Meditação sobre o Buddha Shakyamuni_portuguese

Transcrição

Meditação sobre o Buddha Shakyamuni_portuguese
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Meditação sobre o Buddha Shakyamuni
Gendün Rinpoche
Este livreto contém uma meditação guiada de chiné na qual a pessoa escolhe o objeto
puro e externo, o Buddha Shakyamuni, como suporte para a mente. Adicionamos os
quatro pensamentos fundamentais, o refúgio, a bodhicitta, uma prece para o lama e a
dedicação para apresentar este como sendo um texto completo para a prática.
O capítulo deste livreto chamado “Meditação sobre o Buddha Shakyamuni” faz parte do
livro alemão “Herzensunterweisungen eines Mahamudrameisters” escrito pelo lama
Gendün Rinpoche, Theseus 1999, traduzido pelo lama Sönam Lhündrup. A versão
inglesa foi ligeiramente condensada para aprimorar o seu caráter de meditação guiada.
Ela foi traduzida para o português por Antonella.
Fazendo surgir a motivação correta
Começamos contemplando os quatro pensamentos fundamentais. Através desta
reflexão, veremos claramente a situação na qual nós e realmente todos os seres
sencientes se encontram. Como resultado, nós desenvolveremos a força necessária para
abandonar todas as atividades desprovidas de sentido e, ao invés de darmos atenção a
elas, nós nos voltamos para a prática do Dharma.
Fazendo bom uso desta oportunidade
Podemos ser gratos que encontramos o Dharma e que a sua bênção foi mantida viva
através de uma linhagem de grandes mestres até hoje. Hoje existem incontáveis
circunstâncias que nos impedem de praticar e apenas bem poucas que nos ajudam nisso.
Quando olhamos para nossas vidas, podemos ver que não é livre de frustração e
dificuldades. Entretanto, quando escutamos os ensinamentos, contemplamos sobre eles
e também os praticamos, é possível entender a mente e alcançar a libertação.
Encarando a impermanência de todas as coisas
Quando compreendemos que objetos externos são impermanentes e, portanto, não
podem nos dar felicidade duradoura nem segurança, nossa atração por eles diminuirá.
Um dia teremos que morrer e não mais poderemos nos agarrar à nossa riqueza material,
nossos amigos ou parentes. Então, apenas o entendimento do Dharma poderá nos
ajudar. Como não sabemos quando o nosso momento de morrer chegará, é melhor
começar a praticar agora.
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A confiança na causa e no efeito
Enquanto estivermos sob a influência de nossas emoções perturbadoras, nós agimos de
forma negativa com corpo, fala e mente. Nosso comportamento não causará apenas
problemas para os outros, mas também levará nós mesmos ao sofrimento. Cada semente
negativa que não é purificada amadurecerá como um fruto em forma de sofrimento para
nós no futuro. Por esta razão, deveríamos abandonar nossa maneira de pensar egoísta e,
ao invés dela, decidir agir de uma forma positiva.
Virar as costas para e existência insatisfatória
Nada é estável nem seguro, a longo prazo, e não sabemos o que acontecerá amanhã.
Freqüentemente os objetivos que queremos alcançar não podem ser alcançados e coisas
que gostaríamos de evitar não podem ser evitadas. Para deixar este ciclo sem sentido
para trás, nós confiamos no refúgio no Buddha, no Dharma e na Sangha.
Tomando Refúgio
Com a compreensão que nada neste mundo pode nos dar nenhuma real proteção, nós
focamos com a nossa mente o alcannçar do despertar.
“Até o despertar eu tomo refúgio no Buddha,
no Dharma e na Sangha1.
Que eu possa realizar o estado búdico
através do mérito da generosidade
e das outras qualidades libertadoras2
para o benefício de todos os seres.”
(três vezes)
Ou em tibetano:
SANGYÉ / TCHEU TANG / TSO KYI / TCHO NAM LA //
DIANg TCHOUB / PAR TOU / DA NI / KYAB SOU TCHI //
DA GUI / DJIN SO/ GYI PÉÏ / SEU NAM KYI //
DrO LA / PEN TCHIR / SANGYÉ / DrOUP PAR CHIO //
Formando a atitude desperta
Agora formamos o desejo profundo que a nossa prática do Dharma beneficiará todos os
seres.
“Possam todos os seres desfrutar da felicidade e da raiz da felicidade.
Possam eles ser livres do sofrimento e da raiz do sofrimento.
1
O Budhha incorpora a mente desperta. O Dharma são as instruções mostrando o caminho para o
despertar. A Sangha é a comunidade que nos ajuda a seguir o caminho.
2
As qualidades libertadoras são generosidade, comprotamento ético, paciência, perseverança alegre,
meditação e sabedoria.
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Possam eles ser inseparáveis da verdadeira alegria, desprovida de sofrimento.
Possam eles repousar na grande equanimidade que é livre de apego e aversão.”
(três vezes)
Ou em tibetano:
SEM TCHEN / TAM TCHÉ / DÉ OUA TANg / DÉ OUEÏ /
GYOU TANg / DEN PAR / GYOUR TCHIK //
DOUG NgEL / TANg DOUG NgEL / GYI GYOU / TANg DrEL
OUAR / GYOUR TCHIK //
DOUG NgEL / MÉ PEÏ / DÉ OUA / DAM PA TANg / MIN DrEL OUAR /
GYOUR TCHIK //
NYÉ RINg / TCHAG DANg / TANg DrEL OUÉÏ / TANG NYOM / TCHEN
PO LA / NÉ PAR GYOUR TCHIK //
Pensando sobre o seu Lama
Pensamos no lama no qual temos mais confiança e imaginamos que ele está sentado
sobre a nossa cabeça. Pedimos de todo o coração pela sua bênção que nos possibilita
sentir profunda compaixão e amor por todos os seres.
Precioso e luminoso lama-raiz,
sentado sobre uma flor de lótus e uma lua acima da minha cabeça,
acolha-me em sua grande bondade,
e conceda-me a realização do corpo da palavra e do espírito da iluminação.
Ou em tibetano:
PEL DEN / TSA QUEÏ / LAMA / RINPOCHÉ //
DA GUI / TCHI OUOR / PÉ MEI / DEN CHOU LA //
KA DrIN / TCHEN PEUÏ / GO NÉ / DJÉ SOUNg TÉ //
KOU SOUNg / TOUK KYI / NgEU DrOUP / TSEL TOU SEUL //
Meditação sobre o Buddha Shakyamuni
Um ser desperto como o Buddha Shakyamuni é capaz de mostrar o caminho para todos
os seres e guiá-los para o despertar. Sua atividade em benefício alheio não tem limites.
Para cada um de nós com percepção impura é difícil imaginar o que o Buddha
realmente é. Por esta razão, tomamos o histórico Buddha Shakyamuni como suporte de
nossa meditação. Mas ao mesmo tempo deveríamos ser conscientes do fato que o
Buddha não é um ser comum.
Para nossa meditação nós nos sentamos e relaxamos, mas nossa espinha dorsal
permanece ereta.
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Soltamos todo apego e toda aversão. Estamos conscientes do momento presente em
completa equanimidade.
Uma vez que tenhamos alcançado o ponto de relaxamento físico e mental,
contemplamos o Buddha à nossa frente. Antes de tudo, direcionamos nossa atenção para
o trono do Buddha. Ele é feito de pedras preciosas e carregado por oito liões das neves.
Há um lótus branco em um pano de seda e almofadas, e sobre tudo isto está pousado um
disco lunar sobre o qual o Buddha está sentado na posição Vajra. Nós o visualizamos
com um corpo de sabedoria que não é feito de carne e sangue.
Meditamos sobre o Buddha como sendo uma manifestação ilusória, equivalente a um
arco-íris – completamente transparente – a essência da forma e da vacuidade.
A sua mão direita toca o chão, a esquerda permanece em seu colo na postura de
meditação. Olhando para nós e todos os seres sencientes com amor ilimitado e
compaixão, a sua mente está continuamente absorvida em meditação e conhece cada ser
diretamente sem nenhuma decepção. Seu sorriso gentil expressa sua atenção sincera
direcionada a todos os seres.
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Assim que tivermos imaginado o Buddha claramente em nossa mente, nós
contemplamos sua grande gentileza e o quão afortunados somos de estarmos na sua
presença. Imaginamos que ele fala a nós explicando o Dharma. Gratos por esta
extraordinária oportunidade entendemos que esta situação é o resultado da acumulação
de atos positivos e a purificação de nosso fluxo mental durante incontáveis vidas. É
como receber os frutos de esforços que fizemos em vidas prévias. Conscientes de tudo
isto, nos sentimos verdadeiramente felizes. Neste estado de alegria nós imaginamos o
corpo dele emanando raios de luz que preenchem nossa mente e nosso corpo. Isto nos
liberta de todas as limitações físicas e mentais e dos véus criados por noções dualísticas.
Deixamos a nossa mente tornar-se una com a mente do Buddha, sentindo-nos
completamente inseparáveis dele.
Permanecemos neste estado tanto quanto pudermos.
– Quando percebermos que nossa mente se tornou apática ou entorpecidam
deveríamos dirigir nossa atenção diretamente para o coque no alto da
cabeça ou para a face dele.
– Entretanto, se a nossa mente é agitada por muitos pensamentos,
deveríamos dirigir a nossa atenção para baixo, para os pés e as pernas
dele ou o trono e o lótus. Isto pacifica agitação mental.
– Se não estivermos sonolentos nem agitados, permanecemos unificados
com a mente do Buddha. Contemplamos a forma de seu corpo inteiro ou
dirigimos a nossa atenção para a área do coração.
– No caso de nos distrairmos com facilidade, tendo dificuldade em deixar
nossa mente repousar na forma do Buddha, deveríamos deixar nosso
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olhar vagar repetidamente sobre o corpo dele, começando pela parte
superior e em seguida baixando. Completamente relaxados e sem
nenhuma tensão, visualizamos todas as características de sua aparência
externa uma depois da outra. Assim a nossa mente se estabilizará.
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Se depois de um tempo não pudermos mais focar claramente a forma do Buddha, é sinal
de que precisamos de uma pausa. Então olhamos ligeiramente para cima deixando o
nosso olhar relaxar no espaço à nossa frente.
Durante toda a sessão consiste em uma ajuda cultivar nossa confiança na capacidade do
Buddha de transferir bênçãos. Tenha a certeza de que, no momento no qual você está
pensando nele, O buddha está realmente com você.
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No final da sessão, nós imaginamos os raios de luz que emanam da testa, da garganta e
do coração do Buddha. Quando eles se dissolvem dentro de nossos três centros eles
abençoam o nosso corpo, a nossa fala e a nossa mente e purificam todos os nossos véus
e negatividade.
Finalmente, o corpo do Buddha se dissolve na luz e ao dissolver-se em nós, não há mais
separação entre ele e nós – como água sendo vertida em água. Nossa mente está
descontraída, livre e relaxada em sua dimensão natural.
Dedicação
Finalmente, dedicamos todo o benefício acumulado através desta meditação para a
felicidade duradoura de todos os seres que é o despertar. Que possamos rapidamente
desenvolver as qualidades despertas para realmente poder ajudá-los.
Através do mérito desta prática, possam os seres vivos alcançar
o conhecimento absoluto,
e vencer todas as forças nocivas.
Possam eles ser liberados do oceano das existências
Que é agitado pelas ondas do nascimento, da doença, do
envelhecimento e da morte.
Em tibetano:
SEU NAM / DI YI / TAM TCHÉ / ZI PAN NYI //
TOB NÉ / NYÉ PÉÏ / DrA NAM / PAM DJÉ NÉ //
KYÉ GA / NA TCHI / BA LAB / TrOU PA YI //
SI PÉI / TSO LÉ / DrOU OUA / DrEUL OUAR CHIO //
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Anotação
Neste texto Gendun Rinpoche dá diferentes instruções em como trabalhar com uma
mente agitada ou apática e, dependendo da situação, você deveria usa aquela que é mais
apropriada para o seu momento.
Se você praticar meditação regularmente, você observará que às vezes a imagem do
Buddha parecerá maior ou menor, mais próxima ou distante. Isto é normal. Ao invés de
criar uma imagem perfeita do Buddha, você deveria usar a visualização para deixar a
mente se acalmar.
Agradecimentos ao Lama Lhundrup por sua permissão de traduzir este texto.

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