Fundarpe 35 anos - Mapa Cultural de Pernambuco

Transcrição

Fundarpe 35 anos - Mapa Cultural de Pernambuco
Governador de Pernambuco
Eduardo Campos
Vice-governador de Pernambuco
João Lyra Neto
Secretário Estadual de Educação
Danilo Cabral
Secretário Especial de Cultura
Ariano Suassuna
Presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e
Artístico de Pernambuco – FUNDARPE
Luciana Azevedo
Diretora de Preservação Cultural
Célia Campos
Diretora de Projetos Especiais
Rosa Santana
Diretora de Gestão do Funcultura
Teca Carlos
Diretor de Difusão Cultural
Adelmo Aragão
Diretor de Gestão
Alexandre Diniz
Diretor de Políticas Culturais
Carlos Carvalho
Assessor de Comunicação
Rodrigo Coutinho
© José Luiz Mota Menezes, 2008
© desta edição: Fundarpe, 2008
Coordenação Editorial, Pesquisa e Texto
José Luiz Mota Menezes
Pesquisa Iconográfica no arquivo da Fundarpe
Izabel Cristina Paashaus
Sandra Bastos
Revisão Histórica
Fernando de B. Borba
Revisão (Exceto p. 195–230)
Norma Baracho
Projeto Gráfico e capa
Gisela Abad
Assistente
Alyne Miranda
Tratamento de Imagem
Robson Lemos
Fotografias
acervo da Fundarpe
Narcise Szymanowski
atuais
Eudes Santana
Vinhetas, reprodução de parte de plantas arquitetônicas do arquivo da
Fundarpe
Pré-impressão, impressão e acabamento
Gráfica e Editora MXM
M543a Menezes, José Luis Mota, 1936
Ainda chegaremos lá: história da FUNDARPE/
José Luis Mota Menezes; apresentação de Luciana Azevedo. – Recife
FUNDARPE, 2008.
240 p. :
1. FUNDAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE
PERNAMBUCO - HISTÓRIA. 2. FUNDAÇÃO DO PATRIMÔNIO HIS- TÓRICO E ARTÍSTICO DE PERNAMBUCO - COMEMORAÇÕES. 3.
PATRIMÔNIO CULTURAL - PERNAMBUCO. I. Azevedo, Luciana, - II.
Título
CDU 061.27
FUNDARPE
CDD 068.81
SUMÁRIO
8
A História como Presente | Luciana Azevedo
10
Plano de Gestão Pernambuco Nação Cultural
Ainda Chegaremos Lá
16
O Manifesto
18
Introdução
O Primeiro Decênio • O Gênesis • 1973-1983
22
A Fundarpe e o Brasil dos anos 70 do século XX
29
O desenvolvimento econômico e o crescimento urbano no Brasil
na década de 70 do século XX
32
A instalação do Programa Integrado de Reconstrução das Cidades
Históricas do Nordeste
34
A Fundarpe no seu Primeiro Decênio • 1973-1983
37
Os Estatutos, mais do que um simples documento
40
Os quatro primeiros Projetos de Intervenção
42
A restauração da Sé de Olinda • 1974
48
A Intervenção na Igreja de Nossa Senhora da Graça em Olinda •
1974
57
A intervenção no antigo Palácio dos Bispos • 1974
60
Cadeia Pública Casa da Cultura • 1974
63
Outras intervenções em bens materiais
79
A Fundarpe e a arqueologia
82
Outras atividades da Fundação estadual
87
A Fundarpe e a proteção dos bens culturais
95
Uma questão financeira
98
Notas do “Primeiro Decênio”
O Segundo Decênio • E se Fez Luz nas Trevas •
1983-1993
104
Um novo Governo e novas metas • 1983-1986
110
A Fundarpe e os livros
115
A continuidade das intervenções nos bens materiais imóveis
130
O retorno de uma forma de Governo • 1987-1990
137
Notas do “Segundo Decênio”
Mais Quinze Anos de Vida • 1993-2008
142
A década de 1990 e o Brasil cultural
145
O panorama mundial da cultura e o Brasil
152
Um Governo entre duas décadas • 1991-1995
160
Outra vez Arraes • 1995-1999
164
Governo Jarbas Vasconcelos • 1999-2007
179
Ainda chegaremos lá
180
Notas de “Mais Quinze Anos de Vida”
Caderno de Documentos • 1973-2007
185
Bens Tombados
187
Bens Tombados Provisoriamente
188
Governadores
189
Presidentes, Vice-Presidentes e Secretários
190
Informações sobre as Intervenções Restauradoras Realizadas em
Monumentos e Obras de Arte
191
A Lei do Sistema de Incentivo à Cultura (SIC)
193
Centros Culturais
194
Projetos Aprovados e Realizados
210
Exames Técnico-Históricos, Pareceres Conclusivos em Processos
de Tombamentos, Projetos e Levantamentos Arquitetônicos
211
Estudos, Projetos e Levantamentos Arquitetônicos
212
Coordenadoria Jurídica
214
Pesquisas Históricas e Arqueológicas
215
Alguns Eventos Realizados
217
Livros Editados
223
Relação dos Funcionários da Fundarpe
230
Evolução do Quadro de Funcionários
231
Memória das Obras da Sé de Olinda
237
Patrimônios Vivos de Pernambuco
238
Documentação Técnica
239
Referências
Luciana Azevedo
Presidente da
Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco
A HISTÓRIA COMO PRESENTE
O
relato da trajetória Fundarpe e o Manifesto, que afirma
a sua missão neste novo ciclo em desenho no Estado,
complementam-se na melhor forma de homenagear
o órgão responsável pela valorização cultural dos que fazem
e vivem Pernambuco, esta imensa Nação Cultural, e avivam o
sentimento de que ainda chegaremos lá.
O que nos entusiasma neste relato histórico, construído pelo
Mestre José Luiz Mota Menezes, é o enfoque nos ambientes
sóciopolíticos e nas missões assumidas pela Instituição a serviço
de diferentes modelos de sociedade, as quais o poder político de
cada tempo buscou consolidar.
Quem foi desta geração de funcionários, militantes da política
pública, se vê carregando cada pedra dos diferentes marcos
históricos, resignificando em cada contexto a sua própria história
e sua função social.
Passamos por épocas de controle das manifestações culturais
de um Pernambuco libertário na sua produção de ideais
democráticos, certamente grande ameaça à segurança nacional.
Épocas de preservar patrimônios, edificados símbolos de um poder
carregado de exclusão, secularizados em suas casas-grandes e
senzalas, açucarados para poucos. De se resgatar a liberdade de
criação, de empoderar a maioria da população do Sertão ao Cais,
de governos liderados por um mito chamado Arraes.
Épocas ditas modernas, pobres de causas coletivas,
globalizadas na pasteurização de valores comunicados em
escala, na banalização de identidades, na potencialização
de individualidades, transformando sujeitos criativos em
telespectadores passivos. Épocas de se fragmentar ações, de
se mercantilizar canções, de se negar raízes regionais, de se
valorizar moedas, de matar vidas, de ressaltar poderes perversos,
épocas, épocas, épocas...
Sempre em cada tempo político presente, a indomável
força cultural de um Pernambuco altivo, crítico, criativo,
forte, destemido, líder vivo de causas libertárias, de ideais
humanitários, democráticos, revolucionários, travestidos a cada
dia em formas, sons, palavras, imagens, cores, artes, atitudes...
9
Um Pernambuco imortal a cada espaço presente, referência
autoral permanente no mosaico cultural do cenário nacional.
É este Pernambuco que hoje ressurge ainda mais inquieto
para desconstruir valores materialistas, relações bélicas, poderes
destrutivos, sociedades fúteis regidas por riquezas acumuladas,
desigualdades fundadas sobre sonhos desfeitos.
É a Nação Pernambuco que nos convoca a cravar mudanças
neste presente ciclo político liderado pelo Governador Eduardo
Campos. Novo ciclo que talha um novo manifesto cultural,
como batizado pelo Mestre José Luiz, na construção de um
outro modelo de desenvolvimento, inclusivo e verdadeiramente
democrático, sempre ecoado por idealistas à frente de seu
tempo, guiado pela esperança e desafiado pelo enfrentamento
dos contrastes sociais em busca de uma sociedade mais justa,
igualitária e verdadeiramente democrática.
Nesse modelo, a cultura impõe-se como política pública
estratégica a formular mudanças, com suas leis a garantir
intervenções estruturadoras na consolidação de planos de
ação nas dimensões simbólicas, cidadã e econômica, em todas
as linguagens e formas de expressões, estéticas ou étnicas,
preservando e impulsionando novos cenários. Assume-se então,
a cultura como instrumento de luta, estandarte de sonhos, direito
e expressão da maioria, de regiões, indivíduos, guetos, legiões,
cultura em tempos de afirmação de valores pernambucanos
elevando consciências energizadas pelo sol ardente, instigante e
desafiante, aboiando a maior riqueza de uma nação: a produção
simbólica de seu povo, transbordante de diversidade, do Cais ao
Sertão.
O manifesto à nação
Plano de Gestão Pernambuco Nação Cultural
É Pernambuco. É Nação.
É Pernambuco Nação Cultural.
O Manifesto Cultural de
Pernambuco convoca a cultura como
estandarte de sonhos, instrumento de
luta política pública, direito de todos.
Cultura como consolidação de um
novo modelo de desenvolvimento, com
foco na inclusão social, na identidade
e diversidade cultural. Cultura fincada
na potencialização dos processos
democráticos, nas conexões dos povos
das 12 regiões e do Arquipélago de
Fernando de Noronha, convocação
para alicerçar um novo Pernambuco
Nação, focado nas culturas da maioria,
do Cais ao Sertão.
Reforçando o papel estratégico da
cultura nos processos de redução das
desigualdades e da violência urbana,
o Governador Eduardo Campos
defende que nesse novo ciclo político
que Pernambuco vivencia, não basta
crescer! “O nosso trabalho é transformar
o crescimento econômico num ciclo
de desenvolvimento sustentável que
contribua de forma efetiva para a
diminuição das desigualdades sociais
do nosso Estado; essa tem sido a nossa
missão desde o primeiro dia em que
assumimos o Governo e mostraremos o
que o povo pernambucano é capaz de
fazer, quando toma a decisão de mudar
as coisas.”
É a capacidade de criar condições
de uma vida melhor para todos.
A primeira meta estratégica da
Fundação do Patrimônio Histórico e
Artístico de Pernambuco (Fundarpe) é
consolidar uma política pública de
cultura, democrática, estruturadora,
inclusiva, que atinja as 12 regiões do
Estado, potencializando as identidades
e as diversidades culturais em todas as
estéticas e dimensões.
O Governo estadual entende
o papel estratégico da cultura na
consolidação dos valores da sociedade
e assume que o poder público
não produz cultura. Ele preserva,
difunde, faz fruir, fomenta a produção
simbólica e cidadã, conecta e
promove a formação e a qualificação
dos atores sociais e culturais,
impulsionando seus potenciais.
A ação conjunta entre a Fundarpe
e a sociedade materializou-se no
modelo de gestão que articulou e
estruturou fóruns por linguagem
cultural e por regiões, comissões,
e elaborou de forma partilhada
os planos de ação, investindo no
fortalecimento e protagonismo do
tecido social, e a apropriação da
política pública de cultura como
pilar vital ao seu reconhecimento e
continuidade.
O plano de ação denominado
Pernambuco Nação Cultural, fruto das
propostas da 1ª Conferência Estadual
de Cultura do plano de campanha
do Governador Eduardo Campos e
11
do Plano Nacional de Cultura, atua
segundo 4 eixos:
O eixo 1 é a constituinte cultural!
As leis, os planos por linguagem,
região, linhas de ação e seus
instrumentos financeiros (Funcultura
/ Fundo de Preservação), os canais
de participação da sociedade
instituídos formalmente como canais
de planejamento e monitoramento da
política pública de cultura, e seu plano
diretor estratégico para um período de
12 anos.
O eixo 2 é a rede territorial de
equipamentos culturais, lugar de
encontros, fonte de informações,
troca de saberes, de formação
técnica, de difusão das riquezas
culturais de Pernambuco, de
celebrações culturais de fomento
às matrizes de identidades culturais
regionais, segmentos étnicos de
impulsionamento de novas cenas,
de conexão das expressões e
linguagens culturais, de capacitação e
qualificação, dos grandes debates em
torno dos valores sociais e culturais,
com estudos tecnológicos, central
de planejamento do modelo de cogestão, palcos experimentais e espaço
de memória regional e de conexão da
diversidade do povo pernambucano.
Esses grupos receberam apoio
financeiro pela dimensão simbólica
e cidadã que representam, fomento
técnico, equipamentos de multimídia
e difusão, atuação de forma sistêmica
em rede de conexão entre si, com
a política pública de cultura e com
as escolas públicas estaduais através
de aulas-espetáculo voltadas para
a formação cidadã, difundindo,
debatendo valores sociais, expressões
artísticas, história de povos, seus
modos de vida, igualdade de gênero
e raça, identidades regionais,
desigualdades e violência no contexto
cultural.
O eixo 3 é a ação do Governo,
diante do desenvolvimento
sociocultural.
Cultura como impulsionamento
do protagonismo e poder criativo
dos indivíduos e sujeitos coletivos,
traduzida em expressões artísticas
e produção imaterial de modelos e
valores sociais.
A formação do tecido social
como demandante da produção
cultural, o estímulo à formação de
novas platéias, a formação cidadã
continuada nas escolas, a formação
em políticas públicas de cultura, em
gestão, em tecnologia da comunicação
e em economia da cultura. A formação
técnica em diferentes linguagens
culturais e na sua cadeia produtiva. O
eixo 3 se materializa através de linhas
de ação e tecnologia.
12
O fomento à produção cultural
impulsionando novos valores de
identidades sociais, através de projetos
desenvolvidos por artistas, indivíduos,
entidades...
• O Funcultura: o maior da história;
• O 1º Edital de Cinema de
Pernambuco;
• O fomento continuado a Pontos
de Cultura, grupos de produção
cultural enraizados nas comunidades
há mais de 2 anos, e a difusão de
nossos ícones e ativos históricos
culturais.
A preservação de nossos valores
culturais – através do registro e
salvaguarda de patrimônios imateriais
simbólicos, o tombamento de
edificações históricas representativas
de modelos sociais, a educação em
torno da consciência patrimonial de
investimento na produção simbólica
das comunidades, na consciência
cidadã, no compromisso com
preservação, no impulsionamento
criativo de indivíduos e sujeitos
coletivos. As estações culturais, os
pontos de cultura e as células nas
escolas que são estimuladas a uma
permanente conexão.
A fruição cultural em escala.
Pernambuco é uma imensa nação
cultural, um dos principais estados de
efervescência de diversidade cultural,
território de infinita produção imaterial,
em todas as linguagens, estéticas e
dimensões.
No eixo 4, a comunicação, as
conexões e a difusão cultural.
A comunicação cultural em todos
os meios, dimensões e tecnologias é
estratégica na construção dos modelos
de sociedade, vital à fruição de nossas
identidades, valores, conexão de
territórios, etnias, diversidade cultural,
afirmações de povos e na produção
de alternativas de desenvolvimento
sustentável.
A Fundarpe vem investindo para que
cada vez mais Pernambuco conheça
Pernambuco, conheça as diferentes
expressões culturais de um Estado que
brota dos mangues, das caatingas,
e de paraísos ecológico-marinhos,
que ecoa dos altos coqueiros e se
enraíza em sertanejos espinhos. Terra
dos movimentos sociais, das lutas
libertárias, de um povo guerreiro com
seus estandartes de sonhos na busca
incansável da sociedade de todos, da
sociedade ideal. Terra resignificada
pelas raízes, utopias e riquezas
das nossas fortes e plurais matrizes
culturais herdadas dos povos indígenas,
europeus e africanos, recriada e
sintetizada em pernambucanos.
Pernambucanos cravados no universo
do baião, no fervor do frevo e passos
de seus bonecos gigantes, no colorido
e crenças do maracatu, caboclinhos, do
cavalo-marinho e da feira de Caruaru.
13
O investimento na difusão cultural
dá-se tanto pelo viés institucional,
como pela produção independente,
como em programas com conteúdos
culturais veiculados nas redes de
televisão, rádios, sites (Agora Curta,
Stereo Clip, Fórro e Ai, Plano Aberto,
Sopa Diário, etc.).
A conexão cultural é dinamizada na
circulação de projetos do Funcultura
nas 12 Regiões de Desenvolvimento
do Estado, RDs. Na integração da rede
de pontos de cultura, nas embaixadas
culturais, nos estados, países e nas
celebrações de todos os territórios e
entes culturais. É canalizada no 1º
portal colaborativo do poder público
onde indivíduos, artistas, grupos e
entidades do tecido social, cultural,
acadêmico e setor produtivo se
conectam, por meio de um instrumento
da política pública: o Portal
Pernambuco Nação Cultural.
Para manter viva essa identidade,
para garantir o acesso e a escala
da produção de todas as regiões,
o governo Eduardo Campos criou
o Calendário Pernambuco Nação
Cultural. Do Cais ao sertão, o ano
inteiro, um mês em cada região,
Pernambuco é uma permanente
celebração:
No mês de janeiro celebramos a
Zona da Mata e sua cultura popular;
Em fevereiro um mar de carnaval;
Março é a vez de comemorar a
capital Recife irmanada com Olinda;
Em abril a religiosidade da paixão
toma conta das expressões culturais nas
12 RDs;
Em maio vamos para Salgueiro no
alto Sertão, terra do vaqueiro;
Junho em Pernambuco é um só
arraial, no fórro, no xote, no xaxado
e no baião, tendo Caruaru como a
capital do São João;
Julho e agosto: efervescência
cultural máxima, todas as regiões e
produções se unem, transportando e
transbordando cultura, alegria, para
os pólos de Garanhuns, Taquaritinga,
Triunfo, Pesqueira, Gravatá e
Serrita, com o Festival de Inverno de
Garanhuns, a Festa das Dálias, a Festa
do Estudante, a Festa Renascença,
a Festa das Estações e a Missa do
Vaqueiro, destacando-se como o maior
festival da diversidade cultural da
América Latina;
Em Setembro passamos no Sertão de
Itaparica;
Outubro é a voz da terra das águas
do São Francisco;
Novembro na Mata Sul terra do
ciclo do açúcar e suas tradições;
Em dezembro o ciclo natalino
expresso nos seus reisados, pastoris e
celebrações religiosas em cada canto e
recanto da nação.
14
Pernambuco: território criativo
da diversidade de produção cultural
e grande destino de conexão desse
potencial! Destino que acende
esperança e que sugere mudanças,
oriundas de um Estado guerreiro,
político, libertário ante o mosaico de
um país continental.
Essa é nossa causa comum, causa
esta que se impõe ao nosso tempo,
que transcende governos, nomes,
datas e gerações e que convoca essa
imensa Nação Cultural a protagonizar
a construção de um tecido social
qualificado para garantir direitos, com
participação ativa nas transformações
diante das desigualdades, na
desconstrução das causas da violência
urbana enraizadas no contexto
de valores culturais e na trajetória
de consolidação da verdadeira
democracia, tanto contada como
ecoada e que urge ser materializada.
Faça parte desta Nação!
História da Fundarpe
Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco
AINDA CHEGAREMOS LÁ
O MANIFESTO
Um folheto de responsabilidade
da Fundação do Patrimônio Histórico
e Artístico de Pernambuco circulou
no início do governo de Eduardo
Henrique Accioly Campos. Ele trazia
por título MISSÃO DA Fundarpe, e
informava ao público que a instituição
assumia o compromisso de formular
e implementar a política cultural do
Estado; promover ações articuladas
e integradas entre o Estado e as
esferas do governo, conselhos, fóruns,
organismos nacionais e internacionais;
orientar e apoiar o desenvolvimento
das diversas linguagens e
manifestações culturais; preservar,
pesquisar, conservar e fiscalizar as
intervenções nos ativos culturais,
incluindo o patrimônio artístico e
cultural, bem como os equipamentos
pertencentes ao Estado; dinamizar e
apoiar o desenvolvimento cultural,
por meio de ações regionalizadas,
articuladas e integradas com os
demais órgãos e esferas de poder;
supervisionar e fiscalizar a restauração
de ativos culturais; e desenvolver
programas permanentes de formação
voltada para a cultura.
Na realidade o folheto contém, em
sua essência, um Manifesto Cultural.
Utilizando terminologia moderna, a
nova direção da Fundarpe no texto
de abertura exprimia o desejo de
um universalismo das ações e a sua
extensão para um espaço bem mais
amplo no território do Estado de
Pernambuco. Trata-se de um projeto
de gestão cultural e devidamente
abrangente, sem destaques para
qualquer parte desse território onde se
darão as ações. Ver a política cultural
do Estado como um todo amplia
diretrizes anteriores visíveis em duas
gestões do governador Miguel Arraes.1
Não que outros governos tenham
se afastado do universo do território
de Pernambuco, mas tal diretriz não
se colocou ao nível indistinto da
comunidade cultural. Cultura sem
uma política cultural não parece
existir em termos de governo. Por
outro lado, busca-se filosoficamente
integrar os diversos segmentos
representativos da cultura estadual e
sem tal forma de gestão é difícil atingir
aquela universalidade desejada. O
fato de se utilizar a palavra linguagem
torna a cultura capaz de ser vista sem
distinção de espécie alguma e de uma
maneira mais próxima à identificação
das manifestações culturais as mais
variadas. Sem descurar do papel de
um Estado onde se incentiva, mas
se controla e fiscaliza. Preservar,
conservar, pesquisar, no entanto, sob a
ótica de uma fiscalização permanente.
Regionalizar, no sentido de partir para
ações em todo o território e nele fazer
valer a vontade e a participação da
comunidade usando os instrumentos
da educação patrimonial. Entendendo
de maneira correta o sentido de
um patrimônio formado com bens
culturais construídos não somente
pelo poder constituído, mas pela
comunidade como um todo, sem o
divisório dominador e dominado.
O Manifesto que para se
materializar conduziu a Fundarpe à
constituição efetiva de Diretorias e
Gerências: Diretoria de Políticas e
Linguagens Culturais; Diretoria de
desenvolvimento e regionalização da
cultura; Diretoria de difusão cultural;
Diretoria de Preservação Cultural,
Diretoria de projetos especiais,
Diretoria de gestão do Funcultura,
Diretoria de gestão e Diretoria de
planejamento e monitoramento. A
tais diretorias se somam as Gerências
do Museu do Estado; do Museu de
Arte Contemporânea; do Museu da
Imagem e do Som; Casa da Cultura
de Pernambuco; Museu do Barro de
Caruaru; Museu de Arte Sacra; Museu
Regional de Olinda; Torre Malakoff
e Espaço Pasárgada. Cada uma
das diretorias apresenta no folheto
suas ações particulares integradas
às determinadas em filosofia no
Manifesto.
Toda gestão cultural e política tem
suas diretrizes e estas estão bem claras
no Manifesto, restando-me uma frase
que foi empregada certa vez por um
vitorioso cineasta na perspectiva de
finalizar a contento seu filme, o que o
fez: Ainda chegaremos lá.
A Fundarpe completa neste ano de
2008 trinta e cinco anos de atividades.
Nada melhor no momento do que
gravar suas ações em letra e em papel,
a melhor moldura para sua vida
vitoriosa.
José Luiz M. Menezes
1
Maior
participação
da
comunidade e outras ações
descritas no Relatório da
Fundarpe da primeira gestão
de Arraes, 1987-1990.
INTRODUÇÃO
18
Ao ser instado a redigir
a História da Fundação do
Pesquisei, estudei, meditei, e comparei impressos e
Patrimônio Histórico e Artísmanuscritos, tradições orais e papéis do Estado. Esforcei-me
para tirar a limpo a verdade, separando-a do que pudesse
tico de Pernambuco, Fundarpe,
obscurecê-la. Com o andar dos tempos e o encontro de
em seus 35 anos de existência,
novos subsídios, haverá decerto o que modificar e depurar
as palavras do historiador J. M.
ainda nesta história. Na atualidade, porém, e auxiliando-me
Pereira da Silva passeavam sobre
com as luzes que pude colher, julgo que a devo publicar
1
a minha vontade de escrever a
como a senti, compreendi e imaginei. (Pereira da Silva J.
M. História da fundação do império brasileiro, 1864.)
respeito de tão importante data
comemorativa, mas também me
conduziam a uma preocupação
das maiores: a construção da
História que, seja ela qual for, assim acredito, deve reservar
alguma distância dos feitos ou memórias para que aquela verdade citada não se deixe contaminar pelo momento vivido pelo
historiador e suas relações pessoais. Uma coisa é narrar, outra
é fazer história de um tempo muito próximo. O ter vivido os
primeiros anos de vida da Fundarpe facilitaria a memória dos
feitos, além daquela colhida em outras informações, ajudando
a escrever sobre esse tempo da Instituição. No entanto, à proporção que me aproximo de sua vida mais recente e perto dos
35 anos, preocupa-me a construção de sua história. Será que
não é cedo para uma avaliação crítica, um dos propósitos que
sempre persigo? Assim pensando, sobre os últimos 15 anos da
Fundação irei apenas relatar o acontecido, sem comentários,
deixando-os ao leitor. Quanto aos dois decênios anteriores,
gradualmente, procurarei contextualizar as ações com aquelas
da política de cultura do governo federal e verificar o quanto
cada uma delas se espelhou para as políticas locais. Não existe
qualquer propósito de crítica direcionada, e sim uma visão que
deixe bem clara a História da Fundação e seus contextos político, social e cultural. Alguns comentários meus – ou omissões
– podem deixar margem a sentimentos de desagrado, mas essa
não é minha intenção, nem da gestão atual da Fundarpe.
1 Citado por GOMES, Laurentino, 1808. São
Paulo: Editora Planeta, 2007. p. 22.
O texto se encontra dividido aproximadamente por decênios e leva em conta a sucessão governamental que, no caso
de Pernambuco, tem se alternado politicamente. Gostaria de
citar todos aqueles que colaboraram e ainda estão na Fundarpe
ajudando a construir sua história, mas são muitas as pessoas
e variados os feitos. Seria enfadonha tal forma de redação e
se aproximaria de um Relatório, que no caso presente é bem
um perigoso limiar em termos da forma de contar o desenrolar
das ações da Instituição. O título do livro conduz a história da
Instituição a um caminho em direção à construção da cultura e
não tem um final determinado.
Agradeço finalmente aos que colaboraram com o fornecimento de informações para a redação do presente texto. A
alguns, particularmente, já o fiz, e para evitar maiores erros,
dirijo a todos meu agradecimento.
20
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
21
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
A FUNDARPE E O BRASIL
DOS ANOS 70
DO SÉCULO XX
22
Em reunião realizada no Palácio
dos Despachos, no dia 25 de
julho de 1973, se constituiu e
empossou o Conselho Diretor da
Fundarpe, em conformidade com
os critérios de representação
estabelecidos nos Estatutos,
cujo texto fora na véspera
re-ratificado. Por aclamação
dos seus pares, foram eleitos
presidente, o representante do
governo, Dr. Júlio Vicente Alves
de Araújo, e vice-presidente, o
representante do Bandepe, Dr.
Sólon Soares da Silva Filho. Era governador do Estado naquele
ano o Dr. Eraldo Gueiros Leite (1971-1975)2 e secretário de
Educação o Coronel Costa Cavalcanti. A Secretaria Executiva da
Fundação criada passou a ser dirigida pelo professor Marcelo
Carvalho dos Santos.
As informações acima constituem dados importantes
sobre uma Fundação instituída em 1973, que neste 2008 está
completando trinta e cinco anos de existência. Informações
seguras, mas incompletas quanto às razões do ter existido e,
mais que tudo, sobre o realizado pela Fundarpe em tanto tempo
de vida. A Instituição foi criada em pleno período de governo
federal inteiramente sob domínio militar e no qual predominava
um forte controle em todas as manifestações culturais. Qual a
finalidade de sua criação? A Fundação espelhava uma vontade
de toda a gente à luz da proteção e preservação dos bens
culturais de Pernambuco?
A década de 70 do século XX, período no qual a Fundarpe
surgiu no cenário do Estado de Pernambuco, não pode ser
corretamente narrada sem que me refira aos efeitos no universo
cultural brasileiro do Ato Institucional nº 5, editado em 1968.
Antes daquele ano existia uma relativa hegemonia cultural de
esquerda no país. Assim é que acontece em 1969 a fundação, no
No dia 17 de julho de 1973, com a presença do Diretor Presidente do
Banco de Desenvolvimento de Pernambuco – Bandepe, foi instituída
a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco –
Fundarpe, mediante escritura pública lavrada no Cartório do 4º Ofício
do Recife, às folhas 60 a 65 do Livro 468. Os Estatutos constantes no
memorável documento haviam sido aprovados no dia 13 do referido
mês pelo Curador de Fundações. Procedida a devida publicação no
Diário Oficial do Estado de Pernambuco, de 19 de julho de 1973, já no
dia 20, adquiriu a Fundarpe a sua personalidade jurídica, em virtude do
registro sob número de ordem 2.108, às folhas 30 v a 32 v do Livro “A”,
no Cartório de Títulos e Documentos do 2º Ofício do Recife.1
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Alto da Sé
Olinda
Fotos Eudes Santana
23
Rio de Janeiro, do semanário O Pasquim, onde atuaram Jaguar,
Ziraldo, Millôr Fernandes, Paulo Francis, Henfil e tantos outros
cartunistas e escritores. Na música estavam consagrados Chico
Buarque de Holanda, Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Baden
Powell, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethania,
Roberto Carlos, Beth Carvalho, Elis Regina, Milton Nascimento
e muitos mais. Em 1972, surgiram no cenário musical os nomes
de João Bosco, Aldir Blanc, Fagner e Belchior.3 O difícil era
conviver com a censura oficial. Como desdobramento daquele
Ato Institucional, no ano de 1970 foi editado o Decreto-Lei nº
1.077 onde se estabeleceu a censura prévia a livros, jornais,
peças teatrais etc. Naquela década e depois dela artistas e
intelectuais deixaram o país fugindo de uma ditadura cada
vez mais violenta e repressiva. Durante a ditadura militar a
censura não se definia tanto pelo veto a qualquer produto
cultural, mas como uma repressão seletiva que impossibilitava
a manifestação de determinado pensamento ou obras artísticas;
se por um lado nesse período foi quando mais se produziu
bens culturais no país, por outro lado, ele foi caracterizado por
uma repressão ideológica e política intensa.4 A cultura, uma
vez produtora de idéias que podiam favorecer o regime, era
vista pelo Estado como uma questão de segurança nacional e
foi usada, principalmente a partir do final da década de 1960,
com a finalidade melhorar a imagem interna e externa do
governo. Ao analisar tal fase da cultura brasileira Marco Antônio
Guerra assim se expressou: O Estado sabe que não basta um
revólver – como queria Goebbels5 – para controlar o mundo
da cultura. São necessários planos que combatam os planos
dos inimigos. Nesse sentido, foi definida uma política cultural
de financiamento às obras divulgadoras do caráter nacional. A
aliança Estado-empresário da cultura tem um sentido bastante
preciso: capitalizar o mercado cultural e anular possíveis reações
críticas à ditadura implantada. O grau de liberdade para a
criação é inversamente proporcional aos investimentos do Estado
na cultura.6
Tal forma de ação do Estado não foi tão diferente de uma
anterior: quando instalado o Estado Novo, em 1937. Por conta
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
24
Hospital Ulysses Pernambucano
Tamarineira, Recife
Foto Eudes Santana
dessa necessidade de apoio da cultura à luz de um maior
controle sobre produtores e usuários, além da proteção por conta
da venda e repasse de bens culturais nas cidades antigas, foi
organizado e criado o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (SPHAN). Repartição que deu certo graças à atuação
do seu diretor-geral, o mineiro, advogado, Rodrigo Mello Franco
de Andrade e de outros abnegados auxiliares nos Estados. No
entanto, a intenção inicial se fundamentava em discutíveis
princípios nacionalistas. As idéias de Mário de Andrade,
atreladas à busca das origens da cultura brasileira presentes
na Revolução de 30, foram, se bem que distorcidas em suas
essências, os esteios das ações que então espelhavam aquelas
Hospital Ulysses Pernambucano
Busto do médico Ulysses Pernambucano
Recife
Foto Eudes Santana
produzidas também em Portugal,
vinculadas a iniciativas do governo
português tendo à frente o primeiroministro Antônio de Oliveira Salazar.7
O governo militar instalado em 1964
no Brasil buscou, naquelas idéias
nacionalistas de forte compreensão
popular e nativista, suportes para se
contrapor inteligentemente às idéias
combativas daquela hegemonia das
esquerdas.
A visibilidade esperada para os
monumentos do passado atuava
em paralelo com aquela desejada
e expressa nas fotografias do chefe
de governo, Getúlio Vargas. Era
esta A Obra Getuliana de interesse
do ministro Gustavo Capanema,
idealizador dessa imagem. O Estado
Forte era identificado com Getúlio e
suas realizações foram devidamente
divulgadas por excelentes fotógrafos,
alguns que também trabalharam com o
SPHAN, qual Marcel Gautherot.8
Como resultado de iniciativas
coordenadas segundo um plano maior,
foram criados o Conselho Federal de
Cultura, em 1966, órgão máximo da
ideologia dominante9; o Conselho
Nacional de Turismo; a Empresa
Brasileira de Turismo (Embratur) e o
Instituto Nacional de Cinema (INC). Na
oportunidade, definiu-se uma política
nacional de turismo. Em 1967, criouse o Sistema Nacional de Turismo
ocorrendo no mesmo ano o Encontro
Nacional de Turismo. Nos Estados
atuavam os Conselhos Estaduais de
Cultura, que se reuniram em 1968.
No ano seguinte, 1969, assumiu o
Ministério da Cultura o militar Jarbas
Passarinho, homem culto, e ações
integradas à luz de tais diretrizes
nacionalistas impulsionaram a cultura
construída segundo configurações
determinadas. Uma das primeiras
ações se concretizou com a criação
da Empresa Brasileira de Filmes
25
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
26
(Embrafilme). O então SPHAN (Serviço) foi transformado
em Instituto – o IPHAN.10 O ano de 1972 começou com a
reforma administrativa do Ministério da Educação e Cultura
(MEC). Diante de tal mudança foi organizado e constituído
o Departamento de Assuntos Culturais (DAC). Turismo, o
direcionamento do que se devia ver; o informar por meio de
meios modernos e eficientes e acima de tudo de massa. O que
se tornou um problema foram os bons produtores culturais,
atrelados que eram em sua maioria àquela hegemonia das
esquerdas. Então, por tal situação singular se instalou como
disse a censura prévia. Por outro lado, a televisão atingia a
massa e a criação dos tipos que espelhavam os problemas e
soluções nacionais e resolviam seus conflitos em uma tela
de televisão, foi o grande veio para a consolidação de um
pragmatismo que se opunha ao modelo das novelas qual
Saramandaia ou outra qualquer que questionava a sociedade
com seus vícios e virtudes.11 Era importante fornecer fórmulas e
não preocupar a gente com busca de forma. O caminho estava
aberto, as emissoras o seguiram na procura de audiência e o
governo atingia o objetivo desejado em um regime forte. Que
tudo mais vá para o inferno é o contraponto para o engajamento
político da jovem guarda.12 Do outro lado, o Tropicalismo existia
em paralelo e ao preocupar o poder teve seus componentes
expatriados.
Turismo e cultura deveriam, na linha de ação do
Ministério da Cultura, se integrar na busca de uma possível
sustentabilidade dos bens culturais do passado colonial,
verdadeiros representantes de uma história brasileira, espelho
do que acontecia desde alguns anos na Europa. Mas tal bem
cultural não deveria depender exclusivamente do Estado quanto
à sua proteção e sobrevivência. Haveria que estimular sua
valorização e mais ainda utilização com retorno econômico
e político para o Estado e assim, segundo tal filosofia, para a
comunidade ordeira. Tutor e protetor do bem cultural, o Estado
deveria restaurá-lo transformando-o em forte testemunho da
criação devida ao poder de uma Nação Forte. Uma Nação que
27
vivia um momento de crescimento e euforia. Era a década do
Milagre Brasileiro. Do Brasil, Ame-o ou Deixe-o.
Nesse momento da história do país um ministro/secretário, o
economista João Paulo dos Reis Veloso, de uma visão notável no
campo da cultura e excelente no da economia, criou o Programa
Integrado de Reconstrução das Cidades Históricas do Nordeste.
Um Nordeste que representava na história nacional o que de
mais antigo se coadunava com tal poder: a aristocracia do
açúcar e seus bens materiais, inclusive aqueles que expressavam
a devoção e diziam do poder da Igreja. Eram tais bens frutos da
economia do açúcar, da economia pastoril, entre outras, onde
um legado notável se encontrava de certa forma abandonado
e dependendo do paternalismo do Estado, diante da falta de
meios para garantir a permanência desses bens por parte da
Cúria Diocesana. Cúria, aliás, detentora da propriedade dos
bens, mas sem o apoio de seus fiéis, alheios ao que seria a
sobrevivência econômica do poder religioso, isto desde algum
tempo. Por outro lado, também os antigos engenhos estavam
sucumbindo em face do desinteresse das usinas em manter os
belos e velhos escuriais. O ministro, piauiense, conhecia de
perto tal dificuldade. Nada mais natural que direcionar os meios
disponíveis na Secretaria de Planejamento para a restauração
dos bens culturais, levando à comunidade uma prova da vontade
política do governo de proteger a acreditada identidade nacional
e desse modo a coadunar com a doutrina presente em um Estado
Forte. Além do mais, a utilização dos bens restaurados atrairia o
turista e produziria um possível retorno do capital aplicado para
os demais bens ainda não beneficiados.13
Para atingir tais metas o governo federal tinha que se estruturar
essencialmente nos Estados. Aquele Programa dependia para
seu êxito de uma ação rápida e diferente de tudo quanto se
tinha realizado por meio da instituição oficial, o IPHAN, onde
a contínua falta de recursos e de pessoal era patente, apesar da
competência de poucos funcionários exemplares, visivelmente
mal pagos.14 O Programa exigia projetos completos e execuções
em tempo muito curto, visando resultados satisfatórios para
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
28
o governo e importantes para a filosofia defendida. Ao IPHAN
caberia o repasse dos recursos após a aprovação dos referidos
projetos, isso junto com a Secretaria de Planejamento da
Presidência da República (Seplan), além da fiscalização das
ações executivas, desde as licitações das obras. Havia de se criar
entidades estaduais para agilizar os projetos e as execuções.
O Programa Integrado de Reconstrução das Cidades Históricas
do Nordeste, segundo um dos argumentos para sua criação,
chegava num momento preocupante com relação às cidades
antigas dessa região. O crescimento econômico poderia destruir
com a força dos meios disponibilizados aos investidores as
características urbanas das antigas cidades, seguramente a atração
maior e mais importante para um Sistema Nacional de Turismo.
O Milagre Econômico era um dado positivo para o governo e a
destruição dos bens o seu lado negativo. Sobre tal crescimento,
valem algumas informações – antes, no entanto, é necessário
lembrar que no Recife tinha sido iniciada a destruição do Bairro
de São José pelo prefeito Augusto Lucena. Tudo para a abertura
de uma imensa avenida, crucificando o velho bairro, obra
monumental e inútil, uma avenida do nada para coisa nenhuma,
onde mais de trezentos imóveis dos mais antigos da cidade foram
demolidos. Era o Estado, no nível municipal, destruindo bens
culturais de um antigo bairro que descendia, em suas linhas
gerais, do período holandês do Recife.15 A obra foi concluída na
segunda gestão do prefeito e nessa fase demolida a Igreja de Bom
Jesus dos Martírios, de uma Irmandade dos Pardos, datada do final
do século XVIII. Quem sabe estaria ali um desprezo pela interface
negra da formação da cultura brasileira? Demolição para a qual
foram utilizados tratores sem o menor cuidado com o acervo do
bem cultural, que, sendo bem tombado pelo IPHAN, foi retirado
do Livro de Tombo, a pedido do poder constituído, ao Conselho
Federal de Cultura. A torre da igreja foi amarrada com cabo de
aço e derrubada sob as vistas do governo municipal.
O DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO E O
CRESCIMENTO URBANO
NO BRASIL NA DÉCADA DE
70 DO SÉCULO XX
29
Na década de 70 do século XX o crescimento populacional
foi muito grande. Não me cabe de momento discorrer sobre as
razões de tal situação, e sim sobre seus resultados. A população
ao crescer por conta talvez, entre outras causas, da criação de
empregos nas capitais, exigia moradias e o governo não podia
atender a essa e a outras necessidades básicas da gente menos
favorecida.
No interesse de resolver a questão da moradia, foi criado
em 1964 o Banco Nacional de Habitação (BNH). O BNH não
operava diretamente com o público. Realizava sua função
através de operações de crédito ao gerir o Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS), por intermédio de bancos privados
e/ou públicos e de agentes promotores, como as companhias
habitacionais e as de água e esgoto. O BNH se constituiu
na principal instituição federal de desenvolvimento urbano
nessa fase da história brasileira, como gestor daquele Fundo
e na formulação e implementação do Sistema Financeiro da
Habitação (SFH) e do Sistema Financeiro do Saneamento (SFS).
O BNH não era uma iniciativa pioneira. Desde o governo
do general Eurico Gaspar Dutra que se tentava solucionar a
crise habitacional. Foi criada nesse governo a Fundação da
Casa Popular.16 Novamente em 1953, com Jânio Quadros, se
voltou ao problema. No governo desse presidente o populismo
vigente materializou o Instituto Brasileiro da Habitação.17 A
política habitacional voltaria a ser contemplada em um Plano
Trienal elaborado pelo então ministro do Planejamento Celso
Furtado para o governo João Goulart. Em 1963, Jango propôs
ao Congresso uma reforma urbana, primeiro passo para a
formulação de um programa de crédito voltado à população de
baixa renda. O movimento militar de 1964 abortou qualquer
chance de mudanças nessa área. As preocupações ideológicas
manifestadas nos períodos Dutra e Jânio ressurgiram com maior
intensidade no regime militar.18 Entre uma e outra filosofia, um
fim comum.
O BNH foi extinto por decreto presidencial em 1986. No
entanto as cidades beneficiadas pelo Programa cresceram
muito e a iniciativa, ao impulsionar a construção de edifícios
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
30
que exigiam um terreno de dimensões compatíveis com os
investimentos, motivou a destruição de imóveis históricos e
artisticamente importantes no Recife e noutras partes onde
o BNH atuou. Aquele receio do governo militar quanto ao
desaparecimento dos exemplares que construiriam a história
urbana era absolutamente procedente. Por outro lado, a quem
o BNH beneficiou verdadeiramente foi à classe média. Não
somente o demolir a edificação de interesse artístico-histórico
era um prejuízo, mas também o criar ao redor do bem volumes
incompatíveis com sua fruição estética. Um bom exemplo pode
ser o que ocorreu no redor do antigo Sítio da Cruz, situado
junto ao Parque Amorim: vários edifícios foram construídos ao
redor da casa e do seu sítio. Para garantir tal ação foi necessário
desfazer o processo de tombamento o que se fez a pedido do
então governador de Pernambuco.
Outro banco teve papel importante e propiciou o referido
Milagre Econômico: o Banco Nacional de Desenvolvimento
Social. O governo utilizou tal órgão financeiro para estimular
os empresários destinando recursos para que iniciassem ou
expandissem seus negócios. Com vinte anos de experiência
na análise de viabilidade de projetos e no gerenciamento de
créditos, o BNDES continuava a ser peça indispensável no
esquema estatal de indução ao desenvolvimento. À frente da
ação estava Marcos Pereira Vianna, que presidiu o Banco por
dez anos, de 1969 a 1979.
O I Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), sob a
responsabilidade do secretário de Planejamento, João Paulo
dos Reis Velloso, estabeleceu as diretrizes para o período
1972-74. Na oportunidade se previu um crescimento do PIB
em torno de 8% a 9% ao ano, uma inflação anual abaixo dos
20% e um aumento das reservas cambiais em pelo menos
US$ 100 milhões. O papel exercido por Reis Velloso era
relevante e era ele o mesmo ator que iniciaria no campo
cultural a materialização daquele movimento que resultou na
criação do Programa Integrado de Reconstrução das Cidades
Históricas do Nordeste. O governo militar era autor de um
planejamento econômico e cultural na mesma escala de um
31
combate, com estratégias suficientemente claras e inteligentes
segundo as finalidades desejadas pelo regime. Também o setor
automobilístico era uma das principais atividades produtivas
no Brasil. A siderurgia respondeu à altura. Em 1973, criou-se a
Siderbrás.
Na associação turismo, economia e cultura se pode assistir
a um dos momentos singulares do período militar. A criação
daquele Programa cultural seria o principal resultado dessa
união, que deu frutos nos Estados do Nordeste. Malgrado
a filosofia que lastreava a iniciativa, a bem da verdade a
restauração dos monumentos e o reconhecimento da existência
deles pelo governo de maneira privilegiada, deu margem
à formação de profissionais, como se poderá ver depois,
indispensáveis para intervenções nos bens culturais materiais
e no ampliar as restaurações dos bens móveis. O fato de as
escolhas recaírem em alguns bens significativos para o regime
autoritário não desfaz o benefício disso resultante e que formaria
uma filosofia de respeito e reconhecimento de que produção
cultural é indispensável em qualquer regime.
A melhor resposta do Milagre Econômico no âmbito da
cultura para o Nordeste foi se criar naquele ano de 1973 a
Fundarpe em Pernambuco e instituições similares nos demais
Estados da região. Isso porque os Estados assumiram, mesmo
depois de praticamente extinto o Programa, o papel de
defensores de seus patrimônios sem o paternalismo do governo
federal. Custou caro tal Milagre, mas um fruto tem seu valor.
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
A INSTALAÇÃO DO
PROGRAMA INTEGRADO
DE RECONSTRUÇÃO DAS
CIDADES HISTÓRICAS DO
NORDESTE
32
Criado o Programa, sua instalação
se deu no Recife, em Pernambuco.
Antes os Estados participantes
procuraram, para demonstrar interesse,
reunir propostas de intervenções em
bens materiais importantes em cada
um deles. O Governo do Estado de
Pernambuco, anfitrião do Programa, não
poderia deixar de indicar propostas.19
Em um tempo pouco anterior ao
ano de 1973, a Secretaria de Indústria
e Comércio, cujo titular era o arquiteto
Paulo Gustavo Cunha, estava estudando
meios para restaurar um imóvel em
Olinda, antiga residência dos bispos,
para abrigar a Coleção de Abelardo
Rodrigues.20 O secretário, para tal
finalidade e no sentido de elaborar
um documento justificativo da ação,
convidou para auxiliá-lo o professor
Marcelo Carvalho dos Santos. Na
oportunidade este por sua vez entrou
em entendimento com o arquiteto
José Luiz Mota Menezes, antigo
colaborador do SPHAN. Quando
ocorreu a perspectiva de instalação do
Programa recém-criado, as propostas
apresentadas refletiram tal colaboração.
O arquiteto Menezes, ao realizar uma
dissertação de concurso para assistente
da Faculdade de Arquitetura da
Universidade Federal de Pernambuco,
estudou uma possível restauração de
natureza conjetural da antiga Sé de
Olinda, edificação quinhentista que
sofrera duas intervenções desastrosas no
século XX.21 Por outro lado, o mesmo
arquiteto tinha realizado uma pesquisa
de grande porte no antigo Colégio
dos Jesuítas, também em Olinda,
abrangendo a igreja do Colégio. Diante
do conhecimento dos estudos feitos,
nada mais natural do que apresentar
os monumentos envolvidos como
propostas para as futuras intervenções
restauradoras a serem realizadas em
Pernambuco por meio desse novo
Programa. Como disse, antes da criação
do Programa estava se estudando a
viabilidade de instalar um Museu de
Arte Sacra em Olinda, no Palácio que
fora dos bispos, no Alto da Sé, para
abrigar a Coleção Abelardo Rodrigues.
Assim se deveria indicar mais esta
edificação na qualidade de proposta de
Pernambuco. Por fim, diante da quase
destruição da antiga cadeia pública
do Recife, edificação do século XIX,
então cogitada para demolição pela
Secretaria de Justiça, o monumento
surgiu como mais uma intervenção a
ser apresentada na reunião referida.
Assim, o arquiteto Niepce Araújo reuniu
as plantas da velha cadeia, guardadas
no Departamento de Obras Públicas,
Serviços e Fiscalização (DOPSF), e
adaptou-as a um projeto de intervenção,
da maneira como pôde àquela altura,
e com a pressa exigida para o velho
edifício prisional. Estava assim o Estado
de Pernambuco com uma proposta
de quatro intervenções restauradoras,
33
que veio a ser apresentada de maneira,
pode-se dizer, notável.
De acordo com as normas do
Programa instalado, as propostas
de Pernambuco, em princípio
aprovadas, deveriam ser submetidas
ao IPHAN. A instalação da sede
administrativa do Programa no Recife
conduziu para sua direção o Dr.
Vicente Costa e Silva. Na qualidade
de analista começou a trabalhar
na Seplan – Programa Integrado de
Restauração de Cidades Históricas do
Nordeste, o arquiteto Hélvio Polito
Lopes.
Para a elaboração dos projetos
executivos, em sua versão a ser
aprovada pelo IPHAN, foram
convidados numa licitação, e
escolhidos, os arquitetos Fernando
de Barros Borba e José Luiz Mota
Menezes, conhecedores dos
monumentos e da mecânica de
elaboração dos projetos para a Seplan.
Os trabalhos foram desenvolvidos e
encaminhados ao IPHAN e à Secretaria
de Planejamento.22 Com relação à
Casa de Detenção, a escolha do imóvel
para uma futura Casa da Cultura
condicionou a reestruturação do
projeto do arquiteto Niepce Araújo. Tal
modificação conduziu simplesmente
o partido da intervenção ao projeto
inicial, como se verá, realizado em
meados do século XIX pelo engenheiro
José Mamede Alves Ferreira. Uma vez
participando da organização desses
projetos iniciais, os referidos arquitetos
começaram também a colaborar na
instalação organizacional da Fundarpe
e em suas finalidades culturais.
A nova Instituição se estruturou na
figura jurídica de uma Fundação criada
pelo Banco do Estado de Pernambuco.
Tal forma era a mais vantajosa para
o Programa diante do interesse de se
desejar um funcionamento com maior
flexibilidade do que aquele em que
as ações fossem de responsabilidade
de um órgão oficial, sujeito às normas
burocráticas naturais de uma repartição
pública. Por outro lado, uma fundação
poderia legalmente receber doações.
Os Estatutos daquela Fundação davam
a ela foros de uma Secretaria de
Cultura e com maior versatilidade. Era
a independência da Cultura em sentido
bem definido diante das ações voltadas
à educação e que exigiam muita
atenção do Estado de Pernambuco.
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
A FUNDARPE NO SEU
PRIMEIRO DECÊNIO
1973-1983
34
Criada a Fundarpe em 1973,
ela começou a materializar várias
ações, não somente aquelas
voltadas à elaboração dos projetos
arquitetônicos, mas acima de tudo
as relacionadas com o trazer para
as propostas de intervenções em
edificações de propriedade da Cúria
o apoio e aprovação relacionados
com as intervenções propostas.
Papel fundamental então exerceu o
arcebispo auxiliar Dom José Lamartine
Soares nessa etapa da instalação e
funcionamento da Fundação. O bom
relacionamento do secretário executivo
da Fundarpe, professor Marcelo
Carvalho dos Santos com a Cúria foi
peça importante na boa solução para o
processo. Por outro lado, a participação
do arquiteto Menezes, antigo
colaborador do IPHAN, em muito
ajudou na boa elaboração dos projetos,
então um trabalho em comum com os
técnicos dessa instituição fiscalizadora
e que analisou, aprovando, os
referidos projetos na forma que direi
adiante. Todos eram na oportunidade
executores de um programa de ações
restauradoras de muito interesse
e responsabilidade em face das
edificações envolvidas. O que movia o
IPHAN e a Fundarpe era o bem comum
destituído de posições pessoais ou da
má política de interesses, presente em
indivíduos desejosos de promoção ou
ascensão política.
Nesse estágio inicial da Fundação
o número de funcionários era bem
pequeno. Um secretário executivo,
o professor Marcelo Santos; uma
secretária, senhora Maria Auricéia de
Vasconcelos Fraga; um contador, Josias
Moraes, além do auxiliar Gilvannewton
de Oliveira Lima. Mais adiante, os dois
referidos arquitetos passaram a ser
integrantes de fato do grupo diretor da
Fundação. O arquiteto Menezes era
o secretário adjunto técnico e Borba
o adjunto administrativo. Logo uma
arquiteta foi convidada a participar
da equipe, iniciando sua colaboração
com a Fundação: Neide Fernandes de
Souza, responsável daí em diante pela
área de paisagismo no agenciamento
dos projetos, como exemplo o realizado
para a Casa da Cultura.23
De 1973 até o ano de 1978 o
número de funcionários cresceu pouco,
diante do volume das obras realizadas.
Em 1974, existiam três pessoas, no ano
seguinte se chegou a 16 e em 1978
totalizava 71. As quatro grandes obras
acima citadas foram praticamente
concluídas nesse ano. No ano de 1983
existiam 140 funcionários na Instituição.
A exigência de novos projetos e o diaa-dia desejado para o setor responsável
pela ação levou à contratação de
estagiários do curso de Arquitetura da
Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE) que terminaram permanecendo
na Fundarpe na função de arquitetos.
35
Foram eles Jorge Eduardo Lucena Tinoco e Glauciano Marcos
de Lima e Silva, além de Fernando José Guerra de Souza. Este
último não permaneceu na Fundação, seguindo para a Fundação
de Desenvolvimento Municipal do Interior de Pernambuco
(FIAM).24
Ao final do governo do Dr. José Francisco de Moura
Cavalcanti (1975-1979), quando era presidente do Conselho
Deliberativo o Dr. José Jorge de Vasconcelos Lima, teve lugar
uma das modificações dos Estatutos da Fundarpe, a de 1978.
Na oportunidade foram extintos os cargos de secretário adjunto
para assuntos administrativos e secretário adjunto para assuntos
técnicos. No mesmo nível dos cargos anteriores foram criados
os de diretor administrativo e diretor
técnico respectivamente. Acima de tais
cargos estava o de diretor executivo,
que passou a ser exercido pelo Dr.
Ruben Gondim Lóssio, contratado pela
Secretaria de Educação. O Dr. Lóssio
acumulou também o cargo de diretor
administrativo, enquanto o de diretor
técnico passou a ser exercido pelo
antigo secretário executivo, o professor
Marcelo Santos. Por certo tempo e
em transição ficaram assim os cargos
maiores. Em 1979, diante de uma nova
configuração administrativa, o cargo de presidente passou a ser
exercido pelo Dr. Rubens Lóssio. Na organização da Fundação
de 1979, a Diretoria do Patrimônio Histórico tinha funções
próximas daquela da Secretaria Adjunta Técnica, e passou a
ser exercida pelo arqueólogo Ulysses Pernambucano de Mello.
A Diretoria de Assuntos Culturais, uma novidade, foi então
entregue ao escritor Alberto Tavares da Cunha Melo. O que se
poderia chamar o tempo mais “antigo” da Fundarpe terminava
naquele ano de 1979. Nova gente e outra diretriz passaram a
determinar as linhas gerais das ações da Fundação. Em 1981,
a Presidência da Instituição chegou às mãos do antes citado
arqueólogo, logo substituído, no mesmo ano, pelo Dr. Gilberto
Governador José de Moura Cavalcanti
Inauguração da Casa da Cultura
Recife
Foto Arquivo da Fundarpe
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
36
Professor Marcelo Carvalho dos Santos,
Ministro João Paulo dos Reis Velloso e o
Governador Dr. José de Moura Cavalcanti
Inauguração da Casa da Cultura
Recife
Foto Arquivo da Fundarpe
Marques Paulo. Em 1983, a Presidência
passou ao Dr. Roberto José Marques
Pereira.
Uma das características dos
cargos técnicos da Fundarpe era de
que seu exercício sempre coube, no
seu primeiro decênio, aos técnicos.
Do arquiteto Menezes (1973-1978)
passou a direção dos projetos e das
ações técnicas, por um tempo muito
curto, para o professor Marcelo Santos
(1978-1979) e em seguida o cargo foi
exercido sucessivamente por Ulysses
Pernambucano de Mello (1979-1981),
arqueólogo; Jorge Eduardo Lucena
Tinoco (1981-1983), arquiteto e Juarez
Gambetá Tavares Barreto Filho (1982),
engenheiro. Tal forma de escolha e
sucessão garantiu uma linha de conduta
que não se afastaria de forma radical
daquela indicada nos primeiros anos da
Fundação.
OS ESTATUTOS, MAIS
DO QUE UM SIMPLES
DOCUMENTO
37
Quando da elaboração dos Estatutos da Fundação, criada por
exigência daquele Programa do governo federal, a finalidade
maior espelhava não somente o interesse imediato, ou seja, ser
a instituição executora dos projetos apresentados e aprovados
ao Programa Integrado de Reconstrução das Cidades Históricas,
mas essencialmente incentivar as demais produções culturais.
Assim, a finalidade central dos Estatutos era esse incentivo à
cultura e à preservação dos monumentos históricos e artísticos
de Pernambuco. Não teria fins lucrativos, sendo a organização
mais flexível para captar recursos e realizar outras ações em
termos de gestão cultural. A Fundarpe era pessoa jurídica de
direito privado. Sendo Olinda o alvo maior das ações, havia nos
Estatutos um objetivo claro: o de implantar o Centro Histórico
de Olinda. Uma cidade que se desejava fosse destaque por sua
antiguidade no cenário nacional e depois mundial.
Aquela finalidade prevista nos Estatutos espelhava em
Pernambuco um legado cultural que sempre destacou o Estado
no âmbito nacional. Pernambuco fora pioneiro na indicação de
Lei federal de proteção do patrimônio artístico e histórico.25 Em
Pernambuco, um movimento regionalista se afirmou nas ações
de um grupo de intelectuais, à frente o sociólogo Gilberto Freyre.
Por outro lado, não somente nesse aspecto se tinha a diferença,
mas nas ações que o 1º Distrito do IPHAN já realizava na região
Nordeste com exemplos notáveis de defesa do Patrimônio por
meio daquela gente dedicada da repartição federal. No campo
artístico, não se pode desconhecer a ação pioneira da família
Rego Monteiro, que na década de 1930 havia trazido obras de
arte de Paris para expor no Recife. O Recife era o lugar de Cícero
Dias e de tantos outros artistas de talento. Na Escola de Belas
Artes, um celeiro de nomes importantes da cultura nacional,
participava desde 1956 de um curso de Artes Cênicas (Formação
do ator) o notável teatrólogo e romancista Hermilo Borba Filho
e também o escritor Ariano Suassuna. O Teatro de Amadores de
Pernambuco (TAP) era o “Horto dos Oliveiras”, como o chamava
carinhosamente e quem sabe com certa malícia a gente da terra,
por conta dos que o impulsionavam – principalmente Waldemar
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
38
e Alfredo de Oliveira. Este último com seu Teatro de Arena de
Pernambuco mantinha vívido o fazer teatro em Pernambuco.
Importante foi o retorno do Teatro Popular do Nordeste (TPN),
onde Hermilo e sua gente comandavam os espetáculos. Nas
Artes Plásticas Gilvan Samico, Francisco Brennand, Abelardo da
Hora e muitos outros conduziram a cena artística. Na literatura
nomes se destacavam desde os que lidavam no dia-a-dia dos
Jornais ou outros que além de jornalistas eram poetas, qual Mauro
Mota. Um contexto dos mais notáveis e que deu à Fundação o
apoio decisivo para os êxitos alcançados. Muitos desses artistas e
intelectuais estavam sempre ligados no “pólo cultural da Rua da
União”, sede do 1º Distrito do IPHAN, dirigido pelo engenheiro
Ayrton de Almeida Carvalho. A Instituição federal era um ponto
de convergência natural e de maior grandeza no Recife.
A Fundarpe durante pouco tempo teve sua independência
relativa do governo. Logo em 1975 o Estado de Pernambuco
a vinculou pela Lei nº 6.873/75 à Secretaria de Educação e
Cultura e depois à de Turismo, Cultura e Esportes, em 1979. Tal
vínculo amarrou rédeas à Instituição caracterizando-a como
de administração indireta. Daí então teria que se sujeitar à
organização do Estado, nem sempre de fácil funcionamento. Era o
controle do governo estadual, fiel àquele Estado Forte federal.
A criação da Fundação não a dotou de recursos no Orçamento
estadual, uma vez que era deste inicialmente independente.
Quando a transformou em administração indireta, o governo não
lhe propiciou orçamento vinculado ao do governo, gerando com
tal situação muitas dificuldades naquele presente e no futuro.
Além do mais, a finalidade da Fundarpe poderia criar também um
conflito com sua vinculação em 1979 a uma Secretaria de Estado
que cuidava de cultura. Eram instituições que tratavam de um
mesmo objetivo fim. Dizer que a Fundação era o braço cultural
da Secretaria era uma figura de retórica, uma vez que seu diretor
executivo ao ficar atrelado às decisões do secretário de governo
não tinha autonomia alguma.
A estrutura da Fundarpe nos seus inícios era bem simples.
Em 1975, a modificação dos Estatutos e essencialmente do
39
Regimento criou dois departamentos, sete divisões, duas secções
e ainda o Centro Histórico de Olinda com duas divisões e a Casa
da Cultura com mais duas. Em 1977, nova mudança criou seis
coordenadorias, quatro divisões e ainda duas administrações,
a da Casa da Cultura e a do Museu de Arte Sacra. Os
procedimentos administrativamente podiam ser corretos, mas
implicavam em aumento de despesas e ainda na singular
situação de se ter chefes sem pessoal subalterno algum. Tais
“caixinhas” de organograma administrativo geravam empregos
e assim despesas talvez precipitadas em um momento em que
determinadas fontes de recursos federais começavam a secar.
No ano de 1979, ocorreram mais mudanças e outras despesas
em uma Fundação sem destaque orçamentário praticamente
nenhum e com tantos funcionários. O crescendo de pessoal se
pode verificar ao se comparar o número de funcionários de 1975
com o de 1979: de 26 para 92. De 1979 a 1983 tal número
passou para 140. Pode-se argumentar que ocorreu aumento dos
serviços, mas esses deveriam ser pagos, proporcionalmente,
pelas receitas e tal situação não existia realmente. A Casa da
Cultura sempre foi deficitária desde os seus primeiros dias. A
Fundarpe chegou a 1983, final do seu primeiro decênio, com
dificuldades financeiras fortes. Voltarei ao assunto adiante.
O mais interessante com relação aos Estatutos redigidos, a Lei
maior da Instituição, é que eles foram marcos determinantes na
organização daquele presente com projeção muito boa para a
futura política cultural pernambucana.
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
OS QUATRO PRIMEIROS
PROJETOS DE
INTERVENÇÃO
40
O Estado de Pernambuco
apresentou, sendo aprovados, como
disse, quatro propostas de intervenções
em monumentos de interesse para
o início das ações do Programa: as
restaurações da Sé de Olinda; do
Palácio dos Bispos, no interesse de
instalar um Museu de Arte Sacra; da
Igreja de Nossa Senhora da Graça,
todos em Olinda, e da Casa de
Detenção do Recife, que seria uma
Casa da Cultura. Somente a Sé de
Olinda possuía um estudo realizado
em termos acadêmicos, mas teria
de ser reformulado. O escritório
contratado passou então a realizar
tais projetos de intervenção. Diante
do interesse de não somente dizer
sobre a história da Fundação, e sim
direcionar as informações sobre a
forma como determinadas ações foram
materializadas, tornando-as exemplos
necessários à formação dos gestores e
agentes culturais, passo a descrever a
maneira como ocorreram as diversas
intervenções restauradoras, projetadas
e executadas.
Não havia no país qualquer exemplo
de intervenções restauradoras em bens
imóveis do porte das propostas pelos
Estados do Nordeste, isto é, com a
completeza desejada para cada um dos
monumentos contemplados. Por outro
lado, as informações históricas eram
poucas para a compreensão das várias
modificações anteriores realizadas
nos edifícios. Duas das edificações
de Olinda eram conhecidamente do
século XVI, e o Palácio dos Bispos
seria do século XVII. No Recife, a
antiga Cadeia, do século XIX, a ser
destinada a Casa da Cultura, tinha
história bem conhecida e ainda se
possuía em arquivo da Diretoria
das Obras Públicas, Fiscalização e
Serviços (DOPFS), parte do projeto da
penitenciária, devido ao engenheiro
José Mamede Alves Ferreira.26
Assim considerando, era necessário
realizar propostas de intervenções
bem mais próximas dos resultados
obtidos em outros monumentos antes
restaurados pelo IPHAN, sob o aspecto
da aplicação, em intervenções, das
teorias da restauração executadas
pelo órgão federal. As diversas obras
do IPHAN no Estado de Pernambuco
moldariam os projetos de intervenção
da Fundarpe. Naturalmente, seria mais
do que isso a se exigir do escritório
contratado, uma vez que se sabia não
existirem projetos gráficos completos,
realizados pela repartição federal, e
sim de intervenções isoladas e nem
sempre com a unidade exigida pelo
Programa. As primeiras ações do
escritório contratado objetivaram
reunir todos os conhecimentos sobre
as edificações-alvo dos projetos.
Depois, seria feito um minucioso
exame dessas edificações, objetivando
41
um diagnóstico inicial sobre as
intervenções ocorridas antes, o que foi
facilitado pelo fato de ser o arquiteto
Menezes conhecedor da história
da Arquitetura de Pernambuco e
ainda ter estagiado na Direção dos
Monumentos, em Portugal. Além do
mais, por dez anos foi colaborador do
mesmo IPHAN. Tais condições foram
importantes quando se buscou orientar
os resultados propostos.
Uma das dificuldades resolvidas
dizia respeito à forma de apresentar
a proposta de intervenção. Nos
casos citados, os primeiros, os
arquitetos responsáveis efetuaram
um levantamento arquitetônico do
existente, indicaram os danos e a
seguir fizeram anexar um Relatório
gráfico e literal do encontrado. Um
outro jogo de desenhos informava
sobre as intervenções e as justificava
em texto à maneira de um memorial.
A proposta compreendia também
informações gráficas sobre o estado
da edificação, obtidas com inúmeras
fotografias. De uma proposta para
outra havia diferenças decorrentes do
partido arquitetônico da intervenção,
que ora se baseava em um teórico,
outras vezes em outro ou tinha de
adotar princípios específicos segundo a
natureza da proposta. Adiante voltarei
ao assunto.27 Quando da execução,
as propostas tiveram de ser adaptadas,
para um melhor entendimento da
evolução construtiva das edificações.
O papel exercido pela arqueologia foi
importante no sentido de esclarecer
dúvidas que não seriam resolvidas a
contento senão com os resultados das
pesquisas especializadas. Em todo
momento a parceria nas decisões
passou a ser a razão maior dos acertos
e também dos possíveis erros, segundo
algumas avaliações posteriores. No
entanto, tudo quanto foi materializado
nas intervenções teve embasamento em
teorias da restauração aceitas naquela
oportunidade em que a solução foi
apresentada e escolhida. Para tanto, o
‘aprovo’ final do IPHAN e a opinião
do grupo gestor das obras em níveis
estadual e federal foram decisivos.
Note-se que para complementar os
projetos de restauração, e para que
fossem aprovados e liberados os
recursos financeiros, a Seplan-PE exigia
um dossiê com orçamentos e análise
das condições socioeconômicas do
entorno, passando esse trabalho a
ser realizado pelo assessor técnico
Fernando Borba. As quatro obras
citadas, assim como as que seriam
realizadas depois, como se verá,
propiciaram, diante das discussões
na Fundarpe, a formação de uma
verdadeira escola prática e teórica
sobre a restauração de monumentos.
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
A RESTAURAÇÃO DA
SÉ DE OLINDA · 1974
A Sé de Olinda em sua feição neogótica
Foto Arquivo da Fundarpe
42
A pia de água-benta do
interior da Igreja da Sé
Olinda
Foto Eudes Santana
A Sé de Olinda tem sua história
contada por vários autores. A
construção foi iniciada na segunda
metade do século XVI e por ocasião
da invasão dos holandeses em
Pernambuco, no ano de 1630, estava
praticamente concluída.28 Ao longo
de mais de três séculos a igreja foi
sendo enriquecida com obras de
talha, azulejarias e pinturas. Apesar do
tempo da construção e das diversas
intervenções resultantes das obras
citadas, manteve-se uma unidade
de leitura do conjunto construído,
onde certa identidade unia os gostos
desses anos decorridos. Dominava a
Igreja Catedral o alto de um morro
onde se engastava, e sua dimensão
guardava boa relação com o entorno.
No princípio do século XX uma
intervenção destruiu toda essa unidade
e a transformou em uma igreja de feitio
eclético e de teor voltado ao goticismo,
defendido por quem acreditava ser essa
forma artística a mais indicada para
as igrejas em toda parte do mundo.
A Sé teve destruído o coroamento da
única sineira completa existente; fezse outra, e nas duas se assentaram
esguias flechas, de gosto medieval,
executadas em ferro e provavelmente
encomendadas na França. Não se
completou a intervenção que era
de responsabilidade do desenhista
Rodolfo Lima.29 Passado algum tempo,
oxidaram-se tais elementos de ferro
e tudo começou a ruir sobre a rua.
A Sé de Olinda em obras de restauração
Foto Eudes Santana
Então, antes do Congresso Eucarístico
Nacional, de 1939, o arcebispo Dom
Miguel de Lima Valverde mandou
executar um projeto de intervenção,
realizado por um profissional
desconhecido e inspirado em Igreja
da República Tcheca. Toda a estrutura
de ferro passou a ser desmontada,
sendo executada essa nova intervenção
em concreto armado e estuques.
Decorridos cerca de trinta e três
anos o estado da Sé era lamentável.
43
Altar do Santíssimo Sacramento
na Igreja da Sé
Foto Eudes Santana
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
44
A Sé de Olinda com as obras
de restauração no final
Foto Arquivo da Funarpe
Interior restaurado da Sé de Olinda
Foto Eudes Santana
Abandonada, teve o restante dos seus
bens, aqueles não destruídos nas
intervenções anteriores, transferidos
para o Convento dos Franciscanos de
Igarassu quando da instalação de uma
pinacoteca de responsabilidade do
IPHAN.30 Da vetusta Sé, em texto de
um escritor coetâneo, nada quase se
via de interesse.
No ano de 1966, o padre Marcelo
Carvalheira, residindo junto à igreja,
começou a retirar, uma vez que
ninguém impedia tal ação diante do
que era o edifício, o revestimento
de escaiola das oito colunas de
sustentação das arcadas da nave
central. Para surpresa dele, todas
eram em pedra calcária. Não somente
colunas, mas arcadas e outros
elementos estruturais permaneciam
sob os rebocos das duas intervenções
citadas. Na oportunidade o reverendo
solicitou ao arquiteto José Luiz
Menezes que examinasse a velha igreja
e este não somente o fez, como passou
a estudar como teria sido a edificação
antes daquelas intervenções infelizes.
Disso resultou uma dissertação de
Concurso para Assistente da Faculdade
de Arquitetura da Universidade Federal
de Pernambuco, que o arquiteto
defendeu em 1962.31
Em 1973, quando se cogitou em
apresentar propostas para o Programa
Integrado de Reconstrução das Cidades
Históricas do Nordeste, o projeto
realizado pelo arquiteto era conhecido
45
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
46
Capela-mor da Sé de Olinda
Cúpula hemisférica
Foto Eudes Santana
em face de sua defesa perante banca
na mesma Universidade. Esta foi em
princípio a idéia de uma possível
restauração de um edifício de tanta
importância, a mola mestra para sua
escolha. O projeto de restauração a
ser proposto ao Programa de Cidades
Históricas deveria ser estudado a partir
do elaborado pelo arquiteto.
Quando o escritório de arquitetura
foi contratado e nele um dos sócios
era autor da dissertação, a questão
passou a ser discutida sob outro
prisma. Na altura da pré-apresentação
do projeto de intervenção decidiu-se
aproveitar os desenhos do arquiteto e
deixar a decisão do partido a se adotar
para quando se retirassem todos os
rebocos e se pudessem analisar as
duas intervenções, bem como avaliar o
quanto tais intervenções prejudicaram
o edifício. O que se tinha inicialmente,
portanto, seria um projeto-diretriz
a se confirmar ou não quando das
obras. Tal feito naturalmente poderia
trazer inconvenientes para o processo
licitatório e no futuro poderia gerar
aditivos ao orçamento inicial das obras.
No entanto, não se podia fugir de tal
alternativa, e assim foi realizado.
Iniciadas as obras, a igreja
apresentava sinais de ter sido bem
menos agredida do que se supunha.
Perfis de arcadas, capitéis, molduras
e outros detalhes se encontravam
embutidos nas paredes e o piso antigo
Interior da Sé de Olinda (totalmente restaurado)
Foto Eudes Santana
47
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
A INTERVENÇÃO NA
IGREJA DE NOSSA
SENHORA DA GRAÇA EM
OLINDA · 1974
48
Sino antigo fora de uso
Foto Eudes Santana
da igreja estava abaixo do nível
então existente. Além do mais, as
pesquisas nas paredes permitiram uma
melhor análise das intervenções, não
somente as duas referidas, mas outras
anteriores. Em reuniões periódicas dos
técnicos da Fundarpe, do IPHAN e
da Seplan as decisões eram tomadas
segundo os elementos construtivos
encontrados. Valeu o levantamento
das características de cinqüenta igrejas
semelhantes existentes em Portugal e
o relacionamento delas com a Sé de
Olinda. Os que conheceram a Sé e
viram o resultado, não acompanhando
as obras, passaram a dizer que a
edificação tornara-se uma invenção
da Fundarpe e do IPHAN. Nada
mais injusto. Na escolha do partido
de intervenção, predominou aquele
modelo de restauração em que se
recompunham os elementos a partir
dos achados, tudo conforme as
decisões do grupo gestor da execução
das obras – o arquiteto que havia
realizado a primeira proposta era
parte integrante apenas como vogal.
A execução da intervenção era
responsabilidade de um colegiado
a quem se podem atribuir erros ou
acertos. De toda a obra se conservou a
documentação devida.32 A experiência
vivida nessa restauração foi de grande
valia para a formação dos arquitetos
que trabalhavam na Fundarpe e dos
estagiários de arquitetura.33
A Companhia de Jesus com dois de
seus padres chegou a Olinda no ano
de 1551. Os religiosos eram Manuel
da Nóbrega e Antônio Pires e, logo
ao chegar, receberam em doação
de Duarte Coelho uma ermida por
ele construída, que tinha por orago
Nossa Senhora da Graça, devoção
agostiniana. Não demoraram os padres
na Capitania e somente em 1565 aqui
aportaram outros da mesma ordem
para tomar posse da edificação. Logo
começaram a erigir uma igreja nova,
provavelmente demolindo a antiga
construção. Em 1576, tiveram início
obras maiores, a do Colégio inclusive.
No ano de 1597, a igreja estava quase
pronta, com feição que a aproximava
da igreja da Companhia em Lisboa
(Igreja de São Roque). Três retábulos
de pedra calcária e quatro imagens
foram confeccionados entre 1585
e 1630. Neste último ano, como se
sabe, ocorreu a invasão holandesa.
A igreja e o colégio foram ocupados
pelos adventícios, que destruíram o
retábulo-mor, decepando aquelas
imagens. A igreja e o colégio foram
então incendiados. O conjunto sem
o telhado pode ser visto em desenho,
gravura e pinturas de Frans Post,
artista da comitiva do governador
João Maurício de Nassau (16371644). As pinturas indicam elementos
arquitetônicos não mais existentes na
igreja em sua feição que chegou ao
Seminário Arquidiocesano de Olinda antes da restauração
(antigo Colégio dos Jesuítas)
Foto Arquivo da Fundarpe
49
O PRIMEIRO DECÊNIO
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50
Retábulo de cantaria – calcária – da Igreja de
Nossa Senhora da Graça do antigo Colégio dos
Jesuítas de Olinda (Seminário Arquidiocesano)
Foto Eudes Santana
século XX. Por outro lado, uma gravura
intitulada Marim d’Olinda revela uma
igreja tendo na sua fachada principal
uma abertura sobre uma única porta.34
Também a edificação não apresentava
tal disposição na centúria passada: três
janelas estavam dispostas na altura do
coro. No interior da igreja um forro
de estuque tem sua data de execução
avaliada como dos anos finais do
século XIX, e janelas altas nas paredes
laterais iluminavam a nave única –
uma fisionomia que em nada confere
com as imagens referidas e conhecidas
da igreja. O Colégio que se pode ver
representado naquela pintura parece
ser o mesmo em suas dimensões com
o que se vê atualmente, exceto quanto
à portaria bem diferente.
Sobre tal conjunto jesuíta,
transformado em Seminário
arquidiocesano em 1800, pelo padre
Azeredo Coutinho, se tem muita
informação. O padre Serafim Leite em
sua obra monumental sobre a História
dos Jesuítas no Brasil informou acerca
da construção e indicou o provável
autor do seu primeiro risco: o irmão
carpinteiro e arquiteto Francisco Dias.
Diante disso e dos estudos iniciados
em 1967 pelo arquiteto José Luiz Mota
Menezes e coerente com sua enorme
importância, enquanto único Colégio
do século XVI relativamente intacto no
Brasil, foi a proposta de intervenção
apresentada à Seplan e aprovada a
execução da obra de intervenção.
Imagem do século XVI de Nossa Senhora da Graça Igreja do Colégio dos Jesuítas de Olinda
Interior da Igreja de Nossa Senhora da Graça de
Olinda
Fotos Eudes Santana
51
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
Carranca de um retábulo de pedra calcária
da Igreja de Nossa Senhora da Graça
Colégio dos Jesuítas de Olinda
Foto Eudes Santana
52
Considerando a mesma situação
vivida na efetivação da proposta da
Sé, um projeto diretriz foi realizado,
este com mais elementos conhecidos
que o anterior, sendo iniciadas as
obras. Na oportunidade, seguindo o
mesmo caminho das obras do IPHAN,
removeram-se os rebocos do interior
e do exterior da igreja. A primeira
surpresa resultou da descoberta de
três confessionários ocultos no corpo
das paredes laterais. Teria havido um
quarto, porém em seu lugar existia
uma capela aberta posteriormente. Tal
novidade aproximava mais o plano
da igreja daquele indicado para o
Colégio do Rio de Janeiro e guardado
na Biblioteca de Paris, França. Além
dos confessionários, também foram
localizadas as enormes seteiras, as
duas vistas na pintura citada de Post.
Estas, de pedras calcárias, tinham
excelentes desenhos. A porta lateral
entaipada era pertencente a etapas de
obras posteriores a 1654, quando se
reconstruiu o conjunto parcialmente
destruído no incêndio de Olinda de
1631. Ao se remover o retábulo de
madeira do século XIX, localizou-se
parte do anterior, construído em pedra,
no século XVI. Posteriormente vão se
descobrir em um carneiro abandonado
os restos das colunas desse altar, com
três das quatro imagens mutiladas.
Na remoção do telhado, restos da
estrutura de madeira do antigo foram
descobertos, sendo estes no modelo
em tesouritas, comum nos séculos
XVI e seguinte. A maior descoberta
se deu por acaso. Ao se remover o
piso de uma capela do falso transepto
uma pedra tumular ocultava uma
cripta abaixo do nível do piso com um
sepultamento ainda no local. O achado
motivou o início de uma extensa
pesquisa arqueológica no corpo da
nave realizada pelo Laboratório de
Arqueologia da Universidade Federal
de Pernambuco, tendo à frente o
arqueólogo Marcos de Albuquerque.
Cerca de 180 sepultamentos foram
identificados, de diferentes tipos
de inumação. Por outro lado, a
remoção cuidadosa do piso deixou
à luz os avanços sucessivos da teia
de comunhão realizados segundo as
diferentes formas de ocupação da nave.
Na oportunidade dois púlpitos antigos
vieram à luz. Na fachada principal,
quando daquela remoção dos rebocos,
um grande óculo, praticamente igual
ao da Sé, foi encontrado sob o reboco
por se achar entaipado. Também a
sineira vista em pinturas de F. Post foi
identificada.
O projeto de intervenção aprovado
foi revisto devidamente segundo os
elementos arquitetônicos encontrados.
Na Igreja de Nossa Senhora da Graça
a intervenção se fez seguindo o
procedimento usual do IPHAN e todos
os elementos desejados para a tomada
das decisões estavam presentes e
documentados devidamente. A teoria
Antigo claustro das aulas do
Colégio dos Jesuítas de Olinda
Foto Eudes Santana
53
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
54
Pátio dos padres do antigo
Colégio dos Jesuítas de Olinda
55
da restauração que fundamentou a intervenção tinha por lastro
as diretrizes do italiano Camilo Boito, com os ajustes indicados
pelo caso em tela. As anastiloses das peças ornamentais das
capelas e confessionários foram feitas com calcário de cor
diferente do existente. Na Sé de Olinda, o reparo dos perfis
das cantarias se fez com estuque diante da quantidade de
restaurações. Nesta igreja todos os perfis estavam definidos na
espessura dos rebocos, uma vez que o escultor sempre deixava
parte da moldura no interior das massas dos revestimentos das
paredes.
A intervenção restauradora da Igreja de Nossa Senhora da
Graça foi exemplar. Não somente pelo acerto, mas porque
ela permitiu que em reuniões internas na Fundarpe, com a
participação de arquitetos, estagiários e outros, se travassem
proveitosos debates sobre o que se fazia nas intervenções de
Olinda e do Recife. Maneira de proceder que se estribava
naquela forma de trabalhar dos antigos empreendimentos
construtivos da Europa. Seguindo o modelo instalado pela
conjugação Seplan/IPHAN/Fundarpe, as decisões eram de um
grupo gestor e seguiam as teorias vigentes na Instituição federal,
adaptadas de princípios europeus. A frase clássica “cada caso é
um caso”, tinha para as obras o tom de verdade.35
Ao lado,
Igreja de Nossa Senhora da Graça e
bloco das aulas do antigo Colégio dos Jesuítas de Olinda
Foto Eudes Santana
O PRIMEIRO DECÊNIO
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Palácio dos Bispos de Olinda (antes da restauração)
Foto Arquivo da Fundarpe
No século XVI, era no alto da Matriz
do Salvador onde se podia identificar
o início da ocupação territorial urbana
da sede da vila Duartina. Nesse morro
mais alto do que os outros do lugar,
edificaram-se a torre de residência do
donatário, a ferraria, o açougue e logo a
Casa da Câmara. O casario mais antigo
formava uma longa e curva rua desde a
Matriz até o Hospital e Igreja de Nossa
Senhora da Misericórdia. Outra rua,
mais antiga, passava por detrás da Casa
da Câmara e era conhecida sob o nome
de Rua do Vale das Fontes (ou Val-deFontes, no falar lusitano). A Casa da
Câmara pode ser vista em sua imagem
mais antiga na estampa holandesa
antes citada, titulada Marim d’Olinda.
Era um edifício com dois pavimentos
e janelas no pavimento superior da
fachada principal. A Casa da Câmara
foi na segunda metade do século XVII
cedida para residência do primeiro
Bispo de Olinda. Posteriormente, a ela
se anexaram duas outras construções,
uma casa senhorial com duas torres e uma térrea. Tal forma de anexação se pode
ver em um projeto para tal fim realizado e que se encontra no Arquivo Nacional
no Rio de Janeiro. O assim concebido com tal ampliação no Palácio dos Bispos,
em certo tempo foi modificado e se incluiu uma varanda naquele andar superior
entre as duas torres. O interior seguiu, na materialização do citado projeto, as
diretrizes de uma residência nobre onde no 1º pavimento estava o lugar da vida
social, então atrelada à de um bispo. No rés-do-chão outros serviços de apoio da
casa se alojavam em ambientes diversos.
Quando se cogitou instalar no imóvel a Coleção Abelardo Rodrigues, ainda os
cômodos da residência episcopal estavam íntegros. Depois, uma infeliz reforma
removeu os ambientes decorados com forros pintados e o espaço destes se tornou
A INTERVENÇÃO NO ANTIGO PALÁCIO DOS BISPOS · 1974
57
parte de um enorme salão. Os dois
torreões estavam já demolidos, na
altura do projeto de intervenção
apresentado à Seplan, deles restando
um desenho do pintor Manoel
Bandeira, elaborado a partir de
uma fotografia. Outras intervenções
existiam no imóvel e foram
devidamente anotadas e fotografadas.
O projeto da intervenção,
fruto posterior de uma pesquisa
arqueológica nas paredes sem
rebocos e nos pisos do térreo,
indicaram a remoção da varanda,
remontagem nos lugares antigos dos
dois painéis de azulejos e ainda a
releitura dos espaços da casa de dois
torreões. Considerando que a visão
inferior dos telhados seria oculta por
forros de madeira, optou-se por não
utilizar madeiramentos de apoio, e
sim executar uma laje de concreto
armado para suporte direto das
telhas. Tal iniciativa era amparada
pela Carta de Veneza. De mesma
maneira se procedeu na Sé, onde uma laje de mesma tecnologia suporta as telhas
e materializa as abóbadas das capelas intercomunicantes reconstruídas à luz dos
vestígios encontrados.36 No projeto do Palácio, as varandas de ferro do século XIX
eram mantidas, mas em sua execução foram substituídas por varandas de madeira
semelhantes às dos muxarabiês da Sé. Tal mudança não se apoiava em nenhuma
documentação anterior, contrariando-se assim a proposta do arquiteto.
A restauração do Palácio infelizmente não possibilitou o abrigo natural
desejado para a Coleção Abelardo Rodrigues: o Governo do Estado não
adquiriu a coleção a tempo, e sim o da Bahia, instalando-a no Solar Ferrão, em
Salvador.37
Palácio dos
Bispos de Olinda
depois da restauração
Foto Eudes Santana
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O PRIMEIRO DECÊNIO
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O PRIMEIRO DECÊNIO
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CADEIA PÚBLICA
CASA DA CULTURA · 1974
Vista aérea da Casa da Cultura no Recife
Foto Arquivo da Fundarpe
60
Página anterior,
Casa da Cultura, antiga
Cadeia do Recife,
restaurada
Foto Arquivo da Fundarpe
No início da segunda metade do
século XIX teve início no Recife,
com base em um projeto das Obras
Públicas assinado pelo engenheiro José
Mamede Alves Ferreira, a construção
da Cadeia Nova. Era um plano
grandioso e moderno para a época,
segundo o modelo Panótico, adotado
em penitenciárias da Europa e dos
Estados Unidos da América do Norte,
e baseado em razões de segurança.
Na década de 60 do século XIX, o
então secretário de Justiça do Estado
de Pernambuco iniciou a demolição
da Cadeia, chegando a derrubar seus
muros externos. Em razão das várias
reações contrárias, a obra demolitória
parou. Quando da instalação do
Programa Integrado de Reconstrução
das Cidades Históricas do Nordeste,
incluiu-se uma proposta de intervenção
na qual a Cadeia Velha passaria a ser
uma Casa da Cultura, à maneira de
uma existente em Fortaleza, no Estado
do Ceará. A proposta foi aprovada,
como intenção, com apenas a inclusão
de uma série de plantas existentes
nas Obras Públicas, sem nenhuma
indicação de uso, à luz de um possível
retorno econômico. Era o projeto talvez
o único do Estado de Pernambuco
que possibilitaria sua auto-sustentação
econômica, de acordo, aliás, com as
idéias do Programa da Seplan.
Uma vez aprovada, a proposta de
intervenção teve de ser reformulada
quanto ao uso e em face da melhor
forma de releitura do projeto
conhecido do engenheiro Mamede
Ferreira. Para tal fim, o escritório
contratado, por meio do arquiteto
Borba, fez as adaptações necessárias.
O partido adotado resultou
simplesmente na retirada, em uma
das alas (chamadas então Raios), de
um acréscimo onde se instalara a
enfermaria para os presos; no refazer
da antiga cúpula de planta trapezoidal;
61
Casa da Cultura (restaurada)
Fotos Eudes Santana
na instalação de elevadores em três
das celas; na fundição dos suportes
de ferro e sua colocação nas varandas
de acesso às celas de duas das alas e
na execução de escadotes nos peitoris
internos das janelas dos Raios, a fim
de possibilitar aos visitantes o acesso
direto aos Raios. As estruturas de
madeira das cobertas foram substituídas
por outras de concreto armado e de
mesmo sistema construtivo as lajes
dos pavimentos. Todos os gradis e
esquadrias foram restaurados.38 O
partido adotado na intervenção não
seguiu qualquer teoria européia uma
vez que somente se retiraram da
construção acréscimos que claramente
eram bem posteriores ao todo do
projeto inicial conhecido.
Janelas gradeadas da Casa da Cultura
Foto Eudes Santana
OUTRAS INTERVENÇÕES EM
BENS MATERIAIS
63
A Fundarpe, além das intervenções
relatadas que foram as primeiras
aprovadas pelo Programa da Seplan,
realizou outras mais e tudo dentro da
fase de maior ação de tal iniciativa do
governo federal. Ainda estavam em
execução as três obras citadas quando
a Fundação, no seu primeiro decênio,
deu início às seguintes intervenções
restauradoras: Conjunto Arquitetônico
de Nossa Senhora do Ó, em Paulista
(1976-1977); Conjunto Arquitetônico
da Praça Marechal Deodoro, em
Igarassu (1976-1978); Refrigeração
artificial do Teatro de Santa Isabel, no
Recife (1977-1978); Casa do Barão
Rodrigues Mendes, no Recife (19771979); Casa n º 150, na Rua Benfica,
no Recife (1977-1979); Casa nº 157,
na Rua Benfica, no Recife (19771979); Forte das Cinco Pontas, no
Recife (1977-1978); Casas números
670, 680, 690 e 700, situadas na
Avenida Sigismundo Gonçalves, em
Olinda (1978-1979); Casa 160, na Rua
de São Bento, Olinda (1979-1982);
Conjunto das Igrejas de Santo Antônio
e de Nossa Senhora do Rosário, em
Tracunhaém (1979-1981); Mercado
da Ribeira, em Olinda (1979-1981);
Praça dos Santos Cosme e Damião,
em Igarassu (1979); Igreja da Ordem
Terceira do Carmo, em Goiana (1979);
Igreja de S. Amaro das Salinas, no
Recife (1980-1982); Igreja Matriz de
Santo Antão, em Vitória de Santo Antão
(1982-1983); Casa nº 123 da Rua 13
de Maio, em Olinda (1982-1983) e o
antigo prédio da Recife Drainage, no
Recife (1982-1984).
As obras relacionadas expressam
bem o nível de atividade da Instituição
no seu primeiro decênio de vida.
Foram obras na sua maioria iniciadas
na década de 1970, quando ainda
havia um bom suporte do Programa da
Seplan. Também se deve tal intensidade
de obras ao ambiente de euforia e
interesse vivido pelos profissionais
que constituíam a Secretaria Adjunta
Técnica (conforme o Regimento de
1975, transformada depois em uma
Diretoria Técnica no ano de 1978
e, de certo modo, esvaziada na
organização administrativa do ano
seguinte). O Regimento desse ano deu
ênfase à Unidade de Apoio com três
divisões e vários setores que dividiram
e racionaram os trabalhos, mas
destruíram a unidade, desmontando o
entusiasmo do grupo pela ação cultural
da Fundação – em grande parte pelo
retorno do arquiteto Menezes à sua
Repartição de origem, solicitado que
fora pela mesma.
Em 18 de setembro de 1979, foi
sancionada a Lei Estadual nº 7.970,
que instituiu o Tombamento de Bens
pelo Estado de Pernambuco. Na
Fundarpe, o assessor técnico Fernando
Borba elaborou o texto do Decreto de
regulamentação, que foi sancionado
64
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
Ao lado,
Igreja de Nossa Senhora do Ó (restaurada)
Pau Amarelo, Paulista
Foto Arquivo da Fundarpe
Igreja de Nossa Senhora do Ó (restaurada)
Pau Amarelo, Paulista
Foto Eudes Santana
em 11 de janeiro do ano seguinte, sob nº 6.239. Estava assim criada a base
jurídica para a nova e abrangente ação de preservação de bens culturais.
A partir de 1978, toda a atividade de intervenção em bens vinculados ao
Patrimônio Histórico foi reunida em uma Diretoria, a do Patrimônio Histórico,
que tratava com a Diretoria de Assuntos Culturais da finalidade estatutária da
Fundação. Tudo ficou dependente de uma burocracia demasiadamente grande para
uma Instituição que por natureza devia funcionar de maneira bem mais simples.
Existia uma excelente organização no papel, porém dependente de uma estrutura
basicamente fiel à governamental, em princípio nada fácil de funcionar bem.
Entretanto, observadas as ações da Fundação, a realização de intervenções
em bens materiais cumpria a finalidade primeira da entidade cultural. Com certo
dinamismo decorrente também daquele entusiasmo, a execução de projetos e a
materialização de obras davam à Diretoria Técnica um meio maior de formação
de profissionais numa área onde nada de tal porte se tinha realizado até então. Tal
perfil levou a própria Seplan, diante da carência de gente especializada, a prestar
um enorme benefício às instituições envolvidas quando elaborou e pôs em prática
cursos de preparação de mão-de-obra de segundo e terceiro graus envolvendo
mestres-de-obras, engenheiros e arquitetos da região Nordeste.39 Ainda nos dias
presentes, existem inúmeros profissionais, não somente os que continuaram
a prestar serviço na Fundarpe, mas outros do mercado de trabalho, que se
beneficiaram daquela formação adicional.
As obras citadas foram desenvolvidas em imóveis escolhidos segundo as
circunstâncias daquele momento e o interesse que eles tinham para a comunidade.
Assim é que as obras realizadas na Praia de Nossa Senhora do Ó, em Paulista, em
65
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
66
Igreja de Nossa Senhora do Ó (restaurada)
Pau Amarelo, Paulista
Foto Eudes Santana
67
um conjunto constituído por uma igreja
e seu antigo casario à volta, deram
início a uma ação na comunidade
reabilitando a função religiosa da
localidade então em declínio absoluto,
apesar da ocupação recente do lugar
com novos habitantes interessados no
uso daquela praia. Era a inclusão das
ações em forma mais coerente com a
função reabilitadora da “restauração”
indicada no nome do Programa
federal. Um processo de gentrificação
se instalou no lugar e os antigos usos
foram substituídos por outros mais de
acordo com a comunidade ao redor,
constituída de veranistas e moradores
permanentes. Estes em menor número,
não eram mais os pescadores de anos
bem anteriores. Havia ainda uma
colônia de pesca, mas sem importância
capaz de determinar um uso para o
local a eles destinado.
A intervenção na Praça Marechal
Deodoro, em Igarassu, foi decorrente
de uma exigência do IPHAN.40 Quando
se instalou a Agência do Bandepe
nessa cidade o entorno estava de certa
maneira degradado. A revitalização
– expressão em uso largo na época –
do casario foi uma experiência muito
boa para a Fundarpe. O projeto de
intervenção resultou de uma parceria
da gente residente no local com a
área de Serviço Social da Fundação
em várias reuniões, fotos e outras
informações foram muito úteis aos
Igreja de Nossa Senhora do Ó (restaurada)
Pau Amarelo, Paulista
Foto Eudes Santana
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
68
Academia Pernambucana de Letras
Recife
Foto Arquivo da Fundarpe
Academia Pernambucana de Letras
Recife
Foto Eudes Santana
arquitetos.41 Outra maneira de interagir
com a comunidade e deixar que
a intervenção não seja uma ação
vinculada a uma forma elitizada de
ver a gente que era alvo do beneficio.
Forma diferente daquela conhecida
como gentrificação.
Com relação à Casa do Barão
Rodrigues Mendes, doada à Academia
Pernambucana de Letras, o interesse
foi outro. Na verdade a Academia
estava sediada em um dos belos
sobrados urbanos da antiga Passagem
da Madalena, no Recife. Era importante
valorizar tal forma de uso de um imóvel
de grande valor histórico-artístico.
Além do mais, tal sede fora doada pelo
próprio governo em um tempo anterior
e ela passou a abrigar uma academia
que reunia o que de mais distinto e
seleto existia em termos de intelectuais
no Estado de Pernambuco. A obra tinha
uma destinação de grande interesse
político e social. A restauração da
casa principal foi materializada pela
ação dos acadêmicos.42 A iniciada em
1977 pela Fundarpe compreendia uma
intervenção nas antigas dependências
para uso como auditório e um novo
prédio para a Biblioteca. A função
69
70
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
Ao lado,
Departamento de Extensão Cultural da
Universidade Federal de Pernambuco
Rua Benfica 157, Recife
Foto Eudes Santana
Departamento de Extensão Cultural da
Universidade Federal de Pernambuco
Rua Benfica 157, Recife
Escultura em mármore
Foto Eudes Santana
71
social dos dois imóveis estava
garantida pelas ações já consagradas
da Academia no meio da comunidade
em geral. O projeto dessas unidades
se deveu ao arquiteto Jorge Lucena
Tinoco, do corpo técnico daquela
Fundação.
As casas da Rua Benfica de números
150 e 157 tinham uma relação direta
com a Fundação. A primeira foi a
Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE) e a
segunda a Escola de Música da mesma
Instituição. Ambas foram restauradas e
adaptadas, em tempos diferentes, para
abrigar a sede da própria Fundarpe
e depois da Secretaria de Turismo,
Cultura e Esportes, enquanto na casa
número 157 continuou funcionando
o Departamento de Extensão Cultural
da UFPE. A intervenção na casa 157
não somente restaurou a edificação,
mas acrescentou uma edificação nova,
que abrigou a direção da Fundarpe e
ateliês na área do terreno do mesmo
imóvel, estendendo-se até agosto de
1975 – quando uma violenta enchente
inviabilizou qualquer possibilidade de
ocupação. O projeto dessa intervenção
foi da arquiteta Neide Fernandes de
Souza.
Quanto ao Forte das Cinco Pontas,
construção de uso militar que se
integrava inicialmente ao sistema
defensivo da Cidade Maurícia no
período de ocupação do Recife
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
72
Conjunto de Chalés da Avenida
Sigismundo Gonçalves, Olinda
Foto Arquivo da Fundarpe
pelos holandeses, sendo reconstruída no mesmo lugar em 1677, a intervenção
da Fundarpe estava relacionada com o uso da fortificação pela própria Seplan.
Quando os militares deixaram de utilizá-la, a Seplan a absorveu e nela se
instalou, até que deixa o lugar e ele é adaptado para ser o Museu da Cidade do
Recife. A elaboração desse projeto de intervenção resultou de uma das mais bem
realizadas pesquisas arqueológicas, tendo sido até publicada posteriormente. O
projeto respeitou todas as informações da arqueologia, dando continuidade assim
a uma forma de agir da maior importância em uma intervenção do gênero, ou
seja, antecipar ao projeto de intervenção uma larga pesquisa na edificação-alvo
e desse modo deixar claro que as obras de adaptação para um novo uso sejam
uma natural decorrência dos resultados e da importância do bem envolvido.43 Da
Conjunto de Chalés da Avenida
Sigismundo Gonçalves, Olinda
Fotos Arquivo da Fundarpe
mesma maneira agiu a Fundarpe com
relação aos imóveis da Rua Sigismundo
Gonçalves em Olinda, onde se abrigou
o Fórum dessa cidade.
Quanto à Casa 160, na Rua de São
Bento, em Olinda, o interesse foi da
Prefeitura. No imóvel se instalou em
1982 o Centro de Preservação dos
Sítios Históricos de Olinda (CPSHO).
Era um imóvel de linhas bem simples,
mas integrado ao casario de uma das
melhores ruas de Olinda. Serviria de
73
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
74
Igreja de Santo Antônio em Tracunhaém
Foto Arquivo da Fundarpe
exemplo para outras intervenções
nesse lugar. Uma outra ação em
Olinda se deu no Mercado da Ribeira.
Construção do século XVIII, ela foi
beneficiada com um excelente projeto,
nela se instalou um centro cultural de
artesanato que sobrevive até hoje e
está integrado a uma ação maior do
município na área de turismo.
Em Igarassu e em Tracunhaém
as ações envolveram interesses
comunitários. Tratava-se de
intervenções em igrejas e praças
de intensa vida social voltada ao
turismo. A Cidade de Igarassu recua
sua existência ao primeiro século
da civilização lusitana nos trópicos.
A Praça dos Santos Médicos Cosme
e Damião é um local “quente”, na
concepção do historiador Le Goff, da
velha e Real Vila de Igarassu, onde
a sociedade sempre se reunia, até
mesmo para as louvações aos referidos
santos. Vista em várias pinturas de
Igreja de Nossa Senhora do Rosário em Tracunhaém
Foto Arquivo da Fundarpe
Frans Post do século XVII, ela é a
melhor moldura da Igreja daqueles
Santos Médicos. Quanto a Tracunhaém,
o conjunto-alvo do projeto então
executado pertence à comunidade
de artesãos do barro, sendo uma das
maiores atrações do local. As igrejas
envolvidas são de grande interesse
para a compreensão da vida social
religiosa ainda existente no lugar. A
restauração dessas igrejas foi exemplar
e o Relatório, então elaborado ao final
das obras, um modelo a ser seguido
para arquitetos e outros relacionados
com tais intervenções. O arquiteto
envolvido no projeto foi Jorge Eduardo
Lucena Tinoco. Ele redigiu na época
esse excelente Relatório de Obras antes
citado.
Os demais projetos e execuções
do decênio se integravam nas ações
decorrentes da necessidade de um
natural processo de apoio à cultura que
era a diretriz maior da Instituição. Uma
75
76
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
Ao lado,
Igreja de Santo Antônio em Tracunhaém
Foto Eudes Santana
Igreja de Nossa Senhora do Rosário em Tracunhaém
Fotos Eudes Santana
77
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
78
Casa do ex-Governador
Dr. José Rufino
Foto Arquivo da Fundarpe
vez constatada a necessidade da obra,
a Diretoria de Patrimônio Histórico
realizava a pesquisa arquitetônica e às
vezes arqueológica, e se efetivavam o
projeto e a execução. Uma normativa
que seria seguida pela Instituição, na
altura em que se esvaía o Programa
federal e rareavam suas verbas maiores
para o Estado de Pernambuco.
Uma das características desse
momento histórico da Fundarpe, como
disse, era a boa convivência entre seus
componentes, essencialmente na área
técnica. Os projetos eram discutidos
em grupo e até o fotógrafo44 teve que
ser iniciado para poder cumprir as
exigências de uma documentação
relacionada a obras de restauração e
não simplesmente ser fotógrafo de uma
edificação.
A FUNDARPE E A
ARQUEOLOGIA
79
Quando da intervenção restauradora
realizada na Igreja de Nossa Senhora da
Graça, do extinto Colégio dos Jesuítas
de Olinda, uma extensa pesquisa
arqueológica revelou elementos da
arquitetura e sepultamentos que foram
fundamentais para o bom resultado
da proposta apresentada ao Programa
Seplan/IPHAN/Fundarpe. Acreditase, por conta da inexistência de
informação em contrário, que tal uso
da Arqueologia tenha sido o primeiro
no Brasil. Antes dessa pesquisa os
arqueólogos se voltavam para a busca
de vestígios da presença humana em
um tempo pré-histórico ou de data
anterior ao achado do Brasil. A presença
indígena após esse ano interessou a
alguns pesquisadores, mas somente
com vistas aos momentos históricos
das etnias indígenas. O arqueólogo
Marcos Albuquerque e sua equipe
iniciariam assim um novo espaço para
as pesquisas e com ele seguiram outros
profissionais da arquitetura no interesse
de instrumentar intervenções as mais
variadas. Não foi tarefa fácil e nos
encontros da Sociedade de Arqueologia
Brasileira até a reserva de espaço
para comunicações do tipo acima
não encontrava a simpatia da maioria
dos participantes. Gradualmente
a arqueologia dita histórica, para
diferenciar das pesquisas pré-históricas,
foi ocupando seu lugar no Brasil. O
campo mais importante de tal tipo de
pesquisa foi a restauração de edifícios
antigos. No entanto, pouco a pouco
as pesquisas passaram a se relacionar
com o estudo da apropriação dos
espaços urbano e rural. A presença de
um arqueólogo no corpo funcional da
Fundarpe foi de grande interesse para as
pesquisas realizadas nos dez primeiros
anos da Instituição.45
Ao indicar um modo de iniciar um
projeto de intervenção restauradora ou
de conservação, a Fundarpe reformulou
a maneira de proceder junto dos que
projetavam tais obras em bens materiais
de “pedra e cal”. Assim acreditando,
a Instituição realizou pesquisas tanto
em edificações quanto em áreas
urbanas e rurais com a finalidade não
somente de indicar caminhos para
as diversas intervenções, como ainda
compreender a história dos lugares.
Assim foi com relação ao Convento
do Sagrado Coração de Jesus e à Casa
de Câmara e Cadeia da Cidade de
Igarassu. Em Olinda, uma pesquisa
ocorreu na Igreja de São Sebastião e
em lugar onde se acreditava estarem os
restos da Torre de moradia de Duarte
Coelho. A pesquisa arqueológica
subaquática teve seus resultados
quanto aos restos do Galeão São Paulo,
1652, e em grande extensão sobre a
paisagem do Cabo de Santo Agostinho
antes da instalação do Porto de Suape,
editados em 1981. Em Vila Velha, na
Ilha de Itamaracá, uma prospecção em
arqueologia urbana revelou a antiga
igreja matriz, como se verá adiante, e
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
Ao lado,
ex-Colégio dos Jesuítas de Olinda
Seminário Arquidiocesano de Pernambuco
Foto Eudes Santana
80
outros elementos urbanos importantes. Uma pesquisa de grande
vulto e fundamental para a História Militar foi realizada no Forte
Frederico Henrique, o das Cinco Pontas, construído no tempo da
ocupação holandesa do Recife e reconstruído depois de 1680. Os
resultados de tais pesquisas revelaram o Forte em terra e outros
elementos arquitetônicos essenciais, tudo à disposição do público
em um livro elaborado pelo arqueólogo Ulysses Pernambucano
de Mello.
A intervenção restauradora naquele Forte, com a finalidade
de nele instalar o Museu da Cidade do Recife, foi de grande
interesse para a Arqueologia e para a História, como se disse. A
fortificação é uma obra militar do século XVII e destinada à defesa
do Recife de ataques vindos de direções diferentes: do mar, leiase a Barreta; da banda Sul da Cidade Maurícia, o lugar do Rio
dos Afogados; do dito Continente pela Boa Vista, e de dentro da
própria cidade construída no tempo do governador João Maurício
de Nassau (1637-1644). Em um primeiro momento, a fortificação
era executada em terra apiloada, um modo de construção bem
afim com a taipa de pilão, e revestida com faxinas; por ter ficado
bastante destruída em face dos ataques, desde 1645 até 1654,
dos insurretos luso-brasileiros, fora reconstruída em pedra e cal,
seguindo também uma maneira militar de edificar da segunda
metade do século XVII. Forma de construir condenada por
alguns engenheiros militares, entre eles o notável engenheiro
Luís Serrão Pimentel, em seu Método lusitano de desenhar as
praças regulares e irregulares. As pesquisas realizadas permitiram
a identificação dos antigos baluartes de taipa e de outros
elementos arquitetônicos fundamentais para a intervenção
proposta e interpretar a edificação dentro dos conceitos militares
vigentes à época.
Depois dessas pesquisas arqueológicas os órgãos oficiais
responsáveis pela análise e aprovação de propostas de
intervenção passaram a exigir a participação dessa ciência
em tempo anterior ao das propostas de restauração. Assim a
Fundarpe com as pesquisas históricas e arqueológicas de seu
corpo técnico, ao que tudo indica, em muito contribuíram para o
avanço da ciência no Brasil.
81
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
OUTRAS ATIVIDADES
DA FUNDAÇÃO ESTADUAL
Ao lado,
Imagens barrocas
da exposição permanente do
Museu de Arte Sacra de Pernambuco, Olinda
Foto Eudes Santana
82
Os Estatutos, como se verificou,
indicavam nas finalidades de criação
da Fundarpe ações de preservação
dos monumentos históricos, leiamse proteção e restauração de bens
materiais, e incentivo à cultura
pernambucana. Dentro de tal ótica, a
Fundação de maneira gradual e intensa
se voltou para tais iniciativas sempre
que pôde assim agir. Perseguindo essa
diretriz, os eventos se materializavam
conforme informo a seguir.
Fotos acima,
Capa do catálogo da
exposição inaugural do
Museu de Arte Sacra de
Pernambuco
Olinda
Interior do Museu de Arte
Sacra de Pernambuco
Olinda
Foto Arquivo da Fundarpe
Nos dois primeiros anos da
Fundarpe pouco se realizou em
termos de eventos culturais. A primeira
atividade cultural voltada ao público
se deu em 1973, com a apresentação
do Conjunto Vocal Guararapes Chorus
sob a regência do padre Jaime Diniz.
No ano seguinte se organizou um
audiovisual sobre Olinda titulado
Olinda Praeservanda. Esta mídia foi
feita diante da necessidade de informar
sobre o estudo de ampliação para o
Complexo de Salgadinho do perímetro
de tombamento da Cidade. Uma
ampliação necessária e decorrente de
um Relatório do especialista da Unesco
Michel Parent com respeito à proteção
paisagística e visual de Olinda. A
Fundarpe, com a participação da
arquiteta Neide Fernandes de Souza,
contratada para tal fim na qualidade
de consultora do plano de extensão
delineado pelo arquiteto Menezes,
apresentou a proposta de ampliação ao
Conselho Estadual de Cultura e o fez
com uso de tal audiovisual. A proposta
foi depois aprovada pelo Conselho
do IPHAN. Em 1975, com a Casa da
Cultura ainda em obras, foi instalado o
II Salão de Arte Global de Pernambuco.
Um acontecimento de grande
relevância já citado foi o I Curso de
Mestres-de-Obras em Conservação e
Restauração de Monumentos ocorrido
entre julho e agosto de 1975. Uma
experiência baseada na maneira de
ensinar das Escolas de Artes e Ofícios
e voltada a suprir a carência de
profissionais de interesse das obras
de tal gênero então multiplicadas no
Nordeste. Patrocinado pela Seplan/
IPHAN e executado pela Fundarpe, o
curso teve êxito surpreendente. Para o
curso, organizou-se uma série de aulas
impressas para os alunos, um manual
de execução à maneira daqueles
editados na primeira metade do século
XX em Portugal. Também se realizaram,
83
84
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
85
Página anterior,
Imagens de Cristo crucificado
da exposição permanente do
Museu de Arte Sacra de Pernambuco Olinda
Foto Eudes Santana
Ao lado,
Imagem da Virgem com o Menino
Foto Eudes Santana
Abaixo,
Descimento da Cruz,
da exposição permanente do
Museu de Arte Sacra de Pernambuco
Olinda
Foto Eudes Santana
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
86
Imagem beneditina da exposição
permanente do Museu de Arte
Sacra de Pernambuco
Olinda
Foto Eudes Santana
como informei, cursos para a formação de especialidade em
restauração arquitetônica para arquitetos e engenheiros.46
De 1976 em diante e nos anos seguintes, ocorreram as
inaugurações das obras vinculadas ao Programa da Seplan. Esses
acontecimentos estavam sempre vinculados a eventos, quais
exposições e outros relacionados com a natureza das edificações
beneficiadas. Dentre os eventos – sem que se pretenda
desmerecer outros – podem-se destacar: a Exposição Pintura
religiosa hispano-americana, no Museu de Arte Sacra do Palácio
dos Bispos de Olinda (1977) e, no mesmo local, no ano seguinte,
titulada Cristos. Tal Museu teve intensa atividade desde aquele
ano até o final do decênio. Em 1982 se realizou um Inventário do
Artesanato Pernambucano com a finalidade de se editar um livro.
No decênio, as atividades culturais estiveram na mesma relação
daquele esforço voltado para a restauração dos bens materiais.
Foram inúmeras as ações e elas na sua maioria se davam nos bens
restaurados pela Instituição.
É interessante assinalar o grande número de projetos
elaborados pela Instituição, sendo que uma boa parte não saiu do
papel, por várias razões, o que não desmerece o entusiasmo da
gente do corpo técnico.
A sacralização de um bem cultural/patrimonial é materializada
quando, após sua escolha por um determinado grupo dito
A FUNDARPE E A PROTEÇÃO DOS BENS CULTURAIS
87
representativo de uma cultura, é
inscrito em um Livro de Tombo
próprio. A noção de patrimônio
assenta-se numa versão de História
que se pretende consensual pela
sua capacidade de se reportar aos
fatos que realmente aconteceram,
transformando-os em marcos que se
impõem ao presente. Estes marcos,
pinçados no tempo e no espaço,
instauram uma temporalidade que
organiza a história tal como contada.
O acervo patrimonial selecionado
materializaria um ponto de vista social
particular sobre determinado fato ou
tema, recuperando velhos avatares
perdidos na tradição. Assim, objetos
revestidos de novas significações
parecem ganhar vida, personificando
relações humanas.48
Diante de tais idéias, um bem
cultural considerado patrimonial
deveria ter uma relação direta com a
história dos indivíduos que o elegeram
como tal, sendo representativo de
sua cultura; seu valor e significado
estariam, assim, vinculados a um
sistema social.49 Sacralizados pelo
ritual do tombamento, certa casa, uma
árvore ou um conjunto de documentos
tombados expressam muito mais
que sua materialidade: deve ser de
pedra e cal, plantada por alguém,
escrito num determinado momento,
uma mensagem importante...
Transformam-se em patrimônio por
acoplarem valores que transcendem
Como as Ciências Sociais têm demonstrado, o espaço e
o tempo não são categorias vazias de conteúdo e nem
suportes neutros de fenômenos culturais, mas se constroem
historicamente e em relações sociais definidas. Sendo assim, as
sociedades criam simultaneamente seu espaço e seu tempo,
e as ações e objetos humanos só são compreensíveis neste
espaço. A evocação do passado faz parte da construção do
patrimônio, que assume tal característica por ocupar esse
espaço-tempo. Desta perspectiva, a noção de tempo, base e
medida para a definição de patrimônio, não é, necessariamente,
a de tempo cronológico. Constitui-se, isto sim, como um tempo
tridimensional, em que o passado, o presente e o significado
futuro do bem patrimonial não podem ser separados, a ponto
de a secção comprometer a própria existência do bem. Essa
tridimensionalidade espaço-temporal confere novo estatuto ao
bem patrimonial, distinguindo-o de outros bens que não foram
sacralizados.47
sua materialidade e se sustentam em
referencialidades histórico-culturais, se
não vivenciadas, pelo menos sentidas.
O bem patrimonial recriado faz com
que os fatos a ele remetidos pareçam
concordar com a história, tal como no
presente é veiculada ou inventada.50
A escolha do bem cultural que
se deseja sacralizar está assim
intimamente ligada à história do grupo
que o vai selecionar e também àquele
tempo e espaço vinculados ao valor
e significado para ele. Nessa forma
de ver poderá ocorrer uma escolha
que venha a refletir uma dimensão
maior e geral de uma sociedade ou
aquela particular de uma parte dela.
Em Estados que se unissem numa
federação, haveria uma escolha de
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
88
maior representatividade para tal ou qual nação e aquela que
estaria interligada as suas partes. No início do processo de
tombamento, isso acontecendo em todo o mundo, a tônica
dominante foi o geral e não o particular. Com tal maneira
de ver o bem cultural, a relação geral atingida parece conter
falha, uma vez que a sacralização foi decorrente de uma visão
centralizadora e nem sempre fiel aos interesses regionais. Um
Estado Forte inventa sua história, seus valores e significados.
Os bens culturais escolhidos dentro de tais parâmetros e assim
tombados refletem um momento da história da gente que então
era o poder. Por longo tempo assim se fez e somente em poucos
desses momentos ocorreu maior identidade com toda a gente
que compõe a nação, isto é, ocorreu a unanimidade. A escolha
de alguns ou de muitos somente tem de diferença o tipo de
espelho adotado. Um bem tombado e restaurado tem sua fruição
pela comunidade quase que de forma similar à sua escolha. Só
lentamente a maior parte dessa comunidade vai aceitando a
escolha, que não sendo dela, é para ela estranha. O diferente,
o pouco habitual não é fácil de ser assimilado. Vejo, e depois, à
custa de ver, queira ou não termino aceitando.
No Brasil, a escolha dos bens culturais dignos de se incluir em
uma lista, por longo tempo refletiu a maneira de ver a História
da Nação pelos que a interpretaram. Ao se constituir o ritual do
tombamento, o reflexo dessa História se fez presente na seleção
por intermédio de um grupo de intelectuais engajados na ação e
conhecedores dos bens de interesse geral da Nação.51 A criação
do IPHAN se deu no Estado Novo, em 1937, e a maneira de ver
a nação da Obra Getuliana em muito influenciou a escolha dos
bens patrimoniais daquela Instituição nesse período da História
do Brasil.
O IPHAN exerce a proteção dos bens culturais do Brasil por
meio de uma seleção e em seguida os inscreve em Livro próprio
atendendo a uma forma jurídica muito antiga, tudo conforme
o Decreto-Lei nº 25, de 1937. Os livros tratam do Tombo ou
relação dos bens que passam a ser tutelados pelo Estado e assim
protegidos pelo poder instituído. O que era ato federal começou
89
a ser também instituído em vários Estados da federação.52 A
instituição do Tombamento estadual, como citado anteriormente,
ocorreu nos anos de 1979/1980, com a modernização imposta
pela experiência vivida em Pernambuco.53 Na altura, os
bens federais tombados, isto é, inscritos no Livro de Tombo
competente, seriam automaticamente inscritos nos livros criados
pelo governo estadual. Entre os anos de 1973 e 2007 foram
tombadas 53 edificações em Pernambuco, e no ano de 1982
estavam em andamento os tombamentos de 19 bens culturais.54
A proteção dos bens culturais também atendeu, além dos
imóveis onde se realizaram intervenções, os que podiam sofrer
qualquer ação que prejudicasse suas características. Desde 1980
a escolha do bem cultural recaiu também no âmbito dos bens
naturais e paisagísticos, além dos conjuntos urbanos. Assim é
que em 1980 foi iniciado o tombamento do conjunto urbano do
centro antigo da cidade de Tracunhaém. No ano seguinte se deu
Pesqueira
Foto Eudes Santana
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
Ao lado,
Imagem da Virgem
Foto Eudes Santana
90
Sangramento de açude
no Vale do Catimbau,
Buíque
Foto Eudes Santana
início ao processo de tombamento da
área mais antiga da Ilha de Itamaracá, a
chamada Vila Velha de Nossa Senhora
da Conceição. Em 1982, chegou a vez
da paisagem monumental do Cabo de
Santo Agostinho, na cidade de mesmo
nome. Em 1983 se iniciou o processo
de tombamento de duas áreas urbanas
antigas: de Brejo da Madre de Deus
e da Vila Real de Cimbres. Um dos
processos mais interessantes foi o de
tombamento do Arquivo da Antiga
Casa de Detenção. Esse arquivo era
constituído por livros de entrada de
presos e outros relacionados com o
sistema prisional.
Uma análise dos bens tombados
nos 35 anos da Fundação demonstra
essa evolução do bem material de
pedra e cal para os outros citados. Por
outro lado, os primeiros tombamentos
privilegiaram monumentos da Zona
da Mata, da aristocracia do açúcar,
diante da ausência de uma história dos
bens culturais do Agreste e do Sertão.
Os ambientais e paisagísticos somente
timidamente aparecem na lista do
Estado de Pernambuco.
Considerando o espaço de tempo
que vem de 1979 até 2007, procurarei
demonstrar como se comportou o
perfil dessa atividade na Fundarpe.
Foram inscritos 53 bens culturais
nos livros competentes. Desses 53, a
própria Fundação solicitou 22, ou seja,
41%; o restante das solicitações foi
91
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
92
Prefeitura de Pesqueira
Fotos Eudes Santana
93
Cadeia Pública de Pesqueira
Foto Eudes Santana
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
94
Terreiro Obá-Ogunté
Recife
Foto Arquivo da Fundarpe
assim distribuído: cinco couberam aos outros órgãos do Estado;
três a prefeituras e o restante a particulares. O maior número
de pedidos de tombamento se deu no governo do Dr. Roberto
Magalhães, (24), seguido pelo governo do Dr. Marco Maciel
(18). Quanto ao tipo de solicitação, predominou a proteção
para bens imóveis. De 1994 até 2007, somente foi inscrito um
bem cultural relacionado com o culto africano, o Terreiro ObáOgunté, ou Terreiro de Pai Adão, a pedido do antropólogo Raul
Lody e na gestão de Leda Alves.55
UMA QUESTÃO FINANCEIRA
95
Em texto escrito aos dez anos da Fundação, o Dr. Rubens
Lóssio assim se expressa sobre os recursos financeiros da
Fundação: Um dos sérios problemas das instituições sem fins
lucrativos são os recursos financeiros, seja em sua etapa de
captação, seja em seu processo de aplicação. Naturalmente tanto
menores as disponibilidades, quanto maiores as dificuldades.
No caso de uma fundação de direito privado, a flexibilidade
operacional assim como deve agilizar o desempenho funcional,
assim também pode precipitar o desequilíbrio financeiro. Por
outro lado, o controle pela administração governamental,
enquanto tem de racionalizar a programação financeira, tende a
agravar a burocracia administrativa.
A Fundação viveu desde os seus primeiros anos grandes
dificuldades financeiras. A princípio, dependeu dos recursos do
governo federal atrelados ao Programa Integrado de Restauração
das Cidades Históricas do Nordeste56, que representavam
80% e deveriam ser aplicados em obras. Não havia recursos
destinados ao pessoal e este era pago com o emprego de vários
procedimentos administrativos que, apesar de legais, não eram
devidamente integrados a uma receita orçamentária própria.
Quando se esvaíram os recursos de tal Programa, deveriam
entrar no jogo financeiro aqueles obtidos com o retorno previsto
como sustentabilidade dos projetos que assim asseguravam.57
Nesse quadro, os poucos retornos realizados eram inferiores aos
gastos, e assim a Fundação, ao se tornar administração indireta,
passou a ter o gasto com pessoal coberto pelo governo. Não
aconteceu como deveria – e daí o quadro nada otimista da
administração da Fundação.
No texto citado acima o redator, com conhecimento da causa,
ainda expressa a sua opinião quanto a tal situação da Fundação:
Estas e outras causas conduziram a Fundarpe a uma situação de
semi-hibernação de sua programação finalística, não obstante
uma série de intermitentes medidas de contenção impostas
pela carência conjuntural de recursos ou assumida estratégia
de uma administração gerenciada.58 Na verdade o problema
vivido pela Instituição derivava diretamente da perda gradual
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
96
Ponte de Itaíba, Paudalho
Foto Arquivo da Fundarpe
dos recursos federais e da ausência
de um comprometimento na escala
inversa do Estado de Pernambuco. As
obras de restauração daí em diante vão
deixando a cena, cedendo lugar para
o crescimento de ações da Diretoria
de Assuntos Culturais. Esperava-se que
a via da Cultura consagrando eventos
e outras atividades poderia ser uma
maneira de sobreviver da Instituição.
Era tal mudança um
redirecionamento das ações a que
pode ter sido forçada a Fundação
diante de suas perspectivas financeiras.
Por outro lado, era a atuação cultural
a segunda em importância prevista
naqueles Estatutos iniciais. No início
das atividades da Fundarpe pesou
a atividade de restauração dos
bens imóveis. A partir dessa nova
visão das ações vai se consolidar a
questão cultural. Os centros culturais
implantados poderiam, se bem
administrados, permitir o retorno
97
financeiro previsto em suas propostas
de intervenção.
A expectativa é de que,
gradativamente, a administração
estadual responda de maneira
adequada às necessidades da Fundarpe
e, progressivamente, lhe propicie os
meios indicados à perseguição dos seus
objetivos institucionais, que se fundem
e confundem com os compromissos e
aspirações governamentais, na área da
cultura.59 Era uma esperança!
Ponte de Itaíba, Paudalho
Foto Arquivo da Fundarpe
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
NOTAS DO PRIMEIRO DECÊNIO
98
1 LÓSSIO, Rubens Gondim. Fundarpe: subsídios
para a memória de um decênio. Recife: Secretaria
de Turismo, Cultura e Esportes, 1987. p. 39.
2 “Eraldo Gueiros Leite nasceu em Canhotinho,
Pernambuco, em 18 de janeiro de 1912 e faleceu
no Recife, em 5 de março de 1983. Foi magistrado
e político brasileiro. Filho do fazendeiro José
Ferreira Leite e de Amélia Gueiros Leite, fez o
curso primário na sua cidade natal e o secundário
no Ginásio Pernambucano. Em 1935, formou-se
em Direito, tornando-se, em seguida, consultor
jurídico do Executor do Estado de Sítio em
Pernambuco, o general Aurélio de Souza Ferreira.
Dedicou-se à advocacia e ao exercício do cargo
na Procuradoria da Justiça Militar. Foi advogado
da Pernambuco Tramway, empresa canadense
prestadora de serviços de luz e força no Recife,
palco de inúmeras greves operárias. Foi integrante
do Superior Tribunal Militar, após concurso no
governo do general Dutra em 1957. Transferiu-se
para o Rio de Janeiro, em setembro de 1964, para
assumir a Procuradoria-Geral da Justiça Militar,
durante o governo do marechal Castelo Branco. Em
março de 1969, foi empossado como ministro do
Supremo Tribunal Militar, no governo do general
Costa e Silva. Através de eleições indiretas, tomou
posse em março de 1971 como governador de
Pernambuco.” Disponível em: <http://pt.wikipedia.
org/wiki/Eraldo_Gueiros_Leite>.
3 Popularizava-se também o teatro que se dizia
alternativo, com um novo estilo: a criação coletiva.
Nessa linha, dois espetáculos encantaram os jovens
no início da década: Hair e Hoje é dia de rock.
De outro lado, os produtos da cultura de massas
chegavam para ficar. O grande exemplo eram
as telenovelas. Abandonando os dramalhões e
enfocando o cotidiano com uma linguagem mais
despretensiosa, elas arregimentavam milhões de
fãs. A TV Globo, que se tornou líder nacional de
audiência, passou a apresentar quatro novelas por
dia, esmerando-se no visual e na técnica. Ficaram
para a memória coletiva nacional, produções
como Irmãos Coragem, Selva de Pedra, Gabriela,
Cravo e Canela e O bem-amado (a primeira novela
em cores). A transmissão para todo o território
só era possível porque se podia contar com uma
nova e moderna rede de telecomunicações,
utilizando satélites internacionais e torres de
retransmissão instaladas pela Empresa Brasileira de
Telecomunicações (Embratel). Portanto, a televisão
contribuía mais que qualquer outro instrumento
para a desejada integração nacional.
Disponível
em:
<http://www.bndes.gov.br/
conhecimento/livro50anos/Livro_Anos_70.pdf>.
4 ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade
nacional. São Paulo: Brasiliense, 1985. p. 89.
5 Goebbels, militar nazista e um dos filósofos e
criadores da propaganda do regime de Hitler.
6 GUERRA, Marco Antônio. Carlos Queiroz
Telles: história da dramaturgia em cena (década de
70). São Paulo: Annablume, 2004. p. 65.
7 “Nas revistas e nos jornais e nas emissoras
radiofônicas e nos teatros e nos cinemas, o lápis
azul e a tesoura da Censura prévia cortam os textos
e as imagens fora de prumo, há regras a cumprir,
safanão a tempo. Nas livrarias, a polícia apreende
os livros subversivos, há regras a cumprir, safanão a
tempo. Se abandonados à liberdade, os homens logo
se convertem em libertinos. Reforço a proibição das
greves e em 1933 funda a Polícia de Vigilância e
Defesa do Estado (PVDE). Agentes italianos e depois
uns alemães, com as suas técnicas, virão ajudarnos a torná-la mais eficaz. Rapidamente a PVDE
estende uma rede de informadores de norte a sul
da Nação, nas cidades, nas vilas e até em aldeias.
É fácil, muita gente ambiciona ganhar mais uns
tostões”. SILVA, Fernando Correia da. “Antônio de
Oliveira Salazar: político e estadista: 1889-1970”.
Disponível em: <http://www.vidaslusofonas.pt/
salazar.htm>.
8 Para a Obra Getuliana, estudada por Beatriz
Jaguaribe, colaboraram estrangeiros como os
alemães Erich Hess, Paul Stille e Erwin von Dessuer,
além dos franceses Jean Mazon e Marcel Gautherot.
JAGUARIBE, Beatriz. O choque do real: estética,
mídia e cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 2007. p.
60.
9 “Em 1975 foi elaborado o primeiro Plano
Nacional de Cultura, formulado por um grupo
de técnicos e submetido à homologação do
Conselho Federal de Cultura, nele [...] a cultura
se liga à identidade nacional e à preservação dos
valores. As raízes culturais são vistas como questão
de ‘Segurança Nacional’ no sentido que essa
controvertida expressão significa ‘preservação da
nacionalidade (BOTELHO, 2001, p. 68), o plano
foi criado num momento em que o processo
econômico levava à grande concentração da
população em centros urbanos, reivindicando
a criação de um espaço cultural onde os bens
simbólicos seriam consumidos por um público cada
vez maior (ORTIZ, 1985, p. 83). Nesse contexto
se deu a consolidação de conglomerados como a
TV Globo e a Editora Abril, aconteceu o boom da
literatura com o advento de best-sellers, crescimento
da indústria do disco, do movimento editorial e da
área cinematográfica. Assim, no sentido de buscar
apoio de diversos setores da opinião pública, o
governo investiu no discurso nacionalista ao mesmo
tempo em que abria o campo cultural às empresas
privadas e ao capital estrangeiro. ‘O Estado investe,
sobretudo na esfera do teatro (Serviço Nacional
de Teatro), do cinema (Embrafilme), do livro
didático (Instituto Nacional do Livro), das artes e
do folclore (Funarte)’ (ORTIZ, 1985, p. 88) e deixa
às empresas privadas a administração dos meios de
99
comunicação.” UCHÔA, Sara. Políticas Culturais
na Bahia (1964-1987).
Disponível em: <http://www.cult.ufba.br/arquivos/
politicas_culturais_1964_1987_.pdf>.
10 Em 1970 e no seguinte foram redigidos,
após reunião dos governadores do Nordeste em
Brasília e Salvador Compromissos que exigiam um
planejamento das ações culturais para a região. A
resposta do Governo Federal veio com a criação do
Programa Integrado de Reconstrução das Cidades
Históricas do Nordeste.
11 Como fonte principal da construção da
comunidade imaginada, a Rede Globo de televisão,
como já foi tantas vezes narrado, conheceu uma
expansão extraordinária durante a década de
1970 do regime militar. Fincando antenas em
todo o território nacional, colocando a telinha nos
recantos mais míseros do Brasil, a Rede Globo, por
meio de sua programação, foi a grande articuladora
da invenção do cotidiano nacional midiático.
Brilhando na superfície da telinha, as narrativas da
realidade cristalizaram-se nos lugares comuns do
Jornal Nacional, enquanto as ficções da telenovela
alimentavam o imaginário cotidiano como uma
Scherazade eletrônica de infindáveis noites.
JAGUARIBE, 2007, op. cit., p. 111.
12 Este o receio, quando se cria uma Televisão
Estatal: o da manipulação da informação em
proveito do poder e se conduzir a opinião pública
na direção de aprovar atos do governo, mesmos os
que vão de encontro à comunidade.
13 Associes à des édifices commemoratifs à la
gloire d’une Nation, ces mots iront jusqu’a prende
une connotation idéologique qui traduit bien la
complexité de la définition de ce recouvre, signifie
et véhicule lê mot “patrimoine” Tsiomis. Citado por
KERSTEN, Márcia Scholz de Andrade. Os rituais
do tombamento e a escrita da história. Curitiba:
Editora UFPR, 2000. p. 32.
14 O 1º Distrito do SPHAN, transformado em
1972 em Instituto, sediado no Recife, teve a sua
frente por longos anos o engenheiro Ayrton de
Almeida Carvalho. Com um pequeno número de
funcionários e recursos quase nenhum realizou um
trabalho dos mais notáveis porquanto formador de
uma mentalidade, ampliada a cada ano pela sua
ação na Universidade Federal de Pernambuco,
onde era professor.
15 O Bairro de São José, atingido pela demolição
desnecessária, era no período holandês a Cidade
Maurícia. Suas ruas, quadras e parcelamento urbano
mantiveram-se depois de 1654. O crime urbano
foi a pior das intervenções realizadas no Recife
e a abertura da avenida propiciou a decadência
imediata do restante do lugar.
16 A primeira experiência de política nacional
de habitação foi feita pelo governo Dutra (19461951) com a Fundação da Casa Popular. Havia
uma preocupação dos conservadores com a forte
influência do Partido Comunista nos grandes
centros urbanos, após a derrocada do Estado
Novo. Eles acreditavam que o proletário com casa
própria tenderia a se comportar como um burguês,
favorecendo certa estabilidade social.
17 Em 1953 houve uma tentativa de transformar a
Fundação em banco hipotecário, tornando a política
habitacional auto-sustentável. Mas a proposta só
foi adiante no período Jânio Quadros, quando as
bandeiras das reformas sociais empolgavam setores
cada vez mais amplos das camadas populares.
Ficava patente a mesma visão ideológica de
cooptação herdada do governo Dutra. “O status de
proprietário dá ao trabalhador um senso elevado
de responsabilidade”, rezava o documento que
propunha a criação do Instituto Brasileiro de
Habitação (IBH). “De revoltado contra a ordem
social, o beneficiário passará a ser um sustentáculo
dela, um homem que acredita na ascensão social.”
Disponível em: <http://www.sinpro-rs.org.br/extra/
jul97/movim1.htm>.
18 O então ministro do Planejamento do general
Castelo Branco, economista Roberto Campos,
sustentava que “o proprietário da casa própria
pensa duas vezes antes de se meter em arruaças
ou depredar propriedades alheias e tornar-se
um aliado da desordem.” O Banco Nacional da
Habitação (BNH) foi criado cinco meses após o
golpe de 64, como órgão central de um sistema de
financiamento que incluía o setor de saneamento.
Junto com o BNH, foi criada a correção monetária
para as prestações, com o objetivo de manter o
sistema auto-sustentável. O MOVIMENTO. “BNH:
trajetória de cooptação”.
Disponível em: <http://www.sinpro-rs.org.br/extra/
jul97/movim1.htm>.
19 “Criado o Programa de Reconstrução de
Cidades Históricas do Nordeste, o secretário
de Planejamento destinou ao IPHAN parte dos
recursos do Fundo de Desenvolvimento de Projetos
Integrados. A fim de credenciar-se para a captação, a
fundo perdido, de 80% dos recursos de cada projeto
de preservação, deveria o Estado, primeiramente,
criar uma entidade executiva e, posteriormente,
promulgar legislação complementar sobre o
tombamento.” In LÓSSIO, Rubens. Fundarpe:
subsídios para a memória de um decênio. Recife,
1987. p. 34. Foi esse o passo inicial para a criação
da Fundarpe.
20 Abelardo Rodrigues era possuidor de
uma das mais belas coleções de arte sacra da
região. O destino da coleção era cogitado pelos
intelectuais do Recife. Infelizmente, com sua morte
e o desinteresse do Governo de Pernambuco, o
acervo foi adquirido pelo Governo da Bahia, leiase Antônio Carlos Magalhães, e constitui hoje o
Museu do Solar Ferrão, em Salvador.
O PRIMEIRO DECÊNIO
O GÊNESIS
1973-1983
100
21 A Sé de Olinda, remodelada no ano de 1911
e também em 1936, estava irreconhecível e, assim,
não foi relacionada entre os monumentos a ser
tombados em Pernambuco quando da criação do
SPHAN em 1937. “Melhor seria colocar uma placa,
a demolindo, e dizer aqui existiu a Sé de Olinda”
disse um intelectual de Pernambuco a respeito da
velha igreja.
22 Os referidos arquitetos mantinham um
escritório de projetos. Durante um período curto da
vida da Fundação, cerca de um ano, foi o escritório
que elaborou os projetos para aquela aprovação.
Depois o arquiteto Fernando de Barros Borba foi
contratado e o outro cedido pela Escola Técnica
Federal de Pernambuco, onde era professor. Os dois,
junto com o professor Marcelo Santos, elaboraram
toda a estrutura da fundação criada pelo Bandepe,
tendo naturalmente pronta assessoria jurídica para
tal fim.
23 De 1973 até 1975 a organização interna
da Fundarpe era a seguinte: o conselho diretor
/ secretário executivo / secretários adjuntos /
pessoal de apoio (funcionário administrativo e
mensageiro) / escritório de arquitetura contratado
(assistência técnico-administrativa – coordenação
e assessoramento de projetos, análise e orientação
para projetos e fiscalização das obras executadas
etc.). Em 1975, ocorreu uma reformulação
administrativa; uma outra em 1977 e finalmente
a de 1978, também reformulada no ano seguinte.
Sobre essas se informará no devido tempo.
24 Os funcionários admitidos segundo o período
de tempo de 1973 a 1983 estão relacionados em
lista anexa. Também iniciaram suas atividades
na Fundarpe Marta d’Emery Alves (1976), Dalva
Regina Vila Nova Teixeira (1977) e Carlos Alberto
Meira C. da Cunha (1977), na área de arquitetura.
Maria das Graças A. Melo ingressaria em 1982.
25 Em 1923, Luiz Cedro Carneiro Leão apresentou
na Câmara dos Deputados, no Rio de Janeiro,
o primeiro projeto de defesa dos monumentos
históricos e artísticos do País.
26 O projeto e todas as intervenções que a
edificação sofreu estavam documentados em
plantas e informações as mais variadas.
27 As Teorias da Restauração de Viollet Le
Duc, Camilo Boito, Ruskin e outros eram de
conhecimento do IPHAN e dos arquitetos envolvidos
nas propostas de intervenção. Nada foi indicado
como partido arquitetônico sem o conhecimento e
a aplicação dessas teorias. Na verdade, os projetos
foram realizados segundo princípios em voga nas
circunstâncias de suas materializações e aceitos
pela entidade federal.
28 Por meio da Gravura Marim d’Olinda se
pode verificar que as capelas laterais não estavam
concluídas ainda, e sim seus arcos de entrada
demarcados nas paredes. A construção das capelas
seria assim de depois de 1654.
29 Do projeto de modernização da igreja restou
uma prancha da fachada principal onde se podem
avaliar as intervenções. O interior deveria ser
transformado em três naves góticas, com suas
abóbadas de arestas, o que não se concretizou.
As capelas intercomunicantes foram demolidas
e construídas outras. O pórtico da contrafacção
principal não foi desmontado, mas removido e
partes de suas colunas, os capitéis, abandonadas no
jardim lateral depois de 1936. Também a imagem do
Salvador desse pórtico, de pedra, ficou por algum
tempo na igreja até que desapareceu. Os painéis
de azulejos da nave foram retirados e dois painéis
adquiridos por um colecionador do Rio de Janeiro.
30 São os painéis pintados da Sala do Cabido e os
que decoravam os centros dos retábulos da igreja.
31 A Dissertação tinha por título Sé de Olinda.
Tempos depois da aprovação foi publicada pela
Fundarpe, em 1985.
32 Infelizmente as etapas da intervenção e
as diretrizes adotadas para a obra final nunca
foram editadas, deixando margem a críticas de
especialistas que não viram nem conheceram e
dizem o que desejam acerca do que não sabem.
Anexa a transcrição de trecho do Diário inédito das
obras da Sé.
33 A intervenção teve início no ano de 1973 e foi
concluída em 1980.
34 A gravura pertence ao livro de J. de Laet sobre
a História das Índias Ocidentais, publicado na
Holanda.
35 A intervenção teve início no ano de 1973 e foi
concluída no de 1977.
36 Tais abóbadas deixaram seus desenhos nos
rebocos laterais da parede externa da igreja.
37 A intervenção teve início no ano de 1973 e foi
concluída em 1977.
38 Iniciada em 1974, a intervenção foi concluída
no ano de 1976.
39 Dois cursos especializados em restauração para
arquitetos foram realizados. Um primeiro se deu em
Salvador na Bahia e o segundo no Recife. O do Recife
teve como organizador o arquiteto, prematuramente
falecido, Armando de Holanda Cavalcanti e ocorreu
na Faculdade de Arquitetura da UFPE.
40 A exigência foi do arquiteto Geraldo Gomes da
Silva e coerente com a filosofia da importância dos
entornos dos monumentos.
41 Na altura, 1976, foi contratada, inicialmente
como prestadora de serviços, a arquiteta Rosa
Bonfim, que depois passou a pertencer ao grupo de
funcionários da Fundação. Também na mesma data,
a Assistente Social Melônia Costa Carvalho passou
a integrar os quadros da Fundação, exercendo tal
atividade comunitária.
42 Quando recebeu, ao fim do seu mandato, o
casarão doado pelo governo, o então presidente Dr.
101
Luiz Delgado procurou o IPHAN, e o Instituto lhe
prometeu ajuda na execução de sua restauração.
Sucedendo ao Dr. Luiz Delgado, o novo presidente
da Academia Pernambucana de Letras (APL), Dr.
Marcos Vinicius Vilaça, foi o mentor de toda a ação
restauradora do imóvel, tendo o apoio do IPHAN,
cujo chefe do 1º Distrito era o professor Ayrton de
Almeida Carvalho, e contando com a colaboração
de seus auxiliares, os arquitetos Menezes e Borba,
além do mestre-de-obras José Ferrão Castelo Branco.
Em um peditório geral, o jovem presidente obteve
ajuda financeira para restaurar a casa do Barão.
43 O projeto de restauração do imóvel foi da
arquiteta Marta d’Emery e as pesquisas arqueológicas,
do arqueólogo Ulysses Pernambucano de Mello.
44 Um dos fotógrafos foi Narcisse Szymanovsky,
que posteriormente foi para uma Fundação de Minas
Gerais.
45 O arqueólogo em questão era Ulysses
Pernambucano de Mello que chegou a assumir
importantes cargos na Fundação. Ainda permanece
na Instituição atuando na mesma área e na de
tombamento.
46 Um curso se deu em Salvador, Bahia, e o outro
no Recife.
47 KERSTEN, 2000, op. cit., p. 27-28.
48 Ibid., p.28.
49 Chartres é feita de pedra e vidro, mas não é
apenas pedra e vidro, é uma catedral, e não somente
uma catedral, mas uma catedral particular, construída
num tempo particular por certos membros de uma
sociedade particular. Para compreender o que isso
significa, para perceber o que isso é exatamente,
você precisa conhecer mais do que as propriedades
genéticas da pedra e do vidro e bem mais do
que é comum a todas as catedrais. Você precisa
compreender também – e, em minha opinião, da
forma mais crítica – os conceitos específicos das
relações entre Deus, o homem e a arquitetura, uma
vez que foram eles que governaram a sua criação.
Não é diferente com os homens, eles também, até o
último deles, são artefatos culturais. GEERTZ, citado
por KERSTEN, 2000, op. cit., p. 29.
50 KERSTEN, op. cit., p. 30.
51 No Brasil, a historiografia teve início no século
XIX, marcada por uma forte apologia do poder.
Durante o período colonial, não foi além de uma
série de relatos e crônicas de viajantes, dirigidos a
poucos poderosos senhores da Colônia, valorizando
fatos e ações individuais heróicos. Em todo o
século, a história produzida ainda estava vinculada
a governos ou institutos históricos, tal como a
construiu Francisco Adolfo Varnhagen. O estilo
impresso por Varnhagen se repetiu em quase todas
as análises historiográficas posteriores: a decantada
superioridade da raça branca, a inferioridade de
índios, negros e a defesa da elite aristocrática.
KERSTEN, op. cit., p. 30.
52 A ausência de bens culturais considerados
significativos regionalmente condicionou a seleção
em escala estadual e municipal.
53 Em 1979, a Fundarpe passou a integrar o
Sistema Estadual de Tombamento, junto com o
Conselho Estadual de Cultura e a Secretaria de
Turismo, Cultura e Esportes, cabendo à Fundarpe
a gestão técnica do Tombamento, a fiscalização
e a aplicação de sanções, nos Termos da Lei, aos
desrespeitos praticados contra os bens tombados.
54 A relação completa e outras informações
podem ser obtidas em LÓSSIO, 1987, op. cit.
Anexa a relação dos bens tombados até 2007 em
Pernambuco.
55 Segundo a publicação de BORBA, Fernando de
Barros. Pernambuco, patrimônio cultural de todos.
Recife: Fundarpe, 1998, e informação da própria
Fundarpe.
56 No governo Gêiser, sendo ministro Delfim Neto,
praticamente foi retirando da pauta do ministério
o Programa Integrado das Cidades Históricas do
Nordeste. Primeiro ele foi estendido às cidades do
Sul e depois perdeu o interesse por não mais atender,
enquanto filosofia, ao que tudo indica, aos novos
rumos do governo militar.
57 “Quanto aos recursos próprios, a Fundação
obteve uma renda sempre crescente, porém
inexpressiva. Basicamente, a fonte de recursos
próprios se resumia no pagamento de arrendamento
ou aluguel de restaurantes típicos e de lojas de
artesanato e similares. Os restaurantes funcionaram
de 1977 a 1981, no Museu de Arte Sacra, e de 1977
a 1981, na Casa da Cultura. Nesta, cerca de 90 celas
– incluindo algumas cujas rendas revertem para a
Cruzada de Ação Social – têm sido objeto de locação,
explorando a comercialização de produtos artesanais
ou representativos da Cultura popular da região
[...]. Outros pequenos rendimentos incrementaram
a captação de recursos, mas a Fundarpe jamais
conseguiu ser atendida no pleito de apropriar-se de
até 5% dos custos de cada projeto de restauração,
como forma de gratificação pela administração das
rendas”. LÓSSIO, 1987, op. cit., p. 66-67.
58 LÓSSIO, 1987, op. cit., p. 70.
59 Ibid.
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O SEGUNDO DECÊNIO
E SE FEZ LUZ NAS TREVAS
1983-1993
O SEGUNDO DECÊNIO
E SE FEZ LUZ NAS TREVAS
1983-1993
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O SEGUNDO DECÊNIO
E SE FEZ LUZ NAS TREVAS
1983-1993
UM NOVO GOVERNO E NOVAS METAS · 1983-1986
104
Página anterior,
Corredor Cultural da Rua da Aurora
Recife
Foto Eudes Santana
Em 1983, assumiu o Governo de Pernambuco, sucedendo
ao Dr. Marco Maciel, o professor Roberto Magalhães Melo.1
Na organização do governo, a Secretaria de Turismo, Cultura e
Esportes coube ao Dr. Francisco Austerliano Bandeira de Mello,
que ocupou também, como de praxe, a Presidência do Conselho
Deliberativo da Fundarpe. A Diretoria Executiva da Fundarpe
coube ao professor Roberto Marques Pereira, filho do notável
jornalista e escritor Nilo Pereira.2 A Diretoria do Patrimônio da
Fundarpe foi exercida pelo engenheiro Juarez Gambetá Tavares
Barreto Filho e depois pelo Dr. Roberto Jorge Dantas da Fonte.
Para a Diretoria de Assuntos Culturais foi convidado o jornalista
Dr. Leonardo Antônio Dantas Silva.
A Fundarpe, ao estar atrelada ao governo estadual3, espelhou
a filosofia política presente naquela que sustentava as posições
decisórias do Estado brasileiro. Assim a história da Instituição em
cada tempo revela a postura do governo em relação à cultura.
A década de 80 foi marcada pelo retorno gradual à democracia.
A abertura política se concretizava, os brasileiros voltavam
a escolher seus dirigentes, os políticos cassados regressavam
ao país e à vida pública. Uma reforma partidária criou novas
siglas, que expressavam o novo desenho das forças sociais.4
Tal processo começara pouco antes com a vitória do MDB nas
eleições em 1978. Foi nesse momento histórico que o general
João Baptista Figueiredo pronunciou a célebre frase, “Lugar
de brasileiro é no Brasil”, enchendo de esperança os muitos
exilados e suas famílias e amigos que aqui haviam ficado.
Realmente, foi decretada a Lei da Anistia, concedendo o direito
de retorno ao Brasil para os políticos, artistas e demais brasileiros
banidos da vida pública e condenados por crimes políticos. No
entanto, os militares de linha dura continuaram com a repressão
clandestina.5
Recuando mais no tempo, verifica-se que o processo de
redemocratização se iniciou em 1974 quando assumiu a
presidência o general Ernesto Geisel, que começa um lento
processo de transição rumo à democracia. Seu governo coincide
com o fim do Milagre Econômico e com a insatisfação popular
105
em altas taxas.6 A crise do petróleo e a recessão mundial
interferem na economia brasileira, no momento em que os
créditos e empréstimos internacionais diminuem. Geisel anuncia
a abertura política lenta, gradual e segura.7 A oposição política
começa a ganhar espaço. Nas eleições de 1974, o MDB
conquista 59% dos votos para o Senado, 48% da Câmara dos
Deputados e ganha a prefeitura da maioria das grandes cidades.8
Em 1978, o mesmo presidente acabou com o AI-5, restaurando
o habeas-corpus e assim abrindo caminho para a volta da
democracia no Brasil.9
Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresentou
vários problemas. A inflação estava alta e a recessão também.
Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de futebol e
milhões de brasileiros participaram do movimento das Diretas
Já. No dia 15 de janeiro de 1985, em resposta à imposição dos
governantes e atendendo à vontade popular, um Colégio Eleitoral
escolheu Presidente da República, em voto aberto, o deputado
Tancredo Neves, lançado pela oposição ao regime e que
concorria com Paulo Maluf. Era o fim do regime militar. Porém
Tancredo Neves fica doente antes de assumir e acaba falecendo.
Assume o vice-presidente José Sarney. Em 1988 é aprovada
uma nova Constituição para o Brasil. A Constituição de 1988
apagou os rastros da ditadura militar e estabeleceu princípios
democráticos no país.10
Nessa década na cultura, houve a consagração dos
diretores teatrais. Ao lado de figuras já famosas que se renovam
como Antunes Filho (Macunaíma, ainda no final da década
anterior, e Paraíso Zona Norte e O eterno retorno, da obra de
Nelson Rodrigues), surgiram nomes novos de grande força,
revolucionando a cena. Dentre11 eles, o mais polêmico foi
Gerald Thomas. Electra concreta (1987) e Metamorfose (1988)
desorientaram as platéias e agitaram a crítica. Num estilo
bastante diferente, mas não menos pessoal ou inventivo Cacá
Rosset se destacou em 1985 com um enorme sucesso: Ubu,
pholias physicas, pataphysicas e musicais, de Alfred Jarry. O
mesmo diretor seguiu depois com releituras vibrantes de autores
106
O SEGUNDO DECÊNIO
E SE FEZ LUZ NAS TREVAS
1983-1993
Ao lado e abaixo
Torre de atracação do Zeppelin
Recife
Foto Arquivo da Fundarpe
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O SEGUNDO DECÊNIO
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1983-1993
108
consagrados, como Molière e Shakespeare. No cinema, Fernanda
Torres se consagrou em Cannes, recebendo o prêmio de melhor
atriz de 1986 pelo filme Eu sei que vou te amar de Arnaldo
Jabor. No esporte, outro vencedor seria o judoca Aurélio Miguel,
medalha de ouro nas Olimpíadas de Seul (1988).12
Em Pernambuco, o movimento cultural dos anos 80
ainda estava enraizado nas duas décadas anteriores. Como
se verificou, a abertura política caminhava muito devagar. A
situação econômica do país foi se agravando. Na área cultural a
esperança de um pouco mais de liberdade permitiu o surgimento
de manifestações culturais que conseguiram enganar a censura,
na maioria dos lugares exercida por gente pouco culta. Como a
censura cassava de fato o direito de expressão dos que ansiavam
por se comunicar – não somente políticos, como pintores,
poetas, escritores, músicos, artistas em geral – a solução foi
driblar os censores com métodos singulares, como folhetos que
corriam de mão em mão e eram pregados nas paredes e nos
postes. Uma invenção das mais curiosas foi a Poesia Marginal,
que circulava clandestina em alguns lugares da cidade do
Recife.13
Na área teatral, no ano de 1975 o Teatro Popular do Nordeste
encerrou suas atividades e um ano depois morreu Hermilo Borba
Filho. Por outro lado, surgiram novos nomes e grupos teatrais.
No Recife, o encenador Carlos Bartolomeu, com a montagem da
peça A mais forte, de August Strindberg, deu várias referências
ao grupo que se identificava com os códigos daquela encenação.
A rápida solução encontrada pelo diretor, o atraía. Com um
mínimo de elementos, encontravam-se as soluções rapidamente.
No entanto, nem sempre era fácil atrair uma platéia significativa
– com a encenação de O arquiteto e o imperador da Assíria,
de Arrabal, também levada pelo diretor Carlos Bartolomeu, viu
Moisés Neto quão difícil era agradar o público notívago.
Na década de 1970, o grupo Vivencial Diversões, sob a
orientação do diretor Guilherme Coelho, realizou espetáculos
em um quase barracão perto do Complexo de Salgadinho no
Recife. Um teatro marginal onde se realizavam espetáculos fora
da linha oficial aceita pelos demais grupos.
109
Em tal contexto, a Fundarpe, em 1983, continuou de maneira
mais intensa uma ação cultural que se tornava necessária para
a materialização dos centros culturais criados no Museu de Arte
Sacra de Olinda e na Casa da Cultura. Desde sua inauguração
em 1978 o Museu de Olinda realizava eventos de excelente
presença no cenário cultural da cidade, conforme disse
anteriormente. Na Casa da Cultura, inaugurada em 1976, o III
Salão de Arte Global esteve à mostra entre 19 e 27 de novembro
desse ano. Vários supervisores passaram por tal centro cultural:
João Batista de Queiroz (1976-1977); Pedro José de V. Filho
(1977-1978); Raúl Córdula Filho (1977-1978); Cláudio de Barros
Correia Braga (1978-1979); Antônio Enéas B. Alvarez (19791981); Orley Carneiro de Mesquita
(1981-1983) e Pedro Martins Silva
(1983). Com a nomeação do jornalista
Leonardo Dantas Silva, em 1983, como
diretor de Assuntos Culturais, algumas
mudanças surgiram, como a instalação
na Casa da Cultura do gabinete do
diretor e outras unidades a ele ligadas,
como o Centro de Documentação.
Em termos de ações no campo da
cultura, foi iniciado no ano de 1983 o
Inventário do Patrimônio Cultural da
Região do São Francisco, no Estado,
com incentivos da Companhia de Desenvolvimento do Vale
do São Francisco (Codevasf). Respaldada por sua equipe de
profissionais habilitados para a restauração de bens materiais
imóveis, a Fundarpe também assumiu a administração direta das
obras de manutenção e restauração afetas à sua programação.
Na esfera das atividades de incentivo cultural, a Instituição
investiu em programas na área de teatro, música, folclore e
artes plásticas, tendo realizado o cadastramento dos modos
de arte e dos artistas de Pernambuco. Em decorrência desses e
de outros trabalhos, a Fundarpe pôde reunir em seu Centro de
Documentação um acervo importante de documentos, projetos e
iconografia dos bens culturais do Estado.14
Casa do ex-Governador Dr. José Rufino
Cabo de Santo Agostinho
Foto Arquivo da Fundarpe
O SEGUNDO DECÊNIO
E SE FEZ LUZ NAS TREVAS
1983-1993
A FUNDARPE E OS LIVROS
110
No Relatório da Gestão de 19831987, somente a Casa da Cultura
realizou 842 eventos culturais. Grande
ênfase pode se dar ao Programa da
Casa do Guia Mirim de Olinda. Um
projeto merece menção especial: a
Homenagem à Cultura Viva, em que
nomes como Gilberto Freyre, Manuel
Correia de Andrade, entre outros, foram
agraciados. O Museu de Arte Sacra
organizou inúmeras exposições no
período.
A Fundarpe não tinha ainda
desenvolvido seu programa editorial,
tão importante para a divulgação
de suas atividades, grandemente
necessário para a difusão da cultura e
do conhecimento histórico, e capaz de
cumprir sua diretriz voltada a um maior
envolvimento com a comunidade. O
jornalista que assumiu a Diretoria de
Assuntos Culturais tinha uma longa
experiência em editoração de livros e
contava com a colaboração efetiva do
historiador José Antônio Gonsalves de
Mello para a indicação das melhores
obras a editar ou reeditar. Uma das
mais reclamadas e que atingia preços
exorbitantes no mercado de livros
usados era a do historiador Francisco
Augusto Pereira da Costa, sob o título
Anais pernambucanos. A publicação,
em dez volumes, era onerosa, porém
a Fundarpe enfrentou a tarefa. O
resultado foi uma edição de boa feitura
e que atingiu em cheio as necessidades
dos estudantes e pesquisadores. O
jornalista ainda editou muitos outros
livros pela Fundarpe, que resolveu abrir
uma livraria na Casa da Cultura para a
venda de suas edições.15 A ponte com a
comunidade estava instalada de forma
eficiente. Antes de 1983 a Fundarpe
editou os seguintes livros: Antologia
em verso e prosa, de Mauro Mota; Um
livro aceso e nove canções sombrias,
de Joaquim Cardozo; e General Abreu
e Lima – 4 Ensaios. Todos em 1982.
111
Leonardo Dantas Silva idealizou
e editou uma enorme quantidade de
títulos, nas duas fases da sua Série
Pernambucana, que criou enquanto
diretor de Assuntos Culturais da
Fundarpe. Na primeira fase, entre
outras obras, reeditou Pernambuco
e seu desenvolvimento histórico, de
Manoel de Oliveira Lima, um clássico
somente conhecido em sua edição
alemã de F. A. Brockaus, de Leipzig;
A edição magnífica, em fac-símile,
de Nova Lusitânia: história da Guerra
Brasílica, de Francisco de Brito Freyre,
obra que à época de sua primeira
edição rivalizava com a do holandês
G. Barléus sobre o governo de João
Maurício de Nassau; A notável arte de
solfejar, do músico Luís Álvares Pinto,
com excelente estudo introdutório
do padre Jaime Diniz; Arruar, um dos
mais interessantes e saborosos livros
sobre o Recife, do escritor Mário Sette,
reedição muito necessária; Viagem ao
nordeste do Brasil, de Henry Koster,
um dos mais notáveis livros descritivos
e críticos do Brasil dos anos iniciais
do século XIX; Diário de um soldado
e Olinda conquistada, dois clássicos
da ocupação holandesa do Nordeste;
O Brasil que Nassau conheceu, uma
reedição excelente das estampas desse
livro de Barléus, no qual a reprodução
em buril chega a ser melhor que o
original. Na segunda fase, foram
reeditados Anais pernambucanos,
O valeroso lucideno e Triunfo da
liberdade, do padre Manuel Calado do
Salvador, obra valiosa sobre o período
nassoviano. A reedição fac-similar do
Livros editados pela Fundarpe
Foto Eudes Santana
112
O SEGUNDO DECÊNIO
E SE FEZ LUZ NAS TREVAS
1983-1993
Livros editados pela Fundarpe
Foto Eudes Santana
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O SEGUNDO DECÊNIO
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1983-1993
114
periódico O monitor das famílias, com reproduções magníficas
das litografias de A. Besson; entre as edições primeiras, contamse A Igreja e o Estado no Brasil, estudo extraordinário de Frans
Leonardo Schalkwijk; Capiba: o livro das ocorrências, do
próprio compositor. Esta foi, sem desmerecer outras, a maior
ação editorial da Fundarpe. Com a edição de tantos valiosos
livros, escolhidos conscienciosamente, o leitor, o estudioso, o
pesquisador pernambucano, enfim, passou a contar com um
acervo do maior interesse, não somente para Pernambuco como
para o Brasil. Nenhuma Instituição tinha até então realizado
tal programa editorial. Era a consagração de um plano editorial
raro, considerando as disponibilidades do Estado em termos de
recursos para tais fins culturais. A boa relação da Diretoria de
Assuntos Culturais com os governantes, leia-se o secretário de
Turismo, Cultura e Esportes, Francisco Austerliano Bandeira de
Mello, o diretor presidente da Fundarpe professor Roberto José
Marques Pereira e necessariamente o governador Gustavo Krause
Gonçalves Sobrinho, além naturalmente da competência do
próprio titular da Diretoria, propiciaram tais resultados. Ressaltese, portanto, que entre 1983 e 1987 muito realizou a Fundarpe
nesse campo da cultura.
De muito interesse nessas edições era o prefácio. Dantas
escolhia prefaciadores identificados com os assuntos das edições
e ele mesmo redigiu inúmeros prefácios. Um dos mais notáveis
colaboradores nesse tipo de ação foi o historiador José Antônio
Gonsalves de Mello. Possuidor de uma notável biblioteca,
hoje integrada ao Instituto Ricardo Brennand, ele não somente
ajudava na escolha do livro a ser reeditado como fazia prefácios
que em alguns casos complementavam a informação do autor,
incluindo-a no século atual e comentando a sua importância.
No final, acredito que Gonsalves de Mello estava na verdade
indicando caminhos para que os pesquisadores escrevessem
sobre a História de Pernambuco, tarefa ainda não realizada
de todo. A Coleção Pernambucana conduziu os destinos da
Diretoria, mas não foi somente o realizado por ela no quadriênio
1983-1987.
A CONTINUIDADE DAS INTERVENÇÕES
NOS BENS MATERIAIS IMÓVEIS
115
Ao todo foram editados 79 títulos,
praticamente uma mídia por mês.
Tratava-se de uma atividade que dava
à Fundação as condições de cumprir
naquele período de governo seu
objetivo determinado nos Estatutos,
de divulgar a cultura pernambucana.
Diante da dificuldade cada vez
maior de investir em intervenções
restauradoras de bens materiais
imóveis, o fato de seguir o caminho da
edição de livros conferiu à Instituição
o mesmo título que então se dava ao
IPHAN, por suas notáveis publicações,
a revista, inclusive, na qual a
nata da intelectualidade brasileira
colaborara, e continuava a publicar
artigos, pesquisas e outros trabalhos
vinculados à História e à Arte.
Ao terminar a Fundarpe o seu
primeiro decênio de vida, algumas obras
de intervenção restauradora estavam já
iniciadas, outras tinham seus projetos
concluídos e ainda dependiam do início
das execuções. Algumas dessas obras
se materializaram, e boa parte ficou no
papel. Entre as edificações beneficiadas
com projetos de intervenções
restauradoras realizados pela Fundarpe
está a Igreja de Nossa Senhora do
Amparo, em Olinda. A igreja teve sua
fundação nos últimos anos de século
XVI e dessa época restava uma pequena
parte de um revestimento azulejar de
origem portuguesa. Tal decoração se
encontrava na parte superior de um
forro de madeira do século XIX, que a
encobria. Na proposta de intervenção se
refizeram o forro antigo e três panos de
perfil trapezoidal, deixando-se à mostra
tais vestígios mais antigos. A igreja tem
na sua fachada principal uma portada
esculpida em calcário com a data de
1644 na verga sobre as duas colunas,
que formam um modelo decorativo à
tabernáculo. A data leva a execução
da portada ao período de domínio
holandês de Pernambuco, quando
Olinda já havia sido incendiada. Como
o incêndio da edificação se deu no ano
de 1631, a data nos informa que as
obras da igreja tiveram prosseguimento
em pleno domínio da Vila pelos
calvinistas. A intervenção restaurou os
retábulos e devolveu ao arco triunfal
O SEGUNDO DECÊNIO
E SE FEZ LUZ NAS TREVAS
1983-1993
116
Fotos desta e da página ao lado,
extinto Convento Carmelita de Nazaré
do Cabo de Santo Agostinho
Fotos Eudes Santana
uma sanefa que tinha sido retirada em tempo desconhecido.
Não ocorreram intervenções maiores, uma vez que a igreja tinha
unidade quanto ao que chegou até o século XX.
Outra edificação em Olinda teve sua intervenção restauradora
realizada a partir de um projeto elaborado pela Fundarpe e
execução financiada pela Prefeitura de Olinda e Seplan, leiase Programa Integrado de Restauração das Cidades Históricas
do Nordeste – antigo Palácio dos Governadores da Capitania.
A intervenção projetada identificou os dois prédios que hoje
formam o edifício sede da Prefeitura de Olinda, isto é, o mais
antigo, o Palácio, construído em tempo histórico quando foi
governador André Vidal de Negreiros, e a casa que a este Palácio
passou a ser anexada para compor uma construção do século
XIX, hoje abrigando a administração da Cidade. Não ocorreu
à autora do projeto, ao escolher o partido arquitetônico da
intervenção, tentar separar os dois prédios envolvidos. A solução
arquitetônica demarcou as duas fases construtivas, mas as deixou
como hoje funcionam. A manutenção da fisionomia externa e
interna se fundamentou nas teorias e diretrizes determinadas
pelo citado italiano Camilo Boito, com as modificações
necessárias para o caso dessa edificação.
117
O SEGUNDO DECÊNIO
E SE FEZ LUZ NAS TREVAS
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118
Acima e ao lado,
Igreja do extinto Convento
Carmelita de Nazaré
do Cabo de Santo Agostinho
Retábulo de cantaria
Foto Eudes Santana
Ao lado
Sacristia do extinto Convento Carmelita de
Nazaré do Cabo de Santo Agostinho
Lavabo de cantaria
Foto Eudes Santana
119
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Ruínas da Casa dita do Faroleiro no
Cabo de Santo Agostinho
Fotos Eudes Santana
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Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem do Pasmado
Foto Arquivo da Fundarpe
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Um grande projeto realizado destinou-se à revalorização
do Cabo de Santo Agostinho e seus diversos edifícios, além
da preservação da magnífica paisagem, naturalmente bastante
prejudicada em sua magnitude pela inclusão do Porto de Suape.
O projeto se fundamentou na pesquisa realizada por um grupo
de estudiosos tendo à frente o arquiteto Hélvio Polito Lopes,
e para a consecução da proposta foram da maior importância
as pesquisas arqueológicas realizadas pelo arqueólogo Ulysses
Pernambucano de Mello e sua equipe. O Relatório apresentado
nas duas etapas antecessoras da proposta são peças valiosas para
o conhecimento da história desse porto do século XVI. O projeto
não se efetivou até os dias presentes, mas foi de grande interesse
no que se refere à inclusão do elemento paisagem monumental
como bem natural brasileiro.
Uma obra de pouco vulto, mas de valor extraordinário ao se
relacionar com a história de um lugar, foi a restauração da Igreja
de Nossa Senhora da Boa Viagem do Pasmado (1985-1986).
O lugar do Pasmado era conhecido desde o século XVIII pela
fabricação de facas e outras armas brancas. No assentamento
urbano, situado ao redor dessa igreja, oficinas fabricavam peças
de uso doméstico relacionadas com o trabalho em metal. Eram
casinhas que formavam uma pequena povoação de muita
unidade quanto à paisagem urbana. Em determinado momento
do século XX todo o casario foi destruído depois da remoção
da população residente, ficando a igrejinha abandonada à
própria sorte, o que acarretou sua ruína. Está situada à margem
de uma estrada que segue de Igarassu para Goiana e daí para
João Pessoa, e diante do valor da edificação a Fundarpe a
integrou em seu plano de obras. A restauração foi efetivada
sem maiores intervenções e a igreja ressurgiu de seu abandono.
Lamentavelmente nada se fez para dotar a edificação de uma
vizinhança que a pudesse sustentar, em termos de função
religiosa, com gente moradora no local. Em certa época ocorreu
o interesse do município de Igarassu em construir uma vila ao
redor da igreja, com casas destinadas a uma população carente.
No entanto nada se efetivou.
O SEGUNDO DECÊNIO
E SE FEZ LUZ NAS TREVAS
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124
Dois projetos realizados pela Fundarpe se destinavam ao
agenciamento de lugares dos mais antigos de Olinda: o Alto da
Sé e a Praça da Abolição. O primeiro é bem aquele local, sem a
velha Torre de residência do donatário Duarte Coelho, uma vez
que esta foi posta abaixo na segunda década do século XX,16 e
o segundo espaço urbano se relacionava com o antigo Rossio
da Vila, situado diante do que hoje resta do Convento de Santo
Antônio do Carmo.
O agenciamento projetado se realizou parcialmente. Antes,
a Fundarpe, durante a gestão do prefeito Aredo Sodré, realizou
uma proposta de intervenção paisagística de grande porte,
que envolvia a retirada dos mocambos da Rua Bertioga de
Cima e criava um segundo belvedere abaixo do nível do atual,
destacando na ocasião o lugar da Torre.17 As lojas ficavam
sob o belvedere superior. A Prefeitura chegou a elaborar um
projeto de lei para ser apresentado à Câmara, mas nada se fez.
Quanto ao Carmo, algumas obras foram feitas no local, sem a
desejada continuidade, e o projeto que atualmente se encontra
em execução nada tem a ver com aquele elaborado na segunda
década de vida da Fundação.
Um dos projetos realizados pela Fundarpe se refere ao
Convento de Santo Antônio de Igarassu para adaptá-lo a um
Museu Iconográfico. O projeto final executado pela arquiteta
Maria das Graças Melo considerou a interação da pesquisa
arqueológica e da histórica realizada sob orientação do
arqueólogo Ulysses Pernambucano de Mello. O Convento é
dos mais bem delineados da região, pertencendo ao modelo
consagrado da Escola Franciscana do Nordeste. A obra de
restauração durou bastante, atravessou gestões da Fundação
e ainda não se encontrava totalmente concluída no final da
segunda década de vida da Fundarpe. Por sua importância e
diante de mais uma participação da Arqueologia em decisões de
intervenção em edificações antigas, vale a pena saber alguma
coisa mais sobre a efetivação do projeto referido.
Em setembro de 1985, a Fundarpe, com empréstimo do
Banco Mundial, deu início a uma mais profunda intervenção
naquele monumento. Para isso, realizou um projeto integral
125
envolvendo todo o edifício e com um programa de uso muito
compatível com o caráter da edificação. Realizado pelo corpo
técnico, o projeto contemplou a restauração dos telhados,
das esquadrias, dos soalhos de madeira, dos pisos do térreo
em tijoleiras, das campas da nave da igreja, dos retábulos,
enfim, de tudo quanto necessitasse o imóvel. Sendo obras que
não alteravam a leitura nem removiam partes da edificação,
não houve necessidade de maiores discussões sobre este ou
aquele partido a ser adotado para as intervenções. Muito
se discutiu, depois, com os resultados obtidos durante a
realização dos trabalhos, cuja fiscalização ficou a cargo
do SPHAN/Pró Memória, como citei, a nova denominação
e razão do órgão federal. Pode-se destacar, entre as obras
realizadas, a recuperação da sacristia, onde se pode ressaltar o
reassentamento dos azulejos, com sua rearrumação nos devidos
lugares. Foi um trabalho notável, porquanto se voltou a assentar
os revestimentos azulejares da mesma maneira como se fazia
naqueles anos, em meados do século XVIII: então, levava-se
em conta a ordem existente, escrita em anotações feitas na
face contrária de cada peça, considerando-se as coordenadas
cartesianas.18 Um resultado, nos trabalhos da restauração, no
entanto, merece destaque especial: o da pesquisa arqueológica.
Iniciadas as obras de restauração – dos edifícios e das obras
de arte do seu interior – começaram a surgir sinais reveladores
de uma série de modificações introduzidas na estrutura do
conjunto arquitetônico, ao longo da sua existência. Diante da
quantidade e da complexidade dessas alterações, julgou-se
oportuno empenhar os esforços de profissionais de História e
Arqueologia para fornecer subsídios ao Projeto de restauro e, ao
mesmo tempo, reunir e interpretar os dados que fossem sendo
descobertos, visando à elaboração, no futuro, da História do
Convento e Igreja da Santo Antônio.19
Dessa forma o arqueólogo Ulisses Pernambucano de
Mello, neto, iniciou seu texto sobre o trabalho que realizou no
convento, em termos de arqueologia, resultando em inúmeros e
importantes esclarecimentos para o referido monumento, com
repercussões no restante das casas franciscanas do Nordeste. O
O SEGUNDO DECÊNIO
E SE FEZ LUZ NAS TREVAS
1983-1993
126
arqueólogo começou seus trabalhos
com a remoção de longos trechos de
reboco que cobriam as faces, internas
e externas, das alvenarias, tanto da
igreja quanto do convento. Processo
aliás já posto em prática, várias vezes,
pelo SPHAN/Pró-Memória, embora
no caso de Igarassu, com o cuidado
exigido pelos métodos e técnicas da
Arqueologia. Aproveito suas próprias
palavras para descrever os trabalhos
realizados: Retirado este obstáculo
que se interpunha ao exame visual
direto da estrutura e da massa das
paredes, vieram à luz outras alterações
e mudanças pelas quais passaram os
edifícios. Diante dos bons resultados
obtidos com o emprego desse método
de investigação, que utilizo com
sucesso há mais de quinze anos,
pareceu interessante divulgar alguns
deles. O primeiro, e mais importante,
está relacionado com o Convento e
permitiu apreender grosso modo a
transformação inicial de alvenaria de
pedra, com argamassa de barro, até
a levantada de pedra e cal a partir
do final do século XVII. Verificou-se
que o Convento, ao tempo de Frans
Post, tinha a forma quadrada, cujo
lado apresentava comprimento igual
a extensão da nave e capela-mor. Para
chegar a esta conclusão, vali-me de
evidências arqueológicas das quais
enumero apenas três, por as haver
considerado mais relevantes: 1ª) Os
cunhais em pedra calcária, que vêm a
ser os arremates dos ângulos salientes
que delimitavam a igreja e o Convento
pela parte externa; 2ª) o antigo beiral
de tríplice telha, localizado em quase
toda a extensão do convento, do lado
voltado para o nascente encimando
uma; 3ª) seqüência de janelas
(desentaipadas pela pesquisa) cujos
vãos forneceram elementos indicadores
das áreas internas e externas do
Convento. Estou seguro que as vastas
obras empreendidas, após a ocupação
holandesa, até 1749 foram realizadas
com o reaproveitamento do núcleo
original do Convento, sendo a nova
edificação erguida por fora e em
derredor do velho edifício, o qual só
deve ter sido desativado quando o
novo convento, mais amplo, apresentou
condições de habitabilidade, isto por
volta de 1690. É importante verificarse que os documentos históricos
que examinei não fazem nenhuma
referência aos prováveis transtornos
que as obras poderiam ter provocado
na vida da clausura. Em resumo:
concluída a construção do Convento
em derredor do antigo estabelecimento
este foi derrubado. ‘Abria-se desta
forma, espaço adequado para o
nascimento do claustro, tal como
chegou aos nossos dias’.20
O arqueólogo continua em seu
informe a tecer considerações sobre
as demais casas dos franciscanos e
sobre esse processo de ampliação, dos
mais interessantes, que no Convento
127
imitava aquela maneira de construir
popular, onde a ampliação de um
mocambo, por exemplo, era feita
mediante a construção de partes novas,
que o envolviam; quando estas eram
concluídas, o mocambo original era
demolido. É interessante assinalar a
prática uma vez que quem assumiu a
ampliação do convento foi um mestre
pedreiro, necessariamente habituado a
assim proceder em suas obras menores.
Com os trabalhos da Arqueologia
todas aquelas dúvidas que porventura
existiam na história do convento,
assim nos parece, foram dirimidas. É
importante informar que os resultados
a que se chegou talvez não fossem
possíveis se não se tivessem adotados
métodos e técnicas da Arqueologia,
associados ao conhecimento da
história do edifício. Em obras
anteriores, de responsabilidade do
SPHAN/Pró-Memória, também se
obtinham resultados a partir dos muros
postos a nu, mas então nem sempre se
registrava o método nem o resultado, o
que impossibilitou estudos posteriores.
A Arqueologia não apenas pôde
direcionar a restauração, mas acima
de tudo veio a melhor fundamentála, permitindo até decisões quanto
ao partido a ser adotado no que se
Igreja de
Santo Amaro das Salinas
Recife
Foto Arquivo da Fundarpe
O SEGUNDO DECÊNIO
E SE FEZ LUZ NAS TREVAS
1983-1993
128
Casa da Rua da União, 263
Espaço Pasárgada
Busto de Manuel Bandeira
Recife
Fotos Eudes Santana
129
refere aos vestígios encontrados da
antiga edificação. Da restauração dos
retábulos, participou anos depois a
Fundação Ricardo do Espírito Santos,
de Lisboa, Portugal.
Outro projeto de intervenção, o
da Igreja Matriz de Vila Velha, em
Itamaracá, resultou de uma bemsucedida pesquisa arqueológica que
determinou até mesmo o tipo de Teoria
da Restauração a ser adotada como
fundamento da intervenção. O projeto
materializado pela Fundarpe naquele
monumento tem grande interesse
no que se refere ao procedimento a
ser adotado em outras intervenções
do gênero. O resultado permite ao
visitante uma visão da história da igreja
construída no século XVII, à qual se
acrescentou uma grande nave.21
Além da restauração da Igreja
de Santo Amaro das Salinas, no
Recife, a Fundação projetou e ainda
cuidou da execução da intervenção
restauradora na Casa de Oliveira Lima
da mesma cidade, adaptando-a para
sede do Conselho Estadual de Cultura.
Destaca-se também, entre as obras
de intervenção realizadas, com base
no projeto da equipe de arquitetos da
Fundação, a do Museu Arqueológico
de Catimbau, em Pernambuco.22
Uma interessante intervenção,
diante da importância do edifício,
foi a da Casa do Avô do poeta
Manuel Bandeira, onde ele passou
significativos momentos de sua vida.
Situada na Rua da União 263, a casa
veio a ser inscrita em Livro de Tombo
mediante proposta de tombamento
elaborada e apresentada à Presidência
pelo arquiteto Fernando de Barros
Borba – um dos autores do projeto
de restauração, junto com a arquiteta
Dalva Regina Ferreira. Uma vez
restaurada, a edificação veio a acolher
o Espaço Pasárgada, denominação
tomada a um conhecido poema de
Bandeira. Declarado monumento
pelo Estado de Pernambuco, o
edifício recuperado homenageia
o extraordinário poeta que nunca
esqueceu sua terra natal.23
O SEGUNDO DECÊNIO
E SE FEZ LUZ NAS TREVAS
1983-1993
O RETORNO DE UMA
FORMA DE GOVERNO
1987-1990
130
No ano de 1987, assumiu o Governo de Pernambuco o Dr.
Miguel Arraes de Alencar.24 Ex-governador deposto em 1964,
ele retornou à direção dos destinos do Estado com expressivo
resultado nas urnas. Logo o slogan relacionado à cultura fica
bem claro quanto às diretrizes a serem seguidas: Gestão Cultural
pelas mãos do povo. Dr. Miguel Arraes governou de 1987 a
1989, quando, desencompatibilizando-se, passou o governo
ao vice-governador Dr. Carlos Wilson (1889-1990). Em 1987,
assumiu a Secretaria de Turismo, Cultura e Esportes o escritor
Maximiano Campos, sendo seu adjunto Bruno Ribeiro de Paiva.
A Presidência da Fundação, por um período relativamente
curto, enquanto era secretário Maximiano Campos, esteve
com o poeta Jaci Bezerra. Diante do afastamento, a pedido,
do escritor Campos, assumiu o órgão governamental seu
adjunto e este convidou para a Presidência da Fundarpe – uma
vez que Jaci Bezerra não quis continuar – o Livreiro Tarcísio
Pereira. O tempo de permanência de Tarcísio foi de menos de
um ano, sucedendo-lhe a atriz Leda Alves. Durante o governo
Carlos Wilson25, a Secretaria de Educação, Cultura e Esportes
ficou sob a responsabilidade do jornalista Fernando Antônio
Gonçalves. No governo Arraes uma Reforma Administrativa26
extinguiu a Secretaria de Turismo, Cultura e Esportes e criou
com novas diretrizes a Secretaria de Educação, Cultura e
Esportes. A novidade ocorreu com a separação da área de
Turismo, no contexto existente antes da reforma. À Fundarpe,
que passou a ser o órgão executor da Política Cultural do
Estado – retornando à filosofia presente na sua criação em
1973 – se integraram o Museu do Estado de Pernambuco, o
Museu de Arte Contemporânea e o Arquivo Público, instituições
antes vinculadas à Secretaria de Turismo. Também à Fundação
se incorporou a Biblioteca Pública Estadual. A estrutura da
Fundarpe diante daquela Reforma se tornou bem mais ampla,
pois em seu organograma se incluíram o Conselho Editorial,
a Coordenadoria dos Museus, a Diretoria do Sistema de
Bibliotecas e Documentação e o Núcleo de Programação Visual,
planejados no início do governo. A mudança se tornou maior
Eventos promovidos pela Fundarpe
Desafio Nordestino de Cantadores
Foto Arquivo Fundarpe
por conta da Resolução CSPP nº 01 publicada no Diário Oficial
no dia 22 de fevereiro de 1991 do Conselho Superior de Política
de Pessoal que autorizou a implantação do Regime Jurídico
Único no âmbito das Autarquias e Fundações. Depois de mais de
dez anos a Fundação tinha seu quadro de funcionários incluído
permanentemente nos do Estado de Pernambuco, uma conquista
muito importante.
Como disse, a gestão da Fundarpe no governo Arraes teve
como um dos presidentes o renomado livreiro Tarcísio Pereira,
da Livro 7.27 Era a maior livraria de Pernambuco (ao que se
dizia, também do Brasil) e lugar de reunião da gente culta, de
poetas, de escritores e da estudantada. Aos sábados o ambiente
131
O SEGUNDO DECÊNIO
E SE FEZ LUZ NAS TREVAS
1983-1993
132
Antigo e extinto Cinema Glória
Praça D. Vital, Recife
Foto Arquivo da Fundarpe
era festivo, quando um botijão de bate-bate de maracujá – a
tradicional e popularíssima bebida pernambucana – era posto
numa mesa central para consumo grátis, reunindo a multidão
de aficionados. Um banco interno e outros postos na calçada
da Rua Sete de Setembro atraíam freqüentadores, que ali
sentavam para ler ou papear – sendo prática normal na casa ler
e depois devolver às prateleiras, se não se interessavam ou não
podiam comprar. Pelo Carnaval, era dali que saíam os blocos
mais espirituosos e os de maior conteúdo político-contestador.
Nenhuma falência de livraria, no Recife, foi mais profundamente
lamentada que a da Livro 7, sobretudo porque até hoje parecem
inexplicáveis as suas causas.
Aquele slogan Gestão cultural pelas
mãos do povo, era um reflexo do antigo
Movimento de Cultura Popular tão
importante no governo Arraes de antes
de 1964. Essa diretriz traçada dizia
bem da preocupação do governo e da
Fundação em apoiar, democraticamente,
as atividades de indivíduos ou grupos
atuantes na área cultural do Estado.
Era uma das ações aquela destinada
a manter vivos os valores mais
característicos da nossa identidade, da
identidade cultural de Pernambuco e por
extensão da identidade brasileira.28
Como disse, no período do governo Arraes, a atriz Leda Alves
foi presidente da Fundarpe. Nela, a presença permanente do
pensamento de Hermilo Borba, com sua visão cultural artística do
Nordeste, ajudou a revisitar a cultura identificadora dessa região,
ora bem representada pelos folguedos populares e, no teatro, do
próprio Hermilo e de Ariano Suassuna. Ações são realizadas no
campo da intervenção dos bens imóveis e livros passam a ser
editados com vistas à valorização da cultura brasileira daquele
Nordeste, uma das expressões mais antigas do Brasil. A escolha
de escritores jovens e desconhecidos com merecida competência
identifica tal período editorial, que se assemelha àquele da fase
133
Leonardo Dantas, porém então com ênfase
na cultura literária e artística.
Com a criação de um Conselho
Editorial, consolidado por meio da
Resolução CD-001/87, de 23 de setembro
de 1987, do Conselho Deliberativo
e, paralelamente, o lançamento do
Concurso Literário Governo do Estado
de Pernambuco, aberto para escritores
pernambucanos, de maneira geral, foram
editados muitos títulos do gênero.29
Entre as ações realizadas na gestão
Miguel Arraes/Carlos Wilson/Fundarpe
pelo Conselho Editorial, criado pela Resolução CD-001/87,
aponto o Concurso Literário Governo do Estado de Pernambuco,
aberto para escritores pernambucanos; os projetos: Escolas
Profissionais de Pernambuco; Cadastro Cultural de Pernambuco;
Trem da Cultura; Memória Cultural de Pernambuco; Congresso
de Cantadores do Recife30; Salão de Arte Contemporânea e
Oficinas de Desenho e Pintura. Entre os programas citados, um
se destacou pela relação forte com o Nordeste: o de Cantadores
do Recife, que retornava a uma ação de Rogaciano Leite do ano
de 1948. O folguedo popular, integrado à filosofia da Fundação
em relação à cultura, reviveu um dos momentos extraordinários
com o Maracatu de Baque-Solto. Na área teatral, um Programa
que tratava da Circulação e Popularização do Teatro, estava bem
afim com o Teatro Popular do Nordeste. Para a materialização de
tais programas culturais, a Fundação contou com a participação
efetiva das entidades representativas dos mais diversos segmentos
culturais. Artistas populares foram na gestão Leda Alves
valorizados ao se tornarem ídolos conhecidos do grande público.
No campo editorial, a Fundarpe publicou 75 títulos, conforme
disse, continuando uma ação do governo anterior, no entanto mais
voltada para a literatura, a política e a arte.31 Outra ação cultural
se voltou para o sempre esquecido interior do Estado: o Programa
de Interiorização de Bibliotecas, destinado à formação de núcleos
comunitários de leitura nos Centros Sociais Urbanos.
Antigo e extinto Cinema Glória
Praça D. Vital, Recife
Foto Eudes Santana
O SEGUNDO DECÊNIO
E SE FEZ LUZ NAS TREVAS
1983-1993
134
Corredor Cultural da Rua da Aurora
Recife
Foto Eudes Santana
O Arquivo Público Estadual, paralelamente às suas
atividades rotineiras, ampliou o seu espaço para a realização
de vários eventos ligados à comunidade cultural e artística
do Estado. Uma comemoração se tornou bem marcante
ao reconhecer a importância da cultura imaterial, a do 1º
Centenário do Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas. O
interessante da comemoração é que ela se realizou por
iniciativa de um Arquivo Público, sempre voltado a ações bem
diferentes da que se efetivou.
No âmbito do nomeado Patrimônio Histórico no citado
Relatório de Gestão da Fundarpe, revitalizou-se – palavra
bem em moda no período – o Horto Zoobotânico de Dois
135
Irmãos, usando-se recursos do Banco Mundial e da Fidem. Na
restauração de bens imóveis tombados se destaca a restauração
do Convento de Santo Antônio de Igarassu, projeto elaborado
na gestão anterior do qual se falou no devido lugar. Um dos
excelentes projetos de visualização iniciados pela gestão Arraes
se prendem à Reabilitação da Antiga Rua da Aurora, rua que,
na história urbana do Recife, reunia em belas casas as classes
rica e média moradoras na Boa Vista, desde o século XIX até os
primeiros anos do seguinte – uma delas foi dada de presente
por admiradores ao governador Conde da Boa Vista, no final de
seu governo, e onde passou a residir. Com as mudanças de uso
do solo, tais moradores foram deixando as casas e elas foram
se arruinando. A Fundarpe, à maneira do Corredor Cultural do
Rio de Janeiro, projetou recriar aquela imagem da cidade ora
perdida. Para tal fim, iniciou por comprar, por desapropriação,
os imóveis números 457, 463 e 469. Para tais imóveis, realizou
projetos de restauração e em dois deles programou instalar a
nova sede da Instituição.32 Outro projeto de interesse se referia
à recuperação da Maternidade do Derby, de uma feição eclética
de real valor artístico. Outra ação que se pode realçar nesta
História foi a restauração da Casa do Mestre Vitalino, artesão
caruaruense de grande valor nacional. Era ainda a valorização da
cultura popular a nota máxima da música do governo.
Vários projetos da área do Patrimônio Histórico foram
realizados e não executados por razões as mais diversas. Entre
esses projetos um nos chama a atenção: o do Terreiro ObaOgunté, no Recife. Era um destaque no Patrimônio Cultural,
de um lugar de culto africano no Recife, cujas origens vêm do
fundador o Pai Adão – apelido de Felipe Sabino da Costa. Um
elemento valioso existente no Terreiro é o fabuloso pé de Iroco
(gameleira), com suas dimensões majestosas.
Ao concluir o seu Relatório de Gestão, Leda ressaltou que
apesar das dificuldades financeiras, um problema sempre forte
nas áreas culturais, a Fundarpe cumpriu seus objetivos. As ações
desenvolvidas pela Instituição captaram-na para o desempenho
das suas funções inclusive quando procurou criar mecanismos
necessários para o exercício de suas atividades. E considerando
O SEGUNDO DECÊNIO
E SE FEZ LUZ NAS TREVAS
1983-1993
136
as suas ações culturais, ao fazer a opção pelos projetos e
programas de caráter permanente, criou paralelamente os meios
através dos quais pôde avaliar, também permanentemente,
suas ações. Partindo daí, abriu o espaço necessário para aplicar
racionalmente recursos notoriamente escassos.33
Durante a presidência de Leda Alves, formou-se um grupo de
trabalho para agilizar a reestruturação funcional, tão esperada
pelos servidores. Sob a direção do assessor técnico Fernando
Borba, foi elaborada a revisão de cargos e salários, redigido um
projeto de decreto estadual – que, aceito pela Administração,
veio a ser baixado pelo então governador Carlos Wilson – e
finalmente aplicadas as novas tabelas salariais ao funcionalismo.
Esse fato trouxe bastante ânimo ao corpo funcional e contribuiu
para a reorganização administrativa da Fundarpe.
Do governo Miguel Arraes/Carlos Wilson o Estado de
Pernambuco passou a ser dirigido pelo advogado Joaquim
Francisco, vencedor na eleição seguinte, numa reviravolta bem
comum em Pernambuco.
NOTAS DO SEGUNDO DECÊNIO
137
1 Roberto Magalhães Melo é graduado em Direito
pela então Faculdade Nacional de Direito da
Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Doutor em Direito Privado, pela
Faculdade de Direito do Recife, da Universidade
Federal de Pernambuco (1965-1966). Professor
de Direito Comercial na Faculdade de Direito
do Recife (1963-1991). Secretário de Educação e
Cultura do Estado de Pernambuco (1967-1971).
Vice-governador do Estado de Pernambuco (19791982). Governador do Estado de Pernambuco
(1983-1986). Deputado federal por Pernambuco
(Legislatura 1991-1995) e (Legislatura 1995-1999),
renunciou em 1997 para assumir a Prefeitura da
Cidade do Recife. Prefeito da Cidade do Recife
(1997-2000). Deputado federal por Pernambuco
(Legislatura 2003-2007). Roberto Magalhães é
casado com Jane Coelho Magalhães Melo, que
tem formação jurídica e é pós-graduada em
Administração e Ciência Política. O casal possui
quatro filhos: Roberto Filho, Rogéria, Carlos André
e Renata.
2 A vice-presidência do Conselho Diretor foi
exercida entre 1975 e 1981 pelo arquiteto Zildo
Sena Caldas, representante da Universidade Federal
de Pernambuco. Em 1981, tal cargo passou a ser do
arcebispo auxiliar Dom José Lamartine Soares.
3 Nesta década, o Governo de Pernambuco
assumiu de maneira efetiva as atividades da
Fundarpe. Na altura ocorreu um crescimento
das disponibilidades financeiras destinadas às
atividades culturais em valores superiores aos
destinados aos trabalhos pertinentes ao Patrimônio
Histórico construído.
4 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.
br/folha/80anos/renovacao_cultural.shtml>.
5 “Cartas-bomba foram colocadas em órgãos da
Imprensa e da OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil). No dia 30 de abril de 1981, uma bomba
explode durante um show no centro de convenções
do Riocentro. O atentado fora provavelmente
promovido por militares de linha dura, embora até
hoje nada tenha sido provado”.
Disponível em: <http://www.historiadobrasil.net/
ditadura>.
6 As quatro intervenções em bens materiais
imóveis que marcaram o início da atividade da
Fundarpe começaram e praticamente se concluíram
no governo do general Geisel.
7 Embora responsável pelo processo de abertura,
que se pretendia ser lenta, segura e gradual, Geisel
apertou ainda mais os freios, usou ao extremo os
recursos do AI-5 e se tornou o mais autoritário de
todos os governos militares. “Abertura a conta-gotas.
Governo de Ernesto Geisel”. Disponível em: <http://
www.pitoresco.com/historia/republ407.htm>.
8 Disponível em: <http://www.historiadobrasil.
net/ditadura>.
9 Somente extinto no apagar da luzes de seu
governo, no dia 1 de janeiro de 1979.
10 Disponível em: <http://www.historiadobrasil.
net/ditadura/>.
11 Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/
conhecimento/livro50anos/Livro_Anos_80.pdf>.
12 Ibid.
13 Um tipo de literatura quase artesanal, em que
os poetas e escritores em geral, mimeografavam
seus produtos e se reuniam para vendê-los, eles
próprios, em bares, paradas de ônibus, teatros,
cinemas, boates etc. (Mimeógrafo era uma
máquina em moda na época, hoje quase sem uso.
O texto era datilografado em um papel especial –
chamado estêncil e duplicado a álcool ou a óleo.
Era a copiadora daqueles tempos – uma coisa bem
jurássica). Aqui no Recife, diversos locais foram
pontos e/ou sede desses produtores culturais. Tais
como: Cervejaria 7 (Rua Sete de Setembro. No local
funcionava um complexo de Cervejaria, Discoteca,
Livraria e Teatro. Ali se reuniam muitas pessoas dos
meios culturais da cidade. Artistas plásticos, atores,
diretores teatrais, bailarinos e notívagos em geral.
Uma verdadeira vitrine, onde diversos produtos
estavam expostos – sendo a cultura o prato principal.
Aqui um registro do saudoso diretor teatral Marcos
Siqueira (responsável pelo teatro desse complexo),
Bar Savoy (Av. Guararapes), A Nova Portuguesa
(Rua Siqueira Campos), Bar Mustang (Av. Conde
da Boa Vista), Gambrinus (Av. Marquês de Olinda)
e outros. ARAÚJO, Albemar. “Moisés Neto, o
produtor cultural”.
Disponível em: <http://www.moisesneto.com.br/
albemararaujo.html>.
14 Tal atividade teve início em anos anteriores
com a ação do teatrólogo Milton Bacarelli. Em
1980, o processo se organizou da maneira como
previam os Estatutos. Era a Chefia do Centro de
Documentação exercida, de 1980 a 1981, pela
historiadora Virgínia Pernambucano de Mello.
Depois passou para o fotógrafo Daniel Lins
Menucci (1981-1982) e finalmente, em 1983, para
a bibliotecária Izabel Cristina Estevão de Azevedo.
15 As edições mais importantes foram as
seguintes: Coleção Pernambucana, 1ª Fase
–Vocabulário Pernambucano, de F. A. Pereira da
Costa; Memória histórica e biográfica do clero
pernambucano, de padre Lino do Monte Carmelo;
Dicionário topográfico, estatístico e histórico da
província de Pernambuco, de Manoel da Costa
Honorato; Os tempos de Lima Cavalcanti, de Costa
Porto; Ensaios pernambucanos, de vários autores;
Diálogos com Agamenon Magalhães, do padre
Romeu Peréa; Annais da medicina pernambucana
(1842-1844); Estudos pernambucanos, de Alfredo
de Carvalho; Os tempos de Duarte Coelho, de
Costa Porto; Tempo dos flamengos, de José Antônio
Gonsalves de Mello; Notas dominicais, de L. F.
O SEGUNDO DECÊNIO
E SE FEZ LUZ NAS TREVAS
1983-1993
138
Tollenare; Subsídios para a história da educação em
Pernambuco, de Ruy Bello; Tempos de Gervásio
Pires, de Costa Porto. Ainda quando da 1ª Fase
outros títulos foram editados – Folclore, de Vários
autores; Verdevida (O tempo simultâneo), de Maria
do Carmo Barreto Campello de Melo; Fascínio do
candomblé, de José Amaro Santos da Silva; Pequeno
calendário histórico-cultural de Pernambuco, de
Leonardo Dantas Silva; Ritmos e danças – Frevo,
de Leonardo Dantas Silva; Monumentos do Recife,
de Rubem Franca; Mouros e judeus na tradição
popular do Brasil, de Luís da Câmara Cascudo;
História do futebol em Pernambuco, de Givanildo
Alves; Cancioneiro pernambucano, de Leonardo
Dantas Silva e O imperador itinerante, de Fernando
Gouveia. Na 2ª Fase foram os seguintes os títulos:
História da guerra de Pernambuco, de Diogo Lopes
Santiago; Raras e preciosas vistas e panoramas do
Recife – 1755-1855, de Gilberto Ferrez; Primeira
visitação do Santo Ofício a Pernambuco – Confissões
e Denunciações (1593-1595); Memórias de um
senhor de engenho, de Júlio Bello; Os Azevedos do
Poço, de Mario Sette; Apartamento de cobertura, de
Hílton Sette; O seminário de Olinda e seu fundador
Azeredo Coutinho, de monsenhor Severino
Nogueira; Fontes para a história de Pernambuco,
de Fernanda Ivo Neves; Sé de Olinda, de José Luiz
Mota Menezes; Anais pernambucanos – índice
geral e onomástico, de Geny da Costa e Silva; Os
tempos da República Velha, de Costa Porto; Hermilo
Borba Filho: por um teatro do povo e da terra, de
Luiz Maurício de Britto Carvalheira; Calamidades
de Pernambuco, de Manuel dos Santos; Memórias
(Estas minhas reminiscências) de Oliveira Lima;
Frases e Palavras, de Alfredo de Carvalho; Guerreiros
do sol, de Frederico Pernambucano de Mello, e
Luiz Gonzaga: o sanfoneiro do riacho da Brígida,
de Sinval Sá.
16 A Torre do Donatário estava incorporada ao
Sobrado Velho de Olinda, como era conhecido,
localizado quase diante da Igreja da Sé. Com as
obras do Belvedere tudo foi demolido e sequer
se percebeu na altura tal condição de interesse
da casa destruída. Sua localização é simples e
ainda se podiam ver em 1961 os restos dos seus
alicerces no quintal de um bar chamado Cantinho
da Sé. Uma revista da segunda década do século
XX reproduziu foto do sobrado que aproveitou as
paredes da velha torre.
17 A torre de Duarte Coelho, um donjon, foi
localizada de maneira talvez enganada depois do
cruzeiro da Sé. No entanto, um mapa trazido pelo
historiador José Higino Duarte Pereira a localiza
conforme a nota acima. O mapa se encontra no
Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico
Pernambucano.
18 A primeira experiência de remoção, nesses
termos, se deu em Olinda na sacristia do Convento
dos Franciscanos. Era orientador do projeto o
engenheiro Raimundo Oliva, dos quadros do
IPHAN.
19 MELLO, neto, Ulysses Pernambucano de.
Arquitetura franciscana: tempo e forma, in Revista
do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico
Pernambucano, volume LVIII, Recife, 1993. p. 329
e seguintes.
20 MELLO, 1993, op. cit., p. 330 e seguintes.
21 O projeto de restauração da igreja e o
acompanhamento das obras se devem ao arquiteto
Carlos Alberto Carneiro da Cunha, do quadro da
Instituição. A prospecção arqueológica se deve ao
arqueólogo Ulysses Pernambucano de Mello.
22 Uma relação dos projetos se encontra no livro
de LÓSSIO, 1987, op. cit., p. 134-135.
23 No projeto de intervenção restauradora
atuaram como desenhistas a estagiária Mônica
d’Emery Alves Reyes, depois comunicadora visual
contratada pela Fundação, e Ubiratan Ângelo. O
projeto literal de organização do Espaço Pasárgada
se deve ao poeta Audálio Alves, ao arquiteto
Fernando Borba e ao advogado Fernando Araújo.
O resultado da restauração deu origem a um folder
editado pela Fundarpe com programação gráfica
de Luís Arraes. As fotografias do folheto foram
dos fotógrafos da Fundação Francisco de Assis
Lima e Elpídio Suassuna. As obras de restauração
do Espaço estiveram sob a direção do engenheiro
Flávio Morais Rodrigues, também especialista em
cinema. O estudo orçamentário foi realizado pelo
engenheiro Tarcísio Paiva Ferreira.
24 Miguel Arraes de Alencar (Araripe, 15 de
dezembro de 1916 – Recife, 13 de agosto de
2005). Advogado, economista e político brasileiro.
Popularmente conhecido, e assim chamado pelo
povo, como Pai Arraia, o Dr. Arraes foi personalidade
de destaque no cenário nacional, membro e
importante líder do Partido Socialista Brasileiro
(PSB). Nasceu no interior do Ceará, primogênito
e único filho homem de Maria Benigna Arraes de
Alencar e José Almino de Alencar e Silva, pequenos
agricultores do sertão nordestino. Foi prefeito do
Recife, deputado estadual, deputado federal e por
três vezes governador do Estado de Pernambuco.
Miguel Arraes morreu a 13 de agosto de 2005, às
11h40min, no Hospital Esperança, Recife, onde
estava internado desde 17 de junho, por conta de
uma infecção pulmonar. Segundo boletim médico,
a causa da morte foi “choque séptico causado
por uma infecção respiratória agravada pela
insuficiência renal que ele vinha apresentando”.
O atual governador do Estado, Eduardo Campos, é
neto de Miguel Arraes.
25 Carlos Wilson Campos nasceu no Recife,
em março de 1950. Iniciou sua vida pública em
1972 como oficial de gabinete do Instituto de
Colonização e Reforma Agrária (Incra), na gestão
139
do então presidente José Francisco de Moura
Cavalcanti. Em 1974, elegeu-se deputado federal,
sendo reeleito em 1978 pela Arena e em 1982,
pelo PMDB. Em 1986, foi eleito vice-governador
na chapa de Miguel Arraes. Carlos Wilson assumiu
o Governo do Estado em abril de 1990, ficando
no cargo durante 11 meses. Em 1992, assumiu
a Secretária Nacional de Irrigação, a convite do
então presidente Itamar Franco. Em 1994, elegeu-se
senador por Pernambuco. Em 2003, foi convidado
pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula
da Silva, para assumir o comando da Infraero.
Atualmente exerce o mandato de deputado federal,
eleito pelo PT, em 2006, com 141,2 mil votos.
26 Lei n º 10.429 de 10 de maio de 1990.
27 Sobre a Livro 7, do livreiro Tarcísio Pereira,
uma referência no Recife, desaparecida há certo
tempo, valem a pena as palavras de Samarone Lima
na Coluna Cotidiano do Jornal do Commercio de 6
de janeiro de 2008: “Sim, amigos, a lendária Livro
7, do Tarcisio Pereira, fez parte da vida de muita
gente, especialmente da minha. Aliás, fez parte
da história do Recife. Foi lá que encontrei abrigo
nas noites mais tristes, naquele período liseira total
de Casa do Estudante, entre 1987 e 1992, meu
primeiro ciclo de ‘estudante-que-depende-dorestaurante-universitário-da-Federal’.
Quantas horas eu não passei na Livro 7, entre
aquelas prateleiras rústicas?! Lembro daqueles
vendedores com cara de que moravam na UR-7,
Ibura, Cohab 7, menos cabeça feita que os da
Cultura, mas capazes de comentar sobre o resultado
do Santa Cruz na rodada anterior e falar do resultado
do jogo do bicho da noite. Sim, gente que bebe
cerveja em copo americano, e pede um ‘ele/ela’
na saída do trabalho para desafogar o cansaço. E as
fotos emolduradas nas paredes? Hermilo, Ariano,
Osman Lins. Eu, que tinha chegado de Fortaleza
com uma bagagem cultural meia-boca, comecei
a encontrar essas criaturas e descobri que meu
coração ficaria por aqui mesmo. Para completar,
eu tinha um jornaleco na Casa do Estudante, o
‘Correio Cultural’, e Tarcisio apoiou diversas vezes,
dando uma grana fundamental para o projeto não
morrer.”
28 FUNDARPE. 1987-1991. Gestão cultural
pelas mãos do povo. Recife: Governo do Estado
de Pernambuco, Secretaria de Educação, Cultura e
Esportes/Fundarpe, 1991. p. 7-8.
29 29 de poesia, 4 de crônicas, 13 ensaios, 8
romances, 3 de teatro, 2 de literatura infantil,
4 de memórias, 1 de cordel, 8 de contos, 2 de
pesquisas e 1 de antologia, totalizando 75 edições,
apoiadas pela Companhia Editora de Pernambuco.
FUNDARPE. 1987-1991, 1991, op. cit., p. 11.
30 O Congresso se reuniu quatro vezes, uma no
Teatro de Santa Isabel e as três outras no Centro de
Convenções.
31 O centro da temática sendo aquele
Concurso Literário e a necessidade de apresentar
à comunidade novos autores levou a tal escolha.
FUNDARPE. 1987-1991, 1991, op. cit., p. 11.
32 Os projetos foram de responsabilidade dos
arquitetos Paula Peixoto e Gustavo Bandeira.
33 FUNDARPE. 1987-1991, 1991, op. cit., p. 21.
140
MAIS QUINZE ANOS
DE VIDA
1993-2008
MAIS QUINZE ANOS
DE VIDA
1993-2008
141
MAIS QUINZE ANOS
DE VIDA
1993-2008
A DÉCADA DE 1990 E O BRASIL CULTURAL
142
Página anterior,
Detalhe de friso de azulejo
português do século XIX
Foto Eudes Santana
Um dos mais tristes episódios
dos inícios da década de 1990 foi
materializado no confisco da poupança
de toda a gente, efetivado pelo
presidente eleito Fernando Collor de
Mello. Com tal medida a simpatia
que levou muitos brasileiros a elegêlo se transformou gradualmente em
antipatia e no desenrolar do processo
que terminou com o seu impeachment.
No governo que sucedeu a esse
presidente, o de Itamar Franco, o país
experimentou estabilidade econômica
e crescimento com a criação do Plano
Real em 1994, que igualava a paridade
da moeda brasileira ao dólar. Bafejado
pela simpatia decorrente da criação do
Real, o ministro da Fazenda à época,
Fernando Henrique Cardoso, veio a
se eleger presidente da República por
duas vezes seguidas naquela década. O
Real só começaria sua desvalorização
no final dos anos noventa.
Essa década trouxe o
desenvolvimento tecnólogico mais
rápido da história, tornando populares
e aperfeiçoando tecnologias inventadas
no decênio anterior. Na eletrônica
o computador individual começou
a tornar a informação acessível a
toda a gente de melhores condições
econômicas. O desenvolvimento de
procesadores e plataformas, qual a
Windows, tornou o uso do computador
mais fácil e independente de uma
tecnologia de uso complicado, qual
aquela sob plataforma DOS. A Internet
revolucionou o sistema de informação
e a dimensão de tais mudanças vai
se sentir fortemente até o final da
década de 1990, estendendo-se daí
para frente com maior velocidade. A
popularização da plataforma Windows
foi aperfeiçoada com o uso do
Windows 95. O desenvolvimento de
software de programas os mais diversos
propiciou ao computador individual
uma força tão grande quanto aquela
a que se assistiu com a invenção da
imprensa no século XVI. Para o Brasil,
inúmeros softwares foram produzidos
em português, o que verdadeiramente
facilitou seu uso por um contigente
maior da população. A comunicação,
aquela parte forte do governo dos
militares, veio a tomar grande
impulso no Brasil com a introdução
e o barateamento gradual do telefone
móvel, o celular. Singular foi, no final
da década, a expectativa quanto ao
chamado bug do milênio – quando
o mundo inteiro esperava acontecer
uma confusão total das informações,
acarretada pelo desencontro das
datas, nas máquinas, a partir de
2000, o que felizmente não ocorreu.
Na gravação de músicas, surgiu o
sistema CD, aposentando o velho
vinil e permitindo melhor resultado e
durabildade. Depois, para a gravação
não somente do som como também da
imagem, apareceu a grande invenção
do DVD. Este último processo foi uma
decorrência da melhoria da qualidade
143
dos sistemas de gravação nos então
excelentes laboratórios. Gradualmente
a civilização do livro vai deixando
lugar para a da imagem, quando esta,
com texto falado, deixou ao criador da
cena aquilo que seria do receptor ao
ler um livro. Imaginar e recriar desde a
leitura de um texto tornou o processo
de entendimento mais fácil, mas a
ausência de criatividade do leitor foi
pouco a pouco deixando a cena.
No campo do desenvolvimento
científico, a década assiste a
importantes avanços, como a
exploração, pelos físicos, do tempo
e do espaço com a teoria das cordas;
detecção de planetas extra-solares;
clonagem da ovelha Dolly; começo do
Projeto Genoma Humano; descoberta
do DNA, permitindo o máximo de
segurança na identificação de pessoas,
o que tem sido indispensável em
casos de investigação criminal; o
telescópio espacial Hubble, lançado
em 1990, revolucionou a astronomia;
a mortalidade causada pela AIDS
diminuiu com a descoberta e o uso
de inibidores de protease; a nave
Pathfinder da NASA aterrissou em
Marte e deixou no planeta o veículo
Sojourner, que analisou a geologia e a
astronomia marciana; o Cometa HaleBopp passou pelo Sol depois de 4,2
mil anos; o processo de reciclagem de
biodegradáveis se torna mais difundido;
alimentos genéticamente modificados
são desenvolvidos comercialmente; na
astrofísica, a descoberta de mistérios
como matéria escura, energia escura
e anãs marrons; a confirmação da
existência de buracos negros no
Universo; a sonda Galileu conseguiu
orbitar Júpiter, nos confins do Sistema
Solar, estudando o imenso planeta e
suas luas...
O panorama das guerras e da
política projetou a década como
das piores até então com a invasão
americana do Iraque; a “união”
das potências: Estados Unidos e
Rússia; a importante União Européia
se consolidou e a Irlanda elegeu
presidentes mulheres. Outros fatos
tornaram a década um exemplo de
desrespeito aos Estados constituídos e
à liberdade de cada cidadão em seu
território, tudo em prol de uma defesa
da paz, quando o interesse maior das
nações centrava-se mesmo na busca do
petróleo e na imposição de ideologias
de interesse das potências maiores.
No campo da economia mundial,
com reflexos no Brasil, podem-se
anotar: o Acordo Geral sobre Tarifas e
Comércio (GATT) que leva à criação
da Organização Mundial de Comércio;
o Tratado Norte-Americano de Livre
Comércio (NAFTA), destinado a
eliminar barreiras comerciais entre
EUA, México e Canadá, assinado por
Bill Clinton; a ratificação do Mercosul,
unindo Brasil, Argentina, Paraguai
MAIS QUINZE ANOS
DE VIDA
1993-2008
144
e Uruguai; o boom das bolsas que leva ao “dot.com.boom”
(explosão.com), acarretando muitos financiamentos em Internet;
e, finalmente, as crises financeiras que atingem a Ásia em 1997 e
1998 após grandes desenvolvimentos econômicos.
No que se refere à natureza, os impactos criados pelo homem
com relação ao meio ambiente se tornam mais graves, passando
a ser mais considerados na década. No Brasil, a questão da
Amazônia vai se tornando evidente e preocupante diante do
desmatamento e em face das insuficientes ações estatais para
conter o risco vital que isso pode causar. A questão indígena é
destaque e pouco se fez para solucionar tal problema em uma
escala aceitável.
Grandes atentados e crimes se materializaram no período,
qual o praticado por dois estudantes americanos em
Colombine, matando 12 colegas, como mostrado no expressivo
documentário de George Moore, sem dúvida um alerta lançado
ao mundo em favor do desarmamento. Muitos atribuem a
escalada da violência ao grande interesse do cinema e da
televisão americanos em valorizar a luta armada. Seja como for,
o que se vê abundantemente são desenhos animados e jogos
eletrônicos, americanos ou japoneses, exibindo personagens
fortemente armados que matam como por esporte, tornando-se
heróis nos quadrinhos, na telinha da TV e na tela grande dos
cinemas. A produção de filmes nos Estados Unidos é vinculada
à montagem de um gande cenário para a materialização do
soldado universal e forte.1
O PANORAMA MUNDIAL DA CULTURA E O BRASIL
145
O Brasil na década de 1990 acompanhou, graças à Internet, à
televisão e ao cinema as manifestações culturais que ocorreram
em todo o mundo.2 Por outro lado, artistas brasileiros se
afirmaram na Europa, Estados Unidos e América Latina. O
comércio de importação de discos, CDs, DVDs e outras mídias
levou o Brasil a ser o grande espaço para o espetáculo, e a
comunicação se fez de forma larga em todo o país, beneficiada
pelo incremento das redes de televisão, quer as das emissoras
ou as transmitidas por cabos ou satélites.3 No período, a cultura
brasileira tornou-se mais valorizada com a ressureição do
cinema, registrando-se um incremento na produção do filme
brasileiro e a boa acolhida de músicos brasileiros no exterior. O
esporte também passou por bons momentos, com 18 medalhas
olímpicas e títulos mundiais em futebol e basquete. No âmbito
mundial, a cultura jovem foi caracterizada por ambientalismo,
antiglobalização capitalista, empreededorismo e vulgaridade
artística. A moda se tornou individualista e ousada, com as mais
notáveis espécies de maiôs, vestidos, bolsas, sapatos, e também
na moda corpórea, como os cortes revolucionários de cabelo,
as tatuagens e os piercings. Jovens se interessaram por atividades
ligadas à natureza, como escalada,caiaque, trilhas, bungee
jump.4 O rock nacional revelou vários nomes: dos mineiros Jota
Quest e pto Fu, ao mangue beat, passando pelos Raimundos e
Mamonas Assassinas. No heavy metal, destaque para os paulistas
doAngra. No hard rock nacional, destacaram-se Dr. Sin e Golpe
de Estado. No entanto, gêneros brasileiros como o pagode, o axé
e o sertanejo ultrapassaram o rock em vendagem no Brasil. Na
década de 1990, surge com muita força, talvez por influência
de grupos marginalizados americanos, o funk e com ele as
tribos urbanas. Estas se posicionavam contrárias ao governo
estabelecido e ao pragmatismo social legado pelo movimento
militar de 64. Eram contra, mas também se situavam do outro
lado dos caras pintadas que segundo declararam retiraram Collor
para eleger Maluf. Às tribos se interligam as bandas em grande
número e tais galeras globalizaram a cultura com adaptações
de músicas estrangeiras e novas criações. É o momento forte do
afoxé e outros ritmos baianos.
MAIS QUINZE ANOS
DE VIDA
1993-2008
146
Estação Ferroviária de Petrolina
Foto Eudes Santana
Todos esses avanços transmitidos
pelos meios de comunicação
eram recebidos com naturalidade.
A juventude e a gente adulta
participavam, democraticamente, em
função das condições econômicas
dos acontecimentos e, em maior
escala, naturalmente por aqueles que
posuíam computadores de pequeno
porte. A importância da História tem
seu crescimento à luz da informação
que veiculava a natureza da Memória
Nacional como fator necessário
à nação brasileira. Timidamente,
revistas dedicadas à História mundial
incorporaram temas nacionais na sua
programação.5 Tudo isso repercutiu
de maneira positiva nessa década, nas
ações da Fundação pernambucana.
O nível de exigência e a condição
decorrente do reconhecimento de que
cidadania é uma força passaram a
ser parte das preocupações de quem
lida com os bens culturais; assim, o
147
número de reportagens e denúncias,
sendo maior, obrigou, por sua vez, o
governo a adotar ações efetivas. Tudo
isso deixou a Fundação de certo modo
numa encruzilhada, de onde não seria
possível sair sem uma medida imediata,
ou se deixaria tudo atrelado a um novo
rumo, para ser meta futura do governo.
Um acontecimento que despertou
grande interesse no Brasil foi a
presença de Chico Sience e seu
mangue beat. Falecido em um
desastre de automóvel em 1996, sua
obra musical estabeleceu uma forte
relação entre os ritmos mais novos,
vindos do exterior, e aqueles nativos e
presentes em Pernambuco. Na esfera
de sua atuação, despertou o Brasil
para uma releitura moderna de sons
bem típicos do Nordeste, por ele
recriados magistralmente. Sua atuação
teve enorme importância ao revelar
novas leituras para o que acontecia
tradicionalmente na região onde viveu.
Cantor, compositor. Francisco de Assis
França foi criado no bairro de Rio
Doce, em Olinda. Naquela época, o
garoto Chico ganhava uns trocados
durante o dia fazendo biscates na
vizinhança, para garantir a entrada
nos bailes funk dos finais de semana.
Seus ídolos eram James Brown, Sugar
Hill Gang, Kurtis Blown, Grand Master
Flash e outros grandes nomes da Black
Music. No início da década de 1980,
participou de grupos de dança e hip-
hop antes de ingressar nas bandas
Orla Orbe e Loustal, influenciadas por
ritmos e estilos norte-americanos como
o soul, o funk e o rap. Por volta de
1991, passou a conviver com o bloco
afro Lamento Negro, de Olinda. Com
isso, cria uma fusão entre a música pop
americana e os ritmos pernambucanos,
em especial o maracatu. Impressionado
com a energia do grupo, Chico Science
resolveu experimentar a potencialidade
dos percussionistas, mixando os
ritmos regionais com sua bagagem
de black music. Para incrementar
a nova fórmula, ele convocou dois
companheiros do Loustal: o guitarrista
Lúcio e o baixista Alexandre. Estava
formado o Nação Zumbi, do qual se
tornou o principal expoente. O grupo
fez apresentações diversas no Recife e
em Olinda, disseminando o gênero que
ficou conhecido como mangue beat.
Em 1993, já conhecidos no Nordeste,
os amigos fazem shows em São Paulo
e em Belo Horizonte, despertando a
curiosidade do público e da mídia.
Com a gravação dos dois discos de
que Chico efetivamente participou, a
popularidade do conjunto aumentou,
levando-os a excursões internacionais.
Morreu precocemente em um acidente
de automóvel.6
Na década de 1990, diante da
consolidação maior da liberdade
de expressão cultural no Brasil,
retomaram-se nos Estados da União
MAIS QUINZE ANOS
DE VIDA
1993-2008
148
Prefeitura de Gravatá
Foto Eudes Santana
as atividades culturais. No sul do país,
foram rodados filmes de produtores,
alguns deles com patrocínio das Leis
de Incentivo à Cultura e com mecenas
esclarecidos, e até com empresas
internacionais. Com isso, assistiuse aos surgimentos de produções
cinematográficas que marcaram época
quais Carlota Joaquina, O quatrilho, O
que é isso, companheiro e Central do
Brasil, este útimo filme candidato ao
Oscar americano. Desde a temática
histórica, um tanto caricaturada do filme
sobre a rainha Carlota, até os de natureza política, críticos em
relação à ditadura militar, ou abordando costumes locais, como
o que tratou da gente do Rio Grande do Sul. No texto sobre o
Incentivo à Cultura, José Álvaro Moisés chega a afirmar que o
cinema brasileiro poderá reconquistar, a curto prazo, o lugar de
destaque que havia alcançado no panorama cultural no início
dos anos 60, com Terra em Transe e outros filmes. É um sinal de
que a indústria cinematográfica tem futuro no país.7 O mesmo
autor ainda nos informa que também na área do patrimônio
artístico e cultural as iniciativas são tantas e tão diferentes,
tomadas em distintas esferas de responsabilidade pública,
que estão a demonstrar que em sociedades como a brasileira,
quando se logra alcançar um estágio razoável de controle da
inflação e de estabilidade econômica, a energia social antes
empregada pela comunidade na luta pela sobrevivência pode
ser canalizada também para a preservação das identidades
culturais.8
De Pernambuco partiu a nova maneira de entender cultura
e aculturação na medida em que se procuraram caminhos
diferentes e compatíveis com a gente que ouvia e recebia novos
ritmos e outras manifestações culturais vindas da aldeia global.
Na esfera nacional, como disse, a retomada cultural no
Brasil pôde ser percebida na música, na literatura e, mais
149
importante ainda, em um extraordinário fenômeno de mídia,
que reflete o interesse dos brasileiros pela produção cultural do
país. Certamente, a revalorização das atividades dos museus
e das artes plásticas – com exposições de pintura e escultura
de artistas como Rodin, Miró, Monet e Maillol, sem esquecer
a própria Bienal de Artes de São Paulo – foram reflexos desse
interesse, ao mesmo tempo em que o criavam. Desde 1994, tais
eventos atraíram a atenção de mais de 2 milhões de pessoas,
deixando para trás a percepção tradicional que creditava o
interesse pela linguagem plástica apenas a parcelas eruditas do
público. Na realidade, essas mostras de extraordinária beleza
e valor transformaram-se em manifestações culturais de massa,
particularmente do público mais jovem, mostrando que o espaço
está aberto para novas iniciativas semelhantes.9
Um aspecto importante a se assinalar e relacionado com
a cultura é a do financiamento da produção pelas empresas.
Estado e empresas em pareceria passaram a incentivar a
construção dessa cultura. Com efeito, a partir de importantes
reformas introduzidas em 1995 e 1996 na legislação de incentivo
fiscal à cultura, e só a nível federal, onde o incentivo ocorre a
partir de deduções no Imposto de Renda dos patrocinadores
privados, o Governo atraiu investimentos que ultrapassaram
os 180 milhões de reais nos dois primeiros anos de governo.
O Governo Federal reconhecia que também lhe caberia papel
fundamental no financiamento a fundo perdido da cultura,
particularmente no que diz respeito às atividades que, pela sua
natureza, não chegam ou não têm atrativo no mercado. Por
essa razão, pela primeira vez em muitas décadas, aumentouse em mais de 100% o orçamento do Ministério da Cultura
de um ano para o outro, fazendo-o passar de R$ 104 milhões,
em 1995, para R$ 212 milhões, em 1996. Além disso, através
de suplementações orçamentárias e de um acordo inédito
com o BID, ao final de quatro anos, em 1998, o Governo
Federal aplicou quase 300 milhões de dólares no restauro de
sítios históricos e na recuperação de áreas urbanas, em vários
estados do País, onde há forte interação entre a cultura e partes
do tecido urbano deteriorado ou em deterioração. Ainda,
MAIS QUINZE ANOS
DE VIDA
1993-2008
150
Igreja Matriz de Cabrobó
Foto Arquivo da Fundarpe
151
através de investimentos diretos, o
Ministério da Cultura tem apoiado a
recuperação de arquivos públicos,
fomentado produções na área das artes
cênicas, estimulado a renovação e a
consolidação de orquestras sinfônicas
e apoiado as reformas de museus,
teatros e espaços culturais de diferentes
naturezas. São todos os sinais de que o
Estado e a sociedade percebem, cada
vez mais, a importância da cultura para
a qualidade de vida das pessoas.10
Em Pernambuco passou a ser
incentivada a produção cultural por
meio de uma Lei própria e que teve
na Fundação seu órgão executor. A
lei estadual incentivou a criação da
municipal. Depois de aprovado o
regulamento da nova legislação, vários
foram os empreendimentos financiados
pela Lei de Incentivo, passo enorme
para a cultura pernambucana.
MAIS QUINZE ANOS
DE VIDA
1993-2008
UM GOVERNO ENTRE DUAS DÉCADAS · 1991-1995
Ao lado,
Cine Teatro de Triunfo
Foto Eudes Santana
152
Em 1991, sucedendo a Carlos
Wilson, o advogado Joaquim
Francisco11 assumiu o Governo do
Estado de Pernambuco. Pela Secretaria
de Educação, Cultura e Esportes, na
oportunidade, passou a responder o
professor Roberto José Marques Pereira
que exercera antes o cargo de diretor
presidente da Fundarpe na gestão do
governador Roberto Magalhães. Para
a Presidência da Fundação, o governo
convidou Rubem de Souza Valença
Filho. A Diretoria Administrativa
e Financeira ficou com a senhora
Áurea Maria da Cruz Igrejas Lopes. A
Diretoria de Patrimônio passou a ser de
responsabilidade do arquiteto Roberto
Salomão do Amaral e Melo. A Diretoria
de Assuntos Culturais, com o advogado
Tarciano Domingues da Silva.12
Em Relatório correspondente
aos anos de 1991 a 1993, Rubem
Valença Filho me informa que: Nos
últimos três anos, o Governo do
Estado e a Fundação do Patrimônio
Histórico e Artístico de Pernambuco
(Fundarpe) promoveram ações em que
todos os segmentos culturais foram
beneficiados. A cultura foi vista nas
suas mais variadas formas e expressões.
Até aí, muito bem. O que causa
espécie se resume na frase seguinte,
quando ele diz que o maniqueísmo
na relação Governo/agentes culturais
foi deixado de lado. Em seu lugar,
surgiu uma ação com o objetivo de
garantir o desenvolvimento dos mais
variados projetos, sem qualquer tipo
de preconceito ou privilégio. A crítica
às atividades da gestão anterior da
Fundação parece ter sido apresentada
com bastante ênfase. Na verdade o
que mudou foi o cenário político do
Estado e as palavras do presidente da
Fundarpe revelavam ainda presente
um momento bem de oposição ao
governo anterior. Em 1993, a Fundação
completou 20 anos de atividades.
Toda caminhada começa com um
passo. Utilizando este provérbio chinês,
Rubem Valença iniciou uma Proposta
de Plano de Ação para a Fundarpe em
agosto daquele ano de 1991. O lugar
onde a proposta foi debatida: a Casa
do Barão Rodrigues Mendes, sede da
Academia Pernambucana de Letras.
O Seminário se intitulava Diagnóstico
e Planejamento da Fundarpe. Tal
prática na ocasião era uma praxe.
Também a Universidade Federal
de Pernambuco realizava tal ação.
Reunir e debater futuras atividades da
Instituição com servidores era uma
postura singular e que os entusiasmava.
Tanto que na edição do Relatório do
Seminário assim ficou dito: A fase
inicial do Seminário mexeu muito com
a emoção dos 33 participantes. Foi o
momento de se fazer o diagnóstico
interno, analisando-se os pontos
fortes e fracos da Instituição. Tudo se
vinculava ao slogan do governador:
MAIS QUINZE ANOS
DE VIDA
1993-2008
154
Cine Teatro de Triunfo
Foto Eudes Santana
Cresce Pernambuco. Segundo
aquela publicação, a Avaliação
do Seminário pelos participantes
foi positiva. Concordou-se que as
dificuldades enfrentadas deveram-se,
em grande parte, à falta de prática das
instituições públicas de promoverem
o planejamento participativo. Ficou
a certeza de que o grande desafio, a
partir de agora, de todos os que fazem
a Fundarpe, é de pôr em prática o
Plano de Ação 91. A quantidade dos
projetos apresentados e defendidos
pelos diretores e representantes das
unidades da Fundação foi considerada
surpreendente. O Documento referido
relacionava os Objetivos e Metas para
o ano de 1991.13
A administração Rubem Valença
em um primeiro momento e com a
participação do escultor Abelardo da
Hora restaurou vários monumentos
espalhados nas praças do Recife.
Foi uma tarefa de grande interesse,
considerando que boa parte das obras
estava danificada quer pelo tempo ou
por vândalos.
Ao prosseguir com a restauração do
Convento de Santo Antônio de Igarassu,
foi reinstalada a antiga Pinacoteca
que o IPHAN havia organizado em
um grande salão do cenóbio. Tal
Pinacoteca é formada por quadros da
Igreja da Sé de Olinda, a maioria das
peças, e de outras casas religiosas.
Na oportunidade, restauraram-se os
quadros com datas de execução entre
os séculos XVII e seguinte.
Com relação à restauração de
edificações do Estado de Pernambuco,
ressalto a do Teatro Guarani, em
Triunfo, 1ª fase. Trata-se de edificação
inscrita no Livro de Tombo Estadual,
datada do início do século XX e
considerada de interesse para a cidade.
A Fundarpe lentamente procurava
interiorizar as suas ações em lugares
do Estado onde nem sequer a história
das construções era conhecida.
Pernambuco por boa parte do tempo
somente se interessou em termos
de patrimônio cultural com a área
litorânea e em poucos casos com a
do Agreste. O Sertão ainda era um
grande desconhecido e nele ainda são
ausentes intervenções restauradoras
em bens imóveis. A penetração para
o interior do território pernambucano
se deu com maior ênfase depois da
virada do século XVII para o seguinte.
155
Essa região distante do litoral foi mais
depressa ocupada pela gente vinda
da Bahia, diante da dificuldade de se
transpor a Serra da Borborema. Assim,
o desenvolvimento de povoações, vilas
e cidades em Pernambuco é bem do
século XIX e, dentro desse parâmetro,
as edificações mais importantes de
cada localidade foram edificadas no
gosto eclético. Contam-se poucas
construções de época anterior. O
Ecletismo era um estilo considerado
de pequeno interesse até bem pouco
tempo e assim praticamente nada
foi valorizado também pelo governo
federal no Agreste e no Sertão. A
Fundação, seguindo as linhas básicas
teóricas do IPHAN, também demorou a
pôr os olhos nessas regiões.
Uma intervenção em prédio desse
gosto eclético se realizou com o apoio
da Fundarpe em ação da Companhia
Pernambucana de Saneamento
(Compesa). Tratou-se da restauração do
Chalé do Açude da Prata, pertencente à
empresa. Um belo exemplar neogótico
dominava na segunda metade do século
XIX a margem de um açude da antiga
Companhia do Beberibe. Construído
para uso dos engenheiros ingleses, ele
terminou por ser o lugar de vários usos
da empresa de águas. Na gestão de
Luciano Barreto e de outros presidentes
da Compesa, foi ele restaurado
integralmente com projeto da Fundação,
organizado na gestão de Rubem
Valença. Prosseguindo o Programa da
gestão anterior do “corredor cultural”
da Rua da Aurora, inauguraram-se os
prédios de número 379 e 387. Os de
números 463 e 469 estavam em 1993
quase concluídos.
Com relação à política de
tombamento, o governo Joaquim
Francisco continuou a selecionar
bens culturais significativos para
Pernambuco e inscrevê-los em um
Livro de Tombo.
O Festival de Inverno de Garanhuns
teve prosseguimento como um
programa permanente do governo.
Iniciativa que continuava uma
anterior e que, nessa gestão, ganhou
dimensão acima das expectativas
iniciais. Em 1993, chegou-se a
reunir em Garanhuns mais de 500
mil pessoas. Com relação à Cultura
Popular, foi realizado mais um
Congresso de Cantadores. A Fundarpe
em 1993 informou em um Relatório
ter produzido cinco discos onde
se gravaram músicas de frevos de
Pernambuco.
Um dos artesãos mais conhecidos
além das fronteiras do Estado de
Pernambuco é o Mestre Vitalino.
Em gestões anteriores, a Fundarpe o
homenageou com a criação de um
Museu em uma das celas da Casa da
Cultura com exposição de algumas
de suas peças. No governo Joaquim
Francisco, a Fundação e a Prefeitura de
157
Caruaru, em trabalho conjunto, instalaram o Museu de Vitalino,
no Alto do Moura, local daquela cidade onde nasceu e viveu
o ceramista. Restaurou-se a antiga casa do mestre e nela se
criou o Museu da Cerâmica e do Barro, que passou a abrigar a
Coleção Abelardo Rodrigues de peças de barro e outros objetos
artesanais. O forno do mestre ceramista foi refeito. A restauração
de uma casa de taipa, com sua estrutura peculiar, foi uma
experiência nova para Pernambuco.
Na área do cinema, a Fundação, na gestão Rubem Valença,
instalou em uma casa restaurada da Rua da Aurora o acervo
do Museu da Imagem e do Som de Pernambuco (MISPE), então
guardado em cela da Casa da Cultura. Tais acervos, dos melhores
do país, contêm os primeiros filmes realizados no Estado, além
de uma enorme quantidade de fotografias e partituras musicais.
O seu diretor na ocasião era o crítico de cinema Celso Marconi.
Por intermédio do MISPE, a Fundação apoiou a realização de
dois filmes em Pernambuco.
No Espaço Pasárgada, foi instalado o Conselho Editorial da
Fundarpe. Este, até 1993, editou 13 mídias impressas. Entre as
obras publicadas, destacam-se: A hecatombe de Garanhuns, do
historiador Mário Márcio de Almeida Santos; Abreu e Lima, o
general de Bolívar, de Vamireh Chacon; e Tidos e havidos com
Opormo de Castro, do escritor Carlos Marcílio.14
Um dos maiores feitos da gestão da Fundarpe em 1993 se
pode atribuir ao ato do governador sancionando a Lei Estadual
de Incentivo à Cultura, aprovada pelo Legislativo Estadual.
Na altura de tal acontecimento, o Estado de Pernambuco foi
pioneiro em legislação desse gênero.
Ao lado,
Festejo popular no pátio da Casa da Cultura
Recife
Foto Arquivo Fundarpe)
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MAIS QUINZE ANOS
DE VIDA
1993-2008
159
MAIS QUINZE ANOS
DE VIDA
1993-2008
OUTRA VEZ ARRAES · 1995-1999
160
Em 1990, Miguel Arraes filiou-se ao Partido Socialista
Brasileiro (PSB). Foi eleito mais uma vez governador em 1994,
aos 78 anos, sendo um dos principais opositores ao governo
do presidente Fernando Henrique Cardoso – postura que
politicamente lhe custou caro. Seu último governo foi marcado
por uma grave crise financeira do Estado e pela greve das
Polícias Civil e Militar.15 Além disso, foi vítima de uma campanha
Página anterior,
Festival de Cantadores no Teatro de
Santa Isabel no Recife
Foto Arquivo da Fundarpe
difamatória nunca vista no Estado, criada pela oposição que,
desde a década de 1960, tentava aniquilar-lhe a força política.
Perdeu a reeleição em 1998 para seu ex-aliado e ex-prefeito do
Recife Jarbas Vasconcelos, que obteve mais de 64% dos votos
válidos.16
Miguel Arraes de Alencar, assumindo o governo em 1995,
criou a Secretaria de Cultura e convidou para sua direção
o teatrólogo e escritor Ariano Suassuna. Este, por sua vez,
entregou os destinos da Fundarpe ao escritor Raimundo Carrero.
Com tal mudança, as ações culturais ganharam linha própria
independente daquelas destinadas a Educação e Esportes. Uma
situação se configurou de imediato possível de gerar conflitos: a
Fundarpe em filosofia foi criada para ser, em termos executivos,
uma secretaria de Cultura e na altura da decisão governamental
passava a ser mais uma vez um corpo estranho na estrutura do
Estado. A harmonia das ações seria um desafio a ser enfrentado
pelo escritor Suassuna. Criando ações diferenciadas, os conflitos
foram sendo dirimidos.
Ariano Dantas Villar Suassuna17, que completou 80 anos em
2007 em plena atividade, com sua maneira bem peculiar de
conceber cultura e relacionar-se com a comunidade, valorizou
todas as manifestações culturais oriundas do povo. Por filosofia
não se preocupou em matizá-las com estilizações típicas de uma
tradicional forma de mostrar tais eventos da cultura. Criando
espaços onde a criatividade da gente pudesse se desenvolver, ele
mesmo nesses lugares apresentava sua visão própria de cultura.
Com grande facilidade, que lhe vinha do dia-a-dia com a cena
teatral, empolgava toda a gente e fazia crescer a auto-estima dos
excluídos da cultura oficial. Na sua gestão valorizou a literatura
161
ao entregar a direção da Fundação ao excelente escritor
Raimundo Carrero.
Raimundo Carrero, no último ano de governo Arraes (1998),
foi ocupar o lugar de secretário adjunto de Cultura, sendo
substituído na direção da Fundarpe pelo jornalista Jair Justino
Pereira. O secretário adjunto de Ariano Suassuna era na ocasião
Carlos Da Fonte, que então assumiu a Companhia Editora de
Pernambuco (CEPE).
O diretor de Patrimônio Histórico na gestão de Raimundo
Carrero foi inicialmente o arquiteto Fernando de Barros Borba,
sucedido em 1997 pelo engenheiro Fernando Roberto de
Albuquerque como diretor executivo de Patrimônio Histórico
e o engenheiro Marcos Coelho Loreto como diretor adjunto.
Pela Gerência do Departamento de Tombamento, a partir de
1996, respondeu o arqueólogo Ulysses Pernambucano de Mello
Neto. Em 1998, quando já aposentado no cargo de assessor
técnico da Fundarpe por tempo de serviço, Fernando Borba foi
convidado pelo então diretor, engenheiro Fernando Roberto de
Albuquerque, para organizar uma publicação sobre a atividade
de Tombamento de Bens Culturais exercida pela Fundação. O
livro, que veio a ser editado pela CEPE, intitulado Pernambuco
– patrimônio cultural de todos, contém as fichas completas,
com descrições, dos 51 tombamentos em nível estadual
concluídos até então, e dos 13 processos em andamento,
com respectivas fotos; a relação dos 81 tombamentos federais
de bens pernambucanos; as legislações federal e estadual de
Tombamento, com textos elucidativos sobre sua aplicação e os
elementos técnicos e jurídicos de cada processo. O livro finaliza
com um artigo intitulado “Um jovem francês em Pernambuco”
sobre a presença no Estado do engenheiro francês Louis Léger
Vauthier, no século XIX, com trechos do Diário íntimo e de suas
famosas Cartas a Daly, e comentários pertinentes.
Ao assumir a Presidência da Fundação, o jornalista Jair Pereira
usou um slogan afirmando que sua gestão representaria 100 dias
que iriam abalar Pernambuco. De fato, o jornalista conseguiu
12 milhões de reais, uma verba muito grande para a Instituição.
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MAIS QUINZE ANOS
DE VIDA
1993-2008
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MAIS QUINZE ANOS
DE VIDA
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GOVERNO JARBAS VASCONCELOS
1999-2007
Ao lado e nas duas páginas seguintes,
Forte de Tamandaré
Tamandaré
Fotos Eudes Santana
164
Páginas anteriores,
Monumento da Pedra
Foto Arquivo da Fundarpe
Disse ele a uma jornalista do Jornal do
Commercio nos 25 anos da Instituição
que tal afirmativa era apenas uma
expressão numérica, algo como 100
ações ou 100 eventos, e que o verbo
abalar tinha peso simbólico, ele queria
dizer que daria à população acesso
a bons espetáculos no período. Com
esse presidente, a Fundarpe realizou
o II Festival de Cinema do Recife,
em março de 1998; o Festival de
Inverno de Garanhuns, com público
recorde de 40 mil pessoas; criou
três pólos carnavalescos, Piedade,
Olinda e Torre; a Festa da Lavadeira;
o Encontro dos Maracatus de Baque
Solto; apoiou a viagem de Antônio
Madureira e Alceu Valença ao Festival
de Montreux, na França; mandou para
a Copa do Mundo o Boi da Macuca;
incentivou o São João de Caruaru e
outros eventos. Na área do Patrimônio
Histórico, sobre o qual Jair disse ser
um trabalho de formiguinhas, pouco
divulgado pela mídia, informou ter
recuperado o Museu do Estado e a
Torre de Malakoff. Finalizou essa
entrevista declarando ser nossa idéia
alargar o máximo nossa abrangência.
O Estado tem uma produção cultural
riquíssima e não faria sentido privilegiar
esse ou aquele segmento, lembrando
que liberou verbas para produções na
área de fotografia, música, folclórica,
artes plásticas e cinema. Ainda
acrescentou quatro princípios básicos
que ele iria considerar no resto de sua
gestão: a valorização artística local; o
fortalecimento do intercâmbio cultural;
a consolidação das manifestações
folclóricas e a recuperação do
patrimônio histórico.18
O ex-prefeito do Recife Jarbas
Vasconcelos,19 eleito governador, no
apagar das luzes do século XX assumiu
o Governo do Estado de Pernambuco.
Na Fundarpe, novos Estatutos foram
aprovados que refletiam sua também
outra estrutura administrativa. A
mudança maior se pode verificar na
posição ocupada pela Diretoria do
Patrimônio Histórico que teve mais
autonomia, adquirindo foros de
unidade executiva. Para a Presidência
da Fundação, foi convidado o Dr.
Bruno Lisboa,que permaneceu no
cargo durante oito anos. A Secretaria
de Educação e Cultura passou a ser
de responsabilidade, desde fevereiro
de 2003, último ano do 1º mandato
de Jarbas Vasconcelos, do professor,
ex-reitor, Mozart Neves Ramos. No
segundo período de governo Jarbas
(2004-2006), ele continuou na
Secretaria e o arquiteto Paulo Souto
Maior assumiu a Diretoria responsável
pelos projetos de intervenção e outras
obras executivas da Fundação.
A proximidade do período de
governo do Dr. Jarbas Vasconcelos
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MAIS QUINZE ANOS
DE VIDA
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com o momento da elaboração desta História dos 35 anos da
Fundarpe leva-me a adotar um procedimento ético, motivo pelo
qual não desejo fazer comentários maiores sobre os feitos, por
conta de poder assim cometer injustiças. Relatarei o acontecido,
limitando-me às indicações que contextualizem devidamente os
feitos com a política cultural do governo federal.
O governo Jarbas continuou o Programa de Incentivos à
Cultura, baseado na renúncia fiscal, para atender principalmente
à produção cultural de iniciativa privada, não governamental.
Acentua-se a preocupação na política cultural, nacional e
estadual, de definição das diversas áreas de atuação da Cultura.
O Fundo de Cultura de Pernambuco funciona da seguinte
maneira: a captação de recursos é feita pela Secretaria da
Fazenda do Estado, que promove encontros e articulações
com os empresários para que os recursos sejam repassados
diretamente para o produtor cultural assim que o projeto for
aprovado por um Conselho constituído por cinco representantes
do governo, cinco instituições e cinco representantes de
entidades culturais.20
No ano de 2003, foram aprovados 55 projetos totalizando
R$ 3,25 milhões. O Programa continuou em 2004. Era o
financiamento da Cultura com vestes novas, diferentes daquelas
de gestão anterior.
Em página de informação na internet, onde prestava contas
à comunidade, o governo informou sobre várias ações em
diversos programas culturais realizadas entre 1999 e 2003.
Com relação ao Apoio à Atual Cena Cultural de Pernambuco,
as ações executadas (1999-2002) foram as seguintes:
divulgação da Produção Musical do Estado no programa
Sintonize Pernambuco, levado ao ar por meio da Rádio
Universitária FM das 21 às 24 horas em 5 dias da semana, com
notícias, entrevistas e muita música da nova e diversificada
cena musical do Estado; realização de festivais de música,
destacando os valores culturais emergentes, com especial
realce para vários eventos.21
169
Na mesma página e com relação
à área do Núcleo de Cinema e Vídeo
no período referido anteriormente,
continuou o governo a conceder os
prêmios Ary Severo e Firmo Neto no
valor de R$ 160 mil para roteiros de
curta-metragem. Uma parceria se
efetivou com a Prefeitura do Recife e
foram premiados os melhores vídeos.
O Circuito Pernambucano de
Artes Cênicas possibilitou vários
eventos: 162 cursos e oficinas com 12
espetáculos de teatro e dança em 18
municípios de 9 RDs, envolvendo 32
professores, 4 mil alunos e um público
total de 10 mil pessoas, de 06/08 a
02/12. Em 2002, foram implantados
45 cursos e oficinas com 6 espetáculos
de teatro e dança em 5 municípios
(Floresta, Tuparetama, Serra Talhada,
Pesqueira e Escada), envolvendo 45
professores, 750 alunos e um público
total de 2 mil pessoas, nos meses
de maio e junho; 45º Salão de Artes
Plásticas de Pernambuco – que se
estendeu entre os dias 12/12/2002
e 16/02/2003, com 28 Expositores
convidados e 19 Grupos de Arte.
Festival de Cantadores, 8 eventos
em diferentes municípios, com
um público médio de mil pessoas.
Em 2002, o Festival abrangeu os
municípios de Araripina, Afogados da
Ingazeira, Salgueiro, Bom Conselho,
Santa Cruz do Capibaribe, Timbaúba,
Limoeiro e Recife, com um público
médio de 4 mil pessoas.
No Espaço Cultural Malakoff, antiga
porta monumental do extinto Arsenal
de Marinha, restaurado para as novas
finalidades, várias foram as exposições
e outros eventos realizados.22
No ano 2000, foi criado o Programa
Nacional do Patrimônio Imaterial
por meio do Decreto n° 3.551 de 4
de agosto de 2000, repercutindo no
tombamento estadual. As inscrições
dos bens são nomeadas em quatro
títulos: dos saberes – conhecimentos
e modo de fazer das comunidades;
das celebrações – rituais e festas das
práticas da vida social; das formas de
expressão – manifestações literárias,
musicais, plásticas, cênicas e lúdicas;
dos lugares – espaços onde se
concentram e reproduzem práticas
culturais coletivas. Dois anos depois
foi instituído o Registro do Patrimônio
Vivo do Estado de Pernambuco (RPVPE), criado pela Lei n° 12.196 de 2 de
maio de 2002, que incide sobre uma
pessoa ou grupo de pessoas vivas que
detenham conhecimentos ou técnicas
para a produção ou preservação de
manifestações representativas da
cultura.
Em 2003, a Fundarpe mais
uma vez reformulou sua estrutura
organizacional, voltando a se vincular
à Secretaria de Educação e Cultura,
com a extinção da Secretaria de
Cultura. Foram definidas: a Diretoria
de Preservação Cultural (tratando dos
assuntos relacionados a bens móveis,
MAIS QUINZE ANOS
DE VIDA
1993-2008
170
Matriz de Nossa Senhora da Vitória
Vitória de Santo Antão
Foto Eudes Santana
imóveis e imateriais de valor histórico, artístico, arquitetônico,
bibliográfico, documental, iconográfico, etnológico e
paisagístico); a Diretoria de Difusão Cultural (tratando da
gestão dos espaços culturais do Estado); a Diretoria de Projetos
Especiais (tratando da gestão dos projetos estruturadores); a
Diretoria de Gestão do Funcultura (tratando da gestão dos
recursos do Programa); a Diretoria de Políticas Culturais
(definindo planos e projetos para cada área cultural).
O ano de 2005, em pleno 2º mandato do governador Jarbas
Vasconcelos, foi marcado pelas articulações para implantação
do Sistema Nacional de Cultura (SNC). Sistema definido para
as três esferas de governo, federal, estadual e municipal; com
participação da população em Conselhos de Políticas Culturais;
com fundos de cultura e com orçamento participativo. Estes
investimentos federais sinalizam uma política cultural para o
país sugerindo a convivência entre as diversas áreas culturais
e o fortalecimento de cada área específica. O SNC proposto
estimulava a criação de secretarias específicas da cultura e/ou
fundações com orçamentos próprios; fomento às produções e
expressões artísticas e culturais em todas as etapas e nas diversas
modalidades; fomento à implantação e/ou ao fortalecimento
dos órgãos estaduais e municipais de preservação. O momento
exigiu todo esforço no sentido de que as entidades culturais se
reestruturassem para cumprir as responsabilidades, pelo menos
as vinculadas por lei, que lhes eram atinentes.
Sobre tal questão, o ministro da Cultura Gilberto Gil, em
março de 2005, assim declarou: O Estado tem um papel vital
no fortalecimento da economia da cultura, seja no levantamento
do potencial, seja no planejamento das ações, na articulação
dos agentes econômicos e criativos, na mobilização da energia
social disponível, no fomento direto, na regulação das relações
entre agentes econômicos, na mediação dos interesses dos
agentes econômicos e dos interesses da sociedade, assim como
na fiscalização das atividades. É um papel múltiplo, que exige
vontade política, qualificação institucional e recursos. Não se trata
de reabilitar o Estado produtor de cultura, ou o Estado dirigista.
171
Ao contrário. Parte-se do princípio de que o Estado pode e deve
estimular um ambiente favorável ao desenvolvimento de empresas
e criadores, para que o mercado possa ampliar-se e realizar seu
potencial, não apenas de auto-sustentabilidade, mas de ganhos
sociais (emprego, renda, inclusão ao consumo de bens culturais).
O Ministério da Cultura tem insistido na abordagem das
conexões entre cultura e desenvolvimento e na necessidade
de ampliar seu papel, somando às políticas tipicamente
compensatórias aquelas capazes de diagnosticar e estimular o
mercado, ou seja, as empresas e os empreendedores brasileiros
que atuam no setor cultural. Trata-se de uma abordagem mais
abrangente e integrada.23
Matriz de Nossa Senhora da Vitória
Vitória de Santo Antão
Foto Eudes Santana
MAIS QUINZE ANOS
DE VIDA
1993-2008
172
No mês de dezembro daquele ano, ocorreu a 1ª Conferência
Nacional de Cultura à qual Pernambuco aderiu integralmente.
Em informação prestada à comunidade, assim se expressou o
Ministério da Cultura: Pela primeira vez na história do Brasil, a
Sociedade Civil e o Estado se uniram nos Municípios, Estados e
em Brasília para traçar, conjuntamente, propostas de políticas
públicas de cultura para o País. A 1ª Conferência Nacional de
Cultura (1ª CNC), realizada de setembro a dezembro de 2005,
reuniu nas conferências municipais, estaduais e na Plenária
Nacional de Brasília, cerca de 60 mil pessoas das diversas
áreas culturais de todas as regiões brasileiras. [...] As diretrizes
e propostas da Conferência serão subsídio importante para a
formulação do Plano Nacional de Cultura, a ser encaminhado
pelo Poder Executivo para o Congresso Nacional.24
No âmbito da Cultura, a sua feição popular recebeu nos
anos de 2005 e 2006 um tratamento especial do governo
federal. Como era de se esperar, tal atenção especial repercutiu
sensivelmente nas esferas dos Estados e, naturalmente, em
Pernambuco. Esse interesse ficou claro quando da realização,
em fevereiro de 2005, do 1º Seminário Nacional de Políticas
Públicas para as Culturas Populares. No ano seguinte, aconteceu
o 1º Encontro Sul-Americano de Culturas Populares e o II
Seminário Nacional de Políticas Públicas para as Culturas
Populares. Em Pernambuco, o Espaço Cultural Bandepe
promoveu uma exposição de Arte Popular, onde o destaque foi a
Coleção Jarbas Vasconcelos, então governador do Estado. Outra
questão relevante na esfera federal e de grande importância
para os Estados da União foi a da Diversidade das Expressões
Culturais brasileiras. O Espaço Cultural Bandepe, leia-se hoje
Banco Real, editou um excelente livro sobre o Palácio do Campo
das Princesas, de autorias de José Luiz Menezes e Reinaldo
Carneiro Leão.
Nos dois períodos de governo de Jarbas Vasconcelos assistiuse ao que se pode chamar a Odisséia “Tacaruna”, que teve
início e não findou ainda. Na verdade, a velha fábrica surgiu no
cenário estadual quando do governo de Arraes. Então nada se
Escola Rural Alberto Torres
Projeto do arquiteto Luís Nunes
Recife
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DE VIDA
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Abaixo e nas páginas anteriores,
Escola Rural Alberto Torres
Projeto do arquiteto Luís Nunes
Recife
Foto Eudes Santana
pôde fazer quanto à sua revitalização.
No governo Jarbas, um edital instituiu
o Concurso Público de Proposta
Arquitetônica voltada à instalação de
um Espaço Cultural. O concurso foi
realizado pela Fundarpe, tendo sido
posteriormente contestado na Justiça,
quando veio a ser anulado pelo Estado.
Foram iniciadas na ocasião, com
fundamento em proposta elaborada por
um grupo de trabalho da Fundação,
as obras de restauração do imóvel
para adaptá-lo ao Centro Cultural com
novo programa. O processo judicial
prossegue, mas as obras realizadas na
coberta e em outros lugares da fábrica
garantiram meios de nela se realizar
exposições e outros acontecimentos
culturais, mesmo sem a completude
desejada, que materializaram o
empreendimento.25
Várias exposições e outros eventos
se realizaram no período de governo
ora relatado. Não vou descrever todos,
mas alguns significativos em que a
Fundarpe teve papel decisivo. No
Museu de Arte Sacra ocorreram sete
exposições e um curso de capacitação
para jovens em preservação do
patrimônio. De maneira idêntica
ocorreu no Museu da Imagem e do
Som, no qual se destacou o Projeto
MISPE/Escola com a participação de
6.962 espectadores em 1999; 3.049
em 2000; 969 em 2001 e 417 no ano
de 2002. Organizou-se e foi publicado
um levantamento cultural do Estado e
ainda um Inventário de bens culturais
da Cidade de Triunfo, este na gestão do
arquiteto Paulo de Souto Maior.
Vários projetos de intervenção
restauradora se realizaram no período.
Alguns não foram infelizmente
executados, qual o do Engenho
Monjope, edificação que recua a sua
fundação à presença dos Jesuítas em
Pernambuco; e o Forte de Tamandaré,
sendo essa fortificação uma excelente
e relativamente bem conservada obra
militar.26
No âmbito da Preservação do
Acervo Documental do Estado, ações
aconteceram de grande interesse
cultural. Uma delas se destaca:
a que forneceu cópias do acervo
documental do período da Colônia,
e assim referente à Capitania de
Pernambuco, do Museu Ultramarino
de Lisboa para o Arquivo Público
Estadual Jordão Emerenciano (APEJE) e
177
a UFPE, mediante a digitalização dos
originais, alimentação do Banco de
Dados e publicação dos catálogos. A
coleta em Portugal se concluiu e foram
publicados os catálogos em 2007.
Pavilhão de Verificação de Óbitos
Atual sede do Instituto de Arquitetos do Brasil
Projeto do arquiteto Luís Nunes
Recife
Foto José Luiz M. Menezes
MAIS QUINZE ANOS
DE VIDA
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Detalhe de friso de azulejo
português do século XIX
Foto Eudes Santana
AINDA CHEGAREMOS LÁ
Considerando a trajetória da
Fundarpe, posso ver o quanto ela
mudou em trinta e cinco anos
de existência. De princípio era
motivada pelo Programa Integrado de
Reconstrução das Cidades Históricas
do Nordeste e praticamente atuou
com mais intensidade nas intervenções
restauradoras de edifícios de pedra e
cal. Depois, no interesse de cumprir
os objetivos de uma praticamente
Secretaria de Cultura, iniciou ações nos
demais aspectos culturais, assumindo
com a Diretoria de Assuntos Culturais
outros procedimentos mais amplos.
O patrimônio material e imaterial
despertou os interesses da Fundação
e todas as suas metas se direcionaram
para a produção de uma rica e variada
série de ações culturais. O acervo das
realizações é enorme e a Instituição,
assim me parece, tem cumprido seu
papel com engenho e arte. O caminho
foi longo e difícil, mas, como disse no
início – Ainda chegaremos lá.
MAIS QUINZE ANOS
DE VIDA
1993-2008
NOTAS PARA “MAIS QUINZE
ANOS DE VIDA”
180
1 Todas essas informações puderam ser por mim
obtidas na rede internacional de comunicações,
Internet, o que me livrou de uma trabalhosa e
enorme pesquisa. No entanto, devo alertar que o
processo da escolha implica em conhecimento do
que deve servir com caráter científico ao que se
redige.
2 Entre outros acontecimentos mundiais,
destacaríamos: com a ajuda da nova emissora
de televisão MTV, o rock voltou às paradas com
o estilo grunge, popularizado em grupos como
Nirvana e outros grupos de Seatle como "Pearl
Jam", Álice in Chains, Soundgarden e Stone Temple
Pilots. O pop teen começado no fim dos anos 20
retorna com força com Spice Girls, que foi um dos
maiores fenômenos da música da época, junto
com Backstreet Boys. O punk rock volta com o
pop punk de Green Day. O rap entra para a cultura
popular, começando com MC Hammer, Public
Enemy e Vanilla Ice e terminando com o hip-hop de
Puff Daddy, Dr. Dre e Eminem. No Brasil, o ritmo
se popularizou com Gabriel, O Pensador e Planet
Hemp. Emerge para o grande público a house
music, nascida em Nova York com o DJ Frankie
Knuckles. Misturando a batida da era Disco com o
house nasce a dance music que estoura nos rádios
do mundo com hits de C&C Music Factory, Snap e
Black Box. Emprestando a voz para praticamente
todas as bandas de sucesso do dance dos anos
1990, Marta Wash consolida o estilo de vocal que
vai guiar os novos estilos de música na próxima
década, como Club House e Tribal House. Grandes
festivais como Lollapalooza e o Rock in Rio II. A
música volta a ter conteúdo político, com o Tibetan
Freedom Concert, que apoiava o Movimento
Internacional de Libertação do Tibete, começa em
1996, atraindo 120.000 (pessoas) por ano. Também
surgem grupos politizados como o Rage Against
the Machine. A cultura rave populariza trance,
techno e música eletrônica (e a droga ecstasy).
Cria-se nos EUA o selo Parental Advisory para letras
censuradas como obscenas. Disponível em: <http://
pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1990>.
3 A televisão em pleno desenvolvimento passou
a ser, mais e mais, um equipamento eletrônico
indispensável para toda a gente. Ela e os programas
em rede nacional ajudaram a tornar os problemas
culturais brasileiros uma discussão de todos.
A Rede Globo abraçou a ação de proteção e
preservação dos bens culturais com artistas de
seus quadros levantando o problema da Memória
Nacional. Temas do cotidiano de toda a gente
passaram a ser veiculados nas novelas. Um dos
avanços de interesse para a juventude brasileira foi
a decorrente dos jogos eletrônicos, então levados
pelos computadores para todas as casas e pelas
lojas especializadas, as lan-houses.
4 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
D%C3%A9cada_de_1990>.
5 Editoras como a Duetto possuíam em 2007
mais de cinco periódicos sobre História, outro de
Filosofia, e várias outras áreas do conhecimento.
6 GUIA DE PERNAMBUCO. “Chico Science
(1966-1997)”.
Disponível em: <http://www.guiapernambuco.
com.br/persona/chicoscience.shtml>, 2002.
7 MOISÉS,
José
Álvaro.
“O
incentivo
a cultura”. Disponível em: <http://www.
amigosdolivro.com.br/materias.php?cd_
secao=484&codant=&inicio=44>.
8 Ibid.
9 MOISÉS, José Álvaro, op. cit.
10 Trata-se da questão do financiamento da cultura.
Desde meados de 1995, o Governo Federal vinha
implementando na área cultural uma vigorosa
política de parceria entre o Estado brasileiro, os
produtores culturais e a iniciativa privada. Tal
política se apóia na legislação de incentivo fiscal às
atividades artísticas e culturais e permite, no caso
do cinema, que os investidores privados deduzam
100% do que aplicam e, no caso das outras áreas
culturais, entre 66% e 76%, dependendo da
natureza das empresas, podendo-se chegar aos
mesmo 100% para o caso das artes cênicas, música
erudita e instrumental, livros de arte, acervos de
museus, itinerância de exposições de artes plásticas
e acervos de bibliotecas públicas. É uma política
fiscal generosa e adequada pois, em função do
conhecido déficit fiscal do Estado brasileiro e
das enormes carências de recursos para áreas
prioritárias, as empresas privadas são convidadas
a se associar ao Governo Federal e aos produtores
culturais para garantirem o desenvolvimento da
cultura. Ver MOISÉS, op. cit.
11 Joaquim Francisco de Freitas Cavalcanti nasceu
no Recife, no dia 14 de abril de 1948. Advogado
formado pela Faculdade de Direito do Recife,
seu primeiro contato com a política veio quando
seu pai, José Francisco de Moura Cavalcanti,
assumiu o Governo de Pernambuco, em 1975, na
condição de presidente da Assembléia Legislativa
do Estado. Em 1967, ainda adolescente, Joaquim
Francisco assumiu seu primeiro cargo dentro do
governo, Oficial de Gabinete do então governador
Nilo Coelho. Daí para frente, Joaquim Francisco
passou por vários cargos públicos, entre eles o de
assistente da Presidência do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (INCRA). De 1970
a 1974, foi secretário do Trabalho e Ação Social,
no governo Moura Cavalcanti. Antes de chegar
ao Governo de Pernambuco, em 1991, Joaquim
Francisco foi prefeito do Recife por duas vezes. Na
primeira foi nomeado e exerceu o cargo de 1983
a 1985. Já sua segunda passagem pela prefeitura
da capital pernambucana foi através de eleições
181
diretas no ano de 1988, quando exerceu o cargo
até o ano de 1990. Joaquim Francisco foi ainda
ministro do Interior por três meses, no Governo
Sarney e consultor técnico do Banco Internacional
de Desenvolvimento (BID). Em 2093, assumiu
mandato como deputado federal.
12 O Museu de Arte Contemporânea de
Pernambuco passou a ser dirigido pela artista,
pintora, Margarida (Margot) Queiroz Monteiro; a
diretora do Museu do Estado foi a também artista
Tereza Barros Costa Rego; o Museu da Imagem e
do Som foi entregue ao crítico de cinema Celso
Marconi de Medeiros Lins; o Museu do Barro, em
Caruaru, ao arquiteto Glauciano Marcos de Lima
e Silva; o Museu Regional de Olinda passou a ser
dirigido pela senhora Maria Auxiliadora da Cunha;
o Museu de Arte Sacra ficou com o senhor Juvino
Teixeira de Carvalho Filho; a direção da Casa da
Cultura foi entregue à senhora Lucilânia Barbosa
Leite e o espaço Pasárgada, à senhora Ana Luíza
Freitas.
12 FUNDARPE. Plano de Ação Fundarpe:
conclusões
do
seminário,
diagnóstico
e
planejamento. Recife: Governo do Estado, 1993.
13 Os demais títulos são: Fernando de Noronha;
Praia do Flamengo, de Clemente Rosas; Danças
populares como espetáculo público no Recife de
1970, de Maria Goretti Rocha de Oliveira; Os
instantâneos, de Leonardo Cavalcanti; Um furacão
varre a esperança: o caso D. Helder, de Abelardo
Baltar e Glauce Rocha; Dicionário biobibliográfico
de poetas pernambucanos, de Lamartine Morais;
Espaço terrestre, de Gilvan Lemos; e Igreja de São
Pedro dos Clérigos, de padre Antônio Barbosa.
Também dois cordéis foram editados: Hermilo
Borba Filho, de Homero Rego Barros e Geração
de poetas repentistas que divulgaram a cultura
nordestina, de Ismael Gusmão.
14 Durante o governo Arraes, ainda havia uma
política econômica nacional recessiva, que então
se refletiu na Fundarpe naquilo que dependia de
convênios e parcerias com o Governo Federal.
Naquele ano, também se pode verificar que durante
algum tempo não ocorreu renovação de quadros
de profissionais e mais ainda de investimentos na
Instituição.
15 MIGUEL Arraes. Disponível em: <http://
pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Arraes>.
16 Ariano nasceu na então Cidade da Paraíba
(Parahyba em ortografia arcaica), que hoje é a
cidade de João Pessoa, num dia de Corpus Christi,
16 de junho de 1927, o que acabou por ocasionar
a parada de uma procissão que ocorrera no dia de
seu nascimento na frente do palácio do Governo do
Estado. Ariano viveu sua infância no Sítio Acauan,
no sertão do Estado da Paraíba.
Aos três anos de idade (1930), Ariano passou por
um dos momentos mais complicados de sua vida
com o assassinato de seu pai, no Rio de Janeiro, por
motivos políticos, durante a Revolução de 1930, o
que obrigou sua mãe, Cássia Vilar Suassuna, a levar
toda a família a morar na cidade de Taperoá, no
Cariri paraibano.
Na Faculdade de Direito do Recife, conheceu
Hermilo Borba Filho, com quem fundou o Teatro do
Estudante de Pernambuco. Em 1947, escreveu sua
primeira peça, Uma mulher vestida de sol. Em 1948,
sua peça Cantam as harpas de Sião (ou O desertor
de Princesa) foi montada pelo Teatro do Estudante
de Pernambuco. Seguiram-se Auto de João da Cruz,
de 1950, que recebeu o Prêmio Martins Pena; o
aclamado Auto da Compadecida, de 1955; O santo
e a porca - O casamento suspeitoso, de 1957; A
pena e a lei, de 1959; A farsa da boa preguiça, de
1960, e A caseira e a Catarina, de 1961.
Em 1956, afasta-se da advocacia e se torna
professor de Estética da Universidade Federal de
Pernambuco, onde se aposentaria em 1994. Em
1976, defende sua tese de livre-docência, intitulada
"A onça castanha e a Ilha Brasil: uma reflexão sobre
a cultura brasileira".
Ariano foi o idealizador do Movimento Armorial,
que tem como objetivo criar uma arte erudita a
partir de elementos da cultura popular do Nordeste
brasileiro. Tal movimento procura orientar para esse
fim todas as formas de expressões artísticas: música,
dança, literatura, artes plásticas, teatro, cinema,
arquitetura, entre outras expressões. ARIANO
Suassuna. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/
wiki/Ariano_Suassuna#Biografia>.
17 Entrevista ao Jornal do Commercio no dia 28 de
agosto do ano de 1998.
18 Jarbas de Andrade Vasconcelos (Vicência, 23
de agosto de 1942), advogado e político brasileiro,
com atuação em Pernambuco, sendo eleito para
uma vaga no Senado Federal em 2006. Antes
exercera dois mandatos como prefeito do Recife
e dois na condição de governador do Estado.
A geração política brasileira forjada no antigo
Movimento Democrático Brasileiro (MDB), no
combate à ditadura militar, se firmou como uma
força de oposição. Nesse contexto, foi eleito
deputado estadual por Pernambuco em 1970 e
deputado federal em duas oportunidades, 1974 e
1982. Eram tempos extremos, nos quais apoiar o
governo era comungar com a perseguição política,
com a censura à Imprensa, com casuísmos de toda
ordem.
19 Com o Programa de Incentivo à Cultura, o
Governo do Estado tem como objetivos promover
a produção, a divulgação e o consumo da
cultura pernambucana, preservando a tradição,
resguardando a identidade cultural, estimulando
a diversidade na criação, incentivando e apoiando
amplamente as manifestações culturais ligadas às
áreas da literatura, música, dança, artes cênicas e
MAIS QUINZE ANOS
DE VIDA
1993-2008
182
visuais, além de preservar e restaurar o patrimônio
e sítios históricos de Pernambuco. Disponível em:
<www.fundarpe.pe.gov.br>.
20 Acorda Povo – 14 eventos em 7 municípios
da RMR (nove oficinas e um show por evento) de
05/05 a 15/12, com um público médio de 1,5 mil
participantes. Em 2002, foram realizados 6 eventos
em 6 municípios da RMR (nove oficinas e um show
por evento), entre os meses de março a agosto,
com um público médio de 1,5 mil participantes.
Espaço Cultural Malakoff – 7 shows para mais de 7
mil pessoas; XI Festival de Inverno de Garanhuns, o
maior evento do gênero no Nordeste.
21 Sete mostras (artes plásticas: 3; fotografia:
2; quadrinhos: 2): 15 mil visitantes; 7 shows e 5
oficinas de arte para mais de 7 mil pessoas. Em
2002: 7 exposições; 1 show com aproximadamente
mil espectadores; 1 vesperal; 1 apresentação teatral;
IV Festival Internacional de Humor e Quadrinhos.
22 GIL, Gilberto. Políticas Públicas de Cultura:
Palestra no Instituto Rio Branco/Brasília, 11
de março de 2005. Disponível em: <http://
www.cultura.gov.br/noticias/discursos/index.
php?p=8998&more=1&c=1&pb=1>.
23
MINISTÉRIO DA CULTURA. (Brasil).
Conferência Nacional de Cultura. Relatório Final
da 1ª CNC. Disponível em: <http://www.cultura.
gov.br/cnc/>.
24 O grupo de trabalho criado pela Fundarpe
era formado pelos profissionais arquitetos Paula
Peixoto, Gustavo Bandeira e Romero Pereira, além
de outros auxiliares. O Centro Cultural Tacaruna
está instalado na antiga Fábrica Tacaruna, adquirida
pelo Estado de Pernambuco. Ocorreu um Concurso
Público promovido pelo governo e orientado por
um escritório técnico. Em 30/04/2002, foi divulgado
o resultado do Processo Licitatório nº 002/2002,
que decidiu sobre o Projeto de Reforma do Centro
Cultural Tacaruna. O Concurso foi anulado pelo
Estado.
25 Segundo informações, o projeto de intervenção
de Monjope foi realizado pelo escritório técnico
do arquiteto Carlos Pontual e o de Tamandaré
pelo arquiteto da Fundação, Carlos Alberto Meira
Carneiro da Cunha com mais duas arquitetas.
Os demais projetos foram: em Floresta - Prédio
da Força Pública; em Vicência - Engenho Poço
Comprido; em Araçoiaba - Levantamento e início
da restauração da igreja matriz; em Nazaré da
Mata - Capela de São Francisco Xavier do Engenho
Bonito.
183
CADERNO DE DOCUMENTOS
Bens Tombados
Bem Tombado
Solicitado
por
Deferido
em
Solicitado
em
Governo
185
Bens Tombados
CADERNOS
Continuação
186
Bem Tombado
Total de 53 bens tombados, sendo:
18 no governo Marco Maciel;
24 no governo Roberto Magalhães Mello;
4 no governo Miguel Arraes de Alencar;
e 7 no governo Joaquim Francisco.
Solicitado
por
Deferido
em
Solicitado
em
Governo
Bens Tombados Provisoriamente
Bem tombado provisoriamente
Ano do parecer no CEC
Ano da
solicitação
Governo
187
CADERNOS
Governadores
188
Período
Governador
Presidentes,
Vice-Presidentes
e Secretários
Nomes
Função
189
CADERNOS
Informações sobre as Intervenções
Restauradoras Realizadas em
Monumentos e Obras de Arte
190
Ano
Bem cultural restaurado
início
Responsável (is)
Ano
fim
Quando não se assinala “autor”, o trabalho deve ter sido realizado em equipe.
A Lei do Sistema de
Incentivo à Cultura (SIC)
191
O Governador Joaquim Francisco, no dia 20 de dezembro de 1993, sancionou a Lei
n º 11.005 criando o Sistema de Incentivo à Cultura (SIC). O Sistema, de certo modo
espelhando Lei Federal de mesmo gênero, compreendia os seguintes mecanismos:
Fundo de Incentivo à Cultura e Mecenato de Incentivo à Cultura. Em 1995, outra Lei,
então de n º 11.236, de 14 de julho, alterou aquela criada no governo do referido
governador. Em 1998, a Lei n º 11523, de 7 de janeiro, é editada com nova alteração.
O artista Jobson Figueiredo ao informar, em entrevista ao periódico Oxente, no dia 16
de maio de 2006, ter sido um dos criadores da Lei, comenta sobre as suas sucessivas
alterações em vários governos. “Nós começamos a luta no final do governo de Arraes,
quando foi feita a promulgação da constituição do Estado. No governo seguinte, que
foi de Joaquim Francisco, surgiu efetivamente a Lei de Cultura. No governo seguinte,
de Arraes, brigou-se muito para melhorar a condição da Lei de Cultura, e depois
entrou o governo de Jarbas”. Sobre a Lei sob o governo Jarbas Vasconcelos, a própria
FUNDARPE esclarece em sua página na Internet:
“O Sistema de Incentivo à Cultura/Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura
foi instituído pela Lei Estadual nº 12.310/2002, e alteração, do Governador
Jarbas Guimarães, que consolidou e alterou o Sistema de Incentivo à Cultura,
cuja finalidade tem sido apoiar o desenvolvimento, incentivar e estimular a
Cultura Pernambucana, através do financiamento de projetos culturais. Antes
existiu tal forma de incentivo que a referida Lei alterou e consolidou.”
A Lei nº 12.310/2002 sofreu modificações e correções por meio de outros
instrumentos legais como segue: O Decreto Lei n º 27.101, de 9 de setembro de 2004,
modificou o Decreto nº 25.343, de 31 de março de 2003, alterado pelo Decreto nº
26.321, de 21 de janeiro de 2004, que regulamenta dispositivos da Lei nº 12.310, de
19 de dezembro de 2002, alterada pela Lei nº 12.629, de 12 de julho de 2004, que
dispõe sobre o Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura do Sistema de Incentivo à
Cultura-Funcultura/SIC.
Na mesma página e a respeito do Exercício de 2004, a FUNDARPE apresentou mais
informações:
“O Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura – FUNCULTURA é vinculado
à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco – FUNDARPE,
através de sua Diretoria de Gestão do FUNCULTURA. Funciona na Rua da
CADERNOS
A Lei do Sistema de
Incentivo à Cultura (SIC)
192
Aurora nº. 463, 1º andar, Boa Vista, nesta cidade”.
“Está inscrito no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ sob o nº
05.673.054/0001-31, código e descrição da atividade econômica principal
75.12-4-00 – regulação das atividades sociais e culturais e no SIAFEM como
unidade gestora 500301, Gestão 20003. O Decreto 25.585, de 26 de junho de
2003, adequou sua vinculação à Secretaria de Educação e Cultura, passando
a figurar no SIAFEM como UG 440401, Gestão 14004. Movimenta a conta
corrente BANDEPE “C” nº 0025066.5, da Agência 1001”.
“O Secretário de Educação e Cultura resolveu através da Portaria SEDUC nº
2.541, de 28.04.2003, publicada no DOE de 30.04.2003, delegar competências
à FUNDARPE, por meio da Diretoria de Gestão do FUNCULTURA, instituída
pelo art. 2º, alínea V, inciso “d” e art. 6º, inciso V, do Anexo I do Decreto
nº 25.315, de 19 de março de 2003, para praticar atos de gestão financeira
e patrimonial próprios de ordenador de despesas previsto no Código de
Administração Financeira do Estado; praticar atos necessários à administração
e Gestão do FUNCULTURA; e exercer a função de Secretaria Executiva
do FUNCULTURA; e da Portaria SEDUC n.º 3.086, de 03.06.2003 (DOE
04.06.2003) que o FUNCULTURA será administrado pelo Presidente da
FUNDARPE, Bruno de Moraes Lisboa, nomeado através do Ato n.º 1.241, de
21.03.2003 (DOE 22.03.2003), tendo como seu preposto o Diretor de Gestão
do FUNCULTURA daquela Fundação, Jaime Pires Galvão Filho, nomeado
através do Ato n.º 1.244, de 21.03.2003 (DOE 22.03.2003)”.
“A partir da publicação no DOE em 13 de julho de 2004 da Lei nº 12.629, de
12 de julho de 2004, regulamentada pelo Decreto n.º 27.101, de 09.09.2004,
publicado em 10.09.2004, o FUNCULTURA passou a ser gerido pela Fundação
do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco – FUNDARPE, como UG
500101, Gestão 2001”.
Muitos foram os beneficiados pelo incentivo governamental. Para 2008, o governo
destinou mais de onze milhões de reais.
Centros Culturais
Local
193
CADERNOS
PROJETOS APROVADOS
E REALIZADOS
194
EXERCÍCIO 1996
Nº PROJ PROJETO
ÁREA CULTURAL
0030/97 Ciclo ”História de amor em 16 Quadros por segundo”
Cinema, Vídeo, Fotografia
0032/97 Estelas em Bronze
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0033/97 Cantigas ao Pequeno Príncipe
Áreas Integradas
0034/97 Nossa Música
Música
0035/97 Fôrma, Forma e Força de um Povo Artes Gráficas e Plásticas
0036/97 Isto é Pernambuco
Música
0037/97 Cia. Pernambucana de Bonecos
Artes Cênicas
0038/97 Livro Pernambucano
Áreas Integradas
0039/97 Maracatu Rural
Áreas Integradas
0041/97 Projeto Suzuki
Música
0044/97 Festival de Música Alô Pernambuco
Música
0045/97 Cultural Escola de Fotografia
Áreas Integradas
0047/97 II Batizado e Graduação
Áreas Integradas
0048/97 Resgate da Cultura Indígena
Pesquisa Cultural
0049/97 Bandeira do Meu Carnaval
Artesanato e Folclore
0050/97 O Melhor do Forró de José da Silva do Recife
Música
0051/97 Origens e Influência do Coco de Roda na Cultura
Áreas Integradas
0052/97 Sentimentos
Literatura
0053/97 Os Nordestinos
Literatura
0054/97 Espaço Cultural - FADURPE
Áreas Integradas
0055/97 Disco Cascabulho
Música
0056/97 Carnavial
Patrimônio Artístico
0057/97 As Cores do Recife Antigo
Cinema, Vídeo, Fotografia
EXERCÍCIO 1997
Nº PROJ PROJETO
ÁREA CULTURAL
0001/96 Música para Todos
Música
0002/96 Pró-Criança
Áreas Integrada
0004/96 Espelho Mascarado
Literatura
0005/96 Adequação
Artes Cênicas
0006/96 Educação pelo Teatro
Artes Cênicas
0010/96 Temperança
Música
0012/96 Parque (Espetáculo de Dança)
Artes Cênicas
0014/96 Recife de Dentro pra Fora
Fotografia, Cinema e Vídeo
0016/96 O Automóvel
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0017/96 “Ar, Árvore”
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0018/96 Musicamar
Música
0022/96 Artiviva-Teatro na Comunidade e Comunidade no Teatro Artes Cênicas
0024/96 Um Passeio pela Terra do Carnaval
Literatura
0025/96 Despertar
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0026/96 Reviver o Mamulengo
Artes Cênicas
0027/96 Balé Jangurussu
Dança
0028/96 Central do Brasil
Fotografia, Cinema e Vídeo
EXERCÍCIO 1998
Nº PROJ PROJETO
ÁREA CULTURAL
0058/98 Slapzum-A Força da Amizade
Artes Cênicas
0059/98 Arteviva na Comunidade
Áreas Integradas
0060/98 Palmas para Quem te Quero
Áreas Integradas
0061/98 Anedotas de um Camões Brasileiro
Fotografia, Cinema e Vídeo
0062/98 Templo de Jerusalém - Nova Jerusalém /PE
Artes Cênicas
0064/98 Baião - 50 anos de Ritmo, Poesia e Emoção
Música
0065/98 Velhos e Novos Música
0066/98 Obras e Mares Trechos e Ares
Literatura
0067/98 Projeto Xote Baião
Música
0068/98 Concertos na Catedral
Música
0070/98 Cercados - Espetáculo de Dança
Artes Cênicas
0071/98 O Canto do Acauã
Fotografia, Cinema e Vídeo
0072/98 Flicts-Temporada Recife
Artes Cênicas
0073/98 II Festival de Cinema Nacional
Fotografia, Cinema e Vídeo
0074/98 I Mostra de Cinema Itinerante de Pernambuco
Fotografia, Cinema e Vídeo
0075/98 Biblioteca Comunitária do Recife
Literatura
0076/98 Disco do Grupo Tubarões do Porto
Música
0077/98 Luzes da Cultura Pernambucana
Áreas Integradas
0078/98 Thais
Literatura
0079/98 Memorial Negro da Raça Brasil
Artes Cênicas
0080/98 Festival Abril Pro Rock
Música
0081/98 Centro de Documentação: Oganização do Arquivo Gilberto Freyre de Documentos Textuais
Pesquisa Cultural
0082/98 Cultura Pernambucana
Áreas Integradas
0083/98 Comunidade Viva
Áreas Integradas
0084/98 Centro Comunitário de Arte Artes Gráficas e Artes Plásticas
0085/98 Festival de Música Alô PE 98
Música
0086/98 Apagaram o Candeeiro Acenderam a Luz
Música
0088/98 Dançando na Praça
Artes Cênicas
0089/98 O Sorriso do Circo
Artes Cênicas
0090/98 Centro de Documentação: Informatização do Arquivo Gilberto Freyre de Documentos Textuais
Pesquisa Cultural
0091/98 Centro de Documentação: Informatização do Arquivo Gilberto Freyre de Documentos Textuais
Pesquisa Cultural
0092/98 CD Alô Pernambuco
Música
0093/98 VIII Festival de Inverno de Garanhuns
Áreas Integradas
0094/98 Maracatu Homens do Sol
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0095/98 Projeto Pernambuco
Áreas Integradas
0096/98 I Festival de Cultura de Igarassu 0097/98 Estações da Via Sacra Artes Gráficas e Artes Plásticas
0098/98 Arlindo dos Oito Baixos
Música
0099/98 Raminho da Zabumba
Música
0100/98 Camarão e os 50 anos do Baião
Música
0101/98 Dance Baião
Música
0102/98 Maestro Duda e os 50 Anos de Baião
Música
0103/98 Jovens Autores Pernambucanos
Literatura
0104/98 CD Nós
Música
0105/98 Poeta Manaro-Poemas Judaicos
Literatura
0106/98 I Salão de Desenhos de Timbaúba Artes Gráficas e Plásticas
0107/98 Festival Agosto pra Tudo
Áreas Integradas
0108/98 Tributo à Lua
Artes Cênicas
0109/98 Raízes Populares
Áreas Integradas
0110/98 Concertos Espetáculos 98
Música
0111/98 I Curso de Inverno de Música de Câmara
Música
0112/98 Marina Domingos da Silva
Música
0113/98 ETV Brasil
Fotografia, Cinema e Vídeo
0114/98 6ª Corrida da Fantasia
Artes Cênicas
0115/98 Jovens e Jóias
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0116/98 Maracatu Estrela Brilhante de Igarassu “Um Canto de Resistência”
Música
0177/98 Isto é Pernambuco II
Áreas Integradas
0178/98 ÁguaFest’98
Música
0179/98 II Batizado e Graduação
Artes Cênicas
0180/98 Moleque da Rua
Música
0181/98 Dumaresq de Gravura
Artes Gráficas, Artes Plásticas
0182/98 Amigos em Sol Maior
Música
0183/98 Pastoril Poético
Música
0184/98 Maracatu Rural
Artesanato e Folclore
0185/98 I Festival Int. de Música de Câmara de Pernambuco Música
0186/98 Para um Amor no Recife
Artes Cênicas
0187/98 Vaquejada de Surubim
Música
195
0188/98 Pernambuco Convida Vozes do Mundo
Música
0189/98 Concerto de Música Medieval e Renascentista
Música
0190/98 Muito Latino
Música
0191/98 Raízes Culturais
Pesquisa Cultural
0192/98 Som da Selva
Áreas Integradas
0193/98 Dominguetes - A Sopa na Selva
Áreas Integradas
0194/98 Livre Encanto
Música
0195/98 Projeto Sertão
Áreas Integradas
0196/98 Canto porque Preciso da Sociedade de Canto DionísioMúsica
0197/98 Pernambuco Imortal
Música
0198/98 Arte até Você - Com a Casa nas Costas
Literatura
0199/98 Arte até Você - I Prêmio Pintor Eliezer Xavier
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0200/98 Arte até Você - Paisagens Pernambucanas
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0201/98 Guia das Artes Plásticas
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0202/98 Olinda é a Sé
Patrimônio Histórico
0203/98 Sobrado Espaço Cultural
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0204/98 CD do Cantor Edy Silva
Música
0206/98 Som da Terra
Música
0207/98 Abelardo e Heloísa
Artes Cênicas
0208/98 Forromares
Música
0209/98 Ilumiara Viva
Áreas Integradas
0210/98 Museu Cícero Dias
Patrimônio Histórico
0211/98 4º Encontro de Cantadores do Nordeste
Música
0212/98 Música para Todos
Música
0213/98 Confecção e Manuseio de Instrumentos de Percussão Música
0214/98 Projeto Recriança
Artes Cênicas
0215/98 Projeto Cultura na Comunidade
Áreas Integradas
0216/98 Dança de Salão - CD VI
Música
0217/98 A Dança do Brasil do Descobrimento ao Ano 2000
Artes Cênicas
0218/98 ACMLSL
Áreas Integradas
0219/98 Teatro na Comunidade
Artes Cênicas
0220/98 A Ilha do Tesouro
Artes Cênicas
0221/98 Coração Pernambucano
Música
0222/98 Nádia Maia in Música
Música
0223/98 A Estrela Dalva
Música
0224/98 CD Paulo Spinelly–vol. 1
Música
0225/98 Luar do Sertão
Música
0226/98 1ª Mostra de Artes Visuais do Metrô
Artes Plásticas
0227/98 Paranambuco
Música
0228/98 Tapacurá
Fotografia, Cinema e Vídeo
0229/98 O Começo e as Rosas
Fotografia, Cinema e Vídeo
0230/98 Teatro Didático na Empresa
Artes Cênicas
0231/98 Cultura nas Escolas
Pesquisa Cultural
0232/98 Imaginário e Cibercultura
Pesquisa Cultural
0233/98 Varandão do Pajeú
Música
0234/98 DELIMA - Obras Recentes
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0235/98 Integrarte - A Integração através da Arte
Artes Cênicas
0237/98 Coisas de Pernambuco
Música
0238/98 Mascate de Arte
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0240/98 Restauração do Prédio do IAB
Patrimônio Histórico
0241/98 Olinda - Frevo e Forró
Música
0242/98 Dom Quixote
Artes Cênicas
0243/98 Cem Anos de Zé do Carmo
Música
0244/98 Resgate do Brum Colonial
Áreas Integradas
0245/98 Oficina de Arte
Áreas Integradas
0246/98 Romantismo Nordestino
Música
0247/98 Simião Martiniano - O Camelô do Cinema
Fotografia, Cinema e Vídeo
0248/98 Jovens Titiriteiros
Áreas Integradas
0249/98 Anjos Pornassônicos
Música
0250/98 Ser Feliz
Áreas Integradas
0251/98 Nossa Vida
Artes Cênicas
0252/98 Unidos em Sociedade
Música
0253/98 Music Recital
Áreas Integradas
0254/98 Acervo Pernambucano
Literatura
0255/98 Projeto Cultural Serra do Catolé
Áreas Integradas
0256/98 Gravação do 2º CD Baião de 3
Música
0257/98 Luciano Padilha 25 anos de Careira
Música
0258/98 Muitos Brasis
Música
0259/98 Recife Antigo
Artes Cênicas
0260/98 Cenários
Áreas Integradas
0261/98 Frevo Guarany
Áreas Integradas
0262/98 Escurinho no Recife
Música
0263/98 O Recife no Tempo da Emparedada
Áreas Integradas
0264/98 Encontro de Ritmos Penambucanos
Música
0265/98 Fusão dos Ritmos da Cultura Pernambucana
Música
0266/98 Revista Tatoo Style
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0267/98 Droner Santos do Brega ao Popular
Música
0268/98 Iniciativas Populares de Design Improvisado Áreas Integradas
0269/98 Flor da Praia
Música
0270/98 Ladislau Braga é o Canto Popular
Música
0271/98 Quarteto Romançal no Reino da Ave dos Três Punhais Música
0272/98 Festa da Lavadeira
Artesanato e Folclore
0273/98 Simplesmente Pop CD
Música
0274/98 Eh Luanda! Maracatus de Capiba
Música
0275/98 Vitrais - Filme de Curta Metragem Fotografia, Cinema e Vídeo
0276/98 Criação do Espaço Cultural Gajop
Áreas Integradas
0277/98 5º Encontro de Cultura Afro no Pina
Música
0278/98 Palco da Cultura Pernambucana
Música
0279/98 Antenas
Áreas Integradas
0280/98 Pernambuco no Circuito de Festivais Europeus
Música
0281/98 Seresteiro de Olinda
Música
0282/98 Reveillon Porto de Galinhas
Música
0283/98 Reveillon em Gaibu
Música
0284/98 Bal Masque - 99
Áreas Integradas
0285/98 Festival de Verão de Tamandaré
Música
0286/98 Rota do Forró
Música
0287/98 Caravana Cultural Pernambucana
Áreas Integradas
0288/98 Troça Bicho do Pé
Áreas Integradas
0289/98 Nascer Cultural
Áreas Integradas
0290/98 Carnaval Popular do Litoral Norte
Música
0293/98 Projeto Estrada
Artes Cênicas
0294/98 Tertúlia Cultural
Música
0295/98 Viver o Natal
Áreas Integradas
0296/98 Inhame Jam CD
Música
0297/98 Núcleo Cultural da Imbiribeira
Artesanato e Folclore
0298/98 Roberto da Silva - 25 anos de Arte Artes Gráficas e Plásticas
0299/98 Elite na Mira
Música
0300/98 O Boi Voador
Fotografia, Cinema e Vídeo
0301/98 Lançamento do CD Marina Domingos
Música
0302/98 Resgatando a História
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0303/98 Asas do Amor
Literatura
0304/98 Ciranda de Ritmos
Música
0305/98 Amarelo Manga - Filme Longa-Metragem
Fotografia, Cinema e Vídeo
0306/98 Palhaço: Uma História para Três Atores e uma Atriz
Artes Cênicas
0307/98 Canto Pernambucano
Música
0308/98 Pisa na Fulô - CD
Música
0309/98 Show de Lançamento do CD Pisa na Fulô
Música
0310/98 Visão Crítica do Cinema Brasileiro
Áreas Integradas
PROJETOS APROVADOS
E REALIZADOS
CADERNOS
Continuação
196
0311/98 Idéias Gerais
Áreas Integradas
0312/98 Arteviva na Comunidade
Áreas Integradas
0313/98 Rodeadouro - Pedra do Movimento
Fotografia, Cinema e Vídeo
0314/98 Gravação CD Jorge Rodrigues
Música
0315/98 A Estepe, o Cerrado e o Sertão: famosa peleja de Mestre Antero, Mateus e Bastião, etc.
Artes Cênicas
0316/98 Reserva Técnica do Instituto Cultural Lula Cardoso Ayres
Patrimônio Artístico
0317/98 Cruzeiro do Frei Damião
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0318/98 Monumento ao Novo Milênio Artes Gráficas e Artes Plásticas
0319/98 Jesuíno - CD Janejas
Áreas Integradas
0320/98 CD Ricardo Carioca - Uma Voz, Um Violão
Música
0321/98 Federação Carnavalesca de Pernambuco
Áreas Integradas
0322/98 Carnaval Itinerante
Música
0323/98 Na Pisada do Forró
Música
0324/98 Mostra da Cultura Pernambucana
Áreas Integradas
0325/98 O Pedido
Fotografia, Cinema e Vídeo
0326/98 Pernambuco em Cena
Música
0327/98 Pernambuco de Todos os Cantos
Música
0328/98 Projeto Piloto de Roteiros Televisivos
Fotografia, Cinema e Vídeo
0329/98 Pernambuco Música
0330/98 Fuli/Feyá
Áreas Integradas
0331/98 Dança Popular e Teatro na Comunidade Escadense
Áreas Integradas
0332/98 Dança Popular - Criatividade na Escola
Artes Cênicas
0333/98 II Corso das Máscaras
Áreas Integradas
0334/98 Museu de Petrolândia
Áreas Integradas
0335/98 Implantação de um Núcleo de Cultura na Cidade de Tacaratu
Áreas Integradas
0336/98 A Segunda Face de Iwa
Áreas Integradas
0337/98 TV Cidanania
Fotografia, Cinema e Vídeo
0338/98 1º Festival Nordestino de Emboladores
Música
0339/98 Assim era a Atlântica
Artes Cênicas
0340/98 1º Top Verão de Jaboatão
Áreas Integradas
0341/98 Resgate da Cultura Afro-brasileira
Áreas Integradas
0342/98 Aspecto da Cultura Pernambucana
Pesquisa Cultural
0343/98 Museu da Cidade do Brejo da Madre de Deus
Áreas Integradas
0344/98 Recrivídeo
Fotografia, Cinema e Vídeo
0345/98 A Dança da Capoeira Pernambucana Pesquisa Cultural
0346/98 Nossa Terra, Nossas Danças
Áreas Integradas
0347/98 Concertos na Catedral
Música
0348/98 Mangue e Tal
Fotografia, Cinema e Vídeo
0349/98 Pisa na Folia
Música
0350/98 Inventário e Restauração do Acervo da ACP
Patrimônio Histórico
0351/98 Restauração da Igreja de Nossa Sra. do Livramento
Patrimônio Histórico
0352/98 Samba no Tom
Música
0353/98 Chegue pro Chamego
Música
0354/98 Incentivo e Formação de Cultura Popular para Mulheres
Áreas Integradas
0355/98 Sanfona, Frevo e Forró
Música
0356/98 Feliz Cidade
Música
0357/98 Canteiros da Cultura
Áreas Integradas
0358/98 III Festival de Cinema Nacional do Recife
Fotografia, Cinema e Vídeo
0359/98 I Feira de Produtos e Serviços Audiovisuais do Norte – NE
Áreas Integradas
0360/98 Pernambuco em concerto
Áreas Integradas
0361/98 Carnavalor
Música
0362/98 Sol e Cultura
Música
0363/98 Cenas de Cinema
Áreas Integradas
0364/98 Recifrevando
Áreas Integradas
0365/98 Recife de Ontem e de Hoje
Áreas Integradas
0366/98 Vitalino 90 Anos
Áreas Integradas
0367/98 Falando de Frevo
Áreas Integradas
0368/98 Paixão de Cristo
Artes Cênicas
0369/98 Pinturas Religiosas do Séc. XVI a XIX e Pinturas Brasileira
Áreas Integradas
0370/98 Capacitação Cultural
Áreas Integradas
0371/98 Pinturas Pernambucanas
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0372/98 Flores e Frutas Pernambucanas
Artes Gráficas e Plásticas
0373/98 Resgatando e Interiorizando o Maracatu de Baque Virado
Áreas Integradas
0374/98 Pernambuco na História
Pesquisa Cultural
0375/98 Seis e Meia (1)
Áreas Integradas
0376/98 Seis e Meia (2)
Áreas Integradas
0377/98 Cordel
Música
0378/98 Mostra da Cultura Pernambucana
Pesquisa Cultural
0379/98 Aliança Cultural
Áreas Integradas
EXERCÍCIO 1999
Nº PROJ PROJETO
ÁREA CULTURAL
0380/99 Projeto Qdartetóide
Música
0381/99 Terra Da Luz
Fotografia, Cinema e Vídeo
0382/99 Pintando Floresta
Patrimônio Histórico
0383/99 Vacilou, Casou, Dançou
Áreas Integradas
0384/99 Alheio
Áreas Integradas
0385/99 Sétima Edição - Festival Abril Pro Rock
Música
0386/99 Auto da Compadecida
Artes Cênicas
0387/99 Paixão de Cristo do Recife
Artes Cênicas
0388/99 O Andarilho
Fotografia, Cinema e Vídeo
0389/98 Intinerância da Expos. O Brasil de Portinari
Artes Plásticas
0390/99 Cd de Músicas Bras. Interpretadas por Toinho
Música
0391/99 Paixão de Cristo 1999
Artes Cênicas
0392/99 Cd Taunás “Outros Sertões”
Música
0393/99 Poço-Conto d’Amizade
Fotografia, Cinema e Vídeo
0394/99 Paixão de Cristo do Recife
Artes Cênicas
0395/99 Cantorias Nordestinas
Música
0396/99 Série Compos. Pernambucanos - Zé Dantas, O Doutor do
Baião
Música
0397/99 Os Judeus em PE (Duas Faces da Mesma Moeda)
Áreas Integradas
0398/99 Vamos Comer Pernambuco
Fotografia, Cinema e Vídeo
0399/99 Auto-Retrato Artistas Plást.
Fotografia, Cinema e Vídeo
0400/99 Cd Alexs
Música
0401/99 Retrato Falado
Fotografia, Cinema e Vídeo
0402/99 I Mostra de Cinema Intinerante nos Bairros
Fotografia, Cinema e Vídeo
0403/99 Câmara Intern. de Cinema, Televisão
Fotografia, Cinema e Vídeo
0405/99 5º Encontro de Cantadores do NE
Artesanato e Folclore
0406/99 Revolução na América do Sul - Temporada Popular
Artes Cênicas
0407/99 Levant.do Patrimônio Cult. de S. Lourenço da Mata
Áreas Integradas
0408/99 Viva a Cultura
Música
0409/99 Revista Bem Cultural
Áreas Integradas
0410/99 Revista Cultural
Áreas Integradas
0411/99 Texas hotel
Fotografia, Cinema e Vídeo
0412/99 Cd Mais Além Giselle Tigre
Música
197
0413/99 Contracanto de Janice Japiassu
Música
0414/99 Juventude Legal
Áreas Integradas
0415/99 Festival de Mandinga
Artes Cênicas
0416/99 Dança Teatral, Criatividade com Pessoas Especiais
Artes Cênicas
0417/99 Em Cena Ballét Clássico
Artes Cênicas
0418/99 Coração Tribal
Música
0421/99 O Auto do Estudante que Vendeu sua Alma ao Diabo
Artes Cênicas
0422/99 Ballet Bolshoi no Recife II
Artes Cênicas
0423/99 Ballet Bolshoi no Recife Artes Cênicas
0424/99 Baque
Artes Cênicas
0425/99 4 na Oficina
Artes Plásticas e Artes Gráficas
0426/99 O Mistério, o Vulto, a Máscara
Áreas Integradas
0427/99 Pernambucanto
Música
0428/99 As Minhas Melhores Canções
Música
0429/99 Nóis Sofre mas Nóis Goza
Fotografia, Cinema e Vídeo
0430/99 O Teatro e a Música de Valdemar De Oliveira
Fotografia, Cinema e Vídeo
0431/99 Nadja Maria Cd
Música
0432/99 I Festival de Música com Mostra de Artes
Áreas Integradas
0434/99 Cd na Rua
Música
0435/99 Festival e Exposição Internacional de Folclore e Artesanato
Folclore e Artesanato
0436/99 I Feira de Arte e Cultura de Casa Amarela Áreas Integradas
0437/99 Bloco Aurora de Amor
Música
0438/99 No Passo do Frevo
Música
0439/99 Alquimia
Música
0440/99 Gravação Cd Pernamanguebuco
Música
0441/99 Festival Dançando na Praça do Arraia
Artes Cênicas
0442/99 “O Rei do Baião”- Um Documentário Multimídia sobre a
Vida e a Obra de Luiz Gonzaga
Áreas Integradas
0443/99 Crianças Especiais
Fotografia, Cinema e Vídeo
0444/99 Os Teleguiados - Exposição de Flávio Emanuel
Artes Plásticas e Artes Gráficas
0445/99 Temporal - PE
Artes Plásticas e Artes Gráficas
0446/99 I Festival Internac. de Humor de Quadrinhos de Pernambuco
Artes Gráficas d Artes Plásticas
0447/99 Revivendo o Mamulento II
Artes Cênicas
0448/99 Cd Digital Groove
Música
0452/99 Pernambuco Fun
Áreas Integradas
0453/99 A Formiga Cindy e a Cigarra
Artes Cênicas
0455/99 Luiz Gonzaga, a Luz dos Sertões Fotografia, Cinema e Vídeo
0456/99 Capoeira e Passo
Áreas Integradas
0457/99 “Canhoto da Paraíba” em Violão e Cioloncelo
Música
0458/99 Expos. do Atista Plástico Márcio Almeida e Edição do Catálogo
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0459/99 Livro “João Suassuna de Melo Sobrinho - Um Educador Exemplar
Literatura
0460/99 Livro “Os Dois Mundos de Madalena”
Literatura
0461/99 Suburbio Soul ou o Rap do Pequeno Principe Contra as
Almas Sebosas
Fotografia, Cinema E Vídeo
0462/99 Brasil - 500 Anos
Música
0463/99 No Baque do Frevo
Música
0465/99 Centro Comunitário de Arte
Áreas Integradas
0467/99 Forró para Todos
Música
0468/99 Forró de Pé de Serra Talhada
Música
0470/99 Arraial pra Todo Mundo
Artesanato e Folclore
0473/99 Vida Cabocla
Música
0474/99 Guia do Folclore
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0475/99 Batalha dos Guararapes
Artes Cênicas
0476/99 A Ponte - Revista Cultural de PE Artes Gráficas e Plásticas
0477/99 Dançando na Arco
Artes Cênicas
0479/99 Socializar para um Mundo Melhor
Áreas Integradas
0481/99 Baião de Vira Mundo
Música
0482/99 São João de Caruaru - 1999
Áreas Integradas
0483/99 São João de Caruaru - 1999
Áreas Integradas
0485/99 I Festival de Dança Escolar do Recife
Artes Cênicas
0486/99 A Floresta Encantada
Artes Cênicas
0487/99 Projeto Suzuki
Música
0488/99 É Frevo Meu Bem
Fotografia, Cinema e Vídeo
0489/99 Eduardo Veloso
Música
0490/99 O Samba de Inaldo Vilarin
Música
0491/99 Projeto Sorte
Fotografia, Cinema e Vídeo
0492/99 “Mirueira: A Cidade do Medo” Fotografia, Cinema e Vídeo
0493/99 “Sibélius”
Fotografia, Cinema e Vídeo
0494/99 Orange de Itamaracá
Fotografia, Cinema e Vídeo
0495/99 Livro do Artista Plástico
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0496/99 A Canção Ensina
Áreas Integradas
0497/99 Os Caminhos de Seu Domingos
Áreas Integradas
0498/99 As Pontes do Recife
Literatura
0499/99 Faces do Brasil - “O Universo dos 50 Anos da Fundação Joaquim Nabuco
Áreas Integradas
0500/99 Publicação - Livros de Poesias
Literatura
0501/99 Tempo de Nabuco
Patrimônio Histórico
0502/99 Musica e Vida para Você
Música
0503/99 São João de Petrolina-1999 I
Áreas Integradas
0504/99 São João de Petrolina -1999 II
Áreas Integradas
0505/99 Tttres
Artes Cênicas
0507/99 Festival Flôr de Cheiro
Artes Cênicas
0509/99 Cultura Musical
Música
0510/99 Missa do Vaqueiro/99
Música
0511/99 Gravação de Cd “Tacabixiga”
Música
0512/99 Primeiro Cd de Mônica Feijó
Música
0513/99 Primeiro Cd da Banda Spider
Música
0514/99 Festival Intenacional de Teatro de Bonecos
Artes Cênicas
0515/99 Instituto Cultural Lula Cardoso Ayres
Áreas Integradas
0516/99 Fachadas do Polo Bom Jesus
Patrimônio Histórico
0517/99 Ponte Mauricio de Nassau
Patrimônio Histórico
0518/99 Cinema do Apolo
Áreas Integradas
0519/99 Monumentos Iluminados
Patrimônio Histórico
0520/99 Ponte Buarque de Macedo
Patrimônio Histórico
0521/99 V Fenateca - Festival Nacional de Teatro do Cabo de Santo Agostinho - PE
Artes Cênicas
0522/99 I Festival Nordestino de Poesia Popular Artesanato e Folclore
0523/99 Primeiro Circuito Metropolitano de Violas e Repentes
Artesanato e Folclore
0524/99 Refazendo os Caminhos de Duarte Coelho
Patrimônio Histórico
0525/99 Ciranda Frenética
Música
0526/99 Axioma
Música
0528/99 Segundo Zildjian Day - Pernambuco
Música
0530/99 Rafael Rocha - Cd In
Música
0532/99 Estação Olho d’água de Música Pop
Música
0533/99 Livro: “Murilo La Greca - Vida e Obra” Patrimônio Artístico
0534/99 Filme “Igarassu”
Cinema
0535/99 Pankararu: Danças e Músicas
Áreas Integradas
0536/99 Manguenius-Revista Virtual de Música PernambucanaMúsica
0538/99 Antenas 2
Áreas Integradas
0539/99 Pernambuco em Avignon
Áreas Integradas
0540/99 Auto das Portas do Céu
Artes Cênicas
0541/99 Viva Pernambuco
Áreas Integradas
0544/99 Oficinas Literarias em Pernambuco
Literatura
0546/99 Tributo à Lua – Lua,Luz,Luís
Áreas Integradas
PROJETOS APROVADOS
E REALIZADOS
CADERNOS
Continuação
198
0548/99 Loucas de Pedra Lilás
Artes Cênicas
0549/99 Até que nem tão Esotérico
Fotografia, Cinema e Vídeo
0550/99 Corrida da Galinha
Música
0551/99 Chanteclair
Fotografia, Cinema e Vídeo
0553/99 Histórias Submersas no Mar de Pernambuco Áreas Integradas
0555/99 Netinho Voz e Violão
Música
0556/99 Soul do Mangue
Música
0557/99 Chega de Cangaço
Fotogafia, Cinema e Vídeo
0558/99 IV Festival Nacional de Dança do Recife
Ates Cênicas
0559/99 Histórias Cantadas
Áreas Integradas
0560/99 Educação Artística como ExpreSsão Cultural Música
0561/99 Ensaio Armorial Contemporâneo
Música
0562/99 Pe no Rock
Música
0563/99 Arte Contemporânea: Exposição de José Patrício
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0564/99 Terra @dorada
Artes Cênicas
0565/99 Oratorium
Artes Cênicas
0567/99 Noronha em Grandes Formatos
Artes Gráficas e Plásticas
0568/99 Raul Seixas há 10 Mil Anos à Frente
Música
0569/99 Festival de Inverno de Garanhuns
Música
0570/99 Cultura Pop - Mostras e Oficinas
Áreas Integradas
0571/99 Parque Cultural Euclides Dourado
Áreas Integradas
0572/99 Folia Pernambucana no Agreste Meridional Áreas Integradas
0573/99 Capoeirando
Artes Cênicas
0574/99 O Cabo em T-Max
Fotografia, Cinema e Vídeo
0575/99 Festival de Música Pernambucana
Música
0576/99 Fernando de Noronha 2.000
Áreas Integradas
0578/99 Musicart S
Áreas Integradas
0579/99 Manifestação
Música
0580/99 Faço Arte com Quem Sabe
Áreas Integradas
0581/99 Arquitetura Contemporanea de Pernambuco (1970-1999)
Áreas Integradas
0583/99 Ópera do Descobrimento
Artes Cênicas
0585/99 Alex Corezzi e Carlos Cárdenas
Música
0587/99 Gravaçao do Cd de Fernanda Costa
Música
0588/99 Show Musical “Talento 500” Música
0589/99 Diário de um Louco
Artes Cênicas
0592/99 Música Erudita Cristã; Cantatas Contemporâneas
Música
0594/99 Cd Sak Têlhassato
Música
0596/99 Arte Ativa 99 I
Áreas Integradas
0599/99 Resgate da Documentação do Arquivo Histórico Ultramarino- Capitania de Pernambuco
Patrimonio Histórico
0601/99 Traços e Quadrinhos
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0602/99 Produção e Ediçào do Livro Comida & Tradição – Receitas de Família
Áreas Integradas
0603/99 Janeiro de Grandes Espetáculos
Artes Cênicas
0604/99 As Profecias
Artes Cênicas
0605/99 Noronha em Grandes Formatos - Catalogação
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0606/99 A Corte Vai Passar – Um Olhar sobre o Carnaval
Fotografia, Cinema e Vídeo
0608/99 Solarium
Artes Cênicas
0611/99 Alma em Água
Música
0613/99 Festival Skate Rock
Música
0614/99 É Tempo de Cantar
Música
0615/99 Profissão: Antônio Maria
Fotografia, Cinema e Vídeo
0616/99 Nova Corte do Maracambuco
Artes Cênicas
0617/99 Cenário – Informativo sobre a Cultura e o Marketing Cultural em Pernambuco
Áreas Integradas
0618/99 O Vídeo Árido – Um Panorama da Nova Produção de Vídeos Pernambucano
Fotografia, Cinema e Vídeo
0619/99 Artes e Artistas Plásticos em Pernambuco no Século XX
Áreas Integradas
0620/99 Gambiarra – Sistema Móvel de Sensações Rústicas
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0621/99 A Lírica da Chama
Fotografia, Cinema e Vídeo
0624/99 Menestréis de Pernambuco
Música
0625/99 Querido Mundo
Artes Cênicas
0627/99 Pernambucando
Áreas Integradas
0628/99 Arte para Viver
Áreas Integradas
0629/99 Domingueiras da Moeda – O Canto da Sereia
Música
0630/99 XIV Festa do Abacaxi
Música
0631/99 Reginal do Mendonça- 19 Anos de Forró
Música
0632/99 Custodiando Valores
Música
0633/99 II Feira Internacional do Livro de Pernambuco
Literatura
0634/99 A Morte de Ivan Ilitch
Artes Cênicas
0635/99 Quatro Tendências Contemporâneas
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0636/99 Arte Solidária
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0637/99 Ciclo do Recife - Uma História do Cinema Mudo
Áreas Integradas
0639/99 Patrimônio Histórico e DesenvolvimentoPatrimônio Histórico
0641/99 Seminários Temáticos do Festival de Cinema do Recife
Fotografia, Cinema e Vídeo
0642/99 Jairo Lima e a Cultura Pernambucana
Música
0643/99 Fe-ira
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0645/99 Identificar-te
Áreas Integradas
0648/99 Gravação do Cd ”Deus o Pai”
Música
0649/99 Abolição pelos 500 Anos do Brasil
Música
0650/99 Não te Conheço de algum Lugar
Artes Gráficas e Plásticas
0651/99 Olinda, Carnaval de Rua (Um Filme para Ser Ouvido)
Fotografia, Cinema e Vídeo
0652/99 Cultura para o Povo
Artes Cênicas
0654/99 James Joyce: Um Porto Transcriativo
Áreas Integradas
0655/99 Iª Vinhuva Fest (1ª Festa do Vinho e da Uva) Áreas Integradas
0656/99 Infantil
Música
0657/99 Pé na Estrada
Música
0660/99 Descoberta de Cabral
Artes Cênicas
0661/99 3ª Expoleite – Feira de Leite e Derivados
Áreas Integradas
0663/99 Coco que Roda
Fotografia, Cinema e Vídeo
0664/99 Maria Moura
Fotografia, Cinema e Vídeo
0665/99 Maria Moura
Fotografia, Cinema E Vídeo
0670/99 Temporada Cultural
Áreas Integradas
0671/99 Terças no Apolo
Áreas Integradas
0672/99 Aquarelas – A Cor do Nordeste
Artes Gráficas e Plásticas
0673/99 A Ti Senhor
Música
0674/99 Projeto Lambe-Lambe, um Livro de Fotografias do Carnaval
de Pernambuco
Áreas Integradas
0676/99 Vivenciando nosso Folclore
Áreas Integradas
0678/99 Projeto Estrada
Áreas Integradas
0681/99 Artes Plásticas nas Escolas
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0682/99 Para Todos os Gostos
Música
0683/99 O Recife que Aprendi a Amar Depois
Fotografia, Cinema e Vídeo
0685/99 Raça Brasileira
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0687/99 Se Liga!
Artes Cênicas
0689/99 Multivisão
Literatura
0690/99 Pernambuco Feminino
Áreas Integradas
0691/99 Boi de Piranha
Música
0692/99 Boneco na Praça
Artes Cênicas
0693/99 André Ricardo - 20 Anos de MPB
Música
0694/99 Olhar Brasileiro
Música
199
0695/99 Anísio Rosh
Música
0696/99 Oficina de Papel Reciclado com Aplicação em Teatro de Bonecos
Áreas Integradas
0699/99 Silvério Pessoa Canta Jacinto Silva
Música
0700/99 Vicente Cem Anos Pintor Poeta Tipógrafo
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0701/99 Advinha Quem É ?
Música
0705/99 Concertos na Bom Jesus
Áreas Integradas
0706/99 30º Congresso Mundial do Cioff
Áreas Integradas
0707/99 Teatro para Todos
Artes Cênicas
0708/99 Dançando na Rua
Áreas Integradas
0711/99 Brasil – Portugal 500 Anos
Fotografia, Cinema e Vídeo
0712/99 Arrasta Som
Música
0714/99 José Claudio, Cerâmica, Pintura e Serigrafia - A Luz e a Cor
do Nodeste
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0715/99 Cd da Banda Querozene
Música
0716/99 Expo2000 - Maracatu Estrela Brilhante
Música
0719/99 Educar com Arte
Artes Cênicas
0720/99 III Festcoco
Música
0721/99 Criações do Mangue Beat
Pesquisa Cultural
0722/99 Centro Cultural Cais do Porto
Áreas Integradas
0723/99 Meu Litoral - Volume I
Música
0724/99 Forromoura 99 Ano II
Áreas Integradas
0726/99 Cd na Boca do Povo
Música
0728/99 Cultura e Esculhambação - Uma Geral na Galera
Pesquisa Cultural
0729/99 Concertos na Catedral
Música
0730/99 Projeto Pernambucano nos 500 Anos | A Saga de Duarte Coelho em Terras Pernambucanas.
Literatura
0731/99 Cabo Brasil 500 Anos – Rumo ao Novo Milênio
Áreas Integradas
0732/99 O Caminho do Amor
Literatura
0733/99 O Universo Imaginário de Francisco Brennand
Fotografia, Cinema e Vídeo
0734/99 VI Semanarte
Áreas Integradas
0735/99 Morros e Mangues
ÁreaS Integradas
0736/99 Recife Madeira de Lei
Música
0738/99 A Cultura no Cotidiano
Áreas Integradas
0746/99 Exposição de Pintura : Recife seus Principais Pontos Históricos
Artes Gráficas E Artes Plásticas
0747/99 Cd Cristina Amaral
Música
0748/99 Valéria Pimentel - Tempo Um
Música
0749/99 Luz, Câmera, Diversão
Cinema
0751/99 Cultura Panorâmica no Pátio S. Pedro Patrimônio Histórico
0752/99 Cultura Popular nos Bairros
Música
0753/99 Cultura Popular, “Acredite Vamos Resistir”, No Carnaval dos 500 Anos
Áreas Integradas
0754/99 “Centro de Arte e Cultura Ana das Carrancas” – Museu,
Oficina e Lojinha.
Áreas Integradas
0755/99 Morte e Vida Severina
Artes Cênicas
0756/99 Cinderela a História que sua Mãe não Contou Artes Cênicas
0757/99 Música na Lata
Música
0758/99 Dez Anos de Alegria
Áreas Integradas
0759/99 Radiografia da Dança Popular na Rmr
Artes Cênicas
0760/99 Filme Rosa do Sertão
Fotografia, Cinema e Vídeo
0762/99 Espetáculo Inês!
Artes Cênicas
0763/99 Contrabanda Cd 2
Música
0764/99 Restauração e Edição de Partituras de Músicas Penambucanas
Música
0768/99 22º Baile dos Artistas do Recife
Artesanato e Folclore
0769/99 Oficinas Permanentes
Artes Cênicas
0771/99 Oficinas de Pintura Sacra Barroca
Artesanato e Folclore
0772/99 Forró sem Fronteiras
Música
0773/99 A Máquina
Artes Cênicas
0774/99 Chanuka - Festival das Luzes
Áreas Integradas
0777/99 Porto Seguro
Música
0778/99 Uma Canção para Othello
Artes Cênicas
0779/99 Cultura como Atividade Econômica e o Público Cultural
Pesquisa Cultural
0780/99 Di França Esculturas e Painéis Cerâmicos
Artes Plásticas
0781/99 Saulo Coimbra – Sertão e Mar
Música
0782/99 Indus Culinária Indiana no Brasil
Literatura
0784/99 Portal do Porto
Patrimônio Artístico
0786/99 Sons do Planeta
Música
0788/99 Cactos e Corais
Literatura
0789/99 Cd Versão Brasileira – Vol. III
Música
0791/99 Expressividade Popular Musical
Música
0792/99 Apresentações Populares na Festa de São Sebastião no Ano 2000
Música Artes Cênicas
0793/99 Urubu – Intervenção Artesucata
Artes Plásticas
0796/99 Festival do Forró
Música
0797/99 Projeto Dança Amorfa
Artes Cênicas
0798/99 Canteiros da Cultura 2000
Fotografia, Artes Gráficas e Plásticas, Patimônio Histórico e Artístico
0799/99 O Amante
Música
0800/99 Troféu da Boa Hora
Música Artes Graficas e Plásticas
0801/99 Expo 2000 – Orquestra Tropicália
Música
0802/99 Documentário em Vídeo Propaganda do Povo
Fotografia, Cinema e Vídeo
0803/99 XVII Semana Estudantil de Artes de Sertânia
Música
0804/99 Como se Livrar da Coisa ou o Mito do Mangue Artes Cênicas
0805/99 Livro “Diário de um Adolescente”
Literatura
0806/99 Gravação do Cd – Tradição Nordestina
Música
0807/99 A Música Armorial: do Experimental à Fase Arraial
Música
0808/99 Anjos da Paz – Terceiro Milênio
Artes Cênicas
0810/99 A Seca e o Nordeste
Áreas Integradas
0811/99 Pernambuco For All
Música
0812/99 Educando para Vida
Artes Cênicas
0813/99 V Batizado e Graduação
Artes Cênicas
0815/99 1º Encontro Anos Dourados da Mata Note-Camutanga - PE
Música
0816/99 Confecção e Manuseio de Instrumentos de Percussão
Áreas Integradas
0817/99 Cd - Daqui por Diante ...
Áreas Integradas
0820/99 Reveillon 2.000 Culturas Múltiplas no Novo Milênio
Áreas Integradas
0821/99 Sociedade Coral São Pedro Mártir de Olinda Áreas Integradas
0824/99 Maria Fumaça
Música
0825/99 Nos Trilhos do Tempo
Áreas Integradas
0826/99 Só Risos
Artes Cênicas
0827/99 Todos Verão Teatro em 2000
Artes Cênicas
0829/99 Inhame Jaqm-Cd
Música
0830/99 Mestres Mamulengueiros no Tiridá
Áreas Integradas
0831/99 Asas da América 20 Anos
Música
0832/99 É Tempo de Viver
Música
0833/99 Baião: 50 Anos de Poesia
Música e Pesquisa Cultural
0834/99 Baião de Canto a Canto
Música e Pesquisa Cultural
0835/99 Pindorama - Uma História do Brasil
Artes Cênicas
0836/99 Guia “Zen” Cultural Pesquisa Cultural
0837/99 Descoberta
Música
0838/99 Slapzum a Força da Amizade
Artes Cênicas
0839/99 Batalha dos Guararapes
Artes Cênicas
PROJETOS APROVADOS
E REALIZADOS
CADERNOS
Continuação
200
0840/99 Livro Pernambuco
Fotografia e Artes Gráficas
0842/99 São Francisco – um Rio Cheio de Histórias Áreas Integradas
0843/99 São Francisco – um Rio Cheio de Histórias Áreas Integradas
0845/99 São Francisco – um Rio Cheio de Histórias Áreas Integradas
0846/99 Luiz Gonzaga, Pernambuco e Canção Primeiro - Soongbook
Música e Literatura
0847/99 Manguebeat, Revolução e Resistência
Música, Fotografia, Cinema e Vídeo
0848/99 Vôquinho
Artes Gráficas
0850/99 Rota do Forró -1º Etapa - Recife, Vitória, Pombos, Gravatá, Bezerros e Caruaru. Segunda Edição
Música / Artesanato e Folclore
0855/99 Revista de Quadrinhos
Artes Gráficas
0856/99 Criança na Música
Música
0858/99 Pé Dentro, Pé Fora
Áreas Integradas
0861/99 Circulação do Balé B.A.Q.U.E.
Artes Cênicas
0863/99 Chá em Casa dos Prosórov
Ates Cênicas
0864/99 Moleque da Rua
Música
0865/99 Exposição Comemorativa 30 Anos Galeria Officina
Artes Plásticas
0866/99 Gilvan Chaves: Encantos do Nordeste
Pesquisa Cultural e Patrimônio Artistico
0867/99 ProJeto Itinerante de Cultura
Música e Artes Cênicas
0869/99 Pintando e Vida
Artes Plásticas
0870/99 Poemas Ilustrados
Literatura e Artes Gráficas
0871/99 Recife Iconográfico,História e Cultura
Áreas Integradas
0872/99 Aldeia do Frevo
Música
0873/99 Pernambuco Falando para o Mundo
Áreas Integradas
0874/99 Debaixo do Sol
Música
EXERCÍCIO 2000
Nº PROJ PROJETO
ÁREA CULTURAL
0875/00 Campanha Cultural de Prevenção à Aids
Áreas Integradas
0876/00 Assim É Pernambuco
Artes Cênicas, Artesanato e Folclore
0879/00 Espetáculos Musicais
Música
0881/00 III Festival Int. de Música de Câmara de PE
Música
0882/00 Pernambuco Mostra Arte no CAC
Artes Plásticas e Patrimônio Artístico
0883/00 Gonzagão para Todos
Música
0884/00 São João do Bairro do Ipsep
Artes Cênicas
0885/00 Pernambuco Imortal
Áreas Integradas
0886/00 II Congresso Brasileiro de Escritores em PE Áreas Integradas
0887/00 Vôo da Cultura Brasil-Portugal
Áreas Integradas
0888/00 Projeto Via Arte
Ates Cênicas
0889/00 Mostra de Filme do Fest. de Cinema do Recife
Cinema
0890/00 Paixão de Cristo de Ponte dos Carvalhos
Artes Cênicas
0891/00 Oficina de Papel
Patrimônio Histórico
0893/00 A Mensagem
Fotografia, Cinema e Vídeo
0896/00 Simplesmente Weudes
Música
0897/00 Maracatú
Artes Plásticas e Patrimônio Artístico
0898/00 Dança
Artes Plásticas e Patrimônio Artístico
0899/00 Olinda - Uma Orla de Arte Bumba-Meu-Boi
Artes Plásticas e Patrimônio Artístico
0900/00 Caboclo Guardião de Olinda
Artes Plásticas e Patrimônio Artístico
0901/00 Passista no Passo do Bêbo Artes Plást. e Patrimônio Artístico
0902/00 IV Carnamar
Música e Artes Cênicas
0904/00 Acorda Povo - Etapa 2
Música e Artes Cênicas
0905/00 Teatro do Parque
Patrimônio Artístico
0906/00 Projeto 6 e 1/2
Música
0907/00 Paixão de Cristo do Ipsep
Artes Cênicas
0908/00 O Diocesano de Garanhuns e Monsenhor Aldemar Pesquisa Cultural
0909/00 Teatro na Comunidade
Artes Cênicas
0911/00 Cidadania e Dança Popular Nordestina
Artes Cênicas
0912/00 De Volta às Raízes
Música
0914/00 Cd do Bloco Carnavalesco Zona no Reino
Música
0915/00 Pata Aqui, Pata Acolá
Artes Cênicas
0916/00 Gilberto Freyre: O Redescobridor do Brasil
Fotografia, Cinema e Vídeo
0918/00 Teatro Castelo Rá-Tim-Bum
Ates Cênicas
0919/00 Oitava Edição do Abril Pro Rock Artístico
Música
0920/20 Oitava Edição do Abril Pro Rock Estrutura
Música
0922/00 São João do Bairro de Afogados
Artes Cênicas
0923/00 Encontro de Gigantes
Vídeo
0927/00 Rec Beat 2000
Música e Pesquisa Cultural
0928/00 A Máquina / Cd
Música
0929/00 Aspectos Naturais e Culturais de PE
FotografIa
0930/00 Expressão de uma Realidade
Fotografia e Artes Gráficas
0931/00 O Encontro de Antônio Cobra Choca com o Sertanejo Valente
Artes Cênicas
0932/00 Nações Indígenas/Nação Brasil 500 Anos Pesquisa Cultural
0933/00 Magia de Amor
Música
0934/00 Pequeno Dicionário de Pernambuco.
Pesquisa Cultural
0935/00 Por um Brasil Melhor
Áreas Integradas
0937/00 Cartilha Educativa: Capiba
Literatura
0942/00 Gilberto Freyre, Contos do Recife Velho
Vídeo
0943/00 O Lado Escuro do Paraíso
Música
0944/00 Festa da Estação
Áreas Integradas
0945/00 Roteiro Cultural da Semana Santa em Pernambuco
Áreas Integradas
0946/00 A Festa das Flores
Áreas Integradas
0947/00 Icógnum
Artes Cênicas
0950/00 Oficinas de Audiovisuais do Festival de Cinema do Recife
Cinema e Vídeo
0951/00 Xv Festa do Abacaxi
Música
0953/00 Sexta do Frevo
Artes Cênicas
0954/00 A Visita
Cinema e Vídeo
0955/00 Tv Cidadania
Vídeo
0956/00 Flor da Terra Rumo à França
Áreas Integradas
0957/00 Ondas do Tempo – Uma Viagem pelo Litoral Pernambucano
Fotografia
0958/00 Alugam-se Asas para o Carnaval
Música
0959/00 Projeto Duna de Música Instrumental
Música
0960/00 [email protected]
Cinema
0961/00 Feira de Livros
Artes Cênicas
0962/00 Vozes em Coro
Música
0963/00 Dança e Arte
Artes Cênicas
0964/00 A Bicleta do Condenado
Artes Cênicas
0965/00 Interiorização da Música
Música
0966/00 Oficinas do Interior
Artes Cênicas
0968/00 Paixão de Cristo de Nova Jerusalém - PE
Artes Cênicas
0969/00 Carcará 2000
Música
0970/00 Irah Caldeira- Mistura Brasil Cd
Música
0971/00 Os Três Coroados
Artes Cênicas
0973/00 Assim Nasceu a Pátria
Artes Cênicas
0974/00 Projeto Estrada
Artes Cênicas
0976/00 V Festival de Dança do Recife
Artes Cênicas
0977/00 Vivendo a Cultura
Artes Cênicas
0978/00 Cd-Sabiá
Música
0980/00 I Campeonato Nacional de Dança de Salão
Artes Cênicas
0981/00 Circuito Metropolitano de Música
Música
201
0982/00 Abril 2000 500 Anos Depois: A Retomada Pesquisa Cultural
0983/00 Festa da Lavadeira
Folclore
0985/00 O Drama das Camélias
Artes Cênicas
0986/00 Abelardo e Heloísa
Artes Cênicas
0987/00 Liane Monte-Símbolos e Flutuações
Artes Plásticas
0988/00 Bandeira de São João
Artes Cênicas
0989/00 Festival Dançando na Praça do Arraiá
Artes Cênicas
0992/00 Projeto Observatório Cultural Malakoff Equipamentos e Suporte para Atividades Culturais
Áreas Integradas
0996/00 II Concurso Int. de Humor e Quadrinhos de PE
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0994/00 II Festival Int. de Humor e Quadrinhos de PE
Artes Gráficas e Artes Plásticas
0995/00 Projeto Observatório Cultural Malakoff
Áreas Integradas
0996/00 Recife Festival of Pop
Música
0997/00 Festival Forropira -São João da Comunidade de Sucupira,
Bairro de Cavaleiro
Artes Cênicas
0998/00 Pernambuco é Forró - Concertos Amigos do Forró
Música
1004/00 Festival Universitário da Canção Pernambucana
Música
1005/00 Marilyn, Marilyn
Artes Cênicas
1006/00 Nordestinar
Áreas Integradas
1007/00 Arte Na Feira - 1ª Etapa
Áreas Integradas
1008/00 Arte Na Feira - 2ª Etapa
Áreas Integradas
1009/00 Tareco e Mariola
Artesanato e Folclore
1010/00 Marcos Lopes 40 Anos de Artes
Áreas Integradas
1011/00 VIII Cavalgada à Pedra do Reino Áreas Integradas
1013/00 Poemas em Livro Virtual
Literatura
1014/00 Ur 5 na Roça - São João 2000
Artes Cênicas
1016/00 Grupo Experimental de Dança
Artes Cênicas
1018/00 Encontro de Cantadores de Viola no Agreste Pernambucano Santa Maria do Canbucá-PE
Música
1019/00 Projeto Musical Luz Divina
Música
1020/00 Viva A Vida! Aquarela S de Guita Charifker Áreas Integradas
1022/00 Café Literário de Pernambuco
Literastura
1024/00 Música Música
1026/00 Delima 2000
Artes Plásticas
1027/00 Maria Salete Maciel - Natureza Pictória
Artes Plásticas
1028/00 Pernambuco Tocando a Vida
Áreas Integradas
1029/00 Arraial de Vitalino São João de Caruaru
Áreas Integradas
1030/00 São João de Caruaru 2000
Áreas Integradas
1031/00 Cd do Cantor Denny Michel
Música
1032/00 Lisbela e o Prisioneiro
Artes Cênicas
1033/00 Catálogo da Exposição Individual de Manoel Veiga
Artes Plásticas
1035/00 Mãe Natureza
Música
1037/00 Annibal Portella, Rumo ao Evoé-Preservação da Cultura Musical e Poética Pernambucana
Áreas Integradas
1038/00 Missa do Vaqueiro 2000
Música
1042/00 1º Festival Nacional de Cultura Popular Brasileira
Áreas Integradas
1043/00 “Cravo de Ouro”
Música
1044/00 “Cantando na Rua”
Música
1046/00 “Grandes Nomes do NE - Pernambuco nos Tempos dos Cangaceiros - Um Bravo Militar”
Literatura
1049/00 “Vera para os Amigos”
Música
1051/00 “Nossos Passos”
Música
1056/00 “Flor da Lira nas Ruas”
Música
1068/00 “Cultura no Parque”
Áreas Integradas
1069/00 “Oficinas Culturais”
Áreas Integradas
1070/00 “Garanhuns Instrumental - em Clima de Música”
Música
1071/00 “Jardim Cultural - Artístico”
Música
1073/00 “Descentralizando as Artes Cênicas”
Artes Cênicas
1074/00 “Projeto Quartetóide Ano 2000”
Música
EXERCÍCIO 2001
Nº PROJ PROJETO
ÁREA CULTURAL
005/01 Projeto PLATEIA de Formação de Público para Teatro
Artes Cênicas
009/01 Carcará XXI
Música
016/01 Paixão de Cristo de Nova Jerusalém 2001 - Mídia
Artes Cênicas
026/01 Festividades Juninas no Agreste
Música
042/01 Século XXI
Vídeo
049/01 Curta Digit@l
Cinema
055/01 15ª Festa da Lavadeira
Folclore
057/01 Tejucupapo
Cinema
080/01 De Boca em Boca
Artes Cênicas
087/01 Deslocado
Artes Cênicas
091/01 Pernambuco Imortal
Música
099/01 Forró Nosso
Música
102/01 Cultura de Canto a Canto
Patrimônio Artístico
105/01 Assembléia de de Deus / A Feia de Caruaru
Artes Cênicas
111/01 Jardim Cultural Artístico II
Música
115/01 CD do Maracatu Estrela Brilhante
Música
134/01 Edilza (Gravação de CD)
Música
139/01 Raízes do Fole
Vídeo
146/01 Autoretrato - Artístas Plásticos
Vídeo
151/01 Programa Amparo60 de Exposições
Artes Cênicas
157/01 CD Acqualuz - Nenéu Liberalquino Trio
Música
158/01 Pindorama - A Outra História do Brasil
Artes Plásticas e Gráficas
174/01 Visão Futurística do Passado - 30 Anos de Quinteto Violado
Música
179/01 Gravação e Lançamento do Primeiro Disco de Armando Lôbo & Santa Boêmia
Música
183/01 Auto das Portas do Céu - Uma Viagem pela Cultura do Nordeste
Artes Cênicas
184/01 A Paisagem Adaptativa e a Pintura Atual
Artes Plásticas
192/01 Visões Contemporâneas do Recife
Artes Cênicas
217/01 Aprígio e Frederico “Percurso Tátil (1978/2000)” Literatura
226/01 CD Kelly Benevides
Música
235/01 A Música das Igrejas
Música
262/01 Espaçarte
Cultura Popular
279/01 Uma Fogueira para São José
Artes Cênicas
287/01 Rebolado - CD 1
Música
288/01 Casa Grande e Senzala em Quadrinhos
Literatura
289/01 CD do Bloco Carnavalesco Siri na Lata
Música e Cinema
290/01 CD - Música Erudita Pernambucana
Música
298/01 Cabo de Santo Agostinho - 502 Anos - Ruínas e Monumento Catálogo
Artes Gráficas
303/01 Som no PE do Cipa
Música
311/01 Flor da Lira
Música
313/01 Pernambuco Preservado
Literatura
315/01 Cidade Mangue
Música
317/01 Hinos do Brasil, República, Pernambuco e Recife
Música
319/01 CD Benedito Alírio & Amigos
Música
333/01 O Arquiteto e O Imperador da Assíria
Artes Cênicas
336/01 O Dueto
Artes Cênicas
337/01 Em Cena Ballet Clássico
Artes Cênicas
344/01 Platéia do Futuro
Artes Cênicas
350/01 Versão: “Ao Vivo”
Artes Cênicas
361/01 III Feira Internacional do Livro de PE
Literatura
PROJETOS APROVADOS
E REALIZADOS
CADERNOS
Continuação
202
364/01 Gravação do CD - Clara Palavra
Música
369/01 Faço Arte com Quem Sabe
Artes Plásticas
386/01 Mestres
Vídeo
387/01 Mosteiros dos Sons
Vídeo
409/01 Livro: As Filosofias de Um Guarda Noturno
Literatura
412/01 Oficina Itinerante
Cultura Popular
414/01 Mostra Personalidades Pernambucanas
Artes Plásticas
418/01 Projeto CD Bola Gato
Música
419/01 CD Pra Se Viver um Amor Maior
Música
420/01 Der Holzschneider J. Borges Aus Pernambuco - Mostra Pernambucana em Zurique
Artes Plásticas, Literatura e Cult. Popular
424/01 Recife, Rock Brasil
Música
436/01 Todos os Tempos... De Reynaldo Fonseca
Artes Plásticas
449/01 Artesanato Itinerante
Cultura Popular
451/01 Pernambuco Musical
Música
452/01 II Festival Nacional de Repentistas
Cultura Popular
453/01 Viva São João
Cinema
467/01 Mix 2001
Música
468/01 Sempre Te Amei - Caru Forró
Música
500/01 Primeiro CD de Renata Rosa
Música
512/01 No Jogo da Dança
Cultura Popular
EXERCÍCIO 2002
Nº PROJ PROJETO
ÁREA CULTURAL
007/02 Maracatu Nação Porto Fino
Música
013/02 16ª Festa da Lavadeira
Cultura Popular
015/02 Flêetwtxia
Música
018/02 Oficina de Máscaras de Bezerros
Artes Plásticas
025/02 Micróbio do Frevo
Música
026/02 Que Choro é Esse
Música
031/02 Serra Negra Festival - Portal de Música, Poesia e Natureza
Música
034/02 Projeto de Formação de Público para o Teatro - Platéia IIArtes Cênicas
040/02 Museu Arqueológico Pai Chico
Patrimônio Histórico
043/02 CD Antologia 70
Música
044/02 Cordel do Fogo Encantado - 2º CD
Música
048/02 Cd Maracatu Pra Ela
Música
057/02 Saci-Pererê
Literatura
062/02 Gravação do CD Instrumental - “Rio Capibaribe”- Cordas Percussivas
Música
067/02 É mais fácil um boi voar”
Cinema / Vídeo
069/02 O Piano de Marcelo Azevedo
Música
073/02 Companhia Taquari de Danças Populares
Artes Cênicas
081/02 A Colheita
Música
086/02 Batalha dos Guararapes
Artes Cênicas
089/02 DOC. 21
Cinema / Vídeo
090/02 III Festival Nacional de Repentistas
Cultura Popular
092/02 Pernambuco Multimídia
Literatura
093/02 Paixão de Cristo de Nova Jerusalém 2002 - Mídia
Artes Cênicas
095/02 V Festival Internacional de Música de Câmara de Pernambuco
Música
108/02 O Cinema, A Aspirina e Os Urubus
Cinema
112/02 Caleidoscópio Cultural de Pernambuco
Diversas
116/02 De Friburgo ao Campo das Princesas
Artes Plásticas
117/02 Volta ao Mundo - Show de Teclados
Música
118/02 Fuloresta do Samba
Música
127/02 Jardim Cultural
Música
131/02 Teatro Armazém - Uma Vitrine Teatral
Artes Cênicas
136/02 Vídeo- Aula Frevo I
Cinema e Vídeo
138/02 Rimas Gramaticais - Gramática da Língua Portuguesa em Poesia
Literatura
140/02 Nossos Passos - Pela Qualidade de Vida
Música
141/02 Exposição e Lançamento do Livro - Viva a Vida! Guita Charifker - Aquarelas, Desenhos, Pinturas no Rio de Janeiro e São Paulo
Artes Plásticas
144/02 Azulão - Um Pássaro de Caruaru
Cinema e Vídeo
145/02 CD - A Cabra Alada
Música
147/02 Tapacurá 2
Cinema
155/02 XIV FETEAG - Festival de Teatro Estudantil do Agreste e
I FESTEPE - Festival de Teatro do Estudante de Pernambuco
Artes Cênicas
158/02 A Caricatura em Pernambuco: 1900-2000
Diversas
162/02 Maria e Duran
Música
165/02 Vem Dudu
Música
172/02 Deus Danado
Artes Cênicas
175/02 Aria - Artes Plásticas
Artes Plásticas
177/02 Programa Amparo 60 de Exposições - Ano II Artes Plásticas
178/02 N.A.V.E. - Criação do Núcleo de Artes Visuais e Experimentos
Artes Plásticas
195/02 Fôrma, Formas e Força de um Povo Artes Plásticas
199/02 Projeto Mandiga
Música
EXERCÍCIO 2003
Nº PROJ PROJETO
ÁREA CULTURAL
001/03 Orquestra popular do Recife
música
002/03 Music from Pernambuco
música
010/03 Iv bienal internacional do livro de Pernambuco
literatura
012/03 Instrumental em concerto
música
014/03 Nação canta Pernambuco
música
019/03 Entre paredes
cinema
020/03 Antologia da imprensa carnavalesca pernambucana
(1825-1925)
pesquisa cultural
026/03 Exposições ária 2003/2004
artes plásticas
029/03 Alma pernambucana música
031/03 Flávia Barros, Ana Regina e Tânia Trindade pesquisa cultural
036/03 Cd Josildo Sá
música
037/03 VI Festival Internacional de Música de Câmara de Pernambuco
música
038/03 Anais Pernambucanos edição eletrônica
literatura
039/03 VI encontro de sanfoneiro do Recife
música
042/03 Cd Choro Suave
música
044/03 Mais sérios do que você imagina
música
046/03 Retirantes
música
048/03 Orquestra de frevo do Recife com maestro Spok
Passo de Anjo
música
049/03 Canta Coração
música
052/03 Cd de Junior Barreto
música
056/03 Mostra do imaginário
cultura popular
057/03 Serra Negra Festival
música
058/03 É mais fácil um boi voar - pós-produção e finalização cinema
061/03 XV Feteag festival de teatro estudantil do agreste e II festepe festival teatro do estudante de Pernambuco
artes cênicas
066/03 Livro: D. Pedro - Imperador do Brasil e Rei de Portugal
literatura
069/03 Play
artes cênicas
080/03 Arido Movie
cinema
082/03 A Casa de Gilberto Freyre restauração
patrimônio
085/03 Porcos Corpos
cinema
086/03 A Figueira do Inferno - registro etnobotânico sobre utilização 203
de daturas e brugmânsias no nordeste brasileiro
cinema
089/03 Festival Viva Cultura no Ibura
música
098/03 A menina Íris
literatura
100/03 Cd “Segura o Cordão” (tiné)
música
102/03 Iconografia e Sonoridade da cultura popular
literatura
104/03 Zabumba Moderna
pesquisa cultural
108/03 Grupo experimental 10 anos
artes cênicas
109/03 Teatro Armazém -Viver teatro artes cênicas
111/03 Acervo - Recordança
pesquisa cultural
112/03 Frevo, Ciranda e Maracatu
música
113/03 Módulo fomento do “Festival Mundial de Circo do Brasil - Conexão Nordeste”
artes cênicas
118/03 “A História da Eternidade”
cinema
121/03 Olinda - das colinas à planície.
Literatura
124/03 Faço arte no museu artes plásticas
125/03 Parto
música
126/03 Festival do Teatro Brasileiro - cena pernambucana
artes cênicas
128/03 Brennand desenhos
artes plásticas
129/03 Viva os brincantes cultura popular
134/03 Monummenta hyginia
literatura
138/03 Nassau morou ali
literatura
139/03 Doc.21-2003
Cinema
148/03 Música tradicional brasileira
pesquisa cultural
152/03 Oficina de reciclados e máscaras de bezerros cultura popular
155/03 Isabel
cinema
159/03 Batalha dos guararapes - assim nasceu a pátria artes cênicas
160/03 Coco que roda
cultura popular
EXERCÍCIO 2004
Nº PROJ PROJETO
ÁREA CULTURAL
007/04 Paixão de Cristo do Recife
Artes Cênicas
010/04 Instrumental em Concerto
Música
014/04 Bacamarte, Pólvora e Povo
Pesquisa Cultural
023/04 Restauração do Edificio da ACP-Assoc Comerc de PE.
Patrim Artit, hist,arquit arqueol.paleont
025/04 CD Maracatu Estrelha Brilhante de Igarassu
Música
027/04 12ª Edição do Festival Abril Pro Rock
Música
032/04 Livro: Fernandes Vieira e a Restauração Pernambucana
Literatura e PesquIsa Cultural
035/04 XVI Feteag Festival do Teatro Estudantil do Agreste e III Festepe Festival do Estudante de Pernambuco
Artes Cênicas
036/04 Romeu e Julieta
Artes Cênicas
038/04 Arte na Ilha - Programação e Oficinas Culturais
Cultura Popular, Artes Cênicas
039/04 Cantata Baile do Menino Deus
Música
040/04 Labirindo
Artes Cênicas
048/04 doc.21 - O Chôro Cinema (Audiovisual), música, pesquisa
058/04 VII Festival Internacional de Música de Câmara de Pernambuco Música
060/04 Coletânea Teatral
Música
063/04 CD DJ Dolores: Aparelhagem
Música
067/04 Festa da Lavadeira - 2004 - Vídeo
Cultura Popular
069/04 O Cinema, a Aspirina e os Urubus Fotografia Cinema e Vídeo
070/04 Festa da Lavadeira - 2004 - Grupos Culturais Cultura Popular
073/04 Cine PE Itinerante 2004 - Formação de Platéia
Fotografia, Cinema e Vídeo
074/04 Paixão de Cinema
Fotografia Cinema e Vídeo
075/04 Cine PE Mostra Infantil de Cinema 2004 - Formação de Platéia
Fotografia Cinema e Vídeo
077/04 Cine PE Oficinas de Cinema 2004 - Formação de Técnicos
Fotografia Cinema e Vídeo
082/04 VI Encontro Pernambucano de Coco
Música e Cultura Popular
083/04 Maracatu Leão Coroado - 140 anos
Música
103/04 Mauro Mota - Obra Poética
Literatura
113/04 Pernambuco Design 2004
Artes Gráficas
114/04 A Presença da Etnia Negra em Pernambuco - Força de Trabalho, Contribuição Cultural, Condição Social
Fotografia Cinema e Vídeo
118/04 Samba no Canavial Artes Cênicas, Cultura Popular e Música
125/04 Restauração da platéia do Teatro Valdemar de Oliveira
Patrimônio
126/04 O Corpo na Arquitetura
Artes Cênicas
134/04 O Mundo é uma Cabeça
Fotografia Cinema e Vídeo
138/04 Projeto Seis e Meia
Música
141/04 Mercado de São José
Fotografia Cinema e Vídeo
145/04 Deserto Feliz - 1ª Fase - Preparação de Filmagem
Fotografia Cinema e Vídeo
148/04 2º Festival de Teatro de Rua de Recife
Artes Cênicas e Cultura Popular
153/04 Seu Juca: O letrista pernambucanoFotografia Cinema e Vídeo
154/04 Paixão de Cristo de Nova Jerusalém 2004
Artes Cênicas
164/04 Exposição Repetir, Repetir, Repetir no MAC - Niterói
Artes Plásticas
167/04 Faço Arte no Museu - Fase III
Artes Plásticas
169/04 Memórias da Cena Pernambucana
Literatura e Artes Cênicas e Artes Plásticas
171/04 Mapa do Ácaro
Pesquisa Cultural/ Artes Plásticas
172/04 A Arte de J. Borges - Do Cordel à Xilogravura
Artes Plásticas/ Artes Gráficas
174/04 Coco que Roda - Finalização
Fotografia Cinema e Vídeo / Cultura Popular
179/04 Benvindo Dias
Fotografia Cinema e Vídeo
180/04 O Homem da Mata
Fotografia Cinema e Vídeo
182/04 Siba e a Fuloresta Turnê Internacional
Música
184/04 Song Book dos Maracatus de Pernambuco
Música/Cultura Popular
186/04 Êxito D´Rua
Cinema
195/04 Sopa Diária
Música
196/04 Quem Tem, Tem Medo
Artes Cênicas
206/04 José Cláudio - Vida e Obra
Artes Plásticas
208/04 O Som da Luz do Trovão
Cinema
209/04 Árido Movie
Cinema
211/04 HQCD: E o Som Virou Quadrinhos
Artes Plásticas
212/04 Vinil Verde
Cinema
243/04 Festival Viva Cultura no Ibura
Música
244/04 Arte do Improviso
Vídeo
247/04 7° Encontro de Sanfoneiros do Recife
Música
248/04 Cantadores da Nação de “Seu” Luiz
Música
249/04 “Curta em Curso” - Oficina de Realização Cinematográfica Prática 16mm
Cinema
250/04 Três Contos de Réis - Curta Metragem
Curta Metragem
251/04 Paixão de Cinema
Vídeo
255/04 Recife, Porto Musical
Música
256/04 Caravana Siba e a Fuloresta
Música
259/04 Coco do Amaro Branco
Música
261/04 Samba-do-Matuto
Vídeo
262/04 Samba do Mar Quebrado
Música
265/04 A Farra dos Bonecos
Teatro
275/04 A Fábrica - de Música
Música
279/04 Luz do Litoral 02 (Pesquisa e Publicação)
Pesquisa - Trab. Científico e técnico e Ed., Repr. e Divulgação
284/04 Turnê de Caetana
Teatro
PROJETOS APROVADOS
E REALIZADOS
CADERNOS
Continuação
204
285/04 Projeto Arca - Tacaratu/PE
Cultura Popular - Eventos Multiculturais
289/04 CD 30 Anos do Som da Terra
Música
290/04 O Quebra Nozes
Dança
294/04 Revista Domínio Público - Quadrinhos
Artes Gráficas
296/04 CEDOHC - Centro de Documentação Hélder Câmara Patrimônio - Restauração, Concervação e Acondicionamento
300/04 A Casa de Gilberto Freyre II - Restauração
Restauração de Patrimônio Cultural Tombado
301/04 6º Festival Pinzón - Música
Música, Evento Multicultural
302/04 Danças Populares de Carnaval por Abelardo da Hora
Artes Plásticas, Exposição e Registro
303/04 Ensaio com Abelardo da Hora Comemorativo aos 80 anos do Artista
Artes Plásticas e Exposição e Registro
305/04 Véio
Cinema
307/04 Projeto Os Frevos de Duda - CD
Gravação de CD
308/04 Pífe
Vídeo
309/04 6º Festival Pinzón - Encontro da Cultura Pernambucana
Eventos Multiculturais
313/04 11º Janeiro de Grandes Espetáculos
Artes Cênicas
314/04 Projeto Maracabarro
Cult.Popular - Eventos Multiculturais
319/04 Fuloresta do Samba
Curta Metragem
321/04 Módulo Fomento do “Festival de Circo do Brasil - Conexão Nordeste”
Circo
327/04 Catálogo Luciano Pinheiro - Figuração do Invisível
Artes Pláticas
328/04 Evoluções! 30 Anos do Bloco da Saudade
Pesq.Cult.-Trabalho Científico e técnico
330/04 As Yalorixás do Recife - Livro
Pesquisa Cultural
334/04 O Rochedo e a Estrela
Cinema, Vídeo, Fotografia
338/04 Reação em Cadeia
Artes Plásticas, Exposição e Registro
346/04 No Traçado do Guerreiro
Gravação de CD
347/04 Até o Sol Raiá
Cinema
353/04 “A civilização do couro” Registro e Exposição Fotográfica
Exposição Fotográfica
358/04 Retratos - A Poesia Feminina Contemporânea em Pernambuco
Literatura
360/04 Rebanho Cultural
Cultura Popular - Capacitação
362/04 Batalhas dos Guararapes - Projeto Complementar
Teatro ao Ar Livre
366/04 Projeto Seis e Meia II
Música
368/04 Schenberguianas
Cinema
374/04 Coleção Maracatus e Maracatuzeiros Pesq. Cult.-Publicação
375/04 Digitalização do Diário de Pernambuco - 1993 a 1995
Patrimônio Histórico
379/04 A História Sob a Ótica da Imprensa Pernambucana
1825 a 1845
Vídeo - Documentação
380/04 Visões Contemporâneas do Recife - ano II
Dança
383/04 “Festival Olho D’Agua” de Cultura e Música Regional
Música Eventos Multiculticultural
388/04 A Vida é Curta
Cinema (Curta - Produção)
391/04 Arte com História
Artes Cênicas)
394/04 CD - Receita de Choro
Gravação de CD
396/04 Entre Paredes
Cinema
398/04 Um Morto que Viveu
Art. Cênicas - Eventos Multiculturais
399004 CD “O Impregnado Hélio Mattos”
Música
402/04 Maracatu Rural - Azougue
Fotografia - Exposição
409/04 Um Inimigo do Povo
Teatro
416/04 Rua do Lixo, 24 - Le Grand Cirque de La Vie
Teatro
EXERCÍCIO 2005
Nº PROJ PROJETO
ÁREA CULTURAL
007/05 Os Chorões
Audiovisual, música, pesquisa
012/05 8º Encontro de Sanfoneiros do RecifeMúsica, cultura popular, folclore e artesanato
018/05 Sertão Alumiado pelo Fogo do Cordel Encantado Obra literária, pesquisa música, cultura popular
021/05 DJ Dolores: Aparelhagem - Turnê Ano Brasil na França
Música
030/05 XVII FETEAG - Festival de Teatro Estudantil do Agreste,
IV FESTEPE - Festival de Teatro do Estudante de Pernambuco
Artes cênicas
034/05 VIII Festival Internacional de Música de Câmara de Pernambuco
Música
036/05 Interiorização da Música
Música
038/05 Samba do Mar Quebrado - Show de Lançamento
Música
041/05 2º Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco
Artes cênicas
043/05 Ano do Brasil na França - Carreau Du TempleArtes Integradas
044/05 Cila do Coco e seus Pupilos
Música
052/05 Ciranda de Lia
Música, patrimônio
053/05 Recicla Pernambuco
Oficina / Cultura Popular
055/05 O Instituto
Cinema e artes plásticas
057/05 Rádio de Pilha
Música
063/05 7 º Encontro Pernambucano de Coco
Cultura popular
067/05 CD Sítio do Pai Adão
Música
072/05 Instrumental em Concerto
Música
073/05 Sete de Setembro no Hotel de Ville
Música
079/05 Carmen Artes cênicas
086/05 V Bienal Internacional do Livro de Pernambuco
Literatura,
inclusive obras de referência e cordel
087/05 Bresil Bresis / Artes Plásticas - Música
Artes Integradas
093/05 Digitalização e Informatização do Acervo da TV VIVA
Patrimônio Artístico
095/05 Eletrodoméstica
Cinema, vídeo, fotografia, discografia e congêneres
101/05 Reestruturação do Maracatu Elefante
Patrimônio
103/05 Seminário de Crítica Teatral - Pensamento e Cena
Artes Cênicas
109/05 Lançamento do Livro “Batuque Book - Maracatu”
Cultura popular
112/05 Compassos 15 anos - Debates e Oficinas
Formação e Capacitação
116/05 CD João do Pífe e Banda Dois Irmãos
Música
121/05 Projeto Maracabarro II
Cultura popular, folclore, artesanato e congêneres
124/05 Passos Perdidos - História Desenhada
Pesquisa Cultural
127/05 Sotaque - Pernambuco / França
Cultura popular
131/05 Devotos - 18 anos - Show
Música
140/05 Corbiniano Lins, Um Olhar Sobre a sua Arte
Artes Plásticas, artes gráficas e congêneres
143/05 Tacaratu - Festa Cultural 2006
Cultura popular
146/05 Opereta de Cordel
Artes cênicas
155/05 Batalha dos Guararapes - Assim Nasceu a Pátria Artes cênicas
159/05 1º Festival Zé Dantas Vale do Pajeú
Música
174/05 Serra Negra Eco-Festival
Artes Integradas
180/05 12º Janeiro de Grandes Espetáculos
Artes cênicas
181/05 Ponto de Cultura Estrela de Ouro
Artes Integradas
183/05 PE na França - Cantadores na Terra dos Trovadores
Artes Integra._Música, vídeo e cultura popular
187/05 “Curta Cena” II Mostra Teatral de Cenas Curtas de Pernambuco
Artes cênicas
205
191/05 Seu Luiz Paixão e a Arte da Rabeca
Música
192/05 Exposição Coletiva Arte de Pernambuco no Centro Cultural
Borges, Buenos Aires - Argentina
Artes Plásticas, artes gráficas e
congêneres
193/05 Alessandra Leão - Brinquedo de Tambor
Música
194/05 Benvindo Dias - Edição e Finalização
Cinema, vídeo,
fotografia, discografia e congêneres
208/05 Vozes do Recife - Itinerância
Artes cênicas
210/05 Memórias da Cena Pernambucana - 2
Literatura
223/05 ReciclARTE
Formação e Capacitação
224/05 Projeto Técnico do Museu Histórico do Brejo da Madre de
Deus
Patrimônio histórico, artístico, arquitet., arqueológ.e
paleontológico
236/05 Nordeste - A Dança do Brasil
Artes cênicas
237/05 Mostra Internacional de Música em Olinda - Mimo. Música
242/05 Cambinda Brasileira
Pesquisa Cultural
245/05 Faço Arte no museu - Implantação do núcleo de Capacitação
no Museu de Artes Moderna Aluísio Magalhães Formaçã e Capacitação
249/05 Ano do Brasil na França - Livro Sobre a Obra do Artista Marcelo Silveira Artes plásticas, artes gráficas e congêneres
259/05 A Vida Diva - Montagem Teatral
Artes cênicas
269/05 Poesia em Som
Literatura
270/05 Baixio das Bestas
Cinema, vídeo, fotografia, discografia e
congêneres
282/05 Imaginário Pernambucano
Pesquisa Cultural
290/05 Deserto Feliz - 2ª Fase - Pré-produção
Cinema
303/05 Sopa Diário
Artes Integradas
304/05 Restauração e Conservação da Igreja de São João dos
Militares de Olinda para Implantação de uma Escola de Excelência em
Lígua Inglesa e Informática
Patrimônio histórico, artístico, arquitet.,
arqueológ.e paleontológico
309/05 Istmo Recife - Olinda: História, Identidade e Memória
Pesquisa Cultural
313/05 Fernado e Isaura
Artes cênicas
316/05 3ª Mostra Brasileira de Dança - 2005
Artes cênicas
321/05 O Pequenino Grão de Areia
Artes cênicas
323/05 1º Circuito Pernambucano do Choro
Música
334/05 Reisado Imperial
Música
EXERCÍCIO 2006
Nº PROJ PROJETO
ÁREA CULTURAL
001/06 Canoeiros e Curandeiros (livro)
Pesquisa Cultural
002/06 Aix-En-Provence/Pernambuco
Artes Plásticas/ Gráficas
003/06 Baião: Do Reino do Novo Exu às Veredas do Resto do Mundo
e Adjacências
Música
004/06 9º Encontro de Sanfoneiros de Recife
Música
005/06 Cegonha Boa de Bico
Artes Cênicas
011/06 Mestre Quando Canta, Discípulo Tem Que Respeitar Música
015/06 Vulcão Adormecido: Produção de Um Curta Documentário
Cinema, Vídeo, Fotografia
028/06 8º Encontro Pernambucano de Coco
Cultura Popular
037/06 Samba de São João (Pernambucanos no Disco)
Música
040/06 CD - Noise Viola
Música
048/06 Máscaras de Bezerros
Artes Plásticas/ Gráficas
050/06 O Quebra Nozes No Reino do Meio Dia
Artes Cênicas
052/06 Antologia do Pastoril Profano
Música
053/06 Cantata Baile do Menino Deus - 2006
Música
054/06 “Curta Cena 2006” - 3ª Mostra Teatral de Cenas Curtas de
Pernambuco
Artes Cênicas
058/06 Festival Viva Cultura no Ibura
Música
060/06 3º Festival de Teatro para Crianças de Pernambuco
Artes Cênicas
064/06 Memórias da Cena Pernambucana - 03
Pesquisa Cultural
065/06 CD Terezinha do Acordeon
Música
068/06 Curta em Curso - Oficina Cinematográfica
Formação e
Capacitação
071/06 Canavial - Festival de Cultura da Zona da Mata
Cultura
Popular
072/06 O Verbo Sedutor: Improviso Poético em Pernambuco
Formação e Capacitação
074/06 Aperfeiçoamento Profissional - Valéria Vicente Formação e
Capacitação
078/06 Poemas Esparadrápicos - manutenção
Artes Cênicas
081/06 Olaria Ocre
Artes Plásticas/ Gráficas
098/06 Obituário Arquitetônico: Pernambuco Moderno
Artes
Plásticas/ Gráficas
107/06 Projeto Maracabarro III
Cultura Popular
108/06 Conceição dos Coqueiros
Artes Cênicas
112/06 Ciranda das Artes
Artes Integradas
122/06 2022 - Pesquisa para Desenvolvimento de Roteiro para Longa
Metragem
Cinema, Vídeo, Fotografia
124/06 Muro das Lamentações - Finalização
Cinema, Vídeo,
Fotografia
127/06 Dramalhaço
Artes Cênicas
136/06 KFZ-1348 Cinema, Vídeo, Fotografia
137/06 IV Encontro de Violões & Badolins
Música
138/06 Mostra de Cultura Popular
Cultura Popular
140/06 Os Gigantes de Olinda / A Cultura Pernambucana em 3
dimensões
Literatura
163/06 13º Janeiro de Grandes Espetáculos
Artes Cênicas
177/06 4ª Mostra Brasileira de Dança
Artes Cênicas
187/06 Hotel do Coração Partido
Cinema, Vídeo, Fotografia
188/06 Preto no Branco
Artes Cênicas
189/06 CD - Roque Netto
Música
206/06 O Amor do Galo da Madrugada pela Galinha D´Água Artes
Cênicas
210/06 RecorDança On Line
Artes Cênicas
216/06 Breves Histórias de Pedro Papa-Caça
Literatura
221/06 João Cabral de Melo Neto - O Pernambucano memória
documental
Pesquisa Cultural
226/06 Olhares - O Conto Feminino Contemporâneo em
Pernambuco
Literatura
231/06 Maracatu Rural na França
Música
233/06 DVD - Cavalo Marinho Estrela de Ouro
Cinema, Vídeo,
Fotografia
235/06 Programa de Exposições Amparo 60 - 2006 Artes Plásticas/
Gráficas
240/06 II Festival Zé Dantas Vale do Pajeú
Música
244/06 Divulgação das Técnicas Construtivas Tradicionais LusoBrasileiras
Patrimônio
247/06 Calunga
Artes Cênicas
253/06 Expedição Capibaribe - Núcleo das Manifestações Culturais
(Pesquisa e Publicação)
Pesquisa Cultural
254/06 Gestão e Produção Cultural - Curso Formação e Capacitação
258/06 Sopa Diário
Artes Integradas
263/06 Armazém de Criação
Formação e Capacitação
272/06 II Seminário de Crítica Teatral - O Pensamento e a Encenação
Artes Cênicas
274/06 Eisenstein - Finalização do curta-metragem Cinema, Vídeo,
Fotografia
276/06 Parã-Nambuco: Ocupação Espacial e Trabalho Indígena
Capitania de Pernambuco Séculos XVI e XVII
Pesquisa Cultural
281/06 ReciclARTE II
Formação e Capacitação
285/06 Pernambucanidade
Música
PROJETOS APROVADOS
E REALIZADOS
CADERNOS
Continuação
206
295/06 A Casa de Gilberto Freyre II Restauração
Patrimônio
296/06 Grupo Orange - Raízes Brasileiras
Música
297/06 Catálogo - Mostra do Imaginário
Artes Plásticas/ Gráficas
301/06 O Que Vive Incomoda de Vida
Artes Cênicas
302/06 Café Colombo - Seu Programa de Livros e Idéias
Artes Integradas
303/06 Ópera
Artes Cênicas
320/06 Escola de Leitores: Arte de PE
Literatura
335/06 Arte Buíque
Artes Integradas
338/06 Ogbeni Oniyè, o guardador de história (teatro) Artes Cênicas
340/06 Faço Arte no Museu - Programa de Oficinas Lúdicas nos Espaços Culturais Pernambucanos Formação e Capacitação
343/06 Batuque Book - Caboclinho
Pesquisa Cultural
345/06 Imagens Comerciais de Pernambuco - O acervo de matrizes litográficas do Laboratório Oficina Guaianases de Gravura
Pesquisa Cultural
347/06 DVD Maracatus de Pernambuco
Música
368/06 Amigos de Risco
Cinema, Vídeo, Fotografia
372/06 Programação Pedagógica da III Mostra Pernambucana de Teatro de Bonecos
Formação e Capacitação
EXERCÍCIO 2007
Nº PROJ PROJETO
ÁREA CULTURAL
004/07 Oficinas Coco de Pontezinha
Formação e Capacitação
005/07 CD Célia Coquista - “Nasci Com Dois Dentes”
Música
010/07 No Ar Coquetel Molotov
Música
011/07 10º Encontro de Sanfoneiros do Recife
Música
012/07 Cantigas de Roda e do Sertão - Ser Tão Infantil
Música
018/07 VI Bienal internacional do Livro de Pernambuco
Literatura
021/07 Deus Danado
Artes Cênicas
033/07 Pifeiros do Pajeú
Música
034/07 III Festival Zé Dantas Vale do Pajeú
Música
036/07 Digitalização e Informatização do Acervo da TV VIVA
Patrimônio
037/07 Pernamcubanos
Cinema, Vídeo, Fotografia
039/07 CD “Zé Povinho”
Música
043/07 Três Contos de Réis - Finalização Cinema, Vídeo, Fotografia
059/07 III Seminário Internacional de Crítica Teatral - O Encontro das Américas
Artes Cênicas
060/07 Vô Doidim e os Velhos Batutas - Temporada
Artes Cênicas
068/07 Álbum Coleção de Museus
Artes Plásticas / Artes Gráficas
069/07 O Palácio dos Urubus
Artes Cênicas
071/07 19º FETEAG - Festival de Teatro Estudantil do Agreste e 6º FESTEPE - Festival de Teatro do Estudante de Pernambuco
Artes Cênicas
074/07 CD “Meus 15 Anos...”
Música
075/07 Romançal Paranambuco
Literatura
083/07 Postais do Recife
Cinema, Vídeo, Fotografia
087/07 Movimento em Cena
Formação e Capacitação
088/07 Mostra de Cultura Popular
Cultura Popular
089/07 Amor e Felicidade no Casamento: revista em fascículos
Artes Plásticas / Artes Gráficas
090/07 O Fogo da Vida
Artes Integradas
107/07 CD Mazurca de Agrestina
Música
108/07 Heróis da Restauração Pernambucana em Quadrinhos
Literatura
117/07 Eu Tiro o Couro do Dançador
Música
126/07 Zé & João - Dois Mestres nas Tradições Populares de Mamulengos e Pífanos
Artes Integradas
130/07 “Tànkále” - Formação para o Auto-Registro Audiovisual Quilombola
Formação e Capacitação
132/07 Introdução à Hitória do Cinema Documentário
Formação e Capacitação
135/07 Crítico
Cinema, Vídeo, Fotografia
136/07 Crachá
Artes Plásticas / Artes Gráficas
139/07 Turnê Samba de Latada
Música
142/07 Biografia “Mestre João Silva - Pra Não Morrer de Tristeza - O Maior Parceiro de Luiz Gonzaga”
Música
146/07 Filmogaria - Camilo Cavalcante
Cinema, Vídeo, Fotografia
147/07 Versatile
Artes Cênicas
150/07 ETA CARINAE - Solicitação de apoio para primeira turnee internacional e prolongamento nacional
Música
151/07 A quase tragédia de Mané ou o bode que Ia dando bode
Cinema, Vídeo, Fotografia
155/07 João Silva - Roteiro de Documentário
Cinema, Vídeo, Fotografia
158/07 A Descoberta do Mundo - Documentário sobre a vida e obra de Clarice Lispector
Cinema, Vídeo, Fotografia
161/07 DES-ENCAMINHADO
Artes Cênicas
167/07 Gravação de CD Cinval Cadena - “PIGDIGIGALÊRÉPÓ - Miscigenação”
Música
168/07 Zdenek Hampl - dança e pensamento
Artes Cênicas
169/07 A Rosa do Maracatu
Cultura Popular
175/07 Espetáculo de dança “NEGRO DE ESTIMAÇÃO”Artes Cênicas
176/07 A Geração 65 Pernambucana
Cinema, Vídeo, Fotografia
182/07 Comedoria Popular: Feiras e Mercados
Artes Plásticas / Artes Gráficas
183/07 CD Karolinas com K
Música
184/07 Preservação do Acervo de Pesquisa sobre a Nação Maracatu Estrela Brilhante do Recife - Celebrando a memória oral e os ritos da cultura afro-brasileira
Pesquisa Cultural
185/07 Processo Construtivo
Artes Plásticas / Artes Gráficas
188/07 História de um Valente - Produção Cinema, Vídeo, Fotografia
195/07 Recife, 20.11.06
Cinema, Vídeo, Fotografia
197/07 II Circuito Pernambucano do Choro
Música
199/07 Som do Barro
Formação e Capacitação
203/07 Sestas Teatrais
Artes Cênicas
204/07 Armazém de Criação
Formação e Capacitação
209/07 DVD Solano Trindade- 100 Anos Cinema, Vídeo, Fotografia
214/07 Programa de Exposição Amparo 60 - 2007
Artes Plásticas / Artes Gráficas
223/07 José Claudio - Exposição Retrospectiva
Artes Plásticas / Artes Gráficas
224/07 Projeto Arte Fazendo Parte - Ponto de Cultura do Movimento Pró- Criança
Formação e Capacitação
225/07 FLUXUS - Acervo Paulo Bruscky
Artes Plásticas / Artes Gráficas
227/07 Macunaíma Colorau- Diário de uma Viagem Caleidoscópia
Artes Integradas
229/07 “Dois Pontos: uma vitrine para a arte contemporânea de
Pernambuco” - calendário de exposições virtuais na seção
“Catálogo” do Portal Dois Pontos
Artes Plásticas / Artes Gráficas
234/07 Turnê Maracatudo 2007
Música
237/07 Batuques e Maracatus
Cultura Popular
239/07 Jairo Arcoverde- 45 anos de pintura
Artes Plásticas / Artes Gráficas
247/07 Projeto Técnico da Casa de Câmara e Cadeia - Brejo da Madre de Deus - PE
Patrimônio
250/07 Pesquisa Cultura - A Identidade do Brasil em Manuel Bandeira
Pesquisa Cultural
253/07 Coreológicas Recife
Artes Cênicas
255/07 Ópera o Elixir do Amor
Artes Cênicas
257/07 Balé Popular do Recife - 30 anos- a escrita de uma dança
207
Pesquisa Cultural
262/07 CD Comemorativo: “Dona Selma - Bodas de Ouro Com o Coco”
Música
269/07 CD Jurema
Música
270/07 Vida Teatro (livro)
Pesquisa Cultural
275/07 Arte Buíque (2ª edição)
Artes Integradas
276/07 Trilogia da Zona da Mata
Pesquisa Cultural
278/07 Usina Cultura Estrela de Ouro
Artes Integradas
281/07 II Canavial - Festival de Cultura da Zona da Mata
Artes Integradas
285/07 Aula-espetáculo: 100 anos de FREVO / BRAILLE
Literatura
292/07 II Ciranda das Artes
Artes Integradas
294/07 Pífano na Mata
Música
296/07 LÍTERES - Inclusão de Jovens escritores
Formação e Capacitação
302/07 Avoar
Artes Cênicas
304/07 I Encontro Percussivo - REC/PE
Música
313/07 Claudionor Germano, 60 Anos de Carreira
Música
314/07 A Caminhada de FEDERIKA
Artes Cênicas
321/07 RUM-BANDA - Grupo Feminino de Percussão
Música
324/07 Aurora Filmes
Formação e Capacitação
345/07 Memórias da Cena Pernambucana- 04
Pesquisa Cultural
348/07 Trupizupe o Raio da Silibrina
Artes Cênicas
349/07 Palavra Úmida
Artes Cênicas
354/07 Portal Teatro Pernambuco
Artes Cênicas
356/07 A Paixão e a Sina de Mateus e Catirina
Artes Cênicas
358/07 Evocação- A biografia do Maestro Nelson Ferreira
Pesquisa Cultural
361/07 Teatro Popular nos 04 Cantos de Casa Amarela Artes Cênicas
365/07 Tipóia Festival
Cultura Popular
369/07 Recuperando Histórias
Patrimônio
373/07 Febre do Rato
Cinema, Vídeo, Fotografia
380/07 Revolução no Interior
Literatura
383/07 Amor Maior
Música
384/07 Mostra Internacional de Música em Olinda - MIMO Música
386/07 Estrela Brilhante
Música
387/07 Concertos nas Igrejas
Música
388/07 CD New-Orlinda
Música
396/07 CD- A Trombonada
Música
EXERCÍCIO 2008
Nº PROJ PROJETO
ÁREA CULTURAL
021/08 Entre Santos e Encantados
Pesquisa Cultural
039/08 VII Encontro Nordestino de Xaxado
Artes Integradas
040/08 Tributo a Virgolino - A Celebração do Cangaço
Artes Integradas
043/08 Bolsa para Capacitação Profissional - Friche La Belle de Mai
Formação e Capacitação
049/08 Sivuca e a Música do Recife
Música
065/08 Ritmos, cores e gestos da negritude Pernambucana :História e Memória: 1970 - 1990
Pesquisa Cultural
083/08 Livro “ O amor in concert”
Literatura
087/08 Rama
Música
091/08 Wellington do Pandeiro
Música
093/08 No Rastro de Lampião Pernambuco Dançando Xaxado
Artes Cênicas-Dança
094/08 IX Mostra de Teatro de Serra Talhada
Artes Cênicas-Teatro
096/08 Desencaminhado - Circulação
Artes Cênicas-Dança
097/08 Sobre um Paroquiano
Artes Cênicas-Dança
105/08 A ópera de Dulcinéia e Trancoso
Artes Cênicas-Ópera
111/08 Linguaraz- poemas de Pedro Americo de Farias (audiolivro)
Literatura
112/08 Cd cânticos em iorubá
Música
116/08 Valores do Recife Patrimônio
126/08 Revista Tatuí 2008/2009Artes Plásticas/Gráficas e congêneres
139/08 Garanhuns em Verso (um pouco da sua história)
Literatura
143/08 Cancioneiro
Literatura
166/08 Samba de São João no SESC e nas Escolas
Música
168/08 Guerreiras
Artes Cênicas-Teatro
170/08 Amanhã é Depois, Hoje é de Brinquedo / Recortes Músicais da Nossa Cultura
Artes Cênicas-Dança
179/08 Fotolibras - Fotografia Participativa com Jovens Surdos
Formação e Capacitação
180/08 Formação e capacitação de professores para arte-educação e educação patrimonial
Formação e Capacitação
190/08 Bem Temperado Sabores - A Cozinha da Serra Negra
Formação e Capacitação
197/08 A Gastronomia Judaica em Pernambuco e as Leis Dietéticas do Judaísmo
Gastronomia
198/08 Reformulação e Manutenção do site do Arquivo Histórico Judaico de Pernambuco
Patrimônio
201/08 Núcleo de Formação em Dança - Turma 2
Formação e Capacitação
202/08 Reciclarte 4 - estudos continuados em dança
Formação e Capacitação
203/08 Zambo e Conceição - Turnê Experimentla 15 anos
Artes Cênicas-Dança
205/08 Seminário Nacional de Dança e Educação
Artes Cênicas-Dança
206/08 Circulação estadual do espetáculo Coreológicas Recife
Artes Cênicas-Dança
207/08 Cordel do Amor Sem Fim
Artes Cênicas-Teatro
208/08 Historinhas de Dentro
Artes Cênicas-Teatro
213/08 O Crime do Padre Amaro
Artes Cênicas-Teatro
216/08 ANDávia
Literatura
217/08 Quem Conhece a periferia, é quem nela vive - Oficina de Grafite
Formação e Capacitação
220/08 As Filhas de Lilith
Literatura
221/08 Compassos Cia. De Danças - 2009
Pesquisa Cultural
238/08 Projeto 2º CD Carfax - Acima do chão, abaixo do céu Música
240/08 O Cão sem plumas
Artes Cênicas-Teatro
243/08 Democratização Fotográfica Fotografia
248/08 Web site do IAHGP - Instituto Arqueológico e Geográfico Pernambucano
Patrimônio
251/08 Popularesco e a Menina de Canto Livre Artes Cênicas-Teatro
252/08 SEMPRE POESIA OBRAS COMPLETAS, Maria do Carmo Barreto Campello de Melo
Literatura
256/08 O Outro Lado da História
Música
271/08 Bolsa / Residência na L’École Superieure d’ Art d” Aix em
Provence (França ) na qualidade de artista residente
convidada
Formação e Capacitação
275/08 lat 8ºs - long 34º w
Artes Plásticas/Gráficas e congêneres
280/08 CD - Luz do Baião
Música
283/08 O Fio Mágico
Artes Cênicas-Teatro
287/08 Rebanho Cultural II
Formação e Capacitação
292/08 Livro Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambuco - IAHGP Artes Plásticas/Gráficas e congêneres
293/08 A Estrela Ambulante
Literatura
296/08 Educação Patrimonial no município de Bom Jardim - PE: preservação da história de um povo Formação e Capacitação
301/08 A Evasão de platéias e a produção teatral no Recife a partir de 1980
Pesquisa Cultural
304/08 Montez
Artes Plásticas/Gráficas e congêneres
310/08 Oficina de Arte de Marionetes de Fio PROJETOS APROVADOS
E REALIZADOS
CADERNOS
Continuação
208
Formação e Capacitação
311/08 A Casa De Gilberto Freyre III Restauração e Conservação
Patrimônio
313/08 A Revolta Artes Cênicas-Teatro
318/08 O Amor do bumba Coraçao de prata pela burrinha florisbela
Artes Cênicas-Teatro
321/08 Cabeleira e outros cordéis de cangaço
Literatura
323/08 Plataforma Integrada de Encontros Musicais Música
326/08 Portal Crispim de Literatura
Literatura
327/08 Revista Coquetel Molotov
Música
331/08 Transgressão em Três Atos
Pesquisa Cultural
337/08 Corpo-Massa: Pele e Osso em Circulaçao
Artes Cênicas-Dança
338/08 Destino: Capibaribe - a Exposição da Expedição Fotografia
341/08 Histórias, causos e lendas de um rio Pesquisa Cultural
348/08 Violeiros do Pajeú
Música
349/08 Sem Palavras Artes Plásticas/Gráficas e congêneres
351/08 Ragú númerico 7
Artes Plásticas/Gráficas e congêneres
353/08 Augusta Ferraz vive Maysa
Artes Cênicas-Teatro
356/08 É do coco, é do coqueiro Fotografia
362/08 EDUCAR COM ARTE
Formação e Capacitação
364/08 Exposição com Catálogo do Projeto Diálogos
Artes Plásticas/Gráficas e congêneres
365/08 TEA 46 anos experimentando vida, produzindo arte Fotografia
377/08 Criança Canta pra Criança
Música
380/08 Atelier do Samba 1° Geração
Música
387/08 Oficina de Àudio - Audiotec
Formação e Capacitação
404/08 Negro de Estimação - Temporada Popular
Artes Cênicas-Dança
406/08 Cultura Afro-Brasileira e Africana em quadrinhos Literatura
414/08 Olinda arte em toda parte 8° edição Artes Plásticas/Gráficas
415/08 Educando em Cordel
Formação e Capacitação
416/08 Oficinas Coco de Pontezinha
Formação e Capacitação
426/08 Conexões Ticuqueiros
Música
431/08 Fiz do choro das cordas da viola - O maior ganha pão da minha vida
Literatura
433/08 Projeto de restauração do forro da capela dos Noviços da Ordem 3° do conjunto Franciscano de Olinda
Patrimônio
440/08 Tocando Pífano
Cultura Popular
448/08 Música no Salgado
Música
449/08 Pífanos e Mamulegos - circulação
Cultura Popular
451/08 Cordel Comix
Literatura
454/08 Cia. Dos Homens pesquisa bonecos
Pesquisa Cultural
457/08 Poder Simbólico - Gravação do CD de Tiger
Música
461/08 Recife - Paralelo 8
Artes Cênicas-Dança
481/08 Fonofotografia
Fotografia
482/09 Pare, Olhe, Escute
Artes Plásticas/Gráficas e congêneres
486/08 Inventario dos saberes e praticas das parteiras indigenas de Pernambuco
Pesquisa Cultural
487/08 Agência experimental LINKCULTURAL
Formação e Capacitação
489/08 Zé brown apresenta: Talentos
Música
490/08 Manutenção de Temporada - Coletivo Angu de Teatro em Cena
Artes Cênicas-Teatro
491/08 Circulação nacional do espetáculo “Coiteiros”
Artes Cênicas-Teatro
493/08 Spectrus Cultural - Oficina de mamulengos
Formação e Capacitação
505/08 Culinária de Terreiro
Gastronomia
509/08 JOÃO SILVA CANTA. MAIS LUIZ_gravação, mixagem e prensagem de CD
Música
512/08 Poetas e Prosadores Pernambucanos
Literatura
513/08 O Rei do Zodíaco
Literatura
516/08 Gravção do Primeiro Disco/CD “Anjo Gabriel”
Música
522/08 Edição do livro - João Cabral de Melo Neto - O anjo torto dos
três engenhos-
Literatura
528/08 Imagens Comerciais em Pernambuco - Fase lll : O acervo de
matrizes litográficas do Laboratório Oficina Guaianases de
Gravura
Pesquisa Cultural
530/08 Orquestra Experimental de Câmara - Circulação
Música
531/08 LOGG - Laboratório Oficina Guaianases de Gravura Formação e Capacitação
534/08 Festival de Circo do Brasil
Artes Cênicas-Circo
536/08 A (GOSTO) Cultural Conhecendo a Nossa História
Artes Integradas
537/08 Meu Recado
Música
541/08 Coco do Amaro Branco 2 ° Volume
Música
546/08 Conexões Cila do Coco
Música
554/08 Festival Cena Aberta
Artes Cênicas-Teatro
557/08 MENINAS DE ENGENHO
Artes Cênicas-Teatro
565/08 Interregnum
Artes Cênicas-Dança
571/08 O Circo Rataplan
Artes Cênicas-Teatro
573/08 Representações de masculinidade na dança e no esporte: Um olhar sobre Vaslav Nikinsky e “Jeux”
Artes Cênicas-Dança
578/08 Gravação do Primeiro CD “DJ Big”
Música
583/08 BADIDA.COM.BR - Site da Artista
Artes Plásticas/Gráficas e congêneres
587/08 Gravação do CD do Forró de Cana
Música
588/08 Comedoria Popular: Qualificação e capacitação do profissional de cozinha dos mercados e feiras livres do Recife
Formação e Capacitação
591/08 Roteiros poéticos de Pernambuco: história, memória e paisagem
Pesquisa Cultural
604/08 Antologia Poética Retrados do Sertão
Literatura
607/08 Curso de Formação de Técnicos em Iluminação Cênica
Formação e Capacitação
612/08 Pina Povo Cultura Memória (livro 2ª edição)
Literatura
627/08 Babau
Artes Cênicas-Teatro
628/08 CD Junior Black
Música
638/08 Áreas Sagradas Música
649/08 Casa de Badia: Restaurado Indentidade e MemóriaPatrimônio
659/08 Terra Batida Música
664/08 Livro 300 Fotografias do Universo Mágico Barroco Pernambucano Coleçao José dos Santos Fotografia
671/08 Biblioteca Comunitária do Recife - Ano 2008 / Biblioteca Comunitária Ler é Viver
Patrimônio
678/08 Líteres - Formação para Jovens Escritores do COQUE
Formação e Capacitação
698/08 Brincantes da Mata
Fotografia
705/08 6º ATOAMBULANTE
Artes Cênicas-Teatro
707/08 Mercadores de Liberdade
Artes Cênicas-Teatro
712/08 CD Chão Batido, Coco Pisado
Música
713/08 O Enocntro de Capiba com Nelson Ferreira no Céu
Artes Cênicas-Teatro
714/08 Guerreiros da Bagunça
Artes Cênicas-Teatro
728/08 Web Site Bonecos de Pernambuco
Artes Cênicas-Teatro
734/08 Mostra o Universo de Antunes Filho
Artes Integradas
752/08 Nascedouro de Talentos
Formação e Capacitação
760/08 Armazém de Criação
Formação e Capacitação
767/08 Catálogo Boca 02
Artes Plásticas/Gráficas e congêneres
781/08 Encruzilhada Hamlet
Artes Cênicas-Teatro
788/08 Comedoria Segura
Formação e Capacitação
791/08 Cordel o Ano Inteiro
Literatura
792/08 Treminhão - Concerto - Aula
Música
209
795/08 Restauro e Adequação - Etapa I - Casa de Câmara e Cadeia - Brejo da Madre de Deus/PE Patrimônio
797/08 A Gastronomia neo-regional Pernambucana
Gastronomia
808/08 TV No Parque Artes Integradas
812/08 Aula-Espetáculo - E o Frevo Continua ...
Música
819/08 A Chegada da Prostituta no Céu- Circulação RMR Temporada Artes Cênicas-Teatro
821/08 CD Feito pra tocar no rádio- Acústico de Tito Lívio’ / ‘CD Tito Lívio - Feito Pra Tocar No Rádio’
Música
829/08 Recife em transformação. Modos de morar e de construir
Pesquisa Cultural
837/08 Mestre, artistas e arteiros - Revelando os saberes, formas de
expressão, celebração e modos de criar, fazer e viver dos Patrimônios Vivos de Pernambuco
Artes Integradas
848/08 CD “ Orquestra Raízes Pernambucana - 15 anos “
Música
852/08 Banda Músical Acadêmia de Casa Amarela Mantendo a Tradição das Bandas Comunitárias
Música
854/08 ARAFIBRARTE - Associação dos jovens Artesãos de Araçoiaba
Formação e Capacitação
857/08 Circuito Gastronômico Sabores da Terra
Gastronomia
859/08 Uma Imagem de Repente
Formação e Capacitação
865/08 Sapateando
Formação e Capacitação
877/08 Gastronomia de Pernambuco
Pesquisa Cultural
885/08 Conexões Criativas
Artes Cênicas-Dança
894/08 Arcervo RecorDança - História do tempo presente
Pesquisa Cultural
896/08 Celebração da consciência Negra
Cultura Popular
897/08 Livro - Introdução a Produçao Cultural
Artes Integradas
898/08 Formação em Produção das Culturas Populares
Formação e Capacitação
903/08 Canindé do Recife, Tradição Centenária dos Cabocolinhos
Formação e Capacitação
905/08 Entre a ponta de pé e o calcanhar
Artes Cênicas-Dança
941/08 Jardim Periférico
Música
942/08 As Rádios Comunitárias de Pernambuco no Ritmo da Cultura Popular
Música
945/08 Marias...Das Dores... Da luz
Música
948/08 Orquestra Camerata Aço e Água
Música
949/08 Ópera “ O morcego”
Artes Cênicas-Ópera
954/08 4 Sopranos em Concerto nas Igrejas
Música
968/08 Circulação estadual do espetáculo “Quem ensinou o diabo a amassar o pão?”
Artes Cênicas-Teatro
973/08 Coletivo Frevo
Música
974/08 Transformando o picadeiro curso de formação e aperfeiçoamento circense
Formação e Capacitação
980/08 Solteira, casada, viúva, divorciada
Artes Cênicas-Teatro
984/08 Boi Cara Branca Cultura Popular
985/08 Programa Canavial a Voz da Cultural na Zona da MataMúsica
987/08 Gravação do DVD do Grupo Fim de Feira Música
989/08 I Festival de Música Ibero Americana do Brasil
Música
991/08 O MAIOR CORDEL DO MUNDO
Literatura
995/08 Do Pó ao Barro
Fotografia
1003/08 Mafuá do Matuto Cultura Popular
1005/08 Dou Casado
Música
1008/08 Cordel no meio do mundo
Literatura
1014/08 “Virgolino - O Cangaceiro das Flores”
Artes Plásticas/Gráficas e congêneres
1016/08 Josué de Castro, Cidadão do Mundo: preservação e divulgação de sua correspondência pessoal
Patrimônio
1022/08 Usina de Revitalizaçõa Negodotimbó
Cultura Popular
1023/08 Um Museu Intinerante Artes Plásticas/Gráficas e congêneres
1034/08 CONTINUUM - I Festival de arte e tecnologia do Recife
Artes Integradas
1035/08 Acervo Documental do IAHGP: Preservação e Acesso
Patrimônio
1036/08 Salve S.A - Revista de Graffiti
Artes Plásticas/Gráficas
1039/08 Sopro Brasil em Turnê
Música
1043/08 LEVE
Artes Cênicas-Dança
1046/08 Revista
Artes Plásticas/Gráficas e congêneres
1048/08 Encontro com o Cavalo Marinho - espetáculos e brincadeiras
Artes Integradas
1049/08 Espetáculo Teatral “Andar...sem Parar...de Transformar” : Motagem e Temporada
Artes Cênicas-Teatro
1050/08 Zona da Mata: Fotografias
Fotografia
1058/08 Manutenção do Grupo Cultural Pretinhas do Congo
Cultura Popular
1064/08 Cordel, Arte & Cultura
Literatura
1068/08 Leitura no Ponto
Literatura
1071/08 Publicação do Livro “À Sombra da Jurema”: a tradição dos mestres juremeiros na Umbanda de Alhandra Cultura Popular
1073/08 Manutenção e Continuidade do Ponto de Cultura Coco de Umbigada
Cultura Popular
1085/08 No Visgo do improviso Cultura Popular
1086/08 Acervo Maria Alice Amorim: coleção de literatura de cordel e biblioteca especializada
Pesquisa Cultural
1102/08 América de Abreu e Lima
Pesquisa Cultural
1109/08 Bonecos de Pernambuco visitam Gato no Telhado Artes Cênicas-Teatro
1119/08 Das Rosas
Artes Plásticas/Gráficas
1120/08 Cultura dos objetos, resgate e preservação do patrimônio
imaterial e documental: O Memorial da Justiça de Pernambuco
Pesquisa Cultural
1121/08 Livros Andantes
Literatura
1122/08 Montagem e realização do Show do Pandeiro do Mestre nas cidades de Tacaratú e Águas Belas
Música
1125/08 Aprendiz no Picadeiro - Oficina de Iniciação à Arte Circense Formação e Capacitação
1127/08 V Recife Jazz Festival
Artes Integradas
1128/08 Catálogo: Circo Social no Brasil
Artes Cênicas-Circo
1129/08 Releitura
Literatura
1136/08 CD Quarteto de Olinda
Música
1137/08 CD “ A Roda”
Música
1149/08 Movimento de Cultura Popular em Pernambuco - Evolução e Impactos na Sociedade
Literatura
1155/08 Turnê Orquestra Comtemporânea de Olinda
Música
1169/08 Andanças do Tempo Artes Cênicas-Teatro
1187/08 Casa de Memória do Tronco Velho Pankararu Cultura Popular
CADERNOS
210
Exames Técnico-Históricos,
Pareceres Conclusivos em
Processos de Tombamentos,
Projetos e
Levantamentos Arquitetônicos
De responsabilidade de Virgínia Pernambucano de Mello
Estudos, Projetos e
Levantamentos Arquitetônicos
De responsabilidade da equipe da FUNDARPE
211
CADERNOS
Coordenadoria Jurídica
212
A Coordenadoria Jurídica, conforme se titula atualmente, foi designada nos vários
organogramas da FUNDARPE de outras formas: Assessoria Jurídica; Gerência Jurídica;
Assistência Jurídica; Superintendência de Apoio Técnico e Diretoria Executiva de Apoio
Técnico.
Competência/Atribuições:
Regulamento da FUNDARPE (Decreto n° 30.391, de 27 de abril de 2007).
Capítulo III
Da Competência dos Órgãos
Compete em especial:
VII - à Coordenadoria Jurídica:
Assessorar a Presidência e os demais órgãos da FUNDARPE em assuntos jurídicos, analisando
e emitindo pareceres sobre processos administrativos e consultas formuladas; elaborando
minutas de atos normativos, contratos, convênios, regimentos, estatutos e outros instrumentos
reguladores das atividades, direitos e obrigações da FUNDARPE, prestar à Procuradoria Geral
do Estado informações necessárias à instrução de mandados e ações judiciais, bem como o
acompanhar de processos judiciais e administrativos de interesse da FUNDARPE.
Ações realizadas:
Dentre as inúmeras ações executadas, este órgão da FUNDARPE administrou em 1988 a
aquisição do Cine Teatro Guarany em Triunfo, trabalho levado pelo Assessor Jurídico Almir
Castro Barros. E, por conseguinte, implementou a retomada do mencionado imóvel das mãos
de terceiro (esbulhador), através de Ação de Reintegração de Posse impetrada pelos Assessores
Jurídicos Almir Castro Barros, Augusto Eugenio Paashaus Neto e Jorge José Miranda Lins.
Iniciando-se de imediato competente restauração daquele patrimônio histórico do Sertão do
Pajeú.
Servidores do quadro da FUNDARPE e Comissionados Advogados/Assessores Jurídicos que
chefiaram o órgão:
Fernando José Pereira de Araújo - quadro. (Atualmente Procurador Federal).
Vanessa Campos Pinto - à disposição da FUNDARPE. (Atualmente em seu órgão de origem ou
aposentada).
Paulo Gilvan de Góes - quadro. (Falecido no exercício das suas funções).
Almir Castro Barros - quadro. Atualmente à disposição da CEPE. (Em exercício).
lnaldo de Souza Leão Araújo - quadro. (Falecido no exercício da Chefia).
Augusto Eugenio Paashaus Neto - à disposição da FUNDARPE desde 1981. (Em exercício,
chefiou o serviço por longo tempo).
*Marilda de Araújo Braga - à disposição da FUNDARPE - Cargo Comissionado. (Retomou à
Secretaria de Administração do Estado, aposentada).
José Arnaldo Moreira Guimarães - quadro. (Em exercício - Comissão de Licitação).
Luciana Oliveira Pires (1ª vez) - Cargo Comissionado (Exonerada).
Cândida Rosa de Lima Andrade - Cargo Comissionado (Exonerada).
Luciana Oliveira Lima (2ª vez) - Cargo Comissionado (Exonerada).
André Oliveira Souza - Cargo Comissionado (Exonerada).
Bruno Moury Fernandes - Cargo Comissionado. (Exonerado).
Hugo Astrinho da Rocha Branco - Cargo Comissionado (atual).
Responderam pela Chefia Interinamente:
Clio Guimarães Ribeiro - quadro. (Em exercício).
Jorge José de Miranda Lins - quadro. (Em exercício).
Helena de Sá Rocha Moura - quadro. (Aposentada do quadro).
Complementação do quadro de Advogados/Assessores Jurídicos
213
Antônio Enéas de Barros Alvarez - quadro. (Aposentado).
Audálio Alves Pereira - quadro. (Falecido no exercício das suas funções).
Fernando Gomes Ferreira Neto - quadro. (Em exercício).
Carlos Manoel Silva Barbosa dos Santos - quadro. (Em exercício).
Cláudio Pessoa de Carvalho - Cargo Comissionado. (Exonerado).
Ivanise de Assis Barreto - à disposição da FUNDARPE. (Retornou à Secretaria de Administração
do Estado).
Carla de Jesus Cavalcanti de Carvalho. Contratada. (Em exercício)
Secretárias:
Servidoras que prestaram/prestam serviços área jurídica.
Tânia Maria Silva de Oliveira - FUNDARPE. (Aposentada).
Ruthe Felipa de Sousa Mocock - FUNDARPE. (Em exercício na URH).
Sandra Maria Basto de Queiroz - FUNDARPE. (Chefia da URH).
Maria de Lourdes C. Marques - à disposição da FUNDARPE. (Retornou à Secretaria de
Educação).
Rosely Tenório de Albuquerque. (Rescisão de contrato).
Naoko Shiosaki - FUNDARPE. (Em exercício).
Marlene Francisca de Moura - FUNDARPE. (À disposição do Conselho Estadual de Cultura).
Enilde Souza Cavalcanti - FUNDARPE. (Em exercício no Protocolo).
Sandra Violeta Miranda de Andrade Ribeiro - FUNDARPE. (Pediu demissão).
Fernanda Alcântara de Vasconcelos - FUNDARPE. (Em exercício no Arquivo desta Fundação).
Edilene Maria do Nascimento - FUNDARPE. (Em exercício no Setor de Serviços Gerais).
Maria Helena Carvalho do Rêgo - à disposição da FUNDARPE (Em exercício).
Dayse Guimarães Nunes - FUNDARPE (Aposentada).
Tereza Cristina Amaral Campos - FUNDARPE. (Em exercício na URH).
Elizabethe Cristina de MeIo Lins (Rescisão de contrato).
Ex-Estagiários:
Passaram pelo órgão jurídico da FUNDARPE vários estagiários de Direito de diversas
faculdades do Estado. Abaixo, alguns em suas respectivas atividades atuais:
Charles Hamilton (Promotor de Justiça do Estado).
Sebastião choa (Delegado de Polícia Civil do Estado do Maranhão).
Paulo Collier de Mendonça (Advogado militante em Brasília).
Apoio Administrativo:
Lucastel Lopes da Fonseca Luciano Pereira de Lima (Gi, ver esse nome!)
Registramos os trabalhos efetuados pelos apenados do Sistema Prisional do Estado, através de
convênio entre FUNDARPE e Secretaria de Defesa Social, hoje Secretaria de Justiça e Direitos
Humanos.
Informações devidas ao Assessor Jurídico Augusto Eugênio Paashaus Neto.
CADERNOS
Pesquisas Históricas
e Arqueológicas
214
Descrição
As pesquisas foram de responsabilidade do arqueólogo Ulysses Pernambucano de Mello.
Ano
Alguns Eventos Realizados
Eventos
Ano
Local (is)
215
Alguns Eventos Realizados
CADERNOS
Continuação
216
Eventos
Ano
Local (is)
Relação de Livros Editados
Livro
Autores
Ano
Sub- 217
totais
Relação de Livros Editados
CADERNOS
Continuação
218
Livro
Autores
Ano
Subtotais
Livro
Autores
Ano
Subtotais
219
Relação de Livros Editados
CADERNOS
Continuação
220
Livro
Autores
Ano
Subtotais
Livro
Autores
Ano
Sub- 221
totais
Relação de Livros Editados
CADERNOS
Continuação
222
Livro
Autores
Ano
Periódicos: Revista Pasárgada - Vários autores - Anos 1993-1994-1995.
Edições dos “Cadernos Populares”, do nº 1 ao nº 8 (1995-1997).
Dados fornecidos pela bibliotecária Izabel Cristina Estevão de Azevedo
Subtotais
Funcionários da Fundarpe
223
Funcionários da Fundarpe
CADERNOS
Continuação
224
225
Funcionários da Fundarpe
CADERNOS
Continuação
226
227
Funcionários da Fundarpe
CADERNOS
Continuação
228
229
CADERNOS
Evolução do Quadro de Funcionários
230
Memória das Obras da Sé de Olinda
231
A Sé de Olinda, assim como as demais obras iniciais da Fundação, tiveram suas
Memórias (diários) das Obras elaboradas não somente com os assentamentos do
que estava sendo executado, mas com comentários que eram depois discutidos pelo
Grupo de Trabalho SEPLAN/IPHAN e FUNDARPE. O da Sé, incompleto, merece
ser divulgado diante das dúvidas existentes sobre tal intervenção restauradora. Na
transcrição, respeitou-se a redação da época. Com a Memória seguia também um
estudo maior de interpretação do encontrado em cada obra. O da Sé também se
preserva. Não se encontraram as Memórias relacionadas com as obras do Palácio
dos Bispos e da Igreja de N. Sra. da Graça, ambas em Olinda.
Início das Obras - 10 de abril de 1974
Primeira semana - 1 a 6 de abril
Instalação da obra - Tem início a demolição das capelas neogóticas, nas laterais
da igreja. Na mesma semana se começa a prospecção dos alicerces primitivos das
capelas laterais.
Segunda semana - 7 a 14 de abril
Continuam-se as obras de demolição das capelas referidas e se encontram, como
material de construção, entre as pedras calcárias das antigas capelas demolidas na
remodelação do início do século XX, várias pedras trabalhadas, bases de colunas,
pedaços de frisos e outros elementos de perfilaturas, talvez de altares de cantaria,
demolidos naquela data. Faz-se grande prospecção na fachada principal tendo se
encontrado, sob espessas camadas de rebocos, as cantarias dos cunhares e pilastras
intermediárias; também se encontraram as cercaduras de calcário das três entradas
da Igreja. A parte inferior do antigo pórtico, com quatro colunas, inclusive estas, foi
removido por ocasião das reformas que transformaram a igreja de Neogótica em
Neobarroca, em 1936/37, não se encontrando até esta data nenhum vestígio sob o
relevo.
Terceira semana - 15 a 21 de abril
Continuam as demolições das capelas neogóticas. Os alicerces das antigas capelas
são todos postos à luz. Tem início a remoção dos estuques das naves laterais e se
deixam à mostra, parcialmente, as antigas janelas altas, da nave central, por sobre a
cimalha; janelas em cantaria. Percebem-se, com a remoção dos rebocos internos e
externos, as emendas das paredes quando da elevação das naves. Na nave central,
Memória das Obras da Sé de Olinda
CADERNOS
Continuação
232
no trecho correspondente da fachada
principal, pela parte de dentro, é
encontrado o óculo de calcário que
a iluminava, entaipado com tijolos.
Com a remoção de parte do piso da
igreja se tem conhecimento do nível
primitivo das naves, cerca de O.17m
abaixo do atual, pelas marcas negativas
das tijoleiras removidas por ocasião
da realização do atual piso em granito
artificial.
Quarta semana - 22 a 28 abril
Tem início a demolição do estuque
central. Vêem-se claramente as antigas
janelas em de pedra, uma acima de
cada arcada, em seu eixo. Na remoção
dos rebocos das paredes laterais das
naves, se encontram duas portas,
simétricas, uma de cada lado, no final
das naves, e que seriam os primitivos
acessos à sacristia e ao cemitério da
irmandade do Sacramento. Portas com
cercaduras em calcário, construídas
na mesma época das duas primeiras
capelas de cada lado, vez que a pedra
formadora das ombreias e da arcada
é uma só. Faz-se a abertura da antiga
porta, entaipada, que comunicava a
capela do Santo Cristo com a capelamor e se encontram no seu interior
várias ossadas, pedras tumulares de
mármore, obras do século XIX e uma
urna de ferro com ossos. Fecha-se
provisoriamente para uma transferência
posterior a outro local.
Quinta semana - 28 a 5 de maio
As obras prosseguem sem novidades.
Sexta semana - 6 a 13 de maio
Acham-se as portas de acesso ao
cemitério da Irmandade do Sacramento
e à sacristia, ou melhor, à ante-sala da
sacristia, e se encontra em uma delas,
a do lado do cemitério, vários azulejos
do século XVII e XVIII. As portas eram
de gonzos, embora tenham as folhas
desaparecido, pois se vêem ainda os
furos do pivô de madeira na pedra. A
do lado do antigo cemitério recebeu
posteriormente dobradiças do tipo
de cachimbo e aldabra de ferro. Nos
alicerces das antigas capelas foram
encontradas, do lado da rua, duas
pedras trabalhadas, talvez da primitiva
igreja, anterior à nave quinhentista ou
seiscentista. Na remoção do estuque
central se encontraram vestígios do local
do antigo frechal e a linha da empena
bem demarcada. O frechal corria logo
acima das janelas da nave central.
Não se encontrou nenhum acesso,
através da torre atual ou da outra que
se pretendeu construir, do coro, do que
se depreende ser o acesso pelas naves
em escada, conforme diz Pereira da
Costa em descrição que fez da igreja.
(Acesso em escada de volta que foi
levada para o seminário) tal escada
é a que dá acesso à enfermaria, a ser
removida pelos trabalhos de restauração
que se procedem naquele monumento.
233
A enfermaria, obra do século XX, situase acima do canto da quadra do colégio
Jesuíta, obra característica e de mau
gosto. No sábado, dia 11, com José
Ferrão, verifiquei, comparando certos
elementos de cantaria nos intervalos
entre as arcadas das capelas laterais
com portas pequenas e conjugadas
das últimas capelas com os acessos à
ante-sala da sacristia e cemitério da
Irmandade, que as capelas laterais eram
intercomunicantes. Anteriormente, nesta
mesma semana, em face dos enormes
alicerces em largura e a disposição
dos mesmos, como também graças a
vestígios do reboco primitivo que tais
capelas, quatro de cada lado, eram
abobadadas, repetindo as soluções das
capelas do Santo Cristo e Sacramento.
Não é de estranhar tal coisa, de vez
que é de acordo com o raciocínio
que, na época, foi comum para com o
trato, em Portugal, de capelas laterais
em igrejas de três naves como a da Sé.
Não se encontraram vestígios de terem
sido de alvenaria de tijolos ou pedra
tais abóbadas, entretanto, em face
dos alicerces, tudo faz crer terem sido
abobadadas provavelmente de pedra,
embora não trabalhada e ciclópica. No
exame de alvenaria da última capela,
cujo lado restou de pé, com a grande
espessura de parede se percebe que a
alvenaria ciclópica prosseguiria sem o
arremate necessário para a elevação da
alvenaria de tijolos.
Sétima semana - 13 a 19 de maio
Na terça-feira teve início a pesquisa na
atual capela-mor. Encontrou-se uma
abertura do lado da porta de passagem
referida anteriormente para a capela do
Santo Cristo. Os alicerces das capelas
do lado sul já estão todos aflorados e
limpos para início de consolidação.
Quinta feira, 16 - Com as pesquisas
na capela-mor, ficaram a descoberto
as bases do arco cruzeiro e a arcatura
formadora na parede do lado do Santo
Cristo, dos pendentes esféricos que
determinam a cúpula. A capela-mor,
dessa forma, se definiu inteiramente.
Tratava-se de recinto de planta quadrada
com pendentes esféricos e cúpula.
Oitava semana - 20 a 26 de maio
Continuou-se a remover o piso da
capela-mor atual e se encontrou o nível
do altar, três degraus de pedra e em
disposição coerente com ampliação
procedida na restauração da igreja,
segunda metade XVII. Tem início a
execução dos alicerces destruídos das
capelas laterais, lado da Epístola.
Nona semana - 27 a 2 de junho
Dá-se continuidade à obra, lentamente,
sem novidades.
Décima semana - 3 a 9 de junho
São encontrados, nos alicerces das
capelas do lado da rua, na 1ª, capitel
jônico, de pilastra, e outros elementos
Memória das Obras da Sé de Olinda
CADERNOS
Continuação
234
decorativos. Continuam os alicerces das
capelas laterais.
Décima primeira semana - 10 a 16 de junho
Continua a construção das capelas
laterais com elevação das paredes.
Décima segunda semana - 17 a 24 de
junho
Obras paralisadas. Aguardando
orientação do IPHAN.
Décima terceira semana - 24 a 30 de junho.
Idem.
Décima quarta semana - 1 a 7 de julho.
Idem
Décima quinta semana - 8 a 14 de julho.
Idem
Décima sexta semana - 15 a 21 de julho.
Idem.
Décima sétima semana - 22 a 28 de julho.
Idem.
Décima oitava semana - 29 a 4 de agosto.
Idem
Décima nona semana - 5 a 14 de agosto
Reiniciadas as obras na segunda-feira
com a construção das capelas laterais
e remoção dos rebocos da fachada
principal. Ritmo lento.
Vigésima semana - 12 a 18 de agosto
As obras continuam. Foi aumentado
o número de operários. A fachada
tem pela metade o reboco removido.
Constata-se que os cunhais e
pilastras intermediárias não foram
danificados, apenas as molduras dos
capitéis e bases se quebraram para
efeito da remodelação. O pórtico foi
desmontado no que respeita às colunas
geminadas e à parte superior. O
óculo foi danificado na parte externa.
Foram totalmente desmanchados os
arremates em curvas e contracurvas,
das laterais ao corpo principal da
fachada. As janelas, duas, por sobre
as portas laterais, na fachada principal
e correspondente às duas naves que
ladeiam a central, foram danificadas,
restando, entretanto, elementos que
permitem suas reconstituições. As duas
vergas dessas janelas foram removidas
pois eram parte integrante da cornija
que corria e de que resta quase
integral, na meia altura do frontispício.
As duas portas acima referidas tiveram
suas vergas retiradas e foram alteadas
em face do aumento do nível do piso
das naves. A fachada é inteiramente
restaurável, inclusive porque se vê
ser muito sóbria e com as cantarias
intactas parcialmente, restando apenas
algumas cirurgias ligeiras.
235
Vigésima primeira semana - 19 a 25 de
agosto
As obras prosseguem nas capelas
laterais.
Vigésima segunda semana - 26 a 1 de
São chapiscadas as paredes das capelas.
Nas demolições das paredes acima
das aberturas das capelas laterais são
encontradas várias pedras trabalhadas,
tudo indicando terem sido de antigos
altares.
setembro
Demolição do trecho que foi acrescido
na parede lateral da igreja, na altura das
arcadas que marcam as capelas laterais
do lado do antigo Evangelho (rua). As
capelas têm em ambos os lados suas
paredes na altura do nascimento da
abóbada de berço. Foi encontrada uma
prancha (cópia em azul), nos arquivos
da Cúria Metropolitana, do projeto
da fachada neogótica de autoria do
professor Rodolfo Lima. Através dela se
constata que a parte inferior do pórtico
se encontrava intacta e foi aproveitada
na igreja remodelada; e que foram
respeitadas as cantarias, salvo em
trechos em que o projeto gótico carecia
de adaptações. O arquiteto não mexeu
com a sineira e não fez senão aplicar
sobre as pilastras alguns elementos
decorativos.
Vigésima quinta semana - 16 a 22 de
Vigésima terceira semana - 2 a 8 de agosto
Concluídas as paredes das capelas
laterais e iniciadas as que correspondem
ao espaço ao lado da capela do
Santíssimo Sacramento.
Vigésima oitava semana - 7 a 12 de outubro
setembro
As obras prosseguem da mesma forma.
Vigésima sexta semana - 23 a 29 de setembro
Tem início o fechamento da capela-mor
reconstituindo-se suas dimensões antigas
com a parede de fundos, onde se faz
previsão de cinco ossuários para o lado
do Panteão dos Bispos, atrás da capelamor. Inicia-se a armação do restante dos
andaimes com o objetivo de demolir a
parte superior das duas torres.
Vigésima sétima semana - 30 de setembro a 6
de outubro
Continuam a ser armados os andaimes
para demolição, inicialmente da torre
do lado da rua. Concluído ao fim da
semana.
Tem início a demolição da torre do lado
da rua.
Vigésima nona semana - 13 a 19 de
outubro
Vigésima quarta semana - 9 a 15 de
Continuam as demolições da torre
setembro
referida acima e se inicia a execução dos
Memória das Obras da Sé de Olinda
CADERNOS
Continuação
236
cimbres para a execução das abóbadas
abóbada e não da ossatura das paredes
das capelas laterais. (Seis apenas, pois
da capela. O tipo de seteira indica
as que se encontram junto às torres
ter sido obra contemporânea daquela
somente poderão ser executadas depois
da Graça, inclusive pela escolha do
de demolidos os trechos das torres que
material, o calcário, e proporções. Com
serão eliminados).
tal descoberta, verifica-se que a capela já
existia antes da invasão, tendo sido nesta
Trigésima semana - 20 a 26 de outubro
época provavelmente sem a abóbada
Prosseguem os serviços conforme item
de alvenaria e a deixando sem o atual
anterior.
cômodo, construído posteriormente
ao lado, diretamente para esta. Seria a
Trigésima primeira semana - 27 a 2 de
primitiva capela-mor da igreja e anterior
novembro
à construção da que recebe coroamento
Descobrem-se peças trabalhadas de
em cúpula e seguramente do século XVI
cantaria.
– últimos anos do século, conforme diz
Pereira da Costa. Não acredito. Penso
Trigésima segunda semana - 3 a 9 de
ser a do Santíssimo Sacramento e que já
novembro
existia nessa época. Os arcos de abertura
Concluídos os cimbres e a demolição do
da capela-mor e laterais (Santíssimo e
trecho da torre do lado da rua. Inicia-se a
Santo Cristo) são de mesma feitura, no
remoção dos rebocos.
que respeita aos perfis. Creio que a do
Santo Cristo deve ser também anterior
Trigésima segunda semana - 10 a 16 de
àquela data referida por Pereira da Costa,
novembro
(1672) embora a abóbada de berço tenha
Na remoção dos rebocos, na parede
sido realizada nesta data, pelo que se
lateral, lado da rua, da capela do
depreende da descoberta assinalada à
Santíssimo Sacramento, descobriu-se
seteira.
uma seteira em calcário, de fino lavor,
entaipada, e um óculo oval do mesmo
A memória acaba aqui, pois não se tem
material. Pela altura da seteira, supomos
sua continuação, possivelmente perdida
tenha pertencido a uma capela anterior
na cheia de 1975.
à execução da abóbada de alvenaria,
em berço. Deste modo, tudo faz crer
que as obras referidas por Pereira da
Costa de execução das capelas no
século XVII, segunda metade, são as da
Patrimônios Vivos de Pernambuco
237
CADERNOS
Documentação Técnica
238
A FUNDARPE, ao longo de sua história, recolheu muitas informações sobre os
bens tombados e as restaurações realizadas. O acervo fotográfico possui mais de
trinta mil fotografias. Projetos, estudos e outros documentos gráficos se encontram
devidamente preservados e são fontes primárias para o pesquisador. Além
desses acervos, existe uma biblioteca de obras auxiliares para os funcionários e
estudiosos. Cada processo de tombamento guarda as plantas do imóvel, quando
for o caso, e informação histórica e técnica sobre cada exemplar classificado e
que instrumentaram o Conselho de Cultura do Estado em suas decisões finais. O
material está acessível a visitantes e outros interessados.
Referências
239
LIVROS
BORBA, Fernando de Barros. Pernambuco,
patrimônio cultural de todos. Recife: Fundarpe,
1998.
GEERTZ. Apud KERSTEN, Márcia Scholz de
Andrade. Os rituais do tombamento e a escrita da
história. Curitiba: Editora UFPR, 2000.
GOMES, Laurentino, 1808. São Paulo: Editora
Planeta, 2007.
GUERRA, Marco Antônio. Carlos Queiroz Telles:
história da dramaturgia em cena (década de 70).
São Paulo: Annablume, 2004.
JAGUARIBE, Beatriz. O choque do real: estética,
mídia e cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.
KERSTEN, Márcia Scholz de Andrade. Os rituais
do tombamento e a escrita da história. Curitiba:
Editora UFPR, 2000.
LÓSSIO, Rubens Gondim. Fundarpe: subsídios
para a memória de um decênio. Recife: Secretaria
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MEC/IPHAN/Pró-Memória
Proteção
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culturais_1964_1987_.pdf>.
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<http://www.historiadobrasil.net/ditadura>.
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FUNDARPE. Plano de Ação. Fundarpe: conclusões
do seminário, diagnóstico e planejamento. Recife:
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