fortissimo nº 8 — 2015 - Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

Transcrição

fortissimo nº 8 — 2015 - Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
FORTISSIMO Nº 8 — 2015
OUTUBRO
58
Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais
apresentam
SUMÁRIO
p. 8
ALLEGRO
V I VA C E
Quinta
Sexta
01/10
02/10
Fabio Mechetti, regente
Benedetto Lupo, piano
RAVEL
SCRIABIN
Menuet Antique
Concerto para piano em fá sustenido menor,
op. 20
TCHAIKOVSKY
Sinfonia nº 6 em si menor, op. 74, “Patética”
p. 20
PRESTO
VELOCE
Quinta
Sexta
08/10
09/10
Christoph König, regente convidado
Alexandre Barros, oboé
Marcus Julius Lander, clarinete
Catherine Carignan, fagote
Alma Maria Liebrecht, trompa
MOZART
Sinfonia concertante em Mi bemol maior,
K. 297b
BRUCKNER
Sinfonia nº 6 em Lá maior
p. 38
ALLEGRO
V I VA C E
Quinta
Sexta
15/10
16/10
Fabio Mechetti, regente
Baiba Skride, violino
SIBELIUS
NIELSEN
GRIEG
GRIEG
Suíte Karelia, op. 11
Concerto para violino, op.33
Suíte Lírica, op. 54
Danças norueguesas, op. 35
8
9
FABIO MECHETTI, regente
BENEDETTO LUPO, piano
ALLEGRO
Quinta
01/10
PROGRAMA
V I VA C E
Sexta
Maurice RAVEL
02/10
Menuet Antique
Alexander SCRIABIN
Concerto para piano em fá sustenido menor,
op. 20
BENEDETTO
LUPO,
piano
• Allegro
• Andante
• Allegro moderato
– I N T E RVA L O –
Piotr Ilitch TCHAIKOVSKY
Sinfonia nº 6 em si menor, op. 74, “Patética”
• Adagio – Allegro non troppo
PATROCÍNIO
• Allegro con grazia
• Allegro molto vivace
• Finale: Adagio lamentoso
3
CAROS AMIGOS E AMIGAS,
Divulgamos hoje a programação
da Temporada 2016 da Nossa!
Filarmônica. Como sempre,
teremos uma grande diversidade de
repertório, solistas internacionais
da maior qualidade, comemorações
de aniversários de importantes
compositores, além de uma celebração
especial da obra e vida de Mozart.
Convido todos vocês a explorarem
nossas opções e renovarem suas
assinaturas, ou se tornarem
novos assinantes, mostrando seu
continuado apoio e entusiasmo.
FOTO: RAFAEL MOTTA
No mês de outubro prosseguimos
com nossas comemorações de
três aniversários importantes:
100 anos da morte de Scriabin,
com seu Concerto para piano;
150 anos de Nielsen, com seu
Concerto para violino; e de Sibelius,
com sua Suíte Karelia. Recebemos
mais uma vez o grande pianista
italiano Benedetto Lupo, assim
como apresentamos ao nosso público
a jovem violinista Baiba Skride
e o regente Christoph König.
De forma especial, dividiremos
com todos vocês o talento ímpar
de nossos músicos, que se unem
para a interpretação da Sinfonia
Concertante para sopros de Mozart
e as duas Romanzas de Beethoven.
Tenho certeza que, com a
divulgação da nova temporada e a
programação especial pensada para
vocês, a Filarmônica contribui para
o espírito renovador e otimista
da Primavera que se inicia.
Um bom concerto a todos.
FABIO MECHETTI
Diretor Artístico e Regente Titular
FOTO: ALEXANDRE REZEN DE
5
6
7
Jacksonville, sendo, agora, Regente
Emérito destas duas últimas.
Foi regente associado de Mstislav
Rostropovich na Orquestra Sinfônica
Nacional de Washington e com ela
dirigiu concertos no Kennedy Center
e no Capitólio norte-americano. Da
Orquestra Sinfônica de San Diego
foi Regente Residente.
FOTO: ALEXA NDRE REZEN DE
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti
é Diretor Artístico e Regente Titular
da Orquestra Filarmônica de
Minas Gerais desde sua criação, em
2008. Por esse trabalho, recebeu o
XII Prêmio Carlos Gomes/2009 na
categoria Melhor Regente brasileiro.
Recentemente, tornou-se o primeiro
brasileiro a ser convidado a dirigir
uma orquestra asiática, sendo
FABIO
MECHETTI
nomeado Regente Principal da
Orquestra Filarmônica da Malásia.
Foi Regente Titular da Orquestra
Sinfônica de Syracuse, da
Orquestra Sinfônica de Spokane
e da Orquestra Sinfônica de
Fez sua estreia no Carnegie Hall
de Nova York conduzindo a
Orquestra Sinfônica de Nova Jersey
e tem dirigido inúmeras orquestras
norte-americanas, como as de
Seattle, Buffalo, Utah, Rochester,
Phoenix, Columbus, entre outras.
É convidado frequente dos festivais
de verão nos Estados Unidos, entre
eles os de Grant Park em Chicago
e Chautauqua em Nova York.
Dinamarca, Mechetti dirige
regularmente na Escandinávia,
particularmente a Orquestra
da Rádio Dinamarquesa e a de
Helsingborg, Suécia. Recentemente,
estreou na Itália conduzindo a
Orquestra Sinfônica de Roma. Em
2015 dirigirá a Orquestra Sinfônica
de Odense, também na Dinamarca.
No Brasil foi convidado a dirigir a
Sinfônica Brasileira, a Estadual de São
Paulo, as orquestras de Porto Alegre,
Brasília e Paraná e as municipais
de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Trabalhou com artistas como Alicia
de Larrocha, Thomas Hampson,
Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil
Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
Kathleen Battle, entre outros.
Realizou diversos concertos no
México, Peru e Venezuela. No Japão
dirigiu as Orquestras Sinfônicas de
Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Na
Europa regeu a Orquestra Sinfônica
da BBC da Escócia e a Orquestra
da Radio e TV da Espanha. Dirigiu
também a Filarmônica de Auckland,
Igualmente aclamado como
regente de ópera, estreou nos
Estados Unidos dirigindo a Ópera
de Washington. No seu repertório
destacam-se produções de Tosca,
Turandot, Carmen, Don Giovanni,
Così fan Tutte, Bohème, Butterfly,
Barbeiro de Sevilha, La Traviata e
Nova Zelândia, a Orquestra Sinfônica
de Quebec, Canadá, e a Filarmônica
de Tampere, na Finlândia.
As Alegres Comadres de Windsor.
Vencedor do Concurso Internacional
de Regência Nicolai Malko, na
Fabio Mechetti recebeu títulos
de Mestrado em Regência e em
Composição pela prestigiosa
Juilliard School de Nova York.
F OTO: CARLO COFANO
10
ALLEGRO E VIVACE
BENEDETTO
LUPO
11
O pianista italiano Benedetto Lupo
recebeu merecido reconhecimento
em todo o mundo após conquistar
a medalha de bronze no Oitavo
Concurso Internacional de Piano
Van Cliburn em 1989. É vencedor
de inúmeros outros concursos
internacionais, incluindo o
Terence Judd Award (1982),
Alfred Cortot Competition (1980)
e Jaén Competition (1982), além
de premiações nas competições
Robert Casadesus e Gina Bachauer.
Lupo já se apresentou por toda a
América do Norte, América do Sul
e Europa e tocou com orquestras
como a Filarmônica de Los Angeles,
Orquestra da Filadélfia, sinfônicas
de Seattle, New World, St. Louis,
Chicago, Boston e Montreal;
Filarmônica de Londres, Deutsches
Symphonie-Orchester, orquestras
Gewandhaus, Hallé e Nacional de
Espanha, filarmônicas de Rotterdam,
Monte Carlo, Bergen, Lodz, Stuttgart
e Eslováquia; Bruckner Orchester
Linz, Orchestre du Capitole de
Toulouse, Sinfônica Brasileira,
Sinfônica de Santa Cecilia e
Orquestra Nacional da RAI de
Turim. Foi solista nas celebrações
do bicentenário de Liszt com a
Orquestra Gewandhaus. Trabalhou
sob a batuta de renomados maestros,
incluindo Y. Abel, M. Andreae,
G. Andretta, J. Axelrod, P. Bellugi, U.
Benedetti Michelangeli, F. Biondi,
D. Callegari, C. Campestrini, A.
Ceccato, M. Conti, Y. David,
G. Feltz, A. Grams, G. Guerrero, M.
Harth-Bedoya, Ed Gardner, Lü
Jia, V. Jurowski, J. J. Kantorow,
P. Kogan, B. Labadie, L. Langrée, M.
Letonja, A. Lombard, P. Maag,
N. McGegan, F. Mechetti, J. Mena, K.
Habituado aos palcos mais ilustres
do mundo, apresentou-se no
Wigmore Hall, Royal Festival Hall,
Salle Pleyel, Palais des Beaux Arts,
Alice Tully Hall, Philharmonie,
Teatro alla Scala, Teatro Comunale,
San Carlo, Regio, Verdi e La Fenice.
Participou dos festivais Tanglewood,
Mostly Mozart Nova York, Grant
Park Chicago, Enescu Bucareste,
Istambul e Yokohama.
Nagano, D. Oren, G. Pehlivanian,
Z. Pesko, M. Plasson, J. Pons, L.
Renes, C. Rovaris, J. Silverstein,
S. Skrowaczewski, M. Stern, G.
Vajda, A. Vedernikov, A. Wit,
H. Wolff, K. Yamada e X. Zhang.
Michele Marvulli e Pierluigi Camicia.
Ele ensina no Conservatório Nino
Rota em Monopoli, Itália, ministra
masterclasses por todo o mundo e
é titular de Piano na Accademia
Nazionale di Santa Cecilia.
Com Peter Maag e a Orquestra RSI,
Benedetto Lupo lançou um CD sob
o selo ARTS com as obras completas
para piano e orquestra de Robert
Schumann, que incluiu a primeira
gravação em CD da versão para piano
do Konzertstiick op. 86. Ele também
gravou pelos selos Teldec, BMG e
VAI. Lupo registrou duas vezes o
Concerto Soirée de Nino Rota, sendo
que a segunda, pelo selo Harmonia
Mundi France com a Orquestra da
Cidade de Granada e Josep Pons,
recebeu um Diapason d’Or.
Na infância, Lupo foi orientado por
Nino Rota no Conservatório Niccolò
Piccinní. Completou seus estudos com
12
ALLEGRO E VIVACE
Maurice Ravel |
13
França, 1875 – 1937
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes,
contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, harpa, cordas.
MENUET ANTIQUE (1929)
7 min
Foi sempre um caminho para Ravel
o flerte com realidades musicais
relativamente distantes daquelas em
que ele próprio se inseria. Nesses
flertes, Ravel vislumbra possibilidades
de escapar a um Romantismo
crepuscular e decadente, a um sistema
tonal já insuficiente para as novas
demandas expressivas e às correntes
demasiado acadêmicas de criação
musical. Assim é que Ravel se volta,
por vezes, às suas origens hispânicas,
como no Bolero e na Alborada del
Gracioso, ao jazz, como na Sonata
para Violino e no Concerto em Sol para
Piano e Orquestra, e ao seu próprio
passado musical, recuperando
e reelaborando formas e gêneros
antigos. Assim é que são geradas,
por exemplo, obras como a Pavane
pour une Infante Défunte, o Tombeau
de Couperin e o Menuet Antique.
Não se trata, porém, de um resgate...
Trata-se de uma apropriação!
Ravel ressuscita esses gêneros,
oriundos de um passado musical
relativamente distante, para poder
tornar-se moderno. Nesse passado
ele vê possibilidades expressivas
ainda não engessadas por um
Romantismo já posto em xeque
e uma distância temporal que se
presta à releitura e à reelaboração.
O Minueto Antigo foi composto,
como várias obras de Ravel,
originalmente para piano: sua versão
original data de 1895 e estreou-se
três anos depois por Ricardo Viñes,
pianista amigo do compositor,
a quem a obra fora dedicada.
em Scherzo. Na verdade, esse
não é o caminho mais genuíno
para se abordar a obra. Nesse
sentido, ela é um pretexto: um
caminho que Ravel encontra para
legitimar, em termos formais, sua
própria necessidade criativa.
A versão orquestral, do próprio
Ravel, data de 1929, trinta e quatro
anos depois da versão original. É
difícil saber, nesta obra, a que tipo
de minueto Ravel faz referência:
se à dança barroca, ou se à mesma
dança, incorporada pelo Classicismo
à sonata e à sinfonia, e mais tarde
transformada por Beethoven
O Menuet Antique, em sua versão
orquestral, foi estreado em janeiro de
1930 pela orquestra Lamoureux, de
Paris, sob a batuta do próprio Ravel.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
PARA OUVIR
CD Ravel – Piano Concertos; Menuet Antique;
Le Tombeau de Couperin; Fanfare –
Orquestra Sinfônica de Londres – Claudio
Abbado, regente – Martha Argerich e Michel
Béroff, piano – Deutsche Grammophon – 1989
Orquestra Sinfônica de Londres – Claudio
Abbado, regente – Acesse: fil.mg/rantique
PARA LER
Orbie Orenstein – Ravel: man and musician –
Dover Books – 2011
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ALLEGRO E VIVACE
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Alexander Scriabin |
Rússia, 1872 – 1915
CONCERTO PARA PIANO EM FÁ SUSTENIDO MENOR, OP. 20 (1896)
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas,
2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, cordas.
28 min
“(...) Eis que, no fim do século XIX,
a multiplicação das alterações
cromáticas, a emancipação da
dissonância e a audácia das
modulações conduzem à dissolução
das funções em que repousa o sistema
[tonal]. (...) Nos primeiros anos do
século XX, todos os compositores
confrontam-se com os problemas
colocados por essa dissolução. (...)
A maneira pela qual percebem a crise
e organizam o universo da escala
cromática determina as grandes
orientações da música do século XX.
Essas orientações são definidas, antes
da Primeira Guerra Mundial, pela
obra de quatro grandes músicos:
Debussy, Ravel, Schoenberg e
Stravinsky. (...) Alguns raros músicos,
por seu não conformismo e pela
originalidade de suas concepções
estéticas, vão situar-se à margem das
correntes históricas ou além delas.
É o caso de Scriabin, Ives ou Varèse.”
modelo e ponto de partida a estética
de Chopin, a começar pelos gêneros
que escolhe: estudos, mazurcas,
noturnos e prelúdios para piano.
É assim, precisa e sucintamente, que
Roland de Candé situa o não-lugar
No entanto, a evolução de sua obra
demonstra um percurso reto em
direção a um sistema nitidamente
atonal, de compleição própria,
ideologicamente fundamentado
em um curioso misticismo por
ele elaborado: sua aproximação
com a Teosofia, a sinestesia que
desenvolveu, relacionando sons a
cores, e uma espécie de erotismo
(que preferia chamar de êxtase) que
relacionava tanto aos jogos de tensão
e distensão da música, quanto à
própria existência humana, tudo isso
o leva a reelaborar completamente
seus modelos iniciais e a engendrar
uma linguagem musical visionária,
cujas iniciativas antecipam muitas
investidas da “nova música”.
É de novo Candé que nos revela quais
são elas: “espírito de síntese, natureza
essencialmente harmônica do sistema
de Scriabin no contexto das grandes
correntes musicais do século XX.
Esse músico estranho, encarnado
em uma pessoa excêntrica, de forte
tendência narcisista, percorreu
sozinho um caminho que tem como
modal, substituição da temática
tradicional por séries de ‘blocos
sonoros’ harmônicos e rítmicos,
substituição da tônica por uma série
de eixos tonais escalonados por terças
menores (o acorde de sétima diminuta
torna-se uma espécie de eixo tonal),
rítmica vital não sujeita ao compasso”.
Candé... E um je ne sais quoi que
revela uma raiz nitidamente russa.
O Concerto para piano e orquestra,
porém, pertence à primeira fase do
compositor, ainda ligada à estética e
linguagem chopinianas. É sua única
obra do gênero e causou ao mesmo
tempo admiração em poucos e repulsa
a muitos: Prokofiev recusou-se a
tocá-lo! Essa obra pode evocar a alguns
a linguagem de Rachmaninoff, mas é
plena de originalidade. Embora ainda
se atenha à linguagem e padrões de
um Romantismo tardio, já revela essa
capacidade de síntese a que se referia
Scriabin compôs seu concerto para
piano aos vinte e quatro anos, em
poucos dias, no outono de 1896.
Completou sua orquestração, porém,
em maio de 1897. Foi estreado em
outubro de 1897, em Moscou, tendo o
compositor como solista, e a primeira
publicação deu-se no ano seguinte.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
PARA OUVIR
CD Scriabin – Le Poème de L’Extase;
Piano Concerto; Prometheus – Orquestra
Filarmônica de Londres; Orquestra de
Cleveland – Lorin Maazel, regente – Vladimir
Ashkenazy, piano – London Records – 1989
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica Estatal Russa – Mark
Gorenstein, regente – Vladimir Krainev, piano
Acesse: fil.mg/spiano
PARA LER
James M. Baker – The music of Alexander
Scriabin – Yale University Press – 1986
Roland de Candé – História Universal da
Música – Eduardo Brandão, tradução –
Martins Fontes – 1994
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ALLEGRO E VIVACE
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Piotr Ilitch Tchaikovsky |
Rússia, 1840 – 1893
SINFONIA Nº 6 EM SI MENOR, OP. 74, “PATÉTICA” (1893)
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 3 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas,
2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.
46 min
Diante da fria recepção pelos
músicos à sua última sinfonia, após
a estreia em 1893, Tchaikovsky
escreve a seu sobrinho Vladimir
Bob Davydov, a quem é dedicada
a obra: “considero esta sinfonia a
melhor de todas as obras que escrevi.
Em todo caso, é a mais sincera.
E eu a amo como jamais amei
qualquer de minhas partituras”.
Nada mais verdadeiro: de fato,
patéticas são tanto a obra quanto
as circunstâncias pessoais em que
Tchaikovsky se encontra quando
a compõe e quando ele mesmo
a executa pela primeira vez, em
São Petesburgo, no mesmo ano,
nove dias antes de sua morte.
Por um lado, o compositor desfrutava
da fase de maior sucesso profissional
de sua vida. Em 1887 dá início a uma
brilhante carreira de regente, que
lhe permite fazer ouvir suas obras
em toda a Europa. Em 1891, em
turnê triunfal pelos Estados Unidos,
participa da inauguração do Carnegie
Hall. Em 1893, ano de sua morte e da
composição da “Patética”, faz outra
turnê triunfal, desta vez pela Europa.
Esta, por sua vez, sempre foi
revestida de um discreto mistério.
Grassava em São Petesburgo,
aquele ano, uma epidemia de
cólera. Alguns biógrafos sugerem
que o compositor se contaminou
voluntariamente, bebendo água não
Por outro lado, em 1890 ele rompe
a estranha e platônica relação que
estabelecera com Nadeja von Meck.
Desde 1876, essa viúva de um rico
proprietário e construtor de ferrovias
proveu Tchaikovsky com uma
subvenção que lhe permitia viver
sem problemas materiais. A única
condição imposta foi que nunca se
encontrassem e só se comunicassem
por cartas. A simpatia de Nadeja
von Meck transformou-se em um
amor silencioso... O compositor,
por sua vez, via nela uma espécie de
anjo protetor, uma substituta de sua
fervida do rio Neva. A confusão
das testemunhas, o diagnóstico
algo impreciso, seu próprio estado
emocional, tudo isso envolveu
de boatos a História, que legou à
posteridade um mistério insolúvel.
mãe. Tratava-se, portanto, de uma
relação que traria júbilo a qualquer
alienista pós-freudiano. A desilusão
desse rompimento faz Tchaikovsky
escrever a seu editor: “toda a minha
fé nos semelhantes, toda a minha
confiança no mundo ficaram
reduzidas a nada. Perdi minha
tranquilidade, e a felicidade que
talvez o destino ainda me reservasse
ficou envenenada para sempre”.
É claro que a tranquilidade a que
se referia Tchaikovsky não era
material: seu sucesso profissional
lhe permitia, então, viver com
fartura e ainda sustentar seu irmão.
Ele via, nessa curiosa relação
com Nadeja von Meck, um canal
para sublimar as angústias que
desde muito cedo o torturaram
em relação à sua sexualidade,
recalcada pela rígida moral do
século XIX e transformada em
neuroses e em uma saúde emocional
frágil. “Uma criança de vidro” foi
como o definiu a governanta que
cuidou de sua educação. Tudo isso,
porém, mais uma vez a História
soube velar com discrição.
subtítulo “Patética”, porém, foi
sugerido por Modesto, irmão do
compositor. Tchaikovsky o julgou
apropriado. Também aí, bem à
maneira da moral oitocentista,
a discrição impera. Escreveu
sobre isso o próprio compositor:
“(...) mas um programa que
permanece inescrutável. Quem
puder que o adivinhe”.
É, assim, entre extremos de sucesso
e desilusão, que Tchaikovsky
A estética de Tchaikovsky é alvo de
divergências. Ele é venerado, pelos
russos de nosso tempo, como uma
espécie de pai da música russa. Mas,
posta ao lado do Grupo dos Cinco,
com quem Tchaikovsky conviveu, sua
música soa um tanto ocidentalizada.
Ele não se liga nem ao movimento
nacionalista nem à tradição mais
conservadora: permanece em uma
região limítrofe, que, é claro, busca
no folclore algo de suas fontes, mas
que assimila bem as formas e as
estruturas clássicas. Sua música de
balé, de um encanto aliciador que beira
o sentimentalismo duvidoso, não o
compõe a sua Sexta Sinfonia. O
compositor a quis intitular “Sinfonia
de Programa”. Na realidade, como
as suas duas sinfonias precedentes,
ela parece ser orientada por um
programa preestabelecido. O
traduz por completo. Tchaikovsky se
insere sem muitos problemas na grande
corrente musical do século XIX, mas
não é um compositor de fácil definição
e nem tem grande penetração
estética ou histórica fora da Rússia.
18
ALLEGRO E VIVACE
A despeito disso, é um grande
músico! A “Patética” o comprova.
Se patético pode ser o primeiro
movimento, com seus grandes
contrastes ou com o belíssimo tema
que, transmutado, perpassa também o
segundo como elemento de unidade,
mais patética ainda é a ousadia
de, pela primeira vez na história
da música, terminar uma obra do
gênero com um Adagio Lamentoso.
A pujança emocional desse último
movimento é inenarrável, não
apenas pela subversão da tradição
clássica, mas por si só. Patéticos
19
são, por isso, os dois extremos
da obra: se o tema do primeiro
movimento se revela liso, reto e
terno, é ele que também fornece
material para o tema angustioso que
abre e rege o último movimento.
Se pudéssemos estar certos de que
a morte de Tchaikovsky tenha sido
suicídio, a sua Sexta Sinfonia teria
sido a carta que ele nunca escreveu.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
PARA OUVIR
CD Tchaikovsky – Symphonies 4, 5 & 6
“Pathétique” – Orquestra Filarmônica de
Leningrado – Evgeny Mravinsky, regente –
Deutsche Grammophon – 2006
PARA ASSISTIR
Orquestra Filarmônica de Viena – Herbert von
Karajan, regente | Acesse: fil.mg/tpatetica
PARA LER
Modest Tchaikovsky – The life and letters of
Peter Ilich Tchaikovsky – Rosa Newmarch,
tradução inglesa – Vienna House – 1973
20
21
CHRISTOPH KÖNIG, regente convidado
ALEXANDRE BARROS, oboé
MARCUS JULIUS LANDER, clarinete
CATHERINE CARIGNAN, fagote
ALMA MARIA LIEBRECHT, trompa
PRESTO
Quinta
08/10
PROGRAMA
VELOCE
Sexta
09/10
Wolfgang Amadeus MOZART
Sinfonia concertante em Mi bemol maior,
K. 297b
• Allegro
• Adagio
• Andantino con variazioni
– I N T E RVA L O –
Anton BRUCKNER
Sinfonia nº 6 em Lá maior
• Maestoso
• Adagio: Sehr feierlich
• Scherzo: Nicht schnell – Trio: Langsam
• Finale: Bewegt, doch nicht zu schnell
F OTO: GUN TER GLU ECKLICH
22
23
CHRISTOPH
KÖNIG
Christoph König é um maestro de
profunda inteligência e musicalidade.
Sua performance é marcada por
uma abordagem energética e
séria em parcerias musicais e pelo
compromisso com programações
inteligentes e estimulantes.
Recentemente, ocupou o cargo de
maestro principal na Orquestra
Sinfônica do Porto Casa da Música
(2009-2014) e é o atual diretor
artístico e maestro principal da
Solistes Européens, Luxembourg.
Com a Sinfônica do Porto Casa
da Música percorreu Brasil e
Europa. Com a Solistes Européens,
Luxembourg apresentou-se na
Filarmônica de Colônia e no Festival
de Música de Schleswig-Holstein.
König é bastante requisitado como
maestro convidado. Teve compromissos
recentes com a Staatskapelle Dresden,
Royal Philharmonic, orquestras
de Paris, Nacional da BBC do País
de Gales, da Rádio Norueguesa,
Mozarteum de Salzburg, de Euskadi,
da Rádio de Madrid, de Câmara
Escocesa e Beethoven Orchester Bonn;
sinfônicas Nacional Dinamarquesa,
de St Gallen, de Barcelona, da Nova
Zelândia e de Adelaide; filarmônicas
Real da Galícia, de Dresden, da Rádio
Alemã de Saarbrücken, da Holanda, de
Stuttgart, de Tampere e Filarmônica
Malaia; Orquesta y Coro de la
Comunidad de Madrid e Sinfônica
da BBC da Escócia, que regeu em uma
turnê de grande sucesso pela China.
Desde sua estreia nos Estados Unidos
em 2010, König conduziu, na
América do Norte, as filarmônicas
de Los Angeles e Calgary e
as sinfônicas de Pittsburgh,
Toronto, Nova Jersey, Houston,
Cincinnati, Indianápolis, Baltimore,
Vancouver, Oregon, Milwaukee,
Bournemouth e Colorado.
A reputação de Christoph König
como regente de ópera cresceu após
aceitar um convite de última hora
e dirigir com enorme sucesso a
produção de Jonathan Miller
O Rapto do Serralho para a Ópera
de Zurique em 2003. Também dirigiu
a Ópera de Zurique em produções
de A Flauta Mágica e Il Turco in Italia
com Cecilia Bartoli e Ruggero
Raimondi. Outras produções incluem
O Rapto do Serralho no Teatro Real de
Madrid, Don Giovanni na Staatsoper
em Stuttgart e A Flauta Mágica e
Rigoletto na Deutsche Oper Berlin.
Gravou Schoenberg, Prokofiev,
Saariaho e Sibelius com a
Orquestra Sinfônica do Porto
Casa da Música; Melcer com a
BBC Scottish Symphony Orchestra
(Hyperion); Beethoven com a
Malmö Symphony Orchestra
(DB Productions); Prokofiev e
Mozart com a Solistes Européens,
Luxemburgo (SEL Classics).
König nasceu em Dresden, onde
cantou no célebre Dresdner
Kreuzchor. Estudou regência,
piano e canto na Dresdner
Musikhochschule. Entre outros,
participou de masterclasses com
Sergiu Celibidache e Sir Colin
Davis, com quem trabalhou como
regente assistente/Korrepetiteur
na Dresden Opera/Sächsische
Staatskapelle. König começou sua
carreira profissional como Erster
Kapellmeister na Ópera de Bonn.
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25
FOTO: RAFAEL MOTTA
Nascido em uma família de músicos,
Alexandre iniciou seus estudos
musicais com o pai, Joaquim Inácio
Barros. Ainda criança, acompanhava
seu pai e irmãos em rodas de choro
tocando flauta doce. Estudou flauta
transversal e, aos dezessete anos, passou
para o oboé, seguindo seus estudos
com orientação dos professores
Afrânio Lacerda, Gustavo Napoli,
ALEXANDRE
BARROS
Carlos Ernest Dias e Arcádio Minczuk.
Frequentou masterclasses com
renomados oboístas internacionais,
dentre eles os professores Ingo
Goritzki, Alex Klein, François
Leleux e Maurizio Colasanti.
Alexandre sempre mostrou facilidade
e intimidade com o instrumento,
destacando-se rapidamente no cenário
da música erudita no Brasil. Em 1993,
como membro do Quinteto de Sopros
da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), recebeu o primeiro
prêmio no V Concurso de Música de
Câmara dessa instituição. Em 1996,
integrando o Trio Jovem de Palhetas,
obteve menção honrosa no Concurso
Jovens Solistas da Faculdade Santa
Marcelina de São Paulo. No mesmo
ano foi premiado no Concurso Jovens
Solistas da Orquestra Sinfônica
do Estado de São Paulo (Osesp) e
apresentou-se à frente da orquestra
sob regência de Diogo Pacheco. Dois
anos mais tarde conquistou o prêmio
Eleazar de Carvalho no Festival de
Inverno de Campos do Jordão.
Como solista atuou com diversas
orquestras, como a Sinfônica de
Minas Gerais, Orquestra de Câmara
Sesiminas e Orquestra Filarmônica
Nova. Em 2010 foi solista à frente
da Filarmônica de Minas Gerais,
sob regência de Rodolfo Fischer.
De 1996 a 1997 integrou o naipe de
oboés da Osesp e com a orquestra
realizou turnê por diversas cidades
da Europa. A convite de Roberto
Minczuk, atuou como primeiro oboé
e foi solista da Orquestra Sinfônica
de Ribeirão Preto, sob regência do
maestro Minczuk. Regressando
a Minas Gerais passou a integrar
o naipe de oboés da Orquestra
Sinfônica de Minas Gerais até 2008.
Atualmente, é Primeiro Oboé
da Orquestra Filarmônica de
Minas Gerais. Paralelamente, é
professor do Curso de Formação e
Aperfeiçoamento em Artes (Cefar).
Foi convidado a lecionar em
importantes festivais no Brasil, entre
eles a Semana de Música de Ouro
Branco e o Festival Internacional
Sesc de Música de Pelotas.
Alexandre desenvolve intensa
atividade camerística, em diversas
formações. Em 2011 gravou um CD
com o pianista Miguel Rosselini com
importantes obras para oboé. Em
duo com o pianista, apresentou-se
em importantes salas de concerto
no Brasil, no Festival Rio Folle
Journée, na Semana de Música de
Ouro Branco e no Projeto Quarta
Erudita da Fundação Clóvis Salgado.
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27
F OTO: MARIANA GARCIA
Bacharel em Clarinete pela
Universidade Estadual Paulista
(Unesp), na classe do professor Sérgio
Burgani, Marcus Julius iniciou seus
estudos em 1996 com Edmilson Nery
na Escola Municipal de Música de
São Paulo. Foi também aluno de
Luis Afonso “Montanha” no curso
de difusão da Escola de Comunicação
e Artes da Universidade de São Paulo
MARCUS JULIUS
LANDER
(ECA-USP) em 2001. Agraciado
com uma bolsa de estudos por
mérito no The Boston Conservatory,
Estados Unidos, cursou parte de
seu mestrado na classe do professor
Jonathan Cohler no ano de 2008.
O clarinetista atuou como spalla
na Banda Sinfônica Jovem do
Estado de São Paulo e como chefe
de naipe das orquestras Jovem de
Guarulhos, do Instituto Baccarelli e
da Sinfônica Jovem do Estado de São
Paulo. Integrou ainda a Orquestra
Acadêmica da Cidade de São Paulo
e o Quarteto Paulista de Clarinetas.
Foi também professor de clarinete e
teoria musical no curso superior do
Conservatório Dramático e Musical
de São Paulo, professor assistente no
projeto social Orquestra do Amanhã,
oferecido pelo Instituto Baccarelli
na comunidade de Heliópolis,
São Paulo, e artista residente no
II Festival de Verão Maestro Eleazar
de Carvalho, na cidade de Itu.
Marcus foi bolsista de importantes
festivais brasileiros, como o
Internacional de Campos do
Jordão e o Música nas Montanhas,
em Poços de Caldas. Participou
de masterclasses com renomados
clarinetistas internacionais,
como Paul Meyer, Michael
Collins, Munfred Pries, François
Benda, Donald Montanaro
e Michael Norsworthy.
Vencedor do Prêmio Isolisti (Brasil),
na categoria Música Instrumental
Erudita, retornou ao Brasil em 2009
e fixou residência em Belo Horizonte,
onde integra a Orquestra Filarmônica
de Minas Gerais. Na Filarmônica,
inicialmente atuou na função de
Principal Assistente e em outubro de
2012 passou a Clarinete Principal.
No âmbito internacional, Marcus
participou de concursos e audições
nos Estados Unidos e França. Em
viagens à China, foi artista residente
no 8º Festival Internacional de
Clarinete e Saxofone de Nan Ning
em 2010, no Festival Internacional
de Clarinetes de Pequim em 2014 –
cujo Concerto de Gala se deu no
anfiteatro da Cidade Proibida – e,
no último mês de abril, foi professor
palestrante nos conservatórios
de Shenyang e Tai-Yuan.
Marcus Julius Lander é artista
Gao Royal e D’addario Woodwinds.
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29
para segundo fagote da Victoria
Symphony Orchestra, na costa oeste
do Canadá, e concluiu bacharelado
em Música em maio de 2007.
FOTO: EUGÊN IO SÁVIO
Natural do Québec, Canadá,
Catherine iniciou seus estudos de
fagote aos doze anos. Entre 1998 e
2008, foi aluna de Michel Bettez,
Mathieu Lussier, Mathieu Harel,
Stéphane Lévesque, Nadina Mackie
Jackson e Fraser Jackson. Em 2005,
suspendeu seus estudos musicais
para dedicar-se a um curso de
tradução, mas continuou tocando
CATHERINE
CARIGNAN
como convidada em orquestras
canadenses e organizando
concertos de música de câmara
na sua cidade natal. Voltou para o
Conservatoire em agosto de 2006,
passou em dezembro no concurso
Entre 2006 e 2008, Catherine foi
fagotista convidada da Winnipeg
Symphony Orchestra, da Canadian
Broadcasting Company Radio
Orchestra (conhecida como National
Broadcast Orchestra desde 2009)
e participou do Aventa Ensemble,
formação dedicada à música
contemporânea. Com Aventa, em
fevereiro de 2008, estreou a obra
Dulcian Patterns, do compositor
canadense Peter Hatch, que descreve
a peça como “não exatamente
um concerto para fagote em si,
mas que frequentemente destaca
seus timbres e registros”. Como
solista independente, encomendou
a obra para fagote e piano Three
Conjoined Trifles, do compositor
e dramaturgo canadense Alex
Eddington, estreando-a em abril
de 2008 com a pianista Allie
Cortens. Meses depois, foi aprovada
em audição na Filarmônica
de Minas Gerais, tornando-se
Fagote Principal da Orquestra.
No Brasil, Catherine vem
desenvolvendo atividades de
performance, ensino e pesquisa
paralelas à sua atuação na
Filarmônica. Participou das duas
primeiras edições do Encontro
Internacional de Oboé e Fagote da
Universidade Federal de Santa Maria,
Rio Grande do Sul, como palestrante
e recitalista; foi professora substituta
de fagote na Universidade Federal
de Minas Gerais em 2013; orienta
alunos de maneira independente em
Belo Horizonte desde 2008 e mantém
uma colaboração estreita com
músicos brasileiros, desenvolvendo
pesquisas extra-acadêmicas sobre
o fagote na música brasileira.
Catherine tem participado de
apresentações de choro com colegas
da Filarmônica e com o Clube
do Choro de Belo Horizonte.
Esta é a terceira vez que Catherine
se apresenta como solista da
Filarmônica. Em 2011, executou com
o clarinetista Dominic Desautels
o Duett-Concertino de Richard
Strauss, sob regência do maestro
Marcos Arakaki; em 2013, com o
violinista Rommel Fernandes, a
violoncelista Elise Pittenger e o
oboísta Alexandre Barros, apresentou
a Sinfonia Concertante em si bemol
maior de Joseph Haydn, sob regência
do maestro Fabio Mechetti.
30
31
FOTO: CHRISTIAN PERONA
O envolvimento de Alma com a
música começou em seu estado natal,
Maryland, nos Estados Unidos.
Primeiro através do violino, quando
tinha seis anos de idade, e depois com
a trompa, aos doze, sob orientação
de Olivia Gutoff. De 2002 a 2006,
estudou com Jerome Ashby no
Curtis Institute of Music. De 2006 a
2008, estudou com William Purvis
ALMA MARIA
LIEBRECHT
na Escola de Música da Universidade
de Yale, completando em 2008 o
mestrado em Música.
Nos verões de 2003 a 2005,
participou do Festival de Música
do Pacífico, no Japão, onde estudou
com Gunter Högner e Wolfgang
Tomböck, ambos da Filarmônica
de Viena. De 2008 a 2010, Alma
foi bolsista do Ensemble ACJW
do Carnegie Hall. Em 2010, ela
ajudou a fundar o grupo de câmara
Decoda, coletivo dedicado ao
engajamento comunitário através
da música. Integrou-se à Orquestra
Filarmônica de Minas Gerais como
Trompa Principal em 2013.
North Country Chamber Players,
Sebastian Chamber Players, Music
from Angel Fire, Argento New Music
Project e Talea Ensemble. Também
realizou concertos de música de
câmara no Festival Wien Modern
em Viena, Áustria, no Centro
Niemeyer em Avilés, Espanha, no
Contempuls Festival em Praga,
República Tcheca, e, junto com
músicos da Filarmônica de Viena,
em Sapporo e Tokyo, no Japão.
Alma tem se apresentado como solista
com a Orquestra Filarmônica de
Minas Gerais, New York Symphonic
Arts Ensemble, Ensemble 212 e o
Curtis Chamber Ensemble. Tocando
música de câmara, tem se apresentado
no Festival Artes Vertentes e na
Semana de Música de Câmara da
Enquanto vivia em Nova York, Alma
manteve uma prolífica carreira de
freelancer, apresentando-se com
a Orquestra de Câmara Orpheus,
a Orquestra da Ópera da Cidade
de Nova York, as sinfônicas de
Princeton, Delaware, Richmond e
Harrisburg, o Ballet de Pennsylvania,
Fundação de Educação Artística.
Nos Estados Unidos, apresentou-se
no Savannah Music Festival e com
os grupos Chamber Music Society
of Lincoln Center, New York Wind
Soloists, Jupiter Chamber Players,
a Orquestra de Câmara da Filadélfia
e o Gotham Chamber Opera. Alma
também apresentou-se por seis
semanas como Trompa Principal
convidada junto à Sinfonietta
de Hong Kong em 2011.
32
PRESTO E VELOCE
33
Wolfgang Amadeus Mozart |
Áustria, 1756 – 1791
INSTRUMENTAÇÃO 2 oboés, 2 trompas, cordas.
SINFONIA CONCERTANTE EM MI BEMOL MAIOR, K. 297B (1778)
30 min
Se se pode dizer que o espírito do
século XVIII quis fazer uma espécie de
faxina no que considerava excessos da
linguagem barroca, uma visão moderna
pode enxergar que a linguagem clássica
conserva muitos elementos daquela
que a precedeu. Já não se mencionem
aspectos gramaticais, por assim dizer,
que poderiam gerar controvérsias e
discussões. Digam-se, portanto, de
formas, procedimentos e estruturas.
Ora, a sonata, por exemplo, tradução
exponencial da mentalidade musical
clássica, surge no Barroco, para se
dizer o mínimo. Assim é que a música
clássica faz também uma releitura
de certas formas ou procedimentos
anteriores, transmutando-os
para a sua própria gramática. O
concerto é uma dessas releituras.
parecia melhor e mais interessante o
concerto grosso: o diálogo de dois ou
mais solistas com o grupo orquestral.
O Classicismo soube fazer uma
engenhosa releitura desse procedimento
para a sua própria mentalidade musical,
transportando-o para a forma sonata
e delegando-o à orquestra sinfônica:
eis aí a sinfonia concertante. Já
Johann Christian Bach realiza esse
movimento. Natural que Mozart,
que teve contato muito próximo
com o filho mais jovem de Johann
Sebastian Bach, também o fizesse.
Ao contrário do que se estabelece
pelo senso comum, o modelo de
concerto, formado por um único
instrumento solista acompanhado por
um grupo orquestral, como abraçado
francamente pelo Classicismo, não
era a prática mais frequente nem a
São duas as principais obras do gênero
compostas por Mozart: a Sinfonia
Concertante para violino e viola, K. 364,
e a Sinfonia Concertante para clarinete,
oboé, trompa e fagote, K. 297b. A
concepção original desta segunda
obra, ao que parece, foi para flauta,
oboé, trompa e fagote. A partitura
dessa versão, no entanto, nunca foi
encontrada: sabe-se dela apenas pelas
cartas de Mozart. É sabido, porém,
que ele tinha certa idiossincrasia em
mais cara ao músico barroco. Esse
modelo, que tem em Vivaldi seu maior
representante, foi a base do concerto
clássico, aos moldes vienenses, que mais
tarde varou a história da música até o
século XX. Ao músico barroco, porém,
relação à flauta e grande predileção
pelo clarinete, instrumento criado
no próprio século XVIII. Talvez daí
a versão que se perpetuou e que é
comumente executada hoje. Esta, aliás,
já teve a sua autenticidade questionada.
É de se notar o fato excepcional de
que os três movimentos estão no
mesmo tom de Mi bemol maior.
A despeito de tudo isso, observese ainda, na obra de Mozart, a
importância que tomam tantas
vezes os instrumentos de sopro. Para
citar um mínimo exemplo, veja-se
a expressividade do trabalho com
a flauta, o oboé e o fagote no Et
incarnatus est da Grande Missa em dó
menor, sem falar de algumas óperas
ou sinfonias. Essa atenção especial
aos instrumentos de sopro gerou
obras significativas, como o Quinteto
para clarinete e cordas, o Concerto
para flauta e harpa e a Sinfonia
Concertante em Mi bemol maior.
Assim como a História nos negou
a data precisa de composição
dessa obra (pode-se deduzir da
correspondência de Mozart que
foi antes de 25 de abril de 1778,
em Paris), é também impossível
identificar a data exata de sua
estreia, como quase tudo antes do
século XIX, por razões óbvias.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
PARA OUVIR
CD Mozart – Sinfonie Concertanti – Orquestra
Filarmônica de Berlim – Karl Böhm, regente –
Deutsche Grammophon – 2003
PARA ASSISTIR
West-Eastern Divan Orchestra – Daniel
Barenboim, regente – Mohamed Saleh, oboé –
Kinah Azmeh, clarinete – Mor Biron, fagote –
Sharon Polyak, trompa | Acesse: fil.mg/msinfconc
PARA LER
Emily Anderson (org.) – The letters of
Mozart and his Family – Norton – 1989
34
PRESTO E VELOCE
Anton Bruckner |
35
Áustria, 1824 – 1896
INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes,
3 trombones, tuba, tímpanos, cordas.
SINFONIA Nº 6 EM LÁ MAIOR (1881)
56 min
A Sinfonia nº 6 foi concluída no início
de setembro de 1881, no deslumbrante
mosteiro barroco de São Floriano.
Nesse mesmo convento, situado em
uma paisagem bucólica e repleto de
maravilhosas obras de arte, Anton
Bruckner, aos treze anos, fora
admitido como aluno, na condição
de órfão pobre e bom cantor para
o coro. Bruckner recordaria com
carinho esses anos felizes – durante
toda a vida permaneceu devotado
e submisso aos ensinamentos
religiosos dos monges que o
educaram e nunca deixou de visitar
com frequência o mosteiro, onde
gostava de tocar órgão e buscava
serenidade espiritual para compor.
que o trabalho enobrece o homem.
Sob esse aspecto, a arte de Bruckner
lembra a de Bach, a de César
Franck; e antecede a de Messiaen.
Em contraste com sua prodigiosa
inteligência musical, o compositor
aparentava inaptidão quase
patológica para as coisas práticas
da vida. Ingênuo, protagonizou
episódios comicamente ridículos
que suscitaram preconceitos
e sarcasmos ofensivos.
O principal impulso de sua música
sempre foi a religiosidade: “um
místico gótico extraviado no
século XIX” (nas palavras de
Wilhelm Furtwängler). Bruckner
criou, com idêntico espírito sacro,
missas e sinfonias. Sua maneira
de compor em blocos sonoros de
Quando conheceu a obra de Wagner,
Bruckner, perto dos quarenta
anos, iniciou com entusiasmo
juvenil um novo período de
experiências e ensaios. Embora
dificilmente se possa imaginar
um discípulo cuja personalidade
fosse mais diametralmente oposta
à do mundano e culto mestre de
Bayreuth, a admiração de Bruckner
por Wagner se transformou em
veneração. Mais que uma influência,
Tristan und Isolde significou para
colorações diferenciadas se inspira,
claramente, na escrita para o
órgão, instrumento religioso por
excelência. Escreveu música para a
glória de Deus, com a dedicação de
um artífice e a certeza bíblica de
ele uma libertação, pois passou
a assumir as próprias inovações.
Entretanto, Bruckner manteve-se
alheio às preocupações filosóficas e
literárias da arte wagneriana, da qual
só assimilou a ousadia harmônica e
a ciência da orquestração. Mesmo
assim, a admiração por Wagner
rendeu-lhe a crítica cruel dos
antiwagnerianos (entre outros,
Hanslick e Brahms) e a alcunha de
Sinfonista de Bayreuth. Suas obras,
com destaque para as sete missas, o
Te Deum e as nove sinfonias, nunca
conseguiram ganhar a aprovação
unânime de seus contemporâneos,
apesar do empenho de regentes
ilustres como Gustav Mahler e
Hans Richter. A Sexta Sinfonia,
por exemplo, só estreou sua versão
integral no ano de 1901, em Stuttgart,
após a morte do compositor.
Ela possui quatro movimentos –
Majestoso, Adagio, Scherzo e Finale.
Contrariando seus hábitos, Bruckner
nunca a retocou e deu-lhe o apelido
de Die Keckste (a mais ousada), em
referência a seu caráter experimental.
Em toda a Sinfonia, os diversos
parâmetros – ritmos, alturas,
tonalidades, linhas melódicas – são
pensados seletivamente, explorando
as possibilidades dialéticas da
tensão repouso/dinâmica.
No início do Maestoso, as cordas
estabelecem o motivo rítmico que
dominará toda a partitura. O tema
principal, Largo, surge em piano, nos
violoncelos e contrabaixos. Após uma
resposta das trompas, ele reaparece
fulgurante em fortissimo orquestral. A
flauta introduz um segundo motivo,
em andamento muito mais lento.
O desenvolvimento usa, sobretudo,
elementos do primeiro tema. A
reexposição conduz à brilhante
Coda com o tema principal em
todo esplendor e destaque para a
marcação rítmica dos trompetes.
O Adagio, cuja solenidade é
frequentemente suavizada pelas
luzes pálidas do colorido orquestral,
constrói-se sobre três temas. O
tema principal, misterioso, aparece
nos primeiros violinos e obtém
melancólica resposta do oboé. A
trompa e as madeiras fazem a
transição para o sereno segundo tema
nos violinos com um contracanto
do violoncelo. O terceiro tema, de
caráter sombrio, quase fúnebre, é
novamente confiado aos primeiros
violinos. A reexposição se faz nos
moldes clássicos, e a Coda conduz
aos harmoniosos acordes conclusivos
dos violinos e das violas.
O belo Scherzo inspira-se em
antigas melodias nórdicas que lhe
36
PRESTO E VELOCE
conferem um fantástico clima
lendário. Sobre as cordas graves
e um curto motivo das violas e
segundos violinos aparece o tema
principal, compartilhado entre as
madeiras e os primeiros violinos.
Um clímax de grande intensidade
antecede expressiva pausa. O lento
Trio central é muito breve, com
destaque para um maravilhoso
motivo das trompas. Uma lembrança
nas madeiras do tema inicial da
Quinta Sinfonia do compositor
antecede o retorno formal ao Scherzo.
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trêmulo das violas. A serenidade
desse grupo é perturbada pelos
violentos metais. O segundo tema,
de caráter rítmico, aparece nas
trompas. O lírico terceiro tema,
confiado às cordas, apresenta um
expressivo contracanto dos segundos
violinos. O desenvolvimento
orienta-se do tom maior para o
menor. Após a reexposição temática,
a Coda entrega o tema inicial
aos retumbantes trombones.
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
PARA OUVIR
CD Bruckner – Symphonies n os 6 e 7 – Royal
Concertgebouw Orchestra – Mariss Jansons,
regente – RCO Holanda 14005 – 2015
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica de Chicago –
Georg Solti, regente | Acesse: fil.mg/bsinf6
PARA LER
Otto Maria Carpeaux – O livro de ouro da
história da música – Edições de Ouro – 2009
(reedição de Uma nova história da música)
François-René Tranchefort – Guia da Música
Sinfônica – Nova Fronteira – 1990
FOTO: RAFAEL MOTTA
O Finale possui três temas
principais. O primeiro se desenvolve
amplamente nos violinos sobre o
pizzicato das cordas graves e um leve
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39
FABIO MECHETTI, regente
BAIBA SKRIDE, violino
PROGRAMA
ALLEGRO
Jean SIBELIUS
Quinta
Suíte Karelia, op. 11
15/10
• Intermezzo: Moderato
• Ballade: Tempo di menuetto
V I VA C E
• Alla marcia: Moderato
Sexta
16/10
Carl NIELSEN
Concerto para violino, op. 33
BAIBA SKRIDE,
violino
• Prelúdio: Largo – Allegro cavalleresco
• Poco adagio – Rondó: Allegretto scherzando
– I N T E RVA L O –
Edvard GRIEG
Suíte Lírica, op. 54
• O jovem pastor
• Marcha norueguesa (Gangar)
• Noturno
• Marcha dos trols
Edvard GRIEG
PATROCÍNIO
Danças norueguesas, op. 35
• Allegro marcato
• Allegretto tranquillo e grazioso
• Allegro moderato alla marcia
• Allegro molto
40
ALLEGRO E VIVACE
41
com regentes notáveis como
Christoph Eschenbach, Paavo
e Neeme Järvi, Andris Nelsons,
Yannick Nézet-Séguin, John
Storgårds e Mario Venzago.
F OTO: MARCO BORGGREVE
Após sua estreia no BBC Proms com a
Filarmônica de Oslo e Vasily Petrenko,
apresentando o Concerto nº 1 de
Szymanowski, Geoff Brown, do
The Times, observou: “a violinista letã
Baiba Skride navegou sobre a floresta
mágica da orquestra com longas linhas
de melodia, ressonantes e doces”.
Convidada a retornar ao Proms 2014,
apresentou o Concerto de Stravinsky
com a Sinfônica da BBC e Ed Gardner.
BAIBA
SKRIDE
A musicalidade natural de Baiba Skride
tornou-a estimada entre alguns
dos mais importantes maestros e
orquestras em todo o mundo, sendo
convidada por suas interpretações
agradáveis, sensibilidade e deleite
na música. Entre as orquestras de
prestígio com quem trabalhou estão
a Filarmônica de Berlim, Sinfônica
de Boston, Sinfonieorchester des
Bayerischen Rundfunks, Orquestra
de Paris, Filarmônica de Londres,
Filarmônica Real de Estocolmo,
Sinfônica de Sydney e Sinfônica
NHK. Entre outros, Skride colabora
Em temporadas recentes, apresentouse com a Orquestra Gewandhaus de
Leipzig, Filarmônica da Radio France,
Orchestre de la Suisse Romande,
Orchestre National de Lyon,
sinfônicas da Cidade de Birmingham,
de Xangai e Nacional de Taiwan,
além de um concerto no Konzerthaus
de Viena. Nos Estados Unidos,
retornou à Sinfônica de Boston para
executar Offertorium de Gubaidulina
com o violino com o qual o concerto
foi originalmente escrito. Também
retornou à St. Paul Chamber
Orchestra e à Utah Symphony.
Na música de câmara, apresentou-se
no Schubertiade Schwarzenberg com
Sol Gabetta e Bertrand Chamayou
e, em dueto com sua irmã, a pianista
Lauma Skride, no Concertebouw de
Amsterdam, Maastricht e Eindhoven.
Com Alban Gerhardt e Brett Dean,
em quinteto, esteve no Wigmore
Hall de Londres, Bad Kissingen e
Festspiele Mecklenburg-Vorpommen.
Seu quarto disco sob o selo Orfeo
contém os concertos de Szymanowski
com a Filarmônica de Oslo e Petrenko,
bem como Mythes de Szymanowski
com Lauma Skride. Outras gravações
incluem Schumann com a Danish
National Symphony e John Storgårds;
Stravinsky e Frank Martin com a
Orquestra Nacional BBC do País
de Gales e Thierry Fischer; Brahms
com a Filarmônica de Estocolmo e
Sakari Oramo; Tchaikovsky com a
Sinfônica da Cidade de Birmingham e
Andris Nelsons; Schubert, Beethoven
e Ravel em duo com sua irmã.
Skride nasceu em uma família
musical letã em Riga, onde iniciou
seus estudos, transferindo-se
para o Conservatório de Música
e Teatro em Rostock. Em 2001
ganhou o primeiro prêmio do
Concurso Rainha Elisabeth.
Desde 2010 apresenta-se com o
Stradivarius ‘’Ex Baron Feilitzsch’’,
um violino de 1734 generosamente
emprestado por Gidon Kremer.
42
ALLEGRO E VIVACE
Jean Sibelius |
43
Finlândia, 1865 – 1957
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes,
4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.
SUÍTE KARELIA, OP. 11 (1893)
14 min
Não foi por acaso que a Suíte Karelia
tornou-se uma das obras mais
conhecidas de Sibelius. Essa peça
leve e encantadora guarda o frescor
da música folclórica finlandesa
do final do século XIX. Na última
década do século, os movimentos
políticos e artísticos de cunho
nacionalista surgidos na Finlândia
tinham a província de Carélia
como alvo de veneração. Situada
no sudeste da Finlândia, próxima à
fronteira com a Rússia e não muito
longe de São Petersburgo, essa
província, especialmente a região
em torno da cidade de Viipuri
(hoje Vyborg, na Rússia), era
considerada, na época, como o local
que melhor preservava as tradições
musicais e poéticas finlandesas.
No verão de 1892, Sibelius e sua
esposa passaram parte da lua de
mel em Carélia, onde o compositor
tomou conhecimento da música
folclórica local e teve a oportunidade
de anotar inúmeras melodias. No ano
seguinte ele recebeu uma encomenda
da Associação dos Estudantes de
Viipuri da Universidade de Helsinki
(na época Universidade Imperial
Alexander) para compor música
para uma peça de teatro de caráter
folclórico/patriótico que retratava
eventos históricos de Carélia.
Compôs uma abertura e oito
movimentos, um para cada episódio,
fortemente inspirados na música
folclórica da região. A apresentação
em Helsinki, no dia 13 de novembro
de 1893, foi um sucesso estrondoso,
embora o compositor tenha ficado
com a impressão de que ninguém
realmente ouvira a sua música.
O frenesi foi tão grande que o
público bateu os pés e as mãos
durante toda a apresentação.
Insatisfeito com o resultado musical,
Sibelius desmembrou a música e a
adaptou em uma abertura (Abertura
Karelia, op. 10) e uma suíte em três
movimentos (Suíte Karelia, op. 11).
O restante da obra ficou abandonado,
vindo a ser descoberto após a morte
do compositor e restaurado em
1997 – mais de cem anos após
a sua composição.
O primeiro movimento inicia-se
tranquilo, com o tema principal
nas trompas. A calmaria do
início aos poucos se transforma
numa corrente de festividade, no
momento em que a música se torna
cada vez mais dançante. Ao final
retornamos ao caráter do início.
No segundo movimento a orquestra
é reduzida a apenas dois oboés, um
corne inglês, dois clarinetes, dois
fagotes e cordas. Ou seja, não apenas
a ausência das flautas é percebida,
como de todos os metais e percussão.
Trata-se de uma música meditativa
e ligeiramente melancólica. À
medida que nos aproximamos do
fim, ouvimos o corne inglês, que,
com suas características sonoras
ímpares, confere ainda mais
melancolia ao tema principal.
O terceiro movimento inicia-se
com leveza, quase como uma
valsa, e torna-se, aos poucos, uma
marcha imponente e majestosa.
Aqui temos a orquestra completa
novamente, mas sem o corne inglês
e com acréscimo do flautim. Uma
orquestra com toda a sua pujança
para uma música que se torna cada
vez mais vigorosa, porém sem
perder o frescor de uma composição
realizada por um jovem que tinha
apenas 28 anos de idade na época.
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor
em Música pela Unicamp, professor na Escola
de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos
floridos não voam e Música menor.
PARA OUVIR
CD Sibelius: The 7 symphonies; Finlandia;
Kullervo; Valse triste and more – London
Symphony Orchestra – Sir Colin Davis,
regente – RCA Red Seal – 2004
PARA ASSISTIR
Radio Kamer Filharmonie – Michael
Schønwandt, regente | Acesse: fil.mg/skarelia
PARA LER
David Burnett James – Sibelius: illustrated lives
of the great composers – Omnibus Press – 1989
Andrew Barnett – Sibelius – Yale University
Press – 2010
44
ALLEGRO E VIVACE
Carl Nielsen |
45
Dinamarca, 1865 – 1931
CONCERTO PARA VIOLINO, OP. 33 (1911)
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas,
2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, cordas.
34 min
Carl Nielsen foi um dos mais
importantes compositores europeus
da virada do século XIX para o XX.
Tido como um dos responsáveis
pela renovação do gênero sinfônico
no início do século XX, Nielsen
foi também exímio violinista e
um importante pedagogo. Seu
reconhecimento internacional
veio somente após sua morte. Em
vida, foi reconhecido apenas como
professor, o que o obrigou a lecionar
na Academia Real Dinamarquesa
de Música até os seus últimos dias.
O rótulo de “compositor
dinamarquês” foi sempre
ambivalente, pois que serviu, ao
mesmo tempo, para promover sua
obra e para restringi-la. Pensá-la
em termos dinamarqueses é tentar
enquadrá-la, à força, em uma
cultura rica e dinâmica, porém, em
muitos momentos, plena de traços
semelhantes aos de outros povos.
Dito de outra maneira, é tentar
ver a qualquer preço a comunhão
de seu estilo com estilos populares
aparentemente originários de seu
país e pertencentes apenas a ele.
No entanto, vê-la nessa moldura
nacionalista parece ser a imagem
mais óbvia. Não à toa, é a mais
repetida. Mas essa visão traz consigo
o perigo dos reducionismos fáceis –
e isto vale para praticamente
todo compositor fora do eixo
Alemanha/França/Itália. Quando
nos esquecemos, por um momento,
da localização geográfica de seu
nascimento e conseguimos vê-lo em
uma perspectiva mais ampla, que
abrange a cena musical erudita na
virada do século XX em toda a sua
totalidade, nos damos conta do quão
original e moderna é a sua música.
Obviamente que, para tal, precisamos
duvidar da primazia de certas
correntes musicais e de certos centros
de produção e difusão da música
que, por muito tempo, nos foram
apresentados como os representantes
máximos da cultura ocidental.
A escrita solística do Concerto para
violino é virtuosística, e sua estrutura,
incomum: dois movimentos
divididos, cada um, em duas partes,
uma lenta e a outra rápida. O primeiro
movimento inicia-se com o – às
vezes dramático, às vezes lírico –
Prelúdio (Largo) e desemboca no
Allegro cavalleresco, uma intensa
seção em que a meditação cede
lugar à vivacidade. O momento
mais contemplativo do Concerto
acontece no Poco adagio, primeira
seção do segundo movimento.
O Rondó (Allegretto scherzando),
segunda seção, é um alegre
scherzo com certo sabor cigano,
especialmente na cadência.
Nielsen iniciou a composição do
Concerto para violino no verão de 1911,
na Noruega, na velha cabana onde
o compositor Edvard Grieg compôs
muitas de suas obras. Naquele verão
ele recebeu o convite da viúva do
compositor, Nina Grieg, para
passar alguns dias em Troldhaugen,
a casa de verão que eles possuíam
na cidade de Bergen. Nos jardins da
casa, hoje um museu, encontra-se
a pequena cabana onde Grieg passava
longas temporadas compondo. A
obra ficou pronta apenas em meados
de dezembro, e a bem-sucedida
estreia se deu no dia 28 de fevereiro
de 1912 em Copenhague, com
o violinista Peder Møller e a
Orquestra Real Dinamarquesa
sob a regência do compositor.
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor
em Música pela Unicamp, professor na Escola
de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos
floridos não voam e Música menor.
PARA OUVIR
CD Nielsen – The complete concertos –
Danish National Radio Symphony Orchestra –
Michael Schønwandt, regente – Kim Sjøgren,
violino – Chandos – 1990
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica Nacional Dinamarquesa –
Thomas Søndergård, regente – Baiba Skride,
violino | Acesse: fil.mg/nviolino
PARA LER
Daniel M. Griley – Carl Nielsen and the
idea of modernism – Boydell – 2011
Robert Simpson – Carl Nielsen
symphonist – Kahn & Averill – 1986
46
ALLEGRO E VIVACE
Edvard Grieg |
47
Noruega, 1843 – 1907
SUÍTE LÍRICA, OP. 54 (1891, versão para piano / 1905, orquestrada pelo compositor)
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas,
2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
17 min
A produção musical de Edvard Grieg
é predominante e caracteristicamente
alemã e dinamarquesa até os anos
de 1864 e 1865, muito em função de
seus estudos musicais em Leipzig e
de sua criação numa classe média
norueguesa culturalmente à sombra
de Copenhague. Seria o contato
com os músicos Rikard Nordraak
e Ole Bull o fator determinante em
seu redirecionamento estético para
a música nacional a partir daqueles
anos. Enquanto Bull apresentou-lhe
a música camponesa da Noruega,
Nordraak, à frente do movimento
nacionalista norueguês, convenceu-o
a associar-se ao movimento.
as miniaturas e as suítes. A música
de Grieg vai além das fronteiras
locais e é recebida por outros
compositores como um modelo
para a elaboração musical de suas
próprias identidades nacionais,
como no caso de seu amigo Alberto
Nepomuceno, um dos precursores
do nacionalismo musical brasileiro.
O nacionalismo de Edvard Grieg
vai além da promoção da cultura
norueguesa, ao desafiar setores
mais conservadores da crítica
musical europeia da época. Estes
consideravam que a grandeza
musical só poderia ser encontrada
através da composição de sinfonias
que abordassem temas universais.
Entre 1867 e 1901 Edvard Grieg
compôs 66 pequenas peças para piano
nomeadas em seu conjunto Peças
Líricas. Essas miniaturas contribuíram
para a popularização da obra do
compositor, uma vez que eram
facilmente consumidas por músicos
amadores e não menos admiradas
pelos profissionais. O opus 54, quinto
livro da coleção, foi composto em
1891 e marca o que se considera o
início de seu segundo nacionalismo –
mais radical na exploração de temas
noruegueses, embora mais inventivo
e resiliente. O ciclo reúne seis peças –
O jovem pastor, Gangar (dança
camponesa norueguesa), Marcha dos
Em contraste, a força de seu
nacionalismo deve-se precisamente
à expansão da linguagem harmônica
pela livre exploração de tradição e
temática regionais, em gêneros de
menores proporções como a canção,
trols, Noturno, Scherzo e Soar dos
sinos – das quais apenas o Scherzo não
explora uma temática nacional. Em
1894 Anton Seidl orquestra quatro
peças do ciclo para um concerto
com a New York Philharmonic.
Uma cópia da partitura da Suíte
Norueguesa, como foi batizada por
Seidl, viria parar, em 1903, nas
mãos de Grieg. Este, dois anos mais
tarde, decide fazer, segundo seu
próprio gosto, algumas alterações na
orquestração do regente húngaro e
mesmo, no caso de algumas das peças,
orquestrá-las novamente. Assim
surge a Suíte Lírica, uma orquestração
e reordenação de seu opus 54.
Enquanto O jovem pastor traz nas
cordas e na harpa um tema folclórico,
Gangar retrabalha a tradicional
dança camponesa norueguesa de
dois tempos, na qual os dançarinos
marcham pelo salão. O Noturno
evoca as noites de verão norueguesas,
combinando erotismo e misticismo
numa referência ao escritor Sigbjørn
Obstfelder. E a Marcha dos trols
retrata as grotescas criaturas do
folclore nórdico que vivem isoladas
em rochas e montanhas, além de
sugerir, em sua lírica seção central,
o lamento da princesa aprisionada,
figura comum das lendas nórdicas.
IGOR REYNER Pianista, Mestre em Música pela
UFMG, doutorando de Francês no King’s College
London e colaborador do ARIAS/Sorbonne
Nouvelle Paris 3.
PARA OUVIR
CD Grieg – Orchestral Works – Norwegian
Dances; Lyric Suite; Symphonic Dances;
Fra Holbergs tid – Halle Orchestra – Sir John
Barbirolli, regente – EMI Classics
0724358651355 – 2005
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica de Holland – Johannes
Müller-Stosch, regente | Acesse: fil.mg/glirica
PARA LER
Donald Jay Grout e Claude Palisca – História
da Música Ocidental – Gradiva – 2011
48
ALLEGRO E VIVACE
Edvard Grieg |
49
Noruega, 1843 – 1907
DANÇAS NORUEGUESAS, OP. 35
(1881, versão para piano / 1891, orquestrada por Hans Sitt)
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas,
2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
15 min
Edvard Grieg é a principal
personalidade musical da Noruega.
A fim de despertar a atenção mundial
para a música norueguesa, fundou
a União Musical de Cristiânia –
atual Oslo –, da qual fizeram parte
intelectuais nacionalistas, dentre eles
o célebre escritor Henrik Ibsen, autor
do libreto de Peer Gynt. Aclamada
por gerações de aficionados do
mundo inteiro pela qualidade
melódica e vitalidade inerente, a
música de Grieg parece tão repleta
de frescor hoje quanto no momento
da composição. Sua obra, quando não
se baseia claramente em melodias
folclóricas, está repleta de elementos
originários da música popular
norueguesa. Há, por exemplo, as
escalas modais e irregulares, o uso
característico de ornamentos, ritmos
ponteados, pedais, dissonâncias
agudas e, sobretudo, a fórmula Grieg:
intervalo melódico descendente
de segunda seguido de uma terça.
Grieg assimilou tais componentes
de maneira natural e orgânica,
folclóricas norueguesas é um
mistério até para mim. Descobri
que as sombrias profundezas das
nossas melodias se devem à sua
especial riqueza e às inesperadas
possibilidades de sua harmonia”.
combinando-os com ideias surgidas
de sua fértil imaginação: “o reino
da harmonia sempre foi o meu
mundo imaginário”, confessou o
compositor; “a relação entre meu
sentido harmônico e as músicas
instrumento no qual soam quatro
cordas enquanto outras quatro ou
cinco vibram por ressonância.
O nacionalismo norueguês fixa
sua raiz nos contos populares
tradicionais coletados por
Jorgen Moee nas músicas folclóricas
montanhesas, selecionadas por
Ludvig Mathias Lindeman.
O professor de Grieg, o dinamarquês
Niels Gade, já havia orientado seu
discípulo a buscar na rica cultura
norueguesa inspiração para suas
melodias, mas foi Rikard Nordraak,
amigo e compatriota de Grieg,
quem o impeliu a cultivar uma arte
especificamente nacional. Grieg
compôs cerca de setenta canções
e danças folclóricas norueguesas
para piano, entre elas dezessete
harmonizações de Slåtter – danças
camponesas norueguesas para
violino de Hardanger ou hardingfele,
Grieg compôs as Danças norueguesas
em Hardanger durante o verão de
1881. Elas se baseiam no Halling,
dança folclórica norueguesa na qual
os homens saltam atleticamente para
acertar um chapéu a dois metros de
altura. Tais composições surgiram
para atender à demanda de obras
nacionalistas em forma de dança,
como as Danças Húngaras de Brahms
e Danças Eslavas de Dvorák: todas
originais para piano a quatro mãos.
O dinamarquês Robert Martin
Henriques foi o primeiro a orquestrar
duas das Danças norueguesas de
Grieg. Ao que se sabe, o autor
criticara a rítmica insuficiente
apresentada naquela instrumentação.
A orquestração que deu fama à
obra foi realizada pelo compositor
tcheco Hans Sitt. Ele baseou-se na
instrumentação realizada por Grieg
a partir de outras obras para piano a
quatro mãos, como a Suíte Holberg, as
Duas melodias nórdicas, as Variações
sobre uma antiga melodia norueguesa
e as Danças Sinfônicas, também
inspiradas em temas noruegueses.
MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela
Universidade Federal de Minas Gerais, professor
na Universidade do Estado de Minas Gerais.
PARA OUVIR
CD Grieg – Norwegian & Symphonic
Dances – Gothenburg Symphony Orchestra –
Neeme Järvi, regente – Deutsche
Grammophon, Hamburgo – 1990
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica da Rádio de
Frankfurt – Paavo Järvi, regente
Acesse: fil.mg/gnorueguesas
PARA LER
Daniel M. Grimley – Grieg: Music, Landscape
and Norwegian Cultural Identity – The Boydell
Press – 2006
50
51
ACOMPANHE A FILARMÔNICA
EM OUTRAS SÉRIES DE CONCERTO
PRÓXIMOS
CONCERTOS
Aqui estão todas as apresentações da Filarmônica no mês corrente, a partir
do segundo concerto das séries de quinta e sexta, depois que o Fortissimo
começa a circular. Havendo espaço, divulgaremos também os concertos do
mês seguinte. Para programação completa, visite www.filarmonica.art.br.
Outubro
CONCERTOS PARA A JUVENTUDE
LABORATÓRIO DE REGÊNCIA
Realizados em manhãs de domingo,
Atividade pioneira no Brasil, este
são concertos dedicados aos jovens
laboratório é uma oportunidade
DIAS 8 E 9, PRESTO 9, VELOCE 9
DIAS 27 E 28, CONCERTOS DIDÁTICOS
e às famílias, buscando ampliar
para que jovens regentes brasileiros
quinta e sexta, 20h30, Sala Minas Gerais
e formar público para a música
possam praticar com uma orquestra
Christoph König, regente convidado
terça e quarta, 9h30 e 14h30,
Sala Minas Gerais
clássica. As apresentações têm
profissional. A cada ano, quinze
Alexandre Barros, oboé
CONCERTOS FECHADOS
ingressos a preços populares.
maestros, quatro efetivos e onze
Marcus Julius Lander, clarinete
Marcos Arakaki, regente
ouvintes, têm aulas técnicas, teóricas e
Catherine Carignan, fagote
TCHAIKOVSKY / PROKOFIEV
CLÁSSICOS NA PRAÇA
ensaios com o regente Fabio Mechetti.
Alma Maria Liebrecht, trompa
Realizados em praças da Região
O concerto final é aberto ao público.
MOZART / BRUCKNER
DIA 29, CONCERTOS DE CÂMARA
QUARTETO DE CORDAS
Metropolitana de Belo Horizonte, os
concertos proporcionam momentos
TURNÊS NACIONAIS E INTERNACIONAIS
DIAS 15 E 16, ALLEGRO 10, VIVACE 10
de descontração e entretenimento,
Com essas turnês, a Orquestra
quinta e sexta, 20h30, Sala Minas Gerais
quinta, 19h e 20h30,
Memorial Minas Gerais Vale
buscando democratizar o acesso da
Filarmônica de Minas Gerais
Fabio Mechetti, regente
LACERDA / BORODIN
população em geral à música clássica.
busca colocar o estado de Minas
Baiba Skride, violino
dentro do circuito nacional e
SIBELIUS / NIELSEN / GRIEG CONCERTOS DIDÁTICOS
internacional da música clássica.
DIA 17, CONCERTOS DE CÂMARA
Concertos destinados a grupos de
crianças e jovens da rede escolar
TURNÊS ESTADUAIS
QUARTETO DE CORDAS
e a instituições sociais, mediante
As turnês estaduais levam a música de
inscrição prévia. Seu formato busca
concerto a diferentes cidades e regiões de
sábado, 20h30, Basílica Nossa
Senhora do Pilar, Ouro Preto
apoiar o público em seus primeiros
Minas Gerais, possibilitando que o público
LACERDA / BORODIN
passos na música clássica.
do interior do Estado tenha contato direto
com música sinfônica de excelência.
FESTIVAL TINTA FRESCA
DIA 18, CONCERTOS DE CÂMARA
QUINTETO DE SOPROS
Com o objetivo de fomentar a criação
CONCERTOS DE CÂMARA
musical entre compositores brasileiros e
Realizados para estimular músicos
domingo, 11h, Fundação Cultural
Carlos Drummond de Andrade, Itabira
gerar oportunidade para que suas obras
e público na apreciação da música
IBERT / AMERICANO / HAYDN / K-XIMBINHO /
sejam apresentadas em concerto, este
erudita para pequenos grupos. A
FARKAS / CALLADO
Festival é sempre uma aventura musical
Filarmônica conta com grupos de
inédita. Como prêmio, o vencedor recebe
Metais, Cordas, Sopros e Percussão.
DIA 24, FORA DE SÉRIE 7
a encomenda de outra obra sinfônica
sábado, 18h, Sala Minas Gerais
a ser estreada pela Filarmônica no
Fabio Mechetti, regente
ano seguinte, realimentando o ciclo da
Rommel Fernandes, violino
produção musical nos dias de hoje.
Ara Harutyunyan, violino
BEETHOVEN
52
Orquestra
Filarmônica de
Minas Gerais
53
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti
REGENTE ASSOCIADO
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS
Fernando Damata Pimentel
Angelo Oswaldo de Araújo Santos
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE
SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE CULTURA DE
MINAS GERAIS
MINAS GERAIS
Antônio Andrade
Bernardo Mata Machado
Instituto Cultural Filarmônica
Marcos Arakaki
(OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)
PRIMEIROS VIOLINOS
VIOLONCELOS
TROMPAS
GERENTE
Anthony Flint – Spalla
Rommel Fernandes –
Spalla Associado
Ara Harutyunyan – Spalla
Assistente
Ana Zivkovic
Arthur Vieira Terto
Bojana Pantovic
Dante Bertolino
Hyu-Kyung Jung
Joanna Bello
Marcio Cecconello
Roberta Arruda
Rodrigo Bustamante
Rodrigo Monteiro Braga
Rodrigo de Oliveira
Philip Hansen *
Robson Fonseca ****
Camila Pacífico
Camilla Ribeiro
Eduardo Swerts
Emilia Neves
Eneko Aizpurua Pablo
Lina Radovanovic
Francisca Garcia *****
Alma Maria Liebrecht *
Evgueni Gerassimov ***
Gustavo Garcia Trindade
José Francisco dos Santos
Lucas Filho
Fabio Ogata
Jussan Fernandes
CONTRABAIXOS
Colin Chatfield *
Nilson Bellotto ***
Brian Fountain
Marcelo Cunha
Pablo Guiñez
Wallace Mariano
SEGUNDOS VIOLINOS
Frank Haemmer *
Leonidas Cáceres ***
Gideôni Loamir
Jovana Trifunovic
Luka Milanovic
Martha de Moura
Pacífico
Mateus Freire
Radmila Bocev
Rodolfo Toffolo
Tiago Ellwanger
Valentina Gostilovitch
Andrea Campos *****
Rudá Alves *****
VIOLAS
João Carlos Ferreira *
Roberto Papi ***
Flávia Motta
Gerry Varona
Gilberto Paganini
Juan Díaz
Katarzyna Druzd
Luciano Gatelli
Marcelo Nébias
Nathan Medina
OBOÉS
Alexandre Barros *
Ravi Shankar ***
Israel Muniz
Moisés Pena
CLARINETES
Marcus Julius Lander *
Jonatas Bueno ***
Ney Franco
Alexandre Silva
Karolina Lima
ASSISTENTE
ADMINISTRATIVA
TROMPETES
Marlon Humphreys *
Érico Fonseca **
Daniel Leal ***
Tássio Furtado
Débora Vieira
ARQUIVISTA
Sergio Almeida
ASSISTENTES
TROMBONES
Mark John Mulley *
Diego Ribeiro **
Wagner Mayer ***
Renato Lisboa
FLAUTAS
Cássia Lima *
Renata Xavier ***
Alexandre Braga
Elena Suchkova
INSPETORA
Ana Lúcia Kobayashi
Claudio Starlino
Jônatas Reis
SUPERVISOR DE
MONTAGEM
TUBA
Rodrigo Castro
Eleilton Cruz *
MONTADORES
TÍMPANOS
Patricio Hernández
Pradenas *
PERCUSSÃO
André Barbosa
Hélio Sardinha
Jeferson Silva
Klênio Carvalho
Risbleiz Aguiar
Rafael Alberto *
Daniel Lemos ***
Sérgio Aluotto
Werner Silveira
HARPA
Giselle Boeters *
TECLADOS
FAGOTES
Ayumi Shigeta *
Catherine Carignan *
Victor Morais ***
Andrew Huntriss
Francisco Wellington
da Silva
Conselho
Administrativo
PRESIDENTE EMÉRITO
Jacques Schwartzman
PRESIDENTE
Roberto Mário Soares
CONSELHEIROS
Angela Gutierrez
Berenice Menegale
Bruno Volpini
Celina Szrvinsk
Fernando de Almeida
Ítalo Gaetani
Marco Antônio Pepino
Marcus Vinícius Salum
Mauricio Freire
Mauro Borges
Octávio Elísio
Paulo Brant
Sérgio Pena
Diretoria
Executiva
DIRETOR PRESIDENTE
Diomar Silveira
DIRETOR
ADMINISTRATIVOFINANCEIRO
Estêvão Fiuza
DIRETORA DE
COMUNICAÇÃO
Jacqueline Guimarães
Ferreira
DIRETORA DE
MARKETING E
PROJETOS
Zilka Caribé
DIRETOR DE OPERAÇÕES
DIRETOR DE
ASSISTENTE DE
AUXILIARES DE
PRODUÇÃO MUSICAL
MARKETING DE
SERVIÇOS GERAIS
Kiko Ferreira
RELACIONAMENTO
Eularino Pereira
Ailda Conceição
Márcia Barbosa
Equipe Técnica
ASSISTENTE DE
MENSAGEIROS
GERENTE DE
PRODUÇÃO
COMUNICAÇÃO
Rildo Lopez
Lucas Lima
Serlon Souza
Merrina Godinho Delgado
GERENTE DE
MENOR APRENDIZ
GERENTE
Sala Minas
Gerais
PRODUÇÃO MUSICAL
Claudia da Silva
Guimarães
ADMINISTRATIVO-
Diego Soares
FINANCEIRA
ASSESSORA DE
Ana Lúcia Carvalho
PROGRAMAÇÃO MUSICAL
Carolina Debrot
GERENTE DE
INFRAESTRUTURA
GERENTE DE
Renato Bretas
RECURSOS HUMANOS
PRODUTORES
Quézia Macedo Silva
Geisa Andrade
Luis Otávio Rezende
Narren Felipe
ANALISTAS
GERENTE DE OPERAÇÕES
Jorge Correia
ADMINISTRATIVOS
TÉCNICO DE
João Paulo de Oliveira
Paulo Baraldi
ILUMINAÇÃO E ÁUDIO
Andréa Mendes
(Imprensa)
Marciana Toledo
(Publicidade)
Mariana Garcia
(Multimídia)
Renata Gibson
Renata Romeiro
(Design gráfico)
ANALISTA CONTÁBIL
ASSISTENTE
Graziela Coelho
OPERACIONAL
ANALISTA DE
ASSISTENTE DE
MARKETING DE
RECURSOS HUMANOS
RELACIONAMENTO
Vivian Figueiredo
ANALISTAS DE
Rafael Franca
COMUNICAÇÃO
Rodrigo Brandão
SECRETÁRIA EXECUTIVA
Flaviana Mendes
ASSISTENTE
ADMINISTRATIVA
Cristiane Reis
Mônica Moreira
RECEPCIONISTA
ANALISTAS DE
MARKETING E
Lizonete Prates
Siqueira
PROJETOS
Itamara Kelly
Mariana Theodorica
Ivar Siewers
* principal ** principal associado *** principal assistente **** principal / assistente substituto ***** músico convidado
Equipe
Administrativa
FOTO DA CAPA: EUGÊNIO SÁVIO
FORTISSIMO
outubro
nº 8 / 2015
ISSN 2357-7258
EDITORA Merrina
Godinho Delgado
AUXILIAR
ADMINISTRATIVO
EDIÇÃO DE TEXTO
Pedro Almeida
Berenice Menegale
ILUSTRAÇÕES: MARIANA SIMÕES
54
PONTUALIDADE
Uma vez iniciado um concerto, qualquer
movimentação perturba a execução
da obra. Seja pontual e respeite o
fechamento das portas após o terceiro
sinal. Se tiver que trocar de lugar ou
sair antes do final da apresentação,
aguarde o término de uma peça.
APLAUSOS
Aplauda apenas no final das obras.
Veja no programa o número de
movimentos de cada uma e fique de
olho na atitude e gestos do regente.
TOSSE
Perturba a concentração dos músicos
e da plateia. Tente controlá-la com
a ajuda de um lenço ou pastilha.
CUIDE DO SEU
PROGRAMA DE
CONCERTOS
Fortissimo, além de seu programa
mensal de concertos, é uma publicação
indexada aos sistemas nacionais
e internacionais de catalogação.
Elaborado com a participação de
especialistas, ele oferece uma
oportunidade a mais para se conhecer
música. Desfrute da leitura e estudo.
Para evitar o desperdício, pegue
apenas um exemplar ao mês. Caso
não precise dele após o concerto,
devolva-o nas caixas receptoras.
O programa se encontra também
disponível em nosso site, na agenda
de concertos. www.filarmonica.art.br
OLÁ, ASSINANTE
ASSINATURAS!
Você recebeu a programação da Temporada 2016 com o
Guia de Assinaturas e deve ficar atento aos PRAZOS e PASSOS
para garantir o melhor lugar na Sala Minas Gerais: o seu.
de 1º a 19 de outubro – RENOVAÇÃO
Nesse período, caso queira manter os mesmos
lugares e séries, basta realizar o pagamento.
Mas se você quiser mudar de cadeira ou série, não se esqueça:
você precisa indicar este desejo no período de renovação
CONVERSA
A experiência do concerto inclui o
encontro com outras pessoas. Aproveite
essa troca antes da apresentação e
no seu intervalo, mas nunca converse
ou faça comentários durante a
execução das obras. Lembre-se de
que o silêncio é o espaço da música.
para conseguir acessar a fase de efetivação de
troca. Sua assinatura atual fica reservada para o
caso de você não encontrar a troca que deseja.
de 23 de outubro a 9 de novembro – TROCA
Este é o momento de visualizar o mapa da
APARELHOS CELULARES
Confira e não se esqueça, por
favor, de desligar o seu celular ou
qualquer outro aparelho sonoro.
FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEO
Não são permitidas na sala de concertos.
CUMPRIMENTOS
Após a apresentação, caso queira
cumprimentar os músicos e convidados,
dirija-se à Sala de Recepções, à
esquerda do foyer principal.
Sala e escolher, entre os lugares disponíveis,
o mais adequado a você. Se não encontrar,
CRIANÇAS
Caso esteja acompanhado por
criança, escolha assentos próximos
aos corredores. Assim, você
consegue sair rapidamente se
ela se sentir desconfortável.
COMIDAS E BEBIDAS
Seu consumo não é permitido no
interior da sala de concertos.
você pode renovar sua assinatura atual.
Ao efetuar o pagamento, seu lugar estará garantido.
NÃO É POSSÍVEL REALIZAR NOVAS TROCAS APÓS O DIA 9 DE NOVEMBRO.
ASSESSORIA DE RELACIONAMENTO
[email protected]
3219-9009 (segunda a sexta, 9h a 18h)
www.filarmonica.art.br
FOTO : A LEXAND RE REZEN DE
PARA APRECIAR
UM CONCERTO
55
56
SALA MINAS GERAIS
Mobiliário de palco
A montagem de um palco, distribuição
permitindo elegância e bem-estar na
mas, em função do deslocamento
em fibra de borracha, distribuído sobre
dos instrumentos, cadeiras e estantes
interpretação musical.
constante dos músicos, o apoio para os
uma base de madeira perfurada para
pés é constituído por uma peça única.
permitir ventilação.
é pensada em função do estilo da
obra. Quando as obras sinfônicas
Na montagem do palco da Filarmônica
passaram a exigir um maior número de
você verá quatro tipos de cadeiras.
As cadeiras dos violoncelos têm
São detalhes da organização de uma
instrumentos e ficaram mais longas,
As cadeiras dos contrabaixos são mais
algumas particularidades como altura
orquestra e sua sala de concertos, o
surgiu o momento de se repensar
altas, possuem regulagem de altura e
variável e inclinação do encosto e ainda
que logicamente escapa ao público
o mobiliário de palco. Atualmente,
inclinação de assento, assim como de
servem ao apoio do espigão. Já as
no momento da apresentação. Mas,
empresas de arquitetura e design
encosto. Os apoios de pés são separados
cadeiras das violas, violinos, madeiras
sem eles, dificilmente seria possível
cuidam para que cada elemento do
para possibilitar diferentes regulagens
e metais possuem a possibilidade de
criar as condições necessárias para
palco atenda a exigências acústicas,
para o pé direito e para o esquerdo. As
regulagem de altura e inclinação do
a interpretação da música em nível
de ergonomia e de funcionalidade,
cadeiras da percussão são parecidas,
assento. Em todas, o estofamento é
de excelência.
PERCUSSÃO
VIOLAS, VIOLINOS,
MADEIRAS E METAIS
FOTOS: MARIANA GARCIA
VIOLONCELOS
CONTRABAIXOS
MANTENEDORA
CA: 0263/001/2014
APOIO INSTITUCIONAL
DIVULGAÇÃO
REALIZAÇÃO
SALA MINAS GERAIS
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