Calçado Entrevista Nacional Mercados Calçado

Transcrição

Calçado Entrevista Nacional Mercados Calçado
Jornal da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes e Artigos de Pele e Seus Sucedâneos
3
Notícias
189
junho 2012
Calçado
Importações europeias
em perda acentuada
4
Entrevista
Presidente da APIC
na primeira pessoa
7
Nacional
Baixa da TSU
de novo na agenda
15
Mercados
Uma preocupação
chamada Espanha
foto: © Anton Balazh - Fotolia.com
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1
12/04/24
18:59
3
comércio
externo
Importações europeias de calçado
travam a fundo
Já se sabia que a Europa
é o bloco económico
com um dos desempenhos mais «pálidos» em
2012. Agora, os primeiros
dados conhecidos (do
Eurostat) ao nível das
importações de calçado, confirmam as piores
previsões: a Europa a 27
importou, no primeiro
trimestre deste ano, menos 137 milhões de pares
de calçado. Relativamente ao período homólogo
do ano anterior, há a
registar uma quebra de
12% para 992 milhões
de pares. Também em
valor, há a assinalar uma
quebra, ainda que muito
ligeira (0,4%) para 9364
milhões de euros.
A maior quebra nos três
primeiros meses do ano
refere-se às importações
de calçado proveniente
da China. No primeiro
trimestre, a China colocou na União Europeia
527 milhões de pares de
calçado, menos 88 milhões (quebra de 14,3%)
do que no mesmo período do ano anterior.
Também Itália enfrentou
um primeiro trimestre difícil, com uma quebra de
19,9% para 37 milhões de
pares, no valor de 1009
milhões de euros (menos
5%).
Numa análise mais fina,
é possível perceber que,
neste início do ano, as
importações recuaram
em todos os importantes
mercados europeus. Na
Alemanha, por exemplo,
há um recuo de 8,3 %
em quantidade, para 166
milhões de pares, mas
um aumento em valor
de 4,7% para 1038 milhões de euros. Realce
para os desempenhos da
China, com uma perda
de 8% para 79 milhões
de euros, no valor de 419
milhões de euros (aumento de 1%). Também Itália
sofreu uma perda importante em volume (de
20,7% para 8,7 milhões
de pares), mas aumentou 5,5% em valor para
247 milhões de euros. Já
o Vietname, que surge
como 3º fornecedor do
mercado alemão, comercializou 16 milhões de
pares de calçado (menos
5,5%), no valor de 135
milhões de euros (mais
10,2%).
Os franceses importaram,
menos 20 milhões de
pares do que no mesmo período de 2011. De
Janeiro a Março, a França
importou 132 milhões
de pares de calçado, no
valor de 1362 milhões de
euros, isto é menos 14,5%
e menos 1,3%, respectivamente em volume e
em valor. Os principais
fornecedores registam
perdas importantes em
quantidade e em valor,
como Itália, por exemplo, que tem uma perda
de 13,6% em quantidade
para 9 milhões de euros,
no valor de 267 milhões
de euros, menos 4,6%.
Um desempenho semelhante ocorre noutro
mercado de referência na
Europa, o do Reino Unido. No primeiro trimestre, importou 112 milhões
de pares de calçado
(menos 3,4%), no valor
de 948 milhões de euros
(mais 3,4%). A China é o
principal fornecedor de
calçado dos “Súbditos de
Sua Majestade”, com 71
milhões de pares de calçado (perda de 5,3%), no
valor de 293 milhões de
euros (quebra de 4,4%).
Já Itália cresceu 3,1% em
quantidade (para 3,7 milhões de pares) no mercado britânico, no primeiro
trimestre, mas recuou
2,1% em valor (para 98
milhões de euros). A Holanda surge, no terceiro
posto, com crescimento
de 7,1% para 3,7 milhões
de pares, no valor de 73
milhões de euros (mais
10, 2%).
Um desempenho
profundamente
negativo
está a
ocorrer na
Holanda, um mercado
estratégico para Portugal.
No primeiro trimestre,
os holandeses importaram 64 milhões de pares
(menos 15,6%), no valor
de 752 milhões de euros.
A maior quebra (menos 9
milhões de pares) ocorreu nas importações da
China, que
passaram, de
44 milhões
em 2011 para 37
milhões este ano
(quebra de 16,3%). Países como a Alemanha e
a Itália registram perdas
próximas dos 30%.
junho 2012
4
“O calçado português
continua a ser o nosso
principal cliente”
As empresas de calçado continuam a
manifestar preocupação relativamente
ao aumento do preço
das matérias-primas,
em especial das peles, e alertam mesmo
para as crescentes
dificuldades ao nível
do abastecimentos.
O Jornal da APICCAPS conversou com
Humberto Marques,
Administrador da
Marsipel, uma das
empresas de curtumes de referência
ao nível mundial, e
Presidente da APIC
(Associação Portuguesa da Indústria de
Curtumes) e «tomou
o pulso» ao sector dos
curtumes em Portugal.
Qual a situação actual da
indústria portuguesa de curtumes?
A indústria de curtumes atingiu
hoje uma posição em termos do
seu desempenho nos mercados
nacional e internacional que se
caracteriza essencialmente por
uma maturidade ao nível dos
vários factores competitivos, nomeamente know-how, recursos
humanos, tecnologia instalada,
capacidade técnica, flexibilidade, capacidade de resposta,
entre outros. Também ao nível
da inovação de produto, através
do desenvolvimento constante
de acções que visam a inovação,
quer ao nível tecnológico – novos processos, novos produtos,
novas aplicações do couro – quer
ao nível não tecnológico – desenvolvimento de colecções,
integração do design, da moda e
do estilismo -, a indústria de curtumes tem dado grandes passos
em frente, que têm beneficiado
os agentes que integram a fileira do couro. Apesar de alguma
redução no n.º de empresas que
podemos classificar de “marginal” ao longo dos últimos 2 a 3
anos – desde o início da crise
financeira – de um modo geral o
sector tem conseguido manter
os níveis de volume de produção,
até com ligeiros acréscimos, o
que demonstra que as empresas
activas têm sabido aproveitar as
oportunidades de mercado e colmatar as falhas sem prejuízo dos
clientes ao nível da capacidade
de abastecimento. De um modo
geral, podemos fazer um balanço
positivo da recente evolução e
posição do sector, que tem demonstrado grande combatividade no contexto actual de grandes
dificuldades.
O sector de curtumes investiu de forma muito particular nos últimos anos nos
mercados externos. Que importância têm os mercados
externos, actualmente, para
as empresas de curtumes?
Ao longo dos últimos 6 anos,
com um grande impulso por
parte da APIC, as empresas de
curtumes reforçaram um processo de internacionalização que
até essa altura era realizado individualmente por cada empresa,
e que a partir desse momento
beneficiou de uma estratégia
global de internacionalização,
que tem obtido resultados bastante positivos para as empresas.
A título de exemplo, a indústria
portuguesa de curtumes já atin-
giu presenças na principal feira
do sector em termos mundiais,
a LINEAPELLE, em Bolonha,
que representaram 33% das empresas activas, o que é um dado
proporcionalmente significativo
em termos das presenças de
sectores industriais em feiras internacionais. Em resultado deste
grande esforço de internacionalização, a quota exportadora da
indústria de curtumes atingiu já
35%, quando no início da década
de 1990 era residual e no inicio
de 2000 ainda não atingia 20%.
Contudo, o esforço de internacionalização, como todos sabemos, vai muito além das feiras
internacionais, e as empresas
têm conseguido um envolvimento importante com as grandes
marcas internacionais, com
actividades de desenvolvimento
conjunto com os compradores e
designers dessas marcas, com os
quais já ultrapassaram o paradigma do clássico relacionamento
cliente-fornecedor, estabelecendo uma relação de parceria. Esse
é um dos frutos mais importantes da internacionalização que
se traduz na possibilidade de ter
parte activa no processo criativo
dos nossos clientes e dos clientes
dos nossos clientes, permitindo
que estes beneficiem de toda a
nossa experiência, com melhores
resultados e maior valor acrescentado para todos os intervenientes na cadeia de valor. A
este nível, consideramos que o
sector de calçado nacional tem
trabalhado bem com a indústria
de curtumes com resultados
positivos de parte a parte.
Paralelamente, a indústria de
curtumes também tem vindo,
fruto da internacionalização
e do grande esforço de desenvolvimento interno, a atingir
posições cimeiras em outros
sub-sectores da indústria de curtumes, nomeadamante nas peles
para vestuário e para o sector
5
entrevista
Entrevista a Humberto Marques, Presidente da APIC
automóvel, ferroviário,
náutico e aeronáutico.
caminho a percorrer com
benefícios para todos.
Qual a relevância que
a indústria portuguesa
de calçado tem para o
sector de curtumes?
A indústria de calçado
nacional continua a ser o
nosso principal cliente,
com o qual temos uma
relação mais próxima e
desenvolvemos maior
cooperação, fruto da
proximidade geográfica,
da língua, da cultura e de
relacionamentos pessoais
e profissionais, que em
alguns casos já atravessaram várias gerações.
Apesar da indústria de
curtumes ter conseguido,
essencialmente ao longo
das últimas décadas, uma
diversificação bastante
considerável em termos
dos mercados de destino
do produto, com o reforço das áreas da marroquinaria, vestuário, estofos
de mobiliário e de automóvel, é com o calçado
nacional que mais trabalhamos.
O sector de curtumes
passou a investir,
igualmente, noutras
áreas de negócios
como na indústria
automóvel. De que
forma se tem processado essa aposta?
Por razões essencialmente de diversificação de
produto, de mercados
de destino e também
por vocação interna das
empresas, tem-se verificado uma diversificação
das áreas de negócio por
parte de algumas empresas e grupos na indústria
de curtumes.
A este nível podemos
afirmar que a aposta tem
sido ganha de uma forma
extremamente positiva,
na medida em que temos
hoje casos de sucesso
em termos mundiais nos
sectores automóvel e
vestuário/confecção, de
empresas que merecem
consecutivamente a confiança de grandes marcas internacionais para
fornecerem as peles que
são utilizadas nos seus
produtos.
Essa relação mantém-se ou é hoje menor do
que no passado?
Se nos reportarmos a
uma análise meramente
estatística, esse relacionamento é hoje menor,
em proporção directa das
reduções que se observaram nas quantidades
transaccionadas entre
os sectores. Contudo,
qualitativamente falando,
a relação evoluiu muito
positivamente, com um
reforço na dimensão
humana onde hoje se observa, em regra geral, uma
maior cooperação entre
os intervenientes, quer
seja ao nível técnico, quer
a seja ao nível comercial.
E é este nível que o reforço da nossa relação se
tem de centrar, que não
obstante a evolução registada, ainda temos muito
As empresas portuguesas de calçado continuam a manifestar
problemas de abastecimento de matérias-primas, em especial
das peles. Como justiça isso?
Na esmagadora maioria
dos casos trata-se de um
“desajustamento” na relação qualidade/preço, em
que nem sempre é possivel fornecer a qualidade
pretendida pelo cliente
ao preço que este tem de
conseguir para atingir o
seu “target price” no par
de sapatos acabado. Naturalmente, se a oferta de
peles na sua origem, ou
seja no matadouro após o
abate dos animais, fosse
superior e de acordo com
as necessidades da indústria de curtumes, em
função das solicitações da
indústria de calçado, esta
relação preço/qualidade
seria mais fácil de equilibrar, mas, infelizmente
não é o que sucede.
Contudo, uma parte significativa deste “desajustamento” pode ser combatida com uma maior
ligação entre as áreas
técnicas dos curtumes
e calçado, onde as equipas de desenvolvimento
deveriam trabalhar mais
activamente em conjunto
para encontrarem soluções alternativas para
conseguirem ir ao encontro, dentro das limitações
impostas pelo mercado,
das necessidades do seu
cliente.
Provavelmente, a
maior crítica que se
ouve relativamente às
empresas de curtumes
é que inovam relativamente pouco. Nos
segmentos de moda,
é habitual ouvir-se as
empresas portuguesas
assumirem que têm de
importar uma parte
muito expressiva das
suas peles. Como é
que avalia esse fenómeno?
A generalidade das empresas de curtumes têm
vindo a fazer um grande
esforço nesta área, com
a afectação de pessoas e,
inclusivamente, a constituição de equipas técnicas de dedicação exclusiva ao desenvolvimento,
acompanhadas dos meios
técnicos e tecnológicos
necessários para dar
respostas aos desafios de
inovação colocados pelos
clientes. Adicionalmente,
no desenvolvimento de
colecções, as empresas
assumem uma postura
proactiva, na medida em
que são estas que propo-
em a inovação aos seus
clientes, fazendo o estudo às tendências de moda
que posteriormente aplicam nas peles acabadas.
No ano passado, a APIC
dinamizou a feira EXPOPELE, em Alcanena, na
qual até as empresas de
menor dimensão foram
convidadas a apresentar
a sua inovação para uma
área “trend”, simulando o
modus operandi das grandes feiras internacionais.
No que respeita às peles
importadas, a indústria
de curtumes nacional
tem hoje uma capacidade
de desenvolvimento de
produto ao nível dos seus
principais concorrentes
internacionais. Contudo,
ainda sofremos um pouco, tal como o calçado
também sofrerá, do peso
de grandes imagens de
marca que determinados
países nossos concorrentes grangearam ao
longo de muitos anos de
implantação e tradição
no mercado e que muitas vezes influenciam as
escolhas de compra ainda
que os produtos em causa
seja de qualidade igual ou
até superior.
O preço das peles aumentou de forma significativa nos últimos
meses. Em média,
qual foi o aumento dos
preços das peles nos
dos últimos anos?
De acordo com a análise
de uma entidade independente e mundialmente credível na indústria de
curtumes, o “SAUER report”, as peles em bruto –
adquiridas pela indústria
de curtumes para transformação - aumentaram
cerca de 27%, ao longo
dos últimos 8 anos.
No último ano, ou seja de
Maio/2011 a Maio/2012 a
variação foi de +0.4%.
Em termos gerais, a
matéria-prima teve uma
grande baixa no ano de
2009 com a eclosão da
crise financeira e desde
então tem vindo sempre
a registar uma tendência
de subida moderada e
sustentada.
Essa tendência de aumento será para continuar?
A evolução futura é
sempre difícil de prever...
mas a este nível podemos
e devemos fazer 2 análises
distintas e que se complementam. Ao nível estrutural, verificamos uma
modificação global dos
hábitos e dietas alimentares da população, com
repercussões ao nível
do consumo de carne,
nomeadamente carne de
bovino, que têm implicações ao nível dos abates,
contribuindo para uma
redução da oferta de peles à saída do matadouro.
Adicionalmente, observase uma grande concentração de matadouros em
grandes grupos, através
de fusões e aquisições,
sobretudo na América
do Norte e do Sul – onde
se encontram os maiores
rebanhos do mundo de
gado bovino - com influência no equilíbrio dos
preços de mercado.
Por outro lado, ao nível
conjuntural, outros subsectores da indústria de
curtumes que têm sofrido
nos últimos anos fortes
reduções de actividade,
como é o caso da marroquinaria e do automóvel,
têm recentemente conseguido retomas importantes, e que competem
pela pele acabada com o
calçado, tornando-a relativamente mais escassa
para este último.
A evolução futura não a
conhecemos, mas certamente que será, em boa
medida, determinada pela
conjugação dos factores
acima mencionados.
7
nacional
Descida da taxa social única de novo na agenda nacional
O ministro das Finanças,
Vítor Gaspar, voltou a
defender, publicamente,
que a descida da taxa
social única (TSU) é uma
possibilidade que será
avaliada caso haja margem orçamental para tal.
“Iremos avaliar a possibilidade de, no contexto do
Orçamento de 2013, efectuar uma redução específica da contribuição para
a segurança social pelos
empregadores como forma de estimular a criação
de emprego”, defendeu
Vítor Gaspar.
O ministro salientou
que as previsões da taxa
de desemprego de 15,5%
este ano e de 15,9% em
2013 “não têm em conta
essa medida”, mas referiu
que “esta medida está em
análise”.
Também o presidente
da CIP (Confederação
Empresarial de Portugal)
voltou a defender uma
redução da TSU a cargo
das empresas, salientando que isso poderia até
conduzir a aumentos nos
salários mais baixos.
“Tenho defendido que
o salário mínimo, que
todos reconhecemos que
é baixo, tem que ser aumentado mas não levando às empresas uma carga
salarial que as mesmas
não possam suportar”,
salientou António Saraiva
à margem da concertação
social.
O presidente da CIP
recordou que os trabalhadores com salário mínimo
acabam por receber 430
euros líquidos (depois dos
descontos) mas as “empresas têm que tirar das
suas caixas 730 euros”, já
que o salário é pago 14
vezes em 12 meses, sobre
o qual incide uma TSU
de 23,75% e seguros obrigatórios.
“Um trabalhador, recebendo 485 [euros], desconta e recebe 430 [mas]
à empresa custa-lhe 730
[euros]. Entre 430 que o
trabalhador leva para casa
e 730 que a empresa tem
de esforço de tesouraria,
há aqui campo para que
o trabalhador leve mais
dinheiro para casa e que
a empresa possa ter um
menor custo e que, por
essa via, possamos trazer
ao trabalho aqueles que
dele estão afastados”,
explicou o dirigente.
António Saraiva não quis
avançar valores concretos
mas diz que esta medida
teria que ser fiscalizada.
Saraiva salienta que em
causa não está um aumento do salário mínimo:
“Estou a dizer que aos
actuais valores do salário
mínimo é possível encontrar formas de o trabalhador levar mais salário
para casa e de as empresas verem reduzido esse
valor”, através da margem “em sede de TSU”,
explicou.
António Saraiva salientou que não foi discutida
qualquer redução da TSU
em concertação social
mas entende que medidas
nesse sentido podem ter
“efeitos benéficos”.
Para as empresas de calçado, a redução da Taxa
Social Única seria entendida como uma oportunidade de melhor a competitivade internacional do
sector. Para Pedro Castro, “mitigaria o aumento
de 23% do custo de mão-
de-obra ocorrido entre
2005 e 2011, grande parte
do qual politicamente
imposto”. O responsável
da Nova Aurora, admite,
que a alteração à TSU
poderá, no imediato, não
ter reflexos imediatos ao
nível da contratação de
novos colaboradores por
parte das empresas “mas
isso acontecerá se for
possível reduzir os preços de modo a aumentar
as exportações de forma
sustentável e não apenas
conjuntural”. Pedro Castro defende, ainda, que a
redução da TSU deverá
ser extensiva a todas as
empresas, de todos os
sectores de actividade,
na medida em que “muitas exportações não são
directamente facturadas
pelas empresas que as
produzem”. Assim, “se
a redução da TSU for
compensada pelo aumento de IVA, tal não afecta
as exportações (todo o
IVA suportado é recuperado), enquanto que
as empresas não exportadoras poderiam recuperar na TSU as margens
perdidas pela baixa de
preços que terão que
aceitar para acomodar
o acréscimo de IVA e
a (virtuosa) quebra da
procura interna”.
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9
nacional
Portugal precisa de um “novo modelo económico”
O Ministro da Economia no decorrer da visita à Procalçado
“Não tenho as mínimas
dúvidas de que vamos por
Portugal a crescer”. A
consideração é de Álvaro
Santos Silva, no decorrer
de uma visita que efectuou à Procalçado – Produtora de Componentes
para Calçado. Na óptica
do Ministro da Economia
e do Emprego, “estão
lançadas as principais
reformas estruturais” e
começa, paulatinamente, a impor-se “um novo
modelo económico”,
em Portugal, que passa
pela reindustrialização,
qualificação, exportação,
atração de investimento e
valorização do território.
“Agora que as principais
reformas estruturais já
estão no terreno é chegada a hora de lançar as
linhas de orientação de
um novo modelo económico para o país. Portugal precisa de se reindustrializar, Portugal precisa
de se qualificar e de
apostar na reabilitação do
ensino técnicoprofissional, Portugal precisa de
exportar mais, Portugal
precisa de voltar a investir e de atrair investimento, Portugal precisa de
poupar mais para investir
e Portugal precisa de
valorizar o seu território”,
sustentou Álvaro Santos
Pereira.
Destacou ainda a aprovação da nova lei da concorrência e a reestruturação
em curso do setor dos
transportes, que garante
ter evitado a morte de
muitas empresas, tecnicamente falidas, e permitirá
atingir o “equilíbrio operacional” da atividade “no
final deste ano”.
“Com todas estas reformas estruturais e com a
dinâmica do nosso tecido
empresarial - acrescentou
- não tenho as mínimas
dúvidas de que vamos por
Portugal a crescer”.
Entre as “reformas sem
precedentes” em curso,
Santos Pereira destacou
a “ambiciosa” reforma
laboral, a reforma do
licenciamento industrial
Zero, o novo código de
insolvências, o programa Revitalizar e o novo
processo extrajudicial de
conciliação de dívidas,
“que irá entrar em vigor
brevemente”.
Também destacada pelo
ministro foi a reforma do
capital de risco público, a
anunciar publicamente na
segunda-feira e que acabará com o capital “para os
amigos” ou com “motivações políticas”.
Portugal a
crescer
A visita do Ministro da
Economia à Procalçado
inseriu-se num programa
mais vasto que o Governo
está a levar a cabo, com
a designação “Portugal a
crescer”. Trata-se de uma
iniciativa de apresentação
e divulgação aos actores
económicos do país das
principais políticas ativas
de revitalização, internacionalização e financiamento das empresas e de
combate ao desemprego.
Desde 15 de Junho, de
norte a sul do país, foi
formatado um programa
de 8 eventos que procuram proporcionar espaços
de esclarecimento útil às
empresas e a organizações
profissionais sobre as
medidas e os instrumentos
disponíveis, ou em fase
de implementação, das
principais políticas ativas
da promoção da competitividade empresarial e do
emprego.
Álvaro Santos Pereira
salientou, por exemplo,
ter cortado “mais de dois
mil milhões de euros nas
rendas da energia” e ter
colocado os fundos comunitários “ao serviço da
economia”.
Como “principais desafios
de curto prazo” o governante apontou “a pronunciada
subida do desemprego e
as dificuldades de financiamento das empresas,
principalmente as PME”.
A este propósito, recordou
que o Governo “já garantiu
o alargamento” dos prazos
de reembolso das linhas
PME Investe, avançou
com uma linha PME
Crescimento com mais de
1.200 milhões de euros de
crédito concedido, está
“a trabalhar no reforço da
linha PME Crescimento”
e lançará “para a semana”
a linha BEI para o investimento produtivo.
Paralelamente, está “a
ultimar os fundos de reestruturação empresarial de
base regional, que serão na
ordem dos 110 milhões do
QREN, mais 110 milhões
de euros adicionais por
parte das instituições
financeiras”.
junho 2012
10
Grupo turco
compra
Lumberjack
Um grupo turco acaba de
adquirir a marca espanhola de calçado Lumberjack.
Segundo o Presidente do
grupo turco Ziylian, Mehmet Ziylian - que produz
anualmente nas 14 unidades
fabris 2,5 milhões de pares
de calçado e emprega 2.300
colaboradores - “este é o
primeiro passo que levará o
nosso grupo a estar presente
nos mercados internacionais”. Esta foi apenas a
primeira aquisição, mas em
vista poderá estar a compra
de “outras importantes marcas de calçado de renome
mundial”. Em 2013, o grupo
Ziylian espera facturar 250
milhões der euros com a
Lumberkack.
Gucci lança
linha de calçado
ecológico
A Gucci é a mais recente
marca de moda a desenhar
uma linha especial de calçado
ecológico. Frida Giannini,
diretora criativa da casa
italiana, segue os passos de
Stella McCartney e utiliza
plástico biodegradável ao
invés de pele ou couro para
criar sapatos com design e
eco-friendly.
O projeto faz parte do
compromisso assumido
pela Gucci na Copenhagen
Fashion Summit,
a mais importante
conferência mundial sobre
sustentabilidade e moda.
A coleção, apelidada
“Sustainable Soles”, inclui
apenas dois modelos até
ao momento - as bailarinas
“Marola Green” para mulher
e os ténis “California Green”
para homem - ambos
fabricados com bioplástico,
um material biodegradável
usado como alternativa
ao plástico usual. Este
material carateriza-se por
um processo de degradação
curto em comparação
com o plástico industrial
convencional e não produz
resíduos, minimizando o
impacto ambiental.
A Gucci pretende, assim,
interpretar de forma
responsável o desejo do
consumidor atual em
adquirir artigos de moda
sustentáveis, respeitando
sempre o equilíbrio entre
os valores intemporais de
estilo e máxima qualidade e
a crescente visão ecológica.
Skechers paga 39
milhões de euros
por publicidade
enganosa
Alguns consumidores nos
EUA queixaram-se que os
Skechers Shape Ups não ajudavam a tonificar os abdominais, tal como a publicidade da marca prometia.
A Comissão Federal de
Comércio norte-americana
vem agora dar razão aos
conumidores e exigiu que a
Skechers reembolse os consumidores - já que o único
peso que viram diminuir foi
o das suas carteiras. Segundo
o governo, aquilo que a empresa de sapatos está a fazer
é publicidade enganosa,
levando as pessoas a acreditar que em pouco tempo
podem ficar com um corpo
tão escultural como o de
Kim Kardashian ou Brooke
Burke, as celebridades que
deram a cara nos anúncios
da marca.
A Skechers nega as acusações e diz que não fez publicidade enganosa. Porém,
preferiu pagar as indemnizações aos clientes - cerca de
39 milhões de euros (35 milhões a clientes e 4milhões
em honorários a advogados).
David Vladeck, da associação de proteção do consumidor dos EUA, salienta que
a Skechers “meteu os pés
pelas mãos ao fazer afirmações não fundamentadas”.
Já no ano passado a Reebok
também pagou quase 20
milhões de euros em indemnizações pela mesma razão
(relativamente aos modelos
EasyTone e RunTone).
11
news
Grupo Inditex a grande velocidade
O grupo espanhol
Inditex, que detém
insígnias como Zara ou
Massimo Dutti, registou
um aumento de 30%
nos lucros do primeiro
trimestre do ano, para
os 432 milhões de euros,
alimentado pela sua
expansão internacional,
nomeadamente nos
mercados emergentes e
em particular na Ásia. Este resultado é bastante superior às expetativas do mercado,
na medida em que as
estimativas dos analistas Factset citados pelo
DowJones Newswires
apontavam para os 379
milhões de euros.
O volume de negócios
da Inditex, presente
em 85 países do mundo,
cresceu 15%, para os 3,41
mil milhões de euros,
enquanto o Ebidta subiu
27%, para os 764 milhões de euros.
“Durante este período,
abrimos 91 novas lojas, o
que elevou para as 5.618
no final do trimestre,
terminado a 30 de abril,
sob as marcas Zara (dois
terços das vendas), Pull
and Bear, Bershka ou
ainda Massimo Dutti”,
refere a Inditex em comunicado. Estas novas
aberturas ocorreram em
26 mercados diferentes,
entre os quais novos
países como a Geórgia, a
Bósnia e o Equador.
O grupo espanhol
apresentou em 2011 os
maiores lucros do setor,
o dobro da sua rival sueca H&M, graças à sua
estratégia de expansão
internacional, nomeadamente na Ásia. Aliás,
a sua mais emblemática
marca, a Zara, vai abrir
uma loja on-line para o
mercado chinês em setembro de 2012, refere o
comunicado. Atualmente, é possível comprar
artigos da marca através
do comércio eletrónico
em 16 países europeus,
no Japão e nos EUA.
A Inditex, que mantém
ainda uma parte da sua
produção e toda a parte
criativa em Espanha,
planeia ampliar a sua
sede em Arteixo, na
Galiza, acrescentando
70 mil metros quadrados
aos 90 mil existentes.
A operação representa
um investimento de 100
milhões de euros e permitirá a criação de 400
postos de trabalho.
Calçado de regresso
ao Reino Unido
A indústria de calçado da Grã-Bretanha está a
experimentar um “renascimento”, à medida que
as vendas de marcas de calçado tradicionais como
Tricker’s, Church s e Crockett & Jones têm aumentado anualmente nos grandes armazéns de luxo
como o Selfridges. “São marcas que representam
a qualidade e o talento. A qualidade do couro e da
costura é sempre excecional”, defendeu o gerente
de compras do Selfridges para calçado masculino,
Richard Sanderson.
“A utilização de métodos tradicionais de design é
muito apelativa para os visitantes internacionais,
que se sentem como se estivessem a comprar um
pouco da cultura britânica. Vemos os mercados
como a China, Nigéria e os nossos mais próximos
compradores europeus perguntarem especificamen-
te por este tipo de marca quando visitam as nossas
lojas”, revelou Sanderson.
A procura pelos tradicionais “brogues”, caracterizados pelos furos que adornam o sapato, tem feito
prosperar o negócio na Tricker’s, uma das últimas
fábricas de calçado na cidade inglesa de Northampton. A Tricker’s, fundada em 1829, produz 1.400
pares de sapatos por semana, 1.300 dos quais são
“brogues”.
Em torno da fábrica, os trabalhadores atendem
cuidadosamente a cada um dos 250 processos necessários ao fabrico de um par de sapatos. A fábrica
é uma pequena unidade de produção localizada no
centro da cidade e emprega cerca de 90 trabalhadores, muitos dos quais são residentes locais.
13
empresas
A elegância do mocassim chega à sala de cirurgia
Cruz de Pedra:
charme aos 70 anos
Nasceu há praticamente 70 anos e é umas das
empresas europeias de
referência na produção
de calçado de homem
de excelência. Depois de consolidada a
presença no exigente
mercado europeu, em
especial na Holanda,
Reino Unido ou Rússia, a Cruz de Pedra
prepara-se para enfrentar um novo desafio: o
mercado norte-americano.
“O mercado americano, pela sua importância, será estratégico
na afirmação da Cruz
de Pedra”, revelou Rui
Pontes. Para o responsável da empresa “o
mercado americano
está a mudar e procura
produtos sofisticados e de qualidade, já
que as mais de duas
décadas de produtos
«made in china» ar-
rastaram o comércio
retalhista americano
para uma espiral de
concorrência interna,
lançado o sector numa
corrida desenfreada
e incessante na busca
da melhor margem de
rentabilidade na venda
dos seus produtos,
tendo como resultado
notório a bipolarização
dos preços de retalho.”
“É importante ter
uma forte presença no
mercado europeu, mas
essa aposta terá forçosamente de ser complementada com uma
abordagem a novos
mercados”. Para que
isso aconteça, a participação em certames
profissionais como a
MICAM tem-se revelado “como fundamental no contacto tanto
com clientes habituais
como na abordagem a
novos mercados”.
A estratégia da Cruz
da Pedra assenta,
em primeiro lugar,
“na apresentação
de um produto de
excelência, a preços
altamente competitivos”. “Internamente
– explicou Rui Pontes – o grande desafio
que assumimos foi o
de produzir em alta
escala um tipo de
calçado que exige 185
operações manuais
distintas”. Trata-se
no essencial de “potenciar a associação
do ‘glamour’ do
‘handmade’ às operações industriais”.
Hoje, com apenas 80
colaboradores, a Cruz
de Pedra “consegue
produzir 600 pares
de calçado por dia,
consideravelmente
mais do que os nossos
principais concorrentes, em especial os
italianos”.
Para proporcionar aos
profissionais de saúde um
toque de estilo e elegância
no trabalho sem descurar as
normas técnicas e o conforto, a Wock® acaba de
lançar o primeiro mocassim
profissional do mundo.
A Wock®, marca internacional de calçado técnico
e profissional, alargou este
mês a sua gama com um
novo produto dedicado
aos profissionais de saúde
que privilegia a estética e
o conforto de utilização.
Anti-derrapante, respirável,
lavável a 90° e auto-clavável
a 134°, o Wock® Moc
responde a todas as necessidades específicas destes
profissionais e ao mesmo
tempo quebra a monotonia do calçado profissional
incorporando as intemporais linhas clássicas de um
mocassim.
De acordo com o responsável de Marketing da
Wock®, “O Wock® Moc
foi concebido para que os
profissionais de saúde possam conciliar o seu estilo
pessoal com as exigências
da profissão.
Este produto insere-se
numa lógica de expansão
e segmentação da marca,
que assim procura abranger
diferentes perfis de profissionais dentro do mesmo
sector.”
Disponível em sete cores
distintas e inteiramente
produzido em materiais
poliméricos, o mocassin
Wock® oferece frescura
graças aos orifícios de ventilação e à palmilha amovível
com tecnologia Coolmax. O
tecido desta palmilha mantém a humidade afastada do
pé, enquanto a sua estrutura
promove a circulação de ar
necessária para uma contínua secagem.
Para a empresa portuguesa
“O Wock® Moc é uma forma de criar conforto para
quem dedica a sua vida ao
conforto dos outros”.
15
mercados
Um problema chamado Espanha
Depois de meses de expectativa, Espanha acabou por
solicitar ajuda europeia para
refinanciar o sistema financeiro, num valor suficientemente elevado para garantir
a confiança no setor.
Segundo o Ministro da Economia espanhol, esse apoio
será dado sem condições
macroeconómicas, mas com
exigências sobre o saneamento do setor bancário.
“Há condições financeiras,
mas não há condições fiscais
ou económicas. Nada fora
do âmbito do setor financeiro. Há normativa de ajudas
públicas”, defendeu.
“Isto é um apoio financeiro
não tem a ver com resgate.
Isto é apoio que será dirigido
ao Fundo de Reestruturação
Ordenada Bancária que injetará o capital nas entidades
que o necessitem. Nem todas
as entidades financeiras necessitam de capital”, afirmou.
Principal parceiro
português
A Espanha continua a ser o
principal parceiro comercial
português (todos os sectores
da economia), tanto a nível
de importações como de
exportações, de acordo com
dados oficiais. Este pedido de
ajuda espanhol é, pois, uma
dificuldade adicional para as
empresas portuguesas.
As exportações portuguesas
de bens para Espanha, a 12.ª
maior economia mundial,
caíram quatro por cento nos
primeiros três meses do ano,
apesar de, em termos gerais,
terem crescido 11,6 por cento, segundo dados recentes
do Instituto Nacional de
Estatística (INE).
As vendas de bens para
Espanha representam 23
por cento das exportações
portuguesas, seguindo-se a
Alemanha (14 por cento), a
França (12 por cento) e Angola (5,5 por cento).
Ao contrário de todos os
principais destinos das exportações portuguesas, onde
houve uma variação positiva
nas vendas, para Espanha
registou-se uma contração de 2.677 milhões de euros no
primeiro trimestre de 2011
para 2.567 milhões este ano.
A situação espanhola está
a ser acompanhada, a par e
passo, em Portugal. “O que
acontecer de positivo em
Espanha é positivo para as
nossas empresas; o que acontecesse de menos positivo
em Espanha dificultaria a
vida das nossas empresa”,
defendeu Paulo Portas,
durante um discurso na conferência Portugal Global, na
Exponor.
Devido aos laços que ligam
as economias portuguesa e
espanhola, o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros referiu a necessidade
de se “estar ao lado de uma
solução que seja robusta para
Espanha”.
Durante a mesma intervenção, Paulo Portas destacou
que 2012 “é o ano mais duro”
para Portugal, mas deixou
um ponto positivo: «A boa
notícia é que metade do ano
já passou. Estamos a cumprir
os objetivos, a fazer as reformas e as mesmas instituições
que previam esta recessão são
aquelas que prevêem que em
2013 haverá uma viragem».
Espanha e o
sector do calçado
Para o sector de calçado,
Espanha é igualmente um
parceiro de excelência. Em
traços gerais, trata-se, em
volume, do primeiro mercado de destino das exportações de calçado. Com efeito,
em 2011, Portugal exportou
para Espanha 18,6 milhões
de pares de calçado, no valor
de 168 milhões de euros.
O momento atual do sector
é, assim, olhado pelas empresas com muita desconfiança.
Indústria espanhola espera crescer em 2012
A indústria espanhola de
calçado espera que 2012 seja
melhor do que 2011. Segundo um relatório do Inescop
divulgado pela Revista Del
Calzado, 78% das empresas
espanholas têm a expectativa
de que as exportações “possam aumentar ou, pelo menos, manter-se em 2012%”
No mesmo estudo, destaque para
o facto de 70% das empresas
considerar que os preços se mantêm em 2012 e 30% esperar um
acréscimo dos valores médios.
O número de colaboradores
por empresa deverá, igualmente, manter-se inalterado,
já que 89% das empresas
considera que a dimensão da
empresa manter-se-á inalterada este ano.
Os primeiros números
conhecidos das exportações
espanholas parecem validar
essa confiança. No início do
ano (dados de Janeiro), Espanha exportou 13 milhões de
pares de calçado, no valor de
185 milhões de euros. Relativamente ao ano anterior, há
a assinalar crescimentos de
38% e 13%, respectivamente,
em quantidade e em valor.
17
mercado
interno
Grupo Bata encerra lojas em Portugal
O Grupo BATA vai encerrar
a rede de 29 lojas em Portugal até Setembro próximo.
Segundo a empresa, foi
decidido “restruturar a rede
de lojas a retalho em Portugal”. A multinacional, com
sede em Espanha, acrescenta
ainda que, ao longo dos últimos três anos, “tem vindo a
investir milhões de euros na
reestruturação da empresa,
para a tornar mais sustentável e lucrativa”.
Contudo, “o clima económico
no país tornou-se extremamente difícil, deteriorando
a confiança dos consumidores bem como o seu poder
de compra”, o que “tornou
impraticável a continuação da
Bata em Portugal, como vinha
acontecendo até aqui”.
O esclarecimento da multinacional termina dizendo
que “continua a avaliar a
situação económica e em-
presarial em Portugal de
modo a identificar o melhor
modelo para manter a sua
presença neste mercado,
num futuro próximo”.
Actualmente, a Bata dá
emprego a um milhão de
pessoas em todo o mundo,
40.000 pessoas, diretamente
na rede de 4600 lojas próprias em 50 países.
A Bata possui, ainda, 40
unidades de produção em 26
países.
19
blogosfera
Bruno Rosa, Janela Urbana
Como nasceu o blogue
“Janela Urbana”?
O site Janela Urbana nasceu
da vontade de dois amigos
criarem algo diferente, uma
esfera muito particular de
informação. Depois, em
2005, quando foi renomeado para Janela Urbana, já
tendo eu a autoria do projecto, a vontade continuava,
agora somente ligado à cultura, em especial, às áreas
da moda, música e design.
O que torna o seu blogue
num dos melhores da
actualidade?
Provavelmente, e respondendo de uma perspectiva
muito pessoal, creio que
seja a minha vontade diária de manter os nossos
leitores informados sobre
cena cultural portuguesa e
no mundo. A explosão de
criatividade que hoje em dia
se sente e dispersa-se muito
rapidamente à frente dos
nossos olhos é imperativa
de se documentar e nós fazemos o nosso melhor para,
de uma forma muito pequenina de acordo com o gigante globo, registar um pouco
desse maranhal de informação. Mais recentemente, o
reconhecimento através de
uma nomeação para “Melhor Comunicação Digital”
nos Fashion Awards veio
provar a sua pergunta.
Acha que a moda portuguesa tem evoluído nos
últimos anos?
A moda portuguesa, na
minha opinião, evolui com
o resto do mundo. Já não
estamos tão à parte quanto
antigamente. O acesso à
informação e a facilidade
de divulgação hoje em dia
é realizado num ápice, pelo
que, cada criador/marca tem
todas as ferramentas para
crescer e evoluir à escala
global.
Quais são os seus criadores de eleição?
Ora bem, nacionais, tenho os
olhos bem abertos para Os
Burgueses e sigo com curiosidade os Marques e Almeida.
Internacionalmente, tenho
um deleite especial por Ermenegildo Zegna, na sua linha
ZZegna.
Que opinião tem do sector
de calçado em Portugal?
Tenho alguns pares de sapatos portugueses, feitos em
Portugal, e esses mesmos pares que detenho comprovam a
minha crença na qualidade do
nosso mercado. Infelizmente,
assisto às vezes ao receio (internacional) quanto ao marcador “made in Portugal”. Acho
da maior importância relativizar esse receio transformando
este tão importante sector
português num dos mais importantes a nível mundial. Da
minha parte, no pouco que
faço com a Janela Urbana,
tento levar um pouco o nome
e o “made in Portugal” aonde
quer que vá...
No essencial, acha que o
calçado português tem
uma boa imagem?
Recentemente tomei conhecimento de uma marca de
calçado, criada por um português, que apesar de saber
e acreditar na qualidade do
calçado feito em Portugal,
preferiu, por uma questão de
marketing, produzi-lo noutro
país... Ou seja, uma vez mais,
sublinho que é imperativo
tentarmos mudar essa imagem internacionalmente para
que portugueses e outros, não
tenham receio de produzir
calçado cá.
Quais são as suas marcas
de calçado preferidas?
Portuguesas, gosto muito
da Goldmud e da Cubanas.
Estrangeiras, gosto muito do
calçado da Feiyue.
Nasceu há já dez anos e é hoje um dos bloguers nacionais
de referência. Janela Urbana, Inicialmente baptizada
de “Xfera”, introduziu no universo digital português o
conceito de esfera cultural tecnológica e apresenta-se
então um “órgão digital de comunicação” que aborda os
temas mais actuais, nas áreas da moda, do design, música…
com voz própria e uma visão singular. O Jornal da
APICCAPS conversou com o seu mentor, Bruno Rosa.
21
local
Uma nova Oliva para alavancar indústrias criativas
Daqui a um ano estará
de portas abertas a Oliva
Creative Factory, em São
João da Madeira.Aproveitando as instalações
da antiga metalúrgica, o
município vai dar vida a
um projecto de incentivo
às indústrias culturais e
aos negócios criativos. O
projecto está a despertar o
interesse de universidades
a até Serralves surge como
parceiro.
“S. João da Madeira tem
todas as condições para
ser uma cidade criativa.
Tem dinamismo, ambição
e espaços apropriados que
não tínhamos até agora”,
sublinhou o presidente
da Câmara de S. João da
Madeira, Castro Almeida.
O projecto consolida
também um «cluster» que
envolve os municípios de
S. João da Madeira, Santa
Maria da Feira, Santo
Tirso e Paredes. “Isto não
é um projecto para S. João
da Madeira, é um projecto
para o país em S. João da
Madeira”, frisou Castro
Almeida.
“É muito importante que
aliemos a criatividade às
nossas indústrias tradicionais, como o calçado,
o têxtil ou o mobiliário”,
referiu.
A Oliva Creative Factory
é um projecto que ambiciona transformar a antiga
metalúrgica num pólo
de indústrias criativas. A
intervenção cumpre duas
funções: revitalizar a Oliva,
que foi uma fábrica de referência; e, por outro lado,
dar uma oportunidade aos
criadores da região Norte.
“Este espaço terá boas condições de trabalho para eles
transformarem a sua criação em negócios que sejam
rentáveis, criem riqueza,
valor e emprego”, acrescentou Castro Almeida.
Além das empresas, haverá na Oliva Creative Factory uma ala dedicada às
artes, a qual contará com
uma exposição permanente de arte contemporânea,
com exposições temporárias, com uma escola de
dança, com oficinas de
restauro e com uma sala
de ensaios.
foto: rui guilherme/labor
O empreendimento irá
articular-se com a Casa
das Artes e da Criatividade, que ganha forma no
edifício do antigo Cinema
Imperador, transformando-se assim num espaço
multifacetado para a realização de diferentes tipos
de espectáculos e outros
eventos na área da criação
artística.
Fundada em 31 de Julho
de 1925, sob a liderança
do empresário António
José Pinto de Oliveira, a
Oliva acabou por marcar
a vida de várias gerações,
afirmando-se como um
marco na história económica e social de S. João
da Madeira e do país. Aí
foram fabricadas, por
exemplo, as populares máquinas de costura Oliva.
A nova Oliva deverá ficar pronto no próximo ano
junho 2012
22
responsabi
Felgueiras deu
“Corda aos Sapatos”
“Dar corda aos sapatos”. Este foi o nome da
iniciativa que animou a cidade de Felgueiras no
final de Maio. A organização da acção surgiu
numa lógica de despertar a consciência das pessoas e instituições para a importância do sector do
calçado no concelho de Felgueiras.
A acção coorganizada pela Paróquia de Margaride, Câmara Municipal de Felgueiras, ACLEM
- Arte Cultura e Lazer E.M., EPF - Escola Profissional de Felgueiras, AEF - Associação Empresarial de Felgueiras e APICCAPS traduziu-se na
realização de várias iniciativas complementares,
como a realização de um simpósio de pintura, um
arraial popular e a apresentação de um documentário intitulado ‘Ofício de Sapateiro’.
Destaque para a estreia da peça de teatro, “A
menina dos sapatos de Corda”, na Casa das Artes
e de um jantar de homenagem aos industriais de
calçado, com a presença do Bispo do Porto,
D. Manuel Clemente.
Os sapatos como obras de arte
Umas das iniciativas
de franco destaque da
primeira edição da “Dar
Corda aos Sapatos” consistiu na transformação
de sapatos usados, uma
proposta da organização
acolhida desde os agrupamentos de escolas
do concelho, à Escola
Profissional de Felgueiras, passando pela
Universidade Sénior (de
Felgueiras e da Lixa) e
as crianças que frequentam a catequese paroquial de Margaride.
Esta acção teve como
finalidade envolver um
grande número de pessoas, sobretudo os mais
novos, a transformar
um par de sapatos que
já não usam em objectos
artísticos.
Outro trabalho curioso
desenvolvido denominou-se “Uma forma,
muitos sapatos”. Nesta
acção, os participantes
produziram uma série
de formas, acima do
tamanho 100, em vários
materiais (ferro, esferovite, madeira, pvc…)
posteriormente pintadas pelos artistas plásticos - Alberto Péssimo,
José Emídio e Carlos
dos Reis, durante o simpósio. Estes trabalhos
ficarão expostos na sede
de algumas instituições
felgueirenses, fábricas
de calçado, etc.
Também foi promovido
um concurso de fotografia. Uma iniciativa
que pretendeu permitir
aos participantes descobrir pessoas, objectos,
lugares, modos de fazer
e memórias ligadas à
indústria de calçado no
concelho de Felgueiras, e
desenvolver o espírito de
curiosidade e invenção.
23
ilidade social
Bispo do Porto
homenageia
industriais de calçado
O Bispo do Porto homenageou, no âmbito da iniciativa “Dar Corda aos Sapatos” os industriais de
calçado de Felgueiras. Para D. Manuel Clemente, “a
economia local depende, mais do que nunca, da coragem e do dinamismo dos empresários”.
Na óptica do Bispo do Porto, “nunca como agora,
estivemos tão dependentes de factores externos”.
Por esse motivo, o sector industrial assume uma
importância acrescida, de forma a “garantir o futuro,
em especial das novas gerações”. “Os empresários de
calçado têm feito um trabalho notável”, sublinhou.
Na mesma linha de pensamento, o Presidente da
Câmara de Felgueiras, Inácio Ribeiro, recordou que
“não há democracia mais perfeita do que a democracia a funcionar”. O sector de calçado é, nesse domínio, um exemplo para a economia e para o país. “É o
sector que mais depressa interpretou os desafios do
mercado e aquele que, actualmente, mais positivamente contribui para a balança comercial portuguesa”, um saldo positivo que ascende a 1000 milhões de
euros anuais.
O Presidente da APICCAPS, Fortunato Frederico,
recordou “a importância do sector do calçado para a
economia portuguesa, em especial os 1500 milhões
euros anuais exportados para praticamente todo o
mundo e os mais de 30 mil postos de trabalho do
sector”. Sublinhando os méritos do sector em Felgueiras, destacou “grande sentido de empreendedorismo e inovação que fazem do sector de calçado em
Felgueiras uma referência no plano internacional”.
Felgueiras lidera
nas exportações
Felgueiras é um dos principais pólos produtivos do
sector português de calçado. Ao nível das exportações, assume mesmo a liderança. Segundo dados da
APICCAPS, em 2010, Felgueiras respondia por 431
milhões dos 1295 totais exportados pelo sector. Uma
quota muito relevante, substancialmente superior,
por exemplo a Santa Maria da Feira (140 milhões) ou
Guimarães (15 milhões).
Ao nível dos colaboradores das empresas, Felgueiras
volta a liderar, sendo responsável por 1/3 de todos os
trabalhadores da indústria portuguesa de calçado,
sensivelmente 11 mil.

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