portfólio reflexivo de facilitação do versus joão pessoa pb 2015.1
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PORTFÓLIO REFLEXIVO DE FACILITAÇÃO DO VERSUS JOÃO PESSOA PB 2015.1 CINDY ELLEM DO NASCIMENTO BORGES MARÇO 2015 “A teoria sem a prática vira 'verbalismo', assim como a prática sem teoria, vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade” (Paulo Freire) Para falar da minha experiência como facilitadora devo antes agradecer ao Projeto de Extensão em Educação Popular Palhasus no qual faço parte a um ano e meio e que me ensinou muito sobre a metodologia Freiriana, me inseriu no NEPOPS( Núcleo de Educação Popular da UFPB) assim como me levou a ser atuante no Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira como palhaça cuidadora (RED), agradeço muito ao professor coordenador do projeto Aldenildo Costeira que sempre me desafiava e mostrava o que faltava para eu ir além e alcançar meu crescimento e que associado a aproximação do Coletivo Enfrente me deram a força de vontade de lutar pelo SUS, pela luta antimanicomial, pela melhoria da qualidade trabalho dxs enfermeirxs, pelo meu próprio curso, pelas mulheres etc. Todo esse processo foi necessário para que eu desejasse me colocar como facilitadora do VERSUS João Pessoa 2015.1, mas ainda com medo de como seria conversei diversas vezes com pessoas inseridas na Comissão Organizadora até que eu mesma me inscrevi como CO e passei a fazer parte da organização um mês antes do acontecimento das vivência. O primeiro dia de vivência foi só entre facilitadores e CO para ajudar na aproximação e também digerirmos previamente tudo que seria trabalhado de uma maneira resumida esse dia ( 28/ fevereiro) foi marcado pelo discursão de diversas temáticas que seriam debatidas nos grupos de trabalho, durante esse dia alguns pontos específicos foram ressaltados e construídos coletivamente para serem levados aos viventes, dentre as temáticas havia: Medicalização da vida, Saúde LGBT, Saúde da Mulher, Saúde do Idoso, Saúde da População Negra, Saúde Mental, Saúde da População Indígena, Saúde da Família entre outros. Algo que me chamou bastante atenção durante todas as vivências era o despertar do meu olhar e minha percepção da grandeza do Sistema Único de Saúde em seus diversos contextos (CPICS, CAPS, USF, CAIS) e para além do SUS também (Tijolinho Vermelho e Paratibe), assim como os próprios viventes eu fui uma vivente nata, buscava sempre identificar potencialidades e fragilidades de cada cenário e ao final de cada experiência era muito enriquecedor a troca com o grupo das sensações, inquietações, esperanças e contentamentos a respeito do que foi vivenciado no momento. Fiquei muito feliz por ninguém voltar o mesmo para casa, nós facilitadores, viventes e CO tivemos a vontade de lutar pelo SUS sendo fortificada e encorajada pela vivência, e falo especialmente de mim me lembrando que não podemos fraquejar nunca pois a luta não para, como já dizia Che Guevara: “Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética”. Bem, ser facilitadora foi saber respeitar o limite de entendimento e informação sobre cada espaço de cada vivente e guia-los nessa trilha de construção da autonomia de ideias e pensamentos a respeito de cada espaço e mostra-lo que sempre temos o saber popular para auxiliar no conhecimento e que muitas vezes o outro lado da história é ocultado ou modificado pela mídia. Eu enxerguei na vivência muitos de mim dois anos atrás (o que não faz muito tempo), mas aos poucos tenho conquistado minha autonomia e não é sozinha que tenho conseguido, pois me construo e reconstruo todos os dias e o VERSUS foi mais um marco importante da minha vida em formação, eu aprendi bastante com os viventes, facilitadores e CO, cada fala e ponto de vista exposto foi essencial pro meu crescimento e principalmente para me fazer sair da inércia que a vida acadêmica estava me levando. De maneira Geral sobre a vivência: No primeiro dia (01/02/15) pela manhã houve a mística de apresentação de todo o grupo: CO, Facilitador e Vivente; durante tarde houve roda de conversa e o assunto colocado em discussão foi a saúde mental com o professor Luciano que fez uma introdução sobre a reforma psiquiátrica e abordou duas questões norteadoras: Quais são as agendas relevantes na pauta de luta na saúde? Quais as formas de luta mais adequadas ao modelo atual de saúde? No meu grupo a partir daí alguns pontos foram ressaltados como: medicalização da vida, redução de Danos, qualificação profissional, movimento popular, projeto de extensão em educação popular, ao final da tarde todos assistimos um vídeo de Sergio Arouca na 8ª Conferência de Saúde. No mesmo dia pela noite houve a mística de separação dos grupos onde cada vivente conheceu seu facilitador e a história da pessoa que inspirou o nome do grupo, no meu caso G2 – Herman Lent. No segundo dia (02/02/15) pela manhã visitamos a Secretaria Municipal de saúde, chegando lá fomos recebidos por Daniela e depois de uma breve apresentação dela e do nosso grupo iniciou uma cansativa apresentação pelos diversos responsáveis de cada secretaria( Saúde da Mulher, Saúde do Homem, Saúde do Idoso, Saúde da Criança, Saúde Mental, Saúde Bucal, Saúde da Pratica Integrativa e Complementar, Área técnica de Geoprocessamento e Consultório na Rua, Telessaúde e Tuberculose e Hans) que de uma maneira muito resumida falaram de suas respectivas áreas, a metodologia de apresentação vertical e tecnicista adotada impediu o debate no final devido as longas horas de apresentação e as poucas perguntas feitas não foram respondidas de maneira adequada; algo em especial que me chamou muita atenção durante essa visita é o fato de não existir Secretária da saúde LGBT e nem a Secretária da população Indígena, assim como também o fato da responsável pela Secretaria de Saúde da População Negra ser uma mulher branca. Durante a tarde retornamos a Secretaria para um contato mais próximo com o pessoal do Consultório na Rua. A abordagem inicial feita por eles era uma construção psicodramática da atuação do mesmo sobre o nosso olhar em seguido da apresentação por slide do projeto. A noite foi iniciada com uma mística sobre como é viver num manicômio em seguida uma formação sobre saúde mental e arte-terapia com Leandro Roque (CEFOR) e o Professor Aldenildo Costeira que dialogaram sobre a política de saúde mental e a importância da desconstrução da cultura de manicômios. “ Sai pra lá com essa camisa de força Que eu hoje eu quero é brincar seu doutor O que me prende é o sorriso da moça E o que me cura é o amor Sai pra lá com essa camisa de força Que eu hoje eu quero é brincar seu doutor O que me prende é o sorriso da moça E o que me cura é o amor Vem brincar comigo Não tem perigo meu rapaz Vem nessa corrente Se libertar, viver em paz Se libertar Viver em paz Se libertar Viver em paz.” ( Autor Desconhecido) No terceiro dia (03/03/15) Visitamos pela a Unidade Integrada de Saúde da Família Vila saúde localizada no Bairro Cristo Redentor e cobre as áreas de Pedra Branca I, Pedra Branca II, Jardim Itabaiana I e Jardim Itabaiana II. Lá fomos recebidos pelo NASF Jair ( Fisioterapeuta), Enfermeira ( Filó), e duas ACS’s (Fátima e Raimunda). Durante a visita foi constatado a falta de matriciamento, apoio, acolhimento, medicamento e diversos outros problemas, mas vimos como potencialidade a reforma da unidade e o acontecimento do Grupo Hiperdia, onde os médicos, acs e enfermeira se dirigem a igreja da comunidade para o atendimento. A tarde tivemos formação sobre Trabalho em saúde onde os textos foram distribuídos juntos com cartazes para reflexão e produção em grupos a respeito da temática. Durante a noite tivemos roda de conversa sobre saúde Indígena com o grupo Îandé Gûatá e dois índios de Baia da Traição e estudantes da UFPB. No quarto dia (04/03/15) pela manhã visitamos o Centro de Práticas Integrativas Equilíbrio do Ser que se localiza no bairro dos Bancários. Chegando lá pudemos participar de duas práticas: Tai Chi Chuan e Yoga posteriormente fomos recebidas por Patricia que é Diretora Administrativa do Local e é formada em enfermagem e farmácia que nos mostrou todos os ambientes e explicou todo o funcionamento daquele CPICS, durante a roda de conversa apontamos como potencialidade a variedade de praticas, os cursos promovidos e o programa Cuidando do Cuidador, como fragilidade destacamos a burocracia, falta de divulgação e o não funcionamento da farmácia floral que está com a estrutura completamente pronta. A tarde Visitamos o Centro de Atenção Psicossocial Gutemberg Botelho lá fomos recebidos inicialmente pela psicóloga Nébia Maria que nos falou das diversas oficinas promovidas no CAPS, o funcionamento do planejamento terapêutico, o acolhimento, como potencialidade vejo a tentativa de reinserção social evitando manter no espaço uma biblioteca por exemplo para que o usuário seja incentivado a visitar uma biblioteca publica para ler e outras práticas; como fragilidade vi a falta do terapeuta ocupacional no ambiente, visto que muitos pacientes que frequentam o caps viveram muito tempo em uma instituição manicomial e precisam reaprender diversas tarefas que é uma habilidade exclusiva do T.O e é feita por outros profissionais. No quinto dia (05/03/15) pela manhã visitamos o Centro de Atenção Integrada a Saúde no Cristo Redentor, lá fomos recebidos pela Diretora Multiprofissional e Psicologa Eliane, elas nos mostrou todo o espaço físico assim como explicou seu funcionamento semelhante a uma clínica. Tivemos a oportunidade de conversar também com diversos outros profissionais: Fisioterapeuta, Kalina; Enfermeira, Liliane; Nutricionista, Caroline. Apontamos como Potencialidade a variedade de atendimentos no local e como fragilidade a estrutura do prédio e a quantidade de profissionais. Pela tarde fomos a Unidade Integrada de Saúde da Família Santa Clara que cobre as áreas da Comunidade Santa Clara e Castelo branco II. Quem nos recebeu foram a ACS Isolda e duas enfermeiras: Virgínia e Adriana. Conversamos com elas na sala de acolhimento e elas falaram da dificuldade de acontecer Referência e Contrarreferência, a falta de matriciamento e apoio a unidade e a falta de médico fixo no atendimento ao castelo branco II. A noite houve uma grande roda de conversa para discutimos a respeito do que havia sido observado por todos nesses dias de vivência: Potencialidades e Fragilidades dos lugares e suas particularidades seguido pelo Cinecult promovido pelo Coletivo Antiproibicionista, sendo apresentado o documentário “Cortina de Fumaça” que aborda a discussão da política de drogas, a consequência na sociedade por conta da “guerra as drogas” e a importância da discussão sobre o tema. No sexto dia (06/ 03/15) durante a final da manhã e no período da tarde fomos a Ocupação Tijolinho Vermelho localizado no Centro da Cidade no antigo hotel Tropicana que se encontrava apodrecendo e foi ocupado por 150 famílias inicialmente, a população do prédio enfrenta diversos problemas como: Goteira, falta de agua, infiltração, escada sem corrimão, focos de dengue, rachaduras, falta de saneamento; muitas crianças lá não vão à escola, muitos deles não tem acesso a saúde, grande número de desemprego e muitos outros problemas de diversas raízes. No sétimo dia (07/03/15) foi visitada a comunidade quilombola Paratibe lá fomos recepcionados por uma liderança do local e em seguida participamos de uma oficina de Capoeira e outra de Maracatú junto com as crianças da comunidade. Depois do almoço fizemos uma visita ao território com a ACS da comunidade e depois fomos a Capela da comunidade para discutir sobre saúde da população negra e quilombola. No Oitavo Dia (08/03/15) a primeira parte do dia foi destinada a um espaço sobre saúde da mulher tendo como formadora uma Doula voluntária do Cândida Vargas e Facilitadora do VESUS Verdade Trotskaya que abordou questões como violência obstétrica entre outras violências contra a mulher. Seguido de uma distribuição entre grupos para ler diversas cartilhas para discutir saúde LGBT em grupinhos e depois no grupão, o espaço foi facilitado por Israel Castro e com a participação especial de Nicole Pereira que contou um pouco a sua experiência de como foi contar a sua família o fato de ser lésbica e também tivemos a participação de Brune Rapchaell ( Militante LGBT e Assistente Social) , o mesmo fez diversas intervenções durante uma cultural a noite no próprio espaço cujo nome era: “ (Des) generalizando: A revolução não será discreta”. Dia 9 e 10 ( 09-10/03/14) Nesses dois dias ocorreram a oficina de encerramento e foram momentos para reflexões e muito debate; como devolutiva ocorreu a divisão de todos em três grupos: o primeiro direcionado a escrever uma Carta Aberta, O segundo direcionado a estrutura e escrever um Jornal e o Terceiro grupo foi direcionado a participar da Assembleia de moradores no Tijolinho Vermelho para pode discutir como poderíamos ajuda-los e intervir naquela situação durante o pós-VERSUS. “O povo unido é um povo forte, não teme a luta, não teme a morte. O povo unido é um povo forte, não teme a luta, não teme a morte. Avante companheiros essa luta é minha e sua, unidos venceremos e a luta continua! " FIM
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