AEDES AEGYPTI NA REDE: uma análise da Dengue pelos sites do

Transcrição

AEDES AEGYPTI NA REDE: uma análise da Dengue pelos sites do
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, PESQUISA E EXTENSÃO
Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local
KRISTIANNE MAIA MOREIRA
AEDES AEGYPTI NA REDE: uma análise da Dengue pelos sites do
Ministério da Saúde
Belo Horizonte-MG
2012
KRISTIANNE MAIA MOREIRA
AEDES AEGYPTI NA REDE: uma análise da Dengue pelos sites do
Ministério da Saúde
Dissertação apresentada ao Mestrado em
Gestão Social, Educação e Desenvolvimento
Local, do Centro Universitário UNA, como
requisito parcial à obtenção do título de
Mestre.
Linha de pesquisa: Processos Educacionais:
Tecnologias Sociais e Desenvolvimento
Local.
Orientador:
Magalhães
Belo Horizonte-MG
2012
Prof.
Dr.
Cláudio
Márcio
M838a
Moreira, Kristianne Maia
Aedes Aegypti na Rede: uma análise da Dengue pelos sites do Ministério
da Saúde. / Kristianne Maia Moreira. – 2012.
99f.: il.
Orientador: Prof. Dr. Cláudio Márcio Magalhães.
Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2012. Curso do
Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local.
Bibliografia f. 75-78.
1. Dengue. 2. Saúde. 3. Internet. 4. Política de saúde. I. Magalhães,
Cláudio Márcio. II. Centro Universitário UNA. III. Título.
CDU: 658.114.8
Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Ícaro, meu marido, sempre do meu lado e disposto a ajudar em
tudo.
Às minhas filhas Rafaela e Bruna, que fazem tudo ter um sentido maior.
Aos meus pais e sogros, que sempre estiveram junto comigo e me ajudaram
a chegar até aqui.
Ao professor Cláudio Márcio Magalhães, pela paciência, bom humor e
ensinamentos.
Ao Tim Filho, dessas amizades que começam em sala de aula e que,
certamente, durarão para a vida inteira. Tim, obrigada por todo o apoio e
disponibilidade!
O senhor mire, veja: o mais importante e bonito do mundo é isto –
que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram
terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou
desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou.
(João Guimarães Rosa)
RESUMO
A Dengue é uma das doenças virais mais importantes do mundo. Todos os anos,
acomete milhões de pessoas, particularmente nos países de clima tropical, onde a
temperatura e a umidade facilitam a proliferação do vetor, o mosquito Aedes aegypti.
Enquanto não há disponível uma vacina eficaz para uso preventivo contra a doença,
várias tentativas de controle têm sido implantadas pelos governos para minimizar
e/ou controlar a ocorrência da expansão da doença. Dentre as estratégias usadas
nas campanhas de saúde pública, está a tentativa de conscientização e mobilização
da comunidade por meio do uso de novas tecnologias. Nesse contexto, a internet
tem sido usada com frequência como importante ferramenta de apoio à promoção
da saúde da sociedade. No entanto, mesmo sabendo que o uso de sites na internet,
por exemplo, possibilitam contribuir sobremaneira com os propósitos das
campanhas contra a Dengue, esse recurso não tem sido usado de maneira eficiente.
Isso porque, na maioria das vezes, os sites carecem de linguagem, conteúdo e
recursos adequados para que possam atingir o usuário no sentido de informá-lo e
promover mudança de comportamento do mesmo. Um dos caminhos para resolver
essa situação é adequar os sites às demandas do utilizador, construindo um site
com e para a comunidade, de maneira que ele seja não apenas uma tecnologia
disponível, mas uma tecnologia social que promova o desenvolvimento da
sociedade.
Palavras-chave: Dengue, Novas tecnologias, Tecnologia social.
ABSTRACT
Dengue is one of the most important viral disease in the world. Every year it affects
millions of human beings, especially in tropical weather countries. In this areas
temperature and humidity enhance Dengue Virus vector (Aedes aegypti mosquito)
growth. While there is no vaccine approved for preventive use, there are plenty of
Government attempts in order to control or lessen the spread of this infection. Among
Public Health Propaganda strategies one is the attempt to strengthen public
awareness and community mobilization through new technologies use. In this matter
internet has been often used as a means to health promotion support. Although
internet use has huge chances of helping anti Dengue propaganda, this resource has
not yet been properly used. This is mainly a result of site’s lack of communication,
content and resources to reach the reader, inform him and promote his change of
behaviour. One way to solve this question is making sites address the user´s
demands, built with and by the community, in order to make it not only one kind of
technology available, but also a social technology promoting society development.
Keywords: Dengue, New technologies, Social technology.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
QUADRO 1. Principais responsabilidades/competências de cada ponto de
atenção.......................................................................................................................32
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
DENERu
Departamento Nacional de Endemias Rurais
FD
Febre Dengue
FHD
Febre Hemorrágica do Dengue
FUNASA
Fundação Nacional de Saúde
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LIRAa
Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti
OPAS
Organização Pan-Americana de Saúde
PACS
Programa de Agentes Comunitários de Saúde
PEAa
Programa de Erradicação do Aedes aegypti
PIACD
Plano de Intensificação das Ações de Controle do Dengue
PNCD
Programa Nacional de Controle da Dengue
PSF
Programa de Saúde da Família
RNA
Ácido Ribonucleico
SUCAM
Superintendência de Campanhas de Saúde Pública
UIT
União Internacional de Telecomunicações
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................11
1 UM MOSQUITO REAL NUM MUNDO VIRTUAL....................................................13
2 O MOSQUITO CAIU NA REDE...............................................................................38
3 METODOLOGIA......................................................................................................53
4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS...................................................................57
5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO – UM PEQUENO GUIA DE IDEIAS PARA
ELABORAÇÃO DE SITES SOBRE A DENGUE.......................................................69
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................74
REFERÊNCIAS...........................................................................................................76
ANEXOS.....................................................................................................................80
ANEXO A. Autorização para pesquisa ...................................................................80
ANEXO B. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido....................................81
ANEXO C. Roteiro de Entrevista..............................................................................83
ANEXO D. Respostas ao roteiro das entrevistas..................................................85
ANEXO E. Modelo de site sobre Dengue................................................................99
ANEXO F. Modelo de site contra Dengue com sugestões indicadas................100
11
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa teve como finalidade estudar o uso dos sites do Ministério da Saúde e
seus aspectos relativos à Dengue como ferramenta de apoio às campanhas de
saúde pública que têm como objetivo a minimização e/ou controle do número de
casos da doença no Brasil. Por meio do estudo dos conhecimentos já produzidos
sobre o uso das novas tecnologias a favor do desenvolvimento da sociedade, em
especial das suas relações com a educação em saúde, buscou-se oferecer uma
proposta ideal para que os sites da internet possam servir realmente como
instrumentos de informação e mobilização da sociedade em prol do controle da
doença. Vários aspectos justificam a importância social deste trabalho. Cabe
ressaltar que um dos mais relevantes diz respeito ao fato de que, embora
atualmente vivamos a explosão do desenvolvimento tecnológico, surge também a
necessidade de gerenciamento dessas novas tecnologias de modo que elas, de fato,
possam se transformar em tecnologias sociais. Nesse sentido, vê-se a necessidade
de essas novas tecnologias estarem sendo executadas junto à população, que é
quem melhor pode dizer qual é a sua realidade.
No capítulo 1, aspectos técnicos relacionados à Dengue são tratados de forma que
se possa entender um pouco mais sobre seu ciclo biológico A compreensão do
mecanismo de ocorrência da doença permite o entendimento da premente
necessidade que se faz para se obter um controle real da doença. Ainda nesse
capítulo, busca-se um pouco sobre a história da ocorrência dessa moléstia no Brasil
e as tentativas de controle. Além disso, faz-se um apanhado sobre as políticas mais
recentes de controle da Dengue no país e suas principais premissas. Mais à frente,
aborda-se a importância da gestão social como ferramenta essencial para o
combate à Dengue.
Já o capítulo 2 trata das questões que envolvem as novas tecnologias e a saúde, em
especial a Dengue. A incorporação de tecnologias no setor de saúde pode ser
determinada por uma ampla gama de fatores, alguns determinados pela natureza da
própria tecnologia ou do problema relevante e outros pelas ações e interesses dos
diversos grupos envolvidos. Com a necessidade de os diversos atores sociais
12
encontrarem os mecanismos mais adequados para conviver com este cenário de
mudança permanente e cada vez mais veloz, é preciso que todos se ajustem e que
o uso dessas tecnologias, de fato, se torne relevante para quem delas se utiliza.
Caso contrário, perde-se o sentido em usá-las.
Os aspectos metodológicos desta pesquisa são tratados no capítulo 3. Esse
caminho é necessário para que se possa definir os problemas e traçar possibilidades
de solução. Os procedimentos de investigação desta pesquisa são baseados na
abordagem qualitativa e em procedimentos de investigação sustentados pela análise
de conteúdo, adoção de instrumentos de coleta e tratamento de dados obtidos pela
análise do site “Combata a Dengue” do Ministério da Saúde.
A descrição e a análise dos dados obtidos propriamente ditas são feitas no capítulo
4. Isso possibilita o entendimento da situação-problema ao estabelecer um
comparativo entre a situação atual em que o site analisado se encontra e a real
necessidade do usuário explicitada por meio de entrevistas.
Os dados obtidos pela análise do site e embasados pelas entrevistas com seus
possíveis utilizadores mostram que o site não atende às expectativas dos seus
possíveis utilizadores. Assim, fica reduzida a possibilidade de que uma tecnologia
interessante e intensamente utilizada sirva de apoio eficaz às ações de saúde
pública no que concerne ao combate à Dengue.
Com base na análise e coleta de dados, no capítulo 5, faz-se uma proposta de
intervenção, visando à reformulação do site de modo que este possa se configurar
em uma ferramenta eficiente de apoio à informação e conscientização da população
sobre a Dengue, gerando a adoção de práticas de educação em saúde por parte da
população e que culmine em maior desenvolvimento social.
É importante informar que esta pesquisa se deu no município de São João del-Rei,
MG.
13
1 UM MOSQUITO REAL NUM MUNDO VIRTUAL
1.1 Sobre a Dengue
Para que se possa controlar uma doença, é extremamente necessário aprender
sobre ela. Em todo o Brasil, são realizados diversos tipos de campanha com o
objetivo de informar a população a respeito da Dengue e seus meios de controle. A
grande maioria dessas campanhas dá ênfase ao controle do mosquito vetor, visto
que, enquanto não há uma vacina eficaz que proteja a população contra o denguevírus, o mais provável é que a Dengue continue a ser um problema grave nos anos
que virão, pois a imunização contra a doença ainda enfrenta alguns sérios entraves.
Donalisio (1999, p. 49) os elenca como sendo:
a) os anticorpos têm reatividade cruzada, porém não protegem contra a
infecção por outros sorotipos. b) Os vírus da Dengue crescem lentamente
em meio de cultura. c) Os fatores ligados à virulência ainda não estão
elucidados. d) Não existe modelo animal de infecção para estudo.
Dessa forma, a maior arma de controle da doença é a erradicação do mosquito
Aedes aegypti por meio de programas de controle eficientes, vigilância
epidemiológica
ativa
e
atuante,
melhoria
do
diagnóstico
laboratorial
e,
principalmente, a educação para a saúde.
O controle de uma doença pode ter diferentes objetivos dependendo do grau de
conhecimento científico que se tenha, dos recursos tecnológicos disponíveis e das
condições socioeconômicas e políticas existentes. Entre a erradicação, objetivo mais
ambicioso, e a redução da sua incidência ou da sua gravidade, estabelecem-se os
objetivos das atividades de controle específicas e determinam-se as medidas
preventivas disponíveis a serem utilizadas.
14
No que se refere à Dengue, é preciso que se determinem, diante dos
conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis, quais são os objetivos
das atividades de controle passíveis de ser alcançados, estabelecendo-se
as medidas preventivas adequadas a estes objetivos (TAUIL, 1998, p. 55).
Sabendo-se que, no momento, a medida mais eficaz de controle da doença é a
erradicação dos focos de reprodução do mosquito transmissor do vírus da Dengue,
faz-se necessário fortalecer a consciência individual e coletiva, sensibilizando o
público em geral quanto à importância da colaboração de todos na tentativa de
erradicar o agente transmissor, utilizando, para tanto, todas as formas de
divulgação, informando e conscientizando todos, sociedade e governo, da
importância de participação neste processo.
Em 1996, o Ministério da Saúde criou o Programa de Erradicação do Aedes aegypti
(PEAa). Durante a aplicação desse Programa, percebeu-se o quão é imprescindível
e necessário ter-se um modelo descentralizado de combate à doença com a
participação da população e de todos os níveis e setores de governo. Desde então,
todos os governos primam por campanhas de combate à Dengue que envolvam
todos os setores do governo juntamente com a sociedade civil. Essas campanhas
envolvem desde a distribuição de folhetos informativos até propagandas maciças em
televisão, rádio e internet.
O site oficial do Ministério da Saúde (FIG. 1) é utilizado como ferramenta de
informação e educação para o combate à Dengue. Ao clicar em “Ações e
Programas”, o leitor é direcionado ao site específico sobre a doença (FIG. 2), que
reúne diversos tipos de informações para variados segmentos da sociedade. No
entanto, o real crescimento do número de casos da doença leva a crer que, mesmo
com a utilização dessas ferramentas, as campanhas de controle da Dengue não têm
sido eficazes no cumprimento dos seus objetivos.
15
FIGURA 1. Site Portal da Saúde.
Fonte: Brasil (2012a).
16
FIGURA 2. Site Portal da Saúde “Combata a Dengue”.
Fonte: Brasil (2012b).
Assim, o que se pretendeu estudar nesta pesquisa é como uma tecnologia pode ser
usada em prol de ações efetivas de combate à Dengue, tendo em vista a elaboração
de estratégias de educação para a saúde da população e que culminem em
desenvolvimento social. Para isso, será analisada a estrutura de informação dos
sites do Ministério da Saúde e se elas, de fato, são apropriadas para a construção
de instrumentos de tecnologia social que o combate à Dengue solicita.
17
1.2 Alguns aspectos técnicos sobre a Dengue
O século XX foi marcado pelo retorno de doenças muito conhecidas pela população
e pela ciência, mas que haviam sido controladas. A Dengue é um exemplo. Relatada
no mundo desde o século XVII, é uma doença infecciosa bem conhecida e com
causa bem definida: a transmissão de um vírus (vírus Dengue) aos seres humanos
por mosquitos Aedes aegypti, que foram importados da África para a América
durante o período de colonização.
O vírus Dengue, de genoma RNA, tem conhecidos quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2,
DEN-3 e DEN-4. Ocorre principalmente em áreas tropicais e subtropicais do mundo
com epidemias, especialmente, nos períodos chuvosos. O mosquito contaminado
pelo vírus Dengue realiza a oviposição em recipientes de todo tipo que contenham
água, o que, no mundo moderno, tornou-se fator extremamente favorável para sua
rápida expansão devido às deficiências de limpeza urbana e abastecimento de água,
utilização maciça de materiais não-biodegradáveis e mudanças climáticas.
Considera-se, hoje, que cerca de 2,5 a 3 bilhões de pessoas vivam em países
expostos ao vírus Dengue.
Torres (2005, p. 11) afirma que, entre os anos de 1956 e 1980, a média anual de
casos de Dengue no mundo foi de 61.910. Já de 1981 a 1985, essa média subiu
para 260.861 casos e, de 1986 até 1995, o número médio de casos aumentou para
350 mil. Entre os anos de 2000 e 2005, esse indicador chegou a 926 mil casos. E,
de acordo com dados do Ministério da Saúde, no ano de 2009, foram notificados
266.285 casos de Dengue.
Para que a transmissão da doença ocorra, devem estar presentes simultaneamente
o vírus, o vetor e o hospedeiro suscetível. A transmissão efetiva se dá quando o
mosquito fêmea, hematófago e contaminado pelo vírus pica o homem e inocula com
a saliva as partículas virais que atingem a corrente sanguínea do indivíduo.
Atualmente, são conhecidos somente três hospedeiros naturais para o vírus
Dengue: alguns primatas, os mosquitos Aedes e os seres humanos, sendo que os
últimos são os únicos capazes de expressar clinicamente a infecção pelo vírus.
18
A transmissão do Dengue depende, em grande parte, da população de
vetores disponível (fêmeas adultas) e de suas possibilidades de
sobrevivência e reprodução na região; do tempo de geração da doença no
mosquito (em média dez dias); de sua resistência à infecção e capacidade
de adaptação a situações adversas, naturais ou não (DONALISIO, 1999, p.
45).
A doença é classificada clinicamente em duas formas principais: a febre Dengue
(FD), chamada também de Dengue clássico; e a febre hemorrágica do Dengue
(FHD), uma variação mais grave da doença.
De acordo com Torres (2005, p. 11):
Apesar de as formas mais graves do Dengue, sobretudo aquelas
registradas como Dengue hemorrágico, se constituírem numa proporção
relativamente baixa do total de casos epidêmicos, em números absolutos
podem ter significado assustador pelo potencial de letalidade e pelos
cuidados que requerem.
As causas da ocorrência de formas graves ainda não estão plenamente
estabelecidas, existindo algumas teorias explicativas relacionadas à maior virulência
da cepa de vírus infectante, à sequência de infecções pelos diferentes sorotipos do
agente etiológico, a fatores individuais do hospedeiro e a uma combinação de todas
as explicações anteriores. Por outro lado, apesar de muito pesquisada, ainda não
está disponível uma vacina preventiva que, para ser eficaz, deverá induzir uma
imunidade duradoura.
Ainda segundo Torres (2005, p. 37), os fatores responsáveis pelo ressurgimento das
epidemias de Dengue são:
O crescimento sem precedentes da população humana; a urbanização não
planejada e nem controlada; o abastecimento de água e tratamento de
resíduos inadequados; o aumento na densidade e distribuição dos
mosquitos vetores; a ausência de um controle efetivo do mosquito; o
19
aumento na disseminação dos vírus Dengue; o desenvolvimento da
hiperendemicidade e a deterioração da infraestrutura de saúde pública.
Soma-se a isso a própria biologia do mosquito vetor que tem dispersão ativa
mediana, ou seja, tem capacidade de voo para oviposição que ultrapassa cerca de
700m/dia, exerce a hematofagia tanto dentro como fora das casas e tem hábito
alimentar diurno.
Assim, de acordo com Neves (2004, p. 328):
Essa espécie é dotada de certa habilidade de escapar de ser morto pelas
vítimas durante o repasto sanguíneo pelos voos rápidos e retornando a
atacá-la ou procurar outra vítima. Este comportamento tem grande
importância epidemiológica, pois uma fêmea infectada pode ter várias
alimentações sanguíneas curtas em diferentes hospedeiros disseminando
assim vírus da Dengue.
Além disso, os mosquitos põem cerca de dez a 30 ovos por criadouro, o que facilita
a sua dispersão e sobrevivência. Os ovos, também, são altamente resistentes à
dessecação, e essa característica permite que sejam transportados intactos a
grandes distâncias. Esse é considerado um dos principais obstáculos para o controle
da proliferação de mosquitos Aedes aegypti.
1.3 A Dengue no Brasil
Segundo Neves (2004, p. 328), no Brasil, os primeiros casos reportados dessa
doença datam de 1845 no Rio de Janeiro. Em navios, quando aqui atracavam por
uns dias, ao se encherem novamente os tonéis de água, as larvas eclodiam e, cerca
de oito dias depois liberavam os adultos, que invadiam o litoral. Mais tarde, a
disseminação desse mosquito passou a ser feita por meio de veículos terrestres e
de aviões. Foi severamente combatido nas Américas, durante as décadas de 1940 e
1950, tendo sido considerado sob controle, por volta de 1955, em todos os países
20
americanos, com exceção do sul dos EUA, algumas ilhas do Caribe e de uma
porção norte da América do Sul.
Esse descuido (mas que hoje parece mais um descaso) provocou sua reintrodução,
em 1967, em Belém e São Luís; em 1976, em Salvador; em 1977, no Rio de Janeiro
e em Santos; em 1979, em Natal; e em 1981, no Paraná (Foz do Iguaçu). Durante
esses anos, as medidas de controle eram esporádicas e isoladas. Isso fez com que,
em 1985/1986 e 1997/1998, o Aedes aegypti fosse encontrado praticamente em
todos os estados brasileiros (NEVES, 2004, p. 328).
Nos anos de 1998, 2002, 2008 e 2010, o país viveu sérias epidemias de Dengue,
sendo que, em julho de 2010, foi notificado no estado de Roraima o primeiro caso de
suspeita de Dengue por infecção do vírus tipo 4, 28 anos depois de esse sorotipo ter
circulado no país.
Dados da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde registraram um
total de 721.546 casos de Dengue no país até 1º/10/2011. Comparando-se esses
dados com outros do mesmo período do ano anterior, percebe-se uma redução de
24% no total de casos. Ainda de acordo com esses dados, a Região Sudeste do
país tem o maior número de casos (343.731 casos; 47,6%), seguida das Regiões
Nordeste (184.663 casos; 25,6%), Norte (113.638 casos; 15,7%), Centro-Oeste
(44.552 casos; 6,2%) e Sul (34.962 casos; 4,8%). Em relação ao ano de 2010,
observam-se redução de casos nas Regiões Sudeste (-26%), Centro-Oeste (-78%) e
Sul (-13%) e aumento nas regiões Norte (47%) e Nordeste (18%).
Já os dados relativos aos municípios divulgados pelo Levantamento de Índice
Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) (2011) revelam que 48 municípios
brasileiros estão em risco de ocorrência de surtos de Dengue. O LIRAa é um mapa
realizado pelo Ministério da Saúde em conjunto com as Secretarias Municipais de
Saúde, que permite identificar onde estão os focos de reprodução do mosquito
transmissor da doença. O estudo foi feito entre os meses de outubro e novembro de
2011 em 561 municípios do Brasil.
21
O LIRAa aponta ainda que 236 cidades estão em alerta (com índices entre 1 e 3,9%)
e 277 possuem índice satisfatório, abaixo de 1%. Os municípios em situação de
risco, incluindo três capitais – Rio Branco (AC), Porto Velho (RO) e Cuiabá (MT) –,
estão localizados em 16 estados brasileiros: quatro na Região Norte, sete no
Nordeste, três no Sudeste, um no Centro-Oeste e um na Região Sul. Entre as
capitais em situação de alerta, destacam-se Salvador, com índice de infestação de
3,5%, Recife (3,1%), Belém (2,2%), São Luís (1,6%) e Aracaju (1,5%).
1.4 Breve histórico das ações de controle da Dengue no Brasil
A evolução histórica do controle do Dengue no Brasil apresenta alguns momentos
importantes de acordo com Braga e Valle (2007):
1.
1902-1907: instituição das brigadas sanitárias por Oswaldo Cruz, no Rio de
Janeiro, com a função de detectar casos de febre amarela e eliminar possíveis focos
de Aedes aegypti;
2.
décadas de 1930 e 1940: foram executadas intensas campanhas de
erradicação de Aedes aegypti nas Américas (no Brasil, principalmente nas cidades
litorâneas do Nordeste) apoiadas pela Fundação Rockfeller;
3.
1947: a Organização Pan-Americana da Saúde e a Organização Mundial da
Saúde decidiram coordenar a erradicação do Aedes aegypti no continente por
intermédio do Programa de Erradicação do Aedes aegypti no Hemisfério Oeste.
Programas eficientes contra o vetor foram implementados em todos os países latinoamericanos entre o final da década de 1940 e a década de 1950, o que fez com que
a espécie fosse eliminada em quase toda a América, com exceção dos Estados
Unidos da América, Suriname, Venezuela, Cuba, Jamaica, Haiti, República
Dominicana e em parte da Colômbia;
4.
1955: o Brasil participou da campanha de erradicação continental do Aedes
aegypti e teve êxito na primeira eliminação do mosquito vetor da Dengue. O último
foco do mosquito foi extinto no dia 2 de abril daquele ano na zona rural do município
de Santa Terezinha, Bahia;
22
5.
1956: foi criado o Departamento Nacional de Endemias Rurais (DENERu),
que assumiu as ações de combate à febre amarela e à malária, incorporando o
Serviço Nacional de Febre Amarela e a Campanha de Erradicação da Malária;
6.
1958: na XV Conferência Sanitária Pan-Americana, em Porto Rico, foi
oficialmente declarado que o país conseguira erradicar o vetor;
7.
1967: criou-se a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública
(SUCAM), que absorveu as funções do DENERu. No mesmo ano, confirmou-se a
reintrodução do Aedes aegypti no país, no estado do Pará, e, dois anos depois, em
1969, no Maranhão. Em 1973, um último foco foi eliminado e o vetor, novamente,
considerado erradicado do território brasileiro;
8.
1976: devido a falhas na vigilância epidemiológica e de mudanças sociais e
ambientais decorrentes da urbanização acelerada dessa época, o vetor foi
reintroduzido no país. Na época, como ainda não havia o registro de casos de
Dengue, todas as ações eram focadas na erradicação do vetor. Inicialmente, o
programa foi coordenado pela SUCAM por intermédio do Programa Nacional de
Controle da Febre Amarela e Dengue;
9.
1990: a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) foi criada e passou a ser
responsável pela coordenação das ações de controle da Dengue;
10.
1996: o Ministério da Saúde elaborou o Plano de Erradicação do Aedes
aegypti (PEAa), cuja principal preocupação residia nos casos de Dengue
hemorrágica que podem levar à morte;
11.
1997: só a partir deste ano, o PEAa conseguiu iniciar o processo de
implantação das ações pretendidas mediante celebração de convênios;
12.
1999: o PEAa alcançou a marca de 3.701 municípios conveniados;
13.
2001: a FUNASA abandonou oficialmente a meta de erradicar o Aedes
aegypti do país e passou a trabalhar com o objetivo de controlar o vetor. Foi
implantado o Plano de Intensificação das Ações de Controle do Dengue (PIACD);
14.
2002: foi implantado o Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD),
que deu continuidade a algumas propostas do PIACD.
Por meio desse breve histórico, é possível perceber que várias ações de controle da
Dengue vêm sendo realizadas no país. O Ministério da Saúde tem investido grande
montante de recursos nessas ações. Ainda segundo Braga e Valle (2007), no ano de
2002, dos R$ 1.033.817.551,00 gastos com o controle da Dengue, 85% foram
23
empregados na vigilância e no controle do vetor. Em 2003, essas ações absorveram
cerca de R$ 790 milhões, basicamente em custeio, compra de equipamentos e
inseticidas, manutenção e capacitação de pessoal e ações de comunicação social.
Discussões recentes sobre o controle da Dengue apontam para a
necessidade de maiores investimentos em metodologias adequadas, para
sensibilizar a população sobre a necessidade de mudanças de
comportamento que objetivem o controle do vetor e no manejo ambiental,
incluindo a ampliação do foco das ações de controle racional de vetores,
para minimizar a utilização de inseticidas e, dessa forma, garantir maior
sustentabilidade às ações (BRAGA; VALLE, 2007, p. 117).
Observa-se que o controle da Dengue requer a formulação e implementação de
soluções integradas que levem em consideração e – primordialmente – as interrelações entre os fatores ambientais, sociais, culturais e econômicos e que
envolvam os diversos atores sociais, populações locais, pesquisadores e gestores
de diversas áreas.
1.5 Políticas públicas de controle da Dengue mais recente no Brasil: o Plano
Nacional de Controle da Dengue (PNCD) e as Diretrizes Nacionais para a
Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue
Obviamente, para que uma política pública seja eficaz, é preciso que esteja
integrada ao seu público-alvo: a sociedade, para quem ela é dirigida. Esse é um
elemento importantíssimo para a sustentabilidade, a legitimidade e a eficácia das
ações, uma vez que, se as políticas públicas são voltadas para o melhoramento da
vida das pessoas, elas têm necessariamente que aderir a ela.
Sabe-se, que, quando se atribui um papel ativo à população na identificação dos
problemas e soluções a partir de suas necessidades específicas tornando-as
protagonistas e não coadjuvantes nas ações públicas, há significativa mudança de
comportamento e envolvimento com o problema em questão. Em se falando de
Dengue, isso é vital, visto que a erradicação (ou minimização) da doença só será
24
conseguida se houver total envolvimento e participação, em níveis variados, da
sociedade nas ações de controle do mosquito transmissor.
Muitas vezes, um programa ou iniciativa social com objetivos bem definidos
fracassa em reconhecer a complexidade das carências e o problema das
famílias em uma rede intrincada de necessidades. Isto porque nenhum
programa setorial é capaz de enfrentar, isoladamente, as múltiplas
dimensões dos problemas sociais. A partir destas considerações,
compreender diferenças e pontos de contato de experiências intersetoriais
recentes no cenário brasileiro contribui para a sistematização das múltiplas
lógicas que atravessam as políticas sociais e de saúde e, ao mesmo tempo,
consolidar aprendizados importantes em torno das oportunidades e dos
dilemas que envolvem a construção de alternativas e o alcance de
resultados (MAGALHÃES; BODSTEIN, 2009, p. 63).
Como todas as ações de combate à Dengue realizadas pelo governo são
desenvolvidas por meio de políticas públicas, faz-se necessário entender o seu
conceito. De maneira simplificada, uma política pública refere-se a um conjunto de
decisões das autoridades públicas (que devem resultar em ações e metas
cumpridas) com o intuito de beneficiar a sociedade num determinado setor e,
normalmente, se apresenta na forma de programas governamentais.
Pode-se assim dizer que o processo de formação de uma política pública começa
com o reconhecimento de um problema comum a uma população como assunto
público e que precise de intervenção governamental. Sabe-se, hoje, que políticas
públicas eficientes devem envolver a interação de um conjunto de atores que
trabalhem em prol de uma solução (ou minimização) de um determinado problema.
No âmbito do controle da Dengue, todos os anos, são lançados programas de
controle nos vários níveis de governo, desde o municipal até o federal. Entretanto,
até bem pouco tempo atrás, esses programas se apresentavam de forma setorial e
desarticulada, como, por exemplo, o PEAa, já citado anteriormente.
É necessário, também, que gestores públicos e pesquisadores atentem-se para a
promoção da apropriação do conhecimento científico pela sociedade, de forma clara,
rápida e eficaz. Um programa para o combate à Dengue bem planejado deve ser
25
baseado em conhecimentos científicos integrados em que se coloquem claramente
as informações gerais acerca da doença.
Dessa forma, foi necessário que se desenvolvessem trabalhos intersetoriais,
descentralizados, fruto de uma rede de ações em que houvesse o envolvimento de
todos os setores da sociedade em rede e não apenas dos profissionais de saúde;
mas também dos governos em todos os seus níveis e setores (vigilância
epidemiológica e entomológica, centros de saúde e agentes de saúde, entre outros),
das escolas (alunos, professores grupos de pais), que devem se comprometer a
elaborar e implementar ações eficazes de controle do vetor em áreas que podem
oferecer condições para a proliferação dos mosquitos.
Em relação à descentralização, entende-se aqui que as ações em saúde pública
devem ser distribuídas entre as três esferas de governo: federal, estadual e
municipal.
Nessa direção, Junqueira, Inojosa e Komatsu (1997, p. 65) afirmam:
As estruturas setorializadas tendem a tratar o cidadão e os problemas de
forma fragmentada, com serviços executados solitariamente, embora as
ações se dirijam à mesma criança, à mesma família, ao mesmo trabalhador
e ocorram no mesmo espaço territorial e meio ambiente. Conduzem a uma
atuação desarticulada e obstaculizam mesmo os projetos de gestões
democráticas e inovadoras. O planejamento tenta articular as ações e
serviços, mas a execução desarticula e perde de vista a integralidade do
indivíduo e a inter-relação dos problemas.
No entanto, essa distribuição não deve ser feita de forma descoordenada, mas num
panorama que abarque o que chamamos de intersetorialidade. De acordo com
Junqueira et al. (1997, p. 53), intersetorialidade é aqui entendida como “a articulação
de saberes e experiências no planejamento, realização e avaliação de ações, com o
objetivo de alcançar resultados integrados em situações complexas, visando um
efeito sinérgico no desenvolvimento social”.
26
É também o que entendemos por atuar em rede. Segundo Scherer-Warren (1999),
as redes caracterizam-se pela busca de articulações mais horizontalizadas, evitando
o centralismo e a burocratização organizacional.
As redes, por serem multiformes, aproximam atores sociais diversificados –
dos níveis locais aos mais globais, de diferentes tipos de organizações – e
possibilitam o diálogo da diversidade de interesses e valores. Ainda que
esse diálogo não seja isento de conflitos, o encontro e o confronto das
reivindicações e lutas referentes a diversos aspectos da cidadania vêm
permitindo aos movimentos sociais passarem da defesa de um sujeito
identitário único à defesa de um sujeito plural (SCHERER-WARREN, 2006,
p. 115).
No entanto, atuar em rede gera um aumento de responsabilidade em cada um dos
setores envolvidos. Por outro lado, faz gerar o sentido de cooperação e participação
na busca de respostas aos diversos problemas que assolam as sociedades.
Para Gohn (2007, p. 14):
Participação é uma das palavras mais utilizadas no vocabulário político,
científico e popular na modernidade. Dependendo da época e da conjuntura
histórica, ela aparece associada a outros termos, como democracia,
representação, organização, conscientização, cidadania, solidariedade,
exclusão.
Em relação à Dengue, essa palavra é extremamente usada e se refere à
mobilização da sociedade por meio de políticas públicas de ações práticas e que
objetivam controlar o avanço da doença. Já a participação, peça-chave para a
erradicação (ou diminuição) do número de casos de Dengue, refere-se ao
envolvimento da sociedade nas ações contra a doença.
Trata-se, principalmente, da participação comunitária nas políticas públicas, em que
toda a comunidade é entendida como parte do problema e, portanto, tem poder
decisório sobre ele.
27
Ainda de acordo com Gohn (2007, p. 13-14):
O entendimento dos processos de participação da sociedade civil e sua
presença nas políticas públicas nos conduz ao entendimento do processo
de democratização da sociedade brasileira; o resgate dos processos de
participação leva-nos, portanto, às lutas da sociedade por acesso aos
direitos sociais e à cidadania. Nesse sentido, a participação é, também, luta
por melhores condições de vida e pelos benefícios da civilização.
Já se sabe, também, que essa participação das populações nos processos de
pesquisa e nas ações de controle da Dengue é demasiadamente importante. Como
lembram Augusto, Carneiro e Martins (2005), diversos artigos argumentam que é
necessário mudar o foco da participação do nível apenas familiar para o nível da
família como rede social, incorporando, além das relações de consanguinidade, as
alianças e laços de amizade, trabalho e vizinhança.
É por meio de uma atuação integrada, envolvendo as múltiplas redes sociais, que se
viabiliza uma eficiente ação coletiva para controlar a proliferação dos mosquitos
tanto no bairro como na comunidade. Destaca-se, também, a importância de se
envolver no controle da Dengue agentes de saúde que sejam moradores do bairro
onde trabalham, o que facilita e acelera os contatos com a comunidade e as ações
de vigilância, para que se enraízem nas diversas redes sociais existentes.
A intersetorialidade é a articulação de saberes e experiências no planejamento,
realização e avaliação de ações para alcançar efeito sinérgico em situações
complexas visando ao desenvolvimento social. Embora já se fale há algum tempo
sobre este tema, ele ainda é um grande desafio para os profissionais de todos os
setores, pois resulta em mudanças nas práticas e na cultura das organizações,
encontrando ainda resistência de grupos contrários a essa prática. Dessa forma, é
preciso mostrar (ou abordar, ou reafirmar) para os diversos segmentos da sociedade
que políticas públicas que envolvam construção coletiva, cooperação, ações
coletivas, compromisso e parceria, entre outros, normalmente resultam no
“desenvolvimento social” (JUNQUEIRA et al., 1997).
28
Diferentemente do PEAa, as políticas públicas mais recentes tentam abarcar os
conceitos de rede e intersetorialidade. Obviamente, isso significa um avanço se
comparadas às políticas anteriores. Porém, muitos outros problemas ainda estão por
resolver.
O Plano Nacional de Controle da Dengue (PNCD), instituído em 24 de julho de 2002,
no então governo Fernando Henrique Cardoso, tem como objetivo reduzir a
infestação do Aedes aegypti, a incidência da Dengue e a letalidade por febre
hemorrágica da Dengue. Para isso, o Plano propõe que sejam sistematizadas
estratégias, atribuições e procedimentos para o enfrentamento do problema.
Esse Plano foi elaborado em um momento em que houve aumento no número de
casos da doença e a introdução de um novo sorotipo de vírus da Dengue (DEN-3), o
que prenunciava um elevado risco de epidemia. Além disso, verificou-se que o
Programa de Erradicação do Aedes aegypti (PEAa), criado em 1996, não atingia
seus objetivos e que era necessidade premente rever as estratégias para o controle
da doença.
O PNCD procura incorporar as lições das experiências nacionais e
internacionais de controle da Dengue, enfatizando a necessidade de
mudança nos modelos anteriores, fundamentalmente em alguns aspectos
essenciais: 1) a elaboração de programas permanentes, uma vez que não
existe qualquer evidência técnica de que a erradicação do mosquito seja
possível, a curto prazo; 2) o desenvolvimento de campanhas de informação
e de mobilização das pessoas, de maneira a se criar uma maior
responsabilização de cada família na manutenção de seu ambiente
doméstico livre de potenciais criadouros do vetor; 3) o fortalecimento da
vigilância epidemiológica e entomológica para ampliar a capacidade de
predição e de detecção precoce de surtos da doença; 4) a melhoria da
qualidade do trabalho de campo de combate ao vetor; 5) a integração das
ações de controle da Dengue na atenção básica, com a mobilização do
Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e Programa de
Saúde da Família (PSF); 6) a utilização de instrumentos legais que facilitem
o trabalho do poder público na eliminação de criadouros em imóveis
comerciais, casas abandonadas etc.; 7) a atuação multissetorial por meio do
fomento à destinação adequada de resíduos sólidos e a utilização de
recipientes seguros para armazenagem de água; e 8) o desenvolvimento de
instrumentos mais eficazes de acompanhamento e supervisão das ações
desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, estados e municípios (PNCD,
2002, p. 4).
29
O PNDC tem diversos componentes; entre eles, o “Componente 6”, que trata
especificamente de ações integradas em educação e saúde, comunicação e
mobilização social.
Nesse item, o PNDC sugere que, como ações de educação e mobilização social, os
municípios devem elaborar um programa de educação em saúde e mobilização com
ações de controle à proliferação do mosquito. Deve o município atuar, também, na
organização do Dia Nacional de Mobilização contra a Dengue, no mês de novembro,
e constituir comitês nacionais e estaduais de mobilização com a participação dos
mais variados segmentos da sociedade.
O documento ainda coloca que se deve informar ao poder executivo dos municípios
as ações que devem ser desenvolvidas e as estratégias a serem adotadas, além de
incentivar a população a participar e fiscalizar as ações de controle executadas pelo
poder público.
Em relação especificamente à comunicação social, o documento tem como objetivo:
Divulgar e informar sobre ações de educação em saúde e mobilização
social para mudança de comportamento e de hábitos da população,
buscando evitar a presença e a reprodução do Aedes aegypti nos
domicílios, por meio da utilização dos recursos disponíveis na mídia (PNCD,
2002, p. 9).
Salienta, ainda, para a necessidade de veiculação de campanhas publicitárias
durante todo o ano (com ênfase aos meses que antecedem aos períodos chuvosos):
a própria divulgação do PNCD, a inserção de conteúdos de educação em saúde em
programas de grande audiência e a manutenção da mídia informada em relação à
situação da implantação do PNCD.
Apesar de nesse Programa haver ideias interessantes para que se possa combater
a Dengue, é, ao mesmo tempo, contraditório perceber que em nenhum momento o
documento faz menção de como colocar em prática todas as ações sugeridas ali. O
texto parece partir do pressuposto de que os municípios já sabem como implementar
30
essas ações. Em tempos de multiplicidade de mídias e enormes possibilidades de
capilarização da informação, esse documento continua repassando apenas o
chamado “conhecimento verticalizado” sem informar aos municípios como as ações
podem ser alcançadas, mas apenas que se deve fazê-las.
Já as Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue,
documento do ano de 2009, instituído no governo do presidente Luís Inácio Lula da
Silva, revelam-se muito mais complexas e voltadas, principalmente, para os gestores
públicos. José Gomes Temporão, ministro da Saúde à época, assina a apresentação
do documento e ressalta:
[...] o Ministério da Saúde apresenta as Diretrizes Nacionais para a
Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, que possibilitarão aos
gestores adequar seus planos estaduais, regionais, metropolitanos ou
locais, tornando-se imperioso que o conjunto das atividades que vêm sendo
realizadas e outras a serem implantadas sejam intensificadas, permitindo
um melhor enfrentamento do problema e a redução do impacto da Dengue
sobre a população brasileira (BRASIL, 2009).
As Diretrizes ainda deixam claro, por um lado, seu objetivo de apoio aos estados e
municípios, mas não define como isso será feito.
As Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de
Dengue auxiliará estados e municípios na organização de suas atividades
de prevenção e controle, em períodos de baixa transmissão ou em
situações epidêmicas, contribuindo, dessa forma, para evitar a ocorrência
de óbitos e para reduzir o impacto das epidemias de Dengue. É um
documento desenvolvido com o intuito de organizar, orientar, facilitar,
agilizar e uniformizar as ações necessárias a uma resposta solidaria,
coordenada e articulada entre os integrantes do Sistema Único de Saúde
(BRASIL, 2009, p. 12).
As Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue
apresentam um texto interessante e bem elaborado, que já inclui um pouco de como
deve ser feito o controle da doença.
31
No item “Organização dos Serviços de Saúde”, faz-se menção à importância da
assistência primária na prevenção, atenção e controle da doença, mas já
considerando situações de epidemia. A seguir, a reprodução de como o documento
divide as funções dos chamados “Pontos de Atenção” e suas competências:
32
QUADRO 1. Principais responsabilidades/competências de cada ponto de atenção.
Pontos de Atenção
Atenção Primária
Unidade de Saúde da Família
Unidade Básica de Saúde
Centros de Saúde
Postos de Saúde
Atenção Secundária
Unidade de Saúde com suporte para
observação ou pronto atendimento
(UPA) ou hospital de pequeno porte.
Atenção Terciária
Hospital de referência com leitos de internação.
Identificação e estadiamento de casos suspeitos
de Dengue que dão entrada na unidade.
Manejo clínico de pacientes classificados no
Grupo C - Amarelo, conforme fluxograma
apresentado no componente Assistência, e
encaminhamento dos demais casos, após
avaliação e conduta, para o ponto de atenção
adequado.
Assegurar consulta de retorno,
preferencialmente na Atenção Primária, para
todos os pacientes atendidos na unidade.
Notificação dos casos.
Fonte: BRASIL (2009, p. 41).
Competências
Identificação e eliminação de criadouros
domiciliares em trabalho integrado com os ACE.
Identificação e estadiamento de casos suspeitos de
Dengue.
Hidratação oral imediata a todos os pacientes com
suspeita de Dengue em sua chegada à unidade de
saúde.
Manejo clínico de pacientes classificados no Grupo
A – Azul ou no Grupo B – Verde, quando possível,
conforme fluxogramas apresentados no
componente Assistência, e encaminhamento dos
demais casos para o ponto de atenção adequado.
Receber todos os pacientes após melhora clínica
satisfatória ou alta de qualquer outro ponto de
atenção, para realização de consulta de retorno e
acompanhamento.
Ações de educação em saúde e mobilização social,
com ênfase na mudança de hábitos para
prevenção e controle da Dengue.
Notificação dos casos.
Visita domiciliar dos ACS.
Identificação e estadiamento de casos suspeitos de
Dengue que dão entrada na unidade.
Manejo clínico de pacientes classificados no grupo
B - Verde e no Grupo Especial, conforme
fluxogramas apresentados no componente
Assistência, e encaminhamento dos demais casos,
após avaliação e conduta, para o ponto de atenção
adequado.
Assegurar consulta de retorno, preferencialmente
na APS, para todos os pacientes atendidos na
unidade.
Notificação dos casos.
Identificação e estadiamento de casos suspeitos de
Dengue que dão entrada na unidade.
Manejo clínico de pacientes classificados no Grupo
D – Vermelho, conforme fluxograma
apresentado no componente Assistência, e
encaminhamento dos demais casos, após
avaliação e conduta, para o ponto de atenção
adequado.
Assegurar consulta de retorno, preferencialmente
na Atenção Básica, para todos os pacientes
atendidos na unidade.
33
Um pouco adiante, no item “Controle vetorial”, mencionam-se a complexidade do
controle da doença e a participação não apenas do setor de saúde, mas de todos os
envolvidos que são considerados determinantes para que ocorra o controle do vetor
e o consequente abrandamento da doença.
[...] é fundamental, para o efetivo enfrentamento da Dengue, a
implementação de uma política baseada na intersetorialidade, de forma a
envolver e responsabilizar os gestores e a sociedade. Tal entendimento
reforça o fundamento de que o controle vetorial é uma ação de
responsabilidade coletiva e que não se restringe apenas ao setor de saúde
e seus profissionais (BRASIL, 2009, p. 53).
O texto segue com as diretrizes básicas para o controle vetorial, ressaltando as
atividades e ações preconizadas, os métodos e operacionalização do controle,
incluindo as atribuições dos profissionais envolvidos e os métodos de fiscalização.
Em relação à comunicação e mobilização, o documento salienta que as ações
educativas do SUS têm por base as ações de comunicação que geram a
mobilização.
O objetivo dessas ações é a adesão das pessoas e da sociedade
organizada, de maneira consciente e voluntária, para o enfrentamento de
determinado problema. Tais ações podem tanto estimular a mobilização a
partir de organizações sociais já existentes quanto fomentar a criação de
grupos ou associações que trabalhem em ações de prevenção e controle.
Essas áreas (comunicação e mobilização) devem manter ações e atividades
estratégicas e de rotina nas instituições nas quais estão inseridas, de forma
articulada e complementar, de modo a potencializar a divulgação, discussão
e compreensão de temas elegidos como prioritários e de relevância em
Saúde Pública. No contexto destas Diretrizes Nacionais para a Prevenção e
Controle de Epidemias de Dengue, a produção de informações oportunas,
coerentes e confiáveis sobre a Dengue faz parte do processo de
sensibilização e mobilização da população, necessário ao fortalecimento do
SUS na defesa da saúde das pessoas (BRASIL, 2009, p. 89).
As Diretrizes chamam a atenção, também, para que:
A comunicação não pode ser o único componente para trabalhar mudanças
de comportamento e que a educação em saúde exerce importante papel
34
neste processo e que esta deve ser entendia como um suporte para as
ações de gestão (BRASIL, 2009, p. 89).
Cabe, ao gestor, direcionar as ações de comunicação e mobilização para os
profissionais de saúde e população em geral, tornando-os corresponsáveis nos
processos de enfrentamento da doença. Por fim, o documento sugere medidas para
subsidiar os planos de comunicação e mobilização dos municípios de acordo com as
características epidemiológicas (períodos epidêmicos e não-epidêmicos) e com as
peculiaridades da gestão.
As Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue
também
definem
as
responsabilidades
de
cada
esfera
de
governo
na
operacionalização das medidas sugeridas e termina com um breve texto abordando
as questões de financiamento dos planos de prevenção e controle da Dengue.
Diante do exposto, não se pode negar os avanços obtidos em relação ao documento
de 2009 em detrimento ao de 2002. O documento mais recente dá ênfase às ações
de controle baseadas na intersetorialidade e preocupa-se um pouco mais com o
“como fazer” ao invés de apenas sugerir “o que fazer”. No entanto, aborda com certa
timidez as questões de comunicação e educação, comprovadamente essenciais no
controle de uma doença particularmente dependente dessas questões para que seja
controlada.
1.6 Gestão social eficiente: uma ferramenta essencial para o combate à
Dengue
A dinâmica da Dengue, associada à complexidade da população brasileira, exige
uma gestão pública eficiente para o enfrentamento da doença.
A gestão social relaciona-se com o conjunto de processos sociais na qual a
ação gerencial se desenvolve por meio de uma ação negociada entre seus
atores, perdendo o caráter burocrático em função de uma relação direta
entre o processo administrativo e a múltipla participação social e política. O
35
que se busca, dessa forma, é o atendimento das atuais necessidades e
desafios da administração quanto à democracia e à cidadania participativa,
aplicando-se técnicas de gestão que consideram o intercâmbio dos vários
atores envolvidos nos processos administrativos, estimulando o convívio e o
respeito às diferenças (TENÓRIO, 2007, p. 7).
Sabe-se que, para que isso aconteça, é preciso partir de pontos fundamentais, como
a descentralização e participação da comunidade.
Já Maia (2005, p. 16), numa visão extremamente ampla, conceitua gestão social:
Um conjunto de processos sociais com potencial viabilizador do
desenvolvimento societário emancipatório e transformador. É fundada nos
valores, práticas e formação da democracia e da cidadania, em vista do
enfrentamento às expressões da questão social, da garantia dos direitos
humanos universais e da afirmação dos interesses e espaços públicos como
padrões de uma nova civilidade. Construção realizada em pactuação
democrática, nos âmbitos local, nacional e mundial; entre os agentes das
esferas da sociedade civil, sociedade política e da economia, com efetiva
participação dos cidadãos historicamente excluídos dos processos de
distribuição das riquezas e do poder.
Fischer (2002, p. 27) define gestão social como “um processo de mediação que
articula múltiplos níveis de poder individual e local”.
Em comum, esses três conceitos trazem a ideia de que as práticas de gestão social
devem sempre buscar a articulação entre todos os atores envolvidos, e não partir
apenas do poder público.
Na pesquisa, o conceito de Gestão Social, elaborado por Tenório (2007), foi o que
melhor nos proporcionou subsídios para o desenvolvimento do estudo, entendendo
que o controle da Dengue dar-se-á com gestão das necessidades dos cidadãos
realizadas em conjunto com o poder público e a população por meio de políticas,
projetos e programas sociais em prol do desenvolvimento local.
Isso pode ser observado no PNCD e nas Diretrizes Nacionais para a Prevenção e
Controle de Epidemias de Dengue. O PNDC, por exemplo, embora com menos
36
ênfase que o segundo, foi elaborado com vistas no modelo de gestão integrada,
dividido em diversos componentes principais, em que cada um tem atribuições e um
objetivo final em comum. Já as Diretrizes incluem em seu texto um item voltado
especialmente para a gestão: “Gestão dos planos de prevenção e controle de
epidemias de Dengue”. Ele direciona o papel de cada esfera de governo dentro dos
programas de combate à Dengue, além de salientar a necessidade da organização
de redes de serviços de saúde. Ressalta, ainda, que o Ministério da Saúde e as
secretarias estaduais e municipais devem estar em constante movimento de
integração.
É necessário compreender que o sucesso no controle da Dengue se dará
apenas quando a gestão assumir o pleno comando da integração das ações
setoriais e intersetoriais. No caso da Dengue, os eixos prioritários da gestão
são: organização da assistência; vigilâncias epidemiológica e sanitária e
controle de vetores; apoio administrativo e logístico; constituição de comitê
técnico e de comitê de mobilização; capacitação e educação permanente;
gestão de pessoas; comunicação; planejamento estratégico e programação
(elaboração dos planos estaduais e municipais) e monitoramento (BRASIL,
2009, p. 98).
Na 27ª Conferência Pan-Americana de Saúde, em 2007, a Organização PanAmericana de Saúde (OPAS) elaborou o documento “Prevenção e Controle da
Dengue nas Américas: enfoque integrado e lições aprendidas”. Entre todas as
questões abordadas para o controle da Dengue nos diversos países da América,
chamou-se a atenção para a necessidade de que as ações desenvolvam-se
baseadas no modelo de gestão integrada.
Justifica-se a adoção pela gestão integrada devido a todos os reflexos causados
pelas epidemias de Dengue desde os aspectos sociais até os econômicos. Além
disso,
tomam-se
também
como
justificativas
o
agravamento
da
situação
epidemiológica no continente, a perda de vidas humanas em decorrência da doença
e o alto custo social e político. Fala-se, ainda, da complexidade do controle da
Dengue como ponto crucial para a execução desse modelo de gestão, pois, sendo a
Dengue uma doença que depende do envolvimento de diversos atores para ser
37
controlada, dificilmente ações pontuais conseguirão enfrentar esse problema com
sucesso.
Pelo exposto, entende-se que uma gestão eficiente e em consonância com todos os
setores envolvidos no controle da Dengue é essencial para o seu controle. No
combate a uma doença como esta, que não tem uma causa única e que acontece
dentro de um contexto extremamente complexo, há que se formularem e
implementarem soluções integradas que levem em consideração as inter-relações
entre os fatores ambientais, sociais, econômicos e culturais que envolvam os
diversos atores sociais, populações locais, pesquisadores e gestores de diversas
áreas. Frente a essa realidade tão diversa, é preciso que as políticas públicas se
ajustem à natureza dos problemas, margeando-os por todos os lados.
38
2 O MOSQUITO CAIU NA REDE
2.1 Algumas considerações sobre ciberespaço e cibercultura
São do conhecimento de todos as grandes modificações que estamos vivendo nesta
era das novas tecnologias. Conexão é a palavra do momento. Todos estamos
conectados por meio das novas tecnologias de comunicação sem fio. Mesmo que
uns ou outros se julguem avessos a essas inovações, é impossível viver num mundo
sem elas.
Em 1945, na Inglaterra, surgiram os primeiros computadores, que eram usados
exclusivamente por militares. Já na década de 1960, o uso civil disseminou-se
embora não se pudesse prever que essa disseminação tomaria a proporção atual.
Nesses tempos, os computadores eram máquinas enormes que serviam
basicamente para se fazerem cálculos.
A informatização da sociedade, que começou na década de 1970, viveu seu apogeu
nos anos 2000, quando deixou de ser algo distante para tornar-se realidade. Com o
desenvolvimento dos microprocessadores, localizados em pequenos chips, a
automação de praticamente todos os setores da sociedade começou a ser
implantada.
Obviamente, com o grande ganho de produtividade das empresas por meio do uso
dessas novas tecnologias, esse processo continua em franca expansão e, a cada
dia, surgem novos “apetrechos” tecnológicos que prometem acelerar e desenvolver
ainda mais o dia a dia das corporações. Embora esta realidade esteja um pouco
longe dos enredos atuais de filmes de ficção científica, o que se vê é uma
transformação incrível da sociedade humana. Transformação essa que vem
modificando a cultura dos povos, o pensamento, a política, a dinâmica das
populações e tudo mais que envolve as relações humanas.
39
Nos anos 1980, com o surgimento da internet, passamos a viver na tão falada “era
digital”, quando o mundo todo passou a ser uma grande massa interconectada em
rede – o ciberespaço. Novas formas de se relacionar e novas maneiras de se pensar
chegaram entrelaçadas a essas transformações e fizeram emergir o que agora
conhecemos como cibercultura.
Lévy (1999, p. 17) define o ciberespaço, o qual também chama de rede, como “o
novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores”.
Esse termo, segundo esse mesmo autor, “especifica não apenas a infraestrutura
material da comunicação digital, mas também o universo oceânico das informações
que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse
universo”.
Quanto ao termo cibercultura, Lévy (1999, p. 17) o conceitua como “o conjunto de
técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de
pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente como o crescimento do
ciberespaço.”
Dessa forma, a fase atual da computação cria um espaço de relações que vai muito
além do espaço físico, mas passa por um ambiente de troca e acessos onde não é
preciso estar necessariamente diante do seu interlocutor. O desafio passa a ser
como reconhecer e fazer um bom uso dessas novas e incríveis tecnologias em todos
os setores da vida humana, inclusive nas questões de saúde, tema deste trabalho.
2.2 Saúde e novas tecnologias
É notório o impacto da internet sobre as mais diversas áreas da atividade humana
em tão pouco tempo de existência – a World Wibe Web (ou o domínio www, como
nós conhecemos) completa apenas 20 anos em 2013. No Brasil, a rede foi liberada
para uso comercial em 1995 e a partir daí passou por um crescimento exponencial.
É impressionante como isso fez com que possamos “saber de tudo” com apenas um
toque e meia dúzia (ou menos) de palavras digitadas no Google. O fato é que, do
40
meio acadêmico aos serviços de banco e comércio, do entretenimento ao sucesso
das redes sociais, do governo à iniciativa privada, entre tantos outros setores que
poderiam ser aqui citados, tudo foi radicalmente transformado pelo uso das redes de
computadores.
“As novas tecnologias da informação estão integrando o mundo em redes globais de
instrumentalidade. A comunicação mediada por computadores gera uma gama
enorme de comunidades virtuais” (CASTELLS, 1999, p. 57).
Assim. ocorre também na área de saúde. É difícil precisar a dimensão do impacto
que a internet gera sobre esse assunto, para o bem ou para o mal. As informações
digitais referentes à saúde são tantas e tão variadas que, para designar esse grande
espectro, foi criada a expressão e-health ou e-saúde (com o e referindo-se a
“eletrônico”). Basicamente, essas informações podem ser divididas em funções
segundo Aspden e Katz (2001):
QUADRO 2. Modelos de informações sobre saúde.
Funções
Exemplos
Referência
Publicação eletrônica, catálogos, bases de dados.
Autoajuda / autocuidado
Informação de saúde online, grupos de apoio,
avaliação de riscos de saúde, registros de dados
pessoais de saúde.
Serviços de conveniência do plano/ provedor
Agendamento online, exames e resultados de
laboratório, resumo de benefícios.
Consulta e referral
Consulta médico-paciente ou médico-médico via
sistemas de telemedicina, leituras remotas de
imagens digitais ou amostras de patologia.
Comércio eletrônico em saúde
Vendas de produtos relacionados à saúde e
prestação de serviços de saúde.
Serviços de saúde pública
Coleta automatizada de dados, armazenagem de
dados, acesso online a dados de pesquisa da
população e recenseamentos, sistemas de
detecção avançada e de alerta para ameaças à
saúde pública.
Fonte: Aspden e Katz (2001).
41
Mas, em particular, pode-se perceber muito claramente o quanto a rede tem sido
usada em prol das campanhas de saúde coletiva como nas campanhas contra a
Dengue, assunto tema desta pesquisa.
Segundo Torres (2005, p. 11), “por seu caráter epidêmico, além do que representa o
comprometimento clínico individual, a Dengue tem grande repercussão econômica e
social ao afetar a força de trabalho, o comparecimento escolar e a organização do
atendimento à saúde”. Assim, torna-se imprescindível que todos os esforços sejam
feitos para que se minimizem os efeitos dessa doença sobre a população.
Vê-se evidente que a utilização da internet, neste caso, especificamente o site oficial
do Ministério da Saúde do Brasil, como apoio às ações de combate à Dengue, é
primordial e necessária. Tal medida deve-se justificar pelo acesso crescente das
pessoas à rede embora, efetivamente, não se possa afirmar que este seja um
instrumento eficiente e eficaz, pois não se sabe como e de que maneira essas
informações chegam às pessoas. E o mais importante: se elas se apropriam delas (o
que gera, de fato, as ações em torno de alguma questão).
O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade de
conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e
dessa informação para a geração de conhecimentos e de dispositivos de
processamento/comunicação da informação, em um ciclo de realimentação
cumulativo entre a inovação e seu uso (CASTELLS, 1999, p. 69).
No caso das campanhas virtuais contra a Dengue, em que o site do Ministério da
Saúde deveria ser um dos principais instrumentos, não se sabe se aqueles
conhecimentos e informações estão realmente sendo úteis dentro do que se propõe.
Lévy (1992) ressalta que as novas tecnologias digitais são um campo vasto e
conflituoso. De fato, em se tratando de saúde, inúmeras questões devem ser
levadas em conta ao se criarem políticas públicas e programas que prevejam o uso
da internet. O surgimento dessas novas tecnologias que permitem a busca, o
processamento e a interação dos serviços de saúde, embora possibilitem implantar
serviços sofisticados, sistemas baseados em bancos de dados centralizados ou
42
distribuídos, ficaram restritas aos menos de 67,9 milhões de brasileiros (numa
população total que ultrapassa os 190 milhões) que têm acesso a essas tecnologias
segundo dados de 2009 do Instituto Brasileiro de Estatística (IBGE). Em relação à
banda larga, de acordo com dados também de 2009 da União Internacional de
Telecomunicações (UIT), o Brasil tem 7,5 acessos por 100 habitantes. Sendo assim,
grande parte da população brasileira fica fora do alcance dessas modernas
tecnologias.
Em relação especificamente à Dengue, pode-se afirmar que, embora haja iniciativas
de controle da doença, com o uso da internet, como o próprio site do Ministério da
Saúde, e a inserção do assunto em redes sociais de grande alcance, como o
Facebook (rede social mais utilizada no mundo por usuários ativos), existem
diversos complicadores além da própria disponibilidade de acesso à rede de
computadores pela população.
Há que se considerar, também, a variabilidade das características educacionais da
população das diversas regiões do Brasil onde se concentram os maiores níveis de
casos da doença, a formação dos profissionais de saúde envolvidos diretamente no
combate dessa enfermidade e a qualidade e a maneira como é disposta a
informação na rede, entre tantas outras características próprias que podem influir de
modo direto no controle da Dengue.
Embora o uso da internet na área da saúde contribua sobremaneira na
disseminação de informações para o controle de doenças, o serviço de saúde
transcende – e muito – a área tecnológica, precisando de um acompanhamento
maior e de mais estudos de viabilidade antes de sua implantação. De forma geral,
existe uma forte correlação entre grau de escolaridade, acesso à informação e nível
de saúde da população. Uma população com melhor saúde goza de uma melhor
qualidade de vida e, consequentemente, de aumento de renda por meio do acesso à
educação. Um efeito potencia o outro. É bastante comprovado também que a
educação da população sobre temas de saúde é um aspecto fundamental que
alicerçará o progresso do sistema e da qualidade de vida e de saúde do brasileiro
nas próximas décadas, principalmente a parcela da população economicamente
carente, contribuindo com a inclusão social via inclusão digital.
43
2.3 Usando as redes sociais mediadas por computadores para combater a
Dengue
O termo rede remete à ideia de interligação, troca. Dessa forma, presume-se que
“estar em rede” significa estabelecer relações de troca entre pessoas que tenham o
mesmo interesse sobre determinado assunto. Isso não significa, porém, abrir mão
de sua capacidade crítica de opinar e assumir posições que divergem das demais.
Esta, talvez, seja uma das características mais interessantes das redes: a
possibilidade que elas têm de organizar-se descentralizadamente. Assim, todos
podem tomar posições variadas diante de determinado assunto. Como afirma
Castells (1999, p. 566), “uma estrutura social com base em redes é um sistema
aberto altamente dinâmico suscetível de inovação sem ameaças ao seu equilíbrio”.
Ainda, segundo Castells (1999, p. 566), “as redes são estruturas abertas capazes de
expandir de forma ilimitada, integrando novos nós desde que consigam comunicarse dentro da rede, ou seja, desde que compartilhem os mesmos códigos de
comunicação”.
As redes sociais são, antes de tudo, relações entre pessoas, estejam elas
interagindo em causa própria, em defesa de outros ou em nome de uma
organização, mediadas ou não por sistemas informatizados. Elas são métodos de
interação que quase sempre visam a algum tipo de mudança concreta na vida das
pessoas, no coletivo e/ou nas organizações participantes.
As interações de indivíduos em suas relações do dia a dia caracterizam as redes
sociais informais, que surgem espontaneamente, sob o enfoque das necessidades.
Mas redes sociais também podem existir unicamente por indivíduos ou grupos com
poder de liderança, que articulam pessoas em torno de interesses, projetos e/ou
objetivos comuns. Os participantes desse tipo de rede podem ser tanto indivíduos
quanto atores sociais – neste caso, representando (ou atuando em nome de)
associações, movimentos, comunidades e empresas, entre outros. Já as chamadas
44
redes sociais plurais são formadas por indivíduos e atores sociais, e as redes
organizacionais
são
aquelas
em
que
os
participantes
atuam
apenas
institucionalmente.
Na internet, o termo “redes sociais” é usado para designar sites que oferecem
ferramentas e serviços de interação e comunicação por meio exclusivamente do uso
de computadores. Nesse sentido, as redes sociais funcionam como canais de
comunicação nos quais quase nunca é preciso atender ao aspecto presencial. O
Ministério da Saúde, em seu site oficial, informa sua participação nas redes sociais
mais usadas atualmente como Facebook, Twitter e You tube, entre outras. Há,
também, um blog chamado “blog da saúde”.
Provavelmente, muitas são as questões que levaram o governo a submeter seus
interesses ao uso das redes sociais. No caso específico da saúde, sabe-se que
quanto mais as pessoas conhecem sobre determinada moléstia mais fácil será seu
controle. E, num ambiente como o da internet, com sua enorme capacidade de
disseminar conhecimentos, tanto mais fácil será divulgar informações que possam
contribuir para o combate de doenças que atingem milhares de pessoas todos os
anos como a Dengue.
2.4 Educação em saúde e internet no combate à Dengue
A educação em saúde historicamente tem o objetivo de atuar na prevenção de
doenças e, consequentemente, promover a saúde da população. Tem, ainda, um
amplo espectro que inclui desde técnicas para adesão ao tratamento, como também
técnicas orientadas para a prevenção de enfermidades.
Gazinneli, Reis e Marques (2006, p. 19) afirmam:
O conceito atual e que predomina nas reflexões teóricas é o da educação
em saúde como um processo teórico-prático que visa integrar os vários
saberes: científico, popular e do senso comum, possibilitando aos sujeitos
45
envolvidos uma visão crítica, uma maior participação responsável e
autônoma frente à saúde no cotidiano.
No Brasil, durante séculos, ela foi denominada de educação sanitária e seu foco
sempre esteve centrado nas relações do homem com o meio ambiente. Seu objetivo
principal era o controle de epidemias – não para promover a saúde da população,
mas para não prejudicar os sistemas de produção. Ainda de acordo com Gazinnelli
et al. (2006, p. 20), “as ações de saúde eram intervencionistas e disciplinadoras dos
comportamentos e hábitos que poderiam comprometer o sistema de controle de
epidemias e outras doenças infecciosas e parasitárias”.
O enfoque aqui é o da prevenção, em que a mudança desse comportamento resulta
na erradicação ou controle de uma doença. Desse modelo sanitarista, emergem as
práticas educativas de saúde atuais, focadas na ideia de “orientação”, ainda que se
reconheça a complexidade das atividades educacionais relativas à saúde,
principalmente no que tange a mudanças de postura e comportamento dos
indivíduos.
Já no fim do século XX, ocorreu uma mudança de paradigma das práticas
educacionais de saúde: buscam-se, agora, ações educativas mais participativas
numa concepção em que se alia o senso comum ao saber científico.
A educação, enquanto processo histórico, evolui à medida que a sociedade
evolui, num movimento dinâmico e flexível que possibilita ao ser humano,
em âmbito individual e coletivo, desenvolver suas potencialidades, exercitar
suas habilidades e recriar suas competências na intenção de alcançar
autonomia e tomar decisões de acordo com seus objetivos (LEITE; PRADO;
PERES, 2010, p. 81).
Em 1994, o governo federal instituiu o “Programa de Saúde da Família” com a
proposta de mudar o modelo de atenção básica à saúde no país. O enfoque
educativo baseado somente na prevenção começa a ser mudado e ações voltadas
para a humanização dos serviços de saúde passam a ser observadas. Essa
“humanização” dos serviços de saúde nada mais é do que considerar o indivíduo
46
como agente transformador da própria saúde, munido de crenças, valores e
conhecimentos prévios; enfim, de uma história de vida. Afirma-se aí essa mudança
de paradigma ocorrida anteriormente.
Hoje, embora ainda predominem as práticas educacionais intervencionistas em
relação ao controle de endemias e epidemias, não se pode negar que elas vêm
acompanhadas da ideia de participação. A educação não deve mais ser difundida
numa única direção, como transmissão e difusão de conhecimentos e informações
entre um emissor e um receptor, mas como circulação e significação de vários
saberes entre múltiplos emissores e receptores de mensagens, que são vindas de
todas as partes. Desse modo, o processo educacional que anteriormente se dava
quase que unicamente de forma verbal nas salas de aula, passou para outro nível,
em que revistas, jornais, televisão, cinema, rádios e computadores têm significado
importantíssimo na difusão do conhecimento.
Num programa de controle da Dengue, há que se levar em conta quais valores,
significados, sentidos e informações circulam sobre a Dengue na sociedade. Tornase necessário, ainda, entender como a saúde e a doença afetam a experiência de
vida cotidiana das pessoas, como as populações afetadas pela Dengue percebem o
ambiente e como o processo de adoecimento afeta essas pessoas.
De forma sintética, desenvolver um processo educativo na sociedade civil
organizada ou em vias de organização implica: a) procurar conhecer a
realidade, compreender seus problemas e buscar soluções; b) potencializar
sujeitos e valores emergentes que caminham para a transformação e
superação dos problemas; c) eleger, em cada momento, os problemas, os
projetos, as formas de atuação e as estratégias prioritárias (SCHERERWARREN, 1999, p. 61).
Faz-se necessário, também, avaliar como a cultura organiza e modifica a
experiência social e a educação nos aspectos relativos à Dengue.
Morin (2007, p. 56) define:
47
A cultura é constituída pelo conjunto dos saberes, fazeres, regras, normas,
proibições, estratégias, crenças, ideias, valores, mitos, que se transmite de
geração em geração, se reproduz em cada indivíduo, controla a existência
da sociedade e mantém a complexidade psicológica e social. Não há
sociedade humana, arcaica ou moderna, desprovida de cultura, mas cada
cultura é singular.
Assim, nas atividades de educação ou mobilização social em saúde, deve-se
observar valores e crenças que permeiam os modos de as populações perceberem
e identificarem seus próprios problemas. O conhecimento deve começar a ser
apreendido a partir de uma perspectiva global para que depois possam ser inseridos
os conhecimentos parciais e locais.
É impressionante que a educação que visa a transmitir conhecimentos seja
cega quanto ao que é o conhecimento humano, seus dispositivos,
enfermidades, dificuldades, tendências ao erro e à ilusão, e não se
preocupe em fazer conhecer o que é conhecer (MORIN, 2007, p.14).
Em doenças como a Dengue, ainda sem vacina específica, em algum ponto do ciclo
da doença, medidas bem pensadas, precisas e objetivas podem ser o gatilho para a
minimização da sua transmissão.
Donalisio (1999, p. 29) defende:
Mesmo que os pilares que sustentam a ocorrência da moléstia não sejam
tocados, intervenções pontuais específicas controlam epidemias, como
campanhas de vacinação, a identificação precoce e os bloqueios de casos,
o combate aos vetores e hospedeiros intermediários e também as
campanhas educativas, além de articulações e interferências de outros
setores da administração pública, iniciativa privada e da participação da
sociedade civil organizada.
No entanto, de modo geral, as ações educativas que envolvem as questões de
saúde são basicamente voltadas para a doença, e não para a participação das
pessoas no enfrentamento desta. É necessário articular competências e saberes
48
para a aquisição e incorporação de habilidades e conhecimentos e, também, para
estimular atitudes pessoais de comprometimento com um projeto comum de
mudança da realidade.
É premente a necessidade de ampliarmos o conceito de educação em
saúde para além do enfoque na prevenção de doenças, segundo o qual a
população é receptora de informações, devendo elaborá-las de tal forma
que possa modificar seu comportamento, considerado de risco para a saúde
e desconectado da realidade social, econômica e cultural em que vive
(LEITE et al., 2010, p. 82).
Dentro do processo educativo, para que haja aprendizagem, é preciso que o que
está sendo ensinado tenha significância. Isso permite que a educação em saúde
propicie mudanças reais na qualidade de vida da comunidade e significa uma
interação entre o que se está aprendendo e o que já se sabe. Assim, o
conhecimento antigo passa a se tornar mais elaborado a partir do momento em que
um novo conhecimento tenha significado para o indivíduo.
Considera-se que a aprendizagem
informação adquire significados para o
em aspectos relevantes da estrutura
Caracteriza-se pela interação entre
(MOREIRA, 1997, p. 5).
é significativa quando uma nova
aprendiz através de uma ancoragem
cognitiva preexistente do indivíduo.
o novo conhecimento e o prévio
Atualmente, são muitos os saberes difundidos pela e na comunidade. Isso torna as
relações mais complexas, e a educação precisa, cada vez mais, se tornar um
processo de construção e compartilhamento de conhecimentos, os quais se
produzem e se reproduzem em diversas esferas da vida social, em um processo
dinâmico das interações sociais. Segundo Brandão (1995, p. 9):
Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não
é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino
escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é seu único
praticante.
49
As inovações tecnológicas representam um marco para o processo educacional.
Desde 1995, quando a internet se tornou comercial, o cotidiano da escola vem
passando por profundas mudanças. As tecnologias digitais romperam totalmente a
fronteira imposta pelo modelo do ensino escrito e oral e a chamada educação online
se torna cada vez mais presente e nos mais variados níveis de ensino.
Lévy (1999, p. 172) menciona:
Neste momento o que acontece é a transição de uma educação e uma
formação estritamente institucionalizada (a escola, a universidade) para
uma situação de troca generalizada dos saberes, o ensino da sociedade por
ela mesma, de reconhecimento autogerenciado, móvel e contextual das
competências.
Mas, embora seja considerado um grande atrativo no dia a dia das práticas
educacionais, essa moderna tecnologia traz consigo questões altamente específicas
e novos desafios como, por exemplo, fazer com que esse conhecimento baseado na
comunicação de massa realmente chegue a todos. Apesar de algum avanço na
utilização de computadores e outros apetrechos tecnológicos nas escolas, ainda
trabalha-se muito com os recursos tradicionais. Isso se deve tanto à falta de
recursos para a informatização do sistema de ensino público no país como à falta de
conhecimento da linguagem eletrônica pelos educadores.
Há, ainda, que se levar em conta que a introdução dessas novas tecnologias como
recurso de aprendizagem representa uma nova maneira de lidar com o
conhecimento, o que, obviamente, leva um tempo para se consolidar tanto entre os
professores como entre os alunos. O professor, por exemplo, diante dessa situação,
migra do seu papel de “detentor do conhecimento” para uma espécie de “orientador”,
quando guia seus alunos na busca das informações.
Muitas vezes, o aluno, que deveria estar no papel de educando, já possui inúmeras
informações e conhecimentos obtidos na internet. Conhecimentos esses que,
algumas vezes, o próprio professor ainda não tem. Observa-se que a relação de
50
aprendizagem que ocorre dentro da escola passa por profundas alterações, o que
exige de todos os envolvidos nesse processo uma significativa mudança de postura.
Além disso, como na internet existe a possibilidade de se ultrapassar a barreira
física apresentada na escola, o aluno precisa se munir de características como
capacidade de análise e julgamento, pensamento crítico e desenvolvimento de
valores, entre outros. Não que isso não ocorra dentro do ambiente escolar. Porém,
no mundo digital, as informações chegam a nós com tamanha velocidade e através
de tão diversas fontes que o ritmo dessa “apreensão de novos valores e
capacidades” precisa ocorrer de forma muito mais veloz e consolidada.
Aprendizagens permanentes e personalizadas através de navegação,
orientação dos estudantes em um espaço do saber flutuante e
destotalizado, aprendizagens cooperativas, inteligência coletiva no centro de
comunidades virtuais, desregulamentação parcial dos modos de
reconhecimento dos saberes, gerenciamento dinâmico das competências
em tempo real... esses processos sociais atualizam a nova relação com o
saber (LÉVY, 1999, p. 177).
Diante disso, é preciso considerar os dois lados da moeda em se tratando da
utilização de novas tecnologias dentro do ambiente escolar, desde como fazer até
como manter e gerir de forma adequada sua utilização. Isso, obviamente, cabe à
utilização da internet para a educação sobre a Dengue.
Levando-se em consideração os problemas atuais com que se defrontam os
programas para o controle do mosquito (contínua e progressiva dispersão geográfica
do vetor, falta de apoio técnico e financeiro para que os setores locais de saúde
cumpram sua função, resistência a inseticidas e insuficiências na educação para a
saúde), a Organização Mundial da Saúde tem considerado como prioridade o
desenvolvimento de vacinas seguras e efetivas contra o vírus da Dengue, para a
elaboração de estratégias de prevenção que tenham o necessário impacto sanitário
social e constituam o meio mais adequado quanto ao custo-efetividade (TORRES,
2005, p. 237).
51
No entanto, como ainda não está disponível para a população uma vacina contra o
vírus da Dengue, o controle do Aedes aegypti ou a sua erradicação representam as
únicas opções para a prevenção de epidemias da doença. E, para isso, o
desenvolvimento de programas eficazes de controle que incluam sites e blogs, entre
outros, podem se tornar uma opção interessante de conscientização e educação da
população.
Hoje, todas as campanhas de comunicação em massa relativas à saúde têm sua
versão na internet. A utilização dos sites como ferramenta em prol da informação,
educação e mobilização da população em relação às doenças vem se tornando
muito comum nos últimos tempos devido, principalmente, a essa possibilidade de
atingir a sociedade de forma ágil. No entanto, embora seja infindável a capacidade
de a internet levar informação à sociedade, é preciso considerar que informação não
é conhecimento.
Geralmente, informações de todo tipo circulam pela rede prontas, desconexas e são
incapazes de fazer parte de um processo de educação e mobilização social. Porém,
o simples acúmulo de informações, em que não há raciocínio e reflexão ética, não
contribui para o desenvolvimento social. Mesmo que sempre haja a possibilidade
real de se levarem inúmeros tipos de informações de encontro às pessoas essas
nem sempre são relevantes para estas. Dessa forma, embora seja crescente o uso
de computadores pelas pessoas, isso não quer dizer que haja verdadeiro acesso ao
conhecimento, que não é neutro e está sempre impregnado de valores e propósitos,
e que cabe a cada pessoa dar um sentido.
Para a população mais favorecida economicamente, o acesso à internet já se tornou
corriqueiro no nosso país, o que contribui sobremaneira para a divulgação da
informação. Embora se saiba que, neste momento, a penetração da internet na
população de baixa renda ainda seja pequena, ela tem sido progressiva e
permanentemente ampliada. Isso se deve muito às lojas do tipo lan house, que
permitem à população menos favorecida ter acesso à rede com um custo mais
baixo. Além disso, parte das escolas e bibliotecas públicas do país já dispõe de
computadores conectados à internet fornecendo acesso gratuito para a população.
52
Ainda assim, o acesso é precário e torna-se fundamental que os governos se
empenhem em disponibilizar o acesso à rede de computadores de forma mais eficaz
e ao maior número possível da população para que a internet transforme-se, de fato,
em uma ferramenta poderosa no combate à Dengue.
53
3 METODOLOGIA
Para este estudo, utilizou-se a abordagem qualitativa, que se mostrou mais
adequada para se alcançarem os objetivos propostos. Foram usados alguns dados
numéricos em relação à progressão da Dengue no Brasil, conquistados após
pesquisa documental, mas que não alteraram a natureza de grande parte dos
principais procedimentos metodológicos.
A pesquisa qualitativa, de acordo com Oliveira (2010, p. 37):
Entre os mais diversos significados, pode ser entendida como um processo
de reflexão e análise da realidade através da utilização de métodos e
técnicas para a compreensão detalhada do objeto de estudo em seu
contexto histórico e/ou segundo sua estruturação. Esse processo implica em
estudos segundo a literatura pertinente ao tema, observação, aplicação de
questionários, entrevistas e análise de dados, que deve ser apresentada de
forma descritiva.
Ainda segundo Oliveira (2010, p. 60), a abordagem qualitativa foi utilizada por
possibilitar “um estudo detalhado de um determinado fato, objeto, grupo de pessoas
ou ator social e fenômenos da realidade”. A autora salienta que na pesquisa
qualitativa é possível buscar informações fidedignas para articular o conhecimento
científico produzido acerca do objeto de pesquisa e o contexto no qual ele está
inserido.
Para que fossem alcançados os objetivos desta pesquisa, foi feito um estudo
investigativo e interpretativo dos sites do Ministério da Saúde no que se refere à
Dengue. Para esta pesquisa, um dos instrumentos utilizados foi o modelo de técnica
de observação estruturada ou sistemática, que consiste em coletar e registrar
eventos previamente, além de analisá-los a partir de critérios estabelecidos em
consonância com os objetivos deste trabalho. Nesta pesquisa, os instrumentos
utilizados foram
os
sites
do Ministério da
Saúde. Assim, foi
feito um
acompanhamento constante desses sites e seus conteúdos referentes à Dengue.
54
Além disso, foi feita a análise bibliográfica e documental comparativa entre os
conteúdos do site e as referências na literatura acerca da temática.
O estudo ou pesquisa bibliográfica, de acordo com Santos (2003, p. 71), “é uma
modalidade de estudo e análise de documentos de domínio científico tais como
livros, enciclopédias, periódicos, ensaios críticos, dicionários e artigos científicos”.
Assim, foram feitas leituras de autores que tratavam de questões como novas
tecnologias e cibercultura, entre outros assuntos, para que se pudesse fazer
entender como essas questões podem ser tratadas no universo de sites que
discutem de questões de saúde pública. A realização da pesquisa bibliográfica
também possibilitou a utilização de conceitos que abordam as tecnologias digitais e
como elas podem contribuir para o desenvolvimento da sociedade. Ela ainda
permitiu a análise dos aspectos relacionados à educação e à internet e como uma
pode contribuir sobremaneira com a outra.
Nesta pesquisa, a internet também foi utilizada como ferramenta de pesquisa
permitindo, assim, o acesso a periódicos científicos, dissertações e teses que
versam sobre novas tecnologias e Dengue, entre outros assuntos pertinentes a este
estudo. Para Oliveira (2010, p. 70), “a internet se constitui uma ferramenta
indispensável à humanidade para informações rápidas sobre diversos assuntos”.
Aliadas ao exposto, foram realizadas entrevistas com 19 profissionais como forma
de obtenção de dados que nos auxiliaram a atingir os objetivos desta pesquisa. Para
Minayo (2010, p. 65), a entrevista como fonte de informação pode nos fornecer
dados que “referem-se a informações diretamente construídas no diálogo com o
indivíduo entrevistado e tratam da reflexão do próprio sujeito sobre a realidade que
vivencia”. Já Oliveira (2010, p. 86) defende que “a entrevista é um excelente
instrumento de pesquisa por permitir a interação entre pesquisador(a) e
entrevistado(a) e a obtenção de descrições detalhadas sobre o que se está
pesquisando”. Dessa forma, nesta pesquisa, as entrevistas revelaram-se um
excelente meio de obtenção de informações reais acerca da utilização dos sites do
Ministério da Saúde que versam sobre a Dengue e seus conteúdos por permitirem
que se retirassem delas elementos de reflexão extremamente ricos.
55
Para a realização das entrevistas, os profissionais entrevistados foram divididos em
três categorias: educadores, agentes de controle de endemias e agentes de saúde.
As entrevistas se deram por meio da utilização de questionários. Oliveira (2010, p.
83) define o questionário como “uma técnica para obtenção de informações sobre
sentimentos, crenças, expectativas, situações vivenciadas e sobre todo e qualquer
dado que o pesquisador(a) deseja registrar para atender os objetivos de seu
estudo”.
Para que se pudesse tentar entender um pouco mais a fundo as considerações das
pessoas em relação aos sites e seus conteúdos relativos à Dengue, foram utilizadas
questões abertas no questionário. Para Oliveira (2010, p. 84), “a vantagem das
questões abertas está no fato de o informante ter total liberdade para formular suas
respostas”. Isso contribui imensamente para que se desenhe um panorama real das
questões que são abordadas nesta pesquisa.
É relevante salientar, também, que todas as entrevistas foram gravadas por meio de
radiogravadores e, somente depois de terminá-las, transcritas para o computador.
Considerou-se que, feito dessa forma, não haveria perda de falas dos entrevistados
e a entrevista tornar-se-ia mais prazerosa para ambas as partes, o entrevistador e o
entrevistado, pois passaria de algo aparentemente formal para algo como um “batepapo”.
Entre os educadores, foram entrevistados profissionais de escolas públicas que
lecionam as disciplinas de Ciências e Biologia. A atuação desses profissionais em
relação ao controle da Dengue é muito importante, pois eles estão diretamente
ligados à educação das crianças e jovens. E, sendo a Dengue uma doença que
necessita por ora de grande intervenção educacional no que diz respeito ao seu
controle, ouvir e conhecer um pouco mais da atuação e experiência desses
docentes enriqueceram esta pesquisa e fizeram com que os aspectos educacionais
fossem melhor compreendidos.
Já os agentes de controle de endemias são profissionais, em sua maioria,
contratados pela Secretaria de Saúde do município de São João del-Rei. Eles atuam
diretamente no controle de doenças endêmicas como a Dengue e, além de estarem
56
em contato direto com a população, trabalham não somente na prevenção, como
também na eliminação de focos de Aedes aegypti já existentes. Esse profissional é o
responsável pela execução das atividades de combate ao vetor realizadas dentro
dos imóveis.
O Ministério da Saúde, em seu site, informa:
A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do
modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes
multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes são
responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias,
localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com
ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de
doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde desta
comunidade.
Dessa forma, os agentes comunitários de saúde, do Programa de Saúde da Família,
também alvo de entrevistas nesta pesquisa, estão em contato direto com a
população – inclusive fazendo visita regulares aos domicílios – e podem atuar
diretamente no controle da Dengue com relativa eficácia, entre outras questões
relativas à saúde. Com atuação um pouco diferenciada dos agentes de controle de
endemias, os agentes comunitários de saúde atuam na educação, prevenção e
verificação do estado de saúde das famílias situadas dentro do seu limite territorial.
Assim, o universo de entrevistados desta pesquisa, pode ser visto no Quadro 3.
QUADRO 3. Universo dos entrevistados.
33
Profissionais
Educadores
Número de
entrevistados
11
Agentes Comunitários
de Saúde
3
Agente de Controle de
Endemias
5
Fonte: elaborado pela autora.
Afiliação
Escola Municipal
Programa de Saúde da
Família (Secretaria Municipal
de Saúde)
Posto de Saúde (Secretaria
Municipal de Saúde)
Cargo
Professores de Ciências
e Biologia
Agentes Comunitários
de Saúde
Agente de Controle de
Endemias
57
4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS
4.1 Descrição dos dados
Já se sabe que é preciso buscar um “olhar múltiplo” sobre o controle de doenças
epidêmicas como a Dengue. As epidemias ocorrem em meio à coletividade. Muitas
vezes,
são
socialmente
determinadas
e
têm
características
biológicas
e
epidemiológicas e próprias.
Saúde e doença constituem metáforas privilegiadas para a explicação da
sociedade: engendram atitudes, comportamentos e revelam concepções de
mundo [...]. Através da experiência desse fenômeno [adoecer], as pessoas
falam de si, do que as rodeia, de suas condições de vida, do que as oprime,
ameaça e amedronta. Expressam também suas opiniões sobre as
instituições e sobre a organização em seu substrato econômico, político e
cultural (MINAYO, 1993, p. 193).
Isso significa compreender e examinar com cuidado de que forma elas acontecem e
porque elas acontecem, a quem acometem e em quais situações, e analisar
cuidadosamente quais medidas de controle devem ser tomadas (o que depende de
analisar conjuntamente todos esses fatores). Foucault (1980, p. 28) afirma: “a
doença específica sempre se repete mais ou menos, a epidemia nunca
inteiramente”. Isso tem sido confirmado nas epidemias de Dengue.
É certo que considerar todos os pontos citados anteriormente não é tarefa fácil num
país de dimensões físicas continentais como o Brasil, com mais de 190 milhões de
brasileiros e com regiões tomadas por peculiaridades diversas. No entanto, esforços
devem ser feitos.
Diante do aumento da complexidade populacional brasileira, associadas à dinâmica
das doenças prevalentes ou inseridas no âmbito social, novas iniciativas surgem
dentro dos órgãos e autarquias federais e estaduais para maximizar respostas
efetivas para o controle de agravos à saúde da população e para a melhoria ampla
58
da atenção à saúde. A inserção desses assuntos nos sites, desses órgãos, vem com
a expectativa de que ela possa se constituir em uma medida eficaz de auxílio no
controle de doenças.
Portanto, a intenção de analisar os sites do Ministério da Saúde e suas abordagens
sobre a Dengue foi uma forma de avaliar como tem sido o uso de uma nova
tecnologia frente a essa doença de tão difícil controle.
Assim, foi feita a análise do site oficial do Ministério da Saúde: www.saude.gov.br;
em seguida, do site www.combatadengue.com.br, também pertencente ao Ministério
da Saúde. Cabe informar aqui que o primeiro site dá acesso ao segundo, sendo que
as informações sobre Dengue estão reunidas no segundo site, e não no primeiro.
Exemplificando: ao acessar o site do Ministério da Saúde, será necessário clicar em
“Ações e programas” e, em seguida, em “Combate a Dengue”. A partir daí, o usuário
é redirecionado ao site “Combata a Dengue” (BRASIL, 2012a, 20012b).
4.2 Análise dos dados
A pesquisa qualitativa deve permitir que o pesquisador traduza perspectivas e ideias
de forma que resulte num trabalho sistemático de recolhimento e análise dos dados
obtidos.
Uma vez realizada a obtenção de todos os dados e informações, iniciou-se o
processo de análise dos dados coletados com o objetivo de organizá-los para que
pudessem fornecer respostas ao problema identificado. Essa análise foi feita a partir
dos conceitos teóricos já estudados anteriormente e foi sendo construída pelo
embasamento teórico oferecido pelos autores que dão sustentação teórica à
pesquisa.
Oliveira (2010, p. 104) ressalta que “é necessário entender que não se faz
necessário estar realizando novamente uma construção teórica através da análise
59
do pensamento dos autores(as), pois neste momento, ao analisar os dados, o
pesquisador(a) é que deve construir sua teoria”.
A análise de dados procurou identificar se os sites, como uma tecnologia social de
grande usabilidade atualmente, podem realmente ser úteis, informativos e gerar
mobilização efetiva dos usuários na mobilização contra a disseminação da Dengue.
Procurou-se, ainda, investigar as percepções, os valores, as motivações e as
atitudes do público-alvo pesquisado. Assim, pôde-se compreender um pouco mais
sobre a realidade da utilização dos sites estudados sob a luz de quem os utiliza e
poderia utilizá-los nas suas atividades do dia a dia.
4.3 Análise dos dados propriamente dita
Como já foi mencionado, o site do Ministério da Saúde constitui-se em um portal de
acesso à página “Combata a Dengue”. Cabe ressaltar que não há, na página inicial
do site oficial do Ministério da Saúde, nenhuma menção à página “Combata a
Dengue”. O internauta que queira buscar informações sobre a doença tem que
procurar essas informações pelo site até que encontre o link de acesso à página
específica. As informações analisadas aqui se referem às disponibilizadas nesse
site.
Sabe-se que a utilização de sites que contenham informações sobre a Dengue é
muito importante na disseminação dos cuidados que devem ser tomados para que
ocorra o controle dessa moléstia. Dessa forma, é necessário que a população e os
mais diversos profissionais que lidam diretamente (e também os que atuam
indiretamente) com a doença tenham conhecimento dos sites que oferecem essas
informações.
Entre os entrevistados nesta pesquisa, cinco profissionais não conheciam os sites;
12 conheciam e dois sabiam da existência deles, mas nunca tinham tido interesse
em conhecê-los. Aos que não conheciam os sites, foi dado o prazo de uma semana
60
para que pudessem conhecê-los. A entrevista, então, foi realizada ao fim desse
período.
É interessante notar que, dos cinco profissionais que lidam diretamente com o
controle da Dengue junto à população (agentes de controle de endemia), quatro,
simplesmente, não sabiam da existência dos sites. Entre os agentes de saúde do
Programa de Saúde da Família, dois conheciam o site e um não conhecia. As
justificativas pelo não conhecimento de um site específico do governo para o
combate à Dengue variaram: “Quando fiz o curso não me falaram nada sobre o site”
(ACE3) ou “Não tenho muito acesso a computadores. Não tenho em casa e aqui no
posto não tem computador para usarmos” (ACE4).
Faz-se necessário saber que, tanto no PNCD como nas Diretrizes Nacionais para a
Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, as ações de comunicação são tidas
como ferramenta fundamental no trabalho de combate à doença. O último
documento, por exemplo, coloca como atribuição do Ministério da Saúde e das
secretarias municipais de saúde:
Desenvolver localmente acervo portátil de materiais, com estratégias de
comunicação a serem utilizadas na mobilização a ser realizada em parceria
com as secretarias estaduais e municipais de Educação, como programas
educativos pela internet, cartilhas interativas, entre outros (BRASIL, 2009, p.
92).
Entretanto, embora haja material informativo sobre a Dengue circulando pela
internet, o próprio Ministério da Saúde e as secretarias estaduais e municipais não
fazem uso dele no treinamento dos seus profissionais e também não informam sobre
a existência dele. Além disso, nas unidades de saúde visitadas, esses profissionais
não dispunham de computadores, dos quais poderiam fazer uso para acessar essas
e outras páginas com conteúdos sobre a Dengue, para que pudessem incrementar
suas atividades diárias.
Já entre os professores, profissionais com maior nível de escolaridade em relação
aos outros, todos conheciam o site, mas poucos o utilizam em suas atividades
61
profissionais. Alguns já usaram para buscas pessoais ou durante seus cursos de
graduação, mas nunca em sala de aula: “Já usei para pesquisa. Uso muito pouco
para falar a verdade” (PB8) e “Conheço, mas não uso na escola. Já usei pra retirar
informações do meu interesse” (PB10).
De maneira geral, as informações contidas nos sites estão colocadas de forma clara
e em linguagem acessível. A maioria dos entrevistados respondeu “sim” ao serem
perguntados se as informações apresentadas no site são claras. Em conversa
informal, a maioria disse não ter tido dificuldades ao navegar pelo site apesar de o
site não apresentar um mapa (mapa do sítio).
Em relação às informações técnicas sobre a doença, as informações são modestas
e pouco aprofundadas embora não se tenha encontrado até aqui erros de
abordagem ou informações falsas. Há o uso de termos como “sorotipo”, “pupa” ou
“período de incubação”, que, para pessoas leigas ou com menor grau de
escolaridade, podem não ser claros.
Verifica-se que não são colocadas opiniões e/ou relatos de pessoas e os textos ali
contidos não têm assinatura reconhecida de autoridades do assunto. A maioria das
informações é original e o site se sustenta sozinho, ou seja, não utiliza links que dão
acessos a outras páginas para que se possa obter informações complementares
nem tampouco indica fontes de informação. Assim, caso o internauta precise de
informações adicionais acerca do assunto, ou mesmo tenha alguma dúvida sobre o
que leu, não há possibilidade de se partir dali a outros sítios da internet que tratem
do mesmo assunto. Isso torna as informações ali contidas pouco passíveis de
verificação e/ou aprofundamento.
Ao clicar, porém, em “Tire suas dúvidas”, o leitor é direcionado a uma tela onde se
encontra uma listagem de perguntas e respostas com as supostas “perguntas mais
frequentes sobre a Dengue”.
62
FIGURA 3. Dúvidas sobre Dengue com respostas.
Fonte: Brasil (2012b).
Observa-se que não há interação entre o usuário e o site. Não há possibilidade, por
exemplo, de se enviar uma dúvida pessoal à página para que possa ser respondida.
Não há, também, possibilidade de contato com os responsáveis pela página ou
possibilidade de se inscrever nela para receber informações atualizadas,
curiosidades e dicas, entre outros. Inexistem, no portal, canais de discussão como
fóruns de debate por exemplo.
Isso se torna um enorme contraponto se comparado a uma das maiores finalidades
da utilização de sites com fins específicos de informação e conscientização da
63
população, que é criar um ambiente de interação, troca, participação e envolvimento
dos indivíduos em torno das questões por eles tratadas. Esse site, portanto, não
reflete as políticas públicas mais recentes de controle da Dengue, que sustentam
que as ações de controle da doença devem ser tratadas de forma intersetorial e/ou
em rede.
Isso remete às mudanças de posturas no momento em que o leitor consegue se
apropriar das informações contidas no site. Sobre essa questão, a maioria dos
entrevistados
disse
não
acreditar
que
os
sites
possam
provocar
esse
comportamento no indivíduo. Respostas como “Não, não há incentivo para isso” e
“Não, isso é muito pessoal”, ou ainda “[...] ele não incentiva a mudar a mudar minha
postura. Ele é mais informativo”, comprovam que, da maneira como está hoje, esse
site não promove mudança de comportamento nas pessoas.
Assim sendo, quando as Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de
Epidemias de Dengue mencionam que um de seus objetivos é divulgar e informar
sobre ações de educação em saúde e mobilização social para a mudança de
comportamento e hábitos da população, está indo contra sua própria conceituação e
normatização.
É verdade que existem no site informações sobre como se pode atuar na prevenção
da Dengue. No entanto, o internauta não é convidado e nem incentivado a aderir de
maneira consciente e voluntária a essas ações. A concepção do site ainda consiste
na transmissão das informações acerca da doença, suas consequências e formas
de prevenção, e não na importância fundamental de incentivar a participação das
pessoas no controle da doença. “Cada país, estado, capital e demais municípios
deve incluir a Educação para a saúde e a Participação Comunitária dentro dos
conteúdos de seu Programa de Prevenção e Controle da Dengue” (TORRES, 2005,
p. 253).
A participação, como colocada no site, resume-se apenas à ideia de colocar as
ações contra a Dengue em prática nos períodos epidêmicos. Não há uma ideia de
64
continuidade, o que promove atividades descontínuas embora exista a chamada na
tela inicial com os dizeres “Sempre é hora de combater a Dengue”.
O site divide a população e os profissionais em categorias, trazendo informações
relativas a cada uma: população em geral, profissionais de saúde, gestores públicos,
educadores e crianças, profissionais de comunicação e parceiros da saúde. As
informações destinadas a cada um são extremamente superficiais, nada além do
que é, por exemplo, abordado dentro das campanhas de televisão, panfletos ou
cartazes produzidos como material de auxílio nas campanhas contra a Dengue.
Para os educadores, inexiste no site material de apoio que possa ser utilizado
diretamente pelo professor dentro da sala de aula apesar de a educação ser o
principal aspecto a ser abordado com a comunidade para a prevenção da doença.
Não há, também, menção a estudos sobre a Dengue, divulgação de outros sites em
que se possa aprofundar os conhecimentos sobre a doença, estratégias para o
ensino e conscientização dos alunos e nem informações destinadas diretamente ao
professor no ensejo de desenvolver suas aptidões para o trato desta questão.
No discurso dos educadores, existe, explicitamente, uma crítica às limitações da
ação educativa, verticais e reprodutivistas, e uma consideração sistematizada não
em termos de técnicas, mas de objetivos, no sentido de a população assumir
responsabilidades na transformação da própria qualidade de vida. Isso pode, sim,
ser desenvolvido no site. Essa afirmação pode ser comprovada no discurso de um
agente de controle de endemias:
No tempo que estou trabalhando aqui, eu vejo que a tecla em que a gente
tem mais que bater é a da educação. As pessoas são muito deseducadas
em relação à Dengue. Mas, veja: todo mundo sabe o que fazer e não faz.
Então, se não faz, o problema é falta de educação mesmo. Até as pessoas
com mais poder aquisitivo, estudadas, não tomam as medidas necessárias
para se prevenir. Claro, não estou generalizando, não são todas as
pessoas, Mas tem que ter políticas públicas de saúde e de educação
voltadas para esse tema mais consistentes também.
65
Quanto às maneiras de se trabalhar em sala de aula, uma professora de Biologia
entrevistada relata:
Eu acho que hoje em dia, principalmente na escola, as coisas devem ser
colocadas de maneira lúdica, interessante e que despertem prazer nos
alunos. Caso contrário, elas não se interessam. Para essa geração do
computador, é legal que tenham jogos, redes sociais que abordem esse
assunto. Eles só funcionam assim. Os livros não bastam mais.
Os sites são instrumentos propícios a esses tipos de atividades e contam com
inúmeras possibilidades de desenvolvê-las. No entanto, não é o caso dos sites
estudados. Durante a entrevista, um agente de controle de endemias resumiu: “[...]
ele [o site] devia ser menos informativo e mais incentivador” (ACE3).
Destaca-se que as ações educativas devem estar contextualizadas dentro da
realidade concreta da população. O site, além de possuir conteúdo raso sobre
educação, não se preocupa em colocar as informações sob o contexto cotidiano das
populações. Isso, mais uma vez, diverge do preconizado nos documentos oficiais
mais recentes sobre controle da Dengue que dão ênfase à importância de se
adequar as ações à realidade local.
A comunicação, ainda de acordo com Torres (2005, p. 254):
É uma ciência, e como tal tem sua doutrina, porém é também uma arte, que
se deve aprender e aperfeiçoar mediante a própria ação comunicativa; para
fazer isso com êxito deve-se acreditar não só na educação, mas também na
comunidade, respeitando-a e estando disposto a servi-la.
Assim, vinculam-se aos processos comunicativos termos como troca, interação,
intersubjetividade, diálogo e expressão, configurando-se a comunicação com
múltiplas dimensões, que vão desde sua condição fisiológica, que envolve a
audição, as sensações e a visão, para alcançar as dimensões afetiva, cognitiva,
sociocultural e tecnológica. O surgimento das novas tecnologias de comunicação faz
as mensagens circularem com grande velocidade e com fluxos multidirecionais entre
66
múltiplos emissores e receptores como observa Castells (2005). A comunicação em
saúde envolve, em suas múltiplas dimensões, a circulação de informações e
conhecimentos em saúde oriundos de inúmeras fontes em uma sociedade
complexa.
No site, os profissionais de comunicação contam apenas com um pequeno texto que
informa que, graças a esse profissional, as ações sobre a Dengue são noticiadas em
todo o país. Além disso, há um link que direciona o internauta a peças de campanha
produzidas pelo Ministério da Saúde.
O PNCD afirma que as estratégias de comunicação devem ter como objetivo
divulgar e informar sobre as ações tanto em educação de saúde quanto de
mobilização social para que possa haver mudanças no comportamento da
população em relação à doença.
Já as Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue
asseguram que “[...] a produção de informações oportunas, coerentes e confiáveis
sobre a Dengue faz parte do processo de sensibilização e mobilização da população
[...]”. E completam mais adiante:
Ferramenta primordial na disseminação de informações relacionadas a
Dengue, a comunicação compreende as estratégias de ocupação dos
espaços de mídia comercial, estatal e alternativa (como rádios
comunitárias), bem como a produção de material de acordo com o
conhecimento, a linguagem e a realidade regionais (BRASIL, 2009 p. 89).
Assim, observado o que foi exposto, percebe-se que o site não promove uma
comunicação multidirecional, em que se privilegiam os contextos locais relacionados
à linguagem, à cultura; enfim, à identidade da população.
É importante salientar que o PNCD e as Diretrizes Nacionais para a Prevenção e
Controle de Epidemias de Dengue colocam como condições fundamentais para o
controle da Dengue a integração das ações de educação e saúde e a comunicação
67
e mobilização social. Atribuem funções a todos os níveis de governo e população e
insistem em afirmar que, embora cada um tenha o seu papel definido no combate à
doença, todos devem manter-se em constante fluxo de interação uns com os outros.
Ao dividir os profissionais e população em categorias, o site não obedece a essa
premissa. Ao contrário, apenas estabelece de forma muito superficial como cada
profissional deve proceder no enfrentamento da Dengue de acordo com a sua
ocupação, mas não estabelece nenhum vínculo entre suas atribuições. Sendo
assim, perde-se a possibilidade de se fazer com que o site deixe de ser apenas uma
tecnologia para se tornar uma tecnologia social.
Perguntados se acreditam que é preciso um trabalho em conjunto da população
para a prevenção à Dengue, os entrevistados foram unânimes em dizer que sim. No
relato de um agente de controle de endemias, ele afirma: “Não ter dúvidas em
relação à isso”. E continua: “[...] falo de todo mundo mesmo, povo, profissionais de
saúde, educação, poder público e privado”. Já uma professora observa: “Esse
trabalho em conjunto é fundamental. Se uma pessoa em um bairro inteiro não toma
as devidas precauções, pode manter um criadouro em sua residência e afetar a
todos da região”.
Em seguida, os entrevistados foram convidados a refletir se o site dá embasamento
e motivação para que um trabalho em conjunto possa ser realizado. Nas suas
respostas, algumas pessoas diferiram embasamento de motivação. Para grande
parte, o site dá embasamento, mas não motivação. Alguns alegam, por exemplo,
que motivação é uma característica muito pessoal. “Não sei responder isso, mas
acho que motivação é ligada a um conjunto de coisas. Agora, embasamento, sim, as
informações gerais sobre a doença estão lá”, disse um agente de controle de
endemias. E uma professora completou: “Sim, mas é claro que eu devo buscar
outras informações em outros lugares. Agora, motivação é complicada. É muito
pessoal. Motivação depende mais de mim mesma do que do site”.
Pode-se verificar, ainda, que não há atualizações observáveis nem mesmo à
periodicidade de atualização dos assuntos contidos no site. O Levantamento Rápido
do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), por exemplo, criado com o
68
objetivo de monitorar a incidência de infestação dos municípios por Aedes aegypti, e
que serve como instrumento de atualização da situação das cidades como subsídio
às ações de combate à doença, não é ao menos citado dentro do site embora as
Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue
mencione que a informação entomológica atualizada é fundamental para as ações
de controle do mosquito.
A página não dispõe, também, de recursos que permitam que as informações sejam
conservadas, como a possibilidade de guardá-las (salvá-las), imprimi-las ou enviálas por e-mail.
É importante informar que não houve análise de categorias como ambiente
informático, estabilidade, desenho gráfico e conectividade no estudo dos sites. Isso
se deu por se considerarem esses aspectos demasiadamente técnicos, o que não
cabe nesta pesquisa.
69
5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO – UM PEQUENO GUIA DE IDEIAS PARA
ELABORAÇÃO DE SITES SOBRE A DENGUE
Um site bem construído deve conter funcionalidades informativas e interativas, além
de componentes de orientação, de navegação e de comunicação bem estruturados.
Esses componentes centram-se na informação, nas atividades, na construção, na
comunicação e na partilha. Deve-se considerar também identidade, usabilidade,
rapidez de acesso, níveis de interatividade, informação, atividades, espaço de
partilha e comunicação.
Nesta
proposta
de
intervenção,
entretanto,
não
serão
tratados
assuntos
demasiadamente técnicos relacionados à construção de um site, visto que o objetivo
é propor um site mais atrativo e funcional para os usuários do site “Combata a
Dengue”.
Foi constatado que o site do Ministério da Saúde é apenas um portal de entrada
para o site “Combata a Dengue”, que reúne as informações sobre a doença. Isso
não seria um problema, visto que o site do Ministério da Saúde é um site
institucional bastante conhecido. No entanto, ao se navegar por ele, percebe-se que
não há na página de entrada (home) nenhuma indicação sobre o “Combata a
Dengue”. Um usuário, que esteja fazendo uma pesquisa rápida, perde muito tempo
procurando onde estão as informações sobre a Dengue. Dessa forma, sugere-se
que os responsáveis pelo site do Ministério da Saúde incorporem à primeira página
de seu site um hiperlink visível que direcione o internauta diretamente aos conteúdos
disponibilizados sobre a doença sem que este precise ficar navegando pelo site.
A linguagem deve ser sempre clara e, sempre que possível, sem palavras e
expressões consideradas “difíceis”. Obviamente, no que se refere às doenças, vez
ou outra será necessário o uso de terminologias científicas ou mais complexas. Para
que isso não se torne um problema para o utilizador, o site deverá conter um
pequeno glossário que explique esses termos de forma a não prejudicar o
entendimento do texto por quem o está lendo.
70
Informar inclui o desenvolvimento de mensagens, produção de materiais e
distribuição. Em relação à Dengue, além dos especialistas, os próprios grupos
comunitários devem ser estimulados a participar de todo o processo de preparação
e difusão da informação.
O que se deve informar para a população? As características gerais da
doença, de modo que possam identificar seus sintomas, sobretudo os sinais
de alerta para buscar precocemente a atenção médica. Também se deve
informar a via de transmissão da doença, as características do Aedes
aegypti e, sobretudo, quais são seus criadouros e como se pode eliminá-los
ou protegê-los (TORRES, 2005, p. 254).
É fundamental informar ao internauta que o mosquito convive com ele na sua casa;
que seu tempo de vida varia de acordo com o sexo, a temperatura, a existência e
abundância de inimigos naturais; que é a fêmea que pica e deposita seus ovos
próximos a recipientes que contenham água limpa ou quase limpa; e que os
criadouros estão dentro ou próximos à sua própria casa. Essas, por exemplo, são
informações
importantes
e
curiosas;
dependendo
da
maneira
que
estão
disponibilizadas no site, o torna uma fonte de leitura enriquecedora e prazerosa.
Mas esses aspectos, desprendidos de um contexto, podem não ter significância para
o indivíduo. Para isso, é necessário que as condições de vida, as questões culturais,
as ponderações sobre saúde e o próprio conhecimento sobre a doença sejam
investigados antes da elaboração de um site que pretende ser realmente
compreendido e utilizado pelo público-alvo. Isso não é fácil, visto que o Brasil é um
país de dimensões continentais e com uma cultura extremamente diversa. No
entanto, se se pretende, de fato, elaborar um material que esteja inserido dentro de
um contexto social, deve-se cuidar para que isso aconteça. Essas investigações, de
acordo com o caso ou a urgência, podem obedecer a planos de execução de curto,
médio ou longo prazo.
Na prática, dentro do site, sugere-se que o país seja dividido em regiões (Norte, Sul,
Sudeste...), o que facilita bastante a elaboração de um material, diga-se, mais
personalizado. Deve-se pesquisar qual é a situação de cada região em relação à
71
doença, como é a condição educacional, os serviços de saneamento básico e outras
questões que envolvem as condições de vida daquele povo e os aspectos relativos à
Dengue. Seria interessante que, dentro de cada região, o internauta pudesse ter
acesso à situação dos municípios. Isso poderia ser feito por intermédio do LIRAa.
Cabe lembrar que os textos podem e deve ser escritos usando-se as expressões
idiomáticas de cada região, o que causa maior identificação e, talvez, até maior
entendimento por parte de quem os está lendo.
É importante também que as informações gerais possam ser aprofundadas caso o
leitor se interesse. Dessa forma, seria interessante que o site dispusesse de links
que deem acesso fácil a outras páginas acerca do assunto. Pode-se pensar, ainda,
na elaboração de uma listagem de livros que abordem o assunto.
Outro detalhe que deve ser considerado é a autoria. As informações disponibilizadas
devem ser assinadas, pois isso garante maior precisão e credibilidade das
informações. Além disso, as informações acerca da situação do país, estados e
municípios devem ser sempre atualizadas, visto que a ocorrência da doença varia
dependendo de diversos fatores.
A internet tornou-se uma imprescindível fonte de informação e ambiente alternativo
para o processo de ensino-aprendizagem, onde são muitas as tecnologias
disponíveis: sites, salas de aula virtuais, plataformas de aprendizagem, cursos
online e a distância, bibliotecas e museus, entre outros. As tecnologias envolvidas
em todas essas ferramentas educacionais estão bem desenvolvidas e dominadas
pelos profissionais da computação.
O conteúdo de um site, como o “Combata a Dengue”, deve prezar, sempre, pelas
questões educativas, pois se sabe que a transmissão da Dengue depende
significativamente dos hábitos educacionais da população.
Os aspectos que levam o sujeito a sentir-se motivado para realizar alguma ação
sugerida no site ou continuar lendo os textos para informar-se também devem ser
considerados. Grande parte dos entrevistados nesta pesquisa considerou que o site
em questão não é uma fonte motivacional. Torres (2005, p. 255) afirma que “a
72
informação deve vir acompanhada ou seguida de persuasão e organização para a
ação para estimular que a população aplique e pratique o aprendido, e que os novos
hábitos permaneçam”.
Para que isso aconteça, pode-se inserir no conteúdo do site informações
relacionadas diretamente ao professor, com sugestões de atividades dentro e fora
da sala de aula e literatura sobre Dengue voltada diretamente para o educando,
entre outros. O site pode investir também na formação dos professores com cursos
online, com a disponibilização de certificados ao final e com a divulgação dos nomes
dos que melhor se saíram no curso. Isso pode se constituir em fonte de motivação
para o profissional.
Para os educandos, especificamente, deve-se levar em conta os aspectos lúdicos.
Pode-se inserir no conteúdo do site jogos online, sugestões de como realizar
brincadeiras dentro da sala de aula, encenações teatrais, participação em feiras,
inclusive a organização dos alunos para acompanharem uma visita do agente de
controle de endemias em casas próximas à escola.
Os professores, bem como as crianças e os adolescentes nas escolas,
podem realizar atividades muito proveitosas, organizados em equipes, para
identificar e erradicar os focos ou criadouros de mosquitos em seus próprios
locais de estudo e mediante visitas às casas (TORRES, 2005, p. 255).
Como o próprio caráter da internet já é interativo, é preciso que os sites tenham
recursos que permitam que o usuário “interaja” com o portal. Pode-se criar fóruns de
discussão, salas de bate-papo e possibilidades para que o usuário envie suas
dúvidas e comentários. Seria interessante que o usuário pudesse se cadastrar no
site e receber informações atualizadas a respeito da Dengue, bem como lembretes
de como ele deve agir no seu ambiente para ajudar a minimizar a ocorrência da
doença, entre outras possibilidades.
Basicamente, para que um site sobre a Dengue seja funcional e atrativo, deve-se
estar atento às peculiaridades da doença, aos aspectos culturais da sociedade e ao
73
repasse de informações que possam ser entendidas e valorizadas pelo internauta.
Para isso, é preciso que se elaborem fóruns de discussão e decisão que fortaleçam
os compromissos institucionais de investimentos contínuos nos programas de
combate à doença. As novas tecnologias, tão abundantes atualmente e sempre
abertas a inovações, estão prontas para serem utilizadas da melhor forma possível.
Assim, como afirma Donalisio (1999, p. 174), “a ampliação do olhar sobre a doença,
seus caminhos e determinações, clareia a realidade e ilumina as possíveis
estratégias para enfrentá-la”.
74
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não é possível conceber o desenvolvimento de um país sem se pensar seriamente
nas questões de saúde pública. A Dengue, especificamente, é uma doença grave e,
mesmo com todos os esforços empreendidos, continua provocando mortes ano após
ano. As estratégias de combate ao mosquito encontram sérios percalços como a
complexidade das populações, a desorganização do ambiente urbano e a miséria.
Em virtude de todas essas características e, ainda, aliado a outras mais, o combate
à Dengue requer grande esforço da população. Nesse sentido, a palavra
“desenvolvimento” significa colocar as pessoas em contato direto com o problema,
mobilizando-as e incentivando-as a atuarem diretamente nas ações de combate à
doença.
A sociedade mais complexa, a ampliação infinita dos criadouros potenciais,
espalhados pela caótica realidade urbana; as difíceis relações entre as
populações marginalizadas e os representantes do poder estatal, são
apenas alguns elementos da complicada tarefa de controlar o mosquito nas
cidades brasileiras, nos dias de hoje. São as velhas pragas em novos
contextos epidemiológicos históricos e sociais, exigindo estratégias
compatíveis (DONALISIO, 1999, p. 152).
No entanto, a introdução de inovações nas práticas de saúde em geral, e no controle
da Dengue em particular, é um grande desafio, pois inclui a modificação de fatores
socais e culturais. Vale ressaltar que não se trata de reduzir as soluções técnicas,
mas rever os princípios que modelam as práticas no sentido de torná-las mais
eficientes. Assim, sabendo-se do grande poder de penetração que a internet
representa na atualidade, faz-se necessário fazer dela uma aliada no combate à
Dengue.
Assegurado, ainda, por uma gestão social bem estruturada para o combate à
doença, o uso da rede pode ter um alto poder educativo. Segundo Maia (2002), as
novas tecnologias de comunicação e informação, incluindo, nesse caso, a internet,
parece oferecerem vantagens diversas sobre os meios de comunicação tradicionais,
75
proporcionando um ideal para a comunicação democrática, uma vez que seus
dispositivos interativos e multifuncionais oferecem “novas possibilidades para a
participação descentralizada”.
Como afirma Maia (2002), essas novas tecnologias permitem colocar diferentes
parceiros de interlocução em contato, mediante ações recíprocas e vínculos virtuais
variados, criando um potencial de interação inédito. Trata-se não apenas da
conectividade isolada do usuário da rede, mas sim do potencial de conexão coletiva,
aproximando os cidadãos com os assuntos que os envolvem. E, nesse sentido, o
site do Ministério de Saúde e os outros sites ligados a essa instituição têm que se
prestar eficazmente a esse papel.
Para finalizar, é importante reconhecer que a internet, seu conteúdo, suas
possibilidades e potencialidades se constituem em um conhecimento ainda em
processo de construção. Nessa perspectiva, pode-se afirmar: este trabalho estará,
inegavelmente, em permanente construção.
76
REFERÊNCIAS
ASPDEN, P.; KATZ, J.E. Assessments of quality of health care information and
referrals to physicians - a nationwide survey. In: RICE, R.E.; KATZ, J.E. (Ed.). The
Internet and health communication – experiences and expectations. Thousand
Oaks/London/New Delhi: Sage Publications, 2001. p. 99-106.
AUGUSTO, L.G.S.; CARNEIRO, R.M.; MARTINS, P.H. et al. Abordagem
ecossistêmica em saúde: ensaios para o controle do Dengue. Recife: Ed. da
UFPE; 2005. 382p.
BRAGA, I. A.; VALLE, D. Aedes aegypti: History of Control in Brazil. Epidemiologia
e Serviços de Saúde. Revista do Sistema Único de Saúde no Brasil, v. 16, n. 2,
p. 113-118, abr./jun. 2007.
BRANDÃO, C.R. O que é educação? 33. ed. São Paulo: Brasiliense, 1995.
BAUR, C.; DEERING, M.J.; HSU, L. Ehealth: federal issues and approaches. In:
RICE, R.E.; KATZ, J.E. (Ed.). The Internet and health communication –
experiences and expectations. Thousand Oaks/London/New Delhi: Sage
Publications, 2001. p. 355-383.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de
Vigilância Epidemiológica. Diretrizes nacionais para prevenção e controle de
epidemias de Dengue / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde,
Departamento de Vigilância Epidemiológica. Brasília: Ministério da Saúde,
2009.160p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).
BRASIL. Ministério da Saúde. Portal da Saúde. Disponível em:
<www.portaldasaude.saude.gov.br/portalsaude>. Acesso em: 6 maio 2012a.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portal da Saúde. Disponível em:
<www.combatadengue.com.br>. Acesso em: 6 maio 2012b.
CASTELLS, M. A sociedade em rede – a era da informação: economia, sociedade
e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 1999. v. 1.
DONALISIO, M.R. O dengue no espaço habitado. São Paulo: Hucitec, Funcraf,
1999.
77
FISCHER, T. Gestão do desenvolvimento e poderes locais. Salvador: Casa da
Qualidade, 2002.
FOUCAULT, M. O nascimento da clínica. 2. ed. Rio de Janeiro: ForenseUniversitária, 1980.
GAZZINELLI, M.F.; REIS, D.C. dos; MARQUES, R.C. (Org.). Educação em saúde:
teoria, método e imaginação. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2006.
GOHN, M. da G. Conselhos gestores e participação sociopolítica. 3. ed. São
Paulo: Cortez, 2007.
JUNQUEIRA, J.A.P.; INOJOSA, R.M.; KOMATSU, S. Descentralização e
intersetorialidade na gestão pública municipal no Brasil: a experiência de Fortaleza.
In: CONCURSO DE ENSAYOS DEL CLAD “EL TRÁNSITO DE LA CULTURA
BUROCRÁTICA AL MODELO DE LA GERENCIA PÚBLICA: PERSPECTIVAS,
POSIBILIDADES Y LIMITACIONES”, 11., 1997, Caracas. Anais… Caracas, 1997.
LEITE, M.M.J.; PRADO, C.; PERES, H.H.C. Educação em saúde: desafios para
uma prática inovadora. 1. ed. São Caetano do Sul, SP: Difusão, 2010.
LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da
informática.1. ed. Lisboa: Instituto Piaget,1992.
LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.
MAGALHÃES, R.; BODSTEIN, R. Avaliação de iniciativas e programas intersetoriais
em saúde: desafios e aprendizados. Revista Ciência & Saúde Coletiva, v. 14, n. 3,
p. 861-868, 2009.
MAIA, M. Gestão social: reconhecendo e construindo referenciais. Revista Virtual
Textos & Contextos, n. 4, dez. 2005.
MAIA, R.C.M. Redes Cívicas e Internet. In: EISENBERG, J.; CEPIK, M. (Org.).
Internet e Política. Teoria e Prática da Democracia Eletrônica. Belo Horizonte: Ed.
da UFMG, 2002. cap. 1, p. 46-72.
78
MINAYO, M.C.S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 4.
ed. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: ABRASCO, 1993.
MINAYO, M.C. de S.; DESLANDES, S.F.; GOMES, R. (Org.). Pesquisa social:
teoria, método e criatividade. 29. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.
MOREIRA, M.A. Mapas conceituais e aprendizagem significativa. Porto Alegre:
Instituto de Física, 1997.
MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 12. ed. São
Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2007.
NEVES, D. P. Parasitologia humana. 11. ed. São Paulo: Atheneu, 2004.
OLIVEIRA, M.M. de. Como fazer pesquisa qualitativa. 3. ed. Petrópolis: Vozes,
2010.
PNCD. Programa Nacional de Controle da Dengue. Ministério da Saúde,
Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), 2002. Disponível em:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/pncd_2002.pdf>. Acesso em: 6 maio
2012.
SANTOS, I.E. dos. Métodos e técnicas de pesquisa científica. 4. ed. Rio de
Janeiro: Impetus, 2003.
SCHERER-WARREN, I. Cidadania sem fronteiras: ações coletivas na era da
globalização. São Paulo: Hucitec, 1999.
SCHERER-WARREN, I. Das mobilizações às redes de movimentos sociais. Revista
Sociedade e Estado, Brasília, v. 21, n. 1, p. 109-130, jan./abr. 2006.
TAUIL, P. L. Controle de agravos à saúde: consistência entre objetivos e medidas
preventivas. Informativo Epidemiológico do SUS, v. 7, p. 55-58, 1998.
TENÓRIO, F. Gestão social, metodologia, casos e práticas. Rio de Janeiro: FGV,
2007.
79
TORRES, E.M. Dengue. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005.
SITES CONSULTADOS
www.ibge.gov.br
http://www.itu.int
www.redecidada.org.br
80
ANEXOS
ANEXO A. Autorização para pesquisa
Belo Horizonte, 21 de dezembro de 2011.
Ao
pesquisador principal do projeto abaixo identificado
Título/Projeto: “Aedes aegypti na rede: uma análise da Dengue pelos sites do
Ministério da Saúde”
Orientador/ Prof.: Dr. Cláudio Márcio Magalhães
Após análise do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) em reunião do dia
20 de dezembro de 2011 e atendidas as pendências, informamos que o mesmo foi:
( X ) aprovado
( ) aprovado com sugestões
( ) aprovado com restrições
(
) reprovado.
Lembramos ao pesquisador principal que o mesmo deverá encaminhar um relatório
parcial ou ao final da pesquisa até o dia 20 de junho de 2012.
O CEP deseja aos pesquisadores sucesso em sua trajetória de pesquisa!
Atenciosamente,
Profa. Elaine Linhares de Assis Guerra
Coordenadora do CEP
Centro Universitário UNA
81
ANEXO B. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Prezado(a) usuário(a).
Eu, Kristianne Maia Moreira, convido-o(a) para participar da pesquisa intitulada
“Aedes aegypti na rede: uma análise da Dengue pelos sites do Ministério da Saúde”.
Trata-se de um trabalho de mestrado que estou fazendo no Centro Universitário
UNA, sob a orientação do prof. Dr. Cláudio Márcio Magalhães. O objetivo desta
pesquisa é analisar o site do Ministério da Saúde no que se refere à Dengue como
uma possibilidade de se tornar um instrumento de inovação social e tecnologia
social a partir dos eixos da educação e desenvolvimento social. Sua participação é
de fundamental importância para a realização deste trabalho e seu consentimento
em participar deve considerar as seguintes informações:
1.
Sua participação é voluntária e você pode desistir a qualquer momento, caso
deseje, sem risco de qualquer natureza.
2.
O seu nome será mantido em anonimato, ou seja, não será revelado a
ninguém, bem como o sigilo (segredo) de todos os dados prestados.
3.
Você não terá nenhum tipo de despesa e não receberá nenhuma gratificação
(dinheiro) para participação desta pesquisa.
4.
Não há qualquer benefício direto pela sua participação, mas o conhecimento
da sua opinião a respeito deste tema é muito importante para a discussão que pode
melhorar ainda mais o atendimento fisioterápico.
5.
Suas respostas serão usadas exclusivamente (somente) para os fins desta
pesquisa.
6.
Este termo de consentimento ficará sob a minha guarda até finalização da
pesquisa e após será queimado.
7.
Caso aceite participar, em qualquer momento você poderá pedir informações
ou esclarecimentos sobre o andamento da pesquisa, bem como, caso seja de sua
vontade, sair da pesquisa e não permitir a utilização de seus dados.
Você poderá entrar em contato com os pesquisadores a qualquer momento que lhe
convier ou com o Comitê de Ética da UNA.
Kristianne Maia Moreira – (31)9663-2292 / (32)9913-3625
82
Termo de Consentimento.
Eu, ____________________________________________________, após ter lido
este termo de consentimento e esclarecido minhas dúvidas, concordo em participar
da pesquisa, “Aedes aegypti na rede: uma análise da Dengue pelos sites do
Ministério da Saúde”, uma vez que fui devidamente orientado(a) sobre a finalidade e
objetivo do estudo, bem como da utilização dos dados exclusivamente para fins
acadêmicos e científicos, sendo que meu nome será mantido em sigilo.
Assinatura do profissional:
Assinatura do pesquisador mestrando:
Kristianne Maia Moreira
Telefones: (31)9663-2292 / (32)9913-3625
Comitê de Ética em Pesquisa: Rua Guajajaras, 175, 4º andar – Belo Horizonte/MG
Contato: e-mail: [email protected]
Data: ____/ ____ / 2012
83
ANEXO C. Roteiro de Entrevista
Projeto: Aedes aegypti na rede: uma análise da Dengue pelos sites do
Ministério da Saúde
Aluna: Kristianne Maia Moreira
Orientador: Prof. Dr. Cláudio Márcio Magalhães
Objetivo geral da pesquisa: analisar os sites do Ministério da Saúde no que se
refere à Dengue a partir dos eixos da educação e desenvolvimento social.
Objetivos específicos da pesquisa:
•
analisar criticamente os sites do Ministério da Saúde e suas abordagens
sobre a Dengue;
•
verificar se os sites podem ser considerados (ou como torná-los) uma
tecnologia social que contribui para a educação e o desenvolvimento social;
•
propor intervenções para a melhoria dos sites, caso necessário.
Nome:
Cargo:
Idade:
Sexo:
Quanto tempo na atividade:
1) Você conhece o site do Ministério da Saúde?
a) se sim, continuar a entrevista.
b) se não, perguntar “porque ela não se interessou em usar o site como
ferramenta de apoio às suas atividades” e solicitar, no prazo de uma semana,
uma visita à página para posterior continuidade da entrevista.
2) Quando e por que você tomou a iniciativa de conhecer o site?
3) Em relação aos conteúdos relativos à Dengue dispostos no site, responda:
a)
As informações estão claras?
b)
Foram úteis para o seu trabalho?
c)
Podem resultar em alguma modificação da sua postura em relação à
doença?
d)
Haveria, para você, uma forma melhor de abordagem do assunto? Qual?
84
4) Quais são, para você, os principais aspectos a serem abordados com seus
alunos e comunidade para a prevenção da doença?
5) No seu ponto de vista, o site do Ministério da Saúde contribui para o
desenvolvimento de campanhas contra a doença a partir dos critérios que
você citou anteriormente?
6) Você acredita que é preciso um trabalho em conjunto da população para a
prevenção à Dengue?
7) O site lhe dá motivação e embasamento para isso?
8) Se sim, como? Se não, o que deveria ter?
9) Dê sugestões de melhorias.
85
ANEXO D. Respostas ao roteiro das entrevistas
1) ACE1 – 40 anos – três anos na função – Agente de Controle de Endemias
1. Não. Eu nem sabia que tinha alguma coisa lá que poderia me ajudar no trabalho.
2. xxx
3. a) Sim.
b) Sim.
c) Acho que não. Como eu sou da área, já tenho muitas informações sobre a
Dengue e sei como devo proceder.
d)
Acho que tinha que ter no site informações diretamente voltadas para a
população, principalmente para as crianças.
4. Eu acho que principalmente o envolvimento das pessoas com a doença. A
Dengue é uma doença que não irá ser controlada se não houver o
comprometimento de todos.
5. Eu achei que fala um pouco disso sim, mas não é tanto. Infelizmente, a gente tem
que ser muito, mas muito repetitivo mesmo quanto a isso. Já visitei casas em que
tive que falar milhões de vezes a mesma coisa e, mesmo assim, as pessoas não
seguiram as minhas orientações. Volto lá todos os meses e está tudo sempre
igual.
6. Tenho certeza disso. Todos sabem que isso é o principal.
7. Ele fala um pouco dessas coisas, sim.
8. Quando fala de prevenção, o que deve ser feito, essas coisas.
9. Uma parte bem explicativa voltada para os agentes de controle de endemias, já
que lidamos com isso diariamente.
2) ACE2 – 23 anos – três anos na função – Agente de Controle de Endemias
1. Sim,
2. Um dia, precisei de montar um informativo aqui para o posto e dei uma olhada lá.
Mas não achei que tinha muita coisa além do que eu já tinha estudado no
treinamento.
3. a) Sim.
b) Sim.
86
c) Não.
d) Não, para mim está bom.
4. No tempo que estou trabalhando aqui, eu vejo que a tecla em que a gente tem
mais que bater é a da educação. As pessoas são muito deseducadas em relação
à Dengue. Mas, veja: todo mundo sabe o que fazer e não faz. Então, se não faz, o
problema é falta de educação mesmo. Até as pessoas com mais poder aquisitivo,
estudadas, não tomam as medidas necessárias para se prevenir. Claro, não estou
generalizando, não são todas as pessoas. Mas tem que ter políticas públicas de
saúde e de educação voltadas para esse tema mais consistentes também.
5.
Acho que pouco. Há, sim, um pouco desse sentido educador nas informações que
estão no site, mas eu acho que isso tem que estar muito claro mesmo.
6. Tenho certeza disso. Todos sabem que isso é o principal.
7.
Essa coisa de motivação é da gente. Não vai ser um site que vai me dar
motivação pra fazer as coisas certas ou não. Isso vem de mim mesmo, da minha
educação.
8.
O site poderia ser mais interativo, ter um material mais farto e completo, ter partes
para quem lida diretamente com a prevenção da doença.
9. É o que eu falei anteriormente.
3) ACE3 – 33 anos – dois anos e meio na função – Agente de Controle de
Endemias
1. Não. Quando fiz o treinamento, não me falaram nada sobre o site.
2. xx
3. a) Sim.
b) Sim.
c)
Não. Acho que o site não incentiva a mudar a postura. Ele é mais informativo.
d) Talvez esta que eu falei antes: ser menos informativo e mais incentivador.
4. Educação, mudança de cultura, envolvimento.
5.
Não. O site fala de mudanças, mas não estimula as pessoas a mudarem. Não
mostra as consequências da doença. E não tem uma parte interessante voltada
para a educação das crianças, que eu acredito que seja o principal para uma
mudança real no quadro atual.
87
6. Sem dúvidas. É quando eu falo de envolvimento: todos que têm que estar
envolvidos para que a gente consiga acabar com o problema. Aliás, eu não
acredito em erradicação, mas em controle.
7. Não sei responder isso, mas acho que motivação é ligada a um conjunto de
coisas. Agora, embasamento, sim. As informações gerais sobre a doença estão
lá.
8.
Não, o site pode melhorar em relação a isso.
9. Informações mais profundas, detalhamento da situação dos estados e de
preferência até das cidades, para ver se as pessoas se comovem ao verem os
números absurdos da dengue.
4) ACE4 – 27 anos – cinco anos na função – Agente de Controle de Endemias
1. Não. Não tenho muito acesso a computadores. Não tenho em casa e aqui no
posto também não tem computador pra gente usar.
2. xx
3. a) Sim.
b) Sim.
c) Não, pois o meu próprio trabalho já me faz ser cuidadoso em relação à
Dengue.
d) Não sei... Pra mim está bom do jeito que está lá.
4. Educação é o principal.
5.
Um pouco, sim. Eu acho que informar, como está lá no site, é uma maneira de
educar.
6. Sim, é impossível sem isso.
7. Não muito.
8. Um canal de interatividade onde eu pudesse opinar, tirar dúvidas...
9. Então, é o que eu falei na pergunta de antes.
5) ACE5 – 26 anos – um ano na função – Agente de Controle de Endemias
1. Não. Não me interesso muito por essas coisas de computador... Pra estudar, uso
as apostilas que foram dadas no treinamento.
2. xx
88
3. a) Sim.
b) Sim. Têm algumas coisas sobre a história da doença que eu não sabia. E, às
vezes, nas visitas, as pessoas gostam de perguntar, conversar, e eu posso
contar isso pra elas.
c) Não.
d) Não.
4. Acho que o principal é conscientizar as crianças. Com os adultos, é mais difícil.
Temos que investir nas crianças para que elas não repitam mais pra frente o que
os adultos fazem hoje.
5. Muito pouco. Eles não contribuem muito nem com a nossa formação muito menos
com as das crianças.
6. Sem dúvidas. Não tem como se todos não se empenharem nisso.
7. Não.
8. Deveria ter informações muito mais completas para os profissionais de saúde.
9. Modelos de cartilha para distribuição onde você pudesse colocar as informações
do local onde você vive, um lugar de tirar dúvidas e denunciar possíveis focos do
mosquito.
6) AS1 – 34 anos – seis anos na função – Agente de Saúde PSF
1. Não. Já ouvi falar, mas nunca tive interesse de olhar, não.
2. xx
3. a) Sim.
b)
Eu não falo muito com as pessoas sobre a Dengue nas minhas visitas. Depois
que vi o site, acho que devo falar mais sobre isso.
c) Como eu disse, vou falar mais sobre isso nas minhas visitas.
d) Não, acho que lá está o que as pessoas precisam saber. E os profissionais de
cada área também, já que está tudo dividido. Mas não está muito diferente do
que a gente vê na televisão.
4. A prevenção. Ensinar a cuidar do próprio ambiente para que o mosquito não se
desenvolva.
5.
Sim. O site aborda a prevenção
6. Totalmente. Mas acho que o PSF não se envolve muito com essa questão. Não
somos muito cobrados em relação a esse assunto.
89
7. Embasamento, sim; motivação, acho que não.
8. Deveria ser mais interativo.
9.
Um site interativo.
7) AS2 – 26 anos – três anos na função – Agente de Saúde PSF
1. Sim.
2. Já procurei umas informações sobre pressão alta nele.
3. a) Sim.
b) Sim.
c) Lá, eu pude ver como a doença está crescendo cada vez mais. Vou passar a
falar mais sobre ela com a população e observar mais as casas pra ver se tem
algum foco do mosquito.
d) Não.
4. Ensinar como ocorre a doença, o que deve ser feito para evitá-la, incentivar a
colocar em prática as ações preventivas. E cobrar também. Já que sempre
estamos em contato com a população, podemos cobrar atitudes, mostrar,
repreender se for preciso.
5. Algumas coisas, sim. A parte mais técnica sobre a doença, por exemplo.
6. Sim. É essencial quando o assunto é Dengue.
7.
Não muito, o site pode ser bem melhor.
8. Conteúdos mais completos.
9. Poderia ser mais ilustrado, com movimento e mostrar como fazer uma abordagem
mais interessante com a população.
8) AS3 – 23 anos – um ano na função – Agente de Saúde PSF
1.
Não. Não me falaram nada sobre o site no curso daqui.
2. xx
3. a) Sim.
b) Acho que não. Já sabia boa parte do que está lá.
c) Não.
d) Não sei.
90
4. Todo mundo sabe o que deve fazer pra evitar o mosquito. Então, tem é que
cobrar das pessoas que façam o que é necessário.
5. Não.
6. Sim.
7. Não, nem motivação e nem embasamento.
8. Informações bem mais detalhadas para o pessoal da saúde.
9. O que eu falei anteriormente.
9) PB1 – 32 anos – um ano na função – Professora de Biologia
1. Sim.
2. Já usei como fonte pra fazer trabalhos durante a graduação e indico para os
meninos quando tem que fazer algum trabalho que envolva saúde, sobre alguma
doença.
3. a) Sim.
b) Sim.
c)
Com relação à Dengue, prevenção é de extrema importância, uma vez que
cerca de 80% dos focos estão nas residências. A maioria dos focos de criação
e reprodução do mosquito estão dentro das casas e nos quintais. Para
combater a Dengue, as pessoas devem mudar sua postura com relação a esse
problema e passarem a ser soldados nessa guerra. O site dá várias instruções
de medidas relativamente simples para o combate eficaz contra a Dengue.
d)
Não, acredito que a melhor forma mesmo é convocar a população para essa
luta diária contra a doença. E para combater a Dengue, é preciso conhecer a
doença, e o site traz várias informações úteis a respeito.
4. O modo de transmissão da doença e as medidas efetivas de combate.
5.
Sim, o site tem informações claras, divididas entre as várias classes de pessoas,
como educadores/crianças, profissionais da saúde, população em geral etc. Essa
divisão facilita o entendimento de todos.
6. Sim. O mosquito circula entre as diversas residências, escolas, empresas etc.
Devo fazer minha parte, isto é, cuidar da minha casa, mas devo também exercer
influência nos meus vizinhos, colegas de trabalho, para que juntos possamos
diminuir ao máximo os focos de Dengue.
91
7.
Sim, o site tem informações claras, divididas entre as várias classes de pessoas,
como educadores/crianças, profissionais da saúde, população em geral etc. Essa
divisão facilita o entendimento de todos.
8.
O mosquito circula entre as diversas residências, escolas, empresas etc. Devo
fazer minha parte, isto é, cuidar da minha casa, mas devo também exercer
influência nos meus vizinhos, colegas de trabalho, para que juntos possamos
diminuir ao máximo os focos de Dengue. Isso é abordado pelo site.
9.
De maneira geral, considerei o site bom. Mas eu acho que uma equipe de
educadores poderia montar atividades divididas de acordo com a faixa etária e
que poderiam ser utilizadas dentro da sala de aula.
10) PB2 – 30 anos – seis meses na função – Professora de Biologia
1. Sim.
2. Durante a graduação, precisei de ver sobre legislação de saúde e olhei lá, mas
ainda não usei em sala de aula.
3. a) As informações são claras, mas eventualmente são usados termos que muitas
pessoas podem não compreender.
b)
Sim, o site é uma boa fonte de informação, mas necessita de complementação.
Para uma pesquisa mais aprofundada, por exemplo, não é muito útil.
c) Não acredito que seja o caso. Não há informações novas nesse sentido.
d)
Sim. As campanhas para televisão são mais chamativas e atingem um público
maior. Levando o site em consideração, este poderia ser melhor ilustrado, a fim
de chamar mais a atenção de crianças. Ou mesmo ter um “canal” dedicado a
elas. O futuro do planeta depende de uma boa formação das crianças de hoje.
Elas são o melhor investimento.
4. A conscientização sobre o risco que a doença oferece para que o assunto seja
tratado com mais seriedade; a importância da propagação e execução da
informação pela comunidade.
5.
Sim. O material oferecido é bem informativo. Mas insisto na questão das
ilustrações. O encarte disponível no site conta com poucas ilustrações.
6. Sim. Esse trabalho em conjunto é fundamental. Se uma pessoa em um bairro
inteiro não toma as devidas precauções, pode manter um criadouro em sua
residência e afetar a todos da região.
92
7. Um pouco sim.
8.
O site deveria ser mais convidativo, principalmente para crianças. Acho
interessante que o mosquito seja mostrado, por fotografia ou um desenho bem
feito, a fim de facilitar sua identificação.
9.
Poderia ter algum tipo de atividade online entre escolas, como uma gincana, por
exemplo.
11) PB3 – 32 anos – oito anos na função – Professora de Biologia
1. Sim.
2. Sempre indico para os meninos como fonte de pesquisa, pois acho que têm
informações confiáveis e muita coisa a respeito de estatística.
3. a) Sim, as informações estão claras, mas difíceis de serem encontradas. Achei o
site com muita poluição visual. É cansativo navegar por ele.
b) Sim, pois pude encontrar informações adicionais que não estão nos livros
didáticos.
c) Sempre precisamos modificar nossa postura, pois muitas vezes esquecemos
que o combate a esta doença deve ser um hábito e não uma atitude numa
determinada época do ano.
d) Sim. Acho que os agentes de saúde deveriam visitar as escolas e participar de
algumas aulas de Biologia/Ciências. Eles poderiam participar de pelo menos
uma aula em cada série trazendo dinâmicas, vídeos, entre outros. Acredito que
chamaria a atenção dos alunos, mudaria a rotina das aulas, tornando-as mais
interessantes. A própria escola deveria fazer uma campanha e fazer dos alunos
novos agentes de saúde durante todo o ano.
4. Como podemos prevenir a doença, ensinar que o combate à Dengue deve ser
feito durante todo o ano e que a responsabilidade é de cada um de nós. Fazer
dos alunos “agentes de saúde mirins” e sempre estar dando informações sobre a
doença e o mosquito.
5.
O site traz muitas informações, mas acho que os alunos e a maioria das pessoas
da comunidade não o acessam para se informarem a respeito da Dengue. Outros
meios de comunicação, como a TV, por exemplo, conseguem levar mais
informações, pois atingem a maioria das pessoas.
93
6. Sim, pois o cuidado em não deixar água parada começa dentro de cada uma de
nossas casas.
7.
Sim, mas é claro que eu devo buscar outras informações em outros lugares.
Agora, motivação é complicada. É muito pessoal. Motivação depende mais de
mim mesma do que do site.
8.
Tem muita coisa interessante no site, mas, como já foi dito anteriormente,
navegar por ele é muito cansativo. Acho que nem todos têm o hábito de acessá-lo
para obter informações sobre as doenças em geral.
9. Vídeos mais longos e com desenhos que possam ser baixados e exibidos nas
escolas infantis.
12) PB4 – 37 anos – 13 anos na função – Professora de Biologia
1. Sim.
2. Eu conheço, já dei uma olhada algumas vezes, mas não uso com frequência pra
nada. Nas minhas atividades, prefiro usar os livros mesmo.
3. a) Sim, mas está com a disposição meio confusa.
b) Sim, têm coisas que não têm nos livros. A parte de história é interessante.
c) Não. Isso é muito pessoal.
d) Sim, devem colocar mais coisas voltadas para as crianças, com joguinhos,
desenhos, coisas que chamem a atenção delas.
4. O principal é a educação e a conscientização.
5. Sim.
6. Sim, o assunto Dengue tem que começar dentro de casa. E, como professora,
dentro da minha casa para que depois eu possa ensinar para os meus alunos.
7. De maneira geral, sim.
8.
O site tem boas informações e tudo está claro.
9. A parte para professor e criança é muito incompleta. Devia ter desenhos, jogos,
interatividade e uma linguagem voltada para crianças.
13) PB5 – 42 anos – cinco anos e meio na função – Professor de Biologia
1. Sim.
94
2.
Usei algumas vezes para procurar material e informações para as minhas aulas.
Mas só quando comecei a dar aulas de Biologia, porque as informações que
estão no site são mais para adolescentes. Quando dava aulas de Ciências, não
usei, não.
3. a) Sim.
b)
Sim, como complementação, o site tem informações interessantes.
c)
Não. Acho que um site não tem esse poder. Isso vai muito da consciência da
pessoa.
d)
Como professor, acho que a criança é o principal caminho para a erradicação
da Dengue. Elas devem ser informadas, educadas para fazer as ações que
controlam a proliferação do mosquito. É muito difícil mudar o adulto. O site tem
que ter coisas para elas.
4. Educação. A Dengue é uma doença diferente da maioria das doenças. Ela
depende quase que exclusivamente da educação das pessoas, das práticas das
pessoas dentro de casa.
5. Sim, mas acho que a educação deve vir acompanhada da conscientização das
pessoas. Um tem que ser aliado do outro.
6. Sim, não tenho nenhuma dúvida quanto a isso.
7. Não.
8.
O site, no link educadores e crianças, é fraco.
9. Muito mais informações, sugestões de como abordar o assunto em sala de aula,
como incentivar as crianças, fotos, desenhos, jogos.
14) PB6 – 27 anos – cinco meses na função – Professor de Biologia
1. Sim.
2. Eu conheço sim, mas ainda não usei na escola. Comecei a dar aulas esse ano.
3. a) Sim, só fiquei em dúvida com alguns termos.
b) Pra falar a verdade, tudo que está lá a maioria das pessoas já sabe. Passa
muito na televisão, principalmente na época de calor.
c) Não. Eu já cuido da minha casa direitinho.
d) Acho que está bom como está se o objetivo for só informar. Se for pra motivar,
precisa de mais.
4. Prevenção, conscientização e educação.
95
5. Sim, mas podia ter cartilhas, desenhos para imprimir e colorir, jogos interativos,
lugar para os internautas colocarem fotos fazendo suas ações contra a Dengue.
Estou falando isso em relação à educação. As crianças e jovens de hoje gostam
de interação, movimento.
6. Isso é essencial. Todos têm que colaborar. O governo, o povo, as escolas, as
unidades de saúde, todos.
7. Pouco.
8. Então, tudo o que eu já tinha falado antes: desenhos, cartilhas, interação de
maneira geral.
9. Então, minhas sugestões são essas que citei.
15) PB7 – 38 anos – sete anos na função – Professor de Biologia
1.
Não. Não sei por que nunca me interessei em usar o site, não. Na verdade,
conheço de dar uma olhadinha, mas nunca usei nas minhas aulas, não.
2.
xx
3. a) Sim.
b) Sim.
c) Não, não há incentivo pra isso.
d) Talvez, fazer algo mais interativo para as crianças. As crianças de hoje adoram
computador, gostam de joguinhos, essas coisas.
4. No caso dessa doença, a educação para prevenção é o principal aspecto a ser
abordado com os alunos.
5.
Um pouco, sim. O site tem um caráter educador quando divide os assuntos e
público. Mas acho que falta algo específico para crianças, porque o que tem lá é
bem fraco.
6. Sim.
7.
Até dá, mas o site pode melhorar muito, né.
8. Com mais informações para os educadores.
9. Informações completas para crianças e jovens.
16) PB8 – 41 anos – 11 anos e meio na função – Professora de Biologia
1. Sim.
96
2. Já usei pra pesquisa. Uso muito pouco, pra falar a verdade.
3. a) Sim.
b) Sim, muito úteis.
c)
Sim, o site te faz pensar em como é grave a situação da Dengue hoje no Brasil.
d) Sim. Acho que deveria ser mais voltado para crianças e jovens. Não sei como –
aí, teria que ver com um especialista.
4. Educação de crianças e jovens, e dos adultos que frequentam as escolas. Talvez,
um trabalho específico com o EJA por exemplo.
5. Sim, tem informações interessantes que posso usar na sala de aula, mas não vi
nada interessante que os alunos possam utilizar eles mesmos.
6. Sim, a Dengue é uma doença que tem que ser controlada de dentro de casa para
fora.
7. Sim, mas a parte para educadores é fraca.
8.
Como professor, tudo o que convida a criança a participar melhor eu considero
interessante: desenhos, jogos, atividades que possam ser feitas no próprio site.
9. O que falei anteriormente.
17) PB9 – 31 anos – dois anos na função – Professora de Biologia
1.
Sim.
2.
Eu conheço sim, mas não usei ainda com as crianças.
3. a) Sim.
b) Sim.
c) Não.
d)
O site poderia ser mais interativo, inclusive com uma parte voltada para as
crianças menores, de quatro a oito anos.
4. Não sou muito otimista em relação ao controle da Dengue, mas, como professora,
tenho certeza que essa é uma doença que só poderá ser evitada por meio de
ações educativas, pelo menos enquanto não descobrirem uma vacina.
5. Pouco.
6. Com certeza.
7. Não.
8.
O site tem pouquíssimas informações voltadas diretamente para o professor.
9. Conteúdo mais completo para os educadores.
97
18) PB10 – 44 anos – 18 anos na função – Professora de Biologia
1.
Sim.
2. Conheço, mas não uso na escola. Já usei pra retirar informações do meu
interesse.
3. a) Sim.
b) Pouca coisa. Tudo que está lá já é muito conhecido. É útil, mas posso usar
outras fontes e ter as mesmas informações.
c) Não, isso é de cada pessoa.
d) No momento, não me ocorre nada.
4. A educação.
5.
Sim, o site é interessante e pode ser usado em sala de aula. Aí, vai muito também
da criatividade do professor de complementar as informações.
6. Com certeza.
7.
Sim, achei o site adequado.
8.
O site tem bons textos explicativos sobre a doença.
9. Talvez que ele seja mais colorido para as crianças: isso chama mais atenção. E
com partes para desenhar, colorir.
19) PB11 – 37 anos – oito anos e meio na função – Professora de Biologia
1. Sim.
2. Eu conheço sim, mas ainda não usei na escola. Comecei a dar aulas esse ano.
3. a) Sim.
b) Sim, tem informações interessantes, dados mais recentes sobre a doença no
Brasil por exemplo.
c) Sim, lendo com atenção, você pode se conscientizar melhor sobre a doença.
d) Eu acho que hoje em dia, principalmente na escola, as coisas devem ser
colocadas de maneira lúdica, interessantes e que despertem prazer nos
alunos. Caso contrário, eles não se interessam. Pra essa geração do
computador, é legal que tenha jogos, redes sociais que abordem esse assunto.
Eles só funcionam assim. Os livros não bastam mais.
4. Não é por que sou educadora, mas, nesse caso, com certeza, é a educação.
98
5.
Sim, têm coisas interessantes lá. Mas podiam dar mais dicas para os professores
de livros, outros sites, outras informações.
6. Sim, a Dengue demanda o envolvimento de todos.
7. Sim.
8.
Então, como já falei, o site tem boas informações.
9. Jogos para as crianças, atividades para os jovens, essas coisas que a meninada
gosta.
99
ANEXO E. Modelo de site sobre Dengue
100
ANEXO F. Modelo de site contra Dengue com sugestões indicadas