SOBRE OMBROS DE GIGANTES: produção científica sobre ativos

Transcrição

SOBRE OMBROS DE GIGANTES: produção científica sobre ativos
Faculdade CNEC Ilha do Governador
TeRCi
Artigo Científico
SOBRE OMBROS DE GIGANTES: produção científica sobre ativos
intangíveis
ON THE SHOULDERS OF GIANTS: scientific production on intangible
assets
Eduardo Felicíssimo Lyrio
Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ, Brasil
Professor Assistente em Ciências Contábeis FAF/UERJ
[email protected]
Sidmar Roberto Vieira Almeida
Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ, Brasil
Professor Assistente em Ciências Contábeis FAF/UERJ
Professor e Coordenador do Curso de Administração da
Faculdade CNEC Ilha do Governador, Brasil
[email protected]
Andrea Paula Osorio Duque
Doutora em Ciência da Informação pelo Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência eTecnologia,IBICT/UFF, Brasil
Professora visitante do Programa de Pós-graduação em
Ciências Contábeis – PPGCC da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ, Brasil
[email protected]
Francisco José dos Santos Alves
Doutor em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo, USP, Brasil
Coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências Contábeis – PPGCC/UERJ
[email protected]
Resumo:
Os ativos intangíveis por suas características peculiares, como a não existência física
apresentam dificuldades em sua mensuração e classificação pelas entidades normativas da
área contábil. Nesta perspectiva, este estudo tem como objetivo efetuar uma vasta revisão
bibliográfica sobre o tema de forma a promover a reflexão para dimensionar a amplitude e
importância destes ativos na composição social e financeira das empresas na era de mercados
globalizados. Utilizou-se o Portal de Periódicos Capes na pesquisa. Foram encontrados 101
artigos que geraram 6263 citações de autores individuais e 3689 obras citadas. Os resultados
apontam que o periódico mais citado foi a Revista de Administração Contemporânea; Os
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Eduardo Felicíssimo Lyrio; Sidmar Roberto Vieira Almeida; Andrea Paula Osório Duque; Francisco José dos Santos Alves
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autores internacionais mais citados foram Robert S. Kaplan e Baruch Lev; os autores
brasileiros mais citados foram Eliseu Martins e Sérgio de Iudícibus. Os Autores internacionais
com maior quantitativo de obras citadas foram Jay B. Barney e Rubens Famá; os autores
brasileiros com maior quantitativo de obras citadas foram: Eliseu Martins e Eduardo Kazuo
Kayo. Por fim, as obras mais citadas foram: Intangibles: management, measurement and
reporting; Capital Intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas.
Palavras-chave: Produção Científica; Ativos Intangíveis; Capital Intelectual.
Abstract:
Intangible assets by its peculiar features, such as no physical existence present difficulties in
its measurement and classification by the regulatory bodies of accounting area. In this
perspective, this study aims to make a wide bibliographic review on the topic in order to
promote reflection to gauge the breadth and importance of these assets in social and financial
structure of the companies in the era of globalized markets. We used the Journals Portal
Capes research. They found 101 articles that generated 6263 citations of individual authors
and 3689 works cited. The results show that the most cited journal was the Contemporary
Administration Magazine; The most commonly cited international authors were Robert S.
Kaplan and Baruch Lev; the most cited Brazilian authors were Eliseu Martins and Sergio de
Iudícibus. International Authors with greater quantity of works cited were Jay B. Barney and
Rubens Famá; Brazilian authors more quantity of works cited were: Eliseu Martins and
Eduardo Kazuo Kayo. Finally, the most cited works were Intangibles: management,
measurement and reporting; Intellectual capital: the new competitive advantage of companies.
Keywords: Scientific Productivity, Intangible Assets, Intellectual Capital
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1. INTRODUÇÃO
O aforismo “sobre ombros de gigantes” com o qual se inicia o título desse estudo
tornou-se marca registrada do cientista inglês Isaac Newton que, ao escrever uma carta ao seu
colega Robert Hooke, em 1676, assim se expressou: “Se consigo ver mais longe é por estar
sobre os ombros de gigantes” (WHITROW, 2005). O grande criador das leis da física referiase a seus antecessores Joahnnes Kepler e Galileu Galilei cujas pesquisas fundamentaram suas
teorias.
No desenrolar do presente estudo serão investigadas às produções acadêmicas sobre
“ativo intangível” e em quais “ombros de gigantes” se sustentaram, tendo em vista a
importância do tema em questão, na era dos negócios virtuais e tecnológicos.
Para situar o fenômeno ‘ativo intangível’ no tempo e espaço, se faz necessário abordar
as revoluções tecnológicas ocorridas nas últimas décadas, no ambiente empresarial, que
modificaram o perfil do capital humano; os objetivos negociais e a valoração das marcas,
patentes, recursos humanos, entre outros ativos. Neste contexto, o ativo intangível ganhou
foro privilegiado como elemento agregador de valores para qualquer empresa, entidade ou
instituição que introduziram em sua contabilidade geral, a aferição do mesmo.
A história, a partir do século XXI, pontuou sua primeira década como marco
significativo dos avanços tecnológicos em ambiente empresarial. O avanço da tecnologia e
demais meios de comunicação expandiram o comércio, em âmbito mundial, ocasionando
ampliação dos negócios e demandando a padronização de normas e processos contábeis. Essa
evolução se enraizou com o advento das International Financial Reporting Standards (IFRS)
que foram criadas a partir do ano 2001 por um conjunto de pronunciamentos contábeis
internacionais divulgados e atestados pelo International Accounting Standards Board (IASB).
As normas visavam à homogeneização das práticas contábeis no mundo, tendo em vista o
contínuo desenvolvimento dos mercados mundiais e das tecnologias informacionais.
Neste cenário, o crescimento de Empresas de Base Tecnológica (EBTs)
impactou o processo contábil com a adesão, cada vez menos acentuada, dos ativos físicos e,
como consequência, agregando maior valor de mercado ao incluírem, em suas reservas, a
valoração de seus ativos intangíveis. Mas, nesse novo cenário, as pesquisas metodológicas, no
Brasil, ainda carecem de técnicas, teorias e práticas que privilegiem o cenário organizacional
típico de um mercado ao sul do Equador, mais precisamente, dos latinos latinos.
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Os ativos intangíveis, segundo, Hoss, Rojo e Grapeggia (2010), podem ser entendidos
como bens que não se podem tocar, pois não possuem forma física, fato que dificulta, de
maneira singular, sua abordagem nas práticas contábeis pela dificuldade em sua mensuração,
quantificação e respectivas apresentações nas demonstrações financeiras das entidades. Esses
ativos superam a expectativa da estratificação contábil, suplantando, também, vantagens não
quantificáveis como a criação, manutenção e exploração de uma marca. Entre os principais
bens intangíveis, susceptíveis de agregarem valores a um negócio, destacam-se a marca e o
trabalho intelectual dos seus recursos humanos. Nesse cenário, pesquisadores acadêmicos
ganham status de empreendedores e inovadores no âmbito da expansão das ciências, de
maneira generalizada.
Alguns pesquisadores já trataram do tema, com enfoques diferenciados. Provenci e
Santana (2011) realizaram investigações sobre a produção científica relativa aos ativos
intangíveis nos Congressos Brasileiros de Custos, de 1999 a 2008 e identificaram 60 artigos
publicados sobre o tema e, mais particularmente, dados sobre autores; formação acadêmica;
titulação e instituição. Outro foco da pesquisa foi a identificação dos pesquisadores com
maior número de produção intelectual sobre “ativos intangíveis”, e o histórico evolutivo desse
tema, ao longo do período investigado.
Silva, Duque e Alves (2012), em estudo similar, investigaram a produção científica
relativa aos ativos intangíveis, em âmbito mundial, na base de dados DOAJ de acesso aberto,
no período de 2006 a 2011, identificando 54 artigos sobre o tema, em 26 periódicos, de nove
países. Os autores buscaram identificar o país com maior número de periódicos publicados
sobre o tema; periódicos com maior número de publicações; autores que mais publicaram e o
número de autores por artigo. Também foi objeto da pesquisa a identificação dos subassuntos
mais pesquisados, por meio da análise das palavras-chave.
No início de 2013, órgãos de imprensa (RIGHETTI, 2013) divulgaram um aumento da
produção acadêmica brasileira, que passou do 17º (2001) ao 13º lugar (2011), com um
acréscimo de 35.818 artigos. No entanto, o índice de qualidade - medido pelo número de
vezes em que uma pesquisa acadêmica é citada em estudos - não tem correspondido ao índice
de quantidade produtiva. O Brasil caiu de 31º (2001) para o 41º (2011) lugar mundial em
qualidade da produção científica. Portanto, este estudo se justifica por abordar o tema ‘ativo
intangível’, de maneira simplificada, e autores que com seus “ombros de gigantes”
sustentaram as pesquisas subsequentes e oportunizaram reflexões sobre o tema.
Frente ao exposto e conjugando produção científica e ativos intangíveis, o presente
estudo objetiva identificar autores, obras e periódicos mais utilizados pelos pesquisadores e
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estudiosos do tema ativos intangíveis. Para tanto, utilizou-se de pesquisa analítica no Portal de
Periódicos Capes, visando apurar, entre outras informações pontuais, os autores mais citados,
no âmbito do tema em estudo, como condição para futuros estudos que visem dimensionar a
amplitude e importância desses ativos na composição social e financeira das empresas, na era
de mercados virtuais.
Substantivando o tema, o estudo, embora pretenda identificar a produção científica
sobre ativos intangíveis, se diferencia das demais abordagens dos autores citados
anteriormente. Provenci e Santana (2011) estudaram o tema em um período diferente e como
fonte o Congresso Brasileiro de Custos. Os autores Silva, Duque e Alves (2012) pesquisaram
o tema em uma base de dados aberta.
O atual estudo tem como referencial o fato da pesquisa ser realizada na Base de
Periódicos CAPES, que tem uma gama maior e diversificada de periódicos, contemplando às
publicações nacionais e estrangeiras, em um período de tempo mais amplo e elástico.
Neste contexto, parte-se da indagação: Quais os periódicos, obras e autores brasileiros
e estrangeiros mais significativos para a produção científica de ativos intangíveis, de acordo
com os dados coletados no Portal de Periódicos Capes?
Quatro seções são estabelecidas para o desenrolar do estudo, além da Introdução. A
primeira seção apresenta o Referencial Teórico que abrange a fundamentação e embasamento
do estudo. A seção Metodologia informa as técnicas e os métodos utilizados. A terceira seção
– Resultados - aborda as análises e o desenvolvimento da pesquisa. A última seção traz as
Considerações Finais e informações complementares.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção são apresentados os principais objetos focados na perspectiva do tema: os
ativos intangíveis e a qualidade da produção científica.
2.1 Ativos Intangíveis
Ativos são elementos do patrimônio das empresas dos quais se esperam benefícios
futuros. Lustosa (2009, p. 87), define ativo como “potencial de benefícios líquidos que se
espera obter de um agente”. O autor também afirma que “o termo ativo representa o núcleo da
teoria contábil”, e que sua compreensão facilita o entendimento dos demais elementos do
patrimônio das empresas.
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Já Lev (2001, p. 5) discorre sobre ativos como “reivindicações de benefícios futuros”,
e define ativos intangíveis como uma “reivindicação de benefícios futuros que não têm uma
(ação ou título) personificação física ou financeira. A patente, uma marca, e uma estrutura
organizacional única (por exemplo, uma cadeia de suprimentos baseada na Internet) que
geram economias de custo são ativos intangíveis”.
No grupo dos ativos encontram-se os ativos intangíveis, que são elementos que
carecem de substância. O estudo dos intangíveis é considerado uma das áreas mais complexas
da teoria da contabilidade, não apenas devido às dificuldades de definição, mas, também,
devido às incertezas relacionadas a sua mensuração (HENDRIKSEN; BREDA, 2010, p. 387388).
Hendriksen e Breda (2010) afirmam que para que se possa reconhecer o ativo, é
necessário que a empresa controle o acesso aos benefícios decorrentes deste ativo, ou seja,
geração de lucro financeiro para o reconhecimento e validade da fonte geradora: os
intangíveis.
As mudanças ocorridas nas últimas décadas, como os avanços tecnológicos, a
globalização, o aumento das transações de fusão e aquisições e, consequentemente, o aumento
da competitividade, conduziram a uma crescente necessidade de valorar os ativos intangíveis.
Domeneghetti e Meir (2009) denominam o momento atual de Era do Intangível, em que os
ativos físicos, embora necessários, não são “mais os diferenciais suficientes”, afirmando ainda
que “[...] os intangíveis transformam-se em valiosos recursos estratégicos de diferenciação e
de potencial de crescimento econômico sustentável, verdadeiro oásis de valor e crescimento
nos mercados exacerbados de competição”.
Essas mudanças ocasionaram um complexo movimento de reestruturação nas
empresas em que os ativos tangíveis são tão importantes quanto os intangíveis. Em empresas
de tecnologia há uma completa inversão de valores entre ambos ativos. Kaplan e Norton
(2001, p. 2) afirmam que:
Em uma economia dominada por ativos tangíveis, as medidas financeiras
foram adequadas para registrar investimentos em estoques, imobilizado e
equipamentos nos balanços das empresas. Declarações de renda também
podiam capturar as despesas associadas com o uso desses ativos tangíveis
para produzir receitas e lucros. Mas a economia de hoje, onde ativos
intangíveis tornaram-se as principais fontes de vantagem competitiva, exige
ferramentas que descrevam os ativos baseados no conhecimento e na
estratégia de criação de valor que esses ativos tornam possível. Na falta de
tais ferramentas, as empresas têm encontrado dificuldades em gerir o que
não podiam descrever ou medir.
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Mudanças também ocorreram no processo contábil, principalmente devido a expansão
dos mercados, em nível global, ocasionando a necessidade de estabelecer uma linguagem
universal, convergindo, assim, para as normas internacionais padronizadas.
No Brasil, a publicação da Lei 11.638/07 forneceu condições necessárias para a
adoção da convergência, admitindo alterações propostas, que incluíam o subgrupo Ativos
Intangíveis, no grupo Ativo Não Circulante.
Antes da publicação da Lei 11.638/07, foi criado, em 2005, o Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (CPC) através resolução CFC nº 1.055, de 7 de outubro de 2005,
e com objetivo proposto em seu artigo 3º:
[...] o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre
procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa
natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora
brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de
produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade
Brasileira aos padrões internacionais.
Atendendo a esse objetivo, o CPC publicou, posteriormente, em 2010, o
pronunciamento CPC 04, definindo o tratamento contábil a ser dado ao ativo intangível e os
critérios para o seu reconhecimento e mensuração, bem como, orientando como deverão ser
feitas as divulgações específicas dos mesmos. O CPC 04 (R1) define ativo intangível como
“um ativo não monetário sem substância física”.
Devido ao seu valor estratégico, os intangíveis despertam interesses dos diversos
envolvidos nos processos negociais, devido às expectativas de benefícios futuros e de
sustentabilidade das empresas. Para Oliveira e Beuren (2003, p. 83):
Embora ainda não se tenha encontrado unanimidade quanto a seu tratamento
contábil, todo o interesse que o tema vem despertando, nos meios acadêmico
e empresarial, durante tantos anos, adquire maior urgência à medida que os
ativos intangíveis, consubstanciados no capital intelectual, ganham espaço
primordial nas organizações de classe mundial.
Além da dificuldade do registro contábil, o controle e a mensuração internamente pela
empresa ainda representam um desafio. O acompanhamento da criação e de como este
intangível, especificamente oriundo de capital intelectual, angariou recursos para uma
entidade enfrenta restrições. Segundo Apak et al.(2012, p. 531) “[...] é difícil medir o valor
agregado que contribuiu para a empresa através da inteligência e da criatividade de uma
pessoa”.
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Dentro de uma empresa o capital intelectual, especificamente em recursos humanos,
pode ser responsável pelo avanço ou retrocesso de uma instituição. A contratação, e até
mesmo uma estruturada metodologia para seleção de pessoal pode ser responsável pelo
sucesso da entidade. A “Aquisição de Talentos’ faz parte de uma abordagem estratégica mais
ampla na busca corporativa para obter e manter uma vantagem competitiva no mercado de
hoje” (GAUNDARE; KHANDELWAL, 2010, p. 84).
Este tema tem sido objeto de estudo de pesquisadores, sob diversas óticas, e, no
contexto do presente estudo, adotará a linha de pesquisa voltada para identificar os autores,
brasileiros e estrangeiros, que mais influenciam na produção científica sobre ativos
intangíveis, e, consequentemente, nas reflexões orientadas sobre o assunto.
2.2 Mensuração da Qualidade da Produção Científica
A produção científica é fruto do trabalho de pesquisa e sua publicação favorece a
difusão e democratização do conhecimento científico. É necessário que o conhecimento
científico seja comunicado para que possa causar impacto na sociedade no tocante aos
aspectos de credibilidade, assertividade, verdade científica, entre outros e, para tal, a
comunicação de amplo aspecto pode revolucionar as pesquisas e a construção do
conhecimento, de maneira global e irrestrita. De acordo com Vanz e Careganto (2003, p.
247):
O desenvolvimento da ciência como sistema é governado pela produção e
fluxo de informação, até que esta se transforme em conhecimento. Por isso,
uma das obrigações dos pesquisadores é disseminar o conhecimento
científico através das publicações, dado que os resultados de qualquer
investigação devem ser divulgados de forma a estarem disponíveis para a
comunidade e, assim, realimentarem o processo de comunicação científica.
Outra ênfase dada à produção científica consiste na sua aplicabilidade como critério
para diversos processos de seleção, tais como: concursos públicos, pós-graduação e obtenção
de bolsas e financiamentos junto às agências de fomento, bem como para a avaliação de
instituições de ensino, departamentos, periódicos científicos entre outros. Desta necessidade
de avaliação não apenas da produção cientifica, mas, também, da qualidade da mesma, surge
o interesse em buscar mecanismos que aperfeiçoem a dimensão desse processo. Lima et al.
(2012, p. 4) afirma que:
A pesquisa científica é uma atividade de extrema importância e consome
somas consideráveis de recursos públicos e privados, razão pela qual é
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importante analisar os resultados que gera, assim como seu impacto em
diferentes dimensões – científica, econômica, social. Várias são as maneiras
pensadas e desenhadas para examinar cada uma destas dimensões .
Um dos quesitos utilizados, normalmente, na avaliação de qualidade de uma produção
científica consiste em verificar quantas vezes o autor e suas obras são citados, critérios iniciais
que podem nominar o prestígio de um pesquisador. A contagem de citações é um critério que
parece simples e por isto muito utilizado. Sobre os estudos de citação, Vanz e Caregnato
(2003, p. 255) afirmam que:
[...]são uma importante ferramenta para o entendimento dos processos de
comunicação científica nas diferentes áreas do conhecimento humano. Eles
nos permitem mapear um campo emergente ou consolidado, identificar seus
principais atores e as relações que se estabelecem entre eles e identificar uma
série de características do comportamento de uso da informação recuperada.
Assim, os estudos de citação constituem um importante indicador da
atividade científica, pois contribuem para entender a estrutura e o
desenvolvimento da ciência e também identificam as regularidades básicas
de seu funcionamento.
Em 1955, Eugene Garfield propôs o Fator de Impacto (FI), como instrumento para
avaliação da qualidade das publicações científicas, cujo resultado é fruto da relação entre o
número de citações recebidas pelos artigos publicados no periódico nos dois anos anteriores à
avaliação e o número de artigos publicados no periódico (RUIZ; GRECO; BRAILE, 2009).
O Fator de Impacto (FI) é uma ferramenta bibliométrica muito requisitada como
critério de avaliação utilizado pelos periódicos. Apesar de significativo uso, a ferramenta FI
tem recebido críticas diversas, sendo que o próprio autor - Garfield (2006) – apresentou
algumas delas como a de reconhecê-la como uma ferramenta imperfeita para medir a
qualidade da publicação científica. No entanto, o autor faz a ressalva de que, no momento,
ainda considera não haver nenhuma outra ferramenta que o supere. Um dos pontos fortes do
FI consiste na imparcialidade das avaliações, uma vez que a leitura e o julgamento por parte
de avaliadores podem apresentar um julgamento pessoal (GARFIELD, 2006).
A velocidade de produção científica difere de uma área para outra, sendo possível, em
algumas áreas, em um curto espaço de tempo abrigar mais trabalhos publicados do que em
outras áreas. De acordo com Ruiz, Greco e Braile (2009, p. 358), “A qualidade do material
publicado não pode ser aferida através do tempo” e “a quantificação das citações, pelo
período de dois anos, é arbitrária [...]”.
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O FI utilizado para avaliação da qualidade dos periódicos objetiva avaliar a produção
científica de um pesquisador com o auxílio de outras ferramentas, tais como a análise de
citação, com a utilização de dados estatísticos.
Silveira e Bazi (2009) definem estudo de citação como:
[...]as análises realizadas em fontes documentadas sobre os registros citados
e referenciados, através de métodos e técnicas qualiquantitativas.
Essencialmente, esses estudos buscam medir e avaliar o núcleo e a dispersão
da produção técnico-científica, fornecendo indicadores de uma realidade
específica. As unidades de análise desses estudos variam de acordo com o
tipo de abordagem, podendo ser quantitativos e qualitativos.
Este estudo pretende utilizar a estatística como ferramenta para identificar os
periódicos e as obras mais citadas e os autores que mais publicaram sobre o tema “ativos
intangíveis”.
3. METODOLOGIA
Esta seção contempla o método utilizado no estudo, incluindo a base de dados do
Portal de Periódicos Capes, fonte dos dados informacionais.
3.1 Método
O presente estudo utilizou método de pesquisa descritiva, que segundo Da Silva
(2010), “tem como objetivo principal a descrição das características de determinada
população ou fenômeno, estabelecendo relações entre as variáveis”.
Quanto à captação informacional, foi realizada uma varredura nos dados
bibliográficos, que possuem a “base em referências teóricas já publicadas em livros, revistas,
periódicos, artigos científicos etc” (DA SILVA, 2010), tendo como fonte, a base de dados do
Portal de Periódicos CAPES.
3.2 Coleta de dados
Essa pesquisa coletou as referências bibliográficas contidas nos artigos oriundos da
base de dados do Portal de Periódicos Capes consultados no dia 16 de setembro de 2012, e de
sua atualização em 23 de maio de 2013. A partir da coleta, realizou-se a separação por
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periódicos e obras. Os autores foram incluídos, individualmente, por produção científica
consultada.
Os dados informacionais foram organizados e classificados em uma planilha Excel,
com tabela dinâmica e fórmulas de somatório, pesquisa e referência, sofrendo tratamento
estatístico. As tabelas dinâmicas permitiram compor as listas com as unidades de análise
(autor, periódico, obra), e cruzamento dos dados.
A pesquisa não delimitou um período de tempo; desta forma, foram coletados todos os
dados disponíveis na base de dados do Portal de Periódicos Capes independente desse fator
limitador.
A busca realizada em 16 de setembro de 2012, com o termo “ativos intangíveis”,
retornou 87 resultados, sendo 16 descartados por não serem artigos científicos, em texto
completo.
No dia 23 de maio de 2013, foi realizada nova busca no Portal de Periódico Capes,
com a finalidade de atualização da base de dados. Os termos pesquisados foram “ativo
intangível” no singular e plural. Com o resultado da atualização, a base da pesquisa
relacionou 110 artigos científicos, nove foram descartados por falta de acesso ao artigo,
restando assim, 101 artigos científicos que montam a base deste estudo e representam 91,82%
do total da amostra possível (101 de 110 artigos).
Dos 101 artigos recuperados foram geradas 6263 citações de autores individuais e
3689 obras citadas. A captura dessas citações está fundamentada na necessidade de conhecer
em quais “ombros de gigantes” a produção científica vem se apoiando, fenômeno esse
detectado pelo levantamento do referencial bibliográfico citado e respectivos autores
consultados.
Algumas dificuldades no preenchimento das tabelas no Excel ocorreram por falhas e
omissões ou na elaboração das obras ou na sua inclusão no Portal de Periódicos CAPES,
como:

Alguns links apresentados não se conectavam ao artigo solicitado e, em outros,
não foi possível encontrar o artigo, em texto completo, na base de dados do
Portal de Periódicos da CAPES.

A abreviatura e, por vezes, a ausência de nomes completos de alguns autores
foram impeditivos para a identificação dos mesmos nos documentos
analisados.

A ocorrência de dubiedade em alguns títulos de artigos, dificultando o encaixe
correto, na respectiva planilha.
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
O uso indevido de et al. nas referências, em desacordo com as normas da
ABNT, também foi considerado um fator de dificuldade para detecção dos
autores ocultos sob a expressão citada.
Segundo Silveira e Bazi (2009), a utilização de nomes diferentes para um mesmo autor
pode influenciar no resultado:
[...] aumentando a dispersão dos resultados e distorcendo uma realidade
específica. Estudos que são realizados de forma manual conseguem
minimizar tais efeitos, uma vez que o pesquisador pode alterar para a entrada
preferida do autor que fora citado. Nos estudos automatizados esta situação é
crítica, pois os programas não reconhecem as entradas, gerando contagens
para o número de possíveis entradas para o mesmo autor no conjunto de
registros.
Embora tenha havido a ocorrência desses problemas, alguns deles puderam ser
solucionados, após buscas em outras bases de dados, por exemplo: E. Kayo e E. F. Kayo
seriam os mesmos pesquisadores? A solução adotada para dirimir dúvidas consistiu em
recuperar algumas obras, citações e autores, pesquisando em outra fonte de dados para
eliminar lacunas constatadas em algumas referências.
3.3 Periódicos Capes
A Capes - criada em 11 de julho de 1951, através do Decreto nº 29.741 - apresenta
como principal objetivo "assegurar a existência de pessoal especializado em quantidade e
qualidade suficientes para atender às necessidades dos empreendimentos públicos e privados
que visam ao desenvolvimento do país" (CAPES, 2013).
Como a Capes é uma fundação vinculada ao Ministério da Educação e Cultura (MEC),
“desempenha papel fundamental na expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu
(mestrado e doutorado) em todos os estados da Federação” (CAPES, 2013).
No que tange ao acesso e divulgação da produção científica, foi criado o Portal de
Periódicos que atua visando estreitar a indisponibilidade nas bibliotecas brasileiras no que se
refere à informação científica internacional, “dentro da perspectiva de que seria
demasiadamente caro atualizar esse acervo com a compra de periódicos impressos para cada
uma das universidades do sistema superior de ensino federal” (PERIÓDICOS CAPES, 2013).
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A base de dados do Periódicos Capes representa uma ferramenta relevante para
estudantes e pesquisadores, pois disponibiliza conteúdo que somente poderia ser acessado
através de assinatura de diversas bases de dados, onerando assim, a pesquisa.
Segundo a Capes (2013), seu Portal de Periódicos é definido como:
[...] uma biblioteca virtual que reúne e disponibiliza a instituições de ensino
e pesquisa no Brasil o melhor da produção científica internacional. Ele conta
com um acervo de mais de 34 mil títulos com texto completo, 130 bases
referenciais, 11 bases dedicadas exclusivamente a patentes, além de livros,
enciclopédias e obras de referência, normas técnicas, estatísticas e conteúdo
audiovisual.
A CAPES tem promovido ações visando o acesso irrestrito ao conteúdo do portal e
compartilhamento das pesquisas brasileiras, inclusive em nível internacional, dentre outras
ações.
Dados estatísticos, obtidos no portal de Periódicos Capes, informam que, em 2012, a
base de periódicos CAPES contava com 130 bases referenciais com 33.756 periódicos de
texto completo, contemplando 407 instituições com acesso ao portal de periódicos. O número
de acessos a textos completos foi de 39.470.709 e a bases referenciais foi de 42.200.535.
Portanto, um número significativo de acesso e consultas para atender o público de
pesquisadores acadêmicos.
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Esta seção apresenta o cômputo dos dados informacionais coletados e as incidências
estatísticas diferentes de três categorias informacionais: obras mais citadas e respectivos
títulos; autores brasileiros e estrangeiros mais citados e maior quantitativo de obras por autor.
4.1 Obras mais citadas
A primeira categoria informacional diagnosticada como suporte básico sobre o tema
“ativos intangíveis” refere-se à classe documental que tem como destaque livros, artigos,
teses. Os 101 artigos recuperados na base de dados do Portal Capes geraram 3689 obras
citadas. As obras mais citadas sobre ativos intangíveis estão listadas no Quadro 1, a seguir:
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Quadro 1 – Obras mais citadas sobre ativos intangíveis
Autor
LEV, Baruch
STEWART, Thomas A.
HENDRIKSEN, E. S.
VAN BREDA, M. F.
MALHOTRA, N.
BARNEY, Jay B.
IUDÍCIBUS, Sérgio de.
MARTINS, Eliseu
EDVINSSON, Leif.;
MALONE, Michael S.
PRAHALAD, C. K.;
HAMEL, G.
KAPLAN, Robert S.;
NORTON, D. P.
ANTUNES, Maria
Thereza P.
DAVENPORT, T. H.;
PRUSAK, L.
DRUCKER, Peter F.
KAYO, Eduardo Kazuo
NONAKA, I.;
TAKEUCHI, H.
PORTER, Michael E.
SVEIBY, K. E
BARNEY, Jay B.
FAMA, E.;
FERNCH, K
Título
Intangibles: management, measurement and
reporting.
Capital Intelectual: a nova vantagem competitiva
das empresas.
Tipo
Data Citações
Livro
2001
13
Livro
1998
12
Teoria da contabilidade.
Livro
1999
11
Livro
Artigo
Periódico
Livro
Tese
2000
10
1991
8
1997
1972
8
8
Livro
1998
7
Artigo
1990
Periódico
7
Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada.
Firm resources and sustained competitive
advantage.
Teoria da Contabilidade
Contribuição à avaliação do ativo intangível
Capital intelectual, descobrindo o valor real de sua
empresa pela identificação de seus valores
internos.
The core competence of the corporation.
A Estratégia Em Ação: Balanced Scorecard.
Livro
1999
7
Capital Intelectual.
Livro
2000
5
Livro
1998
5
Livro
1993
5
Tese
2002
5
Livro
1997
5
1989
5
1998
5
1996
5
1993
5
Conhecimento empresarial: como as organizações
gerenciam o seu capital intelectual.
A sociedade pós-capitalista
A estrutura de capital e o risco das empresas
tangível e intangível-intensivas: uma contribuição
ao estudo da valoração de empresas.
Criação de conhecimento na empresa.
Vantagem competitiva: criando e sustentando um
Livro
desempenho superior
A Nova Riqueza Das Organizações. Gerenciando e
Livro
Avaliando Patrimônios de Conhecimento.
Gaining and sustaining competitive advantage
Livro
Common risk factors in the returns on stocks and
Artigo
bonds.
Periódico
Fonte: Os autores, 2014.
O tema ativo intangível obteve como resultado de busca 262 obras. Como algumas
delas foram citadas mais de uma vez, o documental totalizou 517 obras. Para análise foram
descartadas as obras com abordagem metodológica e estatística.
Os autores brasileiros Sérgio de Iudícibus e Eliseu Martins estão na 6ª e 7ª posição de obras
mais citadas. Entretanto a obra de Iudícibus (1997) trata de um tema geral que é a Teoria da
Contabilidade. A obra mais acessada foi a de Baruch Lev, sendo também a mais atual (2001).
Observa-se que as obras mais citadas estão inseridas em um período temporal de uma
década (1991/2001), tempo considerado pequeno para a consolidação de pesquisas
acadêmicas e formulação de teorias em âmbito globalizado.
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Outro fator relevante reside no fato que de 2001 a 2014 nenhuma obra nova foi editada
e reconhecida como fonte de pesquisa sobre o tema “ativos intangíveis”.
4.2 Periódicos mais citados
Os pesquisadores – fonte de 6263 citações dos 101 artigos capturados na base de
dados do Portal de Periódicos da CAPES, foram pontuados nas seguintes publicações.
Tabela 1 – Periódicos mais citados no Portal de Periódicos da Capes
Periódicos
Frequência
%
Revista de Administração Contemporânea (RAC)
15
14,25
Revista de Administração de Empresas (RAE online)
Revista de Administração Mackenzie (RAM)
Revista Brasileira de Gestão de Negócios (RBGN)
Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação
Revista de Contabilidade e Finanças da USP
Revista Brasileira de Finanças (RBFin)
Perspectivas em Gestão & Conhecimento
Pretexto FUMEC/FACE
Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade (REPeC)
Revista de Administração da Universidade Federal de Santa
Maria (REA UFSM)
Revista Contabilidade Vista & Revista
Revista de Gestão USP
Revista Universo Contábil
Fonte: Os autores, 2014.
10
10
9
8
8
5
2
2
2
2
9,52
9,52
8,57
7,62
7,62
4,76
1,91
1,91
1,91
1,91
2
2
2
1,91
1,91
1,91
Foram recuperados 40 periódicos, sendo que a Tabela 1 apresenta os 14 periódicos
com mais citações sobre o tema “ativo intangível”. Observa-se que não existe um equilíbrio
estatístico de publicação sobre o tema, que integra o interesse de vários campos das Ciências,
como: Administração, Gestão de Negócios, Ciências Contábeis, Economia, Agricultura,
Enfermagem, Sistemas de Informação, Política.
Cento e cinco artigos fizeram parte dos 40 periódicos e formaram base para a inclusão
de artigos sobre o tema “ativo intangível”, sendo que a Revista de Administração
Contemporânea responde por cerca de 14% dos periódicos consultados.
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4.3 Autores mais citados
O tema “ativo intangível” vem se fortalecendo como meta de estudos e pesquisas de
autores estrangeiros e nacionais. Para consolidar, visualmente, os dados pesquisados e os
resultados obtidos no estudo, optou-se pelo ranqueamento com a eleição dos 20 (vinte)
primeiros autores e suas obras para delimitar o universo da pesquisa.
A Tabela 2 apresenta os autores mais citados na pesquisa sobre o tema “ativo
intangível”. Embora a busca tenha sido realizada em português, muitas citações dentro dos
artigos e livros, foram de autores estrangeiros, mas presentes nos trabalhos acadêmicos
nacionais.
Tabela 2 – Autores mais citados
Autor
Citações
Robert S. Kaplan
30
Baruch Lev
30
Jay B. Barney
29
Eliseu Martins
27
Eugene F. Fama
24
David P. Norton
24
Thomas A. Stewart
22
Sérgio de Iudícibus
21
Rubens Famá
19
Kenneth R. French
19
Kevin Lane Keller
19
Leif Edvinsson
18
Ikujiro Nonaka
18
Karl Erik Sveiby
18
Eduardo Kazuo Kayo
17
Michael E. Porter
16
David A. Aaker
15
Eldon S. Hendriksen
15
Maria Thereza P. Antunes
14
Michael S. Malone
14
Fonte: Os autores, 2014.
%
4,45
4,45
4,30
4,01
3,56
3,56
3,26
3,12
2,82
2,82
2,82
2,67
2,67
2,67
2,52
2,37
2,23
2,23
2,08
2,08
A base de dados foi constituída de 6263 citações de autores individuais e 3689 obras
citadas. Entretanto, para esta pesquisa, foram escolhidos os 43 autores mais citados que
fizeram parte da pesquisa, com um total de 674 citações. Apenas os 20 primeiros autores
foram citados na Tabela 2, sendo descartados os autores que citaram o tema em estudo nas
palavras-chave, mas o assunto desenvolvido se referia à metodologia do trabalho científico e à
pesquisa estatística.
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Diversos autores citados na Tabela 2 construíram seus artigos/livros em coautoria com
outros autores, mas para fins didáticos e de estatística, foram citados separadamente.
Os autores Kaplan e Baruch foram citados em 10% das obras consultadas. No
ranqueamento dos 20 primeiros mais citados, apareceram os pesquisadores nacionais Eliseu
Martins, com cerca 4% e Sérgio de Iudícibus com 3% das referências.
4.4 Quantitativo de obras por autor
Os autores mais citados (Tabela 2) podem ser comparados com a Tabela 3, em que
aparece o numerativo de suas obras que serviram de base de consulta.
Assim, Robert S. Kaplan foi o mais citado (30 vezes) na Tabela 2, mas é o terceiro em
número de obras mais citadas (Tabela 3), por ter 14 obras onde os estudiosos extraíram as
citações. O autor Jay B. Barney, terceiro autor em número de citações (Tabela 2) é o autor
com maior quantidade de obras citadas (16), de acordo com o Tabela 3.
Tabela 3 – Obras mais citadas por autor
Autor
Jay B. Barney
Rubens Famá
Robert S. Kaplan
Eugene F. Fama
Baruch Lev
David P. Norton
Kenneth R. French
Kevin Lane Keller
Valarie A. Zeithaml
Eliseu Martins
Ikujiro Nonaka
Eduardo Kazuo Kayo
David A. Aaker
Ricardo P. Camara Leal
Sidney G. Winter
Sérgio de Iudícibus
Maria Thereza P. Antunes
Stewart C. Myers
Karl Erik Sveiby
Michael E. Porter
Obras
Citadas
16
16
14
13
11
11
11
10
10
9
9
9
9
9
8
7
7
7
6
6
%
6,25
6,25
5,47
5,08
4,3
4,3
4,3
3,91
3,91
3,52
3,52
3,52
3,52
3,52
3,13
2,73
2,73
2,73
2,34
2,34
Fonte: Os autores, 2014.
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O número de obras citadas perfaz o total de 256, sendo incluídas na Tabela 3 apenas
os 20 primeiros autores e suas obras. Alguns autores tiveram apenas uma obra citada, como
William C. Black, Michael F. Van Breda e Joseph F. Hair. Entre os autores brasileiros,
destacam-se Eliseu Martins (3,52%) e Eduardo Kazuo Kayo (3,52%).
A diferença entre o ranqueamento da Tabela 2 e 3 está na mudança de foco da análise.
Enquanto a Tabela 2 apresenta os autores mais citados, a Tabela 3 estabelece tão somente o
numerativo bruto das citações, por exemplo: Kaplan foi o autor mais comentado com 30
citações (Tabela 2) e foi o terceiro autor em número de obras: 14 (Tabela 3). Destas 14 obras,
a mais citada foi "A estratégia em ação: balanced scorecard", com 7 citações (quadro 1), o que
faz dele o autor com a 10º obra mais lida sobre o tema.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo objetivou identificar a produção científica sobre ativos intangíveis e quais
autores seriam os “ombros de gigantes” do referido tema. Autores brasileiros e estrangeiros,
pesquisados no Portal de Periódicos Capes, contribuíram para o ranking de produção
científica de ativos intangíveis.
O tema em estudo, no cenário atual, aponta para o despertar de novas relações entre
capital/trabalho, em que os indicadores de intangíveis valorizam o retorno financeiro,
econômico e social dos investimentos empresariais. Tal fato pode ser creditado à evolução
tecnológica que vem elevando a patamares mais altos, a adoção de competitividade nas
empresas.
Cenários mensurados versus ativos intangíveis, atualmente, são marcos empresarias do
mercado superando o valor contábil no atual momento de negócios.
Os pesquisadores do tema “ativos intangíveis” têm construído seus estudos baseados
em “ombros de gigantes” para embasarem suas indicações, técnicas metodológicas e
recomendações para um mercado globalizado, características estas ainda não tão marcantes
para os negócios do início do século XXI.
A pesquisa realizada no Portal de Periódicos da Capes envolveu 101 artigos, sendo
geradas 6263 citações de autores individuais e 3689 obras citadas.
Alguns resultados:

Periódico mais citado: Revista de Administração Contemporânea.

Autores estrangeiros mais citados: Robert S. Kaplan e Baruch Lev.

Autores brasileiros mais citados: Eliseu Martins e Sérgio de Iudícibus.
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
Autores estrangeiros com maior quantitativo de obras citadas: Jay B. Barney e
Robert S. Kaplan.

Autores brasileiros com maior quantitativo de obras citadas: Rubens Famá e Eliseu
Martins.

Obras mais citadas: Intangibles: management, measurement and reporting; Capital
Intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas.
Estudos futuros sobre o tema devem auxiliar a formação de um banco de dados de
autores, obras, periódicos que tratam do tema, evidenciando que reflexões sobre o assunto
ainda permitem grande espaço de pesquisa para reforçar e enriquecer um mercado em franca
era de competitividade e valorização de seus ativos intangíveis.
6. REFERÊNCIAS
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Disponível em: <http://www.capes.gov.br/sobre-a-capes/historia-e-missao>. Acesso em: 13
maio, 2013.
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2005. Cria o Comitê de pronunciamentos contábeis (CPC). Disponível em:
<http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2005/001055>. Acesso em: 17
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Orientações de estudos, projetos, artigos, relatórios, monográficas, dissertações, teses. 3 ed.
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DOMENEGHETTI, Daniel; MEIR, Roberto. Ativos Intangíveis: como sair do deserto
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HENDRIKSEN, Eldon S.; BREDA, Michael F. Van. Teoria da contabilidade. São Paulo:
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