Revista dos museus

Transcrição

Revista dos museus
MUSEUS
ESPAÇOS
DE MEMÓRIA
ESPECIAL
CASTELO
BRANCO
Um passeio pelo
concelho para conhecer
os principais museus e a
história da cidade
DESTACÁVEL
20PÁGINAS
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ÍN
DI
CE
Belmonte
Museu dos Descobrimentos
Museu Judaico
Uma vila com muito para ver
Covilhã
Museu de Arte Sacra
Uma cidade tecida nos fios do tempo
Museu do Queijo
Memória da cidade
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Fundão
Museu Judaico em Belmonte
Museu Arqueológico
Cidade do Engenho e da Arte
Rota pelos museus do Fundão
Casas da Floresta
Gouveia
Uma cidade com história
Museu Abel Manta
Museu da Miniatura Automóvel
Vila Nova de Foz Côa
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Museu de Arte Sacra na Covilhã
Museu do Côa
Guarda
É vasto o tempo que um Museu Guarda
Idanha-a-Nova
As aldeias museu
Centro Cultural Raiano
Mais património a descobrir
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Museu Arqueológico
do Fundão
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Penamacor
Museu Municipal
Torre de Menagem
Proença-a-Nova
Centro de Ciência Viva
Museu Isilda Martins
Vila Velha de Ródão
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Monsanto uma aldeia portuguesa
ÍN
DI
CE
Turismo Cultural
Um Livro de Pedra
Lagar de Varas
Memória do Olival
Vila de Rei
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Museu da Geodésia
O Mundo das Aldeias
Onde ficam os museus e como lá chegar
Museu de S. Roque da Santa Casa
da Misericórdia de Lisboa
Outros museus a visitar na Beira Interior
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Centro de Ciência Viva
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Um Livro de Pedra
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ESPAÇOS QUE NOS AJUDAM
A DECIFRAR
O TEMPO
AUTOR: Fernando Paulouro Neves
A Beira Interior tem hoje uma cartografia
vasta de museus que nos ajudam a decifrar
o tempo e a perceber melhor o território
A memória da terra e dos
homens é o repositório da aventura humana, desde os gestos
e palavras iniciais à construção
da “liberdade livre”, que não é
outra coisa senão a desmedida capacidade de sonhar em
tudo aquilo que o gesto criador
contribuiu para a superação de
atavismos arcaicos, desconstrução de mitos, batalhas em suma
pela libertação do homem. Essa
capacidade de o homem se fazer a si próprio está inscrita no
território, quando a memória, de
que o património edificado ou
documental, que é a sua grande
dimensão, não foi destruída (às
vezes por incúrias e analfabetismo) ou não se sumiu para sem-
pre no pó do tempo.
A luta pela preservação
desse bem coletivo tem sido
um longo caminho de afirmação cultural. E foi decerto essa
perspetiva que levou a UNESCO
a considerar o património como
um conceito muito amplo da
aventura criadora do homem, na
certeza de que é na expressão
multifacetada dessa memória,
que agora nos parece intemporal, que se pode buscar a resposta para a nossa identidade, para
a pergunta fundamental: quem
somos? De onde viemos? Como
e quando?
A museologia é hoje um
elemento fundamental do património, preservando-o, dandolhe visibilidade, interpretando
os passos da história . A Beira
Interior tem hoje uma cartografia vasta de museus que nos
ajudam a decifrar o tempoe os
tempos. Com eles, percebemos
melhor o seu território, vamos
aprendendo a saber quem somos. É assim desde as gravuras
do Vale do Coa (os traços do rumor do mundo dos primeiros artistas), à aventura humana gravada nas rochas do Vale do Tejo
(em parte submersas), dos museus locais e regionais ao Museu
Cargaleiro, verdadeiro centro de
arte de nível europeu.
A par dessa realidade, que
em muitos aspetos representa
um esforço notável de atenção à
memória coletiva e de moderni-
zação, há toda a outra dimensão
do riquíssimo património construído, às vezes pequenos monumentos à escala harmoniosa
do território, outras surpreendentes instantes vividos na dimensão infinita da paisagem,
com as diversidades da Beira,
que obrigam sempre os olhos a
parar para ver melhor e descobrir as particularidades da ocupação ou do abandono humano
das terras.
Esta viagem pela memória
do território é uma forma de fazer o elogio do esfotrço cultural
que os museus representam, um
reencontro com o tempo passado e presente a pensar na afirmação da região no futuro.
Ficha Técnica
Esta revista faz parte integrante da edição do Jornal do Fundão do dia 6 de dezembro de 2012 e não pode ser
vendida separadamente
Diretor-Geral: Vasco Pinto Leite
Diretor: Fernando Paulouro Neves
Coordenador de Redacção: Luís Nave
Textos
Catarina Canotilho, Célia Domingues,
Filipe Sanches, Lúcia Reis, Nuno Francisco, Romão Vieira
Grafismo: Jornal do Fundão
Paginação: Benvinda Martins
Jorge Chorão
Publicidade
Coordenadora: Teresa Godinho
Anunciação Salvado
Luísa Pereira Nina
Telefone: 275 779350 (geral)
275 779365 (publicidade)
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Jornal do Fundão
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MUSEU DOS DESCOBRIMENTOS EM BELMONTE
A AVENTURA
DE CABRAL
AUTOR: Filipe Sanches
FOTOGRAFIAS: Filipe Sanches e Arquivo
SÃO 16 SALAS que mostram a epopeia do navegador
Da partida de Belmonte até à colonização do Brasil, passando por toda a preparação da viagem, a vida em alto mar e o primeiro avistamento das terras de Vera Cruz. Tudo isto no primeiro museu que Portugal dedicou à época áurea dos Descobrimentos
Belmonte foi a primeira localidade do país a preencher uma lacuna imperdoável no panorama museológico português. Como é que
um país que deu novos mundos ao mundo não tinha um espaço inteiramente dedicado à época áurea dos Descobrimentos? Ora, o Centro
Interpretativo “À Descoberta do Novo Mundo” (DNM), inaugurado em
abril de 2009, tem cumprido esse papel à risca, dando particular enfoque, como se compreende, à viagem do belmontense Pedro Álvares
Cabral ao Brasil.
Dividido em dois pisos do antigo Solar dos Cabrais, o museu
tem 16 salas que mostram, de forma interativa e com recurso a tecnologias multimédia, a epopeia dos Descobrimentos. Para se ver tudo,
uma visita poderá demorar perto de três horas, tempo que no final
se considerará bem empregue. A partida é dada em Belmonte. Na
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primeira sala encontra-se a pretensa pia batismal onde Cabral terá recebido o primeiro sacramento. Depois, tal como o próprio, parte-se
para Lisboa, cidade que à época já era bem cosmopolita. Daí à temática dos descobrimentos é só percorrer as datas que nos guiam até à
partida da armada. Seguimos numa dessas embarcações. Pelo caminho ficamos a saber como se faziam as próprias navegações, aquilo
que se comia a bordo, como se vivia e até como era vista e vivida a
presença das mulheres na própria nau. São conteúdos interativos e
interpretativos que, de forma apelativa e sintética, oferecem uma verdadeira aula de história durante a qual também se passa um dia em
mar alto. Posteriormente, já no Brasil, fica-se a conhecer a biodiversidade com que Cabral se deparou. Como decorreram os primeiros
contactos com os ameríndios também é tema que integra os conte-
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NAU
Uma das salas, em
madeira, simula o interior
de uma nau da época dos
Descobrimentos
údos. Segue-se a construção do
Brasil enquanto cultura e enquanto país. Da escravatura, passando
pela língua, até aos dias de hoje –
com capoeira e Carnaval, música
e comércio –, muitos aspetos são
abordados. Fecha-se com chave
de ouro na concretização da identidade e da união dos dois povos.
Os conteúdos do museu
foram recolhidos e investigados
durante cinco anos, com visitas a
123 instituições de todo o mundo
(arquivos, museus e bibliotecas).
Teve também o contributo da
RTP em algumas das imagens.
O museu DNM significou
um investimento de 2,5 milhões
de euros, mas em quase quatro
anos já registou perto de 100 mil
entradas pagas.
O espaço tem sido um
êxito. Logo na inauguração, o
ex-presidente brasileiro Lula da
Silva enviou para a cerimónia
uma mensagem em vídeo. Pouco
tempo depois, foi o Presidente da
República portuguesa a visitar o
local. Cavaco Silva ficou impressionado. E o reconhecimento da
qualidade do museu também
veio em forma de prémios. O
DNM venceu, por exemplo, em
2010, o Prémio Inovação e Criatividade, da Associação Portuguesa de Museologia.
“O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
ANÍBAL CAVACO SILVA, JÁ PASSOU PELO LOCAL, TENDO DEIXADO
RASGADOS ELOGIOS”
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SÍMBOLO
Estrela de David está
logo à entrada do Museu
Judaico de Belmonte
“A JUSTA HOMENAGEM AOS
JUDEUS QUE DURANTE SÉCULOS VIVERAM QUASE NO
ANONIMATO EM BELMONTE”
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MUSEU JUDAICO EM BELMONTE
A HISTÓRIA
DA RESISTÊNCIA
AUTOR: Filipe Sanches
FOTOGRAFIAS: Filipe Sanches e Arquivo
O primeiro espaço em Portugal dedicado à história do judaísmo.
É considerado um dos 50 melhores do mundo
Foi pioneiro em Portugal e ocupa lugar de destaque na oferta
turística de Belmonte. Falamos do
Museu Judaico, inaugurado em abril de 2005 e que se complementa também com a sinagoga existente na vila e com os próprios
judeus de Belmonte, atualmente mais abertos ao exterior, mas que
durante décadas se “fecharam” nos seus rituais religiosos.
O Museu Judaico tem mais de 30 mil visitantes por ano. Os
conteúdos têm sido constantemente mudados e aprofundados, numa
dinâmica rigorosa e muito interessante e que faz do museu um dos
melhores do género em toda a Península Ibérica.
Aliás, o reconhecimento internacional tem sido notório. Os elogios são muitos, tal como as distinções. Uma das últimas veio do jornal britânico Telegraph, que colocou o museu na lista dos 50 melhores
pequenos museus da Europa, lado a lado com espaços sobejamente
conhecidos de importantes destinos turísticos como Veneza e Florença (Itália), Provence e Rouen (França),Valência, Lanzarote e Tenerife
(Espanha) e Atenas e Creta (Grécia).
O visitante encontra uma retrospetiva do Judaísmo em termos
nacionais e internacionais, destacando-se, naturalmente, a história
da comunidade judaica de Belmonte, que resistiu a vários séculos
de isolamento e perseguição por parte da Inquisição. A representa-
ção do quotidiano é feita com diversos utensílios e roupas, como por
exemplo os que eram utilizados no fabrico do pão ázimo ou os que
serviam para rituais de morte de animais para consumo. Peças para as
cerimónias religiosas, livros, pedras com inscrições, pinturas e outros
elementos de elevada importância e rigor históricos estão devidamente expostos nas diversas salas do museu, que se divide em três pisos
e que conta, no seu interior, com um auditório e com o Centro de
Estudos Judaicos Adriano Vasco Rodrigues.
Durante alguns anos, a Câmara Municipal de Belmonte lamentou o facto de não poder exibir uma epígrafe judaica que tinha sido
encontrada na vila e levada para Castelo Branco. A autarquia expôs o
assunto à Secretaria de Estado da Cultura e à opinião pública (o Jornal
do Fundão também contribuiu com alguns artigos) e foi possível estabelecer um acordo com o Museu Tavares Proença Júnior, em Castelo
Branco. A epígrafe, de valor incalculável, regressou então a Belmonte,
sendo hoje uma das peças mais importantes do acervo.
O Museu Judaico tem contribuído de forma significativa para o
aumento de turistas estrangeiros em Belmonte. É frequente ver pelas
ruas da vila muitos visitantes de origem judaica, sobretudo de Israel,
Estados Unidos da América e Brasil.
O RESGATE PELAS MÃOS
DE SAMUEL SCHWARZ
Um dos temas em foco no Museu Judaico é a “Obra do Resgate”, movimento que, nos anos 20 e 30 do século XX, teve
como objetivo levar para o judaísmo normativo os criptojudeus
que viviam em Portugal, nomeadamente em Belmonte. Quem
deu a conhecer ao mundo a comunidade judaica de Belmonte
foi o polaco Samuel Schwarz, que tem o destaque merecido.
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INÚMEROS ESPAÇOS PARA VISITAR
MUITO
PARA
CONTAR
CASTELO
É um dos espaços
musealizados no
concelho, que tem uma
vasta oferta
Concelho de Belmonte fez uma
forte aposta no turismo cultural
AUTOR: Filipe Sanches
FOTOGRAFIAS: Filipe Sanches e Arquivo
Para além do Centro Interpretativo “À Descoberta do Novo Mundo” e do Museu Judaico, o concelho de Belmonte tem muitas outras
ofertas na área da museologia, como o Ecomuseu do Zêzere, o Museu
do Azeite, a Igreja de Santiago, o Castelo, o assentamento romano da
Fórnea, a Casa da Torre em Caria e a Torre de Centum Cellas (Colmeal
da Torre).
À exceção deste último espaço, todos os equipamentos são geridos pela Empresa Municipal de Promoção e Desenvolvimento Social
de Belmonte, que já tem ao seu serviço uma dezena de pessoas.
O Ecomuseu está implantado num antigo celeiro da família Cabral, denominado Tulha dos Cabrais. O espaço aborda a vida do Rio
Zêzere, desde o seu nascimento, até desaguar no Tejo, sublinhando a
sua importância para a riqueza agrícola da região.
No Museu do Azeite, dá-se a conhecer ao visitante as técnicas
da produção do azeite e a importância que teve e continua a ter na
economia local.
Na Igreja de Santiago, para além da história do monumento,
está em foco o percurso Mérida-Braga, utilizado pelos peregrinos que
iam a Santiago de Compostela. Continua a ser local de passagem obrigatória.
No Castelo de Belmonte foram aproveitadas também algumas
salas para musealização e exposições temporárias ou fixas.
Na margem direita da estrada que liga Belmonte a Caria pode
ser vista uma antiga “villa romana”. No local existe sinalética com toda
a informação necessária.
Em Caria, a Casa da Torre serve de “quartel-general” para todo o
espólio arqueológico do concelho e onde especialistas da área podem
debater ideias. Por vezes recebe sessões teóricas ou práticas sobre
investigação e restauro de peças, por exemplo.
Recentemente, abriu mais um espaço para atrair visitantes. Trata-se do Lagar de Maçaínhas, que vai recuperar a sua função agrícola,
produzindo azeite, mas que, ao mesmo tempo, permitirá a presença
de turistas interessados em observar ao vivo a produção ou participar
em tibórnias de degustação.
Quanto à Torre de Centum Cellas, situada na freguesia de Colmeal da Torre, continua a ser o mesmo enigma de sempre. Votado
quase ao abandono pelo Estado, o monumento vai sobrevivendo à
erosão dos dias. Mas os turistas não dispensam uma visita a uma obra
de granito fantástica, que terá sido quinta de um cidadão abastado,
convento, cadeia. Enfim, há muitas teorias...
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MUSEU DE ARTE SACRA DA COVILHÃ
O CULTO
EXPOSTO
CRUCIFIXO
Obrigatória a referência às imagens
dos oragos das desaparecidas freguesias
de São Vicente, do Salvador do Mundo
e de um Cristo deposto
AUTOR: Romão Vieira
Peça que pertenceu
à Ordem Terceira e
segundo a tradição
popular, pela sua
expressão, fez recuar os
franceses, em 1810.
FOTOGRAFIAS: Arquivo e Filipe Pinto
Mais de seis mil pessoas já passaram e visitaram o Museu de
Arte Sacra, a mais recente unidade museológica do Município da Covilhã, inaugurada em 20 de outubro de 2011 e que veio preencher uma
lacuna e, naturalmente, enriquecer o concelho e a região.
O museu constituía uma antiga aspiração concretizada pela autarquia que, assim, veio melhorar a oferta cultural da cidade e valorizar
a zona histórica da Covilhã.
Instalado na casa doada por Maria José Alçada - um edifício de
1921, projetado pelo arquiteto Raul Lino – situado em pleno centro da
cidade, junto ao Jardim Público, este museu resulta dum protocolo de
cooperação entre a Câmara Municipal e a Diocese da Guarda, tendo
as paróquias que integram o concelho da Covilhã cedido, para exposição, vário património sacro que não se encontrava ao culto.
Numa área de exposição de 850 m2, o património museológico
está repartido por dois edifícios, cujo percurso tem como pedra basilar
os 7 sacramentos propostos pela igreja católica – batismo, confirma-
ção, matrimónio, ordem, penitência, eucaristia e unção dos enfermos.
O espólio do museu, com mais de 600 peças, com realce para
as coleções de pintura, escultura, ourivesaria, paramentaria e figuras
de roca, abrange um período temporal desde o século XII à atualidade.
À entrada encontramos, simbolicamente colocadas, duas imagens, uma de Santo António, o Santo português mais popular e outra
de Santo Antão, evocando um dos cultos mais antigos da diocese
da Guarda e ao qual João Aibéo em 1897 deu nova vida. Seguem-se
algumas peças que pertenceram às Ordens Terceiras da Covilhã e do
Teixoso, importantes irmandades de leigos que souberam manter o
espírito franciscano introduzido, na Covilhã, nos inícios do século XIII,
com a Instalação do Convento de São Francisco. Convento que também aqui se encontra presente através da reprodução do frontispício
de dois inventários que agora decoram os interessantes candeeiros
do vão formado pelo acesso ao piso superior.
No piso inferior, chama-se ainda a atenção para uma sala onde
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se pode observar imagens de roca e outras articuladas que mostram
como a fé era vivida, na rua e na praça pública, durante o século XVIII.
Será no entanto a sala do tesouro que neste piso mais atenções desperta. Ali encontramos alguns relicários entre os quais sobressai o
que contém a relíquia do Santo Lenho. Ainda nessa sala, destaca-se a
curiosa imagem de Santa Marinha padroeira de uma das desaparecidas freguesias da Covilhã.
Na escadaria, depois de observarmos a imagem da Imaculada
Conceição descrita por Frei Agostinho de Santa Maria, no século XVIII,
somos surpreendidos por um grande crucifixo. Trata-se de uma peça
que pertenceu à Ordem Terceira e segundo a tradição popular, pela
sua expressão, fez recuar os franceses, em 1810, aquando da invasão
do convento de São Francisco. Em 1918, foi ainda o motivo de uma
contenda entre os irmãos terceiros, a junta da paróquia e o pároco que
disputavam a sua posse.
O percurso segue agora de acordo com os sete sacramentos o
que constitui um dos aspetos mais originais desta unidade, conferindo
um caráter pedagógico e catequético às visitas.
Mencionar neste texto todas as peças dignas de interesse é
impossível. Será no entanto obrigatória a referência às imagens dos
oragos das desaparecidas freguesias de São Vicente, do Salvador do
Mundo e de um Cristo deposto, descrito, pela primeira vez, em 1656,
por Frei Manuel da Esperança. Esta última peça integrava um conjunto
de que faziam parte mais sete imagens, hoje desaparecidas, e segundo a tradição foi oferecida por João Fernandes Cabral, o irmão mais
velho do descobridor do Brasil. Dignas de destaque são ainda duas
imagens do Espírito Santo, uma oriunda da Vila do Carvalho e outra,
em pedra de Ançã, proveniente do Tortosendo.
Na sala da Eucaristia são as inúmeras alfaias litúrgicas a merecer
uma visita mais demorada.
A primeira exposição temporária foi dedicada às confrarias e aí
dominam as bandeiras destas organizações de fiéis. Desperta-nos a
atenção a bandeira da Confraria das Almas, da Erada, que tem representado no anverso Frei Miguel Contreiras, identificado pela inscrição
F.M.I que significa Frei Miguel Instituidor, por ter sido um dos fundadores da Misericórdia de Lisboa e o seu primeiro provedor.
A visita termina com a reprodução de uma igreja, no último
piso. Com caráter didático, é ali descodificada a principal simbologia
relativa aos templos cristãos.
O ESPÓLIO DO MUSEU
ABRANGE UM PERÍODO
TEMPORAL DESDE O SÉC. XII
À ATUALIDADE.
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Museu de Lanifícios
UMA CIDADE TECIDA
NOS FIOS DO TEMPO
AUTOR: Nuno Francisco
FOTOGRAFIA: Filipe Pinto
A UNIVERSIDADE DA BEIRA
INTERIOR
É a responsável por um vasto património representativo daquele
que foi um dos mais importantes constituintes do ADN da cidade
da Covilhã: a indústria dos lanifícios. O Museu dos Lanifícios
é o testemunho presente da pretérita grandiosidade industrial
da Covilhã, que chegou a ser conhecida pela Manchester
portuguesa. Este é um espaço de ciência e tecnologia que
tem como missão a salvaguarda e a conservação “ativa” do
património industrial têxtil.
História da
“Manchester Portuguesa”
Ouvem a velha cidade ao compasso do tear?
Ouvem a Covilhã industrial no compasso rígido das máquinas,
das ribeiras soltas, do fio do tempo que tece a cidade?
Passo ante passo, a bruma dos tempos dissipa-se ante a nossa passagem. Um passadiço para um pretérito de uma outra cidade
ao compasso do bater do tear; para o tempo em que milhares de
homens e mulheres que se cruzaram com o soberbo capítulo da Covilhã industrial, que legou em gerações um testemunho lugares e momentos irrepetíveis, de esforço, suor, na construção de um tempo que
perdurou na memória dos compêndios de história. Esta era a Covilhã
dos lanifícios, fonte que consituiu parte do seu ADN: a Manchester
portuguesa nas faldas da Estrela, das fábricas que definiram toda uma
paisagem urbana.
A Universidade da Beira Interior está intimamente ligada a esta
realidade, ela que emergiu por entre as velhas fábricas de lanifícios,
vítimas do ocaso do setor. Do vazio das instalações de antigas fábricas ergueu-se uma universidade. No mesmo espaço, a instituição
que também marca a cidade de forma indelével, tomou em mãos o
testemunho patrimonial de parte da história da cidade. O Museu de
Lanifícios da Universidade da Beira Interior foi criado com o objetivo
de salvaguardar a área das tinturarias da Real Fábrica de Panos, uma
manufatura do Estado, fundada pelo Marquês de Pombal em 1764, integrada nas instalações da UBI e classificada como imóvel de interesse público, em 1982. Este é um museu de ciência e tecnologia que tem
como missão a salvaguarda e a conservação “ativa” do património industrial têxtil, bem como a investigação e divulgação da tecnologia associadas ao processo de industrialização dos lanifícios. Dentro destas
vastas paredes está contextualizada antropológica, económico-social,
cultural e político-institucional toda a atividade a Covilhã.
Entremos, então, neste longo caminho até ao passado. No roteiro desenhado pelas palavras da sítio oficial, embarcamos pelo Núcleo
da Real Fábrica de Panos, que se integra no edifício pombalino da
Real Fábrica de Panos, com uma área global de cerca de seis mil metros quadrados, mandado edificar, por Provisão Régia de D. José I, em
junho de 1764. Foi construída para funcionar como uma manufatura
de Estado, sofrendo acrescentamentos durante o reinado de D. Maria
I, quando veio a ocupar uma área de cerca de dez mil metros quadrados. Dedicado à fase da pré e proto industrialização dos lanifícios, este
núcleo vive das estruturas arqueológicas e arquitetónicas preservadas
in situ. O projeto de musealização procurou articular informações de
natureza técnica (fabrico e tingimento dos panos de lã e construção
de um espaço manufatureiro) e de natureza arqueológica e histórica.
Encontram-se musealizados 700 metros quadrados correspondentes
aos espaços ocupados pelas antigas tinturarias pombalinas, onde se
integram as salas de Tinturaria dos Panos de Lã, Tinturaria das Lãs
em Meada e Tinturaria das Dornas, o Tanque de Água e os Corredores das Fornalhas, espaços que constituem as áreas de exposição
permanente. Este núcleo dispõe ainda de uma Galeria de Exposições
Temporárias e de uma área de Reservas e de Serviço de Museografia.
Para além do edifício da Real Fábrica de Panos, a Universidade
da Beira Interior dispõe ainda de outro edifício histórico, a Real Fábrica
Veiga, que foi arquitetonicamente intervencionada com a finalidade
de nela se instalar um novo núcleo museológico, a sede do Museu e
o Centro de Documentação/Arquivo-Histórico. Trata-se de um imóvel
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O projeto
de
musealização
procurou articular
informações de natureza
técnica e de natureza
arqueológica e histórica
em cantaria de granito, situado junto à Ribeira da Goldra, na Covilhã, mandado construir por José Mendes
Veiga, cuja actividade empresarial decorreu entre finais
do século XVIII e inícios do século XIX. Este novo núcleo
apresenta a evolução tecnológica ocorrida no campo
dos lanifícios, durante os séculos XIX e XX. Para o efeito,
e de acordo com o programa e projecto museológicos
elaborados, foi reunido um significativo espólio fabril,
muito dele extremamente impressionante, dando-nos
um fiel retrato de como era esta gigantesca indústria..
Em Abril de 2005, foi inaugurado o complexo remodelado da Real Fábrica Veiga/Centro de Interpretação dos
Lanifícios, com as valências de sede do Museu, Núcleo
Museológico da Industrialização dos Lanifícios (séculos
XIX-XX) e Centro de Documentação/Arquivo Histórico.
Este Núcleo Museológico encontra-se aberto ao público
desde 17 de Maio de 2011, data em que foi oficialmente
inaugurado.
O testemunho de um tempo também pode ser
apreciado fora das imponentes paredes do museu. O
Museu dos Lanifícios tem um núcleo museológico ao ar
livre situado junto à Ribeira da Carpinteira (Sineiro, junto
ao Pólo IV da Universidade da Beira Interior),tendo sido
inaugurado em 30 de Abril de 1998. É o resultado de um
processo de conservação e musealização in situ de um
conjunto de râmolas de sol e de um estendedouro de
lãs, pertencente à antiga firma de Ignácio da Silva Fiadeiro (em laboração de 1910 a 1939), ocupando ocupa uma
área total de 652,7 metros quadrados. A criação deste
núcleo reveste-se de uma significativa importância, porquanto constitui um marco na política de salvaguarda
do património industrial da Covilhã e na criação do ecomuseu de lanifícios da Serra da Estrela. Trata-se igualmente de uma intervenção que valoriza a relação entre
as vertentes do património industrial e natural, através
do reconhecimento das paisagens culturais, inseridas na
vertente ecológica do património.
António dos Santos Pereira, diretor do Museu dos
Lanifícios, afirma que o museu estando precisamente
localizado em antigas unidades industriais de produção
de lanifícios, para além da sua função original e evidente enquanto preservação da memória “deve, também,
ser um testemunho às novas gerações para que estas
tenham iniciativa”. E como ela é necessária nos tempos
que correm.
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MUSEU DO QUEIJO
A TRADIÇÃO DA PASTORÍCIA
AUTOR: Luís Nave
FOTOGRAFIAS: Arquivo Museu do Queijo
Sabe o que é um almofariz, uma francela ou um acinho? Não?
Então, experimente uma viagem diferente... Encontrará estes utensílios e muitos mais, visitando o Museu do Queijo de Peraboa, concelho
da Covilhã, que foi inaugurado em 2011. O museu homenageia os
pastores e tudo o que está diretamente ligado a eles.
Este museu é um projeto da Câmara Municipal da Covilhã e da
Junta de Freguesia de Peraboa, que, atentos à história da terra, se empenharam na construção de um espaço que albergasse um roteiro do
fabrico do queijo. O projeto é do arquiteto Miguel Correia. A escolha
de Peraboa não foi, de todo, aleatória: o manifesto dos gados lanígeros, ocorrido entre 1811 – 1833, no concelho da Covilhã, dá conta
da tradição agropastoril de Peraboa, com cerca de 4577 ovinos e a
terceira maior produtora de leite do concelho.
Numa área bruta de 634 metros quadrados, o Museu do Queijo
de Peraboa está integrado num edifício de ferro, madeira e granito,
mesmo no centro da aldeia.O visitante pode conhecer o meio e o ambiente que envolvem a arte e o processo de fabrico artesanal do Queijo Serra e da Beira Baixa, bem como as técnicas ancestrais utilizadas
ao longo dos tempos para confecionar esta iguaria.
Pioneiro a nível nacional, pela maneira como apresenta visual
e interativamente a sua visita, este museu permite-nos conhecer um
pouco da história do queijo, da pastorícia e da transumância, desde
a Pré-história até à atualidade, num circuito temático real e por multimédia, guiado e repleto de surpresas sensoriais. Numa primeira fase,
o visitante conhece (pode quase sentir-lhes o cheiro, a cor e os sons)
a fauna e a flora da zona da Serra da Estrela, destacando-se a raça de
ovelha Bordaleira e Churra Mondegueira, autóctones desta zona. O
clima e as pastagens condicionam o tipo de leite e o queijo. A viagem
é longa, apaixonante, didática e sempre acompanhada pelo guia. No
que diz respeito à segunda fase, o museu apresenta os ingredientes
para o fabrico do queijo como a flor do cardo (Cynara), bem como
alguns instrumentos ligados à pastorícia: barbilho, chapeleta…
A jornada segue e termina com o Queijo Kosher que é produzido em Peraboa, pela Fábrica Braz. A título de curiosidade refira-se
que, este queijo não se produzia há 500 anos na Península Ibérica. É
fabricado segundo os ritos judaicos e as suas tradições. A Cova da
Beira foi fortemente habitada por Cristão Novos ou marranos, aquando o édito de Espanha, em 1492.
Este museu, para além da sua faceta histórica, ilustra muito bem
a forte ligação de Peraboa à pastorícia, nomeadamente ao fabrico e
cura do queijo nas antigas queijarias.
É um itinerário repleto de “estórias” de vida, dando destaque
aos costumes, tradições de uma atividade que está enraizada nas géneses dos peraboenses. A visita ao Museu do Queijo termina com
uma degustação de queijo (misto, ovelha e picante).
Os visitantes podem ainda usufruir e desfrutar de várias salas
temáticas, projeção 2D e 3D, jogos interativos, jardim interior, sala de
degustação e loja. O Museu do Queijo valoriza o saber fazer e proporciona visitas guiadas a um rebanho, para a realização de uma ordenha,
pastoreio das ovelhas e confeção de queijo.
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MUSEU DE ARTE
E CULTURA DA COVILHÃ
MEMÓRIA
DA CIDADE
AUTOR: Romão Vieira
FOTOGRAFIAS: Arquivo
Obrigatório ver a “pedra do guerreiro”
O Patrimonivs-Museu de Arte e Cultura, inaugurado em agosto
de 2008, veio devolver à comunidade covilhanense um vasto espólio,
devidamente recuperado, que ao longo de anos se foi armazenando nas instalações da Câmara Municipal, responsável pela criação e
abertura desta unidade museológica, situada na Rua António Augusto
de Aguiar, a poucos metros da principal sala de visitas da cidade, o
Pelourinho (Praça do Município). Instalado num edifício do início do
século XX, com projeto de Ernesto Korrodi, que serviu de instalações
ao Banco Nacional Ultramarino, apresenta um espaço de exposição
distribuído por cinco pisos.
O primeiro aloja material arqueológico do período Proto-histórico e Romano. Os dois seguintes apresentam peças de pintura e escultura, na sua maioria originárias do antigo colégio de Nossa Senhora
da Conceição, destacando-se um conjunto de portadas com decoração brutesca e emblemática alusiva ao Sagrado Coração de Jesus.
No quarto piso podem ser vistos os quadros existentes
no salão nobre dos antigos paços de concelho, a conhecida tapeçaria da autoria de António Lopes, algumas telas de Eduardo Malta e várias peças que evocam as personagens de frei
Heitor Pinto e Pêro da Covilhã. No último piso encontram-se
obras da contemporaneidade, de alguns artistas locais que atualmente enriquecem o universo cultural da Covilhã e do concelho.
Do acervo arqueológico a apresentar salienta-se a “pedra do guerreiro”,
uma peça da Idade do Ferro; várias peças de cerâmica, numismática e
ungentários da época romana. A enriquecer a coleção estarão ainda patentes ao público reproduções dos documentos mais significativos da
história da cidade, desde pergaminhos medievais a contemporâneos.
O visitante poderá ainda admirar um vasto conjunto de obras de arte,
pinturas, esculturas e objetos de arte sacra e civil, recuperadas pelo
Município, das quais se destacam alguns quadros de Morais do Convento e de Eduardo Malta, célebres artistas covilhanenses.
Pergaminhos medievais
A enriquecer a coleção estarão ainda patentes ao público
reproduções dos documentos mais significativos da história da
cidade, desde pergaminhos medievais a contemporâneos.
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MUSEU ARQUEOLÓGICO
DO FUNDÃO
UM MUSEU ABERTO
À COMUNIDADE
AUTOR: Lúcia Reis
FOTOGRAFIAS: Filipe Pinto
INAUGURADO em fevereiro de 2007
O Museu reúne considerável diversidade de vestígios que vão desde a
pré-história ao período romano. É um museu aberto ao território ibérico.
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ERTO
E
Museu
premiado
Bastou um ano de vida para o Museu Arqueológico Municipal José Alves Monteiro, no Fundão,
ver o seu trabalho reconhecido pela Associação
Portuguesa de Museologia com a atribuição do
prémio “Melhor Museu do Ano” (2008). A distinção
inscreveu o Fundão no universo da museologia nacional e o Museu Arqueológico é hoje um ponto de
referência para quem visita o Fundão.
Inaugurado em fevereiro de 2007, na sequência da reabilitação de um solar na Rua do Serrão,
na zona antiga da cidade, o Museu reúne considerável diversidade de vestígios que vão desde a préhistória ao período romano. É um museu aberto ao
território ibérico, com parcerias com universidades
portuguesas e espanholas. Um espaço aberto à cultura e à comunidade.
Visitantes alemães e de outras nacionalidades
têm procurado o Museu do Fundão, que ganhou recentemente mais um motivo de interesse: a Estela
descoberta na freguesia do Telhado e que, garante
o diretor do Museu, João Mendes Rosa, é a maior
alguma vez encontrada em toda a Europa. É uma
das peças únicas e espera o visitante à entrada. É,
portanto, um privilégio cruzar as portas do antigo
solar integralmente recuperado e descobrir o acervo de grande importância e significado histórico sobre a longa caminhada feita pelo homem ao longo
dos séculos.
O passado e o presente convivem harmoniosamente no Museu Arqueológico José Alves Monteiro, que cumpre uma importante função cultural,
designadamente junto dos públicos mais jovens. O
prémio “Melhor Serviço de Extensão Cultural “ (em
2011) distinguiu o trabalho desenvolvido em prol da
juventude escolar e académica.
O edifício dispõe de várias valências: sala de
exposição permanente, com peças arqueológicas
que vão desde a Pré-História ao final do Período Romano, espaço para exposições temporárias, auditório, laboratório de conservação e restauro, biblioteca especializada em História e Arqueologia, espaço
Internet e cafetaria.
Ao currículo do Museu Arqueológico Municipal do Fundão acrescentou-se em 2010 mais um
prémio da Associação Portuguesa de Museologia,
desta vez para a revista científica do Museu – a Ebvrobriga – distinguida como “Melhor Trabalho de
Museologia”.
O passado
e o presente
convivem harmoniosamente
no Museu Arqueológico
José Alves Monteiro,
que cumpre uma
importante função cultural,
designadamente junto dos
públicos mais jovens
A ESTELA
DESCOBERTA
NA FREGUESIA
DO TELHADO
É A MAIOR
ALGUMA VEZ
ENCONTRADA
EM TODA
A EUROPA.
JOÃO MENDES ROSA
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A MOAGEM
CIDADE
DO ENGENHO
E DA ARTE
AUTOR: Câmara Municipal do Fundão
FOTOGRAFIA: Câmara Municipal do Fundão
Um lugar que transpira o passado, vive o
presente e idealiza o
futuro
Percorrer o edifício da Moagem é reviver outros tempos. É por
si, um lugar que transpira o passado, vive o presente e idealiza o futuro. Plena de experiências possíveis, A Moagem - Cidade do Engenho
e das Artes assenta na recuperação do complexo edificado da antiga
empresa Moagem do Fundão e, concentra no seu âmago, um conjunto inovador de valências diversificadas vocacionadas para a promoção das artes performativas e do espetáculo.
Com excelente localização no centro da cidade, apresenta uma
grande flexibilidade de utilização podendo acolher exposições, congressos, banquetes ou mesmo vários tipos de competições ou exibições.
Moagem
do centeio
Demonstra, entre outras
componentes técnicas,
o encadeamento
do processo de
transformação do cereal
em farinha
Centro de Interpretação - Moagem
do Centeio
O centro de interpretação - Moagem
do Centeio, desenvolve-se por três pisos
e constitui um extraordinário exemplar de arqueologia industrial do
interior de Portugal. Demonstra, entre outras componentes técnicas,
o encadeamento do processo de transformação do cereal em farinha,
conhecido por sistema Austro-húngaro, difundido na Europa em Finais do séc. XIX.
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ROTA PELOS MUSEUS
DO FUNDÃO
AUTOR: Câmara Municipal do Fundão
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Castelo
Novo
O castelo um edifício
emblemático da nossa
região, integra um novo
modelo de visita que gera
uma mais valia para a
localidade.
FOTOGRAFIA: Câmara Municipal do Fundão
Centro Museológico António Guterres - Domus Mundi
Criado em homenagem ao Ex-Primeiro-ministro António Guterres, este museu situa-se no edifício da Junta de Freguesia das Donas,
sua terra natal. No seu interior, estão expostas 75 das peças que lhe
foram entregues enquanto primeiro-ministro e que doou à autarquia
fundanense.
Do espólio exposto, destacam-se os presépios em madrepérola oferecidos por Yasser Arafat, um fato e capacete de piloto da Força
Aérea com o nome de António Guterres gravado e uma bandeira portuguesa que lhe foi entregue em Timor-Leste por um dos residentes,
após a autonomia.
Castelo de Castelo Novo
Situado num dos mais emblemáticos lugares do concelho do
Fundão, o Castelo de Castelo Novo é um edifício emblemático da nossa região, integra um novo modelo de visita que gera uma mais valia
para a localidade. Dotado de passadiços, que permitem o acesso a
todas as áreas do castelo, a reestruturação e melhoramento do imóvel
trouxe equipamentos e valências de tecnologia de ponta.
A visita ao castelo complementa-se com um miradouro virtual
instalado na torre de menagem para quem ousa descobrir a história
desta aldeia com outros olhos. Perca-se na imensa paisagem natural e
construída, que pode avistar do Castelo.
Palácio do Picadeiro
Em Alpedrinha, ao subir a calçada Romana, deparamo-nos com
a imponência do Palácio do Picadeiro, edifício construído nos finais do
século XVIII. Este solar Barroco, bem ao gosto Beirão, é composto por
dois andares, cuja construção tem desafiado o passar dos tempos.
O palácio tem como limite o próprio céu, já que o telhado construído em vidro, deixa em aberto a imensidão do universo. No interior
é proposto ao visitante uma viagem pelo território concelhio, recorrendo às novas tecnologias virtuais.
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CASAS
DA FLORESTA
AUTOR: Câmara Municipal do Fundão
FOTOGRAFIA: Câmara Municipal do Fundão
Rota das tradições pelas aldeias do concelho
Casa do Bombo
O Bombo simboliza a força colectiva de um povo. O seu som
afirma a fertilidade de uma cultura, o seu orgulho, altivez, simplicidade
e alegria. A casa do Bombo, situada na aldeia de Lavacolhos, celebra a
arte da utilização e da construção do Bombo.
Trata-se de um espaço novo e dinâmico, que oferece aos visitantes a possibilidade de aprender e interagir com artesãos locais.
Este espaço destina-se à preservação dos hábitos etnográficos do
concelho do Fundão, o folclore, a música e o artesanato local. Aprenda a tocar o Bombo acompanhado pelas melodias pastoris da região.
Casa Grande
Na Casa Grande da Barroca, um solar do século XVIII e antiga
residência da Família Reis Trogal que foi restaurado e transformado
em equipamento cultural, está instalada a loja das aldeias do xisto e o
Centro de Interpretação de Arte Rupestre.
É um antigo Solar que nos acolhe e lança à descoberta das
Aldeias do Xisto. Alberga alguns dos Serviços da Junta de Freguesia
e, é sede da Rede das Aldeias do Xisto. Aqui, além de uma biblioteca,
espaço Internet, sala de formação, auditório e refeitório, funciona ainda uma Loja Aldeias do Xisto, onde poderá encontrar uma vasta gama
de produtos artesanais oriundos do pinhal interior.
Casa do Mel
Venha provar o néctar dourado, produzido pela Casa do Mel. Situada em Bogas de Cima, esta casa está inserida numa série de casas
temáticas da zona do Pinhal. Além da oportunidade única de descobrir
o segredo da vida das abelhas, pode ainda, realizar visitas apícolas,
onde será possível, não só extrair os favos das colmeias, provar o
seu mel e pólen recolhido pelas abelhas. Claro, tudo acompanhado
por especialistas que lhe proporcionarão uma experiência sensacionalmente doce.
Casa do Cogumelo
É na Malhada Velha, pequena localidade de Bogas de Cima,
que na antiga escola primária está a Casa do Cogumelo, onde outrora se ensinaram crianças, se redirecionaram objetivos e expandiram
sonhos, cultura e saberes. É agora um espaço apetrechado com modernos equipamentos para um novo saber e fazer, um laboratório de
produção de cogumelos e uma estufa.
Num enquadramento paisagístico soberbo, de onde este pequeno sítio parece emergir duma vastidão de verde, recebem-se visitas pedagógicas. Uma experiência enriquecedora, pelo conhecimento
que se adquire, pois trata-se de um laboratório sofisticado, que se
enquadra com a paisagem envolvente. Aqui é proporcionada uma viagem ao mundo dos cogumelos, desde a sua criação em laboratório ao
produto final que poderá adquirir.
Casa das Tecedeiras
Parta à descoberta dos segredos do tear na Aldeia de Xisto de
Janeiro de Cima. Entre fios e cores, a Casa das Tecedeiras acolhe de
braços abertos quem cruza a Rua do Paraíso, podendo assim, experimentar as artes do linho, num tear manual que espera as laçadas dos
visitantes.
A lã, a seda, a estopa, o trapo e o feltro, são algumas das matérias-primas que ali se trabalham, e que, dão forma a originais écharpes, mantas, cachecóis, entre muitos outros produtos que aí pode
encontrar.
Situado no rés-do-chão deste edifício, existe uma Sala de Chá,
que lhe dará a oportunidade de saborear os melhores aromas da Região.
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GOUVEIA
UM CONCELHO
COM HISTÓRIA
AUTOR: Cãmara Municipal
FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal e Luís Nave
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Gouveia foi elevada a cidade a 1 de Fevereiro de 1988
A região de Gouveia foi habitada pelo homem desde épocas
bastante remotas, existindo mesmo alguns vestígios pré-históricos, cujo exemplo mais significativo é o Dólmen da Pedra da Orca,
na freguesia de Rio Torto, datado do final do período Neolítico.
Existem igualmente vestígios de civilizações castrejas, Romana e Muçulmana que aqui deixaram a sua marca. Gouveia foi palco de lutas
entre Cristãos e Muçulmanos, estando em ruínas quando o rei D. Sancho I a tentou repovoar, em 1186.
Diz-se que Gouveia terá sido povoada pelos Túrdulos no século VI a.C. e, posteriormente pelos Luso-Romanos. A rainha D. Teresa doou-a em couto, no ano de 1125, os freires da Ordem de São
João de Jerusalém, radicados no Mosteiro de Águas Santas, na Maia.
Gouveia apresenta um orgulhoso património, com diversos monumentos, igrejas, solares e bairros antigos de ruas tradicionais serranas. Destacam-se a imponente Igreja Matriz do século XVII, bem
próxima da bonita Casa da Torre, que prima pelos seus elementos
manuelinos, como as janelas, a Igreja de São Pedro, ou a interessan-
te Igreja da Misericórdia datada do século XVIII, o Pelourinho, a Fonte de São Lázaro de 1779 ou o Solar Serpa Pimentel (século XVIII).
A natureza é um dos grandes bens patrimoniais de Gouveia, que possui belos espaços verdes e variados locais de lazer, como o Parque Zoológico, possuindo igualmente bonitos pontos como o Monte Calvário
com um templo setecentista e uma vista panorâmica de excelência,
assim como no Miradouro do Paixotão, ou o histórico Convento de
São Francisco, hoje em dia propriedade privada, que terá sido edificado pelos Templários.
Gouveia foi elevada a cidade por lei de 1 de Fevereiro de 1988.
A cidade de Gouveia tem duas freguesias. São Julião, pela sua
distribuição espacial e pelo tipo arquitectónico predominante é, em
boa parte e sobretudo, um aglomerado de bairros operários e populares. De São Julião era originária a maior parte da mão-de-obra têxtil,
que fez de Gouveia um importante núcleo fabril da região, nos séculos
XIX e XX. Entre o património edificado, devem salientar-se o Convento de São Francisco, com remota fundação atribuída aos Templários;
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a Capela de São Miguel e a avenida Botto
Machado, onde se localiza um mirante com
o mesmo nome.
S. Pedro onde se destaca, entre outros,
a Casa da Torre – um edifício quinhentista,
com uma janela manuelina que é monumento nacional - que foi residência dos Silvas,
Marqueses (velhos) de Gouveia, e que partilharam a sorte dos Távoras, seus familiares
diretos, após o atentado ao Rei D. José; o
Colégio dos Jesuítas, onde, funcionam hoje
os serviços da autarquia, é um sumptuoso
edifício, do século XVIII que foi construído
como colégio para a Companhia de Jesus;
a Igreja de São Pedro, que é uma pequena
catedral com inúmeros detalhes e características barrocas em granito, na sua frontaria.
O Solar dos Serpa Pimenteis, Marqueses
(novos) de Gouveia (hoje biblioteca Vergílio
Ferreira), também com as suas evidências
barrocas e que dão opulência à Praça onde se
situa. Uma palavra para o Paço dos Condes
de Vinhó, onde está instalado o Museu Abel
Manta, com a sua magnífica coleção de arte
contemporânea. Beneficiando do relevo, esta
freguesia oferece dois mirantes, do Paixotão
e do Senhor do Calvário, que oferecem uma
perspetiva impar de toda a Beira Serra.
Mas não é só na cidade que há monumentos para ver. Mesmo ali ao lado fica Vinhó.
Pequena aldeia com 700 habitantes e que alberga história. Teve foral de D. Afonso III, em
1256. O Convento da Madre de Deus de Vinhó
foi fundado em 1567 por Francisco de Sousa
e sua mulher, D. Antónia de Teive, no espaço da quinta que o fidalgo possuía naquela
localidade. O cenóbio foi entregue a uma
comunidade de freiras clarissas, e as obras
de edificação seriam concluídas em 1573.
Do conjunto conventual subsiste a igreja, actualmente sede da paróquia de Vinhó. O templo, disposto longitudinalmente, é composto
pelos volumes da nave e da capela-mor, aos
quais se adossam a torre sineira, do lado do
Evangelho, junto à fachada principal, e uma
capela lateral e a sacristia, do lado oposto.
Tal como acontecia em todos os templos
conventuais femininos, a entrada principal
da Igreja da Madre de Deus fazia-se lateralmente, podendo actualmente ver-se o portal
maneirista inserido em alfiz, sobre o qual foi
colocada a pedra de armas dos fundadores.
Depois da extinção das ordens religiosas, o
templo conventual foi adaptado às funções
de sede paroquial, pelo que a fachada principal foi edificada no pano murário oposto à
cabeceira. Apresenta portal simples, rasgado
em arco abatido, com friso decorado e encimado por janela. Do lado esquerdo foi edificada a torre sineira com escada posterior.
O interior, de nave única, é coberto por tecto de madeira dividido em caixotões, sendo
parte deles pintados com figuras do hagiográfico. Esta cobertura foi executada no ano
de 1698 a mando da abadessa Jerónima
de São José. Com coro-alto em madeira, o
templo possui cinco capelas laterais: do lado
do Evangelho foram edificadas as capelas
de Nossa Senhora de Lourdes e do Senhor
dos Passos, ao lado da qual foi colocado o
púlpito. Na parede oposta dispõem-se as
capelas de Cristo Crucificado, com retábulo
de talha dourada integrando uma Anunciação, a do Menino Jesus, fundada pela Tia
Baptista, freira com fama de santidade que
viveu no convento na segunda metade do
século XVIII e que se encontra sepultada
neste espaço, e ainda a de Santo António.
O arco triunfal, em talha dourada, possui o
intradorso pintado com motivos de brutesco , tendo inscrita a data 1739. É ladeado por
dois altares colaterais dispostos em ângulo,
com retábulos de talha dourada, o da esquerda dedicado a Nossa Senhora do Rosário, o da direita a Nossa Senhora de Fátima.
A capela-mor é coberta com abóbada de
berço de caixotões, também pintados com
temas hagiográficos.
A mais célebre e conhecida religiosa
daquele convento é Soror Baptista do Céu
Custódia, carinhosamente conhecida por Tia
Baptista. Foi para o convento ainda criança,
tomou hábito aos 22 anos e morreu aos 88
e foi trasladada para o túmulo definitivo em
5 de fevereiro de 1778. Nos 83 anos de vida
monástica, a Tia Baptista, mulher alegre e
espirituosa, desempenhou funções de vigária da casa, pomareira e mestra de noviças
e teria sido eleita Abadessa se, para se escusar, não houvesse usado de um risível e
conhecido subterfúgio. Na capela onde está
o seu túmulo, podemos encontrar o seu Menino Jesus. O “apaixonado” amor de que foi
objeto começaria por ser o escoamento da
atividade lúdica e, depois, a manifestação do
frustrado instinto maternal. O menino Jesus
da Tia Baptista, era vestido com roupas feitas por ela.
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O Museu
Municipal
Abel Manta
Encontra-se instalado num
edifício setecentista, o
antigo Solar dos Condes
de Vinhó e Almedina em
Gouveia.
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MUSEU MUNICIPAL
ABEL MANTA
AUTOR: Câmara Municipal de Gouveia
FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal de Gouveia
PARA ABEL MANTA
como para a maioria dos pintores modernistas portugueses, a
estadia em Paris foi determinante. Centrando-se sobretudo na
observação direta do real, o seu projeto artístico caracteriza-se
por uma grande coerência e continuidade.
Manta pertenceu por
inteiro à intelectualidade do seu tempo
O Museu Municipal Abel Manta encontra-se instalado num edifício setecentista, o antigo Solar dos Condes de Vinhó e Almedina em
Gouveia, patrocinadores dos estudos artísticos de Abel Manta. Composto por sete salas de exposição permanente e uma de exposições
temporárias, biblioteca de artes, serviços educativos, receção e loja
do Museu, este espaço alberga o núcleo da obra de Abel Manta só por
si merecedora de uma visita demorada, à qual se juntam trabalhos de
ilustres mestres como Vieira da Silva, Joaquim Rodrigo, Júlio Resende, Júlio Pomar, Menéz, Paula Rego, Clementina Carneiro de Moura,
António Sena, Bartolomeu Cid, Arpard Szénes.
Pintor português do século XX, reconhecido em Portugal e
no estrangeiro, Abel Manta nasceu em Gouveia a 12 de outubro de
1888. Frequentou a Escola de Belas Artes de Lisboa onde cursou pintura. Em 1919 parte para Paris, onde irá contatar com Francisco Franco, Dordio Gomes e João da Silva. Frequenta o curso de gravura na
casa Schulemberger; participa no Salon La Nationale, Paris, em 1921,
1922 e 1923. Regressa a Lisboa em 1925 e nesse mesmo ano expõe
individualmente no Salão Bobone, Lisboa.
Em 1926 leciona numa escola técnica na cidade do Funchal. De
novo em Lisboa no ano seguinte, casa com Clementina Carneiro de
Moura. Em 1928 nasce o seu único filho João Abel Manta. Vencedor
de vários prémios individuais, foi responsável por recriar a imagem de
Portugal em diversos certames pela Europa, nomeadamente na decoração do pavilhão de Portugal na Exposição de Sevilha em 1929 e nas
Exposições de Paris em 1931 e 1937.
Embora discreto na forma como projetou no exterior a sua
obra, Manta pertenceu por inteiro à intelectualidade do seu tempo.
Privou com figuras de grande relevo, participou regularmente em tertúlias como a do café A Brasileira, Chiado. Em 1979, foi condecorado
com a Comenda da Ordem de Santiago e Espada pelo Presidente da
República Portuguesa, António Ramalho Eanes.
Para Abel Manta, como para a maioria dos pintores modernistas portugueses, a estadia em Paris foi determinante. A “descoberta
do impressionismo e de Cézanne” forneceu-lhe os instrumentos para
a definição do quadro de referências da sua produção futura. “Abel
Manta passou a ser um pintor que assume uma dupla formação: a
do naturalismo dos seus mestres na Escola de Belas Artes de Lisboa,
com especial relevo para Carlos Reis, na procura da luz e de um registo mais imediato, bem como o rigor, a necessidade de construção que
o «cilindro, a esfera e o cone» cézanneanos lhe incutiram”. “À margem
de qualquer vanguardismo, detestando o academismo, sincero para
consigo próprio e para com a sua visão das coisas”, conseguiu compatibilizar essas referências de modo pessoal.
Embora a fase inicial se caracterize por uma estruturação das
formas e do espaço pictórico mais cézanneana, mais geometrizada,
não parece possível isolar no interior da sua obra períodos estanques,
claramente demarcados. Centrando-se sobretudo na observação direta do real, o seu projeto artístico caracteriza-se por uma grande coerência e continuidade.
Abel Manta elegeu três domínios temáticos principais: natureza-morta, paisagem e retrato. “Entre a natureza-morta cezanniana e a
paisagem urbana impressionista se define a sua obra que, na maturidade sobretudo, se enriqueceu com notáveis retratos”.
Ao logo dos anos pintou retratos de gente notável, como Bento de Jesus Caraça e Manuel Mendes, familiares, amigos, vizinhos,
afirmando-se “como o maior retratista do seu tempo, capaz de integrar a expressão psicológica num sistema pictural coerente, com simultâneo entendimento plástico do retratado e compreensão do seu
significado humano e social”.
Na sua obra pode destacar-se Jogo de Damas, 1927 (coleção
do Museu do Chiado), onde evoca Clementina Carneiro de Moura a
jogar com o irmão. De herança cézanneana, esta será, segundo José
Augusto França, “a obra mais significativa das suas possibilidades
«modernas»”, garantindo-lhe “uma posição importante entre os pintores da sua geração” .
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MUSEU DA MINIATURA
AUTOMÓVEL
AUTOR: Câmara Municipal e site do Museu
FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal
O mundo dos carros de brincar
Espaço Arte e Memória
Situado no Pátio do Museu, este local pretende ser
um espaço cultural vocacionado para a divulgação da
Cultura e História de Gouveia, passando, assim, pela
salvaguarda da memória coletiva dos gouveenses e
a divulgação das raízes culturais e características de
Gouveia. Na sequência da intervenção ali realizada, o
espaço ganhou uma nova dignidade e algumas peças
que ali existiam têm agora outra visibilidade. Essas
peças constituem uma exposição permanente de arte
sacra que ali se encontra, um pequeno espólio do Cardeal Mendes Belo, bem como a pedra da Sinagoga de
Gouveia, datada de 1496.
O Museu da Miniatura Automóvel, único do género em Portugal, surge através da disponibilidade do colecionador Fernando Taborda, o empenho do Clube Escape Livre, a estreita cooperação com
o ACP – Automóvel Clube de Portugal e o dinamismo do Município
de Gouveia.
O entusiasmo e empenho total destas entidades, fez com que
este projecto, seja uma realidade projetada em edifício próprio, que
visa mostrar e divulgar, as melhores coleções de miniaturas existentes no nosso país e que contribui para aumentar a atratividade de
Gouveia.
O Museu da Miniatura Automóvel conta com várias salas dedicadas a exposições (permanentes e temporárias) temáticas do mundo
da miniatura automóvel.
O visitante tem a oportunidade de “viajar” no tempo e verificar
a evolução automóvel nas mais variadas áreas e através da observação dos modelos de diversas marcas.
O Museu divide-se por duas exposições; a exposição permanente e a exposição temporária, cada qual ligada a uma temática,
num mundo a descobrir em mais de 3500 miniaturas.
Neste espaço pode ver uma mostra sobre a evolução histórica
do automóvel. – Do início do século XX até aos dias de hoje, esta
coleção retrata como foi evoluindo e se aperfeiçoando o automóvel
ao longo dos anos.
Aqui o visitante pode admirar várias miniaturas: de um Mercedes de 1901 ao Hispano Suiza H6C, de um Jaguar SS1 de 1935
ao Bugati 57C de 1938. Uma viajem no tempo para apreciar, vários
modelos, quem não recorda os Fiat 850 de 1967 ou o Citroen 2 CV de
1982, veículos que marcaram uma geração...
Os tempos hoje são outros...Mercedes Benz Class C, Saab 9.5
ou Smart ForTwo Coupe.
A maior coleção e das mais emblemáticas que o Museu da Miniatura tem para oferecer, é a do colecionador Fernando Taborda.
Uma autêntica viagem pelo Mundo dos Ralis, de Monte Carlo à
Suécia, da Finlândia ao Safari, da Catalunha a San Remo, da Inglaterra
à Nova Zelândia, não esquecendo o nosso Rali de Portugal, considerado várias vezes “o melhor rali do mundo”, pela competitividade e pela
paixão do público por esta modalidade.
Mais de mil e duzentas miniaturas desta temática, Citroen Arrastadeira, os Fiat Balila, o Talbot, os Delage, os Delahaye, os Panhard,
os Alfa Giulietta, os Mini Cooper S, Porsche 911, Alpine Renault, Fiat
124 e 131 Abarth, Lancia Stratos Fulvia e Delta, Ford Escort e Focus,
Subaru Impreza, Mitsubishi Lancer, Citroen Xsara e tantos outros que
preencheram o nosso imaginário e os nossos sonhos de miúdos e
graúdos, e olhar para o cada vez maior apuro aerodinâmico e a cada
vez maior preocupação com a decoração dos veículos, alguns verdadeiramente espetaculares...
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O MUSEU DO CÔA
E O PARQUE
ARQUEOLÓGICO
IMPLANTADO
NA GEOMETRIA
e na imensidão
da paisagem
duriense
O museu localiza-se junto à
foz do Côa, na sua margem
esquerda e nos cimos de um
amplo vale ravinoso, apenas
ligeiramente aplanados para
receber o que é já um dos mais
importantes museus de arte e
arqueologia do país.
AUTOR:
António Martinho Baptista
FOTOGRAFIAS:
Museu do Côa
A obra de arquitetura, que alberga o Museu
do Côa e a sede do Parque Arqueológico, é dos arquitetos portuenses Camilo Rebelo e Pedro Pimentel, na sequência de um concurso público ao qual
concorreram 43 gabinetes de arquitetura. O Museu
está aberto ao público desde 31 de julho e 2010 e
vai a caminho dos 70.000 visitantes.
O edifício, assumido como uma instalação na
paisagem, desenvolve-se harmoniosamente, afundando-se no terreno, pouco impacto tendo nessa
mesma e impressiva paisagem envolvente. Acedese ao interior através de um longo corredor desnivelado, como que preparando o visitante à apreciação
do mais longo ciclo rupestre da Europa. A sua coloração exterior é amarelada, mimetizando as cores
dos xistos locais. As placas de betão das paredes
exteriores foram obtidas a partir de moldes que copiam a rugosidade dos xistos aflorados.
O Museu nasceu na sequência da polémica
do Côa, que em 1995 dividiu a sociedade portuguesa entre, por um lado, os defensores da construção
de mais uma barragem, neste caso no Baixo Côa, e
os defensores dos núcleos paleolíticos que entretanto foram descobertos na região. A decisão política de não construção desta barragem permitiu
que fossem salvos do afogamento a generalidade
destes sítios rupestres, que constituem hoje o maior
conjunto mundial de arte paleolítica de ar livre. E
que como tal foi reconhecido em dezembro de 1998
como Património Mundial da UNESCO.
Alongando-se por 2 dezenas de quilómetros do Baixo Côa, mas expandindo-se também ao
Douro e às margens de alguns dos seus afluentes,
conhecem-se hoje na região 72 sítios com arte rupestre, sendo mais de mil os painéis historiados. De
todos estes sítios, alguns de difícil acesso, só 3 estão abertos ao público, em visitas guiadas pelo Parque Arqueológico do Vale do Côa/Museu do Côa,
ambos geridos pela Fundação Côa/Parque.
O Museu do Côa constitui-se pois como a
porta de entrada para um melhor conhecimento da
Arte do Côa (c. de 25.000 anos de arte rupestre),
uma visita que se complementará proveitosamente
com um percurso guiado por qualquer dos 3 núcleos abertos ao público (Canada do Inferno, Penascosa e Ribeira de Piscos). Se a oportunidade surgir,
poderá também o visitante experienciar uma visita
noturna à Penascosa, no que será uma viagem fascinante à arte das origens, já que a luz rasante artificial potencia sempre uma melhor apreciação das
gravações paleolíticas. E desta forma compreender
também melhor o trabalho dos arqueólogos na descodificação destas formas artísticas sobre rocha.
A visita ao Museu do Côa é pois um mergulho
nas mais intemporais e arcaicas criações artísticas
conhecidas em Portugal.
O museu
nasceu
na sequência da polémica
do Côa, que em 1995 dividiu
a sociedade portuguesa
entre os defensores da
construção de mais uma
barragem e os defensores
dos núcleos paleolíticos
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CÔA
ICO
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MUSEU DA GUARDA
É VASTO O TEMPO
QUE UM MUSEU GUARDA
A COLEÇÃO DO MUSEU da Guarda tem cerca de 4.800 peças.
Aqui acede-se a um amplo conhecimento do passado, onde as significativas coleções de arqueologia, escultura e pintura
sacra, armaria e pintura portuguesa nos mostram que é vasto o tempo que um museu pode guardar
AUTOR: Museu da Guarda
FOTOGRAFIAS: Filipe Pinto
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Na cidade
mais alta
O Museu Regional da Guarda foi criado em
1940, pelo dinamismo e empenho daquele que foi o
seu primeiro diretor Dr. Ernesto Pereira, com objetivos claros de preservação da identidade regional e
de afirmação do movimento regionalista local.
Durante a dependência autárquica, que durou quarenta e três anos, não conseguiu afirmar-se
como instituição museológica plena, que só viria a
tornar-se realidade a partir do momento em que, o
então Museu Regional da Guarda, passou para a dependência do ex Instituto Português do Património
Cultural. Depois de dois anos de obras de requalificação num belíssimo edifício no centro da cidade
reabriu, em 1985, com a designação de Museu da
Guarda.
A grande missão do Museu da Guarda é o
estudo, a conservação e a divulgação das suas diversas coleções bem como o desenvolvimento de
ações de extensão cultural que fomentam a sua capacidade de comunicação, cumprindo assim as suas
relevantes tarefas de serviço público. É visão do
Museu da Guarda a sua projeção como instituição
museológica de referência ao serviço da sociedade
e da cultura. Os seus valores são a preservação do
património, a promoção cultural, a competência e a
excelência dos serviços que presta.
A coleção do museu, com cerca de 4.800
peças, teve, naturalmente, o seu início no conjunto de peças que à época se reuniram para a exposição com que se inaugurou esta instituição.
O mecanismo legal de incorporação da grande
maioria das peças foi a doação, seguida do processo de recolha pelo próprio Museu, no caso de peças
de arqueologia e de etnologia. Uma pequena parte
resulta de aquisições e depósitos. A proveniência
geográfica das peças em exposição é do distrito
da Guarda, área de representatividade e atuação do
Museu, à exceção da coleção de pintura portuguesa
da primeira metade do século vinte, e da coleção de
armaria cuja formação foi da responsabilidade do
colecionador que a doou ao Museu.
As coleções mais significativas desta unidade cultural são: Arqueologia, Escultura e Pintura
Sacra, Armaria e Pintura Portuguesa. A importância
das coleções determinou o discurso museológico,
organizado de forma cronológica desde os tempos
pré históricos até à atualidade. Para além destas coleções que, pela sua história, qualidade, significado
ou presença expositiva se destacam, o Museu da
Guarda possui, entre outras, coleções de fotografia,
gravura, medalhística, cerâmica, jogos tradicionais
e uma série de objetos agrupados por materiais ou
tipologias funcionais que no atual programa de exposição não se enquadram, mas que são utilizados
em exposições temporárias ou ilustrações temáticas. A não perder.
O Museu da Guarda está na tutela da Direção
Regional de Cultura (DRCC). Artur Côrte-Real, diretor de Serviços de Bens Culturais na DRCC, explicou
ao JF que se irá implementar “um novo modelo de
funcionamento dos museus” que irá trazer, no seu
ponto de vista várias vantagens. Sobre o Museu da
Guarda refere que “nós sentimos que ele necessita,
como outros museus, necessita de uma identidade
mais regional e, portanto, começámos a pensar que
este novo rumo iria, de certa forma, alterar alguns
dos paradigmas”, permitindo uma melhoria do
funcionamento e atratividade. Ou seja dotar os museus” e, nomeadamente “o Museu da Guarda, com
uma relação umbilical mais próxima das questões
das regiões”. E esse é um trabalho que avançará e
que terá, como fim último, melhorar a relação dos
museus com as geografias onde estão implantados.
Para já, o Museu da Guarda irá receber no
dia 7 de dezembro uma exposição, que irá estar em
vários museus da região, demonstrativa de um espírito de colaboração entre instituições.
As coleções
mais significativas desta
unidade cultural são:
Arqueologia, Escultura e
Pintura Sacra, Armaria e
Pintura Portuguesa
A GRANDE
MISSÃO DO
MUSEU DA
GUARDA É O
ESTUDO, A
CONSERVAÇÃO E A DIVULGAÇÃO
DAS SUAS
DIVERSAS
COLEÇÕES
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IDANHA-A-VELHA E MONSANTO
AS ALDEIAS MUSEU
AUTOR: Catarina Canotilho
FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal de Idanha-a-Nova
DESCOBRIR AS Aldeias Museu
do concelho de Idanha-a-Nova
São desafios que permitem aos visitantes experiências absolutamente peculiares e imperdíveis. Do património, à arquitetura,
passando pela natureza, a riqueza do território é o melhor e mais
cativante acervo destes “museus a céu aberto”.
Duas Aldeias
Históricas na Raia
Verdadeiros museus ao ar livre que se afiguram como paragem
obrigatória para todos os que façam a rota museológica da região. O
rico património arqueológico e arquitetónico conquista o visitante e é
garantia de uma visita que não deixa ninguém indiferente. Está-se, obviamente, a falar das Aldeias Históricas de Idanha-a-Velha e Monsanto,
no concelho de Idanha-a-Nova que, sem se confinarem a um espaço
fechado, são ainda assim espaços museus.
Alvo de investimentos consideráveis, estas localidades são talvez um dos elementos mais significativos do projeto da rede museológica que a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova tem estado a desenvolver ao longo dos anos e que, como explica Paulo Longo, vai muito
para além da simples criação de um museu ou do aproveitamento
específico de um único ponto de interesse. “O objetivo do programa
é sempre o de explicar o território e valorizar não só o património
edificado como também o património imaterial. Nenhum dos espaços
é concebido sem ter em conta o registo ideográfico e os elementos
recolhidos junto e com a envolvência da população”, especifica o responsável cultural.
A filosofia do projeto caiu que nem uma luva em Monsanto e
Idanha-a-Velha, onde a intervenção foi feita à escala de toda a aldeia.
Ali, a cada passo há uma história para descobrir ou um monumento
para conhecer.
Conhecida como a “aldeia mais portuguesa de Portugal”, Monsanto é um ícone turístico que atrai milhares de visitantes. Do património edificado, destaca-se o castelo, construído pelos Templários,
a Cisterna, as Capelas de Santa Maria e de S. Miguel e os vestígios
de todo o povoado primitivo ao redor. Sobranceira ao aglomerado,
hoje em ruínas, ergue-se a Torre do Pião. A utilização do granito nas
construções confere ao conjunto uma grande uniformidade entre o
natural e o edificado. Este equilíbrio é, ainda, mais evidente quando
os acidentes graníticos dão origem a curiosas utilizações de grutas
e penedos integralmente convertidos em peças de construção. Um
mundo onde se descobrirá ainda a Igreja Matriz, o forno da aldeia, as
Capelas do Espírito Santo e de Santo António e a Torre Sineira ou de
Lucano encimada pelo galo de prata, imagem de marca da portugalidade de um outro tempo. No topo da aldeia, o castelo, de onde se
avista a próxima paragem... Idanha-a-Velha.
Aqui, da Sé Catedral (construída entre os século IV e V, e alvo
de muitas intervenções desde então), à Muralha Romana (construída
entre o século II e o início do século IV d.C.), ao Pelourinho, passando
pela Torre dos Templários (século XII) e pela Casa de Marrocos tudo
demonstra a grandiosidade da Idanha de outros tempos e também
dos idanhenses de hoje, que, com intervenções cuidadas e patrimonialmente ricas, conseguiram alcançar uma perfeita simbiose entre o
passado e a atualidade. E, os que se quiserem deixar encantar por
este “Museu ao ar livre”, terão ainda oportunidade de passar no Lagar
das Varas (considerado excepcional por Benjamim Pereira pelo cuidado posto da construção) e no seu logradouro e ser, uma vez mais
surpreendido, pelo moderno pavilhão epigráfico. Construído em vidro
e ferro, esta estrutura em forma de espigueiro guarda uma parte da
coleção epigráfica local, uma das maiores e mais representativas coleções de epígrafes do país.
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Património
Histórico
Monsanto e Idanhaa-Velha são dois
exemplos de como o
património construído
é atração turística
“O OBJETIVO É SEMPRE O DE
EXPLICAR O
TERRITÓRIO
E VALORIZAR O PATRIMÓNIO
EDIFICADO E
PATRIMÓNIO
IMATERIAL”
PAULO LONGO
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CENTRO CULTURAL RAIANO
EM DEFESA
DAS RELAÇÕES
TRANSFRONTEIRIÇAS
Inaugurado
em 1997
Um castelo que defende
a cultura de Idanha-a-Nova
AUTOR: Catarina Canotilho
O Centro Cultural
Raiano apresenta uma
volumetria sólida e
granítica com poucas
aberturas para o exterior
FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal de Idanha-a-Nova
Inaugurado em 1997, o Centro Cultural Raiano, situado na Avenida Joaquim Morão, em Idanha-a-Nova, apresenta uma volumetria
sólida e granítica com poucas aberturas para o exterior, o que leva
que muitos comparem o edifício a um castelo, o mais recente castelo
Raiano. Epíteto que ganha relevo quando se verifica a função com que
foi construído, ou seja, cabe ao Centro Cultural Raiano e às pessoas
que o dinamizam vencer a batalha da desertificação com um papel
preponderante na dinamização cultural da região e simultaneamente
com o objetivo de fortalecer e fomentar as relações transfronteiriças.
Por tudo isto foi com naturalidade que o Centro Cultural Raiano
foi escolhido como sede da Rede Museológica Municipal. É a partir
dali que cada projeto é pensado, desenhado e posto em prática. E
é também ali que que estão visíveis vários aspetos da Etnografia da
região. O espaço compreende vários núcleos, recolhidos localmente
e que caracterizam diversos aspetos da cultura material e económica,
arqueológica, e das artes plásticas do território.
Entre outros, destacam-se a exposição Agricultura nos Campos
de Idanha; da olaria e a exposição Oleiros de Idanha; partes de um
extenso acervo, em reserva, que inclui temáticas como a pastorícia; o
espaço doméstico; a faiança e o mobiliário.
Na vertente da arqueologia, o Centro Cultural compreende vários espólios provenientes de diversos contextos arqueológicos escavados na região, com especial destaque para os provenientes do
Complexo Monumental de Idanha-a-Velha.
Já nas artes plásticas, é a fotografia que constitui o principal
ponto de interesse, encontrando-se representados vários autores nas
suas coleções, entre os quais, Inês Gonçalves, Albano da Silva Pereira,
Luís Pavão, Hélder Ferreira, João Azevedo, Duarte Belo, Orlando Ribeiro, Eduardo Grilo, Bernard Cornu e João Pereira.
Enquanto sede da rede museológica e em termos físicos, o Centro Cultural Raiano tem ainda uma sala de reservas e um espaço de
laboratório de restauro, dois auditórios (um interior - utilizado para a
projeção de cinema, e eventos de diversas áreas, e outro exterior – utilizado essencialmente para eventos na áreas dos espetáculos. É ainda
aqui que estão instalados os serviços centrais do Geopark Naturtejo da Meseta Meridional, extensa área classificada que integra vários
concelhos da Beira Interior Sul, do qual o município de Idanha-a-Nova
é uma das regiões mais significativas em termos de património geológico de toda a região.
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ENTRE OUTROS, DESTACAM-SE A EXPOSIÇÃO AGRICULTURA NOS CAMPOS
DE IDANHA; DA OLARIA E A EXPOSIÇÃO
OLEIROS DE IDANHA; PARTES DE UM EXTENSO ACERVO, EM RESERVA, QUE INCLUI TEMÁTICAS COMO A PASTORÍCIA”
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LAGARES, MOINHOS
E UMA JUDIARIA
PARA DESCOBRIR...
AUTOR: Catarina Canotilho
FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal de Idanha-a-Nova
Proença-a-Velha, Penha Garcia e Medelim
são três aldeias com um vasto património
É em Proença-a-Velha que se encontra o Núcleo de Azeite-Complexo de Lagares, o único sítio do país onde se reúne a história da tecnologia tradicional do azeite em Portugal. Aos dois lagares originais
que foram recuperados (um com duas prensas de vara e pio de três
galgas de tração animal e um outro mecânico, de prensas hidráulicas)
juntou-se um de prensa de parafuso central e com dois enormes blocos de pedra como pesos suplementares e pio de fabrico industrial,
mas de tração hidráulica), tornando possível perceber num único local uma sequência evolutiva tecnológica. Uma tarefa que conta ainda
com o apoio de uma galeria de exposições na qual se faz a síntese
da problemática do azeite em Portugal que, refira-se, pode entretanto
ser produzido num novo e moderno lagar que, instalado numa das
palheiras do arraial onde o museu se inscreve, está aberto à comunidade e hoje, volta-se a produzir azeite em Proença-a-Velha.
Em Penha Garcia não se produz farinha, mas o Complexo Mo-
ageiro é o pretexto ideal para começar a conhecer o rico património
molinológico concelhio, onde se incluem várias tipologias de moinhos
acionados a água e pelo vento.
Este núcleo encontra-se associado ao percurso pedestre Rota
dos Fósseis, sendo parte integrante do projeto de preservação das
antigas arribas fósseis da garganta do Rio Ponsul, incluído no Geopark
da Meseta Meridional da Naturtejo.
Em Medelim encontra-se a Casa de Medelim que se inscreve
num dos melhores exemplares de arquitetura solarenga da região e
apresenta-se como um espaço com inúmeras potencialidades. Entre
os vários temas em perspetiva, destaque para o trabalho em torno dos
vestígios da presença judaica nesta aldeia (onde ainda é possível identificar a antiga judiaria) cujo estudo e recuperação se prevê venha a
estabelecer ligações com redes mais vastas ligadas às questões do
património judaico.
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CRIADO
EM 1949
O Museu Municipal faz as
delícias do visitante que
aqui encontra sempre um
motivo de seu interesse e
agrado.
“MUSEU DE PENAMACOR:
TÚMULO ROMANO DE
INCINERAÇÃO E RESPETIVO
ESPÓLIO ASSOCIADO
(ARROCHELA - ARANHAS)”
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MUSEU MUNICIPAL DE PENAMACOR
EM DEFESA
DA MEMÓRIA
AUTOR: Joaquim Nabais
FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal de Penamacor
Imagem de S. Jorge a cavalo está entre as peças a ver
Penamacor reúne hoje um conjunto de unidades museológicas que evidenciam uma clara preocupação em defesa da preservação da memória e do aprofundamento do conhecimento, através
da intermediação dos objetos que aí se guardam e das leituras que
proporcionam. Sem resultarem de um plano previamente determinado e sem obedecerem intencionalmente a um qualquer conceito
de museu polinucleado, pela sua singeleza e criteriosa apresentação, nalguns casos, ou, ao contrário, pela surpreendente diversidade de motivos e situações que exibem, essas unidades não deixam
de constituir um interessante pretexto para se viajar pelo concelho
e, simultaneamente, conhecer uma geografia, física e humana, que
não se confina ao espaço museológico. Criado em 1949, com o intuito de acautelar bens patrimoniais em risco de se perderem, o Museu
Municipal, com as sua múltiplas coleções de objetos, onde se pode
apreciar desde uma carruagem senhorial do século XIX à imagem
de S. Jorge a cavalo que presidia à procissão outrora realizada na
vila em sua honra, para além do valioso espólio arqueológico, de
alguns notáveis apontamentos de arte sacra, extensa mostra numismática, armaria antiga, alfaias agrícolas e utensilagem diversa, espécimes taxidermizados, etc., etc., faz as delícias do visitante que aqui
encontra sempre um motivo de seu interesse e agrado.
Exposição temporária
Roma - Ecos do Império
“...desde que vi este conjunto monetário, e uma vez que o objetivo proposto era contribuir para a montagem de uma exposição
baseada nestes denários, pertencentes ao Museu Municipal de
Penamacor, considerei que seria interessante poder transmitir
ao visitante, através de cada uma das moedas, um pouco dos
costumes, factos e lendas romanos...”,
Silvina Silvério
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TORRE DE MENAGEM
CENTRO DE
INTERPRETAÇÃO
DO CASTELO
MAQUETE
DA
FORTALEZA
Pode ver-se na Torre de
Menagem assim como
outras peças.
Penamacor reúne hoje um conjunto de
unidades museológicas em defesa da
preservação da memória
AUTOR: Joaquim Nabais
FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal de Penamacor
A Torre de Menagem, recentemente musealizada, é a peça chave para bem se compreender como era Penamacor medieval com a
sua fortaleza, através de uma maquete construída com base em vestígios ainda existentes e em fontes documentais fidedignas.
MUSEU DR. MÁRIO BENTO
O legado de um estudioso
O Museu Dr. Mário Bento ocupa um antigo lagar de prensas, que
foi preservado enquanto testemunho daquele processo tradicional de
produção de azeite, ao mesmo tempo que era ampliado e adaptado
para receber a coleção arqueológica do Dr. Mário Pires Bento, um meimoense que dedicou parte da sua vida a recolher e a estudar vestígios
do passado, fundamentalmente romanos, na área da sua freguesia.
Do lagar, no piso térreo, conservam-se bem todos os seus espaços funcionais e respetivos equipamentos mecânicos. Além da mostra
seletiva de materiais arqueológicos, o segundo piso recebe ainda dois
núcleos expositivos de cariz etnográfico dedicados ao pão e ao vinho.
NÚCLEO MUSEOLÓGICO DA BEMPOSTA
Vestígios romanos
O acervo deste núcleo museológico integra um interessante
conjunto de inscrições romanas que documentam um sugestivo processo de aculturação entre a população preexistente e os romanos
recém-chegados, manifesto nas aras votivas com referências à divindade local. Além das aras romanas, o pequeno espaço acolhe ainda
um número considerável de estelas funerárias que se revestem de
grande importância histórica, constituindo-se como indicadores cronológicos preciosos no que respeita às diferentes fases da ocupação
do território que hoje compreende a freguesia de Bemposta, dada a
raridade tipológica que a maioria dos exemplares apresenta em contextos arqueológicos nacionais.
MUSEU PAROQUIAL DE ALDEIA DE JOÃO PIRES
Preservar a tradição
Localizado na pitoresca Aldeia de João Pires, este pequeno museu denota bem o empenho da paróquia posto na preservação do seu
valioso património associado à arte sacra e alfaias litúrgicas.
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A natureza
e a floresta
é a ideia central do
Centro de Ciência Viva
da Floresta de Proença-a-Nova
“DE PORTAS ABERTAS DESDE
2005, O CENTRO ACABA DE
RENOVAR A ÁREA DE
EXPOSIÇÃO”
QUOTEDS NAME
JOB TITLE
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CIÊNCIA VIVA EM PROENÇA-A-NOVA
CONHECER MELHOR
A FLORESTA PARA
A RESPEITAR
AUTOR: Célia Domingues
FOTOGRAFIAS: Célia Domingues
O Centro é privilegiadamente um local onde é possível
tocar, experimentar, descobrir, imaginar, sonhar.
Sabia que Proença-a-Nova é dos municípios portugueses que
mais CO 2 fixa? A natureza e a floresta é a ideia central do Centro de
Ciência Viva da Floresta de Proença-a-Nova, único no país enquanto
fonte de conhecimento para uma gestão eficaz do meio ambiente. De
portas abertas desde 2005, o Centro acaba de renovar a área de exposição, mantendo contudo as experiências interativas sobre a floresta,
um projeto didático desenvolvido pelo Instituto Pedro Nunes.
Partindo da ideia que “sem ciência não há cultura”, o Centro
Ciência Viva de Proença oferece aos cidadãos estímulos e recursos
para incorporarem a ciência na sua cultura e assim capacitá-los para
compreenderem o mundo em que vivemos. O espaço, localizado na
localidades das Moitas, junto à estrada nacional, recria ambientes,
convida à imaginação e à fantasia dos mais pequenos. O Centro é
privilegiadamente um local onde é possível tocar, experimentar, descobrir, imaginar, sonhar.
A exposição permanente do Centro Ciência Viva da Floresta é
constituída por três salas temáticas que mostram a floresta sob três
perspetivas diferentes: como Fonte de Bem-estar, como Fonte de Vida
e como Fonte de Riqueza.
Depois de entrar, através de um tronco de árvore recriado à entrada, os olhos viram-se para uma árvore em corte exposta no centro
da sala, evidenciando que ela é mais do que aquilo que vemos. Por
debaixo da terra, a árvore estende-se por raízes.
Nas paredes da sala, as cascas dos troncos recortados mostram
os vários tipos de árvores existentes no nosso país.
“Ouve a floresta” convida outro dos dispositivos interativos. A
seu lado, é sugerida a abertura de uma caixinha em madeira para sentir e adivinhar o aroma da floresta aí existente. Uma maquete de uma
fábrica de lápis, no centro da sala, mostra um dois aproveitamentos
que se faz da madeira.
A criança é convidada a conhecer qual a contribuição da floresta para a manutenção da qualidade do ar e equilíbrio global da
atmosfera, a observar os incêndios florestais e as medidas para a sua
prevenção ou a conhecer o ciclo da água e a sua relação com a proteção e com a erosão do solo.
O Centro de Ciência Viva de Proença dedica os últimos espaços
de visita aos perigos, cada vez mais presentes, que destroem a floresta, representados nos incêndios, na erosão, na poluição atmosférica.
A exposição permanente do
Centro Ciência Viva da Floresta
é constituída por três salas temáticas que mostram a floresta
sob três perspetivas diferentes
Como Fonte de Bem-estar,
como Fonte de Vida e como
Fonte de Riqueza
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O Centro de
Ciência Viva
UM ESPAÇO
ÚNICO
Nos dois últimos espaços, é possível, “combater”
um incêndio e escolher os meios mais adequados
face às condições atmosféricas (vento) e à superfície.
E porque a ideia do centro é proporcionar
à criança melhor conhecer a floresta, é a pensar
nelas que uma equipa de profissionais assume o
desenvolvimento de várias atividades em laboratório. Com uma duração de cerca de 30 minutos,
as várias ofertas do Ciência à la Carte ensinam a
fazer sabonetes, a fazer manteiga com ervas aromáticas ou bonbons de chocolate, entre outras
experiências. A participação tem o custo de um
euro e não requer inscrição prévia. Basta pedir a
informação à entrada e escolher um dos 10 atelier
científicos existentes.
dedica os últimos
espaços de visita aos
perigos, cada vez mais
presentes, que destroem
a floresta, representados
nos incêndios, na erosão,
na poluição atmosférica.
“NAS PAREDES DA
SALA, AS
CASCAS DOS
TRONCOS RECORTADOS
MOSTRAM
OS VÁRIOS
TIPOS DE ÁRVORES EXISTENTES NO
NOSSO PAÍS”
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Inaugurado
em
fevereiro
O museu está ainda
a desenvolver a
carta educativa com
atividades para grupos
e escolas
MUSEU ISILDA MARTINS
OFÍCIOS
TRADICIONAIS
Este Museu fica situado em Sobreira Formosa
AUTOR: Célia Domingues
FOTOGRAFIAS: Célia Domingues
A história deste núcleo etnográfico cruza-se com a do Grupo de
Danças e Cantares de Sobreira Formosa no concelho de Proença-aNova, fundado em 1979. Foi por iniciativa da diretora técnica do grupo,
Isilda Martins, que se iniciou a recolha de objetos de uso quotidiano,
vestuário, alfaias agrícolas e outros utensílios entretanto organizados
de forma a recordarem aos visitantes memórias da vida no concelho,
particularmente na primeira metade do século XX.
Inaugurado a 19 de fevereiro de 2012, o museu está ainda a
desenvolver a carta educativa com atividades para grupos e escolas,
mas oferece já a possibilidade de marcações para visitas guiadas e
para projeção dos dois documentários disponíveis – um relativo ao
ciclo do linho e outro sobre a recolha de resina, duas das atividades
que no passado tiveram forte expressão no concelho.
Três dos sete núcleos em que está organizado contemplam atividades ligadas à agricultura e floresta, enquanto nos restantes quatro
são recordados espaços centrais da casa e ofícios tradicionais – como
o sapateiro, o ferreiro ou a modista. Existe ainda um módulo expositivo que contempla o vestuário e algumas peças que se destacam pela
antiguidade ou pela curiosidade. Exemplo disso são a meada galega,
que servia para curar o “estrepasso” das crianças, as ventosas usadas
para tratamento de pneumonias ou dois relógios de sol de bolso com
mais de um século.
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EM VILA VELHA DE RÓDÃO
TURISMO CULTURAL
AUTOR: Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão
FOTOGRAFIAS: Célia Domingues
Promover o património rural e cultural
A aposta na construção das infraestruturas agora existentes,
nas áreas da cultura e educação, como o Centro Interpretativo da Foz
do Cobrão, a Casa de Artes e Cultura do Tejo, a Biblioteca Municipal,
o Lagar de Varas e o Centro de Interpretação de Arte Rupestre do Vale
do Tejo vêm possibilitar o acesso à informação, à cultura e ao conhecimento o que, sem dúvida, contribuiu para a melhoria da qualidade de
vida da população. São estes edifícios e serviços da autarquia que vão
interligar a cultura à componente turística e atrair pessoas para o concelho apostando no turismo cultural. Para implementar esta estratégia
turística, a autarquia desenvolve atualmente um projeto denominado,
Terras de Oiro, que visa preservar o património cultural de forma descentralizada; garantir a abertura de unidades museológicas; realizar
visitas guiadas ao percurso museológico; dar formação nas áreas da
tecelagem e da trapologia; conservar e restaurar os objetos das várias
coleções; elaborar e editar publicações; inventariar o património cultural do concelho e a literatura oral; promover a investigação sobre as
atividades agrícolas tradicionais, em especial da produção do azeite e
apresentar várias ofertas turísticas.
Com a abertura, no futuro próximo, das diferentes unidades
museológicas em todas as freguesias do concelho – Vila Velha de
Ródão, Perais, Sarnadas, Foz do Cobrão, Fratel - constituídas para a
preservação do património de forma descentralizada, a autarquia garante, assim, a participação ativa das comunidades locais e o acesso
dos turistas a todo o território do concelho. O projeto VILA VELHA DE
RÓDÃO - TERRAS DE OIRO desenvolve todas as atividades museológicas: investigação sobre a vida rural, nomeadamente sobre a produção do azeite, do linho e do mel, bem como da paisagem cultural;
incorporação de objetos e preservação de testemunhos históricos;
inventariação do património rural; registo da literatura oral referente à
vida no campo, no olival, no lagar de azeite; comunicação (percursos
expositivos, publicações - roteiros, desdobrável, site); caráter pedagógico, nomeadamente na formação na tecelagem e trapologia utilizando as técnicas tradicionais.
No final do mês de junho de 2013 a Câmara Municipal pretende
começar a divulgar as diferentes unidades museológicas espalhadas
pelo concelho promovendo a valorização e a divulgação do património rural e da paisagem cultural; oferecendo novos recursos culturais
e turísticos às freguesias, ao concelho e ao país, contribuindo, assim,
para o desenvolvimento do turismo da região.
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CENTRO INTERPRETATIVO DE ARTE RUPESTRE
RÓDÃO MOSTRA
LIVRO DE PEDRA
A ARTE DO TEJO é uma escrita antes da escrita.
As Portas de Ródão poderiam ter sido para esses povos uma espécie de axis-mundi (eixo do mundo), em torno das
quais se estruturavam simbolicamente os seus territórios.
AUTOR: Célia Domingues
FOTOGRAFIAS: Célia Domingues
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CIART
Missão apoiar o estudo e
a preservação deste vasto
património arqueológico
As gravuras estão,
na sua maioria,
submersas no Tejo
A Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão
e o Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento inauguraram, em setembro último, o Centro de
Interpretação da Arte Rupestre do Vale do Tejo
(CIART).
O Complexo de Arte Rupestre do Vale do
Tejo é um dos mais importantes conjuntos de arte
pós-paleolítico da Europa, constituído por mais de
20.000 gravuras dispersas ao longo de 40 quilómetros de ambas as margens do rio Tejo. As gravuras,
executadas na sua quase totalidade por picotagem,
datam de um período que medeia entre 20.000 a.C.
e finais da Idade do Bronze e representam símbolos
geométricos, antropomórficos e zoomórficos. Atualmente mais de 90% das gravuras encontram-se
submersas pela albufeira da barragem de Fratel,
sendo visíveis apenas na área de Perais e a jusante
da barragem de Fratel.
O CIART tem como principal missão apoiar
o estudo e a preservação deste vasto património
arqueológico divulgando-o ao público através de
uma exposição permanente onde se interpretam as
diversas expressões culturais dos habitantes préhistóricos do vale do Tejo. É simultaneamente uma
homenagem aos arqueólogos e estudantes que têm
contribuído com elevada dedicação e zelo para o
seu conhecimento. Recebe apoio científico de conceituados investigadores em arte rupestre (António
Martinho Baptista - Museu do Côa), em arqueologia (Luís Raposo - Museu Nacional de Arqueologia,
João Caninas e Francisco Henriques da Associação
de Estudos do Alto Tejo), e em geologia e geomorfologia (Pedro Proença e Cunha - Departamento de
Ciências da Terra da Universidade de Coimbra, e
António Martins - Departamento de Geo-Ciências
da Universidade de Évora).
O COMPLEXO DE ARTE
RUPESTRE
DO VALE DO
TEJO É UM
DOS MAIS
IMPORTANTES
CONJUNTOS
DE ARTE PÓSPALEOLÍTICO
DA EUROPA
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LAGAR DE VARAS
AZEITE, O OIRO
DE RÓDÃO
AUTOR: Célia Domingues
FOTOGRAFIAS: Célia Domingues
ESPAÇO DE VISITA
no centro da vila
Na recuperação do Lagar de Varas foram integrados os equipamentos e acessórios da produção de azeite, destacando-se a
tremonha, a roda de água, os canaletes, os alguergues (sob as
varas) e o lagar de tracção animal.
Testemunho de uma
atividade tradicional
O Lagar de Varas em Vila Velha de Ródão é um monumento
ao azeite que documenta todas as fases históricas do fabrico deste
produto precioso: desde o uso da energia humana e animal até ao
recurso da força hidráulica e da mecânica. É um edifício que assinala
o significado e o valor histórico da olivicultura no território português.
Num concelho onde existem muitos testemunhos materiais da lagaragem, este Lagar de Varas é o exemplar mais completo, não só porque
exemplifica um conjunto de sistemas utilizados no fabrico do azeite,
como também o edifício em xisto preserva os materiais de construção
tradicionais desta região.
Embora não se conheçam as datas da sua construção, os testemunhos materiais revelam que são bastante antigos, porque estudos
referentes à história do azeite em Portugal identificam esta margem
do Tejo como centro produtor e consumidor deste produto alimentar
já na Idade Média.
Nos testemunhos materiais da mecânica do lagar está visível,
no essencial, a tradição helenística e romana assente em engenhos
de energia humana e animal, onde se conjugavam os princípios da
alavanca, da roda, do parafuso, de cunha e do plano inclinado.
O Lagar de Varas de Vila Velha de Ródão foi adquirido pela
autarquia em 2007 e em 2011 deu-se início a sua requalificação. É
apresentado numa perspetiva territorial enquadrada em todo o tipo
de património associado à produção do azeite existente no concelho
com testemunhos históricos e atuais: desde os olivais nas várias fases
da produção da azeitona até aos lagares de tecnologias tradicionais e
de tecnologia de ponta a funcionar atualmente.
O Lagar de Varas é constituído por dois edifícios construídos em
alvenaria típica da região (xisto e quartzito), com os seguintes espaços: tulhas, moinho de tração animal, estábulo, sala das varas, sala da
fornalha, sala das duas prensas de vara, tanque das tarefas, moinho
hidráulico e prensa hidráulica vertical e roda de água vertical.
O território deste concelho oferece uma paisagem cultural muito rica, onde a oliveira é rainha e os lagares de azeite são monumentos: a oliveira, símbolo da paz, é um ícone da paisagem de Vila Velha
de Ródão.
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O MUSEU
A tradição helenística
e romana assente em
engenhos de energia
humana e animal, onde
se conjugavam os
princípios da alavanca,
da roda, do parafuso,
de cunha e do plano
inclinado.
ESTE LAGAR
DOCUMENTA
TODAS AS FASES HISTÓRICAS DO FABRICO DO AZEITE:
DESDE O USO
DA ENERGIA
HUMANA E
ANIMAL ATÉ
AO RECURSO DA FORÇA
HIDRÁULICA E
DA MECÂNICA
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NUCLEO MUSEOLÓGICO
DE SARNADAS
DE RÓDÃO
AUTOR: Célia Domingues
FOTOGRAFIAS: Célia Domingues
ESPAÇO RECUPERA memória do olival
No Lagar de Sarnadas estão expostas as tulhas em granito, a balança onde era pesada a azeitona, o senfim elétrico de transporte da
azeitona para o pio de moenda, a bomba de pressão de água que acionava os dispositivos hidráulicos e o desterroador de bagaço.
O Núcleo Museológico do Azeite, em Sarnadas de Ródão, complementa o Lagar de Varas na margem do ribeiro do Enxarrique, em
Vila Velha de Ródão, uma vez que documenta todas as fases do fabrico do azeite, desde a entrada da azeitona até à saída do líquido
dourado.
O Espaço Museológico do Azeite é um antigo lagar recuperado e é composto por 3 salas, por um salão polivalente destinados a
eventos e exposições temporárias. Estão expostas na sala da receção,
as tulhas em granito, a balança onde era pesada a azeitona, o senfim
elétrico de transporte da azeitona para o pio de moenda, a bomba de
pressão de água que acionava os dispositivos hidráulicos e o desterroador de bagaço. Na Sala das Máquinas, encontram-se os pios
metálicos da azeitona e duas prensas hidráulicas com as características seiras. A Sala do Azeite, no piso mais baixo, mostra as tarefas de
decantação, as medidas de azeite e os pequenos objetos do mestre
lagareiro.
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Museu da
Geodésia
Fica ao lado do Picoto
da Melriça, no Centro
Geodésico de Portugal
O VÉRTICE EM ALVENARIA DA MELRIÇA, SITUADO A 592 METROS DE ALTITUDE, É UMA DAS PRIMEIRAS PIRÂMIDES GEODÉSICAS DO PAÍS, TENDO
ESTADO NA ORIGEM DO SISTEMA DE
COORDENADAS GEOGRÁFICAS.
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MUSEU DA GEODÉSIA EM VILA DE REI
NO TOPO DA
TRIANGULAÇÃO
DO PAÍS
AUTOR: Célia Domingues
FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal de Vila de Rei
É em Vila de Rei que fica o Centro de Portugal
Ao lado do Picoto da Melriça, no Centro Geodésico de Portugal,
encontra-se o Museu da Geodésia, único no país. No espaço, que resulta de uma parceria entre o Instituto Geográfico Português (IGP) e a
Câmara de Vila de Rei, está todo um legado histórico e científico deixado por grandes nomes de cientistas portugueses que trabalharam
em prol da modernização geodésica nacional.
O vértice em alvenaria da Melriça, situado a 592 metros de altitude, é uma das primeiras pirâmides geodésicas do país, tendo estado
na origem do sistema de coordenadas geográficas associado ao Datum 73, o sistema de referência nacional. Foi Francisco António Cieira
quem escolheu o topo desta serra como um dos pontos da triangulação fundamental em Portugal. Os trabalhos arrancaram em 1790, mas
foram interrompidos treze anos depois devido às invasões francesas.
As primeiras observações tendo em vista a triangulação do local seriam feitas em 1870, enquanto que as observações astronómicas
de latitude, longitude e azimute, bem como as primeiras observações
por satélite no picoto da Melriça se realizaram nas décadas de 1960 e
70. Em 1982 procedem-se a observações de distância integradas num
poligonal norte-sul, usando-se pela primeira vez, já no início dos anos
de 1990, o sistema de posicionamento global GPS.
Já no interior do museu, ao qual se acede por uma rampa de
metal, e atravessando um corredor de vidro de onde se avista o picoto, entramos na sala de exposições, onde estão os painéis que constituem a exposição permanente que reúne, entre outros instrumentos,
o Nível de precisão de Brito Limpo, a Luneta de Passagem Repsold ou
o Cronógrafo Favag.
Com uma altitude de 600 metros, este local permite ao seu visitante uma visão de 360º sobre um horizonte vastíssimo, em que se
destaca a Serra da Lousã e, com tempo limpo, a Serra da Estrela, esta
quase a 100 quilómetros de distância.
O espaço integra ainda uma zona de venda de produtos alusivos ao museu e ao concelho, um bar e um pequeno auditório multimédia.
Com uma altitude
de 600 metros
Este local permite ao seu visitante uma visão de 360º sobre um
horizonte vastíssimo, em que se destaca a Serra da Lousã e,
com tempo limpo, a Serra da Estrela, esta quase
a 100 quilómetros de distância.
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MUSEU ETNOGRÁFICO MUNICIPAL
A HOMENAGEM AOS USOS
E COSTUMES ANTIGOS
AUTOR: Célia Domingues
FOTOGRAFIAS: Câmara Municipal de Vila de Rei
Mostrar o mundo real das aldeias
O Museu Etnográfico de Vila de Rei, situado no centro histórico,
está instalado na antiga Casa do Patronato, uma das mais antigas da
vila. Recria uma casa agrícola típica do século XIX e início do século
XX, onde se pode ver uma coleção de dimensão considerável de diversos objetos ligados à vida rural e aos ofícios tradicionais, desde
o colchão de camisas de milho, às candeias de azeite, a barrela da
roupa, adega ou a picota para tirar a água do poço.
Retrata igualmente aspetos do dia-a-dia da lavoura bem como
todo um conjunto de atividades e profissões tradicionais, como o
processo de produção do vinho, a matança do porco, os ofícios do
sapateiro, do ferreiro, do apicultor, do oleiro ou mesmo do resineiro.
Do quarto dos pais, da rapariga e do rapaz, à sala onde a família
ceava em ocasiões especiais, cada qual possui uma série de objetos
da época como o oratório, o lavatório, a cama de ferro, o colchão de
camisas de milho ou os brinquedos de lata e madeira. Na despensa
guardam-se em potes de barro o mel, os queijos e os chouriços, e nas
talhas as azeitonas e o azeite. Mais à frente, na cozinha, podem ver-se
a francela onde se faziam os queijos, a panela de ferro, as candeias de
azeite e os armários com os cântaros da água.
Lá fora estão a barrela da roupa e o forno de cozer pão, bem
como os utensílios do carpinteiro, do sapateiro, os cortiços das abelhas e os objetos utilizados no ciclo do linho e na matança do porco.
Mais abaixo, para além da exibição de utensílios da lavoura, retratam-se os ofícios do oleiro, do ferreiro, do serrador e do resineiro,
mostrando-se como se fabricavam as telhas de canudo. E não falta a
picota para tirar a água do poço.
Na cave do edifício situa-se a adega, onde se fabricava vinho e
aguardente e se guardavam o azeite e os cereais. Ali estão uma prensa
de um lagar romano e uma talha pertencente à comenda de Vila de
Rei com que se recebiam pagamentos em azeite.
O mundo das aldeias
Museu de iniciativa particular, instalado na Casa Grande (antiga
residência dos Capitães da Relva), o Museu das Aldeias, na aldeia de
Relvas, a cinco quilómetros de Vila de Rei, exibe diversas colecções
de objectos do quotidiano e alfaias ligadas ao campo. Na envolvente
podem ainda admirar-se animais da quinta em liberdade.
Museu da Aventura e Viagens
“O Pequeno Museu da Aventura e da Viagem” é uma contribuição para o conhecimento e informação sobre o mundo em que vivemos. Livros, revistas, mapas, roteiros, objetos, símbolos, fotografias,
vídeos e vária documentação permitem uma abordagem aos temas
relacionados com a aventura e a viagem. Portugal, Espanha e outros
países europeus, Marrocos e a América do Sul (Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Bolívia e Peru) são alguns exemplos de informação disponível no museu da aventura e viagens. O conhecimento do mundo
que nos rodeia é indispensável para a sua compreensão.
O espaço oferece uma troca de vivências e de experiências.
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ROTEIRODOS MUSEUS
BEIRA INTERIOR NORTE
MUSEU
ALMEIDA
Museu
Histórico-Militar de Almeida
(Casamatas)
Museu Rural
de Peva
MORADA
HORÁRIO
COORDENADAS
MUSEU
MORADA
HORÁRIO
COORDENADAS
Praça da Liberdade 6355130 Almeida
De 3.ª feira a Domingo. Inverno (de
Outubro a Maio): das 9h às 12,30
h e das 14h às 17,30 h; Verão: das
10h às 12,30 h e das 14h às 18,30
h. Encerra: 2.ª feira, com excepção
dos feriados (nesse caso, fecha à 3.ª
feira), 1 de Janeiro, 1 de Novembro
e 25 de Dezembro.
De 2.ª feira a Domingo, das 9h às
17,30h.
40°43’37.25”N
6°54’15.94”O
Museu do
Canteiro
Rua das Fontainhas, n° 1
6005-057 Alcaíns
De 3.ª feira a 6.ª feira, das 9,30h às
12,30h e das 14h às 17h; Sábado e
Domingo, das 14h às 18h. Encerra:
2.ª feira, 1 de Janeiro, Domingo
de Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro.
Exposições, de 3.ª feira a Domingo, das 10h às 12,30h e das 14h às
18,30h. Encerra: 2.ª feira, 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa, feriado
municipal (Senhora do Almortão:
terceira 2.ª feira depois da Páscoa)
e 25 de Dezembro.
De 2.ª feira a Domingo. Inverno (de
Outubro a Março): das 9,30h às 13h
e das 14h às 17,30h; Verão: das 10h
às 13h e das 14hàs18h. Sé Catedral
Encerra: 2.ª feira, 1 de Janeiro, feriado municipal (Senhora do Almortão:
terceira 2.ª feira depois da Páscoa)
e 25 de Dezembro. Lagar de Varas e
Núcleo Epigráfico Encerra: 1 de Janeiro, feriado municipal (Senhora do
Almortão: terceira 2.ª feira depois da
Páscoa) e 25 de Dezembro.
39°54’54.62”N
7°27’18.38”O
Sábado, Domingo e feriados. Inverno (de Outubro a Março): das 9,30h
às 13h e das 14h às 17,30h. Verão:
das 10h às 13h e das 14h às 18h.
Encerra: 1 de Janeiro, feriado municipal (Senhora do Almortão: terceira
2.ª feira depois da Páscoa) e 25 de
Dezembro.
De 3.ª feira a Domingo, das 9h às 1
2,30h e das 1 4h às 17,30h. Encerra: feriados nacionais e Domingo
de Páscoa.
De 3.ª feira a Domingo. Inverno (de
Outubro a Março): das 9,30h às 13h
e das 14h às 17,30h. Verão: das 10h
às 13h e das 14h às 18h. Encerra: 2.ª
feira e feriados nacionais.
40°2’57.45”N
7°11’2.68”O
De 3.ª feira a Domingo, das 9h às
12,30h e das 14h às 1 7,30h. Encerra: 2.ª feira, 1 de Janeiro, 1 de Maio
e 25 de Dezembro.
Centro Social Paroquial de Mediante marcação prévia (277 385
Aldeia de João Pires 6090- 41 8 / 91 8 1 68 1 33).
171 Aldeia de João Pires
40°9’58.92”N
7°10’11.87”O
Estrada Nacional Lagar Carneira 6090-385
Meimoa
Mediante marcação prévia (969
655 081).
40°13’38.54”N
7°11’18.12”O
Núcleo Museológico do
Azeite
Rua Nova do Barreiro
6030-1 1 6 Sarnadas do
Ródão
Lagar de Varas
Morada : Estrada
Nacional 18, Vila Velha
de Ródão
De terça a sexta-feira > 09h às
12h30 e das 14h às 17h30 sábados> 10h às 13h e das 14h às 18h.
Informações e visitas guiadas telef.:
963 445 866
Mediante marcação prévia (272 997
829). De 2a feira a 6a feira, das 8,30h
às 1 2,30h e das 1 3,30h às 1 6,30h.
Encerra: Sábado, Domingo, feriados
nacionais e feriado municipal (24
de Agosto).
Horário: De 3ªfeira a sábado> 10h
às 12h30 e 14h às 18h30 Telef.:
272 540 300
Largo do Poço, 6350-331
Peva
CELORICO DA BEIRA
IDANHA-A-NOVA
40°39’55.14”N
6°59’26.05”O
Castelo de
Celorico da
Beira
Rua do Castelo, 6360-000
Celorico da Beira
De 2.ª feira a Domingo, das 9h às
12,30h e das 14h às 17,30h. Encerra:
1 Janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de
Maio e 25 de Dezembro.
40°38’12.90”N
7°23’32.31”O
Solar do Queijo
da Serra da
Estrela
Largo de Santa Maria,
n° 5 6360-289 Celorico
da Beira
De 3.ª feira a Domingo, das 9,30hàs
12,30h e das 14h às 19h. Encerra: 2.ª
feira, 1 Janeiro, Domingo de Páscoa,
1 de Maio e 25 de Dezembro.
40°38’17.24”N
7°23’28.67”O
Castelo de
Linhares da
Beira
Rua do Castelo
6360-080 Linhares da
Beira
De 2.ª feira a Domingo, das 9h às
12,30h e das 14h às 17,30h. Encerra:
1 Janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de
Maio e 25 de Dezembro.
40°32’26.79”N
7°27’39.54”O
Museu da
Guarda
Rua General Alves
Roçadas, n° 30
6300-663 Guarda
De 3.ª feira a Domingo, das 10h às
12,30h e das 14h às 17h. Encerra: 2a
feira, 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro.
40°32’15.56”N
7°16’3.79”O
Museu da
Castanha
Rua da Carreira 6300-020
Aldeia do Bispo
Domingo, das 14,30h às 16, 30h;
aberto também a 1 de Janeiro,
Corpo de Deus, 1 de Novembro, 8
de Dezembro e 25 de Dezembro.
Poderá abrir em qualquer outro
dia, mediante marcação prévia (968
178 390).
Sábado e Domingo, das 14h às 18h.
40°29’14.98”N
7°16’45.82”O
GUARDA
Casa-Museu
José Antunes
Pissarra
Museu Lagar
de Varas Estevão Martins da
Rocha
Casa-Museu do
Jarmelo
Rua do Museu, n° 2 6300035 Arrifana
Museu de
Tecelagem dos
Meios
Meios
6300-135 Meios, Guarda
MEDA
Museu Municipal de Meda
PINHEL
Museu Municipal de Pinhel
SABUGAL
Museu Municipal do Sabugal
40°34’8.52”N
7°12’24.66”O
Rua de Santo António
6300-100 Famalicão,
Guarda
Mediante marcação prévia (275 487
325 / 969 041 957).
40°26’40.43”N
7°22’45.58”O
Jarmelo (antiga vila)
6300-210 Jarmelo (S.
Pedro)
Domingo, quando há exposições:
das 14h às 19h. Outros dias, para
grupos, mediante marcação prévia
(938 462 427 / 933 462 590).
De 3.ª feira a Domingo, das 10h às
12,30h e das 14,30h às 17h. Encerra:
2.ª feira, 1 de Janeiro, Domingo de
Páscoa e 25 de Dezembro.
40°35’22.94”N
7°8’3.08”O
Rua da Cadeia 6430-1
54 Meda
De 3.ª feira a Domingo, das 10h às
12,30h e das 14h às 18h. Encerra:
2.ª feira. Domingo de Páscoa e 25
de Dezembro.
40°57’45 96”N
7°15’48.69”O
Praça Sacadura Cabral
6440-445 Pinhel
Museu e Torres do Castelo, de 3.ª
feira a Domingo, das 10h às 12h e
das 14h às 18h. Encerra: 2.ª feira e
feriados.
De 3.ª feira a 6a feira, das 9h às
12,30h e das 14h às 17,30h; Sábado
e Domingo, das 14,30h às 18h. Encerra: feriados nacionais e feriado
municipal (13 de Abril). Quando
solicitado previamente pode abrir
nos feriados.
40°46’32.62”N
7°3’46.77”O
De 3.ª feira a Domingo, das 10h às
12,30h e das 14h às 17,30h. Encerra: 2.ª feira, 1 de janeiro, Domingo
de Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro.
De 3.ª feira a Domingo, das 10h às
13h e das 14h às 18h. Encerra: 2.ª
feira, 1 de Janeiro, Domingo de
Páscoa, 25 de Abril, 28 de Abril
(feriado municipal), 1 de Maio e 25
de Dezembro.
39°49’42.92”N
7°29’41.20”O
Largo de São Tiago
6320-447 Sabugal
BEIRA INTERIOR SUL
CASTELO BRANCO
40°29’36.75”N
7°21’35.50”O
Centro Cultural
Raiano
Zona Nova de Expansão
6060-101 Idanha-a-Nova
Complexo
Monumental de
Idanha-a-Velha:
Sé Catedral,
Lagar de Varas,
Núcleo Epigráfico
Aldeia de Idanha-a-Velha
6060-041 Idanha-a-Velha
Casa de
Medelim
Casa da Cultura Largo de
São Sebastião 6060-000
Medelim
Moinhos de
Penha Garcia
Posto de Turismo
Rua do Espírito Santo
6060-000 Penha Garcia
Complexo de
Lagares de
Proença-aVelha
Núcleo do Azeite
Rua da Igreja 6060-069
Proença-a-Velha
PENAMACOR
Museu Municipal de Penamacor
Núcleo Mus. C.
S. P. da Aldeia
de João Pires
Museu Dr.
Mário Bento
Largo Tenente Coronel
Júlio Rodrigues da Silva
6090-454 Penamacor
VILA VELHA DE RÓDÃO
40°21’8.13”N
7°5’33.60”O
Museu Francisco Tavares
Proença Júnior
Largo Dr. José Lopes Dias
6000-462 Castelo Branco
Museu
Cargaleiro
Rua dos Cavaleiros, n° 23
6000-189 Castelo Branco
Museu de Arte
Sacra Domingos Pio
Largo Bartolomeu da
Costa, Apartado 42
6001-909 Castelo Branco
De 2.ª feira a 6.ª feira, das 9h às
12,30h e das 14h às 1 Sh. Encerra:
Sábado, Domingo e feriados.
39°49’43,78”N
7°29’37.29”O
Museu Agrícola
Coronel José
Guardado
Moreira
Largo Bartolomeu da
Costa, Apartado 42
6001-909 Castelo Branco
De 2.ª feira a 6.ª feira, das 9h às
12,30h e das 14h às 18h. Encerra:
Sábado, Domingo e feriados.
39°49’43.78”N
7°29’37.29”O
Centro de Interpretação Arte
Rupestre do
Vale do Tejo
39°55’37.39”N
7°14’37.61”O
39°59’51.01”N
7° 8’40.09”O
40°2’37.13”N
7°1’0.33”O
40°1‘33.71“N
7°14’21.21”O
40°6’13.13”N
7° 9’4.03”O
39°44’47.22”N
7°37’29.36”O
39°49’30.13”N
7°29’39.21”O
64 DEZEMBRO2012
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NA SUA REGIÃO.
CA Beira Baixa Sul
Idanha-a-Nova (SEDE) Apartado 25, Largo do Município 6060-163 IDANHA-A-NOVA | Tel. 277 200 240
Castelo Branco Av. General Humberto Delgado | Tel. 272 340 650
Castelo Branco Av. da Carapalha | Tel. 272 000 013 • Ladoeiro | Tel. 277 927 142
Monsanto | Tel. 277 314 620 • Penamacor | Tel. 277 394 355 • Benquerença | Tel. 277 200 240
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29-11-2012 09:57:16
ROTEIRODOS MUSEUS
COVA DA BEIRA
SERRA DA ESTRELA
MORADA
HORÁRIO
COORDENADAS
Castelo de
Belmonte
Largo do Castelo 6250088 Belmonte
40°21’33.44”N
7°20’54.31”O
Museu dos
Descobrimentos “Á Descoberta do Novo
Mundo”
Museu Judaico
de Belmonte
Ecomuseu do
Zêzere
Rua Pedro Álvares Cabral
6250-088 Belmonte
De 3.ª feira a Domingo, das 9,30h às
13h e das 14h às 18h. Encerra: 2.ª
feira, 1 de Janeiro, 6.ª feira Santa,
Domingo de Páscoa, 1 de Maio e 25
de Dezembro.
MUSEU
BELMONTE
Museu do Azeite Lagar
de Belmonte
COVILHÃ
Rua da Portela 6250-088
Belmonte
Tulha dos Cabrais Rua
Pedro Álvares Cabral
6250-088 Belmonte
Sítio do Chafariz Pequeno
6250-088 Belmonte
MORADA
HORÁRIO
COORDENADAS
Museu Nacional de Arte
Moderna Abel
Manta
Rua Direita, n° 45 6290526 Gouveia
De 3a feira a Domingo, das 9,30h às
12,30h e das 14h às 18h. Encerra: 2a
feira e feriados nacionais.
40°29’37.35”N
7°35’32.29”O
40°21’28.75”N
7°21’5.62”O
Museu Miniatura Automóvel
Rua Mestre Abel Manta
6290-909 Gouveia
De 3.ª feira a Domingo, das 9h às
12,30h e das 14h às 17,30h. Encerra:
2.ª feira, excepto quando é véspera
de feriado ou feriado, 1 de Janeiro, 1
de Maio e 25 de Dezembro.
40°29’42.71”N
7°35’25.83”O
40°21’29.16”N
7°21’1.67”O
40°21’33.44”N
7°20’54.31”O
Espaço Arte e
Memória
Rua Mestre Abel Manta
6290-909 Gouveia
40°29’42.71”N
7°35’25.83”O
De 3.ª feira a Domingo. Inverno (de
15 de Setembro a 31 de Março): das
9,30h às 13h e das 14h às 17h30.
Verão: das 9h às 12,30h e das 14h às
1 8h. Encerra: 2.ª feira, 1 de Janeiro,
Domingo de Páscoa, 1 de Maio e 25
de Dezembro.
40°21’30.42”N
7°21’5.01”O
Museu do
Pastor
Rua da Videira, n° 15
6290-061 Cativelos,
Gouveia
De 3.ª feira a Domingo, das 9h às
12,30h e das 14h às 17,30h. Encerra:
2.ª feira, excepto quando é feriado
ou véspera de feriado, 1 de Janeiro,
1 de Maio e 25 de Dezembro.
Mediante marcação prévia (964
730 146).
De 3.ª feira a Domingo. Inverno
(de 15 de Setembro a 31 de Março): das 9,30h às 13h e das 14h às
17h30. Verão: das 9h30 às 13h e das
14,30h às 18h. Encerra: 2.ª feira, 1
de Janeiro,Domingo de Páscoa, 1 de
Maio e 25 de Dezembro.
Rua Marquês d’Ávila e
Bolama, 6102-001 Covilhã
De 3.ª feira a Domingo, das 9,30h às
12h e das 14,30h às 18h. Encerra: 2.ª
feira, 1 de Janeiro, 1 de Maio e 25
de Dezembro.
40°16’40.18”N
7°30’31.33”O
Rua António Augusto de
Aguiar, n° 100-106 6200050 Covilhã
40°16’44.46”N
7°30’17.69”O
Museu do
Queijo
Rua dos Casaínhos 6200591 Peraboa
40°15’26.90”N
7°23’11.20”O
Museu de Arte
Sacra
Avenida Frei Heitor Pinto,
junto ao Jardim Público
De 3.ª feira a 6.ª feira, das 10h às
20h; Sábado, das 14h às 20h. Visita
de grupos, mediante marcação prévia (275 313 352). Encerra: Domingo
e feriados.
De 3.ª feira a Domingo, das 10,30h
às 12,30h e das 14,30h às 17,30h.
Encerra: 2.ª feira e 5a feira à tarde.
Horário_De Terça-feira a Domingo,
das 10h00 às 18h00 | Encerra à
Segunda-feira.
40°15’26.90”N
7°23’11.20”O
Museu Arqueológico Municipal Dr. José
Monteiro
Casa da Moagem do Fundão
(Antiga Moagem
do Fundão)
Domus Mundi
Centro Museológico António
Guterres
Rua do Serrão, n°s13-15
6230-338 Fundão
De 2.ª feira a Domingo, mediante
marcação prévia (275779391).
40°8’10.78”N
7°30’1.00”O
Avenida da Liberdade
6230-999 Fundão
Mediante marcação prévia (275
779 060).
40°8’23.03”N
7°29’55.71”O
Rua Luís Travassos 6230173 Donas, Fundão
40°7’56.13”N
7°28’40.41“O
Museu
d’lmprensa &
Tipographia
Praça do Município 6230363 Fundão
Palácio do
Picadeiro
Museu Geográfico
Orlando Ribeiro
6230-000 Alpedrinha
De 2.ª feira a 6.ª feira, das 10h às
12,30h e das 14h às 18,30h. Encerra: Sábado, Domingo, feriados
nacionais e feriado municipal (15 de
Setembro).
De 3.ª feira a 6.ª feira, das 10h às
12,30h e das 14h às 17,30h. Encerra: Sábado, Domingo, feriados
nacionais e feriado municipal (15 de
Setembro).
De 4.ª feira a Domingo. Inverno (de
Outubro a Março): das 9,30h às 13h
e das 14,30h às 17,30h. Verão: 9,30h
às 13h e das 14,30h às 18h. Encerra: 2.ª feira e 3.ª feira, excepto se
for feriado.
Inverno (de 1 de novembro a 31 de
março): de 3ª feira a domingo e feriados, das 10h às 18h. Verão (de 1
de abril a 31 de outubro): de 3ª feira
a 6ª feira, das 10h às 18h; sábado,
domingo e feriados das 11h às 19h.
Encerra à 2ª feira.
39°43’53.81” N
7°51’49.17”O
De 4ª feira a domingo, das 9h às
12,30h e das 14h às 17h. Encerra
nos feriados nacionais.
De 3ª feira a domingo, das 9,30h
às 12,30h e das 14h às 17h. Outros
dias, mediante marcação prévia. Encerra: 2ª feira, 1 de janeiro, domingo
de Páscoa e 25 de dezembro.
De 3ª feira a domingo, das 10h às
12h e das 15h às 17h. Outros dias,
mediante marcação prévia. Encerra
à 2ª feira, exceto quando é feriado.
39°41’40.42”N
8° 7’48.96”O
Mediante marcação prévia.
39°40’46.68”N
8°12’15.68”O
PINHAL INTERIOR SUL
PROENÇA-A-NOVA
6150-345Moitas
Centro Ciência
Viva da Floresta
VILA DE REI
Museu de
Geodesia
Serra da Milriça
6110-000Vila de Rei
Museu Municipal de Vila de
Rei
Rua Direita
6110-212Vila de Rei
Pequeno Espaço Museológico “Museu das
Aldeias”
Relva
6110-150Vila de Rei
Pequeno
Museu da
Aventura e da
Viagem
Trutas
6110-156Vila de Rei
GOUVEIA
SEIA
Museu de
Lanifícios da
Universidade
da Beira Interior
Museu de Arte
e Cultura da
Covilhã
FUNDÃO
MUSEU
Museu do
Brinquedo
Largo de Santa Rita 6270492 Seia
Museu Etnográ- Rua da Cainha 6270-514
Seia
fico de Seia
40°31’50.61”N
7°40’54.73”O
De 3.ª feira a Domingo, das 10h às
18h. Encerra: 2.ª feira, 1 de Janeiro,
Domingo de Páscoa, 1 de Maio,
1 de Novembro, 24, 25 e 31 de
Dezembro.
De 3.ª feira a Domingo, das 10h às
12,30h e das 14h às 18h. Encerra:
2.ª feira, 1 de Janeiro, Domingo de
Páscoa e 25 de Dezembro.
40°25’8.34”N
7°42’6.61”O
40°25’3.83”N
7°41’40.55”O
Museu do Pão
Quinta da Fonte do
Marrão Aptd 184 6270909 Seia
De 3.ª feira a Domingo: das 10h às
18h; 6.ª feira e Sábado até às 22h.
Encerra: 2.ª feira, excepto quando é
feriado ou véspera de feriado, e 25
de Dezembro.
40°25’9.39”N
7°42’5.37”O
Museu de Arte
Sacra de Alvoco da Serra
Capela de Santo António
Largo de Santo António
6270-012 Alvoco da Serra
Mediante marcação prévia (964
023 233).
40°17’44.78”N
7°40’11.47”O
40° 8’10.49”N
7°30’0.20”O
40°6’1.81”N
7°28’8.15”O
* Elementos retirados do “roteiro dos Museus e Espaços Museológicos da Região Centro” da Comissão de Coordenação e
Desenvolvimento Regional do Centro
http://roteiromuseus.ccdrc.pt
39°40’29.51”N
8° 8’54.12”O
39°42’37.54”N
8° 6’43.96”O
66 DEZEMBRO2012
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29-11-2012 12:28:53
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29-11-2012 09:58:31
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29-11-2012 11:17:18
MUSEU DE SÃO ROQUE
UM TESOURO
DE ARTE SACRA
AUTOR E FOTOGRAFIAS: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa / Museu de São Roque e Cintra e Castro Caldas, Lda.
O MUSEU de São
Roque
fica situado em Lisboa, no Largo Trindade Coelho, ao Bairro Alto. Está aberto ao
público terça-feira, quarta-feira, sextafeira, sábado e domingo das 10h00 às
18h00 e quinta-feira das 14h00 às 21h00.
O acesso à exposição realiza-se até
30 minutos antes do encerramento do
museu.
Propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, o Museu de São Roque
guarda um dos mais importantes acervos da
arte sacra nacional. Ourivesaria, escultura e
pintura, mas também um singular conjunto
de paramentos ou uma coleção de relíquias
de santos, rara em todo mundo. Em resultado
de uma profunda remodelação arquitetónica,
realizada entre 2006 e 2008, é num espaço
marcado pela modernidade que é possível
percorrer os séculos ao longo dos quais Portugal se foi construindo como realidade artística e cultural, mas também religiosa, social
e política. Numa linguagem contemporânea,
em São Roque promove-se o encontro com
mais de 500 anos de Arte e de História. Uma
extraordinária viagem que vale a pena fazer.
Com a Igreja de São Roque por vizinha,
formando com ela um todo indissociável, o
Museu de São Roque foi inaugurado pela Misericórdia de Lisboa a 11 de janeiro de 1905,
com a presença das mais ilustres figuras da
nação, entre elas o próprio rei D. Carlos e a
rainha D. Amélia. Na origem estava a primeira
mostra do “Tesouro da Capela de São João
Baptista”, conjunto de ourivesaria e paramentaria único no mundo e internacionalmente
reconhecido como tal. É o sucesso dessa primeira exposição, feita ainda no final do século XIX, que vem depois dar origem ao Museu
de São Roque.
Com a particularidade de quase todo
o seu acervo se ter constituído ao longo dos
diferentes períodos da vivência do espaço,
uma das qualidades distintivas de São Roque
prende-se justamente com o facto de as suas
peças nunca terem sido desagregadas do local de origem. A valorização desse elemento diferenciador fica inclusive espelhada em
todo o discurso museológico. Com a recente
remodelação, que ampliou a área expositiva
de 490m2 para 1070m2, é de resto a lógica
da ocupação de São Roque que acaba por
presidir à escolha do percurso proposto. Assim, de 2008 em diante, o museu passou a
estar organizado em cinco momentos distintos, cada um deles testemunho das diferentes vivências do local: Ermida de São Roque,
Companhia de Jesus, Arte Oriental, Capela de
São João Baptista e Santa Casa da Misericórdia de Lisboa são os núcleos que integram o
conjunto das diferentes coleções.
2012DEZEMBRO 69
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30-11-2012 09:28:48
Do início da história
até ao presente
Instalado na antiga Casa Professa da
Companhia de Jesus, o Museu de São Roque
herda quer o espaço físico dos padres seguidores de Loyola, quer todas as obras de arte
por eles reunidas. Muito antes de ser pensada
a possibilidade da constituição de um núcleo
museológico, este conjunto chega à Santa
Casa da Misericórdia depois do grande terramoto de 1755 e da expulsão dos Jesuítas
ordenada por Pombal. É por decreto régio de
D. José I que todo esse valioso património é
doado à instituição fundada em 1498 pela rainha D. Leonor, e vocacionada para o auxílio
aos mais desprotegidos da cidade de Lisboa.
Com o património edificado vinha também um importante espólio artístico. Mas a
história de São Roque começava antes, em
tempos de grande aflição, quando a peste
grassava por toda a Europa e não deixava de
fora a cidade de Lisboa. Por iniciativa de D.
Manuel, é nessa época de grandes temores
que o monarca solicita à República de Veneza
uma relíquia de São Roque, santo que tinha
a fama de interceder pelas vítimas do terrível
flagelo. Em 1505 chega a Portugal a relíquia
e, para a receber, D. Manuel manda construir
a ermida de São Roque. Hoje, mais de cinco séculos passados, neste primeiro núcleo
do museu expõem-se o conjunto das quatro
tábuas que contam a vida e lenda do santo,
bem como a sua relíquia original e as duas
lápides que assinalam a consagração da ermida e do seu adro.
Já o segundo núcleo expositivo é inteiramente dedicado à Companhia de Jesus,
instalada em São Roque por ordem expressa
do monarca D. João III. Além de apresentar
toda a iconografia da ordem, do conjunto das
obras deste núcleo faz também parte uma
das mais importantes coleções de relicários
da península ibérica.
Ainda pela mão dos Jesuítas, o núcleo
de Arte Oriental, terceiro do percurso, está intimamente ligado a toda a expansão missio-
Núcleo
Companhia
de Jesus
nária da Companhia de Jesus, em particular
pelo Oriente. É dos contactos estabelecidos
com as populações locais, por via das missões, que se registam significativas aquisições ao nível da arte sacra. Este fenómeno,
que se fez sentir nas mais diversas disciplinas artísticas, proporcionou uma renovação
da arte cristã, como testemunha a coleção de
objetos de arte exposta no museu.
Verdadeira “jóia da coroa” de São Roque, o quarto núcleo é inteiramente dedicado
à Capela de São João Baptista, obra ímpar
do reinado de D. João V, internacionalmente
reconhecida pelo seu valor arquitetónico e
artístico. Encomenda do monarca que, no xadrez internacional, quis marcar uma posição
de força através de um intenso plano cultural,
o “Tesouro da Capela de São João Baptista”
é constituído por notáveis exemplares de ourivesaria e paramentaria. Tendo a capela sido
transportada para Portugal em três naus, foi
depois assente na Igreja de São Roque, no
70 DEZEMBRO2012
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30-11-2012 09:29:32
local da antiga Capela do Espírito Santo. Para
reforçar o caráter de tesouro desta coleção e
a sua ligação à capela da Igreja, neste quarto
núcleo do museu procurou conferir-se a todo
o espaço um ambiente intimista e, de forma
simplificada, recria-se o espaço da capela,
em cujo interior simulado se pode observar
o notável frontal de altar em prata, bronze
dourado e lápis-lazúli, ou o imponente par de
r
s
,
e
tocheiros, peça única da ourivesaria mundial.
O último núcleo expositivo é inteiramente dedicado à Misericórdia de Lisboa
e ao conjunto das peças adquiridas ou entregues em doações e legados que sempre
resultaram da confiança depositada numa
instituição cuja missão passa pelo auxílio
aos mais fragilizados. Desde a sua origem e
até ao presente, a Santa Casa tem, de resto,
sabido cumprir a sua vocação original, de
acordo com os fins estatutários que apontam para a realização de melhorias de bemestar e promoção da qualidade de vida, em
particular nos segmentos da população mais
vulnerável, abrangendo nas suas áreas de
intervenção a ação social, a saúde, a educação, o ensino, a cultura e a valorização de
todo o património.
Núcleo da
Santa da
Misericórdia
de Lisboa
Na vanguarda
da comunicação
r
e
e
,
”
-
As atividades educativas e culturais
do museu dirigem-se a públicos diversificados, internos e externos, e norteiam-se pela
vontade de oferecer uma participação mais
ativa e envolvente dos visitantes do museu
na experiência da contemplação da arte, através da partilha de ideias e conhecimentos.
Evidenciam-se as parcerias com o setor educativo, do turismo e a área da cultura que têm
vindo a revelar-se determinantes na melhoria
contínua dos serviços prestados e na diversificação e aumento de públicos.
Além das tradicionais visitas guiadas
de caráter genérico, o museu oferece visitas
em diferentes idiomas, ateliês de arte, visitasjogo interativas dirigidas a crianças, jovens e
seniores. Já para um público com interesses
específicos nas áreas da arte e do património,
disponibilizam-se ciclos de visitas guiadas temáticas e conferências.
No presente, a Galeria de Exposições
Temporárias está a ser objeto de um programa de requalificação, estando prevista a
sua reabertura em maio do 2013 com uma
exposição centrada na Capela de São João
Baptista e no contexto da sua encomenda e
construção, que será acompanhada por uma
monografia atualizada. Nela serão apresentadas as mais recentes novidades encontradas
no decurso deste importante projeto de in2012DEZEMBRO 71
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30-11-2012 09:29:47
Imagens
Cafetaria do museu
instalada no antigo
claustro e Capela de São
João Baptista, uma das
nove da Igreja
de São Roque.
vestigação.
Fruto do projeto de requalificação,
que resultou da vontade da Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa em valorizar o seu
património, o Museu de São Roque oferece
hoje as mais modernas condições de acesso
às obras, dispondo das indispensáveis estruturas de apoio, tais como loja e restaurante/
cafetaria, esta última também instalada no
antigo claustro da Casa Professa.
A requalificação levada a cabo veio
ainda propiciar uma melhoria das condições
de conservação e apresentação da exposição permanente. Assim, uma significativa
parte das obras expostas foi submetida a
trabalhos de conservação e restauro que
vieram clarificar a leitura do acervo museológico. No âmbito deste projeto incluiu-se
também a beneficiação do espaço da igreja com um plano de ações de conservação,
com especial relevância para a Capela de
São João Baptista, cuja intervenção decorreu entre Novembro de 2010 e Abril de 2012.
Envolvendo reconhecidos especialistas nacionais e estrangeiros de diversas áreas de
atividade, fez-se uso das mais recentes metodologias no âmbito da conservação e do
restauro.
No que respeita à componente comunicacional, existe ainda uma nova identidade
gráfica que se encontra presente em todos
os materiais de divulgação, assim como suportes de informação adaptados ao perfil
dos diversos públicos. Pontos multimédia
presentes ao longo do circuito expositivo
oferecem informação adicional sobre as
coleções do museu e seu contexto de produção. Linhas de merchandising inspiradas
no acervo e um site próprio, são ainda ferramentas de comunicação de um museu que,
encerrando cinco séculos de História, se
mantém vivo e atual.
VERDADEIRA “JÓIA DA COROA” DE SÃO
ROQUE, O QUARTO NÚCLEO É INTEIRAMENTE DEDICADO À CAPELA DE SÃO
JOÃO BAPTISTA
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OUTROS MUSEUS
A VISITAR
Seia
Museu do pão
Um espaço único e acolhedor
que enriquece a cidade, fruto da
inicativa privada, é considerado
uma instituição com interesse
para o desenvolvimento do
turismo na região da beira.
O Museu do Pão, é o único espaço do género em Portugal que
fala da história, da importância
e do património deste alimento,
sem deixar de aboradar o seu
papel político, religioso, artístico e social.
Covilhã
Museu do Vinho
A cidade da Covilhã oferece a
oportunidade de se conhecer a
cultura da vinha, através de um
pequeno espaço, inserido nas
instalações da Adega Cooperativa da Covilhã.
Sabugal
Museu Municipal
Localizado no edifício das
antigas finanças, o Museu
Municipal do Sabugal apresenta
uma exposição permanente
sobre a História do Homem. Do
seu espólio fazem parte vários
utensílios de pedra lascada, que
revelam as origens da ocupa-
ção humana na região, pedras
funerárias da época romana,
objectos medievais e armamento do século XIX.
Fundão
O Centro de
Interpretação
do Poço do
Caldeirão
Instalado na Casa Grande da
Barroca, constitui uma unidade museal de acolhimento ao
público, que propicia a descoberta e compreensão da arte
rupestre do Poço do Caldeirão
e o conhecimento do Homem
do Paleolítico Superior, o seu
modo de vida, os artefactos que
utilizou e, sobretudo, a arte que
produziu. Está ainda equipado
com funcionalidades multimédia que permitem assimilar a
informação de uma forma lúdica
e dinâmica.
Almeida
MUSEU HISTÓRICO-MILITAR
Instalado nas Casamatas (também chamadas de Quartéis Velhos,
instalações subterrâneas datadas do século XVIII, construídas
em abóbada, para efeitos de defesa militar, constituídas por vinte
salas e corredores), no subsolo do Baluarte de S. João de Deus,
as casamatas serviam para abrigar os militares da guarnição e a
população civil em situações de bombardeamento, servindo ainda
para o armazenamento de mantimentos, possuindo cisterna e
poço de água. O Museu Histórico-Militar de Almeida é um espaço
interactivo e multimédia onde se reconstitui a História de Portugal
desde a época medieval até à era contemporânea, com especial
destaque para as Guerras Peninsulares, e o cerco de Almeida,
sendo de todo aconselhável uma vista a este local de cultura da
vila histórica fronteiriça.
Pinhel
Museu Municipal
Situado nos Antigos Paços do
Concelho, um edifício do século
XVIII de assinalável valor arquitetónico mandado edificar pelo
corregedor da comarca de Pinhel, Vicente Pereira da Cunha,
o Museu Municipal de Pinhel
existe desde o ano de 1936. O
Museu Municipal de Pinhel tem
como missão investigar, documentar, conservar, valorizar e
divulgar testemunhos materiais,
resultantes da acção do Homem
sobre o território do concelho
de Pinhel, com a finalidade de
preservar e transmitir as vivências colectivas e, por outro lado,
contribuir para a afirmação do
desenvolvimento local sustentável.
Castelo Branco
Museu de Arte
Sacra
O Museu de Arte Sacra Domingos dos Santos Pio, anexo à
Igreja da Graça, outrora abrigou
várias ordens religiosas, tais
como os Franciscanos, os Agostinhos e posteriormente os Gracianos, que lhe vieram emprestar o nome. Após a extinção das
ordens religiosas, o Convento
foi cedido À Santa Casa de Mesiricórdiada Cidade de Castelo
Branco. Nos dias de hoje, possui
235 peças dos séculos XVI ao
XX, distribuídas por três salas,
desde a sacristia até à capela,
albergando esculturas, pinturas,
têxteis e livros litúrgicos.
Celorico da Beira
Solar do Queijo
Na Capital do Queijo Serra da
Estrela, em Celorico da Beira ergueu-se num magnífico
edifício datado do século XVII, o
Solar do Queijo, com a intenção
de homenagear o pastor/produtor de queijo.
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CASTELOBRANCO
UMA APOSTA NA CULTURA
- MUSEU CARGALEIRO
JARDIM DO PAÇO
UM MUSEU
AO AR LIVRE
- MUSEU TAVARES
PROENÇA JÚNIOR
- MUSEU DO CANTEIRO
- MUSEU DA LOUSA
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ÍNDICE
4
Sugestão da Câmara de
Castelo Branco
6
Museu Cargaleiro
A Fundação Manuel Cargaleiro
confiou à cidade a sua coleção de
arte, uma das mais valiosas do país.
O museu está instalado em edifícios
contíguos – o Solar dos Cavaleiros, um
palacete construído no século XVIII, e
um edifício contemporâneo – no coração da zona histórica da cidade.
4
10
Jardim do Paço
Um dos dos mais extraordinários
jardins barrocos do país, construído no
século XVIII, por iniciativa do primeiro
Bispo de Castelo Branco, D. João de
Mendonça, junto do então Paço, residência de Inverno do Bispo da Guarda,
onde funciona o Museu Tavares
Proença Júnior.
10
12 Museu Tavares Proença
Junior
O museu tem como base a coleção arqueológia de Francisco Tavares
Proença Junior, a que se juntam peças
de arte antiga provenientes do recheio
do Paço Episcopal. O Bordado de
Castelo Branco é outros dos ex libris
do museu, onde funciona uma Escola
Oficina de bordados regionais.
14
O município dispõe de uma rede
de espaços museológicos, tutelados
pela Câmara, do qual se destaca o
Museu do Canteiro, em Alcains, dedicado ao labor do canteiro. O tema
central é a pedra, as técnicas e os
instrumentos para trabalhar este material – nomeadamente o granito – tão
ligado à história sócio e económica da
vila.
6
16
2
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Museu do Canteiro
12
Museu Etnográfico da Lousa
Na Lousa, o Museu Etnográfico
dedicado a uma das mais antigas
tradições do país que são as Danças
Tradicionais da aldeia. O espaço conta
toda a história destas danças, o traje,
os instrumentos utilizados, as imagens
antigas.
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Num dos pisos do museu fica-se a
conhecer todo o ciclo de produção do
azeite, graças à requalificação feita de
um antigo lagar.
18 Zona histórica de Castelo
Branco
A zona antiga da cidade conserva
todo um importante património que
é prova do que foi Castelo Branco
no passado. As ruas convidam a um
passeio a pé para se apreciar o belo
conjunto de Portados Quinhentistas
e as casas senhoriais. Bem como os
edifícios históricos da cidade, como a
antiga Câmara.
14
FICHA TÉCNICA
Diretor-Geral: Vasco Pinto Leite
Diretor: Fernando Paulouro Neves
Coordenador de Redação: Luís
Nave
Textos
Célia Domingues e Câmara Municipal
de Castelo Branco
Grafismo: Jornal do Fundão
Paginação: Benvinda Martins
Jorge Chorão
Publicidade
Coordenadora: Teresa Godinho
16
Anunciação Salvado
Jornal do Fundão
Rua Jornal do Fundão, nº4
6231 Fundão
Telefone: 275 779350 (geral)
275 779365 (publicidade)
275 779355 (redacção)
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E-mail: [email protected]
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site: www.jornaldofundao.pt
18
3
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PASSEIO POR CASTELO BRANCO
EU CONVIDO: ACOMPA N
A
cidade e o Concelho de
cida pelos albicastrenses, constitui um
Castelo Branco estão a
interessante e belo conjunto arquitec-
ganhar espaço próprio
tónico, situada a dois passos do Museu
nos roteiros turísticos e
Cargaleiro.
constituirão, a breve prazo, um novo e
Repartido por dois espaços contíguos,
aliciante destino de lazer e cultura.
um Solar do Século XVIII e um edifício
Estrategicamente situada sobre o Vale
contemporâneo, o Museu Cargaleiro
do Tejo, Castelo Branco é uma porta de
alberga e expõe pintura, cerâmica, azu-
entrada dupla: a Norte a serrania, a Sul
lejaria, tapeçaria e têxteis da autoria de
a planície alentejana.
Manuel Cargaleiro e de muitos outros
E se, durante muito tempo, a cidade foi
artistas nacionais e internacionais, e é
(quase) só isso - local de passagem -,
distinguido pelo prestigiado e conheci-
Castelo Branco é hoje uma cidade que
do Guia Michelin com uma estrela.
vale a pena descobrir e visitar detalha-
Ainda no limite da Zona Histórica, no
damente, porque os locais e motivos
Largo da Sé, próximo da Igreja da Sé
de interesse são muitos e variados.
e do Conservatório Regional de Música
A começar pela própria cidade.
- dois outros locais de interesse e que
Fruto de um trabalho continuado, e
justificam uma visita - o edifício dos
já prolongado, de reabilitação urbana,
antigos CTT foi completamente recu-
o Centro Histórico de Castelo Branco
perado e transformou-se em Galeria
ganha uma nova vida, tanto ao nível do
Municipal e em sede da nova Oficina-
espaço público como em consequência
Escola de Bordado de Castelo Branco,
da criação de equipamentos culturais
um projecto que visa a revitalização e
de inegável interesse, como é o caso
revalorização do Bordado de Castelo
do Museu Cargaleiro.
Branco, expressão artística centenar
Bordado de Castelo Branco que é
A partir da Torre de Menagem do
que tem todas as condições para se
exposto no Museu Tavares Proença
Castelo tem-se uma vista ímpar sobre
afirmar, efectivamente, como um dos
Júnior, entidade que reúne a que será,
a cidade e sobre uma vasta zona, que
ex-libris da cidade.
seguramente, uma das mais importan-
vai da Serra de Estrela a Monsanto da
A visita à Oficina-Escola de Bordado
tes, se não a mais importante, colecção
Beira e, em dias limpos, até à vizinha
de Castelo Branco não dispensa, no
de Colchas de Bordado de Castelo
Espanha.
entanto, a ida do visitante ao Museu
Branco.
O Castelo é um excelente lugar para
Francisco Tavares Proença Júnior, onde
Uma visita a Castelo Branco não pode
começar o passeio.
pode observar uma importante colec-
deixar de incluir uma visita ao Núcleo
Depois da vista panorâmica sobre a
ção de arqueologia, de pintura relacio-
Etnográfico da Lousa, ao Museu do
cidade, será tempo para conhecer as
nada com a história do Bispado, vários
Canteiro, em Alcains, e ainda às capelas
ruas estreitas e pitorescas da Zona
exemplos da utilização do bordado no
da Senhora de Mércoles e da Senhora
Histórica, onde se conservam belos
vestuário e paramentos, para além de
da Piedade, de novo na cidade, bem
solares e casas apalaçadas e não
uma esclarecedora e pedagógica expo-
como ao Centro de Interpretação do
menos interessantes janelas e portados
sição sobre o Ciclo do Linho, uma das
Tejo Internacional, um local que lhe
manuelinos.
matérias primas, a par da seda natural,
dará uma primeira visão deste espaço
No coração da cidade antiga, a Praça
essenciais à produção do Bordado de
natural e vai, com toda a certeza, agu-
Camões ou Praça Velha, como é conhe-
Castelo Branco.
çar o seu apetite para ir conhecer in
JOAQUIM MORÃO
Presidente da Câmara Municipal
de Castelo Branco
4
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A NHE-ME
O Museu
Cargaleiro alberga e expõe pintura, cerâmica, azulejaria, tapeçaria
e têxteis da autoria de Manuel
Cargaleiro e de
muitos outros
artistas nacionais
e internacionais
loco as maravilhas que o Tejo tem para
revelar.
Propositadamente, deixei para o fim o
Jardim do Paço.
Classificado
como
Monumento
Nacional - e localizado mesmo ao lado
de outro elemento histórico e arquitectónico igualmente classificado como
Monumento Nacional,
o designado
Cruzeiro de S. João -, o Jardim do Paço
é de estilo Barroco, dedicado a S. João
Baptista, um espaço onde os canteiros
de buxo, as estátuas de granito, os
repuxos e jogos de água, se dispõem e
sucedem num mundo criado por humanos, mas que evoca permanentemente
outros mundos.
5
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O MUSEU CARGALEIRO
SITUA-SE NO
CORAÇÃO DA ZONA
MUSEU CARGALEIRO
HISTÓRICA DA CIDADE
UMA DAS MAIS VALIOSAS
COLEÇÕES DE ARTE DO PAÍS
Cargaleiro é mais do que um criador de arte, é um colecionador inato.
Ao longo da sua vida reuniu peças de alguns dos artistas mais consagrados,
na qual se podem encontrar peças de Pablo Picasso e Vieira da Silva.
P
intura, cerâmica regio-
pal, tutelado pela Câmara de Castelo
se na cerâmica através da modelação
nal e faiança portugue-
Branco, estão expostas peças que
de barro, prática artística que desde
sa e estrangeiras, têxteis
constituem o acervo da coleção de arte
muito cedo o conquistou e que o leva a
incluindo uma coleção de
da Fundação Manuel Cargaleiro, um
frequentar oficinas de oleiros no Monte
tecidos “coptas” (fragmentos) e uma
dos mais reconhecidos artistas por-
da Caparica.
coleção de cerâmicas modernas de
tugueses. O museu possui também
Em 1957, Cargaleiro muda-se para
artistas portugueses e estrangeiros.
obras de outros prestigiados autores
Paris. A sua obra é acolhida em per-
Assim se constitui o Museu Cargaleiro,
nacionais e estrangeiros.
manência na Galeria Albert Loeb. O
instalado num edifício de meados do
Manuel Cargaleiro, pintor e ceramista
mestre passa a dividir residência entre
século XVIII, o Solar dos Cavaleiros,
português, nasceu no Chão das Servas,
França e Portugal enquanto a sua obra
um dos mais admiráveis museus do
pequena aldeia do concelho vizinho
ganha novos horizontes internacionais.
país.
de Vila Velha de Ródão e cresceu em
Fruto do reconhecimento mundial, Itália
Neste equipamento cultural munici-
Almada e Seixal. Aos 18 anos iniciou-
presta-lhe homenagem desde 2004
6
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com a abertura do Museo Artístico
te na estação do Metro de Champs
Manuel Cargaleiro. Para além de Paris
Elysées-Clémenceau, de Paris. O azu-
e Lisboa, Cargaleiro mantém um atelier
lejo tem na produção de Cargaleiro
em Vietri sul Mare, em Salermo, Itália,
uma presença significativa e de extre-
desde 1999.
ma importância no museu erguido
A projeção da obra de Cargaleiro esten-
em Castelo Branco, a condizer com o
de-se ao mobiliário urbano. Para além
volume e qualidade das obras por ele
dos painéis cerâmicos para o Jardim
executadas nesta superfície de pintura.
Municipal de Almada ou fachada do
Cargaleiro é mais do que um criador de
Instituto Franco-Português de Lisboa,
arte, é um colecionador inato. Ao longo
entre outras, o seu nome está presen-
da sua vida reuniu peças de alguns dos
A projeção da
obra de Cargaleiro
estende-se ao
mobiliário urbano. O seu nome
está presente no metro de
Champs ElyséesClémenceau, de
Paris.
7
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MUSEU DIVULGA
ALGUMAS DAS
MAIS FAMOSAS
PEÇAS DO MESTRE
O museu resulta de
uma cooperação
entre a Fundação
Manuel Cargaleiro e
a Câmara de Castelo
Branco e conserva
milhares de obras da
coleção do mestre.
artistas mais consagrados, como Pablo
tas e guardadas milhares de obras
Picasso e Vieira da Silva. A sua coleção
de toda a vida de mestre Cargaleiro e
é considerada uma das mais valiosas
de quadros de outros artistas que lhe
do país.
foram sendo oferecidos. “Este é um
Constituído por dois edifícios contí-
formidável património que visa enri-
guos – o Solar dos Cavaleiros, um
quecer Castelo Branco e toda a região,
palacete construído no século XVIII, e
vai poder vir a ser um polo cultural
um edifício contemporâneo – o Museu
interessante”, considerou, apontando
Cargaleiro situa-se no centro histórico
a colaboração entre a Fundação e a
da cidade de Castelo Branco, junto à
autarquia como “um gesto exemplar”
Praça Camões, também denominada
ao qual “o Presidente da República
Praça Velha.
fez questão de prestar homenagem”
O Museu resulta de uma cooperação
na inauguração do museu, no Dia de
entre a Fundação Cargaleiro e a Câmara
Portugal.
de Castelo Branco e ali estarão expos-
O percurso de visita começa na área
8
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NO DIA DE
PORTUGAL O
MUSEU FOI
INAUGURADO PELO
PRESIDENTE
DA REPÚBLICA
dedicada à faiança ratinha, que pela
nas suas deslocações sazonais. Essas
A alegria de uma vida que se mistu-
sua especificidade decorativa, ocupa
peças serviam-lhes, muitas vezes,
rou na produção artística está também
uma posição particular no âmbito da
como moeda de troca por outros bens.
presente nas mantas de retalho feitas a
cerâmica nacional.
As várias peças expostas transmitem a
partir das técnicas de patschwork que
Cativante e genuinamente portuguesa,
simplicidade das gentes dos campos
sua mãe, Ermelinda Cargaleiro, adotou
espelha, não só, as difíceis condições
com a dimensão artística da cerâmica
para fazer presentes a amigos da famí-
sociais das populações rurais do século
popular.
lia e empregados. Uma destas peças,
XIX – o quotidiano duro, agreste e as
As cores da paisagem da Beira Baixa,
uma colcha patschwork em lã de 1957,
angústias de uma população migrante
região natal, o azul, o amarelo, o verde,
está exposta neste museu.
da região das Beiras para os campos
estão presentes na sua obra, não só
O Museu oferece também um conjunto
alentejanos – mas também o ultrapas-
enquanto ceramista mas também na
de atividades através do seu centro
sar dessas agruras pela cor, pela alegria
pintura a óleo, as duas práticas que
educativo e dispõe de uma biblioteca
e pela sinceridade das representações
melhor identificam o artista Cargaleiro.
de arte como centro documental de
que revestiam peças de uso corren-
A sua pintura é sempre luminosa em
edições sobre o mundo das artes.
te que os ratinhos levavam consigo
busca constante da alegria.
9
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JARDIM DO PAÇO EPISCOPAL
A NATUREZA EM FORMA DE A
D
e estilo acentuadamen-
pela quantidade de elementos formais
Este jardim Barroco, em forma retangu-
te barroco, o jardim de
que denunciam uma clara influência
lar, é dominado por balcões e varandas
São João Baptista, que
do estilo italiano de fazer jardinagem,
com guardas de ferro e balaústres de
costuma
designar-se
quer pelas encomendas análogas de
cantaria. Apresenta cinco lagos, com
como logradouro do Paço Episcopal de
figuras eclesiásticas portugueses feitas
bordos trabalhados, nos quais estão
Castelo Branco, é um convite ao disfru-
na época.
instalados jogos de água. No patamar
tar da natureza em forma de arte.
O Jardim do Paço Episcopal de Castelo
intermédio da Escadaria dos Reis exis-
O Jardim do Paço foi mandado cons-
Branco revela-se como um dos mais
tem repuxos e jogos de água surpreen-
truir pelo Bispo da Guarda, D. João
originais exemplares do Barroco em
dentes. O sistema hidraúlico e os jogos
de Mendonça, no ano de 1720, depois
Portugal. Em especial no que res-
de água existentes no jardim ocupam
da sua chegada de Roma, onde vive-
peita à estatuária, aos aspetos sim-
um destaque especial, pela sua singu-
ra três anos. Suspeita-se que o seu
bólicos e à disposição dos seus ele-
laridade e beleza, noutros jardins barro-
autor seja um arquitecto italiano, quer
mentos
cos que existem em Portugal.
em
percursos
temáticos.
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JUNTO AO JARDIM, ENCONTRA-SE
UMA ESCADARIA DE 33 DEGRAUS (OS MESMOS ANOS
E ARTE
QUE CRISTO TINHA QUANDO FOI MORTO), TESTEMUNHO DE
UMA LIGAÇÃO PRIMITIVA PARA ESTE ESPAÇO
Por entre os canteiros erguem-se
que Cristo tinha quando foi morto), tes-
simbólicas estátuas de granito, em
temunho de uma ligação primitiva para
que se destacam os Novíssimos do
este espaço.
Homem, Quatro Virtudes Cardeais,
Alvo de recente intervenção, no Jardim
as Três Virtudes Teologais, os Signos
do Paço Episcopal pode também ser
do Zodíaco, as Partes do Mundo, as
apreciado o passadiço que liga este
Quatro Estações do Ano, o Fogo e a
espaço ao Parque da Cidade, sem
Caça. Dispostos à maneira de esca-
recurso a ruas públicas. Esta foi a prin-
dório, encontram-se representados os
cipal razão da sua construção, estima-
Apóstolos e os Reis de Portugal até D.
se que em 1726.
José I.
Junto ao jardim, encontra-se uma escadaria de 33 degraus (os mesmos anos
O Jardim do Paço
Episcopal de
Castelo Branco
revela-se como
um dos mais originais exemplares
do Barroco em
Portugal.
11
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MUSEU TAVARES PROENÇA JÚNIOR
BORDADO DE CASTELO
BRANCO É EX LIBRIS
DA CIDADE
A arqueologia é outra das áreas do museu. A sua abertura ao público
deve-se ao grande dinamismo de um importante vulto da arqueologia
nacional, precisamente Francisco Tavares Proença Júnior .
O
Museu Tavares Proença
tradicionais que trata o linho e a seda,
Nele funciona uma oficina de Bordados
Junior,
instalado
as duas fibras que entram na compo-
de Castelo Branco, onde se mostra
num dos imóveis mais
sição do Bordado regional que ocupa
como se faz colchas ou painéis do bor-
antigos da cidade, o anti-
está
importante área no museu.
dado tipíco da cidade. Na Índia e pos-
go Paço Episcopal. A sua construção
No Museu Tavares Proença Junior, da
teriormente na China, o olhar do portu-
remonta ao século XVI, embora com
rede nacional do Instituto Português
guês rapidamente descobriu a perícia
intervenções no século XVIII e XX.
de Museus, podem ser apreciadas as
da mão das bordadoras indígenas. A
As duas primeiras salas de visita
famosas colchas de Castelo Branco,
partir dos finais do século XVI até aos
dedicam-se às memórias do bispado,
assim como conhecer um importante
finais do século XVIII em Portugal são
um dos principais acervos do Paço
acervo de pinturas do extinto Bispado,
mandadas bordar inumeras colchas
Episcopal. Segue-se um núcleo expo-
nomeadamente pintura de escolas por-
com as técnicas do Bordado de Castelo
sitivo dedicado às tecnologias têxteis
tuguesas e tapeçarias da Flandres.
Branco. São bordados feitos com o
12
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s
a
a
A
s
o
s
o
o
colorido das sedas e com sabedoria
Proença Júnior. Guarda registos arque-
que a tradição trouxe até aos nossos
ológicos do paleolítico à idade média,
dias.
pintura da escola portuguesa do século
O tema desenvolve-se em relação com
XVI, tapeçaria e mobiliário do antigo
outros núcleos no museu, como aque-
Paço. É o caso de um Cristo Crucificado,
le dedicado à produção do linho e da
em marfim, e algumas peças de para-
seda (materiais utilizados no Bordado
mentaria alusivas ao cerimonial litúrgi-
de Castelo Branco) e ao traje.
co do tempo do bispado.
A arqueologia é outra das áreas do
Numa das salas, espaço da antiga
museu. A sua abertura ao público
sacristia da capela do Paço onde existe
deve-se ao grande dinamismo de um
ainda um lavabo, inscrevem-se duas
importante vulto da arqueologia nacio-
pinturas sobre madeira, provavelmente
nal, precisamente Francisco Tavares
da Misericórdia Velha.
Francisco Tavares
Proença Junior foi
um dos grandes
vultos da arqueologia nacional,
colecionador de
registos arqueológicos do paleolítico à Idade Média.
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MUSEU DO CANTEIRO EM ALCAINS
ARTE DA PEDRA
Nas pedreiras de menor dimensão, o canteiro dominava todo o
processo de transformação da pedra. Para
além de uma certa
mestria e destreza na
concepção de cantarias, deveria saber
cortar, aparelhar, vem
como assentar a pedra.
P
or meados do século XX,
servação e divulgação das práticas e
um grande número de
vivências do trabalho do canteiro ao
canteiros laborava nas
longo dos tempos, sem limites geo-
pedreiras de todo o país.
gráficos ou históricos. Os canteiros de
Só em Alcains havia cerca de 500.
Alcains são parte integrante da aven-
Atualmente são poucos aqueles que
tura civilizacional que é a relação do
resistem à mecanização da atividade. O
homem com a pedra.
custo da mão da obra, o apelo da emi-
Geralmente o canteiro chegava à
gração e a mecanização, entre outras
pedreira muito novo, por volta dos
razões, conduziram ao declínio da arte.
nove anos. O seu dia começava logo
A vocação do Museu do Canteiro, em
ao nascer do sol e terminava quando
Alcains, assenta no estudo, na pre-
deixava de haver luz natural.
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A exposição desenvolve-se ao longo
de um percurso
que acompanha as
fases da intervenção
sobre a pedra com
vista à produção de
cantarias.
A criança tornava-se aprendiz duran-
dos e outrora utilizados pelos vários
também as inovações na forma objeto,
te um mínimo de um ano, até que o
pedreiros de Alcains e de outras zonas
conduzindo ao seu abandono e substi-
encarregado o considerasse apto para
do país.
tuição por maquinarias. O Museu mos-
se iniciar na arte de trabalhar com o
A escolha do Solar Ulisses Pardal para
tra também imagens que documentam
cinzel. Os menos aptos ficavam como
receber este museu não aconteceu
práticas e técnicas que conduzem à
cortadores de pedra (cabouqueiros ou
por acaso. A elaboração do trabalho
produção de formas ou à elaboração
aparelhadores).
da pedra que se verifica neste edifício,
estética da pedra e dá conta dos traços
Nas pedreiras de menor dimensão, o
invulgar na sua composição interior e
fundamentais da evolução da atividade
canteiro dominava todo o processo
executivo, tornam-no um belo exem-
pétrea em Portugal. Integram ainda o
de transformação da pedra. Para além
plar da aplicação do trabalho da can-
circuito do Museu do Canteiro, a cozi-
de uma certa mestria e destreza na
taria.
nha, cuja lareira e armários de parede,
concepção de cantarias, deveria saber
A exposição desenvolve-se ao longo
construídos em pedra aparelhada de
cortar, aparelhar, bem como assentar
de um percurso que acompanha as
grandes dimensões, são de destacar,
a pedra, tarefa que, noutras circuns-
fases da intervenção sobre a pedra
assim como o varandim da capela que
tâncias, caberia aos pedreiros. É esta
com vista à produção de cantarias.
faz a ligação do Solar à capela anexa,
alguma da história que conserva o
Mostram-se os utensílios mais antigos
atualmente denominada de São Brás,
Museu do Canteiro, ao longo de uma
e tradicionais usados pelos canteiros
onde os habitantes da casa assistiam
exposição de equipamentos recupera-
no decurso das sucessivas operações e
às cerimónias religiosas.
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MUSEU ETNOGRÁFICO DA LOUSA
MANIFESTAÇÃO POPULAR
ÚNICA NO PAÍS
O núcleo dedicado às Danças da Lousa guia-nos numa viagem pelas tradições seculares da freguesia. Nele podemos encontrar a música, as letras, as
danças recriadas em fotografia e o filme.
A
s Danças da Lousa e a
salvaguardar, informar e divulgar a sua
Baixa”, Eurico Salles Viana escreve que
produção de azeite, prin-
identidade e costumes.
é “grande a devoção do povo da Lousa
cipal produto da fregue-
Apesar de se desconhecer qual a ori-
pela sua protectora, mas no dia da sua
sia, são dois aspetos que
gem das Danças da Lousa, todos os
festa, depois de recolhida a procissão,
identificam a freguesia do concelho de
anos o povo da aldeia, durante a festa
têm lugar os Bailados das Virgens e da
Castelo Branco e que deram origem à
religiosa de Nosssa Senhora dos Altos
Farrombana e a Dança das Tesouras,
abertura de um Museu Etnográfico na
Céus (terceiro domingo de maio), recria
anteriores à era de Cristo, mas trazidos
aldeia. Esta é a melhor homenagem
este velho ritual em frente à Igreja
até nós só pelo amor do povo às usan-
que a freguesia presta ao seu passa-
Matriz.
ças dos seus antepassados”.
do, rico em tradições, como forma de
No livro “O Trajo popular da Beira
As Danças da Lousa são compostas
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Junto ao Museu
Etnográfico merece
também uma visita
o Museu do Azeite,
espaço recuperado
a partir de um antigo lagar. Parte da
maquinaria foi comprada no Tramagal.
.
por três danças distintas: a Dança
das Donzelas ou Virgens, Dança dos
Homens e Dança das Tesouras.
O núcleo dedicado às Danças da Lousa
guia-nos numa viagem pelas tradições
seculares da freguesia. Nele podemos
encontrar a música, as letras, as danças recriadas em fotografia e o filme,
os trajes, os instrumentos musicais,
como a genebres, espécie de xilofone,
instrumento arcaico apenas utilizado
na Lousa.
Junto ao Museu Etnográfico merece
também uma visita o Museu do Azeite,
espaço recuperado a partir de um antigo lagar. Parte da maquinaria foi comprada no Tramagal.
Este lagar, de novembro até ao Natal,
funcionava diriamente 16 horas e produzia entre 500 a 600 litros de azeite.
Da azeitona vinda de olivais próximos
juntava-se aquela que vinha do norte
Alentejano.
O edifício é composto por três salas
sobre as várias fases da produção
do azeite. Junto a cada equipamento
exposto, como o calibrador, os depósitos, as balanças, os capachos, a prensagem e tantos outros, está um pequeno texto explicativo das suas funções.
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ZONA HISTÓRICA
UMA VIAGEM AO PASSADO
A muralha restaurada conserva um testemunho bélico de que a cidade foi alvo,
possivelmente durante as invasões francesas.
D
epois de uma passagem
comemorações em 1880. Nesta praça
a que a cidade esteve sujeita -, permi-
pelo Posto de Turismo,
situam-se as antigas Câmara e bibliote-
tindo, ainda hoje, uma leitura bastante
na avenida Nuno Álvares,
ca municipal, onde ainda permanecem
clara. O estudo das casas de Castelo
a mais bonita avenida da
as armas de D. Manuel, bem como
Branco mostrou modelos de habitação
cidade, o percurso de visita em Castelo
uma lápide escrita em latim com um
com caraterísticas existentes em parte
Branco segue em direção ao castelo.
voto protetor de D. João IV pedido à
da arquitetura doméstica do resto do
Pelo caminho, atente-se à arquitetu-
Imaculada Conceição. Aqui também
País. Trata-se de uma arquitectura de
ra de vários edificios, na rua Sidónio
se encontra o antigo arquivo distrital,
parcos recursos que, em muitos casos,
Pais, no qual se destaca o Banco de
antigo Palácio Cunha e a antiga Casa
é dotada de decoração que se pode
Portugal, com uma linguagem eclética
do Bispo.
informalmente designar de “Manuelino
do princípio do século XX. Na rua do
O percurso continua na Rua de Santa
pobre”
Pina pode-se observar o solar da famí-
Maria, que foi até ao fim do século
A muralha conserva um testemunho
lia Tavares Pessoa Amorim (com bra-
XVIII a principal artéria da cidade, onde
bélico de que a cidade foi alvo, possi-
são na porta de entrada) e um dos dois
se encontram alguns exemplares de
velmente durante as invasões france-
solares dos Barões de Castelo Novo,
arquitetura do século XVI, o Celeiro
sas e que pode ser apreciado na praça
família de “maior nobreza” na cidade.
da Ordem de Cristo e algumas casas
Postiguinho Valadares.
A rua do Relógio adopta o nome da
particulares.
A escassos metros deste lado encon-
torre que dá horas, construída na
Castelo Branco tem uma Zona Histórica
tra-se o Largo de São João. O cruzei-
segunda metade do século XV. Esta
repleta de belos portados quinhentis-
ro Manuelino está classificado como
rua vai dar à Praça Velha, que tomou
tas e um tecido urbano que pouco se
Monumento Nacional. No Parque da
o nome de Praça de Camões, nas
alterou - apesar dos episódios bélicos
Cidade oferece um conjunto de jogos
ou
“Manuelino
popular”.
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mente do mesmo período cronológico,
uma vez que o exército francês esteve acampado no adro desta igreja. A
segunda cintura de muralhas foi mandada erguer por D. Afonso IV, durante
o século XIV, e era constituída por oito
portas, encimadas por um arco, arcos
esses mandados destruir, como o confirmam as actas de Câmara, em 1834:
“a fim de tornar as ruas, mais arejadas,
e mais claras”.
Na praça Postiguinho Valadares, junto
ao edifício da Portugal Telecom, conserva-se uma dessas portas de entrada,
com os dois torreões. Na rua de Santa
Maria, conserva-se também uma dessas portas mas apenas com um dos
torreões. As restantes portas foram
demolidas, suspeita-se, no início do
século XX.
de água que constituem um panorama
dos panos exteriores da muralha. Trata-
A iluminação noturna atribui agora à
de grande beleza.
se de um dos testemunhos bélicos de
muralha recuperada uma beleza ímpar.
Grande parte da muralha de Castelo
que a muralha foi alvo, possivelmente
A luz projetada em alguns dos edifícios
Branco está recuperada e à vista. O
de princípios do século XIX, aquando
possibilitam uma visita à noite. A Igreja
trabalho de restauro dos antigos limites
das Invasões Francesas.
de São Miguel da Sé, o Convento de
da cidade iniciou-se em 2008 e ainda
Durante as escavações arqueológicas
Santo António dos Capuchos, a Capela
não terminou.
no castelo, foram identificadas cerca
de Nossa Senhora da Piedade ou o
Neste trabalho de restauro foi identifi-
de 20 balas de canhão no adro da Igreja
Conservatório Regional são alguns des-
cada uma bala de canhão cravada num
de Santa Maria do Castelo, possivel-
ses locais.
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