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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
LUAN GONÇALVES DE OLIVEIRA
DESENVOLVIMENTO DE TIPOGRAFIA PARA INTERNET BASEADA
NO ESTILO GÓTICO
Xanxerê
2012
1
LUAN GONÇALVES DE OLIVEIRA
DESENVOLVIMENTO DE TIPOGRAFIA PARA INTERNET BASEADA
NO ESTILO GÓTICO
Trabalho de conclusão de curso, apresentada ao Curso
de Design, como quesito parcial para a obtenção do
título de Bacharel em Design pela Universidade do
Oeste de Santa Catarina - Unoesc Campus de Xanxerê.
Orientador: Prof. Esp.: Aleteonir José Tomasoni Junior
Xanxerê
2012
2
LUAN GONÇALVES DE OLIVEIRA
DESENVOLVIMENTO DE TIPOGRAFIA PARA INTERNET BASEADA
NO ESTILO GÓTICO
Trabalho de conclusão de curso, apresentada ao Curso
de Design, como quesito parcial para a obtenção do
título de Bacharel em Design pela Universidade do
Oeste de Santa Catarina - Unoesc Campus de Xanxerê
Aprovado em _____/_____/_____
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Prof.
IES
________________________________________
Prof.
IES
________________________________________
Prof.
IES
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, o qual sempre me acompanhou, o meu Salvador de
todos os momentos.
Aos meus pais, que nunca mediram esforços para me ajudar, nem deixaram de ter fé
em mim, obrigado por me ensinar a ser um homem digno, amo vocês.
Aos meus professores e ao meu orientador Aleto, pois sei o quanto se esforçaram, se
dispuseram e foram pacientes comigo, durante todos esses anos.
A todos os meus colegas por dividir as risadas, os medos e preocupações que uma
graduação proporciona. Aos meus mais que colegas, irmãos os quais sempre pude contar para
tudo, Deysi, Fernanda, Jefferson, Luana Geiss, Marcelo Perondi, Michelle Sartorato, Michelle
Schmidt e Miguel. Agradeço em especial à colega Andreia, a qual sempre me apoiou e me
auxiliou, sem ela acredito que não teria chegado até aqui, obrigado Andreia. Espero
reencontrar todos vocês muitas vezes ainda.
A todos que de forma direta ou indireta contribuíram para este prazeroso tempo,
aqueles que dividiram inúmeras Coca-Colas e Americanos do Baitakão, músicas e filmes,
risos e lágrimas, enfim, deixo aqui o meu mais sincero Muito Obrigado.
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RESUMO
Dentro do campo do design gráfico são muitas as áreas possíveis de estudo, desde a
abordagem de formas básicas até mesmo os mais complexos estudos da semiótica. Dentre
estes temas está o estudo da tipografia, sendo este o estudo das formas de comunicação
através da escrita. É necessário lembrar que a escrita foi um marco na história da humanidade,
e foi através dela que os povos puderam se desenvolver até a forma em que se encontram
atualmente. A tipografia digital vem como uma evolução da própria escrita, uma forma de se
comunicar a distância e é de extrema importância num mundo cada vez mais informatizado
como o em que se vive. Desta forma é imprescindível para o designer estudar a tipografia
digital.
Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo a criação através do design de
uma tipografia para a internet baseada no estilo gótico, tendo como meio o uso da
metodologia de design criada por Bruno Munari, foram criados painéis imagéticos para a
maior compreensão do estilo gótico, bem como definidos conceitos para que se obtivesse
êxito no desenho dos tipos. Como resultado obteve-se uma tipografia que transmite o estilo
gótico, a qual é legível para o uso em meios digitais e, ainda, de fácil carregamento através de
sites que se propõem usá-la.
Palavras-chaves: Tipografia. Internet. Gótico.
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ABSTRACT
Inside the field of grafic design, there are many possible areas of study, since the
approach of basic forms to the most complex studies of semiotics. Between these themes is the
study of tipography, being the study of the ways of communication trough writing. It is
necessary to remember that writing was a mark on the history of humanity, and it was trough
writing that nations were able to develop until the way they are now. Digital tipography
comes as an evolution of the writing itself, a way of comunicating trough distance and it’s
extremally important in a world each time more computerized, as the one we live in. That’s
why it is indispensable for the designer to study digital tipography.
This work of course conclusion has as objective the creation, trough design, of a
tipography for internet based on the gothic style, having as a tool the use of metodology of
design created by Bruno Munari, it’s been created panels of images for a better
understanding of gothic style, as well defined concepts to obtain exit on the drawing of the
types. As result, it was obtained a tipography that transmits the gothic style, wich is legible
for the use in digital sources, and yet, it’s easy to load through sites that propose to use it.
Key words: Tipography. Internet. Gothic.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: A boa aplicação da semiótica .................................................................................... 19
Figura 2: terminologia Tipográfica .......................................................................................... 25
Figura 3: Tipo com serifa ......................................................................................................... 26
Figura 4: Tipo sem serifa .......................................................................................................... 26
Figura 5: Tipo categorizado como outros tipos: exemplo do tipo gótico ................................. 27
Figura 6: Características da arquitetura gótica ......................................................................... 34
Figura 7: Douce Apocalypse .................................................................................................... 36
Figura 8: Principais famílias tipográficas góticas..................................................................... 37
Figura 9: Características da família textura .............................................................................. 37
Figura 10: Cartazes nazistas ..................................................................................................... 39
Figura 11: Aplicação do anti-alias ............................................................................................ 41
Figura 12: Programa FontLab Studio ....................................................................................... 42
Figura 13: Programa Fontstruct ................................................................................................ 42
Figura 14: Programa Fontforge ................................................................................................ 43
Figura 15: Painel Imagético I ................................................................................................... 46
Figura 16: Painel Imagético II .................................................................................................. 47
Figura 17: Painel Imagético III ................................................................................................. 48
Figura 18: Painel Imagético IV ................................................................................................ 49
Figura 19: Painel Imagético V .................................................................................................. 50
Figura 20: Painel Imagético VI ................................................................................................ 51
Figura 21: Geração de alternativas I ......................................................................................... 52
Figura 22: Geração de alternativas III ...................................................................................... 53
Figura 23: Geração de alternativas III ...................................................................................... 54
Figura 24: Geração de alternativas IV ...................................................................................... 55
Figura 25: Geração de alternativas V ....................................................................................... 56
Figura 26: Geração de alternativas VI ...................................................................................... 57
Figura 27: Geração de alternativas VII..................................................................................... 58
Figura 28: Geração de alternativas VIII ................................................................................... 59
Figura 29: Geração de alternativa IX ....................................................................................... 60
7
Figura 30: Nomenclatura aplicada à tipografia. ....................................................................... 61
Figura 31: Ferramentas disponibilizadas para construção da tipografia .................................. 62
Figura 32: Tamanhos da alternativa final ................................................................................. 63
Figura 34: Comparação da alternativa final com outras tipografias do mesmo estilo. ............ 65
Figura 35: Exemplo de aplicação da alternativa final. ............................................................. 66
Figura 36: Avaliação da Tipografia Sanchez. .......................................................................... 67
Figura 37: Modelo final. ........................................................................................................... 68
Figura 38: Alterações no modelo final. .................................................................................... 69
Figura 39: Desenho Construtivo I. ........................................................................................... 70
Figura 40: Desenho Construtivo II. .......................................................................................... 71
Figura 41: Alternativa final. ..................................................................................................... 72
Figura 42: Aspectos da arquitetura gótica aplicada à escolha final. ......................................... 73
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LISTA DE TABELA
Tabela 1: Primeiras letras desenhadas na criação de tipos e seus designers ......................... 32
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11
1.1 PROBLEMA ...................................................................................................................... 13
1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 13
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 13
1.2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 13
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 13
1.4 METODOLOGIA DO PROJETO DE DESIGN E PESQUISA ........................................ 15
1.5 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA .................................................................................. 16
2 BASE DO CONHECIMENTO .......................................................................................... 17
2.2 DESIGN GRÁFICO ........................................................................................................... 18
2.3 TIPOGRAFIA .................................................................................................................... 21
2.4 tipografia hoje ..................................................................................................................... 23
2.5 Tipografia digital ................................................................................................................ 27
3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE DESIGN .................................................... 29
3.1 METODOLOGIA DO PROJETO DE DESIGN ................................................................ 29
3.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DO PROJETO DE DESIGN ................................. 33
3.2.1 Problema ........................................................................................................................ 33
3.2.2 Definição do problema .................................................................................................. 33
3.2.3 Componentes do problema ........................................................................................... 33
3.2.4 Coleta de dados .............................................................................................................. 33
3.2.4.1 O estilo gótico ............................................................................................................... 34
3.2.4.2 Tipografia digital .......................................................................................................... 40
3.2.4.3 Legibilidade .................................................................................................................. 43
3.2.5 Análise de dados .............................................................................................................. 44
3.2.6 Criatividade ..................................................................................................................... 45
3.2.7 Materiais e Tecnologias ................................................................................................... 61
10
3.2.8 Experimentação ............................................................................................................... 62
3.2.9 Modelo ............................................................................................................................. 68
3.2.10 Verificação..................................................................................................................... 68
3.2.11 Desenhos Construtivos .................................................................................................. 69
4 RESULTADO DO PROJETO ........................................................................................... 72
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 74
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 76
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1 INTRODUÇÃO
A comunicação é uma necessidade, não apenas usada para informar o que se pensa,
sente ou o que o homem julgar ser necessário. A comunicação é de importância vital, ela é a
responsável pelo início da evolução da humanidade, onde desde os primórdios, o homem
deixava sua mensagem em cavernas, até os dias atuais. Não é de hoje que se sabe disso, e
desta forma, o homem tratou de aprimorá-la cada vez mais, dividindo-a por segmentos, e
novamente dividindo-a e estudando cada assunto específico dentro destes segmentos, da
melhor maneira possível.
Dentro da divisão das formas comunicacionais criada pelo homem encontra-se a
escrita: sua criação deu-se nas cavernas há mais de 200 mil anos, de acordo com Meggs
(2009), evoluindo até as mais avançadas tecnologias das quais é possível usufruir hoje. A
escrita evoluiu, não só no seu modo de comunicar a quem interessar, mas no seu próprio
modo de linguagem, com o tempo, surgiram novas formas e estilos de escritas, sendo estes tão
importantes que transformaram a própria maneira de se comunicar através da linguagem.
Dentro deste campo da comunicação o design gráfico surgiu com a intenção de sistematizar e
avaliar o melhor meio e forma com pela qual a comunicação pudesse se expressar.
O design gráfico é o meio que o homem encontrou de se expressar e comunicar de
forma gráfica, isto é, unir várias formas, cores, desenhos, tamanhos, letras e distribuí-las do
modo que melhor se possa informar. Portanto, não deve ser visto como expressão artística,
pois é o design gráfico responsável por fazer com que qualquer peça gráfica, sejam cartões,
livros, cartazes impressões sobre embalagens, sejam reproduzido em grande escala. O
trabalho de um designer gráfico tem como objetivo comunicar.
Segundo Meggs (2009) os primeiros estudos e estudantes da escrita foram os
mesopotâmicos, os egípcios, os chineses e os gregos, sendo que grandes contribuições para a
comunicação se deram através destes povos. Porém, somente com o surgimento da primeira
folha impressa, passou-se a perceber e analisar as formas de escrita até então aplicadas.
Surgiram muitos entusiastas pelo estudo do desenho das formas da escrita, e com estes
estudiosos apareceram os princípios do que hoje se tem como regras para a boa comunicação
através da escrita.
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Este estudo dos desenhos e estilos de escritas, conhecido como tipografia, é de grande
importância para o design, pois é através da tipografia que se pode escrever, e desta forma
comunicar qualquer coisa. Sem um prévio estudo é impossível criar um estilo tipográfico,
bem como sem o conhecimento do alfabeto não há como escrever. É por meio destes estudos
de estilos tipográficos que se pode observar de que forma o homem evoluiu, como o homem
pensava e em que época de sua evolução se deu cada estilo de escrita. Assim como percebe se
a expressão da forma de pensar do homem ao analisar estilos artísticos, percebe se também
este aspecto ao realizar estudos tipográficos.
Com a evolução das formas de linguagem, surgiram novas formas de comunicar, cada
vez mais rápidas e eficazes. Com o surgimento da era da computação, pôde se observar que os
estilos tipográficos passaram de algo completamente artesanal e de difícil execução, para algo
que é facilmente produzido de forma ampla e que se expande cada dia mais, o que se pode
comprovar apenas com a grande variedade de tipografias que surgem em um tempo
incrivelmente pequeno.
Segundo Nazarian (2011), foi através da era digital que a tipografia ganhou uma
notoriedade que antes não havia na cultura popular, muitos designers começaram a estudar
com mais afinco esta matéria tão necessária ao design gráfico. Foi com o surgimento do
computador que foram desenvolvidas também as fontes digitais, sendo inicialmente releituras
de consagrados tipos, passado posteriormente para uma expansão de desenhos e formatos.
Alguns designers têm como única ocupação a criação de fontes digitais, sendo esta uma área
em franco desenvolvimento.
Com a popularização do computador e do avanço tecnológico, a tipografia passou por
uma revolução, muitos tipos de sucesso foram revitalizados digitalmente como a Times New
Roman de 1931, ou a Helvetica de 1961, bem como novos tipos surgiram e já se tornaram
clássicos na mídia digital, a exemplo da Myriad de 1992 e a Verdana de 1996. Com a
proliferação da internet, a leitura digital se tornou extremamente popular e desta forma os
tipos digitais ganharam ainda mais a notoriedade da população que usa a leitura digital não só
para ler notícias e artigos, mas para se comunicar através das redes sociais, estudar por meio
da internet, entre outros.
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Este trabalho de conclusão de curso tem como intenção desenvolver uma tipografia
digital, voltada para a internet, baseada no estilo gótico, procurando desenvolver apenas um
tipo e não uma família tipográfica que consiste em outras variações do mesmo tipo.
1.1 PROBLEMA
Como é possível desenvolver através do uso do design uma tipografia voltada para o
uso na internet, usando as atuais ferramentas e conhecimento histórico do estilo gótico nos
dias de hoje?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Utilizar o design para desenvolver uma tipografia para internet baseada no estilo
gótico.
1.2.2 Objetivos Específicos
- Pesquisar conceitos históricos pertinentes ao tema;
- Pesquisar tipografias pertinentes ao tema;
- Analisar conceitos e selecioná-los;
- Utilizar o design para o desenvolvimento de uma tipografia baseada nos conceitos
selecionados.
1.3 JUSTIFICATIVA
Desenvolver uma tipografia é algo que requer muito estudo e conhecimento da sua
própria história, pois é com base nela que pode se criar novas alternativas e melhorar as já
existentes. A tipografia remonta os tempos mais primitivos do homem, onde este ainda se
desenvolvia dentro de cavernas, e usava uma espécie de linguagem visual – o princípio da
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escrita – para se comunicar, para gravar dados que se considerava importante. Foi junto com a
evolução intelectual do homem que a escrita se desenvolveu, novas formas de escrever
facilitaram o aprendizado e a reprodução da comunicação gráfica. Os romanos marcavam em
colunas a história através de uma tipografia que até hoje é objeto de estudo, logo outros povos
adotaram seus estilos característicos e assim a escrita foi se popularizando, não só no
continente europeu, mas igualmente por toda Ásia, a África e Américas.
Foi no século XV na Alemanha que a tipografia tomou os moldes que conhecemos
hoje. Gutenberg (1394-1468) criou a primeira tipografia do alfabeto latino em 1450 para ser
impresso na Bíblia de 42 linhas (MEGGS, 2009). Baseada no estilo gótico procurou
reproduzir a tipografia usada na época em materiais escolares, fazendo as letras em metal,
prensando-as contra o papel, sendo este tipo de impressão rudimentar, uma adaptação de um
equipamento usado para espremer uvas.
A tipografia se tornou uma grande ferramenta do homem, pois é por meio desta que
ele se comunica, embora nem sempre se perceba, são os detalhes e peculiaridades da
tipografia que dão personalidade ao texto. Os formatos e tamanhos das letras podem
comunicar além do texto, seja dando ênfase a algo, seja informando discretamente textos de
menor importância, seja organizando uma série de informações, enfim, a tipografia faz parte
da cultura, e do cotidiano do homem e, principalmente, a tipografia comunica de seu modo
único.
É de praxe encontrar em livros que abordam a tipografia na internet, uma lista de tipos
(desenhos dos caracteres, letras) que são consideradas seguras para o uso (BEAIRD, 2007),
dadas algumas facilidades, como serem encontradas previamente instaladas no computador do
usuário, facilitando assim a visualização da mesma, ou ainda a legibilidade, estas fontes ditas
como seguras possuem um excelente tempo de leitura, o que facilita o reconhecimento das
palavras e desta forma o acesso à informação.
Os tipos do estilo gótico são considerados de difícil leitura, e normalmente são
evitados por aqueles que buscam dar um aspecto legível ao seu texto. Normalmente é ligado a
bandas do estilo musical conhecido como heavy metal, filmes de terror ou ainda lembra os
cartazes nazistas produzidos durante a segunda guerra mundial. Mas o que se pode realmente
perceber é que este estereótipo é equivocado, pois o estilo gótico não está ligado apenas à
ideia de algo bruto, sem cuidado ou aterrorizador, tanto que o estilo gótico já foi considerado
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o alfabeto oficial da Alemanha, perdendo este status somente pela sua ligação ao regime de
Hitler (PEREIRA, 2004).
A dificuldade em encontrar uma tipografia baseada no estilo gótico do século XV que
se aplique à internet, trás consigo alguns de seus mais comuns problemas, como a falta de
legibilidade do texto, a demora no tempo para que a tipografia possa ser visualizada nas
páginas da internet, e o fato do desenho da tipografia não ter sido convertido para pixels que
são elementos pictográficos que estruturam a tela de acordo com Lupton (2006), o que a torna
de difícil leitura e observação de seus detalhes.
Desta forma, neste projeto opta-se pela construção de uma tipografia do estilo gótico
construída para a internet, que evite os problemas anteriormente citados, além de ser uma
proposta um tanto quanto nova para este estilo tipográfico. Procurar-se-á ter um cuidado com
a construção da letra, para que esta seja feita por pixels, e perca o mínimo possível de seu
estilo característico.
1.4 METODOLOGIA DO PROJETO DE DESIGN E PESQUISA
Será realizada uma pesquisa prática, sendo que esta pode ser classificada como uma
pesquisa aplicada, pois será posteriormente utilizada para desenvolver um produto. Em
relação aos seus procedimentos técnicos, será classificada como uma pesquisa bibliográfica,
sendo esta uma pesquisa que utilizará de livros, artigos e outros meios bibliográficos para que
se levantem dados acerca do tema.
Segundo Andrade (2010) “Pesquisa é o conjunto de procedimentos sistemáticos,
baseados no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para problemas
propostos, mediante a utilização de métodos científicos”, ou seja, fica clara a sua necessidade
para que se encontre efetivamente um resultado para a problemática levantada durante o
desenvolvimento do projeto.
Quanto à metodologia de design será utilizado o método de Bruno Munari de 1983,
sendo que esta metodologia consistindo em uma sequencia de etapas que ao serem executadas
embasam para as subsequentes, e desta forma é possível encontrar um resultado que atenda as
necessidades exigidas na problematização do tema proposto.
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1.5 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA
O presente trabalho de conclusão de curso terá as seguintes etapas:
Capítulo 1: Introdução;
Capítulo 2: Bases do Conhecimento;
Capítulo 3: Metodologia de projeto de design;
Capítulo 4: Resultado do projeto;
Capítulo 5: Considerações finais.
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2 BASE DO CONHECIMENTO
2.1 DESIGN
O design gerou grandes discussões durante a história, seus métodos, sua função, seu
nascimento, entre os mais inúmeros aspectos que abrangem esta profissão que acima de tudo
se difere por possuir um método específico e por seus artefatos poderem ser produzidos em
grande escala. O design por vezes foi confundido por outras profissões, porém Cardoso coloca
a diferenciação do design para as demais profissões como o artesanato da seguinte forma:
Segundo a conceituação tradicional, a diferença entre design e artesanato reside
justamente no fato de que o design se limita a projetar o objeto para ser fabricado
por outras mãos ou, de preferência, por meios mecânicos. Boa parte dos debates em
torno da definição do design acabam se voltando, portanto, para a tarefa de precisar
o momento histórico em que teria ocorrido essa transição (CARDOSO, 2000, p.
239).
Desta forma entende-se que o modo de projetar é o que difere o design das outras
funções, este modo consiste em uma sequência lógica de etapas que procura da melhor forma
de organizar todos os passos necessários para a criação de qualquer artefato. Mesmo assim, o
design por ser responsável por criar objetos, tem uma função empírica por assim dizer, e é
necessária a experiência do designer além do conhecimento teórico. E isto é o que alguns
autores citam como “gerar”, a soma do conhecimento e da experiência.
Os processos da Era Industrial enfatizam duas atividades principais: o ‘saber’ e o
‘fazer’. Você analisa um problema em relação a um conjunto de opções
padronizadas e então põe em prática a solução. A empresa voltada para o design
insere uma terceira atividade nesse processo: o ‘gerar’. Você analisa um problema,
‘gera’ um novo conjunto de opções e executa a solução. Ao colocar o ‘gerar’ entre o
‘saber’ e o ‘fazer’ você traz uma dimensão totalmente nova de trabalhar com o
problema (NEUMEIER, 2010, p. 49).
É este gerar que faz com que os designers busquem sempre o aperfeiçoamento nas
mais diversas atividades humanas, cabe ao designer descobrir o funcionamento de
determinado processo, investigar as funcionalidades das matérias primas, investigar a história
e o modo de vida do ser humano: “Ao designer cabe incorporar à sua prática profissional e
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investigação científica os aportes de outras áreas que tratam de questões aplicáveis ao
design.” (NIEMEYER, 2010).
Desta forma, conclui-se que o design além de criar um padrão para a criação de
qualquer objeto, requer do profissional uma constante e incessante busca pelo conhecimento
dos mais variados e mais abrangentes assuntos, para que assim se alcance o objetivo
almejado.
Dentro desta área do conhecimento humano, existem divisões, para que possa ser
possível uma organização mais adequada, dentro destas divisões encontra se o design gráfico.
2.2 DESIGN GRÁFICO
O design gráfico é definido por Villas-Boas (1999) como algo que tem por essência
comunicar, através de elementos visuais estando estes dentro de um contexto ou não, sendo
esta comunicação através por peças gráficas passíveis de reprodução, ou seja, aquilo que não
procura comunicar algo a alguém não pode ser considerado design gráfico.
Design gráfico é a área de conhecimento e a prática profissional específicas que
tratam da organização formal de elementos visuais – tanto textuais quanto nãotextuais – que compõem peças gráficas feitas para reprodução, que são reproduzíveis
e que têm um objetivo expressamente comunicacional (VILAS-BOAS, 1999, p. 17).
Esta linguagem que tem como objetivo comunicar pode ter os mais diversos modos
interpretativos, tendo em vista que nem sempre se tem conhecimento pleno sobre o receptor
da mensagem. Para isto a semiótica quando aplicada ao design gráfico (e subsequentemente à
tipografia) acaba por garantir que a mensagem por meio de sua significação, seja entregue ao
seu destinatário com a menor possibilidade de erro de leitura possível. Deste modo, justifica
se a necessidade da semiótica aplicada ao design segundo NIEMEYER (2010, p. 22).
A semiótica aplicada ao projeto introduz aportes para resolver as questões
decorrentes da preocupação da comunicação do produto do design. Essa teoria
fornece base teórica para os designers resolverem as questões comunicacionais e de
significação e tratar do processo de geração de sentido de produto – a sua semiose.
(...) Ademais a semiótica aponta parâmetros específicos de design para avaliação.
São também indicadores de um bom design o conforto, a segurança, a identificação
e a significação proporcionados pelo produto ao seu destinatário.
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A semiótica é presente na tipografia ora sendo no contraste usado entre as letras e o
fundo do texto, ora na compensação ou nos pequenos ajustes de cada letra, muitas vezes
alterando a própria proposta construtivista com a intenção de trazer maior conforto visual ao
leitor. A semiótica auxilia o designer gráfico através de inúmeras ferramentas, contudo cabe
ao designer saber usá-las de forma que venha a contribuir para o seu projeto.
A figura 01 apresenta um exemplo de semiótica interligada com a tipografia:
Figura 1: A boa aplicação da semiótica
Fonte: Ji Lee.
Na figura 01 é possível ver a ligação entre a palavra clock (relógio em inglês) e as
letras ‘l’ e ‘o’ formam uma analogia a um relógio, ou seja, a composição tipográfica já traz o
20
signo do próprio relógio. Mesmo que a palavra não fosse relógio, esta composição já traz o
significado da palavra.
Contudo, nem sempre se teve ferramentas como a semiótica para dar ao design gráfico
estes parâmetros, até mesmo porque por muitos anos não se teve um real nome para esta
função, dado sua origem que remonta a própria origem da humanidade. Seu início se deu a
partir do momento em que o homem fez sua primeira tentativa de colocar de forma ordenada
e clara uma informação. Durante muitos anos não existia realmente um nome para tal
atividade, sendo esta feita pelos mais variados profissionais. Somente em 1922 o termo
correto foi colocado em prática, atribuindo assim a formalidade e o reconhecimento que a
atividade merecia.
Desde os tempos pré-históricos, as pessoas buscam maneiras de dar forma visual a
ideias e conceitos, armazenar conhecimento sob a forma gráfica e trazer ordem e
clareza às informações. No curso da história, essas necessidades foram atendidas por
diversas pessoas, entre as quais escribas, impressores e artistas. Foi somente em
1922, quando o destacado designer William Addison Dwiggins cunhou o termo
graphic design para descrever as atividades de alguém que trazia ordem estrutural e
forma visual à comunicação impressa, que uma nova profissão recebeu seu nome
adequado (MEGGS, 2009, p. 10).
Todas as formas usadas num projeto gráfico estão ali expressando algo, todas querem
comunicar, dentre elas, cores, linhas e formas, porém nenhum desses objetos gráficos tem o
poder de comunicar tanto quanto as letras. As letras formam as palavras, frases e textos, elas
que fazem a ligação direta entre o comunicador e o comunicado. Pereira (2004) coloca a
importância da tipografia como sendo a responsável por incorporar personalidade às palavras:
“O designer dará o tom da leitura, agregará sensações emocionais à palavra escrita.
Romântico ou nobre, jovial ou severo, frívolo ou solene, suave ou ruidoso, antigo ou
moderno, o “clima” será passado através da tipografia.” (PEREIRA, 2004. p. 146).
Portanto o design gráfico vem se desenvolvendo desde a época das cavernas e hoje
passa por processos de extrema tecnologia. Ele se tornou uma atividade de grande
importância não só para o desenvolvimento do homem, mas também para a própria
preservação e divulgação da sua história, foi ele ainda o responsável por grande parte da
comunicação visual que hoje se conhece. É através do design gráfico que se tem um sistema
comunicacional claro e organizado como se conhece hoje.
21
2.3 TIPOGRAFIA
Tipografia é o termo usado para designar a atividade de estudo e criação dos meios da
linguagem escrita, é ela a responsável por desenvolver os mais variados desenhos e formatos
de letras. A definição de Niemeyer (2010, p. 12) é a seguinte:
Tipografia é um ofício que trata dos “atributos visuais da linguagem escrita” [...] ela
envolve a seleção e a aplicação de tipos, a escolha do formato da página, assim
como a composição das letras de um texto, com o objetivo de transmitir uma
mensagem do modo mais eficaz possível, gerando no leitor destinatário
significações pretendidas pelo destinador.
Percebe-se que tipografia é de extrema importância para quem pretende se comunicar;
adota-se um conjunto de caracteres para formar a escrita, e assim, pode-se comunicar de
forma clara e precisa.
Contudo, a tipografia não restringe apenas a comunicar através das palavras que por
ela são escritas; o tipo escolhido para determinado texto, frase ou palavra pode mudar de
significado de acordo com o tipo que lhe é aplicado. Os tipos por si só já demonstrar em seus
formatos, pesos e tamanhos vários conceitos que podem ser ligados ao conteúdo do texto:
Como design e organização de letras impressas, a tipografia está inextricavelmente
lidada à linguagem. No nível mais básico, isso acontece porque as letras formam
palavras, e as palavras são veículos de comunicação. Mude a maneira como uma
palavra se mostra, alterando o tamanho, o peso e o estilo das letras que a compõe, e
diferentes gradações de significado entram em ação (NAZARIAN, 2011, p. 6).
Com o avanço tecnológico a tipografia igualmente evoluiu. Os tipos passaram a ser
digitais, obtendo-se assim uma incrível precisão e uma vasta gama de tipos através do
computador. Os tipos clássicos foram reformulados para melhor se encaixarem de um modo
visual ao usuário do computador, e muitos outros novos tipos foram desenvolvidos e alguns já
permeiam as listas de tipos clássicos. Gomes (2010, p. 13) coloca este avanço tecnológico a
frente da tipografia deste modo:
Nas últimas décadas com o surgimento de novas tecnologias, novos modos de
atuação projetual emergiram dentro do campo do design. É o caso do design de tipos
digitais, que, ao longo do tempo, deixou de ser uma atividade restrita a poucos
especialistas e se democratizou pelo mundo.
22
Deste modo, percebe-se que o uso de tipos digitais é algo que não é apenas para
especialistas da área, muito pelo contrário, todo designer pode construir seu tipo.
Cabe ao designer observar com atenção e usar a tipografia condizente com o propósito
da mensagem, sendo esta a mais importante dentro de um meio de comunicação. A tipografia
é essencial para a construção geral da ideia gráfica que está construindo-se, tanto que quando
esta é aplicada com eficiência ela se torna juntamente com outros elementos, um grupo
estético só.
Existem inúmeros estilos tipográficos, porém alguns se consolidaram como tipos
clássicos, aqueles que se fixam na mente de quem às leem de um modo que eles se tornam
padrão, e foi isto que por séculos o estilo gótico fez: “O gótico foi um dos tipos mais usados e
compreendidos da história. Durante séculos, ele se firmou na mente do público como um
padrão, aquilo que as pessoas esperavam ver quando pegavam um livro.” (PEREIRA, 2004, p.
57).
O estilo gótico surgiu aproximadamente em 1150, sendo este estilo uma evolução do
estilo românico, tendo o estilo gótico criado ao mesmo tempo em que a humanidade passava
por grandes mudanças, a mudança do estilo feudal de economia para o surgimento de leis
mais sensatas e a criação das primeiras cidades do mundo.
Ao longo da metade do século XII o período românico evoluiu para o gótico, que
durou de 1150 até o começo do Renascimento europeu na Itália do século XIV. Esse
período de transição assistiu à restrição do poder dos senhores feudais por leis
sensatas. Vilas e aldeias se convertiam em cidades. A agricultura dava lugar ao
comércio internacional como fundamento do poder político e o dinheiro substituía a
terra como indicador principal de riqueza (MEGGS, 2009, p. 78).
Percebe se desta forma o quão importante foi este estilo no decorrer da evolução
humana, e atualmente não é rara as vezes que se encontram tipos góticos sendo empregados
nos mais diversos projetos gráficos:
“Nomes de jornal, rótulos de cerveja, textos religiosos e tatuagens, bem como bandas
de Heavy Metal, cantores de RAP ou estrelas POP, todos usam a letra gótica, um estilo
tipográfico usado há mais de 600 anos.” (GOMEZ-PALACIO, 2011, p. 68).
23
Conclui-se que por estas e muitas outras razões a tipografia não só consegue manter
estilos muito antigos como o gótico em uso, mas também introduz novos estilos e tipos, que
conseguem não só renovar, mas também inovar o campo da tipografia.
2.4 TIPOGRAFIA HOJE
Como fora anteriormente citado, a informática elevou a tipografia de uma atividade
restrita e de difícil conhecimento acerca, para uma atividade que cada vez mais atrai a atenção
de designers e profissionais que usam a tipografia em seu dia a dia.
A era digital presencia uma explosão virtual de tipos de letras. Em poucas décadas, a
quantidade criada é maior do que em toda história da tipografia, com a ajuda e o
estímulo de softwares que permitem ao interessado criar seus próprios tipos de
letras. Séculos após a invenção de Gutenberg, a tipografia é um produto cultural de
massa com milhões de usuários (NAZARIAN, 2011, p. 6).
Desta forma observa se que além da gigantesca quantidade de novos tipos criados
nesta era da informática, pode-se averiguar que a tipografia se firmou completamente como
um produto cultural a nível mundial. Não é mais necessário que o designer adquira livros de
outros países ou ainda vá até o país de origem de determinado tipo para estuda-lo. Quase tudo
pode ser encontrado através da internet.
Na tipografia, assim como em qualquer atividade humana, existem termos técnicos,
usados para facilitar a construção e para designar com mais precisão a parte da letra que se
está trabalhando. Abaixo segue uma lista com os principais termos técnicos e seus
significados com base na classificação de Rocha (2002):
Corpo: distância total do tipo que vai da linha das ascendentes até a das descendentes;
Counter ou oco: espaço interno dos caracteres;
Altura-x: distância entre a linha base do tipo e parte superior da letra minúscula,
descontando as ascendentes;
Ascendente: parte do tipo que se coloca acima da linha de altura-x;
Barra ou braço: traço horizontal colocado entre traços verticais, curvos ou diagonais;
24
Barriga ou bojo: linha curva fechada, que liga dois pontos da haste vertical principal,
aparece nas letras, P, B, p, b, D, d;
Caixa alta e caixa baixa: caixa alta refere se a letras maiúsculas e caixa baixa a
minúsculas;
Cauda ou perna: prolongação da parte inferior encontrada em letras como g, G, J;
Descendente: parte do tipo que se coloca abaixo da linha de base;
Eixo: ângulo de inclinação da letra (mesmo sem ser em itálico);
Espaçamento: o espaço entre os caracteres;
Espinha: curva e contracurva que formam a letra S;
Espora: detalhes encontrados na parte inferior em alguns caracteres que não são
considerados serifas;
Extensores: as ascendentes de descendentes das letras minúsculas;
Fonte: conjunto de todos os caracteres encontrados na mesma tipografia;
Haste ou fuste: traço horizontal ou vertical;
Kerning: ajuste de espaçamento entre duas letras;
Ligatura: junção de duas letras, formando assim apenas um caractere, em alguns tipos
é comum isto acontecer na junção “fi”;
Linha de base: linha inferior que serve como base para as letras;
Miolo: espaço encontrado dentro de cada caractere, pode ser aberto como nas letras h,
n, c, u, ou fechado como nas letras a, o, d, b;
Ombro: pequeno traço superior encontrado em m, n e h;
Orelha: traço colocado na parte superior do caractere, como em alguns casos
encontrado na letra g;
Remate: finalização do tipo na parte inferior;
Serifa: traço colocando no final de hastes, podendo ter vários formatos e tamanhos;
Terminais: detalhes encontrados no final de algumas letras, como na letra f;
Tipo: caractere, letra;
Tipografia: conjunto de caracteres formado por todas as letras do alfabeto mais todos
os sinais gráficos usados para escrever como acentos, pontuações, etc.;
Tracking: aumento ou diminuição do espaço entre os caracteres de uma palavra ou
bloco de texto;
25
Versal: outra denominação para as letras minúsculas;
Vértice: encontro de dois traços no desenho do caractere;
Família tipográfica: conjunto de variações da mesma fonte, unidos por características
parecidas.
Figura 2: terminologia Tipográfica
Fonte: o autor.
A classificação tipográfica, assim como os termos técnicos, possui uma infinidade de
classificações, normalmente cada escritor cria sua própria classificação. Parafraseando
PEREIRA (2004), existem três classificações básicas, sendo elas com serifa, sans sérif e
outros tipos.
26
Os tipos com serifa possuem um pequeno traço nas terminações das hastes dos
caracteres. Entre seus estilos destacam-se o Romano, o Romano Veneziano, o Romano
Antigo, o Romano de Transição, o Romano Moderno e o Romano Egípcio.
Figura 3: Tipo com serifa
Fonte: o autor.
Os tipos sans sérif diferem-se dos tipos de serifa justamente por não possuir esta, e
compreendem estilos como o sem serifa humanista, o sem serifa transicional e o sem serifa
geométrica.
Figura 4: Tipo sem serifa
Fonte: o autor.
Por fim os outros tipos compreendem todos os tipos que não se encaixam dentro dos
estilos acima, podem ainda ter características de possuir ou não serifa, mas ainda possuem
27
características que se diferem dos anteriores citados. Encontram-se dentro deste estilo os tipos
caligráficos, góticos, mecanizados, entre outros.
Figura 5: Tipo categorizado como outros tipos: exemplo do tipo gótico
Fonte: o autor.
2.5 TIPOGRAFIA DIGITAL
Segundo Rocha (2002) com o aparecimento do sistema digital, os tipos deixaram de
ser objetos físicos e passaram a ser sequências digitalizadas em código binário, vistas em telas
de computador ou descrições de curvas vetoriais interpretadas por uma impressora.
A internet representa um avanço sem precedentes na comunicação humana. Seu
crescimento explosivo ao longo do final dos anos 1990 abriu novos horizontes para
o design gráfico com os profissionais e indivíduos que a utilizam para reproduzir
sites. Ocorreu uma descentralização dos meios de comunicação que antes era
inconcebível (MEGGS, 2009, p. 647).
Desta forma o uso da tipografia digital se tornou indispensável para todos aqueles que
criam sites e páginas para a internet. Contudo novos padrões para o uso dos tipos na tela
foram adotados, e a legibilidade se tornou indispensável para a garantia do bom uso das fontes
nas telas digitais.
28
“Cabe ao designer conseguir que as mensagens visuais se façam entender de forma
clara, rápida e precisa, com o compromisso de nelas incorporar a estética.” (PEIREIRA, 2004,
p. 104). Portanto, para que o designer alcance êxito em sua missão de enviar a mensagem ao
usuário é necessário o uso de uma tipografia que tenha uma boa legibilidade.
Segundo Nazarian (2011), a legibilidade é uma preocupação especial quanto à
tipografia é composta em corpos pequenos e disposta em colunas. Ou seja, a legibilidade se
torna ainda mais necessária tendo em vista que os textos encontrados na internet possuem
essas características acima citadas.
Contudo Bringhurst (2005, p. 157) nos lembra de que o estilo tipográfico não se baseia
em nenhuma tecnologia de composição ou de impressão, mas no primitivo e não obstante
sutil ofício da escrita. As letras derivam sua forma dos movimentos da mão humana,
restringida e amplificada por uma ferramenta. Essa ferramenta pode ser complexa como um
instrumento de digitalização ou um teclado especialmente programado ou simples como um
pedaço de pau afiado. Em ambos os casos, o essencial está na firmeza e na graça do próprio
gesto, não na ferramenta com que é feito.
Entre as facilidades e praticidades encontradas nos tipos desenvolvidos, destaca-se a
possibilidade de modificação dos tipos, acertos que são facilmente feitos através de programas
computacionais, algo que anteriormente a computação não era possível com tanta
flexibilidade, ou ainda conforme a necessidade do designer, conforme afirma Pereira (2004, p.
76):
A revolução digital, iniciada em meados da década de 80, consolidou-se nos anos
90. O computador, com seus programas gráficos, passou a permitir ao designer
elaborar o layout, dispor com total liberdade os textos e as imagens, fazer a
composição com os tipos que escolhesse e da forma que arbitrasse, manipular à
vontade todos esses elementos gráficos até definir qual é a solução definitiva,
visualizando precisamente, na própria tela, o resultado do trabalho.
Desta forma é clara a colocação de que a tipografia por mais que seja usada em
formatos digitais, ainda possui sua característica inicial, que é a forma humana de se
comunicar.
29
3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE DESIGN
3.1 METODOLOGIA DO PROJETO DE DESIGN
A metodologia do projeto de design nada mais é do que uma sequencia lógica de ações
que quando executadas de forma correta permite com que o designer possa alcançar o êxito
em seus trabalhos. Esta metodologia, por ser específica para o design, oferece maior gama de
possibilidades para facilitar as etapas necessárias para a criação. Os métodos podem variar, e
cada designer utiliza a metodologia que melhor se aplique ao tema proposto ou ainda a que o
próprio designer consiga usar com maior facilidade.
Projetar é fácil quando se sabe como fazer. Tudo se torna fácil quando se conhece o
modo de proceder para alcançar a solução de algum problema, e os problemas com
que nos deparamos na vida são infinitos: problemas simples que parecem difíceis
porque não se conhecem e problemas que parecem impossíveis de resolver. Quando
se aprende a solucionar pequenos problemas, pode-se pensar também em resolver
problemas maiores. O método de projetar não muda muito: apenas mudam as áreas:
em vez de resolver o problema sozinho, é necessário, no caso de um grande projeto,
aumentar o número de especialistas e colaboradores e adaptar o método à nova
situação (MUNARI, 1998, p. 2).
Portanto, o ato de projetar não é difícil quando se possui o conhecimento necessário
para que se possa desenvolver o projeto, a metodologia vem para organizar estas informações,
coloca-las da melhor forma possível para a utilização destas informações e ainda auxiliar a
etapa de geração e escolha de alternativas.
A metodologia de design deste projeto será uma adaptação do método de Bruno
Munari (metodologia aplicada ao design gráfico), com algumas mudanças relacionadas à
etapa de criatividade, tendo em vista que a metodologia de Munari não é destinada
exclusivamente à criação tipográfica. Desta forma será utilizada a orientação de alguns
autores especializados na criação de tipos, pois as metodologias desenvolvidas para
tipografias além de serem de difícil acesso, em sua maioria não tem foco direcionado para a
elaboração de tipos para a internet. Sendo assim, usar-se-á da opinião de autores que
desenvolvem tipografias na maioria para o meio impresso aproveitando as etapas que também
30
se aplicam ao meio digital. O próprio Munari coloca a metodologia de design como algo que
não necessita exclusivamente ser utilizada de um modo a não deixar que outros aspectos não
possam ser acrescentados na mesma:
O método de projeto, para o designer, não é absoluto nem definitivo; pode ser
modificado caso ele encontre outros valores objetivos que melhorem o processo. E
isso tem a ver com a criatividade do projetista, que, ao aplicar o método, pode
descobrir algo que o melhore (MUNARI, 1998, p. 11).
A metodologia Munari é colocada conforme o fluxograma a seguir:
P - Problema
DP - Definição do problema
CP - Componentes do problema
CD - Coleta de dados
AD - Análise de dados
C - Criatividade
MT - Materiais e tecnologias
E - Experimentação
M - Modelo
V - Verificação
DC - Desenhos construtivos
S - Solução
Fluxograma 1: Metodologia Bruno Munari
Fonte: o autor.
31
De acordo com Munari, cada etapa contida no fluxograma acima deverá contemplar
com os seguintes objetivos:
• Problema: também conhecido como problematização é a proposta inicial do projeto;
• Definição do problema: objetivos a serem alcançados através do projeto de design;
• Componentes do problema: itens que compõem o problema;
• Coleta de dados: pesquisar acerta de cada componente do problema previamente
definido;
• Análise de dados: analisar dados encontrados na pesquisa e selecioná-los para utilizálos na seguinte etapa;
• Criatividade: desenvolvimento de esboços seguindo limitações pré-definidas para a
solução do problema;
• Materiais e tecnologias: descobrimento de tecnologias necessárias para a execução
da solução do problema;
• Experimentação: testes para a verificação e correção de possíveis falhas
anteriormente não detectadas;
• Modelo: a construção do possível modelo final, com a menor possibilidade de erros
encontrados nos modelos anteriores;
• Verificação: revisão e correção mais minuciosa do modelo, definição do mesmo caso
aja mais de um e ainda pode-se fazer testes com possíveis usuários e a obter opinião
dos mesmos;
• Desenhos construtivos: são os desenhos técnicos do modelo, com suas especificações
e definições finais para o uso;
• Solução: a entrega da solução final do problema questionado no início da
metodologia de design.
Segue abaixo algumas diretrizes para a criação de tipografia, sendo que estas diretrizes
serão inseridas na fase de criatividade da metodologia de Munari:
Inicialmente constroem-se algumas letras a fim de testar alguns aspectos como a
variação das curvas e a relação das mesmas com as linhas retas do tipo. Segundo o designer
32
tipográfico Mattew Carter (criador de fontes como Georgia e Verdana, estas encontradas no
pacote básico de tipos dos computadores), usualmente os designers iniciam esboçando os
mesmos tipos, geralmente a letra ‘h’ e a letra ‘o’ pois através destas é possível ver não só a
diferença entre as linhas curvas e retas, mas também a inserção ou não de serifas, sem ainda
esquecer que nestas duas letras é possível definir o espaçamento entre as letras, bem como a
altura-x e a altura da linha ascendente, sendo estas medidas tomadas como padrão para as
outras letras (informação verbal)1.
DESIGNER
LETRAS INICIAIS
Matthew Carter¹
h, o, p, s
Guomundur Úlfarsson2
O, o, a, e
Bruno Maag²
n, o, H, O
Pieter Bil'ak²
a, n, o
Leonardo A. Costa Buggy3
Adrian Frutiger
4
n, o, H, O
H, n
Tabela 1: Primeiras letras desenhadas na criação de tipos e seus designers
Fonte: o autor.
Percebe se a presença das letras ‘h’, ‘o’ e ‘O’, em quase todas as colocações dos
designers.
Ainda segundo BUGGY (2007), a sequência mais apropriada para a construção da
tipografia, deve contar com as letras ‘p’, ‘h’, ‘a’. ‘e’, ‘c’, ‘j’, ‘v’ e ‘k’, seguindo esta ordem.
Como a letra ‘h’ será desenhada no primeiro momento desta etapa, então se seguira as demais
letras colocadas pelo autor.
1
Informação extraída do documentário Helvetica (2007) de direção de Gary Hustwit.
WOLLENBERG (2012, p. 37).
3
BUGGY (2007, p. 136).
4
FRUTIGER (2002, p. 68).
2
33
3.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DO PROJETO DE DESIGN
3.2.1 Problema
Tem-se como problema de projeto de design a criação de uma tipografia para o uso na
internet através do uso do design.
3.2.2 Definição do problema
Este projeto de design tem como objetivo criar uma tipografia baseada no estilo gótico
para o uso na internet. Não será confeccionada uma família inteira, pois não existe demanda
de tempo hábil (algumas famílias levam anos para serem construídas), bem como não será
executado um estudo prévio das variações desta família pela mesma razão do prazo de entrega
do presente trabalho.
A criação de uma tipografia exclusiva para a internet tem como premissa a busca do
maior conforto visual possível, porém sem deixar de possuir seu estilo próprio, bem como a
legibilidade. Serão criados os principais caracteres para a escrita básica, tendo em vista o
pouco espaço de tempo para a execução do projeto. Deverá conter letras maiúsculas,
minúsculas, numerais, símbolos de pontuação e alguns sinais para a internet.
3.2.3 Componentes do problema
Como componentes do problema serão abordados os seguintes temas:
• O estilo gótico;
• Tipografia digital;
• Legibilidade.
3.2.4 Coleta de dados
34
3.2.4.1 O estilo gótico
O estilo gótico foi uma corrente, não só tipográfica, mas também se pode ver este
estilo principalmente na arquitetura, sendo nesta algumas características que tanto
influenciaram quanto foram influenciadas pela tipografia. Pevsner (2002, p. 82) coloca como
principais aspectos encontrados na arquitetura gótica:
As características quem compõem o estilo gótico são bem conhecidas, talvez
conhecidas demais, pois a maioria das pessoas se esquece de que um estilo não é
apenas um agregado de características, mas um todo agregado. No entanto talvez
seja útil recordá-las e reexaminar o que significam; as principais são o arco ogival, o
arcobotante e a abóbada nervurada. Nenhuma das três, aliás, é uma invenção gótica.
A novidade decisiva foi a combinação desses motivos numa nova proposta estética.
Essa proposta tinha como objetivo animar massas inertes de pedra, acelerar o
movimento do espaço e reduzir toda a construção ao que, aparentemente, seria um
sistema inervado de linhas de ação.
Na figura 6 pode-se observar algumas dessas características:
Figura 6: Características da arquitetura gótica
Fonte: Blog de Engenharia Civil da UESC, 2011.
Quanto ao estilo gótico na tipografia Meggs (2009) coloca como sendo a origem dada
por volta da metade do século XII, sendo o estilo gótico uma evolução do estilo românico,
estilo este originado no continente Europeu pela região norte e depois se difundiu pelo resto
35
do continente. Este estilo tipográfico foi usado amplamente pela Alemanha por até boa parte
do século XX (PEREIRA, 2004, p. 57) sendo este um estilo que por séculos foi um dos mais
utilizados por todo o mundo, tanto que fora fixado por parte da população como a tipografia
padrão para livros, principalmente nos primeiro séculos de existência.
De acordo com Bringhurst (2005, p. 290) os primeiros tipos a serem gravados na
Europa incluindo os usados por Johann Guttenberg eram do estilo gótico, sendo estes
considerados a contrapartida do estilo gótico arquitetônico e assim igualmente considerado de
relevante contribuição para o legado europeu, ainda que seu maior uso se desse na Alemanha.
Segundo Straub (2009), as cruzadas trouxeram à Europa maiores possibilidades não só
comerciais, mas também culturais. As grandes catedrais e as primeiras universidades estavam
sendo construídas e assim a produção de manuscritos se fez cada vez mais necessária. Com a
arquitetura gótica se estabelecendo por todo o continente, bem como a necessidade do melhor
aproveitamento do espaço para o armazenamento das escrituras (que outrora eram construídas
com tipos de formas amplas e arredondadas carolíngia) exerceram grande influência na
construção da tipografia gótica, sendo esta mais apertada e angulosa.
Algumas obras foram consideradas como obras primas do estilo gótico, como o caso
do livro Douce Apocalypse, de 1265 que conta com cem páginas ilustradas, todas com
imagens e letras representando bem o que é o estilo gótico.
36
Figura 7: Douce Apocalypse
Fonte: Wikipédia.com
Conforme Bringhurst (2005) coloca, existe uma infinidade de variações da escrita
gótica, porém existem quatro famílias principais, que não se restringiram à nenhuma época
específica, elas são: textura, fratura, bastarda e rotunda. Essas famílias possuem algumas
características em comum, contudo é possível observar suas diferenças através da letra o
minúscula, elas são:
• Textura: este estilo é essencialmente hexagonal (a bíblia de 42 linhas de Gutemberg
fora confeccionada com esta família);
• Fratura: possui como característica ter o lado esquerdo completamente horizontal e o
lado direito curvado;
37
• Bastarda: normalmente possui extremidades superiores e inferiores pontiagudas e ser
arredondada nos lados;
• Rotunda: tem por essência ser um tipo ovalado ou redondo.
Figura 8: Principais famílias tipográficas góticas
Fonte: o autor.
Na família textura ainda, é nítida algumas características, sendo aqui apresentadas na
figura abaixo:
Figura 9: Características da família textura
Fonte: o autor.
38
Estas características não aparecem apenas nos tipos da família textura, mas ao se
analisar esta família é possível distinguir de uma forma mais fácil estas diferenças.
Estas famílias aparentemente passaram ilesas pelas ações do tempo, são atemporais e
são utilizadas e construídas pelos mais renomados profissionais do design. Bringhurst (2005,
p 290) prioriza ainda que as letras góticas não devem ter seu uso restringido apenas a
logotipos de jornais ou títulos de assuntos religiosos, mas por terem uma característica única
podem ser usadas com o intuito de dar ênfase ou contraste com a composição de design que
está se criando.
Na história mais recente do estilo gótico encontramos alguns encalces enfrentado por
esse tipo que foi amplamente usado na propaganda nazista:
Durante os anos 30, a letra gótica – principalmente o estilo fraktur – foi apropriado
pelo regime nazista e usado em sua propaganda. [...] A despeito desse período de
trevas, a letra gótica permanece como uma das escolhas tipográficas mais usadas por
sua versatilidade e tem sido objeto de renovações modernas por alguns designer
mais celebrados da indústria tipográfica (GOMEZ-PALACIO, 2011, p. 68).
39
Figura 10: Cartazes nazistas
Fonte: United States Holocaust Memorial Museum.
O estilo fraktur mencionado pelo autor é uma junção de duas das famílias mais
tradicionais – a textura e a bastarda – e foi usado durante quase todo o período em que o
nazismo esteve no comando da Alemanha, só vindo a ser substituído mais tarde por ter sua
origem ligada ao judaísmo:
Entretanto, em 1941, Adolf Hitler, por meio de seu secretário, Martin Bormann,
decretou que a fraktur não deveria mais ser usada por suas alegadas origens judaicas.
Reclamações de ilegibilidade podem ter tido algum papel relevante na decisão
(GOMEZ-PALACIO, 2011, p. 68).
De qualquer forma, a tipografia gótica não deve se prender simplesmente a uma fase
que tenha passado, muito menos a apenas um segmento comunicacional, muito pelo contrário,
a tipografia gótica é uma rica fonte tanto de inspiração quanto para o uso, independente de seu
estilo e sua aplicação.
40
3.2.4.2 Tipografia digital
O sistema de tipografia digital surgiu com o computador, conforme coloca ROCHA
(2002. p. 23), os tipos são construídos pelo armazenamento das informações bitmap e outline
(ou vetoriais), sendo bitmap o registro de todos os pontos de um caractere e outline sendo a o
registro de linhas curvas e retas que formam o contorno do caractere. Os formatos dos
arquivos dos tipos digitais são três:
• True Type: Formato criado pela empresa Apple, sendo um formato de fonte outline,
ou seja, este formato faz a leitura de linhas e curvas, facilitando assim que a tipografia
possa ser vista na tela e no meio impresso com o mínimo de diferença possível. É o
formato mais complexo encontrado na tipografia digital;
• PostScript: Criado pela Adobe este formato gerencia não só tipos mas imagens
também, e este gerenciamento permite que impressoras que possuem o sistema
compatível com o PostScript imprimam com maior qualidade;
• Open Type: Esta é uma criação conjunta das empresas Microsoft e Adobe, sendo um
formato universal, possui maior versatilidade não só em variedade de caracteres que
pode incluir no arquivo tipográfico, mas também pela capacidade de leitura de
linguagens dos alfabetos orientais, que por vezes não é lido pelos outros formatos.
Cada sistema possui sua particularidade e dessa forma uma aplicação conforme a
necessidade, segundo o site da empresa Microsoft (2012) o sistema mais recomendado para o
uso em telas de computador é o True Type.
Conforme Pereira (2004) a diferença entre os tipos construídos com a linguagem
bitmap e a linguagem outline (ou vetorial), está na maneira que as bordas dos tipos se
apresentam, enquanto os tipos feitos em bitmap são construídos somente por pixels sem
suavização, os tipos outline são formados por pixels com vários tons nas bordas de modo que
o desenho se assemelhe principalmente nas curvas com um desenho vetorial. Esses tipos
normalmente passam por um processo conhecido como anti-aliasing.
41
Figura 11: Aplicação do anti-alias
Fonte: o autor.
Os tipos Bitmaps são muito mais fáceis de desenvolver e distribuir, além de serem
mais indicados para a tipografia na internet devido a sua maior legibilidade, mesmo com
tamanhos variados (GOMEZ-PALACIO, 2011).
Quanto aos programas de desenvolvimento de tipografia, existe uma grande porção
deles, sendo alguns deles pagos, como o caso do FontLab (http://www.fontlab.com) visto na
figura 12, e outros gratuitos, como no caso do FontStruct (http://fontstruct.com/) apresentado
na figura 13, e do FontForge (http://fontforge.org/) visto na figura 14, cada um com uma
forma operacional diferente do outro, alguns requerem um conhecimento avançado na
construção de tipografia enquanto outros são desenvolvidos exclusivamente para estudantes
de design tipográfico.
42
Figura 12: Programa FontLab Studio
Fonte: fontlab.com
Figura 13: Programa Fontstruct
Fonte: fontstruct.com
43
Figura 14: Programa Fontforge
Fonte: fontforge.org
3.2.4.3 Legibilidade
Quanto à legibilidade, Pereira (2004) afirma que tipos sem serifa tendem a serem mais
legíveis do que os tipos serifados, em contrapartida estes proporcionam maior leiturabilidade,
sendo esta mais tardia quando a leitura se dá em formatos digitais em comparação aos meios
impressos.
De acordo com Nazarian (2011), existe uma série de fatores que compõe a boa
legibilidade, tais como o estilo tipográfico, o espaçamento entre as letras e palavras, o peso
(grossura da linha), tamanho da altura-x (estes vistos no capitulo dois). A autora ainda afirma
que um texto em caixa-baixa é supostamente mais legível do que um texto em caixa-alta, cita
ainda o fato de que os tipos romanos são melhores do que os itálicos no sentido de
legibilidade, por fim acrescenta que o uso do contraste entre as letras e o fundo deixa o texto
mais legível. O público a quem se destina o texto é igualmente importante na escolha do tipo,
pois para pessoas com problemas visuais os tipos sem serifa são mais claros e menos
ambíguos, mesmo que vários autores coloquem que os tipos serifados facilitem a legibilidade.
44
Seguindo com o texto proposto por Nazarian (2011), o contexto em que a tipografia
está inserida é sem dúvida fator determinante na legibilidade do mesmo. Normalmente
usuários e leitores de trabalhos que possuem características específicas como capas de CDs de
determinados estilos musicais tendem a identificar mais facilmente as palavras quando o
estilo tipográfico condiz com o que está sendo proposto no texto. É valido lembrar ainda que a
habitualidade com tipos faz com que estes se tornem mais legíveis para o leitor, pois este
quando está acostumado a um estilo tipográfico poderá por vezes encontrar dificuldades ao se
deparar com textos que usam outras tipografias.
Durante a construção da tipografia digital, é ainda necessária a observação de alguns
parâmetros para que o seu uso não acabe sendo equivocado no momento de sua composição
com relação à legibilidade. Nielsen (2000) reforça a necessidade da busca pelo contraste entre
o texto e o fundo, dando assim não só legibilidade como maior leiturabilidade ao leitor.
Nielsen (2000) prioriza a importância da escolha correta dos elementos gráficos de fundo da
composição, pois a escolha por fundos carregados de imagens e cores acaba por confundir e
dificultar no momento da leitura, por fim aconselha o bom senso na escolha do estilo
tipográfico, principalmente se o tipo for usado em um tamanho pequeno, pois nem sempre os
tipos sem serifa são de agrado do leitor apesar de aparentemente trazer maior legibilidade.
3.2.5 Análise de dados
Nesta etapa é feita uma análise dos capítulos anteriores para a determinação de
diretrizes a serem aplicadas na etapa de criatividade.
Dentre os estilos tipográficos góticos define-se que o tipo a ser desenvolvido procurará
seguir o estilo conhecido como textura, pois este possui linhas mais retas e diagonais que os
demais estilos, sendo desta forma um auxiliar na construção da letra através do software a ser
definido, podendo ainda contar com algumas pequenas características encontradas nos outros
estilos, porém sem que este estilo seja comprometido. Ao mesmo tempo o estilo textura por
ter menos elementos orgânicos, traz maior legibilidade ao leitor.
Quanto ao formato digital a ser adotado será o bitmap, pois além de ser um formato
que proporciona maior leveza ao arquivo do tipo é um formato altamente recomendado para
tipos que são desenvolvidos especificamente para a internet justamente pela maior rapidez no
45
carregamento do desenho do tipo e maior legibilidade na tela. Com relação ao programa de
construção da tipografia, foi escolhido o FontStruct, não somente por ser um programa online
gratuito, onde é possível criar em qualquer computador com acesso à internet, mas também
por ser um programa altamente recomendado para a construção de tipos voltados para a
internet.
Com relação à legibilidade, é necessário observar que a mesma está ligada a inúmeros
fatores (alguns destes vistos anteriormente) sendo estes não somente técnicos, ou seja, mesmo
que todos os fatores possíveis durante a construção da tipografia ligados a legibilidade forem
minunciosamente tratados, ainda assim não será possível garantir a total legibilidade do leitor,
pois isto vem de uma série de experiências do mesmo de acordo com o que coloca Nazarian
(2011). Contudo serão observados todos os dados levantados durante a coleta de dados
referente à legibilidade, pois normalmente os tipos góticos são relacionados à má legibilidade
e desta forma são evitados nas composições criadas para a internet. E ainda vale lembrar que a
má legibilidade nos estilos góticos foi um dos fatores determinante para a escolha deste
projeto de design, pois o estilo gótico é um referencial na história da tipografia, e mesmo
assim são poucos os designers que se propõem a tentar solucionar este problema, talvez não
só pelo desinteresse, mas também pela dificuldade que este projeto apresenta.
3.2.6 Criatividade
Para a etapa de criatividade foram desenvolvidos quadros de imagens que
representassem o estilo gótico, não só na escrita, mas também na arquitetura, sendo esta
última muito influente no processo de construção deste estilo.
Na figura abaixo é possível observar a aplicação mais usual dos tipos gótico, como em
capas de disco de Heavy metal e de Rap, ainda vemos ligações do estilo gótico em tatuagens.
É possível ainda notar o uso das primeiras letras em caixa alta, o que torna as palavras mais
ricas de detalhes, mesmo que por ora se perca um pouco de sua legibilidade.
46
Figura 15: Painel Imagético I
Fonte: o autor.
47
Na figura 16 são apresentadas letras mais antigas, algumas aplicações dos estilos
iniciais do estilo gótico. Percebe-se o uso deste estilo mais estilo de tipografia gótica em
diversos materiais, desde capas de livros até joias personalizadas.
Figura 16: Painel Imagético II
Fonte: o autor.
48
Na imagem da figura 17 é possível observar várias aplicações tanto, sendo nos mais
diversos materiais, desde gravações em metal, até mesmo aplicações em campanhas de
esportes radicais.
Figura 17: Painel Imagético III
Fonte: o autor.
49
Foram concebidos também painéis referentes à arquitetura gótica. Na figura 18 são
observados os aspectos arquitetônicos de igrejas do estilo gótico, as imagens trazem vistas
exteriores, onde é possível notar suas estruturas, suas longas torres, sempre adornadas de ricos
detalhes, trazendo suas características mais marcantes em quase todas as igrejas.
Figura 18: Painel Imagético IV
Fonte: o autor.
50
Na figura 19 são encontradas imagens de alguns detalhes mais marcantes nas igrejas
góticas, como seus vitrais, todos trazendo uma riqueza de cores e formas complexas. Ainda se
observa alguns detalhes estruturais como colunas e vigas. Por último são apresentadas
imagens dos famosos gárgulas – esculturas de pequenos seres com rostos de animais.
Figura 19: Painel Imagético V
Fonte: o autor.
51
Nas imagens da figura 20 são apresentados detalhes da parte interna das igrejas
góticas, como os detalhes do teto, sendo estes sempre ricos de detalhes, com complexas
estruturas que formam a vista interna de suas cúpulas. Ainda na mesma figura são
apresentadas imagens das estruturas básicas deste tipo de desenho arquitetônico.
Figura 20: Painel Imagético VI
Fonte: o autor.
52
Tendo em vista os aspectos já citados, aplicou-se a etapa de criatividade, procurando
trazer tanto legibilidade quanto os aspectos do estilo gótico.
Na figura 21 são colocados os primeiros desenhos desta etapa, onde as letras ‘h’ e ‘o’
são desenhadas com o intuito de trazer a personalidade que a tipografia irá apresentar em seus
demais caracteres.
Figura 21: Geração de alternativas I
Fonte: o autor.
53
Já na figura 22 são colocadas além das letas ‘h’ e ‘o’ outras letras como o ‘a’ o ‘s’ o ‘i’
e o ‘t’ a fim de se perceber como as letras inicialmente desenhadas se comportariam com
estas, além de testes relacionados à largura das hastes dos tipos.
Figura 22: Geração de alternativas III
Fonte: o autor.
54
A figura 23 já traz desenhos de letras mais complexas e há, na maioria das letras uma
comunicação única, já demonstrando através disto os primeiros desenhos relacionados à
alternativa final.
Figura 23: Geração de alternativas III
Fonte: o autor.
55
Seguindo a etapa de criatividade passou se para o desenvolvimento das alternativas
por meio digital, através do programa FontStruct. Abaixo é apresentada a figura 24, onde se
procurou desenhar por meios digitais as letras encontradas na figura 23, porém um novo
detalhe foi introduzido, sendo este uma linha dupla nas letras ‘a’ e ‘s’.
Figura 24: Geração de alternativas IV
Fonte: o autor.
56
A figura 25 apresenta o desenho similar à figura 24, porem som um traço simples nas
letras onde antes possuíam o traço duplo.
Figura 25: Geração de alternativas V
Fonte: o autor.
57
Na geração encontrada na figura 26 um desenho com uma linha grossa, com pouca
variação do traço grosso/fino, também é perceptível o uso de cantos e arremates angulares.
Figura 26: Geração de alternativas VI
Fonte: o autor.
58
A geração da figura 27 procurou manter como característica básica de seu desenho as
formas hexagonais, sendo esta uma forte característica da tipografia gótica de estilo textura.
Figura 27: Geração de alternativas VII
Fonte: o autor.
59
Na figura 28 foi desenvolvida uma tipografia similar com a da figura 25, porém
observando algumas letras em caixa-alta para analisar como a tipografia se comportaria com
essas letras.
Figura 28: Geração de alternativas VIII
Fonte: o autor.
60
Após várias alternativas criadas foi gerada então a alternativa final, apresentada na
figura 29, tendo em consideração as alternativas já criadas juntamente com as referências
encontradas nos painéis imagéticos e na pesquisa anteriormente realizada.
Figura 29: Geração de alternativa IX
Fonte: o autor.
A última alternativa desenvolvida ainda passou por mais uma alteração em seu
desenho a fim de trazer maior legibilidade quando usada em tamanhos menores, esta
alternativa corrigida, é apresentada nas próximas etapas da metodologia.
Quanto à nomenclatura dada para a tipografia, procurou se elencar nomes relativos aos
conceitos e à proposta sendo as palavras chaves: Gothic, Internet e Texture. Optou-se por usar
palavras em inglês por ser de mais fácil reconhecimento a nível mundial, além do fato de que
a maioria dos nomes das tipografias góticas usam nomes em língua estrangeria. Desta forma
obteve-se os seguintes nomes: Text-in Gothic, Text In Gothic, Texnet Gothic e Intex Gothic,
todos sendo combinações das palavras-chaves. Desta forma o nome escolhido para a
tipografia foi Text In Gothic, tendo em vista a sonoridade da palavra e a facilidade de
memorização. A palavra Text remete ao estilo da tipografia sendo textura sendo Text uma
61
abreviação da palavra Texture, a palavra In está relacionado à fonte ser desenvolvida para a
internet, nesta palavra também fica o sentido da tipografia estar no texto, pois In em inglês
tem este sentido, por último a palavra Gothic vem ao encontro ao tipo ser gótico. Na figura 30
é possível observar o nome da tipografia aplicada à própria tipografia.
Figura 30: Nomenclatura aplicada à tipografia.
Fonte: o autor.
3.2.7 Materiais e Tecnologias
Na etapa de materiais e tecnologias foi utilizado o programa online Fontstruct como
anteriormente citado, sendo este um programa encontrado no site http://fontstruct.com/ que
permite a construção de tipografias com uma série limitada de formas, no site ainda é possível
publicar a tipografia para download. A utilização do site é gratuita, tendo apenas a
necessidade de um cadastro junto ao site.
62
Na figura 31 são apresentada as principais formas disponibilizadas no site para a
construção da tipografia:
Figura 31: Ferramentas disponibilizadas para construção da tipografia
Fonte: o autor.
3.2.8 Experimentação
A etapa de experimentação tem como premissa alguns testes a fim de observar a
aplicabilidade da possível solução e ainda possíveis modificações caso haja algum problema
com relação à aplicação. Ainda será observada na experimentação a legibilidade da tipografia,
bem como verificações de tamanho. Na figura 32 é possível observar vários tamanhos da
tipografia que variam do tamanho de 12pt até o 72pt. É possível observar que o tamanho da
tipografia pode parecer pequeno quando comparada a outras letras do mesmo tamanho, porém
em nada isso dificulta ou traz algum tipo de prejuízo ao designer ou ao usuário, sendo este um
63
fator que contribuiu para que a tipografia se torne mais veloz para o carregamento da mesma
em páginas da internet.
Figura 32: Tamanhos da alternativa final
Fonte: o autor.
64
Na figura 33 é apresentada uma frase com todas as letras do alfabeto (conhecido como
pangrama) para melhor observação de seu fluxo e seus caracteres:
Figura 33: Pangrama para exemplificação da tipografia.
Fonte: o autor.
É possível observar que a tipografia é realmente legível, seus detalhes discretos, porém
dão a característica gótica à tipografia na mesma medida que permite a fonte ser legível.
Na figura 34 é possível fazer uma comparação da alternativa final com outras três
tipografias góticas de estilo textura. A primeira tipografia da imagem é a alternativa final, a
segunda tipografia é a Goudy Text, tipografia esta criada em 1928 por Frederic Goudy, é
considerada de média legibilidade, porém quando aplicada ao formato digital perde um pouco
mais sua leitura (BRINGHURST 2005, p 292). A terceira tipografia é a Wilhelm Klingspor
Schrift concebida em 1925 por Rudolf Koch (BRINGHURST 2005, p 293) esta tipografia
possui claramente uma difícil leitura, sobretudo nas letras maiúsculas, onde nota se que
algumas letras quase não são reconhecidas, e seus detalhes nas letras minúsculas por vezes
podem confundir o leitor, sobretudo nos detalhes inferiores, ainda seus números parecem não
condizer com a tipografia. Já a última tipografia da figura se chama Trump Deutsch feita por
Georg Trump em 1936 e digitalizada em 2002 por Dieter Steffmann (BRINGHURST 2005, p
293), se trata de uma tipografia com uma linha grossa, e possui uma boa legibilidade no geral,
com algumas letras menos legíveis, mas que ainda assim não comprometem a tipografia,
porém quando usada em tamanhos maiores é possível ver algumas falhas em sua construção,
que possivelmente vieram do desenho original de 1936.
A Text In Gothic traz uma tipografia de grossura média, com uma leve diferença de
grossura entre suas linhas angulares. Sua largura padrão faz com que se torne mais fácil a
identificação das letras, seus traços ascendente e descendentes são mais longos que as
65
algumas outras tipografias do estilo gótico para que seja de fácil identificação. A limitação de
detalhes foi cuidadosamente pensada para que a tipografia mantivesse o estilo gótico
característico e ao mesmo tempo trouxesse legibilidade em sua leitura.
Nas letras maiúsculas nota se a preocupação em manter a legibilidade, da mesma
forma os numerais, que possuem um padrão de altura, o que torna a tipografia mais
harmoniosa. Seus detalhes discretos quando vista em tamanho reduzido trazem as
características das igrejas góticas, e ainda assim são suficientemente discretos para que não
seja um problema na identificação do caractere.
Figura 33: Comparação da alternativa final com outras tipografias do mesmo estilo.
Fonte: o autor.
66
Quanto à aplicabilidade da tipografia exemplificada na figura 35, observa-se que a
tipografia se comporta melhor em textos curtos e maiores do que em textos longos, contudo
ainda assim é notável sua legibilidade quando comparada a outros tipos góticos.
Figura 34: Exemplo de aplicação da alternativa final.
Fonte: o autor.
O projeto objetivava a criação de uma tipografia para a internet, e subsequentemente
uma fonte que pudesse ser facilmente carregada por qualquer computador que acessasse o site
em que a tipografia se encontrasse. Em comparação com a tipografia Sanchez, uma das
tipografias recomendadas pelo Google Web Fonts para o uso na internet, a Text In Gothic
alcança uma velocidade superior, dadas as devidas proporções, a tipografia Sanchez, criada
por Daniel Hernandez, possui 326 caracteres, possui 70 kilobytes e no gráfico de velocidade
disponibilizada pelo site do google possui uma velocidade igual ao valor de 13, o que é
considerada extremamente rápida. Em contrapartida, a tipografia Text In Gothic contém 130
67
caracteres e 21 kilobytes, logo pode se perceber que apesar de possuir menos caracteres ainda
assim é proporcionalmente mais leve, logo, de mais rápido carregamento através da internet.
Na figura 36 é possível observar a avaliação da tipografia Sanchez do site da google.
Figura 35: Avaliação da Tipografia Sanchez.
Fonte: o autor.
68
3.2.9 Modelo
O modelo final pode ser visualizado na figura 37, onde é apresentada a alternativa
final, sendo desenvolvida no programa, dentro da grade construtiva.
Figura 36: Modelo final.
Fonte: o autor.
3.2.10 Verificação
Durante a etapa de verificação a tipografia foi disponibilizada para download e para
comentários de usuários do site Fontstruct, foi através disto que foi possível perceber algumas
falhas na construção da tipografia, como a similaridade entre o número ‘5’ e a letra ‘S’, da
mesma forma que as letras ‘u’ e ‘U’ apresentaram uma falta de padrão e a mesma letra ‘u’
ficou parecida com a letra ‘v’.
69
Figura 37: Alterações no modelo final.
Fonte: o autor.
Observa-se que as alterações trazem maior legibilidade à tipografia, sem alterar
substancialmente em nada seu estilo gótico.
3.2.11 Desenhos Construtivos
Os Desenhos Construtivos são evidenciados na figura 39 e na figura 40, onde
apresentam os caracteres desenvolvidos através da malha construtiva do programa Fontstruct.
70
Figura 38: Desenho Construtivo I.
Fonte: o autor.
71
Figura 39: Desenho Construtivo II.
Fonte: o autor.
72
4 RESULTADO DO PROJETO
Neste capítulo é apresentada a solução final do projeto, sendo a última etapa da
metodologia de Munari englobada dentro deste capítulo.
A alternativa final, apresentada na figura 41, possui 130 caracteres, sendo estes letras
maiúsculas, minúsculas, numerais, acentos e pontuações. Foi desenvolvida a tipografia que
atendesse às necessidades básicas da escrita latina:
Figura 40: Alternativa final.
Fonte: o autor.
Durante a geração de alternativas, procurou se buscar aspectos do estilo gótico
principalmente na arquitetura, e desta forma se originou se a alternativa final. Levando em
consideração, ainda os aspectos característicos deste estilo ao mesmo tempo em que foi
procurado manter a legibilidade da tipografia. A figura 42 demonstra os principais elementos
ligados ao estilo gótico na aplicação da escolha final:
73
Figura 41: Aspectos da arquitetura gótica aplicada à escolha final.
Fonte: o autor.
Observa se na figura acima as ligações entre o estilo gótico encontrado na arquitetura
com a tipografia desenvolvida. O desenho dos caracteres teve como objetivo trazer à
tipografia os principais aspectos do estilo, porém ainda contando com a busca pela
legibilidade.
A solução apresentada traz uma tipografia gótica de estilo textura, que mantem suas
características básicas como a alta variação de espessura, a forma hexagonal nas partes
superiores das letras, detalhes e arremates chamativos, cortes secos entre linhas retas e
angulares.
Quanto ao que se refere à velocidade da tipografia aplicada à internet, pode-se fazer
um comparativo, onde uma tipografia para a internet encontrada em um dos sites mais bem
conceituados no assunto apresenta uma tipografia considerada extremamente leve.
O resultado final da tipografia está disponibilizado para download através dos links:
http://fontstruct.com/fontstructions/show/736025
gothic.font?fpp=50.
e
http://www.dafont.com/text-in-
74
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente projeto teve como premissa o desenvolvimento de uma tipografia para a
internet baseada no estilo gótico, sendo este desenvolvido durante os capítulos anteriores. O
resultado do projeto pode ser considerado bem sucedido. Esta tipografia ainda pode ser
reformulada futuramente com a construção de mais caracteres ou ainda outras variações da
mesma, tendo em vista as necessidades que surgirem.
O projeto procurou fazer uma explanação pelo estilo gótico não só abordado na
tipografia, mas também na arquitetura, no qual este estilo se fez mais presente. Ainda foi de
grande importância o estudo de legibilidade, pois esta tipografia aborda este tema como sendo
um dos principais. Foi de grande valia ter observado a questão da semiótica encontrada na
tipografia, pois este recurso foi utilizado na geração de alternativas, tendo em vista a
aplicabilidade do gótico encontrado na arquitetura ao desenho das letras.
Através do estudo da tipografia foi possível observar sua importância, os estilos ficam
intrínsecos aos textos aplicados e é através da tipografia que é possível se comunicar além do
que a própria escrita diz. É fundamental que o designer estude este tema, pois é ele um dos
princípios do bom design gráfico.
Quanto às recomendações de uso, fica registrado que esta tipografia foi desenvolvida
sempre tendo em vista o seu uso para a internet, não tendo sido feito testes nem estudos para a
impressão, sendo que para este uso é aconselhável fazer alguns testes relativos à impressão ou
ainda a escolha de outra tipografia para o uso em materiais gráficos impressos. Ainda
referente ao uso na internet, fica recomendado ao uso para textos curtos, tendo em vista a
legibilidade do tipo ser menor em textos que requerem um tipo de tamanho pequeno.
A tipografia foge dos padrões tradicionais do estilo gótico principalmente nas letras
maiúsculas sendo estas mais claras quando comparadas a maioria das letras góticas, sendo que
estas ora não foram projetadas tendo em vista o alfabeto latino, pois este é um estilo de
tipografia criado na Europa, onde o alfabeto é diferente em algumas regiões.
A legibilidade faz contraste com o estilo gótico neste tipo, porém é fica evidente que
tornar uma tipografia gótica mais legível é uma proposta muito interessante, ainda mais
quando os tipos góticos são aplicados à internet, onde a legibilidade é um fator determinante
75
no sucesso de uma tipografia. A Text In Gothic surge como uma proposta de letra gótica que
busca ser mais popular neste meio, pois normalmente os tipos góticos se prendem a
determinados estereótipos, sendo discriminado quanto ao seu uso nos meios digitais.
Por fim, coloca-se aqui a importância de um projeto desta amplitude tanto profissional
como pessoal, pois através deste foi possível ter enriquecimento tanto cultural, como técnico,
bem como obter o conhecimento completo do projeto de design de alta complexidade, seus
meios de desenvolvimento, sua aplicação a um projeto que procure trazer alguma novidade
em algum campo de conhecimento humano.
76
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