Ejaculação precoce
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Ejaculação precoce
Ejaculação Prematura Curso Pós-Graduado NEDO Lisboa, 18 de Fevereiro de 2010 António Santinho Martins Endocrinologista Click to edit Master title style Definição da EP Click to edit Master title style Definições Tradicionais de Ejaculação Prematura Tradicionalmente foram utilizadas cinco definições diferentes de EP: 1. Definições sexológicas clássicas1 2. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV-TR)2 3. Classificação Internacional de Doenças, 10º edição (ICD-10)3 4. Orientações da American Urological Association (AUA)4 5. 2nd International Consultation on Sexual Dysfunctions/ International Consultation on Urological Disease (ICUD), 20045 1. Masters & Johnson, 1970 - Kaplan, 1974 (reviewed in Jannini et al. (2006) EAU-EBU Update Series 4: 141-149); 2. American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th Edition. Washington, DC, American Psychiatric Association, 2000; 3. World Health Organization. International Classification of Diseases and Related Health Problems, 10th Edition. Geneva: World Health Organization, 1994; 4. Montague et al. (2004) J Urol 172: 290–294; 5. McMahon CG et al. (2004) J Sex Med 1: 58-65 Click to edit Master title style Grau de Insatisfação da Parceira “…incapacidade de retardar a ejaculação durante o tempo suficiente para que a mulher atinja o orgasmo em cinquenta por cento das vezes” (Masters & Johnson, 1970) Reviewed in Jannini et al. (2006) EAU-EBU Update Series 4: 141-149 Click to edit Master title style Grau de Insatisfação do Próprio DSM-IV-TR • Ejaculação persistente ou recorrente com uma estimulação sexual mínima, antes, durante ou logo após a penetração e antes da vontade do indivíduo em ejacular. O clínico deve ter em conta factores que afectam a duração da fase de excitação, tais como a idade, o facto do parceiro ou situação sexual ser recente ou não, e a frequência recente de actividade sexual American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th Edition. Washington, DC, American Psychiatric Association, 2000 Click to edit Master title style Medida Quantitativa Cinética Ejaculação prematura é obtida antes de 8 ou 15 movimentos copulatórios (conforme os autores) Click to edit Master title style Medida Quantitativa Temporal Definição da International Society for Sexual Medicine (ISSM) de ejaculação prematura permanente: A Ejaculação Prematura é uma disfunção sexual masculina caracterizada por : • Uma ejaculação que ocorre sempre, ou quase sempre, antes ou passado um minuto da penetração vaginal; e • Incapacidade em retardar a ejaculação em todas ou quase todas as penetrações vaginais; e • Consequências pessoais negativas, tais como sofrimento, incómodo, frustração e/ou evitar a intimidade sexual McMahon et al. (2008) J Sex Med 5:1590–1606 Click to edit Master title style Prevalência da EP Click to edit Master title style A prevalência da EP é semelhante entre os diferentes países Estudo PEPA 30% Prevalência (%) 25% 23% 24% 20% 20% Alemanha Itália 20% 15% 10% 5% 0% Global USA PEPA: Prevalência e atitudes sobre a ejaculação prematura Porst et al. (2007) Eur Urol 51:816–824 Click to edit Master title style Fisiologia da Ejaculação Click to edit Master title style Controlo Cerebral da Ejaculação Centros supra-espinais chave As principais áreas chave da emissão e expulsão estão localizadas nas seguintes regiões do cérebro: Córtex Tálamo Hipotálamo: PVN: Núcleo Paraventricular MPOA: Área pré-óptica Medial Mesencéfalo: PGA: Núcleo cinzento periaqueductal Estímulos sensoriais das áreas genitais Protuberância anelar: nPGi: núcleo paragigantocelular Controlo excitatório e inibitório Giuliano & Clement (2006) Eur Urol 50(3):454–466 Click to edit Master title style Neurofisiologia da Ejaculação Centros cerebrais superiores Centros supraespinais Estímulos sensoriais das áreas genitais Células espinotalâmicas L3-L4: coordenação do núcleo espinal Centro Simpático Dorso-lombar D10-L3: emissão Centro Parassimpático Sagrado S2-S4: expulsão Controlo excitatório e inibitório Protuberância anelar: nPGi: núcleo paragigantocelular Fornecimento do sistema nervoso simpático para: Epidídimo, canal deferente, Vesículas seminais, Próstata aferente eferente Nervo pudendo Inervação motora do músculo bulboesponjoso Giuliano & Clement (2005) Ann Rev Sex Res 16:190–216 Nervo dorsal do pénis Click to edit Master title style Fisiologia da Ejaculação ESTÁ DEPENDENTE DE UMA ACÇÃO: Hormonas e Neurotransmissores: • Serotonina • Noradrenalina • Oxitocina • Dopamina • Gaba • Testosterona • Oxido nítrico • Estrogénios Receptores: • da Serotonina 5HT1A e 5HT2C • da Dopamina D2 e D3 Click to edit Master title style Neurotransmissores envolvidos na Ejaculação • Os seguintes neurotransmissores estão envolvidos no processamento da emissão e expulsão: • Serotonina (5-HT) • Dopamina (DA) • Ácido gama-aminobutírico (GABA) • Noradrenalina • A serotonina é considerada como sendo o neurotransmissor chave envolvido no processo da ejaculação – Existem vários receptores da serotonina no hipotálamo, tronco cerebral e espinal medula McMahon et al., Disorders of orgasm and ejaculation in men. In Sexual Medicine: Sexual dysfunctions in men and women. 2nd International Consultation on Sexual Dysfunctions, Paris, 2004; Donatucci (2006) J Sex Med 3 (suppl 4):303– 308 Click to edit Master title style Ejaculação Prematura (EP) Click to edit Master title style Etiologia da EP ORGÂNICA PSICOGÉNICA Click to edit Master title style Tipos de EP • Primária – A que se verifica desde o início da vida sexual • Secundária – A que se verifica após anos de funcionamento satisfatória Click to edit Master title style Etiologias Orgânicas PODEM SER MULTIFACTORIAIS: Congénitas Anatómicas Neurogénicas Infecciosas Endocrinológicas Iatrogénicas (Medicamentosas) Click to edit Master title style Causas de EP MECANISMOS BIOLÓGICOS: • Causas neurológicas: • Hipersensibilidade peniana • Hiperexcitabilidade do reflexo ejaculatório • Aumento da excitabilidade sexual • Causas urológicas: • Prostatites • Predisposição genética Click to edit Master title style Causas de EP PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA Polimorfismo do gene promotor do transportador da serotonina Jansen et al. (2009) J Sex. Med; 6(1). 276-84 Click to edit Master title style Causas de EP MECANISMOS BIOLÓGICOS: • Neurotransmissores e hormonas: Aumento de: Noradrenalina Oxitocina Testosterona Leptina Hormonas tiróideias Diminuição de: Serotonina GABA Oxido nítrico Estrogénios Click to edit Master title style Causas de EP MECANISMOS BIOLÓGICOS: • Receptores de neurotransmissores: • Por alteração da relação 5HT1A e 5HT2C • Aumento da sensibilidade ou da estimulação de D2/D3 Click to edit Master title style Causas de EP MECANISMOS BIOLÓGICOS: • Receptores da serotonina 5-HT1A e 5-HT2C Click to edit Master title style A Importância da EP CONTEXTO SÓCIO-CULTURAL E RELACIONAMENTO DO CASAL HOJE As profundas transformações económicas, sociais e culturais repercutiram-se sobre os direitos civis, comportamentos sexuais e direitos sexuais. A existência de um qualquer problema, condição ou disfunção sexual deixou de ser apenas de um dos membros do casal para passar a ser assumido pelos dois, particularmente nas camadas mais jovens. A mulher tornou-se mais exigente, exercendo maior pressão sobre o homem e seu desempenho sexual Click to edit Master title style EP: frequente no reino animal Na maior parte das espécies, o coito é muito rápido. As teorias evolucionistas dizem-nos que tem a ver com uma dupla sobrevivência: - A da espécie, com a introdução de espermatozóides na vagina; - A do par, que terá de estar atento aos seus predadores. Na maior parte dos primatas, o coito é inferior a 1 minuto, chegando por vezes a ser apenas de 6 segundos. É o desenvolvimento do lobo frontal no homem que o leva a controlar melhor o tempo ejaculatório Click to edit Master title style Desajustamento temporal do casal na obtenção do orgasmo As mulheres atingem orgasmo com uma duração de cópula: <1 minuto1 1 a 12 minutos1 >12 minutos1 27% 7% 66% A mulher necessita, em média, de uma duração de 8 minutos1. Com 3 a 4 minutos de cópula, apenas 30% das mulheres atingem o orgasmo A mediana do IELT na população global masculina foi de 5,4 minutos2. 1 Fisher S (1973). The female orgasm: psychology, physiology, fantasy. London, Allen Lane, et al. (2005) J Sex Med 2:492–497 2 Waldinger Click to edit Master title style REPERCUSSÃO DA EP NA RESPOSTA SEXUAL DA PARCEIRA • Relações sexuais desapontadoras1 • Evitação das relações sexuais1 • Insatisfação com as relações1 • Diminuição da intimidade1 • O que leva a que 50% das parceiras não tenham prazer em implicar-se em relações sexuais ou sofram de anorgasmia2 1 2 McMahon C. (2005) J Sex Med; 2(suppl 2):94-95 Riley A., Riley E. (2005) Int J Clin Pract; 59:1482-7 Click to edit Master title style Carta da parceira dum ejaculador prematuro Dr. Santinho Martins Esta adenda não servirá certamente para influenciar o estudo mas eu tenho necessidade de falar disto. A satisfação sexual não tem apenas três conotações: Boa, Razoável e Má. Há muitos factores envolvidos que podem levar a que uma penetração de, suponhamos, trinta e oito segundos passe a ser satisfatória. A “MINHA” satisfação sexual depende e quase só, da estimulação pré-coito. Assim sendo, com uma boa satisfação a nível da estimulação, posso ficar perfeitamente satisfeita com uma penetração de 20, 30 ou menos segundos. (Continua) Click to edit Master title style Carta da parceira dum ejaculador prematuro (Continuação) Daí eu não achar tão importante aquilo que de alguma maneira incomoda o meu marido, a saber, ejaculação precoce. A minha não satisfação após o coito, em algumas situações, tem, tão só a ver, com a falta de antecedentes, e aí não há horas que cheguem para me satisfazer. Sintetizando: não há orgasmo por mais duradouro que seja o coito, se não houver preliminares. Um abraço XXXXXXXX P.S. De qualquer maneira conte comigo inteiramente para este estudo Click to edit Master title style Tratamento da EP Click to edit Master title style Evolução Histórica do tratamento da E.P. (Adaptado de Waldinger) 1º Período – Ejaculação Rápida (1888-1917) Conceito etiológico: Descrição dos primeiros casos em 1887 e 1901, como fenómenos anormais apenas. Mentores: Gross e Krafft – Ebing. Tratamento: Inexistente Click to edit Master title style Evolução Histórica do tratamento da E.P. (Adaptado de Waldinger) 2º Período – Neurose, Perturbações psicossomáticas ou causas antómicas urológicas (1917-1950) Conceito etiológico: Sintoma de uma neurose provocada por um conflito inconsciente. Perturbação psicossomática causada por ansiedade. Como causas anatómicas, hiperestesia da glande e freio curto. Mentores: Das causas psicológicas, Abraham (1917) e Schapiro (1943) Tratamento: Causas psicológicas – Psicanálise Causas orgânicas – Cremes anestésicos, incisão do freio e destruição do verumontanum por electrocauterização Click to edit Master title style Evolução Histórica do tratamento da E.P. (Adaptado de Waldinger) 3º Período – Comportamento Aprendido (1950-1990) Conceito etiológico: Aprendizagem e consequentemente manutenção de um padrão ejaculatório rápido existente nas primeiras relações sexuais. Mentores: Masters e Johnson (1956) Tratamento: Comportamental com técnica de “Squeeze” Click to edit Master title style Evolução Histórica do tratamento da E.P. (Adaptado de Waldinger) 4º Período – Neurobiologia e Genética (1990 – ao presente) Conceito etiológico: Acção e metabolismo da serotonina em áreas específicas do SNC, com possível vulnerabilidade genéticas Mentores: Entre outros, Waldinger Tratamento: Psicofármacos, fundamentalmente clomipramina e SSRIs. Click to edit Master title style Problemas com o tratamento pelos SSRIs SÍNDROME DE DESCONTINUAÇÃO DOS SSRIs • Tonturas • Náuseas • Vómitos • Cefaleias • Perturbação do equilíbrio • Letargia • Agitação • Ansiedade • Insónias Click to edit Master title style Ejaculação Prematura OUTROS FÁRMACOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO A. Medicamentos Orais Inibidores da 5 – fosfodiesterase Sildenafil (Viagra) Vardenafil (Levitra) Tadalafil (Ciális) B. Medicamentos Cutâneos Creme SS Creme de Lidocaína e/ou prilocaína C. Medicamentos Uretrais Alprostadil (Muse) D. Intracavernosos Alprostadil (Caverject) Click to edit Master title style Priligy Perfil do fármaco Click to edit Master title style PRILIGY – Vantagens – Eficácia (aumento de 3 / 4 vezes o IELT) – Acção rápida ≈ 1h – Eliminação rápida (semi-vida ≈ 4h) – Efeitos cumulativos reduzidos – Baixa incidência de efeitos secundários Click to edit Master title style Parâmetros farmacocinético de PRILIGY Tmax= 1.0 horas; T1/2(inicial)=1.3 horas; T1/2(terminal)=19 horas 500 30 mg dose única Dapoxetina (ng/mL) 400 60 mg dose única 300 Às 24 horas as concentrações plasmáticas são inferiores a 5% da concentração máxima 200 100 0 0 4 Modi et al. (2006) J Clin Pharmacol 46:301-309 8 12 16 20 24 Horas pós administração Click to edit Master title style Perfil farmacocinético ideal no tratamento médico da EP Concentração plasmática de dapoxetina às 24 horas <5% do pico Dapoxetina 60mg Paroxetina 40mg Sertralina 100mg Fluoxetina 20mg Pico da concentração do fármaco (% da [C] máxima) 100 80 60 40 20 0 0 4 8 12 16 20 Horas pós administração Andersson et al. (2006) BJU Int. 97(2):311-315 24 Click to edit Master title style PRILIGY – Efeitos secundários Doentes que relataram AAs (n=1774)* Descontinuação devido a AA Náuseas (%) 14.9 1.6 Vertigem (%) 5.1 1.0 Diarreia (%) 4.6 0.8 Cefaleia (%) 3.9 0.6 Sonolência (%) 3.3 0.4 Insónia (%) 2.9 0.5 Dispepsia (%) 2.6 0.5 Astenia (%) 2.0 0.4 Acontecimento adverso (n=1774)* *Um total de 1774 homens nos ensaios em dupla ocultação incluídos no ensaio aberto. Cada um recebeu inicialmente 60 mg de dapoxetina na fase aberta; 194 (10,9%) reduziram subsequentemente a sua dose para 30 mg. Código do estudo : C-2002-014 (014) Shabsigh et al. Presented at EAU. 2006; Click to edit Master title style PRILIGY – Aspectos práticos de utilização – Utilização on-demand (conforme necessário); – Administrado 1-3 horas antes da relação sexual; – Toma única diária (1x em cada 24h); – Dose inicial recomendada: 30mg