos guerreiros e por nunca termos
tido uma lei que regesse as nossas guerras, o homem por diversas vezes quase chegou à sua
extinção e ainda não está livre disso. Mas uma nova Lei existe e ela deverá moldar a ética e a
moral desse novo homem.
Árvore da Vida: Caminho de Malkuth à Hod
Letra hebraica: Shin (ç) - Dente
Valor: 300
Elemento: Fogo
Tattwa: Fogo
Nome Místico: Espírito do Fogo Primário
Símbolos
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forma azul: Nuit; Taça de Babalon
ponto alado: Hadit
figura dentro do ovo: Ra-Hoor-Khuit
Criança: Hoor-paar-kraat, o Senhor do Silêncio
ponto vermelho: aspecto aéreo; movimento
figuras na letra Shin: início, meio e fim de uma Era; vida, nascimento e morte; passado,
presente e futuro…
Essência do Atu
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Que cada Ato seja um Ato de Amor e Culto.
Que cada Ato seja a Luz de um Deus.
Que cada Ato seja um Manancial de Glória radiante.
Interpretações
Olhar para frente, rompimento radical com o passado, novos projetos, futuro,
nascimento.
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XXI - O UNIVERSO
Observa-se que esta carta não representa o Mundo, mas o Universo em si. Devemos
recordar que para os Antigos, Saturno representava os confins do sistema solar. Obviamente
que eles careciam de meios para detectar Urano e Netuno. Por conseguinte, o caminho de
Saturno pelo caminho espiral do Zodíaco, marcado em seus pontos cardiais pelos símbolos dos
Kerubim formando a Cruz, constituía para eles um glifo compreensivo do todo. A fronteira do
homem não se restringe mais ao Mundo, ao planeta que conhecemos, mas ao Universo que
ainda vamos e temos de conhecer.
Assim, nesta carta encontramos uma síntese de todo o Tarot e seus segredos. A figura
central da mulher deve tomar-se como Hathor, Athor ou Ator, e não como Ísis, indicando
assim o famoso anagrama oculto que podemos traduzir como: ORAT - o homem que reza.
ATOR - a Grande Mãe. TARO - o que faz girar. ROTA - a roda da Vida e da Morte. Ou seja,
Nuit é a Grande Mãe que gera um filho que será "bastardo", até que este esteja preparado para
conhecer o seu Pai.
Vemos neste Atu a Grande Vagina ou a Cripta de Nossa Senhora Nuit e este é mais um
motivo deste Atu ser verdadeiramente o primeiro dos Atus; temos em mãos um grande mistério
da Vida. Só se penetra neste Caminho aquele que tem a aprovação e os meios para tal. Este é o
caminho da exploração interior cujo final está muito nítido: a completa Dissolução da
personalidade, do ego, da mente. É também possível perceber qual a recompensa por esta
Dissolução e o que se tem de fazer para se atingir esse intento.
Estamos mergulhados na Água da Vida e este é o elemento da Mulher. Nesse Caminho
de retorno todos os seus Membros são considerados mulheres. Mas para os medrosos este é o
Mundo das Conchas, Qliphot, onde sempre é noite e onde a ilusão é uma constante.
Enquanto que para os escolhidos a inércia é movimento constante, para os demais inércia é
sedentarismo.
O homem nasceu do Verbo e do Sopro Divino e foi expelido ao mundo por uma vagina.
Agora, conscientemente, ele mergulha de volta naquela Vagina universal para se tornar no
Verbo e no Sopro Divino. A grande questão é que o homem deve realizar tudo de forma
consciente, para que o seu gozo seja ainda maior. Ele é, agora, o único responsável pela sua
Salvação e tudo só depende dele. Mesmo ele se sentido limitado por Saturno e sem saber que
rumo tomar, ele deve se esforçar sempre para realizar a sua grande Aspiração, seja ela qual for.
É a desvelação da Roda da Vida e é a mais completa versão da "Canção de Amergin",
que descreve as origens do homem, do universo e do Criador. Talvez seja o maior mergulho no
Desconhecido e o maior passo que um homem possa dar. Este homem está de posse dos
quatro animais da Sabedoria ou em busca deles. Quando este chega ao final de sua jornada,
percebe que nunca partiu e que nunca saiu de sua condição primordial.
O mundo do homem é o seu universo e
este mundo deve estar sempre em
59
expansão, da mesma forma que o universo está
em constante expansão.
Árvore da Vida: Caminho de Yesod à Malkuth
Letra hebraica: Tav (t) - Cruz
Valor: 400
Planeta: Saturno
Tattwa: Éter
Nome Místico: A Grande Noite dos Tempos
Símbolos
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grande vagina: Nossa Senhora Nuit
palácio: a Grande Recompensa; a Cidade das Pirâmides
olho: julgamento que controla todo o processo 29; o Senhor
serpente: todas as Energias micro e macrocósmicas
os ícones 30 : águia - ar
boi - terra
leão - fogo
homem - água
interior da vagina: Celebração da Grande Obra, que está consumada
os ícones: a Grande Obra a ser realizada e abandonada
Essência do Atu
Considera que o tempo e todas as condições do Acontecer
são Servos de tua Vontade, e que estão destinados a presentea-lo
o Universo segundo a forma de teu Plano.
E bendito e louvado seja o profeta da
amorável estrela.
Interpretações
Expansão, rompimento com as limitações, inércia, demora na realização, paciência,
perseverança, cristalização de algo muito desejado e importante.
29
30
O que controla todo o processo de Iniciação.
60
“É necessário saber para ousar; é necessário ousar para saber; é necessário querer para ter o Império; e reinar é saber
calar“, e que o estudante medite profundamente sobre esta frase de Éliphas Lévy.