Mobilidade nas Copas da Alemanha e da África do Sul e

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Mobilidade nas Copas da Alemanha e da África do Sul e
Mobilidade nas Copas da
Alemanha e da África do Sul
e perspectivas para o Brasil
Divulgação
Regina Meyer
Branski é doutora
em Engenharia
de Produção pela
Escola Politécnica
da USP. Atualmente
é pesquisadora no
Laboratório de
Aprendizagem em
Logística da Faculdade
de Engenharia Civil
Divulgação
Elisa Eroles Freire
Nunes é estudante do
curso de Engenharia
Civil da Universidade
Estadual de Campinas
e desenvolve pesquisa
no no Laboratório
de Aprendizagem
em Logística da
Faculdade de
Engenharia Civil.
Divulgação
A Copa do Mundo é um dos maiores eventos
esportivos do mundo. Sediar uma Copa significa
hospedar 32 equipes e suas comitivas durante um
mês e criar estrutura para a realização de 64 partidas,
além de atender a espectadores de todo o mundo.
Quando o país é escolhido pela FIFA para sediar o
campeonato deve seguir as recomendações de seus
manuais para que esteja preparado para abrigar os
jogos. Um dos elementos logísticos fundamental
para o sucesso do evento é o transporte.
A mobilidade é o recurso que permite o ir e vir
das pessoas. O país sede da Copa deve possuir
uma malha rodoviária em boas condições e
bem sinalizada. É comum que país receba um
grande número de estrangeiros para o evento e,
por isso, além do transporte terrestre, o sistema
aéreo deve ser eficiente e contar com uma equipe
Orlando Fonte Lima Júnior
é atualmente Professor
Associado MS5 ( Livre
Docente ) da Universidade
Estadual de Campinas.
Tem experiência na área de
Engenharia de Transportes,
com ênfase em Operações
de Transportes. Atuando
principalmente nos seguintes
temas: transporte e logística.
preparada para atender os mais diversos tipos de
nacionalidades (NEELEMAN, 2010; OHATA,
2010, CILO, 2010). Outros meios de locomoção
possíveis, que podem ser utilizados pelos países
sede, são o transporte ferroviário e hidroviário.
(Infraestrutura ferroviária, 2010)
Este artigo irá identificar os investimentos
realizados na infraestrutura de transportes nas
duas últimas Copas - Alemanha (2006) e África do
Sul (2010) - e analisar as perspectivas do Brasil,
próximo país a receber o mundial em 2014.
A Alemanha e a África do Sul são países com
características diferentes. Essas diversidades
influenciaram na conduta que eles adotaram quanto
ao planejamento e gerenciamento da mobilidade
durante a Copa do Mundo. Abaixo ilustra-se alguns
números que identificam os países.
Observa-se pelo quadro, que a área territorial da
África do Sul é praticamente quatro vezes maior que
da Alemanha, porém a população do país sul africano
é quase metade da alemã. Essas informações mostram
que na África do Sul devem haver vazios demográficos
e, nesses locais, uma infraestrutura ainda incipiente.
A posição no ranking de desenvolvimento humano de
cada país denuncia outras características. A Alemanha
ocupa a 19º posição, possui uma taxa crescimento
de 1,8 ao ano. Tudo isso indica que o país europeu
apresenta uma condição socioeconômica favorável e
é considerado desenvolvido. A África do Sul ocupa a
119º posição no ranking, isso demonstra que o país
possui potencial de crescimento futuro e por isso está
em desenvolvimento. Quanto ao setor da construção
civil, os índices alemães superam drasticamente os sul
africanos. Essa desigualdade pode ter sido o divisor de
águas na evolução das obras da Copa de cada país. Visto
que menor oferta de mercado geralmente indica custos
mais elevados, pode-se inferir com base no quadro
acima que um dos motivos que encareceu as obras da
Copa da África do Sul em relação à Alemanha pode ter
sido o menor número de trabalhadores na construção
civil e uma menor produtividade anual de cimento e
aço, matérias primas básicas para o setor.
Quanto à mobilidade, o governo alemão investiu
5600 mil euros e tanto o governo federal como o
local contribuíram com esse valor. Os principais
projetos financiados foram construção de rodovias,
estacionamentos, informação e controle de tráfego
e transporte público. Como a Alemanha é um país
relativamente pequeno territorialmente, foi dado
grande enfoque ao transporte terrestre, visto que as
distâncias a serem percorridas eram curtas.
No caso da África do Sul, o projeto de ampliação e
melhoramento da infraestrutura de transporte objetivou
não somente se adequar as exigências da FIFA, com
também deixar como herança para a população do país
melhorias nesse setor. Os investimentos do governo sul
africano em mobilidade para a Copa contemplaram
os principais meios de locomoção existentes no país
(rodoviário, ferroviário e aéreo) e totalizaram um valor
de 13,6 bilhões de rand sul-africano (moeda local),
aproximadamente 1,41 bilhões de euros.
O objetivo principal de ambos os países com os
investimentos no setor de transportes era estar
preparado para a demanda de turistas que viriam
acompanhar os jogos. O quadro abaixo evidencia os
principais projetos no setor de transporte na Alemanha
e na África do Sul.
Comparação entre as características entre a África do Sul e a Alemanha
Fonte: Goliger (2005, p.174)
48
Revista Cargo News
www.cargonews.com.br
www.cargonews.com.br
Revista Cargo News
49
Mobilidade nas Copas da
Alemanha e da África do Sul
e perspectivas para o Brasil
Divulgação
Regina Meyer
Branski é doutora
em Engenharia
de Produção pela
Escola Politécnica
da USP. Atualmente
é pesquisadora no
Laboratório de
Aprendizagem em
Logística da Faculdade
de Engenharia Civil
Divulgação
Elisa Eroles Freire
Nunes é estudante do
curso de Engenharia
Civil da Universidade
Estadual de Campinas
e desenvolve pesquisa
no no Laboratório
de Aprendizagem
em Logística da
Faculdade de
Engenharia Civil.
Divulgação
A Copa do Mundo é um dos maiores eventos
esportivos do mundo. Sediar uma Copa significa
hospedar 32 equipes e suas comitivas durante um
mês e criar estrutura para a realização de 64 partidas,
além de atender a espectadores de todo o mundo.
Quando o país é escolhido pela FIFA para sediar o
campeonato deve seguir as recomendações de seus
manuais para que esteja preparado para abrigar os
jogos. Um dos elementos logísticos fundamental
para o sucesso do evento é o transporte.
A mobilidade é o recurso que permite o ir e vir
das pessoas. O país sede da Copa deve possuir
uma malha rodoviária em boas condições e
bem sinalizada. É comum que país receba um
grande número de estrangeiros para o evento e,
por isso, além do transporte terrestre, o sistema
aéreo deve ser eficiente e contar com uma equipe
Orlando Fonte Lima Júnior
é atualmente Professor
Associado MS5 ( Livre
Docente ) da Universidade
Estadual de Campinas.
Tem experiência na área de
Engenharia de Transportes,
com ênfase em Operações
de Transportes. Atuando
principalmente nos seguintes
temas: transporte e logística.
preparada para atender os mais diversos tipos de
nacionalidades (NEELEMAN, 2010; OHATA,
2010, CILO, 2010). Outros meios de locomoção
possíveis, que podem ser utilizados pelos países
sede, são o transporte ferroviário e hidroviário.
(Infraestrutura ferroviária, 2010)
Este artigo irá identificar os investimentos
realizados na infraestrutura de transportes nas
duas últimas Copas - Alemanha (2006) e África do
Sul (2010) - e analisar as perspectivas do Brasil,
próximo país a receber o mundial em 2014.
A Alemanha e a África do Sul são países com
características diferentes. Essas diversidades
influenciaram na conduta que eles adotaram quanto
ao planejamento e gerenciamento da mobilidade
durante a Copa do Mundo. Abaixo ilustra-se alguns
números que identificam os países.
Observa-se pelo quadro, que a área territorial da
África do Sul é praticamente quatro vezes maior que
da Alemanha, porém a população do país sul africano
é quase metade da alemã. Essas informações mostram
que na África do Sul devem haver vazios demográficos
e, nesses locais, uma infraestrutura ainda incipiente.
A posição no ranking de desenvolvimento humano de
cada país denuncia outras características. A Alemanha
ocupa a 19º posição, possui uma taxa crescimento
de 1,8 ao ano. Tudo isso indica que o país europeu
apresenta uma condição socioeconômica favorável e
é considerado desenvolvido. A África do Sul ocupa a
119º posição no ranking, isso demonstra que o país
possui potencial de crescimento futuro e por isso está
em desenvolvimento. Quanto ao setor da construção
civil, os índices alemães superam drasticamente os sul
africanos. Essa desigualdade pode ter sido o divisor de
águas na evolução das obras da Copa de cada país. Visto
que menor oferta de mercado geralmente indica custos
mais elevados, pode-se inferir com base no quadro
acima que um dos motivos que encareceu as obras da
Copa da África do Sul em relação à Alemanha pode ter
sido o menor número de trabalhadores na construção
civil e uma menor produtividade anual de cimento e
aço, matérias primas básicas para o setor.
Quanto à mobilidade, o governo alemão investiu
5600 mil euros e tanto o governo federal como o
local contribuíram com esse valor. Os principais
projetos financiados foram construção de rodovias,
estacionamentos, informação e controle de tráfego
e transporte público. Como a Alemanha é um país
relativamente pequeno territorialmente, foi dado
grande enfoque ao transporte terrestre, visto que as
distâncias a serem percorridas eram curtas.
No caso da África do Sul, o projeto de ampliação e
melhoramento da infraestrutura de transporte objetivou
não somente se adequar as exigências da FIFA, com
também deixar como herança para a população do país
melhorias nesse setor. Os investimentos do governo sul
africano em mobilidade para a Copa contemplaram
os principais meios de locomoção existentes no país
(rodoviário, ferroviário e aéreo) e totalizaram um valor
de 13,6 bilhões de rand sul-africano (moeda local),
aproximadamente 1,41 bilhões de euros.
O objetivo principal de ambos os países com os
investimentos no setor de transportes era estar
preparado para a demanda de turistas que viriam
acompanhar os jogos. O quadro abaixo evidencia os
principais projetos no setor de transporte na Alemanha
e na África do Sul.
Comparação entre as características entre a África do Sul e a Alemanha
Fonte: Goliger (2005, p.174)
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Quanto aos projetos planejados pelos países, eles
abrangeram as mesmas áreas (transporte terrestre e aéreo), com suas devidas proporções. Uma medida adotada pela África do Sul que deve ser destacada foi a implantação de um sistema de transporte inteligente para
gerenciamento dos congestionamentos e controle de
tráfego, além do investimento em um sistema intermodal. A Alemanha teve um orçamento menor que o país
africano nos projetos de transporte e um olhar atento
para as questões ambientais com o incentivo a meios de
transporte não poluentes como a bicicleta. Assim, tanto
a Alemanha quanto a África do Sul conseguiram atender a demanda no setor de transportes durante a Copa.
O país europeu investiu menos visto que grande parte
das obras visava à modernização de um sistema já existente. A África do Sul, como é um país em desenvolvimento precisou fazer muito mais e, conseqüentemente,
os investimentos foram maiores que os alemães.
Em 2014 será a vez do Brasil sediar a Copa. Assim,
para estar preparado, ele deve analisar os erros e acertos
do últimos países que abrigaram o evento para, a partir
das suas experiências, definir o melhor caminho para o
nosso país.
O Brasil é o maior país da América do Sul e o quinto maior do mundo em área territorial A população é
mais de 190 milhões de habitantes. A economia brasileira é a maior da América Latina, a oitava maior do
mundo por PIB nominal e a sétima maior por paridade
de poder de compra.
Quanto a transportes, o país conta com uma rede rodoviária de cerca de 1,8 milhões de km , sendo 96 353
km de rodovias pavimentadas (2004), as estradas são
as principais transportadoras de carga e de passageiros
no tráfego brasileiro Existem cerca de quatro mil aeroportos e aeródromos no Brasil, sendo 721 com pistas
pavimentadas. O país possui uma extensa rede ferroviária de 28.857 km de extensão, a décima maior rede do
mundo, porém a mesma encontra-se em precário estado
de conservação e grande parte não é utilizada. Há 37
grandes portos no Brasil e um total de 50 000 km de
hidrovias.
A figura abaixo descreve.as cidades que sediarão os
jogos: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Os projetos inicialmente planejados para o setor
de transporte no Brasil contemplam todos os meios
de transporte. Acessibilidade e integração foram as
diretrizes para o desenvolvimento dos projetos, visando
uma fácil, rápida e segura mobilidade de pessoas. Em
São Paulo, por exemplo, prevê-se a implantação do VLP
(veículo leve sobre pneus), veículos articulados e do
VLT (veículo leve sobre trilho), uma espécie de bonde
moderno. Além disso, haverá um sistema que vai integrar
os aeroportos da região metropolitana ao sistema metroferroviário (Linha 17 do metrô). Em Curitiba, destacase o Hibribus, que roda com diesel, como os ônibus
tradicionais, ou com um motor elétrico e emite até 90%
menos poluentes. Em Fortaleza estima-se investimentos
da ordem de 6 bilhões de reais no setor, com obras de
criação da Linha Oeste, a ampliação da Linha Sul do
metrô e a reforma da malha viária. Cidades litorâneas
receberão recursos para a ampliação dos portos com o
intuito de trazer ao país o maior número de cruzeiros,
como alternativa de acomodação para os turistas. Além
destas iniciativas, o governo ainda pretende, em todo o
país, investir em meios de locomação de energia limpa
como o uso de bicicletas, com a construção de ciclovias
e sinalização.
Apesar do planejamento atender as exigências da
FIFA, um dado é preocupante. Os atrasos na execução
dos projetos podem arruinar toda a infraestrutura
programada para o mundial. De acordo com uma
nota técnica divulgada em abril de 2011 pelo Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) dos 13
Referências Bibliográficas
AHLERT, G. FIFA World Cup Germany 2006. Perspectives for tourism. 1st
ASEM Seminar on Tourism. Lisboa. Portugal. 2006.
CIDADES e Estados. Disponível em <http://wm2006.deutschland.de/PT/
Content/Gastgeber-Deutschland/Staedte-und-Stadien/berlim.html>.
Acesso
em fevereiro de 2011.
CILO, H. Pequenos gargalos: poucos falam, muitos sentem. Disponível em
<http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/30436_PEQUENOS+GARGALOS
+POUCOS+FALAM+TODOS+SENTEM > Acessado em agosto de 2010.
FAN Guide. Disponível em <http://www.sa2010.gov.za/en/transport>.
Acesso em abril de 2011.
INFRAESTRUTURA ferroviária. Economua da Copa. Infraestrutura.
Disponível
em
<http://www.copa2014.org.br/blog/inteligenciaestrategica/
index.php/category/infraestrutura/> Acesso em julho de 2010
NEELEMAN, D. Caminhos para o setor aéreo. Disponível em<http://www.
50
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www.cargonews.com.br
aeroportos que receberão investimentos para a Copa de
2014, 10 correm o risco de não ficarem prontos para o
evento. A própria FIFA já manifestou sua preocupação
publicamente com o cumprimento do cronograma das
obras.
O Brasil é um país que está socioeconomicamente
entre a Alemanha e a África do Sul. Por ser um país
de dimensões continentais, suas regiões apresentam
contrastantes necessidades quanto ao transporte.
Enquanto em alguns locais as estradas não são nem ao
menos pavimentadas, em outras, o caos é instaurado
pelo grande volume de tráfego. Alguns estados do
país, como São Paulo, contam com estradas em boas
condições, no entanto paga-se por essa qualidade nos
pedágios que são distribuídos pelo trajeto. Portanto cada
cidade sede tem um plano de ação nos transportes que
aborda sua maior deficiência. Os projetos de mobilidade
apresentados pelos órgãos responsáveis parecem
proporcionar uma melhora no sistema existente e estar
adequado para atender a demanda de turistas. Apesar
dos altos investimentos deve-se ter consciência que todo
o dinheiro destinado para infraestrutura de transportes
deve beneficiar a população permanentemente e ainda
poderá ajudar a economia, com o transporte de cargas,
por exemplo.
Todavia experiências passadas no Brasil mostram
que, muitas vezes o país possui todas as ferramentas
necessárias para desenvolver um bom trabalho, mas
não consegue colocá-lo em prática. Planejamento bem
estruturado só torna-se um sucesso quando desenvolvido.
copa2014.org.br/noticias/3000/CAMINHOS+PARA+O+SETOR+AEREO.
html> Acesso em agosto de 2010
OHATA E., Nove dos 14 aeroportos do Mundial do Brasil operam no
limite.
Disponível
em
<http://www1.folha.uol.com.br/esporte/765279nove-dos-14-aeroportos-do-mundial-do-brasil-operam-nolimite.shtml>
Acessado em agosto de 2010.
TRANSPORT Guides. Disponível em <http://www.mediaclubsouthafrica.
com/index.php?option=com_content&view=article&i1815:2010-fifa-world-cupjournalists-toolkit&catid=46:2010news&Itemid=118#transport.>Acesso
em
março de 2011.
2010 FIFA World Cup South Africa- Transport- The Government’s
Promise
Disponível
em
<http://www.sa2010.gov.za/en/transport>.
Acesso em maio de 2011.
7th PROGRESS Report of the Federal Government in preparation for the 2006
FIFA World Cup. Disponível em <www.fifawm2006.deutschland.de>
Revista Cargo News
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Quanto aos projetos planejados pelos países, eles
abrangeram as mesmas áreas (transporte terrestre e aéreo), com suas devidas proporções. Uma medida adotada pela África do Sul que deve ser destacada foi a implantação de um sistema de transporte inteligente para
gerenciamento dos congestionamentos e controle de
tráfego, além do investimento em um sistema intermodal. A Alemanha teve um orçamento menor que o país
africano nos projetos de transporte e um olhar atento
para as questões ambientais com o incentivo a meios de
transporte não poluentes como a bicicleta. Assim, tanto
a Alemanha quanto a África do Sul conseguiram atender a demanda no setor de transportes durante a Copa.
O país europeu investiu menos visto que grande parte
das obras visava à modernização de um sistema já existente. A África do Sul, como é um país em desenvolvimento precisou fazer muito mais e, conseqüentemente,
os investimentos foram maiores que os alemães.
Em 2014 será a vez do Brasil sediar a Copa. Assim,
para estar preparado, ele deve analisar os erros e acertos
do últimos países que abrigaram o evento para, a partir
das suas experiências, definir o melhor caminho para o
nosso país.
O Brasil é o maior país da América do Sul e o quinto maior do mundo em área territorial A população é
mais de 190 milhões de habitantes. A economia brasileira é a maior da América Latina, a oitava maior do
mundo por PIB nominal e a sétima maior por paridade
de poder de compra.
Quanto a transportes, o país conta com uma rede rodoviária de cerca de 1,8 milhões de km , sendo 96 353
km de rodovias pavimentadas (2004), as estradas são
as principais transportadoras de carga e de passageiros
no tráfego brasileiro Existem cerca de quatro mil aeroportos e aeródromos no Brasil, sendo 721 com pistas
pavimentadas. O país possui uma extensa rede ferroviária de 28.857 km de extensão, a décima maior rede do
mundo, porém a mesma encontra-se em precário estado
de conservação e grande parte não é utilizada. Há 37
grandes portos no Brasil e um total de 50 000 km de
hidrovias.
A figura abaixo descreve.as cidades que sediarão os
jogos: Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Os projetos inicialmente planejados para o setor
de transporte no Brasil contemplam todos os meios
de transporte. Acessibilidade e integração foram as
diretrizes para o desenvolvimento dos projetos, visando
uma fácil, rápida e segura mobilidade de pessoas. Em
São Paulo, por exemplo, prevê-se a implantação do VLP
(veículo leve sobre pneus), veículos articulados e do
VLT (veículo leve sobre trilho), uma espécie de bonde
moderno. Além disso, haverá um sistema que vai integrar
os aeroportos da região metropolitana ao sistema metroferroviário (Linha 17 do metrô). Em Curitiba, destacase o Hibribus, que roda com diesel, como os ônibus
tradicionais, ou com um motor elétrico e emite até 90%
menos poluentes. Em Fortaleza estima-se investimentos
da ordem de 6 bilhões de reais no setor, com obras de
criação da Linha Oeste, a ampliação da Linha Sul do
metrô e a reforma da malha viária. Cidades litorâneas
receberão recursos para a ampliação dos portos com o
intuito de trazer ao país o maior número de cruzeiros,
como alternativa de acomodação para os turistas. Além
destas iniciativas, o governo ainda pretende, em todo o
país, investir em meios de locomação de energia limpa
como o uso de bicicletas, com a construção de ciclovias
e sinalização.
Apesar do planejamento atender as exigências da
FIFA, um dado é preocupante. Os atrasos na execução
dos projetos podem arruinar toda a infraestrutura
programada para o mundial. De acordo com uma
nota técnica divulgada em abril de 2011 pelo Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) dos 13
Referências Bibliográficas
AHLERT, G. FIFA World Cup Germany 2006. Perspectives for tourism. 1st
ASEM Seminar on Tourism. Lisboa. Portugal. 2006.
CIDADES e Estados. Disponível em <http://wm2006.deutschland.de/PT/
Content/Gastgeber-Deutschland/Staedte-und-Stadien/berlim.html>.
Acesso
em fevereiro de 2011.
CILO, H. Pequenos gargalos: poucos falam, muitos sentem. Disponível em
<http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/30436_PEQUENOS+GARGALOS
+POUCOS+FALAM+TODOS+SENTEM > Acessado em agosto de 2010.
FAN Guide. Disponível em <http://www.sa2010.gov.za/en/transport>.
Acesso em abril de 2011.
INFRAESTRUTURA ferroviária. Economua da Copa. Infraestrutura.
Disponível
em
<http://www.copa2014.org.br/blog/inteligenciaestrategica/
index.php/category/infraestrutura/> Acesso em julho de 2010
NEELEMAN, D. Caminhos para o setor aéreo. Disponível em<http://www.
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aeroportos que receberão investimentos para a Copa de
2014, 10 correm o risco de não ficarem prontos para o
evento. A própria FIFA já manifestou sua preocupação
publicamente com o cumprimento do cronograma das
obras.
O Brasil é um país que está socioeconomicamente
entre a Alemanha e a África do Sul. Por ser um país
de dimensões continentais, suas regiões apresentam
contrastantes necessidades quanto ao transporte.
Enquanto em alguns locais as estradas não são nem ao
menos pavimentadas, em outras, o caos é instaurado
pelo grande volume de tráfego. Alguns estados do
país, como São Paulo, contam com estradas em boas
condições, no entanto paga-se por essa qualidade nos
pedágios que são distribuídos pelo trajeto. Portanto cada
cidade sede tem um plano de ação nos transportes que
aborda sua maior deficiência. Os projetos de mobilidade
apresentados pelos órgãos responsáveis parecem
proporcionar uma melhora no sistema existente e estar
adequado para atender a demanda de turistas. Apesar
dos altos investimentos deve-se ter consciência que todo
o dinheiro destinado para infraestrutura de transportes
deve beneficiar a população permanentemente e ainda
poderá ajudar a economia, com o transporte de cargas,
por exemplo.
Todavia experiências passadas no Brasil mostram
que, muitas vezes o país possui todas as ferramentas
necessárias para desenvolver um bom trabalho, mas
não consegue colocá-lo em prática. Planejamento bem
estruturado só torna-se um sucesso quando desenvolvido.
copa2014.org.br/noticias/3000/CAMINHOS+PARA+O+SETOR+AEREO.
html> Acesso em agosto de 2010
OHATA E., Nove dos 14 aeroportos do Mundial do Brasil operam no
limite.
Disponível
em
<http://www1.folha.uol.com.br/esporte/765279nove-dos-14-aeroportos-do-mundial-do-brasil-operam-nolimite.shtml>
Acessado em agosto de 2010.
TRANSPORT Guides. Disponível em <http://www.mediaclubsouthafrica.
com/index.php?option=com_content&view=article&i1815:2010-fifa-world-cupjournalists-toolkit&catid=46:2010news&Itemid=118#transport.>Acesso
em
março de 2011.
2010 FIFA World Cup South Africa- Transport- The Government’s
Promise
Disponível
em
<http://www.sa2010.gov.za/en/transport>.
Acesso em maio de 2011.
7th PROGRESS Report of the Federal Government in preparation for the 2006
FIFA World Cup. Disponível em <www.fifawm2006.deutschland.de>
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