Abertura do Seminário Geral dos dez anos do Grupo de Pesquisa

Transcrição

Abertura do Seminário Geral dos dez anos do Grupo de Pesquisa
Abertura do Seminário Geral dos dez anos do Grupo de Pesquisa “Práticas Sociais
e Processos Educativos”
Profa. Dra. Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva
Co-líder do Grupo de Pesquisa “Práticas Sociais e Processos Educativos
Local: Teatro de Bolso da Universidade Federal de São Carlos
Data: 29 de novembro de 2007
Horário: 19H
É uma alegria a gente fazer essa reunião hoje e celebrar os 10 anos do Grupo de
Pesquisa. E uma alegria maior é que a palestrante teve parte de sua formação aqui e hoje
é uma das nossas principais colaboradoras no Grupo de Pesquisa, a Profa. Stella a quem
eu saúdo e a todas as pessoas presentes; saudando-a especialmente.
Em 1997, alguns colegas como a Profa. Dra. Maria Waldenez de Oliveira; a
Profa. Dra. Aida Victoria Garcia Montrone naquele momento ainda não era docente do
PPGE, mas já colaborava conosco; a Profa. Dra. Ilza Zenker Leme Joly, do
Departamento de Artes; o Prof. Dr. Valter Roberto Silvério, do Departamento de
Ciências Sociais; e naquele momento a Profa. Dra. Maria Célia Cota, e constituíamos o
Grupo de Pesquisa “Práticas Sociais e Processos Educativos”. A disciplina tinha na sua
origem uma disciplina do PPGE que fazia e ainda faz parte do currículo do Doutorado e
que se chama também “Práticas Sociais e Processos Educativos”.
Prosseguindo, eu gostaria de fazer uma citação rápida de René Depestre, um
taitiano, e que tem a experiência sul-americana, pois viveu em diferentes países da
América Latina; ele viveu inclusive no Brasil, em São Paulo. Hoje, ele é senador na
França. Ele faz algumas reflexões sobre uma das questões importantes na discussão da
América Latina, que é: o mestiço, quem é ele? Filho do colonizador e daquele que aqui
vivia? René Depestre diz o seguinte: “Os indígenas foram a primeira combustão das
riquezas dos colonizadores e foram também o metal com que os colonizadores forjaram
as suas riquezas. Quando os indígenas enquanto combustão e enquanto metal
esgotaram”... foram então em busca dos africanos para servirem de combustão e de
metal. Ele diz isso em poemas, ele diz isso em livros, em livros em que ele traz uma
reflexão sobre a experiência latino-americana, ele é um afrodescendente.
Por que eu comecei citando-o? Porque essa experiência, infelizmente, está
presente em nosso continente. A experiência de transformar pessoas. Não! de pessoas
terem sido transformadas em objetos, tratadas como coisas. Esse tratamento tão
presente, ainda hoje nas relações na nossa sociedade, nos mobilizou para a criação do
Grupo de Pesquisa, porque nós, professores e estudantes, nos dávamos conta que essa
realidade vivida fora da escola não era considerada na maioria das pesquisa em
educação. Nós, pesquisadoras e pesquisadores do Grupo, nos propúnhamos a conhecer
o que acontecia como processos educativos em práticas sociais não escolares, para que
um dia, os estabelecimentos de ensino de todos os níveis fossem capazes de
corresponder à diversidade de experiências, de vida, de modos de ser e viver dos povos
da América Latina, dos quais nós fazemos parte.
Então, foram com essas motivações e esses propósitos que nos reunimos em
1997. Tínhamos já naquele ponto de partida três referências básicas enquanto autores e
estudiosos que eram Paulo Freire, Enrique Dussel e Ernani Maria Fiori que continuam
sendo autores eixos, pontos de partida para nossos estudos.
Dito isso, eu gostaria de passar o seguinte. Nesses 10 anos, nós temos quatro
Linhas de Pesquisas. Essas quatro Linhas de Pesquisas estão resumidamente
apresentadas como Combate à prática do racismo e a outras discriminações na
educação; Educação, participação, direitos e saúde; Práticas sociais, culturais e
processos educativos em Educação Musical; e Educação Carcerária.
Nestes anos, relativamente à produção dos alunos, foram produzidas 9 teses de
doutorado, 32 dissertações de mestrado, 19 iniciação científica e 23 trabalhos de final de
curso. Foram publicados 29 artigos, 14 participação em livros, 15 capítulos em livros,
15 textos em jornais, 47 trabalhos e resumos em anais, 145 participações em
Congressos, 10 artigos aceitos para publicação e outros tipos de participação e
produção.
Relativamente há outros. Foram organizados dois eventos: O III Encontro
Nacional de Educação Popular em Saúde: conhecimentos e práticas para a saúde e
justiça social, organizado pelas Profas. Waldenez e Aida Victoria no início de ano; o II
Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros (realizado em 2002), o Grupo de
Pesquisa teve participação na organização, embora não fosse da sua responsabilidade.
Temos mantido colaboração com pesquisadores de outras instituições: Profa.
Nara M. G. Bernardes (PUC/RS); Prof. Luiz Alberto O. Gonçalves (UFMG); Prof.
Eduardo Stotz (FIOCRUZ); Profa. Joyce E. King (New York University), em Atlanta,
USA; Profa. Sonia Stella Araújo-Oliveira (Universidad Autonoma del Estado de
Morales), México; Prof. Mwalimu J. Shujaa (Medgar Evers College da University of
New York), USA; Profa. Zola Vakalissa (University of South Africa). Entre outros/as.
Em 2003 e 2004, tivemos um projeto internacional: Developing and
Implementing a Course in Afro-Brazilian Culture & History (desenvolvido mediante
convênio entre a Universidade Federal de São Carlos e a Fort Valley State University,
na Georgia/USA, por meio do NEAB/UFSCar e do African World Institut/FVSU).
Recebemos dois doutorados sanduíche. Em 1998, Ana Célia da Silva (UFBA);
em 2005, Marcos Strada (Universidad Autonoma del Estado de Morales), México.
Como nós estamos comemorando, é uma oportunidade para prestar contas. E foi
justamente isso que eu pretendi fazer com esta introdução. Para motivar os que estão
aqui e os que não participam ou não trabalham juntamente com o Grupo, quem sabe se
motivam e vem fazer parte das nossas discussões e estudos.
Obrigada!