INSPIRAÇÃO BIÔNICA DA FLOR ZANTEDESCHIA APLICADA AO

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INSPIRAÇÃO BIÔNICA DA FLOR ZANTEDESCHIA APLICADA AO
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INSPIRAÇÃO BIÔNICA DA FLOR ZANTEDESCHIA APLICADA AO DESIGN DE
CALÇADOS FEMININOS
BIOINSPIRATION OF ZANTEDESCHIA FLOWER APPLIED ON WOMEN SHOES
DESIGN
Roberta Cichoski1
Zusana Funk2
Resumo
Este artigo tem por objetivo mostrar como a biônica aplicada à flor Zantedeschia, popularmente
conhecida como Copo-de-leite colorido, pode servir de inspiração, por meio da observação
macroscópica de suas formas e através de pesquisa realizada por meio de levantamento de
material fotográfico, para a criação de um calçado voltado para o público feminino destinado a
ocasiões festivas. Para tanto se realizou um estudo e definição da biônica, análise, definição e
aplicação da biônica a referida flor, estudo de cores e formas e um breve relato histórico do
design de sapatos e sua importância e significado para a humanidade ao longo do tempo, com
ênfase no modelo e público escolhidos para a posterior criação do produto. Em seguida, com
base nos dados levantados, foram elaborados croquis, ou rascunhos iniciais, vetorização
simplificada das formas da planta e posteriormente vetorização do modelo final do calçado.
Palavras chave: Biônica; Zantedeschia; Design de Sapatos.
Abstract
This article aims to show how the bionic applied to Zantedeschia flower, popularly known as
Calla Lily, can serve as an inspiration through the macroscopic observation of its forms and by
the research performed through the lifting of photographic material, to create a shoe facing the
female audience intended for festive occasions. For that we conducted a study and definition of
bionics, analysis, definition and implementation of the bionics on this flower, study of colors
and shapes and a brief historical account of the shoe design and its importance and significance
to humanity over time, with emphasis on the target and model chosen for this product creation.
Then, based on the data collected, were drawn initial sketches, the simplified flower vector and
subsequently the final vector of the model shoe.
Keywords: Bionic; Zantedeschia; Shoe Design.
1
CICHOSKI, Roberta. Bacharel em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda; UPF/Passo Fundo. Pósgraduanda em Design, Tecnologia e Processo Criativo; FAE. E-mail: [email protected]
2
FUNK, Suzana. Mestre em Design, UFRGS.
2
1.
Introdução
Tudo o que se vê, sente e vivencia pode servir de inspiração para a criação de algo novo.
A beleza e o frescor da criação estão na capacidade de transformar e reinventar o que está dentro
e ao redor de quem cria e, durante esse processo, não há fonte mais vasta onde se possa beber
do que o meio onde se vive e suas cores, formas e propriedades. Farina (2006) relata que o
homem sempre teve a preocupação e o desejo de reproduzir em suas criações o colorido da
natureza e que esta necessidade básica compreende não somente o sentido psicológico, mas
também cultural.
Na natureza e seus milhões de anos de evolução e experimentação, estão contidos nosso
sustento, proteção e, mesmo que de forma não tão aparente, a solução para uma série de
problemas do cotidiano humano. Pelo seu poder de se adaptar as transformações do mundo, da
raça humana e da evolução tecnológica, seus mecanismos surpreendentes de sobrevivência,
renovação e conservação, a forma como gera energia e como se protege e move o meio ambiente
e os seres que deles fazem parte, são vida e inspiração, e é por isso que a biônica tem sido tão
utilizada e explorada para o desenvolvimento de novos produtos e é ela que serve de ponto de
partida para a realização deste trabalho.
Através do estudo, definição e análise da biônica e da biônica aplicada ao elemento
natural pertencente à família das flores, conhecido com Copo-de-leite colorido, este artigo tem
por objetivo estudar e analisar a planta e suas características, significados, formas e cores a fim
de que sejam utilizados como inspiração principal para a posterior criação de um calçado
voltado para o público feminino e mais especificamente, voltado para ocasiões festivas.
Mesmo sendo uma das partes mais sensíveis, o pé, que é relativamente pequeno se
comparado ao restante do nosso corpo, é possivelmente a parte mais utilizada de nossa estrutura,
pois, passamos o equivalente a 33% (trinta e três por cento) de nossas vidas sobre eles,
exercendo pressão, estando ou não em movimento e é por isso que um sapato, principalmente
feminino, merece uma atenção especial e um diferencial. (CHOKLAT, 2012, pg 30)
Sendo assim, através do estudo da planta Copo-de-leite colorido e da aplicação da
biônica à suas formas e do estudo do design de sapatos e sua importância histórica e social no
universo feminino este artigo descreve o estudo e o processo realizado para a criação do referido
produto, que antes de tudo, tem por objetivo manter a delicadeza das formas e cores da flor
estudada.
3
2.
Biônica: inspiração vinda da natureza
Mesmo levando-se em conta a genialidade humana, em suas criações e invenções, o
homem nunca irá superar em termos de beleza e economia o que já pode ser encontrado na
natureza (VINCI, 2004), e, indo de encontro a esse pensamento Benyus (1997) afirma que tudo
o que foi inventado pelo homem já existe na natureza com aparência mais elegante e a preços
mais baixos para o meio ambiente.
É certo que desde os tempos primitivos a raça humana já utilizava, mesmo que de forma
instintiva, a observação da natureza em sua forma, beleza e propriedades para o
desenvolvimento de produtos e ferramentas que tornassem possíveis soluções de problemas
cotidianos. A biônica, ciência que estuda os processos biológicos dos seres vivos, em amplitude
macro ou microscópica, com o objetivo de encontrar soluções para problemas técnicos, veem
aprofundar e revisitar o que vem sendo feito desde os tempos mais remotos: utilizar o que a
natureza tem de melhor a favor do bem estar humano.
Para Hsuan-na (2002), a biônica não objetiva simplesmente imitar, mas sim assimilar
formal, estrutural e funcionalmente modelos biológicos, explorando suas essências por meio da
leitura e compreensão para o desenvolvimento de novos objetos. É a inspiração na natureza e
não simplesmente uma reprodução, inspiração essa que pode estender-se desde a produção em
massa de repelentes de água inspirados, por exemplo, na flor de Lótus até o minimalismo da
junção da textura, cor e forma desta mesma flor para criação de peças de design, como
luminárias, joias e sapatos.
A inovação para o desenvolvimento de novos produtos, então, está ao alcance das mãos
e olhos da humanidade, esperando apenas para ser analisada e utilizada de novas maneiras: “O
olho, que é chamado de a janela da alma, é o principal meio pelo qual a compreensão pode mais
plena e abundantemente apreciar as infinitas obras da natureza.” (VINCI, 2004, p.17). Em
concordância com essa afirmação Benyus (1997) conclui que ao imitarmos o que existe de
melhor e mais inteligente na natureza acabamos por nos tornar mais parecidos com o nosso
objeto de admiração.
2.1
Biônica aplicada a Zantedeschia, ou flor Copo-de-leite colorido
Blünche (2009) relembra a lendária pregação da flor, feita por Buda, em que o mesmo
passou ensinamentos a seus adeptos sem pronunciar uma só palavra, apenas mostrando-lhes
uma flor, para o autor, esta teria sido a maneira mais singela que Buda encontrou para explicar
4
que na estrutura daquela pequena flor estão representadas todas as formas de vida e da
imensidão do cosmos.
As flores são fonte inesgotável de inspiração, estão presentes nas casas, na estamparia
de roupas e móveis, nas pinturas dos mais famosos artistas - a despeito dos quadros da série
Nenúfares, ícones do impressionista Claude Monet -, em componentes de remédios e chás, na
essência de cosméticos e produtos de limpeza e uma série de outros produtos e elementos
aplicados ou não a biônica.
O Copo-de-leite pertence à família Araceae, é uma planta muita apreciada na
composição de arranjos florais e jardins e costuma crescer em touceira com folhas verdes
brilhantes e inflorescência formada por espata e espádice. (Almeida & Paiva, 2005).
A Zantedeschia, conhecida como flor de Calla ou mais popularmente chamada pelo
nome de Copo-de-leite colorido, aplicada à biônica, serviu de inspiração para o
desenvolvimento deste trabalho. Ao estudar essa planta Felippe (2009) afirma que em alguns
países como a África do Sul, de onde se origina, essa flor é símbolo de pureza e item
indispensável nos buquês de noivas. Ela surgiu do cruzamento do Copo-de-leite (Zantedeschia
aethiopica (L.) Sprengel), que originalmente é de cor branca, com outras espécies de flores
dando origem a espatas em tons de amarelo, vermelho, rosa, laranja e roxo. Esta flor também
tem sido utilizada em buquês de noivas no Brasil atualmente, não somente pelo efeito estético
que causa, mas pela firmeza de seu caule, durabilidade, refinamento e variedade de cores.
Ainda segundo Felippe (2009), o nome científico desta flor – provavelmente uma das
poucas da família das plantas venenosas e considerada uma praga e mesmo assim é vendida
como planta ornamental - foi dado pelo botânico alemão Kurt Sprengel em homenagem ao
amigo italiano, com quem se correspondia por meio de cartas, Giovanni Zantedeschi, médico,
cirurgião e professor apaixonado por botânica.
A cor da flor escolhida para o desenvolvimento do produto foi a Calla vermelha, em
função do valor representativo de suas cores principais: o vermelho e o verde. De acordo com
Farina (2006) o vermelho é a primeira de todas as cores, uma cor quente e excitante para o olhar
que remete a comemoração e festividade, é a cor da atração e da sedução, a cor arquetípica dos
tabus e das transgressões. Já com relação ao verde o autor afirma ser uma cor que remete a
calma e ao frescor, a amizade, esperança e equilíbrio, sendo a cor que mais representa a ecologia
e a natureza. Almeja-se pela mistura destas duas cores não descaracterizar a planta e trazer a
mistura do calor e do frescor, da excitação e calma e da festividade com o entrosamento com a
natureza. É curioso citar que, ainda no que se refere à cor, Blünche (2009) ressalta o fato de que
em algumas tribos de florestas tropicais sul-americanas existem mais de cinquenta palavras
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diferentes para denominar as nuances de verde, nenhuma delas nomeando a cor de forma
específica. Para eles cada uma das nuances tem sua importância e deve ser tratada de forma
distinta e não percebida de forma coletiva, assim como se deve tratar as pessoas e a natureza.
Para a observação das formas da Zantedeschia e posterior criação do produto, foram
efetuadas pesquisa e coleta de material fotográfico objetivando a visualização e demonstração
das formas, ângulos e cores em amplitude macroscópica da chamada flor de Calla vermelha,
de coloração obtida por manipulação em laboratório e com processo de alteração genética,
abaixo representada nas respectivas Figura 01 e Figura 02.
Figura 01: Análise macroscópica lateral da planta Zantedeschia
Fonte: (KELLEY, 2013)
Figura 02: Análise macroscópica superior da planta Zantedeschia
Fonte: (WHATA, 2013)
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3.
Design de Sapatos
Os sapatos podem ser capazes de mudar a postura, definir um estilo, conferir leveza ou
proteção e até mesmo indicar uma situação ou classe social. Caminhar sempre foi um ato natural
e inerente ao ser humano e manter os pés resguardados nesse processo é essencial, mas, cada
vez mais distante do propósito de conferir proteção e conforto, o sapato, principalmente
feminino, tem se tornado um objeto de desejo usado até mesmo como arma de sedução ou como
ponto de destaque em um visual. Na opinião de O’Keeffe (1996) os sapatos sempre refletiram
o status social de quem os calça.
Choklat (2012) descreve o design de sapatos como um dos mais antigos ofícios do
homem. Tendo por função básica a proteção dos pés. Essa peça indispensável está presente
desde os tempos mais primitivos, contando que provas indiretas de sua existência remontam de
quarenta mil anos atrás, onde esqueletos apresentavam estrutura óssea do dedo mínimo
modificada, muito provavelmente em função da utilização de proteção nos pés. Ainda
preservados, os modelos mais antigos de calçados possuem cerca de nove mil e quinhentos
anos, sendo estes modelos feitos a partir de cordas trançadas em modelos baixos e fechados,
mas surpreendentemente modernos.
Ainda segundo Choklat (2012), o estudo histórico dos sapatos é essencial para que
possamos entender, através de seu significado cultural, como a história foi evoluindo através
de suas diferentes técnicas de confecção e modelos, sendo ainda mais importante para quem
deseja seguir esse ofício, tornando-se um designer de sapatos melhor.
Para O’Keeffe (1996) os sapatos representam um impulso de mudança onde se almeja
deixar o passado para trás rumo ao futuro. Hoje, esses adornos femininos, que no passado eram
mantidos escondidos embaixo de uma série de camadas de tecido de saiotes, estão cada vez
mais aparentes e extremamente reveladores. Cada vez mais sedutores aos olhos femininos os
sapatos são sempre alvos do desejo de consumo e acabam virando verdadeiras coleções onde
mais e mais pares se acumulam, mesmo que muitas vezes nem venham a ser utilizados e
raramente são descartados, pois bem se sabe que engordando ou não a calça favorita pode não
mais entrar, mas o calçado sempre há de servir. A autora ainda afirma que:
“Os olhos podem bem ser as janelas da alma, mas os sapatos são a entrada para a mente
feminina.” (O’KEEFFE, 1996, p.12)
Inicialmente os sapatos de salto alto eram usados tanto por homens quanto por mulheres,
mas, com o passar dos anos e com a subjugação da moda masculina tornaram-se um item
representativo de feminilidade e associado apenas às mulheres. (STEELE, 1997,105).
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Seguindo a proposta de não descaracterização da Zantedeschia, o modelo de sapato
escolhido para o desenvolvimento deste trabalho foi o stiletto que é constituído por um salto
alto e fino. Este sapato surgiu logo após a Segunda Guerra Mundial e lembra o formato do caule
da planta estudada. Museum (2010) destaca que o nome “stilleto” significa estaca ou alfinete e
é derivado do latim. Desde o seu surgimento, o stiletto é considerado como objeto de desejo da
femme fatale no âmbito profissional ou íntimo, pelo efeito ótico de encompridar e afinar as
pernas e enfatizar o busto e o quadril tornando as formas femininas ainda mais interessantes,
sendo assim a escolha mais apropriada para mulheres que desejam se destacar e diferenciar,
principalmente em ocasiões festivas, afinal, ainda de acordo com Museum (2010) o sapato
adequado pode conferir até mais do que destaque, mas pode ser mágico.
4.
Desenvolvimento do produto
O estudo e observação da biônica, da Calla colorida e do design de sapatos permitiram
uma melhor delimitação sobre os objetivos de se criar um sapato inspirado nas formas de uma
flor. A Zantedeschia é uma flor venenosa e delicada ao mesmo tempo, como citado
anteriormente, possui uma gama de cores vibrantes, é uma planta cheia de contrastes de cor e
de significado e por isso mesmo, nada melhor do que um modelo que mescle estes contrastes
como é o caso do stilleto. Tido como uma arma de sedução, este tipo de sapato é composto por
um salto extremamente fino que aparentemente parece ser muito delicado, mas tem que ser
forte o suficiente para sustentar uma mulher de opiniões igualmente fortes.
Chokat (2012) define o cabedal como a junção das peças que costuradas formam toda a
parte do sapato que se encontra acima da sola. O objetivo principal do desenvolvimento deste
sapato é a ênfase na forma da flor, então, foi estruturado de maneira a dar a ilusão de que a
mulher que os utiliza-se estivesse realmente “calçando” uma flor. A fim de chegar ao efeito
desejado, um estudo de materiais e tendências apontou que a utilização de uma tela na cor nude
(denominada como a cor que mais se aproxima da pele humana, neste caso, da tez de mulheres
alvas), na parte lateral do cabedal, imitaria o tom da pele e criaria a ilusão de continuação e
alongamento das pernas e da silhueta feminina, parecendo transparente quando vista de longe,
essa tela conta com um reforço de uma borda em couro da mesma cor, situada em todo seu
entorno. Já na parte frontal e traseira do cabedal, seguindo a cor da flor analisada, o material
escolhido foi a camurça vermelha, uma pele animal curtida que além de possuir uma textura
aveludada, que lembra a suavidade da flor de Calla, é leve, flexível e macia, permitindo, através
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de corte a laser, o caimento necessário para que fique no formato ondulado característico das
laterais de sua espata.
No que se refere ao salto, Choklat (2012) descreve-o como a peça de material rígido, de
plástico duro, revestido ou não de couro, responsável pelo apoio elevado do sapato que fica
colado na parte traseira do pé. Para esta parte do stilleto, ainda no intuito de manter a forma
original da planta, o material escolhido foi o plástico verde, sem forração em couro, a fim de
preservar o brilho característico do material, também presente no caule. O mesmo material e
cor foi empregado na sola, que é a parte do calçado que toca o chão. O solado, que durante
alguns anos permaneceu escondido e pouco valorizado, aqui também ganha cor e destaque
como vem acontecendo nas mais diversas marcas desde que Christian Louboutin, designer
francês de calçados, imprimiu como sua assinatura os solados tingidos de vermelho vivo,
inspirando-se talvez em fatos históricos como os que O’ Keeffe (1996) relata a exemplo da
imponência das sandálias com solado de ouro das imperatrizes romanas e os saltos vermelhos
dos sapatos da corte de Luís XIV.
Na calcanheira, que é a superfície interior do sapato que toca a sola do pé, a cor
empregada também foi o nude para conferir suavidade, permitindo que não destoasse e nem se
tornasse visível na lateral do cabedal quando o sapato estivesse sendo calçado. Nela também
foi aplicada a marca desenvolvida.
Choklat (2012) define o contraforte como a parte responsável pela preservação do salto
e por ajudar a manter o calcanhar do pé no lugar correto ao ser calçado, no sapato desenvolvido
o material utilizado no contraforte foi o couro na cor vermelha. Para seguir o padrão da flor, foi
introduzida uma proteção em couro, na cor amarela, com estofamento interno, para conferir
proteção ao calcanhar e também para representar a espádice do Copo-de-leite colorido.
As demais partes do stiletto, que normalmente não são aparentes, como forro – que
mantem fixas as partes internas do cabedal –, a biqueira – responsável por manter o formato e
a altura da parte frontal do sapato –, a alma – peça ligada a placa da entressola que serve de
apoio entre o metatarso e o salto – e a palmilha – onde o cabedal fica atrelado –, seguem todos
o padrão utilizado para a confecção deste modelo de sapato, sendo confeccionados
respectivamente por pelica, couro, tira de aço e placa de celulose.
4.1
Croquis
Para o desenvolvimento dos esboços iniciais os materiais utilizados foram papel para
croquis 41g/m² no formato A4, lápis grafite HB/nº2 e lápis esfumaçador para desenho. Os
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desenhos foram sempre iniciados tomando por base a forma do elemento estudado como pode
ser observado na Figura 03.
Na fase de refinamento foram desenhadas Zantedeschias em toda sua gama de cores,
para isso o material utilizado foi papel para desenho 140g/m² no formato A4, lápis grafite
HB/nº2 e lápis de cor nas cores amarelo, vermelho, rosa, laranja, roxo e preto, afim de que a
cor final fosse escolhida em definitivo, pois segundo Farina (2006), a importância da cor no
processo de criação justifica-se por ser a alma do design estando profundamente interligada as
emoções humanas, impressionando, expressando e construindo linguagem própria para a
comunicação de uma ideia.
O desenho e a cor escolhidos estão representados na Figura 04. Já na Figura 05 encontrase representado o modelo final do calçado, ainda em papel para desenho 140g/m² no formato
A4, desenhado com lápis grafite HB/nº2 e colorido com pincéis de cerda sintética, ponta macia
e arredondada 285 nos números 04 e 08 e tinta guache.
Figura 03: Croqui grafite sobre papel do sapato feminino com inspiração biônica na Zantedeschia, visão lateral
Fonte: Imagem desenvolvida pela autora
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Figura 04: Croqui a grafite sobre papel, colorido com lápis de cor. Zantedeschia, visão lateral
Fonte: Imagem desenvolvida pela autora
Figura 05: Croqui a grafite sobre papel, colorido com tinta guache do sapato feminino com inspiração biônica na
Zantedeschia, visão lateral
Fonte: Imagem desenvolvida pela autora
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4.2 Vetorização
A forma vetorial do modelo final do croqui e a criação e aplicação da marca foram
realizadas através dos programas CorelDraw e Adobe Photoshop, foram desenvolvidos
através destes programas três vistas diferentes do calçado. Na Figura 06 está representada a
vista lateral e na Figura 07, as visões frontal e traseira, respectivamente.
Figura 06: Vetorização do sapato feminino com inspiração biônica na Zantedeschia, visão lateral
Fonte: Imagem desenvolvida pela autora
Figura 07: Vetorização do sapato feminino com inspiração biônica na Zantedeschia, visão frontal e visão traseira
Fonte: Imagem desenvolvida pela autora
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5.
Considerações finais
Desde o período pré-histórico o homem sempre se utilizou das cores, formas,
propriedades e elementos da natureza como fonte de sobrevivência, proteção, cura e até mesmo
de ornamentação e assim como a humanidade evoluiu a maneira como percebe, estuda e se
utiliza da natureza evoluiu com ela proporcionalmente. Isso pode ser observado por meio das
criações advindas do estudo da biônica, onde a natureza não serve somente como fonte de
matéria prima para a produção, mas como inspiração para tal.
Vinci (2004) relata o quão abundante é a natureza, que possui tamanha variedade, que
nem mesmo comparando árvores da mesma espécie pode-se encontrar uma que se pareça
totalmente com a outra, não só em aspectos gerais, mas analisando separadamente seus galhos,
frutos e folhas. Essa é a beleza e a importância da natureza como base para a criação e inovação
dos produtos, e essa é a forma pela qual o homem pode realizar seu eterno desejo de imitar a
natureza que o cerca e também o objetivo e o ponto de partida deste estudo.
Esse trabalho buscou enaltecer a beleza da flor Zantedeschia, aplicando, por meio da
biônica e do design de sapatos, suas formas e colorido na criação de um calçado voltado a
ocasiões festivas e o público feminino, tomando por base não somente suas propriedades, mas
também seu significado cultural e psicológico.
Através desse estudo pode ser reafirmada a vontade de trazer a beleza dos elementos
naturais para a criação e desenvolvimento de novos elementos, utilizando as flores que desde
sempre trouxeram perfume e beleza, e são de importância ainda maior para as mulheres,
fazendo assim com que estejam presentes em momentos especiais, não apenas em forma de
buquês de noivas em casamentos, que por mais belos que sejam são perecíveis, mas também
em sapatos que são outro alvo de fascínio deste público e terão uma vida útil muito maior.
Benyus (1997) afirma que, embutida na criação de cada designer se encontra a sua
relação com a Terra. Ele também aponta como os produtos estão cada vez mais descartáveis,
se perguntando se os profissionais desta área teriam a capacidade de demonstrar menos
desprezo para com os outros seres vivos através de suas criações e da evolução no que se refere
à capacidade de imitar a genialidade de vida para a proteção do mundo e de si mesmos.
Concluísse por meio desde estudo que é possível se utilizar da natureza sem
necessariamente precisar destruí-la e que a biônica tem muito a oferecer e ensinar aos seres
humanos sobre si mesmos, sendo o Copo-de-leite colorido, aplicado ao desenvolvimento de um
calçado feminino, um pequeno exemplo da gama de flores e possibilidades que podem estar ao
alcance de nossas mãos, ou, empregadas até mesmo de formas mais relevantes e nobres, mas
ainda sim, sem a necessidade de serem extintas para tal.
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Referências bibliográficas
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2002.
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