Vai esperar a solução cair do céu? - Cefet-MG
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Vai esperar a solução cair do céu? - Cefet-MG
9912252000/2010DR/MG CEFET-MG é notícia Belo Horizonte • # 26 • março 2015 Informativo do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais Luciana Ruiz de Vilhena Vai esperar a solução cair do céu? 2 | CEFET-MG é notícia março | 2015 editorial Para entender o planeta água Telson Crespo Professor do Departamento de Ciência e Tecnologia Ambiental março | 2015 CEFET-MG cria comissão para discutir economia de água e energia coluna criativa brígida mattos ornelas Déborah M. Oliveira Aluna do Ensino Técnico Integrado em Meio Ambiente, 3º ano, CEFET-MG Grupo de servidores e alunos propõe ações como campanha de conscientização e medidas práticas de combate ao desperdício na instituição “Secam-se as águas De açudes, rios, lagos; Renovam-se as mágoas Por aqueles preços já pagos. Diogo Tognolo e Lorena Carmo O ano era 1961, quando o astronauta russo Yuri Gagarin - a bordo da nave Vostok 1, ao contemplar do espaço nosso singelo e belo planeta envolvido em brancas nuvens, proferiu a frase jamais esquecida: “A Terra é azul.” Terra - azul, quase inteiramente coberta por água. Azul dos seus imensos oceanos, berçários e jardins da vida. Terra das águas, reino de Poseidon/ Netuno, criação divina. Águas que invadiram, dominaram e fertilizaram terras, que engravidaram e pariram células – laboratórios minúsculos para a vida. Águas que evoluíram algas, amebas, águas-vivas, peixes, golfinhos, baleias e seres humanos; todos dependentes dessa gigantesca fonte de vida, espalhada por rios, lagos, mares... Infelizmente, o mundo demorou a descobrir a importância dessa fonte. “Somente quando o poço está seco, entendemos o valor da água”, é o que refletiu Benjamin Franklin. Demoramos a descobrir que, apesar da sua quantidade ser a mesma desde a origem do planeta, localmente, ela tem se tornado escassa, fazendo sofrer a população de muitas nações, num grave cenário mundial, onde milhões de pessoas não têm acesso a ela ou a um saneamento adequado. Por essa razão, analistas econômicos e políticos se referem à água como a mais nova commodity, chamam-na de “ouro azul” e acenam para a possibilidade de guerras por seu controle. Entretanto, tais análises e previsões não matam a sede da aldeã africana que caminha quilômetros - sob o sol inclemente da savana, atrás dos poucos litros diários disponíveis para a sobrevivência da sua família; não traz esperança para o sertanejo castigado pela seca nordestina; ou para o cansado habitante da periferia das megacidades do terceiro mundo que não consegue vê-la sair por suas torneiras. Planeta azul, planeta água. Urge entender e respeitar os mecanismos de funcionamento desse complexo sistema planetário, que faz as águas evaporarem, precipitarem, escorrerem, infiltrarem numa história sem fim, que se repete desde que o mundo é mundo, como já diziam os hindus, há 3.000 anos: “Do oceano vêm as nuvens, das nuvens vem a chuva, da chuva nascem os rios e dos rios nasce o oceano. Esse é o ciclo das águas. Esse é o ciclo do mundo.” Precisamos, dessa forma, compreender que pertencemos a sistemas totalmente interconectados e que, portanto, alterações provocadas por nossas ações, como a poluição e a contaminação da água, atingem a todos os seres vivos, e em especial a nós. Hoje nossa civilização avança vorazmente sobre esse precioso bem, que devemos proteger e tornar acessível a todos que dele necessitam. Para isso, precisamos preservar nossas florestas - verdadeiras “fábricas de água”; investir em pesquisa de novas tecnologias para melhorar a oferta de água no campo e na cidade; e não nos esquecermos de combater o desperdício em todas as esferas, inclusive no sistema de abastecimento de água, afinal há ainda no país muita perda desse líquido durante o seu processo de distribuição. Finalmente, precisamos de uma educação que nos permita compreender e gerenciar de forma harmônica nosso complexo e belo planeta, injustamente chamado Terra, mas, para isso, precisamos, antes de tudo, escutar o canto das baleias, pois talvez ele chame a atenção para a nossa insensatez, a nossa vaidade – refletida nas águas que temos maculado há séculos. Talvez elas cantem para nos dizer que, afinal, todos somos água e que, na verdade, como dizia Morin: “não passamos de um peixe evoluído que sente saudades de casa.” O que nós podemos fazer? Quem poderá, agora, intervir? Quando nos farão aprender Se nunca nos ensinaram a prevenir? Adestrados fomos como cães A economizar água e energia; Assim ensinaram às nossas mães, Mas onde foi parar a cidadania? A O mundo pede mais educação, Respeito pelos recursos naturais. Só mesmo com conscientização Resolveremos tais assuntos cruciais!” Crises de água, Operação Lava Jato e os santos do pau oco Ana Paula Sant’Ana Aluna do curso de Letras do CEFET-MG Estamos vivendo crises naturais distintas nesse nosso país de dimensões continentais e diferenças sociais abissais. Enquanto no Norte chove sem parar, e no Acre há contágio e morte por leptospirose por causa das enchentes, no Sul e no Sudeste falta água nos reservatórios e na TV há propaganda para que os cidadãos diminuam seu tempo de banho e não deixem a torneira aberta mais do que o necessário, clamando às pessoas para que façam uso consciente dos recursos hídricos pelo governo. Em contrapartida há uma propaganda de um movimento que diz: “A culpa não é do meu banho”. Na verdade, os recursos hídricos não estariam tão escassos se o governo aplicasse os investimentos corretamente; se as mineradoras não esgotassem os solos e acabassem com as nascentes; se empresas não dragassem os rios para fornecer às construtoras areia para a construção civil, provocando o assoreamento. O nosso minério vai a preço de banana para a China há décadas, numa incessante exploração, e em troca recebemos essas porcarias de 1,99 para revender, produtos sem qualidade alguma. Esse negócio de ser um mero fornecedor de matéria-prima e não investir em tecnologia é o que temos feito desde que Portugal atracou aqui as suas naus. O governo brasileiro afunda cada vez mais no mar negro de corrupção que envolve a nossa estatal do petróleo. A Operação Lava Jato já completou um ano, e estamos aí, todos os dias assistindo pela TV os escândalos de bilhões de reais sendo revelados, e todas as listas com nomes de políticos que vão sendo divulgados provocam um rebu no Congresso Nacional e a queda do dólar nas bolsas... Se algum dia eles resolverem investigar as mineradoras também, veremos que a Petrobrás é apenas a ponta do iceberg, pois o ralo por onde escoam muitos outros bilhões estão nessas montanhas que hoje já são apenas casca... No Nordeste, a seca e a miséria continuam a ser dribladas por uma raça de brasileiros que parece ter a pele até mais grossa por aguentar tanto sol e sofrimento. Admiráveis sobreviventes que acabam se adaptando à falta de água e aprenderam a conviver com isso. Muitos vão para o Sudeste em busca de melhores condições de vida. Na atual conjuntura, se fugissem para cá, encontriam também a seca e o risco de racionamento, se bem que menos extremos do que lá...E resta a região Sul, sempre verdinha, fria e, claro, com os sulistas sempre se perguntando: “Afinal, por que não nos separamos do resto do Brasil?”, porque eles sofrem as consequências de fazerem parte de um país com tantos extremos e por serem os estados mais europeizados. Mas apesar de tantos contrastes, parece que o povo está unido por compartilhar de um sentimento geral de insatisfação, afinal política, economia, recursos naturais, diferenças sociais, crescimento da China, PIB pífio do Brasil, tudo isso está interligado e, de alguma forma, por mais que não entendamos muito desses assuntos, sabemos e sentimos que tudo está indo de mal a pior...O que nos resta fazer diante desse mal-estar? Resta fazer o que os brasileiros fizeram no último final de semana: ir às ruas e protestar. Pelo menos recuperamos a capacidade de expressar a nossa indignação. E nos resta refletir sobre uma das poucas frases lúcidas e verdadeiras que a presidenta disse na entrevista coletiva após as últimas manifestações: “A corrupção não nasceu hoje, não nasceu agora, ela é uma velha senhora e está presente não só no governo, mas em todos os setores. Onde há dinheiro há o risco de corrupçao. Por isso é preciso haver mecanismos de controle, de fiscalização. Mas a corrupção está presente não só no governo, mas na iniciativa privada, em todo lugar”. Que caia como uma luva toda vez que nos pegarmos tentando cometer essas pequeninas corrupções do dia-a-dia. Se o homem é fruto do meio, então esses políticos que aí estão nos representam sim, e nós refletimos o que eles fazem, sempre tentando levar vantagem, é uma cultura que não vai mudar do dia pra noite, somos um país muito jovem e temos ainda muito o que aprender. O santo do pau oco não existe à toa, ele reflete o comportamento dos seus fiéis. E daí advém as montanhas ocas, a moral oca, uma política e uma economia ocas...Não sejamos também ocos! Vamos nos encher não só com conhecimento e entretenimento, mas com valores e ética, pois só assim podemos cobrar isso dos outros. expediente Informativo do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais Diretor-Geral Prof. Márcio Silva Basílio Secretário de Comunicação Social Luiz Eduardo Pacheco Vice-Diretor Prof. Irlen Antônio Gonçalves Chefe de Redação Gilberto Todescato Telini Chefe de Gabinete Profa. Heloísa Helena de Jesus Ferreira Editoração Leonardo W. Guimarães Setor de Comunicação Visual Equipe de Jornalismo André Luiz Silva Diogo Tognolo Rocha Gilberto Todescato Telini Nívia Rodrigues Pereira Colaboração Lorena Carmo CEFET-MG é notícia | 3 Impressão Didática Editora Tel. (31) 3198-1100 Tiragem 2.500 exemplares Av. Amazonas, 5253 • Nova Suíça Belo Horizonte • MG • CEP 30.421-169 Tel. (31) 3319-7004 • [email protected] www.cefetmg.br penas 93 milhões de metros cúbicos de água para abastecer mais de 2,3 milhões de pessoas. Essa é a quantidade que resta no Sistema Paraopeba, conjunto de reservatórios de água que abastece a Região Metropolitana de Belo Horizonte. Dados da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) indicam que o Sistema, que estava 72,5% cheio em março do ano passado, registrou no dia 16 de março deste ano apenas 33,9% do seu volume de água. A situação se repete em todo Estado de Minas Gerais, e a crise hídrica passou a ser pauta em todo o Brasil. No CEFET-MG, a situação não é diferente. Com mais de 11 mil alunos e cerca de 1.500 professores e técnicos-administrativos em todas as Unidades, a Instituição tem um alto gasto nas suas atividades cotidianas – como o uso de sanitários, limpeza e preparo de alimentos nos restaurantes –, bem como no ensino e na pesquisa. No ano de 2014, a Instituição gastou 82.806.700 litros de água e consumiu 3.343.740 kWh de energia elétrica. Como forma de combater a crise hídrica, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão determinou a redução de 30% no gasto com água e energia elétrica nos órgãos e entidades federais. O Ministério recomenda o acompanhamento das informações referentes ao consumo e elenca uma série de práticas para um uso consciente de água e energia elétrica. Frente a essa situação, o CEFET-MG criou a “Comissão para boas práticas de gestão e uso de energia elétrica e água”. Reunindo servidores e alunos, a comissão busca formas práticas de reduzir o consumo e combater o desperdício na Instituição. Segundo Fernando Gontijo, prefeito da Instituição, o grupo de trabalho reúne Gastos Para chegar a essas ações, a comissão estudou o consumo em todo o CEFET-MG. Foram reunidos dados desde 2008 em cada Unidade, analisando o valor gasto na conta de água, o consumo por pessoa, por área construída e variáveis que possam ter influenciado as mudanças de consumo ao longo do tempo, como construção de novos prédios ou funcionamento de restaurantes. De acordo com Fernando Gontijo, os dados sobre os restaurantes impressionaram. “Identificamos que 40% da água da Instituição é utilizada nos refeitórios. Qualquer ação que realizarmos lá, terá um efeito muito grande na economia”. Como exemplo, Fernando cita o Câmpus II (Belo Horizonte). Antes da implantação do restaurante, em 2008, o consumo mensal por pessoa era 301L. Em 2011, esse consumo passou para 533L. A situação se repete em outras Unidades. “Em Curvelo, o consumo em 2011 era de 303L por pessoa. Após as obras do restaurante serem finalizadas, esse número saltou para 632L”. Somando todas as Unidades, o consumo médio no CEFET-MG é de 488L por pessoa a cada mês. Os números também flutuam em função do período. Fernando estima que a diferença entre os períodos de aula e de férias é de cerca de 50% do consumo de água e energia elétrica, o que pode dificultar nas metas de economia. “Se temos aulas das 6h às 22h, você tem que manter as luzes ligadas das 6h às 22h. Estamos tentando conscientizar os professores e alunos a desligarem luzes e ventiladores quando não estão em uso, e reduzindo a iluminação nas áreas externas quando não há fluxo de pessoas”, explica. Aparelhos de ar-condicionado também fazem a diferença: no Câmpus II, os meses de frio registram um consumo energético cerca de 40% menor. Uma das soluções foi ajustar o arcondicionado central para uma temperatura mínima de 23°C: isso impede que os usuários coloquem uma temperatura menor e gastem mais energia elétrica. A solução, no entanto, não é totalmente eficiente – ela só serve para prédios que possuem um aparelho central que regule a temperatura. O Câmpus II, citado por Fernando, possui aparelhos individuais pulverizados em diversos prédios; nesse caso, a recomendação é conscientizar os usuários. Para Afonso Neto, prefeito da Unidade Araxá, todas as iniciativas são válidas num assunto de tanta relevância atualmente. “Nós, da comunidade interna do CEFET-MG, temos a responsabilidade ativa de formar cidadãos que, a partir do conhecimento de problemas da sociedade, sejam capazes de encontrar soluções mais adequadas ao desenvolvimento sustentável”. profissionais com áreas afins aos temas discutidos. “Temos servidores da Engenharia Ambiental, professores ligados a pesquisas de eficiência energética, um doutor em Recursos Hídricos, além de servidores da Prefeitura e da Secretaria de Comunicação Social”. O objetivo, segundo Fernando, é que a comissão atue em duas frentes: “Criamos uma campanha de conscientização, abordagem que achamos essencial, e destacamos servidores para avaliarem as questões técnicas das ações a serem tomadas”. A comissão tem se reunido semanalmente e encaminhado aos setores responsáveis as medidas 72,5% 33,9% 93 milhões de m3 Redução de 30% 82.8 milhões de litros 3.343.740 kWh a serem tomadas. Entre as ações, estão a instalação de aerados e redutores de vazão nas torneiras, regulagem das válvulas de descarga dos sanitários, projetos de reaproveitamento das águas da chuva e regulagem do ar-condicionado central. Dados da Copasa indicam que o Sistema, que estava 72,5% cheio em março do ano passado, registrou apenas 33,9% do seu volume no dia 16 de março deste ano Apenas 93 milhões de metros cúbicos de água é a quantidade que resta no Sistema Paraopeba para abastecer mais de 2,3 milhões de pessoas Como forma de combater a crise hídrica, o MPOG determinou a redução de 30% no gasto com água e energia elétrica nos órgãos e entidades federais No ano de 2014, o CEFET-MG gastou 82.806.700 litros de água No ano de 2014, a Instituição consumiu 3.343.740 kWh de energia elétrica 4 | CEFET-MG é notícia março | 2015 março | 2015 CEFET-MG é notícia | 5 Medidas de economia dos recursos hídricos e energéticos já estão em prática Alunos e servidores defendem importância da conscientização Ajuste de vazão dos sanitários e estudos sobre reutilização de água dos restaurantes estão entre as ações Diogo Tognolo e Lorena Carmo P ara chegar a iniciativas práticas de redução do gasto com água e energia elétrica no CEFET-MG, a “Comissão para boas práticas de gestão e uso de energia elétrica e água” se debruçou sobre os dados de consumo de toda a Instituição. Litros de água gastos, quilowattshora consumidos, analisados a cada mês, por Unidade, traçando paralelos com o número de alunos e servidores em cada local, com a área construída do Câmpus, com a presença de estruturas como restaurantes... Tudo isso para entender como os recursos são utilizados no CEFET-MG e em que pontos eles podem ser mais bem empregados. Fernando Gontijo, prefeito da Instituição, elenca os locais em que as ações podem ser tomadas. Ele cita os banheiros como lugares em que a redução foi possível sem grandes custos. “Medimos o gasto de água nas descargas dos sanitários: eram 14L a cada vez que a válvula era acionada. Nós regulamos para que eles funcionassem com 7,5L. Menos do que isso, ele perde a funcionalidade e não consegue levar os detritos”. O procedi- mento, que não tem custos, está sendo realizado em todas as Unidades. Ainda nessa área, outros estudos estão sendo feitos para ver a possibilidade de mais economia. Há duas possibilidades: trocar o sistema por uma caixa acoplada ou a as válvulas existentes pelas de dois estágios, que permite o sanitário funcionar com 6L ou 3L. “Essas ações têm custos e envolvem reformas nos banheiros. Precisamos analisar se isso representa uma economia eficiente”, afirma Fernando. Outra iniciativa é a instalação de aeradores e redutores de vazão nas torneiras. Os aeradores – dispositivos que misturam ar à água, diminuindo o fluxo, mas mantendo sua funcionalidade – representam uma economia de 10% a 80% no consumo de cada torneira. O redutor de vazão pode chegar a uma economia de 80%, mas, de acordo com Fernando, ele não pode ser utilizado em todos os locais. “Podemos usar apenas nos andares mais baixos, em que a pressão da água é maior. Em outros, a redução é tanta que você não consegue lavar a mão. Nosso desafio é reduzir o consumo, sem perder a funcionalidade dos objetos que usamos”, conta Fernando. “A contribuição dos alunos na redução do uso energético e de água na instituição pode ser aplicada com pequenas atitudes diárias, como usar conscientemente a descarga e as torneiras dos banheiros e não deixar os notebooks constantemente ligados à tomada.” é usada para lavagem de hortaliças, legumes e outros alimentos. Essa água, com um tratamento bem simplificado, pode ser reaproveitada para outras atividades, como limpeza do estacionamento, de salas de aula e irrigação.” A comissão se dedica, agora, a definir o melhor local para instalar um reservatório para coleta de água da chuva e de reuso dos refeitórios dos Câmpus I e II. A Unidade Araxá também se dedica a estudar a melhor forma de reuso da água e propõe, aos “responsáveis pela gestão das atividades do restaurante, um estudo das possibilidades de revisão dos procedimentos operacionais padrões, quanto à limpeza, conservação e manipulação de alimentos, observadas as condições exigidas pela vigilância sanitária”. Outras ações no CEFETMG incluem a substituição do aquecedor elétrico de água dos refeitórios e dos chuveiros dos vestiários do setor de manutenção por aquecedores solares. Em algumas Unidades, o consumo já foi reduzido com a adoção de poços artesianos. Os dois menores consumos, por pessoa, nas Unidades do CEFET-MG são nas cidades de Araxá e Curvelo. Fernando Gontijo conta que em Curvelo o consumo mensal pago à Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) passou de 632L por pessoa em 2013 para 117L em 2014. Segundo a Unidade, o câmpus possui uma extensa área verde, o que gerava um grande gasto com irrigação. Atualmente, a maior parte do que é pago à Copasa é devido ao tratamento de esgoto. Em Araxá, o consumo por pessoa, após a implantação de um poço artesiano, é de 186L. Mateus Mendes Administração • presidente do DCE da Unidade Belo Horizonte Sabine Ribeiro Química • representante do Grêmio Estudantil da Unidade Belo Horizonte Redução A Unidade Araxá tem tomado iniciativas semelhantes. Afonso Neto, prefeito na Unidade, explica que a manutenção das redes de água e energia elétrica tem sido intensificada, dando prioridade de atendimento a ocorrências como vazamentos. Na estrutura, Afonso cita a “instalação de redutor de vazão nas torneiras, substituição de torneiras comuns por outras com controle de ciclo de funcionamento, troca de bebedouros com problemas intermitentes de vazamentos por novos”. Na conta de energia, Fernando destaca a iluminação das áreas externas como ponto de melhora. “Reduzimos a iluminação nas áreas públicas e na iluminação decorativa. Os vigilantes estão instruídos para, assim que diminuir o número de pessoas, desligar lâmpadas de corredores, estacionamentos e iluminação externa, sem prejuízo da segurança dos alunos e servidores.” Em Araxá, medidas estão sendo estudadas para proporcionar um melhor rendimento e eficiência da iluminação. Segundo Afonso Neto, foi acordado com o setor de Educação Física uma adequação da programação de atividades esportivas nas quadras no período noturno. Assim, evita-se o uso excessivo dos refletores de iluminação. Fernando e Afonso concordam que um dos principais gastos no CEFET-MG vem dos restaurantes: cerca de 40% do consumo de água. Fernando lembra que esta é uma fonte de água continua, pois o restaurante tem funcionamento ininterrupto durante o período escolar. “A água descartada pelo restaurante não é uma água suja: ela “Primeiro, ter consciência de que é preciso se preocupar com o esgotamento da água; pois cultivamos uma ideia de que a água é abundante e que nunca acabará. Depois, economizar adotando medidas práticas de economia. Além de divulgar entre os amigos e colegas a importância da campanha”. “Desligar a luz quando sair da sala de aula; nos laboratórios, desligar os computadores e equipamentos sem uso; nos banheiros, reduzir a vazão da torneira, quando for lavar as mãos. Em casa, podemos reduzir o tempo do banho, fechar a torneira ao escovar os dentes, desligar os equipamentos eletrônicos da tomada quando não estiverem em uso”. Yasmim Delfino Rede de Computadores • aluna da Unidade Nepomuceno “O foco é o autopoliciamento e a consciência de que devemos reduzir”. Israel Zarconi Rede de Computadores • Unidade Nepomuceno Cássia Beatriz da Silva Assistente em Administração • Unidade Contagem Ajuste das válvulas de descarga dos sanitários Instalação de reservatórios para coleta de água da chuva e de reuso dos refeitórios dos Câmpus I e II Ajuste do ar-condicionado central afirma que todos já estão cientes da atual situação e que medidas de redução já estão em prática. “Não só aqui na Unidade, mas principalmente em casa, o que fazemos é um simples policiamento. Tentamos usar menos luz, ventilador e outros equipamentos. Por esse motivo, ao sairmos da sala ou se virmos uma sala vazia, desligamos tudo”. Israel diz ainda sobre as medidas tomadas em relação ao pessoal da limpeza e manutenção, que reduziram o consumo de água usando panos de chão em vez de baldes para limpar as salas e corredores, e ainda uma ideia, dedicada aos meninos, para que utilizem os mictórios em vez do vaso, para economizar na descarga. Para Cássia Beatriz da Silva, assistente em Administração da Unidade Contagem, a economia não se restringe ao trabalho ou ao ambiente doméstico. Ela diz tomar medidas para combater o desperdício em todos os locais. “Durante a jornada de trabalho, podemos adotar algumas medidas para reduzir o consumo de água e energia, como apagar as luzes e desligar ventiladores ao sairmos da sala e organizar uma equipe de trabalho para analisar a melhor forma de reduzir o consumo de água e energia e posterior orientação aos usuários”. Em casa, ela diz reutilizar a água da chuva na limpeza. Programar o computador para entrar em estado “hibernar” depois de alguns minutos sem uso Usar a descarga apenas pelo tempo necessário Desligar luzes e ventiladores quando não estão em uso Manutenção constante das redes de água e energia elétrica Estudo sobre o reuso da água dos restaurantes ca. Mateus Mendes, presidente do Diretório Central Estudantil (DCE) da Unidade Belo Horizonte e membro da comissão, alerta: “Vimos nesses últimos tempos que os recursos naturais, como a água, podem se exaurir com o mau uso e desperdício; para tanto, devemos adotar práticas e medidas que visem um consumo mais eficiente e inteligente por parte de todos”. De acordo com a portaria nº 23, de 12 de fevereiro de 2015, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, os órgãos e entidades federais devam adotar as providências necessárias para implementar as boas práticas de incentivo a economia dos recursos hídricos, inclusive elaborando campanhas de conscientização, por meio presencial e eletrônico. Além disso, sugere práticas para serem aplicadas no ambiente de trabalho. Pequenos gestos, como apagar as luzes e desligar os ventiladores ao sair da sala; ajustar a temperatura do ar-condicionado para, no mínimo, 23°C, ou não ligá-lo nos dias mais frios; não deixar a torneira aberta sem uso; usar a descarga apenas pelo tempo necessário; e ficar atento a vazamentos – uma torneira pingando pode desperdiçar 46 litros de água por dia, o que equivale a 1,4 mil litros no mês e 16,5 mil litros no ano. Israel Zacaroni, aluno do curso técnico em Redes de Computadores, da Unidade Nepomuceno, O que alunos e servidores podem fazer O que o CEFET-MG tem feito Instalação de aeradores e redutores de vazão nas torneiras “Podemos adotar algumas medidas para reduzir o consumo de água e energia: pressionar a descarga do vaso sanitário por um tempo menor; apagar as luzes e desligar ventiladores sempre que sairmos da sala; organizar uma equipe de trabalho para analisar a melhor forma de redução de consumo de água e energia e posterior orientação aos usuários. Em casa, adquiri dois tambores para captar a água da chuva e utilizá-la na limpeza da residência. Também utilizo água da máquina de lavar roupas.” Com o objetivo de fazer um amplo diagnóstico da nossa situação hídrica e propor medidas para o uso eficiente desse recurso, foi criada a “Comissão para boas práticas de gestão e uso de energia elétrica e de água”. Além das ações nas instalações da Instituição, a comissão tem como resultado esperado a conscientização da comunidade e seu envolvimento no uso racional da água e da energia com consequentes ganhos em economia. O CEFET-MG lançou, em 22 de março, Dia Mundial da Água, uma campanha com o slogan “Vai esperar a solução cair do céu?”. O desejo é alertar alunos, servidores e comunidade externa sobre o desperdício de recursos hídricos e energéticos, com intervenções nas redes sociais, restaurantes, entre outros. “Vivemos um momento muito crítico nacionalmente tanto pelo lado da escassez dos recursos hídricos, que tem gerado impactos diretos no fornecimento de água potável, quanto na geração de energia elétrica e pela anunciada crise econômica, que nos obrigará a rever os nossos gastos”, explica o diretor-geral do CEFETMG, professor Márcio Silva Basílio. “Com esse panorama, é imprescindível que o CEFET-MG tome medidas urgentes em relação ao uso eficiente desses recursos.” As medidas visam incentivar as boas práticas entre os membros da comunidade acadêmi- Substituição de aquecedores elétricos de água por aquecedores solares Utilizar o ar-condicionado em uma temperatura mínima de 23º e não utilizá-lo em dias frios 6 | CEFET-MG é notícia março | 2015 Ações simples e práticas para reduzir os impactos ambientais Aprovada em chamada do CNPq, microusina será responsável por 5% da energia consumida na Unidade Curso de extensão idealizado por alunos da Unidade Contagem ensina como conviver melhor com o meio ambiente, por meio de pequenas atitudes eletrodomésticos Televisão Geladeiras Nívia Rodrigues inversor A CEFET-MG é notícia | 7 Projeto prevê captação de energia solar em Araxá Contolador de carga Unidade do CEFET-MG em Araxá está prestes a dar início à instalação de equipamento de microgeração de energia solar, por meio de painéis fotovoltaicos. O projeto de pesquisa e extensão foi contemplado na chamada CNPq – SETEC, que dá apoio à pesquisa aplicada e à extensão tecnológica, e aguarda liberação de recursos. Resultado de cooperação entre o CEFET-MG Araxá e a empresa BRC Energia Limpa, a microusina solar será instalada em dois blocos de prédios na Unidade, gerando 770KW/h (quilowattshora) por mês. “Esperamos uma geração em torno de 5% de energia consumida na Unidade nesse primeiro projeto, com economia mensal prevista de R$ 500”, afirma um dos coordenadores, professor Admarço Vieira da Costa. A instalação deve ser concluída em março de 2017. Um dos principais focos da ação é o envolvimento da comunidade cefetiana. A equipe é composta de dois professores doutores, um aluno bolsista e três colaboradores de Engenharia de Automação Industrial; quatro bolsistas do técnico, sendo três de Eletrônica e um de Mecânica. O professor Kleber Lopes Fontoura, que também coordena o projeto, destaca a importância da participação dos alunos em março | 2015 Lâmpadas Computador painel solar baterias Sistema de geração de energia fotovoltaica ensinado no curso Centro de Formação Profissional Júlio Dário O diretor do CEFET-MG Araxá e coordenador do curso, professor Henrique Avelar (à esquerda), com os alunos e o painel fotovoltaico montado durante a capacitação uma ação como essa, pois além de proporcionar a integração no novo mercado de trabalho, “capacita-os por meio dos cursos de extensão voltados para a transferência de tecnologia e conhecimento”. A primeira etapa, segundo Admarço, envolve os alunos na revisão bibliográfica sobre o tema, para depois, após liberação dos recursos, darem início à instalação física. A partir do projeto, serão desenvolvidos também três trabalhos de conclusão de curso e publicados ao menos dois artigos em conferências nacionais para divulgação dos resultados. De acordo com o texto submetido ao CNPq, o projeto visa incentivar a implantação de sistemas fotovoltaicos, diagnosticar o potencial energético da cidade, promover a adoção de práticas sustentáveis, fomentar o treinamento e a capacitação de profissionais, entre outros objetivos. Capacitar para aplicar Os principais problemas enfrentados na diversificação da matriz energética são o desconhecimento das tecnologias e a falta de mão de obra especializada. Pensando nisso, em paralelo ao projeto de instalação de painéis fotovoltaicos, a Unidade Araxá desenvolveu o curso “Instalações elétricas para energias alternativas”. No final de fevereiro, foram realizadas duas turmas, com carga horária de 20 horas-aula, sendo uma para alunos do CEFET-MG e outra aberta ao público interessado. Aliando teoria e prática, o curso abordou o funcionamento e a instalação de sistemas fotovoltaicos e, ao final, os alunos participaram da montagem de sistemas de energia com a utilização dos painéis solares. As aulas foram ministradas pelos graduandos de Engenharia de Automação Industrial da Unidade. O curso foi uma realização do CEFET-MG Araxá, do Centro de Formação Profissional Júlio Dário e da Universidade Aberta e Integrada de Minas Gerais (UAITEC). Tanto o projeto de captação de energia solar quanto o curso tiveram início graças ao grupo de pesquisa “Energias Alternativas e Eletrônica de Potência”, que realiza parcerias com empresas para o desenvolvimento de pesquisas aplicadas desde 2009. Sete professores compõem a equipe, cujo objetivo é desenvolver pesquisas nas áreas de aproveitamento de resíduos sólidos em geração de energia elétrica, cogeração por painéis fotovoltaicos, células combustíveis, entre outros temas. André Luiz Silva D esmatamento, poluição excessiva, crise hídrica... Quando se fala em meio ambiente e sustentabilidade, muitos são os temas e problemas em questão. Mas como você, em sua casa, com pequenas atitudes, pode contribuir para melhorar essa situação? Pensando nisso, a turma do curso técnico em Controle Ambiental do CEFET-MG, Unidade Contagem, orientada pela professora Adriana Venuto, criou, em novembro de 2014, o curso de extensão “Controle ambiental e utilidades domésticas: equações simples para redução de impactos”. A ideia dos alunos foi elaborar um curso teórico-prático para conscientizar e orientar estu- dantes, servidores, terceirizados e mesmo a comunidade externa do CEFET-MG a respeito das questões relacionadas ao meio ambiente, por meio de ações práticas e simples realizadas no dia-a-dia, em casa mesmo. Segundo a professora Adriana Venuto, a iniciativa do curso partiu dos próprios alunos durante o terceiro bimestre da disciplina de Sociologia. “Estávamos trabalhando com a unidade ‘Indivíduo e Trabalho’, quando pedi um trabalho sobre intervenção social na forma de um curso de extensão. A turma, então, concebeu tudo... Desenvolveu os objetivos do curso, elaborou seu propósito, decidiu o público-alvo, fez o levantamento e criou o material usado e, por fim, efetivou o curso”, explicou. Para desafios contemporâneos, uma nova postura Os problemas socioambientais estão entre os principais desafios contemporâneos. Em razão disso, segundo professora Adriana Venuto, os alunos têm buscado discutir e propor alternativas a essas questões. “Hoje, o aluno já não consegue mais pensar sua profissão sem desconsiderar os possíveis impactos no meio ambiente”, afirmou. Edgar Mendes, ex-aluno de Controle Ambiental do CEFETMG Unidade Contagem concorda com a opinião da professora Adriana. “Atualmente, devido à escassez de bens naturais, a questão do meio ambiente está se tornando uma grande preocupação. Todas as especialidades estão sendo obrigadas a repensar seus princípios básicos de funcionamento, adaptando-se a um no vo contexto. Consequentemente, todos os especialistas formados, de agora em diante, têm de estar preparados para essa transição”, disse Edgar, um dos organizadores do curso de extensão “Controle ambiental de utilidades domésticas: equações simples para redução de impactos”. Edgar ressaltou ainda a importância do curso para o seu processo formativo. “Somou conhecimentos e experiência para a minha formação como técnico. De maneira geral, ter a oportunidade de participar de um projeto com um ideal tão simples e importante ao mesmo tempo me ensinou bastante”. A própria turma definiu as temáticas do curso e elaborou uma apostila dividida em quatro módulos sobre: 1) conta de água, 2) sabões e detergentes caseiros, 3) composteira caseira e reciclagem de alimentos e 4) riscos dos produtos de limpeza e seus componentes químicos. No primeiro módulo, a turma apresentou diversas questões relativas ao serviço de fornecimento de água: o sistema de abastecimento, desde a captação até a distribuição; a leitura de consumo; a qualidade da água; o histórico de consumo etc. No segundo e terceiro módulos, de cunho mais prático, a turma ensinou, primeiramente, a fazer sabão e detergente utilizando óleo de cozinha e, posteriormente, a criar uma compos- teira para “reciclo de alimentos”, transformando-os em adubo. Por fim, no quarto e último módulo, a turma falou sobre os riscos dos químicos contidos nos produtos de limpeza. De acordo com a professora Adriana Venuto, a experiência do curso de extensão foi excelente. “O grupo de participantes do curso (cerca de 20 pessoas) não poupou elogios aos alunos; houve muito comprometimento por parte deles. Todo o processo de elaboração do projeto, não só o curso em si, ensinou muito para a turma. Essa iniciativa proporcionou uma visão crítica ao aluno sobre seu papel na sociedade, sobre as possibilidades de ele, como técnico, ter de intervir na realidade social”, ressaltou. Em 2015, de acordo com Adriana, o projeto deve se estender às comunidades do município. “A intenção é consolidar o projeto, atendendo a um contingente maior de pessoas e envolvendo um número maior de alunos. Neste ano, por exemplo, quero fazer uma parceria com algumas comunidades do município, tentar atender suas demandas”, contou. Saiba como transformar resto de óleo de cozinha em sabão Ingredientes necessários: 5 Continue mexendo até a mistura ficar • 500 mL de água; • 1 litro de óleo de cozinha coado; • 250g de soda cáustica; e • detergente e sabão em pó (a critério). homogênea e um pouco mais grossa; 6 Durante o preparo, se preferir, pode Modo de preparo: 1 Coloque a água para ferver acrescentar um pouco de sabão em pó, ajuda a formar espuma, e sabão líquido ou amaciante, deixa cheiroso e mais macio. Outra opção é acrescentar anilina, para dar coloração ao sabão; a, aproximadamente, 70°C; 7 A agitação do líquido deve ser feita entre 30 e 2 Antes de levantar fervura, retire do fogo e adicione a água à soda cáustica (mas mantenha distância e cuidado, pois pode ocorrer pequena explosão de gases nessa fase do processo); 3 Depois da adição da soda na água, misture até dissolver; 4 Depois de dissolvida, adicione o óleo de cozinha usado (deve estar coado – com esponja de aço ou peneira bem fina); 45 minutos, até a mistura estar mais grossa; 8 Depois de pronto, despeje o produto em qualquer assadeira forrada com saco plástico; 9 Leve para o sol e espere secar. Ele fica consistente em torno de dois dias. Aguarde mais 10 dias para utilizá-lo. Reaproveitamento de sucata e economia de água são o foco de Divinópolis A prática da economia de água no laboratório de Biomateriais do Câmpus I – Unidade Belo Horizonte Medidas simples têm contribuído para a redução do descarte de componentes eletrônicos e do consumo de água Em funcionamento, protótipo garante economia e reutilização de água em laboratório da Instituição Nívia Rodrigues A Unidade do CEFET-MG Divinópolis, por meio da graduação em Engenharia Mecatrônica, promove, desde o ano passado, o programa “Reaproveitamento de Sucata Eletrônica”. A rede de reaproveitamento foi iniciada na turma do segundo período de “Introdução à Prática Experimental” e agora está sendo expandida para todo o curso. O programa consiste em organizar uma rede de participantes interessados em captar, divulgar e trocar componentes eletrônicos que possam ser reaproveitados nos projetos desenvolvidos durante o curso. São aceitos também outros elementos que possam ser utilizados pelos alunos como motores, engrenagens, estruturas, correias, fontes e transformadores. Para o professor Renato de Sousa Dâmaso, que acompanha o projeto, a ação é importante por poupar a natureza. “Reaproveitar é melhor que reciclar que, por sua vez, é melhor que descartar. Imagine a quantidade de componentes úteis em um videocassete estragado, numa TV antiga, num celular obsoleto pelo ciclo cada vez mais curto provocado pelo avanço tecnológico”, analisa. O professor explica que muitos desses componentes sequer estão disponíveis para compra nas lojas de eletrônicos em Divinópolis e até mesmo em Belo Horizonte. O objetivo do programa é montar um posto na Unidade com equipamentos que possam ser úteis na adaptação das peças reaproveitadas, como estações de solda e de ar quente. Dâmaso e o grupo buscam também organizar feiras de reaproveitamento dentro da programação das “Sextas Tecnológicas”, even- tos promovidos regularmente na Unidade. Além de trocar peças, os interessados poderiam montar e mostrar coleções de sucatas. Economia de água Já sensíveis às crises hídrica e energética, professores e servidores do CEFET-MG em Divinópolis têm discutido soluções alternativas. Graças às medidas adotadas, a redução no consumo de água foi significativa nos primeiros meses deste ano. A Coordenação de Administração da Unidade organizou uma planilha, baseada nas contas de água, e constatou o decréscimo do consumo. Comparando janeiro de 2014 a janeiro de 2015, por exemplo, o valor pago à Copasa teve redução de 46,48%. “Com medidas simples, como diminuir os dias em que se rega a grama e reforçar junto aos servidores da conservadora, em reuniões periódicas, a necessidade de estar atento às medidas pequenas do dia a dia, conseguimos reduzir substancialmente os gastos na Unidade”, contabiliza o diretor adjunto, Bruno Martins Teixeira. Gilberto Todescato Telini Até 2030, haverá um déficit mundial de água da ordem de 40%, caso o consumo se mantenha o mesmo. Esse é o dado do relatório publicado pela Unesco no dia 20 de março. O mesmo documento pede que a melhor gestão deste recurso faça parte dos objetivos do planeta, da ONU. Preocupado com esse cenário, o CEFET-MG tem desenvolvido projetos que visam à economia, tanto da água quanto da energia e, alguns deles, já foram postos em prática. É o caso do protótipo desenvolvido pelos professores Ezequiel de Souza Costa Júnior e Joel Romano Brandão, do departamento de Engenharia de Materiais, que alteraram as condições de instalação do destilador Pilsen do Laboratório de Biomateriais para economizar e reaproveitar a água utilizada nas atividades do Laboratório. A grande justificativa para esse projeto é o fato de que, para 1L de água destilada, são necessários aproximadamente 50L de água de resfriamento que normalmente são descartados na maioria dos laboratórios. Segundo o professor Ezequiel, o dispositivo funciona “resfriando o vapor d’água que fica retido na câmara superior e o vapor condensado (água destilada) é armazenado para uso nas soluções utilizadas nas pesquisas desenvolvidas no laboratório. A água de resfriamento sai por outra tubulação e é armazenada nas caixas d’água para os mais diversos usos no laboratório, pois a água de resfriamento mantém as mesmas características da água fornecida pela concessionária”, conclui. Para chegar a esse resultado, os professores e a Instituição se mobilizaram na busca por essa economia e o projeto passou por várias etapas até a sua conclusão. Inicialmente, foi elaborado o esquema de montagem do destilador; em seguida, a proposta foi apresentada e aprovada pelo setor de infraestrutura para dimensionamento da laje para suportar duas caixas d´água de 1000L cada sobre os ambientes de pesagem e de cultura de células; após a instalação das caixas, foram montadas as tubulações e a rede elétrica para alimentação do destilador; em seguida, o destilador foi instalado, deslocando os dispositivos de controle para o alcance operacional e a conexão das mangueiras; finalmente, houve o treinamento dos operadores no laboratório. Com o destilador em pleno funcionamento, o professor Ezequiel comemora a economia de água de destilação e chama a atenção também para posturas adequadas diante do atual cenário de crise. “Ideias simples do dia-a-dia podem ter grande potencial e impacto e, para despertá-las, basta que estejamos mais atentos aos desperdícios de água e energia. Temos que estar mais atentos a ações que aparentemente são consideradas normais, mas que devem ser alteradas”, encerra. 8 | CEFET-MG é notícia março | 2015 entrevista A crise e as oportunidades para implantação de medidas de economia Investimento em práticas inovadoras e consumo consciente são boas alternativas para lidar com o atual quadro de escassez de água e de energia Gilberto Todescato Telini De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), nas últimas décadas o consumo de água cresceu duas vezes mais do que a população e a estimativa é que essa demanda aumente 55% até 2050. Neste mesmo ano, a agricultura e a indústria de alimentos deverão au- S egundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), menos da metade da população mundial tem acesso à água potável. Ainda de acordo com a entidade, a irrigação corresponde a 73% do consumo de água; a indústria por 21% e apenas 6% dela é destinada ao consumo humano. De que maneira é possível compatibilizar desenvolvimento econômico e preservação dos recursos hídricos? É possível compatibilizar de senvolvimento econômico e preservação dos recursos hídricos, mas para isso é preciso aplicar tecnologias adequadas e eficientes, que envolvam menos perda de água, principalmente na agricultura, onde o consumo é maior. Ao fazer isso, é possível reduzir em 40% o consumo nesse segmento. Israel, por exemplo, é um país desértico que sofre com a escassez de recursos hídricos e baixos índices de chuvas. A água é obtida em sua maior parte pelo processo caríssimo de dessalinização. Porém, o sistema de irrigação deles é feito por gotejamento diretamente na raiz, o que gera uma grande economia de água. Nesse sistema, há tubulações que gotejam água próxima à raiz das plantas. É o contrário da nossa cultura, predominantemente marcada pela aspersão, em que uma grande quantidade de água é jogada para o alto, ocorrendo grande evaporação e, com isso, um aproveitamento pouco efetivo da água pela planta. Para tentar reverter essa prática, já existe um segmento de Israel trabalhando nas culturas de café e cana no Brasil. Além disso, precisamos desenvolver tecnologias que possibilitem o reuso das águas, provenientes do esgoto doméstico, como, por exemplo, das águas cinzas (que utilizamos no banho ou na lavagem das roupas). Essas águas poderiam ser aplicadas em usos menos nobres e a água potável passaria a ser utilizada apenas para fins de consumo humano. Nesse sentido, Israel também está em vantagem, já que eles reutilizam 80 ou 85% do esgoto e parte das substâncias obtida pelo processo serve como nutrientes para as plantas, beneficiando mais uma vez a agricultura. A ideia é maximizar e distribuir os escassos recursos hídricos. A água das chuvas é responsável por abastecer os reservatórios das hidrelétricas, principal mentar em 400% a demanda por água para elevar a produção. Nesse ritmo, a escassez dos recursos hídricos deve aumentar e, para acompanhar esse aumento, medidas de consumo inteligente precisam ser implantadas. Para analisar o atual cenário vivido pela sociedade e discutir sobre medidas viáveis de economia, o CEFET-MG É NOTÍCIA deste mês entrevistou a professora Elizabeth Regina Halfeld da Costa. perfil Elizabeth Regina Halfeld da Costa é professora do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária do CEFET-MG. Mestre e Doutora em Hidráulica e Saneamento pela USP – São Carlos, foi presidente da comissão proponente do Projeto Pedagógico do curso na Instituição. Atualmente, atua como coordenadora do eixo de tecnologia ambiental. fonte de geração de eletricidade no Brasil. Desde o ano passado, temos passado pelo pior regime de precipitações de que se tem registro na história. Diante desse quadro, quais são as alternativas possíveis para que não enfrentemos apagões? A crise hídrica parece ser um tema atual, mas na verdade ela é consequência de uma série de fatos que aconteceram ao longo de muito tempo. Nós temos cultivado a atual crise desde a chegada dos portugueses ao Brasil. Os portugueses chegaram aqui com o objetivo de explorar e o primeiro sinal de exploração deles foi o corte de duas árvores para fazer uma cruz e rezar a primeira missa. De lá para cá, toda a madeira da mata atlântica passou a ser retirada para a construção de navios. Cada uma tinha especificidade, uma servia para o mastro, outra para o casco e assim por diante. Durante o ciclo do café e da cana, desmatamos uma grande diversidade de árvores para implantar monoculturas e, mais uma vez, desequilibramos a natureza. O desmatamento na Amazônia, por exemplo, é uma das causas da crise de abastecimento de água no Sudeste. A ausência de árvores influencia na geração de chuvas para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, que são produzidas em parte pela umidade que vem da Amazônia. Com menos árvores, menos umidade chega à atmosfera e ocorrem menos precipitações. Em relação às alternativas energéticas, países como a Alemanha, que possui o carvão como matriz energética, começaram a pensar em novas opções em função de um futuro cenário de escassez. Hoje, eles exploram a energia eólica e a solar, e olha que eles nem tem sol e ventos como o Brasil! Nós temos todos os recursos que auxiliam na produção de energia: vento, sol, água e culturas que produzem resíduos que são bons para a combustão. O bagaço da cana-de-açúcar, por exemplo, é uma boa fonte de energia, e pode ser bem aproveitada. Conversando uma vez com uma pessoa que mora na Alemanha, cheguei à conclusão que não enxergamos, ainda, o grande potencial energético que possuímos. O investimento na diversificação das fontes de energia e a procura pelas fontes renováveis podem ser alternativas viáveis a médio e longo prazo. “ Nós temos cultivado a atual crise desde a chegada dos portugueses ao Brasil. Os portugueses chegaram aqui com o objetivo de explorar e o primeiro sinal de exploração foi o corte de duas árvores para fazer uma cruz e rezar a primeira missa. ” Um estudo desenvolvido na escola de negócios Cass Business School, ligada à City University, de Londres, indica que um aumento de 10% no número de pessoas com acesso a água potável nos países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) conseguiria elevar o crescimento do PIB per capita do bloco cerca de 1,6% ao ano. Qual é a relação entre indicadores econômicos como esse e os recursos hídricos? Uma pessoa que tem acesso a boas condições de saneamento básico (água tratada, coleta e tratamento de esgotos, coleta e tratamento de resíduos sólidos) possuem melhores condições de saúde e melhor qualidade de vida. Sabe-se que cada dólar investido em saneamento economiza quatro em saúde. Uma população saudável com certeza produz melhor. Tudo isso representa ganhos em grande escala para um país. O Brasil consome 356 bilhões de metros cúbicos de água por ano e, por isso, é o quarto país com o maior consumo do mundo, perdendo para a China, a Índia e os Estados Unidos. Quais medidas poderiam ser adotadas para a redução desse consumo no país? Na irrigação, podemos investir em técnicas mais modernas, como o gotejamento. Na pecuária, tomarmos também como modelo o estado de Israel que, a partir de tecnologias modernas, gasta o mínimo de água para a produção de leite. Devemos repensar as formas de tratamento das águas que serão destinadas ao consumo humano e daquelas que não precisam de um fim tão nobre. Em casa, o reuso é uma ótima alternativa, pois garante uma boa economia. Em alguns trabalhos de pesquisa desenvolvidos pela professora junto à Estação de Tratamento de Água (ETA) – Rio Manso, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte, foi possível alcançar resultados promissores, como economia de água de lavagem, melhoria da qualidade da água filtrada e aumento de desempenho dos filtros da Estação. Em grande escala, como esses resultados podem corroborar para medidas de economia em Estações de Tratamento? Na natureza, as águas possuem características diferentes, portanto cada uma delas necessita de tratamentos diversos. Estudos específicos e bem fundamentados devem ser realizados com a intenção de se obter a tecnologia mais adequada ao tratamento específico de cada água. Uma tecnologia bem estabelecida normalmente gera qualidade e economia no tratamento de águas. Durante dois anos, apliquei a fundamentação da minha dissertação de mestrado e da minha tese de doutorado na Estação Rio Manso e, ambas, contribuíram com medidas de economia e de qualidade da água tratada. No primeiro ano de trabalho, fiz uma avaliação nos filtros da estação e descobri que eles foram projetados para trabalhar de uma forma, mas se encontravam trabalhando de outra, similar, porém mais dispendiosa. Após um ano de estudos foi possível fazer pequenas adequações na estação para melhorar a operação dos filtros. Os estudos resultaram em economia de água de lavagem dos filtros, pois houve um aumento da “carreira de filtração”, que diz respeito ao tempo máximo de operação dos filtros, que operavam em torno de 40 horas. A partir desse estudo, eles passaram a operar com 80 horas economizando, assim, o volume gasto com a água para sua lavagem. Dobrando a carreira de filtração, obteve-se uma economia de 36% de água de lavagem. Além disso, o novo método de operação propiciou a melhoria da qualidade da água filtrada. No ano seguinte, realizei estudos de tratabilidade da água que abastece a ETA- Rio Manso. Essa água possuía grande teor de ferro e de manganês, o que levava a crer que os sais de ferro seriam adequados ao tratamento da mesma, conforme recomendação da literatura. Ao longo das pesquisas, pude constatar que os sais de alumínio também foram eficientes na remoção do ferro e do manganês, bem como da cor e da turbidez da água, com a vantagem de não precisar utilizar dosagens altas de alcalinizantes para tratá-la. Sendo assim, a economia veio não só pela redução na dosagem de alcalinizantes, como também pela diferença de custo do sulfato de alumínio em relação aos sais de ferro, normalmente utilizados na estação.
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