Intensifica~Bo Agricola, Identidade EconBmica e lnvisibilidade entre

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Intensifica~Bo Agricola, Identidade EconBmica e lnvisibilidade entre
ACT Publication No. 06-07
Intensifica~BoAgricola, Identidade
EconBmica e lnvisibilidade entre Pequenos
Produtores Rurais AmazBnicos: Caboclos e
Colonos numa Perspectiva Comparada
Eduardo S. Brondizio
Reprinted from:
Sociedades Caboclas Amaz6nicas: Modernidade e lnvisibilidade. Adams, Cristina,
Rui Murrieta, e Walter Neves (orgs.). SBo Paulo: Annablurne, 2006.
Anthropological Center for Training and Research on Global Environmental Change
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perspectivas se referem e ainda estlo presentes em ireas rurais por todo o Brasil. Estas
incluem a visiio popular do "tipo rural" condenado e atrasado, a negligencia e o
abandon0 politicos i s famiiias do campo, assim como a falta de entendimento e o
desprew do papel das tecnologiss e da produgio agricola de pequena escala face is suas
contrapartidas "modemas" e snbsidiadas; uma hist6ria persistente de invisibilidade,
freqiientemente evitada em vez de comgida.
Invisibilidade compartilhada entre
pequenos produtores rurais amaz6nicos
As diferenqas 6bvias entre caboclosZ amaz6nicos e colonos3 recentes fazem
desnecessirias quaisquer elabora@es de suas particularidades hist6ricas e s6cioculturais! Ao mesmo tempo, esses grupos diversos compartilham semelhan~as
surpreendentesna medida em que S o appados na mesma categoria como "camponcsa
amaz6nicos". Regionalmente, ambos os termos (mas particularmente "caboclo")
comportam diversos sentidos, comumente depreciativos. Enqnanto as defini~Bes
academicas levam em wnsideragio variag6ss no context0 hist6rico,6tniw e gw@co,
bem como as variapks de identidade sbcio-ewn6mica contemporinea, o uso coloquial
dos termos "caboclo"5 e "colono"6 compartilha preconceitos s6cio-culturais e
econ6micos. Essencialmente, enquanto produtores rurais de pequena escala, tanto
2.
0 t e m o "caboclo" C utilizado neste anigo mais prbximo do seu sentido na chamada "defini~B0
.
acsdemica".
.- - - ~ cnmo discutida.. nor exemolo.
. .or
. Parker (1985) e Lima (1992). Paniculamente no
p m n l e srtko. "caboclo" se refere is populsf0es ribeirinhas e interfluviais do estudrio amazdnico
representadas pelo estudo de caso (cam respeito a tods heterugcneidade) diiutido no mcsmo.
3. 0 termo "colono" 6 utilizado neste arfigo como refefincia i s familias chegando na regiao a panir
espontilnea ou promovida pelo governa, a lreas
da dbcada de 1960.
~. afraves de mieracPa
- .
previamrnlc ocupsdas por g ~ u p indlgcnas
s
nu por arsenlamcnhlr d~ caboclos. Fn, particular. oaIe
trabalho eu mc coucenlro nos colonus assenldos comu pcqucnos prnpricliirlos (ou scja. em lotes
variando de TO a 150 hcclares) duranlc as trLs ultimas d&c.adas, como rcsultado de inccntivos
governamentais par8 c o ~ o n i z a ~ Enquanta
~o.
existem claras diferenqas entre os prbprios migranter
mais recentes e em relsgao a caboclos em geral, C baslante diflcil distioguir entrc comunidades
ocupando Areas de-migra~aomais antigas (50-100 anos), como a regilo de Bragantina, e as
comunidades "eaboclas" misturadas dentro c ao redor destas.
4. Como observado por Pace: "Em todas essas definicacs [referindo-se is mesmas citap6es usndas nesle
trabalho para fazer refefincia a cstudos de caboclosl x rewnhece que csboclos s50 ppulacfm niiotribais "50-indigenas e nio-colonos e "So-migrantes que vieram para a Amazdnis desde a decada
de 1950" (1997: 82).
5. HA muitas tentativas de ilustrar as contradigaes eotre o uno popular e o acadEmico do termo, da obra
clbsica de Wagley (1953) no uso do tcrmo "caboclo" wmo refedncia a sujeitos distontes. passando
pelos esmdos dc Moran (1974) e Packer (1985). ate os trabalhos mais receoies de Limn (199% Hatris
(1998). e Pace (1997). Veje tam& a discuslo de Pace sobre "arias tipologias usadas para ddinir
caboclos na base de caracteristicas "raciais", de "adapta@o ecolbgica" e "culturais".
6. No caso dos colonos, exemplos de termos com conotsgder depreciativas iucluem "arigb" (porCm
sua conotqlo varia regionalmente) e "qui~assa"(tenno tambent utilizado para ireas abandonadas
no oeste da Ainaz6nia), entre outros.
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L
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I-
caboclos quanto colonos compartilham de uma falta de suporte econamiw, politico e
infra-edruhual.
Este trabalho visa discutir a exisencia de atributos wmuns subjacentes B wndigio
de "invisibilidade" destas popula&s n&. Embora buscando valorizar suas d i f e w
hist6ricas c s6cio-culhxais, eu procuro discutir, em particular, as implica@es a-das
pela interprefa~lodc seus sistemas de produ~loagricolas na construglo da identidade
econ6mica e social dessas popula~ksrurais da Amszijnia. M e n d o demonstrar que a
chamada "invisibiidade" dos pequenos produtores nuais da M n i a (quer econamica,
politics, tecnol6~jcaou social) b em parte, o resultado das perspectivas dominantes em
relaplo ao que 6 considerado nm sistema agriwla produtivo no que conceme i s suas
caractensticas agrondmicas, estacas, econ6micas. tecnol6gicss e s6cio-culturais. Um
elemento central nesta equaqiio 6 a foma pela qua1 o "processo de intensifica$lo" da
produ@o agriwh 6 definido e mensurado para fins wmparativm; e, conseqiientemente,
suas implicap6es para a compreensio de mudanqas sociais e econ6micas durante a
histdria contemporkea de ocupaqb da regiso. Embora por raz6es distintas - e que eu
tentarei ilustrar atrav6s de exemplos e de dados coletados em wnpo - ambos os sistemas
de produ@o (em sum variabilidades), caboclo e colono, tendem a ser deswnsiderados
em termos de sua relevincia e efctividadc dcio-econ6micas quando comparados &
agricnltura de grande escala, na sua maior parte subsidiada em capital e tecnologia. At6
certo ponto, este argument0 reforqa a idtia de "invisibilidade fabricada" sugerida por
Nugent (1993), onde esses propriethios m i s slo colocados numa wndiqlo social
"patol6gica", como urn obstscnlo impedindo o desenvolvimento regional. Estas vis*
sobre a agricultura de pcquena escala tendem a enfatizar a substituigio de estrat6gias
locais de uso da terra por uma tecnologia extema baseada em sistemas de alto
investimento de energia e capital de larga escala, centrados primariamente numa
apricultura arientada para exportagio. Esta disposigio tende a negligenciar a contribnigia
destes sistemas produtivos ao fornecimento de alimentos a popula*
urbanas e nvais
por todo o pais, e resulta numa Mta de investimentos que visam melhorar infm-estrum
&io-ewn6micas e fisicas existentes que, por sna vez, poderiam anmentar os sistemas
de pmdupIo local sem desalojar familias nuais ou ameaqar a base de recursos locais (e,
conseqiientemente, a economia local e a segudpa alimentat).
Explicapaes sobre intensificaplo do uso da terra se baseiam freqiientemente em
modelos conceituais que usam partmetros tais como ciclo de pousio, caracteristicas
espaqo-temporais, ou variaveis baseadas em fatores de produglo, como por exemplo,
miio-de-obra, energia, tecnologia, elou capital: os chamados "fatores de input".
Alternativamente, os "fatores de output", como a manntenqPo de prodntividade no
decorrer do tempo, sHo geralmentc usadas colno uma medida complementar de
intensificagio agmpecuiria (verB~o~olzto
& SIQUEIRA,
1997). Enketanto,rnodelos do ciclo
de pousio como propostos por Bosemp (1965), oferecem explicaqlo limitada para
sistemas agricolas (dc colonos) em ireas de colonizaq80, onde a ocupa@o da terra 6
primariamente baseada nos ciclos de expanslo progressiva da area utilizada para
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